CENTRO UNIVERSITÁRIO LA SALLE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - COMÉRCIO EXTERIOR ALBA GRISELDA MALISCA DE OLIVEIRA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: UMA PROPOSTA PARA A INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS VRS CANOAS, 2012 ALBA GRISELDA MALISCA DE OLIVEIRA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: UMA PROPOSTA PARA A INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS VRS Trabalho de conclusão apresentado à banca examinadora do curso de Administração Comércio Exterior, do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Administração habilitação em Comércio Exterior. Orientação: Prof. Vinicius Gehring Capellari CANOAS, 2012 ALBA GRISELDA MALISCA DE OLIVEIRA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: UMA PROPOSTA PARA A INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS VRS Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas Comércio Exterior do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, pela seguinte banca examinadora: Aprovado pela banca examinadora em 09 de julho de 2012. BANCA EXAMINADORA Profª Me. Andre Seidel UNILASALLE Profª Me. Fabio Maia UNILASALLE Profª – Me. Vinicius Gehrig Capellari - Orientador UNILASALLE Dedico este trabalho ao meu esposo, que tanto me ajudou fazendo possível minha jornada acadêmica, com todo apoio e carinho, responsabilizando-se com custos do curso e dando estrutura para que o objetivo fosse alcançado. AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de dar continuidade a meus estudos, pela força nas horas difíceis e por estar sempre me iluminando. Agradeço ao meu esposo Jacir, por me acompanhar em todos os momentos bons e ruins, pelo apoio financeiro, por acreditar em que seria capaz de concluir meus estudos e sentir orgulho em que conquiste a minha graduação. Aos meus familiares que apesar da distância me dirigiram palavras de incentivo e carinho quando escolhi morar e continuar meus estudos no Brasil. Aos colegas de curso, em especial aqueles com quem compartilhei trabalhos em grupo, pela ajuda e amizade durante a jornada acadêmica. Agradeço ao meu orientador Vinicius Capellari por ter estado sempre presente durante esse período, pela paciência e pelas explicações frente as minhas dúvidas durante o desenvolvimento do trabalho. A empresa VRS, em especial aos gerentes e colaboradores que disponibilizaram as informações para que pudesse realizar a pesquisa. Enfim, a todos aqueles que se preocuparam em me ajudar e me incentivaram em relação aos meus estudos. Como também aqueles que fizeram possível de forma direta ou indireta para que a elaboração deste trabalho fosse concluída. "Você precisa fazer aquilo que pensa que não é capaz de fazer!". (Eleonor Roosevelt) 6 RESUMO Este trabalho teve como objetivo propor um planejamento estratégico para a VRS Indústria de Laticínios LTDA, empresa familiar que tem como atividade principal a produção/envase e comercialização de produtos como leite e seus derivados. Para tanto, foi realizado um estudo de caso o qual se desenvolveu a partir de uma pesquisa diagnóstico, e as técnicas de coletas utilizadas foram questionários fechados, entrevistas em profundidade com a empresa e seus clientes. Em primeiro lugar foi necessário analisar o ambiente externo e interno da organização, identificando as oportunidades, ameaças, forças e fraquezas da empresa. Após foi criada uma identidade empresarial, onde se definiu a missão, visão, negócio, princípios e valores. A seguir, realizou-se o cruzamento e análise das informações obtidas dos ambientes externos e internos, a partir da coleta de dados aplicados na empresa e a seus clientes, onde se percebeu as potencialidades, desafios, riscos e limitações no ambiente em que atua. Com isso foram identificados os principais objetivos estratégicos que a organização precisa dar atenção para ter um nível de qualidade em seus produtos e serviços que a torne líder de mercado. Por fim, elaborou-se um mapa estratégico que demonstra a direção que a empresa deve tomar para atingir o seu principal objetivo. Palavras-chave: Planejamento. Estratégia. Planejamento estratégico. Matriz SWOT. 7 ABSTRACT This work had as objective to consider a strategical planning for VRS Indústria de Laticínios LTDA, familiar company who has as main activity the manufacturing and commercialization of products as milk and its derivatives. A case study was carried through from a diagnostic research with the use of closed questionnaires and interviews with the company and its customers. In first place it was necessary to analyze the external and internal environment of the organization, being identified the chances, threats, forces and weaknesses of the company. After an enterprise identity was created where if it defined the mission, vision, business, principles and values. Then, the crossing and analysis of the gotten information of external and internal environments it was realized. From the collection of data applied in the company and its customers perceived the potentialities, challenges, risks and limitations in the environment where it acts. The main strategical objectives had been identified to organization to be a market leader. Finally, a strategical map was elaborated that demonstrates the direction that the company must take to reach its main objective. Keywords: Planning. Strategy. Strategical planning. SWOT Analysis. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Logotipo da marca dos produtos da VRS ..............................................................17 Figura 2 - Produtos da VRS Indústria de Laticínios...............................................................18 Figura 3 - Organograma da empresa........................................................................................19 Figura 4 - Níveis de decisão e tipos de planejamento..............................................................33 Figura 5 - Metodologia do planejamento estratégico...............................................................46 Figura 6 - As Cinco Forças Competitivas que determinam a rentabilidade da indústria........55 Figura 7 - Mapa estratégico....................................................................................................107 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Estrutura funcional da empresa ...................................................................... 19 Quadro 2 – Diferença entre planejamento estratégico, tático e operacional ..................... 34 Quadro 3 – O planejamento nos três níveis da empresa ................................................... 35 Quadro 4 – Forças político-legais ..................................................................................... 72 Quadro 5 – Forças sociais e ambientais ............................................................................ 75 Quadro 6 – Forças econômicas ......................................................................................... 78 Quadro 7 – Forças tecnológicas ........................................................................................ 80 Quadro 8 – Forças setoriais ............................................................................................... 82 Quadro 9 – Recursos humanos .......................................................................................... 86 Quadro 10 – Produção e logística ....................................................................................... 88 Quadro 11 – Recursos físicos .............................................................................................. 90 Quadro 12 – Recursos financeiros ...................................................................................... 91 Quadro 13 – Marketing ....................................................................................................... 93 Quadro 14 – Pontos fortes na visão dos clientes ................................................................. 94 Quadro 15 – Pontos fracos na visão dos clientes ................................................................ 95 Quadro 16 – Oportunidades, ameaças, forças e fraquezas .................................................. 95 Quadro 17 – Matriz SWOT ................................................................................................. 98 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13 2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA..................................................................... 15 2.1 Caracterização da organização e do seu ambiente ...................................... 15 2.1.1 Produtos ............................................................................................................ 17 2.1.2 Estrutura funcional e organizacional ............................................................... 18 2.1.3 Mercado de atuação ......................................................................................... 21 2.1.4 Principais clientes ............................................................................................. 21 2.1.5 Principais concorrentes .................................................................................... 21 2.1.6 Principais fornecedores .................................................................................... 22 2.1.7 Órgão regulamentadores .................................................................................. 22 2.2 Delimitação e definição do problema ............................................................ 22 2.3 Justificativa ...................................................................................................... 24 2.3.1 Quanto à importância ....................................................................................... 24 2.3.2 Quanto à viabilidade......................................................................................... 25 2.3.3 Quanto à oportunidade ..................................................................................... 25 3 OBJETIVOS .................................................................................................... 26 3.1 Objetivo geral .................................................................................................. 26 3.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 26 4 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 27 4.1 Indústria........................................................................................................... 27 4.2 Empresa familiar ............................................................................................ 28 4.3 Planejamento e Estratégia .............................................................................. 30 4.3.1 Planejamento .................................................................................................... 31 4.3.1.1 Conceito de planejamento ................................................................................. 31 4.3.1.2 Níveis hierárquicos ........................................................................................... 33 4.4 Estratégia ......................................................................................................... 36 4.4.1 Origem da estratégia ........................................................................................ 36 4.4.2 Adaptação para o contexto empresarial ........................................................... 37 4.4.3 Conceitos contemporâneos de estratégia empresarial ..................................... 38 4.5 Planejamento Estratégico ............................................................................... 39 4.5.1 A evolução do planejamento estratégico ......................................................... 40 4.5.2 Conceitos de planejamento estratégico ............................................................ 42 11 4.6 Metodologia do planejamento estratégico .................................................... 43 4.6.1 Negócio ............................................................................................................. 46 4.6.2 Missão da empresa ........................................................................................... 47 4.6.3 Princípios e Valores .......................................................................................... 48 4.6.4 Diagnóstico estratégico ................................................................................... 49 4.6.4.1 Análise do ambiente externo ............................................................................. 50 4.6.4.1.1 Forças político-legais ........................................................................................ 51 4.6.4.1.2 Forças econômicas ............................................................................................ 51 4.6.4.1.3 Forças tecnológicas ........................................................................................... 53 4.6.4.1.4 Forças sociais .................................................................................................... 54 4.6.4.2 Ambiente setorial .............................................................................................. 54 4.6.4.2.1 Ameaça de novos entrantes ............................................................................... 55 4.6.4.2.2 Poder de barganha dos fornecedores ................................................................. 56 4.6.4.2.3 Poder de barganha dos compradores ................................................................. 57 4.6.4.2.4 Ameaças de produtos substitutos ..................................................................... 57 4.6.4.2.5 Intensidade da rivalidade entre os concorrentes ............................................... 58 4.6.5 Análise do ambiente interno ............................................................................. 59 4.6.6 Visão da empresa .............................................................................................. 60 4.6.7 Objetivos estratégicos ..................................................................................... 61 4.6.8 Estratégias competitivas .................................................................................. 62 4.6.9 Implementação ................................................................................................. 64 4.6.9.1 Controle............................................................................................................. 64 4.7 Matriz SWOT .................................................................................................. 66 5 METODOLOGIA ........................................................................................... 67 5.1 Delineamento do tipo de estudo ..................................................................... 67 5.2 Delineamento da área alvo de estudo ............................................................ 67 5.3 Instrumento de coleta de dados ..................................................................... 68 5.4 Plano de análise de dados ............................................................................... 68 6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................... 69 6.1 Análise do ambiente ........................................................................................ 69 6.1.1 Análise do ambiente externo ............................................................................. 70 6.1.1.1 Macroambiente ................................................................................................. 71 6.1.2 Análise do ambiente interno ............................................................................. 83 6.1.3 Síntese das entrevistas realizadas com os clientes ........................................... 94 12 6.1.4 Síntese das oportunidades, ameaças, forças e fraquezas da empresa .............. 95 6.2 Definição da identidade empresarial ............................................................ 96 6.2.1 Negócio da empresa .......................................................................................... 96 6.2.2 Missão ............................................................................................................... 96 6.2.3 Visão ................................................................................................................. 96 6.2.4 Princípios e valores .......................................................................................... 97 6.3 Matriz de cruzamento – SWOT..................................................................... 97 6.3.1 Potencialidades identificadas na organização ................................................. 99 6.3.2 Desafios da organização................................................................................. 100 6.3.3 Riscos identificados na organização .............................................................. 101 6.3.4 Limitações da organização ............................................................................. 102 6.4 Objetivos Estratégicos .................................................................................. 103 6.5 Mapa estratégico ........................................................................................... 106 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 108 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 110 APÊNDICE A – Questionário do Ambiente Externo ............................... 113 APÊNDICE B – Questionário do Ambiente Interno ................................. 115 APÊNDICE C – Pesquisa: cliente VRS ...................................................... 117 13 1 INTRODUÇÃO Com as mudanças ocorridas nas últimas décadas, as organizações vêm realizando suas atividades em ambientes significativamente mutáveis, seja pela entrada de novos concorrentes, pelas novidades tecnológicas e na telecomunicação, por novas leis, por inovações em termos de gerenciamento de empresas e por tantas outras mudanças em quase todos os setores. Isto faz com que as empresas se preocupem em buscar ferramentas de monitoramento e passem a se preparar para minimizar as incertezas desse ambiente. Para as empresas, faz-se necessário conhecer seu ambiente interno com a intenção de mapear seus pontos fortes e fracos, bem como externo, para identificar as oportunidades de negócios e monitorar as ameaças vindas desse ambiente. Dessa maneira a organização poderá planejar o que deve ser melhorado, mantido ou descartado. Frente a essas situações de grandes mudanças, em mercado de forte concorrência como o de laticínios, é necessário que a empresa busque destacar-se e passe a ser competitiva nesse mercado. A produção e comercialização de laticínios no Estado do Rio Grande do Sul é um segmento bastante concorrido, sendo formada por empresas multinacionais geralmente com marca consolidada, empresas nacionais com atuação mais regionalizada, cooperativas e pequenos laticínios. Frente a essa situação, para indústrias como a VRS que se encontra em fase de crescimento, torna-se importante analisar esse ambiente e buscar saber quais as oportunidades, ameaças e quais são seus pontos fortes e pontos fracos para melhor posicionarse no mercado. A VRS é uma empresa familiar que atua há 12 anos no mercado de laticínios, constantemente buscando produzir e vender produtos com qualidade e atender seus clientes de forma diferenciada, assim buscando fixar sua marca no mercado. A indústria tem conseguido conquistar parcela importante no mercado apesar de não possuir um planejamento estruturado que exija controle gerencial, sendo dirigida através de conhecimentos empíricos adquiridos pelos sócios e demais colaboradores da empresa. No presente trabalho, pretende-se apresentar uma proposta de planejamento estratégico para a empresa VRS Indústria de Laticínios. A intenção é mostrar que com um planejamento estruturado a organização poderá se tornar mais competitiva no seu setor. Também lhe permitirá saber quais são seus potenciais e suas deficiências e trabalhar em cima disso para melhor aproveitar as oportunidades. Para isso, a estrutura do presente trabalho será a seguinte: 14 A primeira parte está organizada em Capítulo 1, referente à introdução do trabalho, onde serão explanadas as intenções do mesmo em relação à proposta de planejamento estratégico para indústria. No Capítulo 2 será descrita a caracterização da indústria e de seu ambiente, histórico, evolução, produtos fabricados e comercializados, estrutura funcional e organizacional, e principais clientes. Seguido da delimitação e definição do problema de pesquisa, buscou-se justificar o problema quanto à importância, oportunidade e viabilidade. No Capítulo 3 foi exposto o objetivo geral e os objetivos específicos. Na segunda parte do trabalho consta a revisão da literatura que dará sustentação teórica ao trabalho e será explanada no Capítulo 4. Esse capítulo terá em seu conteúdo a visão da indústria de modo geral e a visão sobre a empresa familiar, e como item central o planejamento, a estratégia do planejamento e a metodologia do planejamento estratégico. No Capítulo 5 será exposta a metodologia utilizada na pesquisa: o delineamento da área a ser estudada, os instrumentos de coleta de dados, assim como o método de análise dos dados. No Capítulo 6, pretende-se apresentar os resultados da análise dos dados da empresa, com a definição da identidade e análise do ambiental da indústria. E finalmente, no Capítulo 7 serão apresentadas as argumentações da autora em relação à proposta. 15 2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA A definição do problema pode ser entendida como a parte inicial de qualquer área de conhecimento, sem importar a forma com que se fará. Dessa forma, em conjunto com a definição do tema e objetivos, é importante dar atenção à colocação dos principais problemas, uma vez que através deste partirá a investigação que será desenvolvida. Ou seja, é onde se definirá a problemática e o tema escolhido ou a hipótese terá de adquirir sentido. (OLIVEIRA, 2002, p.107). Antes de apresentar o problema será realizada a caracterização da empresa e de seu ambiente. Será explanada a situação problemática, seguida pela justificativa da realização da pesquisa. 2.1 Caracterização da organização e do seu ambiente A Indústria de Laticínios VRS é uma empresa familiar que atua no mercado alimentício. Possui como marca principal para seus produtos a denominação LATVIDA e está registrada com a Razão Social VRS Indústria de Laticínios. Foi fundada em 15 de março de 2000. Esta inscrita no CNPJ sob o número 03.520.800\0001-21 e IE 044003959, sendo constituída em sociedade limitada, familiar e enquadrada como empresa de médio porte em relação a seu faturamento de R$13 milhões. Sua única planta industrial está localizada no município de Estrela/RS. Os irmãos Rui e Valdir Suslback formaram uma sociedade, sendo que Rui Suslback aportou R$15.000,00 mil em dinheiro e Valdir Suslback teria entrado com as maquinarias para envazar seu primeiro produto que foi o leite em saco tipo B. A idéia surgiu quando os empresários se viram diante de uma oportunidade que lhes oferecia a região onde moravam: a família Suslback tinha uma produção diária de leite, matéria prima principal e o vendiam para laticínios de outras localidades. Os irmãos frente essa situação resolveram se juntar para dar começo a VRS Laticínios. Inicialmente, eram os próprios irmãos que se ocupavam da produção do leite e das negociações, e o produto era envazado e vendido para distribuidores que logo repassavam aos mercados da região. Aos 6 meses do início houve a necessidade de agregar mais um produto que desse mais algum retorno, pois somente com o leite B os distribuidores não conseguiam pagar suas despesas. 16 Com 2 anos de vida, a empresa já possuía um Centro de Distribuição (CD) na Grande Porto Alegre que oferecia apoio aos distribuidores que vendiam na região. Outros funcionários foram ingressando na empresa trazendo suas experiências e incorporando-as na indústria. Segundo Rui Suslback, ao iniciar o negócio nenhum dos empresários tinha experiência com laticínios, e foram conduzindo a empresa com o que era aprendido através das atividades e através de pessoas que os apoiaram com dicas que vinham tanto de funcionários como de pessoas de fora da indústria. Em 2006, os empresários tiveram que desistir do Centro de Distribuição (CD) na Grande Porto Alegre, pois se tornava muito custoso para empresa e não possuía nenhum controle das mercadorias, ocorrendo assim muitas perdas. Segundo Rui, foi entre 2005 e 2006 que resolveram reestruturar a empresa. Substituíram todos os profissionais buscando contratar aqueles com mais experiência. Esse seria um bom reinício para a empresa, pois foi nessa época que a empresa começou a crescer, aumentado sua gama de produtos, o que levou a aumentar a estrutura física da indústria, adquirindo maquinarias e veículos, assim como passaram a negociar diretamente com o cliente. A indústria deu inicio a comercialização do leite em caixa Tetra Pak, o qual era envazado por outra indústria. A empresa continuou a trabalhar com distribuidores, mas também passou a contratar representantes e a visitar outros clientes em regiões como Porto Alegre. Foi em uma dessas visitas que deu início a negociações com seu atual principal cliente, a grande rede Wal-Mart. O empresário Rui Suslback ainda conta que tudo acontecia muito rápido e a empresa não seguia nenhum planejamento e a falta de conhecimento levava facilmente ao erro ou ao acerto. Com isso, aprendiam sobre o negócio. Como já existiam empresas consolidadas no setor, a VRS os observava assim como o comportamento do mercado em relação aos produtos, ou seja, quando os clientes gostavam e consumiam tal produto, a indústria começava a produzir e o colocava no mercado. Para a indústria foi difícil, pois teve de introduzir sua marca no mercado, apesar do produto já existir com outras marcas, os clientes eram bem resistentes. A marca LATVIDA (Figura 1), única da empresa, foi criada por terceiros. A empresa decidiu investir num nome que tivesse a ver com o que produzia, por tanto, decidiu pagar pela marca. De 2006 em diante a empresa cresceu, aumentando sua área de vendas para outras regiões do interior até as praias do Rio Grande do Sul. Nessa transição a empresa conquistou seu segundo maior cliente, a rede Unidasul. Em 2010, a VRS investiu na instalação de 17 equipamentos para realizar o envaze do leite de caixa na indústria, passando a envazar também para outras empresas. Atualmente, a VRS continua no mercado alimentício e está em fase de crescimento. A indústria recebe milhares de litros de leite por dia para produção do leite e seus derivados, sendo a comercialização de seus produtos realizada em todo Rio Grande do Sul, com maior representação em regiões como Vale do Taquari, Vale do Rio Pardo, além da Grande Porto Alegre, Santa Maria, Passo Fundo e Caxias do Sul. Conta com o efetivo de 210 colaboradores, 1.500 produtores e com aproximadamente 34 distribuidores e representantes. Figura 1- Logotipo da marca dos produtos da VRS Fonte: VRS Indústria de Laticínios. 2.1.1 Produtos A VRS Indústria de Laticínios produz e comercializa 31 tipos de famílias de produtos, em geral derivados da mesma matéria-prima. Alguns deles são: queijos, iogurtes, doce de leite, creme de leite, bebida láctea e leite condensado, assim como envasa leite UHT, tanto em caixa Tetra Pak como em garrafas. A VRS também comercializa doces de frutas, os quais são produzidos em outra empresa, pois não possui estrutura para essa fabricação. O que diferencia esses produtos são os processos de fabricação e ingredientes que são introduzidos no processo de elaboração de cada produto, como o açúcar e flavorizantes (que dão sabor aos produtos). A partir da união do processo e a qualidade dos ingredientes elaboram-se produtos de excelente qualidade tornando-se um diferencial competitivo em um mercado concorrido como é o mercado de laticínios. A seguir, na Figura 2, estão ilustrados alguns desses produtos, os itens da linha LATVIDA mais vendidos, como o leite UHT, bebidas lácteas de diferentes sabores, creme de leite (nata), queijos dos vários tipos, doce de leite e iogurtes. 