XV – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO Desde o seu surgimento como organização de meio nacional, desde as mais primitivas formas de associação política, o Estado, elemento dinâmico por excelência, vem evoluindo sempre, e refletindo, nessa evolução, a trajetória ascensional da civilização humana. O eminente professor Queiroz Lima coloca em conveniente relevo os traços característicos dominantes da organização estatal em cada um dos grandes estágios da civilização: O ETADO ORIENTAL = Teocrático e politeísta, destacando-se, pelo seu feitio mais humano e mais racional, o Estado de Israel (O Estado de Israel constituía uma exceção entre os Estados antigos do Oriente); O ESTADO GREGO = Que se caracteriza por uma nítida separação entre a religião e a política. O Estado Grego antigo, geralmente apontado como fonte da democracia, nunca chegou a ser um Estado democrático na acepção do direito público moderno; O ESTADO ROMANO = Expressão máxima da concentração política econômica. O Estado Romano tinha a sua origem, efetivamente, na ampliação da família. A família era constituída pelo “pater”, seus parentes agnados, os parentes destes, os escravos (“servus”) e mais os estranhos que se associavam ao grupo (“famulus”). A autoridade do “pater” família era absoluta; O ESTADO FEUDAL = Conseqüente da invasão dos bárbaros, que foi a expressão máxima da descentralização política, administrativa e econômica; O ESTADO MEDIEVAL = A partir do século XI, que foi uma nova expressão da centralização do poder, com a preeminência do papado sobre o governo temporal. São características fundamentais do Estado medieval: Forma monárquica de governo; Supremacia do direito natural; Confusão entre os direitos público e privado; Descentralização feudal; e Submissão do Estado ao poder espiritual representado pela Igreja Romana; O ESTADO MODERNO = Que reagiu contra a descentralização feudal da Idade Média e contra o controle da Igreja Romana, revestindo a forma do absolutismo monárquico; O ESTADO LIBERAL = Implantado pela revolução francesa e baseado no princípio da soberania nacional; O ESTADO SOCIAL = A partir do Estado Moderno. 1 Idade Antiga, (a) Estado Antigo (impérios teocráticos); Compõe-se: (b) Estado de Israel; (c) Estado Grego (a Polis); (d) Estado Romano (a Civita). 2 Idade Média, (a) Monarquias Medievais; Compõe-se: (b) Feudalismo; (c) O Estado Medieval e a Igreja Romana. 3 Período Renascença: o absolutismo monárquico 4 Idade Moderna, (a) Reação Antiabsolutista; Compõe-se: (b) Liberalismo e (c) Reações Antiliberais, que se verifica através: socialismo, fascismo e nazismo. OBSERVAÇÕES: (1ª) Os Estados mais antigos que a história relata, foram os grandes impérios que se formaram no Oriente desde 3.000 anos anterior a Cristo (aC). Na baixa Mesopotâmia, os mais antigos e os maiores. (2ª) A diferenciação de classes e castas era outro traço comum. Os nobres, os chefes militares e os sacerdotes do culto nacional gozavam de largas regalias, enquanto que os parias e os escravos viviam à margem das leis. A diferenciação de castas, aliás, persiste ainda atualmente na Índia, embora com menor intensidade. (3ª) A Polis era uma associação política e ao mesmo tempo uma comunidade religiosa, mas não se confundiam Estado e Religião nas mesmas instituições. As divindades gregas não conferiam caráter místico à autoridade, como ocorria nas monarquias orientais. A Polis começou a evoluir, a partir do século VIII ou IX a.C. da monarquia patriarcal para a república democrática direta, de fundo aristocrático. (4ª) Magistratura e Pró-Magistraturas: A autoridade dos cônsules foi posteriormente limitada em decorrência da criação das diversas magistraturas, destacando-se pela ordem: questura, pretura, censura, tribunato, edilidade, e pró-magistraturas; resumindo: • Questura ⇒ Escolhidos pelos próprios cônsules e como seus auxiliares imediatos, foram nomeados dois questores. Eram os questores juízes de superior alçada na ordem civil; • Pretura ⇒ Eleitos mediante prévia consulta aos deuses, exerciam os dois pretores plena jurisdição de fato. Em matéria de direito público suas decisões estavam sujeitas ao veto consular. Porém, em matéria de direito privado, a competência dessa grande magistratura era absoluta. Pronunciavam os pretores as suas decisões sentados na “curul”, ditavam posturas, expediam regulamentos e publicavam editais. O conjunto desses atos formou o chamado direito pretoriano, base de toda a maravilhosa estrutura do direito romano; • Censura ⇒ Os censores, também em número de dois, tinham a administração dos domínios e rendas do Estado; exerciam a vigilância da moradia pública e privada; procediam à purificação do povo etc. Eram, por isso mesmo, os mais temidos e respeitados dentre os magistrados romanos; • Tribunato ⇒ Os tribunatos eram eleitos entre os plebeus, nos comícios das “tribus”. Essa magistratura foi criada por uma “lex sacrata”. Os tribunos eram defensores do povo, pessoas invioláveis acreditando-se que estavam eles colocados sob a salvaguarda da cólera invencível dos deuses. No exercício da sua função protetora dos direitos individuais, os tribunos recorriam das decisões dos magistrados, interpondo a chamada “apelatio”. Por esse ato vetavam a decisão tornando-a, de pronto, inoperante. Além do direito de veto, conquistou os tribunos, posteriormente, o direito de iniciativa da plebe sobre questões de interesse coletivo (“plebiscitum”); • Edilidade ⇒ Os “edis” eram quatro, sendo dois eleitos pela centúria, mediante consultas simbólicas aos deuses, e dois escolhidos pelas “tribus”, entre os plebeus, por via de manifestação plebiscitária. Conjuntamente os edis formavam o “colegium”. Suas funções eram equivalentes às dos vereadores dos tempos modernos, com jurisdição administrativa no âmbito municipal; • Pro-Magistraturas ⇒ Com o grande desenvolvimento do Estado, criando-se novas províncias a serem administradas, já no fim do período republicano e início do período imperial, foi instituído o pré-consulado. Em conseqüência, desdobraram-se as demais magistraturas, instituindo-se a próquestura, a pro-pretura etc. (grifo nosso). (5ª) O liberalismo teve seu berço na Inglaterra. O próprio termo liberalismo tem a seguinte origem: O segundo “Bill of Rights” que o parlamento impôs à Coroa, em 1689, em um dos seus treze artigos que estabeleciam os princípios de liberdade individual, especialmente de ordem religiosa, autorizava o porte de armas pelos cidadãos que professavam a religião protestante, para que pudessem defender as suas franquias constitucionais. Foi precisamente esse sistema de liberdade defendida pelas armas que recebeu, na época, a denominação liberalismo. 1 PERÍODOS São períodos da história da civilização ou humanidade: Paleolítico ....................................600.000 a.C. a 10.000 a.C. Neolítico ........................................ 10.000 a.C. a 5.000 a.C. Idade dos Metais ............................ 5.000 a.C. a 4.000 a.C. Pré-história até ................................ até 4.000 ou 3.000 a.C. Idade Antiga ................................... 4.000 a.C. a 476 d.C. Idade Média .............................................. 476 a 1453 Idade Moderna ....................................... 1453 a 1789 Idade Contemporânea .......................... 1789 2 aos dias de hoje OBSERVAÇÕES: 1ª = A Pré-história se dividiu em três períodos: o paleolítico; o neolítico; e a idade dos metais. Segundo essa divisão (Lewis Morgan), esses períodos corresponderiam, respectivamente, aos estágios da selvageria, da barbárie e da civilização. 2ª = O período paleolítico se subdividiu em duas fases: a primeira chamada de paleolítico inferior (de 600.000 a.C. a 30.000 a.C) e a segunda chamada de paleolítico superior (de 30.000 a.C. a 10.000 a.C.). 3ª = A Idade Moderna para alguns autores se encerra em 1789, e para outros ela inicia a pré-fase contemporânea até os dias de hoje. 3 A PRÉ-HISTÓRIA A pré-história abrangeu quase cem por cento da vida do homem sobre a terra. Para quase seis mil anos de história existiram, aproximadamente, seiscentos mil anos de Pré-história. A Pré-história começou com o surgimento do homem e terminou por volta de quatro mil anos antes de Cristo, com o aparecimento da escrita no Egito e na Mesopotâmia. A Pré-história se dividiu em três períodos: paleolítico, neolítico, e a idade dos metais. Vejamos um resumo de cada um: • Período Paleolítico: O homem pré-histórico se agrupou em hordas nômades e fabricou instrumentos de pedra lascada, dedicando-se à caça de animais e à coleta de frutos e raízes; • Período Neolítico: Fez instrumentos de pedra polida, desenvolveu a agricultura e domesticou os animais, organizando-se em clãs e aldeias; • Período da Idade dos Metais: O desenvolvimento da metalurgia, o surgimento do Estado e a invenção da escrita possibilitaram ao homem a passagem para os tempos históricos. 