Relatório do Evento II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde d Homem:[A vida que eu levo... Deixo a vida me levar: Interlocuções no cuidado à saúd homem.] Porto Alegre, 13 e 14 agosto de 2013 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Sumário Apresentação 1. Avanços e desafios atuais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (Francisco Norberto Moreira da Silva/Saúde do Homem – Ministério da Saúde)...................4 2. Cultura e Saúde do Homem: Apresentação ONG Alvo Cultural …...........................10 3. “No encontro com a cidade: masculinidades e produção de saúde.” (Stelamaris Tinoco, pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero FACED/UFRGS).........11 4. “Masculinidades: trabalho e itinerâncias.” (Priscila Detoni, Doutoranda no Núcleo de Relações de Gênero e sexualidade da Psicologia Social da UFRGS) ….......................................13 5. Mesa Redonda “Com a palavra, os homens”: relatos sobre o acesso ao cuidado em saúde. ….........................................................................................................................17 Considerações da MediadoraFernanda Bassani (Coordenadora da Juventude da Superintendência dos Serviços Penitenciários/SUSEPE).............................................................19 Relato de experiência do usuário de saúde Rodrigo Sabiáh........................................................20 6. A saúde do homem nas práticas de cuidado: relatos de experiências dos municípios......................................................................................................................37 Bagé Boa Vista do Cadeado Bom princípio Teutônia Caxias do Sul Porto Alegre Rio Grande Santiago do Sul São José do Sul São Valério do Sul Canoas 7. “E agora José?”Sistematização dos encaminhamentos para construção de uma Agenda da Política da Saúde do Homem no Estado do RS com as Macrorregiões/Coordenadorias Regionais de Saúde e Municípios..............................................................................................44 8. Considerações sobre o Evento e recomendações as CRS’s e Municípios................................47 2 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Apresentação A Coordenação Estadual da Saúde do Homem do Rio Grande do Sul tem muito a contribuir com a saúde dos gaúchos homens que somam mais de três milhões de cidadãos ente 20 e 59 anos. A Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do Homem, visando qualificar a atenção à saúde a esta população, com base no cuidado integral e interdisciplinar à saúde, realizou o II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem: “A vida que eu levo... Deixo a vida me levar: Interlocuções no cuidado à saúde do homem”, que ocorreu no Hotel Embaixador, nos dias 13 e 14 de agosto de 2013. Este evento é fruto do Plano de Ação Estadual da Saúde do Homem, recémaprovado pelo Conselho Estadual de Saúde/RS, RESOLUÇÃO Nº 04/2013 que prevê ações de sensibilização, de implantação e de implementação de ações voltada à saúde do homem com ênfase na Atenção Básica em Saúde. A fim de refletir acerca das múltiplas demandas de saúde dos homens e as possíveis estratégias de produção de cuidado em saúde, de acordo com as diretrizes nacionais da PNAISH e estaduais da PEAISH, tornou-se imprescindível propor um espaço de sensibilização, informação e troca de conhecimentos, com vistas a instituir debates para uma agenda política com as Coordenadorias Regionais de Saúde, Municípios e entidades civis, orientada para a implementação e acompanhamento de ações de cuidado em saúde integral ao homem no Estado do RS. Este Seminário contou com a participação dos municípios, não apenas no caráter de ouvintes, mas também como painelistas de suas experiências atreladas à saúde do homem. Também tiveram assento, pesquisas acadêmicas sobre masculinidades e saúde, entidades civis como a ONG Alvo Cultural, outros setores da saúde, intersecretarias, como a Secretaria de Segurança Pública e não menos importante, a representação de usuário da saúde. Enquanto painelistas da gestão em saúde, além da Coordenação Estadual da Saúde do homem, tivemos a representação da saúde do homem pelo Ministério da Saúde e representação da direção do Departamento de Ações em Saúde (DAS), Sandra Fagundes. Participaram da mesa de abertura: Representante da Saúde do Homem do Ministério da Saúde, Francisco Norberto Moreira da Silva; Representante da Assembleia Legislativa, Deputado Estadual Carlos Gomes; Representante Estadual da Política de Saúde do Homem, Carlos Antônio da Silva e Representante de Entidade da Sociedade Civil, Enilda Ferreira do INPRÓS. O último momento do evento centrou-se na discussão e sistematização dos encaminhamentos para construção de uma Agenda da Política da Saúde do Homem no Estado do RS com as Macrorregiões/Coordenadorias Regionais de Saúdee Municípios. Alguns destes encaminhamentos já estão sendo implantados pela gestão estadual, como planejamento e execução de Apoio Institucional descentralizado em diversas regionais e municípios, participação em campanhas de saúde e eventos significativos para a inserção da saúde do homem nos municípios. Também estamos propondo espaços de interlocução com a sociedade civil; de disseminação e reflexão sobre a saúde do homem. Este relatório visa materializar a memória das principais discussões ocorridas no II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem. Pretende-se com isto contribuir na difusão das reflexões ocorridas neste evento e na consolidação da saúde do homem na agenda estadual e municipal do RS. 3 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem 1. Avanços e desafios atuais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem ( Francisco Norberto Moreira da Silva/Saúde do Homem – Ministério da Saúde). A apresentação foi feita de maneira a explicar a Politica Nacional de Saúde do Homem, bem como seu marco regulatório e os desdobramentos que tem acontecido a partir de então na inter-relação com a área técnica de saúde do homem, com outras áreas do Ministério da Saúde (saúde do trabalhador, saúde da mulher, saúde do idoso, DST e hepatites e programa nacional de imunização) e para além do ministério como Secretaria de Portos da Presidência da República, Policia Rodoviária Federal e Centro de Referência em Saúde do Trabalhador. A PORTARIA Nº 1.944, DE 27 DE AGOSTO DE 2009 institui a Politica Nacional de saúde do Homem com a seguinte Diretriz: Promover ações de saúde que contribuam significativamente para a compreensão da realidade singular masculina nos seus diversos contextos sócio-culturais e político-econômicos, respeitando os diferentes níveis de desenvolvimento e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão de Estados e Municípios. Ainda foi possível mostrar as linhas de ação que tem sido propostas pela área técnica de saúde do homem conforme o seguinte desenho: Criar estratégias para sensibilizar e atrair por meio de ações ampliadas (em diferentes espaços da comunidade, onde os homens estão) e da reconfiguração de estruturas e práticas da ESF/APS, com especial foco na sensibilização e capacitação da equipe de saúde; Definir estratégias contextualizadas com base no reconhecimento dadiversidade (idade, condição sócio-econômica, local de moradia, diferenças regionais e de raça/etnia, deficiência física e/ou mental, orientação sexual e identidades de gênero, entre outras; Desenvolver campanhas sobre a importância dos homens cuidarem da saúde, tendo como público alvo, homens, mulheres e profissionais de saúde. Criar estratégias para sensibilizar e atrair por meio de ações ampliadas (em diferentes espaços da comunidade, onde os homens estão) e da reconfiguração de estruturas e práticas da ESF/APS, com especial foco na sensibilização e capacitação da equipe de saúde; 4 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem É importante frisar que essas linhas de ações possuem uma importante interface com o programa de melhoria do acesso com qualidade conhecido como PMAQ, a exemplo disso temos os seguintes interesses: O Padrão da atenção integral à saúde do homem no PMAQ pressupõe: Existência de cadastro atualizado da população masculina do território; Busca ativa pela equipe de saúde para a realização de pelo menos uma consulta/ano aos homens de 20 a 59 anos; Oferta de atendimento em horários alternativos adequados para a população masculina; Ações de orientação e sensibilização da população masculina de 40 a 59 anos quanto as medidas disponíveis para detecção precoce do câncer de próstata em pacientes sintomáticos e disfunção erétil, entre outros agravos do aparelho geniturinário; Incorporação dos homens nas ações e atividades educativas voltadas para o planejamento familiar; Ampliação da participação paterna no pré-natal, parto, puerpério e no crescimento e desenvolvimento da criança; Oferta de exames previstos para os homens que participam do pré-natal masculino; Ações de identificação, acolhimento e encaminhamento de situações de violência envolvendo homens; e, Ações educativas para a prevenção de violências e acidentes, e uso de álcool e outras drogas voltadas para a população masculina. Outro aspecto importante da politica é que ela se desdobra em eixos temáticos entre eles pode-se citar: 1. Acesso e Acolhimento 2. Saúde Sexual e Reprodutiva 3. Paternidade e Cuidado 4. Prevenção de Violências e Acidentes 5. Doenças crônicas 5 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem 1. ACESSO E ACOLHIMENTO Estratégias para o ACESSO Busca ativa; Visibilidade da oferta de serviços à população masculina; Considerar aspectos culturais para a construção de ações locais; Rodas de Conversa; Ampliação horários alternativos; Ambiências. 1.1Estratégias para o ACOLHIMENTO Qualificação e sensibilização dos profissionais para receber esses homens, fomentando a melhora da abordagem a população masculina; Criar espaços favoráveis a recepção dos homens; Horários estendidos de atendimento; Captação passiva (aproveitar a chegada desse homem na unidade de Saúde como acompanhante e o captar); Reorganizar a rede, na perspectiva de garantir a referência e contra referência; Ir onde o homem está (espaços com grande contingente masculinos), realizando ações de educação em saúde (canteiro de obras, bares etc); Uso da mídia como propagador das ações masculinas realizadas; Potencializar a parceria com o controle social. 1.2 Estratégias para o ACESSO Busca ativa; Visibilidade da oferta de serviços à população masculina; Considerar aspectos culturais para a construção de ações locais; 6 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Rodas de Conversa; Ampliação horários alternativos; Ambiências. 2. SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA Ampliar o conhecimento e participação dos homens no planejamento familiar; Ampliar a participação do homem no processo de escolha dos métodos anticonceptivos ; Aumentar o número de vasectomias ambulatoriais; Informar o público masculino seu direito a realizar a vasectomia, bem como conhecer os meios para realização dessa cirurgia, fortalecendo assim a Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996; Contribuir para acesso da população masculina aos métodos de reprodução humana assistida nos casos de infertilidade masculina e/ou do casal; Aumentar ações de prevenção de DST/AIDS nas unidades de saúde; Criação de espaços de discussão e esclarecimentos sobre agravos relacionados a saúde sexual e reprodutiva, por exemplo: disfunção erétil, ejaculação precoce, HPB (Hiperplasia Benigna da Próstata), Câncer de Pênis, Câncer de Próstata; Desenvolver ações de vigilância, diagnóstico e tratamento de todos os casos de sífilis, na gestante e seu parceiro, com objetivo de reduzir o número de casos de sífilis congênita na população. 3.PATERNIDADE E CUIDADO Promova junto à equipe a reflexão sobre temas relacionados às masculinidades, cuidado paterno e metodologias para trabalho com homens; Incluir os homens e pais nas rotinas dos serviços e convidá-los para as consultas, exames e atividades de grupo relacionadas ao cuidado com seus filhos e parceiras, tais como contracepção, teste de gravidez e acompanhamento pediátrico; 7 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Facilitar a presença dos pais nas enfermarias, acompanhando seus filhos internados; Incentivar a participação dos pais no pré-natal, parto e pós-parto e dar a eles tarefas significativas, como cortar o cordão umbilical e/ou dar o primeiro banho. Divulgar o direito deles acompanharem o parto; Promover com os homens atividades educativas que discutam temas relacionados ao cuidado, numa perspectiva de gênero; Propor adaptações no ambiente de modo a favorecer a presença dos homens, tais como cadeiras, camas, banheiros masculinos, divisórias, cartazes e revistas; Dar visibilidade ao tema do cuidado paterno, incluindo-o nas diferentes atividades educativas realizadas pela unidade, como: contracepção, pré-natal, aleitamento, grupos de adolescentes, pais e idosos; Oferecer horários alternativos, tais como sábados e terceiro turno, para consultas, atividades de grupo e visitas às enfermarias, a fim de facilitar a presença dos pais que trabalham; Estabeleça parcerias com a comunidade para fortalecer a rede de apoio social; Traçar estratégias para que o homem faça exames de rotina no momento que está acompanhando a gestante (Pré-Natal) por exemplo: VDRL, HIV, hepatite B, glicemia, hemograma, lipidograma) ; UNIDADE PARCEIRA DO PAI. 4.PREVENÇÃO VIOLÊNCIAS E ACIDENTES Sensibilização e articulação com órgãos como: Polícia Rodoviária, DENATRAN e DETRAN com intuito de prevenção e conscientização sobre Acidentes de Trânsito e transporte; Sensibilização e articulação para prevenção de Acidentes de Trabalho com órgãos como área Saúde do Trabalhador, Secretaria do Trabalho e instituições onde há um quantitativo significante de público masculino em seu território. Sensibilização e articulação para prevenção Violência Urbana, Doméstica e Familiar com órgãos como Policias, Ministério Público e Poder Judiciário; Sensibilização e articulação com áreas como Saúde Mental, Policias para prevenção de Suicídio; 8 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Sensibilização em relação aos Direitos Sexuais que incluem: direito de viver a sexualidade no respeito e na justiça; direito a escolher o parceiro sexual sem discriminações; direito ao respeito pleno pela integridade corporal; direito de optar por ser ou não sexualmente ativa; direito de ser livre e autônoma para expressar. Com as seguintes AÇÕES PRIORITÁRIAS Revisão e atualização da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem Confecção do CAB Saúde do Homem- Caderno de Atenção Básica e validação da cartilha de saúde do homem. Confecção de Material Educativo sobre Saúde do Homem e eixos temáticos Apoio institucional aos Munícipios e Estados Acordo de cooperação técnica com a Polícia Rodoviária Federal Ações com a população portuária conforme acordo de cooperação técnica entre MS e SEP O evento foi proveitoso para poder ouvir os municípios e entender que ações estão sendo realizadas em cada local, e verificar como a área técnica de saúde do homem pode contribuir com esse processo por meio de orientar os planos de ações a partir das diretrizes que estão centradas na politica. 9 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem 2. Cultura e Saúde do Homem: Apresentação ONG Alvo Cultural (Jean Andrade) ALVO CULTURAL E A INICIATIVA CULTURA E SAÚDE A Alvo Cultural surgiu em 2005, formado por oficineiros e oficinandos após o encerramento do projeto social Cidadania em Movimento que era realizado em uma creche no bairro COHAB Rubem Berta, região que desde 2002 possui o maior índice de assassinatos de jovens do RS, localizado na zona norte da capital gaúcha. A ideia inicial era criar asas, ter independência, sem precisar depender de entidades que não entendiam daquela cultura ou não tinham o interesse pela temática de juventude. Em 2006 lançaram na internet um dos primeiros portais de hip hop do Brasil, o site Alvovirtual.com com o objetivo de divulgar seus trabalhos e fortalecer a cena da cultura do hip hop, espalhando para o mundo a produção local. O trabalho chamou a atenção de veículos de mídia na época e com o passar dos anos a entidade percebeu que a cultura é um elemento fundamental não só na prevenção do uso de drogas quanto no tratamento da dependência química e começou a realizar projetos sociais com esse objetivo. Dentro das periferias, a baixo autoestima leva homens jovens e adultos ao caminho do consumo de álcool e outras drogas; nessa perspectiva, a Alvo trabalha com projetos ligados a cultura e saúde pois o jovem que aprende e produz música, dança ou pratica algum esporte como o skate tem mais chances de sobressair sua adolescência sem a utilização de drogas, caminho que o leva diretamente para a criminalidade, especialmente o tráfico de drogas já enraizado nessas comunidades. Em 2009 a Alvo, a convite da Superintendência de Serviços Penitenciários começa a realizar oficinas de hip hop nos presídios, a iniciativa tem o nome de Mc’s Para Paz (Multiplicadores de Cidadania Para Paz) com o objetivo de melhorar o atendimento psicossocial desenvolvido pela autarquia e a linguagem do hip hop, através das expressões como as letras do rap, se tornam a via de acesso às problemáticas enfrentadas por aqueles jovens presos. Desde lá, a Alvo vem trabalhando com grupos em cinco presídios gaúchos, e conta com inúmeras histórias de ressocialização conquistada por esses jovens, o que leva a crer que esse projeto deva ser fortalecido e ampliado, criando condições a um número maior de jovens detentos. A cultura e saúde neste aspecto são fundamentais pelo seu baixo custobenefício em relação aos tratamentos penais convencionais e pelo alto grau de ressocialização, pois se sabe bem que no Brasil existe um enorme índice de reincidência. Em 2010, a Alvo entra para a Rede de Pontos de Cultura e Saúde do Grupo Hospitalar Conceição. Nesta rede tem-se contato com outras entidades e projetos relacionados a melhoria da saúde através da cultura. Nesta rede, o SUS tem importante papel na promoção das linguagens que promovam a humanização e resignificação do 10 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem cuidado em saúde, pois muitos dos problemas de saúde do bairro Rubem Berta são gerados por falta de uma vida social saudável, alto consumo de álcool e outras drogas, pouca autoestima, discriminação social e racial, falta de equipamentos culturais e de lazer e de ações que motivem a população a seguir com uma vida mais plena no saber e fazer cultural. A cultura e saúde ampliam e qualificam os processos de promoção reconhecendo o ser humano como ser integral, a saúde como qualidade de vida e a cultura como o espaço em que o homem se realiza em todas as suas manifestações. No ano de 2013 a entidade completou oito anos de atuação, ganhou uma homenagem da Assembléia Legislativa do RS e da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, e o seu currículo conta com muitas histórias de superação vivenciadas pelos seus gestores e beneficiários, alguns inclusive compõe o atual quadro de educadores culturais. Para celebrar foi realizado um grande evento no Parque Marinha do Brasil que contou com a participação de milhares de pessoas e diversos coletivos culturais gaúchos, colaboradores, parceiros e entidades que vem a Alvo como uma das mais importantes iniciativas de jovens do nosso estado. O desafio agora é ampliar os projetos e implantar processos de gestão mais eficientes e transparentes para tanto a organização recebeu uma assessoria empresarial que ajudará a entidade otimizar recursos e ampliar a rede de apoio. Para conhecer mais sobre os trabalhos da Alvo Cultural acesse www.alvovirtual.com 3. “No encontro com a cidade: masculinidades e produção de saúde.” (Stelamaris Tinoco, pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de GêneroFACED/UFRGS) StelamarisGlück Tinoco Mestranda em Educação – FACED/UFRGS Pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero (GEERGE) – FACED/UFRGS [email protected] As reflexões que trago partem de meu tema de pesquisa em educação, onde acompanho a itinerância de homens egressos de internação de longa permanência em hospital psiquiátrico e seu encontro com a cidade. Repouso o olhar sobre as construções de masculinidades destes homens quando adentram o espaço urbano e se misturam na paisagem, sendo mais um, escapando aos olhares tutelares do cuidado e ao duplo interdito: diagnóstico e legal. Encontros que trazem a potência de vida do fervilhar cotidiano da cidade e tecem outras nomeações e narrativas sobre estes sujeitos, para além da impossibilidade que por muito tempo os habitou. Enquanto pesquisadora, tenho importante implicação com o campo de pesquisa por ser um corpo-trabalhadora que transita entre a assistência, a gestão e o ensino, entre o Hospital Psiquiátrico São Pedro, os Serviços Residenciais Terapêuticos 11 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Morada São Pedro e a Vila São Pedro (antigamente nominada Cachorro Sentado), onde se alocam estes serviços. Esta itinerância que também é minha como trabalhadora, acompanhando estas vidas no acontecer cotidiano, possibilitou olhar para as construções de gênero de corpos-homens-loucos e corpos-mulheres-trabalhadoras no exercício do cuidado em saúde mental. Estes corpos-homens-loucos, antecedidos por um diagnóstico, naturalizadamente lidos pela impossibilidade, olhados como abjetos, perigosos, com suas masculinidades deficitárias e discursos não validados socialmente, historicamente desfilaram seus corpos como sombras que habitam o recôndito das clausuras. Tomo a loucura, como as masculinidades, estas no plural, por considerar estas duas instâncias como construções culturais que estão sob lógicas operantes e funcionando como verdades, num determinado contexto geopolítico. A loucura com seus aparatos de tratamento é fruto de produções sociais que vão se atualizando, transformando conforme os regimes de verdade validados. Nem loucura, nem masculinidades são naturalmente dadas em nossos corpos-vidas. Somos construídos/as como loucos/as, homens, mulheres. Somos ensinados/as a sermos o que somos. No território da vila que vou me permitir nominar por seu antigo nome, porque é ainda muito chamada de Vila Cachorro Sentado, uma vila de ocupação, reconhecida pela precariedade, a vida pulsa intensamente, numa produção colorida de vida onde se misturam cheiros, risos, tiros, violência, festa, crianças brincando, indo à escola, gente trabalhando, abraços e loucuras. Nesta comunidade e dela para a amplitude da cidade os corpos-homens-loucos circulam em esbarrões de corpos que se encontram, se afetam e se modificam. Estes homens se misturam às gentes do lugar, se inserem nas redes de trocas, compram fiado no armazém, batem papo nas esquinas, pedem favores e ajudam os vizinhos/as, vão ao mercado, pagam suas contas, tecendo laços de pertencimento e construindo uma narrativa outra sobre si, narrativas de outras masculinidades possíveis, viáveis, que não as da deficiência, menos válidas ou infantilizadas... Vão borrando estas fronteiras num câmbio e entrelaçamento de identidades. Aos poucos não mais apenas o louco, mas também homem, também pobre, também vizinho, mais um no anonimato do território. Da periculosidade, feiura, abjeção que lhe imputa o olhar social formado numa lógica de estética do que é bonito e saudável, vão se produzindo outros conceitos de saúde. Uma produção de saúde também a partir destas masculinidades viáveis. E, trazendo desta discussão contribuições para a construção da política de saúde do homem, penso que centralmente é preciso problematizar a dureza da construção do masculino, onde se exige uma recusa do sensível, uma resposta ao chamamento à violência/virilidade como formas de afirmação de uma masculinidade (única) válida. É urgente discutir a validação de várias masculinidades possíveis, onde os corpos caibam, onde a singularidade de cada história tenha lugar. Ou seja, as práticas de cuidado em saúde precisam estar coladas a uma escuta sensível, destituída ao máximo de nossas próprias moralidades e centrada no que faz sentido para os sujeitos, em sua história de vida, em seu território. A questão da violência vinculada ao masculino, evidenciada estatisticamente, inclusive a violência contra as mulheres, tem raízes profundas na construção social dos 12 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem atributos da masculinidade. Há um pedido de que homens se constituam como fortes, duros, demonstrando agressividade, até mesmo certa brutalidade em suas relações. Este é um conceito em mutação, mas que ainda prevalece em algumas culturas, e constitui no imaginário social provas de masculinidade, virilidade. Desde muito cedo é pedido aos meninos que provem sua macheza através de movimentos bruscos, demonstrações de força e competitividade. É pedido que suportem as dores/sentimentos e não sejam dadas demonstrações de fragilidade, o que colocaria suas masculinidades em suspeição. O limite entre força e violência na idade adulta fica muitas vezes bastante tênue, permitindo facilmente um deslizar da força à violência e ao crime, e aí o sujeito responde individualmente, sem que a sociedade se coloque coautora destas produções. Um trabalho em rede, que se paute por produzir novos sentidos de vida, outras subjetivações menos duras e que desnaturalize este lugar de uma masculinidade hegemônica, que aprisiona os corpos e exclui os que não se enquadram nas categorizações sociais, pode ser mais produtor de saúde. A política da saúde do homem precisa se ocupar de pensar estratégias de trazer esta população para discutir suas demandas e serem olhados por lentes mais ampliadas, pensando outros sentidos de vida, e, principalmente, tomar as masculinidades como construções sociais e, portanto, mutáveis, devendo ser colocadas em questão para que os sujeitos possam transitar neste campo com menos sofrimento. É preciso reinventar jeitos de trabalhar, deseducar, reeducando os nossos olhares, ampliar nossa disponibilidade ao encontro, acolhendo o que o outro traz num processo de duplo aprender. E, finalizando, precisamos ser criativos/as na construção de novas estratégias em saúde pública, transformando seu caráter muitas vezes homogeneizante de olhar populações para que se olhem sujeitos singulares, portadores de histórias recheadas de sentidos. Inclusive os tantos outros sujeitos invisibilizados como os que habitam as prisões, manicômios, clínicas... Enfim, puxo o olhar também para quem não habita territórios definidos, o que convoca a discutir melhor as questões de diversidade sexual, campo ainda nebuloso para as moralidades vigentes. 4. “Masculinidades: trabalho e itinerâncias.” (Priscila Detoni, Doutoranda no Núcleo de Relações de Gênero e sexualidade da Psicologia Social da UFRGS) Priscila Pavan Detoni Psicóloga CRP 07/16732 Doutoranda em Psicologia Social e Institucional – UFRGS Membro do Nupsex – Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero e do CRDH – Centro de Referência em Direitos Humanos, Relações de Gênero e Sexualidade - http://www.nupsex.org/page1.aspx Contato: [email protected] 13 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Quero agradecer a oportunidade de estar participando desse espaço de informação e troca de conhecimentos, visamos instituir uma agenda política com as Coordenadorias Regionais de Saúde, Municípios, profissionais de saúde e sociedade civil, orientada para a implementação e acompanhamento de ações de cuidado em saúde integral ao homem. Então, minha contribuição será com o relato da minha experiência de pesquisa de mestrado sobre a construção das masculinidades em um canteiro de obras entre os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Essa pesquisa buscou descrever como são (re–des) construídas essas subjetividades masculinas, desde o processo de mobilização para a vinda e instalação desses trabalhadores, a composição da cidade temporária instalada no canteiro de obras até o processo de desmobilização. Esse processo fala da itinerância desses homens interpelados como barrageiros. Itinerância que reflete a situação de outros trabalhadores, como da construção civil, da área da mineração; bem como os caminhoneiros, e os agricultores que migram para trabalham nas colheitas de safras, o que é comum aqui no Rio Grande do Sul. As análises realizadas nos dois anos de pesquisa no canteiro de obras, entre 2008 e 2010, através de observações e entrevistas compuseram-se de elementos que tomam eixos os elementos fundamentais da edificação dessas masculinidades – a atividade sexual;a relação com a prostituição; o trabalho pesado e arriscado ligado à construção civil; a convivência nos alojamentos; a relação com as famílias; a corporalidade, e as relações de amizade/solidariedade que se constroem no processo de seguir barragens. Cabe aqui focar na história da maioria dos homens trabalhadores– a necessidade de trabalhar para sobreviver e na forma como a construção das masculinidades está ligada a formas de violência e de resistir. Por isso, se pensarmos como se aprende a ser homem, logo lembramos de frases como – “Homem não chora”, ou seja, não pode ocupar um lugar que mereça cuidado e por isso, algumas masculinidades ficam nas margens. Essas masculinidades que ocupam lugares marginais, não estão só no rol das atividades de trabalho, mas também das formas como existem diferentes tipos de homens e masculinidades, como os próprios pesquisados classificaram que existem os mais machos (mais resistentes, fortes, corajosos e sexualmente insaciáveis), os menos machos (trabalhadores e provedores) e aqueles que não querem ser machos (os homens que não ocupam o status da heterossexualidade, como homossexuais, bissexuais, transexuais) (DETONI, 2010). O campo de pesquisa foi numa obra de médio porte composta por 3.500 trabalhadores/as diretos/as, e 5.000 indiretos/as, que vão e voltam diariamente de ônibus das regiões próximas, sendo o trabalho dividido em três turnos de oito horas (DETONI, 2010). A maioria dos homens que vinham para essa obra era trazida por ônibus agenciados por um recrutador da construtora no nordeste ou através do SINE (Sistema Nacional de Empregos), em especial dos estados do Piauí e do Maranhão, onde o nível de desemprego e as condições socioeconômicas impulsionam a busca de sustento em outras regiões, o que coloca a questão as falas de que os nordestinos aguentariam mais o trabalho duro. O sujeitar-se ao trabalho duro também fala da falta 14 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem de escolarização da maioria desses trabalhadores, que muitas vezes não têm sequer documentação de comprovação escolar ou identidade. Iniciando seu processo de entrada de trabalho no canteiro de obra, pela cidadania oferecida pelos documentos que nos dão um número e nos conferem um lugar de sujeito, bem como o pertencimento ao gênero e a sexualidade que nos garante a possibilidade de sermos sujeitos, conforme Michel Foucault e Judith Butler, autores em que estive fundamentada. Então, se um trabalhador nordestino que vem para o sul sem documentos ficasse doente como poderia ser atendido pela rede de saúde dos municípios em que ele trabalha? Essa era uma das problemáticas discutidas pelos profissionais de saúde que trabalhavam no canteiro de obra, em especial da área da psicologia e do posto médico de emergência. Corremos o risco em falar de trajetórias de uma forma homogênea, o que pode mutilar a complexidade das singularidades, entretanto sempre que possível, apontarei para a diversidade de composição do grupo desses homens interpelados como barrageiros, o que carrega em si estigmas e identificação desses sujeitos. Esses homens eram identificados como não pertencendo ao processo de saúde e de responsabilidade dos municípios, por ser ali um corpo de passagem. Então, eles não tinham acesso nos espaços das Unidades Básicas de Saúde – UBSs, por que ainda existe uma dificuldade do Sistema Único de Saúde – SUS em acolher aqueles sujeitos considerados “passageiros” ou não pertencentes ao território. O estigma em relação aos “barrageiros” produz o difícil acesso deles a saúde pública dos municípios locais, bem como ao recebimento de medicamentos e preservativos. Esse processo de exclusão é decorrente de um entendimento equivocado da chamada “regionalização” do SUS, o qual teria como prioridade a população local e não a itinerante. Tudo isso converge para aumentar a vulnerabilidade do ser “barrageiro”, como se eles não fizessem parte da população. Afinal, sua origem não é de nenhum dos municípios do contorno da obra e estes corpos/estas vidas são tratados/as como passageiros/as, pois seu destino é “seguir barragem” (DETONI, 2010, DETONI e NARDI, 2013). Assim, escolhe-se quem deve ser privilegiado com a saúde/a vida: os poderes reguladores de uma estrutura binária (oposição entre o corpo social e quem trabalha pelo Estado) perpassam a sociedade e reinstalam a contra-história que deu origem ao racismo. Os discursos biológicos/racistas propõem a necessidade de se defender a sociedade contra os perigos de uma raça mais fraca, por isso elimina e segrega, como forma de normalizar a sociedade. Os barrageiros, ao mesmo tempo em que são úteis enquanto força de trabalho, não recebem a legitimidade plena de cidadania perante o Estado por não estarem situados dentro de um lugar circunscrito. Então retomo os questionamentos que cabem aos homens trabalhadores e itinerantes: pertenceriam estes sujeitos ao acaso? Seriam necessárias políticas públicas especificas para que “os barrageiros” se tornassem pelo menos uma “população especial”, como outras que existem, e necessariamente precisam existir, dentro das 15 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem normas de Estado, para reivindicar os seus direitos (como as minorias sexuais e/ou raciais)? Ou seja, o que é preciso fazer para que “os barrageiros” sejam considerados população cidadã, para que seus direitos tenham legitimidade? Que virilidade é essa onde ser faz necessário desenvolver tolerância às condições adversas como as atividades que implicam risco, caso do trabalho em altura ou em explosões, por exemplo? Durante o treinamento de segurança que acompanhei, ouvi designarem o lugar da obra como “trash”1, por que na classificação de risco associado às atividades laborais este lugar toma uma classificação que fica no topo 2. Dejours abordou essa tolerância às adversidades como sendo uma estratégia de defesa coletiva, bem como uma destas estratégias que figura a virilidade seria a negação dos riscos. Como apresento nesta fala: “O trabalho em barragem é um pouco pesado, pesado, tem uns setores que é mais né, nem tão pesado, tem acidente, é perigoso em todo o lugar, mas daí a gente trabalha com segurança, daí os perigos são menores, né?” (DETONI, 2010). Então há uma precarização das vidas mascaradas por masculinidades, virilidades que desafiam o uso dos Equipamentos de Proteção Individual – EPI´s, que vestem um corpo não só com o uniforme de trabalho, mas com a história itinerante que se dá a cada mobilização e desmobilização dos canteiros de obras e com as relações que ali se estabelecem, as quais constroem possibilidades de ser homem. Apesar de existirem modelos hegemônicos de masculinidades conectados à matriz heteronormativa, os quais entram em tensão e se reformulam de acordo com os marcadores sociais em questão (origem, escolaridade, idade), a época, o local e as relações que se estabelecem dentro da continuidade e da estabilidade que se constrói na itinerância dos/as seguidores/as de barragens. (DETONI, 2010, DETONI e NARDI, 2013). Referências: DETONI, P. P. "Seguir barragem”: (re - des) construções das masculinidades num canteiro de obras de uma usina hidrelétrica. Dissertação de Mestrado em Psicologia Social e Institucional. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, 2010. DETONI, Priscila Pavan ; NARDI, H. C. . Masculinidades e Sexualidades em um Canteiro de Obras. Revista de Estudos Universitários, v. 39, p. 31-52, 2013. DETONI, Priscila Pavan ; NARDI, H. C. Construindo barragens e masculinidades: pesquisa em Psicologia Social em um canteiro de obras de uma hidroelétrica na fronteira do RS-SC. In: 1 “Trash” significa perigoso, estranho, medonho. 2 Na classificação de agentes etiológicos de doenças como base no risco apresentado, uma obra como a barragem ocupa a classe de risco 4, conforme aprendi no treinamento de segurança do trabalho que participei durante esta pesquisa. 16 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Jáder Ferreira Leite, Magda Dimenstein. (Org.). Psicologia e contextos rurais. 1ed. Natal: EDUFRN, 2013, v. 9, p. 245-272. 5. Mesa Redonda “Com a palavra, os homens”: relatos sobre o acesso ao cuidado em saúde. Considerações da Mediadora Fernanda Bassani (Coordenadora da Juventude da Superintendência dos Serviços Penitenciários/SUSEPE) O HOMEM JOVEM BRASILEIRO: APROXIMANDO OS CAMPOS DA SAÚDE E DA SEGURANÇA PUBLICA Fernanda Bassani Coordenadora da Juventude – Susepe/RS Especialista em Segurança Cidadã – UFRGS Mestre em Psicologia Social e Institucional- UFRGS [email protected] O homem jovem brasileiro é um sujeito social que, nos últimos anos, vem forçando uma aproximação entre os campos da saúde e da segurança pública. Isso porque, o homicídio, considerado o crime mais violento dentro do território penal, assumiu também o lugar de principal causa de mortes de homens no país, superando causas tradicionais como doenças do coração e acidentes vasculares cerebrais (fonte: Viva- SUS/2010). Trata-se de uma realidade brasileira, tendo em vista que em países vizinhos, como Uruguai e Argentina, o homicídio é apenas a 12º causa de mortes e na Europa não passa do 50º lugar3. Mesmo dentro do grupo mais atingido pela violência urbana, o dos homens, a um subgrupo que sente de maneira mais intensa esses efeitos: o dos jovens. Em 2010, por exemplo, quando foram registrados 49.900 homicidios, cerca de 70% das vítimas possuiam entre 15 e 29 anos (Fonte: Mapa da Violencia 2011). O Mapa da Violência 2013, publicado recentemente4 informa que nos últimos 30 anos as mortes por homicídios cresceram 326,1% e as principais vitimas consolidaram-se como sendo os homens jovens. Estes também passaram a ocupar o primeiro lugar no ranking dos mortos por acidentes de transito e suicídios. 3 Global Burden of Disease (GBD) – Carga Global de Doença, em português, publicada em 2013 pela revista inglesa The Lancet e organizada pela Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, o Imperial College, de Londres, e a Organização Mundial da Saúde (OMS). 4 Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), com dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde 17 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Essa realidade causa prejuizos intensos em toda a sociedade, tendo em vista que os jovens constituem o grupo social que deveria estar assumindo seu lugar na economia e no sustento da familia. Ao contrário disso, estão engrossando as população prisionais e estatísticas de mortes, produzindo o esfacelamento de familias pobres que lutam para sobreviver em meio a exclusão social. Por conta do crescimento das mortes por homícidio, que tem superado os indices de países em guerra, e pelo fato delas possuirem um perfil de vitima fixo – jovem, preto e pobre – esse processo tem sido chamado pelos movimentos sociais do Brasil de extermínio da juventude. Os jovens assassinados são em sua maioria pobres, moradores de comunidades periféricas, que não concluíram o ensino fundamental e encontram-se a margem do mercado formal de trabalho. Atuavam em atividades informais variadas (vendedores ambulantes, serventes de pedreiro, autônomos, etc) ou em atividades criminais, como o tráfico de drogas. A própria oscilação de práticas laborais autônomas com práticas criminais é um cotidiano comum de muitos deles, pressionados pela necessidade de auto-sustento, a baixa escolarização e as subjetividades capitalistas, que demandam o consumo permanente. Sabe-se que a adolescência é uma fase da vida em que se amplia a vulnerabilidade aos valores capitalistas, veiculados em meios de comunicação que pregam um padrão rígido de inclusão – o mesmo tênis Nike Shok divulgado e desejado pelo jovem rico é ambicionado pelo jovem de periferia. No universo da periferia, frequentemente a inclusão no tráfico de drogas aparece como alternativa rápida e eficiente, para alcançar os ganhos julgados necessários. Também a outro caminho de inclusão na criminalidade: o do uso de drogas. É comum jovens dependentes químicos, em especial de crack, realizarem pequenas atividades de tráfico recebendo como pagamento a própria droga para o consumo. O crescimento do aprisionamento de jovens por trafico de drogas nos últimos anos, dá uma boa medida dessa realidade. No Presídio Central de Porto Alegre, por exemplo, considerada a maior casa prisional da América Latina, com 4300 homens, 65% possui entre 18 e 29 anos e 70% está preso por tráfico de drogas. Este contexto é intensificado por tratar-se de uma casa de prisão provisória, onde são abrigados os presos logo após a sua apreensão. Muitos deles, portanto, não ficarão presos, respondendo o processo em liberdade, mas por passarem pelo sistema prisional constituirão comprometimentos com facções prisionais que deverão ser honradas quando em liberdade. Assim se fortalece um ciclo criminal que iniciou com o uso de drogas ou com uma atividade ocasional de tráfico “para um dinheiro rápido” , passou por “rixas” e cobranças e culminará em uma carreira criminal ou na morte por homicidio. É por isso que se diz que em grande parte o processo de exterminio apoiase na equação “ jovem matando jovem”. A questão racial, sobretudo no que concerne ao racismo institucional operado pelas policias, é também responsável pelo processo de exterminio da juventude. Nos últimos anos, políticas publicas voltadas ao publico jovem de periferia (Ex; Pronasci do MJ) conseguiram reduzir os índices de homicídios de jovens em 20%, mas somente entre os brancos. No mesmo período o índice de mortes de jovens negros aumentou 18 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem em 30%. O “racismo institucional” é um tema debatido por autores como Silvério 5 (2002) e fala de escolhas subjetivas das forças policiais que fazem com que seus representantes identifiquem alguns jovens como “indivíduos suspeitos”. Processo que faz com que alguns sejam encaminhados para o “paredão” ou revista minuciosa, enquanto outros são identificados como inofensivos. Nesses casos, a dupla “calças largas e boné”, associada ao tipo de cabelo, e outros elementos típicos de culturas de periferia, como o hip hop e o funk, também podem ser confundidos como “sinais de bandidagem”. Tratam-se de escolhas pessoais, amparadas em estereótipos sociais que tem no racismo um importante pilar de apoio. As mortes de jovens por forças policias, muitas vezes, aparecem nas estatísticas como “autos de resistência”, uma espécie de recurso jurídico que protege o policial ao dizer que o assassinato foi a ultima opção diante da resistência do jovem à abordagem. A aproximação entre os campos da saúde e segurança pública proporcionado pelo crescimento dos homicidios de jovens é um processo recente e complexo. Requer um debate que envolva ainda o papel da escola e da família, dissolvendo os limites dos “especialismos” ciêntíficos e de políticas públicas. Isso porque o jovem não morre quando leva um tiro, mas dia-a-dia, nas diversas situações em que é excluído, pela família, escola, por sua condição social, cor de pele e endereço. Morre um pouco, cada vez que é agredido, escolhido para compor o paredão e assim, empurrado para a violência criminal e, finalmente, para a morte física. Esse itinerário de exclusão e criminalização precisa ser melhor compreendido pelo campo da saude pública, afim de contribuir para a mudança desse cenário. Relato de experiência do usuário de saúde Rodrigo Sabiáh A saúde que tive que tratar durante anos foi a mental, durante muito tempo teve que saber lidar com essa doença da qual tomou conta da minha cabeça e do meu coração. Pelo fato de eu me encontrar preso tive que saber lidar com a carência, a saudade e a depressão. A carência da minha família, daquele pouco de carinho, de alguém para conversar. A saudade da família, amigos e do mundo lá fora, mundo que sempre fiz parte e por consequência dos meus erros tive que me ausentar e por consequência disso tudo acabei ficando deprimido, a depressão acabou com o meu humor e com a minha alegria e essa depressão acabou refletindo nas pessoas em minha volta, principalmente na minha mãe. Conseqüentemente, ela começou a ficar triste por mim e comigo. O meu psicológico foi muito afetado com toda essa mudança na minha vida e daqui a pouco eu tive que cair na real e procura alguma maneira de fugir de tudo aquilo.Tive que busca alternativas principalmente para fugir daquele ambiente hostil SILVÉRIO, Valter Roberto. Cadernos de Pesquisa nº117 (2002) 5 19 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem em que me encontrava. Não foi nada fácil, no início eu não conseguia assistir TV, nem ouvir rádio, isso me deixava pior pelo fato de eu não poder fazer parte desse mundo. Mas um dia apareceu do nada um livro na minha frente e pela primeira vez me senti atraído pela leitura, apesar de toda aquela turbulência eu consegui me concentrar na minha leitura e pela primeira vez na minha vida consegui ler um livro de capa; entrei para dentro daquele livro de tal forma que me senti muitas vezes um dos personagens daquela história. Bom, descobri então a forma, a arma para fugir de tudo aquilo, consegui ter um momento meu, consegui pensar e refletir a respeito de tudo e quando eu me via em um estado de melancolia eu lia e a leitura me tirava dali e me levava para longe, bem longe. Com o tempo acabei descobrindo um dom que jamais imaginei que eu tinha, com a leitura. Desenvolvi o dom da escrita, e a escrita foi uma nova ferramenta, pois através da escrita pude expor meus sentimentos e passar para o papel tudo aquilo que eu vivia e vivenciava diariamente. Com a ajuda da leitura, e da minha experiência diária passei a escrever versos e poesias, foi tudo que eu estava precisando e com essa riqueza literária consegui transformar tudo aquilo de ruim que eu estava vivenciando em coisas boas. Mas ainda me faltava algo, ou alguém pra eu ler e discutir a respeito do que eu escrevia e pensava, eu tinha a minha mão como ouvinte, mas não era a mesma coisa, e nunca vi ninguém naquele ambiente que eu pudesse ler e discutir algo a respeito. Foi quando por vontade própria eu busquei uma ajuda psicológica, alguém que me ajudou muito em todos os aspectos, e ajudou com as minhas leituras, encontrei alguém para me escutar,para me orientar sobre as minhas escritas e me incentivar a escrever mais e mais, me deu muitas orientações, coisas que eu precisa ouvir, que eu tinha necessidade. Em seguida conheci o grupo MCS PARA PAZ. Junto comigo eu pude trazer o meu irmão, o que foi de grande ajuda, depois de tanto ouvir falar a respeito eu estava fazendo parte desse grupo, grupo do qual me proporcionou grandes momentos de alegria, foi onde pude aprender e conhecer pessoas novas com os mesmos objetivos que eu; O DE SAIR TRAÇAR E CUMPRIR SUAS METAS E NUNCA MAIS VOLTAR. Foi o que muitos fizeram. Eu logo sai e corri atrás dos meus objetivos e novamente com a ajuda do grupo MCS PARA PAZ eu consegui me empregar,hoje eu e o meu irmão que também é um ex presidiário,temos o nosso próprio galpão de reciclagem podemos dar oportunidades para outros jovens. Foi dessa maneira que consegui tratar da minha saúde mental e hoje posso trazer um pouco dessa minha experiência de vida pra vocês...Obrigado!!!!! 6. A saúde do homem nas práticas de cuidado: relatos de experiências dos municípios. 1° CRS –São José do Sul 20 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO SUL SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE CENTRO DE SAÚDE DOM DIOGO Os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer. Com foco neste pensamento o Ministério da Saúde criou a Política de Atenção Integral a Saúde do Homem. Tem por objetivo a melhoria das condições do indivíduo, contribuir para a redução das doenças e da mortalidade por meio do enfrentamento dos fatores de risco e melhorar o acesso desse grupo aos serviços de saúde (BRASIL, 2008). O município de São José do Sul realiza atividade anual voltada para saúde do homem através: da realização do exame laboratorial do PSA – custeado pelo paciente, palestra com temáticas sobre a Saúde do Homem e Prevenção em Saúde, exame físico e toque retal realizado por urologista contratado pela Prefeitura para o dia do evento. Visando melhoria do acesso, foram implantadas as consultas agendadas. Outra atividade é realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde, que realizam atividades de educação em saúde nos domicílios dos pacientes, mensalmente, através de material educativo impresso, onde são abordados também temas sobre a saúde do homem. Objetivo Estimular a promoção da saúde do homem, através de atividades voltadas para prevenção em saúde, visando melhorar a qualidade de vida e reduzir a mortalidade precoce. Público Alvo Homens a partir dos 40 anos e homens com histórico familiar de câncer de próstata a partir dos 35 anos para o evento anual. Resultados Esperados Melhorar a qualidade de vida, diagnósticos precoces e reduzir a mortalidade precoce. Reflexões sobre desafios e potencialidades Conquistar os homens, estimulando-os para cuidado com a sua saúde. Conclusões Seria importante que o Estado do Rio Grande do Sul disponibilizasse os exames laboratoriais do PSA (antígeno prostático específico), para que pudéssemos atingir um 21 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem maior quantitativo do público masculino. O laboratório credenciado pelo Estado para realizar os exames laboratoriais no município não coleta o PSA pelo SUS. Este ano pretendemos expandir o evento do Dia do Homem, objetivando avaliar o homem com uma visão mais holística. Será implantando uma triagem com a verificação da pressão, glicose e IMC e todos os dados registrados no prontuário eletrônico e na carteirinha do paciente, será realizada uma avaliação odontológica e também verificada a situação vacinal do homem em questão. Os homens a partir dos 30 anos também serão convidados para o dia do evento. O evento será realizado no mês de novembro. Painelista: Elizabeth Ramos Tinoco Enfermeira da ESF – São José do Sul. 1° CRS – Canoas Programa de Saúde do Homem em Canoas Canoas tem uma população aproximada de 323.827 Habitantes e o Bairro Matias Velho tem 52.000 moradores. O programa de Saúde do Homem no Município de Canoas teve inicio em 11 de Julho de 2011 na Unidade Básica de Saúde “União”, sito Rua São Borja no Bairro Matias Velho e atende homens entre 20 e 59 anos de idade que não conseguem agendar consulta para o horário de atendimento na unidade. A UBS União atende os moradores das áreas de sete equipes de ESF, (população aproximada de 23.500 moradores atendidos nesta unidade), é pioneira nesta forma de atendimento e funciona das 08:00hs as 17:00hs com Estratégia de Saúde da Família, com agendamento de consultas através do tele agendamento “Canoas Saúde”. O programa de Saúde do Homem tem seu atendimento de segunda- feira à quarta-feira com horário das 17:00hs às 19:00hs, a triagem é realizada por um Técnico em Enfermagem onde são agendadas seis consultas com médico generalista por dia e aproximado 70 atendimentos/ mês. Para que o programa tenha maior êxito faz-se agenda de coleta de CP (papanicolau) com o profissional enfermeiro com número de oito coletas por dia e aproximadamente 90 atendimentos/mês, para sua acompanhante com intuito de captar o acompanhante masculino, e seu agendamento é direto na unidade através de Agente Comunitário de Saúde, familiares ou companheira (o) e o atendimento odontológico é realizado uma vez por semana. Com o desenvolvimento deste serviço é proporcionado à população masculina acompanhamento de saúde, pois é oferecido horário diferenciado disponibilizando 22 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem serviço médico para uma melhor qualidade de vida. A ampliação para quatro novas unidades, distribuídas por quadrante, estenderá este atendimento como hoje se faz na UBS União das 17:00 às 19:00. Esta estratégia busca facilitar o acesso aos usuários do sexo masculino aos serviços de saúde, ofertando atenção integral a estes indivíduos e rompendo certos tabus com relação à promoção de saúde e prevenção de doenças. Atenciosamente Macgregor Lenine Silveira Programa de Saúde do Homem 2° CRS – Porto Alegre Grupo de Saúde do Homem Ao longo dos meus 11 anos de Atenção Primária em Saúde, pude constatar e acredito cada vez mais que a prevenção é a ferramenta mais prática, barata e menos invasiva no trato da saúde, em especial à dos Homens. Diante disso, cito, a seguir, minha experiência de mais de 04 anos, na criação, manutenção e prática no trato do Grupo de Saúde do Homem. Grupo este desenvolvido nas dependências e adjacências do nosso Posto de Saúde, sempre nas quintas-feiras, das 10 às 11 horas. • Como e Porquê Surgiu Após ouvir muitos relatos do tipo “O quê este homem está fazendo aqui?”, “Homem só vem ao posto para reclamar e pegar lugar na fila!”, “Homem é sempre a mesma coisa...”, comecei a sensibilizar-me e a desenvolver um olhar mais criterioso para essa situação. Perguntava-me: qual o motivo dessa discriminação para com os homens? Como contornar esse clima institucionalizado??? A partir de então, ocorreu-me a idéia de buscar auxílio no intuito de “abrir uma porta” nos Serviços de Saúde para acolher, descentemente, a esses homens. Mas qual seria a chave motivacional disso? – Uma luz: Grupos de Saúde para Homens!!! • Público Alvo Tal grupo abriga homens das mais variadas idades, ocupações, crenças ou credos. As portas sempre estão abertas aos pedreiros, DJs, seguranças, aposentados, estudantes, analfabetos, caminhoneiros, etc., desde que sejam do sexo masculino. (Até padre já nos prestigiou, e justamente numa temática sobre a próstata!). Não fazemos distinção, pois todo brasileiro é igual perante a Lei, e assim o fazemos nesse grupo. Dessa forma ninguém se sente menosprezado nem melhor do que o outro. Bem como, nenhum homem é invisível, ele sempre está por perto, porém, as 23 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem vezes, nós é que não temos um olhar para ele! Que tal limparmos a lente e passarmos a vê-lo? • Regras de Convivência Apesar de sermos rotulados de Clube do Bolinha, temos 03 regras fixas: não fazer fofoca alguma, não falar sobre futebol e não comentarmos sobre mulheres, a menos que tenhamos que fazer comparações fisiológicas/metabólicas para uma melhor compreensão dos temas abordados.Assim tem sido e convivemos harmoniosamente num ambiente de muita cordialidade e respeito mútuo. • Periodicidade Inicialmente experimentamos encontros semanais, mas foram cansativos. Tentamos mensais, mas percebemos um arrefecimento nas relações e por fim, experimentamos e adotamos até aos dias de hoje os encontros quinzenais. Dessa forma, tanto a memorização como a continuidade e o aproveitamento das informações se dão de forma mais incisiva.Mas mesmo fora dos encontros, sempre deixamos uma porta aberta aos amigos e interessados. É importante não virarmos as costas à uma dúvida desses homens! • Atrativos Lógico que qualquer um gosta e valoriza um mimo. Por isso, ocasionalmente realizamos nossa rodada de conversa ao sabor de um churrasco e/ou chimarrão. – Como isso incrementa as relações e facilita o repasse das informações! Afora isso, vez por outra, convidamos palestrantes externos de áreas diversas: farmácia, fisioterapia, nutrição, cir.dentista, psicologia e outros. Notei que o grupo valoriza bem mais as apresentações onde eles são convidados a interagir. Por exemplo: exercício físico, preparar algum alimento,... A quebra da rotina é muito salutar e serve como atrativo a eles, bem como, serve de pretexto para que eles convidem membros do seu convívio social/familiar/religioso. • Temática Como era de se esperar, nos encontros iniciais, a maioria dos homens queria saber sobre aqueles temas a qual não tinham chance de falar em casa ou mediante uma profissional de saúde. Tais como: ereção, calvície, exame de toque retal e próstata. Por muitas vezes abordamos esses assuntos, mas chega o momento em que eles já se sentem entendedores do assunto e assim podemos avançar para outra temáticas do tipo; tuberculose, alcoolismo, drogadição, tabagismo, doenças renais, dermatológicas e outras diversas. Visto que não sou médico, procuro explorar a vivência deles, comparar com as indicações de vida ideais e assim explicar os motivos de alguns acometimentos atuais. Ou seja, tento explicar o porquê, como iniciou, como manifesta-se, como tratar e quando procurar ajuda de um profissional. Tudo com muito tato visto a disparidade de idades, ocupações e vivências. • Material de Apoio 24 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Inicialmente fazíamos apenas rodas de conversa. Depois incrementamos folders/impressos, para que eles pudessem mostrar em casa, podendo ter algo palpável para discutir com os seus pares. Atualmente utilizo meu próprio notebook com o auxílio do data show, além dos impressos, pois assim consigo mostrar a fisiologia interna deles, auxiliando no entendimento dos órgãos e ação dos tratamentos. Houve um ganho significativo do interesse e captação da temática abordada! • Limitações Mesmo sendo apaixonado por esses encontros, devo admitir que por vezes estou cansado, desmotivado e me sinto solitário na condução do grupo. Além disso, os rigores do clima, precariedade de materiais e limitações de espaço não contribuem com o trabalho. Afora isso, também devo conduzir, em paralelo, minhas atribuições como Agente de Saúde. Mas isso não é razão para deixarmos de acreditar na eficácia do nosso trabalho. Continuemos!!! Também achei pertinente fazer algumas observações, tais como: - Grupo não é aula. Realizo os encontros no intuito de resgatar as experiências de vida, discutirmos em conjunto as adversidades, quais as conseqüências para sua saúde e como podemos melhorar seu padrão de vida atual através de medicações, exames, atividades físicas, etc. Mas sempre enfatizando a prevenção ao tratamento curativo. - Observar horários pré-definidos de início e término, valorizando aos presentes, mas nunca fechando a porta aos demais e, - Frisar que com o decorrer do tempo, o nosso grupo, além de instituir a prevenção à saúde, também se tornou um grupo de convivência, inclusive fora do nosso posto. Alguns membros desenvolveram afinidades e hoje compartilham CTGs, academias, aula de dança, rodadas de chimarrão e outras atividades. (Saliento que isso por iniciativa deles mesmos!) Além do que já foi citado, ressalto que, a prevenção à saúde não se faz em apenas um encontro ou uma única iniciativa. Faz-se necessário uma continuidade de ações, criar um vínculo, desenvolver afinidades e assim cativar e conquistar a confiança e a adesão dos homens. Penso que com atos isolados aqui e acolá, apenas estamos a demonstrar que a Saúde do Homem não merece e, realmente, não possui a devida atenção que deveria. E não devemos esquecer de sempre manter uma porta aberta, pois sim; o homem...ele irá entrar! Valério Nascimento da Silva- Agente Comunitário de Saúde ESF Milta Rodrigues – POA/RS Agosto/2013 3° CRS – Rio Grande PREFEITURA MUNICIPAL DO RIO GRANDE 25 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM Responsáveis: Enf. ESP. CARLOS ROBERTO DOS REIS CASTRO Enfª MSc DAIANE PORTO GAUTÉRIO Enfª ESP. PATRÍCIA SANTA CATHARINA SANTOS Enf. ESP. PAULO ARY SILVA Md. ESP. JELMER VARGAS O objetivo principal das ações do referido projeto é o incentivo à prevenção de doenças nos homens, através da promoção da saúde masculina e oferta de facilidades e adequações que possibilitem uma maior adesão do público masculino ao serviço de saúde do município. Evitando o surgimento e/ou o agravamento de doenças ou agravos que poderiam ser precavidos com antecedência. O município do Rio Grande conta com dois hospitais, uma rede básica de 34 Unidades Básicas, sendo 26 equipes da ESF em 20 unidades, com uma Cobertura de 42%, 11 UBS’s, 02 Postos 24h, uma Unidade mista e 04 dispositivos de Saúde Mental. No início do desenvolvimento do Projeto, em 2013, serão realizadas diversas atividades em toda extensão do município, a fim de dar início aos trabalhos de conscientização e firmar novas parcerias. A princípio eles serão as atividades serão desenvolvidas da seguinte forma: Palestras informativas para grupos de trabalhadores, em parceria com o Programa de Saúde do Trabalhador em empresas de grande e médio porte, sindicatos e demais trabalhadores; Orientação e divulgação do Programa, através de visitas às entidades que concentrem aposentados e idosos; Apoio presencial local e de retaguarda, estimulando o trabalho de educação em saúde masculina nas Unidades Básicas de Saúde da Família e focando os principais problemas de saúde masculina em nossa cidade, como: câncer de pele em agricultores e pescadores, hiperplasia e câncer de próstata, acidentes traumáticos, utilização de drogas ilícitas, álcool e tabaco; Divulgação do programa nas ações da Secretaria da Saúde, com participação ativa da Saúde do Homem; Promoção de educação continuada com os profissionais de saúde que atuam nas Unidades Básicas e com médicos urologistas; Por fim, realização de campanhas de prevenção do câncer de próstata no Município, com divulgação na mídia no mínimo anualmente, conforme disponibilidade de recursos humanos e financeiros. O atendimento será disponibilizado nas Unidades Básicas de Saúde, através de um médico Clínico Geral. Conforme a necessidade, o Clínico poderá encaminhar o paciente para um especialista, através da central de agendamentos de Rio Grande. Durante as campanhas, o atendimento poderá acontecer em outros locais, conforme a necessidade e os objetivos propostos. Além disso, a parceria com a Saúde do Trabalhador (PAIST) proporcionará atendimentos, campanhas de vacinação, de 26 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem prevenção de câncer de próstata e de prevenção de acidentes de trabalho e de trânsito. Como nesta fase (agosto 2013) o projeto está sendo analisado na Secretaria Municipal de Saúde de Rio Grande para posterior envio ao Conselho Municipal de Saúde, as ações descritas ainda não foram postas em prática, esperando pelo respectivo aval do CMS. Até agora foi distribuído material impresso nas unidades básicas de saúde, está sendo veiculada na rádio uma campanha de incentivo ao autocuidado masculino e existe a divulgação do projeto em eventos promovidos pela SMS. Ainda não podemos avaliar resultados por não ter colocado em prática as ações previstas, esperamos que para o próximo ano estejamos planejando as próximas ações de acordo com o que foi concluído através do estudo dos resultados das ações já realizadas, norteando desta forma o caminho a ser trilhado pelo Programa de Atenção Integral à Saúde do Homem em Rio Grande. 4° CRS- Santiago do Sul 1-Objetivo de tal estratégia em saúde Fortalecer a rede básica de saúde como porta de entrada para um serviço especializado com foco na Prevenção e Diagnóstico Precoce do Ca de Próstata e todas as doenças do trato genital masculino, assim como as relacionadas às doenças cardíacas, visto que apresentam altos índices de mortalidade masculina. 2-Público alvo e público que realmente acessou tal ação em saúde. Todo o homem que acessa por livre demanda o atendimento clínico nas unidades básicas de saúde e demais homens com busca ativa através das equipes de saúde da atenção básica. 3- Resultados. Prevenção e diagnóstico precoce para o Câncer de Próstata e demais doenças do trato genital masculino através de um atendimento especializado, com porta de entrada na rede básica de saúde. 4- Reflexões sobre os desafios e potencialidades. 27 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Os desafios envolvem uma vontade política municipal muito clara em relação aos altos investimentos próprios disponibilizados, visto que já atuam com repasses mínimos das esferas federais e estaduais, tanto à nível de saúde, como educação, carros chefes de qualquer administração pública. Potencialidades para o município de Santiago, estatisticamente os resultados, na urologia, nos mostram que em 01 ano de atendimento nesta especialidade, das 798 consultas referendadas, 98 pacientes tiveram alteração no exame de próstata e alguns submetidos a procedimento mais especializado, como biópsia de próstata, que foram 21, destes, 02 diagnosticados com Ca de próstata, sem metástase, o que vêm a comprovar o baixo custo que estes virão apresenta para o sistema, SUS,no momento que utilizamos a prevenção como base no serviço de saúde ofertado. Os demais retornam para a rede básica e a missão do serviço de referência é acompanhar estes 98 pacientes e os demais que chegarão ao serviço de referência. 5-Conclusões (sugestões para novas ações e estratégias em saúde do homem) Cada vez mais acreditar que o trabalho só existe em equipe, esta equipe é multiprofissional, que trabalha como formiguinha, numa espera à longo prazo, com muito comprometimento dos vários atores, e principalmente, cientes , que as políticas públicas podem ser mutáveis, mas os técnicos que atuam nelas, são de carreira, e que temos que acreditar e batalhar pelo impossível muitas vezes. Lutar pelo financiamento público compatível da esfera federal e estadual, tendo em vista que o custo benefício é muito baixo se comparado ao tratamento que será necessário, sem falar no bem maior e que não têm preço, a “VIDA”. 5° CRS – Caxias do Sul Caxias do Sul é um município de colonização italiana situado na encosta superior do nordeste do Rio Grande do Sul a uma distância de 96,62 quilômetros de Porto Alegre. É a segunda maior cidade do Estado, segundo o senso de 2010, possui 435.564 habitantes, ficando 92% da população na zona urbana. A base econômica do município é a indústria, abrangendo 78,5% da economia total, segundo o IBGE 2009, apresentou PIB per capita de R$ 30.499,00, equivalente a 54,21% acima da média estadual. A Unidade Básica de Saúde Mariani foi inaugurada em 1999, é considerada de fácil acesso, possui duas equipes de estratégia de saúde da família (ESF) com estratégia 28 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem de saúde bucal (ESB) atuando desde o ano de 2004, tendo como área adstrita os bairros Mariani I e II, Cidade Nova I, II, III e IV e San Vitto, somando uma população em torno de 14 mil habitantes (IBGE 2007).A unidade funciona de segunda a sexta-feira das 07:30h às 17:30h sem fechar ao meio dia. Os profissionais da área da saúde que compõem a equipe, incluído os profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da Família NASF, são dois médicos clínicos gerais, uma médica ginecologista, uma médica pediatra, duas dentistas uma nutricionista, uma assistente social, quatro enfermeiros, 8 técnicos de enfermagem, duas auxiliares de consultório dentário, 11 agentes comunitários de saúde, duas higienizadoras e duas estagiárias. Vários alunos universitários dos cursos de enfermagem, nutrição e fisioterapia realizam estágio curricular na unidade de saúde e contribuem na realização de algumas atividades. A Política Municipal de Atenção Integral à Saúde do Homem tem como objetivo sensibilizar os profissionais da saúde, de todos os setores, e a sociedade para compor redes de compromisso e co-responsabilidade para melhorar a qualidade e o estilo de vida, diminuindo os índices de morbi-mortalidade da população masculina. A Atenção à Saúde visa promover ações relacionadas à prevenção e controle de doenças como hipertenção arterial sistêmica, diabetes, dislipidemias, doenças respiratórias e do aparelho urinário, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), detecção precoce do câncer de próstata, além do planejamento familiar e encaminhamento para vasectomia. Conforme dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade SIM/MS de 2012, em Caxias do Sul, a maioria dos homens morre de causas relacionadas a doenças do aparelho circulatório, neoplasias, causas externas e doenças do aparelho respiratório. Os homens, entre outros problemas, apresentam mais doenças do coração (infarto, AVC), câncer (pulmonar, próstata, pele), colesterol elevado, diabetes e hipertensão, além de muitas morbidades associadas, pois estão mais expostos aos acidentes de trânsito e de trabalho, utilizam álcool e outras drogas em maior quantidade, estão envolvidos na maioria das situações de violência e não costumam praticar atividade física com regularidade. Muitos resistem em procurar os serviços de saúde devido ao receio de descobrir doenças, medo do exame de toque retal, dificuldade de aderir ao tratamento. As estratégias de comunicação e o horário de funcionamento das unidades básicas de saúde também não privilegiam o acesso aos serviços. Devido a isto, a Unidade Básica de Saúde e Estratégia de Saúde da Família Mariani promoveu no dia 10 de Agosto o Dia do Homem com o objetivo de promover a saúde, prevenir e controlar doenças por meio da redução da exposição das pessoas aos fatores de risco tais como o tabagismo, alcoolismo e outras drogas, dieta rica em gordura, sal e açúcar, sedentarismo e sexo irresponsável e realizar o exame de 29 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem prevenção do câncer de próstata e de boca. Em um primeiro momento a equipe realizou o planejamento das ações de saúde, divisão de tarefas, capacitação da equipe, confecção de panfletos, cartazes e faixas para a divulgação do evento. O público alvo selecionado foram os homens