O diretor Marista e sua gestão a serviço da missão Orientações para a formação dos diretores na América Marista O diretor Marista e sua gestão a serviço da missão Orientações para a formação dos diretores na América Marista Documento coordenado e revisado pela Subcomissão de Formação de Diretores Maristas da América Ernesto José Reyes Plaza (Província Santa Maria dos Andes) Ir. José Wagner Rodrigues da Cruz (Província Brasil Centro-Norte) Irma Zamarripa Valdez (Província México Ocidental) Ir. Luis Carlos Gutiérrez Blanco (Província América Central) Mércia Maria Silva Procópio (UMBRASIL) Reconhecimentos e agradecimentos Coordenação de partilha na plataforma cibernética: Irma Zamarripa Valdez Aporte do Brasil Marista Coordenação: Ir. José Wagner Rodrigues da Cruz e Mércia Maria Silva Procópio Grupo de redação Eder D’Artagnan Ferreira Guimarães Ir. Iranilson Correia de Lima Ir. José Wagner Rodrigues da Cruz Ir. Paulinho Vogel Maria Ireneuda de Souza Nogueira Maria Waleska Cruz Mércia Maria Silva Procópio Ricardo Santos Chiquito Revisor técnico: Ricardo Tescarolo Colaboradores Ernesto José Reyes Plaza Juan Ignacio Fuentes Ir. Luis Carlos Gutiérrez Blanco Mariano Varona Irma Zamarripa Valdez Revisores técnicos: Aldo Passalacqua Álvaro Sepúlveda Mariano Varona Leigos(as): Ana Saborio Annabel Correa Alfonso de Jesus Chavez Carlos Navajas Eder Dartagnan Ferreira Guima Raúl Amaea Raúl Cheix Desenho e diagramação: Cristian Arriola (Departamento de Desenho e Informática Setor Chile, Província Santa Maria dos Andes) 2 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO SUMÁRIO Introdução 4 CAPÍTULO 1 Chamados contemporâneos para a missão a partir do XXI Capítulo Geral 7 CAPÍTULO 2 A escola marista a caminho da nova terra: perspectivas contemporâneas 22 CAPÍTULO 3 A missão do Diretor Marista na escola de hoje 28 CAPÍTULO 4 Princípios da formação dos Diretores Maristas 34 CAPÍTULO 5 Objetivos da formação de Diretores Maristas da América 38 CAPÍTULO 6 Núcleos de formação para Diretoria Marista 41 CAPÍTULO 7 Pautas para uma metodologia da formação de Diretores 60 CONSIDERAÇÕES FINAIS 64 Referências Bibliográficas ANEXO 1 Hoje é o mais belo dos dias ANEXO 2 Chamadas para a formação de um Diretor, desde a espiritualidade 67 70 84 SUMÁRIO 3 Introdução 1. A Comissão Interamericana da Missão, em seu Plano de Ação 2002-2009, estabeleceu como um dos programas para o Continente Americano a Formação de Diretores das Unidades Administrativas Maristas. Portanto, constituiu uma Subcomissão, dependente dela, responsável por desenvolver um modelo de formação dos diretores da América, com o propósito de prepará-los para uma administração educativa alinhada aos contextos contemporâneos. 2. A Subcomissão, constituída por dois Irmãos, uma leiga e um leigo das regiões da América, começou sua tarefa envolvendo as onze províncias e dois distritos da América para um diagnóstico que subsidiou todo o percurso percorrido. A análise dos questionários evidenciou a necessidade de: (i) integração entre as Unidades administrativas; (ii) alinhamento de conceitos relacionados à administração, carisma e missão; (iii) formação humana, bíblica, teológica e marista aprofundada; e (iv) definição de políticas educacionais, ferramentas de administração e estratégias de formação que orientem o diretor marista em sua missão educativa e evangelizadora com foco nos resultados, no comprometimento com o carisma marista e suas áreas de missão. 4 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO 3. Esse diagnóstico revelou luzes e sombras nas realidades educacionais dos estados e distritos, assim como questões para aprofundar os processos formativos dos diretores. Pretendemos, ao longo do documento, fortalecer e vitalizar o que é luz para o nosso caminho; investigar as sombras e lacunas como emergências da missão do diretor, as quais exigem intervenção sistemática; e apontar orientações para os processos formativos desenvolvidos com os diretores das Américas. 4. Vemos como luzes o fato de todas as províncias e distritos terem seus setores educacionais estruturados que contam com especialistas em tempo integral para o exercício da missão no ambiente educacional; a comprovação de que há alguns programas sistemáticos que incluem pós-graduação para os gestores além da existência de variados documentos e elaborações teóricas que definem posições, instâncias, competências, funções e atribuições dos diretores. 5. São lacunas: (i) a ausência de uma política educacional desenhada em um formato complexo e sistêmico, no qual carisma, gestão e missão dialoguem constantemente, com pautas para avaliação, desenvolvimento de novas habilidades e preparação de futuros diretores; (ii) a fragilidade dos processos formativos; (iii) o acompanhamento assistemático, a ausência de estratégias de retenção de talentos e o descobrimento de novos líderes para a gestão educativa. 6. São temas que devem ser aprofundados nos processos formativos: (i) necessidade de programas sistemáticos que contemplem formação humana, bíblico-teológica, pastoral, espiritual, marista, sociopolítica; (ii) olhar sobre a cultura juvenil - protagonismo e garantia dos direitos das crianças, adolescentes e jovens; (iii) multiculturalismo e eclesialidade nas obras maristas; (iv) domínio da tecnologia educativa - a utilização dos meios sociais e a presença nos ambientes virtuais; (v) sintonia e integração dos processos de avaliação de desempenho, assim como dos resultados com planejamento a curto, médio e longo prazo; (vi) definição de estilos democráticos e horizontais de direção, de forma a favorecer a autonomia responsável, compartilhamento de responsabilidades entre Irmãos, leigas e leigos nos processos de gestão; (vii) enfoque em conteúdos básicos de gestão estratégica, como interpretação dos cenários, análise do mercado, orçamento, recursos e potencial humano, habilidade no trato interpessoal, trabalho em equipe, clima organizacional, comunicação, processo ensino-aprendizagem, gestão curricular e articulação com a comunidade educativa; (viii) conhecimento sobre Marcelino Champagnat como gestor; e (ix) formação para a consciência crítica e o comprometimento solidário-formal. INTRODUÇÃO 5 7. O processo de formação dos diretores das escolas maristas das Américas será definido em função da missão e de seu comprometimento fundamental com a evangelização e com uma educação de qualidade, que forme integralmente pessoas humanizadas e humanizadoras, que deem respostas em espaço e tempo contemporâneos, visando transformações eclesiais e sociais significativas. Para dar visibilidade e corpo à Missão Educativa Marista em nossos ambientes educacionais, acreditamos que alguns elementos explicitam a missão e a dinâmica de vida dos diretores, que “são desafiados a serem pessoas de visão, a viver o núcleo dos valores maristas e a guiar outros em vivê-los”.1 A essência do diretor marista, mais do que fazer, deve profetizar a missão com base no zelo para o uso evangélico dos bens, do cuidado com a missão fundamental e da vivência do Carisma. 1 Missão Educativa Marista, 164 6 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO CAPÍTULO 1 Chamados Contemporâneos para a Missão a partir do XXI CapÍtulo Geral Sentimo-nos impulsionados por Deus a partir para uma nova terra, que favoreça o nascimento de uma nova época para o carisma Marista. (Documento do XXI Capítulo Geral) 8. O nascimento de uma nova época para o Carisma marista exige que compreendamos as realidades da sociedade contemporânea e as realidades das múltiplas infâncias e juventudes. 9. O mundo contemporâneo apresenta contradições, paradoxos, possibilidades e potencialidades. Somos uma sociedade marcada por um alto desenvolvimento tecnológico, modelos econômicos excludentes, rompimento das fronteiras, desterritorialização dos sujeitos, multiculturalidade, novos diálogos religiosos, fundamentalismo, insustentabilidade da atual ordem socioecológica, novas infâncias e juventudes, economia solidária, mercado justo, consciência ecológica, busca da espiritualidade, globalização, sociedades emergentes, sociedades em decadência, novas sociedades, novas relações de trabalho, novas configurações educacionais e organizacionais. 10. O mundo contemporâneo parece se caracterizar pela ênfase em alguns valoreschave: equidade, democracia, justiça social, multiculturalidade, internacionalidade, solidariedade, espiritualidade, empreendimento, criatividade, ecologia, diversiCapítulo I 7 dade, sustentabilidade. São os desafios e oportunidades para evangelizar que nos apresenta o mundo de hoje. 11. Para o Instituto Marista, a missão nesta contemporaneidade envolveu a construção de novas relações marcadas por um novo sentido de vocação e de missão em que Irmãos e leigos compartilham da mesma forma uma autonomia responsável. Ambos contribuem de forma específica e complementar no desenvolvimento dos diferentes aspectos da missão, e com base nessa realidade, vêm desenvolvendo novos caminhos de espiritualidade e vida compartilhada. Essa corresponsabilidade fica mais intensa à medida que a liderança, a capacitação e a integração da espiritualidade sejam mantidas em consistentes processos de formação e de crescimento ao longo de toda a vida, “em torno da mesma mesa”. 12. A complexidade desses cenários e seus efeitos, especialmente sobre as pessoas e sujeitos em situação de vulnerabilidade, questionou os Maristas de Champagnat a projetar sua missão em resposta aos desafios da contemporaneidade e às vozes das crianças, adolescentes e jovens, o que resultou no XXI Capítulo Geral como uma diretriz para “atuar com urgência para encontrar formas novas e criativas de educar, evangelizar e defender os direitos das crianças e jovens pobres, mostrando solidariedade com eles”.2 13. O Irmão Emili Turú (2010), Superior Geral, citando um dos protagonistas da obra A Tempestade, de Shakespeare, nos lembra que “somos feitos do mesmo material usado para tecer nossos sonhos”; “somos o que sonhamos ser”. A pergunta sobre a identidade faz sentido. No entanto, permanece a convicção de que a identidade nos foi dada pelo “somos”[…], e, principalmente, pelo que sonhamos ser. “Nossa identidade é definida mais pelos nossos projetos que por nossas realizações, mais por nossos sonhos que pela nossa realidade”.3 Falar sobre identidade, portanto, é falar sobre a missão que nos define: conhecer Jesus Cristo e torná-lo conhecido, amado e seguido, especialmente pelos nossos destinatários: crianças, adolescentes e jovens pobres. Somos chamados à conversão, caracterizados pela sensibilidade singular em situações de miséria, pobreza e injustiça que maculam a sociedade e para dar respostas individuais, coletivas e institucionais efetivas. Somos chamados para fazer a mudança com que sonhamos e para provocar que o sonho seja convertido em realidade na terra em que vivemos. 2 Documento do XXI Capítulo Geral 3 ROMERO RODRIGUEZ sj, José J. (2007), “Misión de Una Universidad jesuíta: retos y líneas de futuro [Missão de uma Universidade jesuíta: desafios e linhas do futuro”. Revista de Fomento Social nº 247, jul-set 2007, p. 393-418, citado pelo Irmão Emili Turú no discurso “Alguns sonhos para o futuro das IES maristas” no IV Encontro do conselho de reitores e representantes da rede marista internacional de instituições de educação superior. Porto Alegre, 7 de outubro de 2010. 8 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO 14. Neste sentido, entendemos a missão marista em quatro dimensões intrínsecas, decorrentes da espiritualidade e alimentadas por ela: Espiritualidade e identidade marista como ambiente para as dimensões EDUCAÇÃO DEFESA DOS DIREITOS EVANGELIZAÇÃO SolidaridadE Nota: A espiritualidade marista é o elemento básico que integra e nutre as dimensões da missão, proporcionando uma identidade particular e gerando uma forma de interpretar e viver a missão no conjunto da vida cristã. As dimensões, como a educação, a evangelização, a solidariedade e a defesa dos direitos das crianças mostram elementos da missão e as expressam de maneira diferenciada, mas integradora. Vinculam-se mutuamente ao Carisma e ao momento atual. É imperioso enxergar a figura de forma sistêmica e não linear, como a vida mesma, em forma dinâmica e integral. É a leitura dos desafios ou “horizontes de futuro” da missão, fruto do XXI Capítulo Geral. 15. Para nos interiorizar na identidade da Espiritualidade Marista, que é determinante para entender nossa atuação no mundo contemporâneo, convidamos a que todos os diretores maristas das Américas se apropriem dos anexos deste documento, onde serão delineadas concepções não perfunctórias que serão os eixos centrais da respectiva formação e atuação. Dimensão da educação 16. A educação é, para nós, espaço e tempo privilegiado de evangelização e promoção humana.4 Reafirmamos que a educação de qualidade, libertadora e transforma4 Água da Rocha, 146 Capítulo I 9 dora é direito das crianças, adolescentes e jovens, a qual garante outros direitos. Defendemos uma educação que cristalize a cidadania ativa e a rigorosa formação humano-científica combinada com notáveis desempenhos acadêmicos, com princípios e valores aprofundados em nossa Missão Educativa Marista e organizados em um currículo em sintonia com as exigências formativas das atuais infâncias e juventudes. Promovemos uma educação que articula conhecimento, cultura, sentido, fé e vida estimulando o protagonismo infantojuvenil por parte dos educadores e, principalmente, dos gestores. 17. Historicamente, adotamos um conceito de escola tradicional e linear, que incluía as relações humanas, a sociedade e o mundo. O mundo é um projeto em movimento, e os seres, objetos e tecnologias dialogam dinâmica e simultaneamente; portanto, os desenhos, o ambiente e a arquitetura educativa devem acompanhar o movimento do mundo de forma fluida, criativa e inteligente. Neste momento, existem muitos fatores que ainda não foram suficientemente entendidos pela nossa escola marista: as novas formas de comunicação, artes, relações interpessoais, sexualidades, masculinidades, feminilidades, línguas, músicas, simbologias, esportes, roupas, expressões das várias tribos e grupos de jovens, lazer, entretenimento, jogos, expressões de fé. Esses fatores apenas podem ser interpretados no universo plural, espaço-tempo em que a escola está concretamente inserida. 18. Para que a escola marista cumpra com sua função social e missão educativa evangelizadora é necessário que seus ambientes, currículo e processos pastorais pedagógicos estejam focados nas necessidades e urgências das múltiplas infâncias, adolescências e juventudes, de modo que produza em seus contextos um estilo de educação significativa para os estudantes, que lhes garantam rotas formadoras complexas, multirreferenciais e multiculturais; que impulsionem o diálogo entre gerações e com a comunidade local; que facilitem a interação e interconexão entre redes de saberes, conhecimentos e valores necessários para a compreensão e interação com e na sociedade contemporânea. Além disso, na perspectiva dos estudantes como interlocutores da missão, exige-se que sejam utilizados os diferentes meios e redes sociais como ferramentas de ensino-aprendizagem e espaço de interlocução afetiva de relacionamento, cultural, eclesial e de produção de conhecimentos. Requer-se ainda uma educação que forme “pessoas de verdade e felizes”, comprometidas com a construção de um novo modelo de civilização e com uma cidadania planetária. 19. A educação marista é vivida num espaço-tempo dialógico. O processo educacional é uma relação de vozes expressas pelos alunos, docentes, diretores, pais e diferentes atores comunitários e sociais. Restritamente, a educação é um diálogo entre do10 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO centes e alunos, no qual devem ser resgatadas a voz e a palavra de todos eles. Os alunos contribuem como agentes e como destinatários revelando seu pensamento, sua sensibilidade e sua realidade. O diálogo é o espaço para a mútua compreensão, a interação e o crescimento como pessoas. Não há educação sem diálogo respeitoso, que seja tolerante, produtivo, criativo e pleno de sentido. Trata-se do diálogo que alimenta nossa sustentabilidade e perenidade da missão. 20. O espaço para o lazer, o tempo livre na educação são uma oportunidade para o desenvolvimento da criatividade. O lazer é hoje um estratégico fator da vida social dos jovens. As artes, o esporte, a socialização, em grupos ou redes, a diversão oferecem interessantes subsídios para o desenvolvimento da criatividade e chances para que o espaço educativo responda aos desafios que nos apresenta a cultura da juventude atual. Esse lazer deve ser um local de convivência sadia entre todos os atores do sistema educacional. 21. O diretor-educador expressa o melhor e mais nobre da sua profissão e do seu ser. É um construtor de identidades e de potencialidades. Libera a energia positiva e orienta seu crescimento, cultiva o caráter e a personalidade, ao mesmo tempo em que desenvolve os valores. Dessa maneira se converte em guia do crescimento de sua comunidade e educador no sentido mais amplo. 22. Destacamos que a educação marista, por ser uma educação realmente integral, deverá garantir processos de educação na fé, de corporeidade, de afetividade do pensamento, de sabedoria que promove o saber com sabor, traduzidos numa pedagogia das pessoas no estilo de Maria – toda de Deus e tão humana – e uma pedagogia da presença: afeto, diálogo, proximidade, respeito mútuo, autoridade, ética como a extensão da pessoa de Maria. 23. Destacamos também a necessidade de que a educação marista promova o desenvolvimento de múltiplas competências de seus estudantes, como as mencionadas a seguir. Competência das culturas religiosas 24. A competência religiosa consiste na possibilidade de realizar uma interpretação religiosa do mundo. Essa competência tem quatro dimensões fundamentais: sensibilidade religiosa ou aptidão para perceber a dimensão afetiva da realidade; definição de conteúdo acerca de uma opção religiosa da qual pode ser feita a interpretação do mundo; comunicação religiosa ou aptidão linguística para expressar com precisão o conteúdo de suas opções; e comportamento expressivo das atitudes religiosas, ou de Capítulo I 11 aptidão, também para expressar, tanto de forma litúrgica quanto na maneira de participação na ação eclesial. Essa competência ajuda a realizar, por sua vez, um diálogo com a diversidade religiosa do mundo, com uma atitude respeitável, pluricultural e inter-religiosa. Competências acadêmicas 25. Envolve a construção, investigação, sistematização e comunicação de saberes, conhecimentos, tecnologias configuradas como conteúdos curriculares (conjunto de conceitos, discursos, valores, condicionantes socio-históricos do objeto de estudo). São incluídas as perspectivas científicas, o método para compreender a realidade e explicar os fenômenos naturais, sociais, humanistas para o desenvolvimento da personalidade e da sociedade. O arcabouço acadêmico deve estar a serviço do mundo sociocultural. Competências tecnológicas 26. Incluem a apropriação e gestão de artefatos, produções culturais que geram e articulam significados, formas de conhecer e de interação com indivíduos em todo o mundo e com o mundo, além da gestão das novas tecnologias da informação e da comunicação. Competência ético-estética 27. Envolve a construção de valores e atitudes na perspectiva ética e estética, fundamentados no Evangelho e concretizados no desenvolvimento de uma cultura do cuidado, da solidariedade e da paz, e na promoção e defesa dos direitos humanos. Competência Política 28. Inclui a mobilização de conhecimentos, habilidades e valores para a intervenção nos espaço-tempo sociais, com base na análise crítica de diferentes concepções e projetos, em uma postura ética. Compreende também a capacidade de participar dos processos de negociação e de decisão em diferentes âmbitos. Inclui a participação de crianças e jovens na vida escolar (serem ouvidos, terem oportunidades de participação e diálogo democrático…), gerando espaços de protagonismo ativo e construtivo do acontecer educativo evangelizador, atuando como interlocutores relevantes desses processos sinérgicos na busca do bem comum. 12 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Competência filosófica 29. Trata-se de aprender a pensar de forma autônoma e crítica. Sentir a plenitude, significar a sua essência, sua existência, modos de relação com e no mundo. Se perguntar sobre o sentido das coisas e da vida, e banhar-se de atitudes e comprometimentos que levam ao cuidado com o etos da vida. Competência para o empreendimento social 30. Inclui a identificação das atividades que conduzem à iniciativa social, cultural e de trabalho para propor saídas aos desafios atuais. O empreendimento social mobiliza a atitude das pessoas para desenvolver possibilidades no campo econômico, político, produtivo, cultural que gerem melhores condições de vida e de integração social. Inclui a formação do trabalho para obtenção de ferramentas cognitivas e de valor para serem inseridas de forma construtiva e de serviço no cenário social atual. Competência para a liderança de serviço 31. Envolve o desenvolvimento da capacidade de liderança dentro da comunidade educativa e fora da comunidade circundante. A liderança que supõe visão de futuro, domínio de ferramentas de crescimento pessoal e atitude proativa, cujo modelo é o testemunho de serviço do próprio Jesus, Maria e de Champagnat. Supõe reorientar o sentido de autoridade e poder para criar uma comunidade dinâmica com valores transcendentais e que gerem sua plataforma para promover o desenvolvimento dos direitos. O diretor deve intencionar aprendizagem em que seus alunos se formem direcionando seus olhares no que está acontecendo dentro e fora das paredes da sua escola, que é onde essa competência e os ideais de Champagnat terão ainda mais sentido e vitalidade. Competência socioecológica 32. Todos estão chamados a resguardar a mãe Terra, entendida como uma casa comum de quem devemos cuidar e proteger, já que ela é quem nos irá ajudar a cultivar vida ou provocar morte. Essa casa deve ser amada em formato inclusivo que garanta vida e dignidade de todas as pessoas, e para todo ser que vive e respira. É um princípio novo que nos faz corresponsáveis com o nosso Criador e, por isso, a que devemos dar sustentabilidade. Seus componentes devem estar harmonizados nessa casa comum. A mãe Terra e a escola devem gerar sentido de pertencer a ela. Capítulo I 13 33. Além do desenvolvimento dessas competências por parte da comunidade escolar marista – gestores, educadores, docentes, estudantes -, também destacamos alguns aspectos que consideramos relevantes na educação marista e para os quais será necessário ter empenho, comprometimento e desenvolvimento de estratégias de gestão educativa. a. b. c. d. e. f. g. h. Políticas de inclusão, permanência e êxito dos estudantes; novos ambientes e arquiteturas de ensino; atenção às realidades dos indivíduos e das culturas; educação nos Direitos Humanos e na Solidariedade; educação para a urbanidade e para a convivência na cidade e no campo; educação para a formação do caráter, para a justiça e para a equidade; valoração do patrimônio cultural e natural; e desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas complexas. Dimensão da evangelização 34. Compreendemos todo o sentido das Boas Notícias do Reino de Deus, no Instituto Marista a partir de Jesus, Maria e Champagnat. 35. Jesus de Nazareth, judeu, anawin, expressa o amor de Deus pela humanidade nas atitudes, nos relacionamentos, nas transgressões, nos ensinamentos, na sua forma de educar, no testemunho da sua vida, paixão, morte e ressurreição. Ele é, e mora intensamente nas três dimensões do Evangelho: (i) a missão, entendida como pastoreio, valoração da vida, liberação dos oprimidos, convite à conversão; (ii) a comunidade, local de comunhão, inclusão, convivência marcada pela solidariedade, acolhida diferença, saciedade da fome ao redor da mesma mesa, compartilhamento da vida e da fé; e (iii) o Reino, tempo presente e futuro, vivência das bem-aventuranças, sentido diário da nossa felicidade, utopia dinâmica e permanente. 36. Maria “é o exemplo vivo de discípula e seguidora de Jesus, que acolhe a Palavra de Deus com fé, medita e acolhe-a no coração e a pratica produzindo bons frutos. Maria , por excelência, a peregrina da fé. O sim, pronunciado com convicção no início da juventude, é renovado muitas vezes ao longo da vida. Ela passa por crises e situações desafiadoras, que a fazem crescer e caminhar sempre mais na direção do Senhor. Essas características de Maria inspiram atitudes de vida de cada cristão e da igreja. Sentimo-nos chamados a sermos discípulos(as) fiéis de Je- 14 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO sus, que ouvem, acolhem, preservam no coração e praticam sua Palavra. Renovamos nosso sim, mesmo no meio de crises, pois sabemos que somos bem amados de Deus. Como Maria, alimentamos um coração agradecido a Deus, a quem o louvamos pelo bem que Ele realiza em nosso meio e através de nós”.5 37. Marcelino Champagnat era um homem apaixonado por Jesus, por Maria e pelas crianças e jovens. Reconhecido pelos Irmãos como pai amoroso, compartilhava com as pessoas. Cuidado, amor, entusiasmo e energia contagiavam a todos. Sua vida e espiritualidade eram alimentadas pela experiência de ser amado por Deus, pela consciência da sua Presença, pela confiança inquebrantável na proteção de Maria e pelo apostolado. Era um homem com audácia, simplicidade, profecia e esperança. Traduziu na sua vida o Evangelho de Jesus Cristo com ardor apostólico, amor à igreja e ao trabalho, laços familiares e comprometimento com as crianças e jovens da sua época. Foi um homem de simbiose entre humanidade e santidade: íntegro, disponível à graça de Deus, interiorizado na paz e na harmonia. 38. Essas três pessoas nos inspiram uma concepção e estilo de evangelização que comunga com as realidades dos indivíduos e do mundo, e apresenta Jesus como Maestro Divino, modelo de humanidade plena e fonte inspiradora de vida, convivência e presença profética no mundo. Somos chamados a segui-Lo e dar testemunho da sua missão promovendo uma evangelização libertadora e comprometida com a transformação social. Para isso, assumimos como características da evangelização marista (i) o serviço, a justiça e a paz; (ii) o testemunho da comunhão eclesial;(iii) o diálogo intercultural, ecumênico e inter-religioso; (iv) o anúncio de Jesus Cristo e da sua mensagem; e (v) a celebração da vida e da Palavra. 39. O sentido da evangelização é promover o encontro com Jesus Cristo. Não se consubstancia em mera abstração, porque Jesus é o caminho no qual as crianças e os jovens podem praticar a experiência do amor de Deus na sua vida para segui-Lo, como discípulos missionários, de acordo com seu projeto de vida, nas várias realidades em que estão inseridos. Com relação aos jovens, que são uma opção preferencial da Igreja da América,6 a evangelização deve mostrar “a beleza e a sacralidade de sua juventude, o dinamismo que ela comporta, o comprometimento de que ela emana, além da ameaça do pecado, da tentação do egoísmo, do ter e do poder, e, assim, auxiliar também na conscientização de tudo o que procura fazer dano a esta obra de Deus.7" Reconhecemos as crianças e os jovens como realidade teológica na 5 Murad, Afonso. Maria, toda de Deus e tão humana, p. 65 6 Conferencia de Puebla, 1979. 7 CNBB, Documento 85. Capítulo I 15 qual as sementes do Verbo estão presentes e que também nós, gestores e diretores, precisamos aprender a ler e desvelar. 40. Consideramos essencial assumir, no processo de evangelização das crianças e dos jovens, os seguintes aspectos: a. b. c. d. e. f. g. h. i. realidades das crianças e dos jovens como espaço-tempo da evangelização; trajeto formativo integral e processual de gestores, educadores, crianças e jovens; diálogo entre fé e razão contribuem para a formação da consciência crítica; metodologia que favoreça a experiência pessoal, comunitária e eclesial; utilização de múltiplas linguagens, meios e tecnologias; cultivo da mística e da espiritualidade apostólica e mariana; acolhida às diferentes concepções e expressões de religiosidade e de fé; corresponsabilidade no Processo de Educação na Fé das crianças e jovens; e aprofundamento da eclesialidade e da experiência pastoral vinculadas às realidades socioeconômicas, culturais e eclesiais. Dimensão curricular da evangelização 41. Um dos elementos que articula a educação de ensino é, sem dúvida alguma, o currículo, entendido como a seleção de todas as aprendizagens que os alunos devem alcançar ao longo da sua permanência no sistema. 42. A educação evangelizadora marista, para atingir seus objetivos educacionais, requer, em consequência, plasmar-se em instrumento que explicite as intenções educacionais que devem orientar o trabalho de todos os agentes comprometidos na missão institucional. O currículo evangelizador marista é este instrumento. 