1 DO GRUPO ESCOLAR DE FAXINA AO GRUPO ESCOLAR CORONEL ACCACIO PIEDADE – 1900 A 1938 Léia de Cássia Langnor e Sousa Universidade de Sorocaba INTRODUÇÃO O presente trabalho demonstra os primeiros apontamentos da elaboração de uma dissertação de mestrado em educação do Programa de Pós-graduação da Universidade de Sorocaba do Estado de São Paulo. A pesquisa tem por objetivo levantar a história do Grupo Escolar Coronel Accácio Piedade, no período de 1900 a 1938, seu papel na formação cultural e educacional da cidade de Itapeva, Estado de São Paulo, e as questões políticas e socioeconômicas envolvidas no âmbito regional. Buscar conhecer a história da educação de um local faz-nos compreender a cultura escolar de um povo no seu tempo presente, suas tradições, manifestações, representações, e pode contribuir nas intervenções que se fazem necessária ao desenvolvimento socioeconômico, cultural e político dessa comunidade. Conhecer a história da educação de uma localidade e de uma particular instituição deve-se buscar, primeiramente, a compreensão geral da história da educação em um contexto mais amplo. Como diz o historiador luso, Magalhães (2004), é necessário compreender que uma instituição escolar faz parte de um todo: A história do sistema educativo não é um somatório de instituições escolares justapostas nem por outro lado, a história de uma dessas instituições se torna possível fora de um todo coerente. É nos domínios da representação e da apropriação que esta autonomização se revela mais conseqüente, porque mais relacional e menos autocentrada. Constituindo um todo em si mesma, cada instituição escolar ou educativa integra esse todo mais amplo que é o sistema educativo. (MAGALHÃES, 2004, P. 114) Segundo Neves, “o historiador dispende enorme esforço para “calcular” a força especificadora das condições históricas sem, no entanto, cair no particularismo que compromete o entendimento pertinente do objeto focalizado, já que este impede o retorno crítico aos conceitos.” (1992, p.158) O estudo específico de uma instituição nos leva a investigar a resposta a uma pergunta que se faz pertinente: por que fazer a história de instituições escolares ou educativas? Antes, 2 porém, deve-se entender o significado do termo instituição que, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa é: Ato ou efeito de instituir (dar começo à) estabelecimento, criação, instauração... Organismo público ou privado, estabelecido por meio de leis ou estatutos... Estabelecimento destinado ao ensino, à educação; escola, instituto... (HOUAISS, 2001, p.1627). Entende-se que uma instituição é importante pela função a que é criada, designada, de direito e necessária à população de uma sociedade. O seu estabelecedor, quem institui, tem o compromisso de dar formação, continuidade, muitas vezes de manter com o propósito pela qual foi instituído, controlar as respectivas estruturas sociais e políticas das sociedades, dos estados e das pessoas. Magalhães diz que: A afirmação dos Estados Modernos, associada à evolução científica e à revolução tecnológica, vem desafiando os indivíduos, os grupos e as sociedades a novas oportunidades, pela sua integração e participação social, cultural e política, através da escolarização. A escola apresenta-se como lugar e instância legitimada para a instrução e a formação, definindo-se a cultura escolar como representação e base de uma intelecção da realidade e de uma preparação e mobilização nos planos produtivo, cognitivo, cívico e de humanidade (MAGALHÃES, 2004, p. 122). Estudar a história de instituições escolares do Brasil é importante, pois são significativas ao entendimento da história da educação brasileira. Para Sanfelice (2001), “É preciso ter presente que as possíveis Histórias de Instituições Escolares vão estar sempre no âmbito da História da Educação”. Historiar uma instituição escolar específica é compreender ao mesmo tempo o singular e os processos da realidade sociocultural e material. Segundo Sanfelice (2005) “A singularidade das instituições educativas mostra e esconde como ocorreu e/ou ocorre o fenômeno educativo escolar de uma sociedade”. Magalhães ressalta ainda que: Conhecer o processo histórico de uma instituição educativa é analisar a genealogia de sua materialidade, organização, funcionamento, quadros imagético e projetivo, representações, tradição e