Governo Federal
Dilma Vana Rousseff
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Aluísio Mercadante
Ministro
CAPES
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Governo do Estado
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Secretaria de Educação a Distância – SEAD
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Diagramação
Arão de Azevêdo Souza
Gabriel Granja
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL - UEPB
370.154
A663p
Araujo, Maria Dalva de Oliveira.
Processo didático: planejamento e avaliação. / Maria Dalva de Oliveira
Araujo – Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Coordenadoria Institucional de
Programas Especiais (CIPE), Secretaria de Educação à Distância (SEAD). Campina
Grande: EDUEPB, 2013.
132 p.: Il. Color.
Licenciatura em Letras/Português.
1. Didática. 2. PPPP. 3. Aprendizagem. 4. Professor/aluno. I. Título. II. EDUEPB/
Coordenadoria Institucional de Programas Especiais (CIPE).
21. ed.CDD
EDITORA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
Rua Baraúnas, 351 - Bodocongó - Bairro Universitário - Campina Grande-PB - CEP 58429-500
Fone/Fax: (83) 3315-3381 - http://eduepb.uepb.edu.br - email: [email protected]
Maria Dalva de Oliveira Araujo
Processo Didático
Planejamento e Avaliação
Campina Grande-PB
2013
Sumário
I Unidade
Pressupostos teóricos e metodológicos para o ensino da Didática .......7
II Unidade
Abordagem do papel do professor e do aluno........................................21
III Unidade
Técnicas de ensino articuladas com as tendências
pedagógicas brasileiras...................................................................37
IV Unidade
A importância do planejamento pedagógico:
etapas, funções e tipos de plano......................................................53
V Unidade
Elementos constituintes do planejamento e
construção de planos de ensino.....................................................69
VI Unidade
Avaliação da Aprendizagem...........................................................85
VII Unidade
Os projetos pedagógicos...............................................................101
VIII Unidade
Prática do Projeto Político Pedagógico............................................117
I UNIDADE
Pressupostos teóricos
e metodológicos para o
ensino da Didática
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
7
Apresentação
Nesta primeira unidade, propomos uma reflexão acerca
dos pressupostos teóricos e metodológicos para o ensino da
didática nos cursos de formação do magistério, situando-a
no contexto da educação escolar como impulsionadora do
“pensar a prática” em seus múltiplos determinantes, ao invés
de uma concepção meramente técnica do que e como fazer
na escola.
Ampliamos as reflexões para contemplar o para que e
para quem das nossas ações no âmbito educacional. Abordamos ainda a definição de alguns termos implícitos no processo pedagógico que favorecem sua melhor compreensão,
como: Educação, Pedagogia, Educação Escolar, Didática,
Instrução e Ensino.
Seja bem vindo (a) a este espaço de reflexão sobre a prática pedagógica no contexto de uma sociedade capitalista,
na qual o ser humano tem sido objeto de manipulação das
classes dominantes em cada momento histórico e a escola,
o palco, onde a cena tem o poder de favorecer ou inibir essa
dominação de uma minoria economicamente privilegiada
sobre a maioria menos favorecida.
Esperamos que a partir dos estudos realizados nesta
unidade associados à sua experiência prática, seja como
professor ou como aluno, você obtenha clareza suficiente
para aderir a uma postura política retratada pela escolha
do público ao qual pretende servir por meio do exercício da
docência.
Bons estudos, boas reflexões, coerente decisão e ação!
8
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Objetivos
A partir das reflexões realizadas na apresentação da disciplina, das leituras e atividades propostas nesta unidade,
esperamos que você:
• Perceba a relação da educação escolar com o contexto sócio histórico;
• Estabeleça a distinção entre os conceitos de Educação, Pedagogia, Educação Escolar, Didática, Instrução e Ensino;
• Compreenda a Didática como um dos campos de estudo da Pedagogia cuja prática determina e é determinada por finalidades sociais.
Fonte: www.google.com.br/webhp?hl=pt-
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
9
Iniciando nossa conversa...
Nessa unidade, estaremos estudando sobre a importância da Didática no curso de formação para o Magistério. Conforme mencionamos
na apresentação da disciplina, desafiamos você para que acione seus
conhecimentos prévios, suas ideias sobre o que significa esse termo, de
que assuntos ele trata, qual a importância desse estudo nos cursos de
licenciatura.
Atividade I
De acordo com o seu entendimento atual, responda:
1. O que é Didática?
2. De que assuntos trata a Didática?
3. Qual a contribuição da Didática na formação de professores?
Fonte: www.google.com.br/ingres?
Continuando nossa conversa...
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
No decorrer do tempo, vários significados têm sido atribuídos ao
termo “didática”. Na Grécia antiga, por exemplo, era concebido como
o ato de “ensinar, instruir, fazer aprender”. Em 1633, Comênio, um
educador tcheco, escreveu um livro intitulado Didactica Magna, no
qual definia Didática como “a arte de ensinar tudo a todos”. Outros
autores apresentam concepções diferentes, conforme ilustramos abaixo. Aproveite para confrontá-las com suas próprias concepções apresentadas na atividade anterior.
Assinale qual (is) das definições de Didática abaixo convergem ou
se aproximam da sua definição de Didática nas respostas da atividade
1:
• “Técnica de dirigir e orientar a aprendizagem” (minidicionário
Aurélio).
• “Passou a reunir os conhecimentos que cada época valoriza sobre o processo de ensinar” (Amélia Domingos de Castro, apud
MASETO,1997).
10
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
• “Uma reflexão sistemática e busca de alternativas para os problemas da prática pedagógica” (Vera Maria Ferrão Candau).
• “É uma reflexão sistemática que acontece na escola e na aula. É
o estudo do processo de ensino-aprendizagem em sala de aula
e de seus resultados” (Marcos Masetto).
• “Investiga os fundamentos, condições e modos de realização
da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar
conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer
os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista as capacidades mentais dos alunos” (José Carlos Libâneo).
Atividade II
1 O A Didática consiste numa reflexão
sistemática acerca das teorias de ensino e
de aprendizagem materializadas no espaço
escolar em sua trajetória histórica.
Escolha, das definições de Didática acima, aquela que você considera mais
completa e comente-a. Anote seu comentário destacando o nome do autor da
definição.
De acordo com as concepções de Didática lidas, podemos perceber que, independente do contexto e do momento histórico, ela tem
como foco o processo de ensino e aprendizagem. Esse processo envolve uma intencionalidade e uma multidimensionalidade, haja vista que a
institucionalização da educação escolar ocorreu diante da necessidade
de atender demandas da sociedade, especialmente do setor produtivo
a partir da revolução industrial. Por outro lado, é preciso ressaltar o ser
humano enquanto elemento central desse processo que somatiza várias
dimensões no seu processo de desenvolvimento exigindo a ampliação
do olhar dos educadores para além da sala de aula.
2 O ensino é traduzido pela prática educativa intencional vivenciada na escola.
3 A instrução envolve formação e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas por
meio do domínio de certo nível de conhecimentos sistematizados. Está, portanto, implícita no processo de ensino.
Nesse contexto, a concepção de Didática1como reflexão sistemática contempla o estudo das teorias de ensino e de aprendizagem materializadas na prática educativa escolar na sua trajetória histórica.
A prática educativa vivenciada na escola é traduzida pelo ensino2
que constitui um campo específico de instrução3 e educação escolarizada4. Segundo o professor José Carlos Libâneo (1994), quando nos
referimos à educação escolar estamos referenciando o ensino. Este,
portanto, faz parte de um processo mais complexo que é a educação5
no sentido amplo, ou seja, aquela que cada indivíduo está submetido desde o nascimento no seio da família, vizinhança, igreja e outras
entidades de convivência social. Diz respeito ao processo de desenvolvimento da personalidade humana, envolvendo a formação de qualidades físicas, morais, intelectuais, estéticas conforme as influências do
meio social no contexto de suas relações. O ensino, portanto, corresponde a ações, meios e condições para a efetivação da instrução.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
11
4 Educação escolar diz respeito ao ensino
que é intencional e sistematizado, integra
um processo mais complexo que é a educação no sentido amplo.
5 A educação no sentido amplo corresponde ao processo em que o indivíduo está submetido desde o nascimento compreendendo
a formação de qualidades físicas, morais,
intelectuais, estéticas.
Mas, o que significa, entretanto, a instrução?
A instrução, na perspectiva abordada por Libâneo (1994), contempla a formação intelectual, formação e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas por meio do domínio de certo nível de conhecimentos
sistematizados. Está implícita no processo de ensino que é efetivado na
ação de ensinar. Essa modalidade de trabalho pedagógico é objeto de
estudo da Didática. Daí porque o estudo da Didática abrange várias
áreas do conhecimento que pesquisam o desenvolvimento humano,
a exemplo da Filosofia, Sociologia, Psicologia, História, Política, entre
outras. Com esses conhecimentos ela articula o pensar e o fazer sobre
questões relacionadas à escola, à sala de aula, à sociedade atual e
suas exigências, ao tipo de pessoas que precisamos formar.
Tendo em mente a necessidade de coerência das ações pedagógicas com as demandas sociais fica ressaltada a importância da prática
de pensar a prática educativa no cotidiano escolar, sintonizando-a com
as relações sociais do contexto em que ela se desenvolve. Essas relações influenciam decisivamente o processo de ensino e aprendizagem
induzindo escolhas feitas frente a interesses de classe determinados pelas formas de organização das relações sociais. Dessa forma, a prática
educativa requer um direcionamento de sentido para a formação dos
indivíduos e processos que garantam a atividade prática que lhes corresponde. Trata-se de focar as finalidades e meios de sua realização
definindo o tipo de homem que se deseja formar e o tipo de sociedade
que se pretende construir/reconstruir.
6 Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a natureza e as finalidades
da educação numa determinada sociedade.
Essa tarefa está relacionada à Pedagogia6 enquanto ciência da e
para a educação, portanto, teoria e prática do processo educativo que
investiga a natureza de suas finalidades numa determinada sociedade,
assim como os meios propícios para a formação dos indivíduos no
sentido de adequá-los para as atribuições exigidas por essa sociedade.
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
As contribuições da Didática
para o dia-a-dia do professor
Diante das considerações já apresentadas, é importante ressaltar
que no Curso de Licenciatura você se especializa para atuar no campo
educacional. Isso significa que, com sua atividade profissional, estará
contribuindo no processo de formação das pessoas. Essa atuação envolve a articulação de múltiplas dimensões implícitas na ação educativa: a dimensão técnica, a dimensão humana e a dimensão política.
A dimensão técnica, diz respeito aos métodos e técnicas utilizados
para a construção dos conhecimentos sistematizados na escola. A dimensão humana referencia o ser humano que no processo pedagógico
se constitui ao mesmo tempo sujeito e objeto, pois, se por um lado interage na construção/reconstrução de conhecimentos, por outro, exige
o entendimento de como ele aprende. A dimensão política compreende
a revelação do projeto social por meio da educação escolar, que sendo
uma prática histórica direciona a formação do indivíduo e, consequentemente, a sociedade para a dominação ou para a libertação.
Nessa perspectiva, pensar a prática pedagógica enquanto integrante
do contexto histórico-social, constitui objeto próprio da Didática e exige a
tomada de decisão por parte dos profissionais da educação em relação
ao “projeto ético e político-social que a oriente” (CANDAU, 2003, p. 15).
Esse projeto envolve clareza quanto ao papel da escola em relação
à sociedade considerando os interesses políticos e econômicos que nortearam sua institucionalização. Esses determinantes históricos são revelados na educação escolar indicando a quem pretende servir, pois poderá
contribuir para a conservação da situação de dominação da minoria
detentora dos meios de produção econômica ou a para a libertação e
conscientização dos trabalhadores em suas relações de trabalho.
Nesse sentido, surge a necessidade de refletirmos sobre a Didática
Escolar na perspectiva de superação da concepção meramente técnica
para abranger a sua relação com a macroestrutura da sociedade em
suas múltiplas dimensões.
Atividade III
Com base nos seus conhecimentos prévios e nas reflexões iniciais desta
unidade, responda às questões apresentadas abaixo:
a) Alguns alunos falam que determinado(a) professor(a) possui muito
conhecimento da disciplina que leciona, mas não possui didática. Como você
explica esse entendimento dos alunos?
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
13
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
b) Em sua opinião, qual o papel da Didática na formação profissional para o
exercício do magistério?
c) Segundo o professor José Carlos Libâneo (1994), o objeto de estudo da
Didática é o processo de ensino. Você concorda com a idéia de que esse
processo se reduz ao espaço da sala de aula? Justifique a sua resposta.
d) Leia com atenção o pensamento de Libâneo transcrito abaixo. Em seguida,
comente a expressão que se encontra em negrito:
A ciência que investiga a teoria e a prática da educação nos seus vínculos com a prática social global
é a Pedagogia. Sendo a Didática uma disciplina que
estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista finalidades
educacionais, que são sempre sociais, ela se fundamenta na Pedagogia; é, assim, uma disciplina pedagógica (LIBÂNEO, 1994, p. 16).
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
A educação é uma prática social que ocorre em várias instâncias
da sociedade além da escola. Ela consiste num fenômeno complexo
porque envolve, como ressaltamos anteriormente, uma série de dimensões influenciadas pelo contexto em que ela se materializa. No caso da
educação escolar, traduzida por meio do ensino, há uma característica
distinta: ela é intencional e sistemática. A educação intencional reflete
intenções e objetivos definidos de forma consciente visando finalidades
sociais. Na prática educativa escolar a sistematização dos conteúdos,
o modo como estes são trabalhados revelam essa intencionalidade,
especialmente, por meio de atitudes dos profissionais envolvidos.
A partir dessa reflexão, analise o quadro a seguir e faça um comentário crítico sobre as atitudes apresentadas pela professora e pelo
aluno, destacando que tipo de indivíduo a escola está se propondo a
formar por meio dessa prática:
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
http://acampagreveprj.blogspot.com/2012/01/ja-pra-diretoria-zezinho.html
Esclarecendo os termos:
EDUCAÇÃO, INSTRUÇÃO, ENSINO,
EDUCAÇÃO ESCOLAR, PEDAGOGIA E DIDÁTICA.
Atividade IV
Associe as palavras destacadas acima com as definições apresentadas abaixo:
a. Sistema de instrução e ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e alto grau de organização ligado intimamente às demais práticas sociais:__________________
b. Principal ramo de estudos da Pedagogia que investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do
ensino:_____________________________
c. Formação intelectual, formação e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas mediante o domínio de certo nível de conhecimentos sistematizados: ________________________.
d. Ações, meios e condições para realização da instrução; contém, pois, a instrução: ________________________
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
15
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
e. Processo de desenvolvimento onilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas – físicas, morais,
intelectuais, estéticas, tendo em vista a orientação da atividade
humana na sua relação com o meio social, num determinado
contexto de relações sociais: _________________________
f. Campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da educação numa determinada sociedade, bem
como os meios apropriados para a formação dos indivíduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social:
__________________________.
Ampliando nossa conversa...
Didática para um
professor competente
A Didática, na perspectiva de reflexão sobre a prática pedagógica
em suas múltiplas dimensões, traz como desafio para o (a) professor (a)
ser um (a) articulador (a) entre a sua área de conhecimento específica
(Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, etc.), o conhecimento dos
fundamentos teóricos que explicam o processo de aprender, além dos
condicionantes sóciopolíticos de institucionalização da educação escolar. Envolve, portanto, o compromisso com a sociedade e, ao mesmo
tempo, com a formação do ser humano. Para tanto, deve atuar com
competência.
Na sua opinião, o que significa ser um (a) professor (a) competente?
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
________________________________________________________
___________________________________________________________
Os estudos sobre a competência do professor sinalizam que esse
profissional precisa ter: conhecimento na área específica, a habilidade
que é saber fazer, linguagem apropriada, valores culturais e administrar as emoções. O professor competente, na visão de vários autores,
adere a ideia de que o conteúdo, o conhecimento é um, entre tantos
outros requisitos da competência no ato de ensinar. Para Philippe Perrenoud, “as competências mobilizam conhecimentos dos quais grande
parte é e continuará sendo de ordem disciplinar, até que a organização
dos conhecimentos eruditos distinga as disciplinas, de modo que cada
uma assuma um nível ou um componente da realidade” (PERRENOUD,
1999, p. 40) .
16
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Nesse contexto, é a partir das demandas impostas pela sociedade,
que a competência se faz necessária exigindo a capacidade do sujeito
mobilizar recursos, para resolver situações complexas que surgem no
seu dia a dia. Até porque, se fizermos uma retrospectiva histórica da
realidade brasileira, constatamos a passagem rápida da era economicamente dominada pela agricultura e pecuária, para a era industrial
que conduziu-nos a era do conhecimento e da informação no âmbito
do desenvolvimento econômico atrelado ao desenvolvimento científico
e tecnológico. Tudo isso provoca a necessidade de gerar competência
para acionar mecanismos adequados ao atendimento das exigências
dessa sociedade em constantes mudanças.
Portanto, ao habilitar-se para exercer o magistério, certamente, você
está interessado (a) em desempenhar bem o seu trabalho de professor
(a), trabalho este que encontra suporte nas reflexões sistemáticas sobre
a prática pedagógica escolar, objeto de estudo da Didática.
Na próxima unidade ampliaremos nossa reflexão abordando o papel do (a)
professor(a) e do aluno na prática educativa escolar.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
17
Leitura e filme recomendado
Sugerimos a seguinte leitura e o seguinte filme como complementares aos assuntos abordados nesta unidade:
Texto: O que é educar (Humberto Maturana)
O texto extraído do livro Emoções e Linguagem na Educação
e na Política do biólogo chileno Humberto Maturana, aborda a
Educação Atual na Perspectiva da Biologia do Conhecimento.
O autor ressalta a teia de relações existentes entre os homens e
destes com a natureza, a constituição do eu que se concretiza na
convivência com o outro, numa relação recíproca de respeito do
ser humano na dimensão individual, social e planetária, aspectos
que ele apresenta como indispensáveis para a educação na sociedade chilena.
Disponível no site: http://www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/paradigmas/maturana/oqueeducar.html
Filme: Tempos Modernos
O filme Tempos Modernos critica os modos
de produção capitalistas, a ambição dos
burgueses e, principalmente, as condições
de trabalho a qual eram submetidos os trabalhadores. A divisão de classes sociais é
retratada na figura da minoria que detém o
conhecimento e o poder promovendo a objetização do ser humano. Os operários da
fábrica são tratados em condições desumanas como mais uma peça de engrenagem
da máquina visando meramente o aumento
da produção e ampliar cada vez mais os lucros. Ao compararmos a realidade retratada
no filme com a forma de organização de algumas escolas é possível associarmos as
duas realidades. Um exemplo que demonstra a relação é o caso de
uma gestora ou uma pequena equipe gestora que detém o poder centralizando em si todas as decisões e orientações impedindo que alunos,
professores e demais envolvidos no processo educativo exerçam autonomia, participando também dessas decisões. Por outro lado, as práticas transmissivas de conteúdos em sala de aula desvinculados da capacidade de pensar, também ilustram esse modelo de produção.
18
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Resumo
Nesta unidade abordamos a relação da escola com a sociedade
que a determinou e, por outro lado, é determinada por ela através de
suas práticas pedagógicas. Ressaltamos as várias dimensões envolvidas
no processo educativo, imprescindíveis no desenvolvimento integral do
ser humano. Evidenciamos a distinção entre alguns dos termos integrantes do âmbito educacional, tais como: pedagogia, educação, educação escolar, instrução, ensino, didática e a interligação entre eles.
Discutimos ainda a importância da didática nos cursos de licenciatura
enquanto oportunidade de refletir sistematicamente questões relacionadas ao ensino e a aprendizagem vinculados ao contexto sócio histórico.
Finalizamos com uma reflexão acerca da necessidade do (a) professor
(a) competente no contexto da sociedade em constantes mudanças.
Autoavaliação
A partir das leituras, do filme indicado e reflexões desta unidade,
elabore um texto expressando de que forma a Didática pode lhe ajudar
a ser um professor competente:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
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Referências
CANDAU, Vera Maria Ferrão (Org.). Rumo a uma nova didática.
Petrópolis: Vozes, 2003.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI
Escolar: o minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2001.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
MASETO, Marcos Tarcísio. Didática: a aula como centro. São
Paulo: FTD, 1997.
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola.
trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
II UNIDADE
Abordagem do papel do
professor e do aluno
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
21
“Quando entro em uma sala de aula devo estar
sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade,
às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser
crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que
tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento” (FREIRE, 1999, p. 52).
Apresentação
Na unidade anterior, refletimos sobre pressupostos teóricos e metodológicos para o ensino da Didática nos cursos
de formação docente, sua importância para uma atuação
competente. Para tanto, buscamos definir termos interligados ao processo pedagógico, tais como: educação, ensino,
educação escolarizada, didática, instrução e pedagogia.
Ressaltamos a competência como requisito fundamental
para o profissional da educação escolarizada. Até porque,
com as aceleradas mudanças pelas quais passa a sociedade
nesse milênio, não há curso, em termos de formação inicial
(sozinho), que garanta uma atuação competente e isso implica na necessidade dos profissionais desenvolverem outras
habilidades associadas ao conhecimento teórico.
Para melhor compreender esse processo, entretanto, se
faz necessário refletir sobre o papel que nós professores temos assumido ao longo da história da educação no Brasil e,
em decorrência, o papel imposto ao aluno. Por outro lado,
permeando essa prática educativa, evidentemente, outros
elementos são envolvidos, tais como: o conhecimento, o
ensino, a aprendizagem e, especialmente, o papel do professor e do aluno na relação pedagógica que, no conjunto,
evidenciam determinadas abordagens, as quais serão discutidas nesta unidade.
Iremos, portanto, refletir algumas formas de conceber o
fenômeno educativo que foram estruturadas pelos pesquisadores da área, conforme a aceitação (ou não) das múltiplas implicações e relações subjacentes. Esperamos que a
partir da realização das leituras e atividades propostas você
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
se posicione diante das abordagens destacadas elegendo
para sua atuação as concepções de conhecimento, ensino,
aprendizagem, professor e aluno que retratem uma perspectiva transformadora do mundo e do homem percebidos
como inacabados, em construção.
Lembramos que, caso encontre alguma dificuldade com
relação ao conteúdo e/ou as atividades propostas, encaminhe por escrito (email) ao pólo de apoio presencial a fim de
receber os esclarecimentos devidos. Bom trabalho!
Objetivos
Diante das reflexões iniciais e da retomada da unidade
anterior esperamos que, ao término desta unidade, você
consiga:
• Identificar as abordagens do processo ensino-aprendizagem que vem fundamentando as práticas pedagógicas em sala de aula ao longo da história da educação brasileira;
• Reconhecer as concepções de conhecimento, ensino,
aprendizagem, professor e aluno, que são refletidas
em cada uma das abordagens;
• Analisar situações de sala de aula, correlacionando
às abordagens do processo educativo escolar estudadas.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
23
Iniciando nossa conversa
1 As abordagens são formas de conceber
o fenômeno educativo conforme a aceitação (ou não) das múltiplas implicações e
relações.
As pesquisas em torno da trajetória do contexto educacional brasileiro tem mostrado que as formas de atuação dos profissionais evidenciam determinadas abordagens1 do processo de ensino e aprendizagem e dos elementos implicados. Algumas dessas formas apresentam
tendência à manutenção das práticas tradicionais e outras buscam atualizações freqüentes visando atender às demandas impostas pela sociedade em cada momento histórico. Geralmente, há deslocamento do
foco do processo educativo, ora para o professor, o ensino transmissivo, ora foca o aluno e sua aprendizagem, estas últimas estão implícitas
na perspectiva progressista.
