SAMIRA MAXIMIANO SCHIAVON PROJETO REVIVAVIDA: UM DIÁLOGO ENTRE A PEDAGOGIA LIBERTADORA E A ECOPEDAGOGIA CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO AMERICANA 2009 SAMIRA MAXIMIANO SCHIAVON PROJETO REVIVAVIDA: UM DIÁLOGO ENTRE A PEDAGOGIA LIBERTADORA E A ECOPEDAGOGIA Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação ao Programa de PósGraduação do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Luís Antonio Groppo. CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO AMERICANA 2009 Schiavon, Samira Maximiano S352p Projeto Revivavida: um diálogo entre a Pedagogia Libertadora e a Ecopedagogia / Samira Maximiano Schiavon. – Americana: Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2009. 219 f. Dissertação (Mestrado em Educação). UNISAL – SP. Orientador: Profº Drº Luis Antonio Groppo. Inclui bibliografia. 1. Pedagogia libertadora. 2. Ecopedagogia. 3. Projeto Político-Pedagógico – Brasil. I. Título. CDD – 371.207 Catalogação elaborada por Terezinha Aparecida Galassi Antonio Bibliotecária do Centro UNISAL – UE – Americana – CRB-8/2606 Autor: Samira Maximiano Schiavon Título: Projeto Revivavida: Um diálogo entre a Pedagogia Libertadora e a Ecopedagogia Dissertação apresentada como exigência parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação. Trabalho de conclusão de curso defendido e aprovado em 28/08/2009, pela comissão julgadora: _____________________________________________________ Prof. Dr. Luis Antonio Groppo (orientador- UNISAL) _____________________________________________________ Prof. Dr. Severino Antônio Moreira Barbosa ( membro interno – UNISAL) ______________________________________________________ Prof. Dr. Álvaro José Pereira Braga (membro externo – UNISAL) UNISAL Americana 2009 Dedico aos meus pais Renato e Regina, exemplos de vida para mim. Aos meus filhos Érika e Matheus, grandes amores de minha vida e a razão do meu viver. Aos Mestres Groppo e Severino, por me mostrarem uma nova escuta da Educação. AGRADECIMENTOS Aos meus pais Renato e Regina Schiavon, por me amarem e me educarem, nos mais nobres sentimentos humanos. Aos meus filhos Érika e Matheus, que são os grandes amores da minha vida, com quem compartilho todos os momentos de minha vida. Agradeço a eles por serem meus grandes amigos e companheiros. Agradeço ainda pela paciência que tiveram durante a caminhada no Mestrado e a dedicação com que me auxiliaram durante a construção da dissertação. A minha querida irmã Giovana, ao meu cunhado Danilo, e as florzinhas de seu jardim, minhas sobrinhas Pietra e Anne, por estarem ao nosso lado trazendo risos, alegrias e esperança. Ao Prof. Dr. Luis Antonio Groppo, por me mostrar que mesmo dentro de turbulências, podemos vencer e superar desafios. Orientou-me com sabedoria, calma e respeito durante todo o percurso da pesquisa. Ao Prof. Dr. Severino Antonio, por me mostrar a poesia na educação e a educação poética. Ao Prof. Dr. Paulo de Tarso Gomes, por suas imprescindíveis contribuições no exame de qualificação. Aos professores do curso de Mestrado em Educação, por me acolherem e participarem do meu crescimento profissional. Aos amigos do curso de Pós-Graduação e do Caipe, por suas contribuições nas aulas, encontros e reuniões. A Direção da Escola Estadual Altair Polettini, representada pela sua equipe: Miriam, Sissi, Daniela e Rosangela, por me receberem sempre com as portas abertas. Aos professores, funcionários, alunos e pais de alunos, que me receberam na comunidade escolar, fazendo da Escola Altair Polettini meu segundo lar. Agradeço pela construção que fizemos coletivamente do Projeto Revivavida, objeto desta pesquisa de mestrado. Agradeço aos meus tios, em especial a Tia Meire e a Tia Marina, por sempre me apoiarem com palavras de força e otimismo nos momentos em que eu desanimava. Agradeço aos meus amigos e amigas, em especial a Dagmar por ouvir as minhas angústias, compreender as ausências e incentivar o meu trabalho. E finalmente a todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização desta pesquisa. Ser palhaça é dar um mergulho dentro dos seus segredos e buscar o reencontro consigo mesmo. É saber identificar todos os sentimentos, todos os valores, todo o nosso ridículo e querer dividir isso com os outros de peito aberto, e não ter medo de dar a cara à tapa (ou a torta). Depoimento das alunas do grupo “É engraçado ser Séria” RESUMO Esta pesquisa tem por objetivo analisar a elaboração, desenvolvimento, aplicabilidade e alcance histórico do projeto socioambiental Projeto Revivavida, desenvolvido na Escola Estadual Profª. Drª. Altar de Fátima Furigo Polettini, no município de Mogi Mirim, estado de São Paulo, durante os anos letivos de 2004 a 2006. O Projeto Revivavida tem por referência a proposta metodológica sugerida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Meio Ambiente (EMBRAPA) que é o sócioconstruvismo e a utilização do método ver-julgar e agir. A análise do Projeto Revivavida está fundamentada nos referenciais teóricos de Paulo Freire sobre a Pedagogia da Libertação e a Ecopedagogia proposta por Moacir Gadotti. Para analisar o Projeto Revivavida enquanto Movimento Social utilizou-se as categorias de Movimento Social sugerida por Maria da Glória Gohn. Por se tratar de uma dissertação que dialoga com vários saberes, apresenta uma multiplicidade de referenciais teóricos, que não foram citados aleatoriamente, mas como parte do diálogo entre os saberes e pela característica transdisciplinar do Projeto Revivavida. Trata-se de um estudo de caso e para a sua construção utilizou-se a metodologia da Pesquisa-Ação-Participante, devido ao envolvimento nas ações do projeto como educadora/pesquisadora. Neste processo de pesquisa utilizaram-se dos recursos documentais, como planos, projetos, tabelas e fotos, para a contextualização histórica, social, política e econômica da escola e do Projeto Revivavida. E teceu-se um diálogo entre os referenciais teóricos de emancipação, afetividade, criticidade, transdisciplinaridade, sustentabilidade, relações locais e globais, dando vozes aos atores que constituíram este movimento, as organizações abrigadoras e apoiadoras - Embrapa e Diretoria de Ensino; as lideranças internas – equipe gestora; e as bases demandatárias educadores e educandos. As ações socioambientais do Projeto Revivavida tiveram um alcance local e social; contribuindo e oportunizandom a formação de educadores e educandos mais críticos e reflexivos na construção de uma educação voltada a escola pública de qualidade, a sustentabilidade e a conquista da cidadania planetária. PALAVRAS CHAVE: Pedadogia Libertadora; Ecopedagogia; Projeto PolíticoPedagógico ABSTRACT This research has for objective to analyze the elaboration, development, applicability and historical reach of the socio-environmental Revivavida Project, developed in the State School Profª. Drª. Altar of Fátima Furigo Polettini, in the city of Mogi Mirim, estate of São Paulo, during the school years of 2004 until 2006. The Revivavida Project has for reference the methodology proposal suggested by the Embrapa Environment that is the socio-constructive and the use of the method seejudge and act. The analysis of the Revivavida Project is based on the theoretical referential of Paulo Freire, on the Pedagogy of the Release and the Ecopedagogy proposed by Moacir Gadotti. To analyze the Revivavida Project while Social Movement, we use the categories of Social Movement suggested by Maria of the Gohn Glory. For the construction of this research, we use the methodology of ResearchAction-Participant, because the involvement in the actions of the project while educator/educating. In this process of research we use the documentary resources, as plains, projects, tables and photos, for the context historical, social, economic and politics of the school and the Revivavida Project. And we weave a dialogue among the theoretical referential of emancipation, affectivity, criticism, trans-discipline, support, local and global relations, community and society and giving voices to the actors who have constituted this movement, the shelter and supporter organizations - Embrapa and Direction of Education; the internal leaderships - managing team; and the demanding bases - educators and students. The development of the socio-environmental actions of the Revivavida Project have initiated a local and social reach; they have contributed and supplied opportunities to the formation of educators and students more critical and reflective in the construction of an education directed to the public school of quality; the support and the conquest of the planetary citizenship. KEY WORDS: Liberating Pedagogical; Ecopedagogia; Pedagogical Project LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Eixo Temático: Cidadania e Saúde .........................................................77 Gráfico 2 – Temas Geradores: Cidadania e Saúde.....................................................77 Gráfico 3 – Temas Geradores: Água e Energia .........................................................82 Gráfico 4 – Tema Gerador: Lixo ................................................................................83 Gráfico 5 – Tema Gerador: Agricultura e Alimentação.............................................84 Gráfico 6 – Tema Gerador: Recursos Naturais ..........................................................85 Gráfico 7 – Perfil dos Professores Entrevistados .......................................................107 Gráfico 8 – Perfil dos Alunos Entrevistados ..............................................................110 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Desenho de Aluno – Tema Água ..............................................................82 Figura 2 – Desenho do Jogo – Tema Lixo – Desperdício - Elaborado pelo Aluno .............................................................................84 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................12 1 EDUCAÇÃO: EMANCIPAÇÃO, PROJETOS PEDAGÓGICOS E PARCERIAS ............................................................................................................15 1.1 Educação e Emancipação ...........................................................................15 1.2 Tecendo os Fios da Educação Ambiental ...................................................25 1.3 Projetos Pedagógicos e Políticas Públicas ..................................................35 1.4 Conceito de Movimentos Sociais e seus Atores .........................................41 2 O PROJETO REVIVAVIDA E SEUS ATORES ......................................................... 49 2.1 A Escola ................................................................................................................ 51 2.2 A Construção e as Transformações do Projeto Revivavida .................................. 57 2.3 A Embrapa Meio Ambiente e os Parceiros.................................................62 2.3.1 A Metodologia Proposta pela Embrapa Meio Ambiente e a Capacitação para o Programa Meio Ambiente e a Escola ...................64 2.4 A Descrição do Projeto e as Etapas de Elaboração ....................................68 2.5 Os Projetos SócioAmbientais Desenvolvidos no Revivavida ....................76 2.6 O Projeto Revivavida analisado enquanto Movimento Social ...................87 3 AS VOZES DOS ATORES ..................................................................................92 3.1 Algumas Considerações Metodológicas .....................................................93 3.2 As Vozes das Instituições Abrigadoras e Apoiadoras ................................94 3.3 As Vozes da Liderança ...............................................................................100 3.4 As Vozes das Bases Demandatárias ...........................................................105 3.4.1 Os Professores ....................................................................................106 3.4.2 Os Alunos ...........................................................................................110 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................122 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................126 ANEXOS ...................................................................................................................134 12 INTRODUÇÃO Quando surgiu a oportunidade de fazer a inscrição no Mestrado em Educação, fiquei pensando em um tema que poderia ser meu objeto de pesquisa. Apesar de estar envolvida com a Educação, nunca pensei em fazer mestrado nesta área, mas sim em História, que é minha formação acadêmica original. As idéias e propostas de projeto que tinha em mente eram relacionadas à História de Gênero, e nada tinham a ver com a linha de pesquisa sobre Educação Sóciocomunitária. Como estava muito envolvida com o Projeto de Educação Ambiental desenvolvido na Escola Estadual Altair Polettini, a qual eu trabalhava como Coordenadora Pedagógica, e algumas questões sobre o seu desenvolvimento e resultado me aguçavam a curiosidade em busca de respostas, resolvi escrever um Projeto de Pesquisa com a proposta de analisar o alcance do projeto no cotidiano da escola e na comunidade em que a escola estava inserida, assim como o envolvimento da comunidade escolar na sua elaboração, desenvolvimento e resultados. Durante a elaboração da proposta de pesquisa não tinha um conhecimento aprofundado de qual referencial teórico o projeto se embasava. Acreditava na educação como um agente transformador, e que a escola era apenas um dos meios de atuação para esta transformação. Quando tomei conhecimento por meio das disciplinas de teóricos como Paulo Freire, Carlos Rodrigues Brandão e Moacir Gadotti, percebi que minha idéia sobre educação combinava totalmente com as idéias destes autores, os quais me ajudaram a nortear a analise desta dissertação. Os conceitos trabalhados no projeto fazem referência à concepção que tenho de educação entrelaçada com a educação sócioambiental, baseada na teoria dos autores citados acima. A de que a construção do conhecimento está ligada à transdisciplinaridade por meio da emancipação, da ação-reflexão, do diálogo e da transformação, tanto no processo educativo, como na formação do ser humano e da sociedade. O problema a ser enfrentado na pesquisa era o de entender como os diversos projetos do Revivavida, assim como seus desejos, valores e práticas são determinantes e determinados para a construção de uma educação emancipadora; de como foi o processo de gênese e as transformações que o Projeto Revivavida sofreu e vêm sofrendo a partir de fatores internos e de influências externas; além das propostas e práticas 13 transdisciplinares do Projeto Revivavida – nas práticas de intervenção educativa e na relação entre escola e comunidade. A metodologia de análise do projeto de pesquisa é um estudo de caso e foi delineada pelo diálogo entre os referenciais teóricos e a prática dos Projetos do Revivavida. A interpretação do Projeto Revivavida é feita com base na Metodologia de Pesquisa Ação Participante (PAP), fundamentada na teoria de educação emancipadora proposta por Paulo Freire. Para a análise do Projeto Revivavida foram utilizadas as seguintes fontes documentais: Planos de Gestão 2003-2006; 2007-2010; a proposta e os relatórios do Projeto Revivavida dos anos 2004, 2005, 2006 e 2007 e o Projeto Político Pedagógico 2008; fotos e reportagens de jornais; questionários qualitativos e quantitativos com perguntas abertas e diretivas, aplicados aos alunos, professores, direção e coordenação; entrevistas com professores, alunos e Assistente Técnico Pedagógico da Diretoria de Ensino; concluindo na análise dos dados, questionários e das entrevistas. O primeiro capítulo procura apresentar uma discussão a respeito dos conceitos de educação, emancipação, educação ambiental, projeto políticopedagógico e ecopedagogia. Dentro do conceito de educação, procura discutir a relação entre ensinar e aprender; a educação libertadora e emancipatória de Paulo Freire; a desumanização, a relação homem-natureza, homem-homem; a necessidade de humanizar e reencantar a educação, de atrelar a educação escolar com a educação ambiental e de compreender a educação ambiental como prática, conhecimentos e metodologias participativas e colaborativas de ação-reflexão, resultando na transformação social para um desenvolvimento sustentável e consciente. Ainda busca compreender a educação ambiental como parte integrante do tecido social, que entrelaça as diversas áreas do conhecimento por meio do diálogo. No segundo capítulo procurou-se fazer um diálogo entre a teoria e a prática, analisando o Projeto Revivavida através dos seus projetos, da metodologia do ver, julgar e agir, proposta pela Embrapa Meio Ambiente, na tentativa de compreender o alcance dos projetos desenvolvidos no âmbito local e global, quanto a concepção de educação ambiental. Durante o transcorrer da dissertação, mais especificamente durante a qualificação, pode-se perceber que o Projeto Revivavida , durante as suas etapas de concepção, elaboração, desenvolvimento e avaliação apresentava características de um movimento social apresentadas por Maria da Glória Ghon. Num exercício de reflexão, 14 de análise e comparações verifica-se que tais características eram observadas no Projeto Revivavida. No terceiro capítulo foi possível verificar o sentimento de pertencimento da comunidade escolar com o Projeto Revivavida e com a educação sócioambiental, através da análise das entrevistas e questionários aplicados aos alunos, professores, direção e coordenação, concluindo o alcance histórico do projeto, seus acertos e suas dificuldades, dentro de uma concepção emancipatória e cidadã de educação. Nas considerações finais da pesquisa, pode-se entender a importância e o alcance que o Projeto Revivavida desencadeou na Escola Altair Polettini, contribuindo no processo de ensino-aprendizagem, no sentimento de pertencimento e afetividade entre educadores e educandos, oportunizando práticas de diálogo, reflexão e criticidade. As dificuldades como a descontinuidade de políticas públicas; a falta de espaços que viabilizem a troca de experiências e o diálogo entre educadores e educandos, a troca constante de professores que não se sentem pertencentes e comprometidos com os projetos sócioambientais, e a fragmentação do saber em disciplinas desarticuladas e hierarquizadas pelos sistemas de avaliação externos levaram a um adormecimento das ações do Projeto. Desejos de retomada das ações sócioambientais partem das diferentes vozes do movimento: liderança, educadores e educandos. O Projeto Revivavida seduziu os seus atores, e segundo Rubem Alves (apud Assmann, 2007) “educar tem tudo a ver com sedução”. Educador/a é quem consegue desfazer as resistências ao prazer do conhecimento. Seduzir para “o quê”? Ora para um saber/sabor (RUBEM ALVES apud ASSMANN, 2007, p.5). Reencantar deve ser o objetivo dos projetos de educação, em especial os de educação ambiental, pois seus princípios e fundamentos estão ligados a sensibilidade, ao entusiasmo que gera um sentimento de pertencimento, que move o ciclo e reencanta o viver, de forma crítica e reflexiva. 15 1. EDUCAÇÃO: EMANCIPAÇÃO, PROJETOS PEDAGÓGICOS E MOVIMENTOS SOCIAIS O termo “aprendizagem” deve ceder o lugar ao termo aprendência”(“apprenance”), que traduz melhor, pela sua própria forma, este estado de estar-em-processo-de-aprender, esta função do ato de aprender que constrói e se constrói, e seu estatuto de ato existencial que caracteriza efetivamente o ato de aprender, indissociável da dinâmica do vivo.” Trocmé-Fabre Este capítulo tem por proposta discutir temas que serão importantes para a análise do Projeto Revivavida, objeto de pesquisa desta dissertação. Temas como: educação emancipadora, educação ambiental, projeto político-pedagógico o conceito de movimento social. O Projeto Revivavida foi concebido com a idéia de uma prática educacional transformadora entrelaçada com a concepção de Educação Ambiental. O desenvolvimento e as ações do Projeto supracitado serviram como base para a construção das ações político-pedagógicas da escola que tem como objetivo principal a cidadania, a educação de qualidade e humanização dos alunos. Compreender os referenciais que auxiliaram na análise do Projeto Revivavida parece importante para a análise do tema em questão. 1.1 Educação e Emancipação Educação, educações, saberes, aprendizagem, conhecimento. São tantas nomenclaturas, tantos métodos, tantos procedimentos, tantas dúvidas. Mas por quê? Educadores, estudiosos, governantes, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e uma grande parcela da população estão pensando, discutindo e repensando a educação. Mas com qual finalidade? Com qual objetivo? A maioria é unânime em dizer: “para melhorá-la”. “Todos em busca de uma educação de qualidade”, diz o slogan do Governo Federal. Mas de qual qualidade estamos falando: qualidade de índices? De saberes? De vivências? 16 Recorre-se ao título e ao trecho do livro de Hugo Assmann, “Reencantar a Educação - Rumo à sociedade aprendente” para iniciar a reflexão sobre a educação. “A escola não deve ser concebida como simples agência repassadora de conhecimentos prontos, mas como contexto e clima organizacional propício à iniciação em vivências personalizadas do aprender a aprender. A flexibilidade é um aspecto cada vez mais imprescindível de um conhecimento personalizado e de uma ética social democrática.” (ASSMANN, 2007, p.33). A dialógica do ensinar e aprender talvez seja uma das mais antigas relações existentes entre os homens. Não de forma sistematizada ou normatizada, mas de uma forma natural, necessária à sobrevivência, como o ato de caçar dos primeiros hominídeos, e cujos saberes e fazeres eram passados de geração a geração para garantir a continuidade do grupo. Hoje a educação precisa se “reencantar”, buscar novos significados, reencontrar sua beleza, seu encantamento. “Precisamos reintroduzir na escola o princípio de que toda a morfogênese do conhecimento tem algo a ver com a experiência do prazer. [...] Reencantar a educação significa colocar a ênfase numa visão da ação educativa como ensejamento e produção de experiências de aprendizagem.”(ASSMANN, 2007, p.29). Pode-se buscar mais algumas respostas ao questionamento inicial, na forma como a educação foi praticada no decorrer dos tempos. A prática educativa dos primeiros homens se fundava na necessidade de continuidade da espécie. Quando as primeiras comunidades começaram a ser formar, a educação estava intrinsecamente ligada ao cotidiano da comunidade, ao alimentar-se, à transmissão da cultura, por meio dos ritos, ao cultivo da memória histórica, oralmente. A formação estava inserida em um contexto permanente. Não havia professores e todo mundo ensinava. Aprendia-se a partir da própria experiência e da experiência dos outros. Aprendia-se fazendo, o que tornava inseparáveis o saber, a vida e o trabalho. (HARPER, 2006, p.25). Na Idade Média, na Europa, o saber e a educação aos poucos passaram a ser “produto da escola”, mas a escola era um privilégio primeiramente da nobreza e depois da burguesia, que valorizava no seu aprendizado seus próprios valores e saberes, excluindo a educação erudita do restante da população menos favorecida, que tinha nos ofícios do dia a dia o seu aprendizado. Aprender um ofício para a criança filha do trabalhador era mais importante que conhecer os clássicos. Desassociava-se, então, 17 completamente o saber popular do saber erudito e elitiza-se a educação. (HARPER, 2006, p.26). Com a Revolução Industrial houve uma ascensão da burguesia industrial e uma concentração de operários nos centros urbanos. A escola já não atendia às necessidades da nova economia. Além dos estudos clássicos, era necessário implantar disciplinas e conteúdos que atendessem a necessidade das fábricas. Mas faltava ainda “educar” quem trabalharia nessas fábricas. A mão de obra não poderia ser totalmente desqualificada, era necessário um “mínimo” de “educação”, no sentido estrito da palavra e não como aprendizagem. Deveriam ser “bons trabalhadores”, “bons cidadãos” e “trabalhadores disciplinados” A educação e a escola assimilaram as necessidades determinadas pelo mercado. A burguesia industrial ascendente e o Estado que controlava passou então a “dar” educação para a classe trabalhadora, mas deixando bem claro, que havia dois tipos de escola: aquela destinada aos futuros operários, onde se ensinava o mínimo para sua função de trabalhador e onde ele seria educado; e a escola da elite burguesa, que preparava os alunos para dar continuidade aos seus estudos, proporcionando-lhes saberes para o domínio das fábricas. A educação passou a ser um dos motivos da segregação social. [...] E um fato novo se viu Que a todos admirava O que o operário dizia Outro operário escutava [...] E aprendeu a notar coisas A que não dava atenção Notou que sua marmita Era o prato do patrão Que sua cerveja preta Era o uísque do patrão Que seu macacão de zuarte Era o terno do patrão Que seus dois pés andarilhos Eram as rodas do patrão Que o casebre onde morava Era a mansão do patrão. [...] (Vinícius de Moraes, 2006) A classe operária passou a lutar para a democratização da escola, onde seus filhos poderiam ter as mesmas oportunidades e acesso a um conhecimento que poderia colocá-los em igualdade com a classe burguesa. Seria um serviço público que todos poderiam freqüentar, seria um “instrumento de emancipação” das classes menos 18 favorecidas. O desempenho dos alunos seria a seleção para a continuidade dos estudos, e não mais a sua origem social. É verdade que a escola se alterou bastante desde os tempos da Revolução Industrial. Algo ou muito do que foi proposto pelo movimento operário se efetivou nas escolas. Mas, se analisar superficialmente, parece que uma seleção justa – por desempenho – se instalou. Contudo, se analisar melhor, a verdade é que a desigualdade social permanece. Os índices de abandono, evasão, reprovação são bem maiores nas camadas desfavorecidas, especialmente na periferia e na zona rural. O desejo de fazer da escola pública um modelo da escola burguesa, com uniforme obrigatório, material escolar, e outras taxas, que a classe pobre muitas vezes não consegue manter, sistematiza a opressão sofrida pela camada oprimida, que assimila como sendo verdadeira a idéia de uma escola democrática e igual para todos. No entanto, tal escola “reproduz a divisão da sociedade em categorias sociais distintas” (HARPER, 2006, p.36). Apesar das reformas e das medidas paliativas, a educação do século XXI continua reproduzindo a pedagogia das classes dominantes. Se os indicadores afirmam que a evasão da classe menos favorecida na escola é causada pela reprovação, a pedagogia da classe dominante “solidariza-se” e institui a progressão continuada; se a falta de material escolar era um dos problemas, o governo doa o material; se a dificuldade de aprendizagem é a desnutrição, melhora-se a merenda; se o problema é o uniforme obrigatório, a escola supre. Talvez estes sejam métodos eficazes de manter uma pedagogia opressora e responsabilizar a sociedade oprimida que, “mesmo recebendo tudo gratuitamente não se esforça para aprender”, opondo-se a uma pedagogia libertadora e emancipadora, como propõe Paulo Freire. Azevedo, no seu artigo “Educação pública: o desafio da qualidade do ensino” escreve: É nesse contexto que se inscrevem determinados conceitos e medidas educacionais que afirmam a busca de qualidade na educação pública. No campo das reformas neoliberais, o conceito de qualidade vem sempre vinculado a métodos quantitativos de avaliação [...]. A empresa é definida como modelo organizacional para a escola, onde se podem aferir resultados quantificáveis, medir e controlar[...]. Cria-se na opinião pública a sensação de que os problemas sociais podem ser resolvidos pela educação. Desemprego estrutural, concentração da riqueza são questões que podem ser contornadas por uma educação que torne os pobres "meritocratas", competitivos e competentes. É a afirmação dos velhos princípios liberais de oportunidades iguais aos desiguais. Nessa visão já está implícita a justificativa de que vencerão os melhores, os que aproveitarem as oportunidades. Certamente, "a nova elite produzida pela educação 19 competente" não brotará dos milhões de indigentes e pobres que constituem o espectro dos excluídos da apropriação da riqueza na sociedade brasileira. A escola, por certo, continuará contribuindo para legitimar a situação social dos educandos. (2007, p.9) A intenção de fazer um breve relato da história da educação foi para se compreender que a educação é uma ação do homem, mediada pela natureza, pela sociedade e pela cultura simbólica, e se a educação hoje está desumanizada, ela foi parte de um processo iniciado, ao menos aprofundado, com o desenvolvimento do capitalismo (MARTINS, 2008). Pensar que a educação pública de qualidade está atrelada aos índices de avaliações externas é o mesmo que dizer que a culpa pela defasagem da educação está nos educadores, que não conseguem atingir o mínimo de conteúdo esperado para a série. É atribuir um peso a uma medida errada. É desvalorizar aquele que pode contribuir, é menosprezar a sabedoria daquele que quer compartilhar seu aprendizado, é chamar de incapaz, aquele que ajudará a construir a sociedade, é aumentar as diferenças sociais que são bem visíveis, é relegar a educação a um índice e não a uma vivência. A inversão de valores sobre homens e objetos coloca o educador numa sociedade onde ter vale mais do que ser. A escola acaba reproduzindo esses valores quando, ao contrário de conciliar, de dialogar, utiliza na relação educadores-educandos a “concepção bancária”, “[...], para a qual a educação é o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos.” Com a sua alienação, os educandos, “à maneira do escravo na dialética hegeliana, reconhecem em sua ignorância a razão da existência do educador, mas não chegam, nem sequer ao modo do escravo naquela dialética, a descobrir-se educadores do educador.” (FREIRE, 2005, p.67) É fato que a escola não é o único espaço de aprendizagem, mas é onde se pode fazer com que floresçam concepções e conceitos, onde se aliam teoria e prática. Onde a ciência pode se entrelaçar com o humano, construindo, inventando e reinventado novos saberes, novos olhares sobre a vida e sobre os homens. Ligando, segundo Severino Antônio (2008), “aprendizagem e existência. É claro, não se pode esquecer que a educação não constrói só homens humanistas, que fazem esse entrelaçamento de ciência e vida, transformando-a em conhecimento a ser utilizado por toda a humanidade, sem distinção social. A educação é também carregada de política, de ideologia, como escreveu Paulo Freire em seu livro a Pedagogia da Autonomia: 20 Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumirse. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto. (FREIRE, 2004, p.41). A escola não é o único espaço onde a educação acontece, assim como não existe um único método para propagá-la. A educação é construída de acordo com a sociedade onde se manifesta, assim como a sociedade é construída por dimensões determinadas pela natureza, economia e cultura, estabelecidas dentro de um contexto histórico. O que hoje se presencia na prática pedagógica, especialmente nas escolas públicas estaduais, é a dissociação da educação com a existência. Não se vê mais a beleza da natureza, o que priva o educador de tirar dela seu aprendizado, seus saberes, seus sabores. A preocupação constante é em atender conceitos, métodos, atingir conteúdos e metas, esquecendo-se que a educação está também no sentir. A sociedade é construída por meio do seu processo de produção, de suas crenças, de suas idéias, das suas qualificações e especificidades. Renovando seus símbolos, seus bens e seus poderes ela se mantém e se reconstrói. A sociedade, portanto, não é algo divinamente dado aos homens, mas resultado da luta pela sobrevivência para garantir a sua existência físicocorporal. Se existem diferentes formações econômicas e sociais é porque também há distintas formas de lutar pela sobrevivência [...]. “O mundo e a humanidade são produtos da ação humana.” (MARTINS, 2008, p. 34-35). E a educação é responsável por propagar essa ação. Carlos Rodrigues Brandão escreve sobre as diversas educações. A educação se dá em diferentes espaços e tempos e das mais variadas formas. Pode representar tanto o saber daquilo que é comunitário, como ser imposta por um sistema centralizado, que reforça a desigualdade entre os homens, seja ela social, política, econômica ou cultural. A educação, portanto, é ideológica aos grupos sociais: “na prática, a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer.” (BRANDÃO, 2007, p.12). A crise da educação pode estar ligada à forma como se vê a educação, tanto nas escolas, como nas políticas públicas, neste espaço que é o Brasil e num tempo em que a cultura perde seu significado e os objetos passam a coisificar o homem. 21 A educação é uma ação do homem, mediada pela natureza, pela sociedade e pela cultura simbólica, e se a educação hoje está desumanizada, ela foi parte de um processo iniciado com o desenvolvimento do capitalismo, onde o TER passou a ser mais valorizado do que o SER. “Nessa perspectiva, prevalece, nas relações sociais, o sistema de valor de troca, pelo qual tudo e todos são avaliados, comprados, vendidos e descartados.” (MARTINS, 2008, p.48). E infelizmente esta desumanização do homem está presente na educação, seja ela formal ou informal. A escola quando passou a privilegiar o saber de uma única classe social, passou a ser um grande instrumento desta desumanização. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.” (FREIRE, 2004, p.23). Por mais conhecida que seja a frase de Paulo Freire, é preciso sempre repeti-la, quando se falar de uma prática educativa crítica e reflexiva, aquela educação que faz buscar e reconhecer na história uma possibilidade de transformação, de mudança e não de determinismos, de conceitos prontos e inalterados, e, até mesmo, de postura de alguns educadores descrentes de seus ideais e que afirmam que mais nada pode “salvar” a educação. O professor Ernani Maria Fiori, no prefácio do livro de Paulo Freire, “A Pedagogia do Oprimido”, cita que a “práxis humana” deve ser uma prática da liberdade, e que nossa sociedade está envolta em uma dinâmica estrutural que nos conduz à dominação de consciência, em que a “pedagogia dominante é a pedagogia das classes dominantes,” (FREIRE, 2005, p.7) e que, portanto, para uma educação libertadora, não se pode seguir uma proposta educacional cujo objetivo seja a opressão e a alienação dos educandos. “A prática da liberdade só encontrará adequada expressão numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de, reflexivamente, descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica.” (FREIRE, 2005, p.7). Muitas vezes a idéia de uma educação emancipadora assusta e causa medo. A educação como forma de libertação dos homens envolve uma posição que muitas vezes parece ser idealista, já que pratica alguns sentimentos que parece terem sido esquecido, como o amor, o diálogo, a esperança, a humildade, a simpatia. Como escreveu Paulo Freire (2005), a “radicalização é reacionária”, enquanto que, ao adotar-se uma postura de comodidade frente à educação, não se consegue perceber o quanto se favorece a situação dos opressores, que se glorificam e se gratificam por meio de uma falsa generosidade. 22 Esta postura de comodidade que muitas vezes o educador adota no seu dia-a-dia, vem ao encontro da necessidade dos opressores. Introjeta-se durante anos a idéia de que nada se pode fazer contra o sistema, esquecendo-se de que este sistema faz parte de um macro sistema, o qual o educador é co-responsáveis pela sua situação, pois o homem é que constrói o processo histórico. “Se o homem produziu esse mundo desumanizado, se foi ele e não outro o sujeito de sua própria história, é possível a ele transformá-la e reumanizá-la.” (MARTINS, 2008, p.36). Assim como a educação. O educador seria muito pessimista se achasse que a situação nunca poderia ser revertida. “A desumanização não é um destino dado” (FREIRE, 2005). Não é fácil, mas algumas estratégias e métodos podem ser utilizados até serem incorporados novamente dentro de uma prática libertadora. Paulo Freire em “Pedagogia da Autonomia” (2004) e “Pedagogia do Oprimido” (2005) pode orientar para compreensão como a práxis educativa, muitas vezes, é mal compreendida pelos professores e acaba se tornando uma prática que não busca a transformação, e achando que está libertando está aprisionando o educando em valores pré-determinados pela sociedade. Assim como os oprimidos de Paulo Freire, os educandos também se encontram imersos na realidade opressora, seguindo uma ordem injusta, que assimilam como natural, até que um dia possam tomar consciência e libertar-se da opressão. A educação é o exercício de toda e qualquer aprendizagem, seja ela na escola, na família ou em ambientes sociais e envolve todas as pessoas em todos os seus círculos de convivência, ora participando como educando, ora participando como educador, mediado pelo seu cotidiano, pela cultura e pela sua experiência individual. O homem é um ser incompleto, e a todo o momento ele busca a sua completitude, sendo que a educação é um dos meios desta completitude. A educação identifica o homem enquanto ser social e o ajuda a se completar e a se libertar da opressão, por meio da práxis, compreendida como um processo de construção, um ciclo contínuo de ação e reflexão, que busca uma transformação. “A educação terá um papel determinante na criação da sensibilidade social necessária para reorientar a humanidade”(ASSMANN, 2007, p. 26). Na medida em que ela busque na sua prática pedagógica ações socializadoras, ambientes propícios para a troca de experiências de aprendizagem, inclua em seu currículo discussões sobre os processos naturais e sociais que envolvem o homem contemporâneo e a sociedade do conhecimento, preocupando-se em interligar dialogicamente o homem com a natureza e a sociedade. 23 Embora pareça a primeira vista uma ação difícil e complicada, que leva a elaborar estratégias e artimanhas para chegar a este objetivo, é menos complexa do que parece, pois firma-se na idéia de autonomia e diálogo, que só é conseguida com dedicação e sensibilidade solidária, como propõe Assman (2007). “Educar é a mais avançada tarefa social emancipatória” (ASSMANN, 2007, p. 26). Estudada aqui em uma das formas de educação: a educação pública, tão desacreditada e desmoralizada, mas que deveria ser o lugar perfeito para a prática da educação emancipatória proposta por Paulo Freire e citada por Assmann (2007, p.23): “a escola deve ser um lugar gostoso.” “A educação terá um papel determinante na criação da sensibilidade social necessária para reorientar a humanidade” (ASSMANN, 2007, p. 26). Buscar uma educação pública de qualidade não deve ser apenas um slogan ou um jargão, deve ser o principio norteador das políticas públicas, dos professores e de toda a sociedade, a construção de uma sociedade humanitária depende do desejo, união e cooperação de todos adquiridos através de uma prática crítica e transformadora, da ação-reflexão-ação. A educação é o exercício de todo e qualquer processo de aprendizagem que acontece em todos os ambientes sociais do qual participam educador e educandos, sendo impossível e inadmissível desvincular a educação da política. A educação é uma forma política como propõe Paulo Freire. Ela acompanha o desenvolvimento histórico, político, econômico e social que identifica o homem, ajudando a se completar e instrumentalizando-o para a transformação social. Muitas vezes a crise da sociedade moderna leva a um estado de alienação e perda dos significados e características da vida em comunidade ou sociedade. O trabalho com criticidade, a responsabilidade e a integração dentro das escolas, ajuda a conscientizar as pessoas de que a melhora nas condições de vida dos excluídos tem início na mudança de comportamento da classe excluída, e é de responsabilidade das escolas e das comunidades trabalharem para que esta conquista seja atingida, principalmente quando se entende que a escola pública ao invés de atender sua proposta inicial que era democratizar e universalizar a educação passou a ser um divisor de águas, tendendo a relegar as classes populares um aprendizado sem qualidade. Mas não dá para esperar que algo aconteça e mude a situação que se tornou cômoda para alguns atores sociais desta situação em que a educação pública vem enfrentando. Buscar a educação pública de qualidade exige mudança, transformação, envolvimento dos atores sociais, fortificados num sentimento de identidade e 24 pertencimento gerando inovações, articulações e ações que busquem uma real transformação sociopolítica, econômica e cultural, por meio da práxis. Gadotti, na introdução do seu livro Pedagogia da Práxis, dá uma esperança sobre os novos rumos que a educação poderia seguir: Nesse contexto histórico, do fracasso da educação e de nova esperança, surge na pedagogia do diálogo uma nova sistematização, cuja maior figura é Paulo Freire [...]. O diálogo dos oprimidos, orientados por uma consciência crítica da realidade, aponta para a superação do conflito destes com seus opressores [...] (2004b). Em Paulo Freire o diálogo não é só um encontro de dois sujeitos que buscam o significado das coisas – o saber - mas um encontro que se realiza na práxis – ação e reflexão – no engajamento, no compromisso com a transformação social. Dialogar não é trocar idéias. O diálogo que não leva ação transformadora é puro verbalismo (FREIRE, 2004, p. 15). A educação pública, para ser de qualidade, tem como alternativa a proposta de Freire, deixar de ser verbalismo e passar a ser práxis. O diálogo não pressupõe um consenso de idéias, mas sim um conflito, e neste conflito é que surge a transformação: Na perspectiva de uma educação visando a transformação, a escola tem um papel estratégico, na medida em que pode ser o lugar onde as forças emergentes da nova sociedade, muitas vezes chamadas de classes populares, podem elaborar a sua cultura, adquirir a consciência necessária à sua organização ( GADOTTI, 2004b, p. 25) . É o próprio Gadotti, que define o conceito de Pedagogia da Práxis, no livro que leva o mesmo título: A pedagogia da práxis é a teoria de uma prática pedagógica que procura não esconder o conflito, a contradição, mas, ao contrário, os afronta, desocultando-os. Mas a pedagogia da práxis não é uma pedagogia inventada a partir do nada. Ela já tem uma história. Ela se inspira na dialética (GADOTTI, 2004b, p. 28). Práxis, que vem do grego πράξις , significa literalmente ação, no entanto a pedagogia da práxis, propõe mais do que a ação, e não deve também ser associada a idéia de práxis. Práxis, aqui definida e defendida tem o significado de ação transformadora. 25 A educação que copia modelos, que deseja reproduzir modelos, não deixa de ser práxis, só que se limita a uma práxis reiterativa, imitativa, burocratizada. Ao contrário desta, a práxis transformadora é essencialmente criadora, ousada, crítica e reflexiva.( GADOTTI, 2004b, p. 31). Não dá para desvincular Paulo Freire do papel da educação e do educador. Repensar a educação como ação transformadora, exige o papel de um educador político, engajado nas transformações do mundo, é romper com uma ação pacífica, é a ruptura com preconceitos, hábitos e comportamentos (GADOTTI, 2004b, p. 29). Apesar de a ruptura ser conflituosa, ela é encantada e “educar é manter-se encantado com o mundo.” (CAMPOS, 2004, p. 89), e “encantado é o estado daquele que ousa, que aceita correr riscos, que não se resigna, nem se conforma”(CAMPOS, 2004, p.90). Dizer então que o professor encantado com a educação é ingênuo, seria cometer um erro. Este professor encantado tem a real dimensão do seu papel, como educador e transformador da sociedade. “O educador é aquele que não fica indiferente, neutro, diante da realidade” (GADOTTI, 2004b, p. 29), mas é direcionado pelo sonho e pela utopia na construção da cidadania (CAMPOS, 2004, p. 91), construída por uma “educação como prática da liberdade”(FREIRE, 2005, p. 81). “O educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa” (FREIRE, 2005, p.79). E ambos constroem por meio da ação educativa, e passam a ser instrumentos na tentativa de combater a sociedade injusta e construir um mundo melhor, um mundo mais encantado e humanizado. 1.2 Tecendo os Fios da Educação Ambiental O homem não teceu a teia da vida. Ele é apenas um dos seus fios. Tudo o que fizer à trama, a si mesmo fará. Isto nós sabemos. Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une a família. Todas as coisas estão ligadas. Tudo o que acontecer a Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Chefe indígena Seattle Dentro desta perspectiva de educação emancipadora, que liberta e leva à autonomia, em reconhece-se que todos têm algo para ensinar e algo para aprender, a educação ambiental cria espaços e momentos para que esta autonomia e liberdade ocorram. Trocando os saberes, aprimorando conceitos, percepções, expressões, 26 sensibilizando-se por meio da arte, da escrita e da fala, ela ainda propicia o sentimento de pertencimento, de respeito, de ética, já que se procura entender com a educação socioambiental, o conflito de valores, o conflito do homem contra o homem, e não só o conflito do homem com a natureza. Quando se encontraram as palavras Educação e Ambiental, na gênese da Educação Ambiental, desdobrou-se uma tal afinidade, proximidade e encantamento, que nos pareceu surgir uma boa amizade, marcada pela política de respeito,de verdade e de companheirismo.