43. O currículo marista explicita as interrogações essenciais aos que deveria dar resposta, analisadas com base no evangelho de Jesus Cristo, interpretado à luz do carisma de Champagnat. Permite organizar a ação educativa de maneira coerente integrando os diferentes âmbitos de seu princípio vital, em consonância à missão institucional. 44. Os processos educacionais impulsionados de acordo com o currículo marista permitem fazer efetiva a opção evangelizadora da congregação em cada um dos centros educativos do continente, conforme se segue. a) Formação cristã: dar um sentido de vida baseado na pessoa de Jesus e seu evangelho, é o objetivo fundamental de uma educação evangelizadora, portanto, da 16 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO educação marista. Aqui estão definidos todos os processos que permitirão concretizar a missão congregacional. b) Formação em solidariedade: estão estabelecidos os processos que permitirão o desenvolvimento da consciência social e o comprometimento com a justiça que deverão atingir os alunos numa escola marista. Numa sociedade em que são percebidas discriminações e desigualdades, apesar do crescimento em nível macroeconômico, a educação evangelizadora marista procura criar consciência da igualdade essencial de todos os seres humanos e a necessária implementação de uma organização social que construa uma sociedade de irmãos, todos convidados à mesma mesa. c) Formação acadêmica: organiza a implementação do currículo de acordo com os planos e programas de estudo vigentes adaptados à realidade de cada colégio marista e de acordo com as opções próprias das Congregações para concretizar a educação evangelizadora na sala de aula. Procura-se criar nos alunos uma atitude expectante perante a realidade do cosmos e dos seres humanos e labora para desenvolver aprender a aprender, ferramenta para toda a vida no mundo globalizado e de mudança. d) Formação para cidadania: explicita os processos de ensino-aprendizagem que permitem estimular o comprometimento dos estudantes maristas com o seu contexto e com as diferentes dimensões que definem o cidadão envolvido com a transformação social de acordo com os valores do Reino. Não são suficientes aulas de formação cívica. É necessário programar a participação em todas as instâncias e conforme o grau de desenvolvimento pessoal de cada estudante. Os organismos representativos dos alunos são instâncias legitimadas, mas que devem ser acompanhadas de uma atitude de cada diretor que outorga espaços de liberdade e participação aos estudantes como pessoas e como grupo. Dimensão da solidariedade 45. O XXI Capítulo Geral referendou a urgência de ser uma presença forte e significativa entre as crianças e os jovens pobres de ver o mundo com os próprios olhos para mudar nosso coração e atitudes. “Sentimo-nos impulsionados a atuar com urgência para encontrar novas e criativas formas de educar, evangelizar e defender os direitos das crianças e jovens pobres, mostrando solidariedade com eles.” 8 46. O Irmão Emili Turú, Superior-Geral, nos lembra que, como Instituição Marista, 8 Documento do XXI CG Capítulo I 17 temos o privilégio da presença entre as diferentes faixas sociais; reafirma nossa preferência pelas crianças e jovens que estão marginalizados pela sociedade; e lembra que “Deus nos convida, por meio do testemunho profético da nossa presença e ação, para sermos pontes que favoreçam o encontro, o diálogo, a solidariedade e a justiça social, reduzindo as distâncias e as diferenças entre ricos e pobres em todos os contextos da nossa missão”. 47. O Documento “Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos” afirma nosso comprometimento de colaborar não apenas na superação das situações de vulnerabilidade pessoal e social, assim como das desigualdades sociais que ameaçam a dignidade e a vida das crianças e dos jovens. 48. Tem pleno sentido aplicar o adjetivo “marista” ao valor universal da solidariedade, pelo estilo e as matizes próprias que lhes imprimem Maria de Nazaret e Marcelino. De acordo com a da mesma experiência fundacional de Champagnat, a solidariedade tem sido um pilar-chave da espiritualidade marista. Eles e muitos outros Irmãos, leigos e leigas maristas, são nossos modelos no momento de enxergar a realidade com olhos atentos, ficar indignados perante o atropelamento da dignidade de nossos irmãos e abrir novos caminhos com humildade, criatividade e decisão sem temer os riscos. 49. Tal como afirmou João Paulo II, a solidariedade não é “um sentimento superficial pelos males de tantas pessoas, próximas ou distantes. Pelo contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; isto é, pelo bem de todos e cada um, para todos nós sermos verdadeiramente responsáveis por todos” (Sollicitudo Rei Socialis, 1987, nº 38). Como citado no Documento “Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos”, no nº 287, “A solidariedade é a determinação firme e perseverante de se comprometer com o bem comum, isto é, com o bem de todos e de cada um, porque todos somos verdadeiramente responsáveis por todos - interdependentes". 50. O Documento “missão marista de solidariedade nas Américas” constitui uma percuciente contribuição ao caminho de busca e discernimento em que está comprometido o Instituto Marista. Esse aporte representa uma resposta concreta aos delineamentos do XXI Capítulo Geral, que nos convoca a “enxergar o mundo com os olhos das crianças e jovens pobres” e a “ser expertos na evangelização de meninas, crianças e jovens, e expertos na defesa de seus direitos”. 51. Em seu nº 520 nos convoca: “A riqueza de elementos que emergirão neste processo de escuta nos interpela a pensar e repensar nossa prática solidária em sintonia com 18 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO o chamado do XXI Capítulo Geral de ser 'uma presença fortemente significativa entre as crianças, adolescentes e jovens pobres' e encontrar 'formas novas e criativas de educar, evangelizar e defender seus direitos, mostrando solidariedade com eles’. É complementado nos nos 944 e 950. 52. “Assim, nosso comprometimento solidário se fundamenta na Boa Nova de Jesus Cristo. A Doutrina Social da Igreja, os Documentos internacionais e institucionais maristas acerca dos Direitos iluminam hoje a opção Marista e impulsionam nossa presença junto aos empobrecidos e nas regiões de fronteira onde a vida está ameaçada a partir de sua concepção” (nº 944). 53. “Animamos e impulsionamos maior participação em experiências significativas de solidariedade, individuais e comunitárias, que contribuem à superação da pobreza e à desigualdade, e à defesa e promoção dos direitos das crianças e jovens” (nº 950). 54. E, finalmente, no nº 1005: “Aceitamos o desafio de chegar a ser expertos na evangelização das crianças e jovens pobres das Américas e na defesa de seus direitos, e nos comprometemos a enxergar o mundo com seus olhos e assim mudar nosso coração e atitudes como fez Maria (XXI Capítulo Geral)”. 55. Reconhecemos que, no atual modelo de civilização e socioeconômico, as crianças e os jovens são os mais vulneráveis e os que sofrem as piores consequências da exclusão, da pobreza e da miséria, da exploração humana e da violação de direitos. Em tal sentido, educamos na e para a cultura da solidariedade, compreendida como garantia e promoção dos direitos humanos e comprometimento com a construção de outro mundo possível. 56. São princípios para a solidariedade marista nas Américas:9 a. A construção de trajetos inovadores de solidariedade, de novas utopias e de presença em novos espaços. b. A concepção de crianças e jovens como indivíduos de direito que escutam suas vozes e comprometimento com os que estão em situação de vulnerabilidade pessoal e social. c. O desafio de superação das desigualdades sociais e erradicação da pobreza, com base na diversidade cultural e pluralidade dos contextos nas Américas. d. A solidariedade como valor e comprometimento evangélico em defesa da vida em todas suas formas. 9 Documento “Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos”, Capítulo 5. Capítulo I 19 e. A dimensão profética e mariana da solidariedade. f. A atuação em redes e incidência em políticas públicas para a promoção e defesa dos direitos das crianças e dos jovens. Dimensão da defesa dos direitos das crianças e dos jovens 57. O documento final da Assembleia Internacional da Missão Marista (2003), realizada em Mendes(RJ), expressa uma visão de futuro na qual interagem cinco elementos: a revolução do coração, a conversão, a presença marista na evangelização, a educação marista e a defesa e promoção dos direitos das crianças e dos jovens – advocacy (promoção e defesa dos Direitos Humanos). O XXI Capítulo Geral confirmou esses elementos em suas urgências, princípios e propostas de ação. 58. Advocacy é constituída como uma dimensão nova da missão marista, que exige de nós novos trajetos, movimentos e deslocamentos em direção profética para essa nova terra. Nossa missão se expande além de espaços e muros maristas e nos leva a agir em organizações locais, nacionais e internacionais de defesa, tecendo uma grande rede positiva de transformação das realidades sociais das infâncias e juventudes. No contexto marista, a Fundação Marista de Solidariedade Internacional (FMSI) articula as Unidades Administrativas em torno desse tema e representa nas Organizações das Nações Unidas (ONU) nossa posição em favor da defesa e promoção dos direitos das crianças e dos jovens a qual contribui para a superação da realidade de violação em nível internacional. 59. Advocacy pelo direito das crianças e dos jovens exige que as instituições maristas e as Unidades Administrativas empenhem seus esforços para compreender o campo dos direitos; formar pessoas, especialmente gestores e educadores para incidir em políticas afirmativas e atuar em e com redes de direitos; redimensionar a escola como espaço-tempo de promoção e defesa; modelar os currículos de ensino na perspectiva dos Direitos Humanos; denunciar as violações aos direitos das crianças e dos jovens; e nos comprometer com a elaboração e implantação de políticas institucionais, e adesão a políticas públicas com esse enfoque. 20 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO 60. Essa proposta de ação implica: a. o reconhecimento das crianças, adolescentes e jovens como indivíduos de direito e prioridade absoluta; b. a adesão à doutrina de Proteção Integral da ONU para a infância; c. a articulação com a rede de proteção integral das crianças; d. a garantia do direito à participação das crianças e dos jovens em múltiplos espaços políticos, sociais, eclesiais, governamentais, legais e maristas; e. a denúncia das injustiças e violências contra as crianças, adolescentes e jovens; f. a presença marista nos espaços estratégicos de propostas de políticas públicas para as infâncias e as juventudes; g. a criação de redes de cooperação e interação entre os gestores das Américas para a atenção às crianças, aos adolescentes e jovens, além da promoção de seus direitos. Capítulo I 21 CapÍtulo 2 A escola marista a caminho da nova terra: perspectivas contemporâneas 61. A escola de Marcelino Champagnat integrava a formação cristã e cidadã e a excelência acadêmica articuladas em uma concepção orgânica e sistêmica de educação evitando todo tipo de conflitos entre essas dimensões. Portanto, não poderia ter outro caráter senão o de uma educação integral, libertadora e dinamizada com as crianças e os jovens: "A escola de Champagnat é das crianças e dos jovens, e dos pequenos, não dos gestores! Somos apenas passagem para eles serem os protagonistas, a qual deve investir e mudar várias lógicas e pensamentos estratificados na concepção dos adultos, especialmente dos educadores". 62. Para Champagnat, a missão da escola marista, dos gestores e dos educadores era muito clara.10 "Se fosse apenas para ensinar as ciências humanas aos jovens, não seriam necessários os Irmãos: seria suficiente com os outros professores. Se pretendêssemos ministrar apenas a instrução religiosa, nos limitaríamos simplesmente a ser catequistas. Nosso objetivo, no entanto, é mais amplo. Queremos educar as crianças, isto é, instruí-las sobre seus deveres, ensiná-los a praticá-los, infundir o 10 FURET. Vita, p. 531. 22 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO espírito e os sentimentos do cristianismo, os hábitos religiosos, as virtudes do cristão e do cidadão do bem. Para isso, é necessário sermos educadores, viver no meio das crianças e que elas permaneçam muito mais tempo conosco". 63. A escola marista rumo à nova terra bebe nessa fonte para ser peregrina nos novos trajetos, nos novos caminhos, nas grandes avenidas, nos cruzamentos, nas trincheiras, nos atalhos, nos jardins, nas praças e nos areópagos onde pulsa a vida das crianças e dos jovens, especialmente dos mais pobres. Constrói diálogos intergeracionais, inter-religiosos, inter e pluriculturais, intersaberes. Projetar a nova terra a partir do espaço-tempo da escola marista implica transitoriedade que destrói muros, desfaz cercas e reconstrói pontes. 64. Nesse sentido, a escola marista se constitui como sistema orgânico, complexo, multifuncional que é materializado, como: a. Espaço-tempo de pastoral que articula fé, cultura e vida. É a escola do anúncio, da denúncia, do testemunho e da comunhão; da compaixão pela humanidade; do comprometimento com as causas da justiça e da paz; do conhecer – experimentar - aderir aos valores do Evangelho. b. Espaço-tempo de investigação e de produção de conhecimentos. Da pedagogia da pergunta, da investigação, do questionamento, da reflexão, da sistematização de conhecimentos, de saberes e de seus discursos. É a escola que problematiza as realidades sociais, culturais, políticas, científicas e naturais e a construção de itinerários pessoais e/ou coletivos para a elaboração crítica de novos saberes, discursos, conhecimentos, habilidades, línguas e tecnologias. c. Espaço-tempo da criação. Da pedagogia da invenção e da produção de arte, ciências, estéticas, filosofias e discursos. É a escola que mobiliza a criatividade e as múltiplas formas de expressão dos indivíduos, valoriza a capacidade inventiva, a criação de novos discursos e estéticas relacionados na comunhão de saberes, com um currículo que insere o indivíduo no seu contexto socio-histórico-cultural. d. Espaço-tempo da produção e circulação de cultura. É a escola que produz e que faz circular no seu interior diferentes culturas e suas dialogicidades, porque reconhece a cultura além da sua materialidade e assume culturas vistas como campos de luta em torno de significados, inscritos em relações de poder-saber, como lugares em que significados, visões de mundo, formas de ver, de dizer, de ser e de estar no mundo são, social e politicamente, produzidos. e. Espaço-tempo da inclusão. É uma escola aberta às múltiplas formas de conhecer e de saber. Valoriza a sensibilidade (sentir, perceber) e os afetos como Capítulo II 23 modos complementares de problematizar e de pensar a realidade como uma produção histórica, cultural, social, econômica e política com a finalidade de formar pessoas cidadãs, impregnadas do objetivo de fazer novas todas as coisas. É uma escola mais inclusiva, mais digna, mais bela de ser vivida com base no reconhecimento dos temas da diferença e da identidade, das relações de gênero, raça-etnia e do local-região-nação, culturas, multiculturalidades, interculturalidade, classe social, da religiosidade e da espiritualidade, da ética e da estética, e a internacionalidade do Instituto Marista. f. Espaço-tempo da aprendizagem política e ética. É uma pedagogia da negociação e dos acordos, da interação com a diferença. É a escola que garante o direito de expressão de todos, o exercício do pensamento reflexivo, da crítica e da autocrítica, de se colocar no lugar do outro e buscar alternativas e soluções compartilhadas na resolução de conflitos, pautadas pelo respeito às diferenças. Esse espaço-tempo se caracteriza nos mais variados ambientes e situações pedagógicas que envolvem tomadas de decisões, representatividade e respeito à coletividade. Pode ser manifestado nos espaços de representação estudantil, nos projetos de intervenção social, na participação em conselhos, assembleias e foros na participação nos processos decisórios da escola que representam a vida dos estudantes. g. Espaço-tempo de construção do projeto de vida. É a escola que ajuda o estudante a construir seu projeto de vida, a sonhar, a planejar e a viver em um movimento dinâmico de construção e reconstrução de si mesmo, de fixação de metas e constante revisão de objetivos, com fundamento em valores éticos e cristãos. Eleva o estudante como protagonista da sua própria vida analisando situações, tomando decisões e assumindo riscos; redimensionando projeções, planos traçados, objetivos estabelecidos; vendo continuamente o mapa de navegação construído. h. Espaço-tempo de formação contínua dos profissionais da educação: do perfil ao profissionalismo. É a escola do movimento contínuo de desenvolvimento pessoal e profissional que favorece a experiência em temas de educação, evangelização, direitos humanos, gestão, além de interlocução com os temas que dialogam e alimentam esses saberes, tais como: a antropologia cristã e a sociologia – especialmente as discussões atuais sobre infâncias e juventudes, e os temas vinculados, como política, economia, tecnologias que nos auxiliam a fazer leituras dos cenários nos quais estamos inseridos, às quais temos que dar respostas significativas e atualizadas. i. Espaço-tempo de avaliação contínua. Dos processos, projetos, práticas, indivíduos e instituições. Uma escola que compreenda avaliação como um proces- 24 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO so contínuo, coerente e participativo da regulamentação/autorregulamentação da sua dinâmica, da qualidade dos serviços pastoral-pedagógicos, do ambiente organizacional, dos modelos de gestão adotados e de seus resultados, além de favorecer o aperfeiçoamento institucional. 65. Alguns exemplos de Indicadores de uma Escola Marista atualmente que respondem aos horizontes de futuro do Instituto. 66. Em educação: a. O centro educacional na sua organização dinâmica, e como critérios para os resultados que deseja alcançar com os estudantes, utiliza os referenciais do currículo nacional (políticas, planos, programas) e as exigências próprias do Instituto e da Unidade Administrativa. b. O centro é reconhecido pela comunidade educativa e pela comunidade local como referência de qualidade educacional. c. Para cumprir com sua missão e sua função, o centro educacional se articula com outras instituições e organismos eclesiais, governamentais e outros. Por meio dessas iniciativas, podem ser maximizados trabalhos na rede que permitam permutar boas práticas, consolidem alianças de profundidade e progressão de certos eixos do conteúdo de um currículo continental marista. d. Na determinação dos resultados de aprendizagem esperados, considera na sua totalidade a informação da situação socioeconômica de seus estudantes, suas famílias e o meio em que atua. Aqui terá incidência fundamental no cuidado da mãe Terra. e. Os docentes se reúnem e desenvolvem práticas institucionais sistemáticas cujo foco é debater, intercambiar e fortalecer a prática pedagógica, analisar e também propor ações pertinentes a melhorar as aprendizagens e rendimento dos estudantes. Sendo o Diretor o promotor desses diálogos democráticos, construtivos e de missão compartilhada que permitem refletir que é uma instituição que aprende. Nesse processo ele não pode perder a oportunidade de testemunhar sua vocação de educador marista. f. O colégio identifica as excelências e fragilidades de seu corpo docente e implanta estratégias de formação e aperfeiçoamento de acordo com as necessidades. g. O colégio supervisiona o trabalho pedagógico das práticas de sala de aula dos docentes a fim de sistematizar, analisar e planejar com a diretoria ações de apoio e formação continuada que solucionem eventuais deficiências e enriqueçam as boas práticas. h. Os estudantes do colégio marista, especialmente os mais defasados no conheci- Capítulo II 25 mento acadêmico, recebem apoio, acompanhamento e retroalimentação sistemática pertinentes durante seu processo, a fim de fortalecer sua formação e a concretização das aprendizagens propostas. i. O colégio conta com processos e ferramentas de avaliação institucional, desempenho e de clima organizacional. j. O colégio utiliza dados e estatísticas como ferramentas de gestão para a melhoria dos serviços educativo-pastorais. 67. Na Evangelização: a. Assume comprometimento, criatividade e sensibilidade para promover a missão de evangelizar com fundamentos na educação. b. Promove a formação profissional de seus integrantes de acordo com os perfis de cargos nos temas vitais concernentes ao desempenho de gestores e de educadores, tais como: carisma e espiritualidade marista, pastoral educativa, teologia, psicologia e sociologia da infância e da juventude. c. Possui um programa de acompanhamento espiritual para os gestores, educadores, crianças e jovens. d. Demonstra, por meio das formas de pensar, sentir e agir, comunhão com a Igreja e adesão ao carisma marista. e. Evidencia-se a prática do discernimento para orientar a os princípios do ensino e adotar decisões com critérios de fé. f. Responsabiliza-se por personificar experiências, espaços, tempos e contar com pessoal qualificado para a execução do plano de ação pastoral. g. Garante a relação, participação e colaboração com as instituições eclesiáticas das quais é parte integrante. h. Promove, por meio da Diretoria, atitudes e formas de proceder que manifestam adesão e comprometimento com a missão institucional de Evangelizar com base na Educação. i. Incentiva a constituição de fraternidades maristas de Champagnat que projetem o carisma em instâncias além do âmbito de ensino e a integração dos diversos agentes educador-evangelizadores. j. Utiliza, nos processos pastorais, linguagens e simbologias significativas para crianças, adolescentes e jovens. 26 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO 68. Em Solidariedade e Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes: a. Explicita no seu processo educacional e curricular a promoção e defesa dos direitos das crianças e dos jovens. b. Fortalece, em seu desenvolvimento curricular, a aprendizagem-serviço estreitamente vinculada ao ensino-aprendizagem. c. Possui e utiliza estratégias efetivas para prevenir os conflitos e ocorrências de violência e maus-tratos. d. Assume e age, com a comunidade, oportunamente a respeito dos atos ou ocorrências de violência e maus-tratos escolares que envolvem, também, diretamente os próprios estudantes. e. Conta com um programa ou campanha de prevenção ao bulling, evitando assim todo tipo de maus-tratos, sejam físico, verbal ou psicológicos ou de todos eles. f. Possui estratégias diferenciadas para detectar e remediar situações de violência que possam afetar a disciplina, gêneros ou outras instâncias, além de performance atuante com os próprios estudantes, com o fim de reconhecer e compreender as razões e formas de proceder dos vitimados e/ou assediadores, principalmente dos que são vítimas, o que acontece com eles ou o que envolve aqueles sabem ou são cúmplices desses atos de violência. g. O colégio estabelece laços e vínculos com seu entorno e comunidade local em espaços de colaboração e benefício mútuo, que fortalecem o treinamento em solidariedade e desenvolvimento integral dos estudantes. h. Promove e possui ações que permitem aos professores e alunos realizar atividades de serviço que contribuem com seu desenvolvimento integral em prol da aprendizagem-serviço. i. Orienta sua gestão com sensibilidade e capacidade executiva para identificar pessoas, contextos ou ações nos quais são evidenciados comportamentos e/ou atitudes contrárias à solidariesdade que promove o Evenagelho de Jesus Cristo. j. Assegura as condições profissionais e financiamento, de equipamento e de competência para a promoção da cultura solidária no contexto do ensino e do social de que o colégio marista é parte integrante. Capítulo II 27 CAPÍTULO 3 A missão do diretor marista na escola de hoje "Se o Senhor não edifica a casa, em vão trabalham os construtores." (Salmo 126). 69. A educação marista comunga com a crença de que os processos formativos devem considerar o indivíduo como um ser holístico, personalizado, que pense e que se autoexpresse. Portanto, a ação educadora marista, comprometida com a solidariedade, contempla a formação biopsicossocial dos indivíduos, valorizando-os como seres de direito, harmonizando fé, cultura e vida para que possam se tornar pessoas livres, justas, éticas e solidárias, à luz do Evangelho e do carisma de São Marcelino Champagnat. 70. A Missão de um Diretor Marista é liderar os processos de gestão escolar para que se conheça e ame Jesus, ao estilo de Maria, como primeiro responsável do legado de São Marcelino Champagnat entre as crianças e os jovens, e garantir qualidade educativo-evangelizadora e sua sustentabilidade considerando os cenários do mundo contemporâneo, nossa integração eclesial e fazendo da escola um espaço profético de formação integral, promoção humana e garantia dos Direitos Humanos, em especial da infância e da juventude. 71. A Missão de um Diretor Marista deixa clara, aos diretores contemporâneos, a necessidade de percepção e atenção sobre o que é relevante. É uma tarefa complexa, 28 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO considerando a quantidade de demandas sobrepostas pelo mundo atual. A civilização deste milênio caminha a passos longos em direção à reconexão, à acolhida e à inclusão. Vivemos um tempo de distâncias próximas, mas “sem prejuízo de todas as sementes semeadas por Deus no seio de toda tradição religiosa ou cultural”.11 Nesse contexto de globalização, a espiritualidade incentiva uma vivência mais coletiva e planetária, mais holística, e esperamos que mais solidária, ecológica, compreensiva, integradora e espiritual na genuína acepção marista, fundada na opção de fé em Jesus. A fé é o elemento que sustenta o trabalho evangelizador, e a ausência dela fragiliza a vivência da espiritualidade e do carisma marista, comprometendo a missão. Isso quer dizer que, sem o postulado da fé, deixamos de ser referência para as crianças, os jovens e os adultos de nosso tempo. 72. A missão marista permanece necessária em nosso mundo, e sua força convida-nos ao exercício da fé, fortalecendo o discernimento aos chamados internos e à mudança de nosso coração na direção do objetivo maior de São Marcelino Champagnat evangelizar pela educação -, trazendo boas notícias por meio da educação. 73. É crucial perceber que a evangelização para os dias atuais é materializada pelo exemplo, no testemunho comprometido, acolhedor, disponível para compartilhar valores cristãos quando integra o diálogo inter-religioso e intercultural. 74. A espiritualidade marista apresenta como elemento facilitador o estilo de ser de Maria, e é nesse modo de ser da Igreja e de conviver enraizado na essência do nosso caráter mariano que se atingem os objetivos dessa missão. Desse estilo de ser brotaram os valores institucionais de audácia, espírito de família, espiritualidade, presença, humildade, solidariedade e amor ao trabalho,12 de acordo com os paradigmas a seguir: a. Audácia. Entendida como ação empreendedora, atenta aos sinais dos tempos na tomada de decisões inéditas e corajosas, no enfrentamento do novo, na exploração de novas possibilidades e promoção de mudanças. b. Espírito de família. Compreendido como a afirmação de pertencer a uma família da qual emana o amor, a ajuda mútua, a alegria e a acolhida ao pluralismo e à diversidade, aceitando a todos como diferentes e complementares. c. Espiritualidade. Definida como a vivência de acordo com o Evangelho, tendo Maria e São Marcelino Champagnat como inspiradores de nossa forma de ser e de agir. A Espiritualidade é força motora que outorga sentido e harmonia à vida, 11 XXI Capítulo Geral 12 Coordenação de Pastoral – Valores Institucionais – Província Marista do Rio Grande do Sul. Capítulo III 29 ilumina a compreensão do mundo e orienta a pessoa na sua relação com Deus, consigo mesma, com as pessoas e com a natureza. d. Presença. Compreendida na busca de um ambiente de harmonia, cuidado e respeito, por meio da presença atenta e disponível nos ambientes em que se desenvolve a missão. Também é compreendida como elemento estratégico da pedagogia marista na proximidade com as pessoas e no cultivo da relação de confiança. e. Humildade. Definida como um estilo de vida de simplicidade na esfera pessoal e institucional. Também se traduz na busca pela autenticidade que permite ao indivíduo reconhecer as próprias potencialidades e limitações. Tem como uma das suas formas de manifestação o respeito pelo outro; f. Solidariedade. Manifestada pela sensibilidade às necessidades das pessoas, de modo especial às dos pobres e excluídos. Também se manifesta compartilhando dons pessoais e bens materiais, promovendo a paz, a justiça e a vida, como sinal de esperança no mundo; g. Amor ao trabalho. Traduzido como disposição e espírito cooperativo na realização do trabalho, desenvolvendo talentos e colocando-os a serviço do bem comum. Entendemos que, por meio do trabalho se cumpre a missão e participa-se da obra da criação, demarcando o indivíduo como protagonista na construção de uma sociedade justa e fraterna. 