UFCD: 6766 – Corrente alternada monofásica e trifásica Ação: Eletricista de Instalações Formador: António Gamboa A- Corrente alternada monofásica 1- Formas de corrente elétrica Corrente contínua. A corrente é considerada contínua quando não se altera o seu sentido, ou seja, será sempre positiva ou negativa. A maior parte dos circuitos eletrónicos trabalha com corrente contínua, cujo gráfico está representado na figura abaixo. Podemos observar que a corrente contínua é constante ao longo do tempo, representado no gráfico por um segmento de reta constante, ou seja, que não variável. Este tipo de corrente é comumente encontrado em pilhas e baterias. Imagem que representa um circuito elétrico e gráfico da corrente contínua. Figura retirada do sítio: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica Corrente unidirecional A corrente unidirecional é uma corrente com sentido invariável, mas cujo valor ao longo do tempo não é forçosamente constante. A corrente contínua é um caso particular da corrente unidirecional. Imagens representativas da corrente unidirecional. Figura retirada do sítio: http://vicentemanera.com/2009/11/07/como-fugir-da-maldicao-do-grafico-de-dente-de-serrae-manter-as-melhorias-no-processo/ Corrente de sentido variável A corrente de sentido variável, tal como o nome refere, é uma corrente que muda de sentido ao longo do tempo, ou seja, desloca-se num sentido e no seu sentido inverso durante esse período ao longo do tempo. Corrente alternada É uma corrente de sentido variável com as características, periódica e valor médio nulo. Periódica, porque o sentido da corrente muda em intervalos de tempo iguais ao longo do tempo. Valor no 1 Módulo: 13_Eletricidade Geral – UFCD 0932 Ação: Eletromecânico/a de Manutenção Industrial Formador: António Gamboa médio nulo resultante da corrente passar pelos mesmos valores de intensidade, tanto sentido negativo como no positivo. 2 Imagens representativa da corrente alternada. Figura retirada do sítio: http://www.mspc.eng.br/eletrn/fontes_110.shtml Corrente alternada sinusoidal A corrente alternada sinusoidal, é um caso particular da corrente alternada, cujo valor é uma função sinusoidal no tempo. Esta curva denomina-se sinusoide. Esta é a corrente alternada mais importante visto que toda a energia elétrica é produzida desta forma. Imagens representativa da corrente alternada sinusoidal. Figura retirada do sítio: http://www.pontociencia.org.br/experimentos-interna.php?experimento=822 2- Produção de corrente alternada sinusoidal Tomemos como exemplo um dínamo. Ao rodar o tambor, roda-se simultaneamente o íman no interior da bobina induzindo nesta uma força eletromotriz, visto que a bobina está a ser submetida a uma variação de fluxo magnético que resulta da rotação do íman. A bobina é o induzido e o íman o indutor. A bobina durante este processo está a ser atravessada por um fluxo magnético que varia desde um valor máximo positivo, m, passa pelo valor nulo, =0, continuando o fluxo a decrescer até atingir um valor máximo negativo, -m, e de seguida cresce até atingir de novo o valor nulo, =0, seguindo-se de novo o valor máximo positivo, repetindo-se continuamente o fenómeno, e gerando-se assim a corrente alternada sinusoidal. A figura abaixo exemplifica o fenómeno. UFCD: 6766 – Corrente alternada monofásica e trifásica Ação: Eletricista de Instalações Formador: António Gamboa 3 Imagens representativa da produção da corrente alternada sinusoidal. Figura retirada do sítio: http://www.6pie.com/coilsandmagneticflux.php 3- Grandezas características da corrente alternada - Período Período é o tempo que duram duas alternâncias, negativa e positiva, ou seja, o tempo de um ciclo. O período é expresso em segundos e é representado pela letra T. - Frequência Frequência é o número de ciclos efetuados durante um segundo, tanto pela corrente como pela tensão. A frequência é representada pela letra e expressa-se em Hertz [Hz], mas a unidade já foi denomina de ciclos/ segundo. A expressão que relaciona a frequência com o