18 Figura 2 – Produtos da VRS Indústria de Laticínios Fonte: Autoria própria, 2012, elaborado com imagens obtidas do site da empresa. 2.1.2 Estrutura funcional e organizacional A VRS Indústria de Laticínios tem uma administração familiar, onde a estrutura de poder é linear hierárquico e as funções determinam o grau de subordinações. Embora a maior parte das decisões esteja centralizada na gerência administrativa, para melhor entender veja a ilustração do organograma da VRS Indústria de Laticínios (Figura 3). Sua estrutura organizacional esta composta conforme ilustrado no Quadro 1. 19 Figura 3 – Organograma da empresa Fonte: VRS Indústria de Laticínios. Quadro 1 – Estrutura funcional da empresa DESCRIÇÃO DOS DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES CARGOS ADMINISTRAÇÃO: Composta pelos Sócios Proprietários, atuando de forma colegiada com as Gerências, nas seguintes funções: ASSESSORIA JURÍDICA Funções: GERÊNCIA ADMINISTRATIVA Funções: Cobrar relatórios de cada Gerência e zelar pela imagem interna e externa da Empresa e dos seus produtos. Representar a Empresa em nível de relacionamento interno e externo. Emitir pareceres jurídicos que assegurem a legitimidade legal das medidas a serem adotadas pela Empresa. Representar a Empresa nas cobranças judiciais, buscar o mais rápido retorno dos valores inadimplentes. Defender juridicamente a Empresa em ações movidas por terceiros. Ter uma visão e conhecimento geral de todos os setores. Representar a Empresa em todos os eventos quando necessário. Promover a harmonia operacional das demais Gerências por meio de reuniões periódicas como forma de alcançar os objetivos propostos. Responder pelas compras diretas da empresa. Responder pela tecnologia da informação, pelo Manter a saúde financeira da Empresa. Avaliar em conjunto com os gerentes, todas as tomadas de decisão que impliquem em grandes investimentos e/ou lançamentos de novos produtos. Promover um ambiente sadio de colaboração e de trabalho entre todos os membros da família LATVIDA. Guardar as chaves “cópias” dos veículos, cofre, portar de acesso e demais, de uso da empresa. 20 Responder diretamente pelo pleno funcionamento das demais Gerências. Prover meios materiais e humanos suficientes para o pleno desenvolvimento das suas tarefas. gerenciamento de toda política de recursos humanos da empresa envolvendo todas as atividades deste setor referidas a atribuições trabalhistas. Analisar os relatórios mensais de comissões para representantes. Receber e processar os pedidos dos vendedores e representantes. Confrontar os pedidos com a existência. Preparar os romaneios das cargas e destinar o transportador. Emitir as notas fiscais e referidos boletos bancários. Analisar custos e benefícios dos materiais ou serviços solicitados. Lançar no sistema as ordens de compra. Funções Analisar orçamentos de compras de materiais de uso, consumo, construções, embalagens, insumos e outros. Conferir o recebimento dos produtos ou serviços encomendados. RECURSOS HUMANOS Zelar pela exatidão do Livro Ponto. Controlar, solicitar autorização e contabilizar todos os adiantamentos e descontos para funcionários. Calcular e, após, conferido, providenciar as Folhas de Pagamentos. Manter o mapa das férias e folgas. Gerenciar e monitorar toda parte funcional de TI e zelar pela segurança dos dados. Verificar as capacidades de armazenamento de dados, verificando oportunidades para criação de novas ferramentas do sistema. Atualizações diversas na TI. Responder pelo sistema telefônico da empresa, recebendo e transferindo as ligações e transmissão de recados. Responder as perguntas do público em geral, encaminhar pessoas, representantes e visitantes aos devidos setores. Manter o controle de reserva e encomenda dos almoços na empresa. Monitorar as dependências da empresa. Controlar a entrada e saída dos veículos na empresa, visando prevenir, controlar e combater quaisquer atividades suspeitas de delitos e irregularidades. Responder pela movimentação dos produtos terceirados pela empresa. Auxiliar nos reparos no que se refere à parte de informática da empresa. Controlar as entradas das mercadorias na empresa. Manter em ordem e arquivar os canhotos e romaneios conferidos em sua sequência. Cobrar os canhotos e romaneios faltantes. Funções: Conferir o recebimento dos canhotos e romaneios. FAXINEIRA / COPEIRA Manter as dependências da empresa limpas e organizadas. Controlar o uso dos materiais de higiene e limpeza utilizados, comunicando ao superior a falta destes. Manter o controle dos produtos e pães consumidos no café e lanche dos funcionários. Manter limpa a cozinha e seus utensílios. FATURAMENTO Funções: COTAÇÕES / COMPRAS Funções: TI- TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Funções: SECRETÁRIA / TELEFONISTA Funções: VIGILANTES Funções: AUXILIAR ADMINISTRATIVO Funções: AUXILIAR Funções: Auxiliar no arquivamento de documentos no almoxarifado da empresa. Auxiliar na pesagem na balança e portão de acesso à empresa. Auxiliar na pesagem da balança nos finais de semana. Fonte: Autoria própria, 2012, adaptado a partir de dados da empresa VRS Indústria de Laticínios. 21 2.1.3 Mercado de atuação A indústria VRS atua em todo o estado do Rio Grande do Sul, tendo como principais áreas Porto Alegre e Região Metropolitana, Vale dos Sinos e Vale do Taquari (onde esta localizada a indústria), Santa Maria, Caxias do sul, área serrana e Rio Grande, assim como também algumas regiões do interior do estado. A indústria produz e comercializa seus produtos, sendo a venda realizada através da própria empresa, por representantes e por distribuidores. A divulgação dos produtos com a marca LATVIDA é realizada através de veículos de comunicação, com propagandas em rádio “LATVIDA leve uma vida mais leve”, como também em parceria com os supermercados, colocando os produtos em folhetos (encartes), e através de propagandas em redes de televisão. 2.1.4 Principais clientes A indústria tem como principais clientes as redes Wall Mart, Unidasul, Cia. Safári, Eli Brandão, Asun Supermercados, Andreazza Supermercados, Supermercados São Jorge, e Unisuper - associação de mercadistas. 2.1.5 Principais concorrentes Quanto aos principais concorrentes da VRS no mercado de lácteos, podemos citar as indústrias que possuem linhas semelhantes de produtos como: a) Elegê, empresa que faz parte do grupo BRF, é forte no mercado com sua marca e produtos como leite UHT em caixa, bebidas lácteas, iogurtes, creme de leite (nata), queijos, doce de leite e doces de frutas; b) Bom Gosto, empresa que integra o grupo LBR, indústria localizada na mesma região que a VRS, concorre com produtos como leite UHT em caixa, bebidas lácteas, doce de leite e queijos; c) Piá (Cooperativa Petrópolis), essa empresa é a principal concorrente da VRS concorrendo com a mesma linha de produtos; d) Santa Clara (Cooperativa), forte na comercialização de leite UHT, bebidas lácteas, creme de leite (nata) e queijos; 22 e) Dália (Cooperativa CONSUEL), empresa que concorre no mercado de laticínios com produtos como Leite UHT e creme de leite (nata); f) Nestlé, empresa multinacional de grande porte com marca consolidada no mercado, possui ampla gama de produtos e concorre com a VRS com produtos como leite UHT, bebidas lácteas e iogurtes; g) Languiru (Cooperativa), empresa que compete com produtos como leite UHT, leite C e B, bebidas lácteas, doces, creme de leite (nata); h) Mu Mu, marca adquirida pela Vonpar Alimentos, concorre com a VRS com leite UHT e doce de leite. 2.1.6 Principais fornecedores Tetra Pak fornecedor de embalagens, 3M, Gastón Embalagens, Atrel, Acobras, açúcar Guarani, Advance de Têxtil, Áquila, Arbras máquinas para engarrafamento do leite, Bitsom Net tecnologia e transporte de dados, Ferramentas Gerais, Launer e Launer, UNIVATES, além de 1.280 produtores que fornecem a matéria-prima principal que é o leite. 2.1.7 Órgão regulamentadores O órgão principal que regulamenta as ações da VRS é o SISPOA, ANVISA, FEPAM e PROCON (programa de orientação e proteção ao consumidor). 2.2 Delimitação e definição do problema Para Maximiano (2004), o planejamento estratégico é um processo que permite definir os objetivos organizacionais que a empresa deve alcançar e facilita a escolha dos melhores caminhos para atingi-los. Assim o planejamento deve envolver todas as áreas da organização e seguidamente pode ser subdivido em estratégias operacionais para facilitar sua aplicabilidade. Segundo Oliveira (2005), a incerteza é um fator ao qual a organização esta exposta, e para tanto precisa preparar-se para o futuro. É onde entra o planejamento estratégico, que engloba toda a organização visando o futuro. Por isso as empresas necessitam planejar-se e buscar as melhores estratégias que torne seu desempenho competitivo no mercado. 23 O mundo dos negócios passou por grandes mudanças transformando-se em um cenário muito dinâmico, dentro dessa situação a direção das empresas tem precisado mudar as formas de gestão buscando ferramentas que a auxiliem nas suas tomadas de decisões. O setor industrial no Brasil passou por grandes transformações com a abertura da economia nos anos 90, modificando a indústria brasileira, abrindo caminho para a entrada de capital estrangeiro, modificando a estrutura dos setores incluindo o agroindustrial de laticínios e trazendo novas concorrências para o mercado. Após essas mudanças o setor passou a ser integrado por empresas multinacionais geralmente com marca consolidada, empresas nacionais com atuação mais regionalizadas, cooperativas e de pequenos laticínios. Com as mudanças da economia e investimentos diretos no setor, incluindo as importações, houve forte crescimento do setor, de forma mais marcante com a criação do MERCOSUL e a extinção das tarifas entre os países como Argentina e Uruguai, países que são fortes em produtos lácteos de boa qualidade. Essas mudanças afetam de forma mais direta a região do Rio Grande, justamente por ser próxima geograficamente. Com a evolução do setor toda a cadeia produtiva passou a realizar investimentos para adequar-se a nova realidade. Foi nesse cenário que surgiu a VRS produtora de lácteos, vendo nesse negócio uma oportunidade, uma vez que estavam localizados numa região propícia, perto da matéria prima. Os fundadores da empresa, sem conhecimento profundo e nenhum tipo de planejamento acerca do ramo, decidiram executar as atividades, onde inicialmente os produtos eram vendidos por intermediários. Nesse começo, a empresa enfrentou grandes dificuldades operando com mínimo de conhecimento, somando-se a isso as restrições financeiras da empresa para contratar profissionais, por essas causas os sócios buscavam o apoio de pessoal vindo de outras indústrias com experiência. Nos últimos anos a indústria teve grande crescimento, mas de forma desorganizada. Sua expansão se deu através do importante aumento da venda de seus produtos, no entanto, já com 12 anos no mercado, não possui planejamento estruturado a médio e longo prazo, sendo que a falta deste pode resultar para a indústria em muitos problemas e afetar o seu crescimento. A VRS é administrada pela cúpula formada pelos sócios e gerentes. Neles está centralizada toda tomada de decisão sobre assuntos da empresa, não havendo delegação de autonomia para outros setores da organização o que pode afetar o desenvolvimento da empresa já que na atualidade o ambiente é dinâmico e as organizações precisam reagir a determinadas situações com agilidade. 24 Devido às questões mencionadas tem-se a oportunidade para desenvolver um planejamento estratégico para a indústria através da seguinte questão: De que forma o desenvolvimento de um planejamento estratégico poderá contribuir para o crescimento da indústria de laticínios VRS? 2.3 Justificativa Segundo Roesch (2006, p.98), justificar e argumentar sobre o porquê realizar a pesquisa de determinado tema é importante, ainda faz com que o pesquisador raciocine sobre a proposta de forma abrangente e se posicione sobre o problema. O seguinte trabalho pretende desenvolver uma proposta de planejamento estratégico para a indústria de laticínios VRS que nunca teve um planejamento estratégico na empresa. As mudanças do ambiente empresarial e abertura de mercados na forma global faz com que as organizações tenham de desenvolver planejamentos que possibilitem diminuir os riscos que a empresa poderá enfrentar no decorrer de suas atividades. A proposta de desenvolver o planejamento estratégico é relevante, pois muitas organizações sejam de qualquer porte realizam suas atividades sem conhecimento desta ferramenta e ainda não tem noções de seus benefícios. Portanto, para as empresas o planejar tem muita importância, pois irá delinear os seus rumos. A seguir serão apresentadas as justificativas do trabalho proposto dividido em três pilares base que de acordo com Roesch (2006) podem ser realizados a partir se sua importância, viabilidade e oportunidade. 2.3.1 Quanto à importância A pesquisa tem importância para a pesquisadora, para seu desenvolvimento profissional, por tanto a realização deste trabalho, ira trazer muitos conhecimentos, uma vez, através do contato com as teorias da administração e pesquisa de campo formará uma ampla aprendizagem que vai contribuir para sua formação e posteriores desafios profissionais. Acredita-se a importância também para a indústria VRS para que venha a perceber a importância da ferramenta para empresa, após ter conhecimentos sobre o negócio em que atua e a possibilidades de utilização de um novo sistema de gerencia na indústria. Com a transformação do mundo dos negócios surgiram vários modelos de planejamento estratégicos procurando o que mais se adapta a cada empresa, por isso identificam-se 25 inúmeros pesquisas já realizada nessa área, e este trabalho pretende identificar mais uma proposta de planejamento estratégico de acordo com a realidade da VRS. O planejamento estratégico e muito importante para as empresas, com as mudanças que acontecem rapidamente no ambiente, e a formação de novas organizações em todos os setores, a empresa precisa se preparar para minimizar as incertezas e buscar fortalecer-se frente essa concorrência. 2.3.2 Quanto à viabilidade A indústria VRS tem preocupação em melhorar sua gestão e tem ciência da importância de estudos acadêmicos que possam trazer benefícios para a empresa, por isto permitiu o acesso a seus dados e aos colaboradores para que junto com estudos teóricos possa ser desenvolvido o planejamento estratégico para a indústria. 2.3.3 Quanto à oportunidade A indústria VRS adquiriu porte significativo no seu setor, mesmo sem ferramentas de gestão a empresa possui parcela importante do mercado de laticínios. Portanto, se considera este trabalho oportuno para que a empresa entenda a relevância do planejamento estratégico e os benefícios que pode este trazer para a indústria que se encontra em rápido crescimento. 26 3 OBJETIVOS De acordo com Roesch (2006, p. 94) um objetivo é definido como “alvo ou desígnio que se pretende atingir”. 3.1 Objetivo geral Elaborar uma proposta de planejamento estratégico para a indústria de laticínios VRS, com base nas informações cedidas pela empresa e clientes, e na revisão da literatura. 3.2 Objetivos específicos • Desenvolver uma identidade para a indústria VRS partindo da definição do negócio, missão, visão, princípios e valores. • Realizar o diagnóstico para identificar ameaças e oportunidades do ambiente externo, e identificar os pontos fracos e fortes do ambiente interno da indústria. • Construir uma matriz FOFA (Análise SWOT) para realizar o cruzamento dos dados coletados nos ambientes internos e externos à indústria. • Propor objetivos estratégicos de curto e médio prazo para a empresa em estudo. • Construir um mapa estratégico para a organização. 27 4 REVISÃO DE LITERATURA Neste capítulo será apresentada a revisão da literatura, com a apresentação de conceitos teóricos que servirão como base de sustentação no desenvolvimento deste trabalho. 4.1 Indústria Segundo Deane (1975), a primeira fase da Revolução Industrial aconteceu na GrãBretanha. Na visão da autora o fato desperta um interesse especial por ter acontecido de forma espontânea, sem assistência governamental, a qual caracteriza a maioria das revoluções industriais que se sucederam. A autora afirma ainda que a data precisa de seu início é controversa. O primeiro historiador econômico a discutir a experiência britânica da industrialização como conceito de uma revolução específica foi Arnold Toynbee que realizou diversas conferências sobre o assunto na Universidade de Oxford em 1880-1, tomando como marco inicial o ano de 1760, e por quase meio século esse ponto de vista sobre a matéria permaneceu indefinido. De acordo com Arruda (1991, p.7) “a Revolução Industrial foi uma das mais importantes entre todas as revoluções verificadas no decurso do processo histórico. Isto porque transformou radicalmente a História mundial”. Hardman e Leonardi (1991) argumentam que as primeiras fábricas que surgiram no Brasil foram durante as décadas iniciais do século XIX. Estes estabelecimentos eram de pequeno porte e tiveram, em geral, vida efêmera, e a partir de 1870 começaram a aumentar com importância, intensificando-se em 1880-95. Os autores afirmam ainda que esse período é mencionado por muitos autores como “nosso primeiro surto industrial”. Porém era visto como uma “industrialização” com características diferentes daquelas assumidas pelo processo na Inglaterra, na Alemanha e outros países da Europa, Estados Unidos e no Japão. A industrialização do Brasil, de acordo com Coutinho e Ferraz (2002), aconteceu tardiamente, no período das duas grandes guerras, e acelerou apenas a partir da década de 1950, com intervenção de políticas de desenvolvimento a qual se chamou de modelo de substituição de importações. Durante este processo se teve por base a importação de tecnologia, que foi beneficiada pelo ambiente internacional propício, quando se refere à disponibilidade de tecnologia e de capitais externos, junto com a proteção do mercado nacional, via barreiras tarifárias. Ainda na visão dos autores, o Brasil passou por uma extraordinária transformação industrial durante as três décadas seguintes após o final da 28 Segunda Guerra Mundial, no período em que a economia mundial era marcada por intenso crescimento, o desempenho brasileiro foi muito interessante, mesmo se comparado com outros países. O setor industrial leiteiro vive um momento de crescimento importante no mundo todo. As empresas do setor estão se concentrando. Isso faz sentido, pois para que as empresas do setor alcancem rentabilidade na cadeia produtiva, precisa de escala de produção. O lucro se for medido por unidade é insignificante, sendo através da produção em grandes volumes que se poderá progredir. Constatou-se considerável crescimento nos últimos 25 anos quando o consumo do leite per capita por ano passou de 90 litros para 140 litros, tendendo a ser igual no resto do mundo. Tudo isto se deve a um aumento do consumo que está ligado ao aumento da renda dos consumidores, refletindo dessa forma no aumento da produção (RODRIGUES, 2008). De acordo com Milinski et al (2008), a produção de leite é uma atividade de grande importância e significativa para as regiões onde é desenvolvida, uma vez que permite fixar o homem no campo, reduzindo as pressões sociais nas áreas urbanas e contribuindo para a minimização do desemprego e da exclusão social. Juntamente com a movimentação de recursos que envolvem as atividades dessa cadeia produtiva do leite levando ao desenvolvimento socioeconômico dessas regiões. O sistema agroindustrial do leite brasileiro estrutura-se da seguinte forma: no segmento insumos, máquinas e equipamentos têm-se os fabricantes de embalagens, ordenhadeiras, refrigeradores, rações, produtos e serviços veterinários utilizados no melhoramento genético e manejo do gado. Na atividade central encontram-se os produtores primários, sejam eles especializados ou não. E as operantes unidades processadoras de leite, que compreendem grandes empresas transnacionais e nacionais, cooperativas, médios e pequenos laticínios. (MILINSKI; GUEDINE; VENTURA, 2008). A seguir será apresentada a empresa familiar. 4.2 Empresa familiar De acordo com Passos et al (2006, p. 50) “empresa familiar é aquela em que o controle é exercido por uma ou mais famílias, ou seja, os principais sócios da organização são os fundadores ou seus descendentes.” As empresas familiares possuem grande relevância, mas poucos sabem de uma definição correta. De acordo com Grzybovski (2002, p.141), “a expressão familiar deixa implícito que há um envolvimento de dois ou mais membros de uma 29 família na vida da empresa, seja como proprietários, seja como administradores”. De acordo com a autora esse envolvimento pode se dar de forma diferente, ter mais ou menos intensidade de uma organização para outra, mas sempre o conjunto de crenças e valores da família estará reproduzido na empresa. A “origem e a história da família estarão presentes em, pelo menos, duas gerações.” (DAGNONI; KRAUSS, 2007, p. 49). Segundo Rizzo e Ponte (2002, p.18), o processo de sucessão nas empresas familiares constitui um dos piores conflitos existentes para esse tipo de empresa, uma vez que o conflito na fase de sucessão geralmente é o resultado de problemas estruturais da família, cujas raízes estão a 20 ou 30 anos atrás. Na visão dos autores “o processo de sucessão possui grande relevância e não pode ser tratado apenas sobre os aspectos puramente lógicos da administração, pois envolve pontos efetivos e emocionais relacionados com a estrutura familiar”. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas SEBRAE (2010) quando acontece um processo de sucessão, varias situações acontecem, onde se tem a continuação ou mudança dos valores, assim como da visão empresarial entre as gerações na empresa. Comenta-se que muitas vezes o sucesso do fundador acontece de acordo com sua capacidade visionária e princípios empresariais. Sendo que essas duas questões consideradas como variáveis vão influenciando as decisões que levará ao sucesso e/ou fracasso empresariais. Realiza-se outra observação por parte do SEBRAE que em muitos casos a empresa é bem sucedida e consegue superar os obstáculos apresentados no decorrer do tempo, enquanto as próximas gerações que a sucedem não conseguem dar continuidade à visão que foi traçada pelo fundador, assim como aos seus princípios. Vale observar, a visão de futuro pode ter a necessidade de ser renovada, mas é mencionado que os princípios não devem mudar na sociedade, uma vez que cultivam a credibilidade e a relação com clientes e colaboradores que tanto fizeram pela história daquela empresa. Por isso, quando novos sucessores não conseguem dar continuidade aos princípios e valores empresariais já construídos fracassam na empresa manchando a imagem da Cia. Diante desta questão comenta-se que se deve refletir em relação ao processo de sucessão, pois não é apenas uma questão de transição da juventude que nega muitas vezes os referenciais paternos. Por tanto, a empresa é como um ser vivo que possui as características de seu fundador, e em casos de mudanças, em primeiro lugar quando se assume o comando de alguma organização é necessário compreender que momento a empresa está vivendo, ou seja, qual é a realidade da empresa naquele momento. 30 Por outro lado, o SEBRAE (2005) também comenta que o mais preocupante para as empresas familiares é a sua sobrevivência, sendo que muitas delas enfrentam problemas existenciais ou estratégicos. O Brasil tem entre 6 a 8 milhões de empresas, sendo que 90% delas são empresas familiares. Seja grande, média ou pequena, as empresas familiares têm um papel evidente no desenvolvimento econômico, social e até político, não só no Brasil, mas em vários países. Conforme Lerner et al (2010, p.39) em qualquer ramo de atividade, em qualquer lugar, podendo ser estado ou município, há uma predominância de empresas familiares. O autor afirma que estas empresas contribuem com a receita e geração de emprego das regiões onde estão instaladas. Um dos pontos de vista considerado importante é a referência que o autor faz em relação à necessidade destas empresas se profissionalizarem, deixando para trás o amadorismo se quiserem sobreviver, pois muitas das empresas familiares dão início as suas atividades a partir do feeling de seus fundadores, sem contar com nenhuma especialização em seus processos. Para Rizzo e Ponte (2002, p.21) a profissionalização na empresa familiar acontece quando a organização familiar, ou tradicional, integra práticas administrativas racionais, modernas e menos personalizadas. Cada vez mais é buscado pelas pessoas e organizações seguir um caminho estratégico para atingirem seus objetivos e progredirem, para isso exige-se muita experiência nos processos essenciais da empresa. (LERNER et al, 2010). A seguir será apresentado planejamento e estratégia. 4.3 Planejamento e Estratégia De acordo com os autores Serra et al (2004, p.28) planejamento e estratégia têm significados diferentes, mas precisam coexistir, sendo que um tem procedência do outro. Além disso, para os autores, a questão planejamento é fundamental para que a empresa se desenvolva e alcance o que almeja. Os autores citados argumentam que planejar é fundamental, mas não o suficiente. O planejamento não garante resultados satisfatórios, por mais que tenha sido bem elaborado. Na percepção dos autores, antes do planejamento ainda existe outro processo que deve ser bem compreendido, o qual se refere às ideias resultantes de uma análise coerente, e para colocá-las em ação é necessário elaborar uma estratégia de implementação a qual deverá ser bem planejada se há intenção de alcançar os resultados esperados. 31 4.3.1 Planejamento Segundo Oliveira (2007) “o processo de planejar envolve, uma forma de pensar, envolve indagações, questionamentos sobre o que fazer, como, quando, quanto, para quem, por que, por quem e onde”. O planejamento está sempre presente em toda atividade que se faz, como quando realizamos as atividades do dia a dia, que tendem a ser pouco complexas, ou de forma muito diferente em uma organização, que além de possuírem atividades complexas atuam em ambientes mutáveis. Nesse ambiente, as decisões tomadas devem ser muito bem pensadas, alinhadas, pois do contrário podem perder valiosos recursos e esforços da empresa. 4.3.1.1 Conceito de planejamento De acordo com Oliveira (2007), as empresas têm dificuldades para conceituar a função do planejamento, devido a sua amplitude e abrangência. Para entender essa abrangência Steiner (1969, apud OLIVEIRA, 2009) destaca cinco dimensões do planejamento, apresentados a seguir: Como primeira dimensão do planejamento se refere a assuntos como produção, pesquisa, novos produtos, finanças, marketing, instalações, recursos humanos etc. A segunda se refere aos elementos do planejamento, entre eles são citados propósitos, objetivos, estratégias, políticas, programas, orçamentos, normas e procedimentos, entre outros. Quando da terceira dimensão, se refere ao tempo do planejamento que podem ser, como por exemplo, de longo, médio ou curto prazo. Outra dimensão menciona as unidades organizacionais onde o planejamento é elaborado, pode se ter um planejamento corporativo, de unidades estratégicas de negócios, de subsidiárias, de grupos funcionais, de divisões, de departamentos, de produtos etc. Na quinta e última dimensão corresponde às características do planejamento que podem ser representadas por complexidade ou simplicidade, qualidade ou quantidade; planejamento estratégico ou tático, confidencial ou público, formal ou informal, econômico ou caro. O autor ainda menciona que estas cinco dimensões não são exclusivas, mas permitem que se visualize de forma mais clara a abrangência do planejamento. Tavares (2005, p. 68) conceitua o planejamento como um conjunto previamente ordenado que tenha como finalidade a de alcançar posições futuras desejadas. O autor acredita que o processo de planejar envolve transformar o conhecimento em ação, através da utilização de recursos. 