memórias, práticas, envolvimento, apropriação. A dimensão material alarga-se enquanto a dimensão simbólica reporta à participação e à construção educacional. Trata-se, portanto, de uma construção subjetiva que depende das circunstâncias históricas, das imagens e representações dos sujeitos, e que é afetada por dados de natureza biográfica e grupal. (MAGALHÃES, 2004, p. 58) 3 Então a questão que se coloca é: o que significa historiar o Grupo Escolar Coronel Accácio Piedade para a educação brasileira ou ainda: o que significa o singular no geral? Não se trata do modismo da Nova História ou história cultural – uma das versões da nova história (Neves, 1992) - a valorização individual, a verdade relativizada e a importância da subjetividade. Para nós trata-se de fazer a investigação da instituição escolar o Grupo Escolar Coronel Accácio Piedade, buscando compreender suas correlações com o sistema educacional global. Entender sua realidade, identidade, temporalidade, condição material e sua cientificidade na prática social, sem perder, contudo, sua perspectiva histórica. Segundo Neves: A nossa história da educação tem primado por focalizar a escola seja sob a lente da legislação e organização escolar, seja sob a lente das demandas de escolarização da sociedade brasileira, seja sob a perspectiva do pensamento pedagógico ou do ideário. Muito pouco sabemos, no entanto, sobre as suas práticas: como elas se materializavam? Quais os seus efeitos? Como traduziram o movimento de modernização da sociedade, movimento este que também ajudaram a construir? Estas questões crescem em importância se considerarmos que elas operam um deslocamento de enfoque dos modelos dominantes de escolarização (a Escola Tradicional, a Escola Nova, por exemplo) para múltiplas e diferenciadas práticas de apropriação desses modelos nas quais a ênfase da problematização recai sobre os usos diversos que os agentes escolares fazem da própria instituição escolar, sobre a prática de apropriação de práticas não escolares no espaço escolar e os múltiplos usos não escolares dos saberes pedagógicos. (NEVES, 1992, p. 152) O estudo histórico o qual se pretende aqui é significativo ao entendimento da História global, da História da Educação, da Educação Brasileira, da Regional e da local. O historiador Hobsbawm diz que “a postura que adotamos com respeito ao passado, quais as relações entre passado, presente e futuro não são apenas questões de interesse vital para todos: são indispensáveis”. (1998, p. 36). Então deve-se considerar que a instituição pesquisada está inserida num contexto particular sem , contudo, isolada do geral. Para Sanfelice: Mergulhar no interior de uma Instituição Escolar, com o olhar do historiador, é ir em busca das suas origens, do seu desenvolvimento no tempo, das alterações arquitetônicas pelas quais passou, e que não são gratuitas; é ir em busca da identidade dos sujeitos ( professores, gestores, alunos, técnicos e outros) que a habitaram, das práticas pedagógicas que ali se realizaram, do mobiliário escolar 4 que se transformou e de muitas outras coisas. Mas o essencial é tentar responder à questão de fundo: o que esta instituição singular institui? O que ela institui para si, para seus sujeitos e para a sociedade na qual está inserida? Mais radicalmente ainda: qual é o sentido do foi instituído? (SANFELICE, 2005, P. 24) A presente pesquisa faz seu primeiro percurso metodológico na revisão bibliográfica, primeiramente, para a base teórica apropria-se da concepção filosófica materialista histórica, e das escrituras histórica regional e local. Buscar-se-á tecer seus nexos por meio de fontes documentais – acervo da escola, orais, iconográficas, arquitetônica, articulando o diálogo com os dados obtidos e elaborar conceitos para as categorias de análise. Os estudos de instituições escolares apresentam aspectos significativos para história da educação, pois emerge de sua materialidade, a cultura escolar – normas e práticas, que acabam por apresentar uma gama de categorias gerais e particulares. Para Nosella e Buffa, Essas normas e práticas complexas que variam no espaço e no tempo e que podem até coexistir mantendo suas diferenças, aninham-se na instituição escolar e é possível evidenciá-las a partir dos seguintes tópicos que funcionam como categorias de análise: o contexto histórico e as circunstâncias específicas da criação e da instalação