75. O Documento “Missão Educativa Marista: um projeto para nosso tempo”(1998, p.55), ao tratar do estilo marista de educar, mostra que o caráter mariano é sustentado sobre uma visão de totalidade que promove a integração e se propõe conscientemente comunicar valores. A concreção dessa visão levou Marcelino Champagnat a desenvolver uma abordagem pedagógica própria. 76. O Diretor marista assegura o princípio de Champagnat: “para bem educar as crianças é necessário, antes de mais nada, amá-las da mesma forma”. Os diretores são responsáveis por esse legado ao viabilizar a qualidade educativo-evangelizadora entre os estudantes, garantindo os Direitos Humanos e, entre eles, o direito a educação de qualidade13. Esse direito é o portal para a conquista dos demais, levando-se em conta que 13 O sentido dado, neste texto, ao termo-chave “educação de qualidade” requer uma pequena reflexão para que o leitor não considere o termo redundante. O vocábulo “qualidade” é definido no Dicionário Aurélio como sendo a “propriedade, atributo ou condição das coisas ou das pessoas, que as distingue das outras e lhes determina a natureza” ou ainda como aquilo que define padrões de “superioridade, excelência”. Essa definição dá a entender que tal característica faz parte da natureza da educação. Infelizmente, o atributo qualidade ainda não aparece, no vocábulo educação, como dado presente ou permanente. Ainda, em regra, educação e qualidade são palavras que não estão fundidas uma na outra, por isso usamos como distintivo a expressão “educação de qualidade”. Por outro lado, é importante não perder de vista que “qualidade é um conceito histórico, que se altera no tempo e no espaço, veiculando-se às demandas e exigências sociais de um dado processo” (MEC 30 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO a educação de qualidade garante ao cidadão a compreensão e o acesso às possibilidades que foram outorgadas pelo conhecimento de forma solidária, crítica e ética. 77. Ao acrescentar à missão do diretor marista a garantia dos Direitos Humanos, é inescusável esclarecer que essa garantia é percebida como uma política progressista de âmbito global e legitimidade local, que significa, como esclarece Sousa Santos14 (1997, p. 14), que não “existe condição global para a qual não consigamos encontrar uma raiz local, uma imersão cultural específica”, sem esquecer que “[...] a globalização pressupõe a localização”. Esse conceito é fundamental para compreender que os direitos humanos apenas poderão desenvolver seu potencial de emancipação se se tornarem realmente multiculturais. O multiculturalismo é assumido da compreensão da cultura como processo intrinsecamente humano, construído na relação entre as pessoas que integra e inclui todos os diferentes modos de produzir e significar a vida. 78. O multiculturalismo, nessa lógica, se torna uma condição prévia para uma relação equilibrada e mutuamente potencializadora entre a competência global e a legitimidade local, que constituem, de acordo com Sousa Santos (1997, p. 19), os dois atributos de uma política contra-hegemônica de direitos humanos para nosso tempo. No diálogo intercultural, o intercâmbio não se faz apenas entre diferentes saberes, mas também entre diversas culturas. 79. Dado o dinamismo e a complexidade da missão de um diretor marista, vemos que a evangelização, por meio de uma educação de qualidade, conclama e autoriza a escola a intervir na sua vida. O peso da responsabilidade no exercício dessa autoridade é baseado na tríade: fé, espiritualidade e amor. Proporcionamos, de acordo com o Irmão Sean Sammon (2006, p. 112), “[...] uma educação holística a quem está sob nossos cuidados, buscando a formação da mente, do corpo e do coração. Anunciando pessoalmente a Boa Notícia e nos valendo da concepção comunitária de Jesus, damos testemunho da generosidade a nossos alunos e os auxiliamos a discernir os valores implícitos nas suas atitudes, contribuindo, assim, para desenvolver sua consciência crítica na eleição de prioridades". 80. Em tal sentido, o diretor e a diretora maristas devem orientar seu ministério (missão e gestão) para construir a excelência acadêmica com base no Evangelho e buscar uma qualidade de educação com os olhos do Fundador, promovendo uma teoria - Documento de Referência da Conferência Nacional de Educação, 2009, p. 30). 14 SOUSA SANTOS, Boaventura. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista Crítica de Ciências Sociais, nº. 48, junho de 1997. Disponível em: http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/pdfs/Concepcao_multicultural_ direitos_humanos_RCCS48.PDF. Acesso em: 5 de abril de 2012. Capítulo III 31 atualizada de aprendizagem de acordo com uma antropologia cristã que permita aos estudantes aprenderem a pensar, obterem bons resultados, respeitarem e promoverem a diversidade crescendo em harmonia humana e espiritual (Varona, 2012). 81. Assim, o gestor é um empreendedor que conhece as questões internas da Instituição, está atento aos cenários externos e tem o comprometimento de garantir a perenidade, sustentabilidade e vitalidade da missão educacional marista na escola. 82. Consideramos, também que, no conjunto das atribuições pertinentes ao ofício de gestor estão incluídos: a. implementar as diretrizes e políticas institucionais como cuidadores e semeadores da missão institucional; b. analisar cenários internos e externos para apresentar soluções estratégicas; c. planejar a organização e os processos estratégicos da escola, além de acompanhar, monitorar e avaliar os processos e projetos em desenvolvimento; d. diagnosticar problemas de ordem pedagógica, financeira e administrativa, e implementar soluções, projetos e inovações; e. tomar e negociar decisões, com fundamento em conhecimentos atualizados sobre educação, evangelização e gestão; f. planejar e empreender ações que promovam avanços tecnológicos, pedagógicos e pastorais no ambiente de ensino; g. garantir a sustentabilidade econômico-financeira da escola e a vitalidade da sua missão educativo-evangelizadora; h. administrar o ambiente organizacional da escola solucionando conflitos e garantindo um ambiente institucional marcado pelo sentimento de irmandade, corresponsabilidade e espírito de família; i. representar e garantir os interesses institucionais nos espaços adrede preparados e na proposição de políticas públicas que impactam a missão, os serviços e os negócios; j. velar pelos valores, princípios, imagem e pela marca institucional. 83. Nesse sentido, os gestores são desafiados a serem pessoas de visão, a viver o núcleo dos valores maristas e orientar os outros a vivê-los. Mais do que ninguém, representam Marcelino Champagnat para a comunidade educacional, levam confiança e otimismo incentivados pela espiritualidade apostólica marista. 84. Conforme o pensamento do Irmão Mariano Varona, “devem assumir a missão de 32 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO fazer que a adesão a Jesus e a seu Evangelho seja motivação global, imprescindível, dominante na organização e funcionamento do Colégio”, constituindo-se em “profetas de um mundo novo, alinhados ao coração de Deus e aos chamados do nosso tempo, sendo testemunho profético e audaz que provoque a humanidade e convidea mesma humanidade a caminhar rumo a sua utopia”. 85. Com esse espírito, convidamos os Diretores e Diretoras Maristas para liderarem os processos de gestão em sua escola para apresentar e amar Jesus, ao estilo de Maria, sendo Champagnat e Maria hoje. 86. Esta proposta procura ser coerente com o chamado do XXI Capítulo Geral no sentido de “sair a novas terras” e é validado à medida que sua inspiração é dada pelo carisma e a espiritualidade marista. A vinculação de um colégio marista com a comunidade está alinhada com a missão e a visão que o Capítulo Geral tem fixado para nosso caminhar até 2017 (bicentenário do instituto). Devemos estar atentos ao que nos diz o ambiente externo, com suas oportunidades e ameaças, para que nossos centros educacionais sejam proféticos e proativos em nossas respostas à Igreja e à sociedade. Escola e sociedade devem dialogar, devem se ouvir, devem falar, com o fim de responder assertivamente aos novos códigos do mundo em mudança. Nós, as redes maristas locais, regionais e internacionais, seremos a chave estratégica para oferecer variadas alternativas de caminhos efetivos de resposta aos desafios que a sociedade nos impõe. Um diretor deve ter clareza total sobre o sentido e a responsabilidade social-política de uma escola marista. Capítulo III 33 CAPÍTULO 4 PRINCÍPIOS DA FORMAÇÃO DOS DIRETORES MARISTAS 87. Na sequência são apresentados alguns princípios geradores de sustentação aos processos formadores dos diretores maristas. Em função da complexidade da missão, este conjunto de princípios expressa aspectos básicos a serem levados em conta na formação inicial e permanente, e que se expressam transversalmente nos objetivos, conteúdos e metodologias ordenadores dos planos concretos das Unidades Administrativas. 88. A formação dos diretores: a. Ajuda a fundamentar a vida, missão e espiritualidade marista. O carisma marista é a fonte inspiradora de seu ser e da sua ação e, por meio da espiritualidade, o diretor e sua formação expressam de maneira particular sua identidade evangelizadora, seu seguimento de Cristo e seu serviço à Igreja. É compulsório contextualizar itinerários-chave que permitam dimensionar a importância desse eixo de formação com as características de uma espiritualidade mariana e apostólica, no seguimento de Jesus a serviço da igreja, como resposta de Deus à realidade social na qual estamos inseridos (veja Anexo 2). 34 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO b. É um processo contínuo. É focado no crescimento pessoal e enriquecido mediante o acompanhamento pessoal e institucional. Oferece experiências diferenciadas tanto na formação inicial quanto na continuada para facilitar a aquisição de competências funcionais de conduta e vocacionais de acordo com a missão marista. c. É integral e equilibrada. É caracterizada por ser inclusiva e respeitosa, e se basear nas necessidades manifestadas pelo diretor marista, tanto na sua vida quanto na sua missão, e, portanto, deve possuir a adequada flexibilidade e adaptação. A formação se adapta à diversidade dos participantes e de seus contextos. Oferece ferramentas para o cuidado de si mesmo e o desenvolvimento da sua inteligência emocional. De maneira integral, com visão atual das necessidades do Instituto, cultiva as dimensões de educação, evangelização, solidariedade e defesa dos direitos das crianças e dos jovens. Desenvolve os núcleos do marista, do pedagógico, da gestão, da administração e do humano. Possui foco no holístico e visa alcançar a qualidade humana e espiritual dos diretores. d. É andragógica (contraface da pedagógica). Respeita os processos de aprendizagem e a experiência prévia dos diretores e gera processos ativos de reflexão sobre a própria prática e de aplicação do conhecimento às realidades diárias. Deve superar a dicotomia entre a teoria e a prática, assim como as barreiras que impedem sua integração. O Diretor Marista deve possuir um projeto de vida pessoal, um indicador promotor de sua autoformação constante que permita humana e profissionalmente qualificar o desempenho na sua missão. e. É colaborativa. Privilegia as metodologias participativas e da criação colaborativa do conhecimento e das práticas diretivas. Entre as opções, facilita a construção e o trabalho em rede nas experiências formativas, assim como nos sistemas de acompanhamento e apoio com escuta qualificada, que permita incluir os que compõem o mosaico da escola como protagonistas e construtores de uma resposta adequada e atenta às necessidades do mundo de hoje. f. Facilita a concretização de um modelo de gestão. A formação é inspirada e, por sua vez, inspira a reflexão, implantação e transformação do modelo de gestão de ensino proposto pela Unidade Administrativa. Ajuda a favorecer instituições dinâmicas e bem geridas mediante a elaboração de um modelo atual de escola, que leva em conta (a) o espaço-tempo atual na pastoral; (b) a investigação e produção de conhecimentos; (c) a criatividade; (d) a cultura; (e) a aprendizagem político-ético-moral; (f ) a construção do projeto de vida; e (g) a avaliação contínua da qualidade da educação. Capítulo IV 35 g. Favorece a corresponsabilidade. A corresponsabilidade é fomentada mediante processos de aprendizagem em gestão compartilhada e gestão sistêmica. Para facilitar, é promovida sua conceptualização e são oferecidas as ferramentas para exercer liderança de serviço na comunidade escolar. h. Favorece a equidade e respeita a coeducação. A formação busca superar as iniquidades no acesso às opções formativas. Facilita também o reconhecimento das realidades de gênero e coeducativas, presentes no universo dos diretores(as) das obras maristas. Cada diretor(a) deve ser um ator promotor de olhares igualitários na aposta pedagógica de seu estabelecimento, proporcionando o crescimento cognitivo e humanizado de seus estudantes, sem qualquer tipo de discriminação e/ ou prejuízo para desenvolvimento desses processos educacionais. A escola marista deve ser a instância personalizada para contextualizar e vivenciar o mundo real. Somos educados em comunhão (homens e mulheres) mediados pela realidade, capazes de educar o indivíduo na feminilidade e na masculinidade, para um respeito mútuo e valorização da sua dignidade, somente pelo direito de ser, compreendendo as novas masculinidades e as novas feminilidades. i. Respeita os níveis de subsidiariedade. Considera as realidades e os recursos das diferentes Unidades Administrativas, assim como as realidades em nível de país ou local. Reconhece a organização interna e favorece a busca de soluções locais e regionais. j. Promove o protagonismo das crianças e jovens nos centros educacionais. A formação facilita as ferramentas para melhoria das inter-relações dos agentes educadores das crianças e os jovens, reconhecendo que eles são os protagonistas da escola e sua razão de serem também indivíduos ativos da evangelização. A formação ajuda a valorizar a cultura juvenil e a rever constantemente a associação entre suas necessidades e linguagens com as ofertas e linguagens institucionais. Deve incluir o enfoque dos direitos humanos, em particular a Convenção dos Direitos da Infância. k. Integra adequadamente a missão e a gestão do diretor marista a serviço da missão. A liderança diretiva deve canalizar sua tarefa para concretizar a missão e visão colegial, permeadas pelas respectivas missões e visões do Instituto e da sua Província. Isto é, essa autoridade deve ser usada para trabalhar para o Reino de Deus, e não para pequenos reinos pessoais. Isso pode acontecer com qualquer pessoa, e nossas motivações podem ser viciadas por elementos egocêntricos que queremos evitar. 36 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO 89. Os gestores são desafiados a serem pessoas de visão, a viverem o núcleo dos valores maristas e a orientarem uns aos outros a vivê-los. Mais do que ninguém, representam Marcelino Champagnat para a comunidade educacional, levando-a com confiança e otimismo, incentivados pela espiritualidade apostólica marista. Eles “devem assumir a missão de fazer com que a adesão a Jesus e a seu Evangelho seja motivação global, imprescindível, dominante na organização e funcionamento do Colégio” constituindo-se em “profetas de um mundo novo, alinhados ao coração de Deus e aos chamados de nosso tempo, sendo testemunho profético e audaz que provoque a humanidade e convide essa mesma humanidade a caminhar rumo a sua utopia”.15 90. Os nos 126 e 147 da MEM indicam: "De maneira especial, aos diretores de nossas escolas solicitamos que sejam pessoas com visão, que possam propor e testemunhar nossos valores maristas e guiar os demais para que vivam segundo eles. Mais que qualquer outro, eles são a figura de Champagnat na comunidade de ensino, animam e refletem a espiritualidade apostólica marista com otimismo e confiança. Uma tarefa assim exige de nós autenticidade, equilíbrio e amadurecimento e nos leva a um estilo de vida ainda mais humilde. Somos conscientes de que, em muitas ocasiões, nosso esforço não será recompensado por resultados imediatos nem terá reconhecimento oficial. Essa realidade inspira nossa espiritualidade pessoal, baseada no convencimento de que estamos fazendo a obra do Senhor, com a esperança colocada no que Ele tem prometido aos que trabalham ‘em seu nome’. Uma espiritualidade da Cruz e da Ressurreição na qual estão refletidas as histórias de sofrimento que estes jovens vivem e compartem conosco". 91. Um dos perigos de toda gestão é que se concentre nas situações comezinhas, às vezes prementes, mas acessórias, descuidando das que são primaciais, mas processuais. O ativismo dos diretores é um mal que talvez solucione os problemas diários, mas que conduza ao esgotamento dos dirigentes e ao não cumprimento do que deve ser assistido por não se enxergar a médio e longo prazo. Muitas vezes o sucesso nos deixa a vista nublada e não somos capazes de enxergar o que sucederá e o que acontece nas outras obras de cada país. Por isso, toda gestão deve estar a serviço da missão. 15 Água da Rocha nº 135-50, p. 73-78. Capítulo IV 37 CAPÍTULO 5 Objetivos da formação de diretores maristas da América 92. Os objetivos da formação de diretores são estabelecidos com o fim de as Unidades Administrativas maristas da América conterem propósitos comuns que orientem tanto os processos quanto os resultados gerais esperados da formação de seus diretores. Trata-se de objetivos que podem ser conduzidos com programas formais determinados por instituições de educação superior, com cursos de formação continuada ou atividades provinciais, sempre que sejam devidamente intencionados para essa finalidade. 93. Os objetivos têm relação com os princípios e serão instados a considerar os componentes dos núcleos de formação: a definição, as competências e os conteúdos, com a possibilidade de avaliar a formação com os indicadores finais. 38 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO NÚCLEO: LIDERANÇA CARISMÁTICO-MARISTA 1. Fortalecer a identidade dos líderes dos centros educacionais com a missão e espiritualidade marista, assim como seu comprometimento cristão com base na contemporaneidade. NÚCLEO: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 2. Desenvolver expertises de planejamento de centros educacionais com foco no trabalho colegiado promovendo a missão compartilhada. NÚCLEO : POTENCIAL HUMANO E AMBIENTE ORGANIZACIONAL 3. Desenvolver visões e expertises em organização e gestão do potencial humano e ambiente organizacional que permitam cumprir a missão de evangelizar de acordo com a educação em cada uma das obras educacionais. Indicadores 1.1 Fomentar o sentido vocacional no exercício de liderança, a exemplo de Jesus, José, Maria e Champagnat. 1.2 Aprofundar o olhar crítico e ético, que permita renovar, adaptar e reorientar as ações educativas à luz do carisma e da missão marista. 1.3 Facilitar o acompanhamento pessoal grupal, no plano espiritual e profissional focado em compreender e discernir o discipulado de Jesus e a Missão Marista com base na contemporaneidade. Indicadores 2.1 Favorecer o projeto de planejamento com o conhecimento da realidade mediante processos de avaliação com informes diagnósticos. 2.2 Desenvolver habilidades para a organização em termos de contratação de funcionários e de acompanhamento da implementação do plano. 2.3 Incentivar a medição de resultados iniciais e a prestação de contas que se retroalimentam para o trabalho da comunidade educativa. 2.4 Favorecer o projeto, o seguimento e a avaliação de acordo com uma ênfase colegiada. 2.5 Desenvolver uma cultura de avaliação com ênfase na melhoria contínua. Indicadores 3.1 Desenvolver competências para impulsionar um ambiente em que se expressem o estilo marista de presença, proximidade e espírito de família em relações respeitosas e inclusivas da diversidade. 3.2 Fortalecer as competências administrativas que permitam aos diretores e respectivas comunidades melhorar suas condições e alcançar maiores níveis de autonomia, com conhecimento da legislação trabalhista. 3.3 Conhecer novas possibilidades de assessoramento, coordenação e seguimento de trabalho colegiado. Capítulo V 39 NÚCLEO: PASTORAL Indicadores 4. Favorecer o desenvolvimento de competências que possibilitem incentivar, orientar e monitorar a aplicação dos processos pastorais que favoreçam um ambiente de evangelização em toda a comunidade educativa. 4.1 Conhecer e ser sensível aos processos pastorais para serem realizados nos centros educacionais de maneira integral. 4.2 Favorecer o comprometimento para promover a missão de evangelizar com base na educação. 4.3 Desenvolver competências atitudinais para motivar a todos os membros da comunidade escolar para colaborar na missão de evangelizar por meio da educação. NÚCLEO: SOLIDARIDADE Indicadores 5. Favorecer a sensibilidade e o comprometimento para promover a conscientização para impulsionar uma cultura solidária, inclusiva e pluralista que permita atividades como voluntariado. 5.1 Incentivar primeiramente a formação em valores com foco na corresponsabilidade, na construção do Reino, um reino de justiça e de paz. 5.2 Impulsionar nos projetos curriculares orientação à transformação social, à responsabilidade social para o cuidado dos mais vulneráveis. 5.3 Favorecer a implantação de um sistema real de coeducação dentro dos centros maristas para educar em equidade atendendo à promoção e defesa dos direitos humanos, especialmente das crianças e das meninas. 5.4 Impulsionar as experiências de voluntariado e educaçãoserviço. NÚCLEO: CURRICULAR 6. Favorecer a liderança pedagógica e transformativa que incentive, oriente e monitore a implementação do modelo curricular marista. Indicadores 6.1 Incentivar o desenvolvimento de competências para impulsionar os projetos educacionais a fim de inovar visando melhoria contínua. 6.2 Incentivar a gestão e conhecimento adequado e suficiente da legislação de educação em seu contexto. 6.3 Fomentar o conhecimento e competências do uso das novas tecnológicas a fim de otimizar seu potencial ao serviço educativo. NÚCLEO: RECURSOS MATERIAIS 7. Favorecer o conhecimento de processos administrativos para levar a cabo de forma eficaz e eficiente o emprego dos recursos materiais com os critérios do Instituto de respeito ao uso evangélico dos bens e por meio de visão integral e ecológica. 40 Indicadores 7.1 Incentivar a responsabilidade de salvaguardar a administração do patrimônio institucional para garantir a sustentabilidade do centro educativo. 7.2 Incentivar o monitoramento da administração dos recursos e o planejamento administrativo. 7.3 incluir a certeza de que o pessoal responsável pela administração dos recursos materiais possua formação técnica, seja confiável, compromissado e diálogo com a equipe colegiada. 7.4 Impulsionar a cultura do cuidado com os recursos em função do respeito ecológico à criação e à consolidação do uso evangélico dos bens O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO CAPÍTULO 6 Núcleos de formação para a diretoria marista Contextualização 94. Hoje, como ontem, pessoa, família, escola e toda a variedade de instituições, são realidades que estão, inevitavelmente, em um tempo e lugar específico, reconhecíveis e distintos dos outros. Pretender apreender e visualizar, na sua totalidade, a dimensão tempo-espaço de cada uma delas é impossível. Por mais esforços, métodos e recursos que se despendam, somente serão alcançados resultados parciais e incompletos. 95. Gue Bajoit, professor emérito da Universidade Católica de Lovaina, propõe no texto “A ditadura do Grande ISA”, uma ferramenta para entender, de maneira conclusiva, os novos tempos e o que acontece em diversas regiões do planeta. O foco do tema resulta iluminador para tomar consciência, analisar e compreender este recém-inaugurado século XXI. Capítulo VI 41 96. "Compartilho com muitos sociólogos contemporâneos a crença − indemonstrável, mas fecunda - de que as transformações em curso nas sociedades modernas ocidentais não constituem simples evoluções ou reformas progressivas que sempre estiveram presentes, mas uma mutação muito profunda que afeta a lógica mesma de seu funcionamento. Não se trata somente de um conjunto de mudanças no sistema, mas uma mudança de sistema, isto é, uma mutação simultânea tecnológica, econômica, política, social e cultural". 97. Esta Terra não é inferno nem paraíso, também não é o fim do mundo. Estes não são tempos de catastrofismo nem de otimismo ingênuo. Gue Bajoit em “tudo muda”, afirma tratar-se de uma mudança do mundo, não no plano geográfico ou físico, mas transformação nos referenciais imaginários, que foram pertinentes em tempos precedentes. Gilles Lipovetzke fala em termos de “a era do vazio”. O impacto foi duplo, por um lado, as profundas transformações estendem-se aos mais variados âmbitos da vida pessoal e social, por outro lado, houve mudanças intempestivas, imprevisíveis, vertiginosas, com força e velocidade que superam, em muitos casos, a capacidade de percebê-las. Neste mundo novo, pessoas, cultura e instituições estão em desequilíbrio, em um chão que é percebido como instável, com dificuldade para se reconhecer, se inserir ou se reposicionar nessa nova situação. Teoria e prática 98. A seguir, são sugeridas algumas das razões que justificam a realização de um programa de formação para as equipes de direção maristas. Cada uma delas, agindo em forma conjunta, produz impacto direto ou indireto no processo educacional. A listagem não pretende ser completa, única nem definitiva. Pode ser considerada melhor, como um mapa, para orientar e para enxergar de maneira inteligente (intelegere: ler dentro e profundo, além das aparências) os desafios que representa educar hoje as crianças, meninas e jovens. Também tem a pretensão de ser um instrumento de indagação que possa contribuir, identificar as novas competências de que devem dispor e evidenciar um direcionamento educacional a fim que os resultados da gestão fiquem alinhados com a Missão e Visão Marista no mundo de hoje. 99. Tradição pedagógica marista. O Guia do Mestre (1853) assinala os princípios e formas de fazer que caracterizaram a tarefa docente dos primeiros Irmãos. O texto, utilizando o vocabulário próprio da época, define uma concepção de educação, o perfil de um educador, as premissas da didática, a organização de ensino e a forma de atender cada uma das áreas do conhecimento. No século XXI, esses núcleos constitutivos 42 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO da ação educativa estão expressos com outras palavras, mas continuam sendo fatores críticos, conservam a vigência e a pertinência. O diretor marista é um profissional da educação com a responsabilidade de prsentificar cada um desses núcleos e funcione de maneira efetiva. E para o desempenho desse ofício são requeridas competências técnicas, funcionais e comportamentais que surgem do carisma institucional. 100. Orientações do Instituto a. Missão e espiritualidade compartilhadas. Irmãos e leigos, juntos na missão, são fator-chave para o presente e futuro da presença marista nos diversos lugares geográficos onde se evangeliza pela educação. b. Redimensionamento carismático da missão. Enxergar a gestão de ensino sob essa perspectiva implica mudança de paradigma. Não basta que o diretor foque a atenção nas tarefas administrativas, tampouco o cumprimento formal e atuante das responsabilidades próprias do cargo. Em primeiro lugar, o desempenho da tarefa docente e a direcional, em particular, seja conduzido pela perspectiva da vocação de educador e diretor. Em segundo lugar, modela-se uma marca carismática de espírito e governança. Em consequência, são outros os parâmetros para a gestão de uma obra educativa marista. Trata-se, em definitivo, do paradigma em que os processos, o pessoal e as tarefas diárias estão alinhados com a missão institucional de “Jesus Cristo conhecido e amado formando bons cristãos e bons cidadãos”. 101. Formação continuada. Todo profissional que desempenhe na atualidade funções diretivas tem o desafio inevitável de atualizar, aprofundar, articular os conhecimentos teóricos e as práticas, de maneira permanente na trajetória profissional. A formação inicial deve ser pertinente e relevante para habilitar o desempenho laboral. A formação continuada aperfeiçoa, especializa e potencia a gestão. Em termos do Guia do Mestre, esse âmbito do itinerário laboral é expresso em termos da “missão do educador cristão, formação do futuro mestre e a formação do diretor marista aos novos mestres”. Já nos anos iniciais do Instituto era concebida a escola como espaço de aprendizagem, produção de conhecimento e exercício de boas práticas de gestão. 