32 Segundo Maximiano (2000, p. 175), o planejamento é uma ferramenta que pessoas e empresas utilizam para administrar suas relações com o futuro. Assim também resulta em uma aplicação específica do processo decisório. O autor comenta que as decisões que buscam influenciar de alguma maneira o futuro, ou mesmo tem intenção de serem colocados em prática futuramente são decisões de planejamento. Maximiano (2000) estabelece conforme esse conceito básico, que o processo de planejamento pode ser conceituado de distintas formas: a) planejar é definir objetivos ou resultados a serem alcançados; b) é definir meios para possibilitar a realização de resultados; c) é interferir na realidade, para passar de uma situação conhecida a outra situação desejada, dentro de um intervalo definido de tempo; d) é tomar no presente, decisões que afetem o futuro para reduzir sua incerteza. Outro conceito de planejamento é descrito por Certo (2003, p.103). O autor conceitua o planejamento como um processo que determina os métodos com que a organização irá chegar onde deseja e as ações que irá executar para alcançar os seus objetivos. Para o autor a atividade de planejar é uma atividade gerencial essencial, que não tem nada a ver com o tipo de organização que está sendo gerenciada. Dessa forma, na atualidade a gerência enfrenta o desafio complexo de realizar planejamentos sólidos, pode ser em organizações de pequeno porte que são caracterizadas como mais simples, assim como em organizações maiores e complexas, por mais que sejam organizações lucrativas ou não lucrativas. Chiavenato (2007, p.138) complementa posicionando o planejamento como primeira função administrativa, sendo considerada a base para as outras funções de organização, direção e controle. Neste conceito, o planejamento possui a função de determinar que objetivos se deseja atingir e a de estruturar um plano antecipado para alcançá-lo com mínimo de esforço e custo. Para o autor o planejamento trata do futuro, pois determina e detalha as formas de melhor atingir os objetivos. Observa-se que os autores citados concordam que o planejamento é uma ferramenta orientada para o futuro a qual dá maior consistência para a tomada de decisões, pois permite à empresa definir e organizar as formas para atingir seus objetivos desejados. Importante pelo fato das empresas atuarem em ambientes instáveis com muitas incertezas e para que não precisem improvisar em caso de ter de solucionar eventuais problemas. A seguir serão apresentados os níveis hierárquicos do planejamento. 33 4.3.1.2 Níveis hierárquicos Oliveira (2009, p.15) distingue três tipos de níveis hierárquicos destacados a seguir: a) Planejamento Estratégico: relaciona-se com objetivos de longo prazo e com estratégias e ações para alcançá-los que afetam a empresa como um todo; b) Planejamento Tático: relaciona-se aos objetivos de parte da organização; c) Planejamento Operacional: com estratégias e ações, assim como o tático, afeta somente parte da empresa. A seguir, são ilustrados os tipos de planejamentos relacionados aos níveis de decisão numa pirâmide organizacional (Figura 4). Figura 4 – Níveis de decisão e tipos de planejamento Fonte: Adaptado de Oliveira (2009, p. 15). Na Figura 4, as funções estão separadas uma da outra, dentro da organização, em níveis. Cada função toma decisão de acordo com seu nível. No Nível Estratégico as decisões são tomadas pela alta administração, no Nível Tático as decisões são tomadas pelos gerentes dos setores e no Nível Operacional as decisões são tomadas por supervisores. No Quadro 2, evidencia-se uma diferenciação fundamental entre o planejamento estratégico, tático e operacional. 34 Quadro 2 – Diferença entre planejamento estratégico, tático e operacional. DISCRIMINAÇÃO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PLANEJAMENTO TÁTICO E OPERACIONAL Prazo Mais longo Mais curto Amplitude Mais ampla Mais restrita Riscos Maiores Menores Atividades Meios e fins Meios Flexibilidade Menor Maior Fonte: Autoria própria, adaptado de Oliveira (2009). Segundo Chiavenato (2007), o planejamento é elaborado de meios diferentes nos vários níveis organizacionais. O autor acredita que em razão disso existe uma hierarquia de planos. Apresentam-se abaixo três níveis distintos de planejamento para o autor: a) Planejamento Estratégico: é o planejamento mais amplo e envolvente e abrange toda a organização como um sistema único e aberto. Suas principais características são: − é projetado para longo prazo: seus efeitos e conseqüências estendem-se por vários anos; − envolve a empresa como uma totalidade: abrange todos os seus recursos e áreas de atividades e preocupa-se em atingir objetivos globais da organização; − é definido pela cúpula da organização: situa-se no nível institucional, corresponde ao plano maior ao qual todos os demais planos estão subordinados; − é voltado para a eficácia da organização: alcançar seus objetivos globais, apresentar resultados. Esse é o sentido da excelência organizacional. b) Planejamento Tático: é o planejamento elaborado em cada departamento no nível intermediário da organização. Cada unidade organizacional deve elaborar seu planejamento tático subordinado ao planejamento estratégico. Suas principais características são: 35 − é projetado para médio prazo: em geral corresponde ao exercício anual ou fiscal da empresa, isto é, 12 meses; − envolve cada departamento ou unidade da organização: abrange seus recursos específicos e preocupa-se em atingir objetivos departamentais; − é definido no nível intermediário da organização: para cada departamento ou unidade da empresa; − é voltado para a coordenação e integração: diz respeito às atividades internas da organização. c) Planejamento Operacional: é o planejamento que se refere a cada tarefa ou atividade em particular. Suas principais características são: − é projetado para o curto prazo: para o imediato e normalmente lida com o cotidiano e com a rotina diária, semanal ou mensal; − envolve cada tarefa ou atividade isoladamente: preocupa-se com o alcance de metas especificas; − é voltado para a eficiência: na execução das tarefas ou atividade. Fazer bem feito e corretamente. Isso compõe a chamada execução operacional. No Quadro 3 estão ilustrados os três níveis de planejamento abordados pelo autor. Quadro 3 – O planejamento nos três níveis da empresa NÍVEIS DA EMPRESA PLANEJAMENTO CONTEÚDO EXTENSÃO DE TEMPO AMPLITUDE Macro-orientado. Aborda a Institucional Estratégico Genérico e sintético Longo Prazo empresa como uma totalidade Intermediário Operacional Tático Operacional Menos genérico e mais detalhado Detalhado e analítico Aborda cada unidade da Médio prazo empresa ou cada conjunto de recursos separadamente Microorientado. Aborda cada Curto Prazo tarefa ou operação isoladamente. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2007, p. 140. Tanto Oliveira como Chiavenato abordam o planejamento em níveis hierárquicos, os autores concordam que o planejamento deva abranger toda a organização e sejam elaborados 36 nos diferentes níveis da empresa separando-os pelo seu conteúdo, extensão de tempo e amplitude. A seguir, apresenta-se o conteúdo sobre estratégia. 4.4 Estratégia A estratégia pode ser entendida como a criação de uma posição única e valiosa, envolvendo um conjunto diferenciado de atividades. (PORTER, 1996). De acordo com Chandler (1962, apud WHITTINGTON, 2002), estratégia é a definição das metas e objetivos considerados básicos e de longo prazo da empresa. Para sua execução escolhem-se ações e alocam-se recursos que serão necessários para atingir esses objetivos. Para Chiavenato (2007, p. 113) “a estratégia é o movimento integrado, a organização constrói a capacidade de manobra, mudança, ação, reação e proação – o que é apontado para alvos a serem atingidos no longo prazo”. As organizações convivem continuamente com as mudanças do ambiente ocasionando incertezas percebidas na hora de realizar suas atividades. Para tal, a empresa precisa desenvolver habilidades em responder através de estratégias que permitam mudar, de forma flexível, conseguindo minimizar as dificuldades e ainda aproveitar oportunidades que venham a surgir junto com a mudança. 4.4.1 Origem da estratégia Segundo Chiavenato (2007), as noções que se tem de estratégia são a partir da atividade militar dos tempos de Sun Tzu, há 2500 anos, tendo passado por Clauzewitz até os tempos atuais. A estratégia possuía conceitos baseados nos exércitos como sendo a aplicação de forças em larga escala contra o inimigo. Serra et al (2004, p. 4) sugerem que a palavra estratégia, em grego antigo, significa a qualidade e habilidade do general; que pode ser entendido como a capacidade que o comandante possui para organizar e levar a cabo as campanhas militares. Desse conceito tem origem a palavra estratégia, sendo que nos dicionários, relaciona-se a palavra estratégia com situações políticas, guerras ou jogos. O autor Maximiano (2004) também concorda que a estratégia seja oriunda da guerra, onde atingir seus objetivos significava superar o concorrente, impedindo-o de por em prática seus objetivos. Situação em que os dois lados entravam numa luta para vencer um ao outro. 37 Segundo o autor daí vem a definição de Aristóteles que diz que a finalidade da estratégia é a vitória. Por tanto, se vê a estratégia como meio (ou conjunto dos meios) para alcançar um fim (ou objetivo), que é a vitória sobre um oponente. Já Mintzberg et al (2006) diz que a estratégia existe em diversos campos: a) no campo militar: estratégia está relacionada à “criação de um plano de guerra... preparação das campanhas individuais, e dentro delas, decisão do comprometimento individual.” (CLAUSEWITZ, 1976, apud MINTZBERG et al, 2006); b) na teoria dos jogos: estratégia é “um plano completo: um plano que especifica que escolhas [o jogador] vai fazer em cada situação possível.” (NEWMAN; MORGENSTERN, 1944, apud MINTZBERG et al, 2006); c) em administração: “estratégia é um plano unificado, amplo e integrado... criado para assegurar que os objetivos básicos da empresa sejam atingidos.” (GUECK, 1980, apud MINTZBERG et al, 2006). Baseado no texto pode-se entender que a estratégia foi gerada a partir da necessidade de chegar à vitória; pode-se tirar uma lição dos militares que se organizavam utilizando estratégias para enfrentar o inimigo. Os autores citam as artimanhas de guerra como principal lição sobre estratégia, os maiores exemplos encontrados são sobre princípios deixados por Sun Tzu sobre a arte da guerra, que passou a ser adaptada à realidade de competição das organizações de hoje. 4.4.2 Adaptação para o contexto empresarial Segundo Maximiano (2008), “no início do século XX o conceito de estratégia e as técnicas de administração estratégica chegaram às empresas”. Os primeiros executivos a aplicar o que depois seria administração estratégica foram Pierre Du Pont e Alfred Sloan. Sloan ainda escreveu um livro sobre a sua experiência de aplicação da administração estratégica na General Motors. Ele reconheceu a necessidade desta e considerou que a estratégia deve ser separada das operações de rotina na empresa. De acordo com as experiências vividas tanto pela General Motors como pela Du Pont tudo o que se referia a responsabilidades com políticas ficou com um comitê executivo. Ainda de acordo com Maximiano, “foi a partir dos anos 60 que começou a transição do conceito de política de negócios para planejamento de longo prazo e daí para estratégia 38 coorporativa e planejamento estratégico”. O autor cita o início da utilização da sigla SWOT que hoje chamamos de Matriz SWOT, a qual passou a ser parte dos procedimentos no que se refere a planejamento estratégico, significando: S – Pontos Fortes (Strenghts), W – Pontos Fracos (Weaknesses), O – Oportunidades (Opportunities), T – Ameaças (Threats). Chiavenato e Sapiro (2010) também comentam sobre a transição entre o fim do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Nessa passagem surgiam novos modelos de empresas verticalmente integradas e compostas de muitas divisões (Estados Unidos e logo Europa). As empresas desenvolveram técnicas para coordenar as funções; isso era possível a partir de novas estruturas hierárquicas e através de fortes investimentos nos processos de fabricação e marketing. Os autores ainda comentam sobre a importante influência que os escritores Chandler, Druker e Ansof tiveram na forma da estratégia empresarial inicialmente. Os autores Maximiano (2008), Chiavenato e Sapiro (2010) comentam sobre a importante influência, desde o início da aplicação da estratégia nas organizações, de personagens como Sloam e Drucker que trouxeram varias ideias e experiências sobre aplicação da estratégia nas organizações. Após surgiram outros autores, como Chandler que estudou o autor Alfred Sloam sobre suas experiências importantes na General Motors. Assim também o autor Igor Ansoff escreveu sobre estratégia coorporativa, primeiro livro sobre o assunto, e foi influenciado pelas ideais de outros autores como Drucker e Chandler. 4.4.3 Conceitos contemporâneos de estratégia empresarial Para Maximiano (2004, p. 162), na administração das organizações a estratégia serve de direção para a organização, e dessa forma assegura o seu desempenho e sua sobrevivência. O autor afirma que a estratégia abrange os caminhos a serem tomados para chegar ao objetivo ou aqueles objetivos que se deseja atingir. O autor ainda diz que a importância dos objetivos vai depender das pessoas que planejam. Serra et al (2004, p. 5) afirmam que a estratégia empresarial abrange os meios que uma organização envolve para atingir os seus objetivos. Sendo esses meios as decisões tomadas em relação a produtos e serviços direcionados aos clientes e mercados que se quer atingir, e em relação a que posição a empresa quer ter frente a seus concorrentes. Os autores citados seguem o mesmo raciocínio, pois em seus conceitos estabelecem que a estratégia traça uma direção para os planos da empresa e abrange os métodos que a empresa determina para atingir seus objetivos. 39 Segundo Chiavenato (2007, p. 113) “a estratégia empresarial funciona como primeiro e principal passo para que a empresa tenha capacidade de lidar em ambientes que mudam rapidamente onde os participantes desse ambiente sejam caracterizados como participantes igualmente inovadores e imprevisíveis”. Para o autor a estratégia representa a integração, adequação e a compatibilização e cita três componentes básicos da estratégia empresarial: a) ambiente: seriam as oportunidades visualizadas no ambiente de tarefa, mais especificamente no mercado, bem como as restrições, limitações, contingências, coações e ameaças nele existentes; b) empresa: seriam a organização, sua missão e visão de futuro, os recursos de que ela dispõe ou pode utilizar com vantagens, suas competências e habilidades, bem como seus pontos fortes (que precisam ser utilizados) e fracos (que devem ser corrigidos ou melhorados), compromissos e objetivos; c) adequação entre ambos: seria a postura que a empresa devera adotar para compatibilizar seus objetivos, recursos, competências, potencialidades e limitações com as condições ambientais no sentido de extrair o máximo das oportunidades externas e expor-se o mínimo as ameaças, coações e contingências ambientais. Esta adequação deve necessariamente produzir alguma vantagem competitiva diante dos concorrentes. De acordo com a postura dos autores, em ambientes tão cambiantes as empresas precisam se posicionar no mercado em que atuam se quiserem sobreviver. Para tanto, a estratégia empresarial se apresenta como uma ferramenta que poderá lhe dar capacidade de definir objetivos e como atingi-los. A seguir, apresenta-se o planejamento estratégico e sua evolução. 4.5 Planejamento Estratégico Oliveira (2005, p.47) conceitua o planejamento estratégico como um processo administrativo que dá sustentação metodológica quando se pretende escolher a melhor direção a ser seguida pela empresa, tendo em vista a importância da interação com o ambiente e a atuação no mercado de forma inovadora e diferenciada. 40 4.5.1 A evolução do planejamento estratégico O planejamento estratégico teve seu início com a publicação do primeiro livro sobre estratégia em 1965, sendo a autoria de Igor Ansoff, e em 1973, é reforçada com a realização do primeiro Seminário Internacional de Administração Estratégica. Logo em 1980 é editado o primeiro livro notável com desenvolvimento de conceitos próprios de estratégias, do autor Michael Porter “estratégia competitiva”. A partir daí, os livros de estratégia passaram a ser os mais vendidos na área da administração. Passados 10 anos, já estando na década dos anos 90, surgiram outros fatos importantes: em 1990 foi editado o livro de Porter – Vantagem Competitiva das Nações, que ampliou os conceitos de estratégia para problemas macroeconômicos. Em 1993, a Revista Business Week mostrou que o planejamento estratégico deixou de ser o serviço de maior faturamento das empresas de consultorias européias e foi editado o livro de Mintzberg, que mostrou a precariedade dos conceitos de planejamento estratégico. Em 1994, foi editado o livro de Hamel e Prahalad – Competindo pelo Futuro, que consagrou os novos conceitos de estratégia empresarial como arquitetura estratégica, intento, competências essenciais etc. E por último, a partir de 1995 em diante, seguem sendo lançandos vários livros no mercado, todos eles sem adotar no título a palavra planejamento, enfatizando termos como pensamento estratégico, estratégia operacional, estratégias em tempo real etc. (ZACCARELLI, 1995, p. 22). Segundo os autores Chiavenato e Sapiro (2010), em meados do século XVIII, Adam Smith havia introduzido sua expressão “mão invisível do mercado”, onde fazia referência a uma ordem que resultava da interação dos indivíduos numa economia de mercado. Apesar de não existir alguém que coordenasse a partir de um interesse comum, Smith se referia como se houvesse uma “mão invisível” que realizava a orientação. Com o passar do tempo, o ambiente competitivo onde prevalecia o termo “mão invisível” deu espaço para o historiador Alfred D. Chandler Jr., trazendo o entendimento num conceito de que o termo referido à “mão invisível” era senão a dos profissionais. Os autores comentam que na década de 40 e começo de 50, Peter Drucker trouxe a afirmação de que a teoria econômica se referia aos mercados como forças impessoais, eximindo-a de ser controlada por qualquer indivíduo ou organização. Ainda argumentava que o propósito do estrategista seria o de levar a organização através das mudanças do ambiente econômico, reduzindo as restrições impostas pelas circunstâncias. Os autores também mencionam que essa percepção resultou na base do desenvolvimento do pensamento estratégico formal, onde uma organização exerceria algum controle sobre forças de mercado. 41 Cavalcanti (2007) complementa dizendo que na década de 70, o planejamento estratégico formalizou-se. O modelo considerado básico era o SWOT e veio a se consagrar como o que Mintzberg chamaria de Escola do Design posteriormente, o que seria uma camisa-de-força ao planejamento, formado de várias etapas, com estágios em sequência, formado por uma cadeia de subestratégias. A autora diz que isso é bem caracterizado em Steiner (1979), que afirmou “todas as estratégias precisam ser divididas em subestratégias para o sucesso da implementação”. A seguir, a autora também comenta que Igor Ansoff apresentou um esquema, mas este era complexo e rígido para formulação da estratégia. Assim para a autora o planejamento estratégico da década de 60 e 70 eram muito rígidos e formais, eram isolados e sem conexão, sendo complexos e intrincados demais em sua formação. Por tanto, o planejamento estratégico teve seu auge na década de 60 e duas décadas depois entrou em crise, sendo após revistas pelos diversos autores, que admitiram que tal formalização e rigidez não permitiam que as organizações competissem em mercados globais e recessivos. Alguns escritores ainda realizaram listagens de erros cometidos na formação das estratégias listando os pecados do planejamento estratégico clássico. Ainda de acordo com a autora Cavalcanti (2007), Michael Porter veio a dar resposta a essas preocupações na década de 80, e ainda na mesma década H. Mintzberg admitiu que as falhas se deviam ao formalismo imposto na década de 70. Serra, Torres e Torres (2004) também falam sobre a evolução do planejamento estratégico. Os autores acreditam que “o planejamento estratégico tem sido uma ferramenta extensivamente utilizada pelas organizações”. Esse pensamento vai ao encontro do que diz a autora Cavalcanti quando se refere ao fato do planejamento estratégico ter seu auge nos anos de 1960 e seu declínio em duas décadas depois por não se adaptar para poder competir em mercados globais e recessivos. Mas os autores também comentam que poucos anos depois o planejamento ressurgiu e veio com força por duas razões fundamentais: as empresas começavam a crescer novamente e, com o advento da internet e as possibilidades de ecommerce, as organizações foram obrigadas a ver uma nova forma de posicionar-se nesse novo ambiente. Na continuação, conceitua-se planejamento estratégico. 42 4.5.2 Conceitos de planejamento estratégico Para Oliveira (2005, p.48), o planejamento estratégico geralmente é de responsabilidade dos níveis mais altos da organização, onde são decididos os objetivos e as formas de como serão atingidos. Para isto, devem-se perceber as condições ambientais onde a empresa está inserida, ambiente interno e externo, e os resultados que se pretende atingir. Maximiano (2000) conceitua o planejamento estratégico como o processo que consiste em definir objetivos para a interação com o ambiente, levando em conta os desafios e oportunidades internos e externos. O processo do planejamento estratégico atinge a empresa em longo prazo, pois abrange decisões sobre produtos e serviços que a empresa ira oferecer e os mercados e clientes a quem a empresa tem intenção de atingir. Ainda para o autor, toda organização possui alguma estratégia, ou plano estratégico, com certo tipo de explicitação. Para Chiavenato (2007), seguindo na mesma línea, o planejamento estratégico é de responsabilidade do nível institucional. O autor traz três características fundamentais do planejamento estratégico: a) projetado no longo prazo: pelo menos em termos de seus efeitos e conseqüências. Quase sempre seu limiar cobre algo como 2 a 5 anos pela frente. Em alguns casos, chega a cobrir 10, 15 ou 20 anos, dependendo dos investimentos de longíssimo prazo de empresa de capital intensivo; b) está voltado para relações entre empresa e seu ambiente de tarefa: portanto, sujeito a incerteza e imprevisibilidade dos eventos ambientais. Por se defrontar com a incerteza, o planejamento estratégico baseia suas decisões em julgamento e discernimento e não em dados ou informações referenciais. Isso significa que existe um alto grau de subjetividade no planejamento estratégico. Em muitos casos, as empresas “apostam” no futuro com o planejamento estratégico; c) envolve a empresa como um todo: abarcando todos os seus recursos, no sentido de obter efeito sinergístico de todas as capacidades, competências e potencialidades da empresa. A resposta estratégica da empresa deve envolver sempre um comportamento global e sistêmico. Isso significa que o planejamento estratégico não é a soma dos planos táticos e operacionais. Pelo contrário, os planos táticos e operacionais constituem desdobramentos do planejamento estratégico. A razão? Muito simples: não se trata apenas de somar, mas de aglutinar e integrar de tal forma 43 que tudo possa contribuir para o sucesso do plano estratégico da empresa através de resultados amplificados de esforços. O planejamento estratégico é um planejamento de longo prazo e tem como alvo a organização toda. No desenvolvimento de um planejamento estratégico, a gerência leva em consideração toda a empresa e se pergunta o que deverá fazer para atingir as metas da organização. Este planejamento, que é de longo prazo, geralmente se aproxima de três a cinco anos no futuro. (CERTO, 2005). Na visão de Bateman e Snell (1998, p.125) após o planejamento estratégico ter sido utilizado muitas vezes de forma inadequada há algumas décadas atrás, volta a ser importante na empresa. Os autores comentam que, atualmente, as rápidas mudanças no ambiente forçam todos os executivos da empresa a se envolverem com planejamento na organização, em busca de inovações que torne a empresa mais competitiva. Os autores argumentam que por causa das tendências surgiu novo termo para o processo de planejamento estratégico, a administração estratégica, onde se busca que todos os administradores da organização se envolvam na formulação e implantação dos objetivos estratégicos e estratégias. Ela integra o planejamento estratégico e a administração em um único processo. Sendo assim, o planejamento estratégico torna-se uma atividade contínua e todos os executivos são encorajados a pensar estrategicamente focando tanto questões externas em longo prazo quanto questões táticas e operacionais em curto prazo. Os conceitos sobre planejamento estratégico, na visão dos autores citados acima, possuem uma linha de raciocínio. Existe a concordância de que o planejamento estratégico deve ser estabelecido pela alta administração, responsável por levar em consideração os acontecimentos do ambiente externo e interno onde está inserida a organização na hora de tomar as decisões, que geralmente são de longo prazo. A seguir, apresenta-se a metodologia para o planejamento estratégico. 4.6 Metodologia do planejamento estratégico Na literatura existem vários modelos de metodologias para realizar um planejamento estratégico empresarial, tendo pequenas semelhanças e diferenças entre eles. A seguir, o autor Maximiano (2002) diz que o planejamento estratégico é um processo sistêmico e segue uma sequência de análise e decisões que irá compreender os componentes a seguir: 44 a) análise da situação estratégica presente da organização (Onde estamos? Como chegamos aqui?); b) análise do ambiente (Quais são as ameaças e oportunidades do ambiente?); c) análise interna (Quais são os pontos fortes e fracos dos sistemas internos da organização?); d) definição do plano estratégico (Para onde devemos ir? O que devemos fazer para chegar até lá?). Para o autor, o processo de planejamento estratégico é complexo e dinâmico. O significado de complexo, é que na prática, as etapas poderão seguir em qualquer ordem, ou serem realizadas simultaneamente, dependendo da situação e das pessoas. Pode acontecer que em alguns momentos a empresa enfatiza uma ou outra etapa. Assim alguns administradores preferem definir os objetivos primeiro e as estratégias num momento seguinte. E outros fazem de forma contrária. Menciona-se também que alguns enfatizam a análise das ameaças e oportunidades. Outros se preocupam apenas com as oportunidades. E volta-se a reiterar: a ênfase depende da situação e das pessoas que estão planejando. Para o fato de ser dinâmico, o autor menciona que cada momento é diferente do anterior, e as análises deverão ser realizadas de modo contínuo, de forma a acompanhar a evolução de todas as variáveis que afetam a empresa. Quando os administradores tomam decisões, criam-se novas situações, que precisam ter um acompanhamento. Dessa forma, o planejamento estratégico deve ser tratado como um processo contínuo e não um procedimento burocrático periódico. Serra, Torres e Torres (2004) complementam dizendo que a elaboração de um planejamento estratégico não pode ser feito como um simples exercício de planejamento. Ao se planejar deve se levar em conta o raciocínio estratégico, para que seja flexível, e assim possam ajustar-se as modificações do meio ambiente e ser um orientador na implementação das ações planejadas. No contexto, entende-se que as empresas deverão escolher a metodologia para o processo do planejamento estratégico, mais adequada a sua situação. Para Oliveira (2009), antes da explicitação da metodologia precisa ser entendido o que a empresa espera do planejamento estratégico. Dessa forma, poderá se avaliar se esta metodologia serve a seu propósito. Ainda de acordo com autor, através do planejamento estratégico a empresa espera: a) Conhecer e melhor utilizar seus pontos fortes internos. 