Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas
As frentes de água
João Pedro T. A. Costa
2013-04-10
As nossas cidades mudaram mais depressa do que a nossa capacidade de ajustar o pensamento e,
por essa razão, a crise actual do espaço público é devida à falta de confiança sobre o que
realmente necessitamos hoje. O nosso problema não é de memória; é antes de ajustamento das
nossas ideias ao que deve ser uma forma urbana apropriada, para ir de encontro à realidade
contemporânea da cultura e da sociedade. O que precisamos no desenho urbano de hoje é,
acima de tudo, de recalibrar as nossas ideias à actualidade do nosso tempo.
(…)
É no quadro destas dificuldades que um espaço se abriu na cidade, permitindo expressões de
esperança para a vitalidade urbana. As frentes de água urbanas fornecem-nos esse espaço. “On
the waterfront”, vemos instantes de novos paradigmas de fazer cidade, visões parciais do que
as nossas cidades podem ser. Se a cidade chegar a ser olhada como um reflexo da sociedade e
dos seus problemas, é, em si mesma, um problema sem precedentes. Centralizando-nos nas
frentes de água urbanas, somos capazes de isolar e focalizar respostas específicas para os
problemas de falta de ordem e confusão referidos.
MARSHALL, Richard (2001); Waterfronts in post-industrial cities; Londres; Spon Press; pp.3/4 (tradução do autor).
Primeiro enquadramento para a Lição:
-
A incerteza resultante da velocidade de transformação dos fenómenos e da sua compreensão.
(sobre as alterações climáticas e frentes de água)
A incerteza ainda é grande e é pouco provável que venha a ser reduzida. (…) É mesmo provável que, apesar dos
enormes progressos, os fenómenos do século XXI se antecipem à sua previsão comprovada.
OPPENHEIMER, Michael (2010); Ice Sheets, Sea Level Rise, and the Increasing Risk to Deltas; Roterdão; Deltas in Times of Climate Change
(tradução do autor).
Segundo enquadramento para a Lição:
-
O estudo de amostras, tipos ou partes do fenómeno urbano como forma de contribuir para a
compreensão do seu todo: as frentes de água.
(a propósito do estudo da morfologia urbana)
Sem entrar em discussões sobre o conceito de cidade, podemos afirmar que esta representa uma realidade
dinâmica; no estudo da cidade, não podemos fazer mais do que agrupar as questões em problemas
organizados, com um aspecto e uma lógica internas.
ROSSI, Aldo (s/d); Consideraciones sobre la Morfología Urbana y la Tipología de la Edificación; Barcelona; documento policopiado, ETSABUPC (tradução do autor).
Sumário da Lição:
1.
Sobre a transformação das frentes de água e os ciclos tecnológicos
2.
Alterações climáticas e território
3.
Urbanismo e adaptação às alterações climáticas, as frentes de água :
Enquadramento
Casos representativos
4.
Urbanismo e adaptação às alterações climáticas: novos desafios (a propósito das frentes de água)
5.
Sobre o desenho urbano na adaptação das frentes de água às alterações climáticas
1.
SOBRE A TRANSFORMAÇÃO DAS FRENTES DE ÁGUA E OS CICLOS TECNOLÓGICOS
O crescimento das cidades esteve sempre correlacionado, ao longo da história, com o desenvolvimento dos
meios de transporte e de armazenamento dos bens necessários para aprovisionar quantitativos
populacionais cada vez maiores, qualquer que fosse a estação do ano. Esteve igualmente correlacionado
com as técnicas de transporte e de armazenamento das informações necessárias à organização do trabalho e
das trocas, (…). Finalmente, a dimensão das cidades dependeu dos meios de transporte e de
“armazenamento” das pessoas, em particular das técnicas de construção em altura, da gestão urbana dos
fluxos e dos serviços (…).
A história das cidades foi assim ritmada pela história das técnicas de transporte e armazenamento de bens (b), de
informações (i), e de pessoas (p). Este sistema de mobilidade, a que chamamos “sistema bip”, está no centro
das dinâmicas urbanas, da escrita à internet, passando pela roda, a imprensa, o caminho-de-ferro, o
telégrafo, o betão armado, a esterilização, a pasteurização e a refrigeração, o carro eléctrico, o elevador, o
telefone, o automóvel, a telefonia, etc. O crescimento horizontal e vertical das cidades tornou-se possível pela
invenção e aplicação destas técnicas.
ASCHER, François (2010 [2001 | 2008]); Novos princípios do urbanismo | Novos compromissos urbanos; Lisboa; Livros Horizonte; pp.21/22.
A primeira industrialização:
Carvão como fonte energética.
Incremento da mobilidade: marítima / fluvial, caminho-deferro.
Explosão dos usos portuários, com localização urbana
central, mediante novos aterros (séc. XIX) em frente à
cidade.
Actividade industrial requer:
- Terrenos planos com acesso à frente de água;
- Acesso ao caminho-de-ferro e/ou porto;
- Relevância do depósito em armazém de proximidade.
Crescimento urbano suportado pela relação directa
emprego => residência.
Ruptura da relação de integração cidade-porto, até então
existente.
Frente de água de Duisburgo na 1ª industrialização (Ruhrort)
Appelbaum, 1991
A segunda industrialização:
Petroquímica como fonte energética.
Incremento da mobilidade: marítima, caminho-de-ferro,
viária, aérea.
Porto afasta-se da cidade, com localização urbana
periférica (jusante), mediante novos aterros (séc. XX).
Actividade industrial requer:
- Afastamento das zonas residenciais (segurança +
reacção à poluição da 1ª industrialização);
- Terrenos planos;
- Acesso ao caminho-de-ferro e/ou porto.
Crescimento urbano suportado pelo incremento da
mobilidade colectiva / individual e zonamento funcional.
Afastamento das funções portuária e urbana.
Decadência das áreas portuárias da 1ª industrialização.
Frente de água de Roterdão na 2ª industrialização (Botlek) e decadência do
território da 1ª industrialização (Kop van Zuid)
Meyer, 1999
Sociedade pós-industrial ou terceira industrialização ?
