Mediação Didática
CONCEITOS
Referência: Livro: Didática. Autor: José Carlos Libâneo
Unidade I. PRÁTICA EDUCATIVA, PEDAGOGIA E DIDÁTICA
A Pedagogia (Grécia antiga: paidós: criança e agogé: condução) é a ciência que investiga a
teoria e a prática da educação, nos seus vínculos com a prática social global.
A Didática (expressão grega: techné didaktikéé arte ou técnica de ensinar) uma disciplina que
estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista
finalidades educacionais, que são sempre sociais, ela se fundamenta na Pedagogia, sendo assim, é
uma disciplina pedagógica.
A Pedagogia estuda a Educação nos seus aspectos sociais, políticos, econômicos, psicológicos.
Recorre à contribuição de outras ciências como a Filosofia, a História, a Sociologia, a Psicologia e
até a Economia para descrever e explicar o fenômeno educativo.
Os estudos da Pedagogia acabam por convergir na Didática, uma vez que esta reúne em seu
campo de conhecimentos objetivos e modos de ação pedagógica na escola.
A educação é uma prática social, que acontece numa grande variedade de instituições e
atividades humanas, como na família, na escola, no trabalho, nas igrejas, nas organizações políticas
e sindicais, nos meios de comunicação de massa, etc. e, com isso, surgem modalidades de
pedagogia, como a pedagogia familiar, a pedagogia política, a pedagogia escolar... e, neste último
caso, configuram-se as disciplinas pedagógicas (Teoria da Educação, Teoria da Escola, Organização
Escolar, Didática – como Teoria do Ensino).
O ensino, a atividade principal do professor, consiste em dirigir, organizar, orientar e estimular a
aprendizagem escolar dos alunos. Os conhecimentos pedagógicos gerais e específicos são
direcionados para a condução do processo de ensinar e de suas finalidades, modos e condições.
Temas desta unidade:
I.1 Prática educativa e sociedade;
I.2 Educação, instrução e ensino;
I.3 Educação Escolar, Pedagogia e Didática;
I.4 A Didática e a formação profissional dos professores.
I.1 Prática educativa e sociedade
Educação ou prática educativa: fenômeno social e universal. Atividade humana necessária à
existência e ao funcionamento de todas as sociedades. A educação prepara o indivíduo para a
participação na vida social.
Não há sociedade sem prática educativa.
Trabalho docente é parte integrante do processo educativo mais global.
Os indivíduos são preparados pelas sociedades, para sua participação ativa e transformadora
nos diversos campos da vida social.
A prática educativa é uma exigência da sociedade. É o processo que dá conhecimentos e
experiências culturais ao indivíduo, em função das necessidades econômicas, sociais e políticas da
coletividade.
Indivíduo – ação educativa + influência do meio social – indivíduo - relação ativa e
transformadora – influencia o meio social. (por meio de conhecimentos, experiências, valores,
crenças, modos de agir, técnicas e costumes acumulados por gerações, transmitido assimilados e
recriados).
EDUCAÇÃO (SENTIDO AMPLO)
1


processos formativos que ocorrem no meio social: familiar, profissional, espiritual
(religioso);
prática educativa numa grande variedade de instituições e atividades sociais
decorrentes da organização econômica, política e legal de uma sociedade (família,
na escola, no trabalho, nas igrejas, nas organizações políticas e sindicais, nos
meios de comunicação de massa, etc.)
EDUCAÇÃO (SENTIDO ESTRITO)

em instituições específicas, escolares ou não, com finalidades de instrução e
ensino, mediante uma ação consciente, deliberada e planificada, sem separar-se
dos processos formativos gerais (sentido amplo).
INFLUÊNCIAS EDUCATIVAS

Educação não-intencional ou informal:
1. influências do contexto social e do meio ambiente sobre os indivíduos;
2. processos de aquisição de conhecimentos, experiências, idéias, valores, práticas,
que não estão ligados especificamente a uma instituição e nem são intencionais e
conscientes.
3. situações e experiências casuais, espontâneas, não organizadas;
4. ex: formas econômicas e políticas de organização da sociedade, das relações
humanas na família, no trabalho, na comunidade, dos grupos de convivência
humana, do clima sócio-cultural da sociedade, etc.;

