03/10/2012 Romário exige explicações sobre venda de ingressos para Rio-2016 A falta de quórum na Câmara dos Deputados impediu que o deputado federal Romário (PSB-RJ) levasse adiante os planos de fazer um discurso ontem. O objetivo era tratar de assuntos que ele considera importantes e polêmicos referentes ao Comitê Olímpico Internacional (COI), ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio-2016. Entretanto, a ausência de seus pares na casa não foi suficiente para frear o ex-atacante que, impedido de falar, publicou na íntegra em seu site (www.romario.org) o texto que leria aos demais deputados. Desde o início do texto, Romário não poupou ataques a Nuzman, ressaltando que o presidente do COB e do Comitê Organizador Local das Olimpíadas do Rio-2016, que está à frente do COB há 17 anos e é candidato único na eleição, "tem grande chance de conseguir estender por mais quatro anos o seu reinado". A principal questão do discurso dizia respeito à preocupação do deputado em relação a como se dará a venda de ingressos para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Romário, inclusive, alertou sobre a amizade entre Nuzman e o irlandês Patrick Hickey, membro da diretoria executiva do COI, sobre quem pesam suspeitas de envolvimento em um esquema de vendas irregulares de ingressos para os Jogos de Londres-2012. De acordo com o texto postado por Romário, Hinckey faz parte de um comitê de coordenação que acompanha a organização das Olimpíadas do Rio, e seu filho, Stephen Hickey, "trabalha numa subsidiária da empresa que ganhou, pelas mãos do senhor Hinckey, o direito de vender ingressos para os Jogos Olímpicos de 2016". Essa empresa seria a Hospitality Group, ligada ao Grupo Marcos Evans, que atua no negócio de venda de ingressos de Olimpíadas. Romário afirmou que, de acordo com o jornal The Times, a Marcos Evans criou pacotes de hospedagem com direito a ingressos para os Jogos de Londres voltados para clientes de alto poder aquisitivo. Segundo o texto, a Marcus Evans "estaria revendendo bilhetes que tinham sido reservados, inicialmente, para os comitês olímpicos da Grécia, de Malta e da Irlanda". Romário está sendo municiado de informações pelo jornalista escocês Andrew Jennings, autor do livro Os Senhores dos Anéis - poder, dinheiro e drogas nas Olimpíadas modernas. O deputado brasileiro foi procurado por Jennings durante os Jogos de Londres e, há duas semanas, o jornalista estrangeiro voltou a contatar Romário, passando-lhe as informações que motivaram o discurso postado ontem. O Correio procurou o Comitê Olímpico Brasileiro e o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio-2016, mas nenhuma das entidades havia se pronunciado até o fechamento desta edição. (Correio Braziliense)