Encontramo-nos num momento precário da nossa história.
Enfrentamos perspectivas reais de um degelo
económico à escala da Grande Depressão. A crise do
crédito tem como componente a crise energética
global e a crise da alteração do clima, criando um
cataclismo potencial para a civilização. Não há outra
saída: precisamos de rever radicalmente a forma
como usamos a energia na nossa sociedade
RIFKIN, Jeremy; CARVALHO, Maria da Graça; CONSOLI, Angelo; BONIFACIO,
Matteo (2008); Leading the Way to the Third Industrial Revolution; in:
European Energy Review, special edition, Dezembro de 2008; Groningen;
Castel International Publishers; p.4 (tradução do autor).
A terceira industrialização:
Sociedade pós-carbono, desenvolvimento das
“energias limpas”, alterações climáticas.
Porto logístico, porto recreativo.
Que novos paradigmas de mobilidade?
Transformação da actividade industrial:
- Deslocalização das actividades da segunda
industrialização;
- Nova industria tecnológica, não segregada;
- Eficiência logística.
Reestruturação metropolitana suportada pelas redes,
policentrismo, resiliência urbana (sociedade do risco).
Libertação industrial e portuária da frente de água
urbana central (1ª industrialização, continuação) e
periférica (2ª industrialização, novo fenómeno).
Frente de água de Roterdão na 3ª industrialização (Maasvlakte II) e decadência
do território da 2ªindustrialização (Merwehaven, Waalhaven e Eemhaven)
Dick Sellenraad, 2008
2.
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E TERRITÓRIO
Quadro n.º 1: Esquema síntese dos cenários socioeconómicos A1, A2, B1 e B2, que serviram de base ao 4º Relatório de Avaliação do IPCC. IPCC, 2007
Projeções de subida da temperatura média global, atmosférica e oceânica superficial, para diferentes cenários socioeconómicos, e projeção cartográfica do respetivo
aquecimento no globo, nos horizontes 2020-2029 e 2090-2099. IPCC, 2007b, fig.3.2
Projecção cartográfica da distribuição do aquecimento global, para o cenário A1B, no Verão, no horizonte 2099 (ºC). IPCC, 2007
Subida do Nível do Mar (SLR):
Resulta do aquecimento global, através de 3
processos:
- Expansão térmica dos oceanos;
- Degelo dos glaciares de montanhas e
pequenas massas geladas;
- Degelo e desintegração das massas
geladas da Gronelândia e Antártico.
Subsidência do solo, local/regional, contribui
para o efeito da SRL em territórios
específicos.
Aquecimento médio global v/s SLR. IPCC, Working Group I, 2007
Recent rate:
~3 mm/year
1870/2000:
~2 mm/year
SLR médio global (1870-2000). IPCC, Working Group I, 2007
Quadro n.º 2: Dados Síntese do 4º Relatório de Avaliação do IPCC, 2007
Variação da Temperatura Média
(2090-2099, relativamente a 1980-1999)
Subida do Nível Médio do Mar
(2090-2099 relativamente a 1980-1999)
Cenário
Melhor Estimativa
Intervalo Provável
Intervalos baseados em modelos, excluindo rápidas alterações de
dinâmicas futuras no degelo
Concentrações de CO2 constantes
(ano 2000)
0.6ºC
0.3ºC - 0.9ºC
NA
Cenário B1
1.8ºC
1.1ºC – 2.9ºC
0.18m – 0.38m
Cenário A1T
2.4ºC
1.4ºC – 3.8ºC
0.20m – 0.45m
Cenário B2
2.4ºC
1.4ºC – 3.8ºC
0.20m – 0.43m
Cenário A1B
2.8ºC
1.7ºC – 4.4ºC
0.21m – 0.48m
Cenário A2
3.4ºC
2.0ºC – 5.4ºC
0.23m – 0.51m
Cenário A1F1
4.0ºC
2.4ºC – 6.4ºC
0.25m – 0.59m
Fonte: IPCC, 2007
Dinâmica das massas de gelo
continentais e SLR:
Contributo potencial para a SLR a partir
das massas de gelo continental:
- Antárctica ocidental: ~5 m;
- Antárctica oriental: ~52 m;
- Gronelândia: ~ 5 m.
(Michael Oppenheimer, 2010)
As dinâmicas das massas de gelo
constituem processos complexos.
Processo dinâmico das massas de gelo. Michael Oppenheimer (NASA), 2010
Quadro n.º 3: Subida do Nível do Mar (SLR), projeções para 2100
Melhor Cenário
Cenário Recomendado
Pior Cenário
Cenário Extremo ++
-
-
2,0m
5,0m
Rahmstorf, 2007*
(cenários IPCC, 2007)
0,5m
0,6m (B1) – 1,0m (A1)
1,4m
-
Pfeffer et al, 2008
0,8m
0,8 (por defeito)
-
2,0m
Vellinga et al, 2009
0,55m
-
1,15m
-
Grinsted et al, 2009
(cenário IPCC-A1b, 2007)
0,9m
-
1,3m
-
Nicholls et al, 2010
(cenário IPCC-A1b, 2007)
0,2m
0,5m – 1,0m
-
-
Filipe Duarte Santos, 2010
(para Cascais)
0,6m
-
1,0m
-
Rahmstorf, 2010
(Filipe Duarte Santos, 2011)
-
1,4m
-
-
Autor
Hansen, 2007
* Não considerando processos dinâmicos de alteração das massas de gelo
Fonte: Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, FA/UTL e FSHS/UNL, 2012
Institution of Civil Engineers UK / Royal Institute of British Architects (RIBA)
SLR médio global (1900-2000) e projeções por modelo para 2100 . Shum et all, 2008
Quadro n.º 4: Subida do Nível do Mar (SLR), projeções para 2100
Melhor Cenário
Cenário Recomendado
Pior Cenário
Cenário Extremo ++
Defra, 2006
(Londres 2115, baseado no UKCIP02)
0,55m
1,13m
1,60m
-
Dutch Delta Commission, 2008
0,65m
0,85m
1,30m
-
Thames Estuary 2100 Plan, 2009
0,20m
-
0,90m
2,7m
U.S. Global Change Research Program, 2009
0,60m
0,90m – 1,20m
-
-
New York (NYCPCC), 2009*
0,30m
-
0,75m
1,08m
New York (NYCPCC), 2009
(para o horizonte 2080)
1,0m
-
1,4m
-
UK Climate Projections, 2009
0,12m
-
0,82m
0,93m – 1,90m
California Climate Action Team Report, 2009 (cenários
IPCC, 2007)
0,6m – 1,0m
(B2)
-
1,0m – 1,4m
(A1f1)
-
California Climate Adaptation Strategy, 2009 (Knowles,
2008)
-
1,40m
-
-
0,55m
1,13m
1,60m
-
-
0,85m
1,20m
-
North Carolina SLR Assessment Report, 2010
0,4m
1,0m
1,4m
-
Defra, 2010
(Londres 2095, baseado no UKCIP09)
0,37m
-
0,53m
0,93m – 1,90m
Filipe Duarte Santos, 2010
(Cascais)
0,6m
-
1,0m
-
Entidade / Documento
Lincolnshire 2115, Atkins, 2010
(baseado UKCIP02)
Climate Rotterdam 2100, 2010
* Não considerando processos dinâmicos de alteração das massas de gelo
Fonte: Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, FA/UTL e FSHS/UNL, 2012
Fonte: Travis, Will 2010
3.
