UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CAMILA ANDRIAN DORIGON DE LIMA
JOSÉ PAULO PAES: POSSIBILIDADE DE ENCANTO,
ENSINO E APRENDIZAGEM
MARINGÁ – PR
2013
CAMILA ANDRIAN DORIGON DE LIMA
JOSÉ PAULO PAES: POSSIBILIDADE DE ENCANTO,
ENSINO E APRENDIZAGEM
Trabalho de Conclusão de Curso –
TCC, apresentado ao Curso de
Pedagogia na disciplina 4728 –
Trabalho de Conclusão de Curso
como
requisito
parcial
para
cumprimento
das
atividades
exigidas.
Orientadora: Profa. Dra. Marta
Chaves
Coordenadora do Curso: Profa. Aline
Frollini Lunardelli Lara
MARINGÁ – PR
2013
CAMILA ANDRIAN DORIGON DE LIMA
JOSÉ PAULO PAES: POSSIBILIDADE DE ENCANTO,
ENSINO E APRENDIZAGEM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Universidade Estadual de Maringá como requisito
parcial para a obtenção do título de Graduação em
Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profa. Dra. Marta Chaves (Orientadora)
Universidade Estadual de Maringá
_____________________________________________
Profa. Ms. Luciana Grandini Cabreira
Universidade Estadual de Maringá
_____________________________________________
Prof. Vinícius Stein
Universidade Estadual de Maringá
A Deus,
Pai eterno.
Ao Diogo,
marido maravilhoso, a quem dedico minha vida.
À Lairde,
mãe sempre presente.
À José Paulo Paes,
uma inspiração.
À Marta Chaves,
defensora de encantos e excelências.
Ao GEEI,
grupo de estudos querido.
AGRADECIMENTOS
Algumas pessoas contribuíram no processo de elaboração desta pesquisa, e
não poderiam deixar de ser registradas, pois sem elas esse trabalho não poderia ser
concretizado com o resultado e significado que tiveram. Com isso agradeço:
À Deus maravilho, presente em tudo na minha vida.
À minha professora e orientadora Dra. Marta Chaves, que me amparou na
pesquisa, me ensinando quão importante é a educação apenas com as máximas
elaborações humanas.
Aos professores do curso de pedagogia, por todos os ensinamentos,
especialmente pelos professores da banca examinadora: Profa. Ms. Luciana
Grandini Cabreira e Prof. Vinícius Stein por terem aceitado o meu convite
prontamente.
Ao Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Infantil (GEEI), que marcou
minha formação com estudos maravilhosos e membros que realmente me
acolheram e com quem pude compartilhar diversas alegrias.
À minha amiga Jéssica Belotto amizade que se iniciou durante o curso, mas
que vai perdurar por toda a vida, obrigada por momentos incríveis.
À querida amiga Juliana de Mello com quem tenho a oportunidade de
trabalhar junto e aprender com ela cada dia mais, professora inspiradora.
À Caroline Coradini com quem tenho o prazer de trabalhar junto, dividindo
prazeres e dificuldades, com que posso contar sempre, muito obrigada.
À minha coordenadora Alessandra Fontana e todos os meus colegas de
trabalho que me deram a oportunidade de vivenciar as melhores experiências.
Aos meus sogros João Lima e Magaly Zanco, sempre presentes.
Aos meus irmãos Rodrigo e Rafael Andrian que sempre me apóiam e são
sempre presentes.
À minha mãe Lairde Andrian e minha avó Leonor Andrian, que me ensinaram
o que é amor incondicional.
Ao meu pai Carlos Roberto Dorigon de Lima presente em meu coração.
Ao meu amado e querido marido Diogo Zanco dos Reis, sempre presente,
compreensivo, carinhoso, amável com quem compartilho alegrias, tristezas e a
minha vida.
“Sonho com o dia em que, por iniciativa
própria,
não
de
seus
professores,
as
crianças passem a escolher os livros que
desejam ler. Assim como sonho com o dia
em que,
já
crescidas
em anos,
elas
conservem ainda pela leitura um gosto
suficientemente vivo para levá-las até as
prateleiras das livrarias em busca de poesia
adulta de igual qualidade”
José Paulo Paes
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar estudos e reflexões sobre a Literatura Infantil
nas instituições educativas. Apresentaremos uma proposta de intervenção pedagógica
nominada “Caixa de Encantos e Vida” baseada na biografia do poeta José Paulo Paes. Foi
realizada uma pesquisa bibliográfica com base nos autores da Teoria Histórico-Cultural, pois
acreditamos que seus pressupostos respondam aos nossos questionamentos. Considerase, ainda, a vida de José Paulo Paes e como suas experiências relacionam-se com sua
produção literária. A partir de sua biografia poderemos concluir que quanto mais
experiências enriquecedoras a criança tiver, mais rica será sua aprendizagem. Visando
atender os objetivos propostos serão apresentados os aspectos históricos da Literatura
Infantil no contexto mundial e no contexto brasileiro. Em seguida trataremos sobre a
importância da poesia no desenvolvimento infantil, posteriormente abordaremos a Literatura
Infantil no contexto escolar, e apresentaremos a biografia de José Paulo Paes.
Finalizaremos com a possibilidade de intervenção pedagógica como recurso didático para
Educação Infantil e as series iniciais do Ensino Fundamental.
Palavras - chave: Literatura Infantil, Teoria Histórico-Cultural, José Paulo Paes, Caixa de
Encantos e Vida
ABSTRACT
The main purpose of this paper is to show the studies and reflections about the Children’s
Literature in educational institutions. It is going to be shown a pedagogic intervention
proposal called Delights and Life Box based on the biography of the poet Jose Paulo Paes.
A bibliographic research has been done with the authors of the Historic-Cultural Theory, for
we believe that his arguments are capable of answering our questions. This paper also
brings the life of Jose Paulo Paes and how his life experiences are related to his literary
production. Through his biography it is possible to conclude that as much rich experiences
the child will have, richer the child’s learning will be. There will be presented the historical
view of Children’s Literature in worldwide and in Brazilian contexts. Thus, the importance of
the poetry in child development is going to be discussed and afterward the biography of Jose
Paulo Paes. Lastly, it is going to be shown the pedagogic intervention possibility as a didactic
resource for the Child Education and the initial series from Elementary Education.
.
Keywords: Children’s Literature, Historical-Cultural Theory, Jose Paulo Paes, Life and
Delights Box
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................... 7
ABSTRACT....................................................................................................... 8
SUMÁRIO ......................................................................................................... 9
1 Introdução .................................................................................................... 10
2 Aspectos Históricos da Literatura Infantil ..................................................... 13
2.1 Aspectos Históricos da Literatura Infantil No Brasil ............................... 16
3 Poesias E Seus Encantos: Possibilidade Intelectual ................................... 18
3.1 José Paulo Paes: Suas Histórias Que Viraram Poema ......................... 21
3.2 José Paulo Paes lembranças de um caminho de conhecimento........... 25
3.3 José Paulo Paes: de técnico em química para escritor ......................... 28
4 Literatura e a Literatura Infantil: Contribuições Para o Ensino e
Aprendizagem ........................................................................................................... 31
4.1 Literatura Infantil a a Teoria Histórico-Cultural: Possibilidade De
Intervenção Pedagógica Com Caixa De Encantos E Vida ..................................... 34
4.2 Elaboração da Caixa de Encantos e Vida ............................................. 36
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 38
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 40
ANEXO A – Algumas Obras Literárias de José Paulo Paes ........................... 42
ANEXO B – Algumas Publicações Póstumas de José Paulo Paes ................ 43
1 Introdução
Esta pesquisa tem por base minhas inquietações a respeito da forma com que
se trabalha a Literatura Infantil, pois diversas vezes ela não recebe o seu valor, isto
é, como arte. Em algumas instituições de ensino em que tive a oportunidade de
realizar o estágio obrigatório, seja de Educação Infantil ou do Ensino Fundamental a
Literatura Infantil era utilizada apenas como uma maneira de se passar o tempo. Em
2011 com o meu ingresso no Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Infantil
(GEEI)1, tive várias vivências que me revelaram a importância da Literatura Infantil, e
fornecer subsídios para se trabalhar por meio de recursos didáticos.
Partindo das minhas observações e das vivências realizadas com o GEEI,
pretendemos pensar alternativas para se realizar intervenções pedagógicas a
respeito da Literatura, assim buscando estudar e refletir sobre questões afetas ao
ensino e aprendizagem dos alunos. Consideraremos estudos já realizados, nos
pautando no que já está feito, para assim apresentar novas contribuições para o
tema, destacando o autor José Paulo Paes. Este autor foi escolhido pela grande
importância de suas obras e por sua trajetória de vida.
A importância desta pesquisa se dá, à medida em que discutiremos os
beneficios da Literatura Infantil e como ela tem se apresentado no ambiente escolar.
A Literatura é antes de tudo uma arte e é através dela que a criança passará a ser
mais crítica, conhecerá as peculiaridades do mundo que a cerca, porém no ambiente
escolar nem sempre a Literatura se apresenta de forma ampla.
Portanto, faremos um estudo dos aspectos biográficos do autor e poeta José
Paulo Paes (1926 - 1998), apresentando suas vivências e as relações que elas
tiveram em suas obras. Além disso, apresentaremos o recurso didático denominado
Caixa de Encantos e Vida2, recurso didático desenvolvido pelo Profª Drª Marta
Chaves, que poderá instrumentalizar a prática do professor desde a Educação
1
Grupo de Pesquisas e Estudos em Educação Infantil – GEEI, coordenado pela professora Dra Marta
Chaves, formalizado pela Universidade Estadual de Maringá. Este grupo realiza estudos afetos à
Educação Infantil, amparado nos pressupostos teóricos do Materialismo Histórico e sob a perspectiva
da Teoria Histórico-Cultural.
2
Recurso didático desenvolvido pela Profª Drª Marta Chaves, que é elaborado coletivamente, o grupo
realiza a escolha de um expoente da literatura, da poesia, da música ou das artes plásticas a ser
estudado. O objetivo é representar a “vida” de um determinado expoente a partir de material escrito,
fotos e objetos que caracterizem os diferentes momentos de sua história. Sobre o qual trataremos
mais detalhadamente no decorrer deste trabalho.
