VERSÃO DO PROFESSOR
Metodologia Científica
D I S C I P L I N A
A pesquisa e a iniciação
científica na universidade
Autoras
Célia Regina Diniz
Iolanda Barbosa da Silva
aula
11
Material APROVADO (conteúdo e imagens)
Data: ___/___/___
Nome:_______________________________________
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Universidade Estadual da Paraíba
Reitor
José Ivonildo do Rêgo
Reitora
Marlene Alves Sousa Luna
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral
Vice-Reitor
Aldo Bezerra Maciel
Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPE
Eliane de Moura Silva
Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky
Diagramadores
Bruno de Souza Melo (UFRN)
Ivana Lima (UFRN)
Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)
Mariana Araújo (UFRN)
Projeto Gráfico
Ivana Lima (UFRN)
Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz (UFRN)
Revisora de Estrutura e Linguagem
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)
Ilustradora
Carolina Costa (UFRN)
Revisora de Língua Portuguesa
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Editoração de Imagens
Adauto Harley (UFRN)
Carolina Costa (UFRN)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB
D585 Diniz, Célia Regina.
Metodologia científica / Célia Regina Diniz; Iolanda Barbosa da Silva. – Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.
ISBN: 978-85-87108-98-2
1. Metodologia científica I. Título.
21. ed. CDD 001.4
Copyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
VERSÃO DO PROFESSOR
Apresentação
N
as aulas anteriores, estudou-se a Metodologia do Estudo que foi abordada na
perspectiva de seus procedimentos, orientações e normalizações na organização e
sistematização de seus estudos na universidade. A partir desta aula, vai-se estudar o
terceiro momento da metodologia científica com o modo de pesquisar, produzir e sistematizar
o saber científico. Esse modo se refere à Metodologia da Pesquisa com o planejamento
e aplicação de métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa na coleta e sistematização
de resultados nos trabalhos acadêmico-científicos. Nesse caso, buscar-se-á como se
produz ciência com o uso do Método Científico e dos procedimentos e normalizações da
Metodologia do Estudo e dos métodos, técnicas e instrumentos de coletas de dados da
Metodologia da Pesquisa, estudados ao longo desta disciplina.
O material desta aula virá acompanhado de orientações e atividades que buscam leválo ao exercício da iniciação científica com a aplicação dos procedimentos metodológicos de
pesquisa. Desse modo:
n elabore
as atividades de pesquisa, sugeridas no material;
n busque
ampliar seus conhecimentos, consultando as leituras que virão indicadas;
n realize
sua auto-avaliação da aula no espaço indicado.
Neste momento, você está convidado a fazer um exercício de iniciação científica,
percorrendo um caminho metodológico de planejamento e execução de pesquisas científicas.
Objetivos
Pretende-se, ao final desta aula, que você tenha compreendido que:
1
2
3
a iniciação científica é um caminho na formação do
aluno pesquisador;
o cotidiano da sala de aula torna-se uma fonte de
pesquisa científica; e
não há como realizar uma pesquisa científica sem o uso
de métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa.
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Um convite à pesquisa...
Pense nisto!!!
A organização da vida de estudo e de pesquisa na Universidade requer métodos
e técnicas de leitura, organização e documentação dos estudos. O aluno, ao
observar sistematicamente as atividades sugeridas nas disciplinas, percebe
que a produção do material é resultado de pesquisas e de uma relação dialógica
entre o autor da aula disponibilizada na disciplina e o aluno, e isto ocorre por
meio da interação, na elaboração das atividades e das leituras complementares
sugeridas. Diante disso, o estudo torna-se uma pesquisa e, desse modo, o
aluno é iniciado na pesquisa científica.
Atividade 1
Considerando sua experiência de aluno de graduação e de professor, neste momento
você é convidado a escolher um tema-aula estudado em uma das disciplinas cursadas em um
dos semestre do curso de Geografia a distância. Observe e comente as questões a seguir:
a) Qual era o tema trabalhado na aula?
b) A escolha desse tema se justifica nesta disciplina? Por quê?
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c) Os objetivos definidos pelos autores foram alcançados? De que forma?
d) Como os autores organizaram a distribuição dos conteúdos?
e) Quais
foram as estratégias de aprendizagem criadas para você estudar e aplicar o
conteúdo da aula?
f) Você registrou o conhecimento adquirido na aula em sua auto-avaliação? Por quê?
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Reflita!!!
A pesquisa científica orienta-se por um conjunto de procedimentos e etapas
que organizam um conhecimento sobre os fenômenos. O aluno encontra na
Universidade o espaço para a sua iniciação científica que resultará em pesquisas
científicas. É na Universidade que a prática de pesquisa constitui-se em um
ato dinâmico de questionamento, indagação e aprofundamento no processo
de formação do estudante, contribuindo para o desenvolvimento de um alunopesquisador crítico, reflexivo e participativo diante dos fenômenos sociais,
históricos, culturais, econômicos, educativos. Enfim, fenômenos de todas as
áreas do conhecimento humano.
