UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CAMILA ANDRIAN DORIGON DE LIMA JOSÉ PAULO PAES: POSSIBILIDADE DE ENCANTO, ENSINO E APRENDIZAGEM MARINGÁ – PR 2013 CAMILA ANDRIAN DORIGON DE LIMA JOSÉ PAULO PAES: POSSIBILIDADE DE ENCANTO, ENSINO E APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado ao Curso de Pedagogia na disciplina 4728 – Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para cumprimento das atividades exigidas. Orientadora: Profa. Dra. Marta Chaves Coordenadora do Curso: Profa. Aline Frollini Lunardelli Lara MARINGÁ – PR 2013 CAMILA ANDRIAN DORIGON DE LIMA JOSÉ PAULO PAES: POSSIBILIDADE DE ENCANTO, ENSINO E APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual de Maringá como requisito parcial para a obtenção do título de Graduação em Pedagogia. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Profa. Dra. Marta Chaves (Orientadora) Universidade Estadual de Maringá _____________________________________________ Profa. Ms. Luciana Grandini Cabreira Universidade Estadual de Maringá _____________________________________________ Prof. Vinícius Stein Universidade Estadual de Maringá A Deus, Pai eterno. Ao Diogo, marido maravilhoso, a quem dedico minha vida. À Lairde, mãe sempre presente. À José Paulo Paes, uma inspiração. À Marta Chaves, defensora de encantos e excelências. Ao GEEI, grupo de estudos querido. AGRADECIMENTOS Algumas pessoas contribuíram no processo de elaboração desta pesquisa, e não poderiam deixar de ser registradas, pois sem elas esse trabalho não poderia ser concretizado com o resultado e significado que tiveram. Com isso agradeço: À Deus maravilho, presente em tudo na minha vida. À minha professora e orientadora Dra. Marta Chaves, que me amparou na pesquisa, me ensinando quão importante é a educação apenas com as máximas elaborações humanas. Aos professores do curso de pedagogia, por todos os ensinamentos, especialmente pelos professores da banca examinadora: Profa. Ms. Luciana Grandini Cabreira e Prof. Vinícius Stein por terem aceitado o meu convite prontamente. Ao Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Infantil (GEEI), que marcou minha formação com estudos maravilhosos e membros que realmente me acolheram e com quem pude compartilhar diversas alegrias. À minha amiga Jéssica Belotto amizade que se iniciou durante o curso, mas que vai perdurar por toda a vida, obrigada por momentos incríveis. À querida amiga Juliana de Mello com quem tenho a oportunidade de trabalhar junto e aprender com ela cada dia mais, professora inspiradora. À Caroline Coradini com quem tenho o prazer de trabalhar junto, dividindo prazeres e dificuldades, com que posso contar sempre, muito obrigada. À minha coordenadora Alessandra Fontana e todos os meus colegas de trabalho que me deram a oportunidade de vivenciar as melhores experiências. Aos meus sogros João Lima e Magaly Zanco, sempre presentes. Aos meus irmãos Rodrigo e Rafael Andrian que sempre me apóiam e são sempre presentes. À minha mãe Lairde Andrian e minha avó Leonor Andrian, que me ensinaram o que é amor incondicional. Ao meu pai Carlos Roberto Dorigon de Lima presente em meu coração. Ao meu amado e querido marido Diogo Zanco dos Reis, sempre presente, compreensivo, carinhoso, amável com quem compartilho alegrias, tristezas e a minha vida. “Sonho com o dia em que, por iniciativa própria, não de seus professores, as crianças passem a escolher os livros que desejam ler. Assim como sonho com o dia em que, já crescidas em anos, elas conservem ainda pela leitura um gosto suficientemente vivo para levá-las até as prateleiras das livrarias em busca de poesia adulta de igual qualidade” José Paulo Paes RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar estudos e reflexões sobre a Literatura Infantil nas instituições educativas. Apresentaremos uma proposta de intervenção pedagógica nominada “Caixa de Encantos e Vida” baseada na biografia do poeta José Paulo Paes. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com base nos autores da Teoria Histórico-Cultural, pois acreditamos que seus pressupostos respondam aos nossos questionamentos. Considerase, ainda, a vida de José Paulo Paes e como suas experiências relacionam-se com sua produção literária. A partir de sua biografia poderemos concluir que quanto mais experiências enriquecedoras a criança tiver, mais rica será sua aprendizagem. Visando atender os objetivos propostos serão apresentados os aspectos históricos da Literatura Infantil no contexto mundial e no contexto brasileiro. Em seguida trataremos sobre a importância da poesia no desenvolvimento infantil, posteriormente abordaremos a Literatura Infantil no contexto escolar, e apresentaremos a biografia de José Paulo Paes. Finalizaremos com a possibilidade de intervenção pedagógica como recurso didático para Educação Infantil e as series iniciais do Ensino Fundamental. Palavras - chave: Literatura Infantil, Teoria Histórico-Cultural, José Paulo Paes, Caixa de Encantos e Vida ABSTRACT The main purpose of this paper is to show the studies and reflections about the Children’s Literature in educational institutions. It is going to be shown a pedagogic intervention proposal called Delights and Life Box based on the biography of the poet Jose Paulo Paes. A bibliographic research has been done with the authors of the Historic-Cultural Theory, for we believe that his arguments are capable of answering our questions. This paper also brings the life of Jose Paulo Paes and how his life experiences are related to his literary production. Through his biography it is possible to conclude that as much rich experiences the child will have, richer the child’s learning will be. There will be presented the historical view of Children’s Literature in worldwide and in Brazilian contexts. Thus, the importance of the poetry in child development is going to be discussed and afterward the biography of Jose Paulo Paes. Lastly, it is going to be shown the pedagogic intervention possibility as a didactic resource for the Child Education and the initial series from Elementary Education. . Keywords: Children’s Literature, Historical-Cultural Theory, Jose Paulo Paes, Life and Delights Box SUMÁRIO RESUMO .......................................................................................................... 7 ABSTRACT....................................................................................................... 8 SUMÁRIO ......................................................................................................... 9 1 Introdução .................................................................................................... 10 2 Aspectos Históricos da Literatura Infantil ..................................................... 13 2.1 Aspectos Históricos da Literatura Infantil No Brasil ............................... 16 3 Poesias E Seus Encantos: Possibilidade Intelectual ................................... 18 3.1 José Paulo Paes: Suas Histórias Que Viraram Poema ......................... 21 3.2 José Paulo Paes lembranças de um caminho de conhecimento........... 25 3.3 José Paulo Paes: de técnico em química para escritor ......................... 28 4 Literatura e a Literatura Infantil: Contribuições Para o Ensino e Aprendizagem ........................................................................................................... 31 4.1 Literatura Infantil a a Teoria Histórico-Cultural: Possibilidade De Intervenção Pedagógica Com Caixa De Encantos E Vida ..................................... 34 4.2 Elaboração da Caixa de Encantos e Vida ............................................. 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 38 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 40 ANEXO A – Algumas Obras Literárias de José Paulo Paes ........................... 42 ANEXO B – Algumas Publicações Póstumas de José Paulo Paes ................ 43 1 Introdução Esta pesquisa tem por base minhas inquietações a respeito da forma com que se trabalha a Literatura Infantil, pois diversas vezes ela não recebe o seu valor, isto é, como arte. Em algumas instituições de ensino em que tive a oportunidade de realizar o estágio obrigatório, seja de Educação Infantil ou do Ensino Fundamental a Literatura Infantil era utilizada apenas como uma maneira de se passar o tempo. Em 2011 com o meu ingresso no Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Infantil (GEEI)1, tive várias vivências que me revelaram a importância da Literatura Infantil, e fornecer subsídios para se trabalhar por meio de recursos didáticos. Partindo das minhas observações e das vivências realizadas com o GEEI, pretendemos pensar alternativas para se realizar intervenções pedagógicas a respeito da Literatura, assim buscando estudar e refletir sobre questões afetas ao ensino e aprendizagem dos alunos. Consideraremos estudos já realizados, nos pautando no que já está feito, para assim apresentar novas contribuições para o tema, destacando o autor José Paulo Paes. Este autor foi escolhido pela grande importância de suas obras e por sua trajetória de vida. A importância desta pesquisa se dá, à medida em que discutiremos os beneficios da Literatura Infantil e como ela tem se apresentado no ambiente escolar. A Literatura é antes de tudo uma arte e é através dela que a criança passará a ser mais crítica, conhecerá as peculiaridades do mundo que a cerca, porém no ambiente escolar nem sempre a Literatura se apresenta de forma ampla. Portanto, faremos um estudo dos aspectos biográficos do autor e poeta José Paulo Paes (1926 - 1998), apresentando suas vivências e as relações que elas tiveram em suas obras. Além disso, apresentaremos o recurso didático denominado Caixa de Encantos e Vida2, recurso didático desenvolvido pelo Profª Drª Marta Chaves, que poderá instrumentalizar a prática do professor desde a Educação 1 Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Infantil – GEEI, coordenado pela professora Dra Marta Chaves, formalizado pela Universidade Estadual de Maringá. Este grupo realiza estudos afetos à Educação Infantil, amparado nos pressupostos teóricos do Materialismo Histórico e sob a perspectiva da Teoria Histórico-Cultural. 