Universidade
Estadual de
Londrina
SERGIO RICARDO VITIELLO
A INDÚSTRIA ELETROELETRÔNICA EM LONDRINA:
1998 A 2008
LONDRINA
2009
SERGIO RICARDO VITIELLO
A INDÚSTRIA ELETROELETRÔNICA EM LONDRINA:
1998 A 2008
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado ao Departamento de Geografia
da Universidade Estadual de Londrina como
requisito à obtenção do título de Bacharel
em Geografia.
Orientador: Profª. Drª. Tânia Maria Fresca
LONDRINA
2009
SERGIO RICARDO VITIELLO
A INDÚSTRIA ELETROELETRÔNICA EM LONDRINA:
1998 A 2008
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado ao Departamento de Geografia
da Universidade Estadual de Londrina como
requisito à obtenção do título de Bacharel
em Geografia.
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________
Profª. Drª. Tânia Maria Fresca
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Prof. Dr. Cláudio Roberto Bragueto
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Prof. Dr. Fábio César Alves da Cunha
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, _____de ___________de _____.
DEDICATÓRIA
À minha avó Maria (em memória), sempre
presente em minha vida.
AGRADECIMENTOS
À professora Drª. Tânia Maria Fresca, pela atenção, paciência,
dedicação e empenho nas orientações deste trabalho.
Aos professores Dr. Cláudio Roberto Bragueto e Dr. Fábio César
Alves da Cunha, por aceitarem participar da comissão examinadora.
Aos demais professores do curso, que muito contribuiram com sua
experiência e dedicação.
Aos
diretores
e
gerentes
das
empresas,
que
forneceram
informações imprescindíveis para a conclusão deste trabalho.
Aos colegas de classe, companheiros sempre presentes nos
momentos de alegria e nas dificuldades encontradas neste caminho.
À minha esposa, por ter me incentivado a cursar esta faculdade e a
não desistir nos momentos difíceis.
Ao meu filho, por compreender a minha ausência durante estes
últimos cinco anos.
Aos meus pais, que concederam a base da minha formação.
VITIELLO, Sergio Ricardo. A indústria eletroeletrônica em Londrina: 1998 a 2008.
2009. 76f. Trabalho de Conclusão de Curso (bacharelado em Geografia) –
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2009.
RESUMO
Este trabalho parte do interesse desenvolvido em mais de vinte anos atuando em
indústria eletroeletrônica e tem como objetivos analisar a importância deste tipo de
indústria para a cidade de Londrina, através do levantamento e evolução do número
de empregos a nível nacional, estadual, regional e local, bem como identificar os
fatores de desenvolvimento e estagnação que agem sobre esta. Para atingir estes
objetivos recorre a pesquisas quantitativa e qualitativa na qual levanta dados
referentes ao setor junto às entidades correlacionadas, além de conversas com
empresários e gerentes das empresas em Londrina. Faz também uma revisão
bibliográfica em que trata do tema da industrialização brasileira, do norte do estado
do Paraná e de Londrina.
Palavras-chave: Industrialização. Indústria eletroeletrônica. Londrina. Tecnologia.
Política econômica.
VITIELLO, Sergio Ricardo. The electric/electronic industry in Londrina: 1998 to
2008. 2009. 76f. Monograph (baccalaureate in Geography) – State University of
Londrina, Londrina, 2009.
ABSTRACT
This work developed from an interest in more than twenty years working in the
electronics industry and aims at analyzing the importance of this type of industry to
the city of Londrina, through the analysis and trends in the number of jobs at the
national, state, regional and local and identify the factors of development and
stagnation that act on this. To achieve these objectives relies on quantitative and
qualitative research in which data up to the sector with the correlated entities, and
conversations with entrepreneurs and management team in Londrina. It also makes a
literature review that deals with the issue of industrialization Brazilian, of northern of
Parana state and Londrina.
Keywords: Industrialization. Electric/electronics industry. Londrina. Technology.
Economic politic.
LISTA DE FOTOS
Foto 1 – Fachada da empresa Hayama....................................................................60
Foto 2 – Fachada da empresa Hayonik.....................................................................60
Foto 3 – Fachada da empresa GNB..........................................................................61
Foto 4 – Linha de produção da empresa Rondopar..................................................62
Foto 5 – Fachada da empresa Identech....................................................................66
Foto 6 – Linha de produção da empresa Electroman................................................66
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Índices Mensais do Pessoal Ocupado na Indústria Brasileira (dez. 2000 /
dez. 2007) .................................................................................................................29
Gráfico 2 – Evolução do Faturamento do Setor Eletroeletrônico e do PIB Brasileiro
..................................................................................................................................43
Gráfico 3 – Número de Empregados no Setor Eletroeletrônico do Brasil entre 2001 2008 ..........................................................................................................................46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Crescimento do Produto e Inflação Durante o Governo de JK .............. 20
Tabela 2 – Importações de Produtos do Setor Eletroeletrônico do Brasil por Áreas:
2007/2008 .................................................................................................................43
Tabela 3 – Principais Indicadores do Setor Eletroeletrônico no Brasil: 2008-2009 ..45
Tabela 4 – Faturamento da Indústria Eletroeletrônica por Estados Brasileiros em
2008 ..........................................................................................................................47
Tabela 5 – Número de Empregados na Indústria Eletroeletrônica por Estados
Brasileiros em 2008...................................................................................................50
Tabela 6 – Evolução do Emprego Industrial no Município de Londrina de 1998 a
2008 ..........................................................................................................................54
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABINEE -
Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica
ACCs -
Adiantamentos de Contrato de Crédito
AEB -
Agência Espacial Brasileira
APL -
Arranjo Produtivo Local
BNDES -
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CELEPAR -
Companhia de Informática do Paraná
CODEPAR -
Companhia de Desenvolvimento do Paraná
COFINS -
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
COHAPAR -
Companhia de Habitação do Paraná
COMAER -
Comando da Aeronáutica
COPEL -
Companhia Paranaense de Energia
CSLL -
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CSN -
Companhia Siderúrgica Nacional
EMBRAER -
Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
EMBRAPA -
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FDE -
Fundo do Desenvolvimento Econômico
FINEP -
Financiadora de Estudos e Projetos
GTD -
Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica
IBGE -
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPE -
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPD Elétron -
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do
Complexo Eletroeletrônico e Tecnologia da Informação
IPTU -
Imposto Predial e Territorial Urbano
ITA -
Instituto Tecnológico de Aeronáutica
ITBI -
Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis
PAC -
Programa de Aceleração do Crescimento
PAEG -
Plano de Ação Econômica do Governo
PD & I -
Pesquisa, Desenvolvimento e Informação
PIB -
Produto Interno Bruto
PIS -
Programa de Integração Social
SANEPAR -
Companhia de Saneamento do Paraná
SEBRAE -
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAI -
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMETAL -
Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material
Elétrico do Estado do Paraná
SUDAM -
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
SUDENE -
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
SUFRAMA -
Superintendência da Zona Franca de Manaus
TELEBRAS -
Telecomunicações Brasileiras S.A.
TELEPAR -
Telecomunicações do Paraná S.A.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................13
2. ASPECTOS DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA .........................................15
3. A INDUSTRIALIZAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ NO CONTEXTO NACIONAL:
ALGUNS APONTAMENTOS....................................................................................34
4. A DINÂMICA DA INDÚSTRIA ELETROELETRÔNICA NO BRASIL E NO
PARANÁ ...................................................................................................................42
5. A INDÚSTRIA ELETROELETRÔNICA EM LONDRINA ......................................52
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................72
13
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho foi elaborado a partir do interesse desenvolvido durante a
vivência de mais de vinte anos atuando na indústria eletroeletrônica, dos quais a
metade ocorreu em empresa de grande porte e de capital local, no interior do estado
de São Paulo e a outra em empresa de pequeno porte, também de capital local, em
Londrina – PR.
Durante todo o período de atuação dentro da indústria eletroeletrônica,
pudemos sentir as conseqüências de diferentes ações político-econômicas, tanto a
favor do desenvolvimento como da estagnação deste tipo de indústria.
Com relação à indústria em Londrina, esta se caracteriza como
diversificada, sendo possível encontrar na cidade diversos ramos industriais que não
permitem caracterizá-la como especializada em um ou outro ramo, diferentemente
do que ocorre com outras cidades do norte do Paraná, como Arapongas, Apucarana,
Cianorte, entre outras.
Dentro desta diversificação, escolhemos como objeto de análise a
indústria eletroeletrônica, a qual consideramos um importante segmento para
fomento de tecnologia, uma vez que, atualmente, por conta dos avanços
tecnológicos, os circuitos eletrônicos estão presentes em quase todos os produtos
que fazem parte do cotidiano. Pode-se afirmar, também, que o setor demanda por
trabalhadores qualificados deste o nível da produção até o de engenharia.
O período analisado compreende os anos de 1998 a 2008, sendo
selecionado, primeiro, porque se trata de um período pós-transferências industriais
para a cidade, o que nos permite uma comparação da evolução da indústria local
com as transferidas, em segundo lugar, permite comparações na evolução desta
indústria com relação à política neoliberal dos governos de Fernando Collor de Mello
e Fernando Henrique Cardoso (FHC) com a política voltada ao social e
transferências de renda adotada pelo governo de Luis Inácio Lula da Silva (Lula) e,
finalmente, por trata-se de um período recente, o que torna este estudo atualizado
em termos de análise.
Como objetivo principal deste trabalho, propomos identificar a
importância da indústria eletroeletrônica para a cidade de Londrina durante o
período de 1998 a 2008. Assim, analisaremos a evolução do emprego deste tipo de
14
indústria no âmbito nacional, estadual, regional e local identificando também os
fatores responsáveis pelo desenvolvimento e estagnação deste tipo de indústria.
Consideramos que tal estudo apresenta uma importante contribuição
para pesquisas futuras, devido à escassez de trabalhos sobre este tipo de indústria
presente em Londrina.
Para atingirmos o objetivo proposto, contamos com uma revisão
bibliográfica sobre o tema, recorrendo também a entidades específicas do setor
como a ABINEE, o CREA, o SINDIMETAL, revistas IPESI, além de consultas a
instituições governamentais como o Ministério do Trabalho e Emprego, o IPARDES,
a Prefeitura Municipal de Londrina, entre outros.
Para levantar os dados das empresas locais, optamos por conversas
com empresários e gerentes das empresas pesquisadas, consultas aos seus
respectivos sites e ao cadastro das indústrias do estado do Paraná elaborado pela
FIEP.
Para melhor organização do conteúdo, o trabalho será estruturado em
quatro capítulos. No primeiro explanaremos sobre o processo de industrialização
brasileira.
No segundo capítulo abordaremos alguns aspectos da industrialização
do norte do Paraná, identificando alguns pólos de produção industrial dentro deste
recorte geográfico.
No terceiro capítulo daremos ênfase à dinâmica da indústria
eletroeletrônica no Brasil e no Paraná, apontando alguns aspectos referentes à
evolução e aos entraves no desenvolvimento deste tipo de indústria em escala
nacional e estadual.
No quarto capítulo abordaremos a indústria eletroeletrônica em
Londrina comparando o seu número de empregados ao das demais indústrias
presentes na cidade, identificaremos, também, os diferentes tipos de indústrias que
compõem este setor e sua localização por bairros, além de discorrermos sobre o
processo histórico de consolidação deste segmento industrial em Londrina.
Por fim, apresentamos as considerações finais e as referências
bibliográficas utilizadas.
15
2. ASPECTOS DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
O Brasil configurava-se até o final do século XIX como exportador em
larga escala de produtos agrícolas. Porém, a esta época, este modelo econômico
mostrava sinais de fraqueza por crises de super produção e desvalorização do café.
Prado Jr. (2004, p.288) salienta que várias tentativas foram feitas para
reerguer a atividade agrícola, as quais iam desde manobras artificiais de estímulo a
esta atividade à substituição de cultura, fatos estes que logo se mostraram
insuficientes para atingir o objetivo.
A fragilidade deste sistema dependente do mercado externo e a falta
de diversificação produtiva obrigariam a uma mudança na política econômica do
país. Prado Jr. (2004, p.288) sustenta que o desenvolvimento do fator consumo
interno foi fundamental para a manutenção da economia do Brasil nestas
circunstâncias, privilegiando agora este fator (consumo) sobre o do sistema anterior
(a produção).
A demanda de consumo se deu principalmente pelo aumento da
população e a elevação de seu padrão de renda, a abolição da escravidão e a
imigração (PRADO Jr., 2004, p.289).
As atividades produtivas, até então, eram direcionadas quase que
exclusivamente para a agricultura de exportação, obrigando que fossem realizadas
importações para suprir a demanda interna. Com o aumento do consumo o sistema
financeiro tenderia a um desequilíbrio.
Essa situação de desequilíbrio agiu na economia do país ocasionando
desvalorização cambial e instabilidade financeira, condicionando o aparecimento de
medidas que estimularam a produção interna e sua diversificação: tarifas
alfandegárias, fomento oficial da produção, além de fortes restrições cambiais após
1930 (PRADO Jr., 2004, p.289).
A imigração foi um fator que também motivou a criação de pequenos
estabelecimentos industriais, pois, uma vez que não encontravam no mercado
nacional alguns produtos específicos que estavam habituados em sua terra natal, os
imigrantes começaram a produzi-los, destinando os excedentes à comercialização.
Assim, surgem pequenas fábricas de alimentos, bebidas, chocolate, calçados,
chapelarias, etc.
16
Com a crise de 1929 houve uma profunda desvalorização do café,
reduzindo a receita com as exportações do produto. Além disso, salienta Prado Jr.
(2004, p.292) que, o fluxo de capitais estrangeiros, essenciais para a economia do
Brasil, sofre uma inversão, ou seja, começam a sair do país para atender aos
grandes centros financeiros internacionais em crise. Como conseqüência, ocorre um
desequilíbrio das contas externas do país e, mesmo com as restrições cambiais, a
moeda brasileira sofre uma rápida desvalorização.
Aliado a estes fatores, o café – base exportadora da economia do país
e, até então, sempre estimulado por iniciativas governamentais de valorização
artificial – passou a ficar estocado em grandes quantidades, pois o consumo ficou
menor que a demanda, fato que obrigou o governo a queimar e lançar ao mar
enorme quantidade do produto para eliminar o excesso:
Depois de 1931 até as vésperas da guerra, incineraram-se 80 milhões de
sacas, quatro milhões e oitocentos mil toneladas que serviriam para
alimentar o mundo, no nível atual de consumo (1969) durante quase dois
anos (PRADO Jr., 2004, p.294).
Diante desta conjuntura econômica, os produtos fabricados no país
tornaram-se economicamente viáveis para o atendimento da demanda interna, fato
que, obviamente, contribuiu para o aumento da produção nacional e o deslocamento
gradativo da atividade agrícola para a industrial. Iniciava-se neste momento, o
processo conhecido como substituição industrial das importações, o qual se estende
até 1960.
Segundo Prado Jr. (2004, p.290-291) este processo de substituição
industrial de importações vem se desenvolvendo desde o início do século XX, tendo
um pico durante a 1ª Guerra Mundial em virtude das perturbações sofridas pelo
comércio mundial. Contudo, o autor salienta que após a 1ª Guerra, situações
favoráveis estimularam novamente a produção de gêneros para exportação,
principalmente o café.