URBANISMO E ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, AS FRENTES DE ÁGUA
Dos quatro maiores impactos da subida do nível do (…) o movimento de recuo do território nas
frentes de água é aquele que mais atenção atrai nos países ocidentais. Podemos responder a
esta erosão de três modos. Podemos abandonar as frentes e relocalizar os edifícios e infraestruturas longe da linha costeira que se encontra em recuo. Podemos armar estas frentes com
infra-estruturas defensivas. Ou podemos alimentar artificialmente e empurrar as praias em
direcção ao mar. Todas estas soluções têm um constrangimento principal: são muito caras. As
últimas duas têm limitações adicionais. São soluções temporárias, aceitáveis apenas para
pequenas elevações do nível do mar. Além disso, a sua existência pode encorajar o aumento da
densidade do desenvolvimento, tornando as respostas de longo prazo ainda mais difíceis e
caras.
(…)
A ciência diz-nos que as frentes de água mundiais terão um aspecto diferente dentro de cem anos.
PILKEY, Orrin H.; YOUNG, Rob (2009); The rising sea; Island Press, Shearwater Books; pp.159 e 182 (tradução do autor).
O Urbanismo e as alterações climáticas:
(Peter Calthorpe, 2010)
Tem-se centrado essencialmente em perspectivas
de mitigação, designadamente:
- O debate entre a cidade compacta, com a sua
“dieta de carbono”, e as regiões metropolitanas,
“obesas em carbono”;
Concurso internacional Re:Vision Dallas, solução vencedora
Data + MOOV, 2009
- As diferentes formas de “comunidades
sustentáveis”:
* A cidade sustentável;
* O bairro sustentável – ecourbanismo (Miguel
Ruano, 1999);
* O edifício (micro-geração, solar, solar passivo);
* A orientação da eficiência energética;
- As “cidades verdes”, reforçando os sumidouros.
Placa Solar Fotovoltaica do Fórum Universal das Culturas
Barcelona, 2004
A adaptação às alterações climáticas:
Desde o 3º Relatório de Avaliação do IPCC (2001) foram
avançados dados relativos a possíveis impactos
territoriais, motivando estudos desagregados:
- Em Portugal correspondeu ao primeiro relatório do
Projecto SIAM (Santos, Forbes, Moita, 2002).
Conjugação de acontecimentos precipitou a emergência
desta agenda:
- As ondas de choque do Furacão Katrina, em New
Orleans (Agosto de 2005);
- O 4º Relatório de Avaliação do IPCC (2007);
- O Plano de Acção de Bali (Dezembro de 2007),
reforçado pela “visão partilhada para uma acção de
cooperação de longo prazo” (Acordo de Cancún,
Dezembro de 2010);
- O relatório “Working together with water. A living land
builds for its future”, apresentado em 2008 pela
Comissão Delta Holandesa.
New Orleans, depois da passagem do Katrina (29 Agosto 2005)
Deltares, 2010
Quadro n.º 5: Princípios Estratégicos de Adaptação às Alterações Climáticas em Frentes de Água
Autor
Princípios Estratégicos de Adaptação
Perspetiva
Inundações
Flood prevention
Flood protection
Flood control
Urbana
Retreat
Defend
Attack
Inundações (Proteção Civil)
Flood prevention
Flood management
Post-flood Measures
Costa et al, 2010
Urbana
Abandonment
Resistence
Resilience
Rijke, Veerbeek et al, 2010
Urbana
Business as usual
Opportunistic Adaptation
Active Adaptation
Bruij, Klijn et al, 2009
Peel, 2009
Deltares, 2010
Fonte: Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, FA/UTL e FSHS/UNL, 2012
Jacarta, Indonésia, Simulação 3D, sobre fotografia aérea, do impacto estimado da combinação dos fenómenos de subida do nível do mar e de subsidiência dos solos, nos
horizontes 2025 e 2050, por comparação com 2005. Hadi, Susandi, et al, 2007
3.
CASOS REPRESENTATIVOS: HOLANDA E ROTERDÃO
As alterações climáticas impõem-se perante nós: uma nova realidade que não pode ser ignorada. As
previsões de subida do nível do mar e as maiores flutuações nas descargas dos rios compelemnos para olhar longe para o futuro, para alargar o nosso horizonte e para antecipar
desenvolvimentos que terão lugar mais à frente.
(…)
O desafio da Holanda nos próximos séculos não é apenas uma ameaça; oferece também novas
perspectivas. Mudar a forma como o país é gerido cria novas opções; trabalhar com a água pode
melhorar a qualidade do ambiente e oferece excelentes oportunidades para ideias e aplicações
inovadoras. (…) Afinal, ‘A living land builds for the future’.