período é a seguinte: Imagens representativa do período e da frequência. Figura retirada do sítio: http://www.cefetsp.br/edu/apuzzo/osc/osc_2.htm Um Hertz é a frequência de uma corrente, ou tensão, cujo período é um segundo. Os múltiplos mais utilizados são os seguintes: - kilohertz – 1 kHz – 1 000 Hz - Megahertz – 1 MHz – 106 Hz – 1 000 000 Hz - Gigahertz – 1 GHz – 109 Hz – 1 000 000 000 Hz - Terahertz – 1 THz – 1012 Hz – 1 000 000 000 000 Hz Módulo: 13_Eletricidade Geral – UFCD 0932 Ação: Eletromecânico/a de Manutenção Industrial Formador: António Gamboa Algumas das frequências utilizadas conforme o domínio de aplicação: - 50 Hz, produção, transporte, distribuição e utilização de energia elétrica; - 20 kHz a 100 kHz, ultrassons; 4 - 100 kHz a 1 GHz, rádio e televisão; - 300 THz a 700 THz, ondas luminosas. 4- Características da corrente alternada sinusoidal - Amplitude máxima Amplitude máxima ou valor máximo, é o valor mais elevado seja da corrente, tensão ou força eletromotriz, representando-se respetivamente por Im, Um ou Em. Existindo amplitudes máximas positivas e negativas. - Valor eficaz O calor desenvolvido numa resistência num determinado período de tempo é o mesmo, quer a corrente seja alternada ou contínua. Assim, deve haver uma corrente contínua que produza o mesmo calor que a corrente alternada, ao fim de igual tempo. A este valor chamamos de Valor Eficaz. Assim o Valor Eficaz de uma corrente alternada é a intensidade de uma corrente contínua que nas mesmas condições, produz o mesmo efeito calorífico que a corrente alternada considerada. O valor eficaz da corrente alternada é √ menor que o valor máximo. √ Analogamente: √ Imagem representativa da produção da corrente alternada sinusoidal. Figura retirada do sítio: http://elektron.no.sapo.pt/tensaoalternada.html UFCD: 6766 – Corrente alternada monofásica e trifásica Ação: Eletricista de Instalações Formador: António Gamboa 5- Fator de potência - Recetores puramente resistivos Quando temos recetores puramente resistivos, aparelhos de aquecimento e lâmpadas incandescentes, estes oferecem a mesma resistência quer em corrente contínua quer em corrente alternada. Assim, as fórmulas apresentadas abaixo e estudadas para a corrente contínua são também válidas para a corrente alternada. A intensidade de corrente está em fase com a tensão, no caso de recetores óhmicos. Coincidindo, assim, os valores nulos no tempo, passando a corrente e a tensão ao mesmo tempo pelo zero, com um ângulo =0°. Imagem representando a tensão e a corrente em fase. Figura retirada do sítio: http://dc339.4shared.com/doc/jk8g1znD/preview.html - Recetores indutivos Utilizando uma fonte de corrente alternada a passar sobre uma bobina, verifica-se uma grande resistência há passagem da corrente elétrica. Se reduzirmos o coeficiente de autoindução da bobina, esta reduz a resistência à passagem da corrente alternada. Aumentando a frequência da corrente, a resistência da bobina aumenta. Assim, o efeito indutivo de uma bobina de coeficiente de autoindução L numa corrente alternada de frequência f avalia-se pelo produto: chamada de reatância indutiva , cuja unidade é o . Os valores máximos e nulos da intensidade de corrente têm um certo atraso em relação aos valores da tensão, este atraso designado pela letra é denominado de desfasamento. Diz-se que a intensidade de corrente está desfasada em atraso relativamente à tensão. No caso da reatância indutiva o atraso é de 90°. 