A indústria brasileira, antes restrita a pequenos estabelecimentos locais
durante a República Velha, começa a ganhar impulso após 1930 com a ascensão de
Vargas, estabelecendo-se neste governo um novo pacto de poder, formado por
latifundiários e industriais, no qual os primeiros são os “sócios” majoritários. O
período da industrialização que vai de 1930 até 1960 teve como característica
principal o fato de ser uma industrialização fechada, ou seja, visando somente o
17
mercado
interno
e
dependente
de
medidas
protecionistas
(GREMAUD;
VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2009, p.353-354). Salientamos, porém, que esta
situação foi fundamental naquele momento, tendo em vista a necessidade de se
criar as condições gerais para a expansão da produção industrial nacional.
Assim, as indústrias foram sendo implementadas no país seguindo
etapas, nas quais em determinada etapa um tipo de indústria é mais atingido que
outro (com base na sua importância na pauta de importações). Assim, inicialmente
dá-se prioridade para a indústria de consumo não durável (têxteis, calçados,
alimentos,
bebidas,
etc),
seguida
da
de
consumo
durável
(automóveis,
eletrodomésticos, etc) e da de intermediários (ferro, aço, cimento, petróleo,
químicos, etc) e bens de capital (máquinas e equipamentos), respectivamente
(GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2009, p.355).
Vasconcelos
e
Billi
(2004)
salientam
que
este
processo
de
industrialização nacional deu continuidade à substituição industrial de importações
contando com grande apoio estatal. Várias empresas estatais, como a CSN e a
Petrobrás, foram implantadas durante a após o término da 2ª Guerra Mundial.
Durante o governo de Vargas foi criado também o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDES) para financiar o crescimento industrial
brasileiro.
Ressalta-se, também, o grande avanço na área tecnológica,
principalmente com a criação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) em 1950,
o qual teve por finalidade:
[...] promover, por meio da educação, do ensino, da pesquisa e da
extensão, o progresso das ciências e das tecnologias relacionadas com o
Campo Aeroespacial e a formação de profissionais de nível superior nas
especializações de interesse do COMAER [Comando da Aeronáutica] e do
Setor Aeroespacial em geral (ITA, 2009).
Botelho (1999) salienta que a pesquisa tecnológica com base científica
implementada pelo ITA foi responsável, em grande parte, por alguns dos grandes
programas tecnológicos perseguidos ao longo das décadas de 1960 e 1970 nos
campos da aeronáutica, informática, microeletrônica e espacial.
No governo de Juscelino Kubitschek (JK), de 1956 a 1961, o país foi
marcado pela abertura econômica frente aos capitais internacionais sendo este
governo responsável pela construção de Brasília, modernização da infra-estrutura de
18
transportes – principalmente o rodoviário – e aumento na geração de energia
elétrica.
A industrialização do país ganhou novo impulso, principalmente com a
instalação das montadoras de automóveis (Volkswagen em 1959 e a segunda
fábrica da General Motors em 1958), pois as mesmas demandavam fornecedores de
autopeças para abastecer sua produção, estimulando, assim, o surgimento de outras
indústrias.
JK instituiu o Plano de Metas, que foi um projeto de governo que
beneficiou o desenvolvimento da indústria de bens de consumo duráveis,
intermediários e de capital, já que o setor de bens de consumo não duráveis já tinha
sido implementado e estava, a esta altura, se encolhendo frente ao que Souza
(2008, p.37) denomina de setor IIb1 – o qual refere-se aos bens de consumo
duráveis – controlado pelo capital externo. Para financiar o Plano de Metas e a
construção de Brasília o governo tomou empréstimos internacionais.
Segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2009, p.365-366) o
Plano de Metas pode ser divido em três pontos principais:
i. Investimentos estatais em infra-estrutura, com destaque para os setores
de transportes e energia elétrica. No que diz respeito aos transportes, cabe
destacar a mudança de prioridades, que, até o governo Vargas, centrava-se
no setor ferroviário, e passou para o rodoviário, que estava em consonância
com o objetivo de introduzir o setor automobilístico no país;
ii. Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o aço, o
carvão, o cimento, o zinco etc., que foram objetos de planos específicos;
iii. Incentivos à introdução dos setores de consumo duráveis e de capital.
Merecem destaque, neste período, a integração do território nacional
mediante construção de estradas de rodagem e um ousado programa de
investimento em infra-estrutura e novos sistemas técnicos que viabilizariam a
substituição de importações (SANTOS,1993, p.35).
Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2009, p.367) demonstram que
entre os anos de 1955 a 1962 houve um significativo crescimento da produção em
alguns setores específicos, como: materiais de transporte (711%), materiais elétricos
e de comunicações (417%), têxtil (34%), alimentos (54%) e bebidas (15%).
1
Souza (2008) classifica os setores industriais como: I – bens de capital e insumos básicos; IIa –
bens de consumo não duráveis e IIb – bens de consumo duráveis.
19
Em que pese o crescimento das indústrias de produtos duráveis e
alguns segmentos da indústria de produtos não duráveis, a indústria de bens de
capital, que é a que produz os meios de produção, ainda permanecia inexpressiva
no cenário industrial na década de 1950. Vários eram os fatores para o
estancamento deste tipo de indústria, entre os quais, o fato de que, para o
desenvolvimento deste setor haveria necessidade de transferência de tecnologia das
empresas estrangeiras para as nacionais, o que para as primeiras não seria uma
medida lucrativa, já que estas poderiam exportar com maiores lucros os produtos
fabricados em suas matrizes (SOUZA, 2008, p.38-39). Mas o fundamental era o fato
de que a iniciativa privada controladora do setor industrial ainda não havia alcançado
uma condição de acúmulo de capital que permitisse a implantação deste ramo, haja
vista o custo a ser pago pela tecnologia nova ou novíssima.
Isso, no entanto, não significa que nesta época não houvesse
máquinas fabricadas no Brasil, pois as próprias indústrias de bens de consumo não
duráveis se encarregavam de criar internamente, através de suas oficinas, máquinas
inovadoras que passavam a ser utilizadas para sua produção.
Coube ao Estado o papel de desenvolver a indústria de bens de capital
no país, pois como salienta Souza (2008, p. 39) é
[...] uma condição geral de acumulação capitalista o desenvolvimento do
setor I [indústria de base], tanto porque é ele que produz os elementos
materiais (meios de produção) para acumulação quanto porque seu
subproduto é a base real para dita acumulação: não se pode pensar em
investimento em outros setores se o setor I não produzir um excedente em
meios de produção, ou seja, se ele consumir todos os bens que produz.
O autor afirma que esse desenvolvimento do setor I precedeu os
demais setores nos países capitalistas, como nos EUA, Japão e Alemanha. Ele
admite exceções, nas quais o setor IIb – bens de consumo duráveis – se desenvolve
antes que o setor I, porém admite que estes países ficarão sob dependência de
importações para este setor (SOUZA, 2008, p.39-40). Entretanto, não foi o que
ocorreu no Brasil, pois mesmo tendo sido implantado antes o setor de bens de
consumo duráveis, foi possível a implantação do setor de bens de capital – com o
apoio estatal – criando condições para a dinâmica da economia industrial nacional.
Souza (2008, p.40-42) chama a atenção também para a centralização
do capital na economia brasileira, como nas demais economias capitalistas, o que
20
para ele foi muito mais acelerada que em outros países. Para o autor, há fortes
evidências que esta centralização ocorrida nos anos de 1950 se deu, em grande
parte, à penetração intensa do capital estrangeiro no período, fundamentando que
os ramos onde ocorreu maior penetração estrangeira foram os que apresentaram
uma concentração mais intensa. Afirma ainda que, como conseqüência deste
processo, houve uma monopolização precoce da economia. Tal fato se mostrou
importante como um dos caminhos para fazer frente ao processo de acúmulo de
capital, o qual também foi intenso na economia japonesa e alemã (NIVEAU, 1969).
É inegável que a economia do país apresentou um crescimento
substantivo no governo de JK, porém, as contradições entre o modelo nacionaldesenvolvimentista (governo de Getúlio Vargas) e a abertura ao capital estrangeiro
(governo de JK) ocasionaram fortes conflitos sociais e políticos no país, tendo o
aumento da inflação contribuído para acirrá-los (SOUZA, 2008, p.43).
A tabela 1 mostra o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e da
inflação no período do governo de JK.
Tabela 1 – Crescimento do Produto e Inflação Durante o Governo de JK
Ano
PIB (%)
Indústria (%)
Inflação* (%)
1955
8,8
11,1
23
1956
2,9
5,5
21
1957
7,7
5,4
16,1
1958
10,8
16,8
14,8
1959
9,8
12,9
39,2
1960
9,4
10,6
29,5
1961
8,6
11,1
33,2
Fonte: Para produção, IBGE; para inflação, ABREU, M. M. (Org.) apud Souza (2008, p.43)
*Inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor do Rio de Janeiro
O crescimento econômico brasileiro perdurou até 1963, momento em
que o país entra numa crise econômica, no qual há queda nos investimentos e na
taxa de crescimento da renda brasileira, além de um aumento significativo da
inflação, a qual chegou a 90% ao ano em 1964 (GREMAUD; VASCONCELLOS;
TONETO Jr., 2009, p.371-372).
21
Com o golpe militar de 1964 ocorrem mudanças no direcionamento
econômico no país sendo introduzido pelo governo de Castelo Branco o Paeg (Plano
de Ação Econômica do Governo), que pode ser dividido em duas linhas de atuação:
[...] políticas conjunturais de combate à inflação, associadas a reformas
estruturais que permitiriam o equacionamento dos problemas inflacionários
e das dificuldades que se colocavam ao crescimento econômico
(GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2009, p.376).
Com medidas restritivas de salário, de crédito e redução no déficit
público (por meio da redução dos gastos do governo e aumento das tarifas
públicas), a inflação caiu de aproximadamente 92% em 1964 para 22% em 1968
(ABREU apud SOUZA, 2008, p.67).
Todas estas medidas foram alinhadas e tornaram-se condições
favoráveis à internacionalização da economia do país, pois atraíram o capital
estrangeiro, o qual busca o menor custo de operacionalização com uma
conseqüente taxa de lucro maior, assim,
O golpe de Estado de 1964 [...] aprece como um marco, pois foi o
movimento militar que criou as condições de uma rápida integração do País
a um movimento de internacionalização que parecia como irreversível, em
escala mundial. A economia se desenvolve, seja para atender a um
mercado consumidor em célere expansão, seja para atender a uma
demanda exterior. O País se torna grande exportador tanto de produtos
agrícolas não tradicionais (soja, cítricos) parcialmente beneficiados, quanto
de produtos industrializados (SANTOS, 1993, p.36).
No início da década de 1970 a economia brasileira apresentava uma
elevada taxa de crescimento do PIB. O período que vai de 1968 a 1973 ficou
conhecido como o “milagre brasileiro”. Como características deste período
destacam-se a baixa inflação para os padrões brasileiros (VELOSO; VILLELA;
GIAMBIAGI, 2008, p.222), além do forte investimento do Estado em infra-estrutura
(rodovias, ferrovias, telecomunicações, portos, usinas hidrelétricas e usinas
nucleares), na indústria de base (mineração e siderurgia), de transformação (papel,
cimento,
alumínio,
produtos
químicos,
fertilizantes,
etc),
de
equipamentos
(geradores, sistemas de telefonia, máquinas, motores, turbinas, etc) de bens
duráveis (veículos e eletrodomésticos) e na agroindústria (grãos, carnes e laticínios).
Neste período foram fundadas a EMBRAER, a TELEBRAS e iniciada a construção
da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
22
Veloso, Villela e Giambiagi (2008, p.225) enfatizam que os fatores
determinantes do “milagre brasileiro” podem ser interpretados segundo três
vertentes não excludentes entre si:
a) a política econômica do período 1968-1973, com destaque para as
políticas monetária e creditícia expansionistas e os incentivos às
exportações;
b) o ambiente externo favorável, devido à grande expansão da economia
internacional, à melhoria dos termos de troca e ao crédito externo farto e
barato;
c) as reformas institucionais do Paeg (1964-1966), em particular as
fiscais/tributárias e financeira, que teriam criado as condições para a
aceleração subseqüente do crescimento.
O Estado agiu neste momento juntamente com a iniciativa privada para
implementar o que Santos (1993, p.35-36) denomina de meio técnico-científicoinformacional, o qual
[...] é marcado pela presença da ciência e da técnica nos processos de
remodelação do território essenciais às produções hegemônicas, que
necessitam desse novo meio geográfico para sua realização. A informação,
em todas as suas formas, é o motor fundamental do processo social e o
território é, também, equipado para facilitar a sua circulação.
Santos (1993, p.38-39) afirma que neste período o Brasil já era um
exemplo da presença do meio técnico-científico e cujas evidencias foram: o
desenvolvimento da biotecnologia, permitindo, por exemplo, que a soja fosse
cultivada
no
cerrado;
desenvolvimento
dos
sistemas
de
transporte,
telecomunicações e energia; mudanças na estrutura de produção agrícola e
industrial; desenvolvimento das formas de produção não-material, com destaque
para a saúde, educação, lazer, informação e até mesmo das esperanças. Todas
estas transformações culminaram em uma maior fluidez do território permitindo que
os fatores de produção, o trabalho, os produtos, as mercadorias, a informação e o
capital passassem a ter grande mobilidade.
Diniz e Crocco (1996, p.85) concordam com Santos (1993) quando
apontam também neste período o crescimento da produção agrícola e mineral com
expansão de suas fronteiras – no caso da produção agrícola os autores apontam um
aumento na produção de grãos no Sul do Brasil a partir do final da década de 1960,
e posteriormente na região dos cerrados do Centro-Oeste do Brasil; já na produção
mineral houve aumento em vários estados do Brasil, com destaque para o Complexo
23
Carajás – o que induziu o estabelecimento de um conjunto de atividades, como
suporte urbano e industrial nestas regiões.
Santos e Silveira (2008, p.106) afirmam que ocorreu entre as décadas
de 1970 e 1980 uma desconcentração industrial, pois
[...] a produção torna-se mais complexa estendendo-se sobretudo para
novas áreas do Sul e para alguns pontos do Centro-Oeste, do Nordeste e
do Norte (Manaus). Paralelamente, as áreas industriais já consolidadas
ganham dinamismos diferentes dos que definiram a industrialização em
períodos anteriores (SANTOS; SILVEIRA, 2008, p.106).
Os autores mensuram o ganho obtido pela região Sul do país neste
processo de desconcentração industrial:
[...] pois [esta] aumenta, entre 1970 e 1990, o número de estabelecimentos
(de 14.534 para 43.969), o número de pessoal ocupado (de 358.100 para
2.520.493) e o valor da transformação industrial (de 1.343.666.303 dólares
para 15.299.863.312 dólares). Em 1970, enquanto essa região acolhia
apenas 14,79% do pessoal ocupado do país, São Paulo concentrava
50,97%. Vinte anos depois, São Paulo reunia 35,35% do emprego industrial
e a região Sul, que já havia ultrapassado esse umbral, ostentava 36,49% do
total nacional (SANTOS; SILVEIRA, 2008, p.107).
Diniz e Crocco, (1996, p.85) apontam que neste processo de
desconcentração houve também uma forte intencionalidade da política econômica
através de incentivos fiscais nas regiões Nordeste e Norte do país, pelos
mecanismos relacionados à Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste
(SUDENE), Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e
pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA).