Infantil até os primeiros anos do Ensino Fundamental, a fim de aprimorar a
aprendizagem dos escolares. Proposta esta que se dá por consideramos que há a
possibilidade de trabalhar com biografias de autores no cotidiano escolar, utilizando
esses dados biográficos como aspectos que podem enriquecer os conteúdos
trabalhados a partir do currículo escolar.
Inicialmente faremos uma retomada histórica, apresentado a origem da
Literatura Infantil e a sua expansão no decorrer das décadas, em seguida faremos
considerações sobre a importância da Literatura Infantil e da poesia nas instituições
educativas escolares e no desenvolvimento das crianças, embasados nos
pressupostos da Teoria Histórico-Cultural.
Por conseguinte apresentaremos a
biografia do poeta José Paulo Paes e os fatos de sua vida que tiveram reflexos em
suas obras.
Na sequência partiremos do estudo biográfico do autor e da importância da
Literatura Infantil nas instituições escolares, apresentaremos uma proposta de
intervenção pedagógica baseados na Literatura Infantil e a biografia de José Paulo
Paes, com a Caixa de Encantos e Vida, embasados na teoria Histórico-Cultural, em
que a premissa de que os homens e suas ideias são resultado de sua existência
material, isso significa que os fenômenos são explicados pela organização
econômica da sociedade.
Observaremos que os aspectos históricos determinam os conteúdos das artes
de sua época, quando se estuda a biografia do autor passa-se a considerar que tudo
que o autor vivenciou se reflete em sua obra, é necessário se perguntar por que a
literatura é vista de uma forma tão superficial, pois quando ela é mostrada de forma
ampla seu conteúdo é muito mais rico. Trabalharemos com essa possibilidade, pois
trabalhar com a biografia dos autores no cotidiano das instituições educativas pode
enriquecer o aprendizado dos alunos.
Através de estudos realizados durante a graduação nos questionamos:
Quando se trabalha Literatura Infantil, por qual motivo não se aprofunda os estudos
sobre os aspectos biográficos dos autores para assim enriquecer o aprendizado dos
alunos? Para a análise dos dados da pesquisa, bem como para se chegar aos
resultados, nos embasaremos na Teoria Histórico-Cultural, por ser o referencial
teórico-metodológico que melhor responde aos questionamentos e inquietações que
impulsionaram o tema e o problema desta pesquisa, mesmo que ainda em estudos
iniciais sobre esse referencial. Para melhor afirmamos nosso posicionamento,
tomaremos como base os escritores que contemplam a Teoria Histórico-Cultural e
clássicos como Leontiev (1979) e Vigotski (2009).
No capítulo a seguir trataremos sobre os aspectos históricos da Literatura
Infantil, desde suas premissas, quando eram adaptações de Literatura Adulta, até
atualmente com suas diversas obras.
2 Aspectos Históricos da Literatura Infantil
Para compreendermos o que é Literatura Infantil é necessário observamos os
seus primórdios, pois ela nem sempre existiu, a infância não era considerada uma
etapa da vida com as particularidades que conhecemos na atualidade. Veremos
neste capítulo que a Literatura Infantil é muito peculiar a sua época, suas funções
foram mudando de acordo com a necessidade e transformações de seu tempo.
Coelho (2010) afirma que na segunda metade do século XVII, durante a
monarquia absoluta de Luís XIV, o Rei Sol, na França, se manifestou a primeira
preocupação com uma literatura para crianças e jovens. Regina Zilberman (2003)
sustenta que os primeiros livros destinados para as crianças foram desenvolvidas no
século XVII e XVIII e essa concepção se originou apenas nesse período, pois antes
dessa época não existia uma compreensão de infância.
As modificações ocorridas na Idade Média e solidificadas no século XVIII
proporcionaram a ascensão de modalidades culturais, bem como a escola com sua
organização atual e o gênero literário dirigido ao jovem. Para Coelho (2000, p.118)
“O individuo passa a ser valorizado pelo que ele é, sabe ou faz, e não mais pela
classe social”.
Isso ocorreu pois com a decadência do feudalismo os laços de parentesco
passam a se desagregar. Antes o sistema se baseava na centralização de um grupo
de indivíduos ligados por elos de sangue, favores, dividas ou compadrio, sob égide
de um senhor de terras de origens aristocráticas. Com a dissolução desse sistema, o
conceito de família é desenvolvido, estreitando esses laços, passando assim a se
dedicar a preservação dos filhos e do afeto interno.
Com a necessidade de se ter um núcleo familiar, precisando assim de
privacidade, os laços de afeto passam a ser estimulados, a partir de então, a
infância passa a ser considerada, sendo assim, a necessidade de se ter escolas e
literatura adequada. No século XVII a literatura destinada às criança tem apenas
como função o aprendizado, quem as escrevia eram pedagogos e professores e não
eram vistas como arte.
Para Zilberman (2003) a partir do momento em que a infância passa a ser
valorizada, a criança deixa de ser um adulto em miniatura, passando a ter
considerações especiais, para que possam ter uma vida de maneira saudável, se
tornando um novo estilo doméstico.
A partir do momento em que a criança passa a ser protegida, a infância
começa a ser marginalizada em relação ao setor de produção, pois exerce uma
atividade inútil do ponto de vista econômico, ao contrário de trazer dinheiro para
casa, ele apenas consome. “A literatura que é dirigida à crianças mostra as
cicatrizes desse processo social de dominação, lutando por compensá-las pela
fidelidade à missão iluminista da arte” (BORDINI, 1991, p. 6-7).
A sociedade passa a projetar nas crianças suas aspirações e seus temores.
A escola tem, nesse processo uma atuação preponderante, assumindo um duplo
papel, o de introduzir a criança na vida adulta, mas ao mesmo tempo, de protegê-la
das agressões do mundo exterior.
As relações da escola com a vida são, portanto, de contrariedade: ela nega
o social, para introduzir, em seu lugar, o normativo. Inverte o processo
verdadeiro com que o indivíduo vivencia o mundo, de modo que não são
discutidos, nem questionados, os conflitos que persistem no plano coletivo;
por sua vez, o espaço que se abre é ocupado pelas normas e pelos valores
da classe dominante, transmitidos ao estudante (ZILBERMAN, 2003, p. 22).
Podemos dizer que para que a escola consiga introduzir valores e normas, ela
se utiliza fortemente da literatura, para que assim a criança assimile esses valores. A
Literatura Infantil tem sua origem nas adaptações tinham a finalidade de suprir as
necessidades estipuladas.
A justificativa que legitima o uso do livro na escola nasce, pois, de um lado,
da relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico
perante sua circunstância; e, de outro, do papel transformador que pode
exercer dentro do ensino, trazendo-o para a realidade do estudante e não
submetendo este último a um ambiente do qual foi suprimida toda a
referência concreta (ZILBERMAN, 2003, p. 30).
Podemos afirmar que o gênero literário mais recente é o da Literatura Infantil,
que apareceu durante o século XVII, época de mudanças na sociedade entre elas
mudanças no âmbito artístico, que atualmente permanecem. Coelho (2000) afirma
que as literaturas infantis eram adaptações de livros adultos, pois não haviam
produção destinada especificamente para crianças. Conforme Coelho (2010, p.25)
“Foi entre os séculos IX e X que, em terras européias começa a circular oralmente
uma literatura popular que, através dos séculos, seria conhecida como folclórica,
mais tarde transformada em literatura infantil”. Lajolo e Zilberman (1987) ressaltam
que no século XVII, durante o classicismo francês foram escritas histórias e
englobadas como literatura apropriada para crianças, entre elas de La Fontaine
(1621-1693), Charles Perrault (1628-1703), entre outros.
É necessário ressaltar que os autores citados como clássicos, bem
como os irmãos Grimm ou mesmo Hans Christian Andersen (1805-1875) não são os
autores dessas histórias, como afirma Coelho (2010). Durante o século XVII,
interessados na literatura folclórica criada pelo seu povo de seus respectivos países,
reuniram as histórias anônimas, que há séculos vinham sendo transmitidas
oralmente de geração em geração. Quando reunidas em livros passaram a ter o
nome de seus recriadores. Coelho (2010, p.7) afirma “O poder de resistência dessa
coisa, aparentemente tão frágil e precária, que é a palavra (literária ou não) prova de
maneira irrefutável que a comunicação entre os homens é essencial à sua própria
natureza”. Ainda conforme a autora:
Em seus primórdios a literatura foi essencialmente fantástica: na infância da
humanidade, quando os fenômenos da vida natural e as causas e os
princípios das coisas eram inexplicáveis pela lógica, o pensamento mágico
ou mítico dominava. Ele esta presente na imaginação que criou a primeira
literatura: a do mito, lendas, sagas, contos, rituais, contos maravilhosos etc.
(COELHO, 2000, p.52)
A Literatura Infantil inaugural se inicia do domínio do mito, da lenda, do
maravilhoso, ou seja, antes de se tornaram Literatura Infantil eram literatura popular,
a intenção da literatura era de passar determinados valores e padrões que deveriam
ser respeitados pela comunidade e incorporados pelo indivíduo. Essa literatura
inaugural ou clássica tem início na idade média, denominado como período das
trevas, em que o mundo ficou entregue aos bárbaros pagãos. Por conta disso a
literatura da época tinha caráter moralizante. Zilberman (2003) afirma que após as
diversas adaptações que a Literatura Infantil clássica passou, atualmente esse
caráter moralizante se esvaiu, deixando de mostrar seu propósito, repassando os
interesses de quem o reescreve.
Coelho (2000) nos apresenta como a necessidade de mostrar a nova verdade
conquistada pela sociedade romântica burguesa gera uma nova literatura para
crianças, centrada no realismo cotidiano: narrativas que se constroem com fatos
reais. Atualmente duas tendências coexistem igualmente poderosas e vivas ora
separadas, ora fundidas no realismo mágico ou na ficção científica, tanto na
literatura adulta como na infantil.
2.1 Aspectos Históricos da Literatura Infantil No Brasil
Feitas algumas considerações em um âmbito geral, da trajetória do
desenvolvimento da Literatura e da Literatura Infantil, faremos alguns breves
destaques sobre a trajetória da Literatura Infantil no Brasil, para tanto é necessário
ressaltar que o ocorrido na Europa não poderia ter acontecido no Brasil com a
mesma correspondência, visto que o nosso país tem sua própria constituição tardia.
