UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FÁBIO FROHWEIN DE SALLES MONIZ OBRAS POÉTICAS DE LAURINDO RABELLO: EDIÇÃO CRÍTICA VOLUME I RIO DE JANEIRO 2010 FÁBIO FROHWEIN DE SALLES MONIZ OBRAS POÉTICAS DE LAURINDO RABELLO: EDIÇÃO CRÍTICA VOLUME I Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para a obtenção do Título de Doutor em Letras Vernáculas (Literatura Brasileira). Orientador: Professor Doutor Wellington de Almeida Santos. Rio de Janeiro 2010 Moniz, Fábio Frohwein de Salles. M.. Obras poéticas de Laurindo Rabello: edição crítica / Fábio Frohwein de Salles Moniz. Rio de Janeiro, 2010. 333 f. Tese (Doutorado em Literatura Brasileira) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, 2010. Orientador: Prof. Dr. Wellington de Almeida Santos 1. Obras poéticas de Laurindo Rabello. 2. Poesia romântica. 3. Literatura brasileira – Teses. I. Santos, Wellington de Almeida (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenação dos Cursos de Pós-Graduação da Faculdade de Letras. III. Título. Fábio Frohwein de Salles Moniz OBRAS POÉTICAS DE LAURINDO RABELLO: EDIÇÃO CRÍTICA Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2010 _________________________________________ (Prof. Dr. Wellington de Almeida Santos / UFRJ) ______________________________________________________ (Profa. Dra. Ceila Maria Ferreira Batista Rodrigues Martins / UFF) ____________________________________________ (Prof. Dr. Francisco Venceslau dos Santos / UERJ) _____________________________________ (Prof. Dr. Antonio Carlos Secchin / UFRJ) _________________________________________ (Prof. Dr. Edwaldo Machado Cafezeiro / UFRJ) __________________________________________ (Prof. Dr. Eucanaã de Nazareno Ferraz / UFRJ) __________________________ (Prof. Dr. Julio Dalloz / UFRJ) A João Paulo, meu pai; Elisa Beti, minha mãe; Tereza Paula, minha esposa; e Cauê, meu filho. A minha avó Gitel Frohwein in memoriam. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Wellington de Almeida Santos, que, antes de orientador, foi o grande Mestre que nos influenciou com suas aulas apaixonantes na escolha da obra poética de Laurindo Rabello. Ao amigo Luiz Antônio de Souza, bibliotecário-chefe da Academia Brasileira de Letras, incansável no auxílio aos usuários da biblioteca do Petit Trianon, a quem devemos valiosíssimas informações, indicações bibliográficas e orientações. A Vera Faillace e Angela Di Stasio, da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional, que nos prestaram grande ajuda na localização e fotografia de documentos biográficos inéditos sobre Laurindo Rabelo. A Paulino Lemes de Sousa Cardoso, chefe do Centro de Memória da Academia Brasileira de Letras, que nos auxiliou nas consultas à Hemeroteca de Laurindo Rabelo e generosamente permitiu fotografar o bilhete a Adelaide. Ao Coronel Paulo Dartanhan Marques de Amorim, Diretor do Arquivo Histórico do Exército, e ao 1o Tenente Alcemar Ferreira Júnior, Chefe da Divisão de História do Arquivo Histórico do Exército, por terem nos auxiliado na localização e obtenção das fotografias das Ordens do Dia. Exigindo a ecdótica uma preparação filológica geral altamente satisfatória e uma experiência particular muito séria, seria de todo recomendável que os editores-de-texto improvisados menos, da (…) idéia se imbuíssem, de que existem pelo os problemas e não se fizessem levianamente árbitros dos seus editados – o que tem acarretado o aparecimento, entre nós, de impressos que melhor fora nunca tivessem vindo à luz pública, tão indignos são de fé ou confiança. (Houaiss: 1967, p.88) RESUMO O poeta fluminense Laurindo José da Silva Rabello (1826-1864) publicou em vida somente um livro, Trovas (1853), além de poemas dispersos em vários periódicos. No estado atual da tradição impressa, não há sequer uma edição que exponha a totalidade de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Além disso, não se procedeu ainda à edição científica de sua obra poética, que carece não só do estabelecimento do texto com base em procedimentos