[...] Nas relações de amizade, a intimidade é condição para que algo nos toque, nos aconteça e nos transforme.. (AMORIM, 2005, p.143). A Educação Ambiental, não é só mais uma ramificação, uma variação da educação, determinada por um projeto específico e pontual de trabalhar com a natureza. A educação ambiental, ou sócioambiental, passa por um processo histórico, cultural, político e ideológico, que utiliza na sua proposta “as práticas, conhecimentos e metodologias participativas, colaborativas e de ação-intervenção de correntes da educação popular que interessaram à Educação Ambiental devido aos pressupostos e aos resultados associados à transformação social que delas advinham.” (AMORIM, 2005, p.144). Os processos de transformação histórica, cultural, política e ideológica devem ser trabalhados em todos os espaços sociais, não devendo ser de única responsabilidade da escola. Deve haver um trabalho conjunto, realizada em sociedade, mediatizado pela ação, reflexão e transformação da realidade, a ser conhecida criticamente e transformada conscientemente. As primeiras manifestações mais sérias de preocupação com o meio ambiente, constituindo o movimento ambiental, surgiram na década de 1970, configurando-se como movimento social, na medida em que pressionava o Estado, para estabelecer políticas públicas para esta temática. Isabel Cristina de Moura Carvalho no resumo de seu artigo “As transformações na esfera pública e a ação ecológica: educação e política em tempos de crise da modernidade” propõe uma discussão sobre: [...] as transformações da esfera pública contemporânea e a emergência de novos modos de ação política associados à formação de um campo político e pedagógico ambiental. Afirma que a ação política ambiental, no contexto do ambientalismo e da nova esquerda contracultural, pode ser considerada uma das expressões da crise da modernidade. Nesse sentido, os movimentos ecológicos buscam reposicionar o ego e o socius, o privado e o público, a ética e a estética na esfera de ação societal. Isso repõe um dilema que remete tanto às tendências conflitivas da modernidade quanto ao seu projeto 27 emancipatório. Ante essa problemática, algumas análises destacam a dissolução e o declínio da política, enquanto outras enfatizam a emergência de uma nova forma de ação política. [...] os rebatimentos dessas mudanças sociais no campo da ação educativa, particularmente a educação ambiental, preocupada com a construção de um sujeito ecológico (CARVALHO, 2006). Este sujeito ecológico citado é aquele que Gadotti defende na ecopedagogia como sendo o cidadão da planetaridade, aquele que exerce a “cidadania planetária.” O conceito de cidadania ganha nova dimensão. Como cidadãos (ãs) do planeta, nos sentimos como seres convivendo no planeta Terra com outros seres viventes e inanimados. Esse princípio deve orientar nossas vidas, nossa forma de pensar a escola e a pedagogia (GADOTTI, 2000, p.133). Os marcos históricos e conceituais da Educação Ambiental, tanto no âmbito nacional como no âmbito internacional, passam a ter, na década de 1980 e 1990, outra preocupação, que não era só a conscientização de preservação do meio ambiente, mas também a proposta de uma mudança no paradigma social/ambiental, privilegiando uma visão holística, transdisciplinar, de complexidade, tecendo um modelo ecossistêmico onde todas as dimensões estão associadas como um tecido. O tecido é confeccionado a partir de um caminho, de um método, que é guiado pela mão e que utiliza a agulha como instrumento de confecção. Assim é o contexto sócio-ambiental, um tecido confeccionado pelo homem, guiado pelas suas mãos, e costurado por suas ações. Os fios do tecido têm de se entrelaçarem, dialogarem, assim como na vida as várias áreas do conhecimento tem de se costurarem, se amarrarem para se construir um tecido, o tecido que envolve a vida. O tecido social. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92), também chamada de Cúpula da Terra, propôs a Agenda 21: “ uma agenda para o desenvolvimento sustentável cujo objetivo final é a promoção de um novo modelo de desenvolvimento” (GADOTTI, 2000, p. 110), com a proposta de fortalecer atitudes e valores voltados às questões ambientais. Desta, viriam agendas locais, que seriam escritas e executadas dentro de cada localidade, de acordo com os problemas sócioambientais discutidos no seu entorno. Juntamente com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi realizado o Fórum Global 92, promovido pelas entidades da sociedade civil, sendo elaborada a primeira minuta da Carta da Terra. A agenda 21 é um documento de caráter ético e político, que foi assumido como instrumento de referência para o desenvolvimento sustentável pelos Estados, sob 28 pressão da sociedade civil a partir da Rio-92. Entre os objetivos principais da agenda 21 estão: promover padrões de consumo e produção que atendam à necessidade básica da humanidade e compreender e implantar padrões de consumo mais sustentáveis. Contudo a Rio+5, fórum de organizações governamentais e não governamentais realizada em 1997, no Rio de Janeiro, concluiu-se que durante após cinco anos de implantação da Agenda 21, pouco se tinha feito de ações práticas pelo muito que se proclamou de princípios, o que levou a uma crítica de Leonardo Boff, às Nações Unidas: Regida pelo velho paradigma das nações imperialistas, que vêem os estadosnações e os blocos de poder, mas não descobriram ainda a Terra como objeto de cuidado, de uma política coletiva de salvação terrenal. (BOFF apud GADOTTI, 2004a, p.27). Apesar desta crítica, os documentos oriundos da Rio-92 têm sua importância. A articulação entre Estado e sociedade civil para a implantação da Agenda 21 Local, principalmente foi definida como: [...] um processo participativo, multissetorial, para alcançar os objetivos da Agenda 21 no nível local, através da preparação e implementação de um plano de ação estratégica, de longo prazo, dirigido às questões prioritárias para o desenvolvimento sustentável local”( KRANZ apud GADOTTI, 2004a, p. 27). No preâmbulo da Carta da Terra (1999) pode-se ler; A comunidade terrestre encontra-se em um momento decisivo. Com a ciência e a tecnologia chegaram grandes benefícios, mas também grandes prejuízos. [...] São necessárias mudanças fundamentais nas nossas atitudes, valores e estilos de vida. A Carta da Terra, e a Agenda 21 possuem o mesmo objetivo, o desenvolvimento sustentável do planeta, e são usados como documentos éticos globais e planetários. Ela envolve “três princípios interdependentes: os valores que regem a vida dos indivíduos; a comunidade de interesses entre Estados; e a definição dos princípios de um desenvolvimento sustentável. Uma ética global para uma sociedade global: esse é o objetivo final da Carta da Terra.”(GADOTTI, 2004a, p.29). Os suportes que dão sustentação à Carta da Terra são os mesmos que darão as diretrizes e fundamentos para a metodologia proposta pela Embrapa Meio Ambiente e, consequentemente, para o Projeto Revivavida. Entendem a Educação Ambiental fundamentada nos direitos 29 humanos, na democracia e participação; na eqüidade; na proteção das minorias e pela resolução pacífica dos conflitos. A Educação Ambiental passou a ser uma das preocupações da Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) que, em 1994, incentivou a “educação para o futuro sustentável”, favorecendo que os Estados assumissem planos políticos voltados à questão ambiental, propondo ações e reflexões de forma transdisciplinar , com o propósito de influir nas relações sociais entre os seres humanos e destes com o meio. No Brasil, uma das ações foi a criação do Programa Nacional de Educação Ambiental (PROEMA), em 1994. As ações estavam voltadas para a educação formal e a educação não- formal, que estimulassem uma participação crítica e ativa dentro de cada comunidade. A criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Meio Ambiente foi uma destas ações para atender a escola formal, proporcionando que os alunos, de forma transdiscicplinar, refletissem sobre suas ações no mundo de forma reflexiva e transformadora, mudando hábitos e atitudes que os levassem a uma participação social e política de forma atuante. Caracterizando seu envolvimento na perspectiva da educação ambiental e do desenvolvimento sustentável. Reproduzem-se abaixo os comentários de Silva (1996), citado por Hammes (2004a, p.40) sobre cidadania ambiental: [...] a promoção da consciência ambiental implica no reconhecimento da poluição e degradação dos ecossistemas e de sua relação com o empobrecimento das pessoas e a falta de uma boa qualidade de vida da sociedade. [...] a educação ambiental está comprometida com a construção de uma identidade cultural sustentada. Suas bases são: um projeto de liberdade para os povos latino-americanos; sua integração afetiva e cultural e o respeito aos limites ecológicos do nosso patrimônio natural, de modo a garantir seu usufruto pelas gerações futuras. A educação ambiental convoca todos para assumir uma postura de cidadania ambiental, de forma individual, coletiva e com ações transformadoras, que só serão possíveis mediante uma educação emancipadora e libertária, como propõe Paulo Freire. Ela não pode ser mais um modismo, um projeto a ser cumprido. Parece claro que não dá para desatrelar educação de educação ambiental, mas também não pode relegá-la a alguns projetos de plantar árvores, economizar água ou energia, ela deve ser trabalhada de forma transdisciplinar em todas as áreas do conhecimento. A sociedade faz parte de uma das tramas deste tecido, desta tessitura, se ela quiser tirar todo o proveito para si, o 30 tecido se esgarça, um “vão” aparece e os demais fios se sobrepõem uns aos outros. Assim seria olhar para a Terra numa perspectiva planetária, “como uma única comunidade” (GADOTTI, 2000, p. 12), como sugere Moacir Gadotti com a ecopedagogia. Pensa-se ainda numa educação de formação de um cidadão consciente. Mas o que seria um cidadão consciente? O cidadão conformado com suas precárias condições de sobrevivência, mas feliz com um emprego? É isto que se quer para os alunos, e para a sociedade das gerações futuras? Muito ainda deve ser feito em termos de educação formal e construção de cidadania, e que talvez o debate teórico agora deva prevalecer sobre questões como: O que é educar para a cidadania? O que é uma educação de qualidade? Que educando quer-se formar? Que transformações sociais podem acontecer? São transformações para atender aos interesses dos alunos ou para atender as necessidades do Estado? Gadotti, na apresentação do seu livro “Pedagogia da Terra”, dá algumas respostas: Paulo Freire criticava justamente o neoliberalismo pelo cinismo de sua ideologia fatalista e sua recusa inflexível ao sonho e à utopia”( Freire, 1997, p. 15). Não significa que devemos cair no imobilismo, deixando que o “rumo das coisas” indique o caminho. Não há caminhos pré-traçados. “O caminho se faz ao andar”, como diz o poeta Antonio Machado( 1973, p. 58 ). [...] Não se pode prevê-lo,(o futuro) podemos ousar inventá-lo com novas ferramentas. Paulo Freire tem nos indicado caminhos, acreditando no sonho possível, como o sonho da escola cidadã e da ecopedagogia(2000, p.25) . A ecopedagogia não é entendida por Gadotti, como mais uma pedagogia, mas como uma pedagogia que completa a idéia de escola cidadã de Paulo Freire. Ambas possuem o mesmo sonho, chamado por Gadotti de “projeto utópico”, por estar ligado às mudanças estruturais na economia, na cultura e na sociedade. Elas se preocupam com a preservação da natureza, o impacto da ação do homem sobre a natureza e a construção de um modelo de civilização sustentável. Vive-se um contexto histórico, desde o final do século XX, caracterizado pela globalização, tanto financeira e de produção quanto tecnológica; pela regionalização concentrada nos blocos econômicos e que resulta numa fragmentação, dividindo globalizadores e globalizados, evidenciando a diferença entre “os que morrem de fome e os que morrem pelo consumo excessivo de alimentos” (GADOTTI, 2000, p.34). Dentro deste contexto histórico, precisam-se repensar as propostas e práticas da educação, precisa-se pensar como sugere Gadotti (2000, p.34) na “educação do futuro.” 31 Assim como a escola cidadã, proposta por Paulo Freire, que busca uma educação voltada para a humanização das relações do homem, consigo mesmo, com a natureza e com a sociedade, de forma que também se alcance um impacto positivo sobre a natureza e a construção de um modelo de civilização sustentável. Ambos refutam a idéia da educação como preparação para a cidadania baseada nos interesse da ordem econômica existente. Eles falam de uma educação voltada para uma cidadania planetária, em que se deixa de pensar individualmente e repense o currículo de forma que ele reoriente a visão de mundo. Compreendendo que a educação não é somente a transmissão da cultura “de uma geração para outra”, como propunha Émile Durheim, mas é uma educação baseada na cidadania planetária, que não faz pensar no indivíduo e na sua comunidade local, mas faz perceber que o indivíduo assim como sua comunidade, é local e global. O “global” que funde local com global (GADOTTI, 2000, P. 36).. No princípio os ambientalistas usavam a idéia de que se deveria “pensar globalmente e agir localmente”, sem abandonar tal princípio, deve-se agir também globalmente, já que a relação do homem com a natureza é global, assim como as desigualdades e diferenças, sejam elas étnicas, religiosas ou políticas, o alcance das ações deve atingir também essas diferenças que são problemas mundiais. Para que a educação consiga atender as necessidades deste novo milênio e seja uma educação de qualidade, deve conceber na sua perspectiva “certas categorias freireanas e marxistas, como “dialogicidade” e “dialeticidade”, a validade de uma pedagogia dialógica ou da práxis”( GADOTTI, 2000, p. 34). Estas categorias serão usadas para poder analisar o alcance histórico do Projeto Revivavida durante os capítulos dois e três. Dentro das categorias para entender as perspectivas atuais da educação e a educação do futuro, proposta na teoria de ecopedagogia e que servirão de diretriz para análise do Projeto socioambiental Revivavida estão: planetaridade, sustentabilidade, virtualidade, globalização e transdisciplinaridade (GADOTTI, 2000, P.35). Pode-se compreender a planetaridade entendendo que o ser humano é cidadão universal, planetário, que a Terra é sua casa e que não existem nações ou fronteiras, “A Terra é uma só nação, e os seres humanos, os seus cidadãos” (RIO-92 apud GADOTTI, 2000). À primeira vista parece que hoje a cidadania, a tecnologia e a globalização estão caminhando juntas. Contudo, precisamos distingui-las, analisando suas 32 particularidades e especificidades, seus limites e possibilidades (GADOTTI, 2000, p. 138). Para se utilizar a categoria de cidadania planetária, os educandos e educadores devem construir a idéia de cidadania nacional, respeitar e cumprir a Declaração dos Direitos Humanos, compreender que existem diferentes e diversas formas de cultura pela Terra, não privilegiando a cultura ocidental ou menosprezando as culturas locais. A cidadania planetária está fundada em valores universais consensuados, num mundo justo, produtivo e num ambiente saudável [...].Certamente existe uma concepção capitalista de desenvolvimento sustentável e que é majoritariamente sustentada pelo movimento ecológico. Ela pode se constituir uma armadilha para a ecopedagogia. Por isso a ecopedagogia não pode inspirar-se apenas numa concepção de desenvolvimento.O desenvolvimento sustentável, ao nosso ver, só pode, de fato, enfrentar a deterioração da vida no planeta na medida em que está associado a um projeto mais amplo, que possibilite o advento de uma sociedade justa, eqüitativa e includente, o oposto do projeto neoliberal e neoconservador (GADOTTI, 2000, p. 140). A sustentabilidade é também muito utilizada pelos ambientalistas, mas ele deve ser contextualizado dentro do contexto da sociedade globalizada que se vive hoje. O conceito de sustentabilidade foi ampliado. Ele permeia todas as instâncias da vida e da sociedade. Para além da sustentabilidade econômica, podemos falar de uma sustentabilidade ambiental, social, política, educacional, curricular etc. O conceito é visto aqui muito mais a partir dos seus pressupostos éticos do que econômicos (GADOTTI, 2000, p. 35). A sociedade globalizada como ela está organizada hoje, provoca mais a exclusão do que a aproximação entre os países chamados ricos e os chamados pobres. A exploração dos recursos naturais, o rápido crescimento populacional, a expansão da industrialização, o consumo exagerado, a desigualdade social e econômica leva a refletir a quão ameaçado esta nosso planeta. E possibilita entender que é necessário discutir estas questões na escola, que muitas vezes em suas ações, como as gincanas, gera a competitividade em vez da solidariedade, reproduzindo a prática do sistema econômico capitalista. Outra categoria citada por Gadotti (2000), como sendo necessária para compreender a educação do futuro é a virtualidade. Vive-se a era da informação. A comunicação é rápida e acontece em tempo real, pela internet, o que dificulta a assimilação e compreensão das informações e do conhecimento. Dar ferramentas e 33 instrumentos para que os alunos possam compreender esta nova forma de aprendizagem é fundamental, para a educação, para a sustentabilidade e para a globalização. Ser um cidadão globalizado deve ser muito mais do que escrever e falar línguas, comprar produtos pela internet, falar com o amigo virtual, ou trabalhar para uma multinacional. A globalização deve estar ligada ao respeito às diferentes nações e culturas, a igualdade social, a solidariedade na partilha dos recursos sejam eles naturais ou materiais. Deve ser a interligação humana entre os povos, é o compartilhamento da cidadania planetária. A globalização que se vive no mundo hoje, provoca muito mais a desigualdade que a igualdade. Outro fator importante para compreender a ecopedagogia é a transdiciplinaridade. A transdisciplinaridade, como método científico e como atitude pedagógica, quebrando o isolamento das disciplinas pela circulação de conceitos e valores, só é válida quando sustentada por um novo olhar sobre as coisas (GADOTTI, 2000, p. 39). Como a transdisciplinaridade é a base do Projeto Revivavida será explorada melhor esta categoria para aplicação da análise do Projeto durante o capítulo 2. Historicamente, o primeiro documento a respeito da transdisciplinaridade surgiu no ano de 1986, a Declaração de Veneza, assinado pelos cientistas presentes no Colóquio “A Ciência diante das fronteiras do conhecimento”, mas desde o início do século XX, inicialmente com a Física, conceitos ligados à transdiciplinaridade começaram a ser utilizados de forma científica. “A transdisciplinaridade é uma nova concepção do conhecimento, nova matriz epistêmica”(ANTÔNIO, 2002b, p. 30). Devido à amplitude e abrangência do termo, inúmeras são as suas definições. Uma delas busca superar o conceito de disciplina por meio da intercomunicação, construindo respostas na tentativa de superar a crise de fragmentação do ser humano e do conhecimento gerado pelo mundo moderno. A transdisciplinaridade na educação deve dialogar com os diferentes e diversos saberes: A transdisciplinaridade, como o prefixo “trans” indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina.Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento.[...] A disciplinaridade, a pluridisciplinaridade, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade são as quatro flechas de um único e mesmo arco: o do conhecimento ( BASARAB NICOLESCU apud ANTÔNIO, 2002b, p.61 ). 34 A educação hoje está fadada ao conhecimento disciplinar, moldada por um projeto político-pedagógico que se diz democrático para uma visão burguesa e neoliberal de sociedade, prevalecendo uma grande quantidade de informações com conceitos e idéias individualistas, afastando a idéia de homem planetário. A velocidade e a forma como os meios de comunicação de massa reproduzem a informação no contexto globalizado, dá margem muitas vezes a defesa de que uma cultura prevaleça sobre a outra, um saber sobre o outro, fragmentando a complexidade da existência e da convivência humana. Reconhecer a transdisciplinaridade é concebê-la como uma teia, na qual se trocam não só métodos e conceitos universais do conhecimento, mas muito mais que isto, forma-se uma trama de saberes, compartilhado igualmente na “multiplicidade de: dimensões, de campos, de sentidos. Interligação, interação, interconexão. Pluralidade. Plurivocidade. Polissemia. Unidade da diversidade. Diversidade da unidade” (ANTÔNIO, 2002b, p.30). Numa tentativa de recuperação da visão do todo, que antes fora separada em partes, ouve-se dizer: “façamos interdisciplinaridade” como bem lembra Morin (1996, p.135). Porém como o autor ressalta, a própria interdisciplinaridade é controladora, exigindo primeiramente reconhecimento e aprovação do conteúdo de determinadas disciplinas dentro da sua “soberania territorial”. As poucas trocas com as outras disciplinas confirmam a existência das suas fronteiras, “ em vez de desmoroná-las.” (Morin,p.cit.). As diferentes áreas da ciência delimitam suas fronteiras quando impedem que pesquisadores provenientes de outras áreas realizem suas investigações em seus territórios. Formam-se clãs, verdadeiros grupos étnicos com direito a racismos e outras categorias de preconceitos. Fronteiras entre áreas da ciência... Entre homens supostamente “esclarecidos” ou “intelectualizados” (RIBEIRO, 2005, p.38). Várias áreas do conhecimento se interligam, dialogam propõem uma visão mais ampla e abrangente do conhecimento científico. “Há soluções para os principais problemas atuais, algumas delas até mesmo simples. Mas requerem uma mudança radical nas percepções, no pensamento e nos valores” (CAPRA apud RIBEIRO, 2005, p. 40). Precisa-se reavaliar ou reviver valores que parecem ter sido esquecidos como o observar, o ouvir, o dialogar. Reconhecer a importância na interligação destas áreas do conhecimento, mas só ligá-las não é condição de transcender o conhecimento. Ribeiro (2005, p.41) ainda cita Villaverde “que considera que a diferença entre a interdisciplinaridade e a transdiciplinaridade está no fato da primeira ser uma condição ou qualidade do método, enquanto que a segunda é uma condição ou qualidade do 35 conhecimento”. Complementando a idéia do parágrafo anterior, a transdisciplinaridade deve ser um novo olhar sobre o conhecimento, é reconhecê-lo como uma nova dimensão do conhecimento, interligá-lo pela sensibilidade. A educação emancipadora, assim como a educação ambiental requer um projeto transdisciplinar que reconhece na sua existência atitudes de respeito mútuo tanto dos saberes científicos como dos saberes populares, na tentativa de fazer uma interpretação poética e criativa do mundo como um todo, por inteiro, e não de forma segmentada pelas diferenças sociais, políticas ou econômicas. “[...] Perceber as ligações, interações e implicações mútuas, os fenômenos multidimensionais, as realidades que são, ao mesmo tempo, solidárias e conflituosas” (MORIN,1999, p.55 apud GADOTTI, 2000,p. 39). Complexo significa o que foi tecido junto; de fato, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo e o mitológico), e há um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre objeto de conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre si. Por isso, a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade. (MORIN, 1999 apud ANTÔNIO, 2002a, p. 87) As práticas educativas refletem diretamente na qualidade da educação, que está interligada na maneira como a escola compreende a educação e sistematiza a sua prática junto com a teoria, que é o seu Projeto Político-Pedagógico. Questiona-se: Será que as escolas têm refletido sua prática? Será que se questionam quanto à qualidade da educação? Ou simplesmente transmitem conhecimentos “de uma geração para outra”? O Projeto Político-Pedagógico é realmente construído dialogicamente por toda a comunidade escolar, pela comunidade e pela família? Ou ele é só mais um documento imposto pela burocracia? 1.3 Projetos Pedagógicos e Políticas Públicas Ninguém caminha sem aprender a caminhar,sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar. Paulo Freire Ao se pensar na educação não basta a garantia do acesso e a permanência dos alunos na escola, sem refletir sobre a prática pedagógica das escolas públicas. Deve-se 36 agir de forma que a escola esteja comprometida com a formação social e cultural dos educandos. Alguns dos meios para se manter o comprometimento com uma educação de qualidade, entendida como aquela que vem ao encontro com uma educação emancipadora e preocupada com a formação não só científica, mas cidadã do educando, seriam a construção dos projetos político-pedagógicos de forma crítica e participativa, a metodologia numa visão inter e transdisciplinar e as políticas públicas de educação. A escola e a educação têm um caráter social, cultural, político e econômico em concordância com seu tempo e espaço, é resultado de um contexto histórico, representando na sua prática os papéis sociais pré-definidos por este contexto. Muitas vezes estes papéis são incorporados com tal afinco que parecem não acompanhar as mudanças, e tendo ainda como verdade, valores e conceitos que não representam o contexto atual. A escola ainda tem representado alguns valores e interesses sobre temas em que se restringe a poucos privilegiados que tem condições de freqüentá-la e de dar continuidade aos seus estudos além da educação básica. Hoje, a Constituição garante ou pelo menos deveria garantir o acesso e a permanência de todas as crianças e adolescentes na escola, “É preciso fazer com que a democratização de acesso à escola corresponda a uma efetiva democratização no acesso ao conhecimento e na obtenção da cidadania” (MENEZES, 2000, p.29). Encontra-se na escola pública uma diversidade de interesses e objetivos, quanto à função da própria escola, confundindo e entrelaçando seus problemas com os demais problemas sociais. Não que este seja um problema, ou seja, este o problema. A escola não consegue atender aos objetivos de uma educação de qualidade, porque não se insere no contexto histórico em que está vivendo. Esquece-se de que a diversidade dos seus alunos não comporta uma metodologia única e fragmentada, calcada ainda nas propostas de uma escola elitizada e preparada para poucos. Para que serve a escola hoje? Quais são as propostas do Projeto PolíticoPedagógico? O que vem a ser Projeto Político-Pedagógico? Quem o constrói? Quais são seus objetivos? Será que a qualidade da educação está entrelaçada com o Projeto Político-Pedagógico? Retomando as idéias do início do capítulo, entende-se a escola como um espaço de atuação da educação formal, que repassa valores próprios de uma sociedade neoliberal, como consumismo, relações de poder, alienação e diferenças sociais. A escola não conseguiu se desvincular de alguns conceitos e métodos considerados 37 conservadores e tecnicistas que são tidos como “essenciais” e que dificultam a ação de uma pedagogia emancipadora que tem a práxis e o diálogo como práticas educativas. Veiga (2003) analisa as inovações do projeto político-pedagógico dentro da concepção de Boaventura de Sousa Santos sobre a regulação e a emancipação: Falar em inovação e projeto político-pedagógico tem sentido se não esquecermos qual é a preocupação fundamental que enfrenta o sistema educativo: melhorar a qualidade da educação pública para que todos aprendam mais e melhor. Essa preocupação se expressa muito bem na tríplice finalidade da educação em função da pessoa, da cidadania e do trabalho. Desenvolver o educando, prepará-lo para o exercício da cidadania e do trabalho significam a construção de um sujeito que domine conhecimentos, dotado de atitudes necessárias para fazer parte de um sistema político, para participar dos processos de produção da sobrevivência e para desenvolver-se pessoal e socialmente (VEIGA, 2003, p.02). A inovação regulatória ou técnica, como utiliza Veiga (2003), é proposta pela maioria das vezes pelas Políticas Públicas. As inovações são instituídas de forma padronizada e uniforme para todas as escolas, sem a participação da comunidade escolar e contam com a participação dos gestores e da coordenação para lançar as idéias de forma que sejam aceitas e implantadas como sendo a melhor alternativa para se atingir resultados que também são impostos pela Política Pública, como esclarece Silva , em relação às políticas públicas que têm o financiamento do Banco Mundial: Diante do exposto, é necessário insistir que as ações do Banco Mundial modificam as ações pedagógicas no interior da escola, que aparentemente vêm da secretaria. Analisemos, então, três exemplos. O primeiro é a forma de avaliação empreendida por algumas escolas públicas seguindo orientações da Secretaria de Educação. Sabemos que é um processo de avaliação deslocado do processo ensino-aprendizagem. Busca-se quantificar, punir, premiar os bons ou corrigir desvios. O que importa é alcançar os resultados/rendimentos escolares definidos a priori. Não importa se o aluno de fato se apropria de saberes e de conhecimentos que se traduzam em processos emancipatórios e de cidadania. Desconsideram-se as funções clássicas da escola, que é desenvolver as relações ensinar e aprender, pensar e fazer, partindo-se do princípio de que todos têm condições de aprender, ainda que seja no seu próprio ritmo. A avaliação é parte da política do Banco; dependendo da forma como é encaminhada, pode estar a serviço deste (2003, p.14). Para Veiga, ao se assumir o projeto político-pedagógico dentro da perspectiva da inovação regulatória se produz: [...] um conjunto de atividades que vão gerar um produto: um documento pronto e acabado. Nesse caso, deixa-se de lado o processo de produção coletiva. Perde-se a concepção integral de um projeto e este se converte em uma relação insumo/processo/produto. Pode-se inovar para melhorar 38 resultados parciais do ensino, da aprendizagem, da pesquisa, dos laboratórios, da biblioteca, mas o processo não está articulado integralmente com o produto. [...] ele tem o cunho empírico-racional ou político administrativo. Neste sentido, o projeto político-pedagógico é visto como um documento programático que reúne as principais idéias, fundamentos, orientações curriculares e organizacionais de uma instituição educativa ou de um curso. (2003, p.3) Rossi (2003), em seu artigo “Projetos político-pedagógicos emancipadores: histórias ao contrário”, apresenta a percepção de Veiga para o projeto político pedagógico como inovação emancipatória: O projeto pedagógico, tal como explicita Ilma Veiga, é ao mesmo tempo político, no sentido do compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade, e também pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas para cumprirem seu propósito, sua intencionalidade (unicidade teoria e prática, construção do currículo, qualidade do ensino). Todavia, o PPP está assentado em duas lógicas distintas e conflitivas: empresarial e emancipadora. Na qualidade de instrumento de políticas públicas alicerçadas na lógica do planejamento estratégico empresarial, o projeto é concebido como instrumento de controle, atrelado a uma multiplicidade de mecanismos operacionais e estratégias que emanam de vários centros de decisão. Já o PPP emancipador pressupõe a construção de um modelo de gestão democrática envolvendo diferentes instâncias que atuam no campo da educação (escola-comunidade e demais forças sociais), visando à emancipação voltada para a construção do sucesso escolar e a inclusão como princípio e compromisso social (Rossi, 2003, p 325). O projeto político–pedagógico assume uma postura política: a de formar cidadãos. É a educação escolar um dos principais instrumentos de formação desta cidadania. Cidadania esta que não pode ser composta por indivíduos que atuam somente como coadjuvantes do processo social, político e econômico da sociedade. A educação advinda de um projeto emancipador tem por proposta um cidadão atuante politicamente, que conscientemente se percebe como ator principal do sistema político. Transportando as barreiras que lhe tentam relegar a exclusão e a marginalidade para se transformar em cidadão político consciente, lutando e conquistando seus direitos no convívio social do conjunto da sociedade. Assim, se a educação como instrumento social básico é que possibilita ao indivíduo a transposição da marginalidade para a materialidade da cidadania, não é possível pensar sua conquista sem educação. Educar, nessa perspectiva, é entender que direitos humanos e cidadania significam prática de vida em todas as instâncias de convívio social dos indivíduos: na família, na escola, na igreja, no conjunto da sociedade (MARTINS, 2003, p. 50). ] 39 Para adotar uma postura de projeto emancipador, o projeto político-pedagógico deve estar consolidado na práxis educativa. Deve ser construído de forma que a ação e a reflexão sejam um referencial teórico e metodológico; a relação entre teoria e prática seja analisada; que a participação da comunidade seja efetiva e que haja uma articulação entre a escola, a família e a comunidade. Nele devem constar as propostas e interesses da construção de uma educação cidadã e de qualidade, que corresponda aos anseios da escola preservando na construção sua autonomia. “Teoria e prática são elementos distintos, porém inseparáveis na construção do projeto” (VEIGA, 2003, p.57), reforçando a concepção de práxis. A prática, se não for refletida criticamente e concebida na teoria, não produz aprendizagem, e a teoria isolada da prática não produz transformação. O diálogo sobre as teorias e as práticas é fundamental para que ocorram intervenções e a construção de uma proposta emancipadora e coletiva. “Considerando que é na prática que a teoria tem seu nascedouro, sua fonte de desenvolvimento e sua forma de construção, e é na teoria que a prática busca seus fundamentos de existência e reconfiguração” (VEIGA, 2003, p.57). Portanto, a construção de uma projeto emancipador deve ter os sonhos e desafios futuros da comunidade e deve ser construído de forma que a teoria e a prática estejam sendo organizadas e refletidas de forma consciente, dialógica e participativa não só pela escola, mas pela comunidade e pela família. Uma proposta de educação inovadora, autônoma e emancipatória não se constrói sem esforço, participação e práxis, que se completa na construção de um projeto político-pedagógico, que tem como objetivo uma educação cidadã e de qualidade. Ao se construir um projeto de forma aleatória, sem reflexão, sem uma direção política, simplesmente se acata uma proposta imposta que atende aos interesses do Estado, em vez dos interesses da escola, comunidade e da família dos educandos. Nesta perspectiva fica difícil desarticular as políticas públicas educacionais dos projetos político-pedagógicos elaborados pelas escolas públicas. O Estado, enquanto sociedade política, baseado numa democracia com ideais burgueses, favorece a desigualdade muito mais que a igualdade, mas utiliza o discurso da democracia de forma contraditória, como se as relações sociais não fossem determinadas pelas relações de poder. Portanto, por mais autonomia que a escola pública tenha na construção de seu projeto político-pedagógico, ele está atrelado a um projeto maior, a uma proposta curricular elaborada pelo órgão mantenedor, no caso as Secretarias de Educação. 40 A prática pedagógica das escolas é determinada pelo seu projeto que é político e fruto das políticas educacionais do Estado neoliberal, que impõe às vezes de forma sutil a sua proposta para que seja aceita e trabalhada como escreve Silva (2003, p.283): A sociedade brasileira, historicamente, alimentou práticas autoritárias e patrimoniais, decisões elaboradas pelo alto por um grupo de "iluminados" e "sábios" que se diziam porta-vozes daquilo que a escola pública brasileira mais precisava. Essas práticas persistem e ainda estão presentes no cotidiano das escolas das grandes cidades ou de municípios do interior dos estados. A concepção de gestão racional do sistema educacional brasileiro, ainda hoje, revitaliza o autoritarismo, a verticalidade, o gerenciamento, o apadrinhamento e o clientelismo nas relações sociais e políticas. Ao acatar as propostas impostas pelas políticas públicas para a construção do projeto político-pedagógico, adota-se uma concepção de projeto estratégicoempresarial, deixando de lado a preocupação com a formação cidadã e apresentando uma prática pedagógica padronizada, que favorece a exclusão e atende ao mercado. Conforme cita Pereira (2008, p.337): Isto explica a reestruturação mundial dos sistemas de ensino e educacionais como parte de uma ofensiva ideológica e política do capital neoliberal (Hill, 2003), do que resulta a política de descentralização de poder e, como conseqüência, institui a autonomia das instituições. Neste prisma, as mudanças estruturais no aparelho de Estado capitalista devem ser abordadas sob a ótica de uma "democracia formal" (Bruno, 2003), determinando um modelo de organização administrativo-pedagógica que tem em práticas participativas e flexíveis a sua dinâmica, correspondendo ao que se propõe o Estado neoliberal, enquanto transfere a escola da esfera política para a esfera do mercado. Ao analisar o projeto político-pedagógico como estratégia para se chegar à educação cidadã, deve-se levar em consideração o projeto-político do Estado que se utiliza da autonomia decretada para controlar a escola, negar sua autonomia, ordenar práticas por meio do corporativismo e das parcerias, estimulando a ideologia do voluntariado e das políticas do Terceiro Setor sobre responsabilidade social. A autonomia das escolas na construção do Projeto Político-Pedagógico é relativa, quando esta se subordina totalmente as políticas públicas, mas quando acrescentam ações diferenciadas em seu currículo, transformando-as em ações permanentes a escola, e no caso do presente estudo, o Projeto Revivavida, o currículo e o Projeto PolíticoPedagógico tem uma postura de resistência quanto ao Projeto da Secretaria, apesar de estar vinculado a ela e não descumprir seu papel educacional com o currículo institucionalizado. 41 1.4 Conceito de Movimentos Sociais e seus Atores Para melhor compreender a atuação do Projeto Revivavida na localidade e na sociedade acha-se relevante tratar o conceito de movimento social e práxis para compreender como um projeto de educação ambiental, que tem como proposta a autonomia e a emancipação pode ser reconhecido ou não como um movimento social, se ele utiliza-se da práxis como modo de atuação, e o alcance histórico que tem o projeto Revivavida. As teorias para se entender os movimentos sociais, em especial os que vêm ocorrendo na América Latina nas últimas décadas do século XX, estão relacionadas às demandas, conflitos, mobilizações e organizações dos atores sociais na construção de agendas de atuação que fortaleçam através da força social, pautada numa identidade coletiva, um pensar e um agir que culmine na resolução das demandas sócioeconômicas ou político-culturais do espaço onde vivem e atuam. Por se tratar de um termo polissêmico, o termo movimento social apresenta vários sentidos e várias interpretações teóricas. Às vezes o seu uso indiscriminado acaba levando a uma descaracterização do que seja movimento social. Existe um “enfoque multidisciplinar, envolvendo a sociologia, a ciência política, a antropologia, a história, a economia e a psicologia social” (GOHN, 1997, p.240), que ocorre principalmente na análise dos movimentos da América Latina nas últimas décadas do século passado. Após o golpe de 1964 no Brasil, as organizações e ações populares comprometidas com os projetos nacionais, populares e democráticos foram privados de mobilização, atuação e representação (DURIGUETTO, SOUZA e SILVA, 2009, p.15). Na década de 1970, mais especificamente no final da década, os movimentos sociais foram novamente se reforçando, mas de uma forma nova. Estavam vinculados aos “movimentos sociais populares urbanos, particularmente aqueles que se vinculavam às práticas da Igreja católica, na ala articulada à Teologia da Libertação” (GOHN, 1997, p. 281). Estes movimentos buscavam se contrapor aos movimentos de associação ou sociedades de amigos. A diferenciação estava na forma de organização da comunidade local e na prática social que se utilizava da autonomia. Buscava-se de um lado se contrapor o autoritarismo do Estado e do outro a práticas populistas, clientelistas e corporativistas, entendidas também como práticas não-democráticas e impeditivas de manifestação de uma nova força social, diante do cenário político atual de militarismo 42 autoritário. A análise dos movimentos sociais deste período caracterizou-se por uma abordagem fundamentada no paradigma marxista, que tinha por fundamentos: [...] compreender a realidade social e, simultaneamente, armar estratégias para superá-la. [...] enfatiza mais os aspectos estruturais e analisa questões da reprodução da força de trabalho, do consumo coletivo, da importância estratégica dos movimentos para mudanças no próprio Estado capitalista, etc. (GOHN, 1997, p. 282). Com o fim do regime militar, os pesquisadores passaram a estudar e questionar a atuação e organização de movimentos sociais que apresentavam outras características e demandas, como os movimentos culturais, de identidade e no campo dos direitos sociais. Os movimentos sociais passaram a ser vistos como campos de demandas por direitos da cidadania, sendo um canal de ligação e ampliação da democracia por meio de discussões e negociações de políticas públicas, principalmente com a criação de conselhos de direitos. (DURIGUETTO; SOUZA e SILVA, 2009, p.15). Os movimentos sociais descaracterizam-se. Os “militantes deixam de exercitar a política por meio da atuação ou por acreditar em algumas causas e valores gerais. A profissionalização [...] produziu efeitos contraditório. Criou uma camada de dirigentes que cada vez mais se distanciou das bases dos movimentos [...] (GOHN, 1997, p. 286). Um novo panorama político contribui para esta nova organização dos movimentos sociais, o estreitamento com o Estado, a posse em cargos públicos de alguns dirigentes de movimentos sociais e a participação em conselhos e mesas administrativas. A “autonomia redefiniu-se em termos de autodeterminação [...], o Estado, nessa conjuntura não era simplesmente o adversário dos movimentos, mas seu principal interlocutor” (GOHN, 1997, p. 287-288). Durante os anos de 1990, enfatizou-se a categoria de cidadania coletiva, com a Constituição de 1988. A participação cidadã deveria ir além de reivindicar, deveria propor. A exclusão social, decorrente das condições sócioeconômicas gerou uma preocupação com os grupos de estrutura de poder paralelas, decorrentes da própria desagregação social de organização da população. (GOHN, 1997). Ocorreu também uma a expansão das Organizações Não- Governamentais (ONGs). É neste chamado “terceiro setor” que o Estado, sob o ideário neoliberal, opera uma ressignificação do conceito de sociedade civil. O Estado passa a investir na participação da sociedade civil, mas não na direção do controle 43 social na gestão e implementação das políticas sociais, mas na direção de transferir a ela o papel de agente do bem-estar social. Sociedade civil é aqui transformada em uma esfera supostamente situada para além do Estado e do mercado, cabendo a ela uma atuação na área social, sob o invólucro da solidariedade, da filantropia e do voluntariado. Ou seja, há, aqui, um esforço ideológico de despolitização da sociedade civil, concebendo-a como reino da “a-política” e do a-classismo.” (DURIGUETTO; SOUZA e SILVA, 2009, p. 16). Dentro da diversidade teórica do que seja movimento social, optou-se seguir a proposta teórica-metodológica de análise dos movimentos sociais a partir do referencial apresentado por Maria da Glória Gohn, pois vai ao encontro das propostas de análise do Projeto Revivavida compreendido como movimento social. É citado abaixo o conceito de movimento social sistematizado pela autora: Movimentos sociais são ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil. As ações se estruturam a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em conflitos, litígios e disputas vivenciadas pelo grupo na sociedade. As ações desenvolvem um processo social e político cultural que cria uma identidade coletiva para o movimento, a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo, em espaços coletivos não- institucionalizados. Os movimentos geram uma série de inovações nas esferas pública (estatal e nãoestatal) e privada; participam direta ou indiretamente da luta política de um país, e contribuem para o desenvolvimento e a transformação da sociedade civil e política. Estas contribuições são observadas quando se realizam análises de períodos de média ou longa duração histórica, nos quais se observam os ciclos de protestos delineados. Os movimentos participam portanto da mudança social histórica de um país e o caráter das transformações geradas poderá ser tanto progressista como conservador ou reacionário, dependendo das forças sociopolíticas a que estão articulados, em suas densas redes, e dos projetos políticos que constroem com suas ações.Eles têm como base de suporte entidades e organizações da sociedade civil e política, com agendas de atuação construídas ao redor de demandas socioeconômicas ou político-culturais que abrangem as problemáticas conflituosas da sociedade onde atuam. (GOHN, 1997, p. 252). Gohn (1997) caracteriza o conceito de movimento social deixando visível a relevância política do movimento. A seguir procurará se compreender como cada categoria compõe o conceito apresentado por esta autora. Ela reflete sobre algumas categorias para estabelecer parâmetros, com o objetivo de precisar o que caracteriza como movimentos sociais. A primeira delas é a diferença entre movimento e grupos de interesses. No movimento social os atores sociais podem estar classificados em diferentes camadas sociais, porém relacionam-se e estão articulados na busca da força social, como 44 expressão dentro da sociedade civil, ou seja, embora sejam de camadas sociais diferentes, deve ocorrer uma identidade em comum dentro do grupo, para que possa ocorrer uma ação social. Quando o grupo é formado só por interesses, a ação pode não atingir o coletivo social, descaracterizando o grupo como movimento social e classificando-o como grupo de interesse (GOHN, 1997). A segunda diferença apresentada é o uso ampliado da expressão. “Designa-se como movimento a ação histórica de grupos sociais [...] É a ação da classe em movimento e não um movimento específico da classe (GOHN, 1997, p. 245-246). É o alcance histórico da ação coletiva que o caracteriza também como movimento. Na terceira diferenciação Gohn (1997) ressalva os modos de ação coletiva e movimento social, descaracterizando o protesto como movimento social, mas ressaltando a importância do próprio movimento como modo de estruturação e estratégias de ações coletivas dentro do movimento social. Os movimentos sociais são espaços coletivos não institucionalizados, organizados por um grupo de pessoas que, a partir dos interesses em comum, criam uma identidade de pertencimento, que se torna uma força do princípio de solidariedade, que não é um mero sentimento, mas uma expressão social de partilha dos valores políticoculturais dentro do processo social, valores que geram inovações, desenvolvimento e transformação da sociedade civil e política, gerando um processo de média ou longa duração, formando redes com seus projetos políticos e com suas ações, não só no campo dos discursos. A quarta diferenciação citada por Gohn (1997) refere-se à localidade da ação coletiva. Esta ação não deve acontecer num espaço institucionalizado. Quando o movimento se institucionaliza e se torna uma ONG, por exemplo, ele deixa de ser um movimento, passando a ser um apoio, dentro de um movimento maior. [...] a saber, movimento social refere-se à ação dos homens na história. Esta ação envolve um fazer- por meio de um conjunto de procedimentos – e um pensar – por meio de um conjunto de idéias que motiva ou dá fundamento à ação. Trata-se de uma práxis portanto. Podemos ter duas acepções básicas de movimento: uma ampla, que independe do paradigma teórico adotado, sempre se refere às lutas sociais dos homens, para a defesa de interesses coletivos amplos ou de grupos minoritários[...]