Relatório do Evento
II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde d
Homem:[A vida que eu levo... Deixo a vida me levar: Interlocuções no cuidado à saúd
homem.]
Porto Alegre, 13 e 14 agosto de 2013
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Sumário
Apresentação
1. Avanços e desafios atuais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
(Francisco Norberto Moreira da Silva/Saúde do Homem – Ministério da Saúde)...................4
2. Cultura e Saúde do Homem: Apresentação ONG Alvo Cultural …...........................10
3. “No encontro com a cidade: masculinidades e produção de saúde.” (Stelamaris Tinoco,
pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero FACED/UFRGS).........11
4. “Masculinidades: trabalho e itinerâncias.” (Priscila Detoni, Doutoranda no Núcleo de
Relações de Gênero e sexualidade da Psicologia Social da UFRGS) ….......................................13
5. Mesa Redonda “Com a palavra, os homens”: relatos sobre o acesso ao cuidado em
saúde. ….........................................................................................................................17
Considerações da MediadoraFernanda Bassani (Coordenadora da Juventude da
Superintendência dos Serviços Penitenciários/SUSEPE).............................................................19
Relato de experiência do usuário de saúde Rodrigo Sabiáh........................................................20
6. A saúde do homem nas práticas de cuidado: relatos de experiências dos
municípios......................................................................................................................37
Bagé
Boa Vista do Cadeado
Bom princípio
Teutônia
Caxias do Sul
Porto Alegre
Rio Grande
Santiago do Sul
São José do Sul
São Valério do Sul
Canoas
7. “E agora José?”Sistematização dos encaminhamentos para construção de uma Agenda da
Política da Saúde do Homem no Estado do RS com as Macrorregiões/Coordenadorias
Regionais de Saúde e Municípios..............................................................................................44
8. Considerações sobre o Evento e recomendações as CRS’s e Municípios................................47
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Apresentação
A Coordenação Estadual da Saúde do Homem do Rio Grande do Sul tem muito a
contribuir com a saúde dos gaúchos homens que somam mais de três milhões de
cidadãos ente 20 e 59 anos. A Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do Homem,
visando qualificar a atenção à saúde a esta população, com base no cuidado integral e
interdisciplinar à saúde, realizou o II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à
Saúde do Homem: “A vida que eu levo... Deixo a vida me levar: Interlocuções no cuidado à
saúde do homem”, que ocorreu no Hotel Embaixador, nos dias 13 e 14 de agosto de 2013.
Este evento é fruto do Plano de Ação Estadual da Saúde do Homem, recémaprovado pelo Conselho Estadual de Saúde/RS, RESOLUÇÃO Nº 04/2013 que prevê ações
de sensibilização, de implantação e de implementação de ações voltada à saúde do
homem com ênfase na Atenção Básica em Saúde. A fim de refletir acerca das múltiplas
demandas de saúde dos homens e as possíveis estratégias de produção de cuidado em
saúde, de acordo com as diretrizes nacionais da PNAISH e estaduais da PEAISH, tornou-se
imprescindível propor um espaço de sensibilização, informação e troca de conhecimentos,
com vistas a instituir debates para uma agenda política com as Coordenadorias Regionais
de Saúde, Municípios e entidades civis, orientada para a implementação e
acompanhamento de ações de cuidado em saúde integral ao homem no Estado do RS.
Este Seminário contou com a participação dos municípios, não apenas no caráter
de ouvintes, mas também como painelistas de suas experiências atreladas à saúde do
homem. Também tiveram assento, pesquisas acadêmicas sobre masculinidades e saúde,
entidades civis como a ONG Alvo Cultural, outros setores da saúde, intersecretarias, como
a Secretaria de Segurança Pública e não menos importante, a representação de usuário da
saúde. Enquanto painelistas da gestão em saúde, além da Coordenação Estadual da Saúde
do homem, tivemos a representação da saúde do homem pelo Ministério da Saúde e
representação da direção do Departamento de Ações em Saúde (DAS), Sandra Fagundes.
Participaram da mesa de abertura: Representante da Saúde do Homem do Ministério da
Saúde, Francisco Norberto Moreira da Silva; Representante da Assembleia Legislativa,
Deputado Estadual Carlos Gomes; Representante Estadual da Política de Saúde do
Homem, Carlos Antônio da Silva e Representante de Entidade da Sociedade Civil, Enilda
Ferreira do INPRÓS.
O último momento do evento centrou-se na discussão e sistematização dos
encaminhamentos para construção de uma Agenda da Política da Saúde do Homem no
Estado do RS com as Macrorregiões/Coordenadorias Regionais de Saúdee Municípios.
Alguns destes encaminhamentos já estão sendo implantados pela gestão estadual, como
planejamento e execução de Apoio Institucional descentralizado em diversas regionais e
municípios, participação em campanhas de saúde e eventos significativos para a inserção
da saúde do homem nos municípios. Também estamos propondo espaços de interlocução
com a sociedade civil; de disseminação e reflexão sobre a saúde do homem.
Este relatório visa materializar a memória das principais discussões ocorridas no II
Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem. Pretende-se com
isto contribuir na difusão das reflexões ocorridas neste evento e na consolidação da saúde
do homem na agenda estadual e municipal do RS.
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
1. Avanços e desafios atuais da Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde do Homem ( Francisco Norberto Moreira da Silva/Saúde do Homem
– Ministério da Saúde).
A apresentação foi feita de maneira a explicar a Politica Nacional de Saúde do
Homem, bem como seu marco regulatório e os desdobramentos que tem acontecido a
partir de então na inter-relação com a área técnica de saúde do homem, com outras
áreas do Ministério da Saúde (saúde do trabalhador, saúde da mulher, saúde do idoso,
DST e hepatites e programa nacional de imunização) e para além do ministério como
Secretaria de Portos da Presidência da República, Policia Rodoviária Federal e Centro
de Referência em Saúde do Trabalhador.
A PORTARIA Nº 1.944, DE 27 DE AGOSTO DE 2009 institui a Politica Nacional de
saúde do Homem com a seguinte Diretriz: Promover ações de saúde que contribuam
significativamente para a compreensão da realidade singular masculina nos seus
diversos contextos sócio-culturais e político-econômicos, respeitando os diferentes
níveis de desenvolvimento e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão
de Estados e Municípios.
Ainda foi possível mostrar as linhas de ação que tem sido propostas pela área técnica
de saúde do homem conforme o seguinte desenho:
 Criar estratégias para sensibilizar e atrair por meio de ações ampliadas (em
diferentes espaços da comunidade, onde os homens estão) e da reconfiguração
de estruturas e práticas da ESF/APS, com especial foco na sensibilização e
capacitação da equipe de saúde;
 Definir estratégias contextualizadas com base no reconhecimento
dadiversidade (idade, condição sócio-econômica, local de moradia, diferenças
regionais e de raça/etnia, deficiência física e/ou mental, orientação sexual e
identidades de gênero, entre outras;
 Desenvolver campanhas sobre a importância dos homens cuidarem da saúde,
tendo como público alvo, homens, mulheres e profissionais de saúde.
 Criar estratégias para sensibilizar e atrair por meio de ações ampliadas (em
diferentes espaços da comunidade, onde os homens estão) e da reconfiguração
de estruturas e práticas da ESF/APS, com especial foco na sensibilização e
capacitação da equipe de saúde;
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
É importante frisar que essas linhas de ações possuem uma importante interface com o
programa de melhoria do acesso com qualidade conhecido como PMAQ, a exemplo
disso temos os seguintes interesses:
 O Padrão da atenção integral à saúde do homem no PMAQ pressupõe:
 Existência de cadastro atualizado da população masculina do território;
 Busca ativa pela equipe de saúde para a realização de pelo menos uma
consulta/ano aos homens de 20 a 59 anos;
 Oferta de atendimento em horários alternativos adequados para a população
masculina;
 Ações de orientação e sensibilização da população masculina de 40 a 59 anos
quanto as medidas disponíveis para detecção precoce do câncer de próstata em
pacientes sintomáticos e disfunção erétil, entre outros agravos do aparelho
geniturinário;
 Incorporação dos homens nas ações e atividades educativas voltadas para o
planejamento familiar;
 Ampliação da participação paterna no pré-natal, parto, puerpério e no
crescimento e desenvolvimento da criança;
 Oferta de exames previstos para os homens que participam do pré-natal
masculino;
 Ações de identificação, acolhimento e encaminhamento de situações de
violência envolvendo homens; e,
 Ações educativas para a prevenção de violências e acidentes, e uso de álcool e
outras drogas voltadas para a população masculina.
Outro aspecto importante da politica é que ela se desdobra em eixos temáticos entre
eles pode-se citar:
1. Acesso e Acolhimento
2. Saúde Sexual e Reprodutiva
3. Paternidade e Cuidado
4. Prevenção de Violências e Acidentes
5. Doenças crônicas
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
1. ACESSO E ACOLHIMENTO
 Estratégias para o ACESSO
 Busca ativa;
 Visibilidade da oferta de serviços à população masculina;
 Considerar aspectos culturais para a construção de ações locais;
 Rodas de Conversa;
 Ampliação horários alternativos;
 Ambiências.
1.1Estratégias para o ACOLHIMENTO
 Qualificação e sensibilização dos profissionais para receber esses homens,
fomentando a melhora da abordagem a população masculina;
 Criar espaços favoráveis a recepção dos homens;
 Horários estendidos de atendimento;
 Captação passiva (aproveitar a chegada desse homem na unidade de Saúde
como acompanhante e o captar);
 Reorganizar a rede, na perspectiva de garantir a referência e contra referência;
 Ir onde o homem está (espaços com grande contingente masculinos),
realizando ações de educação em saúde (canteiro de obras, bares etc);
 Uso da mídia como propagador das ações masculinas realizadas;
 Potencializar a parceria com o controle social.
1.2 Estratégias para o ACESSO
 Busca ativa;
 Visibilidade da oferta de serviços à população masculina;
 Considerar aspectos culturais para a construção de ações locais;
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
 Rodas de Conversa;
 Ampliação horários alternativos;
 Ambiências.
2. SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
 Ampliar o conhecimento e participação dos homens no planejamento familiar;
 Ampliar a participação do homem no processo de escolha dos métodos
anticonceptivos ;
 Aumentar o número de vasectomias ambulatoriais;
 Informar o público masculino seu direito a realizar a vasectomia, bem como
conhecer os meios para realização dessa cirurgia, fortalecendo assim a Lei nº
9.263, de 12 de janeiro de 1996;
 Contribuir para acesso da população masculina aos métodos de reprodução
humana assistida nos casos de infertilidade masculina e/ou do casal;
 Aumentar ações de prevenção de DST/AIDS nas unidades de saúde;
 Criação de espaços de discussão e esclarecimentos sobre agravos relacionados
a saúde sexual e reprodutiva, por exemplo: disfunção erétil, ejaculação precoce,
HPB (Hiperplasia Benigna da Próstata), Câncer de Pênis, Câncer de Próstata;
 Desenvolver ações de vigilância, diagnóstico e tratamento de todos os casos de
sífilis, na gestante e seu parceiro, com objetivo de reduzir o número de casos de
sífilis congênita na população.
3.PATERNIDADE E CUIDADO
 Promova junto à equipe a reflexão sobre temas relacionados às masculinidades,
cuidado paterno e metodologias para trabalho com homens;
 Incluir os homens e pais nas rotinas dos serviços e convidá-los para as
consultas, exames e atividades de grupo relacionadas ao cuidado com seus
filhos e parceiras, tais como contracepção, teste de gravidez e
acompanhamento pediátrico;
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
 Facilitar a presença dos pais nas enfermarias, acompanhando seus filhos
internados;
 Incentivar a participação dos pais no pré-natal, parto e pós-parto e dar a eles
tarefas significativas, como cortar o cordão umbilical e/ou dar o primeiro
banho. Divulgar o direito deles acompanharem o parto;
 Promover com os homens atividades educativas que discutam temas
relacionados ao cuidado, numa perspectiva de gênero;
 Propor adaptações no ambiente de modo a favorecer a presença dos homens,
tais como cadeiras, camas, banheiros masculinos, divisórias, cartazes e revistas;
 Dar visibilidade ao tema do cuidado paterno, incluindo-o nas diferentes
atividades educativas realizadas pela unidade, como: contracepção, pré-natal,
aleitamento, grupos de adolescentes, pais e idosos;
 Oferecer horários alternativos, tais como sábados e terceiro turno, para
consultas, atividades de grupo e visitas às enfermarias, a fim de facilitar a
presença dos pais que trabalham;
 Estabeleça parcerias com a comunidade para fortalecer a rede de apoio social;
 Traçar estratégias para que o homem faça exames de rotina no momento que
está acompanhando a gestante (Pré-Natal) por exemplo: VDRL, HIV, hepatite B,
glicemia, hemograma, lipidograma) ;
 UNIDADE PARCEIRA DO PAI.
4.PREVENÇÃO VIOLÊNCIAS E ACIDENTES
 Sensibilização e articulação com órgãos como: Polícia Rodoviária, DENATRAN e
DETRAN com intuito de prevenção e conscientização sobre Acidentes de
Trânsito e transporte;
 Sensibilização e articulação para prevenção de Acidentes de Trabalho com
órgãos como área Saúde do Trabalhador, Secretaria do Trabalho e instituições
onde há um quantitativo significante de público masculino em seu território.
 Sensibilização e articulação para prevenção Violência Urbana, Doméstica e
Familiar com órgãos como Policias, Ministério Público e Poder Judiciário;
 Sensibilização e articulação com áreas como Saúde Mental, Policias para
prevenção de Suicídio;
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
 Sensibilização em relação aos Direitos Sexuais que incluem: direito de viver a
sexualidade no respeito e na justiça; direito a escolher o parceiro sexual sem
discriminações; direito ao respeito pleno pela integridade corporal; direito de
optar por ser ou não sexualmente ativa; direito de ser livre e autônoma para
expressar.