No Brasil durante o século XVIII, ocorreram mudanças substancias, seja no
campo econômico ou no das ideias. A Literatura e a cultura estavam em seu plano
inicial. Na primeira metade deste século são encontradas diversas minas de ouro,
trazendo aventureiros em busca de dinheiro, dando origem as cidades históricas,
com a exploração aurífera o Brasil inicia uma nova fase de colonização. Nesta época
a produção literária era apenas portuguesa e a educação era regida pelos jesuítas.
A Literatura Infantil é como muitos outros, um produto oriundo da ascensão da
camada burguesa. Como afirma Zilberman (2003), no Brasil a sociedade teve que
esperar a emergência das classes médias urbanas. Esse processo aconteceu a
partir da segunda metade do século XIX, com a implantação do setor burocrático no
Rio de Janeiro, expandindo assim o aparelho administrativo do Império e por outro
lado, o fim da comercialização de escravos proporcionou que os recursos antes
destinados para esse fim, fossem destinados a indústria nascente. Coelho (2010)
afirma que foi nesse período que o Brasil inicia sua trajetória para o progresso
econômico, independência financeira e a conquista da cultura que o colocaria entre
as nações civilizadas do ocidente. O Brasil passa por diversas mudanças, alterando
seu desenvolvimento e sua economia, Zilberman (2003) sustenta:
Mauá, inaugurando a comunicação ferroviária entre a Corte e Petrópolis e
pondo em relevo a importância do desenvolvimento industrial, encara o
novo tipo de emergente; e sua nova aliança com os Ingleses revela que a
inclinação a outros modelos econômicos não rompe a dependência colonial
a uma Metrópole estrangeira, no caso a Britânica. Somem-se a estes fatos
o crescimento comercial do rio de Janeiro, devido as exportações de café, a
expansão agrícola e financeira de São Paulo, o ensino universitário
facilitando o surgimento do profissional liberal, a organização do exército e
sua nova influencia na vida brasileira, e ter-se-á um quadro dos segmentos
que permitiram a formação de um grupo, heterogêneo, é certo, que
constituiu a base da burguesia nacional (ZILBERMAN, 2003, p.204-205).
A evidência da educação faz parte desse cenário, a sua função nessa época,
era garantir o cumprimento das normas sociais em vigor e a obediência dos
interesses do Estado. Não diferente da Europa, a infância passa a ser considerada e
diversos recursos passam a ser destinadas às crianças.
Em 1808 com a vinda da corte para o Brasil, D. João VI, institui medidas
oficiais para a criação de academias, cursos e escolas visando atender com
urgência a formação de profissionais competentes em todos os setores da
sociedade, porém os resultados não foram imediatos, pois estudo e cultura são
aquisições que demandam tempo. Nesse período se inicia a preocupação com
literatura destinada para as crianças e jovens, como afirma Coelho (2010):
Simultaneamente ao aumento de traduções e adaptações de livros literários
para o público infanto-juvenil, começa a se afirmar, no Brasil, a consciência
de que uma literatura própria, que valorizasse o nacional, fazia-se urgente
para a criança e para a juventude brasileiras (COELHO, 2010, p. 220).
Podemos salientar que Monteiro Lobato, em 1920, foi o divisor de águas entre
a Literatura Infantil de ontem para a Literatura Infantil atual. Monteiro Lobato
“Rompe, pela raiz, com as convenções estereotipadas e abre as portas para as
novas ideias e formas que o novo século exigia” como sustenta Coelho (2010, p.
247).
Lobato inicia as inovações no âmbito da literatura adulta atingindo também a
infantil, conforme Zilberman (2003) ele apresenta em suas obras situações atuais,
em que o leitor pode se identificar, ele também incorpora valores, comportamentos,
organização política do sistema social vigente. Assim, a Literatura Infantil deixa de
ter apenas sua função de ensinar e passar valores, para uma Literatura que
demonstre e exponha o mundo ao seu redor. A seguir discutiremos a respeito da
importância da poesia para as crianças, quais seus benefícios, e como ela pode
ampliar o conhecimento dos escolares.
3 Poesias E Seus Encantos: Possibilidade Intelectual
A poesia é de extrema importância para o desenvolvimento das crianças, pois
é através delas que as crianças terão algumas de suas percepções aguçadas e
aperfeiçoadas, porém é preciso entender primeiro os primórdios da poesia para
assim observarmos seu desenvolvimento e sua importância até os dias atuais.
A poesia arcaica era vista como um modo de ver o mundo ao seu redor,
pode-se dizer que é uma visão além do visível, ou do aparente, para captar algo que
não se mostra de imediato, mas que lhe é essencial. Muitos acreditavam que o
poeta tinha um dom dado pelos Deuses, o poder de ver além do visível. Pode-se
dizer que a grande magia da poesia é que cada leitor pode lhe atribuir um
significado, dependendo do olhar e do espírito de quem lê, bem como afirma Bordini
(1991):
Das formas literárias, a poesia é a mais exige introspecção, mas não porque
o poema seja um fato altamente subjetivo, a exacerbação de um estado de
um estado de espírito pessoal do escritor, como, por vários séculos, se
acreditou que fosse uma de suas manifestações, a lírica (BORDINI, 1991,
p.31).
O poema exige de seu leitor uma maior atenção, pois seus signos são mais
ressaltados, é necessária uma ativa mobilização do conteúdo intelectual e afetivo
preexistente ao contato, um ajustamento de emoções e desejos, juízos e avaliações,
a medida que a leitura progride.
O poema infantil, nas suas diversas modalidades de origem popular ou
culta, orientado ora por gozo corporal do som, ora para o prazer fantástico
da imagens, ora para o jogo ideológico com existência do leitor, constitui um
repto cognitivo para a criança. A gratuidade tão inerente a esses tipos tão
diversos de brincadeiras com palavras – quando são artísticos e não
professorais – arrasta o pequeno leitor a uma situação mental em que se
pode tudo o que na vida cotidiana é visto de sobrancelhas franzidas, desde
a quebra de padrões linguísticos até a subversão dos moldes lógicos de
apropriação do real (BORDINI, 1991, p.38-39).
Quando a criança entra em contato com os textos poéticos ela se distancia do
seu ambiente familiar, social e linguístico de forma imaginária. Contudo a
configuração eminentemente ordenadora dos estímulos do mundo poético faz com
que esse distanciamento seja feito de forma prazerosa, e não com temor. “Assim a
experiência do poema propicia o alargamento dos conteúdos da consciência por
uma prazerosa tomada de posse do desconhecido, suscitada pelo desafio das
formas e das ideias” ( BORDINI, 1991, p. 39).
Conforme Coelho (2000) podemos afirmar que a poesia não é composta
somente de palavras, poesia é também som e imagens. As palavras são signos que
expressam emoções, sensações, ideias, por exemplo. Através de imagens
(símbolos, metáfora, alegorias etc.) e de sonoridade (rimas, ritmos etc.), nessa
perspectiva Bordini (1991) afirma que o poema infantil põe a palavra em um estado
de evidencia sensorial. É esse jogo de palavras que atrai as crianças para a poesia,
provocando nelas sensações e emoções de uma forma lúdica. Bem como afirma
Bordini (1991, p.63) “Essa sonoridade fonética se alia a ritmos que inicialmente
mimetizam os movimentos do emissor, depois a ação física do recitante em situação
de brincadeira e, por fim, aparece a recursividade para prender o interesse do
leitor/ouvinte”.
Bordini (1991) revela que com a poesia podemos trabalhar diversas
sensações nas crianças, sejam elas visuais, sonoras, gustativas entre outras, e é
através dessas sensações que as crianças poderão descobrir, com mais
entusiasmo, o mundo em que estão inseridas. As poesias destinadas às crianças
devem ser breves, com versos curtos e com rimas, que toquem de imediato a
curiosidade e as sensações das crianças, preferencialmente narrativas que
expressam situações de interesse.
A vocação pedagógica, historicamente inseparável da poesia infantil, vai
inclusive lançar mão do folclore, destruindo-lhe a espontaneidade inerente
ao contato homem/mundo não mediado pelo culto da razão e originado uma
praxe em que formas poéticas seculares – tornadas poderosas pelo tempo
junto à imaginação popular – se converterão em meios para a instrução do
“homem novo” burguês (BORDINI, 1991, p.11).
Entre a poesia infantil tradicional e a contemporânea, a diferença está na
intencionalidade, com a primeira se pretendia aprender algo a ser imitado depois, já
a segunda intenciona levá-lo a descobrir o mundo que está ao seu redor. Nascida no
final do século XIX, e expandindo-se nos primeiros anos do século XX, não diferente
da Literatura Infantil, a poesia tem a função educativa, para que forme no aluno um
futuro cidadão, um indivíduo de bons sentimentos. Como afirma Bordini (1991, p.50),
“a Literatura Infantil e a poesia [...] será adotada pela escola como meio didático que
fala a sensibilidade e não apenas ao intelecto”.
Nos anos 1930 e 1940, os escolares memorizavam poemas que deveriam ser
ditos pelos mesmos nas aulas de leitura e na festas comemorativas, hoje
entendemos que a poesia é algo particular, que não devem ser impostas para as
crianças, mas na época, o método de ensino era o tradicional, baseado na
memorização, em que as crianças deveriam aprender o mais rápido possível.
Nessa época a produção de poesia destinada para os escolares era muito
pequena, a falta de produção literária para eles era compensada com cantigas
folclóricas e cantigas de rodas em que as crianças sabiam de cor. O número de
autores portugueses supera o de brasileiros. Os poemas eram sentimentais ou de
racionalização de emoções, e alimentados por uma visão de mundo ora idealizada,
ora pessimista, mas sempre de reforço à tradição herdade.
A ruptura modernista com os padrões literários tradicionais não chegou a
atingir a poesia para as crianças até a entrada dos anos 1960, é importante ressaltar
que o único modernista que surgiu na Literatura Infantil foi Monteiro Lobato, nos
anos 1920. A poesia, rompendo com os esquemas tradicionais e sua linguagem
lógica, torna-se lúdica, irreverente e fragmentada, a poesia passa a utilizar virtudes
da matéria verbal: a sonoridade e o ritmo das palavras soltas, assim passam a
agradar os ouvidos infantis.