científicos, bem como de 1) dados contextuais auxiliares ao esclarecimento de poemas que remetam a questões ligadas ao âmbito histórico-cultural ou biográfico; 2) discernimento de poemas de autenticidade comprovada dos de autenticidade duvidosa; 3) continuidade da recuperação de textos perdidos. Esta Tese tem por objetivo geral, portanto, editar cientificamente os poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Para tal, foram inventariados e cotejados testemunhos, estabelecendo e apresentando-se o texto de seus poemas com base na metodologia da crítica textual. O corpus da pesquisa constitui-se de compilações poéticas, antologias, periódicos diversos e cancioneiros de modinhas e lundus dos séculos XIX e XX, partituras, histórias da música popular brasileira, através dos quais os poemas atribuídos a Laurindo Rabello foram transmitidos até a atualidade. A orientação teórica da pesquisa seguiu os manuais de bibliologia, textologia e filologia de Antônio Houaiss (1969), Roger Laufer (1972), Segismundo Spina (1977), Barbara Spaggiari e Maurizio Perugi (2004), César Nardelli Cambraia (2005). ABSTRACT Fluminense poet José Laurindo da Silva Rabello (1826-1864) published in life just a book, Trovas (1853), as well as poems scattered in various journals. In the current state of the printed tradition, there is not a edition that exposes all of the poems attributed to Laurindo Rabello. Moreover, not to proceed with the scientific edition of his work poetry, which requires not only the establishment of the text-based scientific procedures, as well as 1) the auxiliary background data clarification of poems which refer to issues in the cultural-historical or biographical context, 2) insight of poems confirmed the authenticity of doubtful authenticity, 3) continuity the recovery of lost texts. This Thesis aims at general therefore, scientifically edit the poems attributed to Laurindo Rabello. To this end, were accounted for and collate evidence, establishing and presenting the text of his poems based on the methodology of critical textual. The corpus of research is the compilation of poetry, anthologies, periodicals and several songbooks of folk songs and lundus of nineteenth and twentieth centuries, scores, stories of Brazilian popular music, through which the poems attributed to Laurindo Rabello were transmitted to the present. The theoretical orientation of research followed the manuals of bibliology, textology and philology of Antônio Houaiss (1969), Roger Laufer (1972), Segismundo Spina (1977), Barbara Spaggiari and Maurizio Perugi (2004), César Nardelli Cambraia (2005). SUMÁRIO VOLUME I 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................11 2. SOBRE LAURINDO RABELLO..........................................................................13 3. SOBRE OS POEMAS ATRIBUÍDOS A LAURINDO RABELLO.........................40 3.1. Recepção crítica....................................................................................40 3.2. Características......................................................................................50 3.3. A linguagem em Laurindo Rabello........................................................76 4. A TRADIÇÃO DOS POEMAS ATRIBUÍDOS A LAURINDO RABELLO.............87 4.1. Inventário testemunhal..........................................................................87 4.1.1. Periódicos de assuntos diversos.............................................87 4.1.2. Periódicos e cancioneiros de modinhas e lundus..................106 4.1.3. Compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello.......120 4.1.4. Antologias..............................................................................158 4.2. Percurso histórico do texto dos poemas.............................................165 4.2.1. Os poemas de Trovas...........................................................165 4.2.2. Dispersos em periódicos publicados em vida........................170 4.2.3. Dispersos em cancioneiros de modinhas e lundus...............172 