5 Módulo: 13_Eletricidade Geral – UFCD 0932 Ação: Eletromecânico/a de Manutenção Industrial Formador: António Gamboa 6 Imagem representando a corrente desfasada em atraso em relação à tensão. Figura retirada do sítio: http://dc339.4shared.com/doc/jk8g1znD/preview.html - Recetores capacitivos O condensador submetido a uma corrente alternada cria, alternadamente, excesso de eletrões em cada uma das suas armaduras, sem que haja corrente através do seu dielétrico. Aumentando a capacidade do condensador a resistência deste à passagem da corrente elétrica diminui, pelo que quanto maior for a capacidade do condensador menor é a sua resistência à passagem da corrente elétrica. Se aumentarmos a frequência da corrente alternada diminui a resistência que o condensador faz a essa mesma corrente. Chama-se reatância capacitiva, e a sua unidade é o , ao efeito de resistência que o condensador faz à passagem da corrente alternada, e é dado pela expressão: Neste caso a corrente está em avanço em relação à tensão, e o ângulo de desfasamento, , é de 90°. Imagem representando a corrente desfasada em avanço em relação à tensão. Figura retirada do sítio: http://dc339.4shared.com/doc/jk8g1znD/preview.html - Recetores RLC Um circuito composto por resistência (R), coeficiente de autoindução (L) e com capacidade (C), é designado por circuito RLC. Submetendo este conjunto a uma tensão alternada verifica-se que os efeitos da resistência da bobina e do condensador se subtraem, sendo a reatância do circuito, que é representada pela letra X, a diferença entre a reatância indutiva e a reatância capacitiva, cuja expressão é: UFCD: 6766 – Corrente alternada monofásica e trifásica Ação: Eletricista de Instalações Formador: António Gamboa e cuja unidade é o . 7 Imagem representando a corrente desfasada em relação à tensão. Figura retirada do sítio: http://dc339.4shared.com/doc/jk8g1znD/preview.html Impedância de um recetor é a dificuldade que este opõe à passagem da corrente elétrica alternada. A impedância é representada pela letra Z, e a sua unidade é o . A lei de Ohm para a corrente alternada é: O valo de Z é o valor da hipotenusa de um triângulo retângulo, cujos catetos correspondem aos valores de R e de X, respetivamente a resistência e a reatância. Imagem representando o triângulo de resistências. Figura retirada do sítio: http://www.cifp-mantenimiento.es/e-learning/index.php?id=1&id_sec=7 A expressão que relaciona a resistência, a reatância e a impedância, é dada por: ou √ O fator de potência é dado por: 6- Potência Em corrente alternada os valores da intensidade de corrente e da tensão são variáveis ao longo do tempo, pelo que o seu produto também é variável, afetado pelo valor do ângulo . - Potência ativa Módulo: 13_Eletricidade Geral – UFCD 0932 Ação: Eletromecânico/a de Manutenção Industrial Formador: António Gamboa É a potência que realmente é consumida num circuito, é representada pela letra P e a sua unidade é o Watt [W]. Assim, a potência ativa em corrente alternada é o produto da intensidade de corrente e da tensão 8 multiplicado pelo fator de potência, cuja expressão é a seguinte: - Potência reativa A potência reativa é dada pela expressão é a seguinte: A potência reativa é representada pela letra Q e a sua unidade é o Volt Ampère reativo [VAr]. Apesar de não ser consumida, esta energia circula no circuito. Esta energia oscila entre o gerador e a bobina sem ser consumida e é esta energia que se vai armazenar na bobina sob a forma de um campo magnético. - Potência aparente A potência aparente é dada pela expressão é a seguinte: A potência aparente é representada pela letra S e a sua unidade é o Volt Ampère [VA], e representa o máximo valor de potência que pode ser consumida com a tensão e a intensidade de corrente dadas. 7- Triângulo de potências Multiplicando por I2 os valores da resistência (R), reatância (X) e da impedância (Z) obtemos o triângulo das potências. Imagem representando o triângulo das potências. Figura retirada do sítio: http://www.eletrica.info/fator-de-potencia-o-que-e/ UFCD: 6766 – Corrente alternada monofásica e trifásica Ação: Eletricista de Instalações Formador: António Gamboa B- Corrente alternada trifásica 1- Sistemas trifásicos A utilização dos sistemas trifásicos em toda a cadeia de energia tem um carácter praticamente exclusivo. Somente a nível da utilização vamos encontrar um significativo e variado número de aparelhos, assim como instalações de pequena potência alimentadas com tensões monofásicas. 