Nesse sentido, os profissionais tradicionais costumam centrar o seu
trabalho em aulas expositivas nas quais passa a matéria, exercícios e
depois cobra o conteúdo numa prova. Esses profissionais entendem
que sua obrigação está limitada ao conteúdo da disciplina ou ano escolar. Não se interessam para saber quem são os seus alunos, o que
fazem, com quem vivem, quais suas expectativas em relação à escola.
Para estes profissionais o conteúdo escolar representa um fim em si.
Por outro lado, os profissionais comprometidos com a dinâmica social,
ampliam o olhar para além das paredes da sala de aula e partem do
conhecimento da realidade de cada aluno em sua prática docente.
O conhecimento/conteúdo não deixa de ser trabalhado porque isso é
tarefa da escola, mas, ao invés de ser considerado como um fim em
si mesmo, representa um meio para o desenvolvimento de habilidades
necessárias ao processo educativo.
Todavia, vale ressaltar que nós professores não somos os únicos
atores no cenário educacional, ao lado da nossa prática há e haverá
sempre o aluno e a aluna. Portanto, o papel que desempenhamos na
prática pedagógica vai depender das concepções atribuídas a cada
elemento do processo educativo escolar, dentre os quais se destacam
a relação professor/aluno. Com vistas a refletir sobre esses elementos,
vamos apresentar, discutir e analisar como diferentes abordagens do
processo educativo, definem o conhecimento, o ensino e a aprendizagem, bem como a relação professor-aluno.
Atividade I
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Observe a ilustração a seguir e discorra sobre o impacto do ensino tradicional
no processo de formação do aluno. É importante destacar as ações do
professor, dos alunos, a maneira como os conteúdos são trabalhados e,
conseqüentemente, a repercussão dessa prática na aprendizagem dos alunos
e alunas na vida em sociedade. Escolha um título que considerar interessante:
24
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Fonte: www.google.com.br/search?g
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Podemos perceber que o mais comum, na prática educativa meramente transmissiva, é o aluno simplesmente memorizar (decorar) o
que o professor fala, o conteúdo limita-se ao livro didático ou é trabalhado de forma mecânica, desvinculado das práticas sociais, onde são
mecanizadas fórmulas e definições. No exemplo acima se percebe a
criação de uma situação didática, meramente ilustrativa para trabalhar
operações fundamentais. Mas, na realidade concreta dos alunos, certamente, há situações em que eles utilizam as operações.
Esse tipo de aprendizagem (questionamos se realmente é aprender)
envolve uma ação mecânica e repetitiva que não é duradoura e nem
possui significado social, haja vista que os alunos não são exercitados na escola para utilizar os conteúdos trabalhados no seu dia-a-dia.
Muitas vezes, após a realização das provas eles acabam esquecendo
o que estudaram. Vale salientar que a dificuldade de transposição do
conhecimento2 supostamente adquirido na escola para a vida dos alunos gera uma situação que torna a educação medíocre, pois não tem
aplicabilidade social.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
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2 A transposição do conhecimento corresponde ao uso social do que é trabalhado na
escola pelos alunos nas situações práticas
do seu dia-a-dia.
Para refletir:
Observe a ilustração apresentada no quadro negro da figura acima. Ela reporta a uma situação vivenciada numa escola pública, em
que a professora de Educação Infantil questionou a resposta de um
aluno, em relação a uma ilustração semelhante, pois, ao apontar
para as figuras perguntando quantas havia, o aluno respondeu imediatamente, o número correspondente a todos os objetos que estava
visualizando. No exemplo apresentado na figura, ele responderia que
havia 6 gatos (Já no caso da escola eram zebrinhas e a operação era:
2 zebrinhas + 3 zebrinhas= 5 zebrinhas, tudo representado com as
gravuras o aluno visualizava, na verdade, 10 zebrinhas).
A professora considerou absurda a resposta porque o aluno não
respondeu conforme a sentença matemática, mas o total de objetos
que via. Vale salientar que, para uma criança que está no primeiro
ano escolar, sinais matemáticos significa conhecimento novo e contagem já é um conhecimento adquirido. Daí porque, a resposta imediata do aluno indicando o total de animais visualizados. Observe que
não se trata necessariamente de um erro, mas da demonstração de
um conhecimento que já existe.
A atitude demonstrada pela professora revelou que ela teve esse
entendimento?
3 Na concepção progressista o trabalho didático desloca a ênfase do professor como
centro do processo educativo, considerando
o aluno em suas capacidades, necessidades
e expectativas, bem como o significado social dos conteúdos trabalhados.
Por outro lado, os professores considerados progressistas3preocupam-se mais com as diferenças individuais e sociais dos alunos, costumam fazer trabalhos em grupos ou estudo dirigido, abrindo margem
para o diálogo com as crianças e entre as crianças, demonstram ser
mais amorosos e atenciosos com seus conhecimentos prévios. Essa
forma de trabalho didático é, sem dúvida, mais coerente do que a
tradicional4. Entretanto, muitas vezes acaba no entendimento de aprendizagem semelhante com o tradicional, especialmente, na medida em
que cobra os resultados do processo de ensino, centrado apenas na
realização de provas e testes escritos, sem ouvir os argumentos dos
alunos quanto às suas respostas, estimulando sua capacidade reflexiva.
4 Forma de trabalho didático centrado na
mera transmissão de conteúdos pelo professor. O papel do aluno é memorizá-los e
apenas reproduzir nas provas.
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Atividade II
Com base nas reflexões anteriores, analise o papel da professora na charge
seguinte destacando o impacto na formação do aluno:
Conforme abordamos anteriormente, nem sempre as práticas avaliativas são coerentes com o processo de ensino. O exemplo da charge
mostra que, aparentemente, a professora utilizou técnicas interativas
durante as aulas mas, no momento de avaliar, predominou a atividade pela atividade, desconsiderando outras competências e habilidades
implícitas no ato de aprender, a exemplo da pesquisa. Predomina a
ênfase apenas na memorização, ou seja, muitas vezes nós professores
não sabemos como ajudar o aluno a elaborar de forma consciente e
independente o conhecimento através de uma atividade, necessitando
para tanto submetê-los constantemente a testes escritos desconsiderando seu desempenho ao longo do processo didático.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
27
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Atividade III
Com base nessas reflexões e observando a gravura abaixo, elabore
um pequeno texto. Destaque o papel do professor, dos alunos, do
conteúdo (do livro didático), entre outros aspectos da sala de aula que
for observável: Lembre de ressaltar o tipo de indíviduo que está sendo
formado (ou deformado):
Fonte: www.google.com.br/imgres?imgurl=http://4.pb.blogspot.com
A situação ilustrada na charge seguinte, entretanto, apresenta alguns
aspectos que parecem refletir uma abordagem progressista. Após observar,
detalhadamente, como está sendo trabalhado o conteúdo, o papel do professor
e do aluno na prática pedagógica, liste os aspectos que caracterizam a
abordagem ressaltada:
28
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Continuando nossa conversa...
Os exemplos de prática docente apresentados mostram que o processo de ensino-aprendizagem está imerso em abordagens diversificadas que, de acordo com determinada teoria, tende a priorizar um
ou outro aspecto do fenômeno educativo levando ao reducionismo de
seus aspectos. Entretanto, por se tratar de um processo ligado diretamente com a realidade e com o ser humano não deve acontecer como
se esta realidade fosse pronta, acabada, até inventada. Até porque, ela
é dinâmica e consiste em múltiplos aspectos e múltiplas dimensões: a
dimensão humana, a técnica, a cognitiva, a emocional, a sócio-política
e cultural que estão relacionadas entre si (MIZUKAMI, 1986).
Nas situações apresentadas anteriormente, parece evidente que o
foco do processo educacional na perspectiva tradicional está no professor, nos conteúdos de ensino (dos livros didáticos) desvinculados do uso
social, ao passo que na perspectiva progressista há uma preocupação
mais acentuada com o aluno, com a realidade concreta, com a prática
educativa e seus efeitos. Diante disso, vale salientar que as diferentes
abordagens contemplam categorias que colaboram na compreensão
do fenômeno educativo, em seus pressupostos e em suas decorrências,
tais como os conceitos de homem, mundo, sociedade-cultura, conhecimento, educação, escola, ensino-aprendizagem, a relação professor-aluno, metodologia e avaliação.
A autora mencionada destaca cinco abordagens que parecem ter
influenciado com maior profundidade os professores em relação ao
ensino brasileiro: abordagem tradicional, abordagem comportamentalista,
abordagem humanista, abordagem cognitivista e abordagem sócio-cultural.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
29
Atividade IV
A seguir, apresentamos um quadro em que são destacadas, resumidamente,
as principais características de cada abordagem no que diz respeito a alguns
elementos implícitos no processo educativo escolar, a saber: conhecimento,
ensino, aprendizagem, professor e aluno.
Com base nesse quadro, escolha uma das situações apresentadas
anteriormente nas charges e faça uma análise, tentando ilustrar a abordagem predominante:
Categorias
Abordagem
Tradicional
Conhecimento
Ensino
Aprendizagem
Professor-Aluno
Caráter cumulativo
do conhecimento
humano adquirido
por meio da transmissão. Pressupõe
a atividade mental
como a capacidade de acumular/
armazenar informações (prontas)
partindo das mais
simples para as
mais complexas.
Imagens estáticas,
impressas nos
alunos, gradualmente.
Envolve um conjunto de técnicas
aplicáveis às
situações de sala
de aula na qual o
professor “instrui”
e “ensina” os
alunos, resumindo
a educação ao
ensino. Valoriza
modelos pedagógicos para a
criança e para a
sua educação.
Há uma crença
implícita nas
virtudes formativas
das disciplinas
do currículo. Há
mais preocupação
com a variedade e
quantidade de noções/conceitos/informações do que
com a formação
do pensamento
reflexivo.
É considerada
como um fim em
si mesma, a partir
dos conhecimentos
adquiridos e os
modelos imitados.
A continuidade
simples entre a experiência imediata
e o conhecimento
é desconsiderada. Daí porque
a intervenção do
professor é tão necessária, isolando
a escola e tornando os programas
artificiais.
A relação é vertical,
pois o poder decisório é concentrado
no professor que
transmite conteúdos
predefinidos como
fins em si. Aos
alunos compete
reproduzir de forma
mecânica (e individual) os conteúdos que a escola
forneceu.
30
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Comportamentalista
Humanista
Resultado direto
da experiência ou
experimentação
planejada (empirismo). Controle
do comportamento
observável sem
nenhuma preocupação com o funcionamento mental
no processo de
aprendizagem.
Consiste num
arranjo e planejamento de
contingências de
reforço para a
aquisição do comportamento do
aluno, implicando
em mudanças
úteis e adequadas
de acordo com
algum centro
decisório. Os
comportamentos
desejáveis são instalados e mantidos
por condicionantes e reforçadores
arbitrários, como:
elogios, notas,
prêmios, etc. que
estão associados
a outros reforçadores maiores,
a exemplo do
diploma, da
ascensão social,
entre outros.
Será decorrente
da organização/
estruturação dos
elementos para
as experiências
curriculares, que
dirigem os alunos
pelos caminhos
adequados até
chegarem ao comportamento final
desejado. Portanto,
será garantida pela
sua programação.
A aprendizagem é
vista como fenômeno individual
favorecida pelo
conhecimento do
aluno acerca do
que dele se espera.
O professor controla o processo de
aprendizagem. Ele
planeja e desenvolve o sistema de
ensino e aprendizagem buscando
maximizar o desempenho do aluno,
economizar, tempo,
esforços e custos.
Construído a partir
da experiência
pessoal e subjetiva
no decorrer do
processo do vir
a ser da pessoa
humana. A ela é
atribuído o papel
central e primordial na elaboração
do conhecimento,
ou seja, ao experienciar, o sujeito
conhece.
Centrado no
indivíduo na
medida em que
utiliza a técnica
de “dirigir sem
dirigir”, ou seja,
dirigir a pessoa à
sua própria experiência no sentido
de estruturar-se e
agir (método não
diretivo). Consiste
num conjunto de
técnicas que implementa atitude
básica de confiança e respeito pelo
aluno.
Resulta da potencialidade para
aprender: tendência à realização
(da potencialidade), capacidade
organísmica de
valoração, aprendizagem significativa (envolvimento
pessoal).
O professor é
um facilitador da
aprendizagem que
deve agir com base
no seu próprio
repertório. Não dá
para especificar as
competências de
um professor, pois
elas dizem respeito
a uma forma de
relacionamento
com o aluno que é
pessoal e única. O
aluno é respeitado
tal como ele é.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
31
Cognitivista
Sócio-cultural
Construção contínua por meio da
formação de novas
estruturas mentais
de um estado de
desenvolvimento
para o seguinte.
Ou seja, tudo o
que se aprende
é assimilado por
uma estrutura
mental já existente
e provoca uma
reestruturação.
Ênfase na inteligência do aluno
priorizando sua
participação como
sujeito do processo e sua inserção
no contexto social.
Deverá assumir
formas diversas
se baseando no
ensaio e erro,
na pesquisa ,
na investigação,
na resolução de
problemas por
parte do aluno. O
ponto fundamental
é o processo e
não o produto.
Envolve a organização dos dados
da experiência de
forma a promover
um nível desejado
de aprendizagem.
É entendida como
resultado operacional da inteligência
e não da memorização já que o
desenvolvimento
do “como” o aluno
aprende depende
do esquema mental
presente, do estágio atual, da forma
de relacionamento
com o meio. A
aprendizagem só
se realiza realmente
quando o aluno
elabora seu conhecimento.
O professor cria
situações para
estabelecer reciprocidade intelectual e cooperação
racional e moral.
O aluno pratica as
ações propulsoras
de aprendizagem, quais sejam:
observar, comparar, experimentar,
relacionar, analisar,
etc
Não segue receitas
ou modelos de
respostas, pelo
contrário, admite
respostas diversas
para desafios
diversos ou respostas diversas para o
mesmo dasafio.
A elaboração e o
desenvolvimento
estão ligados
ao processo de
conscientização a
partir da relação
pensamento e
prática. Superação da dicotomia
sujeito-objeto.
Superação da
relação opressor/
oprimido, favorece
autoconhecimento
crítico, ênfase ao
diálogo, problematização de
temas do cotidiano, clareza do
papel social dos
sujeitos negando a educação
bancária. Embora
não haja restrições às situações
formais de instrução assume um
significado amplo
de educação.
Constantemente
busca desvelar a
realidade e favorecer aos sujeitos do
processo perceberem criticamente
como estão sendo
no mundo.
Desenvolvimento
da consciência crítica e da liberdade.
Consiste num ato
de conhecimento
mediado pelo
diálogo autêntico
entre professor e
aluno. Unidade
pensamento-ação
pois os aspectos
cognitivos incluem
necessariamente
as relações dos
sujeitos com seu
mundo.
Relação horizontal
e não imposta na
qual o professor,
sujeito cognoscente, no diálogo
pedagógico aprende na medida em
que ensina. Valoriza
a linguagem e a
cultura do aluno.
Os alunos assumem o papel de
sujeitos criadores e
são conscientes de
si. neste processo.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
32
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Contemplando o quadro acima podemos observar que há aspectos em algumas abordagens que possibilitam ao professor facilitar a
construção de uma aprendizagem significativa5, ao tempo que abre
margem para o aluno desenvolver-se enquanto sujeito. Na verdade,
uma aprendizagem de qualidade é aquele em que o aluno desenvolve
raciocínio próprio, sabe lidar com os conceitos e faz relações entre
um conceito e outro, sabe aplicar o conhecimento em situações novas
ou diferentes, seja na sala de aula seja fora da escola, sabe explicar
uma idéia com suas próprias palavras. Esses aspectos correspondem à
aprendizagem duradoura que é, justamente, aquela pela qual os alunos aprendem a lidar de forma independente com os conhecimentos.
Desse modo, as atividades que são organizadas para os alunos favorecem a aquisição de métodos de pensamento, habilidades e capacidades mentais para poderem lidar de forma independente e criativa
com os conhecimentos que vão assimilando. Nessa perspectiva, o aluno constrói, elabora seus conhecimentos, seus métodos de estudo, sua
afetividade, com a ajuda do professor. O professor torna-se um parceiro mais experiente na conquista do conhecimento, interagindo com
a experiência do aluno. O papel do ensino e, portanto, do professor é
mediar a relação de conhecimento que o aluno traz com os objetos de
conhecimento e consigo mesmo, para a construção de sua aprendizagem. O papel do ensino é, pois, possibilitar que o aluno desenvolva
suas próprias capacidades para que ele mesmo realize as tarefas de
aprendizagem.
Compete ao professor planejar, selecionar e organizar os conteúdos, programar tarefas, criar condições de estudo dentro da classe,
incentivar os alunos, ou seja, o professor dirige as atividades de aprendizagem dos alunos a fim de que estes se tornem sujeitos ativos da
própria aprendizagem. O ensino nessa perspectiva é muito diferente
de simplesmente passar a matéria ao aluno. É diferente, também, de
dar atividades aos alunos para que fiquem copiando, na falsa ilusão
de que aprendam fazendo. O processo de ensino é um constante vai-e-vem entre conteúdos e problemas que são colocados, a percepção
ativa e o raciocínio dos alunos.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
33
5 Aprendizagem significativa é aquela em
que o aluno desenvolve raciocínio próprio,
sabe lidar com os conceitos e faz relações
entre um conceito e outro, sabe aplicar o conhecimento em situações novas ou diferentes, seja na sala de aula ou fora da escola,
sabe explicar uma ideia com suas próprias
palavras.
Leitura e filme recomendados
Sugerimos um livro e um filme como complementares para suas
reflexões acerca do assunto abordado nesta unidade:
Livro: Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa
(Paulo Freire)
Dentre os vários livros escritos por Freire que trazem significativas
reflexões para o campo educacional, em Pedagogia da Autonomia ele
nos ensina a ensinar enquanto profissionais abertos ao aprender constante, especialmente, com os próprios alunos. Abordando os saberes
necessários à prática educativa ele expressa entre outras atitudes a rigorosidade e a humildade como condições favoráveis à construção da
autonomia. Trata-se de um livro pequeno em tamanho (e no preço),
mas enorme em esperança e otimismo, que abomina as mentalidades
fatalistas. Boa leitura!
Filme: Sociedade dos Poetas Mortos
O filme Sociedade dos Poetas Mortos mostra
claramente o papel de aparelho ideológico
que a escola assume. Isso é evidenciado na
forma que ela adota em sua prática educativa por meio dos papeis assumidos por professores e impostos aos alunos, seguindo o
modelo de produção da sociedade capitalista e, conseqüentemente, atendendo aos interesses da classe dominante. Nesse sentido,
ela está preocupada com o ensino transmissivo de conhecimentos valorizados pelos
meios de produção econômica, em detrimento de fazer o aluno aprender a pensar e desenvolver suas potencialidades individuais. No filme, a chegada do professor Keating ao internato mexeu com as estruturas da instituição. A sua postura docente era
entendida pelos conservadores como revolucionária, tanto em suas
aulas de literatura inglesa como no relacionamento com os alunos. As
cenas colocam em evidência os conflitos entre o conservadorismo expresso pela direção e o jovem mestre, que incentiva o aluno Neil a ser
ator. Essa postura contraria também o pai dele, que retira o aluno do
internato, ameaçando colocá-lo numa academia militar, com a seguinte expressão: “- Você não tem nada que pensar deixe que o faça por
você!”
34
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Resumo
Iniciamos esta unidade fazendo um breve paralelo entre as características de uma pedagogia na perspectiva tradicional e as de perspectiva
progressista. Refletimos sobre as diferentes abordagens que permeiam
o processo educativo, definidas conforme o papel atribuído ao professor, ao aluno, ao conhecimento, ao ensino e a aprendizagem, entre
outros elementos do processo didático. Ressaltamos sucintamente: a
abordagem tradicional, a abordagem comportamentalista, a abordagem humanista, a abordagem cognitiva e a abordagem sociocultural.
Vimos que cada uma delas prioriza alguns aspectos do desenvolvimento do aluno, muitas vezes ignorando outros, revelando assim, um tipo
de homem e de sociedade que se pretende formar. Intercalamos nossas
reflexões com ilustrações de exemplos práticos através dos quais você
foi desafiado(a) a correlacionar com as abordagens trabalhadas.
Autoavaliação
A partir das leituras e reflexões desta unidade, escolha uma situação
que você vivenciou como aluno (a) ou como professor (a), relate-a e
procure expressar quais das abordagens do processo estudadas estão
presentes nesta vivência.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
35
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à
prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública: A Pedagogia
Crítico-Social dos Conteúdos. São Paulo: Edições Loyola, 1994 (Capítulo
1).
MASETO, Marcos. A aula como centro. São Paulo: FTD, 1987.
MORETO, Vasco. Educação: formação do aluno pensador. Disponível em:
http://vidaeducacao.com.br/?p=904. Acesso: 07/02/11, 22:00.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do
processo. São Paulo: EPU, 1986.
SANTOS, Júlio César Furtado. O papel do professor na promoção da
aprendizagem significativa. Artigo Disponível no site: http://www.famema.
br/capacitacao/papelprofessorpromocaoaprendizagemsignificativa.pdf
Acesso: 05/07/11 (22:10)
36
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
III UNIDADE
Técnicas de ensino
articuladas com as tendências
pedagógicas brasileiras
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
37
HARPER, Babette et al. Cuidado Escola. São Paulo: Brasiliense, 1988
Apresentação
O papel da escola, conforme já discutimos anteriormente, é determinado historicamente e segue o interesse de determinadas camadas sociais. Daí porque, esta instituição,
geralmente, atua como uma peça da “engrenagem social” a
serviço do poder econômico. Diante disso, muitas vezes, as
posturas adotadas pelos profissionais que nela atuam tendem a refletir esses condicionantes sociopolíticos. Esse aspecto demonstra que a ação escolar não se reduz a questão
meramente pedagógica, no sentido de ensinar conteúdos,
pois na sua prática encontram-se implícitas diferentes concepções de homem, de conhecimento e de sociedade.
Nesse sentido, é perceptível a priorização de uns aspectos do desenvolvimento humano em detrimentos de outros
no processo educativo conforme pudemos verificar nas unidades anteriores. A influência dessas determinações sociais
no processo pedagógico são geralmente denominadas de
tendências pedagógicas e se refletem na prática por meio
das técnicas de ensino e aprendizagem utilizadas. São elas
que definem o papel da escola, do ensino, da aprendizagem, as relações professor-aluno, entre outros elementos.
Os autores costumam convergir quanto à classificação
das tendências pedagógicas em dois grupos: as de cunho
liberal e as de cunho progressista, cujos pressupostos repercutem em suas respectivas correntes. Quais são essas correntes e que pressupostos são estes? De que forma eles se
expressam na prática pedagógica?
38
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Nesta unidade buscaremos respostas para estas questões.
Para tanto, propomos que você leia atentamente os textos e
realize as atividades propostas. No caso de dúvidas utilize o
correio eletrônico (email) para externá-las ou procure o polo
de apoio presencial. Além disso, lembramos a necessidade
de aprofundamento dos estudos a partir da leitura e filme
recomendados no final da unidade.
Objetivos
De acordo com a perspectiva descrita na apresentação
desta unidade, esperamos que ao final da mesma você consiga:
• Relacionar as correntes pedagógicas que se originaram da Pedagogia de cunho liberal e da Pedagogia
de cunho progressista;
• Identificar as principais características de cada tendência ou corrente pedagógica;
• Definir o que são técnicas pedagógicas relacionando
ao conceito de método de ensino;
• Analisar exemplos de prática pedagógica associando
à tendência ou corrente pedagógica evidenciada por
meio das técnicas utilizadas.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
39
Iniciando nossa conversa...
Exponha suas ideias sobre as seguintes questões:
O que são tendências pedagógicas?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Com relação à prática pedagógica, métodos e técnicas possuem o
mesmo significado? Justifique.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
1 As tendências pedagógicas são traduzidas pela posição adotada em relação aos
condicionantes sociopolíticos, que são refletidos na prática escolar junto aos alunos
e alunas.
