Nova Iguaçu, Cidade mãe:
dO nascimento de iguassú à gestação de Iguaçu nova
em Uma abordagem geográfica
Edson Borges Vicente
Resumo
O presente artigo pretende analisar em uma abordagem espaço-territorial, o
município de Nova Iguaçu / RJ enquanto município-mãe de muitos outros da área
denominada Baixada Fluminense uma vez que, através de emancipações de vários
de seus distritos, foram criados outros municípios da referida área. Para tanto,
recorrer-se-á a uma análise histórico-geográfica da formação e evolução territorial
do sítio principal da cidade, que inicia-se às margens do Rio Iguaçu e é transferido
para as margens da Ferrovia D. P II (atual Central do Brasil). Isso acompanhado de
abordagens quanto às estruturas econômicas, produtivas, sociais e físicas e os
regimes jurídicos que suscitaram essas transformações espaciais. Em especial, será
analisado o caso da Emancipação de Queimados e suas relações identitárias e
espaciais com o bairro Cabuçu (que não é desmembrado, separando-se do antigo
distrito de Queimados). As contribuições de Simões (2007) e da produção do
Instituto de Análises Históricas da Baixada Fluminense - IPAHB serão associadas à
pesquisa de Campo e análises de Reportagens e entrevistas com moradores locais.
Pretende-se ainda, esboçar uma análise sobre o fenômeno urbano mais recente
em curso, que demonstra ser fonte de inúmeras transformações em vários âmbitos:
a implantação do Projeto Iguaçu Nova, analogamente intitulado de “neta de Iguassú”
ou “filha de Nova Iguaçu”, um mega-projeto de iniciativa privada de construção de
um bairro planejado na URG de Cabuçu, uma “mini cidade” que hoje denomina-se
“Cidade Paradiso”. Percebe-se que a lógica dos fluxos relacionados a esse espaço
em construção é eminentemente rodoviária. Nesse sentido, cabe à geografia voltar
suas atenções às modificações sócio-espaciais e econômicas que esse fenômeno
ocasionará. O cerne (ou embrião) desse projeto reside na construção do Parque
Aquático Paradiso Clube e sua atuação enquanto forjador simbólico de identidade
dessa “cidade sem povo” e na convergência de fluxos de pessoas e capitais para a
área nascente.
Não sendo conclusivo, o trabalho almeja introduzir a discussão para que
trabalhos futuros possam ser realizados pelo autor e por outros pesquisadores,
geógrafos e das demais ciências sociais que tem como foco a Baixada Fluminense.
Palavras-chave: Nova Iguaçu – Espaço urbano - Emancipações municipais –
Baixada Fluminense – Cabuçu - Projeto Iguaçu Nova – Cidade Paradiso - identidade
espacial.
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Nova Iguaçu, Cidade mãe:
dO nascimento de iguassú à gestação de Iguaçu nova
em Uma abordagem geográfica
Edson Borges Vicente*
O Município de Nova Iguaçu faz parte da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro, mais precisamente, da Baixada Fluminense e possui uma das maiores
populações do Estado do Rio de Janeiro, estimada em 830.902 habitantes (Câmara
Municipal de Nova Iguaçu - CMNI, 2007). Exerce considerável influencia sobre os
municípios vizinhos, muitos dos quais surgiram de emancipações do referido
(Simões, 2007, p. 224). Pretenderemos nesse artigo, realizar uma análise sócioespacial do Município de Nova Iguaçu, a partir de um resgate histórico e da
compreensão da estrutura e papel que o mesmo exerce, industrial e terciariamente,
enquanto centro de negócios, somente sobreposto (juntamente com o emancipado
Duque de Caixas) pela Metrópole Carioca. A expectativa principal é analisar
preliminarmente a concepção e gestação do Projeto Iguaçu Nova, atualmente
chamado Cidade Paradiso, suas relações com o Bairro Cabuçu e a emancipação do
município de Queimados, identificando-o enquanto fenômeno urbano mais recente
no município que pretende subsidiar muitas transformações identitárias, de fluxos e
refuncionalizações, a reboque de investimentos públicos de infra-estrutura
e
privados de transporte e serviços..
Após o passeio histórico, analisaremos o quadro atual em que o mesmo se
encontra no que diz respeito à sua configuração territorial, econômica, e social e
levantar algumas potencialidades do município. A intenção é proporcionar uma
contribuição geográfica para os estudos do território fluminense, em especial aos
estudos sobre a Baixada Fluminense, que embora tenham gerado bastante
material1, não são muito valorizados e divulgados no meio acadêmico e
principalmente carecem de extensão para as comunidades locais. Valorizando a
História e a Geografia de Nova Iguaçu, estaremos valorizando a Cultura Iguaçuana2.
*
Graduado em Geografia pela UERJ, Educador da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social de Nova
Iguaçu e professor e coordenador do Pré-vestibular para Negros e Carentes - Núcleo Cabuçu N.I.
1
A respeito de Estudos sobre a Baixada Fluminense, vale destacar o papel do Instituto de Pesquisas e Análises
Históricas e de Ciências Sociais da Baixada Fluminense – IPAHB com sede em São João de Meriti. Vale
destacar também os trabalhos de Simões (2007) e Oliveira (2004).
2
Iguaçuano: Gentílico dos moradores da cidade de Nova Iguaçu segundo site do IBGE, 2007.
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Considerações sobre o objeto de Estudo.
Consideramos como recorte espacial do presente trabalho, o território da
antiga “Grande Iguaçu” (ibidem, p. 21), área desmembrada da cidade do Rio de
Janeiro em 1883 (BARROS, 2007c; BIBLIOTECA IBGE, 2007a) para formar a então
Vila de Iguaçu que, mudou de sede em 1891 e de nome em 1916 para Município de
Nova Iguaçu (idem) e hoje, após várias emancipações, tem seu território reduzido
consideravelmente. Uma área de 524,04 Km2 (CMNI, 2007) 1320 km2 originais,
provenientes do desmembramento da Cidade do Rio de Janeiro (SIMÕES, 2007).
Essa área inicial, entre a escarpa da Serra do Mar e a Baía de Guanabara,
que daria origem a diversos outros municípios, é considerada por alguns autores
como a área de delimitação da Baixada Fluminense, (SIMÕES, 2007).
É comum afirmar que, do Grego “Flumem” (água), surgiu a palavra
Fluminense para designar as terras baixas e alagadas da Bacia Fluvial do Rio
Iguaçu. Daí o topônimo Baixada Fluminense (TORRES, 2007b). O que poucos têm
ciência é que os termos de origem tupi, muito utilizados para designar os nomes de
localidades, ruas e rios da Baixada Fluminense tem seu significado na abundância
de águas dessa região, muito conhecida e habitada pelos seus primeiros moradores,
os Índios Tupinambá. O “i” significa “água” (idem). Daí os nomes Iguaçu - Rio
Grande (PERES, 2007a), Meriti, Ipiranga, Japeri, etc. denotando a riqueza fluvial da
Baixada.
