LEGADO PATRIMONIAL, CULTURAL E RELIGIOSO DA COMPANHIA DE JESUS À CIDADE DE BRAGANÇA… tária para o serviço apostólico. Por isso mesmo, a enfermaria, com o complemento da botica, com serviço interno e para o exterior, eram rodeadas de todos os cuidados. Em Bragança, deve ter funcionado, provisoriamente, num dos cubículos; contudo, para os meados do século XVII, temos informação de que o médico Domingos Pires ordenou que se construísse, no piso inferior, uma enfermaria, pois os doentes não resistem ao calor dos cubículos superiores. Com esta medida, preservavam-se os doentes dos malefícios do calor, ao mesmo tempo que ficavam mais próximos do refeitório e igreja. A crónica de 1657 volta a informar, de forma insistente, sobre a realidade das doenças que atingiam, mais ou menos, um terço dos membros da Comunidade, que obrigou a destinar um dos cubículos para guardar as alfaias da enfermaria. Curiosa é a observação do médico Domingos Pires quando refere que os sãos passam o dia na ante-sacristia e escada, por serem os lugares mais frescos, concluindo de forma expressiva: se estes nam podem suportar a calma dos cobículos e corredores de sima que fará hum doente, que esta abrazado com febre. Muitas das doenças derivavam da má qualidade dos produtos alimentares, como foi referido. Este aspecto foi, igualmente, remediado dentro do princípio da comunhão fraterna. Dispomos de informação que refere o envio de várias qualidades de peixe, em bom estado, a partir do Colégio de S. Lourenço. O consumo da água mereceu a atenção dos responsáveis, porque poderia estar na origem de algumas doenças. Recomenda-se, vivamente, que de nenhum modo se beba água da fonte da cerca. Ao mesmo tempo que, por diversas vezes, se aconselha o consumo da água proveniente da Fonte dos Alfaiates ou de outra melhor e que se guarde em talhas grandes, com púcaros limpos e lugar decente. 3. LEGADO PATRIMONIAL Também as críticas relativas às deficiências na articulação espacial, que não respeitavam os parâmetros do modo nostro, não permitindo o desenvolvimento normal das actividades de um colégio jesuíta, acabariam por ser resolvidas paulatinamente. Não foi tarefa fácil aos primeiros superiores adaptarem as instalações de um convento de clausura para um colégio de uma ordem apostólica. Por isso, logo em 1591, se pensou na construção de uma nova igreja, porque aquela que tinham recebido como oferta era pequena e pouco cómoda para os “Consueta Ministeria”. A prudência que aconselhava a adaptação em vez de demolição ou a escassez de verba terão ditado conservar a antiga remodelada ao Modo Nostro, na medida do possível. 151