2 O termo liberal apareceu neste contexto
como justificação do sistema capitalista,
que defendendo a predominância da liberdade e dos interesses individuais estabeleceu uma forma de organização social centrada na propriedade privada dos meios de
produção, ou seja, a sociedade de classes.
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Os estudos realizados nos últimos anos referentes à história da Didática no Brasil e sua relação com as tendências pedagógicas1classificam essas tendências em dois grupos: as de cunho liberal - Pedagogia
Liberal2 e as de cunho progressista - Pedagogia Progressista3. Cada um
desses grupos é desmembrado em correntes pedagógicas diversas.
Apresentamos nos quadros seguintes as correntes mais conhecidas,
destacando algumas características dos seguintes aspectos: objetivo da
escola, ensino, aprendizagem, método, professor, aluno. As características apresentadas nestes quadros, embora resumidamente, lhe darão suporte para analisar situações didáticas relacionando-as às várias
correntes que tiveram origem da Pedagogia Liberal e da Pedagogia
Progressista.
Quadro 1- Pedagogia de cunho liberal
Pedagogia Liberal
Aspectos
Tradicional
Renovada
Tecnicista
Objetivo da
Escola
Formar um aluno
ideal, desvinculado da sua
realidade concreta. Ou seja,
busca encaixar
os alunos num
modelo idealizado de homem
que nada tem a
ver com a vida
presente nem a
futura
Levar o aluno a pensar,
a raciocinar cientificamente, a desenvolver sua
capacidade de reflexão
e autonomia do pensamento.
Modelar o
comportamento
humano através
de técnicas
específicas para
a integração
na máquina do
sistema social
global. Desse
modo, produzindo indivíduos
“competentes”
para o mercado
de trabalho.
3 A pedadogogia progressista tem como
característica principal o deslocamento da
ênfase do ensino centrada apenas no professor para centrar no aluno.
40
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Ensino
Aprendizagem
O método
Centrado no
professor que
expõe e interpreta a matéria. Utilização de meios
como a apresentação de objetos,
ilustrações,
exemplos, mas
o meio principal
é a palavra, a
exposição oral.
A matéria de
ensino é isolada
dos interesses
dos alunos e dos
problemas reais
da sociedade e
da vida.
Atividade direcional sobre
o processo de aprendizagem, organizado em
função da experiência
que o sujeito vivencia.
Valoriza mais os processos mentais e habilidades
cognitivas do que os
conteúdos em si.
Processo de
condicionamento
através do reforço das respostas
que se quer obter. Para tanto, a
instrução segue
as etapas:
objetivos
instrucionais; b)
pré-requesitos
para alcançar
os objetivos; c)
organização das
experiências de
aprendizagem;
d) avaliação
em relação aos
objetivos.
Meramente receptiva, automática. Supõe que
ouvindo e fazendo exercícios
repetitivos, os
alunos “gravam”
a matéria para
depois reproduzi-la
Atividade mental intensiva
e propositada do aluno
em relação aos conteúdos culturais. Maior
ênfase ao processo de
aprender e aos meios
facilitadores do desenvolvimento das capacidades
e habilidades intelectuais
do que aos conhecimentos sistematizados
Refere-se à
modificação do
desempenho na
qual o aluno
saia da situação
de aprendizagem diferente
de como entrou.
Exposição verbal
e/ou demonstração da matéria
pelo professor.
É materializado
pela sequência e
lógica da matéria, não considerando os níveis
de aprendizado
dos alunos.
Conjunto dos procedimentos para assegurar
a aprendizagem, tais
como as técnicas de
trabalhos em grupos,
atividades cooperativas,
estudo individual, etc. e o
método científico. Atende
as exigências psicológicas
do aprender
Uso de manuais didáticos a
serem seguidos
sem vinculação
com a realidade
social. Com caráter meramente
instrucional
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
41
Professor
Aluno
Expões e interpreta a matéria
isolada de
interesses dos
alunos e dos
problemas reais
da sociedade e
da vida. Os conhecimentos são
estereotipados,
insossos, sem
valor educativo
vital, desprovidos
de significados
sociais, inúteis
para a formação
de capacidades
intelectuais e
compreensão crítica da realidade
Incentiva, orienta,
organiza as situações de
aprendizagem, adequando-as às capacidades e
características individuais
dos alunos Coloca o
aluno em condições propícias para que, partindo
de suas necessidades e
estimulando os seus interesses, possa buscar por
si mesmo conhecimentos
e experiências.
É um administrador e
executor do
planejamento, o
meio de previsão das ações a
serem executadas e dos meios
necessários
para se atingir
os objetivos
Deve “prestar atenção”,
memorizar a
matéria para
depois reproduzi-la em provas e/
ou perguntas do
professor.
Sujeito da aprendizagem,
centro da atividade escolar. É ativo e investigador
Recebe,
aprende e fixa
as informações
transmitidas
pelo professor.
É um indivíduo
responsivo,
não participa
da elaboração
do programa
educacional
Atividade I
Observe as figuras a seguir e, com base nas características dos aspectos
apresentados no quadro acima, escolha a corrente pedagógica de cunho liberal
que, no seu entendimento elas representam. Justifique sua escolha:
42
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Figura 1
HARPER, Babette et al. Cuidado Escola. São Paulo: Brasiliense, 1988
Figura 2
HARPER, Babette et al. Cuidado Escola. São Paulo: Brasiliense, 1988
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
43
Como você deve ter percebido as palavras ensino e aprendizagem, embora apareçam tantas vezes juntas na nossa fala cotidiana
e até mesmo na escrita unidas por um hífen como se constituísse
uma palavra composta, na verdade elas se complementam. O fato
de se ensinar não significa a garantia da aprendizagem automática.
Quem tem familiaridade com as tendências pedagógicas sabe que
elas se diferenciam bastante quanto ao peso que dão a um ou outro
pólo do ato didático.
Continuando nossa conversa. . .
Observe a gravura seguinte e descreva a corrente pedagógica que
ela melhor reflete. Destaque qual é o impacto dessa prática na formação do ser humano:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
HARPER, Babette et al. Cuidado Escola. São Paulo: Brasiliense, 1988
Nas tendências pedagógicas oriundas da Pedagogia Liberal, evidenciamos por meio dos aspectos abordados que as práticas educativas nas suas formas ora conservadora ora renovada reforçam o papel
da escola como instituição responsável por preparar os indivíduos
para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Para tanto, eles “precisam aprender a adaptar-se aos valores e as normas da sociedade de classes, através do desenvolvimento
da cultura individual” (LIBÂNEO, 1994, P. 21-22). Um fator marcante
nessa tendência diz respeito ao discurso de igualdade de oportunidades, quando não leva em consideração a desigualdade de condições.
Ou seja, enfatiza o aspecto cultural, mas obscurece as diferenças de
classes sociais.
44
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Por outro lado, a pedagogia progressista parte da análise crítica das
realidades sociais, dando sustentação de modo implícito às finalidades
sociopolíticas da educação. Ela constitui um instrumento de luta dos professores pela dificuldade de instituir-se numa sociedade capitalista e, notadamente, tem se revelado em três tendências: a libertadora, a libertária
e a crítico-social dos conteúdos, conforme podemos ver no quadro 2.
Quadro2 - Pedagogia de cunho progressista
Tendência
Aspectos
Objetivo da Escola
Ensino
Libertadora
(Paulo Freire)
Libertária
Crítico-social dos Conteúdos
Desenvolver uma educação crítica por meio
do questionamento das
relações do homem com a
natureza e com os outros
homens, visando a uma
transformação social.
Transformar a personalidade dos alunos no sentido
libertário e autogestionário.
Introduzir modificações institucionais a partir dos grupos
subalternos.
Difundir conteúdos vivos,
concretos e da realidade
social. Eliminar a seletividade social.
Norteado por temas
geradores extraídos da
realidade dos alunos e
problematizados. Os conteúdos, portanto, emergem
do saber popular.
Abrange quase todas as tendências antiautoritárias em
educação. O saber considerado é o que tem uso prático, descarta a avaliação. As
matérias são disponibilizadas, mas não são exigidas
aos alunos. Constituem
um instrumento a mais, o
conhecimento valorizado é
o resultante das experiências
do grupo, especialmente a
vivência de mecanismos de
participação crítica.
Ensino voltado para a
interação conteúdos-realidades sociais, articulando
o político e o pedagógico, rumo à transformação
da sociedade, em prol
dos interesses populares.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
45
A aprendizagem é motivada pela problematização
da realidade concreta. Os
passos da aprendizagem
são: codificação-decodificação e problematização
da situação que permitirão
aos alunos um esforço de
compreensão do “vivido”
até chegar a um nível mais
crítico de conhecimento
através da troca de experiência em torno da prática
social. Dispensa qualquer
tipo de verificação da
aprendizagem. Admite
a avaliação da prática
no processo grupal e a
auto-avaliação em termos
de compromissos com a
prática social.
A aprendizagem ocorre
informalmente, via grupo.
Independe de formas burocráticas que comprometem
o crescimento pessoal por
conta da impessoalidade. A
motivação está no interesse
de crescimento na vivência
grupal. Somente o vivido e
experimentado é incorporado e utilizável em situações
novas. Daí, porque não faz
sentido qualquer tentativa de
avaliação da aprendizagem,
ao menos em termos de
conteúdo.
O conhecimento novo
apóia-se em estruturas
mentais pré-existentes ou
o professor provê a estrutura de que o aluno ainda
não dispõe. Aprender é
desenvolver a capacidade
de processar informações
e lidar com os estímulos
do ambiente. Admite o
princípio da aprendizagem significativa ao
considerar, inicialmente,
o conhecimento prévio
do aluno. A transferência
da aprendizagem ocorre
partindo do momento da
síntese em que o aluno
supera sua visão parcial
e confusa,ampliando sua
visão de forma clara e
unificadora.
O método
Autêntico diálogo mediado
pelo objeto de conhecimento. Ao grupo de
discussão, cabe autogerir
a aprendizagem definindo
o conteúdo e a dinâmica
do trabalho.
Vivência grupal, na forma
de autogestão onde tudo é
colocado à disposição do
aluno: o conjunto da vida,
as atividades e a organização do trabalho no interior
da escola, menos a elaboração dos programas, e a
decisão dos exames que não
dependem dos alunos nem
dos professores.
Une prática vivida com
os conteúdos de ensino.
Favorece a correspondência dos conteúdos com os
interesses dos alunos de
modo que eles reconheçam nesses conteúdos
suporte para que venham
compreender a realidade.
Professor
É um animador que deve
“descer” ao nível do aluno, adaptando-se as suas
características e ao ritmo
de desenvolvimento de
cada grupo na articulação
do conhecimento sistematizado.
Se põe a serviço do aluno
sem, entretanto, impor suas
concepções e ideias, sem
transformar o aluno em
“objeto”. Ele é um orientador e um catalizador que se
mistura ao grupo para uma
reflexão em comum.
É o mediador das relações pedagógicas que se
estabelecem na interação
entre o meio (físico, social
e cultural) e os alunos,
fazendo progredir as
trocas, a colaboração.
Esforça-se em orientar,
em abrir perspectivas a
partir dos conteúdos, mas
consciente dos contrastes
entre sua cultura e a do
aluno.
Aprendizagem
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Aluno
Numa relação horizontalizada, o aluno se posiciona
também como sujeito
do conhecimento junto
ao professor: educador-educando; educando-educador.
Não diretividade. Os alunos
por iniciativa própria e sem
qualquer forma de poder
buscam encontrar as bases
mais satisfatórias de sua
própria instituição .
Tem participação
acentuada no processo
educativo, pois com sua
experiência imediata num
contexto cultural contribui
na busca da verdade
a partir do confronto
desta experiência com os
conteúdos propostos pelo
professor
Diante dos quadros expostos acima, cabe nesse ponto retomar à
questão apresentada no início desta unidade em relação a distinção
entre método e técnica de ensino, enquanto meios que materializam as
tendências pedagógicas na sala de aula. Para tanto, nos reportaremos
a nossa vida cotidiana como forma de entendermos melhor esses termos. Sabemos que toda atividade na nossa vida cotidiana requer procedimentos adequados e isso nos leva ao sentido da palavra método4
que se traduz, portanto, como o caminho percorrido para se chegar a
um fim. Ele indica o que fazer, é um orientador geral da atividade que
para se efetivar contempla, certamente, variado número de técnicas.
4 A palavra método significa o caminho
para se chegar a um determinado fim, indicando o que fazer. É, portanto, um orientador geral da nossa atividade.
Mas, afinal o que são técnicas?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Para se chegar ao fim traçado pelo método precisamos fazer uso
de técnicas5. São elas que asseguram a efetivação, a concretização do
método, assegurando a instrumentalização específica da ação em cada
etapa do mesmo. Portanto, estão implícitas no método e a escolha adequada dessas técnicas irá favorecer o êxito do resultado desejado. As
técnicas são selecionadas em função das conveniências e propósitos de
sua aplicação e constituem os meios de fazer de maneira mais segura,
mais hábil, mais adequada numa determinada atividade em busca de
vencer as etapas previstas no método. Entretanto, é possível que técnicas aparentemente semelhantes possam servir a diferentes propósitos.
Por exemplo, a que serve o método de alfabetização de Paulo Freire
enquanto técnica sem o princípio da conscientização e libertação dos
oprimidos que o fundamenta? (CANDAU, 2003, p. 98)
A adoção desse método exige uma tomada de posição do (a) professor (a) no que diz respeito ao tipo de homem que pretende colaborar
na formação. Isso envolve o desenvolvimento de um trabalho onde as
atividades planejadas e vivenciadas propiciem vez e voz aos alunos de
modo que eles se sintam protagonistas no processo e não simplesmente
expectadores. Nesse sentido, em se tratando da prática educativa na
sala de aula, as técnicas escolhidas irão materializar as concepções
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
47
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
5 As técnicas correspondem aos meios de
fazer de maneira mais segura, mais hábil,
mais adequada numa determinada atividade em busca de vencer as etapas previstas
no método.
subjacentes às tendências pedagógicas estudadas anteriormente, mesmo que não se tenha clareza disto. Ou seja, por trás da forma como
desenvolvemos nossas atividades na escola, estamos definindo um tipo
de homem, de conhecimento, de sociedade. Desse modo, poderemos
estar fortalecendo a realidade de dominação e exploração que vivenciamos ou, em contrapartida, favorecendo um processo de mudanças.
Atividade II
Analisando a figura seguinte, exponha suas ideias acerca da técnica didática
escolhida pelo professor e que está sendo praticada pelas crianças. Conclua
seu texto estabelecendo a relação desta prática com uma das correntes da
Pedagogia Progressista.
Disponível em: http://images.google.com
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Ampliando nossa reflexão...
No contexto que temos discutido a prática pedagógica na escola,
vale salientar que, quando temos clareza dos objetivos que pretendemos alcançar focando o desenvolvimento integral dos alunos e alunas,
certamente, buscaremos trabalhar aspectos diversos. Nesse sentido,
superamos a visão limitada apenas em conteúdos de ensino. Ampliamos o olhar para as competências e habilidades necessárias ao dia
a dia conscientes de que estaremos colaborando na sua construção
por meio das técnicas utilizadas em sala de aula. Melhor dizendo, se
pretendemos favorecer o desenvolvimento de autonomia, por exemplo,
precisamos criar oportunidades para que isso venha a ser materializado. Daí porque, não é tomando todas as iniciativas sozinhos na prática
pedagógica que iremos alcançar esse objetivo. Alimentando essa perspectiva, encontramos em Masetto (1997, p. 41) o seguinte pensamento
de Eugen Herribel:
O mestre tem a responsabilidade de fazer com que
o aluno descubra, não o caminho propriamente
dito, mas as vias de acesso a esse caminho, que
devem conduzir à meta última.
Atividade III
Refletindo acerca da distinção entre método e técnica, teça um comentário
sobre o pensamento de Eugen Herribel, destacado acima, procurando associálo aos dois termos:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Leituras recomendadas
Sugerimos outros materiais que trazem subsídios para ampliar o
estudo sobre questões relacionadas às tendências pedagógicas na prática educativa escolar, que são refletidas por meio dos métodos e técnicas utilizados:
Filme: Escola da Vida
O filme fala sobre a vida de um professor muito admirado em uma
escola por conseguir realizar todas as suas tarefas de modo admirável,
especialmente pela sua simpatia. Essa característica relevante, entre
outras, acabam por gerar inveja em seus colegas de trabalho. Porém,
a vida dá muitas voltas e constitui uma verdadeira escola. Daí porque,
é interessante conferir esse filme que, certamente, trará muita emoção
e quem sabe, favorecerá o repensar de atitudes a partir da lição que
ele consegue transmitir. Você também poderá associar a experiência do
professor protagonista do filme com as tendências pedagógicas estudadas nesta unidade.
As principais tendências pedagógicas na prática escolar brasileira e seus
pressupostos de aprendizagem
Autor: Delcio Barros da Silva
Disponível no site: www.ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm
Nesse texto, o autor além de reforçar os pontos abordados nesta unidade, amplia a reflexão sobre as tendências pedagógicas, após
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.º 9.394/96.
Ressalta a valorização das ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, cujos
pressupostos de aprendizagem apresentam pontos em comum, notadamente, no que diz respeito ao fato de conceberem o conhecimento
como resultado da ação que se passa entre o sujeito e um objeto. Daí
porque, a teoria ser denominada de interacionista. Procurando ilustrar
esses pressupostos ele cita um exemplo no ensino da língua, destacando a leitura como processo que possibilita a negociação de sentidos em
sala de aula. Vale a pena acessar e ler!
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Resumo
Abordamos nesta unidade a questão das tendências pedagógicas
que se traduzem pela repercussão na prática educativa dos condicionantes sociopolíticos, definindo diferentes concepções de homem, conhecimento e sociedade. Vimos que este aspecto revela a ampliação da
ação escolar para além da questão meramente pedagógica, pois, na
medida em que prioriza uns aspectos do desenvolvimento humano em
detrimento de outros está evidenciando uma escolha. Esta, por sua vez,
poderá ser voltada para a objetização do ser humano colocando-o,
simplesmente, a serviço do poder economicamente dominante ou, por
outro lado, favorecendo a sua libertação, o seu desenvolvimento integral como sujeito co-responsável pela construção da sua própria vida
e, consequentemente, de transformações na sociedade. A influência
dessas determinações sociais e destas escolhas docentes no processo
pedagógico são geralmente refletidas na prática por meio dos métodos
e das técnicas de ensino e aprendizagem utilizadas. Os métodos se
referem aos caminhos percorridos para alcançar os objetivos educacionais, ao passo que as técnicas são as formas, ou as maneiras utilizadas
para a materialização do método. Todos esses elementos constituem
fundamentos para a elaboração do planejamento escolar, conforme
estudaremos na próxima unidade.
Autoavaliação
Com base nas leituras, atividades e no filme “Escola da Vida”, que
revelaram as Tendências Pedagógicas presentes na educação brasileira
estudadas nesta unidade, faça uma reflexão “voltando ao passado” e
tente identificar qual(is) a(s) tendência(s) pedagógica(s) que foram mais
evidenciada(s) na sua experiência como aluno(a) . Elabore um texto expondo pelos menos três características da(s) corrente(s) referenciada(s).
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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51
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Referências
CANDAU, Vera Maria Ferrão (Org.). Rumo a uma nova didática.
Petrópolis: Vozes, 2003.
HARPER, Babette et al. Cuidado Escola. São Paulo: Brasiliense, 1988
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
___________________. Democratização da escola pública: a pedagogia
crítico- social dos conteúdos. São Paulo: Edições Loyola, 1994.
MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. São Paulo:
FTD, 1997.
Sites visitados:
www .ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm
http://images.google.com
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
IV UNIDADE
A importância do planejamento
pedagógico: etapas, funções e
tipos de plano
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Apresentação
Para iniciar esta unidade vamos observar a figura acima
e comparar com a educação escolar enquanto construção
que se efetiva por meio do encaixe de peças que a constituem, envolvendo a participação de todos. Nesse sentido,
já vimos anteriormente que e a escola é determinada pela
sociedade e, ao mesmo tempo a determina através das práticas pedagógicas desenvolvidas.
Portanto, quando programamos nossa aula, escolhemos
métodos e técnicas para a concretização dos nossos objetivos, na verdade estamos decidindo e nos posicionando
frente a situações que irão favorecer a construção ou reprodução da sociedade na medida em que viabilizamos a sua
conservação ou a sua transformação a partir das escolhas
que fazemos.
Na unidade 3 vimos que os condicionantes sociopolíticos se traduzem em tendências pedagógicas que repercutem
na prática educativa conforme as correntes originadas das
mesmas e se materializam por meio dos métodos e técnicas
utilizados.
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Desse modo, considerando a relação da escola com o
contexto social, nesta unidade iremos refletir acerca da importância do planejamento pedagógico ressaltando as etapas, as funções e os tipos de plano.
Objetivos
Esperamos que ao término das leituras e reflexões realizadas nesta unidade você consiga:
• Reconhecer a importância e o significado do planejamento para a prática pedagógica;
• Descrever as etapas e requisitos necessários para o
planejamento pedagógico;
• Estabelecer a distinção entre os vários tipos de planejamento;
• Identificar práticas de planejamento na perspectiva
tecnocrata e na perspectiva do planejamento participativo
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Iniciando nossa conversa
Na nossa vida cotidiana realizamos, constantemente, planejamentos embora nem sempre tenhamos a clareza disso. A partir dessa afirmação relate uma situação que você vivencia no dia a dia, que é precedida de um planejamento.
___________________________________________________________
___________________________________________________________
A partir da reflexão em torno dessa situação vivenciada, pense um
pouco e explique o que significa planejar?
http://www.planetaeducacao.com.br
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
1 O planejamento pedagógico é um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação docente, articulando
a atividade escolar e a problemática do contexto social.
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Se no dia a dia a presença do planejamento se faz necessária
para organizarmos nossas ações de modo eficaz, no trabalho
docente ele não pode deixar de existir. Entretanto, diferentemente
dessa prática cotidiana, que ocorre aleatoriamente, o planejamento pedagógico consiste numa atividade consciente e sistemática em cujo centro está a aprendizagem ou o estudo dos alunos
sob a direção do professor.
Além disso, a complexidade deste trabalho não está vinculada apenas à sala de aula, está também diretamente ligado a
exigências sociais e à experiência de vida dos alunos, conforme
refletimos nas unidades anteriores. Nesse sentido, o planejamento pedagógico1 é um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação docente, que articula a atividade escolar e
a problemática do contexto social.
http://www.brasilescola.com
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Com base nas reflexões iniciais desta unidade, reflita e responda:
Qual o significado e a importância do planejamento escolar?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
O planejamento escolar consiste na organização das atividades didáticas de modo a contemplar, simultaneamente, as demandas impostas pela sociedade e, especialmente, o desenvolvimento do ser humano
para atuar conscientemente nesta sociedade. Trata-se de desenvolver
atividades que possibilitem aos indivíduos exercitarem sua autonomia,
tanto por meio do discurso como também por meio de suas práticas, na
construção da sua vida pessoal, profissional e social.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
http://www.paixaocapixaba.com.br
Em termos de atendimento às exigências sociais e desenvolvimento
do ser humano, encontramos na Declaração Mundial sobre Educação
para Todos (1991)2, em seu artigo 1, menção relacionada à satisfação
de necessidades básicas de aprendizagem:
Cada pessoa – criança, jovem ou adulto – deve
estar em condições de aproveitar as oportunidades
educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Essas necessidades
compreendem tanto os instrumentos essenciais
para a aprendizagem (como a leitura e a escrita,
a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas), quanto os conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e
atitudes), necessários para que os seres humanos
possam sobreviver, desenvolver plenamente suas
potencialidades, viver e trabalhar com dignidade,
participar plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fundamentadas e continuar aprendendo (p. 3).