Sob a iniciativa do Instituto de Análises históricas e de Ciências Sociais da
Baixada Fluminense (Ipahb) e da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense
(FEBF - UERJ) através do projeto PINBA, foi instituído o Dia da Baixada Fluminense
(30 de abril). Uma figura importante nesse processo foi o pesquisador e presidente
do Ipahb, Gênesis Pereira Tôrres, que há vários anos vem estudando a história da
Baixada Fluminense e contribuindo muito na produção de conhecimento sobre a
Região (O Dia, 2007).
Nossa Senhora da Piedade do Caminho Velho ou do Iguassú - Nova
Iguassú - Nova Iguaçu.
Ocupação e exploração.
O início da ocupação efetiva das terras que atualmente compõe o Município
de Nova Iguaçu coincide com o processo de interiorização da colônia a partir da
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fundação da cidade do Rio de Janeiro, da exploração das terras para o cultivo da
cana de açúcar e da corrida do ouro. Essas terras ficaram, por um bom período de
tempo, abandonadas desde após a divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias.
Segundo o IBGE, foi registrada a presença de sesmarias na região após 1566.
Segundo Simões, “em 1534 inicia-se o regime de Capitanias Hereditárias e de
doações de sesmarias. Assim a Baixada Fluminense passou a Pertencer a Martim
Afonso de Souza” que não explora a região que ainda seria alvo da invasão de
franceses (SIMÕES, 2007, p. 75). A Fundação da Cidade do Rio de Janeiro em
1565 permitiu a exploração e interiorização das terras da Baixada somente após a
expulsão dos franceses e o extermínio dos aborígines.
A Baixada Fluminense começou a ser explorada a partir da utilização da rede
hidrográfica da Bacia do Rio Iguassú3 que deságua na Baia de Guanabara e da
construção de caminhos de terra até alcançar as Minas gerais. Outra forma de
interiorização foi a utilização de caminhos já abertos pelos índios que habitavam a
região da Guanabara, os Tupinambás apelidados de Tamoios (BARROS, 2007c).
Esses habitantes, os primeiros “donos” de Iguassú, foram dizimados em incursões
coloniais, lideradas ideologicamente pelos jesuítas José de Anchieta e Manoel da
Nóbrega. A aliança dos tupinambás com os franceses foi fator importante para essa
atitude por parte dos portugueses. O Mesmo não se pode dizer dos índios
Temiminós, que aliados aos portugueses e liderados pelo índio Araribóia, ajudaram
a derrotar os tamoios e receberam a posse das terras a Leste da Baia de Guanabara
fundando o povoado de Niterói.
Um papel mister no adensamento populacional dos povoados ribeirinhos
(colonizadores) foi exercido pela Igreja Católica, que estabelecia Capelas que
reuniam moradores dos engenhos e fazendas locais, centralizando o fluxo de
pessoas. Aos poucos iam se constituindo povoados que davam origem à freguesias.
Essas rotas fluviais e caminhos tinham por função, escoar a produção
agrícola e aurífera até o porto do Rio de Janeiro. Para isso, outros portos
importantes foram construídos no rio Iguassú, no povoado de Nossa Senhora da
Piedade do Iguassú (cuja capela tinha o mesmo nome), que passou a ser Freguesia
após considerável crescimento, conhecida também como Nossa Senhora da
3
O Rio Iguaçu, com 42,80 km de comprimento, possui uma bacia hidrográfica que drena uma área
2
com cerca de 726 km , abarcando os seguintes municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Nilópolis,
Nova Iguaçu, Rio de Janeiro e São João de Meriti. (www.protetoresdavida.org.br).
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Piedade do Caminho Velho, e no rio Inhomirim, como o Porto Estrela (ARANHA,
2007a) que daria origem, mais tarde, à Vila de Estrela.
Ao todo foram três caminhos importantes, construídos a partir da virada do
século XVII para o XVIII e que “encontravam-se próximo à margem direita do Rio
Paraíba onde, então, se transformavam em um só caminho até as minas gerais”
(ARANHA, 2007a): o “Caminho Novo” de Garcia Paes Leme, construído em
1700/1704, que “depois da abertura da Variante do Proença (Porto da Estrela), foi
apelidado de “Caminho Velho”...”. O “Caminho do Inhomirim” de Bernardo Proença,
de 1722/1724 e o “Caminho do Tinguá” do “Mestre Estevão Pinto”, de 1728. Esse
último era considerado o “caminho de Terra Firme” e passava no Engenho de
Maxambomba, que constituiria mais tarde a nova sede do Município de Nova
Iguaçu, além de, por não utilizar nenhuma rota fluvial, seria sobreposto em parte
pelos da ferrovia de meados do século XIX. Essa configuração se deve ao fato de os
transportes na colônia terem se organizados como “uma rede urbana do tipo
“dentrítica” e macrocefálica” (SIMÕES, 2007, p. 80), onde os pontos produtivos
convergiam até o porto principal de exportação para a metrópole portuguesa. Esse
papel foi exercido pela Cidade do Rio de Janeiro, primeira área povoada da
Capitania Real e que já surgiu com o status de “cidade”.
Na união do Rio Iguassú com o Rio Pilar, na Freguesia de Nossa Senhora da
Piedade do Pilar, existia “um “registro” ou “guarda” para a fiscalização e
recolhimento dos quintos reais” (ARANHA, 2007a) e isso favoreceu muito a
localidade.
Com a queda da produção de ouro nas minas gerais, esses caminhos foram
pouco a pouco sendo abandonados e sua utilidade para o escoamento da produção
de café foi sendo reduzida em função do aumento da produção. Foi construída
então, nesse sentido, a primeira estrada destinada ao escoamento da produção de
café: a “Estrada Real do Comércio”, entre 1811 e 1822. Essa estrada começava na
Vila de Iguassú e ia até o Porto de Ubá, ligando o rio Iguassú ao Parahyba e então
alcançava Minas Gerais. A importância da Freguesia de Iguassú cresceu
consideravelmente.
Ascendência e Consolidação.
Por sua importância enquanto rota de escoamento da produção das Minas
Gerais para o porto do Rio de Janeiro, depois para o escoamento da produção
cafeeira – permanecendo a organização em dentrítica (em Leque), a Freguesia de
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Nossa Senhora da Piedade do Iguassú criada em 1719 (BIBLIOTECA DO IBGE,
2007a) foi elevada à Vila em 1833 com sua autonomia datada do dia 27 de julho do
mesmo ano. Constituindo-se de 6 freguesias desanexadas da cidade do Rio de
Janeiro. Foram elas: N. Senhora da Piedade do Inhomirim, São João Batista do
Meriti, Santo Antônio da Jacutinga, N. S. da Conceição de Marapicu, N.S. do Pilar do
Iguassú e N. S. da Piedade do Iguassú, a sede. A Vila de Iguassú ainda seria extinta
e retomada, perdendo nesse processo, a Freguesias de N. Senhora da Piedade do
Inhomirim (que daria origem a Vila de Estrela). A Vila de Iguassú ostentou a fama de
mais próspera vila da província do Rio de Janeiro.
Após isso, outras melhorias foram sendo implantadas, como: a pavimentação
em parte da Estrada Real do Comércio pelo Coronel de engenheiros Conrado Jacob
Niemeyer em 1836 e a correção do curso do Rio Iguassú, além da transposição das
águas do rio Utum. Isso que favoreceu o aumento do volume de águas do Iguassú e
a implantação de transporte de carga e passageiros, através de barco a vapor
(ARANHA, 2007a) entre a então Vila de Iguassú e a Corte.