2 Recurso didático desenvolvido pela Profª Drª Marta Chaves, que é elaborado coletivamente, o grupo realiza a escolha de um expoente da literatura, da poesia, da música ou das artes plásticas a ser estudado. O objetivo é representar a “vida” de um determinado expoente a partir de material escrito, fotos e objetos que caracterizem os diferentes momentos de sua história. Sobre o qual trataremos mais detalhadamente no decorrer deste trabalho. Infantil até os primeiros anos do Ensino Fundamental, a fim de aprimorar a aprendizagem dos escolares. Proposta esta que se dá por consideramos que há a possibilidade de trabalhar com biografias de autores no cotidiano escolar, utilizando esses dados biográficos como aspectos que podem enriquecer os conteúdos trabalhados a partir do currículo escolar. Inicialmente faremos uma retomada histórica, apresentado a origem da Literatura Infantil e a sua expansão no decorrer das décadas, em seguida faremos considerações sobre a importância da Literatura Infantil e da poesia nas instituições educativas escolares e no desenvolvimento das crianças, embasados nos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural. Por conseguinte apresentaremos a biografia do poeta José Paulo Paes e os fatos de sua vida que tiveram reflexos em suas obras. Na sequência partiremos do estudo biográfico do autor e da importância da Literatura Infantil nas instituições escolares, apresentaremos uma proposta de intervenção pedagógica baseados na Literatura Infantil e a biografia de José Paulo Paes, com a Caixa de Encantos e Vida, embasados na teoria Histórico-Cultural, em que a premissa de que os homens e suas ideias são resultado de sua existência material, isso significa que os fenômenos são explicados pela organização econômica da sociedade. Observaremos que os aspectos históricos determinam os conteúdos das artes de sua época, quando se estuda a biografia do autor passa-se a considerar que tudo que o autor vivenciou se reflete em sua obra, é necessário se perguntar por que a literatura é vista de uma forma tão superficial, pois quando ela é mostrada de forma ampla seu conteúdo é muito mais rico. Trabalharemos com essa possibilidade, pois trabalhar com a biografia dos autores no cotidiano das instituições educativas pode enriquecer o aprendizado dos alunos. Através de estudos realizados durante a graduação nos questionamos: Quando se trabalha Literatura Infantil, por qual motivo não se aprofunda os estudos sobre os aspectos biográficos dos autores para assim enriquecer o aprendizado dos alunos? Para a análise dos dados da pesquisa, bem como para se chegar aos resultados, nos embasaremos na Teoria Histórico-Cultural, por ser o referencial teórico-metodológico que melhor responde aos questionamentos e inquietações que impulsionaram o tema e o problema desta pesquisa, mesmo que ainda em estudos iniciais sobre esse referencial. Para melhor afirmamos nosso posicionamento, tomaremos como base os escritores que contemplam a Teoria Histórico-Cultural e clássicos como Leontiev (1979) e Vigotski (2009). No capítulo a seguir trataremos sobre os aspectos históricos da Literatura Infantil, desde suas premissas, quando eram adaptações de Literatura Adulta, até atualmente com suas diversas obras. 2 Aspectos Históricos da Literatura Infantil Para compreendermos o que é Literatura Infantil é necessário observamos os seus primórdios, pois ela nem sempre existiu, a infância não era considerada uma etapa da vida com as particularidades que conhecemos na atualidade. Veremos neste capítulo que a Literatura Infantil é muito peculiar a sua época, suas funções foram mudando de acordo com a necessidade e transformações de seu tempo. Coelho (2010) afirma que na segunda metade do século XVII, durante a monarquia absoluta de Luís XIV, o Rei Sol, na França, se manifestou a primeira preocupação com uma literatura para crianças e jovens. Regina Zilberman (2003) sustenta que os primeiros livros destinados para as crianças foram desenvolvidas no século XVII e XVIII e essa concepção se originou apenas nesse período, pois antes dessa época não existia uma compreensão de infância. As modificações ocorridas na Idade Média e solidificadas no século XVIII proporcionaram a ascensão de modalidades culturais, bem como a escola com sua organização atual e o gênero literário dirigido ao jovem. Para Coelho (2000, p.118) “O individuo passa a ser valorizado pelo que ele é, sabe ou faz, e não mais pela classe social”. Isso ocorreu pois com a decadência do feudalismo os laços de parentesco passam a se desagregar. Antes o sistema se baseava na centralização de um grupo de indivíduos ligados por elos de sangue, favores, dividas ou compadrio, sob égide de um senhor de terras de origens aristocráticas. Com a dissolução desse sistema, o conceito de família é desenvolvido, estreitando esses laços, passando assim a se dedicar a preservação dos filhos e do afeto interno. Com a necessidade de se ter um núcleo familiar, precisando assim de privacidade, os laços de afeto passam a ser estimulados, a partir de então, a infância passa a ser considerada, sendo assim, a necessidade de se ter escolas e literatura adequada. No século XVII a literatura destinada às criança tem apenas como função o aprendizado, quem as escrevia eram pedagogos e professores e não eram vistas como arte. Para Zilberman (2003) a partir do momento em que a infância passa a ser valorizada, a criança deixa de ser um adulto em miniatura, passando a ter considerações especiais, para que possam ter uma vida de maneira saudável, se tornando um novo estilo doméstico. A partir do momento em que a criança passa a ser protegida, a infância começa a ser marginalizada em relação ao setor de produção, pois exerce uma atividade inútil do ponto de vista econômico, ao contrário de trazer dinheiro para casa, ele apenas consome. “A literatura que é dirigida à crianças mostra as cicatrizes desse processo social de dominação, lutando por compensá-las pela fidelidade à missão iluminista da arte” (BORDINI, 1991, p. 6-7). A sociedade passa a projetar nas crianças suas aspirações e seus temores. A escola tem, nesse processo uma atuação preponderante, assumindo um duplo papel, o de introduzir a criança na vida adulta, mas ao mesmo tempo, de protegê-la das agressões do mundo exterior. As relações da escola com a vida são, portanto, de contrariedade: ela nega o social, para introduzir, em seu lugar, o normativo. Inverte o processo verdadeiro com que o indivíduo vivencia o mundo, de modo que não são discutidos, nem questionados, os conflitos que persistem no plano coletivo; por sua vez, o espaço que se abre é ocupado pelas normas e pelos valores da classe dominante, transmitidos ao estudante (ZILBERMAN, 2003, p. 22). Podemos dizer que para que a escola consiga introduzir valores e normas, ela se utiliza fortemente da literatura, para que assim a criança assimile esses valores. A Literatura Infantil tem sua origem nas adaptações tinham a finalidade de suprir as necessidades estipuladas. A justificativa que legitima o uso do livro na escola nasce, pois, de um lado, da relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante sua circunstância; e, de outro, do papel transformador que pode exercer dentro do ensino, trazendo-o para a realidade do estudante e não submetendo este último a um ambiente do qual foi suprimida toda a referência concreta (ZILBERMAN, 2003, p. 30). Podemos afirmar que o gênero literário mais recente é o da Literatura Infantil, que apareceu durante o século XVII, época de mudanças na sociedade entre elas mudanças no âmbito artístico, que atualmente permanecem. Coelho (2000) afirma que as literaturas infantis eram adaptações de livros adultos, pois não haviam produção destinada especificamente para crianças. Conforme Coelho (2010, p.25) “Foi entre os séculos IX e X que, em terras européias começa a circular oralmente uma literatura popular que, através dos séculos, seria conhecida como folclórica, mais tarde transformada em literatura infantil”. Lajolo e Zilberman (1987) ressaltam que no século XVII, durante o classicismo francês foram escritas histórias e englobadas como literatura apropriada para crianças, entre elas de La Fontaine (1621-1693), Charles Perrault (1628-1703), entre outros. É necessário ressaltar que os autores citados como clássicos, bem como os irmãos Grimm ou mesmo Hans Christian Andersen (1805-1875) não são os autores dessas histórias, como afirma Coelho (2010). Durante o século XVII, interessados na literatura folclórica criada pelo seu povo de seus respectivos países, reuniram as histórias anônimas, que há séculos vinham sendo transmitidas oralmente de geração em geração. Quando reunidas em livros passaram a ter o nome de seus recriadores. Coelho (2010, p.7) afirma “O poder de resistência dessa coisa, aparentemente tão frágil e precária, que é a palavra (literária ou não) prova de maneira irrefutável que a comunicação entre os homens é essencial à sua própria natureza”. Ainda conforme a autora: Em seus primórdios a literatura foi essencialmente fantástica: na infância da humanidade, quando os fenômenos da vida natural e as causas e os princípios das coisas eram inexplicáveis pela lógica, o pensamento mágico ou mítico dominava. Ele esta presente na imaginação que criou a primeira literatura: a do mito, lendas, sagas, contos, rituais, contos maravilhosos etc. (COELHO, 2000, p.52) A Literatura Infantil inaugural se inicia do domínio do mito, da lenda, do maravilhoso, ou seja, antes de se tornaram Literatura Infantil eram literatura popular, a intenção da literatura era de passar determinados valores e padrões que deveriam ser respeitados pela comunidade e incorporados pelo indivíduo. Essa literatura inaugural ou clássica tem início na idade média, denominado como período das trevas, em que o mundo ficou entregue aos bárbaros pagãos. Por conta disso a literatura da época tinha caráter moralizante. Zilberman (2003) afirma que após as diversas adaptações que a Literatura Infantil clássica passou, atualmente esse caráter moralizante se esvaiu, deixando de mostrar seu propósito, repassando os interesses de quem o reescreve. Coelho (2000) nos apresenta como a necessidade de mostrar a nova verdade conquistada pela sociedade romântica burguesa gera uma nova literatura para crianças, centrada no realismo cotidiano: narrativas que se constroem com fatos reais. Atualmente duas tendências coexistem igualmente poderosas e vivas ora separadas, ora fundidas no realismo mágico ou na ficção científica, tanto na literatura adulta como na infantil. 