102. Quadro educacional nacional e internacional. Hoje vivemos uma ampla gama de transformações no sistema de ensino. Como exemplo, podem ser mencionadas algumas mudanças amplamente visíveis em diversas regiões do mundo de natureza organizacional e curricular, assim como a incorporação das tecnologias da informação que são instaladas em e para as escolas. Propomos, por um lado, Capítulo VI 43 novos modelos didáticos aos docentes e, por outro, assinalamos um novo papel ao(à) estudante como gestor de sua própria aprendizagem. De maneira crescente, estão sendo desenvolvidos sistemas de avaliação, tanto em nível nacional quanto internacional. Alguns deles estão focados explicitamente na avaliação de desempenho da gestão, de gerenciamento e de redução de custos . 103. Perspectiva dos agentes da educação. Na época atual, na expressão de Gue Bajoit, estamos na presença “de um novo sistema”. Um sistema no qual estudantes, famílias e educadores são simultaneamente atores e espectadores. São atores quando estão localizados no cenário dando forma às mais diversas cenas e papéis e proclamando debates com questionamentos de toda natureza e em linguagem performativa. São espectadores, quando processam as imagens desfilando na frente de seus olhos, lembrando-se de cenas anteriores, mas percebendo sensações percucientes a respeito das situações que intuem e podem irromper ao divisar o novo cenário. A consciência vai se instalando sutilmente nesses atores-espectadores, pois os modelos, formas, conteúdos e comportamentos de ontem já não são coordenadas úteis nem pertinentes. Núcleos do plano de formação 104. O plano de formação é dividido em seis núcleos que compõem a gestão institucional, com base na particularidade de espírito e governança fundada no carisma e missão marista. Cada núcleo, por sua vez, está organizado em um quadro que explicita a identidade, os elementos implicados, as expectativas de realização (esses três primeiros considerados como a identidade do núcleo), as competências e os conteúdos de formação que aborda. O esquema também permite visualizar o que é próprio e distintivo de cada núcleo. 105. O primeiro componente define a identidade do núcleo e sua especificidade. 106. O segundo identifica os elementos implicados diretamente. É reconhecida a variedade de aspectos de que se responsabiliza o diretor em formato pessoal e na interação com a equipe de gestão. 107. O terceiro refere-se à expectativa de realização. Aponta as metas a alcançar no processo de formação e atribui sentido e direção à gestão da instituição de ensino com missão e visão própria. 44 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO 108. O quarto identifica as competências funcionais e de conduta que incluem tendências em si próprias. Entende-se por competência o conjunto integrador de habilidades cognitivas, procedimentais e de atitudes que podem e devem ser alcançadas ao longo do processo de formação e que resultam imprescindíveis para garantir o desenvolvimento pessoal, social, de missão e vocação do diretor marista e sua adequação às necessidades do contexto vital para o exercício efetivo como “bom cidadão e bom cristão”. 109. O quinto incorpora os conteúdos de formação, de consolidação temática e articulados em núcleos semelhantes. Capítulo VI 45 110 Núcleo: liderança carismática marista Identidade Definição Refere-se ao selo marista que está impresso na gestão da obra de ensino, inspirada no carisma e na missão de evangelizar pela educação. A tarefa de gestão se entende como um ofício, para o qual é convocado um educador com a finalidade de orientar e dirigir uma comunidade educativa que evangeliza. A singularidade dessa tarefa vem sendo assumida como um serviço de incentivo e governança, visível na presença e no acompanhamento das pessoas e dos processos confiados ao diretor marista. O desempenho do cargo e o cumprimento das responsabilidades inerentes são conformados pela intencionalidade de orientar e dirigir a obra como espaço de evangelização pela educação. Expectativa de realização Elementos implicados 1. Identidade Institucional. Explicita os princípios inspiradores fundamentais que devem estar presentes em qualquer obra educativa e que surgem da tradição pedagógica do Instituto. 2. Descreve os processos e as formas de agir, coerentes com a missão de evangelizar pela educação. 3. Itinerário de formação carismática. Instala o selo institucional em cada um dos processos-chave de gestão do pessoal (captação, seleção, indução, desenvolvimento e crescimento profissional). 4. Acompanhamento, supervisão e avaliação de desempenho. Estratégias para o monitoramento e o crescimento nos âmbitos pessoal, profissional e espiritual que caracterizam o estilo carismático da gestão de ensino. 1. Ser responsável para que a obra educativa seja conduzida por uma equipe colegiada, que torne visível o estilo carismático de gestão nas formas de pensar, sentir e agir no desempenho de ofício. 2. Atender às necessidades educativas da Igreja, da comunidade local e de famílias, com uma oferta de ensino evangelizadora de qualidade. 3. Dar continuidade ao carisma marista, no tempo e nos diversos lugares, onde já existem obras educativas de ensino e nos novos postulados que se empreendam. Exemplos de Indicadores de Formação da Província neste núcleo 1. O diretor recebeu formação em Patrimônio e Carisma Marista por parte da Unidade Administrativa. 2. A Unidade Administrativa vem se preocupando por oferecer uma formação complementar a seus Diretores em Teologia, Moral Cristã e Doutrina Social da Igreja. 5. A Unidade Administrativa propicia ferramentas e formação para acompanhar, supervisionar e avaliar o desempenho de seus interlocutores. São estratégias para o monitoramento e o crescimento nos âmbitos pessoal, profissional e espiritual que caracterizam o estilo carismático da gestão de ensino. 3. Na formação do Diretor enfatizamos tanto a vertente evangelizadora quanto a educacional para ter eficientes ferramentas para dirigir a obra como espaço de evangelização pela educação. 4. A Unidade Administrativa possui um itinerário de formação carismática, no qual instala o selo institucional em cada um dos processos-chave de gestão de pessoal (captação, seleção, indução, desenvolvimento e promoção profissional). 46 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Competências Funcionais 1. Idoneidade pessoal segundo o perfil do diretor a quem é confiado um cargo diretivo. 2. Qualificação profissional e trajetória laboral na instituição. 3. Exercício do cargo com critérios de autonomia responsável, responsabilidade compartilhada, criatividade e empreendimento. 4. Prestação de contas da gestão junto aos superiores do Instituto e às autoridades e regulamentações de organismos locais. De conduta e vocacionais 1. Conhecimento e evidências de gestão de patrimônio marista para diretores. 2. Habilidades sociais observadas na equipe de educadores nas relações com as famílias, estudantes e organismos locais nos planos eclesiásticos e cíveis. 3. Incentivo e condução da comunidade educativa com ênfase nos valores maristas de humildade, presença, proximidade, espírito de família e amor ao trabalho, e a espiritualidade do seguimento de Jesus na comunidade eclesial. 4. Disponibilidade para ser acompanhado no plano espiritual e profissional como manifestação de “Irmãos e Leigos, juntos na missão”. 5. Desenvolvimento de sentido vocacional marista. 6. Disponibilidade para viver uma presença ativa entre as crianças e jovens. Conteúdos da formação 1. Patrimônio Marista para Diretores. a. Vida do Fundador e os primeiros Irmãos. b. Documentos e textos do Fundador e da época fundacional. c. Documentos, textos e biografias dos Irmãos Superiores-Gerais. d. Vida de maristas notórios (beatos, veneráveis, mártires, fundadores,etc.) e seus pioneiros de liderança. e. Documentos do Patrimônio (Capítulos Gerais, documentos da Congregação, Circulares, etc.) f. Carisma e espiritualidade marista: amor a Jesus, amor a Maria, humildade, modéstia, amor ao trabalho, sentido de missão, proximidade e presença junto às crianças e jovens, amor aos pobres. g. Sentido vocacional marista: Irmãos e Leigos. h. Evangelizar com base na da educação. 2. Atenção ao meio do público-alvo e estudo de contexto sociocultural da obra educacional. a. Cultura infantil e da juventude. b. Realidade familiar. c. Pós-modernidade e tendências culturais emergentes. 6. A unidade administrativa trabalha seus diretores nas habilidades sociais observadas para se relacionarem com seus educadores, com as famílias, estudantes e organismos locais nos planos eclesiásticos e cíveis. 9. A unidade administrativa congrega espaços, pessoas e disponibilidade para acompanhar seus diretores no plano espiritual e profissional como manifestação de “Irmãos e Leigos, juntos na missão”. 7. A unidade administrativa promove e forma no incentivo e condução da comunidade escolar com ênfase nos valores de humildade, presença, proximidade, espírito de família e amor ao trabalho. 10. A unidade administrativa propicia experiências que facilitam a conversão e adesão incontinente à pessoa de Jesus Cristo, ao estilo de Maria e Champagnat. 8. A unidade administrativa patrocina oficinas e promove estudos sobre o contexto sociocultural da obra educativa (cultura da infância, da juventude; realidade familiar; pós-modernidade). 11. A Unidade Administrativa desenvolve uma proposta de acompanhamento aos diretores baseada na espiritualidade marista. Capítulo VI 47 111 Núcleo: Planejamento estratégico Identidade Definição Corresponde à metodologia escolhida para orientar e dirigir o colégio, alinhado com a missão institucional de evangelizar pela educação. A condução da obra educativa é realizada com base na perspectiva de “autonomia responsável e responsabilidade compartilhada” (Missão Educativa Marista nº 111). Esse modo de fazer é uma ferramenta para unificar vontades, articular ações e evidenciar o comprometimento com a realização dos objetivos definidos no Plano Estratégico Provincial. Também é relevante pelo modo como é concebido, integrado e executado, com a rotina de ensino, dos processos planejamento, organização, condução, monitoramento, acompanhamento, supervisão e avaliação. É uma forma de fazer que gera conhecimento e ilumina os agentes para tomada de decisões oportunas e significativas para a missão e visão do centro educacional marista. Expectativa de realização Elementos implicados 1. Objetivos institucionais. Explicita e visualiza as metas que definem as filosofias de empoderamento à luz da missão e postulados de cada obra educativa marista. 2. Articulação de pessoas, processos e condições. Caracteriza a sinergia que gera o plano estratégico como forma de trabalho focalizado em metas, a coordenação entre os agentes, o emprego eficiente dos recursos para gerar as condições favoráveis à evangelização pela educação. 3. Avaliação institucional. É a fonte que personifica e organiza a informação produzida no interior e no exterior do estabelecimento. Identifica as virtudes, oportunidades, debilidades e ameaças que se apresentam para evangelizar nesse contexto de espaço e tempo do colégio. 4. Melhoria contínua e inovação. Explorar os processos para facilitar melhoria contínua no centro e a busca de inovação constante em todas as áreas de gestão e educação. 1. Coerência entre a missão institucional e as pessoas, processos e resultados evidenciados na tarefa de evangelizar. 2. Clareza nas metas e na forma de trabalho, em nível individual como agente educativo, assim como nas equipes respeitando suas idiossincrasias. 3. Melhoria contínua instalada como cultura e atitude institucional; respeito do contexto social e da ação educativa que oferece às crianças; meninas e aos jovens do colégio marista. Exemplos de Indicadores de Formação da Província neste núcleo 1. A Unidade Administrativa tem formado seus diretores via ferramenta de Planejamento Estratégico como uma forma de unificar vontades, articular as ações e evidenciar o comprometimento com a realização dos objetivos definidos pelo Instituto e pela Província Marista; e outorgar recursos no desenho, instalação, monitoramento, avaliação de projetos no âmbito de ensino. 2. O Diretor, produto dessa formação; concebe, integra e executa, com base nas rotinas de ensino, nos processos de planejamento, organização, condução, monitoramento, acompanhamento, supervisão e avaliação, como uma forma gerar conhecimento e iluminar os agentes educativos para tomada de decisões oportunas e significativas para a missão e visão do colégio marista. 48 3. A Unidade Administrativa promove em seus diretores a articulação de pessoas, processos e condições. Caracteriza a sinergia que gera o plano estratégico, como forma de trabalho focalizado em metas, a coordenação entre os agentes, o emprego eficiente dos recursos para gerar as condições favoráveis à evangelização. 4. Na construção do Planejamento Estratégico está contemplada a avaliação institucional como fonte que visualiza e organiza a informação produzida no interior e no exterior das obras educativas. Identifica as consistências, oportunidades, fragilidades e ameaças à evangelização nesse contexto de espaço e tempo em que se inclui o colégio. O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Competências Conteúdos da formação 1. Funcionais 1. Evidenciar capacidade de organização das pessoas, tarefas, tempos e condições requeridas para o funcionamento de uma instituição de ensino. 2. Conhecimento e experiência da metodologia de planejamento estratégico para instituições de ensino. 3. Sustentabilidade no desenho, instalação, monitoramento e avaliação de projetos de ensino. 4. Gestão de tecnologias da informação e comunicação aplicável ao planejamento estratégico. 5. Evidenciar uma disposição favorável para a capacitação permanente na área educativa. 6. Desenvolver iniciativas de melhoramento institucional e de inovação. 7. Envolver-se em um processo contínuo de aprendizagem institucional. De conduta: 1. Obter e manusear informação relevante do centro educacional e do seu entorno como requisitos para tomada de decisões. 2. Promover a criatividade, o pensamento divergente e a capacidade crítica para a gestão de ensino. 3. Comunicar-se assertivamente com as pessoas. 4. Constituir equipes, delegar tarefas e monitorar sistematicamente o processo educacional. 5. A Unidade Administrativa na formação do diretor promove a coerência entre a missão institucional e as pessoas, processos e resultados que ficam evidentes na tarefa de evangelizar pela educação; que seja clara nas metas e na forma de trabalho no plano individual como agente educador, assim como nas equipes, respeito às responsabilidades que são próprias. 6. Melhoria contínua entronizada como cultura e atitude institucional de respeito ao contexto social e à ação educativa que oferece às crianças, meninas e aos jovens no colégio marista. Modelos e metodologia de Planejamento Institucional com visão estratégica. a. Modelos de diagnóstico e avaliação para instituiçõesde ensino. b. Metodologia de projetos. c. Formulação de planos de melhoria. d. Sistemas de monitoramento e avaliação de planos estratégicos. e. Processos de mudança e inovação (gestão da mudança significativa). f. Aspectos-chave da legislação no desenho estratégico dos centros educativos. 2. Atualidade educacional na região e no próprio país: tendências locais no desenho de centros educacionais, funcionamento, demandas e processos externos de avaliação institucional. 3. Desenvolvimento e melhoria institucional: a. Escolas performativas. b. Instituições que aprendem. c. Educação de qualidade. d. Educação em contextos de vulnerabilidade e pobreza. 4. Sistemas e tecnologias de informação e comunicação, para o monitoramento do Plano Estratégico. 8. A Unidade Administrativa atualiza seus diretores na leis da educação, planos e programas oficiais,reformas e inovações vigentes, estatuto docente, Estatuto da Criança e do Adolescente. 9. Exige-se de diretores formação pedagógica em instituições de desenvolvimento em larga escala de serviços externos de cuidados para crianças; em instituições que aprendem; de educação qualificada; em contextos de vulnerabilidade e pobreza; e em sistemas e tecnologias de informação e comunicação. 7. Na Unidade Administrativa promove-se e forma-se o diretor marista na criatividade, no pensamento divergente e capacidade crítica para a gestão de ensino. Capítulo VI 49 112 Núcleo potencial humano e ambiente Identidade Definição Este núcleo de gestão fixa a atenção nas condições estratégicas do desempenho da vocação docente e do clima organizacional pertinente para cumprir a missão de Evangelizar pela Educação em cada uma das obras de ensino O desempenho da profissão diretiva é concebido como um ministério em que são convocados todos os componentes da comunidade educativa, no exercício das tarefas próprias e no cumprimento das responsabilidades associadas ao cargo. O convite é dirigido às pessoas do quadro e que possuem experiências de vida, heterogêneas e multifacetadas. “Nós somos respeitosos com o itinerário de cada um. Há espaço para os que se debatem na dúvida e a incerteza espiritual; são escutados e dialogamos; há lugar para todos” (Água da rocha, 114). O clima organizacional, entretanto, faz referência aos vínculos que estabelecem as pessoas, como componente inevitável para possibilitar a Evangelização e a Educação. Está evidenciado nas atitudes e comportamentos que destacam uma convivência salutar e de comunicação efetiva entre os educadores. Construindo um ambiente de ensino no qual se expressa o selo marista de presença, proximidade e espírito de família, com relacionamentos francos, tolerantes e inclusivos da diversidade. Elementos implicados 1. Instâncias de participação e representação. São as instâncias que geram sinergia entre as pessoas, as responsabilidades e os processos implicados para evangelizar com base na educação. 2. Canais de informação e interação. Concernentes aos meios e estratégias adequadas para dar a conhecer e suscitar adesão e comprometimento com a missão institucional. 3. Valores de relacionamento. É o conjunto de atributos de valor agregado que aporta o Evangelho e a educação no relacionamento entre os integrantes da comunidade de ensino. Segundo palavras de São Marcelino, acolhida, humildade, simplicidade. No contexto sociocultural do século XXI, tolerância, inclusão e resolução pacífica de conflitos. Expectativa de realização 1. 1. Valores evangélicos como metas a alcançar no colégio marista. Evidenciar que os valores evangélicos estão presentes nos estamentos, nos espaços, nas atividades e na forma particular como as pessoas se conhecem, relacionam e trabalham. 2. 2. Vivência comunitária que outorga “continuidade à herança recebida dos primeiros irmãos, os quais em torno à boa Mãe aprofundavam o sentido da fraternidade, da abnegação e da entrega aos outros” (Constituições, 49). 3. 3. Promoção humana, profissional e espiritual como consequência lógica do conhecimento profundo do outro, das condições e possibilidades estipuladas para incorporá-lo a uma tarefa cujo perfil potencia a ação evangelizadora e educativa. Exemplos de Indicadores de Formação da Província neste núcleo 1. Os Diretores da Unidade Administrativa são alinhados para acompanhar as pessoas “loco” e que possuem experiências de vida heterogêneas e multifacetadas. “Nós somos respeitosos com o itinerário de cada um. Há espaço para os que se debatem na dúvida e na incerteza espiritual; são escutados e dialogamos; há lugar para todos” (Água da rocha, 114). 2. A instituição delineia um itinerário formativo profissional para os diretores atualizarem suas competências e habilidades no desenvolvimento da missão e gestão marista. humana e cristã e de comunicação efetiva entre os membros da comunidade escolar. Constrói um ambiente de ensino no qual é expresso o selo marista de presença, proximidade e espírito de família, em relacionamentos francos, tolerantes e inclusivos da diversidade. 4. A Unidade Administrativa atualiza seus diretores em canais de informação e interação, referindo os meios e estratégias pertinentes para dar a conhecer e suscitar adesão e comprometimento com a missão institucional. 3. A formação do diretor fomenta clima organizacional seguro, que é evidenciado nas atitudes e comportamentos, deixa visível uma convivência 50 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Competências Conteúdos da formação Funcionais 1. Competência em habilidades sociais, assertividade e comunicação objetiva oral ou escrita na modalidade verbal e na escrita. 2. Confiança e credibilidade entre os agentes participantes e colaboradores da comunidade educativa. 3. Conhecimento pessoal da equipe de trabalho sob sua responsabilidade, capacidade para escutar e orientar as pessoas no desempenho das tarefas próprias do cargo. 4. Responsabilidade no cumprimento pleno do Marco de Gestão de Pessoal. 5. Capacidade de análise dos processos interpessoais e organizacionais implícita ou explicitamente manifestados na comunidade escolar. Atitudinais 1. Evidenciar nos comportamentos os valores institucionais de presença, proximidade e espírito de família. 2. Projetar a construção de comunidades no seio da vida de ensino. 3. Relacionar-se com pessoas de maneira franca, sincera e respeitosa. 4. Capacidade para lidar com conflitos e queixas da comunidade. 5. Imparcialidade e objetividade para abordar de maneira equânime e integral as situações que impactam negativamente o ambiente organizacional. 6. Demonstrar interesse e conhecimento da equipe profissional do colégio, assim como do conjunto de atividades e processos desenvolvidos. 7. Gerar as condições que contribuem para a construção de fraternidades de Champagnat entre os diversos componentes da comunidade escolar. 8. Desenvolver os valores maristas de relacionamento: fraternidade, acolhida, presença, humildade, simplicidade e espírito de família. 9. Propiciar orientação para o autodesenvolvimento na formação do diretor. 5. A Instituição evidencia que, na sua formação, os valores evangélicos estão presentes nos estamentos, nos espaços, nas atividades e na forma particular de como as pessoas se conhecem, se relacionam e trabalham. 6. São desenvolvidas as competências relativas a habilidades sociais, assertividade e de comunicação objetiva, oral e verbal para os diretores. 7. São facilitadas ferramentas aos diretores para o conhecimento pessoal de sua equipe de trabalho, para desenvolver a capacidade de escutar e orientação às pessoas no desempenho das tarefas próprias do cargo; 1. Habilidades sociais e assertividade para diretores. Relações humanas. 2. Coaching aplicado à educação (o gestor como educador). a. Teoria de grupos. b. Gestão da ansiedade e da impulsividade. c. Gestão de conflitos. d. Modelagem de comportamentos. e. Mediação em ambientes de ensino. 3. Instâncias de participação e representação estudantil. a. Instalação de redes de comunicação e informação efetivas entre os diversos agentes educacionais. b. Emprego e gestão das novas tecnologias da comunicação e da informação. c. Instâncias de representação e participação de estudantes, famílias, docentes, assistentes da educação. 4. Valores maristas de relacionamento: fraternidade, acolhida, presença, humildade, simplicidade e espírito de família. para impulsionar a capacidade de gestão de conflitos e queixas na comunidade escolar; para desenvolver a imparcialidade e objetividade na hora de abordar de maneira equânime e integral as situações que impactam negativamente o ambiente organizacional. 8. E, como fruto dessa formação, espera gerar as condições que contribuem para a entronização de fraternidades de Champagnat entre os diversos setores da instituição. Capítulo VI 51 113 NÚCLEO EVANGELIZAÇÃO E PASTORAL Identidade Faz referência aos processos pastorais que são consequência lógica da missão institucional de evangelizar transformando o colégio em uma Igreja da vida. A dimensão de pastoral é centrada na pessoa de Jesus Cristo e no seu Evangelho, vividos comunitariamente, ao estilo de Maria. Esses processos são orientados a acompanhar as buscas da fé por meninos, meninas, jovens e adultos a fim de propenderem à aceitação do Reino. A ação pastoral, no contexto de ensino, por meio dos agentes de pastoral, é uma oportunidade de evangelização para toda a comunidade, assim como para as pessoas e instituições estabelecidas no entorno do colégio. Ela, como expressão da evangelização, influi no exercício do currículo, na administração, na visão estratégica e nas decisões operacionais. Implicações Definição 1. Protagonismo de meninos, meninas e jovens. Consideramos que os destinatários dos planos e processos pastorais são atendidos como indivíduos de Evangelização, com especial referência às formas de pensar, sentir e agir. 2. Realização do Carisma e a Missão. É a relação com a compreensão da vida de ensino como espaço intencionado para evidenciar o selo evangelizador da educação marista. 3. Formação de Diretores. Considera itinerário formador de Diretores nos âmbitos pessoal,profissional e espiritual emoldurado numa teologia e eclesiologia para leigos. 4. Articulação com a Igreja local e atividades eclesiais. Demonstra como um diretor deve realizar uma gestão com plena vinculação com a comunidade local, em especial com as instituições da Igreja, a fim de levar nossos processos e ações de evangelização em forma articulada com as autoridades e movimentos eclesiais de nosso entorno. 5. Incentivo da cultura vocacional da obra. Estatui o relacionamento com o comprometimento que deve ter todo Diretor em incentivar e permitir os espaços para o desenvolvimento de um projeto vital de seus estudantes, com especial preocupação por aqueles com um chamado à vida religiosa. Expectativa de realização 1. A totalidade da vida do colégio é concebida como experiência de evangelização que está dirigida a todos os componentes da comunidade escolar, local de revelação dos caminhos da fé. 2. O colégio orienta um projeto de vida que é desenhado na moldura de uma cultura vocacional, com base no testemunho dos egressos e adultos de presença influente no universo dos meninos, meninas e jovens de todo colégio marista. 3. O conteúdo pastoral impregna o currículo a fim de favorecer a integração da fé, da cultura e da vida de cada integrante da comunidade escolar. 4. Evangelizar pela Educação evidenciada no comprometimento com a vida, a justiça, a paz, promovendo a cultura da solidariedade, preferencialmente entre os mais necessitados. Exemplos de Indicadores de Formação da Província neste núcleo 1. Formação de Diretores na dimensão de pastoral, centrada na pessoa de Jesus Cristo e no Evangelho, vividos comunitariamente, ao estilo de Maria. Esses processos são orientados a identificar e acompanhar as buscas de fé pelos meninos, meninas, jovens e adultos com propensão à aceitação do Reino. 4. Atualizar os diretores para uma concepção de totalidade da vida do colégio na dimensão da evangelização. 2. Integrar ativamente o Carisma e a Missão ao ensino como espaço propício à evangelização pela educação marista. 6. Qualificar diretores a evangelizar pela educação evidenciada no comprometimento com a vida, a justiça, a paz, promoção da cultura da solidariedade, preferencialmente entre os mais necessitados. 3. Considerar o itinerário de formação de Diretores nos âmbitos pessoal e espiritual consagrados numa teologia e eclesiologia para leigos. 52 5. Dar a conhecer o conteúdo pastoral pelo corpo de gestores, a fim de favorecer a integração da fé, da cultura e da vida em cada setor de aprendizagem. O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Competências Conteúdos da formação Funcionais 1. Administrar o colégio demonstrando comprometimento, criatividade e sensibilidade para promover a Missão de Evangelizar com base na Educação. 2. Aplicar a formação profissional de acordo com o perfil de cargo nos âmbitos da pastoral educativa, teologia para leigos, acompanhamento espiritual e psicologia da criança e da infância. 3. Demonstrar, por meio das formas de pensar, sentir e agir, comunhão com a Igreja e adesão ao Carisma Marista. 4. Evidenciar a prática do discernimento para orientar a vida de ensino e adotar decisões com critérios de fé. 5. Agir com responsabilidade e solicitude na gestão dos processos pastorais incentivados no colégio. 6. Facilitar itinerários de formação humano-cristã que conduzam à realização pessoal do público-alvo. De conduta 1. Ser responsável por desenvolver experiências, espaços, harmonizar tempo e pessoal competente para a execução do plano de ação pastoral. 2. Garantir o relacionamento, participação e colaboração com as instituições eclesiais. 3. Estar presente e colaborar nos incentivos pastorais. 4. Promover na equipe de gestão que se evidenciem atitudes e formas de proceder de adesão e comprometimento com a missão institucional de Evangelizar. Incentivar a constituição de fraternidades maristas de Champagnat, que projetam o carisma marista em instâncias além do âmbito de ensino e a integração dos diversos agentes evangelizadores. 