VEERMAN, C.P. (2008); Foreword; ; in: Deltacommissie; Working together with water - A living land builds for its future; Wilfried ten Brinke.;
pp.6/7 (tradução do autor).
Esquema territorial síntese das acções nacionais do “Delta Programme”
Deltacommissie, 2008
Esquema territorial do impacto estimado das alterações climáticas na
Holanda, nos horizontes 2050 e 2100
Deltacommissie, 2008
Climate change adaptation: simulations
Climate Rotterdam 2100 (2010)
Climate Rotterdam 2100 (2010):
=> Delta Commission, 2008: “Working together with
water. A living land builds for its future”
- http://www.deltacommissie.com/en/advies
- SLR scenario: 0.65 – 1.30 m, 0.85 m
recommended for planning
=> Netherlands climate research:
- http://www.climateresearchnetherlands.nl
- http://www.rotterdamclimateinitiative.nl/
=> Rotterdam climate proof city, 3 pillars:
- Knowledge: international leading centre for
water knowledge and climate change expertise
- Actions: enhance city’s and port attractiveness
- Positioning: innovation and knowledge as an
export product
=> Rotterdam’s adaptation strategy:
- Urban water system
- Adaptative building
- Flood management
- Accessibility
- Urban climate
Pavilhão Flutuante (Delta Sync e Dura Vermeer, 2010), um dos sete projectos de disseminação da Estratégia de Adaptação às Alterações Climáticas de Roterdão, um edifício
multifuncional sustentável e totalmente autónomo, exemplar pelo seu efeito emblemático. Fotografia do autor, 2010
Planta síntese da “Rotterdam Water City 2030”.
Roterdam Climate Iniciative, 2010
Climate change adaptation: simulations
Climate Rotterdam 2100 (2010)
Water plaza, De Urbanisten, 2009
De Urbanisten and the wondrous water square, De Urbanisten, 2010
De Urbanisten and the wondrous water square, De Urbanisten, 2010
3.
CASOS REPRESENTATIVOS: ESTADOS UNIDOS, SÃO FRANCISCO E NOVA IORQUE
A sociedade e os ecossistemas podem adaptar-se a algumas alterações climáticas, mas isso demora
tempo. A rápida velocidade e a grande quantidade de alterações climáticas projectadas para este
século vão desafiar a capacidade da sociedade e dos sistemas naturais em se adaptarem.
Por exemplo, é difícil e caro alterar ou substituir infra-estruturas desenhadas para as décadas
passadas (tais como edifícios, pontes, estradas, aeroportos, reservatórios e portos) em resposta
à continua e/ou abrupta alteração do clima.
Os impactos esperados serão progressivamente mais severos para pessoas e lugares, à medida que
a temperatura aumentar.
(…)
A humanidade soube adaptar-se à alteração das condições climáticas no passado, mas, no futuro, a
adaptação vai ser especialmente desafiante porque a sociedade não se vai ajustar a uma nova
constante, mas antes a situações em rápida alteração (...).
O ‘timing’ e a intensidade dessas mudanças não serão sabidos com segurança.
KARL, Thomas R.; MELILLO, Jerry M.; PETERSON, Thomas C. – ed. (2009); Global Climate Change Impacts in the United States; Nova
Iorque; U.S. Global Change Research Program, Cambridge University Press; pp.10/11 (tradução do autor).
Baía de São Francisco, em 1849 e projecção de subida do nível médio do mar de 1,0m, no horizonte 2100, correspondendo aproximadamente
à inundação de todas as áreas de aterro entretanto construídas
Travis, Will, 2010
Baía de São Francisco, em 1849 e projecção de subida do nível médio do mar de 1,0m, no horizonte 2100,
correspondendo aproximadamente à inundação de todas as áreas de aterro entretanto construídas
Travis, Will, 2010
Climate change adaptation: simulations
San Francisco Bay US (2008)
San Francisco Bay (2008):
=> San Francisco observed sea level with trend of
19.3 cm last century
(California Climate Action Team Report, 2006)
=> SFB projected temperature warming scenarios:
- Lower emissions scenario: 3.5 – 5.0 ºC
- Medium emissions scenario: 5.5 – 8.0 ºC
- High emissions scenario: 8.0 – 10.0 ºC
=> SFB projected 2100 sea level rise, reviewing
IPCC4AS:
(California Climate Action Team Report, 2009)
- B1 scenario: 0.6 – 1.0 m
- A1f1 scenario: 1.0 – 1.4 m
30 cm increase in sea level rise would shift the
100-year storm surge-induced flood event to once
every 10 years
=> Rising Tides Design Ideas Competition, 2008:
www.risingtidescompetition.com
San Francisco Bay, 0.4 m sea level rise simulation
Source: Travis, Will (2010)
Area subject to high tide with 0.4m of sea level rise
Current 100-year flood plain
Climate change adaptation: simulations
San Francisco Bay US (2008)
Baía de São Francisco, em 1849 e projecção de subida do nível médio do mar de 1,0m, no horizonte 2100, correspondendo
aproximadamente à inundação de todas as áreas de aterro entretanto construídas
Travis, Will, 2010
São Francisco, Baía Sul (Silicon
Valey), projecção de subida do nível
médio do mar
0,4m, no horizonte 2050
1,4m, no horizonte 2100
Travis, Will, 2010
São Francisco, Baía Central, projecção de
subida do nível médio do mar
0,4m, no horizonte 2050
1,4m, no horizonte 2100
Travis, Will, 2010
São Francisco, Baía Sul (Silicon
Valey), projecção de subida do nível
médio do mar, assinalando as áreas
de desenvolvimento urbano
prioritário e a infra-estrutura viária
principal
0,4m, no horizonte 2050
1,4m, no horizonte 2100
Travis, Will, 2010
São Francisco, Baía Central,
projecção de subida do nível médio
do mar, assinalando as principais
infra-estruturas e parques
0,4m, no horizonte 2050
1,4m, no horizonte 2100
Travis, Will, 2010
Climate change adaptation: simulations
San Francisco Bay US (2008)
Nova Iorque: áreas potencialmente afectadas pela maior
inundação de cada 100 anos, incorporando critérios do
IPCC (2007)
Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009
0.13 m, 2020
0.33 m, 2050
0.58 m, 2080
Nova Iorque: áreas potencialmente afectadas pela maior
inundação de cada 100 anos, incorporando critérios do
IPCC (2007)
Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009
0.23 m, 2020
0.69 m, 2050
1.35 m, 2080
Nova Iorque: áreas potencialmente afectadas pela maior
inundação de cada 100 anos, incorporando as
observações do degelo na subida do nível do mar
Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009