Uma figura importante, no que diz respeito às melhorias na Vila de Iguaçu foi
o Comendador Francisco José Soares, que tinha fortuna e influência na província e
foi por várias vezes presidente da câmara Municipal de Iguassú, em função de ser
considerado “o restaurador da Vila de Iguassú”. Do casamento de Sua filha com
Bernardino José de Souza e Melo, foi construída a Fazenda São Bernardino, uma
das mais belas fazendas coloniais de toda a região, esta que foi tombada pelo
Patrimônio Historio Nacional em 1951 (ARANHA, 2007b). Atualmente um dos mais
importantes bairros de Nova Iguaçu se chama “Comendador Soares”, uma
homenagem pelo fato de as terras de tal bairro estar dentro da área de uma das
fazendas do comendador, doadas à Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro
após sua morte, a Fazenda Morro Agudo, antigo nome do bairro. (SIMÕES, op. cit,
p. 121)
Declínio, reestruturação econômica e espacial.
Com as transformações estruturais ocorridas em meados do século XIX,
houve uma significativa reorganização espacial das atividades econômicas e, em
conseqüência disso, do povoamento. Na década de 1850 foram construídas
ferrovias e entre elas, em 1858, a Estrada de Ferro Dom Pedro II, cujo traçado
sobrepunha parte do antigo Caminho do Tinguá, que passava no Engenho de
Maxambomba (no distrito de Jacutinga). A mudança estrutural da rota econômica,
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dos cursos fluviais para os trilhos, fez cair em decadência a Estrada do Comércio e
os caminhos que já estavam em desuso. Embora, a Fazenda São Bernardino, fosse
servida por uma estação da Estrada de Ferro Rio do Ouro, a mesma não tinha
continuidade, sendo construída para fins de implantação do sistema de
abastecimento de águas potáveis para a cidade do Rio de Janeiro. Sendo utilizada
para o transporte de passageiros em 1833 (foi construída em 1876), Em função
disso, somente a Estrada de Ferro Dom Pedro II era usada realmente para fins de
escoamento interprovincial da produção, e mais tarde interestadual (com a república
em 1889). Foram transferidas para o Arraial de Maxambomba, a Matriz Paroquial e a
Câmara Municipal. Importante salientar que esse arraial já tinha sido elevado à sede
da freguesia de Santo Antônio de Jacutinga (Aldeia indígena) em 1862 (BARROS,
2007c) decretando a morte da antiga Vila de Iguassú, a mesma passando a ser
chamada de “Iguassú Velha” ou “Iguaçu Velho”.
O Arraial de Maxambomba (aos pés do Maciço do Gericinó / Mendanha, no
trecho conhecido como Serra de Maxambomba ou Serra de Madureira) progrediu
rapidamente, sendo elevado à nova sede do município de Iguassú em 1891 que, no
mesmo de 1891, é elevado à condição de Cidade e distrito. Nesse mesmo ano a Vila
de Estrela é extinta (SIMÕES, 2007, p. 82).
Vários povoados surgiram no percurso da via férrea enquanto vários
povoados sumiram do mapa na região do rio Iguassú. O recente constituído
Município de Iguassú compunha 6 distritos em 1911: Queimados, Jacutinga, Nossa
senhora da Piedade de Iguassú, São João de Meriti, Santana das Palmeiras e Pilar
(BIBLIOTECA DO IBGE, 2007a).
Em 1916 o Topônimo da cidade muda para “Nova Iguaçu”.
Nova Iguaçu: da grande “Cidade Perfume” à fragmentada “Grande
cidade”.
O ouro laranja e o papel da intervenção estatal.
O cultivo da Laranja em Nova Iguaçu inicia-se no 3º quartel do século XIX a
partir das obras de saneamento e drenagem da região da nova sede. Entre as
décadas de 1930 e 1940, a cidade de Nova Iguaçu ostentou “a maior produção de
cítricos do país. Chegando a ser instalados oito pavilhões para armazenamento de
laranjas e frutas outras” (TORRES, 2007a). Em função do odor exalado pela laranja
na época da floração, a cidade passou a ser chamada de “cidade perfume”, visto
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que não havia como não notar tal fato quando se passava, por exemplo, pelos trilhos
da Ferrovia Central do Brasil (ex D. Pedro II, durante o II reinado).
A Laranja era plantada nas áreas de terras firmes, onde, anteriormente
tentou-se cultivar a cana de açúcar, porém, sem êxito. Nos terrenos úmidos, a
atividade que prosperava era a olaria. (produção de tijolos e telhas de barro). Por ser
plantada em chácaras, dada a impossibilidade do latifúndio em função da abolição
da escravatura, o cultivo da Laranja propiciou a fragmentação do território de Nova
Iguaçu. Essa fragmentação teve seu apogeu com a morte do Comendador Soares
em 1916 (mesmo ano de mudança do topônimo da cidade para Nova Iguaçu) e de
sua doação de terras próximas à estação de Maxambomba para a Santa Casa de
Misericórdia do Rio de Janeiro (SIMÕES, 2007, p. 121). Essas terras foram
retalhadas e vendidas ou arrendadas, intensificando o cultivo da laranja.
No contexto do Estado Novo, a papel do interventor estadual responsável
pelo município de Nova Iguaçu, Arruda Negreiros, foi decisivo no que diz respeito
aos subsídios governamentais à citricultura, à infra-estrutura de saneamento e à
construção e melhoria das vias de comunicação. Por intermédio do Interventor, foi
construído em 1933, um "Packing House", local de beneficiamento e embalagem das
laranjas para a exportação. Nesse episódio o então presidente da república Getulio
Vargas fez-se presente. Dezenas de outros Packing Houses já haviam sido
construídos. (TORRES, 2007a).
No que diz respeito às obras de saneamento, no mesmo ano de 1933 foi
criada a “Comissão de Saneamento da Baixada Fluminense”, que iria mudar para
“Diretoria de Saneamento da Baixada Fluminense”, núcleo do futuro “Departamento
Nacional de Obras de Saneamento, criado em 1940”. As obras do departamento
mudaram a topografia da Baixada, denotando a influência federal do interventor. De
sua criação, até meados de 1945,
“O Departamento havia feito a limpeza de mais de seis milhões de quilômetros
de rios e movimentado o equivalente a quarenta e cinco milhões de metros
cúbicos de terra, além da construção de quatrocentos e duas pontes”. (TORRES,
2007a).
Para o escoamento da laranja, uma série de estradas foi construída para ligar
as chácaras ao centro da cidade para que fossem embaladas as laranjas e as
mesmas fossem transportadas pelos trens. Caminhos foram alargados e alguns
pavimentados. Entre essas estradas, construídas em 1930, podemos destacar:
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“A Estrada Dr. Plínio Casado (Interventor Estadual que nomeou Arruda
Negreiros)., ligando Nova Iguaçu-Belford Roxo. Citamos ainda as estradas de
Nova Iguaçu-Anchieta, Madureira-Cabuçú, Estrada do Ypiranga, Estrada do
Guimbú, Estrada de Santa Rita, Estrada de Morro Agudo a Austin, Estrada de
São Bento, Estrada São João de Meriti-Caxias, Estrada São João de MeritiNilópolis, Estrada Actura, Estrada Rio-Petrópolis-Magé, Estrada do Xerém,
Estrada Santa Branca-Bomfim” (TORRES, 2007a).