A atividade de pesquisa faz parte do cotidiano de todos os indivíduos em sociedade
não apenas dos pesquisadores em laboratórios ou ambientes exclusivos. No dia-a-dia,
os indivíduos pesquisam e comparam preços, verificam a qualidade e durabilidade dos
produtos e fazem escolhas de modo que economizam tempo e dinheiro, sem usarem
necessariamente conceitos e categorias econômicas para se orientarem nessa pesquisa.
Já o educador ,quando procura alternativas para trabalhar os seus conteúdos em sala
de aula, busca encontrá-las, por meio de conversas com outros colegas educadores, em
livros de metodologia de ensino, no acesso à internet e a outras fontes como jornais e
programas educativos.
Nesse processo de pesquisa, o educador se utiliza de orientações teóricas, procedimentos
metodológicos e de seu conhecimento empírico, cotidiano. A diferença entre a pesquisa feita
pelo indivíduo que busca comprar um produto orientando-se pelo preço e pela qualidade
e o educador que quer encontrar alternativas para o desenvolvimento do seu conteúdo,
preocupado com a aprendizagem do aluno, está no caminho que cada um escolhe para fazer
a sua pesquisa.
A pesquisa científica é uma atividade desenvolvida por pesquisadores que se dispõem
a utilizar os métodos e as técnicas adequados para obtenção de informações relevantes ao
conhecimento, compreensão e explicação de um dado fenômeno investigado. Retomando
o exemplo do educador que está preocupado com a aprendizagem de seus alunos, ele irá
preocupar-se com os métodos e as técnicas que deverão ser adotados, para isto, ele irá
problematizar a sua prática pedagógica em sala de aula.
Métodos, técnicas e instrumentos são procedimentos adotados pelo pesquisador
ao buscar fazer ciência, pois toda e qualquer atividade a ser desenvolvida, seja teórica ou
prática, requer procedimentos. O método significa o caminho para se chegar a um fim e a
técnica é o meio de fazer, de forma mais segura e adequada, determinadas atividades que
se encaminham para um fim específico. Já os instrumentos são os recursos utilizados para
coleta de dados junto as fontes de pesquisa.
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Diante disso, se compreende que os métodos e as técnicas são indispensáveis numa
investigação científica, pois contribuirá para a ampliação do conhecimento já acumulado,
bem como para a construção, reformulação e transformação de teorias científicas, conforme
Barros; Lehfeld (2000).
Convidando Rubem Alves (2000, p.107-8) para discussão sobre a pesquisa científica,
encontra-se nesta citação direta elementos importantes para a discussão. Veja-se:
[...] Os sacerdotes da ciência me responderam: ’Peguei-te! Porque um dos dogmas
centrais da ciência é que não estamos nunca de posse da verdade final. As conclusões
da ciência são sempre provisórias. A ciência não tem dogmas!’ Certo, certíssimo! A
ciência não tem dogmas a seus resultados. Pelo menos oficialmente, em sua declaração
de intenções. Mas essa pretensão é constatada por Thomas Kuhn, autor de A estrutura
das revoluções científicas. Ele afirma, baseando-se em dados históricos, que a ciência
tem dogmas sim. E seus dogmas são mantidos pelos cientistas que se agarram
a suas teorias e jamais admitem que a verdade possa ser diferente. Diz Kuhn que,
freqüentemente, é só com a morte desses papas que os dogmas caem de seu pedestal.
Mas, deixando isso de lado, há um dogma sobre o qual todos estão de acordo: o dogma
do método. O que é o dogma do método? Já expliquei: o método é a rede que os
cientistas usam para pegar peixe. O dogma aparece quando se diz que ‘real é somente
aquilo que se pega com as redes metodológicas da ciência’. Foi isso que fizeram com
o meu augusto amigo: ele foi mostrar a seus amigos os pássaros que havia encantado
tocando flauta, e todos disseram: ‘Não foi pego com as redes metodológicas da ciência!
Não é real! Não merece respeito!’. A loucura chega ao ridículo. Recebi uma carta de
uma jovem que estava fazendo uma tese científica sobre minhas histórias infantis. A
pobrezinha me escreveu pedindo que eu respondesse um questionário. Ela, certamente
nas mãos de um orientador científico, possuído pelo dogma do método, me fazia duas
perguntas que me fizeram sorrir/chorar. Primeira pergunta: ‘qual a teoria que o senhor
usa para escrever suas histórias?’ Segunda pergunta: ‘qual é o método que o senhor
usa para escrever suas histórias?’ Aí eu tive de contar para ela que muitas coisas
nesse universo, muitas mesmo, nos chegam sem que as pesquemos com as redes da
ciência. Picasso dizia: ’eu não procuro. Eu encontro’. As histórias são assim. A gente vai
vagabundando, fazendo nada, como uma coceira no pensador, e de repente a história
chega_ nas palavras de Guimarães Rosa_ como a bola chega às mãos do goleiro:
prontinha. Sem teoria. Sem método. É só ir para casa e escrever. Uma coisa é certa: a
história não me chega quando estou trabalhando, quando estou procurando. E é assim
que acontece com a poesia, a música, a literatura, a pintura e inclusive a ciência. As
boas idéias não são pescadas nas redes metodológicas. ‘não há método para se ter
idéias boas.’ Se houvesse método para se ter idéias boas, bastaria aplicar o método
que seríamos inteligentes. Freqüentemente o resultado do uso do método é o oposto da
inteligência. O tipo está lançando suas redes, as redes voltam sempre vazias, e ele não
se dá conta dos pássaros que se assentaram em seu ombro. A obsessão com o método
entope o caminho das boas idéias.