Para Coelho (2000) todas as mudanças que ocorreram no âmbito da
educação foram lentas, nos anos 1920 a Europa passa experimentar o conceito de
escola nova, no Brasil a tentativa de escola experimental surge em 1897, na escola
Normal de São Paulo. Em 1961 com a primeira LDB (Leis de Diretrizes e Bases da
Educação), tona-se obrigatório o uso de textos literários no ensino da Língua
Portuguesa nas escolas, porém o sistema escolar vigente não estava preparado
para isso.
A partir dos anos de 1960/1970, se faz ouvir uma nova poesia infantil, em que
as palavras brincam, brincam com a fala e a sonoridade. Os jogos de palavras que
para nós adultos é tão complexa, com rimas, a relação dinâmica que se constrói
durante o poema, a criança apenas brinca com os sons e o ritmo. “A poesia (ou a
arte em geral) é um jogo que enriquece interiormente aqueles que a ele se
entregam” (COELHO, 2000, p. 245).
Os poetas dos anos 1960 (tentado criar, em poesia, novos modos de ver e de
dizer o novo mundo em formação), abriram caminho para a explosão de criatividade
que aconteceu nos anos de 1970/1980 na área da Literatura Infantil. Podemos
afirmar que todas as mudanças que ocorreram atingiram também o sistema de
ensino, é necessário ressaltar que as mudanças são decorrentes do contexto
histórico cultural, e que na época em questão surge a necessidade de se ter uma
nova maneira de ver, pensar e agir.
A poesia infantil e juvenil que se inicia entre os anos 1970/1990, se tem além
de diversidade nos temas, sonoridades e ritmos, passa a ter a valorização da poesia
como um modo de ver o mundo, sendo assim um caminho para a autodescoberta.
Como afirma Ribeiro (1998), com a morte de Cecília Meireles e Vinicius de Morais, a
poesia infantil viveu um longo período de ostracismo, até a estreia de José Paulo
Paes no gênero no ano de 1984, com o livro É isso ali. Isso porque os dois primeiros
tinham habilidade para tratar de assuntos corriqueiros e criar uma poesia de
qualidade que surpreendia o leitor, característica retomada pelo autor José Paulo
Paes. A seguir apresentaremos a biografia do autor José Paulo Paes, e como sua
vida teve influência em suas obras.
3.1 José Paulo Paes: Suas Histórias Que Viraram Poema
No livro Quem eu? Um poeta como outro qualquer, PAES (1996) narra toda
sua história de vida, desde sua tenra idade até sua trajetória como escritor. Em sua
autobiografia notamos como os livros e a arte que o cercava, formaram a pessoa
que ele foi.
Sabe se que o local que nascemos e onde crescemos influencia grandemente
a vida que levevamos, e com José Paulo Paes não foi diferente, Paes (1996) afirma
que ele nasceu em uma livraria, melhor dizendo no quarto ao lado, da livraria e
tipografia J. V. Guimarães, a loja de seu avô materno, nasceu no dia 22 de julho de
1926 em Taquaritinga (SP).
Seu avô era português, viera ao Brasil ainda menino. Ele foi bombeiro e
soldado nos tempos de Floriano Peixoto3, era tipográfico e dono de um jornal em
Ribeirão Bonito, São Paulo, quando se casou com Cândida Marçal, avó de José
Paulo Paes, ou como a chamava, Dona Zizinha, emérita contadora de histórias de
sacis, bruxas e assombrações. Os filhos do casal nasceram todos em Ribeirão
Bonito, a família veio para Taquaritinga, quando seu avô transferiu os negócios,
menos o jornal.
3
Floriano Peixoto assumiu em 23 de novembro de 1891 a presidência do Brasil, após a
renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca, do qual era vice.
José Paulo Paes afirma em seu livro: Quem eu? Um poeta como outro
qualquer que anos depois sonha com essa casa em que morou até os 11 anos,
desse sonho ele escreve o poema ‘A casa’ que esta perpetuada em Prosas
Seguidas de Odes Mínimas (2010):
Vendam
logo
esta
casa,
ela
está
cheia
de
fantasmas.
Na livraria, há um avô que faz cartões de boas-festas com corações de
purpurina.
Na tipografia, um tio que imprime avisos fúnebres e programas de circo.
Na sala de visitas, um pai que lê romances policiais até o fim dos tempos.
No quarto, uma mãe que está sempre parindo a última filha.
Na sala de jantar, uma tia que lustra cuidadosamente o seu próprio caixão.
Na copa, uma prima que passa a ferro todas as mortalhas da família.
Na cozinha, uma avó que conta noite e dia histórias do outro mundo.
No quintal, um preto velho que morreu na Guerra do Paraguai rachando
lenha.
E no telhado um menino medroso que espia todos eles; só que está vivo:
trouxe-o
até
ali
o
pássaro
dos
sonhos.
Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vendam-na depressa.
Antes que ele acorde e se descubra também morto.
Segundo Paes (1996) o sonho só deu a situação de base uma atmosfera
fantasmagórica, o resto ele afirma tem recorrido as suas lembranças de infância, em
que naquela altura todos os seus familiares já tinham morrido, e a casa estava
abandonada. É necessário ressaltar que para Paes (1996) os sonhos podem ser
embriões de um futuro poema, são sugestões, uma fonte de inspiração. Porém para
ele é na lucidez, técnica e na experiência do poeta que irá desenvolver as sugestões
oníricas em poemas acabados e compreensíveis. Paes afirma que enquanto os
sonhos emocionam apenas a quem sonhou o poema tem a função de emocionar, se
não todas as pessoas que leem, pelo menos aquelas cuja sensibilidade foram
aprimorada pela leitura regular de poesia.
Seu pai chamava-se Paulo Artur Paes da Silva de quem herdou o nome de
Paulo, o seu nome José veio de seu avô paterno, conforme tradição nas famílias
portuguesas. O pai de José Paulo Paes era português de nascença, mesmo
morando anos no Brasil, nunca chegou a perder totalmente seu sotaque. Seu pai era
caixeiro viajante, em uma de suas passagens por Taquaritinga conheceu a sua
esposa, casou-se em 1925.
Seu pai estudou até o curso primário, era um homem inteligente, ativo,
habilidoso. Foi proprietário de um semanário, “A Notícia”, e de um escritório de
contabilidade e de corretagem de seguros. Mas terminou seus dias como caixeiroviajante. Gostava de ler, tinha no quarto uma pequena biblioteca, em que
predominavam os romances polícias e livros sobre a maçonaria, da qual fazia parte.
Sua mãe chamava-se Diva Guimarães Paes, que completou o primário,
porém redigia com correção e com apuro literário, em uma letra bonita, as cartas que
mandava para Paes o tempo em que ele estudou fora. Ela era uma leitora voraz de
romances “água com açúcar”.
José Paulo Paes relata em seu livro Quem eu? Um poeta como outro
qualquer, que passou grande parte de sua infância no quintal, pois a casa era vista
como algo dos adultos e que a ordem deveria ser mantida lá dentro, em que até
mesmo um “cotovelo na mesa” era motivo para ser chamada a atenção. Entretanto o
quintal era cheio de árvores frutíferas, e canteiros com flores e com imaginação ele
se transformava em diversas coisas.
Em 1933, José Paulo Paes e sua família tiveram que se mudar de São Paulo
para o Rio de Janeiro, pois o pai arrumara um novo emprego. A princípio se
instalaram na casa de alguns familiares. No período em que estavam lá seu pai ficou
gravemente doente, com uma infecção. Com a doença de seu pai e sua mãe grávida
da segunda filha Fernanda, foi preciso voltar para Taquaritinga, seu pai, contudo,
permaneceu em São Paulo.
Em sua infância o hábito de leitura era cultivado em casa, com as histórias
que seu avô contava. Ele se impressionava ao ver como um adulto conseguia
passar horas entretido com livros com aqueles “risquinhos” pretos, em que as
crianças não entendiam nada. Pode-se dizer que através do hábito de leituras dos
adultos ao seu redor, seu interesse em ler aumentava cada vez mais.
Para Paes (1996) se cada criança tivesse em casa adultos leitores, a escola
não teria a função de mandar como dever de casa livros para se ler, o interesse já
seria desenvolvido. Paes iniciou suas leituras por contos de fadas, bruxas e
gigantes, clássicos da Literatura Infantil, bem como Charles Perrault, Irmãos Grimm
e Hans Christian Andersen. Em seguida Paes descobriu os escritos de Monteiro
Lobato, e pode se aventurar diversas vezes no sítio do pica-pau amarelo. A etapa
seguinte foi a descoberta dos romances de aventura, na qual começou por Tarzan e
posteriormente foi para os romances policiais da Coleção Amarela da Editora o
Globo4.
4
O Globo, editora fundada em 1883 por Laudelino Pinheiro Barcellos, de 1931 a 1956 é criada a
‘‘Coleção Amarela’’, com histórias policiais, de crimes e de aventuras norte-americanas, que publica
cerca de 160 títulos.
Paes relata em seu livro Quem eu? Um poeta como outro qualquer (1996) os
livros que lia, eram de trocas particulares, de bibliotecas pessoais, pois em sua
cidade não havia bibliotecas públicas. Paes em sua casa era um leitor assíduo de
romances de aventura, porém na escola havia a necessidade de ler poesia, ao tratar
dessa situação ele conta que achava uma chatice, pois as poesias escritas, para ele,
não faziam o menor sentido, não eram algo que se inseria em seu cotidiano. Nos
anos de 1930 ele descobre as histórias em quadrinhos, em especial do Flash
Gordon5, com ele seu interesse pela química aumentou, pois as histórias tratavam
de viagens espaciais, o que lhe fez fazer um laboratório, onde brincava por horas, na
farmácia ele conseguia componentes químicos, em que elaborava bombas, entre
outros, as receitas ele conseguia em livros e revistas.
A infância de Paes foi repleta de aventuras e brincadeiras, sem esquecer os
diversos livros e literaturas que o cercavam. Podemos dizer que em sua vida adulta
vários foram os reflexos de sua infância, entre elas os muitos poemas, que em
grande parte foram nela inspirados, até mesmo a profissão escolhida como químico,
e sua grande e belíssima escolha em escrever poesia para crianças, para Paes
(1996) as tirando da monotonia e da chatice das poesias sem sentido.