Com as seguintes AÇÕES PRIORITÁRIAS
 Revisão e atualização da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
do Homem
 Confecção do CAB Saúde do Homem- Caderno de Atenção Básica e
validação da cartilha de saúde do homem.
 Confecção de Material Educativo sobre Saúde do Homem e eixos
temáticos
 Apoio institucional aos Munícipios e Estados
 Acordo de cooperação técnica com a Polícia Rodoviária Federal
 Ações com a população portuária conforme acordo de cooperação
técnica entre MS e SEP
O evento foi proveitoso para poder ouvir os municípios e entender que
ações estão sendo realizadas em cada local, e verificar como a área
técnica de saúde do homem pode contribuir com esse processo por
meio de orientar os planos de ações a partir das diretrizes que estão
centradas na politica.
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
2. Cultura e Saúde do Homem: Apresentação ONG Alvo Cultural (Jean
Andrade)
ALVO CULTURAL E A INICIATIVA CULTURA E SAÚDE
A Alvo Cultural surgiu em 2005, formado por oficineiros e oficinandos após o
encerramento do projeto social Cidadania em Movimento que era realizado em uma
creche no bairro COHAB Rubem Berta, região que desde 2002 possui o maior índice de
assassinatos de jovens do RS, localizado na zona norte da capital gaúcha. A ideia inicial
era criar asas, ter independência, sem precisar depender de entidades que não
entendiam daquela cultura ou não tinham o interesse pela temática de juventude. Em
2006 lançaram na internet um dos primeiros portais de hip hop do Brasil, o site
Alvovirtual.com com o objetivo de divulgar seus trabalhos e fortalecer a cena da
cultura do hip hop, espalhando para o mundo a produção local. O trabalho chamou a
atenção de veículos de mídia na época e com o passar dos anos a entidade percebeu
que a cultura é um elemento fundamental não só na prevenção do uso de drogas
quanto no tratamento da dependência química e começou a realizar projetos sociais
com esse objetivo.
Dentro das periferias, a baixo autoestima leva homens jovens e adultos ao
caminho do consumo de álcool e outras drogas; nessa perspectiva, a Alvo trabalha com
projetos ligados a cultura e saúde pois o jovem que aprende e produz música, dança ou
pratica algum esporte como o skate tem mais chances de sobressair sua adolescência
sem a utilização de drogas, caminho que o leva diretamente para a criminalidade,
especialmente o tráfico de drogas já enraizado nessas comunidades.
Em 2009 a Alvo, a convite da Superintendência de Serviços Penitenciários
começa a realizar oficinas de hip hop nos presídios, a iniciativa tem o nome de Mc’s
Para Paz (Multiplicadores de Cidadania Para Paz) com o objetivo de melhorar o
atendimento psicossocial desenvolvido pela autarquia e a linguagem do hip hop,
através das expressões como as letras do rap, se tornam a via de acesso às
problemáticas enfrentadas por aqueles jovens presos. Desde lá, a Alvo vem
trabalhando com grupos em cinco presídios gaúchos, e conta com inúmeras histórias
de ressocialização conquistada por esses jovens, o que leva a crer que esse projeto
deva ser fortalecido e ampliado, criando condições a um número maior de jovens
detentos. A cultura e saúde neste aspecto são fundamentais pelo seu baixo custobenefício em relação aos tratamentos penais convencionais e pelo alto grau de
ressocialização, pois se sabe bem que no Brasil existe um enorme índice de
reincidência.
Em 2010, a Alvo entra para a Rede de Pontos de Cultura e Saúde do Grupo
Hospitalar Conceição. Nesta rede tem-se contato com outras entidades e projetos
relacionados a melhoria da saúde através da cultura. Nesta rede, o SUS tem importante
papel na promoção das linguagens que promovam a humanização e resignificação do
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
cuidado em saúde, pois muitos dos problemas de saúde do bairro Rubem Berta são
gerados por falta de uma vida social saudável, alto consumo de álcool e outras drogas,
pouca autoestima, discriminação social e racial, falta de equipamentos culturais e de
lazer e de ações que motivem a população a seguir com uma vida mais plena no saber
e fazer cultural. A cultura e saúde ampliam e qualificam os processos de promoção
reconhecendo o ser humano como ser integral, a saúde como qualidade de vida e a
cultura como o espaço em que o homem se realiza em todas as suas manifestações.
No ano de 2013 a entidade completou oito anos de atuação, ganhou uma
homenagem da Assembléia Legislativa do RS e da Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
e o seu currículo conta com muitas histórias de superação vivenciadas pelos seus
gestores e beneficiários, alguns inclusive compõe o atual quadro de educadores
culturais. Para celebrar foi realizado um grande evento no Parque Marinha do Brasil
que contou com a participação de milhares de pessoas e diversos coletivos culturais
gaúchos, colaboradores, parceiros e entidades que vem a Alvo como uma das mais
importantes iniciativas de jovens do nosso estado. O desafio agora é ampliar os
projetos e implantar processos de gestão mais eficientes e transparentes para tanto a
organização recebeu uma assessoria empresarial que ajudará a entidade otimizar
recursos e ampliar a rede de apoio.
Para conhecer mais sobre os trabalhos da Alvo Cultural acesse www.alvovirtual.com
3. “No encontro com a cidade: masculinidades e produção de saúde.”
(Stelamaris Tinoco, pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação e
Relações de GêneroFACED/UFRGS)
StelamarisGlück Tinoco
Mestranda em Educação – FACED/UFRGS
Pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação
e Relações de Gênero (GEERGE) – FACED/UFRGS
[email protected]
As reflexões que trago partem de meu tema de pesquisa em educação, onde
acompanho a itinerância de homens egressos de internação de longa permanência em
hospital psiquiátrico e seu encontro com a cidade. Repouso o olhar sobre as
construções de masculinidades destes homens quando adentram o espaço urbano e se
misturam na paisagem, sendo mais um, escapando aos olhares tutelares do cuidado e
ao duplo interdito: diagnóstico e legal. Encontros que trazem a potência de vida do
fervilhar cotidiano da cidade e tecem outras nomeações e narrativas sobre estes
sujeitos, para além da impossibilidade que por muito tempo os habitou.
Enquanto pesquisadora, tenho importante implicação com o campo de
pesquisa por ser um corpo-trabalhadora que transita entre a assistência, a gestão e o
ensino, entre o Hospital Psiquiátrico São Pedro, os Serviços Residenciais Terapêuticos
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Morada São Pedro e a Vila São Pedro (antigamente nominada Cachorro Sentado), onde
se alocam estes serviços. Esta itinerância que também é minha como trabalhadora,
acompanhando estas vidas no acontecer cotidiano, possibilitou olhar para as
construções de gênero de corpos-homens-loucos e corpos-mulheres-trabalhadoras no
exercício do cuidado em saúde mental.
Estes
corpos-homens-loucos,
antecedidos
por
um
diagnóstico,
naturalizadamente lidos pela impossibilidade, olhados como abjetos, perigosos, com
suas masculinidades deficitárias e discursos não validados socialmente, historicamente
desfilaram seus corpos como sombras que habitam o recôndito das clausuras.
Tomo a loucura, como as masculinidades, estas no plural, por considerar estas
duas instâncias como construções culturais que estão sob lógicas operantes e
funcionando como verdades, num determinado contexto geopolítico. A loucura com
seus aparatos de tratamento é fruto de produções sociais que vão se atualizando,
transformando conforme os regimes de verdade validados. Nem loucura, nem
masculinidades são naturalmente dadas em nossos corpos-vidas. Somos
construídos/as como loucos/as, homens, mulheres. Somos ensinados/as a sermos o
que somos.
No território da vila que vou me permitir nominar por seu antigo nome,
porque é ainda muito chamada de Vila Cachorro Sentado, uma vila de ocupação,
reconhecida pela precariedade, a vida pulsa intensamente, numa produção colorida de
vida onde se misturam cheiros, risos, tiros, violência, festa, crianças brincando, indo à
escola, gente trabalhando, abraços e loucuras. Nesta comunidade e dela para a
amplitude da cidade os corpos-homens-loucos circulam em esbarrões de corpos que se
encontram, se afetam e se modificam. Estes homens se misturam às gentes do lugar, se
inserem nas redes de trocas, compram fiado no armazém, batem papo nas esquinas,
pedem favores e ajudam os vizinhos/as, vão ao mercado, pagam suas contas, tecendo
laços de pertencimento e construindo uma narrativa outra sobre si, narrativas de
outras masculinidades possíveis, viáveis, que não as da deficiência, menos válidas ou
infantilizadas... Vão borrando estas fronteiras num câmbio e entrelaçamento de
identidades. Aos poucos não mais apenas o louco, mas também homem, também
pobre, também vizinho, mais um no anonimato do território.
Da periculosidade, feiura, abjeção que lhe imputa o olhar social formado
numa lógica de estética do que é bonito e saudável, vão se produzindo outros
conceitos de saúde. Uma produção de saúde também a partir destas masculinidades
viáveis.
E, trazendo desta discussão contribuições para a construção da política de
saúde do homem, penso que centralmente é preciso problematizar a dureza da
construção do masculino, onde se exige uma recusa do sensível, uma resposta ao
chamamento à violência/virilidade como formas de afirmação de uma masculinidade
(única) válida. É urgente discutir a validação de várias masculinidades possíveis, onde
os corpos caibam, onde a singularidade de cada história tenha lugar. Ou seja, as
práticas de cuidado em saúde precisam estar coladas a uma escuta sensível, destituída
ao máximo de nossas próprias moralidades e centrada no que faz sentido para os
sujeitos, em sua história de vida, em seu território.
A questão da violência vinculada ao masculino, evidenciada estatisticamente,
inclusive a violência contra as mulheres, tem raízes profundas na construção social dos
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
atributos da masculinidade. Há um pedido de que homens se constituam como fortes,
duros, demonstrando agressividade, até mesmo certa brutalidade em suas relações.
Este é um conceito em mutação, mas que ainda prevalece em algumas culturas, e
constitui no imaginário social provas de masculinidade, virilidade.
Desde muito cedo é pedido aos meninos que provem sua macheza através de
movimentos bruscos, demonstrações de força e competitividade. É pedido que
suportem as dores/sentimentos e não sejam dadas demonstrações de fragilidade, o
que colocaria suas masculinidades em suspeição.
O limite entre força e violência na idade adulta fica muitas vezes bastante
tênue, permitindo facilmente um deslizar da força à violência e ao crime, e aí o sujeito
responde individualmente, sem que a sociedade se coloque coautora destas
produções. Um trabalho em rede, que se paute por produzir novos sentidos de vida,
outras subjetivações menos duras e que desnaturalize este lugar de uma masculinidade
hegemônica, que aprisiona os corpos e exclui os que não se enquadram nas
categorizações sociais, pode ser mais produtor de saúde.
A política da saúde do homem precisa se ocupar de pensar estratégias de
trazer esta população para discutir suas demandas e serem olhados por lentes mais
ampliadas, pensando outros sentidos de vida, e, principalmente, tomar as
masculinidades como construções sociais e, portanto, mutáveis, devendo ser colocadas
em questão para que os sujeitos possam transitar neste campo com menos sofrimento.
É preciso reinventar jeitos de trabalhar, deseducar, reeducando os nossos olhares,
ampliar nossa disponibilidade ao encontro, acolhendo o que o outro traz num processo
de duplo aprender.
E, finalizando, precisamos ser criativos/as na construção de novas estratégias
em saúde pública, transformando seu caráter muitas vezes homogeneizante de olhar
populações para que se olhem sujeitos singulares, portadores de histórias recheadas
de sentidos. Inclusive os tantos outros sujeitos invisibilizados como os que habitam as
prisões, manicômios, clínicas... Enfim, puxo o olhar também para quem não habita
territórios definidos, o que convoca a discutir melhor as questões de diversidade
sexual, campo ainda nebuloso para as moralidades vigentes.
4. “Masculinidades: trabalho e itinerâncias.” (Priscila Detoni, Doutoranda
no Núcleo de Relações de Gênero e sexualidade da Psicologia Social da
UFRGS)
Priscila Pavan Detoni
Psicóloga CRP 07/16732
Doutoranda em Psicologia Social e Institucional – UFRGS
Membro do Nupsex – Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero e do
CRDH – Centro de Referência em Direitos Humanos, Relações de Gênero e Sexualidade
- http://www.nupsex.org/page1.aspx
Contato: [email protected]
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Quero agradecer a oportunidade de estar participando desse espaço de
informação e troca de conhecimentos, visamos instituir uma agenda política com as
Coordenadorias Regionais de Saúde, Municípios, profissionais de saúde e sociedade
civil, orientada para a implementação e acompanhamento de ações de cuidado em
saúde integral ao homem.
Então, minha contribuição será com o relato da minha experiência de pesquisa
de mestrado sobre a construção das masculinidades em um canteiro de obras entre os
Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Essa pesquisa buscou descrever como
são (re–des) construídas essas subjetividades masculinas, desde o processo de
mobilização para a vinda e instalação desses trabalhadores, a composição da cidade
temporária instalada no canteiro de obras até o processo de desmobilização. Esse
processo fala da itinerância desses homens interpelados como barrageiros. Itinerância
que reflete a situação de outros trabalhadores, como da construção civil, da área da
mineração; bem como os caminhoneiros, e os agricultores que migram para trabalham
nas colheitas de safras, o que é comum aqui no Rio Grande do Sul.
As análises realizadas nos dois anos de pesquisa no canteiro de obras, entre
2008 e 2010, através de observações e entrevistas compuseram-se de elementos que
tomam eixos os elementos fundamentais da edificação dessas masculinidades – a
atividade sexual;a relação com a prostituição; o trabalho pesado e arriscado ligado à
construção civil; a convivência nos alojamentos; a relação com as famílias; a
corporalidade, e as relações de amizade/solidariedade que se constroem no processo
de seguir barragens.
Cabe aqui focar na história da maioria dos homens trabalhadores– a necessidade
de trabalhar para sobreviver e na forma como a construção das masculinidades está
ligada a formas de violência e de resistir. Por isso, se pensarmos como se aprende a ser
homem, logo lembramos de frases como – “Homem não chora”, ou seja, não pode
ocupar um lugar que mereça cuidado e por isso, algumas masculinidades ficam nas
margens. Essas masculinidades que ocupam lugares marginais, não estão só no rol das
atividades de trabalho, mas também das formas como existem diferentes tipos de
homens e masculinidades, como os próprios pesquisados classificaram que existem os
mais machos (mais resistentes, fortes, corajosos e sexualmente insaciáveis), os menos
machos (trabalhadores e provedores) e aqueles que não querem ser machos (os
homens que não ocupam o status da heterossexualidade, como homossexuais,
bissexuais, transexuais) (DETONI, 2010).
O campo de pesquisa foi numa obra de médio porte composta por 3.500
trabalhadores/as diretos/as, e 5.000 indiretos/as, que vão e voltam diariamente de
ônibus das regiões próximas, sendo o trabalho dividido em três turnos de oito horas
(DETONI, 2010). A maioria dos homens que vinham para essa obra era trazida por
ônibus agenciados por um recrutador da construtora no nordeste ou através do SINE
(Sistema Nacional de Empregos), em especial dos estados do Piauí e do Maranhão,
onde o nível de desemprego e as condições socioeconômicas impulsionam a busca de
sustento em outras regiões, o que coloca a questão as falas de que os nordestinos
aguentariam mais o trabalho duro. O sujeitar-se ao trabalho duro também fala da falta
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
de escolarização da maioria desses trabalhadores, que muitas vezes não têm sequer
documentação de comprovação escolar ou identidade. Iniciando seu processo de
entrada de trabalho no canteiro de obra, pela cidadania oferecida pelos documentos
que nos dão um número e nos conferem um lugar de sujeito, bem como o
pertencimento ao gênero e a sexualidade que nos garante a possibilidade de sermos
sujeitos, conforme Michel Foucault e Judith Butler, autores em que estive
fundamentada.
Então, se um trabalhador nordestino que vem para o sul sem documentos ficasse
doente como poderia ser atendido pela rede de saúde dos municípios em que ele
trabalha? Essa era uma das problemáticas discutidas pelos profissionais de saúde que
trabalhavam no canteiro de obra, em especial da área da psicologia e do posto médico
de emergência.
Corremos o risco em falar de trajetórias de uma forma homogênea, o que pode
mutilar a complexidade das singularidades, entretanto sempre que possível, apontarei
para a diversidade de composição do grupo desses homens interpelados como
barrageiros, o que carrega em si estigmas e identificação desses sujeitos. Esses homens
eram identificados como não pertencendo ao processo de saúde e de responsabilidade
dos municípios, por ser ali um corpo de passagem. Então, eles não tinham acesso nos
espaços das Unidades Básicas de Saúde – UBSs, por que ainda existe uma dificuldade
do Sistema Único de Saúde – SUS em acolher aqueles sujeitos considerados
“passageiros” ou não pertencentes ao território.
O estigma em relação aos “barrageiros” produz o difícil acesso deles a saúde
pública dos municípios locais, bem como ao recebimento de medicamentos e
preservativos. Esse processo de exclusão é decorrente de um entendimento
equivocado da chamada “regionalização” do SUS, o qual teria como prioridade a
população local e não a itinerante. Tudo isso converge para aumentar a vulnerabilidade
do ser “barrageiro”, como se eles não fizessem parte da população. Afinal, sua origem
não é de nenhum dos municípios do contorno da obra e estes corpos/estas vidas são
tratados/as como passageiros/as, pois seu destino é “seguir barragem” (DETONI, 2010,
DETONI e NARDI, 2013).
Assim, escolhe-se quem deve ser privilegiado com a saúde/a vida: os poderes
reguladores de uma estrutura binária (oposição entre o corpo social e quem trabalha
pelo Estado) perpassam a sociedade e reinstalam a contra-história que deu origem ao
racismo. Os discursos biológicos/racistas propõem a necessidade de se defender a
sociedade contra os perigos de uma raça mais fraca, por isso elimina e segrega, como
forma de normalizar a sociedade. Os barrageiros, ao mesmo tempo em que são úteis
enquanto força de trabalho, não recebem a legitimidade plena de cidadania perante o
Estado por não estarem situados dentro de um lugar circunscrito.
Então retomo os questionamentos que cabem aos homens trabalhadores e
itinerantes: pertenceriam estes sujeitos ao acaso? Seriam necessárias políticas públicas
especificas para que “os barrageiros” se tornassem pelo menos uma “população
especial”, como outras que existem, e necessariamente precisam existir, dentro das
15
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
normas de Estado, para reivindicar os seus direitos (como as minorias sexuais e/ou
raciais)? Ou seja, o que é preciso fazer para que “os barrageiros” sejam considerados
população cidadã, para que seus direitos tenham legitimidade?
Que virilidade é essa onde ser faz necessário desenvolver tolerância às
condições adversas como as atividades que implicam risco, caso do trabalho em altura
ou em explosões, por exemplo? Durante o treinamento de segurança que acompanhei,
ouvi designarem o lugar da obra como “trash”1, por que na classificação de risco
associado às atividades laborais este lugar toma uma classificação que fica no topo 2.
Dejours abordou essa tolerância às adversidades como sendo uma estratégia de defesa
coletiva, bem como uma destas estratégias que figura a virilidade seria a negação dos
riscos. Como apresento nesta fala: “O trabalho em barragem é um pouco pesado,
pesado, tem uns setores que é mais né, nem tão pesado, tem acidente, é perigoso em
todo o lugar, mas daí a gente trabalha com segurança, daí os perigos são menores,
né?” (DETONI, 2010).
Então há uma precarização das vidas mascaradas por masculinidades, virilidades
que desafiam o uso dos Equipamentos de Proteção Individual – EPI´s, que vestem um
corpo não só com o uniforme de trabalho, mas com a história itinerante que se dá a
cada mobilização e desmobilização dos canteiros de obras e com as relações que ali se
estabelecem, as quais constroem possibilidades de ser homem. Apesar de existirem
modelos hegemônicos de masculinidades conectados à matriz heteronormativa, os
quais entram em tensão e se reformulam de acordo com os marcadores sociais em
questão (origem, escolaridade, idade), a época, o local e as relações que se
estabelecem dentro da continuidade e da estabilidade que se constrói na itinerância
dos/as seguidores/as de barragens. (DETONI, 2010, DETONI e NARDI, 2013).
Referências:
DETONI, P. P. "Seguir barragem”: (re - des) construções das masculinidades num canteiro de
obras de uma usina hidrelétrica. Dissertação de Mestrado em Psicologia Social e
Institucional. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, 2010.
DETONI, Priscila Pavan ; NARDI, H. C. . Masculinidades e Sexualidades em um Canteiro de
Obras. Revista de Estudos Universitários, v. 39, p. 31-52, 2013.
DETONI, Priscila Pavan ; NARDI, H. C. Construindo barragens e masculinidades: pesquisa em
Psicologia Social em um canteiro de obras de uma hidroelétrica na fronteira do RS-SC. In:
1
“Trash” significa perigoso, estranho, medonho.
2
Na classificação de agentes etiológicos de doenças como base no risco apresentado, uma
obra como a barragem ocupa a classe de risco 4, conforme aprendi no treinamento de
segurança do trabalho que participei durante esta pesquisa.
16
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Jáder Ferreira Leite, Magda Dimenstein. (Org.). Psicologia e contextos rurais. 1ed. Natal:
EDUFRN, 2013, v. 9, p. 245-272.
5. Mesa Redonda “Com a palavra, os homens”: relatos sobre o acesso ao
cuidado em saúde.
Considerações da Mediadora Fernanda Bassani (Coordenadora da
Juventude da Superintendência dos Serviços Penitenciários/SUSEPE)
O HOMEM JOVEM BRASILEIRO: APROXIMANDO OS CAMPOS DA SAÚDE E DA
SEGURANÇA PUBLICA
Fernanda Bassani Coordenadora da Juventude – Susepe/RS
Especialista em Segurança Cidadã – UFRGS
Mestre em Psicologia Social e Institucional- UFRGS
[email protected]
O homem jovem brasileiro é um sujeito social que, nos últimos anos, vem
forçando uma aproximação entre os campos da saúde e da segurança pública. Isso
porque, o homicídio, considerado o crime mais violento dentro do território penal,
assumiu também o lugar de principal causa de mortes de homens no país, superando
causas tradicionais como doenças do coração e acidentes vasculares cerebrais (fonte:
Viva- SUS/2010). Trata-se de uma realidade brasileira, tendo em vista que em países
vizinhos, como Uruguai e Argentina, o homicídio é apenas a 12º causa de mortes e na
Europa não passa do 50º lugar3.
Mesmo dentro do grupo mais atingido pela violência urbana, o dos homens, a
um subgrupo que sente de maneira mais intensa esses efeitos: o dos jovens. Em 2010,
por exemplo, quando foram registrados 49.900 homicidios, cerca de 70% das vítimas
possuiam entre 15 e 29 anos (Fonte: Mapa da Violencia 2011). O Mapa da Violência
2013, publicado recentemente4 informa que nos últimos 30 anos as mortes por
homicídios cresceram 326,1% e as principais vitimas consolidaram-se como sendo os
homens jovens. Estes também passaram a ocupar o primeiro lugar no ranking dos
mortos por acidentes de transito e suicídios.
3
Global Burden of Disease (GBD) – Carga Global de Doença, em português, publicada em 2013 pela
revista inglesa The Lancet e organizada pela Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, o Imperial
College, de Londres, e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
4
Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), com dados do Subsistema de Informação sobre
Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde
17
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Essa realidade causa prejuizos intensos em toda a sociedade, tendo em vista
que os jovens constituem o grupo social que deveria estar assumindo seu lugar na
economia e no sustento da familia. Ao contrário disso, estão engrossando as população
prisionais e estatísticas de mortes, produzindo o esfacelamento de familias pobres que
lutam para sobreviver em meio a exclusão social. Por conta do crescimento das mortes
por homícidio, que tem superado os indices de países em guerra, e pelo fato delas
possuirem um perfil de vitima fixo – jovem, preto e pobre – esse processo tem sido
chamado pelos movimentos sociais do Brasil de extermínio da juventude.
Os jovens assassinados são em sua maioria pobres, moradores de comunidades
periféricas, que não concluíram o ensino fundamental e encontram-se a margem do
mercado formal de trabalho. Atuavam em atividades informais variadas (vendedores
ambulantes, serventes de pedreiro, autônomos, etc) ou em atividades criminais, como
o tráfico de drogas. A própria oscilação de práticas laborais autônomas com práticas
criminais é um cotidiano comum de muitos deles, pressionados pela necessidade de
auto-sustento, a baixa escolarização e as subjetividades capitalistas, que demandam o
consumo permanente. Sabe-se que a adolescência é uma fase da vida em que se
amplia a vulnerabilidade aos valores capitalistas, veiculados em meios de comunicação
que pregam um padrão rígido de inclusão – o mesmo tênis Nike Shok divulgado e
desejado pelo jovem rico é ambicionado pelo jovem de periferia. No universo da
periferia, frequentemente a inclusão no tráfico de drogas aparece como alternativa
rápida e eficiente, para alcançar os ganhos julgados necessários. Também a outro
caminho de inclusão na criminalidade: o do uso de drogas. É comum jovens
dependentes químicos, em especial de crack, realizarem pequenas atividades de tráfico
recebendo como pagamento a própria droga para o consumo.
O crescimento do aprisionamento de jovens por trafico de drogas nos últimos
anos, dá uma boa medida dessa realidade. No Presídio Central de Porto Alegre, por
exemplo, considerada a maior casa prisional da América Latina, com 4300 homens,
65% possui entre 18 e 29 anos e 70% está preso por tráfico de drogas. Este contexto é
intensificado por tratar-se de uma casa de prisão provisória, onde são abrigados os
presos logo após a sua apreensão. Muitos deles, portanto, não ficarão presos,
respondendo o processo em liberdade, mas por passarem pelo sistema prisional
constituirão comprometimentos com facções prisionais que deverão ser honradas
quando em liberdade. Assim se fortalece um ciclo criminal que iniciou com o uso de
drogas ou com uma atividade ocasional de tráfico “para um dinheiro rápido” , passou
por “rixas” e cobranças e culminará em uma carreira criminal ou na morte por
homicidio. É por isso que se diz que em grande parte o processo de exterminio apoiase na equação “ jovem matando jovem”.
A questão racial, sobretudo no que concerne ao racismo institucional operado
pelas policias, é também responsável pelo processo de exterminio da juventude. Nos
últimos anos, políticas publicas voltadas ao publico jovem de periferia (Ex; Pronasci do
MJ) conseguiram reduzir os índices de homicídios de jovens em 20%, mas somente
entre os brancos. No mesmo período o índice de mortes de jovens negros aumentou
18
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
em 30%. O “racismo institucional” é um tema debatido por autores como Silvério 5
(2002) e fala de escolhas subjetivas das forças policiais que fazem com que seus
representantes identifiquem alguns jovens como “indivíduos suspeitos”. Processo que
faz com que alguns sejam encaminhados para o “paredão” ou revista minuciosa,
enquanto outros são identificados como inofensivos. Nesses casos, a dupla “calças
largas e boné”, associada ao tipo de cabelo, e outros elementos típicos de culturas de
periferia, como o hip hop e o funk, também podem ser confundidos como “sinais de
bandidagem”. Tratam-se de escolhas pessoais, amparadas em estereótipos sociais que
tem no racismo um importante pilar de apoio. As mortes de jovens por forças policias,
muitas vezes, aparecem nas estatísticas como “autos de resistência”, uma espécie de
recurso jurídico que protege o policial ao dizer que o assassinato foi a ultima opção
diante da resistência do jovem à abordagem.
A aproximação entre os campos da saúde e segurança pública proporcionado
pelo crescimento dos homicidios de jovens é um processo recente e complexo. Requer
um debate que envolva ainda o papel da escola e da família, dissolvendo os limites dos
“especialismos” ciêntíficos e de políticas públicas. Isso porque o jovem não morre
quando leva um tiro, mas dia-a-dia, nas diversas situações em que é excluído, pela
família, escola, por sua condição social, cor de pele e endereço. Morre um pouco, cada
vez que é agredido, escolhido para compor o paredão e assim, empurrado para a
violência criminal e, finalmente, para a morte física. Esse itinerário de exclusão e
criminalização precisa ser melhor compreendido pelo campo da saude pública, afim de
contribuir para a mudança desse cenário.
Relato de experiência do usuário de saúde Rodrigo Sabiáh
A saúde que tive que tratar durante anos foi a mental, durante muito tempo
teve que saber lidar com essa doença da qual tomou conta da minha cabeça e do meu
coração. Pelo fato de eu me encontrar preso tive que saber lidar com a carência, a
saudade e a depressão.
A carência da minha família, daquele pouco de carinho, de alguém para
conversar. A saudade da família, amigos e do mundo lá fora, mundo que sempre fiz
parte e por consequência dos meus erros tive que me ausentar e por consequência
disso tudo acabei ficando deprimido, a depressão acabou com o meu humor e com a
minha alegria e essa depressão acabou refletindo nas pessoas em minha volta,
principalmente na minha mãe. Conseqüentemente, ela começou a ficar triste por mim
e comigo.
O meu psicológico foi muito afetado com toda essa mudança na minha vida e
daqui a pouco eu tive que cair na real e procura alguma maneira de fugir de tudo
aquilo.Tive que busca alternativas principalmente para fugir daquele ambiente hostil
SILVÉRIO, Valter Roberto. Cadernos de Pesquisa nº117 (2002)
5
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
em que me encontrava. Não foi nada fácil, no início eu não conseguia assistir TV, nem
ouvir rádio, isso me deixava pior pelo fato de eu não poder fazer parte desse mundo.
Mas um dia apareceu do nada um livro na minha frente e pela primeira vez me
senti atraído pela leitura, apesar de toda aquela turbulência eu consegui me
concentrar na minha leitura e pela primeira vez na minha vida consegui ler um livro de
capa; entrei para dentro daquele livro de tal forma que me senti muitas vezes um dos
personagens daquela história.
Bom, descobri então a forma, a arma para fugir de tudo aquilo, consegui ter um
momento meu, consegui pensar e refletir a respeito de tudo e quando eu me via em
um estado de melancolia eu lia e a leitura me tirava dali e me levava para longe, bem
longe.
Com o tempo acabei descobrindo um dom que jamais imaginei que eu tinha,
com a leitura. Desenvolvi o dom da escrita, e a escrita foi uma nova ferramenta, pois
através da escrita pude expor meus sentimentos e passar para o papel tudo aquilo que
eu vivia e vivenciava diariamente. Com a ajuda da leitura, e da minha experiência diária
passei a escrever versos e poesias, foi tudo que eu estava precisando e com essa
riqueza literária consegui transformar tudo aquilo de ruim que eu estava vivenciando
em coisas boas.
Mas ainda me faltava algo, ou alguém pra eu ler e discutir a respeito do que eu
escrevia e pensava, eu tinha a minha mão como ouvinte, mas não era a mesma coisa, e
nunca vi ninguém naquele ambiente que eu pudesse ler e discutir algo a respeito. Foi
quando por vontade própria eu busquei uma ajuda psicológica, alguém que me ajudou
muito em todos os aspectos, e ajudou com as minhas leituras, encontrei alguém para
me escutar,para me orientar sobre as minhas escritas e me incentivar a escrever mais e
mais, me deu muitas orientações, coisas que eu precisa ouvir, que eu tinha
necessidade.
Em seguida conheci o grupo MCS PARA PAZ. Junto comigo eu pude trazer o
meu irmão, o que foi de grande ajuda, depois de tanto ouvir falar a respeito eu estava
fazendo parte desse grupo, grupo do qual me proporcionou grandes momentos de
alegria, foi onde pude aprender e conhecer pessoas novas com os mesmos objetivos
que eu; O DE SAIR TRAÇAR E CUMPRIR SUAS METAS E NUNCA MAIS VOLTAR. Foi o que
muitos fizeram.
Eu logo sai e corri atrás dos meus objetivos e novamente com a ajuda do grupo
MCS PARA PAZ eu consegui me empregar,hoje eu e o meu irmão que também é um ex
presidiário,temos o nosso próprio galpão de reciclagem podemos dar oportunidades
para outros jovens. Foi dessa maneira que consegui tratar da minha saúde mental e
hoje posso trazer um pouco dessa minha experiência de vida pra vocês...Obrigado!!!!!
6. A saúde do homem nas práticas de cuidado: relatos de experiências dos
municípios.
1° CRS –São José do Sul
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO SUL
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
CENTRO DE SAÚDE DOM DIOGO
Os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o
pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer. Com foco neste
pensamento o Ministério da Saúde criou a Política de Atenção Integral a Saúde do
Homem. Tem por objetivo a melhoria das condições do indivíduo, contribuir para a
redução das doenças e da mortalidade por meio do enfrentamento dos fatores de risco
e melhorar o acesso desse grupo aos serviços de saúde (BRASIL, 2008).
O município de São José do Sul realiza atividade anual voltada para saúde do
homem através: da realização do exame laboratorial do PSA – custeado pelo paciente,
palestra com temáticas sobre a Saúde do Homem e Prevenção em Saúde, exame físico
e toque retal realizado por urologista contratado pela Prefeitura para o dia do evento.
Visando melhoria do acesso, foram implantadas as consultas agendadas. Outra
atividade é realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde, que realizam atividades de
educação em saúde nos domicílios dos pacientes, mensalmente, através de material
educativo impresso, onde são abordados também temas sobre a saúde do homem.
Objetivo
Estimular a promoção da saúde do homem, através de atividades voltadas para
prevenção em saúde, visando melhorar a qualidade de vida e reduzir a mortalidade
precoce.
Público Alvo
Homens a partir dos 40 anos e homens com histórico familiar de câncer de próstata a
partir dos 35 anos para o evento anual.
Resultados Esperados
Melhorar a qualidade de vida, diagnósticos precoces e reduzir a mortalidade precoce.
Reflexões sobre desafios e potencialidades
Conquistar os homens, estimulando-os para cuidado com a sua saúde.
Conclusões
Seria importante que o Estado do Rio Grande do Sul disponibilizasse os exames
laboratoriais do PSA (antígeno prostático específico), para que pudéssemos atingir um
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
maior quantitativo do público masculino. O laboratório credenciado pelo Estado para
realizar os exames laboratoriais no município não coleta o PSA pelo SUS.
Este ano pretendemos expandir o evento do Dia do Homem, objetivando avaliar o
homem com uma visão mais holística. Será implantando uma triagem com a
verificação da pressão, glicose e IMC e todos os dados registrados no prontuário
eletrônico e na carteirinha do paciente, será realizada uma avaliação odontológica e
também verificada a situação vacinal do homem em questão. Os homens a partir dos
30 anos também serão convidados para o dia do evento. O evento será realizado no
mês de novembro.
Painelista: Elizabeth Ramos Tinoco
Enfermeira da ESF – São José do Sul.
1° CRS – Canoas
Programa de Saúde do Homem em Canoas
Canoas tem uma população aproximada de 323.827 Habitantes e o Bairro
Matias Velho tem 52.000 moradores. O programa de Saúde do Homem no Município
de Canoas teve inicio em 11 de Julho de 2011 na Unidade Básica de Saúde “União”, sito
Rua São Borja no Bairro Matias Velho e atende homens entre 20 e 59 anos de idade
que não conseguem agendar consulta para o horário de atendimento na unidade. A
UBS União atende os moradores das áreas de sete equipes de ESF, (população
aproximada de 23.500 moradores atendidos nesta unidade), é pioneira nesta forma de
atendimento e funciona das 08:00hs as 17:00hs com Estratégia de Saúde da Família,
com agendamento de consultas através do tele agendamento “Canoas Saúde”.
O programa de Saúde do Homem tem seu atendimento de segunda- feira à
quarta-feira com horário das 17:00hs às 19:00hs, a triagem é realizada por um Técnico
em Enfermagem onde são agendadas seis consultas com médico generalista por dia e
aproximado 70 atendimentos/ mês. Para que o programa tenha maior êxito faz-se
agenda de coleta de CP (papanicolau) com o profissional enfermeiro com número de
oito coletas por dia e aproximadamente 90 atendimentos/mês, para sua
acompanhante com intuito de captar o acompanhante masculino, e seu agendamento
é direto na unidade através de Agente Comunitário de Saúde, familiares ou
companheira (o) e o atendimento odontológico é realizado uma vez por semana.
Com o desenvolvimento deste serviço é proporcionado à população masculina
acompanhamento de saúde, pois é oferecido horário diferenciado disponibilizando
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
serviço médico para uma melhor qualidade de vida. A ampliação para quatro novas
unidades, distribuídas por quadrante, estenderá este atendimento como hoje se faz na
UBS União das 17:00 às 19:00.
Esta estratégia busca facilitar o acesso aos usuários do sexo masculino aos
serviços de saúde, ofertando atenção integral a estes indivíduos e rompendo certos
tabus com relação à promoção de saúde e prevenção de doenças.
Atenciosamente
Macgregor Lenine Silveira
Programa de Saúde do Homem
2° CRS – Porto Alegre
Grupo de Saúde do Homem
Ao longo dos meus 11 anos de Atenção Primária em Saúde, pude constatar e
acredito cada vez mais que a prevenção é a ferramenta mais prática, barata e menos
invasiva no trato da saúde, em especial à dos Homens. Diante disso, cito, a seguir,
minha experiência de mais de 04 anos, na criação, manutenção e prática no trato do
Grupo de Saúde do Homem. Grupo este desenvolvido nas dependências e adjacências
do nosso Posto de Saúde, sempre nas quintas-feiras, das 10 às 11 horas.
• Como e Porquê Surgiu
Após ouvir muitos relatos do tipo “O quê este homem está fazendo aqui?”,
“Homem só vem ao posto para reclamar e pegar lugar na fila!”, “Homem é sempre
a mesma coisa...”, comecei a sensibilizar-me e a desenvolver um olhar mais
criterioso para essa situação. Perguntava-me: qual o motivo dessa discriminação
para com os homens? Como contornar esse clima institucionalizado???
A partir de então, ocorreu-me a idéia de buscar auxílio no intuito de “abrir uma
porta” nos Serviços de Saúde para acolher, descentemente, a esses homens. Mas
qual seria a chave motivacional disso? – Uma luz: Grupos de Saúde para Homens!!!
• Público Alvo
Tal grupo abriga homens das mais variadas idades, ocupações, crenças ou credos.
As portas sempre estão abertas aos pedreiros, DJs, seguranças, aposentados,
estudantes, analfabetos, caminhoneiros, etc., desde que sejam do sexo masculino.
(Até padre já nos prestigiou, e justamente numa temática sobre a próstata!). Não
fazemos distinção, pois todo brasileiro é igual perante a Lei, e assim o fazemos
nesse grupo. Dessa forma ninguém se sente menosprezado nem melhor do que o
outro. Bem como, nenhum homem é invisível, ele sempre está por perto, porém, as
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
vezes, nós é que não temos um olhar para ele! Que tal limparmos a lente e
passarmos a vê-lo?
• Regras de Convivência
Apesar de sermos rotulados de Clube do Bolinha, temos 03 regras fixas: não fazer
fofoca alguma, não falar sobre futebol e não comentarmos sobre mulheres, a
menos que tenhamos que fazer comparações fisiológicas/metabólicas para uma
melhor compreensão dos temas abordados.Assim tem sido e convivemos
harmoniosamente num ambiente de muita cordialidade e respeito mútuo.
• Periodicidade
Inicialmente experimentamos encontros semanais, mas foram cansativos.
Tentamos mensais, mas percebemos um arrefecimento nas relações e por fim,
experimentamos e adotamos até aos dias de hoje os encontros quinzenais. Dessa
forma, tanto a memorização como a continuidade e o aproveitamento das
informações se dão de forma mais incisiva.Mas mesmo fora dos encontros, sempre
deixamos uma porta aberta aos amigos e interessados. É importante não virarmos
as costas à uma dúvida desses homens!
• Atrativos
Lógico que qualquer um gosta e valoriza um mimo. Por isso, ocasionalmente
realizamos nossa rodada de conversa ao sabor de um churrasco e/ou chimarrão. –
Como isso incrementa as relações e facilita o repasse das informações!
Afora isso, vez por outra, convidamos palestrantes externos de áreas diversas:
farmácia, fisioterapia, nutrição, cir.dentista, psicologia e outros. Notei que o grupo
valoriza bem mais as apresentações onde eles são convidados a interagir. Por
exemplo: exercício físico, preparar algum alimento,...
A quebra da rotina é muito salutar e serve como atrativo a eles, bem como, serve
de pretexto para que eles convidem membros do seu convívio
social/familiar/religioso.
• Temática
Como era de se esperar, nos encontros iniciais, a maioria dos homens queria saber
sobre aqueles temas a qual não tinham chance de falar em casa ou mediante uma
profissional de saúde. Tais como: ereção, calvície, exame de toque retal e próstata.
Por muitas vezes abordamos esses assuntos, mas chega o momento em que eles já
se sentem entendedores do assunto e assim podemos avançar para outra
temáticas do tipo; tuberculose, alcoolismo, drogadição, tabagismo, doenças renais,
dermatológicas e outras diversas.
Visto que não sou médico, procuro explorar a vivência deles, comparar com as
indicações de vida ideais e assim explicar os motivos de alguns acometimentos
atuais. Ou seja, tento explicar o porquê, como iniciou, como manifesta-se, como
tratar e quando procurar ajuda de um profissional. Tudo com muito tato visto a
disparidade de idades, ocupações e vivências.
•
Material de Apoio
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Inicialmente fazíamos apenas rodas de conversa. Depois incrementamos
folders/impressos, para que eles pudessem mostrar em casa, podendo ter algo
palpável para discutir com os seus pares. Atualmente utilizo meu próprio notebook
com o auxílio do data show, além dos impressos, pois assim consigo mostrar a
fisiologia interna deles, auxiliando no entendimento dos órgãos e ação dos
tratamentos. Houve um ganho significativo do interesse e captação da temática
abordada!
• Limitações
Mesmo sendo apaixonado por esses encontros, devo admitir que por vezes estou
cansado, desmotivado e me sinto solitário na condução do grupo. Além disso, os
rigores do clima, precariedade de materiais e limitações de espaço não contribuem
com o trabalho. Afora isso, também devo conduzir, em paralelo, minhas atribuições
como Agente de Saúde. Mas isso não é razão para deixarmos de acreditar na
eficácia do nosso trabalho. Continuemos!!!
Também achei pertinente fazer algumas observações, tais como:
- Grupo não é aula. Realizo os encontros no intuito de resgatar as experiências de
vida, discutirmos em conjunto as adversidades, quais as conseqüências para sua
saúde e como podemos melhorar seu padrão de vida atual através de medicações,
exames, atividades físicas, etc. Mas sempre enfatizando a prevenção ao tratamento
curativo.
- Observar horários pré-definidos de início e término, valorizando aos presentes,
mas nunca fechando a porta aos demais e,
- Frisar que com o decorrer do tempo, o nosso grupo, além de instituir a prevenção
à saúde, também se tornou um grupo de convivência, inclusive fora do nosso
posto. Alguns membros desenvolveram afinidades e hoje compartilham CTGs,
academias, aula de dança, rodadas de chimarrão e outras atividades. (Saliento que
isso por iniciativa deles mesmos!)
Além do que já foi citado, ressalto que, a prevenção à saúde não se faz em apenas
um encontro ou uma única iniciativa. Faz-se necessário uma continuidade de ações,
criar um vínculo, desenvolver afinidades e assim cativar e conquistar a confiança e
a adesão dos homens.
Penso que com atos isolados aqui e acolá, apenas estamos a demonstrar que a
Saúde do Homem não merece e, realmente, não possui a devida atenção que
deveria. E não devemos esquecer de sempre manter uma porta aberta, pois sim; o
homem...ele irá entrar!
Valério Nascimento da Silva- Agente Comunitário de Saúde
ESF Milta Rodrigues – POA/RS Agosto/2013
3° CRS – Rio Grande
PREFEITURA MUNICIPAL DO RIO
GRANDE
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM
Responsáveis:
Enf. ESP. CARLOS ROBERTO DOS REIS CASTRO
Enfª MSc DAIANE PORTO GAUTÉRIO
Enfª ESP. PATRÍCIA SANTA CATHARINA SANTOS
Enf. ESP. PAULO ARY SILVA
Md. ESP. JELMER VARGAS
O objetivo principal das ações do referido projeto é o incentivo à prevenção de
doenças nos homens, através da promoção da saúde masculina e oferta de facilidades
e adequações que possibilitem uma maior adesão do público masculino ao serviço de
saúde do município. Evitando o surgimento e/ou o agravamento de doenças ou agravos
que poderiam ser precavidos com antecedência.
O município do Rio Grande conta com dois hospitais, uma rede básica de 34
Unidades Básicas, sendo 26 equipes da ESF em 20 unidades, com uma Cobertura de
42%, 11 UBS’s, 02 Postos 24h, uma Unidade mista e 04 dispositivos de Saúde Mental.
No início do desenvolvimento do Projeto, em 2013, serão realizadas diversas
atividades em toda extensão do município, a fim de dar início aos trabalhos de
conscientização e firmar novas parcerias. A princípio eles serão as atividades serão
desenvolvidas da seguinte forma:
Palestras informativas para grupos de trabalhadores, em parceria com o
Programa de Saúde do Trabalhador em empresas de grande e médio porte, sindicatos
e demais trabalhadores;
Orientação e divulgação do Programa, através de visitas às entidades que
concentrem aposentados e idosos;
Apoio presencial local e de retaguarda, estimulando o trabalho de educação em
saúde masculina nas Unidades Básicas de Saúde da Família e focando os principais
problemas de saúde masculina em nossa cidade, como: câncer de pele em agricultores
e pescadores, hiperplasia e câncer de próstata, acidentes traumáticos, utilização de
drogas ilícitas, álcool e tabaco;
Divulgação do programa nas ações da Secretaria da Saúde, com participação
ativa da Saúde do Homem;
Promoção de educação continuada com os profissionais de saúde que atuam
nas Unidades Básicas e com médicos urologistas;
Por fim, realização de campanhas de prevenção do câncer de próstata no
Município, com divulgação na mídia no mínimo anualmente, conforme disponibilidade
de recursos humanos e financeiros. O atendimento será disponibilizado nas Unidades
Básicas de Saúde, através de um médico Clínico Geral. Conforme a necessidade, o
Clínico poderá encaminhar o paciente para um especialista, através da central de
agendamentos de Rio Grande.
Durante as campanhas, o atendimento poderá acontecer em outros locais,
conforme a necessidade e os objetivos propostos. Além disso, a parceria com a Saúde
do Trabalhador (PAIST) proporcionará atendimentos, campanhas de vacinação, de
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
prevenção de câncer de próstata e de prevenção de acidentes de trabalho e de
trânsito.
Como nesta fase (agosto 2013) o projeto está sendo analisado na Secretaria
Municipal de Saúde de Rio Grande para posterior envio ao Conselho Municipal de
Saúde, as ações descritas ainda não foram postas em prática, esperando pelo
respectivo aval do CMS. Até agora foi distribuído material impresso nas unidades
básicas de saúde, está sendo veiculada na rádio uma campanha de incentivo ao
autocuidado masculino e existe a divulgação do projeto em eventos promovidos pela
SMS. Ainda não podemos avaliar resultados por não ter colocado em prática as ações
previstas, esperamos que para o próximo ano estejamos planejando as próximas ações
de acordo com o que foi concluído através do estudo dos resultados das ações já
realizadas, norteando desta forma o caminho a ser trilhado pelo Programa de Atenção
Integral à Saúde do Homem em Rio Grande.
4° CRS- Santiago do Sul
1-Objetivo de tal estratégia em saúde
Fortalecer a rede básica de saúde como porta de entrada para um serviço especializado
com foco na Prevenção e Diagnóstico Precoce do Ca de Próstata e todas as doenças do
trato genital masculino, assim como as relacionadas às doenças cardíacas, visto que
apresentam altos índices de mortalidade masculina.
2-Público alvo e público que realmente acessou tal ação em saúde.
Todo o homem que acessa por livre demanda o atendimento clínico nas unidades
básicas de saúde e demais homens com busca ativa através das equipes de saúde da
atenção básica.
3- Resultados.
Prevenção e diagnóstico precoce para o Câncer de Próstata e demais doenças do trato
genital masculino através de um atendimento especializado, com porta de entrada na
rede básica de saúde.
4- Reflexões sobre os desafios e potencialidades.
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Os desafios envolvem uma vontade política municipal muito clara em relação aos altos
investimentos próprios disponibilizados, visto que já atuam com repasses mínimos das
esferas federais e estaduais, tanto à nível de saúde, como educação, carros chefes de
qualquer administração pública. Potencialidades para o município de Santiago,
estatisticamente os resultados, na urologia, nos mostram que em 01 ano de
atendimento nesta especialidade, das 798 consultas referendadas, 98 pacientes
tiveram alteração no exame de próstata e alguns submetidos a procedimento mais
especializado, como biópsia de próstata, que foram 21, destes, 02 diagnosticados com
Ca de próstata, sem metástase, o que vêm a comprovar o baixo custo que estes virão
apresenta para o sistema, SUS,no momento que utilizamos a prevenção como base no
serviço de saúde ofertado.
Os demais retornam para a rede básica e a missão do serviço de referência é
acompanhar estes 98 pacientes e os demais que chegarão ao serviço de referência.
5-Conclusões (sugestões para novas ações e estratégias em saúde do homem)
Cada vez mais acreditar que o trabalho só existe em equipe, esta equipe é
multiprofissional, que trabalha como formiguinha, numa espera à longo prazo, com
muito comprometimento dos vários atores, e principalmente, cientes , que as políticas
públicas podem ser mutáveis, mas os técnicos que atuam nelas, são de carreira, e que
temos que acreditar e batalhar pelo impossível muitas vezes.
Lutar pelo financiamento público compatível da esfera federal e estadual, tendo em
vista que o custo benefício é muito baixo se comparado ao tratamento que será
necessário, sem falar no bem maior e que não têm preço, a “VIDA”.
5° CRS – Caxias do Sul
Caxias do Sul é um município de colonização italiana situado na encosta
superior do nordeste do Rio Grande do Sul a uma distância de 96,62 quilômetros de
Porto Alegre. É a segunda maior cidade do Estado, segundo o senso de 2010, possui
435.564 habitantes, ficando 92% da população na zona urbana. A base econômica do
município é a indústria, abrangendo 78,5% da economia total, segundo o IBGE 2009,
apresentou PIB per capita de R$ 30.499,00, equivalente a 54,21% acima da média
estadual.
A Unidade Básica de Saúde Mariani foi inaugurada em 1999, é considerada de
fácil acesso, possui duas equipes de estratégia de saúde da família (ESF) com estratégia
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
de saúde bucal (ESB) atuando desde o ano de 2004, tendo como área adstrita os
bairros Mariani I e II, Cidade Nova I, II, III e IV e San Vitto, somando uma população em
torno de 14 mil habitantes (IBGE 2007).A unidade funciona de segunda a sexta-feira
das 07:30h às 17:30h sem fechar ao meio dia. Os profissionais da área da saúde que
compõem a equipe, incluído os profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da Família NASF, são dois médicos clínicos gerais, uma médica ginecologista, uma médica
pediatra, duas dentistas uma nutricionista, uma assistente social, quatro enfermeiros, 8
técnicos de enfermagem, duas auxiliares de consultório dentário, 11 agentes
comunitários de saúde, duas higienizadoras e duas estagiárias. Vários alunos
universitários dos cursos de enfermagem, nutrição e fisioterapia realizam estágio
curricular na unidade de saúde e contribuem na realização de algumas atividades.
A Política Municipal de Atenção Integral à Saúde do Homem tem como objetivo
sensibilizar os profissionais da saúde, de todos os setores, e a sociedade para compor
redes de compromisso e co-responsabilidade para melhorar a qualidade e o estilo de
vida, diminuindo os índices de morbi-mortalidade da população masculina. A Atenção
à Saúde visa promover ações relacionadas à prevenção e controle de doenças como
hipertenção arterial sistêmica, diabetes, dislipidemias, doenças respiratórias e do
aparelho urinário, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), detecção precoce do
câncer de próstata, além do planejamento familiar e encaminhamento para
vasectomia.
Conforme dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade SIM/MS de
2012, em Caxias do Sul, a maioria dos homens morre de causas relacionadas a doenças
do aparelho circulatório, neoplasias, causas externas e doenças do aparelho
respiratório. Os homens, entre outros problemas, apresentam mais doenças do
coração (infarto, AVC), câncer (pulmonar, próstata, pele), colesterol elevado, diabetes e
hipertensão, além de muitas morbidades associadas, pois estão mais expostos aos
acidentes de trânsito e de trabalho, utilizam álcool e outras drogas em maior
quantidade, estão envolvidos na maioria das situações de violência e não costumam
praticar atividade física com regularidade. Muitos resistem em procurar os serviços de
saúde devido ao receio de descobrir doenças, medo do exame de toque retal,
dificuldade de aderir ao tratamento. As estratégias de comunicação e o horário de
funcionamento das unidades básicas de saúde também não privilegiam o acesso aos
serviços.
Devido a isto, a Unidade Básica de Saúde e Estratégia de Saúde da Família
Mariani promoveu no dia 10 de Agosto o Dia do Homem com o objetivo de promover a
saúde, prevenir e controlar doenças por meio da redução da exposição das pessoas aos
fatores de risco tais como o tabagismo, alcoolismo e outras drogas, dieta rica em
gordura, sal e açúcar, sedentarismo e sexo irresponsável e realizar o exame de
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
prevenção do câncer de próstata e de boca. Em um primeiro momento a equipe
realizou o planejamento das ações de saúde, divisão de tarefas, capacitação da equipe,
confecção de panfletos, cartazes e faixas para a divulgação do evento. O público alvo
selecionado foram os homens residentes na área adscrita de responsabilidade da
unidade de saúde. As ações em saúde selecionadas foram verificação da pressão
arterial e glicemia, atualização de vacinas, atendimento médico para prevenção do
câncer de próstata, realização de testes rápidos para Hepatites B e C, Sífilis e HIV,
exame odontológico para prevenção do câncer de boca e palestras sobre planejamento
familiar, DSTs, HIV e paternidade responsável.