da escola; seu processo evolutivo: origens, apogeu e situação atual; a vida da escola; o edifício escolar: organização do espaço, estilo, acabamento, implantação, reformas e eventuais descaracterizações; os alunos: origem social, destino profissional e suas organizações; os professores e administradores: origem, formação, atuação e organização; os saberes: currículo, disciplinas, livros didáticos, métodos e instrumentos de ensino; as normas disciplinares: regimentos, organização do poder, burocracia, prêmios e castigos; os eventos: festas, exposições, desfiles e outros. (NOSELLA, BUFFA, 2005, p. 04) Para a presente pesquisa, a específica instituição, o Grupo Escolar Coronel Accácio Piedade, far-se-á um levantamento das fontes “(...) são pontos de origem, a base e o ponto de apoio para a produção historiográfica” (SAVIANI, 2006, p. 31) com o recorte de 1900 a 1938 – quando de sua instituição - Grupo Escolar de Faxina, ao Grupo Escolar Coronel Accácio Piedade de Itapeva. Itapeva da Faxina: breve histórico 5 O breve levantamento histórico da cidade tomou como fontes os antigos livros de atas da câmara municipal de Itapeva a partir de 1847, artigos de jornais, os estudos acadêmicos realizados por historiadores, pesquisadores e professores memorialistas autodidatas do local, que fazem parte do patrimônio cultural do Instituto Histórico e Geográfico de Itapeva, recém criado. O município de Itapeva está situado no sudoeste do estado de São Paulo a 55 km da divisa do Paraná. Para chegar ao município, saindo da cidade de São Paulo, é preciso acessar a rodovia Raposo Tavares, SP – 270 até a cidade de Itapetininga para onde se toma à rodovia Antônio Romano Shcincariol, SP – 127 rumo ao último trevo que antecede a cidade de Capão Bonito, seguindo então pela rodovia Francisco Alves Negrão a SP – 258. Itapeva está a aproximadamente 300 km da cidade de São Paulo (ARAUJO, 2006, p. 3). Historicamente a interiorização do branco no Brasil se deu através das trilhas dos índios que aqui habitavam. A ocupação do interior de São Paulo aconteceu através da penetração das Bandeiras, pelos caminhos e rotas demarcadas pelos indígenas. A entrada dos lusitanos no sudoeste paulista se dava por uma antiga rede de caminhos indígenas, chamada de Peabiru, utilizada pelos índios desde os primórdios da ocupação humana da América. O Peabiru era uma trilha, bem demarcada: “Partindo da Capitania de São Vicente, em São Paulo, essa vasta rede de caminhos que possuía uma direção geral Leste-Oeste, atravessava todo o território paranaense indo dar no rio Paraná na altura da foz do rio Piquiri. Saindo do atual território brasileiro, ele cortava o Chaco paraguaio até chegar aos planaltos peruanos e dali ao Oceano Pacífico” (COLODEL, 1988, p. 04). As Bandeiras que usavam essa rede de estradas serviram como fator decisivo para desarticular e romper com a expansão espanhola. Em 1653, por ordem de Tomé de Sousa, a rota foi fechada com a intenção de segurar as invasões espanholas rumo ao Oceano Atlântico. Afastado da economia açucareira do nordeste, além do descaso de Portugal, a população paulista vivia numa economia de pobreza e miséria. Darcy Ribeiro (1995), diz que “durante um século e meio, os paulistas se fizeram cativadores de índios, primeiro, para serem braços e as pernas do trabalho de suas vilas e seus sítios; depois, como mercadoria para venda aos engenhos de açúcar”. Com a descoberta do ouro na região das Minas Gerais, os paulistas impulsionam uma atividade bastante significativa para dar sustentação à importação e exportação de mercadorias: criação e comercialização do gado muar, cavalar e vacum nos campos de Curitiba. “Em 1712, o comércio entre paulistas e curitibanos é intensificado e, nesse contexto, começam a surgir as 6 paragens (locais onde os viajantes/comerciantes paravam para descansar e pernoitar) na região recortada pelo antigo Peabiru”. (CAVANI, 2006, p. 71). Segundo Trindade: A partir de 1725, começam a ser ocupados os campos situados na planície litorânea que faziam limite a oeste com o escudo Rio Grandense, recebendo o nome de Campo de Viamão, devido à visão do estuário do rio Guaíba, que se podia ter de um promontório junto a atual cidade do Viamão. A pedido do governador da Capitania de São Paulo, Francisco Souza Faria parte do Viamão, em 1728, subindo a Serra Geral, chegando aos campos de Vacaria dos