Utilização de sensores telereabilitação de movimentos e orientação na Daniel Tornieri1 & Douglas Augusto Schneider Filho2 1. Tecnólogo em redes de computadores, Especializando do Curso de Especialização em Informática em Saúde, Universidade Aberta do Brasil (UAB)/Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 2013-2014. 2. Cirurgião-Dentista Sanitarista, Orientador do Curso de Especialização em Informática em Saúde, UAB/UNIFESP. Resumo: O presente estudo teve como objetivo avaliar os diversos tipos e usos de sensores de orientação ou movimento nas situações de reabilitação residencial, com a finalidade de avaliar a melhoria da mobilidade e da qualidade de vida quando sua utilização no tratamento de pacientes com incapacidades físicas motoras temporárias e de pacientes idosos. Através de revisão sistemática, foram analisados 18 artigos publicados e indexados nas Bases de Dados Scielo, Lilacs e PubMed, que analisaram o uso de sensores de movimento em fisioterapia ou no mapeamento dos movimentos. Os estudos mostraram uma grande evolução nos projetos que fazem uso destes sensores no mapeamento dos movimentos dos pacientes ou voluntários estudados, mostrando um grande potencial de adoção futura desta tecnologia em reabilitação em casa (telereabilitação), com grande aceitação e satisfação dos pacientes tratados. Descritores: Rehabilitation; Physical and Rehabilitation Medicine; Rehabilitation Services; Physical Therapy Specialty; Monitoring, Ambulatory; Movement; Acceleration; Telerehabilitation Introdução Condições de saúde, condições agudas e crônicas As condições de saúde podem ser definidas como as circunstâncias na saúde das pessoas que se apresentam de forma mais ou menos persistentes, e que exigem respostas sociais reativas ou proativas, episódicas ou contínuas e fragmentadas ou integradas, dos sistemas de atenção à saúde, dos profissionais de saúde e das pessoas usuárias(1). Segundo classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), estas condições podem ser agudas ou crônicas. As condições agudas, em geral, apresentam um curso curto, inferior a três meses de duração, e tendem a se autolimitar; as condições crônicas, ao contrário, têm um período de duração mais ou menos longo, superior a três meses, e nos casos de algumas doenças crônicas, tendem a se apresentar de forma definitiva e permanente. Muitas condições agudas podem evoluir para condições crônicas, como certos traumas que deixam sequelas de longa duração, determinando algum tipo de incapacidade que exigirá cuidados, mais ou menos permanentes, do sistema de atenção à saúde. É o caso de certos problemas motores pós-traumáticos. Por outro lado, as condições crônicas podem apresentar períodos de agudização, e, nesses momentos, devem ser enfrentadas pelo 1 sistema de atenção à saúde, na mesma lógica episódica e reativa das condições agudas, no campo das redes de atenção às urgências e às emergências(1). Problemas e condições de saúde que geram necessidade de reabilitação A necessidade de reabilitação fisioterápica de pacientes é demandada pelos mais diversos fatores agudos, como recuperação pós-cirúrgica(2) ,cirurgias eletivas, emergências, urgências, acidentes vasculares cerebrais (AVC)(3-4) e perda de mobilidade de idosos(5).De acordo com a OMS, 15 milhões de pessoas sobrevivem mundialmente a cada ano após o AVC, sendo que 5 milhões estão permanentemente incapacitadas. O acidente vascular cerebral, a principal causa de comprometimento neurológico grave e de incapacidade de longo prazo no mundo, normalmente afeta a capacidade de o sistema neuromuscular coordenar com precisão os diferentes grupos musculares. Essa situação normalmente resulta em falta de equilíbrio, que leva a quedas e lesões grave(3). A recuperação do controle postural e o restabelecimento do equilíbrio são muito importantes para devolver as capacidades funcionais do paciente, mas esta recuperação é bem complexa e demorada(3). Outra importante fonte de morbidade e