Neoclassicismo e o Romantismo Clique para adicionar texto HISTÓRIA DA ARTE Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do século XIX, uma nova tendência estética predominou nas criações dos artistas europeus. Trata-se do Academicismo ou Neoclassicismo, que expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da sociedade européia após a Revolução Francesa e principalmente com o império de Napoleão. Revolução Francesa Revolução Francesa era o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799, alteraram o quadro político e social da França. Em causa estavam o Antigo Regime e a autoridade do clero e da nobreza. Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1776). Está entre as maiores revoluções da história da humanidade. A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporanea. Aboliu a servidao e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade", frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau. Para a França, abriu-se em 1789 o longo período de convulsões políticas do século XIX, fazendo-a passar por várias repúblicas, uma ditadura, uma monarquia constitucional e dois impérios. Esse estilo chamou-se Neoclassicismo porque retomou os princípios da arte da Antiguidade greco-romana. A outra denominação - Academicismodeveu-se ao fato de que as concepções artísticas do mundo greco-romano tornaram-se os conceitos básicos para o ensino das artes nas academias mantidas pelos governos europeus. De acordo com a tendência neoclássica, uma obra de arte só seria perfeitamente bela na medida em que imitasse não as formas da natureza, mas as que os artistas clássicos gregos e os renascentistas italianos já haviam criado. E esse trabalho de imitação só era possível través de um cuidadoso aprendizado das técnicas e convenções da arte clássica. Por isso, O convencionalismo e o tecnicismo reinaram nas academias de belas-artes, até serem questionados pela arte moderna. Vejamos, a seguir, como esse estilo se traduziu na arquitetura e na pintura da época. A arquitetura neoclássica Tanto nas construções civis quanto nas religiosas, a arquitetura neoclássica seguiu o modelo dos templos greco-romanos ou o das edificações do Renascimento italiano. Exemplos dessa arquitetura são a igreja de Santa Genoveva, transformada depois no Panteão Nacional, em Paris, e a Porta de Brandemburgo, em Berlim. A igreja de Santa Genoveva foi projetada por Jacques Germain Souflot (17131780), que pode ser considerado um dos primeiros arquitetos neoclássicos. Ele concebeu a planta do edifício com a forma de uma cruz grega, um pórtico de seis colunas e um frontão onde se encontram trabalhos escultóricos de David d'Angers (1788-1856). O Panteão de Paris A pintura do neoclassicismo A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura clássica grega e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição e da harmonia do colorido. O maior representante da pintura neoclássica é, sem dúvida, Jacques Louis David (1748-1825). Ele nasceu em Paris e foi considerado o pintor da Revolução Francesa; mais tarde, tornou-se o pintor oficial do Império de Napoleão. Durante o governo de Napoleão, registrou fatos históricos ligados à vida do imperador, dentre os quais estão, por exemplo, a sua coroação e a travessia dos Alpes. David, sem dúvida, exerceu uma grande influência na pintura de seu tempo. Suas obras geralmente expressam um vibrante realismo, mas algumas delas exprimem fortes emoções, como é o caso do quadro que retrata a morte de seu amigo Marat. Bonaparte Atravessando os Alpes (1801), de Jacques Louis David. Dimensões: 272 cm x 232 cm. Museu de Versalhes, Paris. A Morte de Marat (1793), de Jacques Louis David. Dimensões: 163 cm x 126 cm. Museu Real de Belas-Artes, Bruxelas. Jean Auguste Dominique Ingres Já no século XIX, quando outras tendências artísticas marcavam fortemente os pintores da época, Jean Auguste Dominique Ingres (17801867) conservava uma acentuada influência neoclássica, herdada de seus mestres, sobretudo de David, cujo ateliê freqüentou em 1797. Sua obra abrange, além de composições mitológicas e literárias, nus, retratos e paisagens, mas a crítica moderna vê nos retratos e nus o seu trabalho mais admirável. Ingres soube registrar a fisionomia da classe burguesa do seu tempo, principalmente no seu gosto pelo poder e na sua confiança na individualidade. Exemplo disso é o Retrato de Louis François Bertin, que nos põe diante de um vivo representante do homem do século XIX. O retratado é visto com ausência de qualquer fantasia. As cores são poucas e os contornos nítidos. A pintura expressa a firmeza e a determinação do personagem que olha o observador diretamente. Por outro lado, Ingres revela um inegável apuro técnico na pintura do nu. Sua célebre tela Banhista de Valpinçon é um testemunho disso. Nessa obra fica evidente o domínio dos tons claros e translúcidas para a representação da pele e o domínio do desenho, uma das características mais fortes de Ingres. ROMANTISMO Romantismo: primeira reação à arte neoclássica o século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa do final do século XVIII. Do mesmo modo, a