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Atividade 2
Registre a sua interpretação do fragmento abaixo, destacado com o grifo nosso, da citação
direta de Rubem Alves (op.cit, p.108), estabelecendo uma relação com a sua prática de educador.
[...] As boas idéias não são pescadas nas redes metodológicas. ‘não há método para
se ter idéias boas.’ Se houvesse método para se ter idéias boas, bastaria aplicar o
método que seríamos inteligentes. Freqüentemente o resultado do uso do método é o
oposto da inteligência. O tipo (o raciocínio) está lançando suas redes, as redes voltam
sempre vazias, e ele não se dá conta dos pássaros que se assentaram em seu ombro.
A obsessão com o método entope o caminho das boas idéias. (grifo nosso)
Ao estabelecer uma correlação observe:
a) As idéias boas que você já teve e que aplicou em sala de aula;
b) A sua percepção das necessidades dos alunos na aprendizagem dos conteúdos;
c) As sugestões dos alunos que redimensionam sua prática;
d) As experiências compartilhadas pelos alunos na aprendizagem de trabalhos de campo;
sua resposta
e) Outras situações que produziam boas idéias.
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Como tornar-se um
aluno-pesquisador?
Pense nisto!!!
A iniciação científica é uma experiência que oportuniza ao aluno a vivência
da pesquisa. Essa experiência tanto auxilia na formação profissional quanto
no desenvolvimento sociopolítico do estudante, conduzindo-o a uma leitura
crítica e analítica do seu cotidiano. Diante disso, busca-se criar oportunidades
para que a iniciação aconteça tanto nas esferas institucionais por meio dos
programas de iniciação científica, nas universidades, quanto na sala de aula
através de orientações metodológicas de pesquisa sobre temáticas que estão
sendo desenvolvidas nas disciplinas.
Perceba que a iniciação científica é um caminho na formação dos pesquisadores; diante
disso, o ato educativo na universidade requer um embasamento metodológico de pesquisa
tanto do educador como do aluno. Como afirma Pedro Demo em Educar pela pesquisa
(1996), é necessário ter-se uma nova noção de aluno na universidade, isto é, não mais como
sendo alguém desprovido de saberes e ignorante diante do mundo que o cerca, buscando
apenas conhecimentos e ensinamentos para fazer avaliações e passar de ano, mas um sujeito
que quer aprender a pensar e a pesquisar para construir seu raciocínio crítico e dialógico,
percebendo-se como sujeito histórico, ativo e participante intelectual e ideologicamente na
sociedade a qual pertence.
A investigação científica se transforma na principal expressão da identidade universitária,
quando os esforços e os estímulos pedagógicos fundam-se no tripé ensino-pesquisaaprendizagem, propiciando o desencadeamento de processos de conhecimento da realidade
social. Nesse momento, a relação professor e aluno é mediada pela prática de pesquisa
enquanto possibilidade pedagógica do aprender a aprender.
Para os iniciantes em pesquisa científica, o mais importante deve ser a preocupação
na aplicação dos métodos e das técnicas de pesquisa, do que propriamente os resultados
alcançados no processo de pesquisa. Os resultados tornam-se irrelevantes se não houve um
cuidado com os procedimentos metodológicos de pesquisa. O estudante fundamentandose em observações sistemáticas, análises e deduções interpretativas por meio de uma
reflexão crítica vai formando um raciocínio metódico e analítico que contribuirá com o seu
espírito científico.
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Segundo Barros; Lehfeld (2000, p. 68) a “[...] pesquisa científica consiste na observação
dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta dos dados, no registro de variáveis
presumivelmente relevantes para análises posteriores.” Já para Rudio (2004, p. 16-7) a
pesquisa consiste numa “obra de criatividade, que nasce da intuição do pesquisador e recebe
a marca de originalidade, tanto no modo de apreendê-la como no de comunicá-la.”
Veja-se o trecho da obra Estória de quem gosta de ensinar (ALVES, 1994, p. 38-9) :
Gosto de ver figuras. Fazem bem à imaginação. Levam-me por mundos já perdidos,
passados, estranhos [...] E a fantasia, encantada pelo mistério dos rostos, dos gestos,
dos cenários, põe-se a voar. Fiquei muito tempo olhando uma gravura do Século XV.
Ainda está aqui, aberta à minha frente, em vermelho, verde, preto, amarelo e branco.