mortalidade, com consequências incapacitantes, são as quedas em idosos, cujas consequências incluem ferimentos significativos, fraturas, internações hospitalares e até mesmo a morte. A causa das quedas é multifatorial, no entanto, as paradas durante a marcha e o equilíbrio são muitas vezes fundamentais para que elas ocorram. A identificação das anormalidades da marcha é essencial para a iniciação precoce da intervenção terapêutica adequada, como parte da estratégia de prevenção de quedas(5). Segundo, Gill Turner(5) (em “Age and ageing 2014 do The Journal of the British Geriatrics Society”, a recuperação de mobilidade em idosos desempenha um papel importante na recuperação de suas atividades domésticas e sociais(5). Cenários de fisioterapia, reabilitação e seus desafios. A fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas. Ela fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios(6). A prestação de serviços de reabilitação tem o objetivo de devolver os movimentos ou capacidades perdidas por motivo de doenças, situações agudas ou situações crônicas(2). Os planos de Reabilitação Física envolvem um conjunto de diferentes terapias que visam devolver os pacientes a um estado saudável que lhes permita recuperar a forma normal de viver(2). Podemos distinguir dois cenários no processo de reabilitação: (i) cenário hospitalar, no qual o paciente vai para um ponto de atendimento em sessões regulares e executa os exercícios parcialmente supervisionados por especialistas, uma vez que cada fisioterapeuta atende muitos pacientes em um momento. (ii) cenário ambulatorial, neste caso após a prescrição de um plano de reabilitação, o paciente realiza, geralmente em casa, os exercícios sob nenhuma fiscalização. Peritos verificar sua evolução através de reuniões periódicas com o ponto 2 de atendimento(7). Cenários hospitalares necessitam de maiores custos com pessoal, que permitam uma maior comunicação regular entre pacientes e fisioterapeutas. Ao contrário, em situações ambulatoriais, esta comunicação é quase inexistente. Por isso, é muito provável que o paciente não se lembre claramente das instruções do especialista para realizar os exercícios em seu dia-a-dia de reabilitação. Mais ainda, porque eles executam esses exercícios sem qualquer tipo de controle, e não recebem qualquer feedback sobre a regularidade de seu desempenho, até que ocorra a próxima visita programada ao fisioterapeuta(7). As entregas destes serviços têm de ser rentáveis, justas, acessíveis, sustentáveis e de qualidade. Muitas das sequelas de doenças neurológicas estão em tratamento ambulatorial nos hospitais e centros especializados. Esses recursos são limitados e deficientes no cenário clínico, devido ao tempo restrito dessa modalidade de reabilitação. Além disso, a maioria dos pacientes com esclerose múltipla têm dificuldades relacionadas à mobilidade, localização geográfica, ou ambos que os impede de receber tratamento em um centro de reabilitação. Pessoal e recursos materiais são muitas vezes necessários para fornecer esse tipo de tratamento, o que aumenta o custo do tratamento e a dificuldade de oferecer tratamento contínuo. Em resposta à esta situação, tem aumentado o interesse no que diz respeito ao desenvolvimento de projetos de reabilitação em saúde(8). Telereabilitação e evolução das tecnologias No âmbito da saúde, telereabilitação (TR) é o fornecimento de serviços de reabilitação via sistemas eletrônicos utilizando as tecnologias da informação e da comunicação(TIC). A TR amplia a reabilitação para além do ambiente hospitalar, ajudando a detectar novas limitações e a avaliar a eficácia da intervenção no que diz respeito às atividades da vida diária (AVD), a um custo sustentável(8). Os prestadores de serviços têm respondido não apenas as pressões de contenção de custos pelo encurtamento da duração da hospitalização do paciente, mas também pela prestação de serviços de cuidados geriátricos menos dispendiosos, em relação unidades de