UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FÁBIO FROHWEIN DE SALLES MONIZ
OBRAS POÉTICAS DE LAURINDO RABELLO: EDIÇÃO CRÍTICA
VOLUME I
RIO DE JANEIRO
2010
FÁBIO FROHWEIN DE SALLES MONIZ
OBRAS POÉTICAS DE LAURINDO RABELLO: EDIÇÃO CRÍTICA
VOLUME I
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Letras
Vernáculas da Universidade Federal do
Rio de Janeiro como quesito para a
obtenção do Título de Doutor em Letras
Vernáculas (Literatura Brasileira).
Orientador: Professor Doutor Wellington
de Almeida Santos.
Rio de Janeiro
2010
Moniz, Fábio Frohwein de Salles. M..
Obras poéticas de Laurindo Rabello: edição crítica /
Fábio Frohwein de Salles Moniz. Rio de Janeiro, 2010.
333 f.
Tese (Doutorado em Literatura Brasileira) –
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de
Letras, 2010.
Orientador: Prof. Dr. Wellington de Almeida Santos
1. Obras poéticas de Laurindo Rabello. 2. Poesia
romântica. 3. Literatura brasileira – Teses. I. Santos,
Wellington de Almeida (Orient.). II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Coordenação dos Cursos
de Pós-Graduação da Faculdade de Letras. III. Título.
Fábio Frohwein de Salles Moniz
OBRAS POÉTICAS DE LAURINDO RABELLO: EDIÇÃO CRÍTICA
Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2010
_________________________________________
(Prof. Dr. Wellington de Almeida Santos / UFRJ)
______________________________________________________
(Profa. Dra. Ceila Maria Ferreira Batista Rodrigues Martins / UFF)
____________________________________________
(Prof. Dr. Francisco Venceslau dos Santos / UERJ)
_____________________________________
(Prof. Dr. Antonio Carlos Secchin / UFRJ)
_________________________________________
(Prof. Dr. Edwaldo Machado Cafezeiro / UFRJ)
__________________________________________
(Prof. Dr. Eucanaã de Nazareno Ferraz / UFRJ)
__________________________
(Prof. Dr. Julio Dalloz / UFRJ)
A João Paulo, meu pai;
Elisa Beti, minha mãe;
Tereza Paula, minha esposa;
e Cauê, meu filho.
A minha avó Gitel Frohwein in memoriam.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Wellington de Almeida Santos, que, antes de orientador, foi o
grande Mestre que nos influenciou com suas aulas apaixonantes na escolha da
obra poética de Laurindo Rabello.
Ao amigo Luiz Antônio de Souza, bibliotecário-chefe da Academia Brasileira
de Letras, incansável no auxílio aos usuários da biblioteca do Petit Trianon, a quem
devemos valiosíssimas informações, indicações bibliográficas e orientações.
A Vera Faillace e Angela Di Stasio, da Divisão de Manuscritos da Biblioteca
Nacional, que nos prestaram grande ajuda na localização e fotografia de
documentos biográficos inéditos sobre Laurindo Rabelo.
A Paulino Lemes de Sousa Cardoso, chefe do Centro de Memória da
Academia Brasileira de Letras, que nos auxiliou nas consultas à Hemeroteca de
Laurindo Rabelo e generosamente permitiu fotografar o bilhete a Adelaide.
Ao Coronel Paulo Dartanhan Marques de Amorim, Diretor do Arquivo
Histórico do Exército, e ao 1o Tenente Alcemar Ferreira Júnior, Chefe da Divisão de
História do Arquivo Histórico do Exército, por terem nos auxiliado na localização e
obtenção das fotografias das Ordens do Dia.
Exigindo
a
ecdótica
uma
preparação
filológica geral altamente satisfatória e uma
experiência particular muito séria, seria de
todo recomendável que os editores-de-texto
improvisados
menos, da
(…)
idéia
se
imbuíssem,
de que existem
pelo
os
problemas e não se fizessem levianamente
árbitros dos seus editados – o que tem
acarretado o aparecimento, entre nós, de
impressos que melhor fora nunca tivessem
vindo à luz pública, tão indignos são de fé
ou confiança.
(Houaiss: 1967, p.88)
RESUMO
O poeta fluminense Laurindo José da Silva Rabello (1826-1864) publicou em
vida somente um livro, Trovas (1853), além de poemas dispersos em vários
periódicos. No estado atual da tradição impressa, não há sequer uma edição que
exponha a totalidade de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Além disso, não se
procedeu ainda à edição científica de sua obra poética, que carece não só do
estabelecimento do texto com base em procedimentos científicos, bem como de 1)
dados contextuais auxiliares ao esclarecimento de poemas que remetam a questões
ligadas ao âmbito histórico-cultural ou biográfico; 2) discernimento de poemas de
autenticidade comprovada dos de autenticidade duvidosa; 3) continuidade da
recuperação de textos perdidos. Esta Tese tem por objetivo geral, portanto, editar
cientificamente os poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Para tal, foram
inventariados e cotejados testemunhos, estabelecendo e apresentando-se o texto de
seus poemas com base na metodologia da crítica textual. O corpus da pesquisa
constitui-se de compilações poéticas, antologias, periódicos diversos e cancioneiros
de modinhas e lundus dos séculos XIX e XX, partituras, histórias da música popular
brasileira, através dos quais os poemas atribuídos a Laurindo Rabello foram
transmitidos até a atualidade. A orientação teórica da pesquisa seguiu os manuais
de bibliologia, textologia e filologia de Antônio Houaiss (1969), Roger Laufer (1972),
Segismundo Spina (1977), Barbara Spaggiari e Maurizio Perugi (2004), César
Nardelli Cambraia (2005).
ABSTRACT
Fluminense poet José Laurindo da Silva Rabello (1826-1864) published in life
just a book, Trovas (1853), as well as poems scattered in various journals. In the
current state of the printed tradition, there is not a edition that exposes all of the
poems attributed to Laurindo Rabello. Moreover, not to proceed with the scientific
edition of his work poetry, which requires not only the establishment of the text-based
scientific procedures, as well as 1) the auxiliary background data clarification of
poems which refer to issues in the cultural-historical or biographical context, 2)
insight of poems confirmed the authenticity of doubtful authenticity, 3) continuity the
recovery of lost texts. This Thesis aims at general therefore, scientifically edit the
poems attributed to Laurindo Rabello. To this end, were accounted for and collate
evidence, establishing and presenting the text of his poems based on the
methodology of critical textual. The corpus of research is the compilation of poetry,
anthologies, periodicals and several songbooks of folk songs and lundus of
nineteenth and twentieth centuries, scores, stories of Brazilian popular music,
through which the poems attributed to Laurindo Rabello were transmitted to the
present. The theoretical orientation of research followed the manuals of bibliology,
textology and philology of Antônio Houaiss (1969), Roger Laufer (1972), Segismundo
Spina (1977), Barbara Spaggiari and Maurizio Perugi (2004), César Nardelli
Cambraia (2005).
SUMÁRIO
VOLUME I
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................11
2. SOBRE LAURINDO RABELLO..........................................................................13
3. SOBRE OS POEMAS ATRIBUÍDOS A LAURINDO RABELLO.........................40
3.1. Recepção crítica....................................................................................40
3.2. Características......................................................................................50
3.3. A linguagem em Laurindo Rabello........................................................76
4. A TRADIÇÃO DOS POEMAS ATRIBUÍDOS A LAURINDO RABELLO.............87
4.1. Inventário testemunhal..........................................................................87
4.1.1. Periódicos de assuntos diversos.............................................87
4.1.2. Periódicos e cancioneiros de modinhas e lundus..................106
4.1.3. Compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello.......120
4.1.4. Antologias..............................................................................158
4.2. Percurso histórico do texto dos poemas.............................................165
4.2.1. Os poemas de Trovas...........................................................165
4.2.2. Dispersos em periódicos publicados em vida........................170
4.2.3. Dispersos em cancioneiros de modinhas e lundus...............172
4.2.4. Recolhas de compiladores sem origem atestada..................174
4.3. Estema................................................................................................202
4.3.1. Os poemas de Trovas...........................................................202
4.3.2. Dispersos em periódicos publicados em vida........................203
4.3.3. Dispersos em cancioneiros de modinhas e lundus...............204
4.3.4. Recolhas de compiladores sem origem atestada..................205
11
1. INTRODUÇÃO
Em sua origem, o verbo ‘editar’ advém do particípio editum do verbo latino
edo, que significa ‘apresentar, fazer ver’. O editor é quem, portanto, atua no sentido
de uma obra ser vista, lida, apreciada pelo público, a partir de um conjunto de
procedimentos intelectuais e mecânicos. Inserido num itinerário que começa no
autor com destino ao leitor, o editor pode revelar ou obscurecer a genialidade
artística de poemas, contos, novelas, romances, peças de teatro, enfim, constructos
discursivos que caracterizam identidades na produção literária tanto de um
determinado autor, quanto de uma época ou ainda de um país. Não é pouca a
responsabilidade que se deposita no trabalho de edição, muito embora alguns
editores assim não estimem a sua função, entendendo-se meros gráficos a serviço
da reprodução de obras.
Além de possibilitar ao público a leitura de obras ou autores, o editor pode
ainda resgatá-los do esquecimento, uma vez que o cânone literário está sujeito a
flutuações de gostos, ideologias, dentre outros fatores mais ou menos subjetivos. Tal
é o objetivo geral desta Tese: resgatar edodicamente as obras poéticas atribuídas a
Laurindo José da Silva Rabello, poeta que, pela qualidade e representatividade de
seus poemas, merece ser lido e estudado para um entendimento mais amplo acerca
da geração de Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu e
Fagundes Varela. Muito embora sempre manteve algum lugar nas histórias da
literatura brasileira, desde Sílvio Romero até Alfredo Bosi, até hoje não houve
sequer uma compilação em que pelo menos se antologizassem todos os poemas
atribuídos a Laurindo Rabello, sem contar o labor de crítica textual que Leodegário
Amarante de Azevedo Filho já, na década de setenta, asseverava ser necessário. O
que se propõe especificamente com este trabalho, portanto, é reunir os poemas
atribuídos a Laurindo Rabello, discernindo-os quanto à confiabilidade do texto e
autenticidade autoral e aplicando-lhes os procedimentos científicos da crítica textual
para fins de estabelecimento de texto.
Laurindo Rabello publicou em vida somente uma coletânea poética, Trovas
(1853), além de poemas dispersos em vários periódicos, deixando inédito o
manuscrito do Compêndio de gramática da língua portuguesa, publicado
posteriormente em 1869; e perdidas as peças Os anéis de uma cadeia, O mendigo
da serra, O pupilo extravagante e Santa Izabel, essa última encenada em Salvador;
12
o poema narrativo Alberto; o romance inacabado O coveiro; e “um compêndio de
leitura para as escolas regimentais dos corpos.”1 Publicaram-se postumamente
também inúmeras compilações de poemas seus, dentre as quais Obras poéticas
livres (1882), com textos erótico-obscenos, além de modinhas em cancioneiros2 de
modinhas e lundus.
A tradição impressa da obra poética atribuídos a Laurindo Rabello é repleta
de problemas, um dos quais consistindo no fato de Trovas não ter chegado à
atualidade da forma como foi planejado. Sucessivos compiladores, no esforço
positivo de recolher poemas de periódicos da época ou modinhas e lundus
transmitidos ao sabor da tradição oral, misturaram poemas dispersos aos originais
de Trovas. Deteriorou-se, assim, sua unidade primeira, mesclando-se textos
preparados a outros que talvez nem fossem eternizados em livro ou ainda seriam
objeto de alterações, já que Laurindo Rabello modificou os poemas compilados em
Trovas anteriormente estampados nas páginas dos periódicos. Somem-se a isso
gralhas tipográficas e demais modificações não-autorais que se inseriram no texto
dos poemas de compilação em compilação, o que sói ocorrer no processo de
transmissão de qualquer obra literária.
Assim sendo, o primeiro desafio desta pesquisa foi identificar o momento e
maneira de entrada de cada poema atribuído a Laurindo Rabello na tradição
impressa. Para tanto, procedeu-se à etapa vestibular da elaboração de edições
críticas, denominada de recensio ou recensão, subdividida nos expedientes da 1)
inventio, 2) collatio, 3) estemática e 4) eliminatio codicum descriptorum. A inventio
desta pesquisa fundou-se no levantamento cuidado dos testemunhos, isto é, dos
registros impressos dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello que formam em
conjunto o que se entende por tradição. Os recursos físicos empregados nesse
procedimento foram os acervos da biblioteca José de Alencar, da Faculdade de
Letras da UFRJ; das bibliotecas Lúcio de Mendonça e Rodolfo Garcia, da Academia
Brasileira de Letras; da biblioteca do Instituto Histórico-Geográfico Brasileiro; da
biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura; e da Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro, em especial das Divisões de Obras Gerais, de Periódicos, de Obras Raras
e de Música. O produto final da inventio consistiu num inventário testemunhal com
cento e trinta e dois testemunhos, em que se contabilizou um total de cento e
1
Diário do Rio de Janeiro: 1864. p.1
Convém esclarecer desde já que a palavra ‘cancioneiro’ é empregada nesta Tese com o sentido
único de antologia de canções populares.
2
13
quarenta e oito poemas e dois fragmentos de poemas atribuídos a Laurindo Rabello.
Tal inventário disponibilizar-se-á integralmente em “4.1. Inventário testemunhal”
Após a inventio, realizou-se a collatio, isto é, o cotejo entre os testemunhos,
que possibilitou a identificação de variantes com base nas quais se elaboraram os
estemas, ou seja, as representações da relação genealógica entre os testemunhos.
Essas variantes constituem o conteúdo do aparato crítico que serve de recurso
auxiliar ao texto dos poemas no segundo volume da Tese. Com a estemática, quer
dizer, com o estudo da genealogia dos testemunhos, chegou-se, portanto, aos
gráficos de árvores, incluídos na seção “4.4. Estema”. Esses expedientes científicos
da crítica textual permitiram 1) eliminar os testemunhos que apenas copiam
testemunhos predecessores, o que em crítica textual se denomina de eliminatio
codicum descriptorum; e 2) eleger de maneira objetiva o texto-base ou crítico dos
poemas atribuídos a Laurindo Rabello, levando-se em consideração que os
testemunhos mais remotos na tradição impressa estariam menos contaminados com
erros tipográficos e intervenções de agentes atuantes ao longo da transmissão dos
textos.
Estabeleceu-se o texto dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, assim,
com base no princípio da crítica textual conhecido por lectio melioris codicis potior,
que em português significa “a lição do melhor testemunho é preferível”. Em poucas
situações, o texto-base careceu de emendas, empregando-se para tanto o princípio
da res metrica, ou seja, da técnica versificatória, a exemplo de Obras poéticas livres,
em que se editaram versos com sílabas métricas a mais ou a menos. Existem ainda
os casos de erros óbvios, como gralhas tipográficas, já que grande parte da obra
poética atribuída a Laurindo Rabello não foi editada sob seus cuidados, sem contar
os poemas publicados nas páginas de periódicos. Como se sabe, a precariedade
técnica e material do sistema tipográfico do século XIX, além da dinâmica de
impressão própria de um periódico, contribuía para que alterações involuntárias se
inserissem nos textos mais frequentemente do que em livros. A orientação
metodológica da pesquisa pautou-se por manuais e tratados de crítica textual,
textologia e bibliologia de Antônio Houaiss (1969), Roger Laufer (1972), Segismundo
Spina (1977), Barbara Spaggiari e Maurizio Perugi (2004) e César Nardelli Cambraia
(2005).
Após a eleição e emenda do texto-base, deu-se início ao processo de
simplificação ortográfica. O texto-base dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello em
14
sua grande maioria pertence a uma fase histórica da ortografia portuguesa em que
não havia a sistematicidade que se conhece hoje, definida por acordos ou reformas
ortográficas. Sendo assim, é comum figurarem duas ou mais formas de se escrever
um mesmo vocábulo, como por exemplo: ‘céo’, ‘ceo’, ‘céu’; ou ainda ‘rasão’, ‘razão’.
A simplificação ortográfica torna-se indispensável para que se cumpram exigências
(a) de inteligibilidade e (b) de economia – determinando a primeira um esforço de
explicitação no sentido de superar as limitações que a realidade viva do pensamento
e da fala encontram na representação gráfica, e determinando a segunda uma
redução de recursos, dentro das possibilidades cognitivas, técnicas e científicas, do
tempo e particularmente da tipografia, tudo a fim de que a eficácia gráfica seja obtida
com o menor dispêndio relativo de trabalho e energia (HOUAISS: 1967, p.72)
Por outro lado, Antônio Houaiss observa o cuidado de, sem embargo da
necessidade da simplificação, respeitar-se a realidade linguística do autor e da
época, sugerindo alguns fatos que podem ser objeto de simplificação ortográfica
sem risco. Nesta edição crítica, seguiram-se tais sugestões e ainda soluções de
simplificação ortográfica empregadas nos trabalhos da Comissão Machado de Assis
para a edição científica de Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e
Dom Casmurro, uma vez que tanto esses romances quanto o texto-base dos
poemas atribuídos a Laurindo Rabello datam do período pseudo-etimológico da
ortografia da língua portuguesa, que vai do século XV até 1943, quando do primeiro
acordo ortográfico assinado entre Brasil e Portugal.
Quanto à organização, a Tese articula-se em três volumes. O primeiro
destina-se a informações sobre autor, obra e metodologia da pesquisa. Assim
sendo, o volume inicial traz “2. Sobre Laurindo Rabello”, curta narrativa biográfica
em se que reveem interpretações equivocadas sobre episódios da vida de Laurindo
Rabello, procurando-se sempre comprovação em documentos localizados e
fotografados no Arquivo Histórico do Exército, sediado no Palácio Duque de Caxias;
Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; e Centro de
Memória da Academia Brasileira de Letras. Em “3. Sobre os poemas atribuídos a
Laurindo Rabello”, oferecem-se “3.1. Recepção crítica”, fortuna crítica de Laurindo
Rabello; “3.2. Características principais”, breve estudo das principais características
temáticas da poesia atribuída a Laurindo Rabello; e “3.3. A linguagem em Laurindo
Rabello”, abordagem acerca da linguagem de sua poesia, com especial interesse
nos desdobramentos poéticos da educação humanística da época. O primeiro
15
volume apresenta também “4. A tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello”,
segmento composto por “4.1. Inventário testemunhal”, listagem pormenorizada de
todos os testemunhos de poemas atribuídos a Laurindo Rabello localizados durante
a inventio desta pesquisa, que serviu de fonte para “4.2. Contabilização dos poemas
inventariados”; “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”, narrativa sobre a
tradição impressa da obra poética atribuída ao poeta; e “4.4. Estema”. Em “5. O
texto dos poemas”, mais exatamente em “5.1. Sigla dos testemunhos”, listam-se as
siglas dos testemunhos constantes do aparato crítico. Logo após, em “5.2. Normas
de edição”, explicitam-se as normas de edição, desde o plano de organização dos
poemas, devidamente explicado em “5.2.1. Plano de organização dos poemas”, até
os motivos e critérios para simplificação ortográfica, discriminados em “5.2.3.
Critérios de simplificação ortográfica”.
No segundo volume, encontra-se a edição propriamente dita do texto dos
poemas atribuídos a Laurindo Rabello, auxiliados por 1) indicação da paginação
original do texto-base entre colchetes; 2) régua de numeração de versos, no flanco
esquerdo da mancha; 3) régua de numeração de linhas da página, no flanco direito
da mancha; 4) aparato crítico. O terceiro volume é dedicado exclusivamente a
elementos postextuais, a saber, 1) “1. Notas”, notas aos poemas elaboradas nesta
pesquisa, acrescidas de notas compiladas de outras edições, com a devida
discriminação; 2) “2. Partituras”, onze partituras de modinhas e lundus; 3) “3.
Glossário”, glossário de palavras de difícil compreensão; 4) “4. Documentos
biográficos”, reproduções fac-similares dos documentos biográficos que sustentam
grande parte das afirmações feitas no primeiro volume, em “2. Sobre Laurindo
Rabello”; 5) “5. Demais poemas atribuídos a Ignácio José Ferreira Maranhense”
poemas atribuídos a Ignácio José Ferreira Maranhense, a serem abordados em
momento oportuno, quando da discussão acerca da problemática autoral do poema
“Septenário poético”, justificando-se a anexação do material a esta Tese em função
do difícil acesso, do estado avançado de deterioração e do risco de sua perda; e,
enfim, 6) “6. Referências”, referências bibliográficas.
16
2. SOBRE LAURINDO RABELLO
Na primeira metade do século XVIII, desembarcava no Brasil um grande
eflúvio de ciganos1 banidos de Portugal em virtude do crescente acirramento das
perseguições com o Desembargo do Paço de 19 de setembro de 1707 e a Carta
Régia de 15 de abril de 1718. No Rio de Janeiro, os exilados paulatinamente se
aglomeraram no Centro, região do Campo de Sant’Ana, mais detalhadamente, nos
extintos Campo da Lampadosa (depois Campo dos Ciganos)2 e Rua da Lampadosa,
onde construíram suas casas, passando a ser denominada, por volta de 1763 e
1767, de Rua dos Ciganos3. Ali cresceu, educada por três beatas, Luiza Maria da
Conceição, mãe do poeta brasileiro Laurindo José da Silva Rabello, o “poeta
lagartixa”4.
Luiza Maria da Conceição casou-se com o alferes Ricardo José da Silva
Rabello, indo morar na Rua do Espírito Santo5, onde deu à luz a Laurindo Rabello. A
data de nascimento foi motivo de muita discussão entre os críticos. Manoel
Francisco Dias da Silva Júnior fixou-a em 8 de julho de 18266, como apontam ainda
Inocêncio da Silva em seu Dicionário bibliográfico7 e Sacramento Blake8. A menos
que se trate de erro tipográfico, Joaquim Norberto de Souza Silva equivocou-se, ao
sustentar que, segundo Eduardo de Sá, o natalício de Laurindo Rabello seria 3 de
junho de 18269. Silvio Romero não apresenta argumentos para querer antecipar em
6 anos o nascimento, sendo de opinião que Laurindo Rabello teria nascido em 1820.
No mais recente e documentado ensaio biográfico, Luiz de Castro Souza adota 3 de
junho como referencial, talvez influenciado pelo erro de Joaquim Norberto de Souza
1
A grande maioria dos cronistas afiança Laurindo Rabello descender de ciganos.
Em 1808, o Campo dos Ciganos passa a se chamar Rocio da Cidade.
3
A antiga Rua dos Ciganos passou a se chamar Rua da Constituição com a Portaria do Ministério do
Império de 25/6/1865, em homenagem à Constituição de 1824.
4
O apelido de “poeta lagartixa” decorreu do fato de Laurindo Rabello ser magro, alto, desengonçado
e andar balançando o corpo. Havia ainda o epíteto “Bocage brasileiro” em função da obscenidade
presente em parte de seu poemas.
5
A Rua do Espírito Santo teve seu nome modificado para Rua Luís Gama, Centro, pelo Dec. 309 de
julho de 1896.
6
Dias da Silva Júnior, em artigo republicado no volume III dos Anais da Biblioteca Nacional: expõe:
“Além de tudo, sabe-se da boca da própria viúva que o dr. Laurindo José da Silva Rabelo nascera a 8
de julho de 1826. Fique pois por uma vez dissipada essa divergência”.
7
SILVA, 1860, p.168.
8
BLAKE, 1899, p.288.
9
Da introdução da compilação de Eduardo de Sá (1867), consta na verdade que Laurindo Rabello
nasceu em 03 de julho de 1826. Convém sublinhar que, ao incluir o texto de Norberto de Souza Silva
na fortuna crítica de sua edição, Osvaldo Melo Braga corrigiu a data de 03 de junho para 03 de julho.
2
17
Silva10.
Foi Noronha Santos quem finalmente levantou a fonte acerca da verdadeira
data de nascimento de Laurindo Rabello com a publicação do teor de sua certidão
de batismo. Observando que a questão ainda se prolongava, trouxe a público o facsímile da certidão, fotografada do livro original de registros da Matriz do Santíssimo
Sacramento, com a permissão do cônego Julio Vimeney, cura da igreja11. Diz o
documento assinado por José Simões da Fonseca:
Aos trinta dias do mês de julho de mil oitocentos e vinte e seis nesta Freguesia do
Sacramento da Sé batizei e pus os Santos Óleos ao inocente Laurindo filho legítimo
do Alferes Ricardo José da Silva e de sua mulher Dona Luiza Maria Rabelo, naturais
dessa Corte: foi padrinho Laurindo José da Costa e Protetora Nossa Senhora das
Dores: nasceu a três deste mês: de que foi este ajunto, que assinei. (SANTOS, 1926,
p.7)
No entanto, se, por um lado, a palavra de Noronha Santos fundamenta-se no
documento, por outro, não resolve uma ramificação do problema: a comemoração
do aniversário de Laurindo Rabello. Fernando Nery aceita a retificação de Noronha
Santos com relação à data de nascimento, mas afirma, bem como Dias da Silva
Júnior já o fizera antes, que Adelaide Luiza Cordeiro, a viúva de Laurindo Rabello,
insistia em dizer que o aniversário do falecido marido era comemorado pelo próprio
e pela família a 8 de julho, marco inclusive adotado pela Academia Brasileira de
Letras para a comemoração do centenário. Se Laurindo Rabello nasceu de fato a 3
de julho e foi batizado no dia 30, o que levava o poeta e a família a comemorarem o
natalício no oitavo dia? A questão se torna mormente intrigante, quando se tem em
mãos a certidão de idade12 solicitada por Laurindo Rabello para o concurso de lente
substituto de Primeiras Letras da Escola de Medicina da Corte, em 1849. Em outras
palavras, pode-se sustentar com segurança que Laurindo Rabello conhecia o
documento em que se afirmava ter ele nascido a 03 de julho. As fontes documentais
encontradas pela pesquisa, portanto, não justificam a comemoração do aniversário
em 8 de julho.
A respeito da ortografia do sobrenome de Laurindo Rabello, encontram-se, a
depender da edição, Rabello/Rabelo/Rabêlo e Rebello/Rebelo. Joaquim Norberto de
Souza Silva em nota argumenta que
10
SOUZA, 1970, p.14.
SANTOS, 1926, p.7.
12
Cf. foto do documento na p.198 deste trabalho. Incluímos ainda na p.197 a reprodução do pedido
de certidão de idade feito por Laurindo Rabello.
11
18
Rabello, escreveu sempre o autor, e por isso conservei a sua ortografia. O
Sr. Inocêncio da Silva no seu Dicionário bibliográfico luso-brasileiro, t.V, p.169,
escreve Rebello, e chama a atenção sobre a ortografia do autor. (SILVA, 1876, p.51)
Na verdade, Inocêncio da Silva posteriormente retifica a ortografia empregada
no dicionário para Rabello, alegando ter se equivocado13, não obstante Teixeira de
Melo discordar:
Não procedem para nós as razões que levaram o sr. Joaquim Norberto a
admitir o apelido Rabello, usado pelo poeta e que merecera o reparo de
Inocêncio da Silva, razões a que o sr. Dias da Silva Júnior tacitamente se
submeteu. O poeta achou-o na família de seu pai, e nunca indagou se era
assim que se devia ou não escrevê-lo. Estamos convencidos que, se alguém
que estivesse no caso de o fazer lhe desse razões filológicas convincentes
para o escrever de outro modo, seguramente o poeta o faria. (MELO, 1877,
p.371)
Na verdade, o sobrenome Rabello é de origem materna e não paterna,
contrariamente ao que afirma Teixeira de Melo na citação acima. É mister lembrar
que o pai de Laurindo Rabello se chamava Ricardo José da Silva. Da linha 12 da já
referida certidão de idade, consta o nome de sua mãe com a ortografia Rabello14. Foi
essa a ortografia sistematicamente adotada pelo próprio poeta, conforme inclusive
se apresenta na primeira edição de Trovas (1853).
Segundo Eduardo de Sá15, Laurindo Rabello, ainda menino, era atração em
saraus com seus improvisos e sátiras. Foi aluno brilhante e sempre se destacou dos
demais. Como prova, narra-nos o episódio em que Laurindo Rabello teria, durante
um exame de filosofia, manipulado habilmente os avaliadores com proposições
absurdas. Aliás, a capacidade de fazer, ainda na juventude, sofismas passarem-se
por verdades irrefutáveis levava-o a vencer discussões que travasse, quer fosse
com médicos, padres ou advogados.
Laurindo Rabello desde cedo se exercitou nos mais variados estilos de
poesia, lírico, burlesco, erótico, obsceno, satírico, épico, conquanto o que mais
impressionasse os contemporâneos fosse o talento para os improvisos. Eduardo de
13
Inocêncio da Silva na página 168, e não 169, utiliza Rebello. Quando cita o título da obra de
Laurindo Rabello na página 169, emprega Rabello, manifestando sutilmente discordar: “8) Trovas de
Laurindo José da Silva Rabello (sic), natural do Rio de Janeiro.” Com efeito, no sexto volume do
suplemento ao Dicionário, Inocêncio da Silva retifica a ortografia: “Na primeira linha deste artigo saiu
Rebello, por equívoco, leia-se, porém, Rabello.”
14
Cf. documento em anexo, na p.ASDASDAS.
15
Eduardo de Sá Pereira de Castro, bacharel em Direito, amigo de Laurindo Rabello e organizador da
primeira edição póstuma (1867).
19
Sá, Castro Lopes16, Pires Ferrão17, Ferreira Pinto18, Félix Martins19, Aureliano Lessa20,
Constantino Gomes de Sousa21, dentre outros, frequentaram dias e noites uma
república de estudantes que se reunia em casa de Laurindo Rabello, não mais na
rua do Espírito Santo mas no Beco do Império 22, a apreciar a “catadupa de palavras
convertidas em miríadas de encantos.”23, sem contar os improvisos, modinhas e
lundus cantados nas festas e reuniões literárias como os encontros da Sociedade
Petalógica24 na livraria de Paula Brito25, fundador do jornal Marmota fluminense,
grupo que ainda contou com a ilustre presença de Joaquim Maria Machado de Assis,
e em demais festins fluminenses. Palavras, porém, perdidas que não sobreviveram à
atualidade, igualmente a outras criações.
A exemplo das grandes lacunas na bibliografia ativa de Laurindo Rabello,
citam-se as peças Os Anéis de uma cadeia e O Mendigo da serra, além do poema
Alberto, cujo personagem principal era um padre devasso que desejava
ardentemente uma moça. Embora o texto não tenha sido publicado e,
consequentemente, se perdido, Eduardo de Sá e Joaquim Norberto de Souza Silva
expõem uma breve síntese que será comentada adiante neste trabalho. Antônio
Álvares da Silva relata duas outras peças perdidas, O pupilo extravagante e Santa
Izabel, essa última encenada na Bahia, e um romance inacabado, O coveiro. À parte
o Compêndio de gramática da língua portuguesa, adotado pelo governo, restariam
ainda:
16
Antônio de Castro Lopes (1827-1901), autor de Abamoacara (1847), Teatro (1864-65), Musa latina
(1868), Ressurreições (1879), dentre outras obras.
17
Manuel Hilário Pires Ferrão (1829-1885), autor de Coração e gênio (1876) e Um por outro (s.d.).
18
Antônio Ferreira Pinto (1826/7-1864), doutor em Medicina, professor de higiene da Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro e filosofia em instituições de ensino secundário.
19
Antônio Félix Martins (1812-1892), autor de Decorofobia (1880) e Carmelina (1880).
20
Aureliano José Lessa (1828-1861), poeta cuja obra foi publicada postumamente sob o título de
Poesias Póstumas (1873).
21
Constantino José Gomes de Sousa (1825-1877), autor de Alfeno e Clorinda (1845), Prelúdios
poéticos (1848), Os hinos da minh’alma (1851), dentre outras obras.
22
O Beco do Império corresponde atualmente à Rua Teotônio Regadas, no bairro da Lapa.
23
RABELLO 1867, p.V.
24
O envolvimento de Laurindo Rabello com a Sociedade Petalógica mostra-se-nos sintomático de
uma componente romântica, a ironia, que exploraremos oportunamente em nosso trabalho.
Raimundo Magalhães Júnior, em Vida e obra de Machado de Assis, escreve acerca da Petalógica: “A
famosa Sociedade Petalógica não se preocupava com pétalas, ou com a botânica, mas de petas, ou
mentiras. Pretendia satirizar os mentirosos de todos os matizes, inventando mentiras maiores do que
as deles, ou contramentiras, como existem muitas, famosas, no folclore de vários países.” Faziam
parte ainda do grupo Justiniano José da Rocha, Gonçalves de Magalhães, Teixeira e Sousa, Maciel
Monteiro, Alves Branco, Eusébio de Queiroz, José Maria da Silva Paranhos, Limpo de Abreu e João
Caetano.
25
Francisco de Paula Brito (1809-1861), classificado por Afrânio Coutinho como integrante do
segundo grupo de românticos.
20
nas mãos da inconsolável viúva um compêndio de leitura para as escolas
regimentais dos corpos, onde, envolvidos por fatos interessantes da história
militar, se encontram máximas produzidas por sua imaginação toda de fogo…
obras (…) que eternizarão seu nome, levando-o além dos séculos. (DIÁRIO
DO RIO DE JANEIRO: 1864, p.1)
As notícias biográficas acerca de Laurindo Rabello são poucas e, geralmente,
repletas de depoimentos suspeitos ou até contraditórios. Inicialmente as breves
crônicas de biografia foram empreendidos por pessoas que travaram contato
diretamente com ele, como Eduardo de Sá, Antônio Álvares da Silva, dentre outros,
cujos testemunhos para a época, ou pouco tempo depois, dispensavam a
apresentação de documentos que atestassem a validade das informações referidas.
Os cronistas subsequentes, na maioria das vezes, se valem desses nomes como
argumento de autoridade.
As fontes mostram que Laurindo Rabello foi obrigado a suportar num intervalo
muito curto de tempo as mortes do pai26, da irmã27, da mãe e do irmão Ricardo José
da Silva. De Maria, a irmã, poetisa cuja obra se perdeu28, Eduardo de Sá consegue
registrar somente uma quadra, que guardou de memória. Tais versos seriam
endereçados por Maria a um primo Oficial do Exército, com quem se casaria em
breve, se a morte em campanha não tivesse impedido, morrendo a moça de
desgosto. Eis os versos da irmã de Laurindo Rabello lembrados por Eduardo de Sá:
E n’essa embarcação onde te ausentas,
Do convés vendo a terra ou mesmo as águas,
Se o pensamento te disser que existo,
Pesa um pouco o rigor das minhas mágoas. (CASTRO, 1867, p.XIII)
Quanto ao irmão de Laurindo Rabello, informa-nos Joaquim Norberto de
Souza Silva:
Apareceu esse pobre menino assassinado na gruta dos Quilombolas, do
morro do Corcovado, no dia 7 de março de 1852. O seu assassino, Miguel Joaquim
da Cunha, foi condenado pelo júri desta Corte, em sessão de 31 de Outubro de 1853,
a galés perpétuas, pena que lhe foi comutada em 12 anos de prisão com trabalho em
26
A imagem do falecido pai aparece no poema “O meu segredo”, num momento em que as profecias
de um gênio perverso paulatinamente se concretizam, correspondendo a um itinerário de desgraças
que eu perfaz: “Rompendo a cerração espectro em osso/ De repente aparece, sacudindo/ Na dextra
uma mortalha: involto nela/ Desceu meu Pai à campa!...” (vv.223-226) O poema é pertença de Trovas
(1853), único livro organizado em vida por Laurindo Rabello.
27
Laurindo Rabello dedicou à irmã o poema “A saudade branca”, também pertença de Trovas. Eis
uma quadra em que o eu invoca inconsolavelmente a irmã falecida: “Minha irmã, minha ventura,/
Minha esp’rança, encanto meu!/ É teu irmão quem te chama/ Responde! fala! Sou eu!” (vv.57-60)
28
Os poemas da irmã de Laurindo Rabello não chegaram a ser publicados. Eduardo de Sá incluiu na
introdução à sua compilação uma quadra que guardou de memória.
21
segundo julgamento, em 9 de Maio de 1854. (SILVA, 1876, p.57)
A bem da verdade, o corpo de Ricardo José da Silva foi encontrado em 7 de
março de 1853. Hermeto Lima faz-nos uma breve descrição das condições do
cadáver, em estado avançado de putrefação e com resquícios de arsênico nas
vísceras, examinadas pelos médicos da polícia Antônio José Pereira das Neves e
Francisco de Souza Lemos29. Ricardo José da Silva contava 14 anos de idade. O
assassino, Miguel Joaquim da Cunha, era frequentador assíduo da casa de Laurindo
Rabello e professor do ensino público. Em sua residência, a polícia encontrou
grande quantidade de arsênico e um copo semelhante ao localizado próximo ao
corpo de Ricardo. O motivo do crime não é aludido pelas fontes consultadas.
Ficamos sabendo apenas através da matéria de Hermeto Lima que Luíza Maria da
Conceição, mãe de Laurindo Rabello, comunicara que Ricardo “havia tentado
suicidar-se e não cessava de dizer (…) que um dia havia de fugir de casa para
nunca mais regressar.”30
Os falecimentos muito próximos dos pais e dos irmãos encurtaram a distância
entre Laurindo Rabello e a morte31. Embora lugar comum na literatura romântica, a
morte para Laurindo Rabello não foi apenas um motivo, mas uma experiência
iterativa e intensa, e sua representação poética certamente se complexificou com o
aprendizado pessoal. Não se trata, portanto, de simples influência literária. De
qualquer forma, foi inquestionável o grande impacto tanto na emotividade, quanto na
situação econômica de Laurindo Rabello causado pela abrupta redução da família. A
falta de recursos era atenuada em parte com a ajuda de pessoas como João Antônio
da Trindade e a esposa Maria Caetana da Trindade, padrinho e madrinha de
Laurindo Rabello, aos quais chegou a dedicar dois poemas32 em sinal de gratidão.
Os cronistas comumente narram que Laurindo Rabello estudou no Seminário
São José, sem que pelo menos uma data ou um período de tempo sejam estimados.
Sabe-se apenas que, se data de 1846 o atestado médico enviado em anexo a um
requerimento de matrícula33 no curso militar, posterior à tentativa de carreira
29
LIMA: 1926, p.6.
Idem, ibidem, p.6.
31
São de “Adeus ao mundo” os lapidares versos “Quem sempre a morte achou no lar da vida,/ Deve
a vida encontrar no lar da morte.” (vv.115-116)
32
“Ao Sr. João Antônio da Trindade” e “A Sra. D. Teresa Maria Caetana da Trindade”. Ambos os
poemas foram escritos por ocasião do aniversário dos homenageados.
33
O documento, segundo Luiz de Castro Souza teria a seguinte referência no Arquivo Histórico do
Exército: Doc. n° 358, Maço 9, Letra “L”, n° 1238. O referido maço foi expurgado em 1975, segundo o
Boletim Interno, por se apresentar em estado avançado de deterioração.
30
22
religiosa, a passagem pelo Seminário foi anterior a 1846, ou seja, Laurindo Rabello
teria no máximo 19 anos de idade. Outro problema relativo à passagem pelo
Seminário é a causa da expulsão. Conta-se que Laurindo Rabello conseguiu
autorização para pregar na festa de São Pedro. Ao invés de ler um texto pronto no
púlpito, preferiu o improviso e impressionou profundamente os fiéis. O episódio terse-ia mostrado como um ato de indisciplina aos superiores eclesiásticos, que,
através do bispo, lhe fecharam as portas da carreira religiosa. Luiz de Castro Souza,
tal como Constâncio Alves, prefere crer que a expulsão de Laurindo Rabello se
deveu à “intriga dos colegas, invejosos do seu talento.”34 Como não foi encontrado
nenhum registro da época no Seminário São José, permanecem as lacunas
biográficas, tanto no que diz respeito ao período de permanência naquela instituição,
quanto ao motivo do banimento.
Após a tentativa de seguir o caminho da religião, Laurindo Rabello direcionouse então à carreira militar, indo para a Escola Militar, na Praia Vermelha. Data de
1848 a matrícula no primeiro ano da Escola de Medicina da Corte, logo Laurindo
Rabello deve ter permanecido aproximadamente na Escola Militar dos 20 aos 21
anos de idade, um período em torno de dois anos, findos, consoante as opiniões dos
biógrafos, com expulsão novamente. Para os cronistas, a causa estaria ligada ao
temperamento indomável. A habilidade no manejo da sátira, que até ali lhe granjeara
admiradores, encontraria como objeto de inspiração o próprio filho do diretor da
Escola Militar, que, em punição, trancou-lhe a matrícula e, alcançando o Ministro da
Guerra35, tentou levá-lo ao recrutamento. Salvaram-no os amigos que, por meio de
subscrição, matricularam-no na Escola de Medicina da Corte.
Laurindo Rabello foi aprovado para a Escola de Medicina em novembro de
184836, mas já em 1849 seu nome não figurava entre os inscritos no curso. Costumase dizer que a miséria, que se acentuava cada vez mais, afastava Laurindo Rabello
do meio social. Eduardo de Sá menciona o fato de o poeta às vezes nem sequer
poder sair de casa por não ter sapatos. Como parco recurso financeiro, vendia a
autoria de textos, o que lhe renderia ao menos algum dinheiro para a alimentação.
34
SOUZA, 1970, p.4.
Laurindo Rabello publicou em 1849 n‘O sino dos barbadinhos uma série de ataques poéticos
endereçados ao Tenente-Coronel Dr. Manuel Felizardo de Souza e Melo (1806-1866), Ministro da
Guerra nos períodos de 22/05/1847 a 14/05/1848 e de 12/02/1859 a 09/08/1859. Abordar-se-á o
tópico mais adiante.
36
Consoante Luiz de Castro Souza, os documentos que atestam a informação são os Termos de
exames da 1ª série: 1837-1878, f.25 v. arquivo da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, UFRJ.
35
23
Joaquim Norberto de Souza Silva mostra como O Setenário poético (1849) foi
atribuído inicialmente a Inácio José Ferreira Maranhense37. Alexandre José de Mello
Moraes Filho alude ainda a outro poema de que Maranhense ter-se-ia apropriado:
Dentre os lutuosos motivos, destaca-se como o mais propício às suas
explorações o falecimento da rainha D. Maria II, de Portugal. Desolados os
portugueses em razão da compungidora nova, não tardou que o agilíssimo Bacanga
[Maranhense] manifestasse a espontaneidade de seu estro, travando do alaúde para
adormecer mágoas, serenar pezadumes.
Disparando em busca de Laurindo Rabello, que lhe escrevera o Setenário
poético, mandou imprimir em avulso trajado de preto o dolorido poema, e
pessoalmente distribuindo centenas de exemplares, por todo o comércio e fidalguia
abastada, fartou-se de cobiçosas remunerações.
O melhor foi que o governo de Portugal o distinguindo com uma
condecoração, o malogrado bardo deixou de gozá-la, sendo-lhe embargada, visto
tratar-se duma notabilidade na velhacaria. (MORAES FILHO: 1904, pp.36-37)
Os cronistas ainda relacionam às dificuldades financeiras a participação em
periódicos. Inocêncio da Silva cita, dentre as folhas para as quais Laurindo Rabello
colaborou, O sino dos barbadinhos38 e A voz da juventude, ambas publicadas em
1849. Vilas Boas, lastimando a morte do amigo Laurindo Rabello, relembra os
tempos em que, juntos, participaram não só d’A voz da juventude, bem como d’A
Crença e d’O Guaraciaba. A contribuição aos periódicos, no entanto, estaria ainda
relacionada a uma atitude literário-ideológica, que se insinua ainda pela filiação à
Sociedade Petalógica. É mister ter-se em conta que Laurindo Rabello recusou a
participação num periódico de orientação anti-liberal.
De fato, a interrupção dos estudos na Escola de Medicina da Corte foi
causada por razões financeiras. Em 1849, Laurindo Rabello organizou uma série de
documentos com o objetivo de se submeter ao concurso para lente substituto de
Primeiras Letras da Freguesia de Irajá. Foram obtidos de pessoas de idoneidade
social39 atestados de bom comportamento, o que permite relativizar um pouco o
37
Poeta que se tornou célebre por pregar peças e vender obras muitas vezes de autoria alheia. Não
se têm as datas de nascimento e morte de Inácio Maranhense. As principais obras correlacionadas ao
seu nome são Elegia (1847) e Saudação (1852). A questão em torno à autoria do Setenário Poético
será retomada adiante e desenvolvida.
38
Fábio Moniz (2004) atribuiu a Laurindo Rabello a autoria do folhetim inacabado Feliz-asno e dos
poemas Maneco e os moleques e Apólogo, publicados n'O sino dos barbadinhos, em 1849. N'A voz
da juventude, a inventio desta pesquisa localizou os poemas Fragmento, Estragos de amor, Delírio e
ciúme e A minha resolução, publicados em 1849 e 1850. Além desses, Laurindo Rabello publicou
vários outros poemas n'O acadêmico, Marmota Fluminense e O Espelho. Para uma consulta
pormenorizada dos dados bibliográficos, conferir o Inventário Testemunhal dos poemas atribuídos a
Laurindo Rabello, no volume II deste trabalho.
39
À guisa de exemplo, listam-se os nomes de Lima Nogueira (Juiz de Paz), José Maria da Silva Viana
(inspetor), Antonio Nunes de Aguiar (Oficial da Imperial Ordem da Paz), Nicolau Lobo Viana (tipógrafo
que será responsável pela 2ª edição das poesias de Laurindo Rabello), Pedro Candido Carlos Garcia
24
comportamento insociável de Laurindo Rabello frequente nas crônicas biográficas, e
uma certidão de idade. Em carta encaminhada ao imperador D. Pedro II, era
solicitada a graça da aprovação no concurso. Para demonstrar a necessidade do
emprego, argumenta Laurindo Rabello que se viu “por falta de meios obrigado a
interromper a carreira dos seus estudos (…).”40 No entanto, uma anotação feita
posteriormente no mesmo documento registra que o candidato nem chegou a
comparecer ao concurso, realizado em 17 de setembro de 1849.
O regresso ao curso de Medicina seria viabilizado com o auxílio de Salustiano
Souto41, médico e professor da Faculdade de Medicina da Bahia, que levou Laurindo
Rabello consigo para o ambiente onde finalmente encontraria acolhimento e
remédio, ao menos momentâneo, para a miséria que o vinha consumindo:
Passaram-se alguns dias, e fui encontrá-lo já quase restabelecido da
doença, bem agasalhado, provido de tudo, no lar auspicioso que não nega
sombra a nenhum merecimento açoitado da desgraça. (…) Laurindo estava
hospedado em casa do dr. Salustiano Souto. (SILVA, 1877, pp.373-374)
O advento de Salustiano Souto na vida de Laurindo Rabello não é bem
esclarecido pelos cronistas. Luiz de Castro Souza acredita que o encontro se deu
em função de uma passagem de Salustiano Souto pelo Rio de Janeiro: “(…) de
passagem pelo Rio de Janeiro, conheceu Laurindo e como era fervoroso admirador
dos moços de talento, convida o poeta a prosseguir seus estudos na Bahia, (…).”42
No entanto, não se conhecem os detalhes de como, quando e onde os dois se
conheceram.
Luiz de Castro Souza crê que Laurindo Rabello tenha recomeçado o curso de
Medicina na Bahia aproximadamente em 1851, logo contando cerca de 25 anos de
idade. O lapso de tempo desde 1849, quando o nome de Laurindo Rabello não está
mais entre os matriculados na Escola de Medicina da Corte, até 1851 talvez se
deva, nas suposições de Luiz de Castro Souza, em função da febre amarela, cuja
epidemia foi documentada no Rio de Janeiro a partir de 3 de novembro de 1849.
(empregado público da Alfândega). Nas pp.194-196 deste trabalho, foram incluídas fotos de três
atestados de bom comportamento.
40
Requerimento encaminhado ao Ministério do Império solicitando admissão ao concurso de
lente substituto de Primeiras Letras. Rio de Janeiro, 1849. (cf. foto do documento na p.199 deste
trabalho)
41
Salustiano Ferreira Souto começou sua carreira na Faculdade de Medicina da Bahia como
professor substituto de Ciências Acessórias. Passou depois, em 1855, a lente de Química Orgânica e
Biológica 1855. Em 1857, tornou-se professor de Medicina Legal.
42
SOUZA: 1970, p.5.
25
Antônio Álvares da Silva, colega da Faculdade de Medicina da Bahia, testemunha
que, logo ao chegar em Salvador, Laurindo Rabello estava muito doente, mas
graças aos cuidados de Salustiano Souto sua saúde retornou à normalidade. A
gratidão ao protetor seria expressa por escrito na única obra publicada em vida,
Trovas (1853).
Certo é que em 1851 Laurindo Rabello padeceu de bronco-pneumonia. Um
documento inédito depositado na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional do
Rio de Janeiro comprova que em 09 de abril de 1851 Laurindo Rabello encaminhou
ao Imperador uma solicitação de matrícula fora do prazo na Escola de Medicina da
Corte, alegando doença. Em anexo, seguia um atestado médico que indicava a
moléstia: “Atesto que o Sr. Laurindo José da Silva Rabelo sofreu desde princípios de
fevereiro até fins de março de uma bronco-pneumonia.”43 O pedido, no entanto, foi
negado em 28 de abril de 1851. Pouco depois, no mesmo ano, Laurindo Rabello iria
para a Bahia dar continuidade ao curso de Medicina, pelas mãos de Salustiano
Souto.
Na Bahia, Laurindo Rabello conheceu, dentre outros, Moniz Barreto 44, Augusto
de Mendonça45, Álvares dos Santos46 e Álvares da Silva47 e deu contributos para
movimentar a cena social soteropolitana, “nos bailes, nos jantares, nos teatros, na
rua, nas festas do Dois de Julho, nas festas do Senhor do Bonfim, em toda parte.” 48
Laurindo Rabello concluiu o curso de Medicina. Em nota de falecimento do Diário do
Rio de Janeiro49, em 1864, temos 1856 como o ano de formatura50.
Laurindo Rabello, no entanto, preferiu receber o grau de doutor na Escola de
Medicina da Corte, logrando êxito na defesa da tese. Dias da Silva Júnior nos
informa a data de 9 de dezembro de 185651. Por outro lado, Teixeira de Melo não
43
Requerimento para matrícula na Escola de Medicina da Corte fora do prazo. Rio de Janeiro,
1851. (cf. foto do documento na p.200 deste trabalho)
44
Francisco Moniz Barreto (1804-1868), poeta e repentista. Autor de Clássicos e românticos (1855), A
estátua e os mortos (1862), Álbum da rapaziada (1864), dentre outros títulos.
45
Antônio Augusto de Mendonça (1830-1880), poeta e repentista. Autor de O poeta (1850), Poesias
de Antônio de Augusto Mendonça (1861), A messalina (1866), dentre outros títulos.
46
Luiz Álvares dos Santos (?-?), formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, onde
ainda atuou como lente. Foi membro do Conselho Imperial e Oficial da Ordem da Rosa, condecorado
na Guerra do Paraguai. As informações ao seu respeito são muito escassas. Sabe-se que sua tese
defendida na Faculdade de Medicina foi publicada em 1859.
47
Antônio Álvares da Silva (1831/2-1865), formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da
Bahia. Autor do ensaio O doutor Laurindo José da Silva Rabelo.
48
ALVES: 1926, p.263.
49
DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO: 1864, p.1.
50
Luiz de Castro Souza traça a cronologia escolar de Laurindo Rabello na Faculdade de Medicina da
Bahia: 1851-1853: segundo e terceiro anos; 1854: quarto ano; 1855: quinto ano; 1856: sexto ano.
51
Teixeira de Melo corrobora. Menciona que em artigo publicado em fins de 1864 na Revista
26
conseguiu encontrar a tese52 de Laurindo Rabello na biblioteca da Escola de
Medicina da Corte:
Pela extrema pobreza em que sempre viveu o poeta nunca, provavelmente,
pôde tirar a sua carta de médico; por isso nunca retirou da tipografia em que
se imprimiu a sua tese os exemplares que a Faculdade para esse fim
reclama. No dizer do sr. J. Norberto foi na oficina tipográfica de F. de Paula
Brito, amicíssimo do autor, que ela se deu à estampa. A própria viúva do
poeta não a possui nem nunca a viu. (MELO: 1877, p.358)
De volta à terra natal, o azar tornou a recrudescer. Embora formado, Laurindo
Rabello não tinha clínica e estava muito longe de a conseguir por falta de meios. A
escassez de recursos podia-se notar no vestuário descuidado e no temperamento
irascível, que contribuíam para lhe minar a credibilidade perante os pacientes.
Some-se a isso um hábito que, no entender do amigo Dias da Silva Júnior,
prejudicava a sua eloquência:
(…) eram a sua demasiada gesticulação, as contorções nervosas e os
trejeitos que Laurindo fazia com os músculos da face, com os olhos, e a
retorcer de mil modos o seu longo bigode! Quem uma vez o viu nos seus
portentosos rasgos de eloquência, a fulminar os vícios sociais, a ridicularizar
a prepotência das mediocridades do tempo, não nos desmentirá de certo,
pois há de ter guardado dessa circunstância indelével lembrança. (SILVA
JÚNIOR: 1877, p.356)
Antônio Álvares da Silva dá-nos um retrato muito semelhante de Laurindo
Rabello:
A primeira vez que vi este homem estremeci. Estava ele pálido, ou antes
amarelado, alquebrado, rosto de moço com ressaibos valetudinários em um corpo de
meia idade, sobrecenho carregado, maltrapilho, língua desempeçada a cortar pelo
mundo com um desembaraço epigramático que me incomodou. Com o maior sangue
frio saltava por cima de certos respeitos e deferências, em uma linguagem que eu
nunca tinha ouvido. No primeiro momento tive-lhe aversão; o mais é que eu não
podia deixar de ouvi-lo, preso, encadeado, como me achava, a uma palavra rápida,
correta, fluentíssima e cáustica que fascinava. Calou-se; mas tal era a minha
comoção que, entre mim, perguntei: que homem é esse? (SILVA: 1877, p.373)
Acadêmica (Bahia) e republicado no Correio Mercantil de 9 de dezembro de 1864, Antônio Álvares da
Silva afirmou Laurindo Rabello ter se doutorado em 1857. Entretanto, Teixeira de Melo no livro das
atas de doutoramento da Escola de Medicina do Rio de Janeiro verifica que a data correta é 9 de
dezembro de 1856.
52
Luiz de Castro Souza desvendou o enigma acerca do tema da tese de Laurindo Rabello,
reproduzindo em seu ensaio a descrição registrada no Arquivo da Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro: “Laurindo José da Silva Rabelo. Dissertação. Ciências Médicas. Medicação anti-elmíntica. Ciências acessórias. A química tem contribuído para o progresso da medicina? Dar alguns exemplos.
- Ciências cirúrgicas. Que influência tem tido a anatomia patológica no diagnóstico e tratamento das
moléstias? - Ciências médicas. Diagnóstico da crossa da aorta”.
27
Os concorrentes utilizavam-se do fato de ser poeta para plantarem
publicamente a desconfiança acerca de sua capacidade. Por meio da sátira,
Laurindo Rabello respondeu:
Se não é dado o ser médico aos poetas,
Muito menos aos estultos e patetas.
(RABELLO: 1867, p.XVII)
Um segundo protetor veio então lhe atenuar a trágica existência. O Ministro
da Guerra, Jerônimo Francisco Coelho53, procurado por Laurindo Rabello, tornou-o,
através do Aviso de 24 de setembro de 185754, 2° Cirurgião do Corpo de Saúde do
Exército. Não foram encontradas fontes que auxiliem no esclarecimento das
circunstâncias desse encontro, através do qual Laurindo Rabello, enfim, iniciou a
carreira de medicina no Hospital Militar do Morro do Castelo, onde permaneceu por
pouco tempo. O testemunho de Alexandre José de Mello Moraes Filho menciona
certa desavença entre o chefe do serviço e Laurindo Rabello, que teria acarretado
em banimento para o Rio Grande do Sul, cerca de três meses depois, em 5 de
dezembro de 1857. Por outro lado, as Ordens do Dia publicadas em 1857 não
registram o afastamento. A primeira viagem documentada de Laurindo Rabello para
o Rio Grande do Sul será em 1858.
Em 1858, Laurindo Rabello solicita a primeira licença médica55. Depois, pelo
Aviso de 11 de agosto de 185856, passa a ser empregado da Guarnição da Corte.
Um ponto mal esclarecido pelos cronistas é o motivo de sua partida para o Rio
Grande do Sul. Geralmente, afirma-se ter sido por indisciplina, como aliás é dito
sobre demais episódios. Entretanto, o Aviso do Ministério da Guerra de 24 de Março
de 1858 autoriza a redistribuição de oficiais do Corpo de Saúde do Exército para
inúmeras províncias brasileiras. A Ordem do Dia nº 12057 traz uma lista de vários
oficiais com seus respectivos destinos, dentre os quais Laurindo Rabello, designado
para o Rio Grande do Sul58. Portanto, não se tratava de mal comportamento,
53
Tenente-Coronel Dr. Jerônimo Francisco Coelho (1806-1860), Ministro da Guerra de 02/02/1844 a
25/06/1845. Volta à pasta, como Brigadeiro, de 04/05/1857 a 09/07/1858.
54
Ordem do Dia n° 29 do Quartel General. Rio de Janeiro, 30/09/1857. p.2. (cf. foto do documento
na p.202 deste trabalho)
55
Ordem do Dia nº 48 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 28/02/1858. p.2.
(cf. foto do documento na p.203 deste trabalho)
56
Ordem do Dia n° 80 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 24/08/1858. p.1.
(cf. foto do documento na p.204 deste trabalho)
57
Ordem do Dia n. 120 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 23/04/1859. p.1.
(cf. foto do documento na p.205 deste trabalho)
58
Ordem do Dia nº 120 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 23/04/1859. p.8.
28
somente de um procedimento operacional do Exército.
Acerca da primeira estada no Rio Grande do Sul, narram-se mais anedotas.
Conta-se que, estando acampado em Bagé, Porto Alegre, Laurindo Rabello teria
recebido do seu comandante, Brigadeiro Nepomuceno, o bilhete
Senhor Magor Dr. Laurindo Rabelo.
Atacado de reumatício, peço-lhe que me mande uma receita, etc. (MORAES FILHO, 1904,
p.156)
e, ao modo característico, redarguiu:
Ilm. Exm. sr. Brijadeiro Nepomuceno.
Queira V. Ex. fazer uso do medicamento prescrito que, ativado em seus efeitos por
moderado exercismo, o libertará do mal que o aflige. (Idem, ibidem, pp.156-157)
Outro escárnio semelhante foi uma sátira endereçada ao Dr. Rego Macedo59,
em que, através de requintada ambiguidade, trabalha o trocadilho rego (vazadouro
das enfermarias), substantivo comum, e Rego, sobrenome e portanto substantivo
próprio:
Ilustríssimos senhores
Da nossa Municipal,
Deixai que um fraco mortal
Inferior dos inferiores,
Implore os vossos favores
E bondade conhecida,
Para que seja atendida
E posta em atividade,
Com a maior brevidade,
Uma importante medida.
Já não servem as calçadas
De guarda ao limpo vestido,
Que o REGO a elas unido,
Cheio d’águas encharcadas,
Põe as vestes salpicadas
D’água suja a cada instante;
Enquanto o gás implicante
Das fezes com que se enfeita,
Com seu aroma deleita
As ventas do caminhante.
(RABELLO: 1882, pp.37-38)
Em função dessas provocações e outras que possivelmente fizesse aos
(cf. foto do documento na p.207 deste trabalho)
59
Constâncio Alves afirma o Dr. Rego Macedo ter sido o diretor do Hospital Militar do Morro do
Castelo. Por outro lado, no entender de Alexandre José de Mello Moraes Filho, o Dr. Rego Macedo
teria sido diretor do Hospital Militar de Porto Alegre.
29
superiores ou colegas, Alexandre José de Mello Moraes Filho afiança que Laurindo
Rabello tivesse sido mandado de volta à corte. As fontes, todavia, indicam motivo
diferente. O Aviso de 23 de agosto de 185960 concede a segunda licença médica a
Laurindo Rabello. Desta vez, para continuar no posto antigo, isto é, na Guarnição da
Corte, até que se restabeleça. Novamente não se tratava de insubordinações, mas
de problemas de saúde.
Quanto à volta ao Rio de Janeiro, mais anedotas. Segundo alguns biógrafos,
os embates com os superiores acirrar-se-iam cada vez mais. Laurindo Rabello
descomporia em público o diretor do Corpo de Saúde do Exército, Conselheiro
Mariano Carlos de Sousa Correia, vulgo Rato molhado, cuja calva disfarçada por
“uns farrapos de cabelo que estirava ao alto”61, somada a uma desavença entre
ambos logo ao se apresentar, recém-chegado do Rio Grande do Sul, inspiraria a
quadra:
Cabeça, triste é dizê-lo!
Cabeça, que desconsolo!
Por fora não tem cabelo,
Por dentro não tem miolo.
(Idem: 1963, p.229-230)
Outro episódio: Laurindo Rabello versus Conselheiro Bontempo, alto escalão
da Secretaria da Marinha e muito conhecido pelo temperamento de difícil convívio,
para quem foram compostos os versos:
Para mostrar quanto é grande
Seu poder, a divindade
Mandou-nos hoje um Bontempo
Com cara de tempestade.
(MORAES FILHO, 1904, p.160)
Mas, na verdade, a habilidade de Laurindo Rabello para atacar poeticamente
as autoridades já vinha sendo desenvolvida pelo menos desde os tempos de
seminário. Eis as duas primeiras estrofes de um soneto ao aniversário de um
religioso do Seminário São José:
Para o mundo dar completo cabo,
Lá do negro recinto o soberano
60
Ordem do Dia nº 151 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 24/09/1859. p.3.
(cf. foto do documento na p.209 deste trabalho)
61
MORAIS FILHO, 1904, p.229.
30
Meditava a forjar horrível plano
Coçando a grenha, sacudindo o rabo.
Merecedor, enfim, de imenso gabo,
Eis o que assim disse muito ufano:
Para a missão cumprir - digesto humano
Quero fazer - nasça hoje um diabo.
(Idem: ibidem, p.152)
Na Escola de Medicina da Corte, Laurindo Rabello atacou o professor de
Anatomia Descritiva, José Maurício Nunes Garcia62:
Dizem que a Morte e Maurício
Andaram na mesma escola:
A Morte mata somente,
Maurício mata e esfola.
(Idem: ibidem, p.147)
Em 1849, n’O sino dos barbadinhos, foram publicadas as inventivas ao então
Ministro da Guerra, Manuel Felizardo, através de um folhetim63, de que se destacam
os versos:
MOTE
Quem Feliz-asno se chama,
De certo é asno feliz.
GLOSA
Se Camões cantou um Gama
Por seus feitos de valor,
Também merece um cantor
Quem Feliz-asno se chama.
Qualquer burro pela lama
Enterra pata e nariz,
Mas este que com ardis
Chegou a ser senador,
É besta d’alto primor,
É de certo asno feliz.
(RABELLO: 1882, p.24)
Mesmo que não procurasse, Laurindo Rabello, segundo o que se diz, por
vezes seria procurado por uma boa confusão. Alexandre José de Mello Moraes Filho
fala de um conflito entre facções de médicos que acabaria envolvendo-o:
62
Não confundir com o padre e compositor José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, 22/09/1767 –
18/04/1830).
63
Cf. no volume II deste trabalho a edição dos dois capítulos do folhetim, os únicos disponíveis no
acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
31
homeopatas64 X alopatas. Entre os primeiros, encontravam-se os médicos João
Vicente Martins e Alexandre José de Mello Moraes65. Com relação aos segundos,
mencionamos o nome de Paula Menezes, amigo inseparável de Laurindo Rabello.
Ocorre que Paula Menezes converteu-se à homeopatia, o que gerou uma grande
discussão nas páginas do Diário do Rio de Janeiro, provocada por Serpa Pinto,
poeta satírico português e comerciante estabelecido na Rua da Ajuda.
Laurindo Rabello, irado com a conversão de Paula Menezes, desfechou-lhe
vários poemas satíricos no Diário, como:
Vendo da peste o bárbaro flagelo
Mil vidas a ceifar a cada instante,
D’África deixa o solo distante
E veio no Brasil curar Otelo.
O semblante impostor negro-amarelo
Cresta do orgulho a chama crepitante,
Traz cheio de vidrinhos o turbante,
E buído punhal por escapelo.
Homeopata é, e o albergue puro
Do puro Martins busca e diz-lhe ardido:
“Doutor, eu quero ter vosso futuro.”
- Bravo! grita Martins enternecido;
Pelas cinzas de Hahnemann te juro
Que não hás de morrer desconhecido.
(MORAES FILHO, 1904, pp.164-165)
Um sem número de anedotas biográficas registra a acidez que com efeito se
verifica em sátiras atribuídas a Laurindo Rabello. Certa feita, em um dos festins a
que o poeta costumava comparecer com o violão, uma senhorita, talvez até sem
intenções jocosas, perguntou-lhe:
“Não
é
o senhor
o
poeta
Lagartixa?”
Profundamente desagradado, mas buscando ripostar com certa contenção, lançou
de volta Laurindo Rabello:
- Como se chama V. Ex.?
- Florentina.
- Pois, minha senhora, flores em vaso tenho eu visto muitíssimas; mas flor em tina é
V. Ex. a primeira. (Idem: ibidem, p.156)
Constâncio Alves conta ainda que, em função das maltratadas indumentárias,
64
Luiz Felipe de Alencastro informa, por exemplo, que “Eram homeopatas dois dos cinco médicos
que clinicavam em Campinas em 1857.” (ALENCASTRO: asdasdasd)
65
Pai de Alexandre José de Mello Moraes Filho.
32
Laurindo Rabello não havia sido convidado para uma festa. Mais à frente,
melhorando a situação financeira a ponto de poder comprar roupa nova, a mesma
anfitriã que o preterira, lembrou-se de o convidar. A festa começou, e nada de
Laurindo Rabello aparecer. Quando os convivas já se inquietavam com a desfeita,
eis que aparece à porta um criado com o traje novo de Laurindo Rabello num cabide
e um bilhete: “Aí vai o Laurindo.”66
Laurindo Rabello se casou com Adelaide Luiza Cordeiro em 2 de janeiro de
186067. Ele contava 33 anos de idade. Ela, cerca68 de 23. A notícia parece ter
causado grande espanto nos conhecidos, uma vez que Laurindo Rabello se
mostrava misógino e avesso ao amor, fora dos versos dos poemas e modinhas:
Os que o conheceram de perto bem compreendem que temível adversário
era ele do sexo amorável. Não perdoava, nem transigia; no melhor do serão,
entre senhoras que o estavam admirando, não perdia o ensejo de contestar
em um estilo polido e elegante a fidelidade no amor, a constante dedicação
das mulheres, na frase do grande trágico - pérfidas como a onda. (SILVA:
1877, p.381)
Antônio Álvares da Silva é de opinião que o casamento com Adelaide tenha
tranquilizado Laurindo Rabello, melhorando-lhe a lida com a sociedade, outrora vista
como terrível inimiga, e recobrando o afeto com relação ao homem.
Da senhora, que mereceu o lustre do seu nome, correm os maiores
abonos de virtuosa e heroína. Conseguiu fazer-lhe repontar a crença nos
princípios sociais e os sentimentos de ordem e previdência. Nos últimos anos
(imensa correção!) mostrava maior confiança nos homens, se bem que cada
vez menos em si. (Idem: ibidem, p.381)
Ante a admiração da mudança no temperamento, respondeu Laurindo
Rabello a um amigo: “– Case-se o mar, que o mar ficará manso.”69 Alexandre José
de Mello Moraes Filho relata que o matrimônio escasseou a boemia do poeta e o
conduziu a uma vida mais serena e centrada no lar:
Casando-se, é autêntico, abandonara para sempre o seu
amadíssimo violão, suas delicadas e graciosas canções; e não mais nas
66
ALVES: 1926, pp.259-260.
Dias da Silva Júnior antecipa o casamento para 2 de dezembro de 1859. Teixeira de Melo, em nota,
diz: “A 2 de Dezembro de 1859 diz, não sabemos com que fundamento, o sr. Dias da Silva na edição
que nos deu das Poesias de Laurindo.”
68
Se Adelaide na comemoração do centenário, ou seja, em 1926, tinha 89 anos, nasceu portanto em
1837. Desconhecem-se o dia e o mês do natalício. Por isso, a aproximação da idade.
69
MORAIS FILHO, 1904, p.176.
67
33
salas dos seus e em estranhas salas, aquele instrumento e a sua voz deram
ao tumulto das festas entusiasmos, expansões. É que, antepondo-se às
perspectivas de outrora, o poeta cerrara densa cortina, restando-lhe apenas
para derradeiras cenas o tablado de seu lar, em que os figurantes limitavamse à mulher adorada velando-lhe o sofrer, e raros amigos vindos do passado,
à semelhança de fantasmas ressurgidos das estâncias jamais esquecidas da
alegre mocidade. (MORAES FILHO: 1904, pp.176-177)
Entretanto, as fontes documentais mostram que, por trás do silêncio social de
Laurindo Rabello, havia uma gradativa piora da saúde. É de 22 de fevereiro de 1860,
ou seja, um mês e vinte e dois dias após o casamento, o atestado de José Ribeiro
de Souza Fontes, 1° Cirurgião do Hospital Militar do Castelo, Catedrático de
Anatomia da Escola de Medicina da Corte e futuro Visconde de Souza Fontes. O
documento registra que Laurindo Rabello sofria de “hepatização pulmonar
esquerda”70. No Aviso de 24 de fevereiro de 186071 é concedido a Laurindo Rabello
“um mês para tratar-se em sua casa, devendo ao fim desse tempo seguir
impreterivelmente para a província que está destinado, na primeira barca que se
oferecer”. Na verdade, o Aviso do Ministério da Guerra de 9 de abril de 1859 já
designara Laurindo Rabello para o Rio de Grande do Sul, mas por problemas de
saúde lhe foi permitido “continuar a fazer serviço na Guarnição da Corte, até que se
ache restabelecido”72.
Dataria dessa época um intrigante episódio narrado por Constâncio Alves e
Alexandre José de Mello Moraes Filho. Paulo Filho também o refere em “Laurindo e
o imperador”. De acordo com os referidos cronistas, acabado o prazo de uma
licença, Laurindo Rabello retardaria sua apresentação ao chefe do Corpo de Saúde,
o que seria interpretado como quebra de disciplina, acarretando em suposta
detenção na Fortaleza de Santa Cruz. Luiz de Castro Souza nem sequer menciona o
fato, além de explicitar que, nas buscas por fontes, não localizou nenhum
documento que comprovasse os demais casos em que Laurindo Rabello tivesse
sido preso. Nesta pesquisa, foram procurados registros na Fortaleza de Santa Cruz,
porém nada se encontrou. No Arquivo Laurindo Rabello do Centro de Memória da
Academia Brasileira de Letras (ABL) há uma carta73, endereçada a Adelaide que
70
Luiz de Castro Souza alude o Doc. n° 358, Maço 9, letra “L”, n° 1238, do Arquivo Histórico do
Exército, ao qual não foi possível o acesso, em função de o Maço 9 ter sido expurgado em 1975 pelo
estado avançado de deterioração, conforme consta do boletim interno.
71
Ordem do Dia n. 181 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 29/02/1860. p.3.
(cf. foto do documento na p.211 deste trabalho)
72
Ordem do Dia nº 151 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 24/09/1859, p.3.
(cf. foto do documento na p.209 deste trabalho)
73
Esta carta foi publicada em Autores e Livros, 21/09/1941, p.83
34
talvez remeta a esse momento.
A carta74 não apresenta data, local, nem sequer foram ainda precisados pelo
Centro de Memória da ABL quaisquer dados circunstanciais a seu respeito. Infere-se
apenas que a necessidade de uma carta para que Laurindo Rabello contatasse
Adelaide indicaria algum provável obstáculo na comunicação entre ambos. Partindo
do pressuposto de que Laurindo Rabello saiu do Rio de Janeiro três vezes, as duas
primeiras antes de se casar com Adelaide e a terceira juntamente com Adelaide,
conclui-se que ambos deveriam estar no Rio de Janeiro, uma vez que é mencionada
na carta a necessidade de partida, possivelmente a terceira partida, isto é, o retorno
ao Rio Grande do Sul em 5 de abril de 1860: “Se for obrigado a partir (…), tu bem
sabes quais são as minhas circunstâncias (…).”75
Como Constâncio Alves, Alexandre José de Mello Moraes Filho e Paulo Filho
asseguram, Laurindo Rabello teria sido detido na Fortaleza de Santa Cruz
imediatamente antes de dirigir-se pela segunda vez para o Rio Grande do Sul. O
obstáculo na comunicação entre Laurindo Rabello e Adelaide, que gerou a
necessidade de uma carta, bem poderia ser a própria reclusão. O texto assinala um
certo tom pessimista: “Nesta vida só espero males e é mesmo por que só males
devo esperar que (…) já me muni com resignação de sobra.”76 Especula-se, por isso,
que as condições não eram boas. Pelo Aviso de 24 de fevereiro de 1860 77, Laurindo
Rabello obtivera “um mês para tratar-se em sua casa”, a terceira licença médica. De
acordo com Teixeira de Melo, a suposta detenção teria sido causada, pois, pelo fim
da licença e a demora em se apresentar aos superiores, em função de, crê-se,
Laurindo Rabello não ter se recuperado de todo. Se o tratamento seria em domicílio,
a carta provavelmente foi escrita após o prazo da licença e antes da segunda
viagem ao Rio Grande do Sul, ou seja, aproximadamente entre 24 de março e 5 de
abril de 1860. Um período curto de tempo, mas, para quem vivia às voltas com
problemas respiratórios, permanecer um único dia que fosse na Fortaleza de Santa
Cruz, lugar demasiado frio e úmido, um istmo de Niterói avançando na entrada da
Baía de Guanabara, era um grande tormento.
Corroborando o estado de incômodo ou de falta de boas “condições” de
saúde sofridos por Laurindo Rabello na hipotética reclusão da Fortaleza de Santa
74
Cf. fotos da carta nas pp.212-213 deste trabalho.
Carta a Adelaide. Rio de Janeiro, 1860?
76
Carta a Adelaide. Rio de Janeiro, 1860?
77
Ordem do Dia n° 181 do Quartel General do Exército. Rio de Janeiro, 29/02/1860. p.3. (cf. foto
do documento na p.211 deste trabalho)
75
35
Cruz, há uma série de problemas na carta a Adelaide:
a) rasuras: na quarta linha da primeira página, parece que Laurindo Rabello
escreveu mates e depois rasurou para males. Na sexta linha ainda da primeira
página, há algo rasurado logo após o verbo munir;
b) problemas ortográficos: na oitava linha da primeira página, Laurindo
Rabello esqueceu-se de cortar o t na palavra partir. O mesmo ocorre em todos, na
segunda linha da segunda página, e em tenha, sétima linha da mesma página;
c) caligrafia obscura: há palavras que apresentam caligrafia muito obscura,
como por exemplo a última na quinta linha da primeira página; a penúltima na oitava
linha e a segunda na décima linha da segunda página;
d) irregularidade da caligrafia: a carta parece ter sido escrita às pressas, em
função da caligrafia diferençada de algumas letras, como por exemplo o p de partir,
na oitava linha da primeira página, em confronto com p de por, na quarta linha da
mesma página; ou o s inicial de só, na terceira linha da primeira página, em
confronto com o s de sobra, na sétima linha da primeira página.
Não obstante as particularidades descritas do documento, deve manter-se a
reclusão em Santa Cruz no terreno das suposições. Consoante Luiz de Castro
Souza, não há registro algum sobre reclusões de Laurindo Rabello. Nem no Arquivo
Histórico do Exército, nem tão pouco na Fortaleza de Santa Cruz. De qualquer
forma, em 5 de abril de 1860, com onze dias de atraso a contar do prazo estipulado
pelo Aviso de 24 de fevereiro, quiçá o atraso a que Teixeira de Melo se refere,
Laurindo Rabello partia para o Rio Grande do Sul, tendo solicitado três meses
adiantados de vencimentos e soldo adicional78. Nessa fase da vida, Laurindo Rabello
passou a ser alvo de elogios constantes e conquistou amizades que lhe favoreceram
em muito na carreira, dentre as quais os generais Caldwell79 e Tamarindo, para
quem produziu um discurso fúnebre. Teve o talento divulgado e respeitado em
polêmicos artigos sobre política publicados no jornal A Ordem. Diz-se que, enquanto
orador, defendeu eficazmente dois réus na tribuna judiciária.
Laurindo Rabello assumiu as cadeiras de Latim e Francês da Escola Auxiliar Militar
da Província de São Pedro do Sul, Rio Pardo, em 15 de outubro de 1860. Em
decorrência do sucesso das aulas, os alunos, instigados por conta da questão
78
Luiz de Castro Souza remete ao Requerimento de 2 de abril de 1860, perdido no expurgo do Maço
9 de documentos do Arquivo Histórico do Exército.
79
João Frederico Caldwell (Santarém, 1801 – Rio de Janeiro, 26/02/1873 ), militar nomeado marechal
em 1852. Designado para comandante de armas do Rio Grande do Sul, ficou até 1856, novamente de
1857 a 1865, onde estava no início da Guerra do Paraguai.
36
Christie80 a integrarem-se ao 4° batalhão do Governo Provincial, cuja missão era vir
ao Rio de Janeiro, colocam Laurindo Rabello à frente de um movimento. O governo
local elogiou a intenção, mas todos, mestre e discípulos, permaneceram em São
Pedro do Sul. Afirma-se que Laurindo Rabello teria posteriormente se juntado ao
batalhão e seguido para a corte. Em junho de 1863 já se encontrava mais uma vez
no Rio de Janeiro81.
Em 1082 de junho, aos 37 anos de idade, Laurindo Rabello recebe a
nomeação de médico dos alunos e professor de Gramática Portuguesa, História e
Geografia do curso preparatório anexo à Escola Militar da Praia Vermelha, Rio de
Janeiro. Os cronistas não se fartam de narrar que aulas de Laurindo Rabello seriam
verdadeiros espetáculos de oratória, em que se defendiam causas a respeito de
fatos históricos controvertidos, como a traição de Calabar83, com farta eloquência e
paixão, vibrando a platéia de discentes. Eduardo de Sá conta que inclusive o próprio
Imperador D. Pedro II teve a atenção captada por duas horas durante uma aula
sobre adjetivo ministrada por Laurindo Rabello.
Alexandre José de Mello Moraes Filho narra diferentemente o episódio. A
pedido do Imperador, o General Polidoro, então diretor do referido curso, noticiou-lhe
o dia da aula inaugural de Laurindo Rabello. Na data informada, D. Pedro II lá estava
adentrando, anunciado pelos clarins, a sala repleta de alunos. O monarca, quiçá
notando que a presença tornava o clima tenso, disse: “– Considere-me aqui como
um seu discípulo.”84 Laurindo Rabello reagiu, abrindo a gramática numa página
aleatória. O tópico sorteado foi o capítulo relativo ao verbo ser.
E fechando o livro, franzindo a testa, passando a mão aberta no negro
bigode, começa:
80
A questão Christie (1861-1865) deu-se em função do naufrágio de um navio inglês no Rio Grande
do Sul em 1861, cuja carga foi pilhada. O diplomata britânico William Christie obrigou o governo
brasileiro a pagar uma indenização de 3.200 libras e a aceitar um oficial inglês nas investigações
pelos envolvidos no roubo. Em 1862, outro episódio acirrou o mal-estar entre Brasil e Inglaterra. Três
oficiais da marinha inglesa, à paisana e alcoolizados, foram presos em função de desordem. William
Christie exigiu a punição dos responsáveis pela detenção dos ingleses, não logrando êxito. Em
represália, Christie apreendeu três navios brasileiros na baía de Guanabara.
81
Luiz de Castro Souza afirma que Laurindo Rabello retornou ao Rio de Janeiro em 6 de abril de
1863, porém não indica a fonte.
82
Segundo Joaquim Norberto de Souza Silva, a data do decreto seria 4 de junho. Dias da Silva
Júnior, por sua vez, corrobora a informação, que se apresenta na introdução de Eduardo de Sá. Mas
a data correta é mesmo 10 de junho, de acordo com a Ordem do Dia nº 359 da Repartição do
Ajudante-General de 20 de junho de 1863, p.2. (cf. foto do documento na p.215 deste trabalho)
83
Domingos Fernandes Calabar, pernambucano que lutou contra holandeses de 1630 a 1632. Em
1633, porém, passou para o lado inimigo.
84
MORAES FILHO: 1904. p.155.
37
– Ser, verbo substantivo; sua origem, Deus. Deus não existe, porque tudo
que existe teve princípio e há de ter fim; ora, Deus não teve princípio e nem há de ter
fim; logo, Deus, é.
Discorrendo a encantar sobre o belo tema, esgota a hora, aplaudido pelos
alunos, cumprimentado pelo excelso assistente. (MORAES FILHO, 1904, p.155)
Provavelmente da época dataria certo caso enigmático que é referido por
Alexandre José de Mello Moraes Filho:
Precisamente pela segunda vez que voltara do sul, sendo nomeado
médico e professor de português e gramática filosófica da Escola da Praia
Vermelha, um convite lhe viera em seguida para lecionar em acreditado
colégio.
(…)
De punhos às costas, entrando em casa com o Diário Oficial
amarrotado nas mãos, dirige-se à boa consorte que lhe corre ao encontro e,
ao ler-lhe a notícia, depois de abrir o aludido convite, empalideceu
supersticioso, caindo-lhe dos lábios este repente:
Quando eu deixar de chorar,
Quando contente me rir,
Não se enganem, desconfiem
Que não tardo a sucumbir.
(Idem: ibidem, p.176)
Laurindo Rabello, contudo, ascendia socialmente. Pouco depois de receber a
nomeação para professor, acumulou ainda a de enfermeiro da mesma instituição 85.
Apenas a saúde problemática foi-lhe obstáculo inexorável. Com cerca de um ano de
atuação no curso anexo à Escola Militar, Laurindo Rabello teve a carreira
interrompida. Solicitou afastamento86, obtendo licença para tratamento de saúde por
três meses, a quarta licença médica. Findo o prazo, alcançou outra licença 87, a
quinta e última, que nem gozou integralmente. Laurindo Rabello morreu de
hipertrofia do coração88 no dia 28 de setembro de 1864, à uma hora da tarde, e foi
85
Ordem do Dia nº 360 da Repartição do Ajudante-General. Rio de Janeiro, 03/07/1863. p.3. (cf.
foto do documento na p.217 deste trabalho)
86
Ordem do Dia nº 403 da Repartição do Ajudante-General. Rio de Janeiro, 15/06/1864. p.3. (cf.
foto do documento na p.219 deste trabalho)
87
Ordem do Dia nº 416 da Repartição do Ajudante-General. Rio de Janeiro, 01/10/1864. p.4. (cf.
foto do documento na p.221 deste trabalho)
88
Teixeira de Melo informa que alguns críticos apóiam-se na hipótese de Laurindo Rabello ter morrido
de tuberculose pulmonar, como Lery Santos em artigo de 1880, publicado no Pantheon Fluminense,
pp. 579-586. Com efeito, Antônio Álvares da Silva relata que Laurindo Rabello dizia sofrer de
tuberculose, quando o conheceu: “Disse-me que (…) estava muito doente, talvez tuberculoso, tendo
expectorado sangue, contra o que, como me mostrou, tinha aplicado um largo vesicatório na altura do
peito.” apud: Teixeira de MELO, p.373. Teixeira de Melo, porém, pesquisando os jornais da época,
descobre que a verdadeira causa mortis foi hipertrofia do coração, o que confirma o atestado de óbito
assinado pelo dr. João Antônio Kelly de Godoy Botelho, médico e colega de Laurindo Rabello na
Escola de Medicina da Corte.