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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2 A Declaração Mundial sobre Educação
para Todos foi aprovada pela Conferência
Mundial sobre Educação para Todos realizada em Jomtien, na Tailândia, de 5 a 9 de
março de 1990, tendo sido também elaborado o Plano de Ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem.
Atividade II
De acordo com os estudos já realizados e com base no que determina o artigo 1
da Declaração Mundial sobre Educação para Todos, destacado acima, explique:
Qual o significado das relações entre a escola e o contexto social na formação
do indivíduo?
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
A educação conforme já abordamos anteriormente é uma prática
social que ocorre em várias instâncias da sociedade, além da escola. Ela consiste num fenômeno complexo porque é influenciada pelo
contexto sócio, econômico, político e cultural. No caso da educação
escolar, traduzida por meio do ensino, ela é intencional e sistemática
haja vista que reflete intenções e objetivos definidos de forma consciente visando finalidades sociais. Daí porque, na prática educativa escolar
a sistematização dos conteúdos, o modo como estes são trabalhados,
entre outros elementos que constituem o planejamento pedagógico,
revelam essa intencionalidade, especialmente, por meio de atitudes dos
profissionais envolvidos na elaboração e execução desse planejamento.
Com base nesse pensamento, reflita acerca da questão destacada
a seguir e realize a atividade proposta:
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Atividade III
Observe a ilustração abaixo e faça uma análise crítica relacionando
à intencionalidade educativa que ela reflete:
dica. utilize o bloco
HARPER, Babette et al. Cuidado Escola. São Paulo: Brasiliense, 1988
A situação didática apresentada na ilustração acima demonstra que
embora as políticas educacionais se proponham garantir a democratização da educação, ou seja, o acesso de todos, muitas vezes a forma
como ela é conduzida, na verdade, vem reforçar a exclusão social. Isso
porque o planejamento pedagógico não ocorre considerando a diversidade de realidades sociais dos alunos. Pelo contrário, se impõe um
modelo no qual todos os estudantes devem se encaixar, como se a escola fosse uma ilha isolada do mundo. Esse isolamento, contudo, não
deixa de representar outro mundo que é o da classe social economicamente dominante. Para Vera Maria Candau trata-se de um aspecto,
dentre outros, que provoca a evasão escolar em conseqüência do hiato
existente entre o mundo dos alunos e o mundo da escola (CANDAU,
2003, p. 96).
Nesse sentido, para que o planejamento pedagógico seja efetivado
na prática educativa de forma coerente com a realidade dos alunos
exige, inicialmente, o conhecimento dessa realidade tendo em vista a
definição clara com relação aos objetivos de ensino. Ele precisa ser
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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de anotações para
responder as atividades!
materializado em instrumentos que norteiem a ação, apresentando ordem seqüencial, objetividade, coerência, flexibilidade.
Para a elaboração dos referidos instrumentos, ou planos,
se faz necessário observar algumas etapas.
Etapas do planejamento de ensino
http://images.google.com
1 - Conhecimento da realidade
Para planejar adequadamente a tarefa de ensino e atender às necessidades do aluno no sentido de propiciar aprendizagens significativas é
preciso, a priori, saber para quem se vai planejar. Por isso, conhecer o
aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo de planejamento.
É preciso saber quais as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. Vale salientar que, ao concretizar esse momento
já tem início o processo de avaliação, pois ele fornece dados que irão
orientar os procedimentos docentes a partir do diagnóstico da clientela
escolar. Essa sondagem inicial favorece propor o que está ao alcance e
dentro das expectativas dos alunos, a partir dos objetivos já alcançados
e esperados por eles.
2 - Requisitos para o planejamento
Ao se planejar o ensino devem ser evidenciados objetivos e tarefas
da escola na perspectiva democrática, ou seja, que estejam relacionados às necessidades de desenvolvimento cultural do povo, de modo
a contribuir positivamente para a vida e para o trabalho. Além disso,
atender exigências dos planos e programas oficiais, suas diretrizes gerais, com base nos documentos de referência, a partir dos quais são
elaborados os planos didáticos específicos. Outro requisito importante
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
é a definição das condições prévias para a aprendizagem, condicionada pelo nível de preparo em que os alunos se encontram com relação
às tarefas de aprendizagem. Considerando todos esses aspectos é possível efetivar a elaboração do plano.
3 - Elaboração do plano
A partir dos dados fornecidos pelo diagnóstico inicial, é possível
estabelecer o que os alunos poderão alcançar e como avaliar os resultados. Para elaborar o plano os passos são os seguintes:
• Determinação dos objetivos.
• Seleção e organização dos conteúdos.
• Análise da metodologia de ensino e dos procedimentos adequados.
• Seleção de recursos tecnológicos.
• Organização das formas de avaliação.
• Estruturação do plano de ensino.
4 - Execução do plano
Ao elaborarmos o plano de ensino, antecipamos, de forma organizada, todas as etapas do trabalho escolar. A execução do plano consiste no desenvolvimento das atividades previstas. Na execução, sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às vezes, a reação
dos alunos ou as circunstâncias do ambiente dispensa o planejamento,
pois, uma das características de um bom planejamento deve ser a flexibilidade.
5 - Avaliação e aperfeiçoamento do plano
Ao término da execução do que foi planejado, passamos a avaliar o
próprio plano com vistas ao replanejamento. Nessa etapa, a avaliação
adquire um sentido diferente da avaliação do ensino-aprendizagem e um
significado mais amplo. Isso porque, além de avaliar os resultados do
ensino-aprendizagem, procuramos avaliar a qualidade do nosso plano,
a nossa eficiência como professor e a eficiência do sistema escolar. Abordamos a seguir os elementos que constituem o planejamento escolar.
Os elementos do planejamento escolar
Como referenciamos antes o planejamento é uma atividade de reflexão acerca dos rumos de nossas opções e ações para não seguir
simplesmente aqueles estabelecidos pelos interesses dominantes na sociedade, especialmente, limitando o trabalho pedagógico às propostas
de livros didáticos. Nesse sentido, vale salientar que a ação de planejar, não se reduz ao preenchimento de formulário para controle pedagógico. Trata-se de uma atividade consciente de previsão das ações
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas, e tendo
como referência permanente as situações didáticas concretas, ou seja,
problemática social, econômica, política e cultural que envolve a comunidade escolar e deve integrar o processo de planejamento escolar.
Para você refletir
Disponível em: http://images.google.com
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Quais são os elementos que constituem o planejamento escolar?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Não podemos perder de vista o fato de que, na elaboração do planejamento escolar os objetivos, os conteúdos, os métodos, as formas
de avaliação estão recheados de implicações sociais, inclusive com
significado político. Daí porque, a decisão do que, como, por que e para
quem trabalhar determinados conteúdos revelam uma concepção de
mundo, de homem, de conhecimento que precisam estar claros para
os profissionais envolvidos.
Ampliando a reflexão sobre o planejamento escolar
Afinal, quais as funções do planejamento?
Podemos sintetizar, a partir das reflexões desenvolvidas, as seguintes
funções do planejamento escolar:
• Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho docente, permitindo ao professor e escola um ensino de
qualidade, evitando a improvisação e a rotina;
• Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-pedagógico e profissional e as ações efetivas que o professor
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
irá realizar na sala de aula, através da definição de objetivos,
conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino;
• Assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, inter-relacionando: os objetivos (para que ensinar), os conteúdos (o
que ensinar), os alunos (a quem ensinar), os métodos e técnicas
(como ensinar) e a avaliação;
• Atualizar o conteúdo do plano, aperfeiçoando-o em relação
aos progressos;
• Facilitar a preparação das aulas: selecionar o material didático
em tempo hábil, saber o que professor e aluno devem executar,
replanejar o trabalho frente a novas situações que aparecem no
decorrer das aulas, portanto, ser flexível.
Além disso, explicitar princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho docente que assegurem a articulação entre as tarefas da escola
e as exigências do contexto social e do processo de participação democrática.
Entretanto, falando em participação democrática no processo de
planejamento, GANDIM (2001), ressalta a existência de duas grandes
correntes de ação e de pensamento que permeiam o planejamento da
educação embora não apareçam em sua forma pura. Segundo ele,
estas correntes se manifestam por um lado, com o planejamento do
tipo tecnocrático3 e, por outro lado, como planejamento participativo4.
3 O planejamento do tipo tecnocrático está
relacionado a um esforço de conservação da
sociedade da forma como se encontra.
Em sua opinião, qual a diferença entre o planejamento tecnocrático
e o planejamento participativo?
4 No planejamento participativo a prática
pedagógica está relacionada a um movimento globalizante constituinte de mudanças
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Segundo Danilo Gandim uma dessas correntes está relacionada a
um movimento globalizante constituinte de mudanças e a outra a um
esforço de conservação da sociedade da forma como se encontra, embora muitas vezes isso não ocorra conscientemente.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
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Atividade IV
Tendo por base as ideias de Danilo Gandim com relação às correntes que
permeiam o planejamento escolar, leia as afirmações abaixo e relacione-as com
o tipo de planejamento que evidenciam, colocando (P) para o planejamento
participativo e (T) para o planejamento tecnocrático:
a. Se caracteriza por colocar a decisão nas mãos dos “técnicos”
e/ou “políticos” ( ).
b. Esse modelo de planejamento fundamenta sua ação na decisão
das pessoas tomadas junto aos seus grupos ( ).
c. A teoria que fundamenta esse modelo é a de que a atuação política diz respeito, exclusivamente, aos políticos em seus cargos
eletivos ( ).
d. Nesse modelo de planejamento o papel do “técnico” é entendido como disponibilidade para servir as pessoas e quando elas
precisarem dispor de um saber especializado ( ) .
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
5 O plano da instituição consiste em um
documento mais global que expressa às
ligações entre o projeto pedagógico da escola com os planos de ensino do professor.
e. Aos técnicos e aos políticos compete conhecer os modelos, as
técnicas, os instrumentos, os mecanismos e os esquemas visando facilitar a participação de todos ( ).
Continuando nossa conversa
Tipos de planos
6 O plano da disciplina também chamado
plano de unidades é um documento elaborado para um ano ou semestre, dividido por
unidades seqüenciais, no qual aparecem
objetivos específicos, conteúdos e encaminhamento metodológico.
A complexidade do fenômeno educativo exige ampliar nosso olhar
enquanto profissionais desse campo para enxergar a instituição escolar
inserida em um contexto social. No âmbito desse contexto, ela contribui para a formação dos indivíduos, em particular, bem como para
a formação da própria sociedade, haja vista que não é determinada
naturalmente, mas resultado da ação de indivíduos. Nesse sentido, realizar o planejamento pedagógico envolve traçar três tipos de planos:
o plano da instituição5 o plano da disciplina6 que pretende lecionar e o
plano de aula7 propriamente dito.
7 O plano de aula é constituído pela previsão do desenvolvimento do conteúdo para
uma aula ou conjunto de aulas e tem um caráter específico
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Reflita um pouco e responda:
Qual a distinção entre o plano da instituição, o plano da
disciplina e o plano de aula?
O plano da instituição consiste em um documento mais global que expressa as ligações entre o projeto pedagógico da escola com os planos de ensino do professor.
Por sua vez, o plano da disciplina (em algumas escolas, chamado plano de unidades) é um documento elaborado para um ano ou
semestre, dividido por unidades seqüenciais, no qual aparecem objetivos específicos, conteúdos e encaminhamento metodológico.
Já o plano de aula é constituído pela previsão do desenvolvimento do
conteúdo para uma aula ou conjunto de aulas e tem um caráter específico.
Requisitos para o planejamento
na perspectiva democrática
Na perspectiva do planejamento democrático a instituição escolar
representada por seus professores e demais profissionais ao definirem
objetivos e tarefas no planejamento do processo de ensino, deve evidenciar como o trabalho didático-pedagógico pode prestar um efetivo serviço à população articulando conteúdos que respondem às exigências sociais. Nesse sentido, Paulo Freire em seu livro Pedagogia da
Autonomia: saberes necessários à prática educativa (FREIRE, 1996),
enfatiza que a tarefa de ensinar exige, dentre outros saberes:
• Respeito aos saberes dos educandos;
• A corporeificação das palavras pelo exemplo;
• Risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação;
• Reflexão crítica sobre a prática;
• O reconhecimento e a assunção da identidade cultural;
• Respeito à autonomia do ser do educando;
• Compreender que a educação é uma forma de intervenção no
mundo.
Certamente, se observarmos cuidadosamente estes saberes na prática pedagógica, a começar pela definição clara dos nossos objetivos
enquanto profissionais comprometidos com a população menos favorecida da sociedade, estaremos efetivando um trabalho na perspectiva
do planejamento democrático.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
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Leituras recomendadas
TEXTOS:
1. A importância do plano de aula.
Disponível no site: www.educador.brasilescola.com/estrategias
2. Planejamento escolar: como fazer um plano de curso totalmente renovado.
Disponível no site: www.planetaeducaçao.com.br/portal/artigo.
asp?artigo=1083
FILME: A fuga das galinhas
Enquanto as galinhas da sinistra granja da Sra.
Tweedy sonham com uma vida melhor, uma inteligente galinha chamada Ginger está tecendo planos para escapar voando da cooperativa - para
sempre! O único problema é que as galinhas não
podem voar. Ou será que podem? Todas as tentativas de fuga acabam em ensopado de galinha até
que um dia, Rocky, um galo persuasivo, aterrissa
aos trambolhões na cooperativa. Não é nada fácil
quando Rocky tenta ensinar a Ginger e suas amigas galináceas a voar.
Mas, com um trabalho de equipe, determinação e um pouco de sorte,
o bando destemido trama uma última tentativa ousada em um lance
espetacular para conseguir a liberdade!
Para refletir com mais profundidade acerca das questões apresentadas nesta
unidade sobre o planejamento pedagógico, vale a pena assistir e fazer uma
análise comparativa!
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Resumo
Nesta unidade refletimos sobre o planejamento no contexto da educação escolar. Vimos que como ação intencional, diferentemente do
planejamento das atividades cotidianas, ele é sistematizado, envolve
reflexão acerca dos rumos de nossas opções e ações evidenciando um
tipo de homem e de sociedade que pretendemos construir. Nesse contexto, a ação de planejar, poderá assumir uma perspectiva democrática
ou uma perspectiva tecnocrática. Ambas fundamentadas em opções
político-pedagógicas, por um lado considerando a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a comunidade integrando ao processo de planejamento escolar. Por outro lado, poderá
se reduzir ao preenchimento de formulário para controle pedagógico,
sinalizando para a conservação/manutenção da sociedade que temos.
O planejamento pedagógico, portanto, exige a observância de alguns
requesitos e precisa ser delimitado conforme a abrangência, em vários
tipos de plano, tais como: o plano de instituição, o plano da disciplina
e o plano de aula. Na unidade seguinte, trataremos mais detalhadamente sobre cada um deles.
Autoavaliação
Dentre os saberes propostos por Freire para a tarefa de ensinar
mencionados anteriormente (FREIRE, 1996), escolha um e explique
como ele se aplica na prática educativa, numa perspectiva de planejamento participativo:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
67
Referências
CANDAU, V. M. (Org.). Rumo a uma nova Didática. Petrópolis: Vozes,
2003.
DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS.
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. Brasília/DF,
1991.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GANDIM, Danilo. Escola e Transformação Social. Petrópolis: Vozes,
2001.
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
V UNIDADE
Elementos constituintes do
planejamento e construção
de planos de ensino
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Disponível em: http://images.google.com
Apresentação
Na unidade 4 ampliamos a nossa reflexão sobre a relação da escola com o contexto social, reflexão esta que já
havíamos iniciado desde a primeira unidade. Vimos que a
educação escolar, diferente das práticas educativas cotidianas é intencional e, portanto, reflete condicionantes sociopolíticos, que são revelados por meio das práticas desenvolvidas, especialmente, as técnicas de ensino na sala de aula.
Neste contexto, se faz necessário um planejamento pedagógico sistematizado sinalizando os rumos de nossas opções e
ações evidenciando um tipo de homem e de sociedade que
pretendemos colaborar na formação.
Nesse sentido, a ação de planejar o ensino precisa ser
consciente definindo claramente os rumos que pretendemos de acordo com nossas opções político-pedagógicas.
As perspectivas que permeiam o planejamento na escola
seguem, geralmente, duas direções: a democrática ou a
tecnocrática. A primeira considera a problemática social,
econômica, política e cultural que envolve a comunidade integrando ao processo de planejamento escolar e a segunda
se reduz meramente ao preenchimento de formulário para
controle pedagógico. Dessa forma, contribui para a conservação/manutenção da sociedade que temos. Priorizamos a
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
primeira perspectiva na operacionalização do trabalho revelando o nosso interesse pelas camadas populares.
Portanto, diante da complexidade que envolve o processo educacional, o planejamento pedagógico envolve a observância de alguns requesitos que o delimitam, conforme a
abrangência, em vários tipos de plano: o plano de instituição,
o plano da disciplina e o plano de aula. Nesta unidade trataremos sobre os dois últimos tipos de plano traduzidos como
planos de ensino, ao passo que, o plano da instituição será
estudado na Unidade 8. Serão abordados os elementos do
plano de ensino, observando o desenvolvimento de competências e habilidades visando uma aprendizagem significativa.
Contamos com sua adesão a essa prática favorecendo,
portanto, as camadas menos privilegiadas da sociedade.
Lembramos que, além de realizar as leituras e atividades
propostas, é fundamental ampliar as reflexões a partir das
leituras recomendadas que antecedem o resumo e a autoavaliação no final da Unidade.
Boa leitura, boas reflexões e bom trabalho!
Objetivos
Esperamos que após estudar os conteúdos e realizar as
atividades propostas nesta Unidade, você seja capaz de:
• Reconhecer a importância e os elementos do planejamento de ensino;
• Estabelecer a relação entre currículo escolar e aprendizagem significativa;
• Identificar estratégias adequadas para conceber, executar e avaliar o planejamento de ensino baseado em
competências e habilidades;
• Elaborar um plano de unidade e um plano de aula,
na perspectiva democrática.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
71
Iniciando nossa conversa. . .
A prática do planejamento das atividades de ensino na escola necessita ser operacionalizada a partir de uma ação coletiva. Ou seja,
exige o envolvimento de vários atores, o trabalho de várias mãos conforme você pode observar na imagem apresentada no inicio desta Unidade 5. Em sua opinião, quem são esses atores?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Conforme mencionamos na apresentação desta unidade, o planejamento de ensino na perspectiva democrática envolve um trabalho
coletivo. Este tipo de trabalho, em sua essência, requer parcerias1 que
estejam concatenadas com os mesmos princípios norteadores da ação
educativa.
Parcerias sempre indicam uma relação
entre indivíduos ou grupos, caracterizada
por cooperação e responsabilidade mútuas,
visando o alcance de objetivos comuns.
1
Disponível em: http://images.google.com
Atividade I
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Observe a gravura acima. Ela representa um trabalho coletivo que se realiza
naturalmente por meio de parceria. Descreva quais são os objetivos comuns
das formigas ao realizarem esse trabalho e faça uma comparação com o que
acontece na escola:
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
As ações de parceria no planejamento2 das atividades de ensino
tem como objetivo comum garantir a aprendizagem dos alunos, exigindo uma relação de cooperação e responsabilidade mútuas em prol
do alcance deste objetivo comum a todos os integrantes do processo
educativo. Até porque, como já vimos anteriormente, a escola é uma
instituição que existe para atender as demandas impostas pela sociedade. Contudo, permeando essa demanda está a nossa intervenção
na medida em que, como protagonistas do processo, podemos decidir
o tipo de sociedade e de individuo que podemos ajudar a formar por
meio de nossas práticas.
Nesse sentido, planejar o ensino pode ser comparado a um labirinto3
onde você precisa compreender os pontos de partida e os pontos de
chegada, além do jogo de interesses que envolve o trabalho escolar, conforme podemos observar pelas setas na figura apresentada abaixo. Em
meio aos determinantes socioeconômicos e culturais, que abrange tanto
os espaços internos como os espaços externos da escola, somos nós os
profissionais da educação que temos de encontrar as saídas, junto a nossa equipe de trabalho, com a convicção de onde pretendemos chegar e,
quais os interesses que iremos atender com a nossa prática.
Atividade II
Observando a imagem do labirinto acima, imagine que ele representa uma
escola ou mesmo uma sala de aula. A linha que é tecida mostrando a entrada e
a saída é representada por quais elementos do processo educativo?
Certamente, diante de um espaço com tantas encruzilhadas, você
deve parar e refletir acerca das direções que poderá tomar até alcançar
o ponto desejado no processo educativo e de onde poderá partir. Ou
seja, o que pretende alcançar, como fará para alcançar e para que. Nesse
sentido, seu olhar deverá girar em várias dimensões, desde a realidade
dos estudantes, o ponto que eles poderão chegar com sua colaboração
bem como a dimensão social do seu trabalho, para quais papeis soProcesso Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
73
Podemos definir o planejamento como
um processo de análise sobre determinada
realidade, discutindo-se as condições existentes e fazendo-se previsão de estratégias
de ação, visando superar as dificuldades em
busca do alcance dos objetivos desejados.
2
Labirinto: lugar com passagens complicadas que dificultam a saída.
3
ciais você irá contribuir? E, permeando essa trajetória, que ações você
precisará empreender? Assim sendo, ao relacionar essa reflexão com
a ação que irá empreender possibilitando o diálogo constante entre o
pensar e o agir, está se efetivando o que chamamos de planejamento.
Trata-se do agir criticamente que FREIRE (1996, p. 42-43) denomina de
“pensar certo”, pois, segundo ele:
O pensar certo sabe, por exemplo, que não é a partir
dele como um dado dado, que se conforma a prática
docente crítica, mas sabe também que sem ele não se
funda aquela. A prática docente crítica, implicante do
pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer.
Ao considerarmos esse pensamento evidenciamos que o planejamento de ensino tem como ponto de partida dados da realidade
educacional dos estudantes e da escola, mas não se limita a isso. É
necessário também voltar nosso olhar para a dimensão mais ampla da
sociedade, com as exigências que ela impõe na formação do individuo
para que nela possa ser inserido de forma conveniente. Além disso,
refletir acerca das teorias que explicam como ocorre o processo de
aprendizagem. Entretanto, não podemos nos guiar somente pela teoria
que se traduz no pensar, nem nos deixar conduzir por práticas mecânicas e repetitivas que, muitas vezes, não atende aos anseios e expectativas nem dos estudantes e, muito menos, da sociedade. Daí porque,
necessariamente, o planejamento de ensino deve ser precedido de um
diagnóstico dessa realidade de modo a auxiliar na seleção das prioridades por parte do professor e da escola para garantir a aprendizagem
significativa do aluno.
Para refletir
O que você entende por aprendizagem significativa?
Falando da aprendizagem significativa, Beauclair (2005), tendo por
base as ideias de Ausubel, ressalta:
Na aprendizagem significativa, o fundamental é que
ocorra ao menos duas situações iniciais. A primeira
reside na figura do aprendente, que deve ter incorporado ao seu mover-se no mundo o desejo de aprender, indo além da memorização pura e simples. (...).
Outra situação a ser observada está ligada ao fato
de que o conteúdo/tema a ser assimilado, construído e apreendido na relação de ensinagem entre
ensinantes e aprendentes deve ser significativo (...).
74
SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Nesse sentido, encontramos uma alusão ao fato de que o conteúdo a ser trabalhado na escola deve encontrar uma sinergia com
o conhecimento de mundo dos estudantes. Isso porque a atribuição
de sentido a esses conteúdos envolve uma ação individual e também
cultural, haja vista que os mesmos decorrem de formas e saberes estruturados socialmente, bem como dão origem a outros sucessivamente.