Aula de anatomia. Sobre uma mesa de madeira, o cadáver. Um barbeiro, especialista
da navalha, faz os cortes necessários. O corpo se abre sobre o seu instrumento. Os
alunos, a se julgar pelos olhos, não estão entusiasmados. Alguns olham beatificamente
para cima. Talvez estejam vendo algum anjo esvoaçante. Outros, olhar perdido, longe
do cadáver, que deve cheirar mal. No centro, elevado em púlpito e distante da coisa,
o catedrático, dizendo os conhecimentos anatômicos da época. Repetia a Ciência de
Galeno, médico grego, do II Século, papa da Medicina por cerca de 1.400 anos. O
fascinante é pensar que, naqueles tempos, quando as evidências da navalha do barbeiro
colidiam com as teorias de Galeno, quem perdia era o barbeiro. Galeno ganhava
sempre. É que não se acreditava que as coisas, no seu mutismo, pudessem ser mais
sábias que os homens. O conhecimento se encontrava em livros, e nunca na natureza
[...] Agora se explica por que é que era o barbeiro, e não o professor, que cortava o
corpo: afinal de contas, aquele trabalho não faria diferença alguma, fosse qual fosse o
desenrolar das dissecações. E se explica também o olhar perdido dos alunos. Por que
olhar para um morto malcheiroso, se a verdade já estava dita num livro? Era muito mais
importante a lição do mestre do que a lição das coisas [...] Imaginem agora uma outra
tela mais louca do que esta, em que o cadáver se põe a falar, e não apenas o morto
como também todas as coisas até então silenciosas, estrelas, pedras, ar, água [...] E
os alunos, talvez possuídos de loucura, subvertem a ordem do saber, esquecem-se
das lições de antigamente, obrigam os mestres a se calarem, e se põem a ouvir vozes
que ninguém ouve, só eles, as vozes das coisas [...] Esta, eu imagino, seria uma tela
digna da imaginação fantástica de Bosch, ou quem sabe, do surrealismo de Salvador
Dali. Mas não é nada disso. Porque seria assim que teríamos de nos representar aquilo
que aconteceu quando Galileu fez a sua revolução, inaugurando a Ciência Moderna, e
declarando que era necessário mudar de livro-texto. Aprender a ler a escrita enigmática
da natureza. Pensávamos que fosse muda, quem sabe burra [...] Mas nós é que éramos
analfabetos. Não entendíamos a sua escrita. E nasceu então o fascínio de ser cientista:
decifrador de enigmas. A natureza diz as suas coisas em linguagem que o comum
das pessoas não entende, e o cientista trata de traduzir a língua estrangeira em língua
conhecida. Intérprete. Tradutor. De si mesmo, nada tem a dizer _ como convém àquele
que traduz e interpreta com honestidade. Sente-se feliz por só dizer o segredo que o
objeto lhe contou. E até inventaram um nome com que batizaram esta devoção ética
e epistemológica do cientista: objetividade. O sujeito se cala para que sua voz nada
mais seja do que a voz da natureza. Como se ele, cientista, se esvaziasse de tudo e
jurasse que nada que sai de sua boca é invenção dos seus desejos ou produto da
sua imaginação. Também para isto inventaram um nome à conduta esperada para o
pesquisador, neutralidade [...] Há situações em que a neutralidade é uma virtude. E foi
assim que disseram também que a Ciência tinha de ser neutra: vale somente aquilo que
a natureza disse, sem se levar em conta o interesse de ninguém. (grifo nosso)
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Nesse trecho Rubem Alves exercita o espírito científico por meio da crítica a objetividade
e neutralidade exigidas com critérios de conduta para o pesquisador na elaboração do saber
científico. Diante do exposto verifica-se a originalidade e criatividade do autor na comunicação
de sua interpretação sobre a pesquisa e a conduta científica do pesquisador.
Atividade 3
O gênero textual, Literatura de Cordel, torna-se uma fonte de pesquisa sobre questões
contemporâneas a região Nordeste. No caso, vai-se buscar nos fragmentos dos versos de
Manoel Monteiro (2003, p. 01-15) sobre O Milagre do Algodão Colorido os resultados
de uma pesquisa genética realizada com o algodão pela Embrapa de Campina Grande, PB.
Leia os fragmentos e registre sua interpretação, relacionando-a à discussão do tema: Como
tornar-se um aluno-pesquisador?
O algodão brasileiro
Do Litoral ao Sertão,
Na Paraíba, inclusive,
Vive uma transformação
Iluminando o presente,
Eis que chega finalmente
A GRANDE REVOLUÇÃO.
[...]
Mas desta revolução
Não sai guerreiro ferido,
Parque fabril devastado,
Monumento destruído,
Nela, um ‘um mago sem condão’
Transmuta o BRANCO ALGODÃO
Em CAPULHO COLORIDO.
Verificar o exemplo
de procedimento para
a inserção de nota de
rodapé, de acordo com as
normas da ABNT.
Das garras desse monstrengo
Dificilmente se escapa
Mas desta vez o Nordeste
Saiu no ‘braço e no tapa’
Em defesa do algodão
Foi buscar munição
Nos arsenais da EMBRAPA
[...]
Muita gente que estava
Sem outras perspectivas
Desiludidas de tudo
Completamente inativas
Com o algodão se repondo
Estão felizes compondo
Novas fontes produtivas.
Verde, marrom e mais outras
Tonalidades e cores
Nascem, como por encanto,
Das mãos dos pesquisadores,
Essa dança colorida
Enche de esperança e vida
Os nossos agricultores.
O agricultor do Sertão,
Brejo, Cariri, Agreste,
Está muito satisfeito
Com o resultado do teste
Do ALGODÃO COLORIDO
Que prenuncia florido
Àureos tempos pra o Nordeste.