4.2.4. Recolhas de compiladores sem origem atestada..................174 4.3. Estema................................................................................................202 4.3.1. Os poemas de Trovas...........................................................202 4.3.2. Dispersos em periódicos publicados em vida........................203 4.3.3. Dispersos em cancioneiros de modinhas e lundus...............204 4.3.4. Recolhas de compiladores sem origem atestada..................205 11 1. INTRODUÇÃO Em sua origem, o verbo ‘editar’ advém do particípio editum do verbo latino edo, que significa ‘apresentar, fazer ver’. O editor é quem, portanto, atua no sentido de uma obra ser vista, lida, apreciada pelo público, a partir de um conjunto de procedimentos intelectuais e mecânicos. Inserido num itinerário que começa no autor com destino ao leitor, o editor pode revelar ou obscurecer a genialidade artística de poemas, contos, novelas, romances, peças de teatro, enfim, constructos discursivos que caracterizam identidades na produção literária tanto de um determinado autor, quanto de uma época ou ainda de um país. Não é pouca a responsabilidade que se deposita no trabalho de edição, muito embora alguns editores assim não estimem a sua função, entendendo-se meros gráficos a serviço da reprodução de obras. Além de possibilitar ao público a leitura de obras ou autores, o editor pode ainda resgatá-los do esquecimento, uma vez que o cânone literário está sujeito a flutuações de gostos, ideologias, dentre outros fatores mais ou menos subjetivos. Tal é o objetivo geral desta Tese: resgatar edodicamente as obras poéticas atribuídas a Laurindo José da Silva Rabello, poeta que, pela qualidade e representatividade de seus poemas, merece ser lido e estudado para um entendimento mais amplo acerca da geração de Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela. Muito embora sempre manteve algum lugar nas histórias da literatura brasileira, desde Sílvio Romero até Alfredo Bosi, até hoje não houve sequer uma compilação em que pelo menos se antologizassem todos os poemas atribuídos a Laurindo Rabello, sem contar o labor de crítica textual que Leodegário Amarante de Azevedo Filho já, na década de setenta, asseverava ser necessário. O que se propõe especificamente com este trabalho, portanto, é reunir os poemas atribuídos a Laurindo Rabello, discernindo-os quanto à confiabilidade do texto e autenticidade autoral e aplicando-lhes os procedimentos científicos da crítica textual para fins de estabelecimento de texto. Laurindo Rabello publicou em vida somente uma coletânea poética, Trovas (1853), além de poemas dispersos em vários periódicos, deixando inédito o manuscrito do Compêndio de gramática da língua portuguesa, publicado posteriormente em 1869; e perdidas as peças Os anéis de uma cadeia, O mendigo da serra, O pupilo extravagante e Santa Izabel, essa última encenada em Salvador; 12 o poema narrativo Alberto; o romance inacabado O coveiro; e “um compêndio de leitura para as escolas regimentais dos corpos.”1 Publicaram-se postumamente também inúmeras compilações de poemas seus, dentre as quais Obras poéticas livres (1882), com textos erótico-obscenos, além de modinhas em cancioneiros2 de modinhas e lundus. A tradição impressa da obra poética atribuídos a Laurindo Rabello é repleta de problemas, um dos quais consistindo no fato de Trovas não ter chegado à atualidade da forma como foi planejado. Sucessivos compiladores, no esforço positivo de recolher poemas de periódicos da época ou modinhas e lundus transmitidos ao sabor da tradição oral, misturaram poemas dispersos aos originais de Trovas. Deteriorou-se, assim, sua unidade primeira, mesclando-se textos preparados a outros que talvez nem fossem eternizados em livro ou ainda seriam objeto de alterações, já que Laurindo Rabello modificou os poemas compilados em Trovas anteriormente estampados nas páginas dos periódicos. Somem-se a isso gralhas tipográficas e demais modificações não-autorais que se inseriram no texto