Assim, tanto professores como estudantes atuam como co-responsáveis
no processo educativo escolar. Ainda clarificando a ideia relacionada
à aprendizagem significativa, encontramos nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (1997, p. 52)
As aprendizagens que os alunos realizam na escola serão significativas à medida que conseguirem
estabelecer relações substantivas e não-arbitrárias
entre os conteúdos escolares e os conhecimentos
previamente construídos por eles, num processo de
articulação de novos significados.
Atividade III
A partir das reflexões realizadas acerca da importância do planejamento no
sentido de proporcionar aprendizagens significativas, analise a figura seguinte,
considerando a citação anterior, retirada dos Parâmetros Curriculares
Nacionais:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
http://www.brasilescola.com/upload/e/a%2
Diante do exposto, fica evidente que o ensino consiste num processo
que se materializa ao proporcionar aprendizagens e, com significado
para a vida pessoal e social precisando, portanto, articular a realidade
individual e social dos estudantes. Assim sendo, ao planejar, precisaProcesso Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
75
Em 1990, na Tailândia, houve uma Conferência Mundial sobre Educação para
Todos, na qual foi elaborado um documento intitulado Declaração Mundial Sobre
Educação para Todos onde a satisfação das
necessidades básicas de aprendizagem são
destacadas, contemplando os instrumentos
essenciais e os conhecimentos básicos da
aprendizagem.
4
mos considerar estas questões já apresentadas, bem como observar os
documentos oficiais que apontam diretrizes mais amplas no processo
educativo, a exemplo da Declaração Mundial sobre Educação para
Todos4 que define as necessidades básicas de aprendizagem. Segundo
este documento, estas necessidades envolvem tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem (leitura, escrita, calculo, expressão oral,
etc.), quanto os conteúdos básicos, tais como: conhecimentos, habilidades, valores, atitudes.
Já a UNESCO, em 1993, convocou uma Comissão Internacional,
composta por quatorze especialistas das diversas áreas do conhecimento, de diferentes contextos culturais, de todo o mundo, para refletir sobre a Educação para o Século XXI. Os resultados das reflexões
fizeram parte de um documento, que ficou mundialmente conhecido
como Relatório Delors5. Na figura seguinte estão representados os quatro pilares da educação para o século XXI apresentados no referido
documento:
O Relatório Jacques Delors foi publicado
no Brasil, em 1999, com o título: EDUCAÇÃO – Um tesouro a descobrir, com apoio do
MEC, UNESCO e CORTEZ Editora.
5
http://contextopolitico.blogspot.com.br/2008/11/os-quatro-pilares-da-educao-para-o.html
Ao observarmos a figura acima verificamos que a educação no
mundo atual necessita estar sustentada por estes quatro pilares para
que possa dar conta do conjunto das missões que lhe são impostas.
Isso implica em aprendizagens que se prolongarão ao longo de toda a
vida dos indivíduos, não ficando limitada ao espaço da sala de aula.
O aprender a conhecer contempla os instrumentos da compreensão,
aprender a fazer corresponde ao agir sobre o meio, aprender a viver
juntos tem em vista favorecer a participação e a cooperação entre os
indivíduos e aprender a ser, integra as três ideias precedentes, envolvendo o agir conscientemente diante das situações complexas com as
quais nos deparamos a cada dia.
Observar os princípios norteadores destes documentos é uma forma
de sintonizar o trabalho escolar com as diretrizes dos currículos nacionais
e propiciar aos estudantes a oportunidade de maior integração. Daí porque, ao elaborar o planejamento precisamos olhar em todas estas direções
para definirmos objetivos, selecionarmos conteúdos e estratégias adequa-
76
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
das aos interesses e expectativas do estudante e da sociedade, bem como
escolher formas de avaliação coerentes com uma educação democrática.
http://images.google.com/search?num=10&hl=pt
Assim sendo, na reflexão e definição de objetivos, conteúdos, estratégias e avaliação da aprendizagem e, consequentemente, do ensino,
devemos contemplar as diretrizes norteadoras provenientes da dimensão mais ampla da sociedade para não cairmos no equívoco da visão
reducionista da escola como uma ilha isolada do mundo. Aliás, por
falar na avaliação vale ressaltar que, na contemporaneidade, ela está
visivelmente colocada externamente à escola, exigindo empenho dos
profissionais no sentido de atender às suas exigências. Daí porque, na
unidade 6, estudaremos com maior profundidade as questões relacionadas com a avaliação haja vista que ela tem demandado iniciativas
por parte de órgãos governamentais na criação e implementação de
políticas públicas.
Portanto, a exemplo do que demonstram os quatro pilares da educação para este século, entre outros documentos, como os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), temos a necessidade de gerar aprendizagens significativas, conforme abordamos anteriormente. No âmbito
do planejamento escolar em todas as suas dimensões é preciso contemplar o trabalho pedagógico por competência e habilidades para
que se materialize o aprendizado coerente com as exigências do mundo atual. A partir desta reflexão, pense e responda:
O que são competências e habilidades?
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
In: Documento “Saeb 2001: Novas Perspectivas” (2002, apud BRASIL, 2011).
Documento que apresenta Matrizes de Referência, Temas, Tópicos e Descritores da
Prova Brasil.
6
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Na perspectiva apresentada por PERRENOUD6 (Apud, BRASIL,
2011, p. 17-18), competência7 é definida como “a capacidade de agir
eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiando-se em conhecimentos, mas sem se limitar a eles”. Desse modo, o enfrentamento de uma situação envolve, normalmente, a ação de vários recursos
cognitivos, pois, ainda segundo Perrenoud “quase toda ação mobiliza
alguns conhecimentos, algumas vezes elementares e esparsos, outras
vezes complexos e organizados em rede”. Por outro lado, as habilidaProcesso Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
77
Competência, na perspectiva abordada por
Perrenoud, consiste na “capacidade de agir
eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiando-se em conhecimentos, mas
sem se limitar a eles”. Ou seja, o enfrentamento de uma situação envolve, normalmente, a ação de vários recursos cognitivos, pois,
segundo o autor citado “quase toda ação
mobiliza alguns conhecimentos, algumas
vezes elementares e esparsos, outras vezes
complexos e organizados em rede”.
7
des8 correspondem basicamente, ao plano objetivo e prático do saber
fazer, que tem origem das competências transformando-se em habilidades. Estas são expressas em forma de descritores9 que expressam as
habilidades de Língua Portuguesa e Matemática a serem avaliados.
Habilidades correspondem basicamente,
ao plano objetivo e prático do saber fazer,
originado das competências.
8
Descritores consistem na especificação
das habilidades de Língua Portuguesa e Matemática a serem avaliados em cada um dos
tópicos da Matriz de Referência de Língua
Portuguesa, por exemplo, para os respectivos anos do Ensino Fundamental.
9
Conforme estabelece o documento da Prova Brasil citado acima, os
descritores contemplam uma “associação entre conteúdos curriculares
e operações mentais desenvolvidas pelo aluno, que traduzem certas
competências e habilidades de Língua Portuguesa e Matemática a serem avaliadas” (id ibid). Trata-se de exigências da sociedade contemporânea que são enfatizadas nas avaliações externas à escola e, portanto,
demanda atenção por parte dos profissionais docentes no sentido de
desenvolver um trabalho que possa favorecer o desempenho escolar
compatível com estas exigências, além das demais questões abordadas
anteriormente. Estas reflexões alicerçam a realização do planejamento,
especificamente na elaboração dos planos de ensino envolvendo cada
um dos seus componentes, conforme passamos a detalhar.
Ampliando nossa reflexão...
O planejamento consiste no processo
pelo qual são organizadas as ações da escola que permitem a consecução de objetivos
educacionais. É um ato político-ideológico
porque explicita nossos valores e crenças:
que concepção temos do homem, da educação, da sociedade, do mundo. Além disso,
possui dimensões variadas de planos: plano
da escola, plano de ensino que, por sua vez
envolve um determinado segmento (anos
escolares, disciplinas, aula) .
10
Sabemos que o planejamento10 consiste no processo de organização de ações que possibilitam alcançar objetivos educacionais. É um
ato político-ideológico porque explicita nossos valores e crenças, ou
seja, qual a concepção de homem, da educação, da sociedade, do
mundo que temos. Além disso, possui dimensões variadas: plano da
escola, plano de ensino que, por sua vez, envolve um determinado
segmento (anos escolares, disciplinas, aula). Entretanto, a materialização do planejamento ocorre a partir de um plano11, documento escrito
relacionado a um determinado momento desse processo.
Segundo MASETO (1997, p. 86), para que um plano seja instrumento eficiente como norteador da ação “precisa ser muito bem pensado e, melhor ainda, muito bem redigido”. Para ele, isso significa apresentar diretrizes claras, práticas e objetivas, em todas as suas partes.
O plano é o documento escrito
que materializa um determinado
momento do planejamento apresentando, de forma organizada,
um conjunto de decisões.
11
Para refletir
Em sua opinião, quais são as partes que constituem o plano
enquanto instrumento de ação para o professor e para o aluno?
O plano de ação do professor e do aluno como um documento escrito, geralmente, envolve as seguintes partes: identificação, objetivos,
conteúdos, estratégias, avaliação, cronograma e bibliografia. Cada
uma destas partes corresponde a uma etapa do plano de ensino, com
suas respectivas características.
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Atividade IV
Vamos pensar, colaborativamente, associando as características abaixo, com
cada uma das etapas do plano de ensino, colocando: (1) para Identificação,
(2) para Objetivos, (3) para Conteúdo, (4) para Estratégias, (5) para Avaliação,
(6) para Cronograma e (7) para Bibliografia:
___ Conjunto de temas ou assuntos que são estudados.
___ Acompanha todo o processo de aprendizagem e não só um
momento privilegiado.
___ Distribuição do curso e suas atividades em um determinado
período de tempo.
___ Corresponde aos textos a partir dos quais os estudos serão
realizados.
___ Indicam aquilo que os estudantes deverão conseguir realizar.
___ Aponta as características do plano, indicando a quem se destina.
___ Corresponde aos meios utilizados para que os objetivos sejam
alcançados.
Estes componentes estão presentes em todos os níveis de planos,
desde os mais abrangentes, como o da escola, até os mais específicos como o plano de uma aula. Além disso, permeando os mesmos
encontramos os planos de “ciclos” ou anos escolares relacionados a
educação infantil, ao ensino fundamental e médio, bem como os planos de disciplinas ou mesmo os projetos pedagógicos que trataremos
na unidade 7.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Leituras recomendadas
Resumo do livro: A prática Educativa: como ensinar, de Antoni Zabala.
Disponível em: http://espacoeducar-liza.blogspot.com.br/2010/09/resumo-do-livropratica-educativa-como.html
Tradicionalmente, o ensino tem priorizado as capacidades cognitivas ligadas à aprendizagem das disciplinas ou de determinadas matérias. Entretanto, a escola deve se preocupar com a formação integral do estudante, seu equilíbrio pessoal, suas relações interpessoais,
sua inserção social, pois os conteúdos consistem em instrumentos de
explicitação das intenções educativas. Nesse sentido, alguns autores
agrupam os conteúdos em: conceituais, procedimentais e atitudinais,
correspondendo respectivamente às perguntas “o que se deve saber?”,
“o que se deve saber fazer?” e “como se deve ser?”. Estas perguntas
definem os conteúdos escolares na perspectiva de saber, saber fazer
e ser que também abrange o saber conviver. Ampliando esta reflexão
ZABALA (1998) classifica os conteúdos da aprendizagem como: factuais (conhecimento dos fatos, acontecimentos, situações e fenômenos
concretos e singulares). A aprendizagem dos conceitos e princípios (os
conceitos se referem ao conjunto de fatos, objetos ou símbolos que
têm características comuns e os princípios se referem às mudanças que
se produzem num fato, objeto ou situação em relação a outros fatos,
objetos ou situações e que normalmente descrevem relações de causa-efeito). A aprendizagem dos conteúdos procedimentais (inclui as técnicas, os métodos, as habilidades, as estratégias). Já a aprendizagem dos
conteúdos atitudinais (engloba uma série de conteúdos que expressam
valores, atitudes e normas). Cada uma das atividades que configuram
estes tipos de aprendizagem são referências funcionais para avaliar e
acompanhar os avanços dos alunos. Vale a pena conferir como o autor
esclarece a forma de abordar e avaliar cada um destes tipos de aprendizagem. Boa leitura!
Filme: Ao Mestre com Carinho
Este filme narra a história de um engenheiro desempregado que
resolve dar aulas no bairro operário de East End, em Londres. Encontra
na turma, alunos indisciplinados que fazem de tudo para que ele desista da sua missão, a exemplo do que fizeram com os professores que o
antecederam. Na busca de formas para motivar seus alunos, o professor não encontra na sala de aula ou nos livros, mas ao provar que há
uma relação direta entre os conteúdos ensinados na classe e a progressão do mundo ao redor. Desse modo, ele consegue obter resultados
importantes junto aos estudantes. Que tal, assistir o filme e fazer uma
análise comparando com as ideias e reflexões tecidas nesta unidade 5?
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Resumo
Abordamos nesta unidade a importância do planejamento enquanto
instrumento de organização coletiva da prática educativa, suas dimensões e os elementos que o compõem. Refletimos sobre os mecanismos
que permeiam a sua dinâmica interna e externa de modo a revelar
uma concepção de homem, de sociedade, de mundo, consistindo assim, numa posição político-ideológica. Discutimos como a tessitura do
currículo sistematizado estabelece conexão entre o espaço escolar e
a realidade circundante favorecendo uma aprendizagem significativa
aos estudantes. Para tanto, enfatizamos a necessidade de ampliarmos
o olhar para a dimensão social mais ampla do processo, retratada
especialmente em documentos oficiais que sinalizam as competências
e habilidades necessárias aos indivíduos no mundo atual como forma
de favorecer a integração entre eles e com as demandas profissionais.
Nesse sentido, vimos como os conteúdos são classificados por alguns
autores, superando a prática tradicional de priorização de uns conteúdos em detrimento de outros desconsiderando a formação integral do
ser humano. Por último, abordamos o plano de ensino como forma de
materializar o planejamento, que abrange desde a dimensão da escola
até a dimensão da sala de aula, permeada pela diversidade de planos,
tais como: o plano de ciclo ou anos escolares, de disciplinas, entre
outros que fazem parte da organização escolar.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Autoavaliação
Com base nas dimensões de planos apresentadas nesta unidade,
observe os roteiros seguintes, escolha um ano escolar (ou ciclo) do
Ensino Fundamental e elabore os planos propostos contemplando a
disciplina Língua Portuguesa:
Roteiro 1:
Plano de Ensino (para uma turma e disciplina)
Identificação:
Escola: ________________________ Ano (Ciclo): ___ E .Fundamental
Ano: ___________
____________________
Semestre: ___________ Período:
Turno: ____________
_________________________
Nº de Turmas:
Disciplina: __________________________ Nº de Alunos: __________
Objetivos do Ano de Escolaridade (ou Ciclo), envolvendo competências
e habilidades:
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais):
___________________________________________________________
________________________________________________________
Estratégias:
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Avaliação:­­
______________________________________________________
______________________________________________________
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Bibliografia:
___________________________________________________________
82
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
Roteiro 2:
Plano de Aula (Escolha um dos conteúdos do Plano de Ensino)
Identificação:
Escola: _______________________ Ano (Ciclo): ___ E .Fundamental
Ano: ___________
____________________
Semestre: ___________ Período:
Turno: ____________
_________________________
Nº das Turmas:
Disciplina: __________________________ Nº de Alunos: __________
Professor (a) Responsável: _____________________________________
Objetivos do Ano de Escolaridade (ou Ciclo), envolvendo competências
e habilidades:
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais):
_______________________________________________________
Estratégias:
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Avaliação:
_______________________________________________________­­____
Bibliografia:
__________________________________________________________
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
83
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília:
MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. PDE: Plano de Desenvolvimento da
Educação: Prova Brasil: ensino fundamental: matrizes de referência, tópicos e
descritores. Brasília: MEC/SEB: Inep, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
BEAUCLAIR, João. Aprendizagem significativa e construção de Diários
de Bordo: configurando registros na práxis de formação em
Psicopedagogia. Artigo originalmente publicado na Revista Científica
da FAI, volume 5, número 1, 2005. Disponível em: http://www.
recantodasletras.com.br/artigos/244222 (Acesso: 26/06/2012)
MASETO, Marcos Taciso. Didática: a aula como centro. São Paulo:
FTD, 1997.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Fortalecimento Do Trabalho Da Equipe
Escolar. Caderno de Teoria e Prática I. O Trabalho da Equipe Escolar:
Buscando Caminhos para a Aprendizagem do Aluno. Brasília, 2005.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto alegre:
ArtMed, 1998.
Sites visitados
http://www.fotosearch.com.br/CSP654/k6548754/ (Acesso:
20/06/12)
http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/labirinto.html (Acesso:
20/06/12)
http://contextopolitico.blogspot.com.br/2008/11/os-quatro-pilaresda-educao-para-o.html (Acesso: 28/06/2012)
http://www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02 (Acesso:
30/06/12)
http://espacoeducar-liza.blogspot.com.br/2010/09/resumo-do-livropratica-educativa-como.html (Acesso: 30/06/2012)
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/mestrecarinho-412733.shtml
(Acesso: 02/06/12)
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
VI UNIDADE
Avaliação da Aprendizagem
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
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Apresentação
Desde o início das nossas reflexões neste componente
curricular, estamos ressaltando o papel social da escola no
contexto de uma sociedade capitalista. Vimos que os interesses que desencadearam a instituição escola estão relacionados com os modos de produção e, portanto, são marcados,
predominantemente, pela relação de poder entre uma minoria privilegiada economicamente e a maioria menos favorecida. Assim sendo, muitas vezes, a prática pedagógica
exercida na escola reflete estas relações e, em meio aos elementos responsáveis pela operacionalização desta prática,
a avaliação se destaca como um dos instrumentos mais relevantes. Daí porque, dedicarmos esta unidade para refletir
com mais profundidade questões relacionadas à avaliação
da aprendizagem, enfatizando as dimensões que ela envolve
dentro do sistema educacional.
Nesse contexto, nos indagamos acerca do que é avaliar,
o que deve ser avaliado, quem é o responsável pela avaliação na escola, o que deve ser avaliado e, assim por diante.
Afinal, quais os tipos de avaliação que permeiam o trabalho
escolar? Qual é o papel da avaliação no processo educativo? São estas, entre outras questões, que nortearão o nosso
trabalho nesta unidade 6. Reafirmamos o nosso interesse
em nos colocar a serviço da maioria menos privilegiada da
sociedade, o que supõe olhar o processo avaliativo em várias dimensões e, não somente, na direção do estudante de
forma arbitrária. Até porque, em meio à complexidade da
educação escolar, a avaliação necessita ser compreendida e
vivenciada como parte do processo e não meramente como
o produto.
Tratar a avaliação nessa perspectiva envolve estabelecer
a distinção entre a avaliação educacional, a avaliação da
aprendizagem, os instrumentos de avaliação ou verificação
da aprendizagem e a inter-relação entre estas dimensões. É
preciso, pois, não reduzir a amplitude do processo avaliativo, simplesmente, à aplicação de provas em final de períodos letivos. Nesse sentido, contamos com sua parceria
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
na realização das leituras, atividades e reflexões propostas
nesta unidade, bem como a sua adesão no sentido de superar as práticas autoritárias, excludentes, classificatórias e
desumanas que são materializadas por meio da avaliação
na escola.
Bom trabalho!
Objetivos
Esperamos que a partir das leituras, atividades e reflexões
sugeridas nesta unidade, você seja capaz de:
• Reconhecer o papel da avaliação no processo educativo;
• Analisar alguns procedimentos de avaliação destacando a coerência com a perspectiva democrática da
educação escolar;
• Distinguir as várias dimensões da avaliação educacional;
• Identificar os mecanismos externos de avaliação da
aprendizagem, no contexto da educação brasileira.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Iniciando nossa conversa...
Iniciando nossa reflexão acerca do papel da avaliação no processo
educativo escolar, vamos fazer uma analogia entre a nossa profissão
e a de um médico, para que possamos perceber os equívocos que,
muitas vezes, cometemos na pratica sem nos darmos conta. Imaginemos inicialmente que, quando entramos num consultório médico, normalmente, somos convocados a expressar o que nos levou a procurar
aquele profissional. Ele não toma nenhuma iniciativa sem antes manter
este diálogo que definirá, por um lado um possível diagnóstico (do
paciente) e, por outro, uma decisão (do médico). Entretanto, na sala de
aula, este diálogo parece ser esporádico (se é que ele existe), conforme
você já deve ter vivenciado em sua experiência como estudante.
Atividade I
Com base nesta reflexão inicial, observe a figura abaixo e faça uma análise
comparativa entre a situação ilustrada e a prática educativa autoritária
abordada no parágrafo anterior:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
www.uniriotec.br/~pimentel/disciplinas/ie2/infoeduc/escola.html
Prosseguindo nossa análise comparativa entre a atuação profissional do(a) médico(a) e do(a) professor(a), vamos associar a situação do
atendimento médico hospitalar ao atendimento escolar. No primeiro
caso, ao chegar a um hospital, o paciente que apresenta problema
grave, imediatamente, é conduzido a uma Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI), para que receba uma maior assistência. No segundo
caso, ao frequentar uma escola o(a) estudante não é ouvido quanto às
suas expectativas, seus anseios, quanto ao que já sabe e almeja saber,
88
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
também não é levado em consideração suas condições de vida, entre
outros aspectos necessários ao processo de ensino e aprendizagem.
Além disso, é provável que, tendo recebido uma nota muita baixa, ela
represente um ponto final. E, se esta nota é atribuída apenas no final
de um bimestre, ou mesmo de um ano letivo? Será que os alunos com
maiores dificuldades terão atendimento numa Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI)?
Por outro lado, imagine se, ao invés de uma receita, o médico entregasse um boletim ao paciente, com a informação impressa, conforme mostra a figura abaixo:
https://www.google.com.br/#hl=pt (Acesso: 03/07/12)
Para refletir
Em sua opinião, qual o impacto gerado no estudante, ao receber um boletim expressando um “zero” no seu desempenho?
Sabemos que a escola existe para ensinar e que permeando o
processo educativo a avaliação funciona como um termômetro para
verificar o nível de entendimento dos estudantes acerca dos diversos
conteúdos de ensino. Mas, de que adianta apenas medir sem tomar
iniciativas que possam favorecer o desenvolvimento das competências
e habilidades dos estudantes em prol de uma aprendizagem contínua?
Assim, voltando à comparação com o médico, seria apenas dar o diagnóstico e, ponto final. O doente que se virasse para conseguir sua cura
(ou esperar morrer). Este exemplo mostra que, a mera constatação das
limitações de aprendizagem, não corresponde ao exercício de um profissional habilitado para ensinar. Afinal, “o único sentido da avaliação é
cuidar da aprendizagem”, conforme afirma DEMO (2005, p. 5).
Nesse sentido, da mesma forma que o médico ouve o paciente, o
examina, solicita e analisa exames para poder providenciar o tratamento adequado, na educação nós também temos à disposição diversos
recursos que podem nos ajudar a diagnosticar necessidades de aprendizagem da turma. E, um destes recursos, é simplesmente dialogar com
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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89
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
nossos(as) alunos(as), pois é através deste diálogo que tanto podemos
ouvir, como expor para eles nossas propostas de trabalho e, diante de
obstáculos, poder encontrar as saídas. Trata-se de definir caminhos, da
mesma forma que o médico prescreve o medicamento para sanar o
problema de saúde do paciente. É nessa perspectiva, que HOFFMANN
(2001, apud DEMO, 2005, p.73), indica o verdadeiro sentido da avaliação que é buscar caminhos para a melhoria da aprendizagem, ou
seja, “avaliar para promover”.
Convergindo com este pensamento e abordando uma visão diferente daquela tradicionalmente dada ao erro no processo de aprendizagem, LUCKESI (1998, p. 138) afirma que, tanto o “sucesso/insucesso” como o “acerto/erro”, podem ser utilizados como fonte de virtude
em geral e como fonte de “virtude” na aprendizagem escolar. Dessa
forma, as dificuldades, os insucessos e os erros constituem situações
semelhantes àquelas associadas ao sucesso/acerto e, portanto, não
devem ser fontes de culpa e castigo para os estudantes, pelo contrário,
sinalizam possibilidades de intervenção pedagógica. É a partir deste
diagnóstico que avaliamos o nosso próprio trabalho e vislumbramos
as pistas para encaminhar o planejamento na direção dos objetivos de
ensino, conforme ilustramos abaixo.
https://www.google.com.br/#hl=pt (Acesso: 03/07/12)
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Ampliando a nossa reflexão. . .
A partir destas considerações iniciais acerca da avaliação, reflita e
responda: como a avaliação deve ser definida?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Para LIBÂNEO (1994, p. 196), “avaliação1 é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem
que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho”. Estes
dados estão relacionados às várias situações didáticas por meio das
quais tanto professores como alunos buscam alcançar os objetivos pretendidos. Eles podem ser evidenciados e analisados através dos vários
instrumentos utilizados que indicam a tomada de decisão na continuidade do processo, e não simplesmente para classificar e reprovar os
estudantes. Para os pesquisadores da avaliação, estas práticas avaliativas refletem propósitos de acordo com uma determinada concepção,
conforme ilustramos no quadro seguinte:
Concepção
(A) Diagnóstica
(B) Classificatória
Propósito
Conhecer os conhecimentos já aprendidos
pelas crianças como ponto de partida para
a tomada de decisões no planejamento das
aulas.
Medir erros e acertos das aprendizagens das
crianças, sem fornecer feedback.
(C) Formativa
Acompanhar o processo individual de aprendizagem das crianças.
(D) Mediadora
Intervir positivamente nas aprendizagens
realizadas pelas crianças.
(E) Investigativa
Conhecer os indícios das aprendizagens
realizadas pelas crianças.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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91
A avaliação é um componente
do processo de ensino que visa,
através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes
com os objetivos pretendidos e
orientar a tomada de decisões em
relação às atividades seguintes.
1
Atividade II
Leia a situação didática descrita a seguir, observando a prática avaliativa
realizada pela professora. Em seguida, faça uma análise associando esta
prática às concepções de avaliação apresentadas no quadro acima, destacando
aquela que, em sua opinião, menos é refletida nesta prática:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
A função pedagógico-didática se refere
ao papel exercido pela avaliação no sentido
de evidenciar o atendimento ou não das finalidades sociais do ensino, de preparação
dos alunos para enfrentarem as exigências
da sociedade, de inseri-los no processo global de transformação social e de propiciar
meios culturais de participação ativa nas
diversas esferas da vida social.
2
Uma professora propõe uma atividade em que as crianças devem escrever um bilhete para uma personagem. Ao longo da tarefa,
a professora percorre todas as mesas, lê em voz alta ou silenciosamente alguns bilhetes, comenta as adequações e inadequações na
escrita, leva as crianças a refletirem a partir dos erros ortográficos e
pede que os bilhetes sejam reescritos em casa.
Como podemos observar no quadro acima, são vários os propósitos que estão por trás das práticas avaliativas revelando uma determinada concepção, definida pelo papel social e profissional que assumimos
diante dos alunos face às exigências da sociedade. A posição política
adotada pelo professor democrático, certamente, o induzirá a aderir
a um destes propósitos, atribuindo à avaliação uma função que seja
favorável à aprendizagem, à promoção do estudante e não a seleção e
a classificação. Isto o sistema educacional já faz. Mas, afinal, qual é a
função da avaliação na educação escolar?
Na perspectiva abordada por LIBÂNEO (id ibid), a avaliação escolar cumpre, no mínimo, três funções: a função pedagógica-didático2,
a função de diagnóstico3 e a função de controle4. Nesse sentido, vamos
unir a nossa ideia com a do autor, indicando a qual dessas funções se
refere as afirmativas abaixo:
• Ocorre no inicio, durante e no final do desenvolvimento das aulas ou unidades didáticas, permitindo identificar progressos e dificuldades dos
alunos e direcionando a atuação do professor:
____________________
A função de diagnóstico é a mais importante porque é a que possibilita a avaliação
do cumprimento da função pedagógico- didática e a que dá sentido pedagógico à função de controle.
3
• Está relacionada aos meios e à frequência das verificações e de qualificação dos resultados escolares,
possibilitando o diagnóstico: __________________
_______________
• Se refere ao papel da avaliação no cumprimento
dos objetivos gerais e específicos da educação escolar: _______________________________
A função de controle, tanto parcial como
final, se refere a verificações realizadas durante o bimestre, no final do bimestre e no
final do semestre ou ano.
4
92
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
As três funções da avaliação destacadas acima estão intimamente
ligadas e a verificação das mesmas impede que, no âmbito escolar,
ela ocorra de modo isolado, sendo compreendida meramente pelo aspecto quantitativo e como um fim em si mesma. A função pedagógico-didática reflete os objetivos gerais e específicos da educação, como
também os meios e condições utilizados para atingí-los que, por sua
vez, constituem o ponto de partida e a definição de critérios para os
procedimentos avaliativos. A função diagnóstica envolve a análise sistemática das ações do professor e dos alunos, sinalizando desvios e
avanços que norteiam o prosseguimento da ação pedagógica em relação aos objetivos, conteúdos e métodos. Portanto, ela permeia todo
o processo viabilizando o alcance da função pedagógico-didática. Por
sua vez, a função de controle leva em consideração a coleta de dados
sobre o aproveitamento escolar que, submetidos a critérios em relação
ao alcance dos objetivos, expressam juizos de valor revelados em notas
ou conceitos.
Para MASETO (1997, p. 98) a avaliação, uma vez que acompanha
todo o processo de aprendizagem, precisa ser encarada como um “instrumento de feedback contínuo”, não só para o educando, mas para
todos os envolvidos. O feedback ocorre com relação à aquisição de informações, ao desenvolvimento de habilidades e de atitudes de acordo
com os objetivos pretendidos. Portanto, nesta perspectiva a avaliação
se coloca como elemento integrador e motivador ao invés de situações
carregadas de ameça, pressão ou terror.
Atividade III
Tendo por base estas abordagens de LIBÂNEO (1994) e MASETO (1997), relate
um momento de avaliação vivenciado, seja como estudante ou como professora,
indicando o instrumento utilizado. Conclua o relato enfatizando a evidência (ou
não) das ideias destes autores:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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93
A escola conforme refletimos antes é um lugar por excelência destinado a gerar aprendizagem. Porém, às vezes, a forma como as
tentativas de aprender empreendidas pelos alunos são tratadas os leva
a perceber a escola como um lugar no qual eles não se sentem bem,
nem à vontade. Mesmo aqueles que, fora da escola, são faladores,
espertos, curiosos e alegres, dentro da sala de aula tendem a ir ficando
calados, passivos e tristes. Percebem a escola como uma instituição
que não tem nada que ver com sua vida de todo o dia. Dentro dela
não há lugar para seus problemas e preocupações. A professora, na
maioria das vezes, não é vista como uma pessoa amiga que está ali
para ajudar, mas sim como aquela pessoa que sabe o que eles não
sabem, que fala enquanto eles têm que ficar quietos, que fala bonito e
diz que eles falam errado, que castiga quando eles se comportam mal
e que reprova quando eles não conseguem aprender o que tem que
ser aprendido. Eles têm medo dela e, para se defender, se fecham em
si mesmos ou tornam-se agressivos e indisciplinados (CECCON, et al.
1995, p. 16-17).
Tudo isso tem levado os estudantes a irem perdendo a motivação
para continuar se esforçando nos estudos e se sentido realmente incapazes de aprender. Muitos, provavelmente, vão se resignando a um fracasso que poderá marcar o resto de suas vidas. Trata-se de uma prática
ultrassada no momento atual, pois este exige uma educação voltada
para o aluno, para a sua aprendizagem, favorecendo a sua inserção
social. Abordando a questão da ênfase que normalmente damos aos
erros no processo de aprendizagem, ao invès de valorizarmos também
os acertos, encontramos WERNECK (1998, p. 72-73), que afirma a
importância de trabalhar os pontos fortes dos alunos:
Quanto mais um aluno aprende conforme seu ponto forte, mais o aprendizado torna-se agradável. É
isso mesmo, ninguém precisa aprender sofrendo.
A educação necessita com urgência superar essa
aura deprimida e deprimente de mortificação no
processo de aprender.
Desse modo, cabe uma mudança de concepção do ensino e da
avaliação colocando sua ênfase, especialmente, no aluno, em sua
aprendizagem, portanto, uma avaliação menos arbitrária, mais justa
e útil. Isso, entretanto, exige também uma mudança de atitude do professor que passa a atuar com uma postura observadora e indagadora,
analisando o que realmente acontece no processo de aprendizagem
para poder tomar decisões coerentes na reorientação que, geralmente, se faz necessária no processo de ensino. Vale salientar, que esta
atitude se aprende e, é preciso confiança nas próprias possibilidades
de aprender sempre de modo a tornar clara a dinâmica que envolve a
construção de conhecimentos.
Por outro lado, temos que voltar nosso olhar para outras dimensões
do processo educacional, que ultrapassa os limites da sala de aula. Se
até aqui mencionamos questões relacionadas à avaliação que permeia
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SEAD/UEPB
I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
o processo educacional de modo mais direto, ou seja, a sala de aula,
não podemos esquecer a imagem do labirinto apresentada na unidade 5, mostrando que, ao mesmo tempo em que avaliamos, também
somos avaliados. Daí porque, dedicarmos um espaço nesta unidade
para destacar alguns dos mecanismos que, de certa forma, expõem os
resultados do nosso trabalho a olhares externos. Isso nos mostra, pois,
a necessidade de distinguirmos as dimensões da avaliação, notadamente, no que diz respeito à avaliação da aprendizagem e a avaliação
educacional de modo mais amplo, embora ambas estejam relacionadas entre si.
Ampliando a reflexão sobre a
avaliação no campo educacional
Até este ponto da unidade 6, fixamos nossa reflexão sobre a avaliação da aprendizagem no âmbito da sala de aula. Entretanto, diante
do contexto educacional que vivenciamos atualmente, não podemos
deixar de ampliar nosso olhar para além da sala de aula e da escola.
Isso porque, em meio as práticas avaliativas, nós enquanto profissionais
da educação, somos submetidos também ao processo avaliativo, na
medida em que nossos alunos passam pelas avaliações externas como,
por exemplo, as avaliações da Educação Básica: o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), o Exame Nacional para Certificação de Competências
de Jovens e Adultos (Enceja), a Provinha Brasil e o Sistema de Avaliação
da Educação Básica (Saeb). A título de exemplo, descreveremos sucintamente cada uma destas modalidades de avaliação externa que tem
gerado debates no meio acadêmico e sinalizado referenciais curriculares nos projetos das escolas.
O Pisa5, consiste num programa de avaliação internacional padronizada, desenvolvido pelos países integrantes da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), juntamente com
outros países convidados a participar da avaliação, como o Brasil. As
avaliações do Pisa são aplicadas de três em três anos a alunos de
15 anos de idade e contempla as áreas de Linguagem, Matemática
e Ciências “não somente quanto ao domínio curricular, mas também
quanto aos conhecimentos relevantes e às habilidades necessárias à
vida adulta” (BRASIL, 2008, p. 6) .
O Enem6, é um exame individual, voluntário, aplicado anualmente
a estudantes concluintes ou que já concluiram o Ensino Médio. Tem por
objetivo “possibilitar uma referência para autoavaliação do(a) participante, a partir das competências e habilidades que o estruturam, com
vistas à continuidade de sua formação e à sua inserção no mundo do
trabalho” (id ibid) .
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
SEAD/UEPB
95
O Pisa consiste num programa de avaliação internacional padronizada, desenvolvido pelos países integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), juntamente com outros
países convidados a participar da avaliação,
como o Brasil. As avaliações do Pisa são
aplicadas de três em três anos a alunos de
15 anos de idade e contempla as áreas de
Linguagem, Matemática e Ciências abrangendo não somente o domínio curricular,
mas também os conhecimentos relevantes
e às habilidades necessárias à vida adulta.
5
O Enem é um exame individual, voluntário, aplicado anualmente a estudantes
concluintes ou que já concluíram o Ensino
Médio. Tem por objetivo possibilitar uma
referência para autoavaliação do(a) participante, a partir das competências e habilidades que o estruturam, com vistas à continuidade de sua formação e à sua inserção no
mundo do trabalho.
6
O Enceja é destinado a brasileiros residentes no Brail e no Exterior, consiste numa avaliação para aferição de competências, habilidades e saberes adquiridos em processo
escolar ou extra-escolar de jovens e adultos
que não tiveram acesso aos estudos ou não
puderam continuá-los na idade própria. Visa
também sinalizar para educadores, estudantes e interessados, a natureza e a função de
uma avaliação de competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania.
7
A Provinha Brasil consiste numa avaliação
diagnóstica no nível de alfabetização, destinada a crianças matriculadas no 2º ano de
escolarização das escolas públicas brasileiras. É aplicada no início e no término do ano
letivo tendo como objetivo avaliar o nível de
alfabetização dos educandos, de modo a oferecer às redes de ensino um diagnóstico da
qualidade da alfabetização e colaborar para
a melhoria da qualidade de ensino e redução
das desigualdades educacionais em consonância com as metas e políticas estabelecida
pelas diretrizes da educação nacional.
8
O Sistema de Avaliação da Educação Básica é constituído por duas avaliações complementares: a Aneb e a Anresc (Prova Brasil).
A Avaliação Nacional da Educação Básica
– Aneb, viabiliza a produção de resultados
médios de desempenho conforme os estratos
amostrais, promovendo estudos que investiguem a eqüidade e a eficiência dos sistemas
e redes de ensino por meio da aplicação de
questionários, desde 1995. A Avaliação Nacional do Rendimento Escolar – Anresc (Prova Brasil), é realizada de dois em dois anos e
avalia as habilidades em Língua Portuguesa
(foco na leitura) e em Matemática (foco na
resolução de problemas). Destina-se a estudantes do 5º e 9º ano de escolas da rede pública de ensino, com mais de 20 estudantes
matriculados por turma alvo da avaliação.
9
A Prova Brasil por ser universal expande o
alcance dos resultados oferecidos pela Aneb,
fornecendo médias de desempenho para
o Brasil, regiões e unidades da Federação,
para cada um dos municípios e para as escolas participantes.
10
Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/02/596649 (03/07/12)
O Enceja7 é destinado a brasileiros residentes no Brail e no Exterior, consiste numa avaliação para aferição de competências, habilidades e saberes adquiridos em processo escolar ou extra-escolar de
jovens e adultos que não tiveram acesso aos estudos ou não puderam
continuá-los na idade própria. Visa também sinalizar para educadores,
estudantes e interessados, a natureza e a função de uma avaliação de
competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania.
A Provinha Brasil8 consiste numa avaliação diagnóstica no nível de
alfabetização, destinada a crianças matriculadas no 2º ano de escolarização das escolas públicas brasileiras. É aplicada no início e no término
do ano letivo tendo como objetivo avaliar o nível de alfabetização dos
educandos, de modo a oferecer às redes de ensino um diagnóstico da
qualidade da alfabetização e colaborar para a melhoria da qualidade
de ensino e redução das desigualdades educacionais em consonância
com as metas e políticas estabelecida pelas diretrizes da educação nacional (id ibid p. 7).
O Saeb8 é constituído por duas avaliações complementares: a Aneb
e a Anresc (Prova Brasil). A Avaliação Nacional da Educação Básica
– Aneb, viabiliza a produção de resultados médios de desempenho
conforme os estratos amostrais, promovendo estudos que investiguem
a eqüidade e a eficiência dos sistemas e redes de ensino por meio da
aplicação de questionários, desde 1995. Por outro lado, a Avaliação
Nacional do Rendimento Escolar – Anresc (Prova Brasil)9, é realizada de
dois em dois anos e avalia as habilidades em Língua Portuguesa (foco
na leitura) e em Matemática (foco na resolução de problemas). Destina-se a estudantes do 5º e 9º ano de escolas da rede pública de ensino,
com mais de 20 estudantes matriculados por turma alvo da avaliação.
96
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
Apresentamos, resumidamente, estes mecanismos apenas para
mostrar o quanto nossas práticas educativas na sala de aula e na escola estão, que queiramos, ou não, ligadas às políticas educacionais
impostas pelo contexto social mais amplo. Desse modo, a discussão
da avaliação “não se reduz, portanto, exclusivamente à avaliação da
escola, mas se amplia para a avaliação dos sujeitos envolvidos no processo educativo” (FREITAS, s/d, p. 45)11. Daí porque, emerge a necessidade de trabalharmos os conhecimentos conceituais associando-os
aos conhecimentos procedimentais e atitudinais, conforme estabelece
os Parâmetros Curriculares Nacionais-PCN.
Esta forma de operacionalizar o ensino, abrange as questões relacionadas às competências e habilidades que estamos enfatizando, bem
como o desenvolvimento de capacidades. Assim, ao articular o planejamento das atividades pedagógicas, é preciso levarmos em consideração que os conteúdos não constituem um fim em si, mas assumem a
função de “meio” para propiciar o desenvolvimento de competências,
habilidades, capacidades necessárias ao cidadão no mundo moderno.
Portanto, a definição de objetivos de aprendizagem em sala de aula,
notadamente, deverá expressar capacidades, e os conteúdos, que viabilizarão o desenvolvimento dessas capacidades, formando “uma unidade orientadora da proposta curricular” (BRASIL, 1997, p.57), que
também mantém ligação direta com as diretrizes emanadas do Ministério da Educação e outros órgãos voltados às políticas educacionais
do Brasil.
No sentido de ampliar a reflexão em volta dos aspectos abordados
no parágrafo anterior, na unidade 7, iremos tratar do trabalho com
projetos pedagógicos retratando a possibilidade de uma prática que
parece abranger com mais precisão oportunidades de desenvolvimento
das múltiplas capacidades necessárias ao cidadão para a sua integração social.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Texto que integrou o painel “A formação
do educador e a avaliação: Na contramão do
discurso único”, apresentado durante o XI
Encontro Nacional de Didática e Prática de
Ensino (Endip), realizado em Goiânia, de 26
a 29 de maio de 2002 e publicado no livro
“Avaliação Políticas e Práticas”, (VILLAS
BOAS, et al., s/d, p. 43-64) .
11
Leituras recomendadas
Parâmetros curriculares nacionais (PCN): terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental: língua portuguesa
Disponível em: www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf
Os PCN de Língua Portuguesa é um documento emanado do MEC,
que como os outros documentos citados ao longo desta unidade, apresenta suporte significativo para a elaboração do planejamento de ensino, especialmente o que é direcionado aos alunos de 3º e 4º ciclos do
Ensino Fundamental. Nas páginas 92-98, você encontrará o texto: Ensino, aprendizagem e avaliação, que aborda a avaliação na prática educativa, ressaltando critérios de avaliação, e a definição destes critérios para
nortear a aprendizagem. Você que está habilitando-se para o ensino de
Língua Portuguesa nesta etapa da Educação Básica, precisa conhecer
as propostas dos PCN e utilizá-las no desenvolvimento de suas aulas.
Bom leitura e bom trabalho!
Filme: Nenhum a menos
O filme retrata a história de um professor que solicitou licença para
cuidar da mãe enferma e, para substituí-lo, só conseguiu encontrar
uma adolescente de treze anos. Além do desafio de assumir a turma ela
recebeu a missão de evitar que algum aluno desistisse. Entretanto, um
deles deixa o vilarejo em direção à cidade em busca de emprego, para
ajudar no sustento da família. Seguindo a recomendação do professor
ela vai atrás do aluno tentando resgatá-lo. As estratégias utilizadas pela
jovem professora, tanto na sala de aula como no resgate do aluno,
merece ser assistida e refletida no sentido de perceber as situações-problemas enfrentadas e que, muitas vezes, podem ser solucionadas a
partir do trabalho cooperativo entre professor e alunos.
Vale a pena assistir!
98
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Resumo
Nesta unidade dedicamos um espaço para refletir especificamente sobre
a avaliação no processo educativo escolar. Vimos que entre os elementos
essenciais ao planejamento e a prática do ensino, a avaliação se destaca
pela influência que exerce através dos procedimentos utilizados, podendo
claramente reforçar ou reduzir os impactos do poder dominante sobre os indivíduos. Estes impactos são revelados na prática educativa, embora, muitas
vezes não tenhamos consciência. Nesse sentido, ampliamos o olhar para as
várias dimensões da avaliação reconhecendo-a como mediadora não só
das atividades da sala de aula, mas do sistema educacional como um todo.
Refletimos sobre a necessidade de encarar a avaliação da aprendizagem na
perspectiva do desenvolvimento das competências e habilidades ressaltadas
tanto pelos pesquisadores desta área, como pelos documentos oficiais implicando ultrapassar a concepção de avaliação simplesmente como um fim
em si, ou seja, como o produto da aprendizagem para concebê-la como
parte deste processo. Desse modo, parece claro que, ao escolher e elaborar
os procedimentos avaliativos levamos em consideração todos estes aspectos
que permeiam a educação escolar.
Autoavaliação
A partir da imagem ao lado e tendo por base as reflexões teóricas
desenvolvidas nesta unidade, elabore um texto sobre as funções da
avaliação no processo de aprendizagem. Procure mencionar, no mínimo, dois dos autores citados no seu texto:
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília:
MEC/SEF, 1997.
__________. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos
do ensino fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação
Fundamental. . Brasília: MEC/SEF, 1998.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Plano de Desenvolvimento da
Educação: Prova Brasil: ensino http://www.google.com.br/search?q=
imagens+do+livro+Cuidado+Escola&hl=pt- fundamental: matrizes
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FREITAS, Helena Costa Lopes de. A pedagogia das competências
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MASETO, Marcos Taciso. Didática: a aula como centro. São Paulo:
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Escola&hl=pthttp://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/895872
http://www.cineplayers.com/filme.php?id=4759
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
VII UNIDADE
Os projetos pedagógicos
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Apresentação
Nas unidades anteriores fizemos uma retrospectiva histórica
da origem da escola no Brasil, sua relação com o setor produtivo
comandado por uma minoria dominante, cujos interesses acabam repercutindo na sala de aula. Vimos que ao ser institucionalizada, a escola assumiu o papel de atender demandas sociais,
relacionadas especialmente aos modos de produção do sistema
capitalista. Neste sentido, as práticas exercidas no seu interior
precisam ser planejadas de modo consciente para que, mesmo
reconhecendo as exigências impostas pela sociedade, os protagonistas do sistema educacional incluindo-se aí professores, alunos, gestores e demais profissionais atuem como autênticos protagonistas e não como simples figurantes no processo educativo.
Diante deste contexto, percebemos que o planejamento educacional em seus vários níveis reflete condicionantes sociopolíticos. Portanto, no que diz respeito ao âmbito escolar isso vem
requerer dos seus profissionais uma tomada de posição quanto a
possibilidade de viabilizar o desenvolvimento do ser humano em
todos os seus aspectos e, não somente, nas habilidades favoráveis ao desempenho produtivo para o mercado de trabalho. Foi
nessa linha de pensamento que, nas unidades 4 e 5, focamos
a questão da operacionalização do planejamento no contexto
escolar como uma ação intencional, sistematizada e reflexiva
acerca dos rumos das nossas opções que são definidoras de um
tipo de homem, de conhecimento e de sociedade. Já na unidade
6 pudemos perceber como a forma de realizar a avaliação da
aprendizagem favorece a conservação ou a transformação das
relações de poder existentes.
Na perspectiva de que o planejamento e a prática pedagógica influenciam e sofrem influência de condicionantes sociopolíticos, iremos refletir na unidade 7 acerca do trabalho escolar com
base em projetos pedagógicos. Buscaremos responder questões
relacionadas a este tema, tais como: o que é um projeto? Como
se constrói um projeto? Quais as vantagens de se trabalhar com
projetos no contexto da sociedade contemporânea? Seguindo a
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
mesma sistemática das unidades anteriores, apresentaremos ao
longo do texto questões instigadoras do seu conhecimento prévio
acompanhadas de reflexões teóricas e algumas atividades. Ao final, apresentamos um resumo e uma autoavaliação, bem como
a recomendação de algumas leituras a partir de um texto e de um
filme. Ambos associados com os assuntos abordados tendo em
vista ampliar seus estudos.
Enfim, contamos com seu empenho na realização das leituras,
reflexões e atividades além de aprofundar os estudos fazendo as
leituras recomendadas. Esperamos que a partir disso tudo, você
consiga alcançar os objetivos pretendidos e transpor para a sua
prática o conteúdo desta unidade.
Bons estudos!
Objetivos
A partir da realização dos estudos e atividades propostas nesta unidade, esperamos que você consiga:
• Definir projeto pedagógico no contexto da pedagogia;
• Identificar a importância do trabalho escolar mediado
por projetos, ressaltando o desenvolvimento de competências e habilidades;
• Analisar uma atividade prática por meio de projeto
pedagógico.
atelierdeducadores.blogspot.com
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Iniciando nossa conversa. . .
Considerando os fins da educação brasileira em seus determinantes
socioeconômicos e culturais, percebemos que vivemos atualmente um
momento que exige dos cidadãos um arsenal complexo de competências e habilidades. Trata-se de um momento denominado de era do
conhecimento. Sabemos que somente o homem é capaz de produzir
conhecimento e isso revela a necessidade de deslocamento do foco das
práticas educativas. Se anteriormente estas práticas eram centradas no
professor e nos conteúdos de ensino, atualmente, ela traz para o centro
de interesse a figura do homem, enquanto “capital humano”. Nesse
sentido, a prática mecânica de exercícios repetitivos tão presente na pedagogia tradicional, coerente com as expectativas da era industrial, já
não atende aos interesses da sociedade contemporânea. Diante disso,
surge a necessidade do desenvolvimento de outras competências para
que o indivíduo possa ser inserido na sociedade.
Nessa perspectiva, foi reconhecendo o valor da educação na formação do homem para o desenvolvimento de habilidades essenciais
exigidas pela sociedade do conhecimento que a UNESCO, conforme
já mencionamos na unidade anterior, convocou uma Comissão Internacional composta por quatorze especialistas das diversas áreas do conhecimento, de diferentes contextos culturais de todo o mundo, para refletir sobre a Educação para o Século XXI. Essa Comissão Internacional
desenvolveu seus trabalhos entre março de 1993 e setembro de 1996,
culminando com a elaboração do Relatório Delors, que apresenta os
quatro pilares necessários para a educação do século XXI:
1 – Aprender a conhecer;
2 – Aprender a fazer;
3 – Aprender a viver ou conviver;
4 – Aprender a ser.
Vale a pena recordar a ilustração da figura 1, com relação aos
quatros pilares da educação para o século atual e ressaltar o seu significado.
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
Figura 1: Os quatro pilares da educação para o século XXI
Disponível em http://www.betossanto.blogspot.com.
Para refletir
Em sua opinião, que contribuição os pilares do Relatório
Delors, apresenta para uma prática educativa coerente com o
mundo atual?
De acordo com o que vimos refletindo nas unidades anteriores, a
educação precisa ser adequada no sentido de atender às demandas da
sociedade. Assim sendo, para dar resposta ao conjunto das suas missões, segundo o relatório supracitado ela deve organizar-se em torno
de quatro aprendizagens fundamentais. Estas aprendizagens, ao longo
de toda vida, serão de alguma maneira para cada indivíduo, os pilares
do conhecimento: aprender a conhecer, que significa adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o
meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar
com os outros em todas as atividades humanas e, finalmente, aprender
a ser, via essencial que contempla as três precedentes. Porém, vale
ressaltar que estas quatro vias do saber se interrelacionam, portanto,
constituem uma unidade, haja vista que não ocorrem isoladamente.
Diante do exposto percebemos, claramente, que temos em nossa frente um desafio representado pela necessidade de utilização de
procedimentos didáticos facilitadores do desenvolvimento das aprendizagens explicitadas nos pilares para a educação do século XXI. Para
tanto, a pedagogia de projetos emerge como uma possibilidade de
superação das práticas transmissivas e autoritárias predominantes durante longo tempo na educação escolar.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Para refletir
Pense no significado da palavra projeto e dê a sua própria
definição:
Projeto é. . . _____________________________________________
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
De acordo com o texto Gestão de projetos, encontrado no livro
Gestão da Escola, do Programa de Melhoria do Desempenho da Rede
Municipal de Ensino de São Paulo1, a palavra projeto tem sido utilizada
em várias áreas de atuação profissional. Contudo, falar em projeto pedagógico implica uma visão ampliada do processo educativo. Veja as
seguintes definições de Projeto, acompanhadas dos respectivos exemplos:
1. Intenção, pretensão, sonho: “Meu projeto é comprar uma casa”.
Disponível no site: http://www.projetospedagogicosdinamicos.kit.net/
index_arquivos/Page2329.htm (Acesso:
25/07/12)
1
2. Doutrina, filosofia, diretriz: “Meu projeto de país é muito diferente”.
3. Ideia ou concepção de produto ou serviço: “Estes dois carros
são projetos muito semelhantes”.
4. Esboço ou proposta: “Todos têm o direito de apresentar um projeto de lei ao Congresso”.
5. Desenho para orientar construção: “Já aprovei e pedi ao arquiteto que detalhasse o projeto”.
6. Empreendimento com investimento: “A Prefeitura vai construir
novo projeto habitacional”.
7. Atividade organizada com o objetivo de resolver um problema:
“Precisamos iniciar o projeto de desenvolvimento de um novo
motor, menos poluente”.
8. Um tipo de organização temporária, criada para realizar uma
atividade finita: “Aquele pessoal é a equipe do projeto do novo
motor”.
Segundo o texto citado, todas estas definições estão abrangendo
significados do termo projeto. No entanto, nesta unidade nos interessa
aquela ou aquelas definições, que definem projeto do ponto de vista do
gerenciamento e administração da educação escolar, especificamente,
no que diz respeito ao ensino e a aprendizagem.
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
Atividade I
Escolha entre as definições de projeto apresentadas acima, aquela ou aquelas
que, em sua opinião mostram-se mais adequada(s) para a situação de ensino
na escola. Justifique a sua(s) escolha(s):
O Projeto2 conforme podemos observar em todas as definições, é
muito mais que um plano de trabalho. Ele consiste numa atividade organizada, que tem por objetivo resolver um problema, gerar um produto. No caso da educação escolar, em uma publicação da série de estudos da educação a distância do Ministério da Educação, encontramos
a afirmação de que a essência de um bom projeto está em contemplar
dimensões relacionadas às perspectivas políticas, estéticas, afetivas e
tecnológicas “para que tenha significado de valores humanos” (PROINFO, 2000, p. 23). Nesta mesma obra, encontramos a seguinte alusão
relacionada ao trabalho com projetos:
Os projetos por sua vez tem sido a forma mais organizada e viabilizadora de uma nova modalidade
de ensino que, embora essencialmente curricular,
busca sempre escapar das velhas limitações do currículo. Os projetos são assim porque abrem uma
brecha naquela coisa meio morna do dia-a-dia
da sala de aula. Criam possibilidades de ruptura
por se colocarem como espaço corajoso, no qual
é possível unir a Matemática à Biologia, a Química
à História, a Língua Portuguesa à formação de uma
identidade cultural. Trabalhar com projetos é uma
forma de facilitar a atividade, a ação, a participação do aluno no seu processo de produzir fatos
sociais, de trocar informações, enfim, de construir
conhecimento (id. ibid. p.22) .
Desse modo, na afirmação acima é notório um desvelamento de
condições favoráveis ao desenvolvimento dos pilares da educação para
este século, na medida em que mostra a abertura do processo de ensino para envolver a ação do aluno. Nessa ação estão implícitos os
aspectos relacionados ao saber fazer, saber conviver e saber ser associados ao aprender. Reafirmando esta ideia MARINA (1995, p. 168),
assim se expressa: “o projeto é a possibilidade eleita. Aquela que está
orientada para a realização, palavra magnífica que deveria reservar-se
para a livre ação humana”. Entretanto, esta ação envolve muitas mãos,
pois nada se realiza sozinho em sociedade. Nesse sentido, desenvolver
uma pedagogia de projetos implica o entrelaçamento de ações tendo
em vista um produto comum, no caso, a aprendizagem em termos de
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e a conviver.
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Projeto consiste numa atividade organizada, que tem por objetivo resolver um problema, gerar um produto.
2
Continuando a reflexão. . .
Para compreender melhor o trabalho com projetos podemos afirmar que a principal característica está simplesmente no fato de que
nele há uma ideia, uma possibilidade de realização, uma meta, um
querer que orienta e dá sentido às ações que se realizam com a intenção de transformar a meta (o sonho) em realidade. Num projeto há
sempre um futuro que pode tornar compreensível e dar sentido a todo
o esforço de busca de informações e construção de novos conhecimentos. Até porque, “a pessoa inteligente dirige a sua conduta mediante
projetos, e isso permite-lhe aceder a uma liberdade criadora.[...] Criar
é submeter as operações mentais a um projeto criador.”(Idem, p.169.)
Assim sendo, a meta é o primeiro componente do projeto, o objetivo
antecipado pelo sujeito, como fim a realizar.” (Idem, p. 178.) Nesse sentido, em uma unidade didática desenvolvida por projeto, todos os alunos
devem conhecer e compreender qual é a ideia que está sendo posta em
prática, todos devem conhecer e compreender a meta: fazer um livro;
preparar uma campanha de esclarecimento; organizar um passeio ecológico, entre outras. Esse conhecimento inicial da meta que dá origem
ao projeto é fundamental para que os alunos possam compreender as
decisões que vão sendo tomadas durante a realização do mesmo.
Durante o desenrolar do projeto, deve-se estabelecer uma cumplicidade de propósitos entre os alunos e destes com o(s) professor(es),
provocando o surgimento de um ambiente de trabalho criativo no qual
cada indivíduo pode contribuir com suas aptidões, ou estar disposto a
enfrentar o esforço de aprender algo novo e que se mostrou necessário
em função do próprio projeto.
http://www.pedagogiaaopedaletra.com/posts/monografia-a-reciclagem
O trabalho com projetos pode dar conta de alguns objetivos educacionais com maior profundidade, em particular o desenvolvimento da
autonomia intelectual, o aprender a aprender, o desenvolvimento da
organização individual e coletiva, bem como a capacidade de tomar
decisões e fazer escolhas com o propósito de realizar pequenos ou
grandes projetos pessoais. Para que o trabalho com projetos dê bons
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
resultados, o professor deve tomar alguns cuidados, além daqueles necessários em qualquer situação de ensino.
Nesse sentido, vejamos o depoimento da professora de Educação
Infantil Emili em torno de uma prática pedagógica por meio de projetos, disponível em: http://projetosdetrabalho.blogspot.com.br/. Em
seguida, você deverá fazer uma breve análise destacando: o problema,
a meta, as atitudes tomadas pela professora que refletem os cuidados
mencionados no parágrafo anterior:
***
Depoimento
Após a execução do projeto é fundamental que o professor reflita
sobre sua ação docente. Trago para vocês minha reflexão sobre o projeto “Trânsito”.
REFLEXÃO DA PRÁTICA DOCENTE
http://projetosdetrabalho.blogspot.com.br/(25/07/12)
No início da prática docente me deparei com um ambiente onde os
alunos não eram solicitados a pensar sobre suas aprendizagens e nem
eram consultados sobre suas dúvidas e curiosidades. Foi preciso estimular os alunos a pensarem, questionando e relembrando as atividades da
aula, e para isso, foi fundamental o momento da roda final, onde conversávamos sobre as atividades desenvolvidas e as possíveis aprendizagens
do dia. Algumas vezes trouxe exemplos práticos tentando aproximar esses
exemplos o máximo à realidade vivida pelas crianças, para que as mesmas fizessem relações e construíssem novos conhecimentos.
Como constatei no período de observação que as crianças necessitavam de bastante atividades que envolvessem o corpo, procurei no
meu planejamento formas mais lúdicas de abordar os assuntos pretendidos.
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Considero que os objetivos do projeto foram alcançados com sucesso. Durante sua realização as crianças se envolveram muito, demonstrando interesse e prazer em realizar as atividades propostas. Algumas
dessas atividades foram mais apreciadas pelas crianças e avaliadas por
mim como mais significativas em termo de aprendizagens.
Uma dessas atividades foi o passeio na Fundação Vida Urgente.
Durante a semana anterior havíamos trabalhado sobre as placas, porém ainda não percebia que meus objetivos haviam sido alcançados.
Por isso, me surpreendi quando, da janela do ônibus, as crianças me
apontaram as placas, mostrando e dizendo seu respectivo nome, bastou uma aluna chamar a atenção e todos começaram a observar as
placas e reconhecer seu significado.
A peça exibida também foi bem importante, pois os personagens
interagiram com as crianças, fazendo com que elas pensassem sobre a
mensagem que estava sendo apresentada. No final da história, os personagens convidaram as crianças a participarem, perguntando sobre o
que haviam entendido, e nesse momento as crianças contaram sobre
episódios que haviam vivido e também relataram algumas das atividades que havíamos desenvolvido. Foi um momento muito especial, pois
pude perceber o quanto estão envolvidos pelo projeto e quanto estão
construindo conhecimento e relacionando o assunto à vida deles.
Outra atividade que repercutiu entre o grupo uma boa reflexão foi
à segurança no trânsito. Contei a história do Gato Joca, que relatava
os perigos de brincar na rua. Quando refletimos sobre a história muitas
crianças expressaram medo em brincar na rua por causa dos carros,
um menino relatou: “- Eles (os carros) passam por cima das nossas
bolas, e a gente não pode ir buscar se não a gente morre.”. Após esse
depoimento muitos outros vieram, como “- Os tios dos carros ‘xingam’
a gente!”, “Não dá espaço pra jogar bola só na calçada!”, “- Quando
to brincando na pracinha ali, as vezes uns brinquedos cai bem no meio
da rua, e o carro passa e quebra e daí as criançinhas choram”.
Meu objetivo do dia era que as crianças reconhecessem a importância da faixa de segurança, me surpreendi com tantos depoimentos e então percebi que teria que ser retomada essa questão. Uma das atividades
propostas baseada na questão da historia do Gato Joca, foi à simulação
de um gatinho que tentava atravessar a rua e acabava sendo atropelado
por um carro, assim descobrimos que atravessar na faixa de segurança
pode ser mais seguro. No teatro “A borboletinha vida” exibido na Fundação Vida Urgente, mais uma vez foi tratada a questão de segurança.
E em todas as vezes que discutíamos sobre o assunto as crianças demonstravam que desejavam brincar com mais seguranças nas ruas, que
gostariam que os carros respeitassem mais seu espaço de brincadeira.
Para concluir o projeto foram propostas diversas atividades de retomada das aprendizagens e, a mais significativa foi à simulação do
tráfego. Nessa atividade os alunos precisaram se colocar em diferentes
papéis como, pedestre, motorista, sinaleira e agente de trânsito. Onde
tinham que percorrer um circuito montado no pátio da escola, vivenciando assim situações práticas do trânsito, o que possibilitou fazerem
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
relações com os assuntos trabalhados e discutidos em aula, pois ao se
colocarem no lugar de cada um desses personagens as crianças tiveram oportunidade de ter uma noção mais ampla do funcionamento do
trânsito e do respeito que devem ter com a sinalização e com o outro.
***
Atividade II
Tendo por base o depoimento acima, destaque os elementos que caracterizam
o projeto pedagógico:
O problema:_____________________________________
A meta:_________________________________________
As atitudes tomadas pela professora para alcançar a meta: ______
___________________________________________________________
O produto final do projeto: ________________________________
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Como você deve ter percebido no depoimento apresentado, a estruturação e desenvolvimento do projeto exigiu da professora acionar
competência e habilidades. Isso porque, a partir da constatação do
problema “os alunos não eram solicitados a pensar sobre suas aprendizagens e nem eram consultados sobre suas dúvidas e curiosidades”, ela
buscou reverter esse quadro. Então, decidiu por meio de sua prática,
“estimular os alunos a pensarem, questionando e relembrando as atividades da aula e para isso, foi fundamental o momento da roda final,
onde conversávamos sobre as atividades desenvolvidas e as possíveis
aprendizagens do dia. Algumas vezes trouxe exemplos práticos tentando
aproximar esses exemplos o máximo à realidade vivida pelas crianças,
para que as mesmas fizessem relações e construíssem novos conhecimentos”(. . .) .
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Ampliando a reflexão
As competências estão relacionadas com
a dimensão do saber. Elas podem ser traduzidas por meio de alguns verbos, tais como:
interpretar, identificar, avaliar, selecionar,
elaborar, etc.
3
Conforme mencionamos no parágrafo anterior, muitas vezes na
prática cotidiana escolar, somos levados a acionar competência3 e desenvolver habilidades4 na articulação do trabalho pedagógico. E, na
medida em que agimos desta forma, estamos possibilitando isso aos
estudantes também. Daí porque, se torna interessante nos determos um
pouco para compreender melhor o que eles significam.
Para refletir
O que são competências e o que são habilidades?
As habilidades dizem respeito ao saber
fazer, saber e saber ser. Alguns exemplos
nesse sentido são: executar, redigir, desenvolver, avaliar, controlar, etc.
4
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Referindo-se a estes termos encontramos no Caderno de Teoria e
Prática I. O Trabalho da Equipe Escolar: Buscando Caminhos para a
Aprendizagem do Aluno (BRASÍLIA, 2005, p. 102), uma análise do conceito de competência articulado ao conceito de habilidade, enfatizando
a necessidade de que o planejamento escolar seja orientado por ambos. Inicialmente, é ressaltado que tanto as competências quanto as
habilidades são inseparáveis das ações dos sujeitos, mas, entretanto,
“exigem domínio de conhecimentos”. Quanto a distinção dos termos,
assim se refere:
Em linhas gerais, podemos dizer que as competências são ações e operações que utilizamos, com o
objetivo de estabelecer relações com e entre objetivos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. Por sua vez, as habilidades devem
ser desenvolvidas na busca de determinadas competências e referem-se ao plano do “saber fazer”,
“saber ser” e “saber”, como, por exemplo, relacionar informações, analisar situações-problema,
sintetizar e manipular determinados objetos.
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Atividade III
Vamos fazer uma relação dos conceitos de competências e habilidades
apresentados no parágrafo anterior, com o depoimento da Professora Emili.
Considere o problema diagnosticado, o objetivo que ela precisava alcançar
e as ações que desenvolveu. A competência era conseguir fazer os alunos
pensar. Para desenvolver esta competência ela precisou revelar uma série
de habilidades, para alcançar o objetivo esperado. Destaque quais foram as
habilidades que, no conjunto, contribuíram para fazer os alunos pensar:
a. Habilidades desenvolvidas pela professora:
b. Habilidades desenvolvidas pelos alunos:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Observe que não foi simplesmente uma relação de conteúdos que
a professora trabalhou de forma mecânica, mas estes figuraram como
meios para o desenvolvimento de habilidades que possibilitaram a
competência de saber pensar. Diante desta constatação fica evidente a
importância do trabalho por projetos no planejamento e operacionalização do currículo escolar por competências e habilidades. Trata-se de
superar a visão de currículo como um amontoado de conteúdos e objetivos de ensino, para focá-lo numa dimensão abrangente que explicite
o que se deve ensinar, quando e como.
E isso, entretanto, deve estar relacionado com os problemas vivenciados pelos alunos de modo que eles possam encontrar significado
social naquilo que é trabalhado no contexto escolar. Diante disso, percebe-se a necessidade da pedagogia de projetos ser articulada em
consonância com o Projeto Político Pedagógico – PPP da escola, onde
todos os segmentos estarão envolvidos e não somente um professor
“remando contra a maré”. Imagine quantos “outros” a professora Emili
teve que mobilizar, na efetivação do seu projeto. Este projeto em nível
de escola será abordado na unidade 8, quando estaremos concluindo
nossas reflexões neste componente curricular.
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Leituras recomendadas
Livro: Pedagogia dos Projetos: Etapas, papéis e atores
Com uma linguagem prática e objetiva, nesta
publicação, Nilbo Ribeiro Nogueira aborda a
pedagogia dos projetos como estratégia para
auxiliar a formação do sujeito integral. Enfatiza
as vantagens do desenvolvimento das habilidades, competências, da conquista de autonomia
por parte do aluno e de dezenas de outras capacidades essenciais para sua formação. Além
das vantagens e intenções do trabalho com
projetos, apresenta as etapas vivenciadas pelos
diferentes atores do processo - professores e
alunos. Descrever etapas, neste caso, tem o
sentido de nortear a trajetória e, principalmente, delimitar a função de
cada um dos atores para que não haja sobreposição de papéis.
Filme: Treino para a vida
Os jogadores do time de basquete do Colégio
Richmond eram briguentos, sem disciplina e regras. Mas Carter, o treinador, acreditava que
podia transformá-los e o basquete não deveria
ser uma desculpa para estar na escola, mas
uma conquista. Carter acreditava que podia
mudá-los e assim impõe regras, pois sabia o
que precisava fazer para chegar onde desejava. Ao assistir o filme “Treino para a vida” você
poderá analisar a decisão do professor Carter
e sua relação com o crescimento pessoal dos
alunos. Até porque, Carter gostava de desafios
como esportista e empresário, isso fazia parte de sua vida. E assim, é o
líder, eternamente movido a desafios. Como você irá perceber, o líder
– professor Carter, por meio de sua prática oferece contribuição para a
sociedade, a escola e os alunos. O filme mostra como a sociedade e o
sistema educacional precisam rever seus conceitos. Mostra competências muito importantes para a formação do caráter do ser humano. De
acordo com o filme quais seriam estas competências? E quais os seus
benefícios na vida dos alunos? Procure relacionar o contexto escolar
em que se encontram os personagens do filme e o da escola na qual
você convive. Há alguma relação entre o contexto no qual vivem os
personagens e a realidade de nossas escolas? Reflita!
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Resumo
Nesta unidade abordamos o trabalho escolar por meio de projetos.
Vimos que ele se caracteriza pela definição clara daquilo que se pretende alcançar (a meta), a partir de uma situação-problema. A meta
a ser atingida é traduzida por competência enquanto que as ações
desenvolvidas para a concretização da competência representam as
habilidades. Nesse sentido, há uma relação intrínseca entre ambos os
termos. E, tanto o professor como o aluno interagem nesse processo.
Desse modo, a articulação do currículo escolar supera a mera listagem
de conteúdos e objetivos para contemplar a realidade vivenciada pelos
alunos, assim como o seu desenvolvimento integral. Portanto, é perceptível a necessidade de que a prática da pedagogia de projetos aconteça
no âmbito do Projeto Político Pedagógico – PPP, que será discutido na
unidade 8 e não de forma isolada.
Autoavaliação
Considerando as reflexões e orientações desta unidade acerca da
pedagogia de projetos, escolha um ano escolar e, aproveitando que
você está cursando Licenciatura em Letras, escolha também uma temática na área de Língua Portuguesa que possa constituir um eixo norteador. A partir disso, elabore um projeto pedagógico contemplando o
desenvolvimento de competências e habilidades.