38
enterrado no cemitério São João Batista89 no dia seguinte. Velaram-lhe o corpo Dias
da Cruz90, Manuel Hilário Pires Ferrão, Saldanha Marinho91, Pedro Cunha92, Eduardo
de Sá, Ribeiro de Almeida93, dentre outros. As despesas do pomposo funeral, com
direito a salva de tiros e dourados no caixão, foram custeadas por D. Pedro II. O
Diário do Rio de Janeiro de 30/09/1864 trouxe um breve descrição da última
homenagem prestada por amigos e personalidades:
Foi ontem sepultado no cemitério S. João Batista o cadáver de Laurindo
Rabelo.
Grande número de pessoas acompanhou os seus restos mortais.
Os Srs. ajudante general do exército, comandante da escola militar, vários
outros generais, professores e alunos da escola, e vários outros oficiais e colegas do
finado prestaram-lhe também as últimas honras.
O féretro foi conduzido de casa até o carro mortuário pelos Srs. conselheiro
Polidoro, Drs. Saldanha Marinho, Amorim Bezerra e Cláudio da Costa, José Souto e
Quintino Bocaiúva.
Uma guarda de quarenta praças de fuzileiros comandada por um tenente,
prestou as honras fúnebres. (DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO: 1864, p.1)
Não se pode deixar de sublinhar o caráter irônico do fato de Laurindo Rabello,
que viveu em meio a graves problemas financeiros, ter sido alvo de pomposas
homenagens depois de morto, o que vai de contra o desejo do eu poético de “Canto
do cisne”, poema escrito no leito de morte:
Quando eu morrer, não chorem minha morte,
Entreguem o meu corpo à sepultura,
Pobre, sem pompas; sejam-lhe a mortalha
Os andrajos que deu-me a desventura.
Não mintam ao sepulcro apresentando
Um rico funeral de aspecto nobre:
Como agora a zombar me dizem vivo,
Digam-me, também morto — aí vai um pobre.
(vv.01-08)
Antevendo a morte, Laurindo Rabello apressou-se para concluir sua
89
Em nota ao ensaio publicado no volume 3 dos Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro,
Teixeira de Melo informa que os ossos de Laurindo Rabello foram transladados por sua viúva para o
jazigo n° 749 do cemitério São Francisco Xavier (Caju), no dia 11 de outubro de 1877.
90
Francisco de Meneses Dias da Cruz (1826-1878), médico, professor e membro da Academia
Nacional de Medicina e do Conservatório Dramático RJ.
91
Joaquim Saldanha Marinho (1816-?), jurisconsulto, jornalista e parlamentar.
92
Pedro Augusto Pereira da Cunha (?-?), médico pela Escola de Medicina da Corte. As informações a
seu respeito são quase inexistentes. Sabe-se apenas o conteúdo de sua tese defendida, acerca da
higiene do sistema penitenciário, publicada em 1872 pela tipografia do Diário do Rio de Janeiro.
93
João Ribeiro de Almeida (1829-?), bacharel em Letras e doutor em Medicina, membro da Academia
Nacional de Medicina e do Instituto Histórico e Geográfico.
39
gramática, voltada ao preparo do soldado, que foi adotada pelo governo e teve
várias edições. Temia deixar Adelaide sem uma obra que pudesse lhe render ao
menos algo “que ela possa trocar por um pedaço de pão.”94, uma vez que publicara
em vida somente o livro Trovas. A(s) razão(ões) para só ter empreendido a solitária
publicação pode(m) ser contemplada(s) através das próprias palavras de Laurindo
Rabello, na abertura do opúsculo.95 Vale a pena citar o texto na íntegra por sua
brevidade e importância biobibliográfica:
A quem ler
Uma coleção de trovas em grande parte já publicadas, é o que contém este
pequeno volume.
Queríamos, e podíamos fazê-lo maior; mas à face das despesas da imprensa,
e da grande dificuldade que deveríamos ter em alcançar assinaturas, baldo como
somos de um nome conhecido, julgamos mais prudente deixá-lo ir assim.
O título que lhe damos, claro deixa que o não fazemos publicar com
pretensões a louvores; sabemos que é talvez dos piores em seu gênero: porém, a ver
se alguma coisa melhor para o futuro apresentaremos, pedimos ao leitor ilustrado,
que o leia com severa imparcialidade, e particularmente, ou pela imprensa, não nos
faça obséquios em crítica, pois preferimos uma censura que nos insulte, a elogios
que nos dourem os erros. (RABELLO: 1853, p.5)
No entanto, o temor de Laurindo Rabello quanto ao futuro da consorte pouco
a pouco se tornou realidade. Noronha Santos descreve um pouco da vida de
Adelaide após a morte de Laurindo Rabello. A viúva tinha de sobreviver com os
7$000 (sete mil) réis96 mensais da pensão paga pelo Tesouro Nacional. A sorte,
porém, foi-lhe um pouco menos impiedosa. O poeta e acadêmico Goulart de
Andrade sugeriu à Academia Brasileira de Letras (ABL) que se desse um auxílio
financeiro97 a Adelaide, que se mostrou grata: “Foi quando a pensão, que a
Academia me ofereceu, veio e serviu-me bastante. (…) Por forma que essa pensão
representa para mim a renda que as poesias de meu marido produzem.”98
94
CASTRO, 1867, p.XX.
Talvez Laurindo Rabello tenha se limitado à publicação de um único livro não apenas por razões
financeiras. Adiante a questão será retomada.
96
De acordo com uma lista dos principais produtos agrícolas exportados pelo Rio Grande do Sul (cf.
URL nas Referências deste trabalho), em 1864, uma saca de farinha de mandioca (60 kg) valia
aproximadamente 3$033 (três mil e trinta e três) réis. Com a pensão, Adelaide poderia comprar 138
kg de farinha por mês. Atualmente, num mercado popular, o quilo da farinha é comercializado a 1,17
R$. Em moeda corrente, a pensão recebida pela viúva de Laurindo Rabello corresponderia, portanto,
a 161,92 R$.
97
Até 1919 Adelaide não havia começado ainda a receber a pensão pela Academia Brasileira de
Letras, como se constata com a matéria Uma situação que seria cômica se não fosse dolorosa,
publicada n’A Tribuna de 12/08/1919: “Provavelmente – acrescentou a bondosa senhora – não foi
adiante a idéia de Goulart de Andrade. Pelo menos, nunca recebera nada, nem fora procurada por
algum representante da Academia.”
98
O GLOBO, 1926, p.1.
95
40
O Compêndio de gramática da língua portuguesa teve cinco edições (1869,
1872, 18-, 1885 e 1899), sem contar a sexta (1946), quando da compilação de
Osvaldo de Melo Braga. Da página de rosto da primeira edição, consta que fora
adotado para uso nas escolas regimentais do Exército Imperial e para a formação
dos artilheiros aprendizes. Não obstante as modificações ideológicas da República,
a quinta, com muitas modificações não-autorais no texto, passou a ser empregada
também no Arsenal de Marinha e no Mosteiro de São Bento. Sua vida útil (cinco
edições escolares, num espaço de exatos trinta anos) provavelmente decorreu das
sucessivas atualizações do texto99, operadas pelo editor Félix Ferreira, já que
consistia numa fonte de renda para Adelaide. Sabe-se que a viúva de Laurindo
Rabello tinha parentes em algumas das instituições que adotaram o Compêndio. É
dela o texto que abre a primeira edição, pedindo aos professores que avaliem com
atenção a gramática que o falecido tanto se esmerou em escrever. Com o tempo, o
Compêndio deve ter sido julgado obsoleto e deixou de ser utilizado. No Mosteiro de
São Bento, cujos frades para ajudar a viúva compravam exemplares, com a
expulsão do Frei João das Mercês Ramos100 e o advento de frades alemães na
gestão, o Compêndio caiu em desuso. Adelaide completava a pensão do Tesouro
com seus trabalhos de costura, tendo como única companheira e ajudante a
sobrinha Ernestina Correia.
Após a morte, o nome de Laurindo Rabello voltou a ser muito celebrado
quando do centenário de nascimento, comemorado pela ABL em 8 de julho de 1926.
Na Hemeroteca do Arquivo Laurindo Rabello, do Centro de Memória da ABL, estão
depositadas notas e matérias comemorativas de 10 dos principais periódicos do país
(O paiz, O globo, A folha, Folha da manhã, A manhã, Jornal do commércio, Diário da
noite, Correio da manhã, A noite, Nação brasileira). Uma das reportagens mais
significativas foi feita pelo jornal O Globo, trazendo uma pequena entrevista com
Adelaide101. A comemoração do centenário na ABL, em sessão solene no Salão
Nobre, contou com a participação, dentre outros, de Adelaide, na ocasião com 89
anos, e de Constâncio Alves, então ocupante da cadeira 26, para a qual Guimarães
Passos102, o fundador, elegeu Laurindo Rabello como patrono. A presença pos
mortem de Laurindo Rabello nos periódicos obviamente não se limita à época do
99
Para mais detalhes sobre o Compêndio e as variantes não-autorais, consultar MONIZ: 2008.
Abade Frei João das Mercês Ramos, diretor do Colégio São Bento de 1893 a 1903.
101
O GLOBO, 1926, p.1.
102
Sebastião Cícero dos Guimarães Passos (1867-1909), um dos fundadores da Academia Brasileira
de Letras, presente na sessão inaugural de 20 de julho de 1897.
100
41
centenário, mas paulatinamente se escasseia ao longo dos anos. A última matéria
que se encontra na Hemeroteca data de 2 de agosto de 1959.
A vida e a obra de Laurindo Rabello retornam também à lembrança nos
discursos de posse de um novo ocupante da cadeira 26. Ainda assim, em seu
discurso, Paulo Barreto103, o João do Rio, segundo ocupante da cadeira, mencionou
Laurindo Rabello apenas no último parágrafo, ao fazer uma ligeira comparação com
o patrono e o fundador:
Não quisestes em tal hora, senhores meus, chamar para vossa companhia e
para a cadeira de Laurindo Rabelo alguém que como Laurindo e Guimarães fosse na
vida o prisma azul, por não se vê a vida. (BARRETO: 1935, p.150)
Constâncio Alves104 foi mais generoso. Abordou a problemática das obras
perdidas, célebres anedotas biográficas e o caráter trágico presente em Laurindo
Rabello, baseando-se muito, porém, mais na vida, do que em sua obra. Constâncio
Alves produziu ainda um ensaio105 sobre Laurindo Rabello, muito elogiado pelo seu
sucessor na cadeira 26, Ribeiro Couto106, em que as tristezas dos versos de Laurindo
Rabello são vistas como uma derivação da tragicidade da vida e não pura e
simplesmente como uma subscrição ao byronismo então em moda. No discurso de
posse, Ribeiro Couto valoriza ainda o trabalho de recuperação moral feito por
Constâncio Alves, pois “destrói a falsa tradição que insistia em figurar Laurindo de
violão debaixo do braço, a pedinchar jantares em troca de modinhas e recitativos.”107
Gilberto Amado108, quinto ocupante da cadeira, citou versos de Laurindo Rabello,
para em seguida comentar, não sem alguma ironia, o seu sentimento de exílio:
O desterro, o lugar de exílio… era a Bahia! onde tinha ele ido, do Rio, estudar
medicina. É claro que sob a expressão “pátria” toam os grandes motivos “mãe, irmãos
e amigos”, mas apesar de assunto, como já disse, não assumir a meus olhos maior
importância, a Bahia… exílio para um brasileiro! (AMADO, 1971, p.23)
103
Paulo Barreto (1880-1921), empossado na Academia Brasileira de Letras em 12 de setembro de
1910.
104
Antônio Constâncio Alves (1862-1933), empossado na Academia Brasileira de Letras em 22 de
agosto de 1922.
105
ALVES, 1926, pp.251-275. Constâncio Alves também pronunciou um discurso na sessão de 16 de
abril de 1931, publicado na Revista da Academia Brasileira de Letras de julho de 1931 (pp.184-186),
em que registra a doação do volume com as poesias “livres” de Laurindo Rabello à Academia
Brasileira de Letras.
106
Rui Ribeiro Couto (1898-1963), empossado na Academia Brasileira de Letras em 17 de novembro
de 1934.
107
COUTO, 1937, p.240.
108
Gilberto Amado (1887-1969), empossado na Academia Brasileira de Letras em 29 de agosto de
1964.
42
Mauro Mota109, sexto acadêmico a ocupar a cadeira 26, brevemente arrolou no
discurso de posse elementos biográficos de Laurindo Rabello. Comparou-o a
Guimarães Passos, no que diz respeito ao “espírito de aventura e pausas para o
exercício de paciência: um, escrevendo uma gramática; outro, um dicionário de
rimas.”110 O sétimo e atual ocupante da cadeira, Marcos Vinícios Vilaça 111, apenas
citou o nome de Laurindo Rabello, sem reavivar em nada a memória daqueles que
lhe assistiam.
Pouco a pouco, o nome de Laurindo Rabello embaçou-se e caiu no
esquecimento. No ano de comemoração do sesquicentenário de publicação das
Trovas, 2003, não houve sequer um artigo em periódicos. Quando muito, Laurindo
Rabello merece alguns parágrafos de um historiador da literatura brasileira ou,
recentemente, figura num ensaio ou antologia acerca da pornografia na literatura de
língua portuguesa112. Fora isso, mostra-se mais um exemplo, dentre outros artistas
de inestimável valor, de como o cânone literário, no dizer de Hamlet, tem mais
razões “do que sonha nossa vã filosofia”.113
109
Mauro Ramos da Mota e Albuquerque (1911-1984), empossado na Academia Brasileira de Letras
em 27 de agosto de 1970.
110
MOTA E ALBUQUERQUE, 1972, p.110.
111
Marcos Vinícios Rodrigues Vilaça (1939- ), empossado na Academia Brasileira de Letras em 2 de
julho de 1985.
112
SOUZA, 2003.
113
SHAKESPEARE: ASDASD, ASDAS
43
3. SOBRE OS POEMAS ATRIBUÍDOS A LAURINDO RABELLO
3.1. Recepção crítica
Tal como as informações biográficas, as fontes para estudo da obra poética
de Laurindo Rabello são escassas. Osvaldo de Melo Braga, em sua compilação 1,
elenca quarenta indicações bibliográficas, que cobrem um intervalo de tempo de
1856 a 1940, ou seja, oitenta e quatro anos. À primeira vista, a lista ofereceria uma
quantidade razoável de estudos, mas na verdade consiste comumente em pequenos
artigos de jornais, capítulos ou itens de capítulos em histórias da literatura brasileira,
que se atêm a episódios da vida de Laurindo Rabello ou procuram atestar em sua
poesia reflexos comportamentais. Raros são os trabalhos dedicados à apreciação de
poemas, a exemplo do que fizeram, ainda que de maneira breve, Anastácio Luís do
Bonsucesso, Teixeira de Melo, Alexandre José de Mello Moraes Filho, Constâncio
Alves, Antônio de Pádua e, mais recentemente, Roberto Acízelo de Souza 2. Outra
fonte de crítica literária são os textos introdutórios das compilações de poemas
atribuídos a Laurindo Rabello, organizadas postumamente, que serão comentados
mais adiante neste trabalho, no item “4.1. Inventário testemunhal”, subseção de “4. A
tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello”.
A primeira recepção crítica de poemas atribuídos a Laurindo Rabello de que
se tem notícia saiu publicada no Diário do Rio de Janeiro, em 15 de abril de 1856,
assinada por Augusto Emílio Zaluar. Tratava-se de um ótimo cartão de visitas, já que
eram palavras elogiosas, advindas de um poeta da hora: “Talvez dentre todos os
nossos poetas representantes da escola moderna nenhum molde a sua inspiração
em formas mais clássicas do que o autor das Trovas.”3 Emílio Zaluar cita alguns
versos dos poemas “A minha resolução” e “A saudade branca”, assinalando “uma
1
apud RABELLO: 1946
Remete-se aqui aos estudos publicados respectivamente em BONSUCESSO: 1867, MELO: 1877,
MORAES FILHO: 1904, ALVES: 1931, PÁDUA: s.d., SOUZA: 2003.
3
apud RABELLO: 1946, p.74. Convém sublinhar aqui o contraste entre o título Trovas, remissivo a um
gênero de poemas populares, e a afirmação de Zaluar segundo a qual Laurindo Rabello apresenta no
livro “inspiração em formas mais clássicas”. A presença de elementos clássicos na poesia de Laurindo
Rabello, prova de qualidade na opinião de Zaluar, que à primeira vista consistiria num anacronismo
poético em se tratando de um poeta romântico de segunda geração, será abordada mais adiante
neste trabalho, no item “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”, subseção de “3. Sobre os poemas
atribuídos a Laurindo Rabello”.
2
44
tristeza e melancolia que as faz rivalizar com o que de mais delicado neste gênero
se encontra nas apaixonadas estrofes de Garret.”4
Não obstante as boas-vindas de Zaluar, decorrerão onze anos para outro
comentário vir a público, quando já falecido Laurindo Rabello. Em 1867, Anastácio
Luiz do Bonsucesso publicou a Biblioteca do instituto dos bacharéis em letras, em
cujo apêndice, “Quatro vultos”, procede a uma rápida apreciação da vida e da obra
de Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Laurindo Rabello e Gonçalves Dias.
Bonsucesso sublinha o motivo da dor presente nos poemas de Laurindo Rabello, a
riqueza da forma e da idéia, que favorecem, no seu entender, uma eficaz
memorização dos versos por parte do leitor, e a universalidade da linguagem,
compreensível tanto ao homem erudito, quando ao humilde. Com relação aos
poemas obscenos, lamenta que “quantos primores bocagianos foram perdidos aí
por estas salas, quantos primores estão hoje amesquinhados por cópias
imperfeitas, ou mutações ridículas.”5
Laurindo Rabello entrou para as histórias da literatura brasileira pelas mãos
de Silvio Romero, que, na História da literatura brasileira (1888), sem embargo da
controvertida causa mortis, acreditava de fato ter o poeta morrido do coração: “O
coração matou-o; não foi a tuberculose, como falsamente alguns pensaram. Sei
bem disto.”6 Em sua leitura, a poesia de Laurindo Rabello por si só indica quanto o
sofrimento e a desgraça lhe exigiram do coração, levando-o à exaustão, ou, mais
precisamente, à hipertrofia. O crítico põe em relevo o caráter extremista dos
sentimentos expressos pelo sujeito poético nos poemas de Laurindo Rabello: “O
poeta inflamava-se e vegetava nas chamas, segundo sua expressão. Esse
eretismo de toda a sua organização extravasava-se em sua contínua ebulição
mental.”7
No entender de Silvio Romero, mesmo “a gargalhada irônica e profunda do
pariá”8 não passa de atenuador para o tormento e desengano que enxergava na
vida e significa não alegria, mas tristeza abissal frente à existência. Para o crítico,
Laurindo Rabello era o poeta que ria tanto nas troças do cotidiano, quanto nas
sátiras poéticas, para não chorar com o desespero “do mestiço, do cigano, do
4
Idem: ibidem, pp.74-75
BONSUCESSO: 1867, p.286
6
ROMERO: 1943, p.336
7
Idem: ibidem, p.336
8
Idem: ibidem, p.341
5
45
proletário numa pátria ingrata, explorada pela cobiça de uma burguesia de
estranhos e pela ganância de politiqueiros relapsos.”9
Laurindo Rabello, pois, alternaria momentos de perplexidade numa
introspecção mórbida, em que buscava a morte como alívio para o martírio, com o
estrondo de alguma irrisão. Assinalaria, pois, na lírica, dois tons bastante nítidos: o
lamentoso, que se esparge para o sentimento amoroso e o torna melancólico; e o
zombeteiro. Explorando a primeira tendência, Silvio Romero aprecia poemas como
“Amor-perfeito”10, “Dous impossíveis”, “O que são meus versos” e “Adeus ao
mundo”. Com relação à obra satírica, apesar de reconhecer que ainda continua
“quase toda inédita”11, diz apenas se manifestar severa ou galhofeiramente, mas
em nada revela ao leitor: “Não tenho lazeres para procurá-la.”12
Acerca de Laurindo Rabello, pouco fala José Veríssimo nos três parágrafos
de sua História da literatura brasileira (1915). São expostos dados biográficos,
como a problemática financeira, a fraqueza da saúde, a origem mestiça, a boemia,
etc.. O crítico entende que a biografia de Laurindo Rabello, marcada por grandes
dificuldades, amplificou-lhe na poesia a tristeza herdada do Romantismo:
A desventura, o sofrimento, aumentou-lhe, porém, a tristeza dos da sua geração e
exacerbou-lhe a sensibilidade, e como aqueles criou-lhe a angústia da morte, que
atormentava o poeta da Lira dos vinte anos, afligia a Junqueira Freire, a Casimiro de
Abreu e a outros da mesma família literária. (VERÍSSIMO: 1969, p.261)
Quanto aos poemas satíricos, referidos por Silvio Romero, José Veríssimo
nem sequer lhes faz alusão. O crítico menciona somente que Laurindo Rabello
animava partidas e festas com “o seu estro e as suas facécias, improvisos, glosas,
poesias recitadas ou cantadas à viola, como um aedo ou trovador primitivo, e mais
os ditos que se lhe atribuem.”13, donde se concluir que Laurindo Rabelo também se
dedicara à poesia jocosa.
Na Pequena história da literatura brasileira (1919), de Ronald de Carvalho,
Laurindo Rabello recebe o epíteto de “êmulo de Álvares de Azevedo”14. Sua vida é
9
Idem: ibidem, p.341
Este poema corresponde na verdade a um fragmento de “Flores murchas”, publicado no jornal O
acadêmico, conforme será exposto mais adiante.
11
ROMERO: 1943, p.334
12
Idem, ibidem, p.334
13
VERÍSSIMO: 1969, p.261. (Grifo nosso)
14
CARVALHO: 1919, p.229
10
46
resumida a um nomadismo entrecortado por “pilhérias e remoques”15. A poesia de
caráter popular oferece tons pessimistas alternados com jocosos, mas sempre com
sinceridade.
Dessarte,
os
versos
de
Laurindo
Rabello
espelhariam
com
conhecimento de causa os momentos do sofrimento cotidiano e a revolta frente à
mediocridade dos coevos. A qualidade da obra, que comprova o poeta ser “hábil e
perito no resolver um rondó ou um soneto castigado”16, antes mesmo de se
consagrar nas críticas literárias, foi reconhecida pelos leitores, que guardavam
poemas de cor.
Laurindo Rabello figura na Evolução da poesia brasileira (1932), de Agripino
Grieco, entre os poetas menores, apreciado sumariamente num único parágrafo. A
bem da verdade, o crítico quase se detém em questões biográficas, como a boemia,
as anedotas, sublinhando somente uma certa mistura de tons “galhofeiro e elegíaco,
de lirista e pornográfico.”17 No entanto, acerca do pornográfico, bem como do
galhofeiro, elegíaco e lirista, Grieco nada acrescenta, nem sequer acerca da
explicação para o epíteto “Lagartixa”, um dado biográfico elementar, pois: “não nos
sobra tempo para verificar isso. Aí estão à nossa espera as vítimas do mal do
século, as vítimas de Byron, Musset e Espronceda.”18
Eugênio Gomes, em “A propósito de Laurindo Rabello” (1932), observa a
intertextualidade no poema “Adeus ao mundo” com o epitáfio que o poeta inglês
Samuel Taylor Coleridge compôs para o seu próprio túmulo, a partir dos versos
“Quem sempre a morte achou no lar da vida,/ Deve a vida encontrar no lar da
morte.” (vv.115-116). Por se tratar de um estudo pontual, voltado única e
exclusivamente para a reflexão quanto à intencionalidade ou não da alusão a
Coleridge, o crítico não se preocupou em explorar de maneira abrangente a obra
poética de Laurindo Rabello.
Elogiado por Ribeiro Couto, o discurso de posse de Constâncio Alves na
Academia Brasileira de Letras em 1936 confere mais ênfase à vida do que à obra de
Laurindo Rabello. As rápidas incursões crítico-literárias dizem respeito ao gosto do
povo que o elegeu para figurar entre as canções de violão mais executadas e ao fato
de sua poesia não se limitar apenas ao âmbito popular, versando ainda sobre
patriotismo, civismo, amor e indignação. Para Constâncio Alves, os sentimentos
15
Idem: ibidem, p.229
Idem: ibidem, p.230
17
GRIECO: 1944, p.29
18
GRIECO: 1944, pp.29-30
16
47
mais fortes na obra de Laurindo Rabello são a cólera e a tristeza: “Falta-lhe na
música a nota da alegria, porque a alegria lhe faltou na vida, – paisagem de silêncio
e sombra, onde nada floria e nada gorgeava.”19 Os versos de Laurindo Rabello são
assim interpretados como fragmentos extraídos diretamente da vida, à exceção dos
poemas de circunstância ou de encomenda que, não obstante, carregam sutilmente
os desenganos sofridos na realidade.
Na História da literatura brasileira (1940), de Nelson Werneck Sodré, Laurindo
Rabello é mencionado em comentário muito breve, em que se contrapõe seu estilo
fluido e popular ao classicismo pomposo e elitista de Odorico Mendes. Em A
literatura no Brasil (1955), direção de Afrânio Coutinho, a apreciação dos poemas de
Laurindo Rabello aparece no segmento “O individualismo romântico”, item
“Fagundes Varela”, de autoria de Waltensir Dutra, que vê em sua poesia “fé e
confiança na vida”20 e julga a descrença romântica não a ter atingido de todo. Por
outro lado, Laurindo Rabello assinalaria a tristeza, não a tristeza exagerada dos
românticos da segunda geração, mas uma tristeza tranquila, que mantém coerência
com os demais sentimentos em sua poesia, na medida em que não apresenta
excessos. O crítico sublinha motivos poéticos como melancolia, desengano, dor e
morte.
Em “Pensamentos de um poeta romântico” (s.d.), Antônio de Pádua estima
que o melhor na poesia de Laurindo Rabello é “seu lirismo elegíaco”21, embora não
traga nada de profundo ou original, ou seja, seus versos são impregnados de
“velhos conceitos”22 que o Romantismo tomou para si. O crítico então procede a uma
pequena coletânea de versos para ilustrar como se apresentam na obra poética de
Laurindo Rabello certos motivos. Atenta para o amor carregado da clássica
simbologia do fogo, que revela certa visão fatalista, uma vez que os seres humanos
estariam fadados à união pelo sentimento amoroso. Outro clichê seria a dicotomia
‘amor X razão’. O fazer poético corresponde a lamento e consolo. A desgraça
desdobra-se do ressentimento que o poeta nutre com relação à sociedade. Daí,
pois, a necessidade da dissimulação, já que sua dor não ocupa as atenções do
outro, e da morte, que “virá como libertação”23. A dor, consoante o crítico, funda-se
19
ALVES: 1936, p.255.
DUTRA: 1986, p.197.
21
PÁDUA: s.d., p.60.
22
Idem: ibidem, p.60.
23
PÁDUA: s.d., p.64.
20
48
na paidéia cristã, que a coloca como meio de elevação espiritual, idéia reiterada nos
poemas de Laurindo Rabello. Nessa instância, o prazer é repudiado, pois “embota a
sensibilidade”24. Quanto ao poeta, duas facetas são discernidas: o instrumento divino
e o homem que ama. Antônio de Pádua crê que a exaltação à virtude, motivo
constante na poesia romântica, ganha um quê de “compensação psicológica”25 em
Laurindo Rabello, em decorrência da pobreza conhecida empiricamente.
Antonio Candido em Formação da literatura brasileira (1957) triparte a obra
poética de Laurindo Rabello em: poemas de circunstância, obscenos e
confidenciais. Tais vertentes corresponderiam a três facetas, a saber, “a do homem
enquadrado na convenção, a do boêmio, a da experiência pessoal sentida.” 26
Quanto aos poemas de circunstância, o crítico os tem na conta de vertente “mais
insignificante (…).”27. Classifica ainda o “Septenário poético” como ‘paquidérmico’,
baseado em argumentos biográficos:
Pobre, insatisfeito, boêmio, é natural que valorizasse os dons de improvisador como
recurso de prestígio; ao fazê-lo, sobrenadava nele o homem, no fundo,
convencional, temente a Deus e à ordem, servindo exatamente os pratos pelo gosto
dos salões burgueses. (CANDIDO: 1957, p.146)
Da segunda vertente de poemas, Antonio Candido afirma somente que a
‘musa secreta’ de Laurindo Rabello relaciona-se diretamente à “outra sociabilidade
– a do botequim, a das tertúlias masculinas (…).”28 Abordando os poemas
confidenciais, o crítico desenvolve uma apreciação com mais vagar e, no segmento
intitulado “Obsessão floral”, tece considerações acerca da imagem da flor na obra
poética de Laurindo Rabello. Observa que vinte e seis, dentre os oitenta e dois
poemas que analisou, assinalam a presença de flores. Conclui que em poemas
como “O meu segredo”, “O gênio e a morte” e “Adeus ao mundo”, as flores são
ocasionais, ou seja, não haveria intenção simbólica nenhuma de Laurindo Rabello.
Em poemas como “Dous impossíveis”, “Canto do cisne”, “Não posso mais!” e “Ao
baptismo de dous meninos”, as flores simbolizariam virtude, saudade, tristeza,
prazer e amor. Entretanto, o mais refinado uso da flor dar-se-ia em poemas como
“A saudade branca” e “Flores murchas”, em que os empregos simultâneos das
24
Idem: ibidem, p.67.
Idem: ibidem, p.68.
26
CANDIDO: 1997, p.145.
27
Idem: ibidem, p.145.
28
CANDIDO: 1997, p.146
25
49
acepções denotativa e conotativa de ‘flor’ resultam em ambiguidade: “é flor e
sentimento: é o ciclo da saudade e do amor-perfeito, que se prestam ao jogo de
palavras.”29
Afrânio Coutinho na Introdução à literatura no Brasil (1964) inclui Laurindo
Rabello no terceiro grupo romântico (1850-1860) e lhe atribui consequentemente o
seguinte quadro sintomático aplicável, a seu ver, a qualquer autor da referida
geração:
Individualismo e subjetivismo, dúvida, cinismo e negativismo boêmio; “mal do
século”; poesia byroniana ou satânica. Influência de Byron, Musset, Espronceda,
Leopardi, Lamartine. (COUTINHO, 1964, p.165)
Na Enciclopédia de literatura brasileira (1989), cuja direção divide com José
Galante de Souza, o crítico ainda acrescenta: “poesia pessimista, atrevida,
revoltada, amarga, reflexa de uma alma sofredora.”30
José Guilherme Merquior, na sua Breve história da literatura brasileira
(1977), menciona em poucas linhas o caráter fluido da poesia de Laurindo Rabello
e alguns dados biográficos. Na História da inteligência brasileira (1992), Wilson
Martins julga que Laurindo Rabello “desperdiçou o talento em versos de
circunstância, torneios poéticos e improvisos lúdicos (…).”31 O que se escreveu a
respeito de sua obra poética foi, para o crítico, uma forma de compensar em morte
os tormentos a que a vida o obrigou. Wilson Martins destaca ainda o sentimento
anticlericalista na obscenidade de poemas de Laurindo Rabello e em “Alberto”, que,
não obstante o texto tenha se perdido, foi lembrado por Eduardo de Sá Pereira de
Castro na introdução à compilação de 1867. Embora julgue excelentes as sátiras,
estima o melhor de sua obra os versos marcados pela melancolia e a
desesperança, a exemplo de “O que são meus versos”.
O motivo floral em poemas reincide no arrazoado crítico de Alfredo Bosi, em
História concisa da literatura brasileira (1994), que a avaliou como “material
copioso para enumerações e metáforas.”32 Ainda que não conceda muito espaço à
análise da obra de Laurindo Rabello, ao menos sugere que se investigue em seus
poemas a interface entre as culturas popular, da classe média e a dos grupos de
29
CANDIDO: 1997, p.147
COUTINHO: 2001, p.1333. (Grifos nossos)
31
MARTINS: 1992, p.495
32
BOSI: s.d., p.115
30
50
prestígio.
Em 2003, publicou-se o primeiro estudo sobre os poemas obscenos
atribuídos a Laurindo Rabello. O autor, Roberto Acízelo de Souza, observa que
“condições culturais mais recentes favoreceram um movimento de recuperação e
valorização dessa face do romantismo.”33 Entre outros pontos importantes do
artigo, o crítico fala do trajeto percorrido pelo fac-símile da compilação de 1882,
feito de um exemplar pertencente a Israel de Souza Lima, única cópia do
testemunho atualmente depositada na biblioteca Lúcio de Mendonça (ABL). Traça
ainda um breve histórico da tradição erótico-obscena no Ocidente, mostrando como
desde a poetisa Safo (VI a.C.) a temática é explorada pela poesia e se
perguntando o porquê de os textos ditos pornográficos de Laurindo Rabello terem
desaparecido da tradição crítica literária. Em função da crescente publicidade da
‘poesia proibida’ de Bernardo Guimarães, Acízelo de Souza se propõe a buscar as
causas para que a obra de Laurindo Rabello não tenha desfrutado de igual
interesse:
Assim, acreditamos que a produção do poeta mineiro se configura mais fortemente
como paródia e subversão de cânones. (…) Distinto, porém, julgamos ser o caso de
Laurindo, cujos versos no máximo poderiam ser tomados como paródias de
modelos bastante genéricos, sendo antes, a nosso ver, uma sátira circunstancial, e
por isso de contundência e potencial crítico mais modesto. (SOUZA: 2003, p.138)
Concluindo o artigo, o crítico, acerca da qualidade dos poemas obscenos
atribuídos a Laurindo Rabello, sentencia:
E as Obras livres de Laurindo: que valor teriam? Tradição modernista à parte, se
não chegamos a reputá-las “inúteis” - que mais não seja, a atenção analítica que
aqui lhe concedemos exporia a inconsistência desse juízo -, julgamos bem
reduzidas suas qualidades poéticas: perícia - métrica, estrófica, rímica – no
tratamento de temas em princípio estranhos à poesia; plasticidade na figuração
cômica de tipos e situações; e muito pouco mais, talvez. (Idem: ibidem, p.139)
Merece ainda menção o pequeno parágrado dedicado a Laurindo Rabello
por Carlos Nejar, na sua História da literatura brasileira (2007). O crítico lista dados
biográficos e publicações, não sem cometer lapsos de informações, ao afirmar, por
exemplo, que Laurindo Rabello “publicou livros de versos”34, quando na verdade
publicou apenas um livro em vida, Trovas (1853). Cita ainda equivocadamente
33
34
SOUZA: 2003, p.129.
NEJAR: 2007, p.122
51
títulos de poemas, ““Estudante”, “A lavadeira””35, uma vez que o título correto é “O
estudante e a lavadeira”, diálogo cômico que Alexandre José de Mello Moraes Filho
incluiu nos Cantares brasileiros (1900).
A crítica de jornal não acrescenta muito às apreciações literárias publicadas
em livro. Em “O “Bocage brasileiro”” (1935), Heitor Moniz aponta semelhanças
entre Laurindo Rabello e Bocage. Em “Laurindo e Gregório”, João Carioca compara
Laurindo Rabello com o barroco Gregório de Mattos, repetindo o intento em “Dois
Satíricos”. Já em “Rabelais e Laurindo”, equipara-o a François Rabelais, criador de
Gargantua e Pantagruel. Um certo E.P., em “Um caso excelente para a
psicanálise…”36, sugere que se aplique o freudismo à análise dos sonetos e
redondilhas pornográficas de Laurindo Rabello. Em todos os artigos, todavia, o
leitor continua muito distante dos polêmicos poemas.
A própria Adelaide Luiza Cordeiro Rabello, viúva de Laurindo Rabello,
manifestava certa reprovação acerca dos poemas obscenos do marido e sutilmente
despistava o assunto:
Recordamos, com cuidado, que Laurindo Rabelo publicara versos fesceninos e
aludimos ao Poeta Lagartixa. A viúva do poeta confessou que sim. Eram
extravagâncias. Laurindo Rabelo fora um tanto estouvado. (O GLOBO: 1926)
A Hemeroteca do Arquivo Laurindo Rabello do Centro de Memória da ABL
dispõe de recortes de periódicos até a década de 50. Na grande maioria do
material ali depositado, figuram notas e matérias que abordam os mesmos motivos
em poemas atribuídos a Laurindo Rabello, apreciados na crítica literária em livro,
isto é, dor, morte, tristeza, etc., sem que uma análise aprofundada ou original seja
feita, como sói acontecer no curto espaço que os jornais de grande circulação
destinam aos comentários literários.
Além da crítica literária, Laurindo Rabello figura em histórias da música
popular brasileira, como famoso modinheiro do Segundo Império. Ao lado de João
L. de Almeida Cunha, violonista e também poeta, foi um dos primeiros
compositores de modinhas e lundus a constituir parceria fixa com um
instrumentista. José Ramos Tinhorão afirma que “não há dúvida de que foi o
35
Idem: ibidem, p.122. É mister se fazer a devida correção, para que não se atribua a Laurindo
Rabello o lundu “A lavadeira”, pertença de vários cancioneiros de modinhas e lundus do Segundo
Império, de autoria anônima.
36
E.P.: 1934
52
primeiro poeta brasileiro a ganhar renome como compositor popular entre o público
das grandes cidades brasileiras.”37 Mário de Andrade menciona as ‘modinhas
imorais’ de Laurindo Rabello, não sem asseverar que “houve Modinhas imorais
porque há homens imorais.”38 Ary Vasconcelos lembra que, além das letras escritas
especificamente para canções, Laurindo Rabello “teve poesias musicadas por
compositores da época.”39 As modinhas e lundus serão objeto de considerações
mais detalhadas neste trabalho.
37
TINHORÃO: 1998, p.146
ANDRADE: 1980, p.06
39
VASCONCELOS: 1991, p.160
38
53
3.2. Características principais
3.2.1. Apologia à essência espiritual
A característica mais central nos poemas atribuídos a Laurindo Rabello é a
apologia à essência espiritual, tão cara ao ascetismo cristão e ao idealismo
romântico. Em geral, os autores do Romantismo descobriram no cristianismo um
rico manancial de poesia, por se mostrar um organismo vivo, sentimento genuíno
das nações modernas, diferentemente do paganismo concluso dos greco-latinos,
que se mantinha artificialmente na literatura neoclássica. Domingos José
Gonçalves de Magalhães, no prefácio de Suspiros poéticos e saudades, exorta
seus conterrâneos a abandonarem o neoclassicismo e a abraçarem uma poesia
fundamentada no cristianismo:
O poeta sem religião e sem moral é como o veneno derramado na fonte,
onde morrem quantos procuram aí aplacar a sede.
Ora, nossa religião, nossa moral é aquela que nos ensinou o Filho de Deus,
aquela que civilizou o mundo moderno, aquela que ilumina a Europa e a América: e
só este bálsamo sagrado devem verter os cânticos dos poetas brasileiros.
(MAGALHÃES: 1865, p.12)
Nas sucessivas gerações brasileiras de poetas românticos, persistirá uma
visão metapoética profundamente marcada pelo transcendentalismo cristão. Dez
anos após a exortação do prefácio de Suspiros poéticos, Gonçalves Dias, em
Primeiros cantos (1846), dirá que compreende uma “Poesia grande e santa” a
“purificar tudo com o sentimento da religião e da divindade.”1 Mesmo a postura
irônica de Álvares de Azevedo, na segunda parte da Lira dos vinte anos (1852),
não dissimula o ressentimento de quem é forçado a reconhecer estatuto de poesia
na carnalidade do poeta, dada a mentalidade cada vez mais materialista da
sociedade, deixando nas filigranas certo tom lamentoso:
O poeta acorda na terra. Demais, o poeta é homem, Homo sum, como dizia o
célebre Romano. Vê, ouve, sente e, o que é mais, sonha de noite as belas visões
palpáveis de acordado. Tem nervos, tem fibra e tem artérias – isto é, antes e depois
de ser um ente idealista, é um ente que tem corpo. E, digam o que quiserem, sem
esses elementos, que sou o primeiro a reconhecer muito prosaicos, não há poesia.
(AZEVEDO: 2000, p.190)
1
GONÇALVES DIAS: 1959, p.101
54
Em Trovas, observa-se um “eu poético” arraigado à fé cristã, intransigente
contra o que se interponha à ascese humana. Nos poemas de atmosfera fúnebre2,
os ensinamentos cristãos valem como fonte de conhecimento para a compreensão
acerca da morte e a aceitação da finitude material do homem. Sob a ótica do
cristianismo, a morte revela a verdade acerca da existência física do ser, a saber,
um nada disfarçado e celebrado pelo sensualismo enganoso.
Personificada em “Epicédio à morte do Dr. José de Assis Alves Branco
Moniz Barretto”, a morte irrompe como monstro cruento que se ri de prazer ao
nadificar a vida. Desperta no “eu poético” um sentimento de quase histeria frente à
anulação da antiga grandeza de José de Assis Alves Branco Muniz Barretto. No
sepulcro de dimensões reduzidas, residem os restos mortais de um homem que foi
gigante perante o mundo. Na pobreza, no leito humilde de terra, habita a memória
de um passado rico em virtudes, em glória. A morte reduz o homem a pó, silencialhe a voz, por mais tonante que fora em vida. A boca do orador eloquente, que
trovejava discursos, cala-se. A fertilidade de seu talento foi tragada pela terra.
Em “Adeus ao mundo”, o “eu poético” antevê sobre seu próprio túmulo o
escárnio eterno da Natureza, desperdiçada em vida. A sensação de proximidade
do termo da vida traz-lhe a imagem da mão da morte a guiar doravante o itinerário.
Embora haja total consciência do fim da existência, não experimenta desespero ou
revolta. O que mais o aflige é morrer afastado da mãe e dos irmãos. Julga-se um
desgraçado nem tanto pela morte em si, uma vez que, como cristão, tem que
aceitar humildemente os desígnios de Deus, mas por morrer distante daqueles que
o amam e consequentemente por jazer esquecido em plaga desconhecida.
O testemunho da morte alheia suscita ao “eu poético” imagens paradoxais
em “Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut”. Enquanto vivo, Labatut foi herói
vitorioso nas batalhas que travava pela pátria, a França. Depois de morto, não
passa de um mendigo a esmolar terra. As glórias do passado contrastam com as
cinzas do presente. Em “Epicédio à morte do Dr. José de Assis Alves Branco Moniz
Barretto”, a morte abate inexoravelmente o talento de um promissor orador que
nenhum adversário era capaz de fazer frente. Aliás, a morte não se satisfaz apenas
2
Remete-se aqui aos poemas “Epicédio à morte do Dr. José de Assis Alves Branco Moniz Barretto, e
oferecido ao Il.mo Senhor Dr. Luiz Maria A. F. Muniz Barretto”, “Sobre o túmulo do Marechal Pedro
Labatut”, “A saudade branca composta por occasião da morte de minha irmã, e oferecida ao meu
íntimo amigo e colega Antonio Augusto de Mendonça Júnior”.
55
em corroer silenciosamente a vida. Sua sanha é tanta, que explode em
gargalhadas. O riso da morte, riso de crueldade, zomba do tormento humano,
evidencia a realidade patética do ser.
Aliado à morte, o tempo, que arrasta o homem para a destruição inevitável,
reveste-se de fatalidade. Poemas como “Aos annos do meu prezado amigo José
Pedreira França”, que deveriam alegrar o dia em que se comemora o natalício do
homenageado, trazem a marca da angústia. O “eu poético” questiona a felicidade
de se celebrar o aniversário, uma vez que marca a passagem do tempo e a
proximidade da morte. A celebração talvez seja em função de uma vã esperança
que teima em negar o desengano. Somente a força da memória suplanta em parte
o riso ácido da morte. Batalhas de risos então se instauram, com a morte
zombando da vida, e a memória de virtudes escarnecendo da morte. O tempo, em
Trovas, mostra-se, assim, impregnado de morte e proporciona um conjunto de
paradoxos. Congrega em si o passado de glórias humanas diametralmente oposto
ao presente de decadência, de falência do ser. Da constatação de que tudo é
provisório, submetido ao tempo, de que tudo no mundo expira, decorre a
importância da memória.
Em “O gênio e a morte”, o dia, em seu devir, mostra uma dupla faceta: rei ao
alvorecer, vassalo ao término. O dia consome a vida que as plantas depositaram
na manhã, dissipa ritualisticamente a beleza. Comporta-se como um jovem em
loucos tempos. Enfim, sucumbe como rei que abdica do trono e cai desfalecido no
manto da noite impiedosa. Da mesma maneira, a exuberância da primavera se
esvai com a chegada do inverno. Já que nada é permanente, as personagens da
alta sociedade, cuja vaidade se assenta em convenções sociais como os títulos de
Senhor, Marquês, Visconde, Rei, etc., mostram-se estúpidas. A morte nivela
democraticamente a todos e promove uma parábase. Diante da estupidez humana,
que ignora sua finitude, eis que surge o riso mofador da morte a celebrar a
destruição do homem.
Limitada pelo tempo, a beleza consiste consequentemente num “doce
engano” (v.86). O “eu poético” de “O gênio e a morte” sabe que a aurora fenecerá e
terá por companheiros silêncio, sombras, escuridão, terra e vermes. Somente o
gênio altivo do poeta transcende às limitações humanas e alcança a eternidade. À
sua voz, curva-se o próprio tempo. A luz de sua poesia jamais finda. A beleza
poetizada pelo gênio é imortal, pois ele tem o poder de vislumbrar a glória nas
56
ruínas das cidades e impérios desfalecidos. Bem como a noite enceta novos dias, e
os dias, novas noites, o gênio também regenera, remoçando as idades, levantando
os mortos dos sepulcros e conduzindo-os à imortalidade por meio da memória.
Revigorado pela poesia, o “eu poético” exorta o anjo das ruínas a tornar ao
seu reino, já que não é capaz de destruir a beleza do universo, quando amparada
pelo lume da inspiração celestial. A voz potente e agressiva do gênio ecoa no
infinito, faz com que a eternidade se erga para saudá-lo. Na batalha final, o gênio
agonizante extrai da lira as últimas notas. Sorri ao poder da morte, enquanto sua
glória na terra já enche o mundo. Assim a poesia vale também de arma contra a
morte. Enquanto a beleza temporal é um simulacro de vida, o belo poetizado tornase imortal. Ao aspirar à libertação das emoções, o “eu poético” busca a verdadeira
beleza não na materialidade superficial, mas numa verdade intrínseca à sua própria
espiritualidade: a poesia. Daí a sensação de que a poesia imortalize.
Em “O gênio e a morte”, há basicamente a presença de três campos
semânticos. Os dois primeiros, opositivos, remetem às idéias de vida e morte.
Observe-se como alguns substantivos, adjetivos e verbos do poema se organizam
nesses grupos:
subst.
adjet.
verbos
primeiro campo semântico
dia, luz, fogo, primavera, alegria,
sol, jardim, prado, flor, raio,
jovem, glória, grinalda, beleza,
vida, brandão, triunfo, vivente
ridente, encantador, frondoso,
vulcânico, chamejante, ardente,
perfumado, risonho, coruscante,
garboso,
odorífero,
efêmero,
brilhante, belo
adornar,
alimentar,
assomar,
passear,
expulsar,
iluminar,
levantar, viver, subir
segundo campo semântico
ocaso, tristeza, crepúsculo, noite, túmulo,
pranto, leito, temporal, bramido, extermínio,
cinzas, cadáver, trevas, sombra, escuridão,
verme, campa, sepulcro, ruínas, borrasca,
tempestade, procela, caos, inverno, gelo
tristonho, enfermo, merencório, desfalecido,
murcho, pálido, mísero, morto, esquálido,
funéreo, destruído, derrocado, atroz
morrer, matar, extinguir, descer, abdicar, cair,
torturar, acabar, expirar, apagar, humilhar,
descer
Esses campos semânticos não apenas decorrem d’“os temas da morte,
desolação, ruínas, túmulos”3, embebidos da visão contrastiva de realidade comum
aos autores românticos, bem como se articulam em figuras de retórica que
enfatizam e atuam na estruturação do conteúdo do poema. Enquanto matériaprima de antíteses, constituem as etapas de vida e morte que os seres atravessam
no devir existencial, não havendo, portanto, interpenetração nocional. É o caso do
3
COUTINHO: 1956, p.567
57
primeiro segmento do poema “O gênio e a morte” (vv.01-33), em que se descrevem
sucessivamente o alvorecer e o entardecer, como exemplo universal de finitude de
existência, que será depois estendido à realidade humana. Essa seção do poema
divide-se em dois movimentos, a saber, a) ascensão do dia (vv.01-19), que
“passeia garboso pelo espaço,/ Como triunfador pela campina” (vv.09-10); e b)
declínio do dia (vv.20-33), em que o sol “vai tardio/ Pela estrada do ocaso, e já
tristonha/ Lhe escorre pelo rosto a luz enferma!” (vv.23-25). Na interface entre um e
outro movimentos, a antítese realça poeticamente a transição da ascensão para o
declínio do dia, apresentando-se como o momento de maior aproximação entre as
idéias contrastivas de vida e morte no primeiro segmento, expressa nas oposições
‘subir’ X ‘descer’ e ‘rei’ X ‘vassalo’:
Da glória ao grau supremo
Subiste, ó rei; humilha-te – vassalo
Também és do Senhor – descer te cumpre.
(vv.20-22)
O segundo segmento de “O gênio e a morte” (vv.34-58), que também exerce
função de exemplo na macro-estrutura, trata da deterioração de seres do reino
vegetal, como flores, frutos, jardins e prados. Aqui os movimentos não seguem a
ordem sucessiva das fases da existência, como na primeira parte do poema, mas o
inverso. O “eu poético” começa por interpelar a primavera, cujas “frescas e
odoríferas grinaldas” (v.35) “jazem esmagadas/ Aos pés de gelo do caduco
inverno!” (vv.37-38), caracterizando-se o movimento inicial (vv.34-48) pela marca já
da decrepitude, ao passo em que no segundo (vv.49-58) recorda-se a época em
que vicejavam os “bosques,/ Jardins, e prados, e alcantis dos montes” (vv.50-51).
Não obstante a inversão, a transição entre as fases igualmente se opera por meio
de antítese, em que a deterioração de plantas, flores e frutos contrapõe-se à
impetuosidade dos raios solares, contraste presente na oposição entre as
‘lágrimas’ da primavera que saúda com tristeza a ‘alegria’ do sol no alvorecer:
(…)
Debruçada do cume das montanhas,
Com lágrimas saudar do sol os raios,
Qual mísero vivente, a quem torturam
As galas da alegria.
(vv.45-48)
58
Na passagem acima, além da antítese, verifica-se ainda, em grau mais
acentuado de aproximação de extremos, outro expediente no manejo de palavras
dos primeiro e segundo campos semânticos. Trata-se do paradoxo que, num
primeiro momento da macro-estrutura do poema, articula no nível sintagmático
vocábulos opostos semanticamente, assinalando não complementação, mas
sobreposição de idéias. Assim é que, ao combinar sintaticamente os substantivos
‘luz’ e ‘vivente’, associados à noção de vida, com os adjetivos ‘enfermo’ e ‘mísero’,
ligados à de morte, o poeta constrói sintagmas nominais como “luz enferma” (v.25)
e “mísero vivente” (v.47), cujos modificadores, pertencentes ao segundo campo
semântico, atuam sobre os núcleos, integrantes do primeiro campo, verificando-se
tanto na semântica, quanto na sintaxe, o poder corruptor da morte.
As palavras do terceiro campo semântico são introduzidas a partir do
terceiro segmento de “O gênio e a morte” (vv.59-85):
subst.
adjet.
verbos
terceiro campo semântico
gênio, eternidade, imortalidade,
memória, fama
santo, eterno, celeste, miraculoso,
infinito, supremo, divino
vencer,
arrancar,
animar,
remoçar, ecoar
Fornecidos exemplos de finitude existencial nas duas primeiras partes do
poema, o “eu poético” os retoma agora para concluir que “Também acaba o
homem” (v.61). No entanto, a força inexorável da morte encontra adversário à
altura na figura do gênio, que eterniza as coisas. A partir desse ponto, nos quarto
(vv.86-106), quinto (vv.107-134), sexto (vv.135-146) e sétimo (vv.147-172)
segmentos, a bipolarização gerada pela oposição entre primeiro campo,
comumente subordinado à idéia de temporalidade, e segundo campo semântico,
vinculado à de atemporalidade, sofre um abalo significativo, na medida em que o
gênio “Mil vítimas lhe [à morte] arranca,/ E da imortalidade nos altares/ As mostra
coroadas.” (vv.73-75), ou seja, imortaliza tudo o que seria em princípio transitório.
Se, por um lado, os segundo e terceiro campos semânticos se equivalem
quanto à noção de atemporalidade, a articulação de ambos com o primeiro campo
resulta em efeitos distintos. Enquanto em sintagmas como “luz enferma” (v.25) e
“mísero vivente” (v.47) prevalece a semântica do segundo campo, em “lanterna da
memória” (v.82), “fogo santo” (v.83), “lume santo” (v.84) e “melífluos sons divinos”
59
(v.163), os modificadores, integrantes do terceiro campo, cedem aos núcleos,
pertencentes ao primeiro campo, o traço de atemporalidade, em caráter de
colaboração e complementação, não de sobreposição. Laurindo Rabello, assim,
lança mão de construções sintáticas em que se empregam palavras dos primeiro e
terceiro campos, como recurso para representar poeticamente a epifania advinda
da força eternizadora do gênio, que liberta a essência espiritual da finitude material
determinada pela morte.
3.2.2. “Eu poético” versus outro
Sob a égide da consciência cristã acerca da precariedade humana, portanto,
o “eu poético” ojeriza a matéria e aspira à essência espiritual. Em contrapartida,
não se vê frequentemente em condições de ser compreendido ou de conviver com
um mundo materialista e indiferente aos seus sentimentos. Na poesia de Laurindo
Rabello, a apologia à essência espiritual desdobra-se no conflito entre “eu poético”
e outro, em que se verificam reações contra a incompreensão e insensibilidade,
seja num simples ensimesmamento, no auto-banimento, numa violenta indignação
ou até no próprio questionamento do valor da poesia.
“O meu segredo” traz um “eu poético” tornado signo ilegível para o mundo.
Daí sua alma ser um grande enigma. O corpo e o espírito assinalam um segredo
que teme escrever, pois sabe de antemão que ninguém lhe manifestará
preocupação com os sentimentos. A luz sinistra do olhar, o rosto marcado pelas
mágoas, a agonia presente nos versos, o horror ao mundo que se esparge em todo
o ser, as rugas no semblante, a distração, o caos assinalado nas faces, nos gestos,
na indumentária, nada comove a sociedade. Sem cativar a atenção de sequer um
olho, o “eu poético” opta pela escrita de lágrimas, para dar vazão a um segredo que
na verdade é uma grande maldição. No entanto, tem consciência de antemão que
uma escrita de lágrimas não alcançará longevidade, pois a sociedade é-lhe
insensível ao sofrimento. Com efeito, nem deseja a escrita como forma de
comunicação, ponte de intercâmbio entre si e o outro, porém única e
exclusivamente para atenuar a dor.
Do medo da incomunicabilidade passando à descrença total do convívio, há
a opção pelo auto-exílio. O “eu poético” exorta os que como ele sofrem ao boicote
60
à sociedade por meio da criação de uma linguagem própria, “A linguagem dos
tristes”, muito mais fiel aos sentimentos e tão cristalina quanto o suspiro, o soluço e
o pranto, visto que a dor é a única fala intrínseca aos tristes. A nova linguagem não
só congregaria todos os desterrados, bem como amenizaria o desterro: “Ao menos
a linguagem deste exílio/ Mais suportável torna a vida crua;/ Tenha ao menos a
terra da desgraça/ Uma linguagem propriamente sua.” (vv.29-32)
Busca o “eu poético” cunhar uma língua de uso exclusivo dos desgraçados,
sem que o restante da sociedade compreenda. Para tanto, convoca os
amargurados, desventurados, os descrentes da sinceridade dos homens e do
amor, enfim, todos os que vivam atormentados pela tristeza, pelo desengano:
“Venha, sim, que talvez por nosso trato/ Uma nova linguagem seja urdida,/ Em que
possam falar-se os desgraçados, Que do mundo não seja traduzida.” (vv.62-64) O
sofrimento em si já conduz o homem a um processo de desterro, bastando um
único gemido de tormento para a condenação. O banimento em função da dor
corresponde, por sua vez, ao pior dos desterros, pois fragmenta o ser. Cindido pela
desgraça, o indivíduo permanece em corpo, todavia o coração e o pensamento
seguem em diáspora. Somente o advento da linguagem dos seres fragmentados,
dos tristes, poderá tornar o exílio menos cruel.
Frente ao desprezo do outro, o “eu poético” de “A minha vida” tenta optar
pela dissimulação. Por ter consciência de que as lágrimas aborrecem os festins,
vê-se obrigado a disfarçar o martírio por meio da máscara da alegria. O riso
camufla o gemido: “O meu riso é fingido, sim, mil vezes/ Com ele afogo os ecos de
um gemido.” (vv.40-41) Assim, não passa de máscara para despistar o sofrimento.
Trata-se de uma ficção que impede o degredo social. Por dentro da máscara, “Se
há estio no rosto, inverno n’alma.” (v.38) há. De forma geral, o riso na poesia de
Laurindo Rabello comumente é disfarce. Um sorriso de felicidade da amada não é
pista de amor verdadeiro. Para o “eu poético” de “Amor e as lágrimas”, olhos
cintilantes e rosto em expressão de prazer mentem e traduzem um escárnio acerca
do amado que sofre de amor: “Mas em rostos assim amor não fala;/ E, se fala, as
mais vezes diz mentiras;/ E este - sim - que tomamos por verdade/ É escárnio do
crente.” (vv.41-44)
A crença no riso conduz o amado a um mundo de ilusão: “Não te iluda o
falaz riso aparente/ De um futuro de rosas coroado.”4 E, quando cai a máscara do
4
“Soneto [“Geme, geme mortal infortunado,”]”, vv.07-08
61
riso, descoberto o engodo, resta apenas o ódio: “Do desengano ao lume,
desesp’rada,/ Atenta tudo vê, tudo conhece,/ Minha alma accesa em raiva, accesa
em zelos!...”5 O riso do homem traz ainda a nota da tripudiação, do regozijo com o
sofrimento do outro, não da alegria, da satisfação. Em “Não posso mais!”, o martírio
em função do desencanto amoroso se amplifica com o riso do oponente aprovado
pela amada: “Porém que aplaudas, que consintas outro,/ Também calcar-me
escarnecer de mim…”6
A sociedade com suas encenações, seus jogos de desfaçatez, obriga o “eu
poético” por vezes à cegueira da razão, à embriaguez dos sentidos, para evadir-se
de uma realidade desagradável e insensível. A mesquinhez do homem impede a
compreensão da dor do poeta. Tudo que não traduza ou não lhe diga respeito aos
sentimentos carregará a sensação de ilusão, de vil mentira, levando à explosão de
ojeriza. Para a hora do enterro, antecipadamente recusa a homenagem dos amigos
hipócritas, abdica das “Públicas provas de afeição fingida;”7
Mesmo a ilusão do namorado, que atenuaria a existência e sem a qual a
vida se tornaria insuportável, é relativizada. Pode o “eu poético” embriagar-se com
as sensações, mas não tolera o fingir humano. Exige do outro uma linguagem de
fidelidade praticamente tautológica aos sentimentos. A amada, para lhe provar o
amor, deve chorar, pois “Amor é fogo; o coração que ama/ Todo nas suas chamas
se evapora,/ No rosto se condensa, e chega aos olhos/ Em água convertido.”8
Portanto, o sorriso é a “ilusão com que risonha”9 a amada entretém os loucos
pensamentos do “eu poético”. O riso de amor, os abraços e beijos, por serem
manifestações de prazer e de lascívia, nada manifestam do verdadeiro sentimento
amoroso, se não há a presença do sofrimento.
Diante de hipotéticas provas de amor, mostra-se o “eu poético” cético quanto
à legitimidade do sentimento sem que haja a marca inequívoca da dor. Nem a
promessa de ventura, de auroras, nem juras de dias mais felizes ou da companhia
incondicional da amada, nem sequer o despojamento total e a abnegação do vil
metal lhe alimentam a crença. A condição sine qua non para a comprovação do
sentimento amoroso é, ao seu ver, a manifestação da dor assinalada no brilho da
5
“Delírio e ciúme”, vv.03-05
“Não posso mais!”, vv.65-66
7
“Canto do cisne”, v.10.
8
“Amor e lágrimas”, vv.21-24
9
“Delírio e ciúme”, v.07
6
62
lágrima nos olhos da amada: “Não a crera; e talvez que até julgasse/ Tantas
provas de amor atroz perfídia,/ Se amor me não brilhasse nos seus olhos/ No
centro de uma lágrima.”10
Na verdade, a mulher amada e a sociedade na poesia de Laurindo Rabello
comumente simbolizam a realidade assustadora, o locus horrendus que
constantemente ameaça a individualidade romântica. Em “O meu segredo” o
cenário por onde deambula o “eu poético” assume matizes distintos, a depender do
tempo. Num passado longínquo, em que havia inocência idealizadora, a natureza
irrompe amiga e cúmplice dos momentos felizes, com o “eu poético” a “Brincar com
as flores” (v.66) num “vasto jardim” (v.68). No entanto, esse momento corresponde
apenas ao segundo segmento do poema (vv.29-135), isto é, a cento e seis versos
de um total de duzentos e setenta, em que prepondera a desolação.
Em seu devir, o “eu poético” de “O meu segredo” sofre golpes sucessivos da
fortuna, simbolizados pelas profecias catastróficas de um gênio perverso. A
primeira profecia, conteúdo do terceiro segmento (vv.137-198), versa sobre o
esvaecimento do “tempo de encantos” (v.137), decorrência da própria natureza
efêmera e transitória da existência humana. A segunda profecia, também abordada
na terceira parte do poema, trata da desventura amorosa, que frustra as
expectativas alimentadas pelo “eu poético” na pureza de seus sentimentos. Com a
concretização de ambas as profecias, instaura-se a fase de descrença e
desconfiança, seja porque o que medrava no passado não passa no presente de
“morta e seca flor” (v.140), seja ainda em função do equívoco com a “Visão, que da
natureza/ Toda a graça revestia” (vv.157-158). Em outras palavras, a frustração
desdobra-se numa parábase em que a graciosidade do real cai por terra.
Assim a atmosfera do poema no tempo presente é desoladora, matizada por
palavras com carga semântica negativa: substantivos como ‘mágoa’ (vv.03, 23),
‘agonia’ (v.05), ‘horror’ (v.06), ‘ruga’ (v.09), ‘desordem’ (v.11), ‘pranto’ (vv.15, 21,
265), ‘anátema’ (v.18), ‘sofrimento’ (v.259), ‘escuridão’ (v.261), ‘mentira’ (v.262),
‘amargura’ (v.269); adjetivos como ‘sinistro’ (v.01), ‘estranho’ (v.01), ‘cético’ (v.06),
‘negro’ (vv.18, 261), ‘fatal’ (v.258), ‘afogado’ (v.260), ‘vil’ (v.262), ‘desquitado’
(v.264); verbos como ‘trair’ (v.20), ‘cuspir’ (v.18), ‘morrer’ (v.28), ‘inundar’ (v.265),
‘odiar’ (v.266), ‘penar’ (v.268)
10
“Amor e lágrimas”, vv.17-20
63
Claro está que o quadro caótico advém não da mimese objetiva da
realidade, mas da representação poética de uma subjetividade abalada em seu
âmago. No poema, o emprego dos pronomes pessoais revela uma insistente
autoreferenciação do “eu poético”. Os pronomes pessoais, possesivos e
demonstrativos
referentes
à
primeira
pessoa
do
discurso
atingem
uma
porcentagem de 58% contra 33% dos de terceira e 15% dos de segunda pessoa de
um total de noventa e nove formas pronominais. Registre-se que dos trinta e cinco
verbos flexionados na primeira pessoa do singular somente quatro apresentam
sujeitos pronominais.
Longe de mera estatística, a alta ocorrência de pronomes ligados à primeira
pessoa sublinha, no tecido verbal do poema, o “eu poético” em confrontação
discursiva com o outro, entidades que recebem caracterizações antagônicas.
Articulados sintaticamente aos pronomes ‘meu’, ‘este’ e respectivas flexões de
gênero e número, encontram-se substantivos que remetem às idéias de
sensibilidade e suscetibilidade, decisivos na construção da persona do “eu poético”:
‘lira’ (v.6), ‘fado’ (v.36), ‘gosto’ (v.43), ‘lábio’ (v.44), ‘ais’ (v.45), ‘pranto’ (vv.46, 229 e
257), ‘alma’ (vv.57, 147, 167, 203, 246 e 268), ‘loucura’ (v.186), ‘dor’ (v.251),
‘agonia’ (v.05), ‘horror’ (v.07), ‘ruga’ (v.09). Do outro lado, há o ele, projetado na
figura do gênio mau, a quem remete o sintagma ‘riso mofador’, repetido em quatro
das oito ocorrências totais do pronome de terceira pessoa ‘seu’.
O emprego dos tempos verbais também reflete o mergulho no “eu poético”,
escavando-se nas raízes do presente caótico um passado repleto de dramas
pessoais. Em “O que são meus versos”, estabelece-se uma ordem sucessiva de
fatos. Ao relacionamento edênico com a natureza na época de infância inocente
sucedem, como observado, golpes sofridos pelo “eu poético”, isto é, o
esvaecimento da infância, a desventura amorosa e o divórcio dos sonhos de glória
em função da perda traumática do pai, conteúdos dos segundo (vv.29-136),
terceiro (vv.137-198) e quarto (vv.199-255) segmentos, correspondentes a
duzentos e vinte e quatro versos, isto é, a grande parte do poema.
À primeira vista, esses passos corresponderiam a uma extensa digressão,
na medida em que a problemática central do poema gira em torno do segredo que
o “eu poético” deseja externar no presente, já apontado no próprio título e abordado
no primeiro segmento (vv.01-28). A passagem do primeiro para o segundo
segmento causa a impressão momentânea de suspensão da problemática central,
64
momento em que o “eu poético” se volta ao passado. Consequentemente, os
verbos dos segundo, terceiro e quarto segmentos apresentam-se flexionados no
pretérito. Com relação ao passado verbal, observa-se ainda uma nítida distinção no
uso do imperfeito e do perfeito. O primeiro é praticamente reservado a ações na
fase edênica da infância, em que o aspecto inconcluso denota a regularidade de
uma vida feliz e plena que será atormentada pelo futuro sombrio. O pretérito
perfeito, por sua vez, assinala a pontualidade dos fados profetizados pelo gênio,
inexoráveis e irreversíveis.
Assim é que, no segundo segmento, momento da infância, o tempo verbal
mais ocorrente e significativo é o pretérito imperfeito: ‘via’ (vv.51, 63, 114, 119 e
135), ‘exultava’ (v.57), ‘alcançava’ (v.58), ‘sabia’ (v.59), ‘ouvia’ (v.61), ‘sentia’ (v.64),
‘tentava’ (v.65), ‘dava’ (v.69), ‘deixava’ (v.77), ‘punha’ (v.82), ‘prendia’ (v.86),
‘contava’ (v.88), ‘escutava’ (v.89), ‘exclamava’ (v.90), ‘batia’ (v.106), ‘bramia’
(v.107), ‘fitava’ (v.111), ‘achava’ (v.112), ‘estavam’ (v.127), ‘vinha’ (v.125), ‘amava’
(vv.129 e 130), ‘escondia’ (v.133), ‘ria’ (v.134). Já no terceiro segmento, em que as
profecias começam a se verificar no devir do “eu poético”, o predomínio é de
verbos no pretérito perfeito: ‘julguei’ (v.138), ‘completou’ (vv.141 e 189), ‘calou’
(v.145), ‘viu’ (v.146), ‘sentiu’ (v.147), ‘tive’ (vv. 150 e 151), ‘criei’ (v.152), ‘vi’ (v.159),
‘fiquei’ (v.162), ‘escutei’ (v.163), ‘passei’ (v.169), ‘achei’ (v.170), ‘deu’ (v.172), ‘foi’
(v.185), ‘libei’ (v.186).
O quarto segmento, embora remeta igualmente ao passado, traz verbos
numa espécie de presente histórico, em que a fronteira entre os tempos da
enunciação e do enunciado se fundem, visto não haver a partir daí diferença entre
ambos no que diz respeito à afetividade. Passado próximo e presente equivalem-se
entre si no que diz respeito à desolação. A recordação do passado pouco a pouco
evanesce e mais adiante, na transição do quarto para o quinto e último segmento
(vv.256-271), o “eu poético” retorna ao presente propriamente dito, retomando o
ponto deixado em aberto nos versos 25-26: “(…) hoje quero/ O meu segredo
escrever”. A aparente digressão revela-se não um afastamento, mas, antes, o
desenvolvimento da questão central através da arqueologia das causas do atual
sofrimento, em que o mergulho no passado consiste num mergulho na história do
próprio “eu poético”.
65
O pretérito, tempo da narração, aqui nada tem de épico, pois, se “o autor
épico não se afunda no passado, recordando-o como o lírico”11, o “eu poético”
revisita o passado para recordá-lo, revelando um segredo trancafiado em sua
memória afetiva. “O meu segredo” constitui, portanto, um representativo exemplo
na poesia de Laurindo Rabello do “eu poético” que “fechado na sua imanência, e
na medida em que a Natureza deixou de ser a sua grande testemunha, ele cai na
angústia da finitude (…).”12 Tanto Natureza, quanto sociedade e, metonimicamente,
a mulher amada comportam-se como personagens sinonímicas a contribuírem para
o drama em torno da comunhão entre “eu poético” e outro.
3.2.3. Cólera e engajamento político
Na medida em que o “eu poético” nota distanciar-se a sociedade de suas
idealizações e não passar de teatro, em que máscaras ocupam o lugar de
sentimentos genuínos ou em que a iniquidade substitui a justiça, decorre um
ceticismo que por vezes chega às raias da cólera e do engajamento político. Em “O
jornaleiro”, o “eu poético” empreende com a poesia ataques a certo sujeito que se
utiliza da escrita para lançar a público insultos contra a honra. O objetivo do “eu
poético”, que mereceria elogio pela probidade, é levar à praça pública a referida
figura para que seja castigada pelos moleques em apedrejamento: “Trazer
pretendo o ganhador escriba,/ Qual jumento manhoso à praça pública/ E expô-lo
às apupadas dos moleques,/ Por quem apedrejado ser devia...” (vv.19-22)
O poema desenvolve-se com o acirramento das inventivas, manipulando-se
uma série de elementos referenciais, de modo a ficar cada vez mais identificável ao
leitor a figura que é criticada. O tal ‘jornaleiro’ é miguelista13, estudou no exterior, é
professor
de
Geografia
da
corte.
São
empregados
inclusive
elementos
caricaturescos e escatológicos para se intensificarem os golpes:
11
STAIGER: 1972, p.79
BOSI: 2002, p.248
13
Partidário de D. Miguel de Bragança (1802-1866), terceiro filho de D. João VI e rei de Portugal de
1828-1834, que tinha por características ideológicas principais o catolicismo e o tradicionalismo. D.
Miguel foi forçado a abdicar do trono de Portugal em 1834 a favor de D. Maria II, seguindo para o
exílio na Alemanha, onde viveu até a morte.
12
66
Eu não preciso retratá-lo ao vivo,
Descrever-lhe o carão, onde grudados
— Nos olhos — tem pedaços de vidraça,
O corpo infame, o bojo monstruoso,
Qual um balão de fedorentos gases;
E mostrar o letreiro que na fronte
— Em letras garrafais — diz “Ganhador”!
(vv.40-46)
Cada vez mais são lançados novos índices para identificação do outro
demonizado. Trata-se o ‘jornaleiro’ do redator de alguma folha, que ao invés de se
comprometer com a verdade, propaga a calúnia, pratica trapaças, detém um saber
inglório.14 A crítica, ao se avançar na leitura, torna-se mais violenta, com uma
enxurrada sem fim de imprecações. Abundam as exclamações, as interrogações,
as reticências, as frases interrompidas, que assinalam cólera extremada:
Sim, ó grão-Redactor (a ti me volvo),
Ao público amador — quero mostrar-te,
Pra que faça a justiça que mereces...
És qual tarpea rocha — inabalável
Em teu princípio firme — o da calúmnia —.
És herói dos heróis, quando se trata
De vis aduladores intrigantes!
Um singular portento és na mentira!
Tu és grande! és enorme!! porque arrumas
Patadas, couces mil, no mundo inteiro!!
A natureza pasma ao contemplar-te,
Julgando que não és uma obra sua!
Embasbaca-se o gênio das trapaças
Vendo brilhar o teu saber ingente!
Té o demo — de gosto — pinoteia,
— E berrando que tu, seu protegido,
Que és glória sua communica à terra!...
E no entanto ninguém teu pai se julga!...
(vv.50-67)
Após externar o ódio, o “eu poético” muda de ideia quanto à empresa inicial.
Desiste de arrastar à praça pública o infame ‘jornaleiro’. Julga um ato criminoso
14
Presume-se que a figura em questão seja o o jornalista Justiniano José da Rocha (1812-1862),
diretor do jornal O Brasil, órgão do Partido Conservador, lançado a 16 de junho de 1840. Foi
deputado geral por Minas Gerais por duas vezes nas décadas de 1840 e 1850. Publicou
anonimamente o panfleto Ação, reação, transação (1855). Fundou e dirigiu outros jornais, a exemplo
de O regenerador e O correio oficial, esse também vinculado político-ideologicamente ao governo.
Era professor de geografia, como inclusive Laurindo Rabello menciona nos versos 29-31 de seu
poema ("Quem não conhecerá o sábio lente,/ Que num certo colégio desta Corte/ Ciência geográfica
ensinava?"), tendo publicado um Compêndio de geografia elementar (1838). Justiniano José da
Rocha foi atacado por Manuel Araújo Porto-Alegre, no poema satírico intitulado “O ganhador”, donde
saiu o verso da epígrafe de “O jornaleiro”: “É igual a ti mesmo, a ti somente.” Fora satirizado também
na primeira de uma série de litografias satíricas feitas por Araújo Porto-Alegre, intitulada “A
campainha e o cujo”, que circulou anonimamente em 14 de dezembro de 1837 e apresentava o
jornalista recebendo um saco de dinheiro.
67
expor aos bons homens vis criaturas. Na verdade, o poeta deve prestar-se a
objetivos mais nobres e não rebaixar a lira à esdrúxula função de corrigir os torpes:
“É nobre o fim pra que o Poeta nasce;/ E não para amansar bestas bravias/ Ou
corrigir sicários sevandijas!…” (vv.110-112)
Em “Bando”, o “eu poético” exorta o povo baiano a comemorar o Dois de
Julho15, o rei dos dias. Celebrar a efeméride é mais do que simples comemoração.
Consiste numa verdadeira demonstração de bravura e liberdade. Se por vezes
certos remanescentes do passado sofrido do povo brasileiro mantêm-se no
presente, como o despotismo, o papel dos homens livres é promover a
manutenção da memória das lutas contra a escravidão. Integrante de um sujeito
coletivo, o “eu poético” coloca-se, pois, na obrigação de cantar a luta pela
liberdade, a favor dos valentes heróis que libertaram o povo baiano da tirania. Seu
canto busca ainda o congraçamento geral, para que a celebração do Dois de Julho
chegue a todos, como um banquete fraterno: “Todos os ódios se esqueçam,/
Demo-nos todos as mãos,/ E empenhemos nosso orgulho/ Em festejar dous de
julho,/ Em um banquete d’irmãos!” (vv.36-40)
Ante a força obtida pela união, não haverá por que temer o ressurgimento da
tirania ou a destruição da alegria que paira no festim. A celebração, tanto mais
pública, mais forte haverá de ser. Aspira o “eu poético” a uma manifestação com o
máximo de publicidade: comitivas, vivas, carro triunfal. Nem mesmo a noite, com
suas trevas, conseguirá ocultar o brilho do Dois de Julho: “Saia à noite, que não há
de/ Cobri-lo da noite o véu;/ Brandões hão de iluminá-lo,/ De luzes hão de banhálo/ Os candelabros do céu!” (vv.56-60)
A causa da liberdade também é cantada em “Mote a prêmio” e “Mote
improvisado em uma reunião patriótica”, ambos os poemas inspirados na Guerra
da Crimeia (1854-1856). Embora rivais, a obrigação de promover a justiça uniu a
França de Louis Napoleão III, sobrinho de Napoleão I, e a Inglaterra da rainha
Vitória, as potências do Ocidente. Avesso à tirania, o “eu poético” celebra a
investida contra os grilhões impostos ao povo turco pelo rei russo Nicolau I. As
conquistas alcançadas pelas potências do Ocidente são na verdade mais do que
meras vitórias em campo de batalha. Trata-se de um avanço na história da
15
O Dois de Julho corresponde a uma das mais significativas datas do calendário de festividades
baianas. Mesmo com a Independência do Brasil, as tropas portuguesas permaneciam ainda no solo
da ex-colônia. Somente a 2 de julho de 1823, depois de enfrentar duramente as forças do
comandante brasileiro José Joaquim de Lima e Silva, o exército de Portugal, enfim, fez sua retirada.
O episódio ficou conhecido então como a Independência da Bahia.
68
humanidade. Tomar Sebastopol, a base russa na península da Crimeia, símbolo da
atitude imperialista da Rússia, é um ato de justiça, tal como os gregos se
propunham ao embarcarem em comitiva para o cerco a Troia:
Hão de tomá-la!... arrastada
Do autócrata a bandeira,
Há de ser a pregoeira
Desta verdade sagrada:
“Que nações que pela espada
Pretendem usurpações,
Que, vis escravos, grilhões
Às suas irmãs destinam,
Ou como Troia terminam,
Ou deixam de ser nações.”
(vv.31-40)
Em “Mote improvisado em uma reunião patriótica”, o “eu poético” comemora
o sucesso das forças aliadas na Crimeia: “Que vejo?… a Rússia tremendo/ Sob
despótica espada?…/ Forte Hungria derrotada/ Entre cadeias gemendo,” (vv.01-04)
E à combalida Itália, aliada das potências do Ocidente, oferece o solo pátrio não só
como lugar hospitaleiro, bem como exemplo de liberdade para reforçar a inspiração
na luta contra o despotismo russo. O Brasil é um farol de liberdade, aceso pela
espada de D. Pedro I, o libertador do povo brasileiro.
A temática político-social é muito peculiar ao Romantismo, sobretudo nas
matrizes francesa e inglesa, em que os historiadores da arte e da literatura notam
evidente o discurso progressista. Arnold Hauser analisa o anticonservadorismo
romântico a partir do processo de idealização da Revolução Francesa, mesmo que
posteriormente se revelasse para algumas nações uma visão equivocada. Isso
explicaria a tendência posterior do Romantismo na Alemanha, que em princípio
experimentou certo afã pelos revolucionários, ao conservadorismo monarquista no
plano político-ideológico e ao classicismo na estética. Com as Guerras
Napoleônicas, as classes mais abastadas passaram a sentir na pele o verdadeiro
espírito revolucionário:
(…) agora que com o vitorioso exército francês as instituições da Revolução
Francesa ameaçavam propagar-se, essas forças empenharam-se na tarefa de
suprimir toda e qualquer espécie de liberalismo, e lutaram contra Napoleão,
sobretudo, como expoente da Revolução. (HAUSER: 1995, p.683)
69
Com relação ao Brasil, costuma-se enquadrar didaticamente a última
geração romântica, grupo a que pertence Castro Alves, na poesia de temática
sócio-política. No entanto, nota-se em autores de várias gerações do Romantismo
brasileiro o engajamento em questões sociais e políticas. Gonçalves de Magalhães,
precursor do movimento, celebrava a independência do Brasil e avaliava que a
colonização
portuguesa
fora
um
período
de
grande
prejuízo
para
o
desenvolvimento econômico, intelectual e artístico da nação. Mesmo os poetas da
segunda geração romântica, caracterizada pelo afundamento no individualismo,
praticaram a poesia de temática sócio-política, a exemplo de Junqueira Freire, com
o “Hino da cabocla”.
Em Laurindo Rabello, os poemas em que o “eu poético” manifesta
inquietações políticas apresentam sintomática em princípio análoga à do conflito
“eu poético” versus outro, quanto às pessoas do discurso. De um lado,
representando a primeira pessoa, encontra-se “eu poético”, a quem se opõe a
terceira pessoa, entidade não apenas em contraste, mas que desempenha o papel
de
antagonista.
Uma
primeira
diferença,
contudo,
faz-se
observar
na
caracterização da persona do “eu poético”. Não se trata mais da vítima
encapsulada num mundo particular. O “eu poético” foge ao estereótipo do ser
fragilizado, recalcado pela realidade hostil, na medida em que se torna ativo,
atacando verbalmente o outro. Em “O jornaleiro”, poema em que a agressividade
atinge dicção mais intensa, registra-se o emprego de imperativos verbais: “Tua
missão cumpriu-se!… é tempo, volta…” (v.100); “Vai-te! foge daqui! (…)” (v.105).
Outra
peculiaridade
consiste
na
mobilidade
das
personagens
que
representam as pessoas do discurso. Em “O jornaleiro”, num primeiro movimento
(vv.01-49), à maneira de exórdio, o “eu poético” fala da função social do poeta que
“a voz levanta,/ Em punho tendo o látego da sátira” (v.01-02) e de seu objetivo
central, “Trazer pretendo o ganhador escriba/ Qual jumento manhoso à praça
pública” (vv.19-20), descrevendo o alvo da crítica: um “sábio lente,/ Que num certo
colégio desta Corte/ Ciência geográfica ensinava” (vv.29-31). Após o preâmbulo, o
outro passa de terceira à segunda pessoa. O “torpe Jornaleiro” (v.13), figura agora
como um tu, interpelado ironicamente no vocativo “ó grão Redator” (v.50) e
enfatizado pelo parêntese “a ti me volvo” (v.50).