reabilitação (por ex., qualificando com um curso especializado a enfermagem) e promovendo estratégias compensatórias, (por exemplo, o uso de técnicas com uma mão) em vez de trabalhar para corrigir a função motora, para realizar recuperação das atividades de vida diária (AVD)(9). Assim, esquemas conhecidos como mais eficazes de terapia de reabilitação hospitalar na prestação de cuidados de saúde de reabilitação hospitalar são administrados em menos da metade do tempo, para uma população cada vez mais doentes, e cada vez mais utilizando atendimento ambulatorial como tratamento complementar(9). Como o cuidado é deslocado do ambiente hospitalar para a casa dos pacientes, as tecnologias que estendem o tratamento eficaz e cuidados intensivos para fora do hospital são fundamentais(9). Muitos na indústria da saúde, classificam a telemedicina e a alta robótica entre as tecnologias mais bem adaptadas para atender as necessidades de um crescente envelhecimento da população(9). Esta demanda vem crescendo em função do aumento da população idosa e da incapacidade das instituições que prestam serviços para suprir a demanda(2). Com o desenvolvimento da microeletrônica e da computação, a telereabilitação pode fazer uso de diversos dispositivos eletrônicos, que desempenham a função de auxiliar o trabalho de forma remota, com o objetivo de reconhecer diferentes atividades diárias e proporciona novas oportunidades de aplicações dentro do contexto particular de diversas áreas, incluindo saúde e wearable computing (computadores vestíveis ou roupas inteligentes)(9,11). Sensores complexos, 3 tais como câmeras de visão computacional, têm sido usados para reconhecer atividades cotidianas(3), bem como os acelerômetros tem sido utilizado desde a década de 1950. No entanto, esses dispositivos eram caros e volumosos e pouco confiáveis, sendo portanto, inadequados para as técnicas de monitorização ambulatorial. Na última década ocorreu uma revolução na fabricação de acelerômetros, impulsionada principalmente pela indústria automobilística, para uso em airbags de carros. Esta nova geração de acelerómetros foi concebido para satisfazer os mais rigorosos requisitos de confiabilidade e qualidade da indústria, bem como suprir a demanda de alto volume e baixo custo de produção (5). Como conseqüência os acelerômetros estão agora disponíveis como miniatura, com baixo custo (US$ 5,80), sendo dispositivos de baixo consumo de energia, fornecendo a capacidade de medição quantitativa, medição portátil de equilíbrio e as alterações da marcha em idosos, quando combinadas com modernos gravadores ambulatoriais (5) (Figura 1). Figura 1 – Chip com função de acelerómetro e giroscópio Figura 2 – Visão interna de um chip de gyroscópio. Fonte: http://fisicamoderna.blog.uol.com.br/images/chip_acelerometro .jpg Fonte:http://www.chaehoi.com/R-D/3-Axis-CMOS-SOIaccelerometer Os acelerómetros medem tanto a aceleração estática (por exemplo, a gravidade), quanto a dinâmica (por exemplo, a vibração). Eles consistem de uma barra móvel suspensa sobre molas micro usinadas, que fornecem resistência contra aceleração(Figura2). Desvios nesta barra são então convertidos em uma leitura de aceleração. Três acelerômetros podem ser incorporados em um único dispositivo, que fornece informações sobre movimentos tridimensionais (tri-axial acelerômetro)(5). Dois acelerômetros, um sobre o tronco e outro na perna, são suficientes para distinguir entre sentado, em pé, deitado e em circulação. Estudos sobre precisão do acompanhamento durante atividade medidas pelos acelerômetros em adultos mais velhos em reabilitação mostraram uma média de 95% de precisão na detecção(5). 