Nº 185 Taguatinga/DF, 16 de setembro de 2011. Evangelho de Mt. 20, 01-16 A Boa Nova em Nossas Vidas Pe. Tininho Queridos irmãos e queridas irmãs. O texto que refletiremos neste domingo continua sendo a instrução de Jesus aos seus seguidores, acerca do modo como eles devem se comportar no mundo. Já refletimos sobre como devemos corrigir o irmão quando erra e como devemos perdoar aqueles que nos magoaram. Hoje o evangelista nos mostra que, na dinâmica do Reino, não está a lógica mérito-recompensa, mas a lógica da pura gratuidade. Todos nós nos chocamos com esse relato dos trabalhadores que receberam igualmente os seus salários, pois somos formados numa lógica totalmente diferente daquela do Reino de Deus. Se trabalharmos mais, devemos receber mais. Essa lógica, que está nas nossas compreensões, a transportamos para a dimensão da fé, mas a parábola quer eliminar definitivamente esta forma de relacionamento com Deus, pois ele nunca se cansa de sair ao encontro da pessoa, mesmo quando ela falha em todos os encontros. E mais: ele não remunera pelos méritos próprios. Ninguém poderá julgar-se credor dele. Muitas vezes nós agimos como se fossemos empregados a esperar pelo pagamento do patrão. Este patrão está à espreita para ver se nos pega em uma falha. Por isso não agimos pelo amor, mas pela obrigação. Cada ação que fazemos, um técnico de informática computa no céu. Quando chegar lá Deus o consultará e conforme nossas ações seremos bem recebidos ou não. Na “vinha do Senhor” trabalha-se gratuitamente, não se trabalha para ter um salário maior. Não se pratica o bem em favor do irmão e irmã para ter o direito a um prêmio no céu. Seria egoísmo imperdoável servir-se do irmão pobre e necessitado para acumular méritos diante de Deus. Muitas pessoas se assustam e se põem a perguntar: como pode se uns procuram ser sempre bonzinhos e outros que passam a vida desfrutando de todos os prazeres e depois se colocar na mesma fila dos que se dirigem aos céus? Então é melhor agirmos como eles também. Mas o texto vem nos mostrar que é a bondade e o amor de Deus que nos salva. Não me salvo porque sou bom, e sim porque Deus é bom. E sua bondade transforma o homem e a mulher, capacitando-os para a vivência do amor. A mamãe não olha muito o que faz seus filhos e filhas, mas a todos derrama seu amor que vai fortalecendo-os e, com isso, os dirige para o bem viver da vida. Geralmente queremos recompensas para nossas boas ações. Mas usar dessa lógica para amarrar Deus ao nosso mundinho egoísta é que está o problema. Quando não sentimos recompensados achamos que Deus é injusto, ou não nos ama, ou que se esqueceu de nós. Costumamos até dizer: “porque Deus não atende às minhas preces? Sou tão dedicado, cumpro minhas obrigações religiosas direitinho. Tenho muita fé”. Mas Deus, apresentado por Jesus Cristo, é livre para agir como quiser. E essa liberdade é pontuada por seu amor incondicional e sua generosidade inestimável. Deus nos ama e deunos mais do que ousamos pedir. Deu-nos a vida. Deu-nos a si mesmo no seu Filho. Deu-nos a eternidade ao seu lado. Fé verdadeira não é Deus fazer a minha vontade, mas é eu fazer a sua vontade. Vontade essa que está explicitada no evangelho. O desejo de Deus para cada um de nós é que façamos acontecer o seu reinado. E este Reino não se apresenta como recompensa por nossos méritos pessoais ou esforço humano. É puro dom de Deus que nos chama gratuitamente a participar da vida pela. Cabe a nós acolhe-lo como dom ou ficar numa atitude mesquinha de sempre esperar recompensas por méritos prévios. Isso não é cristianismo, não é gratuidade. Isso não é resposta amorosa a Deus. Queridos irmãos e queridas irmãs. O cristão ama porque descobriu como é bonito amar desinteressadamente, como o Pai. Faz o bem pelo prazer de fazer o bem. Fora dessa lógica, Jesus nos diz que já recebemos nossa recompensa. Rezemos então: Mestre, que tua Palavra nos leve cada vez mais e fortalecidos por tua graça a amarmos de fato, como teu Pai nos amou incondicionalmente. Que cada um de nós possa também espalhar teu amor, que a todos e todas transforma e faz experimentar e viver plenamente a vida. Amém!