Consequentemente, no segundo movimento do poema (vv.50-112),
abundam verbos na segunda pessoa do singular: ‘mereces’ (v.52), ‘és’ (vv.53, 55,
70
57, 58, 61, 66, 71, 72, 75, 86, 89), ‘arrumas’ (v.58), ‘vens’ (v.71), ‘atiras’ (v.71),
‘encontraste’ (v.76), ‘vieste’ (v.78), ‘fixaste’ (v.80), ‘irás’ (v.82), ‘partires’ (v.82), ‘tens’
(v.83), ‘sejas’ (v.85), ‘hás’ (v.96), ‘revolveste’ (v.98), ‘volta’ (v.100), ‘foge’ (v.105).
Com relação especificamente ao verbo ‘ser’, seu emprego no poema destina-se
quase sempre à imprecação, em que os predicativos do sujeito se equivalem
paradigmaticamente, no sentido de trazerem palavras/sintagmas insultosos
explícita ou ironicamente:
“qual tarpea rocha inabalável [“Em teu
princípio firme o da calúnia”] (vv.53-54)
“herói dos heróis” [“quando se trata/ De vis
aduladores intrigantes!”] (vv.55-56)
“grande! (…) enorme!!” [“porque arrumas/
Patadas, couces mil”] (vv.58-59)
“abutre” (v.72)
“do zoilo invejoso a alma errante” (v.75)
“igual a ti mesmo, a ti somente” (v.86)
“homem” [“Na figura somente… em nada
mais!…”] (vv.89-90)
ÉS
Obviamente,
a
aproximação
discursiva
entre
as
personagens
que
representam as pessoas do discurso em “O jornaleiro” nada tem de empatia.
Corresponde, antes, a um artifício de linguagem que produz a sensação de
acercamento entre os contendores numa confrontação aberta, muito a caráter dos
debates retóricos, em que o orador se alterca com a parte adversária na
Confirmação (pistis), etapa do pronunciamento da oração.16 A convergência entre
as pessoas do discurso reduz-se ao limite insolúvel, pois as personae do “eu
poético” e do outro diferenciam-se em função de características éticas e políticas
bem delimitadas, o que impede a fusão total.
Por outro lado, em “Mote improvisado em uma reunião patriótica” e “Bando”,
o “eu poético” reúne-se ao tu, gerando um nós. Tal união é possível, pois,
contrariamente ao tu de “O jornaleiro”, a segunda pessoa nesses poemas mantém
com a primeira um elo de empatia, a saber, o desejo de liberdade, de justiça. O “eu
poético” e o tu são cúmplices na luta contra o outro, projetado na figura de nações
que ameaçaram ou ameaçam a independência seja do Brasil, seja de países
irmanados no mesmo propósito de autonomia política. Em “Mote improvisado em
uma reunião patriótica”, o povo brasileiro encarna no “eu poético”, que, ao invés da
16
O emprego de recursos retóricos na poesia de Laurindo Rabello será alvo de maiores
considerações no item “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”.
71
primeira pessoa do singular, manifesta-se verbalmente num nós solidário à Itália:
‘temos’ (v.09), ‘choramos’ (v.16). Os pronomes também reforçam a ideia de
coletividade: ‘nós’ (vv.12, 13 e 24), ‘nos’ (vv. 14 e 34), ‘nossos’ (vv.17, 21).
Em “Bando”, o “eu poético” exorta os baianos a comemorarem o Dois de
Junho, data associada à ideia de independência da Bahia. A segunda estrofe é,
assim, pontuada por verbos na segunda pessoa: ‘deixeis’ (v.06), ‘mostrai’ (vv.08 e
09), ‘sabeis’ (v.10). A partir da terceira estrofe, todavia, a distinção entre o vós
‘baianos’ e o “eu poético” se desfaz. A voz do poema coletiviza-se através do
emprego de pronomes e formas verbais relativos à primeira pessoa do plural: ‘nós
livres’ (v.16), ‘devemos’ (v.21), ‘vamos’ (v.32), ‘demo-nos’ (v.37), ‘empenhemos’
(v.38), ‘nosso orgulho’ (v.38), ‘nos esmagar’ (v.42), ‘nossa mesa’ (v.44).
3.2.4. Crítica ao convencionalismo social e literário
Por vezes, o enfrentamento entre “eu poético” e sociedade assume a forma
de zombaria, que põe em relevo o ridículo das convenções sociais e literárias. Em
“Mote [“De putas uma remessa”]”17, um certo João necessita urgentemente de um
fanchono, homossexual masculino, para saciar a premência sexual. A meio do
caminho é interceptado por prostitutas. Uma delas, notando-o um tanto ou quanto
aflito, aconselha-o a procurar o guardião do convento, que sempre dispõe desses
tipos. A sátira ao poder secular provoca riso a partir da incapacidade de o religioso
em formação transcender aos desejos da carne18, quebrando o voto de castidade
da forma mais condenável para a sociedade moralista do século XIX: a sodomia.
A crítica pode não ser exatamente contra a religiosidade em si, mas contra a
banalização da mesma, com a profanação de festividades cristãs. “Mote [“Porra no
cu não é festa”]” apresenta outra situação de sodomia, durante uma festa religiosa,
a noite do Espírito Santo. Fora o ato ocorrer às escondidas, num canto de barraca,
17
Este como vários outros poemas abordados neste item foram publicados postumamente na
compilação de 1882, que apresenta sérios problemas edóticos. Entretanto, aqui se incluíram, já que
se trata de um estudo abrangente acerca dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, sem a menor
pretensão, pelo menos por enquanto, de se discutirem a qualidade filológica e autenticidade dos
textos, que será feito na próxima seção deste trabalho, “4. A tradição dos poemas atribuídos a
Laurindo Rabello”.
18
Como visto anteriormente, a poesia romântica é marcada de maneira geral pelo transcendentalismo
cristão. A incapacidade de ascese do religioso, assim, constitui mais do que uma sátira à igreja, mas
à própria apologia à essência espiritual, tão cara ao homem romântico e à sociedade oitocentista
brasileira, educada na tradição católica.
72
enquanto se prolonga a festividade do calendário cristão, a comicidade explora
ainda a relação hierárquica que há entre os parceiros. O ativo provavelmente
advém da burguesia, já que recebe a designação de “um sacana de alto abono”
(v.03). Por outro lado, ao passivo atribui-se apenas o epíteto depreciativo de
“fanchono” (v.02), talvez um prostituto que por lá se vendesse.
Em “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, uma figura feminina do Paço Imperial
demonstra tamanha destreza ao masturbar o parceiro. A derisão reside na
exposição de uma situação aparentemente contraditória: a virgem, que em
princípio não seria iniciada sexualmente, detém habilidade de masturbar um
homem. O cômico intensifica-se com os últimos detalhes da cena, na medida em
que se explicita a hipocrisia quanto ao tabu da virgindade. A moça, embora não
aquiesça à consumação do coito, em tudo consente no que diz respeito às carícias
preliminares.
A crítica ao convencionalismo literário com emprego de obscenidade
verifica-se ainda em paródias do imaginário greco-latino. “Mote [“Priapo teve um
ataque”]” insere-se na tradição da poesia priapesca, que retoma uma das
divindades antigas que mais sofreram o processo de expurgo cultural praticado
pela moral judaico-cristã: Priapo, o deus-falo da fertilidade. No poema, Priapo
queda exausto numa lida sexual com duas prostitutas, para grande tristeza delas.
Mas, ao ver um jovem virgem, reergue-se novamente, retomando o conhecido
aspecto.
Em “Mote [“As Graças mostram o cu”]”, conta o “eu poético” ter visto um
quadro que lhe provocou ereção. A pintura, não obstante apresentar personagens
da mitologia greco-latina, como Vênus, Vulcano e novamente Priapo, foi trabalhada
de maneira lasciva, ao invés da contenção característica da arte classicista. O
artista representou explicitamente as genitálias dos deuses. Outro aspecto que
chama a atenção do “eu poético” é o dinamismo dos corpos dos deuses. Enquanto
as deusas fazem sexo, Cupido masturba-se e, ao atingir o êxtase, faz jorrar sêmen
sobre todos. Mesmo findas as cópulas divinas e satisfeitos os convivas, têm início
rodas de dança, dando prosseguimento ao festim. No poema, misturam-se,
portanto, o elemento clássico com o local, na medida em que os deuses do Olimpo
se entregam ao pagode animado pelo lundu.19 Embora o deus músico Apolo se
19
O termo ‘lundu’ é empregado nesta tese apenas como designativo de um tipo de canção que, de
acordo com Mário de Andrade, “foi conhecido durante o primeiro Império e, no séc. XIX, depois de ter
frequentado os salões familiares, caiu em desuso.” (ANDRADE: 1999, p.291)
73
canse de alegrar a festa com a rabeca, Vênus alcança deixá-lo ainda excitado e o
leva ao orgasmo.
A explicitação das genitálias e do ato sexual em cenas envolvendo
divindades do Olimpo pode, aos olhos atuais, não ser iconoclástica quanto à
tradição clássica, a despeito de vários poetas greco-latinos terem produzido
poemas que o mundo moderno considerou licenciosos. Sirvam de exemplo as
Metamorfoses de Ovídio, censuradas em pleno século XX na edição de Antonio
Vallardi, publicada na Itália em 1942, em cujo livro segundo foram cortados 45,4%
dos versos originais. A transmissão da literatura clássica até bem pouco tempo
atrás20 sofria os influxos de forte censura bibliográfica, ao menos no contexto
escolar. Silva Bélkior21 constata que edições da obra de Quinto Horácio Flaco
também foram alvo de censura, no tocante ao vocabulário ou trechos do texto.
Fábio Moniz22 mostra como, em edição de 1685 dos poemas de Catulo, Tibulo e
Propércio, dirigida à formação do delfim, futuro rei de França, a repressão à
obscenidade na poesia latina reflete a preocupação com a educação do futuro
monarca. Em outro estudo, Moniz23 avalia como a reforma educacional de Marquês
do Pombal influenciou na leitura dos clássicos, através da instituição de uma
cartilha dirigida os professores de letras clássicas, as Instruções para os
professores de gramática latina, grega, hebraica e de retórica (1759). No
documento, o estadista português prescreve aos mestres o cuidado não só com a
seleção de edições de clássicos, citando inclusive as mais preferíveis, bem como
de passagens dos textos.
No continuum da transmissão da literatura greco-latina, assinala-se a
manipulação edótica dos clássicos em edições escolares para que se adéquem à
boa moral, servindo ao paradigma de ordem, harmonia, virtuosismo. As paródias
de Laurindo Rabello envolvendo o imaginário clássico constituem, pois,
iconoclastia, na medida em que se tem em conta que no ensino institucionalizado
brasileiro oitocentista os textos dos autores greco-latinos que se liam eram
expurgados de trechos e vocabulário alusivos ao ato sexual. Por vezes, excluíamse poemas inteiros das edições.
20
A primeira tradução integral e não atenuada dos carmina de Catulo para o português foi publicada
no Brasil em 1995, sob a responsabilidade de João Ângelo de Oliva Neto (NETO: 1995).
21
BÉLKIOR: s.d.
22
MONIZ: 2007
23
Idem: 2009
74
A crítica ao convencionalismo literário nos poemas obscenos atribuídos a
Laurindo Rabello chega ao deboche do próprio “eu poético”, entidade máxima
celebrada pelo Romantismo, parodiando sua fragilidade e impotência. Mário de
Andrade comenta a “choradeira sistematizada”24 das modinhas brasileiras do
Segundo Império, cujas letras frequentemente eram poemas de autores românticos
como Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de
Abreu, Castro Alves e, inclusive, Laurindo Rabello, ou textos de poetas menos
conhecidos e de anônimos, que falavam de amores não correspondidos, traições e
demais desventuras amorosas, motivos emprestados da poesia romântica.
O “eu poético” de “Mote [“Já não tenho mais tesão”]” recorda triste um
passado de virilidade, em que fodeu “com porra fera/ Mulatas, brancas e pretas,
(…)” (v.07) A potência do outrora verteu-se na impotência do presente. Agora o
melhor que pode fazer é contentar-se com a masturbação. Em “Mote [“Sebo!
Caguei! ‘Stou zangado”]” o “eu poético” até desfruta de potência sexual, mas, ao
atingir o orgasmo, suja as calças com o próprio excremento, como um homem senil
e decrépito que perdeu o controle sobre as funções vitais do corpo: “Porém, tendome esporrado,/ No diabo da coruja,/ Fiquei com a calça suja…/ Sebo! Caguei!
‘Stou zangado!” (vv.07-10) “As rosas do cume” faz graça a partir da ambiguidade
da palavra ‘cume’: por um lado, sinônimo de ponto elevado da serra, onde uma
roseira é plantada; por outro, o substantivo ‘cu’ justaposto ao pronome pessoal do
caso oblíquo ‘me’. À referenciação à primeira pessoa junta-se, portanto, a remissão
ao ânus, presente em várias situações cômicas no poema. O “eu poético” é, assim,
reduzido simbolicamente a um ânus frequentado pela Natureza: o ânus que recebe
24
ANDRADE: 1980, p.05
75
as carícias do vento, os beijos da borboleta, a assepsia das chuvas de inverno,
etc..
Os poemas atribuídos a Laurindo Rabello em que se emprega a
obscenidade com o fim de sátira ou paródia do convencionalismo social e literário,
portanto, irmanam-se num traço comum de linguagem, a saber, termos de baixo
calão alusivos a a) ato sexual: ‘punhetear’25, ‘foda’26, ‘fodida’27, ‘tesão’28, ‘esporrar’29,
‘punheta’30, ‘foder’31, ‘fornicar’32; b) partes/regiões do corpo humano associadas ao
ato sexual: ‘cabaço’33, ‘trouxa’34, ‘cu’35, ‘porra’36, ‘cono’37, ‘sundo’38, ‘pica’39, ‘greta’40,
‘caralho’41, ‘pomba’42, ‘pombinha’43, ‘bunda’44, ‘cono’45, ‘culhões’46, ‘encaralhado’47,
25
“Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, v.03
“Outro [“Nariz no cu não é festa.”]”, v.01; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.22; “Décima [“Por
aqui uma só vez”]”, v.05; “Outra [“Estou com Márcia uma hora”]”, v.09
27
“Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, v.03
28
“Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, v.17; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.36; “Mote [“Já
não tenho mais tesão”]”, v.04; “Mote [“Uma amizade sincera”]”, v.01; “Mote [“Estava eu mete não
mete”]”, v.16; “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.34
29
“Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, v.39; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.39
30
“Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.13; “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”, v.09; “Mote [“Não
posso mais aturá-lo!”]”, v.04
31
“Décima [“Certa mulher de um marquês”]”, vv.02 e 03; “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”, v.07;
“Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.02; “Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”]”, v.02; “Décima
[“No A B C de Cupido”]”, v.10; “Mote [“A pombinha de meu bem”]”, v.02; “Outra [“Estou com Márcia
uma hora”]”, v.02
32
“Mote [“Já não tenho mais tesão”]”, v.06
33
“Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, v.05; “Mote [“A pombinha de meu bem”]”, v.08
34
“Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, v.08
35
“Mote [“Porra no cu não é festa”]”, v.06; “Outro [“Nariz no cu não é festa.”]”, vv.06 e 09; “Mote [“As
Graças servem à mesa”]”, vv.09, 27 e 35; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, vv.10 e 37; “Décima
[“Certa mulher de um marquês”]”, v.09); “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.06; “Décima [“Por
aqui uma só vez”]”, v.09; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.02
36
“Mote [“Porra no cu não é festa”]”, v.10; “Décima [“Certa mulher de um marquês”]”, v.06; “Mote
[“Uma amizade sincera”]”, vv.06 e 09; “Décima [“Por aqui uma só vez”]”, v.09; “Décima [“No A B C de
Cupido”]”, v.06; “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, vv.09 e 12; “Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]”,
v.09
37
“Outro [“Priapo teve um ataque”]”, v.01; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.06; ““Décima [“No A
B C de Cupido”]”, v.10; “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.38
38
“Outro [“Priapo teve um ataque”]”, v.07; “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, v.31
39
“Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.04; “Mote [“Uma amizade sincera”]”, v.02; ““Décima [“No A B
C de Cupido”]”, v.09; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.01
40
“Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.12
41
“Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”, v.03; “Outra [“Caralho grosso e de arromba”]”, v.01;
“Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.09; “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.39
42
“Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.04; “Outra [“Caralho grosso e de arromba”]”, vv.04 e 07
43
“Mote [“A pombinha de meu bem”]”, v.04
44
“Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.08; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.09
45
“Décima [“Por aqui uma só vez”]”, v.06
46
“Mote [“Os culhões de José Félix”]”, v.04
47
“Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.19
26
76
‘pentelho’48, ‘badalo’49; c) excrementos e secreções: ‘gozar’50, ‘esporradela’51,
‘esporrar’52, ‘cagar’53; d) prostituição ou sodomia: ‘puta’54, ‘fanchono’55, ‘puto’56,
‘putanheiro’57, ‘putaria’58, ‘putinha’59.
Outra característica diz respeito à superficialidade na representação poética
do “eu poético” ou até mesmo ao seu apagamento discursivo. No primeiro caso,
estão poemas em que se atestam, por exemplo, verbos ligados aos sentidos da
percepção, sentimentos e sensações (verbos sentiendi), na primeira pessoa do
singular, mas que expressam noção genérica ou limitada ao órgão da visão,
contribuindo na caracterização de um “eu poético” sem densidade psicológicosensorial e limitado ao aspecto material da realidade. O verbo sentiendi que
expressa sensação mais precisa, ‘gozar’, remete mais à mecanicidade do coito do
que propriamente ao clímax do prazer sexual. Cotejem-se abaixo os verbos
sentiendi colecionados dos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello em
contraste com os de “O meu segredo”, em que o “eu poético” se projeta mais no
tecido verbal, conforme analisado anteriormente:
poemas obscenos
‘ver’60,
‘achar’61,
‘admirar’62,
64
65
‘encontrar’ , ‘sentir’ , ‘gozar’66
48
“O meu segredo”
‘divisar’63, ‘ver’, ‘amar’, ‘rir’, ‘sentir’, ‘escutar’, ‘contemplar’,
‘odiar’67
“Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.29; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.03
“Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.07
50
“Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.03
51
“Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”, v.09
52
“Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”]”, v.07
53
“Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”]”, v.10
54
“Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, vv.10; “Outro [“Nariz no cu não é festa.”]”, vv.02 e 07; “Outro
[“Priapo teve um ataque”]”, v.06; “Mote [“De putas uma remessa”]”, v.04; “Décima [“Certa mulher de
um marquês”]”, v.10; “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”, v.05; “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”,
v.02; “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.07; “Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”]”, v.02
55
“Mote [“Porra no cu não é festa”]”, v.02; “Mote [“De putas uma remessa”]”, v.02
56
“Mote [“Porra no cu não é festa”]”, vv.02 e 08; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, vv.02, 05 e 08
57
“Outro [“Nariz no cu não é festa.”]”, v.09
58
“Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.19
59
“Décima [“Certa mulher de um marquês”]”, v.05
60
“Décima [“Junto a uma clara fonte”]”, v.04; “Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]”, v.01; “Décima [“Por
aqui uma só vez”]”, v. 03
61
“Mote [“A pombinha de meu bem”]”, v.03
62
“Décima [“Junto a uma clara fonte”]”, v.16
63
“Décima [“Junto a uma clara fonte”]”, v.17
64
“Décima [“Junto a uma clara fonte”]”, v.20; “Outro [“Alma pura e rosto d’anjo”]”, v.10
65
“Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.39; “A fruta”, v.44
66
“Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.03
67
Respectivamente vv. 97, 114, 119, 128, 130, 134, 135, 147, 159, 162, 163, 241, 242, 266.
49
77
Quanto aos poemas em que o “eu poético” se apaga discursivamente,
embora haja formas verbais na primeira pessoa do singular, a exemplo de
‘encontrei’, ‘disse’ (“Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, vv.06 e 08) e ‘vi’
(“Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.01), os verbos sentiendi circunscrevem-se à
percepção através do órgão da visão. Em “Mote [“As Graças servem à mesa”]”,
chega a haver certa impessoalização, com o uso da terceira pessoa na descrição
das cenas: “Vê-se que, com gentileza,/ Um pagode ali se arvora (…)” (vv.07-08);
“Também por entre estas cenas/ Da nação vê-se o Tesouro” (vv.11-12). Os poucos
verbos na primeira pessoa do singular ocorrentes denotam, portanto, o testemunho
e depoimento de uma realidade que se pretende descrever objetivamente. Remetem
à percepção através do órgão da visão, mas sem assinalar as sensações que o “eu
poético” experimenta diante daquilo que presenciou e que relata, o que conduzira a
uma poesia mais para o erótico do que para o pornográfico e, por conseguinte,
menos contundente quanto ao poder de crítica e de derisão. Daí também a
abundância de termos obscenos, conforme listado supra, que enfatizam a
carnalidade do ato sexual.
Com relação à utilização de pronomes, não se observam nos poemas que
satirizam e parodiam os convencionalismos da sociedade nem a oposição “eu
poético” versus outro, nem tampouco a sistemática autoreferenciação do “eu
poético”. A maior ocorrência é de pronomes referentes à terceira pessoa do
discurso: ‘lhe’ (“Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, vv.05, 06 e 09; “Mote [“Porra no
não é festa”]”, v.05; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.36), ‘ele’ (“Mote [“Vá pra
puta que o pariu!”]”, v.5), ‘ela’ (“Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, v.06; “Outro [“As
Graças mostram o cu”]”, v.35). As formas pronominais, portanto, refletem o
deslocamento de foco do “eu poético” para o outro, por não se tratar de uma poesia
mergulhada na individualidade do “eu poético”, atormentado por questões pessoais
ou pela força coercitiva da realidade, porém da ridicularização de uma terceira
pessoa, ainda que simbólica.
Mesmo nas paródias do “eu poético” fragilizado, não se registra o pronome de
primeira pessoa do singular no caso reto, apenas no caso oblíquo, o que, de resto,
está de acordo com a baixa frequência de verbos na primeira pessoa do singular. O
pronome possessivo ‘meu’ e flexões, também pouco frequentes, articulam-se
sintaticamente com substantivos que quase nada comunicam acerca do “eu
poético”, se comparado com “O meu segredo”:
78
poemas obscenos
“O meu segredo”
‘gado’68, ‘caralho’69, ‘bela’70, ‘porra’71, ‘mal’72, ‘fado’ (v.36), ‘gosto’ (v.43), ‘lábio’ (v.44), ‘ais’
‘razão’73,
(v.45), ‘pranto’ (vv.46 e 229), ‘alma’ (vv.57, 91,
147, 167, 203, 244, 246 e 268), ‘loucura’
(v.186), ‘dor’ (v.251)
68
“Mote [“Junto a uma clara fonte”]”, v.01
“Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”, v.03
70
“Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”, v.08
71
“Mote [“Uma amizade sincera”]”, v.09
72
“Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.16
73
“Outra [“Estou com Márcia uma hora”]”, v.08
69
80
3.3. Linguagem e técnica versificatória em Laurindo Rabello
A linguagem em Laurindo Rabello constitui mais do que uma questão
desenvolvida no plano do conteúdo, por exemplo, como instrumento de que o “eu
poético” de “A linguagem dos tristes” lança mão na construção do boicote à
sociedade. Como se salientou no item “3.1. Recepção crítica” deste trabalho, alguns
críticos literários perceberam certa diversidade de dicções em sua poesia. Eduardo
de Sá Pereira de Castro, no prefácio à compilação de 1867, fala da aptidão do poeta
desde cedo para variados estilos de poesia, do lírico ao obsceno, passando pelo
épico e satírico. Em “Quatro vultos”, apêndice à Biblioteca do instituto dos bacharéis
em letras (1867), Anastácio Luiz do Bonsucesso nota em Laurindo Rabello a
universalidade da linguagem, compreensível tanto para o homem erudito, quando
para o humilde. Agripino Grieco, na Evolução da poesia brasileira (1932), sublinha a
mistura de tons “galhofeiro e elegíaco, de lirista e pornográfico.”1 Alfredo Bosi, na
História concisa da literatura brasileira (1994), sugere uma investigação acerca da
interface entre “a linguagem do povo, da classe média e dos grupos de prestígio nos
meios urbanos”2 na poesia de Laurindo Rabello.
De fato, quem quer que leia alguns versos de “No álbum duma senhora” e
logo em seguida, de “Mote [“Pagode sem bebedeira”]”, não deixará de sentir
diferenças concernentes não apenas à caracterização das segundas pessoas do
discurso, bem como às situações, recursos versificatórios e até ao léxico presentes
em ambos os poemas. Se “No álbum duma senhora”, o “eu poético” interpela a
interlocutora idealizada por meio do vocativo ‘ó Virgem’ (v.21), em “Mote [“Pagode
sem bebedeira”]” a figura feminina desce dos píncaros para deambular pela
mundanidade das patuscadas, o que inclusive é motivo de perplexidade: “Márcia, o
que fazes?” (v.06) Quanto à técnica versificatória, têm-se no primeiro poema
decassílabos com seus quebrados de seis sílabas, de longa tradição erudita italiana,
em oposição à décima em redondilha maior, estrofe e metro por demais populares
no Brasil oitocentista. Some-se ainda o emprego de palavras como ‘feira’ (v.01),
‘bebedeira’ (v.04), ‘asneira’ (v.05), ‘pagode’ e ‘vinho’ (v.09) que conferem ao
segundo poema um tom descontraído e popular em oposição, por exemplo, à
tragicidade patente em ‘lágrima(s)’ (vv.23-24), ‘pranto’ (vv.27 e 31), ‘morto(s)’ (vv.28
1
2
GRIECO: 1944. p.29.
BOSI: s.d., p.115
81
e 32) e ‘mortuário’ (v.31), opções lexicais tão sintomáticas do lirismo sentimentalista
romântico.
Tal diversidade de linguagens é facilmente flagrada através da leitura de
qualquer uma das compilações post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo
Rabello, que se editaram ao longo da história. O contraste de dicções atinge o
máximo, quando se lê a compilação de 1882, em cuja parcela significativa de
poemas toma vulto o vocabulário pornográfico ou escatológico, consoante o exposto
no item “3.2.4. Crítica ao convencionalismo”. Assim a primeira impressão é de essa
diversidade ou, no dizer de Anastácio do Bonsucesso, ‘universalidade’, dar-se por
adequação à situação poética requerida ao poeta, que ora se subscreve às
convenções poéticas e linguísticas de uma elite cultural, ora permite sua musa flertar
com “outra sociabilidade – a do botequim, a das tertúlias masculinas (…).”3 Daí
deriva a cisão da obra poética de Laurindo Rabello por parte dos críticos, que até
recentemente se limitavam em prol do pudor a falar apenas dos poemas de
linguagem ‘impecável’, mantendo no mais absoluto sigilo os obscenos. Haja vista a
atitude censória de Antenor Nascentes, ao organizar sua compilação: “Só não
incluímos poesias eróticas. Fiquem elas no inferno da Academia, onde Constâncio
Alves as depositou.”4
Antes de mais nada, é mister levar-se em consideração que a primeira
compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello data de 1867, isto
é, três anos após a morte do poeta. A mais recente, organizada por Antenor
Nascentes, teve a sua primeira edição em 1963, sendo reeditada em 1966 e em
1986, essa última póstuma até mesmo ao próprio compilador, falecido em 1972.
Nascentes reuniu um total de noventa e seis poemas, sendo que apenas vinte e dois
desses foram com efeito publicados em Trovas por Laurindo Rabello. Os setenta e
quatro restantes vieram de recolhas de outros compiladores e de cancioneiros de
modinhas e lundus, como será discutido detalhadamente neste trabalho, mais
adiante na seção “4. A tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello”.
Processou-se, assim, um aditamento desordenado de recolhas aos poemas de
Trovas, que causou a desfiguração da estrutura original do livro, em que se observa,
não uma indefinição mas uma transição de linguagens, desde uma eloquência e
poética sofisticadas até uma dicção mais singela.
3
4
CANDIDO: 1997, p.146
apud RABELLO: 1963, p.09
82
Por trás da aparente simplicidade, Trovas não é uma mera recolha de
poemas que Laurindo Rabello desejou resgatar da efemeridade dos jornais. Atentese de início para o fato de se terem limado poemas publicados anteriormente em
periódico5, alterando, acrescentando ou suprimindo-se versos. Esse processo seria
ainda continuado, quando da segunda edição (1855) e da republicação na Marmota
Fluminense (1857). Além disso, o livro articula-se numa estrutura binária, em duas
seções. A primeira caracteriza-se por poemas de extensão, metros e sistemas
estróficos variados, de trinta e seis versos (“No álbum duma senhora”) até duzentos
e setenta e um (“O meu segredo”); e a segunda, por poemas de forma fixa: sete
sonetos.
Sendo assim, a humildade de Laurindo Rabello, ao declarar no prefácio ser
seu livro “uma coleção das trovas, em grande parte já publicadas”6, consistiria em
mero artifício de retórica, numa primeira hipótese de leitura. Não há como um poema
de duzentos e setenta e um versos, ou mesmo um soneto, serem considerados uma
trova, na acepção mais restrita à técnica versificatória, enquanto gênero popular
estruturado em quadras heptassilábicas. Em outra linha de interpretação, Laurindo
Rabello intitularia o livro Trovas, valendo-se de uma significação menos técnica,
geralmente aplicada à designação de poemas de menor valor ou letras de cantigas.
O poeta, portanto, estimaria seus poemas peças singelas, expressões da alma, não
obstante a prolixidade de alguns, e assim faria sentido classificá-los como trovas,
quase bagatelas.
A segunda linha de interpretação ganha força, ao se tomar como
programático “O que são meus versos”, poema de abertura do livro. Nele o “eu
poético” questiona o valor de seus versos. Se por um lado o vate “da glória recebe
sobre a arena/ As palmas, que lhe of’rece o entusiasmo; (…).” (vv.11-12), por
outro, o “eu poético” sente-se desprezado, incapaz de captar a atenção dos
homens. São arroladas várias facetas do poeta, a saber, o poeta dotado de
inspiração divina, o poeta que influencia o mundo com a poesia, o poeta que
desfruta na alma das fontes de ternura, do belo, ou ainda o poeta que inflama os
povos com sua paixão e por isso recebe a glória. O “eu poético”, porém, considerase aquém de todas elas. O desgosto lhe impede os versos de movimentarem
5
Laurindo Rabello publicou “Estragos de amor” n’A voz da juventude: revista do Ginásio Brasileiro, de
15/07/1849, pp.06-07. No mesmo periódico, publicou ainda “A minha resolução”, em 15/07/1850,
pp.30-31.
6
RABELLO: 1853, p.03
83
sequer os ecos. As únicas fontes de que sua alma dispõe são fontes de agonia,
muito distantes das fontes da formosura. Desprezado pela sociedade, afundando
na própria tristeza, aguarda não os louros da vitória, mas a coroa do martírio, feito
Cristo seguindo em paixão. Por não alcançar a elevação espiritual do vate,
reconhece então que seus versos nem devem ser considerados como tais. Na
verdade, trata-se somente da expressão da dor vertida ao mundo pela alma com
espontaneidade. A poesia, assim, é fruto de sinceridade e humildade.
Novamente, insinua-se um artifício de retórica que pode propiciar visão
equivocada acerca da poesia de Laurindo Rabello, assim como induziu alguns
críticos ao erro com relação à poesia romântica de maneira geral. Trata-se do mito
da espontaneidade romântica ou, nas palavras de Péricles Eugênio da Silva Ramos,
da “teoria do desleixo romântico”7, que levou, por exemplo, Joaquim Matoso Câmara
Júnior a sustentar que os poetas românticos brasileiros tinham “relutância a um
trabalho posterior de revisão e polimento e a insubordinação aos cânones
tradicionais.”8 As modificações a que Laurindo Rabello procedeu nos poemas
publicados primeiramente n’A voz da juventude, compilados nas duas edições de
Trovas e republicados na Marmota fluminense já bastariam para demonstrar o quão
leviana é a afirmação de que os poetas românticos brasileiros eram avessos “a um
trabalho posterior de revisão e polimento”. Além de Laurindo Rabello, há material
suficiente documentando que poetas considerados como primeiro escalão do
Romantismo brasileiro, a exemplo de Gonçalves Dias, também costumavam alterar
textos, o que de resto consiste num modus operandi bastante comum no processo
de criação literária em escolas e épocas diversas, ainda que após a publicação da
obra.
Algumas alterações feitas por Laurindo Rabello conferem, inclusive,
padronização rítmica a versos que, na lição da primeira publicação, fugiam à
uniformidade, o que a priori não condiria com a repugnância do poeta romântico à
monotonia. À guisa de exemplo, examinem-se os versos 25-32 de “A minha
resolução”, poema em oitavas de versos heptassilábicos. Na coluna esquerda da
tabela infra, transcreveu-se poema tal como na lição d’A voz da juventude, primeira
redação de que se tem registro, ao passo que, na coluna direita, o poema está de
7
8
RAMOS: s.d., p.15
COUTINHO: 1956, p.602
84
acordo com a lição de Trovas, em primeira edição, grifando-se as palavras que
foram modificadas:
A voz da juventude (1849)
Cresce a planta, e frutos brota
Num só lugar vegetando,
Só enquanto vai achando
Terra própria ao seu viver;
Porém quando a terra estéril
A seus dias é veneno,
Ela vai noutro terreno
As raízes estender.
Trovas, 1a.ed. (1853)
Nasce a planta, a planta cresce,
Vai contente vegetando,
Só por onde vai achando
Terra própria à seu viver;
Mas se acaso a terra estéril
Às raízes lhe é veneno,
Ela vai noutro terreno
As raízes esconder.
Não foram localizados nesta pesquisa documentos autógrafos9 que elucidem
objetivamente as razões que levaram Laurindo Rabello a alterar seus poemas. Por
outro lado, nota-se que, para além de qualquer motivação, as modificações
causaram sensíveis diferenças quanto à distribuição de acentos internos dos versos.
Na lição d’A voz da juventude, o verso 25 estrutura-se em iambos10 (U –),
estabelecendo-se um ritmo que no verso 26 é quebrado pela sucessão de três
troqueus (– U), mas retorna ainda nesse mesmo verso. Os versos 27-28, por sua
vez, seguem em pés trocaicos e, somente ao fim do 28, tem-se um trocaico
catalético11, o que se justifica em função da pausa maior marcada pelo ponto-evírgula. O verso 29 é aberto com nova alteração do ritmo, com a substituição dos
troqueus por iambos. Nos versos 30-32, o ritmo torna a se compor de troqueus e,
apenas na finalização do 32, há um catalético, já que se trata de fim de estrofe, isto
9
Diferente é o caso d’A Confederação dos Tamoios, cujas variantes autorais são iluminadas por uma
carta enviada por Gonçalves de Magalhães a Pedro II em 1859, em que não só expõe as razões que
o levaram a alterar o texto de 1856, que apareceria modificado depois na edição brasileira de 1864,
bem como pormenoriza as modificações. Cf. MONIZ: 2008, pp.20-28.
10
Os pés clássicos (iambo, troqueu, dátilo, anapesto, espondeu, etc.) consistem em unidades
métricas mínimas em que se combinam duas ou três sílabas longas ou breves. Como não há nas
línguas neolatinas a categoria fônica de quantidade, mas a de tonicidade silábica, os poetas valem-se
de arranjos de sílabas átonas e tônicas em lugar respectivamente das breves (U) e longas (–) e assim
buscam adaptar em seus idiomas a musicalidade que apreendiam da poesia clássica.
11
O troqueu catalético corresponde a um troqueu (– U) sem a thesis, isto é, sem a sílaba breve, que
vem após a longa no mesmo pé, denominada arsis. A última sílaba do verso clássico era denominada
anceps, também classificada por alguns tratadistas como ‘indiferente’, porque não importa se se
emprega uma breve ou uma longa ao fim do verso, já que a passagem de um verso ao outro
implicaria em pausa e compensaria em termos de tempo a falta de uma sílaba, explicando-se assim a
presença encontradiça de pés cataléticos no final de versos. Essa concepção versificatória deriva de
uma visão orgânica da relação entre os versos, enquanto constructos fônicos, o que de certa maneira
os poetas românticos brasileiros demonstram seguir através da sinafia e sinalefa/compensação entre
versos que será mostrada em momento oportuno ainda neste trabalho, mais um indício de que a
poesia clássica ainda exercia grande influência no Brasil da segunda metade do século XIX, mesmo
em pleno Romantismo. Fazem sentido, portanto, as palavras elogiosas de Augusto Emílio Zaluar,
segundo o qual os poemas de Laurindo Rabello mostravam-se “formas mais clássicas” (apud
RABELLO: 1946, p.74), como se viu anteriormente no item “3.1. Recepção crítica”.
85
é, de pausa maior na transição de um verso para o outro. De qualquer forma, esses
matizes rítmicos perderam-se da primeira para a segunda versão, em que Laurindo
Rabello optou pela monotonia rítmica nos oito versos, elaborados somente em pés
trocaicos, o que ainda foge ao uso comum do heptassílabo, pelo fato de esse tipo de
verso não ter posição fixa de acentos internos como o eneassílabo, decassílabo,
hendecassílabo e dodecassílabo. Observe-se a tabela infra, com especial atenção
para os versos 26 e 29, em destaque:
–U
Cresce a
U–
Num só
–U
Só en–U
Terra
U–
Porém
–U
A seus
–U
Ela
–U
As ra-
A voz da juventude (1849)
–U
–U
–U
planta e
frutos
brota
U–
U–
–U
lugar
vegetando
–U
–U
–U
quanto
vai achando
–U
–U
– (U)
própria ao
seu viver
–U
–U
–U
quando a terra estéril
–U
–U
–U
dias
é veneno
–U
–U
–U
vai noutro terreno
–U
–U
– (U)
ízes
estender
Trovas, 1a.ed. (1853)
–U
–U
–U
Nasce a
planta a
planta
–U
–U
–U
Vai contente
vege–U
–U
–U
Só por
onde
vai a
–U
–U
–U
Terra
própria a
seu vi–U
–U
–U
Mas se acaso a
terra es–U
–U
–U
Às raízes
lhe é ve–U
–U
–U
Ela
vai noutro ter–U
–U
–U
As raízes
escon-
–U
cresce
–U
tando
–U
chando
– (U)
ver
–U
téril
–U
neno
–U
reno
– (U)
der
Nem todos os versos do poema, contudo, ganharam uniformidade rítmica da
primeira para a segunda versão. Analisem-se, por exemplo, os versos 33-40, da
oitava imediamente seguinte. Os versos 33-35 estão em troqueus, construindo-se
um ritmo que será interrompido nos versos 36 e 37, estruturados em iambos, mas
que possuem cada qual ao fim um troqueu catalético. Nos últimos três versos da
estrofe, o ritmo volta a ser de troqueus. A mudança de ritmo que ocorre da virada do
verso 35 para o 36 e do 37 para o 38, diferentemente da oitava anterior, permanece
na segunda versão:
A voz da juventude (1849)
Trovas, 1a.ed. (1853)
86
–U
Segue
–U
Cora–U
CoraU–
Por que
U–
S’aque–U
Te des–U
Cora–U
Busca
–U
pois es–U
ção por–U
ção porU–
palpiU–
que tan–U
preza
–U
ção sê
–U
outro
–U
tes e–U
que t’a
–U
que palU–
tas em
U–
t’ado–U
com’in–U
mais sen–U
cora-
–U
xemplos
–U
gitas
–U
pitas
– (U)
vão
– (U)
ras
–U
grato
–U
sato
– (U)
ção
–U
Segu’o
–U
Cora–U
CoraU–
Por que
U–
S’aque–U
Te des–U
Cora–U
Busca
U–
exem–U
ção por–U
ção porU–
palpiU–
que tan–U
preza
–U
ção sê
–U
outro
U–
plo da
–U
que t’a
–U
que palU–
tas em
U–
t’ado–U
com’in–U
mais sen–U
cora-
–U
planta
–U
gitas
–U
pitas
– (U)
vão
– (U)
ras
–U
grato
–U
sato
– (U)
ção
Esses modi operandi diferenciados denotam, primeiramente, que Laurindo
Rabello não aplicava o mesmo princípio de modificação dos versos, com relação à
técnica versificatória. Não há a opção deliberada pela uniformização ou
diversificação rítmica. Não se trata de seguir à risca um manual de Poética ou, por
outro lado, de recusar taxativamente a tradição da Poética. A interpretação que se
encaminha aqui para o fonêmeno é que o poeta, à parte qualquer atitude normativa,
manipula ludicamente o conhecimento de técnica versificatória. Não o emprega
subservientemente, como recurso para legitimação de sua poesia, num contexto de
leitores e ouvintes moldados sob a égide da concepção humanista de obra de arte
literária. Num momento de revisitação do poema, Laurindo Rabello deve ter
preferido para os versos 25-32 um ritmo mais monótono, vislumbrando na
redistribuição simétrica de acentos internos a possibilidade de reproduzir
sonoramente o conteúdo expresso nos versos. A imagem descrita nessa estrofe é a
da planta que cresce inexoravelmente e que, não obstante a infertilidade do solo,
acaba por encontrar outro lugar em que possa desenvolver suas raízes, numa
alegoria ao sofrimento do “eu poético”, desgostoso em função das desventuras
amorosas. Na segunda versão, portanto, o ritmo em troqueus produz na camada
sonora a marcação do andamento compassado e insistente em que a planta se
desenvolve, para agonia do “eu poético”. O apelo à expressividade rítmica possibilita
ao público que ouve a recitação do poema a sensação auditiva da imagem poética.
Assim, de uma leitura para a outra, o poeta viu e reviu o ritmo de seus versos com
óticas distintas, em momentos distintos, aliando subjetivismo à técnica versificatória.
87
Em função da sonoridade, Laurindo Rabello também selecionava variantes
linguísticas de palavras. Registram-se em Trovas vários versos em que se
empregaram variantes sincopadas. À guisa de exemplo, confrontem-se “A força
esp’ritual se multiplica.”; “Tanto que, quando o esp’rito aos céus remonta,”, versos
40-41 de “A linguagem dos tristes”; e “Vê-se o espírito surgir;”, verso 57 de “Estragos
de amor”. O mesmo verbo ‘oferecer’ que aparece sincopado em “As palmas, que lhe
of’rece o entusiasmo;”, verso 12 de “O que são meus versos”, figura na variante
plena em vários títulos de poemas, como “Epicédio a morte do Dr. José de Assis
Alves Branco Moniz Barretto”. Porém, o caso mais significativo de emprego de
variantes linguísticas dá-se em “O gênio e a morte”, em que a opção por variante
sincopada ou plena corresponde nitidamente a uma escolha com base em critérios
versificatórios e não necessariamente à realidade linguística da fala do poeta. No
verso 49, “Beijada pelos zéfiros — c’roada”, Laurindo Rabello escolheu uma variante
sincopada. Adiante, no verso 75 do mesmo poema, empregou a variante plena por
caber melhor na métrica: “As mostra coroadas.”
Burilar a linguagem não é um apanágio dos parnasianos, ainda que alguns
poetas da chamada poesia científica subestimassem o labor poético dos românticos.
Antes de Matoso Câmara Júnior, Silvio Romero sentenciava que em Laurindo
Rabello “não há artifício; a simplicidade da linguagem deixa vazarem-se através de
seus poros as exalações de uma alma dilacerada”12 Laurindo Rabello não só detinha
grande domínio da técnica versificatória, conformemente demonstrado, bem como
buscava aperfeiçoar-se cada vez mais. Em “Já sinto da geada dos sepulcros”, verso
109 de “Adeus ao mundo”, há uma modificação que sugere aperfeiçoamento da
técnica versificatória. Laurindo Rabello substituiu, da primeira para a segunda edição
de Trovas, ‘do sepulcro’ por ‘dos sepulcros’ (grifados na tabela infra), impedindo a
crase da vogal ‘o’ da última sílaba átona ‘-cro’ do verso 109 com o artigo ‘O’, que
abre o 110. O poeta demonstra aqui conhecer a sinalefa/compensação entre versos,
donde se formula a hipótese de que adquiriu tal conhecimento de 1853 para 1855:
Trovas (1.ed.)
Já sinto da geada do sepulcro
O pavoroso frio enregelar-me...
Trovas (2.ed.)
Já sinto da geada dos sepulcros
O pavoroso frio enregelar-me...
No verso 11 do soneto “Hei de, mártir de amor, morrer te amando”, outra
modificação. Laurindo Rabello trocou, da primeira para a segunda edição de Trovas,
12
ROMERO: 1943, p.339
88
‘És morto’ por ‘Morreste’ (grifados na tabela infra), o que obsta a sinalefa da vogal
‘e’, da sílaba átona final ‘-te’ do verso 11, com o verbo ‘És’, em posição inicial do 12,
segundo indício no mesmo livro de que o poeta adquiriu o conhecimento de
sinalefa/compensação entre versos:
Trovas (1.ed.)
“Leandro!... és morto?!... Que destino infando
Te conduz aos meus braços desta sorte?!!
Trovas (2.ed.)
“Leandro!... és morto?!... Que destino infando
Te conduz aos meus braços desta sorte?!!
“És morto!... mas... (e às ondas se arrojando
Assim termina, já sorvendo a morte)
“Morreste!... mas... (e às ondas se arrojando
Assim termina, já sorvendo a morte)
O estudo das modificações realizadas por Laurindo Rabello sinaliza que na
grande maioria dos casos as variantes autorais advêm de um trabalho minucioso de
técnica versificatória. Eis uma alteração de última hora, na errata da primeira edição
de Trovas.13 Em “Nos encaminha aos infernos.”, v.105 de “Estragos de amor”,
poema dos mais banais sobre desventura amorosa, o poeta preferiu o plural ‘os
infernos’ ao singular ‘ao inferno’ (grifados na tabela infra), possivelmente para
controlar flutuações de leitura e estabelecer, como quem escreve uma partitura, que
se recite o verso de uma determinada forma, travando-se a quinta sílaba métrica
(‘aos’) sem sinalefa com a sexta (‘in-’), para que não se antecipe a tônica ‘-fer-’ da
sétima para a sexta sílaba métrica e consequentemente se comprometa a métrica
do verso. De qualquer forma, a emenda não foi feita na segunda edição, nem, no
entanto, a errata consta dos elementos postextuais. Adiante essa questão em torno
à errata da primeira edição será abordada.
Trovas, 1a.ed. (1853), sem
correções da errata
Envenenados farpões
Nos manda em suspiros ternos;
Cinge aos olhos mago véu,
E pelos jardins do Céu
Nos encaminha ao inferno.
Trovas, 1a.ed. (1853), com
correções da errata
Envenenados farpões
Nos manda em suspiros ternos;
Cinge aos olhos mago véu,
E pelos jardins do Céu
Nos encaminha aos infernos.
Trovas, 2a.ed. (1855)
Envenenados farpões
Nos manda em suspiros ternos;
Cinge aos olhos mago véu,
E pelos jardins do Céu
Nos encaminha ao inferno.
Na interpretação aqui proposta, o extremo cuidado com a técnica
versificatória que Laurindo Rabello exibe em suas modificações não deve ser
compreendido como mero virtuosismo ou cultismo. Alguns biógrafos até sublinham
13
Este e outros casos de variantes autorais documentados na errata à primeira edição conferem ao
paratexto uma importância inequívoca para nortear a escolha do texto-base. Nem as emendas nem a
própria errata foram absorvidas na segunda edição. Tal pormenor será discutido adiante neste
trabalho, no item “4.2. Percurso histórico do texto dos poemas”, da seção “4. A tradição dos poemas
atribuídos a Laurindo Rabello”.
89
sua habilidade, facilidade e inventividade na poesia, a exemplo de Eduardo de Sá
Pereira de Castro, que conta o poeta ostentar desde a infância inquestionável
talento. Não é que Laurindo Rabello se preocupasse em demasia com a técnica
versificatória em si, mas com a musicalidade de seus poemas. Daí refundir versos,
conferindo-lhe ritmos diferentes, buscando a nota perfeita. Mais do que flerte com a
música, como vários poetas românticos mantinham, Laurindo Rabello fazia música,
compunha e interpretava canções, tocando pelo menos um instrumento: violão. Seu
ouvido musical exigiria dos versos muito além do que belas imagens poéticas e
construções. A temática do poema poderia ser banal; as imagens, corriqueiras; as
construções, lugares-comuns. O poeta, no entanto, não prescindia do requinte
sonoro.
O casamento entre poesia e música não advinha da influência de um
movimento literário, não consistia numa aspiração teórica, ufanista, mas numa
prática cotidiana em sua vivência.14 Laurindo Rabello tocava modinhas e lundus nos
salões burgueses. Dessarte, a técnica versificatória, conteúdo ministrado na
disciplina Poética, que compunha os programas escolares do século XIX, conforme
será exposto mais à frente neste item, servia ao poeta de instrumental para se
alcançar a sonoridade pretendida. Portanto, sua obsessão não era puramente de
ordem técnica, mas musical, o que, por conseguinte, exigia domínio e
aperfeiçoamento da técnica versificatória, para chegar à musicalidade almejada. O
efeito final é a fluidez, o ritmo que, à primeira vista, brota espontâneo, porém é fruto
de árduo e constante trabalho poético, mesmo depois de publicado o poema.
Tornando a “O que são meus versos”, talvez seja esse o poema em que
menos se verifiquem espontaneidade e displicência de linguagem em Laurindo
Rabello, sem embargo do que o “eu poético” proclama em seus versos. Há uma
tensão entre fundo e forma, pois o que se declara (“Meus versos (…)/ Nem são
versos”, vv.26-27) não corresponde à maneira como se declara, na medida em que
a macro-estrutura do poema revela-se uma arquitetura complexa e baseada em
convenções retóricas. No poema em questão, o primeiro traço de rebuscamento de
linguagem que chama a atenção são as constantes inversões sintáticas (“(…) de
divina luz na chama eterna”, v.02; “Eu triste, cujo fraco pensamento/ Do desgosto
14
Alexandre José de Mello Moraes Filho conta que, satisfeito com a perfeita junção entre a música e
letra de uma canção que compunha, Laurindo Rabello teria exclamado ao parceiro violonista João
Cunha a frase “ – Estamos casados, João!” (MORAES FILHO: 1904, p.162)
90
gelou o fatal quebranto;/ Que, de tanto gemer desfalecido,/ Nem sequer movo os
ecos com meu canto;”, vv.13-16).
Outro aspecto que sobressai é o uso sistemático da anáfora na abertura de
oito das dez estrofes, figura de retórica que, para além da função expressiva de
ratificar conteúdos, organiza o poema, demarcando três grupos de estrofes. O
primeiro, de três estrofes, tem seus versos iniciais abertos pela oração ‘Se é vate’
(“Se é vate quem acesa a fantasia”, v.01; “Se é vate quem tem n’alma sempre
abertas”, v.05; “Se é vate quem dos povos, quando fala,”, v.09). O segundo grupo,
também de três estrofes, caracteriza-se pelo sintagma ‘Eu triste’ (“Eu triste, cujo
fraco pensamento”, v.13; “Eu triste, que só tenho abertas n’alma”, v.17; “Eu triste,
que, dos homens desprezado,” v.21). No terceiro grupo, não mais de três mas de
quatro estrofes, o uso da anáfora não vigora tão rigidamente, aparecendo em
apenas dois dos quatro versos iniciais das estrofes (“Vate não sou, mortais (…)”,
v.25; “São fel, que o coração verte (…)”, v.29; “São anéis da cadeia (…)”, v.33;
“Seca de fé, minha alma (…)”, v.37)
Em termos de conteúdo, no primeiro grupo (estrofes 01-03), o “eu poético”
define o poeta como ser dotado de inspiração divina, que conduz o mundo com sua
poesia, cuja alma é plena de beleza e sensibilidade e que excita os povos com sua
voz a ponto de ser ovacionado. No segundo (estrofes 04-06), o “eu poético” definese como ser de fraco pensamento, incapaz de mover sequer os ecos com sua
poesia, cuja alma se afunda em tristeza e agonia, merecendo o desprezo dos
homens, e cujos versos são apenas a expressão da melancolia. No terceiro (estrofes
07-10), enfim, segue a conclusão: a precariedade do “eu poético” – indivíduo comum
que não logra ser poeta, cujos versos, quando muito, não passam de lamentos da
alma, que expressa sua dor:
Vate não sou, mortais; bem o conheço;
Meus versos pela dor só inspirados, —
Nem são versos — menti — são ais sentidos,
Às vezes, sem querer, d’alma exalados;
(vv.25-28)
A análise do poema evidencia, pois, uma complexa articulação silogística.
Cada estrofe dos três grupos corresponde, na verdade, a determinada etapa de um
silogismo. Em outras palavras, há entretecidos no poema três silogismos do tipo
hipotético condicional, que consiste num arranjo de proposições hipotéticas por meio
91
de partículas como ‘e’, ‘ou’, ‘se’, ‘então’. “O que são meus versos” poderia ser
decomposto, portanto, em um primeiro grupo de estrofes que exercem a função de
três proposições maiores e hipotéticas, um segundo grupo que desempenha o papel
de três proposições menores e, por fim, um terceiro grupo fechando a conclusão.
Reorganizadas linearmente as primeira, quarta e sétima estrofes, chega-se ao
primeiro silogismo:
PREMISSA MAIOR
Se é vate quem accesa a fantasia
Tem de divina luz na chama eterna;
Se é vate quem do mundo o movimento
C’o movimento das canções governa;
(primeira estrofe)
PREMISSA MENOR
Eu triste, cujo fraco pensamento
Do desgosto gelou fatal quebranto;
Que, de tanto gemer desfalecido,
Nem sequer movo os ecos com meu canto;
(quarta estrofe)
CONCLUSÃO
Vate não sou, mortais; bem o conheço;
Meus versos, pela dor só inspirados, —
Nem são versos — menti — são ais sentidos,
Às vezes, sem querer, d’alma exalados;
(sétima estrofe)
O segundo silogismo, por sua vez, estrutura-se nas segunda, quinta e oitava
estrofes:
PREMISSA MAIOR
Se é vate quem tem n’alma sempre abertas
Doces, límpidas fontes de ternura,
Veladas por amor, onde se miram
As faces da querida formosura;
(segunda estrofe)
PREMISSA MENOR
Eu triste, que só tenho abertas n’alma
Envenenadas fontes d’agonia,
Malditas por amor, a quem nem sombra
De amiga formosura o céu confia;
(quinta estrofe)
CONCLUSÃO
[os meus versos]
São fel, que o coração verte em golfadas
Por contínuas angústias comprimido;
São pedaços das nuvens, que m’encobrem
Do horizonte da vida o sol querido;
(oitava estrofe)
92
Por fim, o terceiro silogismo compõe-se das terceira, sexta e nona estrofes:
PREMISSA MAIOR
Se é vate quem dos povos, quando fala,
As paixões vivifica, excita o pasmo,
E da glória recebe sobre a arena
As palmas, que lhe of’rece o entusiasmo;
(terceira estrofe)
PREMISSA MENOR
Eu triste, que, dos homens desprezado,
Só entregue a meu mal, quase em delírio,
Ator no palco estreito da desgraça,
Só espero a coroa do martírio;
(sexta estrofe)
CONCLUSÃO
[os meus versos]
São anéis da cadeia, qu’arrojou-me
Aos pulsos a desgraça, ímpia, sanhuda;
São gotas do veneno corrosivo,
Que em pranto pelos olhos me transuda.
(nona estrofe)
Em princípio, esse sofisticado mecanismo de persuasão contradiria a
mensagem central de “O que são meus versos”, mas restam dois detalhes a serem
examinados. Como apontado, o uso da anáfora no terceiro grupo de estrofes é
menos sistemático, se comparado com o primeiro e segundo, ou seja, há uma
espécie de relaxamento da rigidez retórica quando da conclusão do poema.
Acrescente-se ainda que, na formação dos três silogismos, respectivamente as
estrofes 01-04-07, 02-05-08 e 03-06-09, entram nove das dez estrofes. A própria
pontuação assinala uma espécie de marco delimitador entre as demais e a décima
estrofe. Ao final de todas as estrofes integrantes dos silogismos há apenas ponto-evírgulas e exclamações mantendo a tensão declamatória do poema. No verso 36
(“Que em pranto pelos olhos me transuda.”), um único ponto final, todavia, instaura
um clima de catarse, separando a penúltima da última estrofe, que começa
justamente com o verso “Secca de fé, minha alma os lança ao mundo” (v.37), um
decassílabo não heroico, como os da abertura do poema, a ditarem o andamento
marcial, mas sáfico, bem cadenciado, reproduzindo sonoramente o cansaço do “eu
poético” exaurido pelas suas tentativas baldadas de ser poeta. Assim é que,
sobrando uma estrofe na matemática dos silogismos, atenua-se a rigidez que vinha
se delineando desde o começo do poema, a exemplo das retumbantes anáforas.
93
Parece clara a intenção do poeta de jogar com recursos da retórica e da
poética clássicas em “O que são meus versos”, buscando ao mesmo tempo solução
para, através de um cânone cristalizado ao longo da tradição literária do ocidente,
modelar a linguagem e expressar seu subjetivismo. Como se vê, em Trovas, há
muitos poemas talhados com habilidade versificatória e eloquência, em que inclusive
se emprega a conjunção ‘se’ na elaboração da anáfora, mas sem necessariamente
constituir uma estrutura de silogismo hipotético condicional, a exemplo de “A
linguagem dos tristes” (“Se houver um ente, que sorvido tenha”, v.01; “Se houver um
ente, que, dos homens certo,” v.05; “Se houver um ente, que, votado às dores”, v.09)
ou “Amor e lágrimas” (“Se fosse possível na minha alma”, v.01; “Se, anjo de
salvação mandado ao mísero”, v.05; “Se fiel companheira em toda parte”, v.09)
No Brasil da primeira metade do Oitocentos, nossos poetas e intelectuais
estudavam e formavam-se em instituições de ensino de concepção educacional
humanista. Em O império da eloquência, Roberto Acízelo de Souza observa que um
dos reflexos do ensino de base humanista, introduzido e administrado pelos jesuítas
no Brasil até meados do século XVIII, foi a posição central das disciplinas retórica e
poética na formação educacional do Oitocentos brasileiro. O humanismo, termo de
significação pedagógica, encontra raízes na concepção educacional helenística (séc.
III-II a.C.), caracterizada pela transmissão de uma cultura universalmente comum ao
homem. Sua essência, pois, deriva da própria visão ontológica de homem, enquanto
ser que se diferencia dos demais pela capacidade do lógos, isto é, da palavra, da
comunicação.
O humanismo atravessa uma longa tradição na história do ocidente, desde a
antiguidade greco-latina, passando pela dinastia carolíngia, até chegar ao
renascimento italiano. Encontra-se ainda no cerne do pensamento pedagógico
jesuítico, expresso na Ratio Studiorum (1594), cartilha para a uniformização do
ensino nas várias partes do mundo onde a Companhia de Jesus instalou
estabelecimentos de ensino. O modelo de ensino do Brasil colonial, assim, pautouse programaticamente pela valorização do estudo de línguas e literatura. Mesmo sua
ascensão à posição de metrópole, com posterior independência, não trouxe
modificações significativas em termos de mentalidade pedagógica, pelo menos até a
década de sessenta do século XIX, como mostra Acízelo de Souza, através dos
programas do Colégio Pedro II, em que se destacam as disciplinas retórica e poética
no ensino de letras.
94
Não obstante o crescente influxo do historicismo nos estudos literários
brasileiros, por força do Romantismo, observa-se ainda na segunda metade do
século XIX um grande interesse por retórica e poética, razão para vários tratados
serem publicados e até reeditados. Dentre os tratadistas mais representativos,
destacam-se Joaquim do Amor Divino Caneca (1779-1825), autor de Tratado da
eloquência, publicado postumamente em 1876; Miguel do Sacramento Lopes Gama
(1791-1852), autor de Lições de eloquência nacional (1846); Manoel da Costa
Honorato (1838-1891), autor de Compêndio de retórica e poética (1859); Luís José
Junqueira Freire (1832-1855), autor de Elementos de retórica nacional, publicado
postumamente em 1869; Joquim Caetano Fernandes Pinheiro (1825-1876), autor
das Postilas de retórica e poética (1872); e José Maria Velho da Silva (1811-1901),
autor de Lições de retórica (1882).
Os autores românticos brasileiros adquiriam na formação escolar, portanto,
um conhecimento literário fundado nas disciplinas retórica e poética, que
uniformizavam o discurso, o que constituiu um grande obstáculo à expressão do “eu
poético” individualizado. Haja vista o caso de Junqueira Freire, que em seu tratado
de retórica Lições de eloquência nacional, redigido em 1852 e publicado
postumamente em 1869, tentava chegar a uma síntese da concepção clássica de
retórica e ideais modernos. Acízelo de Souza sublinha que o poeta-tratadista, com
“óbvia intenção de supreender e instalar polêmica”15, renega a mentalidade antiga de
eloquência enquanto techné, ao afirmar que “A eloquência, como a poesia, não é
uma arte. O orador, como o poeta, nasce não forma-se.”16 A eloquência, para
Junqueira Freire, portanto, não corresponde a uma habilidade adquirida através de
um cânone ou de leis disciplinadoras da expressão verbal, mas a um dom concedido
por Deus, com o qual o homem já nasce, prescindindo de artifícios retóricos. Em
outras palavras, a eloquência estreita laços com a concepção de gênio,
“objetividade do pensamento de Deus”17, tão cara ao Romantismo.
Na poesia de Laurindo Rabello, não são poucas as associações entre as
figuras do poeta e do orador. A própria extensão dos poemas da primeira parte de
Trovas denuncia o sestro da eloquência que, de resto, aparece em várias crônicas
biográficas como traço característico da personalidade de Laurindo Rabello.
Segundo alguns cronistas, o poeta pronunciou no Rio Grande do Sul um sem
15
SOUZA: 1998. p.70
FREIRE: 1869. p.01
17
Idem: ibidem, p.02
16
95
número de discursos, defendendo causas brilhantemente. Seu talento para oratória,
fora do contexto de poesia, pode ser conferido, por exemplo, no “Discurso
improvisado e pronunciado sobre a campa do General Tamarindo”, recolhido por
Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, em sua compilação de 1877. Sem embargo
do fascínio pela retórica, a poesia de Laurindo Rabello transita em direção à
expressão menos artificial, de modo que a declaração do “eu poético” na sétima
estrofe de “O que são meus versos”, quanto ao fato de seus versos nem serem
versos, mostra-se não uma contradição, mas um projeto de linguagem almejado e
pouco a pouco concretizado.
O primeiro poema da segunda parte de Trovas é um soneto, em que o “eu
poético” narra de forma econômica o mito de Leandro e Hero. Aqui já se nota a
diferença entre a brevidade da forma poética e a prolixidade dos poemas da primeira
metade do livro, muito embora se trate de um mito clássico, o que até ensejaria
digressões narrativas. Leandro era um jovem de Ábidos, cidade às margens do
Helesponto, atual estreito de Dardanelos, situado entre a Ásia e a Europa. Do outro
lado, em Sestos, morava Hero, sacerdotisa de Vênus. Todas as noites, Leandro
atravessava o estreito, nadando, e se encontrava com Hero, que o guiava com uma
tocha no alto da torre do palácio. Uma tempestade, porém, fez com que o jovem se
afogasse, sendo o seu corpo levado pelas ondas até as areias de Sestos. Hero,
assim, descobriu a morte do amante e, desesperada, lançou-se ao mar e morreu. A
história de Leandro e Hero alegoriza o amor interditado por forças inexoráveis, como
as da natureza, bem ao sabor do Romantismo, e, inclusive, é aludida no poema
“The Bride of Abydos” de Lord Byron, ícone dos poetas românticos de segunda
geração.
Se o gênero do soneto e a presença da mitologia greco-latina conferem ao
poema um caráter erudito, a epígrafe, na verdade o mote do poema, foi colhida da
tradição oral. O verso “Hei de, mártir de amor, morrer te amando” foi glosado por
vários poetas, dentre os quais João Nepomuceno da Silva e Francisco Moniz
Barretto, ambos naturais da Bahia, onde Laurindo Rabello concluiu seus estudos de
Medicina. “Hei de mártir de amor morrer te amando”, pois, corresponde a uma das
muitas glosas que deviam circular em performances poéticas dos saraus literários
baianos. Em outro soneto, “À mesma senhora”, também de Trovas, Laurindo Rabello
96
glosou um mote fornecido por Moniz Barretto em desafio 18, como relata Silvio
Romero: “Moniz Barretto, entusiasmado, atirou-lhe este mote Tens nas mãos teu
porvir, teu bem, teu fado, que o poeta fluminense glosou, dirigindo-se à mesma
senhora.”19
Laurindo Rabello, que já antes de seguir para a Faculdade Medicina da Bahia
granjeara na Corte nomeada de hábil versejador, encontrou em Moniz Barretto o
grande mestre do improviso, a quem se subscreve como grato discípulo no poema
“A meu amigo e mestre Francisco Moniz Barretto”, pertença de Trovas. Trazendo na
bagagem as aptidões e conhecimentos aprendidos na ‘academia do povo’, para
empregar-se uma expressão de Jorge Amado, Laurindo Rabello adquiriu através da
formação escolar as noções de Poética e Retórica preconizadas pela pedagogia
humanista da época. Experimentou maneiras diversificadas de poetar e pouco a
pouco transitou para uma síntese entre as tradições popular e erudita. De certa
maneira, Trovas prenuncia esse projeto de linguagem, senão concretizado de forma
plena, pelo menos já sinalizado.
Na segunda parte do livro, Laurindo Rabello logra conferir singeleza à
herança retórica e poética, ostentados na primeira, através da brevidade
arquitetônica do soneto. Gênero dos “mais dificultosos da Poesia”20 mas que
transparece a leveza de “uma diversão ou brinco inocente” 21, o soneto fora teorizado
no mundo lusófono em 1724 pelo português Manoel da Fonseca Borralho, segundo
o qual o sonetista deveria articular nos quatorze versos uma estrutura silogística:
Consta o Soneto de quatorze versos grandes, (...) dispostos em dous Quartetos, &
dous Tercetos; de tal sorte, que os dous Quartetos levam a mesma consonância de
consoantes; & os dous Tercetos também a mesma consonância, mas diferente dos
Quartetos; com tal regra, que não leve mais que um só conceito (...), dirigido em
forma de silogismo; convém a saber; no primeiro Quarteto a Maior, & no segundo a
Menor, & nos Tercetos a consequência: ou nos dous Quartetos a Maior, & no
primeiro Terceto a Menor, & no segundo Terceto a consequência. (BORRALHO:
1724, pp.69-70)
Essa teoria atravessa toda uma tradição de poetas luso-brasileiros e ainda se
verifica de maneira hegemônica nos parnasianos brasileiros, como Alberto de
18
Na mencionada compilação de 1882, figuram ainda outros poemas cujos motes foram também
glosados por Moniz Barretto em Álbum da Rapaziada (1864), a exemplo de “Mote [“Pode apalpar,
pode ver”]” e “Mote [“A mulata quando fode”]”.
19
ROMERO: 1943, p.346
20
OLIVEIRA: 1979, p.333
21
Idem: ibidem, p.333
97
Oliveira, que se subscreve a Borralho em seu artigo “O Soneto Brasileiro”: “consta o
soneto de forma clássica “de quatorze versos grandes “que este é só propriamente
soneto) dispostos em dois quartetos e dois tercetos (…).”22 Contrariamente ao que
críticos como Matoso Câmara Júnior afirmaram, os poetas românticos brasileiros,
mesmo os de segunda geração, não foram tão avessos ao cânone, como se
percebe também pela técnica empregada por Laurindo Rabello na elaboração do
soneto, orientando-se direta ou indiretamente pela teoria difundida em língua
portuguesa por Borralho.
Laurindo Rabello projetou a maioria de seus sonetos em conformidade com o
rígido código da tradição. Estruturou-os silogisticamente, mesmo que alguns se
mostrem, à primeira vista, meros poemas de circunstância, como “A uma senhora
por occasião de tocar umas variações sobre temas de Bellini”, supostamente
escritos ao sabor do momento, de maneira espontânea e sem apuro técnico. No
soneto em questão, o “eu poético” declara que sua saudade foi despertada pelo
toque de um piano, capaz até de levar a morte às lágrimas e de fazê-la arrependerse do “fero ofício” (v.11). A responsável pelo milagre, dona de talento admirável,
executara ao piano variações temáticas a partir de uma das óperas de Vincenzo
Salvatore Carmelo Francesco Bellini (1801-1835), um dos mais célebres operistas
do século XIX, autor de Norma, I Puritani e La sonnambula, dentre outros títulos.
Na economia interna do poema, os dois primeiros quartetos trazem a
premissa maior, a saber, a capacidade que a musa inspiradora tem de emocionar
com o toque ao piano e de operar milagres com sua musicalidade. No primeiro
terceto, segue a premissa menor, uma situação específica: até mesmo a morte se
emociona com a música. A consequência final é Bellini, que jaz no sepulcro,
conseguir erguer a própria lápide, em função do enfraquecimento do poder da morte,
combalida pela emoção, conteúdo do segundo terceto. Ainda no que diz respeito à
técnica versificatória, verifica-se a regra exposta por Borralho, isto é, versos
grandes, com os quartetos em consonância rímica, ao passo que os tercetos rimam
de maneira peculiar. Os versos do poema em análise são decassilábicos,
predominantemente heroicos. O padrão rímico dos quartetos é ABBA BAAB,
enquanto o dos sonetos é CDC DCD. Unindo concisão à habilidade técnica,
Laurindo Rabello conquistou reconhecimento não só dos coevos, bem como de
22
Idem: ibidem, p.334
98
poetas de gerações e escolas literárias à frente, como Alberto de Oliveira, que o
incluiu em sua coletânea d’Os cem melhores sonetos brasileiros.23
Nessa instância, os improvisos, modinhas, lundus, as ‘extravagâncias’, como
Adelaide Luiza Cordeiro Rabello chegou a se referir aos poemas obscenos do
falecido marido, representam, de um lado, a alma popular em Laurindo Rabello. De
outro, “O que são meus versos”, “Adeus ao mundo”, os sonetos e congêneres, os
preceitos da retórica e poética propalados pelo humanismo que entraram na
formação escolar de tantos poetas e ficcionistas brasileiros do século XIX. No
entanto, a poesia de Laurindo Rabello não se limita à mera alternância entre o
popular e o erudito, mas, como se ponderou, produz a síntese que propicia peças
humorísticas como “Ao Rego”, publicada na compilação de 1882, em que o poeta
sobe ao púlpito para advogar uma causa séria, de interesse público, e usa de uma
eloquência galhofeira, descendo aos detalhes sórdidos da falta de pudor daqueles
que satisfazem as necessidades fisiológicas, defecando no rego.
O poema é aberto em tom solene, e, até o fim da primeira estrofe, parece
tratar-se de discurso sério:
Ilustríssimos senhores
Da nossa Municipal,
Deixai que um fraco mortal
Inferior dos inferiores,
Implore os vossos favores
E bondade conhecida,
Para que seja atendida
E posta em actividade,
Com a maior brevidade,
Uma importante medida.
(vv.01-10)
No desenrolar da oração-poema, porém, a linguagem paulatinamente muda
de dicção. A segunda estrofe traz um ‘REGO’ em letras garrafais, recurso que
instaura sentido não dúbio, mas triplo: o rego 1) vazadouro do hospital, 2) expressão
popular de ânus e 3) sobrenome do diretor do hospital cujo vazadouro está sujando
as calçadas da cidade. Acerca do contexto dessa sátira, esclarece Alexandre José
de Mello Moraes Filho que Laurindo Rabello, em função de desavenças, compôs
décimas para atacar o Dr. Rego Macedo, diretor do Hospital Militar de Porto Alegre.24
Há quem diga, como Constâncio Alves, que o Dr. Rego Macedo era diretor do
23
24
OLIVEIRA: 1944. p.63
MORAES FILHO: 1904, pp.165-166
99
Hospital Militar do Castelo, Rio de Janeiro, onde Laurindo Rabello iniciou a carreira
de médico, mas não permaneceu por muito tempo, por causa do temperamento
irascível. De qualquer forma, o poema, além de satirizar o Dr. Rego, serve-se
parodisticamente da fala pomposa e empolada do orador, mesclando bordões de
eloquência (“Ilustríssimos senhores/ Da nossa Municipal”, vv.01-02; “Nestes termos
pede o vate”, v.71) a elementos poéticos populares, como a décima e a redondilha
maior, além de vocabulário obsceno-escatológico (“Abriu-lhe um rego no cu.”, v.40;
“Cagar no “rego” é demais!”, v.60)
Se em “Ao Rego”, a persuasão é instrumento do vate-orador na defesa do
bem-estar público, em outros poemas da compilação de 1882, já é empregada para
a causa particular. Verificam-se, assim, três poemas, em estrutura dialógica, com
uma personagem buscando persuadir outra em situações eróticas. De um lado, o
amante lança mão de artimanhas verbais para seduzir a amada e alcançar a tão
desejada consumação do ato sexual. Em “Mote [“Você diz que arromba, arromba”]”,
o jovem Jônio tenta dirimir o medo de Eulina quanto à desproporção entre o
tamanho de seu membro viril e a “racha tão fina” da amante. O poema segue com
Jônio a insistir e, finalmente, concretizar seu intento.
Em “Diálogo”, colocam-se em cena duas personagens de Minas Gerais,
Marília e o próprio “eu poético”, que para empreender a façanha da cópula tem que
antes debater longamente com a amante a posição erótica que adotarão. O “eu
poético” propõe inicialmente que fiquem de pé, pois tem pressa. Marília, porém,
não aceita e prefere estar sentada, o que desagrada logo o parceiro em função do
cansaço. O diálogo segue com trocas de sugestões, até que enfim o “eu poético”
acaba por satisfazer o desejo. Consumado o ato, dá-se novo debate entre os
parceiros.
O
poema
retoma
o
humor
inicial,
lembrando
a
prolixidade
contraproducente dos oradores estereotipados. Marília reclama do desempenho
sexual do “eu poético”, que se satisfaz logo, enquanto ela tem apetite para repetir a
cópula. Chega a menosprezar a virilidade do parceiro, cujo membro somente no
desfecho do poema torna a mostrar-se revigorado. Marília, por seu turno, já
esmoreceu, perdeu o apetite sexual, além do que não há mais tempo disponível,
porque os amos estão na iminência do retorno à casa. Um dos efeitos cômicos do
diálogo advém do contraste entre a brevidade do ato sexual e a prolixidade dos
parceiros. O poema apresenta cento e dez versos, o mais longo da compilação de
100
1882, dos quais somente quatro correspondem de fato à realização do ato sexual
das personagens envolvidas no diálogo:
Pega amor, pega na história,
Mete… carrega… circunda!…
– Que mimo!… que voz!… que bunda!
– Que pino!… que ânsia!… que glória!…
(vv.57-60)
Mas a persuasão serve ainda ao lado oposto no jogo erótico. Auxilia a figura
feminina nas tentativas de escapar à consumação do ato sexual, que, não permitido
pela sociedade moralista do século XIX sem o contrato nupcial, marcar-lhe-á com a
mácula da desonra. É o caso de “Mote [“Pode apalpar, pode ver”]”, em que a amante
negocia compensações com jovem cupidoso em lugar do ato sexual, já que quer se
guardar virgem para o casamento. Permite-lhe atestar sua virgindade com o dedo,
encostar o membro em sua coxa, manipular seus seios. O amante, porém, nunca
satisfeito, prossegue com insistência para desespero dela: “Meu Deus! E ele a
teimar…” (v.37) Poemas como esse, se não constituem uma paródia direta à mania
oitocentista de transformar tudo em contenda verbal, ao menos a absorve como
ingrediente de humor, levando loquacidade ao gracejo e sofisticando a zombaria
com eloquência.
101
4. A TRADIÇÃO DOS POEMAS ATRIBUÍDOS A LAURINDO RABELLO
4.1. Inventário testemunhal
Laurindo Rabello organizou Trovas (1853) e publicou poemas nos periódicos
O sino dos barbadinhos (1849), A voz da juventude (1849-1850), O acadêmico
(1855), Marmota fluminense (1855-1860) e O espelho (1859). Deixou inédito o
manuscrito do Compêndio de gramática da língua portuguesa, publicado
posteriormente em 1869; e perdidas as peças Os anéis de uma cadeia, O mendigo
da serra, O pupilo extravagante e Santa Isabel, essa última encenada em Salvador;
o poema Alberto; um romance inacabado, O coveiro; e “um compêndio de leitura
para as escolas regimentais dos corpos.”1 Publicaram-se postumamente também
inúmeras compilações de poemas seus, dentre as quais Obras poéticas livres
(1882), com textos obscenos.
A tradição impressa da obra poética atribuída a Laurindo Rabello é repleta
de problemas, um dos quais consistindo no fato de Trovas não ter chegado à
atualidade da forma como foi planejado. Sucessivos compiladores, na atitude
positiva de recolher poemas de periódicos da época ou modinhas e lundus
transmitidos ao sabor da tradição oral, misturaram poemas dispersos aos do livro.
Deteriorou-se, assim, sua unidade primeira, mesclando-se textos preparados a
outros que talvez nem haveriam de ser eternizados em livro ou ainda seriam objeto
de alterações, já que Laurindo modificou os poemas compilados em Trovas
anteriormente estampados nas páginas dos periódicos. Somem-se a isso gralhas
tipográficas e demais modificações não-autorais que se inseriram nos textos dos
poemas de compilação em compilação, como sói ocorrer no processo de
transmissão de qualquer obra literária.
Para o estudo detalhado da tradição impressa dos poemas atribuídos a
Laurindo Rabello, optou-se nesta pesquisa por um inventário testemunhal ao invés
de uma simples fortuna editorial. Em primeiro lugar, ao longo da tradição, Trovas
apresenta a rigor apenas duas edições, passando a integrar, após a morte de
Laurindo, as compilações post-mortem, de maneira desfigurada. Dessarte, a fortuna
editorial de Trovas limitar-se-ia stricto sensu às duas primeiras edições, a salvo se o
1
Diário do Rio de Janeiro: 1864, p.1.
102
estudo prosseguisse, rastreando na transmissão os poemas ali reunidos através das
compilações post-mortem. Em segundo lugar, a tradição impressa da obra poética
atribuída a Laurindo caracteriza-se em grande parte por publicações esparsas em
jornais, cancioneiros, compilações, antologias e artigos, o que confere à transmissão
dos poemas um caráter disperso.
Na inventio desta pesquisa, localizaram-se cento e trinta e dois testemunhos
de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, depositados no acervo de seis
bibliotecas, a saber, 1) Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, mais especificamente
Divisão de Obras Raras, Divisão de Periódicos, Divisão de Obras Gerais e Divisão
de Música; 2) Biblioteca José de Alencar, da Faculdade de Letras da Universidade
Federal do Rio de Janeiro; Bibliotecas 3) Lúcio de Mendonça e 4) Rodolfo Garcia,
da Academia Brasileira de Letras; 5) Biblioteca do Real Gabinete Português de
Leitura; e 6) Biblioteca do Instituto Histórico-Geográfico Brasileiro. A razão para a
inventio ter se limitado apenas a essas bibliotecas deve-se ao fato de o material
levantado já cobrir de maneira satisfatória a tradição impressa dos poemas
atribuídos a Laurindo.
Seguem abaixo o testemunhos, organizados cronologicamente em cinco
categorias: I) Periódicos de assuntos diversos, II) Periódicos e cancioneiros de
modinhas e lundus, III) Compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, IV)
Antologias e V) Caráter geral. Por razões de economia, a bibliografia material ficou
simplificada ao máximo. Recuperaram-se apenas informações básicas como a)
indicação bibliográfica do testemunho conforme as normas da ABNT; b) relação dos
poemas atribuídos a Laurindo Rabello, com os títulos no regime original de
maiúsculas, minúsculas, negritos e itálicos e de quebras de linha; e c) breve
observação acerca do testemunho somente em situações de relevância. O emprego
dos parênteses é feito conforme o título original, reservando-se os colchetes para o
acréscimo de informações, como primeiro verso do poema ou mote, uma vez que há
títulos pouco identificadores, a exemplo de “Mote”, “Décima”, “Outro”, “Soneto”; ou,
por vezes, os poemas nem sequer trazem título no testemunho em questão.
Usam-se as chaves exclusivamente para as etiquetas do poema. Um dos
problemas encontrados na elaboração do inventário testemunhal é que os títulos dos
poemas aparecem modificados por pequenas flutuações ou até por significativas
diferenças, como “Adeus… adeus…”, que figura também como “A despedida”; ou
“Perdeu a flor de meus dias”, publicado ainda sob os títulos de “A minha flor” e “Já
103
não vive a minha flor”. Portanto, para fins de discriminação e contabilização dos
poemas, empregou-se uma etiqueta indicada entre chaves, com base no mais
remoto testemunho de publicação localizado pela inventio e o número de ordem no
referido testemunho. Assim há como se discernir através da própria notação o
testemunho em que cada poema entra na tradição. Por exemplo, ‘{Tr1-01}’, etiqueta
de “O que são meus versos”, assinala que se trata de um poema publicado
originalmente na primeira edição de Trovas (Tr1) e que figura na posição inicial (01)
da relação de poemas. Quanto às abreviações, seguirá nas normas de edição deste
trabalho a lista com a correlação entre as mesmas e os respectivos testemunhos. Ao
fim deste inventário, serão contabilizados os poemas consoante as etiquetas, por
ordem alfabética.
4.1.1. Periódicos de assuntos diversos
01. O SINO DOS BARBADINHOS JORNAL POLÍTICO JOCO-SÉRIO. 9/03/1849,
n.2
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. FOLHETIM./ FELIZ-ASNO/ I./ O PAGODE DO BANGÚ. {SB-01}, pp.0103
Observações: periódico com propósito de crítica política através de textos
bem humorados. Não há atribuição de autoria do editorial nem dos demais textos.
Na inventio desta pesquisa, chegou-se a esse periódico através do Dicionário
bibliográfico português de Inocêncio Francisco da Silva, em cujo verbete relativo a
Laurindo Rabello é mencionada sua participação. A Divisão de Obras Raras da
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro dispõe apenas do volume 1 d’O sino dos
barbadinhos, correspondente aos números 1 a 5, publicados de 21 de fevereiro a 23
de maio de 1849, em que se baseou a inventio desta pesquisa.
02. O SINO DOS BARBADINHOS JORNAL POLÍTICO JOCO-SÉRIO. 8/03/1849,
n.3
104
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. FOLHETIM./ CONTINUAÇÃO {SB-01}, pp.01-02
02. O Maneco e os moleques/ LUNDÚ/ CANTADO PELO VELHO
BERNARDO NA NOITE DO DIA QUINZE DO CORRENTE,/ NA TORRE DA IGREJA
DOS BARBADINHOS. {SB-02}, pp.07-08
03. O SINO DOS BARBADINHOS JORNAL POLÍTICO JOCO-SÉRIO. 5/05/1849,
n.4
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. APOLOGO./ O VIAJANTE, O CAVALLO, O ASNO, E O COELHO. {SB03}, p.04
04. A VOZ DA JUVENTUDE REVISTA DO GINÁSIO BRASILEIRO. 15/09/1849, n.8
(1º SEMESTRE)
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título, com
indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas,
negrito e itálico:
01. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.06-07
Observações: periódico com o objetivo de divulgar a produção literária de
jovens escritores. C. L. assina o editorial. A Divisão de Obras Raras da Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro dispõe apenas dos volumes 1 e 2 d’A voz da juventude,
correspondentes aos números 1 a 12, publicados de 01 de junho de 1849 a 15 de
novembro de 1850, em que se baseou a inventio desta pesquisa.