atividade artística tornou-se mais complexa. Assim, podemos identificar nesse período vários movimentos que produziram obras de arte segundo diferentes concepções e tendências. Por isso, quando estudamos a arte do século XIX, entramos em contato com movimentos artísticos muito diferentes, como é o caso do Romantismo, do Realismo, do Impressionismo, do Pós Impressionismo. Dentre esses movimentos artísticos, o primeiro que vamos estudar é o Romantismo, que se caracteriza como uma reação ao Neoclassicismo do século XVIII e historicamente situa-se entre 1820 e 1850. Enquanto os artistas neoclássicos voltaram-se para a imitação da arte greco-romana e dos mestres do Renascimento italiano, submetendose às regras determinadas pelas escolas de belasartes, os românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista. Assim, de modo geral, podemos afirmar que a característica mais marcante do Romantismo é a valorização dos sentimentos e da imaginação como princípios da criação artística. Ao lado dessas características mais gerais, outros valores compuseram a estética romântica, tais como o sentimento do presente, o nacionalismo e a valorização da natureza. A pintura romântica Ao negar a estética neoclássica, a pintura romântica aproxima-se das formas barrocas. Assim, os pintores românticos, como Goya, Delacroix, Turner e Constable, recuperam o dinamismo e o realismo que os neoclássicos haviam negado. Outro elemento que podemos observar nos quadros românticos é a composição em diagonal, que sugere instabilidade e dinamismo ao observador. A cor é novamente valorizada e os contrastes de claroescuro reaparecem, produzindo efeitos de dramaticidade. Quanto aos temas, os fatos reais da história nacional e contemporânea dos artistas despertaram maior interesse do que os da mitologia greco-romana. Além disso, a natureza, relegada a pano de fundo das cenas aristocráticas pelo Neoclassicismo, ganha importância. Ela mesma passa a ser o tema da pintura. Ora calma, ora agitada, a natureza exibe, na tela dos românticos, um dinamismo equivalente às emoções humanas. Goya: a luta pela liberdade Francisco José Goya y Lucientes (1746-1828) trabalhou temas diversos: retratos de personalidades da corte espanhola e de pessoas do povo (A Família Real e A Leiteira de Bordéus), os horrores da guerra (O Colosso), a ação incompreensível de monstros (Saturno Devorando um de seus Filhos) e cenas históricas. Dessa variedade temática, vamos destacar uma cena histórica que é reconhecidamente um símbolo das lutas pela liberdade. Saturno devorando a un hijo (Saturno devorando um filho) Óleo sobre reboco transladado a tela 146 cm × 83 cm cm Museu do Prado (Madrid) No século XIX, a pintura de temas históricos já era considerada um gênero definitivo. Entretanto, Goya soube alterar fundamentalmente o modo de retratar o conteúdo histórico, dando-lhe um caráter mais geral. O fuzilamento ocorrido em 3 de maio de 1808 é, então, apenas um pretexto para Goya expressar, de forma geral, as lutas da liberdade contra a tirania. No dizer de Lionello Venturi, na pintura de Goya “é um símbolo eterno da revolta popular contra a opressão” (Lionello Venturi, Para Compreender a Pintura, p. 126.) Os Fuzilamentos de 3 de Maio de 1808 (1814-1815), de Goya. Dimensões:.,3,5cm x 41Ocm. Museu do Prado, Madri. Eugène Delacroix: a multidão agitada nas ruas Aos 29 anos, Eugene Delacroix (1799-1863) viveu uma importante experiência para a sua arte. Ele visitou Marrocos como membro da comitiva do embaixador da França, com a missão de documentar os hábitos e costumes das pessoas daquela terra. A visão que Delacroix teve de Marrocos e que retratou em seu quadro é a da realidade misturada ao mistério e ao exotismo. Relacionada com essa experiência vivida em terras estrangeiras está a tela A Agitação de Tânger, importante pelos elementos pictóricos que prenunciam o impressionismo: o céu transparente, a luz intensamente refletida nas casas, em oposição às áreas de sombra. Do ponto de vista temático, o artista revela-se entusiasmado com o movimento da multidão reunida na rua. A Agitação de Tânger Aliás, esse tema de multidões agitando-se nas ruas também foi trabalhado por Delacroix no seu quadro mais conhecido: A Liberdade Guiando o Povo. Esse trabalho foi realizado pelo artista como exaltação da Revolução de 1830. Apesar do forte comprometimento político e particularizador da obra, o valor pictural é assegurado pelo uso das cores e das luzes e sombras. A Liberdade Guiando o Povo A paisagem romântica A pintura paisagística já havia se desenvolvido no século XVIII, mas foi no período romântico que ganhou nova força, principalmente na Inglaterra. A paisagem romântica inglesa caracteriza-se, de um lado, por seu realismo e, por outro, pela recriação das contínuas modificações das cores da natureza causadas pela luz solar. Segundo alguns historiadores da arte, essa segunda característica permite-nos afirmar que os paisagistas ingleses do século XIX anteciparam-se em algumas décadas aos impressionistas franceses. Chuva, Vapor e Velocidade (1844), De Turner. Dimensões; 91 cm x 122 cm. Galeria Nacional, Londres.