2.1 Aspectos Históricos da Literatura Infantil No Brasil Feitas algumas considerações em um âmbito geral, da trajetória do desenvolvimento da Literatura e da Literatura Infantil, faremos alguns breves destaques sobre a trajetória da Literatura Infantil no Brasil, para tanto é necessário ressaltar que o ocorrido na Europa não poderia ter acontecido no Brasil com a mesma correspondência, visto que o nosso país tem sua própria constituição tardia. No Brasil durante o século XVIII, ocorreram mudanças substancias, seja no campo econômico ou no das ideias. A Literatura e a cultura estavam em seu plano inicial. Na primeira metade deste século são encontradas diversas minas de ouro, trazendo aventureiros em busca de dinheiro, dando origem as cidades históricas, com a exploração aurífera o Brasil inicia uma nova fase de colonização. Nesta época a produção literária era apenas portuguesa e a educação era regida pelos jesuítas. A Literatura Infantil é como muitos outros, um produto oriundo da ascensão da camada burguesa. Como afirma Zilberman (2003), no Brasil a sociedade teve que esperar a emergência das classes médias urbanas. Esse processo aconteceu a partir da segunda metade do século XIX, com a implantação do setor burocrático no Rio de Janeiro, expandindo assim o aparelho administrativo do Império e por outro lado, o fim da comercialização de escravos proporcionou que os recursos antes destinados para esse fim, fossem destinados a indústria nascente. Coelho (2010) afirma que foi nesse período que o Brasil inicia sua trajetória para o progresso econômico, independência financeira e a conquista da cultura que o colocaria entre as nações civilizadas do ocidente. O Brasil passa por diversas mudanças, alterando seu desenvolvimento e sua economia, Zilberman (2003) sustenta: Mauá, inaugurando a comunicação ferroviária entre a Corte e Petrópolis e pondo em relevo a importância do desenvolvimento industrial, encara o novo tipo de emergente; e sua nova aliança com os Ingleses revela que a inclinação a outros modelos econômicos não rompe a dependência colonial a uma Metrópole estrangeira, no caso a Britânica. Somem-se a estes fatos o crescimento comercial do rio de Janeiro, devido as exportações de café, a expansão agrícola e financeira de São Paulo, o ensino universitário facilitando o surgimento do profissional liberal, a organização do exército e sua nova influencia na vida brasileira, e ter-se-á um quadro dos segmentos que permitiram a formação de um grupo, heterogêneo, é certo, que constituiu a base da burguesia nacional (ZILBERMAN, 2003, p.204-205). A evidência da educação faz parte desse cenário, a sua função nessa época, era garantir o cumprimento das normas sociais em vigor e a obediência dos interesses do Estado. Não diferente da Europa, a infância passa a ser considerada e diversos recursos passam a ser destinadas às crianças. Em 1808 com a vinda da corte para o Brasil, D. João VI, institui medidas oficiais para a criação de academias, cursos e escolas visando atender com urgência a formação de profissionais competentes em todos os setores da sociedade, porém os resultados não foram imediatos, pois estudo e cultura são aquisições que demandam tempo. Nesse período se inicia a preocupação com literatura destinada para as crianças e jovens, como afirma Coelho (2010): Simultaneamente ao aumento de traduções e adaptações de livros literários para o público infanto-juvenil, começa a se afirmar, no Brasil, a consciência de que uma literatura própria, que valorizasse o nacional, fazia-se urgente para a criança e para a juventude brasileiras (COELHO, 2010, p. 220). Podemos salientar que Monteiro Lobato, em 1920, foi o divisor de águas entre a Literatura Infantil de ontem para a Literatura Infantil atual. Monteiro Lobato “Rompe, pela raiz, com as convenções estereotipadas e abre as portas para as novas ideias e formas que o novo século exigia” como sustenta Coelho (2010, p. 247). Lobato inicia as inovações no âmbito da literatura adulta atingindo também a infantil, conforme Zilberman (2003) ele apresenta em suas obras situações atuais, em que o leitor pode se identificar, ele também incorpora valores, comportamentos, organização política do sistema social vigente. Assim, a Literatura Infantil deixa de ter apenas sua função de ensinar e passar valores, para uma Literatura que demonstre e exponha o mundo ao seu redor. A seguir discutiremos a respeito da importância da poesia para as crianças, quais seus benefícios, e como ela pode ampliar o conhecimento dos escolares. 3 Poesias E Seus Encantos: Possibilidade Intelectual A poesia é de extrema importância para o desenvolvimento das crianças, pois é através delas que as crianças terão algumas de suas percepções aguçadas e aperfeiçoadas, porém é preciso entender primeiro os primórdios da poesia para assim observarmos seu desenvolvimento e sua importância até os dias atuais. A poesia arcaica era vista como um modo de ver o mundo ao seu redor, pode-se dizer que é uma visão além do visível, ou do aparente, para captar algo que não se mostra de imediato, mas que lhe é essencial. Muitos acreditavam que o poeta tinha um dom dado pelos Deuses, o poder de ver além do visível. Pode-se dizer que a grande magia da poesia é que cada leitor pode lhe atribuir um significado, dependendo do olhar e do espírito de quem lê, bem como afirma Bordini (1991): Das formas literárias, a poesia é a mais exige introspecção, mas não porque o poema seja um fato altamente subjetivo, a exacerbação de um estado de um estado de espírito pessoal do escritor, como, por vários séculos, se acreditou que fosse uma de suas manifestações, a lírica (BORDINI, 1991, p.31). O poema exige de seu leitor uma maior atenção, pois seus signos são mais ressaltados, é necessária uma ativa mobilização do conteúdo intelectual e afetivo preexistente ao contato, um ajustamento de emoções e desejos, juízos e avaliações, a medida que a leitura progride. O poema infantil, nas suas diversas modalidades de origem popular ou culta, orientado ora por gozo corporal do som, ora para o prazer fantástico da imagens, ora para o jogo ideológico com existência do leitor, constitui um repto cognitivo para a criança. A gratuidade tão inerente a esses tipos tão diversos de brincadeiras com palavras – quando são artísticos e não professorais – arrasta o pequeno leitor a uma situação mental em que se pode tudo o que na vida cotidiana é visto de sobrancelhas franzidas, desde a quebra de padrões linguísticos até a subversão dos moldes lógicos de apropriação do real (BORDINI, 1991, p.38-39). Quando a criança entra em contato com os textos poéticos ela se distancia do seu ambiente familiar, social e linguístico de forma imaginária. Contudo a configuração eminentemente ordenadora dos estímulos do mundo poético faz com que esse distanciamento seja feito de forma prazerosa, e não com temor. “Assim a experiência do poema propicia o alargamento dos conteúdos da consciência por uma prazerosa tomada de posse do desconhecido, suscitada pelo desafio das formas e das ideias” ( BORDINI, 1991, p. 39). Conforme Coelho (2000) podemos afirmar que a poesia não é composta somente de palavras, poesia é também som e imagens. As palavras são signos que expressam emoções, sensações, ideias, por exemplo. Através de imagens (símbolos, metáfora, alegorias etc.) e de sonoridade (rimas, ritmos etc.), nessa perspectiva Bordini (1991) afirma que o poema infantil põe a palavra em um estado de evidencia sensorial. É esse jogo de palavras que atrai as crianças para a poesia, provocando nelas sensações e emoções de uma forma lúdica. Bem como afirma Bordini (1991, p.63) “Essa sonoridade fonética se alia a ritmos que inicialmente mimetizam os movimentos do emissor, depois a ação física do recitante em situação de brincadeira e, por fim, aparece a recursividade para prender o interesse do leitor/ouvinte”. Bordini (1991) revela que com a poesia podemos trabalhar diversas sensações nas crianças, sejam elas visuais, sonoras, gustativas entre outras, e é através dessas sensações que as crianças poderão descobrir, com mais entusiasmo, o mundo em que estão inseridas. As poesias destinadas às crianças devem ser breves, com versos curtos e com rimas, que toquem de imediato a curiosidade e as sensações das crianças, preferencialmente narrativas que expressam situações de interesse. A vocação pedagógica, historicamente inseparável da poesia infantil, vai inclusive lançar mão do folclore, destruindo-lhe a espontaneidade inerente ao contato homem/mundo não mediado pelo culto da razão e originado uma praxe em que formas poéticas seculares – tornadas poderosas pelo tempo junto à imaginação popular – se converterão em meios para a instrução do “homem novo” burguês (BORDINI, 1991, p.11). Entre a poesia infantil tradicional e a contemporânea, a diferença está na intencionalidade, com a primeira se pretendia aprender algo a ser imitado depois, já a segunda intenciona levá-lo a descobrir o mundo que está ao seu redor. Nascida no final do século XIX, e expandindo-se nos primeiros anos do século XX, não diferente da Literatura Infantil, a poesia tem a função educativa, para que forme no aluno um futuro cidadão, um indivíduo de bons sentimentos. Como afirma Bordini (1991, p.50), “a Literatura Infantil e a poesia [...] será adotada pela escola como meio didático que fala a sensibilidade e não apenas ao intelecto”. Nos anos 1930 e 1940, os escolares memorizavam poemas que deveriam ser ditos pelos mesmos nas aulas de leitura e na festas comemorativas, hoje entendemos que a poesia é algo particular, que não devem ser impostas para as crianças, mas na época, o método de ensino era o tradicional, baseado na memorização, em que as crianças deveriam aprender o mais rápido possível. Nessa época a produção de poesia destinada para os escolares era muito pequena, a falta de produção literária para eles era compensada com cantigas folclóricas