5. Incentivar e fomentar a cultura vocacional da obra. 7. Impulsionar formação profissional de acordo com o perfil do cargo nos âmbitos da pastoral educativa, teologia para leigos, acompanhamento espiritual e psicologia da criança e infância. 8. A Unidade Administrativa alinha a prática do discernimento para orientar a vida de ensino e adotar decisões com critérios de fé e para agir com responsabilidade e solicitude na gestão dos processos pastorais. 9. A Unidade Administrativa é responsável que cada colégio adquira experiências, espaços, tempos e o pessoal competente para a execução do plano de ação pastoral. 10. A Unidade Administrativa alinha seu pessoal de direção para garantir o relacionamento, participação e colabo- 1. 2. 3. 4. 5. Magistério Eclesial a. Conferência Episcopal Latino-americana. b. Magistério eclesial atual em diversas áreas que afetam a missão. Fundamentos Pastorais: a. Teologia Fundamental. b. Cristologia e Mariologia. c. Eclesiologia. d. Moral de Discernimento. e. Doutrina Social da Igreja. f. Teologia e Experiências de Espiritualidade. Em referência à Pastoral Educativa a. Identidade e Missão da Escola Católica, como comunidade eclesial. b. Incentivo pastoral em contextos de ensino. c. Psicologia da religiosidade para meninos, meninas e jovens, tempo de ensino. d. Cultura vocacional. De acordo com a opção marista: a. Pastoral Juvenil Marista. b. Modelo de Pastoral. c. Marco para a gestão pastoral de uma comunidade educativa marista. baseada em uma opção pessoal cristã: Experiências espirituais para formarbons evangelizadores, a partir de uma opção pessoal. ração com as instituições eclesiais no qual se insere o colégio marista e está presente, além de colaborar com os incentivos pastorais realizados no colégio. 11. A Unidade Administrativa promove, nas equipes de gestão de ensino, as atitudes e as formas de adesão e comprometimento com a missão institucional de Evangelizar com base na Educação. 12. A Unidade Administrativa incentiva a constituição de fraternidades maristas de Champagnat, que projetam o carisma marista em instâncias além do âmbito de ensino e a integração dos diversos agentes educativoevangelizadores. Capítulo VI 53 114 Núcleo solidariedade, promoção e defesa Identidade Possui sólido traço carismático característico da Congregação Religiosa fundada por São Marcelino Champagnat. Evidencia a opção preferencial pelos mais pobres, pelos meninos, meninas e jovens excluídos dos sistemas de ensino tradicionais, e que também demonstram precário patrimônio cultural, ausência de espiritualidade e religiosidade. Este núcleo, dentro do plano de formação continuada do diretor, traz em seu bojo os desígnios do desenvolvimento da consciência social e do comprometimento com a justiça. Em consequência, instaura-se, no currículo de maneira sistemática e gradual, a educação pela solidariedade por meio das experiências de políticas de libertação de estudantes dos ambientes de pobreza, prestação de serviços aos mais necessitados, e uma ação reflexiva que conforma os planos e programas curriculares do colégio marista. Elementos implicados Definição 1. Comprometimento explícito com os meninos, meninas e jovens em idade de aprendizagem a fim de prevenir situações de desconhecimento e/ou vulnerabilidade dos direitos correspondentes à dignidade da pessoa. 2. Promoção de uma cultura inclusiva, pluralista, tolerante, da diversidade ilustrando a consciência e a iniquidade de toda forma de discriminação e segregação. 3. Promoção de uma cultural da solidariedade, a partir dos alunos menores, gradual e vivencial. 4. Implantação de experiências de voluntariado para gerar oportunidades de geração de lideranças transformadoras cristãs. Expectativas de resultados 1. Evidenciar critérios de juízo e comportamentos consuetudinários que evidenciam a apropriação do valor da solidariedade no entorno escolar, familiar e social no qual atua cada estudante marista. 2. Instalar e implementar um itinerário de formação e de expressão da cultura solidária orientado a estudantes, famílias, docentes e assistentes da educação. 3. Construir, com os componentes da comunidade, uma cultura solidária que se faça presente na defesa sólida e pertinaz na Doutrina Social da Igreja, Responsabilidade Social da Empresa, Defesa e Proteção dos Direitos da Infância e da Juventude, e Orientações da Oficina de Solidariedade da Congregação dos Irmãos Maristas. Exemplos de Indicadores de Formação da Província neste núcleo 1. Na formação do diretor, por parte da Unidade Administrativa, evidencia-se a opção preferencial pelo mais pobre, pelos meninos, meninas e jovens excluídos dos sistemas de ensino tradicionais. Este núcleo, dentro do plano de formação continuada do diretor, corporifica a consagração do desenvolvimento da consciência social e do comprometimento com a justiça. 2. No processo de formação da Unidade Administrativa instaura-se no currículo, de maneira sistemática e gradual, a educação pela solidariedade, por meio das experiências de libertação de estudantes em ambientes de pobreza, atividades de serviços aos mais necessitados, a reflexão-ação que conforma os planos e programas curriculares do colégio marista. 54 3. A Unidade Administrativa alinha seus diretores para ter um comprometimento explícito com os meninos, meninas e jovens em idade de aprendizagem, para prevenir situações de desconhecimento e/ou iniquidade contra os direitos da dignidade da pessoa; além de ter a promoção de uma cultura inclusiva, solidária, pluralista, tolerante da diversidade promovendo a consciência e a transformação de toda forma de discriminação e segregação. 4. A Unidade Administrativa possui em seu processo educativo, experiências de voluntariado, com o fim de gerar oportunidades para o surgimento de lideranças transformadoras cristãs. O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Capítulo VIII Competências Funcionais 1. Ser responsável pela presença e execução dos processos formadores de solidariedade definidos no plano de ação do colégio. 2. Disponibilizar formação pessoal, profissional e espiritual no âmbito da solidariedade em contextos de ensino. 3. Orientar a gestão do colégio com sensibilidade, capacidade executiva para identificar pessoas, contextos ou ações em que sejam evidenciados comportamentos e/ou atitudes contrárias à solidariedade que promove o Evangelho de Jesus Cristo. 4. Garantir as condições profissionais, de financiamento, equipamento e de competência para a promoção da cultura solidária no contexto de ensino e do social. De condutas: 1. Evidenciar capacidade para identificar situações que contradizem o valor da solidariedade no colégio e no contexto social. 2. Promover o plano de ação de solidariedade e discernimento das oportunidades que expressam consciência social e comprometimento com a justiça. 3. Incentivar e se fazer presente nas experiências solidárias que se executam dentro e fora do colégio, visibilizando-as para a comunidade educacional. 4. Comprometer a ação solidária que promova a igreja local e/ou as instituições formais de assistência aos mais necessitados. Conteúdos da formação 1. Com base no foco sociopolítico: a. Informes da ONU sobre Desenvolvimento Humano. b. Estudos de pobreza no continente e no país. c. Experiências internacionais em proteção às crianças e à juventude (Estatuto da Criança e do Adolescente), Brasil Programa Meninos, meninas e jovens construtores de Paz, Cinde-ONU, Colômbia. d. Política pública para atender a pobreza. e. Instituições educacionais no âmbito nacional com evidências de atenção aos mais necessitados. 2. De acordo com o olhar eclesial: a. Doutrina Social da Igreja. b. Orientações Pastorais do Episcopado Nacional. 3. Segundo orientações da Congregação: a. XXI Capítulo Geral. b. Circulares do Superior-Geral. c. Documentação Institucional. d. FMSI. e. Documento “Caminhos de solidariedade marista nas Américas: meninos, meninas e jovens com direitos”. 5. A Unidade Administrativa alinha seus diretores a terem critérios de juízo e repertório de comportamentos que tornam visível a apropriação do valor da solidariedade no entorno escolar, familiar e social em que eles se localizam; também são responsáveis pela presença e execução dos processos formadores de solidariedade definidos no plano de ação do colégio; e dispor de formação pessoal, profissional e espiritual no âmbito da solidariedade em contextos de ensino. 6. A formação dos diretores da Unidade Administrativa busca garantir as condições profissionais, de financiamento, equipamento e de competência para a promoção da cultura solidária no contexto de ensino. Capítulo VI 55 115 Núcleo curricular Identidade Definição Explicita o modo como é concebido e implementado o Modelo Curricular Marista, coerente com a missão cotidiana de Evangelizar pela educação. Está focado nas necessidades e urgências das múltiplas infâncias, adolescências e juventudes para produzir em seus contextos um estilo de educação significativa que garanta rotas formativas complexas, multirreferenciais, multiculturais, que facilitem a interação e interconexão entre redes de saberes, conhecimentos e valores necessários para a compreensão e interação com e na sociedade contemporânea. Abrange o ensino-aprendizagem como estratégia que articula o desenho, planejamento, instalação, monitoramento e avaliação dos processos organizacionais mais apropriados para que os(as) estudantes maristas atinjam o mais elevado nível de realização na aprendizagem. Elementos implicados 1. Dar resposta às perguntas básicas que estruturam o currículo: que ensinam tanto quando os(as) estudantes aprendem como quando são avaliadas as aprendizagens. 2. Aplicar o Modelo Curricular nas práticas de aula a fim de impregnar o processo de ensino-aprendizagem com a missão institucional de evangelizar. 3. Aplicar prioritariamente o Modelo Curricular na totalidade dos colégios que atendem meninos, meninas e jovens com alta vulnerabilidade, assim como em todas as outras obras educacionais. 1. Expectativa de realização 2. 3. 4. 5. Alinhar as práticas de ensino-aprendizagem contempladas no Modelo Curricular Marista com a missão institucional de Evangelizar com base na Educação. Gerar indicadores que permitam avaliar níveis de realização a respeito da Evangelização dos membros da comunidade escolar. Garantir melhorias nos níveis de realização de aprendizagem nos(as) estudantes vulneráveis em todas as áreas compreendidas pela missão de evangelizar com base na educação. Incrementar os indicadores de promoção e retenção para os/as estudantes dos colégios vulneráveis e não vulneráveis, como evidência de uma educação de qualidade que os capacita para a inserção social. Incentivar os(as) estudantes que apresentam altos níveis de vulnerabilidade à continuidade dos estudos ou à inserção no trabalho como alternativas para a construção de um projeto de vida melhor sustentado e habilitado para a mobilidade sociocultural. Exemplos de Indicadores de Formação da Província neste núcleo 1. A formação do Diretor na Unidade Administrativa na área curricular considera o desenho, planejamento, instalação, monitoramento e avaliação dos processos organizacionais mais apropriados, para que os(as) estudantes maristas alcancem o mais elevado nível de realização na aprendizagem. 2. A formação do diretor da Unidade Administrativa dá resposta às perguntas básicas que estruturam o currículo: o quê, como, quanto aprendem os(as) estudantes, assim como e quando se avaliam os seus aprendizados. 3. As Unidades Administrativas constroem, para formar seus diretores, um Modelo Curricular em nível de aula a fim de impregnar o processo de ensino-aprendizagem da missão institucional de Evangelizar desde a Educação. 56 4. A Unidade Administrativa busca alinhar as práticas de ensino-aprendizagem do Modelo Curricular Marista com a missão institucional de Evangelizar desde a Educação. 5. Na formação, busca gerar indicadores que permitam avaliar níveis de realização a respeito da Evangelização dos componentes da comunidade educacional. 6. Demonstrar pela formação de seus diretores melhorias nos níveis de realização de aprendizagem nos(as) estudantes dos colégios vulneráveis em todas as áreas que compreendem a missão de Evangelizar pela Educação e incrementar os indicadores de promoção e retenção dos(as) estudantes dos colégios vulneráveis, como evidência de uma educação de qualidade que os capacita à inserção social. O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Competências Funcionais 1. Evidenciar capacidade para o exercício da docência segundo os parâmetros definidos no Modelo Curricular Marista. 2. Garantir a cada estudante vulnerável do colégio que a aprendizagem é possível de ser alcançada por todos, nas etapas da criança e do jovem. 3. Incentivar os(as) estudantes a formular altas expectativas e alcançar elevados níveis de realização, coerentes com o Modelo Curricular. 4. Conseguir que cada estudante se reconheça como o principal responsável das aprendizagens descritas na missão de Evangelizar com base na Educação. 5. Capacidade de gestão da área curricular articulando, monitorando e avaliando a fim de programar e desenvolver inovações curriculares específicas no tempo oportuno. De condutas 1. Monitoramento sistemático da instalação do Modelo Curricular para dispor de informação na tomada de decisões. 2. Incentivar os docentes a implementar as etapas do Modelo Curricular, desenho, planejamento, instalação, avaliação e alinhados com os princípios institucionais. 3. Garantir que, na aula, seja implementado, assegurado e verificado o controle de qualidade das estratégias de ensino, assim como o monitoramento e avaliação periódica do processo de construção do Modelo Curricular. 4. Sistematizar os informes de resultados internos e externos que obtêm os estudantes a fim de orientar as práticas didáticas mais oportunas e pertinentes. 7. A Unidade Administrativa busca outorgar a capacidade de gestão a seus diretores da área curricular articulando, monitorando e avaliando para desenhar e instalar inovações curriculares específicas e no tempo oportuno, e de monitorar sistematicamente a instalação do Modelo Curricular para dispor de informação para tomada de decisões. 8. A Unidade Administrativa forma e incentiva os docentes gestores a implementar as etapas do Modelo Curricular, desenho, planejamento, instalação, avaliação e que estejam alinhados com os princípios institucionais. Conteúdos da formação 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Modelo Educativo de Evangelização com base na Educação: a. Pedagogia marista. b. Processos de ensino-aprendizagem. Projeto Curricular. Modelo Curricular: a. Teorias e fundamentos curriculares. b. Organização e dinâmica curricular. c. Fontes curriculares: psicopedagógica, filosófica, legal, sociológica e marista. d. Liderança curricular. e. Monitoramento curricular. f. Avaliação da qualidade da aprendizagem e do desenho curricular. g. Dimensão sociopolítica do currículo e da educação. h. Tendências contemporâneas: ecologia, cultura para humanizar, patrimônio marista. Novas tecnologias TICs Pensamento crítico, criativo, periférico, inovador, divergente. Psicologia do desenvolvimento. Ciclos de aprendizagem. Leis e referências legais: a. Leis educacionais. b. Planos e Programas Oficiais. c. Reformas e inovações vigentes. d. Estatuto docente. e. Estatuto da Criança e do Adolescente. 10. A Unidade Administrativa requer na sua formação sistematizar os relatórios de resultados internos e externos que dos estudantes a fim de orientar as práticas didáticas mais oportunas e pertinentes. 11. A Unidade Administrativa atualiza seus gestores em Leis Educacionais; Planos e Programas Oficiais; Reformas e inovações vigentes; Estatuto docente; Estatuto da Criança e do Adolescente. 9. A Unidade Administrativa garantirá, por meio de capacitações, que na aula se implemente, garanta e verifique o controle de qualidade das estratégias de ensino, assim como o monitoramento e avaliação periódica do processo de instalação do Modelo Curricular. Capítulo VI 57 116 Núcleo gestão administrativo-financeira Identidade Este núcleo de Gestão Administrativo-Financeira é responsável pelo resguardo, utilização, administração do patrimônio institucional para dar garantias de viabilidade e sustentabilidade ao colégio. O critério geral está definido pelo uso evangélico dos bens a fim de contribuir para a aprendizagem dos(as) estudantes, coerente com a missão de Evangelizar com base na Educação. O orçamento local dá conta da variedade de necessidades que apresentam as obras educativas de ensino e se confeccionam e aprovam, conforme as normas gerais do Instituto, as definidas pelas instâncias de incentivo e governança, e de cada obra em particular. Compõem o orçamento do colégio, os recursos, a infraestrutura, tecnologia, reparações, equipamento, renovação de material, remunerações do pessoal, obrigações legais, tributárias e financeiras a fim de contribuir para a aprendizagem dos meninos, meninas e jovens do colégio marista. Elementos implicados Definição 1. Disponibilidade de recursos, segundo os requerimentos detalhados no orçamento com impacto direto na educação carismática de qualidade aos(às) estudantes. 2. Sistemas de controle de gestão, que permitam monitorar e revisar as contas de forma rápida, veraz e segura para garantir o bom funcionamento de todos os colégios. 3. Idoneidade e integridade do pessoal, demostráveis pelo nível de formação alcançado e por responder satisfatoriamente à confiança depositada pela instituição no desempenho das tarefas e responsabilidades próprias do cargo de direção. 4. Critério de eficiência no uso e administração de todos os recursos que conformam o patrimônio institucional. Supõe também gerar todas as condições para realizar a aprendizagem. Expectativa de realização 1. Oferecer aos meninos, meninas e jovens um colégio estruturalmente implementado, que favorece o processo de ensino-aprendizagem, com o uso de recursos tecnológicos e materiais adequados, assim como um espaço físico seguro, limpo e em harmonia com a natureza. 2. Otimizar o uso dos recursos financeiros e contábeis a fim de consolidar despesas operacionais para atender a uma população em condição de vulnerabilidade. 3. Incorporar o valor da humildade como critério orientador do pensamento e do comportamento dos(as) integrantes da comunidade. 4. Administrar os recursos naturais disponíveis no entorno, com autoridade e condutas que favoreçam a comunhão com a natureza. Exemplos de Indicadores de Formação da Província neste núcleo 1. A formação do Diretor na Unidade Administrativa na área de recursos materiais e financeiros dará ferramentas técnicas e humanas para o resguardo, utilização e administração do patrimônio institucional para dar garantias de viabilidade, sustentabilidade e uso evangélico dos bens do colégio. 2. A formação do diretor dá resposta à gestão conceitual e operacional do orçamento, dos recursos destinados à infraestrutura, tecnologia, reparações, equipamento, renovação de material, remunerações do pessoal, encargos tributários e financeiros a fim de contribuir para a aprendizagem dos meninos, meninas e jovens do colégio marista. 58 3. As Unidades Administrativas desenvolvem, para formar seus Diretores, um Sistema de controle de gestão que permite monitorar e rever as contas de forma rápida, veraz e segura para garantir o bom funcionamento administrativo, financeiro e econômico de todos os colégios. 4. A formação dos diretores tem conteúdos que perseguem consolidar a idoneidade e a integridade do pessoal administrativo, demonstradas pelo nível de formação alcançado e por responder satisfatoriamente à confiança depositada pela instituição, no desempenho das tarefas e responsabilidades que são próprias do cargo. O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Conclusión Competências Conteúdos da formação Funcionais 1. Programar e executar planos estratégicos para a gestão dos recursos materiais e financeiros do colégio. 2. Organizar os espaços de ensino, segundo os critérios pedagógicos definidos para meninos, meninas e jovens. 3. Gerar espaços que favoreçam a construção de um estilo de convivência sadia e segura para os(as) estudantes, pais e mães, docentes, administrativos e pessoal assistente da educação. 4. Implementar os recursos tecnológicos e materiais atualizados e de alto impacto para a realização de aprendizagens na área cognitiva e afetivo-social. 5. Implementar e monitorar as ferramentas tecnológicas de controle de gestão para garantir o adequado funcionamento do colégio. 6. Gestão em nível de usuário das aplicações financeiras e contábeis de um colégio. 7. Desenvolver uma perspectiva de uso evangélico dos bens na organização de ensino. De conduta 1. Organizar e supervisionar os resultados do desempenho financeiro dos colégios. 2. Assegurar a viabilidade e promover o desenvolvimento sustentável da obra educacional. 3. Favorecer o alinhamento e gestão financeira e contábil do colégio, com as instâncias de incentivo e governo da Província. 4. Identificar e analisar a existência de relação entre os níveis de aprendizagem alcançados e os resultados financeiros institucionais. 5. A Unidade Administrativa busca alinhar, com sua formação a seus diretores, a otimização do uso dos recursos financeiros e contábeis; normas contábeis e tributárias; administrar responsavelmente os recursos disponíveis; e incorporar o valor da humildade, como critério orientador do pensamento e do comportamento. 6. Evidenciar na formação de seu Diretor de que são capazes de desenhar e executar planos estratégicos para a gestão dos recursos materiais e financeiros; organizar os espaços de ensino, segundo critérios pedagógicos definidos para meninos, meninas e jovens; gerar espaços que favoreçam a construção de um estilo de convivência sadio e seguro para os(as) estudantes, pais e mães, docentes, administrativos e pessoal assistente da educação; implementar os recursos tecnológicos e materiais atualizados e de alto impacto para a realização de aprendizagens na área cognitiva e afetivo-sociais. 1. 2. 3. 4. 5. Conhecimento e gestão do plano de negócios de uma instituição de ensino. Gestão de resultados contábeis e financeiros da instituição de ensino: a. Gestão orçamentária. b. Fluxo de ingressos. c. Provisão de despesas. d. Fluxo de caixa. Leis educacionais: a. Normas contábeis e financeiras. b. Legislação trabalhista e docente. c. Marco de Gestão dos colégios maristas. Desenho e planejamento estrutural dos colégios. Doutrina social da Igreja e uso evangélico dos bens. 7. A Unidade Administrativa busca outorgar a capacidade de gestão a seus diretores da área de recursos materiais e financeiros, de organizar e supervisionar os resultados do desempenho financeiro dos colégios; resguardar a viabilidade e promover o desenvolvimento sustentável da obra educacional; favorecer o alinhamento e gestão financeira e contábil do colégio com as instâncias de incentivo e governo da Província; e identificar e analisar a existência de relação entre os níveis de aprendizagem alcançados pelos(as) estudantes e os resultados financeiros institucionais. Capítulo VI 59 CAPÍTULO 7 Pautas para uma metodologia da formação de diretores 117. Todo processo formativo é orientado com base nos critérios, os objetivos e os conteúdos desenvolvidos no modelo formativo. Para alcançá-los, torna-se necessária a seleção acertada de uma metodologia ajustada aos fins da formação. Por metodologia, se entende o caminho ou processo que são oferecidos aos diretores e que são organizados de maneira sistemática e intencional para facilitar sua aprendizagem. Envolve a eleição de procedimentos e planos de ação, atividades e recursos, em variáveis próprias dos diretores e do processo mesmo de apreender. 118. No caso dos diretores e com os níveis complexos de conhecimento que é requerido, é imperioso enfatizar metodologias que favorecem o desenvolvimento do pensamento crítico e da aprendizagem autônoma. Também se enfatizará a utilização de métodos centrados nos participantes e que fortaleçam a responsabilidade sobre sua própria aprendizagem. A metodologia deverá gerar uma aprendizagem mais profunda, significativa e duradoura, e facilitar sua aplicação em contextos mais heterogêneos. Nesse sentido, e sem esgotar a discussão a respeito, deverá responder a dois elementos básicos: primeiro, os resultados da aprendizagem cog- 60 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO nitiva, competência, indentitária e vocacional, e segundo, as características construtivistas e sociocognitivas da aprendizagem dos adultos ou andragogia.16 119. Nessa metodologia, o diretor assume assim um papel mais ativo na(o): a. construção e reconstrução de seu conhecimento; b. interação ativa com os espaço-tempos de ensino, os cenários atuais e futuros os quais deveria intervir com sua liderança; c. prática colaborativa e cooperativa de apreender; d. troca de experiências e conhecimentos de maneira fluida; e e. desenvolvimento integral de sua liderança de serviço. 120. É importante, finalmente, indicar que a eleição das metodologias deverá garantir a melhor efetividade e eficiência na aquisição de módulos formativos complexos. 121. Dentro dos níveis de formação, podem ser identificadas duas grandes tipologias, os programas formais e informais. Os segundos se caracterizam por possuir desenhos formativos sem reconhecimento acadêmico oficial e possuir variedade temática muito diversa para explorar e consolidar processos e conteúdos específicos da gestão e incentivo educativo e carismático dos centros. Os programas formais possuem reconhecimento acadêmico oficial e têm graus, como diplomado, licenciatura, pós-graduação, mestrado ou doutorado. Para esses graus, a formação dos diretores deveria levar em conta a ênfase na sua especificidade, particularmente assegurando uma adequada exposição aos conteúdos de liderança, administração, gestão educativa e identidade institucional. Tanto para as iniciativas formais quanto informais, a Unidade Administrativa pode estruturar ou facilitar quaisquer das seguintes modalidades de implantação: presencial, semipresencial, a distância, formação em-linha e modalidades mistas. Prescreve-se idoneidade e efetividade de cada uma dessas modalidades e a Unidade Administrativa deverá equilibrar com tranquilidade a melhor opção que assegure a qualidade e a viabilidade da formação de seus diretores. 16 Andragogia é a ciência e/ou a arte que, estando imersa na educação permanente, é desenvolvida através de uma praxe fundamentada nos princípios de participação e horizontalidade; cujo processo, ao ser orientado com características sinérgicas pelo facilitador da aprendizagem, permite incrementar o pensamento, a autogestão, a qualidade de vida e a criatividade do participante adulto, com o propósito de proporcionar uma oportunidade para lograr seu autor a realização. [Alcalá, A. A praxe andragógica nos adultos de idade avançada. (1997). In Cazau, P. Andragogía, www.uade.mx. 2001, p.2]. Kraft menciona algumas características: a. Os adultos se comprometem a apreender quando os métodos e objetivos sejam considerados realistas e importantes e percebidos como utilidade imediata; b. A aprendizagem de adultos tem sempre implicação pessoal que decorre em desenvolvimento, autoconceito, preocupação, juízos, autoeficácia; c. Os adultos desejam ter autonomia e ser a origem de sua própria aprendizagem, isto é, desejam implicar-se na seleção de objetivos, conteúdos, atividades e avaliações; d. Os adultos, se resistem a apreender em situações que acreditam, põem em dúvida sua competência, ou seja, imposta; e. A motivação dos adultos para apreender é interna; o que pode se fazer é incentivar e criar as condições que promovam o que já existe nos adultos; f. A aprendizagem adulta está fomentada mediante condutas e atividades de formação nas que se demonstre respeito, confiança e preocupação pelo que apreende. (Kraft, N. The dilemas of deskilling: reflections of a staff developer. Journal of Staff development (EU), 1995, vol. 16, nº 3, p. 31–35). Capítulo VII 61 122. Para facilitar tanto a diversidade quanto a adaptação a diferentes realidades são apresentadas a seguir algumas sugestões: Metodologias para a formação 62 Orientação 1. Aprendizagem cooperativa/colaborativa Metodologias de aprendizagem que surgem da colaboração ou cooperação grupos que compartilham espaços de discussão ou realização de trabalhos. 2. Comunidades de Aprendizagem Metodologia de aprendizagem com dinâmica comunitária, centrada em atuações educativas dirigidas à solução de problemas e à troca entre membros que compartilhem necessidades e interesses comuns. 3. Redes de aprendizagem As redes de aprendizagem são redes sociais em linha mediante as quais os participantes compartilham informação e colaboram para criar conhecimento. 4. Apresentação/Foros de boas práticas (internas/externas) Metodologia fundamentada na apresentação ou conhecimento direto de boas práticas ou práticas de sucesso realizadas em outros meios ou contextos. 