Declínio da citricultura e urbanização
O Declínio da produção de laranjas se deu a partir de 1939, a partir da
segunda guerra mundial que emperrou a exportação, da qual a produção dependia.
Além dos subsídios governamentais. Foi uma crise não da produção, mas de uma
superprodução (SIMÕES, 2007, p. 130).
O crescimento populacional observado na cidade de Nova Iguaçu nesse
mesmo período foi enorme. Os distritos mais próximos à Capital eram mais
urbanizados que a sede. Resultando em um crescimento desordenado não
acompanhado de uma correspondente infra-estrutura. Nova Iguaçu recebeu
migrantes da Região Sudeste, do Nordeste e imigrantes que fugiam da segunda
guerra mundial. Nas palavras de Torres,
"O extenso território que compunha Iguassú, com seus 1489 km2 até 1943, já
não era o mesmo. A população pequena do início da década de 30, em torno de
51 mil habitantes, com uma densidade de 29 habitantes por km2 , já conta em
meados da década de 1940 com uma população estimada em 300 mil
habitantes”. (2007,a).
A Intensificação da urbanização de Nova Iguaçu se dá a partir da intensa
migração, principalmente a partir de 1940. A prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
adotou medidas restritivas ao retalhamento das terras e as áreas em torno da linha
férrea não estavam disponíveis. As terras da Zona Oeste da cidade ainda eram
utilizadas pela agricultura e a favelização não supria a demanda crescente. Em nova
Iguaçu havia uma facilidade maior legalmente e em função da necessidade de
venda dos antigos produtores de laranja em decadência.
A Hierarquia urbana clássica, sob a qual se configurava a cidade até a
década de 1970, fazia com que as regiões como “Iguaçu Velho” dependessem do
centro para no processo de locomoção para a cidade do Rio de Janeiro,
principalmente a partir do fim do transporte de passageiros pela EF Rio do Ouro no
final da década de 1960. As linhas de Ônibus saiam preferencialmente do centro ou
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passavam pelo mesmo. Fato que explica o crescimento do comércio e dos serviços
na referida área.
Os loteamentos populares, mais afastados do centro, se alocarão ao longo
das estradas construídas para o escoamento da laranja e ao longo da Via Dutra,
construída em 1950. Essa ocupação se estruturou “aos saltos, gerando imensos
vazios entre eles, alguns até hoje não ocupados” (SIMÕES, 2007, p. 134 -135).
Além disso, a construção da linha de transmissão da Light em 1938 havia
concentrado as atividades do centro entre essa e a linha férrea Do outro lado dessa
última, havia a Serra de Madureira e essa faixa era ocupada essencialmente por
moradias de luxo (as partes mais ao topo da serra, constituindo a área que hoje se
conhece popularmente por “Zona Sul de Nova Iguaçu”), entre a Pedreira Vigné e o
bairro k11.
Os
problemas
do
município
foram
se
agravando
e
movimentos
emancipatórios foram surgindo. Muitos moradores de Nova Iguaçu trabalhavam na
capital Federal – Rio de Janeiro, fazendo a cidade comportar-se como um “grande
dormitório”. Os primeiros municípios a serem fundados a partir de emancipações de
Nova Iguaçu foram: Duque de Caxias (em 31 de dezembro de 1943), o mesmo
levando consigo os distritos de Caxias, Meriti, Bonfin e Imbariê (ex-distrito de
Estrela). A Emancipação polemica de Duque de Caxias pelo então interventor
Estadual Amaral Peixoto (no contexto do Estado Novo) foi acompanhada pela
mobilização de forças políticas e pelas elites locais a partir da UCP (União Popular
Caxiense em 1933) e cabe ressaltar a priorização dos investimentos da cidade de
Nova Iguaçu na sede do o município em detrimento dos outros distritos (em 1947 o
distrito de Meriti é desmembrado de Caxias constituindo-se enquanto município
autônomo); em 1947 foi a vez também do distrito de Nilópolis (que deu origem ao
município de mesmo nome). Foi responsável por esse acontecimento, o Deputado
Lucas de Andrade, que em seu projeto também criou o Município de São João de
Meriti no mesmo ano, embora a esses dois distritos tivessem historias políticas
diferenciadas. (SIMÕES, 2007). Esses distritos emancipados estavam mais
próximos à Metrópole e, por isso, eram mais urbanizados.
Nesse processo a cidade de Nova Iguaçu perdeu boa parte do seu território e
ainda sua saída para a Baía de Guanabara. A decadência da “cidade perfume” e seu
retalhamento vão exigir de Nova Iguaçu uma nova lógica produtiva, cujo embrião
reside na industrialização a qual ela passa a conhecer e vivenciar mais
intensamente entre fins da década de 1970 e durante a década de 1980.
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A industrialização de Nova Iguaçu
Se nas décadas de 1930 e 1940, Nova Iguaçu ficou famosa como grande
exportadora de cítricos, (havia também importante produção de fruta do conde Maxpressnet, 2007) na década de 1980 a participação da agricultura no BIP
municipal era bem reduzida.
Em 1985 o Setor Secundário representava 50% dos postos de trabalho
(PROTETORES DA VIDA, 2007). Isso se deve às indústrias instaladas
principalmente ao longo das principais vias que cortam o Município, como a BR 116
Rodovia Presidente Dutra. Essa indústria era composta principalmente pela
Química, exemplificada pela Bayer (de sede Alemã) cujas operações iniciaram-se no
ano de 1958 (Bayer, 2007) no trecho da Dutra do então distrito de Belford Roxo
(criado em 1938) e Metal-Mecânica, como a Forjas Brasileiras fundada em 1952 no
distrito de Queimados. Ainda houve um crescimento da produção de alimentos, a
exemplo das Indústrias Granfino S.A. fundadas em 1951 com o nome de Coutinho
Cereais S.A. com a alteração da razão social em 1962 e a fábrica da Coca Cola (Rio
de Janeiro Refrescos, de 1942 (CHEC, 2007 e MAXPRESSNET, 2007) no trecho da
Dutra da Sede. O setor de vestuário estava representado, entre outras, pela fábrica
de roupas íntimas, Duloren no distrito de Queimados (criado em 1892). No distrito de
Queimados ainda existia no trecho chamado “distrito industrial”, houve a instalação
de indústrias como a fábrica de cerveja Kayser. Vele destacar ainda a presença da
fábrica de canetas Compactor, a de Rações Cargill e a de Reciclagem e lubrificantes
Tasa, ambas também na Dutra. A rodovia Presidente Dutra alocou grande parte das
indústrias devido ao seu papel de ligação entre as duas Metrópoles Nacionais, Rio
de Janeiro e São Paulo, permitindo uma maior facilidade de escoamento da
produção.
A Constituição de 1988, as novas emancipações e o crescimento do
setor terciário.
Como já dito, os distritos mais urbanizados e próximos à Metrópole (agora
não mais capital) foram emancipados devido a tensões político-sociais, o que
acalmou em certo modo os conflitos. Porém, devido à grande migração e o
povoamento que se sucederam, outros distritos foram se urbanizando como
Queimados, Belford Roxo e Mesquita. Como a priorização das obras públicas da
prefeitura continuou a ser voltada para a sede, novas tensões surgiram. Houve
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tentativas de emancipações destes distritos nas décadas de 1950 e 1960, porém
sem êxito. Cabe ressaltar a pressão dos militares aos movimentos sociais (SIMÕES,
2007, p. 164, 69 e 173). Os militares proibiram as emancipações até a abertura
parcial do regime em 1982 quando da votação direta para governador. Ainda assim
houve
fracassos
em
Mesquita
e
Queimados,
tendo
êxito
somente
no
encaminhamento do projeto de emancipação, o distrito de Belford Roxo , em 1988,
“mesmo assim após intensa batalha judicial” (Idem, P. 174). A lei estadual nº. 1640,
de 03-04-1990 (BIBLIOTECA DO IBGE, 2007a) finalmente eleva o distrito de Belford
Roxo à condição de Município autônomo.
A partir de 1988, com a promulgação da “Constituição Cidadã”, houve
reformulação das regras para as emancipações, propiciando o surgimento de novos
movimentos e a retomada dos antigos.
No ano de 1990, já sob o exercício da Constituição de 1988, o distrito de
Queimados é emancipado (BIBLIOTECA DO IBGE, 2007b). A segunda tentativa que
culminou no plebiscito de 1988 havia fracassado. Houve abstenções em várias
localidades inicialmente incorporadas ao projeto como KM32, Marapicu, Cabuçu,
Eng Pedreira e Japeri. Simões aponta a falta de identidade entre a população
dessas áreas com o centro do distrito, assim como por parte da população do distrito
de Japeri.
De certo não havia grande integração entre as primeiras áreas e o centro de
Queimados. Entre Queimados e Engenheiro Pedreira, as terras alagadiças do antigo
Brejo dos Caramujos, que foram vencidas pelos trilhos da EFCB em 1959 (SIMÕES,
2007, p. 103) e onde hoje existe a “Estrada dos Caramujos”, dificultaram muito o
transporte entre essas duas localidades, embora constituíssem anteriormente o
Antigo Caminho do Tinguá. A Rodovia Presidente Dutra e a Ferrovia eram as duas
maiores ligações entre Japeri e Queimados.
Quanto aos Bairros de Cabuçu, Marapicu e km 32, propomos uma análise
mais profunda desses casos. Dissemos nesse artigo que a cidade de Nova Iguaçu
perdeu sua saída para a Baia de Guanabara além da ligação direta com a Rodovia
Rio Petrópolis (Washington Luiz) com a Emancipação de Caxias. A construção de
Caminhos e de rodovias ligando KM32 ao Centro de Nova Iguaçu fez com que essas
áreas tivessem mais ligação com Nova Iguaçu (e a cidade do Rio de Janeiro através
da Antiga Rio São Paulo construída em 1928, a partir do Caminho de 1733 que
passava em Itaguaí (SIMÕES, 2007, p. 171). Decisiva nesse processo foi a Estrada
de Madureira (RJ 105) hoje chamada de Av. Abílio Augusto Távora. Essa via passou
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a ter um dinamismo maior do que o caminho que ligava Cabuçu a Queimados (a
Estrada de Mato Grosso e a Estrada Cabuçu - Queimados). Porém, um fator não
abordado pelo autor é a existência de Reservas fundiárias que se mostrariam
importantes mais tarde, como a Fazenda Cabuçu de Reflorestamento a qual
analisaremos mais a frente. Outro fator, e esse, consideramos mister para a luta
pela preservação dessas áreas, é que as mesmas são cortadas pelo Oleoduto da
Petrobras, ligando o pólo petroquímico de Caxias ao Porto de Sepetiba (Atual
Itaguaí). Como a existência do oleoduto gera Royalties que são repassados ás
prefeituras, a disputa demonstrou ter transpassado a questão identitária pois,
embora esta tenha significativa relevância, não acreditamos que, nesse caso, ela
tenha sido uma condição sine qua non. Até mesmo em entrevista informais com
antigos moradores, podemos perceber sua importância. Fato inegável é um
abandono por parte da prefeitura que perdurou, por longa data, a esses bairros,
talvez para não propiciar desenvolvimento e deslanchar movimentos emancipatórios.
Somente após a retirada do distrito de Japeri e dos bairros de Cabuçu,
Marapicu e km 32, finalmente o plebiscito de 1990 consegue quorum mínimo e
Queimados emancipa-se. Esse processo levou em conta a reordenação das
dimensões dos distritos sede e de Queimados, mostrada no mapa a seguir:
Figura 1: Redivisão distrital de Nova Iguaçu.
Fonte: Simões, 1997, p. 179.
Em dezembro de 1991 foi a vez do distrito de Japeri emancipar-se, no calor
das emancipações de Queimados e Belford Roxo (BIBLOTECA DO IBGE, 2007a). A
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diferença é que Japeri tem uma historia de subordinação a outros municípios além
de Nova Iguaçu, além disso, a emancipação de Queimados o distanciou Japeri da
sede de Nova Iguaçu cuja conexão só é feita pela reserva do Tinguá (que não tem
caminhos). Desse modo, todas as vias entre Japeri e Nova Iguaçu passam por
Queimados (SIMÕES, 2007, p 185).
Temos que “em divisão territorial datada de 15-VII-1997, o município (de nova
Iguaçu) é constituído do distrito Sede”. (BIBLIOTECA DO IBGE, 2007a); BARROS,
2007c). Cit, observação nossa), sendo suprimidos os distritos de cava e Mesquita.
Ainda assim, Pela lei estadual nº. 3253, de 25-09-1999, é desmembrado o antigo
distrito de Mesquita do município de Nova Iguaçu e o mesmo é elevado á categoria
de município. Alguns erros haviam provocado o fracasso das tentativas anteriores.
Mesquita passou por três plebiscitos e uma disputa judicial que chegou ao STF,
comandada pelo deputado José Paixão. O êxito veio em 1999 com o ganho da
causa. Em 2000 é instaurado o Município (SIMÕES, 2007, p. 186).
Com a supressão dos distritos foram implantadas as chamadas URG´s
(unidades Regionais de Governo), “houve uma intensa fragmentação territorial que
implica na criação de micro unidades que dificilmente alcançarão os requisitos
necessários para a aprovação de um processo de emancipação”. (SIMÕES, 2007, p.
192).
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SEMED, 2007) as URG´s
estão dispostas por número da seguinte forma: URG I: Centro; URG II: Posse, URG
III: Comendador Soares, URG IV: Cabuçu, URG V: Km 32, URG VI: Austim, URG
VII: Vila de Cava, URG VIII: Miguel Couto, URG IX: Tinguá (SEMED, Mapa de
Projetos e Programas, 2007). O mapa a seguir mostra a disposição das URG´s de
1997:
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Figura 2: Unidades Regionais de Governo de Nova Iguaçu.
Fonte: Simões, 2007, p. 193
A Nova Iguaçu Atual: O papel econômico e político da cidade.