e cantigas de rodas em que as crianças sabiam de cor. O número de autores portugueses supera o de brasileiros. Os poemas eram sentimentais ou de racionalização de emoções, e alimentados por uma visão de mundo ora idealizada, ora pessimista, mas sempre de reforço à tradição herdade. A ruptura modernista com os padrões literários tradicionais não chegou a atingir a poesia para as crianças até a entrada dos anos 1960, é importante ressaltar que o único modernista que surgiu na Literatura Infantil foi Monteiro Lobato, nos anos 1920. A poesia, rompendo com os esquemas tradicionais e sua linguagem lógica, torna-se lúdica, irreverente e fragmentada, a poesia passa a utilizar virtudes da matéria verbal: a sonoridade e o ritmo das palavras soltas, assim passam a agradar os ouvidos infantis. Para Coelho (2000) todas as mudanças que ocorreram no âmbito da educação foram lentas, nos anos 1920 a Europa passa experimentar o conceito de escola nova, no Brasil a tentativa de escola experimental surge em 1897, na escola Normal de São Paulo. Em 1961 com a primeira LDB (Leis de Diretrizes e Bases da Educação), tona-se obrigatório o uso de textos literários no ensino da Língua Portuguesa nas escolas, porém o sistema escolar vigente não estava preparado para isso. A partir dos anos de 1960/1970, se faz ouvir uma nova poesia infantil, em que as palavras brincam, brincam com a fala e a sonoridade. Os jogos de palavras que para nós adultos é tão complexa, com rimas, a relação dinâmica que se constrói durante o poema, a criança apenas brinca com os sons e o ritmo. “A poesia (ou a arte em geral) é um jogo que enriquece interiormente aqueles que a ele se entregam” (COELHO, 2000, p. 245). Os poetas dos anos 1960 (tentado criar, em poesia, novos modos de ver e de dizer o novo mundo em formação), abriram caminho para a explosão de criatividade que aconteceu nos anos de 1970/1980 na área da Literatura Infantil. Podemos afirmar que todas as mudanças que ocorreram atingiram também o sistema de ensino, é necessário ressaltar que as mudanças são decorrentes do contexto histórico cultural, e que na época em questão surge a necessidade de se ter uma nova maneira de ver, pensar e agir. A poesia infantil e juvenil que se inicia entre os anos 1970/1990, se tem além de diversidade nos temas, sonoridades e ritmos, passa a ter a valorização da poesia como um modo de ver o mundo, sendo assim um caminho para a autodescoberta. Como afirma Ribeiro (1998), com a morte de Cecília Meireles e Vinicius de Morais, a poesia infantil viveu um longo período de ostracismo, até a estreia de José Paulo Paes no gênero no ano de 1984, com o livro É isso ali. Isso porque os dois primeiros tinham habilidade para tratar de assuntos corriqueiros e criar uma poesia de qualidade que surpreendia o leitor, característica retomada pelo autor José Paulo Paes. A seguir apresentaremos a biografia do autor José Paulo Paes, e como sua vida teve influência em suas obras. 3.1 José Paulo Paes: Suas Histórias Que Viraram Poema No livro Quem eu? Um poeta como outro qualquer, PAES (1996) narra toda sua história de vida, desde sua tenra idade até sua trajetória como escritor. Em sua autobiografia notamos como os livros e a arte que o cercava, formaram a pessoa que ele foi. Sabe se que o local que nascemos e onde crescemos influencia grandemente a vida que levevamos, e com José Paulo Paes não foi diferente, Paes (1996) afirma que ele nasceu em uma livraria, melhor dizendo no quarto ao lado, da livraria e tipografia J. V. Guimarães, a loja de seu avô materno, nasceu no dia 22 de julho de 1926 em Taquaritinga (SP). Seu avô era português, viera ao Brasil ainda menino. Ele foi bombeiro e soldado nos tempos de Floriano Peixoto3, era tipográfico e dono de um jornal em Ribeirão Bonito, São Paulo, quando se casou com Cândida Marçal, avó de José Paulo Paes, ou como a chamava, Dona Zizinha, emérita contadora de histórias de sacis, bruxas e assombrações. Os filhos do casal nasceram todos em Ribeirão Bonito, a família veio para Taquaritinga, quando seu avô transferiu os negócios, menos o jornal. 3 Floriano Peixoto assumiu em 23 de novembro de 1891 a presidência do Brasil, após a renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca, do qual era vice. José Paulo Paes afirma em seu livro: Quem eu? Um poeta como outro qualquer que anos depois sonha com essa casa em que morou até os 11 anos, desse sonho ele escreve o poema ‘A casa’ que esta perpetuada em Prosas Seguidas de Odes Mínimas (2010): Vendam logo esta casa, ela está cheia de fantasmas. Na livraria, há um avô que faz cartões de boas-festas com corações de purpurina. Na tipografia, um tio que imprime avisos fúnebres e programas de circo. Na sala de visitas, um pai que lê romances policiais até o fim dos tempos. No quarto, uma mãe que está sempre parindo a última filha. Na sala de jantar, uma tia que lustra cuidadosamente o seu próprio caixão. Na copa, uma prima que passa a ferro todas as mortalhas da família. Na cozinha, uma avó que conta noite e dia histórias do outro mundo. No quintal, um preto velho que morreu na Guerra do Paraguai rachando lenha. E no telhado um menino medroso que espia todos eles; só que está vivo: trouxe-o até ali o pássaro dos sonhos. Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vendam-na depressa. Antes que ele acorde e se descubra também morto. Segundo Paes (1996) o sonho só deu a situação de base uma atmosfera fantasmagórica, o resto ele afirma tem recorrido as suas lembranças de infância, em que naquela altura todos os seus familiares já tinham morrido, e a casa estava abandonada. É necessário ressaltar que para Paes (1996) os sonhos podem ser embriões de um futuro poema, são sugestões, uma fonte de inspiração. Porém para ele é na lucidez, técnica e na experiência do poeta que irá desenvolver as sugestões oníricas em poemas acabados e compreensíveis. Paes afirma que enquanto os sonhos emocionam apenas a quem sonhou o poema tem a função de emocionar, se não todas as pessoas que leem, pelo menos aquelas cuja sensibilidade foram aprimorada pela leitura regular de poesia. Seu pai chamava-se Paulo Artur Paes da Silva de quem herdou o nome de Paulo, o seu nome José veio de seu avô paterno, conforme tradição nas famílias portuguesas. O pai de José Paulo Paes era português de nascença, mesmo morando anos no Brasil, nunca chegou a perder totalmente seu sotaque. Seu pai era caixeiro viajante, em uma de suas passagens por Taquaritinga conheceu a sua esposa, casou-se em 1925. Seu pai estudou até o curso primário, era um homem inteligente, ativo, habilidoso. Foi proprietário de um semanário, “A Notícia”, e de um escritório de contabilidade e de corretagem de seguros. Mas terminou seus dias como caixeiroviajante. Gostava de ler, tinha no quarto uma pequena biblioteca, em que predominavam os romances polícias e livros sobre a maçonaria, da qual fazia parte. Sua mãe chamava-se Diva Guimarães Paes, que completou o primário, porém redigia com correção e com apuro literário, em uma letra bonita, as cartas que mandava para Paes o tempo em que ele estudou fora. Ela era uma leitora voraz de romances “água com açúcar”. José Paulo Paes relata em seu livro Quem eu? Um poeta como outro qualquer, que passou grande parte de sua infância no quintal, pois a casa era vista como algo dos adultos e que a ordem deveria ser mantida lá dentro, em que até mesmo um “cotovelo na mesa” era motivo para ser chamada a atenção. Entretanto o quintal era cheio de árvores frutíferas, e canteiros com flores e com imaginação ele se transformava em diversas coisas. Em 1933, José Paulo Paes e sua família tiveram que se mudar de São Paulo para o Rio de Janeiro, pois o pai arrumara um novo emprego. A princípio se instalaram na casa de alguns familiares. No período em que estavam lá seu pai ficou gravemente doente, com uma infecção. Com a doença de seu pai e sua mãe grávida da segunda filha Fernanda, foi preciso voltar para Taquaritinga, seu pai, contudo, permaneceu em São Paulo. Em sua infância o hábito de leitura era cultivado em casa, com as histórias que seu avô contava. Ele se impressionava ao ver como um adulto conseguia passar horas entretido com livros com aqueles “risquinhos” pretos, em que as crianças não entendiam nada. Pode-se dizer que através do hábito de leituras dos adultos ao seu redor, seu interesse em ler aumentava cada vez mais. Para Paes (1996) se cada criança tivesse em casa adultos leitores, a escola não teria a função de mandar como dever de casa livros para se ler, o interesse já seria desenvolvido. Paes iniciou suas leituras por contos de fadas, bruxas e gigantes, clássicos da Literatura Infantil, bem como Charles Perrault, Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen. Em seguida Paes descobriu os escritos de Monteiro Lobato, e pode se aventurar diversas vezes no sítio do pica-pau amarelo. A etapa seguinte foi a descoberta dos romances de aventura, na qual começou por Tarzan e posteriormente foi para os romances policiais da Coleção Amarela da Editora o Globo4. 