Quando prestou o exame para o ginásio não teve dificuldade em passar, em
1937 já estava matriculado, continuou a cursar o segundo ginasial em Araçatuba,
onde a escola era melhor. Nessa mesma época, aprendeu a tocar violão, o básico
aprendeu sozinho, depois passou a ter aulas, porém ainda assim preferia tocar de
ouvido. Por conta de ter aprendido a tocar violão, e realmente tocar bem, passou a
fazer parte do regional da rádio, cujo prefixo era PRE-8, lá ele fazia locução,
crônicas sentimentais e ainda atendia pessoas que ligavam para dedicar músicas,
entre elas as mulheres da vida. Pelo grande número de faltas que conseguira por
conta de tocar violão, falar na rádio e ouvir músicas na toca disco, ficou para
segunda época, mas no final passou.
Essa época foi de extrema importância para seu amadurecimento literário,
passou a ler escritores como Machado de Assis e Augusto dos Anjos, que o
influenciaram a escrever poesias. Paes passou a ver a literatura como algo que faz
5
Flash Gordon chegou no Brasil, em 1934, no suplemento infantil do jornal A Nação, do Rio de
Janeiro, no formato de tiras e capítulos posteriormente publicados num álbum de edição especial em
1937. Na década de 1940, Flash Gordon teve as suas tiras publicadas no formato comics,
acompanhando a evolução de edição gráfica da época.
pensar, nessa época leu Jorge Amado, Máximo Gorki e ABC comunista de Bukharin.
Paes (1996, p.28) afirma “[...] além de pensar, a literatura “séria” muitas vezes
denuncia, em nome da utopia, as mazelas do mundo. E a utopia é um dos sinônimos
da esperança.”
3.2 José Paulo Paes lembranças de um caminho de conhecimento
Quando Paes terminou o ginásio, teve de escolher o que faria dali em diante,
não quis optar por um curso universitário, pois levariam oito anos para ser concluído,
escolheu então um curso técnico, decidiu pelo curso de química na Universidade
Mackenzie, que era considerado o melhor da época. Havia 55 vagas para 400
inscritos, quinze dias antes de realizar a prova foi passa São Paulo, permaneceu em
uma pensão, entretanto quando realizou a prova reprovou.
Mesmo com sua reprovação ele preferiu permanecer em São Paulo, pois já
havia se adaptado com a vida na cidade grande. Nessa época percorria diversos
sebos, passou a conhecer os poemas de Paulo Torres, Poemas Proletários, um dos
precursores dos poemas ditos sociais, uma arma usada contra a exploração
capitalista. Os romances de Jorge Amado e de Máximo Gorki, bem como a
doutrinação marxista de Burkharin, haviam preparado o caminho para que os
Poemas proletários entrassem como evangelho de imitação.
Como relata Paes (1996) sua estadia em São Paulo foi interrompida com a
notícia de adoecimento e morte de seu avô J. V., com isso teve de voltar para
Taquaritinga, lá foi convencido a cursar o colegial, por conta disso teve que voltar
para Araçatuba. Quando lá estava decidiu entrar no Instituto de Química do Paraná,
onde o ingresso não era não difícil. Em 1944, Paes se dirigia a Curitiba, para iniciar
seu curso técnico.
Em Curitiba, Paes se encontrava com colegas no Café Belas-Artes, que anos
depois foi fechado. Os membros mais assíduos dessa roda eram o poeta Glauco
Flores de Sá Brito, o colunista e crítico de cinema Armando Ribeiro Pinto e o
jornalista e ensaísta Samuel Guimarães da Costa, mais tarde juntou-se também o
Eduardo Rocha Virmond futuro crítico de arte. Para perpetuar a lembrança escreveu
“Balada do Belas-Artes” em Prosas de Odes Mínimas (2010).
Balada do Belas-Artes
Sobre o mármore das mesas
do Café Belas-Artes
os problemas se resolviam
como em passe de mágica.
Não que as leis do real
se abolissem de todo
mas ali dentro Curitiba
era quase Paris.
O verso vinha fácil
o conto tinha graça
a música se compunha
o quadro se pintava.
Doía muito menos
a dor-de-cotovelo,
nem chegava a incomodar
a falta de dinheiro.
Para o sedento havia
um copo de água fresca,
média pão e manteiga
consolavam o faminto.
Não se desfazia nunca
a roda de amigos;
o tempo congelara-se
no seu melhor minuto.
Um dia foi fechado
o Café Belas-Artes
e os amigos não acharam
outro lugar de encontro.
Talvez porque já não tivessem
(adeus Paris adeus)
mais razões de encontrar-se
mais nada a se dizer.
Podemos perceber em seu poema “Balada do Belas-Artes” a importância da
convivência com as máximas elaborações humanas, de acordo com Bogoyavlensky
e Menchinskaya (1991), quando mais experiências de qualidade se tem, mais
possibilidades se terá de desenvolver suas funções psicológicas superiores. Paes se
posiciona igualmente de acordo com a citação abaixo:
Percebi então que é indispensável ao poeta um lastro cultural tão amplo e
diversificado quanto possível. Só talento não lhe basta. Para que ele possa
desenvolver suas virtualidades, necessita do estímulo tanto quando da
régua e do compasso da cultura (PAES, 1996, p.33).
Em 1947, Paes lança seu primeiro livro, ‘O aluno’, dentre seus amigos, Paes
pediu a Carlos Drummond de Andrade, que lesse seu livro e disse-se o que pensou
sobre ele. Drummond em reposta escreveu uma carta, instigando-o a aprender
novos idiomas, sugere que leia “os estrangeiros”, para fugir do modelo de poesia
nacional.
Com a finalização de seu curso técnico ele necessita escolher um
especialidade para fazer estágios práticos, sua escolha foi em álcool e bebidas
alcoólicas. Ele escolheu para o seu estágio a usina de álcool e cereais de
Taquaritinga. Se despediu de seus amigos do Belas-Artes até o dia que voltasse a
Curitiba para pegar o seu diploma de químico técnico. Paes havia sido eleito para
ser orador da turma, desistiu de comparecer a festa de formatura quando os seus
colegas resolveram colar grau de smoking alugado, para ele militante de partido
operário era inaceitável.
Paes (1996) não conseguiu realizar seu estágio, pois quando voltara não
estava em período de safra, teria de esperar até o ano seguinte, para terminar seus
relatórios comparecia a usina uma vez por semana para ter informações, e assim
usar as informações recebidas e sua boa imaginação, terminá-los. Ele permaneceu
um tempo sem trabalhar após terminar seus relatórios de estágios, até que uma
prima lhe conseguiu um emprego em São Paulo, na indústria farmacêutica, para
onde ele se mudou rapidamente. Com o salário que recebia conseguia se manter e
ainda comprar livros, um toca-discos iniciando sua discoteca erudita e ainda assim ir
ao cinema. Nessa época começa a namorar sua futura esposa Dorinha Costa,
primeira bailarina do Teatro Municipal, nesse período, em que ela tinha 18 anos, foi
considerada uma das grandes revelações do balé brasileiro e recebeu diversos
convides e bolsas para estudar no exterior, porém por problemas de ordem familiar
não pode aceitar.
Dora e Paes se casaram em 1952, passaram uma semana de lua de mel em
Itanhaém (SP), quando voltaram moram morar em uma casinha alugada, perto do
laboratório farmacêutico onde ele trabalhava. A casa tinha poucos móveis, porém
tinha uma escrivaninha e uma estante, ótima opção para que até então guardava
seus livros em caixotes. Sua casa não tinha fogão, mas com alguns utensílios e um
fogareiro, Dora cozinhava. Com o passar dos anos, conseguiram construir uma
casa, em que cada vez mais tomava forma, e se tornava viva, conforme o esperado.
Em um dos poemas de Cúmplices Paes escreve:
Nossa vida
Construímos
A cada passo,
A cada minuto,
A cada esquina
De mãos unidas
O primeiro ano de casados foi de consecutivas perdas, seu pai morreu em
Taquaritinga, Oswald de Andrade, em São Paulo, quem havia se tornado um grande
amigo, e sua primeira e única filha, que não chegou a viver para ser batizada, para
quem ele escreveu uma canção de ninar “Nana Glaura”, recolhida em Prosas
seguidas de Odes mínimas (2010).
3.3 José Paulo Paes: de técnico em química para escritor
Paes com o apoio de sua esposa Dora decide deixar a indústria farmacêutica,
e trabalhar um uma editora de livros, em que passou a ganhar menos da metade
que ganhava. Sua decisão foi tomada pelo excesso de trabalho, a falta de tempo
para se dedicar a literatura e um distúrbio circulatório nas pernas, que dificultava seu
caminhar, Paes passa a trabalhar na editora com a perspectiva de que estaria mais
próximo de realizar seu sonho como escritor, porém ele se engana, pois quem cuida
do livro dos outros não tem tempo para cuidar do seu. Quando trabalhou em uma
editora pode perceber que nem sempre o melhor livro é o mais vendido e nem mais
procurado, diversas vezes em seu trabalho teve de dizer não a livros bons, pois não
teriam a comercialização procurada. Entre muitas de suas funções, Paes passou a
fazer traduções, muitas como ele afirma prazerosas, mas a maioria uma fastidiosa
sensação de dever cumprido.
Paes (1996, p.52) afirma “[...] os livros de alto mérito artístico e cultura não
são os preferidos e comprados pelo grande público, o qual se deixa antes fascinar
pela aura publicitária dos Best-sellers, por mais medíocres que sejam.” Enquanto
estava trabalhando na editora teve um começo de gangrena na perna direita, com
dores agudas, por conta disso manteve se preso em casa por meses, nos momentos
em que as dores diminuíam ele aproveitava para se dedicar aos seus poemas.
Passou por uma intervenção cirúrgica para restabelecer a circulação, livrando-se da
gangrena. Após longos anos de trabalho na editora, teria direito a se aposentar,
propôs para a editora que trabalhasse apenas dois dias na semana, a princípio ela
aceitou, porém não durou muito tempo, foi advertido que deveria voltar e ainda
trabalhar com a área de esoterismo, sua decisão foi pedir demissão e se dedicar os
que realmente o interessava, ser escritor em tempo integral.