A Centralidade Iguaçuana
A cidade de Nova Iguaçu possui uma centralidade significativa (acompanhada
por Duque de Caxias) em relação aos outros municípios da Baixada Fluminense.
Suas potencialidades estão subjugadas somente em função da proximidade com a
metrópole do Rio de Janeiro, o que faz com que, algumas atividades não se
desenvolvam. Analisando o trabalho de Soja (1993), Simões classifica Nova Iguaçu
como uma “Exópole”. Nesse modelo sócio-espacial, o CBD (Central Business
District ou Distrito Central de Negócios) iguaçuano é “relativamente autônomo
reproduzindo os arranjos econômicos espaciais verificados no CBD central (na
Metrópole), com praticamente as mesmas funções, porem, evidentemente, com
tamanhos e escalas menores...” (SIMÕES, 2007, p. 197, observação nossa). Podese observar a dinamicidade desses dois centros citados (Nova Iguaçu e Caxias)
através do considerável fluxo de pessoas, mercadorias, capitais e informações, nas
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relações de comercio e serviços que são prestados nos mesmos. Vale ressaltar
também, a infra-estrutura das Tecnologias de Informação, comunicação e transporte
(TICS´s) atualmente implantadas, como a abrangência da rede telefônica (e seu
uso), e o numero e o intervalo de linhas de ônibus. Não obstante está a estrutura
industrial desses dois municípios, uma vez que muitas das indústrias anteriormente
citadas ainda estão em funcionamento e outras foram implantadas na década de
1990. Ainda podemos encontrar no eixo da Rodovia Presidente Dutra (BR 116),
importantes indústrias, como as citadas Granfino, Compactor, Cimobrás, Cargill e,
ainda, a Sonoleve (SIMÕES, 2007, p. 238). Na rota da estada de Madureira, merece
destaque a Indústria de Cosméticos Embeleze, do vice-prefeito eleito em 2004
Itamar Serpa. Existe ainda a de Industria de cosméticos Niely. As indústrias de
perfumaria e cosméticos, no total de 11, representando 11% da produção nacional,
geram um faturamento de R$ 253,58 milhões, como mostra a tabela a seguir.
Figura 3: Tabela de desempenho da Indústria de Cosméticos em Nova Iguaçu
FATURAMENTO ANUAL
253.5 MILHÕES
MÉDIA PRODUTIVIDADE
73%
MÉDIA OCIOSIDADE
27%
PRODUÇÃO TINTURA
48 MILHÕES DE UNIDADES
SHAMPOO / COND
19 MILHÕES DE UNIDADES
CREMES
6 MILHÕES DE UNIDADES
Fonte: Site da Câmara Municipal de Nova Iguaçu, 2007.
Devemos considerar o Papel da Refinaria da Petrobrás (Reduc) e das
empresas do setor petroquímico instaladas em Duque de Caxias como responsáveis
pela disparidade do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios da Baixada
Fluminense (o de Caxias é extremamente maior com 59% do PIB da Região).
Podemos verificar que o município de Nova Iguaçu possui grande superioridade em
relação aos demais, detendo pra si 15% da participação da região. Isso corresponde
à soma dos PIB´s de Japeri, Mesquita, Nilópolis e São João de Meriti, podendo
trocar o de Nilópolis pelo de Queimados ou ainda, o de São João de Meriti e de
Belford Roxo juntos. (SIMÕES, 2007, p. 201).
Estrutura econômica atual
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Com a estrutura econômica mais equilibrada da Baixada, Nova Iguaçu possui
considerável equidade, entre os setores. Não há setor que se destaque em função
do emperramento do outro (como acontece em Japeri com o de aluguéis e Caxias
com a Indústria de Transformação). O setor de construção civil representa 15,4%, o
de serviços 12,6% e o da Indústria de transformação 11%. O setor de comércio
varejista (5,6%) é reduzido, assim como o de Caxias, devido ao desenvolvimento
considerável deste na Metrópole e Capital do Estado. Vale destacar o setor de
Aluguéis, 30%. Este possui, no dinamismo imobiliário do centro, seu maior trunfo. A
verticalização da “Zona Sul” nas últimas décadas elevou o preço dos imóveis da
área, sendo esta habitada por população de alto poder aquisitivo. O isolamento
anteriormente dito, da área entre a estação ferroviária e a Serra de Madureira
propiciou uma segregação das demais áreas povoadas no inicio do Século XX. Essa
segregação aumentou com
“a construção do muro ao longo da linha férrea e o fechamento das
passagens de nível, que deixaram como única opção de ligação entre os dois
lados durante mais de 20 anos, o Viaduto João Mush (ao lado do terminal
rodoviário) e que só veio a diminuir com a construção dos viadutos do k11 em
1980 e Dom Adriano Hipólito em 2004” (SIMÕES, 2007, p. 234 -235, observação
nossa).
Este último no final da Via Light, ao lado dos Hipermercados Extra, no
prenúncio da ampliação da referida via, para sudeste do município, (como costa no
plano diretor de 2006).
Escola, qualificação de mão-de-obra e produção de conhecimento.
As escolas de formação técnica de Nova Iguaçu, até pouco tempo eram
eminentemente privadas. Muitos moradores do município buscavam formação
técnica pública em outros municípios como Nilópolis (no Centro Federal de
Educação Tecnológica de Química - CEFETEQ) e no Rio de Janeiro, no CEFET e
nos Centros de educação Técnica e Profissionalizante – CETEPS, coordenados pela
Fundação de Apoio à Escola Técnica subordinada à Secretaria Estadual de Ciência
e Tecnologia – SECT. A criação em Nova Iguaçu, da Escola Técnica Estadual João
Luiz do Nascimento (da FAETEC) representou uma alternativa a esse processo. A
construção do CEFET em Santa Rita mais recentemente, também foi significativa.
Mais antigo e com atuação em outro ramo (o da Educação), é o Instituto de
Educação Rangel Pestana, que oferece o Curso de Docente II para as séries iniciais
do Ensino Fundamental (Curso Normal) em nível pos médio ou concomitante.
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Atualmente existe uma série de colégios estaduais que oferecem curso normal em
Nova Iguaçu.
O Ensino Superior era até então representado apenas pelas universidades
privadas como a Universidade Iguaçu (UNIG) da influente família Raunheitti, a
Universidade Geraldo de Biasi (UGB) e pela Estácio. (Simões, op. cit, p. 239). Nesse
sentido também vale destacar a necessidade de deslocamento de pessoas
residentes no município para outros na busca pela formação superior. As
Universidades públicas mais visadas pelos iguaçuanos, principalmente os menos
favorecidos, segundo experiência com pré-vestibulares comunitários no município,
são a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
devido à maior facilidade de transporte para as mesmas. A Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) são
mais distantes (para quem não mora no centro) e pressupõem mais gastos com
passagens além de não possuírem alojamento como a UFRJ e a UFRRJ.
A instituição em 2003 do Sistema de Cotas nas Universidades Estaduais, em
especial na UERJ, propiciou aumento significativo da busca por uma vaga na
referida universidade pelos iguaçuanos. O incentivo da Prefeitura Municipal, através
da lei nº. 3761 de 36 de março de 2006, (regulamentada pelo decreto nº. 7643 de 26
de fevereiro de 2007) aos alunos residentes em Nova Iguaçu e ingressantes por
reserva de vagas na UERJ, dando-lhes uma bolsa auxílio transporte, gerenciada
pelo Setor de Educação comunitária da Secretaria Municipal de Educação (SEMED)
(DO, 27 de fevereiro de 2007) também representou um marco na possibilidade de
permanência na mesma universidade (visto, por muitos, como mais difícil do que o
ingresso). A lei também instituiu a inserção dos bolsistas nos programas sociais da
Secretaria, como os Programas Educação em Horário Integral (Bairro Escola), o
Programa Federal Escola Aberta e Brasil Alfabetizado / EJA (SEMED, 2007).
As instituições públicas de ensino superior implantadas no município de Nova
Iguaçu nos últimos anos representam um processo de conquista de diversos atores
sociais locais, muito mais pela demanda de mão-de-obra qualificada e das pressões
dos movimentos sociais do que pela boa vontade dos políticos que toma pra si seus
louros. A Unidade do CEFET em Santa Rita representa formação de mão-de-obra
para as empresas citadas anteriormente, porém sua primeira turma formar-se-á
somente em 2008 (Simões, op. cit, p. 239). O Consórcio de Educação a Distância do
Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ) também implantou uma unidade no centro de
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Nova Iguaçu oferecendo graduação, principalmente na modalidade Licenciatura. Por
fim, a UFRRJ - Rural oferece, atualmente, cursos de graduação como história,
matemática e turismo, cujas atividades funcionam na Escola Municipal Monteiro
Lobato e está sendo construído um Campus Avançado da mesma universidade, o
que representará mudança significativa na estrutura presente de acesso ao ensino
superior público em Nova Iguaçu.
A Atuação dos movimentos sociais na reivindicação por universidades
públicas na Baixada Fluminense é antiga. Remonta ao início das fundações de
movimentos pré-vestibulares populares no Brasil no início da década de 1990, mais
precisamente,em 1993, com a constituição do Pré-vestibular para Negros e
Carentes (PVNC) em São João de Meriti, através das figuras do Frei David
Raimundo dos Santos e Alexandre Nascimento, entre outros. O mesmo movimento
deu origem a inúmeros outros como a ONG Educafro, e mais recentemente e com
características diferentes, a Fundação Educarte, além de inúmeros núcleos
independentes,
denotando
a
riqueza
de
questionamentos
por
parte
das
comunidades locais em prol da democratização da educação superior. Em Nova
Iguaçu existem inúmeros núcleos das referidos movimentos e sua atuação é feita
nas escalas dos bairros e URG´s (PVNC, 2007).
Evento importante no que tange à Educação em escala global e, episódio
mister na inserção de Nova Iguaçu nas discussões a cerca da mesma, foi o Fórum
Mundial de Educação de 2006 que aconteceu na cidade (não acompanhando o
Fórum Social Mundial como em 2005), além da “escolha de Nova Iguaçu, junto com
Belo Horizonte, para ser piloto no Brasil, do Programa “Metas do Milênio” do
Unhabitat, da ONU” (SIMÕES, 2007, p. 262). Ao participarmos do evento, pudemos
vivenciar o momento em que a comissão do Fórum negociou com o então Prefeito
Lindbegh Farias a volta do Fórum à cidade em 2008.
Iguaçu Nova: o engatinhar da “neta” de Iguassú.
Anteriormente dissemos que os motivos da luta pela preservação dos Bairros
Cabuçu, Marapicu e km32 poderiam ser mais amplos do que a “falta de identidade”
em relação a Queimados. Dissemos também que, além da presença do Oleoduto,
essa região guardava reservas de terra que passaram por um intenso processo
especulativo a partir da década de 1980. Outro fator ressaltado foi a possibilidade do
pouco investimento nesses bairros, com a meta de não permitir que o
desenvolvimento
dos
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mesmos
gerasse possibilidade
-19-
de
reivindicação
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de
emancipação, uma vez que a extinção dos distritos e a implementação da URG´s,
segundo Simões (2007), tiveram também esse propósito.
Dito isso, vamos esboçar uma análise sobre o empreendimento chamado
“Iguaçu Nova”, da Pontal Engenharia, presente no projeto de mesmo nome e que
hoje é chamado Cidade Paradiso, na URG de Cabuçu. Esse empreendimento
ambiciona implantar um novo padrão habitacional na Baixada Fluminense a partir da
construção de uma área urbana nova, dentro de uma remanescente reserva
fundiária na Região Sudoeste do município de Nova Iguaçu: A Fazenda Cabuçu de
Reflorestamento (de Eucaliptos). Essa fazenda resistiu à fragmentação em
loteamentos e à desapropriação para fins de reforma agrária que constituiu o
assentamento de Campo Alegre, guardando com fins especulativos, 4,6 milhões de
m2, área que receberá o total da estrutura na Iguaçu Nova ou Cidade Paradiso
(Pontal, 2006). O projeto prevê um prazo de 15 anos para ser implantado (Extra,
2004, p.22). A figura a seguir mostra as dimensões da Fazenda Cabuçu de
Reflorestamento, em relação às áreas agrícolas ao redor e a mancha periurbana
(CORRÊA, 1996) do entorno.
Figura 4: Foto da Fazenda Cabuçu: a futura Iguaçu Nova
Fonte: Folder do Projeto Iguaçu Nova da Pontal Engenharia.
Com o slogan: “quando você fala em planos para o futuro, você imagina tudo
novo”, o projeto pretende construir a imagem no novo e organizado “Iguaçu Nova”
em oposição ao “desordenado” crescimento observado pela cidade de Nova Iguaçu
nas décadas anteriores, assim como ocorrido em outros municípios, inclusive, na
Metrópole.
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Devido à sua posição estratégica em relação às distâncias entre o Porto de
Sepetiba e a Capital, ao pólo petroquímico de Caxias e a Cidade do Aço Volta
Redonda, a Iguaçu Nova sairia na frente em médio e longo prazo, no que tange a
chegada e o escoamento de produtos (dada a área industrial prevista no projeto) e
para a circulação de pessoas. Isso seria dinamizado a partir da melhoria e
construção de vias (como o Arco Rodoviário) de fácil acesso tanto à Rodovia
Presidente Dutra na Altura de Queimados, à Rodovia “Antiga Rio São Paulo”, com
ela, a Av. Brasil na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Outro fator dinamizador, seria a
construção de outras vias, previstas no Plano Diretor da Cidade de Nova Iguaçu e
no Projeto Iguaçu Nova, como a Expansão da Via Light (atualmente em extensão
até o jardim Pernambuco), a “Avenida do Oleoduto” e a “Avenida Santa Cruz”,
(Pontal, op. Cit, Plano Diretor Municipal, 2006) sobre a antiga rota da linha Férrea,
conhecida popularmente como “Linha Velha” que ligava Austin a Santa Cruz,
construída em 1928 (SIMÕES, 2007, p. 171).
Figura 5: O mapa do Projeto Iguaçu Nova.
Fonte: Folder do Projeto Iguaçu nova da Pontal Engenharia, 2006.
O projeto é demasiadamente abrangente e prevê “setores mistos”, “setor
residencial multifamiliar”, “setores residenciais unifamiliares”, setor comercial,
parque, rodoviária, “heliponto”, setores para habitação popular, setores industriais,
Estação ferroviária (na Alusão à reativação do ramal ferroviário) e Setor de Esporte
e Lazer, presentes na figura a seguir.
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Figura 6: Planta do Projeto Iguaçu Nova
Fonte: Folder do Projeto Iguaçu Nova da Pontal Engenharia, 2006.
O setor de Esporte e Lazer é representado pelo Parque Aquático
(Multitemático) Paradiso Clube. Esse parque constituiria o cerne da implantação de
Iguaçu Nova e seria responsável pela construção da identidade de Iguaçu Nova.
Nesse sentido, a propaganda do lugar “onde se vive o Melhor da vida”, o futuro da
Baixada, foi amplamente divulgada em jornais e TVs, na publicidade dos “carros de
som” e na panfletagem. Desde 2003 já eram publicadas notícias do projeto e, a
partir de 2005 o Paradiso Clube começou a ser construído (Extra, 2004, p. 22). Em
função de nossa vivência cotidiana local, pudemos estar presentes no início da
escavação da primeira piscina do clube, evento o qual já era acompanhado da
venda títulos de direito de uso a inúmeros “futuros usuários” que em alguns casos,
nunca tinham sequer posto os pés na ainda “Fazenda Cabuçu”, O parque Aquático
iniciou as suas atividades no final de 2006. No Verão de 2006 para 2007 a Av.
Severino Pereira da Silva e a Estrada do Mato Grosso (no Caminho ao Centro de
Cabuçu) e a AV. Antonio Luziário (no caminho até Queimados) estiveram diante do
maior fluxo de veículos de passeio de sua história. Helicópteros da presidência da
Pontal Engenharia passaram a sobrevoar constantemente a área para fazer
levantamentos e captar imagens.
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Figura 6: Paradiso Clube em Funcionamento
Fonte: o Autor, 2007.
Longe de apenas divulgar o projeto, nossa intenção é alertar para as
possíveis repercussões que o empreendimento pode ter. De um lado, o projeto pode
trazer desenvolvimento e “refuncionalização” (SANTOS, 2003) para a região que,
historicamente esteve segregada das políticas de implantação de infra-estrutura
urbana e de saneamento básico4 e ser caracterizada por predomínio residencial de
população de baixo poder aquisitivo. Porém, de outro, ele pode promover a
reorganização sócio-espacial do povoamento, provocando a expulsão dos
moradores mais pobres, dado o crescimento do custo de vida e do crescimento da
especulação fundiária, uma vez que “o crescimento econômico que se vale do
Capital concentrado a serviço de uma estrutura capitalista gera pobreza” (SANTOS,
2003, p. 195). Esse processo de expulsão das camadas mais pobres dos lugares
onde o capital concentra investimentos foi definido por Santos como “limpeza física e
social do espaço” (SANTOS, 2003, p. 197).
Fato é que a especulação nas áreas do entorno já vem ocorrendo. Uma das
imobiliárias tradicionais da Baixada Fluminense, a Jodif, iniciou uma propaganda da
área em frente à entrada do Paradiso Clube, do Loteamento Jardim Nova Vida,
afirmando que “Iguaçu Nova já começou”. Essa divulgação é feita em folders e, mais
recentemente, na construção de um novo Stand de Vendas da Jodif (o primeiro fica
4
Nesse sentido devemos fazer um adendo ao Programa “Oba! Obras” em execução em todo o município e
também em Cabuçu. Sem fazer juízo de valor enquanto a respeito da possibilidade de ser estratégia política para
a reeleição do então prefeito Lindbegh, ressaltamos que se trata da primeira política de saneamento e
pavimentação da área de Cabuçu entre a Estrada de Madureira e a Av. Severino Pereira da Silva.
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do Lado oposto da Entrada do Parque) no local e na placa que chama a atenção
para o fato. Isso se deve à priorização da implantação de infra-estrutura diferenciada
nessa área do loteamento, uma vez que a drenagem e pavimentação já estão sendo
executadas a despeito do resto do loteamento, com cerca de 20 anos de ocupação e
com infra-estrutura precária.
Iguaçu Nova demonstra ser um espaço de emergência de diversos
fenômenos sócio-econômicos e político-espaciais à medida que são construídas as
“formas”, ou “formas de intencionalidade” (Hegel, citado por Santos, 2003, p. 188).
Seu arranjo padrão denota a insurgência de outras funções para a URG IV,
promovendo a construção de fixos, uma refuncionalização na mesma e a
reorganização dos seus fluxos.
Gestação da Cidade Paradiso
Atualmente está sendo construído o primeiro condomínio do Cidade Paradiso
e seu gigantesco Stand de Vendas com restaurante e a Casa Modelo Já se
encontram em atividade na entrada do Parque Aquático Paradiso Clube. Trata-se da
RP4 (Área Residencial Popular) que fica mais próxima do Centro de Cabuçu, entre o
Bairro Três Marias e o Loteamento Jardim Nova Vida e ao lado do Parque e a sua
entrada fica ao lado do Oleoduto na Estrada do Matogrosso (Cabuçu - Queimados).
Figura 7: obras do primeiro condomínio do Cidade Paradiso.
Fonte: Foto do Autor junho de 2008
A venda da identidade do projeto já se iniciou, primeiramente com contatos
com os sócios do parque e, posteriormente com anúncios em Outdoors, jornais,
sites e até mesmo em adesivo que cobre toda uma composição de trem do Ramal
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Japeri. Ao todo serão construídas cerca de 1800 casa e várias empresas trabalham
em conjunto como STA Engenhenaria e a Habitacasa.
Figura 8: Forjando a identidade de Iguaçu Nova.
Fonte: Foto do Autor outubro de 2008
Ao falarmos de refuncionalização, uma imagem captada da obra nos chama a
atenção, um momento de transição que ficará apenas na memória dos que estão
acompanhando de perto esse processo, quando o antigo e o novo se contrastam
como na foto a seguir
Figura 9: Refuncionalização em processo.
Fonte: Foto do Autor maio de 2008
Como esse é um estudo preliminar, não nos aprofundaremos na analise desta
segunda fase cabendo isso a trabalhos futuros que já estão em andamento.
Para não concluir
A cidade de Nova Iguaçu, dada sua importância no contexto metropolitano e
sua história de diversificadas centralidades está diante de algo novo, talvez mais
divulgado e previsto que a construção da Estrada de Ferro Dom Pedro II em 1858,
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esta que veio a reorganizar a estrutura econômica e sócio-espacial no município ao
extremo de modificar a localização de sua sede. Resta saber que conseqüências a
implementação do Projeto Iguaçu Nova (Cidade Paradiso) e dos projetos de vias de
acesso em debate na atualidade terão.
Não cabe a nós tirar conclusões a respeito dos rumos desse fenômeno em
função de ser difícil avaliar um fenômeno em curso. Sendo assim, fica a proposta de
que essa análise seja feita em trabalhos futuros, por nós e por outros pesquisadores
amantes da Baixada Fluminense, em especial ao Iguaçuanos de nascimento ou de
coração.
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Nova Iguaçu, Cidade mãe: Resumo