45 Ponto forte apresenta-se como diferencial de uma empresa, sendo uma variável controlável, a qual lhe proporciona uma vantagem operacional no ambiente empresarial (ambiente onde as variáveis são não controláveis). b) Conhecer e eliminar ou adequar seus pontos fracos internos. Ponto fraco é uma situação indesejada da empresa, é uma variável controlável, que lhe proporciona uma desvantagem operacional no ambiente empresarial. c) Conhecer e usufruir as oportunidades externas. Oportunidade é a força ambiental incontrolável para a empresa; esta pode favorecer sua ação estratégica, mas deverá ser conhecida e aproveitada, de forma satisfatória, enquanto perdura. d) Conhecer e evitar ameaças externas. Ameaça é a força ambiental não controlável pela empresa; são obstáculos as suas ações estratégicas que poderão ou não ser evitados, mas para tanto deverão ser conhecidos a tempo. Dessa forma, o autor considera importante conhecer detalhadamente a metodologia a ser utilizada para implementar o planejamento estratégico na empresa; ademais propicia ao executivo uma base teórica que lhe permitirá uma melhor aplicação. A metodologia apresentada por Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001, p.30) será a utilizada neste trabalho, pois se considera como o esquema mais compreensível e menos complexo diante dos apresentados pelos vários autores, apresentado no esquema da Figura 5. 46 Figura 5 – Metodologia do planejamento estratégico Negócio Missão Princípios Analise do ambiente Visão Objetivos Estratégias competitivas Implementação e monitoramento Fonte: Pagnocelli e Vasconcelos Filho, 2001. A seguir, será apresentada a metodologia que será utilizada como base deste trabalho. 4.6.1 Negócio De acordo com Fernandes e Berton (2005, p. 21-22), o negócio pode ser definido como a arena onde uma organização compete, ou seja, num olhar mais amplo, onde a organização atua. Olhar o conjunto de empresas que atendem a um mesmo grupo de clientes visando 47 satisfazer as necessidades semelhantes desses clientes, com base em tecnologias não muito distintas, pode ser uma pista para se entender o que é um negócio. Grande número de empresas prefere usar a palavra “negócio” para substituir a palavra missão. A ideia de negócio, para definir um ramo de atuação, é mais prática e também pode ser explícita ou implícita. Inúmeras empresas declaram explicitamente seu negócio, outras parecem achar que seu negócio é tão óbvio que não precisa ser explicitado. (MAXIMIANO, 2002, p.414). Os autores Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001) em suas experiências identificaram as dificuldades dos participantes em definir em qual negócio a empresa atua ou deve atuar. Na visão dos autores, as empresas devem evitar ser míopes e confundir o negócio com o produto ou serviço da empresa. Portanto, a resposta à pergunta: “Qual é o nosso negócio?”, nunca deve ser dada pela empresa, e sim pelo consumidor. Dessa forma, os autores trazem um conceito de negócio: “o entendimento do principal benefício esperado pelo cliente”. Assim, entende-se que a definição correta do negócio para a empresa é de grande importância. Uma vez que o foco principal é o beneficio oferecido aos clientes, isso dará as pessoas da organização um foco onde se concentrar. 4.6.2 Missão da empresa Oliveira (2005, p.126) relata, “a missão é a razão de ser da empresa”, é quando se busca definir qual o negócio da empresa, qual a razão de sua existência, e ainda realiza uma análise em quais negócios poderá atuar no futuro. Dessa forma o autor propõe responder algumas questões como: a) Aonde se quer chegar com a empresa? b) Quais necessidades e expectativas do mercado a empresa pretende atender? O autor também argumenta que a missão é como uma forma de traduzir os sistemas de valores e crenças em termos de negócio e áreas básicas de atuação, considerando as tradições e filosofias da empresa. Uma missão bem definida traz vantagens ajudando todos a entenderem em que atividades atuam na empresa e unir os esforços de todos em direção ao que é fundamental para a empresa (FERNANDES; BERTON, 2005, p.146). Entretanto, os autores argumentam que a declaração da missão para que tenha êxito deve levar em consideração as mudanças que 48 podem acontecer no ambiente. Nesses casos, a empresa pode precisar repensar sua missão, seja por mudança significativa do ambiente, por alterações internas em sua concepção de atuação, ou pelo desejo de entrar em novos mercados. Outro ponto comentado pelos autores é a comunicação da missão não apenas em nível interno, mas também externo. Uma das formas bastante utilizadas pelas empresas são os slogans. Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001, p.85) definem a Missão como “a razão de existir da empresa no seu negócio”. Os autores constataram a dificuldade de se diferenciar negócio e missão, uma vez que várias empresas podem atuar dentro do mesmo negócio, mas o que as distingue é a sua missão. Maximiniano (2000, p.186) argumenta que a missão explana o propósito ou razões para a existência da organização, desde o ponto de vista do que pode oferecer para o cliente. Portanto, a identificação e definição da missão é entender qual necessidade do mercado a empresa atende. O autor ainda diz que para especificar a missão, é necessário que os administradores realizem um exercício de auto-análise e busquem respostas a várias perguntas, como: a) O que a organização está fazendo agora? b) Qual sua utilidade para os clientes? c) Em que negócio estamos? d) Quem são nossos clientes? Chiavenato (2002, p.50), que segue a mesma linha dos autores citados acima, identifica a missão como a razão de ser do próprio negócio, constatando porque foi criado e para que de sua existência. O autor também argumenta que a missão da empresa se dedica a definir o seu negócio e do cliente com a finalidade de entender o que fazer (produto ou serviço), como fazer (tecnologia a ser utilizada e métodos e processos) e para quem fazer (mercado ou cliente). 4.6.3 Princípios e Valores Em relação aos princípios e valores organizacionais, para Serra, Torres e Torres (2004, p.43) é a própria empresa que decide, com honestidade, e estes não deverão mudar quando houver pressão por parte do ambiente externo. Para os autores, se for necessário é melhor mudar de mercado e assim continuar fiel os seus valores. Os valores são intrínsecos e 49 geralmente nascem da iniciativa dos fundadores das empresas que transmitem tais valores para os seus colaboradores. Oliveira (2009, p.67) afirma que os valores da empresa apresentam-se como um conjunto de princípios e crenças fundamentais de uma organização e formam uma base de sustentação para respaldar as suas principais decisões. A visão do autor vai ao encontro do que dizem os autores já citados em relação ao fato de que os valores possuem mais importância para a empresa quando cultivados pela alta administração, como os principais acionistas ou fundadores. São eles que devem se envolver, de forma profissional e motivacional em relação à forma de gerir a empresa. Chiavenato complementa (2009, p.53) dizendo que os valores são crenças básicas que formam as atitudes de cada pessoa, sendo variáveis entre as pessoas e nas empresas. Muitas organizações tentam ter altos padrões éticos com a introdução de códigos formais de ética, cursos dentro da empresa sobre ética profissional, para assim desenvolver uma cultura ética que apoie a alta direção. O autor traz o exemplo do código de ética que é um documento escrito onde estão estabelecidos os valores e padrões éticos que servirão de guia para o comportamento dos colaboradores. Entende-se que os princípios e valores servem como norte para tomada de decisão; são as regras que orientam a atuação das pessoas dentro da organização. 4.6.4 Diagnóstico estratégico De acordo com Oliveira (2009, p.43), o diagnóstico estratégico deverá determinar como a empresa está, e para realizar esta fase é necessário o acesso a pessoas representativas que detenham várias informações e conhecimentos sobre todos os aspectos ligados à realidade interna e externa da empresa. Todas as organizações estão inseridas dentro de uma rede complexa de forças ambientais, segundo os autores Wright, Kroll e Parnell (2010) que afirmam que todas as organizações são afetadas por tendências e sistemas políticos – legais, econômicos, tecnológicos e sociais formando o macroambiente da organização. Para os mesmos autores essas forças são dinâmicas e acabam criando muitas oportunidades e ameaças ou mesmo restrições para a administração estratégica. Continuando na visão dos autores, as empresas também operam em ambientes mais específicos chamados de setor industrial, onde um grupo de empresas concorre pelos produtos ou serviços oferecidos. Neste caso, os autores falam que a estrutura do setor influencia o nível de competição entre as empresas que dele fazem parte, o 50 qual pode impor restrições às suas operações, assim como pode oferecer oportunidades para aquelas empresas com boa administração, obtendo assim vantagens sobre seus concorrentes. Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001, p.197) definem a análise do ambiente como um conjunto de técnicas que permite a identificação e monitoramento permanente das variáveis que influenciam as atividades da empresa. Segundo Chiavenato (2007, p. 94) a analise ambiental é o estudo de diversas forças do ambiente, as relações entre elas no tempo e seus efeitos ou potenciais impactos na organização. Seguidamente os autores Fernandes e Berton (2005) afirmam que realizar a análise estratégica é muito importante, pois representa uma das principais etapas da administração estratégica e através dessa análise poderão ser identificados os riscos e as oportunidades para a empresa. Os autores ainda comentam que para efeitos da administração e planejamento estratégico, o ambiente é dividido em dois níveis: o ambiente geral, ou macroambiente, o qual se refere às grandes forças externas que podem influenciar na empresa; e o ambiente operacional ou setorial, os quais se encontram mais perto da empresa e são constituídos por seus clientes, fornecedores, concorrentes imediatos. Os autores mencionam também que estes ambientes se interpenetram e em algumas ocasiões não se podem distinguir as diferenças entre um e outro. Portanto, a compreensão destes de forma separada é considerada como um artifício que vai facilitar o desenvolvimento de estratégias específicas. Dessa forma, observa-se que o diagnóstico estratégico é muito importante para a empresa, sendo que as organizações estão inseridas dentro de ambientes complexos. No entanto, são afetadas por acontecimentos dinâmicos e estão sempre em constantes mudanças, criando oportunidades e ameaças que atingem a empresa. 4.6.4.1 Análise do ambiente externo De acordo com Vasconcelos Filho e Pagnocelli (2001, p. 210), o ambiente externo contém oportunidades, situações externas que podem ser atuais ou futuras e ter influência de forma positiva no desempenho da empresa. Como também ameaças, que são situações externas, atuais ou futuras que podem influenciar de forma negativa a empresa. Segundo Oliveira (2009, p.71), a análise do ambiente externo tem como finalidade conhecer os vínculos que existem entre a empresa e o ambiente onde ela está inserida, a fim de identificar oportunidades e ameaças e também saber qual o posicionamento de seus produtos versus mercado, assim como as perspectivas destes para o futuro. 51 Tavares (2005, p.126) propõe que o macroambiente é constituído por variáveis ou forças que são incontroláveis, a partir destas surgem as ameaças e as oportunidades da organização. O autor destaca entre essas forças: a economia, a demografia, as forças sociais, a política interna, a política econômica, a política externa, as forças legais, as forças culturais, a tecnologia e a natureza. Todas as organizações são afetadas por quatro forças macroambientais, segundo Wright et al (2010, p.47). Os autores também citam sendo essas forças as político-legais, as econômicas, as tecnológicas e as sociais. Ainda na visão dos autores, em algumas situações, organizações de tamanho significativo, como também várias empresas associadas, podem tentar influenciar a legislação, por meio de pesquisa e desenvolvimento (P&D), causando mudanças tecnológicas ou sociais. Essas forças não estão sob o controle das organizações. Os autores sugerem que a administração estratégica tem o papel de criar condições de preparar a empresa para que opere com eficácia frente às ameaças ou restrições ambientais, como também fazer com que aproveite as oportunidades oferecidas pelo ambiente. 4.6.4.1.1 Forças político-legais De acordo com Chiavenato (2007, p.149-150), as forças políticas têm a ver com decisões governamentais nos níveis federal, estadual e municipal que tem capacidade para afetar as atividades da empresa. Na questão legal, diz respeito à legislação nos âmbitos federal, estadual e municipal considerando que estes a cada dia afetam mais as operações das empresas. Maximiano (2011, p.337) acredita que os componentes mais importantes e que devem ser levados em consideração quando se analisa o ambiente são ramo de negócios, ações do governo, tecnologia, conjuntura econômica e sociedade. Incluem-se ainda resultados de eleições, legislação e sentenças judiciais, como decisões tomadas por várias comissões e instâncias em cada nível de governo, de acordo com a visão de Wright, Kroll e Parnell (2010, p.48). 4.6.4.1.2 Forças econômicas De acordo com Chiavenato (2007, p.149), as forças econômicas abrangem os estágios da economia (se está em depressão, recessão, recuperação ou prosperidade), como tendências em relação aos preços de bens e serviços (inflação ou deflação). Tem a ver com 52 políticas monetárias e fiscais como também balanço de pagamentos, etc. O autor acredita que cada uma destas fases pode afetar tanto de forma negativa como positiva a estratégia da empresa. Segundo os autores Wright, Kroll e Parnell (2010, p.52), as forças econômicas também têm impactos significativos sobre as atividades da empresa. Os autores citam como principais exemplos de forte impacto: a) aumento e diminuição do produto interno bruto; b) como elevação e quedas das taxas de juros; c) elevação e queda da taxa de inflação; d) aumento e queda do valor do dólar. Na visão dos autores, mudanças nestes componentes representam tanto oportunidades como ameaças para a administração estratégica da empresa. Para Fernandes e Berton (2005, p.36), o sucesso da empresa está intimamente ligado à obtenção de lucro e à satisfação das necessidades dos clientes. Para tanto, é importante conhecer algumas variáveis econômicas e suas tendências, pois estas variáveis influenciam a demanda e o valor de diversos produtos, bens e serviços. Sendo importantes variáveis econômicas a renda, o nível de poupança e os padrões de gastos. Ao considerar o ambiente econômico das empresas brasileiras nos últimos anos, os autores trazem uma série de tendências salientes: a) mercados globais; b) abertura da economia; c) aumento do comercio entre os países; d) queda de barreiras comerciais; e) estabilização econômica; f) aumento do poder de compra das classes mais pobres; g) (des) valorização da moeda nacional; h) planejamento financeiro; i) liberalização do credito; j) taxa de juros; k) fusões e aquisições entre as empresas mundiais; l) crescimento dos serviços. 53 4.6.4.1.3 Forças tecnológicas Oliveira (2009, p.77), em relação à tecnologia, revela algumas questões que o executivo deve levar em consideração como: a) Quais as alterações tecnológicas possíveis? b) Quais as entidades de pesquisa, institutos e universidades que estão ou poderão estar envolvidos? c) Quais são os programas de pesquisas? d) Quais são as maiores economias de escala que podem ocorrer? e) O processo e função do equipamento ou exige muitos gerentes de operações? f) O usuário cria ou compra aperfeiçoamento no equipamento? g) Quão critica para o processo são as qualificações dos profissionais envolvidos no processo? h) Quão longa é a vida útil dos equipamentos utilizados? i) Quais são os custos de capital para a empresa entrar no mercado? Tavares (2007, p.133) destaca que as mudanças tecnológicas permitem que as pessoas continuem fazendo o que faziam antes, mas com rapidez e de forma mais confiável. Ainda na visão da autora, a tecnologia pode ser entendida em termos organizacionais sobre forma de produtos e processos. No produto nota-se, por exemplo, na embalagem, que pode ser em relação à segurança que a embalagem transmite ao cliente, a maior facilidade de manuseio ou mesmo à conservação de alimento. No que se aplica a processos, envolvendo a produção de manufatura e de serviços, a autora acredita que possui implicações mais diretamente relacionadas ao tempo e precisão. Exemplo mencionado pela autora que pode corresponder ao que se pode fazer em menor espaço e com maior confiabilidade, como padronização e menor incidência de erros, além da redução de pessoas envolvidas. As forças tecnológicas abrangem os custos e a disponibilidades dos fatores produtivos que são utilizados pela organização e as mudanças na tecnologia que envolve e afeta esses fatores de produção, bem como novos produtos ou serviços que podem substituir os atuais produtos ou serviços oferecidos. (CHIAVENATO, 2007, p.149). 54 4.6.4.1.4 Forças sociais Segundo Wright, Kroll e Parnell (2010, p.55), as forças sociais incluem as tradições, valores, tendências sociais e expectativas que uma sociedade tem em relação às empresas. As tradições são práticas que duram décadas ou até séculos. Os autores citam como exemplo a comemoração do Natal que em regiões do hemisfério ocidental oferece oportunidades financeiras para as empresas. Quanto aos valores são conceitos que uma sociedade leva muito em conta, por exemplo, nos EUA valores incluem a liberdade individual e igualdade de oportunidades. Em relação às tendências sociais, os autores mencionam várias oportunidades e ameaças ou restrições para as empresas. Os autores citam tendências como a que se iniciou há alguns anos atrás de cuidar da saúde e do corpo. Isso trouxe crescimento para setores de tênis esportivos, equipamentos de ginástica e fabricantes de dietéticos. Essas tendências representam também riscos financeiros para outros setores que produzem outro tipo de produtos que não correspondem a esta tendência, como criação de gado, derivados de leite, fabricantes de tabaco e bebidas alcoólicas. 4.6.4.2 Ambiente setorial Quando falamos em análise do ambiente setorial somos levados a mencionar o autor Michael Porter que estudou e escreveu sobre o assunto e é uma das maiores autoridades em estratégia competitiva e competitividade internacional. Porter (2004) argumenta que o ponto importante da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar a organização ao seu meio ambiente. Por mais que o meio ambiente considerado de grande importância seja bem amplo, abrangendo as forças tanto sociais como econômicas, o autor considera que o aspecto principal do meio ambiente da empresa seja a indústria em que ela compete. Ainda na visão do autor a estrutura industrial causa forte influência quando se determinam as regras competitivas do jogo, como também as estratégias potencialmente disponíveis para a organização. Porter (2004, p.3) traz uma importante análise do grau de concorrência em uma indústria e comenta que isso vai depender de cinco forças competitivas básicas (Figura 6) apresentadas a seguir. 55 Figura 6 - As Cinco Forças Competitivas que determinam a rentabilidade da indústria Fonte: Porter (1996, p.4). 4.6.4.2.1 Ameaça de novos entrantes Wright, Kroll e Parnell (2010, p. 60) comentam que quando um setor começa a receber novos concorrentes tem sua capacidade produtiva aumentada. A não ser que o mercado esteja passando por um crescimento rápido com as novas entradas e isso intensifique a luta por fatias de mercado, causando redução de preços e diminuindo a lucratividade do setor. Porter (apud CHIAVENATO, 2007, p.152) diz que para barrar o ingresso de novos entrantes, as empresas se protegem com barreiras de entradas como: a) economia de escalas: isso acontece quando as empresas vão aumentando as quantidades de um produto fabricado, e seus custos de fabricação por unidade tem redução. Dessa forma os novos entrantes terão de enfrentar os desafios da economia de escala dos concorrentes já existentes; 56 b) diferenciação: aqui as empresas procuram diferenciar seu produto único e exclusivo para o cliente, assim obtendo seu reconhecimento e maior valorização dos produtos da empresa. Os novos entrantes terão de alocar muitos recursos para conseguir atrair aqueles clientes; c) requisitos de capital: o novo entrante tem que dispor de capital e recursos para entrar no setor; d) custos de mudança: ao ingressar o novo entrante terá de enfrentar custos adicionais para adquirir equipamentos auxiliares, re-treinamento de pessoas e outros. Assim quando tais custos de mudança são elevados o novo entrante enfrenta desafios; e) acesso aos canais de distribuição: os novos entrantes enfrentarão desafios para distribuir seus produtos sendo que as empresas já firmes no mercado possuem forte vínculo com os distribuidores com a finalidade de gerar custos de mudanças para aqueles. Porter (apud WRIGHT, KROLL E PARNELL 2010, p.63) comenta mais duas barreiras: a) desvantagens de custos desvinculada da escala: onde as empresas já instaladas podem ter vantagens de custos que não estão disponíveis aos novos entrantes, independente de seu porte e de suas economias de escala. Essas vantagens podem ser a tecnologia exclusiva de seus produtos, o acesso favorável à matéria prima, localizações favoráveis e a curva de aprendizagem ou de experiência; b) políticas governamentais: aqui os governos podem controlar o acesso a determinados setores com exigência de licenciamento e outras regulamentações. 4.6.4.2.2 Poder de barganha dos fornecedores Para Porter (apud CHIAVENATO, 2007, p.153), um grupo de fornecedores tem poder no contexto da indústria quando: a) a indústria é constituída de poucas e grandes empresas fornecedoras sendo estas bem concentradas; b) não há produtos substitutos satisfatórios para a indústria; c) não considera as empresas clientes importantes para seu negócio; 57 d) os insumos oferecidos pelo fornecedor são essenciais ao sucesso do comprador no mercado; e) o fornecedor constitui uma ameaça de integrar para frente no setor de compradores, optando por concorrer com a indústria. Wright, Kroll e Parnell (2010, p.63) mencionam ainda outro fator que pode impedir a entrada de novos integrantes no setor que é a retaliação esperada, isto é, a entrada em determinados setores também pode ser impedida se o novo entrante espera que os concorrentes existentes reajam de forma enérgica. Essas expectativas são fundamentadas quando o setor tem uma história de forte retaliação a novos entrantes ou se ele cresce lentamente. Também se espera retaliação se as empresas estabelecidas estão comprometidas com o setor e possuem ativos fixos que não podem ser transferidos para outros setores, ou ainda se as empresas têm dinheiro ou capacidade produtiva suficiente para satisfazer as necessidades dos clientes no futuro. 4.6.4.2.3 Poder de barganha dos compradores De acordo com Porter (CHIAVENATO, 2007, p.153), o cliente (grupo de compradores) possui poder quando: a) o cliente esta adquirindo grande parte do total da produção do setor; b) o produto adquirido pelo cliente responde por uma parcela significativa dos custos do comprador; c) os produtos da indústria não são diferenciados ou padronizados; d) o comprador pode apresentar uma ameaça concreta de integração para trás e concorrer como o vendedor. A indústria automobilística está oferecendo um serviço de vendas nacionais on line para serviços adicionais ao cliente. 4.6.4.2.4 Ameaças de produtos substitutos Wright, Kroll e Parnell (2010, p.67) comentam que as empresas de um setor podem estar concorrendo com empresas de outros setores que fabricam produtos substitutos. Acontece que tais produtos podem representar alternativas que satisfaçam as necessidades semelhantes dos consumidores, mas diferem em características específicas. 58 Produtos substitutos são caracterizados como bens ou serviços que vem de fora do setor, mas desempenham as mesmas funções de um produto fabricado no setor. Os recipientes plásticos no lugar de potes de vidro, sacos de papel em vez de sacos plásticos. (CHIAVENATO, 2007, p.153). 4.6.4.2.5 Intensidade da rivalidade entre os concorrentes De acordo com os autores Wright, Kroll e Parnell (2010, p.64) a concorrência fica intensa quando uma ou mais empresas de um setor identificam a oportunidade de melhorar sua posição ou sentem uma pressão competitiva das outras. Tal competição se dá com cortes de preços, batalhas publicitárias, introdução de novos produtos ou mesmo a reformulação dos já existentes e melhorias no atendimento aos clientes e nas garantias. Em todo setor existem empresas que competem de forma agressiva como forma de atingir competitividade estratégica. Os fatores que influenciam a intensidade da rivalidade entre as organizações, conforme Porter (apud CHIAVENATO, 2007, p.153), são estes: a) concorrentes numerosos ou equilibrados entre si; b) crescimento lento do setor; c) custos fixos elevados; d) capacidade de produção aumentada; e) concorrentes divergentes em termos de metas e estratégias; f) apostas estratégicas elevadas; g) barreiras de saídas elevadas (como ativos especializados ligados a um negócio específico), custos fixos de saída (como custos trabalhistas), inter-relacionamentos estratégicos (relações de dependência recíproca, como operações compartilhadas), barreiras emocionais (como lealdade dos funcionários) e limitações sociais e governamentais (preocupação com demissões). Ainda o autor Chiavenato (2007) sugere que o modelo proposto por Porter permite uma visão periférica do negócio e analisar com maior profundidade a situação de cada setor de mercado (ou indústria, segundo sua terminologia). 59 4.6.5 Análise do ambiente interno Depois de realizada a análise externa da empresa, o diagnóstico também apresenta a análise interna, a qual tem por finalidade mostrar as deficiências e qualidades da empresa que está passando pela análise. Portanto, aqui devem ser determinados os pontos fracos e fortes da empresa frente à atual posição de seus produtos ou serviços versus segmentos de mercado. Aqui a empresa deve considerar em sua análise, a fins de comparação, outras empresas do seu setor de atuação, sejam empresas concorrentes diretos ou apenas concorrentes potenciais. Além dos pontos fracos e fortes da empresa devem ser considerados também os pontos neutros. Pontos neutros são aqueles que em determinado momento ou situação ou por falta de critérios de avaliação não estão sendo considerados diferenciais e nem qualidades da empresa, mas que no futuro poderão vir a ser enquadrados como ponto forte ou fraco da empresa. (OLIVEIRA, 2007, p.81). Para Chiavenato (2007, p.154), a análise interna corresponde ao processo pelo qual se analisam os recursos disponíveis como financeiros, mercadológico, produtivos e humanos da empresa de forma conjunta com o intuito de verificar suas forças e fraquezas e ver como a empresa pode explorar as oportunidades e enfrentar as ameaças e restrições que o ambiente lhe apresenta. O autor argumenta que se trata de criar condições para a gestão de conhecimento estratégico da empresa em relação as suas características e condições. Não basta conhecer profundamente o ambiente externo, é preciso também conhecer profundamente as condições internas da empresa, suas competências, suas potencialidades e vulnerabilidade. O autor propõe que se leve em consideração os seguintes aspectos numa análise organizacional interna: a) missão e visão organizacional: abrangendo os objetivos empresariais e sua hierarquia de importância. A missão define o papel assumido pela empresa na sociedade, enquanto a visão define o que ela pretende ser futuramente e os objetivos a alcançar; b) recursos empresariais disponíveis: se refere a recursos financeiros, físicos ou materiais, humanos, mercadológicos e administrativos. Em geral os recursos determinam ate que ponto a empresa pode operar, crescer e se expandir; c) competências atuais e potenciais: quais são os conhecimentos, habilidades, capacidades e atitudes individuais que a empresa reúne ou pode reunir; 60 d) estrutura organizacional: como a empresa está organizada e suas características, envolvendo os sistemas internos, valores e princípios. A estrutura representa a maneira pela qual a empresa se organiza para cumprir sua estratégia; e) tecnologia: as tecnologias utilizadas pela empresa sejam para produção de seus produtos e serviços ou para seu próprio funcionamento interno, representam a infraestrutura que permite ou amarra seu desenvolvimento; f) pessoas: suas habilidades, seus talentos, capacidades e competência. A empresa precisa contar com talentos para que possa crescer e ser exitosa; g) cultura organizacional: abrange o estilo de administração, clima organizacional, estilo de liderança e os aspectos motivacionais internos. De acordo com Wright, Kroll e Parnell (2010, p.85), delimitar a orientação para a empresa é difícil, a não ser que a administração e o conselho de administração, com insumos de vários stakeholders tenham delineado claramente o propósito da empresa. Ainda na visão dos autores o propósito de uma empresa é delineado a fim de estrategicamente criar riquezas para os acionistas, por meio da satisfação das necessidades e expectativas de vários stakeholders. Os autores Wright, Kroll e Parnell (2010, p.87) também concordam que os pontos fortes e fracos de uma empresa são analisados a partir de seus recursos. Nessa análise incluem-se os recursos humanos que abrangem as experiências, capacidades, conhecimentos, habilidades e julgamentos de todos os funcionários da empresa; os organizacionais, sistemas de processos da empresa, inclusive suas estratégias, estrutura, cultura, administração de compras/materiais, produção/operações, base financeira, pesquisa e desenvolvimento, marketing, sistemas de informação e sistemas de controle; e físicos, instalações e equipamentos, localização geográfica, acesso a matérias primas, rede de distribuição e tecnologia. Os autores afirmam que se trabalhados os três tipos de recursos juntos, de forma exitosa podem oferecer à empresa uma vantagem competitiva sustentada. 