Ocorreu lhe outro problema circulatório, porém na perna esquerda,
rapidamente agravado em necrose de pé, em que a amputação seria inevitável, mas
só poderia ser realizado quando o processo necrótico não chegasse ao fim, em
quanto isso sofria com delírios em que não distinguia a realidade da alucinação.
Quando foi para o hospital estava delirando muito, sua amputação foi realizada logo
acima do joelho, com a ajuda continua de sua esposa, ele conseguiu se recuperar, e
logo estava habituado com a perna mecânica. E a partir de então pode se dedicar
plenamente a escrita.
Em 1984 Paes publica seu primeiro livro de poemas infantis, É isso ali, com
ilustrações em preto e branco de Carlos Brito, o livro se iniciou de brincadeiras
verbais que ele fazia com os seus sobrinhos. A obra é composta com um texto
introdutório explicativo seguido por quinze poemas, em sua maioria breves e
caracterizados por um tom de humor e ironia. Em 1989 Paes publica Olha o bicho,
em seu livro Brincadeiras de palavras. Ribeiro (1998) afirma que o texto foi
encomendado pelo desenhista e pintor Rubens Matuck. A obra se compõe de oito
poemas, escritos em pouco mais de um mês, caracterizados pelo diálogo intenso
com a imagem.
Em 1990, Paes pública Poemas para brincar, realizado ao longo de três anos
de depuração, reflexão e adequação linguística ao público alvo, recebeu o prêmio
jabuti de Melhor Livro Infantil e de Melhor Ilustração. Seu sucesso foi tanto que suas
doze poesias inspiraram uma montagem teatral premiada6. Ribeiro (1998) afirma
que para o poeta este é o livro de que ele mais gosta, pois abandona suas rimas e
trocadilhos, para se trabalhar com os versos livres. Em 1991 Rubens Matuck, o
mesmo ilustrador de Olha o bicho, o convida novamente para realizar uma obra de
temática ecológica, o resultado foi O menino de Olho d’Água.
O próximo livro que foi publicado, também foi de encomenda, Uma letra puxa
a outra, em 1992, seria uma espécie de cartilha de versos, contem vinte e três
poemas, cada um se refere se a uma letra do alfabeto. Como afirma Ribeiro (1998)
trocadilhos são muito utilizados nos doze poemas de Um número depois do outro,
de 1993, e em “lé com crê”, do mesmo ano. Paes (1996) afirma que não é nada fácil
escrever poesia para as crianças, ocorre limitações quando ao vocabulário e aos
6
Concepção teatral: Juliana Gontijo. A peça recebeu os prêmios A.P.C.A 1996 – “ Autor”, Troféu
Mambembe 1996, “Grupo” e ainda, indicação para o Premio Coca-cola 1996 – “Música” e “Teatro de
animação”.
assuntos, e muitas vezes não se encontra o tom certo, ele afirma que o segredo é
simplificar sem empobrecer.
O autor ainda admite que o seu primeiro contato com a poesia aconteceu de
forma desastrosa na escola, o escritor confessa que, na criação de seus poemas
para leitores mirins, se vale de numerosos recursos sonoros e conotativos. “Embora
cada um dos meus livros de poesia para crianças contenha poucos textos, custa-me
muito trabalho escrevê-los e aperfeiçoá-los até o ponto de satisfazerem o meu senso
crítico” (PAES 1996, p.70).
José Paulo Paes morre em 1998, em São Paulo capital. Deixando um legado
de mais de 40 obras publicadas no Brasil, desde livros de poesia, ensaios,
autobiografia, depoimento, infantil e juvenil, Paes ainda teve diversos livros que
foram publicados após a sua morte, no (anexo A e B). Paes recebeu o Prêmio
Jabuti7 em 1997 pelo livro “Um passarinho me contou” de 1997. Em seguida
falaremos sobre as contribuições da Literatura e Literatura infantil para o ensino e
aprendizagem.
7
Criado em 1958, o Jabuti é o mais tradicional prêmio do livro no Brasil. O maior diferencial em
relação a outros prêmios de literatura é a sua abrangência: o Jabuti não valoriza apenas os
escritores, mas destaca a qualidade do trabalho de todas as áreas envolvidas na criação e produção
de um livro. Ganhar o Jabuti representa dar à obra vencedora o lastro da comunidade intelectual
brasileira, significa ser admitido em uma seleção de notáveis da literatura nacional.
4 Literatura e a Literatura Infantil: Contribuições Para o
Ensino e Aprendizagem
De acordo com Nelly Novaes Coelho (2000) literatura é um fenômeno de
linguagem plasmado por uma experiência cultural direta ou indiretamente ligada a
determinado contexto social e a determinada tradição histórica. Primordialmente a
literatura é arte, e como tal suas relações entre ela e o indíviduo são fundamentais
para a formação integral, ou seja, sua consciência do eu, do outro e do mundo que o
cerca. Para Meireles (1984):
A literatura, porém, não abrange, apenas, o que se encontra escrito, se bem
que essa pareça a maneira mais fácil de reconhecê-la, talvez pela
associação que se estabelece entre “literatura” e “letras”. A palavra pode ser
apenas pronunciada. É o fato de usá-la, como forma de expressão,
independentemente da escrita, o que designa o fenômeno literário
(MEIRELES, 1984, p. 19).
Pelas palavras de Meireles (1984) percebemos que a literatura é algo muito
amplo, que vai além das palavras, precisa da imaginação de quem lê, é necessário a
interpretação das palavras. Coelho (2000, p.10) descreve que “a literatura é a mais
importante das artes, pois sua matéria é a palavra (o pensamento as ideias e a
imaginação), exatamente aquilo que distingue ou define a especificidade do
humano”. Sua eficácia como instrumento de formação está diretamente ligada à
leitura, atividade extremamente básica para o indivíduo na sociedade atual.
[...] como objeto que provoca emoção, da prazer e diverte e, acima de tudo
modifica a consciência de mundo de seu leitor, a literatura infantil é arte.
Sob outro aspecto, como instrumento manipulado por uma intenção
educativa ela se insere na área pedagógica (COELHO, 2000, p.46).
O ensino da leitura ultrapassa seu mérito de apenas auxiliar na alfabetização,
deixa de ser visto como algo apenas mecânico, e passa a ser entendido como
possibilidade de penetração no mundo da cultura. Meireles (1984, p. 32) ressalta
que “A Literatura não é, como tantos supõe, um passatempo. É uma nutrição.” Isto
é, a Literatura é fonte de conhecimento e não apenas diversão. Devemos ressaltar
que a literatura deve ser dividida em dois espaços, os de estudos programados e
das atividades livres, ela deve ser utilizada na escola, mas também tem que ser
usado como entretenimento.
Para que a Literatura Infantil seja usada como projeto de ensino e
aprendizagem Coelho (2000) afirma que é necessário nos conscientizamos que a
criança é um ser educável, sendo assim o ser humano é um aprendiz de cultura
enquanto durar o seu ciclo vital. A concepção da literatura como um fenômeno de
linguagem é resultante de uma experiência social e cultural, que compreende a
Literatura com um diálogo entre o leitor e o texto e a certeza que a escola é um
espaço privilegiado em que devem ser colocados os alicerces do processo de autorealização vital/cultural, que o ser humano inicia na infância e prolonga até a velhice.
A literatura é um agente formador por excelência.
Como dito anteriormente, a Literatura transforma o leitor, pois com ela os
horizontes de seu receptor é ampliado, como afirma Coelho (2000,p.29) “Para além
do prazer/emoção estéticos a leitura contemporânea visa alertar ou transformar a
ciência crítica do seu leitor/receptor”. Com a leitura, ou a arte em geral, os homens
tem a oportunidade de transformar e enriquecer suas próprias experiências de vida,
com intensidade não igualada por nenhuma outra atividade.
Produto da imaginação criadora do homem, o fenômeno literário se
caracteriza por uma duplicidade intrínseca: é simultaneamente abstrato e
concreto. Abstrato porque é gerado por ideias, sentimentos, emoções,
experiências de várias naturezas... Concreto porque tais experiências só
têm realidade efetivas quando nomeadas, isto é, transformadas em
linguagem ou em palavras (COELHO, 2000, p.64).
É necessário ressaltar que a Literatura Infantil, tem a mesma essência que a
literatura destinada para os adultos, às diferenças que as singularizam são
determinadas pela natureza de seu receptor: a criança. Porém nem sempre isso
ocorreu, quando a Literatura Infantil é desenvolvida, ela é vista como um gênero
menor era considerado apenas uma distração.
De acordo com Coelho (2000), a Literatura Infantil tem uma importância
fundamental na formação e desenvolvimento da personalidade do futuro adulto, pois
é por meio da escrita e da leitura, que o fenômeno literário se transforma em um ato
de aprendizagem.
Daí se conclui a importância basilar da literatura destinada às crianças, é o
meio ideal não só para auxiliá-las a desenvolver suas potencialidades
naturais, como também para auxiliá-las nas várias etapas do
amadurecimento que medeiam entre a infância e a idade adulta (COELHO,
2000, p.43).
De acordo com a citação acima, vemos que o desenvolvimento das crianças
em grande parte é auxiliado pela Literatura, com ela a criança construirá sua
personalidade, nesse sentido percebemos que conforme o amadurecimento da
criança, será despertado o desejo por conhecimento e aumentará sua percepção de
mundo.
É necessário ressaltar que todo ato criador, tem em sua gênese, uma
determinada consciência de mundo (que, de modo consciente ou inconsciente,
interfere no ato de criação) torna-se importante, para compreendemos melhor cada
obra literária, conhecermos as relações que se estabelecem entre seus fatores
constituintes. É dessas relações que resulta sua literalidade, cujas características,
por sua vez, resultam da referida consciência de mundo do autor.
O livro infantil estimula o olhar como agente principal na estruturação do
mundo interior da criança, em relação ao mundo exterior que ela está descobrindo,
estimula a atenção visual e o desenvolvimento da capacidade de percepção, facilita
a comunicação entre a criança e a situação proposta pela narrativa, pois lhe permite
a percepção imediata e global do que vê. Concretiza relações abstratas que, só
através da palavra, a mente infantil teria dificuldade em perceber, e contribui para o
desenvolvimento da capacidade da criança para a seleção, organização, abstração
e síntese dos elementos que compõe o todo.
