1
AGREGAR VALOR AO COURO BOVINO: UMA ESTRATÉGIA
PARA EXPORTAR BEM
Oduvaldo Vendrameto
Mario Bimbatti
Universidade Paulista - UNIP
- Campus Bacelar - Rua Dr Bacelar 1212 - São Paulo - SP
Abstract
Economic growing countries have been participated in the international market,
normally as suppliers of raw materials and commodities. And this fact also occurs with
cattle’s leather.
The analysis of the Meat / Leather / Shoes’ production chain, shows a complete
lack of integration among the several sectors involved, producing high value losses, mainly
in the leather industry products.
Cattle’s skin is a sub product of frigorific process, and after tanning process,
becomes the leather, a basic material for the shoe’s production, and correlated products
Brazilian’s leather international sales, had been occurred mainly with the raw
material primary stages, like salted leather, or like the semi processed leather known as
Wet Blue.
This procedure, brings three main disadvantages:
1. Increase in the Brazilian leather home market prices.
2. Turns more and more strong, Brazilian international competitors, supplying
them with low costs leather (mainly the wet blue), that after processing is
transformed in high quality and price leather, used in the production of high
value aggregated products.
3. Is left to Brazilian Industry, all production troubles.
This paper shows, discuss, and suggests simple actions, as a Strategy to improve
the leather’s quality, position, and profitability regarding exportation
Keywords: Wet Blue, Quality, Leather Exportation
Introdução
Os dados e informações contidos neste Artigo estão fundamentados na pesquisa que
está sendo realizada sobre a cadeia produtiva da Carne, Couro e Calçado, pelo Grupo de
Pesquisa do Mestrado em Engenharia de Produção da Universidade Paulista – UNIP.
A indústria milenar do couro é o curtume. Em diferentes níveis, processa a pele
após a retirada do animal, chamada de couro cru, transformando-a em produto semiacabado ou acabado.
Dependendo do estágio tecnológico do curtume, o acabamento pode ser
complementado por outras fases conforme exigências dos clientes e destinação de uso
2
quanto à textura, tingimento, maciez, entre outras propriedades passíveis de serem
agregadas.
O longo processo de transformação pelo qual o couro cru passa até atingir o
acabamento final, possibilitou subdividir esse tipo de industria. Na primeira fase, a mais
“dura” do processo, há um bombardeio químico do couro, inclusive com metal pesado, o
cromo, passando em seguida pelas fases de hidratação e enxugamento, em que se utilizam
entre 500 e 700 litros de água.
Os resíduos dessa fase são agressivos e comprometedores com conteúdos de
cromo, cloreto de sódio e materiais orgânicos. O ambiente de trabalho, pela natureza do
material processado é impregnado por odor desagradável e o carregamento e descarga dos
fulões liberam resíduos no piso exigindo uso permanente de botas e outros equipamentos
de segurança.
Nesta fase o couro chega até o estágio de semi-acabado – “Wet-Blue”.
Estima-se que 95% dos resíduos e recursos intensivos, água, energia, mão de obra,
são consumidos nessa fase. A maior parte dos curtumes brasileiros, por possuir baixo
índice tecnológico, processa o couro até o estágio do “Wet-Blue”.
Outros curtumes, em estágios tecnológicos mais avançados, processam também a
fase “limpa” que é o acabamento. Há, infelizmente muito poucos, curtumes que discutem o
projeto do produto a ser elaborado com o fabricante (de calçados, roupa, móveis) e
elaboram o couro conforme as especificações, se habilitando a fornecer em regime de justin-time.
Em Fortaleza – CE, o grupo Bertin, em parceria com empresas Italianas processam
couro exclusivamente para móveis e estofamento de automóveis que são totalmente
exportados com alto valor agregado.
Existe condição objetiva para que esse comportamento se multiplique e que
deixemos de ser exportadores de couro salgado e “Wet-Blue”, para serem manufaturados
pelos produtores estabelecidos em países com maior capacidade tecnológica, financeira e
comercial, principalmente, ficando com a parte substantiva da lucratividade desse tipo de
negócio.
Para tanto, é preciso uma política que agregue valores ao couro, mudando o perfil
de exportador de matéria prima para o de produto acabado.
Deve ser adotada a visão de cadeia para redução de desperdício e melhora da
qualidade do couro nas etapas anteriores, da pecuária e do frigorífico em que marca a ferro,
cicatrizes de arame farpado, parasitas, furos e cortes, comprometem parte extraordinária
das peles.
Estes procedimentos promoverão vantagens competitivas, possibilitando baixar
custos e atender melhor e a clientes mais sofisticados.
O Mercado
Basicamente três forças atuam no setor de couros. A Europa é a grande força
atuante, principalmente a Itália, como grande criadora de moda em têxteis, couros e
vestuário.
Dotada de um complexo parque industrial, que envolve cultura, tradição, poder
econômico, capacidade criativa, máquinas, produtos químicos e outros, possui forte vetor
voltado aos produtos do couro.
A Ásia se constitui na segunda força. Tendo o povo oriental como características a
disciplina, a capacidade de assimilação e de produzir com grande rapidez, com qualidade
aceitável e por preços incrivelmente baixos.
Como terceira força mundial atua a América Latina. O Brasil em particular possui
vantagens comparativas inquestionáveis, como detentor do maior rebanho bovino do
3
mundo, 168 milhões de cabeças, portanto, maior produtor do insumo vital para o setor – o
couro.
Há uma ameaça, entretanto, a esta posição, Rômulo Kardec de Oliveira, presidente
da ABCZ – Associação Brasileira dos Criadores de Zebu-Uberaba, informa, com relação
ao rebanho brasileiro que há um déficit de reprodutores.
No momento existe apenas 1,6 milhões de touros, com reposição anual de 20%,
para cobrir 50 milhões de vacas na reprodução. Isto tem provocado grande prejuízo
econômico pela utilização do “fundo da boiada” pelos invernistas no lugar de touros bons
reprodutores, ocasionando baixa produtividade e diminuindo o valor agregado.Um bom
reprodutor permite ao pecuarista enviar a boiada para o abate com dois anos e meio,
pesando aproximadamente 18 arrobas. Com touro de má estirpe, isto só é possível com
quatro ou cinco anos de idade.
Em setembro de 1998, foi realizado na Cidade de São Paulo, seminário
“Planejamento Estratégico” pela Indústria de Curtumes do Brasil. A principal motivação
nesse encontro, endossada pela maioria dos presentes, foi no sentido de concentrarem
esforços para, exportar com preferência, produtos com maior valor agregado.
Entretanto, desde então não se percebeu objetivamente nenhuma prática nesse
sentido, além de aumento no preço de venda do produto de baixo valor agregado.
De acordo com PORTER (1986), a concorrência num determinado segmento
industrial, age sempre no sentido de diminuir a taxa do retorno sobre o capital investido,
comprometendo a saúde econômica da empresa e colocando em risco sua operação,
influenciada diretamente pelas chamadas cinco forças competitivas, que são; entrada,
ameaça de substituição, poder de negociação dos compradores, poder de negociação dos
fornecedores e rivalidade entre os atuais concorrentes.
E para enfrentar essas cinco forças competitivas, existem três abordagens
estratégicas genéricas: Liderança no Custo; Diferenciação;e Enfoque.
No ciclo industrial do couro são gerados produtos como o couro Salgado; “WetBlue”, “Crust”e o Couro Acabado. Todos esses produtos são exportáveis, e parece não
haver um enfoque definido, sendo fornecidos os tipos que os compradores internacionais
determinam, numa atitude comercialmente passiva.
É necessário que as empresas aprendam que o caminho para o sucesso,é focalizar
em um, e não em dois, três caminhos, resumindo em uma palavra, foco.RIES (1989).
O Brasil, que hoje em dia é o segundo produtor mundial de couro, passou de 15
para 30 milhões de couros desde 1985 até 2.000, com uma previsão de atingir 42 a 48
milhões em 2010, de acordo com o Conselho Nacional da Pecuária de Corte – CNPC.
Apesar dessa vantagem não conseguiu tirar proveito da situação. Ao contrário, não
soube valorizar o desgaste já incorrido na pior fase produtiva, mais poluente, agressiva ao
homem e meio ambiente ao exportar o couro ainda como matéria prima semi-acabada.
A falta de planejamento e desorganização do setor desestimula investimentos tanto
nacionais como estrangeiros, que eventualmente poderiam trazer tecnologia de ponta na
área dos curtumes, melhorando a qualidade couro acabado no Brasil.
Não há segurança em investir num país que estimula a exportação da matéria prima
e inviabiliza, tributariamente, por meio do custo do capital a indústria do couro acabado, de
calçados, de móveis revestidos em couro e demais manufaturados.
A Exportação de Couro
Em 2.000, registrou-se expressivo aumento de 24,52% em valor, na exportação de
couro brasileiro, em comparação com o ano de 1.999. Tendo trazido em divisas para o
Brasil US$ 726,4 milhões. Observe a Tabela 1 a seguir:
4
Tabela 1 : Exportação de Couros 1999 / 2000 – Valores em US$ milhões
Tipo do Couro Jan/Dez 2.000 Jan/Dez 1.999 2.000 / 99 %
Salgado
1.414.124
3.725.374
- 62,04
Wet-Blue
424.759.392
302.934.245
40,22
“Crust”
161.434.676
129.318.555
24,83
Acabado
138.754.194
147.342.246
- 5,83
Total
726.362.386
583.320.420
24,52
Fonte : SECEX / Courobusinee
O Couro Salgado, comparativamente (1999-2000), apresentou drástica redução na
receita de exportação em 62,04% em valor e o Couro Acabado de 5,83%. Os Couros WetBlue e “Crust” experimentaram grande aumento de exportação. O Wet-Blue passou de
US$ 302 milhões para US$ 424,8 milhões, sem praticamente ter experimentado aumento
em sua quantidade, significando reajuste de preço. Quanto ao “Crust” o aumento de
quantidade exportada está sendo investigado pela Receita Federal. Foi levantada a suspeita
de fraude de “Wet-Blue” ter sido exportado como sendo “Crust”. Isto se deve
principalmente devido ao preço praticado no primeiro trimestre de 2001, respectivamente
US$ 40,69 a unidade do “Wet-Blue” e, do “Crust” com maior valor agregado de US$
38,82 a unidade. Por coincidência, isto ocorreu após a taxação da exportação em 9% do
Wet-Blue.(Folha de São Paulo)
Por outro lado, comparando a exportação de couro em quantidade, verificar-se-á ue
em 2000, exportou-se 1,5% a menos, o que significa ter tido um aumento do valor unitário
em US$, conforme se observa nas Tabelas 2 e 3e Gráfico 1.
Tabela 2 : Exportação de Couro - 1999 / 2000 - Quantidade
Tipo de Couro Jan / Dez 2000 Jan / Dez 1999 Variação %
Salgado
119.918
313.839
- 61,79
Wet-Blue
10.398.194
10.326.526
0,69
“Crust”
2.397.749
2.178.732
10,05
Acabado
1.701.764
2.032.367
-16,27
Total
14.617.625
14.851.465
- 1,57
Fonte : SECEX / Courobusiness
Tabela 3 : Exportação de Couros :
Tabela 3 : Exportação do Couro – Valores Unitários Médios US$ - Jan/ Mar 2001
Tabela 3
Tipo de Couro Jan / Mar 2001 Jan / Mar 2000
Salgado
18,35
11,22
Wet-Blue
40,69
32,86
38,32
90,73
52,66
74,88
Valor Unitário em US$
“Crust”
Acabado
Exportação de Couros : Valores
Unitários Médios
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Salgado
Wet-Blue
Crust
Acabado
Jan/Mar 2001 Jan/mar 2000
5
O Brasil impõe pouquíssimas restrições tarifárias ou não tarifárias a qualquer tipo
de couro. Desde o mais primário, como o couro salgado, até o acabado, passando pelo
“Wet-Blue”, que é o primeiro estágio da industrialização e pelo Semi-acabado. Exporta
couro salgado para 19 países, sendo que os 10 primeiros são responsáveis por 97,1% do
destino final, e dois deles Tailândia e Itália respondem pela compra de 66,5% do
total.(Courobusiness 2000).
Tabela 4 : Principais Importadores de Couro Salgado Brasileiro em 1999.
Tabela 4
Principais Importadores de Couro
Salgado Brasileiro
ui
rq
Ko
g
H
on
a
50
40
30
20
10
0
ng
Fonte : SECEX / Courobusiness
Valor %
42,16
24,41
8,55
6,72
5,82
Tu
Valor US$
1,570,761
990,191
318,556
250,508
216,663
3.725.374
%
Países
Tailandia
Itália
Hong Kong
Turquia
Indonésia
Total
Gráfico 2
Participação % em Valor
O “Wet-Blue” é o primeiro nível da industrialização do couro, tem apenas 18% de
agregação de valor, e representa para muitos, considerando sua saída indiscriminada do
país um equívoco da política de exportação, representando perda de divisas para o país.
Outro componente agravante dessa política é a pressão que exerce sobre os preços
internos da matéria prima.
Dentre os países importadores, a liderança absoluta é da Itália, com 55% das
importações, e juntamente com Portugal e Espanha, atingem 77,1%,sendo, portanto o
interesse desses países pelo mercado nacional, é inversamente proporcional à agregação de
valores ao produto pelo Brasil.
Nesses países há uma política restritiva à entrada de couros brasileiros nos estágios
Semi-Acabado e Acabado, fazendo do Brasil grande fornecedor de matéria prima,
principalmente do “Wet-Blue”.
Exportar ou não “Wet-Blue” livre de restrições é uma discussão antiga A
Courobusiness, pesquisou e constatou já em 1998 que, 72% dos empresários da indústria
desejam alguma restrição, e 28% defendem a liberdade total.
Finalmente, após longos meses de discussões, a partir de dezembro de 2000, todo o
“Wet-Blue” exportado, esta pagando a tarifa 9% de imposto de exportação.
De acordo com o Sindicato da Indústria de Calçados de Franca, ao adotar esta
medida, o governo estima que haverá maior oferta da matéria prima no mercado interno,
reduzindo o preço para os fabricantes de calçados, bolsas, móveis, e derivados de couro em
geral, aumentando a competitividade das exportações desses produtos que possuem maior
valor agregado.
Esse aumento de valor agregado, sem dúvida é conseguido com a adoção de
tecnologia adequada e atualizada, que de acordo com PORTER (1989) deve ser parte da
formulação da Estratégia Tecnológica, transformando a tecnologia em forte arma
6
competitiva, por meio da seleção de estratégia tecnológica, que reforce a estratégia
competitiva geral da empresa.
Principais Importadores do Couro Wet-Blue Brasileiro em 1999.
Principais Países Importadores de
Couro Wet-Blue do Brasil
Tabela 5
Países
Valor US$
Gráfico 3
Valor
%
55,52
12,15
9,50
3,79
3,04
Itália
162,826,743.00
Portugal 35,626,875.00
Espanha 27,875,882.00
China
11,122,405.00
OTaiwan
Fator 8,931,129.00
Qualidade
Total
293.228.805,00
Fonte : SECEX / Courobusiness
% de Valorem US$
60,00
50,00
ITÁLIA
40,00
PORTUGAL
30,00
ESPANHA
20,00
CHINA
10,00
TAIWAN
0,00
1
Países
Com relação ao couro cru o CICB – Centro das Indústrias de Curtumes do
Brasil, estima que o Brasil perdeu 5,6 bilhões na década dos anos 90. Este couro,
durante a última década, foi remunerado pela metade do valor recebido pelo produtor
americano.
A falta de qualidade do couro brasileiro foi a causa principal. Enquanto nos
Estados Unidos apenas 5% do couro cru produzido apresenta defeitos, enquanto no caso
dos couros brasileiros, a média é de 93% dos couros com defeitos. CICB (2000).
Os couros produzidos no Brasil apresentam, principalmente os defeitos:
Marcas de fogo em tamanhos variados e em áreas nobres do couro;
Riscos Provocados por cercas de arame farpado e pastagens sujas, ou
caminhões com carrocerias em condições precárias;
Degradações causadas por ectoparasitas, como berne, carrapatos e
sarnas;
Esfolas precárias, causando furos e cortes;
Má conservação das peles após o abate, provocando danos irreparáveis à
qualidade do couro.
O mercado remunerou melhor, como era de se esperar, o material com melhor
qualidade. Analisemos o comportamento de Valor da Produção Brasileira de Couro
entre 1986 e 1995, realizado pela CICB, e o Sistema Americano para a remuneração do
couro cru.
Tabela 6 : Comparativo da Remuneração do couro Cru , entre os Padrões Brasil e EUA
Preço / Kg verde
Brasil
EUA
Perda Anual
Fonte : CICB
US$ 27,01
US$ 48,10
Kg / couro Prod.
Média
37 Kg
37 Kg
Faturamento Anual
24.000.000 US$ 648,240,000.00
24.000.000 US$ 1,154,400,000.00
US$ 506,160,000.00
7
Essa diferença anual de US$ 506,160,000.00 equivale a 7% do valor de
aquisição do boi em pé, ou US$ 21,09 / boi, desperdiçados por causa da atuação
desagregada desse setor da economia brasileira.
Também, de acordo com a CICB, o abate estimado para 2.005 é de 37 milhões
de bois, representando média de 32 milhões / ano no período, e se permanecer inalterada
a situação, a perda será de 710 milhões de US Dólares.
Conclusão / Comentários / Sugestões
O ideal é o aumento da exportação de couros acabados, manufaturados e
calçados. Mas a política tributária, ainda prioriza a exportação da matéria prima, e a
taxação do “Wet-Blue”, pode ser entendida como um mal menor para tentar corrigir
essa distorção.
A Indústria de Calçados Brasileira, por sua vez, tem perdido poder competitivo,
provocado pelo uso no exterior do couro brasileiro, pois com a exportação do Wet-Blue,
acaba municiando fortes concorrentes, bem preparados tecnologicamente, possuidores
de alto poder competitivo, que disputam o mercado mundial com as Indústrias
Calçadistas Brasileiras.
Se forem eliminadas as disparidades decorrentes dessa prática, o mercado
mundial não poderá contar com as mesmas facilidades para se abastecer em outras
regiões. A taxação da exportação do “Wet-Blue” pode provocar uma equalização na
competição, estimulando a indústria nacional.
Outro fator que sem dúvida agrega valor ao couro é a melhoria da qualidade
desde a origem, que vai evitar os problemas já citados que prejudicam a qualidade e
conseqüentemente o valor desta matéria prima.
Portanto, se os pecuaristas, frigoríficos e curtumes trabalharem juntos para
mudar a situação, visando a valorização do couro nacional, poderão perceber que se
forem praticadas ações simples em relação à criação do gado, e processamento do
couro, poderão ter grandes reflexos positivos sobre a carne, além da melhoria da
qualidade do couro cru a acabado, se iniciarem procedimentos como :
Na fase pecuarista / frigorífico
Tabela 7 : Correlação Controle / Resultados setor Pecuária-Frigorífico
Controlar :
Resultando:
A precocidade do abate
Couro mais limpo e a carne com melhor qualidade
O Combate a Ectoparasitas
Couro mais limpo e maior conversão de alimento em carne.
As Marcas de fogo; riscos, galhos, Todo ferimento no animal é negativo para o couro e na
parafusos,etc.
conversão alimentar.
Fonte : CICB
A eliminação dos prejuízos causados, inicialmente à pele do animal pelo
homem, desde a retirada do boi da fazenda, para o abate, até a chegada do couro para o
processamento no curtume, passando pelo frigorífico, pode ser conseguida, através de
treinamento adequado e conscientização dos envolvidos, além de novas tecnologias que
poderiam contribuir, com certeza, para a melhoria da qualidade, e conseqüente
valorização dessa matéria prima.
Através de parcerias com instituições de pesquisa e treinamento, industrias
(curtumes, calçadistas, químicas, etc), políticas públicas, deveria ser organizado um
movimento, para que rapidamente problemas bem conhecidos fossem eliminados,
obtendo-se desta forma maior produtividade e qualidade, tornando todos os setores mais
competitivos e lucrativos.
8
Como sugestão apresenta-se a lista abaixo com irregularidades,de acordo com
indicação da CICB-2000, que com esforços conjuntos podem rapidamente ser
superados.
1. Transporte deficiente dos animais entre as fazendas e os frigoríficos;
2. Pré-abate sem obedecer ao período de descanso e lavagem deficiente dos
animais, provocando veiamento;
3. Sistema de atordoamento irregular;
4. Sangria e linhas de corte erradas;
5. Esfola deficiente, provocando danos no couro e carcaça;
6. Transporte do couro verde com peso morto agregado;
7. Conservação muito deficiente do couro até a chegada ao curtume(sal),
especialistas recomendam o congelamento das peles, sem o uso do sal.
8. O aumento da inseminação artificial, e a diminuição do preço para tourinhos
Pode ser a saída para o problema da falta de reprodutores, como fato gerador da
má qualidade dos animais, e conseqüente aumento dos custos da produção das
peles.
9. Atualização Tecnológica, para ficar em pé de igualdade com a concorrência
mundial, e passar a promover a exportação não mais do “Wet-Blue”, mas do
couro acabado em seu lugar, que é cotado a um valor de no mínimo,o dobro do
preço do “Wet-Blue”no mercado internacional.
Referências Bibliográficas
AGROFOLHA – A Folha de São Paulo – 1 de maio 2001
CICB- Planejamento Estratégico de 1996 a 2001.
PORTER,M.E. Vantagem Competitiva: Criando e Sustentando um
Desempenho Superior,Rio de Janeiro:Campus, 1989.
PORTER,M.E. Estratégia Competitiva: Técnicas para análise de Indústrias e
da Concorrência., Rio de Janeiro: Campus, 1986.
REVISTA COUROBUSINESS – várias 1999/2000/2001.
RIES,A & TROUT,J. Marketing de Guerra,São Paulo:McGraw-Hill,1989.
SLACK,N. et. alii. Administração da Produção,São Paulo:Atlas,1997.
SLACK,N. Vantagem Competitiva em Manufatura,São Paulo:Atlas,1993.
ZACCARELLI,S.B.Estratégia e Sucesso na Empresas,São Paulo:Saraiva,2000
ZACCARELLI,S.B.Estratégia Moderna nas Empresas,São Paulo:Zarco,1996.
Download

Agregar valor ao couro bovino: uma estratégia para