Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas As frentes de água João Pedro T. A. Costa 2013-04-10 As nossas cidades mudaram mais depressa do que a nossa capacidade de ajustar o pensamento e, por essa razão, a crise actual do espaço público é devida à falta de confiança sobre o que realmente necessitamos hoje. O nosso problema não é de memória; é antes de ajustamento das nossas ideias ao que deve ser uma forma urbana apropriada, para ir de encontro à realidade contemporânea da cultura e da sociedade. O que precisamos no desenho urbano de hoje é, acima de tudo, de recalibrar as nossas ideias à actualidade do nosso tempo. (…) É no quadro destas dificuldades que um espaço se abriu na cidade, permitindo expressões de esperança para a vitalidade urbana. As frentes de água urbanas fornecem-nos esse espaço. “On the waterfront”, vemos instantes de novos paradigmas de fazer cidade, visões parciais do que as nossas cidades podem ser. Se a cidade chegar a ser olhada como um reflexo da sociedade e dos seus problemas, é, em si mesma, um problema sem precedentes. Centralizando-nos nas frentes de água urbanas, somos capazes de isolar e focalizar respostas específicas para os problemas de falta de ordem e confusão referidos. MARSHALL, Richard (2001); Waterfronts in post-industrial cities; Londres; Spon Press; pp.3/4 (tradução do autor). Primeiro enquadramento para a Lição: - A incerteza resultante da velocidade de transformação dos fenómenos e da sua compreensão. (sobre as alterações climáticas e frentes de água) A incerteza ainda é grande e é pouco provável que venha a ser reduzida. (…) É mesmo provável que, apesar dos enormes progressos, os fenómenos do século XXI se antecipem à sua previsão comprovada. OPPENHEIMER, Michael (2010); Ice Sheets, Sea Level Rise, and the Increasing Risk to Deltas; Roterdão; Deltas in Times of Climate Change (tradução do autor). Segundo enquadramento para a Lição: - O estudo de amostras, tipos ou partes do fenómeno urbano como forma de contribuir para a compreensão do seu todo: as frentes de água. (a propósito do estudo da morfologia urbana) Sem entrar em discussões sobre o conceito de cidade, podemos afirmar que esta representa uma realidade dinâmica; no estudo da cidade, não podemos fazer mais do que agrupar as questões em problemas organizados, com um aspecto e uma lógica internas. ROSSI, Aldo (s/d); Consideraciones sobre la Morfología Urbana y la Tipología de la Edificación; Barcelona; documento policopiado, ETSABUPC (tradução do autor). Sumário da Lição: 1. Sobre a transformação das frentes de água e os ciclos tecnológicos 2. Alterações climáticas e território 3. Urbanismo e adaptação às alterações climáticas, as frentes de água : Enquadramento Casos representativos 4. Urbanismo e adaptação às alterações climáticas: novos desafios (a propósito das frentes de água) 5. Sobre o desenho urbano na adaptação das frentes de água às alterações climáticas 1. SOBRE A TRANSFORMAÇÃO DAS FRENTES DE ÁGUA E OS CICLOS TECNOLÓGICOS O crescimento das cidades esteve sempre correlacionado, ao longo da história, com o desenvolvimento dos meios de transporte e de armazenamento dos bens necessários para aprovisionar quantitativos populacionais cada vez maiores, qualquer que fosse a estação do ano. Esteve igualmente correlacionado com as técnicas de transporte e de armazenamento das informações necessárias à organização do trabalho e das trocas, (…). Finalmente, a dimensão das cidades dependeu dos meios de transporte e de “armazenamento” das pessoas, em particular das técnicas de construção em altura, da gestão urbana dos fluxos e dos serviços (…). A história das cidades foi assim ritmada pela história das técnicas de transporte e armazenamento de bens (b), de informações (i), e de pessoas (p). Este sistema de mobilidade, a que chamamos “sistema bip”, está no centro das dinâmicas urbanas, da escrita à internet, passando pela roda, a imprensa, o caminho-de-ferro, o telégrafo, o betão armado, a esterilização, a pasteurização e a refrigeração, o carro eléctrico, o elevador, o telefone, o automóvel, a telefonia, etc. O crescimento horizontal e vertical das cidades tornou-se possível pela invenção e aplicação destas técnicas. ASCHER, François (2010 [2001 | 2008]); Novos princípios do urbanismo | Novos compromissos urbanos; Lisboa; Livros Horizonte; pp.21/22. A primeira industrialização: Carvão como fonte energética. Incremento da mobilidade: marítima / fluvial, caminho-deferro. Explosão dos usos portuários, com localização urbana central, mediante novos aterros (séc. XIX) em frente à cidade. Actividade industrial requer: - Terrenos planos com acesso à frente de água; - Acesso ao caminho-de-ferro e/ou porto; - Relevância do depósito em armazém de proximidade. Crescimento urbano suportado pela relação directa emprego => residência. Ruptura da relação de integração cidade-porto, até então existente. Frente de água de Duisburgo na 1ª industrialização (Ruhrort) Appelbaum, 1991 A segunda industrialização: Petroquímica como fonte energética. Incremento da mobilidade: marítima, caminho-de-ferro, viária, aérea. Porto afasta-se da cidade, com localização urbana periférica (jusante), mediante novos aterros (séc. XX). Actividade industrial requer: - Afastamento das zonas residenciais (segurança + reacção à poluição da 1ª industrialização); - Terrenos planos; - Acesso ao caminho-de-ferro e/ou porto. Crescimento urbano suportado pelo incremento da mobilidade colectiva / individual e zonamento funcional. Afastamento das funções portuária e urbana. Decadência das áreas portuárias da 1ª industrialização. Frente de água de Roterdão na 2ª industrialização (Botlek) e decadência do território da 1ª industrialização (Kop van Zuid) Meyer, 1999 Sociedade pós-industrial ou terceira industrialização ? Encontramo-nos num momento precário da nossa história. Enfrentamos perspectivas reais de um degelo económico à escala da Grande Depressão. A crise do crédito tem como componente a crise energética global e a crise da alteração do clima, criando um cataclismo potencial para a civilização. Não há outra saída: precisamos de rever radicalmente a forma como usamos a energia na nossa sociedade RIFKIN, Jeremy; CARVALHO, Maria da Graça; CONSOLI, Angelo; BONIFACIO, Matteo (2008); Leading the Way to the Third Industrial Revolution; in: European Energy Review, special edition, Dezembro de 2008; Groningen; Castel International Publishers; p.4 (tradução do autor). A terceira industrialização: Sociedade pós-carbono, desenvolvimento das “energias limpas”, alterações climáticas. Porto logístico, porto recreativo. Que novos paradigmas de mobilidade? Transformação da actividade industrial: - Deslocalização das actividades da segunda industrialização; - Nova industria tecnológica, não segregada; - Eficiência logística. Reestruturação metropolitana suportada pelas redes, policentrismo, resiliência urbana (sociedade do risco). Libertação industrial e portuária da frente de água urbana central (1ª industrialização, continuação) e periférica (2ª industrialização, novo fenómeno). Frente de água de Roterdão na 3ª industrialização (Maasvlakte II) e decadência do território da 2ªindustrialização (Merwehaven, Waalhaven e Eemhaven) Dick Sellenraad, 2008 2. ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E TERRITÓRIO Quadro n.º 1: Esquema síntese dos cenários socioeconómicos A1, A2, B1 e B2, que serviram de base ao 4º Relatório de Avaliação do IPCC. IPCC, 2007 Projeções de subida da temperatura média global, atmosférica e oceânica superficial, para diferentes cenários socioeconómicos, e projeção cartográfica do respetivo aquecimento no globo, nos horizontes 2020-2029 e 2090-2099. IPCC, 2007b, fig.3.2 Projecção cartográfica da distribuição do aquecimento global, para o cenário A1B, no Verão, no horizonte 2099 (ºC). IPCC, 2007 Subida do Nível do Mar (SLR): Resulta do aquecimento global, através de 3 processos: - Expansão térmica dos oceanos; - Degelo dos glaciares de montanhas e pequenas massas geladas; - Degelo e desintegração das massas geladas da Gronelândia e Antártico. Subsidência do solo, local/regional, contribui para o efeito da SRL em territórios específicos. Aquecimento médio global v/s SLR. IPCC, Working Group I, 2007 Recent rate: ~3 mm/year 1870/2000: ~2 mm/year SLR médio global (1870-2000). IPCC, Working Group I, 2007 Quadro n.º 2: Dados Síntese do 4º Relatório de Avaliação do IPCC, 2007 Variação da Temperatura Média (2090-2099, relativamente a 1980-1999) Subida do Nível Médio do Mar (2090-2099 relativamente a 1980-1999) Cenário Melhor Estimativa Intervalo Provável Intervalos baseados em modelos, excluindo rápidas alterações de dinâmicas futuras no degelo Concentrações de CO2 constantes (ano 2000) 0.6ºC 0.3ºC - 0.9ºC NA Cenário B1 1.8ºC 1.1ºC – 2.9ºC 0.18m – 0.38m Cenário A1T 2.4ºC 1.4ºC – 3.8ºC 0.20m – 0.45m Cenário B2 2.4ºC 1.4ºC – 3.8ºC 0.20m – 0.43m Cenário A1B 2.8ºC 1.7ºC – 4.4ºC 0.21m – 0.48m Cenário A2 3.4ºC 2.0ºC – 5.4ºC 0.23m – 0.51m Cenário A1F1 4.0ºC 2.4ºC – 6.4ºC 0.25m – 0.59m Fonte: IPCC, 2007 Dinâmica das massas de gelo continentais e SLR: Contributo potencial para a SLR a partir das massas de gelo continental: - Antárctica ocidental: ~5 m; - Antárctica oriental: ~52 m; - Gronelândia: ~ 5 m. (Michael Oppenheimer, 2010) As dinâmicas das massas de gelo constituem processos complexos. Processo dinâmico das massas de gelo. Michael Oppenheimer (NASA), 2010 Quadro n.º 3: Subida do Nível do Mar (SLR), projeções para 2100 Melhor Cenário Cenário Recomendado Pior Cenário Cenário Extremo ++ - - 2,0m 5,0m Rahmstorf, 2007* (cenários IPCC, 2007) 0,5m 0,6m (B1) – 1,0m (A1) 1,4m - Pfeffer et al, 2008 0,8m 0,8 (por defeito) - 2,0m Vellinga et al, 2009 0,55m - 1,15m - Grinsted et al, 2009 (cenário IPCC-A1b, 2007) 0,9m - 1,3m - Nicholls et al, 2010 (cenário IPCC-A1b, 2007) 0,2m 0,5m – 1,0m - - Filipe Duarte Santos, 2010 (para Cascais) 0,6m - 1,0m - Rahmstorf, 2010 (Filipe Duarte Santos, 2011) - 1,4m - - Autor Hansen, 2007 * Não considerando processos dinâmicos de alteração das massas de gelo Fonte: Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, FA/UTL e FSHS/UNL, 2012 Institution of Civil Engineers UK / Royal Institute of British Architects (RIBA) SLR médio global (1900-2000) e projeções por modelo para 2100 . Shum et all, 2008 Quadro n.