A Literatura permite que se fixem, de maneira significativa e durável, as
sensações ou impressões que a leitura deve transmitir. “O contato com a literatura
infantil se faz inicialmente por seu ângulo sonoro: a criança ouve histórias narradas
por adulto, podendo eventualmente acompanhá-las com os olhos na ilustração”
(ZILBERMAN, 2003, p. 170).
Podemos dizer que os livros infantis são compostos primordialmente por
imagens, pois é através delas que a crianças se encontra com o imaginário literário
e também promove o seu desenvolvimento intelectual. Na Literatura Infantil as
imagens falam tanto quando as palavras. Zilbeman (2003) afirma que com a posse
dos códigos de leitura, ou seja, com a alfabetização, o status da criança muda e
integra-se num universo maior de signos, o que nem a simples audição, nem a
leitura das imagens visuais permitiriam. Podemos observar na citação abaixo como a
alfabetização auxilia no desenvolvimento da criança:
O crescimento da criança se faz por essa imersão no universo da palavra
escrita, e seu desenvolvimento intelectual pode ser medido por meio de sua
habilidade de verbalização dos conteúdos assimilados durante a educação
formal (ZILBERMAN, 2003, p. 170).
Para que a criança leia sozinha, sem o auxílio de um adulto ela precisa a
fazer parte do universo da palavra escrita, isto é, alfabetizada. Quando a criança é
alfabetizada ela deixa de depender do adulto, para ter escolha no que lê,
percebemos o nível de desenvolvimento da criança decodifica o que esta lendo.
4.1 Literatura Infantil e a Teoria Histórico-Cultural: Possibilidade De
Intervenção Pedagógica Com Caixa De Encantos E Vida
Mediante a leitura da biografia de José Paulo Paes, pudemos observar que a
sua infância foi repleta de livros e histórias dos mais variados gêneros, natural de
quem nasceu praticamente em uma livraria. Essas vivências, enquanto criança, o
tornaram uma criança questionadora que desejava ver mais sentido nas poesias em
que lia, assim o permitiram desenvolver suas habilidade como escritor.
Pautados nessa constatação dos fatos e respaldados pela teoria HistóricoCultural, concepção está que os homens são resultados de sua existência material,
em que os fenômenos são explicados pela organização econômica da sociedade.
Assim, nenhum fenômeno é compreendido isoladamente. Para este referencial,
considerar o contexto de uma dada época contribuirá para compreender as
proposições de um autor, de uma determinada obra.
Entendemos que a Literatura Infantil não se limita às histórias, mas
compreende também diversas formas de arte, bem como música, poesia, histórias e
as mais diversas formas de expressão e registro popular, esses recursos nos
permitem atender a um dos preceitos da Teoria Histórico-Cultural, bem como afirma
Chaves (2011b, p. 98) “[...] em essência, uma educação plena para quem ensina e
para quem precisa aprender.” Para Chaves (2011b) as crianças devem receber as
máximas elaborações humanas, para que assim possam ter uma educação plena.
Isso significa que as crianças devem se apropriar do conhecimento já
elaborado por gerações anteriores, entrando em contato com a cultura por meio da
vida em sociedade para seu desenvolvimento intelectual. Tal processo é de suma
importância para os homens, pois é através dele que se aprende a ser homem, se
configurando como uma possibilidade de formação de novas aptidões.
[...] a Literatura Infantil pode ser considerada expressão de conteúdo,
estratégia e ao mesmo tempo recurso didático, fatores que permitem
apresentar as crianças elaborações humanas significativas e assim
contribuir decisivamente para ampliar o universo de conhecimento das
crianças (CHAVES, 2011b, p. 99).
É através da literatura que o indivíduo assimilará conteúdos para assim se
humanizar, ou seja, tendo como objetivo direto produzir humanidade em cada
indivíduo. Chaves (2011) ressalta que de acordo com os pressupostos da teoria
Histórico-Cultural, o trabalho pedagógico independente da área de conhecimento,
deve potencializar as funções psicológicas superiores. Sendo a Literatura Infantil,
um processo de educação, é preciso desenvolver estratégias que garantam sua
eficácia. Se a crianças é submetia a expressões empobrecidas seu resultado
também será empobrecido, porém quando lhe é ofertado o que a humanidade
produziu de melhor, suas funções psicológicas superiores serão desenvolvidas.
É necessário avaliamos as intervenções pedagógicas utilizadas para o
aprendizado das crianças. Assim avaliamos que a proposta de intervenção
pedagógica denominada e criada pela professora Dra. Marta Chaves como Caixa de
Encantos e Vida, pode ser um recurso didático que apresente às crianças um
conteúdo de qualidade, em que possa auxiliar o professor no processo de ensino
aprendizagem, fazendo com que os alunos se desenvolvam da forma mais plena
possível. Podemos observar o que escreve Mukhina (1995) sobre a utilização, pelo
homem, de signos linguísticos:
A utilização dos signos e de sistemas de signos é uma das particularidades
mais características do homem. A sociedade criou enormes sistemas de
signos, como a linguagem, os símbolos matemáticos ou os vários ramos da
arte, que refletem o mundo em quadros, em melodias musicais e em
movimentos de dança. Qualquer tipo de signo serve para comunicação
entre humanos, substituindo certos objetos, fenômenos, relações ou
propriedades reais por outros simbólicos. Os signos matemáticos (os
números e os signos), por exemplo, expressam relações quantitativas; os
símbolos químicos expressam a composição dos corpos; os quadros
refletem o aspecto externo de pessoas ou objetos (MUKHINA 1995, p. 139).
Na citação acima a autora se reporta à utilização de signos pelo homem para
a sua comunicação, em suas diversas formas. A Caixa de encantos e Vida, pode
ser apontada como um signo possível para ser utilizado na comunicação literária
entre professor e aluno, entendemos que a disposição e o material didático, pode
aproximar o alunos de biografias de determinados expoentes das artes.
É necessário considerar que o contato com os autores amplia a
aprendizagem das crianças, Bogoyavlensky e Menchinskaya (1991, p. 41), afirmam
que “a ‘experiência precedente’ está representada por sistemas de conexões
temporais registradas no córtex cerebral, constituída sob a influência de estímulos
exteriores, ou seja, sob a influência do ensino e da educação”. Para estas autoras o
processo de aprendizagem é realizado quanto mais relações a criança tiver com
experiências anteriores, mais relações com outros conteúdos ela poderá realizar em
seu córtex cerebral, isso significa que quanto mais acesso a criança tiver ao
conhecimento mais possibilidades ele terá de desenvolver suas funções psicológicas
superiores.
A afirmação acima implica no fato de que o professor no momento em que
planeja sua aula, deve se ater ao fato de pensar em estratégias que desenvolvam as
funções psicológicas superiores. Podemos indicar a Caixa de Encantos e Vida,
como um recurso didático amplo, que permite o professor estabelecer diversas
relações de estudo.
O homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade.
Resultando estas do desenvolvimento das gerações humanas, não são
incorporadas nem nele, nem nas suas disposições naturais, mas no mundo
que o rodeia, nas grandes obras da cultura humana. Só apropriando-se
delas no decurso da sua vida ele adquire propriedades e faculdades
verdadeiramente humanas. Este processo coloca-o, por assim dizer, aos
ombros das gerações anteriores e eleva-o muito acima do mundo animal
(LEONTIEV, 1979, p. 282).
Conforme a argumentação de Leontiev, o homem não nasce dotado das
aquisições históricas da humanidade, pois elas estão incorporadas à cultura da
sociedade, por conta disso é preciso que as gerações se apropriem desse
conhecimento historicamente construído. Quando nos referimos a educação,
destacamos as instituições educativas, pois é a partir dela que a crianças adquire o
conhecimento historicamente construído e de qualidade, pois as crianças já tem em
demasia conhecimento empobrecido, provenientes de ralações fora da escola.
Acreditamos que a escola seja ela pública ou privada, deve oferecer o ensino de
qualidade, com as máximas elaborações humanas, em todos os campos do
conhecimento.
4.2 Elaboração da Caixa de Encantos e Vida
A Caixa de Encantos e Vida é um recurso didático desenvolvido pela Profª
Drª Marta Chaves, cuja fundamentação e dados pontuais se encontram no trabalho
de pós-doutorado desta pesquisadora. Conforme Chaves (2011a) a elaboração é
coletiva, contando com a efetiva participação de professores e crianças que
escolhem um expoente da literatura, seja da poesia, música ou das artes plásticas a
ser estudado. A Caixa de Encantos e Vida é composta por diversos recursos, entre
eles textos fotografias, objetos e recursos variados, que assim contemplaram as
cinco temáticas, quais sejam: infância, amigos, obras, viagens, família e realizações,
de acordo com o expoente esses temas podem ser adequados ao que se necessita.
Fundamentada na Teoria Histórico-Cultural esse recurso didático tem como
função apresentar e ensinar para as crianças as máximas elaborações humanas,
Chaves (2011a) afirma que para alcançar seus objetivos A Caixa de Encantos e
Vida, apresentar as crianças e aos educadores, percursos, desafios e as conquistas
dos mestres das artes.
Para a realização de nossa proposta pedagógica foi necessário a escolha de
um expoente das artes, nossa escolha foi José Paulo Paes. Para início é preciso
uma pesquisa detalhada sobre o autor escolhido, o que dará sustentação para a
construção do nosso material didático. A partir de então faremos a escolha de fatos
de sua vida e obra que são mais relevantes a serem destacados. Com isso
poderemos escolher aspectos a serem trabalhados como infância, amigos, obras,
viagens, família e realizações os quais iram compor cinco saquinhos, envelopes,
caixinhas, ou algo semelhante para conter as informações do autor. Para que a
pesquisa seja mais significativa é importante que tenha fotos ou objetos que façam
referência ao tema e aos dados do expoente.