dos poemas de compilação em compilação, o que sói ocorrer no processo de transmissão de qualquer obra literária. Assim sendo, o primeiro desafio desta pesquisa foi identificar o momento e maneira de entrada de cada poema atribuído a Laurindo Rabello na tradição impressa. Para tanto, procedeu-se à etapa vestibular da elaboração de edições críticas, denominada de recensio ou recensão, subdividida nos expedientes da 1) inventio, 2) collatio, 3) estemática e 4) eliminatio codicum descriptorum. A inventio desta pesquisa fundou-se no levantamento cuidado dos testemunhos, isto é, dos registros impressos dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello que formam em conjunto o que se entende por tradição. Os recursos físicos empregados nesse procedimento foram os acervos da biblioteca José de Alencar, da Faculdade de Letras da UFRJ; das bibliotecas Lúcio de Mendonça e Rodolfo Garcia, da Academia Brasileira de Letras; da biblioteca do Instituto Histórico-Geográfico Brasileiro; da biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura; e da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em especial das Divisões de Obras Gerais, de Periódicos, de Obras Raras e de Música. O produto final da inventio consistiu num inventário testemunhal com cento e trinta e dois testemunhos, em que se contabilizou um total de cento e 1 Diário do Rio de Janeiro: 1864. p.1 Convém esclarecer desde já que a palavra ‘cancioneiro’ é empregada nesta Tese com o sentido único de antologia de canções populares. 2 13 quarenta e oito poemas e dois fragmentos de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Tal inventário disponibilizar-se-á integralmente em “4.1. Inventário testemunhal” Após a inventio, realizou-se a collatio, isto é, o cotejo entre os testemunhos, que possibilitou a identificação de variantes com base nas quais se elaboraram os estemas, ou seja, as representações da relação genealógica entre os testemunhos. Essas variantes constituem o conteúdo do aparato crítico que serve de recurso auxiliar ao texto dos poemas no segundo volume da Tese. Com a estemática, quer dizer, com o estudo da genealogia dos testemunhos, chegou-se, portanto, aos gráficos de árvores, incluídos na seção “4.4. Estema”. Esses expedientes científicos da crítica textual permitiram 1) eliminar os testemunhos que apenas copiam testemunhos predecessores, o que em crítica textual se denomina de eliminatio codicum descriptorum; e 2) eleger de maneira objetiva o texto-base ou crítico dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, levando-se em consideração que os testemunhos mais remotos na tradição impressa estariam menos contaminados com erros tipográficos e intervenções de agentes atuantes ao longo da transmissão dos textos. Estabeleceu-se o texto dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, assim, com base no princípio da crítica textual conhecido por lectio melioris codicis potior, que em português significa “a lição do melhor testemunho é preferível”. Em poucas situações, o texto-base careceu de emendas, empregando-se para tanto o princípio da res metrica, ou seja, da técnica versificatória, a exemplo de Obras poéticas livres, em que se editaram versos com sílabas métricas a mais ou a menos. Existem ainda os casos de erros óbvios, como gralhas tipográficas, já que grande parte da obra poética atribuída a Laurindo Rabello não foi editada sob seus cuidados, sem contar os poemas publicados nas páginas de periódicos. Como se sabe, a precariedade técnica e material do sistema tipográfico do século XIX, além da dinâmica de impressão própria de um periódico, contribuía para que alterações involuntárias se inserissem nos textos mais frequentemente do que em livros. A orientação metodológica da pesquisa pautou-se por manuais e tratados de crítica textual, textologia e bibliologia de Antônio Houaiss (1969), Roger Laufer (1972), Segismundo Spina (1977), Barbara Spaggiari e Maurizio Perugi (2004) e César Nardelli Cambraia (2005). Após a eleição e emenda do texto-base, deu-se