O algodão colorido desenvolvido por pesquisadores da Embrapa já subsidia a produção de vários artigos do
vestuário, decoração e utensílios domésticos, atendendo tanto o mercado interno quanto o mercado externo.
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Depois de uma pesquisa
Exaustiva e persistente
A EMBRAPA de Campina
Conseguiu uma semente
Da qual a pluma extraída
Longa, forte e colorida
Dá um tecido excelente.
Nasceu a BRS
Verde água, uma excelência
No preço em dólar, que é mais;
Também por sua aparência,
Comprovado RENDIMENTO,
Fibra de bom COMPRIMENTO,
Brevidade e RESISTÊNCIA.
Ao fim de teste e mais teste,
De muitos Experimentos
Em busca de descobrir-se
A genes dos elementos
Surgiu com muita vantagem
Uma excelente linhagem
Desses retrocruzamentos.
Isso se deve aos técnicos
Daqui e do Ceará
E de Uberlândia, em Minas,
Pois tanto aqui quanto lá
Todos estão trabalhando
Nova aurora abreviando
Para a manhã que virá.
Assim três belas nuances
Dum VERDE muito bonito
Nasceram dessas pesquisas
E, convencido acredito
Que muitas outras virão
Para alegrar o Sertão
Outrora triste e aflito.
[...]
Manter o homem no campo,
Dar emprego na cidade, Preservar a natureza
É uma necessidade,
Algodão de cor faz isso
Porque tem um compromisso
Com nossa prosperidade.
Reflita!!!
A pesquisa enquanto um exercício de criatividade do pesquisador cria
oportunidades de investigação fora dos espaços clássicos de produção do
saber científico. A literatura de cordel é uma narrativa poética e um exercício
de pesquisa e crítica social na qual o cordelista expressa sua interpretação do
mundo. Ela cria uma nova possibilidade de apreensão do real “ fora das redes
da ciência”, parafraseando Rubem Alves.
10
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O semi-árido como um
campo de pesquisa
Pense nisto!!!
A investigação científica nos permite extranhar o familiar, questionando as
verdades que aparecem de forma naturalizada nos discursos políticos e nas
políticas públicas sobre o semi-árido. Os problemas sociais advindos da
convivência com o semi-árido, particulares à nossa região, são tratados como
fenômenos naturais, por isso as Ciências Sociais se debruçam sobre esses
discursos procurando compreendê-los e explicá-los.
A iniciação científica cria a oportunidade para o aluno tornar-se um pesquisador,
acompanhado de um professor-orientador. Veja-se os fragmentos do relatório de uma
pesquisa sobre o semi-árido paraibano apresentado em agosto de 2007 ao Programa de
Iniciação Científica da Universidade Estadual da Paraíba, sob a orientação da professorapesquisadora, socióloga, Nerize Laurentino Ramos com a aluna-pesquisadora, do curso de
Serviço Social, Jaqueline de Araújo Oliveira:
A região do semi-árido brasileiro compreende quase toda a região Nordeste e parte dos
estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Caracterizada pelo clima seco, escassez de
água e longos períodos de estiagem. Esta situação climática, agravada periodicamente
nos períodos de seca, desnuda problemas sociais que se repetem ano após ano. A
história e a mídia apresentam a cada período de seca uma população pobre, que passa
fome e sede, que migra para as regiões Sul e Sudeste do país em busca de sobrevivência
numa outra realidade, abandonando a sua terra natal, a sua história. As políticas
governamentais para a região são viabilizadas, a partir dos anos 30, através de vários
órgãos oficiais ligados à assistência social, planejando ações para evitar as migrações
dos “flagelados”; ações que se caracterizavam pelo paternalismo, assistencialismo
e a focalização das ações, que além de não resolveram a problemática fomentavam
a dependência. A ineficácia destas políticas é provada pela repetição dos fatos no
transcurso dos anos. Os programas emergenciais de intervenção estatal constituíramse como instrumento de reprodução destas condições de fragilidades, recriando a
dominação e a miséria no Nordeste. (DINIZ, 2002). As políticas de ‘combate às secas’
que promoviam a construção de grandes obras (açudagem), se mostraram favoráveis
à concentração hídrica e, não resolvendo o problema da seca, fomentou a dependência.
No dizer de Paulo Diniz: ’o problema do Nordeste semi-árido não é a situação de seca
em si, mas uma realidade de dominação política, autoritarismo, concentração da
terra e da água’. (2002, p. 40). A conjuntura política dos anos 90, promovida pela
Constituição Cidadã de 1988, favoreceu a mobilização dos trabalhadores que, exigindo
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providências para mudar o quadro até então submetidos, ocuparam a sede da SUDENE,
no Recife – PE, em 1993. Deste movimento surge o Fórum Nordeste que tinha objetivo:
elaborar um programa de ações permanentes que promovessem o desenvolvimento
sustentável da região, considerando os beneficiados como cidadãos. (DINIZ, op.cit).