4 O UNIVERSO, A TERRA E O HOMEM. Segundo as teorias mais aceitas, o Universo surgiu há dez bilhões de anos, a terra e o sistema solar há cerca de quatro e meio bilhões de anos e a vida na terra por volta de três bilhões de anos. O aparecimento do homem data de um milhão e meio de anos e o seu antepassado mais distante é o Australopithecus (“macaco do sul”). Vieram depois o Pithecanthropus erectus (“homem macaco em pé”) ou Homem de Java, o Homem de Heidelberg e o Homem de Pequim. Em seguida veio o Homem de Neaderthal, descoberto na Alemanha e o Homem de Cro-Magnon, descoberto na França, este último muito semelhante ao homem moderno (Homosapiens). O trabalho desempenhou um papel decisivo no processo de hominização, isto é, no processo de transformação do primata em homem. A Pré-história abrangeu cerca de seiscentos mil anos e se estendeu do aparecimento do homem à invenção da escrita a quatro mil anos antes de Cristo. 5 PERÍODO PALEOLÍTICO O período Paleolítico (600.000 a 10.000 a.C.) se subdividiu em duas fases: paleolítico inferior e o paleolítico superior. Durante o período paleolítico, o homem primitivo vivia em cavernas, praticava o nomadismo e estava agrupado nas hordas de caçadores, pescadores e coletores de frutos e raízes. O paleolítico foi o período da economia coletora, que correspondeu ao estágio da selvageria. O homem paleolítico produzia instrumentos de “lascas de sílex”, daí esse período ser denominado também na Antiga Idade da Pedra ou Idade da Pedra Lascada. Nesta época, o homem primitivo descobriu o fogo, desenvolveu a prática do culto aos mortos e produziu obras de arte de conteúdo mágico (magia simpática). Quanto ao processo de hominização, o Pithecanthropus erectus e o Homem de Neanderthal surgiram no paleolítico Inferior, e o Homem de CroMagnon apareceu no fim do paleolítico superior. 6 PERÍODO NEOLÍTICO O período Neolítico (10.000 a 5.000 a.C.) ficou conhecido também como nova idade da pedra ou idade da pedra polida. Este foi o período da economia produtora, que correspondeu ao estágio da barbárie. Nesta época, ocorreu a revolução neolítica, cujas principais características foram o desenvolvimento da agricultura e a domestificação dos animais. Durante o período neolítico, desenvolveram-se a tecelagem, a cerâmica e a produção de instrumentos da pedra polida; houve a invenção da roda e a fabricação de jangadas, canoas e barcos. A economia agrícola levou a sedentarização e a divisão do trabalho impulsionou uma economia de trocas que prenunciava o aparecimento do comércio. Data dessa época o aparecimento da família e sua organização em clãs, aldeias e tribos. Outras instituições que surgiram no fim do período neolítico foram à propriedade privada, as classes sociais e a religião. 7 PERÍODO DA IDADE DOS METAIS A Idade dos Metais começou por volta de 5.000 anos antes de Cristo e coincidiu praticamente com o início da civilização. Com o desenvolvimento da metalurgia, os instrumentos de pedra foram substituídos por metal (cobre, bronze e ferro). Nesse período, ocorreu a revolução urbana, que se caracterizou pela transformação das aldeias neolíticas em cidades, cuja vida se baseava na indústria e no comércio. Invenções importantes dessa época foram o arado de tração animal, o carro de rodas e o barco a velas. Por volta de quatro mil anos antes de Cristo, surgiu a escrita, que assinalou a passagem da pré-história para a história propriamente dita. Essa transição foi quase simultânea com o desenvolvimento da agricultura de regadio, com o surgimento da escravidão e com a formação do Estado. A partir daí a história se dividiu em períodos; ou seja, na idade antiga, na idade média, idade moderna e contemporânea.