º 4: Subida do Nível do Mar (SLR), projeções para 2100 Melhor Cenário Cenário Recomendado Pior Cenário Cenário Extremo ++ Defra, 2006 (Londres 2115, baseado no UKCIP02) 0,55m 1,13m 1,60m - Dutch Delta Commission, 2008 0,65m 0,85m 1,30m - Thames Estuary 2100 Plan, 2009 0,20m - 0,90m 2,7m U.S. Global Change Research Program, 2009 0,60m 0,90m – 1,20m - - New York (NYCPCC), 2009* 0,30m - 0,75m 1,08m New York (NYCPCC), 2009 (para o horizonte 2080) 1,0m - 1,4m - UK Climate Projections, 2009 0,12m - 0,82m 0,93m – 1,90m California Climate Action Team Report, 2009 (cenários IPCC, 2007) 0,6m – 1,0m (B2) - 1,0m – 1,4m (A1f1) - California Climate Adaptation Strategy, 2009 (Knowles, 2008) - 1,40m - - 0,55m 1,13m 1,60m - - 0,85m 1,20m - North Carolina SLR Assessment Report, 2010 0,4m 1,0m 1,4m - Defra, 2010 (Londres 2095, baseado no UKCIP09) 0,37m - 0,53m 0,93m – 1,90m Filipe Duarte Santos, 2010 (Cascais) 0,6m - 1,0m - Entidade / Documento Lincolnshire 2115, Atkins, 2010 (baseado UKCIP02) Climate Rotterdam 2100, 2010 * Não considerando processos dinâmicos de alteração das massas de gelo Fonte: Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, FA/UTL e FSHS/UNL, 2012 Fonte: Travis, Will 2010 3. URBANISMO E ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, AS FRENTES DE ÁGUA Dos quatro maiores impactos da subida do nível do (…) o movimento de recuo do território nas frentes de água é aquele que mais atenção atrai nos países ocidentais. Podemos responder a esta erosão de três modos. Podemos abandonar as frentes e relocalizar os edifícios e infraestruturas longe da linha costeira que se encontra em recuo. Podemos armar estas frentes com infra-estruturas defensivas. Ou podemos alimentar artificialmente e empurrar as praias em direcção ao mar. Todas estas soluções têm um constrangimento principal: são muito caras. As últimas duas têm limitações adicionais. São soluções temporárias, aceitáveis apenas para pequenas elevações do nível do mar. Além disso, a sua existência pode encorajar o aumento da densidade do desenvolvimento, tornando as respostas de longo prazo ainda mais difíceis e caras. (…) A ciência diz-nos que as frentes de água mundiais terão um aspecto diferente dentro de cem anos. PILKEY, Orrin H.; YOUNG, Rob (2009); The rising sea; Island Press, Shearwater Books; pp.159 e 182 (tradução do autor). O Urbanismo e as alterações climáticas: (Peter Calthorpe, 2010) Tem-se centrado essencialmente em perspectivas de mitigação, designadamente: - O debate entre a cidade compacta, com a sua “dieta de carbono”, e as regiões metropolitanas, “obesas em carbono”; Concurso internacional Re:Vision Dallas, solução vencedora Data + MOOV, 2009 - As diferentes formas de “comunidades sustentáveis”: * A cidade sustentável; * O bairro sustentável – ecourbanismo (Miguel Ruano, 1999); * O edifício (micro-geração, solar, solar passivo); * A orientação da eficiência energética; - As “cidades verdes”, reforçando os sumidouros. Placa Solar Fotovoltaica do Fórum Universal das Culturas Barcelona, 2004 A adaptação às alterações climáticas: Desde o 3º Relatório de Avaliação do IPCC (2001) foram avançados dados relativos a possíveis impactos territoriais, motivando estudos desagregados: - Em Portugal correspondeu ao primeiro relatório do Projecto SIAM (Santos, Forbes, Moita, 2002). Conjugação de acontecimentos precipitou a emergência desta agenda: - As ondas de choque do Furacão Katrina, em New Orleans (Agosto de 2005); - O 4º Relatório de Avaliação do IPCC (2007); - O Plano de Acção de Bali (Dezembro de 2007), reforçado pela “visão partilhada para uma acção de cooperação de longo prazo” (Acordo de Cancún, Dezembro de 2010); - O relatório “Working together with water. A living land builds for its future”, apresentado em 2008 pela Comissão Delta Holandesa. New Orleans, depois da passagem do Katrina (29 Agosto 2005) Deltares, 2010 Quadro n.º 5: Princípios Estratégicos de Adaptação às Alterações Climáticas em Frentes de Água Autor Princípios Estratégicos de Adaptação Perspetiva Inundações Flood prevention Flood protection Flood control Urbana Retreat Defend Attack Inundações (Proteção Civil) Flood prevention Flood management Post-flood Measures Costa et al, 2010 Urbana Abandonment Resistence Resilience Rijke, Veerbeek et al, 2010 Urbana Business as usual Opportunistic Adaptation Active Adaptation Bruij, Klijn et al, 2009 Peel, 2009 Deltares, 2010 Fonte: Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, FA/UTL e FSHS/UNL, 2012 Jacarta, Indonésia, Simulação 3D, sobre fotografia aérea, do impacto estimado da combinação dos fenómenos de subida do nível do mar e de subsidiência dos solos, nos horizontes 2025 e 2050, por comparação com 2005. Hadi, Susandi, et al, 2007 3. CASOS REPRESENTATIVOS: HOLANDA E ROTERDÃO As alterações climáticas impõem-se perante nós: uma nova realidade que não pode ser ignorada. As previsões de subida do nível do mar e as maiores flutuações nas descargas dos rios compelemnos para olhar longe para o futuro, para alargar o nosso horizonte e para antecipar desenvolvimentos que terão lugar mais à frente. (…) O desafio da Holanda nos próximos séculos não é apenas uma ameaça; oferece também novas perspectivas. Mudar a forma como o país é gerido cria novas opções; trabalhar com a água pode melhorar a qualidade do ambiente e oferece excelentes oportunidades para ideias e aplicações inovadoras. (…) Afinal, ‘A living land builds for the future’. VEERMAN, C.P. (2008); Foreword; ; in: Deltacommissie; Working together with water - A living land builds for its future; Wilfried ten Brinke.; pp.6/7 (tradução do autor). Esquema territorial síntese das acções nacionais do “Delta Programme” Deltacommissie, 2008 Esquema territorial do impacto estimado das alterações climáticas na Holanda, nos horizontes 2050 e 2100 Deltacommissie, 2008 Climate change adaptation: simulations Climate Rotterdam 2100 (2010) Climate Rotterdam 2100 (2010): => Delta Commission, 2008: “Working together with water. A living land builds for its future” - http://www.deltacommissie.com/en/advies - SLR scenario: 0.65 – 1.30 m, 0.85 m recommended for planning => Netherlands climate research: - http://www.climateresearchnetherlands.nl - http://www.rotterdamclimateinitiative.nl/ => Rotterdam climate proof city, 3 pillars: - Knowledge: international leading centre for water knowledge and climate change expertise - Actions: enhance city’s and port attractiveness - Positioning: innovation and knowledge as an export product => Rotterdam’s adaptation strategy: - Urban water system - Adaptative building - Flood management - Accessibility - Urban climate Pavilhão Flutuante (Delta Sync e Dura Vermeer, 2010), um dos sete projectos de disseminação da Estratégia de Adaptação às Alterações Climáticas de Roterdão, um edifício multifuncional sustentável e totalmente autónomo, exemplar pelo seu efeito emblemático. Fotografia do autor, 2010 Planta síntese da “Rotterdam Water City 2030”. Roterdam Climate Iniciative, 2010 Climate change adaptation: simulations Climate Rotterdam 2100 (2010) Water plaza, De Urbanisten, 2009 De Urbanisten and the wondrous water square, De Urbanisten, 2010 De Urbanisten and the wondrous water square, De Urbanisten, 2010 3. CASOS REPRESENTATIVOS: ESTADOS UNIDOS, SÃO FRANCISCO E NOVA IORQUE A sociedade e os ecossistemas podem adaptar-se a algumas alterações climáticas, mas isso demora tempo. A rápida velocidade e a grande quantidade de alterações climáticas projectadas para este século vão desafiar a capacidade da sociedade e dos sistemas naturais em se adaptarem. Por exemplo, é difícil e caro alterar ou substituir infra-estruturas desenhadas para as décadas passadas (tais como edifícios, pontes, estradas, aeroportos, reservatórios e portos) em resposta à continua e/ou abrupta alteração do clima. Os impactos esperados serão progressivamente mais severos para pessoas e lugares, à medida que a temperatura aumentar. (…) A humanidade soube adaptar-se à alteração das condições climáticas no passado, mas, no futuro, a adaptação vai ser especialmente desafiante porque a sociedade não se vai ajustar a uma nova constante, mas antes a situações em rápida alteração (...). O ‘timing’ e a intensidade dessas mudanças não serão sabidos com segurança. KARL, Thomas R.; MELILLO, Jerry M.; PETERSON, Thomas C. – ed. (2009); Global Climate Change Impacts in the United States; Nova Iorque; U.S. Global Change Research Program, Cambridge University Press; pp.10/11 (tradução do autor). Baía de São Francisco, em 1849 e projecção de subida do nível médio do mar de 1,0m, no horizonte 2100, correspondendo aproximadamente à inundação de todas as áreas de aterro entretanto construídas Travis, Will, 2010 Baía de São Francisco, em 1849 e projecção de subida do nível médio do mar de 1,0m, no horizonte 2100, correspondendo aproximadamente à inundação de todas as áreas de aterro entretanto construídas Travis, Will, 2010 Climate change adaptation: simulations San Francisco Bay US (2008) San Francisco Bay (2008): => San Francisco observed sea level with trend of 19.3 cm last century (California Climate Action Team Report, 2006) => SFB projected temperature warming scenarios: - Lower emissions scenario: 3.5 – 5.0 ºC - Medium emissions scenario: 5.5 – 8.0 ºC - High emissions scenario: 8.0 – 10.0 ºC => SFB projected 2100 sea level rise, reviewing IPCC4AS: (California Climate Action Team Report, 2009) - B1 scenario: 0.6 – 1.0 m - A1f1 scenario: 1.0 – 1.4 m 30 cm increase in sea level rise would shift the 100-year storm surge-induced flood event to once every 10 years => Rising Tides Design Ideas Competition, 2008: www.risingtidescompetition.com San Francisco Bay, 0.4 m sea level rise simulation Source: Travis, Will (2010) Area subject to high tide with 0.4m of sea level rise Current 100-year flood plain Climate change adaptation: simulations San Francisco Bay US (2008) Baía de São Francisco, em 1849 e projecção de subida do nível médio do mar de 1,0m, no horizonte 2100, correspondendo aproximadamente à inundação de todas as áreas de aterro entretanto construídas Travis, Will, 2010 São Francisco, Baía Sul (Silicon Valey), projecção de subida do nível médio do mar 0,4m, no horizonte 2050 1,4m, no horizonte 2100 Travis, Will, 2010 São Francisco, Baía Central, projecção de subida do nível médio do mar 0,4m, no horizonte 2050 1,4m, no horizonte 2100 Travis, Will, 2010 São Francisco, Baía Sul (Silicon Valey), projecção de subida do nível médio do mar, assinalando as áreas de desenvolvimento urbano prioritário e a infra-estrutura viária principal 0,4m, no horizonte 2050 1,4m, no horizonte 2100 Travis, Will, 2010 São Francisco, Baía Central, projecção de subida do nível médio do mar, assinalando as principais infra-estruturas e parques 0,4m, no horizonte 2050 1,4m, no horizonte 2100 Travis, Will, 2010 Climate change adaptation: simulations San Francisco Bay US (2008) Nova Iorque: áreas potencialmente afectadas pela maior inundação de cada 100 anos, incorporando critérios do IPCC (2007) Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009 0.13 m, 2020 0.33 m, 2050 0.58 m, 2080 Nova Iorque: áreas potencialmente afectadas pela maior inundação de cada 100 anos, incorporando critérios do IPCC (2007) Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009 0.23 m, 2020 0.69 m, 2050 1.35 m, 2080 Nova Iorque: áreas potencialmente afectadas pela maior inundação de cada 100 anos, incorporando as observações do degelo na subida do nível do mar Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009 Nova Iorque, Baixa