Nº1 Setembro- Outubro 2006 Gráficos For - informação ou ilusão? dedicam directa ou indirectamente à investigação no âmbito da saúde e bem estar. EDITORIAL all Points... Será que uma Imagem vale mais do que mil palavras? O 1º número desta newsletter é dedicado à construção e interpretação de gráficos. No decurso de qualquer projecto, no momento de apresentar resultados, todos procuramos fazê-lo da forma mais exacta possível, mas também da forma mais apelativa. Muitas vezes a decisão põe-se entre apresentar uma tabela repleta de números (que indiscutivelmente terá mais informação, mas para a qual a maioria dos leitores não olhará) ou apresentar um gráfico (com menos informação mas seguramente muito mais “bonito”!). A ForPoint, Instituto de Formação e Inovação na Saúde, é uma associação sem fins lucrativos, que foi criada em Outubro de 2005. A criação desta Associação teve por base a convicção de que é necessário promover a formação no domínio da investigação clínica em Portugal, se queremos continuar a acreditar que é possível os investigadores portugueses competirem ao nível europeu e mundial. Assim, a ForPoint, propõe-se desenvolver cursos de formação em áreas técnicas e científicas especializadas, destinados a todos os que se Mas, a ForPoint estende as suas actividades para além da investigação. Assim, dentro do âmbito do Projecto APRENDER SAÚDE, estão previstas acções de formação, informação e educação no domínio da saúde, que se destinam a professores, crianças e jovens, pais e à comunidade em geral. Além de cursos de formação, a ForPoint tem no seu âmbito de actuação, o desenvolvimento de acções nas escolas e na comunidade e o desenvolvimento de materiais técnicos e didáticos relacionados com a metodologia de investigação e com a promoção da saúde. Como associação, a ForPoint é composta por associados, dos quais poderá fazer parte. A newsletter da ForPoint , intitulada For all , será publicada de 2 em 2 meses, dedicando-se a aspectos técnicos do domínio da investigação ou a aspectos relacionadas com a educação e a saúde. Acho que, se todos acreditarmos que é possível, poderemos desenvolver as bases para uma maior e melhor investigação em Portugal. Ana Macedo Evolução do Número de Nascimentos em Portugal (nados vivos) 240000 200000 160000 Esta newsletter apresenta alguns dos pontos que deveremos ter em atenção quando decidimos apresentar resultados sob a forma de gráficos e também alguns dos erros mais frequentes na realização dos mesmos. 120000 80000 40000 19 50 19 53 19 56 19 59 19 62 19 65 19 68 19 73 19 77 19 80 19 83 19 86 19 89 19 92 19 95 19 98 20 01 0 Em que pensar antes de decidir fazer um gráfico? O gráfico pretende transmitir a informação o mais exactamente possível ou pretende passar uma determinada mensagem? 240000 220000 200000 O gráfico é necessário para a explicação dos resultados ou servirá apenas para quebrar a monotonia do texto e ilustrar o documento? 180000 160000 140000 O gráfico dirige-se a um público especializado ou ao público em geral? 120000 100000 19 50 19 53 19 56 19 59 19 62 19 65 19 68 19 73 19 77 19 80 19 83 19 86 19 89 19 92 19 95 19 98 20 01 Que quantidade de informação se pretende transmitir e qual a relação entre os dados? Quantos gráficos se irão apresentar e qual a relação entre eles? Os três gráficos mostram a mesma informação (nados vivos em Portugal, INE) mas induzem percepções distintas. 240000 220000 Que espaço existe disponível? Que tamanho terá a imagem? 200000 A escala do eixo do y (ordenadas) pode ou não começar no ponto 0. Se se inicia no 0, atenua-se a diferença. Se a opção é começar perto do valor mínimo observado (neste caso 100.000) a diferença “relativa” aumenta. 180000 Depois de decidir..., há que escolher o gráfico 160000 140000 No gráfico vai representar-se: uma ou várias variáveis? uma variável ao longo do tempo ou num determinado momento? uma variável contínua ou frequências? 