pinhais, onde encontra grande quantidade de gado. Seguindo, chega a Curitiba em 1730, fazendo nascer o longo Caminho de São Paulo ao Viamão – simplificadamante, Caminho de Viamão – incorporado ao antigo trecho Sorocaba – Curitiba (TRINDADE, apud STRAFORINI, 2001, p. 28). No Caminho de Viamão, tornaram-se obrigatórias as passagens dos tropeiros, comerciantes de gado, tropas de cavalos e burros. Vindos de Viamão - Rio Grande do Sul, passavam por Lages– Santa Catarina; Curitiba, Ponta Grossa, Jaguariaiva– Paraná; Itararé, Itapeva, chegando a Sorocaba em São Paulo. O Caminho era pouco povoado. D. Maria I, de Portugal, ordena ao Morgado de Mateus, interventor da coroa na província de São Paulo, providências no sentido de serem criadas as freguesias de Itapetininga e de Faxina com o intuito de aumentar as povoações nessas regiões. Ilustração 1 Fonte: Straforini, 2001 Vila de Faxina Faxina nasceu de uma sesmaria em território então pertencente ao município de Sorocaba. A começar do Rio Paranapitanga, até o rio Itararé, divisa com o município da Vila de Curitiba, nas rotas do Sul. Aos dez de junho de 1766 é divulgado em altas vozes pelas ruas da Vila de Sorocaba, acompanhada do rufar de tambores, da notícia de fundação de Faxina. O pregão foi feito pela câmara de Sorocaba, com ata lavrada, assinada pelo colonizador Antonio Furquim Xavier Pedroso e mais três dezenas de povoadores da vila. Um ano depois o governador da província autoriza a construção da igreja. Na mesma ocasião, o Morgado de Mateus, Dom Luís 7 Antônio, a mando do rei Dom José I, ordena a fundação de dezesseis núcleos nas partes desertas da capitania e, que congregassem todos os vadios e dispersos, ou os que vivem em sítios volantes, para morarem em povoações civis, em que se lhes pudessem administrar os sacramentos. E ordena, ainda que se dê o nome de Vila à povoação, se ela já contiver número suficiente de moradores e de casas. (BARBOSA, 1988, p. 17). Em 27 de junho de 1769, o governador da Província de São Paulo, ordena providências para a ereção da Vila de Faxina. Conforme o documento original da correspondência de Dom Luís Antônio: Ilustração 2: Cidades fundadas a partir do pouso de tropas no Estado de São Paulo (Cavani, 2006) Porquanto S. Majestade, que Deus guarde, foi servido ordenar-me nas Instruções de 26 de janeiro de 1765, e em outras ordens que depois fui recebendo, que era muito conveniente ao seu real serviço que nesta capitania se erigissem vilas naquelas partes que fossem mais convenientes, e que a elas se congregassem todos os vadios e dispersos, ou que vivem em sítios volantes, para morarem em povoações civis em que se pudessem administrar os Sacramentos, estivessem prontos para as ocasiões do seu real serviço: Ordeno ao Dr. Ouvidor e corregedor desta comarca que achando que a nova povoação da Faxina que mandei fundar de novo no caminho que vai de Sorocaba para Curitiba se ache já com bastante número de moradores, e suficientes casas armadas para se lhe poder dar o nome de vila, lhe faça levantar pelourinho e assinalar-lhe termo, de que se fará auto assinado pelas câmaras circunvizinhas para que em nenhum tempo possa vir em dúvida, e lhe demarque lugar para edificarem os passos do conselho e cadeia; como também me proporá as pessoas mais capazes para juízes e vereadores, para eu nomear os que hão de servir este primeiro ano na forma das ordens que tenho – o que tudo obrará conforme dispõem as leis que se acham promulgadas a respeito desta matéria. (BARBOSA. V. I, 1988) 8 A vila foi fundada em 20 de setembro de 1769, conforme as atas lavradas de fundação e apregoada em altas vozes pela câmara Municipal de Sorocaba. Assim, Faxina tem sua origem como ponto de parada da rota dos tropeiros. O Caminho das Tropas foi a principal via de ligação comercial de São Paulo com os estados do sul, nos séculos XVII e XVIII. Segundo Straforini: “Toda a comercialização do muar encontrado no Sul (tropas xucras) era destinada para o Brasil Central, ou seja, região de Minas Gerais, Mato Grosso, além de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e outras Capitanias onde era utilizado como meio de Transporte (tropa arriada ou tropa de carga)”. (STRAFORINI, 2001, p. 24) Após dezesseis anos da fundação de Faxina, o presidente da província de São Paulo, ordena e aprova, por meios de ofícios, um novo local para a transferência da vila, do