O fim do milagre brasileiro foi marcado pela crise do petróleo em 1973,
a qual não afetou de imediato o Brasil, pois os investimentos realizados em infraestrutura no período anterior conseguiram manter, de certa forma, o ritmo econômico
do país, pois as encomendas destinadas às obras das estatais eram, em grande
parte, fornecidas pela indústria nacional.
O país começou a sentir de fato os efeitos da crise a partir da década
de 1980 com o financiamento externo mais caro, levando ao desequilíbrio do
balanço de pagamentos da dívida externa e ao descontrole da inflação.
Passos (2007, p.96) destaca que a década de 1980 é marcada pela
baixa taxa de crescimento e desenvolvimento econômico do país e também pela alta
da inflação e das taxas de juros motivadas pela falta de investimentos produtivos,
24
culminando em um período de profunda recessão – este período ficou conhecido
como a “década perdida” devido a tais fatos.
Entre 1970 e 1980, o número de indústrias no país aumenta, enquanto
que a partir da década de 1980 há uma redução.
Entre 1970 e 1980, o numero de estabelecimentos industriais no Brasil
cresceu 184,52%, enquanto o valor da transformação industrial aumentou
537,70% e o pessoal ocupado, 98,39%. Todavia, a partir dos anos 80 há um
decréscimo do número de estabelecimentos industriais (-11,84% entre 1980
e 1990), graças em boa parte, ao processo de concentração da propriedade
industrial (agravado pelos progressos da automação) e uma desaceleração
no crescimento do valor da transformação industrial. (...). O planejamento
econômico e regional estimulou a instalação de pólos de fabricação
mediante fortes incentivos governamentais, como é o caso dos tecnopolos
(LIMA, 1994 apud SANTOS; SILVEIRA, 2008, p. 106).
Cano (1997) salienta, porém, que a partir de 1985 ocorreu uma
diminuição no fenômeno de desconcentração industrial causada pelo período de
crise econômica por qual passava o Brasil.
Entre 1985 e 1995, quando convivemos, primeiro com a ‘crise da dívida’ e
agora também com políticas neoliberais, o crescimento econômico de São
Paulo (e do Brasil) tornou-se, na média, medíocre e, com isso, o
arrefecimento da dinâmica de acumulação inibiu também o crescimento
periférico. Isso causou uma inflexão no processo de desconcentração
econômica que, em muitos casos, apresentou resultados mais ‘estatísticos’
do que efetivos (CANO, 1997, p.107).
A década de 1990 é marcada pelo neoliberalismo do governo de
Fernando Collor de Mello e Itamar Franco seguidos de Fernando Henrique Cardoso
(FHC). Neste período ocorrem as privatizações das estatais e a abertura de mercado
para os produtos estrangeiros através da redução das alíquotas de importação.
Diniz (2000, p.7) enfatiza que a política desestatizante e a proposta de
retomada de crescimento do governo Collor alinhada ao ideário neoliberal alteraram
profundamente a forma de inserção da economia brasileira na economia
internacional e na atuação do Estado na economia.
As estatais foram vendidas a preços insignificantes através de uma
articulação do governo para “driblar” impeditivos constitucionais e legais, além de
satisfazer os anseios dos grupos estrangeiros quanto ao preço baixo a ser pago,
pois algumas das privatizações
25
[...] dependiam [...] de mudanças constitucionais ou legais, o que não estava
dentro da correlação de forças da época. Para contornar essa situação, o
governo decidiu que começaria pelas empresas consideradas livres de
impedimentos legais (SOUZA, 2008, p.212).
Para solucionar a questão do preço que os grupos estrangeiros
estavam dispostos a pagar, o governo lança mão da seguinte medida:
[...] as estatais poderiam ser trocadas inteiramente pelo que se
2
convencionou chamar de ‘moedas podres’ . Uma empresa poderia, por
exemplo, adquirir no mercado secundário um lote de títulos públicos por
30% de seu valor de face, e depois com ele adquirir uma estatal usando o
valor de face (SOUZA, 2008, p.212-213).
Souza (2008, p.213) salienta também que nas avaliações das estatais
o preço era empurrado para níveis insignificantes pois eram realizadas, na maioria
das vezes, por empresas ligadas indiretamente às compradoras.
Somado a todos estes fatores em favor das privatizações, o Estado
ainda disponibilizava aos adquirentes, financiamento público com dinheiro do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (SOUZA, 2008, p.213).
A valorização do Real e a redução das alíquotas de importação foram
fundamentais para que houvesse uma substituição dos produtos nacionais pelos
importados. Muitas empresas nacionais encerraram suas atividades neste período
ou recorreram às fusões com empresas estrangeiras devido à concorrência desigual
com os produtos importados (principalmente os asiáticos), a qual se intensificou
ainda mais ao se deparar com um parque industrial defasado tecnologicamente que
não fazia frente a estes produtos, principalmente no que tange à capacidade de
produção.
Desde a abertura comercial iniciada nos anos 90, os produtos estrangeiros
conseguiram aumentar sua inserção na economia nacional com preços mais
competitivos e linhas de financiamento mais ágeis e juros mais baixos, o
que deixou o produtor interno em franca desvantagem (ARAÚJO JR, 2003,
p.60).
Souza
(2008,
p.260)
salienta
também
que
em
razão
desta
sobrevalorização do Real houve um aumento expressivo nas importações de
máquinas e equipamentos, de 11,09% em 1990 para 42,09% em 1996; o consumo
2
“Títulos públicos em mãos do público, que atravessavam então profundo processo de
desvalorização (‘deságio’), superando, em muitos casos, os 70%” (SOUZA, 2008, p.212).
26
aumentou de 12,6% para 33,3%, tendo a produção interna caído 26% no período.
Em razão disso a indústria nacional operava com capacidade ociosa de 35% no ano
de 1996.
A estagnação da economia brasileira ficou ainda mais acentuada com
a diminuição de investimentos em infra-estrutura necessária à produção industrial no
país.
Rangel (1986, p.38) aponta que o governo federal abandonou o
modelo nacional desenvolvimentista deixando de atacar os nós de estrangulamento
da economia, os quais traduzem-se em infra-estrutura que precisava de
modernização, englobando os transportes, infra-estrutura urbana, energia e
saneamento básico.
Rangel propôs como forma de desenvolvimento econômico do país a
transferência da capacidade ociosa dos setores beneficiados pelo Estado nos
períodos anteriores – indústria de bens de capital, por exemplo – para os serviços
públicos com nós de estrangulamento presentes nos
[...] serviços de utilidade pública representado pela imensa infra-estrutura
urbana, o setor de transporte e comunicação, a questão energética, dentre
outros. Em outras palavras, esta infra-esturuta deve ser entendida de modo
amplo, envolvendo o transporte urbano, como o metrô, saneamento básico,
portos, ferrovias, geração de energia, entre outros (FRESCA, 2003, p.4).
Esta estratégia de desenvolvimento, no mínimo, provocaria de imediato
a geração de empregos em larga escala, desde os mais baixos aos mais
qualificados postos de trabalho, principalmente no setor da construção civil.
Observou-se que, na verdade, a transferência da capacidade ociosa
não ocorreu e o cenário industrial brasileiro no início da década de 1990 obrigou as
empresas a buscarem novas estratégias para se manterem no mercado.
Programas e ferramentas da qualidade, de reengenharia e de redução
de custos foram amplamente difundidos como formas de otimizar a produção
reduzindo os custos de processo e de projetos. Entre eles destacam-se: a
certificação ISO 9000 (normas para gestão da qualidade), o FMEA3, 5S4 e o controle
estatístico do processo.
3
“A metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha, conhecida como FMEA (do inglês Failure
Mode and Effect Analysis), é uma ferramenta que busca, em princípio, evitar, por meio da análise das
falhas potenciais e propostas de ações de melhoria, que ocorram falhas no projeto do produto ou do
27
Em consonância com estes programas, a desconcentração industrial,
iniciada na década de 1970, arrefecida na década de 1980 se intensificou
novamente após 1990, com as empresas buscando novas áreas para a instalação
de suas fábricas, principalmente no interior dos estados do Sudeste e do Sul do
Brasil (Londrina, particularmente, figura como uma receptora de indústrias vindas
principalmente da região Metropolitana de São Paulo após meados de 1970).
Esta fuga das regiões metropolitanas, principalmente de São Paulo, se
deu por vários fatores, tais como: o encarecimento imobiliário, os entraves de
transporte de cargas e de pessoas relacionados ao trânsito, a maior organização
dos sindicatos na região metropolitana, como também aos incentivos concedidos
pelas cidades do interior à instalação das unidades fabris e as condições favoráveis
de vida que proporcionavam estas cidades em relação, principalmente, à metrópole
paulistana. Estes fatores culminaram diretamente na formação do custo de
fabricação do produto, assim, as empresas para baratearem sua produção – visando
estabelecer a competitividade para concorrerem no mercado global – adotaram
como uma das alternativas, a transferência de suas plantas fabris.
O
avanço
da
informática
e
das
telecomunicações
contribuiu
decisivamente neste processo, pois ligam diversos pontos do território em tempo
real, possibilitando que as decisões fossem tomadas em pontos geograficamente
distantes, contribuindo para que a região Metropolitana de São Paulo, ainda
concentre seu poder de decisão sobre o território nacional, independentemente das
transferências das unidades fabris para o interior do país.
Santos (1993, p.54) afirma que São Paulo ultrapassou a cidade do Rio
de Janeiro, quanto ao poder de comando sobre o território brasileiro, já na década
de 1930. A metrópole paulistana passava, então, a ser a área polar do Brasil, não só
pela importância de sua indústria, mas sobretudo pela capacidade de produzir,
classificar, coletar e distribuir as informações suas ou de outros as administrando
segundo seus próprios interesses. O autor caracteriza São Paulo com a metrópole
onipresente no território brasileiro.
processo. Este é o objetivo básico desta técnica, ou seja, detectar falhas antes que se produza uma
peça e/ou produto” (CAPALDO; GUERRERO; ROZENFELD, 2009).
4
“Ferramenta da qualidade utilizada com o intuito de organizar o ambiente de trabalho, na qual os ‘S’
são iniciais de palavras japonesas que traduzem tal objetivo: Seiri - senso de utilização; Seiton –
senso de arrumação; Seiso – senso de limpeza; Seiketsu – senso de saúde e higiene e Shitsuke –
senso de autodisciplina” (SILVA, 2005).
28
Corrêa, em concordância com Santos afirma que as metrópoles são o
centro do poder, de onde emanam as ordens aos demais pontos do território
nacional.
[...] por concentrar a maior parte das sedes sociais das maiores
corporações, a metrópole transforma-se, por excelência, em centro de
gestão do território, ou seja, em centro de investimento e acumulação do
capital, centro privilegiado do ciclo de reprodução do capital, onde se dá a
gestão do processo de criação do valor e criação, circulação e apropriação
da mais valia em amplo espaço geográfico (CORREA, 1996, p.68-69).
Esse comando de São Paulo resultou numa maior divisão territorial do
trabalho em todo o país, sendo ele dividido de acordo com as potencialidades de
cada região, tendo sua integração facilitada graças aos avanços nos transportes e
nas telecomunicações. Neste sentido, a criação de tecnopólos, a partir da segunda
metade da década de 1980, espalhados em sua maioria pelo interior do país,
exemplifica esta divisão territorial do trabalho, entre eles destacamos: as cidades de
São Carlos, Campinas e São José dos Campos no estado de São Paulo, as quais
detêm potencial considerável na área de ciência e tecnologia e a cidade de Santa
Rita do Sapucaí em Minas Gerais que concentra 120 empresas do ramo de
eletrônicos, denominando-se o “Vale da Eletrônica Brasileiro” (IPESI, 2009c, p.41).
Os governos neoliberais de Collor e FHC deixaram marcas profundas
na economia brasileira, entre as quais destacam-se a abertura do mercado a
produtos estrangeiros, privatização em massa ocasionando perda no controle de
setores estratégicos pelo governo, aumento dos juros como forma de atrair o capital
estrangeiro (Plano Real), restrições aos direitos previdenciários, aumento de
impostos e corte nos investimentos públicos e gastos sociais. Todos estes fatores
resultaram, ao final do governo de FHC, na estagnação da economia e no aumento
da inflação.
No final do mandato de FHC havia uma desconfiança, principalmente
da elite brasileira e dos investidores externos, com relação ao futuro político e
econômico do país, pois o candidato da esquerda, Luis Inácio Lula da Silva (Lula),
dava sinais de que iria ser o vencedor da disputa eleitoral de 2002. Assim, houve
neste período uma diminuição dos investimentos no país e uma elevação do índice
“risco país5”, alcançando, este, valores altíssimos.
5
“O termo risco-país foi criado em 1992 pelo banco americano JP Morgan Chase para permitir, a
seus clientes (investidores), tomar a decisão de investir ou não em determinado país. É um número
29
Porém, as previsões pessimistas não se concretizaram, e Lula deu
continuidade à política financeira do governo anterior durante seu primeiro mandato.
Nas áreas econômica e social, o governo promoveu, de início, significativas
mudanças, como: suspensão do processo de privatização que vigorava desde 1990;
o BNDES deixou de financiar a aquisição de empresas estatais pelo capital
estrangeiro para financiar o investimento das empresas nacionais; o Ministério das
Minas e Energia recuperou parte do seu poder de comando no setor energético e a
Petrobras estabeleceu um programa de compra de plataformas e navios brasileiros
com o objetivo de estimular a produção nacional (SOUZA, 2008, p.292).
Neste cenário de certa estabilidade financeira e com a moeda nacional
desvalorizada, a situação da indústria se alterou, ocorrendo uma gradativa retomada
do crescimento da produção nacional e da geração de empregos (gráfico 1).
20
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Índices mensais do pessoal ocupado na indústria - Indústria Geral (Base: janeiro de 2001=100)
Gráfico 1 – Índices Mensais do Pessoal Ocupado na Indústria Brasileira (dez. 2000 /
dez. 2007)
Fonte: IBGE, 2009
Org.: Sergio Ricardo Vitiello
O gráfico 1 faz uma comparação do nível de emprego do país de
dezembro de 2000 a dezembro de 2007 com o mês de janeiro de 2001, atribuindo,
para efeito de comparação, a este mês o valor igual a 100.
que mede o nível de desconfiança ou risco dos mercados financeiros em relação aos países
emergentes , o Brasil é um país emergente. O risco-país sinaliza para o investidor a capacidade do
país honrar ou não seus compromissos [isto é, pagar ou não suas dívidas]” (SOUZA, 2009).
30
Observa-se que não há oscilações significativas no nível de emprego
do período que vai de dezembro de 2000 a outubro de 2001; a partir deste período
(com exceção de outubro de 2002) há queda até abril de 2004; o período que vai de
maio de 2004 até abril de 2007 é marcado por ascensão com alguns picos positivos;
já no período final, que vai de maio de 2007 até dezembro de 2007 ocorre um
aumento significativo no nível de emprego, com os maiores níveis em outubro e
novembro de 2007. Isto significa que entre o final do mandato do governo FHC e
início do governo Lula, não ocorreram alterações significativas do ponto de vista de
medidas e políticas para ampliação no número de empregos. Somente após 2004, é
que várias medidas permitiram a expansão da oferta de empregos mediante
retomada do crescimento, início da redução da taxa de juros, aumento das
exportações, dentre outras.