início ao processo de simplificação ortográfica. O texto-base dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello em 14 sua grande maioria pertence a uma fase histórica da ortografia portuguesa em que não havia a sistematicidade que se conhece hoje, definida por acordos ou reformas ortográficas. Sendo assim, é comum figurarem duas ou mais formas de se escrever um mesmo vocábulo, como por exemplo: ‘céo’, ‘ceo’, ‘céu’; ou ainda ‘rasão’, ‘razão’. A simplificação ortográfica torna-se indispensável para que se cumpram exigências (a) de inteligibilidade e (b) de economia – determinando a primeira um esforço de explicitação no sentido de superar as limitações que a realidade viva do pensamento e da fala encontram na representação gráfica, e determinando a segunda uma redução de recursos, dentro das possibilidades cognitivas, técnicas e científicas, do tempo e particularmente da tipografia, tudo a fim de que a eficácia gráfica seja obtida com o menor dispêndio relativo de trabalho e energia (HOUAISS: 1967, p.72) Por outro lado, Antônio Houaiss observa o cuidado de, sem embargo da necessidade da simplificação, respeitar-se a realidade linguística do autor e da época, sugerindo alguns fatos que podem ser objeto de simplificação ortográfica sem risco. Nesta edição crítica, seguiram-se tais sugestões e ainda soluções de simplificação ortográfica empregadas nos trabalhos da Comissão Machado de Assis para a edição científica de Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro, uma vez que tanto esses romances quanto o texto-base dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello datam do período pseudo-etimológico da ortografia da língua portuguesa, que vai do século XV até 1943, quando do primeiro acordo ortográfico assinado entre Brasil e Portugal. Quanto à organização, a Tese articula-se em três volumes. O primeiro destina-se a informações sobre autor, obra e metodologia da pesquisa. Assim sendo, o volume inicial traz “2. Sobre Laurindo Rabello”, curta narrativa biográfica em se que reveem interpretações equivocadas sobre episódios da vida de Laurindo Rabello, procurando-se sempre comprovação em documentos localizados e fotografados no Arquivo Histórico do Exército, sediado no Palácio Duque de Caxias; Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; e Centro de Memória da Academia Brasileira de Letras. Em “3. Sobre os poemas atribuídos a Laurindo Rabello”, oferecem-se “3.1. Recepção crítica”, fortuna crítica de Laurindo Rabello; “3.2. Características principais”, breve estudo das principais características temáticas da poesia atribuída a Laurindo Rabello; e “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”, abordagem acerca da linguagem de sua poesia, com especial interesse nos desdobramentos poéticos da educação humanística da época. O primeiro 15 volume apresenta também “4. A tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello”, segmento composto por “4.1. Inventário testemunhal”, listagem pormenorizada de todos os testemunhos de poemas atribuídos a Laurindo Rabello localizados durante a inventio desta pesquisa, que serviu de fonte para “4.2. Contabilização dos poemas inventariados”; “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”, narrativa sobre a tradição impressa da obra poética atribuída ao poeta; e “4.4. Estema”. Em “5. O texto dos poemas”, mais exatamente em “5.1. Sigla dos testemunhos”, listam-se as siglas dos testemunhos constantes do aparato crítico. Logo após, em “5.2. Normas de edição”, explicitam-se as normas de edição, desde o plano de organização dos poemas, devidamente explicado em “5.2.1. Plano de organização dos poemas”, até os motivos e critérios para simplificação ortográfica, discriminados em “5.2.3. Critérios de simplificação ortográfica”. No segundo volume, encontra-se a edição propriamente dita do texto dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, auxiliados por 1) indicação da paginação original do texto-base entre colchetes; 2) régua de numeração de versos, no flanco esquerdo da