Santo Antônio de Pádua,
cidade das águas e das pedras!
Às margens do Rio Pomba, Santo Antônio de Pádua, vê no seu legado histórico, imortalizado na crônica da escritora Rita Amélia Serrão Piccinini, a contextualização com o seu desenvolvimento político, econômico, social, educacional e cultural. Ao longo dos anos, o município vem apresentando um crescimento voltado para a melhoria da qualidade de vida do seu povo, fortalecido na administração do Prefeito José Renato Fonseca Padilha. Através das suas águas e das suas pedras, o retrato dos seus filhos, que acreditam a cada dia no seu engrandecimento como forma de perpetuação da sua história. Vera Lúcia Kezen Camilo Jorge Secretária Municipal de Educação e Cultura
A FUNDAÇÃO DA CIDADE DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA
1833
A Cidade de Santo Antônio de Pádua, a única do mundo que tem esse nome, foi fundada por
Frei Florido, de Cittá ou Civitta di Castelli (da Cidade dos Castelos), na Itália, em 23 julho de 1833.
O missionário padre mestre, Frei Florido, da ordem dos Capuchinhos, enviado da Itália,
(Roma), chegou ao Rio de janeiro em 16 de agosto de 1826 junto com, Frei Norberto de Carpineto e Frei
Serafim de Montaljano. Do rio de Janeiro foi para São José de Leonissa da Aldeia da Pedra (Itaocara), de
onde se dirigiu ao Curato de Santo Antônio de Pádua.
Os índios Puris viviam em litígio com os Coropós e Coroados. Os missionários desejavam
aldeá-los a fim de catequizá-los. Caminhando pela margem esquerda do rio das Pombas, Frei Florido
gostou de umas terras fronteiriças ao rio, em um local muito conhecido, denominado Nossa Senhora da
Glória, começando, ali, o seu trabalho de aldeamento. Joaquim Antônio dos Santos, o dono da fazenda, o
impediu de realizar sua obra, dizendo que aquelas terras eram somente para plantio.
Desconsolado e triste, Frei Florido subiu mais um pouco pela margem do rio e deu com uma
bela cachoeira, em terras de outro proprietário, João Francisco Pinheiro, que viera de Minas Gerais. O
fazendeiro encontrou-se com o Frei que, conversando, falou no seu propósito, contando a recusa de
Joaquim Antônio dos Santos. João Francisco levou-o para sua casa e se prontificou, então, a lhe doas as
terras desejadas, permitindo que ele escolhesse o local. Frei Florido, por haver gostado da cachoeira,
preferiu as terras que lhe margeavam.
O curato era de Santo Antônio de Pádua, mas João Francisco Pinheiro estabeleceu a condição
de que a capela fosse erguida com invocação a São Felix de Cantalício, santo de sua devoção e a aldeia se
chamasse Arraial da Cachoeira. Disse, também, que Frei Florido poderia admitir naquelas terras não só os
índios, como pessoas das vizinhanças que ali quisessem morar. Os terrenos das casas e choupanas
passariam a pertencer aos moradores da ladeia. A alegria do missionário não teve limites.
Frei Florido levou, então, de São José de Leonissa, o seu escrivão, Domingos Garcia de
Mello, e na mesma hora mediram as suas cento e sessenta braças de terra (358 metros lineares). Foi
quando apareceu João Luiz Marinho, outro fazendeiro vizinho que, concordando com a idéia da formação
do arraial, a pedido de Frei Florido, doou outras tantas terras mais acima, para a demarcação ficar de
“valão a valão”. Portanto, 716 metros lineares ao todo.
A escritura da doação foi lavrada e assinada pelo escrivão Domingos Garcia de Mello, “e
assinaram-na também Frei Florido, missionário apostólico... João Francisco Pinheiro. A rogo de Maria
Luiza – Cândido Oliveira da Mota. Seguiram-se as testemunhas: Agostinho Nunes de Oliveira. Felipe
Nogueira. João José de Souza. Francisco José. Antônio Lourenço de Mirandela. A rogo de Ignácio de
Souza – Câncio Olinto de Mota. Rio da Pomba. 23 de julho de 1833”.(Bustamante, Heitor de)
Portando, esta é a data da fundação da cidade: 23 de julho de 1833.
Fundador: Frei Florido da Cidade dos Castelos
A parte acima da cachoeira seria onde o frei faria a sua residência, já que ele morava em São
José de Leonissa da Aldeia da Pedra (Itaocara). Ali, 14 anos mais tarde, em 1850, foi construído o
sobrado que se tornou residência dos padres, tomando o nome de Sobrado do Padre Domingos, por ter
sido sua residência durante os 26 anos do seu paroquiato. Por muitos e muitos anos foi assim
denominado, tornando-se ponto de referência para todos os moradores da comunidade. Atualmente, o
sobrado descaracterizado pertence à família de José Ferreira, à rua Dr. Ferreira da Luz, nº.455.