4 Figura 3 – Uso de acelerômetro e giroscópio em paciente para avaliar ângulos e aceleração. fonte: http://www.mdpi.com/sensors/sensors-12-02255/article_deploy/html/images/sensors-12-02255f4.png Para realizar a tradução de movimentos captados por acelerômetros e giroscópios e os transformar em orientação dos segmentos do corpo humano são necessários filtros, sendo que o mais completo utilizado é o filtro Kalman (12). Os mapeamentos dos movimentos humanos também se deram por sensores em consoles de videogames como “Wii”(Figura 4) que tem sido usado para fins de reconhecimento de gestos(7), e Xbox, através do sensor Kinect, na medição do corpo humano com os grandes movimentos em um único sensor(10).Além de permitir utilizar a mesma plataforma do Xbox, para reabilitação de pacientes com esclerose múltipla (8) Figura 5. 5 Figura 4 – paciente fazendo fisioterapia com videogame Wii da Figura 5 – paciente fazendo fisioterapia com videogame Xbox e Nintendo. sensor Kinect da Microsoft. fonte:http://www.knowabouthealth.com/play-nintendo-wii-to-stay- fonte:http://cronkitenewsonline.com/2013/05/medicine-increasingly- fit/1260/ turning-to-video-games-to-speed-recovery/ A abordagem contemporânea da reabilitação utilizando tarefas baseadas em ambientes virtuais, (Realidade Virtual) poupa os fisioterapeutas do trabalho manual, oferecendo reabilitação para um maior número de pacientes, pois pode resultar no mesmo efeito em menor tempo. Ao mesmo tempo, as tarefas de RV apresentam uma motivação extra para o paciente. A telereabilitação permite ao paciente manter contato com os profissionais de saúde, médicos, terapeutas em domicilio, além de possibilitar a continuação da reabilitação em longo prazo, com maior eficiência funcional(3). A atividade humana requer um reconhecimento objetivo e técnica confiável que pode ser usado sob as condições da vida diária e uma continua monitoração das atividades de reabilitação são importantes para entender a efetividade e evolução do tratamento(4). Com o surgimento de sensores biomédicos adequados e com o desenvolvimento de protocolos de rede, surgiu uma nova geração de redes de sensores sem fio (wireless), chamados de redes de área do corpo (WBANs). Essas redes podem ser utilizadas para monitoração contínua de parâmetros vitais, do movimento, e do ambiente que os rodeia. Os dados recolhidos por essas redes contribuem para melhorar os usuários e sua qualidade de vida, e permite criar bases de conhecimento útil(13). O presente estudo tem como objetivo identificar os benefícios do uso de variados tipos de sensores de movimentos ou orientação descritos na bibliografia sobre o assunto. Método Para realização do estudo, foi feita uma revisão sistemática da literatura no período compreendido de 2001 a 2014, uma busca por meio de consulta nas bases de dados eletrônicos Scielo, MedLine, Lilacs e Pubmed. Como critério de inclusão foram considerados artigos publicados entre os anos de 2001 e 2014, acessíveis e disponíveis em formato PDF e publicados na língua portuguesa ou inglesa. A busca foi realizada através dos descritores Rehabilitation, Physical and Rehabilitation Medicine, Rehabilitation Services, Physical Therapy Specialty, Monitoring, Ambulatory, Movement, Acceleration e Telerehabilitation. Dos 18 artigos selecionados, 15 artigos em inglês e 3 artigos em português, os artigos selecionados foram traduzidos para o português, para melhor compreensão e incorporação ao texto do presente trabalho. 6 Resultados Os artigos estudados tratam de três temas principais: - Tipos de doenças ou problemas que levaram o paciente ao tratamento - Os objetivos do tratamento ou o que se pretende medir - Tipos de tecnologia dos sensores e sistemas utilizados nas medições Assim, de acordo com esses temas, os resultados encontrados são apresentados a seguir. Tipos de doença ou problema São diversas as causas de necessidade de fisioterapia ou acompanhamento corporal listadas nos artigos, incluindo: acidente vascular cerebral(3-4,17-18), fisioterapia geral(7,16) atividades físicas da vida diária curtas(9,12), perda de mobilidade em idosos (5,14) ,monitoração de dados do corpo(9,11), fisioterapia em casa(16), goniômetros de joelhos(15), cirurgia artroplastia total de joelho(2) fisioterapia de partes inferiores(6), esclerose