Na Paraíba, na perspectiva de dar prosseguimento às discussões, iniciadas no Fórum
Nordeste, foi promovido um Seminário sobre o Semi-Árido Paraibano, que possibilitou
o debate entre diversas organizações, resultando no documento que tinha como tema
mobilizador a realidade do semi-árido brasileiro e a intervenção governamental de caráter
permanente. ‘Assim surge a Articulação do Semi-Árido Paraibano, na qual pessoas e
organizações diversas se integram para pensar o desenvolvimento no estado’. (idem,
2002, p. 54). O Fórum ASA Paraíba se consolida como espaço político e mobilizador
dos agricultores e agricultoras familiares e suas organizações e, para materializar suas
propostas, promove discussões com atores sociais diversos, a fim de elaborar um
projeto sustentável de desenvolvimento para o semi-árido. Refletir, planejar, propor
ações articuladas de convivência com o semi-árido, passou a ser o grande referencial
de articulação. [...] Este trabalho de pesquisa, compreende como delimitação de campo
teórico de investigação, o Fórum ASA Paraíba como formulador de políticas públicas
e o P1MC como uma das suas expressões – materialização da sua ação nos cinco
municípios que compõem a microrregião do agreste paraibano que participam do
Programa: Campina Grande, Puxinanã, Aroeiras, Gado Bravo e Mogeiro. Através da
participação nos eventos promovidos pela ASA (reuniões municipais, microrregionais,
estaduais, feiras), bem como nas atividades promovidas diretamente pelo P1MC
(Capacitação em Gerenciamento de Recursos Hídricos Cidadania e Convivência
com o Semi-Árido – GRH) acompanhamos, através da observação participante, as
atividades desenvolvidas junto aos agricultores e agricultoras da região específica da
pesquisa: Agreste da Borborema. [...] O caminho metodológico – método, técnica e
instrumento de análise – segue os pressupostos da análise do discurso. Consiste em
pensar as experiências, dos agricultores e agricultoras do semi-árido paraibano, suas
organizações e mediações, como processos discursivos, como: “lugar de significação,
de confronto de sentidos de estabelecimento de identidades, de argumentação”
(ORLANDI, 1990, p. 18). A pesquisa foi realizada junto às organizações da ASA Paraíba
que estão apresentando propostas na área de recursos hídricos, reflexionando sobre
a viabilidade e sustentabilidade das suas proposições e, mas especificamente, nos
municípios da microrregião do Agreste (Campina Grande, Puxinanã, Aroeiras, Gado
Bravo e Mogeiro) delimitação do campo desta pesquisa, que participam do P1MC e das
dinâmicas da ASA. Trata-se de abordar as falas-práticas, dinâmicas-experiências como
configurações históricas específicas, geradoras de redes, cadeias político-discursivas.
Como um determinado discurso, pronunciado em um contexto delimitado, adquire
legitimidade. Parte-se do pressuposto de que ‘[...] todo falante, todo ouvinte ocupa
um lugar na sociedade, e isso faz parte da significação’ (ORLANDI, 1988, p. 18). Quais
são os lugares de maior visibilidade? Que processos são desencadeados? Que atores
são definidores do processo? Com a observação direta – observação participante –
trabalha-se as informações através das regularidades discursivas: nas recorrências, nos
enunciados previsíveis e imprevisíveis, nos ditos-desditos-interditos, no silêncio-não
fala, como elementos discursivos, como material de significação. Busca-se entender o
movimento dos atores e/ou redes sociais, as regras que movimentam e motivam cada
Verificar o exemplo
de procedimento para
a inserção de nota de
rodapé, de acordo com as
normas da ABNT.
Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semi-Árido: Um Milhão de Cisternas
Rurais – P1MC
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ator social através das ações e/ou espaços de gestão do programa: visitas, reuniões
temáticas, encontros e mobilizações estaduais, microrregionais e regionais. Foram
realizadas entrevistas semi-estruturadas com agricultores e agricultoras, participantes
do programa e representantes das organizações de assessoria, coordenação e mediação
dos processos. Outro aspecto da abordagem metodológica diz respeito à literatura
existente sobre o tema. Trata-se de inserir cada documento na historicidade que o
caracteriza, tomá-los como discursos impregnados de sentidos, como ‘determinação
histórica dos processos de significação’ (PÊCHEUX apud ORLANDI, 1991, p. 18). Nessa
perspectiva foram analisados documentos, relatórios, dissertações, artigos, produzidos
sobre o tema e seus desdobramentos - analítico-propositivo: políticas públicas,
agricultura familiar, redes sociais, gestão participativa, semi-árido, recursos hídricos,
entre outros.[...] A Articulação do Semi-Árido Paraibano, através do P1MC, desenvolve
metodologias participativas na promoção do desenvolvimento sustentável partindo da
valorização da agricultura familiar, das experiências desenvolvidas nas comunidades
rurais e da parceria com o Governo Federal. Neste propósito o P1MC vem favorecendo
a ampliação, expansão e divulgação das experiências e ações de convivência com o
semi-árido para mais comunidades e municípios. Nos municípios da microrregião do
Agreste surgem novas organizações, como os FRS, porém com suas dificuldades,
mas se verifica em todos os municípios pesquisados como uma organização que
surge vinculada à construção de cisternas do P1MC. As experiências bem sucedidas
de agroecologia são divulgadas, como o semeio abafado muito praticado no município