120000 98 19 88 93 19 83 19 19 72 78 19 65 19 60 19 19 55 19 19 50 100000 A própria dimensão do gráfico modifica a leitura da informação. Se o mesmo gráfico for mais estreito, qualquer declive da curva se acentua. O gráfico é a cores ou a preto e branco? Regras Que tipo de gráfico: linha? barras? histograma? sectograma (pie)? Box-plot? Edifício Miraflores Premium - Al. Fernão Lopes, nº16, 6º - 1495 - 190 Algés Barras ou linha? - Se se trata de uma série temporal, os pontos podem estar unidos representando uma linha. A informação pode ser apresentada como barras ou como histograma. Cor ou preto e branco? - Independentemente de trabalharmos a cores ou a preto e branco, devemos manter a mesma cor ou padrão para uma mesma variável sempre que esta é representada. Uma linha não deve ter várias cores. A cor pode ser utilizada como forma de destacar uma determinada zona de um gráfico. www.forpoint.com.pt e -mail: [email protected] Telf: 214200488 Fax: 214200487 O que diz a escala? O gráfico à esquerda representa a distribuição de médicos e enfermeiros por cada 1.000 habitantes em Portugal. Cuidado! O número de farmácias é por 10.000 habitantes! nº 6,0 5,0 Este gráfico permite comparar entre si médicos, enfermeiros e cada um deles por Região. A imagem relativamente às farmácias é distorcida pela utilização de uma mesma escala (apesar da legenda). 4,0 As cores são escolhidas de modo a que nenhuma cor se sobreponha a outra, não transmitindo uma hierarquia, que neste caso não se aplica. 3,0 2,0 Centrando a análise numa só variável podemos ter um sectograma que compara, por exemplo, o número de farmácias por Região, por 10.000 habitantes. A perspectiva que temos é que o número é semelhante nas várias Regiões, mas os tons do gráfico apelam a uma ordem. Na legenda (devido ao tamanho) torna-se difícil identificar cada tom de cinzento... 1,0 0,0 Norte Centro Médicos por 1.000 hab. Lisboa Farmácias por 10.000 hab. Alentejo Algarve Pessoal de Enfermagem por 1.000 hab. Farmácias por Região, por 10.000 hab. Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Catástrofes estéticas? No gráfico do lado direito, os dados foram conjugados e são apresentados como barras sobrepostas. Este tipo de gráfico pode ser útil se as variáveis que estamos a apresentar puderem ser somadas (por exemplo, a soma do número de indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino de várias regiões, dános a população total) nº por 1.000 Habitantes 14,0 12,0 10,0 Se juntarmos a informação toda perdemos as referência do eixo vertical e temos dificuldade em comparar as barras entre si. Torna-se quase impossível determinar o valor de cada segmento da barra, já que este começa e termina em pontos distintos do eixo das ordenadas (y). 8,0 Se inovamos em cores, texturas, sombras...corremos o risco de efeitos visuais catastróficos! 2,0 6,0 4,0 Pessoal de Enfermagem Médicos 0,0 Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Interpretação difícil! 100% 80% 60% 40% Pessoal de Enfermagem por 1.000 Habitantes 20% A lg a rv e A le n te jo b o a is L C e n tr o N o rt e 0% M édicos por 1.000 Habitantes O gráfico à esquerda apresenta os dados para o total de cada Região. É como se fosse realizado um sectograma por Região. Dá-nos uma falsa imagem de grandeza, já que não traduz o número, mas sim a percentagem dentro da Região. Não permite afirmar que a Região de Lisboa tem menos enfermeiros por habitante que o Alentejo. Mas sim, que o número de médicos e de enfermeiros, por habitante, é sensivelmente o mesmo na Região de Lisboa. Nota: Os dados utilizados nesta newsletter foram extraídos do INE cursos de Formação - Setembro/Outubro For SETEMBRO 26/ 9 - Estatística Descritiva em Investigação Clínica 28 e 29/ 9 - Inferência Estatística em Investigação Clínica Point www.forpoint.com.pt e -mail: [email protected] Telf: 214200488 Fax: 214200487 OUTUBRO 10 e 11/ 10 - Introdução à Clínica para Monitores de Ensaios Clínicos 12 e 13/ 10 - Introdução aos Ensaios Clínicos e à Monitorização 16 e 17/ 10 - Farmacocinética Clínica - Monit. Terapêutica 19 e 20/ 10 - Ensaios Clínicos na Perspectiva do Farmacêutico Hospitalar 24 e 25/ 10 - Interpretação de Resultados de Estudos Clínicos 26 e 27/ 10 - Curso Avançado de Monitorização