residentes na área adscrita de responsabilidade da unidade de saúde. As ações em saúde selecionadas foram verificação da pressão arterial e glicemia, atualização de vacinas, atendimento médico para prevenção do câncer de próstata, realização de testes rápidos para Hepatites B e C, Sífilis e HIV, exame odontológico para prevenção do câncer de boca e palestras sobre planejamento familiar, DSTs, HIV e paternidade responsável. A equipe estava bem apreensiva sobre o sucesso do evento, pois o mesmo foi realizado em uma unidade de saúde próxima uma semana antesonde compareceram apenas 3 usuários. Esta foi a primeira atividade realizada especificamente para a Saúde do Homem em nossa UBS. O clima não ajudou, pois choveu muito o dia inteiro e a temperatura foi de 7 C. Compareceram 47 homens residentes da área de abrangência da UBS. Foram realizadas 47 aferições de PA e testes de glicemia, identificando 1 usuário com a glicemia acima dos níveis normais; 15 doses de vacinas contra Hepatite B e 20 doses de vacinas contra o Tétano foram administradas; foram realizados 37 testes rápidos com resultados positivos para 1 caso de Hepatite B, 2 casos de Hepatite C e 2 casos de Sífilis para os quais foram solicitados exames laboratoriais; 27 usuários foram examinados pela equipe de saúde bucal, destes, 25 apresentaram necessidade de tratamento devido à presença de tártaro, lesões de cáries ativas cavitadas, restos radiculares e lesão em tecido mole. Um paciente foi referenciado para o atendimento especializado em Estomatologia do Centro de Especialidades Odontológicas. Não houve público suficiente para a realização das palestras programadas. A equipe considerou que o evento contou com a adesão da população, apesar do clima não ter favorecido. A maioria dos pacientes relatou que o que os motivou a comparecer foi a abordagem realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde. Iniciativas como esta devem ser realizadas com maior frequência a fim de atrair mais usuários e promover a saúde para a população masculina a fim de controlar doenças que tem alto impacto na sociedade como um todo. 5° CRS-Bom princípio Relato Sobre o Dia do Homem em Bom Princípio: Comemorado alguns dias depois da data oficial, o Dia do Homem em Bom Princípio levou ao Centro de Eventos do Município mais de 600 pessoas no último sábado, 3 de agosto. Os números chamaram a atenção e superaram a expectativa. Em 30 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem sua terceira edição, o evento só cresce. No ano passado, segundo dados da Secretaria de Saúde e Assistência Social, a média foi de 500 participantes, no ano anterior, foram cerca de 430. Este ano, segundo a secretaria, só o número de homens que realizou a coleta de sangue para o exame de PSA (exame de próstata) superou os 600. Além dos cuidados e da prevenção na saúde, o público alvo (homens com mais de 40 anos) contou com uma tarde cheia de atrações, que começou pelo transporte, já que de todas as localidades do Município vieram ônibus lotados, todos subsidiados pela municipalidade. Já na entrada do Centro de Eventos, eles foram tratados de forma especial, recepcionados pelas soberanas da 15ª Festa Nacional do Moranguinho e por servidoras que organizaram o evento (parceria entre a Secretaria de Saúde e Assistência Social e o Gabinete da Primeira Dama), das quais receberam como mimo uma camiseta comemorativa. Tudo isso ao som da orquestra WBK. Na abertura do evento, ouviram do prefeito Vasco Alexandre Brandt, conselhos sobre a importância da prevenção. A prevenção sai “barato aos cofres públicos.” Quando “a situação sai do controle, aí é que custa caro”, disse o prefeito à atenta plateia. Segundo Vasco, que lembrou aos presentes que ele mesmo já faz parte do grupo que precisa da prevenção, não é só a idade que deve ser levada em conta.”Na minha família já tivemos casos que poderiam ter sido evitados com a prevenção e este é um dos motivos que faz com que eu tenha que me cuidar mais”, disse o prefeito. O prefeito lembrou ainda das estatísticas. De cada três adultos que morrem no Brasil, dois são homens. E ainda morrem em média 7 anos antes das mulheres. “Então, porque não podemos envelhecer ao lado delas?”, questionou. Depois da abertura, os presentes assistiram ao show do Coro Masculino de Bom Princípio e à palestra do médico Paulo Hallal, que falou sobre a importância da saúde do homem, física e espiritual, sobre os vícios e excessos e o mal que eles causam e instigou a todos a se perguntarem sobre o verdadeiro sentido de estar vivo. Encerrou com dicas para viver bem e um momento de reflexão. Depois disso, os presentes deram ainda muitas gargalhadas com a Tia Herta, numa visita bem humorada que misturou recados bem sérios sobre cuidados que os homens têm que ter consigo e o tradicional humor desta personagem. O evento terminou com a coleta do sangue e o lanche, no Centro de Convivência. Avaliação? Ao final da programação, o prefeito Vasco disse que em conversas que teve com presentes, percebeu que está havendo uma preocupação crescente com a prevenção por parte dos homens. ?Todos nós já perdemos algum conhecido ou parente com doenças que poderiam ter sido evitadas e não foram muitas vezes por descuido. Tenho que pensar que existem mais pessoas que dependem de mim, tenho esposa, filhos, não posso me descuidar da minha saúde, porque eles não podem ficar 31 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem sem mim?, disse o prefeito, que completou: Bom Princípio já se destaca pelo cuidado com a saúde do homem, e queremos que se destaque ainda mais.? Para a Secretária de Saúde e Assistência Social, Maria Ester PoerschGriebler, o evento foi bastante positivo. As pessoas aceitaram muito bem o convite, foram receptivos e o número de homens que vieram para fazer o exame é excelente e nos incentiva cada vez mais a trabalhar na prevenção?, disse a secretária. Segundo Ester, foi muito importante realizar um evento diversificado. Conseguimos levar melhor nossa mensagem de saúde quando ela vem junto com a alegria da música, a gargalhada de uma boa peça teatral, a confraternização e o encontro com o amigo que não se vê há algum tempo, o lanche depois da coleta do sangue para o exame, a autoestima de ser recebido e cuidado com carinho, tudo isso é parte do resultado positivo que temos tido?,refletiu a secretária. O desafio agora, conforme Ester é criar estratégias para ter com o público de menos de 40 anos, o mesmo bom resultado que o município está tendo com os de mais de 40. “Vamos dar continuidade e aumentar cada vez mais nosso público, e vamos conseguir introduzir os mais jovens, daí o evento terá o resultado que queremos”, finalizou. Link do vídeo no YouTube https://www.youtube.com/watch?v=4nfBQJgWaM8 Fotos: Vera Fernandes/Imprensa PMBP Maria Ester P. Griebler Secretária da Saúde de Bom Princípio 7° CRS- Bagé SAÚDE DO HOMEM: UMA QUESTÃO CULTURAL QUE NECESSITA EDUCAÇÃO PARA PREVENÇÃO. Este trabalho foi realizado pela equipe Serviço de Atenção Integral a Sexualidade Por medo, receio ou vergonha, os homens fogem do assunto doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), entre os tipos de câncer o que mais mata no Rio Grande do Sul é o de próstata. O principal motivo é o diagnóstico tardio, provocado pela resistência dos gaúchos em realizar testes básicos para a detecção da doença: exame de PSA e clínico. Tendo em vista a realidade atual do Serviço, pode se perceber por meio de análise de dados que os exames anti HIV são realizados basicamente em mulheres (75% da demanda). O objetivo deste trabalho foi de conscientizar a 32 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem população masculina para a prevenção do HIV/AIDS e câncer de próstata, incentivando o uso da camisinha e realizando exames de PSA e anti HIV, além de exames clínicos, se necessário. A ideia da campanha foi realizar uma abordagem direta com orientação individual e escuta ativa, aliando a oferta de exame de PSA ao exame anti HIV, visando aumento na demanda para diagnóstico precoce e alerta da importância da realização e ambos para a Prevenção na Saúde do Homem. Houve adesão do público masculino, aumentando durante o decorrer do ano o índice de procura ao exame anti HIV para 50%, além disso, o índice de exames positivos para o HIV teve alarmante aumento (6%) no período. Já em relação ao exame de próstata, 6% dos pacientes foram encaminhados ao especialista, com alteração de PSA. Com mais pessoas conscientes, haverá mais proteção contra o HIV e Câncer de Próstata, sendo mais fácil combater estas doenças. Pode se concluir que a educação em saúde envolvendo o público masculino deve ser feita de forma direta e resolutiva, evitando a peregrinação do usuário pela rede de saúde, diminuindo o tempo entre o primeiro exame alterado e consulta especializada, aumentando assim a adesão do público alvo. Mislaine Rodrigues; Milena Moreira Ferreira; Claudia Rodrigues; Terezinha Ricaldone; Carlos José Quaresma Jeismann; Leandro Elauthério De Souza. 9° CRS- Cruz Alta Ações relacionadas com a política de atenção integral à Saúde do Homem em Boa Vista do Cadeado As ações relacionadas com essa política nacional deram inicio aqui no município a partir deste ano de 2013, na qual foi divulgado o “Dia do homem” no dia 6 de março. Neste dia houve uma palestra do farmacêutico falando sobre: - Fisiologia Básica do aparelho urinário; - Fisiologia Básica da doença; - Uso de medicamentos e prevenção. A palestra com o Biomédico falou sobre: - Dados epidemiológicos do câncer de próstata; - Exame de PSA; - Quanto mais precoce a detecção do problema, maior possibilidade de melhora da saúde do paciente; - Cuidados e prevenção, orientações gerais. Anteriormente a estas palestras foram necessárias diversas ações: -Divulgação do evento através de diversos meios disponíveis; (Agentes comunitários de saúde, setor de comunicações da prefeitura que utilizou diversos meios,entre outros) -Previsão orçamentária para promover as ações; 33 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem -Acréscimo quantitativo dos medicamentos Doxazosina e Finasterida na farmácia municipal para suprir demanda proveniente da ação; -Disponibilidade de transporte para o dia da palestra; - Exame de PSA para todos os presentes maiores de 40 anos após palestra; - Confirmação do médico clínico geral e urologista na parte médica, possibilidade de encaminhamento para outras especialidades se necessário. -Parceria com Laboratório para a realização dos exames. A abertura do “dia do homem” foi realizada pelo prefeito e pela vice-prefeita e secretária de saúde. No dia do homem realizado dia 6 de março assistiram as palestras 72 homens, na qual 71 destes fizeram coleta de amostra de sangue para analise de PSA. Ao receber os resultados, estes foram encaminhados para o Clínico Geral do município. Todos estes exames foram pagos pelo poder público, isto para garantir o acompanhamento da ação, tendo por objetivo encontrar pacientes com precocidade, antes do agravo da doença; ou a tempo de tratar essa patologia com maior brevidade possível. Dos 71 exames coletados, 10 apresentaram alteração de PSA: A partir destes 10 exames alterados, foram tomadas as seguintes atitudes conforme orientação médica: -encaminhamento para urologista, biópsia, tratamento medicamentoso, encaminhamento á oncologia, alguns já estavam em situação de acompanhamento e 1 não quis atendimento. Com essas ações alcançamos os seguintes objetivos: *Educação em saúde de grupo específico de difícil presença nas ações em saúde; *Descoberta da patologia em porcentagem da população presente; alguns em estágio inicial e outros já em estágio mais avançado; *Com a precocidade do diagnóstico – economia para o munícipio e aumento do bem estar da população com a melhoria da saúde ao evitar um agravamento que pode ser evitado; *Boa aceitabilidade do público pelas ações realizadas. 16° CRS- Teutônia SAÚDE DO HOMEM NO MUNICÍPIO DE TEUTÔNIA O município de Teutônia contra com três equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), o que equivale a 30% de cobertura. Todo o mês estas equipes trabalham um assunto diferente na forma de educação em saúde. Os assuntos definidos são baseados nas demandas dos usuários e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), conforme orientação do calendário da saúde do Ministério da Saúde (MS) ou, também, conforme o período sazonal. O mês de julho foi marcado no município pelo mês de saúde do homem. As ESFs trabalharam este assunto através de capacitação das equipes, elaboração de 34 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem folder e o dia “D”, que foi um sábado de diversas atividades. O folder foi elaborado com assuntos de promoção à saúde (alimentação saudável, qualidade de vida, exercícios) e prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, câncer (próstata, intestino e pele), tabagismo, etilismo e DSTs. Este folder foi distribuído nas Unidades de Saúde de todo o município e fornecido em todas as visitas domiciliares realizadas pelos ACS na sua área de abrangência e trabalhado nos grupos de educação em saúde. Junto com o folder, também foi realizado um convite aos homens acima de 40 anos de idade a participarem do dia “D”, que foi realizado no dia 03 de agosto, deste ano. O dia “D” teve como objetivo principal a sensibilização dos homens sobre promoção à saúde e prevenção de doenças. Foi realizado num sábado para facilitar o acesso aos homens trabalhadores e que tem dificuldades em ir à unidade de saúde no dia de semana. O dia “D” foi realizado na maior UBS do município e o público alvo foi homens de todo o município com mais de 40 anos. No sábado do dia (03/08/13) foram realizadas consultas de enfermagem, avaliação das medidas antropométricas (altura, peso, circunferência abdominal), verificação da pressão arterial, consultas médicas (histórico pessoal e familiar, avaliação dos fatores de risco), sala de espera a cada hora, orientações de promoção à saúde e prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, Câncer (pele, próstata, intestino e pulmão), tabagismo, etilismo e DST’s. Foi solicitado exames, encaminhamentos a especialidades conforme necessário, autorização de exames no local. Foi orientado retorno com o resultado de exames para continuidade do acompanhamento nas UBS. Os profissionais envolvidos neste trabalho foram os médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, ACS das ESFs, um médico proctologista, auxiliares administrativos. Foram realizados 154 atendimentos neste dia. Devido à grande demanda foi pedido pela população querealizássemos novamente este evento. Na semana seguinte do evento houve um aumento considerável de procura dos homens por atendimentos nas UBS. Alguns já retornando com os exames realizados. As equipes de ESF avaliaram como positivo este trabalho e irá deixar esta programação agendada para ser realizado anualmente. EnfªRoseléia Regina Halmenschager (Esp. Em Hum. E gestão do SUS e Saúde da Família); Dr. Fábio Zorthea (Esp. Em Saúde da Família). 17° CRS- São Valério do Sul SEMINÁRIO ESTADUAL SAÚDE DO HOMEM RELATO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM SÃO VALÉRIO DO SUL 35 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem NA SAÚDE DO HOMEM São Valério do Sul é um município de pequeno porte com 2647 habitantes, essencialmente agrícola, com 100% de ESF, onde a equipe de saúde utiliza alguns espaços para abranger a saúde do homem levando informações, como grupo de hipertensos e diabéticos com encontro mensal onde são abordados vários assuntos pertinentes. Na faixa etária de 20 anos acima já foi trabalhado a questão da saúde bucal (Câncer de boca), calvície, depressão, estresse, acidentes de trabalho, câncer de próstata, intestino, pulmão, vida saudável. Todos os profissionais de saúde trabalham com os grupos através de cronogramas dentre eles: médico, enfermeiras, odontólogos, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga, farmacêutica e orientadora física esta que desenvolve ginástica laboral nos grupos e outras atividades 2 vezes por semana como caminhada supervisionada, atendimento na academia da saúde e academia ao ar livre. Já os adolescentes são abordados nos grupos nas escolas e em parceria com o CRAS (Centro de Referência Assistência Social), promovendo discussões sobre a sexualidade, drogas, adolescência, bem como incentivo ao acompanhamento paterno nas consultas e grupos de gestantes assim como parto e pós-parto. As consultas nas unidades de saúde são realizadas em forma de agendamento e demanda espontânea, observando-se a presença masculina em 50% dos atendimentos. A equipe de saúde preocupada com a faixa etária de 40 anos acima lançou em 2011 a 1ª Campanha Municipal de Prevenção ao Câncer de Próstata para homens acima de 45 anos através de exames de dosagem de PSA no período de 15 de setembro a 31 de outubro de 2011, sendo que se obteve a participação de 90% dos homens nessa faixa etária, perfazendo um total de 210 exames. A divulgação se deu através de imprensa falada e escrita, folders entregues nas visitas domiciliares pelos agentes comunitários de saúde e equipe, programa semanal da prefeitura em uma rádio regional. Foi destinado um dia específico na semana para as coletas de sangue, o laboratório de referência realizava as coletas e os resultados ficavam disponíveis na Unidade de Saúde para os enfermeiros fazer a entrega e a leitura do resultado para os usuários participantes, onde os mesmos, caso necessário, já saiam com os devidos encaminhamentos. Dos 210 exames, 5 estavam alterados com diagnóstico de câncer de próstata, 3 em fase inicial e 2 em estágio avançado. Os usuários foram encaminhados pela central de regulação sem dificuldades para prosseguir com o tratamento/acompanhamento no Centro de Referência CACON na cidade de Ijuí. Para 2012 e 2013 foram e estão sendo desenvolvidas as seguintes atividades: -Acompanhamento Pré-Natal, Parto e Pós-Parto; -Testes Rápidos Sífilis e HIV; 36 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem -Grupo de combate ao alcoolismo e tabagismo; - Atividade física supervisionada; -Agendamento de consultas multiprofissionais; -Folders da Campanha de Câncer de Próstata; -Informativo semanal na rádio regional. Para abrilhantar o novembro azul serão realizadas palestras educativas, promoção de hábito de vida saudável, embelezamento do comércio local com cartazes e laços azuis e a 2ª Campanha Municipal de Prevenção ao Câncer de Próstata (em fase de divulgação) no período de 15/09 a 30/11/2013. Att. Luciana Andreia DelafloraWillers Enfermeira Esp. Saúde da Família COREN/RS 108231 9. “E agora José?”Sistematização dos encaminhamentos para construção de uma Agenda da Política da Saúde do Homem no Estado do RS com as Macrorregiões/Coordenadorias Regionais de Saúde e Municípios. ROTEIRO PARA DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE AÇÃO NA GESTÃO AO CUIDADO A SAÚDE DO HOMEM NO RS. 1) Definição do problema: Quais são os nós críticos para a implementação da saúde do Homem no RS? Elenque um a dois nós críticos a serem trabalhados: • Questão cultural: idade com que se busca o serviço de saúde. Adolescentes e homens não são incentivados a procurar os serviços de saúde. O homem percebe o estar doente como fraqueza. Contudo a dificuldade de se expressar traz sofrimento, exemplo dado pela 13ª CRS que sublinha o alto índice de suicídio na região. O alcoolismo, o uso de outras drogas e os acidentes de trânsito também foram assinalados. Os homens estão invisibilizados nos serviços de atenção básica; em contraponto com a saúde da mulher. • Falta de capacitação nas equipes para acolher os homens. Os profissionais de saúde não se sentem aptos para atender os homens em suas especificidades de 37 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem gênero. As ações devem ser descentralizadas, ocorrendo parcerias com empresas, entidades públicas e comunitárias. • Ocorre uma fragmentação das políticas (criança, mulher, homem), geradora de sobrecarga nas equipes da ESF. É necessária que a saúde do home seja uma política transversal a outras políticas e programas de saúde, pensando-as a partir da perspectiva de gênero, como o programa do Hiperdia. Estes aspectos confluíram para dois nós críticos a serem trabalhados: • Atenção Básica em Saúde • Transversalidade da Política de saúde do homem. Em que contexto estes problemas emergem? (social, político, econômico e ou territorial) Entre os homens jovens: necessário trabalhar com o homem jovem na prevenção em saúde, se utilizando de programas de Saúde como o Programa saúde na escola (PSE), a fim de trabalhar questões de corpo e gênero antes de abordar as doenças propriamente ditas. Estes problemas além de culturais são políticos devido aos poucos recursos financeiros e humanos dispensados a saúde. Quais são os atores envolvidos? (políticos, gestores, profissionais de saúde, usuários de saúde, conselho municipais, CIR....) 1. Gestores 2. Profissionais de saúde 3. Multiplicadores (participantes deste evento) 4. 5. 6. 7. 8. 38 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Como cada ator social está envolvido nesta problemática? Listar por ator social: 2) ESTRATÉGIAS PARA DESATAR NÓS: COMO PODE SER, O QUE PODEMOS FAZER. Diante dos nós críticos pontuados, que propostas de intervenção podem ser estratégicas para a execução da Saúde do Homem no RS? Além das propostas, situe as estratégias e o cenário onde se darão as mesmas: • Agregar as Coordenadorias regionais de saúde para pensar como multiplicar temas discutidos no evento. Chamar gestores para apresentar a PNAISH e o Plano de Ação Estadual do RS. Um dos espaços sugeridos foram as reuniões da CIR.A ideia é que todos que participaram do evento possam ser multiplicadores em suas regiões de saúde. Outra sugestão é dada pela 17 coordenadoria regional de saúde, já que todos os 20 municípios possuem ações em saúde do homem. A coordenadora desta regional sugeriu a montagem de um Grupo de trabalho para troca de experiências. Atores responsáveis por esta ação: Começar pelos coordenadores da saúde do homem em nível de CRS’s que devem chamar os municípios participantes deste evento a organizarem um espaço de troca de experiências em curto prazo direcionado a outros municípios, buscando a sensibilização destes. • Buscar a transversalidade da saúde do homem com outras políticas de saúde (saúde mental, saúde da mulher, saúde do trabalhador, saúde prisional, DST/HIV, além das políticas intersetoriais como educação, Transporte, esporte, etc.) • Investir nos pontos de cultura, atrelar as questões da saúde do homem dentro do GT do programa saúde na escola (PSE). • Necessário investimento da saúde do homem do RS no apoio institucional descentralizado por regiões de saúde e ou CRS. • Criar, espalhar cartazes com identidade visual voltada para homens (pelo menos um cartaz por unidade de saúde) ou mesmo cada município possuir incentivo financeiro para criar seu próprio material informativo. Investir na comunicação visual, face book. 39 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem • Abrir terceiro turno na AB, incentivando os homens a acessar os serviços neste período. • Investir em grupos de homens para sensibilizá-los ao cuidado em saúde. • Investir nos gestores, sensibilizando-os para implantar a saúde do homem. Mostrar o gasto comparativo entre prevenção de doenças e os gastos posteriores às causas de morbi-mortalidade dos homens ajuda a dar um panorama aos gestores. Quais as possibilidades de execução deste projeto? Leve em consideração as facilidades e dificuldades implicadas: Sem material informativo as ações não são tão estrategicamente difundidas e multiplicadas. Investir em campanhas como semana farroupilha, orgulho gay,dia do homem, difundidos ações em promoção e prevenção em saúde do homem intersetorias. Necessário não apenas abrir o terceiro turno nos serviços de Atenção Básica em Saúde mas incentivá-los a frequentar o serviço, criando ações sensibilizadoras em seu território como campeonatos de futebol, oficinas em locais de trabalho... Posso apoiar este projeto? No que? Nível local: buscar ações territoriais atreladas a promoção em prevenção em saúde do homem. Trabalhar com os aspectos culturais do atravessamento de gênero no processo saúde-doença dos homens. Nível municipal: Os municípios precisam ir atrás de verbas transversais (PMAQ, população negra, vigilância em saúde...) para desenvolver estratégias de saúde do homem em seu território. Articulação intersecretarias a partir dos espaços formais de gestão (CONASEMS, FAMURS), sensibilização do prefeito para que haja investimento. Sublinha-se que cada município tem suas parcerias já estabelecidas, como em Rio grande, onde há uma possibilidade de trabalho em rede entre saúde do trabalhador e saúde do homem com trabalhadores portuários. Nível estadual; Apoio institucional, incentivo financeiro para implementação da política de saúde do homem, compor alguns eventos e campanhas junto aos municípios, oferecendo assessoria. Um dos exemplos é o Rodeio no município de vacaria, onde a 40 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem saúde do estado foi convidada a compor ações em saúde em território prioritariamente masculino. Nível federal: Sensibilização na mídia, material visual, vídeos disponíveis em youtube. Material informativo dinâmico e criativo como cartaz e cartilhas feitas por cartunistas a fim de lidar com as questões culturais de forma inteligente e criativa. Ministério da saúde ficou de enviar material informativo para os municípios. A nível Estadual é necessário Quero apoio! Para que? De quem? 3) PROGRAMAÇÃO, GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO: PARA SER ACORDADO EM GRANDE GRUPO. ROTEIRO PARA DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE AÇÃO NA GESTÃO AO CUIDADO A SAÚDE DO HOMEM NO RS. 4) Definição do problema: Quais são os nós críticos para a implementação da saúde do Homem no RS? Elenque um a dois nós críticos a serem trabalhados: 1- Sensibilização dos gestores, equipes de saúde e empresas privadas. 2- Integralidade na atenção e no cuidado (promoção e prevenção da saúde, tratamento ambulatorial, outras políticas de saúde como saúde bucal, saúde mental...) 3- Recursos financeiros e humanos. Em que contexto estes problemas emergem? (social, político, econômico e ou territorial) Político (gestores) Cultural (mudança de paradigmas) 41 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Econômico (prioridade na disponibilização de recursos para ações direcionadas à saúde do homem (campanhas, eventos...) Quais são os atores envolvidos? (políticos, gestores, profissionais de saúde, usuários de saúde, conselho municipais, CIR....) 9. Profissionais de saúde 10. Usuários 11. Gestores 12. Conselhos Municipais de saúde 13. Entidades formadoras de opinião (ONG, Igreja, Associação de Moradores) 14. Educação (escolas, universidades...) 15. Emater e associações rurais. 16. Segurança Pública. Como cada ator social está envolvido nesta problemática? Listar por ator social: 1- Profissionais de saúde: desenvolve as ações de saúde; 2- Usuários: co-responsável pela sua saúde, auto cuidado, alvo para ações de saúde, dificuldade de acesso (devido horário de funcionamento restrito) 3- Gestores: Elaboração das políticas públicas, destino e captação de recursos, capacitação das equipes, ator nos processos de trabalho. 4- Conselhos Municipais de saúde: deliberação e fiscalização,garantia de direitos. 5- Quebra de paradigmas, multiplicadores, formadores de opinião; 6- Programa Saúde nas Escolas (PSE), capacitação, promoção à saúde. 5) ESTRATÉGIAS PARA DESATAR NÓS: COMO PODE SER, O QUE PODEMOS FAZER. Diante dos nós críticos pontuados, que propostas de intervenção podem ser estratégicas para a execução da Saúde do Homem no RS? Além das propostas, situe as estratégias e o cenário onde se darão as mesmas: 42 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem 1- Seminários descentralizados por macrorregiões. Pautar na reunião da CIR e FAMURS. Capacitação das equipes; apoiador institucional, uso do caderno de atenção básica para saúde do homem. Sensibilização das empresas. 