5. Experiência teórica prática com a finalidade de obter um domínio aplicado de certos conhecimentos ou processos. Oficinas com diferentes temas 6. Ensaios reflexivos Redação de extensão média e ampla de temas especificos, devidamente argumentados e sintetizados. 7. Condução de processos qualitativos ou quantitativos para inquirir aspectos pertinentes da realidade ou conhecimento. Investigações 8. Aprendizagem baseada em problemas Metodologia que concentra a integração da aprendizagem na resolução criativa de problemas de diversas naturezas. 9. Metodologia centrada na execução de um projeto que parte de uma realidade e busca uma transformação. Aprendizagem baseada em projetos 10. Produção bibliográfica Redação e publicação de livros ou artigos. 11. Produção de inovações educativas Investigação, conceptualização e implantação de inovações em cenários educativos. 12. Simulação e jogo Técnica projetiva para a compreensão baseada nas interações lúdicas ou na utilização de modelos dramatúrgicos. O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO 13. Contratos de aprendizagem para o trabalho autônomo Supõe a reordenação do relacionamento alunoprofessor com base em um documento escrito no qual é explicitada uma série de comprometimentos previamente negociados para o trabalho autônomo 14. Estágios Situar a aprendizagem num contexto alternativo para ser transferido ao próprio entorno em que atua o diretor. 15. Estudos de casos Metodologia qualitativa centrada numa problemática específica para ser analisada em profundidade e com uma proposta de solução ou explicação. 16. Cursos específicos Cursos com temática própria. 17. Conferências Palestras ou mesas-redondas. 18. Exposição e leitura acadêmica Explanações ou dissertações de personalidades de notório saber no campo do conhecimento. 19. Coaching Técnica de direção, instrução e capacitação de uma pessoa ou grupo, por parte do coach ou treinador, com o objetivo de atingir alguma meta ou de desenvolver habilidades específicas. 20. Acompanhamento Serviço de apoio, ao estilo marista, com a proximidade, que sustenta a orientação em nível pessoal. 21. Avaliação Formas de avaliação para os diretores: autoavaliação, coavaliação, heteroavaliação e avaliação de resultados. 123. As metodologias apresentadas ressaltam a visão das opções que uma Unidade Administrativa pode utilizar para dar variedade e profundidade a seu modelo formativo. Nesse sentido, tanto a eleição quanto a implantação das opções metodológicas representam uma das decisões mais complexas do desenho. Capítulo VII 63 Considerações finais 124. A Formação dos Diretores maristas constitui um elemento-chave no incentivocarismático e profissional para orientar a sempre perene meta do Instituto: “Dar a conhecer e amar a Jesus Cristo”. 125. A reflexão proposta no atual documento apoiará as Unidades Administrativas e os arquitetos de programas de formação de diretores a criar uma identidade e visão comum no conjunto da América Marista. Mediante o esforço desenvolvido no diagnóstico e o Primeiro Encontro Continental de formação de diretores, tem conseguido identificar os elementos-chave para facilitar um documento orientador, com a esperança de beneficiar cada uma das Unidades Administrativas da América Marista. 126. Como conclusões que emanaram, podemos identificar: a. A necessidade, expressada no diagnóstico, de ter programas integrados de formação específica para a missão do gestor e para o cultivo da sua identidade e espiritualidade marista. b. A urgência de responder às chamadas contemporâneas, mediante a atualização dos conteúdos formativos dos diretores e das ações práticas de transformação 64 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO nos centros maristas. A liderança resultante deverá responder às chamadas das crianças, adolescentes e jovens, às intuições do Instituto, às necessidades sociais dos países e regiões para garantir uma educação significativa, transformadora, intercultural e serviçal. c. A contemporaneidade requer um esforço constante de criatividade, empreendimento, atenção aos pobres e excluídos e opções éticas para unirmos as forças de crescimento social e para mitigar os antivalores opostos ao Evangelho recorrentes na realidade atual. A capacidade de visualizar, desenhar e concretizar transformações em estruturas, serviços, programas, desenvolvimento humano e espiritualidade deve ser uma suporte constante na reflexão e nas opções dos diretores maristas. As respostas a essas demandas sociais e eclesiais são construídas junto a uma identidade carismática marista bem desenvolvida e atualizada constantemente. d. A formação dos diretores reforça o papel, o aporte e a missão da escola marista em nossas sociedades atuais. Esse aporte não deve ser secundário, mas de primeira ordem, para oferecer a nossos públicos-alvo uma educação de qualidade e profundidade em sintonia com nosso legado carismático. e. A missão do diretor, como imagem de Champagnat, retoma um valor substantivo para desenvolver as dimensões de uma comunidade dinâmica, integradora e vital. As possibilidades que acompanham sua missão requerem uma renovada ação de liderança e espiritualidade que irradiam uma formação bem-afiançada e continuada. f. Os núcleos de formação mais estratégicos para os diretores, emergidos da reflexão do Primeiro Encontro de Formação de Diretores e do desenvolvimento posterior deste documento são: a identidade e carisma marista, a gestão curricular, pastoral, de recursos/potencial humano e o clima organizacional, institucional e de recursos materiais. g. Nos planos de formação é importante destacar não somente os conteúdos, mas os objetivos, estratégias, metodologias, princípios fundamentais e a própria sequência curricular. A qualidade dos planos está cifrada em atender as características próprias desse grupo de líderes maristas, suas necessidades e a visão de futuro das instituições e Unidades Administrativas. Do cuidado das experiências de formação derivarão o êxito e a realização dos seus propósitos tanto para os participantes quanto para o Instituto na América. 127. Com o olhar em anteriores consideraçoes, o presente documento possui uma prospectiva de futuro. Indicamos alguns elementos básicos. ConsideraçõeS FINAIS 65 a. As linhas orientadoras pretendem ajudar cada Unidade Administrativa a formular, adotando-as e adaptando os elementos básicos desenhados neste documento. Assim, poderá ser facilitada a criação de cenários formativos semelhantes para criar um substrato comum entre os diretores das Américas. b. Os núcleos formativos poderão ser integrados em iniciativas formais e informais de cada Unidade Administrativa para completar o existente, reforçar o que já se possuía e criar novas opções. c. A proposta atual permitirá estabelecer alianças e programas colaborativos para maximizar e melhorar as opções locais. Mediante esses meios, os aportes existentes favorecerão aqueles diretores e unidades administrativas com menores possibilidades e permitirão seguir melhorando as que já possuem estruturas mais sólidas de formação. Essas iniciativas favorecerão a internacionalidade da Missão e potenciarão o trabalho em rede. d. A identificação do modelo de formação derivará em futuros diálogos e novas possibilidades para garantir a continuidade, criatividade e diversidade da presença marista no continente americano. Mediante a colaboração e construção comum poderá ser gerada uma nova concepção do que significa ser diretor marista em nossa realidade ajudando a troca de experiências e visões, e facilitará orientações de melhor qualidade, diante do futuro. e. A missão de Irmãos e leigos maristas continuará sendo integrada de maneira harmônica e com possibilidades semelhantes para efetivar o princípio de vocações maristas diversas no exercício da missão de evangelizar mediante a educação. 66 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Referências bibliográficas BOFF, Leonardo. Tempo de Transcendência: o ser humano como um projeto infinito. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. BRASIL. Estatuto das crianças e do Adolescente: Lei federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 50ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011. FURET, Jean Baptiste. Vida de José Bento Marcelino Champagnat. GALUZZI, Sandro. O Evangelho de Mateus: uma leitura a partir dos pequeninos. Comentário Bíblico Latino-Americano. São Paulo: Fonte Editorial, 2012. Sites web SOUSA SANTOS, Boaventura. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Disponível em: http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/pdfs/Concepcao_multicultural_direitos_humanos_RCCS48.PDF Acessado em: 03 jun. 2012 Documentos e publicações INSTITUTO MARISTA. Caminhos de solidariedade nas Américas: crianças e jovens com direitos. Brasil, 2013. ______. Com Maria, ide depressa para uma nova terra. Documento do XXI Capítulo Geral. Roma, 2009. ______. Ecos de Mendes. Documento da 1ª Assembleia Internacional da Missão Marista. Brasil, 2007. ______. Em seus braços ou em seu coração. Roma, 2009. ______. Em torno da mesma mesa. Roma, 2009. ______. Evangelizadores entre jovens. Roma, 2011. ______. Missão educativa marista: um projeto para o nosso tempo. Roma, 1998. Referências bibliográficas 67 LYOTARD, Jean François. A condição pós-moderna. Rio de Janeiro: José Olímpio, 2002. MORAES, João Francisco Regis de. Ética, autoridade e cidadania. Belo Horizonte: Dois Pontos, nº23, v.2, p.5-11.1995. MORAES, Maria Cândida. Ecologia dos saberes. Instituto Antakarana, 2008. ______; TORRE, Saturnino da. Sentipensar. Fundamentos para ré encantar a educação. Petrópolis: Vozes, 2004. MORIN, Edgar. Elogio das metamorfoses. El País, 2010. MURAD, Afonso. Maria, toda de Deus e tão humana. Compêndio de Mariologia. São Paulo: Paulinas, Santuário, 2012. ______. Intercongregacionalidad, redes e sociedades. Uma visão transversal. In Revista Testemunho, nº 247, 2011. NARANJO, Claúdio. Educando a pessoa como um todo para um mundo como um todo. In RESTREPO, Luís Carlos. O direito à ternura. Trad. Lúcia M. Endlich Orth. Petrópolis: Vozes, 1998. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. ______. Convenção Internacional dos Direitos da Criança, 1989. UMBRASIL. Projeto Educativo do Brasil Marista – nosso jeito de conceber a Educação Básica. UMBRASIL, Brasília, 2000. PROVÍNCIA MARISTA DO RIO GRANDE DO SUL. Valores institucionais. Documento da Coordenação de Pastoral, 2006. SAMMON, Irmão Seán D. (Superior-Geral). Tornar Jesus Cristo conhecido e amado. A Vida Apostólica Marista hoje. Circular. Instituto dos Irmãos Maristas, V. XXXI, nº 3, 6 jun, 2003 SENGE, Peter et al. Presença. Propósito humano e o campo do futuro. São Paulo: Cultrix, 2007. SOUSA SANTOS, Boaventura. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista Crítica de Ciências Sociais, nº 48, jun. 1997. UMBRASIL. Diretrizes da ação evangelizadora para o Brasil Marista. Brasília, 2013. ______. Plano de formação marista. Brasília, 2010. 68 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Anexos A seguir se apresentam duas reflexões sobre a Missão do Diretor e as chamadas da Escola hoje, que serão um insumo necessário para iniciar processos de reflexão e enriquecimento aos novos olhares que devemos ter para o Diretor Marista, seus desafios e os processos de formação que são requeridos para eles. ANEXOS 69 Anexo 1 Hoje é o mais belo dos dias Neste trabalho procuramos aprofundar um aspecto importante da nossa Missão: a Evangelização nos Centros Educacionais Maristas e o papel do Diretor. Para nos aproximar desta temática faremos, em primeiro lugar, um breve percurso pela evolução para compreender a Evangelização apregoada no Instituto. Em seguida, ficaremos um momento nos desafios desses tempos, e as necessárias transformações que invocam. Tudo isso nos ajudará a possuir uma compreensão mais clara a respeito do que significa atualmente Evangelizar num Centro Educacional Marista. Finalmente, mencionaremos os âmbitos concretos nos quais se coloca a potência evangelizadora de nossos Centros, para melhor compreender, então, o que impulsiona um Diretor ou Diretora marista de uma obra nessa apaixonante tarefa. 1 Beber nas fontes de nossa paixão Em nossas origens maristas, existe uma história muito bonita que mostra a paixão e a mística que incentivava não só Champagnat, mas toda a Primeira Comunidade. Convido você a ler. O Irmão Lorenzo carregava consigo provisões desde La Valla e regressava às quintasfeiras para conviver com os Irmãos e se prover do necessário. Ficava alojado na casa de um vizinho de Bessac e ele mesmo preparava sua comida, que consistia em sopa, que fazia pela manhã para todo o dia, batatas e queijo. Duas vezes ao dia percorria o povoado com um sininho para chamar as crianças. Era tal a veneração que tinha suscitado pela sua virtude que todos se descobriam a seu passo. Quando as crianças já estavam reunidas, ensinava as orações, o catecismo e a leitura. Aos domingos juntava no ermitério todos os vizinhos do povoado. Uma quinta-feira, como de costume, veio a La Valla prover-se de alimentos voltando a Bessac na companhia do padre Champagnat que tinha que ir confessar um doente que ficava em seu caminho. Havia dois ou três palmos de neve, e os caminhos estavam cobertos de gelo. O Irmão Lorenzo levava numa sacola um pão grande, queijo e batatas para se alimentar durante a semana. Embora sendo fortes, como os caminhos 70 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO estavam intransitáveis, suava com o peso que carregava. O padre Marcelino, ao vê-lo nesse estado, disse: - Irmão, que ofício tão duro o seu. - Perdoe, Padre, não é, mas agradável. - Não vejo como pode achar gosto em subir essas montanhas cada oito dias, pisando a neve e o gelo, com tanto peso no ombro e exposto a cair no precipício. - Tenho a certeza de que Deus guia todos os meus passos e recompensará com imensa glória os trabalhos e as fadigas suportados pelo seu amor. - De modo que está contente de catequizar e dar aula para esse povo difícil, levando, como um pobre, seu pão nas costas. - Tão contente, Padre, que não trocaria meu emprego por nada do mundo. - Pois é, vejo que estima muito seu trabalho. Mas, acredita que merece isso? - Não mesmo. Estou convencido de não ser digno de dar a catequese a Bessac. É um privilégio que me foi concedido pela especial bondade de Deus. - Quanta verdade que está falando! Mas, pelo menos poderia admitir que hoje tivemos um dia péssimo? - Não, Padre, hoje é um dos dias mais belos da minha vida. Seu rosto brilhava enquanto falava essas palavras, então seus olhos ficaram marejados de lágrimas de felicidade. O padre Champagnat, emocionado e confortado vendo tanta virtude, quase não conseguia conter as suas. De um jeito quase curioso e paradoxal, Marcelino faz aflorar do coração do Irmão orenzo suas motivações mais profundas, que fazem encantadora uma tarefa cheia de esforços e desafios. Após quase duzentos anos, Marcelino necessita de nossos ouvidos, nossos olhos, nossas mãos e nosso coração. Seus ouvidos, olhos, mãos e coração, querido Diretor Marista, para alentar a vida de educadores, crianças e famílias, a partir de um lugar particularmente significativo e estratégico como é o incentivar um Centro Educacional. ANEXOS 71 2 Evolução do modo de compreender a Evangelização nos Centros Educacionais Maristas Sabemos que estamos num tempo de profunda transformação. Em todas as áreas do saber são mencionadas mudanças de paradigma. Para melhor nos situar neste tempo particular e seus desafios para a Evangelização, a Educação Marista, vamos fazer um breve percurso pelos dois grandes modos de compreender a Evangelização que temos experimentado em nosso Instituto. Como toda síntese com fins puramente didáticos, iremos cair em simplificações. Entretanto, essa perspectiva nos ajudará, talvez, a situar tanto nossa própria experiência pessoal anterior quanto os desafios que na atualidade se apresentam. A RELIGIÃO como SABER SUPERIOR Esse modo de compreender a educação evangelizadora está ligado à Cristandade. A tarefa evangelizadora de um Centro Educacional consiste em reforçar os princípios que já são parte da família. Trata-se, então, fundamentalmente, de aprender a doutrina e reforçar hábitos virtuosos, transmitindo a Religião no marco universalmente compartido da cultura cristã (considerada como única e superior). A expressão privilegiada dessa maneira de conceber a Educação Católica é a Classe de Catecismo. Incluso em muitos locais, era ensinado a ler e escrever com o Catecismo como texto-base. O claustro era o lugar privilegiado da educação. E o mestre catequista (normalmente um religioso) era a figura por excelência a cargo da tarefa. A metodologia que expressa essa concepção é a dogmática, que consiste em aplicar de modo dedutivo verdades e princípios superiores às perguntas e situações da vida. Esse modo de conceber a educação atravessou, praticamente, os primeiros 140 anos de vida de nosso Instituto. A VIVÊNCIA DA FÉ como PROGRAMA AUTÔNOMO Com o advento da Modernidade, tudo fica convulsionado: começa o fenômeno cultural conhecido como secularismo, que marca uma distinção radical entreciência e fé. Crianças e jovens “católicos” já não chegam à educação católica, para ser educados nas verdades da Religião, como ocorria em outros tempos. As perspectivas do natural mudam de modo veloz e profundo. Por exemplo, já não é considerado que a Ordem Social é algo dado; na demanda de justiça e solidariedade vão se abrindo caminhos com força inusitada. 72 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Tudo isso é vivido com perplexidade no seio da Igreja e das famílias religiosas. As Escolas Católicas e as Congregações Educacionistas devem enfrentar três desafios de grande envergadura: • propiciar processos de vivência da fé, já que a realidade demonstra que tal vivência não supõe estar em todas as famílias; • oferecer um ensino científico de qualidade, que permita à escola se situar numa perspectiva de excelência; • desenvolver iniciativas e projetos solidários, como modo de responder, desde o coração de discípulos de Jesus, aos anseios de justiça e fraternidade. Nesses tempos são desenvolvidos, em nosso Instituto, projetos inovadores, que procuram responder a esses desafios, liderados por especialistas em cada uma das áreas: • nascem os grupos de pastoral, com o modo de favorecer a experiência (e não só o conhecimento) da fé; • Surgem os Projetos Solidários, as Comunidades de Inserção e as Obras Sociais, como um intento de se aproximar de realidades mais pobres; • Potencializa-se a excelência acadêmica, que busca estar à altura das demandas de capacitação. Essas respostas genuínas, audazes e criativas foram se afirmando em trilhas específicas. Se bem que eram todas elas expressões da Missão Marista, foram vividas em canais paralelos, e incluídas algumas vezes como contraditórias. Surgiram incluídas algumas controvérsias que hoje são difíceis de compreender (como, por exemplo, Comunidades de inserção vs. Escolas, ou qualidade educativa vs. Pastoral). A metodologia que é utilizada neste tempo para a evangelização assume uma perspectiva dialética, que consiste em confrontar as situações humanas com as verdades iluminadoras da doutrina para prever transformações. O método “ver-julgar-agir”, ou o tradicional método catequético (“situação-iluminação-comprometimento-celebração”) são claras expressões dessa perspectiva. 3 Novos tempos, com suas crises presentes A mudança paradigmática que chegou com o fim da modernidade tem nos sacudido profundamente e vai transformando nossa maneira de enxergar e compreender a realidade. Vejamos algumas dessas mudanças: • em nível de expansão da consciência, assistimos à superação da consciência racional por uma consciência de experiência, paradoxal e aberta à complexidade; ANEXOS 73 • em nível científico, vamos nos abrindo aos complexos fenômenos da multicausalidade sistêmica e à imprevisibilidade de muitos fenômenos; • em nível sociopolítico, o mundo está sendo profundamente impactado pelo ressurgimento das culturas não ocidentais e aborígines; • em nível religioso, o que líamos como “a morte de Deus” ou a “temível secularização” revela ser uma profunda metamorfose do sentido do sagrado, que nos prepara para enxergar as pegadas divinas em terrenos que, até o momento, não eram reconhecidos. Somos mais conscientes, hoje, de que Deus não é propriedade de uma ou outra religião como algo exclusivo, e que a espiritualidade tem muitos modos de se manifestar, mesmo por fora das religiões. Estamos assistindo, portanto, a uma profunda mudança de perspectiva histórico-político-filosófico-cultural-religiosa, que nos desafia a nos abrir a novos locais nos quais encontrar o saber, a verdade, a bondade e a beleza. Portanto, é um novo modo de encontrar Deus o que estamos começando a saborear! Como não mudaria, então, nossa maneira de conceber a Evangelização em nosso Instituto? O EVANGELHO como SABOR TRANSVERSAL Como resposta a essa profunda mutação cultural, e desde o mais genuíno do espírito de Marcelino, vamos configurando, a partir de uns trinta anos (embora com expressões muito diferentes) um modo distinto de compreender a Evangelização. Já não estamos falando de “formar na virtude” ou de “aprendizagens múltiplas”. Hoje, acreditamos que a SABEDORIA (o “saber que tem sabor”) é o grande desafio educativo, capaz de harmonizar conhecimentos, indagação, habilidade e contemplação. Conhecimento racional e sensível. Intelectual, emocional e espiritual. No Evangelho é compreendido esse saber que pode dar sabor nas mais diversas aprendizagens em todas as ordens. Se antes falávamos de “Centro Educativo em pastoral”, talvez agora necessitamos falar de Educação Evangelizadora, no sentido de que não é uma ação (a pastoral) que outorga o selo cristão a uma proposta educativa, mas toda uma cosmovisão impregnada de Evangelho, que configura e potencializa um projeto educativo. Mais ainda, necessitamos falar de Centro Educativo em Diálogo Evangelizador, porque as crianças e os jovens não são destinatários, mas interlocutores no ato educativo. Com efeito, sua própria experiência espiritual, seus saberes e seu universo cultural também são uma riqueza que desejamos acolher, e com a qual podemos dialogar. 74 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO A Educação Evangelizadora Marista, assim concebida, se desdobra em locais diversos e particulares: escolas, obras sociais, grupos de pastoral, comunidades inseridas... A chave do assunto está, sobretudo, em que em cada um desses locais é desenvolvido um projeto capaz de harmonizar de modo complexo as quatro dimensões essenciais da nossa missão: Educação - Evangelização - Solidariedade - Defesa dos direitos das Crianças. Então, por exemplo, uma Escola terá que superar a ideia de que sua missão é ensinar e, também, ter um bom projeto pastoral. Todo o currículo deverá estar impregnado de Evangelho, assumindo uma perspectiva solidária do saber. Um centro social deverá ser interrogado em relação a projeto educativo. Um grupo juvenil em relação ao modo como cultiva a alteridade e a solidariedade etc. Teremos que continuar desenhando novos métodos de aprendizagem e novas maneiras de fazer planejamentos capazes de expressarem uma perspectiva dialógica dos processos metodológicos. Com efeito, se considerarmos o outro como interlocutor e o ato educativo evangelizador como um encontro, iremos ter de acompanhar esse movimento com ações que não suponham a luz de um lado e a escuridão do outro, o juízo de um lado e a falta de verdade do outro etc…. Trata-se mais de favorecer uma genuína troca de saberes e perspectivas, baseados em interlocutores capazes de aprofundar nas suas identidades e sentidos, que se deixam ser afetados de modo fecundo pelos saberes e sentidos dos outros. Não só os alunos, mas também os maestros podem apreender! E o evangelizador resulta evangelizado! O seguinte quadro tenta expressar esses modelos, ajudando a visualizar a evolução da compreensão da Evangelização em nosso Instituto. A religião como saber superior Contexto sociocultural A experiência de fé como saber paralelo O Evangelho como sabor transversal A cristandade A modernidade Estes tempos novos Transmitir a fé no marco da cultura Aprendizagens múltiplas Abrir horizontes de sabedoria Assimilação da doutrina e virtude - excelência acadêmica - vivência da fé - solidariedade A transversalidade Locais O claustro - o laboratório - o grupo da pastoral - as obras sociais Diversas presenças que empurram uma mesma missão Metodologia Dogmática Dialética Dialógica O mestre religioso O especialista Especialista com olhar complexo Objetivo Acentuação Agentes ANEXOS 75 Esse modo de conceber e compreender a Missão é simplesmente fascinante. Marcelino sentiria arder seu coração somente de intuir esses desafios. E de fato, seu coração arde hoje no nosso. Com a mesma audácia dos tempos da pós-revolução francesa, estamos desafiados a somar nossas energias para que esta nova história seja impregnada de Evangelho. Mas não podemos nos enganar: não é tarefa fácil. Particularmente, não é para os Diretores dos Centros Educacionais Maristas, os que devem ser proativos e liderar essa mutação. Dedicar-nos-emos agora a precisar alguns aspectos de como podemos compreender hoje a evangelização num Centro Educacional. Em seguida, iremos nos deter naquelas tarefas particulares que cabem aos diretores. 4 Evangelizar hoje, em um centro educacional marista Há muito que poderia ser dito a respeito, mas vamos nos centrar em quatro aspectos fundamentais. 76 • Evangelizar é gerar um ambiente impregnado de Evangelho. Muito abaixo das palavras, formulações, projetos e tarefas, um ambiente evangeliza se respirar Evangelho no seu ar diário. Não é muito simples de explicar, mas é muito simples de ser sentido. Os modos de nos olharmos e nos tratarmos, a maneira de abordar os conflitos e as diferenças, os critérios de inclusão e exclusão, os privilégios ou igualdades, a justiça ou injustiça reinantes, a distribuição da palavra e do saber… tudo isso dá conta quanto evangelizada é uma Instituição, portanto, quão evangelizadora ela é. Como alguém expressou uma vez: o que tu fazes fala é tão forte, que apenas posso ouvir o tu me dizes. • Evangelizar é se ocupar do crescimento das pessoas com a ternura de Jesus. Além de se ocupar das crianças e jovens, uma instituição irá ser evangelizadora se enxergar as pessoas (todas as pessoas, também seus funcionários, os educadores, os pais e mães de família etc.) como semelhantes, como irmãos dignos e portadores da palavra, e não como peças de uma maquinaria produtiva. Isso nos desafia a priorizar o cuidado que dispensamos uns aos outros, e o cuidado que a Instituição em si mesma expressa a cada um de seus membros. • Evangelizar é cultivar o humano até sua máxima expressão. Nos trajetos educativos com crianças e jovens, especialmente, será necessário ter uma delicada, sistemática e intencional pedagogia de alguns aspectos que constroem a humanidade e, portanto, capacitam para uma profunda experiência espiritual. Terão de fazer parte de nossos esforços educativos, entre outros: O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO >> educação ao silêncio e à contemplação; >> desenvolvimento da capacidade expressiva e celebrativa; e >> cultivo sistemático e sustentado da alteridade, como capacidade que faz o homem solidário e aberto a seus semelhantes, famintos de genuína comunhão. • Evangelizar é oferecer a Boa Notícia de Jesus como Ressignificação de Sentido. Capaz de encher de luz as buscas e canais mais profundos do coração humano. Há um modo cristão de enxergar a realidade, de compreendê-la e significá-la. Esse modo transcende o especificamente religioso. É uma postura existencial, ética, social. Não se trata, como em tempos da Cristandade, de reduzir a doutrina a um modo dogmático desconhecendo a pluralidade de perspectivas e significados. Trata-se talvez do contrário: nessa multiplicidade de significados e perspectivas oferecer a mensagem cristã com toda simplicidade e energia da sua força interior. É nossa Boa Notícia e é fonte de nossas convicções mais profundas. Bebemos nela e nos sentimos plenos. Então podemos compartilhá-la como princípio ético, como perspectiva cognoscitiva, como discernimento sociocultural… Não pela soberba de quem ignora outras crenças, senão pela serenidade de quem sabe que tem um tesouro para disseminar, mas é capaz de respeitar a adesão ou rejeição a sua proposta, exatamente como o fez Jesus. 