Consciência Transoperatória. A Monitorização: realmente ajuda a prevenir? Modifica Resultados? Dra. Patrícia Wajnberg Gamermann TSA/SBA Corresponsável do CET Hospital de Clínicas de Porto Alegre Área de Atuação em Dor – SBA Abril 2012 In God We Trust, All Others Bring Evidence !!! Definição do problema Consciência Transoperatória em 0,1-0,2% das anestesias. Índices maiores (1%) em cirurgias de cesariana, cardíaca e trauma. Experiência traumatizante percepção da paralisia, conversas e manipulação cirúrgica. Associa-se com sensação de impotência, medo e dor. Medidas de TA e FC embora frequentemente utilizados não são confiáveis Curr Opin Anesth 2011 24:177 11.785 pacientes submetidos a anestesia geral em 2 hospitais Suecos – 3 entrevistas Coleta entre 1997-1998 submetidos a procedimentos com ML ou IOT Memória trans-operatória em 18 (0,15%) pacientes Maior em casos onde BNM foram usados (0,18 X 0,10%) Necessidade de monitorização da consciência no transoperatório. Estudo prospectivo de coorte em 7 centros americanos 19.575 pacientes 2001-2002 incidência de 0,13% casos (25) Incidência 0,36 possíveis casos + casos (46 + 25)) 2 milhões de procedimentos com anestesia geral ocorrem nos EUA 26.000 casos de memória trans-operatória por ano. 1-2 casos/1000 pacientes Risco: ASA III e IV em grande porte Embora incidência baixa - grande impacto psicológico. Coorte prospectiva 4.945 pacientes em 2 hospitais suécos monitorizados com BIS Controle histórico 7.826 pacientes Protocolo BIS 40-60 Maiores de 16 anos sob anestesia geral ou com o uso de BNM Incid6encia BIS 0,4% Incidência Controle Retrospectivo 0,18% Redução de 77% Grupo controle concomitante 41.000 pacientes para redução 50% se incidência 0.1% Será que não refletiu a melhoria na prática anestésicas em 4 anos? Será que não refletiu mudança no comportamento dos anestesistas ao saber que o BIS estava sendo estudado? Efeito Hawthorne? Estudo multicêntrico Verificar se o BIS reduz a incidência de lembrança transoperatória durante AG com o uso de BNM em pacientes de alto risco para o evento. Inclusão:16 anos com pelo menos 1 fator de risco para memória. Alto Risco: Incidência 1% Baixo Risco: Incidência 0,1% Cálculo de 2500 pacientes Lembrança: BIS 2 casos (0,17%) X Controle 11 casos (0,91%) OR 0.18 95% IC 0.02-0.4 redução de incidência 82% Redução absoluta de risco 74% (p 0.022) Confirmou a incidência de 1% de memória em pacientes em alto risco. Lembrança + Lembrança Possível: BIS 22 (1,8%) X Controle 27 (2,2%) p 0,49 NNT 138 ( 95% IC 77-641) Custo eletrôdo $15-28 Para paciente de alto risco custaria $ 2200 para 1 prevenção Orientava a utilização na monitorização convencional – ECG, TA, FC, medida expiratória do analisador de gases e capnografia durante a cirurgia. A monitorização da função cerebral (profundidade anestésica) não foi recomendada Indicação caso a caso. BISPECTRAL INDEX FOR IMPROVING ANAESTHETIC DELIVERY AND POSTOPERATIVE RECOVERY O BIS reduz lembrança trans-operatória, consumo anestésico, recuperação e custos? 31 ensaios incluídos Pesquisa original 2007 Atualização até 2009 Redução eventos em estudos BIS X Sinais vitais (2493 pacientes) OR 0,24 95% IC 0.08-0.69) Sem diferença em estudos BIS X Análise de Gases Expirados (1981 pacientes) OR 1,01 95% IC 0,14-7,16 BISPECTRAL INDEX FOR IMPROVING ANAESTHETIC DELIVERY AND POSTOPERATIVE RECOVERY BIS é útil para guiar o manejo anestésico em pacientes de alto risco de memória trans-operatória quando comparado ao manejo convencional. Esses resultados não foram demonstrados quando comparado ao uso de concentração de gás anestésico expirado. Implicações: Necessidade de novos estudos que comparem o uso de BIS X concentração de gás expirado quanto ao risco de memória. ECR , único centro, pacientes sob alto risco de memória Desfecho primário: Taxa de memória Protocolo BIS X Análise de Gás Expirado 2000 pacientes sob AG balanceada , 2005-2006 Incidência prévia de 1% (estudos anteriores) – cada grupo 940 pacientes para poder de 80% Incidência de Consciência menor do que a prevista (0,2% em ambos os braços) X 1% (esperada) 1941 completaram o estudo 1754 completaram os 3 questionários Mais pacientes com doença neurológica no grupo gás. 2 casos em cada grupo: Redução de risco 0 % IC -0,56 0.57 Casos + casos possíveis: 0,62% BIS e 0,36 Gás Expirado p0,31( IC -0,36 a 1,07) Não mostrou redução de consciência com BIS! Justificativa: Necessidade de estudo multicêntrico e com maior poder Hipótese nula: Protocolo BIS não é superior ao protocolo Gás Expirado na prevenção de memória. Hipótese Alternativa: Protocolo BIS é superior ao protocolo Gás Expirado na prevenção de memória. Estimado necessidade de 6000 pacientes para Poder de 87% para reduzir a incidência de memória em 0,4%. Inclusão: Maiores de 18 anos Cirurgias eletivas Pelo menos 1 fator de risco da tabela 1 Exclusão Demência Alteração neurológica 5809 paciente incluídos 98% (5713) completaram pelo menos 1 entrevista 93% (5413) completaram 2 entrevistas 9 casos de memória (0,16%) 27 casos de memória + possível memória (0,47%) Menos casos no grupo Gás expirado 11 destes nunca apresentaram BIS >60 ou CAM <0,7 Não demonstrou melhora do protocolo BIS X protocolo GÁS para prevenção da memória em alto risco Ambos os protocolos eficazes - redução incidência Alarme de CAM menor que 0,7% - alarme eficaz Contexto de anestesia geral com uso de inalatórios Protocolo BIS + GÁS juntos = melhor Sem monitorização alguma? Conclusões: Nenhuma das técnicas atuais elimina completamente a lembrança trans-operatória. Tanto o uso de BIS como a monitorização do gás expirado podem reduzir a memória trans-operatória em pacientes de alto risco. O Bis não se mostrou superior a monitorização do gás expirado. As anestesias com uso de BNM provavelmente são as que mais se beneficiam da monitorização. No contexto da anestesia venosa total o uso de BIS parece reduzir a incidência de memória. Entretanto ainda não existe consenso sobre o benefício do uso da monitorização da profundidade anestésica- BIS para a prevenção da memória trans-operatória. Obrigada [email protected]