mancha; 3) régua de numeração de linhas da página, no flanco direito da mancha; 4) aparato crítico. O terceiro volume é dedicado exclusivamente a elementos postextuais, a saber, 1) “1. Notas”, notas aos poemas elaboradas nesta pesquisa, acrescidas de notas compiladas de outras edições, com a devida discriminação; 2) “2. Partituras”, onze partituras de modinhas e lundus; 3) “3. Glossário”, glossário de palavras de difícil compreensão; 4) “4. Documentos biográficos”, reproduções fac-similares dos documentos biográficos que sustentam grande parte das afirmações feitas no primeiro volume, em “2. Sobre Laurindo Rabello”; 5) “5. Demais poemas atribuídos a Ignácio José Ferreira Maranhense” poemas atribuídos a Ignácio José Ferreira Maranhense, a serem abordados em momento oportuno, quando da discussão acerca da problemática autoral do poema “Septenário poético”, justificando-se a anexação do material a esta Tese em função do difícil acesso, do estado avançado de deterioração e do risco de sua perda; e, enfim, 6) “6. Referências”, referências bibliográficas. 16 2. SOBRE LAURINDO RABELLO Na primeira metade do século XVIII, desembarcava no Brasil um grande eflúvio de ciganos1 banidos de Portugal em virtude do crescente acirramento das perseguições com o Desembargo do Paço de 19 de setembro de 1707 e a Carta Régia de 15 de abril de 1718. No Rio de Janeiro, os exilados paulatinamente se aglomeraram no Centro, região do Campo de Sant’Ana, mais detalhadamente, nos extintos Campo da Lampadosa (depois Campo dos Ciganos)2 e Rua da Lampadosa, onde construíram suas casas, passando a ser denominada, por volta de 1763 e 1767, de Rua dos Ciganos3. Ali cresceu, educada por três beatas, Luiza Maria da Conceição, mãe do poeta brasileiro Laurindo José da Silva Rabello, o “poeta lagartixa”4. Luiza Maria da Conceição casou-se com o alferes Ricardo José da Silva Rabello, indo morar na Rua do Espírito Santo5, onde deu à luz a Laurindo Rabello. A data de nascimento foi motivo de muita discussão entre os críticos. Manoel Francisco Dias da Silva Júnior fixou-a em 8 de julho de 18266, como apontam ainda Inocêncio da Silva em seu Dicionário bibliográfico7 e Sacramento Blake8. A menos que se trate de erro tipográfico, Joaquim Norberto de Souza Silva equivocou-se, ao sustentar que, segundo Eduardo de Sá, o natalício de Laurindo Rabello seria 3 de junho de 18269. Silvio Romero não apresenta argumentos para querer antecipar em 6 anos o nascimento, sendo de opinião que Laurindo Rabello teria nascido em 1820. No mais recente e documentado ensaio biográfico, Luiz de Castro Souza adota 3 de junho como referencial, talvez influenciado pelo erro de Joaquim Norberto de Souza 1 A grande maioria dos cronistas afiança Laurindo Rabello descender de ciganos. Em 1808, o Campo dos Ciganos passa a se chamar Rocio da Cidade. 3 A antiga Rua dos Ciganos passou a se chamar Rua da Constituição com a Portaria do Ministério do Império de 25/6/1865, em homenagem à Constituição de 1824. 4 O apelido de “poeta lagartixa” decorreu do fato de Laurindo Rabello ser magro, alto, desengonçado e andar balançando o corpo. Havia ainda o epíteto “Bocage brasileiro” em função da obscenidade presente em parte de seu poemas. 5 A Rua do Espírito Santo teve seu nome modificado para Rua Luís Gama, Centro, pelo Dec. 309 de julho de 1896. 6 Dias da Silva Júnior, em artigo republicado no volume III dos Anais da Biblioteca Nacional: expõe: “Além de tudo, sabe-se da boca da própria viúva que o dr. Laurindo José da Silva Rabelo nascera a 8 de julho de 1826. Fique pois por uma vez dissipada essa divergência”. 7 SILVA, 1860, p.168. 8 BLAKE, 1899, p.288. 9 Da introdução da compilação de Eduardo de Sá (1867), consta na verdade que Laurindo Rabello nasceu em 03 de julho de 1826. Convém sublinhar que, ao incluir o texto de Norberto de Souza Silva na fortuna crítica de sua edição, Osvaldo Melo Braga corrigiu a data de 03 de junho para 03 de julho. 