A equipe estava bem apreensiva sobre o sucesso do evento, pois o mesmo foi
realizado em uma unidade de saúde próxima uma semana antesonde compareceram
apenas 3 usuários. Esta foi a primeira atividade realizada especificamente para a Saúde
do Homem em nossa UBS. O clima não ajudou, pois choveu muito o dia inteiro e a
temperatura foi de 7 C. Compareceram 47 homens residentes da área de abrangência
da UBS. Foram realizadas 47 aferições de PA e testes de glicemia, identificando 1
usuário com a glicemia acima dos níveis normais; 15 doses de vacinas contra Hepatite
B e 20 doses de vacinas contra o Tétano foram administradas; foram realizados 37
testes rápidos com resultados positivos para 1 caso de Hepatite B, 2 casos de Hepatite
C e 2 casos de Sífilis para os quais foram solicitados exames laboratoriais; 27 usuários
foram examinados pela equipe de saúde bucal, destes, 25 apresentaram necessidade
de tratamento devido à presença de tártaro, lesões de cáries ativas cavitadas, restos
radiculares e lesão em tecido mole. Um paciente foi referenciado para o atendimento
especializado em Estomatologia do Centro de Especialidades Odontológicas. Não
houve público suficiente para a realização das palestras programadas.
A equipe considerou que o evento contou com a adesão da população, apesar
do clima não ter favorecido. A maioria dos pacientes relatou que o que os motivou a
comparecer foi a abordagem realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde.
Iniciativas como esta devem ser realizadas com maior frequência a fim de atrair mais
usuários e promover a saúde para a população masculina a fim de controlar doenças
que tem alto impacto na sociedade como um todo.
5° CRS-Bom princípio
Relato Sobre o Dia do Homem em Bom Princípio:
Comemorado alguns dias depois da data oficial, o Dia do Homem em Bom
Princípio levou ao Centro de Eventos do Município mais de 600 pessoas no último
sábado, 3 de agosto. Os números chamaram a atenção e superaram a expectativa. Em
30
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
sua terceira edição, o evento só cresce. No ano passado, segundo dados da Secretaria
de Saúde e Assistência Social, a média foi de 500 participantes, no ano anterior, foram
cerca de 430. Este ano, segundo a secretaria, só o número de homens que realizou a
coleta de sangue para o exame de PSA (exame de próstata) superou os 600.
Além dos cuidados e da prevenção na saúde, o público alvo (homens com mais
de 40 anos) contou com uma tarde cheia de atrações, que começou pelo transporte, já
que de todas as localidades do Município vieram ônibus lotados, todos subsidiados
pela municipalidade. Já na entrada do Centro de Eventos, eles foram tratados de forma
especial, recepcionados pelas soberanas da 15ª Festa Nacional do Moranguinho e por
servidoras que organizaram o evento (parceria entre a Secretaria de Saúde e
Assistência Social e o Gabinete da Primeira Dama), das quais receberam como mimo
uma camiseta comemorativa. Tudo isso ao som da orquestra WBK.
Na abertura do evento, ouviram do prefeito Vasco Alexandre Brandt, conselhos
sobre a importância da prevenção. A prevenção sai “barato aos cofres públicos.”
Quando “a situação sai do controle, aí é que custa caro”, disse o prefeito à atenta
plateia. Segundo Vasco, que lembrou aos presentes que ele mesmo já faz parte do
grupo que precisa da prevenção, não é só a idade que deve ser levada em conta.”Na
minha família já tivemos casos que poderiam ter sido evitados com a prevenção e este
é um dos motivos que faz com que eu tenha que me cuidar mais”, disse o prefeito. O
prefeito lembrou ainda das estatísticas. De cada três adultos que morrem no Brasil,
dois são homens. E ainda morrem em média 7 anos antes das mulheres. “Então,
porque não podemos envelhecer ao lado delas?”, questionou.
Depois da abertura, os presentes assistiram ao show do Coro Masculino de Bom
Princípio e à palestra do médico Paulo Hallal, que falou sobre a importância da saúde
do homem, física e espiritual, sobre os vícios e excessos e o mal que eles causam e
instigou a todos a se perguntarem sobre o verdadeiro sentido de estar vivo. Encerrou
com dicas para viver bem e um momento de reflexão.
Depois disso, os presentes deram ainda muitas gargalhadas com a Tia Herta,
numa visita bem humorada que misturou recados bem sérios sobre cuidados que os
homens têm que ter consigo e o tradicional humor desta personagem. O evento
terminou com a coleta do sangue e o lanche, no Centro de Convivência.
Avaliação? Ao final da programação, o prefeito Vasco disse que em conversas que teve
com presentes, percebeu que está havendo uma preocupação crescente com a
prevenção por parte dos homens. ?Todos nós já perdemos algum conhecido ou
parente com doenças que poderiam ter sido evitadas e não foram muitas vezes por
descuido. Tenho que pensar que existem mais pessoas que dependem de mim, tenho
esposa, filhos, não posso me descuidar da minha saúde, porque eles não podem ficar
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
sem mim?, disse o prefeito, que completou: Bom Princípio já se destaca pelo cuidado
com a saúde do homem, e queremos que se destaque ainda mais.?
Para a Secretária de Saúde e Assistência Social, Maria Ester PoerschGriebler, o evento
foi bastante positivo. As pessoas aceitaram muito bem o convite, foram receptivos e o
número de homens que vieram para fazer o exame é excelente e nos incentiva cada vez
mais a trabalhar na prevenção?, disse a secretária. Segundo Ester, foi muito importante
realizar um evento diversificado. Conseguimos levar melhor nossa mensagem de saúde
quando ela vem junto com a alegria da música, a gargalhada de uma boa peça teatral,
a confraternização e o encontro com o amigo que não se vê há algum tempo, o lanche
depois da coleta do sangue para o exame, a autoestima de ser recebido e cuidado com
carinho, tudo isso é parte do resultado positivo que temos tido?,refletiu a secretária.
O desafio agora, conforme Ester é criar estratégias para ter com o público de
menos de 40 anos, o mesmo bom resultado que o município está tendo com os de
mais de 40. “Vamos dar continuidade e aumentar cada vez mais nosso público, e
vamos conseguir introduzir os mais jovens, daí o evento terá o resultado que
queremos”, finalizou.
Link do vídeo no YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=4nfBQJgWaM8
Fotos: Vera Fernandes/Imprensa PMBP
Maria Ester P. Griebler
Secretária da Saúde de Bom Princípio
7° CRS- Bagé
SAÚDE DO HOMEM: UMA QUESTÃO CULTURAL QUE NECESSITA EDUCAÇÃO PARA
PREVENÇÃO.
Este trabalho foi realizado pela equipe Serviço de Atenção Integral a Sexualidade
Por medo, receio ou vergonha, os homens fogem do assunto doença. Segundo o
Instituto Nacional do Câncer (INCA), entre os tipos de câncer o que mais mata no Rio
Grande do Sul é o de próstata. O principal motivo é o diagnóstico tardio, provocado
pela resistência dos gaúchos em realizar testes básicos para a detecção da doença:
exame de PSA e clínico. Tendo em vista a realidade atual do Serviço, pode se perceber
por meio de análise de dados que os exames anti HIV são realizados basicamente em
mulheres (75% da demanda). O objetivo deste trabalho foi de conscientizar a
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
população masculina para a prevenção do HIV/AIDS e câncer de próstata, incentivando
o uso da camisinha e realizando exames de PSA e anti HIV, além de exames clínicos, se
necessário. A ideia da campanha foi realizar uma abordagem direta com orientação
individual e escuta ativa, aliando a oferta de exame de PSA ao exame anti HIV, visando
aumento na demanda para diagnóstico precoce e alerta da importância da realização e
ambos para a Prevenção na Saúde do Homem. Houve adesão do público masculino,
aumentando durante o decorrer do ano o índice de procura ao exame anti HIV para
50%, além disso, o índice de exames positivos para o HIV teve alarmante aumento (6%)
no período. Já em relação ao exame de próstata, 6% dos pacientes foram
encaminhados ao especialista, com alteração de PSA. Com mais pessoas conscientes,
haverá mais proteção contra o HIV e Câncer de Próstata, sendo mais fácil combater
estas doenças. Pode se concluir que a educação em saúde envolvendo o público
masculino deve ser feita de forma direta e resolutiva, evitando a peregrinação do
usuário pela rede de saúde, diminuindo o tempo entre o primeiro exame alterado e
consulta especializada, aumentando assim a adesão do público alvo.
Mislaine Rodrigues; Milena Moreira Ferreira; Claudia Rodrigues; Terezinha Ricaldone;
Carlos José Quaresma Jeismann; Leandro Elauthério De Souza.
9° CRS- Cruz Alta
Ações relacionadas com a política de atenção integral à Saúde do Homem em Boa Vista
do Cadeado
As ações relacionadas com essa política nacional deram inicio aqui no município a
partir deste ano de 2013, na qual foi divulgado o “Dia do homem” no dia 6 de março.
Neste dia houve uma palestra do farmacêutico falando sobre:
- Fisiologia Básica do aparelho urinário;
- Fisiologia Básica da doença;
- Uso de medicamentos e prevenção.
A palestra com o Biomédico falou sobre:
- Dados epidemiológicos do câncer de próstata;
- Exame de PSA;
- Quanto mais precoce a detecção do problema, maior possibilidade de melhora da
saúde do paciente;
- Cuidados e prevenção, orientações gerais.
Anteriormente a estas palestras foram necessárias diversas ações:
-Divulgação do evento através de diversos meios disponíveis; (Agentes comunitários de
saúde, setor de comunicações da prefeitura que utilizou diversos meios,entre outros)
-Previsão orçamentária para promover as ações;
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
-Acréscimo quantitativo dos medicamentos Doxazosina e Finasterida na farmácia
municipal para suprir demanda proveniente da ação;
-Disponibilidade de transporte para o dia da palestra;
- Exame de PSA para todos os presentes maiores de 40 anos após palestra;
- Confirmação do médico clínico geral e urologista na parte médica, possibilidade de
encaminhamento para outras especialidades se necessário.
-Parceria com Laboratório para a realização dos exames.
A abertura do “dia do homem” foi realizada pelo prefeito e pela vice-prefeita e
secretária de saúde.
No dia do homem realizado dia 6 de março assistiram as palestras 72 homens, na qual
71 destes fizeram coleta de amostra de sangue para analise de PSA.
Ao receber os resultados, estes foram encaminhados para o Clínico Geral do município.
Todos estes exames foram pagos pelo poder público, isto para garantir o
acompanhamento da ação, tendo por objetivo encontrar pacientes com precocidade,
antes do agravo da doença; ou a tempo de tratar essa patologia com maior brevidade
possível.
Dos 71 exames coletados, 10 apresentaram alteração de PSA:
A partir destes 10 exames alterados, foram tomadas as seguintes atitudes conforme
orientação médica:
-encaminhamento para urologista, biópsia, tratamento medicamentoso,
encaminhamento á oncologia, alguns já estavam em situação de acompanhamento e 1
não quis atendimento.
Com essas ações alcançamos os seguintes objetivos:
*Educação em saúde de grupo específico de difícil presença nas ações em saúde;
*Descoberta da patologia em porcentagem da população presente; alguns em estágio
inicial e outros já em estágio mais avançado;
*Com a precocidade do diagnóstico – economia para o munícipio e aumento do bem
estar da população com a melhoria da saúde ao evitar um agravamento que pode ser
evitado;
*Boa aceitabilidade do público pelas ações realizadas.
16° CRS- Teutônia
SAÚDE DO HOMEM NO MUNICÍPIO DE TEUTÔNIA
O município de Teutônia contra com três equipes de Estratégia Saúde da Família
(ESF), o que equivale a 30% de cobertura. Todo o mês estas equipes trabalham um
assunto diferente na forma de educação em saúde. Os assuntos definidos são baseados
nas demandas dos usuários e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), conforme
orientação do calendário da saúde do Ministério da Saúde (MS) ou, também, conforme
o período sazonal.
O mês de julho foi marcado no município pelo mês de saúde do homem. As
ESFs trabalharam este assunto através de capacitação das equipes, elaboração de
34
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
folder e o dia “D”, que foi um sábado de diversas atividades. O folder foi elaborado com
assuntos de promoção à saúde (alimentação saudável, qualidade de vida, exercícios) e
prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, câncer (próstata,
intestino e pele), tabagismo, etilismo e DSTs. Este folder foi distribuído nas Unidades de
Saúde de todo o município e fornecido em todas as visitas domiciliares realizadas pelos
ACS na sua área de abrangência e trabalhado nos grupos de educação em saúde. Junto
com o folder, também foi realizado um convite aos homens acima de 40 anos de idade
a participarem do dia “D”, que foi realizado no dia 03 de agosto, deste ano.
O dia “D” teve como objetivo principal a sensibilização dos homens sobre
promoção à saúde e prevenção de doenças. Foi realizado num sábado para facilitar o
acesso aos homens trabalhadores e que tem dificuldades em ir à unidade de saúde no
dia de semana. O dia “D” foi realizado na maior UBS do município e o público alvo foi
homens de todo o município com mais de 40 anos.
No sábado do dia (03/08/13) foram realizadas consultas de enfermagem,
avaliação das medidas antropométricas (altura, peso, circunferência abdominal),
verificação da pressão arterial, consultas médicas (histórico pessoal e familiar, avaliação
dos fatores de risco), sala de espera a cada hora, orientações de promoção à saúde e
prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, Câncer (pele, próstata,
intestino e pulmão), tabagismo, etilismo e DST’s. Foi solicitado exames,
encaminhamentos a especialidades conforme necessário, autorização de exames no
local. Foi orientado retorno com o resultado de exames para continuidade do
acompanhamento nas UBS.
Os profissionais envolvidos neste trabalho foram os médicos, enfermeiros,
técnicos de enfermagem, ACS das ESFs, um médico proctologista, auxiliares
administrativos. Foram realizados 154 atendimentos neste dia.
Devido à grande demanda foi pedido pela população querealizássemos
novamente este evento. Na semana seguinte do evento houve um aumento
considerável de procura dos homens por atendimentos nas UBS. Alguns já retornando
com os exames realizados. As equipes de ESF avaliaram como positivo este trabalho e
irá deixar esta programação agendada para ser realizado anualmente.
EnfªRoseléia Regina Halmenschager (Esp. Em Hum. E gestão do SUS e Saúde da
Família); Dr. Fábio Zorthea (Esp. Em Saúde da Família).
17° CRS- São Valério do Sul
SEMINÁRIO ESTADUAL SAÚDE DO HOMEM
RELATO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM SÃO VALÉRIO DO SUL
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
NA SAÚDE DO HOMEM
São Valério do Sul é um município de pequeno porte com 2647 habitantes,
essencialmente agrícola, com 100% de ESF, onde a equipe de saúde utiliza alguns
espaços para abranger a saúde do homem levando informações, como grupo de
hipertensos e diabéticos com encontro mensal onde são abordados vários assuntos
pertinentes. Na faixa etária de 20 anos acima já foi trabalhado a questão da saúde
bucal (Câncer de boca), calvície, depressão, estresse, acidentes de trabalho, câncer de
próstata, intestino, pulmão, vida saudável. Todos os profissionais de saúde trabalham
com os grupos através de cronogramas dentre eles: médico, enfermeiras, odontólogos,
assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga, farmacêutica e orientadora
física esta que desenvolve ginástica laboral nos grupos e outras atividades 2 vezes por
semana como caminhada supervisionada, atendimento na academia da saúde e
academia ao ar livre.
Já os adolescentes são abordados nos grupos nas escolas e em parceria com o
CRAS (Centro de Referência Assistência Social), promovendo discussões sobre a
sexualidade, drogas, adolescência, bem como incentivo ao acompanhamento paterno
nas consultas e grupos de gestantes assim como parto e pós-parto.
As consultas nas unidades de saúde são realizadas em forma de agendamento
e demanda espontânea, observando-se a presença masculina em 50% dos
atendimentos. A equipe de saúde preocupada com a faixa etária de 40 anos acima
lançou em 2011 a 1ª Campanha Municipal de Prevenção ao Câncer de Próstata para
homens acima de 45 anos através de exames de dosagem de PSA no período de 15 de
setembro a 31 de outubro de 2011, sendo que se obteve a participação de 90% dos
homens nessa faixa etária, perfazendo um total de 210 exames. A divulgação se deu
através de imprensa falada e escrita, folders entregues nas visitas domiciliares pelos
agentes comunitários de saúde e equipe, programa semanal da prefeitura em uma
rádio regional.
Foi destinado um dia específico na semana para as coletas de sangue, o
laboratório de referência realizava as coletas e os resultados ficavam disponíveis na
Unidade de Saúde para os enfermeiros fazer a entrega e a leitura do resultado para os
usuários participantes, onde os mesmos, caso necessário, já saiam com os devidos
encaminhamentos. Dos 210 exames, 5 estavam alterados com diagnóstico de câncer de
próstata, 3 em fase inicial e 2 em estágio avançado. Os usuários foram encaminhados
pela central de regulação sem dificuldades para prosseguir com o
tratamento/acompanhamento no Centro de Referência CACON na cidade de Ijuí.
Para 2012 e 2013 foram e estão sendo desenvolvidas as seguintes atividades:
-Acompanhamento Pré-Natal, Parto e Pós-Parto;
-Testes Rápidos Sífilis e HIV;
36
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
-Grupo de combate ao alcoolismo e tabagismo;
- Atividade física supervisionada;
-Agendamento de consultas multiprofissionais;
-Folders da Campanha de Câncer de Próstata;
-Informativo semanal na rádio regional.
Para abrilhantar o novembro azul serão realizadas palestras educativas,
promoção de hábito de vida saudável, embelezamento do comércio local com cartazes
e laços azuis e a 2ª Campanha Municipal de Prevenção ao Câncer de Próstata (em fase
de divulgação) no período de 15/09 a 30/11/2013.
Att.
Luciana Andreia DelafloraWillers
Enfermeira Esp. Saúde da Família
COREN/RS 108231
9. “E agora José?”Sistematização dos encaminhamentos para construção
de uma Agenda da Política da Saúde do Homem no Estado do RS com as
Macrorregiões/Coordenadorias Regionais de Saúde e Municípios.
ROTEIRO PARA DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE AÇÃO NA GESTÃO AO CUIDADO A
SAÚDE DO HOMEM NO RS.
1) Definição do problema: Quais são os nós críticos para a implementação da
saúde do Homem no RS? Elenque um a dois nós críticos a serem trabalhados:
•
Questão cultural: idade com que se busca o serviço de saúde. Adolescentes e
homens não são incentivados a procurar os serviços de saúde. O homem
percebe o estar doente como fraqueza. Contudo a dificuldade de se expressar
traz sofrimento, exemplo dado pela 13ª CRS que sublinha o alto índice de
suicídio na região. O alcoolismo, o uso de outras drogas e os acidentes de
trânsito também foram assinalados. Os homens estão invisibilizados nos
serviços de atenção básica; em contraponto com a saúde da mulher.
•
Falta de capacitação nas equipes para acolher os homens. Os profissionais de
saúde não se sentem aptos para atender os homens em suas especificidades de
37
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
gênero. As ações devem ser descentralizadas, ocorrendo parcerias com
empresas, entidades públicas e comunitárias.
•
Ocorre uma fragmentação das políticas (criança, mulher, homem), geradora de
sobrecarga nas equipes da ESF. É necessária que a saúde do home seja uma
política transversal a outras políticas e programas de saúde, pensando-as a
partir da perspectiva de gênero, como o programa do Hiperdia.
Estes aspectos confluíram para dois nós críticos a serem trabalhados:
•
Atenção Básica em Saúde
•
Transversalidade da Política de saúde do homem.
Em que contexto estes problemas emergem? (social, político, econômico e ou
territorial)
Entre os homens jovens: necessário trabalhar com o homem jovem na prevenção em
saúde, se utilizando de programas de Saúde como o Programa saúde na escola (PSE), a
fim de trabalhar questões de corpo e gênero antes de abordar as doenças
propriamente ditas.
Estes problemas além de culturais são políticos devido aos poucos recursos financeiros
e humanos dispensados a saúde.
Quais são os atores envolvidos? (políticos, gestores, profissionais de saúde, usuários de
saúde, conselho municipais, CIR....)
1. Gestores
2. Profissionais de saúde
3. Multiplicadores (participantes deste evento)
4.
5.
6.
7.
8.
38
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Como cada ator social está envolvido nesta problemática? Listar por ator social:
2) ESTRATÉGIAS PARA DESATAR NÓS: COMO PODE SER, O QUE PODEMOS FAZER.
Diante dos nós críticos pontuados, que propostas de intervenção podem ser
estratégicas para a execução da Saúde do Homem no RS? Além das propostas, situe
as estratégias e o cenário onde se darão as mesmas:
•
Agregar as Coordenadorias regionais de saúde para pensar como multiplicar
temas discutidos no evento. Chamar gestores para apresentar a PNAISH e o
Plano de Ação Estadual do RS. Um dos espaços sugeridos foram as reuniões da
CIR.A ideia é que todos que participaram do evento possam ser multiplicadores
em suas regiões de saúde. Outra sugestão é dada pela 17 coordenadoria
regional de saúde, já que todos os 20 municípios possuem ações em saúde do
homem. A coordenadora desta regional sugeriu a montagem de um Grupo de
trabalho para troca de experiências. Atores responsáveis por esta ação:
Começar pelos coordenadores da saúde do homem em nível de CRS’s que
devem chamar os municípios participantes deste evento a organizarem um
espaço de troca de experiências em curto prazo direcionado a outros
municípios, buscando a sensibilização destes.
•
Buscar a transversalidade da saúde do homem com outras políticas de saúde
(saúde mental, saúde da mulher, saúde do trabalhador, saúde prisional,
DST/HIV, além das políticas intersetoriais como educação, Transporte, esporte,
etc.)
•
Investir nos pontos de cultura, atrelar as questões da saúde do homem dentro
do GT do programa saúde na escola (PSE).
•
Necessário investimento da saúde do homem do RS no apoio institucional
descentralizado por regiões de saúde e ou CRS.
•
Criar, espalhar cartazes com identidade visual voltada para homens (pelo
menos um cartaz por unidade de saúde) ou mesmo cada município possuir
incentivo financeiro para criar seu próprio material informativo. Investir na
comunicação visual, face book.
39
Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
•
Abrir terceiro turno na AB, incentivando os homens a acessar os serviços neste
período.
•
Investir em grupos de homens para sensibilizá-los ao cuidado em saúde.
•
Investir nos gestores, sensibilizando-os para implantar a saúde do homem.
Mostrar o gasto comparativo entre prevenção de doenças e os gastos
posteriores às causas de morbi-mortalidade dos homens ajuda a dar um
panorama aos gestores.
Quais as possibilidades de execução deste projeto? Leve em consideração as
facilidades e dificuldades implicadas:
Sem material informativo as ações não são tão estrategicamente difundidas e
multiplicadas.
Investir em campanhas como semana farroupilha, orgulho gay,dia do homem,
difundidos ações em promoção e prevenção em saúde do homem intersetorias.
Necessário não apenas abrir o terceiro turno nos serviços de Atenção Básica em Saúde
mas incentivá-los a frequentar o serviço, criando ações sensibilizadoras em seu
território como campeonatos de futebol, oficinas em locais de trabalho...
Posso apoiar este projeto? No que?
Nível local: buscar ações territoriais atreladas a promoção em prevenção em saúde do
homem. Trabalhar com os aspectos culturais do atravessamento de gênero no
processo saúde-doença dos homens.
Nível municipal: Os municípios precisam ir atrás de verbas transversais (PMAQ,
população negra, vigilância em saúde...) para desenvolver estratégias de saúde do
homem em seu território.
Articulação intersecretarias a partir dos espaços formais de gestão (CONASEMS,
FAMURS), sensibilização do prefeito para que haja investimento. Sublinha-se que cada
município tem suas parcerias já estabelecidas, como em Rio grande, onde há uma
possibilidade de trabalho em rede entre saúde do trabalhador e saúde do homem com
trabalhadores portuários.
Nível estadual; Apoio institucional, incentivo financeiro para implementação da política
de saúde do homem, compor alguns eventos e campanhas junto aos municípios,
oferecendo assessoria. Um dos exemplos é o Rodeio no município de vacaria, onde a
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
saúde do estado foi convidada a compor ações em saúde em território
prioritariamente masculino.
Nível federal: Sensibilização na mídia, material visual, vídeos disponíveis em youtube.
Material informativo dinâmico e criativo como cartaz e cartilhas feitas por cartunistas a
fim de lidar com as questões culturais de forma inteligente e criativa.
Ministério da saúde ficou de enviar material informativo para os municípios.
A nível Estadual é necessário
Quero apoio! Para que? De quem?
3) PROGRAMAÇÃO, GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO: PARA SER
ACORDADO EM GRANDE GRUPO.
ROTEIRO PARA DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE AÇÃO NA GESTÃO AO CUIDADO A
SAÚDE DO HOMEM NO RS.
4) Definição do problema: Quais são os nós críticos para a implementação da
saúde do Homem no RS? Elenque um a dois nós críticos a serem trabalhados:
1- Sensibilização dos gestores, equipes de saúde e empresas privadas.
2- Integralidade na atenção e no cuidado (promoção e prevenção da saúde,
tratamento ambulatorial, outras políticas de saúde como saúde bucal, saúde
mental...)
3- Recursos financeiros e humanos.
Em que contexto estes problemas emergem? (social, político, econômico e ou
territorial)
Político (gestores)
Cultural (mudança de paradigmas)
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Econômico (prioridade na disponibilização de recursos para ações direcionadas à saúde
do homem (campanhas, eventos...)
Quais são os atores envolvidos? (políticos, gestores, profissionais de saúde, usuários
de saúde, conselho municipais, CIR....)
9. Profissionais de saúde
10. Usuários
11. Gestores
12. Conselhos Municipais de saúde
13. Entidades formadoras de opinião (ONG, Igreja, Associação de Moradores)
14. Educação (escolas, universidades...)
15. Emater e associações rurais.
16. Segurança Pública.
Como cada ator social está envolvido nesta problemática? Listar por ator social:
1- Profissionais de saúde: desenvolve as ações de saúde;
2- Usuários: co-responsável pela sua saúde, auto cuidado, alvo para ações de
saúde, dificuldade de acesso (devido horário de funcionamento restrito)
3- Gestores: Elaboração das políticas públicas, destino e captação de recursos,
capacitação das equipes, ator nos processos de trabalho.
4- Conselhos Municipais de saúde: deliberação e fiscalização,garantia de direitos.
5- Quebra de paradigmas, multiplicadores, formadores de opinião;
6- Programa Saúde nas Escolas (PSE), capacitação, promoção à saúde.
5) ESTRATÉGIAS PARA DESATAR NÓS: COMO PODE SER, O QUE PODEMOS FAZER.