. A outra acepção refere-se a movimentos sociais específicos, concretos, datados no tempo, e localizados num espaço determinado. (GOHN, 1997, p. 247). Ao se propor analisar o Projeto Revivavida como um movimento social, percebe-se que a referência ao espaço não institucionalizado de desenvolvimento do 45 movimento social não se aplica estritamente ao Projeto Revivavida. A princípio, tem-se que a escola é o seu espaço articulador, portanto um espaço institucionalizado. A Escola Estadual Altair Polettini, que abriga o Projeto Revivavida, construiu seu Projeto Político-Pedagógico por uma comunidade escolar nova, cuja institucionalização ainda não se consolidou, mas está em processo de consolidação, o que favoreceu o desenvolvimento do projeto. Ou seja, o que tornou o Revivavida um movimento, apesar de seu atrelamento a uma instituição escolar, foi o fato desta escola ser nova, de sua comunidade escolar buscar, inclusive por meio do Projeto, consolidar-se, criar identidade, ganhar reconhecimento. Talvez esta pesquisa demonstre que o Revivavida, que nasceu como um movimento social, tenha se institucionalizado com o tempo e se tornado apenas um Projeto Político-Pedagógico de uma escola. É dentro da concepção da segunda acepção citada por Gohn (1997) que pretende-se analisar o Projeto Revivavida. A “categoria fundamental é a força social traduzida numa demanda ou reivindicação concreta, ou numa idéia-chave que, formulada por um ou alguns, e apropriada por um grupo, se torna um eixo norteador e estruturador da luta social de um grupo – qualquer que seja seu tamanho - que se põe em movimento”. (GOHN, 1997, p. 252). Para analisar se o Projeto Revivavida pode ser ou não caracterizado como movimento social, será usada a proposta metodológica proposta por Gohn (1997), utilizando os elementos e categorias básicas apresentada pela autora. A primeira categoria básica é a demanda e os repertórios da ação coletiva. Dentro do movimento social a demanda é um dos fatores primordiais para se determinar o movimento como sendo social, a demanda deve estar bem definida, o projeto deve ter uma visão sócio-hístórica de ação, mesmo tendo ações locais e pontuais. Quando o projeto parecer ser considerado utópico para uma macro-estrutura, sua luta parece não ser muito precisa e ele acaba perdendo a sua idéia-chave, sua demanda. Os repertórios “são construídos a partir da agregação das demandas” (GOHN, 1997, p.256); e a partir de sua localização geográfica-espacial. Para a composição do movimento social, são necessários três elementos fundamentais: as bases demandatárias, as lideranças e as assessorias. As relações entre elas determinarão a força do movimento. O princípio articulatório interno se estabelece entre as bases, a liderança e a assessoria é a construção do discurso, das vozes do 46 movimento. Quanto à composição externa, a assessoria, entra no movimento com a função de participar ou articular o poder, determinando a força social do movimento. Na análise de um movimento ela deve ser avaliada em termos de contribuição para o processo de mudança social – avanços ou retrocessos – a partir da participação/contribuição dos repertórios de ações coletivas do movimento ou dos movimentos, nos ciclos de protesto que construíram em certos períodos históricos (GOHN, 1997, p. 258). Dentro da segunda categoria, será analisada a ideologia dos movimentos sociais. Trata-se do princípio articulatório, os referenciais estratégicos fundamentais para criar a identidade dos movimentos. “A ideologia é captada por meio da análise dos discursos e mensagens dos líderes e de toda produção material e simbólica dos movimentos” (GOHN, 1997, p.259). A simbologia do movimento caracteriza–o como uma cultura política, que se constrói no decorrer da história com as vivencias do cotidiano. Quanto a sua organização, pode ser formal ou informal. A princípio, os movimentos estruturam-se de maneira informal, mas, na medida em que vão se expandindo há necessidade de formalizar sua organização para uma melhor distribuição das tarefas, principalmente nos movimentos de longa duração e aqueles que se mantém no plano das idéias. Em relação às práticas, o movimento social se estrutura a partir de ações diretas e discursos. As ações diretas se distinguem do discurso, porque a primeira realiza a ação, enquanto que a segunda completa a ação no campo da organização. O projeto sócio político ou cultural do movimento social está ligado ao seu paradigma ideológico. Algumas vezes o que falta ao movimento é um projeto construído para ou do movimento específico, estabelecendo suas demandas pela problemática do país. Os projetos são passíveis de resgate, pelo analista, após o estudo do movimento como um todo. Certamente são projetos construídos mais no plano das ideologias e não projetos formais, esboçados segundo etapas que abordam um problema, possuem objetivos, justificativas, hipóteses, metodologias, cronogramas etc.(GOHN, 1997, p. 261). É por meio da construção de seu projeto que se forma a identidade do movimento social. “A identidade é uma somatória de práticas a partir de um referencial 47 contido nos projetos” (GOHN, 1997, p.261). Ela não é somente uma idéia, um discurso, mas é a base das articulações. Ainda dentro da questão de análise dos movimentos sociais, é importante verificar o cenário sóciopolítico determinado pelos “elementos conjunturais que explicam o processo interativo e a correlação de forças existentes” (GOHN, 1997, p. 262). A chamada estrutura de oportunidades: [...] estas oportunidades políticas podem ser criadas pelos diferentes atores (movimento, Estado ou mercado privado) e são um dos itens do cenário sociopolítico. Elas representam sempre uma possibilidade de renovação e mudança e conferem aos movimentos os atributos de poder. Se trata de um tipo de jogo de forças em que se disputa não a construção do bem comum (infelizmente) mas a tomada de espaços sobre a produção, gestão e controle de uma infinidade de coisas[...]. (GOHN, 1997, p.262). Ter clara a dimensão do alcance do movimento social é saber reconhecer que em sua dinâmica existem conquistas e derrotas, que “estão intimamente associadas a questões de natureza interna (tipo de articulação, forma de condução do movimento, tipo de relação entre base-assessoria-liderança etc.) e as questões externas, de ordem da conjuntura política e socioeconômica do país” (GOHN, 1997, p. 263). Nem sempre a conquista fortalece o movimento, assim como as derrotas não são sempre um fracasso, ambas devem ser encaradas na análise da construção do projeto de um movimento. Considerando as categorias e propostas de análise dos movimentos sociais apresentados por Maria da Glória Gohn, pode-se chegar a conclusão que as demandas com base em uma ideologia fundamentada na ordem concreta das relações sóciopolíticas, econômicas e culturais, constroem um projeto, na ordem do discurso fundamentado na identidade coletiva do movimento, posicionando-se e organizando-se dentro de uma conjuntura histórica com a proposta de instrumentalizar os grupos por meio de ações que alterem a ordem do discurso, não só gerando um conflito na ordem das idéias, ou do discurso, mas por via da luta social, para que se atinja não só uma demanda local ou pontual, mas a macro estrutura, por meio da transformação, da práxis. Ao analisar o Projeto Revivavida pode-se encaixá-lo dentro da primeira categoria de Movimento Social: movimentos construídos a partir da origem social da instituição que apóia ou abriga seus demandatários - apresentado do seguinte modo por Gohn: 48 Partindo da premissa de que todo movimento social é formado por agrupamentos humanos, coletivos sociais, decorre que estão de uma forma ou de outra inseridos na sociedade. Esta inserção não se dá no vazio, mas a partir de algumas instituições de apoio ou abrigo, ou seja, o partido, o sindicato, a escola e até a família[...]. As instituições sociais possuem ideologias específicas que orientam a forma e o próprio conteúdo das demandas. Elas são as matrizes dos discursos e das práticas dos movimentos. (GOHN, 1997, 268-269). A instituição abrigadora e apoiadora do Revivavida é, como dito, uma escola pública, que será apresentada no próximo capítulo. Ao considerar as idéias deste primeiro capítulo que dá referencial e subsídios para analisar e compreender o segundo e terceiro capítulos, concluí-se que a educação pública de qualidade não é um sonho utópico e impossível, mas deve ser um sonho realizado, colocado em prática, uma prática que não é só ação, mas é uma transformação. Transformação da sociedade, da História, em busca de um mundo mais humano e sustentável. Sustentável político, social, cultural e economicamente. Este capítulo também defendeu que encantar a educação é mostrar-se atento aos atores e as vozes que fazem parte dessa tessitura que é o mundo. Ao se manterem unidos em um ideário, os educadores estão se organizando para buscá-lo. Ao analisar o Projeto Revivavida, tendo a educação socioambiental como idéia-chave e a práxis como ação, está-se tentado construir um mundo, uma história que busque o encantamento, a sustentabilidade e a força social e política para a educação pública de qualidade. 49 2 O PROJETO REVIVAVIDA E SEUS ATORES A educação tem sentido porque o mundo não é necessariamente isto ou aquilo, porque os seres humanos são tão projetos quanto podem ter projetos para o mundo. A educação tem sentido porque mulheres e homens aprenderam que é aprendendo que se fazem e se refazem, porque mulheres e homens se puderam assumir como seres capazes de saber, de saber que sabem, de saber que não sabem. De saber melhor o que já sabem, de saber o que ainda não sabem. A educação tem sentido porque, para serem, mulheres e homens precisam estar sendo. Se mulheres e homens simplesmente fossem não haveria porque falar em educação. Paulo Freire O segundo capítulo tem por proposta apresentar e analisar o projeto sócioambiental Revivavida, elaborado e executado na Escola Estadual Professora Drª. Altair de Fátima Furigo Polettini, durante os anos de 2004 a 2007. A metodologia para a análise do Projeto Revivavida está fundamentada na pesquisa-ação-participante, a qual envolveu também a leitura de documentos, entrevistas e questionários, no intuito de compreender a relação do Projeto com a comunidade, com seus parceiros e com as instituições abrigadoras e apoiadoras. Objetivou interpretar se a práxis desenvolvida pelo Revivavida era uma ação transformadora ou reiterativa, com base na reflexão sobre suas conquistas, suas dificuldades, seu alcance histórico e sua atuação como movimento e força social desejante de transformação da sociedade. A pesquisa-ação-participante, surge no contexto econômico, social e científico da América Latina dos anos 1960. Um importante momento para seu reconhecimento como método de pesquisa foi em 1977, no Primeiro Simpósio Mundial sobre PesquisaParticipante em Cartagena, Colômbia (VIEZZER, 2005, p. 279). Segundo Viezzer (2005 p.279): Os ingredientes que a foram compondo provêm do impacto causado pelas teorias da dependência (Cardoso, Furtado) e a exploração (Gonzáles,Casanova); a contra-teoria da subversão (Camilo Torres); e a teologia da libertação(Gutierrez); as técnicas dialógicas (Paulo Freire) e a reinterpretação das teses de compromisso e de neutralidade dos cientistas, tomadas de Marx e Grasmci . No contexto dos anos de 1970, na América Latina, muitas Universidades e Centros de Pesquisa que estudavam a realidade social, foram fechados, levando muitos cientistas e pesquisadores que pretendiam continuar pesquisando a exclusão e a 50 realidade social por meio dessa nova prática de pesquisa a fundarem ONGs. Esta nova prática propunha respeitar os saberes populares na construção do saber e no como educar (VIEZZER, 2005, p. 281). Ao se propor utilizar a pesquisa-ação-participante, deve-se estar ciente de que “nenhum conhecimento é neutro e nenhuma pesquisa serve teoricamente ‘a todos’ dentro de mundos sociais concretamente desiguais” (BRANDÃO, 1999, p. 11). Deixar se levar por conceitos e fundamentos individuais, é um risco que se pode ter durante a pesquisa-ação-participante. A participação não envolve uma atitude do cientista para conhecer melhor a cultura que pesquisa. Ela determina um compromisso que subordina o próprio projeto científico de pesquisa ao projeto político dos grupos populares cuja situação de classe, cultura ou história se quer conhecer porque se quer agir (BRANDÃO, 1999, p. 12). A pesquisa-ação-participante ganhou nova força e difusão após a Rio-92. Utilizando-se dos conceitos e práticas da Educação Popular e da Educação Ambiental, ela proporciona que as vozes e os saberes das populações excluídas possam ser repassados e reconhecidos como conhecimento. A pesquisa participante é uma proposta para a ação centrada em compreensões renovadas e transformadoras em relação à construção do conhecimento entre seres humanos. Nosso discurso dirige-se ao contexto, estratégias de identidade social, redes de poder, buscando novas formas de conhecimento em lugares que estão fora dos muros do poder dominante (VIEZZER, 2005, p. 285). É possível, portanto, compreender a presente dissertação dentro da metodologia da pesquisa-ação-participante, quando pesquisador e pesquisado propõem uma ação transformadora da realidade. Na realidade a pesquisa é participante não só porque a pesquisadora ou pesquisador social saem do escritório para trabalhar em campo, mas também porque os grupos envolvidos saem do silêncio e do espaço de opressão que a sociedade lhes impõe, para participar de um processo onde aprendem a descobrir, compreender e analisar a realidade e repassar adiante o conhecimento adquirido. (VIEZZER, 2005, p.283). Mas de que espaço de opressão está se falando? Da escola, que não ouve, que não humaniza, que não compartilha, que vive imposta por um sistema de regras, currículos prontos e avaliações institucionais. A escola que oprime o saber popular. A 51 escola perde então sua função de educar quando impõe e passa a ser meramente transmissora de conhecimento, reprodutora de um saber vigente e determinado por uma sociedade classista, é o TER superpondo-se ao SER. Ela deixa de construir, e passa somente a transmitir. Como a escola pode ser um espaço ao inverso deste? Pode a escola abrigar a práxis transformadora e até mesmo apoiar movimentos sociais? A escola pública popular deve ensinar, sim, os conteúdos de forma competente, pois é esse o desejo das crianças que estão lá para aprender e a famílias lutam para isso;porém é necessário considerar o teor político que encerram esses conteúdos. É preciso trabalhar com competência ao transmitir o conhecimento formal, tendo sempre em mente que a educação popular é a educação comprometida com os interesses das classes populares, cujo saber deve ser considerado (VALE, 1996, p. 73). 2.1 A Escola A Escola Estadual Profª. Drª. Altair F.F. Polettini localiza-se no município de Mogi Mirim, interior de São Paulo e está integrada à Diretoria de Ensino de Mogi Mirim. Foi inaugurada no dia 15 de junho de 2002, no bairro Jardim Maria Bonatti Bordignon, à Rua Bráulio de Souza Leite, s/n . Durante um ano, a escola funcionou com a denominação E. E. Jardim Maria Bonatti Bordignon, de junho de 2001 a junho de 2002, pelo Ato de Criação Decreto 45.860 de 18/06/2001. A mudança na denominação do nome da escola teve o intuito de homenagear a Professora Drª. Altair Poletini1, que foi de grande importância para a educação no município e na região e morreu tragicamente aos 44 anos, vítima de seqüestro. A escola foi criada para atender a demanda nos bairros da zona sul da cidade; Jardim Maria Beatriz, Jardim Maria Bonatti Bordignon, Parque Real, Chácara Bela Vista e Jardim Maria Antonieta. A escola estadual Profª. Helena dos Santos Alves, que atendia os alunos destes bairros até o ano de 2000, foi municipalizada, passando a atender somente aos alunos do Ensino Fundamental de Ciclo I, fazendo com que os alunos do Ciclo II se deslocassem para outras escolas distantes da região. 1 A Profª.Drª. Altair de Fátima Fufigo Polettini nasceu em 15 de junho de 1955. Graduou-se na Unicamp, onde concluiu o mestrado em Matemática Pura, doutourando-se em Educação Matemática da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos. Dentre suas últimas atividades, estava a coordenação do programa de Pós-Graduação em Educação Matemática na Universidade do Estado de São Paulo – UNESP, no Instituto de Geo-Ciências, “campus” de Rio Claro. 52 Houve então uma mobilização da Associação de Bairros (Acojamba) e da comunidade para que se construísse uma nova escola que atendesse aos alunos do Ciclo II , Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos via o Programa Telecurso/2000. Conforme entrevista com o professor José Aparecido Zavarize e a professora Joeluisa Garcia Novo Pieri, que estão na escola desde o ano de 2000, eles acompanharam todo o processo de transição de prédio, da Escola Helena dos Santos Alves para a escola Altair F.F. Polettini, que passou a funcionar no ano de 2002 com o prédio inacabado. Existiam apenas quatro salas de aula, do lado esquerdo do pátio, e uma lona preta separava a construção das outras salas de aula. A escola era cercada de alambrado, o que favorecia que no período noturno facilmente pessoas que não eram alunos entrassem na escola e que os alunos facilmente “fugissem”. Os professores contam que nas sextas-feiras à noite faziam atividades diferenciadas como bailes ou festas de Hallowen, cobrando um valor simbólico de entrada para arrecadarem dinheiro para a construção do muro. Mesmo abrindo a escola para a comunidade participar das atividades e sendo o bairro considerado violento nunca houve problemas de brigas ou vandalismo. O bairro Maria Bonatti Bordignon está situado na zona sul do município de Mogi Mirim, próximo as rodovias SP 340 Campinas- Poços de Caldas e a Rodovia SP 147 – que liga Mogi Mirim a Itapira. Fica próximo ao distrito industrial do município, onde se localizam pequenas e médias empresas nacionais e multinacionais. A região da Maria Beatriz, como é conhecida, conta ainda com alguns serviços públicos como Posto de Saúde, Creche Municipal, Escola Municipal de Ensino Fundamental Helena dos Santos Alves que atendem crianças do Ciclo I e do Ensino Fundamental e várias linhas de transporte coletivo. Possui estabelecimentos comerciais que atendem a população da região, como supermercados, lojas, farmácias, padarias, bares, dentistas e salões de embelezamento, sendo que a maioria dos proprietários são moradores da região. Os alunos que freqüentam a Escola Estadual Altair Polettini são provenientes destes bairros e da zona rural do município que fica próxima as rodovias SP 340 e SP 147, como os bairros da Bocaína, Piteiras, o assentamento 22 de Outubro no Horto do Vergel e outros. Para melhor compreender a origem do projeto é necessário apresentar alguns dados quantitativos referentes à organização administrativa da escola, já que a proposta do Projeto Revivavida envolve toda a comunidade escolar, compreendendo alunos, professores, direção, coordenação, funcionários, pais de alunos e comunidade. 53 Os dados de identificação da escola foram retirados do Plano de Gestão da Escola – Quadriênio 2007/2010, elaborado pela Diretora Profª. Miriam Aparecida da Silva Sobral, em conformidade com as orientações da Diretoria de Ensino da Região de Mogi Mirim e referem-se às características que compõem o quadro escolar, administrativo, número de turmas por período, número de alunos, horário de funcionamento dos períodos, número de professores e número de funcionários, dando a dimensão da escola, caracterizada como uma escola de porte médio, em torno de 800 alunos, 30 professores, turmas de ensino fundamental II, Ensino Médio e Educação de jovens e adultos (EJA). (Ver anexo I - Dados da E.E. Profa. Dra. Altair F.F. Polettini). Também em anexo encontra-se a situação sócio-econômica dos educandos, a infra-estrutura do bairro e a relação com a comunidade. (Ver anexo II - Características da Clientela). O termo clientela reproduz a idéia de mercado, de como, por muitos anos, as políticas públicas trataram seus educandos e a comunidade como se ambos fizessem parte de uma transação comercial. A escola é um produto que é oferecido aos seus “clientes”, daí a importância de se pesquisar o que o “cliente” quer. Ou melhor, o que a escola deve oferecer aos seus clientes: cidadania? Inserção no mercado de trabalho? Ou proporcionar uma educação emancipadora? O Plano de Gestão da Escola, o Projeto Político-Pedagógico e o Projeto Revivavida se entrelaçam e tecem uma proposta que não dá para distinguir ou separar. Ambas buscam o mesmo objetivo, a todo o momento encontram-se trechos e as mesmas citações nos diferentes projetos. Teoricamente, fica muito clara a preocupação e o desejo de se proporcionar uma educação emancipadora, como no trecho abaixo do Projeto Político=Pedagógico da Escola e que se encontra também no Plano Gestão da Escola (Ver Anexo III - Projeto Polítivo-Pedagógico da E. E. Profª. Drª.Altair F. F. Polettini). A educação está num momento em que seus agentes devem compreender a função social que a escola exerce e situá-la no mundo moderno, onde ocorrem variações em diferentes momentos da história. Não se pode mais pensar numa escola estática e antiquada, é preciso compreender o contexto e as relações em que se desenvolve a prática educativa, onde cada um que nela trabalha tenha a percepção que ela não está solta no espaço, mas articula-se com o mundo à sua volta e nesse contexto, todos nós educadores devemos buscar as mudanças naquilo que pode ser mudado, procurando envolver a comunidade num processo de teias de aprendizagem através do acolhimento por parte de todos [...] (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008). 54 O discurso apresentado pela escola, tanto no Plano Gestão quanto no Projeto Político-Pedagógico, propõe uma educação formal cujo objetivo principal é uma educação de qualidade. “A Escola buscará ir além da simples transmissão de conteúdos para formar cidadãos ativos e conscientes a partir de uma Escola realmente competente, entusiasta, estimulante e comprometida com os interesses maiores da comunidade.” (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2007b). Mas qual é esse “interesse maior da comunidade”? Na exposição do Projeto Político-Pedagógico encontra-se um trecho de Paulo Freire sobre o papel que o educador deve ter na construção do processo educativo. O educador ou o coordenador de um grupo é como um maestro que rege uma orquestra. Da coordenação sintonizada com cada diferente instrumento, ele rege a música de todos. O maestro sabe e conhece o instrumento, ele rege a música de todos. O maestro sabe e conhece o conteúdo das partituras de cada instrumento e o que cada um pode oferecer. A sintonia de cada um com o outro, a sintonia de cada um com o maestro, a sintonia do maestro com cada um e com todos é o que possibilita a execução da peça pedagógica. Essa é a arte de reger as diferenças, socializando os saberes individuais na construção do conhecimento generalizável e para a construção do processo democrático (FREIRE apud E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008). O Projeto Político-Pedagógico da escola pretende favorecer o “diálogo entre todos os segmentos que compõem o ambiente escolar, ou seja, alunos, pais, professores, gestores e representantes da comunidade local, o desenvolvimento de ações desencadeadoras para a melhoria da qualidade de ensino, torna-se mais produtivo e agradável” (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008). O trabalho coletivo também é citado como sendo um diferencial na escola e na construção de sua autonomia. Sendo assim, a escola deve sempre embasar e construir um projeto pedagógico, a partir da necessidade de inovar a ação coletiva no cotidiano de seu trabalho, pois são os sujeitos da escola que garantirão a sua realidade. É preciso que a escola reconheça que é preciso todos os seus atores tornem-se responsáveis pelos serviços educacionais que ela presta à comunidade, procurando sempre a qualidade do ensino e da aprendizagem, observando sempre o que a escola é e também o que ela poderá vir a ser, conferindo assim, a sua identidade, de maneira democrática, abrangente, flexível e duradoura. (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008). O trabalho coletivo recebe no Projeto Político-Pedagógico um subitem específico, destacando a importância que a escola dá ao trabalho coletivo e a interdisciplinaridade, o que favoreceu o desenvolvimento do Projeto Revivavida. 55 É de extrema importância a inserção da coletividade em todos os conteúdos curriculares, não podendo admitir-se educadores trabalhando em sua raia própria, sem perspectivas de projeto coletivo. Dessa maneira, duas questões são fundamentais para se obter o sucesso através da coletividade: a) orientar as diretrizes comuns do corpo docente, onde todos os professores devem assumir essas diretrizes; b) possibilidade do exercício contínuo da reflexão sobre a prática. É fundamental nesse processo ter bons professores, mas o principal é que toda a equipe objetive diretrizes pedagógicas comuns. Como proposta e currículo abrangendo a idéia chave do trabalho coletivo, a escola prioriza a inserção de projetos interdisciplinares abrangentes aliados ao uso das tecnologias nos diversos componentes curriculares, de forma mais abrangente no cotidiano da escola de maneira mais contextualizada na prática do educador e do educando, buscando a interação com o mundo e com a vivência do aluno, permitindo assim, que o aluno saia da escola como um sujeito crítico e ativo em suas práticas sociais (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008). A preocupação com a prática docente e a inserção das novas tecnologias também é citada no Projeto Político Pedagógico: Atualmente o professor deve ter clareza e consciência da presença das tecnologias em seu trabalho docente, pois a cada dia outras diferentes fontes tecnológicas estão entrando no cenário da sala de aula. A equipe pedagógica da escola nesse momento deve estar unida, num trabalho envolvente e coletivo, pois só assim, se dará condições de desenvolver um trabalho acompanhando o mundo de forma harmonizada no mundo globalizado que estamos vivenciando. Para isso, o professor deve estar atualizado, para não cair na banalização do uso das tecnologias apenas para ‘joguinhos’ sem contextualizar com a realidade do aluno e com o componente curricular a ser estudado. O professor deve ter o compromisso com seus alunos, garantindolhes a efetiva aprendizagem. O preparo das aulas é imprescindível para uma boa aula. (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008). Estas discussões e compartilhamento de idéias eram realizados em Horários de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPCs). Como o Projeto Político-Pedagógico é também uma atividade política, ele reflete muito das idéias das políticas públicas de educação, no caso da presente análise, especialmente a proposta vinculada a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Tal posicionamento político fica explicito quando se encontra no Plano Gestão da Escola (2007b) o relatório de elaboração do Projeto Político-Pedagógico de 2008. (Anexo IV – A elaboração do Projeto Político-Pedagógico). O diagnóstico para a construção do Projeto Político-Pedagógico foi construído segundo o Plano Gestão a partir das discussões a respeito da qualidade de ensino, da organização administrativa, da gestão democrática e participativa, da valorização dos profissionais da educação, a integração escola-família-comunidade, a organização e 56 integração curricular e as avaliações externas como o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP), Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Mesmo levando-se em consideração o contexto da comunidade escolar, a preocupação com a humanização do educando e com as práticas pedagógicas, fica evidente a importância das avaliações externas como uma das estratégias de diagnóstico para a construção do projeto, assim como a proposta curricular da Secretaria Estadual da Educação. Não dá para desvincular a educação da política, que é o ques propõe Paulo Freire. A educação sempre acompanhou o desenvolvimento histórico, político, econômico e social que identifica o homem, eleva-o, ajudando a se completar, instrumentalizando-o para a transformação social, o que fica bem claro teoricamente no Projeto Político Pedagógico e no Plano Gestão da Escola Estadual Altair Polettini. (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2007b, 2008). Por mais que se tenha consciência de que ensinar não é transferir conhecimentos, e que o trabalho com projetos interdisciplinares e temas transversais auxilia no diálogo entre senso comum e conhecimento científico, ele não leva necessariamente a práxis social ou comunitária. É fato que a transformação social só acontece se partir do interesse do educando e não com temas impostos que tem por interesse atender as necessidades do Estado ou do mercado, em sanar suas falhas de responsabilidade quanto à qualidade da educação. Muitas vezes a crise da sociedade moderna leva a um estado de alienação e perda dos significados e características da vida em comunidade ou sociedade. O trabalho com criticidade, a responsabilidade e a integração dentro das escolas ajuda a conscientizar as pessoas de que a melhora nas condições de vida dos excluídos tem início na mudança de comportamento da classe excluída e é de responsabilidade das escolas e da comunidade trabalhar para que esta conquista seja atingida. As práticas educativas refletem diretamente na qualidade da educação que está interligada na maneira como a escola compreende a educação e sistematiza a sua prática junto com a teoria, que é o seu Projeto Político-Pedagógico. Questiona-se. Será que as escolas têm refletido sua prática? Será que se questionam quanto à qualidade da educação? Ou simplesmente transmitem 57 conhecimentos “de uma geração para outra”? O Projeto Político-Pedagógico é realmente construído dialogicamente por toda a comunidade escolar, pela comunidade e pela família? Ou ele é só mais um documento imposto pela burocracia? Como a proposta da dissertação é a análise do Projeto Revivavida na escola E. E. Profª. Drª. Altair F. F. Polettini vou delimitar estes questionamentos especificamente a esta escola, na qual trabalhei de 2003 a 2007, como coordenadora pedagógica, e em 2008, como professora de História no Ensino Médio. No período em que trabalhei como professora-coordenadora ajudei na construção do Plano Gestão de 2003/2006, no Plano Gestão 2007/2010 e na elaboração do Projeto Revivavida, caracterizando meu papel como participante e pesquisadora que procura dar voz e ao mesmo tempo ouvir os demais atores do projeto. Certamente, reconhecer que os projetos do Revivavida tiveram erros e acertos é fundamental para compreender o alcance de sua práxis. 2.2 A Construção e as Transformações do Projeto Revivavida Por que me impões o que sabes se eu quero aprender o desconhecido e ser fonte em minha própria descoberta? Humberto Maturana O projeto Revivavida teve início no ano de 2004 e foi elaborado com o objetivo de participar do Programa Meio Ambiente e a Escola, proposto pela Embrapa Meio Ambiente em parceria com a diretoria de Ensino de Mogi Mirim, estando na sua quinta edição no ano de 2008. O projeto seguia as orientações da metodologia proposta pela Embrapa, que era a práxis socioconstrutivista ver-julgar e agir, e a ação priorizada dentro de temas geradores, propostos pela Embrapa. Os princípios propostos pela Embrapa estavam em concordância com os objetivos e metas propostos pela escola E E Profª. Drª. Altair F. F. Polettini. Tentou-se então unir o Projeto Revivavida ao Projeto Político Pedagógico da Escola, que visa associar o currículo às ações cotidianas e transformadoras. O Projeto Revivavida tem a proposta de trabalhar o processo de ensino-aprendizagem respeitando a: “[...] autoestima do aluno, sua qualidade de vida, a preservação do meio ambiente e as ações de 58 cidadania, favorecendo a construção de uma educação voltada para a transformação social.” (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2004). O Projeto Revivavida tem como característica a transdiscipliradidade nas relações do ensinar e do aprender. Na tentativa de recriar os sentidos, o reencantamento da aprendizagem como propõe Severino Antonio. A transdisciplinaridade é um novo modo de pensar e de produzir conhecimento. Um novo modo de conceber e de praticar o ensino e a aprendizagem. Nova concepção epistêmica e educacional. Mais ainda: é um novo modo de compreender a realidade, a natureza e o homem. Um novo olhar, uma nova escuta (ANTÔNIO, 2002b, p.27). Esta nova perspectiva sugere um olhar multifocal, como se fosse um caleidoscópio, ligando e interligando os saberes Não dá para fragmentar os projetos do Revivavida, ele é um todo, um conjunto de ações que busca interligação para a valorização da vida e do ambiente. No entanto, a inexperiência de se trabalhar com a unidade, num mundo tão dividido, fez muitas vezes transformar o todo em saberes disciplinares e institucionalizados. Por conta da praticidade e pela corrida contra o tempo da vida contemporânea separou-se o que devia ser único. Reconhece-se, portanto, que em alguns momentos esta ligação dos saberes tão importante para o conhecimento planetário não ocorreu. Participar do Projeto Meio Ambiente e a Escola no ano de 2004 foi a princípio uma imposição da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, a qual a Escola Altair Polettini pertence. Após as orientações e a capacitação do então Assistente Técnico Pedagógico (ATP) da Diretoria de Ensino, de como seria realizado, executado e avaliado o projeto de educação ambiental, como coordenadora pedagógica levei a proposta para os professores e para a direção. A participação no Projeto estava associada à inscrição de um projeto de educação ambiental voltada para a comunidade escolar, que tinha como diretriz a proposta da Embrapa Meio Ambiente, e a utilização do método Ver- Julgar-Agir e de uma educação sócioconstrutivista (a metodologia da Embrapa será mais bem explicada no próximo item do capítulo). Como as idéias da proposta complementavam os objetivos do projeto pedagógico da escola, resolveu-se então elaborar o projeto, sem ter muitas referências teóricas do que seria este método ver-julgar-agir ou de como se aplicaria uma proposta sócioconstrutivista que poderia levar à práxis. Seguiu a intuição 59 e o desejo de uma educação significativa e participativa que levasse os educandos a se reconhecerem como sujeitos de sua própria história. Mas como tudo o que é diferente causa estranhamento e mudança, uma parcela de professores temia a mudança da rotina, não por que não desejassem mudar, mas temiam, talvez sem perceber, que a participação e a autonomia que o projeto propunha acabassem com a ordem professor-transmissor, aluno-receptor. O apoio da direção nas propostas do projeto foi determinante para a execução dos mesmos e em vários dias a rotina de sala de aula e das disciplinas foi interrompida por atividades coletivas e transdisciplinares. A escola várias vezes foi aberta para a comunidade, rompendo a barreira entre escola-comunidade. A premiação também foi levada em consideração para participação desta primeira edição. Antena parabólica, uma televisão e um digital video disc (DVD), recursos que a escola não dispunha naquele momento e que eram almejados para um trabalho diversificado em sala de aula. No ano de 2004, o Projeto Revivavida, realizou atividades direcionadas para a questão ambiental sem perder seu foco de ação-reflexão-ação. A escola já possuía algumas atividades voltadas para a questão da cidadania e da ética, que foram mantidas e incorporadas ao Projeto Revivavida. O uso constante desta nova metodologia no ambiente escolar resultou em pequenas transformações, porém significativas, como por exemplo, os tambores para a coleta seletiva e as campanhas de uso consciente da água, que eram trabalhados de forma transdisciplinar e envolviam além das ações, produções artísticas e culturais. Durante os eventos comemorativos da escola como Dia das Mães e dos Pais, estes temas estavam sempre presentes. O Coral apresentava músicas com o tema sobre a água. Uma reportagem foi gravada durante a visita à cooperativa de reciclagem Coopervida e durante a Festa Junina foi realizada a coleta seletiva. Como uma das propostas do Projeto Revivavida era atingir a comunidade e a sociedade, utilizou-se o tema Meio Ambiente e levou-se a reflexão sobre água, lixo, fauna, flora, coleta seletiva para o desfile municipal de sete de Setembro, no ano de 2004 e nos anos seguintes. Em 2004, foi o primeiro ano que se realizou na escola a Conferência InfantoJuvenil pelo Meio Ambiente, proposta pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC). Mesmo que de forma tímida, a oportunidade dos alunos se interagirem em diferentes turmas, discutirem, dialogarem e refletirem sobre os temas que estavam ligados aos eixos temáticos do Projeto Revivavida foi avaliado como tendo grande sucesso. E 60 acabou entrando para o calendário escolar dos anos seguintes, por cobrança e insistência dos alunos. Por suas várias e significativas ações, o Projeto Revivavida em sua primeira etapa, foi premiado com o primeiro lugar pelo Programa Meio Ambiente e a Escola, da Embrapa Meio Ambiente em parceria com a empresa Motorola na categoria Projeto - Tema Gerador: Cidadania e Saúde. (Ver Anexo V - Certificado de Classificação – 1° lugar no Programa Meio Ambiente e a Escola, 2004. A vitória estimulou a participação no ano seguinte, em 2005, com a segunda etapa do Projeto Revivavida. Algumas mudanças foram realizadas, alguns projetos alterados, mas a continuidade dos projetos do ano de 2004 caracterizava a continuidade de um Projeto que parecia estar dando certo e que mobilizava a população. Durante o ano de 2005, muitos projetos vindos da Secretaria Estadual da Educação não permitiram, por falta de tempo, um aprofundamento nos Projetos do Revivavida, ainda que muitos deles também tenham sido incorporados ao Projeto. Mas estes projetos impostos eram realizados sem o dialogar, sem o interagir. Eram tantos projetos que se acabou perdendo o foco ambiental, a diretriz, e a aplicabilidade da metodologia, fragmentou-se o projeto em disciplinas para que os relatórios e prazos de entrega fossem cumpridos, fragmentou-se o conhecimento e a beleza do projeto. Uma das mais graves crises de nosso tempo de crises é a extrema fragmentação do conhecimento, que dissocia sujeito e objeto. E dissocia, no sujeito, a inteligência e a sensibilidade, assim como dissocia o objeto de seu contexto e de suas interações e interdependências (ANTONIO, 2009, p. 89). Apesar da premiação com o segundo lugar no Programa Meio Ambiente e a Escola, o Projeto começou a se descaracterizar, era o início da institucionalização do Projeto Revivavida. No entanto o Projeto Revivavida recebeu no ano de 2005, o Selo de Escola Solidária, pelas iniciativas de Educação fundamentada nos ideais de solidariedade, participação e cidadania, classificando-se pelos mesmos ideais no Instituto da Cidadania Brasil, da Fundação Volkswagen, Sony Brasil e vários outros parceiros. (Anexos VI a XI). No ano de 2006, parece que o Projeto Revivavida “renasceu” novamente nas suas propostas e objetivos, mas na verdade ele se escondeu na infinidade de projetos a serem trabalhados e desenvolvidos. Foi necessário elaborar diversas tabelas ( Anexo XII a XIV) para acompanhar o desenvolvimento das ações. As premiações nos Concursos 61 anteriores e o destaque da escola no município e na Diretoria de Ensino sobrecarregaram as atividades e os projetos da escola. Como agente envolvida intensamente no Projeto, naquele momento, posso afirmar que parecia que a única escola que atendia as necessidades de apresentar Projetos para a Secretaria Estadual de Educação era a Escola Altair Polettini. Além do Projeto Revivavida, a escola e os alunos eram constantemente premiados em concursos, sendo convidados a participar de diversas atividades no município e na Diretoria. O Projeto, que foi construído com tanta utopia, amor e idealismo, foi reconhecido e incorporado como currículo, já que a maioria de suas ações permaneceu, mas ao se estabelecer e fortalecer foi incorporado pelo sistema e passou a realizar ações sem planejamento e diálogo, com o objetivo de fazer e participar de concursos e apresentações. Embora o marketing seja uma forma de prestação de contas da equipe gestora para com a sociedade e divulgação do trabalho realizado, as ações ao serem incorporadas sem planejamento descaracterizam-se do ideal de práxis, passando a ser um índice a ser utilizado como propaganda de uma escola pública e de qualidade. No ano de 2007, o projeto chegou a ser elaborado na sua quarta etapa, mas muito pouco se conseguiu realizar em termos de práxis transformadora. Ele quase não saiu do papel, salvo as atividades que já haviam sido incorporadas ao Projeto PolíticoPedagógico da escola. “A educação que copia modelos, que deseja reproduzir modelos, não deixa de ser práxis, só que se limita a uma práxis reiterativa, imitativa, burocratizada. Ao contrário desta, a práxis transformadora é essencialmente criadora, ousada, crítica e reflexiva” (GADOTTIi, 2004b, p. 31). Estava-se entrando na chamada “Era SARESP”. Com as mudanças ocorridas na Secretaria de Estado de Educação, o foco já não era os Projetos interdisciplinares. A preocupação passou a ser os índices do SARESP. A cobrança não estava mais nos prazos e entrega de relatórios sobre os projetos, mas no funcionamento das turmas de reforço e no trabalho dos professores em sala de aula em atividades que trabalhassem as habilidades e competências exigidas pelo SARESP. O índice do SARESP passou a ser um dos critérios para o bônus mérito aos professores. Não dava mais, na concepção da própria comunidade escolar, para “perder tempo” com os Projetos de Educação Ambiental, eles seriam agora trabalhados como Temas Transversais – cada um na sua disciplina. Não havia mais tempo para o ensaio 62 do coral, para o grupo de dança, para a realização de atividades transdisciplinares. (Ver Anexo XV sobre as datas de início e término dos Projetos do Revivavida). Assim como pode acontecer com os movimentos sociais, o Projeto Revivavida, perdeu sua idéia-chave, institucionalizou-se. Foi envolvido pelo contexto das políticas públicas de educação. As transformações do Projeto aconteceram de forma tão sutil, que fica a pergunta: De qual autonomia e gestão democrática está-se falando na escola pública? O que está dando certo, absorvido e revestido, dando a impressão que ainda está funcionando de modo pleno e autêntico? Antônio (2009, p.90) diz que “conhecer é contextualizar” É o que se pretende realizar com esta dissertação: conhecer sob outros ângulos o Projeto Revivavida, contextualizá-lo nesta complexidade do conhecimento, reconhecê-lo com um novo olhar, com uma nova escuta, religá-lo. [...] Uma das necessidades mais profundamente vitais do trabalho em sala de aula: tecer diálogos entre as disciplinas. Religar os conhecimentos. Contextualizar. Recontextualizar o que está fragmentado, disperso, pulverizado.[...] que destoem o conhecimento significativo e desnaturam a compreensão (ANTÔNIO, 2009, p. 88) Analisar o Projeto Revivavida dentro do contexto em que ele foi construído é dar voz aos atores que acreditaram no diálogo, na ligação dos conhecimentos, na educação de qualidade na escola púbica, que acreditaram na práxis como transformação social. 