4.6.6 Visão da empresa Oliveira conceitua a visão (2009, p.65) como “limites que os principais executivos da empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla”. Para o autor, é a visão que vai nortear a forma como o planejamento estratégico 61 será desenvolvido e implementado na empresa. Portanto, a visão vem a representar o que a empresa quer ser futuramente. Já para Serra, Torres e Torres (2004, p.42), a visão pode ser definida como a percepção das necessidades existentes num mercado e as formas de como a empresa poderá atendê-los. Em sequência, os autores comentam que deve ser levado em consideração não só a percepção das necessidades do mercado, mas de como a empresa fará para satisfazê-los. Fernandes e Burton (2005, p.149) complementam dizendo que a visão é a explicitação daquilo que se idealiza para a empresa. Envolvendo os valores, desejos, vontades, sonhos e ambição da organização. 4.6.7 Objetivos estratégicos Segundo Oliveira (2005, p.160-161) uma empresa em si não pode ter objetivos. O autor argumenta que a empresa não possui vontade própria; quem dá importância a esses objetivos são as pessoas que dirigem a organização, e ainda quanto mais poder o indivíduo possuir mais influenciará os objetivos da empresa. Para o autor, uma forma de a organização alcançar seus objetivos é através da cooperação dos indivíduos, que ao serem admitidos na empresa trazem consigo necessidades, aspirações e expectativas com a crença de serem satisfeitas em troca do seu trabalho. O autor ainda comenta a importância que os funcionários da organização tenham os objetivos empresariais como seus próprios objetivos pessoais. Situação que pode ser facilitada quando os objetivos empresariais expressam valores culturais que são adequados para os próprios valores individuais; e quando os funcionários identificam-se com os valores de seu grupo de trabalho. Assim de acordo com o autor, a empresa só poderá atingir seus objetivos no momento em que todos os funcionários tiverem a capacidade e motivação na direção dos resultados esperados. Complementando, o autor ainda afirma que os executivos das empresas costumam esquecer que os objetivos não só permitem guiar as ações e estratégias, mas também estimulálas. Dessa forma, os objetivos cumprem as seguintes finalidades da empresa: a) fornecer às pessoas um sentimento específico e adequado do seu papel na empresa; b) dar consistência à tomada de decisão entre grande número de diferentes executivos; c) estimular o empenho e a realização baseado em resultados esperados; d) fornecer a base para o controle e as ações corretivas. 62 Na visão de Fernandes e Berton (2005 p.153), os objetivos são os vários resultados que uma empresa quer alcançar e com prazos já estabelecidos para que aconteçam. Para formular os objetivos os autores propõem que os executivos devem ter em mente algumas características: a) quantificar e definir prazos para os objetivos da organização, levando em consideração os diversos stakeholders; b) comunicar de forma clara os objetivos e alinhá-los à missão e aos valores da empresa; c) detalhá-los em diversos níveis, sabendo desafiar as pessoas sem desanimá-las; d) manter a flexibilidade. Para Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001 p.268) “os objetivos são resultados que a empresa deve alcançar, com prazo determinado, para concretizar sua visão, sendo competitiva no ambiente atual e no futuro”. Portanto, devem ser desafiantes, porém viáveis; ter prazo definido; ser mensuráveis; e ser coerentes entre si. Assim os objetivos representam aquilo que uma organização deseja alcançar, e de acordo com a visão de Chiavenato (2007, p. 56), os objetivos são estados desejáveis que se tem a intenção de alcançar e realizar. Assim enquanto o objetivo não é alcançado, esse constitui um alvo, uma meta. No momento que o objetivo é alcançado deixará de ser algo desejável para se tornar realidade, e é quando se deve escolher outro objetivo, que seja mais desafiador e complexo do que o anterior. 4.6.8 Estratégias competitivas Estratégia competitiva é ser diferente, uma vez que se escolhe deliberadamente um conjunto diferente de atividades para entregar um valor único ao cliente. (PORTER, 1996). Para Chiavenato (2007, p.124) as estratégias competitivas são formuladas para maximizar a competitividade da empresa frente a seus concorrentes. Elas podem procurar a manutenção ou defesa de um determinado mercado, o aumento da participação ou novos mercados, ou tudo isso de forma conjunta. Maximiano (2000, p.415) segue a mesma linha que autor Chiavenato mencionando que estratégias são decisões para colocar em prática os planos visando atingir os objetivos 63 estratégicos, sejam para recuperar a empresa em situações difíceis, continuar com o bom desempenho, alcançar novo patamar de resultados, ter crescimento ou manter-se no mercado. No Brasil, as mudanças se deram quando o ambiente do país passou de protecionismo para competitivo, isso deu inicio à formulação de estratégias. Tornouse importante investir mais tempo para delinear as estratégias que diferenciasse a empresa. Muitos se descuidaram e perderam de vista a estratégia passando de forma errônea a utilizar ferramentas como Benchmarking e reengenharia. Essa é a causa de porque se via as empresas competindo com as mesmas ferramentas, onde a competência é de forma destrutiva e tende a eliminar todos os lucros (PAGNOCELLI; VASCONCELOS FILHO, 2001, p.289). Para os mesmos autores a estratégia competitiva é o que a empresa decide fazer e não fazer, levando em conta os acontecimentos do cenário, para concretizar a visão e atingir os objetivos, respeitando os princípios, visando cumprir a missão no seu negócio. Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001) consideram importantes algumas características que deverão ser levadas em consideração para formular as estratégias, citando que as estratégias devem: a) levar em consideração as tendências relevantes para o século XXI, bem como a análise do ambiente; b) criar vantagem competitiva duradoura; c) ser compatíveis com os recursos; d) ser coerentes entre si; e) buscar o compromisso das pessoas envolvidas; f) estar dentro do limite de risco aceito pela empresa; g) ser fundadas nos princípios da empresa; h) ser criativas e inovadoras. Na visão de Tavares (2007, p.277) para que a formulação de uma estratégia seja bem sucedida requer uma análise compreensiva e preditiva do ambiente externo. Da mesma forma, requer que seja rigidamente avaliado o ambiente interno da organização. Deve ser resultado de um estabelecimento do escopo competitivo, das perspectivas apresentadas pelos cenários macroambientais, análise dos relacionamentos e do ambiente competitivo. 64 4.6.9 Implementação De nada adianta ter só a intenção. Para os autores Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001) a estratégia de nada serve se não é transformada em ação, e após em resultados. Em outras palavras entende-se que a estratégia precisa passar da fase de planejamento para a de execução; o que os autores chamam de “fazejamento”. Na visão dos autores a empresa terá de elaborar planos de ação onde as estratégias serão detalhadas, indicados que tipos de resultados são esperados, e o tempo em que será executado. Outro ponto observado pelos autores são os recursos necessários para a implementação da estratégia, onde deverá ser avaliada a viabilidade dos objetivos e estratégias competitivas da empresa do ponto de vista financeiro. Outra questão trazida pelos autores é a divulgação da estratégia; para estes se a intenção da empresa é o sucesso, um passo importante é divulgar a todos os seus funcionários como pretende alcançá-lo, fazer saber aonde a empresa quer chegar. Para isso, a cúpula deve decidir o grau de abertura da divulgação dos seus planos, justamente para que os funcionários conheçam as intenções da empresa e não corram o risco de errar, de maneira que quem tome conhecimento dessas informações seja a concorrência. Implementar uma estratégia sempre envolve algum tipo de mudança. Pode que a mudança seja ampla, ou em outros casos, parcial e localizada. (FERNANDES; BERTON, 2005, p.205). Implementação é a fase para colocar os planos realizados pela empresa em ação. De acordo com Chiavenato (2007, p.160) é a fase da execução, onde o fazer acontece na administração. Na visão do autor, a implementação é a etapa em que o administrador leva adiante a intenção de conseguir das pessoas a realização dos planos estabelecidos por seu trabalho diário. Portanto, a implementação é como uma ponte entre as decisões administrativas e a execução real por meio das pessoas nos vários níveis da empresa. 4.6.9.1 Controle Na visão de Tavares (2007, p.377) controle é uma forma de verificar o que está previsto e o que na realidade está ocorrendo. Nesta situação existem padrões que se estabelecem com a intenção de verificar as discrepâncias que surgem entre estas situações. Tais procedimentos podem auxiliar na correção do processo decisório, apontando onde intervir e colocar a situação na direção definida. 65 Oliveira (2005, p. 265) define o controle como uma parte da função administrativa onde através da comparação com padrões previamente estabelecidos se busca medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações. O objetivo é o de buscar informações para que os responsáveis pela tomada de decisão possam tomar ações de correção ou mesmo reforçar esse desempenho, ou ainda interferir em funções do processo administrativo e assim assegurar que os resultados cumpram as metas, desafios e objetivos definidos. De acordo com o autor, o controle e a avaliação no processo de planejamento estratégico têm as seguintes finalidades: a) identificar os problemas, falhas e erros que se desviaram do planejado; o objetivo é corrigir e evitar que aconteça novamente; b) fazer com que os resultados obtidos com a realização das operações estejam quanto possível próximos dos resultados planejados e possibilitem alcançar os desafios e a realização dos objetivos; c) verificar se as estratégias e políticas estão levando aos resultados esperados, conforme as situações existentes e previstas; d) proporcionar informações gerenciais periódicas, para que se intervenha de forma rápida no desempenho do processo. Ainda conforme o autor Oliveira (2005), a partir dessas finalidades a função controle e avaliação pode ter a utilidade como instrumento administrativo para; a) corrigir ou reforçar o desempenho apresentado; b) informar sobre a necessidade de alteração nas funções administrativas de planejamento, organização e direção; c) proteger os ativos da empresa (financeiros, tecnológicos, humanos e outros) contra furtos, roubos, desperdícios e outros; d) garantir a manutenção ou aumento de eficiência, eficácia e efetividade na consecução dos objetivos, desafios e metas da empresa; e) informar se os programas, projetos e planos de ação estão sendo desenvolvidos de acordo com o estabelecido e apresentando os resultados desejados; f) informar se os recursos estão sendo utilizados da melhor maneira possível. Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001) comentam que as experiências demonstram que o acompanhamento motiva as pessoas, não pela cobrança, e sim porque elas passam a utilizar 66 os resultados como base para avaliar seu desempenho. Para os autores quando se acompanha o processo, se algo não ocorre, rapidamente deve ser aplicada uma ação corretiva, para assim evitar problemas maiores. 4.7 Matriz SWOT Para pesquisa de campo, onde se levantará as informações para o diagnóstico, será utilizada a Matriz SWOT. Para Chiavenato e Sapiro (2004), a Matriz SWOT possui a função de cruzar as oportunidades e ameaças externas da organização como os seus pontos fortes e fracos, formando assim quatro células que serão cruzadas e indicará que rumo tomar. Ou seja, se relaciona as oportunidades e ameaças que estão no ambiente externo com as forças e fraquezas mapeadas no ambiente interno da organização. Análise SWOT é uma ferramenta de desenvolvimento estratégico que realiza uma comparação entre as forças e fraquezas internas da organização com as oportunidades e ameaças externas. O autor argumenta que a análise SWOT baseia-se no pressuposto de que a gerência examina cuidadosamente essas forças e fraquezas, oportunidades e ameaças, sendo uma estratégia útil que irá garantir o êxito da organização e se tornará evidente a eles. (CERTO, 2003, p.158). Wright, Kroll e Parnell (2010, p.86) seguem na mesma linha de raciocínio dos autores citados. Mencionando que subjacente à missão onde são analisados os pontos fortes e fracos da organização, o objetivo da análise permite que a empresa se prepare para aproveitar as vantagens das oportunidades do ambiente e evite ou minimize as ameaças do ambiente. A análise também permite ver os pontos fortes que ainda não foram totalmente utilizados e identificar pontos fracos que podem ser corrigidos. 67 5 METODOLOGIA Conforme Roesch (2006), quando se define a metodologia, está se escolhendo a forma como o problema será investigado, e como os dados serão coletados e analisados no processo de desenvolvimento do trabalho, através da comparação entre teoria e realidade. Nesse capítulo, pretende-se apresentar a metodologia e procedimentos a serem utilizados na coleta e análise dos dados para que o trabalho seja realizado. 5.1 Delineamento do tipo de estudo O trabalho será desenvolvido com o propósito de uma pesquisa-diagnóstico que de acordo com Roesch (2006, p.67) é uma forma de explorar o ambiente organizacional e de mercado, com levantamento e definição do problema. Para realizar este trabalho será feito uma pesquisa qualitativa. Segundo Roesch (2006, p. 54) a pesquisa qualitativa e suas formas de coletar e analisar dados são voltadas para uma pesquisa exploratória. A pesquisa pode ter caráter exploratório porque a empresa não tem conhecimentos sobre o tema pesquisado na área de planejamento estratégico e a aluna terá de fazer a proposta realizando estudo preliminar das teorias e casos para ter mais familiaridade com a situação. Nesta pesquisa se fará levantamento bibliográfico, consultas a revistas especializadas, artigos da internet como outros trabalhos de conclusão sobre o tema. O método a ser utilizado é o estudo de caso, uma vez que será analisada uma única organização dentro de seu contexto. 5.2 Delineamento da área alvo de estudo Segundo Roesch (2006, p.128) a população alvo “pode estar concentrada em um departamento da empresa ou englobar toda a organização”. O estudo será realizado com a gerência da empresa, os quais são responsáveis pelas decisões tomadas na indústria como um todo. A área alvo da pesquisa não poderá ser toda a organização por se tratar de empresa de médio porte o que resulta em muitos colaboradores. Assim a população alvo estará composta por um dos diretores da empresa – proprietário, o gerente administrativo, o gerente comercial-financeiro e um colaborador que será escolhido; também fazem parte 4 clientes da empresa os quais responderam a entrevista por e-mail. 68 5.3 Instrumento de coleta de dados Segundo Oliveira (2002, p.163) “tanto os métodos quanto as técnicas devem adequar-se ao problema a ser estudado, às hipóteses levantadas que se queira confirmar, e ao tipo de entrevistado com quem se vai entrar em contato”. De acordo com Roesch (2006, p.140) a coleta de dados de forma primária acontece quando o próprio pesquisador faz a coleta de dados. Ainda segundo a autora, “entrevistas, observações e uso de diários são as técnicas mais utilizadas na pesquisa de caráter qualitativa”. Como não é possível realizar a coleta em toda a organização se realizou a coleta com pessoal selecionado por meio de entrevista aplicada a pessoas chaves na indústria como o gestor e colaboradores, onde foram utilizados questionários com perguntas fechadas e após entrevistas. Inicialmente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica para melhor entender sobre o tema e esclarecimento de dúvidas. 5.4 Plano de análise de dados Para analisar dados de acordo com Roesch (2006) “na pesquisa de caráter qualitativo, o pesquisador, ao encerrar sua coleta de dados, se depara com uma quantidade imensa de dados de pesquisa ou de depoimentos, que se materializam na forma de textos, que terá de organizar para depois interpretar”. Entende-se que na pesquisa qualitativa, logo depois de concluída a coleta dos dados através das testemunhas dadas em entrevistas e questionários, a pesquisadora terá de organizar estes dados para chegar a um entendimento e sugerir uma solução para o problema. No plano de análise e interpretação de dados, segundo Oliveira (2002), uma vez que os dados são coletados e com as informações em mãos, a vez será de analisar e interpretar estes; o autor menciona ainda que a análise e as interpretações passam a ser o núcleo central da pesquisa. A análise e interpretação consistem então em analisar e interpretar os dados coletados pela pesquisadora a partir das entrevistas, questionários e documentos adquiridos. A partir daí então se dará início à análise das forças e fraquezas, oportunidades e ameaças da companhia, assim como formar uma identidade e propor objetivos estratégicos para a empresa. 69 6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo, apresentam-se os dados coletados e analisados. Inicialmente, realizou-se a análise ambiental da indústria através da aplicação de questionários e entrevistas em profundidade aos membros estratégicos da organização, assim como aos seus principais clientes para conhecer os pontos fortes e fracos (ambiente interno) e oportunidades e ameaças (ambiente externo) da organização. Na entrevista também se coletou informações para definir negócio, missão, visão e princípios da empresa. Depois de realizada essa etapa, já se tem informações para conhecer os ambientes interno e externo da empresa e definir objetivos estratégicos para esta. 6.1 Análise do ambiente De acordo com Wright, Kroll e Parnell (2010) as organizações estão inseridas dentro de uma complexa rede de forças ambientais. Dessa forma, toda empresa é afetada pelas tendências e sistemas político-legais, econômicos, tecnológicos e sociais. Este conjunto de elementos forma o macro ambiente das organizações. Estas forças são muito dinâmicas e suas constantes mudanças criam muitas oportunidades e ameaças ou restrições para os administradores estratégicos. Os autores enfatizam também que cada empresa realiza suas atividades dentro de ambientes mais específicos chamados de setor industrial, onde um grupo de empresas produz bens ou ofertam seus serviços concorrentes. Em relação ao ambiente interno, os autores destacam os pontos fortes e fracos de uma organização que estão formados por seus recursos, onde incluem os recursos humanos, organizacionais e físicos. Para realizar a coleta dos dados dos ambientes interno e externo da organização foram utilizados questionários fechados e entrevistas. Foram realizadas entrevistas com os gerentes comercial, financeiro e administrativo, e com a engenheira de alimentos. Após, finalmente, aplicou-se a entrevista a um dos diretores que respondeu apenas as questões do ambiente externo; referente ao ambiente interno, este apenas respondeu ao questionário e justificou somente algumas das questões. A alegação foi de que tinha compromisso fora da empresa e estava sem tempo para responder o restante da entrevista. A primeira entrevista foi realizada com o gerente comercial no dia 21 de abril de 2012 na indústria VRS no município de Estrela/RS; a entrevista durou em torno de 50 minutos. A segunda e terceira entrevistas foram realizadas, respectivamente, com a engenheira de 70 alimentos e com o gerente comercial no dia 28 de abril de 2012 na empresa; as entrevistas duraram em torno de uma hora cada. As duas últimas entrevistas foram aplicadas ao gerente administrativo e a um dos diretores também na empresa, no dia 05 de maio de 2012 e teve duração de mais de 50 minutos cada uma. Em cada encontro foram aplicados os questionários e solicitadas as respectivas justificativas em relação à escolha a cada ponto do questionário. Nessas entrevistas foram abordadas questões sobre o ambiente externo em relação às oportunidades e ameaças e a intensidade de impacto na indústria; assim como do ambiente interno, referente aos pontos fortes e fracos; e avaliada a intensidade com que aparecem na organização. Foram entrevistados cinco clientes, dentre estes os maiores clientes da indústria, assim como compradores de médio e menor porte. A entrevista foi realizada através de uma série de doze perguntas enviadas por e-mail, questões sobre qualidade dos produtos e dos serviços prestados pela indústria desde o momento em que é realizada a visita ao local pelos representantes da indústria até a entrega destes na loja para venda ao cliente final. Relação de entrevistados na VRS A – Gerente Comercial B – Engenheira de alimentos C – Gerente financeiro D – Gerente administrativo E – Diretor da indústria Clientes entrevistados da VRS F – Rede Unidasul G – Rede Asun H – Supermercados Formenton I – Rede Unisuper 6.1.1 Análise do ambiente externo O nível de ambiente externo de uma organização que possui variáveis com amplas implicações a longo prazo para dirigir uma organização é o ambiente geral. O ambiente externo também é formado pelo ambiente operacional que contém variáveis que implicam especificamente para gerenciar a organização. (CERTO, 2005, p. 151-152). 71 6.1.1.1 Macroambiente O macroambiente poderá ser analisado conforme seus diferentes aspectos que são os ambientes demográficos, econômicos, sócio-cultural, político-legal, tecnológico e de recursos ambientais. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2004). De acordo com Fernandes e Berton (2005, p.64) os fatores político-legais influenciam muito o ambiente de negócio. Leis, órgãos governamentais e pressão de grupos da sociedade fazem parte de alguns componentes desse fator, atingindo as organizações em níveis diferentes. • Forças político-legais Referente à legislação que regulamenta a indústria mencionada no Quadro 4, é uma oportunidade. Na visão do entrevistado B “a empresa trabalha a partir da legislação e quando se fala em produção e lançamento de um produto novo a primeira coisa a fazer é pesquisar a legislação sobre esse produto vendo o que pode e o que não pode, e a legislação está sempre presente”. Quanto à legislação trabalhista, conforme Quadro 4, os entrevistados diferem. Segundo o entrevistado D “o empregador está muito susceptível pela falta de mão de obra; hoje o empregador não consegue cobrar tanto como deveria cobrar, o funcionário está livre; acho que deveria ter uma regulamentação que protegesse mais o empregador também”. Para o entrevistado E “a legislação trabalhista é muito a favor do trabalhador; a empresa está cada vez mais dentro da lei e mesmo assim o juiz sempre passa a ação para o lado que considera mais fraco que é o ex-funcionário; viu-se isso numa recente experiência e a empresa não tem como se defender”. Em relação às leis tributárias, os entrevistados definem como ameaça. Na visão do entrevistado A “o leite como é produto de primeira necessidade é isento de qualquer imposto; na parte de subprodutos, a carga tributária do Rio Grande do Sul é uma carga tributária muito alta, e muitas vezes entram produtos do Paraná e Santa Catarina aqui com uma condição melhor, como também entram produtos importados que o governo brasileiro negocia com governos de outros países, onde acabamos sendo atingidos por isso”. Quanto aos órgãos regulamentadores não houve consenso. O entrevistado B comenta que “as empresas precisam se adequar, ter regras, muitas vezes precisa-se de mais 72 fiscalização se olhar para a concorrência, embora prefira preocupar-se mais olhando para dentro da empresa e adequar-se ao invés de preocupar-se com a falta de fiscalização dos outros”. Referente à regulamentação, na concepção do produto também não se chegou a um consenso. O entrevistado C acredita que seja uma oportunidade, “pois é uma forma da empresa trabalhar corretamente fazendo um produto com qualidade”. Quadro 4 – Forças político-legais DIMENSÃO SEGMENTO Legislação empresarial que regulamenta as atividades da indústria Legislação trabalhista FORÇAS Leis tributárias POLÍTICO-LEGAIS Órgãos regulamentadores - Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal - SISPOA, ANVISA e FEPAM RESPONDENTES A B C D E O O A O O 4 5 4 4 3 A O O A A 4 5 4 3 5 A A A O A 4 4 4 3 4 A O N O N 4 4 2 4 2 N O O O N 5 4 4 Regulamentação e normas técnicas na concepção do produto Legenda: A: Ameaça; N: Neutro; O: Oportunidade. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Elaborado pela autora adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2012. Em análise ao Quadro 4 em relação às forças político-legais existe consenso por parte dos entrevistados. A legislação empresarial representa uma oportunidade para a indústria de média a alta interferência, uma vez que mediante as regulamentações toda empresa deve adequar-se as exigências havendo assim uma concorrência mais sadia e oferecendo produtos com maior qualidade. Quanto à legislação trabalhista, não se chegou a um consenso. Para três dos respondentes a legislação trabalhista é uma ameaça de média a total interferência, pois se argumentou que o legislador geralmente defende o trabalhador preocupando-se mais com que a empresa cumpra com as obrigações impostas pela legislação do que ver se o colaborador cumpre com seus deveres. A legislação tributária (Quadro 4) representa uma ameaça para a indústria de acordo com a visão dos respondentes, sendo que os laticínios de outros estados como São Paulo, 73 Santa Catarina e Paraná, conseguem benefícios fiscais mais favoráveis podendo entrar com os mesmos produtos no estado do Rio Grande do Sul a preços mais baixos. Isto é qualificado pelos entrevistados como sendo algo injusto. Ainda concordam que os ganhos devam ser tributados, embora não nas dimensões que se encontra o país atualmente. Na análise dos órgãos regulamentadores não se teve consenso entre os entrevistados. Verificou-se que estas regulamentações que partem do SISPOA não representam complicações para a indústria já que produz alimentos e está ciente das obrigações, e assimila muito bem se adequando as mudanças impostas. Por esse motivo, o veem como um ponto positivo e nada ameaçador, considerando as regulamentações de fraca a alta interferência nas atividades da empresa. Referente à análise do item regulamentações e normas técnicas na concepção do produto, mencionado no Quadro 4, não houve consenso. Mesmo assim, três dos respondentes acreditam que seja uma oportunidade de forte a total interferência, pois as exigências impostas pela ANVISA e SISPOA para produzir um produto dão mais segurança na fabricação, levando também a que os produtos tenham mais qualidade e credibilidade por serem bem fiscalizadas. • Forças sociais e ambientais Em relação às forças sociais e ambientais mencionadas no Quadro 5, os entrevistados consideram uma oportunidade. Segundo o entrevistado B “a preocupação com a qualidade de vida é uma tendência e a empresa tem que se adequar a ela”. O entrevistado D argumenta que “a empresa produz produtos saudáveis, tomando como exemplo a linha de iogurtes que é um produto benéfico para a qualidade de vida dos clientes da empresa”. No item poupança, consumo e tendências referidas no Quadro 5, os respondentes possuem a mesma visão considerando uma oportunidade. O entrevistado A acredita que ainda tem muito mercado a ser conquistado, pois de acordo com pesquisas realizadas pela Tetra Pak, empresa produtora de embalagens, o mercado consome mais sucos, chás e refrigerantes do que leite ou produtos lácteos. O respondente D comenta “vejo como oportunidade uma vez que o aumento do poder aquisitivo da população aumenta o consumo”. Quanto ao item, poder aquisitivo da população, também é considerado uma oportunidade pelos entrevistados. O respondente A argumenta que a classe C vem crescendo, sendo caracterizada como a mais consumidora no Brasil no que se refere a alimentos, representando dessa forma grande oportunidade para a empresa vender seus produtos. 74 Em relação à disponibilidade de mão de obra na região, referido no Quadro 5, foi considerado por todos os entrevistados como ameaça de total interferência para a indústria. O entrevistado A alega que a mão de obra é muito escassa na região; onde a indústria está instalada falta mão de obra na produção que é disputada entre as diversas empresas do lugar. Esse fator acarreta para a indústria sérios problemas, pois muitas vezes tem de submeter-se a vontade do trabalhador que não cumpre com suas obrigações. De acordo com a entrevista B “está difícil para conseguir mão de obra para produção, porque tem muita oferta de emprego na região onde tem outros laticínios, e quem trabalha na produção trabalha nos finais de semana, pois a indústria não pára e isso espanta os trabalhadores para outras atividades”. Na questão sobre alterações climáticas conforme Quadro 5 os participantes concordam que é uma ameaça para a indústria. A principal matéria prima é o leite e em determinadas épocas do ano as alterações que ocorrem no clima, como excesso de frio ou seca, diminui a pastagem levando à diminuição da oferta do leite, que passa a ser disputado pelos laticínios, encarecendo a matéria prima e o giro da empresa, pois não consegue atender a demanda de mercado. Por outro lado durante o verão reduz o consumo de leite; devido ao calor a população consome outros produtos como refrigerantes e sucos. Em relação à preservação do meio ambiente/qualidade não houve consenso. O entrevistado B observa que é necessário que se tratem os efluentes. A indústria aumenta a cada dia a captação e o tratamento dos resíduos se torna importante; é uma preocupação social que a empresa tem por mais que não trabalhe com produtos químicos. Já o entrevistado A considera um ponto neutro porque “isso é uma questão bem assimilada pela indústria tendo um setor que procede conforme orientação da FEPAM e ademais a indústria nunca teve problemas e sabe de sua responsabilidade com o meio ambiente”. Referente à perspectiva de crescimento econômico do país, estado e região todos os entrevistados destacam como oportunidade. Para o entrevistado E, no seu entendimento o crescimento econômico aumenta o poder de compra, a população passa a ter mais recursos com maior consumo. Dessa forma, oferece para a indústria uma oportunidade de crescimento. Em análise ao Quadro 5, a preocupação com a qualidade de vida representa uma oportunidade de média à forte intensidade para a indústria. Na visão dos entrevistados, a empresa trabalha com linhas de produtos bastante consumidos por serem considerados benéficos e saudáveis. Em relação à poupança, consumo e tendências foi destacado como uma oportunidade, uma vez que no Brasil não se tem cultura de poupar e quando aumenta a renda, a população quer consumir mais, trazendo como exemplo o público consumidor da indústria que é classe 75 C e D, considerados maiores consumidores de alimentos no país. Em relação às tendências, a empresa não vê como ameaça porque acredita que fabrica produtos saudáveis. Quadro 5 – Forças sociais e ambientais DIMENSÃO SEGMENTO O O O O 1 4 4 4 3 O O O O O 5 4 4 3 3 O O O O O 5 3 4 3 3 A A A A A 5 5 5 5 5 A A A O A 3 4 5 4 1 Preservação do meio ambiente/qualidade de vida – N O O O N FEPAMFund. Estadual de proteção ambiental 1 3 4 4 1 Perspectiva de crescimento econômico – a níveis de país, O O O O O estado e região – aumento da classe C 4 4 4 3 3 Poupança, consumo e tendências Poder aquisitivo da população AMBIENTAIS RESPONDENTES B C D E N Preocupação com a qualidade de vida FORÇAS SOCIAIS E A Disponibilidade de mão de obra na região Alterações climático-sazonais Legenda: A: Ameaça; N: Neutro; O: Oportunidade. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Autoria própria, adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2010. O item poder aquisitivo da população também se considerou uma oportunidade para os produtos da indústria de média a forte intensidade. Nesta questão, considerou-se o aumento da classe C, com o crescimento econômico do país resulta no aumento desta classe social o que abre mercado para a empresa. Referente à disponibilidade de mão de obra na região existe um consenso que representa uma séria ameaça de total intensidade na indústria; destaca-se a falta de mão de obra para área de produção na região já que a população é pequena e a localidade possui muitas empresas disputando a contratação dos trabalhadores, causando muitas vezes dificuldades que levam à paralisação na fabricação de produtos que requerem essa mão de obra. As alterações climático-sazonais consideram-se uma ameaça à empresa de pouca a total intensidade para as atividades da VRS. As mudanças climáticas são uma realidade e quando ocorrem os extremos prejudicam a produção. Em estações como inverno diminui a matéria 76 prima pela falta de pastagem, no verão a venda do principal produto vendido em grande volume cai significativamente (leite UHT) devido ao fato da população consumir outros produtos como refrigerantes e sucos. Em relação ao item preservação do meio ambiente/qualidade de vida não se chegou a um consenso, sendo que três dos entrevistados o veem como uma oportunidade, considerando que é uma obrigação para todas as indústrias respeitar o meio ambiente; a outra parte considera um ponto neutro, pois a organização possui uma área que trata e recicla conforme é orientado sem prejudicar a natureza. Quanto à perspectiva de crescimento econômico do país, estado e região é uma oportunidade de média a forte intensidade; o crescimento do país e das regiões é vista como aumento de renda e de consumo, dando chances de crescimento para a indústria. • Forças econômicas Em relação às forças econômicas no item políticas fiscais do governo, incentivos fiscais, crédito, os entrevistados o veem como uma oportunidade. Na visão do entrevistado D “o crédito permite à empresa levar adiante os projetos de investimento gerando crescimento para a indústria”. Quanto às políticas fiscais, todos os entrevistados mostram negatividade alegando que estes são cedidos para cooperativas e não para as empresas privadas que tem incentivos pouco significativos. Para a influência de taxa de juros na empresa, mencionada no Quadro 6, não houve consenso. Três dos respondentes acreditam que seja uma oportunidade para os investimentos em épocas que o governo diminui a taxa; os outros respondentes veem como uma ameaça, pois consideram que a taxa de juros é muito custosa para os investimentos na empresa. Quanto à disponibilidade de fontes de financiamento definiu-se como uma oportunidade. O entrevistado A argumenta que “a empresa possui saúde financeira para manter-se, de igual maneira sempre recebemos oferta de dinheiro dos bancos, considero as melhores linhas de financiamento para equipamentos a Finame e o BNDS”. Já o entrevistado C manifesta que “é uma oportunidade por ter essa oferta de fácil acesso, embora possa se transformar numa ameaça se a empresa não realizar uma análise criteriosa, considero que hoje está bom para buscar crédito, mas mantenho que se deve planejar para não deixar a empresa endividada”. Em relação à influência da política cambial no custo do funcionamento da empresa foi considerado por todos os entrevistados como neutro, pois a indústria não realiza comércio 77 com o mercado externo. Embora adquira maquinários fora do país, não acredita que cause alguma influência. No item influência da inflação na venda dos produtos (Quadro 6), não houve consenso. O entrevistado B argumenta “todos os produtos para sua fabricação tem ingredientes e conforme os seus preços vão aumentando fica difícil repassar esse valor para o produto, se repassar o produto encarece e deixa de ser competitivo no mercado”. O entrevistado A acredita que seja um ponto neutro argumentando que o nível de inflação nos últimos anos não teve variação significativa, acreditando que o país tem tido inflação baixa. Referente à influência das formas de tributação dos lucros e rendimentos representa ameaça. Acredita-se que as condições de tributação do país são muito altas, sendo um capital que poderia ser investido na indústria. O entrevistado A comenta que “nos últimos anos com o aumento das vendas a empresa pagou um valor absurdo sobre os rendimentos; ficamos insatisfeitos porque vemos o governo levando boa parte dos nossos ganhos”. Em relação à influência das formas de tributação dos produtos não se chegou a uma definição embora três dos respondentes vejam como um ponto neutro, pois consideram que a tributação nos produtos se comparados a outros setores está na normalidade. Quanto ao item impacto do sistema de tributação no rendimento dos clientes (supermercadistas) foi definido como uma ameaça de média à forte intensidade. O entrevistado C acredita que “se a empresa é tributada acaba repassando parte desse valor para seu cliente impactando na sua compra da empresa”. Os outros entrevistados vê como uma ameaça de outro ponto de vista argumentando que as tributações impactam nos ganhos do cliente levando a consumir menos produtos da empresa. Em análise do Quadro 6 em relação às forças econômicas, no item políticas fiscais do governo, incentivos fiscais e crédito representam oportunidades para a indústria. Os incentivos são pouco significativos para empresas privadas, mas as políticas de crédito são uma oportunidade positiva para o seu crescimento. Em relação à taxa de juros, não existiu consenso; alguns dos entrevistados veem como oportunidade de média à total intensidade quando o governo corta taxa de juros favorecendo os investimentos para a indústria. Quanto às disponibilidades de fontes de financiamento obteve-se consenso destacandose como uma oportunidade de total interferência para a indústria. Existe acesso fácil a crédito atualmente, a empresa recebe constantes ofertas por parte de bancos e outras agências de financiamentos. 78 Quadro 6 – Forças econômicas DIMENSÃO SEGMENTO Políticas fiscais do governo, incentivos fiscais, crédito Influência da taxa de juros Disponibilidade de fontes de financiamento FORÇAS ECONÔMICAS Influência da política cambial no custo do funcionamento da empresa Influência da inflação na venda dos produtos Influência das formas de tributação dos lucros e rendimentos Influência das formas de tributação dos produtos Impacto do sistema de tributação no rendimento dos clientes (supermercadistas) RESPONDENTES A B C D E N O O O O 2 4 4 3 5 O O O A A 4 3 5 5 4 O O O O O 5 2 5 5 5 N N O N N 2 2 4 2 2 N A A A N 2 2 3 5 2 A A A A A 3 2 5 3 3 A N N N A 3 4 3 4 3 N A A A A 4 3 3 4 3 Legenda: A: Ameaça; N: Neutro; O: Oportunidade. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Autoria própria, adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2010. A influência da política cambial no custo do funcionamento da empresa considerou-se como neutro, pois a empresa não realiza trocas com o mercado externo. O item influência da inflação na venda dos produtos do Quadro 6 não obteve consenso. Parte dos entrevistados considerou uma ameaça, pois entende que a inflação encarece os custos do produto sendo de difícil repasse, tendo que embutir no preço do produto. A outra parte considera como neutro, pois acredita que a inflação no país não tem tido variações que possam causar prejuízos. Neste item, influência das formas de tributação dos lucros e rendimentos, houve consenso em que representa uma ameaça de média à total interferência; a empresa não acha justo o governo tributar boa parte dos rendimentos que poderiam ser direcionados para investimento da organização. Referente à influência das formas de tributação dos produtos não se chegou a uma definição; alguns respondentes veem como um ponto neutro já que o leite é um alimento de consumo de primeira necessidade e não tem incidência de qualquer tributação, e em relação aos demais produtos a tributação está dentro da normalidade. 79 Quanto ao impacto do sistema de tributação no rendimento dos clientes (supermercadistas) define-se como ameaça de média à forte intensidade. Verificou-se que a tributação diminui o poder de compra do cliente forçando-o a consumir menos dos produtos da empresa. • Forças tecnológicas Nas forças tecnológicas, o item enfoque com gastos em pesquisa e desenvolvimento do governo e do setor é considerado uma oportunidade de baixa à alta intensidade. Na visão do entrevistado C “esses investimentos ainda estão aquém do esperado, mesmo assim se percebe um nítido avanço com pesquisa e desenvolvimento a partir do campo onde se produz o leite; na parte da industrialização tem que partir das próprias empresas”. O respondente D comenta que “no país, a Embrapa é forte em genética, por mais que seja direcionado para o campo é importante para a empresa mesmo que indiretamente, pois vem aumentando a produção em quantidade e qualidade da matéria prima”. O surgimento de novas fontes energéticas é tido por todos os respondentes como uma oportunidade; foi manifestado pelos respondentes que as possibilidades existentes resultam de um processo muito lento e caro, mas seria interessante desenvolver outras fontes de energia que não prejudiquem o meio ambiente e sejam menos custosas, levando em conta que a energia elétrica é muito cara. Referente à influência da tecnologia na alteração das necessidades dos clientes (Quadro 7) também é considerada uma oportunidade. A entrevistada B argumenta “é uma oportunidade para que as empresas busquem fazer produtos com melhor praticidade para o consumidor e a empresa está sempre correndo atrás para oferecer esse produto ao cliente”. O respondente C comenta “com as exigências dos clientes a empresa melhora o controle de qualidade dos produtos, assim como o layout das embalagens agradando o cliente”. Quanto à influência da tecnologia no desenvolvimento do produto atual também é considerado uma oportunidade. O entrevistado A argumenta “a tecnologia permite produzir melhores produtos para competir em questões de qualidade. Embora o Brasil não possua muita tecnologia na área de laticínios se comparado com outros países como a Argentina que oferece produtos com qualidade garantida”. Para o respondente D “o produto tem que ser melhorado e a tecnologia permite isso, um exemplo é a bebida láctea produzida na empresa, a qual há alguns anos atrás eu não consumia; hoje mudei de ideia, nota-se que mudou muito a qualidade do produto e isso é devido às novas tecnologias adquiridas pela indústria”. 80 O último item do Quadro 7 influência da tecnologia no grau de satisfação dos clientes é uma oportunidade, considerando que a exigência do consumidor faz a indústria se preocupar em adquirir novas tecnologias que geram qualidade no produto que conquista e satisfaz o cliente. O entrevistado D “manifesta que de nada vale fazer um produto se o cliente não gosta; a finalidade é produzir e agradar o consumidor”. Quadro 7 – Forças tecnológicas RESPONDENTES DIMENSÃO SEGMENTO Enfoque com gastos em pesquisa e desenvolvimento do governo e do setor Surgimento de novas fontes energéticas FORÇAS TECNOLÓGICAS Influência da tecnologia na alteração das necessidades dos clientes Influência da tecnologia no desenvolvimento do produto atual Influência da tecnologia no grau de satisfação dos clientes A B C D E N O O O O 2 2 4 3 4 O O O O O 1 2 3 2 3 O O O O O 4 4 3 5 4 O O O O O 4 4 4 5 4 O O O O O 5 4 4 5 4 Legenda: A: Ameaça; N: Neutro; O: Oportunidade. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Autoria própria, adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2010. Em análise das informações que constam no Quadro 7, verifica-se que os gastos em pesquisa e desenvolvimento do setor representam oportunidade para a indústria de baixa a alta intensidade. Manifesta-se que é beneficiado indiretamente através da produção no campo onde as pesquisas são realizadas. Isso se traduz em mais produtividade dos animais e maior qualidade da matéria prima, pois os produtores têm acesso a equipamentos especializados para ordenha e armazenagem. Referente ao surgimento de novas fontes energéticas definiu-se como uma oportunidade de baixa interferência. Seriam vistas como oportunidade pela empresa se fossem fontes que gerassem energias mais baratas. Atualmente, veem o processo com pouca empolgação, já que é lento e considerado custoso. Em relação à influência da tecnologia na alteração das necessidades dos clientes do Quadro 7, existe um consenso entre os respondentes de que o item representa oportunidades de média à total intensidade. A empresa mostra-se interessada em atender as necessidades dos 81 clientes ao invés de se retrair, estão continuamente buscando novas tecnologias que gere valor no produto e satisfaça as necessidades do consumidor. A influência da tecnologia no desenvolvimento do produto atual e no grau de satisfação dos clientes também representa oportunidade para empresa com total consenso dos entrevistados, pois a tecnologia permite dar um toque de qualidade nos produtos tornando-os mais competitivos no mercado, assim como agrega valor para o cliente. • Forças setoriais Em relação às forças setoriais, item entrantes potenciais, todos os respondentes veem a entrada de novos concorrentes como uma ameaça. Segundo o entrevistado A “tem várias empresas tentando entrar para o setor, o que considera uma ameaça são as aquisições que seguidamente acontece; empresas grandes compram as de menor porte ficando com a parcela de captação no campo, assim como a fatia de mercado”. Na visão do entrevistado B “existem muitas empresas de pequeno porte entrando no setor e como toda empresa tem objetivo é crescer nesse mercado, isso vai tirando fatia de clientes e captação da matéria prima das demais indústrias do setor”. No item rivalidade entre concorrentes existentes, no Quadro 8, os respondentes acreditam que seja ameaça. O entrevistado E diz “o que preocupa são as multinacionais que estão no setor, estas empresas chegam a ficar de 2 a 4 anos trabalhando no prejuízo para se posicionar no mercado, tornando-se concorrente muito forte, pois tem força de compra e venda no setor”. De acordo com o entrevistado B “a concorrência é forte, às vezes até injusta colocando o preço de venda para baixo, e a empresa precisa ter margem para sobreviver, no caso de acompanhar as ações do concorrente acaba perdendo boa parte dessa margem”. Quanto ao item produtos substitutos a maior parte dos entrevistados vê como ameaça. Para a entrevistada B “os produtos substitutos são uma ameaça para a empresa, mas de baixa interferência, pois também buscamos dar qualidade e diferenciais a nossos produtos para competir no mercado”. O respondente C acredita que os produtos substitutos sejam uma ameaça para a empresa, embora argumente que se precisa de foco, não se pode produzir todos os produtos, devemos escolher quais produtos queremos fabricar e apostar nele. O item poder de barganha dos compradores é considerado também uma ameaça para a indústria. De acordo com o entrevistado A e D a concorrência é acirrada no setor para a venda dos produtos, isso permite que os compradores tenham grande poder de barganhar na hora da compra. 82 Em relação ao item poder de barganha dos fornecedores não houve consenso. Três dos entrevistados consideram uma ameaça. Na visão do entrevistado D esse poder vai depender do tamanho da empresa, essa questão dita o tamanho da força em relação ao fornecedor. O respondente vê a questão como oportunidade, pois no setor existem muitos fornecedores de suas principais matérias primas, portanto, a concorrência entre eles permite que a empresa compre sem sofrer com a pressão dos fornecedores por aumento dos preços. Quadro 8 – Forças setoriais RESPONDENTES DIMENSÃO SEGMENTO Entrantes potenciais Rivalidade entre concorrentes existentes FORÇAS SETORIAIS Produtos substitutos Poder de barganha dos compradores Poder de barganha dos fornecedores A B C D E A A A A A 5 2 4 4 5 A O A A A 3 3 5 5 5 A A A O A 3 2 4 3 3 A A O A A 4 4 3 5 5 O A A O A 4 4 5 5 5 Legenda: A: Ameaça; N: Neutro; O: Oportunidade. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Autoria própria, adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2010. Em análise ao Quadro 8 das Forças Setoriais, verificou-se que houve consenso em relação a entradas de potenciais concorrentes no setor como ameaça de forte à total intensidade. O setor possui muitos entrantes de menor porte que realizam fortes investimentos para crescer e vir a se tornar concorrentes. Assim como também empresas já instaladas que desejam diversificar, passando muitas vezes a comprar as indústrias de menor porte e adquirindo a sua parcela de captação de matéria prima, fator considerado muito importante pela empresa, pois isso diminui a compra das outras empresas. Em relação ao item rivalidade entre concorrentes existentes do Quadro 8 foi definido como ameaça para a empresa de média a total intensidade. O setor é bem concorrido havendo várias indústrias para esses tipos de produtos, sendo que a maioria destas também possui o mesmo foco da VRS, que é a classe C. Os respondentes da pesquisa alegaram que as ações 83 acima de preços mais baixos fazem a margem dos produtos diminuírem prejudicando a lucratividade da empresa. Na análise dos dados do item produtos substitutos verificou-se que é uma ameaça de baixa à forte intensidade para a empresa. O principal produto da VRS, que é o leite, possui muitos substitutos no mercado que diminuem a sua venda, sendo influenciado pela falta de campanhas em incentivos de consumo do leite no setor. O poder de barganha dos compradores também foi definido como ameaça pela empresa de média a total interferência. O setor possui razoável oferta dos produtos fabricados pela VRS, portanto isso dá lugar a que o comprador tenha grande poder de barganhar na compra; a empresa que tiver melhor preço vende. Foi argumentado pelos respondentes que essa questão é um problema e a empresa precisa estar preparada para competir. No último item, poder de barganha dos fornecedores, citada no Quadro 8, não houve consenso entre os respondentes, pois de acordo com parte dos respondentes a quantidade de fornecedores da principal matéria prima é razoável. A empresa capta grandes quantidades da principal matéria prima não tendo dificuldades de acesso a esta. A outra parte dos respondentes acredita que seja ameaça, pois existem muitas empresas captando a principal matéria prima, isso faz com que o fornecedor aumente o valor de seu produto. 6.1.2 Análise do ambiente interno Para Chiavenato (2007, p.154), a análise interna corresponde ao processo pelo qual se analisam os recursos disponíveis como financeiros, mercadológico, produtivos e humanos da empresa, de forma conjunta com o intuito de verificar suas forças e fraquezas e ver como a empresa pode explorar as oportunidades e enfrentar as ameaças e restrições que o ambiente lhe apresenta. O autor argumenta que se trata de criar condições para a gestão de conhecimento estratégico da empresa em relação as suas características e condições. Não basta conhecer profundamente o ambiente externo é preciso também conhecer profundamente as condições internas da empresa, suas competências e suas potencialidades e vulnerabilidade. • Recursos humanos Referente à área de recursos humanos referidos no Quadro 9 em relação à experiência de trabalho dos colaboradores da empresa, os entrevistados apontam como ponto forte. O entrevistado D argumenta “a empresa possui pessoas qualificadas em setores chaves, 84 acreditamos que se a empresa quiser fazer produtos com qualidade precisa ter pessoas com experiência de trabalho”. O entrevistado A menciona que a existência de experiência de trabalho na empresa se deve aos constantes treinamentos, tanto dentro como fora da empresa. Em relação ao item relações políticas externas é visto como ponto forte. Os entrevistados argumentam que a empresa mantém bom relacionamento com fornecedores, sindicatos, prestadores de serviço, governo e órgãos regulamentadores. O estilo de administração na empresa foi definido por todos os entrevistados como ponto forte. O entrevistado A alega que o estilo de administração é flexível representando um fator importante para o crescimento da empresa. O entrevistado B acredita que seja ponto forte “a empresa é administrada de forma diferente e possuímos fácil acesso à direção podendo resolver os problemas de forma rápida”. Na questão capacidade da gerência em tomar decisões do Quadro 9, o item representa um ponto muito forte na empresa. O respondente C afirma “a capacidade de decisão é um ponto forte realmente da empresa, pois as decisões são tomadas de forma dinâmica e considera-se que o nível de gerência é o mais qualificado da empresa”. Na visão do entrevistado A “somos muito rápidos para tomar decisões, uma empresa para resolver os problemas e ter crescimento razoável precisa ser ágil”. Quanto ao item entendimento do negócio é considerado um ponto forte da empresa. Na visão do entrevistado D “temos sim esse entendimento, principalmente em nível de diretoria, que foi sendo adquirida nessa vivência de 12 anos de vida da empresa”. A mesma visão é a do entrevistado C “se medirmos esse entendimento ele existe do nível médio para cima dentro da empresa, na parte operacional esse entendimento é fraco”. Em relação a treinamento oferecido pela empresa não houve consenso, mas o entrevistado B argumenta “é um ponto fraco porque considero os treinamentos oferecidos pela empresa muito poucos, precisamos estar sempre sendo qualificados”. Para o entrevistado D, a empresa ainda precisa melhorar muito nessa questão, pois a qualificação reflete no trabalho final da empresa, também acrescenta que isso depende de cada pessoa ter interesse em aprender e em ter crescimento pessoal. A rotatividade é uma questão considerada problemática para a VRS na área operacional, sendo considerado um ponto fraco. A região é afetada pela falta de mão de obra para o chão de fábrica. As organizações locais precisam disputar os colaboradores realizando ofertas econômicas ou mesmo de benefícios, fazendo com que os trabalhadores fiquem se mudando de uma empresa para outra deixando as vagas desocupadas. São muitas tarefas que deixam de ser executadas prejudicando a rotina da indústria. 