PELA DEFESA DA QUALIDADE DO SNS E DO HOSPITAL DE SANTA CRUZ O Ministério da Saúde determinou o fim da cirurgia cardiotorácica no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, até ao final de 2015, segundo um despacho publicado em Diário da República no passado dia 10 de abril. Tendo sido tomada a mesma decisão quanto ao Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, esta decisão representa a redução para metade dos serviços de cirurgia cardiotorácica nos hospitais públicos portugueses, sem que se veja capacidade instalada ou a instalar em outros hospitais públicos, pois os existentes não têm capacidade para absorver o volume cirúrgico destes hospitais. Uma medida destas, a ser concretizada, seria um erro clamoroso que prejudicaria os doentes de forma irremediável, ao pôr em causa o acesso dos cidadãos a serviços que por definição exigem uma resposta muito atempada, podendo abrir caminho para o possível desmantelamento do Hospital de Carnaxide com grave prejuízo para a qualidade do Serviço Nacional de Saúde na respetiva área de especialização. Esta decisão já foi devidamente qualificada pela Ordem dos Médicos como sendo resultado de amadorismo, por se tratar de uma profunda reorganização hospitalar que não está fundamentada em qualquer avaliação ou estudo prévio conhecidos e que não atende às consequências. Recorde-se que o Hospital de Santa Cruz iniciou a sua atividade em 23 de abril de 1980, com o objetivo de colmatar as carências então existentes em termos de procedimentos altamente diferenciados nas áreas da cardiologia médica e cirúrgica e da nefrologia, situações em que era frequentemente necessário recorrer a serviços de saúde estrangeiros. O Hospital de Santa Cruz estruturou-se a partir dessas especialidades, sob a direção de personalidades de referência e numa perspetiva de diferenciação técnica e de inovação tecnológica. A sua filosofia orientadora foi sempre a de criar um espírito novo e um sentimento de envolvência laboral, que conjugassem a excelência e o rigor profissional e científico com o respeito pela dignidade dos doentes. Entre outros procedimentos em que o Hospital foi pioneiro, destacam-se no seu historial a realização em Portugal da primeira angioplastia coronária, em 1984, do primeiro transplante renal em 1985 e do primeiro transplante cardíaco em 1986. Oeiras orgulha-se de acolher este Hospital que pode ser considerado uma das “jóias da coroa” do nosso Serviço Nacional de Saúde, que está como sempre ao serviço dos oeirenses e de todos os portugueses. A Assembleia Municipal de Oeiras, reunida em 15 de abril de 2014, delibera manifestar o seu total repúdio pela projetada extinção do serviço de cirurgia cardiotorácica no Hospital de Santa Cruz, recomendando à Câmara Municipal que prossiga todos os esforços políticos no sentido de impedir a concretização das intenções do Governo de desqualificar um importante equipamento público de saúde do concelho. A Assembleia Municipal de Oeiras delibera ainda que esta moção seja publicada num jornal diário nacional de grande expansão no concelho, num jornal regional, e enviada ao Governo e aos grupos parlamentares, bem como à agência noticiosa Lusa. Oeiras, 15 de abril de 2014, As deputadas e deputados da Assembleia Municipal,