de Manhattan: áreas potencialmente afectadas pela maior inundação de cada 100 anos, incorporando as observações do degelo na subida do nível do mar Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009 0.23 m, 2020 0.69 m, 2050 1.35 m, 2080 Nova Iorque, Manhattan (sul) e Brooklyn (norte): jurisdições, solo de controlo governamental e infraestruturas críticas Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009 Nova Iorque, Baía de Jamaica: áreas potencialmente afectadas pela maior inundação de cada 100 anos, incorporando as observações do degelo na subida do nível do mar Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009 0.23 m, 2020 0.69 m, 2050 1.35 m, 2080 Nova Iorque, Baía de Jamaica: jurisdições, solo de controlo governamental e infra-estruturas críticas Grady, Maroko, Patrick, Solecki, 2009 What if New York City… Design competition, 2008 => Design based on changing conditions of a hypothetical neighborhood, Prospect Shore, after a catastrophic coastal storm hits New York City: - Hit by a category 3 hurricane - 7.0 m ocean elevation - 210 km/h winds => 3 parallel tracks: what happens at the scale of the city, what happens at the scale of the neighborhood, and what happens at the scale of a household => 10 winners + 10 honorable mentions => Competition: http://www.nyc.gov/html/whatifnyc/html/home/ home.shtml => Results: http://www.whatifnyc.net/ What if New York City… Design competition, 2008 => Design based on changing conditions of a hypothetical neighborhood, Prospect Shore, after a catastrophic coastal storm hits New York City: - Hit by a category 3 hurricane - 7.0 m ocean elevation - 210 km/h winds => 3 parallel tracks: what happens at the scale of the city, what happens at the scale of the neighborhood, and what happens at the scale of a household => 10 winners + 10 honorable mentions => Competition: http://www.nyc.gov/html/whatifnyc/html/home/ home.shtml => Results: http://www.whatifnyc.net/ Nova Iorque: concurso “What if NYC?”, proposta vencedora, propondo estruturas residenciais de emergência flutuantes Garofalo, Tang, Newell, Casanega, 2008 Nova Iorque, proposta de infra-estrutura leve para transformar a “Upper Bay” numa “Palisade Bay”, em cenários de subida do nível médio do mar. Nordenson, Seavitt, Yarinsky, 2010 Maryland Department of Planning (MDP) – Sea Level Rise 3. CASOS REPRESENTATIVOS: REINO UNIDO, KINGSTON UPPON-HULL E LONDRES O futuro das cidades costeiras e estuarinas no Reino Unido é afectado por dois factores: as mudanças no ambiente físico e os constrangimentos criados pelo homem. As mudanças no ambiente físico consistem na subida do nível do mar, na diminuição do território e no aumento da frequência de tempestades. Estas tendências de longo prazo requerem adaptação urgente. O que podemos enfrentar, com efeito imediato, são os constrangimentos criados pelo homem na gestão costeira sustentável a longo prazo. Esses constrangimentos incluem recursos financeiros limitados, comunicação pouco clara entre numerosos agentes e um planeamento orientado para um horizonte temporal inapropriado. ROBINSON, Dickon; HAMER, Ben – coord. (2009); Facing Up to Rising Sea-Levels: Retreat? Defend? Attack? The Future of our Coastal and Estuarine Cities; RIBA – Royal Institute of British Architects / Building Futures, Institution of Civil Engineers; pp.5 (tradução do autor). Diagrama de governabilidade para as frentes de água britânicas Robinson, Hamer, 2009 Impacto de uma SLR de 2,0m no Reino Unido, RIBA - Royal Institute of British Architects / Institution of Civil Engineers . Robinson, Hamer, 2009 Cenários de alteração do clima e SLR no Reino Unido, Met Office. Jason Lowe et al, 2010 Kingston Upon Hull, carta de zonas de risco de inundação, 2007. Robinson, Hamer, 2009 Kingston Upon Hull, estratégia “Retreat” num cenário de subida do nível médio do mar de 2,0 m para o horizonte 2100. Robinson, Hamer, 2009 Kingston Upon Hull, estratégia “Defend” num cenário de subida do nível médio do mar de 2,0 m para o horizonte 2100. Robinson, Hamer, 2009 Kingston Upon Hull, estratégia “Attack” num cenário de subida do nível médio do mar de 2,0 m para o horizonte 2100. Robinson, Hamer, 2009 Recuar Defender Atacar Kingston Upon Hull, pormenor planimétrico e simulação tridimensional para as três estratégias, no horizonte 2100. Robinson, Hamer, 2009 Thames Estuary 2100 Plan (2009): => Climate change could lead to increases in sea level, storm surge height and peak river flows but the question is by how much => SLR in the Thames over the next century due to thermal expansion of the oceans, melting glaciers and polar ice is likely 0.2 – 0.9 m => There remains a lot of uncertainty over the contribution of polar ice melt to increasing SLR. At the extreme, SLR may be up to 2.0 m, although this is thought to be highly unlikely => Storm surge height and frequency in the North Sea is unlikely to change => Peak freshwater flows for the Thames, e.g. at Kingston, could increase by around 40% by 2080 => Without effective mitigation future generations in London and the Thames estuary may have to deal with climate change which exceeds 2.7 m extreme scenario by 2100 Londres, Risco de inundação atual no Rio Tamisa. Thames Estuary 2100 Plan, 2009 Londres, “Zonas de acção no Estuário do Tamisa”, no horizonte 2100, identificando a laranja a zona 2 – Londres Central, incluindo as subunidades “London City” e “Wandsworth to Deptford”. Thames Estuary 2100 Plan, 2009 