João Luiz Marinho pediu a Francisco Baptista da Fonseca para escrever o termo em seu
nome, isto é, como se fosse ele próprio, preferindo assim, só assinar. Dessa forma, o documento foi
escrito com a doação daquelas outras terras para a divisa ficar de “valão a valão”. Foi, então, assinado e
datado: “João Luiz Marinho. A rogo: Francisco Baptista da Fonseca. Testemunhas: Silvério José Cunha,
João de Moraes Peçanha. Joaquim de Moraes Peçanha. Hoje, Aldeia de Pádua, 28 de setembro de 1833.
Domingos Garcia de Mello”. (Sertões dos Puris – Bustamante, Heitor de)
Nessas terras, cobertas de mata virgem, ao lado do cachoeirão, em um morrote um pouco
distante da margem do Rio Pomba, justamente no centro da Atual Praça Visconde Figueira, Frei Florido,
da cidade italiana dos Castelos, ergueu a sua capela, usando a mão-de-obra indígena, e aldeou os Puris.
Outras pessoas, que ele chamou de brasileiros, foram chegando, receberam lotes de terras, por ele doados,
neles fizeram suas moradias, e a povoação cresceu bastante.
O Arraial da Cachoeira, ou Arraial de São Félix, passou a se chamar Vila de Santo Antônio
de Pádua, a partir da época em que foi erguida, por Frei Bento de Gênova, como ele próprio assinava, a
Igreja, com invocação a Santo Antônio de Pádua, o patrono do Curato, no final da década de 1830 ou
princípio da década de 1840, passando, também, a Igreja a ser chamada de Matriz pelo seu primeiro cura,
Frei Bento por ter ali a capela de São Felix, dando não só a igreja quanto à localidade o nome certo que
deveria ter desde a sua fundação: Santo Antônio de Pádua.
Assim se deu a fundação de Santo Antônio de Pádua, comprovada pelo mais antigo
documento existente, a escritura de doação das terras, datada de 23 de julho de 1833, a Frei Florido, que é
o fundador de fato e de direito da primeira povoação, que seria mais tarde a Cidade de Santo Antônio de
Pádua.
O curato ou paróquia, já demarcado há anos, mas ainda sem igreja, ia de Três Irmãos,
município de Cambuci, na margem esquerda do Rio Paraíba, divisando com o município de Itaocara, até à
divisa com Minas Gerais.
Mais tarde, 34 anos depois de haver fundado a nossa cidade, Frei Florido voltou a Pádua, em
1867 e 1868, vindo de São José de Leonissa da Aldeia da Pedra e foi vigário da paróquia de Santo
Antônio de Pádua, já elevada à categoria de freguesia pela deliberação de 4 de fevereiro de 1864, em
virtude do artigo 3º da lei provincial de 1 de junho de 1843. (Bustamante, Heitor de)
Nosso ilustre fundador, Frei Florido, retirou-se, então, para Cantagalo, onde morreu três anos
depois, em 17 de novembro de 1871, 45 anos após sua chegada ao Brasil, 38 anos depois da fundação da
cidade e 28 anos depois do curato ser elevado à categoria de Freguesia, isto é, à Paróquia, em 1842.
Frei Florido tinha um auxiliar leigo, Bento Giovanni Benedetta Libila, que o ajudava na obra
de catequese. Era, portanto, catequista. Em 1827, Frei Florido preparou-o para receber as ordens sacras. O
Internúncio, com o consentimento da Regência Imperial, deu permissão ao Frei para que fossem
conferidas a Frei Bento, de Gênova, as ordens sacerdotais. Frei Bento auxiliava Frei Florido no Curato de
São José de Leonissa e no Curato de Santo Antônio de Pádua. Foi Frei Bento quem “abriu, em Pádua, o
primeiro livro de assentamento de batismos dos índios Puris, em 4 de setembro de 1831, portanto dois
anos antes da fundação da cidade, em 1833. O último registro de 1831, portanto dois anos antes da
fundação da cidade, em 1833. O último registro nesse livro, também feito por ele, data de 16 de abril de
1854, último ano do seu paroquiato em Pádua. Assinava todos os documentos como Frei Bento de
Gênova”. O Segundo livro de batismo aberto por ele, data de 24 de abril de 1842. (Piccinini, Rogério
Serrão – História da Fundação de Santo Antônio de Pádua)
Frei Bento, o primeiro pároco da Matriz de Santo Antônio de Pádua e construtor da velha
matriz, auxiliado pelos fazendeiros Comendador Francisco Thomaz Leite Ribeiro e seu cunhado Plácido
Antônio de Barros, ficou na direção da paróquia durante 12 anos, de 1842 a 21 de junho de 1854.
Retirou-se depois para o Espírito Santo, foi missionário em Rio Pardo, próximo da capital,
Vitória, e em 1859 já estava ali, onde faleceu em 1862. Nessa localidade existe até os dias atuais um
cemitério desativado com a denominação de Cemitério de Frei Bento de Gênova (Frei Alaôr, “A divina
missão de curar” – Fontan, José Coco).