Nova Iorque, Baixa de Manhattan: áreas potencialmente
afectadas pela maior inundação de cada 100 anos,
incorporando as observações do degelo na subida do
nível do mar
Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009
0.23 m, 2020
0.69 m, 2050
1.35 m, 2080
Nova Iorque, Manhattan (sul) e Brooklyn (norte):
jurisdições, solo de controlo governamental e infraestruturas críticas
Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009
Nova Iorque, Baía de Jamaica: áreas potencialmente afectadas
pela maior inundação de cada 100 anos, incorporando as
observações do degelo na subida do nível do mar
Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009
0.23 m, 2020
0.69 m, 2050
1.35 m, 2080
Nova Iorque, Baía de Jamaica: jurisdições, solo de
controlo governamental e infra-estruturas críticas
Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009
What if New York City…
Design competition, 2008
=> Design based on changing conditions of a
hypothetical neighborhood, Prospect Shore,
after a catastrophic coastal storm hits New
York City:
- Hit by a category 3 hurricane
- 7.0 m ocean elevation
- 210 km/h winds
=> 3 parallel tracks: what happens at the scale of
the city, what happens at the scale of the
neighborhood, and what happens at the scale
of a household
=> 10 winners + 10 honorable mentions
=> Competition:
http://www.nyc.gov/html/whatifnyc/html/home/
home.shtml
=> Results:
http://www.whatifnyc.net/
What if New York City…
Design competition, 2008
=> Design based on changing conditions of a
hypothetical neighborhood, Prospect Shore,
after a catastrophic coastal storm hits New
York City:
- Hit by a category 3 hurricane
- 7.0 m ocean elevation
- 210 km/h winds
=> 3 parallel tracks: what happens at the scale of
the city, what happens at the scale of the
neighborhood, and what happens at the scale
of a household
=> 10 winners + 10 honorable mentions
=> Competition:
http://www.nyc.gov/html/whatifnyc/html/home/
home.shtml
=> Results:
http://www.whatifnyc.net/
Nova Iorque: concurso “What if NYC?”, proposta vencedora, propondo estruturas residenciais de emergência flutuantes
Garofalo, Tang, Newell, Casanega, 2008
Nova Iorque, proposta de infra-estrutura
leve para transformar a “Upper Bay”
numa “Palisade Bay”, em cenários de
subida do nível médio do mar.
Nordenson, Seavitt, Yarinsky, 2010
Maryland Department of Planning (MDP) – Sea Level Rise
3.
CASOS REPRESENTATIVOS: REINO UNIDO, KINGSTON UPPON-HULL E LONDRES
O futuro das cidades costeiras e estuarinas no Reino Unido é afectado por dois factores: as
mudanças no ambiente físico e os constrangimentos criados pelo homem.
As mudanças no ambiente físico consistem na subida do nível do mar, na diminuição do território e
no aumento da frequência de tempestades. Estas tendências de longo prazo requerem
adaptação urgente.
O que podemos enfrentar, com efeito imediato, são os constrangimentos criados pelo homem na
gestão costeira sustentável a longo prazo. Esses constrangimentos incluem recursos
financeiros limitados, comunicação pouco clara entre numerosos agentes e um planeamento
orientado para um horizonte temporal inapropriado.
ROBINSON, Dickon; HAMER, Ben – coord. (2009); Facing Up to Rising Sea-Levels: Retreat? Defend? Attack? The Future of our Coastal and
Estuarine Cities; RIBA – Royal Institute of British Architects / Building Futures, Institution of Civil Engineers; pp.5 (tradução do autor).
Diagrama de governabilidade para as frentes de
água britânicas
Robinson, Hamer, 2009
Impacto de uma SLR de 2,0m no Reino Unido, RIBA - Royal Institute of British Architects / Institution of Civil Engineers . Robinson, Hamer, 2009
Cenários de alteração do clima e SLR no Reino Unido, Met Office. Jason Lowe et al, 2010
Kingston Upon Hull, carta de zonas de risco de inundação, 2007. Robinson, Hamer, 2009
Kingston Upon Hull, estratégia “Retreat” num cenário de subida do nível médio do mar de 2,0 m para o horizonte 2100. Robinson, Hamer, 2009
Kingston Upon Hull, estratégia “Defend” num cenário de subida do nível médio do mar de 2,0 m para o horizonte 2100. Robinson, Hamer, 2009
Kingston Upon Hull, estratégia “Attack” num cenário de subida do nível médio do mar de 2,0 m para o horizonte 2100. Robinson, Hamer, 2009
Recuar
Defender
Atacar
Kingston Upon Hull, pormenor planimétrico e simulação tridimensional para as três estratégias, no horizonte 2100. Robinson, Hamer, 2009
Thames Estuary 2100 Plan (2009):
=> Climate change could lead to increases in
sea level, storm surge height and peak
river flows but the question is by how much
=> SLR in the Thames over the next century
due to thermal expansion of the oceans,
melting glaciers and polar ice is likely 0.2 –
0.9 m
=> There remains a lot of uncertainty over the
contribution of polar ice melt to increasing
SLR. At the extreme, SLR may be up to
2.0 m, although this is thought to be highly
unlikely
=> Storm surge height and frequency in the
North Sea is unlikely to change
=> Peak freshwater flows for the Thames, e.g.
at Kingston, could increase by around 40%
by 2080
=> Without effective mitigation future
generations in London and the Thames
estuary may have to deal with climate
change which exceeds 2.7 m extreme
scenario by 2100
Londres, Risco de inundação atual no Rio Tamisa. Thames Estuary 2100 Plan, 2009
Londres, “Zonas de acção no Estuário do Tamisa”, no horizonte 2100, identificando a laranja a zona 2 – Londres Central, incluindo as subunidades “London City” e
“Wandsworth to Deptford”. Thames Estuary 2100 Plan, 2009
Londres, “unidades territoriais na gestão do risco de
inundações”, no horizonte 2100. Zona 2 – Londres Central,
subunidade “London City”
Thames Estuary 2100 Plan, 2009
Áreas prioritárias para evacuar e oferecer refugio
Edifícios resilientes às inundações
Edifícios resistentes às inundações
Londres, “unidades territoriais na gestão do risco de
inundações”, no horizonte 2100. Zona 2 – Londres Central,
subunidade “Wandsworth to Deptford”
Thames Estuary 2100 Plan, 2009
Áreas prioritárias para evacuar e oferecer refugio
Edifícios resilientes às inundações
Edifícios resistentes às inundações
3.
