Negrismo: caminhos e configurações Luiz Henrique Silva de Oliveira (CEFET-MG)1 Palavras-chave: negrismo; romance; literatura brasileira. Objetivo: Discutir os caminhos e percursos do negrismo, entendendo-o como linhagem e procedimento no campo das artes plásticas e literatura Metodologia: Este trabalho se fundamenta num referencial teórico interdisciplinar, partindo de contribuições dos Estudos Literários, da História, da Sociologia, da Antropologia e dos Estudos Culturais. A pesquisa foi de caráter bibliográfico. Descrição: Resultado do meu doutoramento em Teoria da Literatura, realizado na UFMG (2009-2013) este estudo pretende conceituar o negrismo enquanto procedimento literário do século XX e estudar suas manifestações em romances brasileiros. Será necessário para isso evidenciar suas fontes e influências, passando pelo cubismo, pela poesia caribenha do início do século XX e chegar ao Modernismo brasileiro. Cabe lembrar que o cubismo e pautou na apropriação das máscaras tradicionais do oeste africano (sobretudo as dans e as geledés) Em seguida, caberá estabelecer diálogo com outros sentidos que o termo possui. Além disso, com base em corpus formado por Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, A marcha (1941), de Afonso Schmidt, A casa da água (1969), de Antonio Olinto, Os tambores de São Luís (1975), de Josué Montello, Xica da Silva (1976), de João Felício dos Santos, e Viva o povo brasileiro (1984), de João Ubaldo Ribeiro, pretende-se caracterizar, comparativamente, cada uma das faces negristas bem como seus principais procedimentos estético-composicionais. Finalmente, deseja-se evidenciar como a linhagem negrista no romance brasileiro do período em questão representou uma etapa de transição entre a literatura de perspectiva etnocêntrica, em relação ao negro, e a chamada literatura afro-brasileira. Resultados Est trabalho evidenciou o negrismo enquanto procedimento. Nesta dimensão, o conceito percorre todo o século XX e se manifesta em diversas linguagens artísticas. Além disso, o estudo comprovou o negrismo como procedimento literário profícuo – no romance e na poesia - brasileira durante o século XX. Concluiu-se também que o negrismo operou como etapara 1 Luiz Henrique Silva de Oliveira é doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela UFMG (2013), onde também concluiu mestrado (2007) em Teoria da Literatura e Graduação em Letras Língua Portuguesa (2004). Integra o Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade (NEIA-UFMG). Atuou como Técnico de Nível Superior (Literatura) no Departamento de Bibliotecas e Promoção da Leitura da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte (2010). Foi Diretor da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte (2011-2012) e Chefe do Departamento de Planejamento e Coordenação da referida Fundação (2013). Atualmente é Professor do Centro Federal Tecnológico de Minas Gerais - CEFET-MG. Autor de Poéticas negras (Nandyala, 2010) e Negrismo (Mazza, 2014). de transição para a literatura afro-brasileira, aind aque, para isso, veiculasse estereótipos e se portasse como discurso conciliatório dos conflitos étnicos no país. Referências bibliográficas BARRETO, Lima. Diário íntimo: memórias. São Paulo: 1956. p. 84. BASTIDE, Roger. Estudos afro-brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1973. BOPP, Raul. Cobra Norato e outros poemas. 6 ed. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1956. BRAQUE, MATISSE, PICASSO, DERAIN, VLAMINCK, COCTEAU, GRIS, BRANUSI... Opinions sur l’art nègre. Toulouse: Toguna, 1999. BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Porto Alegre: Marcado Aberto, 1983. CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. São Paulo: Martins, 1959. COSTA E SILVA, Alberto da. “Uma visão brasileira da escultura tradicional africana” In COSTA E SILVA, Alberto da. O quadrado amarelo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009. p. 12-45. 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