Londres, “unidades territoriais na gestão do risco de inundações”, no horizonte 2100. Zona 2 – Londres Central, subunidade “London City” Thames Estuary 2100 Plan, 2009 Áreas prioritárias para evacuar e oferecer refugio Edifícios resilientes às inundações Edifícios resistentes às inundações Londres, “unidades territoriais na gestão do risco de inundações”, no horizonte 2100. Zona 2 – Londres Central, subunidade “Wandsworth to Deptford” Thames Estuary 2100 Plan, 2009 Áreas prioritárias para evacuar e oferecer refugio Edifícios resilientes às inundações Edifícios resistentes às inundações 3. O CASO DE LISBOA E O ESTUÁRIO DO TEJO Não há uma receita “mágica” para um planeamento de sucesso que responda aos impactos das alterações climáticas e ao risco de desastres. Não há uma sequência de medidas única, nem de instrumentos ou processos. (…) Cada exemplo ilustrativo oferece uma opção potencial. (…) Todavia, qualquer exemplo deve ser adaptado ao contexto específico de cada cidade, como parte de uma estratégia de gestão única. As nossas orientações apresentam a medida de sucesso para uma cidade resiliente baseada em quatro pontos: - Compreender as ameaças de impacto sobre a vossa cidade; - Avaliar as características e vulnerabilidades únicas da vossa cidade; - Aprender com a experiência de outras cidades, e; - Preparar um plano “your own way”. A linha comum consiste em adotar a estratégia que melhor prepare a vossa cidade para agir e reagir com efetividade aos impactos das alterações climáticas e ao risco de desastres. PRASAD, Neeraj; RANGHIEI, Frederica; SHAH, Fatima; TROHANIS, Zoe; KESSLER, Earl; SINHA, Ravi (2009); Climate Resilient Cities. A Primer on Reducing Vulnerabilities to Disasters; Washington, D.C.; The World Bank; pp.99/100 (tradução do autor). Estimativa de aquecimento em Portugal continental para o horizonte 2100, nas estações de Inverno, Primavera, Verão e Outono (temperaturas máximas). Santos, Miranda, 2006 Estimativa de variação da precipitação em Portugal continental para o horizonte 2100: variação anual e relativa às estações de Inverno e Verão. Santos, Miranda, 2006 Estimativa mensal de aumento da temperatura média anual e da variação da precipitação para Cascais, nos horizontes 2050 e 2100. Santos, Cruz, 2010 Proposta de revisão do PROT-AML: Carta de Multi-Perigos da AML. CCDR-LVT, 2011 Revisão do PDM de Lisboa, Carta de Riscos Naturais I e Antrópicos no Município de Lisboa. Câmara Municipal de Lisboa, 2011 Registo de inundação na ribeira de Lisboa, com a Praça do Comércio durante a inundação de 1945. Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa, Judah Benoliel Registo de inundação na ribeira de Lisboa, com o Cais do Sodré, diante da Estação Ferroviária, durante a inundação de 1945. Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa, Judah Benoliel Quadro n.º 7: Fatores de cálculo de inundação na ribeira de Lisboa, no horizonte 2100 (incremento relativamente à cota 0,00 da cartografia de terra) Cenários para 2100 IPCC (2007) cenário A1 Rahmstorf (2007) cenário B1 CCIAM - Portugal (2010) cenário B1 Rahmstorf (2007) cenário A1 CCIAM - Portugal (2010) cenário A1 North Carolina SLR AR (2010) cenário recomendado Vellinga et al (2009) pior cenário Defra (2006) cenário recomendado Climate Rotterdam (2010) pior cenário Comissão Delta Holandesa (2008) pior cenário Rahmstorf (2007) pior cenário California CATR (2009) A1f1 North Carolina SLR AR (2010) pior cenário Rahmstorf (2010) cenário recomendado Defra (2006) pior cenário New York CPCC (2009) pior cenário Hansen (2007) Pfeffer et al (2008) cenário extremo Thames Estuary Plan (2009) cenário elevado ++ Defra, Londres (2010) cenário extremo Subida do Correcção Nível do Cartográfica Mar Incremento Elevação por Elevação de Maré Ondulação Cheias Meteorológica (corrigido) 0.6 1.0 1.92 m (62 eventos em 2011) 1.2 1.3 0,16 m (Antunes, 2011a) 2.12 m (21 eventos em 2011) 1.4 1.6 2,22 m (4 eventos em 2011) 0,40 m 0,15 m (1 evento em 5 ~ 0.20 m (cheias anos) (ondulação progressivas do frequente) Tejo) 0,50 m (1 evento em 25 a + anos) ~0.40 m (eventos extremos) 0,45 m 0,58 m (“flash flood” (1 evento em 100 nas ribeiras anos) urbanas) 2.0 Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas”, FA/UTL e FSHS/UNL, 2012 (articulada com a ARH-Tejo, 2010) Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Arquivo Fotográfico de Lisboa: Artur Inácio Bastos; Paulo Guedes; fotógrafo não identificado. Modelação tridimensional de Luiza Barone, Saul Sieiro, Ana Raquel Ferrão, Ruben Guerreiro, Ivo Nascimento, Duarte Gameiro, Mónica Fernandes, Joana Almeida) Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Arquivo Fotográfico de Lisboa : fotógrafo não identificado; Eduardo Portugal. Modelação tridimensional de Luiza Barone, Duarte Gameiro, Mónica Fernandes, Joana Almeida, Alexandra Hancock, Joana Caldeira, Daniela Pinto, Ruben Guerreiro, Ana Raquel Ferrão, Ivo Nascimento) Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Arquivo Fotográfico de Lisboa: fotógrafo não. Modelação tridimensional de Luiza Barone, Deolinda Farinha, Sueli d'Avó, Ana Catarina Cordeiro) Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Fotografias de Filipe Jorge. Modelação tridimensional de Luiza Barone, Duarte Gameiro, Mónica Fernandes, Joana Almeida, Joana Matias, Celso Teixeira, Cláudia Moreira, Deolinda Farinha, Sueli d'Avó, Ana Catarina Cordeiro) Projecto FCT “Urbanised Estuaries and Deltas” (Fotografias de Filipe Jorge. Modelação tridimensional de Luiza Barone, Saúl Sieiro, Alexandra Hancock, Joana Caldeira, Daniela Pinto) Levantamento funcional do edificado afetado por uma inundação ribeirinha ao atingir o tipping point da cota 4,5m. Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, 2012 Levantamento da tipologia construtiva edificado afetado por uma inundação ribeirinha ao atingir o tipping point da cota 4,5m. Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, 2012 Função dominante nos 1.225 edifícios afetados por uma inundação ribeirinha na cota 4,50m. Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, 2012 Função dominante no piso térreo nos 1.225 edifícios afetados por uma inundação ribeirinha na cota 4,50m. Projeto FCT Estuários e Deltas Urbanizados, 2012 URBANISMO E ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: NOVOS DESAFIOS (A PROPÓSITO DAS FRENTES DE ÁGUA) As imagens eram duras: com o presságio de um céu cinzento acima, um rio turbulento espumava pelas traseiras, e uma multidão de pessoas – homens e mulheres – corriam contra o tempo para se salvarem. Com a temperatura abaixo de zero e uma tempestade de neve tardia para a primavera, os voluntários trabalhavam de forma precipitada mas eficiente para construir diques, usando milhões de sacos de areia (…). A inundação do “Red River” (Mississípi) de 2009 (…) foi a mais rápida inundação de sempre. A velocidade, juntamente com os 50 centímetros de neve que caíram, esmagou os modelos de previsão existentes (…). Não se enganem: o aquecimento global aumenta a probabilidade de inundações como as do “Red River”. E este fenómeno coloca uma questão central: Se souberem que uma inundação vem a caminho, vão esperar pelo momento em que a água chegue à vossa porta ou vão correr para a margem mais perto e começar a encher um saco de areia? CULLEN, Heidi (2010); The Weather of the Future. Heat Waves, Extreme Storms, and Other Scenes from a Climate-Changed Planet; Nova Iorque; Harper Collins Publishers; pp.4/5 (tradução do autor). Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios: Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios: Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios: Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima Antecipar impactos: a agenda “what if?” Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios: Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima Antecipar impactos: a agenda “what if?” Novos horizontes temporais para o Urbanismo Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios: Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima Antecipar impactos: a agenda “what if?” Novos horizontes temporais para o Urbanismo Um novo olhar sobre os factores de risco locais resultantes das alterações climáticas Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios: Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima Antecipar impactos: a agenda “what if?” Novos horizontes temporais para o Urbanismo Um novo olhar sobre os factores de risco locais resultantes das alterações climáticas Recuperar ensinamentos relativos ao desenho da cidade Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios: Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima Antecipar impactos: a agenda “what if?” Novos horizontes temporais para o Urbanismo Um novo olhar sobre os factores de risco locais resultantes das alterações climáticas Recuperar ensinamentos relativos ao desenho da cidade Desenvolver soluções de inovação e criatividade no Urbanismo Urbanismo e Adaptação às Alterações Climáticas, novos desafios: Construir uma estreita relação entre as duas áreas do saber Planear, projectar e gerir o território em cenários de (in)previsibilidade do clima Antecipar impactos: a agenda “what if?” Novos horizontes temporais para o Urbanismo Um novo olhar sobre os factores de risco locais resultantes das alterações climáticas Recuperar ensinamentos relativos ao desenho da cidade Desenvolver soluções de inovação e criatividade no Urbanismo Encontrar novas formas de governabilidade 4. SOBRE O DESENHO URBANO NA ADAPTAÇÃO DAS FRENTES DE ÁGUA ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS (...) O urbanista veterano (Joe Brown) havia sido recrutado (…) para preparar um plano de reconstrução da cidade, destruída pelo Furacão Katrina (…). Uma parte substancial de Nova Orleans podia ser salva, disse, entre acenos e murmúrios de aprovação. Mas aproximadamente um quarto da cidade encontrava-se em absoluta ruína e mantinha-se sob elevado risco de inundação futura. Brown passou diagramas, sugerindo a transformação de alguns desses quarteirões em espaços abertos. A reacção foi rápida e severa. Um membro da Câmara acusou-o de querer “substituir excelentes bairros por peixes e animais”, lembra-se. Uma parte dos membros da audiência levantou-se e afirmou “tudo o que queremos é reaver as nossas casas”. Os urbanistas estavam perplexos. (…) (…) A colisão da ciência com a psicologia humana frustra os urbanistas, quando estes procuram proteger as comunidades do perigo. COUZIN, Jennifer (2008); Living in the Danger Zone; in: Science, Vol. 319, Issue 5864; p.748 (tradução do autor). A adaptação da cidade consolidada às alterações climáticas: Opções conceptuais de fundo: - Necessidade ponderar o abandono de áreas urbanas, v/s * Reacção das comunidades (New Orleans); Praça de São Marcos, Veneza, nas inundações de 2 Dezembro 2008 Franco Debernardi, 2008 * Valor patrimonial (Veneza), ou; * Opção incomportável