O CASO DE LISBOA E O ESTUÁRIO DO TEJO
Não há uma receita “mágica” para um planeamento de sucesso que responda aos impactos das
alterações climáticas e ao risco de desastres. Não há uma sequência de medidas única, nem de
instrumentos ou processos.
(…) Cada exemplo ilustrativo oferece uma opção potencial. (…)
Todavia, qualquer exemplo deve ser adaptado ao contexto específico de cada cidade, como parte de
uma estratégia de gestão única. As nossas orientações apresentam a medida de sucesso para
uma cidade resiliente baseada em quatro pontos:
- Compreender as ameaças de impacto sobre a vossa cidade;
- Avaliar as características e vulnerabilidades únicas da vossa cidade;
- Aprender com a experiência de outras cidades, e;
- Preparar um plano “your own way”.
A linha comum consiste em adotar a estratégia que melhor prepare a vossa cidade para agir e reagir
com efetividade aos impactos das alterações climáticas e ao risco de desastres.
PRASAD, Neeraj; RANGHIEI, Frederica; SHAH, Fatima; TROHANIS, Zoe; KESSLER, Earl; SINHA, Ravi (2009); Climate Resilient Cities. A
Primer on Reducing Vulnerabilities to Disasters; Washington, D.C.; The World Bank; pp.99/100 (tradução do autor).
Estimativa de aquecimento em Portugal continental para o horizonte 2100, nas estações de Inverno, Primavera, Verão e Outono (temperaturas
máximas).
Santos, Miranda, 2006
Estimativa de variação da precipitação em Portugal continental para o horizonte 2100: variação anual e relativa às estações de Inverno e Verão.
Santos, Miranda, 2006
Estimativa mensal de aumento da temperatura média anual e da variação da precipitação para Cascais, nos horizontes 2050 e 2100. Santos, Cruz, 2010
Proposta de revisão do PROT-AML: Carta de
Multi-Perigos da AML. CCDR-LVT, 2011
Revisão do PDM de Lisboa,
Carta de Riscos Naturais I e
Antrópicos no Município de
Lisboa.
Câmara Municipal de Lisboa,
2011
Registo de inundação na ribeira de
Lisboa, com a Praça do Comércio
durante a inundação de 1945.
Arquivo Fotográfico da Câmara
Municipal de Lisboa, Judah Benoliel
Registo de inundação na ribeira de
Lisboa, com o Cais do Sodré, diante
da Estação Ferroviária, durante a
inundação de 1945.
Arquivo Fotográfico da Câmara
Municipal de Lisboa, Judah Benoliel
Quadro n.º 7: Fatores de cálculo de inundação na ribeira de Lisboa, no horizonte 2100
(incremento relativamente à cota 0,00 da cartografia de terra)
Cenários para 2100
IPCC (2007) cenário A1
Rahmstorf (2007) cenário B1
CCIAM - Portugal (2010) cenário B1
Rahmstorf (2007) cenário A1
CCIAM - Portugal (2010) cenário A1
North Carolina SLR AR (2010) cenário recomendado
Vellinga et al (2009) pior cenário
Defra (2006) cenário recomendado
Climate Rotterdam (2010) pior cenário
Comissão Delta Holandesa (2008) pior cenário
Rahmstorf (2007) pior cenário
California CATR (2009) A1f1
North Carolina SLR AR (2010) pior cenário
Rahmstorf (2010) cenário recomendado
Defra (2006) pior cenário
New York CPCC (2009) pior cenário
Hansen (2007)
Pfeffer et al (2008) cenário extremo
Thames Estuary Plan (2009) cenário elevado ++
Defra, Londres (2010) cenário extremo
Subida do
Correcção
Nível do
Cartográfica
Mar
Incremento
Elevação por
Elevação
de Maré
Ondulação
Cheias
Meteorológica
(corrigido)
0.6
1.0
1.92 m
(62 eventos
em 2011)
1.2
1.3
0,16 m
(Antunes,
2011a)
2.12 m
(21 eventos
em 2011)
1.4
1.6
2,22 m
(4 eventos
em 2011)
0,40 m
0,15 m
(1 evento em 5
~ 0.20 m
(cheias
anos)
(ondulação progressivas do
frequente)
Tejo)
0,50 m
(1 evento em 25
a
+
anos)
~0.40 m
(eventos
extremos)
0,45 m
0,58 m
(“flash flood”
(1 evento em 100
nas ribeiras
anos)
urbanas)
2.0
Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas”, FA/UTL e FSHS/UNL, 2012
(articulada com a ARH-Tejo, 2010)
Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Arquivo Fotográfico de Lisboa: Artur Inácio Bastos; Paulo Guedes; fotógrafo não identificado. Modelação tridimensional de Luiza
Barone, Saul Sieiro, Ana Raquel Ferrão, Ruben Guerreiro, Ivo Nascimento, Duarte Gameiro, Mónica Fernandes, Joana Almeida)
Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Arquivo Fotográfico de Lisboa : fotógrafo não identificado; Eduardo Portugal. Modelação tridimensional de Luiza Barone, Duarte
Gameiro, Mónica Fernandes, Joana Almeida, Alexandra Hancock, Joana Caldeira, Daniela Pinto, Ruben Guerreiro, Ana Raquel Ferrão, Ivo Nascimento)
Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Arquivo Fotográfico de Lisboa: fotógrafo não. Modelação tridimensional de Luiza Barone, Deolinda Farinha, Sueli d'Avó, Ana
Catarina Cordeiro)
Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Fotografias de Filipe Jorge. Modelação tridimensional de Luiza Barone, Duarte Gameiro, Mónica Fernandes, Joana Almeida,
Joana Matias, Celso Teixeira, Cláudia Moreira, Deolinda Farinha, Sueli d'Avó, Ana Catarina Cordeiro)
Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Fotografias de Filipe Jorge. Modelação tridimensional de Luiza Barone, Saúl Sieiro, Alexandra Hancock, Joana Caldeira,
Daniela Pinto)
Levantamento funcional do edificado afetado por uma inundação ribeirinha ao atingir o tipping point da cota 4,5m. Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, 2012
Levantamento da tipologia construtiva edificado afetado por uma inundação ribeirinha ao atingir o tipping point da cota 4,5m. Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, 2012
Função dominante nos 1.225 edifícios afetados por uma inundação ribeirinha na cota 4,50m. Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, 2012
Função dominante no piso térreo nos 1.225 edifícios afetados por uma inundação ribeirinha na cota 4,50m. Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, 2012
URBANISMO E ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: NOVOS DESAFIOS
(A PROPÓSITO DAS FRENTES DE ÁGUA)
As imagens eram duras: com o presságio de um céu cinzento acima, um rio turbulento espumava
pelas traseiras, e uma multidão de pessoas – homens e mulheres – corriam contra o tempo para
se salvarem. Com a temperatura abaixo de zero e uma tempestade de neve tardia para a
primavera, os voluntários trabalhavam de forma precipitada mas eficiente para construir diques,
usando milhões de sacos de areia (…).