Souza (2008, p.308-309) justifica que o período de estagnação e
queda do nível de emprego que vai de dezembro de 2000 a abril de 2004 foi
decorrente da estratégia adotada por FHC e Lula para derrubar a inflação a partir da
contenção dos investimentos e da demanda, além da pressão sobre a produção
interna ao substitui-la por produtos importados. Para o autor, esta situação “impõe
pesados sacrifícios à atividade econômica e ao emprego”.
Em 2004 a produção industrial, alavancada pelas exportações (que
avançaram 32% neste ano), volta a crescer no país, contribuindo decisivamente para
a diminuição do desemprego. Tal situação foi favorecida pela redução do custo
salarial6, pelo uso da capacidade ociosa de três anos de estagnação (2001 a 2003) e
pelos ganhos obtidos com a diferença de juros entre o país e o resto do mundo
através dos Adiantamentos de Contrato de Crédito (ACCs). Além disso, a economia
mundial teve um crescimento neste período (2,5% em 2003 e 3,8% em 2004),
estimulando o comércio internacional, o que contribuiu para o aumento das
exportações brasileiras (SOUZA, 2008, p.311-312).
Medidas de aumento do crédito financeiro ao consumidor serviram
para ampliar a oferta de empregos no país em 2004. Contudo, a economia volta a
desacelerar a partir de setembro daquele ano com a elevação dos juros, da carga
tributária e do valor externo da moeda (SOUZA, 2008, p.314).
6
“A queda do salário real entre 1998 e 2004, a nível nacional, foi de 30,87% e, na região
metropolitana de São Paulo, de 31,88%” (SOUZA, 2008, p.312).
31
Visando o crescimento econômico do país, o governo adota medidas
para uma distribuição de renda mais justa, tendo como conseqüência o aumento do
consumo interno. Souza (2008, p.321-324) aponta as medidas que serviram para
este propósito: aumento do salário a partir de 2004, o programa Fome Zero,
barateamento do crédito para trabalhadores e aposentados, fim da cumulatividade
do PIS/Cofins e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), extinção da
alíquota do PIS/Cofins sobre os produtos da cesta básica e sobre vários insumos
para produção de alimentos, aumento do microcrédito produtivo, ampliação de
recursos para o financiamento imobiliário e estabelecimento de instrumentos de
financiamento específicos para a construção civil.
A promulgação da lei 11.196 de 2005 (Lei do Bem) foi também um
importante instrumento para dinamizar a economia e promover a “inclusão digital”,
na medida em que conferiu importantes isenções tributárias sobre os computadores
pessoais. Estimativas da ABINEE são de que os preços dos computadores baixaram
pelo menos 9,25% com a instituição desta lei, contribuindo para que o número de
computadores vendidos aumentasse de 4 milhões de unidades em 2004 (das quais
apenas 25% eram legalizadas) para 12 milhões em 2008 (sendo 65% legalizadas)
(IPESI, 2009b, p.32).
Em que pese o aumento positivo do emprego entre 2004 e 2005, estas
medidas, entretanto, não foram suficientes para garantir maior crescimento
econômico nem a redução do nível de desemprego que na verdade:
[...] aumentou de 7,958 milhões em 2002 para 8,942 [milhões] em 2005.
Essa aparente contradição se explica pelo fato de que, no período, em face
do crescimento da população economicamente ativa, 9,114 milhões de
pessoas ingressaram no mercado de trabalho (SOUZA, 2008, p.324).
No segundo mandato de Lula destaca-se o Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) implementado em janeiro de 2007, o qual teve como objetivo
atacar os entraves ao crescimento econômico do país, que estão em sua maioria na
infra-estrutura física.
Segundo Souza (2008, p.327-328) foram estabelecidos três objetivos
para o programa: aceleração do crescimento econômico, aumento do emprego e
melhoria das condições de vida da população brasileira. O autor enfatiza também
que o PAC fixou meta de crescimento do PIB a uma taxa mínima de 4,5% em 2007 e
32
de 5% ao ano entre 2008-2010. Suas medidas foram organizadas em cinco blocos:
investimento em infra-estrutura; estímulo ao crédito e ao financiamento; melhora do
ambiente para investimento; desoneração e aperfeiçoamento do sistema tributário e
medidas fiscais de longo prazo.
Para manter o consumo durante a crise mundial de 2008 e evitar que
setores de grande importância para a composição do PIB brasileiro entrassem em
declínio econômico, o governo reduziu a alíquota de IPI, a partir de dezembro de
2008, para os automóveis e, a partir de abril de 2009, para os eletrodomésticos da
linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar) e materiais usados na
construção civil.
Em março de 2009, o governo federal anunciou o programa “Minha
Casa, Minha Vida” com a previsão de construir um milhão de casas nos próximos
anos com investimento previsto de R$34 bilhões (BRASIL, 2009).
Em junho de 2009, o governo isentou mais 70 produtos do setor de
bens de capital, o que representará, ao todo, uma renúncia fiscal da ordem de R$3,3
bilhões em 2009 (SECOVI – PR, 2009).
As medidas adotadas, apesar de não evitarem por completo, serviram
para amenizar o número de demissões na indústria e na construção civil, que
certamente seria muito maior se estas não fossem implementadas, além de manter o
ritmo econômico do país frente a uma relevante crise mundial.
Em relatório divulgado em 08 de setembro de 2009, do Fórum
Econômico Mundial – que mede a competitividade global e faz uma análise das
condições que os países oferecem para que empresas neles instaladas consigam
competir internacionalmente – o Brasil conseguiu avançar oito posições no ranking.
Tal relatório apontou os pontos que ajudaram o país a galgar estas posições, os
quais são: estabilidade macroeconômica, sofisticação do mercado financeiro e a
eficiência do mercado de trabalho. Por outro lado indicou também os pontos fracos
pertinentes ao país, os quais são: a confiança na classe política, a dificuldade em
avançar em reformas estruturais e a má qualidade da educação (SALLES, 2009,
p.3).
Em que pese a melhora das condições socioeconômicas, vários
setores ainda necessitam de aperfeiçoamentos para se atingir a condição de maior
desenvolvimento econômico, tal como propõe Rangel na questão da ocupação da
capacidade ociosa da indústria para a construção e a recuperação da infra-estrutura,
33
ou ainda em questões ligadas à abertura de mercado proporcionada no governo
neoliberal pós 1990 e que ainda interferem negativamente em alguns segmentos,
como é o caso do setor de eletroeletrônicos, no qual a maior parte de suas matérias
primas são importadas ou, até mesmo, concorrem com os produtos acabados
importados em desigualdade de preço.
O capítulo seguinte abordará o processo de industrialização do norte
paranaense, apontando também algumas indústrias presentes, bem como
identificando os arranjos produtivos locais dentro desta região.
34
3. A INDUSTRIALIZAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ NO CONTEXTO NACIONAL:
ALGUNS APONTAMENTOS
Neste trabalho consideraremos como norte do estado do Paraná as
mesorregiões noroeste, norte central e norte pioneiro, conforme estabelecidas pelo
IBGE, já que as mesmas mantêm uma relativa proximidade geográfica entre si,
processos históricos similares em termos de ocupação, de evolução das atividades
produtivas agropecuárias e industriais, dentre outros. Como o presente trabalho não
tem em seu enfoque uma abordagem teórica ligada à questão regional, considerar
as mesorregiões já citadas como compondo o norte do Paraná, torna-se apenas
uma referência em termos de localização. A figura a seguir identifica as
mesorregiões do estado do Paraná.
Figura 1 – Mesorregiões geográficas do Paraná
Fonte: IPARDES, 2009b
35
O norte do estado do Paraná não tinha até a década de 1960 uma
industrialização significativa. Apenas algumas empresas ligadas à agroindústria e
outras de iniciativa local foram criadas na região até este momento.
A partir dos anos de 1960 começa a ser fomentado a nível estatal um
desenvolvimento econômico com base na substituição das importações, posto que o
Paraná obtinha o segundo lugar entre os estados brasileiros que mais importavam
produtos de São Paulo.
[...] a partir dos anos de 1960, que emergiu com mais vigor a consciência
política de eminentes crises locais face as sucessivas alterações na
cafeicultura, tanto pelo esgotamento das frentes pioneiras, como pela perda
dentre outros, de obtenção de impostos. Evidenciava-se com mais clareza o
papel de segundo lugar entre os Estados brasileiros como maior importador
de produtos industrializados de São Paulo (FRESCA, 2004, p.196).
Contribuía, ainda, para esta empreitada em busca do desenvolvimento,
o fato de que o estado do Paraná ainda não estava totalmente integrado por
ferrovias e rodovias, fazendo com que a articulação do norte paranaense fosse mais
forte com São Paulo do que com Curitiba.
[...] ao poder estatal estava acrescido ainda o fato de o estado estar
territorialmente não integrado, sendo muito mais rápida e fácil a articulação
econômica-social e populacional do norte paranaense com São Paulo do
que com Curitiba (FRESCA, 2004, p.196).
Para superar os problemas de infra-estrutura do estado foi criada no
final da década de 1960 a Companhia de Desenvolvimento do Paraná (CODEPAR)
que funcionaria e agiria com recursos do Fundo do Desenvolvimento Econômico
(FDE) – um empréstimo compulsório em forma de alíquota adicional do Imposto
sobre Vendas e Consignações (IVC) (FRESCA, 2004, p.197).
A Codepar deveria cumprir três papéis: dotar o estado de infra-estrutura,
viabilizar a implantação de indústrias e gerar projetos de desenvolvimento
específico a partir do conhecimento da realidade local (AUGUSTO apud
FRESCA, 2004, p.197).
Foram criadas, então, em 1963, a SANEPAR, a TELEPAR, a
CELEPAR, a COPEL, a COHAPAR, entre outras, com o objetivo de estabelecer esta
infra-estrutura em termos de rodovias pavimentadas, energia elétrica, telefonia, etc
(FRESCA, 2004, p.197).
36
Ainda, segundo Fresca (2004, p.197), os esforços para industrialização
do estado resultaram, no norte, numa agroindustrialização, cujo objetivo era o de
atender as demandas internas do país, assim como o mercado internacional. A
autora elenca algumas unidades produtivas ligadas ao processamento da soja, trigo,
café solúvel, sucroalcooleiro e pecuária, entre as quais, a Cooperativa dos
Cafeicultores
e
Agropecuaristas
de
Maringá
(COCAMAR)
e
Cooperativa
Agropecuária de Campo Mourão (COAMO); a Cia. Cacique de Café Solúvel,
fundada em 1959 em Londrina, e a Cia. Iguaçu de Café Solúvel, fundada em 1967
em Cornélio Procópio, estas últimas, sob o controle do capital privado local/regional.
A partir dos anos 1970, começa a se modificar perfil produtivo do norte
do estado com o surgimento de outros setores de produção na região, os quais são
descritos por Fresca (2004, p.197): “[...] Cianorte com confecções; em Arapongas
com móveis; em Cornélio Procópio com fiação de seda [...]; em Londrina com fiação
de rami [...] [e] com produtos químicos para agricultura [...]”.
Contudo, apesar desta nova configuração produtiva, a esta época, as
indústrias ainda não eram tão expressivas como viriam a ser nas décadas seguintes
nesta região. Assim, afirma Fresca (2004, p.197) que:
Chama-se a atenção para o fato da existência de inúmeras unidades
produtivas dispersas por diversas cidades norte-paranaense, especialmente
as maiores, mas que não permitiam em razão de seu volume produtivo, do
número total de empregos gerados, da participação nas rendas municipais
ou estaduais, caracterizá-las como cidades industriais ou como a existência
de setores industriais significativos. Exceção eram as agroindústrias
alimentícias, setor mais expressivo da produção industrial paranaense (grifo
nosso).
A situação se altera com o findar da década de 1980, com Arapongas
se destacando na produção de móveis de linha reta – fabricados com painéis do tipo
compensados e aglomerados, além de estofados, todos destinados ao mercado
consumidor de menor poder aquisitivo – estabelecendo-se, assim, como o quarto
pólo moveleiro do país (FRESCA, 2006, p.132).
Apucarana e Cianorte também, neste período, afirmavam sua
especialização industrial, sendo a primeira a partir de então denominada “capital
nacional do boné”, enquanto que a segunda, tinha a maior parte de suas indústrias
ocupadas no ramo de confecções, mais especificamente o jeans (FRESCA, 2006,
p.132).
37
Merecem destaque também no cenário industrial do norte do Paraná,
as cidades de Loanda como produtora de metais sanitários; Jaguapitã com mesas
de bilhar; Terra Roxa com moda bebê e Campo Mourão, onde além da agroindústria
representada pela COAMO, se ampliou também a produção de equipamentos
médicos e odontológicos (FRESCA, 2008, p.235-236).
Assim, ao findar a década de 1980 a indústria norte paranaense era
muito mais expressiva e ligada principalmente a investimentos locais e regionais,
estes ocorrendo via transferências de capital de outras atividades urbanas e rurais
em direção a implantação de indústrias. A essa época havia três grandes setores
industriais consolidados no norte do estado: setor agroindustrial alimentício e sucro
alcooleiro, setor moveleiro e setor confeccionista (FRESCA, 2004, p.197).
O período de 1970 a 1985 é considerado por muitos autores como o
auge da desconcentração industrial no país, afirmando Bragueto (2007, p.103) que o
Paraná, neste período, foi um dos estados brasileiros que mais apresentou
crescimento industrial. Para o autor, nos anos seguintes (1985 a 2004), o
desenvolvimento regional da indústria no estado foi bastante polarizado, havendo
regiões que apresentaram ganhos em termos de valor adicionado, mas perderam
participação quanto ao pessoal ocupado e vice-versa.
A partir da década de 1990, afetadas pela situação econômica imposta
pelo governo neoliberal de Collor, as indústrias nacionais começaram a intensificar
novamente as transferências das unidades fabris das regiões metropolitanas –
principalmente de São Paulo – para o interior do país.
Fresca (2006, p.146) elenca as indústrias que transferiram suas
plantas para o norte do Paraná no final da década de 1980 em diante: Milênia
Agrociências em 1998; Cimplast Embalagens Imp. e Exp. Ltda. em 1999; Dixie Toga
em 1998; Itap Bemis em 1998; Elevadores Atlas Schindler em 1998; Electroman Ind.
e Com. Ltda. em 1998; JK Ind. Metalúrgica Ltda. em 1998; Prolind Componentes
Ltda. em 1998; Wittur Ltda. em 2000; FIEL em 1998; Tornotécnica Jumbo em 1998;
Hussmann do Brasil / Thermo King do Brasil 1996/2000; Base Metal Com. Ind. e
Exp. em 1999; Pado Ind. e Com. e Imp. S.A. em 1997; Inquima Ltda. em 1999; Hexal
do Brasil em 2002; Bunge Fertilizantes em 2000; Seara Alimentos em 1997; Macsol
S.A. Manuf. de Café Solúvel em 1997; Tormec Fábrica de Parafusos e Peças
Torneadas em 1993; Palumar Ind. e Com. de Peças Automotivas em 1994; FF Ind. e
Com. de Polímeros em 1998; Trialtec Paraná Peças Técnicas Ltda. em 2002; Yoki
38
Alimentos (Indemil) em 1995; Ancor Flexible Brasil em 2003; Panco em 2000;
Sonoco em 1995; Eliane Revestimentos em 1989; Yoki Alimentos em 1995;
International Seals em 2004 e Kanon Espelhos e Vidros em 2000.