para as sociedades (Jacarta); - Opção de “business as usual” (Rijke, Veerbeek, et al, 2010); - Resistência: soluções de infra-estrutura defensiva; - Resiliência: “working with nature” (Comissão Delta, 2008) Inundações de Jacarta de 2 Fevereiro 2007, em áreas de urbanização precária AFP, Stringer Hamburgo, ribeira de “Johannisbollwerk” na década de 1960, antes da construção das estruturas defensivas contra inundações, seguindo-se as três gerações de dique: a “Baumwall”; o dique como espaço público, e; o dique multifuncional, projectado por Zaha Hadid (fotomontagem) Fotografias do autor; Jorgen Bracker; Zaha Hadid Vista de um sistema de dique flexível em funcionamento no Rio Meuse, Holanda. Deltares, 2010 “Landungsbrücken”, estação fluvial de Hamburgo de 1910, adaptada para protecção contra a inundação do Elbe mediante a aplicação de uma estrutura defensiva móvel Müller, 2010 Vistas de quatro arruamentos de Lisboa durante as inundações de 29 de Outubro de 2010, funcionando como ribeiros superficiais. Olivério G., Tiago Ferreira, Paulo Ribeiro, Inácia Tavares Vista da Rua 5 de Outubro, durante o temporal da Madeira de 20 de Fevereiro de 2010, com o transbordo da Ribeira de Santa Luzia para o arruamento. Autor não identificado, 2010 Reprodução da estrutura hidrológica de Barcelona, entre os séculos X e XI, sobre ortofotomapa contemporâneo. A. Martin, 1997 Barcelona, “Parc Joan Miró” e depósito subterrâneo de águas pluviais Clavegueram de Barcelona; Maria Matos Silva, 2010 Conceito de “praça de água”: traçado da recolha de água pluvial na “unidade de bacia” urbana e simulação do funcionamento da praça em quatro situações climatéricas distintas, “De Urbanisten” Boer, Jorritsma, van Peijpe, 2010 Novas formas de ocupação urbana na frente de água: Opções conceptuais de fundo: - O “Plano B” da cidade - Novas formas de ocupação urbana, resilientes a inundações Hamburgo, operação de regeneração urbana da “HafenCity” Fotografias do autor, 2003 e 2009; Müller, 2010 A Arca de Noé, arquétipo bíblico de estrutura flutuante. E. Hicks, 1846 Ilhas flutuantes do Lago Titicaca, tribo Uros, construídas a partir de vegetação autóctone. Sebastian Valmor, 2010 “Teatro del Mondo”, Aldo Rossi, Veneza, 1979 Casas anfíbias, construídas sobre os diques e resilientes às inundações: “Maasbommel”, Factor Architecten e Dura Vermeer, Holanda, 2004. Dura Vermeer, 2010 Casas flutuantes, construídas em Ohé en Laak (Limburg), Holanda, Dura Vermeer, 2012 Casas flutuantes segundo o conceito patenteado “box-in-a-box”, Rondaywinkelaar Architecten, Amesterdão, 2010. Watergaten, 2011 “Floating Villa”, Finlândia, 2010 Marina Housing Ltd, 2010 SPA flutuante, Rexwal, Alemanha, 2010. Deutsche Composite GmbH, 2010 Campo de golfe flutuante para as Maldivas, Dutch Docklands e Arquiteto Koen Olthuis, Waterstudio, 2012 Piscina flutuante “Badeschiff”, Susanne Lorenz and Gil Wilk, Berlim, 2004. AMP Arquitectos, 2010 Quiosque flutuante, Lagny-sur-Marne, França, 2010. Hansen Marina Builder, 2011 Ponte flutuante das Docklands de Londres, Anthony Hunt Associates e Future Systems (actualmente Amanda Levete Architects), 1996. The Happy Pontist, 2010 “Yumemai Bridge”, Osaka, Japão, Yokogawa Bridge Corporation, 2011 GEOlocations, autor desconhecido Jardins flutuantes de Sun Moon Lake, Taiwan Olthuis, Keuning, 2010 Jardins flutuantes , Bangladesh António Amado, 2012 Casa-elevador de baixo custo para Dhaka, Bangladesh, 2010 Buoyant Foundation Project, Ontario Casas-contentor flutuantes para apoio humanitário às inundações no Paquistão, Richard Moreta, 2010 Green Container International Aid, 2010 “Swimming City”, Dura Vermeer, 2005. A plataforma petrolífera flutuante “Nautilus” Olthuis, Keuning, 2010; William Fox Associates Complexo turístico flutuante Ocean Flower, nas Maldivas, Dutch Docklands e Arquiteto Koen Olthuis, Waterstudio, 2012 Utopias I: Ecoboot, Van Beuren. Waterarchitect, 2009. Utopias II: Sea Tree, Arquiteto Koen Olthuis. Waterstudio, 2011 Utopias III: Lilypad, Vincent Callebaut, 2008 O presente plural. Tudo varia tanto com o tempo como com o lugar, e não podemos atribuir a nada uma qualidade invariante como a que a ideia de estilo se pressupõe, mesmo quando separamos os objectos dos seus enquadramentos. (…) O estilo é como um arco-íris. É um fenómeno de percepção governado pela coincidência de determinadas condições físicas. (…) O estilo integra-se na consideração de grupos estáticos de entidades. Desaparece logo que essas entidades são devolvidas ao fluxo do tempo. KUBLER, George (1990) [1961]; A Forma do Tempo. Observações sobre a história dos objectos; Lisboa; Vega; pp.175. Terreiro do Paço, 29 de Setembro de 2011, preia-mar de 4,26m Maria Matos Silva Perante outras agendas curto prazo, qual é o momento para abordar a adaptação das cidades e do território às alterações climáticas? Perante outras agendas curto prazo, qual é o momento para abordar a adaptação das cidades e do território às alterações climáticas? Que uso deve dar a disciplina, no planeamento e desenho da cidade, à informação já hoje disponível? Perante outras agendas curto prazo, qual é o momento para abordar a adaptação das cidades e do território às alterações climáticas? Que uso deve dar a disciplina, no planeamento e desenho da cidade, à informação já hoje disponível? Nesta matéria, é ainda tempo de olhar para o lado? Obrigado! [email protected] Piscina das alterações climáticas, Ogilvy & Mather, Mumbai, India. Shirin Johari, 2008