de Mogeiro, que a partir dos eventos promovidos pela ASA e o P1MC foi apresentado
(panfletos e reuniões itinerantes do FOLIA ) e divulgado como forma de convivência
com o semi-árido. A água para as famílias da região significa mais do que matar a sede,
significa alívio para o sofrimento da busca pela água a longas distancias, do cansaço, da
falta de expectativa de vida, do distanciamento da terra natal e dos familiares. As famílias
dividem a vida no antes e depois da cisterna, ou seja, no antes e depois da garantia
de captar e armazenar água de chuva para beber e cozinhar. As formas de captação
e armazenamento de água, existentes nos municípios, não atendiam as necessidades
de água para o consumo humano, pelo contrário, excluíam os pequenos proprietários
do direito a água potável, fomentavam a dependência política, e colocavam em risco
a saúde dos que utilizavam água contaminada. O P1MC não está sendo apenas um
programa de construção de cisternas, mas convoca os beneficiados a serem atores
no processo de construção de uma nova perspectiva social, política e ambiental para o
semi-árido.Os agricultores aprendem com experiências de outros agricultores, não vem
um pacote imposto de cima para baixo, como ocorreu nas políticas de modernização da
agricultura. A cisterna tem se constituído como instrumento que viabiliza na microrregião
do agreste a mobilização para convivência com o semi-árido, pois é construída como
uma estrutura básica, mas não a única, é neste processo de mobilização que ocorre a
divulgação de outras experiências e que se identifica as necessidade de outras águas,
como a água para produção. Promover a mobilização e a inclusão social não é tarefa fácil,
principalmente quando esbarram em relações históricas de dependência, clientelismo e
subalternidade, onde os beneficiados são considerados como meros receptores de ações
governamentais, pelas quais “devem” guardar um sentimento de gratidão. É importante
avançar na problematização destes processos sociais no campo – limites, possibilidades
e desafios da convivência sustentável com o semi-árido. Com esta pesquisa, busca-se
contribuir ao debate acadêmico, através do GEAPS – Grupo de Estudos, Assessoria e
Pesquisa Social, que envolve os Departamentos de Filosofia e Ciências Sociais e Serviço
Social, na perspectiva de gerar pesquisas interdisciplinares como aporte ao pensamento
crítico da Universidade e a interlocução com a Sociedade Civil e o Estado
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Atividade 4
Leia como atenção o fragmento do texto do relatório de pesquisa, destacando e
registrando nos espaços as respostas das questões que seguem:
a) O que foi investigado pelas pesquisadoras?
b) Por que elas se interessaram em investigar essa temática?
c) Qual foi o objetivo da pesquisa?
d) Quais foram os procedimentos metodológicos (como a pesquisa foi feita) adotados?
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e)­ Como foram selecionados os sujeitos (os indivíduos entrevistados) da pesquisa?
f) A que resultados a pesquisa chegou?
g) A partir dos resultados dessa pesquisa como você percebe o semi-árido?
Reflita!!!
A prática da pesquisa na Universidade contribui com a sua formação de
professor-pesquisador na medida em que traz questões do seu cotidiano para
reflexão e crítica, possibilitando a você uma nova postura diante dos seus
alunos seja no ensino fundamental ou no ensino médio.
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Atividade 5
Os seus alunos também possuem um saber sobre o semi-árido. Selecione,
aleatoriamente, 10 alunos, entre homens e mulheres, de uma de suas turmas, seja do
ensino fundamental ou do ensino médio e peça-lhes que respondam, por escrito, a seguinte
questão: o que você entende por semi-árido? Após coletar as respostas, liste-as no quadro
1, indicando ao lado de cada resposta a série, sexo e idade (variáveis de sua pesquisa); em
seguida, procure elementos em comum nas respostas dos alunos e destaque-os no quadro
2. Esses elementos devem ser analisados e registrados no espaço indicado, buscando-se
identificar se as percepções em comum estão focadas em um olhar naturalizado sobre o
semi-árido ou em um olhar que o percebe como uma problemática social.
Quadro 1- Respostas dos alunos
Compreensões sobre o Semi-árido
Série
Sexo
Idade
Fonte: Pesquisa de campo
Nº
Você sabia !!!
Que o Rio Grande do Norte na Nova delimitação do Semi-árido Brasileiro,
realizada pelo Ministério da Integração Nacional ficou com 147 municípios
classificados na região do semi-árido e que a Paraíba ficou com 170 municípios
classificados nessa região.
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Quadro 2 - Elementos em comum nas respostas
Total
Número de vezes que
aparece o elemento em
comum nas respostas
10
Percentual (%) em
relação ao número de
alunos
Fonte: Pesquisa de campo
Fragmentos de respostas em comum
dadas pelos alunos
100 %
Analise dos elementos em comum, nas respostas dos alunos. Posicione-se criticamente,
diante dessas percepções sobre o semi-árido.
Reflita!!!
Na elaboração desse exercício você definiu o que queria estudar e o que
pretendia descobrir, quem seriam os sujeitos de sua pesquisa e como
metodologicamente ela seria feita; além de, coletar e analisar os dados obtidos
na pesquisa, fundamentando-se numa perspectiva crítica sobre o semi-árido.
Parabéns!!! Você iniciou-se na pesquisa científica.
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Concluindo a aula!!!!!