5. O diretor como responsável, incentivador e fiador da Evangelização Com base nessa compreensão da Evangelização, da Educação Evangelizadora, vamos agora ver alguns aspectos nos quais o Diretor ou Diretora de uma Instituição Marista necessita estar presente e atentos. Se fizermos uma retrospectiva pelos modelos anteriores, vemos que nos tempos das hierarquias de saberes a imensa maioria dos educadores era religiosa. A tarefa do Diretor marista de uma obra era focada no incentivo da tarefa de cada um. Nos tempos das autonomias complementares foi se gestando, de modo não de todo consciente, uma perspectiva dual da responsabilidade sobre a educação católica. Inclusive alguns falavam explicitamente de um centro educativo com “duas cabeças”: um Diretor marista para a parte pedagógica e um Coordenador de Pastoral. De algum modo, a ação evangelizadora do Centro descansava no Coordenador de Pastoral, e a liderança do Diretor marista se expressava no apoio a sua tarefa. ANEXOS 77 Hoje necessitamos rever esses enfoques. A responsabilidade do processo é, evidentemente, colegiada; é realizada com uma equipe de condução. O Diretor ou Diretora marista tem sob sua responsabilidade toda a Missão, considerada em forma global: evangelização, educação, solidariedade, defesa dos direitos das crianças. A liderança mariana Não necessitamos nos deter nisso com todo o expressado até agora. Basta destacar que há um modo de liderar com base na perspectiva evangelizadora das atitudes de Maria: a humildade, a escuta, o olhar fraterno, a confiança de que criando a comunidade tudo é mais fecundo e potente a longo prazo…. Uma liderança mariana (e Marista!) também é presença: por o corpo saber sair da oficina para estar ao lado, tanto das crianças e dos jovens, como das suas famílias e educadores. A liderança do Diretor marista quanto à Evangelização é exercida de três maneiras: a. Uma liderança de ação: existem ações concretas que fazem com que um Centro Educativo esteja impregnado de Evangelho. São questões relacionadas com a gestão, nas quais o Diretor ou Diretora marista se comprometem de forma direta. b. Uma liderança de orientação: nesses tempos, qualquer centro educativo é sumamente complexo, por pequeno que seja. Para que sua marca evangelizadora seja poderosa e visível é necessário que as diversas áreas e serviços degustem o sabor do Evangelho que mencionamos anteriormente. No planejamento e avaliações, e na orientação dos diferentes projetos, o Diretor marista tem um papel inquestonável de acordo com essa perspectiva. c. Uma liderança de apoio/incentivo: garantir que os espaços explicitamente evangelizadores sejam valorizados, sustentados e qualificados. Não se trata de assumir pessoalmente as ações de cultivo da espiritualidade e celebração da fé (embora perfeitamente possa ser feito em algum caso), mas apoiar com a presença, a valorização e o acompanhamento dos agentes que as realizam. Vejamos tudo isso com um pouco mais de detalhes: a. Modos de assumir uma liderança de ação • A construção de Códigos, Normas e Ritos institucionais que transparentam o Evangelho. Em todos os nossos centros educativos temos necessidade de gerir normas de convivência, protocolos de segurança, códigos de inclusão e exclusão, regras referentes 78 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO à disciplina, à avaliação, ao trato de crianças difíceis etc. Um Diretor preocupado pela Evangelização de seu centro sabe que ali está a verdadeira coerência do Projeto Educativo. Ali expressamos nossa identidade, ou a contradizemos escandalosamente. Não é nada fácil esse discernimento, e claramente nunca será tarefa de uma pessoa só. É necessária uma equipe gestora capaz de liderar nessas questões. E mais que uma equipe, tomara! uma verdadeira comunidade discernente. b. Expressões de uma liderança de orientação • Velar pela transversalidade do cultivo das habilidades humanas: o passo de um menino, menina, adolescente ou jovem, por um trajeto da sua vida em uma obra marista, deve deixar uma pegada significativa nas habilidades humanas que foram mencionadas anteriormente: capacidade de silêncio e contemplação, desenvolvimento da alteridade, respeito pelo diferente, cuidado da criação, cultivo da expressão e a celebração etc. Essas habilidades devem ser desenvolvidas no marco de todo o Projeto Educativo. Não somente nas áreas de educação especificamente religiosa. • Incentivar o desenho de um currículo de conhecimentos que coloque verdadeiramente em diálogo o conhecimento científico com a Boa Notícia de Jesus: não basta pedir planejamentos e deixar que os conteúdos curriculares respondam aos delineamentos dados pela autoridade educativa. Também não se trata de recitar os modos cristãos de compreender as ciências desconhecendo outras perspectivas. Será necessário se exercitar, exercitar os educadores, e que eles ensinem os jovens a se exercitarem na delicada arte de dialogar discernindo. Todo conhecimento tem uma dimensão de valor que necessita ser explicitada. O fato mesmo de conhecer a tem. As Constituições dos Irmãos Maristas fazem são precisas a respeito, ao falar da cultura como um meio de comunhão e o saber como um comprometimento de serviço. c. Concretizações da liderança como apoio/incentivo • Apoiar o Projeto Pastoral em suas duas dimensões: transversalidade e especificidade. Nos centros educativos católicos e maristas existe normalmente um Projeto Pastoral. Em geral existe um Coordenador e uma equipe de Pastoral que leva adiante tal projeto. Ao Diretor marista cabe participar da elaboração com ideias e orientações; apoiar sua realização facilitando os dispositivos institucionais necessários, monitorar globalmente seu desenvolvimento e participar da Avaliação tornando partícipes outros membros da Comunidade Educativa. ANEXOS 79 O Projeto Pastoral, quando responde à perspectiva que estamos desenvolvendo, possui duas grandes dimensões: • • Transversalidade: a evangelização como espírito, como motor e sentido de tudo o que se vive e desenvolve no centro educativo. Muito do explicitado até agora tem a ver com essa perspectiva. Especificidade: a evangelização como anúncio, educação e celebração da fé. Em algum momento, identificamos a evangelização em um Centro Educativo como único corolário. Hoje, ao conceber a evangelização em toda sua amplitude, não se pode descurar sua significância capital. • O anúncio explícito da Boa Notícia: realizado nos espaços específicos de ensino religioso, e também em espaços particulares como Convivências, Jornadas, Retiros e outros. • Grupos de aprofundamento da fé: para aquelas crianças, adolescentes, jovens e adultos que sentem que o Evangelho vai calando mais fundo na vida deles, e desejam dar passos de conhecimento e aproximação de Jesus. É importante que sejam oferecidos espaços sistemáticos de formação e experiência comunitária. Dentre eles, os espaços de Catequese Sacramental (onde é ministrada), os grupos da Pastoral Juvenil e os Catecumenatos de Jovens e Adultos são preciosas escolas de discipulado. • Celebração da fé: com base na da perspectiva do diálogo evangelizador, necessitamos fazer uma verdadeira escola de educação para a Celebração. É inútil atropelar ou automatizar. Os elementos essenciais de uma celebração necessitam ser progressivamente incorporados e despertados, mas uma Comunidade Cristã, necessariamente, celebra sua fé. E coroa essa celebração nos Sacramentos, vividos de modo profundo e significativo. ORIENTAÇÃO AÇÃO A construção de Códigos, Normas e Ritos institucionais que transpareçam o Evangelho. 80 Velar pela transversalidade do cultivo das habilidades humanas. Incentivar o desenho de um currículo de conhecimentos que faça verdadeiramente em diálogo o conhecimento científico com a Boa Notícia de Jesus. O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO APOIO/ INCENTIVO Apoiar o Projeto Pastoral em suas duas dimensões: transversalidade e especificidade. 6. Hoje é o mais belo dos dias! Sem dúvida é desafiador tudo o que temos refletido. Temos a responsabilidade de conduzir em um Centro Educativo toda essa reflexão (e a problemática abordada, em si mesma), que nos gera, com certeza, perguntas, inquietudes, paixão, temor…. Sentimos necessidade de nos formar, discutir, conversar com os outros, trocar experiências. Talvez a gestão, também, possa nos gerar desgaste e angústia. Certamente há dificuldades, novos problemas, urgências que tencionam. Por isso propomos voltar à história do começo. Poderíamos imaginar o “ao contrário”: um diretor desafogando junto o Marcelino com suas angústias, dificuldades e tensões e o Marcelino incentivando e ajudando a valorizar sua tarefa. Entretanto, a história não foi assim. O Marcelino parecia o “cético”, e o Irmão Lorenzo o “encantado”. Por quê? O que significa isso para nós? Talvez o Marcelino, como experto acompanhante (e quase como um terapeuta) sabia tirar, por contraste do coração de seus discípulos, o mais genuíno, os motivos mais profundos, os amores que sustentam e incentivam à ação. Talvez fosse tão respeitoso e amante da liberdade que lhe interessava realmente que ninguém se sentisse vítima da sua missão, mas um gozoso obreiro do Campo do Reino de Deus. O certo é que temos motivos de sobra para sentir que hoje é o mais belo dos dias. Você não acredita, querido Diretor de uma Obra Marista? Detenha-se um momento, desligue o computador, saia ao quintal e olhe uma criança nos olhos. Todo o resto estará sobrando. Irmão Juan Ignacio Fuentes Província Cruz del Sur ANEXOS 81 PERGUNTAS PARA REFLEXÃO E DISCUSSÃO 1. Qual foi sua experiência anterior de Evangelização? (seja como aluno, catequista, educador, animador de pastoral). Que características tiveram? Poderia fazer uma associação com qualquer dos três modelos que apresenta o texto? O que você valoriza e o que critica dessa experiência? 2. Perante os desafios deste tempo: que transformações significativas você acredita que deveriam acontecer no seu Centro Educativo, a partir da chave da Evangelização? 3. À luz deste texto: que desafios percebe em você mesmo, como Diretor(a) de um Centro ducativo Marista? Qual ajuda você necessita do Instituto a esse respeito? Referências bibliográficas AMEIGEIRAS, Aldo. Matrices culturales e sociedad.... CELAM. Documento conclusivo de Aparecida. Buenos Aires, C.E.A: 2007. Díaz, Ana Maria. Ispaj. La fiesta das luces. DUPUIS, Jacques. Hacia una teologia del pluralismo religioso. España: Sal Térrea. 2000. Frigerio, Graciela et al. Las instituições educativas Cara e Ceca. Argentina: Troquel. 2000. IRARRÁZAVAL, Diego: Inculturación, amanecer eclesial en A. L., CEP, Perú 1998. Ispaj: El apellido de toda família. IVERN, Albert. Hacia una pedagogía da reciprocidad. Ed. Ciudad Nova, 2004. LEGORRETA, José et al. Diez palabras clave sobre Pastoral Urbana. España: EDV, 2007. MADURO, Otto. Mapas para la fiesta, Rio de Janeiro: CNT, 1992. MORIN, Edgard. Los siete saberes necesários para la educación del futuro. Unesco, 2000. RANCIERE, Jacques. El maestro ignorante. Argentina: Ed. Terra del Sur, 2006. TALITA, Kum. Nada es imposible. Documentos Documento do XXI Capítulo Geral dos Irmãos maristas. Circular do Irmão Sean Sammon. Dar a conhecer a Jesus Cristo e fazer amá-lo. Circular do Irmão Emili Turú. Nos deu o nome de Maria. Juan B. Fouret, Vida do Padre Champagnat. Documento Missão Educativa Marista. Constituciones y Estatutos de los Hermanitos de Maria. Conclusiones de la Asamblea Internacional de Misión. 82 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Anexo 2 Chamadas para a formação de um diretor, desde a espiritualidade Agradeço a oportunidade que me foi dada de compartilhar com vocês esta reflexão, mas, sobretudo, agradeço, e com muita alegria, o fato de que, ao pensar num programa de formação de diretores, contemplaram como necessária a espiritualidade. Por muito tempo não foi assim. Hoje utilizamos muito a expressão de que a espiritualidade é um eixo transversal que deve ser feito presente explicitamente no incentivo e organização de um colégio, de uma equipe ou comissão ou de uma unidade administrativa. Mas, o que significa isso? Como se faz realidade? Como saber que, efetivamente, a espiritualidade permeia todo o acontecer educativo? As reflexões que proponho podem servir de ajuda em suas reflexões e buscas. O que estou apresentando está confirmado no nº 123 de Em torno da mesma mesa, que afirma: “a espiritualidade nos envia a missão e engendra vida compartilhada; a comunhão nos fortalece na missão e planeja a espiritualidade; a missão descobre para nós novas facetas da espiritualidade e nos faz viver a fraternidade”. Vamos começar, a modo de introdução, falando que a espiritualidade, atualmente, vem reivindicando seu papel na vida das pessoas, e as instituições vão adquirindo nelas, cada vez mais, carta de cidadania. Isso obedece a diferentes causas. Gostaria de lembrar, nesse momento, pelo menos três: a. Hoje se percebe uma busca de caminhos e experiências que submetem o ser humano, ao profundo, ao encontro com sua própria identidade para poder superar as diferentes formas de vazio que o modo atual de viver e organizar a sociedade provoca. Diante de uma crise geral de vazio e sem sentido, surge uma tremenda necessidade de sentido. Frente a um entorno cada dia mais superficial, sentimos a necessidade de se plantar o que é o essencial. Esse fenômeno não só acontece nos níveis pessoais. Transpassa as instituições. Cabe ao poder político, aos organismos religiosos, à escola, à família... Os jovens reclamam líderes, modelos, guias que sejam seguidos, sobretudo razões para viver e exigem estilos de democracia, organizações sociais, gestão da economia mais o serviço da pessoa e menos o serviço de interesses especulativos e injustos. Em 1993, a União de Superiores-Gerais ANEXOS 83 afirmou que “o desafio da espiritualidade ficava na fronteira entre as emergências mais demandadas e as tarefas mais prometedoras do futuro". A Água da Rocha afirma que “nossa época se caracteriza por uma sede de espiritualidade”. b. Esse fenômeno não foge a nosso Instituto. Essa necessidade da espiritualidade tem uma longa história entre nós, e hoje é sentida com muito mais força. há 25 anos, por meio dos últimos quatro Capítulos Gerais, surgiu “a necessidade de adquirir uma maior vitalidade espiritual e de encontrar caminhos no Espírito mais adequados à vocação própria”, tanto para irmãos quanto para leigos(as) (Capítulo geral XIX); de “centrar apaixonadamente as vidas de Irmãos e leigos(as) e as comunidades em Jesus Cristo, como Maria, e, para isso, dar partida a processos de crescimento humano e de conversão” (XX Capítulo Geral); de “sair de pressa, com Maria, a uma nova terra” que exige mudança de coração e comprometimento com um itinerário de conversão, tanto pessoal quanto institucional nos oito anos seguintes (XXI Capítulo Geral). c. Galilea, já faz uns quantos anos, em seu livro O caminho da espiritualidade, analisou como tinham acontecido as mudanças no seio da Igreja latino-americana, dentro de um contexto de renovação, após o Concílio Vaticano II. Habitualmente, diz ele, a renovação começa pelas atividades pastorais, já que aí é onde primeiro é percebida a incoerência existente entre certo modelo de Igreja e a realidade. Mudam-se os métodos e conteúdos da evangelização, da educação cristã, da liturgia. Muda-se a tarefa social: não só se deve acentuar a caridade e o serviço, há também que se combater pela justiça, os direitos humanos, a liberação. Também se projetam as mudanças institucionais e de organização: para isso as congregações religiosas chamaram Capítulos Gerais de renovação. O mesmo tem acontecido com as cúrias, as conferências episcopais, os sínodos, as paróquias, as zonas pastorais, os seminários, os colégios católicos. Mas, à medida que foram acontecendo as mudanças, observou-se que eram insuficientes para gerar a renovação desejada e sentiu-se a necessidade de manter a espiritualidade e a busca de uma "maior mística". Com o passar dos anos, foi se percebendo, com mais intensidade, uma consciência, expressada de diferentes maneiras, de que as "mudanças institucionais em que os diferentes grupos eclesiais têm se empenhado nesses quarenta últimos anos e a renovação pastoral produzida foram insuficientes e superficiais." Há uma percepção geral de que é necessário recuperar mística ou identidade, recuperar espírito, voltar às motivações essenciais das origens. 84 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Se fizermos uma análise das mudanças acontecidas na Congregação, durante os últimos quarenta anos, chegaríamos a essa mesma conclusão. Entendo que a preocupação de vocês por incluir a espiritualidade na formação dos diretores está emoldurada neste contexto eclesial, mundial e congregacional. 1 Três notas sobre espiritualidade Vou dividir minha reflexão em duas partes: na primeira, explicitar, e muito brevemente,três notas, claro que incompletas, sobre espiritualidade e, na segunda, irei assinalar algumas chamadas. 1.1. A espiritualidade aponta ao profundo (Enrique Martínez Lozano) A espiritualidade se refere à "dimensão de profundidade de todo o real." Mais exatamente, ao Mistério que somos e ao Mistério que é. Em que mistério não é associado a enigma, problema, escuridão, à margem da vida…, mas justamente a todo o contrário. Mistério é nossa realidade mais profunda, o que dá razão ao que é. Implica afirmar que toda realidade se encontra impregnada de uma dimensão de Mistério, de um “Mais” inexpressável pelos nossos sentidos e por nosso pensamento. Significa afirmar, em definitivo, que o real está habitado e constituído pelo Espírito de vida, a quem as religiões têm chamado “Deus”. A partir da beleza de uma paisagem até o sorriso de uma criança, desde o silêncio eloquente da natureza até a experiência de unidade com o todo, desde a alegria ao namoro, desde a ternura até a plenitude…, tudo o que desperta em nós assombro, admiração, impulso, descanso, paz, engrandecimento, vitalidade, gratidão, amor, alegria, comunhão, silêncio… nos fala do Mistério; e a tudo remete a espiritualidade. A espiritualidade consiste principalmente num processo transformador básico em que descobrimos e nos desprendemos do nosso narcisismo para nos entregar ao Mistério do qual tudo está se manifestando constantemente… Toda transformação espiritual autêntica implica se despojar do narcisismo, do egocentrismo, do estar isolado em si próprio, do interesse por um mesmo… ( J. N. Ferrer). A espiritualidade faz referência à dimensão profunda e absoluta da existência. Opondose ao superficial, ao vegetar ou sobreviver, ao anquilosamento e à rotina, ao ego redutor. 1.2. Encontrar Deus, sentir sua presença na vida diária (Darío Mollá) O cristão do século XXI ou será místico ou não será nada (Karl Rahner) ANEXOS 85 O que a afirmação de Rahner pretende pôr de manifesto é que, para ser verdadeiramente cristão, nos próximos anos será necessário que "cada cristão tenha uma experiência pessoal de Deus". Experiência que desborde o conceitual ou teórico sobre Deus e que dote a fé, outorgue uma força vital capaz de se sobrepor à descrença ambiental, ao amplo conjunto de reservas que o crente vai perceber e sentir respeito a suas convicções, à sensação de inutilidade e de “loucura” da aposta pelos pobres e frágeis do mundo. A experiência de Deus que Rahner pensa como iniludível para o cristão do futuro,e que é chamada de “mística,” não consiste nem em longas horas de oração ou contemplação, porém ter experiência real de oração será fundamental, nem em episódios afastados da sensibilidade diária, nem em visões ou revelações especiais... Trata-se de algo muito mais simples: da capacidade, da sensibilidade, para encontrar Deus, para captar sua linguagem, para sentir sua presença e trabalho amoroso na vida diária ou, de outro modo, se trata da necessidade de que os cristãos do futuro vinculem sua experiência de Deus, sua linguagem sobre Deus, à fé. às experiências mais diárias da vida. Essa classe de mística, que alguém chamou de “mística horizontal,” é palpar, viver, descobrir o Deus que está pulsando, com presença certa e amor entranhável, em mil e uma coisas e pessoas que conformam a vida diária. Rahner nos adverte que, se desvinculamos Deus de nossa vida diária ficaremos sem Deus, e que só se O descobrimos, falamos com Ele, O amamos, nos fatos diários, com linguagem de cada dia, nas preocupações que nos abrumam, poderemos ser crentes neste tempo. Não se está nos convidando, então, para ficar longe em algum deserto para aí, tranquilamente, sem problemas, sem desgostos... descobrir Deus; se nos chama, pelo contrário, para aprofundar o diário, a buscar Deus no bulício de uma vida que, quiçá, não é a que nós escolheríamos, mas a que é. Trata-se, então, de uma mística que, desde o coração de Deus, nos devolve ao mundo, para viver e agir nEle segundo o pulsar misericordioso de Deus. 1.3. Como relaciona Marcelino, nas suas Cartas, a espiritualidade e a educação “Marcelino Champagnat é a raiz que dá vida à educação marista” (MEM). Como concebia ele a educação? Para Marcelino, a educação, o amor e o serviço às crianças é uma forma de seguimento de Cristo (de imitação no vocabulário da época), um meio de santificação. Seu pensamento em torno da relação Jesus Cristo com as crianças pode ser concretizada nas Cartas, nos princípios que se seguem: • As crianças são as alegrias de Jesus. • As crianças são o preço do sangue de Jesus. • Jesus premia o trabalho com as crianças. • Estar com crianças, amá-las imitando Jesus Cristo, tal é o ideal do educador marista. 86 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO • Levar as crianças até Jesus é o fim da educação cristã e, portanto, marista. A intuição básica, fundamento do sistema pedagógico que propõe Marcelino aos Irmãos, é que a criança merece atenção e respeito; portanto, a criança deve ser cuidada, bem ensinada e, sobretudo, amada, porque tal tem sido o comportamento que Jesus tem tido com elas. Sim, para educar uma criança tem que amá-la, mas a razão de fundo de tal comportamento é o obrar como Jesus (seguimento), que amava entranhavelmente as crianças e pedia a seus discípulos para deixar que as crianças chegassem a Ele. Pelo mesmo, tal lema pedagógico é, ao mesmo tempo, um enunciado teológico e uma vivência espiritual. Segundo seu pensamento, Cristo recompensará de modo especial os educadores, que dedicam a vida à atenção e cuidado dos que são seus preferidos. A razão fundamental de tal recompensa é evangelizadora e está intimamente relacionada com o mandamento do amor, com o que nos é ensinado por Cristo no Capítulo 25 de São Mateus. Quanto fazemos pelos nossos alunos, fazemos pelo Senhor, a quem vemos encarnado neles. "A vocação de educador participa, em forma destacada, do mistério do Deus encarnado." Marcelino pontifica em suas Cartas que, estar com as crianças, amá-las, imitando a Cristo é o ideal do Irmão educador e podemos acrescentar, hoje, de todo educador marista. Champagnat concebe a vocação do Irmão como uma identificação com Jesus Cristo, como uma imitação das atitudes educativas que contempla em seu Maestro e Modelo. "A tarefa pedagógica adquire, desta maneira, uma dimensão sobrenatural: é um ato de imitação de Cristo." "Finalmente, levar as crianças até Jesus é o fim da educação cristã. "A expressão que utiliza Champagnat para caracterizar a educação cristã é a de “levar as crianças até Jesus”. Jesus não é só modelo de educação cristã mas que também é a meta. "Para que uma educação possa ser qualificada de cristã deve ajudar a estabelecer relacionamento pessoal com Cristo." Esta terceira nota nos remonta a nossas raízes, a nossas fontes primeiras. Àqueles Educadores, sejam Irmãos ou leigos(as), que sustentam que, um colégio é, antes de tudo, um colégio e que por ele se deve ensinar bem e se preocupar com os resultados acadêmicos – o que está certo. Devemos lembrar também a eles que é um colégio cristão marista e que, como tal, deve se preocupar com a mesma intensidade e rigor profissional em trabalhar por conseguir resultados na consecução de valores, inspirados no cristianismo. A visão de Marcelino nos faz propor estas perguntas: Qual a identidade da educação católica? Para que nasceu? Qual é a missão que deve desempenhar hoje nossas obras educativas? Respondem ao que o Fundador assinalou? É significativa sua existência hoje? Em que é significativa e no que não é? Tem sentido que existam hoje nossas obras? Qual a diferença entre um dos nossos colégios e outro que não tem fundamentação cristã? Que perfil devem possuir nossos diretores e educadores? ANEXOS 87 2 Algumas consequências para nosso ser de diretores/as A Missão educativa marista, no nº 51, assinala que “procuramos preparar os responsáveis maristas por meio de uma formação permanente em pedagogia, direção educativa e gestão, assim como em espiritualidade, evangelização dos jovens, justiça e solidariedade”. Essa simples colaboração procura iluminar de alguma maneira por que formar os diretores em espiritualidade e qual poderia ser a meta, que foi formulada em forma de chamadas. 2.1 Primeira chamada: ser diretores contemplativos Creio que os(as) diretores(as), para administrar um colégio com fidelidade à missão, devem ser pessoas contemplativas. Isto é, pessoas que cultivam uma relação muito próxima e íntima com Deus, nosso Padre, com Jesus, nosso irmão, com o Espírito, com Maria e que fazem de Jesus e de seu seguimento a motivação central de suas vidas e, dentro dela, de suas tarefas educativas e diretivas. Falando de outro modo, a motivação mais profunda da sua função diretiva não está fundada no salário que recebem, nem no prestígio que leva o cargo, nem no poder que, de fato, adquirem, mas em haver se sentido chamados por Ele, por meio de mediações humanas, a desempenhar uma missão bem concreta. Para que Jesus Cristo seja a razão de ser de quanto façam é necessário manter com Ele um relacionamento vital e profundo alimentado pelos sacramentos, pela meditação da Palavra, pela oração pessoal e comunitária, pela ação apostólica, pela participação em alguma comunidade cristã etc. É costume acontecer que nossa vida padece, com frequência, de uma anemia espiritual proveniente de uma insuficiente alimentação que, com o tempo, produz cristãos frágeis e religiosos vocacionalmente inconsistentes. Isso, em geral, é produzido porque não existe esse relacionamento profundo com o Senhor que é capaz de transformar a pessoa por dentro. É certo que nós que exercemos o ministério educativo e o diretivo em colégios de Igreja, leigos(as) ou Irmãos vivem com gosto, com alegria e com entrega digna de encômio. Por sua vez, apreciamos nosso serviço e existe um reconhecimento geral pela seriedade e comprometimento de nossa entrega, pelos valores que aportamos, pelo estilo de educação que ministramos, pelo trato que damos às crianças e aos jovens. Mas isso não basta, pois a meta de um colégio católico transpassa essas motivações. Ele deve idear um projeto educativo que tenha sua origem na pessoa de Jesus Cristo e sua raiz na doutrina do Evangelho, que testemunhe os bens do Reino e que incul- 88 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO que o Evangelho no processo educativo. Deve apontar e efetuar uma síntese entre o pedagógico, com suas características peculiares e processos, e o evangelizador com sua novidade e propostas liberadoras. Para isso, os(as) diretores(as) estão chamados(as) a se vestir de Cristo, Evangelho de salvação para os homens de todos os tempos, colocando-O no centro da sua vida pessoal e comunitária; a ser testemunhas coerentes e discípulos(as) fiéis, a ser um(as) apaixonados(as) da instauração do Reino nas crianças e nos jovens. Isso supõe impulsionar, em distintos níveis, processos de crescimento humano e de conversão. Só desde a espiritualidade poderá ser superada a mediocridade e a tentação de querer viver sem complicações; só desde ela poderão ser testemunhas, pessoas de Deus que não vivem para si mesmas, mas para os demais, que não estão regidos por ambições de prestígio ou de poder, mas que buscam fazer o bem, como Jesus. Só desde ela poderão ser valentes e audazes para introduzir maiores quotas de previsões na obra educativa. Recuperar a identidade supõe nadar contra a corrente. Vivemos em um mundo no qual continuadamente somos bombardeados pelo erotismo, propostas consumistas, incitação a acumular dinheiro, prestígio, poder, prazer e frivolidade. Diante disso é impossível viver uma vida evangelizadora com alegria sem alicerce na rocha que é Cristo. Nossa espiritualidade é apostólica e mariana. Com efeito, assim é assinalado pelas Constituições dos Irmãos Maristas, e o livro Água da Rocha nasceu, no fundo, para explicitar o significado de ambos os termos. Na minha experiência pessoal, Maria está incorporada como a pessoa que vive em plenitude indelével acerca da espiritualidade. Ela é modelo, inspiradora, companheira de caminho, irmã na fé. Canuto afirma é aplicável a Maria no documento que lhes entreguei. Ela tem vivido em plenitude. É o modelo mais acabado da fé. É a primeira e melhor discípula de Cristo. Maria é contemplativa, é mística, é educadora, é profeta, cheira a Cristo. Acompanhou e continua acompanhando a comunidade dos seguidores de seu Filho. É, também, nossa Primeira Superiora e a quem apelamos como recurso ordinário. É evidente que temos que apresentá-la como modelo de um diretor ou de uma diretora e companheira no seu serviço educativo. Em Missão Educativa Marista, Água da Rocha, sobretudo, nos deu o nome de Maria (primeira Circular do Ir. Emili) e podem ser encontrados elementos muito valiosos de inspiração e modelagem para a missão de um(a) diretor(a) e o estilo de seu governo e incentivo. A eles remito. ANEXOS 89 Tenho sublinhado a nota apostólica porque é a que está mais ligada à experiência da missão. Agora abordo como trabalhar a dimensão contemplativa e seu processo de crescimento. Como é ensinado o contemplativo aos diretores? Fundamentalmente, pela via da experiência e do acompanhamento. Isso não exime que a formação teológica possa ser buscada, mas é sobretudo pela via de um itinerário a que recorrer, por onde o cristão vai se fazendo uma pessoa contemplativa. No documento, concretamente na primeira chamada, há uma série de elementos que sublinho e explicito agora com maior precisão, como meios concretos para crescer em tal dimensão: a. A oração, tanto pessoal como comunitária, é fundamental para gerar alma contemplativa. Certo de que deve ser ensinado aos(às) diretores(as) a orar, mas é o seu exercício frequente, tomar-lá diário, que os irá ajudar a manter um relacionamento vital e profundo com Jesus. b. A participação nos sacramentos. Eles são os canais pelos quais circulam a graça e os instrumentos privilegiados de comunhão com o Mestre. A Missa dominical com comunhão é fonte de alimentação. Não só isso. No contato com a comunidade cristã se aprende a valorar a Palavra, o sentido de corpo, de pertença, se renova a oferenda de si mesmo a Deus, ao estilo de Jesus, e se é enviado(a) continuar sua mesma missão na escola, na família e na sociedade. Para os casados, a vivência de seu matrimônio cristão é também fonte de graça e de santificação. A reconciliação periódica os fará tomar maior consciência da sua fragilidade interior, mas, sobretudo, do imenso amor de Deus e do valor do perdão. c. A meditação da Palavra diária será para ele ou ela além de alimento, iluminação para a tarefa diária e lugar de encontro com o Senhor, a quem encontrarão ao longo da jornada em variedade de situações. Ela afirma a sensibilidade espiritual e define os critérios evangelizadores e facilita o olhar a realidade com os olhos de Jesus. d. Os retiros anuais, realizados em forma progressiva, serão meios privilegiados de renovação e conversão. É desejar que cada vez fôssemos mais personalizados. e. O acompanhamento espiritual é um meio privilegiado de discernimento e de progresso na fé. Quem o frequenta, avança com maior rapidez e profundidade. f. O contar com um Plano de acompanhamento dos Diretores, desde a espiritualidade, é um meio que explicita que a Província leva a sério a formação de seus diretores, também fundada na espiritualidade. Acrescente-se que também são necessárias ações a partir dessas dimensões profissionais: gestão, administração, formação acadêmica. É preciso incorporar a dimensão da espiritualidade. Este Plano é elaborado com a colaboração dos mesmos diretores. 