05. A VOZ DA JUVENTUDE REVISTA DO GINÁSIO BRASILEIRO. 01/06/1850, n.1
(2º semestre)
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título, com
indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas,
negrito e itálico:
01. DELIRIO E CIUME {VJ-01}, pp.04-05
105
06. A VOZ DA JUVENTUDE REVISTA DO GINÁSIO BRASILEIRO. 15/07/1850, n.4
(2º semestre)
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título, com
indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas,
negrito e itálico:
01. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.30-31
07. CASTILHO, Alexandre Magno. Almanaque de lembranças luso-brasileiro
para 1855. Lisboa: Imprensa de Lucas Evangelista, 1854.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. A minha resolução. {Tr1-06}, p.378
Observações: almanaque com seções variadas, que reune textos de autores
consagrados da literatura luso-brasileira, como Gonçalves Dias e Alexandre
Herculano.
08. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 21/01/1855,
n.542
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. OUTRA. [“As Potências do Ocidente”] {MF-01}, p.3
Observações: jornal editado por Francisco de Paula Brito, grande amigo de
Laurindo Rabello. Em sua redação, trabalharam nomes importantes da literatura
brasileira, a exemplo de Machado de Assis, que estreiou na Marmota aos dezesseis
anos com o poema “Ela”. Paula Brito tinha por hábito lançar concursos de glosas a
partir de um mote dado, para incrementar a venda do jornal. O poema de Laurindo
Rabello publicado nessa edição consiste numa das muitas glosas estampadas na
Marmota acerca do mote “As potências do Ocidente,/ Com as Águias e os Leões,/
Ou tomam Sebastopol,/ Ou deixam de ser Nações.”, publicado no número 530 da
Marmota (12/12/1854), com o seguinte anúncio:
106
Chegada do Paquete.
Não foi tomado Sebastopol! Por isto, por aquilo, por aquil’outro; mas há de
ser por este motivo, por aquele, e, principalmente, por causa das brechas…
As potências do Ocidente,
Com as Águias e os Leões,
Ou tomam Sebastopol,
Ou deixam de ser Nações.
Quem melhor glosar este mote terá de prêmio 1 vol. do – Ensaio Corográfico
do Brasil – pelos Srs. Accioli e Mello Moraes, encadernado. (MARMOTA
FLUMINENSE: 1854, p.01)
09. O ACADÊMICO PERIÓDICO CIENTÍFICO, LITERÁRIO ESPECIALMENTE
MÉDICO. agosto de 1855
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título, com
indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas,
negrito e itálico:
01. FLORES MURCHAS. {Ac-01}, pp.13-15
Observações: periódico com o objetivo de difundir as descobertas nos
diversos ramos da Medicina, pontos importantes das aulas práticas e teóricas dos
professores de Medicina, instaurar um ambiente de discussão científica. O jornal
também estava aberto aos talentos literários. Francisco Pinheiro Guimarães assina o
editorial. A Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro dispõe
apenas de dois volumes d’O Acadêmico, correspondentes aos número 1 a 7,
publicados de julho de 1855 a setembro de 1856, em que se baseou a inventio desta
pesquisa.
10. CASTILHO, Alexandre Magno. Almanaque de lembranças luso-brasileiro
para 1858. Lisboa: Imprensa Nacional, 1857.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. A SAUDADE BRANCA./ (COMPOSTA POR OCCASIÃO DA MORTE DE
MINHA IRMÃ.) {Tr1-15}, pp.203-204
11. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 02/01/1857,
n.809
107
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. O Genio e a Morte./ (Continuação). {Tr1-03}, p.4
Observações: continuação a partir do item IV do poema. As Trovas
começaram a ser publicadas na Marmota certamente antes de janeiro de 1857, mas
a coleção da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro não apresenta as edições entre
28 de outubro de 1856 e 2 de janeiro de 1857. Dessa forma, não foi possível o
cotejo com a última redação de “O que são meus versos”, “O meu segredo” e os
segmentos I, II e III de “O gênio e a morte”. Os poemas de Trovas republicados da
Marmota vinham com o seguinte cabeçalho:
TROVAS
DE
LAURINDO JOSÉ DA SILVA RABELLO.
(Hoje Doutor em Medicina).
12. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 06/01/1857,
n.810
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. No album d’uma senhora. {Tr1-04}, p.3
13. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 09/01/1857,
n.811
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Estragos de amor. {Tr1-05}, p.4
14. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 13/01/1857,
n.812
108
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. A minha resolução. {Tr1-06}, p.4
15. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 16/01/1857,
n.813
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. A linguagem dos tristes. {Tr1-07}, pp.3-4
16. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 20/01/1857,
n.814
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. AOS ANNOS/ DO MEU PREZADO AMIGO/ José Pedreira França. {Tr108}, p.3
17. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 23/01/1857,
n.815
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. AOS ANNOS/ DO MEU PREZADO AMIGO/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA./
(Continuação). {Tr1-08}, p.3
18. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 30/01/1857,
n.817
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
109
01. EPICEDIO/ Á MORTE DO DOUTOR/ José de Assis Alves Branco
Muniz/ Barreto/ e offerecido ao Illm. Snr./ Dr. L. M. A. F. Muniz Barreto. {Tr1-09}, p.1
19. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 03/02/1857,
n.818
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. EPICEDIO/ Á MORTE DO DOUTOR/ José de Assis Alves Branco
Muniz/ Barreto/ e offerecido ao Illm. Snr./ Dr. L. M. A. F. Muniz Barreto./
(Continuação). {Tr1-09}, pp.1-2
20. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 10/02/1857,
n.820
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. SOBRE O TUMULO/ DO/ MARECHAL PEDRO LABATUT. {Tr1-10}, p.4
21. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 13/02/1857,
n.821
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Adeos ao Mundo. {Tr1-11}, pp.3-4
22. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 17/02/1857,
n.822
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. A MINHA VIDA/ AO MEU AMIGO E COLLEGA/ A. J. Rodrigues da
Costa. * {Tr1-12}, p.4
110
23. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 24/02/1857,
n.824
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. AMOR E LAGRIMAS/ OFFERECIDA AO MEU COLLEGA E AMIGO/
MANOEL BERNARDINO BOLIVAR. {Tr1-14}, p.4
24. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 03/03/1857,
n.826
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. A SAUDADE BRANCA/ Composta por occasião da morte de/ minha
irmã, e offerecida ao meu/ intimo amigo e collega/ ANTONIO AUGUSTO DE
MENDONÇA JUNIOR. {Tr1-15}, pp.3-4
25. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 13/03/1857,
n.829
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. AO/ MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ Francisco Muniz Barreto.
{Tr1-16}, pp.3-4
26. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 05/05/1857,
n.844
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Rondó. {MF-02}, p.4
02. Charadas. [“Todas vez que ela vem”] {MF-03}, p.4
03. Outra [“Fui fazer minha morada”] {MF-04}, p.4
111
Observações: o item 01 pertence a uma nova série de poemas que apenas
será reunida em livro em compilações post-mortem. No caso específico de Rondó,
trata-se de uma das recolhas de Alfredo do Vale Cabral, publicadas na Revista
brasileira (1880). Os itens 02 e 03 correspondem, na verdade, a duas charadas em
verso até hoje inéditas em livro.
27. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 19/05/1857,
n.848
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Mottes./ Heide, martyr de amor, morrer te amando. {Tr1-17}, p.4
02. É carpir, delirar, morrer por ella./ (BOCAGE) {Tr1-18}, p.4
28. CASTILHO, Alexandre Magno. Almanaque de lembranças luso-brasileiro
para 1859. Lisboa: Imprensa Nacional, 1858.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Á SENHORA MARIETTA LANDA/ (POR OCCASIÃO DE CANTAR NO
THEATRO DE S. JOÃO/ DO RIO DE JANEIRO). {Tr1-21}, p.126
29. A MARMOTA, 29/06/1858, n.964
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. AOS ANNOS/ DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO/ POR * * * {MF-05}, pp.1-2
Observações: paratexto de apresentação ao poema: “– Se pelo dedo se
conhece o gigante, não será difícil, pelos seguintes versos, conhecer-se a cabeça
que os produziu, que é sem dúvida alguma a primeira cabeça de poeta que
devemos ufanar-nos de possuir.”
112
30. A MARMOTA, 24/08/1858, n.980
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. À/ D. CARLOTA MILLIET/ NA NOITE DE SEU BENEFICIO/ EM 16 DE
AGOSTO DE 1858. {MF-06}, p.2
Observações: esse número da Marmota foi dedicado a Carlota Leal Milliet,
que estrelou a ópera Norma, de Bellini, executada pela Orquestra da Imperial
Academia, no dia 12 de agosto de 1858, no Teatro de São Pedro de Alcântara.
Paula Brito assina o editorial, em que descreve o sucesso da apresentação da
cantora e a quantidade de presentes que ela recebeu, desde flores em profusão a
poemas.
31. A MARMOTA, 25/02/1859, n.1033
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Dous impossiveis. {MF-07}, p.01
Observações: poema pertencente a uma nova série que apenas será reunida
em livro em compilações post-mortem.
32. A MARMOTA, 15/04/1859, n.1047
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Motte. [“Beijo a mão que me condemna”] {MF-08}, p.01
33. A MARMOTA, 06/05/1859, n.1053
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Teus olhos. {MF-09}, p.3
Observações: Em paratexto, antecedendo o texto do poema, há a seguinte
chamada:
113
– Chammamos a attenção dos leitores para a seguinte poesia.
(p.03)
34. A MARMOTA, 10/05/1859, n.1054
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Que mais desejas. {MF-10}, pp.3-4
35. A MARMOTA, 31/05/1859, n.1060
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. As lagrimas. {MF-11}, p.3
36. A MARMOTA, 03/06/1859, n.1061
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. AO/ OCTAGESIMO SEGUNDO ANNIVERSARIO/ DO ILLM. SNR./ JOÃO
ANTONIO DA TRINDADE / NO DIA 26 DE MAIO DE 1859/ PELO SEU AFILHADO/
DR. LAURINDO JOSÉ DA SILVA/ RABELLO. {MF-12}, p.01
37. A MARMOTA, 07/06/1859, n.1062
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Saudades. {MF-13}, p.01
38. A MARMOTA, 17/06/1859, n.1065
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Epigramma. [“Tratou Maria os meus versos”] {MF-14}, p.04
114
Observações: poema até hoje inédito em livro.
39. A MARMOTA, 05/07/1859, n.1070
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. AO/ BAPTISMO DE DOUS MENINOS. {MF-15}, pp.2-3
40. O ESPELHO REVISTA DE LITERATURA, MODAS, INDÚSTRIA E ARTES,
18/09/1859, n.3
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Desalento. {Es-01}, p.08
Observações: no editorial do primeiro número, publicado a 04 de setembro de
1859, Francisco Eleutério de Sousa, diretor e redator do periódico, manifesta o
propósito de instruir, deleitar e instruir a sociedade, desde os salões da alta
burguesia às classes mais humildes. O Espelho, assim, seria o espaço para
publicações variadas, como romances originais ou traduzidos, artigos sobre
literatura, indústria, artes, poesia e matérias voltadas ao público feminino. Destina-se
ainda a divulgar novos talentos. Machado de Assis participou ativamente da redação
desse periódico, tendo depois a ajuda de Laurindo Rabello, como noticia Raimundo
Magalhães Júnior:
Machado, nos 12 primeiros números da pequena revista, era, praticamente, o
faz-tudo ou tudo-faz da redação. Só depois de ter completado três meses, vitória que
celebrou no artigo de abertura do n.13, datado de 27 de novembro de 1859, O
Espelho assim anunciou então a entrada de Laurindo Rabelo para a sua redação:
“Os nossos leitores conhecem sem dúvida uma das bonitas penas que desta redação
já faz parte, o Sr. Machado de Assis; além deste Sr., tomará também parte na
redação o Sr. L. J. da Silva Rabelo, cujas belíssimas poesias mais de uma vez terão
apreciado”. (MAGALHÃES JÚNIOR: 1981, p.104)
115
41. O ESPELHO REVISTA DE LITERATURA, MODAS, INDÚSTRIA E ARTES,
09/10/1859, n.6
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Á morte de Junqueira Freire. {Es-02}, p.11
42. O ESPELHO REVISTA DE LITERATURA, MODAS, INDÚSTRIA E ARTES,
11/12/1859, n.15
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. As duas redempções./
AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA
MENINA. {Es-03}, pp.09-10
43. A MARMOTA, 20/12/1859, n.1118
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. COLCHÊA [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.03
02. OUTRA [“Uma ingrata, uma inconstante”] {MF-17}, p.03
44. A MARMOTA, 07/02/1860, n.1132
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Motte a premio. [“As Potencias do Occidente”] {MF-01}, p.01
Observações: trata-se da republicação da glosa de Laurindo Rabello ao mote
do concurso proposto por Paula Brito. Há o seguinte paratexto de apresentação ao
poema:
As questões literárias.
Das questões literárias, que, em motes, temos posto a prêmio, a mais
importante, a mais renhida, foi sem dúvida alguma a da guerra do oriente.
116
Como a glosa premiada do Sr. Laurindo José da Silva Rabello tem sido muito
pedida, por já não existirem exemplares da Marmota em que ela foi publicada, antes
e depois do julgamento; aqui a reproduzimos, para satisfazer a curiosidade dos que
desejam tanto vê-la, como possuí-la.
45. A MARMOTA, 02/03/1860, n.1139
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Motte. [“Um pensamento de morte”] {MF-18}, p.01
46. A MARMOTA, 06/04/1860, n.1149
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Á minha terra natal. {MF-19}, pp.01-02
47. A MARMOTA, 21/09/1860, n.1197
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Modinha. [“Que mais desejas?”] {MF-10}, p.01
Observações: republicação de “Que mais desejas?” com o seguinte paratexto
de apresentação:
Que mais desejas!...
Os nossos leitores devem estar lembrados de que já publicamos em nossas
colunas esta conceituosa poesia do nosso amigo Dr. Laurindo José da Silva Rabello,
poesia que foi bem e geralmente aceita, sendo mais que muito notável a estrofe 3a
“Se não me queres.”
Conhecida do público e altamente apreciada esta insigne produção do estro
ardente, coração apaixonado e alma sensível do inimitável poeta fluminense, foi ela
bem interpretada em música pelo Sr. Almeida Cunha, impressa, e se acha à venda
na loja desta oficina, praça da constituição n.64.
Recomendamos portanto às nossas patrícias, não só a leitura, como a
execução musical de tão bela e tão interessante.
Ao fim do poema, outro paratexto:
117
Reproduzimos as letras para que não haja uma só de nossas leitoras, terna,
sensível e apaixonada, que deixe de cantar esta sublime inspiração do Dr. Laurindo,
premiando assim, com a compra de muitas músicas, o talento de quem soube tão
bem compreender a poesia, tornando-a de canto agradável, amável e de fácil
execução.
48. A MARMOTA, 26/10/1860, n.1207
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. EPISTOLA. {MF-20}, pp.01-02
Observações: Após o poema, há o seguinte paratexto:
– De propósito não dissemos de quem eram estes versos, e também estamos
certos de que, logo ao ler as primeiras estâncias, da boca dos leitores saiu
maquinalmente o nome do – DR. LAURINDO!
E como não? Pois há quem escreva com mais entusiasmo, com mais
sentimento, e que revista de mais brilhantes galas ainda os seus mais simplices
versos? Certamente que não.
Esta poesia, porém, sincero desabafo de um coração amigo, foi escrita sob a
impressão do isolamento em que era natural que se achasse um poeta de
imaginação ardente, como o talentoso Fluminense!
Em sua carta, porém, de 1o de Setembro do corrente ano, mais aliviado se
achava ele do peso da saudade que até então o oprimia, apesar dos desvelos e das
carícias da fiel Esposa, e das distrações que lhe buscavam os tão afáveis e tão
prestimosos Port’Alegrenses.
“Isto que acabas de ler (me diz ele) é a simples introdução, em prosa, dessa
carta, que em verso te remeto. Essa poesia foi escrita logo que aqui cheguei, e por
isso, graças a Deus! é lembrança do passado, que o presente já tem modificado
alguma cousa. Com efeito, não estou hoje mal na Província. Tenho mui boas
relações; gozo de bom conceito; estou mesmo bastante acreditado. Se Deus me
ajudar ainda, espero voltar em condições de passar tranquilo o resto de meus dias.
Tenho aqui não poucas vantagens; mas tu, que me conheces, meu Brito,
dize: – Poderei aqui viver tranquilo e sossegado, tão longe dos meus e de ti,
principalmente?”
O Dr. Laurindo tem razão! Conhece-me a fundo, e por isso falou, falando-me,
como deve falar a um verdadeiro amigo.
Aperta-se-me o coração quando isto leio; mas consola-me a esperança de
que talvez se realizem na primeira cabeça de poeta do meu país os sonhos de glória,
que tanto a mente lhe fascinam! Os versos que publicamos, pelo que são em si, e
não pelo que me dizem respeito, são um belo presente que deles faço aos meus
dedicados leitores.
Paula Brito.
49. DIÁRIO DE RIO DE JANEIRO FOLHA POLÍTICA, LITERÁRIA E COMERCIAL,
11/10/1864, ano XLIV, n.280
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
118
01. CANTO DO CYSNE. {DRJ-01}, p.02
Observações: paratexto após o poema: “Feito pelo Sr. Dr. Laurindo Rabello
no seu leito de morte, a 25 de Setembro de 1854, tendo falecido a 28 desse mesmo
mês.”
50. CABRAL, [Alfredo do] Vale. Trovas de Laurindo José da Silva Rebello. Revista
Brasileira. 01/11/1880. v.6
Relação de textos atribuídos a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. FLORES MURCHAS/ Offerecido ao meu amigo e collega Dr. S
(ymphronio)./ O (lympio). Alvares Coelho {Ac-01}, pp.265-273
02. DELIRIO E CIUME {VJ-01}, pp.274-278
03. RONDÓ {MF-02}, p.279
04. A ROMÃ {RB-01}, p.280
05. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.281-284
Observações: Alfredo do Vale Cabral, que não chegou a organizar
propriamente uma compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo
Rabello, deu importante contributo às compilações pós-Dias da Silva Júnior,
publicando uma pequena antologia com o objetivo de “completar as duas edições
mais recentes que temos das suas obras, dadas pelos Srs. Garnier e Dias da Silva
Júnior”2.
51. CABRAL, [“Alfredo do”] Vale. Trovas de Laurindo José da Silva Rebello. Revista
Brasileira. 15/12/1880. v.6
Relação de textos atribuídos a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. A D. CARLOTA LEAL MILLIET/ NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16
DE AGOSTO DE 1858./ ODE {MF-06}, pp.492-494
02. AOS ANNOS DE UM RESPEITAVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.495-498
03. AS LAGRIMAS {MF-11}, p.499
04. MOTTE [“Beijo a mão que me condemna”] {MF-08}, pp.500-501
2
REVISTA BRASILEIRA: 1880, p.262
119
52. CORREIA, Leôncio. Laurindo Rabello. Correio da Manhã, 09/02/1944
Textos atribuídos a Laurindo Rabello na ordem em que aparecem, com
indicação pelo primeiro verso em virtude da falta de título:
01. [“Cravo, rosa, em jarra fina”], p.09 {CM-01}
02. [“Deus, para provar aos homens”], p.09 {AMT-04}
03. [“Causa pena e causa espanto”], p.09 {CM-02}
Observações: matéria noticiando episódios biográficos de Laurindo Rabello,
ilustrados com epigramas.
4.1.2. Periódicos e cancioneiros de modinhas e lundus
01. GUIMARÃES, Antonio Gonçalves. Folhinha de modinhas. Rio de Janeiro:
Antonio Gonçalves Guimarães & Comp., [“186-”].
Observações: Na inventio desta pesquisa, foi localizada apenas a edição da
Folhinha para 1868, com a seguinte página de rosto:
FOLHINHA
DE
MODINHAS
PARA O ANNO BISSEXTO
DE
1868
CONTENDO O 3o CADERNO DE
Modinhas,
Recitativos, Cançonetas,
Lundúns, etc.;
seguida de noticias interessantes
e a chronica do anno.
RIO DE JANEIRO
Publicada e á venda na Livraria de
Antonio Gonçalves Guimarães & Comp.
Rua do Sabão Nº 26.
O “3o caderno de modinhas, recitativos, cançonetas, lundus, etc.”, constante
da edição da Folhinha consultada, não apresenta textos atribuídos a Laurindo
Rabello. Antenor Nascentes, por seu turno, na elaboração de PC2, consultou os
primeiro, segundo, quarto e quinto cadernos, para o cotejo de variações das
modinhas,
conforme
aponta
nas
notas.
Segundo
ainda
nos
informa
paratextualmente, essa seria a relação entre modinhas e cadernos da Folhinha:
120
1o caderno: “Eu sinto angústias” (p.05), “Que mais desejas” (p.18), “Nestes teus
lábios” (p.20), “De ti fiquei tão escravo” (p.35), “Foi em manhã de estio” (p.59);
2o caderno: “Ao trovador” (p.05);
4o caderno: “Riso e morte” (p.12), “Não tem dó do meu penar” (p.26), “A despedida”
(p.31), “O espectro” (p.31), “Se me adoras, se me queres” (p.49);
5o caderno: “É aqui… bem vejo a campa” (p.36);
6o caderno: “Acabou-se a minha crença” (p.45)
Além da importância para a eloboração de PC2, acresce ainda o fato de os
primeiro e segundo cadernos de modinhas da Folhinha serem provavelmente os
testemunhos mais remotos, no caso de algumas canções atribuídas a Laurindo
Rabello. A impossibilidade de consulta ao material, no entanto, foi dirimida mutatis
mutandis em função de Nascentes ter seguido sua lição em PC2.
02. Trovador: jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances,
árias, canções, etc., etc., 10/01/1869, ano III, n.2
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Quanto póde um beijo teu {Trd-01}, p.12
Observações: periódico especializado em modinhas e lundus, sem texto de
apresentação, organizado em três seções básicas, a saber: 1) modinhas, 2)
recitativos e 3) lundus. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
03. Trovador: jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances,
árias, canções, etc., etc., 01/09/1869, ano III, n.8
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Se eu fôra poeta {Trd-02}, p.59
04. Trovador: jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances,
árias, canções, etc., etc., 08/09/1869, ano III, n.9
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
121
01. Trovador/ Accusação {Trd-03}, pp.66-67
05. Lira de Apolo: jornal de modinhas, lundus, recitativos, versos para
fadinhos, etc., etc., 12/09/1869 (ano 1), n.7
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Se me adoras {LA-01}, p.25
Observações: texto introdutório manifestando os votos de sucesso do
periódico. Publicação subdividida internamente em quatro seções: modinhas,
recitativos, lundu e fadinhos. A última seção por vezes vem substituída por ‘canções’
ou suprimida. Além dessas, em algumas edições, aparece a seção ‘romances’. A
atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
06. Lira de Apolo: jornal de modinhas, lundus, recitativos, versos para
fadinhos, etc., etc., 26/09/1869 (ano 1), n.9
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Adeus… adeus… é chegada {LA-02}, p.33
07. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas
portuguesas, etc., etc., 21/11/1869 (ano 1), n.17
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Perdeu a flôr de meus dias {LA-03}, p.65
08. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas
portuguesas, etc., etc., 05/12/1869 (ano 1), n.19
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Se eu fôra poeta {Trd-02}, p.73
122
09. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas
portuguesas, etc., etc., 06/02/1870 (ano 2), n.1
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Riso e morte {LA-04}, p.03
10. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas
portuguesas, etc., etc., 03/03/1870 (ano 2), n.6
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Já dei tudo o que tinha {LA-05}, p.23
11. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas
portuguesas, etc., etc., 20/03/1870 (ano 2), n.7
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. É aqui! bem vejo a campa {LA-06}, p.30
12. Lira de Apolo: jornal de modinhas, recitativos, lundus, canções, romances
e poesias de diversos autores., 11/04/1875 (ano 7)
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Perdeu a flor de meus dias {LA-03}, p.05
Observações:
republicação
da
canção
publicada
anteriormente
em
21/11/1869 (ano 1), n.17.
13. O sorriso: jornal de modinhas, recitativos, lundus e poesias diversas,
16/03/1872, ano 1, n.7
123
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Se me queres ver ainda {Trd-01}, pp.53-54
Observações: texto de apresentação no primeiro número, justificando o
empreendimento do periódico no fato de não haver uma coleção que reúna as
canções que circulam de maneira dispersa pela sociedade brasileira. O periódico
subdivide-se internamente nas seções 1) recitativo, 2) modinhas e 3) lundu; por
vezes figura a seção “mosaico” entre os recitativos e modinhas. A atribuição de
autoria dos textos é feita sem regularidade.
14. O sorriso: jornal de modinhas, recitativos, lundus e poesias diversas,
31/03/1872, ano 1, n.9
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Dous impossiveis {MF-07}, pp.67-69
15. Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. Rio de
Janeiro: Livraria Popular de A. A. Cruz Coutinho – Editor, 1876. v.1
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. O CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, pp.07-08
02. RISO E MORTE {LA-04}, p.09
03. DESALENTO {Es-01}, pp.34-35
04. TROVADOR/ (ACCUSAÇÃO) {Trd-03}, pp.41-42
05. A DESPEDIDA {LA-02}, pp.88-89
06. O BANQUEIRO {TCM-01}, pp.93-94
07. QUE QUERES MAIS? {MF-10}, pp.105-106
08. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA {TCM-02}, p.134
09. EU SOFFRO ANGUSTIAS ME SUFFOCAR {TCM-03}, pp.145-146
10. DÁ-ME UM BEIJO {LA-01}, p.165-166
11. O CEGO {TCM-04}, pp.168-169
124
12. PERDEU A FLÔR DE MEUS DIAS {LA-03}, p.187
Observações: embora os poemas venham classificados pelos rótulos
‘modinha’, ‘recitativo’, ‘canção’, ‘lundu’, ‘ária’, ‘romance’, não há nos volumes desse
cancioneiro uma organização interna por seções. A atribuição de autoria dos textos
é feita sem regularidade.
16. Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. Rio de
Janeiro: Livraria Popular de A. A. Cruz Coutinho – Editor, 1876. v.2
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. O ESPECTRO {TCM-05}, pp.16-17
17. Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. Rio de
Janeiro: Livraria Popular de A. A. Cruz Coutinho – Editor, 1876. v.3
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.61-62
18. Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. Rio de
Janeiro: Livraria Popular de A. A. Cruz Coutinho – Editor, 1876. v.5
01. FOI EM MANHÃ D’ESTIO {TCM-06}, pp.22-23, v.5
19. A cantora brasileira: nova coleção de modinhas brasileiras tanto amorosas
como sentimentais precedidas de algumas reflexões sobre a música no Brasil.
Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1878. v.1
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA {TCM-02}, pp.01-02
02. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.08-09
03. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.70
04. O ESPECTRO {TCM-05}, pp.81-82
125
05. FOI EM MANHÃ D’ESTIO {TCM-06}, pp.97-98
06. JÁ DEI TUDO QUE TINHA {LA-05}, p.107
07. A MINHA FLOR {LA-03}, p.158
08. QUANDO Á TEUS OLHOS {CB-01}, pp.172-174
09. RISO E MORTE {LA-04}, pp.182-183
10. DESALENTO {Es-01}, pp.183-184
11. QUE MAIS DESEJAS? {MF-10}, pp.189-190
12. SE EU FORA POETA {Trd-02}, pp.212-213
13. DÁ-ME UM BEIJO {LA-01}, p.216
14. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.234-237
Observações: volume dedicado apenas às modinhas. No texto da
“Advertência”, J. N. de S. S. (provavelmente Joaquim Norberto de Souza Silva), fala
da intenção baldada de resgatar as palavras de Manoel de Araújo Porto-Alegre
sobre a música no Brasil, publicadas na revista Niterói, em 1836; e da proposta de
identificar a autoria de canções de que se desconhecem os nomes dos legítimos
compositores. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
20. A cantora brasileira: nova coleção de recitativos tanto amorosos como
sentimentais precedidos de algumas reflexões sobre a música no Brasil. Rio de
Janeiro: B. L. Garnier, 1878. v.2
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. AO TROVADOR/ TERCEIRA RESPOSTA {Trd-03}, p.17
02. CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, p.35.
Observações: volume dedicado apenas aos recitativos. Apresenta o mesmo
texto “Advertência”, do primeiro volume.
21. A cantora brasileira: nova coleção de hinos, canções e lundus tanto
amorosos como sentimentais precedidos de algumas reflexões sobre a música
no Brasil. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1878. v.3
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
126
01. CANÇÃO DO CEGO {TCM-04}, pp.33-34
02. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.105-106
03. O BANQEIRO {TCM-01}, pp.201-202
Observações: volume organizado internamente nas seções 1) hinos, 2)
canções e 3) lundus. Apresenta o mesmo texto “Advertência”, dos volumes primeiro
e segundo.
22. Serões baianos: coleção de recitativos, modinhas e canções. Bahia: Livraria
Econômica de Tolentino Álvares & Irmão, – Editores, 1881.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. AMOR E LAGRIMAS {Tr1-14}, pp.35-37
02. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.39-41
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A
atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
23. NEVES, César & CAMPOS, Gauldino de (org). Cancioneiro de músicas
populares. Porto: Tipografia Ocidental, 1893. v.1.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. TROVADOR/ ROMANCE {Trd-03}, p.291
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A
atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
24. Cantor de modinhas brasileiras. 9.ed. Rio de Janeiro & São Paulo: Laemmert
& C. – Editores-proprietários, 1895.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. Quando eu morrer ninguem chore a minha morte/ ou/ O canto do
cysne {DRJ-01}, pp.03-04
02. A minha flôr {LA-03}, pp.05-06
127
03. Desalento {Es-01}, pp.36-37
04. Riso e morte {LA-04}, pp.52-53
05. E aqui, bem vejo a campa {LA-06}, p.61
06. Acabou-se a minha crença {TCM-02}, pp.70-71
07. Eu sinto angustias {TCM-03}, pp.111-112
08. O Trovador {Trd-03}, pp.135-136
09. Que mais desejas? {MF-10}, pp.145-146
10. Quanto a teus olhos {CB-01}, pp.147-148
11. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.156-158
12. Foi em manhã de estio {TCM-06}, pp.163-164
13. Canção do cégo {TCM-04}, pp.167-168
14. A despedida/ (Romance) {LA-02}, pp.198-199
15. Não tem dó do meu penar {CB-02}, pp.210-213
16. O Espectro {TCM-05}, pp.214-216
17. Já não vive a minha flôr {LA-03}, p.320
18. Dá-me um beijo {LA-01}, p.580
19. Já te dei tudo que tinha {LA-05}, p.588
20. Se eu fora poeta {Trd-02}, pp.598-599
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A
atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
25. Lira do Trovador: coleção de modinhas, lundus, recitativos e canções. São
Paulo: Tip. a vapor J. B. Endrizzi & Cia. Editores. [“c.1896”]
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. Acabou-se a minha crença {TCM-02}, pp.03-04
02. O canto do cysne {DRJ-01}, pp.07-08
03. O espectro {TCM-05}, pp.12-13
04. Já não vive a minha flôr {LA-03}, pp.13-14
05. Ao trovador/ MODINHA {Trd-03}, pp.17-18
06. A Despedida {LA-02}, pp.28-29
07. Desalento/ MODINHA {Es-01}, p.32
08. Riso e morte {LA-04}, pp.52-53
128
09. Que mais desejas?/ MODINHA {MF-10}, pp.62-63
Observações: Embora o cancioneiro não esteja organizado internamente por
seções, no índice são mencionados, ao lado dos títulos, os gêneros de cada canção,
a saber, 1) modinha, 2) recitativo, 3) lundu, 4) canção e 5) paródia. A atribuição de
autoria dos textos é feita sem regularidade.
26. O trovador marítimo explêndida coleção de modinhas, recitativos, lundus,
canções, cançonetas, poesias, tangos e fadinhos marítimos; monólogos, etc.,
etc.. Rio de Janeiro: Livraria do Povo – Quaresma & C. – Livreiros-Editores, 1898.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. As rosas do cume {OPL-32}, pp.156
Observações: O cancioneiro não se encontra organizado internamente por
seções, nem há qualquer menção no índice aos gêneros de canções. A atribuição
de autoria dos textos é feita sem regularidade.
27. MORAES FILHO, [“Alexandre José de”] Mello. Cantares brasileiros:
cancioneiro fluminense. [“1900”]
Observações: A inventio desta pesquisa não localizou um exemplar da edição
original, limitando-se a consulta à reedição de 1981, correspondente ao item 42
desta seção.
28. A cantora brasileira: nova coleção de hinos, canções e lundus tanto
amorosas como sentimentais precedidas de algumas reflexões sobre a música
no Brasil. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1900.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. CANÇÃO DO CEGO {TCM-04}, pp.33-34
02. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.105-106
03. O BANQUEIRO {TCM-01}, pp.201-202
Observações: reedição do terceiro volume de A cantora brasileira, com
idêntico conteúdo. O texto da “Advertencia” é o mesmo da edição de 1878. A lição
129
segue rigorosamente a da primeira, sem embargo de um erro tipográfico corrigido
quando dessa reedição, como é o caso do título “O BANQEIRO”, alterado para “O
BANQUEIRO”; ou de dois introduzidos, a saber, ‘elhar’, em “De ti fiquei tão escravo”
(l.24), e ‘qne’, em “O cego de amor” (l.04).
29. MORAES FILHO, [“Alexandre José de”] Mello. Serenatas e saraus: coleção de
autos populares, lundus, recitativos, modinhas, duetos, serenatas, barcarolas
e outras produções brasileiras antigas e modernas. Rio de Janeiro & Paris: H.
Garnier, 1902. v.3.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas e itálico:
01. A DESPEDIDA {LA-02}, pp.52-53
02. DÁ-ME UM BEIJO {LA-01}, p.67
03. E AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, pp.123-124
04. CANÇÃO DO TROVADOR {Trd-03}, pp.140-141
05. DESALENTO {Es-01}, pp.144-145
06. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.196-197
07. DÁ-ME UM BEIJO {LA-01}, pp.231-232
08. RISO E MORTE {LA-04}, pp.239-240
09. QUE MAIS DESEJAS {MF-10}, pp.256-257
10. A ROMÃ/ LUNDÚ {RB-01}, pp.262-263
Observação: O terceiro volume de Serenatas e Saraus é dedicado a 1) Hinos
e 2) modinhas. O primeiro traz 1) bailes pastoris, 2) reisados e chegança, 3) lundus
e modinhas de Domingos Caldas Barbosa. No segundo, Mello Moraes Filho
compilou 1) recitativos, 2) diálogos e monólogos, 3) cançonetas, 4) cenas
dramáticas e 5) cenas cômicas. A atribuição de autoria dos textos é feita sem
regularidade.
30. Trovador brasileiro ou novíssimo cantor de modinhas. Rio de Janeiro:
Livraria do Povo – Quaresma & C. Livreiros-Editores, 1904.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
130
01. DOIS IMPOSSIVEIS/ RECITATIVO {MF-07}, pp.07-09
02. Da-me um beijo/ LUNDÚ BAHIANO {LA-01}, p.48
03. A hora da despedida/ ROMANZA {LA-02}, pp.49-50
04. Já não vive a minha flôr/ MODINHA {LA-03}, p.52
05. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA/ MODINHA {TCM-02}, pp.66-67
06. DESALENTO {Es-01}, p.111
07. RISO E MORTE {LA-04}, pp.126-127
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A
atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
31. PAIXÃO CEARENSE, Catullo da. Cancioneiro popular de modinhas
brasileiras. 25.ed. Rio de Janeiro: Livraria do Povo – Quaresma e C. – LivreirosEditores, 1908.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Que mais desejas? {MF-10}, pp.195-196
Observação: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem
há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos
textos é feita sem regularidade.
32. EMBARCADIÇO, José. Trovador marítimo ou lira do marinheiro. Rio de
Janeiro: Livraria do Povo – Quaresma E. C. – Livreiros Editores, 1910.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. As rosas do cume {OPL-32}, pp.154-155
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem
há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos
textos é feita sem regularidade.
33. MENDES, Júlia de Brito. Canções populares do Brasil. Rio de Janeiro: J.
Ribeiro dos Santos, 1911.
131
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, pp.23-24
02. CANÇÃO DO TROVADOR {Trd-03}, pp.25-26
03. EU SINTO ANGUSTIAS {TCM-03}, pp.111-113
04. ESPECTRO {TCM-05}, pp.181-183
05. RISO E MORTE {LA-04}, pp.190-191
06. DESALENTO {Es-01}, pp.217-219
07. SE EU FORA POETA {Trd-02}, pp.263-265
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. Em
nota introdutória, a organizadora informa que
Algumas das músicas que figuram neste livro são edições dos srs. M. A. Gomes
Guimarães, Bevilacqua e Arthur Napoleão, de quem obtivemos autorização para
publicá-las aqui, e em cujos importantes estabelecimentos são encontradas à venda
com acompanhamento para piano. (MENDES: 1911: p.01)
Contém partitura com as melodias vocais de todas as canções atribuídas a
Laurindo Rabello, mas sem discriminar o conteúdo textual por nota musical. A
atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
34. CONEGUNDES, João de Souza (org). Serenatas: novíssima coleção. Rio de
Janeiro: Livraria Quaresma Editora, 1914.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. AO TROVADOR/ Terceira resposta {Trd-03}, pp.32-33
02. CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, pp.91-92
Observações: publicação sem texto introdutório e organizada em quatro
seções: 1) modinhas e recitativos; 2) a pastorinha, quadras para serem cantadas
nas noites de Natal; 3) fadinhos portugueses; e 4) monólogos, cançonetas etc. A
atribuição de autoria é feita de maneira irregular.
35. NEVES, Eduardo das & BAHIANO (org). Cancioneiro popular moderno. 10.ed.
São Paulo: C. TEIXEIRA & Cª – Editores, 1921.
132
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. O Canto do Cysne {DRJ-01}, pp.73-74
02. De ti fiquei tão escravo! {MF-09}, pp.85-86
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A
atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
36. Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas
e lundus sentimentais. São Paulo: Livraria Magalhães, 192?
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. Dá-me um beijo {LA-01}, pp.08-09
03. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.26-27
04. Que mais desejas? {MF-10}, pp.29-30
05. Beijo de amor {Trd-01}, p.34
06. A DESPEDIDA {LA-02}, pp.44-45
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A
atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
37. Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas
e lundus sentimentais. São Paulo, Rio de Janeiro & Santos: Livraria Magalhães,
[“1924?”]
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. Dá-me um beijo {LA-01}, pp.08-09
03. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.26-27
04. Que mais desejas? {MF-10}, pp.29-30
05. Beijo de amor {Trd-01}, p.34
06. A Despedida {LA-02}, pp.44-45
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A
atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
133
38. SILVA, J. Chrysostomo. Lirismos dum capadócio: moderníssima coleção das
melhores poesias, canções, lundus, recitativos, fadinhos e serenatas,
caprichosamente coordenados por J. Crisóstomo da Silva. 2.ed. São Paulo:
Livraria Editora Paulicéa, 1926.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. DESALENTO {Es-01}, pp.12-13
02. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA {TCM-02}, p.26-27
03. O CÉGO {TCM-04}, pp.34-35
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem
há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos
textos é feita sem regularidade.
39. PONTES, José Vieira. Lira popular brasileira: completa e escolhida coleção
de modinhas, recitativos, lundus, duetos, canções e poesias. 6.ed. São Paulo:
C. Teixeira & Cia. – Editores, 1927.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. O canto do cysne {DRJ-01}, pp.24-25
02. A Despedida {LA-02}, pp.51-52
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem
há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos
textos é feita sem regularidade.
40. MASI, Pedro Luiz. Antologia da serenata: um século de canções, luar e
violão. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1957.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. O CANTO DO CISNE/ Modinha {DRJ-01}, pp.35-36
134
Observações: o texto introdutório expõe o objetivo central da obra, servir de
álbum de serenatas esquecidas, isto é, “música para cantar ao sereno… (…) as
canções, as valsas, as velhas modinhas, enfim, as músicas que os seresteiros,
cantores de “rodinhas” da madrugada, costumavam cantar.” O organizador procede
ainda a um breve histórico da serenata, sua relação com o Romantismo e os
critérios de seleção de textos e organização da antologia. (MASI: 1957, p.13)
Publicação divida em duas seções: modinhas, canções, serenatas e valsas;
sambas-canções e modinhas regionais. Sem embargo do esforço do organizador de
mencionar a autoria de vários poemas, desculpa-se de antemão, no texto
introdutório, pela omissão dos nomes dos autores de alguns poemas. Com relação a
“O canto do cisne”, indica as fontes que utilizou, baseando-se na lição da
compilação de Osvaldo Melo Braga e em Cantares Brasileiros, de Alexandre José
de Mello Moraes Filho, para atestar a autenticidade de autoria.
41. MAURÍCIO, Milene Antonieta Coutinho (org). As mais belas modinhas. Montes
Claros: Espaço 2 Gráfica & Editora, 1976. v.1
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. Canto do Cisne {DRJ-01}, p.94
02. Canção do Trovador {Trd-03}, p.108
Observações: texto introdutório abordando o propósito da obra, pesquisar as
modinhas e reuni-las num livro. A publicação não se apresenta subdividida em
seções. Quanto à atribuição de autoria dos textos, a organizadora desculpa-se de
antemão, caso haja algum equívoco, alegando que buscou utlizar as melhores
fontes. Há ainda um texto breve sobre a história da modinha. A publicação
apresenta a partitura das melodias vocais dos poemas atribuídos a Laurindo
Rabello, sem detalhar o conteúdo textual por nota musical.
42. MORAES FILHO, [“Alexandre José de”] Mello. Cantares brasileiros:
cancioneiro fluminense. Rio de Janeiro: SEEC-RJ, Departamento de Cultura &
INELIVRO, 1981.
135
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. [“O diabo desta chave”] {CBr-01}, p.26
02. [“Eu possuo uma bengala”] {CBr-02}, p.26
03. O cego de amor/ MODINHA {TCM-04}, pp.35-36
04. O banqueiro/ LUNDU {TCM-01}, p.37
05. De ti fiquei tão escravo/ MODINHA {MF-09}, pp.47-48
06. Riso e morte/ MODINHA {LA-04}, p.55
07. Que mais desejas/ MODINHA {MF-10}, pp.61-62
08. Último canto do cisne/ MODINHA {DRJ-01}, pp.65-66
09. A minha flor/ MODINHA {LA-03}, pp.67-68
10. Beijo de amor/ MODINHA {Trd-01}, p.69
11. Acabou-se a minha crença/ MODINHA {TCM-02}, p.75
12. Eu sinto angústias/ MODINHA {TCM-03}, pp.115-116
13. Foi em manhã de estio/ MODINHA {TCM-06}, pp.118-119
14. O estudante e a lavadeira/ DUETO {CBr-03}, pp.121-124
15. Canção do trovador/ MODINHA {Trd-03}, pp.133-134
16. O namorado sem dinheiro/ RECITATIVO CÔMICO {CBr-04}, pp.138-142
17. Desalento/ MODINHA {Es-01}, pp.178-179
18. A despedida/ MODINHA {LA-02}, p.185
19. Espectro/ MODINHA {TCM-05}, pp.208-209
20. Hino dos cegos {P1-16}, pp.258-262
21. A romã/ LUNDU {RB-01}, p.288
22. Se eu fora poeta/MODINHA {Trd-02}, pp.304-305
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções que
designam gêneros de canções, nem há qualquer menção no índice ao gênero das
canções. Há apenas uma primeira parte destinada aos textos das canções, seguida
de outra em que foram compiladas a partituras com as melodias vocais de algumas
canções. Contém partituras com melodias vocais de “Espectro”, “Riso e morte”,
“Desalento” e “Eu sinto angústias”, detalhando-se o conteúdo textual por nota
musical. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. Do item 02,
Mello Moraes Filho publicou apenas um fragmento de quatro versos.
136
43. MAURÍCIO, Milene Antonieta Coutinho (org). As mais belas modinhas. s.l.:
Imprensa Oficial, 1982. v.2.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas e itálico:
01. EU SINTO ANGÚSTIAS {TCM-03}, p.80
02. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, p.81
03. SE EU FORA POETA {Trd-02}, p.121
04. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA {TCM-02}, p.211
Observações: O cancioneiro encontra-se organizado internamente por seções
que não correspondem aos gêneros de canções tais como figuravam comumente
nos cancioneiros do século XIX. Aqui, a categorização das canções é baseada em
épocas, a saber, 1) modinhas coloniais, 2) modinhas imperiais, 3) modinhas de
ontem, 4) modinhas de hoje. Contém partituras com as melodias vocais de “Eu sinto
angústias”, “A minha resolução”, “Se eu fora poeta” e “Acabou-se a minha crença”,
mas sem detalhar o conteúdo textual por nota musical. A atribuição de autoria dos
textos é feita sem regularidade.
44. Álbum do trovador brasileiro e coleção de modinhas, lundus, recitativos e
canções. Rio de Janeiro: Garnier, s.d.
Obs: Na inventio desta pesquisa, não foi localizado exemplar da obra. Sabese, apenas, pelas notas de Antenor Nascentes que o Álbum, conteria as seguintes
canções atribuídas a Laurindo Rabello: “Ao trovador” (p.25). Nascentes, porém,
prefere seguir a lição da Folhinha de Modinhas, anotando algumas diferenças entre
ambas a lições, conforme será comentado mais adiante neste trabalho, no item “4.3.
Estema”.
45. Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas
e lundus sentimentais. São Paulo: Livraria Magalhães, s.d.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. Dá-me um beijo {LA-01}, pp.08-09
03. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.26-27
137
04. QUE MAIS DESEJAS? {MF-10}, pp.29-30
05. Beijo de amor {Trd-01}, p.34
06. A despedida {LA-02}, pp.44-45
Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem
há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos
textos é feita sem regularidade.
46. JUNIOR, Ricardo (org). A lira do capadócio. São Paulo: Livraria Magalhães,
s.d.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. O canto do Cysne {DRJ-01}, p.20-21
Observações: O texto introdutório fala do sucesso da coletânea, que em sua
nova edição traz a poesia inédita “Neste mundo de ilusão” e mais duas serenatas.
Embora a publicação não apresente formalmente divisões internas, o índice ao final
subdivide-se em quatro seções: modinhas, em que figura “O canto do cisne”, lundus,
recitativos e canções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade.
47. UM AMANTE AO LUAR (org). Cantor luso-brasileiro. São Paulo & Rio de
Janeiro: Livraria Magalhães, s.d.
Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem,
sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/),
mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas e itálico:
01. Eu sinto a angustia {TCM-03}, pp.50-51
02 BEIJO DE AMOR {Trd-01}, p.81
03. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.87-88
Observações: o texto introdutório fala do esforço do organizador de reunir as
mais belas serentas e de suas expectativas quanto ao sucesso da obra. Publicação
sem divisão em seções tanto internamente, quanto no índice. Atribuição da autoria
de textos somente em canções de Catullo da Paixão Cearense.
138
48. Cancioneiro fluminense. São Paulo: Livraria Magalhães, s.d.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Canção do Trovador {Trd-03}, pp.134-136
Observações: publicação sem texto introdutório e divisão em seções tanto
internamente, quanto no índice. A atribuição de autoria dos textos é feita sem
regularidade. Embora nem todos os poemas tenham atribuição de autoria, o
organizador demonstra preocupação de registrar seus intérpretes, que atuavam nos
cafés cantantes do Rio de Janeiro, a saber, os cançonetistas Octaviano da Rocha
Vianna, Manoel Thomaz de Souza; as atrizes Cyrina Polonio, Pepa Delgado, Luiza
Caldas, Laura Godinho, Cecilia Porto, Maria Flores; e os atores Mattos Figueiredo,
Pedroso, Torres, Alfredo Silva, Francklin; todos mencionados desde a página de
rosto.
4.1.3. Compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello
01. RABELLO, Laurindo José da Silva. Trovas. Bahia: Tipografia de Epifânio
Pedroza, 1853.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas e itálico:
1. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.05-06
2. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.07-17
3. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.18-24
4. NO ALBUM D’UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.25-26
5. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.27-32
6. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.33-35
7. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.36-38
8. AOS ANNOS/ DO MEU PRESADO AMIGO/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA
{Tr1-08}, pp.39-44
139
9. EPICEDIO A MORTE DO/ DR. JOSÉ DE ASSIS ALVES BRANCO MONIZ
BARRETO,/ E OFFERECIDO AO ILL.mo SENHOR DR LUIZ MARIA A. F. MUNIZ
BARRETO {Tr1-09}, p.45-53
10. SOBRE O TUMULO/ DO MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10},
pp.54-58
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.59-66
12. A MINHA VIDA/ AO MEU AMIGO E COLLEGA A. J. RODRIGUES DA
COSTA * {Tr1-12}, pp.67-72
13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!/ AO MEU AMIGO E COLLEGA
LAURINDO J. DA SILVA RABELLO {Tr1-13}, pp.73-78
14. AMOR E AS LAGRIMAS/ OFFERECIDA AO MEU COLLEGA E AMIGO/
MANOEL BENARDINO BOLIVAR {Tr1-14}, pp.79-82
15. A SAUDADE BRANCA/ COMPOSTA POR OCCASIÃO DA MORTE DE
MINHA IRMÃ, E OFFERECIDA/ AO MEU INTIMO AMIGO E COLLEGA/ ANTONIO
AUGUSTO DE MENDONÇA JUNIOR {Tr1-15}, pp.83-88
16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SNR. FRANCISCO MUNIZ BARRETTO
{Tr1-16}, pp.89-93
17. SONETOS/ Heide martyr de amor, morrer te amando. {Tr1-17}, p.94
18. É carpir, delirar, morrer por ella. {Tr1-18}, p.95
19. [“Geme, geme, mortal infortunado”] {Tr1-19}, p.96
20. A UMA SENHORA POR OCCASIÃO DE TOCAR UMAS VARIAÇÕES
SOBRE/ THEMAS DE BELINE {Tr1-20}, p.97
21. À SRA. MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO THEATRO
DE S. JOÃO {Tr1-21}, p.98
22. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22},
p.99
23. À MESMA SENHORA [“Alcione, perdido o esposo amado,”] {Tr1-23},
p.100
Observações: primeira compilação de poemas de Laurindo Rabello,
organizada pelo próprio autor, que no “a quem ler” pede aos leitores que não se
furtem a lhe fazer as devidas críticas. A resposta demoraria por volta de dois anos,
pelo menos, nos periódicos fluminenses, quiçá porque a edição de 1853 não chegou
em tempo às mãos de muitos no Rio de Janeiro, como se presume, por exemplo, a
140
partir de Anastácio Luiz de Bonsucesso, que em “Quatro vultos”, apêndice à
Biblioteca do instituto dos bacharéis em letras, refere-se somente à 2a edição:
Quando em 1855, anunciou-se que Laurindo, o homem cujo talento tinha sido tantas
vezes admirado pela multidão, publicara um volume de versos, todos procuraram
conhecer o livro, (…). (BONSUCESSO: 1867, p.281)
Por sua vez, Teixeira de Melo afirma Laurindo Rabello ter publicado as
Trovas em 18543. Joaquim Norberto de Souza Silva sugere desconhecer a primeira
edição, visto apenas referir à segunda, de 1855, na advertência de sua compilação,
ainda assim contabilizando um número equivocado de poemas, a saber, vinte, ao
invés de vinte e três que de fato compõem o opúsculo. Alfredo do Vale Cabral
comete lapso de informações quanto à referida edição. Mesmo Osvaldo de Melo
Braga, que sessenta e nove anos depois organizou a sexta compilação post-mortem
de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, parece não ter também manuseado um
exemplar da primeira edição, visto se equivocar com a indicação bibliográfica. Ao
invés de Epifânio Pedroza, o nome correto do tipógrafo, figura Camilo de Lelis
Masson & Cia.
O único exemplar localizado na inventio desta pesquisa encontra-se na
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (BN). Curiosamente Teixeira de Melo, que
em artigo publicado nos Anais da própria BN incluiu um breve estudo acerca das
compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello publicadas até 1877,
confessa não ter consultado a edição original, por não desfrutar de nenhum
exemplar, afirmando ainda “de fonte certa”4 a data de publicação ser 1854, com
base em matéria da Marmota Fluminense de 27/06/1854. Eis a fonte:
AS TROVAS
do Sr. Laurindo José da Silva Rabelo.
Foi deste interessante livro, de que o autor nos fez presente, que
transcreveremos a poesia que abaixo se segue, e que recomendamos aos cuidados
dos cultivadores das musas e dos apreciadores da lira fluminense.
O livro do Sr. Laurindo é tal, impresso há pouco na Bahia (e que vai ser
reimpresso nesta corte), que para fazer-se dele uma transcrição, não é preciso
escolher a poesia pelo assunto, todas as estrelas são astros, e é por isso que nós
abrindo-o por acaso, encontramos na página 33 a - minha resolução - título modesto
que é desenvolvido por estes versos, tão simples, tão belos, tão naturais, que
3
4
MELO: 1877, p.358.
Idem: ibidem, p.358.
141
ninguém ficará satisfeito lendo-os uma só vez!5 (MARMOTA FLUMINENSE, 1854,
p.3)
A explicação para o desencontro entre Teixeira de Melo e a primeira edição,
depositada na Divisão de Obras Raras da BN, pode ser o fato de ela, conforme o
livro de registro de entrada aponta, ter sido catalogada somente em 30 de junho de
1952, portanto cerca de setenta e cinco anos depois. O exemplar pertenceu a Félix
Ferreira e integra a coleção Benedito Ottoni, que ainda conta com um exemplar da
edição de Eduardo de Sá, a ser descrita mais a frente.
02. RABELLO, Laurindo José da Silva. Trovas. 2.ed. Rio de Janeiro: Tipografia de
Nicolau Lobo Viana & Filhos, 1855.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de
maiúsculas, minúsculas e itálico:
1. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.07-08
2. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.09-19
3. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.20-24
4. NO ALBUM D’UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.25-26
5. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.27-32
6. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.33-35
7. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.36-38
8. AOS ANNOS/ DO MEU PRESADO AMIGO/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA
{Tr1-08}, pp.39-44
9. EPICEDIO A MORTE DO/ DR. JOSÉ DE ASSIS ALVES BRANCO MONIZ
BARRETO,/ E OFFERECIDO AO ILL.mo SENHOR DR LUIZ MARIA A. F. MUNIZ
BARRETO {Tr1-09}, p.45-53
10. SOBRE O TUMULO/ DO MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10},
pp.54-58
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.59-66
12. A MINHA VIDA/ AO MEU AMIGO E COLLEGA A. J. RODRIGUES DA
COSTA * {Tr1-12}, pp.67-72
13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!/ AO MEU AMIGO E COLLEGA
LAURINDO J. DA SILVA RABELLO {Tr1-13}, pp.73-78
5
Na sequência, o poema “A minha resolução” é transcrito na íntegra.
142
14. AMOR E AS LAGRIMAS/ OFFERECIDA AO MEU COLLEGA E AMIGO/
MANOEL BENARDINO BOLIVAR {Tr1-14}, pp.79-82
15. A SAUDADE BRANCA/ COMPOSTA POR OCCASIÃO DA MORTE DE
MINHA IRMÃ, E OFFERECIDA/ AO MEU INTIMO AMIGO E COLLEGA/ ANTONIO
AUGUSTO DE MENDONÇA JUNIOR {Tr1-15}, pp.83-88
16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SNR. FRANCISCO MUNIZ BARRETTO
{Tr1-16}, pp.89-93
17. Heide martyr de amor, morrer te amando. {Tr1-17}, p.90
18. É carpir, delirar, morrer por ella. {Tr1-18}, p.91
19. SONETO [“Geme, geme, mortal infortunado”] {Tr1-19}, p.92
20. A UMA SENHORA POR OCCASIÃO DE TOCAR UMAS VARIAÇÕES
SOBRE/ THEMAS DE BELINE {Tr1-20}, p.93
21. À SRA. MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO THEATRO
DE S. JOÃO {Tr1-21}, p.94
22. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22},
p.95
23. À MESMA SENHORA [“Alcione, perdido o esposo amado,”] {Tr1-23}, p.96
24. À BAHIA {Tr2-01}, pp.97-102
Observações: segunda edição de Trovas. É provável que Laurindo Rabello
tenha preparado a segunda edição, mas não tenha visto o resultado final, questão
que será abordada mais em momento neste trabalho, no item “4.3. Percurso
histórico do texto dos poemas”. Acréscimo do poema À Bahia ao final da sequência
de poemas originários da primeira edição. De acordo com Teixeira de Melo, foi a
partir dessa edição que, no Diário do Rio de Janeiro de 15 de abril de 1856, Augusto
Emílio Zaluar manifestou sua crítica, já aludida no item “3.1. Recepção crítica”.
03. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias. Rio de Janeiro: Tipografia de
Pinheiro & Companhia, 1867.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de
maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos:
01. MOTE [“Sôa o bronze expira o dia”] {P1-01}, pp.V-VII
02. MOTE [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.VII-VIII
03. MOTE [“Quebrou amor por despeito”] {P1-03}, p.IX
143
04. OUTRA [“Um cartucho de confeito”] {P1-04}
05. MOTE [“Ou são quatro as graças bellas”] {P1-05}, p.X
06. MOTE [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.X
07. MOTE [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, p.XI
08. [“Se não é dado o ser médico aos poetas”] {P1-07}, p.XVII
09. [“Cada um de nós no mundo”] {P1-08}, p.XIX
10. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.01-02
11. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.03-13
12. O GENIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.14-20
13. NO ALBUM D’UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.21-22
14. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.23-28
15. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.29-30
16. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.31-34
17. AOS ANNOS/ DO MEU PREZADO AMIGO/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA.
{Tr1-08}, pp.35-40
18. EPICEDIO/ Á MORTE/ DO DOUTOR/ José de Assis Alves Branco
Moniz Barreto/ e offerecido ao Illm. Sr./ DR. LUIZ MARIA A. F. MONIZ BARRETO
{Tr1-09}, pp.41-48
19. SOBRE O TUMULO/ DO MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10},
pp.49-52
20. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.53-58
21. A MINHA VIDA/ AO MEU AMIGO E COLLEGA/ A. J. RODRIGUES DA
COSTA {Tr1-12}, pp.59-62
22. O QUE SOU E O QUE SEREI!/ AO MEU AMIGO E COLLEGA/
LAURINDO J. DA SILVA RABELLO {Tr1-13}, pp.63-67
23. AMOR E LAGRIMAS/ OFFERECIDA AO MEU COLLEGA E AMIGO/
MANOEL BERNARDINO BOLIVAR {Tr1-14}, pp.68-70
24. A SAUDADE BRANCA/ COMPOSTA POR/ occasião da morte de
minha irmã/ e offerecida ao meu intimo amigo e collega/ ANTONIO AUGUSTO DE
MENDONÇA JUNIOR {Tr1-15}, pp.71-75
25. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ FRANCISCO MONIZ
BARRETO {Tr1-16}, pp.76-79
26. HEI DE, MARTYR DE AMOR, MORRER TE AMANDO {Tr1-17}, p.80
27. É CARPIR, DELIRAR, MORRER POR ELLA {Tr1-18}, p.81
144
28. SONETO {Tr1-19}, p.82
29. A UMA SENHORA/ POR OCCASIÃO/ DE TOCAR UMAS VARIAÇÕES
SOBRE/ THEMAS DE BELLINI {Tr1-20}, p.83
30. Á SRA. MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR DO THEATRO
DE S. JOÃO {Tr1-21}, p.84
31. Á MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22},
p.85
32. Á MESMA SENHORA [“Alcione, perdido o esposo amado,”] {Tr1-23}, p.86
33. Á BAHIA {Tr2-01}, pp.87-91
34. Á MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.92-93
35. FRAGMENTO/ AMOR PERFEITO {Ac-01}6, pp.94-96
36. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.97-99
37. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.100-103
38. AS DUAS REDEMPÇÕES/ AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA
MENINA {Es-03}, pp.104-107
39. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.108-125
40. AO OCTAGESIMO SEGUNDO ANNIVERSARIO DO ILLM. SR./ JOÃO
ANTONIO DA TRINDADE, NO DIA 26 DE MAIO/ DE 1859, PELO SEU AFILHADO
DR. LAURINDO JOSÉ/ DA SILVA RABELLO. {MF-12}, pp.126-128
41. AOS ANNOS DE MINHA MADRINHA/ A EXM. SRA. D. THERESA
MARIA CAETANA/ DA TRINDADE {P1-11}, pp.129-130
42. MOTE A PREMIO [“As Potencias do Occidente”] {MF-01}, pp.131-132
43. MOTE/ IMPROVISADO EM UMA REUNIÃO PATRIOTICA QUE FES-/
TEJAVA O DIA 7 DE SETEMBRO, ANNIVERSARIO DA/ INDEPENDENCIA DO
IMPERIO. {P1-12}, pp.133-134
44. FRAGMENTO/ SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}7, pp.135-137
45. POESIA/ OFFERECIDA AO SR. P. J. F. TORRES E A SUA SRA./ D. L.
L. DA CUNHA TORRES/ Por occasião do baptismo de um seu filho, tendo a mesma
senhora servido de madrinha a um outro menino baptizado na mesma occasião.
{MF-15}, pp.138-140
6
Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto
de 1855 d’O Acadêmico.
7
Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
145
46. O DESALENTO/ AO MEU AMIGO/ LEOPOLDO LUIZ DA CUNHA {Es01}, pp.141-142
47. À MINHA TERRA NATAL {MF-19}, pp.143-144
48. SAUDADES {MF-13}, pp.145-148
49. EPISTOLA/ AO AMIGO PAULA BRITO {MF-20}, pp.149-152
50. BANDO/ FEITO COM O FIM DE CONVIDAR O POVO BAHIANO A
CE-/LEBRAR O DIA 2 DE JULHO COM POMPA {P1-13}, pp.153-156
51. IMPROVISO/ NA OCCASIÃO DE VER TERRAS DO RIO DE JANEIRO,/
VINDO DA PROVINCIA DO RIO GRANDE DO SUL {P1-14}, pp.157-158
52. MOTE [“Um pensamento de morte”] {MF-18}, pp.159-160
53. AO DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TUMULOS {P1-15}, pp.161163
54. HYMNO/ QUE OS MENINOS CEGOS CANTÁRÃO NA OCCASIÃO DA/
DISTRIBUIÇÃO DOS PREMIOS EM 1863 {P1-16}, pp.164-169
55. MOTE/ A MINHA MULHER {P1-17}, pp.170-171
56. ULTIMO CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, pp.172-173
Observações: primeira compilação post-mortem de poemas de Laurindo
Rabello. Nas páginas XXI-XXVII, Eduardo de Sá Pereira de Castro, o organizador,
compila seis improvisos e dois epigramas atribuídos a Laurindo Rabello. Reúne
ainda os poemas declamados no funeral de Laurindo Rabello por Pires Ferrão e
Antônio Herculano da Costa Brito. A compilação de Eduardo de Sá dispõe
inicialmente dos vinte e quatro poemas da segunda edição na ordem original,
seguidos por vinte e três recolhas, num total de cinquenta e cinco textos.8 O
exemplar consultado nesta pesquisa encontra-se na Biblioteca Lúcio de Mendonça
(ABL). Pertenceu ao acadêmico Tancredo Paiva e apresenta dedicatória de Eduardo
de Sá a Luiz Joaquim Duque Estrada Teixeira9, datada de 08/03/1871. Além dessas
particularidades, sua importância consiste em apresentar emendas a lápis adotadas
por Osvaldo de Melo Braga em sua compilação, quiçá até mesmo feitas por ele, uma
vez que foi bibliotecário chefe daquela biblioteca.
8
Isto é, quarenta e sete da compilação propriamente dita mais oito reunidos na própria introdução.
Como se verá, algumas compilações posteriores repudiarão os poemas transcritos por Eduardo de
Sá na introdução.
9
Luiz Joaquim Duque Estrada Teixeira (1836-1884), doutor em Direito e deputado provincial e geral
quatro vezes pelo partido conservador.
146
O texto introdutório da compilação de Eduardo de Sá é preponderantemente
concentrado em aspectos biográficos. As breves referências à obra de Laurindo
Rabello remetem às lacunas na bibliografia ativa, o poema narrativo “Alberto”, de
que é feita uma síntese, e as peças Os anéis de uma cadeia e O mendigo da serra,
além de se mencionar a polivalência da poesia de Laurindo Rabello, em que
confluem diversos estilos “o sério, o burlesco, o erótico, o épico, o pindárico (…).” 10,
questão já desenvolvida no item “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”.
04. RABELLO, Laurindo José da Silva. Obras poéticas. Rio de Janeiro & Paris: H.
Garnier, Livreiro-editor, 1876.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de
maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SAO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.69-71
02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.73-84
03. O GENIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.85-93
04. NO ALBUM DE UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.95-96
05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.97-104
06. A MINHA RESOLUÇAO {Tr1-06}, pp.105-107
07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.109-112
08. A JOSE PEDREIRA FRANÇA {Tr1-08}, pp.113-118
09. A MORTE DO DR. JOSE DE ASSIZ1 {Tr1-09}, pp.119-128
10. SOBRE O TUMULO DO MARECHAL/ LABATUT {Tr1-10}, pp.129-133
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.135-141
12. A MINHA VIDA1 {Tr1-12}, pp.143-147
13. O QUE SOU E O QUE SEREI {Tr1-13}, pp.149-153
14. AMOR E LAGRIMAS 1 {Tr1-14}, pp.155-157
15. A SAUDADE BRANCA1 {Tr1-15}, pp.159-163
16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ FRANCISCO MONIZ
BARRETO {Tr1-16}, pp.165-168
17. A’ BAHIA {Tr2-01}, pp.169-174
18. A, MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.175-176
10
CASTRO: 1867, p.V.
147
19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.177-17911
20. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.181-183
21. NÃO POSSO MAIS {P1-09}, pp.185-188
22. AS DUAS REDEMPÇÕES/ AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA
MENINA {Es-03}, pp.189-192
23. AO SR JOÃO ANTONIO DA TRINDADE1 {MF-12}, pp.193-196
24. A, Sra D. TERESA MARIA CAETANA/ DA TRINDADE1 {P1-11}, pp.197198
25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}, pp.199-20112
26. OS DOUS BAPTISADOS1 {MF-15}, pp.203-205
27. O DESALENTO/ AO MEU AMIGO/ LEOPOLDO LUIZ DA CUNHA {Es-01},
pp.207-208
28. A, TERRA NATAL {MF-19}, pp.209-210
29. SAUDADES {MF-13}, pp.211-214
30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.215-218
31. BANDO1 {P1-13}, pp.219-222
32. AO AVISTAR AS TERRAS DO RIO/ DE JANEIRO1 {P1-14}, pp.223-224
33. AO DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TUMULOS {P1-15}, pp.225228
34. ULTIMO CANTO DO CYSNE {DRJ-01), pp.229-230
35. AS POTENCIAS DO OCCIDENTE {MF-01}, pp.233-234
36. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.235-236
37. O PHAROL DA LIBERDADE1 {P1-12}, pp.237-239
38. A MINHA MULHER {P1-17}, pp.241-242
39. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, p.245
40. A UMA INCONSTANTE/ SONETO II {Tr1-18}, p.246
41. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, p.247
42. A UMA SENHORA/ SONETO IV {Tr1-20}, p.248
43. A’ SENHORA MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO
THEATRO DE S. JOÃO/ DA CIDADE DA BAHIA/ SONETO V {Tr1-21}, p.249
44. A’ MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.250
11
Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O acadêmico.
12
Esse poema corresponde na verdade ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O acadêmico.
148
45. A’ MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.251
46. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.253-275
47. HYMNO {P1-16}, pp.277-286
Observações: segunda compilação post-mortem de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello. O compilador, Joaquim Norberto de Souza Silva, reuniu quarenta
e sete poemas. Na “Advertência sobre a presente edição”, Norberto de Souza Silva
fala do esforço para reunir obras de autores esquecidos como Basílio da Gama,
Santa Rita Durão, Antônio José, dentre outros. Sua coletânea integra a coleção
“Brasília”. Ao mencionar a data de publicação das Trovas, cita o prefácio escrito por
Laurindo Rabello quase na íntegra, ignorando a data correta da primeira edição.
Logo após, reedita o estudo de Eduardo de Sá no segmento “Juízo Crítico”, seguido
por um texto de sua autoria, a “Notícia sobre o Dr. Laurindo Rabello e suas obras”,
pelas “Poesias à memória de Laurindo Rabello”
13
e enfim as “Notas”. Depois da
antologia propriamente dita, há somente o índice dos poemas.
Em confronto com a compilação de Eduardo de Sá, não se pode deixar de
notar, no trabalho de Norberto de Souza Silva, a redução do número de poemas
atribuídos a Laurindo Rabello. O fato se dá pela não inserção total das recolhas de
Eduardo de Sá no corpo propriamente dito da compilação. Os seis improvisos e dois
epigramas do texto introdutório de Eduardo de Sá aparecem apenas na seção “Juízo
Crítico”. A compilação apresenta, portanto, os vinte e quatro da segunda edição de
Trovas (aproveitamento total) somados a vinte e três das vinte e nove recolhas de
Eduardo de Sá (aproveitamento parcial).
A compilação de Norberto de Souza Silva traz ainda outras particularidades.
Uma delas é a alteração de títulos, visando, crê-se, à economia feita através do
enxugamento dos mais extensos, como por exemplo “A saudade branca. Composta
por ocasião da morte de minha irmã, e oferecida ao meu íntimo amigo e colega
Antônio Augusto de Mendonça Júnior”, que passou simplesmente a “A saudade
branca”, ou ainda “Poesia oferecida ao Sr. P. J. F. Torres e a sua Sra. D. L. L. da
Cunha Torres por ocasião do batismo de um seu filho, tendo a mesma senhora
servido de madrinha a um outro menino batizado na mesma ocasião.”, abreviada
para “Os dous baptisados”, com as devidas notas de roda-pé. Outra mudança foi a
alteração da ordem dos poemas.
13
“Soneto”, de Pires Ferrão; poema sem título de Carlos Ferreira; outro poema sem título de Costa
Brito. Esses poemas já haviam sido recolhidos por Eduardo de Sá, na introdução de sua compilação.
149
Embora o estudo de Joaquim Norberto de Souza Silva priorize a biografia, a
curta apreciação literária que é feita vai um pouco mais a fundo do que a de Eduardo
de Sá, descrevendo vicissitudes quanto à métrica e à rima de Laurindo Rabello:
Como José Bonifácio, adotou as estrofes irregulares na maior parte de suas poesias.
A sua rima é rica e variada, mas não guarda simetria alguma no uso das agudas e
graves, segundo a regra observada pelos italianos e seguida pelos nossos melhores
poetas. São seus versos harmoniosos e raro é encontrar algum mal medido ou
cesurado. (SILVA: 1876, p.35)
É explorado ainda o problema das obras perdidas de Laurindo Rabello, sendo
citados os mesmos títulos referidos por Eduardo de Sá, e resumido o poema
“Alberto”.
05. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias do dr. Laurindo. Rio de Janeiro:
Tipografia e litografia Carioca, 1877.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de
maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.21-22
02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.23-33
03. O GENIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.34-40
04. No album d’uma Senhora {Tr1-04}, pp.41-42
05. Estragos de amor {Tr1-05}, pp.43-48
06. Linguagem dos Tristes {Tr1-07}, pp.49-52
07. AO NATALICIO/ DE/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA {Tr1-08}, pp.53-59
08. EPICEDIO/ Á/ MORTE DO DOUTOR/ José de Assis Alves Branco
Moniz Barreto {Tr1-09}, pp.60-68
09. SOBRE O TUMULO/ DO/ MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10},
pp.69-72
10. Adeus ao mundo {Tr1-11}, pp.73-78
11. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.79-82
12. Amor e lagrimas {Tr1-14}, pp.83
13. Á Bahia {Tr2-01}, pp.86-90
14. Á/ MORTE/ DE/ Junqueira Freire {Es-02}, pp.91-93
150
15. FRAGMENTO/ AMOR PERFEITO {Ac-01}14, pp.94-96
16. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.97-99
17. NAO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.100-103
18. AS DUAS REDEMPÇÕES/ AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA
MENINA {Es-03}, pp.104-107
19. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.108-125
20. AO/ Octagesimo segundo anniversario do Illm. Sr. João/ Antonio da
Trindade, no dia 26 de Maio de 1859,/ pelo seu afilhado Dr. Laurindo José da
Silva/ Rabello. {MF-12}, pp.126-128
21. AOS ANNOS DE MINHA MADRINHA/ A EXM. SRA. D. THereza Maria
Caetana da Trindade {P1-11}, pp.129-130
22. FRAGMENTO/ SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}15, pp.131-132
23. POESIA/ Por occasião do baptismo de um seu filho, tendo/ a mesma
senhora servido de madrinha a um/ outro menino baptizado na mesma
occasião {MF-15}, pp.133-134
24. AO/ DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TUMULOS {P1-15},
pp.135-137
25. HYMNO/ Que os meninos cegos cantarão na occasião da/
distribuição dos premios em 1861 {P1-16}, pp.138-144
26. CIUME E RAZÃO {PDL-01}, pp.145-148
27. Á MINHA TERRA NATAL {MF-19}, pp.149-150
28. EPISTOLA/ AO MEU AMIGO PAULA BRITO {MF-20}, pp.151-154
29. A SAUDADE BRANCA/ POR/ OCCASIÃO DA MORTE DE MINHA
IRMÃ {Tr1-15}, pp.155-159
30. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SR. FRANCISCO MONIZ BARRETO
{Tr1-16}, pp.160-163
31. O TEMPO {PDL-02}, p.167
32. HEI-DE, MARTYR DE AMOR, MORRER TE AMANDO {Tr1-17}, p.168
33. É CARPIR, DELIRAR, MORRER POR ELLA (*) {Tr1-18}, p.169
34. SONETO [“Geme, geme, mortal infortunado”] {Tr1-19}, p.170
14
Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
15
Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O acadêmico.
151
35. A UMA SENHORA/ POR OCCASIÃO/ DE TOCAR UMAS VARIAÇÕES
SOBRE/ THEMAS DE BELLINI {Tr1-20}, p.180
36. A SRA. MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO THEATRO
DE S. JOÃO {Tr1-21}, p.181
37. Á MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22},
p.182
38. Á MESMA SENHORA [“Alcione, perdido o esposo amado,”] {Tr1-23},
p.183
39. CORAÇÃO, PORQUE TE AGITAS! {Tr1-06}, pp.177-178
40. QUE MAIS DESEJAS? {MF-10}, pp.179-180
41. Adeus… adeus… {LA-02}, pp.181-182
42. EU SINTO ANGUSTIAS {TCM-03}, pp.183-185
43. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, p.186
44. DESCRENÇA {TCM-02}, pp.187-188
45. Já não vive a minha flor {LA-03}, p.189
46. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.190-191
47. QUE DESCONSOLO! {PDL-03}, p.192
48. MOTTE [“Ainda no mar do cíume”] {PDL-04}, p.193
49. MOTTE [“As Potencias do Occidente”] {MF-01}, pp.194-195
50. MOTTE/ IMPROVISADO EM UMA REUNIÃO PATRIOTICA QUE/
FESTEJAVA O DIA 7 DE SETEMBRO/ ANNIVERSARIO DA INDEPENDENCIA DO
IMPERIO {P1-12}, pp.196-197
51. IMPROVISO/ Na occasião de ver terras do/ Rio de Janeiro/ vindo da
provincia do Rio Grande do Sul {P1-14}, pp.198-199
52. MOTTE [“Um pensamento de morte,”] {MF-18}, pp.200-201
53. SAUDADES {MF-13}, pp.202-205
54. BANDO/ Feito com o fim de convidar o povo bahiano/ a celebrar o
dia/ 2 de Julho, com pompa {P1-13}, pp.206-209
55. MOTTE/ Á MINHA MULHER/ LEMBRANÇAS DO NOSSO AMOR {P117}, pp.210-211
56. DESALENTO {Es-01}, pp.212-213
57. ANGUSTIA {PDL-05}, p.214
58. QUANDO EU DEIXAR DE CHORAR {LA-04}, pp.215-216
59. MOTTE (*) [“Sôa o bronze expira o dia”] {P1-01}, pp.217-218
152
60. MOTTE (*) [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.219-220
61. MOTTE (*) [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, p.221
62. MOTTE (*) [“Ou são quatro as graças bellas”] {P1-05}, p.222
63. MOTTE [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.223
64. MOTTE (*) [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, p.224
65. [“Cada um de nós no mundo”] {P1-08}, p.225
66. O Canto do Cysne {DRJ-01}, pp.227-228
Observações: terceira compilação post-mortem de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello. O compilador, Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, no “Perfil”
de Laurindo Rabello, concentra-se quase exclusivamente em questões biográficas,
como os episódios do Seminário São José, do Colégio Militar e da Escola de
Medicina, dentre outros, tratados com o sensacionalismo comum aos primeiros
cronistas da vida do poeta. Em seus comentários literários, Dias da Silva Júnior,
como seus antecessores, remete à diversidade de gêneros poéticos em Laurindo
Rabello, o erótico, o lírico, o burlesco e o pindárico, tocando também no problema
das obras perdidas: o poema “Alberto” e as peças Os anéis de uma cadeia e
Mendigo da Serra.
No mesmo ano de publicação, Teixeira de Melo criticou duramente nos
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro a compilação de Dias da Silva
Júnior. Ainda que reconhecesse o valor das recolhas feitas, Teixeira de Melo
aponta o problema quanto à autenticidade da autoria do soneto “O tempo”:
Segundo nos asseguram pessoas em que confiamos, esse soneto foi originalmente
escrito em francês, traduzido em vernáculo por um poeta português e publicado em
um dos Almanaques Castilho.16 (MELO: 1877, pp.366-367)
Teixeira de Melo coloca em xeque também a autoria das modinhas “O cego
de amor” e “Descrença”, aceitando a recolha “Ciúme e razão”. Critica a qualidade
tipográfica e o trabalho de revisão que “não foi grande”17. Dentre os exemplos
oferecidos, destacam-se, à guisa de ilustração, o verso “Das sensações o mundo;
aos afetos”, do poema “Ciúme e razão”, cuja omissão do pronome ‘seu’ (“Das
sensações o mundo; aos seus afetos?”) diminui uma sílaba métrica, fugindo à
16
O poema não foi localizado nas edições consultadas do Almanaque Castilho. No item “4.3.
Percurso histórico do texto dos poemas”, deste trabalho, a questão será abordada.
17
MELO, 1877, p.367.
153
métrica do decassílabo. A simplificação dos títulos dos poemas complementa o
conjunto dos defeitos encontrados na compilação:
Suprimindo parte do título da poesia que vem reproduzida na pág. 133 de sua
edição, empresta o editor ao poeta um filho que este nunca teve. Poesia por
ocasião do batismo de um seu filho, tendo a mesma senhora, etc. dá a edição do sr.
Dias. Que senhora? se o editor não nos diz, como o fizeram os srs. Eduardo de Sá
e Norberto, que esta poesia fora oferecida ao sr. P. J. F. Torres e à sua sra.?
(MELO: 1877, p.368)
Por outro lado, Teixeira de Melo não notou a supressão de dois poemas, “A
minha resolução” e “O que sou e o que serei”, provenientes de Trovas, que nas
compilações anteriores ocupavam respectivamente as sexta e décima terceira
posições. Mas em Dias da Silva Júnior, em decorrência da omissão de tais
poemas, os sexto e décimo terceiro poemas passaram a ser “A linguagem dos
tristes” e “À Bahia”. Por conseguinte, a compilação que poderia ter chegado a
sessenta e oito poemas, ficou com sessenta e seis: vinte e dois dos vinte e quatro
da segunda edição de Trovas (aproveitamento parcial) acrescidos às vinte e nove
recolhas de Eduardo de Sá (aproveitamento integral) e quinze recolhas. Quanto à
ausência de “O que sou e o que serei”, inferir-se-ia que, em função de o poema
não ser na verdade de autoria de Laurindo Rabello, mas do amigo Rodrigues da
Costa, Dias da Silva Júnior devê-le-ia ter julgado supérfluo, ainda que servido de
inspiração para “A minha vida”. No entanto, quanto “A minha resolução”, o fato
chama a atenção por se tratar justamente do poema que Paula Brito transcreveu
na pequena matéria da Marmota fluminense de 27 de junho de 1854, citado
anteriormente, como propaganda do livro de Laurindo Rabello, a ser reeditado no
Rio de Janeiro em breve. A lacuna, pois, altera a ordem original dos poemas
advindos da segunda edição de Trovas, sem contar outras mudanças na
organização interna da antologia, com relação às compilações anteriores, como por
exemplo a mistura das recolhas de Eduardo de Sá a novas recolhas, a exemplo da
inserção de “Ciúme e razão” entre “Himno” e “À minha terra natal”.
06. RABELLO, Laurindo José da Silva. Obras poéticas livres. Rio de Janeiro: s.n.,
1882. v.3.
154
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. MOTTE [“Junto a uma clara fonte”] {OPL-01}, pp.07-09
02. DECIMA [“Certa mulher de um marquês”] {OPL-02}, p.10
03. MOTTE [“Vá p’ra puta que o pario!”] {OPL-03}, p.11
04. MOTTE [“Porra no cú não é festa”] {OPL-04}, p.12
05. OUTRO [“Nariz no cú não é festa”] {OPL-05}, p.13
06. MOTTE [“Você diz que arromba, arromba,”] {OPL-06}, pp.14-16
07. MOTTE [“Já não tenho mais tezão,”] {OPL-07}, p.17
08. OUTRO [“Puz entre as mãos de meu bem”] {OPL-08}, p.18
09. Marcianna e Feliz-Asno (*) {SB-01}, pp.19-2118
10. MOTTE [“Marcianna com ciumes”] {OPL-09}, pp.22-23
11. MOTTE [“Quem Feliz-asno se chama”] {OPL-10}, p.24
12. OUTRA [“Do nosso animal a fama”] {OPL-11}, p.25
13. OUTRA [“Assim como um galho é rama”] {OPL-12}, p.26
14. MOTTE [“Ou são quatro as Graças bellas”] {P1-05}, p.2719
15. OUTRO [“Priapo teve um ataque”] {OPL-13}, p.28
16. MOTTE [“As graças servem á meza”] {OPL-14}, pp.29-31
17. OUTRO [“As Greças mostram o cú”] {OPL-15}, pp.32-34
18. MOTTE [“Já sinto gostos na pomba!…”] {OPL-16}, p.35
19. OUTRA [“Caralho grosso e de arromba”] {OPL-17}, p.36
20. AO REGO/ (SATYRA) {OPL-18}, pp.37-41
21. MOTTE [“De putas uma remessa”] {OPL-19}, p.42
22. OUTRO [“Alma pura e rosto d’anjo”] {OPL-20}, p.43
23. MOTTE [“Uma amisade sincera”] {OPL-21}, p.44
24. DECIMA [“Por aqui uma só vez”] {OPL-22}, p.45
25. MOTTE [“Pode apalpar, pode ver,”] {OPL-23}, pp.46-48
26. SONETO [“A femea capichaba deu entrada”] {OPL-24}, p.49
27. SATYRA/ (A um ministro) [“Para mostrar que é mui sabio”] {OPL-25}, p.50
28. MOTTE [“SEBO! CAGUEI! ‘STOU ZANGADO!”] {OPL-26}, p.51
18
Esse poema corresponde, na verdade, ao trecho em versos que figura no primeiro capítulo do
folhetim “Feliz-Asno”, publicado na edição de 9/03/1849 d’O sino dos barbadinhos.