Diante dos nós críticos pontuados, que propostas de intervenção podem ser
estratégicas para a execução da Saúde do Homem no RS? Além das propostas, situe
as estratégias e o cenário onde se darão as mesmas:
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
1- Seminários descentralizados por macrorregiões. Pautar na reunião da CIR e
FAMURS. Capacitação das equipes; apoiador institucional, uso do caderno de
atenção básica para saúde do homem. Sensibilização das empresas.
2- Formar a rede de saúde para linha de cuidado à saúde do homem, garantindo a
integralidade e continuidade das ações em saúde.
3- Elaboração de projetos para captação de recursos, direcionamento de recursos
para saúde do homem, capacitação da equipe, horário diferenciado de
atendimento, recursos humanos.
Quais as possibilidades de execução deste projeto? Leve em consideração as
facilidades e dificuldades implicadas:
Dificuldades: cultura dos profissionais e dos usuários, dificuldade de acesso (horário de
acesso x empresas); garantia da integralidade (garantia de acesso ao serviço
especializado), inclusão da saúde bucal nas ações em saúde do homem.
Facilidades: Existem equipes motivadas bem como existem trabalhos em execução em
vários municípios do Estado.
Posso apoiar este projeto? No que?
Sim, como apoiador institucional, membro atuante, divulgador e mobilizador de ações.
Quero apoio! Para que? De quem?
Implantar novas ações, fortalecer e ampliar ações existentes.
Do Ministério da saúde, Secretaria Estadual e Municipal de Saúde, Coordenadorias
Regionais de Saúde, Ministério do Trabalho, Segurança Pública, Educação, Conselhos
de Saúde, Legislativo, ONG’s, associações e entidades locais.
6) PROGRAMAÇÃO, GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO: PARA SER
ACORDADO EM GRANDE GRUPO.
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
10. Considerações sobre o Evento e recomendações aos Municípios.
O II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem em
consonância com os pressupostos da gestão federal e estadual, visa entender os
diversos fenômenos de adoecimento, ressaltando-se o impacto pelos determinantes
sociais. Além disso, buscamos entender que formas de vivenciar a masculinidade
produzem distintas maneiras de vivenciar o processo saúde e doença.
As peculiaridades do recorte de gênero, além de raça e cor, suscitam uma
inteligibilidade nos processos de cuidado dos profissionais de saúde, das diretrizes e
direcionamentos da gestão e a maneira como os usuários de saúde circulam pelos
serviços de saúde. Diversos relatos e painéis deste evento nos possibilitou entender
melhor as peculiaridades territoriais deste estado e o quanto é importante termos um
olhar sensível às diferentes contingências sociais, políticas, culturais onde as
masculinidades se reiteram.
Pensando que os desafios para a saúde do homem não podem ser encarados
apenas por um único setor governamental, pensar na saúde do homem é poder
estabelecer uma rede intersetorial que possa convidar os usuários de saúde a serem
protagonistas de sua saúde. Ressalta-se que desnaturalizar o homem enquanto incapaz
de cuidar de sua saúde é um desafio, visto que é comum dizerem que as mulheres
devem cuidar dos homens, que graças a seus esforços de convencimento aos homens
de que estes devem acessar o serviço de saúde, os homens se cuidam
Ora, cuidar é um processo de reconhecimento dos desejos, necessidades,
fragilidades e o itinerário terapêutico que cada sujeito empreende a si. O cuidado em
saúde não é unilateral, ele move antes a relação entre os sujeitos neste circuito saúdedoença, sempre contigencial, em estado de fluidez. A questão não é de questionarmos
se os homens cuidam ou não cuidam de sua saúde a partir do convencimento
feminino, mas traçar uma outra lógica. Uma lógica em que as mulheres não sejam o
centro das políticas públicas, causando ônus a sua própria qualidade de vida, pois
como exercer o autocuidado quando se deve cuidar de todos ao seu redor?
Neste sentido, a lógica a ser investida com os atores sociais indispensáveis neste
processo, é estabelecermos de forma descentralizada, onde possamos sensibilizar e
instrumentalizar municípios e coordenadorias de saúde a implantarem estratégias de
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
cuidado integral aos homens nos serviços de atenção básica em saúde,
instrumentalizando-os sob o recorte de gênero.
Temos que estarmos atentos às forças sociais a que os homens estão inseridos,
onde alguns homens para serem machos precisam se mostrar fortes; onde alguns
homens trabalhadores não podem se retirar do trabalho sob pena de sofrerem
represálias de seus contratantes, onde os serviços de atenção básica ainda
disponibilizam sua assistência aos corpos femininos e infantis. Enfim, um processo
complexo, já que os homens na saúde do Brasil nem sempre foram visibilizados como
objeto de atenção.
Ademais é necessário entendermos a conjuntura de onde emergem ações
voltadas a esta doença, sendo que outros fatores de morbi-mortalidade são mais
prevalentes (como doenças crônicas, outras neoplasia s e causas externas). A
centralização na neoplasia de próstata é uma herança da própria PNAISH, que, a partir
da Sociedade Brasileira de Próstata, tensionou seus esforços na especialidade
urológica. Segundo dados do NIS de 2012, apesar dos 9000 casos de neoplasias no RS,
apenas 1000 são de câncer de próstata.
Relativo aos relatos de experiências dos municípios houve o foco na próstata em
diversos municípios. É necessário mobilizar uma rede secundária e terciária relativa a
estas demandas, visto que no interior do estado recebemos muitas queixas relativas à
falta de uma rede de detecção, prevenção e reabilitação para estes casos como o
exame de biópsia. Graças a muitas campanhas preventivas focadas no câncer de
próstata trouxeram resultados muito exitosas, principalmente com a detecção precoce
desta neoplasia que poderia ser evitadas.
Todavia, um grande convite está sendo formulado a todos e todas que aqui
compareceram. Jamais reduzir os homens à próstata, e sim qualificar a capacidade de
escuta dos trabalhadores, e dispor de ambiência que dialogue com as características
masculinas e serviços que tenham seus horários disponíveis para o universo masculino.
Além disso, outras experiências relatadas por municípios foram exitosas, como
campanhas de saúde que além de proporem um acolhimento às necessidades de
saúde dos homens, também propuseram espaços de debate, arte e cultura. Uma das
experiências atreladas ao grupo de saúde voltado aos homens permitiu refletir sobre
como os espaços coletivos, socialização, compartilhamento das experiências, entre os
homens, se configuram como espaços potentes de produção de saúde, pois permite
aos mesmos, possibilidades de expressão que geralmente são caracterizadas como
sendo relativa a atributos femininos (compartilhar experiências, sentimentos,
conversar da vida, trocar ideias sobre saúde e doença).
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Contudo, é o momento de concomitantemente, centrar esforços na atenção
básica e em ações de promoção e prevenção que potencializem as ações de cuidado já
empreendidas pela atenção básica, complementando-as sob a especificidades dos
homens e a produção ode saúde, a fim de solidificarmos uma linha de cuidado à saúde
do homem. Alguns municípios empreenderam projetos voltados à saúde do
trabalhador, aos homens enquanto acompanhantes/usuários de saúde no pré-natal. As
campanhas de saúde executadas pelos municípios, visivelmente acentuaram o retorno
dos homens ao serviço de atenção básica.
Nesse sentido temos um grande desafio está colocado para os gestores, para os
trabalhadores, para os usuários e para o controle social o de criarem e/ou adequarem
suas estruturas físicas e mentais para acolherem esses homens de acordo com suas
especificidades. Muitos gestores alegam que não tem recursos para atender mais esta
Política; digo que tem! Esses homens estão no computo da população total, portanto já
abrangidos pelos repasses tanto do Governo Federal quanto recursos do Governo
Estadual. Além disso, os municípios já investem na Atenção Básica por onde boa parte
desses homens transita.
Os homens foram descritos pelos participantes do evento como acessando os
serviços de atenção básica, mas invisibilizados nestes processos. Assim, mais do que
possibilitar o acesso, acreditamos na importância da longitudinalidade do cuidado.
Para isto é necessário construir diretrizes que coloquem os homens como
protagonistas de seu cuidado em saúde, construindo um fluxo de atenção a saúde que
possibilite um cuidado integral e humanizado as suas especificidades.
Existem diversas produções de corpos masculinos e dessa forma é necessário o
município conhecer quais homens integram este território por onde circulam e quais
os fatores de adoecimento. Conhecendo as especificidades é necessário introduzir
ações de prevenção e promoção introduzidas não apenas nos espaços de saúde mas do
territórios onde os homens circulam.
O pré-natal masculino, a saúde do trabalhador, as doenças crônicas, a violência
entre os homens, são outros fatores a ser investidos. Um dos municípios, por exemplo,
atentou para o investimento de ações em saúde que possa captar os homens jovens,
não apenas os mais velhos.
Por fim, registramos as potencialidades e desafios contidos neste evento a fim de
possibilitar o registro do que pode a vir ser melhorado em outros encontros. Uma das
dificuldades apontadas em algumas avaliações foi a divulgação do evento, relativa ao
direcionamento apenas há dois municípios por CRS. O fato das CRS estarem
responsáveis em escolher e chamar os municípios ao evento revela que é necessário a
saúde do homem do RS estar de em constante articulação com os Coordenadores
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
Regionais de Saúde do Homem. Nem todos os municípios foram chamados, o que foi
avaliado por alguns participantes como dificuldade na divulgação do evento. Assim,
urge oferecermos apoio institucional descentralizado aos municípios e CRS bem como
participar ativamente nos eventos e campanhas propostos.
Enquanto potencialidades, sob o nosso prisma, propomos um espaço de sensibilização
e acolhimento das CRS, municípios e outros atores importantes para o processo. Como
havíamos planejado, o evento proporcionou uma discussão rica e plural relacionada à
saúde do homem. Fomentamos processo de escuta e fala dos participantes, voltadas
aprodução de saúde como também o direito a lazer, cultura, informação e acesso aos
serviços. É potencializar as politicas públicas que já existem complementando na
qualificação da atenção a saúde. Tirar o homem de seu espaço invizibilizador nos
processos de gestão do cuidado.
A priori, tendemos a permanecer sob o ideário de que favorecer o protagonismo e
potencialidade com as CRS e municípios, como o foi no evento, a partir da troca de
experiência entre os municípios, das ações e projetos realizados na saúde do homem é
uma das principais estratégias. Visualizar como cada território tem criado suas
estratégias, favorecendo uma reflexão crítica entre os pares foi para a gestão da saúde
do homem uma grande ferramenta de conhecimento para nós.
Carlos Antônio da Silva
Coordenador Saúde do Homem do RS/DAS/SES
Helen Barbosa dos Santos
Consultora Unesco – Saúde do Homem do RS/DAS/SES
ANEXO
Anexo 1 – Painel de ferramentas para ações em promoção e prevenção à saúde do
homem.
Vídeos disponibilizados pela Área técnica da saúde do Homem do Ministério da Saúde no I Seminário
Nacional de Paternidade e Cuidado na rede SUS que ocorreu em agosto de 2013 no Rio de janeiro.
Paternidade no Sri Lanka - África, 7 minutos
Sinopse: Nesta família do Sri Lanka o pai cuida das crianças e da casa enquanto a mãe trabalha
em outro país.
http://www.youtube.com/watch?v=zVsCAQ7zbXU
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
O pai está! Brasil, 10 minutos.
Sinopse: Vídeo do RAP da Saúde sobre valorização da paternidade e a participação do pai no
crescimento e desenvolvimento de seu filho desde o pré-natal.
http://www.youtube.com/watch?v=W5J1mEEuuss
A História de Márcio - Rio de Janeiro/RJ
Acreditamos que os jovens brasileiros precisam ser escutados como autores de suas
próprias histórias
http://www.youtube.com/watch?v=pCtNSsAxtkA
Links de vídeos disponíveis no youtube:
Minha vida de João
http://www.youtube.com/watch?v=LESrHIGGon8
O desenho animado Minha Vida de João incentiva que homens jovens reflitam sobre a
construção da masculinidade, levando-os a adotar atitudes e comportamentos livres dos
estereótipos do machismo. O filme apresenta a história de João e a construção de sua
masculinidade, da infância até a juventude, destacando os diferentes aspectos que ele tem que
enfrentar para tornar-se homem na sociedade: a primeira experiência sexual, o contato com a
violência doméstica, a gravidez não planejada de sua namorada e a vivência da paternidade.
Minha Vida de João é um desenho animado sem palavras, com 20 minutos de duração, e foi
desenvolvido para ser uma ferramenta de trabalho para assistentes sociais, professores e
profissionais de saúde e de educação em geral, que procuram uma forma inovadora de
incentivar a reflexão e mostrar aos rapazes que promover a igualdade entre homens e
mulheres traz benefícios para todos.
Produzido por Instituto ProMundo
Reacciona Ecuador, el machismo es violência
https://www.youtube.com/watch?v=NTxUWQ2IE6s
“El comportamiento machista y violento no es natural, ni normal, es un mal que se aprende. No
permitas que estos actos se sigan reproduciendo, está en ti poderlos detener.” Esta é a chamada
da campanha veiculada pelo governo do Equador sobre as normas de gênero influenciado a
qualidade das relações interpessoais e a qualidade de vida.
Anexo 2-Lista com Indicações de Sites.
Recomendações do INCA para o não rastreamento do câncer de próstata.
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Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/prostata/deteccao_pre
coce
Saúde do Homem da Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul
http://www.saude.rs.gov.br/conteudo/443/?Sa%C3%BAde_do_Homem
Site Saúde do Homem do Ministério da Saúde
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=36023&janela=1
Instituto PAPAI
www.institutopapai.blogspot.com
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Acesse aqui o Relatório Final do II Seminário Estadual da Política