2- Vantagens dos sistemas trifásicos Para a mesma potência a fornecer, um alternador trifásico tem menor volume, preço e maior fiabilidade de serviço do que a correspondente unidade monofásica. As redes de transporte e de distribuição resultam mais simples e económicas. Utilizam três condutores de fase e eventualmente um quarto condutor de neutro, dispensando seis condutores que são requeridos por uma rede monofásica equivalente. À economia do cobre e menores perdas em linha aliam-se os menores custos e maior simplicidade de conceção e implantação das estruturas de apoio das linhas. A simplicidade de construção, menores custos e grande fiabilidade de funcionamento dos transformadores trifásicos e ainda dos motores assíncronos de campo girante de emprego generalizado e que não têm equivalente em monofásico, justificam só por si a existência de sistemas trifásicos. 3- Representação cartesiana e vetorial Representação cartesiana (1) e vetorial (2) de um sistema trifásico de tensões, desfasadas entre si de 120° Na figura acima, podemos ver em representação cartesiana a evolução das tensões de um sistema trifásico a partir dos respetivos valores instantâneos. Pode ainda fazer-se uma representação vetorial do mesmo sistema, se atendermos a que um desfasamento no tempo de 1/3 de período equivale a uma diferença angular de 120° entre os vetores representativos das tensões. Supõe-se todo o sistema rodando a uma velocidade angular 9 Módulo: 13_Eletricidade Geral – UFCD 0932 Ação: Eletromecânico/a de Manutenção Industrial Formador: António Gamboa ω no sentido indicado, que arbitramos como positivo. As tensões U1, U2 e U3 constituem assim um conjunto de três vetores girantes cuja grandeza mede as referidas tensões em valor eficaz. 10 4- Sequência de fases Da análise da figura que representa o sistema trifásico de tensões vemos que U3 está em avanço relativamente a U1. De facto, se escolhermos, por exemplo, a origem dos tempos como referência, verificamos que U3 tem já um certo valor positivo numa fase decrescente da sua alternância, enquanto que U1 é nulo e só agora irá iniciar a alternância positiva por valores sucessivamente crescentes. Verificamos igualmente que U2 está em atraso relativamente a U1. Isto significa que se admitirmos todo o sistema rodando no sentido indicado na figura que representa o sistema trifásico, e tomarmos como referência a posição ocupada a dado momento por um desses vetores, por exemplo U1, que esta será sucessivamente ocupada pelos vetores U2 e U3. A sequência de fases indicada é 1, 2, 3 e chama-se sequência de fases positiva. Portanto, a sequência de fases é a ordem pela qual se sucedem as fases num sistema trifásico. 5- Tensão simples e tensão composta Tensão simples Consideremos um sistema trifásico com neutro, cujas linhas de alimentação são constituídas por três condutores de fase e pelo condutor neutro, referenciados, respetivamente, por L1, L2, L3 e N. Consideremos ainda os pontos 1, 2, 3 e N correspondentes aos terminais de ligação Tensões simples ou tensões de fase Tensão simples ou tensão de fase é a tensão existente entre qualquer condutor de fase e o condutor neutro. Num sistema trifásico com neutro temos três tensões simples, que designamos por U1, U2 e U3, que são iguais em grandeza e formam uma estrela trifásica de tensões UFCD: 6766 – Corrente alternada monofásica e trifásica Ação: Eletricista de Instalações Formador: António Gamboa 11 Sistema trifásica de tensões em estrela Tensão composta Define-se tensão composta como a tensão existente entre duas quaisquer fases do sistema trifásico. Tensões compostas Tensão composta é a tensão existente entre duas quaisquer fases do sistema trifásico. 