lugar em que estava assentada, atual bairro de Vila Velha, para um sítio denominado Itapeva. No final de 1785 a mudança estava concretizada e chamou-se Vila de Itapeva da Faxina (Ita – pedra; peva – chata – pedra chata em Tupi guarani). Na época de sua passagem por Faxina, no ano de 1820, o naturalista Saint-Hilaire descreveu a vila de Faxina como pobre e decadente: O distrito de Itapeva estende-se desde o rio Paranapitanga até o rio Itararé, onde começa o distrito de Castro. Em 1820 não contava ele mais de 2000 habitantes, e era administrado por juízes ordinários. O número de escravos nele existente era pouco considerável, não só porque os seus habitantes eram muito pobres, mas também porque a criação de gado, de que se ocupam habitualmente, pouco trabalho exige. Itapeva fornece grande quantidade de gado bovino à cidade do Rio de Janeiro; mas parece que a maior parte das fazendas da região, as quais, de resto, são em pequeno número, pertencem a homens ricos, que nas mesmas não residem, e que contrariamente aos fazendeiros de Minas Gerais despendem suas rendas alhures. Resulta disso que a região é, como se viu muito pobre; e, se na mesma circula algum dinheiro, deve-se, principalmente, às caravanas vindas do Sul. Nas terras boas, o milho rende de 150 a 200 por 1; a cana de açúcar não pode ser cultivada, por causa das geadas que caem nos meses de junho e julho, época do inverno no hemisfério austral.” ( SAINT-HILAIRE apud BARBOSA, 1988, p. 07). Os escritos deixados pelo naturalista francês comprovam por um lado a dureza de vida dos paulistas naturais desta região, e a dificuldade de sobrevivência do natural destas terras, o indígena, pois eram aprisionados e trabalhavam como escravos. A pobreza da época pode vir a ser a causa de problemas econômicos e de infra-estrutura que resistem ao tempo. Como diz 9 Basbaum “... Há na realidade, um permanente fluxo entre várias causas simultâneas, entre os efeitos e as causas, entre o passado e o presente” (1967, p. 12). Diferente de outras regiões mais ricas da Província de São Paulo, a região de Itapeva da Faxina contava com tipos humanos, o índio (bugre), o tropeiro que não tinha paragem fixa e alguns africanos escravizados. A Vila de Itapeva da Faxina, nos períodos, colonial e imperial, fazia parte do conjunto de vilas que serviam como entreposto de circulação de mercadorias, e da prática do aluguel de pastagens nas fazendas de invernagens, áreas de descanso e engorda das tropas de muares até atingir o mercado de Sorocaba. Essas características marcaram Itapeva e cidades vizinhas, dando-lhe aspectos econômicos, sociais e culturais no passado e no presente diferentes das regiões exportadoras do estado de São Paulo. (MARQUES, 2001) Em 20 de julho de 1861, pela Lei Provincial nº 13, a Vila de Itapeva da Faxina é elevada à categoria de cidade. Itapeva pertenceu a várias Comarcas: Itu, Itapetininga, Botucatu, voltou, novamente, para Itapetininga e, quando de acordo com a Lei nº 46 de 06 de abril de 1872, passa a constituir a comarca de Faxina. “Em 1874, pelo recenseamento local, Itapeva possuía uma população de 10.094 habitantes” (MARQUES, 2001). Pelo Decreto nº 9775, de 30 de novembro de 1938, a Comarca de Faxina passou a ser a Comarca de Itapeva, nome que perdura até hoje. A História da Educação Escolar em Itapeva: do Grupo Escolar de Faxina ao Grupo Escolar Coronel Accácio Piedade Com o objetivo de encontrar os primeiros vestígios sobre o princípio da história da educação escolar de Itapeva, buscou-se, primeiro, pesquisar os livros de atas de reuniões do acervo da Câmara Municipal, sendo que o mais antigo data de 1847 e foi quase impossível decifrá-los devido à ação do tempo passado. Dentre os documentos pesquisados no Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapeva, revelaram-se alguns de especial interesse, os manuscritos produzidos pelo historiador local, professor Euflávio Barbosa, que historiou e reproduziram parte dos ofícios, comunicados, despachos e atas da Câmara Municipal de 1769 a 1889. O primeiro registro de manifestação a favor da fundação de uma escola de primeiras letras em Faxina aparece em ata de uma reunião da Câmara em 15 de fevereiro de 1829, onde consta uma troca de correspondência entre as lideranças locais e o governo da Província abordando essa necessidade: 10 Ilmo. E Exmo. Sr Em observância do ofício de V.Exa., de