2 17 Silva10. Foi Noronha Santos quem finalmente levantou a fonte acerca da verdadeira data de nascimento de Laurindo Rabello com a publicação do teor de sua certidão de batismo. Observando que a questão ainda se prolongava, trouxe a público o facsímile da certidão, fotografada do livro original de registros da Matriz do Santíssimo Sacramento, com a permissão do cônego Julio Vimeney, cura da igreja11. Diz o documento assinado por José Simões da Fonseca: Aos trinta dias do mês de julho de mil oitocentos e vinte e seis nesta Freguesia do Sacramento da Sé batizei e pus os Santos Óleos ao inocente Laurindo filho legítimo do Alferes Ricardo José da Silva e de sua mulher Dona Luiza Maria Rabelo, naturais dessa Corte: foi padrinho Laurindo José da Costa e Protetora Nossa Senhora das Dores: nasceu a três deste mês: de que foi este ajunto, que assinei. (SANTOS, 1926, p.7) No entanto, se, por um lado, a palavra de Noronha Santos fundamenta-se no documento, por outro, não resolve uma ramificação do problema: a comemoração do aniversário de Laurindo Rabello. Fernando Nery aceita a retificação de Noronha Santos com relação à data de nascimento, mas afirma, bem como Dias da Silva Júnior já o fizera antes, que Adelaide Luiza Cordeiro, a viúva de Laurindo Rabello, insistia em dizer que o aniversário do falecido marido era comemorado pelo próprio e pela família a 8 de julho, marco inclusive adotado pela Academia Brasileira de Letras para a comemoração do centenário. Se Laurindo Rabello nasceu de fato a 3 de julho e foi batizado no dia 30, o que levava o poeta e a família a comemorarem o natalício no oitavo dia? A questão se torna mormente intrigante, quando se tem em mãos a certidão de idade12 solicitada por Laurindo Rabello para o concurso de lente substituto de Primeiras Letras da Escola de Medicina da Corte, em 1849. Em outras palavras, pode-se sustentar com segurança que Laurindo Rabello conhecia o documento em que se afirmava ter ele nascido a 03 de julho. As fontes documentais encontradas pela pesquisa, portanto, não justificam a comemoração do aniversário em 8 de julho. A respeito da ortografia do sobrenome de Laurindo Rabello, encontram-se, a depender da edição, Rabello/Rabelo/Rabêlo e Rebello/Rebelo. Joaquim Norberto de Souza Silva em nota argumenta que 10 SOUZA, 1970, p.14. SANTOS, 1926, p.7. 12 Cf. foto do documento na p.198 deste trabalho. Incluímos ainda na p.197 a reprodução do pedido de certidão de idade feito por Laurindo Rabello. 11 18 Rabello, escreveu sempre o autor, e por isso conservei a sua ortografia. O Sr. Inocêncio da Silva no seu Dicionário bibliográfico luso-brasileiro, t.V, p.169, escreve Rebello, e chama a atenção sobre a ortografia do autor. (SILVA, 1876, p.51) Na verdade, Inocêncio da Silva posteriormente retifica a ortografia empregada no dicionário para Rabello, alegando ter se equivocado13, não obstante Teixeira de Melo discordar: Não procedem para nós as razões que levaram o sr. Joaquim Norberto a admitir o apelido Rabello, usado pelo poeta e que merecera o reparo de Inocêncio da Silva, razões a que o sr. Dias da Silva Júnior tacitamente se submeteu. O poeta achou-o na família de seu pai, e nunca indagou se era assim que se devia ou não escrevê-lo. Estamos convencidos que, se alguém que estivesse no caso de o fazer lhe desse razões filológicas convincentes para o escrever de outro modo, seguramente o poeta o faria. (MELO, 1877, p.371) Na verdade, o sobrenome Rabello é de origem materna e não paterna, contrariamente ao que afirma Teixeira de Melo na citação acima. É mister lembrar que o pai de Laurindo Rabello se chamava Ricardo José da Silva. Da linha 12 da já referida certidão de idade, consta o nome de sua mãe com a ortografia Rabello14. Foi essa a ortografia sistematicamente adotada pelo próprio poeta, conforme inclusive se apresenta na primeira edição de Trovas (1853). Segundo Eduardo de Sá15, Laurindo Rabello, ainda menino, era atração em saraus com seus improvisos e sátiras. Foi aluno brilhante e sempre se destacou dos demais. Como prova, narra-nos o episódio em que Laurindo Rabello teria, durante um exame de filosofia, manipulado