Como fatores que motivaram essas empresas a escolherem o norte do
Paraná, destacam-se: proximidade com São Paulo; região dotada de boas
condições de infra-estrutura; mercado consumidor; fácil acesso para exportação
para países da América do Sul; menor custo de mão de obra; incentivos recebidos
dos municípios; boa logística de transporte; fácil acesso ao Porto de Paranaguá e
transferências de clientes potenciais para a região, como é o caso da Atlas Schindler
e Dixie Toga que motivaram a vinda de fornecedores para atendê-las (FRESCA,
2004, p.199-201).
A divisão territorial do trabalho pode ser observada também pelos
diversos Arranjos Produtivos Locais (APLs)7 presentes no estado. A figura 2
demonstra esta especialização territorial.
De um modo geral, os APLs identificados no estado formaram-se a
partir de dois processos: “[...] reinvestimentos de capitais locais/regionais e [...]
fatores locacionais para transferências e implantação de novas unidades produtivas
de capital nacional ou internacional” (FRESCA, 2008, p.235).
7
“Arranjos produtivos locais (APLs), caracterizados como aglomerações territoriais de agentes
econômicos, políticos e sociais, que têm foco em um conjunto específico de atividades econômicas e
que apresentam vínculos entre si, vem ganhando importância crescente como objeto de estudo
acadêmico e de políticas públicas. Parte dessa atenção deriva da hipótese que essas aglomerações
possibilitam ganhos de eficiência que os agentes que as compõem não podem atingir individualmente
– ou seja, que nelas está presente uma 'eficiência coletiva' que confere às aglomerações uma
vantagem competitiva específica” (ERBER, 2008).
39
Figura 2 – Localização dos APLs no Estado do Paraná
Fonte: FIEP, 2009
No caso do Paraná, há uma predominância na formação de APLs pela
iniciativa dos capitais locais/regionais. Fresca (2008, p.235-236) faz considerações
sobre algumas destas APLs:
Loanda, [...], é conhecida como cidade dos metais sanitários, colocando-se
como a produtora de cerca de 700 mil peças/mês, o que significa cerca de
40% da produção nacional, [...]; gera cerca de 1500 empregos diretos na
cidade que tinha uma população urbana de cerca de 19 mil habitantes.
Jaguapitã, [...], é a cidade das mesas para bilhar, colocando-a como núcleo
urbano nacional com maior número de estabelecimentos (46), controlando
cerca de 30% da produção nacional, ofertando 510 empregos formais
diretos para uma população de 8.707 habitantes urbanos.
Apucarana, como a capital nacional do boné, produzindo cerca de 70% da
produção nacional por intermédio de cerca de 320 estabelecimentos e
aproximadamente 5 mil trabalhadores.
Arapongas, como a capital moveleira do Sul do país, ou o quarto pólo
moveleiro nacional, gerando cerca de 7 mil empregos em 150
estabelecimentos, cuja produção destina-se prioritariamente ao mercado
interno, voltados para uma população com baixo poder aquisitivo.
Cianorte, por sua vez, tornou-se a capital do vestuário, concentrando cerca
de 380 estabelecimentos e gerando 3.200 empregos no setor. Uma
produção diversificada que inclui além das grifes próprias criadas pelos
empresários para distintos segmentos – moda praia, modinha, jeans, etc –
40
que por vezes alcançam mercado expressivo com o é o caso da Pura
Mania, tem-se ainda as facções ou terceirização de mão-de-obra para grifes
como Pierre Cardin, Zoomp, Fórum, Ellus, etc.
Terra Roxa tornou-se a referência da moda bebê; Paranavaí e Cianorte
também são os locais de agroindústrias da mandioca; Campo Mourão
reconhecidamente uma cidade de forte produção agroindustrial gerando
cerca de 4 mil empregos via Coamo e suas coligadas, mas é o lugar onde
amplia-se a produção de equipamentos odontológicos e hospitalares.
A autora também enfatiza a participação industrial ligada à
agroindústria no norte do Paraná, relacionando sua participação na composição de
renda e emprego para a região.
Não se deve esquecer, entretanto, a forte produção industrial dispersa por
todo o norte do Estado vinculado aos complexos agroindustriais, sejam eles
de sistemas cooperativos ou da iniciativa privada de capital nacional ou
internacional que responde por significativa participação na geração de
renda, empregos, no PIB estadual, nas exportações do estado, dentre
outras. Caso contrário não poder-se-ia entender o Paraná – e o norte do
estado com importante presença de abatedouros avícolas como Comaves,
Big Frango, Seara, Jaguafrango, Avebom, etc – como primeiro produtor
nacional de frangos de corte; da produção sucroalcooleira no norte do
estado como segunda colocada no ranking nacional de produção de açúcar
e álcool; da participação na produção e transformação da soja; dentre
outras tantas (FRESCA, 2008, p.236).
Pelos dados citados, referentes aos APLs do estado do Paraná,
observa-se que estes têm papel fundamental para o desenvolvimento local e
regional, gerando empregos e renda para a população e dividendos para o
município.
Os APLs tem papel fundamental no desenvolvimento econômico,
tecnológico e social de uma região, beneficiando todas a empresas e
engajando comunidades locais, centros de tecnologia e pesquisa,
instituições de ensino públicas ou privadas (LONDRINA, 2007, p.6).
Os APLs constituem também um importante eixo de integração das
empresas com instituições de pesquisa, permitindo que haja um desenvolvimento da
ciência para que esta seja aplicada na atividade empresarial.
Com relação ao desenvolvimento da indústria no norte do Paraná,
Bragueto (2007, p.103) aponta que particularmente o aglomerado urbano-industrial
de Londrina (Londrina, Ibiporã, Cambé, Rolândia, Arapongas e Apucarana)
apresenta situações extremas, pois “por um lado teve os maiores índices de
crescimento do pessoal ocupado no setor industrial, mas por outro lado teve perdas
41
significativas do valor adicionado, em termos relativos, em relação ao total do
estado”. O autor atribui tal fato ao nível tecnológico verificado na indústria do norte
do estado, a qual se iniciou a partir de indústrias de menor intensidade tecnológica –
intensivas em mão-de-obra e com menor participação no valor adicionado – e que
mesmo as transferências industriais ocorridas a partir da década de 1990 não foram
suficientes para alterar profundamente a estrutura regional.
A política governamental adotada pelo estado do Paraná foi
fundamental para que esta característica se consolidasse no norte do estado, pois
[...] no final dos anos de 1980 e nos anos de 1990, a abertura econômica, a
desregulamentação e privatizações foram anunciadas pelo governo federal
como uma nova política para alavancar a competitividade, fazendo com que
ganhassem destaque as políticas de investimentos dos governos estaduais.
O estado do Paraná colocou em prática uma política agressiva neste
aspecto, a qual teve papel decisivo para o desenvolvimento regional
polarizado do setor industrial paranaense, com concentração da indústria de
maior conteúdo tecnológico na Região Metropolitana de Curitiba,
modificando substancialmente a participação regional no valor adicionado
pelo setor industrial (BRAGUETO, 2007, p.12).
Bragueto (2007) aponta ainda que este processo se repetiu em outras
regiões do estado, entretanto algumas tiveram tanto perdas em valor adicionado
como em número de pessoal ocupado e de estabelecimentos.
O
capítulo
seguinte
abordará
especificamente
a
indústria
eletroeletrônica no âmbito nacional e estadual, analisando a dinâmica de seu
desenvolvimento dentro destes dois recortes geográficos.
42
4. A DINÂMICA DA INDÚSTRIA ELETROELETRÔNICA NO BRASIL E NO
PARANÁ
Inicialmente cabe esclarecer que o termo eletroeletrônico empregado
neste trabalho refere-se tanto a equipamentos elétricos como a equipamentos
eletrônicos. Tal delimitação segue entendimento da Associação Brasileira da
Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), segundo definição de engenheiro desta
organização, expressa em parecer da Gerência de Tributação da Coordenadoria da
Receita Estadual do Estado de Rondônia:
Produto elétrico: todo equipamento que para seu funcionamento necessita
de energia elétrica.
Produto eletrônico: todo equipamento elétrico que emprega componentes
semicondutores.
Produto eletroeletrônico: denominação genérica abreviada para designar
produto elétrico e produto eletrônico nos termos definidos acima (YAKSIC
apud COSTA; SILVA, 2009).
Assim, concluem Costa e Silva que:
[...] a definição emanada da área técnica (diga-se de passagem, criadora e
usuária do jargão) [...] de que o termo eletroeletrônico tem significação
genérica que designa tanto os produtos elétricos como também os produtos
eletrônicos, isto é, eletroeletrônico é o gênero do qual produto elétrico e
produto eletrônico são espécies (COSTA; SILVA, 2009).
Desta forma, este trabalho abrangerá tantos as empresas que fabricam
produtos elétricos como as que fabricam os eletrônicos.
A indústria eletroeletrônica no Brasil, a exemplo de vários ramos
industriais, enfrenta dura concorrência com os produtos importados desde o início da
década de 1990, com a abertura de mercado pelo governo Collor.
Segundo o presidente da ABINEE, Humberto Barbato (ABINEE, 2009c,
p.8), a indústria eletroeletrônica nacional é prejudicada pelas importações. O ano de
2008, por exemplo, fechou com um déficit comercial de US$22 bilhões, muito maior
do que os registrados em 2001 (US$ 9 bilhões) e 1996 (US$ 7 bilhões). A tabela 2
faz um demonstrativo das importações ocorridas nos anos de 2007 e 2008 pelas
diversas áreas do setor eletroeletrônico.
43
Tabela 2 – Importações de Produtos do Setor Eletroeletrônico do Brasil por Áreas:
2007/2008
Áreas
2007 (US$ milhões)
2008 (US$ milhões)
Var. (%)
Automação industrial
1.757
2.276
30
Componentes
13.648
17.825
31
Equipamentos industriais
1.892
2.806
48
388
498
28
1.883
2.242
19
756
1.044
38
Telecomunicações
2.021
3.203
58
Utilidades domésticas
1.708
2.140
25
Total
24.053
32.034
33
GTD*
Informática
Material de instalação
Fonte: ABINEE, 2009d
*Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica
Conforme se observa na tabela 2, todos os ramos que compõe o setor
eletroeletrônico tiveram aumento nas importações entre os anos de 2007 e 2008.
Entretanto, um estudo realizado pela mesma entidade, demonstra que mesmo
afetado pelas importações, o setor industrial eletroeletrônico apresentou números
crescentes com relação ao faturamento, aumentando sua participação no PIB a
partir do ano de 2002, tendendo a queda em 2009 devido aos efeitos da crise
econômica de 2008 (gráfico 2).
Faturamento
do setor
(US$ bilhões)
PIB Brasil
(US$ bilhões)
* Projeção
Gráfico 2 – Evolução do Faturamento do Setor Eletroeletrônico e do PIB Brasileiro
Fonte: ABINEE, 2009b
44
O faturamento da indústria eletroeletrônica cresceu 10% no ano de
2008, comparado com 2007, atingindo R$ 123,1 bilhões. Considerando que ocorreu
deflação de 1,3% nos preços do setor, o crescimento do faturamento real atingiu
11,5%. Os setores com taxas positivas foram os das áreas de Telecomunicações
(23%) e Equipamentos Industriais (18%), seguidos das de Geração, Transmissão e
Distribuição de Energia Elétrica (GTD) e Informática (12%), Automação Industrial
(11%) e Material Elétrico de Instalação (9%). Só não cresceram os faturamentos das
áreas de Componentes Elétricos e Eletrônicos (-6%) e de Utilidades Domésticas
(-7%) (ABINEE, 2009a).
Um dos problemas enfrentados pela indústria eletroeletrônica no Brasil
é que a indústria de componentes eletrônicos nacional – originada principalmente
para produzir os aparelhos de televisão no final da década de 1950 – teve sua
participação reduzida no início da década de 1980, com o colapso da reserva de
mercado de informática e com a concorrência com a multinacionais instaladas no
país desde a década de 1960, além da dificuldade de acompanhar a evolução dos
micro circuitos eletrônicos empregados na fabricação das TVs a partir da década de
1970 (IPESI, 2009a).
Assim, o país, vem desde o final da década de 1970, atuando como
montador e importador de equipamentos eletrônicos, uma vez que os principais
componentes utilizados nestes equipamentos como os transistores, circuitos
integrados, capacitores, resistores, entre outros, são produzidos no exterior,
principalmente na Ásia – poucos componentes são fabricados atualmente no Brasil,
geralmente, somente os itens que não envolvem muita tecnologia, como chaves de
comutação, transformadores, terminais, placas de circuito impresso, núcleos de
ferrite, núcleos de ferro para transformadores, entre outros.
Essa dependência faz com que o país perca em competitividade tanto
no mercado interno quanto no externo, haja vista os dados do setor de componentes
eletrônicos, que foi um dos que não apresentou aumento de faturamento no ano de
2008, ao contrário, teve queda de 6%.
Com relação à inovação tecnológica na indústria eletroeletrônica, esta
é um fator de competitividade frente às empresas estrangeiras. Em pesquisa
realizada com 50 empresas de eletroeletrônica dos mais variados portes pelo
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Complexo Eletroeletrônico
e Tecnologia da Informação (IPD Eletron), constatou-se que o setor demanda por
45
inovação tecnológica, visto que 92% das empresas pesquisadas informaram que
fazem referência à inovação tecnológica na declaração de missão e visão da
empresa e, ainda, que 67% destas empresas possuem orçamento específico
destinado a P,D & I (pesquisa, desenvolvimento e informação). A pesquisa constatou
também que, 55% das empresas possuem centro de P&D próprios e, ainda, utilizam
centros de terceiros, enquanto 34% utilizam somente os próprios centros e 11%
utilizam somente os centros de terceiros (IPD ELETRON, 2009).
A qualidade e a quantidade de mão de obra especializada em P&D é
um fator de preocupação para as empresas que necessitam de inovação
tecnológica, pois ambos, segundo a pesquisa do IPD Elétron (2009), são
insuficientes para atender a demanda, conforme os resultados: 62% das empresas
afirmaram que a qualificação dos recursos humanos disponíveis não atende às suas
necessidades; 60% das empresas afirmaram que a quantidade de recursos
humanos é insuficiente para atender às suas demandas. Como fatores indicados
pelas empresas para reversão deste quadro, tiveram destaque na pesquisa (ambos
com 46% de indicações): maior integração escola-indústria e mudança do currículo
no ensino.
Com relação às previsões para o ano de 2009, a ABINEE, divulgou os
resultados esperados nos principais indicadores do setor. O que se observa é que
de acordo com a projeção da entidade, a crise econômica mundial de 2008 causará
um impacto maior nas importações, diminuindo o déficit comercial no fechamento do
ano de 2009 (tabela 3).