O morrote da Praça Visconde Figueira, onde a cidade de Santo Antônio de Pádua nasceu, foi
removido em 1883, surgindo no local um bosque, onde permaneceram duas árvores centenárias, defronte
ao atual Fórum, uma delas ficava na ponta da praça ao lado da Prefeitura e a outra na ponta da praça ao
lado da Caixa Econômica. Nessas árvores começava o morrote e as outras foram plantadas depois do
desmonte. Em outubro de 1926, 43 anos depois, uma tempestade com ventos muito fortes derrubou todas
as árvores, inclusive as centenárias, deixando o toco das mais novas na altura de um metro, todas no
mesmo nível. Elas brotaram e cresceram de novo. Mas as duas centenárias, como foram arrancadas,
ficando com as raízes de fora, se tornaram irrecuperáveis. Eram a prova de que ali onde elas estavam
começava o morrote.
Mais tarde, em 1940, o Prefeito Vicente Cicarino acabou com o bosque, fazendo a praça tal
qual existe atualmente (1999).
Frei Florido, da Cidade dos Castelos, isto é, de Civita di Castelli ou Cittá di Castelli fundou a
cidade de Santo Antônio de Pádua, ao passo que Bento Giovanni Benedetta Libila, de Gênova,
consolidou a sua fundação.
A cidade cresceu e se desenvolveu aos poucos até chegar ao que é em nossos dias, no final do
século XX.
Pádua, 30 de agosto de 1999.
Rita Amélia Serrão Piccinini
Nota: Crônica retirada do Livro “A Casa da Águia Crônicas Paduana” – 2005 de Rita Amélia
Serrão Piccinini
Acréscimo feito pela autora – Hoje(2008) existe na Praça Visconde Figueira, justo no local
da Fundação um monumento, inaugurado em 2006 em homenagem a Frei Florido, o fundador da cidade,
a Frei Bento o Consolidador, o Coautor da Fundação e aos donos das terras, idealizado pela Academia –
Paduana de Letras, Artes e Ciências (APLAC) erguido em parceria com a Prefeitura Municipal, Câmara
Municipal, APLAC que cobriram juntos os custos da obra.
Santo Antônio de Pádua, 18 de fevereiro de 2008
Rita Amélia Serrão Piccinini
Principais personalidades, ou pessoas que influenciaram na formação da cidade:
-Frei Florido – Fundador da Cidade
Frei Bento de Gênova – Consolidador da Cidade
-João Francisco Pinheiro e Maria Luiza (esposa)
-João Luis Marinho – Fazendeiros doadores de terra onde foi fundada a cidade
-Francisco Thomaz Leite Ribeiro e Plácido Antônio de Barros – Fazendeiros que
ergueram com Frei Bento, a Igreja Matriz consagrada a Santo Antônio de Pádua.
-José Joaquim da Silva Breve, Visconde Figueira liderou a emancipação do
município de Santo Antônio de Pádua do município de São Fidélis, assinada pelo
Presidente do Estado Bernardino Avelino Gavião Peixoto em 20 de janeiro de
1882. Foi o primeiro Presidente da Câmara de Vereadores de Santo Antônio de
Pádua recebendo o título de Chefe Executivo por não haver ainda o título de
Prefeito.
Rita Amélia Serrão Piccinini
Principais atividades culturais:
-Carnaval – (Fevereiro)
-Feira do Livro / Giroletras – (Abril)
-Festa Religiosa – Trezena de Santo Antônio (Junho)
-Desfile Escolar – (Junho)
-Exposição Agropecuária – (Julho)
-Festival Paduano do Folclore – (Agosto)
-Eventos Comemorativos – Consciência Negra – (Novembro)
-Peças Teatrais – Grupo Amarte e Grupo Intuição
-Filmes – Cine Teatro
-Grupos Folclóricos – Jongo, Mineiro-pau, Pastorinhas e Folia de Reis
-Eventos – Escolas – Datas Comemorativas
Principais Instituições Culturais:
-APLAC – Academia Paduana de Letras, Artes e Ciências
-Teatro Municipal Geraldo Tavares André
-Centro Cultural Profº. José Lavaquial Biosca
-Academia de Ballet Le Bec Fin
-Escolas de Música: Academia Arte Música, Centro Cultura Musical de Santo
Antônio de Pádua
-Ateliês de Artes Plásticas
Bibliotecas:
-Biblioteca Municipal Dr. Lemant De Cnop
-Biblioteca Vera Lúcia Kezen Camilo Jorge - EM. Dep.Armindo M. Doutel de
Andrade – CIEP 266
-Salas de Leitura – E.M. Lelia Leite de Faria, E.M. João Maurício Brum, E.M.
Alcino Cosendey e E.M. Dr. Lemant de Cnop
Secretária Municipal de Educação e Cultura: Vera Lúcia Kezen Camilo Jorge
Prefeito: Luis Fernando Padilha Leite
Vice-Prefeito: Elias Camilo Jorge
População: 40.145 habitantes (IBGE)
Microrregião que faz parte o município – Região Noroeste Fluminense
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