cinco de novembro do ano próximo passado, em que exige informação sobre as aulas de gramática latina e escolas de primeiras letras de nosso distrito, e que respondemos a V.Exa. que nesta vila não há aulas de gramática latina nem de primeiras letras. É o que podemos informar a V.Exa. Itapeva, em Câmara de 15 de fevereiro de 1829. (BARBOSA, p.44, v. I 1988) Neste período, no Brasil Imperial, recém conquistada a emancipação política em 1822, com a crise econômica – insuficiência de recursos e a instabilidade política, “consequentemente, os recursos exigidos para a reorganização da estrutura escolar não estarão disponíveis, além do que, diante de tão grave situação, a educação escolarizada não será vista como setor prioritário” (RIBEIRO, 2001, p. 48). A Constituição de 11 de outubro de 1823, art. 179, estabelecia que a instrução primária fosse gratuita para todos os cidadãos. Com a lei de 15 de outubro de 1827, o ensino primário transforma-se em escolas de primeiras letras. Nas províncias, em suas cidades e nas vilas, a vida política e os recursos materiais apresentavam as mesmas dificuldades. Em Itapeva da Faxina, a vila se achava em circunstância miserável: sofria frequentemente, ataque dos índios, pois os faxinenses praticavam em muito a caça aos bugres para escravizá-los; os condutores das tropas, os tropeiros, que de passagem em suas invernadas, assaltavam as fazendas e invadiam com as tropas as áreas de cultivos. Mesmo diante de tais problemas, de real sobrevivência, a instrução, a escola de primeiras letras, parecia estar presente no ideário dos cidadãos que, em alguns momentos voltava às pautas da Câmara, como consta em ofício de 1832: Sendo-nos presente o ofício de V. Exa. Datado de 30 de abril do corrente ano, acompanhado do edital incluso sobre o concurso da escola de primeiras letras desta vila, exigindo-nos o dia que se verificasse a publicação de dito edital, e que participamos a V. Exa. Que foi publicado aos 3 de junho p.p., Deus guarde a V. Exa. Vila de Itapeva, em sessão ordinária de 14 de julho de 1832. Floriano José de Carvalho (BARBOSA, 1988, p. 60) Um outro ofício que aparece na ata de reunião da Câmara é a solicitação de um mestre com urgência. Um dos problemas que a vila apresentava era a dificuldade de se encontrar um 11 professor apto para ministrar as aulas e, se por um golpe da sorte, aparecesse alguém, pronto para tal, tinha que aproveitar a presença e contratá-lo, assim como dizia um ofício, Barbosa (1988, p. 79): A necessidade nos obriga a levar ao conhecimento de V. Exa. Que se acha esta vila sem mestre que se incumba da educação da mocidade, fazendo-se, portanto, necessário um professor de primeiras letras, e como se acha estabelecido nesta Elias de oliveira Lima, sujeito probo capaz de incubir-se desta tarefa, motivo este por que rogamos a V. Exa. Haja de providenciar sobre este objeto, nomeando um examinador nesta vila para examinar o dito, e a vista de seu exame que seja promovido, tudo a bem do interesse público. Deus guarde a V. Exa. Paço do Conselho, em sessão extraordinária de 17 de setembro de 1833. A dificuldade de se encontrar professores preparados era sentida no âmbito nacional, as escolas normais para a formação de pessoal pouco existiam e as criadas eram precárias, com duração de, no máximo, dois anos e em nível secundário. Em ofício de janeiro de 1839, há uma petição do professor de primeiras letras, Manuel Mendes Ferraz, nomeado em despacho de 25 de novembro de 1838, que nos mostra o descaso dos governos central, provincial e a inoperância do governo local em oferecer, tanto quantitativa e qualitativa a instrução escolar ao município, pois o professor faz uma solicitação elementar: uma casa para as aulas, bem como os utensílios necessários. Logo em seguida aparece um outro registro de ata no qual o professor reclama à Câmara Municipal sobre seu reduzido salário como mostra Barbosa: “... que talvez por inadvertência acaba de praticar para comigo o Sr. Presidente da província e é que sem dúvida mal informado das atuais circunstâncias deste município, dando-se na lei Provincial nº 12, passou a diminuir-me o mesquinho ordenado de 360$000 que tinha sido marcado para esta cadeira taxando-o em 240$000, salário este que nem pela mais estreita economia pode ser...” (Idem, 1988, p. 143) Isso comprova o desrespeito à educação escolar, aos professores