Tabela 3 – Principais Indicadores do Setor Eletroeletrônico no Brasil: 2008-2009
Indicador
2008
2009*
Var. (%)
Faturamento (R$ bilhões)
123,1
128,6
+4
Faturamento (US$ bilhões)
67,0
54,2
- 19
Exportações (US$ bilhões)
9,9
9,2
-7
Importações (US$ bilhões)
32,0
28,0
- 13
(22,1)
(18,8)
- 15
162
162
0
4,3%
4,2%
Déficit (US$ bilhões)
Nº de Empregados (em mil)
Correspondência ao PIB
Fonte: ABINEE, 2009a
* Projeção
46
Com relação ao número de pessoas empregadas no setor, o estudo da
ABINEE demonstra que houve uma evolução positiva ao longo dos últimos anos. A
expectativa era que os números ao final de 2008 fossem maiores, mas houve uma
queda significativa no número de empregados no mês de dezembro de 2008,
fechando o ano em 161,9 mil, enquanto que setembro do mesmo ano contava com
165,1 mil, como já mencionamos anteriormente, esta queda foi causada
principalmente pela crise econômica mundial de 2008 (gráfico 3).
Evolução do Emprego na Indústria
Eletroeletrônica no Brasil
180
160
140
120
100
(mil)
80
60
40
20
0
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Gráfico 3 – Número de Empregados no Setor Eletroeletrônico do Brasil entre 2001 2008
Fonte: ABINEE, 2009a
Org.: Sergio Ricardo Vitiello
A tabela 4 mostra o ranking da indústria eletroeletrônica por estados
brasileiros de acordo com o faturamento.
47
Tabela 4 – Faturamento da Indústria Eletroeletrônica por Estados Brasileiros em
2008
Estados
São Paulo
Amazonas
Paraná
Santa Catarina
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
Bahia
Rio de Janeiro
Pernambuco
Espírito Santo
Ceará
Mato Grosso do Sul
Goiás
Distrito Federal
Mato Grosso
Sergipe
Paraíba
Pará
Rio Grande do Norte
Maranhão
Rondônia
Alagoas
Tocantins
Piauí
Amapá
Acre
Roraima
Brasil
Faturamento em 2008 Participação no total do
Brasil
(em milhões de Reais)
59.464
48,31%
25.881
21,03%
9.540
7,75%
8.502
6,91%
7.802
6,34%
4.347
3,53%
3.323
2,70%
1.714
1,39%
1.102
0,89%
418
0,34%
368
0,30%
226
0,18%
90
0,07%
87
0,07%
68
0,06%
53
0,04%
34
0,03%
23
0,02%
21
0,02%
11
0,01%
7
0,01%
4
0,00%
4
0,00%
2
0,00%
0
0,00%
0
0,00%
0
0,00%
123.092
100,0%
Fonte: KELLER, 2009
Observa-se que o estado do Paraná tem uma significativa importância
com relação ao faturamento das indústrias eletroeletrônicas nacionais, ficando atrás
somente dos estados de São Paulo e do Amazonas – enfatizamos que o primeiro
historicamente concentra a maior produção industrial do país desde a década de
1930, enquanto que o segundo conta com incentivos para instalação de empresas
devido à Zona Franca de Manaus.
48
O estado do Paraná conta com 559 indústrias do ramo de material
elétrico e comunicações (BRASIL, 2009); destas 267 estão localizadas na região
Metropolitana de Curitiba destacando-se grandes empresas como Furukawa
(www.furukawa.com.br),
Siemens
Positivo
Informática
(www.siemens.com.br),
(www.electrolux.com.br),
Britânia
Bematech
(www.positivoinformatica.com.br),
(www.britania.com.br),
Electrolux
(www.bematech.com.br),
Visum
(www.visum.com.br), Serdia (www.serdia.com.br) e Knowha (www.knowha.com.br).
O Norte do estado8 ocupa a segunda posição no ranking com 194
indústrias eletroeletrônicas, com o maior número na microrregião de Londrina com
77 empresas, sendo 53 no município de Londrina (IPARDES, 2009a). A seguir
faremos alguns apontamentos com relação à localização de algumas indústrias
eletroeletrônicas situadas no norte do estado do Paraná.
Para Londrina, foco espacial deste trabalho, será dedicado um capítulo
à parte destacando as empresas mais representativas do setor eletroeletrônico na
cidade.
Cambé possui uma indústria de grande porte, a Get (www.get.ind.br),
fundada em 1999, produzindo aquecedores solares, aquecedores eletrônicos,
controladores
eletrônicos,
equipamentos
para
cromoterapia
e
acionadores
eletrônicos.
Em Ibiporã está instalada a Grisotto & Grisotto (www.voxstorm.com.br),
uma empresa familiar que teve origem em 1985 na cidade de Iporã, fabricante de
equipamentos de áudio para instrumentos musicais, como caixas amplificadas e
mesas de equalização destinadas a bandas musicais.
Apucarana possui uma indústria de equipamentos de áudio para
instrumentos musicais – a Open Eletroacústica, que produz caixas de som,
amplificadores de áudio, mesas equalizadoras destinadas à banda musicais – e
outra de baterias automotivas – a Eletran (www.eletran.com.br), fundada em 1962 e
atualmente empregando 150 pessoas.
Em Santo Antônio da Platina há uma indústria de cercas elétricas, a
Pioneiro
Cercas
Elétricas
(www.cercaspioneiro.com.br),
fundada
em
2006,
empregando atualmente 15 pessoas.
8
Como norte do estado do Paraná estamos considerando as mesorregiões geográficas segundo o
IBGE: mesorregião Norte Pioneiro, Norte Central e Noroeste.
49
Em Maringá há indústrias eletroeletrônicas fabricantes de semáforo e
painéis indicadores, como a SDM, responsável pela instalação e manutenção dos
semáforos e das câmeras de fiscalização de avanço no sinal vermelho em Londrina;
a Microzon (www.microzon.com.br), fundada em 1985, produzindo painéis
indicadores de leds utilizados como informativos em mercados, aeroportos,
rodoviárias e ginásios de esporte; de antenas, como a Antenas Aquário
(www.aquario.com.br), fundada em 1979, ocupando uma área construída de
12.500m²
e
com
260
empregados;
de
automação
como
a
Indel
(www.indelflex.com.br), fundada em 1984 fabricante de conectores, prensa cabos,
eletrodutos, etc.
Campo Mourão constitui-se em uma APL de equipamentos médicos e
odontológicos composto por empresas da área, as quais geram 200 empregos
(FUNDAÇÃO EDUCERE, 2009). Algumas empresas deste segmento desenvolvem
equipamentos eletroeletrônicos voltados para área de saúde, como é o caso da
ACME (www.acme.ind.br), MGE montadora de eletroeletrônicos (www.mge.ind.br),
Alfa Eletrônica, Saubern Médica (www.saubern.com.br), Sieger (www.sieger.com.br)
e Cristofoli (www.cristofoli.com). Há também, na cidade, empresas que desenvolvem
e produzem equipamentos eletroeletrônicos para fins estéticos e lazer, como a R&A
(www.raequipamentos.com.br) e a Sinapse (www.sinapse.ind.br), além de uma que
fabrica
medidores
e
instrumentos
para
a
agroindústria,
a
Pro
Solus
(www.prosolus.com) e de outra que produz sistemas eletrônicos, a VRI
(www.vri.com.br).
Cornélio Procópio possui uma empresa fabricante de transformadores
de alta potência destinados ao setor de distribuição de energia elétrica, a Comtrafo
(www.comtrafo.com.br).
Mandaguari, assim como Cornélio Procópio, possui uma empresa
fabricante de transformadores de alta potência para distribuição de energia elétrica,
a Romagnole (www.romagnole.com.br); uma empresa de grande porte que emprega
mais de mil pessoas entre todas as suas unidades produtivas espalhadas pelo país.
A unidade presente no município possui mais de 13.000m² de área construída.
Nas demais mesorregiões do estado, a indústria eletroeletrônica se
distribui da seguinte forma: 45 empresas no Oeste, 25 no Sudoeste, 12 no Centro
Ocidental, 10 no Centro Oriental e 6 no Sudeste (IPARDES, 2009a).
50
Com relação ao número de pessoas empregadas na indústria
eletroeletrônica no Paraná, a tabela 5 demonstra a posição do estado em relação
aos demais estados brasileiros.
Tabela 5 – Número de Empregados na Indústria Eletroeletrônica por Estados
Brasileiros em 2008
Estados
Número de Empregados Participação no Total
(em mil) - Abinee - 2008
do Brasil
São Paulo
Amazonas
78,75
17,30
48,64%
10,68%
Minas Gerais
Santa Catarina
Paraná
15,82
14,15
11,36
9,77%
8,74%
7,01%
Rio Grande do Sul
Rio de Janeiro
9,68
4,09
5,98%
2,52%
Bahia
Pernambuco
Ceará
Espírito Santo
3,67
2,56
1,17
0,77
2,26%
1,58%
0,72%
0,47%
Goiás
Distrito Federal
Mato Grosso
Paraíba
0,61
0,52
0,28
0,22
0,38%
0,32%
0,17%
0,14%
Sergipe
Mato Grosso do Sul
Pará
Rio Grande do Norte
Maranhão
Rondônia
0,21
0,20
0,19
0,13
0,08
0,06
0,13%
0,12%
0,12%
0,08%
0,05%
0,04%
Piauí
Alagoas
Tocantins
0,04
0,02
0,02
0,02%
0,01%
0,01%
Amapá
Acre
Roraima
0,00
0,00
0,00
0,00%
0,00%
0,00%
161,90
100,0%
Brasil
Fonte: KELLER, 2009
51
Quanto
ao
número
de
pessoas
empregadas
na
indústria
eletroeletrônica brasileira, observa-se que os dois primeiros estados mantêm relação
entre faturamento da indústria e número de empregados, ou seja, as indústrias de
São Paulo e do Amazonas são as que mais faturaram e as que mais empregaram.
Por outro lado, o Paraná perde em números de empregados para os estados de
Minas Gerais e de Santa Catarina. Tal situação pode estar ligada ao grau de
automação presente nesta indústria – supostamente maior no Paraná – ou ao maior
valor agregado dos produtos paranaenses com relação aos de Minas Gerais e de
Santa Catarina.
O estado do Paraná possui indústrias eletroeletrônicas que produzem
equipamentos e componentes destinados a diversas outras áreas, o maior número
de indústrias do setor está localizada na região Metropolitana de Curitiba, seguida
da região Norte. A quantidade de indústrias deste segmento e o nível de tecnologia
empregada na produção colocam o estado em 3º lugar no ranking de faturamento e
em 5º no de pessoal ocupado no setor. Isso reflete a importância deste ramo
industrial para o estado, tanto na composição do PIB estadual quanto no número de
empregos gerados.
O capítulo seguinte abordará a indústria eletroeletrônica em Londrina,
apontando alguns aspectos importantes com relação a este setor na cidade.
52
5. A INDÚSTRIA ELETROELETRÔNICA EM LONDRINA
Londrina é uma cidade que até a década de 1960 tinha um setor
industrial pouco expressivo em termos numéricos. No entanto, havia algumas
indústrias de grande porte como a Baterias Reifor, a Cia Cacique de Café Solúvel e
uma unidade industrial da campineira Selmi & Cia. Contudo, após 1970 ocorre a
expansão de agroindústrias na região Norte do estado; em Londrina destacam-se a
Herbitécnica em 1970 (produtos químicos para agricultura) e Indústria Carambeí
S.A. em 1973 (fiação de rami) (FRESCA, 2004, p.197).
Em que pese o desenvolvimento em infra-estrutura que possuía em
termos de ferrovias e rodovias – que foram priorizadas para o escoamento da
produção de café para o porto de Paranaguá – e especificamente em Londrina, com
a
implantação
do
Serviço
de
Comunicações
Telefônicas
de
Londrina
(SERCOMTEL), tais fatores não foram suficientes para alavancar o setor industrial
entre os anos de 1970 e 1980 no norte do estado do Paraná (BRAGUETO, 2007,
p.29-30).
Porém, tais condições foram importantes para o processo que se
instaurou a partir de 1990, ou seja, as transferências industriais para o norte do
estado, tendo Londrina como um dos principais destinos. Outros motivos para essas
transferências foram os benefícios fiscais e a redução de custos de operação.
[...] a transferência das plantas industriais para cidades do norteparanaense se configurou como uma saída de enfrentamento da crise
nacional dos anos 1990, mediante redução de custos, e outras estratégias
adotadas por empresas já presentes na área (FRESCA, 2004, p. 201).
Londrina conta com lei específica para incentivo à indústria desde 1993
(Lei 5.669/93), a qual prevê como incentivos tributários em seu artigo 3°:
I - isenção da Taxa de Licença para Execução da Obra;
II - isenção da Taxa de Licença para localização do Estabelecimento, bem
como sua renovação anual (Art. 49 do Código Tributário Municipal);
III - isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
(IPTU);
IV - isenção do ITBI - Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis incidente
sobre a compra do imóvel pela indústria e destinado à sua instalação
(LONDRINA, 2009).
53
Segundo o artigo 5° da Lei 5.669/93, as isenções do IPTU e da taxa de
licença para localização do estabelecimento serão de: “[...] até dez anos para
indústrias instaladas na Zona Urbana; [...] até quinze anos para as indústrias
instaladas na Zona Rural e nas sedes dos Distritos e Patrimônios” (LONDRINA,
2009).
As relações econômicas da cidade são estabelecidas principalmente
com o estado de São Paulo, mais especificamente com a região Metropolitana de
São Paulo, onde inclusive se situam as sedes das maiores indústrias que
transferiram suas plantas para Londrina, como é o caso das empresas Atlas
Shindler, Electroman, Basemetal e Cimplast, além desta se constituir como a região
que abriga um grande número de fornecedores e mercado consumidor para os
produtos fabricados em Londrina. Assim, em que pese as transferências das plantas
industriais produtivas para Londrina, a gestão destas unidades fabris ainda continua
sendo executada, predominantemente, na região Metropolitana de São Paulo.
Contudo, a cidade de Londrina se destaca no norte do estado,
exercendo uma forte influência sobre diversos municípios do Paraná e alguns do
estado de São Paulo, pois oferece uma gama de serviços comparados em alguns
casos, com a capital paranaense, entre os quais destacam-se: a área de saúde, de
ensino superior, de lazer e compras no varejo.
Recentemente a cidade ocupa uma fatia significativa no mercado de
alta tecnologia, principalmente no desenvolvimento de softwares de gestão
empresarial, sendo considerada como um arranjo produtivo neste segmento pelo
IPARDES (IPARDES, 2006).
A tabela 6 mostra a evolução da indústria em Londrina no período de
1998 a 2008.
Tabela 6 – Evolução do Emprego Industrial no Município de Londrina de 1998 a 2008
Tipo de indústrias
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Indústria de Extração de Minerais
67
81
79
82
65
60
86
86
54
51
57
Indústria de Produtos Minerais não Metálicos
529
554
603
551
563
487
501
496
503
391
488
Indústria Metalúrgica
951
1.023 1.063
1.111 1.416 1.406
1.026
1.150 1.047
1.158 1.365 1.079
Indústria Mecânica
1.597 1.501
902
1.085
1.302 1.445 1.635
1.105 1.066 1.246
Indústria de Materiais Elétricos e de Comunicação
849
597
1.011
971
941
705
876
897
Indústria de Materiais de Transporte
368
351
383
371
351
452
483
463
Indústria da Madeira e do Mobiliário
796
920
885
919
888
973
Indústria do Papel, Papelão, Editorial e Gráfica
Indústria da Borracha, Fumo, Couros, Peles, Produtos Similares e
Indústria Diversa
1.050 1.018
1.135
940
1.214
542
569
639
1.225 1.267 1.447
769
711
658
1.870 2.163 2.437
1.571 1.760
814
845
456
557
964
1.287 1.410 1.624
1.644 1.785 1.854
925
720
708
Indústria Química, Produtos Farmacêuticos, Veterinários, Perfumaria,
Sabões, Velas e Matérias Plásticas
1.691
2.151 2.897
2.438 2.538 2.706
3.152 3.387
3.370 3.435 3.593
Indústria Têxtil, do Vestuário e Artefatos de Tecidos
4.985
5.106 5.929
5.581 6.204 6.063
6.374 6.009
6.043 6.558 6.965
Indústria de Calçados
21
17
11
3.402 3.588
12
10
15
3.732 4.328 4.934
17
20
5.534 6.425
13
5
4
Indústria de Produtos Alimentícios, de Bebida e Álcool Etílico
3.235
5.996 5.219 5.094
Total
16.195 16.991 19.482 18.921 20.644 20.931 22.795 23.947 24.568 24.805 26.669
Fonte: MTE apud IPARDES, 2009c
Org.: Sergio Ricardo Vitiello
54
55
De acordo com os dados observa-se que houve um amento em torno
de 65% no que diz respeito ao pessoal ocupado na indústria em Londrina durante o
período de 1998 a 2008.
Com exceção das indústrias de extração de minerais, de produtos
minerais não metálicos e de calçados (pouco expressiva), as demais apresentaram
ganhos em relação ao pessoal ocupado. Os ramos que mais apresentaram
crescimento em pessoal ocupado no período foram: a indústria de materiais de
transporte (em torno de 162%), a metalúrgica (em torno de 156%) e a química,
produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, sabão, velas e matérias plásticas
(em torno de 124%). Ressaltamos, porém, que este último abrange um grande
número de tipos diferentes de indústrias. Pelos dados é possível identificar também
que a indústria que mais emprega em Londrina é a têxtil, do vestuário e artefatos de
tecido, aliás, com exceção do ano de 2005, foi este tipo de indústria que teve o
maior contingente em pessoal empregado durante todos os outros anos do período
analisado.
Considerando-se os números totais, observa-se um crescimento em
torno de 10.500 postos de trabalho na indústria em Londrina durante o período
analisado. Por outro lado, fica evidente também que a indústria de Londrina sofreu
os efeitos negativos da política do governo federal durante o ano de 2001, pois
muitos setores reduziram substancialmente o número de trabalhadores neste ano,
ficando o saldo final do emprego na indústria em Londrina em 2001, com uma
redução de 561 postos de trabalho com relação ao ano de 2000.
Esta política do governo federal consistia em contenção dos
investimentos e da demanda e pressão sobre a indústria nacional através da
importação com o objetivo de baixar a inflação, o que acabou causando estagnação
na atividade produtiva nacional com conseqüente redução no número de empregos
(SOUZA, 2008, p.308-309). Entretanto, a indústria de Londrina mostrou sinais de
rápida recuperação voltando a aumentar o nível do emprego já no ano seguinte
(2002), e desde então apresentou apenas números positivos neste quesito, ano
após ano, até 2008.
Com relação à indústria eletroeletrônica em Londrina, esta é composta,
predominantemente, por pequenas e médias empresas fabricantes de equipamentos
para os mais diversos fins.
56
O quadro 1 demonstra a localização por bairro e o número de
empregados da indústria eletroeletrônica em Londrina, segundo o tipo de produto
fabricado.
Tipo de Produto
Empresa
Número de
Localização
Empregados*
Baterias automotivas
Acumuladores
9
Indústrias Leves
4
Cafezal
350
Vivendas do
Super Life
Bianchini
Baterias
GNB
Arvoredo
Rondopar
160
Indústrias Leves
Stumpf
14
Jamaica
Desenvolvimento e produção Exontec
não
Fraternidade
de equipamentos
disponibilizado
eletroeletrônicos
Maxwell Bohr
16 empregados
Centro Histórico
e 4 estagiários
Seprotelc
12
Higienópolis
Swain
Não
Higienópolis
Tecnologia
disponibilizado
Equipamentos
Aeroter
38
Pizza
agroindustriais
Identech
45
Ipiranga
Equipamentos de áudio
Hayonik
173
Indústrias Leves
RMS
não
Jamaica
disponibilizado
Equipamentos
Eletromec
eletromecânicos
não
Cilo 3
disponibilizado
Susip
50
Autódromo
Equipamentos para ensaios
Capi
13
Inglaterra
laboratoriais
Evlab
10
Vivi Xavier
Fulgare
20
Bandeirantes
57
Equipamentos para
Padan Luz
10
Vila Casoni
Esteiras de massagem e
Aoyama
13
Indústrias Leves
equipamentos para
Delta Light
25
Vila Recreio
fisioterapia
Fisiolar
25
Centro Histórico
Fuji Yama
não
Vila Recreio
iluminação
disponibilizado
Phisical
60
Vivendas do
Arvoredo
W Fisio
14
Shangri-la
Fios e condutores elétricos
Brascoa
12
Autódromo
Fontes de alimentação,
Hayama
65
Indústrias Leves
transformadores, geradores
Hayonik
173
Indústrias Leves
Nishi
não
Vila Nova
disponibilizado
Montadoras de placas de
Electroman
75
Vila Casoni
Sistemas de refrigeração
Indrel
51
Cilo 2
Telecomunicações
Identech
45
Ipiranga
circuitos eletrônicos e
painéis elétricos
Quadro 1 – Principais Indústrias Eletroeletrônicas em Londrina em 2009
Fonte: Para empresas, CREA – PR, 2009; SINDIMETAL – LONDRINA, 2009; para número de
funcionários, entrevistas realizadas pelo autor; FIEP, 2010.
*Os dados referentes ao número de trabalhadores foram inseridos após a defesa do trabalho, no
processo de correção do mesmo, permitindo a incorporação destas informações.
Org.: Sergio Ricardo Vitiello
O
mapa
1
demonstra
a
distribuição espacial das indústrias
eletroeletrônicas identificadas na cidade de Londrina. No mapa observa-se que as
indústrias eletroeletrônicas estão bem dispersas na cidade, havendo uma pequena
concentração no Parque das Indústrias Leves, com 5 empresas do ramo.
58
1 1 1 2 1 1 2 2
5
2
1
1
1
2
2
1
1
2
1
Mapa 1 – Distribuição Espacial das Indústrias Eletroeletrônicas em Londrina
Org.: Sergio Ricardo Vitiello
Apesar de contar com 53 indústrias do setor eletroeletrônico, segundo
dados do IPARDES (2009a), foi possível identificar, através do site do CREA – PR e
do SINDIMETAL, apenas 30 em Londrina. Isso pode ter ocorrido, em função da
ausência do registro de algumas empresas no CREA e da não associação ao
sindicato da categoria.
A indústria eletroeletrônica em Londrina teve sua gênese na década de
1950. A Nishi Eletromecânica Ltda. fundada à esta época permanece em atividade
até os dias atuais. A empresa tinha suas atividades voltadas inicialmente na
manutenção de geradores e transformadores de grande porte e, mais tarde, passaria
a produzir também componentes e produtos voltados a esta aplicação.
A empresa foi fundada a partir da iniciativa do imigrante japonês Shozo
Nishi, o qual teve o interesse despertado para a área aos vinte anos de idade.
Estudou técnicas de eletricidade através de uma revista mensal, abandonando a
lavoura e indo trabalhar em Ribeirão Preto numa oficina elétrica como aprendiz. Em
59
1939 se muda para Londrina, onde abre uma pequena oficina, sendo a precursora
para a fundação da empresa atual (NISHI ELETROMECÂNICA LTDA., 2009).
Outra contribuição importante para a indústria eletrônica em Londrina
foi a iniciativa de Katsumi Hayama – também imigrante japonês – em fundar, no ano
de 1965, a loja de componentes eletrônicos Eletrônica Vídeoson.
Alice Reiko Hayama, proprietária da empresa Hayama Ind. e Com. de
Prod. Eletrônicos Ltda. e filha do Sr. Katsumi Hayama, em entrevista, relata que o
Sr. Hayama imigrou para o Brasil aos doze anos de idade indo trabalhar inicialmente
na lavoura. Mais tarde, se especializou em mecânica de máquinas agrícolas na
cidade de Assai - PR. Empolgado com as perspectivas econômicas que a eletrônica
prometia na época, decidiu estabelecer-se em Londrina no início da década de
1960, entrando na sociedade da loja de componentes eletrônicos Asa da Eletrônica,
até então de propriedade de seu cunhado. Com maiores ambições comerciais, saiu
desta sociedade em 1965 para montar sua própria empresa, a Eletrônica Vídeoson.
Inicialmente a empresa se constituía em uma loja de vendas no varejo
de
componentes
eletrônicos
(resistores,
capacitores,
válvulas
para
rádio,
transformadores, etc), destinados à manutenção em oficinas de conserto de
eletrodomésticos e a estudantes de eletrônica. A loja situava-se na Rua Souza
Naves, no subsolo do edifício Centro Comercial.
Em meados da década de 1970 a empresa passou a atuar também em
vendas no atacado – adquirindo os componentes principalmente da cidade de São
Paulo – atendendo a quase todo o estado do Paraná. Na década seguinte passou
também a atender o estado de São Paulo e toda a região Sul do país.
Em 1984 a loja foi transferida para um prédio na Rua Brasil, onde, no
mesmo ano, deu-se início à produção de transformadores elétricos e fontes de
alimentação para abastecimento interno e a outras lojas de eletrônica, originando a
empresa Hayama Indústria e Comércio de Produtos Eletrônicos Ltda. Na década de
1990 as empresas Eletrônica Videoson e Hayama já atendiam a todo o Brasil.
Ainda, segundo a entrevistada, no ano de 1992 a indústria é transferida
para um galpão situado no Parque das Indústrias Leves (foto 1), onde permanece
até os dias atuais. As empresas, após o falecimento de seu fundador em 1993,
ficaram sob o controle dos filhos Alice e Ricardo Hayama até 1998, ano em que há
uma divisão na sociedade dando origem às empresas: Hayonik Ind. e Com. de Prod.
Eletrônicos Ltda. (foto 2) – indústria de transformadores, fontes de alimentação,
60
cabos para áudio e amplificadores de som – e Hayamax Componentes Eletrônicos
Ltda. – atacado de componentes, equipamentos eletroeletrônicos e instrumentos
musicais.
Foto 1 – Fachada da empresa Hayama
Autor: Sergio Ricardo Vitiello
Foto 2 – Fachada da empresa Hayonik
Fonte: HAYONIK, 2009
A Hayama passou, a partir de 1999, a atender, além das lojas e
atacados de componentes eletrônicos, às indústrias dos mais diversos segmentos,
tais como: telefonia, automação, informática, brinquedos, entre outras. Sua produção
61
concentra-se em transformadores monofásicos, fontes de alimentação, carregadores
de bateria, filtros de linha e inversores de tensão.
A empresa possui departamento de desenvolvimento próprio, contando
com três profissionais para este fim, além de inspetores de qualidade para o
processo de fabricação e de matéria-prima, pessoal administrativo e de produção,
totalizando 65 empregados.
Em 2002 conseguiu implantar um sistema de gerenciamento ERP e no
ano seguinte conquistou a certificação do seu sistema de gestão da qualidade na
norma ISO 9001:2000.
Um
setor
de
grande
representatividade
dentro
da
indústria
eletroeletrônica em Londrina é o de baterias automotivas, o qual é composto por
cinco empresas que, juntas, são responsáveis por quase 540 empregos. Dentro
deste setor destacam-se a GNB (Grupo Nacional de Baterias) e a Rondopar Energia
Acumulada Ltda.
A GNB (foto 3) produz as baterias das marcas Heifor, Herbo e
Yokohama e comercializa seus produtos em todo o território nacional, além de
exportar para Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. A empresa conta com mais de
350 empregados e com uma capacidade produtiva de 1,5 milhões de baterias por
ano (GNB, 2009).
Foto 3 – Fachada da empresa GNB
Fonte: GNB, 2009
62
A Rondopar (foto 4) produz as baterias da marca Max Life, a qual é
comercializada em todo o país e exportada aos países do Mercosul. A empresa foi
fundada em 1984 e atualmente conta com 160 empregados (RONDOPAR, 2009).
Foto 4 – Linha de produção da empresa Rondopar
Fonte: RONDOPAR, 2009
Outro segmento eletroeletrônico de grande presença em Londrina é a
indústria fabricante de esteiras de massagem e equipamentos para fisioterapia. Na
cidade existem seis empresas do tipo, sendo uma das pioneiras a Fisiolar, fundada
há 30 anos. Algumas das outras empresas do ramo foram fundadas a partir da
iniciativa de ex-empregados da empresa Fisiolar que, ao se demitirem desta, abrem
empresas concorrentes a partir da experiência adquirida. Este processo muito se
assemelha ao que ocorreu em Arapongas com as indústrias fabricantes de móveis
de linha reta, na qual muitas foram abertas por iniciativa de ex-empregados de
empresas moveleiras da cidade. Fresca (2004, p.198) denomina este processo de
contato próximo.
Destaca-se também, dentro do ramo de esteiras de massagem e
equipamentos para fisioterapia presentes na cidade, a Aoyama Ind. e Com. de
Aparelhos Eletrônicos Ltda., a qual, segundo seu diretor, Edson Yuji Aoki, é a
pioneira no Brasil na fabricação destes produtos. A empresa foi fundada em 1966 no
bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, transferindo-se para Londrina em
meados da década de 1980 devido às condições desfavoráveis de transporte e
custos imobiliários na capital paulista e também por Londrina e região, já na época,
possuírem várias empresas do ramo, concentrando clientes para estes produtos.
63
Atualmente a empresa conta com 13 empregados e adquire as matérias-primas
principalmente do estado de São Paulo e vende seus produtos predominantemente
na região Nordeste do país.
Participam, ainda, do parque fabril eletroeletrônico de Londrina,
empresas que agregam alto grau de tecnologia em seus produtos e soluções, como
é o caso da Maxwell Bohr Instrumentação Eletrônica Ltda. e da Identech – Next
Indústria e Comércio de Produtos Eletroeletrônicos Ltda.
A Maxwell Bohr Instrumentação Eletrônica foi criada em 2002 com o
objetivo de atuar no desenvolvimento de equipamentos que envolvam alta
tecnologia, como microprocessadores e softwares. Os fundadores da empresa
possuem formação em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação, ambos pela
Universidade Estadual de Londrina (UEL). Segundo um dos proprietários, Lucas
Prado Lone, a união dessas duas áreas possibilitou o desenvolvimento de diversos
produtos e projetos ao longo da trajetória da empresa.
Inicialmente a empresa atuou no desenvolvimento de projetos em
parceria com outras instituições e empresas. Entre 2002 e 2003 a equipe de P&D da
Maxwell Bohr foi responsável pelo desenvolvimento de dois projetos para a
Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), relacionados a atividades aeroespaciais.
O primeiro foi um sistema de medida de acelerações em ambiente de
microgravidade, em um projeto relacionado aos programas da Agência Espacial
Brasileira (AEB), em que foi lançado em um foguete de sondagem, modelo VS-30,
em dezembro de 2002. O segundo equipamento foi um satélite universitário, o
UNOSAT, que seria lançado pelo VLS1-v03 em Alcântara - MA no ano de 2003
(nesta ocasião houve a explosão do foguete durante seu lançamento). Esses dois
equipamentos foram testados e qualificados nos Laboratórios de Integração e
Testes do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos - SP.