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
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Referências
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VIII UNIDADE
Prática do Projeto
Político Pedagógico
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“Um compromisso histórico. É também consciência
histórica: é inserção crítica na história, implica que
os homens assumam o papel de sujeitos que fazem
e refazem o mundo. Exige que os homens criem
sua existência com o material que a vida lhes oferece” (FREIRE, 1979, apud CANDAU, 2003, p. 102).
Apresentação
Na unidade anterior refletimos sobre os projetos pedagógicos como
uma das formas do trabalho pedagógico que se caracteriza pela definição clara daquilo que se pretende alcançar, ou seja, a meta a partir de
uma situação-problema. Esta forma de trabalho escolar potencializa o
desenvolvimento de competências e habilidades na escola. Vimos, portanto, que a meta a ser atingida é traduzida por competência enquanto
que as ações desenvolvidas para a concretização desta competência
constituem as habilidades. Desse modo, os dois termos se inter-relacionam e, tanto os professores como os alunos participam interativamente no processo. Além disso, outros atores são envolvidos para que o
projeto seja efetivado. Entretanto, ampliando nosso olhar percebemos
que uma prática escolar nesta perspectiva necessita ser articulada no
âmbito do Projeto Político Pedagógico – PPP.
Mas afinal, o que caracteriza o “político” no que diz respeito ao
projeto pedagógico da escola? Esta questão será debatida nesta unidade como forma de resumir as reflexões realizadas anteriormente.
Trata-se de clarificar o papel social da educação escolar no seio de
uma sociedade capitalista, autoritária que se utiliza de mecanismos
internos à escola para legitimar a relação de dominação. A forma
como a instituição escolar está organizada e operacionaliza suas
ações revela a adesão a esta relação de autoritarismo e dominação
ou a sua superação.
Nesse sentido estaremos nesta unidade, buscando as conexões
existentes no aspecto pedagógico com o político, econômico, entre outros. Isso também reporta considerar as diversas dimensões do trabalho
escolar, embora saibamos que o eixo central é a dimensão pedagógica. Todavia, vale ressaltar que esta dimensão não está isolada das
demais, mesmo que não tenhamos clareza das influências recebidas. E,
uma maneira de evitar a fragmentação no trabalho desenvolvido pela
escola é a elaboração do seu PPP, enquanto eixo norteador de todos os
processos envolvidos, revelando a sua identidade particular.
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I
Processo Didático Planejamento e Avaliação
Nesse contexto, esperamos que a partir das leituras, reflexões e realização das atividades propostas nesta unidade, você consiga alcançar
os objetivos pretendidos. Além disso, que utilize os conhecimentos aqui
trabalhados em sua prática pedagógica tendo clareza quanto aos vários aspectos que permeia o Projeto da Escola. Sucesso!
Objetivos
Considerando as leituras, reflexões e atividades desta unidade, esperamos que você seja capaz de:
• Definir Projeto Político Pedagógico -PPP da Escola como uma
ação coletiva em prol da unidade;
• Reconhecer a interrelação das dimensões política, econômica e
cultural com a dimensão pedagógica, enquanto eixo central do
trabalho escolar;
• Identificar as etapas essenciais para a elaboração do PPP.
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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Iniciando nossa conversa. . .
Nas unidades iniciais refletimos sobre a origem da instituição escolar, sua dependência do contexto socioeconômico e cultural que influencia a prática pedagógica em forma de tendências. Vimos que o
modo como são desenvolvidas as relações no interior da escola revela
uma postura que poderá fortalecer ou fragilizar o poder dominante.
Nesse sentido, se faz necessário a consciência do nosso poder de decisão quanto a aderir ou a negar as práticas autoritárias. Assim, emerge
a importância da elaboração do Plano da Escola enquanto norteador
das ações pedagógicas de forma coerente.
Ao recordarmos os aspectos relacionados ao planejamento escolar
abordados nas unidades de 5 a 7 percebemos que operacionalizar o
trabalho pedagógico envolve uma organização sistemática que não é
neutra. Assim sendo, reflete uma concepção de homem, mundo, sociedade e conhecimento que é contemplada na elaboração e execução
do Plano da Escola.
http://educaja.com.br/2011/01/projeto-politico-pedagogico-como-elaborar.html
Para refletir
Em sua opinião qual a distinção entre Projetos Pedagógicos e
Plano de Escola?
O plano da escola
Como já estudamos nas unidades anteriores, a prática pedagógica
é organizada por meio de formas variadas. Em se tratando da sala de
aula ela pode ser vivenciada norteada por planos (de aula, de unidade,
de curso) ou projetos pedagógicos. Os planos definem os objetivos,
os conteúdos, as estratégias, a avaliação a ser realizada em torno dos
conteúdos. Por outro lado, os projetos pedagógicos são mais amplos
haja vista que possuem como ponto de partida uma situação-problema
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
rumo ao alcance de uma determinada meta. Ambas as formas precisam está associadas ao plano da escola1 que envolve o plano pedagógico e administrativo da unidade. Nele se encontra explícita uma
determinada concepção pedagógica do corpo docente, as bases teórico-metodológicas da organização didática, a contextualização social,
econômica, política e cultural da escola, a caracterização da clientela
escolar, os objetivos educacionais gerais, a estrutura curricular, diretrizes metodológicas gerais, o sistema de avaliação do plano, a estrutura
organizacional e administrativa.
O plano da escola é, portanto, um guia de orientação para o planejamento do processo de ensino. Trata-se de um plano mais abrangente que os professores precisam utilizar na orientação do seu trabalho. Além disso, ele visa garantir a unidade teórico-metodológica das
atividades escolares em todos os segmentos. Na observação de todos
os aspectos contemplados na elaboração do Plano da Escola, emerge
uma questão: em meio a tudo isso, onde situarmos o aspecto “político”? Por que denominamos Projeto Político Pedagógico (PPP)2?
Para ANDRÉ (2005, p. 188), o projeto político-pedagógico tem
duas dimensões: a política e a pedagógica. Ele é político no que se
refere ao compromisso com a formação de um determinado tipo de
homem, para um determinado tipo de sociedade e depende da concepção adotada. Por outro lado, é pedagógico na medida em que
possibilita a concretização dessa intencionalidade da escola. A intencionalidade poderá está focada na formação do cidadão participativo,
responsável, compromissado, crítico e criativo ou, ao invés disso, um
indivíduo passivo, alienado, acrítico. Segundo esta autora, as mudanças nas práticas da escola, dentre as quais se destaca a avaliação estão
norteadas pela construção do projeto da escola onde se encontram
imbricadas estas duas dimensões. Para ela, o projeto pedagógico é a
revelação da identidade da escola com indicação de “garantias de um
ensino de qualidade”, que ao se concretizar revela a dimensão política.
O Plano da escola é constituído pelo plano pedagógico e administrativo da escola
que explicita uma determinada concepção
pedagógica.
1
O Projeto Político Pedagógico (PPP) é
assim denominado porque contempla duas
dimensões: a política e a pedagógica. Ele
é político no que se refere ao compromisso
com a formação de um determinado tipo de
homem, para um determinado tipo de sociedade e depende da concepção adotada. Por
outro lado, é pedagógico na medida em que
possibilita a concretização dessa intencionalidade da escola por meio das práticas
de ensino.
2
Atividade I
Com base no pensamento de ANDRÉ ressaltado no parágrafo anterior, responda:
o que caracteriza o aspecto “político” no Projeto Pedagógico da Escola?
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Processo Didático Planejamento e Avaliação I
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O projeto pedagógico da escola reflete o aspecto político, notadamente, na articulação do aspecto pedagógico. Ele é político, portanto, no sentido de compromisso com a formação do cidadão para
um tipo de sociedade e é pedagógico porque possibilita a efetivação
da intencionalidade da escola, na formação do cidadão participativo,
responsável, compromissado, crítico e criativo. A dimensão política é,
pois, aquela que trata de definir as ações educativas da escola, visando
à efetivação de seus propósitos e sua intencionalidade. Isso demonstra
que a educação escolar não é neutra, pelo contrário, ela é repleta de
intencionalidades e ideologias.
Nessa perspectiva, vale ressaltar que o projeto político-pedagógico
está longe de ser meramente um conjunto de planos e projetos de professores, ou somente um documento que trata das diretrizes pedagógicas da instituição educativa. Trata-se de um produto específico que
reflete a realidade da escola, situada em um contexto mais amplo que
é a sociedade influenciando-a e também podendo ser por ela influenciado. Portanto, consiste num instrumento que permite clarificar a ação
educativa da instituição educacional em sua totalidade.
Assim sendo, o projeto político-pedagógico tem como propósito a explicitação dos fundamentos teórico-metodológicos, dos objetivos, do tipo de
organização e das formas de implementação e de avaliação institucional.
A prática de um Projeto Político Pedagógico de qualidade deve, pois:
• nascer da própria realidade, tendo como suporte a explicitação
das causas dos problemas e das situações nas quais tais problemas parecem;
• ser exeqüível e prever as condições necessárias ao desenvolvimento e à avaliação;
• ser uma ação articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola;
• ser construído continuamente, pois como produto, é também
processo.
Referindo-se à perspectiva de tomada de posição com relação aos
rumos da escola e, consequentemente, da sociedade revelada no Projeto Político Pedagógico, Gadotti (Apud VEIGA, 2001 p. 18), afirma:
Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma
estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente.
Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas
tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores.
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
Considerando a afirmação de Gadotti, é perceptível o sentido dinâmico que está implícito no desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico exigindo dos profissionais um olhar diferente daquele tradicional onde a repetição e a memorização predominava na prática
escolar. Essa prática reflete uma concepção3 de sociedade, de escola
e de ser humano que não está mais adequada com a realidade atual
em constante transformação. Falando de concepção, PENIN (2005, p.
33), lembra que ela nasce de uma busca “contrapondo as representações mais recorrentes sobre um fenômeno com sua observação direta.
Numa dada época, para cada fenômeno há uma ou mais concepções,
geralmente afirmadas por autores, ou por uma comunidade científica
(...)”. Esta autora afirma que a duração de uma concepção está atrelada a sua correspondência com a realidade.
Assim sendo, na medida em que os parâmetros da realidade na
qual tiveram origem permanecerem elas terão validade, caso contrário, “há que se empreender novas pesquisas sobre a realidade vigente e criar novos conceitos. Ou seja, concepções e conceitos nascem,
têm um período de vigor, envelhecem e morrem” (id ibid, p. 33-34).
Daí porque, o papel exercido pela escola em cada período da história
brasileira varia e com ele as concepções e conceitos que permeiam o
processo educativo. Nesse sentido, a mesma autora ainda destaca:
Para que uma concepção de Educação ou de Didática não se fossilize, ou seja, não perca sua relação
viva com a realidade, é necessário que ela, assim
como as representações que as rodeiam passem
pelo crivo de uma análise rigorosa, comparando,
sob nova luz, os conceitos conhecidos e a prática
social atual, que pode ter mudado desde a formulação daquela concepção. Se, no interior da prática escolar, as pessoas não se propõem a pesquisas
muito rigorosas, podem perceber ou não os sinais
de correspondência entre o concebido e o vivido.
Analisando a citação de Penin, percebemos que as concepções intrínsecas nas práticas escolares são geradas a partir de uma reflexão
em torno da forma como estas práticas são concretizadas. Elas visam
colocar questões em relação às representações originadas do cotidiano
que, muitas vezes, não refletem a dinâmica da sociedade. Pelo contrário, elas se mantêm distantes da realidade ocasionando um descompasso entre as ações escolares e a demanda dessa realidade.
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A concepção de algo nasce de uma busca
contrapondo as representações mais recorrentes sobre um fenômeno com sua observação direta. Numa dada época, para cada
fenômeno há uma ou mais concepções,
geralmente afirmadas por autores, ou por
uma comunidade científica. A duração dela
está atrelada a sua correspondência com a
realidade.
3
Atividade II
Tendo por base a reflexão dos parágrafos anteriores e a figura abaixo produza
um texto, com no máximo 20 linhas, expressando o papel que a escola tem
desempenhado no Brasil em sua trajetória histórica:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
Disponível em: www.uniriotec.br/~pimentel/disciplinas/ie2/infoeduc/escola.html
Observando o contexto educacional do Brasil, constatamos a predominância de uma prática escolar desvinculada da realidade, onde o
trabalho ainda é centrado em conteúdos sem significado social. Desse
modo, a essência do processo educativo fica comprometida tendo em
vista que, na maioria das vezes, o estudante fica desmotivado e até
chega a desistir de estudar. Entretanto, para que essa prática educativa
mantenha uma relação viva com a realidade precisa ser permeada por
uma concepção coerente com os anseios atuais. Nessa perspectiva, é
precisamente na definição e execução do seu PPP, que a escola poderá
atuar de forma adequada com o contexto social. Diante disso, torna-se oportuno apresentar as etapas sugeridas por LIBÂNEO (1994, p.
230-231), como forma de nortear a prática de elaboração do Plano da
Escola de modo a contemplar os diversos aspectos envolvidos.
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
Etapas para elaboração do plano da escola:
• Posicionamento sobre as finalidades da educação escolar na
sociedade e na nossa escola
• Bases teórico-metodológicas da organização didática e administrativa: tipo de homem que queremos formar, tarefas da educação, o significado pedagógico-didático do trabalho docente,
relações entre o ensino e o desenvolvimento das capacidades
intelectuais dos alunos, o sistema de organização e administração da escola.
• Caracterização econômica, social, política e cultural do contexto em que está inserida a escola.
• Características sócio-culturais dos alunos.
• Objetivos educacionais gerais da escola.
• Diretrizes gerais para elaboração do plano de ensino da escola:
sistema de matérias – estrutura curricular; critérios de seleção
de objetivos e conteúdos; diretrizes metodológicas gerais e formas de organização do ensino e sistemática de avaliação.
• Diretrizes quanto à organização e à administração: estrutura
organizacional da escola; atividades coletivas do corpo docente; calendário e horário escolar; sistema de organização de
classes, de acompanhamento e aconselhamento de alunos, de
trabalho com os pais; atividade extraclasse; sistema de aperfeiçoamento profissional do pessoal docente e administrativo e
normas gerais de funcionamento da vida coletiva.
Desse modo, ao efetivar a elaboração do seu PPP, observando as
etapas destacadas acima a escola, segundo Penin (2005, p. 40) estará
ao mesmo tempo revelando sua identidade e exercendo a autonomia.
A identidade é construída pela ação das pessoas que trabalham na
escola e, não por decreto externo, nem tampouco resulta de abstração.
Por sua vez a autonomia se concretiza na oportunidade em que se
busca alcançar objetivos claramente definidos. Trata-se de uma ação
consciente que, por sinal, é uma proposição da LDB: cada escola formular seu projeto pedagógico.
A autonomia é uma das disposições que esperamos desenvolver
nos estudantes, portanto, se faz necessário que também pratiquemos,
educando pelo exemplo e não só pela teoria. Até porque, assim como
eles, vivemos as contradições do mundo moderno e a experiência da
incerteza. Dentre as formas de compreender a complexidade do mundo
atual, encontramos a busca por referências consistentes e saberes fundamentais no âmbito da partilha, do debate e embate com os outros,
que estejam presentes ou ausentes. Em se tratando da escola, “a autonomia na definição do seu projeto pedagógico será exercida de forma
responsável ao prever a análise de todas as suas características, tendo
em vista a sua função social e as orientações legais que garantem os
objetivos e a base comum nacional (idem)”.
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Ampliando a reflexão. . .
http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=432 (Acesso: 16/08/12)
Embora cientes de que o eixo central da escola é a dimensão pedagógica precisamos ter clareza das outras dimensões do trabalho escolar a serem consideradas no seu PPP, a exemplo da dimensão política
já mencionada nesta unidade. Nesse sentido, o caderno da TV Escola
(s/d, p. 13), apresenta uma descrição da constituição do espaço escolar, destacando que se constitui do entrelaçamento de diversas dimensões. Além da pedagógica e da política, são apontadas outras, tais
como: a social, a cultural, a administrativa e a humana.
Atividade III
Vamos identificar o que caracteriza cada uma das dimensões mencionadas
anteriormente, associando as afirmações abaixo com as letras correspondentes:
(P) dimensão política; (S) dimensão social; (C) dimensão cultural; (A) dimensão
administrativa; (H) dimensão humana:
dica. utilize o bloco
de anotações para
responder as atividades!
(
) representada pelos sentimentos, desejos, dificuldades pessoais,
os conceitos e preconceitos que povoam o íntimo de cada um
de nós.
(
) nesta dimensão situam-se as relações de poder e o processo
decisório.
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Processo Didático Planejamento e Avaliação
(
) contempla as questões de infraestrutura e de pessoal, dentre
outros.
(
) envolve a relação com a comunidade escolar em um sentido
bem amplo.
(
) nela estão as raízes e vivências que promovem a elevação do
homem, conferindo-lhe uma identidade social e cultural: tradições religiosas, políticas, etc.
Enfatizamos que cada uma destas dimensões é formada por elementos ou traços das demais estando, pois, num permanente movimento de associação e influências mútuas. Elas precisam está presentes
na ação educativa configurando uma ponte entre a escola que temos
e a escola que queremos. É através de ações claras e objetivas que
será possível a passagem da escola real para a ideal, ou seja, para a
sua transformação. A própria função social é definida pelo que fazer
e o como fazer para alcançar os objetivos propostos. Para concluir,
apresentamos um trecho da referência citada (p. 85), em relação à
construção coletiva do PPP:
A CONSTRUÇÃO COLETIVA – PASSAGEM DO EU AO NÓS
UM PROJETO DE ESCOLA SÓ SERÁ COMPETENTE SE
FOR COLETIVO.
ALÉM DA PARTICIPAÇÃO SER UM DIREITO DE TODOS, É
NO COLETIVO QUE UM CONHECIMENTO MAIS GLOBAL
E VERDADEIRO DA ESCOLA É CONSTRUÍDO. É ESSE MOVIMENTO, ONDE SE ENTRELAÇAM OS DIVERSOS SABERES
QUE CADA UM POSSUI QUE CRIA A POSSIBILIDADE DE UM
CONHECIMENTO COMUM A TODOS. É ATRAVÉS DA PARTICIPAÇÃO QUE CADA PESSOA É RESPEITADA ENQUANTO
INDIVÍDUO E ENQUANTO INTEGRANTE DE UM CORPO
MAIOR E COLETIVO, QUE É A ESCOLA.
É NESSE ESPAÇO QUE APRENDEMOS A ESTABELECER
UM ACORDO ENTRE AS DIVERSAS VONTADES, OS DIVERSOS EU, EM BUSCA DE UMA VONTADE COMUM A TODOS,
DE UM NÓS. VONTADE ESSA QUE, PARA SER RESPEITADA
TEM QUE SER COMPREENDIDA. E, PARA ISSO, CONSTRUÍDA EM COMUM ACORDO. ASSIM FICA MAIS FÁCIL GOSTAR DA ESCOLA E LUTAR POR ELA, EM CONJUNTO.
MAS, É TAMBÉM NECESSÁRIO QUE SEJA UMA VONTADE JUSTA: UMA VONTADE QUE RECONHEÇA AS NECESSIDADES MAIORES DA COLETIVIDADE ESCOLAR, DA EDUCAÇÃO E SOCIEDADE.
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A importância do PPP é evidenciada na própria Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (Lei 9394/94), em seu artigo 12, inciso
I, que declara: “os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas
comuns e as do seu sistema de ensino, tem a incumbência de elaborar
e executar sua proposta pedagógica”. Cabe ressaltar que a lei deixa
explícita a ideia de que a escola não pode prescindir da reflexão sobre
sua intencionalidade educativa.
Na perspectiva apresentada por Libâneo (2001, p. 125), o projeto
político pedagógico “deve ser compreendido como instrumento e processo de organização da escola”, considerando as características do
instituído e do instituinte. Convergindo com esse pensamento, Vasconcellos (1995, p. 143), afirma:
o projeto pedagógico é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma
refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o
que é essencial, participativa. E uma metodologia
de trabalho que possibilita resignificar a ação de
todos os agentes da instituição.
A partir da afirmação destes autores fica evidenciado o caráter
dinâmico e coletivo do PPP. Se Libâneo, por um lado, o situa como instrumento e processo numa prática capaz de reconhecer o que está estabelecido, mas que poderá ser modificado, por outro lado, essa teoria é
reforçada por Vasconcelos ao indicar o seu potencial de enfrentamento
dos desafios no dia-a-dia, de modo compartilhado.
Leituras recomendadas
VÍDEO: Programa Fazendo Escola - O Jovem no Ensino Médio
(Disponível em: http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_
zoo&view=item&item_id=4896)
Na série “Fazendo Escola”, especialistas discutem ideias e apresentam propostas de trabalho referentes à gestão democrática a partir de
documentários que retratam experiências bem sucedidas em escolas
brasileiras do ensino médio. Este programa mostra os diferentes tipos
de colegiados que compõem uma gestão democrática. O tema é discutido a partir da experiência de um colégio de Goiás e tem como
palavras-chave: Fazendo Escola; Gestão Democrática; Ensino Médio;
O Papel dos Colegiados na Gestão Escolar. Tudo isso está implícito no
âmbito do PPP e, portanto, o vídeo merece ser assistido e analisado.
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Resumo
Nesta unidade buscamos inicialmente diferenciar os conceitos de
projetos pedagógicos e Plano de Escola, este último comumente denominado Projeto Político Pedagógico-PPP. Ressaltamos o que caracteriza
o aspecto político na prática educativa escolar. Apresentamos as características da prática de um PPP de qualidade, bem como as etapas para
sua elaboração e execução. Destacamos também outras dimensões implícitas além da pedagógica e da política, tais como: a social, a cultural, a administrativa e a humana. Concluímos lembrando a diretriz legal
para a elaboração do referido documento por parte das escolas e com
algumas reflexões teóricas que constituem suporte para compreender o
caráter dinâmico e compartilhado da construção do PPP.
Autoavaliação
Observando a ilustração abaixo e tendo por base as leituras e reflexões desta unidade, elabore um texto contemplando os elementos
presentes na ilustração, enquanto necessários à prática de elaboração
e execução do PPP. Dê um título significativo ao seu texto:
http://educaja.com.br/wp-content/uploads/2012/08/Compet%C3%AAncias-e-habilidades.jpg
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Referências
ANDRÉ, M. E. D; PASSOS, L. F. O projeto pedagógico como suporte para
novas formas de avaliação. In. CASTRO, A. D. C.; CARVALHO, A. M.
P. (Orgs.). Ensinar a Ensinar: didática para a escola fundamental e
média. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005 (pp 188 – 189).
CANDAU, Vera Maria Ferrão (Org.). Rumo a uma nova didática.
Petrópolis: Vozes, 2003.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
_____________. Didática. São Paulo: Cortez, 2004.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. SECRETARIA DE
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA. Escola Hoje. Cadernos da TV Escola.
Brasília/DF, s/d.
PENIN, S. T. S. Didática e Cultura: O ensino comprometido com o
social e a contemporaneidade. In. CASTRO, A. D. C.; CARVALHO, A.
M. P. (Orgs.). Ensinar a Ensinar: didática para a escola fundamental e
média. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005 (pp: 33-41).
VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem
e projeto educativo. São Paulo: Libertat, 1995.
VEIGA, I. P. A. (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma
construção possível. 23ª ed. Campinas: Papirus, 2001.
Sites visitados:
http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_
zoo&view=item&item_id=4896 (Acesso: 04/09/12)
http://educaja.com.br/wp-content/uploads/2012/08/
Compet%C3%AAncias-e-habilidades.jpg (Acesso: 04/09/12)
http://www.uniriotec.br/~pimentel/disciplinas/ie2/infoeduc/escola.
html (Acesso: 09/08/12
http://www.psicologia.ufrj.br/ (Acesso: 08/03/2012)
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