2.3 A Embrapa Meio Ambiente e os Parceiros O Projeto Revivavida teve origem no Concurso Meio Ambiente e a Escola, proposto pela Embrapa Meio Ambiente – unidade de Jaguariúna, que desde 1997 vem contando com o apoio de parcerias para implantar um projeto de Educação Ambiental nas escolas. Entre os parceiros e patrocinadores da Embrapa neste Concurso, estão as empresas Motorola e Química Amparo Ltda. (fabricante dos produtos Ypê) e a Faculdade de Jaguariúna (FAJ). A Embrapa está vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Foi criada em 1973 e tem como missão “viabilizar soluções para o 63 desenvolvimento sustentável do espaço rural, com foco no agronegócio, por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimento e tecnologias, em benefício dos diversos segmentos da sociedade brasileira” A empresa atua com 38 unidades de pesquisa, três serviços e 13 unidades administrativas, e está presente em quase todos os Estados. O orçamento da Empresa em 2007 ficou acima de R$ 1 bilhão, e dos seus 8.275 funcionários, 2.113 são pesquisadores, 25% com mestrado e 74% com doutorado. Mantém contato com organizações internacionais e possui um laboratório na Holanda e um escritório em Gana, na África. Com sede na cidade de Jaguariúna, encontra-se a Embrapa Meio Ambiente, a idealizadora da Campanha Meio Ambiente e a Escola (EMBRAPA, 2008a). A Motorola é uma empresa multinacional que atua na área de comunicação, principalmente nas experiências móveis. Sua história tem início em 1928 em Chicago, nos Estados Unidos, com uma empresa familiar de produtos eletrônicos. Na década de 1930 expandiu seus produtos, e a partir da década de 1960, ampliou seus negócios com filiais fora do seu país de origem. A companhia obteve vendas de US$ 36,5 bilhões em 2007. Desde 2005, vem investindo mais de US$ 550 milhões no Brasil, sendo que parte deste investimento foi destinado à construção do Campus Industrial e Tecnológico de Jaguariúna/SP. Ainda no site da Motorola, no link de responsabilidade social podemos encontrar vários projetos na área de Meio Ambiente, voluntariado, esporte e qualificação profissional. (MOTOROLA, 2007a). A empresa não informa que tipo de parceria estabeleceu com a Embrapa, mas aparece como patrocinadora no livro Educação Ambiental – Capacitação de agentes multiplicadores e desenvolvimento de projetos (HAMMES e FERRAZ, 2002)). A premiação da edição do Concurso Meio Ambiente e a Escola do ano de 2004 também foi financiada pela empresa. As premiações eram uma televisão de 21’, DVDs, antena parabólica e máquinas fotográficas digitais. Apesar de não ter participado das outras edições do concurso, ainda permanece a parceria no seu site. A Química Amparo Ltda. teve inicio no ano de 1950, na cidade de Amparo. É responsável pela fabricação de produtos de limpeza da marca Ypê. Não consta no site da empresa a parceria com a Embrapa Meio Ambiente, mas há uma nota quanto à “disseminação de uma cultura interna de responsabilidade social, apoio a projetos culturais e socioambientais e práticas de sustentabilidade”. (QUÍMICA AMPARO, 2009). 64 2.3.1 A Metodologia Proposta pela Embrapa Meio Ambiente e a Capacitação para o Programa Meio Ambiente e a Escola O Projeto de Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável (PEAA) proposto pela Embrapa, “foi uma iniciativa de um grupo de pesquisadores, extensionistas e educadores visando desenvolver metodologia para capacitação de educadores das áreas de ensino e extensão agrícola”, com fundamentos da Conferência de Tibilisi, em 1977: [...] ou seja: integrativo, que envolva a coletividade; participativo, que “escute” a coletividade; transformador, que estimule mudanças de hábitos e atitude pró-ativa; globalizador, que considere o ambiente em seus múltiplos aspectos; permanente, pela promoção e fortalecimento do senso crítico; contextualizador, que atue na realidade local sem perder a dimensão planetária; transversal, de maneira que o elemento cognitivo se enquadre em todas as áreas, já que o meio ambiente é fundamental para todos os aspectos da manutenção da vida na Terra. (HAMMES e FERRAZ, 2002 , p.2). O manual de orientação para elaboração do Projeto de Educação Ambiental proposto pela Embrapa, “Educação Ambiental – Capacitação de agentes multiplicadores e desenvolvimento de projetos”, elaborado por Hammes e Ferraz (2002), diz que a primeira fase do projeto de pesquisa teve início no Estado de São Paulo em 1997, em parceria com algumas Diretorias Regionais de Ensino da Secretaria Estadual de Educação e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, com o apoio de ONGs e voluntários. As atividades foram desenvolvidas primeiramente nos municípios-piloto de Jaguariúna, Holambra, Sumaré e Hortolândia. Estendeu-se no ano de 2000 para 30 municípios do Estado de São Paulo, envolvendo as Diretorias Regionais de Ensino de Bragança Paulista, Limeira, Moji Mirim e Sumaré, onde foram capacitados educadores ambientais, segundo a obra, a partir da metodologia de Paulo Freire, partindo da construção do conhecimento na sua própria comunidade e utilizando-se da práxis (ação e reflexão), além de oferecer algumas técnicas de ensino como: estudo do meio, jardim multifuncional, roteiro de estudos e experimentos referentes à temática agroambiental e dinâmicas de grupo – técnicas oferecidas para a elaboração do projeto de Educação Ambiental. Os cursos de capacitação ambiental finalizaram em 2001, com o 65 envolvimento de 100 especialistas e 70 coordenadores pedagógicos na produção coletiva de material de apoio pedagógico. (HAMMES e FERRAZ, 2002) A segunda fase de implantação do Projeto de Educação Ambiental teve a coordenação da pesquisadora Dra. Valéria Sucena Hammes, no ano de 2002, com o foco no projeto de “Capacitação de educadores ambientais nas unidades da Embrapa pelo método ver, julgar e agir e educação ambiental integrada dos seis elementos.” Nesta, foi revista e reestruturada a metodologia, inseridos conceitos como “sociedade sustentável”, “técnicas inovadoras de diagnóstico, avaliação de impacto e gestão ambiental ao método da Igreja Católica Ver-Julgar-Agir incrementado ainda pelo verbo ‘Celebrar.’ [...] voltado para o ser humano e não para o meio ambiente, atendendo a demanda de processos de Macroeducação – Sociedade Sustentável.” (EMBRAPA, 2009). A estrutura metodológica de educação ambiental proposta pela Embrapa Meio Ambiente é um processo educacional voltado ao ser humano e não ao meio ambiente, visando a instrumentalizar o educador ambiental e o público dos projetos de educação ambiental a desenvolver a percepção ambiental (Hammes, 2004, p. 64). A estrutura dessa metodologia socioconstrutivista propõe a ”práxis” transformadora de melhoria da percepção ambiental e estabelecimento de uma visão crítica da realidade local. A proposição de VER-JULGAR-AGIR está associada aos termos técnicos de diagnóstico, análise de impacto e gestão ambiental. [...] Essa seqüência orienta o raciocínio lógico de primeiro identificar os atributos existentes que determinam a situação atual e suas potencialidades (ver), avaliar os processos de melhoria ou degradação ambiental, associados aos atributos identificados anteriormente (julgar) e estimular o estabelecimento de atitudes proativas, coerentes com o desenvolvimento sustentável (agir) (HAMMES e FERRAZ, 2002, p. 9). A metodologia da Embrapa Meio Ambiente sintetizava a idéia de que a escola tinha uma educação humanista e uma prática pedagógica voltada para a práxis transformadora. O que a Embrapa oferecia na metodologia do ver-julgar-agir, entretanto, não era novo. Era uma adequação de idéias e práticas que, no Brasil, tem sido presentes ao menos desde os movimentos católicos da década de 1960 e nos conceitos de Paulo Freire sobre Educação. A metodologia do ver-julgar-agir surgiu dentro de um contexto histórico no qual os movimentos sociais tinham um papel importante na luta política pela liberdade e democracia em todo o mundo. No Brasil o padre Henrique de Lima Vaz foi um de seus precursores, integrante que era dos setores progressistas da Igreja Católica, seguido por Frei Betto e Paulo Freire, referências que não são explícitas na 66 metodologia sugerida pela Embrapa Meio Ambiente, com exceção de Paulo Freire, que é citado dentro da proposta sócio-construtivista. Houve uma primeira capacitação da ATP de Geografia da Diretoria de Ensino, para a sensibilização dos Professores Coordenadores para adesão ao Programa. Na fase seguinte, os Professores Coordenadores atuariam como educadores multiplicadores da metodologia de percepção e gestão ambiental no diversos setores: público, privado, sociedade civil e comunidades inseridas, inclusive capacitando multiplicadores dentro da própria escola. Os objetivos do Projeto de Educação Ambiental da Embrapa nas escolas seriam: conhecer o ambiente próximo, inserir a questão agrícola nos estudos ambientais, priorizar ações dentro do tema gerador, estimular o aprendizado cooperativo com ações coletivas e parcerias de acordo com a competência social das instituições, auxiliarem na interdisciplinaridade do tema transversal Meio Ambiente nas escolas e utilizando-se de uma proposta dialógica e socio-construtivista. (EMBRAPA, 2008b). O Projeto Revivavida, quando foi elaborado no ano de 2004, seguiu as orientações da proposta da Embrapa, utilizando-se de uma metodologia com bases teóricas da “práxis transformadora do Ver-Julgar-Agir, associada às técnicas de diagnóstico, avaliação de impacto e gestão ambiental,” conforme proposto por Hammes e Ferraz (2002 p.2), que privilegiava uma aparente autonomia aos educadores para desenvolver suas atividades, para que estas fossem elaboradas para que houvesse continuidade do processo de educação ambiental. O projeto ainda deveria possuir um tema gerador que priorizaria algumas temáticas e ações e uma preocupação com as questões agrícolas e análise ambiental; deveria ocorrer dentro de um planejamento participativo, de forma dialógica entre os envolvidos (comunidade escolar), com constantes avaliações e com uma clareza no seu processo de desenvolvimento, ou seja, com início, meio e fim. Continuando com a análise da elaboração do Projeto pelo prisma da PEAA da Embrapa, as contribuições do desenvolvimento do projeto para as escolas seriam: conhecer o ambiente próximo, inserir a questão agrícola nos estudos ambientais, priorizar ações dentro do tema gerador, estimular o aprendizado cooperativo com ações coletivas e parcerias de acordo com a competência social das instituições, auxiliar na 67 interdisciplinaridade do tema transversal Meio Ambiente nas escolas, utilizando-se de uma proposta dialógica2 e construtivista3. (HAMMES e FERRAZ, 2002). :[...] a avaliação de alguns educadores capacitados, durante o desenvolvimento dos projetos, a metodologia atribuiu-lhes eficácia ao promover a conscientização em curto prazo, eficiência pelo seu efeito multiplicador na rede de ensino (1:1.000) e efetividade na obtenção de resultados concretos a partir do terceiro mês. Os indicadores de desempenho para avaliar a efetividade são os aspectos comportamentais, tais como a busca por sistemas alternativos de produção pelos agricultores e o “esverdeamento das salas ou escolas”. (HAMMES e FERRAZ, 2002, p.3). A PEAA propunha ainda que as escolas, no decorrer do projeto, mantivessem parcerias com a iniciativa privada, associações, cooperativas e ONGs, os chamados parceiros potenciais, e com os parceiros naturais, que seriam os serviços públicos, tanto estaduais como municipais. Que proporcionasse “uma mudança na forma de pensar” e assim alterar o “comportamento dos alunos em relação à limpeza, higiene e saúde, hábitos alimentares e reduzir o vandalismo”, proporcionando uma melhor “compreensão do conceito de desenvolvimento sustentável, solidariedade, ética e valores culturais.” (HAMMES e FERRAZ , 2002,p.3). Para que houvesse uma ampla divulgação da metodologia e uma efetiva contribuição para uma sociedade sustentável seria necessário um apoio e orientação da Política Pública em três aspectos tidos como fundamentais, sendo que um destina-se ao projeto voltado ao pequeno agricultor, um dos alvos do projeto ambiental da Embrapa: - Educação ambiental para todos os setores da sociedade. - Conscientização sobre a necessidade de planejamento do uso e ocupação dos espaços geográficos (local), de preferência sempre submetidos à avaliação das entidades ambientalistas regionais, como estratégia de integração. - Criação de mecanismos para fixação do pequeno agricultor no campo – com o fortalecimento da agricultura familiar em contraposição à monocultura extensiva, o desenvolvimento de tecnologias de baixo custo, que minimizem o desgaste o esforço do indivíduo na atividade agrícola, aumentem sua produtividade, mas não dispensem ou substituam sua presença por máquinas, deixando de ser uma das justificativas para o êxodo rural. (HAMMES e FERRAZ, 2002, p. 9). 2 Para Hammes e Ferraz (2002), é um processo desenvolvido pela conversação com as pessoas e não para as pessoas. 3 Para Hammes e Ferraz (2002), o conhecimento é desenvolvido/ “construído” pelo debate com o grupo e não repassado a ele, já pronto. Cada parte deve ser apreendida pelo grupo, e incorporada a “construção” do conceito ou conhecimento trabalhado. 68 A Embrapa Meio Ambiente considerou esta metodologia um “instrumento adequado para auxiliar as instituições competentes num processo de conscientização mais amplo [...]. Para tanto, faz-se necessário o apoio à capacitação de agentes multiplicadores e desenvolvimento de projetos de educação ambiental” (HAMMES e FERRAZ, 2002). A cartilha Educação Ambiental - Capacitação de agentes multiplicadores e desenvolvimento de projetos, elaborada por Hammes e Ferraz (2002) segue dando orientações passo a passo de como elaborar o projeto de educação ambiental na escola segundo a práxis sócioconstrutivista do ver-julgar-agir, num processo pedagógico dialógico, baseado em seis pontos básicos: a contextualização local, o planejamento participativo, o tema gerador, a segurança alimentar, a práxis sócioambiental ver-julgaragir, e a avaliação. 2.4 A Descrição do Projeto e as Etapas de Elaboração Quando a proposta foi então apresentada primeiramente a mim, como designada na função de coordenadora pedagógica e participando da capacitação, já com parceria estabelecida entre a Embrapa e a Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, encantei-me com a idéia de um projeto que tivesse como objetivo principal o estímulo a uma visão crítica do mundo, iniciando pelo “seu meio ambiente”, seu entorno, sua casa, sua escola, seu bairro, sua comunidade. Prontamente levei a proposta para a direção e para o os professores em horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC). A direção sempre foi incentivadora do projeto e procurou atender de imediato as solicitações feitas para a realização das ações, participando ativamente de várias delas. Quanto aos professores, houve um pouco mais de resistência. Em HTPCs foi explicado que teríamos de participar de qualquer forma, pois se tratava de uma parceria com a Diretoria de Ensino e todas as escolas deveriam apresentar um projeto. Sendo assim, por que não realizarmos um projeto que realmente beneficiasse a comunidade escolar, e não fosse somente mais um, em meio a centenas de concursos e projetos? A construção do projeto não foi tão simples assim, ele exigia uma série de metas a serem cumpridas nas diversas etapas de realização. Houve uma capacitação de oito 69 horas, coordenada pela Assistente Técnica Pedagógica (ATP) de Geografia, da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, uma das multiplicadoras. Apesar das apostilas e da cartilha, muita coisa ficou confusa. A idéia principal de educação ambiental voltada ao ser humano e não ao meio ambiente, assim como a metodologia sócioconstrutivista, não ficaram bem definidas durante a capacitação e no decorrer da construção do projeto. A coleção de livros sobre Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável, que fundamenta e estrutura a metodologia e pode ajudar na elaboração e definição dos conceitos só veio a ser conhecida por nós no ano de 2006. Partindo dos pontos básicos e fundamentais de elaboração do projeto, iniciamos com a contextualização local, delimitando a área de estudo que envolvia o entorno da escola, da comunidade e das famílias. Mesmo sendo o foco uma ação local, havia a preocupação de que os projetos atingissem um alcance maior, como o município por exemplo. O levantamento de dados, como o número de alunos, de professores, de funcionários, os bairros do entorno e de abrangência das famílias, o levantamento sóciocultural e econômico das famílias foram utilizados para a elaboração do Plano de Gestão e do Projeto Político-Pedagógico (ver anexo I). As informações foram coletadas por meio de levantamento de dados na secretaria da escola, questionários aplicados aos pais e alunos em reunião de pais e em sala de aula e a delimitação geográfica foi feita pelo mapa do município. Os dados tabulados foram aproximados e inseridos no projeto, não havendo nenhum registro ou documento desta tabulação. O título Revivavida foi escolhido por retratar a idéia principal do projeto, a de “repensar, reavaliar e reviver” a vida. Reconhecendo-se como sujeito da sociedade e do ambiente, ator atuante na escola, com os amigos, com a família, com a comunidade, com a sociedade, sua relação consigo mesmo, com a natureza e com a sociedade. A escolha do nome do projeto não foi aleatória, teve na sua etimologia a proposta do projeto de valorizar a vida do educando. Mostrar-lhes que existem sonhos e possibilidades na vida que devem ser alcançados e vivenciados. REVIVER: voltar à vida; renascer. Renovar-se, revigorar-se. Tornar a manifestar-se; tomar novo impulso. Trazer à lembrança. Pôr novamente em uso. Re-vi-ver. VIDA: estado de atividade da substância orgânica comum aos animais e aos vegetais. Duração dos seres, existência. Tempo que decorre entre o nascimento e a morte. Maneira de viver. A vida humana. Conjunto de hábitos, de costumes. Conjunto de condições socialmente necessárias à preservação do homem. O que constitui a maior afeição de alguém. Biografia. Animação, entusiasmo, expressão viva e animada. (em 70 composições artísticas e literárias). Animação (em qualquer sentido). (KURY, 2001, p. 692 e 821). Revivavida é voltar à vida, renascer, não só em estado orgânico, é renovar-se no entusiasmo, na animação, é buscar uma expressão viva na sua biografia, é tomar novo impulso na sua existência, no conjunto de condições necessária ao seu ambiente, é tomar um novo impulso no tempo que decorre entre o nascimento e a morte. O eixo temático escolhido para o desenvolvimento do Projeto Revivavida foi Cidadania e Saúde. Foi em torno deste eixo que foram elaboradas as ações do Projeto, procurando não perder o foco principal de vista, a humanização e construção de uma sociedade sustentável, política, social e economicamente. Segundo Hammes e Ferraz (2002, p.5), o “título resume a proposta e deve estar coerente com o tema gerador e as técnicas utilizadas.” O termo tema gerador tem origem na obra de Paulo Freire. Ele assim explica como se constroem tais temas: É na realidade mediatizadora, na consciência que dela tenhamos, educadores e povo, que iremos buscar o conteúdo programático da educação. O momento deste buscar é o que inaugura o diálogo da educação como prática da liberdade.[...].Esta investigação implica, necessariamente, uma metodologia que não pode contradizer a dialogicidade da educação libertadora[...]. O que se pretende investigar, realmente não são os homens[...]mas o pensamentolinguagem referido à realidade, os níveis de sua percepção desta realidade, a sua visão do mundo, em que se encontram envolvidos seus ‘temas geradores’.(FREIRE, 2005, p. 101). O Tema Gerador Cidadania e Saúde foi priorizado para o desenvolvimento das ações que norteariam o projeto. A escola deu prioridade para a investigação na comunidade escolar, “promovendo o respeito ao próximo e ao próprio corpo, com a melhoria da qualidade de vida e das relações interpessoais.” (PROJETO Revivavida, 2006). Assim como no Projeto Político-Pedagógico, por considerar “o aluno uma identidade única, dedicando especial atenção à formação cidadã e solidária, desenvolvendo suas atividades educativas, culturais e sociais.” (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008). A saúde está interrelacionada com a cidadania. Ao manter o ambiente natural e social sustentável, preserva a qualidade de vida local, que reflete no social e conseqüentemente na comunidade global. A preocupação com a autoestima do aluno também foi um dos fatores para a escolha do tema gerador. O aluno precisa se sentir parte integrante e atuante da sociedade. Ações que favoreçam esta participação são 71 cidadãs, elevam a autoestima e proporcionam uma melhor qualidade de vida, não só para o educando, mas também para toda a comunidade. Como o Tema Gerador Cidadania e Saúde propõe uma abertura enorme de projetos ficou muito difícil utilizar a metodologia sócioconstrutivista do ver-julgar-agir, em todos os projetos. A metodologia foi utilizada na identificação do problema, na análise dos processos de melhoria e na construção e realização dos projetos centrais de cada tema gerador. Os demais temas gerados e seus projetos estão listados na tabela 1 do Anexo XI, constando o início e término das atividades. Alguns foram incorporados a rotina da escola e permanecem como hábito até hoje, como é o caso da coleta seletiva, do Projeto Água e da Campanha de Combate a Dengue. Durante o processo de problematização do tema, em que se evidenciavam as limitações e as estratégias de superação do problema, houve o envolvimento, a participação e a conscientização dos alunos, mas de forma isolada, em sala de aula e com alguns professores que se dispuseram a participar mais ativamente do projeto. Com os problemas identificados, estabeleceram-se os objetivos a serem cumpridos, levandose em consideração a questão ambiental, relacionada à social, numa área de influência, seja na escola, na comunidade ou no município. Os registros das reuniões durante a etapa de construção do projeto referem-se as atas das reuniões de HTPCs, de pais e do planejamento. Durante as etapas de desenvolvimento do projeto Revivavida foram organizados grupos de trabalho subsidiados pelos temas geradores proposto pela EMBRAPA Meio Ambiente, que eram: cidadania e saúde, água e energia, lixo, conservação de recursos minerais, agricultura e alimentação. Os grupos contavam com a participação de professores, alunos, funcionários, parceiros naturais e potenciais e a comunidade. Dentro dos temas geradores foram trabalhados projetos que estavam ligados aos projetos propostos pela SEE, alguns concursos patrocinados por empresas privadas, que dizem praticar a responsabilidade social, outros pelo Ministério da Educação como a Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, e alguns que já eram trabalhados pela escola. Contextualizar a escola dentro da sua localidade foi um dos primeiros diagnósticos necessários para se conhecer as reais necessidades da comunidade escolar. No papel de pesquisadora e participante, sem me reconhecer neste papel ainda, convidei alunos e professores a olhar o lugar em que viviam, a se reconhecerem como 72 pertencentes daquela localidade. Muitos trabalhos de reconhecimento e pertencimento foram realizados pelo bairro, desde a quinta série do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, a idéia de olhar e reconhecer os bairros da comunidade foi permanecendo nos anos seguintes. Ainda no diagnóstico preliminar que deu parâmetros para a construção e contextualização do Projeto Revivavida, a contextualização social e espacial foram divididos em: localização do espaço geográfico (ver Anexo XVI – Mapa de Entorno da Escola), histórico da escola e do bairro (ver Anexo XVII – Histórico), o perfil da comunidade, com a avaliação diagnóstica da escola na gestão de recursos educacionais, gestão participativa, gestão pedagógica, gestão de pessoas, gestão de serviços de apoio, recursos físicos e financeiros (ver Anexo XVIII – Perfil da Comunidade). Estes itens anexados foram apresentados no caderno local do Projeto Revivavida do ano de 2006, mas estiveram de forma mais simplificada nos anos de 2004 e 2005. Como apresentado no Mapa do entorno da escola (Ver Anexo XVI), a localidade envolve a microbacia do Córrego Lavapés, cuja nascente se localiza no bairro onde a escola está localizada. Atividades e ações como plantio de mudas e conscientização da preservação da nascente foram trabalhadas no Projeto Revivavida. A justificativa apresentada pelos idealizadores do Programa Meio Ambiente e a Escola foi a seguinte: “Não que seja necessário envolver toda a área, mas à medida que os estudos avançam e se tornam mais abrangentes, se reconhece a área limite de intervenção ambiental (territorialidade). A perspectiva de estudo da bacia ou microbacia hidrográfica, auxilia o aprimoramento gradativo de conhecimento da área, de modo que os estudos avancem e se tornem cada vez mais abrangentes” (HAMMES e FERRAZ, 2002, p. 8). O reconhecimento da nascente do Córrego do Lavapés, como mantenedora da qualidade da água na microbacia do Lavapés, levou os alunos da turma do 3º Ano do Ensino Médio do ano de 2004 a realizar um trabalho sobre a qualidade da água no Lago Lavapés. As questões agrícolas foram trabalhadas dentro do Projeto Revivavida, através de debates sobre transgênicos para turmas do Ensino Médio no ano de 2004, palestras com nutricionistas sobre alimentação saudável e adequada, questionamentos sobre a merenda escolar e a adequação dos produtos vendidos na cantina escolar, buscando diminuir a oferta de alimentos mais calóricos, como frituras e refrigerantes. No entanto tal tema poderia ter sido mais bem explorado e aprofundado, visto que a orientação da Embrapa Meio Ambiente propunha discussões sociais e culturais a 73 respeito do trabalho do homem no campo; a valorização do cardápio cultural formado por alimentos da região; assuntos ecológicos sobre o uso e conservação da terra para o plantio; paisagística, relação do homem com a natureza no aumento do seu potencial turístico. Na construção deste item não se levou em consideração muitos dos atores que faziam parte do projeto, apresentando aqui uma falha no reconhecimento dos saberes populares. Muitos dos alunos e seus familiares moram na zona rural da cidade, trabalham ou possuem sítios e fazendas e o trabalho no campo destes alunos não foi valorizado enquanto conhecimento, reduzindo a questão agrícola ao consumo e a alimentação. Teria sido muito mais rico este item se tais saberes tivessem sido incluídos nas ações. Aqui podemos dizer que não houve uma ação-reflexão-ação, mas uma transmissão de conhecimentos e saberes instituídos cientificamente, transmitido por um especialista, no caso a nutricionista. A interação, neste caso, se restringiu ao discurso. Segundo Hammes (2004b, p.65), a práxis socioambiental do ver-julgar-agir “associada ao diagnóstico, à avaliação de impacto e à gestão ambiental, instrumentaliza o desenvolvimento da percepção ambiental, processo cognitivo de apreensão de uma informação ou estímulo”. O diálogo deve ser o fio condutor para o desenvolvimento das ações do verjulgar-agir. Quando os atores sociais da comunidade estão trabalhando nas mesmas idéias possuem um mesmo objetivo e passam a desenvolver uma percepção socioambiental mais crítica, fortalecendo a participação, numa ação que leva à reflexão. Eles passam a querer compreender e interpretar as causas do problema socioambiental, despertando posicionamentos diante do fato, o que os leva à ação. Chega-se ao agir, o que eles, como cidadãos pertencentes a uma comunidade, como atores sociais, podem fazer para melhorar o ambiente local e global, já que somos cidadãos planetários. Quais foram os problemas encontrados que desconstruíram as ações do Revivavida? Durante a construção do Projeto Revivavida, o diálogo se entrelaçava a esta prática. Era necessário que os atores sociais da comunidade estivessem conversando a respeitos das ações e projetos que deveriam ser mantidos, mas a práxis do ver-julgaragir nem sempre era o método escolhido. Atreladas ao problema decorrente da grande quantidade de projetos, foram surgindo várias outras dificuldades, como a falta de disponibilidade para acompanhar, 74 analisar, avaliar e refletir sobre as atividades dos projetos, a escolha de um projeto prioritário, a imposição de projetos, a fragmentação do projeto em disciplinas e, principalmente, a falta de um diálogo maior com a comunidade. Tudo isto foi levando alguns projetos a serem finalizados ou tratados como ações pontuais, não criando uma identidade de pertença por parte da comunidade escolar, impossibilitando sua continuidade. A captação de recursos financeiros e o estabelecimento de parcerias também eram propostas do Programa Meio Ambiente e a Escola. Para a operacionalização das ações do Projeto Revivavida, buscou-se parceiros, tanto das instituições públicas como das privadas e da sociedade civil organizadas (ONGs) ou não (voluntariado), que colaboravam como apoio técnico gratuito e custeio de materiais. As parcerias eram classificadas pelo Programa Meio Ambiente e a Escola como parceiros naturais e potenciais. Os parceiros naturais estavam relacionados por sua competência social, seja ela na área social ou ambiental, como órgãos governamentais, não governamentais e o setor privado utilizando-se do conceito de responsabilidade social e empresa cidadã. No contexto municipal, estadual e federal, por exemplo, temos as Secretarias Municipais de Saúde, Meio Ambiente, Educação e outras, que auxiliam no contexto socioambiental com a disponibilidade de recursos materiais, custeios ou de apoio técnico. Os chamados “parceiros potenciais são as instituições públicas, privadas e sociedade civil situadas no mesmo espaço geográfico, onde compartilham o mesmo meio ambiente – município e microbacia hidrográfica e comunidade – e a coresponsabilidade social sobre ele” (HAMMES, 2004b, p. 83). Exemplos destes parceiros potenciais seriam: o Posto Municipal de Saúde, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), a Associação de Moradores do bairro Maria Beatriz (ACOJAMBA). A quantidade de parceiros que fizeram parte das ações do Projeto Revivavida durante os quatro anos de atividade é extensa. Foram envolvidas desde empresas do entorno da escola (a escola localiza-se próxima ao distrito industrial do município), como instituições de outros municípios, como a Faculdade Uniararas, do município de Araras. Estes participaram do Projeto Revivavida com custeios de materiais e com apoio técnico de especialistas que participavam como palestrantes nas atividades. Em algumas situações a parceria se compunha em forma de troca: os parceiros auxiliavam com custeios e materiais e a escola com ações, como, por exemplo, o coral e o grupo de 75 dança que eram convidados para se apresentar nas empresas. Alguns alunos chegaram a apresentar palestra sobre Meio Ambiente em empresa parceira. (Anexo XIX). As parcerias não se limitavam a empresas e universidades. A sociedade civil organizada representada pela Acojamba e a comunidade local, pais de alunos, moradores do bairro, profissionais liberais, também participavam. Na maioria das vezes como voluntários, reforçando a idéia de pertencimento e da importância da escola dentro do bairro. Outro aspecto importante a relatar é que a proposta originária da Embrapa pressupunha a constante avaliação dos projetos estimulados por ela. A avaliação, segundo Hammes (2004b, p.84), “atribui objetividade e continuidade aos projetos de educação ambiental. Provoca a reflexão na busca de foco – conscientização ambiental e ajuste de ações.” Ela deve ser uma rotina em todo o projeto, mas é a mais esquecida. As reflexões permanecem no campo do discurso, ficando somente para o término do projeto as conclusões registradas. O registro das ações favorece a sua avaliação, reflexão e ação, fator primordial para desenvolver a visão critica do educador e do educando. Como se tratava de um concurso, o registro e a avaliação determinaram o cumprimento das etapas e metas de realização do projeto. Os indicadores estavam definidos em eficácia, eficiência e efetividade. A eficácia está associada à exatidão no cumprimento de metas. A eficiência está relacionada à capacidade de realização, tempo de resposta e abrangência, e a efetividade é determinada pelas mudanças de hábitos e inovações que contribuam para a melhoria da qualidade de vida. (HAMMES, 2004b, p.86) O que chama a atenção é que embora fosse uma proposta de metodologia sócioconstrutivista, os dados referentes à eficiência e eficácia deveriam ser registrados de forma quantitativa. Para a divulgação do Programa Meio Ambiente e a Escola, calculava-se o número de participantes diretos e os envolvidos por meio da abrangência das metas. 76 O caderno local, que era a forma de registro das atividades, deveria conter o relatório, o número de participantes, o número de abrangência, fotos, desenhos, e divulgação na mídia em forma de reportagens ou entrevistas (também chamada de celebração ou estratégia de marketing)4 que comprovassem a eficácia, a eficiência e a efetividade do projeto. Durante os três anos de realização e participação da escola Altair Poletinni no Programa Meio Ambiente e a Escola, com o Projeto Revivavida, houve algum tipo de monitoramento e acompanhamento por parte da Embrapa Meio Ambiente, que avaliava e premiava as escolas pelo relatório do caderno local. O caderno local foi um dos fatores determinantes na premiação da Escola Altair Polettini, nos concursos de 2004, 2005 e 2006, pelo detalhamento do seu relatório, e pela comprovação por meio de fotos e reportagens de jornal (Anexos XX, XXI, XXII) com os indicadores de desempenho e pela forma sistematizada dos registros. 2.5 As Ações Socioambientais Desenvolvidas no Revivavida Uma das formas mais apropriadas para se trabalhar a questão socioambiental são os projetos educacionais transdisciplinares, que abrangem as diferentes áreas do conhecimento, interligando os saberes, além de propiciarem o diálogo, o sócioconstrutivismo e a autonomia no processo educativo, critérios fundamentais para uma práxis transformadora. Para apresentar os projetos do Revivavida de forma que caracterizasse a inter e a transdisciplinaridade elaborou-se os gráficos abaixo, para melhor ilustrar a interligação entre os projetos. O gráfico 1 representa os temas geradores, dos quais vão fazer parte diversos projetos, que estão interligados ao Eixo Temático Cidadania e Saúde 4 A estratégia de marketing, é utilizada para divulgar os resultados de desempenho e mobilizar o maior número de pessoas. Como o método Ver-Julgar-Agir, foi proposto pela igreja católica o termo Celebração foi utilizado por um padre para “chamar” a sociedade para tomar conhecimento sobre os resultados dos projetos,convidando para participarem desse processo, para que fosse um programa contínuo (Hammes,2004, p. 74). 77 GRÁFICO 1 – Eixo Temático: Cidadania e Saúde Fonte: Schiavon, 2009 Nos gráficos 1 a 6, que estão divididos por temas geradores para facilitar a explanação e não por serem independentes são citados alguns dos projetos que foram mais significativos para a comunidade escolar. Muitos projetos que já eram realizados pela escola, por exemplo, a Escola Limpa e as Datas Comemorativas, foram incorporados ao Projeto Reviviavida, por se entender que condiziam com a proposta de reconhecimento e pertencimento ao meio ambiente local. GRÁFICO 2 – Tema Gerador: Cidadania e Saúde Fonte:Schiavon,2009 78 O tema gerador cidadania e saúde foi o que abarcou mais projetos devido à dimensão dos conceitos de cidadania e saúde. Na seqüência passo a relatar e a descrever as atividades e ações propostas deste tema gerador. As datas comemorativas como o Dia das Mães, a Festa Junina, o Dia dos Pais, o Dia das Crianças, dos Professores e o Natal, sempre foram lembradas no calendário escolar. Foram realizados eventos com apresentações artísticas e culturais. Como sempre se tinha um tema que estava sendo trabalhado no momento, como a água ou a saúde, procurava-se sempre inserir uma atividade cultural sobre o tema nas apresentações. O coral apresentava músicas relacionadas à água ou cantigas populares, no caso do dia das Mães. O grupo de dança seguia a mesma temática. Tanto o coral e o grupo de dança estavam sendo constantemente convidados para se apresentarem em eventos em empresas parceiras e festas do município. O coral e o grupo de dança eram ensaiados pelos professores da escola, às vezes no período de aulas, às vezes no horário de HTPC, e até mesmo aos finais de semana ou em horário diferente da jornada do professor e do aluno. Percebe-se que o sentimento de pertença e valorização da atividade estimulava professores e alunos a driblarem os problemas enfrentados. O que acabou desmotivando alunos e professoras foram às dificuldades para a locomoção para os espaços de apresentação fora da escola. Os custos ficavam a cargo dos alunos, já que a escola nem sempre tinha como pagar para o grupo todo. A comunidade também se sentia pertencente à escola. Ela sempre foi convidada a participar das atividades pedagógicas e festivas e comparecia sempre opinando e dialogando com a direção e com os professores. Os pais e a comunidade eram presentes e quando não estavam concordando com algo, manifestavam seu descontentamento. Segundo Gadotti (2004B), o aprendizado também se dá no conflito, que acaba se tornando diálogo e ação, gerando transformação. Acha-se pertinente fazer um comentário em relação a duas datas comemoradas na escola e que são muito significativas para os alunos e para a comunidade, no qual fica muito claro o sentimento de pertencimento, envolvimento e amor à escola. A festa junina e o desfile cívico e militar de sete de setembro. A festa junina já é tradição no bairro e agora está passando a ser do município. Recebe-se na escola em torno de duas mil pessoas. Ela acontece sempre na primeira quinzena de junho, mas seus preparativos começam a ser realizadas no início de maio. Envolve toda a comunidade escolar, os bairros do entorno, pais alunos, parceiros do 79 bairro e do município, empresas e comerciantes. O envolvimento da comunidade e parceiros vai desde a arrecadação de prendas até os preparativos para a festa e a participação na festa, ajudando nas barracas, na organização e até mesmo zelando pelo patrimônio escolar e a segurança. Por mais que se saiba que a renda arrecadada deveria vir do poder público, já que ela é revertida para a melhoria estrutural do prédio e a compra de materiais para os alunos, e poucas vezes para o enriquecimento cultural do aluno, o envolvimento que a comunidade tem com a escola faz com que ela esteja sempre presente nas atividades. A escola é motivo de orgulho para os alunos e para a comunidade. É este sentimento de amor, respeito e orgulho que motiva também as participações no desfile de sete de setembro no município. A cada ano aumenta o número de alunos que querem desfilar. Ao ser questionada sobre seu dia a dia na escola, a aluna V, de 15 anos, hoje no 1º Ensino Médio e aluna da escola desde a 5ª série do Ensino Fundamental, escreveu: “ É bom, pois aqui é como uma ‘família’, onde um aprende com o outro, aprendemos e essa rotina é boa”. A solidariedade sempre foi um tema trabalhado. Mas na maioria das vezes acontecia de forma assistencialista, como campanhas de arrecadação de mantimentos, agasalhos e produtos de higiene. Quando os alunos iam visitar as entidades assistenciais para fazer a doação do que havia sido arrecadado, despertava a reflexão sobre questões de desigualdade social, abandono e um sentimento de solidariedade humana e sempre voltavam se questionando: “como uma criança ou um velhinho poderia ser esquecido daquela forma pela sua família?” Essa preocupação com o outro, o olhar para além do seu ambiente, reconhecer que existem diferenças, levava os alunos à ação-reflexãoação. Um ato a principio espontâneo (doação) gerava uma reflexão (desigualdade social) e se transformava em nova ação, agora consciente, pois não bastava mais visitar e doar, os alunos sentiam a necessidade de levar conforto e alegria às entidades como voluntários. A sociedade civil estava fazendo novamente o papel do Estado, que não garante a necessidade dos menos favorecidos. Algumas alunas, que no ano de 2008 cursavam o 3º ano do Ensino Médio, montaram um grupo de animação e visitas a hospitais, orfanatos e asilos, com o título “É Engraçado ser Séria”, e escreveram em seu Orkut: “Trabalhar com crianças e idosos, é sempre um brinde à nossa aprendizagem, é a melhor compreensão do mundo”. 80 A Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente é um dos projetos que teve melhor aceitação dos alunos. Dos 11 alunos que responderam o questionário cem por cento dos alunos classificou-o como muito bom. E nas conversas informais eles sempre colocam como gostaram de participar das Conferências. Foram realizadas três Conferências durante o Projeto Revivavida, nos anos de 2003, 2005 e 2006. A I Conferência seguiu as propostas e orientações sugeridas pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC) que propunham alguns temas voltado para as questões de “Como Vamos Cuidar do Brasil” (Ver programação Anexo XXIII). A metodologia era a mesma proposta pela Embrapa Meio Ambiente: Ver – reconhecer o meio em que vivo, Julgar – perceber por que isto acontece e Agir - o que podemos fazer como cidadãos que compartilham este ambiente, para melhorar o problema. Na I Conferência, precisar-se-ia indicar o nome de um aluno para participar da Conferência Nacional em Brasília e um aluno da 8ª série foi indicado pelos colegas em votação realizada durante o plenário. Várias mudanças para melhorar a Conferência foram sendo realizadas a cada ano, mas a estrutura de organização do evento foi praticamente a mesma durante as três Conferências. No primeiro ano, infelizmente a escola participou com 40 alunos escolhidos pelos professores. Mas logo ao final da Conferência, percebeu-se que a participação deveria ser estendida para toda a escola e que meio período era insuficiente. Na II Conferência passou-se a realizá-la em dois dias num período de oito horas cada dia. Mas começaram a surgir problemas de transporte e alunos que trabalhavam. Os temas, palestras e palestrantes estão relatados no Anexo XXIV. A III Conferência aconteceu no período de aulas dos alunos, mas permaneceram os dois dias. (ver Anexo XXV – Relatório da III Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente). A escolha dos temas da Conferência acontecia alguns meses antes e logo em seguida eram feitas as inscrições dos alunos. Os professores davam orientações sobre os temas em sala, sendo que cada professor escolhia o tema que tinha mais afinidades para desenvolver. A abertura da Conferência acontecia com a execução do Hino Nacional, a apresentação dos palestrantes que pertenciam à comunidade ou eram das empresas parceiras, do município ou não, as boas vindas dadas pela direção e uma apresentação de dança. Após a abertura os alunos seguiam para as salas para participarem das palestras, depois tomavam café e retomavam a sala para dialogarem sobre o tema. A proposta era enxergar o problema na comunidade ou na sociedade, identificar onde e o 81 porquê ocorria o problema e propor soluções que pudessem ser realizadas na escola, comunidade ou no município. Deveriam ainda preparar uma apresentação do tema em plenário para os demais participantes. O término era sempre uma confraternização festiva, com apresentações de danças, músicas e até mesmo de banda de pop rock formada pelos alunos da escola. No ano de 2005, preparou-se uma mostra cultural com as atividades realizadas antes, durante e após a Conferência sobre o Meio Ambiente, que foi visitada por toda a comunidade escolar, inclusive oferecendo serviços, tais como: embelezamento (corte de cabelo); atividades de interação lúdico-pedagógica, brincadeiras e leitura; saúde, medindo a pressão e o índice de massa corpórea (IMC); social, com a inscrição do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) em parceria com os Correios; orientações para o mercado de trabalho; e o estímulo à sensibilidade em uma sala interativa onde se andava de olhos vendados e os pés descalços. Em outra sala a comunidade era retratada em fotos, as quais também registravam serviços prestados no bairro e onde os moradores podiam manifestar o descontentamento em alguns dos serviços públicos que eram prestados. A elaboração das atividades para a Mostra Cultural retratou a práxis no sentido transformador, possibilitou a interação professor-aluno, aluno-aluno, escola- comunidade, comunidade-sociedade e sociedade-cidadania planetária. Foi uma atividade local, que discutiu os problemas globais, como desigualdade social, mercado de trabalho, natureza, qualidade de vida, exclusão, diversidade, sexualidade e aumento populacional, solidariedade, voluntariado, enfim, o meio ambiente, a globalização e a sociedade planetária, com cultura, tradição e arte. 82 GRÁFICO 3 - Tema Gerador: Água e Energia Fonte: Schiavon, 2009 FIGURA 1 - Desenho de aluno – Tema Água Fonte: Projeto Revivavida, 2004 O tema água e energia foram utilizados com mais freqüência nos primeiros anos do Projeto Revivavida, anos 2004 e 2005, quando se utilizou Projeto da SEE – Água Hoje e Sempre para a construção da Agenda 21 da Escola, que eram as ações do Projeto Revivavida. Foram realizadas campanhas na escola e na comunidade para o uso racional 83 da água através de acrósticos, jogos educativos, desenhos, música e dança, que foram apresentados no I Encontro Municipal da Bacia Hidrográfica do Rio Mogi Guaçu, na cidade de Mogi Guaçu, no ano de 2004, inclusive com a apresentação do coral da escola. Gráfico 4 – Tema Gerador: Lixo Fonte: Schiavon, 2009 A preocupação com os resíduos sólidos, também geraram ações que se fortaleceram e tornou-se hábito, como a coleta seletiva. Em parceria com a Cooperativa de Catadores (Coopervida), que auxiliou na sensibilização da importância de se separar o lixo com palestras, visitas e entrevistas, estabelecendo uma parceria que permanece até hoje. A escola separava o lixo sólido do lixo orgânico e repassava para a Cooperativa que fazia a triagem e encaminhamento dos resíduos gerando renda para os catadores. O lixo da escola não era cem por cento separado, mas boa parte dele era encaminhado para a cooperativa. Questionada sobre se alguns dos Projetos do Revivavida foram compartilhados em casa, no trabalho e na comunidade, a aluna J de 16 anos, do 2º ano do Ensino Médio respondeu: “ Reciclar o lixo. Eu compartilhei muito com minha família”. 