múltipla(8) e medidas físicas de pacientes vestidos(10). O Objetivo do tratamento ou o que se pretende medir Dentro dos artigos selecionados e de acordo com o propósito de tratamento que se quer alcançar, os artigos relatam o uso das seguintes medidas: medição da amplitude de movimentos e ângulos (6-7-8-9,15), reconhecimento de padrões e atividades diárias(10-11-12-13-14,16,19) avaliação da satisfação do uso em casa(2-3), monitoração continua das atividades(4) e acompanhamento da qualidade da marcha, movimentos e medidas corporais(5,10). Tipos de tecnologia de sensores e sistemas nas medições. Para alcançar as medidas necessárias, são utilizadas tecnologias como: acelerômetros e giroscópios(4-5-6,9,12-13-14-15), sensores de videogames como Wii da Nintendo e Kinect do Xbox da Microsoft(7,8,10), equipamentos de videoconferência(2), redes corporais body area network(BAN) e e-tecidos(11,19). Em geral, técnicas baseadas na visão computacional para o acompanhamento e reconhecimento em atividade muitas vezes funcionam bem em um laboratório ou ambiente bem controlado. No entanto, eles falham em alcançar o mesmo nível de precisão e definição sob um caso real, devido à confusão, iluminação variável, e atividades altamente variadas que se realizam em ambientes naturais. Captura de movimento com acelerômetros fixo no corpo oferece uma alternativa adequada para a avaliação de atividades físicas diárias(11). Acelerômetros fornecem medidas quantitativas da marcha, sendo capazes de identificar determinadas alterações na marcha em adultos mais velhos e em queda inexplicada e podendo ser utilizado em ambulatório para quantificar objetivamente níveis de atividade. Os acelerômetros têm muitos usos potenciais na monitorização de pacientes em reabilitação. A vantagem de utilizar giroscópios, no entanto, é que a velocidade angular e orientação são conseguidas de forma rápida(12). Estudos pilotos demonstram a viabilidade técnica e a utilização de um único sistema (giroscópio) vestível como um instrumento de vigilância residencial 7 de monitoramento de movimentos humanos(13). Outro estudo investigou o efeito da combinação de vários acelerômetros de diversos locais. Ao fazê-lo, foi demonstrado que detecção de atividade razoável pode ser alcançada usando apenas dois acelerómetros e que o aumento do número de sensores não teve impacto significativo sobre a precisão do classificador. Está alinhado com trabalhos anteriores, que têm mostrado que um acelerômetro colocado na parte superior e um na parte inferior do corpo são possíveis detectar uma gama de atividades da vida diária (9). Com base na precisão de acelerômetros e giroscópios fornecem uma avaliação precisa do ângulo através da articulação do joelho durante o sentar em repouso e movimento de manobras. A taxa de dados dos giroscópios pode fornecer uma estimativa mais exata e precisa de ângulo do joelho e da velocidade angular do que pode ser determinada a partir de acelerômetros(14). O uso do acelerômetro é claramente um sensor ideal para medir progresso do movimento do braço inferior em termos de aceleração do movimento e inclinação em relação ao solo(4). O uso de telereabilitação em pacientes pós-operados de artroplastia total do joelho, mostra que o grau de satisfação foi tão alto quanto a de um dos pacientes que receberam tratamento de fisioterapia convencional. A satisfação dos fisioterapeutas também foi alta. A telereabilitação em casa parece ser uma alternativa promissora aos tradicionais tratamentos face a face (2). Os resultados obtidos através do processo de validação de mensuração dos ângulos e a avaliação de usabilidade realizada pelo fisioterapeuta demostram o potencial do sistema como aplicação pratica(6). O uso de robôs em telemedicina, em resumo, considerando que a telereabilitação em casa tem um brilhante futuro, ainda é vago. Ela será parte dos cuidados contínuos, proporcionando alta qualidade terapêutica e cuidados à beira do leito, na reabilitação hospitalar ou