A partir de 2004, além de atividades de P&D, foram iniciadas atividades
de linha de produção na empresa, na qual foram inseridos alguns produtos de
automação industrial e comercial. Alguns exemplos desses produtos são
controladores de corte de embalagens, velocidade e tempo de processos de
produção, coletores de dados, equipamentos para granjas e para o auxílio ao
atendimento em bares e restaurantes.
64
Os controladores industriais são utilizados, por exemplo, em toda a
linha de produção da Dori Alimentos, uma das maiores fabricantes e distribuidoras
de doces do país. O sistema de auxílio ao atendimento em bares e restaurantes tem
revolucionado o atendimento em todas as regiões do país, sendo composto por
painéis eletrônicos e dispositivos de chamada sem fio em todas as mesas, o que
facilita a chamada dos atendentes. Esse produto é comercializado em parceria com
a empresa Syxtem Indústria e Comércio de Painéis Eletrônicos.
Outros produtos que tiveram seu início em 2004 foram os de robótica
educacional. Para esta linha foi desenvolvido um curso completo de robótica, o que
incluiu dois equipamentos, sendo que um deles gerou uma patente de um produto
(um livro, publicado pela Editora BQ), diversos materiais didáticos de apoio para a
utilização dos equipamentos, aulas do curso, além de softwares e bibliotecas de
controle para diversas linguagens de programação. Neste projeto foram firmadas
parcerias com a PUC - PR, Campus Londrina e a Universidade Estadual de
Londrina. Este produto é comercializado em parceria com o CDI, uma franquia de
escolas de formação tecnológica presente em todo o país.
Além disso, continuaram a ser desenvolvidos projetos para parceiros,
na qual pode-se incluir o desenvolvimento de um sistema de coleta de dados e
controle de um espectrômetro do Laboratório de Óptica do Departamento de Física
da Universidade Estadual de Londrina. Para este mesmo departamento, no
Laboratório de Filmes Finos, foi desenvolvido um equipamento para análise de
baterias em um projeto financiado pela Fundação Araucária.
Atualmente a Maxwell Bohr desenvolve produtos direcionados a
projetos em parceria com pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), do INPE e projetos de P&D junto a hidrelétricas. Nesta
linha, destacam-se os produtos de monitoramento ambiental, que incluem sensores
meteorológicos, coleiras para monitoramento de animais silvestres e sensores de
gases de efeito estufa. A parceria com a Embrapa já possibilita testes e qualificação
de sensores em projetos dessa instituição, em particular, em uma unidade de
pesquisa da Embrapa Pantanal, em uma região remota no Pantanal do Mato Grosso
do Sul, o que caracteriza uma ótima oportunidade de qualificação e operação em
situações reais e extremas.
Um dado significativo para a avaliação do contexto atual da empresa é
a aprovação, pela FINEP, de um projeto na área de segurança pública nacional que
65
envolve o desenvolvimento de sistemas eletrônicos e software com tecnologias
extremamente avançadas. Os recursos da FINEP, que estão vinculados ao
programa de Subvenção Econômica à Inovação - 2008, juntamente com a
contrapartida da Maxwell Bohr, constituem a base para uma expansão significativa
das atividades de P&D, permitindo a contratação de técnicos e pesquisadores e a
modernização e ampliação dos meios materiais necessários para o alto nível de
inovação tecnológica desenvolvido na empresa.
A equipe de P&D é liderada e gerenciada pelos próprios fundadores da
Maxwell Bohr. Os recursos humanos que dão apoio aos proprietários da empresa
incluem uma equipe de P&D composta por dois pesquisadores da área de
computação, três técnicos em eletrônica, um grande grupo de estagiários de
engenharia elétrica e ciência da computação que auxiliam nos mais diversos
trabalhos e vivenciam na prática a realização de atividades de P&D em suas áreas
de estudos. A equipe está sendo complementada por mais dois pesquisadores das
áreas de computação e eletrônica, que estão em fase de contratação.
Para dar suporte a todas as atividades realizadas por essa equipe, a
empresa possui ambientes de trabalho equipados para o desenvolvimento de
projetos, produção de protótipos, testes e qualificação de produtos, além de uma
linha de produção para pequenas escalas. O desenvolvimento dos sistemas
eletrônicos e de softwares é apoiado pelos meios necessários aos projetos e testes,
como computadores, programas de computador, kits de desenvolvimento,
osciloscópio, gerador de sinais, multímetros e componentes eletrônicos. Existe ainda
um ambiente com ferramental para a produção de componentes mecânicos.
A Identech (foto 5) atua no ramo de telecomunicações, agricultura de
precisão e energia tendo em sua linha mais de 20 produtos. A empresa foi fundada
há 16 anos e atualmente emprega aproximadamente 50 pessoas, possuindo mais
de 400 revendedores espalhados por todo o país. Como clientes destacam-se as
operadoras de telefonia Telefônica, Brasil Telecom, Telemar e Sercomtel, além de
empresas de renome internacional como Atlas-Schindler, Sumus, Siemens, Itaú e a
Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) (IDENTECH, 2009).
66
Foto 5 – Fachada da empresa Identech
Autor: Sergio Ricardo Vitiello
A indústria eletroeletrônica de Londrina, como as demais indústrias do
norte do estado do Paraná se desenvolveu a partir de iniciativas de capital
local/regional (em sua maioria) e a partir de transferências industriais ocorridas na
década de 1990, como é o caso da Electroman Indústria e Comércio Ltda. (foto 6),
montadora de circuitos eletroeletrônicos que se instalou em Londrina a fim de
atender à demanda produtiva da empresa Atlas Schindler.
Foto 6 – Linha de produção da empresa Electroman
Fonte: ELECTROMAN, 2009
67
É possível de se afirmar que a região de Londrina possui uma
diversidade de indústrias em seu parque fabril, o que impede em caracterizá-la
especializada em um determinado ramo, considerando-se o nível de faturamento e
pessoal empregado. Contudo, dados do IPARDES (2003, p.51), sinalizavam que a
indústria de equipamentos de instalação industrial, comercial e predial vinha se
destacando no período de 1995 a 2000 na região podendo até a se consolidar como
um arranjo produtivo no futuro:
Outro segmento especializado regional que cresce na região com
importantes investimentos é o de equipamentos para instalação industrial,
comercial e predial, conectado com os segmentos metalúrgico e elétrico,
através de empresas satélite de pequeno porte. Está relativamente
estruturado na região e pode consolidar um importante arranjo produtivo.
Em 1995, o Estudo do Plano de Desenvolvimento Industrial evidenciou
que uma das áreas a serem priorizadas para atração de indústrias para Londrina
seria a eletroeletrônica. Contudo um dos obstáculos à atração de empresas deste
segmento para a cidade era a ausência de um curso de graduação na área. Assim,
para suprir esta deficiência, foi implantado na UEL em 1997 o curso de Engenharia
Elétrica, na modalidade Eletrônica. Além da graduação criou-se em 2002 duas
especializações e um curso de mestrado em Engenharia Elétrica (IPARDES, 2006).
Contribui também para o desenvolvimento da indústria eletroeletrônica
em Londrina, a Feira Eletromecânica e Eletrônica, que em 2009 esteve em sua 5ª
edição. A feira foi realizada pelo SENAI de Londrina contando com parceria do
SINDIMETAL9 e do SEBRAE. O evento contou com a participação de 40 expositores
em uma área de 1.200 metros (SISTEMA FIEP, 2009).
Como mais um atrativo à indústria eletroeletrônica, destacamos a
recentemente instalação, na cidade, de um laboratório de controle de medidas
destinado a calibração de equipamentos utilizados nos mais variados ramos
industriais: o Laboratório de Medida Exata, integrado ao SENAI.
O SINDIMETAL mantém uma parceria com o SENAI e com o SEBRAE
de Londrina para subsídios no serviço de calibração de equipamentos das empresas
associadas, na qual estes serviços contam com desconto de 50% sobre seu preço, o
9
O SINDIMETAL é o sindicato que representa, além das empresas eletroeletrônicas, as metalúrgicas
de Londrina e região, viabilizando cursos voltados aos setores eletroeletrônico e metalúrgico,
promovendo visitas técnicas em empresas e feiras dos respectivos ramos fora da cidade, atuando na
organização da Feira Eletromecânica e Eletrônica em Londrina além de assinar convenções coletivas
de trabalho com o sindicato dos trabalhadores das categorias.
68
que viabiliza sua execução no laboratório do SENAI, evitando-se transtornos que
podem ser ocasionados quando se envia esses equipamentos para que a calibração
seja realizada em outras cidades, tais como: maior custo final, maior tempo para
retorno dos equipamentos e danos sofridos nos equipamentos causados pelo
transporte. “O convênio garantindo um subsídio de 50% na contratação dos serviços
do laboratório é mais um passo importante na consolidação da região como
referência no setor Metal Mecânico” (ORSI, 2009, p.5).
A implantação do Parque Tecnológico de Londrina, com a presença de
empresas de desenvolvimento de softwares torna-se também um atrativo para a
instalação de indústrias em geral e de eletroeletrônicas especificamente, pois estas
podem utilizar-se dos sistemas de gerenciamento em suas atividades de projeto e de
produção, desenvolvidos pelas primeiras.
A infra-estrutura consolidada, os benefícios tributários oferecidos pelo
governo municipal, o grande número de instituições de nível técnico, tecnológico e
superior, a proximidade com os maiores mercados consumidores do país (São Paulo
e região Sul do Brasil), o menor custo de vida e o potencial industrial e de pesquisa
já instalados na cidade constituem fatores que são fundamentais para a fundação e
transferências de novas empresas para Londrina.
69
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A indústria brasileira teve um desenvolvimento expressivo a partir de
1930, com a política implantada pelo governo Vargas de substituições das
importações. A esta época as indústrias se concentravam principalmente em São
Paulo.
Inicialmente concentrou-se esforços para a implementação da indústria
de consumo de bens não duráveis, seguida da de consumo de duráveis e de
intermediários e por último a de bens de capital.
Os governos que se sucederam após Vargas adotaram medidas
diversas que interferiram diretamente no desenvolvimento da indústria no Brasil: a
instalação de empresas estrangeiras no país no governo de JK; a integração do
território pelas infra-estruturas de transporte e comunicações proporcionadas pelo
governo militar, com o conseqüente processo de desconcentração ocorrido neste
período; as privatizações e abertura às importações ocorridas nos governos de
Collor e FHC e os programas voltados para o crescimento econômico via
transferências de renda e investimentos sociais no governo Lula.
A indústria do norte paranaense, por outro lado, inexpressiva até a
década de 1960 tendo somente algumas indústrias ligadas à agricultura, se
desenvolveu após este período apoiada principalmente por iniciativas de capital local
e regional. As condições de infra-estrutura no estado foram criadas visando um
projeto de desenvolvimento econômico do Paraná o qual previa a substituição das
importações, visto que o estado era dependente de importações oriundas de São
Paulo. Os esforços de industrialização geraram na verdade uma agroindustrialização
com o objetivo de se atender as demandas internas do país e o mercado
internacional (FRESCA, 2004, p.197).
A partir de 1970 começa a se modificar o perfil industrial do norte do
estado com o surgimento de outros setores de produção. Ao final da década de
1980 as cidades do norte do Paraná começam a se especializar em determinados
produtos: Apucarana com boné, Arapongas com móveis de linha reta e Cianorte com
confecções (FRESCA, 2006, p.132).
A partir da década de 1990 ocorrem as transferências industriais para o
norte do Paraná, como uma das formas de barateamento e escoamento da
70
produção. Várias indústrias transferiram suas plantas para a região, sendo Londrina
a principal beneficiada. Ocorre, porém, que a sede da maioria destas empresas
continua em São Paulo, ou seja, o poder de decisão sobre elas concentra-se na
região Metropolitana de São Paulo.
Este trabalho tem por objetivo analisar a dinâmica da indústria
eletroeletrônica de Londrina durante o período de 1998 a 2008, ou seja após o início
deste processo de transferências industriais.
A análise se pautou em levantamentos do setor a nível nacional,
estadual, regional e local procurando identificar se este tipo de indústria é relevante,
principalmente em Londrina, o foco espacial do estudo.
Constatamos que a indústria eletroeletrônica se constitui como base
para outros tipos de indústria, pois o desenvolvimento das tecnologias obriga,
necessariamente, o emprego de circuitos eletroeletrônicos em máquinas e
equipamentos.
No âmbito nacional este tipo de indústria tem uma importância
significativa, pois apresenta um faturamento expressivo – em torno de R$123 bilhões
verificado em 2008 – representando 4,3% do PIB nacional, além de gerar empregos
a uma parcela expressiva da população brasileira – aproximadamente 162 mil
postos de trabalho.
Na escala estadual a indústria eletroeletrônica do Paraná ocupa a 3º
posição em faturamento, correspondendo a 7,75% do faturamento deste tipo de
indústria no país, além de ocupar a 5º posição neste segmento em número de
empregos, correspondendo a aproximadamente 7% do total nacional.
Com relação aos levantamentos regionais, a indústria eletroeletrônica
situa-se predominantemente na região Metropolitana de Curitiba, ocupando o norte
do estado, a segunda posição.
Londrina caracteriza-se como a cidade que mais possui indústrias
eletroeletrônicas no norte do estado – um total de 53 empresas – as quais possuem
diferentes segmentações dentro deste ramo. Assim, em Londrina, as indústrias
eletroeletrônicas são caracterizadas como: fabricantes de bateria, desenvolvimento e
produção
de
equipamentos
eletroeletrônicos,
equipamentos
agroindustriais,
equipamentos de áudio, equipamentos eletromecânicos, equipamentos para ensaios
laboratoriais, equipamentos para iluminação, esteiras de massagem e equipamentos
para fisioterapia, fios e condutores elétricos, fontes de alimentação, transformadores
71
e geradores elétricos, montadoras de placas de circuitos eletrônicos e painéis
elétricos, sistemas de refrigeração e telecomunicações.
Com relação ao pessoal ocupado na indústria eletroeletrônica em
Londrina, o total de 1.246 postos de trabalho no ano de 2008 representa
aproximadamente 4,7% do total de pessoal empregado na indústria em geral, o que
é expressivo para a cidade, que possui uma produção bem diversificada. Observa-se
também que o número de pessoas ocupadas no setor aumentou aproximadamente
47% no período pesquisado (1998 a 2008), o que mostra que este tipo de indústria
tem aumentado sua participação na geração de empregos na cidade.
Como fatores que impulsionam a instalação deste tipo de indústria na
cidade destacam-se as boas infra-estruturas de transportes, comunicação e urbana;
os benefícios tributários oferecidos pelo governo municipal; o grande número de
instituições de nível técnico, tecnológico e superior; a proximidade com os maiores
mercados consumidores do país (São Paulo e região Sul do Brasil); o menor custo
de vida; o potencial industrial e de pesquisa já instalados; a presença de feira
voltada ao setor na cidade e a instalação do pólo tecnológico de Londrina com a
implantação do APL de software.
Esperamos que os levantamentos e análises realizados neste trabalho
possam servir para aprofundamentos em setores dinâmicos da economia como é o
caso dos tecnopólos e do recente APL de softwares implantado em Londrina.
72
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<http://virtualbib.fgv.br/ojs/index.php/rbe/article/view/1053/465>. Acesso em: 18 ago.
2009.
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