habilmente os avaliadores com proposições absurdas. Aliás, a capacidade de fazer, ainda na juventude, sofismas passarem-se por verdades irrefutáveis levava-o a vencer discussões que travasse, quer fosse com médicos, padres ou advogados. Laurindo Rabello desde cedo se exercitou nos mais variados estilos de poesia, lírico, burlesco, erótico, obsceno, satírico, épico, conquanto o que mais impressionasse os contemporâneos fosse o talento para os improvisos. Eduardo de 13 Inocêncio da Silva na página 168, e não 169, utiliza Rebello. Quando cita o título da obra de Laurindo Rabello na página 169, emprega Rabello, manifestando sutilmente discordar: “8) Trovas de Laurindo José da Silva Rabello (sic), natural do Rio de Janeiro.” Com efeito, no sexto volume do suplemento ao Dicionário, Inocêncio da Silva retifica a ortografia: “Na primeira linha deste artigo saiu Rebello, por equívoco, leia-se, porém, Rabello.” 14 Cf. documento em anexo, na p.ASDASDAS. 15 Eduardo de Sá Pereira de Castro, bacharel em Direito, amigo de Laurindo Rabello e organizador da primeira edição póstuma (1867). 19 Sá, Castro Lopes16, Pires Ferrão17, Ferreira Pinto18, Félix Martins19, Aureliano Lessa20, Constantino Gomes de Sousa21, dentre outros, frequentaram dias e noites uma república de estudantes que se reunia em casa de Laurindo Rabello, não mais na rua do Espírito Santo mas no Beco do Império 22, a apreciar a “catadupa de palavras convertidas em miríadas de encantos.”23, sem contar os improvisos, modinhas e lundus cantados nas festas e reuniões literárias como os encontros da Sociedade Petalógica24 na livraria de Paula Brito25, fundador do jornal Marmota fluminense, grupo que ainda contou com a ilustre presença de Joaquim Maria Machado de Assis, e em demais festins fluminenses. Palavras, porém, perdidas que não sobreviveram à atualidade, igualmente a outras criações. A exemplo das grandes lacunas na bibliografia ativa de Laurindo Rabello, citam-se as peças Os Anéis de uma cadeia e O Mendigo da serra, além do poema Alberto, cujo personagem principal era um padre devasso que desejava ardentemente uma moça. Embora o texto não tenha sido publicado e, consequentemente, se perdido, Eduardo de Sá e Joaquim Norberto de Souza Silva expõem uma breve síntese que será comentada adiante neste trabalho. Antônio Álvares da Silva relata duas outras peças perdidas, O pupilo extravagante e Santa Izabel, essa última encenada na Bahia, e um romance inacabado, O coveiro. À parte o Compêndio de gramática da língua portuguesa, adotado pelo governo, restariam ainda: 16 Antônio de Castro Lopes (1827-1901), autor de Abamoacara (1847), Teatro (1864-65), Musa latina (1868), Ressurreições (1879), dentre outras obras. 17 Manuel Hilário Pires Ferrão (1829-1885), autor de Coração e gênio (1876) e Um por outro (s.d.). 18 Antônio Ferreira Pinto (1826/7-1864), doutor em Medicina, professor de higiene da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e filosofia em instituições de ensino secundário. 19 Antônio Félix Martins (1812-1892), autor de Decorofobia (1880) e Carmelina (1880). 20 Aureliano José Lessa (1828-1861), poeta cuja obra foi publicada postumamente sob o título de Poesias Póstumas (1873). 21 Constantino José Gomes de Sousa (1825-1877), autor de Alfeno e Clorinda (1845), Prelúdios poéticos (1848), Os hinos da minh’alma (1851), dentre outras obras. 22 O Beco do Império corresponde atualmente à Rua Teotônio Regadas, no bairro da Lapa. 23 RABELLO 1867, p.V. 24 O envolvimento de Laurindo Rabello com a Sociedade Petalógica mostra-se-nos sintomático de uma componente romântica, a ironia, que exploraremos oportunamente em nosso trabalho. Raimundo Magalhães Júnior, em Vida e obra de Machado de Assis, escreve acerca da Petalógica: “A famosa Sociedade Petalógica não se preocupava com pétalas, ou com a botânica, mas de petas, ou mentiras. Pretendia satirizar os mentirosos de todos os matizes, inventando mentiras maiores do que as deles, ou contramentiras, como existem muitas, famosas, no folclore de vários países.” