SERVIÇO
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Meio ambiente
Meio ambiente
Pacto mundial contra
o aquecimento da Terra
C
LÚCIA BRANDÃO
Protocolo de
Kyoto é
instrumento
importante para
limitar a emissão
de gases que
provocam o
efeito estufa
om a entrada em vigor, em 16 de
fevereiro último, do Protocolo de
Kyoto, tratado internacional destinado a
frear o aquecimento global limitando a
emissão de gases do efeito estufa, foi
dado o primeiro passo na luta contra as
mudanças de clima na Terra. Para vigorar, o protocolo precisava reunir assinaturas dos países responsáveis por 55%
das emissões mundiais de gases do efeito
estufa, dentre eles o dióxido de carbono
(CO2, ou gás carbônico), principal causador do aquecimento global. Essa meta
só foi possível com a adesão da Rússia ao
acordo, em setembro de 2004.
O tratado foi aprovado em 1997, em
reunião realizada em Kyoto, no Japão,
assinado por 84 países e estabeleceu
condições para a implementação da
Convenção de Mudança Climática das
Nações Unidas, aprovada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada
no Rio de Janeiro em junho de 1992
(ECO 92). O Protocolo de Kyoto esta-
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Revista do Idec | Março 2005
beleceu como meta que os países industrializados reduzam, até 2012, as emissões de seis gases do efeito estufa em
5,2% sobre os níveis existentes em 1990.
Pelo protocolo, 36 países devem cumprir
as metas estipuladas. Os Estados Unidos
continuam se recusando a ratificar o pacto, apesar de emitirem 25% dos gases do
efeito estufa do mundo.
Os países em desenvolvimento, como
o Brasil, não estão obrigados a reduzir a
emissão dos gases, já que não podem ter
suas emissões comparadas de forma
eqüitativa às dos países desenvolvidos.
Mas têm vários compromissos assumidos na Convenção das Nações sobre
Mudança de Clima, como elaborar o
inventário das emissões, planejar a sua
diminuição, proteger seus estoques de
carbono e cooperar no desenvolvimento
científico e tecnológico, tendo em vista a
adoção de tecnologias não poluentes.
Uma política de redução do desmatamento no Brasil deve ser intensificada, já
que essa atividade é a maior responsável
pela poluição do ar no país. Cálculos do
governo brasileiro dão conta de que
mais de 77% do gás carbônico lançado
na atmosfera têm origem nas queimadas.
Para isso, não se pode ignorar a relação
entre a expansão da fronteira agrícola –
seja pecuária ou soja – e desmatamento.
Apesar de o Brasil ter a vantagem de ser
um dos maiores produtores mundiais de
cana-de-açúcar, matéria-prima do álcool,
é preciso que os impactos ambientais do
plantio em forma de monocultura sejam
minimizados, assim como as condições
de trabalho e a remuneração dos trabalhadores, os chamados bóias-frias, sejam
melhoradas para que uma “solução” não
se torne outro problema.
Mercado de carbono no Brasil
C
om a entrada em vigor do protocolo
de Kyoto, também entra em ação o
mercado mundial de carbono através do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL), sistema que abre oportunidades
de investimentos no Brasil e em outros
países em desenvolvimento. Pelo MDL,
as nações ricas, incapazes de diminuir os
níveis dos gases do efeito estufa, investem em projetos de redução desses gases
em países pobres, obtendo, assim, créditos em carbono.
Diversos projetos no Brasil podem
receber recursos por meio do MDL,
entre eles aqueles que transformam em
energia o gás produzido pela decomposição do lixo nos aterros sanitários.
Apesar das alegadas vantagens tanto
para os países ricos como para as nações
pobres, o MDL não está isento de críticas. Para Ben Pearson, da ONG CDM
Watch (algo como “Observatório de
Mecanismos Limpos de Desenvolvimento”), com sede na Indonésia, um
mecanismo destinado a promover o desenvolvimento sustentável e proteger o
clima mundial deveria reduzir o número
de projetos de carvão e petróleo. O MDL
não substitui a necessidade urgente de
construção de alternativas para os atuais
padrões insustentáveis de produção e
consumo.
COMO O CONSUMIDOR
PODE AJUDAR
Trata-se de um bom momento para
refletir sobre como nossos hábitos de
consumo contribuem para a emissão de
gases do efeito estufa. Reduzir o consumo de produtos supérfluos e separar
os materiais recicláveis a serem encaminhados para cooperativas de catadores
ou sistema de coleta seletiva, são medidas simples que estão ao alcance de
todos nós. Elas acarretam a diminuição
do volume de lixo e, conseqüentemente,
a redução da emissão de gás metano nos
aterros sanitários e lixões.
Outra medida seria a mobilização dos
consumidores para que o poder público adote políticas que criem alternativas de produção de padrões sustentáveis de produção e consumo, como os
sistemas de coleta seletiva de lixo e o
desenvolvimento de sistemas eficientes
de transporte público para, assim,
deixarmos de emitir CO2 toda vez que
■
usamos os carros.
Serviço
Para colaborar com o projeto, acesse o site
http://www.climateprediction.net/
(conteúdo em Inglês).
O dia depois de amanhã
Segundo uma das projeções mais
abrangentes já realizadas sobre
clima, as temperaturas da Terra
podem subir até 11°C no prazo de
cem anos. O estudo, chamado de
“Climaprediction.net” (que pode ser
traduzido como “Previsões sobre o
Clima”), foi elaborado pela Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, e demonstra que não existe
nível seguro de emissões de gás carbônico (CO2).
O projeto, ainda em andamento,
produz um retrato do aquecimento
do planeta e considera diversas situações e resultados. O menor aumento de temperatura previsto é de 2°C,
podendo chegar a 11°C, mas, de
acordo com os cientistas, a variação
real depende da velocidade com que
a quantidade de CO2 se duplicará.
A principal diferença desse estudo
é que, em vez de supercomputadores, são utilizados computadores
pessoais de internautas de todo o
mundo. Os usuários só precisam
baixar um software (disponível no
site), que funciona quando o computador está livre.
Cada computador gera uma simulação ligeiramente diferente da outra,
em que o clima mundial é examinado
quando os níveis de gás carbônico na
atmosfera são duas vezes maiores
que os níveis pré-industriais. A variação programada é a da natureza do
processo físico, como o das correntes de ar dentro de nuvens tropicais,
responsáveis pelo transporte de calor
no planeta. Assim, nenhuma simulação produz resultado exatamente
igual ao de outra.
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