84 FIGURA 2 - Desenho do Jogo – Tema Lixo – Desperdício –elaborado por aluno Fonte: Projeto Revivavida, 2004 GRÁFICO 5 - Tema Gerador: Agricultura e Alimentação Fonte: Schiavon, 2009 Como já apresentado, o tema Agricultura e Alimentação foi muito pouco explorado no Projeto Revivavida, limitando-se a atividades em sala de aula, ligados à qualidade de vida e alimentação saudável. Basicamente, foram realizados em salas de aula do Ensino Médio debates sobre os transgênicos. A adequação da cantina escolar acatou as exigências da SEE quanto à venda de alimentos mais saudáveis. Mesmo não sendo um tema que foi bem explorado pelo Projeto Revivavida não passou despercebido pelos alunos, principalmente em relação à merenda escolar. Quando os alunos e os pais foram questionados pela Prefeitura Municipal, responsável pela merenda escolar, a respeito da qualidade da mesma, expressaram suas preocupações com o cardápio pouco nutritivo. Com a terceirização do serviço pela Prefeitura, entretanto, passou a ser incorporado ao cardápio frutas e verduras, o que agradou ao paladar dos alunos. 85 O mérito pela mudança do cardápio não foi somente da escola Altair Polettini, mas esta ficou satisfeita com a percepção dos alunos em ter uma alimentação balanceada, já que para alguns a merenda escolar ainda é a refeição principal do dia. GRÁFICO 6 – Tema Gerador: Recursos Naturais Fonte: Schiavon, 2009 Os recursos naturais foram trabalhados de forma pontual, ou na Conferência, com o levantamento das áreas verdes e degradas, ou em parcerias com o Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura. Geralmente os plantios de árvores aconteciam em datas comemorativas, como o Dia do Meio Ambiente ou o Dia da Árvore. Foi realizado plantio de árvores na escola e na nascente do Córrego do Lavapés, este em parceria com a Prefeitura, mas em nenhum dos dois casos houve a preocupação em orientar os alunos para continuarem cuidando das árvores plantadas, deixando de ser esta uma ação transformadora. Talvez tenha havido a ingenuidade de achar que, se fosse plantada, alguém cuidaria, mas não houve percepção de que esse alguém deveria ser o próprio aluno, que neste momento não se reconheceu pertencente a um espaço comum a todos, a escola e o bairro. Faltou talvez o ver – que o impediu de julgar - porque faltavam árvores na escola e na nascente do córrego, e porque a nascente havia se transformado em lixão. Não houve uma reflexão, o aluno não agiu no sentido pleno do termo e ninguém zelou pelo 86 cuidado para com as árvores que acabaram morrendo na escola e virando comida para os cavalos que pastavam na região da nascente do córrego. Percebe-se, dentro da análise da Ecopedagogia e da Pedagogia Libertadora, porque algumas atividades do Projeto Revivavida deram certo e outras não. E mesmo porque, com o tempo, o Projeto Revivavida foi perdendo seu alcance. Em muitas das ações não ocorreu o diálogo, já que cada vez mais elas eram impostas, ou pela SEE, ou pela Diretoria de Ensino, Direção e Professores, não se construindo identidade com o Projeto. Foi se perdendo o sentido de autonomia. A competitividade própria da sociedade capitalista ainda influencia em muito as práticas pedagógicas, como gincanas ambientais e concursos para premiar os melhores trabalhos. Até mesmo o objetivo do Revivavida de vencer os concursos da Embrapa tem algo deste espírito de concorrência. Tudo isto acaba indo na contramão do que propõe a ecopedagogia e a pedagogia libertadora. Desta forma não se reconhece a diversidade dentro da unidade, deixando de reconhecer o ensinamento e a aprendizagem do outro, que a educação é uma troca de saberes. Valoriza-se um saber em detrimento de outro, sendo que para alcançar a práxis transformadora, a planetaridade e a sustentabilidade tem-se que conhecer e reconhecer o outro, antes ou em vez de competir com ele. Conhecer é uma experiência cultural e biológica, inseparavelmente. Uma atividade criadora, com inalienável dimensão de subjetividade. Humanamente, o conhecer implica um mínimo, ao menos, de atividade interpretativa que descobre e atribui sentido aos dados, aos fatos, á natureza e à história. (ANTÔNIO, 2009, p. 43). Com tudo, o marketing realizado em jornais e entrevistas deve ser utilizado pela escola como um veículo utilizado pela equipe gestora em divulgar o funcionamento e andamento da escola, como forma de prestação de contas para a sociedade do bem que é a escola pública, rumo a uma educação de qualidade, como as vitórias e premiações que foram alcançadas com o Projeto Revivavida. Ao tentar-se buscar um significado mais humanitário para a educação, estreitamse os laços com os alunos e entre os professores, pois a cooperação e o diálogo são necessários para a realização das atividades, de modo que a unidade superou a individualidade, favorecendo uma educação que em meio à fragmentação, pode transcender com seus projetos atingindo o comunitário e o social. 87 2.6 O Projeto Revivavida Analisado Enquanto Movimento Social Compreendido o conceito de movimento social apresentado por Maria da Glória Gohn, citado no primeiro capítulo, agora tentar-se-á compreender o alcance histórico do Projeto Revivavida e os conceitos de movimento social aplicados a ele, avaliando assim a sua práxis, suas conquistas e suas derrotas, enquanto movimento libertador e transformador. Sabemos que uma análise não se faz sem o uso de categorias e estas, além de serem históricas – datadas no tempo e no espaço -, também variam segundo os diferentes paradigmas. [...] Ao falarmos sobre um paradigma teórico de análise sobre os movimentos sobre os movimentos sociais na América Latina observamos que, a despeito de não se terem formulado teorias consistentes, foram criadas algumas categorias analíticas em função do tipo de movimento social predominante: os de caráter popular. (GOHN, 1997, p.263). Dentre as categorias apresentadas por Gohn (1997, p.263), a primeira categoria é a qual o Projeto Revivavida se encaixa – “Os movimentos construídos a partir da instituição que apóia ou abriga seus demandatários”. A instituição, justamente, era a Escola Estadual Profª. Drª. Altair F. F. Polettini. Analisar-se-á se o Projeto Revivavida possui uma proposta metodológica no conjunto das suas articulações, que contemple os elementos básicos e as fases de construção para ser classificado como movimento social. Primeira fase: Situação de carência ou idéias e conjunto de metas e valores a se atingir. (ibid, p. 266). Pode-se considerar que a meta e os valores a serem atingidos pelo Projeto Revivavida se referem a uma educação libertadora, emancipadora e de qualidade para o ensino público. Segunda fase: Formulação das demandas por um pequeno número de pessoas (lideranças e assessorias) - A Construção do Projeto Revivavida partiu da coordenação/direção como lideranças, que foi assessorada pelas instituições apoiadoras (Embrapa Meio Ambiente e a Diretoria de Ensino de Mogi Mirim), representada pela Oficina Pedagógica na atuação da ATP de Geografia. Terceira fase: Aglutinação de pessoas (futuras bases do movimento) em torno das demandas. - A partir da sensibilização feita pelas lideranças e assessoria aos professores e alunos em torno da idéia-chave, que era a construção de um Projeto sócioambiental que valorizasse uma educação libertadora, emancipadora e uma 88 educação de qualidade, conseguiu-se transformar a demanda em reivindicações, construídas a partir das experiências vividas em sala de aula e na percepção da leitura de mundo dos professores e alunos. Esta transformação das demandas em reivindicações, já constitui a quarta fase do movimento. A quinta fase: Organização elementar do movimento se deu informalmente, já que não havia cargos eleitos como presidente ou vice. A coordenação/direção tinha a função de mediadora do planejamento participativo das ações e estratégias. Durante a sexta fase, formulação de estratégias, elaborou-se atividades que pudessem atingir o objetivo proposto. As atividades eram propostas em salas de aulas, HTPCs, reuniões pedagógicas e reuniões de pais, e se compunham de ações diretas, concretizadas nas ações do projeto, e discursivas, com a sensibilização por meio de conversas e palestras. A sétima fase é constituída pelas práticas coletivas de assembléias, reuniões, atos públicos etc. As práticas coletivas envolviam os alunos, professores, comunidade, parceiros e instituições, eram manifestadas ora em reuniões, ora em assembléia, como na Conferência, em que as idéias e as práticas eram expostas em plenário para toda a comunidade opinar e dialogar, ora em atos públicos como o plantio de árvores na nascente do córrego Lavapés, ou na Campanha de Combate à Dengue, em que os alunos saiam as ruas para sensibilizar a população em relação aos criadouros do mosquito Aedes Eghipty. A oitava fase, o encaminhamento das reivindicações, está ligada ao projeto sóciopolítico e cultural do movimento, no caso o Projeto Revivavida. O projeto sociopolítico foi elaborado no movimento e para o movimento, incorporando à sua prática algumas atividades já existentes e que faziam parte da experiência da escola, mas que não estavam em concordância com o Projeto socioambiental, que dá identidade ao Projeto Revivaida. “A identidade é uma somatória de práticas a partir de um referencial contido nos projetos” (GOHN, 1997, p. 261). Práticas de difusão (jornais, conferências, representações teatrais etc.) e/ou execução de certos projetos (estabelecimento de uma comunidade, por exemplo), dão visibilidade ao movimento e proporcionam a propagação de suas idéias. São as oportunidades políticas criadas pelos diferentes atores, sejam eles do movimento, quando parte da escola; do Estado, quando o projeto é reconhecido convidado e 89 premiado pelo poder municipal e estadual, ou pelo mercado privado, no papel das empresas. Na décima fase apresentada para a análise do movimento social, tem-se a negociação dos opositores ou intermediários por meio dos interlocutores. Para Gohn (1997, p.262), os “opositores de um movimento social são sempre os sujeitos que detém o poder sobre o bem demandado. Não necessariamente estes opositores são antagônicos aos movimentos [...]. Trata-se de se opor àqueles sujeitos, no que se refere exclusivamente ao bem demandado.” Ou seja, ocorre uma descaracterização da demanda, da meta idealizadora do movimento, assim como ocorreu com o Projeto Revivavida no ano de 2007, quando as demandas e preocupações do atores sociais do grupo passaram a ter origem mais externa que interna. A demanda passou a ser os índices alcançados pela escola no SARESP. A última fase pela qual passa o movimento social, consolidação e/ou institucionalização do movimento, de acordo com Gohn (1997), conduziu ao fim do Projeto Revivavida enquanto movimento social. O movimento, mesmo tendo nascido dentro de uma instituição, tinha autonomia e liberdade para preparar suas ações. Talvez tal fato tenha ocorrido por se tratar de uma escola nova (a escola tinha um ano de fundação quando o Projeto Revivavida passou a atuar), que ainda não tinha incorporado a rotina institucional nas suas atividades, mas na medida em que a SEE exigia seu desempenho nas avaliações externas, a escola e seus apoiadores optaram por diminuir as ações do Projeto Revivavida. Nesta interpretação das fases de construção de um movimento social, segundo Gohn (1997), associando-as à história do Projeto Revivavida, parece claro que pode-se interpretá-lo como um movimento social, que, como tal, teve conquistas e derrotas, que ora fortaleciam-no ora enfraqueciam-no. Apropriando-se do subtítulo de Segura (2001, p.89), relatam-se as venturas e desventuras do Projeto Revivavida, suas conquista e derrotas na minha concepção de participante e pesquisadora. Usualmente podemos pensar que as conquistas fortalecem um movimento. Mas nem sempre isso é verdadeiro, pois, em vários casos, o que ocorre é uma acomodação após a conquista da reivindicação e um refluxo da organização. (GOHN, 1997, p. 263) . O exemplo de Gohn (1997) aplica-se ao que aconteceu com o Projeto Revivavida. As suas conquistas, premiações, reconhecimento da sociedade levaram os 90 atores a acreditarem que a demanda havia sido alcançada, que já possuíam alunos transformadores, atores sociais críticos em relação à situação socioambiental, mas que agora precisavam voltar ao currículo clássico, os conteúdos das disciplinas do saber escolar atual. Os sistemas educativos tradicionais privilegiam a dimensão racional como forma mais importante de conhecimento. (GADOTTI, 2000, p. 42). Com o Revivavida, tentou-se justamente fazer uma educação apoiada em outras percepções e conhecimentos, não menos válidos e produtivos. “Aprender é muito mais que compreender e conceitualizar: é querer, compartilhar, dar sentido, interpretar, expressar e viver” (GADOTTI, 2000, p.42). No entanto, o cenário sociopolítico e econômico em que o movimento se desenvolveu prevaleceram sobre a utopia e o idealismo. Mas o movimento social Projeto Revivavida deixou frutos, atuou na forma de “uma nova escuta poética da educação” (ANTÔNIO, 2009). Foi feliz nas suas ações, cumpriu sua proposta de práxis transformadora e de educação emancipadora, ou ao menos proporcionou situações para que ela acontecesse. A direção da escola, justamente ao ser indagada sobre a dimensão histórica do Projeto Revivavida, parece ter contemplado esta interpretação: Rememorando, vejo como o projeto contribuiu para o sucesso da escola de uma maneira geral. Todos os assuntos envolvendo a melhoria da aprendizagem do aluno eram direcionados para o coletivo. Estamos lutando para chegar ao ideal do trabalho coletivo. As situações imprevisíveis aparecem em nosso cotidiano, pois muitas vezes os desafios individuais se misturam aos institucionais e as dificuldades vão surgindo cada vez mais, e geralmente, nós gestores acabamos, de uma maneira imediatista e improvisada “resolvendo” todos eles de uma maneira artificial. Feita essa observação, vejo o quanto o projeto contribuiu para minha vivência profissional, pois planejar e avaliar acabam sendo os fios condutores de deslocamento da centralização para as maneiras mais flexíveis de gestão, nas quais se valorizam a participação da sociedade no projeto REVIVAVIDA da escola, buscando uma visão mais ética na formação da cidadania. Isso vai a cada dia fazendo com que ocorra o repensar o planejamento escolar de maneira a elaborá-lo focalizando o aluno como prioridade, buscando a mudança das práticas em nosso cotidiano. É importante ressaltar que o coletivo da escola estrutura o trabalho diário, visando assegurar, acima de tudo o sucesso dos alunos e o atendimento das necessidades educativas da comunidade. Nessa situação, o conflito encontrado nas situações de desenvolvimento do projeto deve ser visto como algo positivo, que ajuda no crescimento do coletivo, que enriquece o grupo e o leva, através do diálogo, a buscar soluções através de ações compartilhadas para os problemas existentes. Sendo o aluno o foco principal do processo do conhecimento, a escola deve propiciar a esse aluno, que ele seja um personagem ativo e participativo em sua forma de interagir com os meios físico e social. Na busca por uma escola de qualidade primando pela cidadania, o trabalho em equipe está em constante busca de ações que levem à efetiva 91 aprendizagem do aluno e assim, juntos, construímos um projeto que visa à melhora do ser humano no seu cotidiano. 92 3 AS VOZES DOS ATORES Este é um dos paradoxos centrais do nosso tempo de paradoxos: O planeta agoniza e a sociedade humana se dilacera; ao mesmo tempo, emergem novas possibilidades de análise, interpretação e transformação do mundo. Por um lado, dilemas, contradições e riscos de destruição da vida. De outro, o nascimento de uma nova matriz epistêmica, uma nova escuta poética da natureza, do conhecimento e da existência. Severino Antônio Neste terceiro capítulo tentar-se-á dar voz aos atores do Projeto Revivavida, em uma tentativa de distanciamento e pertencimento. Como nos escreveu Antônio (2009, p.60): Precisamos do distanciamento crítico, para ver o que não tínhamos visto, e o que não estamos vendo. Para vermos com olhos de primeira vez, com olhar sempre recomeçado. Para nos libertarmos das imagens desgastadas pela rotina, e das frases feitas e dos estereótipos que nos fazem repetir, como se fosse natural e verdadeiro, o que nunca foi pensado nem vivido por nós, e que reiteram o mais intenso poder de dominação ideológica – que é obrigar a dizer. Precisamos dos distanciamentos, mas, ao mesmo tempo, precisamos de pertencimento. Precisamos de identificação, de recordar quem somos, a que pertencemos. Precisamos de reconhecer o que existe em nós e entre nós, mas não tinha sido nomeado, ou está esquecido. Precisamos de uma terra onde nos sentimos em casa, de um chão que nos seja lar, em que podemos nos enraizar, a que podemos retornar. A arte em geral, e especialmente a poesia, trazem essa experiência vital de distanciamento e pertencimento. Escrever este capítulo é um exercício de diálogo entre o pertencer e o distanciar. Por se tratar de uma pesquisa-ação-participante, o sentimento de pertencimento é muito forte, já que a Escola Altair Polettini, onde foi realizado o Projeto Revivavida, foi meu chão e meu lar por seis anos. Contudo, conseguir o distanciamento me fará enxergar o que antes não via, tanto quanto reconhecer a voz do outro sem obrigá-lo a dizer. É a reflexão após a ação que irá proporcionar uma nova ação, uma ação transformadora. Dar voz aos atores do Projeto Revivavida é deixar que as entrelinhas falem por si só, cabendo a mim o papel de reproduzi-las e não só interpretá-las, reconhecendo a voz do outro como representação de seu sentimento. É educar na emancipação, no diálogo e na troca de saberes. “[...] Pesquisar e educar se identifica em um permanente e dinâmico movimento” (FREIRE, 2005, p. 36). 93 3.1 Algumas Considerações Metodológicas A presente dissertação trata-se de um estudo de caso, cujas considerações destinam-se especificamente ao Projeto Revivavida, mas que poderá servir de parâmetro para compreender outras pesquisas de educação socioambiental. Para a compreensão da voz e dos sentimentos dos atores do Projeto Revivavida, optou-se por uma pesquisa empírica com uma abordagem qualitativa. Envolveu um número pequeno de entrevistados, porém com questões mais abrangentes a respeito de temas como educação, educação de qualidade, políticas públicas, educação ambiental e o Projeto Revivavida. A pesquisa tinha a finalidade de não só perceber o Projeto Revivavida enquanto um Projeto de Educação socioambiental, mas também as concepções dos seus sujeitos sobre a educação e a qualidade desta na comunidade e na sociedade. Com isto, buscou-se também compreender se as ações do Projeto Revivavida tiveram um alcance histórico local e/ou global. “A realização de uma entrevista é mais que um momento de coleta de dados, é um momento de reflexão e como toda situação de reflexão é um contexto de construção da consciência política dos sujeitos envolvidos” (MEKSENAS, 2007, p. 1). Ao escrever sobre os Aspectos Metodológicos da Pesquisa Empírica, a contribuição de Paulo Freire, Paulo Meksenas apresenta as condições teóricas das contribuições da pesquisa participante de Paulo Freire e do sociólogo colombiano Orlando Fais Borda, proposta na década de 1970. Por serem significantes para a análise do Projeto Revivavida é apresentado a seguir alguns pressupostos admitidos por Meksneas: 1A pesquisa deve servir aos sujeitos que fazem parte da realidade investigada e não apenas ser a pesquisa que serve ao pesquisador, à sua carreira, à sua ascensão acadêmica nas instituições. Por isso, é uma pesquisa que está mais fora do que dentro das Universidades e está mais dentro do que fora nos Movimentos Sociais. 2A pesquisa corresponde aos anseios de um projeto político gerido por algum Movimento Social. (MEKSENAS, 2007, p.3.) Participar da elaboração e realização do Projeto Revivavida, colocou-me no papel de ator social, dentro do próprio movimento. Mas agora, também no papel de pesquisadora, procuro dar voz aos outros atores do Projeto, tentando, como disse, ora demonstrando meu pertencimento e ora sabendo manter o distanciamento. 94 Conhecer a sua própria realidade. Participar da produção deste conhecimento e tomar posse dele. Aprender a escrever a sua história de classe. Aprender a reescrever a História através da sua história. Ter no agente que pesquisa uma espécie de gente que serve. Uma gente aliada, armada dos conhecimentos científicos que foram sempre negados ao povo, àqueles para quem a pesquisa-participante - onde afinal pesquisadores-e-pesquisados são sujeitos de um mesmo trabalho comum, ainda que com situações e tarefas diferentes – pretende ser um instrumento a mais de reconquista popular. (BRANDÃO, 1983, p. 10). Para sintetizar a escolha por esta orientação de pesquisa recorre-se novamente às palavras ditas por Meksenas (2007, p.2): “A metodologia qualitativa na pesquisa empírica, ao estabelecer relações face-a-face do sujeito-que-pesquisa com o sujeito-queé-pesquisado, permite vínculos de reflexão entre as partes envolvidas porque estão todos em presença, isto é, frente-a-frente e em diálogo, por isso é que Paulo Freire afirma que fazer pesquisa educa.” Os instrumentos de pesquisa que subsidiaram a pesquisa-participante foram os questionários, entrevistas, documentos, recortes de jornais, a observação e a interação com atores/sujeitos do Projeto Revivavida. As entrevistas aconteceram em diferentes momentos e informalmente, quase que bate-papos em que ocorreram depoimentos, questionamentos e posicionamentos, tanto dos alunos quanto dos professores. Os questionários foram aplicados à direção, coordenação, professores e alunos. Os documentos referentes à escola e o Projeto Revivavida serviram de apoio para a compreensão dos objetivos e propostas do Projeto. Os recortes de jornais serviram como referência da relação escola/projeto com a comunidade/sociedade. A observação e a interação com os atores/sujeitos do Projeto Revivavida estão baseadas na memória e participação no Projeto Revivavida, primeiramente como coordenadora pedagógica e posteriormente como professora de História na Escola Estadual Altair Polettini, onde trabalhei por seis anos. Apresentar-se-á os depoimentos selecionados fazendo uso da categorização de Gohn sobre os sujeitos de um movimento social. Primeiro, as Instituições Abrigadoras e Apoiadoras; depois, as vozes dos Dirigentes; e, por último, talvez mais importantes, as vozes dos atores: professores e alunos. 3.2 As Vozes das Instituições Abrigadoras e Apoiadoras 95 Como já citado nos capítulos anteriores, o Projeto Revivavida foi idealizado como proposta para participar da Campanha Meio Ambiente e a Escola incentivada pela Embrapa Meio Ambiente em parceria com as empresas Motorola, Química Amparo (fabricante dos produtos Ypê) e a Faculdade de Jaguariúna (FAJ). A Campanha acontece desde o ano de 2003 e segundo a Embrapa Meio Ambiente, no ano de 2006 participaram 32.495 alunos, 1.386 professores e 564 funcionários de 81 escolas dos municípios de Amparo, Pedreira, Serra Negra, Mogi Mirim, Hortolândia, Sumaré, Paulínia e Santo Antonio de Posse. Envolveu escolas de educação infantil e ensino fundamental e médio da rede estadual e municipal (EMBRAPA, 2006). As vozes aqui apresentadas inicialmente foram retiradas de depoimentos das empresas abrigadoras e apoiadoras. O primeiro é uma entrevista a uma rádio não especificada. Falando sobre o lançamento da campanha em 2004, outros depoimentos também foram feitos durante a premiação e o processo de seleção dos projetos durante a Campanha no ano de 2006, na cidade de Serra Negra (EMBRAPA, 2006). Na seqüência, é citado trecho da entrevista com um dos pesquisadores da Campanha Meio Ambiente e a Escola, Dr. Luís José Maria Irias, na semana de lançamento da Campanha em 2004. Ao ser questionado a respeito do que consistia a Campanha, Luís José Maria Irias respondeu: A idéia da Campanha é permitir as escolas do ensino público da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, a participar de uma atuação efetiva da escola e do meio ambiente. Ela é ancorada em três pilares, a entrega dos livros didáticos[...], a capacitação da metodologia[...] ver-julgar-agir [...] e a celebração que é a premiação dos três primeiros projetos oferecidos por estas escolas dentro desta temática Meio Ambiente e a Escola. (EMBRAPA, 2006) Durante a premiação da Campanha Meio Ambiente e a Escola em 2006, pode-se ouvir a fala do Sr. Ariovaldo Luchiari Júnior, pesquisador e chefe adjunto de Comunicação e Negócios da Embrapa Meio Ambiente: A educação ambiental em escolas públicas é parte da responsabilidade social da Embrapa e parte de uma ação transversal que nós temos. Então, para que o conhecimento gerado nas relações agricultura e meio ambiente seja recebido e implementado plenamente é preciso criar uma consciência. Ou seja, para receber determinada tecnologia ou conhecimento, as pessoas devem estar preparadas e, como nas escolas públicas há uma necessidade de complementação na área ambiental e nós lidamos com essas questões, a 96 educação ambiental é uma ação que incentivamos muito, diz Luchiari.5 (EMBRAPA, 2006). Parece claro na fala dos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, tanto no lançamento quanto na premiação dois anos depois, a necessidade da parceria entre as empresas e as escolas na tentativa de preencher uma lacuna na educação, especialmente neste caso, a educação ambiental. Pode-se perceber que havia uma intenção de continuidade da Campanha Meio Ambiente e a Escola, que não foi uma ação pontual, destinada primeiramente só à premiação dos melhores trabalhos. Hammes apresenta o histórico da Campanha, dando a dimensão da idéia de continuidade da Campanha: Em 2004 trabalhou-se a sensibilização das pessoas, contextualizando-as em seu ambiente por meio de projetos temáticos e reconhecimento sobre a realidade local. De acordo com Valéria, projetos muito interessantes já foram apresentados. “Em 2004 uma coisa que me chamou atenção e que estava muito além daquilo que nós esperávamos, foi que por meio de um projeto vidas foram salvas. Isso demonstrou que a campanha realmente pode contribuir com a qualidade de vida, garantindo entre outras coisas a permanência da vida em lugares onde há doenças endêmicas, por exemplo”, enfatiza. No 2º. ano houve a reconstrução do conhecimento territorial e do processo pedagógico, juntamente com os educadores, incorporando a questão do meio ambiente. “Portanto, não se trata apenas de um projeto de educação ambiental dirigido a um tema específico, mas um trabalho cuja proposta é promover a internalização de hábitos, a partir da conscientização não só das pessoas, mas pelo aprimoramento dos processos, levando à melhoria da qualidade de vida”, diz Valéria. Estamos no 3º. ano, (2006) portanto, no momento de adequação, explica a coordenadora. Em 2007 a Campanha Meio Ambiente e a Escola entrará na parte de habituação, ou seja, na tentativa de implantação de hábitos. “Nessa fase veremos o que realmente foi internalizado. Vamos avaliar tudo o que foi construído e o que será atividade permanente e a partir daí vamos orientar e elaborar publicações para subsidiar as atividades nas escolas”, planeja a coordenadora. Segundo ela, vale ressaltar que esse trabalho não fica circunscrito apenas à ação da escola, mas promove uma intensa interação com as empresas e o poder público local (EMBRAPA, 2006). O que chama atenção na fala das instituições abrigadoras é a idéia de que são elas as responsáveis pelo desenvolvimento dos projetos. Vale ressaltar que o projeto estava de acordo com a proposta metodológica que foi sugerida pela Embrapa Meio Ambiente, sem a qual talvez tivesse demorado mais tempo para reconhecer a 5 Texto escrito por Leila Bonfietti, Estagiária de Jornalismo, com supervisão de Cristina Tordin e revisão de Eliana Lima. 97 importância de se construir um projeto transdisciplinar com uma visão emancipadora e sócio construtivista. Apesar da pesquisadora dizer que “para a avaliação dos programas e projetos, serão analisados cerca de 40 parâmetros, com o objetivo de verificar a capacidade de promoção da conscientização das pessoas, a melhoria do processo pedagógico e a contribuição com a qualidade de vida da escola e de seu entorno (ibid)”, não houve um diálogo participativo por parte da Embrapa Meio Ambiente e a Escola para o acompanhamento das ações dos projetos, ficando esta função à cargo da ATP de Geografia da Diretoria de Ensino, mas que no entanto não participou da avaliação dos projetos e programas. A avaliação foi feita a partir dos relatórios do Caderno Local, que foi encaminhado à sede da empresa em Jaguariúna. Quanto aos demais parceiros da Embrapa Meio Ambiente, como a Motorola, a Química Amparo e a Faculdade de Jaguariúna, eles eram responsáveis pela premiação. A respeito da parceria com a Embrapa Meio Ambiente encontrou-se o seguinte comentário: Motorola oferece suporte para o Programa de Educação Ambiental desenvolvido pela EMBRAPA – uma agência de pesquisa agrícola do governo. O projeto abrange atualmente um total de 14 cidades. Os estudantes são estimulados a desenvolverem projetos ambientais nas áreas de Resíduos, Recursos Naturais, Saúde, Cidadania, Água e Energia, Agricultura e Meio Ambiente. O programa beneficia mais de 45.000 alunos, 1.700 professores e 800 escolas. (MOTOROLA, 2007b). Durante a premiação do Concurso Meio Ambiente e a Escola do ano de 2007, Fabrin, gerente de Desenvolvimento da Química Amparo, assim discursou: O apoio da iniciativa privada é sempre muito importante, pois além de ser uma maneira de captação de recursos para financiar esse tipo de campanha, é uma forma de multiplicar ações e iniciativas. A Ypê vê isso como um projeto fantástico, e na medida do possível procura apoiar. Acho que educação ambiental é importante em todas as idades, mas quando estamos construindo nossa personalidade a conscientização da preservação ambiental é essencial. É a primeira vez que participamos. Recebemos o convite da Embrapa e estamos muito felizes em sermos patrocinador desse evento. (EMBRAPA, 2006). Mantendo o mesmo tom do discurso de responsabilidade social, a participação da Faculdade de Jaguariúna é assim descrita: Disponibiliza sua imagem, seu poder de comunicação institucional e uma parcela de seus recursos e de seus talentos, em busca de transformação social da comunidade em que está inserida, o que só é possível através da interação articulada e consciente entre a comunidade de negócios, organizações não- 98 governamentais, a sociedade civil e os setores públicos e privados. (EMBRAPA, 2006). Como participante da Campanha Meio Ambiente e a Escola do ano de 2004 a 2006, estive presente na premiação de 2006, na cidade de Serra Negra, e presenciei a leitura da carta da aluna que foi premiada com uma bolsa de estudos integral na FAJ (a FAJ, como premiação, disponibilizara bolsas de estudos para as escolas vencedoras). A FAJ foi representada por Vanessa Cristina Cabrelon Jusevicius, coordenadora e professora do curso de Psicologia da Faculdade, que discursou: Acho esse trabalho super importante para os alunos. Eles estão começando a ter uma conscientização que não tive na minha época. É importante que crianças e jovens recebam essa educação ambiental desde cedo para que possam realmente preservar o meio ambiente, que é muito mais do que árvore, lixo etc., mas também a questão da cidadania. (EMBRAPA, 2006). O interessante da premiação com a bolsa de estudos disponibilizada pela FAJ é que ela já havia ocorrido na premiação de 2006, mas a escola Altair Polettini, que foi premiada em segundo lugar, e uma das poucas escolas de ensino médio participante, não sabia desta premiação. Quando a organização do evento foi questionada a respeito das bolsas de estudo, foi respondido que as escolas estaduais não precisavam deste incentivo, pois já possuíam os bolsistas do Programa da Escola da Família, que disponibiliza bolsas de estudos para alunos provenientes de escolas públicas estaduais. A premiação foi então entregue para a Secretaria Municipal da escola vencedora, que era uma escola de Educação Infantil. A participação, nestes três casos, limitou-se à chamada responsabilidade social das empresas, que não foram abrigadoras, apenas apoiadoras, limitando a relação da Campanha com a premiação e não com participação efetiva e afetiva. Não foi encontrado, no entanto, a continuação do projeto no ano de 2007. A Diretoria de Ensino também não firmou parceria com a Embrapa Meio Ambiente, para a continuada da Campanha nas escolas estaduais atendidas pela Diretoria de Ensino de Moji Mirim. Embora um diálogo mais próximo entre as instituições e o Projeto Revivavida não tenha acontecido de forma direta, elas foram responsáveis para a idealização do Projeto Revivavida e de forma indireta abriram caminhos para o conhecimento do potencial como atores sociais e atuantes na localidade. Em entrevista, concedida em setembro de 2008, a ATP de Geografia e Meio Ambiente da Diretoria de Ensino de 99 Moji Mirim falou sobre a parceria com a Embrapa Meio Ambiente, da metodologia proposta pela Empresa e o desenvolvimento dos Projetos de Educação Ambiental nas escolas públicas estaduais. Ela relembrou que a parceria entre a Embrapa Meio Ambiente e a Diretoria de Ensino de Moji Mirim firmou-se nos anos de 2004 a 2006 para acolher o Desenvolvimento do Programa de Educação Ambiental por meio de uma metodologia específica, o ver-julgar-agir, que visava a transformação do espaço e das pessoas. Segundo a ATP, a Embrapa propôs a aplicação do programa, como se fosse um teste piloto e a escolha dos municípios participantes seria pela proximidade da empresa com a Diretoria. A opção em contemplar as escolas públicas seria o de atender o maior número de participantes. Por parte da Diretoria de Ensino também houve interesse na parceria, pois até aquele momento (2004), não se tinha um projeto específico de Educação Ambiental nas escolas públicas estaduais de forma sistematizada pela SEE, o que só ocorreu em agosto de 2004 com o Projeto Água: Hoje e Sempre. A parceria com um órgão federal dava credibilidade ao Programa do Meio Ambiente. Por outro lado, a parceria das instituições e empresas com as escolas públicas estaduais acarretava a estas instituições a certificação de parceiros sociais e também garantia e aumentava a credibilidade dos parceiros como organizações preocupadas com a responsabilidade social e o bem-estar dos cidadãos. A Embrapa Meio Ambiente ofereceu a metodologia e o treinamento, sem um acompanhamento ”supervisionado” por parte dela, ficando a cargo da ATP a visita às escolas e o acompanhamento dos projetos com apresentação de palestras, orientações e encaminhamentos, como parcerias, materiais ou veículos para deslocamentos de alunos quando necessário. A respeito da participação da Escola Estadual Altair Polettini, a ATP considera que a escola possui um diferencial em relação as outras escolas que participaram da Campanha e de outros projetos apresentados pela Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, que é o incentivo da equipe gestora, o comprometimento do corpo docente e o entrosamento entre os gestores, professores e alunos. Sobre o Projeto Revivavida comentou: O Projeto Revivavida foi estruturado dentro da escola, com organização e aplicabilidade da metodologia. Teve forte envolvimento da comunidade na metodologia, multidisciplinaridade, facilidade de se interligar com outros projetos de Educação Ambiental e outros projetos da escola. 100 A ATP considerou que, no entender das instituições parceiras, o Projeto Revivavida conseguiu atingir os objetivos propostos de aplicabilidade da metodologia ver-julgar-agir, o que foi confirmado pela Premiação na Campanha nos anos de 2004, 2005 e 2006. A Embrapa buscou parcerias para uma ação de caráter ambiental que ela formulou. A Diretoria de Ensino buscou parceiros de força para dar conta de necessários projetos de Educação Ambiental que deveria formular; empresas buscando certificar-se perante a sociedade como “socialmente responsáveis”. Mas o que deu vida realmente ao Projeto foi o fato de uma dada comunidade escolar, a começar por suas “lideranças”, terem acolhido a idéia. O Revivavida foi além dos objetivos da própria Embrapa e diretoria ao criar uma práxis potencialmente transformadora. Teve grande força enquanto foi um movimento social apoiado por uma escola em busca de sua identidade e reconhecimento. Conforme histórico do projeto, discutido no capítulo 2, bem como as vozes dos seus principais protagonistas, apresentadas a seguir, parecem comprovar isto 3.3 As Vozes das Lideranças O Projeto Revivavida analisado enquanto movimento social é composto pelo princípio articulatório que o aglutina a: um projeto de educação sócioambiental, elaborado nos princípios da educação libertadora e da ecopedagogia. Falar em vozes de lideranças no projeto parece soar contraditório, mas segundo Gohn (1997, p.257), “o princípio articulatório interno de um movimento se dá a partir de três elementos fundamentais que entram em sua composição: as bases demandatárias, as lideranças e as assessorias.” São as lideranças que sensibilizam as bases para a constituição e atuação do movimento. As lideranças, no papel da direção, vice-direção e da coordenação pedagógica, como já citadas pela ATP, como equipe gestora do Revivavida, teve função primordial no desenvolvimento do Projeto, servindo como interlocutora entre as instituições abrigadoras e apoiadoras e as bases demandatárias. 101 Foi elaborado um questionário qualitativo, que foi aplicado a Direção da Escola (Anexo XXVI), referente às concepções de educação, educação ambiental, Projeto Revivida, e as políticas públicas da Secretaria Estadual de Educação. Sobre a temática Educação Ambiental na escola, a Direção escreveu: A importância principal de nosso trabalho com educação ambiental, certamente é desenvolver a consciência nos alunos, professores, funcionários e comunidade do entorno da escola, sobre a importância do envolvimento de todos na formação de valores e atitudes diante da problemática ambiental. As atividades pedagógicas são todas voltadas às mudanças de atitudes, tais como: necessidade de redução de consumo de água, energia, reciclagem do lixo, respeito à natureza e ao seu próximo, prática de ações constantes do exercício da cidadania no cotidiano escolar visando uma melhor qualidade de vida no meio em que vivemos. Indo ao encontro dos objetivos e finalidades do Projeto Revivavida, quando se pensa num projeto escolar, certamente, queremos melhorar aquilo que estamos descontentes, principalmente no “olhar” da gestão escolar. Antes do projeto, percebíamos que nossos alunos e até funcionários não se importavam muito com a questão do ambiente em que viviam. Eram palavras ofensivas, desrespeito ao próximo e à natureza, desperdício de merenda, água, energia e ausência de atitudes cidadãs em todas as esferas do cotidiano. Pautamos o projeto visando uma aprendizagem através de uma atividade produtiva/ prática em um ambiente criativo e criador, respeitando as particularidades dos sujeitos individuais e coletivos; o comprometimento dos diversos setores do entorno escolar no projeto de preservação do meio ambiente, de preocupação com o ser humano (cidadania e saúde) e gestão do mesmo como co-responsáveis pela sua execução e sucesso; a valorização do educando como sujeito dotado de saberes e conhecimentos socialmente construídos através de um currículo flexível e articulado com as reais necessidades do mesmo; a formação de cidadãos éticos, autônomos, responsáveis e conscientes da sua contribuição, pela atuação coletiva na sociedade, para alterar a situação de vulnerabilidade social. Enfim, a real transformação do ser humano diante da problemática que envolve a questão ambiental no mundo. A principal finalidade do projeto, certamente é a TRANSFORMAÇÃO das atitudes de toda a comunidade escolar para que um dia possa viver num muito melhor e que vise a cultura da paz. Busca-se com o projeto encontrar soluções para os problemas sociais, ambientais, políticos e até econômicos na dimensão social. Nossos alunos deverão ser capazes de ter um “olhar crítico” para os problemas que o mundo lhes apresentar e tentar buscar soluções criativas e positivas para o meio. Resgatar primeiramente os valores de participação para a construção de uma comunidade com ideais de cidadania, bem como estabelecer novas propostas aos alunos, visando assim à ampliação de conhecimento e de cultura proporcionando uma participação prazerosa e oferecendo valores de participação, amizade, iniciativa e solidariedade e a formação cultural do aluno integrante do projeto. Desenvolver a responsabilidade e compromisso dos alunos para com a escola e o projeto; preparar os alunos para que sejam multiplicadores, das ações de preservação do meio ambiente, do uso racional dos recursos naturais, da ética, da cidadania, da solidariedade e da qualidade de vida; envolvê-los em promoções culturais, concursos e apresentações locais e desenvolver a conscientização ambiental na comunidade. 102 A concepção de Educação socioambiental apontada pela Direção está em concordância com o Projeto Revivavida, ação-reflexão-ação, buscando uma práxis transformadora, baseada na emancipação e na criticidade. As ações do Revivavida foram enumeradas pela diretora, citadas abaixo, configurando o planejamento participativo do Projeto. • • • • • • • • • • • • • • • • Diagóstico dos principais problemas observados do meio escolar; Reunião com todos os membros envolvidos no projeto; Discussão para elaborar as fases do projeto; Divulgação junto à comunidade; Divulgação junto à mídia; Pesquisa no bairro sobre os anseios da comunidade local; Pesquisa junto aos alunos sobre suas expectativas diante da sociedade; Tabulação de dados Divisão de grupos de trabalho ( como a escola poderia envolver a todos num trabalho que abrangeria diversas dimensões da questão ambiental) Detalhamento do Projeto ( o que queríamos trabalhar, de uma forma sistemática para que o projeto não acabasse no decorrer dos anos). Busca de parcerias; Preparação e arranque das atividades; Projeto em AÇÃO ; Apresentação do Projeto aos pais e comunidade em geral; Avaliação do Projeto; Reuniões bimestrais buscando o compromisso de todos e incentivando a continuidade do projeto. No questionário, havia perguntas referentes ao desenvolvimento, participação e a avaliação constante do Projeto ao longo dos anos de atuação e as dificuldades encontradas para a implantação e desenvolvimento do Projeto Revivavida. Há a necessidade de redefinição tendo em vista que a escola é uma instituição em constantes modificações ao longo dos anos. Mudam-se professores, alunos, funcionários e muitas vezes o que não deu certo num ano, deve ser reavaliado no outro. A Secretaria de Educação implementou a nova proposta pedagógica e também tivemos que adequar o Projeto às mudanças ocorridas. Com o Projeto, alcançamos satisfatoriamente os objetivos. Observamos uma melhora comportamental em nossos alunos, uma melhora no trabalho em equipe e uma participação mais ativa da comunidade. É claro que muitas vezes ocorrem fatores alheios à nossa vontade que acabam prejudicando o desenvolvimento de algumas atividades. Em 2008, por exemplo, muitas atividades ficaram estagnadas devido à dedicação integral à implementação da Nova Proposta do governo. Tudo era muito novo e imediatista. Agora, em 2009 estamos retomando todas as fases do projeto novamente. Em relação à resistência dos professores em trabalhar com o Projeto Revivavida, afirma: 103 Sim, houve resistência e até mesmo desistência de alguns. Como em todo campo de trabalho, sempre encontramos profissionais que resistem ao novo. Que sentem-se amedrontados diante do novo, mas é nessa hora que entra o insistente trabalho dos gestores escolares . Nesse momento, há a necessidade de reuniões de intervenções e capacitações para a qualificação dos profissionais que atuam no projeto. É importantíssimo para a continuidade do projeto, que o professor esteja sempre focado em querer aprender mais, em querer acompanhar as mudanças sociais. Isso interfere diretamente na prática pedagógica, pois quanto mais “qualificado” o professor estiver, maior será o avanço na forma como se dá a produção do conhecimento no interior da escola. Ele deverá estar ciente que com o desenvolvimento do projeto, certamente diminuirão os índices de evasão/reprovação, buscando a formação de cidadãos com uma visão mais global da realidade e vincular a aprendizagem a situações e problemas reais, contribuindo assim, para uma escola mais ativa, com um projeto de educação mais comprometido com o desenvolvimento de competências e habilidades que permitam ao indivíduo intervir na realidade para transformá-la e isso certamente está diretamente ligado ao bom trabalho do professor em sala de aula. Esta fala da Direção caracteriza bem a função e o papel das lideranças no movimento social, mais especificamente no Projeto Revivavida, estimulando as bases à participação, bem como o papel de pesquisador do professor. Percebe-se que a tentativa é estimular o professor a participar. Neste momento é fundamental o diálogo, a troca de saberes, a confiança entre os atores. No conflito também é possível se educar, e não é só de venturas e premiações que o Projeto persistiu, houve dificuldades e obstáculos que precisaram ser superados, de ordem organizacional, política, material e de pessoal: É certo que, para a sistematização do projeto se concretizar, muitos obstáculos aparecem no decorrer do processo, tais como descontinuidade das políticas públicas, falta de compromisso de alguns envolvidos, tradição, interesses políticos que não condizem com aquilo que o gestor almeja, ou seja: o benefício do aluno com a efetiva aprendizagem, mudanças constantes de professores no início do ano letivo e alta rotatividade de professores no decorrer do ano, recursos insuficientes, dificuldades em conquistar e permanecer com as parcerias. [...] Nas políticas públicas, diferentes argumentos conduzem para a centralidade da avaliação, com interesses de diversos segmentos que acabam influenciando no planejamento escolar e assim, a escola acaba sendo o condutor dos interesses governamentais, interesses internacionais e empresariais. Embora esses interesses partam de segmentos dominantes da sociedade, é possível o gestor escolar buscar resultados para a melhoria da qualidade de ensino, revertendo à visão centralizadora e buscando princípios de visem à formação humana, transmitindo ao alunado, posicionamentos críticos, solidários e inteligentes, apoiando-se sempre no trabalho coletivo. [...] Portanto, cabe a nós gestores lutarmos para a implementação de políticas públicas realmente voltadas ao sucesso do aluno, garantindo seus direitos de cidadão, para que tenha uma boa qualidade de vida e seja incluso na sociedade não apenas com um diploma na mão, mas com um diploma acompanhado de conhecimentos e apto a novas oportunidades na vida 104 Cabe aqui uma reflexão quanto às políticas públicas de educação e a falta de interesse de alguns envolvidos. As dificuldades encontradas para a aplicabilidade de projetos na escola perpassam as políticas públicas, que são descontínuas, mudam de acordo com a gestão ou secretário, o processo de atribuição de aulas durante o ano letivo e a falta de interesse de alguns dos envolvidos, que não foi especificado no depoimento. Sobre a falta de interesse, várias podem ser as causas, entre elas a remuneração e a própria falta de estímulo por uma política pública mais compromissada com a educação de qualidade, sendo que a falta de recursos também é um dos motivos da dificuldade do desenvolvimento dos projetos. Pela própria característica de continuidade do Projeto Revivavida, algumas dificuldades foram consideradas superadas pela Direção e a gestão escolar participativa e dialógica, citada no depoimento: Uma das características da gestão escolar da EE ALTAIR POLETTINI é o dinamismo e o incentivo à superação. O otimismo para a implementação e busca de alternativas é constante nas reuniões de HTPC e quando alguém falha, procura-se encontrar meios para que o grupo impere nas atitudes de continuidade do projeto. É fundamental que todos nós educadores reconheçamos todas as experiências como intervenções sociais, capazes de enxergar o presente com os olhos no futuro, buscando sempre iniciativas inovadoras, com diferenciais que busquem construir uma escola com uma história de sucesso. [...] Então, nesse momento surge a necessidade do fortalecimento dos Colegiados para que todos os envolvidos acreditem nas experiências positivas e dêem continuidade ao trabalho, democratizando as informações à comunidade, aproveitando também as experiências da educação popular, onde todos possam dialogar e praticar a participação, articulando as ações da escola com a comunidade, com transparência e comprometimento. A Direção reforça a idéia da ação transformadora do Projeto Revivavida, ratificando o que foi encontrado nos documentos do Plano Gestão, Projeto PolíticoPedagógico e no Projeto Revivavida. Não há discordância entre os documentos e o depoimento da Direção, por se tratarem da liderança. Pode-se registrar que neste caso a efetivação no cargo de direção criou um vínculo de permanência e pertencimento com a escola, que favoreceu o desenvolvimento das ações do Projeto Revivavida. O idealismo e a crença na educação de qualidade também foram propulsores para a comunidade escolar acreditar na realização no Projeto Revivavida. Considerando o posicionamento da equipe gestora, representada pela direção da Escola Estadual Altair Polettini, o Projeto Revivavida foi uma ação válida na construção de uma Educação de Qualidade para as escolas públicas estaduais. 