6- Relação de grandeza entre as tensões simples e composta A relação entre a tensão composta e a tensão simples é dada pela seguinte expressão: √ onde Us representa a tensão simples e Uc a tensão composta. Quando nos sistemas trifásicos se indica um determinado valor da tensão sem qualquer adjetivação, deve subentender-se que se refere a uma tensão composta. Por exemplo, se dissermos que uma determinada linha de MT é de 15 kV, devemos entendê-la como a tensão composta. Outras vezes aparecem-nos duas tensões escritas apenas com um traço oblíquo a separá-las. Por exemplo, uma rede 230/400 V. A primeira designa então a tensão simples e a segunda a tensão composta. Módulo: 13_Eletricidade Geral – UFCD 0932 Ação: Eletromecânico/a de Manutenção Industrial Formador: António Gamboa 7- Ligação de cargas trifásicas Ligação em estrela As três cargas representadas na figura abaixo, caracterizam-se pelo mesmo valor de impedância, 12 isto é, Z1 = Z2 = Z3. As respetivas extremidades estão ligadas aos terminais de cada um dos enrolamentos do alternador e são referenciadas pelas letras UX, VY, WZ. Imagem representando a ligação em estrela Figura retirada do sítio: http://www.dsee.fee.unicamp.br/~sato/ET515/node40.html Imagem representando a ligação em estrela, na caixa de terminais e das bobinas Nos condutores de alimentação estabelecem-se assim três correntes com o mesmo valor eficaz mas desfasadas de 120°. Os valores instantâneos dessas correntes diferem, contudo, em cada momento e em cada uma das fases. Poderíamos retirar o condutor neutro do circuito sem alteração ou prejuízo das condições de funcionamento. E só não o fazemos por uma medida preventiva, salvaguardando assim a hipótese das três cargas poderem sofrer qualquer alteração. Estas ligações configuram uma estrela, tanto na fonte como na carga. O ponto comum designa-se por ponto neutro. Na próxima figura mostra um sistema de correntes em representação cartesiana, onde para cada instante, a soma das ordenadas correspondentes à intersecção da vertical com as respetivas sinusoides é sempre igual a zero. UFCD: 6766 – Corrente alternada monofásica e trifásica Ação: Eletricista de Instalações Formador: António Gamboa Sistema de estrela equilibrado Quando todas as cargas têm o mesmo valor, isto é, a mesma impedância, o sistema diz-se equilibrado e as correntes em cada uma das fases são iguais. Num sistema trifásico equilibrado a soma vetorial das correntes é igual a zero Ligação em triângulo Quando todas as cargas têm o mesmo valor, isto é, a mesma impedância, o sistema diz-se equilibrado e as correntes em cada uma das fases são iguais. Numa ligação em triângulo, as três cargas ligam-se sequencialmente configurando uma malha fechada triangular, tal com representado na figura abaixo, sendo cada ponto comum ligado a uma fase. Podemos verificar que: Não existe condutor neutro por não haver ponto comum às três fases. A tensão aplicada a cada uma das cargas é a tensão composta. Imagem representando a ligação em triângulo Figura retirada do sítio: http://www.dsee.fee.unicamp.br/~sato/ET515/node40.html Imagem representando a ligação em triângulo, na caixa de terminais e das bobinas 13 Módulo: 13_Eletricidade Geral – UFCD 0932 Ação: Eletromecânico/a de Manutenção Industrial Formador: António Gamboa Correntes na linha e na fase As correntes de linha IL, como a própria designação indica, são as correntes que circulam nos condutores de alimentação e que na figura foram notadas por I1, I2 e I3. 14 Chamam-se correntes de fase If às correntes que circulam nos ramos do triângulo, tendo todas têm o mesmo sentido de circulação. Triângulo equilibrado Um sistema trifásico diz-se em triângulo equilibrado quando todas as cargas do triângulo são idênticas e portanto têm a mesma impedância. Nesta situação as correntes nas linhas são todas iguais, assim como as correntes nas fases, também, são todas iguais, em qualquer caso desfasadas entre si de 120°. Relação entre corrente de linha e corrente de fase √ Esta relação permite-nos enunciar que a corrente na linha é 3 vezes maior que a corrente de fase. 8- Sistemas trifásicos desequilibrados Diz-se que um sistema trifásico é desequilibrado ou de cargas desequilibradas se as impedâncias por fase não forem todas iguais. Nesta situação, o papel desempenhado pelo condutor neutro é fundamental, como veremos. Iremos então estudar o funcionamento de uma carga trifásica desequilibrada ligada em estrela com neutro, e seguidamente sem