desmoralizados, desvalorizados tanto monetariamente, como no preparo acadêmico; ao mau preparo dos alunos e aos insignificantes investimentos necessários ao avanço educacional da nação. Com referência à 12 redução do ordenado do professor, e a presença de “barbados” nas aulas, a Câmara Municipal justifica a petição do mestre no seguinte ofício: A Câmara Municipal, recebendo a representação do professor de primeiras letras desta vila, e tomando na devida consideração, resolve levar ao conhecimento de V.Exa., restando da parte desta Câmara a confirmar tudo quanto o mesmo alega, e acrescentando mais: que a falta de professor nesta vila tem dado lugar a se achar moços de barba na aula, e mesmo cinqüenta alunos, com quantos se acha, devendo o mesmo esperar muito mais. Além disto, ser esta vila donde se municiam todos os passageiros, sendo isto apresentado até a vila de Castro, por onde encarecem muito os víveres e o mesmo ser bastante distante do ponto de mar, por isso tudo com preço duplicado, mas como não nos pertence deferir ao representante, levamos ao conhecimento de V.Exa., que mandará o que for servido. Deus guarde a V.Exa. Vila de Itapeva, em sessão extraordinária, 16 de março de 1839. (BARBOSA, 1988, p.143). Neste mesmo ano em agosto, vem a falecer o professor Mendes Ferraz, ficando vaga sua cadeira que possuía, nessa ocasião, 60 alunos. A Câmara encaminha a petição do pretendente, Francisco Borges do Canto, à cadeira vaga, ao Presidente da Província, que é aceito. Outras notícias sobre o ensino de primeiras letras da então vila de Faxina, datam de 1840, onde o professor Borges do Canto declara a necessidade de recursos elementares para os meninos: utensílios de papel, pena, pedra e lápis (Idem, 1988, p. 154). Desta maneira vai se compondo o quadro inicial da instrução pública escolar da vila de Itapeva da Faxina e, aparece como de responsabilidade do poder político a Câmara de vereadores, as comunicações, indicações, as cadeiras vagas a serem ocupadas pelos professores, bem como os pedidos de recursos materiais aos presidentes da Província para o simples funcionamento da escola de primeiras letras. Sabe-se que estas funcionavam em casas particulares. Ribeiro ressalta “que numa organização econômico-político-social como a do Brasil – Império, as medidas especialmente relacionadas à escola acabavam por depender marcadamente da boa vontade das pessoas” (2001, p. 55). Em 1886, em Itapeva, existia uma escola pública primária para o sexo masculino e outra para o sexo feminino. A escola funcionava num casarão de um professor na praça central da cidade. Em agosto de 1889, surge o Colégio Faxinense, onde eram ministrados os ensinos primários, secundário e comercial. Em 28 de novembro o jornal local, O Sul de São Paulo, publica que no dia 24 às 4 horas da tarde, 13 “encorporados, os vereadores e o povo se dirigiram à sala da Câmara Municipal, onde achava-se hasteada a bandeira republicana. Ahi, aberta a sessão e lido o offício circular do governo do Estado em que comunicava a posse e exercício, declararam os vereadores por unanimidade que adheriam franca e lealmente a nova forma de governo do paíz e promettiam à ella prestar completa adhesão...Lavrada e assignada a acta circunstanciada da sessão, a banda musical presente executou a Marcelhesa depois de novos e calorosos vivas.” ( O SUL DE SÃO PAULO, 1889, n.33 Anno I). Em 1897, a Câmara Municipal republicana oferece ao Estado um prédio para o Grupo Escolar. Em 1899, a Câmara faz a aquisição de uma casa particular e o Grupo Escolar e ali funciona até o prédio oficial ficar pronto. Em 14 de janeiro de 1900, o Coronel Fernando Prestes de Albuquerque cria o Grupo Escolar de Faxina e é nomeado o professor Emílio Mário Arantes, exInspetor Geral do Ensino Primário do Estado, para organizar e dirigir o recém criado estabelecimento de ensino, com 156 alunos de ambos os sexos. Para o segundo semestre são matriculados 288 alunos, sendo 144 de cada sexo. Fica pronto o primeiro prédio do Grupo Escolar da Faxina com programação de festejos nos dias 5 e 6 de setembro, publicados no jornal O Sul de São Paulo: “A Faxina é grata ao coronel Fernando Prestes. Foi elle que, elevado pelo voto dos seus co-estadanos, a cadeira presidencial do nosso Estado, referendou o decreto creando o grupo escolar, cujos festejos inauguraes, nos dias 5 e 6 do corrente, tiveram lugar nesta