19
Esse poema corresponde, na verdade, a uma recolha publicada por Eduardo de Sá Pereira de
Castro em Poesias (1867), com apenas duas substituições vocabulares, conforme pode ser verificado
no aparato crítico do segundo volume desta tese.
155
29. DECIMA [“No A B C de Cupido”] {OPL-27}, p.52
30. MOTTE [“Cupido, rei dos amantes,”] {OPL-28}, pp.53-55
31. MOTTE [“A pombinha de meu bem”] {OPL-29}, p.56
32. MOTTE [“Os culhões de José Felix”] {OPL-30}, p.57
33. AS ROSAS DO CUME {OPL-31}, pp.58-59
34. MOTTE [“Estava eu mette não mette,”] {OPL-32}, pp.60-62
35. MOTTE [“Não posso mais atural-o!”] {OPL-33}, p.63
36. OUTRA [“Tinha a pica intromettido”] {OPL-34}, p.64
37. MOTTE [“Como vens tão vagarosa”] {OPL-35}, p.65
38. MOTTE [“Os segredos do caralho”] {OPL-36}, pp.66-68
39. MOTTE [“D’aqui não ha de sahir”] {OPL-37}, p.69
40. OUTRA [“Estou com Marcia uma hora”] {OPL-38}, p.70
41. DIALOGO/ (Para um mineiro obter uma fóda) {OPL-39}, pp.71-76
42. MOTTE [“A mulata quando fóde,”] {OPL-40}, p.77
43. OUTRA [“Aqui d’El-rei! quem me acóde!”] {OPL-41}, p.78
44. OUTRA [“Dá de rabo quanto póde,”] {OPL-42}, p.79
45. OUTRA [“Neste mundo ninguem póde”] {OPL-43}, p.80
46. A FRUCTA/ (LUNDU’) {OPL-44}, pp.81-84
47. A MENINA DO BANQUEIRO {TCM-01}, pp.85-86
Observações: quarta compilação post-mortem de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello. O compilador é anônimo. Tratar-se-ia de uma série em três
volumes, cujo último é dedicado especialmente aos poemas ‘livres’, isto é,
licenciosos. Por outro lado, na inventio desta pesquisa não se localizaram
exemplares dos dois primeiros volumes. A única biblioteca aberta ao grande público
que dispõe de exemplar do terceiro volume é a José de Alencar, da Faculdade de
Letras da UFRJ. Na memória da ABL, registra-se uma doação de um exemplar do
terceiro volume feita em 1931 por Constâncio Alves, mencionada no item “2. Sobre
Laurindo Rabello”, na ocasião de seu discurso publicado na Revista da Academia.20
No entanto, não se encontrou o opúsculo, a não ser um fac-símile, na verdade feito
a partir do exemplar de Israel Souza Lima. Luiz Antônio de Souza, bibliotecáriochefe da Biblioteca Lúcio de Mendonça (ABL), conta que solicitou a cópia para que
Roberto Acízelo de Souza produzisse o artigo “A face proibida do ultra-romantismo:
a poesia obscena de Laurindo Rabello”. Nos arquivos da ABL, não há informações
20
ALVES: 1936
156
que auxiliem a desvendar o paradeiro do exemplar. Sabe-se somente que já em
1958 ele se encontrava desaparecido, como atesta Newton Assunção.21
O terceiro volume da sexta compilação traz quarenta e sete poemas, na
maioria marcados por vocabulário obsceno, tanto alusivo à escatologia, quanto à
genitália e ao comportamento sexual.
07. RABELLO, Laurindo José da Silva. Obras poéticas. 2.ed. Rio de Janeiro &
Paris: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1900.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SAO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.69-71
02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.73-84
03. O GENIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.85-93
04. NO ALBUM DE UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.95-96
05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.97-104
06. A MINHA RESOLUÇAO {Tr1-06}, pp.105-107
07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.109-112
08. A JOSE PEDREIRA FRANÇA {Tr1-08}, pp.113-118
09. A MORTE DO DR. JOSE DE ASSIZ1 {Tr1-09}, pp.119-128
10. SOBRE O TUMULO DO MARECHAL/ LABATUT {Tr1-10}, pp.129-133
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.135-141
12. A MINHA VIDA1 {Tr1-12}, pp.143-147
13. O QUE SOU E O QUE SEREI {Tr1-13}, pp.149-153
14. AMOR E LAGRIMAS 1 {Tr1-14}, pp.155-157
15. A SAUDADE BRANCA1 {Tr1-15}, pp.159-163
16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ FRANCISCO MONIZ
BARRETO {Tr1-16}, pp.165-168
17. A’ BAHIA {Tr2-01}, pp.169-174
18. A, MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.175-176
19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.177-17922
20. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.181-183
21
ASSUNÇÃO: 1958, p.10.
Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
22
157
21. NÃO POSSO MAIS {P1-09}, pp.185-188
22. AS DUAS REDEMPÇÕES/ AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA
MENINA {Es-03}, pp.189-192
23. AO SR JOÃO ANTONIO DA TRINDADE1 {MF-12}, pp.193-196
24. A, Sra D. TERESA MARIA CAETANA/ DA TRINDADE1 {P1-11}, pp.197198
25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}, pp.199-20123
26. OS DOUS BAPTISADOS1 {MF-15}, pp.203-205
27. O DESALENTO/ AO MEU AMIGO/ LEOPOLDO LUIZ DA CUNHA {Es-01},
pp.207-208
28. A, TERRA NATAL {MF-19}, pp.209-210
29. SAUDADES {MF-13}, pp.211-214
30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.215-218
31. BANDO1 {P1-13}, pp.219-222
32. AO AVISTAR AS TERRAS DO RIO/ DE JANEIRO1 {P1-14}, pp.223-224
33. AO DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TUMULOS {P1-15}, pp.225228
34. ULTIMO CANTO DO CYSNE {DRJ-01), pp.229-230
35. AS POTENCIAS DO OCCIDENTE {MF-01}, pp.233-234
36. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.235-236
37. O PHAROL DA LIBERDADE1 {P1-12}, pp.237-239
38. A MINHA MULHER {P1-17}, pp.241-242
39. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, p.245
40. A UMA INCONSTANTE/ SONETO II {Tr1-18}, p.246
41. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, p.247
42. A UMA SENHORA/ SONETO IV {Tr1-20}, p.248
43. A’ SENHORA MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO
THEATRO DE S. JOÃO/ DA CIDADE DA BAHIA/ SONETO V {Tr1-21}, p.249
44. A’ MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.250
45. A’ MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.251
46. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.253-275
47. HYMNO {P1-16}, pp.277-286
23
Esse poema corresponde na verdade ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O acadêmico.
158
Observações: reedição da compilação de 1876, item biobliográfico 04 deste
segmento dedicado às compilações, organizada por Joaquim Norberto de Souza
Silva, mantendo-se a mesma configuração.
08. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias. São Paulo: Edições Cultura, 1944.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de
maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.10-11
02. O MEU SEGRÊDO {Tr1-02}, pp.12-21
03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.22-27
04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.28-29
05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.30-35
06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.36-37
07. A LINGUAGEM/ DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.38-40
08. A JOSÉ PEDREIRA/ FRANÇA (*) {Tr1-08}, pp.41-45
09. À MORTE DO DR. JOSÉ/ DE ASSIS (*) {Tr1-09}, pp.46-53
10. SOBRE O TÚMULO DO/ MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.54-57
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.58-62
12. A MINHA VIDA (*) {Tr1-12}, pp.63-66
13. O QUE SOU E O/ QUE SEREI! (*) {Tr1-13}, pp.67-70
14. AMOR E LÁGRIMAS (*) {Tr1-14}, pp.71-73
15. A SAUDADE BRANCA (*) {Tr1-15}, pp.74-77
16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O Senhor/ FRANCISCO MONIZ/
BARRETO {Tr1-16}, pp.78-81
17. À BAHIA {DRJ-01}, pp.82-86
18. À MORTE DE JUNQUEIRA/ FREIRE {Es-02}, pp.87-88
19. AMOR PERFEITO {Ac-01}24, pp.89-91
20. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.92-94
24
Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O acadêmico.
159
21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.95-98
22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina. {Es03}, pp.99-102
23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO/ DA TRINDADE (*) {MF-12}, pp.103-105
24. A SRA. D. TERESA MARIA/ CAETANA DA TRINDADE/ (*) {P1-11},
pp.106-107
25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}25, pp.108-110
26. OS DOIS BATIZADOS (*) {MF-15}, pp.111-112
27. O DESALENTO/ Ao meu amigo/ LEOPOLDO LUIZ DA CUNHA {Es-01},
pp.113-114
28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.115-116
29. SAUDADES {MF-13}, pp.117-120
30. AO MEU AMIGO F./ DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.121-124
31. BANDO (*) {P1-13}, pp.125-128
32. AO AVISTAR AS TERRAS DO/ RIO DE JANEIRO (*) {P1-14}, pp.129130
33. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos túmulos {P1-15}, pp.131-133
34. ÚLTIMO CANTO DO CISNE {DRJ-01}, pp.134-135
35. AS POTÊNCIAS/ DO OCIDENTE {MF-01}, pp.139-140
36. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.141-142
37. O FAROL DA LIBERDADE/ (*) {P1-12}, pp.143-144
38. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.145-146
39. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, p.149
40. A UMA INCONSTANTE/ SONETO II {Tr1-18}, p.150
41. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, p.151
42. A UMA SENHORA (*)/ SONETO IV {Tr1-20}, p.152
43. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S. João/
na cidade da Bahia/ SONETO V {Tr-21}, p.153
44. À MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.154
45. À MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.155
46. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.157-179
25
Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
160
47. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos, por/ ocasião da
distribuição dos prêmios em 1863. {P1-16}, pp.183-191
Observações: quinta compilação post-mortem de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello. Nos elementos pretextuais, alguns problemas já são percebidos,
desde a sequência de datas confusa na “síntese bio-bibliográfica” (p.07), em que há
informações conflituosas quanto ao nascimento de Laurindo Rabello (8-VII-1826,
mas logo depois 8-VII-1825), além do fato de o sexto e penúltimo evento listado
anteceder na verdade o quarto, e o sétimo e último corresponder ao terceiro:
8-VII-1826 – 28-IX-1864
8-VII-1825 – Nasce no Rio de Janeiro
1853 – Publicação de Trovas, Bahia.
1867 – Publicação de Poesias, Rio de Janeiro.
1876 – Publicação de Obras Poéticas, Rio.
1877 – Publicação de Poesias.
1872 – Publicação de Gramática da Língua Portuguêsa.
1864 – Falece no Rio de Janeiro
A compilação, organizada por José Perez, com seus quarenta e sete poemas
é deficiente em termos quantitativos. Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, em sua
compilação, aumentara o número de poemas atribuídos a Laurindo Rabello para
sessenta e sete. No trabalho de Perez, a redução deveu-se justamente à não
absorção das recolhas de Dias da Silva Júnior e dos improvisos e epigramas que
Eduardo de Sá transcreveu na introdução de sua compilação. Perez preferiu tomar
por base a edição de Joaquim Norberto de Souza e Silva, republicada em 1900 pela
mesma H. Garnier, seguindo exatamente o seu plano de organização.
09. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas de Laurindo Rabelo.
Rio de Janeiro: Zélio Valverde, 1944.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de
maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.13-14
02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.15-25
03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.26-32
04. NO ALBUM DE UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.32-34
05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.35-40
161
06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.41-42
07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.43-45
08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA (*) {Tr1-08}, pp.46-51
09. À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS (*) {Tr1-09}, pp.52-59
10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL/ LABATUT {Tr1-10}, pp.60-63
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.64-69
12. A MINHA VIDA (*) {Tr1-12}, pp.70-74
13. O QUE SOU E O QUE SEREI (*) {Tr1-13}, pp.75-79
14. AMOR E LÁGRIMAS (*) {Tr1-14}, pp.80-82
15. A SAUDADE BRANCA (*) {Tr1-15}, pp.83-87
16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O Sr. FRANCISCO MUNIZ BARRETO
{Tr1-16}, pp.88-91
17. À BAHIA {DRJ-01}, pp.92-96
18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.97-98
19. AMOR PERFEITO {Ac-01}26, pp.99-101
20. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, 102-104
21. NÃO POSSO MAIS {P1-09}, pp.105-108
22. AS DUAS REDENÇÕES/ AO BATISMO E LIBERDADE DE UMA
MENINA {Es-03}, pp.109-112
23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE (*) {MF-12}, pp.113-115
24. À SRA. D.ª TERESA MARIA CAETANA/ DA TRINDADE (*) {P1-11},
pp.116-117
25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}27, pp.118-120
26. OS DOIS BATISADOS (*) {MF-15}, pp.121-122
27. O DESALENTO/ AO MEU AMIGO/ LEOPOLDO LUIS DA CUNHA {Es01}, pp.123-124
28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.125-126
29. SAUDADES {MF-13}, pp.127-130
30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.131
31. BANDO (*) {P1-13}, pp.135-138
26
Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
27
Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
162
32. AO AVISTAR AS TERRAS DO RIO/ DE JANEIRO (*) {P1-14}, pp.139140
33. AO DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TÚMULOS {P1-15},
pp.141-143
34. ÚLTIMO CANTO DO CISNE {DRJ-01}, pp.144-145
35. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, pp.149-150
36. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.151-152
37. O FAROL DA LIBERDADE (*) {P1-12}, pp.153-154
38. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.155-156
39. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, p.159
40. SONETO II {Tr1-18}, p.160
41. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, p.161
42. A UMA SENHORA (*)/ SONETO IV{Tr1-20}, p.162
43. À SRA. MARIETA LANDA/ POR OCASIÃO DE CANTAR NO TEATRO
DE S. JOÃO/ DA CIDADE DA BAÍA/ SONETO V {Tr1-21}, p.163
44. À MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.164
45. À MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.165
46. SEPTENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.167-189
47. HINO/ CANTADO PELOS ALUNOS DO INSTITUTO DOS CEGOS,/
POR OCASIÃO/ DA DISTRIBUIÇÃO DOS PRÊMIOS EM 1863 {P1-16}, pp.193-199
Observações: sexta compilação28 post-mortem de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello. O texto introdutório “Laurindo Rabello, um poeta infeliz”, já delata,
a julgar pelo próprio título, o excessivo biografismo na leitura da obra do poeta:
Mas a sua vida foi tão grande que a sua obra é menor do que a sua vida. Nem
sempre as suas rimas interpretam dignamente a austeridade rítmica desse exemplar
de decepções, desse verdadeiro compêndio de tristezas que foi Laurindo José da
Silva Rabelo, o poeta-lagartixa. (MILANO, 1944, p.7)
O plano de organização interna segue o mesmo da compilação de José
Perez, ou seja, reproduz a estrutura da compilação de Norberto de Souza Silva.
28
A rigor, não há como discernir, dentre as compilações de José Perez e Atílio Milano, qual veio
primeiro. Classificar uma como sendo a sexta e a outra, quinta, pois, trata-se de mera convenção.
163
10. RABELLO, Laurindo José da Silva. Obras completas de Laurindo José da
Silva Rabelo (poesias, prosa e gramática). São Paulo, Rio de Janeiro, Recife,
Bahia, Pará & Porto Alegre: Companhia Editora Nacional, 1946.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de
maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.211-212
02. O MEU SEGRÊDO {Tr1-02}, pp.213-222
03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.223-228
04. NO ÁLBUM D’UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.229-230
05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.231-236
06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.237-238
07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.239-241
08. AOS ANOS/ Do meu prezado amigo/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA {Tr108}, pp.242-246
09. EPICÉDIO/ à morte/ DO DOUTOR/ JOSÉ DE ASSIS ALVES BRANCO
MONIZ BARRETO/ e oferecido ao Ilm. Sr./ DR. LUIZ MARIA A. F. MONIZ
BARRETO {Tr1-09}, pp.247-254
10. SOBRE O TÚMULO/ DO/ MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10},
pp.255-258
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.259-263
12. A MINHA VIDA/ Ao meu amigo e colega/ A. J. RODRIGUES DA COSTA
{Tr1-12}, pp.264-267
13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!/ Ao meu amigo e colega/ Laurindo J. da
Silva Rabelo {Tr1-13}, pp.268-271
14. AMOR E LÁGRIMAS/ Oferecida ao meu colega e amigo/ MANUEL
BERNARDINO BOLÍVAR {Tr1-14}, pp.272-274
15. A SAUDADE BRANCA/ Composta por ocasião da morte de minha irmã/
e oferecida ao meu íntimo amigo e colega/ ANTÔNIO AUGUSTO DE MENDONÇA
JÚNIOR {Tr1-15}, pp.275-278
16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ FRANCISCO MONIZ
BARRETO {Tr1-16}, pp.279-281
17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.282-286
18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.287-288
164
19. AMOR-PERFEITO/ FRAGMENTO {Ac-01}29, pp.289-291
20. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.292-294
21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.295-297
22. AS DUAS REDENÇÕES/ AO BATISMO E LIBERDADE DE UMA
MENINA {Es-03}, pp.298-300
23. AO/ Octogésimo segundo aniversário do Ilm. Sr. João Antônio/ da
Trindade, no dia 26 de maio de 1859, pelo seu afilha-/do Dr. Laurindo José da Silva
Rabelo. {MF-12}, pp.301-303
24. AOS ANOS DE MINHA MADRINHA/ A EXMA. SRA. TEREZA MARIA
CAETANA/ DA TRINDADE {P1-11}, p.304
25. SUSPIROS E SAUDADES/ FRAGMENTO {Ac-01}30, pp.305-307
26. POESIA/ Oferecida ao Sr. P. J. Tôrres e à sua Sra. D. L. L. da Cunha/
Tôrres. {MF-15}, pp.308-309
27. O DESALENTO/ Ao meu amigo/ LEOPOLDO LUÍS DA CUNHA {Es-01},
pp.310-311
28. À MINHA TERRA NATAL {MF-19}, pp.312-313
29. SAUDADES {MF-13}, pp.314-316
30. EPÍSTOLA/ AO AMIGO PAULA BRITO {MF-20}, pp.317-319
31. BANDO/ FEITO COM O FIM DE CONVIDAR O POVO BAIANO A/
CELEBRAR O DIA 2 DE JULHO COM POMPA {P1-13}, pp.320-322
32. AO DIA DE FINADOS/ FRAGMENTO DOS TÚMULOS {P1-15}, pp.323325
33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE {DRJ-01}, pp.326-327
34. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.328-331
35. QUE MAIS DESEJAS? {MF-10}, pp.332-333
36. ADEUS… ADEUS {LA-02}, p.334
37. EU SINTO ANGÚSTIAS {TCM-03}, pp.335-337
38. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, p.338
39. DESCRENÇA {TCM-02}, pp.339-340
40. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, p.341
41. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.342-343
29
Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O acadêmico.
30
Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O acadêmico.
165
42 QUE DESCONSÔLO! {PDL-03}, p.344
43. ANGÚSTIA {PDL-05}, p.345
44. QUANDO EU DEIXAR DE CHORAR {LA-13}, p.346
45. IMPROVISO/ NA OCASIÃO DE VER TERRAS DO RIO DE JANEIRO,/
VINDO DA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL {P1-14}, p.349
46. MOTE A PRÊMIO {MF-01}, pp.350-351
47. MOTE [“Um pensamento de morte,”] {MF-18}, pp.352-353
48. MOTE/ IMPROVISADO EM UMA REUNIÃO PATRIÓTICA QUE
FESTEJAVA/ O DIA 07 DE SETEMBRO, ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA/
DO IMPÉRIO {P1-12}, pp.354-355
49. MOTE/ À MINHA MULHER {P1-17}, pp.356-357
50. MOTE [“Ainda no mar do ciume”] {PDL-04}, p.358
51. MOTE (*) [“Sôa o bronze expira o dia”] {P1-01}, pp.359-360
52. MOTE (*) [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.361-362
53. MOTE (*) [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, p.363
54. OUTRA [“Um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.363
55. MOTE (*) [“Ou são quatro as graças belas”] {P1-05}, p.364
56. MOTE [“Um só momento de amor”] {MF-06}, p.365
57. MOTE [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, p.366
58. MOTE [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.367-368
59. RESPOSTA [“Cada um de nós no mundo”] {P1-08}, p.369
60. HEI-DE, MÁRTIR DE AMOR, MORRER TE/ AMANDO {Tr1-17}, p.373
61. É CARPIR, DELIRAR, MORRER POR ELA {Tr1-18}, p.374
62. SONETO [“Geme, geme, mortal infortunado,”] {Tr1-19}, p.375
63. A UMA SENHORA/ por ocasião de tocar umas variações sôbre temas de
Bellini {Tr1-20}, p.376
64. À SRA. MARIETA LANDA/ por ocasião de cantar do Teatro de S. João
{Tr1-21}, p.377
65. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22},
p.378
66. À MESMA SENHORA [“Alcíone, perdido o espôso amado,”] {Tr1-23},
p.379
67. O TEMPO {PDL-02}, p.380
68. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, p.383-397
166
69. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega Dr. Sinfrônio
Olímpio/ ALVARES COELHO {Ac-01}, pp.398-404
70. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.405-409
71. RONDÓ {MF-02}, p.410
72. A ROMÃ {RB-01}, p.411
73. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.412-415
74. A D. CARLOTA LEAL MILLIET/ Na noite de seu benefício em 16 de
agôsto de 1858. {MF-06}, pp.416-418
75. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.419-422
76. AS LÁGRIMAS {MF-11}, p.423
77. HINO/ Que os meninos cantaram na ocasião da/ distribuição de prêmios
em 1863 {P1-16}, pp.427-432
Observações: sétima compilação post-mortem de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello. Dela, não somente constam os poemas, bem como vários
estudos sobre a vida e a obra de Laurindo Rabello, antologizados na seção
introdutória intitulada “Juízos críticos”; o “Discurso ao General Tamarindo”,
pronunciado pelo poeta em seu enterro; e o “Compêndio de gramática da língua
portuguesa”; o que justifica o título de Obras completas, não obstante faltem os
poemas publicados em Obras poéticas livres, dentre outros textos. A compilação
de Osvaldo de Melo Braga, bem como as demais, apresenta alteração de títulos e
do plano de organização. Por outro lado, recupera títulos originais, a exemplo “A
minha resolução”, publicado por Dias da Silva Júnior como “Coração, porque te
agitas!”.
No estudo introdutório, Osvaldo de Melo Braga procede a uma síntese
biográfica de Laurindo Rabello. Apresenta informações que não se verificam em
outros cronistas e desprovidas de fontes, como uma aventura amorosa bemsucedida na adolescência: “Na adolescência, Laurindo, mestiço, amara e fora
correspondido, mas a mulher amada casa-se com outro, por imposição paterna
(...)”31 Ou ainda o conflito com o professor de química da Escola de Medicina da
Corte, Joaquim Vicente Torres Homem, que, juntamente ao problema da falta de
recursos, teria obrigado Laurindo Rabello a se transferir para a Faculdade de
Medicina da Bahia. É mister registrar que tais anedotas biográficas são
31
apud RABELLO: 1946, p.8
167
mencionadas somente por Osvaldo de Melo Braga, sem abonação com
testemunhos ou documentos.
Ao comentar sua compilação em nota introdutória, Osvaldo de Melo Braga
revela que, embora tenha consultado a antologia organizada por Eduardo de Sá,
seguiu “mais ou menos”32 a ordem definida por Norberto de Souza Silva, que fica
patente do primeiro ao trigésimo primeiro poemas, acrescentando as recolhas de
Vale Cabral e de Dias da Silva Júnior, corrigidas por Teixeira de Melo. Com relação
aos poemas de Obras poéticas livres: “Obviamente, não pudemos acrescer as
poesias das Obras livres… pornográficas, obscenas.”33
11. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas. Rio de Janeiro: INL &
MEC, 1963.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.15-16
02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.17-28
03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.28-35
04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.35-37
05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.37-43
06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.43-46
07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.46-48
08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA* {Tr1-08}, pp.49-54
09. À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS* {Tr1-09}, pp.55-63
10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.63-67
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.68-73
12. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.74-78
13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!** {Tr1-13}, pp.78-83
14. AMOR E LÁGRIMAS* {Tr1-14}, pp.83-85
15. A SAUDADE BRANCA* {Tr1-15}, pp.8516. Ao meu amigo e mestre o senhor/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr116}, pp.90-93
32
33
Idem: ibidem, p.10
apud RABELLO: 1946, p.10
168
17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.94-99
18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.99-101
19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.101-103
20. DOUS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.103-105
21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.106-110
22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina {Es03}, pp.110-113
23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE* {MF-12}, pp.114-116
24. A SRA. D. TERESA MARIA CAETANA DA/ TRINDADE* {P1-11}, pp.117118
25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}34, pp.118-120
26. OS DOUS BATIZADOS* {MF-15}, pp.120-122
27. O DESALENTO/ Ao meu amigo Leopoldo Luís da Cunha {Es-01},
pp.122-124
28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.124-125
29. SAUDADES {MF-13}, pp.125-129
30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.129-133
31. BANDO* {P1-13}, pp.133-136
32. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos Túmulos {P1-16}, pp.137-141
33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE (DRJ-01), pp.140-141
34. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos/ por ocasião da
distribuição dos prêmios/ em 1863. {P1-16}, pp.141-148
35. LEANDRO E HERO/ SONÊTO I {Tr1-17}, p.151
36. A UMA INCONSTANTE/ SONÊTO II {Tr1-18}, p.152
37. A UM INFELIZ/ SONÊTO III {Tr1-19}, p.153
38. A UMA SENHORA*/ SONÊTO IV {Tr1-20}, pp.153-154
39. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S. João/
da cidade da Bahia/ SONÊTO V {Tr1-21}, pp.154-155
40. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VI {Tr1-22}, pp.155-156
41. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VII {Tr1-23}, pp.156-157
42. O TEMPO {PDL-02}, p.157
43. [“Para do mundo dar completo cabo”“]{AMT-03}, pp.157-158
34
Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
169
44. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, p.158
45. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.161-179
46. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega/ Dr. Sinfrônio
O(límpio) Álvares Coelho {Ac-01}, pp.180-183
47. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.183-189
48. RONDÓ {MF-02}, pp.189-190
49. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.190-195
40. ODE/ A D. Carlota Leal Milliet/ (na noite de seu benefício em 16 de
agôsto/ de 1858) {MF-06}, pp.195-196
51. O ÉPICO DO – FIAT {MF-06}35, pp.196-197
52. O FUROR CIUMENTO {MF-06}36, pp.197-198
53. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.198-202
54. AS LÁGRIMAS {MF-11}, pp.202-203
55. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.203-207
56. ANGÚSTIA {PDL-05}, pp.207-208
57. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, pp.211-212
58. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.213-214
59. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.214-216
60. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.216-217
61. AO AVISTAR O RIO DE JANEIRO {P1-14}, pp.218-219
62. Mote [“Quem Feliz-asno se chama”“] {OPL-10}, p.219
63. Mote [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.219-221
64. Mote [“Ainda no mar do ciúme”“] {PDL-04}, pp.221-222
65. Mote [“Dois corações que se amam”“] {AMT-02}, p.222
66. Mote [“Soa o bronze, expira o dia”] {P1-01}, pp.223-224
67. Mote [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.224-226
68. Mote [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, pp.226-227
69. [“um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.227
70. Mote [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, pp.227-228
71. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”] {P1-05}, pp.228-229
72. Mote [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.229
35
Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU
BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota.
36
Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU
BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota.
170
73. A um calvo pretensioso {PDL-03}, pp.229-230
74. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.230
75. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] {CM-01}, p.230
76. [“Deus, para provar aos homens”] {AMT-04}, p.231
77. [“Causa pena e causa espanto”] {CM-02}, p.231
78. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.231
79. [“A peça Degolação”“] {AMT-05}, p.231
80. [“Cada um de nós no mundo”“] {P1-08}, p.231
81. FOI EM MANHÃ DE ESTIO {TCM-06}, pp.235-236
82. [“Nestes teus lábios”] {CB-01}, pp.236-238
83. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.238-239
84. [“Se me adoras, se me queres”“] {LA-01}, pp.239-240
85. [“Sumiu-se, mas ainda escuto”] {TCM-05}37, pp.240-241
86. [“Acabou-se a minha crença”] {TCM-02}, p.241
87. “Que mais desejas?” {MF-10}, pp.241-243
88. AO TROVADOR {Trd-03}, pp.243-244
89. [“Eu sinto angústias”] {TCM-03}, pp.245-246
90. RISO E MORTE {LA-04}, pp.246-247
91. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, pp.247-248
92. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, pp.248-249
93. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.249-251
94. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.252
95. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.252-253
96. A ROMÃ (lundu) {RB-01}, pp.253-254
97. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.254-256
Observações: oitava compilação post-mortem de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello O compilador, Antenor Nascentes, recusa os quarenta e sete
poemas da compilação de 1882, conquanto receba o opúsculo o título Poesias
completas. Igualmente às compilações antecedentes, há alteração da ordem dos
poemas.
No prefácio, Antenor Nascentes explora de modo sumário a ascendência
cigana de Laurindo Rabello e sua imagem de pessoa que se indispunha onde quer
37
Esse poema, na verdade, corresponde a um segmento do poema “O espectro”, publicado em
Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc.
171
que fosse: “no seminário, na Faculdade de Medicina, nas repartições públicas, na
tropa.”38 Sobre a compilação, diz que se baseou na de Norberto de Souza e Silva,
com as correções de Teixeira de Melo, complementada pelos epigramas e
modinhas. Com relação aos poemas obscenos:
Só não incluímos poesias eróticas. Fiquem elas no inferno da Academia,
onde Constâncio Alves as depositou. (apud RABELLO: 1963, p.9)
A compilação de Nascentes é abonada com cento e cinquenta e três notas de
caráter linguístico, filológico, bibliográfico e anedótico. Apresenta ainda quatro
partituras com as melodias vocais de “Ao trovador”, “Eu sinto angústias”, “Riso e
morte” e “Que mais desejas?”, sem descriminação do conteúdo textual por nota
musical.
12. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas de Laurindo Rabelo
(1966)
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.15-16
02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.17-28
03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.28-35
04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.35-37
05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.37-43
06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.43-46
07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.46-48
08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA* {Tr1-08}, pp.49-54
09. À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS* {Tr1-09}, pp.55-63
10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.63-67
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.68-73
12. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.74-78
13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!** {Tr1-13}, pp.78-83
14. AMOR E LÁGRIMAS* {Tr1-14}, pp.83-85
15. A SAUDADE BRANCA* {Tr1-15}, pp.8538
apud RABELLO: 1963, p.8
172
16. Ao meu amigo e mestre o senhor/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr116}, pp.90-93
17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.94-99
18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.99-101
19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.101-103
20. DOUS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.103-105
21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.106-110
22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina {Es03}, pp.110-113
23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE* {MF-12}, pp.114-116
24. A SRA. D. TERESA MARIA CAETANA DA/ TRINDADE* {P1-11}, pp.117118
25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}39, pp.118-120
26. OS DOUS BATIZADOS* {MF-15}, pp.120-122
27. O DESALENTO/ Ao meu amigo Leopoldo Luís da Cunha {Es-01},
pp.122-124
28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.124-125
29. SAUDADES {MF-13}, pp.125-129
30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.129-133
31. BANDO* {P1-13}, pp.133-136
32. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos Túmulos {P1-16}, pp.137-141
33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE (DRJ-01), pp.140-141
34. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos/ por ocasião da
distribuição dos prêmios/ em 1863. {P1-16}, pp.141-148
35. LEANDRO E HERO/ SONÊTO I {Tr1-17}, p.151
36. A UMA INCONSTANTE/ SONÊTO II {Tr1-18}, p.152
37. A UM INFELIZ/ SONÊTO III {Tr1-19}, p.153
38. A UMA SENHORA*/ SONÊTO IV {Tr1-20}, pp.153-154
39. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S. João/
da cidade da Bahia/ SONÊTO V {Tr1-21}, pp.154-155
40. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VI {Tr1-22}, pp.155-156
41. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VII {Tr1-23}, pp.156-157
39
Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
173
42. O TEMPO {PDL-02}, p.157
43. [“Para do mundo dar completo cabo”“]{AMT-03}, pp.157-158
44. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, p.158
45. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.161-179
46. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega/ Dr. Sinfrônio
O(límpio) Álvares Coelho {Ac-01}, pp.180-183
47. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.183-189
48. RONDÓ {MF-02}, pp.189-190
49. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.190-195
40. ODE/ A D. Carlota Leal Milliet/ (na noite de seu benefício em 16 de
agôsto/ de 1858) {MF-06}, pp.195-196
51. O ÉPICO DO – FIAT {MF-06}40, pp.196-197
52. O FUROR CIUMENTO {MF-06}41, pp.197-198
53. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.198-202
54. AS LÁGRIMAS {MF-11}, pp.202-203
55. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.203-207
56. ANGÚSTIA {PDL-05}, pp.207-208
57. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, pp.211-212
58. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.213-214
59. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.214-216
60. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.216-217
61. AO AVISTAR O RIO DE JANEIRO {P1-14}, pp.218-219
62. Mote [“Quem Feliz-asno se chama”“] {OPL-10}, p.219
63. Mote [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.219-221
64. Mote [“Ainda no mar do ciúme”“] {PDL-04}, pp.221-222
65. Mote [“Dois corações que se amam”“] {AMT-02}, p.222
66. Mote [“Soa o bronze, expira o dia”] {P1-01}, pp.223-224
67. Mote [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.224-226
68. Mote [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, pp.226-227
69. [“um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.227
70. Mote [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, pp.227-228
40
Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU
BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota.
41
Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU
BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota.
174
71. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”] {P1-05}, pp.228-229
72. Mote [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.229
73. A um calvo pretensioso {PDL-03}, pp.229-230
74. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.230
75. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] {CM-01}, p.230
76. [“Deus, para provar aos homens”] {AMT-04}, p.231
77. [“Causa pena e causa espanto”] {CM-02}, p.231
78. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.231
79. [“A peça Degolação”“] {AMT-05}, p.231
80. [“Cada um de nós no mundo”“] {P1-08}, p.231
81. FOI EM MANHÃ DE ESTIO {TCM-06}, pp.235-236
82. [“Nestes teus lábios”] {CB-01}, pp.236-238
83. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.238-239
84. [“Se me adoras, se me queres”“] {LA-01}, pp.239-240
85. [“Sumiu-se, mas ainda escuto”] {TCM-05}42, pp.240-241
86. [“Acabou-se a minha crença”] {TCM-02}, p.241
87. “Que mais desejas?” {MF-10}, pp.241-243
88. AO TROVADOR {Trd-03}, pp.243-244
89. [“Eu sinto angústias”] {TCM-03}, pp.245-246
90. RISO E MORTE {LA-04}, pp.246-247
91. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, pp.247-248
92. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, pp.248-249
93. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.249-251
94. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.252
95. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.252-253
96. A ROMÃ (lundu) {RB-01}, pp.253-254
97. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.254-256
Observações: segunda edição da compilação de Antenor Nascentes, pela
Ediouro, em novo formato (16 x 10,5 cm), com 150 páginas e ilustrações de Cleoo.
13. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas de Laurindo Rabelo
(1986)
42
Esse poema, na verdade, corresponde a um segmento do poema “O espectro”, publicado em
Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc.
175
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.15-16
02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.17-28
03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.28-35
04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.35-37
05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.37-43
06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.43-46
07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.46-48
08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA* {Tr1-08}, pp.49-54
09. À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS* {Tr1-09}, pp.55-63
10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.63-67
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.68-73
12. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.74-78
13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!** {Tr1-13}, pp.78-83
14. AMOR E LÁGRIMAS* {Tr1-14}, pp.83-85
15. A SAUDADE BRANCA* {Tr1-15}, pp.8516. Ao meu amigo e mestre o senhor/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr116}, pp.90-93
17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.94-99
18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.99-101
19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.101-103
20. DOUS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.103-105
21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.106-110
22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina {Es03}, pp.110-113
23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE* {MF-12}, pp.114-116
24. A SRA. D. TERESA MARIA CAETANA DA/ TRINDADE* {P1-11}, pp.117118
25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}43, pp.118-120
26. OS DOUS BATIZADOS* {MF-15}, pp.120-122
43
Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
176
27. O DESALENTO/ Ao meu amigo Leopoldo Luís da Cunha {Es-01},
pp.122-124
28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.124-125
29. SAUDADES {MF-13}, pp.125-129
30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.129-133
31. BANDO* {P1-13}, pp.133-136
32. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos Túmulos {P1-16}, pp.137-141
33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE (DRJ-01), pp.140-141
34. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos/ por ocasião da
distribuição dos prêmios/ em 1863. {P1-16}, pp.141-148
35. LEANDRO E HERO/ SONÊTO I {Tr1-17}, p.151
36. A UMA INCONSTANTE/ SONÊTO II {Tr1-18}, p.152
37. A UM INFELIZ/ SONÊTO III {Tr1-19}, p.153
38. A UMA SENHORA*/ SONÊTO IV {Tr1-20}, pp.153-154
39. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S. João/
da cidade da Bahia/ SONÊTO V {Tr1-21}, pp.154-155
40. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VI {Tr1-22}, pp.155-156
41. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VII {Tr1-23}, pp.156-157
42. O TEMPO {PDL-02}, p.157
43. [“Para do mundo dar completo cabo”“]{AMT-03}, pp.157-158
44. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, p.158
45. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.161-179
46. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega/ Dr. Sinfrônio
O(límpio) Álvares Coelho {Ac-01}, pp.180-183
47. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.183-189
48. RONDÓ {MF-02}, pp.189-190
49. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.190-195
40. ODE/ A D. Carlota Leal Milliet/ (na noite de seu benefício em 16 de
agôsto/ de 1858) {MF-06}, pp.195-196
51. O ÉPICO DO – FIAT {MF-06}44, pp.196-197
52. O FUROR CIUMENTO {MF-06}45, pp.197-198
44
Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU
BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota.
45
Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU
BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota.
177
53. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.198-202
54. AS LÁGRIMAS {MF-11}, pp.202-203
55. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.203-207
56. ANGÚSTIA {PDL-05}, pp.207-208
57. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, pp.211-212
58. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.213-214
59. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.214-216
60. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.216-217
61. AO AVISTAR O RIO DE JANEIRO {P1-14}, pp.218-219
62. Mote [“Quem Feliz-asno se chama”“] {OPL-10}, p.219
63. Mote [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.219-221
64. Mote [“Ainda no mar do ciúme”“] {PDL-04}, pp.221-222
65. Mote [“Dois corações que se amam”“] {AMT-02}, p.222
66. Mote [“Soa o bronze, expira o dia”] {P1-01}, pp.223-224
67. Mote [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.224-226
68. Mote [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, pp.226-227
69. [“um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.227
70. Mote [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, pp.227-228
71. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”] {P1-05}, pp.228-229
72. Mote [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.229
73. A um calvo pretensioso {PDL-03}, pp.229-230
74. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.230
75. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] {CM-01}, p.230
76. [“Deus, para provar aos homens”] {AMT-04}, p.231
77. [“Causa pena e causa espanto”] {CM-02}, p.231
78. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.231
79. [“A peça Degolação”“] {AMT-05}, p.231
80. [“Cada um de nós no mundo”“] {P1-08}, p.231
81. FOI EM MANHÃ DE ESTIO {TCM-06}, pp.235-236
82. [“Nestes teus lábios”] {CB-01}, pp.236-238
83. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.238-239
84. [“Se me adoras, se me queres”“] {LA-01}, pp.239-240
85. [“Sumiu-se, mas ainda escuto”] {TCM-05}46, pp.240-241
46
Esse poema, na verdade, corresponde a um segmento do poema “O espectro”, publicado em
178
86. [“Acabou-se a minha crença”] {TCM-02}, p.241
87. “Que mais desejas?” {MF-10}, pp.241-243
88. AO TROVADOR {Trd-03}, pp.243-244
89. [“Eu sinto angústias”] {TCM-03}, pp.245-246
90. RISO E MORTE {LA-04}, pp.246-247
91. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, pp.247-248
92. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, pp.248-249
93. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.249-251
94. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.252
95. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.252-253
96. A ROMÃ (lundu) {RB-01}, pp.253-254
97. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.254-256
Observações: terceira edição da compilação de Antenor Nascentes, com 20 x
12 cm, 139 páginas e o acréscimo de um apêndice didático.
14. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas. Rio de Janeiro:
Fundação Biblioteca Nacional, 2004.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.01-02
02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.02-07
03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.07-11
04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.11-12
05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.12-15
06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.15-16
07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.16-17
08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA1 {Tr1-08}, pp.17-20
09. EPICÉDIO/ À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS ALVES BRANCO
MUNIZ2 {Tr1-09}, pp.20-25
10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.25-27
11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.27-30
12. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.30-32
Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc.
179
13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!3 {Tr1-13}, pp.30-34
14. AMOR E LÁGRIMAS 4 {Tr1-14}, pp.34-36
15. A SAUDADE BRANCA5 {Tr1-15}, pp.36-38
16. FRANCISCO MUNIZ BARRETO6 {Tr1-16}, pp.38-40
17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.40-42
18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.42-43
19. AMOR-PERFEITO7 {Ac-01}, pp.43-44
20. DOUS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.45-46
21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.46-48
22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina {Es03}, pp.48-50
23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE8 {MF-12}, pp.50-51
24. A SRA. D. TERESA MARIA CAETANA DA/ TRINDADE9 {P1-11}, pp.5152
25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}47, pp.52-53
26. OS DOUS BATIZADOS 10 {MF-15}, pp.53-54
27. O DESALENTO/ Ao meu amigo Leopoldo Luís da Cunha {Es-01},
pp.54-55
28. À TERRA NATAL 11 {MF-19}, p.55
29. SAUDADES {MF-13}, pp.55-57
30. EPÍSTOLA/ AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.57-59
31. BANDO {P1-13}, pp.59-61
32. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos Túmulos {P1-16}, pp.61-62
33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE {DRJ-01}, pp.62-63
34. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos/ por ocasião da
distribuição dos prêmios/ em 1863 {P1-16}, pp.63-66
35. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, pp.66-67
36. A UMA INCONSTANTE/ SONETO II {Tr1-18}, p.67
37. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, pp.67-68
38. A UMA SENHORA/ SONETO IV {Tr1-20}, pp.68
39. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S.
João/ da cidade da Bahia/ SONETO V {Tr1-21}, p.68
47
Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O acadêmico.
180
40. À MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.69
41. À MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.69
42. O TEMPO {PDL-02}, pp.69-70
43. [“Para do mundo dar completo cabo”“]{AMT-03}, pp.70
44. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, p.70
45. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.70-80
46. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega/ Dr.
Sinfrônio O(límpio) Álvares Coelho {Ac-01}, pp.80-82
47. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.83-85
48. RONDÓ {MF-02}, pp.85-86
49. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.86-88
40. ODE/ A D. Carlota Leal Milliet/ (Na noite de seu benefício em 16 de
agosto/ de 1858) {MF-06}, pp.88-89
51. O ÉPICO DO – FIAT {MF-06}48, p.89
52. O FUROR CIUMENTO {MF-06}49, pp.89-90
53. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.90-92
54. AS LÁGRIMAS {MF-11}, p.92
55. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.92-94
56. ANGÚSTIA {PDL-05}, p.94
57. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, p.95
58. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, p.96
59. O FAROL DA LIBERDADE14 {P1-12}, p.97
60. À MINHA MULHER {P1-17}, p.98
61. AO AVISTAR O RIO DE JANEIRO {P1-14}, pp.98-99
62. Mote [“Quem Feliz-asno se chama”“] {OPL-10}, p.99
63. Mote [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.99-100
64. Mote [“Ainda no mar do ciúme”“] {PDL-04}, p.100
65. Mote [“Dois corações que se amam”“] {AMT-02}, pp.100-101
66. Mote [“Soa o bronze, expira o dia”] {P1-01}, pp.101-102
67. Mote [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.102-103
68. Mote [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, p.103
48
Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU
BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota.
49
Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU
BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota.
181
69. [“Um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.103
70. Mote [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, p.103
71. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”] {P1-05}, p.104
72. Mote [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.104
73. A um calvo pretensioso {PDL-03}, p.104
74. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.105
75. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] {CM-01}, p.105
76. [“Deus, para provar aos homens”] {AMT-04}, p.105
77. [“Causa pena e causa espanto”] {CM-02}, p.105
78. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.105
79. [“A peça Degolação”“] {AMT-05}, p.105
80. [“Cada um de nós no mundo”“] {P1-08}, p.105
81. FOI EM MANHÃ DE ESTIO {TCM-06}, pp.105-106
82. [“Nestes teus lábios”] {CB-01}, pp.106-107
83. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.107-108
84. [“Se me adoras, se me queres”“] {LA-01}, p.108
85. [“Sumiu-se, mas ainda escuto”] {TCM-05}50, pp.108-109
86. [“Acabou-se a minha crença”] {TCM-02}, p.109
87. [“Que mais desejas?”] {MF-10}, pp.109-110
88. AO TROVADOR {Trd-03}, pp.110-111
89. [“Eu sinto angústias”] {TCM-03}, p.111
90. RISO E MORTE {LA-04}, pp.111-112
91. O CEGO DE AMOR15 {TCM-04}, p.112
92. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, pp.112-113
93. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.113-114
94. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.114
95. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.114-115
96. A ROMÃ (lundu) {RB-01}, pp.115-116
97. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.116-117
Observações: oitava compilação de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. A
organização ficou a cargo de Ângela de Stasio51, funcionária da Divisão de
50
Esse poema, na verdade, corresponde a um segmento do poema “O espectro”, publicado em
Trovador – colecção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc.
51
Havia uma nota informativa assinada por Ângela de Stasio sobre essa compilação que se perdeu
em função das constantes atualizações do site. Fábio Moniz, porém, a antologizou no anexo de sua
dissertação de Mestrado (MONIZ: 2004), que serviu de base para esta pesquisa. A nota encontra-se
182
Manuscritos da mesma biblioteca. São ao todo noventa e seis poemas, seguindo
rigorosamente o plano de organização da compilação de Antenor Nascentes. A
compilação encontra-se disponibilizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
em
seu
site
institucional,
através
da
url
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/poesias_completas_lr.pdf
4.1.4. Antologias
01. MORAES FILHO, [Alexandre José de] Mello. Curso de literatura brasileira:
escolha de vários trechos em prosa e verso de autores nacionais. 4.ed. Rio de
Janeiro & Paris: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1902.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Dous impossiveis {MF-07}, pp.493-494
02. BARRETO, Fausto & LAET, Carlos de. Antologia Nacional: coleção de
excertos dos principais escritores da língua portuguesa do 20º ao 13º século.
Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1913.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Adeus ao mundo {Tr1-11}, pp.383-386
03. OLIVEIRA, Alberto de & JOBI, Jorge. Poetas brasileiros. Rio de Janeiro &
Paris: Livraria Garnier, 1921.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. DOIS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.225-227
02. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.28-230
03. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.231-236
04. A SAUDADE BRANCA {Tr1-15}, pp.237-241
também antologizada no anexo deste trabalho.
183
04. OLIVEIRA, Alberto de. Os cem melhores sonetos brasileiros. Rio de Janeiro:
Freitas Bastos, 1932.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. Hei de, martyr de amor, morrer te amando (Tr1-17}, p.76
05. WERNECK, Eugênio (org.) Antologia brasileira: coletânea em prosa e verso
de escritores nacionais. 22.ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1942.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. A minha resolução {Tr1-06}, pp.349-350
02. A um calvo pretensioso {PDL-03}, p.459
06. CAVALHEIRO, Edgard. Panorama da poesia brasileira. Rio de Janeiro, São
Paulo & Bahia: Editora Civilização Brasileira S. A., 1959. v.2.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. Adeus ao mundo {Tr1-11}, pp.89-93
02. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.94
03. [“Cabeça, triste é dizê-lo”] {PDL-03}, p.94
04. [“A peça Degolação”] {AMT-05}, p.94
07. Poesia romântica brasileira. São Paulo: Edigraf, 1965.
Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos
títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}
02. A JUNQUEIRA FREIre {Es-02}
184
03. AMOR PERFEITO {Ac-01}52
04. MOTE [“Na terra da Santa Cruz,”] {P1-12}
05. MOTE [“Geme, geme, mortal infortunado”] {Tr1-19}
06. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}
07. À MESMA SENHORA {Tr1-22}
08. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}
09. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}
10. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}
11. O QUE SOU E O QUE SEREI {Tr1-13}
12. AMOR E LÁGRIMAS {Tr1-14}
13. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07}
14. NÃO POSSO MAIS {P1-09}
15. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}
16. À TERRA NATAL {MF-19}
17. SAUDADES {MF-13}
08. REBELO, Marques. Antologia escolar brasileira. Rio de Janeiro: Departamento
Nacional de Educação / Ministério da Educação e Cultura, 1967.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.261-264
09. FACIOLI, Valentim & OLIVIERI, Antonio Carlos (org). Poesia brasileira:
Romantismo. 7.ed. São Paulo: Ática, 2005.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. O que são os meus versos {Tr1-01}, pp.39-40
10. BUENO, Alexei (org). Antologia pornográfica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2004.
52
Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de
agosto de 1855 d’O Acadêmico.
185
Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que
surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. Décima [“Certa mulher de um marquês”] {OPL-02}, p.175
02. Mote [“Vá pra puta que o paiu!”] {OPL-03}, pp.175-176
03. Mote [“Porra no cu não é festa”“] {OPL-04}, p.176
04. Mote [“Nariz no cu não é festa”“] {OPL-05}, pp.176-177
05. Mote [“Você diz que arromba, arromba”“] {OPL-06}, pp.177-178
06. Mote [“Já não tenho mais tesão”“] {OPL-07}, pp.178-179
07. Mote [“Pus entre as mãos do meu bem”“] {OPL-08}, p.179
08. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”“] {P1-05}, p.180
09. Mote [“Priapo teve um ataque”“] {OPL-13}, pp.180-181
10. Mote [“As Graças servem a mesa”“] {OPL-14}, pp.181-182
11. Mote [“As Graças mostram o cu”“] {OPL-15}, pp.182-183
12. Mote [“Já sinto gostos na pomba!…”“] {OPL-16}, p.184
13. Outra [“Caralho grosso e de arromba”“] {OPL-17}, p.184-185
14. Mote [“De putas uma remessa”“] {OPL-19}, p.185
15. Mote [“Uma amizade sincera”“] {OPL-21}, pp.185-186
16. Décima [“Por aqui uma só vez”“] {OPL-22}, p.186
17. Mote [“Pode apalpar, pode ver”“] {OPL-23}, pp.186-188
18. Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”“] {OPL-26}, p.188
19. Décima* [“No A B C de Cupido”“] {OPL-27}, p.189
20. Mote [“Cupido, rei dos amantes”“] {OPL-28}, pp.189-190
21. Mote [“A pombinha do meu bem”“] {OPL-29}, p.191
22. As rosas do cume {OPL-31}, pp.191-192
23. Mote [“Estava eu mete não mete”“] {OPL-32}, pp.192-193
24. Mote [“Não posso mais aturá-lo”“] {OPL-33}, p.194
25. Outra [“Tinha a pica intrometido”“] {OPL-34}, p.194
26. Mote [“Os segredos do caralho”“] {OPL-36}, pp.195-196
27. Mote [“Daqui não há de sair”“] {OPL-37}, p.196
28. Outra [“Estou com Márcia uma hora”“] {OPL-38}, p.197
29. Mote [“A mulata, quando fode”“] {OPL-40}, p.197
30. Outra [“Aqui d’El-Rei! quem me acode!”“] {OPL-41}, p.198
31. Outra [“Dá de rabo, quando pode”“] {OPL-42}, p.198
186
32. Outra [“Neste mundo ninguém pode”“] {OPL-43}, p.199
Observações: antologia temática, com trinta e quatro dos quarenta e sete
poemas da compilação de 1882. Não foram reeditados, portanto, treze poemas. Em
princípio, a explicação para a recusa a alguns poemas, segundo o próprio
organizador, Alexei Bueno, que adverte nas primeiras linhas da “Introdução” acerca
da proposta da antologia, seria o fato de que
Este livro, é importante ressaltar, não trata de poesia erótica, nem burlesca, nem
satírica, no estrito sentido das palavras. Trata da poesia pornográfica, do grego
pórne, “prostituta”, ou pornôs, “prostituído”, “depravado”, e dos seus muito
derivados, ou seja, daquilo que se refere à prostituição, à obscenidade, às questões
sexuais, em suma, de forma chula, baixa e propositadamente grosseira. (BUENO:
2004, p.9)
Ao pretender organizar uma coletânea de tal natureza, exclusivamente
pornográfica, Alexei Bueno selecionou, dentre os poemas da compilação de 1882,
os que julgou de fato pornográficos, consoante o conceito de pornografia salientado
na “Introdução”. Os que ficaram de fora, portanto, não apresentariam pornografia,
no seu entendimento. No entanto, convém se observar que há certas contradições
na seleção do organizador. Entendida a “forma chula, baixa e propositadamente
grosseira”53 uma característica da linguagem, então se conclui que a escolha se
baseou na constatação de vocabulário obsceno. No entanto, o poema As rosas do
cume não apresenta obscenidade vocabular. Há conteúdo obsceno, urdido através
de ambiguidade, mas não há ‘forma chula’, o que não impediu inclusive sua
publicação num cancioneiro de modinhas e lundus, o Trovador Marítimo:
À tarde, quando o sol posto,
E o vento no cume adeja,
Vem travessa borboleta,
E as rosas do cume beija.
(RABELLO: 1882, p.58)
Por outro lado, “Mote [“Junto a uma clara fonte”]”, cuja obscenidade também
fica no plano do conteúdo, sem emprego “forma chula, baixa e propositadamente
grosseira”54, em situação análoga a As rosas do cume, não entrou na antologia. A
certo ponto do poema, o eu descreve a genitália de uma figura feminina sem usar
termos de baixo calão:
53
54
BUENO: 2004, p.9
Idem: ibidem, p.9
187
Nos calcanhares sostida,
Abertas lúcidas coxas,
No meio entre sombras roxas,
Negra cúpula crescida,
Com figo parecida,
Do meio pra o fim rachando;
Da fenda, vermelhejando,
Pingente rubro surdia,
Na qual água sacudia,
Mimosamente banhando.
(RABELLO: 1882, p.8.)
Em outras palavras, se, na “Introdução”, Alexei Bueno argumenta
categoricamente os critérios de organização da antologia, na seleção em si, notase em certas situações pouca fidelidade a esses mesmos critérios, pelo menos no
que diz respeito aos poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Ora a obscenidade se
verifica no léxico, ora apenas no conteúdo. Com relação especificamente a
Laurindo Rabello, Alexei classifica-o “um dos nomes centrais da poesia romântica
canônica (…) e, ao mesmo tempo, um dos maiores satíricos e improvisadores de
sua época.”55 Diferentemente de Roberto Acízelo de Souza, Alexei louva a
qualidade dos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello:
Suas Obras livres, publicadas em 1882, quando já circulavam de memória e em
manuscritos, são de uma qualidade dificilmente antologiável, de modo que aqui
reunimos mais da metade do seu conteúdo, cabendo a Laurindo Rabelo, sem
maiores dúvidas, a primazia entre os cultores do gênero no Brasil. (BUENO, 2004,
p.12)
11. Poetas românticos brasileiros. São Paulo: Livraria do Centro, s.d. v.3.
Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que
surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.225-226
02. O MEU SEGRÊDO {Tr1-02}, pp.226-235
03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.235-240
04. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.241-245
55
BUENO: 2004, p.12
188
05. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.245-246
06. AMOR PERFEITO {Ac-01}, pp.247-248
07. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.249-250
08. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, pp.250-251
09. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22},
p.251
12. SILVA, Nilcéia Cleide (revis.). Poetas românticos brasileiros. São Paulo:
Rideel, s.d. v.4.
Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que
surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.15-17
02. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.18-20
03. AMOR PERFEITO {Ac-01}, pp.20-23
04. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.23-25
05. A UM INFELIZ {Tr1-19}, pp.25-26
06. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.26-28
07. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22},
pp.28-29
08. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.29-35
09. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.35-37
10. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.38-41
11. O QUE SOU, E O QUE SEREI {Tr1-13}, pp.42-49
12. AMOR E LÁGRIMAS {Tr1-14}, pp.49-52
13. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.52-56
14. NÃO POSSO MAIS {P1-09}, pp.56-61
15. SUSPIROS E SAUDADES/ FRAGMENTO {Ac-01}, pp.61-64
16. À MINHA TERRA NATAL {MF-19}, pp.64-66
17. SAUDADES {MF-12}, pp.66-70
189
4.1.5. Caráter geral
01. MARANHENSE, Ignácio José Ferreira. Septenário poético à sentidíssima
morte de S. M. a rainha viuva do reino das duas Sicílias, augusta mãe de S. M.
a Imperatriz do Brasil. Rio de Janeiro: Tip. de Silva Lima, 1849.
Texto sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de
linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico:
01. INVOCAÇÃO {DOR-01}, pp.05-06
02. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.07-26
Obs: Trata-se de uma publicação avulsa do poema, em vinte e oito páginas.
Não há qualquer menção de autoria a Laurindo Rabello. A atribuição de autoria de
Laurindo Rabello dar-se-á apenas em 1867, quando da publicação de Poesias,
compilação organizada por Eduardo de Sá Pereira de Castro.
02. MESQUITA, Henrique Alves de. Moreninha: romance. Rio de Janeiro: Arthur
Napoleão e Cia., [18?]
Texto atribuído a Laurindo Rabello sem atualização ortográfica do título e com
indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas,
negrito e itálico:
01. MORENINHA/ ROMANCE {DIMAS-01}, pp.01-03
Observações: Trata-se de publicação avulsa da partitura da canção,
detalhando-se o conteúdo textual por nota musical. Consiste no mais importante
testemunho de canção com poema atribuído a Laurindo Rabello, pois, além da pauta
da melodia vocal, há também a partitura das duas vozes do acompanhamento de
piano. Some-se ainda o fato de ser o codex unicus dessa canção que não foi
publicada em qualquer dos itens bibliográficos inventariados supra e infra.
03. MORAES FILHO, [Alexandre José de] Mello. Artistas do meu tempo. Seguidos
de um estudo sobre Laurindo Rabello. Rio de Janeiro & Paris: H. Garnier,
Livreiro-Editor, 1904.
Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que
surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.147
02. [“A freira, que madre chamam”] {AMT-02}, p.148
190
03. [“Para do mundo dar completo cabo”] {AMT-03}, p.152
04. [“Cabeça, triste é dizêl-o!”] {PDL-03}, p.157
05. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.159
06. [“Quem Feliz-asno se chama,”] {OPL-10}, p.59
07. [“Para mostrar quanto é grande”] {AMT-04}, p.160
08. [“A peça Degolação”] {AMT-05}, p.160
09. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, pp.164-165
10. [“Ao Rego (fragmento)”] {OPL-18}, pp.166-167
11. [“O diabo d’esta chave”] {CBr-01}
12. [“Quando eu deixar de chorar”] {LA-04}
13. [“Da morte o sopro gelado”] {P1-17}, p.178-179
14. [“Foi em manhã de estio,”] {TCM-06}, pp.180-181
Observações: Do item 11, Mello Moraes Filho recolheu apenas um fragmento
de quatro versos.
04. MORAES FILHO, [“Alexandre José de”] Mello. Fatos e memórias. Rio de
Janeiro & Paris: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1904.
Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que
surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. [“As Graças mostram o c…”] [“fragmento”] {OPL-15}, p.135
02. [“Em Landa vejo patente”] {FMe-01}, p.158
05. VASCONCELOS, Ary. Raízes da música popular brasileira. Rio de Janeiro:
Rio Fundo Ed., 1991.
Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e
com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, negrito e itálico:
01. [“Eu tenho uma bengala”] {CBr-02}, p.160
Observação: Consiste no fragmento de quatro versos publicado por Mello
Moraes Filho em Cantares brasileiros.
191
06. TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São
Paulo: Editora 34, 1998.
Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que
surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas,
minúsculas, itálicos e negritos:
01. [“No cume da minha serra”] {OPL-31}, pp.144-145
02. [“O diabo desta chave”] {CBr-01}, p.145
Observações: Quando ao item 01, José Ramos Tinhorão tece algumas
considerações acerca de variantes, que serão abordadas em momento apropriado
neste trabalho, em “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”. O item 02 consiste
no fragmento de quatro versos publicado por Mello Moraes Filho em Cantares
brasileiros.
4.2. Contabilização dos poemas inventariados
Com base no inventário testemunhal, chega-se ao montante de cento e
quarenta e nove poemas e dois fragmentos atribuídos a Laurindo Rabello na
tradição impressa. Eis a relação completa, organizada por ordem alfabética a partir
das etiquetas e títulos simplificados.56
4.2.1 Relação de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, com atualização ortográfica
e simplificação de títulos:
1) Ac-01 - Flores murchas
2)
AMT-01 - [“Dizem que a Morte e Maurício”]
3)
AMT-02 - Mote [“Dois corações que se amam”]
4)
AMT-03 - [“Para do mundo dar completo cabo”]
5)
AMT-04 - [“Deus, para provar aos homens”]
6)
AMT-05 - [“A peça Degolação”]
7)
AMT-06 - [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”]
8)
CB-01 - Quando a teus olhos
9)
CB-02 - Não tem dó do meu penar
56
A simplificação de títulos serve apenas a imperativos de economia e padronização, em menções
aos poemas nos segmentos de natureza crítico-literária desta tese.
192
10)
CBr-03 - O estudante e a lavadeira
11)
CBr-04 - O namorado sem dinheiro
12)
CM-01 - [“Cravo, rosa, em jarra fina”]
13)
CM-02 - [“Causa pena e causa espanto”]
14)
DIMAS-01 – Moreninha
15)
DOR-02 – Septenário poético
16)
DRJ-01 - Canto do cisne
17)
Es-01 - O desalento
18)
Es-02 - À morte de Junqueira Freire
19)Es-03 - As duas redempções
20)FMe-01 - [“Em Landa vejo patente”]
21)
LA-01 - Se me adoras
22)LA-02 - Adeus… adeus… é chegada
23)
LA-03 – Perdeu a flor de meus dias
24)
LA-04 - Riso e morte
25)
LA-05 - Já dei tudo o que tinha
26)
LA-06 - É aqui! bem vejo a campa
27)
MF-01 – Outra [“As Potências do Occidente”]
28)
MF-02 - Rondó
29)
MF-03 - Charadas. [“Todas vez que ela vem”]
30)
MF-04 - Outra [“Fui fazer minha morada”]
31)
MF-05 - Aos annos de um respeitável ancião
32)
MF-06 - À D. Carlota Leal Milliet
33)
MF-07 - Dous impossíveis
34)
MF-08 - Mote. [“Beijo a mão que me condemna”]
35)
MF-09 - Teus olhos
36)
MF-10 - Que mais desejas
37)
MF-11 - As lágrimas
38)
MF-12 - Ao octagésimo segundo anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da
Trindade
39)
MF-13 - Saudades
40)
MF-14 - Epigramma [“Tratou Maria os meus versos”]
41)MF-15 - Ao baptismo de dous meninos
42)
MF-16 - Colchea [“Um só momento de amor”]
193
43)
MF-17 - Outra [“Uma ingrata, uma inconstante”]
44)
MF-18 - Mote [“Um pensamento de morte”]
45)
MF-19 - À minha terra natal
46)
MF-20 - Epístola
47)
OPL-01 - Mote [“Junto a uma clara fonte”]
48)
OPL-02 - Décima [“Certa mulher de um marquês”]
49)
OPL-03 - Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]
50)
OPL-04 - Mote [“Porra no cú não é festa”]
51)
OPL-05 - Outro [“Nariz no cú não é festa”]
52)
OPL-06 - Mote [“Você diz que arromba, arromba”]
53)
OPL-07 - Mote [“Já não tenho mais tesão”]
54)
OPL-08 - Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]
55)
OPL-09 - Mote [“Marcianna com ciúmes”]
56)
OPL-10 - Mote [“Quem Feliz-asno se chama”]
57)
OPL-11 - Outra [“Do nosso animal a fama”]
58)
OPL-12 - Outra [“Assim como um galho é rama”]
59)
OPL-13 - Outro [“Priapo teve um ataque”]
60)
OPL-14 - Mote [“As Graças servem à mesa”]
61)
OPL-15 - Outro [“As Graças mostram o cu”]
62)
OPL-16 - Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]
63)
OPL-17 - Outra [“Caralho grosso e de arromba”]
64)
OPL-18 - Ao rego
65)
OPL-19 - Mote [“De putas uma remessa”]
66)
OPL-20 - Outro [“Alma pura e rosto d'anjo”]
67)
OPL-21 - Mote [“Uma amizade sincera”]
68)
OPL-22 - Décima [“Por aqui uma só vez”]
69)
OPL-23 - Mote [“Pode apalpar ode ver”]
70)
OPL-24 - Soneto [“A fêmea capichaba deu entrada”]
71)
OPL-25 - Sátira a um ministro
72)
OPL-26 - Mote [“Sebo! caguei! 'stou zangado!”]
73)
OPL-27 - Décima [“No A B C de cupido”]
74)
OPL-28 - Mote [“Cupido rei dos amantes”]
75)
OPL-29 - Mote [“A pombinha de meu bem”]
76)
OPL-30 - Mote [“Os culhões de José Felix”]
194
77)
OPL-31 - As rosas do cume
78)
OPL-32 - Mote [“Estava eu mete não mete”]
79)
OPL-33 - Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]
80)
OPL-34 - Outra [“Tinha a pica intrometido”]
81)
OPL-35 - Mote [“Como vens tão vagarosa”]
82)
OPL-36 - Mote [“Os segredos do caralho”]
83)
OPL-37 - Mote [“Daqui não há de sair”]
84)
OPL-38 - Outra [“Estou com Márcia uma hora”]
85)
OPL-39 - Diálogo
86)
OPL-40 - Mote [“A mulata quando fode”]
87)
OPL-41 - Outra [“Aqui d'el-Rei! quem me acode!”]
88)
OPL-42 - Outra [“Dá de rabo quanto pode”]
89)
OPL-43 - Outra [“Neste mundo ninguem pode”]
90)
OPL-44 - A fructa
91)
P1-01 - Mote [“Soa o bronze expira o dia”]
92)
P1-02 - Mote [“Junto de uma sepultura”]
93)
P1-03 - Mote [“Quebrou o amor por despeito”]
94)
P1-04 - Outra [“Um cartucho de confeito”]
95)
P1-05 - Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]
96)
P1-06 - Mote [“Pagode sem bebedeira”]
97)
P1-07 - Epigrama [“Se não é dado o ser médico aos poetas”]
98)
P1-08 - Epigrama [“Cada um de nós no mundo”]
99)
P1-09 - Não posso mais!
100)
P1-11 - Aos annos de minha madrinha
101)
P1-12 - Mote improvisado em uma reunião patriótica
102)
P1-13 - Bando
103)
P1-14 - Improviso na occasião de ver terras do Rio de Janeiro
104)
P1-15 - Ao dia dos finados
105)
P1-16 - Himno
106)
P1-17 - Mote a minha mulher
107)
PDL-01 - Ciúme e razão
108)
PDL-02 - O tempo
109)
PDL-03 - Que desconsolo!
110)
PDL-04 - Mote [“Ainda no mar do ciúme”]
195
111)
PDL-05 - Angústia
112)
RB-01 - A romã
113)
RB-02 - O jornaleiro
114)
SB-01 - Feliz-asno
115)
SB-02 - O Maneco e os moleques
116)
SB-03 - Apólogo
117)
TCM-01 - O banqueiro
118)
TCM-02 - Acabou-se a minha crença
119)
TCM-03 - Eu sofro angústias me sufocar
120)
TCM-04 - O cego
121)
TCM-05 - O espectro
122)
TCM-06 - Foi em manhã d’estio
123)
Tr1-01 - O que são meus versos
124)
Tr1-02 - O meu segredo
125)
Tr1-03 - O Gênio e a morte
126)
Tr1-04 - No álbum duma senhora
127)
Tr1-05 - Estragos de amor
128)
Tr1-06 - A minha resolução
129)
Tr1-07 - A linguagem dos tristes
130)
Tr1-08 - Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França
131)
Tr1-09 - Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz
Barretto
132)
133)
137)
Tr1-10 - Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut
Tr1-11 - Adeus ao mundo
134)
Tr1-12 - A minha vida
135)
Tr1-14 - Amor e lágrimas
136)
Tr1-15 - A saudade branca
Tr1-16 - Ao meu amigo e mestre o senhor Francisco Moniz Barretto
138)
Tr1-17 - Hei de mártir de amor morrer te amando
139)
Tr1-18 - É carpir, delirar, morrer por ela
140)
Tr1-19 - Soneto [“Geme geme mortal infortunado”]
141)
142)
Tr1-20 - A uma senhora
Tr1-21 – À Sra. Marieta Landa
143)
Tr1-22 - À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]
196
144)
Tr1-23 - À mesma senhora [“Alcíone perdido o esposo amado”]
145)
Tr2-01 - À Bahia
146)
Trd-01 - Quanto pode um beijo teu
147)
Trd-02 - Se eu fora poeta
148)
Trd-03 - Trovador
149)
VJ-01 - Delírio e ciúme
4.2.2 Fragmentos de poemas atribuídos a Laurindo Rabello
01)
CBr-01 - [“O diabo desta chave”]
02)
CBr-02 - [“Eu possuo uma bengala”]
196
4.3. Percurso histórico do texto dos poemas
4.3.1. Os poemas de Trovas
Em 1853, Laurindo Rabello publicou em Salvador, a primeira edição de
Trovas, um opúsculo de 12 x 19 cm, com cento e duas páginas e vinte e dois
poemas1:
01. “O que são meus versos”
02. “O meu segredo”
03. “O gênio e a morte”
04. “No álbum duma senhora”
05. “Estragos de amor”
06. “A minha resolução”
07. “A linguagem dos tristes”
08. “Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França”
09. “Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz
Barretto”
10. “Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut”
11. “Adeus ao mundo”
12. “A minha vida”
13. “Amor e lágrimas”
14. “A saudade branca”
15. “Ao meu amigo e mestre o senhor Francisco Moniz Barretto”
16. “Hei-de mártir de amor morrer te amando”
17. “É carpir, delirar, morrer por ela”
18. “Soneto [“Geme geme mortal infortunado”]”
19. “A uma senhora”
20. “À Sra. Marieta Landa”
21. “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]”
22. “À mesma senhora [“Alcíone perdido o esposo amado”]”
1
A primeira edição, na verdade, traz vinte e três poemas, mas vinte e dois são com efeito de autoria
de Laurindo Rabello, como se explicará mais adiante.
197
Laurindo Rabello já se encontrava na capital baiana desde 1852, amparado
por amigos no intento de prosseguir os estudos de Medicina. Transferiu-se da
Escola de Medicina da Corte para a Faculdade de Medicina da Bahia, sob os
auspícios, segundo os cronistas de sua vida, de Salustiano Souto. A tipografia por
onde o livro saiu, de Epifânio Pedroza2, além de muito conceituada no mercado
livreiro baiano, era procurada pelos estudantes de Medicina para a publicação das
teses. É provável que o apoio dos amigos tenha começado na intermediação entre
o autor e Pedroza.
Na dedicatória inicial de Trovas, Laurindo Rabello agradece a ajuda
recebida, sobretudo de Salustiano, a quem se dirige diretamente e pede desculpas
pela audácia do louvor. A gratidão do autor expressa tanto na dedicatória, quanto,
logo a seguir, no prefácio “a quem ler”, em que se indica o opúsculo ter sido
financiado pelo sistema de assinaturas, pode explicar a quantidade significativa de
poemas encomiásticos, isto é, um gesto de retribuição ao auxílio dos que lhe
favoreceram a estreia em livro, para além de um mero influxo dos hábitos oratórios
da época no autor, conforme visto em “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”. Dos
vinte e dois poemas da primeira edição, dez3 são endereçados a um particular
próximo. Não é à toa que se tenha incluído em Trovas “O que sou, e o que serei”,
de Antônio Joaquim Rodrigues da Costa, grande amigo de Laurindo Rabello e
colega da Faculdade de Medicina da Bahia. À parte o valor literário, esses poemas
registram como Laurindo Rabello logrou constituir uma teia de relações
interpessoais na Bahia. Assim, alcançou alguma nomeada enquanto poeta, razão
para sentir-se realizado naquela terra a ponto de lhe tributar o poema “À Bahia”,
que seria incorporado ao livro dois anos depois, em segunda edição.
Embora os dados bibliográficos da primeira edição apareçam errados em vários estudos, confirase a reprodução diplomática da página de rosto:
TROVAS
DE
LAURINDO JOSÉ DA SILVA RABELLO,
NATURAL DO RIO DE JANEIRO.
2
BAHIA:
TYPOGRAPHIA DE E. PEDROZA.
Rua dos Capitães n. 49.
1853.
3
01. “No álbum duma senhora”, 02. “Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França”, 03.
“Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz Barretto”, 04. “Amor e lágrimas”, 05.
“A saudade branca”, 06. “Ao meu amigo e mestre o senhor Francisco Moniz Barretto”, 07. “A uma
senhora”, 08. “À Sra. Marieta Landa”, 09. “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce
avena”]”, 10. “À mesma senhora [“Alcione perdido o esposo amado”]” .
198
Laurindo Rabello procurou aproveitar a oportunidade de ter um livro
publicado, a começar pelo cuidado com a qualidade dos textos. Por mais que
recolhesse poemas já estampados anteriormente em periódicos, conforme
confessa no “a quem ler”, procedeu a alterações, como já apontado anteriormente
em “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”, não só corrigindo lapsos de
linguagem, bem como refundindo, acrescentando ou suprimindo versos da versão
original. A errata ao fim do livro documenta também como Laurindo Rabello foi
minucioso na revisão das provas tipográficas. Meticuloso nos mínimos erros de
pontuação, não escaparam aos seus olhos nem sequer lapsos de virgulação
inclusive nos textos da dedicatória e do “a quem ler”. A errata traz ainda alterações
autorais de última hora, a exemplo de substituições vocabulares, como no verso 01
de “Sobre o túmulo do General Labatut”, “Eis as cenas do mundo! A mesma lide”,
que passou a “Eis as cenas do mundo! A mesma liça”; ou ainda no verso 13 do
mesmo poema: “E vomitar na fronte do tirano”, alterado para “Lançá-las na fronte
do tirano”
Em 1855, a segunda edição de Trovas veio a público no Rio de Janeiro pela
Tipografia de Nicolau Lobo Viana e Filhos. Trata-se, como a primeira, de um
opúsculo de cento e duas páginas, com dedicatória a Salustiano Souto e preâmbulo
também intitulado “a quem ler”, além do índice no fim da obra. Além dos vinte e três
poemas4 originais, aparece o poema “À Bahia”5 encerrando o livro. Na edição,
porém, não há errata, nem as alterações foram feitas. A collatio entre as duas
primeiras edições atesta que os textos de vários poemas foram alterados, com
acréscimo/supressão de versos. Se o fato de Laurindo Rabello estar em Salvador na
época de publicação da segunda edição induziria à conclusão de não ter sido
preparada por ele, por outro as alterações são mantidas no estado da Marmota
fluminense (1856-7), quando o poeta já se encontrava de volta ao Rio de Janeiro.
No entanto, a segunda edição apresenta problemas edóticos que revelam a
falta de revisão final das provas tipográficas. Houve a anteposição do “a quem ler” à
dedicatória, sem que o índice contemplasse a modificação. A indicação das páginas
de alguns poemas no índice não corresponde à paginação do livro. Some-se ainda,
como já se disse, que as correções à primeira edição não foram feitas na segunda,
4
É mister sublinhar que apenas vinte e dois são de autoria de Laurindo Rabello.
“À Bahia” é o vigésimo terceiro poema da numeração contínua adotada aqui para facilitar o controle
quantitativo de textos. Convém lembrar que a contabilização final do inventário foi de cento e
quarenta e oito poemas e dois fragmentos atribuídos a Laurindo Rabello.
5
199
embora a errata tenha sido elidida, além de os textos apresentarem muitas gralhas
tipográficas. Em suma, se, por um lado, Laurindo Rabello preparou os poemas de
Trovas para uma reedição, conforme se comprova através das modificações
autorais, por outro, não viu o resultado final, o que torna questionáveis tanto lições
substantivas quanto adjetivas da segunda edição.
A segunda edição de Trovas também deve ter se esgotado rapidamente em
função de baixa tiragem, razão para Francisco de Paula Brito republicar os poemas
na Marmota fluminense em 1856-7. Entretanto, não foram publicados todos os
poemas. Ficaram de fora “À Bahia” e os cinco últimos sonetos6. Quanto a aspectos
substantivos, o estado dos poemas na Marmota fluminense não assinala
modificações em relação à segunda edição, dando o autor a entender que persistia
nas alterações feitas da primeira para a segunda edição de Trovas e que, como
antes salientado, certamente vieram de seu punho.
Após a morte de Laurindo Rabello, foram organizadas oito compilações, em
que paulatinamente se descaracterizou a organicidade de Trovas. À guisa de
exemplo, observem-se as duas iniciais. A primeira (P1) ficou a cargo de Eduardo de
Sá Pereira de Castro, que reuniu cinquenta e cinco poemas. O compilador
transcreveu na introdução de P1 seis improvisos e dois epigramas, mantendo
reunidos na primeira metade da compilação propriamente dita os vinte e quatro
poemas provenientes da segunda edição de Trovas, seguidos de vinte e três
recolhas. Por outro lado, a partir da segunda compilação (1876), organizada por
Joaquim Norberto de Souza Silva, já começa a deterioração da unidade adotada por
Laurindo Rabello:
1o ao 16o poema: 16 poemas iniciais de Tr2. com a ordem respeitada;
17o poema: correspondente ao 24a poema de Tr2;
18o ao 26o poema: correspondem aos 25o, 26o, 27o, 28o, 29o, 31o, 32o, 35o e 36o poemas de
P1;
27o ao 37o poema: correspondem respectivamente aos 37o, 38o, 39o, 40o, 41o, 42o, 44o, 47o,
33o, 43o e 34o poemas de P1;
o
38 poema: corresponde ao 46o poema de P1;
39o ao 45o poema: correspondem respectivamente aos 17o, 18o, 19o, 20o, 21o, 22o e 23o
poemas de Tr2.;
46o e 47o poemas: correspondem respectivamente aos 45o e 30o poemas de P1.
6
1. “Soneto [“Geme, geme, mortal infortunado”]”, 2. “A uma senhora”, 3. “À Sra. Marieta Landa”, 4. “À
mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]”, 5. “À mesma senhora [“Alcíone perdido o
esposo amado”]”
200
4.3.2. Poemas localizados em periódicos, publicados durante o período de vida do
autor
Há um grupo de poemas atribuídos a Laurindo Rabello que foram recolhidos
em compilações post-mortem, a partir de periódicos para os quais o autor colaborou.
A autoria da maioria desses poemas é atestável por assinatura, mas em alguns
casos a publicação é anônima e, portanto, a atribuição de autoria deve-se aos
compiladores que por primeiro os publicaram. Os poemas assinados fornecem um
testemunho relativamente confiável, comprovando-se não só a autoria bem como o
preparo do texto pelo próprio autor para a publicação. Tais dispersos apresentamse, tanto com relação à autoria quanto à qualidade textual, mais confiáveis do que
as recolhas da tradição oral, da boca dos cantadores de modinha e lundu ou, por
extensão, dos cancioneiros de música popular, como Lira de Apolo e Trovador, em
função das atribuições irregulares de autoria, como observado em “4.1. Inventário
testemunhal”, e das variantes inseridas nos textos pelos intérpretes. Some-se ainda
o fato de os compiladores poderem ter tido acesso a algum manuscrito perdido, sem
que o texto estivesse devidamente preparado pelo autor. Sendo assim, pertencem
ao grupo dos “Dispersos em periódicos publicados em vida” somente os poemas
cujos testemunhos de periódicos a pesquisa pôde localizar, excetuados os poemas
integrantes do livro Trovas.
Publicados em O sino dos barbadinhos (1849):
24. “Feliz-asno”
25. “Maneco e os moleques”
26. “Apólogo”
Publicados em A voz da juventude (1849-1850):
27. “Delírio e ciúme”
Publicado em O acadêmico (1855):
28. “Flores murchas”
201
Publicados em Marmota fluminense (1854-1860):
29. “Outra [“As Potências do Occidente”]”
30. “Rondó”
31. “Charadas [“Toda vez que ela vem”]”
32. “Outra [“Fui fazer minha morada”]”
33. “Aos annos de um respeitável ancião”
34. “À D. Carlota Leal Milliet”
35. “Dous impossíveis”
36. “Mote [“Beijo a mão que me condemna”]”
37. “Teus olhos”
38. “Que mais desejas”
39. “As lágrimas”
40. “Ao octagésimo segundo anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da
Trindade”
41. “Saudades”
42. “Epigramma [“Tratou Maria os meus versos”]”
43. “Ao baptismo de dous meninos”
44. “Colchea [“Um só momento de amor”]”
45. “Outra [“Uma ingrata, uma inconstante”]”
46. “Mote [“Um pensamento de morte”]”
47. “À minha terra natal”
48. “Epístola”
Publicados em O espelho (1859):
49. “O desalento”
50. “À morte de Junqueira Freire”
51. “As duas redempções”
Do elenco acima, merecem destaque quanto à questão da autoria os itens 0103, de O sino dos barbadinhos (1849), publicados anonimamente. A autoria de
“Feliz-asno” foi atribuída a Laurindo Rabello por Fábio Moniz7 pela ligação genética
7
MONIZ: 2004
202
com poemas de Obras poéticas livres (1882). Mais à frente a questão será
retomada. O pesquisador atribuiu ainda a Laurindo Rabello a autoria de “Maneco e
os moleques” e “Apólogo”, porque, igualmente a “Feliz-asno”, satirizam a figura do
Ministro da Guerra Manoel Felizardo.