A inundação do “Red River” (Mississípi) de 2009 (…) foi a mais rápida inundação de sempre. A
velocidade, juntamente com os 50 centímetros de neve que caíram, esmagou os modelos de
previsão existentes (…).
Não se enganem: o aquecimento global aumenta a probabilidade de inundações como as do “Red
River”. E este fenómeno coloca uma questão central:
Se souberem que uma inundação vem a caminho, vão esperar pelo momento em que a água chegue
à vossa porta ou vão correr para a margem mais perto e começar a encher um saco de areia?
CULLEN, Heidi (2010); The Weather of the Future. Heat Waves, Extreme Storms, and Other Scenes from a Climate-Changed Planet; Nova
Iorque; Harper Collins Publishers; pp.4/5 (tradução do autor).
Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios:
Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber
Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios:
Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber
Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima
Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios:
Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber
Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima
Antecipar impactos: a agenda “what if?”
Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios:
Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber
Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima
Antecipar impactos: a agenda “what if?”
Novos horizontes temporais para o Urbanismo
Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios:
Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber
Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima
Antecipar impactos: a agenda “what if?”
Novos horizontes temporais para o Urbanismo
Um novo olhar sobre os factores de risco locais resultantes das alterações climáticas
Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios:
Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber
Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima
Antecipar impactos: a agenda “what if?”
Novos horizontes temporais para o Urbanismo
Um novo olhar sobre os factores de risco locais resultantes das alterações climáticas
Recuperar ensinamentos relativos ao desenho da cidade
Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios:
Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber
Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima
Antecipar impactos: a agenda “what if?”
Novos horizontes temporais para o Urbanismo
Um novo olhar sobre os factores de risco locais resultantes das alterações climáticas
Recuperar ensinamentos relativos ao desenho da cidade
Desenvolver soluções de inovação e criatividade no Urbanismo
Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios:
Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber
Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima
Antecipar impactos: a agenda “what if?”
Novos horizontes temporais para o Urbanismo
Um novo olhar sobre os factores de risco locais resultantes das alterações climáticas
Recuperar ensinamentos relativos ao desenho da cidade
Desenvolver soluções de inovação e criatividade no Urbanismo
Encontrar novas formas de governabilidade
4.
SOBRE O DESENHO URBANO NA ADAPTAÇÃO DAS FRENTES DE ÁGUA ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
(...) O urbanista veterano (Joe Brown) havia sido recrutado (…) para preparar um plano de reconstrução da
cidade, destruída pelo Furacão Katrina (…).
Uma parte substancial de Nova Orleans podia ser salva, disse, entre acenos e murmúrios de aprovação. Mas
aproximadamente um quarto da cidade encontrava-se em absoluta ruína e mantinha-se sob elevado risco de
inundação futura. Brown passou diagramas, sugerindo a transformação de alguns desses quarteirões em
espaços abertos.
A reacção foi rápida e severa. Um membro da Câmara acusou-o de querer “substituir excelentes bairros por peixes
e animais”, lembra-se. Uma parte dos membros da audiência levantou-se e afirmou “tudo o que queremos é
reaver as nossas casas”. Os urbanistas estavam perplexos.
(…)
(…) A colisão da ciência com a psicologia humana frustra os urbanistas, quando estes procuram proteger as
comunidades do perigo.
COUZIN, Jennifer (2008); Living in the Danger Zone; in: Science, Vol. 319, Issue 5864; p.748 (tradução do autor).
A adaptação da cidade consolidada às alterações
climáticas:
Opções conceptuais de fundo:
- Necessidade ponderar o abandono de áreas urbanas,
v/s
* Reacção das comunidades (New Orleans);
Praça de São Marcos, Veneza, nas inundações de 2 Dezembro 2008
Franco Debernardi, 2008
* Valor patrimonial (Veneza), ou;
* Opção incomportável para as sociedades (Jacarta);
- Opção de “business as usual” (Rijke, Veerbeek, et al,
2010);
- Resistência: soluções de infra-estrutura defensiva;
- Resiliência: “working with nature” (Comissão Delta,
2008)
Inundações de Jacarta de 2 Fevereiro 2007, em áreas de urbanização precária
AFP, Stringer
Hamburgo, ribeira de “Johannisbollwerk” na década de 1960, antes da construção das estruturas defensivas contra inundações, seguindo-se as três gerações de dique: a
“Baumwall”; o dique como espaço público, e; o dique multifuncional, projectado por Zaha Hadid (fotomontagem)
Fotografias do autor; Jorgen Bracker; Zaha Hadid
Vista de um sistema de dique flexível em funcionamento no Rio Meuse, Holanda.