105 É preciso pensar, idealizar e querer construir uma escola onde todos possam participar na definição de seus rumos, da sua autonomia e competência, onde também todos tenham o compromisso e a responsabilidade com a construção de uma instituição que seja capaz de assegurar a real qualidade de ensino para todos os alunos, valorizando os profissionais da educação através da formação continuada, ajudando-os no aperfeiçoamento de sua prática pedagógica. Dessa forma, os planos de ação, certamente possibilitarão melhores resultados na formação ética e aprendizagem dos alunos . É fundamental que todos nós educadores reconheçamos todas as experiências como intervenções sociais, capazes de enxergar o presente com os olhos no futuro, buscando sempre iniciativas inovadoras, com diferenciais que busquem construir uma escola com uma história de sucesso. É preciso que as escolas abram suas portas para as possibilidades de construção de múltiplas táticas ancoradas tanto no diálogo e no fortalecimento do coletivo como nas interações com as iniciativas inovadoras, plantando assim, a semente da transformação, extrapolando os limites da escola, já que as práticas cotidianas estão associadas aos contextos territoriais de existência de seus sujeitos. Dessa forma, o entorno da escola também será atingido, melhorando a relação com as famílias dos alunos, com os amigos e vizinhos, rompendo preconceitos. Vale ressaltar que o fator fundamental para o fortalecimento de uma escola que tenha um diferencial positivo, que tenha êxito em suas ações é certamente a disposição de toda a equipe escolar para MUDANÇAS, para a ousadia de seus agentes, assentando-se na compreensão de que o direito à escolaridade é um bem, um legítimo patrimônio da humanidade, que de forma alguma pode ser ameaçado por situações de conflitos externos ou internos. A EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, tanto almejada pelos educadores, só se concretizará quando os governos compreenderem a educação como ponte para a transformação social, onde a escola possa ser uma instituição capaz de formar o educando, priorizando um ensino que capacite o estudante para exercer a sua cidadania plena. Não se pode pensar numa cidadania com começo, meio e fim. É preciso haver a contextualização dos direitos e deveres da época em que se vive, pois a cada dia novos saberes, novos interesses, novos valores vão surgindo e a escola precisa pensar na possibilidade de uma educação não excludente, que trabalhe com as diferenças e que veja em seus alunos novas possibilidades sob diversos olhares, pois o ser humano é complexo e não se resume a uma só classe social, a uma só nacionalidade, a uma só faixa etária ou a uma só cidadania. A escola atende a todo tipo de cultura e assim, o projeto pretende questionar “as verdades tradicionalmente transmitidas” buscando levar aos alunos uma prática reflexiva de mudança social. Na seqüência do capítulo apresentar-se-á o posicionamento de professores e alunos em relação ao Projeto Revivavida, que constituem as bases demandatárias do movimento na tentativa de fazer um diálogo com a liderança, identificando os pontos comuns e divergentes nos depoimentos/questionários e entrevistas. 3.4 As Vozes das Bases Demandatárias 106 As bases demandatárias fazem parte da articulação interna do Movimento Social. Elas representam as vozes que buscam a demanda de uma carência não atendida, que pode ser de ordem econômica, política, social e cultural ou projetos de uma utopia. (GHON, 1997, p. 256). No caso do Projeto Revivavida, uma educação pública de qualidade, com princípios de liberdade, emancipação e educação sócioambiental. Constituem para este estudo, como bases demandatárias, as vozes dos professores e alunos. Dando voz ao que eles pensam pode-se chegar a considerar o alcance histórico proposto pelo Projeto Revivavida. 3.4.1 Os Professores Em abril de 2009, foram entregues 30 questionários6. (Anexo XXVII) para a coordenação da escola distribuir aos professores, que deveriam responder e devolver à coordenação em aproximadamente 15 dias. Antes de entregar os questionários para a coordenação, em HTPC foi explicado brevemente aos professores o objetivo do questionário e a proposta da pesquisa de análise do Projeto Revivavida durante os anos de 2004 a 2006. O preenchimento e encaminhamento do questionário não foram impostos, ficando a critério do professor. Os dados abaixo quantificados servem para analisar a porcentagem de professores que participaram e seu tempo de atuação na escola. O tempo de atuação será relevante para a verificação da participação ou não no Projeto como ator social transformador ou observador das transformações que foram propostas pelo Projeto Revivavida. Dos 30 questionários entregues, oito foram respondidos e devolvidos para a coordenação. Entre os quais, sete professores atuaram no Projeto Revivavida como atores/transformadores e um professor que passou a ter vínculo com a escola no ano de 2007, mas respondeu conhecer alguns dos projetos que permaneceram na escola. Algumas dificuldades foram apresentas pela coordenação como sendo motivo para a não devolução dos questionários, tais como: a proximidade com as provas 6 As questões que constituíram o questionário foram adaptadas da Tese de Doutorado de Elza de Lima Ferrari 107 bimestrais e fechamento de notas do bimestre e a extensão do questionário, que foram reconhecidas como sendo um motivo justo, já que contava com muitas questões. As questões aplicadas foram divididas de acordo com alguns parâmetros: como a identificação pessoal, o papel do professor, as relações interpessoais, as práticas pedagógicas, os projetos interdisciplinares do Projeto Revivavida e o Meio Ambiente, mais a identificação. Fazendo uso dos dados da identificação, pode-se observar o tempo de atuação do professor no magistério: GRÁFICO 7 - Perfil dos Professores Entrevistados Obs.: O Professor 3 - não respondeu o tempo de atuação na escola Altair Polettini e o Professor 7 – não respondeu o tempo de atuação no magistério. Dos professores que participaram do questionário, a maioria está no magistério, há mais de cinco anos. Sete deles são efetivos e tem a Escola Estadual Altair Polettini como Unidade Escolar sede. Sete são do sexo feminino e um é do sexo masculino e atuam no Ensino Médio e Fundamental. O tempo em que trabalham na escola dá a idéia de envolvimento e pertencimento na comunidade escolar. A escola foi fundada em 2001, no entanto alguns professores trabalharam na Escola Estadual Helena dos Santos Alves, localizada no mesmo bairro, que foi municipalizada e passou atender alunos do Ciclo I do Ensino Fundamental, quando os os alunos e professores do Ciclo II e Ensino Médio foram encaminhados para o novo prédio, a então Escola Estadual Altair Polettini. Portanto, o sentimento de pertencimento e envolvimento dos professores/atores que participaram do Projeto Revivavida está ligado também à afetividade que possuem pela comunidade escolar. 108 Também foram feitas entrevistas com alguns professores. Elas ocorreram em dezembro de 2008, sem um prévio levantamento das questões, de forma que ficaram à vontade para expor suas idéias e opiniões a partir de temáticas gerais levantadas pela pesquisadora, relacionadas ao Revivavida. Participaram cinco professores que colocaram suas opiniões sobre a escola e sobre a relação professor-aluno, escola comunidade, além do Projeto Revivavida. O primeiro item do questionário privilegiava questões referentes ao papel do professor. As perguntas dão a idéia do reconhecimento do professor enquanto parte integrante da educação transformadora. A idéia é perceber se ele, no seu papel, se reconhece como educador transformador ou transmissor de conhecimento, e se a afetividade, o diálogo e seu idealismo ainda são presentes na sua prática pedagógica. Na questão “quem sou eu?” todos se reconheceram como professor. Um dos professores se caracteriza como educador; duas professoras falam da dedicação e esperança para com a profissão, para que se possa ajudar na formação de cidadãos mais preparados pela vida; uma professora escreve sobre a necessidade de ser forte, generoso e corajoso; outra professora coloca que gosta de crianças, por isto permanece no magistério; uma professora se diz feliz e realizada profissionalmente, apesar das dificuldades; uma professora se diz otimista, alegre, participativa e com sonhos a serem alcançados profissionalmente; e outra professora se diz realizada em sala de aula, apesar de estar atuando em outra função. Pode-se considerar, pelo menos para este grupo de professores, que eles possuem consciência do seu papel de educadores e acreditam, apesar das dificuldades, que é possível ter uma educação humanizada, segundo coloca Paulo Freire, na introdução de seu livro Pedagogia da Autonomia: Ensinar é uma especificidade humana – ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade; ensinar exige compromisso; ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo; ensinar exige liberdade e autoridade, ensinar exige tomada consciente de decisões; ensinar exige saber escutar; ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica; ensinar exige disponibilidade para o diálogo; ensinar exige querer bem aos educandos. (FREIRE, 2004, p. 8) Para expressar este sentimento em relação ao papel de educador e a sua prática os professores usaram palavras como: compromisso, solidariedade, tolerância, amor, esperança, paz, dedicação carinho, responsabilidade, atitude, paciência, vontade, 109 encanto, curiosidade, amizade, companheirismo. O que vai ficando mais evidente com alguns depoimentos: O significado de ensinar e aprender muitas ou na maioria das vezes é aprender. É uma relação dialética de amor e disponibilidade, de humildade. (Cravo). Sou um pouco enérgica, cobro bastante deles, mas também sou amiga quando é preciso [...]. Ensinar – é quando o professor atinge seus objetivos. Aprender - é quando o aluno coloca em prática aquilo que aprendeu. OBS. Aprender, nós professores aprendemos todos os dias. (Rosa) Ensinar e aprender estão ligados. Você ensina, você aprende. O dia-a-dia do aluno é uma escola. Devemos sempre respeitar o aluno, pois sempre aprendemos com eles. (Hortência). Ensinar e aprender são as ferramentas do professor educador, que ao mesmo tempo em que ensina com humildade aprende com seus alunos e a vida. (Margarida). Ainda dentro dos questionamentos do papel do professor foi solicitado que escrevessem sobre as alegrias e as tristeza que sentem enquanto professores. ALEGRIAS: Cravo: Perceber a alegria de uma criança, de um jovem por ter galgado mais um degrau. Por ter conseguido superar limites, mais uma etapa, o valor do que aprendeu para a vida.(Cravo) Sentir no rostinho das crianças a vontade de aprender.(Lírio) Quando acho um jeito de motivá-los, e sinto que o trabalho do dia foi válido, produtivo.(Jasmim) TRISTEZAS: O que me deixa triste é o conformismo, a falta de sonho.(Cravo) Não ser devidamente valorizada e sentir que as famílias estão deixando a responsabilidade que lhes cabe, por conta da escola.(Lírio) Baixos salários, classes lotadas, alunos que só se interessam pela bagunça, pela conversa e pela merenda. (Jasmim) As alegrias e as tristezas relatadas pelos professores estão em concordância com a idéia de se fazer uma educação emancipadora e transformadora. As suas alegrias estão em perceber a alegria do educando com a aprendizagem e as tristezas relacionam-se à criticidade. A prática pedagógica é um dos recursos que os professores devem usar para proporcionar a ação-reflexão-ação. Utilizar-se das tristezas para transformá-la em alegria. Como escreve a professora Tulipa: Tristezas, alegrias e às vezes emoções tão grandes que nem podem ser contadas. Batalha todo dia. Em cada vitória faz renascer a esperança e a vontade de continuar. As condições de trabalho podem variar, mas professor é professor, vive cada minuto do seu dia pensando na sua classe e gosta do que faz. 110 Tulipa sintetiza o pensamento relatado pelos professores sobre o que os faz continuar sendo professor ou professora, com um trecho de Guimarães Rosa: O senhor...mire e veja que o mais importante e bonito do mundo é isto, que as pessoas não estão sempre iguais, não foram terminadas, mas que eles vão sempre mudando. Afinam ou desafinam – verdade maior. É o que a me ensinou. Isso me alegra, montão. Guimarães Rosa 3.4.2 Os alunos Com os alunos também foi aplicado um questionário amplo, com questões voltadas para o seu reconhecimento como aluno/ator e as práticas relacionadas ao seu aprendizado, às relações sociais na escola, sua concepção de educação, de meio ambiente e o alcance do Projeto Revivavida em sua vida. (Anexo XXVIII) . Diferente dos professores, os alunos foram convidados em sala para responderem ao questionário. Após o preenchimento do questionário foi feito então uma entrevista com os alunos participantes. Não houve um critério de seleção específico; foi sugerido que o aluno estivesse estudando na escola durante a realização do Projeto Revivavida, ou seja, entre os anos de 2004 a 2006, mas uma aluna quis participar da pesquisa fora deste critério, já que ingressou na escola em 2007. Responderam ao questionário onze alunos, sendo dez alunos do ensino médio matutino e um aluno do ensino fundamental matutino. As idades e o tempo que estudam na escola estão indicadas no gráfico 2: GRÁFICO 8 – Perfil dos Alunos Entrevistados 111 A entrevista com os alunos ocorreu em dezembro de 2008. Em sua maioria eram alunos do 3º Ensino Médio matutino que estudavam na escola Altair Polettini desde a 5ª série, participando inclusive da transferência do prédio da Escola Helena dos Santos Alves para o prédio da escola Altair Polettini. As relações interpessoais entre professores, alunos, direção e coordenação foram questionadas para verificar se as relações interpessoais consideram professores, alunos e direção no mesmo nível de relacionamento e se este relacionamento se dá de forma amigável e participativa ou conflituosa. Os professores descreveram sua visão sobre o jovem aluno de hoje: Orquídea: Questionadores Jasmim: Sem responsabilidade com o futuro. Frase preferida do aluno: “Não dá nada, não!” Tulipa: As crianças da atualidade estão muito mais influenciadas pelas tecnologias modernas: celulares, internet, e-mail, jogos eletrônicos, Orkut, chat’s on-line. É quase como se hoje em dia as pessoas precisassem desses aparatos todos para alcançar a felicidade. Tecnologias avançadas que fazem o mundo liberal, distanciam as gerações de pais e filhos. Margarida: Não conseguem lidar com tantas informações e com isso ficam confusos e agressivos. Lírio: São insatisfeitos, inquietos, muito sem limites, não sabem muito bem para onde direcionar suas vidas. O que é bom, é que são mais questionadores e bem informados. Rosa: Hoje os adolescentes estão mais espertos, mas ainda estão na fase de festas e baladas – só pensa no hoje – Por isso é preciso que a família e professores continuem a orientá-los. 112 Cravo: Vivem ansiosos, angustiados, muitos sem sonho. Hortência: De um modo geral, bom. Às vezes tem alguns que pisam na bola, mas dá para contornar. Gosto de resolver situações mais difíceis, é necessário ter jogo de cintura Percebe-se que a preocupação dos professores se insere no contexto histórico e social em que vivem, em relação aos jovens de hoje. Uma geração envolvida com uma grande quantidade de informações, que não consegue decifrar, o que leva estes jovens muitas vezes a se frustrarem diante da individualidade e da competitividade geradas pela sociedade moderna. Na tentativa de interligar as vozes da base do Projeto Revivavida é apresentado as vozes dos alunos a respeito de como eles se vêem como jovens estudantes na sociedade e como vêem os professores nesta relação professor/aluno. (Ser adolescente) é começar a ter responsabilidades, pensar no futuro e começo de profissão (Céu e Sol) É uma fase em que a gente se depara com a questão: “O que eu quero para minha vida?”. E nesse meio tempo a gente vai se descobrindo, e podendo construir a nossa personalidade adulta.( Lua) Mas também reconhecem que nem todos os alunos jovens estão interessados na educação como oportunidade de um futuro melhor (concepção dos alunos): Gosto de aprender matérias novas. O que mais me incomoda são os alunos que ficam na sala fazendo bagunça e atrapalhando quem quer aprender. Uma boa experiência escolar seria aquela onde todos os alunos estivessem querendo aprender.( Plutão). Júpiter: Experiências em grupo (referente a uma boa experiência escolar). A falta de interesse e muitas brincadeiras. Sempre há aquelas pessoas engraçadinhas que atrapalham. São questionadores e também aproveitam as oportunidades para expressarem as suas opiniões quando não concordam com alguma situação, concordando com Freire, que diz: Aprender criticamente é possível. E essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e de educando criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes. (FREIRE, 1996, p. 26). Marte: A escola deveria exibir algum projeto para que todo os alunos que quisessem participar, pudessem. Isso seria um estímulo para os alunos, reanimando-os para os estudos. 113 O comentário dos alunos refere-se à diminuição de projetos que não foram construídos de forma participativa e significativa para nos anos de 2008 e 2009. A falta do diálogo e da organização participativa são fatores que dificultaram a continuidade do projeto. Vale ressalta também que projeto socioambiental significativo para os alunos foi a Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, em especial a do ano de 2006. As relações professor–aluno não são sempre amigáveis, os conflitos e as diferenças ocorrem no decorrer do caminho. E aprendem nas dificuldades, ambos desaprovam atitudes que não condizem como uma educação cidadã baseada no respeito e no diálogo. Alunos Céu e Sol: Gostamos da experiência de poder adquirir conhecimento, o que está nos incomodando, é a falta de respeito que alguns alunos têm no decorrer do ano. Também o desinteresse de alguns professores. Precisaríamos dos dois lados, quanto ao professor e do aluno, o interesse contínuo. Professor Lírio: O respeito pelo outro, considero muito importante por que só assim cada ser saberá seus limites. O dilema de todos os educadores é justamente não ter sua profissão valorizada. Aluna Urano: Eu gosto de vários professores e também dos funcionários da escola. Mas o que me incomoda é quando um professor não tem nenhuma experiência com alunos. Ou seja, aquele professor que só briga e humilha os alunos. Isso me incomoda muito. E também alunos que não querem nada com a vida, só querem brincar. Percebe-se uma ação reflexiva na maneira como professor e aluno se enxergam dentro da prática pedagógica. Reconhecer que existe uma dificuldade já possibilita uma transformação. Mudar é difícil, mas é possível, que vamos programar nossa ação políticopedagógica, [...] é assim que este saber que a História vem comprovando se erige em princípio de ação e abre caminho à constituição, na prática, de outros saberes indispensáveis. (FREIRE, 1996, p.79). O diálogo é um desses saberes indispensáveis na tentativa de resolver conflitos, o professor Jasmim relata na prática como o diálogo proporciona uma práxis transformadora, respeita e reconhece e valoriza a atitude do outro: Professor Jasmim: Sumiu uns DVDs, e conversei com a classe sobre a nossa consciência, sobre pegar o que não é nosso etc. Ao final da minha fala, um aluno me procurou e disse: “Foi mal, professora”. E me devolveu os DVDs. É na realidade mediatizadora, na consciência que dela tenhamos educadores e povo, que iremos buscar o conteúdo programático da educação. O momento deste buscar é o que inaugura o diálogo da educação como prática da 114 liberdade. É o momento em que se realiza a investigação do que chamamos de universo temático do povo ou o conjunto de seus temas geradores (FREIRE, 2005, p. 101). Educação não é transferir conhecimentos, não em uma educação que se propõe ser crítica e transformadora. Para que esta prática seja uma realidade é necessária a auto-avaliação dos professores quanto a sua prática pedagógica. “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo” (FREIRE, 2004, p. 22). Professor Orquídea: (a respeito da avaliação) Usada ainda como instrumento de “mediação do saber” e só... por alguns. Ainda não a vêem como “feedback”. Professor Hortência: A melhor avaliação para mim é o dia-a-dia do aluno. Aproveitamento/assiduidade. No decorrer do ano damos provas bimestrais e provão que ajudam o professor a conhecer seus alunos. Professor Margarida: A avaliação deverá ser diagnóstica, destacando o que não foi assimilado e quanto devemos mudar nossa prática pedagógica. A avaliação centrada no interesse do aluno, construindo novos conhecimentos e na interação professor-aprendiz. Observa-se que ainda existe uma necessidade por parte dos professores em avaliar seus alunos por meio de avaliações de conteúdo. É uma prática institucionalizada e reforçada pelas avaliações externas. Não significa que o educador esteja negando seu dever de ensinar, mas caracteriza que o educador transfere seus conhecimentos (educação bancária) e espera que seus alunos correspondam ao aprendizado transmitido. Uma das formas de se tentar transformar a avaliação institucionalizada no “feedback”, citado pela professora Orquídea, é transformar a situação em problema que pode ser questionado. “Os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo”. (FREIRE 2004, p. 26). A proposta da educação emancipadora e da ecopedagogia é de uma “educação que se faz muito mais por exemplos do que por palavras”. (PARO, 1995 apud SEGURA, 2001, p. 104). A seguir é apresentada a concepção que os professores e alunos têm de meio ambiente. É o meio de continuarmos a viver com qualidade de vida, se preservar e não poluirmos mais. (Professor Margarida) 115 É o espaço ocupado pelo homem incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, demais seres vivos e todos . Inte-relações advindas desse convívio. (Professor Tulipa) É o espaço que você ocupa em qualquer lugar que esteja. Valorizando-o e conservando-o. Tema que trabalhamos no decorrer do ano letivo. (Professor Hortência) É o mundo no qual vivemos, nosso habitat, nosso espaço. Onde a vida acontece; no qual cada pessoa precisa se conscientizar para preservá-lo e fazer dele um lugar melhor para as futuras gerações. (Professor Hortência) Mundo em que vivemos nosso habitat, lugar onde as pessoas ainda “fingem” não ver. ( Professor Orquídea) É o nosso espaço no mundo, ar, água e terra. (Professor Jasmim) O meio ambiente hoje é simplesmente tudo a nossa volta, precisamos nos conscientizar de nossas obrigações e deveres em relação a economia de água, a reciclagem, a poluição que nós – a sociedade jogamos nos rios, como esgotos. (Professor Rosa) Devemos preservá-lo para que não acabe destruído. Temos que ter consciência hoje, para que nossos netos não sofram as conseqüências amanhã. (Professor Lírio) Gadotti (2000, p.35-37) dá parâmetros de como a educação deve estar interligada com a educação socioambiental. A educação do futuro e as perspectivas atuais da educação, entendidas nas categorias: planetaridade, sustentabilidade, virtualidade, globalização, transdisciplinaridade. A planetariedade dá a idéia de que o meio ambiente é o espaço de todos, sem fronteiras ou limites politicamente determinados. Aparece quando os professores reconhecem que fazem parte do mundo, o que não parece ser bem claro para alguns professores que ainda compreendem o meio ambiente como sendo somente a natureza que deve ser preservada. Também não fica muito evidente que os professores reconheçam a planetaridade, como sendo cidadãos do mundo, já que aparece colocações de que “é o nosso espaço no mundo”. O conceito de sustentabilidade não parece ter sido ampliado para algo que vai além dos recursos naturais. A idéia de que a sustentabilidade perpassa pela questão econômica, social, política não fica explicita nos depoimentos, embora sejam tratados nos temas do Projeto Revivavida, como educação ambiental. A virtualidade, apesar de ter sido citada anteriormente como sendo uma característica muito presente no jovem aluno de hoje, não foi colocada como uma das características ambientais, talvez por ser um tema que, embora seja freqüente na escola e com grande quantidade de informações, o professor ainda não conseguiu compreender 116 como ferramenta de educação ambiental. Pelo menos na teoria, pois na prática os meios de comunicação vêm se difundindo no ambiente escolar. Compreender a Terra globalizada é compreender que a ecopodagogia se relaciona também entre o local e o global, é o sentimento de pertencimento no mundo. Deve-se agir no seu local e ter consciência de que se está ajudando o global. Os professores de alguma forma compreendem que atuando no espaço escolar estão ajudando a sociedade no futuro e auxiliando na formação de cidadãos críticos e atuantes na transformação social, como aparece nos documentos da escola e no Projeto Revivavida, já que um dos temas trabalhados era a comunidade. Em entrevista o professor Gerânio fala: O que acontece é o seguinte: no meu ponto de vista nessa comunidade as crianças são bem tratadas tanto pelo corpo docente, quanto pelos administradores da escola, reflexo dessa atitude com relação escola-aluno, ou seja, eles passam a tratar bem(...). Essa é a relação de amor que movimenta a escola.(...) Sempre foi dessa maneira(...) ocorre desde 91 que eu estou aqui nessa comunidade, nessa escola (...). O professor entrevistado, além de trabalhar na escola Altair Polettini, mora próximo à escola e fez com os alunos um trabalho durante a Conferência InfantoJuvenil pelo Meio Ambiente com o tema “Comunidade” que contou com a participação da agente de saúde do Bairro (Ângela e a presidente da Acojamba). Em relatório da Conferência em 2006, professor e alunos transcreveram a entrevista com a palestrante: DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio PALESTRANTE: ANGELA – AGENTE DE SAÚDE E DARLY – ACOJAMBA Alunos: Como eu vejo a comunidade? Palestrantes: O bairro é agradável Alunos: Por quê? Palestrantes: Boa distribuição de escolas, creches, o posto de saúde atende às necessidades dos moradores. Alunos: O crescimento do bairro é um aspecto positivo ou não? Palestrantes: Positivo, há a integração relativa dos moradores. Alunos: Há uma integração da comunidade com o meio ambiente? Palestrantes: Não existe uma falta de consciência de todos perante o ambiente ecológico do bairro. Alunos: Como mudar essa situação? Palestrantes: Desenvolver uma consciência educacional. Usar a imprensa como meio de informação desses problemas, voltada à comunidade. Uma das maiores necessidades é a formação de uma parceria: escola/comunidade/associação de moradores (Acojamba) 117 As preocupações não se limitaram a situações locais, sendo que temas como sociedade, cidadania e mercado de trabalho puderam ser contemplados no mesmo ano durante a Conferência, dando a dimensão globalizada. O que parece ter faltado é a idéia de transdisciplinaridade na questão ambiental. O meio ambiente foi conceituado pelos professores de acordo com a disciplina que atuam, relacionando a natureza à ciência, o habitat às ciências humanas, embora tenham escrito que: A Interdisciplinaridade é uma etapa da transdisciplinaridade. Está é o estágio final, é a unidade do conhecimento. (Tulipa) O Revivavida é exatamente dessa forma, unindo disciplinas de todas as áreas, juntamente com o corpo docente e discente. Passando experiências uns para os outros. Trabalho em conjunto.( Hortência) No entanto Freire reconhece: Não há para mim, na diferença e na “distância” entre a ingenuidade e a criticidade, entre o saber de pura experiência feito e o que resulta dos procedimentos metodologicamente rigorosos, uma ruptura, uma superação. A superação e não a ruptura se dá na medida em que a curiosidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade, pelo contrário, continuando a ser curiosidade, se criticiza. (FREIRE, 1996, p.31). Não se pode dizer que a transdisciplinaridade foi ignorada no processo de aprendizagem. Ela não foi sistematizada metodologicamente no contexto ambiental, mas foi fundamental para que as ações do Projeto Revivavida pudessem ser realizadas. O conceito de Meio ambiente que se chegou aos alunos apresenta-se como um paradoxo, uma contradição, pois existe uma falta de conexão entre os saberes e a prática. Os alunos não reconhecem a dimensão de Meio Ambiente como contendo as relações sociais, políticas, econômicas e históricas, mas reconhecem que o Projeto Revivavida, em especial na Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, conteve ações que tratavam de meio ambiente e cidadania. Aluna Júpiter: - 1º Ensino Médio – 15 anos O meio ambiente é muito importante, e por ele ser “nosso”, devemos cuidar dele. (Projeto Revivavida) é um projeto que incentiva os alunos a cuidar do nosso planeta. [...]. Por causa de uma pessoa o resto da população paga pelo que ela fez Projeto que participou e foi significativo: Um dos projetos que me auxiliou na aprendizagem foi a Conferência, pois aprendi mais sobre a ética e foi muito divertido e também você pode conhecer e fazer novas amizades. Aluna Mercúrio: - 1º Ensino Médio – 15 anos 118 O meio ambiente é uma coisa muito importante para os seres vivos, mas muita gente não pensa assim e acaba prejudicando o meio ambiente. Projeto Revivavida: é um projeto para conscientizar os alunos a cuidar mais do nosso planeta Terra Projeto que participou e foi significativo: A Conferência a feira de ciências (o aluno refere-se a Mostra Cultural). A palestra sobre a solidariedade me mostrou que sozinhos não conseguimos viver, e que é sempre importante ajudar o próximo. Aluno Saturno: - 2º Ensino Médio – 17 anos Meio Ambiente é plantar mais árvores. Projeto Revivavida : não respondeu – mas assinalou os projetos em que participou, no final do questionário. Projeto que participou e foi significativo: A Conferência me ajudou bastante no ensino (...). Participo de quase todos os projetos escolares. Aluna Lua:- 8ª Série Ensino Fundamental II – 14 anos Meio Ambiente – eu acho uma questão que com certeza deve ser relembrada e também discutida. O meio ambiente é o nosso pai e nós devemos cuidar dele. É importante por que nós somos o futuro, e devemos nos empenhar nessa questão (ambiental), e nada melhor que a escola para ajudar. Projeto Revivavida: É um projeto voltado para a integração dos alunos com questões sociais. A sociedade incorpora todos estes temas (educação ambiental, ética, cidadania). Projeto que participou e foi significativo: Eu comentava sempre sobre a Conferência com minha mãe e também com meu pai, pois era um tema super interessante. (refere-se ao tema sexualidade). Para a aluna Lua, acima citada, a idéia do social está interligada com o ambiental, como o proposto no Projeto Revivavida. Esta aluna pode presenciar após a Conferência em que participou no tema sexualidade, com o auxilio da professora de História, que se tornou multiplicadora, transmitindo seu aprendizado para as demais salas do Ensino Fundamental e Médio (na época ela era aluna de 5ª série do Ensino Fundamental). Aluno Urano: - 2º Ensino Médio – 16 anos Meio Ambiente: Precisamos preservar o meio ambiente. Todos nós precisamos. É muito importante! Porque nos prepara para viver num mundo limpo e preservar o que é nosso. Projeto Revivavida: Foi um projeto que nos alertou sobre vários assuntos a respeito do meio ambiente. Projeto que participou e foi significativo: A Conferência me ajudou bastante, por que aprendi muito de cidadania. Reciclar o lixo. Eu compartilhei com minha família. Aluna Estrela: 1º Ensino Médio – 14 anos Meio Ambiente: O meio ambiente é muito importante para nossa vida, mas muitos não pensam no ambiente assim e acabam prejudicando-o. Projeto Revivavida: É para conscientizar os alunos a cuidar do planeta e não destruí-lo. [...] Por exemplo uma pessoa joga uma latinha no rio e isso contribui para o aquecimento global, então a atitude de um pode gerar uma “confusão” no todo. Projeto que participou e foi significativo: A Conferência sobre a ética foi praticada por onde eu passo, por todos ao meu redor. Era muito bom, mas seria melhor se houvesse mais conferências. 119 Na colocação desta aluna, percebe-se a característica de globalização, pois ela reconheceu que uma atitude local pode desencadear uma situação global. Alunas Céu e Sol: 3º Ensino Médio – 17 anos ( responderam o questionário juntas) Meio Ambiente: A concepção de meio ambiente é respeitar as matas, ter consciência dos atos no local em que vivemos. Projeto Revivavida: O Projeto Revivavida em que trabalhamos era baseado em Conferências, com palestras de vários temas, campeonatos de jogos, sempre visando o meio ambiente. Projeto que participou e foi significativo: Palestras sobre o tema Mercado de Trabalho (realizado durante a Conferência).Fizemos uma pesquisa com a comunidade, qual era a maior dificuldade de encontrar um trabalho e apresentamos isso em uma feira de exposições (refere-se a Mostra Cultural). (Cita outros projetos significativos) O projeto de visitar faculdades, participar do coral, campanhas de agasalho e alimentos e o projeto de voluntariado, pois me ajudou a ser uma pessoa mais ética. Vale ressaltar que uma das alunas, a Sol, está na escola desde a 5ª série do Ensino Fundamental e a aluna Céu há dois anos. Vale transcrever o depoimento de ambas quando são questionadas a respeito do que para elas é qualidade de ensino e se acham que a Escola Altair Polettini proporciona esta qualidade. Educação de qualidade seria trabalharmos em todas as disciplinas com livros didáticos e incentivo aos vestibulares, pois o mundo em que vivemos exige cada vez mais estudos [...] Nos cobram apenas para a entrada no mercado de trabalho e não para as universidades [...]. A escola Altair Polettini apresentava sim, antes da proposta do governo com as apostilas, que na maioria das vezes contém perguntas e respostas repetitivas e antes o Altair Polettini continha métodos excelentes, com livros didáticos ótimos para o nosso aprendizado. Ressaltar a fala das alunas não significa ser condizente com a posição que elas adotam em relação ao livro didático, mas mostrar o posicionamento crítico em relação à escola pública. Do ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve ser uma prática imobilizadora e ocultadora de verdades [...]. A educação é uma forma de intervenção no mundo. Intervenção que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento (FREIRE, 1996, p. 98-99). É pensar a Educação Ambiental como o título proposto na dissertação de Segura Educação Ambiental na Escola Pública – da curiosidade ingênua à consciência crítica. 120 Aluna Vênus: 3º Ensino Médio – 16 anos Meio Ambiente: Tudo, tudo que existe deveria ser levado e estudado, não só nas escolas. Pois se soubessem a importância que isso tem não fariam o que fazem, degradando o meio ambiente. Projeto Revivavida: É um projeto realizado desde 2004, no qual é realizado várias atividades, uma delas é a Conferência, algo que só tem a acrescentar na escola. No Projeto Revivavida é abordado todos os temas, não só o meio ambiente, ética etc. No Projeto Revivavida se tem conhecimento de tudo, assim fazendo com que pensamos em nossos atos. Projetos que participou e foi significativo: Conferência, quando participei do tema Preconceito e Violência, onde vi que ato que pensava ser inocente realmente poderia magoar algumas pessoas. Mudei minha maneira de pensar. Esse foi o melhor projeto que a escola já elaborou, deveria continuar. Fizemos uma “exposição” com fotos, discutindo o assunto com familiares, sabendo de suas opiniões e expressando as minhas. Aluno Marte – 3º Ensino Médio – 17 anos Meio Ambiente: O meio ambiente é muito importante não só para a escola como para todos, nos ensinando a conviver em locais preservados e melhores. A educação ambiental na escola é muito importante porque ensina os jovens a obter conhecimento e preservação dos locais de convivência. Projeto Revivavida: É um projeto realizado na escola sobre o meio ambiente no ano de 2004, mas que acabou desaparecendo da escola sem motivos, esse projeto era estimulante porque dava palestras nas conferências ensinando os alunos. O Projeto Revivavida é um projeto de educação ambiental, de cidadania, de ética por que ensina os alunos com uma educação que todos deveriam ter, a de conscientização sobre o meio ambiente.[...] Aprendemos também a convivência, melhorou até o rendimento escolar Projetos que participou e foi significativo: Eu participei do projeto sobre qualidade de vida ( um dos temas da Conferência). Conclui-se pela fala dos alunos participantes do questionário que o termo meio ambiente é presente no cotidiano escolar, uns tem consciência do alcance deste termo, outros ainda o fragmentam na questão da relação do homem com a natureza, mas em algum momento da fala, o relacionam com a questão social na visão do homem que se interage com outros homens que vivem em sociedade, o que acaba resultando na degradação ambiental. A respeito do alcance histórico do Projeto Revivavida, considera-se que para a maioria dos alunos isto se concentra na Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente. (Ver Anexo XXIII). Já os professores identificam mais o trabalho de forma inter e transdisciplinar com os conteúdos escolares. É o aluno vivendo e aprendendo os diversos valores que engloba todo o processo dos conteúdos ensinados ( Professor Cravo) É um reviver, viver novamente todos os dias. “Ensinou” e incentivou os alunos a serem pessoas melhores na prática cotidiana (Professora Orquídea). O projeto resgata um leque de valores desde a responsabilidade e compromisso de cada aluno a ações de solidariedade e preservação do meio ambiente, incorporando novas habilidades e competências do cotidiano de 121 cada aluno. Ele foi idealizado para resgatar valores de participação para a construção de uma comunidade com ideais de cidadania, amizade, solidariedade e a formação cultural do aluno integrante do projeto (Professora Tulipa). Mesmo que as nomeclaturas, conceitos e definições não estejam explícitos em suas colocações, o Projeto Revivavida conseguiu agregar os princípios de uma educação emancipadora, libertadora e voltada para a ecopedagogia, que leva à criticidade e a práxis transformadora, que proporcionou ações e reflexões em concordância ligadas aos princípios da Carta da Terra: 1Respeitar a Terra e a vida; 2Cuidar a comunidade da vida em toda a sua diversidade; 3Esforçar-se por edificar sociedades livres, justas, participativas, sustentáveis e pacíficas; 4Garantir a abundância e a beleza da Terra para as gerações atuais e futuras; 5Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam e renovam a vida; 6Previnir o dano ao ambiente, como o melhor método de proteção ecológica,e,quando o conhecimento for limitado, tomar s senda da prudência; 7Tratar todos os seres vivos com compaixão e protegê-los de crueldade e de destruição desnecessária; 8Adotar padrões de consumo, produção e reprodução que respeitem e protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bemestar comunitário; 9Garantir que as atividades econômicas apóiem e promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável. 10Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social, econômico e ecológico. 11Honrar e defender o direito de toda pessoa, sem discriminação, a um ambiente que favoreça sua dignidade, saúde corporal e bem-estar espiritual. 12Impulsionar em nível mundial o estudo cooperativo dos sistemas ecológicos, a disseminação e aplicação do conhecimento e o desenvolvimento, adoção e transferência de tecnologias limpas. 13Estabelecer o acesso à informação, à participação inclusiva na tomada de decisões e à transparência, credibilidade e responsabilidade no exercício do governo. 14Afirmar e promover a igualdade de gênero como pré-requisito do desenvolvimento sustentável. 15Fazer do conhecimento valores e habilidades necessárias para forjar comunidades justas e disponíveis para que parte integral da educação formal e da aprendizagem ao longo da vida para todos. 16Criar uma cultura de paz e cooperação. (CARTA DA TERRA – RIO 92 apud GADOTTI, 2004). 122 CONSIDERAÇÕES FINAIS Errantes em nós mesmos e no mundo errante, precisamos de renascimentos. Precisamos de recriação poética. Severino Antônio Compreender como se articula a educação e a educação socioambiental foi uma experiência gratificante. Quando me propus a pesquisar tais temas não tinha a idéia da dimensão a que ambos podiam chegar. A princípio utilizando mais a intuição e a prática do que da metodologia fui me enveredando por trilhas que me eram desconhecidas e confesso que até um pouco assustadores. Aos poucos fui descobrindo autores e vozes com quem dialoguei para compreender o que aparentemente deveria ser feito e ao contrário, fui buscar na teoria os fundamentos do que aprendi na prática. A construção do Projeto Revivavida era uma idealização utópica de professora que passou a ser coordenadora e assumiu o papel de dirigente dentro do Projeto, e como tal procurei fazer com que a voz dos atores sociais envolvidos fosse escutada em outros cantos. Acreditei na força e transformação que a educação pode ter na luta de uma comunidade que procura caminhar unida, apesar dos conflitos. Que tira dos conflitos um aprendizado. Esta análise, no entanto, é parcialmente conclusiva, sendo que o “objeto” de estudo é muito específico: se trata de um projeto de educação socioambiental, o Projeto Revivavida, que foi desenvolvido na Escola Estadual Altair Polettini e que deve ser analisado dentro do seu contexto. É um estudo de caso e os seus resultados parciais são válidos na sua localidade. Com esta pesquisa, reforcei a crença de que os laços afetivos que se constroem entre educador e educando não atrapalham em nada o aprendizado, pelo contrário, fortalecem a cumplicidade durante o processo de aprendizagem. Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumirse. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. (FREIRE, 2004, p. 41). 