“Flores murchas” foi publicado em O acadêmico (1855) com seis partes,
totalizando cento e noventa e sete versos. No entanto, Eduardo de Sá Pereira de
Castro publicou em Poesias (1867) apenas dois fragmentos do poema,
provavelmente com variantes autorais, como será discutido em “4.4. Estema”,
intitulados “Fragmento – amor-perfeito” e “Fragmento – suspiros e saudades”, que
correspondem às terceira e quarta partes da versão original. Tais fragmentos foram
absorvidos pelas compilações subsequentes, mas já sem a designação ‘fragmento’
no título desde Obras poéticas (1876), de Joaquim Norberto de Souza Silva. Alfredo
do Vale Cabral, por sua vez, recolheu “Flores murchas” na Revista brasileira (1880),
com o mesmo número de partes e versos constantes de O acadêmico. Assim ocorre
em Obras completas (1946), de Osvaldo de Melo Braga, primeira compilação postmortem que absorveu o poema com o texto integral. Melo Braga, entretanto, não só
publicou a versão completa de “Flores murchas”, transmitida por O acadêmico e
Revista brasileira, bem como compilou os fragmentos antes recolhidos por Eduardo
de Sá, como dois poemas independentes. Ao organizar Poesias completas (1963),
Antenor Nascentes repetiu o mesmo procedimento de Melo Braga, mas observou
nas notas se tratar de fragmentos com variantes da versão publicada na Revista
brasileira.
Assim como “Flores murchas”, “À D. Carlota Leal Milliet”, publicado na
Marmota fluminense sem assinatura, reaparecerá fragmentado ao longo da tradição.
Nas recolhas de colaboradores ou de organizadores de compilações post-mortem, o
poema apresenta-se cindido em três partes: 1) “Ode”, correspondente aos versos
01-15 do poema publicado originalmente na Marmota, foi republicado na Revista
Brasileira de 1880, dentre as recolhas de Alfredo do Vale Cabral; 2) “O Épico do –
Fiat” e 3) “O furor ciumento”, equivalentes respectivamente aos versos 16-41 e 4260, são recolhas de Antenor Nascentes publicadas em Poesias completas (1963). “À
D. Carlota Leal Milliet”, por seu turno, figura na página 2 da Marmota de 24/08/1858
e aborda o mesmo assunto do editorial da edição, a saber, a atuação de Carlota
Millet, que estrelou, ao lado de Julia Milans, a ópera Norma, de Bellini, traduzida por
Luiz Vicente de Simoni e cantada em 12 de agosto de 1858 no Teatro Pedro de
203
Alcântara. É mais provável que o poema e, por extensão, os fragmentos transmitidos
sejam de Paula Brito, editor da Marmota. Paula Brito raramente assinava no próprio
jornal, mas cuidava de informar a autoria dos textos de outros autores, mesmo com
certo atraso. Publicado anonimamente em 10/05/1859, “Que mais desejas?” foi
republicado em 21/09/1860 com o devido crédito a Laurindo Rabello, como
salientado em “4.1. Inventário testemunhal”.
Os demais poemas localizados em periódicos, publicados durante a vida do
autor, têm a autoria devidamente atestada por assinatura, que foi mantida ao fim dos
textos dos poemas editados no segundo volume desta edição crítica. N’A Voz da
Juventude, “Delírio e ciúme”, veio assinado por
L. J. da Silva Rabello. “Flores
murchas”, publicado n’O acadêmico, traz o nome do autor por extenso. Os poemas
da Marmota fluminense, à parte “À D. Carlota Leal Milliet”, ou são assinados por
extenso ou identificados autoralmente por paratexto, como é o caso de “Que mais
desejas?”, já mencionado. N’O espelho, Laurindo Rabello assinava os poemas com
a mesma abreviatura d’A voz da juventude: L. J. S. R.
Além de “Flores murchas” e “À D. Carlota Leal Milliet”, há ainda o caso de
“Feliz-asno”, de que somente o trecho em versos foi republicado novamente, em
Obras poéticas livres (1882). O restante dos poemas advindos de periódicos durante
a vida de Laurindo Rabello atravessa a tradição de compilações post-mortem
sempre com o texto integral, mas as recolhas ocorrem de forma irregular e em
momentos distintos, mesmo se tratando de textos provenientes de um mesmo jornal.
Dos vinte poemas da Marmota, somente “Outra [“As Potências do Occidente”]”,
“Dous impossíveis”, “Mote [“Beijo a mão que me condemna”]”, “Ao octagésimo
segundo anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da Trindade”, “Saudades”, “Ao
baptismo de dous meninos”, “Colchea [“Um só momento de amor”]”, “Mote [“Um
pensamento de morte”]”, “À minha terra natal” e “Epístola”, isto é, a metade foi logo
recolhida por Eduardo de Sá Pereira de Castro em Poesias (1867), que compilou
também “O desalento”, “À morte de Junqueira Freire” e “As duas redempções”, de O
espelho. “Teus olhos” e “Que mais desejas” reapareceram em Poesias do Dr.
Laurindo (1877), de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior. “Rondó”, “Aos annos de
um respeitável ancião”, “À D. Carlota Leal Milliet” e “As lágrimas” retornaram a
público em meio às recolhas de Alfredo do Vale Cabral, publicadas na Revista
brasileira (1880), juntamente com
“Delírio e ciúme”, de A voz da juventude.
“Charadas [“Toda vez que ela vem”]”, “Outra [“Fui fazer minha morada”]”,
204
“Epigramma [“Tratou Maria os meus versos”]” e “Outra [“Uma ingrata, uma
inconstante”]” permaneceram até hoje inéditos em livro.
4.3.3. Diário do Rio de Janeiro
Em 11/10/1864, pouco menos de um mês após o falecimento de Laurindo
Rabello, aparece no Diário do Rio de Janeiro “Canto do cisne”8, que depois será
musicado por A. J. S Monteiro, figurando em muitos cancioneiros de modinhas e
lundus e compilações post-mortem, a começar por Poesias (1867), organizada por
Eduardo de Sá Pereira de Castro. Laurindo Rabello não chegou a desenvolver
parceria fixa com Monteiro, compositor e pianista, uma vez que não há registro de
outras canções feitas por ambos, contrariamente ao que se verifica acerca do
violonista João L. Almeida Cunha. É provável, inclusive, que Monteiro e o poeta nem
tenham se conhecido ou trabalhado juntos. Sobre o compositor, há pouquíssimas
informações. Até hoje os musicólogos não decifraram sequer as abreviaturas de seu
nome e primeiros sobrenomes. Sabe-se apenas que nasceu em 1830, foi professor
de canto e piano no Rio de Janeiro entre os anos 1864 e 1874, tendo falecido em
1890. Um dado versificatório com base em que se pode presumir que Laurindo
Rabello não concebeu “Canto do cisne” como modinha é o metro adotado. À guisa
de exemplo, “O banqueiro”, “Desalento”, “O cego”, “Eu sofro angústias me sufocar”,
“Riso e morte”, “Teus olhos”, “Que mais desejas”, “Perdeu a flor de meus dias”, “Se
me adoras”, “Acabou-se a minha crença”, “Adeus… adeus… é chegada” e “Foi em
manhã d’estio”, doze poemas que Laurindo Rabello escreveu para canções
compostas com Almeida Cunha, têm versos em metros curtos, de tetrassílabos a
heptassílabos, ao passo que “Canto do cisne” foi escrito em decassílabos heroicos e
sáficos, metros pouco encontradiços em modinhas e lundus imperiais.
4.3.4. Dispersos em cancioneiros de modinhas e lundus
8
“Canto do cisne” é o quinquagésimo segundo poema na numeração contínua adotada aqui.
205
Em geral, as modinhas e lundus atribuídos a Laurindo Rabello provêm de
testemunhos apógrafos9 como Trovador – jornal de modinhas, recitativos para piano,
lundus, romances, árias, canções, etc., etc. (1869) e Lira de Apolo: jornal de
modinhas, recitativos, lundus, canções, romances e poesias de diversos autores
(1870). Os problemas edóticos centrais quanto aos poemas dessas canções são,
portanto, a atribuição de autoria e a qualidade textual duvidosas. Teixeira de Melo
questiona a autoria de “O cego” e “Acabou-se a minha crença”. José Ramos
Tinhorão titubeia com relação à autoria de “Lundu da bengala”, “Gosto que excede a
todos”10, “Quando a teus olhos”, “O espectro” e “Perdeu a flor de meus dias”. Somese ainda o fato de os poemas, até a fixação do texto por escrito nos cancioneiros de
modinhas e lundus, serem transmitidos através da tradição oral ou de cópias de
manuscritos, em que circulavam variantes, o que explica a existência de diferentes
redações de um mesmo poema a depender do testemunho. Em “4.4. Estema”,
discorrer-se-á ainda sobre outras questões em torno aos cancioneiros, quando será
comentada a problemática em torno à genealogia desses testemunhos.
Segue infra a relação de modinhas e lundus publicados primeiramente em
cancioneiros11, desconsiderando-se testemunhos em que reaparecem poemas
publicados anteriormente. Também não se registra na lista a republicação de
poemas.
Trovador – jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances,
árias, canções, etc., etc. (1869):
53. “Quanto pode um beijo teu”
54. “Se eu fora poeta”
55. “Trovador”
Lira de Apolo: jornal de modinhas, recitativos, lundus, canções, romances e
poesias de diversos autores (1870):
9
Exceção feita apenas a “Teus olhos e “Que mais desejas”, que foram publicadas na Marmota
fluminense durante o período de vida do autor e, possivelmente, sob a sua supervisão, o que torna
essas canções as únicas provenientes de testemunhos idiógrafos.
10
Não foi localizada nenhuma modinha com este título nos cancioneiros empregados na inventio
desta pesquisa. Como se desconhece o texto da modinha, não foi possível a pesquisa por versos.
11
É mister sublinhar que a cronologia se baseia nos cancioneiros empregados na inventio desta
pesquisa, o que não corresponde a uma verdade em absoluto. Em virtude da má conservação desse
tipo de material, muitos títulos se perderam, como é o caso da Folhinha de modinhas, comentado
anteriormente em “4.1.2. Periódicos e cancioneiros de modinhas e lundus”.
206
56. “Se me adoras”
57. “Adeus… adeus… é chegada”
58. “Perdeu a flor de meus dias”
59. “Riso e morte”
60. “Já dei tudo o que tinha”
61. “É aqui! bem vejo a campa”
Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. (1876):
62. “O banqueiro”
63. “Acabou-se a minha crença”
64. “Eu sofro angústias me sufocar”
65. “O cego”
66. “O espectro”
67. “Foi em manhã d’estio”
A cantora brasileira (1878):
68. “Quando a teus olhos”
69. “Não tem dó do meu penar”
Cantares brasileiros12 (1900):
70. “O estudante e a lavadeira”
71. “O namorado sem dinheiro”13
Laurindo Rabello desempenhou importante papel na história da música
popular brasileira. Segundo José Ramos Tinhorão, foi um dos primeiros a constituir
parceria fixa entre letrista e compositor. Ao lado de Almeida Cunha, compôs várias
modinhas e lundus, alcançando nomeada como modinheiro, de maneira a melodias
12
Na introdução desse cancioneiro, foram publicados ainda dois fragmentos de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello, a serem comentados mais à frente.
13
A rigor, “O estudante e a lavadeira” e “O namorado sem dinheiro” não são canções, mas pequenos
textos cômicos (um diálogo e um monólogo), que entraram na lista por terem sido publicados em um
cancioneiro de modinhas e lundus.
207
de canções suas inclusive servirem de motivo musical a outras modinhas e lundus.
No entanto, poucos poemas dessas canções foram logo recolhidos. “Teus olhos” e
“Que mais desejas”, as únicas modinhas publicadas durante o período de vida do
autor, na Marmota (1859), reapareceram em Poesias do dr. Laurindo (1877), de
Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, que incluiu ainda em sua compilação “Eu
sofro angústias me sufocar”, “O cego” e “Acabou-se a minha crença”, constantes de
Trovador – jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances, árias,
canções, etc., etc. (1869); e “Adeus... adeus... é chegada” e “Quando eu deixar de
chorar”, localizados em Lira de Apolo: jornal de modinhas, recitativos, lundus,
canções, romances e poesias de diversos autores (1870). “Quanto pode um beijo
teu”, “Se eu fora poeta”, “Trovador”, “Se me adoras”, “Perdeu a flor de meus dias”,
“Já dei tudo o que tinha”, “É aqui! bem vejo a campa”, “O banqueiro”, “O espectro”,
“Foi em manhã d’estio”, “Quando a teus olhos” e “Não tem dó do meu penar”, porém,
por muito tempo ficaram relegados aos cancioneiros de modinhas e lundus e
somente em Poesias completas (1963) foram reunidos por Antenor Nascentes,
passando a integrar uma compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo
Rabello. O diálogo “O estudante e a lavadeira” e o monólogo “O namorado sem
dinheiro”, ambos cômicos, constam apenas de Cantares brasileiros (1900), de
Alexandre José de Mello Moraes Filho, reeditado em 1981.
4.3.5. Recolhas de compiladores e colaboradores de origem desconhecida
Os organizadores de compilações post-mortem serviram-se de três tipos de
fontes para as recolhas. O primeiro consiste em periódicos em que Laurindo Rabello
colaborava, em que na inventio desta pesquisa se localizaram os poemas elencados
anteriormente em “4.3.2. Poemas localizados em periódicos, publicados durante o
período de vida do autor”. Mister lembrar que “Canto do cisne”, publicado em jornal
postumamente, também foi recolhido em compilações post-mortem. A segunda
categoria de fontes é a de cancioneiros de modinhas e lundus, em que os poemas
encontrados também foram listados supra, em “4.3.4. Dispersos em cancioneiros de
modinhas e lundus”. A terceira categoria abrange testemunhos impressos perdidos,
como edições de periódicos inacessíveis, a exemplo das edições entre 28/10/1856 e
02/01/1857 da Marmota fluminense, como anteriormente mencionado em “4.1.
208
Inventário testemunhal”; ou ainda fora da tradição impressa, sejam eles manuscritos
ou mesmo a tradição oral, que por limitações materiais, não foram localizados na
inventio
desta
pesquisa.
Devem-se,
portanto,
a
atribuição
de
autoria
e
estabelecimento do texto aos organizadores das respectivas compilações, que por
primeiro editaram esses poemas. Convém ressaltar que fazem parte desse grupo
alguns dos títulos cuja autoria foi questionada pelos críticos. Integram ainda o grupo
as recolhas de colaboradores, assim designados por não terem chegado a organizar
uma compilação post-mortem, mas contribuíram no resgate de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello em livros ou artigos, como Alfredo do Vale Cabral, Alexandre José
de Mello Moraes Filho e Leôncio Correia.
Recolhas de Eduardo de Sá Pereira de Castro, publicadas em Poesias
(1867):
72. “Mote [“Soa o bronze expira o dia”]”
73. “Mote [“Junto de uma sepultura”]”
74. “Mote [“Quebrou o amor por despeito”]”
75. “Outra [“Um cartucho de confeito”]”
76. “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”
77. “Mote [“Pagode sem bebedeira”]”
78. “Epigrama [“Se não é dado o ser médico aos poetas”]”
79. “Epigrama [“Cada um de nós no mundo”]”
80. “Não posso mais!”
81. “Aos annos de minha madrinha”
82. “Mote improvisado em uma reunião patriótica”
83. “Bando”
84. “Improviso na occasião de ver terras do Rio de Janeiro”
85. “Ao dia dos finados”
86. “Himno”
87. “Mote a minha mulher”
Recolhas de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, publicadas em Poesias
do dr. Laurindo (1877):
209
88. “Ciúme e razão”
89. “O tempo”
90. “Que desconsolo!”
91. “Mote [“Ainda no mar do ciúme”]”
92. “Angústia”
Recolhas de Alfredo do Vale Cabral, publicadas na Revista brasileira (1880),
são:
93. “A romã”
94. “O jornaleiro”
Recolhas de compilador anônimo, publicadas em Obras poéticas livres
(1882):
95. “Mote [“Junto a uma clara fonte”]”
96. “Décima [“Certa mulher de um marquês”]”
97. “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”
98. “Mote [“Porra no cú não é festa”]”
99. “Outro [“Nariz no cú não é festa”]”
100. “Mote [“Você diz que arromba, arromba”]”
101. “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”
102. “Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”
103. “Mote [“Marcianna com ciúmes”]”
104. “Mote [“Quem Feliz-asno se chama”]”
105. “Outra [“Do nosso animal a fama”]”
106. “Outra [“Assim como um galho é rama”]”
107. “Outro [“Priapo teve um ataque”]”
108. “Mote [“As Graças servem à mesa”]”
109. “Outro [“As Graças mostram o cu”]”
110. “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”
111. “Outra [“Caralho grosso e de arromba”]”
112. “Ao rego”
113. “Mote [“De putas uma remessa”]”
210
114. “Outro [“Alma pura e rosto d'anjo”]”
115. “Mote [“Uma amizade sincera”]”
116. “Décima [“Por aqui uma só vez”]”
117. “Mote [“Pode apalpar ode ver”]”
118. “Soneto [“A fêmea capichaba deu entrada”]”
119. “Sátira a um ministro”
120. “Mote [“Sebo! caguei! 'stou zangado!”]”
121. “Décima [“No A B C de cupido”]”
122. “Mote [“Cupido rei dos amantes”]”
123. “Mote [“A pombinha de meu bem”]”
124. “Mote [“Os culhões de José Felix”]”
125. “As rosas do cume”
126. “Mote [“Estava eu mete não mete”]”
127. “Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]”
128. “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”
129. “Mote [“Como vens tão vagarosa”]”
130. “Mote [“Os segredos do caralho”]”
131. “Mote [“Daqui não há de sair”]”
132. “Outra [“Estou com Márcia uma hora”]”
133. “Diálogo”
134. “Mote [“A mulata quando fode”]”
135. “Outra [“Aqui d'el-Rei! quem me acode!”]”
136. “Outra [“Dá de rabo quanto pode”]”
137. “Outra [“Neste mundo ninguem pode”]”
138. “A fructa”
Recolhas de Alexandre José de Mello Moraes Filho, publicadas em Artistas
do meu tempo. Seguidos de um estudo sobre Laurindo Rabello (1904) e em
Memórias do Largo do Rocio (1904):
139. [“Dizem que a Morte e Maurício”]
140. “Mote [“Dois corações que se amam”]”
141. [“Para do mundo dar completo cabo”]
142. [“Para mostrar quanto é grande”]
211
143. [“A peça Degolação”]
144. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”]
145. [“Em Landa vejo patente”]
Recolhas de Leôncio Correia, publicadas no Correio da Manhã (1944):
146. [“Cravo, rosa, em jarra fina”]
147. [“Causa pena e causa espanto”]
Acerca das recolhas de Dias da Silva Júnior, o soneto “O tempo” constitui
ponto controverso quanto à autenticidade de poemas atribuídos a Laurindo Rabello,
tendo suscitado o questionamento de Teixeira de Melo:
Segundo nos asseguram pessoas em que confiamos, esse soneto foi originalmente
escrito em francês, traduzido em vernáculo por um poeta português e publicado em
um dos Almanaques Castilho. (MELO: 1877, pp.366-367)
Teixeira de Melo refere-se ao Almanaque de lembranças luso-brasileiro,
organizado por Alexandre Magno de Castilho, mas nesta pesquisa não se localizou
o referido poema nas edições do Almanaque, senão uma versão publicada no jornal
O publicador Maranhense, de 29/05/1844. Em nota, o editor assegura que o soneto
data de 1710 e “se achou na tesouraria do Pará em um livro de conta da despeza da
fazenda Arari de Marajó, de que foi administrador um frade mercenário.” 14 Não é à
toa que atualmente há quem atribua a autoria do soneto a um anônimo oitocentista
do Maranhão. Por outro lado, existem aqueles que advogam a paternidade de
Bocage, de Sá de Miranda, entre outros. Anna Kalewska, professora de Literatura
Portuguesa da Universidade de Varsóvia, menciona15 o soneto como sendo do poeta
português Jorge da Câmara, com base em Ana Hatherly16, e transcreve a versão:
O tempo de si mesmo pede conta,
é necessário dar conta do tempo,
mas quem gastou sem conta tanto tempo,
como dará sem tempo tanta conta?
14
O PUBLICADOR MARANHENSE: 29/05/1844, p.3
KALEWSKA: 2008, pp.10-11
16
HATHERLY: 1997, p.94
15
212
Não quer levar o tempo em conta
pois conta se não faz de dar-se tempo
onde só conta havia para tempo
se na conta do tempo houvesse conta.
Que conta pode dar quem não tem tempo?
em que tempo o dará, quem não tem conta?
que quem à conta falta falta o tempo.
Vejo-me sem ter tempo e com ruim conta,
sabendo que hei-de dar conta do tempo
e que se chega o tempo de dar conta
De acordo com Affonso Romano de Sant’Anna17, o soneto é do frei Antônio
das Chagas. O crítico apresenta a versão:
Deus pede estrita conta de meu tempo.
Forçoso de meu tempo é já dar conta.
Mas como dar sem tempo tanta conta
eu que gastei sem conta tanto tempo.
Para ter as minhas contas feita a tempo
dado me foi tempo e não fiz conta.
Não quis sobrando tempo fazer conta,
hoje quero fazer conta e falta tempo.
Oh, vós que tendes tempo sem ter conta
não gasteis o vosso tempo em passatempo,
cuidai enquanto é tempo em fazer conta.
Mas, ah! se os que contam com seu tempo,
fizessem desse tempo alguma conta,
não chorariam como eu o não ter tempo
Provavelmente, Affonso Romano de Sant’Anna baseou-se em Luís António
Verney, autor do Verdeiro método de estudar (1746), que atribuiu o soneto ao frei
Antônio das Chagas (1631-1682). Porém, António Salgado Júnior, em nota à edição
comentada do método de Verney18, retifica que o soneto não é de autoria do frei
Antônio das Chagas. Argumenta que o poema aparecera na dedicatória de abertura
da obra Miscelânea, de Miguel Leitão de Andrade, publicada em 1629, portanto dois
anos antes do nascimento do frei Antônio das Chagas. Eis a versão transcrita por
António Salgado Júnior:
O tempo já de si me pede conta;
É necessário dar-se à conta tempo.
Que quem gastou sem conta tanto tempo,
Como dará sem tempo tanta conta?
17
18
SANT’ANNA: s.d.
VERNEY: 1950
213
Não quer levar o tempo tempo em conta,
Porque conta não fez de dá-la em tempo
Onde só para a conta havia tempo,
Se na conta do tempo ouvesse conta.
Mas que conta dará quem não tem tempo?
Em que tempo a dará quem não tem conta,
Que quem a conta falta, fata o tempo?
Vejo-me sem ter tempo, e com ruim conta,
Sabendo que hei-de dar conta do tempo
E que se chega o tempo de dar conta.
(VERNEY: 1950, p.231)
Talvez o que tenha contribuído para a atribuição indevida de autoria seja o
fato de as obras do frei Antônio das Chagas terem sido publicadas postumamente.
As obras sacras foram as que primeiro se publicaram, seguidas das líricas que
figuram na Fênix Renascida (1746) ou no Postilhão de Apolo (1761),
anonimamente ou assinadas com o nome que o frei usou antes de entrar para a
vida secular: Antônio da Fonseca Soares. Considere-se ainda que o soneto em
questão não aparece na Fênix Renascida, no Postilhão de Apolo, nem em qualquer
livro póstumo do frei. Provavelmente a origem do equívoco quanto à autoria do
soneto seja mesmo o método de Verney. Por outro lado, Carolina Michaëlis de
Vasconcelos, que se dedicou ao estudos de sonetos e sonetistas portugueses,
atribuiu a autoria do soneto a Júlio Ribeiro.
Por fim, merece atenção especial o apógrafo de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello mais problemático quanto à questão edótica. Trata-se do último
volume, do que seria uma série de três tomos, que traz uma grande maioria de
poemas com vocabulário obsceno. O editor é anônimo, como sói acontecer em
edições de obras com linguagem obscena. A única biblioteca aberta ao público que
dispõe de exemplar é a Biblioteca José de Alencar, da Faculdade de Letras da
UFRJ. Na memória da ABL, registra-se uma doação do livro feita em 1931 por
Constâncio Alves, registrada em discurso publicado na Revista da Academia. No
entanto, o opúsculo extraviou-se. Há apenas um fac-símile, feito a partir do
exemplar de Israel Souza Lima, biógrafo de patronos de várias cadeiras da
Academia Brasileira de Letras, a pedido do Prof. Roberto Acízelo de Souza, para
que redigisse o artigo “A face proibida do ultra-romantismo: a poesia obscena de
Laurindo Rabello”19. Nos arquivos da ABL, não há informações que auxiliem a
19
SOUZA: 2003
214
desvendar o paradeiro do exemplar. Sabe-se somente que já em 1958 se
encontrava desaparecido, como atesta Newton Assunção:
Apesar da solenidade da entrega do volume que representa o ato da aceitação pela
Academia das poesias cômicas e fesceninas de Laurindo Rabelo, hoje em dia não
há a menor notícia da existência daquela preciosidade que Constâncio Alves
desejou preservar do esquecimento e da clandestinidade. (ASSUNÇÃO: 1958, 10)
A publicação apresenta problemas tipográficos, a começar pela grafia do
sobrenome do poeta (Rebello) e as fontes empregadas pelo editor são, como ele
próprio assume, de confiabilidade duvidosa:
Dâmo-las [as poesias] como a tradição oral no-las conservou, por certo alteradas
em mais de um ponto e modificadas, segundo a compreensão poética de cada um
dos agentes da tradição as transmitiu ao editor.
Anastácio Luiz do Bonsucesso já alertava em 1867 para o problema da
circulação dos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello: “quantos primores
bocagianos foram perdidos aí por estas salas, quantos primores estão hoje
amesquinhados por cópias imperfeitas, ou mutações ridículas”
20
A utilização de
testemunhos fornecidos por agentes distintos e colhidos da tradição oral pode
explicar a ocorrência de variantes de glosas acerca de um mesmo mote:
MOTE
A mulata, quando fode,
Parece querer voar!
GLOSA
Não há máquina que mais rode,
Tão ligeira e tão sutil,
Como seja no Brasil
A MULATA QUANDO FODE.
Segure-se bem, se pode
Quem com ela fornicar,
Que a mulata a rebolar
Com o vento dos culhões,
Toma certos furacões,
PARECE QUERER VOAR!
OUTRA
Aqui d’El-Rei! quem me acode!
Que já me sinto morrer!
É o que costuma dizer
A MULATA QUANDO FODE.
Ela toda se sacode,
20
BONSUCESSO: 1867, p.286
215
Vem abaixo e sobe ao ar;
E no seu espanejar
Desfaz-se toda em gemidos,
Perde a cor, perde os sentidos,
PARECE QUERER VOAR!
Há o caso de “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, que em Poesias
(1867), de Eduardo de Sá, e demais compilações post-mortem, não apresenta
vocabulário obsceno:
MOTE
Ou são quatro as Graças belas
Ou tu és uma das três.
GLOSA
Ou no Beco das Cancelas
Há uma Graça fugida,
Por ser do Empíreo corrida,
OU SÃO QUATRO AS GRAÇAS BELLAS.
Uma moça igual a elas
Lá encontrei uma vez
Em certa noite de Reis,
E lhe disse por chalaça:
- Ou há de mais uma Graça,
OU TU ÉS UMA DAS TRÊS.
No entanto, a versão de Obras poéticas livres (1882):
MOTE
Ou são quatro as Graças belas
Ou tu és uma das três.
GLOSA
Ou no Beco das Cancelas
Há uma Graça fugida,
Por ser no Empíreo fodida,
OU SÃO QUATRO AS GRAÇAS BELAS.
Uma fêmea igual a elas
Lá encontrei uma vez
Em certa noite de Reis,
E lhe disse por chalaça:
- Ou há de mais uma Graça,
OU TU ÉS UMA DAS TRÊS.
Por limitações materiais, não há como discernir se o texto de 1882
corresponde a uma variante autoral ou de não-autoral. Por outro lado, a análise
versificatória atesta que não há alteração do padrão métrico e rítmico, embora haja
modificação lexical, podendo por isso na versão de 1882 haver variantes autorais, já
216
que as variantes não-autorais, com base no princípio de lectio difficilior21, desvirtuam
a técnica de composição do texto, devido à falta de erudição do copista ou à
desatenção dos agentes transmissores. Nas lições de Obras poéticas livres, os
versos permanecem com sete sílabas e com a mesma distribuição de acentos
tônicos.
Entretanto, há poemas cuja autoria tem notícia em cronistas, a exemplo de
“Eu vi hoje uma pintura”, que Alexandre José de Mello Moraes Filho, em Fatos em
Memórias22, testemunha Laurindo Rabello ter improvisado em ocasião de uma
pintura inaugurada no largo do Rocio. Além desse poema, há uma pequena sátira à
figura de Manuel Felizardo de Souza, Tenente-Coronel e Ministro da Guerra nos
períodos de 22/05/1847 a 14/05/1848 e de 12/02/1859 a 09/08/1859. Os poemas
ligam-se geneticamente ao folhetim inacabado Feliz-Asno, publicado no jornal O
sino dos barbadinhos, em 1849. Alguns inclusive circularam em compilações
anteriores à de 1882, a exemplo de “Se Camões cantou Gama” e “Para mostrar
quanto é grande”.
Registra-se ainda em Obras poéticas livres o caso singularíssimo de uma
obra coletiva cuja paternidade foi atribuída a Laurindo Rabello, o lundu “As rosa do
cume”:
No cume da minha serra
Eu plantei uma roseira,
Quanto mais as rosas brotam
Tanto mais o cume cheira.
À tarde, quando o sol posto,
E o vento no cume adeja,
Vem travessa borboleta,
E as rosas do cume beija.
No tempo das invernadas,
Que as plantas do cume lavam,
Quanto mais molhadas eram
Tanto mais no cume davam.
Mas se as águas vêm correntes,
E o sujo do cume limpam,
Os botões do cume abrem,
As rosas do cume grimpam.
Tenho pois certeza agora
Que no tempo de tal rega,
Arbusto por mais cheiroso
21
“Lição «mais difícil» que corresponde a uma lição mais plausível, visto que a tendência de um
copista é a de simplificar, trivializar.” (DUARTE: s.d.)
22
MORAES FILHO: 1904
217
Plantado no cume pega.
Ah! porém o sol brilhante
Seca logo a catadupa;
O calor que a terra abrasa
As águas do cume chupa!
Talvez a gênese do problema remonte a Alexandre José de Mello Moraes
Filho, que afiançava não cantar Laurindo Rabello “letra, que não fosse sua (…).”23.
Por ter convivido intensamente com o poeta, o depoimento de Mello Moraes Filho
quase sempre vale como verdade inequívoca e atravessa a tradição crítica,
conforme se constata em José Ramos Tinhorão: “Laurindo Rabelo era também
conhecido por só interpretar ao violão composições de sua autoria, sempre que lhe
pediam para cantar (…).”24 Perpassa ao longo dos críticos, portanto, a opinião de
que a autoria de todas as modinhas e lundus cantados/tocados por Laurindo
Rabello deve lhe ser reivindicada. Na sequência da afirmação de Melol Moraes Filho
supracitada, lê-se:
E aos quentes arpejos do violão, à lascívia sugestionante do ritmo, em meio
de gargalhadas baixinhas, de bravos repetidos, de palmas abafadas, cantava o
trovador moreno a tentar os rapazes e a galvanizar os velhos, o lundu do Banqueiro,
da Bengala, da Romã, das Rosas do Cume, do Gosto que Excede a todos e da
Chave, com a expressão que só ele sabia dar, com os sestros que lhe reconheciam
peculiares (…). (MORAES FILHO: 1946, p.156)
A atribuição de autoria dá-se por silogismo. Se Laurindo Rabello “não cantava
letra, que não fosse sua”25, e se cantava “As rosas do cume”, conclui-se que fosse o
autor. No entanto, a história do texto fornece pistas que problematizam a
comprovação da autoria. Segundo José Ramos Tinhorão, “As rosas do cume” foi
gravado por Franco d’Almeida em Lisboa no início do século XX com variantes. O
musicólogo acredita que os versos “devem ter chegado a Portugal em cópias
manuscritas, pois apresentam algumas variantes (…).”26 Com efeito, “As rosas do
cume” aparece num cancioneiro de marinheiros, O trovador marítimo (1898, com
reedição em 1910), documentando-se o agente transmissor pelo qual o lundu
atravessou o Atlântico, ainda que não se possa definir a direção, isto é, EuropaAmérica ou vice-versa. Dentre as variantes, são mencionadas duas quadras a mais
e uma quintilha encerrando o poema. De fato, em Portugal circula popularmente
23
MORAES FILHO: 1946, p.156
TINHORÃO: 1998, p.143
25
MORAES FILHO: 1946, p.156
26
TINHORÃO: 1998, p.144
24
218
uma versão d’”As rosas do cume”, não somente com três estrofes a mais, porém
com sete, além de variantes substantivas no escopo do texto equivalente ao que se
considera de Laurindo Rabello. As estrofes em acréscimo foram grifadas:
No cume daquela serra
Eu plantei uma roseira
Quanto mais as rosas brotam
Tanto mais o cume cheira
À tarde, quando ao sol posto
O vento no cume beija
Vem travessa borboleta
E as rosas do cume deixa
No tempo das invernias
Que as plantas do cume lavam
Quanto mais molhadas eram
Tanto mais no cume davam
Quando cai a chuva fina
Salpicos no cume caiem
Abelhas no cume entram
Lagartos do cume saem
Mas, se as águas vêm correndo
O sujo do cume limpam
Os botões do cume abrem
As rosas do cume brincam
Tenho, com certeza agora
Que no tempo de tal rega
Arbusto por mais mimoso
Plantado no cume, pega
E logo que a chuva cessa
Ao cume leva alegria
Pois volta a brilhar depressa
O sol que no cume abria
À hora de anoitecer
Tudo no cume escurece
Pirilampos do cume brilham
Estrelas no cume aparecem
E quando chega o Verão
Tudo no cume seca
O vento o cume limpa
E o cume fica careca
Vem, porém, o sol brilhante
E seca logo em catadupa
O mesmo sol, a terra abrasa
E as águas do cume chupa
As rosas do cume espreitam
Entre as folhagens d'além
Trazidas da fresca brisa
219
Os cheiros do cume vêm
E quando chega o Inverno
A neve no cume cai
O cume fica tapado
E ninguém ao cume vai
No cume dessa montanha
Tem um olho de água à beira
É uma água tão cheirosa
Que a multidão ansiosa
O olho do cume cheira.
No que diz respeito à criação, está fora de dúvida que não se deve imputá-la
a Laurindo Rabello. Trata-se de uma composição coletiva, que ao longo da
transmissão oral/escrita se complexificou, ganhando novos acessórios. É possível
que a versão cantada por Laurindo Rabello fosse apenas mais antiga do que a
gravada em Lisboa, haja vista a quantidade menor de estrofes. No decorrer do
tempo, mais quadras lhe foram adicionadas. Talvez o germe do lundu seja a
primeira estrofe, “No cume da minha serra/ Eu plantei uma roseira,/ Quanto mais as
rosas brotam/ Tanto mais o cume cheira.”, isto é, uma trova escabrosa, muito ao
gosto do povo, cuja técnica de elaboração é comum na oralidade/literatura popular:
a quadra heptassilábica. Eno Theodoro Wanke menciona-a como “uma das mais
conhecidas trovas do folclore secreto (…).”27 Com base no testemunho de Eugênio
Victor Schmöckel, de Santa Catarina, cita o texto com lições diferentes das versões
acima transcritas:
Lá em cima daquele cume
Plantei um pé de roseira.
Se o vento no cume sopra,
A rosa no cume cheira.
Wanke ainda transcreve a continuação da trova, coletada por Oswaldo
Nascimento, de São José dos Campos, São Paulo:
Quando cai a chuva forte,
Salpicos do cume caem,
Lagartos no cume entram,
Regatos do cume saem.
A quadra não aparece na versão atribuída a Laurindo Rabello, mas no que
Tinhorão acredita ser variação portuguesa, ainda assim com modificações: chuva
27
WANKE: 1988, p.94
220
fina X chuva forte, Salpicos no cume X Salpicos do cume, Abelhas no cume X
Lagartos no cume, Lagartos do cume X Regatos do cume. Mário de Andrade fala do
“desenvolvimento espantoso” da mesma trova, que deu “numa poesia longa
popularesca”28 e documenta outras modificações:
No cume daquela serra
Tem um pé de laranjeira.
Quanto mais ela floresce
Tanto mais o cume cheira
Existem muitas outras trovas também baseadas na fórmula “no alto de X tem
Y”. À guisa de exemplo, examinem-se:
1.
No alto daquele morro
Tem um pé de pimenteira,
Pra passar na tua língua,
Cachorrinha candongueira.
2.
Lá no alto da Barão
tem um pé de jamelão
que dá frutos madurinhos
com gostinho de limão
3.
No alto daquela serra
Tem um pé de jatobá.
Quem casa com mulher velha
tem muxiba pra chupá.
4.
Lá no alto daquele morro,
Tem um pé de carrapicho!
Sou capaz de apostar
Que seu pé tá cheio de bicho.
Ao que parece, pode-se advogar a ancestralidade dessas trovas ao
cancioneiro galego, em função da semelhança com os versos “No alto daquela
serra/ hai un panino a abanar,/ por diñeiro non se vende,/ por amores se ha de dar.”,
cantiga de número 38 do cancioneiro popular galego de Moscoso. 29 Via tradição
galega, alguns elementos da trova chegaram com transformações até o poeta
Antonio Noriega Varela (1869-1947), nascido em Mondoñedo, município da
província de Lugo, extremo nordeste da Galícia: “No cimbro daquela serra/ está un
pozo de auga fría/ onde se lavan os anxos/ e máila Virxe María.”
28
29
ANDRADE: 1956, p.92
BOUZA-BREY: 1946, p.175
221
A variante de Mário de Andrade, por sua vez, abre caminho para se
compreender melhor o processo de composição da trova. O segundo verso, “Tem
um pé de laranjeira”, retoma a trova popular: “No alto daquele morro/ Tem um pé de
laranjeira,/ Toda moça que vai lá/ Volta toda regateira.” O diferencial básico da
família de variantes com a palavra ‘cume’ é antes a ambiguidade. O sentido dúbio
da palavra ‘cume’ (cume = alto da montanha X cume = substantivo ‘cu’ justaposto
ao pronome oblíquo ‘me’) confere à trova um caráter escatófilo, razão para Mário
lembrar-se dela em seu ensaio A medicina dos excretos. O emprego da
ambiguidade no caso constitui um mecanismo de paródia, funcionando como
certidão de nascimento: o grupo de ‘cume’ é posterior, já que atua comicamente
sobre um material preexistente, que deve ser conhecido pelo leitor/ouvinte para que
se alcance o fim último: o riso.
Aceita a hipótese, a primeira quadra d’”As rosas do cume”, não obstante a
simplicidade, revela-se um amálgama de versos populares, cuja autoria não pode
ser atribuída seguramente a um único autor. A questão da autoria em d’“As rosas do
cume”, portanto, não diz mais respeito ao texto na totalidade, uma vez que se atesta
ser produto das intervenções de vários atores. Além desse lundu, há o caso do mote
“Os segredos do caralho/ Ninguem os póde entender; /Alegre quando tem fome,
Triste depois de comer!” Trata-se de uma derivação de “O coração das ceroulas,/ é
custoso de entender,/ alegre quando tem fome,/ triste depois de comer.”, trova do
folclore português, compilada por Cardoso Marta sob o número de 12 no Folclore
pornográfico da Figueira da Foz (1914). Nesse caso, detectam-se com melhor
precisão as variantes do texto atribuído a Laurindo Rabello, a saber, a substituição
de “O coração das ceroulas” por “Os segregos do caralho”. O teor obsceno da trova,
suavizado antes pela catacrese, ganha maior expressividade verbal através do
emprego de vocabulário obsceno. Na verdade, Laurindo Rabello provavelmente
tomou conhecimento do mote através do poeta baiano Francisco Moniz Barretto,
que o também glosou em poema publicado no Álbum da Rapaziada (1864):
OS SEGREDOS DO CARALHO
NINGUÉM OS SABE ENTENDER:
ALEGRE QUANDO TEM FOME,
222
TRISTE DEPOIS DE COMER!
No seu crescer e minguar,
No seu tédio, em seus folguedos,
Tem o caralho segredos,
Que a todos fazem cismar.
Mil enigmas decifrar
Dos homens pode o trabalho;
Mas nem mestra de serralho,
Nem de barregãs rainha,
Nem mesmo o cono adivinha
Os segredos do caralho.
Cabeça e corpo só tem
Este fenômeno raro;
Não tem nariz, mas tem faro;
Não tem olhos, mas vê bem;
Sempre vômitos lhe vêm
Depois do estômago encher;
Tudo isto, e mais não morder,
Tendo de cobra o feitio,
São pontos de oculto fio,
Ninguém os sabe entender.
Dizem provectos varões,
De saber vasto e profundo,
Que tais mistérios ao mundo
Se encerraram nos colhões.
Porém, nas cogitações
Nossas, o que mais consome,
É ver, como, quando come,
Murcha, e se entristece a pica,
E como viceja, e fica
Alegre quando tem fome.
Prometeu Vênus um dia
Um prêmio a quem explicasse
Este segredo, e o mandasse
Das putas à academia;
Mas té hoje à putaria
Ninguém o soube dizer;
E o caralho, esse poder,
Que a tudo avassala e prostra,
Com fome – alegre se mostra,
Triste – depois de comer.
(PELLEGRINI: 2008, pp.221-222)30
Há ainda outros poemas de Obras poéticas livres que glosam motes glosados
por Moniz Barretto, a exemplo de “Não há máquina que mais rode” e “Meu
benzinho, que desgosto”. Tal intertextualidade possibilita que se presuma ter
Laurindo Rabello composto esses poemas por ocasião de frequentar o cenáculo em
torno ao poeta baiano, que publicou poemas obscenos no já aludido Álbum da
rapaziada, “motivo de processo movido contra o autor por Antônio Eusébio de
30
Leônidas Pellegrini, em sua Dissertação de Mestrado “Álbum da Rapaziada: o humor obsceno de
Francisco Moniz Barreto” (2008), reproduz integralmente os poemas do Álbum da Rapaziada.
223
Almeida, procurador da província da Bahia, caso sem paralelo no nosso século
XIX.”31
Em diversos poemas de Obras poéticas livres, a mesma problemática se
repete, com maior ou menor complexidade, em torno à autoria ou a elementos
advindos de poemas de autoria alheia. A explicação para o fenômeno é o emprego
da intertextualidade, como nos casos dos poemas que glosam motes também
glosados por Moniz Barretto, ou ainda da paródia como artifício de comicidade,
conforme se verifica em “As rosas do cume”.
A rara apreciação dos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello
classifica-os como textos de riso fácil, em função de obscenidade grosseira. Para
Roberto Acízelo de Souza, a nota de sátira sobrepõe-se à de paródia:
Distinto, porém, julgamos ser o caso de Laurindo, cujos versos no máximo poderiam
ser tomados como paródias de modelos bastante genéricos, sendo antes, a nosso
ver, uma sátira circunstancial, e por isso de contundência e potencial crítico mais
modesto. (SOUZA: 2003, p.138)
Em outras palavras, os poemas, que alçariam um nível mais sublimado de
elaboração artística, limitam-se, em seu arrazoado, a atacar figuras da sociedade
através de palavras de baixo calão. O crítico ainda afirma que os poemas obscenos
atribuídos a Laurindo Rabello não se nivelariam em termos de qualidade aos de
Bernardo Guimarães:
Desse modo, se valem os matizes que procuramos distinguir, é possível concluir que
o empreendimento poético de Bernardo Guimarães é mais bem-sucedido do que o
de Laurindo Rabelo (Idem: ibidem, p.138)
Por outro lado, convém sublinhar que, no caso de Laurindo Rabello, os
poemas na maioria das vezes surgiam de improvisos, feitos ao calor do momento,
para divertimento dos homens nos cantos dos salões. Daí serem geralmente curtos,
com pouca matéria poética, em esquemas estróficos e métricos descomplicados, a
décima ou quadra heptassilábicas. A despeito do estatuto de sátira que vem se
afirmando na recente crítica, o exame acurado nos motes dos poemas de Obras
poéticas livres prova o contrário. Trata-se de paródias, não diretamente a obras
literárias, mas de maneira geral a modelos que circulavam na tradição oral, como
canções da época, muito a propósito do ambiente em que os improvisos eram
31
BUENO: 2004, p.12
224
feitos, entre as execuções performáticas de modinhas e lundus, por meio da qual
Laurindo Rabello se celebrizou. Há o caso particular do verso “E chegando ao pé do
monte”, pertença do primeiro mote glosado de Obras poéticas livres, que remonta à
Crônica do imperador Maximiliano, novela de cavalaria do século XVI.
À parte os desdobramentos literários, a paródia gera uma complicação
filológica: os motes frequentemente não são de autoria de Laurindo Rabello.
Funcionam como uma ouverture a partir da qual se improvisará a paródia. A graça
desses poemas, pois, não reside apenas numa pornografia grosseira. Decorre do
raciocínio rápido do improvisador, que, ante o público ávido por virtuosismo,
retextualiza versos em situações diferentes do original, situações obscenas, que
acentuam a hilaridade da (re)criação. Em paródias a modinhas, a derisão ganha
mais força, já que elementos oriundos de canções tão sentimentais se recombinam
em descrições/narrações esdrúxulas, diametralmente opostas. Punha-se, então, a
ridículo a “choradeira sistematizada”32, de que fala Mário de Andrade acerca da
modinha, vulgarizada e estigmatizada por volta de meados do século XIX.
Ainda que alguns motes retomem intertextualmente versos de poetas do
Arcadismo brasileiro, como Tomás Antônio Gonzaga (“Junto a uma clara fonte”) e
Silva Alvarenga (“Como vens tão vagarosa/ Ó formosa e clara lua!”), e português,
João Curvo Semedo (“Um dia em que o meu gado“) deve se considerar que nos
primórdios da modinha poemas de árcades serviram de matéria-prima para
canções. O poeta fluminense Domingos Caldas Barbosa, a quem os musicólogos
atribuem a paternidade da modinha brasileira, foi árcade, filiado à Arcádia Lusitana
com o codinome Lereno Selenuntino. A modinha colonial, assim, abunda cenários
bucólicos e muitas Marílias, Márcias, Análias, Nises, Eulinas, etc.. Portanto, se os
materiais da paródia nos improvisos atribuídos a Laurindo Rabello, tais como o
bucolismo, nomes de pastoras e versos na íntegra, foram colhidos da obra dos
Árcades, vieram provavelmente por via da tradição oral/musical, meio em que a
identificação da autoria fica em último plano, haja vista as coleções de modinhas
que comumente não indicam o autor do poema, nem o compositor da música.
Talvez até nem os ouvintes nem tampouco o improvisador discernissem em meio à
brincadeira a autoria dos versos parodiados, mas, como os conhecessem da
tradição oral, riam, divertiam-se com a subversão dos modelos originais.
4.3.6. Avulsos
32
ANDRADE: 1980, p.5
225
Compõem esse pequeno grupo dois poemas localizados na inventio desta
pesquisa em publicações avulsas, “Moreninha” e “Septenário poético”.33 Quanto ao
primeiro, trata-se de uma modinha com poema atribuído a Laurindo Rabello,
publicada em partitura avulsa, depositada na Divisão de Música da Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro. Esse é o único poema atribuído a Laurindo Rabello não
constante de cancioneiros de modinhas e lundus, nem de recolhas de compiladores
ou colaboradores, ou seja, trata-se de texto inédito em livro e em periódico. Como
observado em “4.1. Inventário testemunhal”, a partitura de “Moreninha” traz não só a
melodia vocal, bem como as duas pautas do acompanhamento ao piano, para
ambas as mãos (claves de Fá e Sol), o que a torna de grande importância para a
memória das modinhas atribuídas a Laurindo Rabello, uma vez que registra com
riqueza de detalhes o arranjo musical tanto da parte textual da canção, quanto da
instrumental.
O “Septenário poético”, compilado em 1867 por Eduardo de Sá Pereira de
Castro, sendo incluído posteriormente em todas as compilações post-mortem de
poemas atribuídos a Laurindo Rabello, foi publicado primeiramente em 1849, sob a
autoria de Ignácio José Ferreira Maranhense. Somente em 1880 detalhes de sua
tradição impressa pela primeira vez vieram à tona na fortuna crítica de Laurindo
Rabello. Lery Santos, no Pantheon fluminense, esclareceu que na época se
publicou a elegia “como obra do célebre e famigerado poetaço Ignácio José
Ferreira Maranhense.”34 Após cerca de cem anos, o problema reapareceu em
Antonio Candido, com a afirmação de que o poema foi "feito de encomenda e
publicado com nome de terceiro (...)."35
Cristalizou-se, portanto, na tradição crítica um dogma segundo o qual se julga
Ignácio Maranhense ter açambarcado a autoria do “Septenário”, publicando-o
indevidamente sob seu nome. Mas o exame acurado da técnica versificatória do
poema fornece indícios de que o problema em torno a autoria do “Septenário” não é
tão simples de se resolver. Como se verá, o hendecassílabo, metro do canto V do
“Septenário”, mostrar-se-ia mais pertinente à versificação de outros poemas
atribuídos a Maranhense do que à de Laurindo Rabello. Acresce ainda o fato de
33
Respectivamente, os centésimo quadragésimo oitavo e centésimo quadragésimo nono poemas na
numeração contínua, encerrando-se com eles a relação de poemas atribuídos a Laurindo Rabello.
Restam ainda os dois fragmentos de poemas, a serem abordados à frente.
34
apud RABELLO: 1946, p.112
35
CANDIDO: 1997, p.145
226
haver no poema determinado padrão rímico de quintilha extremamente raro que, se
por um lado não torna a ocorrer no conjunto da obra atribuída Laurindo Rabello, por
outro reincide com relação a Maranhense.
Sobre Ignácio Maranhense, a tradição crítica oferece poucos dados. As datas
de nascimento e morte são desconhecidas, aludindo-se ao Maranhão como terra
natal. A Enciclopédia da Literatura Brasileira, de Afrânio Coutinho e Galante de
Souza, assevera que o “poeta vendia sua produção poética, que algumas pessoas
supuseram ser de outra pena.”36 Os únicos poemas atribuídos a Maranhense,
localizados na inventio desta pesquisa em bibliotecas públicas, acham-se na
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro:
1. Á sentidissima morte do principe imperial o senhor D. Affonço – poema em
folheto (1847);
2. Septenario poético – poema em brochura (1849);
3. Ao gênio do Brasil e do mundo – poema em folheto (1853);
4. Votos da minh’alma ao Exm. Sr. Commendador Dr. José Maria da Silva
Paranhos – poema em folheto (1853);
5. Uma lágrima no sepulcro! À tragica e deplorável morte do conspícuo e
benemérito Exm. Sr. Visconde do Rio Bonito – poema originalmente publicado em
folheto e compilado em livro com obras de vários autores [cerca de 185637].
A opinião de que Ignácio Maranhense vendia obras alheias como suas
somada ao fato de Laurindo Rabello atravessar uma grave crise financeira em 1849
induziria à conclusão de que houve roubo autoral no caso do “Septenário”. Alguns
cronistas da vida do poeta afirmam que sua participação em periódicos se explica
pelo mesmo motivo. Datam também desse ano as publicações esparsas em O sino
dos barbadinhos. Nessa linha de raciocínio, até procederia à primeira vista supor
que, por necessidade, Laurindo Rabello vendesse a Maranhense o poema publicado
coincidentemente em 1849.
O assunto do “Septenário” é a morte de Maria Isabel de Bourbon, Infanta da
Espanha, filha de Carlos IV, Rei da Espanha, e de Maria Luisa de Bourbon, Princesa
de Parma. Nascida em 06 de julho de 1789 em Madri, casou-se em 06 de outubro
36
COUTINHO & SOUSA: 1990, p.857
Embora o livro não traga a data de publicação, infere-se que o poema date aproximadamente de
1856, visto ser uma elegia ao Visconde de Rio Bonito, morto nesse ano.
37
227
de 1802 com Francisco I, Rei das Duas Sicílias, filho de Fernando I de Bourbon, Rei
das Duas Sicílias, e de Maria Carolina Erzherzöge von Österreich. Maria Isabel de
Bourbon morreu em 13 de setembro de 1848, aos 59 anos, em Portici, província de
Nápoles. Teve treze filhos, dentre os quais Teresa Maria Cristina de Bourbon
(14/03/1822-28/12/1889), Princesa das Duas Sicílias, que se casou com D. Pedro II.
Ocorreu o famoso matrimônio por meio de um acordo em Viena, em 1842, mas
somente celebrado a 30 de maio de 1843, em Nápoles, sem a presença do
Imperador, representado pelo irmão de Teresa Cristina, Leopoldo, Conde da
Siracusa.
Na edição de 1849, assinada por Maranhense, o poema começa com uma
“Invocação” em duas estrofes de decassílabos heroicos com seus quebrados de
seis sílabas. Seguem-se sete cantos, daí o título “Septenário”, que ainda remete a
setembro (mês de falecimento de Maria Isabel de Bourbon), trazendo uma
variedade de metros e tipos estróficos. No canto I, há uma única estrofe de cento e
dois decassílabos heroicos brancos, raramente interpolados por sáficos, que
quebram momentaneamente a monotonia do ritmo. O canto II é composto por treze
quartetos de eneassílabos com rima entre os pares. No canto III, encontram-se
cinco décimas-segundas com rima entre os versos 2-4, 6-7, 8-12 e 10-11. A
estrutura do canto IV é em terza rima, isto é, dezoito tercetos de decassílabos
heróicos e uma quadra final também de decassílabos heróicos. As rimas seguem o
padrão clássico da terza rima. O canto V foi organizado em treze quadras de
hendecassílabos com rima entre os pares. No canto VI, há nove quintilhas de
heptassílabos, cuja rima se dá entre os versos 3 e 5. O canto VII tem dezenove
quadras de decassílabos alternados com hexassílabos com rima entre os pares.
Finalizando o opúsculo, listam-se trinta e nove nomes de pessoas que contribuíram
para “a publicação deste Septenário poético.”38
Da lição de 1867, não consta a “Invocação”. Por algum motivo, Eduardo de
Sá recusou-a, o que instauraria uma questão em torno a sua autoria frente aos
cantos do “Septenário”, podendo se tratar de dois autores distintos, como ocorre
mutatis mutandis com as Cartas chilenas e a “Epístola a Critilo”, que as antecede,
atribuídas respectivamente a Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa.
Do ponto de vista versificatório, a problemática da autenticidade de autoria torna-se
mais complexa, ao se verificarem, nos cantos V e VI, padrões métrico e estrófico
38
MARANHENSE: 1849, p.27
228
incomuns à versificação de Laurindo Rabello mas que se repetem em outros
poemas atribuídos a Ignácio Maranhense, a saber, o hendecassílabo anapéstico, de
esquema 11 (2, 5, 8, 11), e a quintilha de rima nnAnA. Excetuando-se o
“Septenário”, em nenhum dos cento e quarenta e sete poemas restantes e dois
fragmentos atribuídos a Laurindo Rabello se vê o hendecassílabo. O maior metro é o
decassílabo. Em poemas fúnebres, o poeta valeu-se preponderantemente do
decassílabo heroico, dada sua tradição de metro mais adequado a assuntos graves:
1. “Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz Barretto”: “Morreu,
enfim, morreu! Aquele Gênio,”
1
Mor-
2
reu
3
en-
4
fim
5
mor-
6
reu
7
a-
8
que-
9
le-
10
Gê-
Nio
2. “Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut”: “Eis as cenas do mundo! A mesma
liça”
1
Eis
2
as
3
ce-
4
nas
5
do
6
mun-
7
d'a
8
mes-
9
ma
10
li-
Ça
10
gra-
Do
3. “À morte de Junqueira Freire”: “Do retiro claustral cisne sagrado”
1
Do
2
re-
3
ti-
4
ro
5
claus-
6
tral
7
cis-
8
ne
9
sa-
Mesmo em “Canto do cisne”, espécie de elegia a si mesmo, Laurindo Rabello,
após longo intervalo de tempo em que se dedicou à composição de modinhas e
lundus, cujos metros são curtos, voltou a usar o decassílabo: “Quando eu morrer,
não chorem minha morte,”
1
Quan-
2
d'eu
3
mor-
4
rer
5
não
6
cho-
7
rem
8
mi-
9
nha
10
mor-
Te
Em Ignácio Maranhense, todavia, o hendecassílabo 11 (2, 5, 8, 11) aparece
em três dos cinco poemas lhe atribuídos, à parte o “Septenário”:
1. “Ao gênio do Brasil e do mundo”: “O mundo te applaude, e os dons te admira,”
229
1
O
2
mun-
3
do
4
t’ap-
5
plau-
6
de
7
os
8
dons
9
t’a-
10
d[i]-
11
mi-
ra
2. “Uma lágrima no sepulcro”: “De luto vestidos os campos estão,”
1
De
2
lu-
3
to
4
ves-
5
ti-
6
dos
7
os
8
cam-
9
Pos
10
es-
11
tão
11
bran-
do
3. “Votos da minh’alma”: “Ventura! bradaram depois se quebrando;”
1
Ven-
2
tu-
3
ra
4
bra-
5
da-
6
ram
7
de-
8
pois
9
se
10
que-
No canto VI do “Septenário”, emprega-se um tipo raríssimo de quintilha, de
estrutura rímica nnAnA. As ocorrências de quintilhas em Laurindo Rabello são
quatro. Uma única em versos brancos – “A meu amigo e mestre Francisco Moniz
Barretto”:
Que o digam essas brisas tão suaves
Que ao viajor cansado, em nossos bosques,
Refrigeram, deleitam, enfeitiçam,
Trazendo-lhe o aroma que desprendem
As flores bafejadas por teu estro.
e três em nABBA – 1. “Estragos de amor”:
Miseráveis insensatos,
Escravos da formosura,
Curvados a seu aceno,
Buscais vida no veneno
Que vos leva à sepultura!
(n)
(A)
(B)
(B)
(A)
2. “Ao baptismo de dous meninos”:
O fogo santo que dá vida à vida,
Chama-se amor;
Botão de rosa, que o pudor defende,
Quando dous corpos este fogo acende,
Desabrocha em flor.
(n)
(A)
(B)
(B)
(A)
230
3. “Bando”:
Eia, Baianos, raiar
Vai na terra do Cruzeiro
Esse dia tão jucundo,
Que, apesar de ser segundo,
Há de sempre ser primeiro!
(n)
(A)
(B)
(B)
(A)
Para que se calcule a raridade da quintilha nnAnA, basta que se vasculhem
as obras dos poetas mais representativos do cânone brasileiro até o Romantismo.
Encontrar-se-ão os tipos 1. ABBAB39, 2. ABAAB40, 3. nAnAn41, 4. ABABA42, 5.
ABnAB43, 6. nABBA44, 7. AnBAB45, 8. nAnAA46, 9. nAABB47, 10. AABBn48, 11.
ABABB49, 12. nAnnA50, 13. AAnBB51, 14. ABnBA52, 15. ABBnA53, 16. ABBAn54, 17.
ABAnB55, 18. nnnAA56, 19. AnnAn57, 20. versos brancos58 e, enfim, 21. nnAnA59.
Além de “Lira I, V” e “Lira II, IX”, de Tomás Antônio Gonzaga, os únicos
poemas com quintilhas nnAnA localizados pela pesquisa foram o “Septenário” e
“Votos da minh’alma”60, outro poema atribuído a Inácio Maranhense:
Raiou brilhante estrella no Cruzeiro
De galas revestida!
Motora da risonha f’licidade,
39
(n)
(n)
(A)
Em vinte poemas de Anchieta
Em sete poemas de Anchieta, dois de Gregório de Mattos, um de Tomás Antônio Gonzaga, um de
Álvares de Azevedo e um de Junqueira Freire.
41
Em um poema de Anchieta e um de Casimiro de Abreu.
42
Em três poemas de Anchieta, três de Gregório de Mattos, um de Gonçalves Dias e três de Castro
Alves.
43
Em um poema de Anchieta e um de Junqueira Freire.
44
Em dois poemas de Tomás Antônio Gonzaga, quatro de Gonçalves Dias, três de Laurindo Rabello,
três de Castro Alves, quatro de Casimiro de Abreu e seis de Fagundes Varela.
45
Em um poema de Gonçalves Dias.
46
Em um poema de Gonçalves Dias.
47
Em dois poemas de Cláudio Manoel da Costa e um de Gonçalves Dias.
48
Em dois poemas de Cláudio Manoel da Costa.
49
Em um poema de Gonçalves Dias.
50
Em um poema de Tomás Antônio Gonzaga, um de Castro Alves e dois de Fagundes Varela.
51
Em dois poemas de Castro Alves.
52
Em um poema de Gonçalves de Magalhães.
53
Em um poema de Gregório de Mattos.
54
Em um poema de Cláudio Manoel da Costa.
55
Em um poema de Tomás Antônio Gonzaga.
56
Em um poema de Cláudio Manoel da Costa.
57
Em um poema de Cláudio Manoel da Costa.
58
Em um poema de Cláudio Manoel da Costa, dois de Gonçalves Dias, um de Laurindo Rabello e
dois de Fagundes Varela.
59
Em dois poemas de Tomás Antônio Gonzaga.
60
MARANHENSE: 1853, p.1
40
231
Que o povo do Janeiro ha merecido
Da summa Magestade!
(n)
(A)
Reconhecidos traços versificatórios muito peculiares que o “Septenário” e
demais poemas atribuídos a Ignácio Maranhense mantêm em comum, chega-se a
três hipóteses, que permanecem em aberto por limitações materiais e temporais da
pesquisa. A primeira é que a semelhança da técnica versificatória entre os poemas
não desautorizaria a priori a atribuição de autoria a Laurindo Rabello, que, mesmo
não tendo usado o hendecassílabo em outros poemas, poderia tê-lo experimentado
no “Septenário”, numa fase iniciática de sua carreira, e tê-lo preterido depois,
adotando outros metros, ou, ainda, empregaria o hendecassílabo por uma questão
de virtuosismo técnico, uma vez que se tratava de encomenda, isto é, de trabalho
profissional. Havia na época o status do escritor público, que Maranhense, inclusive,
pretendia para si em suas publicações61, e sua imagem era menos associada ao
vate que escrevia por inspiração, desinteressadamente, do que ao que o fazia por
ofício, em função de efemérides, devendo exibir domínio técnico do fazer poético
para que se conquistassem não só admiração, bem como a benesse financeira dos
leitores.62 Haja vista a lista com trinta e nove nomes de pessoas “a quem se deve a
publicação deste Septenário poético”63, ao final da edição de 1849. Convém lembrar
que o hendecassílabo anapéstico 11 (2, 5, 8, 11), com quatro acentos internos fixos,
mostra-se de mais difícil manejo do que o próprio decassílabo heroico 10 (6, 10) e
sáfico 10 (4, 8, 10), metros prestigiados pelos poetas eruditos, respectivamente com
dois e três acentos internos fixos.
Numa segunda hipótese, as semelhanças versificatórias de fato atestariam a
autoria de Ignácio Maranhense, o que, de resto, contraria o contundente testemunho
de Alexandre José de Mello Moraes Filho acerca do mau-caratismo de Maranhense,
personalidade abordada na segunda parte de Fatos e memórias, intitulada “Ladrões
de rua”. Mello Moraes Filho sugere ainda que o “Septenário” não seria o único caso
de poema encomendado, suscitando a suspeita de que, dentre os demais poemas
atribuídos a Maranhense, haveria outros escritos por Laurindo Rabello:
61
“Uma lágrima no sepulcro” e “Votos da minh’alma” são assim assinados: “Pelo escriptor público
Ignácio José Ferreira Maranhense”.
62
É mister ratificar considerações feitas em “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”. A elite intelectual
oitocentista era de formação escolar essencialmente humanista, pelo menos até fins do terceiro
quartel do século XIX, e valorava o objeto artístico literário segundo o conhecimento de poética e
retórica clássicas.
63
MARANHENSE: 1849, p.27
232
Dentre os lutuosos motivos, destaca-se como o mais propício às suas [de
Maranhense] explorações o falecimento da rainha D. Maria II, de Portugal. Desolados
os portugueses em razão da compungidora nova, não tardou que o agilíssimo
Bacanga manifestasse a espontaneidade de seu estro, travando do alaúde para
adormecer mágoas, serenar pezadumes.
Disparando em busca de Laurindo Rabello, que lhe escrevera o Septenário
poético, mandou imprimir em avulso trajado de preto o dolorido poema, e
pessoalmente distribuindo centenas de exemplares, por todo o comércio e fidalguia
abastada, fartou-se de cobiçosas remunerações.
O melhor foi que o governo de Portugal o distinguindo com uma
condecoração, o malogrado bardo deixou de gozá-la, sendo-lhe embargada, visto
tratar-se duma notabilidade na velhacaria. (MORAES FILHO: 1903, pp.36-37)
Conciliando as duas primeiras hipóteses, formula-se, enfim, a terceira, com
base em que o “Septenário” teria sido escrito a quatro mãos. De posse do poema
encomendado a Laurindo Rabello, Maranhense ajustaria o texto, de modo a ficar
mais próximo ao seu gosto ou necessidades, provendo-lhe da “Invocação”, recusada
por Eduardo de Sá, e da lista final de colaboradores que financiaram a publicação do
poema. O mesmo expediente poderia ter sido aplicado a outros poemas que por
ventura Maranhense encomendou a Laurindo Rabello. Nos anexos desta tese, no
volume III, encontram-se os poemas atribuídos a Maranhense localizados em
publicações avulsas depositadas na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que,
numa pesquisa futura, poderão trazer novos dados para a confirmação ou refutação
das hipóteses levantadas.
4.3.7. Fragmentos de poemas
[“O diabo desta chave”] e [“Eu possuo uma bengala”], os dois fragmentos de
poemas atribuídos a Laurindo Rabello encontrados na inventio desta pesquisa,
foram compilados por Alexandre José de Mello Moraes Filho em Cantares
brasileiros (1900). Correspondem cada qual a duas quadras e são mencionados por
alguns autores, a exemplo de Ary Vasconcelos e José Ramos Tinhorão, como o
“Lundu da chave” e o “Lundu da bengala”, embora Mello Moraes Filho não os tenha
intitulado. Esses textos não estão nos demais cancioneiros de modinhas e lundus
pesquisados, nem foram recolhidos por colaboradores ou organizadores de
compilações post-mortem.
233
4.4. Estema
Representar genealogicamente a tradição impressa dos poemas atribuídos a
Laurindo Rabello impõe certas dificuldades, em função de seu caráter disperso,
conforme já salientado. Ao invés de um único estema para todos os poemas, o que
implicaria num gráfico poluído visualmente de nós e galhos, optou-se pela
representação gráfica por grupos de poemas, facilitando-se a visualização e
compreensão da genealogia.
4.4.1. Poemas de Trovas
Na inventio desta pesquisa, não se localizou nenhum original manuscrito de
poema1, de modo que a tradição que se conhece é de natureza impressa, o que de
resto se aplica a todos os casos relatados nesta seção de estemática, através do
símbolo ‘[ms]’. Os poemas da primeira edição de Trovas (Tr1), embora reunidos num
mesmo livro, não têm a mesma genealogia. Ao que parece, os textos foram
recolhidos por Laurindo Rabello de periódicos, mas na inventio desta pesquisa
apenas se localizou as publicações anteriores de “Minha resolução” e “Estragos de
amor”, em A voz da juventude (1850), como exposto em “3.3. A linguagem em
Laurindo Rabello” e em “4.1. Inventário testemunhal”. “À Bahia” não consta de Tr1,
aparecendo apenas na segunda edição de Trovas (Tr2) e não sendo republicado na
Marmota fluminense (MF). Some-se ainda o fato de que também não se
republicaram em MF “Soneto [“Geme, geme, mortal infortunado”]”, “A uma senhora”,
“À Sra. Marieta Landa”, “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce
avena”]”, e “À mesma senhora [“Alcione perdido o esposo amado”]”, constantes de
Tr1 e Tr2. Portanto, propõem-se infra três estemas para os poemas de Trovas, uma
vez que se observa genericamente três subgrupos com características genealógicas
1
Em matéria para o jornal O Globo, Adelaide Luiza Cordeiro Rabello declarou que o falecido marido
era perdulário com manuscritos, emprestando-os a amigos. (O Globo: 1926) Haja vista o caso do
poema “Alberto”, cujo manuscrito foi entregue ao funcionário de um jornal para que o publicasse e
acabou por se perder. Laurindo Rabello não temia roubo autoral e a publicação indevida de poemas,
em função do estilo, que, em sua opinião, seria facilmente reconhecido. A declaração de Adelaide
ajuda a explicar a dificuldade de se encontrarem manuscritos de poemas de Laurindo Rabello.
Desperta ainda a suspeita de que, se não reivindicou publicamente a autoria do “Septenário poético”,
é porque anuiu à publicação do poema sob o nome de Maranhense, mais um indício de que, com
efeito, se tratava de encomenda.
234
semelhantes. Foram excluídos do gráfico as antologias e cancioneiros de modinhas
e lundus, pelo fato de, em muitos casos, não haver dados filológicos o suficiente
para se afirmar com segurança a fonte que seus organizadores empregaram.
As emendas feitas por Laurindo Rabello na errata de Tr1, não absorvidas em
Tr2, constituem a prova cabal de que as compilações post-mortem não seguiram
Tr1. Exemplos disso são os versos “E vomitar na fronte do tiranno” (“Sobre o túmulo
do Marechal Pedro Labatut”, v.24) e “Num coração de ouro. Quem é ele?” (“Sobre o
túmulo do Marechal Pedro Labatut”, v.66) alterados respectivamente na errata de
Tr1 para “Lançá-las na fronte do tirano” e “Num coração de homem. Quem é ele?”,
mas que permaneceram inalterados em Tr2 e assim se leem desde Poesias (P1),
compilação de Eduardo de Sá Pereira de Castro, até Poesias completas (PC2), de
Antenor Nascentes (PC2), com reedições (PC2a e PC2b).
Dentre as compilações post-mortem, a mais profícua é P1. Dela derivou
Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Manuel Francisco Dias da Silva Júnior, que, no
que diz respeito aos poemas de Trovas, não serviu de fonte para nenhuma outra,
talvez em função da crítica negativa de Teixeira de Mello nos Anais da Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro. Não se observa a presença de lições peculiares de PDL
em
compilações
post-mortem
subsequentes,
tanto
com
relação
ao
texto
propriamente dito dos poemas, quanto aos títulos, a exemplo de “Aos annos do meu
prezado amigo José Pedreira França”, que Dias da Silva Júnior alterou para “Ao
natalício de José Pedreira França”. Nas compilações posteriores, o mesmo poema
aparecerá com o título original, como em Obras completas (OC), de Osvaldo de
Melo Braga, uma vez que o seu modelo foi P1, baseada por seu turno em Tr2; ou
simplificado ainda mais para “A José Pedreira França” nas demais compilações.
Obras poéticas (OP1), compilação de Joaquim Norberto de Souza Silva, com
reedição (OP2) descende diretamente de P1, acolhendo suas lições, mas
procedendo a muitas simplificações de títulos. Dentre vários casos, merecem
menção os títulos “Epicédio á morte do Doutor José de Assis Alves Branco Moniz
Barreto e oferecido ao Ilm. Sr. Dr. Luiz Maria A. F. Moniz Barreto” e “A minha vida,
ao meu amigo e colega A. J. Rodrigues da Costa”, simplificados respectivamente
para “A morte do Dr. José de Assis” e “A minha vida”, feitas as devidas abonações
em notas de roda-pé. Em OP1/OP2, baseiam-se Poesias (P2), de José Perez, e
Poesias completas (PC1), de Attilio Milano, ambas apresentando os exatos quarenta
e sete poemas constantes de OP1/OP2, mesmas lições, títulos com notas de roda-
235
pé, que são ainda adotados por PC2 e reedições (PC2a e PC2b). A compilação de
Nascentes, por sua vez, serviu de fonte para Poesias completas (PC3), organizada
por Angela de Stasio para o Departamento Nacional do Livro da Fundação Biblioteca
Nacional.
Nesta edição crítica (OP3), estabeleceu-se o texto dos poemas de Trovas
com base em Tr1, consignando-se no aparato crítico as variantes encontradas em
Tr2, MF, P1, PDL, OP1, OP2, OC, PC1, P2, PC2, PC2a, PC2b e PC3. Sendo assim,
os estemas propostos são:
1. Para “Estragos de amor” e “A minha resolução”:
2. Para “Soneto [“Geme, geme, mortal infortunado”]”, “A uma senhora”, “À Sra.
Marieta Landa”, “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]”, e “À
mesma senhora [“Alcione perdido o esposo amado”]”:
236
3. Para “À Bahia”:
4.4.2. Poemas localizados em periódicos, publicados durante o período de vida do
autor
Como Trovas, esse grupo constitui-se também de subgrupos de poemas com
particularidades de genealogia. Trata-se dos textos publicados em O sino dos
barbadinhos (SB), A voz da juventude (VJ), O acadêmico (Ac), Marmota fluminense
237
(MF) e O espelho (Es), que seguiram percursos muito preculiares. Convém estudar
caso a caso. Os dispersos de SB, à exceção de “Feliz-asno”, que consta também de
Obras poéticas (OPL), compilação de organizador anônimo, permaneceram até hoje
inéditos em livro.
“Delírio e ciúme”, publicado originalmente na edição de 01/06/1850 de VJ, foi
recolhido apenas trinta anos depois por Alfredo do Vale Cabral, na Revista brasileira
de 1880 (RB), sendo em seguida absorvido por Obras completas (OC), Osvaldo de
Melo Braga; Poesias completas (PC2) e reedições (PC2a, PC2b), de Antenor
Nascentes, e consequentemente de Poesias completas (PC3), da Biblioteca
Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em VJ,
consignando-se no aparato as variantes encontradas em OC, PC2, PC2a, PC2b e
PC3:
“Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico
(Ac), constitui um dos casos de fragmentação, estudados em “4.3. Percurso histórico
do texto dos poemas”. O poema aparece em P1 em fragmentos e com variantes
provavelmente autorais, sob os títulos de “Fragmento amor-perfeito” e de
“Fragmento suspiros e saudades”, correspondentes respectivamente aos itens III e
IV, tal como em Ac. Eduardo de Sá Pereira de Castro pode ter se baseado em
algum manuscrito de paradeiro desconhecido ([ms2]) ou material impresso não
localizado pela inventio desta pesquisa ([A]). De qualquer maneira, nas duas edições
de Obras poéticas (OP1/OP2), de Joaquim Norberto de Souza Silva, a designação
‘fragmento’ já não aparece nos títulos constantes de P1, e consequentemente assim
em compilações suas descendentes, Poesias completas (PC1), de Atílio Milano;
238
Poesias (P2), de José Perez; Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b),
de Antenor Nascentes); e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Por
outro lado, Alfredo do Vale Cabral republica o poema na íntegra na edição de 1880
da Revista Brasileira (RB), sendo recolhido em livro em Obras completas (OC) de
Osvaldo de Melo Braga, que ainda compilou os fragmentos de P1. PC2, que teve
OC entre as suas fontes, apresenta tanto o poema na íntegra, com o título “Flores
murchas”, quanto seus fragmentos, com os títulos supra mencionados, como sendo
três poemas distintos. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com
base em VJ, consignando-se no aparato as variantes encontradas em P1, RB, OP1,
OP2, PC1, P2, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
Os poemas publicados orginalmente na Marmota fluminense (MF), isto é, que
não integram a série proveniente de Trovas, não apresentam conjuntamente a
mesma genealogia. Dentre os vinte que compõem o grupo, apenas nove 2 foram
recolhidos em Poesias (P1), de Eduardo de Sá, dos quais oito 3 constam das duas
edições de Obras poéticas (OP1/OP2), de Joaquim Norberto de Souza Silva;
2
1) “Mote [“Um só momento de amor”]”; 2) “Dous impossíveis”; 3) “Ao octagésimo segundo
anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da Trindade, no dia 26 de maio de 1859, pelo seu afilhado Dr.
Laurindo José da Silva Rabello”; 4) “Mote a prêmio [“As Potencias do Occidente”]”; 5) “Poesia
oferecida ao Sr. P. J. F. Torres e a sua Sra. D. L. L. da Cunha Torres por occasião do baptismo de um
seu filho, tendo a mesma senhora servido de madrinha a um outro menino baptisado na mesma
occasião”; 6) “À minha terra natal”; 7) “Saudades”; 8) “Epístola”; e 9) “Mote [“Um pensamento de
morte”]”.
3
Na verdade, o poema que ficou de fora do corpo da compilação, “Mote [“Um só momento de amor”]”,
aparece na introdução de OP1, em que se compilou o prefácio de P1, onde Eduardo de Sá
transcrevera o referido poema juntamente a outros improvisos.
239
Poesias completas (PC1), de Attílio Milano; e Poesias (P2), de José Perez, com as
mesmas lições e títulos alterados, a exemplo de “Epístola ao amigo Paula Brito”, que
passou a “Ao meu amigo F. de Paula Brito”. Com relação estritamente ao grupo de
poemas em questão, Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de
Antenor Nascentes, recebem o influxo de OP1/OP2, muito embora o compilador
tenha se utilizado também de Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga,
para recolher outro subgrupo de poemas provenientes de MF, conforme será
mostrado infra. Consequentemente, Poesias completas (PC3), da Biblioteca
Nacional, reflete influências de OP1/OP2, através de PC2. Por outro lado, Poesias
do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior, parece não ter se baseado em OP1,
já que suas lições e títulos de poemas são muito próximas de P1. OC, por sua vez,
descende diretamente de P1, conforme atestam lições e títulos de poemas, como
“Epístola ao amigo Paula Brito”, que tanto em PDL, quanto na linhagem
descendente de OP1/OP2, apresenta o possessivo ‘meu’ junto ao substantivo
‘amigo’: “Epístola ao meu amigo Paula Brito”. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o
texto do grupo de poemas em questão com base em MF, consignando-se no
aparato crítico as variantes encontradas em P1, PDL, OP1/OP2, PC1, P2, PC2,
PC2a, PC2b, PC3 e OC:
“Teus olhos” e “Que mais desejas” não foram recolhidos em Poesias (P1), de
Eduardo de Sá, mas em Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior, e
não necessariamente a partir da Marmota fluminense (MF). Em primeiro lugar, os
títulos dos poemas aparecem em PDL com alterações, respectivamente: “De ti fiquei
240
tão escravo” e “Que mais dejesas?”. Além disso, o verso 29 do primeiro poema em
PDL traz variantes disjuntivas que se afastam da lição de MF: 1) substituição do
verbo ‘ver’ por ‘ser’ (“Por não ver inda completa” (MF) X “Por não ser inda completa”
(PDL)). Sinalefas entre a última sílaba do pronome ‘minha’ e a primeira do
substantivo ‘alma’ (‘minh’alma’) verificam-se em MF, mas não em PDL (‘minha
alma’). Com relação ao segundo poema, há também variantes disjuntivas entre as
lições de MF e PDL: 1) inversão da posição do advérbio ‘não’ e do pronome ‘me’ no
verso 27 (“Se não me adoras:” (MF) X “Se me não adoras:” (PDL)); e 2) inclusão do
artigo ‘a’ entre o verbo ‘fere’ e o substantivo ‘ofensa’ no verso 09 (“Não fere ofensa”
(MF) X (“Não fere a ofensa” (PDL)). A não se tratar de mero descuido por parte do
compilador, tais variantes revelam que Dias da Silva Júnior se baseou em algum
cancioneiro de modinhas e lundus de paradeiro desconhecido ou no testemunho oral
de modinheiros ([A]). De qualquer forma, ambos os poemas tornaram a aparecer em
Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga; Poesias completas e reedições
(PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes; e Poesias completas (PC3), da
Biblioteca Nacional, que seguiram as mesmas lições e títulos de poemas de PDL,
não obstante em PC2 e descendentes as sinalefas de “Teus olhos” não figurarem, o
que poderia corresponder a variantes voluntárias de Nascentes. Nesta edição (OP3),
estabeleceu-se o texto dos poemas em questão a partir de MF, consignando-se no
aparato crítico as variantes encontradas em PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3.
Integram ainda o aparato variantes localizadas em cancioneiros de modinhas e
lundus.4
Em “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”, comentou-se a
problemática da autenticidade de autoria com relação aos cancioneiros de modinhas
e lundus. Outra questão diz respeito a poemas que não foram escritos
originariamente como letras de canções, mas que acabaram musicados, ou que
passaram a figurar nos salões burgueses dramatizados sob a forma de recitativos.
No primeiro caso, insere-se “Canto do cisne”, visto anteriormente e a ser retomado
mais adiante. Quanto ao segundo, serve de exemplo o poema “Dous impossíveis”,
publicado primeiramente na Marmota fluminense (MF). A rigor, o recitativo consiste
num gênero de canto solo presente na ópera, ao lado da ária. Ambos diferenciam-se
4
Trovador – coleção de modinhas (TCM); A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras
(CM); Cantor luso-brasileiro (CLB); Cantora brasileira e reedições (CBra1, CBra2 e CBra3); Cantares
brasileiros (CBr); Cancioneiro popular moderno (CPM); Lira do trovador (LT); Serenatas e saraus
(SS); e Cancioneiro popular de modinhas brasileiras (CPMB).
241
entre si basicamente pelo caráter rítmico-melódico e narrativo. Enquanto a ária é
mais rica de ornatos musicais, o recitativo apresenta-se mais simples, próximo à
fala, exercendo a função de preâmbulo, em que se faz uma breve narrativa. No
Brasil, porém, o recitativo emancipa-se da ópera, ao ser implantado como
espetáculo independente nos teatros e salões fluminenses por influência de Luis
Cândido Furtado Coelho, ator, poeta, dramaturgo e músico chegado de Portugal em
1856. Por essa época, a cena cultural no Rio de Janeiro sofria o impacto do incêndio
que destruiu em 06 de janeiro de 1856 o Imperial Teatro de São Pedro de Alcântara,
localizado nas imediações da Praça Tiradentes, onde atualmente se encontra o
Teatro João Caetano. O Teatro de São Pedro de Alcântara era o principal ponto de
encontro da alta elite fluminense, onde se motavam peças e óperas de importantes
autores e compositores. A invenção de Furtado Coelho “fez furor, irradiando-se por
todos os teatros e salões da Corte e das províncias.”5 E tanto poetas consagrados,
quanto principiantes, utilizavam-se dos recitativos como veículo de divulgação de
sua obra poética. No auge da moda, os recitativos ofereciam
um vasto repertório, com obras dos mais importantes poetas e dos mais assanhados
do momento: Castro Alves, José Bonifácio, o moço, Fagundes Varela, Casimiro de
Abreu, França Júnior, Ferreira Neves, M. P. Leitão, Dias da Silva Júnior. (MACHADO:
2001, p.122)
O sucesso dos recitativos refletiu-se na estrutura dos próprios cancioneiros de
modinhas e lundus, que apresentavam quase que obrigatoriamente até o fim do
terceiro quartel do século XIX uma seção lhes dedicada, conforme observado em
“4.1. Inventário testemunhal”. Em alguns cancioneiros, o organizador destinou um
volume inteiro aos recitativos, como é o caso do segundo tomo de A cantora
brasileira (CB). Os recitativos, portanto, instauram uma forma alternativa de
transmissão de poemas que já haviam sido publicados. Enquanto performances
orais ao sabor do momento, contribuem para a profusão de variantes que se
inserem nos textos, de maneira muito próxima às performances musicais dos
modinheiros. Os efeitos dos recitativos na tradição de um poema podem ser
flagrados, por exemplo, na quantidade de lugares críticos que “Dous impossíveis”
apresenta muito acima à de qualquer outro poema publicado na Marmota
fluminense (MF), ou em demais periódicos, que não tenha sofrido as interferências
da oralidade. À parte “Dous impossíveis” e as modinhas “Teus olhos” e “Que mais
5
MACHADO: 2001, p.121
242
desejas”, o poema que traz mais lugares críticos é “Ao baptismo de dous meninos”,
com quinze ocorrências. Em “Dous impossíveis”, por seu turno, chega-se a trinta e
nove lugares críticos, o que ainda supera as referidas modinhas. “Teus olhos” tem
trinta e um, e “Que mais desejas”, vinte lugares críticos.