4 O Globo, editora fundada em 1883 por Laudelino Pinheiro Barcellos, de 1931 a 1956 é criada a ‘‘Coleção Amarela’’, com histórias policiais, de crimes e de aventuras norte-americanas, que publica cerca de 160 títulos. Paes relata em seu livro Quem eu? Um poeta como outro qualquer (1996) os livros que lia, eram de trocas particulares, de bibliotecas pessoais, pois em sua cidade não havia bibliotecas públicas. Paes em sua casa era um leitor assíduo de romances de aventura, porém na escola havia a necessidade de ler poesia, ao tratar dessa situação ele conta que achava uma chatice, pois as poesias escritas, para ele, não faziam o menor sentido, não eram algo que se inseria em seu cotidiano. Nos anos de 1930 ele descobre as histórias em quadrinhos, em especial do Flash Gordon5, com ele seu interesse pela química aumentou, pois as histórias tratavam de viagens espaciais, o que lhe fez fazer um laboratório, onde brincava por horas, na farmácia ele conseguia componentes químicos, em que elaborava bombas, entre outros, as receitas ele conseguia em livros e revistas. A infância de Paes foi repleta de aventuras e brincadeiras, sem esquecer os diversos livros e literaturas que o cercavam. Podemos dizer que em sua vida adulta vários foram os reflexos de sua infância, entre elas os muitos poemas, que em grande parte foram nela inspirados, até mesmo a profissão escolhida como químico, e sua grande e belíssima escolha em escrever poesia para crianças, para Paes (1996) as tirando da monotonia e da chatice das poesias sem sentido. Quando prestou o exame para o ginásio não teve dificuldade em passar, em 1937 já estava matriculado, continuou a cursar o segundo ginasial em Araçatuba, onde a escola era melhor. Nessa mesma época, aprendeu a tocar violão, o básico aprendeu sozinho, depois passou a ter aulas, porém ainda assim preferia tocar de ouvido. Por conta de ter aprendido a tocar violão, e realmente tocar bem, passou a fazer parte do regional da rádio, cujo prefixo era PRE-8, lá ele fazia locução, crônicas sentimentais e ainda atendia pessoas que ligavam para dedicar músicas, entre elas as mulheres da vida. Pelo grande número de faltas que conseguira por conta de tocar violão, falar na rádio e ouvir músicas na toca disco, ficou para segunda época, mas no final passou. Essa época foi de extrema importância para seu amadurecimento literário, passou a ler escritores como Machado de Assis e Augusto dos Anjos, que o influenciaram a escrever poesias. Paes passou a ver a literatura como algo que faz 5 Flash Gordon chegou no Brasil, em 1934, no suplemento infantil do jornal A Nação, do Rio de Janeiro, no formato de tiras e capítulos posteriormente publicados num álbum de edição especial em 1937. Na década de 1940, Flash Gordon teve as suas tiras publicadas no formato comics, acompanhando a evolução de edição gráfica da época. pensar, nessa época leu Jorge Amado, Máximo Gorki e ABC comunista de Bukharin. Paes (1996, p.28) afirma “[...] além de pensar, a literatura “séria” muitas vezes denuncia, em nome da utopia, as mazelas do mundo. E a utopia é um dos sinônimos da esperança.” 3.2 José Paulo Paes lembranças de um caminho de conhecimento Quando Paes terminou o ginásio, teve de escolher o que faria dali em diante, não quis optar por um curso universitário, pois levariam oito anos para ser concluído, escolheu então um curso técnico, decidiu pelo curso de química na Universidade Mackenzie, que era considerado o melhor da época. Havia 55 vagas para 400 inscritos, quinze dias antes de realizar a prova foi passa São Paulo, permaneceu em uma pensão, entretanto quando realizou a prova reprovou. Mesmo com sua reprovação ele preferiu permanecer em São Paulo, pois já havia se adaptado com a vida na cidade grande. Nessa época percorria diversos sebos, passou a conhecer os poemas de Paulo Torres, Poemas Proletários, um dos precursores dos poemas ditos sociais, uma arma usada contra a exploração capitalista. Os romances de Jorge Amado e de Máximo Gorki, bem como a doutrinação marxista de Burkharin, haviam preparado o caminho para que os Poemas proletários entrassem como evangelho de imitação. Como relata Paes (1996) sua estadia em São Paulo foi interrompida com a notícia de adoecimento e morte de seu avô J. V., com isso teve de voltar para Taquaritinga, lá foi convencido a cursar o colegial, por conta disso teve que voltar para Araçatuba. Quando lá estava decidiu entrar no Instituto de Química do Paraná, onde o ingresso não era não difícil. Em 1944, Paes se dirigia a Curitiba, para iniciar seu curso técnico. Em Curitiba, Paes se encontrava com colegas no Café Belas-Artes, que anos depois foi fechado. Os membros mais assíduos dessa roda eram o poeta Glauco Flores de Sá Brito, o colunista e crítico de cinema Armando Ribeiro Pinto e o jornalista e ensaísta Samuel Guimarães da Costa, mais tarde juntou-se também o Eduardo Rocha Virmond futuro crítico de arte. Para perpetuar a lembrança escreveu “Balada do Belas-Artes” em Prosas de Odes Mínimas (2010). Balada do Belas-Artes Sobre o mármore das mesas do Café Belas-Artes os problemas se resolviam como em passe de mágica. Não que as leis do real se abolissem de todo mas ali dentro Curitiba era quase Paris. O verso vinha fácil o conto tinha graça a música se compunha o quadro se pintava. Doía muito menos a dor-de-cotovelo, nem chegava a incomodar a falta de dinheiro. Para o sedento havia um copo de água fresca, média pão e manteiga consolavam o faminto. Não se desfazia nunca a roda de amigos; o tempo congelara-se no seu melhor minuto. Um dia foi fechado o Café Belas-Artes e os amigos não acharam outro lugar de encontro. Talvez porque já não tivessem (adeus Paris adeus) mais razões de encontrar-se mais nada a se dizer. Podemos perceber em seu poema “Balada do Belas-Artes” a importância da convivência com as máximas elaborações humanas, de acordo com Bogoyavlensky e Menchinskaya (1991), quando mais experiências de qualidade se tem, mais possibilidades se terá de desenvolver suas funções psicológicas superiores. Paes se posiciona igualmente de acordo com a citação abaixo: Percebi então que é indispensável ao poeta um lastro cultural tão amplo e diversificado quanto possível. Só talento não lhe basta. Para que ele possa desenvolver suas virtualidades, necessita do estímulo tanto quando da régua e do compasso da cultura (PAES, 1996, p.33). Em 1947, Paes lança seu primeiro livro, ‘O aluno’, dentre seus amigos, Paes pediu a Carlos Drummond de Andrade, que lesse seu livro e disse-se o que pensou sobre ele. Drummond em reposta escreveu uma carta, instigando-o a aprender novos idiomas, sugere que leia “os estrangeiros”, para fugir do modelo de poesia nacional. Com a finalização de seu curso técnico ele necessita escolher um especialidade para fazer estágios práticos, sua escolha foi em álcool e bebidas alcoólicas. Ele escolheu para o seu estágio a usina de álcool e cereais de Taquaritinga. Se despediu de seus amigos do Belas-Artes até o dia que voltasse a Curitiba para pegar o seu diploma de químico técnico. Paes havia sido eleito para ser orador da turma, desistiu de comparecer a festa de formatura quando os seus colegas resolveram colar grau de smoking alugado, para ele militante de partido operário era inaceitável. Paes (1996) não conseguiu realizar seu estágio, pois quando voltara não estava em período de safra, teria de esperar até o ano seguinte, para terminar seus relatórios comparecia a usina uma vez por semana para ter informações, e assim usar as informações recebidas e sua boa imaginação, terminá-los. Ele permaneceu um tempo sem trabalhar após terminar seus relatórios de estágios, até que uma prima lhe conseguiu um emprego em São Paulo, na indústria farmacêutica, para onde ele se mudou rapidamente. Com o salário que recebia conseguia se manter e ainda comprar livros, um toca-discos iniciando sua discoteca erudita e ainda assim ir ao cinema. Nessa época começa a namorar sua futura esposa Dorinha Costa, primeira bailarina do Teatro Municipal, nesse período, em que ela tinha 18 anos, foi considerada uma das grandes revelações do balé brasileiro e recebeu diversos convides e bolsas para estudar no exterior, porém por problemas de ordem familiar não pode aceitar. Dora e Paes se casaram em 1952, passaram uma semana de lua de mel em Itanhaém (SP), quando voltaram moram morar em uma casinha alugada, perto do laboratório farmacêutico onde ele trabalhava. A casa tinha poucos móveis, porém tinha uma escrivaninha e uma estante, ótima opção para que até então guardava seus livros em caixotes. Sua casa não tinha fogão, mas com alguns utensílios e um fogareiro, Dora cozinhava. Com o passar dos anos, conseguiram construir uma casa, em que cada vez mais tomava forma, e se tornava viva, conforme o esperado. Em um dos poemas de Cúmplices Paes escreve: Nossa vida Construímos A cada passo, A cada minuto, A cada esquina De mãos unidas O primeiro ano de casados foi de consecutivas perdas, seu pai morreu em Taquaritinga, Oswald de Andrade, em São Paulo, quem havia se tornado um grande amigo, e sua primeira e única filha, que não chegou a viver para ser batizada, para quem ele escreveu uma canção de ninar “Nana Glaura”, recolhida em Prosas seguidas de Odes mínimas (2010). 3.3 José Paulo Paes: de técnico em química para escritor Paes com o apoio de sua esposa Dora decide deixar a indústria farmacêutica, e trabalhar um uma editora de livros, em que passou a ganhar menos da metade que ganhava. Sua decisão foi tomada pelo excesso de trabalho, a falta de tempo para se dedicar a literatura e um distúrbio circulatório nas pernas, que dificultava seu caminhar, Paes passa a trabalhar na editora com a perspectiva de que estaria mais próximo de realizar seu sonho como escritor, porém ele se engana, pois quem cuida do livro dos outros não tem tempo para cuidar do seu. Quando trabalhou em uma editora pode perceber que nem sempre o melhor livro é o mais vendido e nem mais procurado, diversas vezes em seu trabalho teve de dizer não a livros bons, pois não teriam a comercialização procurada. Entre muitas de suas funções, Paes passou a fazer traduções, muitas como ele afirma prazerosas, mas a maioria uma fastidiosa sensação de dever cumprido. Paes (1996, p.52) afirma “[...] os livros de alto mérito artístico e cultura não são os preferidos e comprados pelo grande público, o qual se deixa antes fascinar pela aura publicitária dos Best-sellers, por mais medíocres que sejam.” Enquanto estava trabalhando na editora teve um começo de gangrena na perna direita, com dores agudas, por conta disso manteve se preso em casa por meses, nos momentos em que as dores diminuíam ele aproveitava para se dedicar aos seus poemas. Passou por uma intervenção cirúrgica para restabelecer a circulação, livrando-se da gangrena. Após longos anos de trabalho na editora, teria direito a se aposentar, propôs para a editora que trabalhasse apenas dois dias na semana, a princípio ela aceitou, porém não durou muito tempo, foi advertido que deveria voltar e ainda trabalhar com a área de esoterismo, sua decisão foi pedir demissão e se dedicar os que realmente o interessava, ser escritor em tempo integral. Ocorreu lhe outro problema circulatório, porém na perna esquerda, rapidamente agravado em necrose de pé, em que a amputação seria inevitável, mas só poderia ser realizado quando o processo necrótico não chegasse ao fim, em quanto isso sofria com delírios em que não distinguia a