neutro, e avaliar os resultados. Estrela com neutro Imagem que representa o vetor da corrente no condutor neutro em sistemas trifásicos desequilibrados. Circulará assim uma corrente no neutro IN correspondente à resultante da soma vetorial das correntes nas três fases. Concluímos que: UFCD: 6766 – Corrente alternada monofásica e trifásica Ação: Eletricista de Instalações Formador: António Gamboa Num sistema em estrela desequilibrado circula sempre uma corrente no neutro. Essa corrente é igual à soma vetorial das correntes das fases: Nestes casos, é imprescindível o condutor neutro para dar passagem à corrente de defeito. Estrela sem neutro A supressão do condutor neutro num sistema desequilibrado origina um desequilíbrio das tensões simples sujeitando os diversos recetores a suportar nuns casos sobretensões, noutros tensões inferiores ao respetivo valor nominal. Triângulo desequilibrado Quando as cargas não são todas iguais, o triângulo é desequilibrado. As correntes de linha deixam de ser iguais, assim como as correntes de fase. Mantêm-se contudo, as tensões de fase nos terminais de cada uma das cargas. 9- Potência em circuitos trifásicos Formulação matemática O cálculo de potências em corrente alternada trifásica, nomeadamente das potências ativa, reativa e aparente, sintetiza e segue uma formulação idêntica à dos consumos por fase. Considerando o caso geral que contempla todas as situações de carga a que temos vindo a fazer referência, sendo cargas equilibradas ou não, ou a ligação em estrela ou em triângulo, pode ser assim equacionado: - Caso geral Potência ativa: P=P1+P2+P3 Potência reativa: Q=Q1+Q2+Q3 Potência aparente: √ A potência ativa representa a uma potência consumida, é sempre positiva e a referida soma é aritmética. A potência reativa total é o balanço da potência que circula entre os componentes reativos e a rede. É negativa quando consumida e positiva quando fornecida. A sua soma é, portanto, algébrica ou vetorial. 15 Módulo: 13_Eletricidade Geral – UFCD 0932 Ação: Eletromecânico/a de Manutenção Industrial Formador: António Gamboa - Cargas equilibradas Quando as cargas são iguais nas três fases, as expressões para as potências resultam mais 16 simples. Analisemos, então, as ligações em estrela e em triângulo. Ligação em estrela Nesta montagem e nas condições enunciadas, temos que: As correntes de fase são iguais em grandeza e iguais às correntes de linha. Nos terminais de cada carga está aplicada uma tensão simples. Nestas considerações temos para as diferentes potências: Potência ativa √ Cuja unidade é o Watt, designado pela letra W. Potência reativa √ Cuja unidade é o Volt Àmpere reativo, designado por VAr. Potência aparente √ Cuja unidade é o Volt Àmpere, designado por VA. Ligação em triângulo Nesta montagem e nas condições enunciadas, temos que: As correntes nas linhas são 3 superiores às correntes nas fases e têm o mesmo valor em todas elas. A tensão aplicada a cada um dos elementos do triângulo é a tensão composta. Sendo assim, temos as expressões para as diferentes potências: Potência ativa √ Cuja unidade é o Watt, designado pela letra W. Potência reativa √ Cuja unidade é o Volt Àmpere reativo, designado por VAr. Potência aparente √ Cuja unidade é o Volt Àmpere, designado por VA. UFCD: 6766 – Corrente alternada monofásica e trifásica Ação: Eletricista de Instalações Formador: António Gamboa 10- Expressão geral da potência em sistemas trifásicos equilibrados Comparando as expressões que deduzimos no caso da ligação em triângulo e em estrela verificamos que são iguais, pelo que podemos escrever para ambos os casos por fase não forem todas iguais. 17 √ √ √ Bibliografia “Princípios de electricidade e electrónica”, Noel M. Morris, Edições CETOP. “Elementos de electricidade”, Simões Morais, Edição do Autor. “Electricidade”. José Vagos Carreira Matias, Didáctica Editora. “Física e Química na nossa vida – Viver melhor na Terra”, M. Margarida R. D. Rodrigues e Fernando Morão Lopes Dias, Ciências Físico-Químicas | 9º ano, Porto Editora.