Educação intencional, formal ou não-formal:
1. influências em que há intenções e objetivos definidos conscientemente;
2. educação escolar ou extra-escolar;
3. intencionalidade, consciência por parte do educador, quanto aos objetivos e
tarefas que deve cumprir (pai, professor, adultos em geral);
4. conforme o objetivo, variam-se os meios:
o educação não-formal: atividade educativa estruturada fora do sistema
escolar convencional.
o educação formal: ações de ensino com objetivos pedagógicos explícitos,
sistematização, procedimentos didáticos.
5. educação escolar é suporte e requisito das demais;
6. educação escolar básica – possibilita ao indivíduo aproveitar e interpretar,
consciente e criticamente, outras influências educativas.
Impossível, na sociedade atual (evolução dos conhecimentos científicos e técnicos,
diversidade de influências educativas), a participação efetiva dos indivíduos e grupos nas decisões
da sociedade:

A educação é socialmente determinada; desde o início da história da humanidade
tempos o homem vive em grupos, trava relações diante da necessidade para
garantia da sobrevivência;

Relações se transformam, surgem novas necessidades, divisão do trabalho
conforme sexo, idade, ocupações; desigualdade econômica e de classes – relações
sociais no capitalismo são fortemente marcadas pela divisão da sociedade em
classes (capitalistasXtrabalhadores);

Privação das necessidades culturais e espirituais dos trabalhadores;

Trabalhadores recebem educação voltada exclusivamente para o trabalho físico
(passivo, conformista);

Minoria dominante dispõe de meios para difundir sua própria concepção de mundo
(ideologia);
2
1.2 Educação, instrução e ensino
Educação é um conceito amplo que se refere ao processo de desenvolvimento onilateral da
personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas – físicas, morais, intelectuais,
estéticas – tendo em vista a orientação da atividade humana na sua relação com o meio social, num
determinado contexto de relações sociais. Gama de influências e inter-relações que convergem para
a formação de traços da personalidade social e do caráter. Nesse sentido, educação é instituição
social; é um produto, significando os resultados obtidos pela ação educativa; é processo por
consistir de transformações sucessivas tanto no sentido histórico quanto no desenvolvimento da
personalidade.
A instrução se refere à formação intelectual, formação e desenvolvimento das capacidades
cognoscitivas mediante o domínio de certo nível de conhecimentos sistematizados.
O ensino corresponde a ações, meios e condições para realização da instrução; contém, pois,
a instrução.
A instrução está subordinada à educação.
Pode-se instruir sem educar, e educar sem instruir.
O ensino é o principal meio e fator da educação – ainda que não o único – e, por isso,
destaca-se como campo principal da instrução e educação. Neste sentido, quando mencionamos o
termo educação escolar, referimo-nos a ensino.
1.3 Educação escolar, Pedagogia e Didática
A educação escolar constitui-se num sistema de instrução e ensino com propósitos
intencionais, práticas sistematizadas e alto grau de organização, ligado intimamente às demais
práticas sociais.
Educação escolar: democratização do conhecimento.
A Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da
educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados para a formação dos
indivíduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social. Vincula-se a opções sociais e
políticas referentes ao papel da educação num determinado sistema de relações sociais. Por ser uma
ciência da e para a educação, a Pedagogia estuda a educação, a instrução e o ensino.
Educação escolar: manifestação peculiar do processo educativo global; Pedagogia:
determinação do rumo desse processo em suas finalidades e meios de ação; Ensino: campo
específico da instrução e educação escolar.
São ramos da Pedagogia:

Teoria da Educação;

Didática;

Organização Escolar;

História da Educação e da Pedagogia.
A Pedagogia busca em outras ciências (Filosofia, Psicologia, Biologia, Economia e
Sociologia da Educação, etc.) os conhecimentos teóricos e práticos que concorrem para o
esclarecimento do seu objeto, o fenômeno educativo.
O conjunto desses estudos permite aos futuros professores uma compreensão global do
fenômeno educativo, especialmente de suas manifestações no âmbito escolar. Essa compreensão diz
respeito aos seguintes aspectos:



aspectos sócio-políticos da escola;
dimensões filosóficas da educação (natureza, significado e finalidades, em
conexão com a totalidade da vida humana);
relações entre a prática escolar e a sociedade;
3



processo do desenvolvimento humano e da cognição;
bases científicas para seleção e organização dos conteúdos, dos métodos e formas
de organização do ensino;
articulação entre a mediação escolar de objetivos/conteúdos/métodos e os
processos inerentes ao ensino e à aprendizagem.
A Didática é o principal ramo da Pedagogia. Investiga os fundamentos, condições e modos
de realização da instrução e do ensino. Trata da teoria geral do ensino. A ela cabe:



converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino;
selecionar conteúdos e métodos;
estabelecer vínculos entre ensino e aprendizagem.
1.4 A Didática e a formação profissional do professor
A formação profissional é um processo pedagógico, intencional e organizado. Abrange duas
dimensões:
1. A formação teórico-científica: formação acadêmica específica, disciplinar, especialista.
Formação pedagógica (conhecimentos de Filosofia, Sociologia, História da Educação e da
própria Pedagogia).
2. A formação técnico-prática: preparação profissional específica para a docência (Didática,
Psicologia da Educação, pesquisa educacional, etc.)
A formação profissional do professor implica uma contínua complementaridade entre teoria
e prática: os conteúdos não podem ser considerados isoladamente, devem ser articulados.
Disciplinas teórico-científicas da prática escolar devem ser relacionadas aos conteúdos de formação
pedagógica. Conteúdos das disciplinas específicas devem ser ligados às suas exigências
metodológicas. Disciplinas práticas e técnicas implicam aspectos teóricos e, ao mesmo tempo,
fornecem teoria aos problemas e desafios da prática.
Diante disso, a Didática funciona como mediadora, como o exercício da mediação entre as
bases teórico-científicas da educação escolar e a prática docente. Didática: ponte entre “o quê” e o
“como” do processo pedagógico escolar.
São ações da Didática:

Descrever e explicar os nexos, relações e ligações entre o ensino e a aprendizagem;

Investiga os fatores co-determinantes dos processos acima citados;

Indica princípios, condições e meios de direção do ensino – tendo em vista a
aprendizagem – que são comuns ao ensino das diferentes disciplinas de conteúdos
específicos.
A Didática e as metodologias específicas das disciplinas, apoiando-se em conhecimentos
pedagógicos e científico-técnicos, são disciplinas que orientam a ação docente partindo das
situações concretas em que se realiza o ensino.
4
Unidade II. DIDÁTICA E DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO
Ao possibilitar aos alunos o domínio dos conhecimentos culturais e científicos, a educação
escolar socializa o saber sistematizado e desenvolve capacidades cognitivas e operativas para a
atuação no trabalho e nas lutas sociais pela conquista dos direitos de cidadania. Dessa forma, efetiva
a sua contribuição para a democratização social e política da sociedade.
2.1 A escolarização e as lutas democráticas
A escola pública brasileira tem sido capaz de atender o direito social de todas as crianças e
jovens receberem escolarização básica?
A escolarização é um dos requisitos fundamentais para o processo de democratização da
sociedade, entendendo por democratização a conquista, pelo conjunto da população, das condições
materiais, sociais, políticas e culturais que lhe possibilitem participar na condução das decisões
políticas e governamentais.
A escolarização tem uma finalidade muito prática. Ao adquirirem um entendimento crítico
da realidade através do estudo das matérias escolares e do domínio de métodos pelos quais
desenvolvem suas capacidades cognoscitivas (como o raciocínio lógico, a análise e interpretação
dos fenômenos sociais e científicos, do pensamento independente e criativo, a observação, a
expressão oral e escrita, etc.) e formam habilidades para elaborar independentemente os
conhecimentos, os alunos podem expressar de forma elaborada os conhecimentos que
correspondem aos interesses majoritários da sociedade e inserir-se ativamente nas lutas sociais.
Porém, a proposta de um ensino de qualidade, voltado para a formação cultural e científica,
que possibilite a ampliação da participação efetiva do povo nas decisões da sociedade, defronta-se
com problemas fora e dentro da escola.
2.1.1 Fora da escola
Os governos têm cumprido sua obrigação social de assegurar as condições necessárias para
prover um ensino de qualidade ao povo?
A escola pública está longe de atender essas finalidades. Falta uma política de administração
e gestão do ensino, o poder público não cumpre com suas responsabilidades, os recursos financeiros
são insuficientes e mal empregados, falta material didático e livros para os alunos, os professores
são mal remunerados. Além disso, o sistema escolar é usado para fins eleitoreiros e políticopartidários. Fica evidente o descaso e a omissão do Estado em relação à escola pública.
2.1.2 Dentro da escola
O próprio funcionamento da escola, os programas, as práticas de ensino, o preparo
profissional do professor, não teriam também uma parcela de responsabilidade pelo fracasso
escolar?
Existe preconceito na escola. O modo de conduzir o processo de ensino é diferenciado
conforme a origem social dos alunos, ocorrendo discriminação dos mais pobres.
A visão conservadora da escola é alimentada pelos próprios profissionais que nela
trabalham, que entendem que esta é um meio de adaptação à sociedade vigente e que a escola é boa,
justa e dá oportunidades iguais a todos. Muitos professores, por exemplo, entendem que o papel da
escola é apenas o de adaptar as crianças ao meio social (ajustá-las às regras familiares, sociais e ao
exercício de uma profissão) – a educação fica restrita ao desenvolvimento de aptidões para a
integração do aluno no meio social. O motivo do aluno abandonar os estudos (por não conseguir
aprender) é considerado problema individual dele, e não por outros motivos como os problemas de
ordem sócio-econômicos ou de responsabilidade da própria escola;
5
A escola não pode desconsiderar as desigualdades sociais como obstáculos ao
desenvolvimento humano.
O governo e o poder legislativo, ao mesmo tempo que se mostram omissos e negligentes em
relação à escola pública, difundem uma concepção de escola como ajustamento à ordem social
estabelecida. Por outro lado, há uma tarefa a ser feita dentro da escola, de assegurar uma
organização pedagógica, didática e administrativa para um ensino de qualidade associado às lutas
concretas das camadas populares.
É necessário atuar em duas frentes, para a efetivação dos vínculos entre a escolarização e a
democratização: a frente política e a pedagógica. Os educadores precisam ter consciência política
para atuar pedagogicamente dentro da escola, contribuindo na luta por uma escola unitária,
democrática e gratuita.
Escola unitária: ensino básico é direito fundamental de todos os brasileiros e dever do estado
para com a sociedade. Garantia de uma base comum (unitária) de conhecimentos e de um padrão de
qualidade do ensino, em nível nacional. Necessário um plano nacional de educação escolar, com
respeito às diferenças regionais e até locais. Um plano que permita a assimilação de conceitos
universais, sistematizados, a partir das realidades locais, da experiência de vida dos alunos e suas
características sócio-culturais.
Escola democrática: garantia, para todos, do acesso e permanência, no mínimo, nos oito
anos de escolarização. Devem vigorar mecanismos democráticos de gestão, envolvendo a
participação conjunta da direção, professores e pais.
Escola gratuita: porque é um direito essencial dos indivíduos para se constituírem como
cidadãos. Implica em maior compromisso do estado com relação ao funcionamento e manutenção
da escola pública (recursos financeiros, materiais, responsabilidades de cada instância: municipal,
estadual, federal, etc.).
A transformação da escola depende da transformação da sociedade, pois a forma de
organização do sistema sócio-econômico interfere no trabalho escolar e no rendimento dos alunos.
Democratização do ensino significa, basicamente, possibilitar aos alunos o maior domínio
possível das matérias, dos métodos de estudo e, através disso, o desenvolvimento de suas
capacidades e habilidades intelectuais, com especial destaque à aprendizagem da leitura e da escrita.
O grau de conhecimento é que vai possibilitar o engajamento (ou não) do cidadão, nas lutas sociais
e nas instâncias de decisão econômica e política. É verdade que acreditar no processo democrático
supõe confiar no saber do povo e na sua capacidade de tomar decisões. Mas é também verdade que
os conhecimentos científicos e técnicos progridem num ritmo acelerado, pondo exigência à escola
no sentido de reduzir a distância entre o conhecimento comum, popular e a cultura científica. Daí a
importância de elevar o ensino ao mais alto nível, contribuindo para colocar de maneira científica os
problemas humanos.
Por outro lado, a democratização do ensino supõe o princípio da igualdade, mas junto com o
seu complemento indispensável, o princípio da diversidade. Na prática, trata-se do professor
estabelecer objetivos e expectativas de desempenho a partir do limite superior de possibilidades
reais de desenvolvimento e aproveitamento escolar dos alunos; a partir de um diagnóstico do nível
de preparo médio dos alunos para acompanhar a matéria conforme idade e desenvolvimento mental,
estabelecem-se padrões de desempenho para a maioria da classe, podendo-se daí para a frente exigir
tudo o que se pode esperar deles.
2.1 O fracasso escolar precisa ser derrotado
Uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas (SP), em 1981, apontou como causas da
repetência escolar, as condições de vida e psicológicas dos alunos e, principalmente, o fato de a
estrutura da escola, na sua organização curricular e metodológica, não estar preparada para utilizar
procedimentos didáticos adequados para trabalhar com as crianças pobres. Ex: já no início do ano
letivo, o professor costuma “prever” quais os alunos que serão reprovados. Geralmente, esta
6
previsão acaba se concretizando. Alunos com diferente aproveitamento recebem tratamento
desigual, pois o professor prefere os “bons alunos”.
Os objetivos são planejados tendo-se vista a uma criança idealizada e não uma criança
concreta. Ignoram-se os conhecimentos e experiências, suas capacidades e seu nível de preparo.
A assimilação de conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos
estão diretamente relacionados com as condições (econômicas, sócio-culturais, intelectuais,
escolares, etc.) de ingresso na escola, que é o verdadeiro ponto de partida do processo de ensino e
aprendizagem.
Há fatores hereditários que determinam diferentes tipos de inteligência, mas a maioria das
crianças são intelectualmente capazes. Além disso, a influência do meio, especialmente do ensino,
podem facilitar ou dificultar o desenvolvimento da inteligência. Se o meio social em que vive a
criança não pode prover boas condições para o desenvolvimento intelectual, o ensino pode
proporcionar um ambiente necessário de estimulação e é para isso que o professor se prepara
profissionalmente.
As deficiências na organização do ensino afetam diretamente o ideal de escolarização para
todos. Por não conseguirem avaliar com clareza os efeitos da estrutura social sobre o trabalho
pedagógico, as escolas e professores podem tornar-se, mesmo sem o saber, cúmplices da
discriminação e segregação das crianças social e economicamente desfavorecidas.
É preciso rever a qualidade de ensino e considerar que esta é inseparável das características
econômicas, sócio-culturais e psicológicas da clientela atendida.
“O fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já
conhece; descubra-se o que ele sabe e baseie nisso seus ensinamentos.” David Ausubel.
Unidade III. DIDÁTICA: TEORIA DA INSTRUÇÃO E DO ENSINO (será abordada no
trabalho em grupo)
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Unidades IV e V. O PROCESSO DE ENSINO NA ESCOLA E O ESTUDO ATIVO
ENSINO TRADICIONAL
Características:
 Transmissão da matéria ao aluno;
 Realização de exercícios repetitivos;
 Memorização de definições e fórmulas;
 Professor “passa” a matéria, os alunos escutam e respondem o “interrogatório” do professor,
para reproduzir o que está no livro didático;
 Excessiva importância à matéria do livro
 Prática através de exercícios de classe ou tarefas de casa;
 Decoram para a prova.
Limitações Pedagógicas:
 Elemento ativo é o professor, que fala e interpreta o conteúdo;
 Aluno tem atividade muito limitada e um mínimo de participação na elaboração dos
conhecimentos;
 Subestima-se a atividade mental dos alunos;
 Priva-os de desenvolverem suas capacidades e habilidades e, consequentemente, não ocorre
independência de pensamento;
 Não há preocupação em tornar a matéria significativa ou atrativa para os alunos;
 Aprendizagem torna-se o mesmo que terminar o conteúdo todo do livro;
 Não detecta dificuldades individuais;
 Trabalho docente fica restrito às paredes da sala de aula, sem considerar a importância do
conhecimento para a prática social.
ENSINO É UM PROCESSO
O ensino é o conjunto de atividades organizadas do professor e dos alunos, que objetiva
alcançar determinados resultados (domínio de conhecimentos e desenvolvimento das capacidades
cognitivas), considerando, como ponto de partida, o conhecimento prévio, as experiências e o
desenvolvimento mental dos alunos.
Características:







Processo: desenvolvimento e transformação progressiva das capacidades intelectuais
dos alunos;
Conhecimentos e habilidades direcionados para sua aplicação;
Objetivos conscientemente definidos;
Passos gradativos, de acordo com critérios de idade e preparo dos alunos;
Caráter intencional e sistemático – implica em planejamento das atividades do
ensino, aprendizagem e avaliação;
Considera que, para a formação das capacidades e habilidades, é necessário o
conhecimento (conteúdos);
Caráter bilateral que combina a atividade do professor (ensinar) com a do aluno
(aprender), interagindo a transmissão e assimilação.
O ensino tem, portanto, como função principal assegurar o processo de transmissão e
assimilação dos conteúdos do saber escolar e, através desse processo, o desenvolvimento das
capacidades cognitivas dos alunos.
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O processo de ensino, ao mesmo tempo que realiza as tarefas da instrução de crianças e
jovens, é um processo de educação. O professor deve ter em mente a formação da personalidade dos
alunos. O caráter educativo do ensino está relacionado com os objetivos do ensino crítico, de uma
Didática crítico-social, pois não há como especificar objetivos imediatos do processo de ensino fora
de uma concepção de mundo, de métodos de investigação da realidade e de uma concepção
determinada de práxis pedagógica. Falamos de ensino crítico quando as tarefas de ensino e
aprendizagem, na sua especificidade, são encaminhadas no sentido de formar convicções, princípios
orientadores da atividade prática humana frente a problemas e desafios da realidade social. Ou, por
outras palavras, quando a aquisição de conhecimentos e habilidades e o desenvolvimento das
capacidades intelectuais propiciam a formação da consciência crítica dos alunos, na condição de
agentes ativos na transformação das relações sociais.
Conteúdos do saber escolar são:
 Os conhecimentos sistematizados, selecionados das bases das ciências e dos modos
de ação acumulados pela experiência social da humanidade e organizados para
serem ensinados na escola;
 Habilidades e hábitos, vinculados aos conhecimentos, incluindo métodos e
procedimentos de aprendizagem e de estudo;
 Atitudes e convicções, envolvendo modos de agir, de sentir e de enfrentar o mundo.
Capacidades cognoscitivas são:
 As energias mentais disponíveis nos indivíduos, ativadas e desenvolvidas no
processo de ensino, em estreita relação com os conhecimentos;
 O desenvolvimento das capacidades se verifica no decorrer do processo de
transmissão-assimilação de conhecimentos e é, ao mesmo tempo, condição para a
aquisição e aplicação dos conhecimentos;
 Exercitação dos sentidos, observação, percepção, compreensão, raciocínio,
memória, linguagem, vontade, etc.
Aprendizagem é:
 Casual: espontânea, surge naturalmente da interação entre as pessoas e com o
ambiente em que vivem, pela convivência social, pela observação de objetos e
acontecimentos, pelo contato com os meios de comunicação, leituras, etc., as
pessoas vão acumulando experiências, adquirindo conhecimentos, formando
atitudes e convicções;
 Organizada: tem por finalidade específica aprender determinados
conhecimentos, habilidades, normas de convivência social. Principalmente
escolar;
 Processo de assimilação de conhecimentos escolares por meio da atividade
própria do aluno;
 É suscitada pelos interesses e necessidades do aluno;
O estudo é:

A atividade cognoscitiva do aluno por meio de tarefas concretas e práticas, cuja
finalidade é a assimilação consciente de conhecimentos, habilidades e hábitos,
sob direção do professor;
Sobre o estudo ativo:
 As atividades de estudo somente têm relevância se, gradativamente, forem
transformando-se em atividade interna, como instrumentos do pensamento
(estudo ativo);
9


O estudo ativo consiste, pois, de atividades dos alunos nas tarefas de observação
e compreensão de fatos da vida diária ligados à matéria, no comportamento de
atenção à explicação do professor, na conversação entre professor e alunos da
classe, nos exercícios, no trabalho de discussão em grupo, no estudo dirigido
individual, nas tarefas de casa, etc.
Envolve uma série de procedimentos que visam despertar nos alunos habilidades
e hábitos de caráter permanente, tais como: fazer anotações no caderno; usar o
livro didático, enciclopédias, etc.; observação de objetos, fenômenos, etc.;
interpretações de texto; consulta a mapas, dentre outras;
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Unidades VI. OS OBJETIVOS E CONTEÚDOS DE ENSINO
Os objetivos educacionais têm, pelo menos, três referências para sua formulação:
1. os valores e ideais proclamados na legislação educacional e que expressam os
propósitos das forças políticas dominantes no sistema social;
2. os conteúdos básicos das ciências, produzidos e elaborados no decurso da prática
social da humanidade;
3. as necessidades e expectativas de formação cultural exigidas pela população
majoritária da sociedade, decorrentes das condições concretas de vida e de trabalho e
das lutas pela democratização.
Os objetivos gerais expressam propósitos mais amplos acerca do papel da escola e do ensino
diante das exigências postas pela realidade social e diante do desenvolvimento da personalidade dos
alunos. Os objetivos específicos são de cada matéria de ensino, conforme os graus escolares e níveis
de idade do alunos. Determinam exigências e resultados esperados da atividade dos alunos,
referentes a conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções cuja aquisição e desenvolvimento
ocorrem no processo de transmissão e assimilação ativa das matérias de estudo.
Conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos
valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista
a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida.
Conhecimentos sistematizados são a base da instrução e do ensino, os objetos de assimilação
e meio indispensável para o desenvolvimento global da personalidade. A aquisição e o domínio dos
conhecimentos são condições prévias para os demais elementos dos conteúdos de ensino serem
assimilados. São conceitos, termos, fatos e fenômeno da ciência, do cotidiano, leis fundamentais,
métodos de estudo da ciência e história da sua elaboração, etc. todos conexos com a matéria em si.
Habilidades são qualidades intelectuais necessárias para a atividade mental no processo de
assimilação de conhecimentos. Hábitos são modos de agir relativamente automatizados que tornam
mais eficaz o estudo ativo e independente.
Atitudes e convicções se referem a modos de agir, de sentir e de se posicionar frente às
tarefas da vida social. Orientam, portanto, a tomada de decisões pessoais frente a situações
concretas.
Critérios de seleção de conteúdos
1. Correspondência entre objetivos gerais e conteúdos
2. Caráter científico
3. Caráter sistemático
4. Relevância social
5. Acessibilidade e solidez
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