realidade da alucinação. Quando foi para o hospital estava delirando muito, sua amputação foi realizada logo acima do joelho, com a ajuda continua de sua esposa, ele conseguiu se recuperar, e logo estava habituado com a perna mecânica. E a partir de então pode se dedicar plenamente a escrita. Em 1984 Paes publica seu primeiro livro de poemas infantis, É isso ali, com ilustrações em preto e branco de Carlos Brito, o livro se iniciou de brincadeiras verbais que ele fazia com os seus sobrinhos. A obra é composta com um texto introdutório explicativo seguido por quinze poemas, em sua maioria breves e caracterizados por um tom de humor e ironia. Em 1989 Paes publica Olha o bicho, em seu livro Brincadeiras de palavras. Ribeiro (1998) afirma que o texto foi encomendado pelo desenhista e pintor Rubens Matuck. A obra se compõe de oito poemas, escritos em pouco mais de um mês, caracterizados pelo diálogo intenso com a imagem. Em 1990, Paes pública Poemas para brincar, realizado ao longo de três anos de depuração, reflexão e adequação linguística ao público alvo, recebeu o prêmio jabuti de Melhor Livro Infantil e de Melhor Ilustração. Seu sucesso foi tanto que suas doze poesias inspiraram uma montagem teatral premiada6. Ribeiro (1998) afirma que para o poeta este é o livro de que ele mais gosta, pois abandona suas rimas e trocadilhos, para se trabalhar com os versos livres. Em 1991 Rubens Matuck, o mesmo ilustrador de Olha o bicho, o convida novamente para realizar uma obra de temática ecológica, o resultado foi O menino de Olho d’Água. O próximo livro que foi publicado, também foi de encomenda, Uma letra puxa a outra, em 1992, seria uma espécie de cartilha de versos, contem vinte e três poemas, cada um se refere se a uma letra do alfabeto. Como afirma Ribeiro (1998) trocadilhos são muito utilizados nos doze poemas de Um número depois do outro, de 1993, e em “lé com crê”, do mesmo ano. Paes (1996) afirma que não é nada fácil escrever poesia para as crianças, ocorre limitações quando ao vocabulário e aos 6 Concepção teatral: Juliana Gontijo. A peça recebeu os prêmios A.P.C.A 1996 – “ Autor”, Troféu Mambembe 1996, “Grupo” e ainda, indicação para o Premio Coca-cola 1996 – “Música” e “Teatro de animação”. assuntos, e muitas vezes não se encontra o tom certo, ele afirma que o segredo é simplificar sem empobrecer. O autor ainda admite que o seu primeiro contato com a poesia aconteceu de forma desastrosa na escola, o escritor confessa que, na criação de seus poemas para leitores mirins, se vale de numerosos recursos sonoros e conotativos. “Embora cada um dos meus livros de poesia para crianças contenha poucos textos, custa-me muito trabalho escrevê-los e aperfeiçoá-los até o ponto de satisfazerem o meu senso crítico” (PAES 1996, p.70). José Paulo Paes morre em 1998, em São Paulo capital. Deixando um legado de mais de 40 obras publicadas no Brasil, desde livros de poesia, ensaios, autobiografia, depoimento, infantil e juvenil, Paes ainda teve diversos livros que foram publicados após a sua morte, no (anexo A e B). Paes recebeu o Prêmio Jabuti7 em 1997 pelo livro “Um passarinho me contou” de 1997. Em seguida falaremos sobre as contribuições da Literatura e Literatura infantil para o ensino e aprendizagem. 7 Criado em 1958, o Jabuti é o mais tradicional prêmio do livro no Brasil. O maior diferencial em relação a outros prêmios de literatura é a sua abrangência: o Jabuti não valoriza apenas os escritores, mas destaca a qualidade do trabalho de todas as áreas envolvidas na criação e produção de um livro. Ganhar o Jabuti representa dar à obra vencedora o lastro da comunidade intelectual brasileira, significa ser admitido em uma seleção de notáveis da literatura nacional. 4 Literatura e a Literatura Infantil: Contribuições Para o Ensino e Aprendizagem De acordo com Nelly Novaes Coelho (2000) literatura é um fenômeno de linguagem plasmado por uma experiência cultural direta ou indiretamente ligada a determinado contexto social e a determinada tradição histórica. Primordialmente a literatura é arte, e como tal suas relações entre ela e o indíviduo são fundamentais para a formação integral, ou seja, sua consciência do eu, do outro e do mundo que o cerca. Para Meireles (1984): A literatura, porém, não abrange, apenas, o que se encontra escrito, se bem que essa pareça a maneira mais fácil de reconhecê-la, talvez pela associação que se estabelece entre “literatura” e “letras”. A palavra pode ser apenas pronunciada. É o fato de usá-la, como forma de expressão, independentemente da escrita, o que designa o fenômeno literário (MEIRELES, 1984, p. 19). Pelas palavras de Meireles (1984) percebemos que a literatura é algo muito amplo, que vai além das palavras, precisa da imaginação de quem lê, é necessário a interpretação das palavras. Coelho (2000, p.10) descreve que “a literatura é a mais importante das artes, pois sua matéria é a palavra (o pensamento as ideias e a imaginação), exatamente aquilo que distingue ou define a especificidade do humano”. Sua eficácia como instrumento de formação está diretamente ligada à leitura, atividade extremamente básica para o indivíduo na sociedade atual. [...] como objeto que provoca emoção, da prazer e diverte e, acima de tudo modifica a consciência de mundo de seu leitor, a literatura infantil é arte. Sob outro aspecto, como instrumento manipulado por uma intenção educativa ela se insere na área pedagógica (COELHO, 2000, p.46). O ensino da leitura ultrapassa seu mérito de apenas auxiliar na alfabetização, deixa de ser visto como algo apenas mecânico, e passa a ser entendido como possibilidade de penetração no mundo da cultura. Meireles (1984, p. 32) ressalta que “A Literatura não é, como tantos supõe, um passatempo. É uma nutrição.” Isto é, a Literatura é fonte de conhecimento e não apenas diversão. Devemos ressaltar que a literatura deve ser dividida em dois espaços, os de estudos programados e das atividades livres, ela deve ser utilizada na escola, mas também tem que ser usado como entretenimento. Para que a Literatura Infantil seja usada como projeto de ensino e aprendizagem Coelho (2000) afirma que é necessário nos conscientizamos que a criança é um ser educável, sendo assim o ser humano é um aprendiz de cultura enquanto durar o seu ciclo vital. A concepção da literatura como um fenômeno de linguagem é resultante de uma experiência social e cultural, que compreende a Literatura com um diálogo entre o leitor e o texto e a certeza que a escola é um espaço privilegiado em que devem ser colocados os alicerces do processo de autorealização vital/cultural, que o ser humano inicia na infância e prolonga até a velhice. A literatura é um agente formador por excelência. Como dito anteriormente, a Literatura transforma o leitor, pois com ela os horizontes de seu receptor é ampliado, como afirma Coelho (2000,p.29) “Para além do prazer/emoção estéticos a leitura contemporânea visa alertar ou transformar a ciência crítica do seu leitor/receptor”. Com a leitura, ou a arte em geral, os homens tem a oportunidade de transformar e enriquecer suas próprias experiências de vida, com intensidade não igualada por nenhuma outra atividade. Produto da imaginação criadora do homem, o fenômeno literário se caracteriza por uma duplicidade intrínseca: é simultaneamente abstrato e concreto. Abstrato porque é gerado por ideias, sentimentos, emoções, experiências de várias naturezas... Concreto porque tais experiências só têm realidade efetivas quando nomeadas, isto é, transformadas em linguagem ou em palavras (COELHO, 2000, p.64). É necessário ressaltar que a Literatura Infantil, tem a mesma essência que a literatura destinada para os adultos, às diferenças que as singularizam são determinadas pela natureza de seu receptor: a criança. Porém nem sempre isso ocorreu, quando a Literatura Infantil é desenvolvida, ela é vista como um gênero menor era considerado apenas uma distração. De acordo com Coelho (2000), a Literatura Infantil tem uma importância fundamental na formação e desenvolvimento da personalidade do futuro adulto, pois é por meio da escrita e da leitura, que o fenômeno literário se transforma em um ato de aprendizagem. Daí se conclui a importância basilar da literatura destinada às crianças, é o meio ideal não só para auxiliá-las a desenvolver suas potencialidades naturais, como também para auxiliá-las nas várias etapas do amadurecimento que medeiam entre a infância e a idade adulta (COELHO, 2000, p.43). De acordo com a citação acima, vemos que o desenvolvimento das crianças em grande parte é auxiliado pela Literatura, com ela a criança construirá sua personalidade, nesse sentido percebemos que conforme o amadurecimento da criança, será despertado o desejo por conhecimento e aumentará sua percepção de mundo. É necessário ressaltar que todo ato criador, tem em sua gênese, uma determinada consciência de mundo (que, de modo consciente ou inconsciente, interfere no ato de criação) torna-se importante, para compreendemos melhor cada obra literária, conhecermos as relações que se estabelecem entre seus fatores constituintes. É dessas relações que resulta sua literalidade, cujas características, por sua vez, resultam da referida consciência de mundo do autor. O livro infantil estimula o olhar como agente principal na estruturação do mundo interior da criança, em relação ao mundo exterior que ela está descobrindo, estimula a atenção visual e o desenvolvimento da capacidade de percepção, facilita a comunicação entre a criança e a situação proposta pela narrativa, pois lhe permite a percepção imediata e global do que vê. Concretiza relações abstratas que, só através da palavra, a mente infantil teria dificuldade em perceber, e contribui para o desenvolvimento da capacidade da criança para a seleção, organização, abstração e síntese dos elementos que compõe o todo. A Literatura permite que se fixem, de maneira significativa e durável, as sensações ou impressões que a leitura deve transmitir. “O contato com a literatura infantil se faz inicialmente por seu ângulo sonoro: a criança ouve histórias narradas por adulto, podendo eventualmente acompanhá-las com os olhos na ilustração” (ZILBERMAN, 2003, p. 170). Podemos dizer que os livros infantis são compostos primordialmente por imagens, pois é através delas que a crianças se encontra com o imaginário literário e também promove o seu desenvolvimento intelectual. Na Literatura Infantil as imagens falam tanto quando as palavras. Zilbeman (2003) afirma que com a posse dos códigos de leitura, ou seja, com a alfabetização, o status da criança muda e integra-se num universo maior de signos, o que nem a simples audição, nem a leitura das imagens visuais permitiriam. Podemos observar na citação abaixo como a alfabetização auxilia no desenvolvimento da criança: O crescimento da criança se faz por essa imersão no universo da palavra escrita, e seu desenvolvimento intelectual pode ser medido por meio de sua habilidade de verbalização dos conteúdos assimilados durante a educação formal (ZILBERMAN, 2003, p. 170). Para que a criança leia sozinha, sem o auxílio de um adulto ela precisa a fazer parte do universo da palavra escrita, isto é, alfabetizada. Quando a criança é alfabetizada ela deixa de depender do adulto, para ter escolha no que lê, percebemos o nível de desenvolvimento da criança decodifica o que esta lendo. 