cidade”. (O SUL DE SÃO PAULO, 9 de setembro 1900, n.215 Anno V). Segundo a pesquisa e compilação da escritora, memorialista Itapevense a professora Leonor Ribeiro de Oliveira (1985): Em nove de setembro de 1905, assume a direção do estabelecimento o professor João Portela, que permaneceu na mesma até cinco de março de 1907. Nessa ocasião, o Grupo Escolar de Faxina contava com dez classes. Em onze de maio de 1907, assume a direção o professor Tomé Teixeira e em dezembro, como de costume na época, o professor publica edital nos jornais locais, convidando as autoridades, pais de alunos e pessoas interessadas, para assistirem à realização dos exames finais. As provas dos alunos eram corrigidas imediatamente, em frente de todos, sendo o resultado anunciado aos presentes. Realizava-se, então sessão solene, com discursos, poesias, e entrega de prêmios aos primeiros colocados. Uniam-se assim, o exame e a festa de encerramento, numa só solenidade (OLIVEIRA, 1985, p.25). 14 Passados dez anos da inauguração do primeiro prédio do Grupo Escolar, aparecem nos jornais as primeiras notícias sobre a construção de um novo edifício para o Grupo Escolar de Faxina. A Câmara trata de desapropriar o terreno situado na Rua das Tropas (atual Avenida Accácio Piedade), para ali ser construído o novo prédio do Grupo Escolar. Em janeiro de 1911, foram iniciadas as obras e a Câmara assinava a adoção do terreno para o Estado. A escritura foi assinada pelo Coronel Accácio Piedade, advogado, tabelião, vereador por treze anos e deputado por oito anos. Em 21 de dezembro de 1913, o jornal O Tempo, estampa na primeira página as festas da entrega do novo prédio do Grupo Escolar: “Imponentes festas realizadas no dia 15 do corrente de uma das janellas do elegante edifício usou da palavra o Exmo Sr. Coronel Accácio Piedade, congratulando-se o povo da Faxina... Terminando a sua oração, levantou viva a Faxina, ao governo do Estado e a República... Hastendo o Pavilhão Nacional” ( O TEMPO, 1913, Num 624, Anno XIII). Na ocasião, o número de alunos matriculados atingia a soma de quatrocentos, tornando assim o antigo prédio pequeno. Passados cinco anos de sua inauguração o Grupo Escolar, atendendo a um pedido da Câmara Municipal de Faxina, o Governo do Estado, resolveu dar denominação de “Cel. Acácio Piedade” ao Grupo Escolar de Faxina. Assim, teve início a mais antiga e primeira instituição escolar da cidade de Itapeva. Este artigo representa uma pequena parte do que se pretende investigar, a instituição escolar Coronel Accácio Piedade, pois faz parte do início da história cultural de Itapeva, sem perder de vista os fatos, as suas relações, causas, conseqüências. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao iniciar a presente pesquisa percebe-se que o objeto de estudo, a Escola Coronel Accácio Piedade, mostra-nos uma riqueza de material ainda muito pouco explorada, não pela ausência de fontes e, sim, pelo pouco interesse de se resgatar a sua memória histórica. Percebe-se que a preocupação e a construção da escola obedecem à perspectiva republicana na tentativa de modernizar a sociedade. Apresenta-nos, quando da sua fundação, um importante marco histórico - patrimonial para a população da cidade, pois, a partir da escola instituída, sente-se que a cultura começa a toma corpo. Isso evidencia pelo fato que a cidade surgiu das atividades primárias, como 15 o desbravamento das terras do interior do país, que acaba por caracterizar a cidade e região de pobre e atrasada, diferente das regiões exportadoras do Brasil e da Provícincia de São Paulo. Assim, ao fechar este início da investigação sobre a Escola Coronel Accácio Piedade, percebe-se que a mesma nos apresenta uma gama de especificidades que devem ser estudadas e detalhadas com mais aprofundamento quando na produção da dissertação de conclusão do mestrado em educação. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ARAUJO, S. A. C. Arqueologia de Itapeva, SP: Contribuição à formação de políticas públicas para gestão patrimonial. Dissertação de mestrado. Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, 2006. BARBOSA, Euflavio. Curiosa História de Itapeva no século XIX. 3 v. 1988. Fonte primária manuscrita. Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Itapeva. BASBAUM, Leôncio. História Sincera da República. 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