centros de prestação de cuidados especializados, de ambulatórios ou manutenção da saúde e para a casa(9). O reconhecimento automático das atividades humanas é uma das mais importantes e desafiadoras áreas de investigação em computação(11). Os recursos para detecção de movimentos são calculados por um longo período de tempo, perdendo eficácia para detectar movimentos de curta duração. As técnicas de classificação de movimentos têm se baseado em métodos heurísticos, arvores de decisão, redes Bayesianas, support vector machines, redes neurais, cadeias Markov e modelo mistura Gaussiana (GMM). Sendo esta última técnica que teve mais sucesso 78% de acurácia, empregando um único acelerômetro, porem com um método muito complexo de treinamento para cada atividade(14). Estes utilizados como instrumentos de realimentação (feedback) aos profissionais de fisioterapia, sendo indispensáveis na coleta de informações e mapeamentos de movimentos nos mais diversos tipos de tratamentos remotos (telereabilitação) aplicados a pacientes em recuperação. Indiretamente reduzindo custos, melhorando o tempo de recuperação, melhorando a regularidade do tratamento e levando o paciente a ser tratado próximo a sua família. 8 O quadro abaixo apresenta uma síntese dos artigos. Quadro 1 – Distribuição de artigos localizados nas bases de dados LILACS (2001-2014), Scielo (2001-2014), MEDLINE (2001-2014) e PubMed (2001-2014). Numerados de acordo com a ordem da bibliografia. Título do Artigo Autores Ano Objeto de Estudo 2. Patients' satisfaction of healthcare services and perception with in-home telerehabilitation and physiotherapists' satisfaction toward technology for postknee arthroplasty: an embedded study in a randomized trial. (2) 3. Telerehabilitation: remote multimediasupported assistance and mobile monitoring of balance training outcomes can facilitate the clinical staff's effort. (3) Tousignant, M.; Boissy, P.; Moffet, Hé.; Corriveau, Hé.; Cabana, F.; Marquis, F. & Simard, J. 2011 Utilização de equipamento de videoconferência para pacientes com pós cirurgias de artroplastia total de joelho, com o objetivo de medir sua satisfação de fisioterapia em casa. Krpi A.; Savanović, A. & Cikajlo, I. 2013 Uso de esteira com sensores de movimento e sistema de realidade virtual, em pacientes pós AVC, com o objetivo de medir sua satisfação de fisioterapia em casa. 4. Design and Development of a Multisensor Monitoring Device for Arm Rehabilitation (4) Ambar, R.; Ahmad, M. & Abdul Jamil, M. 5. Accelerometers in rehabilitation medicine for older adults. (5) Culhane, K. M.; O'Connor, M.; Lyons, D. & Lyons, G. M. 6. Sistema de Monitoramento de Amplitude de Movimento Baseado em Redes de Sensores sem Fio Aplicado à Fisioterapia. (6) 7. eFisioTrack: A Telerehabilitation Environment Based on Motion Recognition Using Accelerometry. (7) 8. A Telerehabilitation Program Improves Postural Control in Multiple Sclerosis Patients: A Spanish Preliminary Study (8) Renan C. A. Alves; Fabíola C. L. dos Santos; Bruno T. de Oliveira & Cíntia B. Margi 9. Optimal placement of accelerometers for the detection of everyday activities. (9) 10. Measuring Accurate Body Parameters of Dressed Humans with Large-Scale Motion Using a Kinect Sensor. (10) 11. Unobstructive Body Area Networks (BAN) for efficient movement monitoring. (11) 12. A triaxial accelerometer-based physical-activity recognition via augmented-signal features and a hierarchical recognizer. (12) 13. Measuring orientation of human body segments using miniature gyroscopes and accelerometers. (13) 14. A pilot study of long-term monitoring of human movements in the home using accelerometry. (14) 15. Detecting absolute human knee angle and angular velocity using accelerometers and rate gyroscopes. (15) 16. Telerehabilitation robotics: Bright lights, big future ? (16) 17. O papel da fisioterapia no acidente vascular cerebral. (17) 18. Modelos de Reabilitação Fisioterápica em Pacientes. Adultos com Sequelas de AVC Isquêmico. (18) 19. Electronic textiles for in situ biomechanical measurements. (19) 2011 Uso de sistema Arduino com acelerômetros e giroscópios, em pacientes pós AVC, com o objetivo de monitoração continua das atividades. 