85 No item absenteísmo do Quadro 9 não houve consenso. O entrevistado B argumenta que a empresa chega a realizar premiações por assiduidade para motivar os colaboradores a não faltarem. Segundo o entrevistado “o absenteísmo causa prejuízos a indústria, pois algumas tarefas são muito importantes e se não estiver o responsável, muitas vezes tem até que parar uma determinada linha de produção”. O clima no ambiente de trabalho é considerado um ponto forte. Os entrevistados possuem uma visão parecida argumentando que o clima é bom no ambiente de trabalho, com bom comportamento e respeito entre os colaboradores. Referente à avaliação e desenvolvimento de funcionários, os respondentes de forma unânime veem como ponto fraco, alegam que a empresa não possui avaliação de desempenho e acreditam que é uma questão importante e um desafio para a VRS, futuramente. O último item do Quadro 9 sobre comunicação interna é definido como ponto forte na empresa. O respondente A comenta “essa comunicação existe entre os níveis mais altos da empresa, pois quem trabalha na operação não possui muito interesse quanto às intenções da empresa”. Em análise ao Quadro 9 verificou-se que a experiência de trabalho dos colaboradores da empresa representa um ponto forte. A VRS possui pessoas com conhecimento, são colaboradores que há muito tempo trabalham na área e aportam muito para a empresa. Mencionou-se nas entrevistas que estas pessoas estão em setores chaves da indústria. Referente às relações políticas externas da empresa é um ponto forte de média à alta intensidade. A empresa alega que a VRS possui bom relacionamento com seus parceiros, mantendo comportamento ético e sócio-ambiental perante a sociedade e interessados. Em relação ao estilo de administração houve consenso considerando-se um ponto forte de alta à total intensidade. A empresa possui um estilo de administração participativo; quando existe a necessidade de se tomar decisões importantes todos os gerentes participam contribuindo para que seja tomada a melhor decisão possível para a empresa. Quanto a treinamentos oferecidos pela empresa não houve consenso. Parte dos entrevistados alega que a empresa oferece treinamento, mas é considerado por eles pouco, já que se requer mais preparo a cada dia. Outra questão mencionada é que os treinamentos são oferecidos apenas para parte da organização, ou seja, para aqueles setores que a empresa acredita sejam colaboradores chaves dentro da indústria. 86 Quadro 9 – Recursos humanos DIMENSÃO SEGMENTO Experiência de trabalho dos colaboradores da empresa Relações políticas externas Estilo de administração Capacidade da gerencia em tomar decisões Entendimento do negócio RECURSOS HUMANOS Treinamento oferecido pela empresa Rotatividade Absenteísmo Clima no ambiente de trabalho Avaliação e desenvolvimento de funcionários Comunicação interna RESPONDENTES A B C D E PFO PFO PFR PFO PFO 3 4 4 5 4 PFO PFO PFO PFR PFO 5 3 4 3 4 PFO PFO PFO PFO PFO 4 5 5 5 5 PFO PFO PFO PFO PFO 5 5 5 5 5 PFO PFO PFO PFO PFO 5 4 3 5 5 PFO PFR PFR PFR PFO 5 5 4 3 2 PFR PFR PFR PFR PFO 4 4 4 3 2 PFO PFR PFR PFR PFO 3 4 5 2 5 PFR PFO PFO PFO PFO 5 5 5 3 5 PFR PFR PFR PFR PFR 4 4 4 3 4 PFO PFR PFO PFO PFO 3 4 4 5 4 Legenda: PFO: Ponto Forte; PFR: Ponto Fraco. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Autoria própria, adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2010. Em relação à rotatividade no Quadro 9 houve consenso representando um ponto fraco de forte intensidade. Os participantes da pesquisa acreditam que é um ponto fraco na empresa, pois como foi mencionado anteriormente, falta mão de obra na região para área de produção, causando sérios problemas nas rotinas de fabricação, tendo muitas vezes que interromper o processo por não ter quem opere esta função. Outra questão é o absenteísmo, item para o qual não se chegou a um consenso. Embora alguns dos entrevistados vejam como um ponto fraco na empresa argumenta-se que a maior quantidade de faltas acontece na produção e muitas vezes faz-se necessário praticar incentivos para que não se tenha tanta incidência de faltas que prejudiquem a rotina da empresa. A outra parte de respondentes não vê como uma fraqueza, pois acredita que outras empresas locais 87 sofrem com maior incidência de faltas, existindo também a questão de serem empresas localizadas em regiões de difícil acesso. O clima do ambiente de trabalho é considerado um ponto forte na empresa, de médio a total interferência, de acordo com os entrevistados durante a pesquisa, o ambiente de trabalho é bom no dia a dia da VRS. Em relação ao item avaliação e desenvolvimento de funcionários houve consenso definindo como um ponto fraco de forte intensidade dentro da indústria, uma vez que a empresa não possui um setor de gestão de pessoas forte. Argumentou-se que é necessário já que a região enfrenta dificuldades de segurar a mão de obra. Quanto à comunicação interna do Quadro 9 definiu-se como ponto forte de média à total intensidade. Argumentou-se nas entrevistas que a direção comunica aos colaboradores as suas intenções, mas ainda precisam melhorar a questão, já que muitas das ideias não são executadas. Dessa forma, toda vez que são comunicadas novas intenções para o futuro geram negatividade dos colaboradores, pois veem como mais uma coisa que irá ficar apenas no papel. • Produção e logística Em relação à produção é logística da empresa, o item espaço físico é considerado ponto fraco de média à total intensidade. Na visão dos entrevistados A e D “hoje o maior problema da indústria é o espaço físico, não temos para onde nos expandir”. Os entrevistados consideram que a indústria possui flexibilidade, sendo um ponto forte de média à total intensidade. De acordo com os respondentes B e C “considera-se a produção flexível, produzimos uma variedade de itens e em diferentes quantidades que se adaptam a demanda dos consumidores”. A capacidade de produção da VRS também é considerada ponto forte. Os entrevistados comentam que devido ao espaço físico estar no limite isso demonstra como a capacidade esta sendo utilizada no seu máximo, ou seja, alega-se que não está ociosa. Dessa forma, acreditase que a produção da indústria é muito alta se comparada há anos anteriores. Referente ao item frota própria do Quadro 10 avalia-se como ponto forte. Para o entrevistado C “ter frota própria é positivo, pois se tem o controle; é claro precisa ser bem planejado em questões de custo, já que as ofertas de terceirização oferecem serviço a custos razoáveis para a empresa, a dificuldade encontra-se na satisfação do cliente na hora da entrega dos produtos, já que o terceiro muitas vezes não possui a mesma visão da empresa”. 88 Na visão do entrevistado A “a frota da empresa ainda é pouca, mas considera ponto forte, pois estamos investindo em veículos novos; a empresa quer apostar em frota própria, para levar mais qualidade ao cliente”. A logística de distribuição é considerada ponto forte de alta à total intensidade, de acordo com o ponto de vista do entrevistado D “poucas empresas conseguem atender pedidos inesperados do cliente de um dia para o outro, nós conseguimos fazer isso de forma alinhada mesmo estando a distâncias consideráveis do cliente”. Em relação ao item estoque, a empresa vê como ponto forte. Na visão dos entrevistados a empresa não mantém estoques ao ponto de ser considerado ponto fraco. Tanto os estoques de matéria prima em processo como acabados tem boa rotatividade sendo bem administrados pela indústria. Quadro 10 – Produção e logística DIMENSÃO SEGMENTO Espaço físico Flexibilidade da produção Capacidade de produção PRODUÇÃO E LOGISTICA Frota própria Logística de distribuição Estoque RESPONDENTES A B C D E PFR PFR PFR PFR PFR 5 5 3 4 4 PFO PFO PFO PFR PFO 4 3 4 5 4 PFR PFO PFO PFO PFO 4 4 4 5 5 PFO PFO PFO PFR PFO 5 4 4 5 3 PFO PFO PFO PFO PFO 5 4 5 5 5 PFO PFO PFR PFO PFO 4 4 5 5 4 Legenda: PFO: Ponto Forte; PFR: Ponto Fraco. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Autoria própria, adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2010. Em análise ao Quadro 10 em relação ao espaço físico, considera-se um ponto fraco de média à alta intensidade, pois a indústria está no seu limite em questão de espaço. Argumentou-se que agora, a única alternativa de expansão está na aquisição de outra planta industrial. Referente à flexibilidade de produção é considerado como ponto forte de média à total intensidade. A indústria produz uma variedade de itens, o que lhe permite produzir em lotes 89 ou quantidades de acordo com o demandado pelos clientes. A matéria prima principal permite isso, pois é base para todos os produtos. A capacidade de produção também é analisada como ponto forte de alta à total intensidade; na visão dos respondentes da pesquisa considera-se que a capacidade está no seu máximo, não havendo ociosidade e com isso conseguindo atender toda a demanda da indústria. Em relação à frota própria analisada do Quadro 10 é considerado pelos respondentes como ponto forte de média à total intensidade. Argumenta-se que a empresa decidiu investir em frota própria para ter mais controle, uma vez que a mesma sempre foi terceirizada causando sérios problemas na qualidade de entrega dos produtos. Quanto à logística de distribuição houve consenso considerando como ponto muito forte com total interferência dentro da empresa. É um dos destaques da empresa, uma vez que tem flexibilidade para se adaptar às necessidades dos clientes podendo atender seus pedidos de um dia para o outro. Na questão do item estoque a empresa também definiu como ponto forte à total intensidade, sendo que mantém estoques baixos desde matéria prima a produtos acabados. • Recursos físicos Referente a recursos físicos da empresa, no item tecnologia, não se obteve consenso. Parte dos respondentes considera a tecnologia utilizada na empresa ainda precária. Argumentou-se que está se investindo para melhorar a qualidade dos produtos, mas considerou-se também que foi investido mais em alguns setores que em outros. Em relação a equipamentos também não se chegou a um acordo. O entrevistado C avalia “a empresa iniciou as atividades com equipamentos usados, a partir de alguns anos mudamos a visão e estamos comprando equipamentos novos, e realizamos constante manutenção para manter os existentes em boas condições”. Já o entrevistado A considera que com o crescimento da indústria são necessários novos equipamentos para suprir as demandas da indústria. Em relação aos sistemas de informação considera-se um ponto fraco, como mencionado anteriormente comentado pelos entrevistados, a indústria cresceu e tudo aconteceu muito rápido, hoje nota-se a necessidade de estruturas de sistemas mais modernos que comportem as informações da empresa. 90 Quanto ao item software utilizado na VRS não se chegou a um consenso. Na visão do respondente C “algumas áreas foram modernizadas, houve o investimento, mas não aconteceu com todos os setores; um exemplo é o setor de vendas, onde foram adquiridos telefones celulares com programas para transmissão de dados muito atualizados, já outras áreas ainda utilizam software mais antigos”. Já o entrevistado B acredita que a empresa possui sistemas adequados para o funcionamento da indústria, pois disso depende para o planejamento das atividades do dia a dia. Quadro 11 – Recursos físicos DIMENSÃO SEGMENTO Tecnologia Equipamentos RECURSOS FISICOS Eficiência e eficácia dos sistemas de informação Softwares RESPONDENTES A B C D E PFR PFR PFR PFO PFO 4 4 5 2 5 PFR PFO PFO PFO PFR 4 5 4 5 5 PFR PFR PFR PFO PFR 4 5 5 5 3 PFR PFO PFR PFO PFR 4 5 5 5 4 Legenda: PFO: Ponto Forte; PFR: Ponto Fraco. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Autoria própria, adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2010. Referente à análise dos recursos físicos da empresa na questão de tecnologias e equipamentos não houve consenso. Verificou-se que parte dos entrevistados considera que apesar dos investimentos em novas tecnologias ainda é insuficiente. Quanto a equipamentos, a indústria realiza manutenção para manter em bom estado, alega-se que nos últimos anos houve investimentos para modernizar especialmente a parte de produção. Em relação à eficiência e eficácia dos sistemas de informação, considera como ponto fraco de média à total intensidade. Na análise, verificou-se que os recursos e sistemas não acompanharam o rápido crescimento da empresa ficando dessa forma desatualizados. A empresa nota a necessidade de sistemas de processamento de informações com mais agilidade. Quanto a softwares, não houve consenso sendo considerado em parte ponto fraco por não estar toda a empresa informatizada. Verificou-se que a empresa direcionou investimentos para modernizar apenas alguns setores que considera chaves dentro da indústria. 91 • Recursos financeiros Em relação a recursos financeiros da empresa, mencionado no Quadro 12, o item fluxo de caixa é considerado ponto fraco; considera-se que esse fluxo de caixa é insuficiente para atender as necessidades diárias da indústria. O item composição dos custos foi visto como ponto forte, pois se justificou que os custos estão dentro da normalidade não tendo grandes variações se comparado a outros setores. Em relação à demonstração de resultados do exercício (DRE) não houve consenso. Parte dos entrevistados argumenta que o DRE não é realizado pela empresa e poucos têm conhecimento dos resultados contidos nele. A outra parte considera que os últimos resultados do exercício anual têm sido positivos para a empresa. Os entrevistados também não entraram em consenso na questão da rentabilidade. O respondente C argumenta “é uma questão sazonal, em determinada época do ano vendemos muito bem, e em outras sobrevivemos”. Na visão do entrevistado A “a rentabilidade da empresa é fraca; o principal produto que representa 70% do faturamento é o leite o qual é vendido como commoditie e quem coloca o preço é o mercado”. Quadro 12 – Recursos financeiros RESPONDENTES DIMENSÃO SEGMENTO A B C D E PFR PFR PFR PFO PFR Fluxo de caixa 5 3 5 5 5 PFO PFO PFR PFO PFO RECURSOS FINANCEIROS Composição dos custos 3 4 5 4 5 PFO PFO PFR PFR PFR Demonstração do resultado do exercício - DRE 5 4 5 3 5 PFR PFO PFR PFR PFO Rentabilidade 5 4 5 5 4 Legenda: PFO: Ponto Forte; PFR: Ponto Fraco. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Autoria própria, adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2010. Em análise do Quadro 12 em relação ao fluxo de caixa da empresa verifica-se que representa um ponto fraco de média à total intensidade. Observa-se que a empresa está com o 92 fluxo de caixa prejudicado por falta de planejamento e controle das entradas e saídas financeiras do caixa. Em relação à composição dos custos representa um ponto forte de média à total intensidade; o setor possui um custo considerado dentro da normalidade não sendo muito oneroso para a empresa. Referente à demonstração de resultados (DRE) não houve consenso; observou-se que o DRE não é elaborado dentro da empresa, portanto poucos têm conhecimento do conteúdo do demonstrativo. Dois dos entrevistados revelaram que nos dois últimos exercícios, se referindo mais ainda a 2011, a empresa teve bons resultados. Quanto à rentabilidade da indústria também não se teve consenso, na análise observouse que a indústria possui maior rentabilidade em períodos em que os produtos se tornam mais rentáveis. No inverno, por exemplo, os consumidores bebem mais leite, e no verão iogurtes e bebidas lácteas. • Marketing Em relação ao marketing, a comunicação externa é definida como ponto fraco. De acordo com os entrevistados a empresa não possui setor de marketing, portanto o contato do cliente com lançamento de novos produtos acontece já nas estantes do ponto de venda. Como não possui setor de marketing, não realiza pesquisa de mercado, sendo por unanimidade considerada ponto fraco. Os entrevistados reconhecem a necessidade de pesquisa de mercado para balizar a fabricação de novos produtos, nesse caso os lançamentos são copiados dos já existentes que agradam o cliente. Em relação à qualidade dos produtos existe um consenso representando um ponto forte. De acordo com o entrevistado A “a empresa investe para dar qualidade aos produtos; como o nosso mercado alvo é a classe C e essa teve aumento no seu tamanho e renda tornando-se um público mais exigente, nós automaticamente como indústria observamos isso tendo que melhorar e muito os nossos produtos para continuar atendendo esse público”. A imagem da empresa representa um ponto forte; o respondente B argumenta “considero a imagem da empresa vista de fora muito importante, se não tudo; isso passa segurança e confiabilidade para vender nossos produtos”. Os demais entrevistados concordam que a imagem possui muita importância para levar adiante os negócios da empresa. Em relação à força de venda todos os entrevistados veem como ponto forte. Justifica-se que é outro ponto considerado como diferencial na empresa. De acordo com os entrevistados 93 a empresa terceiriza a parte de vendas ficando apenas com redes de grande porte como Wal Mart. Ações de promoção de venda são realizadas, sendo considerado ponto forte. Os entrevistados comentam que junto aos clientes realizam parcerias para que os produtos tenham mais saída, colocando-os em encarte das lojas e anúncios na televisão. Quanto ao material impresso não se chegou a um consenso. Os entrevistados mencionam que essa é a parte do marketing mais utilizada pela empresa desde seu início. O único material que os representantes possuem para mostrar aos clientes no momento da venda são os catálogos e talões de pedidos. Quadro 13 – Marketing RESPONDENTES DIMENSÃO SEGMENTO Comunicação externa Pesquisa de mercado Qualidade dos produtos MARKETING Imagem da empresa Força de venda Promoção na praça de venda Material impresso – catálogos, talões de pedido A B C PFR PFR PFR 5 3 5 PFR PFR PFR 4 4 5 PFO PFO PFO 5 5 5 PFO PFO PFO 5 4 5 PFO PFO PFO 5 4 5 PFO PFO PFO 5 3 5 PFO PFO PFR 5 3 5 D E PFR PFR 4 3 PFR PFR 5 4 PFO PFO 5 5 PFR PFO 4 5 PFO PFO 5 5 PFO PFO 5 4 PFR PFO 3 4 Legenda: PFO: Ponto Forte; PFR: Ponto Fraco. 1: Nenhuma Interferência; 2: Fraca Interferência; 3: Média Interferência; 4: Forte Interferência; 5: Total Interferência. Fonte: Autoria própria, adaptado de Wright, Kroll e Parnell, 2010. Em análise ao Quadro 13 verificou-se que a empresa não possui setor de marketing estruturado, sendo considerada a comunicação externa e a pesquisa de mercado, inexistentes na empresa, ou seja, uma fraqueza de média à total interferência. É reconhecido que falta investimento para criar esse setor, constituindo um desafio para a empresa futuramente. 94 Em relação à qualidade dos produtos existe consenso considerado um ponto forte de total intensidade; a empresa demonstra muita confiança na qualidade dos seus produtos e mantém investimentos em tecnologia de fabricação. A imagem da empresa é um ponto forte de alta e total intensidade. É observado pelos entrevistados que a imagem da empresa é importante em suas relações de negócios, pois muitos clientes observam a transparência e seriedade para comprar os produtos. A força de venda é vista como muito positiva para a indústria havendo consenso de que representa ponto forte de total intensidade. Os representantes são empresas terceirizadas que realizam rotinas de vendas sob o olhar dos supervisores da empresa. Durante a entrevista observou-se que forma junto com outros, o diferencial da VRS. Quanto à análise do item promoção na praça de venda definiu-se como ponto forte de média à alta intensidade. A empresa realiza parcerias com os clientes para colocar seus produtos em destaque, alguns dos meios utilizados são demonstrações na loja, oferecendo amostras para que o cliente final experimente o produto. O encarte desenvolvido pelo supermercado é outra opção e anúncios na televisão realizados pelo cliente também, mas são raros, pois tem um alto custo para a empresa. Em relação ao item material impresso não houve consenso. Observa-se que apesar de não ter consenso em relação a esse ponto, a empresa desde seu início vende através de catálogos apresentados ao cliente e os representantes apontam as vendas em talões de pedido, sendo esse um dos principais meios utilizados para vender os produtos. 6.1.3 Síntese das entrevistas realizadas com os clientes A seguir, tabelas com pontos fortes e fracos analisados a partir das entrevistas realizadas por e-mail com clientes da VRS (Quadros 14 e 15). Quadro 14 - Pontos fortes na visão dos clientes PONTOS FORTES NA VISÃO DOS CLIENTES Estabilidade de Prazo de entrega Qualidade dos preços – nos Prazos de de pedidos produtos produtos pagamentos derivados do leite Fonte: Autoria própria, 2012. Mix de produtos 95 Quadro 15 - Pontos fracos na visão dos clientes PONTOS FRACOS NA VISÃO DOS CLIENTES Marca Manuseio da Divulgação dos Suporte pos - mercadoria produtos venda Negociação Fonte: Autoria própria, 2012. 6.1.4 Síntese das oportunidades, ameaças, forças e fraquezas da empresa A partir do questionário e entrevistas realizadas na empresa, assim como das entrevistas aplicadas ao cliente, elaborou-se a seguinte tabela, onde se identificou as principais oportunidades, ameaças, forças e fraquezas da indústria. Quadro 16 – Oportunidades, Ameaças, Forças e Fraquezas OPORTUNIDADES AMEAÇAS Poder aquisitivo da população (consumo) Disponibilidade de mão-de-obra na região Expandir vendas para outros estados Alterações climático-sazonais Preocupação com a qualidade de vida Entrantes potenciais Perspectiva de crescimento econômico (país, estado e Concorrência região) Produtos substitutos Fontes de financiamentos e crédito Produtos de outros estados e importados mais Aumento da classe C baratos Poder de barganha dos compradores FORÇAS FRAQUEZAS Flexibilidade da produção Treinamento, Logística de distribuição funcionários, rotatividade Agilidade na entrega dos produtos Espaço físico Qualidade dos produtos Marca Força de venda Pesquisa de mercado Mix de produtos Divulgação dos Produtos Prazos de pagamentos Pós - venda Fonte: Autoria própria., 2012. avaliação e desenvolvimento de 96 6.2 Definição da identidade empresarial Para definir a identidade da empresa foram realizadas perguntas abertas sobre missão, visão e valores em entrevista com o diretor e gerentes da VRS na mesma data em que foram aplicados os questionários dos ambientes internos e externos. 6.2.1 Negócio da empresa De acordo com os autores Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001), em suas experiências identificaram as dificuldades dos participantes em definir em qual negócio a empresa atua ou deve atuar. Na visão dos autores as empresas devem evitar ser míopes e confundir o negócio com o produto ou serviço da empresa, portanto a resposta à pergunta “qual é o nosso negócio?” nunca deve ser respondido pela empresa, e sim pelo consumidor. Dessa forma, os autores trazem um conceito de negócio; “o entendimento do principal benefício esperado pelo cliente”. Portanto, se definiu que a VRS está no negócio de “Alimentos diversificados à base de leite”. 6.2.2 Missão Uma missão bem definida traz vantagens ajudando todos a entenderem em que atividades atuam na empresa e unir esforços de todos em direção ao que é fundamental para a empresa (FERNANDES; BERTON, 2005, p. 146). Dessa forma, definiu-se que a missão da VRS é “Oferecer variedades de produtos derivados do leite com qualidade e preços competitivos, preocupando-se com a satisfação do consumidor em geral, prezando pelo bem estar social, crescimento e sustentabilidade da empresa” 6.2.3 Visão Oliveira (2009, p. 65) conceitua a visão como “os limites que os principais executivos da empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla”. Considera-se que a visão da VRS seja “Tornar-se líder no segmento de laticínios no Rio Grande do Sul, sendo referência em qualidade, produzindo com a melhor estrutura e tecnologia e menor custo”. 97 6.2.4 Princípios e valores Segundo Chiavenato (2009, p.53) os valores são crenças básicas que formam as atitudes de cada pessoa. Sendo também que estes valores variam entre as pessoas e nas empresas. Muitas organizações tentam ter altos padrões éticos com a introdução de códigos formais de ética, cursos dentro da empresa sobre ética profissional, para assim desenvolver uma cultura ética que apoie a alta direção. A seguir, identificaram-se os valores que a VRS segue para dar sustentação as suas atividades: • Responsabilidade sócio-ambiental. A empresa se preocupa com esta questão; por ser uma indústria, toma todos os cuidados para não causar danos a sociedade e ambiente onde está inserida. • Excelência em qualidade. A VRS preza pela qualidade de seus produtos, acompanhando o ciclo de produção desde o produtor até o consumidor final. • Respeito aos clientes e colaboradores. A empresa se preocupa em seguir todas as normas que regulamentam a produção de alimentos, fornecendo produtos confiáveis, assim como mantém um ambiente saudável de trabalho para os colaboradores. • Ética nas negociações. A VRS procura manter transparência nas negociações de modo que o benefício seja mútuo. • Prezar pela sustentabilidade e crescimento da empresa. Introduzir valor ao que a empresa faz tendo o retorno medido em crescimento. 6.3 Matriz de cruzamento – SWOT Para Chiavenato e Sapiro (2004), a Matriz SWOT possui a função de cruzar as oportunidades e ameaças externas da organização com os seus pontos fortes e fracos, formando assim quatro células que serão cruzadas e indicarão que rumo tomar. Ou seja, se relaciona as oportunidades e ameaças que estão no ambiente externo com as forças e fraquezas mapeadas no ambiente interno da organização. Análise SWOT é uma ferramenta de desenvolvimento estratégico que realiza uma comparação entre as forças e fraquezas internas da organização com as oportunidades e 98 ameaças externas. O autor argumenta que a análise SWOT baseia-se no pressuposto de que a gerência examina cuidadosamente essas forças e fraquezas, oportunidades e ameaças, sendo uma estratégia útil que irá garantir o êxito da organização e se tornará evidente a eles (CERTO, 2003, p.158). A seguir, no Quadro 17, cruzamento das informações externas e internas da empresa. Quadro 17 – Matriz SWOT POTENCIALIDADES – a força alavanca a oportunidade...? DESAFIOS – a fraqueza vai impedir de usar a oportunidade...? RISCOS – a força vai contribuir para neutralizar a ameaça...? LIMITAÇOES – a fraqueza esta permitindo o avanço da ameaça...? OPORTUNIDADES Poder aquisitivo da população (consumo) Expandir vendas para outros estados Preocupação com a qualidade de vida (tendências) Perspectiva de crescimento econômico (país/estado/região) Fontes de financiamento e crédito Aumento da classe C no país AMEAÇAS Disponibilidade de mão de obra na região Mudanças ambientais (clima) Entrantes potenciais Concorrência Produtos substitutos Produtos de outros estados e importados mais baratos Poder de barganha dos compradores Fonte: Autoria própria, 2012. Pós - venda Divulgação Pesquisa de mercado Marca Espaço físico Rotatividade Avaliação e desenvolvimento de funcionários Treinamento Prazos de pagamentos FRAQUEZAS Mix de produtos Força de vendas Qualidade dos produtos Fraca/Nenhuma Interação Agilidade na entrega Média Interação Logística de distribuição Forte Interação Flexibilidade de produção FORÇAS 99 A partir do cruzamento das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças foram identificadas potencialidades, desafios, riscos e limitações da organização, que serão desdobrados a seguir. 