Brasil, o país do futebol: também fora das quatro linhas? Marcelo Claro, set/2012 A paixão do brasileiro pelo futebol é notória – da classe A à classe E, das crianças e adolescentes até os senhores e senhoras da terceira idade, com participação cada vez maior do público feminino... Ao mesmo tempo tema de conversa de boteco e de restaurantes refinados, o futebol mobiliza o público no Brasil como pouco acontece em outros países. E do ponto de vista de gestão e desenvolvimento, será que também somos o país do futebol? Estive recentemente com um vice-presidente de grande agência de publicidade brasileira. Conversamos sobre o mercado publicitário, o mercado esportivo e oportunidades de negócios. Apesar de admitir que pode haver exceções, este importante publicitário disse algo que me fez refletir mais profundamente sobre a forma como agências e empresas podem estar enxergando a plataforma esportiva: ele confessou que atualmente não possui interesse em fazer negócios com esportes. Sim, isso mesmo: disse que atualmente não tem interesse em fazer negócios com esportes – e mais, disse que não faz recomendações a seus clientes para colocarem verba no futebol. Por que razões? Apontou como principais pontos negativos a falta de organização e de profissionalização das entidades esportivas, novamente tomando o cuidado de destacar que exceções podem existir. Citou casos em que recebeu propostas de patrocínio voltadas para o mesmo clube de futebol, que lhe apresentavam exatamente a mesma cota de patrocínio ou conjunto de propriedades comerciais, mas com valores absolutamente divergentes. Teve o mesmo problema com propostas de naming rights. Citou também que sabe exatamente o que vai ser entregue em uma campanha a ser veiculada por exemplo na TV, mas que não pode dizer o mesmo com relação a uma campanha apoiada na plataforma futebol. Exagero? Ou simples constatação da realidade do atual mercado esportivo brasileiro? Não há dúvida de que devemos louvar os clubes e entidades esportivas brasileiros por terem evoluído bastante suas gestões. No caso dos clubes de futebol, a partir do crescimento de suas receitas, ficou clara a necessidade de estruturação de departamentos profissionais que suportassem o desenvolvimento das atividades esportivas e dos negócios relacionados a elas. Em maior ou menor escala, isso está acontecendo. Mas também não há dúvida de que há muito o que evoluir para que a plataforma esportiva futebol se posicione na mente dos publicitários e empresários como uma plataforma confiável, que defina com clareza o que pode entregar e, mais do que isso, que efetivamente entregue o que foi contratado. O futebol e outras modalidades esportivas, quando bem trabalhadas e alinhadas aos objetivos dos players envolvidos, se transformam em fantásticas ferramentas de Marketing, Comunicação... e Negócios!