2005 Utilização de sensores acelerômetros e giroscópios em idosos com perda de mobilidade, para avaliar qualidade da marcha. Uso de sensores acelerômetros e giroscópios, em pacientes de tratamento fisioterápico de partes inferiores de forma a medir amplitude de movimentos. Daniel Ruiz-Fernandez; OscarMarín-Alonso; Antonio Soriano-Paya & Joaquin D. García-Pérez Rosa Ortiz-Gutiérrez ; Roberto Cano-de-la-Cuerda ; Fernando Galán-del-Río ; Isabel María Alguacil-Diego ;Domingo Palacios-Ceña & Juan Carlos Miangolarra-Page; Cleland, I.; Kikhia, B.; Nugent, C.; Boytsov, A.; Hallberg, J.; Synnes, K; McClean, S. & Finlay, D. Huanghao Xu, Yao Yu; Yu Zhou; Yang Li & Sidan Du 2014 Utilização de sensores acelerômetros e giroscópios do Videogame Wii, em pacientes de fisioterapia geral para medir amplitude de movimentos e ângulos. 2013 Utilização de Sensor Kinect Videogame Xbox, em pacientes com Esclerose múltipla, para medir amplitude de movimentos e ângulos. 2013 Uso de sensores acelerômetros e giroscópios, em curtas atividades físicas da vida diária, de forma a medir amplitude de movimentos, ângulos e reconhecer padrões. 2013 Felisberto, F.; Costa, N.; FdezRiverola, F. & Pereira, A. 2012 Khan, A. M.; Lee, Y.-K.; Lee, S. Y. & Kim, T.-S. 2010 Utilização de sensor Kinect do videogame Xbox, em pacientes vestidos, para realizar captura de medidas corporais. Uso de sensores Body Area Network (BAN) em monitoração de dados do corpo para capturar movimento corporal. Uso de sensor acelerômetro e sistema de ordenamento hierárquico, em curtas atividades físicas da vida diária para reconhecer 15 atividades definidas. Luinge, H. J. & Veltink, P. H. 2005 Mathie, M. J.; Coster, A. C. F.; Lovell, N. H.; Celler, B. G.; Lord, S. R. & Tiedemann, A Williamson, R. & Andrews, B. J. 2004 Craig R. Carignan & Hermano I. Krebs Luiz Carlos Boaventura 2006 de Paula Piassaroli, Cláudia Araújo & de Almeida, Giovana Campos and Luvizotto, José Carlos and Suzan, Ana Beatriz Biagioli Manoel Martin, Tom and Lockhart, Thurmon and Jones, Mark and Edmison, Josh 2011 2001 2004 Uso de sensores acelerômetros e giroscópios e filtros Kalman, em curtas atividades físicas da vida diária para reconhecer atividades cotidianas. Utilização de sensores acelerômetros e giroscópios em pacientes idosos para reconhecer atividades cotidianas em longo prazo. Utilização de sensores acelerômetros e giroscópios para medir ângulos de joelhos, simulando um goniômetro eletrônico. Uso de robôs de telereabilitação, simulando atividades cotidianas em pacientes realizando fisioterapia em casa. Utilização de tratamento convencional em pacientes pós AVC para recuperação de movimentos. Utilização de tratamento convencional em pacientes pós AVC Isquêmico para recuperação de movimentos. Uso de e-tecidos com sensores de movimento para monitoração de dados do corpo de forma a reconhecer padrões de movimentos e mapear situações de perigo, como tiros. 9 Discussão O emprego das diversas tecnologias apresentadas mostra que existem várias formas de detecção dos movimentos. A telereabilitação pode fazer uso de diversos dispositivos eletrônicos, que desempenham a função de auxiliar o trabalho de forma remota(9). Sensores complexos, tais como câmeras de visão computacional, têm sido usados para reconhecer atividades cotidianas, porém funcionam bem apenas em ambientes de laboratórios e pouco práticas para as técnicas de monitorização ambulatorial(3). O uso de telereabilitação em pacientes pós-operados de artroplastia total do joelho mostra que o grau de satisfação foi tão alto quanto a dos pacientes que receberam tratamento de fisioterapia convencional. A satisfação dos fisioterapeutas também foi alta. A telereabilitação em casa parece ser uma alternativa promissora aos tradicionais