Deltares, 2010
“Landungsbrücken”, estação fluvial de Hamburgo de 1910, adaptada para protecção contra a inundação do Elbe mediante a aplicação de uma estrutura defensiva móvel
Müller, 2010
Vistas de quatro arruamentos de Lisboa durante as inundações de 29 de Outubro de 2010, funcionando como ribeiros superficiais.
Olivério G., Tiago Ferreira, Paulo Ribeiro, Inácia Tavares
Vista da Rua 5 de Outubro, durante o temporal da Madeira de 20 de Fevereiro de 2010, com o transbordo da Ribeira de Santa Luzia para o arruamento.
Autor não identificado, 2010
Reprodução da estrutura hidrológica de
Barcelona, entre os séculos X e XI, sobre
ortofotomapa contemporâneo.
A. Martin, 1997
Barcelona, “Parc Joan Miró” e depósito subterrâneo de
águas pluviais
Clavegueram de Barcelona; Maria Matos Silva, 2010
Conceito de “praça de água”: traçado da recolha de água pluvial na “unidade de bacia” urbana e simulação do funcionamento da
praça em quatro situações climatéricas distintas, “De Urbanisten”
Boer, Jorritsma, van Peijpe, 2010
Novas formas de ocupação urbana na frente de água:
Opções conceptuais de fundo:
- O “Plano B” da cidade
- Novas formas de ocupação urbana, resilientes
a inundações
Hamburgo, operação de regeneração urbana da “HafenCity”
Fotografias do autor, 2003 e 2009; Müller, 2010
A Arca de Noé, arquétipo bíblico de estrutura flutuante.
E. Hicks, 1846
Ilhas flutuantes do Lago Titicaca, tribo Uros, construídas a partir de
vegetação autóctone.
Sebastian Valmor, 2010
“Teatro del Mondo”,
Aldo Rossi, Veneza,
1979
Casas anfíbias, construídas sobre os diques e resilientes às inundações: “Maasbommel”, Factor Architecten e Dura Vermeer, Holanda, 2004.
Dura Vermeer, 2010
Casas flutuantes, construídas em Ohé en Laak (Limburg), Holanda, Dura Vermeer, 2012
Casas flutuantes segundo o conceito
patenteado “box-in-a-box”,
Rondaywinkelaar Architecten,
Amesterdão, 2010.
Watergaten, 2011
“Floating Villa”, Finlândia, 2010
Marina Housing Ltd, 2010
SPA flutuante, Rexwal, Alemanha, 2010. Deutsche Composite GmbH, 2010
Campo de golfe flutuante para as Maldivas, Dutch Docklands e Arquiteto Koen Olthuis, Waterstudio, 2012
Piscina flutuante “Badeschiff”, Susanne Lorenz and Gil Wilk, Berlim, 2004. AMP Arquitectos, 2010
Quiosque flutuante, Lagny-sur-Marne, França, 2010. Hansen Marina Builder, 2011
Ponte flutuante das Docklands de Londres, Anthony Hunt Associates e
Future Systems (actualmente Amanda Levete Architects), 1996.
The Happy Pontist, 2010
“Yumemai Bridge”, Osaka, Japão,
Yokogawa Bridge Corporation, 2011
GEOlocations, autor desconhecido
Jardins flutuantes de Sun Moon Lake, Taiwan
Olthuis, Keuning, 2010
Jardins flutuantes , Bangladesh
António Amado, 2012
Casa-elevador de baixo custo para Dhaka, Bangladesh, 2010
Buoyant Foundation Project, Ontario
Casas-contentor flutuantes para apoio humanitário às inundações no
Paquistão, Richard Moreta, 2010
Green Container International Aid, 2010
“Swimming City”, Dura Vermeer, 2005.
A plataforma petrolífera flutuante “Nautilus”
Olthuis, Keuning, 2010; William Fox Associates
Complexo turístico flutuante Ocean Flower, nas Maldivas, Dutch
Docklands e Arquiteto Koen Olthuis, Waterstudio, 2012
Utopias I: Ecoboot, Van Beuren. Waterarchitect, 2009.
Utopias II: Sea Tree, Arquiteto Koen Olthuis. Waterstudio, 2011
Utopias III: Lilypad, Vincent Callebaut, 2008
O presente plural.
Tudo varia tanto com o tempo como com o lugar, e não podemos atribuir a nada uma qualidade invariante como a
que a ideia de estilo se pressupõe, mesmo quando separamos os objectos dos seus enquadramentos.
(…)
O estilo é como um arco-íris. É um fenómeno de percepção governado pela coincidência de determinadas
condições físicas. (…) O estilo integra-se na consideração de grupos estáticos de entidades.
Desaparece logo que essas entidades são devolvidas ao fluxo do tempo.
KUBLER, George (1990) [1961]; A Forma do Tempo. Observações sobre a história dos objectos; Lisboa; Vega; pp.175.
Terreiro do Paço, 29 de Setembro de
2011, preia-mar de 4,26m
Maria Matos Silva
Perante outras agendas curto prazo, qual é o momento para abordar a
adaptação das cidades e do território às alterações climáticas?
Perante outras agendas curto prazo, qual é o momento para abordar a
adaptação das cidades e do território às alterações climáticas?
Que uso deve dar a disciplina, no planeamento e desenho da cidade, à
informação já hoje disponível?
Perante outras agendas curto prazo, qual é o momento para abordar a
adaptação das cidades e do território às alterações climáticas?
Que uso deve dar a disciplina, no planeamento e desenho da cidade, à
informação já hoje disponível?
Nesta matéria, é ainda tempo de olhar para o lado?
Obrigado!
[email protected]
Piscina das alterações climáticas, Ogilvy & Mather, Mumbai, India. Shirin Johari, 2008
Download

Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios