Grande Porto ID: 27576623 13-11-2009 Tiragem: 30000 Pág: 18 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 24,56 x 31,31 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 5 grande tema gem que é a gestão do erário público”, atira. A Modelo com maior receptividade contempla a divisão de Portugal continental em cinco regiões: Norte, Centro Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve Adiar das regiões não convence Discussão ∑ Para Paulo Morais, Rui Moreira e Carlos de Brito a regionalização atenuará a crise PEDRO JOSÉ BARROS HÉLIA LIMA Af inal não é para já. O G over no enca ra a regionalização como uma meta, mas PS e PSD só vão discutir o assunto depois das eleições presidenciais previstas para Janeiro de 2011. O líder da bancada do PSD na Assembleia da República, José Pedro AguiarBranco, alude à premên- cia de se combater primeiro a crise. Pelos socialistas, Francisco Assis também já admitiu que não há condições para avançar antes. As justificações incluem a necessidade de se chegar a um “consenso político”, mas várias personalidades ouvidas pelo GRANDE PORTO refutam estes argumentos. O ex-vereador da Câmara do Porto, Paulo Morais, refere que “a razão que leva a que muitos políticos defendam que o debate sobre a regionalização se faça no final da legislatura é porque vêem que esta seria uma das formas de garantir emprego a muitos presidentes de câmara que estão no seu terceiro e último mandato e com problemas de orientação de carreira”. Também não vê “em que é que as presidenciais vão afectar positiva ou nega- tivamente” o processo. “É uma falsa questão. Influencia tanto como as fases da lua”, ironiza. Frisa ainda que “não há nenhuma razão para a discussão ser adiada em termos da estrutura político-administrativa do país”. Quanto à necessidade de consensos políticos, a questão deve ser discutida “em função do interesse do país e não dos políticos”. Sobre o argumento da crise, advoga que “com o desmantelamento do Estado central”, a regionalização “pode reduzir a despesa e ajudar à resolução da crise”. Este modelo só fará sentido se existir para “diminuir a despesa do Estado” e quem utiliza a crise como justificação “é porque está à espera que a regionalização represente um aumento de despesa e a manutenção desse sistema farta vilana- CONSTITUIÇÃO ERRADA Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, acredita que a falta de regionalização é a maior razão para a crise que se está a sentir. Face à actual conjuntura, a regionalização era uma solução necessária pois “é quando se está doente que se precisa de medicamentos”. “Sou a favor da regionalização”, diz Rui Moreira, para quem o referendo devia avançar ainda durante este mandato, aproveitando para alterar a Constituição. Para si a Constituição está “errada”, uma vez que impõe que haja maioria a nível nacional e regional na votação, sob pena de o processo ser chumabo, impondo-se “a vontade de uma minoria à maioria”. Sobre o consenso político, diz que esta é uma decisão do povo e não política, não precisando assim de consensos. A regionalização seria “uma maneira de resolver a crise”, mas é também algo que “ameaça os dirigentes partidários, que são naturalmente centralistas”, e os partidos, que “não são descentralizados”, considera o ex-ministro Carlos de Brito. “É respeitável a opinião dele [Aguiar-Branco]. Eu tenho a opinião de que quanto mais cedo melhor”, comenta o líder da distrital do PSD do Porto, Marco António Costa, que critica ainda a proposta de Marcelo Rebelo de Sousa para um referendo interno no partido sobre a regionalização, dizendo que é uma “atitude táctica” para “adiar o assunto”. O QUE SE DISSE O país está com várias décadas de atraso na implementação de um nível intermédio de descentralização do poder BERNARDINO SOARES DEPUTADO DO PCP NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA A regionalização permite uma reflexão aprofundada sobre modelos de desenvolvimento regionais sustentáveis PEDRO SOARES DEPUTADO DO BE NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Não se pode manter um Terreiro do Paço gigante em Lisboa e espalhar pelo continente cinco pequenos Terreiros do Paço com o mesmo despesismo PAULO MORAIS PROFESSOR UNIVERSITÁRIO Grande Porto ID: 27576623 13-11-2009 Tiragem: 30000 Pág: 19 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 23,96 x 28,81 cm² Âmbito: Regional Corte: 2 de 5 Partidos: maioria das distritais é favorável à regionalização Argumentos∑ Líderes realçam vantagens da descentralização de competências ANTÓNIO RILO PEDRO JOSÉ BARROS SARA DIAS AIDA SOFIA LIMA Não será por causa das distritais partidárias do Norte que a regionalização ficará pelo caminho. Quase todos os líderes ouvidos pelo GRANDE PORTO dizem “sim” à mudança. No Porto, o socialista Renato Sampaio considera que é preciso garantir um grande “consenso político” para a regionalização vingar. Marco António Costa, do PSD, é a favor de uma revisão constitucional que retire os “travões” da obrigatoriedade do referendo e simultaneidade de um “sim” vencedor em todas as regiões. A seu ver, a regionalização permitirá reformar a administração pública, aproximar eleitos e eleitores e maior competitividade. Apesar de achar que o processo não avançará porque PS e PSD “não se mostram interessados”, João Semedo, do BE, salienta os benefícios do combate à “centralização e macrocefalia” do poder. E para Honó- A João Semedo realça benefícios do combate à “macrocefalia” do poder rio Novo, do PCP, a reforma é “essencial para o futuro do país”, enquanto “instrumento para a coesão e melhor distribuição de recursos”. Joaquim Barreto, líder do PS de Braga, e João Frazão, do PCP, rumam no mesmo sentido. O socialista admite um cenário de maior potenciação dos recursos e o comunista salienta o contributo para o desenvolvimento “harmonioso” do país. Em Vila Real, Rui Santos (PS) defende que “é urgente descentralizar” as decisões e que o actual modelo está “esgotado”. Continua a acreditar nas virtualidades da criação de uma região de Trás-os-Montes e Alto Douro, mas aceita discutir um modelo assente nas cinco regiões plano. Luís Gonzaga, do CDS-PP, também é a favor e diz que é preciso “pensar a organização administrativa do país de forma diferente”. O PS de Bragança defende a reforma, esperando que funcione como “arranque” para o desenvolvimento de Trás-os-Montes. PSD e CDS de Bragança estão contra reforma Não é absolutamente consensual o processo de criação de regiões administrativas. Em Bragança, o GRANDE PORTO encontrou dois exemplos de oposição. O líder distrital do PSD, Adão Silva, diz que a regionalização “é um papel de embrulho que ninguém sabe o que tem dentro”. O responsável assume-se contra por achar que “não se justifica num país tão pequeno, muito uniforme do ponto de vista cultural, linguístico e que não sofre de tensões como outros países”. Adão Silva argumenta que a regionalização comporta um “aumento de despesa pública paga com aumento de impostos para alimentar novas cortes de cinco ou seis régulos espalhados pelo território”. O país terá à disposição “outros caminhos mais baratos e mais eficientes que podem servir melhor os cidadãos como a aposta na municipalização”. O CDS-PP de Bragança, por intermédio do líder Armando Pacheco, considera que o distrito “não ganha nada” com a divisão em regiões. “Não temos nada que ver com o Minho e o Porto. Somos mais parecidos com a Beira-Alta. As necessidades são muito diferentes”, diz ao GP. Defende que “bastava que o dinheiro do IVA que se move através da electricidade produzida no distrito fosse canalizado” para esse território. Ta mbém Vi rgí lio Costa, do PSD/Braga, se mostra desfavorável à regionalização. Entende que se deve pugnar por uma descentralização administrativa que passava pela criação de grandes áreas metropolitanas e comunidades urbanas em função da adesão e organização espontânea dos municípios, caminhando-se gradualmente para uma “autonomização financeira e administrativa”. Modelo alargado a Trás-os-Montes e Alto Douro São partidos separados geográfica e ideologicamente, mas defendem o mesmo caminho: um modelo que consagre não cinco mas seis regiões administrativas, delimitando Trás-os-Montes e Alto Douro. O PSD de Vila Real e o PCP de Bragança partilham da mesma convicção quanto ao modelo a seguir. Por parte do PSD de Vila Real, Domingos Dias defende a consagração da região de Trás-os-Montes e Alto Douro porque se tra- Um modelo de cinco regiões vai continuar a macrocefalia das decisões mas concentrada nos centros das capitais das regiões VIRGÍLIO COSTA LÍDER DO PSD/BRAGA ta de uma área “do Interior deprimida e das mais atrasadas da Europa, devendo obter uma discriminação positiva por parte da Administração Central”. A regionalização viria neste caso contribuir para um maior equilíbrio regio- nal entre Litoral e Interior, por exemplo. COMBATE À DESERTIFICAÇÃO José Brinquete, do PCP de Bragança, realça que Trásos-Montes “está no sinal vermelho” em termos de A regionalização tem de permitir agilizar os processos de decisão sem grande alargamento da estrutura pública de gestão ANTÓNIO CUNHA REITOR DA UNIVERSIDADE DO MINHO desertificação e que se se vier a avançar com a criação apenas da região Norte, com a “força centralista que o Porto tem”, ela agravar-se-á. Neste sentido, a regionalização deve avançar mas criando-se a região de Trás-os-Montes e Alto Douro. A alteração constitucional efectuada em 1997 “só serviu para a regionalização não avançar”, diz. O referendo foi, na sua óptica, uma “figura armadilhada que o PS e o PSD encontraram para nunca fazerem a regionalização”. Com a regionalização, o país pode beneficiar em diversas. A principal é a possibilidade de o poder de decisão estar mais perto PÔNCIO MONTEIRO EMPRESÁRIO Grande Porto ID: 27576623 13-11-2009 Tiragem: 30000 Pág: 20 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 23,69 x 29,01 cm² Âmbito: Regional Corte: 3 de 5 Referendo é solução ou “armadilha”? Problemas ∑ Críticas à obrigatoriedade do referendo e simultaneidade do “sim” a nível regional ANTÓNIO RILO PEDRO JOSÉ BARROS [email protected] A formação de regiões administrativas em Portugal estava prevista na Constituição mesmo antes do referendo de 1998. Em 1997, sob proposta de Marcelo Rebelo de Sousa, e durante o governo de António Guterres, foi feita uma revisão constitucional que consagrou a obrigatoriedade de realizar um referendo para viabilizar a regionalização. Além da necessidade de ele ser vinculativo, o “sim” precisa de obter uma dupla vitória: a nível nacional e em cada uma das regiões propostas. O resultado foi o fracasso. No referendo de Novembro de 1998, o “não” venceu com 63,51 por cento dos votos contra 36,49 por cento do “sim”, registandose uma abstenção de 51,7 por cento. A possibilidade de um novo referendo volta a colocar-se com o primeiroministro José Sócrates a incluir o tema no programa da actual legislatura, mas será este instituto parte da solução ou um problema em si mesmo? A maioria das personalidades ouvidas pelo GRANDE PORTO realça a necessidade de se auscultar a população uma segunda vez por esta via, mas as críticas à condução do processo em 1998 e à improbabilidade de sucesso do “sim” são imensas. Para Valente de Olivei- A Em 1998, o “não” venceu com larga maioria no referendo à regionalização ra, presidente da Assembleia Municipal do Porto e uma das primeiras figuras em Portugal a reclamar a necessidade da divisão do País em regiões administra- tivas, o referendo de 1998 foi “um embuste”. Em entrevista dada ao GRANDE POR- TO em Julho referiu que António Guterres “não tinha grande determinação em relação a este processo e Marcelo Rebelo de Sousa não é manifestamente um regionalista”. Valente de Oliveira defendeu também a “alteração da disposição constitucional que impôs aquele arabesco tão complicado” porque “está feito precisamente para não se fazer a regionalização”. REFERENDO TEM DE SER “DESARMADILHADO” O ex-ministro Carlos de Brito, autor do livro “Regionalização: Uma Questão de Coragem”, considera que só o facto de as regiões autónomas da Madeira e Açores, criadas sem referendo, poderem “opinar” sobre o interesse das regiões no continente “é uma injustiça”. E a necessidade de referendo obrigar a uma votação de mais de 50 por cento dos eleitores “coloca a passividade como vencedora”. Se não for retirada da Constituição a obrigatoriedade do referendo, este tem de ser “desarmadilhado” e tornado “transparente”, sem as amarras que o enquadram. Carlos de Brito critica o mapa proposto em 1998 (regiões de Entre Douro e Minho, Trás os Montes e Alto Douro, Beira Interior, Beira Litoral, Estremadura e Ribatejo, Região de Lisboa e Setúbal, Alentejo e Algarve) por ter sido “extre- mamente condicionado pelos interesses político-partidários”. A estratégia seria “supostamente saber quais eram as tendências de voto em determinado conjunto de concelhos e esses concelhos eram agregados em regiões”. O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Carlos Lage, realça a urgência do processo. Há uma espécie de esquizofrenia constitucional relativamente às regiões Destaca a “singularidade” Constitucional que obriga a referendar unicamente esta matéria e diz que há uma espécie de “esquizofrenia constitucional face às regiões”: por um lado “há um preceito que as consagra”, por outro há um “anticomando regimental que as impede, exigindo-se um duplo voto a favor a nível nacional (num país em que os cadernos eleitorais estão empolados) e regional”. É necessário rever o artigo 256 da Constituição porque as regras previstas “são impeditivas para o sucesso”, finaliza. Descentralização deve reduzir custos da estrutura estatal Além da questão do timing para levar avante a regionalização, discute-se agora o modelo a seguir. A proposta mais consensual prevê a divisão de Portugal continental em cinco regiões: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve. Entre a esfera local e a Central existiriam governos regionais com representan- tes eleitos. Porém, ainda não há muitas ideias quanto ao funcionamento do sistema ou à posição de organismos como as CCDR e as Administrações Regionais da Saúde e Educação. Carlos de Brito e Paulo Morais defendem o figurino das regiões autónomas da Madeira e Açores. “Vejam a diferença entre o desenvolvimento das regiões autó- nomas e do Norte”, incita o ex-ministro, alertando para a necessidade de terem uma “componente política e não só administrativa”. Neste contexto, os custos da hiperestrutura estatal “teriam de ser reduzidos drasticamente”, sendo “completamente inaceitável duplicar estruturas”. O ex-vereador da Câmara do Porto, Paulo Morais, de- fende que a regionalização só deve avançar se isso “corresponder ao desmantelamento do actual aparelho de Estado e a uma simplificação das competências e atribuições dos actuais organismos de Estado e isso só será possível com o modelo das autonomias da Madeira e Açores”. Qualquer outro modelo “apenas representaria um aumento da despesa pública e a confusão de competências que já reina”. A proposta de Paulo Morais vai ao encontro de governos regionais “acabando com os Ministérios da Educação e da Saúde tal como os conhecemos”. Os organismos do governo regional “devem vir a substituir os organismos do Governo central e nunca ser acrescentados aos actuais”. Para o presidente da CCDR-N, Carlos Lage, “tem de ficar claro que quem defende as regiões defende uma repartição dos recursos do Estado”. Sendo certo que as políticas de saúde e educação “não passam inteiramente” para as regiões, é de “admitir que as regiões venham a ver aumentados os seus poderes em etapas posteriores”. Grande Porto ID: 27576623 13-11-2009 Tiragem: 30000 Pág: 21 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 23,76 x 29,01 cm² Âmbito: Regional Corte: 4 de 5 Norte é a região portuguesa com o PIB per capita mais baixo Problemas ∑ Uma região desequilibrada, com desemprego galopante e exportações em queda livre ANTÓNIO RILO PEDRO JOSÉ BARROS [email protected] O Norte de Portugal já conheceu melhores dias. Indicadores em várias áreas dão conta de um declínio preocupante. E nem os números mais animadores trazem apenas boas notícias. Atente-se no valor do Produto Interno Bruto (PIB). Se é verdade que os 45,7 milhões de euros de PIB em 2007 só são ultrapassados por Lisboa, o PIB per capita foi em 2006, segundo os dados do Eurostat, o mais baixo de Portugal, o que nos remete para uma região assimétrica em termos de produção. A média do PIB per capita da UE é de 23 636 euros, sendo que a da região Norte portuguesa é de 14300 euros, inferior à do Centro: 15300 euros. A maior parte da produção de riqueza concentra-se 0,32 É o número de doutorados em Ciências e Tecnologia por cada mil habitantes que o Norte apresentava em 2007. Só na Madeira, Açores e Alentejo o valor era menor. 69.478 Famílias nortenhas que não têm instalação sanitária completa. As que não possuem sistema de esgotos ascende a 39.388. 27.370 não têm água canalizada. 