2- Formar a rede de saúde para linha de cuidado à saúde do homem, garantindo a integralidade e continuidade das ações em saúde. 3- Elaboração de projetos para captação de recursos, direcionamento de recursos para saúde do homem, capacitação da equipe, horário diferenciado de atendimento, recursos humanos. Quais as possibilidades de execução deste projeto? Leve em consideração as facilidades e dificuldades implicadas: Dificuldades: cultura dos profissionais e dos usuários, dificuldade de acesso (horário de acesso x empresas); garantia da integralidade (garantia de acesso ao serviço especializado), inclusão da saúde bucal nas ações em saúde do homem. Facilidades: Existem equipes motivadas bem como existem trabalhos em execução em vários municípios do Estado. Posso apoiar este projeto? No que? Sim, como apoiador institucional, membro atuante, divulgador e mobilizador de ações. Quero apoio! Para que? De quem? Implantar novas ações, fortalecer e ampliar ações existentes. Do Ministério da saúde, Secretaria Estadual e Municipal de Saúde, Coordenadorias Regionais de Saúde, Ministério do Trabalho, Segurança Pública, Educação, Conselhos de Saúde, Legislativo, ONG’s, associações e entidades locais. 6) PROGRAMAÇÃO, GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO: PARA SER ACORDADO EM GRANDE GRUPO. 43 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem 10. Considerações sobre o Evento e recomendações aos Municípios. O II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem em consonância com os pressupostos da gestão federal e estadual, visa entender os diversos fenômenos de adoecimento, ressaltando-se o impacto pelos determinantes sociais. Além disso, buscamos entender que formas de vivenciar a masculinidade produzem distintas maneiras de vivenciar o processo saúde e doença. As peculiaridades do recorte de gênero, além de raça e cor, suscitam uma inteligibilidade nos processos de cuidado dos profissionais de saúde, das diretrizes e direcionamentos da gestão e a maneira como os usuários de saúde circulam pelos serviços de saúde. Diversos relatos e painéis deste evento nos possibilitou entender melhor as peculiaridades territoriais deste estado e o quanto é importante termos um olhar sensível às diferentes contingências sociais, políticas, culturais onde as masculinidades se reiteram. Pensando que os desafios para a saúde do homem não podem ser encarados apenas por um único setor governamental, pensar na saúde do homem é poder estabelecer uma rede intersetorial que possa convidar os usuários de saúde a serem protagonistas de sua saúde. Ressalta-se que desnaturalizar o homem enquanto incapaz de cuidar de sua saúde é um desafio, visto que é comum dizerem que as mulheres devem cuidar dos homens, que graças a seus esforços de convencimento aos homens de que estes devem acessar o serviço de saúde, os homens se cuidam Ora, cuidar é um processo de reconhecimento dos desejos, necessidades, fragilidades e o itinerário terapêutico que cada sujeito empreende a si. O cuidado em saúde não é unilateral, ele move antes a relação entre os sujeitos neste circuito saúdedoença, sempre contigencial, em estado de fluidez. A questão não é de questionarmos se os homens cuidam ou não cuidam de sua saúde a partir do convencimento feminino, mas traçar uma outra lógica. Uma lógica em que as mulheres não sejam o centro das políticas públicas, causando ônus a sua própria qualidade de vida, pois como exercer o autocuidado quando se deve cuidar de todos ao seu redor? Neste sentido, a lógica a ser investida com os atores sociais indispensáveis neste processo, é estabelecermos de forma descentralizada, onde possamos sensibilizar e instrumentalizar municípios e coordenadorias de saúde a implantarem estratégias de 44 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem cuidado integral aos homens nos serviços de atenção básica em saúde, instrumentalizando-os sob o recorte de gênero. Temos que estarmos atentos às forças sociais a que os homens estão inseridos, onde alguns homens para serem machos precisam se mostrar fortes; onde alguns homens trabalhadores não podem se retirar do trabalho sob pena de sofrerem represálias de seus contratantes, onde os serviços de atenção básica ainda disponibilizam sua assistência aos corpos femininos e infantis. Enfim, um processo complexo, já que os homens na saúde do Brasil nem sempre foram visibilizados como objeto de atenção. Ademais é necessário entendermos a conjuntura de onde emergem ações voltadas a esta doença, sendo que outros fatores de morbi-mortalidade são mais prevalentes (como doenças crônicas, outras neoplasia s e causas externas). A centralização na neoplasia de próstata é uma herança da própria PNAISH, que, a partir da Sociedade Brasileira de Próstata, tensionou seus esforços na especialidade urológica. Segundo dados do NIS de 2012, apesar dos 9000 casos de neoplasias no RS, apenas 1000 são de câncer de próstata. Relativo aos relatos de experiências dos municípios houve o foco na próstata em diversos municípios. É necessário mobilizar uma rede secundária e terciária relativa a estas demandas, visto que no interior do estado recebemos muitas queixas relativas à falta de uma rede de detecção, prevenção e reabilitação para estes casos como o exame de biópsia. Graças a muitas campanhas preventivas focadas no câncer de próstata trouxeram resultados muito exitosas, principalmente com a detecção precoce desta neoplasia que poderia ser evitadas. Todavia, um grande convite está sendo formulado a todos e todas que aqui compareceram. Jamais reduzir os homens à próstata, e sim qualificar a capacidade de escuta dos trabalhadores, e dispor de ambiência que dialogue com as características masculinas e serviços que tenham seus horários disponíveis para o universo masculino. Além disso, outras experiências relatadas por municípios foram exitosas, como campanhas de saúde que além de proporem um acolhimento às necessidades de saúde dos homens, também propuseram espaços de debate, arte e cultura. Uma das experiências atreladas ao grupo de saúde voltado aos homens permitiu refletir sobre como os espaços coletivos, socialização, compartilhamento das experiências, entre os homens, se configuram como espaços potentes de produção de saúde, pois permite aos mesmos, possibilidades de expressão que geralmente são caracterizadas como sendo relativa a atributos femininos (compartilhar experiências, sentimentos, conversar da vida, trocar ideias sobre saúde e doença). 45 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Contudo, é o momento de concomitantemente, centrar esforços na atenção básica e em ações de promoção e prevenção que potencializem as ações de cuidado já empreendidas pela atenção básica, complementando-as sob a especificidades dos homens e a produção ode saúde, a fim de solidificarmos uma linha de cuidado à saúde do homem. Alguns municípios empreenderam projetos voltados à saúde do trabalhador, aos homens enquanto acompanhantes/usuários de saúde no pré-natal. As campanhas de saúde executadas pelos municípios, visivelmente acentuaram o retorno dos homens ao serviço de atenção básica. Nesse sentido temos um grande desafio está colocado para os gestores, para os trabalhadores, para os usuários e para o controle social o de criarem e/ou adequarem suas estruturas físicas e mentais para acolherem esses homens de acordo com suas especificidades. Muitos gestores alegam que não tem recursos para atender mais esta Política; digo que tem! Esses homens estão no computo da população total, portanto já abrangidos pelos repasses tanto do Governo Federal quanto recursos do Governo Estadual. Além disso, os municípios já investem na Atenção Básica por onde boa parte desses homens transita. Os homens foram descritos pelos participantes do evento como acessando os serviços de atenção básica, mas invisibilizados nestes processos. Assim, mais do que possibilitar o acesso, acreditamos na importância da longitudinalidade do cuidado. Para isto é necessário construir diretrizes que coloquem os homens como protagonistas de seu cuidado em saúde, construindo um fluxo de atenção a saúde que possibilite um cuidado integral e humanizado as suas especificidades. Existem diversas produções de corpos masculinos e dessa forma é necessário o município conhecer quais homens integram este território por onde circulam e quais os fatores de adoecimento. Conhecendo as especificidades é necessário introduzir ações de prevenção e promoção introduzidas não apenas nos espaços de saúde mas do territórios onde os homens circulam. O pré-natal masculino, a saúde do trabalhador, as doenças crônicas, a violência entre os homens, são outros fatores a ser investidos. Um dos municípios, por exemplo, atentou para o investimento de ações em saúde que possa captar os homens jovens, não apenas os mais velhos. Por fim, registramos as potencialidades e desafios contidos neste evento a fim de possibilitar o registro do que pode a vir ser melhorado em outros encontros. Uma das dificuldades apontadas em algumas avaliações foi a divulgação do evento, relativa ao direcionamento apenas há dois municípios por CRS. O fato das CRS estarem responsáveis em escolher e chamar os municípios ao evento revela que é necessário a saúde do homem do RS estar de em constante articulação com os Coordenadores 46 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem Regionais de Saúde do Homem. Nem todos os municípios foram chamados, o que foi avaliado por alguns participantes como dificuldade na divulgação do evento. Assim, urge oferecermos apoio institucional descentralizado aos municípios e CRS bem como participar ativamente nos eventos e campanhas propostos. Enquanto potencialidades, sob o nosso prisma, propomos um espaço de sensibilização e acolhimento das CRS, municípios e outros atores importantes para o processo. Como havíamos planejado, o evento proporcionou uma discussão rica e plural relacionada à saúde do homem. Fomentamos processo de escuta e fala dos participantes, voltadas aprodução de saúde como também o direito a lazer, cultura, informação e acesso aos serviços. É potencializar as politicas públicas que já existem complementando na qualificação da atenção a saúde. Tirar o homem de seu espaço invizibilizador nos processos de gestão do cuidado. A priori, tendemos a permanecer sob o ideário de que favorecer o protagonismo e potencialidade com as CRS e municípios, como o foi no evento, a partir da troca de experiência entre os municípios, das ações e projetos realizados na saúde do homem é uma das principais estratégias. Visualizar como cada território tem criado suas estratégias, favorecendo uma reflexão crítica entre os pares foi para a gestão da saúde do homem uma grande ferramenta de conhecimento para nós. Carlos Antônio da Silva Coordenador Saúde do Homem do RS/DAS/SES Helen Barbosa dos Santos Consultora Unesco – Saúde do Homem do RS/DAS/SES ANEXO Anexo 1 – Painel de ferramentas para ações em promoção e prevenção à saúde do homem. Vídeos disponibilizados pela Área técnica da saúde do Homem do Ministério da Saúde no I Seminário Nacional de Paternidade e Cuidado na rede SUS que ocorreu em agosto de 2013 no Rio de janeiro. Paternidade no Sri Lanka - África, 7 minutos Sinopse: Nesta família do Sri Lanka o pai cuida das crianças e da casa enquanto a mãe trabalha em outro país. http://www.youtube.com/watch?v=zVsCAQ7zbXU 47 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem O pai está! Brasil, 10 minutos. Sinopse: Vídeo do RAP da Saúde sobre valorização da paternidade e a participação do pai no crescimento e desenvolvimento de seu filho desde o pré-natal. http://www.youtube.com/watch?v=W5J1mEEuuss A História de Márcio - Rio de Janeiro/RJ Acreditamos que os jovens brasileiros precisam ser escutados como autores de suas próprias histórias http://www.youtube.com/watch?v=pCtNSsAxtkA Links de vídeos disponíveis no youtube: Minha vida de João http://www.youtube.com/watch?v=LESrHIGGon8 O desenho animado Minha Vida de João incentiva que homens jovens reflitam sobre a construção da masculinidade, levando-os a adotar atitudes e comportamentos livres dos estereótipos do machismo. O filme apresenta a história de João e a construção de sua masculinidade, da infância até a juventude, destacando os diferentes aspectos que ele tem que enfrentar para tornar-se homem na sociedade: a primeira experiência sexual, o contato com a violência doméstica, a gravidez não planejada de sua namorada e a vivência da paternidade. Minha Vida de João é um desenho animado sem palavras, com 20 minutos de duração, e foi desenvolvido para ser uma ferramenta de trabalho para assistentes sociais, professores e profissionais de saúde e de educação em geral, que procuram uma forma inovadora de incentivar a reflexão e mostrar aos rapazes que promover a igualdade entre homens e mulheres traz benefícios para todos. Produzido por Instituto ProMundo Reacciona Ecuador, el machismo es violência https://www.youtube.com/watch?v=NTxUWQ2IE6s “El comportamiento machista y violento no es natural, ni normal, es un mal que se aprende. No permitas que estos actos se sigan reproduciendo, está en ti poderlos detener.” Esta é a chamada da campanha veiculada pelo governo do Equador sobre as normas de gênero influenciado a qualidade das relações interpessoais e a qualidade de vida. Anexo 2-Lista com Indicações de Sites. Recomendações do INCA para o não rastreamento do câncer de próstata. 48 Relatório - II Seminário Estadual da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/prostata/deteccao_pre coce Saúde do Homem da Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul http://www.saude.rs.gov.br/conteudo/443/?Sa%C3%BAde_do_Homem Site Saúde do Homem do Ministério da Saúde http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=36023&janela=1 Instituto PAPAI www.institutopapai.blogspot.com 49