Na elaboração de nossa Caixa de Encantos e Vida, utilizáremos saquinhos
de tecidos com os seguintes temas: infância, amigos, obras, viagens, família e
realizações (Anexo D). Dentro de cada saquinho encontram se dados da pesquisa
referente a cada tema, devidamente referenciados com fotos e objetos que possam
ter relação com o expoente e com o tema tratado. É necessário que a Caixa em seu
acabamento seja “ belo e encantante” (CHAVES, 2010, p. 67) porém é preciso que
tenha relação com o expoente e a pesquisa realizada, mas mais do que isso é
necessário que aguce a curiosidade de quem a olha. Com a curiosidade, produzida
pela Caixa e instigada pelos professores, o aluno quererá saber o que tem dentro,
quem foi aquele expoente, e como foi a vida dele
Para Vigotski (2009), quando maior a experiência, maior será a imaginação,
e com os recursos da Caixa as experiências de quem a manuseia só enriquece,
mais ela assimilará o conhecimento repassado. Com isso a Caixa de Encantos e
Vida, possibilita uma aprendizagem cheia de encantos para as crianças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para finalizarmos nosso trabalho, faremos uma síntese do que foi discutido e
apresentado até aqui, mencionado também as experiências obtidas com o processo
de realização desta pesquisa.
Fizemos uma breve revisão de literatura para tratarmos dos aspectos
históricos da Literatura e da Literatura Infantil, posteriormente tratou sobre a
importância da poesia no cotidiano. Na sequência apresentamos a biografia do autor
José Paulo Paes, apresentando como suas vivências têm reflexos em suas obras.
Para finalizarmos apresentamos uma proposta de intervenção pedagógica com a
Caixa de Encantos e Vida, com base nos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural
e seus autores.
Podemos dizer que é através da curiosidade e das novas vivências que a
crianças adquire o conhecimento, porém essas experiências tem que ser baseada
nas máximas elaborações humanas, elaborações essa que são produzidas
historicamente pelo homem, de acordo com o seu contexto social. Na Literatura isso
não é diferente, sendo assim merece grande importância ao pensarmos que quando
apresentaremos uma Literatura Infantil de qualidade, as crianças terão acesso à
arte.
Nesse sentido quando apresentamos os dados biográficos do autor José
Paulo Paes e suas vivências, seja da infância ou da vida adulta, a criança se
aproxima do contexto histórico em que o autor viveu. Quando observamos a vida de
Paes vemos que sua infância foi repleta de arte, em especial livros, muito livros, o
que enriqueceu o seu conhecimento, seu vocabulário e sua sensibilidade para a
escrita de qualidade, em que mais tarde vimos seus reflexos.
A Caixa de Encantos e Vida é apresentada como um recurso didático que
deve ser entendida como meio de enriquecer o contato das crianças com a literatura
nas intervenções pedagógicas realizadas pelos professores. Esse recurso, quando
trabalhado de forma ampla, proporcionará às crianças um contato prazeroso com a
literatura e seus autores, de forma que a contação da história poderá ser mais
“encantante” e repleta de sentido e significada.
Com isso podemos afirmar que quando se tem contato com as máximas
elaborações humanas, desde a mais tenra idade, seja especificamente da literatura
ou a arte em geral, sua aprendizagem será ampliada, de forma a capacitá-los com
experiências cada vez mais significativas. Dessa forma a criança será ensinada a
sempre querer saber mais, ou seja, sua curiosidade será desenvolvida.
Podemos nos basear na infância de José Paulo Paes, repleta de livros e
conhecimentos, para imaginarmos com a infância de todas as crianças deveriam
ser, com ricas experiências e com as máximas elaborações humanas. Com isso
podermos afirmar que nas instituições educativas seja na Educação Infantil ou nos
anos iniciais do Ensino Fundamental, devemos utilizar o tempo que passamos com
as crianças com atividade que enriquecem o seu aprendizado, e não apenas com
atividades para passar as horas, como muitos professores utilizam se da Literatura
Infantil.
É necessário ressaltar que para se efetivar essa ideia seria preciso a
capacitação dos professores para que possam pensar em ações que possibilitem o
desenvolvimento desse recurso de forma ampla, para uma melhor aprendizagem.
Essa aprendizagem pode ser de forma inicial na graduação, ou de forma continuada,
assim é preciso ressaltar a importância da vivência no Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação Infantil (GEEI), que nos proporcionou momentos
maravilhosos de formação com a da elaboração da Caixa de Encantos e Vida que
nos auxiliaram a pensar em estratégia para a melhor aprendizagem da crianças,
permeadas por encantos.
REFERÊNCIAS
BORDINI, Maria da Gloria. Poesia infantil. 2. Ed. São Paulo: Ática, 1991.
BOGOYAVLENSKY, D. N.; MENCHINSKAYA, N. A. Relação entre aprendizagem e
desenvolvimento psicointelectual da criança em idade pré-escolar. In: LEONTIEV,
A.; VYGOTSKY, L. S.; LURIA, R. (et al). Psicologia e pedagogia: bases
psicológicas de aprendizagem e do desenvolvimento. Tradução de Rubens
Eduardo Frias. São Paulo: editora Moraes, 1991. p. 37-58.
CHAVES, M. A formação e a educação da criança pequena: os estudos de
Vigotski sobre a arte e suas contribuições às práticas pedagógicas para as
instituições de educação infantil. Araraquara, 2011. Trabalho de PósDoutoramento junto à Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), sob a supervisão do Prof. Dr.
Newton Duarte.
CHAVES, Marta. Enlaces da Teoria Histórico-Cultural com a literatura infantil. In:
______ (Org.). Práticas pedagógicas e literatura infantil. Maringá: EDUEM, 2011.
CHAVES, Marta. Intervenções pedagógicas humanizadoras: possibilidades de
práticas educativas com artes e literatura para crianças na educação infantil. In:
CHAVES, Marta; SETOGUTI, Ruth Izumi; MORAES, Silvia Pereira Gonzaga de
(Orgs.). A formação do professor e intervenções pedagógicas humanizadoras.
Curitiba: Instituto Memória Editora, 2010.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo:
Moderna, 2000.
COELHO, Nelly Novaes. Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil: Das
origens indo-europeias ao Brasil contemporâneo. 5. ed. São Paulo: Amarilys, 2010.
LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. Literatura Infantil Brasileira. 3. ed. São Paulo:
Ática, 1987.
LEONTIEV, Alexis. O homem e a cultura. In: ______ O desenvolvimento do
psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte, 1979. p. 200-284.
MUKHINA, Valéria. Psicologia da idade pré-escolar. Trad. Cláudia Berliner. São
Paulo: Martins Fontes, 1995.
MEIRELES, C. Problemas da Literatura Infantil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1984.
NAVES, Rodrigo. Um homem como outro qualquer. Revista Piauí, São Paulo, jun
2008. Disponível em: <http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-21/memoriasliterarias/um-homem-como-outro-qualquer > . Acesso em 22 set. 2013.
PAES, José Paulo. Quem eu? Um poeta como outro qualquer. 5 ed. São Paulo:
Atual Editora, 1996.
PAES, José Paulo. Prosas Seguidas de Odes Mínimas. 6. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2010.
RIBEIRO, Èsio Macedo. Brincadeiras de palavras: A gênese da poesia infantil de
José Paulo Paes. São Paulo: Giordano, 1998.
VIGOTSKI, Lev Semionovich. Imaginação e criação na infância (Tradução de Zoia
Prestes). São Paulo: Ática, 2009.
ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. 11. ed. São Paulo: Global,
2003.
ANEXO A – Algumas Obras Literárias de José Paulo Paes
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
O Aluno - 1947
Cúmplices – 1951
Epigramas – 1958
Poemas Reunidos – 1961
Anatomias – 1967
Meia Palavra – 1973
Resíduo - 1980
Canção de Bodas – 1982
Um por Todos - Poesia Reunida 1947/1983 - 1983 - reúne os livros anteriores
e o inédito Calendário Perplexo
10. A Poesia Está Morta Mas Juro que Não Fui Eu – 1988
11. Prosas Seguidas de Odes Mínimas – 1992
12. A Meu Esmo - 1995
13. De Ontem para Hoje - 1996
14. As Quatro Vidas de Augusto dos Anjos – 1957
15. Mistério em Casa – 1961
16. Os Poetas – 1961
17. Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira - 1967 - com Massaud Moisés
18. Um Aprendiz de Morto – 1976
19. Pavão, Parlenda, Paraíso – 1967
20. Gregos e Baianos – 1985
21. Tradução, a Ponte Necessária: Aspectos e Problemas da Arte de Traduzir –
1990
22. Aventura Literária - 1990
23. De "Cacau" a "Gabriela": Um Percurso Pastoral – 1991
24. Canaã e o Ideário Modernista – 1992
25. Transleituras – 1995
26. Os Perigos da Poesia – 1997
27. Poesia para Crianças – 1996
28. Quem, Eu? - Um Poeta como Outro Qualquer - 1996
29. É Isso Ali - 1984
30. Olha o Bicho – 1989
31. Poemas para Brincar – 1990
32. O Menino de Olho d'Água – 1991
33. Uma Letra Puxa a Outra – 1992
34. Um Número Depois do Outro – 1993
35. Lé com Crê - 1993
36. Um Passarinho Me Contou – 1996
ANEXO B – Algumas Publicações Póstumas de José Paulo
Paes
1. Socráticas – 2001
2. A Revolta das Palavras - 1999
3. Ri Melhor Quem Ri Primeiro - Poemas para Crianças (e Adultos Inteligentes) 1999
4. Veja como Eu Sei Escrever – 2001
ANEXO C – COMPOSIÇÃO DA CAIXA DE ENCANTOS E
VIDA
Figura 1: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – vista externa
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.
Figura 2: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Interior da caixa
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.
Figura 3: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Saquinhos com os temas
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.
ANEXO D – COMPOSIÇÃO DOS SAQUINHOS QUE
COMPÕEM A CAIXA DE ENCANTOS E VIDA
Figura 4: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes– Infância: contém dados da
infância do poeta.
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.
Figura 5: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Amigos: contém dados
sobre suas amizades
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.
Figura 6: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Obras: contém
informações sobre alguns livros do referido poeta, e imagens da capa de alguns
desses livros
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.
Figura 7: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Família: contém
informações sobre sua família
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.
Figura 8: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Realizações: contém
informações sobre alguns livros premiados do referido poeta
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.
Figura 9: Caixa de Encantos e Vida de José Paulo Paes – Todos os envelopes,
fotos, entrevistas e demais dados da pesquisa são devidamente referenciados no
verso.
ACERVO: Profª Drª Marta Chaves, Universidade Estadual de Maringá, 2013.
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José Paulo Paes