A questão em torno aos recitativos torna-se delicada, na medida em que as
variantes inseridas nos textos podem advir de performances orais dos próprios
autores, que, como Gonçalves de Magalhães, Fagundes Varela, Tobias Barreto,
Castro Alves e o próprio Laurindo Rabello, atuavam como intérpretes de seus textos.
Em outras palavras, tais variantes não necessariamente constituem alterações
voluntárias ou involuntárias não-autorais mas legítimas variantes autorais. O
fenômeno, portanto, deve ser levado em consideração no estudo de edições de
poemas do século XIX, uma vez que não só os cancioneiros de modinhas e lundus,
bem como compilações e antologias provavelmente foram influenciados pelas
interpretações
Em termos de genealogia, os cancioneiros de modinhas e lundus mereceriam
estudo à parte pelo fato de nem sempre estarem relacionados diretamente uns aos
outros, através de ramos ascendentes, colaterais ou descendentes. Quanto a isso,
sirva de ilustração a nota 141 que Antenor Nascentes faz a “Que mais desejas”, em
Poesias completas (PC2): “(…) A música que está apensa a esta edição foi
transcrita de memória pelo autor destas notas, o qual aos sete anos de idade a
ouviu cantar por uma senhora sua vizinha.”6 No caso de PC2, a música foi recolhida
a partir da performance de uma intérprete, fenômeno que poderia ter ocorrido, em
outras situações, com relação ao próprio poema da canção. Nesta pesquisa, adotouse um modelo hipotético genérico em que cada cancioneiro remete a uma variação7
performática (α, β, γ, δ etc.) de um arquitexto (θ), que pode ter sido transmitido ainda
por meio de manuscritos perdidos ([ms1], [ms2] etc.):
6
apud RABELLO: 1963, p.270
O termo ‘variação’ é aqui empregado na acepção de Paul Zumthor, já que a tradição oral dos
cantadores de modinha e lundu se assemelha à dos trovadores medievais, no que diz respeito ao
caráter performático: “Numa arte tradicional, a criação ocorre em perfomance; é fruto da enunciação
– e da recepção que ela se assegura. Veiculadas oralmente, as tradições possuem, por isso mesmo,
uma energia particular – origem de suas variações.” (ZUMTHOR: 1993, p.143)
7
243
Voltando à genealogia dos poemas publicados primeiramente na Marmota
fluminense (MF), “Rondó”, “Aos annos de um respeitável ancião”, “À D. Carlota
Milliet”, “Mote [“Beijo a mão que me condemna”]”, e “As lágrimas” foram recolhidos
por Alfredo do Vale Cabral na Revista brasileira (RB) e, posteriormente, compilados
em livro por Osvaldo de Melo Braga em Obras completas (OC), que ainda serviu de
fonte para Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor
Nascentes, e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Quanto ao terceiro
poema, ocorre fragmentação análoga a “Flores murchas”, aparecendo em PC2 e
descendentes como três poemas independentes, com os títulos de “Ode (à D.
Carlota Leal Milliet)”, “O épico do – FIAT” e “O furor ciumento”. Nesta edição (OP3),
estabeleceu-se o texto dos poemas em questão com base em MF, consignando-se
no aparato as variantes encontradas em RB, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
244
Por fim, “Charadas. [“Todas vez que ela vem”]”, “Outra [“Fui fazer minha
morada”]”, “Epigramma. [“Tratou Maria os meus versos”]” e “Outra [“Uma ingrata,
uma inconstante”]” ainda não haviam sido recolhidos da Marmota fluminense (MF),
permanecendo inéditos em livro:
“Desalento”, “À morte de Juqueira Freire” e “As duas redempções”, publicados
em O espelho (Es), nas edições respectivamente de 18/09/1859, 09/10/1859 e
11/12/1859, foram recolhidos em Poesias (P1), de Eduardo de Sá, figurando ainda
nas duas edições de Obras poéticas (OP1/OP2), de Norberto de Souza Silva; em
Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior; em Poesias completas
(PC1), de Attílio Milano; em Poesias (P2), de José Perez; em Obras completas (OC),
de Osvaldo de Melo Braga; em Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b);
e em Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional, com poucas variantes. Nesta
edição (OP3), o texto dos poemas foi estabelecido com base em Es, consignando-se
no aparato as variantes das compilações post-mortem mencionadas:
245
4.4.3. Diário do Rio de Janeiro
“Canto do cisne”, publicado na edição de em 11/10/1864 do Diário do Rio de
Janeiro (DRJ), pouco menos de um mês depois da morte de Laurindo Rabello, foi
recolhido em Poesias (P1), de Eduardo de Sá, e prosseguiu depois por genealogia
análoga à dos poemas de Es: as duas edições de Obras poéticas (OP1/OP2), de
Norberto de Souza Silva; Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior;
Poesias completas (PC1), de Attílio Milano; Poesias (P2), de José Perez; Obras
completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga; Poesias completas e reedições (PC2,
PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca
Nacional. Embora não tenha sido escrito como poema de modinha ou lundu, como
discutido em “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”, o poema foi musicado
por A. J. S. Monteiro e figura em muitos cancioneiros de modinhas e lundus 8, com
inúmeras variantes. Nesta edição, estabeleceu-se o texto do poema com base em
DRJ, consignando-se no aparato as variantes das compilações post-mortem e
cancioneiros:
8
Mencionam-se no estema apenas cancioneiros que trazem no texto do poema variantes
substantivas: Cantor de modinhas brasileiras (CM); Cancioneiro popular moderno (CPM); Antologia
da serenata (AS); As mais belas modinhas (AMBM); A lira do capadócio (LC); Lira do trovador (LT);
Serenatas: novíssima coleção (SNC). Os testemunhos de “Canto do cisne” localizados pela inventio
da pesquisa, em total de vinte, podem ser conferidos em “4.1. Inventário testemunhal”.
246
4.4.4. Dispersos em cancioneiros de modinhas e lundus
“Quanto pode um beijo teu”, “Se eu fora poeta” e “Trovador accusação”, não
obstante publicados num mesmo cancioneiro, Trovador: jornal de modinhas (Trd),
guardam peculiaridades genealógicas na tradição impressa. O primeiro poema
aparece em O sorriso (OS), Cantares brasileiros (CBr), Serenatas e saraus (SS),
Cantor luso-brasileiro (CLB), Cantora brasileira (CBra1) e reedições (CBra2 e
CBra3). CBr, CLB e CBra1 têm variantes conjuntivas, a exemplo do título, “Beijo de
amor”, disjuntivo com relação ao constante de OS, “Se me queres ver ainda”,
ambos, por sua vez, disjuntivos da lição de Trd. Portanto, é de se crer que de um
arquétipo (θ) descenderam no mínimo três originais perdidos ou performances (α, β
e γ), de que derivaram respectivamente Trd, OS e o grupo CBra1, CLB e CBr. CBra2
e CBra3, enquanto reedições, herdam as variantes de CBra1. CLB, no corpus de
testemunhos investigados, não gera ramos descendentes. Em CBr, provavelmente
se baseou SS, ambos cancioneiros organizados por Alexandre José de Mello
Moraes Filho. Antenor Nascentes recolheu “Quanto pode um beijo teu” em Poesias
completas (PC2) a partir de SS, já que em nota 151 menciona que o poema em
questão consta “de Mello Moraes Filho, Serenatas e Saraus, III, 196.”9 O poema em
PC2 apresenta lições e título (“Beijo de amor”) em comum com SS. Nesta edição
(OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em Trd, consignando-se no
aparato as variantes encontradas nos cancioneiros de modinhas e lundus e em PC2:
“Se eu fora poeta” não chegou a ser recolhido em compilações post-mortem
de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Além de Trovador: jornal de modinhas
9
apud RABELLO: 1963, p.272
247
(Trd), o poema circulou ainda em Lira de Apolo (LA); A cantora brasileira (CB);
Cantor de modinhas brasileiras (CM); Cantares brasileiros (CBr); e As mais belas
modinhas (AMBM). Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema em
questão com base em Trd, por se tratar do testemunho mais antigo localizado pela
inventio, o que não corresponde a uma verdade em absoluto, mas a uma
possibilidade dentre as várias na tradição impressa, consignando-se no aparato as
variantes constantes de LT, CPB, CBr, AMBM, LA, CB e CM.
“Trovador accusação” aparece um vários cancioneiros de modinhas e lundus:
Trovador: coleção de modinhas (TCM); A cantora brasileira (CB); Cancioneiro de
músicas populares (CMP); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do trovador
(LT); Serenatas: novíssima coleção (SNC); As mais belas modinhas (AMBM);
Cantares brasileiros (CBr); Serenatas e saraus (SS), que se baseou em CBr;
Cancioneiro fluminense (CF); e Canções populares do Brasil (CPB). O poema foi
recolhido em Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor
Nascentes, a partir de CPB, conforme aponta em nota 142: “Esta é a versão
completa que vem nas Canções Populares do Brasil, de Júlia de Brito Mendes, Rio,
s.d. (1911).”10 Por conseguinte, o poema chegou a Poesias completas (PC2), da
Biblioteca Nacional, através de PC2. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto
com base em Trd, consignando-se no aparato as variantes encontradas em TCM,
CB, CMP, CM, LT, CBr, SS, SNC, AMBM, CF, CPB, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
10
apud RABELLO: 1963, p.271
248
“Se me adoras”, “Adeus… adeus… é chegada”, “Perdeu a flor de meus dias”,
“Riso e morte”, “Já dei tudo o que tinha” e “É aqui! bem vejo a campa”, publicados
nas edições de 12/09/1869, 26/09/1869, 21/11/1869, 06/02/1870, 03/03/1870 e
20/03/1870 de Lira de Apolo (LA) também não seguem por caminhos idênticos. O
primeiro poema figura em Trovador: coleção de modinhas (TCM); A cantora
brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Serenatas e saraus (SS);
Trovador brasileiro (TB); Cantora brasileira ou coleção de modinhas e reedições
(CBra1, CBra2 e CBra3); Folhinha de modinhas (FM); e Poesias completas e
reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a
partir de FM, conforme se observa na nota 138 de PC2: “Consta do IV caderno, pág.
39. Musicada por Almeida Cunha.”11 Trata-se, portanto, do quarto caderno de FM.
Através de PC2, o poema também chegou a Poesias completas (PC3), da Biblioteca
Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em LA,
consignando-se no aparato as variantes encontradas em TCM, CB, CM, SS, TB,
CBra1, CBra2, CBra3, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
11
apud RABELLO: 1963, p.270
249
“Adeus… adeus… é chegada” consta de Trovador – coleção de modinhas
(TCM); A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do
trovador (LT); Serenatas e saraus (SS); Trovador brasileiro (TB); Cantora brasileira
ou coleção de modinhas e reedições (CBra1, CBra2 e CBra3); Lira popular brasileira
(LPB); Cantares brasileiros (CBr); Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Manoel
Francisco Dias da Silva Júnior; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga,
que se baseou em PDL, consoante nota de roda-pé em OC: “Dias da Silva Júnior,
op.cit., pgs. 181-182.”12; Folhinha de modinhas (FM); e Poesias completas e
reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a
partir de FM, como indica na nota 137 de PC2: “Consta do IV caderno, pág.31, da
dita Coleção.”13 Nascentes refere-se ao quarto caderno de FM. Através de PC2, o
poema chegou ainda a Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional.
12
13
apud RABELLO: 1946, p.334
apud Idem: ibdem, p.270
250
“Perdeu a flor de meus dias” aparece em Trovador: coleção de modinhas
(TCM); A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do
trovador (LT); Trovador brasileiro (TB); Cantares brasileiros (CBr); Poesias do dr.
Laurindo (PDL), de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, com supressão dos
versos 13-16, correspondentes à quarta estrofe da lição de LA: “Do amor daquela
ingrata/ Tão fingido e tão traidor,/ Té o amor feneceu-me/ Já não vive a minha flor.”;
Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, que embora não indique
paratextualmente, segue PDL, como se presume em função da falta dos versos 1316, além de outras variantes herdadas. Poesias completas e reedições (PC2, PC2a
e PC2b), de Antenor Nascentes, parece inserir-se nessa linhagem, já que apresenta
omissão dos mesmos versos e adoção de variantes. Tanto em PDL, quanto em OC
ou ainda em PC2, o poema figura com as mesmas três estrofes. Por meio de PCa, o
poema, enfim, chegou a Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta
edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em LA, consignando-se
no aparato as variantes encontradas em TCM, CB, TB, CM, LT, CBr, PDL, OC, PC2,
PC2a, PC2b, e PC3:
251
“Riso e morte” foi publicado em Trovador: coleção de modinhas (TCM); A
cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do trovador (LT);
Cantares brasileiros (CBr); Serenatas e saraus (SS), de Alexandre José de Mello
Moraes Filho, que raproveitou material de CBr, também organizado por ele;
Trovador brasileiro (TB); Folhinha de modinhas (FM); e Poesias completas e
reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a
partir de FM, como se observa em nota 147 de PC2: “Consta da Coleção A. G.
Guimarães, IV caderno, pág. 12. Musicada por João Cunha.”14 Através de PC2, o
poema chegou ainda a Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta
edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em LA, consignando-se
no aparato as variantes encontradas em TCM, CB, LT, CM, CBr, SS, PC2, PC2a,
PC2b e PC3:
14
apud RABELLO: 1963, p.271
252
“Já dei tudo o que tinha” ainda não foi recolhido por compilações post-mortem
de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Além de LA, circulou apenas em A
cantora brasileira (CB); e Cantor de modinhas brasileiras (CM). Nesta edição (OP3),
estabeleceu-se o texto do poema com base em LA, consignando-se no aparato as
variantes encontradas em CM e CB:
Por fim, “É aqui! bem vejo a campa” encontra-se em A cantora brasileira (CB);
Cantor de modinhas brasileiras (CM); Serenatas e saraus (SS); Folhinha de
modinhas (FM); e Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor
Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como revela a nota 150 de PC2:
“Na Coleção de A. G. Guimarães, caderno V, pág. 36 (…).”15 Nesta edição (OP3),
estabeleceu-se o texto do poema com base em LA, consignando-se no aparato as
variantes encontradas em CB, CM, SS, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
15
apud RABELLO: 1963, pp.271-272
253
“O banqueiro”, “Acabou-se a minha crença”, “Eu sofro angústias me sufocar”,
“O cego”, “O espectro” e “Foi em manhã d’estio”, publicados respectivamente nos
volumes I, II e V de Trovador: coleção de modinhas (TCM), igualmente aos casos
anteriores, não apresentam a mesma genealogia. O primeiro poema aparece ainda
em A cantora brasileira (CB); Cantares brasileiros (CBr); e Obras poéticas livres
(OPL). Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em TCM,
consignando-se no aparato as variantes encontradas em CB, CBr e OPL:
“Acabou-se a minha crença” figura em A cantora brasileira (CB); Cantor de
modinhas brasileiras (CM); Lira do trovador (LT); Trovador brasileiro (TB); Lirismos
dum capadócio (LDC); Cantares brasileiros (CBr); As mais belas modinhas (AMBM);
Folhinha de modinhas (FM); Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior;
Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, que provavelmente se baseou
em PDL, a julgar pelo mesmo título do poema, alterado para “Descrença”, variante
que consta apenas de PDL e OC; Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e
254
PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como aponta a
nota 140 de PC2: “Consta do VI caderno, pág.45.”16, isto é, VI caderno da coleção de
modinhas publicada em FM ; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional.
Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em TCM,
consignando-se no aparato as variantes encontradas em CB, CM, LT, TB, LDC, CBr,
AMBM, PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
“Eu sofro angústias me sufocar” foi publicado também em Cantor de
modinhas brasileiras (CM); Cantares brasileiros (CBr); As mais belas modinhas
(AMBM); Cantor luso-brasileiro (CLB); Folhinha de modinhas (FM); Poesias do dr.
Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo
Braga, que se baseou possivelmente em PDL, como se percebe por variantes
conjuntivas somente entre PDL e OC, e.g. v.21: “Em cada nota” (TCM, CM, CBr,
AMBM, CLB, PC2, PC2a, PC2b e PC3) X “No ar o canto” (PDL e OC); Poesias
completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o
poema a partir de FM, como atesta a nota 145 de PC2: “Consta da Coleção de A. G.
Guimarães, I caderno, pág.5.”17; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional.
Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em TCM,
consignando-se no aparato as variantes encontradas em CM, CBr, AMBM, CLB, FM,
PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
16
17
apud RABELLO: 1963, p.270
apud Idem: ibidem, p.271
255
“O cego” circulou em A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas
brasileiras (CM); Lirismos dum capadócio (LDC); Cantares brasileiros (CBr); Poesias
do dr. Laurindo (PDL), de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior; Obras completas
(OC), de Osvaldo de Melo Braga, que segue as lições de PDL, assim como Antenor
Nascentes em Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), e.g. v.14: “Ao
avistar-te, meu anjo,” (TCM, CB, CM, LDC, CBr) X “Ao avistar-te, nos olhos” (PDL,
OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3); e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional,
de mesma linhagem que PC2, sua fonte. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o
texto do poema com base em TCM, consignando-se no aparato as variantes
encontradas em CB, CM, LDC, CBr, PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
“O espectro” consta de A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas
brasileiras (CM); Lira do trovador (LT); Cantares brasileiros (CBr); Folhinha de
modinhas (FM); Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor
256
Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como registra a nota 139 de PC2:
“Consta do IV caderno, pág.31. Continuação da modinha O Espectro.”18; e Poesias
completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o
texto do poema com base em TCM, consignando-se no aparato as variantes
encontradas em CB, CM, LT, CBr, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
Por fim, “Foi em manhã d’estio” encontra-se em A cantora brasileira (CB);
Cantor de modinhas brasileiras (CM); Cantares brasileiros (CBr); Folhinha de
modinhas (FM); Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor
Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como indica a nota 134 de PC2:
“Da Coleção de Modinhas Brasileiras, editada pela livraria de Agostinho Gonçalves
Guimarães & Cia., na rua do Sabão, nº26; Está no I caderno, pág.59.”19; e Poesias
completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o
texto do poema com base em TCM, consignando-se as variantes encontradas em
CB, CM, CBr, PC2, PC2a, PCb e PC3:
18
19
apud RABELLO: 1963, p.270
apud Idem: ibidem, p.270
257
“Quando a teus olhos” e “Não tem dó do meu penar”, publicados no primeiro
volume de A cantora brasileira (CB), contrariamente aos casos anteriores, perfazem
a mesma genealogia. Os poemas foram publicados ainda em Cantor de modinhas
brasileiras (CM); Folhinha de modinhas (FM); Poesias completas e reedições (PC2,
PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como
se observa pelas notas 135 (“Consta do I caderno, pág.20, da dita Coleção.”20) e 149
(“Consta da Coleção de A. G. Guimarães, IV caderno, pág.26.”21); e Poesias
completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o
texto do poema com base em CB, consignando-se no aparato das variantes
encontradas em PC2, PC2a, PC2b e PC3:
Por fim, “O estudante e a lavadeira” e “O namorado sem dinheiro”, também
publicados em Cantares brasileiros (CBr), de Alexandre José de Mello Moraes Filho,
20
21
apud RABELLO: 1963, p.270
apud Idem: ibidem, p.271
258
não chegaram a ser recolhidos em compilações post-mortem de poemas atribuídos
a Laurindo Rabello:
4.4.5. Recolhas de compiladores e colaboradores de origem desconhecida
4.4.5.1. Recolhas de Eduardo de Sá Pereira de Castro, publicadas em Poesias
Em Poesias (P1), Eduardo de Sá adicionou trinta e um aos vinte e quatro
poemas provenientes de Trovas, chegando a um total de cinquenta e cinco. Dos
trinta e um, na inventio desta pesquisa identificou-se a origem de quinze, publicados
anteriormente nos periódicos O acadêmico (Ac), Marmota fluminense (MF), O
espelho (Es) e Diário do Rio de Janeiro (DRJ), conforme exposto nos parágrafos
supra. Os dezesseis restantes, em função das limitações de tempo da pesquisa, não
tiveram suas origens localizadas, tomando-se por texto-base, portanto, a lição de
P1. Esses poemas foram recolhidos por Eduardo de Sá a partir de algum periódico
não localizado ([A]) ou de manuscrito a que possivelmente teve acesso (ms), uma
vez que era amigo íntimo de Laurindo Rabello.
As recolhas de Eduardo de Sá, no decorrer da tradição, incorporaram-se às
compilações post-mortem posteriores, a saber, as duas de Obras poéticas
(OP1/OP2), de Norberto de Souza Silva; Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da
Silva Júnior; Poesias (P2), de José Perez; Poesias completas (PC1), de Attílio
Milano; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga; Poesias completas e
reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes; e Poesias completas (PC3),
da Biblioteca Nacional.
PDL e OP1 seguiram P1. OC também se baseou P1, mas absorveu ainda
notas de roda-pé de PDL, e.g. nota relativa a “Mote [“Soa o bronze, expira o dia,”]”,
constante apenas de PDL e OC: “Este como os outros que se seguem são
improvisos em que colaboraram Castro Lopes, Pires Ferrão e Ferreira Pinto saindo
259
completos como se fora elaborados por um só.” 22 OP2, P2, PC1, PC2 e reedições
(PC2a e PC2b) descenderam de OP1, como atestam variantes conjuntivas entre os
referidos testemunhos e ainda PC3, pelo fato de ter se baseado em PC2, e.g. v.14
de “À minha terrra natal”: “Feriu-me d’alma a raiz,” (P1, PDL, OC) X “Feria-me
d’alma a raiz,” (OP1, OP2, P2, PC1, PC2, PC2a, PC2b e PC3); ou ainda o v.41 de
“Ao dia de finados”: “Que o espírito só e Deus conhecem.” (P1, PDL, OC) X “Que o
espírito só a Deus conhecem.” (OP1, OP2, P2, PC1, PC2, PC2a, PC2b e PC3).
Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em P1,
consignando-se no aparato as variantes encontradas em OP1, OP2, P2, PC1, PC2,
PC2a, PC2b e PC3:
4.4.5.2. Recolhas de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, publicadas em Poesias
do dr. Laurindo
Assim como Eduardo de Sá, Dias da Silva Júnior recolheu poemas de
Laurindo Rabello de periódicos ([A]) ou manuscritos (ms), cuja origem na inventio
desta pesquisa não se localizou. As recolhas de Dias da Silva Júnior, porém, não
foram logo bem aceitas, talvez em função das duras críticas que Teixeira de Mello
teceu à qualidade tipográfica de Poesias do dr. Laurindo (PDL), nos Anais da
22
apud RABELLO: 1946, p.359
260
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, como anteriormente mencionado,
questionando ainda a autenticidade de poemas atribuídos a Laurindo Rabello pelo
compilador. “Ciúme e razão”, “O tempo”, “Que desconsolo!”, “Mote [“ainda no mar do
cíume”]” e “Angústia” serão apenas absorvidos por Obras completas (OC), de
Osvaldo de Melo Braga, cerca de sessenta e nove anos depois, e em seguida por
Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes,
figurando ainda em Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. PC2 e
descendentes (PC2a, PC2b e PC3) descendem diretamente de OC e não de PDL, a
julgar por variantes conjuntivas entre OC e PC2 mas disjuntivas de PDL, e.g. v.83 de
“Ciúme e razão”: “Ao mesmo me serás no pensamento,” (PDL) X “A mesma me
serás no pensamento,” (OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3). Nesta edição, estabeleceuse o texto dos poemas com base em PDL, consignando-se no aparato as variantes
encontradas em OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
4.4.5.3. Recolhas de Alfredo do Vale Cabral, publicadas na Revista brasileira
Alfredo do Vale Cabral publicou nas edições de 01/11 e 15/12/1880 da
Revista brasileira (RB) um total de nove recolhas, das quais sete tiveram a fonte
localizada na inventio desta pesquisa. Trata-se de poemas publicados n’O
acadêmico (Ac), A voz da juventude (VJ) e Marmota fluminense (MF), já expostos
supra. As primeiras publicações de apenas dois, “A romã” e “O jornaleiro”,
261
permanecem desconhecidas. Esses poemas diferenciam-se entre si em termos de
tradição impressa, sendo necessários estemas distintos. O primeiro aparece em
Cantares brasileiros (CBr) e no terceiro volume de Serenatas e saraus (SS), de
Alexandre José de Mello Moraes Filho, e não mostra ligação direta com RB, pelo
fato de apresentar lições distintas, a exemplo da omissão da terceira estrofe
constante de RB e a estrofe final “Consentiu, pra que eu sentisse,/ Desse seu fruto a
doçura,/ Que eu pusesse as mãos no pomo,/ E a boca na rachadura.”, que só se
encontra em CBr e SS. Osvaldo de Melo Braga, em Obras completas (OC), seguiu a
mesma lição de RB. Antenor Nascentes, embora demonstre conhecimento da
variante de SS, opta por RB, por questões de pudor: “Esta é a versão publicada por
Vale Cabral na Revista Brasileira, 1880, tomo VI.// A de Mello Moraes, Serenatas e
Saraus, III, 262, não traz a terceira quadra e, como final, dá uma um tanto livre, que
omitimos.”23 Sendo assim, Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de
Nascentes, descendem de RB. De resto, PC3 concorda com PC2. Nesta edição
(OP3), estebeleceu-se o texto do poema com base em RB, consignando-se no
aparato as variantes de CBr e SS, não havendo variantes em PC2, PC2a, PC2b e
PC3:
“O jornaleiro”, por sua vez, encontra-se também em Obras completas (OC),
de Osvaldo de Melo Braga, e Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b),
de Antenor Nascentes, que seguiu direto RB, como se conclui através de variantes
conjuntivas entre RB e PC2 mas disjuntivas de OC, e.g. v.91: “Immortal, Redactor
do papelucho” (RB e PC2) X “Imoral, Redactor do papelucho” (OC). Nesta edição
23
apud RABELLO: 1963, p.272
262
(OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em RB, consignando-se no
aparato as variantes encontradas em OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3:
4.4.5.4. Recolhas de compilador anônimo, publicadas em Obras poéticas livres
A maioria dos poemas de Obras poéticas livres (OPL), compilação organizada
por editor anônimo, não se incorporou às compilações post-mortem de poemas
atribuídos a Laurindo Rabello, provavelmente por questões de pudor. De seus
quarenta e sete poemas, três constam de testemunhos mais remotos, localizados na
inventio desta pesquisa. “Marcianna e Feliz-asno” corresponde, na verdade, ao
trecho em versos do primeiro capítulo do folhetim “Feliz-Asno”, publicado na edição
de 09/03/1849 d’O sino dos barbadinhos (SB). “Mote [“Ou são quatro as Graças
belas”]” é uma das recolhas publicadas por Eduardo de Sá Pereira de Castro na
introdução de Poesias (P1), com duas substituições vocabulares, a saber, v.03 (“Por
vir do Empírio corrida,” (P1) X “Por vir do Empírio fodida,” (OPL) e v.05 (“Uma moça
igual a elas” (P1) X “Uma fêmea igual a elas” (OPL)). “A menina do banqueiro”, que
apresenta também com o título de “O banqueiro”, aparece em Trovador – coleção
de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. (TCM), publicação que antecede OPL. A
genealogia da tradição impressa em que esses poemas se inserem já foi
representada graficamente nos casos supra examinados.
Os demais quarenta e quatro poemas de OPL, cuja fonte não foi localizada,
advêm de manuscrito (ms) ou impresso perdidos ([A]), talvez até de performances,
como no caso das modinhas e lundus, e não se incorpararam às compilações postmortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Somente em 2004, quando da
263
publicação da Antologia pornográfica (AP), de Alexei Bueno, tornaram a circular,
ainda assim omitidos alguns, conforme salientado em “4.3. Percurso histórico do
texto dos poemas”. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto dos poemas em
questão com base em OPL, consignando-se no aparato as variantes encontradas
em AP:
4.4.5.5. Recolhas de Alexandre José de Mello Moraes Filho, publicadas em Artistas
do meu tempo. Seguidos de um estudo sobre Laurindo Rabello e em Fatos e
Memórias
Alexandre José de Mello Moraes Filho colaborou com a transmissão de
poemas atribuídos a Laurindo Rabello, recolhendo poemas nos cancioneiros de
modinhas e lundus Cantares brasileiros (CBr) e Serenatas e saraus (SS), no estudo
que dedicou ao poeta, pertença de Artistas do meu tempo (AMT), e na obra Fatos e
memórias (FMe), em que documenta uma série de efemérides e personalidades do
cenário fluminense no segundo Império. Em AMT, Mello Moraes Filho transcreveu
poemas curtos relacionados a episódios biográficos de Laurindo Rabello, que na
falta de títulos vão indicados pelo primeiro verso entre colchetes. Trata-se de dois
sonetos, [“Para do mundo dar completo cabo”] e [“Vendo da peste o bárbaro
flagelo”]; quatro epigramas em quadras [“Dizem que a Morte e Maurício”], [“Para
mostrar quanto é grande”] e [“A peça Degolação”]; e um improviso em duas quadras,
[“A freira, que madre chamam”]. Esses poemas foram absorvido em Poesias
completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que indica,
pelas notas, ter consultado diretamente AMT, e.g. nota 124 a [“A freira, que madre
chamam”]: “Mello Moraes Filho assim conta em Artistas do Meu Tempo a origem
264
desta glosa (…).”24 Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto dos referidos
poemas com base em AMT, não havendo variantes em PC2, PC2a, PC2b e Poesias
completas, (PC3), da Biblioteca Nacional, que se baseou em PC2:
Em FMe, foi recolhido um epigrama, também sem título, cujo verso inicial é
“Em Landa vejo patente”, que não chegou às compilações de poemas atribuídos a
Laurindo Rabello:
4.4.5.6. Recolhas de Leôncio Correia, publicadas no Correio da manhã
Leôncio Correia publicou na edição de 09/02/1944 do Correio da manhã (CM),
um pequeno artigo sobre episódios biográficos de Laurindo Rabello. Para ilustrar
sua curta narrativa, empregou três epigramas, um deles, [“Deus, para provar aos
homens”], publicado antes por Mello Moraes Filho no estudo que dedicou ao poeta,
em anexo a Artistas do meu tempo (AMT), como exposto supra. Correia transcreve
ainda dois epigramas cujas fontes não foram localizadas na inventio desta pesquisa,
que também por fata de título vão indicados pelo primeiro verso entre colchetes, a
saber, [“Cravo, rosa, em jarra fina”] e [“Causa pena e causa espanto”], incorporados
por Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes.
Nascentes menciona sua fonte nas notas aos epigramas, e.g. abonação da nota 130
24
apud RABELLO: 1963, p.266
265
a [“Causa pena e causa espanto”]: “(Leôncio Correia, Correio da Manhã de 9 de
fevereiro de 1944).”25 Os poemas acham-se também em Poesias completas (PC3),
da Biblioteca Nacional, uma vez que sua fonte é invariavelmente PC2. Nesta edição
(OP3), estabeleceu-se o texto dos poemas com base em CM, não se encontrando
variantes em PC2, PC2a, PC2b e PC3:
4.4.6. Avulsos
“Moreninha”, modinha publicada em partitura avulsa (DIMAS), depositada na
Divisão de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, não foi recolhida por
nenhum cancioneiro de modinhas e lundus nem por colaboradores e organizadores
de
compilações
post-mortem
de
poemas
atribuídos
a
Laurindo
Rabello,
permanecendo inédita em livro:
O “Septenário poético”, por seu turno, foi publicado pela primeira vez em
1849, sob o nome de Ignácio José Ferreira Maranhense, em publicação avulsa
(DOR) depositada na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro. A problemática em torno à atribuição de autoria já foi discutida em “4.3.
25
apud RABELLO: 1963, p.269
266
Percurso histórico do texto dos poemas”. O poema foi depois compilado por Eduardo
de Sá Pereira de Castro em Poesias (P1), em 1867.
Em P1, entretanto, suprimiram-se a “Invocação” e a lista de nomes constantes
de DOR. A collatio entre P1 e DOR atesta ainda cinco pontos críticos substantivos
no texto do poema:
PC
1
2
3
4
5
verso
219
285
419
430
436
editio princeps (1849)
Me quis trazer no íntimo do peito
Oh tu, minha lira! dize-me: não é
Exprime de seus filhos o do povo
Daquelle ser benino
E seu merecimento.
edição de Eduardo de Sá (1867)
Me quis fazer no íntimo do peito
Oh tu, minha lira! me dize: não é
Exprime de seus filhos e do povo
Daquele ser benigno
O seu merecimento.
O ponto crítico 1 pode se tratar de um discuido do editor/tipógrafo ou de um
erro de leitura. A substituição do verbo ‘trazer’ por ‘fazer’ não se justifica métrica,
gramática ou semanticamente:
(…)
Vinde applacar as dôres das feridas,
Que da morte alegrando a impiedade,
Me quiz trazer no intimo do peito
O farpão penetrante da saudade.
(MARANHENSE: 1849, pp.15-16)
Os restantes são correções. Em 3 e 5, corrigiram-se gralhas tipográficas; em
2, a colocação pronominal, para emendar a distribuição de acentos internos do verso
de acordo com o padrão do hhendecassílabo anapéstico, adotado no canto V – 11
(2, 5, 8, 11):
Edição de 1849
1
2
Oh
tu
3
mi-
4
nha
5
ly-
6
ra
7
di-
8
ze-
9
me
10
não
11
é
Compilação de Eduardo de Sá
1
2
3
4
Oh
tu
minha
5
ly-
6
ra
7
me
8
di-
9
ze
10
não
11
é
Em 4, porém, há uma correção indevida. O editor não levou em consideração
que a ortografia da palavra ‘benino’ na verdade corresponde ao registro de uma
variante linguística menos lusitana e que inclusive se enquadra melhor no esquema
rímico:
267
Só restos insensiveis nos ficaram
Daquele ser benino;
Só este bem nos deixou na terra
O anjo do destino.
Em contrapartida, há problemas métricos que persistem na compilação de
Eduardo de Sá. O verso 167, devendo ser heptassilábico, tem uma sílaba a mais:
“Como juntos d’arvore sancta,”26
1
Co-
2
mo
3
jun-
4
Tos
5
d'ar-
6
vo-
7
re
8
sanc-
ta
O verso 306, em contexto de hendecassílabos, tem uma sílaba a menos:
“Aos astros dizei meu mal tão cruel;”27
1
Aos
2
as-
3
tros
4
di-
5
Zei
6
meu
7
mal
8
tão
9
cru-
10
el
11
O verso 431, que, conforme a métrica dos versos do canto VII, seria
decassílabo, não se enquadra nem no sáfico 10 (4, 8, 10): “Só este bem nos deixou
na terra”28
1
Só
2
es-
3
te
4
bem
5
nos
6
dei-
7
xou
8
na
9
ter-
10
ra
5
nos
6
dei-
7
xou
8
na
9
ter-
10
ra
nem no heroico 10 (6, 10):
1
Só
2
es-
3
te
4
bem
É de se crer, portanto, que a fonte de P1 seja DOR e não necessariamente
um original distinto. As lições divergentes consistem em intervenções de Eduardo de
Sá, algumas delas até desnecessárias. Em outras palavras, as variantes não são
autorais. De qualquer forma, após DOR, o “Septenário” seguiu um percurso
genealógico semelhante ao das demais recolhas de P1, sendo incorporados pelas
compilações post-mortem subsequentes, a saber, as duas de Obras poéticas
(OP1/OP2), de Norberto de Souza Silva; Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da
26
MARANHENSE: 1849, p.13
Idem: ibidem, p.20
28
Idem: ibidem, p.26
27
268
Silva Júnior; Poesias (P2), de José Perez; Poesias completas (PC1), de Attílio
Milano; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga; Poesias completas e
reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes; e Poesias completas (PC3),
da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), reproduziu-se diplomaticamente DOR,
por não se ter chegado a uma conclusão acerca da autoria da “Invocação”, em
função das limitações materiais e temporais da pesquisa. A manutenção da lista final
de colaboradores deveu-se à sua importância enquanto documento para
contextualização das condições em que o poema foi publicado na época.
Consignaram-se ainda no aparato as variantes de P1, OP1, OP2, PDL, P2, PC1,
OC, PC2, PC2a, PC2b, PCb e PC3:
4.4.7 Fragmentos de poemas
As duas quadras de [“O diabo desta chave”] encontram-se na introdução de
Cantares brasileiros (CBr), de Alexandre José de Mello Moraes Filho, fonte de José
Ramos Tinhorão para a transcrição dos versos em História social da música popular
brasileira (HSMP). Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do fragmento do
poema com base em CBr, não havendo variantes em HSMP:
269
As duas quadras de [“Eu possuo uma bengala”] foram também recolhidas na
introdução de Cantares brasileiros (CBr), de Alexandre José de Mello Moraes Filho,
mas não constam de História social da música popular brasileira (HSMP), como o
fragmento supramencionado. Além de CBr, [“Eu possuo uma bengala”] aparece
ainda em Raízes da música popular brasileira (RMPB), de Ary Vasconcelos. Nesta
edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em CBr, não havendo
variantes em RMPB:
14
5. O TEXTO DOS POEMAS
5.1. Sigla dos testemunhos
AB – Antologia brasileira: coletânea em prosa e verso de escritores nacionais
Ac – O acadêmico periódico científico, literário especialmente médico
AEB – Antologia escolar brasileira
AL55 – Almanaque de lembranças luso-brasileiro para 1855
AL58 – Almanaque de lembranças luso-brasileiro para 1858
AL59 – Almanaque de lembranças luso-brasileiro para 1859
AMBM – As mais belas modinhas
AMT – Artistas do meu tempo. Seguidos de um estudo sobre Laurindo Rabello
AN – Antologia nacional: coleção de excertos dos principais escritores da língua
portuguesa do 20º ao 13º século
AP – Antologia pornográfica
AS – Antologia da serenata: um século de canções, luar e violão
CB – A cantora brasileira: nova coleção de hinos, canções e lundus tanto amorosos
como sentimentais precedidos de algumas reflexões sobre a música no Brasil
CB2 – A cantora brasileira: nova coleção de hinos, canções e lundus tanto
amorosas como sentimentais precedidas de algumas reflexões sobre a música
no Brasil [2.ed.]
15
CBr – Cantares brasileiros: o cancioneiro fluminense
CBra1 – Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas
e lundus sentimentais [1.ed.]
CBra2 – Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas
e lundus sentimentais [2.ed.]
CBra3 – Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas
e lundus sentimentais [3.ed.]
CF – Cancioneiro fluminense
CLB – Cantor luso-brasileiro
CLBr – Curso de literatura brasileira: escolha de vários trechos em prosa e verso de
autores nacionais
CM – Cantor de modinhas brasileiras
CMa – Correio da manhã
CMP – Cancioneiro de músicas populares
CPM – Cancioneiro popular moderno
CPMB – Cancioneiro popular de modinhas brasileiras
DRJ – Diário do Rio de Janeiro folha política, literária e comercial
Es – O espelho revista de literatura, modas, indústria e artes
FM – Fatos e memórias
16
HSMPB – História social da música popular brasileira
LA – Lira de Apolo: jornal de modinhas, lundus, recitativos, versos para fadinhos,
etc., etc.
LC – A lira do capadócio
LDC – Lirismos dum capadócio: moderníssima coleção das melhores poesias,
canções, lundus, recitativos, fadinhos e serenatas
LPB – Lira popular brasileira: completa e escolhida coleção de modinhas, recitativos,
lundus, duetos, canções e poesias
LT – Lira do trovador: coleção de modinhas, lundus, recitativos e canções
MF – Marmota fluminense jornal de modas e variedades
OC – Obras completas de Laurindo José da Silva Rabello (poesias, prosa e
gramática) [organização de Osvaldo de Melo Braga]
OP1 – Obras poéticas [organização de Joaquim Norberto de Souza Silva; 1.ed.]
OP2 – Obras poéticas [organização de Joaquim Norberto de Souza Silva; 2.ed.]
OPL – Obras poéticas livres
OS – O sorriso: jornal de modinhas, recitativos, lundus e poesias diversas
P1 – Poesias [organização de Eduardo de Sá Pereira de Castro]
PDL – Poesias do dr. Laurindo [organização de Manoel Francisco Dias da Silva
Júnior]
P2 – Poesias [organização de José Perez]
17
PB – Poesia brasileira: romantismo
PC1 – Poesias completas de Laurindo Rabello [organização de Attílio Milano]
PC2 – Poesias completas [organização de Antenor Nascentes; 1.ed.]
PC2a – Poesias completas de Laurindo Rabello [organização de Antenor Nascentes;
2.ed.]
PC2b – Poesias completas de Laurindo Rabello [organização de Antenor Nascentes;
3.ed.]
PC3 – Poesias completas [organização de Ângela di Stasio para o Departamento
Nacional do Livro da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro]
PPB – Panorama da poesia brasileira [v.2: o romantismo]
PR – Poesia romântica brasileira
PRo – Poetas românticos brasileiros
RB – Revista brasileira
RMPB – Raízes da música popular brasileira
SB – O sino dos barbadinhos jornal político joco-Sério
SBC – Serões baianos: coleção de recitativos, modinhas e canções
SNC – Serenatas: novíssima coleção
SS – Serenatas e saraus: coleção de autos populares, lundus, recitativos, modinhas,
duetos, serenatas, barcarolas e outras produções brasileiras antigas e modernas
18
TB – Trovador brasileiro ou novíssimo cantor de modinhas
TCM – Trovador: coleção de modinhas, recitativos, arias, lundus, etc.
TM1 – O trovador marítimo explêndida coleção de modinhas, recitativos, lundus,
canções, cançonetas, poesias, tangos e fadinhos marítimos; monólogos, etc.,
etc.
TM2 – Trovador marítimo ou lira do marinheiro
Tr1 – Trovas [1.ed.]
Tr2 – Trovas [2.ed.]
Trd – Trovador: jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances, árias,
canções, etc., etc.
VJ – A voz da juventude
15
5.2. Normas de edição
5.2.1. Plano de organização dos poemas
O estabelecimento do texto dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello seguiu
o princípio da crítica textual conhecido por lectio melioris codicis potior, que em
português significa ‘a lição do melhor testemunho é preferível’. As razões que
determinaram a eleição dos melhores testemunhos consignaram-se em “4.4.
Estema”. No entanto, convém aqui retomar de forma esquemática que testemunho
foi tomado como texto-base para qual poema, a fim de se justificar o plano de
organização dos poemas constantes do segundo volume desta edição crítica.
Nesta edição, optou-se pela ordenação de poemas em função da
confiabilidade do texto-base. Assim sendo, encabeçam o elenco os poemas cujos
testemunhos mais remotos localizados contou com a supervisão do autor. É o caso
dos títulos publicados nas primeira e segunta edições de Trovas (1853-1855):
01. “O que são meus versos”
02. “O meu segredo”
03. “O gênio e a morte”
04. “No álbum duma senhora”
05. “Estragos de amor”
06. “A minha resolução”
07. “A linguagem dos tristes”
08. “Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França”
09. “Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz
Barretto”
10. “Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut”
11. “Adeus ao mundo”
12. “A minha vida”
13. “O que sou e o que serei”1
1
Convém salientar novamente que “O que sou e o que serei” não é de autoria de Laurindo Rabello,
mas mantém relação dialógica com “Amor e lágrimas”, que o segue, razão para ter sido incluído pelo
autor em Trovas. Esta edição, portanto, apresenta, além dos dois fragmentos, cento e cinquenta
poemas, um a mais que a lista corrida de “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”, em que
foram elencados apenas os poemas atribuídos a Laurindo Rabello.
16
14. “Amor e lágrimas”
15. “A saudade branca”
16. “Ao meu amigo e mestre o senhor Francisco Moniz Barretto”
17. “Hei de mártir de amor morrer te amando”
18. “É carpir, delirar, morrer por ela”
19. “Soneto [“Geme geme mortal infortunado”]”
20. “A uma senhora”
21. “À Sra. Marieta Landa”
22. “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]”
23. “À mesma senhora [“Alcione perdido o esposo amado”]”
24. “À Bahia”
Em O sino dos barbadinhos (1849):
25. “Feliz-asno”
26. “Maneco e os moleques”
27. “Apólogo”
Em A voz da juventude (1850):
28. “Delírio e ciúme”
Em O acadêmico (1855):
29. “Flores murchas”
Em Marmota fluminense (1855-1859):
30. “Outra [“As Potências do Occidente”]”
31. “Rondó”
32. “Charadas [“Toda vez que ela vem”]”
33. “Outra [“Fui fazer minha morada”]”
34. “Aos annos de um respeitável ancião”
35. “À D. Carlota Leal Milliet”
17
36. “Dous impossíveis”
37. “Mote [“Beijo a mão que me condemna”]”
38. “Teus olhos”
39. “Que mais desejas”
40. “As lágrimas”
41. “Ao octagésimo segundo anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da
Trindade”
42. “Saudades”
43. “Epigramma [“Tratou Maria os meus versos”]”
44. “Ao baptismo de dous meninos”
45. “Colchea [“Um só momento de amor”]”
46. “Outra [“Uma ingrata, uma inconstante”]”
47. “Mote [“Um pensamento de morte”]”
48. “À minha terra natal”
49. “Epístola”
E em O espelho:
50. “O desalento”
51. “À morte de Junqueira Freire”
52. “As duas redempções”
Após esses, seguem-se os poemas publicados em testemunhos que não
contaram com a supervisão do autor, visto serem post-mortem. Em alguns casos,
esses poemas podem ter lhe sido atribuídos indevidamente, como já observado. Eis
a relação discriminada por testemunho:
No Diário de Rio de Janeiro (11/10/1864):
53. “Canto do cisne”
Em Trovador: jornal de modinhas (1869):
54. “Quanto pode um beijo teu”
55. “Se eu fora poeta”
18
56. “Trovador”
Em Lira de Apolo (1869-1875):
57. “Riso e morte”
58. “Perdeu a flor de meus dias”
59. “Já dei tudo o que tinha”
60. “Se me adoras”
61. “É aqui! bem vejo a campa”
62.. “Adeus… adeus… é chegada”
Em Trovador: coleção de modinhas (1876):
63. “O banqueiro”
64. “Acabou-se a minha crença”
65. “Eu sofro angústias me sufocar”
66. “O cego”
67. “O espectro”
68. “Foi em manhã d’estio”
Em A cantora brasileira (1878):
69. “Quando a teus olhos”
70. “Não tem dó do meu penar”
Em Cantares brasileiros (1900):
71. “O estudante e a lavadeira”
72. “O namorado sem dinheiro”
Acrescem ainda as recolhas de organizadores de compilações post-mortem e
colaboradores, cujas fontes não foram identificadas na inventio desta pesquisa. A
19
qualidade e autenticidade autoral desses poemas devem ser, portanto, tributadas
aos responsáveis pelas recolhas, publicadas em compilações post-mortem de
poemas atribuídos Laurindo Rabello ou em pequenos artigos. Correspondem a
esses casos
1. As recolhas de Eduardo de Sá, publicadas em Poesias (1867):
73. “Mote [“Soa o bronze expira o dia”]”
74. “Mote [“Junto de uma sepultura”]”
75. “[“Quebrou o amor por despeito”]”
76. “Outra [“Um cartucho de confeito”]”
77. “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”
78. “Mote [“Pagode sem bebedeira”]”
79. [“Se não é dado o ser médico aos poetas”]
80. [“Cada um de nós no mundo”]
81. “Não posso mais!”
82. “Aos annos de minha madrinha”
83. “Mote improvisado em uma reunião patriótica”
84. “Bando”
85. “Improviso na occasião de ver terras do Rio de Janeiro”
86. “Ao dia de finados”
87. “Himno”
88. “Mote à minha mulher”
2. As recolhas de Dias da Silva Júnior, publicadas em Poesias do dr. Laurindo
(1877):
89. “Ciúme e razão”
90. “O tempo”
91. “Que desconsolo!”
92. “Mote [“Ainda no mar do ciúme”]”
93. “Angústia”
3. As recolhas de Vale Cabral, publicadas na Revista brasileira (1880):
20
94. “A romã”
95. “O jornaleiro”
4. As recolhas de compilador anônimo, publicadas em Obras poéticas livres
(1882):
96. “Mote [“Junto a uma clara fonte”]”
97. “Décima [“Certa mulher de um marquês”]”
98. “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”
99. “Mote [“Porra no cú não é festa”]”
100. “Outro [“Nariz no cú não é festa”]”
101. “Mote [“Você diz que arromba, arromba”]”
102. “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”
103. “Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”
104. “Mote [“Marcianna com ciúmes”]”
105. “Mote [“Quem Feliz-asno se chama”]”
106. “Outra [“Do nosso animal a fama”]”
107. “Outra [“Assim como um galho é rama”]”
108. “Outro [“Priapo teve um ataque”]”
109. “Mote [“As Graças servem à mesa”]”
110. “Outro [“As Graças mostram o cu”]”
111. “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”
112. “Outra [“Caralho grosso e de arromba”]”
113. “Ao rego”
114. “Mote [“De putas uma remessa”]”
115. “Outro [“Alma pura e rosto d'anjo”]”
116. “Mote [“Uma amizade sincera”]”
117. “Décima [“Por aqui uma só vez”]”
118. “Mote [“Pode apalpar ode ver”]”
119. “Soneto [“A fêmea capichaba deu entrada”]”
120. “Sátira a um ministro”
121. “Mote [“Sebo! caguei! 'stou zangado!”]”
122. “Décima [“No A B C de cupido”]”
21
123. “Mote [“Cupido rei dos amantes”]”
124. “Mote [“A pombinha de meu bem”]”
125. “Mote [“Os culhões de José Felix”]”
126. “As rosas do cume”
127. “Mote [“Estava eu mete não mete”]”
128. “Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]”
129. “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”
130. “Mote [“Como vens tão vagarosa”]”
131. “Mote [“Os segredos do caralho”]”
132. “Mote [“Daqui não há de sair”]”
133. “Outra [“Estou com Márcia uma hora”]”
134. “Diálogo”
135. “Mote [“A mulata quando fode”]”
136. “Outra [“Aqui d'el-Rei! quem me acode!”]”
137. “Outra [“Dá de rabo quanto pode”]”
138. “Outra [“Neste mundo ninguem pode”]”
139. “A fructa”
5. As recolhas de Alexandre José de Melo Morais Filho, publicadas em
Artistas do meu tempo. Seguidos de um estudo sobre Laurindo Rabello (1904) e em
Memórias do Largo do Rocio (1904):
140. [“Dizem que a Morte e Maurício”]
141. “Mote [“Dois corações que se amam”]”
142. [“Para do mundo dar completo cabo”]
143. [“Para mostrar quanto é grande”]
144. [“A peça Degolação”]
145. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”]
146. [“Em Landa vejo patente”]
6. As recolhas de Leôncio Correia, publicadas no Correio da Manhã (1944):
147. [“Cravo, rosa, em jarra fina”]
148. [“Causa pena e causa espanto”]
22
Após as recolhas, editou-se a modinha “Moreninha”2, não recolhida por
nenhum compilador ou colaborador. Como já observerado, o poema foi localizado,
em codex unicus, numa partitura avulsa depositada na Divisão de Música da
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, cujas informações bibliográficas detalharamse em “4.1. Inventário testemunhal”.
O “Septenário poético” é o centésimo quinquagésimo e último poema editado
no segundo volume desta tese. Seu texto foi fixado com base na edição de 1849, em
função de a pesquisa, por limitações materiais e temporais, não ter chegado a uma
conclusão segura acerca da supressão da “Invocação” operada por Eduardo de Sá
Pereira de Castro. Ao final do volume, editaram-se os dois fragmentos de poema [“O
diabo desta chave”] e [“Eu possuo uma bengala”] a partir da lição de Cantares
brasileiros (1900), cancioneiro de modinhas e lundus organizado por Alexandre José
de Mello Moraes Filho, que por primeiro os publicou. Tais fragmentos circulam em
livros sobre música popular brasileira também alcunhados de “Lundu da chave” e
“Lundu da bengala”.
5.2.2. Emendas ao texto-base
Poucas foram as situações em que o texto-base careceu de emendas,
empregando-se para tanto o princípio da res metrica, ou seja, da técnica
versificatória, a exemplo de versos com sílabas métricas a mais ou a menos.
Examinem-se os casos.
a) “Delírio e ciúme”, publicado em A voz da juventude (1850):
 verso 52: ““Vossa tirannica angélica pintura”, inadequação3 ao esquema do
decassílabo, tanto sáfico quanto heroico
Vos-
2
sa
ti-
ran-
ni-
c’an-
7
gé-
li-
ca
pin-
11
tu-
ra
“Moreninha”, portanto, corresponde ao centésimo quadragésimo nono poema constante do segundo
volume desta edição crítica.
3
Impossibilidade de sinalefa/compensação com o verso anterior para redução de uma sílaba métrica
até o acento interno primário, pois há fonema consonantal ao fim do verso 51 e ao início do 52.
23
Emendado para “Vossa tiranna angélica pintura”:
Vos-
sa
ti-
ran-
6
gé-
n’an-
li-
ca
10
tu-
pin-
ra
b) “Flores murchas”, publicado em O acadêmico (1855):
 verso 122: “Que tem com a flor, que às almas venturosas”, inadequação4
ao esquema do decassílabo, tanto sáfico quanto heroico:
Que
tem
com
a
flor
qu’as
7
al-
mas
ven-
11
ro-
tu-
sas
Emendado para “Que tem co’a flor, que às almas venturosas”:
Que
tem
co’a
flor
6
al-
qu’as
mas
ven-
tu-
10
ro-
sas
c) Recolhas de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, publicadas em
Poesias do dr. Laurindo (1877):
1. “Ciúme e razão”
 verso 30, “Do coração as fibras me lauram”: na lição de PDL, inadequação
ao esquema do decassílabo heroico:
Do
co-
ra-
ção
6
fi-
as
bras
me
9
lau-
ram
Emendado para “Do coração as fibras me laceram”, optando-se pela lição de
PC2, que se enquadra no decassílabo heroico:
Do
co-
ra-
ção
as
6
fi-
bras
me
10
ce-
la-
ram
2. “Angústia”
 verso 15, “A felicidade me acena”: inadequação ao esquema do
heptassílabo:
A
4
fe-
li-
Idem ao caso anterior.
ci-
da-
de
m’a-
8
ce-
na
24
Emendado para “A f’licidade me acena”:
A
f’li-
ci-
da-
de
m’a-
7
ce-
na
d) Nos poemas localizados em Trovador – colecção de modinhas, recitativos,
árias, lundus, etc. (1876):
1. “O espectro”
 o verso 18, “Buído enterra neste peito”, na lição de TCM, apresenta
inadequação ao esquema do heptassílabo, a menos que não se faça o hiato em
‘Buído’:
Bu-
í-
d’en-
ter-
ra
nes-
8
pei-
te
to
Emendado para “Fundo enterra no meu peito”, pela a lição de CB e LT, por se
enquadrar melhor na métrica:
Fun-
d’en-
ter-
ra
no
meu
7
pei-
to
 verso 25, “Ei-lo… ali… com o mesmo ferro”: inadequação ao esquema do
heptassílabo:
Ei-
l’a-
li
com
o
mes-
8
fer-
mo
ro
Emendado para “Ei-lo… ali… co’o mesmo ferro”:
Ei-
l’a-
li
co’o
mes-
mo
7
fer-
ro
e) Recolhas de compilador anônimo, publicadas em Obras poéticas livres
(1882):
1. “Mote [“Junto a uma clara fonte”]”
25
 verso 09, “Dei com uma ninfa agachada”: inadequação ao esquema do
heptassílabo:
1
Dei
2
com
3
u-
4
ma
5
nin-
6
f’a-
7
ga-
8
cha-
9
da
Emendado para “Dei co’uma ninfa agachada”:
1
Dei
2
co’u-
3
ma
4
nin-
5
f’a-
6
ga-
7
cha-
8
da
2. “Mote [“Porra no cu não é festa”]”
 verso 01, “Em noute do Espírito Santo”: inadequação ao esquema do
heptassílabo:
1
Em
2
nou-
3
te
4
d’Es-
5
pí-
6
ri-
7
to
8
San-
9
to
Emendado para “Em noute do Esp’rito Santo”:
1
Em
2
nou-
3
te
4
d’Es-
5
pri-
6
to
7
San-
8
to
3. “Outro [“As Graças mostram o cu”]”
 verso 26, “Batendo com as mãos no cu”: inadequação ao esquema do
heptassílabo:
1
Ba-
2
ten-
3
do
4
com
5
as
6
mãos
7
no
8
cu
Emendado para “Batendo co’as mãos no cu”:
1
Ba-
2
ten-
3
do
4
co’as
5
mãos
6
no
7
cu
26
 verso 26, “E tanto buliu com a mão”: inadequação ao esquema do
heptassílabo:
1
E
2
tan-
3
to
4
bu-
5
liu
6
com
7
a
8
mão
Emendado para “E tanto buliu co’a mão”:
1
E
2
tan-
3
to
4
bu-
5
liu
6
co’a
7
mão
4. “Mote [“A pombinha de meu bem”]”
 verso 01, “Na chácara não sei de quem”: inadequação ao esquema do
heptassílabo:
1
Na
2
chá-
3
ca-
4
ra
5
não
6
sei
7
de
8
quem
Emendado para “Na chac’ra não sei de quem”:
1
Na
2
cha-
3
c’ra-
4
não
5
sei
6
de
7
quem
5. “Diálogo”
 verso 44, “Aplaca do caralho a chamma”: inadequação ao esquema do
heptassílabo:
1
A-
2
pla-
3
ca
4
do
5
ca-
6
ra-
7
lh’a
8
cham-
9
ma
Emendado para “Aplaca do c’ralho a chamma”:
1
A-
2
pla-
3
ca
4
do
5
c’ra-
6
lh’a
7
cham-
8
ma
27
6. OUTRA [“Neste mundo ninguém pode”]
 verso 07, “Só se pode experimentar”: inadequação ao esquema do
heptassílabo:
1
Só
2
se
3
po-
4
d’ex-
5
pe-
6
ri-
7
men-
8
tar
Emendado para “Só se pode exp’rimentar”:
1
Só
2
se
3
po-
4
d’ex-
5
p’ri-
6
men-
7
tar
Existem ainda os casos de erros óbvios, como gralhas tipográficas, já que
grande parte da obra poética de Laurindo Rabello não foi editada sob seus cuidados,
sem contar os poemas publicados nas páginas de periódicos. É mister sublinhar que
a precariedade técnica e material do sistema tipográfico do século XIX, além da
dinâmica de impressão própria de um periódico, contribuía para que alterações
involuntárias se inserissem nos textos mais frequentemente do que em livros. Eis a
relação de emendas ao texto-base em função de errores obvii:
1. ne > no (p.54, l.22)
2. nosaleva > nos leva (p.105, l.40)
3. inspira > expira (p.112, l.07)
4. todas vez > toda vez (p.118, l.03)
5. apaixanada > apaixonada (p.126, l.13)
6. no o pranto > no pranto (p.132, l.32)
7. Deou > Deus (p.142, l.19)
8. ardento > ardente (p.147, l.36)
9. aborrrce > aborrece (p.167, l.19)
10. receis > receies (p.169, l.19)
11. ablar > abalar (p.191, l.36)
12. é > és (p.198, l.15)
13. graça > grassa (p.256, l.32)
14. Greças > Graças (p.267, l.03)
15. eeo > céu (p.284, l.26)
28
16. chepéu > chapéu (p.296, l.14)
17. parcce > parece (p.303, l.13)
18. o do povo > e do povo (p.335, l.33)
19. E seu merecimento > O seu merecimento (p.336, l.09)
Nesta edição, buscou-se respeitar ao máximo a apresentação dos poemas no
texto-base, mantendo-se rigorosamente quebra de linha nos títulos e regime de
negritos, itálicos, maiúsculas e minúsculas nos textos. Porém, para fins de
padronização, editaram-se os títulos dos poemas sempre em maiúsculas e negrito,
ficando os subtítulos em itálico e minúsculas, apenas com a inicial em maiúscula.
Informações mais detalhadas quanto ao regime original de itálicos, negritos,
maiúsculas e minúsculas nos títulos dos poemas podem ser consultadas em “4.1.
Inventário testemunhal”. A estrofação seguiu rigidamente o texto-base, utilizando-se
um recurso gráfico para indicar a continuidade da estrofe na página seguinte,
conforme será ilustrado mais adiante nestas normas de edição.
5.2.3. Critérios de simplificação ortográfica
O texto-base dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello em sua grande
maioria pertence a uma fase histórica da ortografia portuguesa em que não havia a
sistematicidade que se conhece hoje, definida por acordos ou reformas ortográficas.
Sendo assim, é comum figurarem duas ou mais formas de se escrever um mesmo
vocábulo, e.g. ‘céo’, ‘ceo’, ‘céu’; ou ainda ‘rasão’, ‘razão’. A simplificação ortográfica,
portanto, torna-se indispensável para que se cumpram exigências
(a) de inteligibilidade e (b) de economia – determinando a primeira um esforço de
explicitação no sentido de superar as limitações que a realidade viva do pensamento
e da fala encontram na representação gráfica, e determinando a segunda uma
redução de recursos, dentro das possibilidades cognitivas, técnicas e científicas, do
tempo e particularmente da tipografia, tudo a fim de que a eficácia gráfica seja obtida
com o menor dispêndio relativo de trabalho e energia (HOUAISS: 1967, p.72)
Por outro lado, Houaiss observa o cuidado de, sem embargo da necessidade
da simplificação, respeitar-se a realidade linguística do autor e da época, sugerindo
alguns fatos que podem ser objeto de simplificação ortográfica sem risco. Nesta
29
edição crítica, foram seguidas a priori tais sugestões e ainda soluções de
simplificação ortográfica empregadas nos trabalhos da Comissão Machado de Assis
para a edição científica de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e
Dom Casmurro, uma vez que tanto esses romances quanto o texto-base dos
poemas atribuídos a Laurindo Rabello datam do período pseudo-etimológico da
ortografia da língua portuguesa, que vai do século XV até 1943, quando do primeiro
acordo ortográfico assinado por Brasil e Portugal.
A orientação ortográfica desta edição crítica pautou-se, por um lado, na
atualização de grafias que seguramente não registram traços linguísticos da época
nem do autor, consignadas nas categorias infra, levando em consideração as regras
de acentuação gráfica vigentes.5
1. Emprego de 'j' e de 'g':
1) bregeiras > brejeiras (l.36, p.96)
2) engeitado > enjeitado (p.90, l.32)
3) geito > jeito (l.05, p.299; l.40, p.29 9; l.11, p.314)
4) geitos > jeitos (l.36, p.177; l.06, p.314)
5) lage > laje (p.30, l.32; l.34, p.99)
6) lisongeiro > lisonjeiro (l.08, p.210)
7) magestade > majestade (p.84, l.18; l.29, p.125; l.36, p.223; l.21, p.232; p.331, l.13;
p.334, l.21)
8) magestosa > majestosa (l.05, p.148)
9) magestoso > majestoso (p.65, l.33)
10) pagem > pajem (l.07, p.97)
11) regeita > rejeita (l.09, p.282)
12) regeitando > rejeitando (l.01, p.127)
2. Emprego de 'ch' e 'x':
1) capichaba > capixaba (p.280, l.03)
2) enchugar > enxugar (p.89, l.17)
3) faxo > facho (p.79, l.14; p.79, l.17)
5
Constituem exceções à atual regra de acentuação gráfica as palavras ‘morréram’ e ‘podér’
[pres.subj.], em que o acento agudo foi mantido pelo fato de provavelmente assinalar timbre vocálico
diferenciado da pronúncia fluminense corrente. Esses casos encontram-se consignados em “15.
Possibilidade de timbre vocálico diferenciado”, com as devidas abonações de página e linha.