4.1 Literatura Infantil e a Teoria Histórico-Cultural: Possibilidade De Intervenção Pedagógica Com Caixa De Encantos E Vida Mediante a leitura da biografia de José Paulo Paes, pudemos observar que a sua infância foi repleta de livros e histórias dos mais variados gêneros, natural de quem nasceu praticamente em uma livraria. Essas vivências, enquanto criança, o tornaram uma criança questionadora que desejava ver mais sentido nas poesias em que lia, assim o permitiram desenvolver suas habilidade como escritor. Pautados nessa constatação dos fatos e respaldados pela teoria HistóricoCultural, concepção está que os homens são resultados de sua existência material, em que os fenômenos são explicados pela organização econômica da sociedade. Assim, nenhum fenômeno é compreendido isoladamente. Para este referencial, considerar o contexto de uma dada época contribuirá para compreender as proposições de um autor, de uma determinada obra. Entendemos que a Literatura Infantil não se limita às histórias, mas compreende também diversas formas de arte, bem como música, poesia, histórias e as mais diversas formas de expressão e registro popular, esses recursos nos permitem atender a um dos preceitos da Teoria Histórico-Cultural, bem como afirma Chaves (2011b, p. 98) “[...] em essência, uma educação plena para quem ensina e para quem precisa aprender.” Para Chaves (2011b) as crianças devem receber as máximas elaborações humanas, para que assim possam ter uma educação plena. Isso significa que as crianças devem se apropriar do conhecimento já elaborado por gerações anteriores, entrando em contato com a cultura por meio da vida em sociedade para seu desenvolvimento intelectual. Tal processo é de suma importância para os homens, pois é através dele que se aprende a ser homem, se configurando como uma possibilidade de formação de novas aptidões. [...] a Literatura Infantil pode ser considerada expressão de conteúdo, estratégia e ao mesmo tempo recurso didático, fatores que permitem apresentar as crianças elaborações humanas significativas e assim contribuir decisivamente para ampliar o universo de conhecimento das crianças (CHAVES, 2011b, p. 99). É através da literatura que o indivíduo assimilará conteúdos para assim se humanizar, ou seja, tendo como objetivo direto produzir humanidade em cada indivíduo. Chaves (2011) ressalta que de acordo com os pressupostos da teoria Histórico-Cultural, o trabalho pedagógico independente da área de conhecimento, deve potencializar as funções psicológicas superiores. Sendo a Literatura Infantil, um processo de educação, é preciso desenvolver estratégias que garantam sua eficácia. Se a crianças é submetia a expressões empobrecidas seu resultado também será empobrecido, porém quando lhe é ofertado o que a humanidade produziu de melhor, suas funções psicológicas superiores serão desenvolvidas. É necessário avaliamos as intervenções pedagógicas utilizadas para o aprendizado das crianças. Assim avaliamos que a proposta de intervenção pedagógica denominada e criada pela professora Dra. Marta Chaves como Caixa de Encantos e Vida, pode ser um recurso didático que apresente às crianças um conteúdo de qualidade, em que possa auxiliar o professor no processo de ensino aprendizagem, fazendo com que os alunos se desenvolvam da forma mais plena possível. Podemos observar o que escreve Mukhina (1995) sobre a utilização, pelo homem, de signos linguísticos: A utilização dos signos e de sistemas de signos é uma das particularidades mais características do homem. A sociedade criou enormes sistemas de signos, como a linguagem, os símbolos matemáticos ou os vários ramos da arte, que refletem o mundo em quadros, em melodias musicais e em movimentos de dança. Qualquer tipo de signo serve para comunicação entre humanos, substituindo certos objetos, fenômenos, relações ou propriedades reais por outros simbólicos. Os signos matemáticos (os números e os signos), por exemplo, expressam relações quantitativas; os símbolos químicos expressam a composição dos corpos; os quadros refletem o aspecto externo de pessoas ou objetos (MUKHINA 1995, p. 139). Na citação acima a autora se reporta à utilização de signos pelo homem para a sua comunicação, em suas diversas formas. A Caixa de encantos e Vida, pode ser apontada como um signo possível para ser utilizado na comunicação literária entre professor e aluno, entendemos que a disposição e o material didático, pode aproximar o alunos de biografias de determinados expoentes das artes. É necessário considerar que o contato com os autores amplia a aprendizagem das crianças, Bogoyavlensky e Menchinskaya (1991, p. 41), afirmam que “a ‘experiência precedente’ está representada por sistemas de conexões temporais registradas no córtex cerebral, constituída sob a influência de estímulos exteriores, ou seja, sob a influência do ensino e da educação”. Para estas autoras o processo de aprendizagem é realizado quanto mais relações a criança tiver com experiências anteriores, mais relações com outros conteúdos ela poderá realizar em seu córtex cerebral, isso significa que quanto mais acesso a criança tiver ao conhecimento mais possibilidades ele terá de desenvolver suas funções psicológicas superiores. A afirmação acima implica no fato de que o professor no momento em que planeja sua aula, deve se ater ao fato de pensar em estratégias que desenvolvam as funções psicológicas superiores. Podemos indicar a Caixa de Encantos e Vida, como um recurso didático amplo, que permite o professor estabelecer diversas relações de estudo. O homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade. Resultando estas do desenvolvimento das gerações humanas, não são incorporadas nem nele, nem nas suas disposições naturais, mas no mundo que o rodeia, nas grandes obras da cultura humana. Só apropriando-se delas no decurso da sua vida ele adquire propriedades e faculdades verdadeiramente humanas. Este processo coloca-o, por assim dizer, aos ombros das gerações anteriores e eleva-o muito acima do mundo animal (LEONTIEV, 1979, p. 282). Conforme a argumentação de Leontiev, o homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade, pois elas estão incorporadas à cultura da sociedade, por conta disso é preciso que as gerações se apropriem desse conhecimento historicamente construído. Quando nos referimos a educação, destacamos as instituições educativas, pois é a partir dela que a crianças adquire o conhecimento historicamente construído e de qualidade, pois as crianças já tem em demasia conhecimento empobrecido, provenientes de ralações fora da escola. Acreditamos que a escola seja ela pública ou privada, deve oferecer o ensino de qualidade, com as máximas elaborações humanas, em todos os campos do conhecimento. 4.2 Elaboração da Caixa de Encantos e Vida A Caixa de Encantos e Vida é um recurso didático desenvolvido pela Profª Drª Marta Chaves, cuja fundamentação e dados pontuais se encontram no trabalho de pós-doutorado desta pesquisadora. Conforme Chaves (2011a) a elaboração é coletiva, contando com a efetiva participação de professores e crianças que escolhem um expoente da literatura, seja da poesia, música ou das artes plásticas a ser estudado. A Caixa de Encantos e Vida é composta por diversos recursos, entre eles textos fotografias, objetos e recursos variados, que assim contemplaram as cinco temáticas, quais sejam: infância, amigos, obras, viagens, família e realizações, de acordo com o expoente esses temas podem ser adequados ao que se necessita. Fundamentada na Teoria Histórico-Cultural esse recurso didático tem como função apresentar e ensinar para as crianças as máximas elaborações humanas, Chaves (2011a) afirma que para alcançar seus objetivos A Caixa de Encantos e Vida, apresentar as crianças e aos educadores, percursos, desafios e as conquistas dos mestres das artes. Para a realização de nossa proposta pedagógica foi necessário a escolha de um expoente das artes, nossa escolha foi José Paulo Paes. Para início é preciso uma pesquisa detalhada sobre o autor escolhido, o que dará sustentação para a construção do nosso material didático. A partir de então faremos a escolha de fatos de sua vida e obra que são mais relevantes a serem destacados. Com isso poderemos escolher aspectos a serem trabalhados como infância, amigos, obras, viagens, família e realizações os quais iram compor cinco saquinhos, envelopes, caixinhas, ou algo semelhante para conter as informações do autor. Para que a pesquisa seja mais significativa é importante que tenha fotos ou objetos que façam referência ao tema e aos dados do expoente. Na elaboração de nossa Caixa de Encantos e Vida, utilizáremos saquinhos de tecidos com os seguintes temas: infância, amigos, obras, viagens, família e realizações (Anexo D). Dentro de cada saquinho encontram se dados da pesquisa referente a cada tema, devidamente referenciados com fotos e objetos que possam ter relação com o expoente e com o tema tratado. É necessário que a Caixa em seu acabamento seja “ belo e encantante” (CHAVES, 2010, p. 67) porém é preciso que tenha relação com o expoente e a pesquisa realizada, mas mais do que isso é necessário que aguce a curiosidade de quem a olha. Com a curiosidade, produzida pela Caixa e instigada pelos professores, o aluno quererá saber o que tem dentro, quem foi aquele expoente, e como foi a vida dele Para Vigotski (2009), quando maior a experiência, maior será a imaginação, e com os recursos da Caixa as experiências de quem a manuseia só enriquece, mais ela assimilará o conhecimento repassado. Com isso a Caixa de Encantos e Vida, possibilita uma aprendizagem cheia de encantos para as crianças. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para finalizarmos nosso trabalho, faremos uma síntese do que foi discutido e apresentado até aqui, mencionado também as experiências obtidas com o processo de realização desta pesquisa. Fizemos uma breve revisão de literatura para tratarmos dos aspectos históricos da Literatura e da Literatura Infantil, posteriormente tratou sobre a importância da poesia no cotidiano. Na sequência apresentamos a biografia do autor José Paulo Paes, apresentando como suas vivências têm reflexos em suas obras. Para finalizarmos apresentamos uma proposta de intervenção pedagógica com a Caixa de Encantos e Vida, com base nos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural e seus autores. Podemos dizer que é através da curiosidade e das novas vivências que a crianças adquire o conhecimento, porém essas experiências tem que ser baseada nas máximas elaborações humanas, elaborações essa que são produzidas historicamente pelo homem, de acordo com o seu contexto social. Na Literatura isso não é diferente, sendo assim merece grande importância ao pensarmos que quando apresentaremos uma Literatura Infantil de qualidade, as crianças terão acesso à arte. Nesse sentido quando apresentamos os dados biográficos do autor José Paulo Paes e suas vivências, seja da infância ou da vida adulta, a criança se aproxima do contexto histórico em que o autor viveu. Quando observamos a vida de Paes vemos que sua infância foi repleta de arte, em especial livros, muito livros, o que enriqueceu o seu conhecimento, seu vocabulário e sua sensibilidade para a escrita de qualidade, em que mais tarde vimos seus reflexos. A Caixa de Encantos e Vida é apresentada como um recurso didático que deve ser entendida como meio de enriquecer o contato das crianças com a literatura nas intervenções pedagógicas realizadas pelos professores. Esse recurso, quando trabalhado de forma ampla, proporcionará às crianças um contato prazeroso com a literatura e seus autores, de forma que a contação da história poderá ser mais “encantante” e repleta de sentido e significada. Com isso podemos afirmar que quando se tem contato com as máximas elaborações humanas, desde a mais tenra idade, seja especificamente da literatura ou a arte em geral, sua aprendizagem será ampliada, de forma a capacitá-los com experiências cada vez mais significativas. Dessa forma a criança será ensinada a sempre querer saber mais, ou seja, sua curiosidade será desenvolvida. Podemos nos basear na infância de José Paulo Paes, repleta de livros e conhecimentos, para imaginarmos com a infância de todas as crianças deveriam ser, com ricas experiências e com as máximas elaborações humanas. Com isso podermos afirmar que nas instituições educativas seja na Educação Infantil ou nos anos iniciais do Ensino Fundamental, devemos utilizar o tempo que passamos com as crianças com atividade que enriquecem o seu aprendizado, e não apenas com atividades para passar as horas, como muitos professores utilizam se da Literatura Infantil. É necessário ressaltar que para se efetivar essa ideia seria preciso a capacitação dos professores para que possam pensar em ações que possibilitem o desenvolvimento desse recurso de forma ampla, para uma melhor aprendizagem. Essa aprendizagem pode ser de forma inicial na graduação, ou de forma continuada, assim é preciso ressaltar a importância da vivência no Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Infantil (GEEI), que nos proporcionou momentos maravilhosos de formação com a da elaboração da Caixa de Encantos e Vida que nos auxiliaram a pensar em estratégia para a melhor aprendizagem da crianças, permeadas por encantos. REFERÊNCIAS BORDINI, Maria da Gloria. Poesia infantil. 2. Ed. São Paulo: Ática, 1991. BOGOYAVLENSKY, D. N.; MENCHINSKAYA, N. A. Relação entre aprendizagem e desenvolvimento psicointelectual da criança em idade pré-escolar. In: LEONTIEV, A.; VYGOTSKY, L. S.; LURIA, R. (et al). Psicologia e pedagogia: bases psicológicas de aprendizagem e do desenvolvimento. Tradução de Rubens Eduardo Frias. São Paulo: editora Moraes, 1991. p. 37-58. CHAVES, M. A formação e a educação da criança pequena: os estudos de Vigotski sobre a arte e suas contribuições às práticas pedagógicas para as instituições de educação infantil. Araraquara, 2011. Trabalho de PósDoutoramento junto à Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), sob a supervisão do Prof. Dr. Newton Duarte. CHAVES, Marta. Enlaces da Teoria Histórico-Cultural com a literatura infantil. In: ______ (Org.). Práticas pedagógicas e literatura infantil. Maringá: EDUEM, 2011. CHAVES, Marta. Intervenções pedagógicas humanizadoras: possibilidades de práticas educativas com artes e literatura para crianças na educação infantil. In: CHAVES, Marta; SETOGUTI, Ruth Izumi; MORAES, Silvia Pereira Gonzaga de (Orgs.). A formação do professor e intervenções pedagógicas humanizadoras. Curitiba: Instituto Memória Editora, 2010. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. COELHO, Nelly Novaes. Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil: Das origens indo-europeias ao Brasil contemporâneo. 5. ed. São Paulo: Amarilys, 2010. LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. Literatura Infantil Brasileira. 3. ed. São Paulo: Ática, 1987. LEONTIEV, Alexis. O homem e a cultura. In: ______ O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte, 1979. p. 200-284. MUKHINA, Valéria. Psicologia da idade pré-escolar. Trad. Cláudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 1995. MEIRELES, C. Problemas da Literatura Infantil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. NAVES, Rodrigo. Um homem como outro qualquer. Revista Piauí, São Paulo, jun 2008. Disponível em: <http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-21/memoriasliterarias/um-homem-como-outro-qualquer > . Acesso em 22 set. 2013. PAES, José Paulo. Quem eu? Um poeta como outro qualquer. 5 ed. São Paulo: Atual Editora, 1996. PAES, José Paulo. Prosas Seguidas de Odes Mínimas. 6. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. RIBEIRO, Èsio Macedo. Brincadeiras de palavras: A gênese da poesia infantil de José Paulo Paes. São Paulo: Giordano, 1998. VIGOTSKI, Lev Semionovich. Imaginação e criação na infância (Tradução de Zoia Prestes). São Paulo: Ática, 2009. ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. 11. ed. São Paulo: Global, 2003. ANEXO A – Algumas Obras Literárias de José Paulo Paes 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. O Aluno - 1947 Cúmplices – 1951 Epigramas – 1958 Poemas Reunidos – 1961 Anatomias – 1967 Meia Palavra – 1973 Resíduo - 1980 Canção de Bodas – 1982 Um por Todos - Poesia Reunida 1947/1983 - 1983 - reúne os livros anteriores e o inédito Calendário Perplexo 10. A Poesia Está Morta Mas Juro que Não Fui Eu – 1988 11. Prosas Seguidas de Odes Mínimas – 1992 12. A Meu Esmo - 1995 13. De Ontem para Hoje - 1996 14. As Quatro Vidas de Augusto dos Anjos – 1957 15. Mistério em Casa – 1961 16. Os Poetas – 1961 17. Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira - 1967 - com Massaud Moisés 18. Um Aprendiz de Morto – 1976 19. Pavão, Parlenda, Paraíso – 1967 20. Gregos e Baianos – 1985 21. Tradução, a Ponte Necessária: Aspectos e Problemas da Arte de Traduzir – 1990 22. Aventura Literária - 1990 23. De "Cacau" a "Gabriela": Um Percurso Pastoral – 1991 24. Canaã e o Ideário Modernista – 1992 25. Transleituras – 1995 26. Os Perigos da Poesia – 1997 27. Poesia para Crianças – 1996 28. Quem, Eu? - Um Poeta como Outro Qualquer - 1996 29. É Isso Ali - 1984 30. Olha o Bicho – 1989 31. Poemas para Brincar – 1990 32. O Menino de Olho d'Água – 1991 33. Uma Letra Puxa a Outra – 1992 34. Um Número Depois do Outro – 1993 35. Lé com Crê - 1993 36. Um Passarinho Me Contou – 1996 ANEXO B – Algumas Publicações Póstumas de José Paulo Paes 1. Socráticas – 2001 2. A Revolta das Palavras - 1999 3. Ri Melhor Quem Ri Primeiro - Poemas para Crianças (e Adultos Inteligentes) 1999 4. Veja como Eu Sei Escrever – 2001 ANEXO C – COMPOSIÇÃO DA CAIXA DE ENCANTOS E VIDA Figura 1: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – vista externa ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013. Figura 2: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Interior da caixa ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013. Figura 3: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Saquinhos com os temas ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013. ANEXO D – COMPOSIÇÃO DOS SAQUINHOS QUE COMPÕEM A CAIXA DE ENCANTOS E VIDA Figura 4: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes– Infância: contém dados da infância do poeta. ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013. Figura 5: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Amigos: contém dados sobre suas amizades ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013. Figura 6: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Obras: contém informações sobre alguns livros do referido poeta, e imagens da capa de alguns desses livros ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013. Figura 7: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Família: contém informações sobre sua família ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013. Figura 8: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Realizações: contém informações sobre alguns livros premiados do referido poeta ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013. Figura 9: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Todos os envelopes, fotos, entrevistas e demais dados da pesquisa são devidamente referenciados no verso. ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.