123 As mudanças e transformações podem não ser totais, nem radicais, talvez muito ainda se tenha que melhorar e almejar. Mas acreditar que isso é possível já é um começo, acreditar que um dia a educação poderá ter um olhar que enxerga a realidade como um todo e não separadamente, como escreve Gadotti (2000, p.40) sobre o pensamento de Morin: “A missão primordial do ensino implica muito mais aprender a religar do que aprender a separar o que foi feito até o presente.” Este, no meu entender é um dos fatores que deve ser priorizado na continuidade do Projeto Revivavida e das práticas ambientais. Tanto professores como alunos reconhecerem a inter e a transdisciplinaridade dentro do Projeto Revivavida, mas não conseguiram em sua maioria ligar os saberes chamados científicos aos saberes populares, aqueles que estão ligados à vivência do educando e lhes dá condições para chegar ao conhecimento planetário. A transcender para além dos conteúdos. “A complexidade não anulou; pelo contrário, fortaleceu a necessidade de incorporar a questão do poder no saber” (GADOTTI, 2000, p. 41). Educadores e educandos, quando reconhecem no seu cotidiano o saber, conseguem reconhecer o poder de transformação. Proporcionar espaços para que ocorra o diálogo destes saberes faz parte da construção do conhecimento. O respeito, a humildade e a tolerância devem estar presentes nestes espaços, como ocorria na Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, que era o espaço de troca de experiências, de troca de saberes, de aprendizagem para educadores e educandos. Incentivar e estimular práticas nas quais estes saberes podem ser trocados, vivenciados e experimentados deve ser uma das funções das instituições apoiadoras dos projetos educacionais e das políticas públicas. Os recursos financeiros e materiais não devem ser a mola propulsora para o desenvolvimento destas ações, mas antes o diálogo, a troca de experiências que estas instituições podem oferecer para minimizar os efeitos do consumismo próprio das sociedades capitalistas, que valorizam mais o TER ao SER. Proporcionar práticas de solidariedade e cooperativas, ao invés de práticas competitivas e individualistas, como a premiação em concursos, por exemplo. O Projeto Revivavida nasceu para atender a esta demanda – um concurso, mas ao se consolidar como movimento social e dar voz as suas bases tornou a premiação um fator pouco relevante. A luta foi em tentar dar continuidade ao Projeto Revivavida para que ele tivesse um alcance histórico, que fosse referência no aprendizado dos alunos, que proporcionasse a transformação social local, participando da transformação global. 124 Ao analisar o Projeto Revivavida como um movimento social, percebe-se que a intencionalidade das ações era atingir a sociedade, começando pela localidade. Durante a divulgação das ações do Projeto Revivavida, ele transmitia sua proposta de educação libertadora, usando a arte e a cultura para transmitir a realidade com criticidade. Mas se tudo parecia caminhar tão perfeitamente por que as ações do Projeto Revivavida acabaram se perdendo? Até mesmo a Conferência deixou de ser realizada. Por quê? As ações do Projeto Revivavida fundamentavam-se no diálogo, na organização participativa, no idealismo e no comprometimento de suas lideranças e bases demandatárias. A preocupação em se cumprir a determinação da nova política pública estadual, como a nova proposta curricular, atingir melhores índices no IDESP e no SARESP, deram a falsa impressão de que os projetos de Educação Ambiental não faziam parte da nova grade curricular. A preocupação passou a ser o trabalho direcionado e fragmentado com as competências leitoras, escritoras e matemáticas, reforçada pela grande quantidade de informações que parecem se desarticular das disciplinas e do contexto histórico e social. Fragmentou-se e compartilhou novamente os saberes em disciplinas, desarticularam-se os conteúdos dos saberes populares. Com esta desarticulação, o diálogo e a reflexão também diminuíram. “À medida que não há diálogo, os objetivos do trabalho não são partilhados. Ademais, a dialogicidade é fundamental na formulação de projetos pedagógicos.” (SEGURA, 2001, p.192). Outro problema também citado pela Direção, como sendo uma das dificuldades de continuidade dos projetos do Revivavida, foi a “rotatividade” dos professores. Mesmo a escola contando com mais de cinqüenta por cento de professores efetivos no seu quadro de funcionários, o que proporciona os sentimentos de pertencimento e comprometimento com as atividades socioambientais, todo ano existe novos profissionais, e alguns, por não se sentirem pertencentes ao lugar, não compreendem que: [...] ensinar exige comprometimento.[...] Afinal, o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente “lido”, interpretado,”escrito” e “reescrito”. Neste sentido, quanto mais solidariedade exista entre o educador e educandos no “trato” deste espaço, tanto mais possibilidades de aprendizagem democrática se abrem na escola (FREIRE, 2004, p. 96- 97). 125 A identidade do Projeto Revivavida enquanto movimento social, também se perdeu. “A identidade é uma somatória de práticas a partir de um referencial”. (GOHN, 1997, p.261). O próprio contexto sociopolítico ajudou na desarticulação das lideranças e conseqüentemente do movimento. Retomar as ações do Projeto Revivavida, como propõe a direção da Escola Estadual Altair Polettini, é proporcionar a continuidade do movimento de transformação. Alguns caminhos podem ser trilhados para que o foco principal, que é a educação socioambiental libertadora, não se perca novamente no caminho, e que suas conquistas e derrotas sejam um estímulo a mais para a continuidade do Projeto. O diálogo deve ser um dos conceitos fundamentais do planejamento participativo, para proporcionar espaços de vivência e convivência entre as bases, como sugere a Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, tão importante para os alunos, para saber ouvir os desejos e as necessidades de educandos e educadores. Ampliar o alcance de atuação do projeto. Atingir a comunidade e a sociedade, de forma que todos assumam um compromisso de responsabilidade e mudanças. É necessário descobrir caminhos juntos, na coletividade, no planejamento participativo, para garantir a tão almejada sustentabilidade planetária. A experiência educativa crítica e reflexiva leva ao entusiasmo e ao reencantamento, e ao nos reencantarmos nos sentimos alegres, sensíveis e criativos, nos dando desejos e esparanças, nos faz sentirmos pertencentes, e ao pertencer nos reencantamos formando um ciclo. Um ciclo que nos leva ao princípio, a origem, ao nascer, ou melhor, nos faz renascer, nos faz reviver, retornar a viver. O Projeto Revivavida tem esta característica de reviver, de buscar na esperança vivida o entusiasmo para ressaltar a nova esperança que permanece e pode ser recriada. Mais do que uma dissertação de mestrado, as considerações deste trabalho tem a ver com a concretização de um sonho, de que escola pública pode ser crítica, humanizada, transformadora e de qualidade. O reencantamento da educação requer união entre sensibilidade social e eficiência pedagógica. Portanto, o compromisso ético-político do/a educador/a deve manifestar-se primordialmente na excelência pedagógica e na colaboração para um clima esperançador no próprio contexto escolar. (ASSMANN, 2007, p. 34). 126 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, Antonio Carlos Rodrigues de. Educação. In: Encontros e Caminhos: formação de educadoras (es) ambientais e coletivos educadores, Ministério do Meio Ambiente, Brasília, Secretaria Executiva, Diretoria de Educação Ambiental, 2005. ANTÔNIO, Severino. 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NOME: E.E. “PROF.DRA.ALTAIR F.F.POLETTINI” D.E.: MOGI MIRIM – SP ENDEREÇO: Rua: Bráulio de Souza Leite s/n CEP: 13.8803.096 TELEFONE: (019) 3804399 - 38049805 ATO DE CRIAÇÃO OU AUTORIZAÇÃO: Decreto 45.860 de 18 de junho de 2001 DENOMINAÇÃO ANTERIOR: “E.E.JD.MARIA BONATTI BORDIGNON” NOME DO(A) DIRETOR(A): Miriam Aparecida da Silva Sobral 1º VICE-DIRETOR(A): Sissi Regina Gardin PROF.COORDENADOR(A) DIURNO: Samira Maximiano Schiavon SECRETÁRIO(A) DE ESCOLA: Gilséa Aparecida Piovesana Taveira CÓDIGO C.I.E. 924891 CÓDIGO DA U.A. 25251 ENTIDADE MANTENEDORA: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO CURSOS QUE MANTÉM: ENSINO FUNDAMENTAL DIURNO 5ª- 6ª - 7ª - 8ª SÉRIES NOTURNO EJA TELECURSO/2000 (Centro de Ressocialização Carcerária) ENSINO MÉDIO REGULAR 1ª - 2ª - 3ª SÉRIES 1ª - 2ª -3ª SÉRIES EJA-TELECURSO/2000 EE.Altair Polettini Centro de Ressocialização Carcerária ENSINO MÉDIO - EJA NÚMERO TOTAL DE CLASSES DA U.E.: 22 ( 20 na u.e. e 02 no Centro de Ressocialização Carcerária- Telecurso 2000-EF/EM) HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO DA ESCOLA MANHÃ TARDE NOITE DAS 7:00 ÀS 12:15 HORAS DAS 12:45 ÀS 18:00 HORAS DAS 19:00 ÀS 23:00 HORAS NÚMERO DE ALUNOS DA ESCOLA 291 ALUNOS 278 ALUNOS 246 ALUNOS 815 ALUNOS NÚMERO TOTAL DE PROFESSORES MANHÃ TARDE NOITE TOTAL PROF.ED.BÁSICA -II TITULARES- 22 OFA-27 TOTAL DA U E TITULARES- 15 OFA-16 QUADRO COMPLETO ( ( X ) NÃO ) SIM e 135 NÚMERO TOTAL DE FUNCIONÁRIOS Agente de Serviços Escolares Efetivo : 01 Agente de Serviços Escolares Efetivo- Afastado junto ao TRE : 01 Agente de Serviços Escolares Contratatado : 03 Secretário de Escola – QAE : 01 Merendeiras: 04 TOTAL DA U.E. 10 O QUADRO ESTÁ COMPLETO? Fonte: Plano Gestão Quadriênio 2007/2010 SIM NÃO x 136 ANEXO II - CARACTERÍSTICAS DA CLIENTELA CARACTERÍSTICAS DA COMUNIDADE A comunidade do entorno da escola é composta de famílias da classe trabalhadora em sua grande maioria. Há famílias de melhor poder aquisitivo que pode ser percebido pelas melhorias nas residências, propriedade de automóvel e vestuário. A escola fica centralizada entre três bairros próximos que são: Jardim Maria Beatriz, Jardim Maria Bonatti Bordignon e Jardim Parque Real. São bairros relativamente pequenos, as famílias em sua maioria são proprietárias de casas tipo popular em alvenaria. As ruas são todas asfaltadas, há transporte coletivo, coleta de lixo, água, luz e esgoto. O bairro onde a escola está localizada é um dos limites urbanos, paralelo à rodovia SP/340 e em seu entorno possuem pequenas chácaras e sítios de moradia e veraneio. Nota-se atualmente a expansão industrial e comercial nas proximidades, tais como, algumas indústrias multinacionais, supermercados, pequenos comércios, depósitos de materiais de construção e concessionárias de revenda de veículos. A escola está localizada no Jardim Maria Bonatti Bordignon e atende alunos de 5ª EF a 3ª EM dos bairros Jardim Maria Bonatti, Jardim Parque Real , Jardim Maria Beatriz, Bairro Santa Cruz e Assentamento “22 de Outubro”- Horto de Vergel. Os bairros possuem boa infraestrutura com residências em sua maioria de casas tipo populares, famílias em sua maioria bem estruturadas, bem atendidas em relação ao comércio e serviços e se orgulham de ter a escola Altair como ponto de referência, pois esta foi construída através de um movimento da comunidade. Os bairros se limitam próximos às rodovias SP147 , SP340 e distrito industrial do município. Em relação ao Assentamento 22 de Outubro, a vida é muito difícil, onde sua localização se distancia da escola em torno de 15 km. Os alunos se locomovem para a escola através do transporte coletivo da prefeitura. Nesse local, predomina uma vida sacrificada, com moradias em barracos e atualmente em fase de construção as casas de madeira ou alvenaria. O meio de subsistência é o plantio de arroz, milho, café e possuem uma cooperativa. Esse local foi motivo de conflitos devido à exploração da madeira do eucalipto, que era um dos motivos de orgulho dos cidadãos mogimirianos. Os alunos do assentamento mostram-se insatisfeitos com a situação, pois muitas dificuldades são enfrentadas, tais como: falta de água encanada, difícil acesso, ausência de comércio e serviços, discriminação etc. A clientela escolar é predominante dos bairros de seu entorno, sendo uma minoria do Assentamento, pois embora residam muitas crianças e adolescentes no local, estão subdivididos estudando em diversas escolas da cidade. SÍNTESE DE HISTÓRICO DA ESCOLA NA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE [...] A escola tem como Diretora a Professora Miriam Aparecida da Silva Sobral, sendo a primeira diretora efetiva desde sua inauguração em 2002, onde permanece até hoje. A escola localiza-se na Rua Bráulio de Souza Leite s/n – Jd.Maria Bonatti Bordignon - Mogi Mirim – SP e atende atualmente alunos de 5ª(EF) à 3ª (EM) e Telecurso/2000, num total de 19 classes e atende também mais duas classes no prédio do Centro de Ressocialização Carcerária (AMPAC)Telecurso/2000 ( EF e EM). O prédio escolar possui oito salas de aula, uma sala de informática , um pátio coberto e uma quadra poliesportiva de seiscentos metros quadrados. Após o levantamento de dados a respeito da situação sócio-econômica dos alunos, pode-se perceber que têm um perfil sócio-econômico estável, onde a maioria mora em casas de 137 alvenaria, tipo populares, próprias ou alugadas nas proximidades da escola; uma porcentagem de aproximadamente 30% moram na zona rural e utilizam de transporte coletivo, subsidiado pela Prefeitura Municipal, e uma pequena parcela mora no Assentamento 22 de Outubro no Horto do Vergel. A totalidade dos alunos têm acesso aos meios de comunicação como TV e Rádio, mas uma pequena parcela tem o hábito de leitura de jornais ou revistas. A renda das famílias gira em torno de 01 a 03 salários mínimos, sendo que há um número relevante de pais que trabalham no mercado informal, sem registro trabalhista, existe também uma parcela de pais que estão desempregados ou subempregados. Em geral o bairro é tranqüilo, sem grandes problemas de violência. Conta com uma associação de moradores a ACOJAMBA. Possui infra-estrutura de água, luz, esgoto, coleta de lixo e asfalto. As áreas de lazer se restringem a duas quadras poliesportivas, sendo uma a da escola que é aberta a comunidade nos finais de semana e outra de futebol society, de uso particular mediante aluguel. Uma praça abandonada atrás da escola, um salão paroquial católico em construção ao lado da escola, que às vezes a escola utiliza em parceria com a igreja para a realização de eventos que envolvem a escola toda. As comemorações da escola como o Dia das Mães que tem apresentação de danças e músicas e a Festa Junina com Orquestra de Violeiros e Catireiros e reúne cerca de duas mil pessoas no pátio da escola são os grandes acontecimentos sociais no bairro. O bairro conta com um Posto de Saúde, creche, estabelecimentos comerciais como supermercados, lojas, farmácia, padaria, dentistas, empresas e fica próxima a duas rodovias a SP 340 Campinas- Poços de Caldas e Rodovia-SP147 que liga Mogi Mirim – Itapira. É de fácil acesso de carro e de transporte coletivo, sendo o bairro atendido por várias linhas de ônibus. Observando sua área verde podemos verificar que o bairro é arborizado nas vias públicas, mas existem alguns terrenos que necessitam ser fechados e limpos. O ar vem sofrendo com o esgoto de uma empresa próxima ao bairro. Na micro-bacia da escola temos o Córrego do Lavapés , que necessita de cuidados com sua mata ciliar e com o lixo em suas margens. CARACTERÍSTICAS DA CLIENTELA A maior parte dos alunos da escola reside no bairro Jardim Maria Bonatti Bordignon, onde a escola está localizada e também nos bairros Jardim Maria Beatriz , Santa Cruz e Jardim Parque real. A escola atende também um número significativo de alunos da zona rural e do assentamento do Horto do Vergel (Assentamento 22 de outubro). Estes últimos utilizam-se de transportes escolares do Departamento de Educação e Cultura do Município de Mogi Mirim, para chegarem à escola. Os alunos do assentamento são extremamente carentes economicamente e muitos deles sofrem de carência afetiva também. Os demais, em sua grande maioria, são alunos com famílias melhores estruturadas sem grandes problemas de ajustamento familiar. Os alunos do curso noturno são em sua maioria trabalhadores na faixa etária entre 16 e 40 anos, em virtude de a escola atender à clientela do Telecurso/2000 e Ensino Médio Regular. O nível cultural das famílias é bastante heterogêneo, de 1º grau incompleto a nível superior e alguns analfabetos. Os alunos em sua maioria são freqüentes, com um número pequeno de evasão escolar. A escola atende alunos do Ensino Fundamental , nos períodos da manhã e tarde e alunos do Ensino Médio Regular, nos períodos da manhã e noite. Atende também alunos do EJATELECURSO/2000- ENSINO MÉDIO. Fonte: Plano Gestão 2007/2010 138 ANEXO III - PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA E.E. PROFa. Dra.ALTAIR F.F.POLETTINI Centrados na construção de uma educação com qualidade social e deixando de lado o individualismo, Direção, Coordenação, Alunos, Funcionários , Professores e Comunidade procuram atuar e executar planos e projetos avaliando os resultados finais, diagnosticando e revendo o processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, procura-se construir coletivamente os objetivos que todos almejam alcançar, que é a constante busca de uma educação de qualidade. Assim, a E.E.Prof.Dra.Altair F.F.Polettini, estará centrada na busca constante de meios que possibilitem a consecução da proposta pedagógica em todas as séries do ENSINO FUNDAMENTAL, DO ENSINO MÉDIO REGULAR E DO EJA- TELECURSO/2000, tendo por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, preparando-o para o exercício da cidadania , saúde, preparação para o trabalho e convívio em sociedade. Quanto ao EJATelecurso/2000-EM, objetivará suprir a escolaridade regular de jovens e adultos que não a tenham concluído em idade própria. O compromisso com a qualidade de ensino será assumido pela equipe escolar que buscará organizar-se didática e pedagogicamente, intencionalmente, para implementar a proposta educacional no sentido de aproximá-la do ideal que se pretende alcançar. Assumida a proposta pela equipe escolar, o desafio continua sendo o de reduzir ao máximo os índices de evasão e retenção. Estando a E.E. PROF.DRA.ALTAIR F.F.POLETTINI, em 2007, atendendo exclusivamente pré-adolescentes e adolescentes e levando-se em conta o perfil levantado e a faixa etária dos alunos, a Escola buscará ir além da simples transmissão de conteúdos para formar cidadãos ativos e conscientes a partir de uma Escola realmente competente, entusiasta, estimulante e comprometida com os interesses maiores da comunidade. Diante do levantamento sócio-econômico do bairro, o princípio motivador para a execução do projeto, terá como foco principal a incorporação total entre as pessoas do bairro e a escola, num constante compromisso de todos no que diz respeito à Cidadania e Saúde, tendo como preocupação, promover o respeito ao próximo e ao próprio corpo, com a melhoria da qualidade de vida e das relações interpessoais, tendo em vista a onda de violência e depredações que permeiam o país. O Projeto Político Pedagógico da Escola, considera o aluno uma identidade única, dedicando especial atenção à formação cidadã e solidária, desenvolvendo suas atividades através de trilhas educativas, culturais e sociais. Os alunos e a comunidade em geral, devem saber transformar o saber curricular em ações concretas que os levarão a serem percussores individuais e sociais. Segundo Phillipe Perrenoud (1997), competência constitui-se como “saber em uso” em oposição ao saber inerte. É isso que queremos para nossos alunos, que eles tenham um diferencial nos seus saberes. E é com esta proposta que o Plano estará direcionado, ou seja, o compartilhamento dos saberes curriculares com as atividades práticas articuladas com a comunidade que visem uma melhoria na qualidade de vida, na elevação da auto-estima e em ações para um desenvolvimento sustentável, garantindo assim recursos naturais e melhorando as relações sociais das gerações futuras. A Educação está num momento em que seus agentes devem compreender a função social que a escola exerce e situá-la no mundo moderno, onde ocorrem variações em diferentes momentos da história. Não se pode mais pensar numa escola estática e antiquada, é preciso compreender o contexto e as relações em que se desenvolve a prática educativa, onde cada um que nela trabalha tenha a percepção que ela não está solta no espaço, mas articula-se com o mundo à sua volta e nesse contexto, todos nós educadores devemos buscar as mudanças naquilo que pode ser 139 mudado, procurando envolver a comunidade num processo de teias de aprendizagem através do acolhimento por parte de todos, de forma que proporcione a todos: • • • • • • Uma aprendizagem através de uma atividade produtiva/prática em ambiente criativo e criador, respeitando as particularidades dos sujeitos individuais e coletivos; O comprometimento dos diversos setores do entorno escolar no projeto de preservação do meio ambiente, de preocupação com o ser humano( cidadania e saúde) e gestão do mesmo como co-responsáveis pela sua execução e sucesso; A valorização do educando como sujeito dotado de saberes e conhecimentos socialmente construídos através de um currículo flexível e articulado com as reais necessidades do mesmo; A formação de cidadãos éticos, autônomos, responsáveis e conscientes da sua contribuição, pela atuação coletiva na sociedade, para alterar a situação de vulnerabilidade social. A real transformação, a mudança de comportamento, as atitudes, a incorporação de novas habilidades e competências necessárias à compreensão do seu cotidiano, a vida social, profissional e cidadã. O uso das tecnologias, da quadra poliesportiva, da biblioteca, do pátio e demais dependências da escola pela comunidade, onde estarão inseridos no projeto de educação comunitária e Projeto Escola da Família, sendo a escola também um espaço de acolhimento de pertencimento na vida da comunidade, socializando saberes e experiências. Fonte: Projeto Político Pedagógico,2008. 140 ANEXO IV - A ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Para construirmos o Projeto Pedagógico da EE.PROF.DRA.ALTAIR F.F.POLETTINI, houve a necessidade de muitos encontros, discussões e diagnósticos ao longo dos anos. Tivemos a intenção de a escola e nossos profissionais, realizarmos um trabalho de qualidade, que será o resultado de reflexões e questionamentos de todos os envolvidos sobre o que é a escola hoje e o que poderá a vir a ser. Visa, assim, inovar a prática pedagógica da escola e elevar a qualidade do ensino. Tudo está sendo levado em consideração: as práticas e as necessidades da comunidade escolar, as diretrizes nacionais ,as normas e regulamentos e as orientações curriculares e metodológicas do sistema de ensino da Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo. Princípios nos quais se baseia o Projeto Pedagógico em nossa escola: 1- Garantia do acesso e permanência dos alunos na escola; 2- O sucesso da aprendizagem do aluno na escola; 3- A Gestão Democrática e Participativa; 4- A valorização dos profissionais da educação; 5- A qualidade do ensino; 6- A organização e integração curricular; 7- A integração escola – família – comunidade; 8- A autonomia Partimos do diagnóstico da realidade escolar, onde consideramos os aspectos pedagógicos, administrativos , financeiros e jurídicos. No aspecto pedagógico, foram analisados a proposta pedagógica ( objetivos, conteúdos, metodologias de ensino e processo de avaliação); faixas etárias, posição social, necessidades e valores dos alunos, dados sobre repetência e evasão; relação idade/série; estratégias para recuperação dos alunos com menor ou baixo rendimento escolar; valorização dos profissionais da educação. No aspecto administrativo, recursos materiais e humanos; composição das equipes de funcionários, organização da escola, qualificação e atualização dos professores. No aspecto financeiro, recursos disponíveis; necessidades e carências; formas de aplicação das verbas, tendo-se como prioridade o processo ensino-aprendizagem. No aspecto jurídico, a relação que a escola mantém com a sociedade e com as várias instâncias do seu sistema de ensino, a sua autonomia, dentro dos princípios da legalidade, e com responsabilidade. As estratégias para esse diagnóstico, levou-se em consideração a evolução das matrículas, os índices de aprovação , reprovação e evasão escolar; a situação sócio-econômica das famílias, a análise e interpretação de avaliações externas – SARESP, SAEB, IDEB, IDESP, ENEM; análise dos estudos sobre a situação da educação básica; ciclos de debates com a comunidade, destacando-se a realidade de nossa escola. Fonte: Plano Gestão 2007/2010 141 ANEXO V – CERTIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO – 1º LUGAR NO PROGRAMA MEIO AMBIENTE E A ESCOLA – 2004 Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2004 142 ANEXO VI – CERTIFICADO DE RECONHECIMENTO – SELO ESCOLA SOLIDÁRIA - 2005 Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2005 143 ANEXO VII – CERTOFICADO CIDADANIA BRASIL - 2006 DE CLASSIFICAÇÃO Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2006 NO INSTITUTO 144 ANEXO VIII – CERTIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO – 2º LUGAR NO PROGRAMA MEIO AMBIENTE E A ESCOLA - 2005 Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2005 145 ANEXO XIX - CERTIFICADO DE RECONHECIMENTO – MOSTRA DE LEITURA - 2005 Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2005 146 ANEXO X - CERTIFICADO DE RECONHECIMENTO – APRESENTAÇÃO DO CORAL 2004 Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2004 147 ANEXO XI – CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO – DIA DO DESAFIO - 2005 Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini,2005 148 ANEXO XII - TABELA 1 – TEMAS GERADORES E OS PROJETOS TEMAS GERADORES PROJETOS ANO DE INÍCIO ANO DE TÉRMINO CIDADANIA E SAÚDE • Coral • 2002 • 2005 • Dança • 2001 • Permanecem • Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente • 2004 • 2006 • Mostra Cultural • 2006 • 2006 • Campanhas do Agasalho • 2003 • Permanece • Campanhas de Alimentos • 2003 • Permanece • Campanha de Produtos de Higiene para (Casa Assistencial de Idosos) • 2004 • Permanece • Visita a entidades assistenciais • 2004 • Permanece • Campanha de Natal (distribuição de presente e festa natalina com os alunos das 5ª e 6ª séries do Ensino Fundamental • 2007 • Permanece • Comemorações e Confraterniza-ções • 2001 • • Permanecem; Exceção- Festa do Folclore – 2003 149 Dia das Mães; Dia dos Pais; Dia dos Professores; Festa Junina; Festa do Folclore; Desfile Cívico de Sete de Setembro; Formatura 8ª E.F.e 3ºE.M.; Festa de Natal (Chegada do Papai Noel). • Início- Festa do Natal2007 CIDADANIA E SAÚDE • Participação em Programa Televisivo – Viver Escola – TV Cultura • 2006 • 2006 • Provões Temáticos • 2003 • Permanece • Campanha de Combate à Dengue • 2004 • Permanece – Parceria com a Escola da Família ÁGUA E ENERGIA • Palestras e Teatros sobre sexualidade e DST/AIDS • 2004 • • • Projeto Água: Hoje e Sempre- Parceria (SEE/SP) • 2004 • 2007 – Diretriz para a construção da Agenda 21 na Escola – incorporada pelo Projeto Revivavida • Comemoração do Dia Mundial da Água ( ações pontuais) • 2004 • 2005 • Campanhas e dicas sobre o uso racional da Água(confecção de Cartilha) • 2004 • 2005 Permanece 150 LIXO AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO RECURSOS NATURAIS • Coleta Seletiva- Parceria Coopervida (Cooperativa de catadores de resíduos sólidos) • 2004 • Permanece • Palestras • 2004 • 2007 • Visita à Coopervida (ação pontual) • 2004 • 2004 • Adequação da Cantina Escolar • 2005 • Permanece • Palestras com nutricionistas • 2004 • 2006 • Debates sobre Transgênicos – Turmas de Ensino Médio • 2004 • 2005 • Levantamento da área verde e degradada do bairro • 2005 • 2007 • Reconhecimento do Ecossistema do Entorno • 2004 • 2007 • Plantio de Árvores – escola e nascente do córrego Lavapés • 2004 • 2007 • Confecção de maquetes do bairroreconhecimento do entorno • • 151 ANEXO XIII – TABELA 2 -TEMAS GERADORES – INDICADORES DE EFETIVIDADE TEMAS GERADORES INDICADORES METAS DE EFETIVIDADE ÁGUA E ENERGIA • • • LIXO • • • • Média de consumo mensal Multiplicação de informações sobre a conscientização do uso adequado da água e energia Desenvolvimento sustentável • redução do consumo de água e energia, controladas por gráficos realizados em sala de aula, tanto da escola quanto das casas dos alunos. tipo e volume de lixo produzido em casa e na escola consumismo coleta seletiva reciclagem • redução do volume e tipo redução do consumo extensão da coleta seletiva para os bairros aumento da porcentagem do uso dos 3 Rs – reduzir, reutilizar e reciclar • • • SAÚDE • • ALIMENTAÇÃO • • trabalho de conscientização de Combate a Dengue doenças associadas a Qualidade de Vida- Física e Mental • alimentação saudável (casa e escola) cardápio X nutrição ( pirâmide alimentar) • • • CIDADANIA • • Elevação da auto-estima Relações Inter-pessoais • • • RECURSOS NATURAIS • Desenvolvimento sustentável • redução do nº de casos de doenças causadas pelo stress redução do número de casos da dengue Inclusão ou substituição de produtos mais saudáveis Melhoria da qualidade de vida Melhora na aceitação de si próprio e respeito a diversidade do outro Melhora na convivência escolar e familiar Aumento das ações de solidariedade Melhoria das relações do homem com a natureza 152 ANEXO XIV TABELA 3 - LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS E PRIORIZAÇÃO DAS AÇÕES – Matriz de importância e desempenho - Levantamento dos problemas e priorização OBS. A Tabela foi realizada tendo por padrão conceitos de 0 a 10 para a importância e desempenho, e foi o consenso de todos os segmentos da comunidade escolar, alunos, professores e comunidade em discussões em sala de aula, HTPCs e questionários. MATRIZ DE IMPORTÂNCIA E DESEMPENHO – LEVANTAMENTO DO PROBLEMA E PRIORIZAÇÃO TEMA SAÚDE CLASSIFICAÇÃO SUGESTÃO 4 PRIORITÁRIO • 2 adequado • 3 relevante IMPORTÂNCIA DESEMPENHO DIFERENÇA (A) (B) (A-B) 10 6 Um assunto muito Já fizemos algo a abrangente. respeito, mas ainda existe Prevenção também se ensina • Saúde bucal Qualidade de vida necessidade da exploração de alguns temas. ÁGUA 10 8 Necessidade de Já trabalhamos manter a em forma de conscientização e projeto durante evitar o 02 anos, E ENERGIA Fizemos palestra, e conscientizaçã o na Semana da Água (de 20 a 24 de março) desperdício LIXO * estender a coleta 10 7 Necessidade de Já fizemos algo a seletiva para toda a conscientização respeito, mas comunidade de toda a achamos que * reciclagem com arte comunidade devemos aprimorar 153 ALIMENTAÇÃO NATUREZA CIDADANIA 10 5 5 PRIORITÁRIO * palestra e parceria Necessidade de Já fizemos algo a com nutricionista e uma respeito, mas posto de saúde conscientização e não foi suficiente * conscientização de orientação uma alimentação Sistematizada saudável 10 8 Necessidade de Já fizemos algo a plantio de mais respeito, mas está áreas verdes na precisando de escola atenção 10 8 A comunidade se Já fizemos algo a já existentes e estende- identifica muito respeito, mas los a toda a com o tema e consideramos um comunidade. pretende estar tema prioritário trabalhando sempre com esta temática em diferentes projetos Fonte: Projeto Revivavida, 2006 2 relevante * jardinagem na escola 2 PRIORITÁRIO * aprimorar os projetos 154 ANEXO XV – CRONOGRAMA DO PROJETO 155 Fonte: Projeto Revivavida, 2006 156 ANEXO XVI – MAPA DO ENTORNO DA ESCOLA LOCALIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO - Localização da escola - Localização dos bairros onde os alunos moram - Identificação da microbacia Fonte: Projeto Revivavida, 2006 157 ANEXO XVII – HISTÓRICO A escola está localizada no Jardim Maria Bonatti Bordignon e atende alunos de 5ª EF a 3ª EM dos bairros Jardim Maria Bonatti, Jardim Parque Real , Jardim Maria Beatriz, Bairro Santa Cruz e Assentamento “22 de Outubro”- Horto de Vergel. Os bairros possuem boa infra-estrutura com residências em sua maioria de casas tipo populares, famílias em sua maioria bem estruturadas, bem atendidas em relação ao comércio e serviços e se orgulham de ter a escola Altair como ponto de referência, pois esta foi construída através de um movimento da comunidade. Os bairros se limitam próximos às rodovias SP147 , SP340 e distrito industrial do município. Fonte: Projeto Revivavida -2006 158 ANEXO XVIII – PERFIL DA COMUNIDADE AVALIAÇÃO DIAGNOSTICA DA ESCOLA Gestão de Recursos Educacionais Gestão Participativa Gestão Pedagógica Gestão de Pessoas Gestão de Serviços de Apoio, Recursos Físicos e Financeiros GESTÃO DE RECURSOS EDUCACIONAIS Avalia os resultados obtidos pela escola em sua função de propiciar a formação integral de seus alunos e assegurar o acesso, a permanência e o sucesso escolar da sua aprendizagem. Considera a qualidade do ambiente escolar e a adoção de mecanismos de monitoramento e avaliação desses resultados, com o objetivo de melhorá-los, em compatibilidade com o projeto pedagógico escolar. NÍVEL DE ATENDIMENTO ITENS A É promovida a Atende Atende Atende Atende Não em nível acima medianamente abaixo atende superior da 50 a 69% da média até de média de 10 a 10% 90 a de 70 a 49% 100% 89% formação integral dos alunos, em função dos princípios éticos, políticos e estéticos e da articulação entre áreas do conhecimento e aspectos indispensáveis da vida X cidadã. B É identificado o caráter educativo do ambiente físico, social e cultural da escola na organização de seus espaços e práticas. X 159 C É constatada a melhoria dos índices de freqüência às aulas, permanência, aprovação e aproveitamento escolar de seus X alunos e correção de fluxo escolar, mediante comparativa obtidos de nos análise resultados três anos anteriores. D São divulgados aos pais e comunidade, os resultados das ações educacionais para a voltadas aprendizagem X dos alunos. E São constatados índices positivos de satisfação dos pais dos alunos e dos professores X com a escola, a partir de levantamentos periódicos. F São adotados mecanismos de monitoramento e avaliação da implementação pedagógico da do projeto escola, e propostos planos de melhoria X para sua implementação, junto aos professores, alunos e pais. RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO ITEM CORRESPONDENTE A – Desde o ano de 2004 , trabalhamos com o Projeto Revivavida que tem por objetivo principal atender o pedido da comunidade escolar em promover o respeito ao próximo e compreender o aluno como identidade única, dedicando especial atenção à formação cidadã e solidária, desenvolvendo ações e atividades educativas, culturais e sociais, como gincanas esportivas e culturais, a Conferência Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, campanhas de agasalhos e alimentos. B – As salas de aula são salas - ambiente, e os professores procuram organizá-las de acordo com a proposta de trabalho de cada área. Temos também a sala ambiente de informática, que 160 por falta de espaço abriga a biblioteca e o vídeo, tornando-se uma sala de multimeios. Dentro da preservação do patrimônio temos o Projeto Escola Limpa, Hino Nacional e festividades em datas comemorativas. Dessa forma, a escola está direcionando os valores sociais do aluno, elevando suas condições de espectador, para o de agente transformador e atuante na comunidade escolar e em sociedade. C – Desenvolvemos algumas ações para intensificar a freqüência dos alunos às aulas, diminuir o abandono e melhorar o aproveitamento escolar , respeitando as dificuldades e diversidade dos alunos. Utilizamos as avaliações internas ( provão temático, avaliações diagnósticas , questionários e entrevistas, freqüência) e que não estão organizados de forma sistemática ; e as avaliações externas (Saresp e Enem), para identificarmos o rendimento escolar dos alunos, para orientar nossas atividades. Dentre as ações de diminuir o abandono está a Turma de Treinamento de Fut – Sal Masculino e a Turma de Treinamento de Vôlei Feminino. Para os aluno com dificuldade de aprendizagem temos as aulas de Reforço de Matemática e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental e as Turmas de Letramento, que são aulas de reforço em Matemática e Língua Portuguesa que acontecem na Sala Ambiente de Informática e no horário contrário de aula. Para o ano de 2006, organizamos de forma sistematizada e periódica o controle de falta dos alunos. D- Os resultados das avaliações internas são divulgados na reunião de pais, através dos Boletins, a FIAP ( Ficha Individual de Acompanhamento Pedagógico) é apresentada aos pais na reunião de Pais e Mestres, para que eles tomem ciência do aproveitamento do aluno, e os orienta para um melhor rendimento e acompanhamento do filho em casa. O resultado do Saresp e Enem são apresentados aos alunos, e divulgado na reunião de pais, o resultado geral da escola, dizendo ou não se houve melhora no resultado de um ano para o outro. O Manual Escolar é outro meio de comunicação para divulgarmos as ações e os projetos realizados na escola. E- Algumas pesquisas foram realizadas durante o ano de 2005, para alunos, pais, professores, funcionários e comunidade, mas seus resultados não foram organizados sistematicamente, e nem de forma periódica, ficando este desafio para o ano letivo de 2006. Os resultados eram tabulados e utilizados no momento. O registro que temos são de algumas manifestações dos diferentes seguimentos da comunidade escolar, pesquisas realizadas junto ao bairro no entorno da escola e manifestação oral dos pais nas reuniões. F- Estamos começando a nos interar sobre a importância da auto-avaliação da equipe escolar, no ano de 2005, começamos com a avaliação de algumas dimensões de pessoal, pedagógica e administrativa, mas não de forma regular, periódica e sistemática, ela era realizada de acordo com a necessidade e no momento que surgia o problema. Percebemos portanto que as avaliações são diagnosticas e visam prevenir o problema, já que a falha , pode ser identificada antes. O relatório dos Conselhos de Classe e Série, são discutidos e servem para nortear e organizar o acompanhamento pedagógico e a freqüência escolar. GESTÃO PARTICIPATIVA Avalia práticas de gestão participativa: institucionalização e funcionamento de órgão colegiados – conselhos escolares, APMs, grêmios estudantis e outros; planejamento participativo; estabelecimento de parcerias; participação de professores, pais, alunos e funcionários, comunicação e socialização das informações. 161 NÍVEL DE ATENDIMENTO ITENS A São Atende Atende Atende Atende Não em nível acima medianamente abaixo atende superior da 50 a 69% da média até de média de 10 a 10% 90 a de 70 a 49% 100% 89% definidos, Cooperativamente, o projeto X pedagógico, o papel, função, valores, princípios e objetivos da escola, como orientadores de ações articuladas, conjuntas no e cotidiano escolar. B É verificada a atuação de órgãos colegiados, expressando comprometimento, iniciativa e forte colaboração voltada para X a melhoria da aprendizagem dos alunos. C É realizada a avaliação das práticas educacionais, forma sistemática de participativa, e organizada, envolvendo órgãos colegiados, professores, alunos. funcionários e X 162 D São promovidas parcerias com entidades, empresas, profissionais, X instituições diversas, visando a melhoria da gestão escolar, ao enriquecimento do currículo escolar e à aprendizagem dos alunos. E É observada uma prática de comunicação e informação aberta, de modo a promover a socialização e a transparência de decisões e ações, com melhores resultados X do trabalho escolar. F É estimulada e apoiada a organização dos alunos e de outros segmentos para que X atuem em ações conjuntas, solidárias, cooperativas e comunitárias. RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO ITEM CORRESPONDENTE A- A proposta pedagógica da escola foi elaborada com a participação do colegiado, definindo os valores, princípios, objetivos, funções e finalidades de cada órgão.Embora a proposta não esteja escrita em forma de documento, mas fragmentada em diversos projetos, todos os envolvidos no projeto educacional da escola, já estão trabalhando visando as propostas de ações discutidas conjuntamente. Estamos organizando para que no ano de 2006, ela esteja devidamente organizada, pois está sendo atualizada semestralmente no planejamento e replanejamento, juntamente com professores, funcionários, alunos, pais de alunos, Conselho de Escola e Grêmio Estudantil. B- As normas do Conselho de Escola, são conhecidas por todos os seus membros, mas eles não procuram reunir-se periodicamente para debater questões referentes a aprendizagem dos alunos. As reuniões são realizadas sempre através de convocações da Direção da escola. Muito raramente são solicitadas reuniões pelos órgãos colegiados. A Diretoria do Grêmio Estudantil também não mostrou interesse em realizar atividades, mesmo tendo espaço e autonomia para que isso aconteça. 