6.3.1 Potencialidades identificadas na organização a) Em relação às oportunidades oferecidas pelo ambiente externo, como o poder aquisitivo da população que leva ao consumo, a empresa possui pontos fortes para atender essa demanda como logística de distribuição, agilidade na entrega, qualidade dos produtos, força de vendas e um grande mix de produtos. b) Outra oportunidade é a possibilidade de expansão para outros estados; neste caso a direção tem intenção de futuramente expandir para Santa Catarina. A empresa vê como um mercado promissor onde vender seus produtos e como o início da expansão para outros estados. Forças identificadas para aproveitar essa oportunidade são a logística de distribuição, aproveitar a agilidade de entrega valorizada no mercado atual, a qualidade dos produtos, força de vendas e o mix de produtos o qual possui mais de 30 famílias de itens. c) Preocupação com a qualidade de vida (tendências); como as tendências vêm fortemente se destacando no consumo de produtos saudáveis, para aproveitar esta oportunidade a VRS possui flexibilidade de produção, produtos com qualidade e mix de produtos, itens como iogurtes, fermentados, queijos e leite desnatados são muito valorizados para quem se preocupa com a sua alimentação. d) Perspectiva de crescimento econômico, em nível de país, estado e região; para aproveitar esta oportunidade que também incentiva ao consumo, identificou-se que a empresa possui logística de distribuição bem organizada, qualidade dos produtos e força de vendas que podem alavancar as vendas da empresa. e) Fontes de financiamento e crédito; essa oportunidade pode ser muito importante para a VRS, pois está há 12 anos no mercado e se considera financeiramente saudável com seus pontos fortes, possuindo venda considerável no mercado, qualidade nos produtos, mix de produtos assim como seus prazos de pagamentos, fatos que permitem à empresa ter crédito e facilidade de acesso as fontes de financiamento quando precisar. 100 f) Aumento da classe C no país; o aumento desta classe também é um exemplo de aumento de consumo, para atendê-lo a empresa possui forças como logística de distribuição, qualidades dos produtos, força de vendas e mix de produtos. 6.3.2 Desafios da organização a) Em relação aos desafios que limitam a organização de aproveitar as oportunidades, como poder aquisitivo da população, identificou-se a necessidade de treinamento principalmente na área de produção, assim como em algumas outras áreas. Isso pode prejudicar a empresa em relação à qualidade dos produtos e no contato com os clientes. Também se identificou alta rotatividade na empresa, esta questão é muito marcante na área de produção, o espaço físico também pode ser um limitador para atender uma grande demanda, a indústria já ocupa 100% do espaço onde esta situada, assim como a produção já se encontra no limite. Outra questão é a marca pouco conhecida no mercado, pouca divulgação e pós-venda fraco que podem dificultar a empresa usufruir desta oportunidade. b) Expansão das vendas para outros estados; referente a esta questão a indústria também poderá enfrentar dificuldades, como a falta de treinamento, a inexistência de avaliação e desenvolvimento dos colaboradores assim como a rotatividade podem restringir a produção e a qualidade dos produtos para atender o mercado atual. Assim como outros mercados, a falta de espaço físico e a marca pouco conhecida é outro limitador para sua expansão, e outras questões muito importantes e exigidas para aumentar as vendas são a divulgação e pós-venda muito fracos na empresa. c) Preocupação com a qualidade de vida; fraquezas que dificultam usufruir desta oportunidade é a marca pouco conhecida, os consumidores procuram aquelas empresas que oferecem produtos saudáveis e muitos dão valor a marca. A VRS não utiliza as ferramentas de marketing muito importantes para identificar tendências como essas, não realiza pesquisa de mercado, possui divulgação e pós-venda fraco, que dificulta a valorização da qualidade de seus produtos e de sua marca no mercado. d) Perspectiva de crescimento econômico - país, estado e região; que também incentiva o consumo, questões como falta de treinamento, alta rotatividade na produção, espaço físico limitado, marca fraca, pouca divulgação e mínima atenção com o pósvenda, podem restringir o atendimento da demanda gerada com o crescimento 101 econômico deixando espaço para a concorrência que se prepara de forma mais efetiva. e) Aumento da classe C no país; é outra questão que leva ao aumento de consumo e pode ter seu aproveitamento restringido devido à falta de treinamento e rotatividade na produção, marca pouco conhecida no mercado, espaço físico limitado, inexistência de pesquisa de mercado e fraca divulgação e pós-venda. 6.3.3 Riscos identificados na organização a) Disponibilidade de mão de obra na região; a empresa não possui forças que possam neutralizar esta ameaça, portanto algumas questões podem ser consideradas para o futuro da empresa como intensificar o investimento em automatização da indústria. Também pode desenvolver a área de gestão de pessoas com forte valorização do capital humano o que pode atrair os trabalhadores inclusive de fora da região. b) Mudanças ambientais (clima); esta questão representa séria ameaça para a produção da indústria e não possui pontos fortes para neutralizá-la. c) Entrantes potenciais; o setor possui muitos entrantes, por ser uma região com abundante matéria-prima e alto consumo de produtos derivados do leite, pontos forte que podem neutralizar os entrantes é logística de distribuição considerada importante pela empresa e seu clientes, qualidade dos produtos, força de vendas e amplo mix de produtos. d) Concorrência; a concorrência no setor de laticínios é acirrada; a existência de diversas empresas faz com que a VRS tenha que estar sempre atenta para não perder vendas, os preços principalmente do leite UHT constantemente estão mudando, de acordo com o mercado ou por influência das grandes empresas do setor. Pontos fortes para enfrentar a concorrência são a sua logística de distribuição valorizada na empresa e pelos clientes, agilidade de entrega (a empresa consegue entregar pedidos realizados de um dia para o outro), qualidade dos produtos, força de venda e seu amplo mix de produtos. e) Produtos substitutos; o principal produto da empresa leite UHT possui vários substitutos, em períodos como verão a venda cai significativamente, pois o público passa a consumir refrigerantes, águas saborizadas e sucos. Pontos fortes identificados para enfrentar esse desafio são apostar na qualidade dos produtos, também na força de venda e no mix de produtos, a empresa passa nesse período a 102 aumentar sua produção de iogurtes e bebidas lácteas utilizando-se da flexibilidade de produção. f) Produtos de outros estados e importados mais baratos; esta é uma séria ameaça à indústria, pois empresas de outros estados conseguem isenção de impostos conseguindo entrar no Rio Grande do Sul com produtos mais baratos, assim como os importados que entram mais baratos, exigindo da empresa diminuir sua margem para continuar competitiva na venda. Forças da VRS para enfrentar este desafio são: a fidelização do cliente através da logística de distribuição, agilidade na entrega, qualidade dos produtos, força de vendas e mix de produtos. g) Poder de barganha dos compradores; os clientes da empresa têm forte poder de barganhar na hora da compra, pois o setor possui muita oferta. Em itens como leite UHT o cliente compra da empresa que tiver menor preço, dessa forma a empresa deve estar sempre atenta para não perder a venda. Forças identificadas para enfrentar este desafio são: agilidade de entrega, qualidade dos produtos, força de venda e mix de produtos. 6.3.4 Limitações da organização a) Disponibilidade de mão de obra na região; a indústria está localizada numa região que enfrenta dificuldades em relação à contratação de mão de obra para a produção, sendo uma grande ameaça para a indústria. Observou-se que as fraquezas identificadas agravam a situação da empresa, como falta de planos de treinamento, desenvolvimento de funcionários e rotatividades. Destaca-se a necessidade de investimento em gestão de pessoas que valorize o capital humano na VRS e minimize esses impactos. b) Entrantes potenciais; brechas que podem permitir o avanço de novos entrantes no setor por parte da empresa são: a falta de investimentos em planos de gestão de pessoas como citado no parágrafo acima e em planos de marketing, pois a VRS possui marca pouco conhecida, não realiza pesquisa de mercado, possui pouca divulgação e fraco pós-venda, isso permite com que outras empresas entrem e avancem no setor. c) Concorrência; como comentado acima a concorrência no setor é bastante acirrada, fraquezas que podem levar a perda de mercado são: a falta de investimento em um plano de marketing, não realiza pesquisa de mercado para identificar os desejos de 103 seus clientes, fraca divulgação de produto o que leva a ter a marca pouco conhecida no mercado, assim como a falta de um pós-venda que dê atenção às dúvidas e problemas que os seus clientes possam ter. d) Produtos substitutos; novamente identifica-se que a pouca atenção dada às ferramentas de marketing pode permitir o avanço dos produtos substitutos. A realização de pesquisa de mercado, divulgação e a marca precisam ser valorizados para não perder espaço para os produtos substitutos. e) Produtos de outros estados e importados mais baratos; observou-se que a marca desconhecida, fraca divulgação dos produtos e pós-venda, podem estar deixando espaço para o aumento da concorrência. f) Poder de barganha dos compradores; identificou-se que questões como: marca pouco conhecida, fraca divulgação e pós-venda, podem afetar a empresa nas negociações com seus clientes, pois como o cliente possui forte poder de barganha pode optar por comprar daquelas empresas que oferecem estas características e ofertam os produtos mais baratos. 6.4 Objetivos Estratégicos Segundo Fernandes e Berton (2005, p.153) os objetivos são os vários resultados que uma empresa quer alcançar e com prazos já estabelecidos para que aconteçam. Para Pagnocelli e Vasconcelos Filho (2001, p.268) os objetivos são resultados que a organização deve alcançar, com prazo determinado, para concretizar sua visão sendo competitiva no ambiente atual e no futuro. Dessa forma, entende-se que objetivos são pontos alvos que a empresa deseja alcançar futuramente para cumprir sua visão. Após análise ambiental onde se levantou as oportunidades, ameaças, forças e fraquezas da empresa, definiu-se a missão e visão da VRS e a partir destes, os objetivos estratégicos. Como objetivo geral da empresa considera-se que a VRS ambiciona “se tornar líder do setor e ser referência pela qualidade dos produtos”. Portanto, para atingir o objetivo geral sugerem-se objetivos estratégicos mais específicos. 1° Objetivo: Manter e elevar o padrão de qualidade dos produtos A qualidade foi considerada um ponto forte tanto dentro da empresa quanto pelos clientes. No entanto, a empresa precisa manter o padrão de qualidade, como também se 104 possível elevar esse padrão, pois como visto, a empresa pretende ser líder do setor e tornar-se referência pela qualidade. Dessa forma, precisa aprimorar esse diferencial frente à concorrência, que pode ser utilizado para estender seu mercado como para conquistar um público de classe mais elevada. Para que a VRS consiga atingir o padrão desejado, precisa agregar além da qualidade nos produtos, também excelência no atendimento ao público, onde é necessário treinamento, divulgação da marca, buscar saber o desejo do cliente, manter reforçada a equipe de vendas considerada uma força da empresa, assim como desenvolver um pós-venda que faz com que o cliente se sinta seguro ao comprar da empresa. A qualidade é muito importante para a empresa e sua perda levará ao fracasso não conseguindo atingir o seu principal objetivo, deixando espaço para a concorrência. Por isso é necessário que a empresa tome decisões estratégicas que levem a manter a missão e concretizar a sua visão. 2° Objetivo: Tornar a marca Latvida conhecida no mercado A VRS precisa tornar sua principal marca “LATVIDA” conhecida, sendo que a comunicação externa é considerada um ponto fraco pelos entrevistados na empresa, assim como pelos seus clientes, ou seja, os supermercados. Para se tornar conhecida no segmento de laticínios e pelo público alvo é necessário investimento em ferramentas de marketing. Ações que podem ser tomadas incluem: buscar saber o que os clientes desejam; aumentar a presença de degustadores nos principais clientes incentivando o público a experimentar novos produtos; e melhorar a exposição dos itens nas lojas. O investimento em publicidade e propaganda também é essencial se a empresa deseja crescer no mercado. Acessar outros meios de comunicação mais eficientes com a finalidade de tornar a empresa e sua marca mais conhecida aumentando sua participação nos encartes dos supermercados e anúncios na televisão. Dar atenção ao cliente – supermercados e clientes finais também e importante, desenvolvendo um pós-venda para ouvir e dar retorno as suas dúvida e reclamações, sendo um diferencial que pode elevar as vendas, pois o cliente valoriza essas características em uma empresa. 3° Objetivo: Investir na área de gestão de pessoas, principalmente em planos de treinamento, avaliação e desenvolvimento de funcionários diminuindo a rotatividade 105 Verificou-se nas entrevistas que treinamentos oferecidos pela empresa são apenas para a gerência e pessoas consideradas chaves da indústria. É uma questão considerada fraqueza, assim como a avaliação e desenvolvimento de funcionários que é inexiste na organização, tendo alta rotatividade na produção incentivada pela oferta de emprego na região. A empresa precisa estar sempre contratando novas pessoas para suprir as saídas, isso pode levar à perda da qualidade na produção. Para atingir o crescimento da empresa e aumento dos padrões de qualidade, precisa investir em treinamento e capacitação tanto na produção como em outras áreas que ficam próximas do cliente, uma vez que este valoriza um bom relacionamento. O desenvolvimento de funcionários pode contribuir para minimizar a rotatividade, uma vez que o colaborador sente que a empresa está preocupada com suas necessidades. Isso contribui com o crescimento da organização podendo manter um funcionário comprometido, motivado e mais produtivo. As preocupações com os colaboradores são muito importantes, uma vez que sua falta gera prejuízos, por ter muitas vezes que parar uma linha produção. Assim como um atendimento insatisfatório aos clientes pode gerar descontentamento e prejudicar a relação da empresa com este, como com outros clientes que compartilham a insatisfação. Atualmente, com as redes sociais fica mais fácil passar ao público qualquer descontentamento com qualquer empresa. 4° Objetivo: Investir em outra planta de produção Verificou-se nas entrevistas com os integrantes da empresa a preocupação com o espaço físico, pois a produção está no seu limite e isso prejudica suas vendas, deixando de atender muitas vezes parte do consumo do mercado alvo. Portanto, se a empresa tem como objetivo principal ser líder de mercado, uma decisão essencial e a de investir numa nova planta. 5° Objetivo: Desenvolver uma linha light Atualmente, a população se preocupa com a qualidade de vida, sendo uma grande oportunidade para que a empresa amplie a produção de produtos light, uma vez que possui apenas quatro linhas com esse conceito. Observa-se grande consumo no mercado de iogurtes, bebidas lácteas, queijos e doces light. 106 6° Objetivo: Aumentar a rentabilidade da empresa Toda empresa trabalha em prol de seu crescimento. Para conseguir atingir este objetivo a empresa precisa aumentar as vendas. Portanto, será necessário que os objetivos propostos anteriormente sejam atingidos. Assim também como a redução dos custos de produção pode permitir o aumento da rentabilidade da empresa. Uma questão considerada importante é a compra de maquinário novo com mais tecnologia que cause menos defeitos em produtos assim como menor manutenção. 6.5 Mapa estratégico Elaborou-se um mapa estratégico para a empresa VRS Indústria de Laticínios que visa demonstrar como as atividades estão relacionadas aos objetivos gerais da empresa e faz com que a mesma trabalhe de forma coordenada em prol das metas desejadas pela organização. (KAPLAN; NORTON, 2004). O mapa estratégico permite uma visão sistêmica dos principais desafios que a organização terá de enfrentar. Nele contém os principais objetivos que funcionam de forma interligada; dessa forma o mapa estratégico é uma representação dos objetivos de maneira mais simples, onde se pode visualizar a conexão entre eles. Se a organização cumprir com todas as etapas irá atingir o seu objetivo principal que é o cumprimento da missão e o alcance da visão da empresa. Portanto, o mapa estratégico apresenta a missão, a visão e um conjunto de objetivos, que darão a organização além de uma ilustração clara também uma direção para suas ações. A seguir, na Figura 7, ilustra-se o mapa estratégico proposta para a VRS. 107 Figura 7 – Mapa estratégico Missão Oferecer variedades de produtos derivados do leite com Visão qualidade e preços competitivos, preocupando-se com a Tornar-se líder no segmento de laticínios no Rio satisfação do consumidor em geral, prezando pelo bem Grande Do Sul, sendo referencia em qualidade, estar social, crescimento e sustentabilidade da empresa. produzindo com a melhor estrutura e tecnologia e menor custo. Aumentar a rentabilidade Financeira • • Aumentar as vendas dos produtos. Produzir com menor custo Investir em marketing Clientes • Realizar pesquisa de mercado • Reforçar a divulgação • Tornar a marca Latvida conhecida • Reforçar o pós-venda dos produtos Interno Investimento na empresa • Manter e elevar o padrão de qualidade dos produtos • • Investimento em outra planta de produção Desenvolvimentos de uma linha light Aprendizado Investir na capacitação de pessoas • • reinamento Fonte: Autoria própria, 2012. valiação e desenvolvimento de funcionários 108 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo Serra, Torres e Torres (2004) a elaboração de um planejamento estratégico não pode ser feito como simples exercício de planejamento. Ao se planejar deve se levar em conta o raciocínio estratégico, para que seja flexível, e assim possa ajustar-se as modificações do meio ambiente e ser um orientador na implementação das ações planejadas. A VRS Laticínios surgiu no mercado a partir do desejo dos irmãos empreendedores em aproveitar a principal matéria prima que é o leite, utilizada como base para todos os produtos, a qual era abundante na sua produção familiar enquanto micro e pequena empresa. Com seu crescimento no mercado tornando-se uma média empresa com faturamento de R$15.000.000,00 milhões mensais, a indústria é conduzida pelos empresários a partir do feeling que possuem do negócio. A empresa objeto de estudo está localizada no município de Estrela/RS, única sede da organização. A empresa tem tido vendas crescentes ao longo de seus 12 anos com considerável participação no mercado. Este trabalho teve como objetivo geral a proposição de um planejamento estratégico para a indústria de laticínios VRS. Como objetivos específicos têm-se: desenvolver uma identidade para a indústria VRS partindo da definição do negócio, missão, visão, princípios e valores; realizar o diagnóstico para identificar ameaças e oportunidades do ambiente externo; identificar os pontos fracos e fortes do ambiente interno; construir uma matriz FOFA (SWOT) e após realizar o cruzamento dos dados coletados; propor objetivos estratégicos de médio e longo prazo; e construir um mapa estratégico para a empresa em estudo. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica dos diferentes autores sobre planejamento estratégico visando embasamento teórico para desenvolver o trabalho. Foram abordados assuntos sobre indústrias, empresa familiar, planejamento e estratégia, planejamento estratégico e metodologia de planejamento estratégico e a Matriz SWOT. Em seguida, buscou-se identificar e apresentar a metodologia que seria utilizada para realizar a pesquisa, sendo esta uma pesquisa - diagnóstico. Na etapa seguinte, realizou-se a análise, após coletados os dados dos ambientes internos e externos a fim de identificar as oportunidades, ameaças, forças e fraquezas. Uma vez coletadas as informações, organizadas e interpretadas, criou-se uma identidade empresarial para a empresa definindo sua missão, visão, negócio, princípios e valores, que foi desenvolvida a partir das entrevistas aplicadas aos principais membros da indústria. Para realizar a análise ambiental, também se aplicou entrevistas e questionário fechado em 109 profundidade a cinco membros da empresa, e entrevistas aos clientes. Ainda em relação à coleta de dados foi aplicado o questionário na empresa e questionada cada resposta. Referente ao ambiente externo e de acordo com as respostas constatou-se que as principais oportunidades do ambiente são: o poder aquisitivo da população - consumo, expansão das vendas para outros estados, preocupação com a qualidade de vida - tendência, perspectiva de crescimento econômico - país, estado e região, fontes de financiamento e crédito e aumento da classe C no país. Já em relação às ameaças foi identificada indisponibilidade de mão de obra na região, mudanças ambientais (clima), entrantes potenciais, concorrência, produtos substitutos, produtos de outros estados e importados mais baratos, poder de barganha dos compradores. No que diz respeito ao ambiente interno na visão dos entrevistados na empresa como na de seus clientes, foram destacados como forças os seguintes pontos, flexibilidade de produção, logística de distribuição, agilidade na entrega, qualidade dos produtos, força de vendas, mix de produtos, prazos de pagamentos. Já com relação às fraquezas foram mencionadas a falta de treinamento, avaliação e desenvolvimento de funcionários, rotatividade, espaço físico, marca, pesquisa de mercado, divulgação e pós-venda. A seguir, foi realizado o cruzamento na Matriz SWOT e através de uma análise foram traçados seis objetivos estratégicos levando em conta a missão e visão que a empresa deseja alcançar. Por último, foi desenvolvido um mapa estratégico para demonstrar a direção a ser cumprida para atingir os objetivos principais da organização. Entende-se que o objetivo deste trabalho foi atingido, sendo que foi realizado o diagnóstico ambiental e criada a identidade empresarial, e puderam-se propor objetivos considerados estratégicos a partir do entendimento que foi realizado no cruzamento das informações na Matriz SWOT. O alcance desses objetivos poderá levar a concretizar a visão da empresa sendo competitiva no mercado. O trabalho foi realizado a partir das informações cedidas pela empresa e não se tem a certeza de que o estudo será adotado pelos gestores. Embora a simples aplicação do questionário e entrevista tenha levantado interesse por parte da empresa em relação ao planejamento estratégico como ferramenta de gestão. Se a gerência futuramente vier a se interessar pela ferramenta de gestão, deixa-se como sugestão a importância de se ter o conhecimento dos ambientes onde atua para agir internamente, usufruir das oportunidades e preparar-se para minimizar os impactos de mudanças externas nas atividades da empresa. 110 REFERÊNCIAS AGUIAR, Adilson de Paula Almeida; RESENDE, Juliano Ricardo. Pecuária de leite. Crescimento do setor leiteiro no Brasil. Disponível em: <http://www.afe.com.br/artigo/1373/ crescimento-do-setor-leiteiro-no-brasil>. Acesso em: 29 de abril 2012. ARRUDA, José Jobson de Andrade. A revolução industrial. 2 ed. São Paulo: Ática, 1991. 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DIMENSÃO SEGMENTO FORÇAS ECONÔMICAS FORÇAS TECNOLÓGICAS N O INTENSIDADE Legislação empresarial 1 2 3 4 5 Legislação trabalhista 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Regulamentação e normas técnicas na concepção do produto 1 2 3 4 5 Preocupação com a qualidade de vida 1 2 3 4 5 Poupança, consumo, tendências 1 2 3 4 5 Poder aquisitivo da população 1 2 3 4 5 Disponibilidade de mão de obra na região 1 2 3 4 5 Alterações climático-sazonais 1 2 3 4 5 Preservação do meio ambiente/qualidade de vida 1 2 3 4 5 Perspectiva de crescimento econômico - país, região, estado Políticas fiscais do governo, incentivos fiscais, crédito política monetária 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Influência da taxa de juros 1 2 3 4 5 Disponibilidade de fontes de financiamento 1 2 3 4 5 Influência da política cambial no custo do funcionamento da empresa 1 2 3 4 5 Influência da inflação na venda dos produtos 1 2 3 4 5 Influência das formas de tributação dos lucros e rendimentos 1 2 3 4 5 Influência das formas de tributação dos produtos 1 2 3 4 5 Impacto do sistema de tributação no rendimento dos clientes Enfoque com gastos em pesquisa e desenvolvimento do governo e do setor 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Surgimento de novas fontes energéticas 1 2 3 4 5 Influência da tecnologia na alteração das necessidades dos clientes Influência da tecnologia no desenvolvimento do produto atual 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Influência da tecnologia no grau de satisfação dos clientes 1 2 3 4 5 FORÇAS POLÍTICO- Leis tributárias LEGAIS Órgãos regulamentadores FORÇAS SOCIAIS E AMBIENTAIS A 114 Entrantes potenciais 1 2 3 4 5 Rivalidade entre concorrentes existentes 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Poder de barganha dos compradores 1 2 3 4 5 Poder de barganha dos fornecedores 1 2 3 4 5 FORÇAS SETORIAS Produtos substitutos A: Ameaça; N: Neutro O: Oportunidade ( 1 ) Nenhuma Interferência ( 2 ) Fraca Interferência ( 4 ) Forte Interferência ( 5 ) Total Interferência. Fonte: Adaptado pela autora de Wright, Kroll e Parnell ( 3 ) Média Interferência 115 APÊNDICE B – Questionário do Ambiente Interno A presente pesquisa tem o objetivo de analisar os pontos fortes e fracos do ambiente interno bem como seu grau de interferência no ambiente organizacional da empresa. Primeiramente, você deverá avaliar o segmento listado como ponto fraco ou forte da empresa. Logo após, deve-se quantificar com que intensidade estas forças aparecem na organização. DIMENSÃO SEGMENTO Experiência de trabalho dos colaboradores da empresa Relações políticas externas Estilo de administração Capacidade da gerencia em tomar decisões. Entendimento do negócio RECURSOS HUMANOS Treinamento oferecido pela empresa Rotatividade, Absenteísmo, Clima no ambiente de trabalho PFO PFR INTENSIDADE 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Avaliação e desenvolvimento de funcionários Comunicação interna Espaço físico Flexibilidade da produção PRODUÇÃO E LOGISTICA Capacidade de produção Frota própria Logística de distribuição Estoque Tecnologia RECURSOS FISÍCOS Equipamentos Eficiência e eficácia dos sistemas de informação Softwares Fluxo de caixa Composição dos custos RECURSOS FINANCEIROS Demonstração do resultado do exercício – DRE Rentabilidade 116 Comunicação externa – canal de comunicação com clientes Pesquisa de mercado MARKETING 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Imagem da empresa 1 2 3 4 5 Força de vendas 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Qualidade dos produtos Promoções na Praça de vendas Material impresso PFO: Ponto forte PFR: Ponto fraco ( 1 ) Nenhuma Interferência ( 2 ) Fraca Interferência ( 4 ) Forte Interferência ( 5 ) Total Interferência. Fonte: Adaptado pela autora de Wright, Kroll e Parnell ( 3 ) Média Interferência 117 APÊNDICE C – Pesquisa: cliente VRS 1) Em sua opinião a indústria VRS possui uma ampla gama de produtos? 2) Quais são suas considerações sobre o atendimento de venda da empresa, como disponibilidade para negociação, e frequência de visitas de representantes e supervisores? 3) Concorda com o prazo entre o envio do pedido e a sua entrega dos produtos? 4) Qual sua opinião sobre a qualidade dos produtos da VRS, onde podemos citar a chegada dos itens na temperatura e embalagens adequadas? 5) A empresa mantém a estabilidade dos preços? 6) Os preços praticados pela empresa são adequados para os produtos, assim como as opções de prazos de pagamentos se comparadas à concorrência? 7) Qual sua opinião sobre o transporte de mercadorias, como avalia sua entrega, horários de entrega se são adequados, se a ocorrência de avarias e significativa? 8) Em sua opinião os produtos têm boa aceitação pelo publico de sua loja ou seguido precisa realizar a troca dos itens? 9) Esta conforme com os prazos de validade dos produtos? 10) A VRS fornece suporte pos - venda? 11) A VRS atende suas reclamações? 12) Quais suas considerações sobre a divulgação dos produtos por parte da empresa? OBRIGADA PELA COLABORAÇÃO!