tratamentos face a face(2). Os resultados obtidos através do processo de validação de mensuração dos ângulos e a avaliação de usabilidade realizada pelo fisioterapeuta demostram o potencial do sistema como aplicação pratica (6). Dois acelerômetros, um sobre o tronco e outro na perna, são suficientes para distinguir entre sentado, em pé, deitado e em circulação. Estudos sobre precisão do acompanhamento durante atividade medidas pelos acelerômetros em adultos mais velhos em reabilitação mostraram uma média de 95% de precisão na detecção(5). Captura de movimento com acelerômetros fixo no corpo oferece uma alternativa adequada para a avaliação de atividades físicas diárias(11). Conclusões No âmbito da saúde, existem várias situações que podem incapacitar os indivíduos de forma permanente ou reduzir a sua qualidade de vida, causadas por fatores agudos como acidentes de trânsito, acidente vascular cerebral (AVC), esclerose múltipla ou fatores crônicos, como envelhecimento da população, obesidade, diabetes, etc. Em todos estes casos, é possível a utilização de recursos da fisioterapia remota, que demonstra ter um grande potencial de desenvolvimento a médio e longo prazo. Além destas, destaca-se também a utilização de vários sistemas informatizados para monitoração de qualidade de vida, do aumento de mobilidade e da prevenção ou redução de quedas de pacientes idosos. A área de fisioterapia, fazendo uso da telereabilitação, ainda carece de desenvolvimento de ferramentas que possam auxiliar seus profissionais a seguirem a tendência de desospitalização no tratamento, a responderem à pressão por redução de custos de tratamento e a demanda pela redução de tempo de tratamento, mantendo a qualidade e garantindo a continuidade do tratamento. Nos projetos acompanhados por questionários para medir a qualidade e satisfação no uso dos diversos sistemas com sensores, questionários esses aplicados tanto a profissionais de fisioterapia como a pacientes, os resultados foram bons, comparáveis aos obtidos com o atendimento hospitalar. O uso de robôs e roupas inteligentes ainda são iniciativas embrionárias e com alto custo, contrapondo-se à tendência de redução de custo de atendimento pelos planos de saúde. O uso dos diversos sensores de baixo custo, como giroscópios, acelerômetros, sensores de videogames como “Wii” e “Kinect”, potencializam e dão instrumental necessário para que a telereabilitação se torne uma realidade cada vez mais presente no tratamento dos pacientes. Os sensores demonstraram fornecer medidas confiáveis, práticas, de baixo custo e facilmente incorporáveis aos sistemas 10 e tratamentos dos pacientes, oferecendo a possibilidade de medição de qualidade dos movimentos em diversas situações. Seu uso torna possível acompanhar de forma remota as várias atividades desenvolvidas pelos pacientes e garantir a continuidade dos tratamentos com qualidade. Agradecimentos Quero agradecer a oportunidade de fazer uma nova pós-graduação em uma área de grande efervescência de ideias, grande troca de experiências entre os alunos, com vários profissionais de gabarito suportando o curso e uma excelente orientação de trabalho final pelo Prof. Douglas Schneider. Também quero agradecer a minha esposa Aline e minha e filha Lavínea pela compreensão e carinho nas horas que dediquei ao curso e momentaneamente fiquei ausente. Referências Bibliográficas 1. Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família. In Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família.: Organização Pan-Americana da Saúde; 2012. 2. Tousignant M, Boissy P, Moffet H, Corriveau H, Cabana F, Marquis F, et al. Patients' satisfaction of healthcare services and perception with in-home telerehabilitation and physiotherapists' satisfaction toward technology for post-knee arthroplasty: an embedded study in a randomized trial. Telemed J E Health. 2011 Jun; 17(5): p. 376-382. 3. Krpi\vc A, Savanovi? A, Cikajlo I. 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