109.179 Número de beneficiários do Subsídio de Desemprego registados em Março de 2009 na região Norte, mais 13,3% em relação ao fim de 2008. Era a região com maior número de beneficiários. A No segundo trimestre de 2009, a taxa de desemprego nortenha era de 10,5 por cento no Grande Porto. MENOS EXPORTAÇÕES A região nortenha foi também onde mais desceram as exportações. De Ja- neiro a Agosto de 2009 geraram-se 5,7 biliões de euros com as exportações, menos 2,3 biliões que no período homólogo de 2008, segundo dados do INE. A juntar à quebra comercial, verifica-se um aumento do desemprego. No segundo trimestre de 2009, a taxa de desemprego nortenha (10,5 por cento) só era superada pela do Alentejo (11,3). Porém, em termos do número bruto de desempregados, o Norte era campeão com 206.500 indivíduos, boa parte do total de 507.700 do país. EDUCAÇÃO E SAÚDE O desequilíbrio do Norte é visível em vários domínios. Segundo o INE, a taxa de escolarização no Ensino Superior era em 2007/2008 de 47,1 por cento na sub-região do Grande Porto, ao passo que no Tâmega era apenas de 5,6 por cento. Disparidade semelhante constata-se em sectores como a saúde, essenciais para uma boa qualidade de vida. No Grande Porto existiam, em 2007, 6,7 médicos por cada mil habitantes. No Ave a média era de 1,5 médicos e no Tâmega não chegava a haver um médico por cada mil habitantes (0,7). REGIÃO POBRE Norte tem maior número de beneficiários do RSI Um indicador da pobreza respeita aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI). Em Dezembro de 2008 havia no Norte, segundo o estudo Pobreza na Região Norte de Portugal, 149.007 beneficiários. Em Abril de 2009 acresciam cerca de 5,6%. “A Região Norte é a região do país com maior número de beneficiários do RSI, em Abril de 2009 registava 43,7% de beneficiários do total do país”, conclui o estudo. SALÁRIOS BAIXOS Apenas no Centro e nos Açores se ganha menos Segundo o Estudo Pobreza na Região Norte de Portugal, realizado pela Associação Nacional das PME, em 2008 os trabalhadores por conta de outrem auferiam no Norte um salário médio (mensal líquido) de 689 euros, enquanto a média registada no país era de 746. Só os trabalhadores das regiões Centro e Açores é que auferiam rendimentos inferiores ao Norte. “Quem não tem capacidade para fazer pressão política é perfeitamente ignorado” Quais as razões que podem ajudar a explicar o cenário negro em que a região Norte se encontra? Será que a regionalização pode ajudar a inverter o processo? Cadima Ribeiro, professor na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e especialista em desenvolvimento regional, considera que o modo como este território tem sido pensado está “completamente errado”. A visão de que a “concentração do investimento” na Área Metropolitana do Porto funcionaria como “motor” de desenvolvimento está “ultrapassada”, diz ao GP. Será assim preciso reforçar a dinâmica “polinucle- ar” em termos de investimento. SEM POLÍTICA INDUSTRIAL Para Cadima Ribeiro, o Norte tem “problemas significativos de produtividade e competitividade das suas exportações”. A especialização em fileiras como o têxtil, o calçado, a madeira e a metalomecânica padece com a ascensão de mercados como o chinês e o indiano. “A excessiva especialização produtiva é sempre preocupante porque cria uma grande dependência face aos mercados de destino”, comenta. Defende a aposta em novos produtos “com design e diferenciação de qualidade”. O professor duvida que do numa se tenha apostado al que fapolítica industrial voreça a procura de novos definição mercados e a redefinição da estrutura e processo produtivo. Esse vazio será icina. “desastroso”, vaticina. m si, é “asO território, em rmos de simétrico” em termos rganipovoamento e organização urbana. Economicamente, o que qui, tem contado até aqui, além da Área Meortropolitana do Poreto, é o quadriláteiro urbano do Baia, xo Minho: Braga, ceGuimarães, Barcelos e Famalicão. ssáÉ ainda necessário promover parcem a Garias externas com liza e aproveitar melhor potencialidades como a do “cluster aautomóvel”, a massa crítica (por exemplo a investigação em nanotecnologia), as iindústrias alimentares e o turismo que estão “subapr “subaproveitados”. teoria a regionaliEm teoria, zação pode ajudar a “repartir m melhor o investiment timento”. Na prática, o mod modelo não pode, para o docente, bas basear-se só em cin cinco regiões, de devendo consag grar também aas áreas metr tropolitanas de Porto e Lisboa para reflectir as identidades iden existentes. P Para si, “quem não tem capacidade c de pressão po política é perfeitamente ignorado”. ig Grande Porto ID: 27576623 13-11-2009 Tiragem: 30000 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 13,96 x 1,02 cm² Âmbito: Regional Corte: 5 de 5 REGIONALIZAÇÃO PARTIDOS SOB PRESSÃO / PÁG.18 A 21