163 C- A avaliação das práticas educacionais, é realizada durante os Conselhos de Classe e Série, controle bimestral das faltas, reuniões de HTPC, onde procura-se sanar e reformular o que for necessário, alguns registros estão sistematizados e organizados, mas ainda falta um melhor acompanhamento . O cumprimento do planejamento dos professores é acompanhado pela equipe de gestão. D- A escola promove a parceria com empresas, instituições, profissionais liberais, Igrejas, associação de bairro e comunidade, visando uma melhoria da qualidade educacional.Os parceiros nos auxiliam na reprodução dos provões temáticos, manual escolar , na Festa Junina,nas comemorações durante o ano, nas palestras durante a Conferência Infanto Juvenil pelo meio ambiente e demais palestras durante o ano . Também temos diversos parceiros no Programa Escola da Família aos finais de semana. E- A escola divulga regularmente os resultados pedagógicos, através do boletim escolar,reunião de pais e mestres, FIAP, manual escolar , painéis informativos. No âmbito geral dos acontecimentos da escola, a divulgação é feita através dos jornais e rede de TV da cidade. F- Os alunos são estimulados a se organizarem e atuarem em ações solidárias e cooperativas através de trabalho do Grêmio Estudantil, coral e dança ( com apresentações em empresas e instituições ), campanhas de agasalho, alimentos, gincana da cidadania, gincanas culturais e esportivas,e conferência infanto juvenil pelo meio ambiente. A festa junina também é um momento de grande incentivo aos alunos na questão solidária, pois todos se envolvem na campanha de arrecadação para ajudarem a escola em que estudam, num trabalho intenso de integração, doação e participação. GESTÃO PEDAGÓGICA Avalia o trabalho pedagógico realizado na escola: atualização e enriquecimento do seu currículo, pela adoção de processos criativos e inovadores, implementação de medidas pedagógicas que levem em conta os resultados de avaliação dos alunos e a atuação dos professores articulada o projeto pedagógico e com as necessidades de melhoria do rendimento escolar. NÍVEL DE ATENDIMENTO ITENS Atende Atende Atende Atende Não em nível acima medianamente abaixo atende superior da 50 a 69% da média até de média de 10 a 10% 90 a de 70 a 49% 100% 89% 164 A São utilizados, continuamente, o currículo escolar e sua X implementação, tendo como referência as Curriculares Nacionais, Parâmetros Diretrizes os Curriculares Nacionais, bem como a evolução da sociedade, ciência, tecnologia e cultura. B São identificados, ao longo do ano letivo, os resultados e as dificuldades de aprendizagem dos alunos e são desenvolvidas X ações pedagógicas, tendo por objetivo a melhoria contínua do rendimento e sucesso escolar. C É claramente manifestado o comprometimento professores X dos com a aprendizagem dos alunos, pela articulação coma as famílias e a comunidade e entre o seu plano de trabalho e o projeto pedagógico. D São realizados inovações e projetos de melhoria da prática X pedagógica da escola, que resultem na elevação da autoestima e na formação integral do aluno. E É realizado processo na escola o pedagógico, considerando os princípios de inclusão, as necessidades X 165 diferenciadas e/ou especiais dos alunos. F É realizada a organização de turmas, horários e atividades extra-clases, a partir X de critérios pedagógicos,de modo a assegurar a qualidade do ensino e a favorecer a aprendizagem dos alunos. RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO ITEM CORRESPONDENTE A- O currículo escolar entendido como o conteúdo e as ações trabalhadas em sala de aula, são atualizados e discutidos periodicamente, tanto no planejamento e replanejamento, quanto nas HTPCs, tendo como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais , os PCNs., revistas, jornais, diferentes meios de comunicação como TV, rádio, CD-ROOM, filmes, livros e obras de arte. O resultado das avaliações internas e externas também são utilizados para a discussão coletiva das competências comuns desenvolvidas pelas diferentes áreas do currículo, e para analisarmos se estão ou não sendo atendidas as competências e habilidades. B- A escola oportuniza em momentos de festividades e gincanas a apresentação de alunos que possuem talentos diferenciados, temos grupos de Dança , o Coral e a Turma de Treinamento de Fut Sal e Vôlei , temos painéis onde os alunos podem expor seus trabalhos. Para os alunos que têm dificuldade de aprendizagem temos o reforço de Língua Portuguesa e Matemática , que é acompanhado periodicamente pela equipe pedagógica e os professores da sala, e temos o Letramento, que são aulas de Língua Portuguesa e Matemática na sala de informática, no horário contrário de aula. Todos estes incentivos são acompanhados e analisados nos Conselhos de Classe e Série. C- Durante os Conselhos de Classe e Série, são discutidos os avanços e dificuldades de cada aluno e classe, propondo ações para sua melhoria, como o encaminhamento para o reforço, letramento, Conselho Tutelar, no caso de faltas, sugestão de encaminhamento quando um talento é descoberto.O comprometimento da maioria dos professores em relação a aprendizagem dos alunos é um fator positivo que a escola tem. Todos estão disponíveis ao atendimento aos pais às 3ªs feiras das 18:00 às 19:00 horas, informam semanalmente a equipe gestora sobre os casos mais agravantes e também dos casos de sucessos. O resultado é passado para os pais e à comunidade no dia da reunião de pais e ,quando urgente, a direção imediatamente informa aos pais por telefone a importância de seu comparecimento à escola.Assim como a apresentação da FIAP ( Ficha Individual de Acompanhamento Pedagógico), onde os professores anotam os avanços, dificuldades e orientação aos pais, para o acompanhamento da vida escolar do aluno em casa. Mas esbarramos com uma grande dificuldade a presença dos pais na reunião. Apesar de um número expressivo de pais participando, muitos ainda são omissos, dificultando um melhor desempenho de atuação junto a deficiência do filho. D- Desde o ano de 2004 , trabalhamos com o Projeto Revivavida que tem por objetivo principal atender o pedido da comunidade escolar em promover o respeito ao próximo e compreender o aluno como identidade única, dedicando especial atenção à formação cidadã e solidária, desenvolvendo ações e atividades educativas, culturais e sociais, como gincanas 166 esportivas e culturais, a Conferência Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, campanhas de agasalhos e alimentos. O objetivo principal do Projeto é a valorização da qualidade de vida, a cidadania e a elevação auto-estima dos alunos. E- Uma das propostas do Revivavida é trabalhar o respeito ao próximo, dentro destas ações estão o respeito a diversidade étnica, cultural, social, de gênero e sexual . A discriminação vem sendo trabalhada em sala de aula, assim comas atitudes preconceituosas como brincadeiras, piadas ou apelidos. Em atividades realizadas com a comunidade procuramos respeitar a diversidade e oportunizar a presença de todos. F- Os projetos de Letramento, turmas de treinamento, reforço, coral, dança, artesanato, são oferecido na escola em horário contrário ao do aluno ou aos finais de semana. A escola trabalha junto com o Programa Escola da Família, e as diversas atividades desenvolvida no Programa, com certeza vão refletir na vida escolar do aluno, e assegurando uma melhor qualidade de ensino. GESTÃO DE PESSOAS Avalia o trabalho de gestão tendo por referência o compromisso das pessoas – professores, funcionários, pais e alunos, com o projeto pedagógico, levando em conta as formas de incentivo a essa participação, o desenvolvimento de equipes e lideranças, e a valorização e motivação das pessoas, a formação continuada e a avaliação de seu desempenho. NÍVEL DE ATENDIMENTO ITENS A Atende Atende Atende Atende Não em nível acima medianamente abaixo atende superior da 50 a 69% da média até de média de 10 a 10% 90 a de 70 a 49% 100% 89% São promovidas na escola ações de formação continuada e em serviço,para desenvolvimento o de conhecimentos, habilidades e atitudes, bem como para elevar X 167 a motivação e auto-estima dos profissionais, tendo em vista a melhoria do atendimento às necessidades escolares cotidianas. B É promovida, regularmente, a integração entre os profissionais da escola, pais e alunos, visando a articulação X de suas ações, à unidade de propósitos e de concepção educacional. C São promovidas dinâmicas e ações para desenvolver X equipes e lideranças, mediar conflitos e organização favorecer dos a segmentos escolares, em um clima de compromisso ético e solidário. D São adotadas práticas avaliativas do desempenho de professores e funcionários, ao longo do ano letivo, para promover a melhoria contínua desse desempenho, no cumprimento de objetivos e metas educacionais. X 168 E É estabelecida a unidade de atuação dos segmentos da diversos comunidade escolar, pela promoção do conhecimento e compreensão da legislação educacional,do X regimento da escola e demais normas legais que orientam os direitos e deveres de professores, funcionários, pais e alunos. F São promovidas práticas de valorização e reconhecimento do trabalho e esforço dos professores e funcionários da X escola, no sentido de reforçar ações voltadas para a melhoria da qualidade de ensino. RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO ITEM CORRESPONDENTE A- A formação contínua do professor é estimulada nos HTPCs, e na parceria com a Secretaria do Estado da Educação que propicia cursos como a Teia do Saber – voltado para a metodologia das diferentes áreas do Ensino Fundamental e Médio e o Ensino Médio em Rede, que se desenvolve nos HTPCs, o que enriquece as reuniões e propicia troca de experiências entre os professores. Procuramos elevar a auto-estima dos professores e funcionários, através de festas e confraternizações como a festa em homenagem às mães e aos pais, e almoço de confraternização no encerramento dos semestres, onde podemos cantar , dançar e conversar e também quando sentimos a necessidade de melhora nos trabalhos diários, há reuniões com funcionários para procurar sanar as dificuldades de cada um e assim melhorar cada vez mais, o relacionamento com os alunos, a limpeza da escola e o relacionamento entre todos de maneira geral. B- Fazemos uma reunião no início do ano letivo com os pais, para apresentarmos os professores, orienta´- los quanto as normas da escola, sobre o uso do uniforme, apresentar a proposta pedagógica, e convidá-los para participarem de algum dos colegiados da escola. Depois as reuniões acontecem bimestralmente, ou são agendadas quando a comunidade deve ser consultada ou informada de alguma notícia. Os pais também participam ativamente das festividades e comemorações da escola, ajudando desde sua idealização até sua realização. Uma das festividades que já se tornou tradição na escola, é a comemoração do Dia das Mães. O pátio 169 fica repleto de familiares, as mães recebem muitos presentes adquiridos com os parceiros da escola e sorteados entre elas. Também o Projeto Padaria Artesanal se envolve na festa. Todas as mães recebem kits de pãezinhos no final da festa. Enfim, são momentos de união entre família – aluno e escola. C- Os funcionários que trabalham na escola são orientados a receber e atender os pais , alunos e professores com respeito e educação, pois este é o diferencial e a proposta da escola: trabalhar o respeito, a ética e a cidadania. Os funcionários participam de dinâmicas e são orientados em como realizar o atendimento. São realizadas também avaliações diagnósticas entre alunos, professores e pais, para analisarmos o que precisa ser melhorado. D- Procuramos realizar pesquisas diagnosticas semestralmente, para analisarmos o desempenho dos funcionários, professores, gestores, onde eles têm oportunidade de opinarem e darem sugestão de melhoria da escola, o que nos falta fazer é organizarmos sistematicamente os resultados em gráficos e tabelas para uma melhor visualização dos avanços e o que precisa ainda ser melhorado. E- Os diversos segmentos de atuação da comunidade escolar, assim como seus direitos e deveres são apresentados na reunião de pais, no início do ano letivo e através do Manual Escolar, confeccionado todos os anos desde 2002, onde constam os direitos e deveres de cada segmento. F- O esforço de funcionários e professores é reconhecido e expressado verbalmente, em reuniões ou comemorações, sempre salientado e valorizando o trabalho do profissional, e assim incentivando-os e aumentando sua auto-estima, pois um profissional feliz, trabalha feliz, e o rendimento com certeza será melhor. GESTÃO DE SERVIÇOS DE APOIO, RECURSOS FÍSICOS E FINANCEIROS Avalia a gestão dos serviços de apoio (segurança, limpeza, secretaria e outros), dos recursos físicos (uso, conservação e adequação, instalações e equipamentos) e da captação e aplicação de recursos financeiros. NÍVEL DE ATENDIMENTO ITENS Atende Atende Atende Atende Não em nível acima medianamente abaixo atende superior da 50 a 69% da média até de média de 10 a 10% 90 a de 70 a 49% 100% 89% 170 A É colocado à disposição da comunidade escolar serviço ágil e atualizado X de documentação, escrituração e informação escolar, devidamente organizado – registros, documentação dos alunos, diários estatísticas, de classe, legislação e outros. B É promovida a utilização apropriada das instalações, dos equipamentos e dos materiais X pedagógicos existentes, para a implementação do projeto pedagógico. C São promovidas ações que favorecem a conservação, higiene, limpeza, manutenção e preservação do patrimônio escolar – equipamentos X instalações, e materiais buscadas formas pedagógicos. D São alternativas para criar e obter recursos, espaços e materiais complementares para a melhoria da realização do projeto pedagógico da escola. X 171 E É disponibilizado o espaço da escola, nos fins de semana e período de férias, para a realização de atividades que congreguem a comunidade X local, de modo a garantir maximização de seu uso e socialização de seus bens. F É planejada, acompanhada e avaliada a execução dos recursos financeiros da escola, levando em necessidades conta do as projeto X pedagógico, os princípios da gestão pública e a prestação de contas à comunidade. RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO ITEM CORRESPONDENTE A- Os serviços de secretaria são atendidos de acordo com as prioridades, a vida funcional dos professores estão regularizadas, os prazos de atendimento aos órgãos centrais são cumpridos, a documentação de alunos está em ordem , mas a falta de funcionários, prejudica um atendimento ágil, e acaba passando para o setor de gestão algumas funções como elaboração de gráficos, boletins escolares e elaboração de ofícios. B- Foi realizado um levantamento junto com os professores do material didático pedagógico, como fitas de vídeo , DVD e CD - ROOM, catalogação dos livros da biblioteca e abertura da mesma para empréstimo aos alunos, que era uma reivindicação antiga , livros para-didáticos, materiais esportivos, equipamentos áudio-visuais e materiais pedagógicos, no entanto a falta de espaço físico, as vezes atrapalha o desenvolvimento das atividades propostas, pois a Sala de Informática, abriga também a biblioteca; a sala de aula é a mesma da sala de vídeo, não há um espaço definido para as apresentações culturais, e a quadra poliesportiva não é coberta, o que prejudica as aulas em horários de pico de sol , entre 10:00 e 16:00 horas. A escola não possui laboratório na área de Ciências Físicas e Biológicas. 172 C- Temos como princípio manter a escola organizada e limpa, para que haja um melhor aproveitamento e rendimento escolar, já que uma escola organizada é mais agradável para se estudar e trabalhar. Mantemos projetos de valorização e revitalização do patrimônio escolar. O Projeto Escola Limpa, também faz parte das ações do Revivavida, os alunos mantém a limpeza das salas de aulas, cadeiras e carteiras após as aulas, e do pátio da escola após o intervalo, esta limpeza é realizada diariamente nos dois períodos diurnos, em sistema de rodízio entre as salas de aula . A manutenção de vidros, fechaduras, portas e paredes são feitas no momento da degradação para que não se acumulem gastos e também para que o aluno se acostume a ver tudo em ordem e dessa forma todos colaboram melhor na conservação. D- Sempre que há necessidade de recursos para realizarmos alguma atividade procuramos o apoio de parceiros , na comunidade, muitas vezes o auxílio e a parceria é através da prestação de serviço de pais, alunos e da comunidade, muitos dos projetos são viabilizados com o auxílio destas parcerias, como o provão temático , o Manual Escolar, a Conferência do Meio Ambiente, e as festividades. E- A Escola participa do Programa Escola da Família, ficando aberta aos finais de semana, com atividades de dança, bordado, pintura em tecido, atividades culturais , esportivas, de orientação ao ingresso no mercado de trabalho, padaria artesanal , informática e de assistência a comunidade como corte de cabelo gratuito em integração com os projetos desenvolvidos na escola ao longo da semana. A escola propicia o uso da quadra não somente aos alunos, mas também aos pais para jogarem futebol aos finais de semana. F- Toda a execução dos recursos financeiros da escola , passa pela gestão participativa na definição dos gastos dos recursos próprios e verbas recebidas pelo Governo do Estado. A utilização dos recursos é discutida democraticamente em todos os segmentos do colegiado , dando prioridade aos gastos mais urgentes a que a verba é destinada. A prestação de contas é apresentada em toda a reunião de pais e ao Conselho Fiscal da APM e demais membros. Fonte: Relatório do Prêmio Gestão 2006 e Relatório do Projeto Revivavida 2006. 173 ANEXO XIX - REPORTAGEM DE JORNAL – EMPRESA ALLEVARD Fonte: Arquivo da Escola Altair Polettini, 2008 174 ANEXO XX – RECORTE DO JORNAL “ A COMARCA” Fonte: Arquivo da Escola, s/d 175 ANEXO XXI – RECORTE DO JORNAL “ A COMARCA” Fonte: Arquivo da Escola,s/d 176 ANEXO XXII - RECORTE DO JORNAL “ECO-VISA” Fonte: Arquivo da Escola, 2007 177 ANEXO XXIII- FOLDER DA PROGRAMAÇÃO DA Iª CONFERÊNCIA INFANTOJUVENIL PELO MEIO AMBIENTE Fonte: Arquivo da Escola Altair Polettini,2003 178 ANEXO XXIV - FOLDER DA II CONFERÊNCIA INFANTO-JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE Fonte: Arquivo da Escola Altair Polettini, 2005 179 ANEXO XXV – RELATÓRIO DA III CONFERÊNCIA INFANTO-JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE TEMA DO PROJETO: - CONFERÊNCIA INFANTO JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE DISCIPLINAS: Interdisciplinar SÉRIES:Ensino Fundamental e Médio PROFESSOR: Todos os professores DATA: 31/08/2006 01/09/2006 LOCAL: Escola CONTEÚDO TRABALHADO • Interdisciplinariedade, socialização, integração e cooperação OBJETIVOS PROPOSTOS • Propor a integração entre escola e comunidade • Proporcionar a cidadania • Proporcionar relações de respeito entre pais e alunos • Trabalhar a conscientização da preservação do meio ambiente e a sua importância para a nossa sobrevivência AÇÕES REALIZADAS Houve integração e participação dos alunos, professores, direção, coordenação e comunidade escolar para a preparação e organização do evento. III CONFERÊNCIA INFANTO JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE: COMO VAMOS CUIDAR DO BRASIL? Nos dias 29/08 - 31/08 e 01/09 , a E.E. Profa. Dra. Altair F.F. Polettini, realizou a IIIª Conferência Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente: Como vamos cuidar do Brasil ? Essa proposta é do MEC- Ministério da Educação e Cultura – Governo Federal. Essa Conferência tem como objetivo mobilizar os alunos para uma consciência ativa e crítica diante da realidade em que vivemos, buscando uma melhor qualidade de vida através de busca de ações para a melhoria do meio ambiente ( saúde, comunidade, ações solidárias, ética, cidadania, violência, drogas, sexualidade, preconceito e mercado de trabalho) na busca de um mundo melhor. Nesses dias, a escola se mobilizou para a Conferência, com palestras direcionadas a cada tema, onde os alunos estiveram subdivididos por turmas num ambiente propício a discussões. O encerramento se deu com a plenária onde os alunos apresentaram os temas discutidos sob a forma de cartazes, peças teatrais, músicas e outras atividades partindo da criatividade do grupo. Também tiveram um café com bolos, bolachas e sucos para todos, onde a arrecadação dos alimentos e a confecção dos bolos são todos preparados pelos próprios alunos e encerramento com Banda Musical NO CHANCE, formada por alunos do Ensino Fundamental e Médio. PROGRAMAÇÃO DIA 29/08/2006 – TURMAS DO PERÍODO NOTURNO 19:00 – Abertura 19:30 – Palestras • Como vamos cuidar da nossa Sexualidade? • Como vamos nos proteger contra as Drogas? • Como vamos nos preparar para o Mercado de Trabalho? 20:30 – Intervalo 20:45- Discussões 21:30 – Apresentações 22:30 – Encerramento 180 DIA 31/08 – TURMAS DO PERÍODO DA MANHÃ 8:30- Credenciamento dos alunos 9:00 – Abertura: Hino Nacional Apresentação de dança Afro 9:30 – Palestras • Como vamos cuidar da nossa Sexualidade? • Como vamos participar da Política e Cidadania? • Como vamos planejar nosso Futuro? • Como vamos cuidar da nossa Comunidade? • Como vamos nos preparar para o Mercado de Trabalho? • Como vamos cuidar da nossa Qualidade de Vida? • Como vamos promover a solidariedade? • Como vamos combater o preconceito e a violência? 10:30 – Café 10:45 – Debate 12:00 – Almoço 13:00 – Discussão das Propostas de Ações 14:30 – Apresentações 16:00 – Encerramento com o Grupo Musical NO CHANCE DIA 01/09 – TURMAS DO PERÍODO DA TARDE 8:30- Credenciamento dos alunos 9:00 – Abertura: Hino Nacional - Apresentação de dança Afro 9:30 – Palestras • Como vamos cuidar da nossa Solidariedade? • Como vamos cuidar da nossa Saúde e Higiene? • Como vamos cuidar da nossa Saúde Bucal? • Como vamos cuidar do nosso Meio Ambiente? • Como vamos cuidar da nossa Escola? • Como vamos cuidar da nossa Qualidade de Vida? • Como vamos promover as Ações Solidárias? • Como vamos promover a Ética e a Responsabilidade? 10:30 – Café 10:45 – Debate 12:00 – Almoço 13:00 – Discussão das Propostas de Ações 14:30 – Apresentações 16:00 – Encerramento com apresentações de música e dança CONFERENCISTAS * Dra. Valdete Maria Ruiz -Psicóloga, - Mestre e Doutora em Psicologia * Profa. Maria Emília Tavares de Oliveira -Coordenadora Ambiental da EcoEscola Visa Fértil * Dr. Rogério José Ficolomo Júnior -Promotor de Justiça da 2ª Vara Criminal de Mogi Mirim * Dr. Carlos Jorge Osti Pacobello -Advogado * Profa. Ms. Mara Fernanda Alves Ortiz -Mestre em Educação pela Unicamp * Profa. Maria do Carmo Garros Zorzetto -Professora de Geografia – Coordenadora do Ensino Médio Na ETE – Pedro Ferreira Alves 181 * Prof. Roberto José de Fátima Magalhães-Professor de Biologia – Coordenador de Meio Ambiente e Extra Curriculares do ETE- Pedro Ferreira Alves * Profa. Dra. Patrícia Aleni Boer -Profa. do Curso de Educação Física da Universidade Uniararas * Profa. Dra. Rosa Maria Scanavini -Profa. da Universidade Uniararas * Profa. Dra. Elaine Regina Mendes -Profa. do Curso de Odontologia da Universidade Uniararas * Profa. Elaine Ribeiro -Profa. do Curso de Enfermagem da Universidade Uniararas *Adriana Dias Oliveira -Graduanda em Enfermagem pela Universidade Uniararas * Dra. Lycia Inês Moreira da Silva -Médica Pneumologista e Integrante do Viva Bem – Unimed * Darly Noronha -Presidente da ACOJAMBA – Associação dos moradores do Bairro * Rogéria Beatriz Loura -Chefe do Cartório Eleitoral * Márcio Rogério Siqueira -Gerente D`Paschoal * Osvaldo Luiz Miranda -Professor da Faculdade Municipal Franco Montoro de Mogi Guaçu AVALIAÇÃO E PRODUÇÃO DOS ALUNOS Participação dos alunos nos preparativos, organização, e desfile. AVALIAÇÃO DOS ALUNOS ( PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS) RELATÓRIO T TEMA: COMO VAMOS NOS PREPARAR PARA O MERCADO DE TRABALHO DATA: 29/08/2006 – período noturno – Ensino Médio PALESTRANTE: PROF. MAGALHÃES • Importância dos cursos técnicos • Informática • Elaboração de currículo • Como se apresentar em uma entrevista • Entregar os currículos, de acordo com o que se pede na empresa. TEMA: COMO DEVEMOS NOS PROTEGER CONTRA AS DROGAS DATA: 29/08/2006 – período noturno – Ensino Médio PALESTRANTE: CRISTINA – ATP DIRETORIA DE ENSINO • Homofobia – são pessoas que não suportam os homossexuais, estas são totalmente desprezadas. • Bulling – discriminação que trás problemas para os colegas, eles acham qualquer motivo para “zoar” a pessoa.Isso interfere muito no emocional, e pode levar problemas sérios para a pessoa. • Homossexualismo – é uma opção pessoal, que ninguém tem direito de criticar.Cada um tem opção de escolha. TEMA: SEXUALIDADE DATA: 29/08/2006 – período noturno – Ensino Médio PALESTRANTE: PROFa. MARIA ROSA – UNIARARAS • A importância da prevenção • Métodos contraceptivos • DST • Gravidez na Adolescência • Valores 182 • Auto-estima com o corpo TEMA: COMO VAMOS NOS PREPARAR PARA O MERCADO DE TRABALHO DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio PALESTRANTE: PROF. OSVALDO – FACULDADE FRANCO MONTORO Precisa de: • Qualificação/atualização • Boa oralidade • Boa aparência • Comportamento • Competência • Quociente emocional • Ética Profissional ‘SONHE PARA REALIZAR, PLANEJE GRANDE, FAZENDO PEQUENO” TEMA: COMO VAMOS PARTICIPAR DA POLÍTICA E DA CIDADANIA DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio PALESTRANTE: Rogéria – Cartório Eleitoral • importância do voto • a nova legislação • Proibição aos candidatos de distribuição de brindes como: bonés, camisetas,etc. • Artistas não podem fazer propagandas partidárias • O outdoor terá que ter somente 4 m2 em propriedades particulares. • Os candidatos só poderão expor suas propostas através de comícios, sem shows artísticos. • 98% de chances de não haver fraudes nas urnas eletrônicas. • Período da propaganda eleitoral: início – 15/08 – término – 28/09 • Slogan do TSE de 2006 – PENSE E VOTE • A Eleição é a base do andamento do país, portanto sejamos conscientes na hora de votar. TEMA: COMO VAMOS NOS PROTEGER DA VIOLÊNCIA E LUTAR CONTRA OS PRECONEITOS DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio PALESTRANTE: Dr. Rogério – Promotor de Justiça • O que é preconceito? • Julgar as pessoas sem conhece-las, pela aparência, situação sócio econômica e etc. A discriminação é a ação gerada pelo preconceito. Ex. Restaurantes que não permitem a entrada de negros ( este ato, segundo a lei 7.716/89, leva o responsável a uma pena de 2 a 3 anos de prisão). • Violência O principal problema do Brasil é a impunidade, a justiça além de ser lenta, atinge a classe menos favorecida. O preconceito e a droga gera violência. • Por que os jovens procuram as drogas? Covardia, curiosidade, influência de amigos. 183 COMPARANDO A VIDA DE UM USUÁRIO DE DROGAS À UMA VELA EXPERIMENTADOR - a intenção é só experimentar. OCASIONAL – usa droga só uma vez por semana HABITUAL – usa uma vez por dia DISFUNCIONAL – usa todas as horas em qualquer lugar TEMA: COMO VAMOS MELHORAR NOSSA QUALIDADE DE VIDA DATA: 31/08/2006 – Período Manhã – 8ª EF e Ensino Médio PALESTRANTE: Dra. Lycia • Antes de fazer qualquer coisa PARE E PENSE • “ A FELICIDADE NÃO ESTÁ NA PARTIDA, NEM NA CHEGADA. ESTÁ NA TRAVESSIA” ( Guimarães Rosa) • RIR É O MELHOR REMÉDIO • Promover saúde é promover a vida • Cultivar relações familiares. RISCOS PARA A SAÚDE: • Hipertensão • Fumo • Colesterol • Subalimentação • Obesidade • Sexo semproteção • Carência de Ferro • Fumaça de Combustível • Água sem tratamento QUALIDADE DE VIDA É TER SAÚDE É RESPEITAR O CORPO E A MENTE”. POESIA Saúde é uma salvação Salvação física e mental, Qualidade de vida é Uma conquista pessoal. Levar a vida sempre sorrindo Na maior alegria, Sem ficar se preocupando Com os problemas do dia-a-dia Amanhecer o dia Sempre sorridente, E nunca desistir Por causa dos problemas que vem pela frente. Ame ao próximo Como a si mesmo 184 Não deseje aos outros O que não deseja para si mesmo. Não leve a vida numa correria Senão você pode cair. Mas levante e persista Leve a vida sempre a sorrir. TEMA: COMO VAMOS PARTICIPAR DE NOSSA COMUNIDADE? DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio PALESTRANTE: ANGELA – AGENTE DE SAÚDE E DARLY – ACOJAMBA • RELAÇÔES SOLIDÁRIAS Como eu vejo a comunidade? O bairro é agradável Por quê? Boa distribuição de escolas, creches, o posto de saúde atende às necessidades dos moradores. O crescimento do bairro é um aspecto positivo ou não? Positivo, há a integração relativa dos moradores. Há uma integração da comunidade com o meio ambiente? Não existe uma falta de consciência de todos perante o ambiente ecológico do bairro. Como mudar essa situação? Desenvolver uma consciência educacional. Usar a imprensa como meio de informação desses problemas, voltada à comunidade. UMA DAS MAIORES NECESSIDADES É A FORMAÇÃO DE UMA PARCERIA: ESCOLA/COMUNIDADE E ESCOLA/ASSOCIAÇÃO DE MORADORES (ACOJAMBA) TEMA: COMO VAMOS NOS PREPARAR PARA O FUTURO? DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio DRA. VALDETE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL CRITÉRIOS PESSOAIS • Personalidade • Interesse • Valores • Estilo de vida AUTO CONHECIMENTO CRITÉRIOS AMBIENTAIS • mundo do trabalho • opções de carreira • Mundo da educação • Escolas • Acesso • Técnico/TECNÓLOGO/Superior CONHECIEMNTO DO MERCADO BOA DECISÃO!!!!!!!!! TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DA NOSSA SEXUALIDADE ? DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio PALESTRANTE: MARIA ROSA (UNIARARAS) • Sexualidade é diferente de sexo. • Preconceito com opção sexual PALESTRANTE: 185 • • • • • Comunicação DST: vaginites, gonorréia, candidíase, tricononíase, cancro molo, Cancro duro, cancro intermediario, sífilis, gonorréia, clamídia, crista de galo, entre outros. Promiscuidade: vários parceiros Drogas injetáveis: falta de higiene PROBLEMA: FALTA DE PREVENÇÃO TEMA: COMO VAMOSPRATICAR AS AÇÕES SOLIDÁRIAS? DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio PALESTRANTE: VALDÍVIA – ALMA MATER Sempre temos algo par ensinar e aplicar, primeiro temos que ver, refletir sobre o ato e começar a agir. Afinal, trabalhando pelas pessoas e pela comunidade que conseguimos grandes objetivos. PARA QUE TUDO ISSO ACONTEÇA DEVEMOS TER INICIATIVA!!!!!!!!!!!!!!! PROPOSTA: Visita e arrecadação de alimentos e produtos de higiene para entidades carentes: Asilos, Alma Mater e Hospitais. TEMA: COMO PODEMOS CUIDAR DA NOSSA QUALIDDE DE VIDA DATA: 01/09/2006 – período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental PALESTRANTE: Ana Paula – Uniararas “QUALIDADE DE VIDA É TER SAÚDE, VIVER BEM E ACIM DE TUDO SER FELIZ”. • Saúde • Higiene • Respeitosamente, Lazer • Alimentação • Atividade Física • Descanso • Dizer não ao vícios REMÉDIOS – Rir é o melhor remédio, pois libera seratonina e endorfina AUTO MEDICACAÇÃO– intoxicação FAIXA PRETA – muito perigoso (receita retida) FAIXA VERMELHA- só com receita médica SEM FAIXA – tomar com controle farmacêutico VACINAS – maioria deve ser tomada no Glúteo ALIMENTAÇÃO • Carnes vermelhas • Legumes • verduras • carnes brancas • frutas e cereais DICA – QUANTO MAIS SAUDÁVEL SERÁ ‘’ SAÚDE É O QUE INTERESSA O RESTO NÃO TEM PRESSA”. TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DA NOSSA ESCOLA DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental PALESTRANTE: Ms. Mara Fernanda ESCOLA / CIDADANIA 186 Educação Gentileza Respeito QUERER Discriminação Violência Obrigação NÃO QUERER TEMA: COMO VAMOS nos comportar com ética, respeito e responsabilidade DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental PALESTRANTE: Valdívia – Alma Mater RESPEITO: significa se colocar no lugar do outro ÉTICA: significa nunca pegar as coisas que não te pertence, mesmo que seja qualquer coisa. E sempre pensar no próximo, e nunca em uma profissão comentar sobre um colega de trabalho, isso é uma pessoa anti-ética. RESPONSABILIDADE: Devemos ser responsáveis no nosso dia-a-dia, não deixando para o outro aquilo que compete a nós! A família é a grande referência de valores morais como o respeito, a ética e comportamento. É na família que o ser humano deve se sentir seguro, amado e respeitado. Condições que se não forem satisfeitas, podem desestruturara a personalidade da criança, por melhor que seja a escola!!!! TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DO NOSSO MEIO AMBIENTE DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental PALESTRANTE: Maria Emília – Visa Fértil ÁGUA 97,3% água salgada 2,7% água doce ( geleiras, regiões subterrâneas) 0,02% água doce MOGI MIRIM Não tem tratamento de esgoto, o esgoto doméstico industrial é jogado direto no rio. LIXO 30 bilhões de toneladas é jogado no meio ambiente Reciclagem: - vidro demora 1 mil ou mais anos para se decompor na natureza. FOME Dos 180 milhões de pessoas , 14 milhões passam fome, no Brasil. FLORESTA AMAZONICA – Ela ocupa 61% do território, mas já foi desmatado 17% acabando com a Fauna (animais) e a Flora ( plantas). ANIMAIS EM EXTINÇÃO Mico – leão, lobo guará, arara azul, jaguatirica e tamanduá bandeira. TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DA NOSSA SEXUALIDADE DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental PALESTRANTE: Adriana TÓPICOS • Aids • DST • Prevenção • Métodos Anticoncepcionais O USO CORRETO DE PRESERVATIVOS (masculino e feminino) é fundamental na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, o tratamento é gratuito em todas unidades públicas de saúde .Parceiros de pessoas com DST devem receber o mesmo tratamento. DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 187 O que é corrimento feminino? Caracteriza-se por secreções vaginais de cor amarelada, esverdeada ou esbranquiçada, provocadas por fungos e bactérias. Podem exalar mau cheiro, provocar coceira ou ardor ao urinar. Candidíase É uma doença provocada por fungos. Não é sexualmente transmissível. Entre seus sintomas estão coceira, ardor ou dor ao urinar, além de corrimento branco semelhante a “leite coalhado”, acompanhado ou não de fissuras na vulva. TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DA NOSSA HIGIENE E SAÚDE DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental PALESTRANTE: UNIARARAS • Tomar banho diariamente para evitar doenças de pele. Não deixar nenhum tipo de produto no couro cabeludo ( cremes e gel ) • Usar somente produtos indicados. • Escovar os dentes no mínimo – 4 vezes ao dia e logo após passar o fio dental corretamente, para evitar doenças na gengiva ( gengivite, tártaro). • Manter sempre as unhas cortadas e limpas. TEMA: COMO VAMOS PROMOVER A SOLIDARIEDADE DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental PALESTRANTE: Márcio COMO SER UM BOM VOLUNTÁRIO? • Colocar a ética em primeiro lugar e em todas as decisões. • GANHOS PARA O VOLUNTÁRIO • auto- confiança • visão de um mundo ampliado • responsabilidade • GANHOS PARA A SOCIEDADE • pessoas conscientes da realidade social • um círculo virtuoso da comunidade, ajudando a comunidade. QUEM É O VOLUNTÁRIO? • realizar um trabalho gerado pela energia de seu impulso. TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DOS NOSSOS DENTES DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental PALESTRANTE: UNIARARAS IMPORTÂNCIA DOS DENTES • mastigação – boa digestão – bom funcionamento do intestino – voz (timbre) • ESMALTE DOS DENTES Estrutura mais dura do corpo humano protege a dentina A ESCOVAÇÃO DENTAL IDEAL: • cabo reto • cabeça pequena • cerdas macias e alinhadas • creme dental com flúor. PÚBLICO ALVO: Alunos, professores, comunidade, direção, coordenação, funcionários, parceiros. PARCERIAS: As parcerias foram essenciais nesse dia. Foram parceiros dessa III Conferência PARCERIAS POTENCIAIS – Unimed, D.Paschoal, Visafértil, Nossa Caixa, Profissionais Liberais, Uniararas, ETE Pedro F.Alves, Pessoas da Comunidade e da Associação de 188 Bairro,Faculdade Municipal Franco Montoro , Cartório Eleitoral, Divem, Restaurante Santa Cruz, Sulamericana e Caixa Federal PARCERIAS NATURAIS – Promotoria, Posto de Saúde do Bairro EFICÁCIA: Nº Alunos: 100% alunos do Ensino Fundamental e Médio Nº DE PROFESSORES: 35 professores Nº de FUNCIONÁRIOS: 09 funcionários COMUNIDADE: parceiros EFICIÊNCIA: TEMAS GERADORES: Cidadania e Saúde, Agricultura e Alimentação, Lixo, Recursos Naturais TEMPO DA ATIVIDADE: 22 horas de evento e um mês de preparação META: Conscientização ecológica , social, política, cultural . Fonte: Relatório Projeto Revivavida, 2006 189 ANEXO XXVI - QUESTÕES PARA A DIREÇÃO E COORDENAÇÃO, COMO PARTE DA PESQUISA PARA A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO DA MESTRANDA SAMIRA MAXIMIANO SCHIAVONREFERENTE AO PROJETO REVIVAVIDA E A PRÁXIS EDUCATIVA NA E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI. Eu,____________________________________________, RG._________________ concordo em participar do questionário, assim como a utilização dos dados para serem analisados na dissertação do mestrado citado acima. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL Nome ________________________________________________Idade____________ Formação Acadêmica(graduação)___________________________________________ Outra:_________________________________________________________________ Ano que se formou _______________________Tempo no magistério ______________ Cursos de Pós-Graduação realizados ( área)___________________________________ ______________________________________________________________________ Séries em que leciona ____________________________________________________ A quanto tempo na EE Altair Polettini _______________________________________ Outra função que já assumiu na educação_____________________________________ 1. 2. 3. 4. Qual a importância da Educação Ambiental na escola? Quais eram ou são os objetivos do Projeto Revivavida? Qual a finalidade do Projeto Revivavida? Quais foram as etapas de elaboração do Projeto Revivavida? 5. 6. 7. 8. Houve algum documento que subsidiou o trabalho do Revivavida? Durante quantos anos foi realizado o Projeto Revivavida? Houve redefinição dos objetivos e dos projetos ao longo dos anos? Por quê? Se não foram alcançados os objetivos, comente os principais fatores que prejudicaram implementação do projeto na escola. Quais as principais dificuldades encontradas para a realização dos projetos? Estas dificuldades foram superadas? Como? Quais as instituições parceiras para o desenvolvimento do projeto? E de que forma elas colaboraram? Em relação ao professores, houve resistência ou desistência de professores no decorrer 9. 10. 11. 12. do desenvolvimento do projeto? Por quê? 13. Como foi a repercussão do Projeto Revivavida junto aos: a) Professores: b) Alunos: c) equipe gestora: d) pais: e) comunidade/bairro: 190 f) parceiros: 14. Qual o alcance do Projeto Revivavida? ( local/global?) Por quê? 15. Houve planejamento e avaliação coletiva do Projeto Revivavida? Como foram realizadas? 16. Está havendo continuidade do Projeto Revivavida esse ano? Quais atividades ermanecem? ( Qual(is) o(s) motivo(s), caso não esteja acontecendo mais as atividades). 17. A escola está desenvolvendo outros projetos com a temática ambiental? 18. Qual a dimensão histórica do Projeto Revivavida? 19. Quais aspectos foram facilitadores ou não para o processo de aprendizagem? 20. Como você define: educação de qualidade na escola pública estadual (SEE/SP)? 21. No seu ponto de vista o Projeto Revivavida contribuiu para a educação de qualidade na E. E. Altair Polettini? Por quê? 22. Como você vê a relação gestão democrática e as políticas públicas de educação. Especialmente as desenvolvidas pela (SEE/SP) . 23. Um comentário sobre o Projeto Revivavida. 191 ANEXO XXVII – QUESTÕES PARA OS PROFESSORES, COMO PARTE DA PESQUISA PARA A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO DA MESTRANDA SAMIRA MAXIMIANO SCHIAVON- REFERENTE AO PROJETO REVIVAVIDA E A PRÁXIS EDUCATIVA NA E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI Eu,____________________________________________, RG._________________ concordo em participar do questionário, assim como a utilização dos dados para serem analisados na dissertação do mestrado citado acima. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL Nome ________________________________________________Idade____________ Formação Acadêmica(graduação)___________________________________________ Outra:_________________________________________________________________ Ano que se formou _______________________Tempo no magistério ______________ Cursos de Pós-Graduação realizados ( área)___________________________________ ______________________________________________________________________ Séries em que leciona ____________________________________________________ A quanto tempo na EE Altair Polettini _______________________________________ Outra função que já assumiu na educação_____________________________________ A- PAPEL DO PROFESSOR A1 – Quem sou eu? A2- Por que ser professor (a)? Educador ou professor? A3 – O que significa ensinar? A4 – Escreva três palavras que te descrevem como professo. Escolha uma e justifique sua escolha. Um sentimento que te define como professor(a). A5 – Que valores você defende como professor? Destaque um e justifique sua escolha. A6 – Você vive algum dilema com relação à profissão? Que dilema é esse? Como você tem procurado resolve-lo? A7 – O que te alegra como professor(a)? O que te deixa triste? Por quê? A8 – Um sonho que você gostaria de ver realizado. A9 – O que faz continuar sendo professor(a)? B- RELAÇÕES INTERPESSOAIS B1- O que você acha dos adolescentes de hoje em geral? B2 – Como você sente que é a sua relação com os jovens alunos? B3 – Como é o relacionamento entre alunos-professor : a-) sala de aula; b-) em outros espaços. 192 B4 – Qual foi o fato que mais lhe marcou durante sua trajetória enquanto professor destes jovens? Por quê? Que satisfações ou frustrações este processo lhe trouxe? B5 - Qual a importância da Educação Ambiental na escola? B6 – Como a escola poderia ser organizada de modo a favorecer a aprendizagem do professor e do aluno de forma colaborativa. B7 – Como você analisa a relação professores-equipe gestora (direção – vice-direção). B8 – Como você analisa a relação professores – coordenação pedagógica. C – PRÁTICAS PEDAGOGICAS C1 – Quais são suas concepções sobre avaliação? C2 – A maneira como você foi avaliado durante a sua vida escolar exerce influencia sobre a sua maneira de avaliar os alunos? C3 – Na EE Altair Polettini, existem projetos envolvendo várias disciplinas? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe C4 – Se sim, quais seriam, ano de 2009. C5 – Quais disciplinas geralmente estão mais envolvidas? Por quê? C6 – O Projeto Político Pedagógico de sua escola contempla, prevê projetos envolvendo diversas disciplinas? De que maneira? C7 – Há um questionamento sobre os objetivos da escola ou sobre o currículo? C8 – Onde e como ocorrem estes questionamentos? D- PROJETOS INTERDISCIPLINARES, O PROJETO REVIVAVIDA E O MEIO AMBIENTE. D1 – Qual a sua concepção de meio ambiente? D2 – Você sabe dizer o que é o Projeto Revivavida? D3- O nome do projeto tem a relação com a concepção que você tem de educação? Justifique. D4 – Você compreende o Projeto Revivavida como um projeto de educação ambinetla, de cidadania ou de ética, ou outro e por quê? Justifique. D5 – Para qual finalidade ele foi elaborado? Por que empreendemos esse projeto? D6 – O que você entende por interdisciplinariedade? E disciplinaridae? Você compreende o Revivavida desta forma? D7 – como e quando os projetos interdisciplinares são desenvolvidos e aplicados? D8- Houve ou ainda há obstáculos para a concretização de projetos dessa natureza? Cite os principais obstáculos e comente de que maneira eles dificultam ou facilitam a concretização de projetos. 193 D9- Como estão distribuídos os tempos e espaços de aprendizagem na escola? D10 – O trabalho com projetos dificulta ou facilita a aprendizagem? D11- Com que freqüência as aulas ocorrem em espaços extra-escolares? Como e onde geralmente ocorrem essas aulas? D12 – A adoção de projetos tem influenciado os alunos que apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem? De que forma? D13 – Nossas finalidade e projetos mudaram no caminho? Uns se intensificaram e outros terminaram . Por quê? D14 – As estratégias são apropriadas? A dinâmica de trabalho é saudável? Comente. D15 – O que aprendemos durante a realização do projeto? D16 – O que ainda devemos aprender? D17 – Qual ou quais projetos do REvivavida participei ativamente e foi muito significativo para mm? D18 – Houve uma aproximação interpessoal durante a realização do projeto seja ela professoraluno, professor-direção, professor-coordenador, professor-funcionário, ou outro segmento.( família, bairro, empresa). D19 – Algumas considerações sobre o Projeto REvivavida, a escola, a comunidade escolar e sua prática pedagógica. 194 ANEXO XXVIII - QUESTÕES PARA OS ALUNOS COMO PARTE DA PESQUISA PARA A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DA MESTRANDA EM EDUCAÇÃO SAMIRA MAXIMIANO SCHIAVON- REFERENTE AO PROJETO REVIVAVIDA E A PRÁXIS EDUCATIVA NA E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI. Eu,____________________________________________, RG._________________ concordo em participar do questionário, assim como a utilização dos dados para serem analisados na dissertação do mestrado citado acima. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL Nome ________________________________________________Idade____________ Série (2009) ______________ Período:______________________ A quanto tempo estuda na EE Altair Polettini - série_____________ano____________ A - ALUNO E ESCOLARIZAÇÃO – COMO É SER ALUNO E ADOLESCENTE A1 - Como é para você ser adolescente? A2 - E ser um aluno adolescente? A3 – Como você, enquanto jovem, se sente visto pelos seus professores, coordenadoras, direção e funcionários da EE Altair Polettini. A4 – Como é para vocês viver o dia-a-dia escolar? O que acontece no dia-a-dia? O que vocês acham dessa rotina? A5 – Vocês fazem algo para quebrar essa rotina ou ir além dela? Participação em algum projeto realizado na escola? A6 – O que vocês mais gostam desta experiência escolar? E o que mais lhes incomoda? Por quê? Como seria, na opinião de vocês, uma boa experiência escolar? O que precisaria ter e acontecer neste processo? A7. O que significa para você uma educação de qualidade? A8 – Na sua opinião a EE Altair Polettini, apresenta uma educação de qualidade? Justifique. B. OS PROJETOS INTERDISCIPLINARES, O PROJETO REVIVAVIDA E O MEIO AMBIENTE B1 – Qual a sua concepção de meio ambiente? B2 - Você sabe dizer o que é o Projeto Revivavida? B3- Você compreende o Projeto Revivavida como um projeto de educação ambiental, de cidadania, de ética, todos ou outro e por quê ? Justifique. B4 – No seu ponto de vista, o trabalho com projetos dificulta ou facilita a aprendizagem? Justifique. B5 – Cite algum projeto que te auxiliou na aprendizagem e de que forma. 195 B6 – Alguns dos projetos que você participou, compartilhou a experiência em sua casa, trabalho e comunidade? Qual projeto? E como você compartilhou. B7 – Qual ou quais projetos do Revivavida participou ativamente e foi muito significativo para você? Por quê? B8 – Houve uma aproximação interpessoal durante a realização do projeto seja ela professoraluno, professor-direção,professor-coordenador , professor- funcionário, ou outro segmento. (pode ser externo: família, bairro, empresa). B09 – Algumas considerações sobre o Projeto Revivavida, a escola, a comunidade escolar. C – PARTICIPE DAS QUESTÕES DO QUADRO ABAIXO: PROJETOS PARTICIPEI MB ( MUITO BOM) B (BOM) I (Pouco relevante) 1 CORAL ( ANO) 2 DANÇA (Qual/Quais) 3 CONFERÊNCIA INFANTO JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE (MEC) (ANO) 4 MOSTRA CULTURAL 5 CAMPANHAS DE AGASALHO 6 CAMPANHAS DE ALIMENTO 7 CAMPANHAS DE PRODUTOS DE HIGIENE 8 VISITAS AS ENTIDADES ASSISTENCIAIS E FACULDADES( QUAIS) 9 CAMPANHA DE NATAL 10 É ENGRAÇADO SER SÉRIO 11 ESCOLA DA FAMÍLIA 12 AGITA GALERA 13 OLIMPÍADAS ESPORTIVA E CULTURAL NÃO PARTICIPEI DESCONHEÇO 196 14 SAÚDE BUCAL (SEE) 15 HINO NACIONAL 16 VISITA DOS PROFESSORES INGLESES (SEE) 17 COMEMORAÇÕES E CONFRATERNIZAÇÕES (QUAIS) 18 SALA AMBIENTE DE INFORMÁTICA 19 CONCURSOS E PROGRAMAS TELEVISIVOS (QUAIS) 20 PROVÕES TEMÁTICOS 21 DIA D COMBATE À DENGUE (SEE/DREMM) 22 ÁGUA: HOJE E SEMPRE (SEE/DERMM) 23 CAMPANHAS E DICAS SOBRE O USO RACIONAL DA ÁGUA 24 COMEMORAÇÃO DIA DA ÁGUA 25 COLETA SELETIVA DO LIXO (COOPERVIDA 26 VISITA À COOPERATIVA DE CATADORES 28 PALESTRAS COM NUTRICIONISTAS 29 DEBATE SOBRE TRANSGÊNICOS 30 ADEQUAÇÃO DA CANTINA ESCOLAR 197 31 LEVANTAMENTO DA ÁREA VERDE E DEGRADA DO BAIRRO 32 ECOSSISTEMA DO ENTORNO 33 PLANTIO DE ÁRVORES NA NASCENTE DO CORREGO DO LAVAPÉS MEU RECADO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E OS PROJETOS DO REVIVAVIDA. 198 ANEXO XXIX Fonte: Relatório Projeto Revivavida, 2003 199 ANEXO XXX Fonte: Relatório Projeto Revivavida, 2003 200 ANEXO XXXI Fonte: Arquivo da Escola, 2007 201 ANEXO XXXII Fonte: Arquivo da Escola, 2005. 202 ANEXO XXXIII Fonte: Arquivo da Escola, 2005. 203 ANEXO XXXIV Fonte: Arquivo da Escola,2003. 204 ANEXO XXXV Fonte: Arquivo da Escola, 2006. 205 ANEXO XXXVI Fonte: Arquivo da Escola, 2004. 206 ANEXO XXXVII Fonte: Arquivo da Escola, 2005. 207 ANEXO XXXVIII Fonte: Arquivo da Escola, s/d. 208 ANEXO XXXIX Fonte: Arquivo da Escola, s/d. 209 ANEXO XL Fonte: Arquivo da Escola, s/d. 210 ANEXO XLI Fonte: Arquivo da Escola, s/d. 211 ANEXO XLII Fonte: Arquivo da Escola, s/d. 212 ANEXO XLIII - RELÁTORIO DA ETAPA III – IV – V : VER / JULGAR / AGIR Analisando o mapa do entorno da escola e dos bairros atendidos, passando pela sensibilização e fazendo um levantamento da paisagem pudemos chegar a algumas conclusões que devem ser trabalhadas e tratadas dentro dos projetos desenvolvidos pela escola durante o ano de 2006. PAISAGEM VER QUALIDADE DO AR SITUAÇÃO EXPECTATIVA JULGAR AGIR Poluição do ar, por uma Conversa com a empresa empresa situada nas proximidades da escola ÁGUA – Córrego Lavapés Abandonado Entrar em contato com a Prefeitura Municipal, para providenciar a limpeza e manutenção da área ÁREA DE LAZER Quadra da escola – bem Utilização da quadra do Salão conservada e aberta a Paroquial e do Salão da comunidade nos finais de Acojamba em parceria com a semana comunidade Praça Pública abandonada Salão Paroquial Salão da Acojamba ATIVIDADES Estabelecimentos comerciais, ECONOMICAS Profissionais liberais – Empresas Multinacionais Concessionárias de Carro Parcerias Potenciais 213 SERVIÇOS BÁSICOS Posto de Saúde Coleta Seletiva do Lixo na Escola de Ciclo I comunidade Água encanada Trabalhar com as parecerias Iluminação Pública naturais Coleta do Lixo Asfalto Rede de Esgoto POPULAÇÃO Classe Baixa – com renda na faixa de 01 a 02 salários mínimos Classe Média – com renda na faixa de 02 a 03 salários mínimos, a maioria das casa são populares, financiadas, próprias ou de aluguel. GRÁFICO DE CLASSIFICAÇÃO DE PRIORIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS PROJETOS NO ANO DE 2006 * Gráfico realizado através de sondagem com toda a comunidade escolar – professores, funcionários, alunos , pais de alunos e comunidade. 214 AGIR – ANTES E DEPOIS/ TEMA GERADOR O que fazer para mudar isto? Promover na comunidade uma campanha sobre a qualidade de vida, e o bem estar físico, psíquico e social. Iniciando com uma pesquisa pelo bairro, fazendo um levantando de dados a respeito da saúde física como número de casos de diabéticos, hipertensos, obesidade. Sobre a utilização do posto de saúde e dos serviços públicos da área de saúde no bairro, sobre quem pratica alguma atividade física e com que freqüência. Visita ao postinho para levantamento de dados sobre a freqüência da comunidade no posto de saúde. Com base no levantamento de dados organizaremos turmas de alunos monitores para acompanharem o desenvolvimento do projeto nas áreas que mais necessitarem. Promoveremos dias de conscientização e divulgação do benefícios da prevenção das doenças e encaminhamentos aos órgãos responsáveis quando houver necessidade. Fonte: Relatório Projeto Revivavida, 2006