30
4) feixára > feichara (p.89, l.12)
5) mecher > mexer (l.08, p.257)
6) phaxas > fachas (p.33, l.14)
7) xiste > chiste (p.200, l.18)
3. Emprego de 'ss', 'c' e 'ç':
1) abrassárão > abrassaram (p.89, l.09)
2) ancia > ânsia (p.52, l.38; p.61, l.31; l.37, p.105; l.32, p.299)
3) anciado > ansiado (l.05, p.138)
4) ancias > ânsias (p.52, l.24; l.27, p.13; l.40, p.104; l.09, p.125; l.16, p.143; l.16,
p.214; l.26, p.218; l.09, p.239; l.06, p.256; l.10, p.257; l.35, p.298)
5) anciosa > ansiosa (l.09, p.149)
6) ancioso > ansioso (p.32, l.30; p.332, l.09)
7) assucar > açúcar (l.04, p.286; l.17, p.286)
8) assucena > açucena (l.23, p.159)
9) cançada > cansada (p.48, l.01; p.63, l.30)
10) cançado > cansado (p.37, l.22; p.74, l.19; l.11, p.115; l.36, p.152; l.05, p.295)
11) cança-se > cansa-se (l.10, p.247)
12) canceira > canseira (l.22, p.298)
13) contradansa > contradança (l.35, p.267)
14) corsel > corcel (l.01, p.99)
15) dansa > dança (l.36, p.267; l.38, p.267; l.39, p.267)
16) descança > descansa (l.16, p.185; l.21 , p.135; l.23, p.149; p.63, l.33)
17) descance > descanse (p.61, l.23)
18) dice > disse (l.04, p.95; l.19, p.101)
19) eça > essa (l.02, p.160)
20) escaço > escasso (l.38, p.120)
21) graça > grassa (l.32, p.256)
22) obcenas > obscenas (l.24, p.265)
23) pretenções > pretensões (p.16, l.19)
24) Rocio > Rossio (l.11, p.265)
25) sinsentas > cinzentas (p.88, l.02)
26) socegado > sossegado (l.07, p.137)
27) socego > sossego (l.04, p.95; l.18, p. 27 2; l.24, p.272; l.02, p.273)
31
28) transsuda > transuda (p.19, l.14)
29) tropessando > tropeçando (p.56, l.10)
4. Emprego de 'h':
4.1. Emprego de 'h-' e nos derivado s prefixais
1) anhelos > anelos (p.67, l.14)
2) deshonestos > desonestos (l.33, p.104)
3) deshonrar > desonrar (l.27, p.278)
4) deshumano > desumano (l.04, p.210)
5) Elesponto > Helesponto (p.79, l.14)
6) exhala > exala (l.11, p.121; p.334, l.19)
7) exhalados > exalados (p.19, l.04; p.328, l.28)
8) exhalam > exalam (p.59, l.23)
9) exhalando > exalando (l.13, p.237; l.24, p.104)
10) exhalão > exalam (l.36, p.229)
11) exhalo > exalo (l.34, p.147)
12) exhorta > exorta (l.25, p.115)
13) hé > é (l.36, p.94)
14) hervanças > ervanças (l.22, p.250)
15) hia > ia (l.12, p.291)
16) hontem > ontem (l.12, p.298)
17) huma > uma (p.16, l.14)
18) humidas > úmidas (p.77, l.42)
19) humido > úmido (p.61, l.33)
20) inhabitado > inabitado (l.04, p.119)
4.2. Emprego de 'h' para indicação de hiato
1) ahi > aí (l.11, p.159; l.19, p.135; p. 63 , l.45; p.63, l.45; p.67, l.19; p.71, l.36; p.153,
l.36)
2) bahiano > baiano (l.02, p.223)
3) bahianos > baianos (l.05, p.223; l.13, p.225)
4) cahe > cai (p.64, l.25)
5) cahe > cai (l.19, p.218)
6) cahe-me > cai-me (l.09, p.139; l.18, p .2 89; l.01, p.290)
7) cahido > caído (p.333, l.23)
32
8) cahindo > caindo (l.04, p.183; p.49, l.40; p.51, l.25)
9) cahio > caiu (l.11, p.100; l.39, p.227; p.330, l.24)
10) cahir (p.88, l.13; l.01, p.183; l.17, p.122; l.18, p.123; l.26, p.115; l.32, p.138; l.27,
p.238; p.76, l.24; p.334, l.25; p.326, l.38; p.335, l.17)
11) cahistes > caístes (l.18, p.108)
12) cahiu > caiu (p.21, l.26; p.36, l.22)
13) cahiu-me > caiu-me (l.31, p.105)
14) cahos > caos (l.12, p.137; l.10, p.137; l.24, p.145; l.33, p.230; p.31, l.20)
15) cohorte > coorte (p.48, l.15)
16) contrahe > contrae (p.88, l.10)
17) dahi > daí (l.24, p.135)
18) d'ahi > daí (l.29, p.250)
19) dir-me-heis > dir-me-eis (p.67, l.24)
20) distrahidos > distraídos (p.20, l.25)
21) encontrar-me-hão > encontrar-me-ão (l.21, p.95)
22) esvahe > esvai (l.17, p.218)
23) prohibe > proíbe (l.11, p.238; l.12, p.238; p.73, l.27)
24) reprehendendo-a > repreendendo-a (l.12 , p.214)
25) sahido > saído (p.71, l.19)
26) sahir > sair (l.03, p.296; l.16, p.296 ; l.12, p.297)
27) sahiu > saiu (p.31, l.20)
28) sobressahem > sobressaem (p.34, l.03)
29) trahiu > traiu (p.20, l.37)
30) vehemencia > veemência (l.10, p.234; l.15, p.234; l.28, p.96; p.66, l.33)
31) vehemente > veemente (l.28, p.138)
32) ver-me-heis > ver-me-eis (p.66, l.38; p. 68, l.19; p.68, l.31; p.68, l.35; p.68, l.37)
5. Emprego de 's' e 'z'
1) abraza > abrasa (l.11, p.172; l.30, p.288)
2) accêzos > accesos (p.71, l.12)
3) agonisante > agonizante (p.32, l.35; p .52, l.34)
4) agonisantes > agonizantes (p.50, l.03)
5) agonisou-me > agonizou-me (p.27, l.05)
33
6) amisade > amizade (l.03, p.276; l.11, p. 276; l.15, p.276; l.09, p.160; l.34, p.113;
p.16, l.19; p.42, l.20; p.57, l.28)
7) amorozo > amoroso (l.23, p.172)
8) apezar > apesar (l.21, p.159; l.08, p.223; l.16, p.225)
9) apoz > após (l.23, p.238)
10) assás > assaz (l.07, p.166)
11) asul > azul (p.48, l.13; p.68, l.15)
12) asulado > azulado (p.23, l.09; p.26, l.20)
13) atraz > atrás (p.22, l.28)
14) azas > asas (l.03, p.139; l.02, p.142; l.22, p.130; l.11, p.135; l.07, p.239; l.18,
p.190; l.29, p.238; p.22, l.22; p.27, l.14; p.43, l.28; p.50, l.37; p.53, l.34; p.71, l.38;
p.74, l.02; p.325, l.20; p.335, l.36)
15) azilas > asilas (p.321, l.13)
16) baixesa > baixeza (p.88, l.37)
17) Balthazares > Baltasares (l.16, p.123)
18) baptisada > baptizada (p.71, l.08)
19) bellesa > beleza (p.26, l.16)
20) bemfaseja > benfazeja (l.23, p.239)
21) brazão > brasão (l.27, p.97)
22) Brazil > Brasil (l.10, p.301; p.329, l.23)
23) brazileiro > brasileiro (l.04, p.280; p.326, l.24; p.329, l.30)
24) briza > brisa (l.14, p.180; p.87, l.41)
25) brizas > brisas (p.76, l.32)
26) cinsas > cinzas (l.35, p.113)
27) confuzão > confusão (l.19, p.96)
28) cosinha > cozinha (l.19, p.93)
29) defeza > defesa (l.17, p.115)
30) depozita > deposita (p.34, l.06)
31) depuzeram > depuseram (l.07, p.238)
32) deslisa > desliza (l.03, p.124)
33) despezas > despesas (p.16, l.16)
34) despresa > despreza (p.40, l.17; p.40, l .35; p.41, l.15)
35) despresado > desprezado (p.18, l.38)
36) despreso > desprezo (l.12, p.94; l.13, p .153; p.61, l.01)
34
37) desprêso > desprezo (p.53, l.01; p.80, l .24)
38) despresou-o > desprezou-o (p.53, l.01)
39) diser > dizer (p.57, l.13)
40) ellezos > elesos (p.89, l.06)
41) empavezado > empavesado (l.12, p.282)
42) empreza > empresa (l.27, p.247)
43) enteza > entesa (l.08, p.283)
44) entezado > entesado (l.10, p.259)
45) espesinhar > espezinhar (l.12, p.245)
46) fertilisa > fertiliza (p.87, l.28)
47) fiseste (p.321, l.24; p.321, l.28; p.322, l.15; p.322, l.19)
48) floresinhas > florezinhas (p.62, l.28; p .62, l.31)
49) frizo > friso (p.33, l.19)
50) gaz > gás (l.22, p.271; p.43, l.21)
51) gosa > goza (p.65, l.10)
52) gose > goze (l.12, p.289)
53) gosos > gozos (l.40, p.237; p.44, l.01 ; p.88, l.30)
54) harmonisa > harmoniza (l.21, p.125)
55) horisonte > horizonte (p.19, l.09; p.26. l.20; p.74, l.27; p.326, l.37; p.326, l.51)
56) horisontes > horizontes (l.15, p.137; p.42, l.14)
57) hospitalisado > hospitalizado (l.25, p.221)
58) indisivel > indizível (l.23, p.125)
59) jasigo > jazigo (l.07, p.152)
60) juz > jus (l.18, p.221)
61) lusente > luzente (p.30, l.36)
62) marquez > marquês (l.03, p.252)
63) martyrisa > martiriza (l.19, p.125)
64) matisada > matizada (p.68, l.14)
65) mez > mês (l.07, p.277)
66) meza > mesa (l.16, p.156; l.19, p.265; l .31, p.298; l.03, p.265)
67) muzas > musas (l.19, p.93)
68) naturesa > natureza (l.35, p.105; p.24, l.22; p.24, l.35)
69) nobresa > nobreza (l.30, p.94)
70) paiz > país (l.10, p.262)
35
71) pezada > pesada (l.10, p.152)
72) pezar > pesar (l.09, p.193; l.12, p.152; p.330, l.09; p.331, l.03)
73) pezares > pesares (p.334, l.42)
74) pizes > pises (l.09, p.106)
75) poezia > poesia (l.01, p.154; l.23, p.155)
76) portugueza > portuguesa (l.05, p.124)
77) poz > pôs (p.72, l.17; p.101, l.17)
78) pôz > pôs (p.72, l.37)
79) poz-lhe > pôs-lhe (l.13, p.259)
80) poz-me > pôs-me (l.10, p.252)
81) pôz-se > pôs-se (l.13, p.186)
82) prasa > praza (p.64, l.25)
83) praser > prazer (l.29, p.111; p.43, l.07 ; p.51, l.06; p.67, l.04; p.71, l.01; p.71, l.17)
84) praso > prazo (l.29, p.109; l.32, p.110)
85) presado > prezado (p.45, l.11)
86) prizão > prisão (p.71, l.01)
87) puz > pus (l.03, p.259; l.11, p.259)
88) puzerão > puseram (l.15, p.264)
89) puzesse > pusesse (l.24, p.306)
90) puz-me > pus-me (l.24, p.250; l.11, p.282)
91) quiz > quis (l.11, p.253; l.12, p.255; l.09, p.262; l.10, p.291; p.75, l.02; p.329, l.42)
92) quizer > quiser (l.05, p.278; l.41, p.278; l.09, p.278; p.47, l.46)
93) quizera > quisera (l.42, p.33; l.13, p.163; l.04, p.164; l.16, p.164; l.24, p.110; l.25,
p.189)
94) quizerem > quiserem (l.22, p.95)
95) quizeres > quiseres (l.11, p.162)
96) quizesse > quisesse (l.07, p.95; l.31, p.238)
97) quiz-me > quis-me (l.14, p.296)
98) rasão > razão (l.10, p.297; l.42, p.300; l.12, p.103; l.35, p.103; l.02, p.105; l.13,
p.94; l.42, p.94; l.25, p.110; l.43, p.111; p.52, l.04; p11, l.13; p.25, l.14; p.25, l.26)
99) resar > rezar (l.22, p.95; p.89, l.33)
100) riquesas > riquezas (p.46, l.18)
101) rizo > riso (p.27, l.20)
102) sedusidos > seduzidos (p.35, l.32)
36
103) sinsentas > cinzentas (p.88, l.02)
104) sosinho > sozinho (l.08, p.186)
105) surpreza > supresa (l.36, p.289)
106) tapisa > tapiza (p.25, l.22)
107) tezão > tesão (l.27, p.265; l.16, p.276; l.03, p.258; l.11, p.258)
108) tezo > teso (l.14, p.251)
109) trasel-o > trazê-lo (p.58, l.07)
110) trazeira > traseira (l.25, p.298)
111) trazeiro > traseiro (l.10, p.280; l.39, p.284)
112) tristesa > tristeza (l.20, p.111; p.29, l.15; p.42, l.23)
113) vasar > vazar (l.32, p.300)
114) visinha > vizinha (l.27, p.94)
115) vizão > visão (p.90, l.04)
6. Consoantes dobradas
6.1. 'ff'
1) affague > afague (l.42, p.104)
2) affecto > afecto (l.08, p.239; l.28, p.148; p.22, l.27; p.67, l.07; p.72, l.22)
3) affectos > afectos (l.30, p.120; l.39, p.238; l.08, p.239; p.334, l.13)
4) affeição > afeição (l.14, p.159; l.22, p.167; l.23, p.94)
5) affeições > afeições (p.68, l.32)
6) affeito > afeito (l.13, p.109)
7) afflição > aflição (l.06, p.166; l.12, p.185; l.21, p.260; p.78, l.15; p.334, l.36; p.334,
l.36)
8) afflicta > aflicta (l.37, p.105; p.35, l.34; p.50, l.04; p.79, l.19; p.328, l.48; p.334,
l.35)
9) afflictas > aflictas (l.22, p.105)
10) afflicto > aflicto (l.02, p.154; l.04, p.136; l.16, p.209; p.23, l.17; p.334, l.14; p.326,
l.16; p.326, l.16; p.335, l.03)
11) affligir > afligir (l.08, p.297; p.335, l.12)
12) affogado > afogado (p.27, l.29)
13) affogaram-me > afogaram-me (p.60, l.26)
14) affronta > afronta (l.36, p.218)
15) affundara > afundara (p.60, l.28)
37
16) coffre > cofre (p.77, l.29)
17) d'afflicção > d'aflicção (p.37, l.04)
18) deffende > defende (l.08, p.141)
19) deffende-os > defende-os (l.19, p.142)
20) deffendia > defendia (p.50, l.33)
21) differente > diferente (l.08, p.281)
22) difficil > difícil (p.89, l.16)
23) difficuldade > dificuldade (p.16, l.17)
24) diffunde > difunde (l.26, p.231)
25) indifferença > indiferença (l.04, p.140; p.38, l.07; p.61, l.26)
26) off'rece > of'rece (p.18, l.26)
27) offende > offende (p.34, l.01)
28) offende-los > ofendê-los (l.08, p.160)
29) offender-te > ofender-te (l.35, p.147)
30) offendi > ofendi (p.331, l.13)
31) offendida > ofendida (l.11, p.126)
32) offensa > ofensa (l.09, p.133; l.18, p.15)
33) offerece > oferece (l.08, p.93)
34) offerecida > oferecida (p.70, l.11; p.72, l.11)
35) offerecido > oferecido (l.03, p.108; p.49, l.12)
36) offereço-vos > ofereço-vos (p.17, l.16)
37) offertar > ofertar (l.06, p.163; l.18, p.164)
38) offertara (p.330, l.17)
39) official > oficial (l.10, p.294)
40) officio > ofício (p.82, l.25)
41) offusque > ofusque (l.32, p.135)
42) soffre > sofre (l.17, p.223; p.67, l.27)
43) soffregos > sôfregos (p.53, l.21)
44) soffrer > sofrer (l.07, p.208; p.66, l.42; p.326, l.18)
45) soffrerei > sofrerei (l.17, p.219)
46) soffres > sofres (l.05, p.166)
47) soffri > sofri (l.11, p.110)
48) soffrimento > sofrimento (p.27, l.27; p. 43, l.27)
49) soffro > sofro (l.01, p.180; l.03, p.1 80 )
38
50) suffoca > sufoca (l.37, p.105; p.331, l.46)
51) suffocados > sufocados (l.26, p.242; l.29, p.112)
52) suffocamos > sufocamos (l.11, p.230)
53) suffocar > sufocar (l.01, p.180; l.04, p.180)
6.2. 'gg'
1) aggrava > agrava (l.24, p.156)
2) aggravo > agravo (l.10, p.156; p.41, l.20)
3) exaggera > exagera (l.30, p.149)
4) exaggerado > exagerado (l.28, p.15)
5) suggere > sugere (p.334, l.34)
6.3. 'll'
1) allegria > alegria (l.15, p.207)
2) alli > ali (l.01, p.185; l.17, p.306; l.32, p.298; l.33, p.298; l.17, p.265; l.23,
p.250; l.20, p.251; l.21, p.209; l.38, p.228)
3) alliança > aliança (p.326, l.48)
4) alliviar > aliviar (l.42, p.192)
5) allivios > alívios (l.37, p.148)
6) allumiava > alumiava (l.33, p.289)
7) anniquillam > anniquilam (p.38, l.30)
8) Appollo > Apolo (l.09, p.268; l.05, p.265; l.10, p.266; l.15, p.266; l.20, p.266;
l.05, p.265; l.41, p.267; l.02, p.268; l.18, p.93)
9) aquella > aquela (l.03, p.127; l.38, p.145; l.03, p.295; l.31, p.298; p.49, l.28;
p.49, l.32; p.331, l.22; p.333, l.36)
10)aquellas > aquelas (l.15, p.186)
11)áquellas > àquelas (l.41, p.148)
12)aquelle > aquele (l.08, p.277; l.13, p.286; l.11, p.247; l.27, p.152; l.28, p.152;
l.38, p.141; p.40, l.16; p.40, l.34; p.41, l.14; p.49, l.16; p.49, l.23; p.61, l.25; p.66,
l.44)
13)áquelle > àquele (l.14, p.250)
14)aquelles > aqueles (l.01, p.110)
15)arrepella > arrepela (l.22, p.224)
16)avassalla > avassala (l.38, p.229)
39
17) bella > bela (l.06, p.305; l.40, p.289; l.17, p.293; l.27, p.298; l.10, p.299; l.12,
p.299; l.10, p.265; l.26, p.265; l.04, p.268; l.04, p.250; l.30, p.250; l.07, p.257;
l.15, p.259; l.11, p.137; l.20, p.117; l.12, p.120; l.26, p.220; l.27, p.230; p.84, l.20;
p.85, l.23; p.54, l.12; p.70, l.20; p.322, l.10; p.333, l.10; p.333, l.21; p.333, l.39;
p.326, l.11; p.326, l.36)
18)bellas > belas (l.03, p.213; l.11, p.2 13 ; l.39, p.305; p.30, l.29)
19)bellesa > beleza (p.26, l.16; p.30, l.18; p.30, l.33; p.32, l.12; l.01, p.167; l.05,
p.244; l.14, p.293; l.25, p.207; l.18, p.220)
20)bellissimos > belíssimos (l.07, p.93)
21)bello > belo (l.07, p.148; l.07, p.150; l.20, p.93; l.30, p.103; p.32, l.05; p.59,
l.19; p.71, l.11; p.71, l.16; p.71, l.17; p.326, l.47; p.331, l.41; p.328, l.30)
22)bellos > belos (p.67, l.11)
23)cabello > cabelo (l.05, p.240)
24)cabellos > cabelos (l.18, p.189; p.31, l.23; p.38, l.06)
25)Cancellas > Cancelas (l.08, p.213)
26)capellas > capelas (p.29, l.22)
27)castello > castelo (l.18, p.95)
28)cautella > cautela (l.39, p.289)
29)cavallaria > cavalaria (l.23, p.97)
30)cavalleiros > cavaleiros (l.06, p.97)
31)cavallo > cavalo (l.14, p.100; l.28, p.100; l.35, p.100; l.17, p.101)
32)cavallos > cavalos (l.30, p.96)
33)chrystallinas > cristalinas (p.330, l.11)
34)collecção > colecção (p.16, l.14)
35)collega > colega (l.03, p.108; p.63, l.11; p.66, l.11; p.70, l.11; p.72, l.12)
36)collegio > colégio (l.37, p.245)
37)collo > colo (l.12, p.163; l.19, p.266 ; l.03, p.268; l.25, p.250)
38)collocai-o > colocai-o (p.336, l.06)
39)daquella > daquela (l.18, p.170; l.25, p.156; p.85, l.24)
40)d'aquella > daquela (p.21, l.30)
41)daquellas > daquelas (l.25, p.265)
42)d'aquelle > daquele (l.01, p.238; l.14, p.15; l.21, p.148)
43)daquelle > daquele (l.11, p.255; l.19, p.137; l.28, p.218; l.35, p.227; p.336,
l.02)
40
44)daquelles > daqueles (l.18, p.137)
45)della > dela (l.08, p.305; l.06, p.299; l.17, p.148; l.21, p.237; l.24, p.152; l.29,
p.105; p.331, l.32)
46)d'ella > dela (p.50, l.05; p.52, l.44; p .54, l.02; l.21, p.224; l.42, p.105; p.68,
l.17; p.73, l.18)
47)d'ellas > delas (p.68, l.12)
48)delle > dele (l.04, p.127; l.23, p.298; p.17, l.24)
49)d'elle > dele (l.06, p.237; l.21, p.177; p.40, l.24; p.51, l.25; p.53, l.22)
50)d'elles > deles (l.02, p.110)
51)desfallecida > desfalecida (p.67, l.22)
52)desfallecido > desfalecido (p.18, l.30; p.28, l.43)
53)distilla > distila (l.34, p.238)
54)disvellos > disvelos (l.40, p.103)
55)donzella > donzela (l.05, p.297; l.19, p.156; l.39, p.156; l.25, p.220; p.70, l.16)
56)ella > ela (l.03, p.118; l.45, p.149; l. 07, p.212; l.14, p.214; l.06, p.220; l.20,
p.222; l.10, p.186; l.10, p.191; l.11, p.94; l.22, p.94; l.30, p.94; l.09, p.95; l.27,
p.95; l.22, p.177; l.25, p.284; l.14, p.301; l.07, p.302; l.08, p.303; l.22, p.305; l.29,
p.306; l.05, p.268; l.11, p.282; l.25, p.300; l.24, p.289; l.13, p.291; l.05, p.297;
l.14, p.260; l.16, p.251; l.12, p.253; l.16, p.260; l.28, p.300; l.30, p.108; l.16,
p.111; l.42, p.103; p.26, l.43; p.41, l.07; p.57, l.08; p.61, l.37; p.68, l.29; p.73, l.14;
p.79, l.20; p.80, l.10; p.80, l.30)
57)ellas > elas (l.12, p.213; l.11, p.228 ; l.18, p.271; l.19, p.123; p.61, l.06)
58)elle > ele (l.07, p.279; l.29, p.284; l.28, p.294; l.11, p.253; l.15, p.256; l.16,
p.108; l.21, p.237; l.23, p.122; l.28, p.228; l.30, p.177; p.17, l.19; p.24, l.07; p.26,
l.09; p.30, l.34; p.32, l.24; p.33, l.32; p.49, l.19; p.55, l.32; p.57, l.12; p.63, l.25;
p.64, l.21; p.66, l.38; p.330, l.21; p.330, l.24; p.325, l.46)
59)elles > eles (l.02, p.97; l.09, p.160; l.25, p.123; l.26, p.141; l.41, p.104; l.43,
p.112; p.48, l.07; p.60, l.14; p.329, l.27; p.332, l.16; p.332, l.38)
60)ellezos > elesos (p.89, l.06)
61)escalpello > escalpelo (l.11, p.313)
62)esfolla > esfola (l.29, p.298)
63)esporradella > esporradela (l.16, p.259)
41
64)estrella > estrela (l.06, p.219; l.05, p.222; l.19, p.222; l.08, p.150; l.15, p.142;
l.30, p.137; l.32, p.137; l.42, p.137; l.08, p.164; l.27, p.166; l.13, p.155; p.63, l.35;
p.80, l.26)
65)estrellas > estrelas (l.23, p.137; l.24, p.137; p.60, l.01; p.331, l.27)
66)estrellas-sóes > estrelas-sóis (l.15, p.231)
67)excellencia > excelência (l.29, p.96)
68)excellente > excelente (l.06, p.157; l.12, p.93; l.23, p.95)
69)falla > fala (l.20, p.221; l.23, p.224 ; l.29, p.111; p.18, l.23; p.71, l.21; p.71,
l.22; p.73, l.31)
70)fallão > falam (l.37, p.229)
71)fallar > falar (l.31, p.306; l.44, p.10; p.22, l.09; p.73, l.34)
72)fallaremos > falaremos (p.56, l.21)
73)fallar-me > falar-me (p.73, l.19)
74)fallar-se > falar-se (p.43, l.43; p.42 , l.34)
75)fallas > falas (p.43, l.36; p.73, l.36)
76)fallaz > falaz (l.14, p.218; p.26, l.09; p.81, l.19)
77)falle > fale (p.43, l.06)
78)fallei > falei (l.38, p.299)
79)fallem > falem (p.43, l.37)
80)falles p.331, l.48)
81)fallo > falo (l.09, p.273)
82)fallou > falou (l.13, p.178)
83)flagellam p.326, l.18)
84)flagello > flagelo (l.03, p.313)
85)galla > gala (l.31, p.111; p.34, l.01)
86)gallas > galas (l.16, p.112)
87)gallinha > galinha (l.09, p.275; l.15, p .275; l.17, p.275)
88)gella > gela (p.80, l.28)
89)illm. > ilm. (l.03, p.135)
90)illma. > ilma. (p.321, l.01)
91)illmo. > ilmo. (l.12, p.49)
92)illuda > iluda (p.81, l.19)
93)illudaes > iludais (l.33, p.121)
94)illude > ilude (p.167, l.13)
42
95)illumina > ilumina (p.30, l.36; p.34, l. 01; p.90, l.05)
96)illuminada > iluminada (p.89, l.17)
97)illuminado > iluminado (l.13, p.122)
98)illuminados > iluminados (l.28, p.231)
99)illumina-lo > iluminá-lo (l.33, p.224)
100)
illumina-me > ilumina-me (p.62, l.25)
101)
illuminar > iluminar (p.32, l.08)
102)
illuminaste > iluminaste (p.62, l.23)
103)
illusão > ilusão (l.04, p.133; l.12, p.120; l.09, p.103; l.25, p.105; l.41,
p.105; l.40, p.228; p.27, l.32; p.35, l.31)
104)
illusões > ilusões (l.29, p.237; p.325, l.37)
105)
illusores > illusores (p.325, l.32)
106)
illustrado > ilustrado (p.16, l.21)
107)
illustre > ilustre (p.16, l.23; p.46, l.13)
108)
illustrissimos > ilustríssimos (l.05, p.271)
109)
impelle > impele (l.16, p.166)
110)
impellido > impelido (l.28, p.224)
111)
intelligencia > inteligência (l.01, p.232; l.07, p.232; p.50, l.32)
112)
intelligente > inteligente (l.13, p.280)
113)
intelligivel > inteligível (l.22, p.93)
114)
janellas > janelas (l.25, p.97)
115)
mella > mela (l.07, p.299)
116)
molle > mole (l.13, p.284; l.23, p.289)
117)
n'aquelle > naquele (l.21, p.186; l.26 , p.145; l.28, p.289; l.30, p.109;
l.33, p.110; p.53, l.11)
118)
negro-amarello > negro-amarelo (l.08, p.313)
119)
n'ella > nela (l.05, p.178; l.22, p.122; l.25, p.147; l.29, p.103; l.34, p.103;
l.29, p.207; l.22, p.220; p.26, l.31)
120)
nella > nela (l.10, p.255; l.04, p.275; l.18, p.275; l.11, p.192; l.29, p.169;
l.38, p.137; l.38, p.152; p.88, l.30)
121)
nellas > nelas (l.17, p.218; l.37, p.35)
122)
n'ellas > nelas (p.31, l.08)
123)
nelle > nele (l.37, p.224)
124)
n'elle > nele (p.23, l.06; p.66, l.45)
43
125)
nelles > neles (l.23, p.189)
126)
n'elles > neles (p.42, l.18)
127)
Othello > Otelo (l.06, p.313)
128)
pallida > pálida (p.29, l.16; p.73, l.12)
129)
pallidas > pálidas (p.31, l.07)
130)
pallidez > palidez (p.72, l.18; p.72, l.38)
131)
pallidos > pálidos (p.60, l.05)
132)
pelles > peles (l.12, p.287)
133)
procella > procela (p.80, l.25)
134)
procellas > procelas (p.31, l.16)
135)
rella > rela (l.30, p.298)
136)
salla > sala (l.19, p.93)
137)
scintillam > cintilam (p.38, l.29)
138)
scintillante > cintilante (p.321, l.10)
139)
scintillantes > cintilantes (p.71, l.11)
140)
scintillar > cintilar (l.14, p.142)
141)
scintillava > cintilava (p.51, l.13)
142)
sello > selo (l.11, p.227)
143)
sentinella > sentinela (l.12, p.147; p.64, l.44)
144)
sobr'elle > sobr'ele (p.51, l.26)
145)
syllaba > sílaba (p.51, l.11)
146)
Telles (l.08, p.287)
147)
tranquilla > tranquila (l.41, p.136; p.335, l.06)
148)
tranquillo > tranquilo (l.11, p.160; l.29, p.152; p.326, l.05; p.335, l.23)
149)
valle > vale (p.89, l.42)
150)
vassallo > vassalo (l.11, p.306; p.28, l.34)
151)
vassallos p.330, l.14)
152)
vella > vela (l.32, p.289; l.37, p.289)
6.4. 'pp'
1) apparato > aparato (l.24, p.94)
2) apparece > aparece (p.26, l.30; p.51, l.22; p.327, l.09)
3) apparecer >aparecer (p.333, l.08)
44
4) appareceu-lhe > apareceu-lhe (p.52, l.44)
5) apparencia > aparência (p.37, l.12)
6) apparente (p.81, l.19)
7) applacar > aplacar (p.329, l.39; p.334, l.42)
8) applaudas > aplaudas (l.01, p.219)
9) applaudirão > aplaudiram (l.02, p.95)
10) applausos > aplausos (p.53, l.32)
11) appoiados > apoiados (l.25, p.95)
12) Appollo > Apolo (l.09, p.268; l.05, p.265; l.10, p.266; l.15, p.266; l.20, p.266; l.05,
p.265; l.41, p.267; l.02, p.268; l.18, p.93)
13) desapparece> desaparece (p.330, l.21)
14) opposição > oposição (l.39, p.93)
15) reapparece > reaparece (l.04, p.290)
16) supplantar > suplantar (l.13, p.245)
17) supplicante > suplicante (l.16, p.105)
18) supplicas > súplicas (l.37, p.237; p.328, l.16)
19) supplico > suplico (l.25, p.100)
20) suppondes > supondes (p.66, l.20)
21) suppôr > supor (l.07, p.273)
22) supportar > suportar (l.10, p.237; l.11, p.115; l.24, p.218)
23) supportará > suportará (l.01, p.106)
24) supportavel > suportável (p.43, l.01)
25) supporte > suporte (l.06, p.257)
6.5. 'tt'
1) accommette > accommete (l.16, p.289)
2) attenção > atenção (l.05, p.290; l.15, p.245; l.41, p.93; p.20, l.42)
3) attende > atende (l.06, p.105)
4) attendei-me > atendei-me (p.334, l.23)
5) attendi > atendi (p.334, l.39)
6) attendida > atendida (l.11, p.271)
7) attenta > atenta (l.06, p.103)
8) attentamente > atentamente (l.24, p.250)
9) attento > atento (l.16, p.284; p.51, l.08)
45
10) attestados > atestados (l.22, p.100)
11) attractivos > atractivos (l.13, p.289)
12) attrativos > atrativos (l.03, p.167)
13) attribula > atribula (p.52, l.24)
14) combattendo > combatendo (l.12, p.97)
15) commetti > commeti (l.27, p.174)
16) gottas > gotas (l.14, p.136; p.330, l.11)
17) intromettido > intrometido (l.03, p.292)
18) lettras > letras (l.04, p.262; l.35, p.245; l.11, p.246; p.336, l.11)
19) Mattoso (l.09, p.280)
20) metta > meta (l.04, p.284; l.21, p.279 ; l.19, p.299)
21) mette > mete (l.03, p.289; l.19, p.289 ; l.30, p.299)
22) mettendo > metendo (l.02, p.279)
23) metter > meter (l.15, p.278)
24) mettido > metido (l.06, p.97; l.09, p.290)
25) metto > meto (l.05, p.290)
26) motte > mote (l.01, p.115; l.01, p.15; l.01, p.241; l.01, p.250; l.01, p.253; l.01,
p.254; l.01, p.256; l.01, p.258; l.01, p.260; l.01, p.261; l.01, p.265; l.01, p.269;
l.01, p.274; l.01, p.276; l.01, p.278; l.01, p.282; l.01, p.284; l.01, p.286; l.01,
p.287; l.01, p.289; l.01, p.291; l.01, p.293; l.01, p.294; l.01, p.296; l.01, p.301;
l.08, p.289)
27) permittindo > permitindo (p.326, l.42)
28) permittir > permitir (l.31, p.113)
29) promette-me > promete-me (l.05, p.118)
30) promettendo > prometendo (p.51, l.21)
31) promettêra > prometera (p.325, l.26)
32) promettia > prometia (p.49, l.36)
33) transmittida > transmitida (l.24, p.138)
7. Dígrafos helenizantes
1) anarchia > anarquia (l.09, p.229)
2) anathema > anátema (p.20, l.35; p.335, l.01)
3) antithese > antítese (l.04, p.315)
4) apotheoses > apoteoses (p.325, l.45)
46
5) archanjo > arcanjo (l.01, p.238)
6) archanjos > arcanjos (l.08, p.154; p.24, l.34)
7) architecto > arquitecto (l.23, p.294)
8) authócrata > autócrata (l.02, p.116)
9) Balthazares (l.16, p.123)
10) charo > caro (p.47, l.32)
11) cherubim > querubim (l.06, p.238; l.13, p.144; l.16, p.172; l.35, p.217)
12) cherubins > querubins (l.19, p.219; p.330, l.21)
13) chimeras > quimeras (p.325, l.37)
14) cholera > cólera (p.68, l.06)
15) chrystallinas > cristalinas (p.330, l.11)
16) christã > cristã (l.36, p.112; p.53, l.12)
17) christão > cristão (p.56, l.22; p.62, l.03)
18) Christo > Cristo (p.65, l.17)
19) chrystal > cristal (p.64, l.49)
20) d'enthusiasmo > d'entusiasmo (p.51, l.05)
21) echo > eco (l.16, p.115; p.32, l.22)
22) echos > ecos (p.18, l.31; p.50, l.05; p. 64, l.21)
23) échos > ecos (p.331, l.46)
24) enthusiasmados > entusiasmados (l.01, p.95)
25) enthusiasmo > entusiasmo (l.29, p.120; p.18, l.26; p.26, l.10; p.78, l.21)
26) ephemera > efêmera (p.30, l.20)
27) ephemero > efêmero (p.46, l.22)
28) esphera > esfera (p.28, l.15)
29) etherea > etérea (p.77, l.37)
30) geographica > geográfica (l.38, p.245)
31) homoeopatha > homeopata (l.13, p.313)
32) labyrintho > labirinto (l.21, p.93; p.331, l.47)
33) machina > máquina (l.08, p.301)
34) monarcha > monarca (l.04, p.280; l.19, p.232; l.20, p.232)
35) monarchia > monarquia (l.08, p.229)
36) nympha > ninfa (l.18, p.250; p.22, l.31)
37) olphato > olfato (l.27, p.110)
38) orphandade > orfandade (l.29, p.221)
47
39) orphão > órfão (l.25, p.227)
40) orphêus > orfeus (p.62, l.34)
41) Othello > Otelo (l.06, p.313)
42) phanaes > fanaes (p.46, l.23)
43) phanal > fanal (p.30, l.36)
44) phantasia > fantasia (l.04, p.127; p.88, l.19)
45) Phariséus > Fariséus (p.65, l.18)
46) pharol > farol (l.38, p.115)
47) phaxas > fachas (p.33, l.14)
48) phenomenos > fenômenos (p.43, l.11)
49) philosopho > filósofo (p.54, l.04)
50) phosphoricos > fosfóricos (p.46, l.23)
51) phrase > frase (p.43, l.07; p.43, l.26)
52) phrases > frases (p.326, l.21)
53) prophecia > profecia (l.34, p.149; p.24, l.18; p.25, l.33; p.27, l.18; p.52, l.13)
54) propheta > profeta (p.68, l.03)
55) protheismo > proteísmo (l.21, p.238)
56) Protheo > Proteu (l.02, p.124)
57) sepulchral > sepulcral (p.27, l.10)
58) sepulchro > sepulcro (l.03, p.113; l.05, p.106; l.07, p.152; l.23, p.152; l.08, p.159;
p.30, l.32; p.45, l.28; p.60, l.44; p.65, l.32; p.82, l.27; p.88, l.14; p.334, l.28; p.325,
l.42)
59) sepulcros > sepulcros (p.31, l.27)
60) sympathia > simpatia (p.71, l.02)
61) synthese > síntese (p.27, l.06)
62) thálamo > tálamo (p.64, l.32)
63) theatro > teatro (l.06, p.247; p.83, l.11)
64) themas > temas (p.82, l.11)
65) Theotonio (l.15, p.310)
66) Theresa (l.02, p.220)
67) Thereza (l.29, p.136)
68) thesouro > tesouro (l.19, p.113; l.22, p .265; l.41, p.238; p.22, l.23; p.60, l.23)
69) thesouros > tesouros (l.15, p.147; p.49 l.20; p.70, l.29)
48
70) throno > trono (l.20, p.113; l.39, p.2 18 ; l.10, p.231; l.02, p.230; p.56, l.22; p.327,
l.16; p.334, l.25; p.325, l.21; p.335, l.11; p.335, l.13)
71) thronos > tronos (p.334, l.30; p.325, l.16)
72) thuribulo > turíbulo (p.77, l.13)
73) triumphador > triunfador (p.28, l.23)
74) triumphal > triunfal (l.29, p.224)
75) triumpham > triunfam (p.334, l.01)
76) triumpho > triunfo (l.30, p.99; p.28, l. 25; p.55, l.27)
77) triumphos > triunfos (l.32, p.220; p.7 6 l.40; p.49, l.21)
78) trophéo > troféu (p.80, l.14)
79) tropheos > troféus (p.77, l.02)
80) zephyros > zéfiros (p.29, l.21)
8. Emprego de 'y'
1) abysmo > abismo (l.31, p.230)
2) abysmos > abismos (p.29, l.09)
3) acrysola > acrisola (l.09, p.239)
4) asylo > asilo (p.23, l.35; p.333, l.25)
5) chrystallinas > cristalinas (p.330, l.11)
6) crystaes > cristaes (p.34, l.03)
7) crystal > cristal (p.23, l.09)
8) crystalina > cristalina (p.50, l.19)
9) cyprestes > ciprestes (l.09, p.135)
10) cysne > cisne (l.01, p.159; l.03, p.15 3; p.156, p.154)
11) chrystal > cristal (p.64, l.39)
12) Egypto > Egipto (p.54, l.26)
13) Empyreo > Empíreo (p.48, l.23; p.64, l.38; p.326, l.19)
14) épyco > épico (l.22, p.123)
15) grynalda > grinalda (l.11, p.136; l.07, p.120)
16) hymno > himno (l.01, p.229; l.08, p.154; l.05, p.155; l.23, p.155; l.14, p.121; l.15,
p.121; l.26, p.135; l.32, p.141; l.14, p.123; p.64, l.30)
17) hymnos > himnos (l.09, p.210; l.03, p.224; p.46, l.39; p.48, l.14; p.56, l.16; p.154,
l.08; p.332, l.36; p.332, l.37)
18) hypocritas > hipócritas (l.08, p.245; l. 33, p.247; l.13, p.159)
49
19) labyrintho > labirinto (l.21, p.93; p.331, l.47)
20) lyra > lira (l.03, p.117; l.04, p.121; l.16, p.121; l.04, p.211; l.17, p.211; l.12, p.212;
l.05, p.155; p.20, l.20; p.32, l.32; p.46, l.38; p.48, l.28; p.77, l.04; p.330, l.02;
p.331, l.40; p.332, l.11; p.332, l.21; p.332, l.31; p.334, l.19; p.334, l.43; p.326,
l.23)
21) lyras > liras (l.31, p.247)
22) lyrios > lírios (l.31, p.125; l.15, p.125)
23) martyr > mártir (p.79, l.10; p.79, l.31)
24) martyrio > martírio (l.11, p.218; l.25, p.237; l.09, p.239; p.18, l.41)
25) martyrisa > martiriza (l.19, p.125)
26) mysterio > mistério (l.03, p.153; l.23 , p.153; l.08, p.235; p.49, l.24)
27) mysteriosa > misteriosa (l.20, p.123; l.21, p.124)
28) mysterioso > misterioso (l.24, p.125)
29) nympha > ninfa (l.18, p.250; p.22, l.31)
30) Olympo > Olimpo (l.25, p.267)
31) satyra > sátira (l.03, p.271; l.07, p.273; l.01, p.281; l.07, p.245)
32) syllaba > sílaba (p.51, l.11)
33) sympathia > simpatia (p.71, l.02)
34) synthese > síntese (p.27, l.06)
35) Troya > Troia (l.07, p.167; l.09, p136)
36) tyramno > tiramno (p.81, l.15)
37) tyramnos > tiramnos (p.76, l.43)
38) tyranna > tiranna (l.31, p.95; l.39, p.95; l.40, p.04)
39) tyrannia > tirannia (l.04, p.222; l.23, p.224)
40) tyrannica > tirânnica (l.09, p.104)
41) tyranno > tirano (l.37, p.223; p.334, l.23)
42) tyrannos > tirannos (p.56, l.01; l.32, p.223)
43) zephyros > zéfiros (p.29, l.21)
9. Emprego de 'sc' e 'c' para a fricativa alveolar surda
1) complascente > complacente (l.12, p.219)
2) enlanguecido > enlanguescido (p.52, l.32 )
3) intumecidos > intumescidos (p.51, l.31)
4) scena > cena (l.01, p.266; l.33, p.289 ; l.30, p.124; l.45, p.100)
50
5) scenas > cenas (l.21, p.265; l.36, p.13 ; l.15, p.104; p.45, l.18; p.55, l.14)
6) scentelha > centelha (p.51, l.12)
7) scentelhas > centelhas (l.04, p.105; l.04, p.241; l.17, p.241)
8) scepticismo > cepticismo (l.15, p.242; l.18, p.112)
9) sceptico > céptico (p.20, l.21)
10) sceptro > ceptro (l.13, p.231; l.20, p.231; l.07, p.233; l.15, p.251; l.27, p.124;
p.333, l.37)
11) sceptros > ceptros (p.48, l.05; p.334, l.31; p.325, l.16)
12) sciencia > ciência (l.11, p.122; l.38, p.245; p.50, l.34; p.50, l.34; p.54, l.03; p.89,
l.11)
13) scintilante > cintilante (l.10, p.209; p.321, l.10)
14) scintillam > cintilam (p.38, l.29)
15) scintillantes > cintilantes (p.71, l.11)
16) scintillar > cintilar (l.14, p.142)
17) scintillava > cintilava (p.51, l.13)
18) scismar > cismar (l.41, p.217)
10. Emprego de 's' singelo
1) altisono > altíssono (p.76, l.38)
2) horrísona > horríssona (p.23, l.12)
3) presentimento > pressentimento (p.50, l.24)
4) prosegue > prossegue (l.01, p.257; l.1 8 p.141)
5) resurge > ressurge (l.28, p.97)
6) resuscita > ressuscita (p.30, l.14)
7) resuscito > ressuscito (p.130, l.10)
8) resuscitou > ressuscitou (l.17, p.264)
9) sacrosanta > sacrossanta (l.29, p.135)
10) sacrosanto > sacrossanto (l.29, p.228; p.334, l.25)
11. Emprego de apóstrofo em contrações já consagradas
1) cospem-n'a > cospem-na (l.31, p.237)
2) d'ahi > daí (l.29, p.250)
3) d'antes > dantes (l.08, p.146)
4) d'aquella > daquela (l.25, p.156; p.21, l.30; p.85, l.24)
51
5) d'aquelle > daquele (l.01, p.238; l.14, p.15; l.21, p.148; p.77, l.29)
6) d'aqui > daqui (l.03, p.296; l.17, p.2 96; l.13, p.234; l.18, p.104)
7) d'ella > dela (p.50, l.05; p.52, l.44; p .54, l.02; l.21, p.224; l.42, p.105; p.68, l.17;
p.73, l.16)
8) d'elle > dele (p.40, l.24; p.51, l.25; p.53, l.22; l.06, p.237; l.21, p.177)
9) d'elles > deles (p.51, l.08; l.02, p.110 ; p.65, l.25; p.65, l.40; p.65, l.25; p.65, l.40)
10) d’entre > dentre (p.330, l.21)
11) d'esde > desde (p.27, l.24)
12) d'essa > dessa (l.13, p.222; l.28, p.231; p.25, l.37; p.41, l.24)
13) d'essas > dessas (p.54, l.21)
14) d'esse > desse (l.07, p.210; l.18, p.02, l.38; l.19, p.148; l.27, p.126; l.28, p.148;
l.31, p.148; l.37, p.15; l.18, p.105)
15) d'esses > desses (l.06, p.136; l.24, p.121; p.50, l.31)
16) d'esta > desta (l.04, p.314; l.06, p.184 ; p.45, l.41)
17) d'estas > destas (l.43, p.111; p.68, l.16)
18) d'este > deste (l.08, p.229; l.08, p.235; l.23, p.111; p.43, l.01; p.43, l.33; p.50,
l.24)
19) d'onde > donde (l.29, p.99; p.26, l.14; p.28, l.24; p.321, l.18)
20) d'outro > doutro (l.05, p.106; p.27, l.37)
21) d'um > dum (l.02, p.154; l.14, p.244; p.49, l.24; p.186, l.06)
22) d'uma > duma (p.33, l.10)
23) dá-m'os > dá-mos (l.02, p.183)
24) d'ellas > delas (p.68, l.12)
25) d’outra > doutra (p.188, l.18)
26) n'aquelle > naquele (l.21, p.186; l.26, p.145; l.28, p.289; l.30, p.109; l.33, p.110;
p.53, l.11)
27) n'ella > nela (p.26, l.31; l.05, p.178 ; l.22, p.122; l.25, p.147; l.29, p.103; l.34,
p.103; l.29, p.207; l.22, p.220)
28) n'ellas > nelas (p.31, l.08)
29) n'elle > nele (p.23, l.06; p.66, l.45; p .42, l.18; p.76, l.18)
30) n'essa > nessa (p.25, l.12; p.33, l.13; p.53, l.02; l.16, p.142)
31) n'essas > nessas (l.14, p.228)
32) n'esse > nesse (l.05, p.210; p.27, l.26; p.61, l.26; p.68, l.11)
52
33) n'esta > nesta (l.09, p.182; l.13, p.110 ; l.33, p.112; l.23, p.153; l.02, p.156; l.27,
p.148; l.27, p.234)
34) n'este > neste (l.01, p.113; l.30, p.113 ; l.06, p.129; l.07, p.142; l.27, p.15; l.20,
p.224; l.24, p.184; p.26, l.36; p.27, l.05; p.64, l.43; p.67, l.42; p.78, l.04; p.85, l.24)
35) n'estes > nestes (p.62, l.13; p.65, l.22 ; p.65, l.37)
36) n'isso > nisso (l.13, p.310)
37) n'isto > nisto (l.11, p.291)
38) n'outro > noutro (p.40, l.28; p.41, l.07; p.130, l.10)
39) n'um > num (p.24, l.38; p.36, l.12; p.38, l.28; p.42, l.19; p.43, l.38; p.50, l.30;
p.51, l.29; p.52, l.41; p.56, l.29; p.57, l.12; p.60, l.33; p.61, l.29; p.69, l.06; p.72,
l.20; p.77, l.25; p.79, l.24; p.88, l.05; l.03, p.104; l.04, p.119; l.09, p.130; l.16,
p.130; l.12, p.144; l.17, p.145; l.39, p.145; l.13, p.162; l.23, p.166; l.14, p.209;
l.13, p.218; l.14, p.255; l.12, p.282; l.24, p.238; l.29, p.108; l.32, p.95; l.29, p.97;
p.336, l.01)
40) n'uma > numa (l.16, p.259; l.26, p.166; l.34, p.99; p.68, l.16; p.79, l.21)
41) n'uns > nuns (p.71, l.31)
42) p'ra > pra (p.24, l.07; p.43, l.29; p.45, l.42; p.52 , l.37; p.55, l.28; p.59, l.38; p.61,
l.05; p.64, l.15; l.07, p.99; l.08, p.245; l.21, p.245; l.18, p.246; l.38, p.246; l.40,
p.246; l.18, p.247; l.20, p.247; l.35, p.247; l.09, p.212; l.34, p.218; l.14, p.130;
l.27, p.130; l.12, p.131; l.15, p.189; l.23, p.189; l.29, p.250; l.06, p.251; l.03,
p.253; l.16, p.253; l.23, p.256; l.23, p.278; l.29, p.278; l.06, p.279; l.26, p.289;
l.10, p.306; l.22, p.306; l.41, p.112; p.322, l.03)
12. Emprego de hífen
12.1 Em colocação pronominal
1) acabal-a > acabá-la (l.09, p.95)
2) arrancal-o > arrancá-lo (p.330, l.19)
3) atural-o > aturá-lo (l.16, p.291; l.03 , p.291; l.12, p.292)
4) beijal-as > beijá-las (l.03, p.190)
5) castigal-os > castigá-los (l.27, p.96)
6) chamal-a > chamá-la (p.90, l.27)
7) chamal-o > chamá-lo (l.13, p.291; p.57, l.15)
8) colhel-o > colhê-lo (l.21, p.238)
9) comel-o > comê-lo (l.10, p.291)
53
10) confessal-o > confessá-lo (p.80, l.28)
11) contemplal-os > contemplá-los (p.334, l.43)
12) defendel-o > defendê-lo (l.25, p.115)
13) deixal-os > deixá-los (p.70, l.29)
14) derretel-a >derretê-la (p.49, l.41)
15) devoral-o > devorá-lo (l.11, p.125)
16) eil-as > ei-las (l.33, p.115)
17) eil-o > ei-lo (l.01, p.185; p.28, l.36)
18) eil-os > ei-los (p.29, l.14)
19) enchêl-o > enchê-lo (p.49, l.39)
20) enfreal-o > enfreá-lo (p.56, l.02)
21) escondel-as > escondê-las (p.64, l.41)
22) esperal-o > esperá-lo (l.15, p.162)
23) expol-o > expô-lo (l.27, p.245)
24) fazel-o > fazê-lo (p.16, l.16)
25) fodel-a > fodê-la (l.04, p.297)
26) ganhal-a > ganhá-la (p.55, l.41)
27) gosal-o > gozá-lo (p.84, l.28)
28) guardal-a > guardá-la (l.10, p.157)
29) guardal-as > guardá-las (p.64, l.42)
30) guardal-o > guardá-lo (p.77, l.30)
31) lançal-as > lançá-las (p.56, l.01)
32) manchal-as > manchá-las (p.64, l.39)
33) murmural-o > murmurá-lo (p.59, l.38)
34) perdel-a > perdê-la (l.05, p.150)
35) procural-o > procurá-lo (l.12, p.291)
36) regal-as > regá-las (l.12, p.173)
37) retratal-o > retratá-lo (l.05, p.246)
38) seguil-o > segui-lo (p.71, l.37)
39) sintil-o > sinti-lo (l.23, p.238)
40) tel'-a > te-l'-á (p.43, l.06)
41) tel-o > tê-lo (l.35, p.93)
42) tiral-o > tirá-lo (l.08, p.292)
43) tocal-as > tocá-las (l.15, p.188)
54
44) tomal-a > tomá-la (l.01, p.116)
45) trancal-as > trancá-las (l.38, p.237)
46) trasel-o > trazê-lo (p.58, l.07)
47) vel-a > vê-la (p.25, l.02; p.50, l.05; l.02, p.150; l.24, p.117; l.24, p.250; l.39,
p.237)
48) vel-o > vê-lo (l.27, p.138; p.71, l.37; p.79, l.24)
49) vel-os > vê-los (l.39, p.237)
50) vil-o > vi-lo (l.27, p.294)
12.2 Em compostos
1) alti-sonante > altissonante (l.33, p.9 5)
2) contra-veneno > contraveneno (l.21, p.105)
3) entre-aberta > entreaberta (p.23, l.23)
4) mal-diz > mal diz (l.08, p.94)
5) semi-morta > semimorta (l.12, p.162)
6) semi-morto > semimorto (l.36, p.125)
7) vae-vem > vaivem (l.37, p.299)
12.3 Em formas dependentes
1) hei-de > hei de (p.64, l.42)
13. Índice de nasalização
1) abração > abraçam (l.12, p.226)
2) abrassárão [pret.perf] > abraçaram (p.75, l.09)
3) abrirão [pret.perf] > abriram (p.89, l.14)
4) acabão > acabam (l.33, p.267)
5) acalmarão-se [pret.perf] > acalmaram-s e (l.02, p.95)
6) achão > acham (p.103, l.22)
7) acordárão [pret.perf] > acordaram (l.02, p.222)
8) acreditarão [pret.perf] > acreditaram (l.31, p.94)
9) andavão > andavam (l.19, p.93)
10) applaudirão [pret.perf] > aplaudiram ( l.02, p.95)
11) arrebatárão [pret.perf] > arrebataram (l.16, p.228)
12) bemdita > bendita (p.326, l.12)
55
13) bemdiz > bendiz (l.16, p.136)
14) bemfaseja > benfazeja (l.23, p.239)
15) bemfazeja > benfazeja (l.02, p.233; p.90, l.22)
16) bemfazejo > benfazejo (l.07, p.150)
17) bemfeitor > benfeitor (l.26, p.232)
18) bemzinho > benzinho (l.10, p.278)
19) Bomtempo (l.05, p.311)
20) brotão > brotam (l.05, p.288)
21) caminhão > caminham (l.29, p.229)
22) cans > cãs (l.04, p.122)
23) cantárão [pret.perf] > cantaram (l.02, p.229)
24) cercão > cercam (l.26, p.103)
25) cessão > cessam (l.12, p.192)
26) chamavão-na > chamavam-na (l.37, p.94)
27) chegarão [pret.perf] > chegaram (l.25, p.104)
28) chovião > choviam (l.17, p.93)
29) comsigo > consigo (l.23, p.162; p.61, l.19; p.72, l.28; p.90, l.09; p.335, l.43)
30) comtigo > contigo (l.14, p.113; l.33, p.136; l.41, p.148; l.35, p.105; p.331, l.35)
31) comtudo > contudo (l.12, p.286)
32) comvosco > convosco (p.329, l.09; p.329, l.45)
33) converterão > converteram (l.35, p.271)
34) davão > davam (l.16, p.288)
35) decotão > decotam (l.03, p.228)
36) derão > deram (l.30, p.87; l.12, p.298)
37) desbotão > desbotam (l.03, p.231)
38) desejão > desejam (l.11, p.225)
39) disponhão-se (l.30, p.95)
40) em fim > enfim (p.27, l.01)
41) em quanto > enquanto (p.32, l.06; p.32, l.41; p.47, l.07; p.47, l.13; p.99, l.16)
42) emfim > enfim (l.03, p.95; l.15, p.95; l.40, p.100; l.08, p.310; l.35, p.284; p.49,
l.16; p.68, l.28; p.77, l.08; p.136, l.03; p.136, l.28)
43) emquanto > enquanto (l.22, p.271; l.25, p.300; l.34, p.137; p.45, l.36; p.47, l.22;
p.47, l.30; p.95, l.32)
44) enfeião > enfeiam (l.20, p.220)
56
45) ensinão > ensinam (l.20, p.95)
46) entregárão [pret.perf] > entregaram (l.28, p.227)
47) erão > eram (l.15, p.288; l.18, p.93)
48) esqueção > esqueçam (l.07, p.224)
49) exhalão > exalam (l.36, p.229)
50) fação > façam (l.09, p.188)
51) fallão > falam (l.37, p.229)
52) fazião > faziam (l.18, p.93)
53) fervião > ferviam (l.32, p.95)
54) fizerão > fizeram (l.13, p.298)
55) flammejão > flammejam (l.15, p.231)
56) forjão > forjam (l.20, p.189)
57) formão > formam (l.34, p.267)
58) fourão > fouram [pret.perf] (p.87, l.38)
59) grimpão > grimpam (l.21, p.288)
60) gritão > gritam (l.18, p.96; l.37, p.96; l.02, p.98)
61) gritarão [pret.perf] > gritaram (l.30, p.93)
62) guardão > guardam (l. 26, p.88; l.23, p.162)
63) importão > importam (l.05, p.220)
64) joven > jovem (l.01, p.160; l.09, p.276; l.40, p.245; p.28, l.29; p.51, l.10; p.51,
l.40)
65) lançavão > lançavam (l.18, p.99)
66) lavão > lavam (l.14, p.288)
67) levão > levam (l.27, p.267)
68) limpão > limpam (l.19, p.288)
69) manhan > manhã (p.28, l.27)
70) ministrarão [pret.perf] > ministraram (l.13, p.104)
71) morrérão [pret.perf] > morréram (l.23, p.242)
72) nascerão [pret.perf] > nasceram (l.10, p.173; l.12, p.173)
73) passão > passam (l.20, p.272)
74) passeavão > passeavam (l.11, p.93)
75) puzerão > puseram (l.15, p.264)
76) quebrão > quebram (l.04, p.188)
77) queimão > queimam (l.21, p.104)
57
78) rebentárão [pret.perf] > rebentaram (l.16, p.211; l.03, p.222)
79) reduzão > reduzam (l.16, p.260)
80) repinicarão-se [pret.perf] > repinicar am -se (l.31, p.95)
81) responderão [pret.perf] > responderam (l .26, p.95)
82) sáo > são (l.12, p.287)
83) Satan > Satã (l.17, p.310)
84) souberão > souberam (l.05, p.224)
85) sujeitarão-se [pret.perf] > sujeitaram-se (l.08, p.99)
86) tacteão > tacteam (l.30, p.230)
87) talisman > talismã (l.15, p.138; l.33, p.113)
88) toldão > toldam (l.16, p.218)
89) tomão > tomam (l.10, p.97; l.22, p.267; l.28, p.267)
90) troão > troam (l.13, p.254)
91) vedão > vedam (l.15, p.188)
92) venhão > venham (l.33, p.105)
14. Separação de palavras
1) com tanto [conj.] > contato (p.163, l.07; p.163, l.14; p.164, l.05; p.164, l.12; p.164,
l.19; p.165, l.05)
2) de balde > debalde (l.36, p.207)
3) de certo > decerto (l.13, p.261)
4) de mais > demais (p.111, l.39)
5) em fim > enfim (p.27, l.01)
6) em quanto > enquanto (p.32, l.06; p.32, l.41; p.47, l.07)
7) hade > há de (l.18, p.123; l.19, p.123; l.42, p.137 ; l.31, p.224; l.17, p.225; l.39,
p.232; p.42, l.40)
8) heide > hei de (l.21, p.169; l.24, p.126 ; p.67, l.24; p.79, l.10; p.79, l.31)
9) porque > por que [interr.] (p.49, l.38; p.49, l.40)
10) Porque? > Por quê? (p.67, l.37)
11) por tanto [conj.] > portanto (p.122, l.16)
12) si quer > sequer (l.24, p.105)
15. Vogal 'i' final átona ou semivogal
1) extasi > êxtase (l.20, p.238; l.19, p. 239; l.27, p.108; p.21, l.33; p.23, l.05)
58
2) mãi > mãe (l.14, p.111; l.18, p.113; l.23, p.113; l.19, p.95; l.21, p.227; l.26, p.227;
l.30, p.121; l.11, p.124; l.05, p.147; l.28, p.147; l.30, p.147; p.60, l.30; p.328, l.12)
3) quasi > quase (l.09, p.125; l.10, p.12 5; l.41, p.137; l.20, p.141; l.10, p.111; l.16,
p.229; l.32, p.305; l.15, p.265; l.36, p.95; p.16, l.39; p.27, l.08; p.67, l.22; p.89,
l.05; p.43, l.31; p.59, l.28; p.64, l.16; p.334, l.14)
16. Conjunção subordinativa 'se'
1) si > se (l.05, p.315; l.31, p.284; l.39, p.284; l.13, p.301; l.16, p.260; l.15, p.286;
l.24, p.298; l.25, p.298; l.09, p.299; l.20, p.299; l.40, p.299; l.02, p.284; p.16, l.20;
p.18, l.13; p.18, l.15; p.18, l.18; p.18, l.23; p.22, l.11; p.22, l.33; p.23, l.22; p.25,
l.14; p.25, l.20; p.25, l.23)
17. Emprego de 'e' para semivogal em sílaba final
1) areaes > areais (l.13, p.134)
2) buscaes > buscais (p.35, l.17; p.66, l.17)
3) cae > cai (p.43, l.19; p.64, l.25)
4) cahe > cai (l.19, p.220)
5) cahe-me > cai-me (l.18, p.289; l.01, p.290)
6) contemplae > contemplai (l.27, p.103)
7) contrae > contrai (p.88, l.10)
8) cristaes > cristais (p.34, l.03)
9) deixae > deixai (l.07, p.271)
10) divinaes > divinais (l.24, p.153)
11) estaes > estais (l.10, p.104)
12) estrellas-sóes > estrelas-sóis (l.15, p.231)
13) esvahe > esvai (l.17, p.218)
14) exvae > exvai (p.88, l.02)
15) fanaes > fanais (p.46, l.23; l.11, p.123)
16) festivaes > festivais (l.30, p.135)
17) finaes > finais (p.61, l.34)
18) garrafaes > garrafais (l.11, p.246)
19) geraes > gerais (l.26, p.95)
20) heróe > herói (l.21, p.246)
21) heroe > herói (l.23, p.115; p.56, l.40)
59
22) heroes > heróis (l.43, p.245; l.21, p.246; l.23, p.247; p.55, l.33)
23) hospitaes > hospitais (l.29, p.272)
24) iguaes > iguais (l.34, p.271; l.28, p.272; l.42, p.228)
25) illudaes > iludais (l.33, p.121)
26) immortaes > immortais (p.56, l.23)
27) infernaes > infernais (l.10, p.104)
28) julgaes > julgais (p.66, l.25)
29) libaes > libais (p.35, l.25)
30) liberaes > liberais (l.20, p.100)
31) marciaes > marciais (p.56, l.16)
32) mensaes > mensais (l.11, p.177; l.30, p. 177; l.38, p.177)
33) metaes > metais (l.03, p.99)
34) mortaes > mortais (l.07, p.181; l.44, p.105; p.19, l.01; p.38, l.37; p.65, l.23; p.65,
l.38)
35) pae > pai (l.19, p.280; l.33, p.246)
36) paúes > pauis (l.18, p.219)
37) perguntaes-me > perguntais-me (p.67, l.33)
38) possue > possui (p.25, l.24)
39) punhaes > punhais (l.02, p.238; l.14, p. 217)
40) quaes > quais (l.42, p.138; p.25, l.13)
41) racionaes > racionais (l.08, p.232)
42) regaes > regais (l.15, p.134)
43) rivaes > rivais (l.22, p.115)
44) sae > sai (l.03, p.266)
45) signaes > signais (l.14, p.135; l.37, p.300)
46) sóes > sóis (l.09, p.190; l.41, p.137)
47) taes > tais (p.24, l.05; p.46, l.31; p.46, l.36; p.48, l.24; l.19, p.97; l.03, p.105; l.36,
p.177; l.22, p.219)
48) temporaes > temporais (p.29, l.29)
49) vae > vai (l.06, p.268; l.09, p.270; l.01, p.279; l.26, p.294; l.06, p.295; l.31, p.300;
l.32, p.300; l.35, p.105; l.10, p.106; p.37, l.03; p.37, l.30; p.38, l.11; p.38, l.12;
p.38, l.28, p.40; l.22; p.41, l.02; p.41, l.03; p.41, l.07)
50) vae-se > vai-se (l.36, p.105)
51) vae-te > vai-te (l.30, p.247; l.34, p.105)
60
52) venaes > venais (l.15, p.104)
53) Vestaes > Vestais (p.64, l.35)
54) vitaes > vitais (l.07, p.122)
18. Emprego de 'o' para semivogal em sílaba final
1) abrio-lhe > abriu-lhe (l.10, p.272)
2) abrio-te > abriu-te (l.11, p.153)
3) cahio > caiu (l.11, p.100; l.39, p.227; p.330, l.24)
4) carapáo > carapau (l.23, p.260)
5) ceo > céu (l.04, p.113)
6) céo > céu (l.08, p.148; l.31, p.148; l.11, p.136; l.17, p.136; l.11, p.142; l.12, p.145;
l.19, p.137; l.22, p.137; l.23, p.142; l.09, p.164; l.27, p.166; l.14, p.286; l.16,
p.207; l.12, p.209; l.31, p.217; l.14, p.220; l.11, p.220; l.35, p.232; l.16, p.237;
l.26, p.237; l.17, p.172; l.26, p.108; l.14, p.113; l.09, p.113; l.31, p.104; l.33,
p.104; l.03, p.104; l.38, p.99; l.40, p.238; l.02, p.239; p.16, l.36; p.29, l.15; p.32,
l.37; p.38, l.20; p.39, l.14; p.46, l.27; p.52, l.05; p.52, l.27; p.53, l.35; p.87, l.38;
p.89, l.31; p.90, l.19; p.336, l.09; p.330, l.31; p.330, l.43; p.331, l.03; p.331, l.06;
p.331, l.28; p.332, l.28; p.33, l.13; p.334, l.31; p.334, l.34; p.325, l.47; p.326, l.15;
p.326, l.17; p.326, l.48; p.335, l.01; p.335, l.23; p.335, l.27; p.335, l.28; p.335,
l.42; p.335, l.43; p.336, l.14)
7) céos > céus (l.12, p.96; l.16, p.232; l.19, p.180; l.21, p.192; l.28, p.108; l.38, p.104;
p.28, l.19; p.43, l.16; p.83, l.16; p.327, l.08; p.327, l.09; p.327, l.41; p.334, l.10;
p.334, l.16; p.334, l.41; p.334, l.45; p.334, l.46; p.325, l.48)
8) chapéo > chapéu (l.14, p.296)
9) concluio > concluiu (l.27, p.284)
10) conduzio > conduziu (l.05, p.222)
11) consentio > consentiu (l.22, p.306)
12) deos > deus (l.06, p.218; l.08, p.219; l .16, p.219; l.12, p.220; l.31, p.223; l.15,
p.226; l.13, p.228; l.24, p.228; l.29, p.232; l.11, p.122; l.22, p.122; l.09, p.123;
l.23, p.136; l.19, p.142; l.30, p.141; l.41, p.141; l.11, p.160; l.13, p.113; l.13,
p.166; l.30, p.104; l.34, p.104; l.01, p.105; p.28, l.26; p.46, l.09; p.52, l.26; p.84,
l.24; p.328, l.45; p.330, l.32)
13) deo > deu (p.100, l.09)
14) despio > despiu (l.12, p.144)
61
15) destruio > destruiu (p.333, l.20)
16) escarcéos > escarcéus (p.63, l.23)
17) espargio > espargiu (l.15, p.207)
18) extinguio-se > extinguiu-se (p.330, l.27)
19) ferio-me > feriu-me (l.21, p.226)
20) fugio > fugio (l.06, p.285)
21) gráo > grau (p.28, l.33)
22) incumbio (p.329, l.08)
23) leo > leu (l.13, p.100)
24) luzio > luziu (l.10, p.207)
25) máo > mau (l.07, p.154; l.29, p.272; l.30, p.108; p.54, l.08; p.61, l.44; p.61, l.44)
26) máos > maus (l.29, p.230)
27) mausoléo > mausoléu (p.60, l.46; p.65, l.33)
28) mausoléos > mausoléus (l.20, p.135)
29) meos > meus (l.33, p.93; p.57,l.06)
30) mingáo > mingau (l.22, p.260)
31) ouvio-te > ouviu-te (l.30, p.153)
32) páo > pão (l.30, p.260)
33) pario > pariu (l.03, p.253; l.16, p.253; l.04, p.284; l.30, p.284; l.08, p.280)
34) partio > partiu (l.14, p.149)
35) produzio > produziu (l.06, p.95)
36) Protheo > Proteu (l.02, p.124)
37) réo > réu (l.20, p.142; l.29, p.217; l.17, p.219)
38) reduzio > reduziu (p.333, l.21)
39) repartio > repartiu (p.329, l.09)
40) retorquio > retorquiu (l.12, p.253)
41) rio > riu (l.07, p.285)
42) rio-se > riu-se (l.15, p.101)
43) seguio-se > seguiu-se (l.18, p.132)
44) sentio > sentiu (l.34, p.209)
45) sentio-se > sentiu-se (l.42, p.99)
46) seo > seu (l.46, p.100; p.33, l.29)
47) sio > siu (l.41, p.93)
48) surgio > surgiu (l.11, p.137)
62
49) tremeo > tremeu (l.43, p.99)
50) veiu > veio (l.06, p.313)
51) véo > véu (l.04, p.103; l.08, p.142; l.16, p.137; l.11, p.209; l.32, p.224; p.39, l.13;
p.331, l.26; p.326, l.46)
52) véos > véus (l.21, p.104)
53) vio > viu (l.08, p.100; l.08, p.211; l.13, p.253; l.06, p.284; l.26, p.284; l.10; p.285;
p.88, l.22; p.333, l.07; p.333, l.36; p.333, l.23; p.325, l.19)
19. Topônimos
1) Mon-Serrate > Mon’ Serrat (p.88, l.23)6
2) Bom-fim > Bonfim (p.88, l.24)
Por outro lado, a orientação ortográfica buscou manter grafias que possam
assinalar a pronúncia do autor ou da época, caracterizada pela confluência de várias
tendências linguísticas, por vezes até antagônicas, como nacionalistas e lusitanistas,
populares e eruditas, modernas e arcaicas, conforme os critérios arrolados infra.
1. Emprego das pretônicas 'e' ou 'i'
1) adevinhei (p.50, l.25)
2) candieiro (l.14, p.265)
3) creação (l.11, p.137)
4) creada (l.08, p.153)
5) creador (p.330, l.28; p.333, l.27; p.334, l.38)
6) creados (l.22, p.230; l.40, p.230)
7) creatura (l.18, p.110; l.22, p.117; p.27, l.42; p.331, p.05; p.334, l.37)
8) creaturas (l.16, p.117)
9) creou (p.75, l.04)
10) devina (p.321, l.22 )
11) distilla > distila (l.34, p.238)
12) disvellos > disvelos (l.40, p.103)
13) edade (p.28, l.30; p.38, l.07)
6
A grafia atual do bairro é ‘Monte Serrat’. Optou-se, porém, pelo apóstrofo para indicar apócope. A
grafia ‘Monte’ não corresponderia à pronúncia da palavra conveniente à métrica do verso.
63
14) edades (p.31, l.26)
15) egual (p.31, l.15; p.46, l.26)
16) ellezos > elesos (p.89, l.06)
17) ensosso (l.33, p.245)
18) incerrados (l.27, p.112)
19) infermo (l.20, p.108; l.26, p.111)
20) involto (l.30, p.111)
21) rebombo (p.32, l.20)
22) similhança (p.67, l.16)
23) sinão (l.30, p.113)
24) sintil-o > sinti-lo (l.23, p.238)
25) testimunho (p.78, l.08)
26) verilha (l.28, p.250)
2. Emprego das pretônicas 'em', 'en' , 'im' ou 'in'
1) incantos (p.90, l.01)
2) invenenado (p.81, l.17)
3) involto (p.26, l.31)
4) involve (p.29, l.02)
3. Emprego do 'o' ou 'u' pretônicos
1) ampolhetas (p.54, l.25)
2) bruxolêa > bruxolea (p.42, l.29)
3) cubiçava (p.57, l.05)
4) culhões (l.16, p.301; l.03, p.287; l.11 p.287; l.09, p.295)
5) logar (p.40, l.28; p.42, l.43; p.89, l.38)
6) logares (p.62, l.13)
7) maguado (l.13, p.214)
8) mausuleo > mausuléu (p.336, l.12)
9) podér > podér [fut.subj.] (p.47, l.33)
10) podera (l.26, p.192)
11) podesse (l.11, p.163; l.35, p.123; p.47, l.05; p.330, l.18)
12) rebulindo (l.16, p.293)
13) surrindo (p.89, l.34)
64
14) volcanica > volcânica (p.28, l.30)
15) volcão (l.40, p.108; p.33, l.43)
16) volcões (p.71, l.12)
4. Emprego do 'om', 'on', 'um', 'un' p retônicos
1) comprimentos (l.29, p.95)
5. Emprego de 'e' ou 'ei'
1) atêa > atea (p.90, l.18)
2) bruxolêa > bruxolea (l.34, p.125; p.42, l.29)
3) cadea (p.19, l.11; p.45, l.22)
4) cadeas (l.16, p.221)
5) cadêas > cadeas (p.53, l.28)
6) d'idéas > d'ideas (p.43, l.33)
7) enfreal-o > enfreá-lo (p.56, l.02)
8) enleos (p.88, l.26)
9) feicharam (l.22, p.120)
10) feixára > feichara (p.89, l.12)
11) idéa > idea (l.38, p.145; p.72, l.02; p. 88, l.18; p.335, l.21)
12) ideas (p.332, l.19)
13) idéas > ideas (p.51, l.37)
14) ondêa > ondea (l.36, p.125)
15) passeiar (p.29, l.24)
16) peior (l.28, p.192)
17) peiores (p.16, l.20)
18) roxêam > roxeam (p.71, l.28)
19) tacteão > tacteam (l.30, p.230)
20) vea (p.90, l.19)
6. Emprego de 'o' ou 'ou'
1) couces (l.25, p.246)
2) cousa (l.04, p.214; l.17, p.214; l.06, p.250; l.21, p.251; l.04, p.252; l.34, p.284; l.38,
p.294; l.13, p.300; l.09, p.94; l.11, p.118; l.12, p.118; p.16, l.21; p.22, l.08)
3) cousas (l.28, p.272)
65
4) cousinhas (l.03, p.165)
5) doudo (l.18, p.218; p.52, l.44)
6) dous (l.01, p.125; l.01, p.126; l.34, p. 135; l.38, p.136; l.02, p.141; l.09, p.141; l.09,
p.142; l.11, p.142; l.06, p.277; l.15, p.305; l.10, p.224; l.18, p.172; l.42, p.97; p.17,
l.20)
7) fouce (p.82, l.23)
8) fourão > fouram (p.87, l.38)
9) noute (l.07, p.254)
10) poude (l.13, p.103)
7. Emprego de 'e' ou 'i' postônicos
1) craneo > crâneo (p.52, l.06; p.56, l.07; l.40, p.153)
2) Empirio > Empírio (l.10, p.213)
3) escárneo (l.29, p.105)
4) escarneo > escárneo (l.21, p.219; p.65, l.32; p.71, l.24)
8. Emprego de 'o' ou 'u' postônicos
1) magua > mágua (p.50, l.11)
9. Emprego de 'mm' ou 'nn'
9.1. 'mm'
1) accommette > accommete (l.16, p.289)
2) accommoda (l.10, p.297)
3) chamma (l.09, p.313; l.11, p.289; l.15, p.299; l.12, p.103; l.13, p.105; l.12, p.239;
l.13, p.125; l.40, p.108; p.18, l.14; p.77, l.10; p.77, l.37; p.77, l.41)
4) chammas (l.13, p.251; l.16, p.109; l.2 0 p.109; l.40, p.111; l.17, p.172; l.22, p.238;
l.23, p.190; l.35, p.93; p.36, l.14; p.36, l.15; p.55, l.42; p.70, l.40; p.87, l.22)
5) chammejantes (p.28, l.41)
6) commenda (l.26, p.100)
7) commendador (l.17, p.100; l.21, p.101)
8) commetti > commeti (l.27, p.174)
9) commigo (l.06, p.177; p.50, l.39; p.51, l.41; p.70, l.25; p.321, l.40; p.321, l.44)
10) commoção (l.25, p.104)
11) commodos (l.13, p.93)
66
12) commovê-la (p.49, l.03)
13) commovida (l.32, p.238)
14) commua (l.35, p.271)
15) commum (l.02, p.228; p.43, l.32)
16) communica (l.32, p.246)
17) communicam (l.04, p.309; l.15, p.309)
18) flammejão > flammejam (l.15, p.231)
19) gemmadas (l.22, p.260)
20) immensa (l.09, p.182; l.26, p.230; l.3 4 p.15; p.56, l.41; p.88, l.35)
21) immensidade (l.25, p.135; l.25, p.141)
22) immenso (l.06, p.247; l.08, p.310; l.11, p.218; p.22, l.23; p.23, l.02; p.26, l.23;
p.49, l.20; p.51, l.23; p.59, l.17; p.68, l.12)
23) immensos (l.44, p.136)
24) immoral (l.32, p.245)
25) immortaes (p.56, l.23)
26) immortal (l.15, p.247)
27) immortalidade (p.29, l.03; p.56, l.35)
28) immovel > immóvel (l.12, p.147; p.51, l. 23)
29) immunda (l.43, p.246)
30) immundo (p.54, l.06; p.54, l.22)
31) immutaveis > immutáveis (p.62, l.01)
32) inflammas (l.15, p.109)
33) recommenda (l.16, p.124)
34) somma (l.20, p.93)
35) summamente (l.05, p.95)
36) summidade (l.09, p.222)
37) summo (l.15, p.269; l.25, p.104; l.34, p.156)
9.2. 'nn'
1) annéis (p.19, l.11)
2) annel (p.45, l.21)
3) anniquilla > anniquila (p.334, l.16)
4) anniquillam > anniquilam (p.38, l.30)
5) anniversario > anniversário (l.02, p.1 35 ; l.03, p.221)
67
6) anno (l.23, p.121)
7) annos (l.01, p.120; l.14, p.121; l.24, p.121; l.35, p.121; l.36, p.121; l.38, p.121; l.34,
p.135; l.31, p.136; l.44, p.136; l.01, p.220; l.05, p.220; l.13, p.220; l.33, p.220;
l.25, p.170; p.43, l.37; p.45, l.10; p.45, l.33; p.45, l.44; p.46, l.06; p.48, l.35; p.331,
l.11)
8) annunciam (p.38, l.06)
9) brincão > brincam (p.321, l.11)
10) ennegrecido (p.334, l.34)
11) innocência (l.14, p.155)
12) innocencia > innocência (l.12, p.108; l.17, p.256; l.19, p.272; l.22, p.178; l.38,
p.217; l.35, p.229; p.25, l.05; p.333, l.09; p.333, l.38)
13) innocente (l.01, p.156; l.13, p.145; l.17, p.115; l.28, p.186; l.30, p.108; l.34, p.103;
l.37, p.238)
14) innocentes (l.06, p.312; l.10, p.142)
15) innoente > innocente (l.28, p.265)
16) Marcianna (l.03, p.260; l.13, p.260; l.10, p.289)
17) pannos (l.13, p.265)
18) penna (l.23, p.245; l.10, p.247; l.30, p.149; l.37, p.284; p.46, l.33)
19) Salustianno (p.17, l.12)
20) tirannas (p.36, l.11)
21) tyranno > tiranno (p.334, l.23)
22) tirannos (p.47, l.45)
23) tyranna > tiranna (l.31, p.95; l.39, p.95; l.40, p.4)
24) tyrannia > tirannia (l.04, p.222; l.23, p.224)
25) tyrannica > tirânnica (l.09, p.104)
26) tyranno > tirano (l.37, p.223)
27) tyrannos > tirannos (l.32, p.223; p.56, l.01)
10. Emprego do acento gráfico indicativo de crase
1) à amor (p.66, l.31)
2) á banca > à banca (l.22, p.245)
3) á beira > à beira (l.01, p.299)
4) á belleza > à beleza (l.14, p.293)
5) á casa > à casa (l.26, p.294)
68
6) á cinzas > à cinzas (p.333, l.35)
7) à criança (p.89, l.33)
8) á criancinha > à criancinha (l.28, p.265)
9) á cruéis > à cruéis (p.37, l.28)
10) A' cruz > À cruz (l.28, p.155)
11) á cruz > à cruz (l.30, p.226)
12) á culto > à culto (p.38, l.21)
13) á doce magia > à doce magia (p.332, l.07)
14) á dolorosa > à dolorosa (l.26, p.234)
15) á dor > à dor (l.37, p.148)
16) á esta > à esta (p.25, l.19)
17) á face > à face (p.16, l.16)
18) à flor (p.64, l.22)
19) á foda > à foda (l.07, p.289; l.08, p. 14 3; l.17, p.149)
20) á força > à força (l.15, p.234; l.25, p. 237; l.29, p.99)
21) A' frente > À frente (l.45, p.97)
22) á furto > à furto (l.28, p.166; l.32, p. 123)
23) á glória > à glória (l.14, p.121; p.332, l.32)
24) á guerra > à guerra (l.19, p.115)
25) á igreja > à igreja (ll.22-23, p.95)
26) A' hora > À hora (l.11, p.113)
27) á illma > à ilma. (p.321, l.01)
28) á jura > à jura (l.18, p.132)
29) á ligeira > à ligeira (l.21, p.298)
30) à luz (p.52, l.17)
31) á luz > à luz (l.14, p.265; l.10, p.281; l.16, p.113)
32) à mesma (p.84, l.10; p.85, l.10)
33) à meu (p.89, l.14)
34) á meus > à meus (l.31, p.108)
35) á meza > à mesa (l.03, p.265; l.19, p.265)
36) à mil (p.70, l.29)
37) à minha (p.74, l.14)
38) á minha > à minha (l.01, p.147)
39) á minhas > à minhas (l.32, p.238)
69
40) à morte (p.66, l.16)
41) A' morte > À morte (l.01, p.153)
42) á morte > à morte (p.25, l.20)
43) á natura > à natura (p.327, l.02)
44) á noite > à noite (l.31, p.224)
45) á outrem > à outrem (l.01, p.239)
46) á paixão > à paixão (l.25, p.103)
47) á passo > à passo (l.33, p.100)
48) á pátria > à pátria (l.16, p.137; l.19, p.121)
49) à plaga (p.61, l.44)
50) á planta > à planta (l.28, p.230)
51) à plantação (p.60, l.21)
52) á pouco > à pouco (p.333, l.20)
53) á praça > à praça (l.26, p.245)
54) á quem > à quem (p.16, l.10)
55) á rastos > à rastos (l.05, p.101)
56) á razão > à razão (l.21, p.125)
57) á ruínas > à ruínas (p.333, l.21)
58) á santa > à santa (p.332, l.18)
59) à sciencia > à ciência (p.50, l.34)
60) á sepultura > à sepultura (l.03, p.159; l.24, p.112; l.29, p.237; p.325, l.35)
61) á seu > à seu (p.41, l.04)
62) à sombra (p.57, l.22)
63) Á sombra > À sombra (l.02, p.209; l.30, p.209; l.07, p.210)
64) á sombra > à sombra (l.16, p.294; l.17, p.148)
65) à Sra. (p.83, l.10)
66) á sua Excellencia > à sua Excelência (l.29, p.96)
67) á tanto > à tanto (l.34, p.109)
68) á tarde > à tarde (l.08, p.288)
69) á tempestade > à tempestade (l.03, p.146)
70) à terra (p.68, l.33; p.77, l.14)
71) á terra > à terra (l.06, p.222; l.28, p.230; l.10, p.303; l.11, p.149; l.32, p.246)
72) à teu (p.62, l.04)
73) á teu > à teu (l.31, p.113)
70
74) A' teus > À teus (l.01, p.188)
75) á teus > à teus (l.03, p.188)
76) à todos (p.61, l.08)
77) á tormenta > à tormenta (l.18, p.139)
78) à um (p.49, l.19)
79) á um'alma > à um'alma (p.41, l.25)
80) á uma > à uma (l.30, p.93)
81) á ver > à ver (p.16, l.20)
82) á verdade > à verdade (p.105, l.41)
83) á verilha > à verilha (l.28, p.250)
84) á vida > à vida (l.03, p.208; l.06, p.141)
85) á virtude > à virtude (l.18, p.121)
86) á vista > à vista (p.23, l.01)
87) á voz > à voz (l.35, p.256)
88) áquellas > àquelas (l.41, p.148)
89) áquelle > àquele (l.14, p.250)
90) ás afflictas > às aflictas (l.22, p.105)
91) ás almas > às almas (l.28, p.111)
92) ás ancias > às ânsias (l.26, p.218)
93) ás apupadas > às apupadas (l.27, p.245)
94) ás escuras > às escuras (l.15, p.309)
95) ás esperanças > às esperanças (l.34, p.121)
96) ás flores > às flores (p.321, l.48)
97) ás lousas > às lousas (l.10, p.227)
98) às ondas (p.79, l.28)
99) às portas (p.78, l.23)
100) ás portas > às portas (p.325, l.50)
101) ás santas > às santas (l.02, p.142)
102) A's suas > Às suas (l.08, p.116)
103) ás trevas > às trevas (l.32, p.226)
104) ás vezes > às vezes (l.13, p.180; l.26, p.135; l.27, p.135; p.19, l.04)
105) A's vezes > Às vezes (l.17, p.305; l.19, p.223)
106) Ás vezes > Às vezes (p.19, l.04; l.35, p.177)
107) ás vistas > às vistas (p.26, l.21)
71
11. Formas vocabulares sincréticas
1) alprecata (p.32, l.28)
2) caramachão (l.11, p.93)
3) coixinhas (l.04, p.278; l.30, p.278)
4) d'oiro (p.45, l.21; p.53, l.04)
5) doirem (p.16, l.24)
6) benino (p.336, l.02)
7) languores (p.67, l.21)
8) malino (l.09, p.252)
9) oiro (p.61, l.02)
10) pastorar (l.11, p.250)
11) rasoira (p.29, l.41)
12) rella > rela (l.30, p.298)
13) resplandores (p.25, l.15)
12. Antropônimos
1) Balthazares > Baltasares (l.16, p.123)
2) Barretto (p.49, l.11; p.49, l.12; p.76, l.11)
3) Bomtempo (l.05, p.311)
4) Demosthenes > Demósthenes (p.51, l.21)
5) Isabel (p.327, l.43; p.328, l.38; p.330, l.24; p.329, l.26; p.331, l.09; p.333, l.08;
p.334, l.03; p.334, l.04; p.334, l.18; p.325, l.44; p.326, l.35; p.326, l.40; p.326,
l.45; p.335, l.06)
6) Josephina (p.321, l.01)
7) Marcianna (l.03, p.260; l.13, p.260; l.10, p.289)
8) Mattoso (l.09, p.280)
9) Othello (p.313, l.06)
10) Salustianno (p.17, l.12)
11) Sanctos (l.38, p.93)
12) Telles (p.287, l.08)
13) Theotonio (l.15, p.310)
14) Theresa (l.02, p.220)
15) Thereza (l.29, p.136)
72
13. Grupos consonânticos disjuntivos
13.1. 'cc'
1) acção (p.17, l.22)
2) accende (l.09, p.141; l.30, p.125; l.21, p.217; l.20, p.222; l.41, p.108; p.20, l.15;
p.26, l.11; p.46, l.23)
3) accendesse (p.77, l.37)
4) accendeu (l.35, p.246; p.64, l.37)
5) accendia (p.79, l.17)
6) accentos p.334, l.43
7) accesa (l.07, p.103; l.32, p.104; l.15 , p.265; l.32, p.289; l.20, p.222)
8) accêsa > accesa (p.18, l.13)
9) accesas (l.19, p.109)
10) acceso (l.13, p.210; l.13, p.251)
11) accêso > acceso (p.51, l.06)
12) accêsos > accesos (p.55, l.16)
13) accêzos > accesos (p.71, l.12)
14) accommette > accommete (l.16, p.289)
15) accommoda (l.10, p.297)
16) accorda (p.37, l.27)
17) accusação (l.03, p.166)
18) accusar-te (l.16, p.239)
19) baccamarte (l.24, p.267)
20) bocca (l.32, p.256; l.04, p.306; l.25, p.306)
21) occasião (l.02, p.226; l.02, p.229; l.10, p.95; l.41, p.300; p.72, l.11; p.82, l.10;
p.83, l.11)
22) occaso (p.28, l.37; p.52, l.33; p.56, l. 30; p.32, l.29)
23) occidente (l.03, p.115; l.20, p.115; p .8 7, l.39)
24) occulta (p.65, l.07)
25) occultamente (l.15, p.224)
26) occultando (p.23, l.27)
27) occultar (l.02, p.193)
28) occulto (p.66, l.20)
29) peccado (l.08, p.296; l.30, p.217; p.77, l.19)
73
30) pêccos > peccos (p.78, l.16)
31) saccos (l.15, p.287)
32) saccudindo (l.13, p.269)
33) secca (l.29, p.288; p.24, l.16)
34) sêcca > secca (l.07, p.120; l.43, p.120; p.19, l.16; p.61, l.17; p.19, l.18; p.49, l.38)
35) sêccas > seccas (p.36, l.07)
36) secca-se (l.32, p.186)
37) secco (l.05, p.170)
38) seccou-se (p.21, l.29)
39) soccorra (l.19, p.299)
40) soccorro (p.63, l.36)
41) succeda (l.30, p.226)
42) succede (l.06, p.149)
43) succedem (p.38, l.05)
44) succederão (p.30, l.26)
45) successivo (p.83, l.25)
46) succumba (l.26, p.105)
47) succumba-se (l.38, p.104)
48) succumbe (l.08, p.125)
49) succumbir (l.06, p.169)
50) succumbo (l.26, p.170)
51) vaccas (l.43, p.245)
13.2. 'ct'
1) actividade (l.01, p.126; l.12, p.271)
2) acto (l.28, p.104)
3) actor (p.18, l.40)
4) actos (l.14, p.245)
5) affecto > afecto (l.08, p.239; p.22, l.27; p.71, l.07; p.72, l.22)
6) affectos > afectos (l.30, p.120; l.39, p .238; p.334, l.13)
7) afflicta > afflicta (p.79, l.19; p.35, l.34; p.50, l.04; l.37, p.105; p.328, l.48; p.334,
l.35)
8) afflictas > aflictas (l.22, p.105)
74
9) afflicto (l.02, p.154; l.03, p.266; l.04, p.136; l.16, p.209; p.23, l.17; p.33, l.14; p.326,
l.16; p.335, l.03)
10) architecto > arquitecto (l.23, p.294)
11) architectura > arquitectura (p.333, l.21)
12) atractivo (p.90, l.24)
13) attractivos > atractivos (l.13, p.289)
14) contractou (l.11, p.294)
15) defunctos (l.20, p.100)
16) delicto (l.35, p.104)
17) desfructa (p.59, l.24)
18) desfructei (l.40, p.138)
19) dictos (l.02, p.105; p.64, l.11)
20) dilectos (l.23, p.123)
21) espectaculo > espectáculo (l.28, p.125)
22) extincta (l.13, p.239)
23) extincto (p.85, l.28)
24) extinctos (p.59, l.28)
25) facto (l.06, p.95)
26) fictos (l.11, p.192)
27) fluctuante (l.36, p.145)
28) fructa (l.01, p.305; l.06, p.305; l.13, p.305; l.18, p.305; l.32, p.306)
29) fructas (l.38, p.305)
30) fructinha (l.16, p.305)
31) fructo (l.23, p.306; l.24, p.141; l.39, p.141; p.37, l.14; p.37, l.15)
32) fructos (p.54, l.11; p.65, l.10; p.328, l.25)
33) grão-redactor (l.16, p.245)
34) injecta (l.18, p.192)
35) insecto (p.22, l.28)
36) juncto (l.31, p.113)
37) lucta (l.08, p.125; l.35, p.115; l.1, p .305; l.20, p.153)
38) luctar (l.09, p.125; l.16, p.159)
39) lucto (l.30, p.111; p.33, l.35; p.34, l. 09; p.37, l.13; p.42, l.29; p.47, l.35)
40) maldicta (l.10, p.277; l.12, p.300)
41) projectos (l.28, p.120)
75
42) protectores (p.89, l.09)
43) redactor (l.15, p.247)
44) reflectindo (p.52, l.16)
45) respectuoso (p.17, l.27)
46) sancta (l.39, p.105; p.29, l.13; p.328, l.23)
47) sanctificada (p.60, l.40)
48) sancto (p.29, l.12; p.32, l.06)
49) Sanctos (l.38, p.93)
50) seductor (p.43, l.07; p.332, l.02)
51) seductores (l.41, p.138; p.90, l.02)
52) tacteão > tacteam (l.30, p.230)
53) tectos (p.54, l.32; p.63, l.20; p.325, l.12)
54) victima > víctima (l.17, p.15; l.33, p.2 07; l.13, p.217)
55) victimas > víctimas (l.19, p.103; p.29, l.02)
56) victoria > victória (l.28, p.299; l.36, p.115)
13.3. 'cç'
1) acção (l.06, p.157)
2) afflicção > aflicção (p.78, l.15; l.12, p.185)
3) d'afflicção > d'aflicção (p.37, l.04)
4) estincção > extincção (l.39, p.105)
5) n'acção (l.01, p.126)
13.4. 'gn'
1) afflicção > aflicção (l.21, p.260)
2) assignar (l.11, p.281; l.12, p.281)
3) assignaturas (p.16, l.17)
4) damnada (l.14, p.289)
5) signaes > signais (l.14, p.135; l.37, p.300)
6) signal (l.29, p.147; p.32, l.31)
7) somno (l.06, p.283; l.07, p.283; l.09, p .283; l.17, p.299)
13.5. 'gm'
76
1) augmenta (l.46, p.100; p.36, l.28; p.220, l.13)
2) augmentar (l.16, p.191; l.33, p.192)
3) augmenteis (l.41, p.121)
13.6. 'pt'
1) adoptava (l.10, p.214)
2) assumptos (l.17, p.93)
3) baptisado > baptizado (p.71, l.08)
4) baptismo (l.02, p.141; l.02, p.155)
5) captiveiro (l.06, p.209; l.10, p.210; l. 27, p.221; l.26, p.155)
6) captivo (l.08, p.208; l.19, p.155)
7) captivos (p.38, l.37; p.321, l.39)
8) captivou (l.19, p.120)
9) circunscripta (l.32, p.120)
10) descripto (p.331, l.33)
11) Egypto > Egipto (p.54, l.26)
12) escriptas (p.20, l.39)
13) escripto (p.22, l.18; p.33, l.13)
14) escriptos (p.51, l.07)
15) excepto (l.20, p.138)
16) Neptuno (l.40, p.267)
17) prompta (l.27, p.237)
18) prompto (l.06, p.273; l.12, p.126; l.35, p.15; l.31, p.153)
19) proscripto (p.77, l.18)
20) saptisfaças (p.58, l.07)
21) saptisfez-me (p.57, l.19)
22) scepticismo > cepticismo (l.15, p.242; l.18, p.112)
23) sceptico > céptico (p.20, l.21)
24) sceptro > ceptro (l.13, p.231; l.20, p.231; l.07, p.233; l.15, p.251; l.27, p.124;
p.333, l.37)
25) sceptros > ceptros (p.334, l.31; p.325, l.16)
26) septenario > septenário (p.325, l.01)
77
13.7. 'mn'
1) calumnia > calúmnia (l.20, p.246; l.40, p.246)
2) calumniadores (l.13, p.245)
3) comnosco (p.54, l.27)
4) condemna (l.03, p.15; l.20, p.15)
5) condemnadas (l.35, p.93)
6) condemnado (p.42, l.38)
7) condemnes (l.32, p.226)
8) damnados (l.18, p.96)
9) hymno > himno (l.01, p.229; l.08, p.154; l.05, p.155; l.23, p.155; l.14, p.121; l.15,
p.121; l.26, p.135; l.32, p.141; l.14, p.123; p.64, l.30)
10) hymnos > himnos (l.09, p.210; l.03, p.224; p.46, l.39; p.56, l.16; p.332, l.36;
p.332, l.37)
11) omnipotente (p.334, l.21)
12) solemne (l.36, p.223; p.32, l.25; p.84, l.18; p.335, l.08)
13) solemnes (l.27, p.220)
14) somno (l.29, p.152; p.57, l.21; p.79, l.15; p.328, l.11; p.326, l.06)
15) tyramno (p.81, l.15)
16) tyramnos > tiramnos (p.76, l.43)
13.8. 'bt'
1) subtil (l.09, p.301; p.65, l.28)
2) subtilmente (l.21, p.250)
13.9. 'pç'
1) inscripção (p.336, l.11)
2) redempção (l.34, p.155)
3) redempções (l.01, p.155; l.16, p.155)
14. Hiperbibasmo
14.1 Diástole
1) impia [segunda sílaba tônica em função da métrica] p.49, l.44
14.2 Sístole
1) pégada (p.51, l.10)
78
15. Possibilidade de timbre vocálico diferenciado
1) morrérão [pret.perf] > morréram (l.23, p.242)
2) Phariséus > Fariséus (p.65, l.18)
3) podér > podér [fut.subj.] (p.47, l.33)
16. Verbo 'ter'
1) teem > têm (p.44, l.02)
17. Possibilidade de ‘x’ como letra dúplice
1) dextra (p.32, l.39; p.61, l.28; p.90, l.15; p.122, l.21; p.123, l.20; p.230, l.09; p.231,
l.18; p.247, l.30; p.292, l.06; p.294, l.33; p.332, l.22; p.325, l.15; p.326, l.07)
2) exforçados (p.87, l.35)
3) exvai (p.88, l.02)
4) mixto (p.56, l.29)
5) extende (p.136, l.04; p.147, l.39)
6) extendeu-se (p.145, l.25)
5.2.4. Recursos auxiliares ao texto dos poemas
5.2.4.1. Réguas e sinais gráficos
O textos dos poemas é basicamente amparado por duas réguas, uma à
esquerda e outra à direita da mancha. A primeira consiste na numeração dos versos,
de cinco em cinco, à qual remetem as abonações das citações feitas “3. Sobre os
poemas atribuídos a Laurindo Rabello”, “4. A tradição dos poemas atribuídos a
Laurindo Rabello” e “5. O texto dos poemas”:
79
A segunda corresponde às linhas que norteiam os aparato crítico, a serem
explicados mais à frente:
Ao final do último verso, o sinal ‘’ indica que a estrofe continua na página
seguinte:
80
Os números entre colchetes informam a paginação original, de acordo com o
testemunho do texto-base:
Além das notas filológicas, presentes no aparato crítico, há outras de caráter
diverso, recolhidas de compilações ou produzidas ao longo desta pesquisa,
indicadas por algarismos arábicos ao fim de uma palavra ou verso. Tais notas
encontram-se reunidas ao final desta edição, no terceiro volume, em “1. Notas”:
5.2.4.2. Aparato crítico
Quanto ao aparato crítico, empregou-se o de natureza negativa, ou seja, o
que registra “registra só as variantes e as lições rejeitadas, ficando implícito que os
outros manuscritos e as outras edições seguem a que se adotou.” (SPINA: 1994, p.
148) A escolha explica-se pelo fato de o aparato negativo facilitar o registro e a
leitura das variantes ao longo da tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello.
Os lugares críticos de que se originaram o aparato consistem, pois, em pontos de
desacordo entre variantes substantivas, “que afetam o sentido dado pelo autor ou a
essência de sua expressão (…).” (CAMBRAIA: 2005, p.167)
A fisiologia do aparato crítico desta edição consiste basicamente na
demonstração de lemas em contraste. O primeiro, em negrito e encerrado por
colchete (]), corresponde à lição adotada na apresentação do texto, e o(s) outro(s),
à(s) encontrada(s) nos demais testemunhos. Cada aparato é aberto pelo número
da(s) linha(s) definido pela régua à direita da mesma página. Eis um exemplo de
aparato crítico:
81
36 sabe] Tr2: sei
Explicando as notações:
a) ‘36’ = linha 36;
b) ‘sabe]’ = lição adotada no texto apresentado;
c) ‘Tr2: sei’ = variante em desacordo com a lição adotada, presente na
segunda edição de Trovas (Tr2).
O sinal ‘→’ é empregado para indicar, no aparato, a correção feita pelo autor
na errata da primeira edição de Trovas:
36 toda graça] Tr1: toda a graça → toda graça
Havendo mais de um aparato crítico no roda-pé, usa-se o sinal ‘||’ como delimitador:
32 Na qual viu minh’alma] Tr2: No espelho onde via || 36 sabe] Tr2: sei
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