90 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO g. A participação em alguma comunidade cristã. Em geral, nós, maristas, temos pouca experiência da vivência da fé em comunidade, entretanto, é um dos meios privilegiados para crescer na vida cristã. h. A vivência da responsabilidade diretiva como uma missão ou apostolado. i. A participação em experiências solidárias que suponham um contato real com o pobre associado fundamentalmente ao carisma e à opção de Jesus. Os meios recém-enumerados são ferramentas comuns que a Igreja oferece para o desenvolvimento da fé. Quantos assumir, e de que forma, é uma tarefa que compete a cada diretor(a) e também à instituição ao elaborar seus planos de formação. Por último, cabe mencionar um aspecto sobre a vocação pessoal e a vocação laical maristas. Os Diretores que vivam essa espiritualidade, apresentada anteriormente, irão desenvolver uma grande identidade, mas não necessariamente uma vocação laical marista. Como lograr dialogar desde a importãncia de ambas as realidades? Entendo que, ao falar de vocações, se faz referência concretamente ao texto Em torno à mesma mesa chama “leigos maristas de Champagnat,” isto é, pessoas que, “após um caminho pessoal de discernimento, têm decidido viver a espiritualidade e a missão cristã, ao estilo de Maria, seguindo a intuição de Marcelino Champagnat” (nº 11). Todos nós somos pessoas vocacionados(as) no sentido de termos sido chamados(as) por Deus, desde o batismo, a viver a vocação cristã. Querer viver essa vocação, no interior de um movimento laical marista, é opção pessoal e não pode ser condição para assumir responsabilidades diretivas. Certamente que os(as) diretores maristas devem possuir, e cada vez mais, traços de identidade marista, mas não é necessário que participem do movimento dos(as) leigos(as) maristas de Champagnat. O diálogo entre ambas as realidades é decisivo e deve ser feito desde a transparência e a liberdade. Os que optam pela vocação marista laical têm que ter muito claro que isso não os faz superiores aos outros, nem gozar de privilégio algum. Os que não optam por esse caminho de crescimento cristão não devem sentir-se menores, mas reconhecer a diversidade de dons, vocações e carismas como dádivas outorgadas no âmago da Igreja pela ação do Espírito. ANEXOS 91 2.2Segunda chamada: Fazer que o colégio “cheire a Cristo” Imitar a Jesus em sua aproximação, amor e entrega às crianças é o fim da educação marista, assim nos assinalava Marcelino. Segundo isso, a maior ou menor vitalidade, desde a missão, , vem marcada pela maior ou menor presença de signos evangélicos, pela maior ou menor presença de Jesus na fé, repetindo os gestos salvadores do Jesus histórico, por meio de seus discípulos que são os diretores(as) e quantos trabalham com eles(as). O evangelista Marcos sintetiza a missão de Jesus nesses termos: percorria os Povos e as cidades, ensinava, anunciava o Reino, mandava embora os demônios e realizava curas. Uma das funções, para não dizer, a primordial, que corresponde instar um(a) diretor(a), é a de se colocar ali onde está, como discípulo(a) do Mestre, enviado(a) por Ele para repetir seus gestos salvadores. E ajudar, respeitando um pluralismo sadio, que os demais educadores se hierarquizem, em diferentes níveis, na mesma perspectiva. A espiritualidade tem a ver, entre outras coisas, com a motivação densa, profunda que informa e dá sentido a quanto fazemos. Não leva necessariamente a mudar de atividade, mas, sim, de sentido e de forma de fazer. A espiritualidade não tira do diretor e da educadora a função diretiva da sua responsabilidade diária, mas os coloca nela com outra atitude, com outro incentivo e com outro espírito. Ele ou ela devem procurar que o centro educativo siga operante à ação transformadora de Jesus, que sejam vividas atitudes e processos que sejam atribuídos a sua continuidade. Os gestos salvadores de Jesus se repetem cada vez que, no estabelecimento, as pessoas que chegam ao colégio são cumprimentadas, cada vez que se estabelece com eles um relacionamento baseado no afeto, quando se exercita a presença, quando há preocupação pelo crescimento dos alunos(as) e pessoal do colégio, pelos seus problemas, ideais e aspirações, quando é disponibilizado tempo, mesmo além do horário, quando é favorecido seu desenvolvimento tanto pessoal quanto social. De modo especial, cada vez que isso se faz com aqueles que mais necessitam. Repete-se o gesto de ensinar de Jesus, no colégio, quando os alunos(as) são ajudados(as) a adquirir conhecimentos e desenvolver capacidades, cultivar seu talento e ser capazes de se abrirem caminhos na vida. Também quando é anunciada clara e explicitamente a pessoa do mesmo Jesus, por meio das diferentes formas de educação religiosa: a formação de catequistas e agentes pastorais de maneira privilegiada, o professorado; a formação de comunidades cristãs; a implementação de uma série de processos pastorais entre os quais sobressaem a promoção e acompanhamento de grupos 92 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO juvenis cristãos; o desenvolvimento de itinerários catequéticos sistemáticos vinculados de modo especial à preparação dos sacramentos da Eucaristia e Confirmação; uma pedagogia da oração atraente, um esmerado acompanhamento espiritual dos jovens, um forte comprometimento apostólico que sublinha claramente a dimensão solidária e a criação de uma cultura vocacional que permita a que cada educando se inquira com seriedade e responsabilidade qual é sua missão na vida, e a que cada agente pastoral, especialmente o professorado, viva sua profissão como uma vocação e um ministério. O colégio percorre os povos e as cidades cada vez que há aproximação à vida e cultura de quantas pessoas compõem a comunidade escolar. Prolonga a força saneadora de Jesus cada vez que se suscitam contatos saneadores com as pessoas por meio do conselho oportuno, do acomanhamento, da orientação, da presença. As ações que são realizadas adquirem diversos nomes: superação de crises e dificuldades, autoestima e valoração de si mesmos(as), confiança nas próprias possibilidades, valorização de uma vida integrada, equilibrada e baseada no amor e construída sobre a Rocha do amor de Deus; valorização do próprio corpo, aprendizagem do trabalho em equipe, do respeito ao outro ou à outra, capacidade de comunicação, aprendizagem da responsabilidade, do serviço solidário, da gratuidade etc. O colégio continua expelindo demônios por meio da proposta de valor, da formação moral, espiritual e apostólica que oferece a alunos(as), educadores(as), pessoal do colégio, famílias quando desenvolve o espírito crítico que ensina a distinguir o bom espírito, do mau e orientar para o bem, quando semeia em todos esperança, comprometimento e amor. Geralmente a linguagem que utilizamos para expressar o mesmo é a de “evangelizar educando”. Agora, bem, quando podemos afirmar que a educação que ministra um colégio é evangelizadora, quando podemos fazer evidente essa frase que repetimos tantas vezes de evangelizar educando? Quando se organiza o colégio pelas orientações e critérios de Jesus; quando Ele está presente (ou se faz visível) nas decisões que são tomadas, nos critérios de seleção que são implementados, no trato que se da às pessoas, na ênfase que são destacadas, nas motivações que guiam as condutas. Quando é outorgada a boa notícia de Jesus e a construção de seu Reino, o critério inspirador e último de quanto é decidido e realizado. A autêntica integração entre fé e cultura se dá nessa dimensão. Transcende a cultura religiosa que é transmitida aos atos de culto que são celebrados. Supõe um diálogo com a ciência, uma transmissão de valores evangélicos ao longo de todo o processo e ANEXOS 93 uma transformação da estrutura interna. Aponta para construir excelência acadêmica via Evangelho; para lograr qualidade educativa com os olhos do Fundador; para impulsionar teorias atualizadas de aprendizagem por uma antropologia cristã, que permita que os alunos(as) apreendam o pensar, obtenham bons resultados − respeitando e impulsionando a diversidade − e cresçam harmonicamente humana e espiritualmente. Os diretores recebem a missão de fazer com que a adesão a Jesus Cristo e a seu Evangelho seja a motivação global, imprescindível e dominante na organização e funcionamento de um colégio. 2.3 Terceira chamada: cultivar a profecia A profecia é utopia em ação. Sempre instaura em nossa sociedade páginas inesquecíveis do Evangelho. Por meio dela, a escola católica não teria por que ser uma reprodução mecânica da sociedade e cultura estabelecidas, mas deveria ser antídoto e terapia espiritual, e aportar atitudes críticas, contraculturais e transformadoras inspiradas no Evangelho e na tradição carismática. Para que o colégio católico seja realmente significativo necessita se vislumbrar uma maior fantasia carismática e fazer gestos provocadores que sacudam o letargo da humanidade e a convidem a caminhar até a utopia. Ao longo da história, a autêntica adesão a Jesus Cristo tem se transformado em uma torrente de criatividade que introduziu na sociedade "exageros evangelizadores" que têm encantado e construído credibilidade. A profecia é esse dom de Deus que permite aos crentes e às instituições habitar o querer de Deus e adequar seus critérios, organização e funcionamento ao interpretado como expressão da vontade de Deus. Ir. Benito Arbués, Superior-Geral, expressou belamente que pode supor para os maristas exercer a profecia, quando nos convidou a Apoderar-nos do coração de Marcelino... e sentir as chamadas de Deus no momento atual; valer-nos de seus olhos para enxergar com amor o mundo de hoje e as urgências que iriam reclamar dele uma ação semelhante à tomada em 1817; empenhar-nos em encarnar com linguagem nova os mesmos valores que ele desejou para seus irmãos; empreender projetos que possam ser mais fiéis às instituições fundacionais; despojarnos de quanto nos afasta dessa fidelidade, embora o que estamos fazendo seja bom e plausível para um setor da sociedade. Exercer a profecia em nossos centros educacionais é não renunciar nem trair sua inspiração evangelizadora, é traduzir aos tempos atuais a inspiração carismática dos começos, é construir uma realidade que possua as marcas do que Jesus chama o “reino de Deus”. É nesse terreno em que mais facilmente pode um(a) diretor(a) claudicar perante as tentações 94 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO do poder e do prestígio a qualquer preço. Geralmente, os Reitores e os(as) diretores(as), em geral, propugnam a realização de projetos que chamam de qualificação pedagógica. E, para isso, programam instâncias de aperfeiçoamento com consideráveis mudanças, tanto no pessoal e recursos econômicos como no tempo. Creio que seria muito conveniente, também, que tais autoridades se empenhassem em gerar projetos a que me atrevo a chamar de “qualificação evangélica,” de ponta, que contribua para consolidar as grandes novidades de Jesus: a salvação universal: o Reino é para todos (política de inclusão e de integração), a comunhão de bens: os bens devem ser compartilhados por nós (política de portas abertas) e o amor a todos, especialmente aos mais desvalidos (política de preocupação especial pelo menos dotado). Algumas formas de promover e exercer a profecia em nossos centros educativos podem ser os seguintes: a. Potencializar uma educação que transforme a lógica da excelência e a superioridade pelo serviço, a solidariedade e a justiça. A opção pela qualidade da educação e a excelência em nossos centros educativos é válida (assim o ensina Jesus na parábola dos talentos), mas se não for bem discernida pode levar a entrar na dinâmica, às vezes encoberta e muitas vezes explícita, de criar uma escola para os “melhores” – em que os êxitos que são publicitados fazem esquecer as baixas produzidas ao longo do processo educativo − e a incentivar processos que enfatizam o acadêmico em forma desproporcionada, deixando de lado ou em segundo plano outros aspectos igualmente valiosos. b. Antecipar no interior de cada colégio a sociedade do futuro. Estruturando-o como um local de encontro, um laboratório da escuta e de eficaz comunicação, tanto para educadores quanto para educandos. Propiciando o trabalho em grupo, o debate sereno, a comunhão e a participação em diferentes formas. Oferecendo ao pessoal que nele trabalha um nível de salário digno, uma transparência administrativa, efetivas oportunidades de aperfeiçoamento nas diferentes dimensões da vida e um adequado e constante acompanhamento. Educando para convivência, saída, para a tolerância, a paz e o diálogo, fazendo com que as normas de convivência e de disciplina sejam coerentes com esses propósitos. c. C ompartilhar a própria riqueza e tradição com escolas que têm maior necessidade. Adotar uma política de portas abertas ao entorno social, seja bairro, paróquia, ou outros coletivos sociais (outras escolas), prefigurando a imagem escatológica do Reino, no qual bens se dispõem em comum. Abrindo suas dependências: bibliotecas, oficinas, infraestrutura desportiva etc. ANEXOS 95 d. Desenvolver em todo tipo de colégio marista, pago ou gratuito, a criatividade para ser um reflexo cada dia mais exato da realidade social existente. Implementar uma política de abertura à diversidade. Que pelo interior dos colégios pagos circulem alunos(as) de diferente poder econômico (implementando sistemas de bolsas, por exemplo); que em todos os centros convivam alunos(as) de diferentes níveis de adesão religiosa, de diferentes ritmos de aprendizagem e experiências de ensino. Que tenha presença em todos, de meninos e meninas com necessidades especiais, isto é, com dificuldades motoras, sensoriais e psíquicas, ou que estão ou podem estar, em situação de desvantagem por razões étnicas, culturais, sociais, econômicas, de sexo, ou por famílias desestruturadas... Que vão derrubando os sistemas de admissão que selecionam o melhor. Que cresça a crença de que todos os alunos(as) têm um potencial de aprendizagem que pode ser desenvolvido e, em consequência, sejam adotadas políticas de seleção e modelos de ensino que facilitem uma excelência educativa diferenciada. e. Em meio a uma sociedade corrupta, educar em e para o respeito à dignidade da pessoa, a honra, a justiça, a solidariedade, a paz e no sentido de transcendência. f. N uma sociedade desintegrada, egoísta e marcadamente individualista, no contexto de uma família que cada dia é mais insegura e frágil, a caminho de desintegração, compartir a missão com espírito de comunhão autêntica entre religiosos e leigos(as), entre professores, auxiliares, padres e alunos, num ambiente acolhedor praticando um modelo de relação que reflita o Evangelho. g. Em um ambiente cada dia mais secular e que é construído de costas a Deus, dar motivação com os fatos e as palavras da sua existência e necessidade. h. Quando nos fazemos presentes entre aqueles que estão a nosso cuidado com o espírito compassivo de Jesus e de Marcelino; quando somos bondosos com as crianças mais pobres, os menos cultos e os menos dotados; quando abrimos nossos olhos e nossos corações para compreender o sofrimento dos jovens, compartilhando a compaixão que Deus sente pelo mundo; quando sentimos raiva e indignação perante as estruturas que condicionam a pobreza e começamos a agir sobre as causas mais que tratar os sintomas; quando não permitimos que os resultados se anteponham ao respeito à dignidade de cada educando e às necessidades de cada pessoa; quando, pelo contrário, prestamos mais atenção àqueles cujas necessidades são maiores, que são mais despossuídos, ou passam por momentos difíceis, tratando de criar situações de aprendizagem quando todos e cada um possam acertar e se sentir seguros pessoalmente; quando evitamos ser elitistas em qualquer sentido, tratamos de demonstrar em todo momento que os apreciamos e os queremos tanto mais quanto mais carentes estão dos bens da fortuna e da natureza 96 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO José Cristo Ree García Paredes, cmf, tem uma percuciente observação, a esse respeito. Se cai frequentemente na armadilha da ‘eficácia demais’. Se pensa, por exemplo, em oferecer à sociedade um ‘bom colégio’, um ‘bom hospital’... E por ‘bom’ se entende ‘eficaz’. E a ‘eficácia’ se julga pelos resultados ‘burgueses’: um colégio ‘de alto nível intelectual’, um ‘hospital de alta técnica’. Outra coisa é planejar a missão apostólica em chave de signo. Erigir um ‘colégio-parábola’, um ‘hospital-parábola’, uma ‘paróquia-parábola’. E parábola do Reino, obviamente. .Reconverter as atividades e obras apostólicas, as instituições, em ‘parábolas do Reino’ exige aos religiosos ‘voltar a suas origens carismáticas’, àquele momento em que a educação, o serviço aos doentes, a atenção aos marginalizados era uma parábola dentro da sociedade. Hoje nossos povos necessitam ‘novas parábolas’ a favor de uma humanidade não discriminante, que não valorize o homem só pela sua capacidade intelectual, pelas suas ideias religiosas, por sua gratidão, por sua educação, pelo seu dinheiro, pelo seu poder social. Parábolas que falem de Deus com linguagem de nossos contemporâneos, mas do bom Deus que faz sair o sol sobre bons e maus, que tem aberta sempre a porta da casa para o filho pródigo, que não arranca a cizânia. Que seria uma instituição educativa ou sanitária nesta chave? 2.4 Quarta chamada: fazer com que o serviço educativo seja fonte de espiritualidade e local de santificação O mundo, disse o documento “Espiritualidade apostólica marista do XIX Capítulo Geral”, deixa de ser considerado um obstáculo e é convertido em local de encontro com Deus, de missão e de santificação. Nas realidades temporais próprias de nosso ministério educativo escutamos, servimos e amamos a Deus. Nelas exercitamos a presença de Deus tão querida de nosso Fundador e de tantos irmãos. A presença entre as crianças e os jovens, prossegue, é local de encontro com Deus e a ação apostólica, nesse caso educativa, longe de entorpecer a união com Ele a favorece e a expressa. Desenvolvemos a espiritualidade na entrega aos outros. A criança, o jovem, o(a) companheiro(a) de trabalho, o(a) funcionário(a) se convertem a cotidiano, para nós, em sacramentos vivos de Deus e interpelações do Espírito, em ícones vivos de sua presença. No serviço a eles, integramos, como Jesus, o amor a Deus e ao irmão, a contemplação e o apostolado. A busca da vontade de Deus no trato com as pessoas, nas ocupações diárias, nas atividades da família, da comunidade, do afazer educativo e pastoral, na fidelidade simples de todos os dias, nos unifica no amor. Necessitamos que estas belas frases se corporifiquem em nossas experiências. Precisamos que se opere uma mudança em nossa compreensão da espiritualidade, que valorize o ANEXOS 97 apostolado como um local central de encontro com Deus. No apostolado que realizamos, há dimensões ou momentos que são especialmente reveladores da amorosa presença e ação de Deus. Desafortunadamente nem sempre os valorizamos assim. Pelo contrário, às vezes os interpretamos mal e buscamos caminhos para evitá-los ou para nos anestesiar contra seu pleno impacto. Muitas vezes, por não entender, perdemos essa amorosa ação de Deus em nossa experiência de cada dia e seguimos criando dicotomias artificiais entre oração e trabalho, contemplação e ação, dicotomias que muitas vezes nos deixam notavelmente confundidos em nossa relação com Deus. Ao longo da vida, como nos fala Água da Rocha, nossa realidade espiritual interage dinamicamente com as experiências que vivemos. A espiritualidade, por um lado, se molda à medida que abraçamos essas experiências e, por outra, ela modela nossa forma de nos relacionar com as pessoas, com o mundo e com Deus. Apresento, a seguir, umas dicas de como nossos diretores podem se encontrar com Deus desde o cotidiano da ação educativa: a. Deus na experiência dos encontros personalizados. Se nossos diretores são pessoas contemplativas podem viver autênticas experiências de Deus na variedade de encontros pastorais personalizados, que acontecem ao longo do dia, na experiência gratuita de receber uma confiança que supera tudo o que cada um(a) tem direito a esperar ou exigir. Alguém que comunica uma verdade acerca deles(as) mesmos(as), esses preciosos momentos em que o outro ou a outra esteve na sua presença na crua nudez da sua humanidade; aquele(a) jovem ou educador(a), que possui seus problemas, confidenciam seus ideais ou falam de seus progressos; aquele marido ou aquela esposa infiéis que buscam conselhos e voltam à confiança mútua; a família que cai em desgraça por assuntos econômicos; o colega de trabalho que abre seu coração; um casal jovem que busca ser ajudado a amadurecer seu amor; aquela mãe solteira que confidencia seu drama para levar para frente seus filhos; aquela mãe pobre que, de sua simplicidade, confessa sua acendrada experiência de solidariedade, demasiadas vezes se perdem por excesso de ocupação ou por despiste o mistério desses encontros. Não se fazem leituras da fé deles, não se penetra em sua real profundidade e não são percebidos como agraciados que realmente o são. A vida oferece diariamente outra multidão de momentos e circunstâncias onde descobrir as pegadas de Deus. b. Deus na experiência da beleza. Outra fonte de espiritualidade pode ser a contemplação de Deus presente na beleza da natureza, nos acontecimentos, nas obras do espírito humano, nas diversas assinaturas, na inocência dos meninos e meninas, 98 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO no amor conjugal compartilhado. Deus presente na beleza de um testemunho, na simplicidade da vida fraterna e na sabedoria das pessoas maiores. Deus presente numa conversação, num encontro festivo, num acampamento com jovens, numa festa colegial, na beleza que encerra a alegria de um menino ou menina que aprendem a ler, ou dos jovens que finalizam com sucesso a etapa de ensino. c. Deus na experiência do mal. A experiência do mal que nos rodeia com tanta frequência e em forma intensa nos pode remeter a Deus e ser fonte de crescimento espiritual. O apostolado educativo nos põe em contato diário com o mal. Não transcorre um dia só sem sermos confrontados com o que é e não deveria ser: discórdias familiares, violência intrafamiliar, dificuldades e infidelidades conjugais, irresponsabilidades profissionais, abusos de crianças, droga que se infiltra e destrói o que mais queremos, o álcool excessivo, a descarada sedução sexual, as injustiças e desigualdades sociais, as mil caras da violência, a injustiça e a pobreza... A lista e os exemplos poderiam continuar. Também o mal pode ser revelador da presença, do amor e do poder de Deus. Um coração contemplativo e descoberto sofrendo e clamando para que mudem essas situações. O contato com Ele pode despertar o comprometimento de trabalhar para que as coisas se orientem segundo seu querer. Com frequência, é a experiência do mal a que destila em nós a melhor energia pastoral e nossos mais fundos comprometimentos. d. Deus na experiência do vazio e da solidão. A experiência de certo vazio e solidão pode ser também fonte de união com Deus, veículo da graça. Na realidade educativa, se dá com alguma frequência e especial intensidade essa sensação de cansaço até os ossos, do espírito abrumado, de não poder mais, essa espécie de esgotamento da alma e da esperança, essa solidão profunda que nos lacera e nos faz sofrer ao conseguir muito menos do que esperamos em nosso afã por lograr formar bons cristãos e virtuosos cidadãos, e ao experimentar que, na linha de valor, nossa influência cada vez mais irrelevante na vida de nossos(as) alunos(as) e famílias. Queremos entrar no núcleo e no coração de vida deles e nos relegamos à superficialidade. Esse vazio e dolorida solidão que nos podem afundar podem ser lidos em outros manuais mais positivos e enriquecedores: como um convite a transcender nossas limitações, enxergar além de nossa existência presente e descobrir que o centro de nossa vida está em nosso coração mesmo, como um sinal também de que no profundo desse vazio está Deus nos chamando a satisfazer nEle o desejo que experimentamos. e. Deus nas chamadas a superação. Outra experiência que pode alimentar a espiritualidade de nossos diretores é o que podemos chamar a experiência da consANEXOS 99 ciência, essa pequena e suave voz que nos convida e nos incita a todos(as), com frequência, a nos renovar, a ser melhores cristãos, melhores pedagogos, melhores apóstolos. Essa voz que nos chama a renovar na fé, no campo profissional, nas metodologias; que nos convida a ficar em dia, a abrir horizontes, a olhar além, a engrandecer o coração, a estar abertos a mudanças, a sintonizar com os desafios e as interpelações do mundo de hoje, da técnica, da ciência; a ser mais generosos e magnânimos. Essa voz incomoda nossa comodidade e conforto, nossa rotina e inércia, nossas autodefesas, nossa pequenez e falta de generosidade e comprometimento. Às vezes nos reverbera quando menos o esperamos. Temos experiência de que, quando damos resposta, encontramos paz profunda, como confirmação de que é Deus quem está convidando. Sua presença pode nos revelar recursos ocultos em nós que sequer sonhávamos que estivessem entranhados. Mariano Varona G., fms 100 O DIRETOR MARISTA E SUA GESTÃO A SERVIÇO DA MISSÃO Questões para aprofundamento 1. Que impressões gerais têm produzido em você a leitura e análise do texto? Quais sentimentos foram despertados em você? Em que tem iluminado você? Em que tem interpelado você? O que resgata dele? 2. A espiritualidade está referida à dimensão de profundidade de todo o real. Que pode significar isso na sua missão como diretor ou diretora? Qual é a dimensão profunda da educação e da gestão? 3. Das quatro chamadas, qual é a que mais ressoa em você? Qual parece mais dirigida a você? 4. Que outras experiências educativas podem se transformar em experiências de espiritualidade? 5. Formulamos aos diretores propostas claras que questionem e ponham em crise as demandas dos pais e mães de família, ou claudicamos frente a suas demandas oferecendo alternativas aguadas da evangelização? 6. Que fazer, que enfatizar, como formar os nossos diretores para que, como diz no MEM nº 164, sejam pessoas com visão, que possam propor e testemunhar nossos valores maristas e guiar os outros para que vivam segundo eles, já que mais que nenhum outro, eles são a figura de Champagnat na comunidade escolar? ANEXOS 101