C
onvida-se ao final desta aula, o aluno-pesquisador a tornar-se um professor-pesquisador
em sua sala de aula, seja no ensino fundamental ou no ensino médio, pois a educação
precisa acontecer pela pesquisa. Conforme Demo (2004, p. 77) ‘‘[...] é totalmente
impróprio aceitar, como se faz entre nós, que a pesquisa começa com a pós-graduação,
quando, na verdade, começa no pré-escolar, já que reconstruir conhecimento não é uma tarefa
especial para curso especial, mas função da vida.” Nesse caso, o professor se torna em sala de
aula um mediador do processo de reconstrução do(s) saber(es) e da(s) ciência(s).
Sugestões de Leitura
Orienta-se como leituras complementares as discussões apresentadas nesta aula:
BARROS, A. J. da S.; LRHFELD, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia Científica: um
guia para iniciação científica. 2. ed. ampl. São Paulo: MAKRON Books, 2000.
Os autores apresentam no capítulo 6 – A Pesquisa Científica e a Iniciação Científica,
uma discussão teórica sobre a Pesquisa Científica na Universidade abordando as questões
éticas e a legitimidade do saber produzido institucionalmente; além da classificação dos
tipos de pesquisa, dos métodos e do planejamento da pesquisa.
ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. de. Preconceito contra a origem geográfica e de lugar: as
fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez, 2007. (Coleção Preconceitos)
O autor contextualiza, na obra, uma discussão crítica sobre a construção de tipologias
que geram conceitos e preconceitos sobre o espaço e o lugar na invenção do nordeste. Essa
contribui para leitura dos lugares e não-lugares no discurso sobre o semi-árido nordestino.
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Resumo
Nesta aula, foi trabalhada a pesquisa e a iniciação científica como uma prática
de formação do aluno universitário. A pesquisa científica torna-se um modo
de conhecer que se utiliza de métodos, técnicas e instrumentos de coleta de
dados no seu planejamento e execução. Ela é uma atividade desenvolvida
por pesquisadores que buscam apreender o real por meio de um exercício
reflexivo e crítico. A iniciação científica dá-se por meio de estímulos à
problematização do cotidiano. O “extranhamento” do familiar é um dos
exercícios fundamentais para a iniciação científica, particularmente dos
fenômenos sociais que aparecem como fenômenos naturais, como ocorre
com o semi-árido paraibano estudado nessa aula.
Auto-avaliação
Comente o fragmento a seguir, refletindo após as discussões desta aula sobre
a pesquisa e a iniciação científica.
sua resposta
[...] O objetivo dos principiantes deve ser a aprendizagem quanto à forma de percorrer
as fases da pesquisa científica e à operacionalização de técnicas de investigação. À
medida que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos
científicos, torna-se mais hábil e capaz de realizar pesquisas científicas. Isto significa
que a persistência é necessária e que o lema é aprender-fazendo. Não existem receitas
mágicas para a realização de pesquisas [...]. (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 68)
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Referências
ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. de. Preconceito contra a origem geográfica e de lugar: as
fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez, 2007. (Coleção Preconceitos)
ALVES, R. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2000.
______. Estórias de quem gosta de ensinar. 17. ed. São Paulo: Cortez, 1994.
BARROS, A. J. da S.; LRHFELD, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia Científica: um
guia para iniciação científica. 2. ed. ampl. São Paulo: MAKRON Books, 2000.
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Políticas de Desenvolvimento
Regional. Nova Delimitação do Semi-Árido Brasileiro. Brasília, DF: Assessoria de
Comunicação Social da Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional, 2005.
DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996.
______. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. Petrópolis, Rj: Vozes, 2004.
MONTEIRO, M. O Milagre do Algodão Colorido. Campina Grande: Gráfica Martins, 2003.
Literatura de Cordel.
OLIVEIRA, J. de A.; RAMOS, N. L. A ASA Paraíba e o P1MC: uma experiência de política
pública para convivência com o semi-árido. Campina Grande: [s. n.], 2007. Relatório Final
apresentado ao Programa Institucional de Iniciação Científica – PROINCI/UEPB.
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
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Metodologia Científica – Geografia
EMENTA
Conhecimento e Saber; O Conhecimento Científico e Outros Tipos de Conhecimento; Principais Abordagens Metodológicas;
Contextualização da Ciência Contemporânea; Documentação Científica; Tipos de Trabalhos Acadêmico-Científicos; Tipos
de Pesquisa; Aplicações Práticas.
n Iolanda Barbosa da Silva
AULAS
SÃ
Célia Regina Diniz
VI
n O
AUTORAS
01 O saber humano e sua diversidade
RE
02 Ciência e Conhecimento
03 O caminho da ciência: o método científico
04 Os tipos de métodos e sua aplicação
05 O método dialético e suas possibilidades reflexivas
06 Leitura: análise e interpretação
07 Como organizar e documentar a leitura: esquemas, fichamentos, resumos e resenhas
08 Normalização na redação de trabalhos científicos – parte I
11 A pesquisa e a iniciação científica na universidade
12 Redação do projeto de pesquisa
2º Semestre de 2008
10 Normalização na redação de trabalhos científicos – parte III
Impresso por: Texform
09 Normalização na redação de trabalhos científicos – parte II
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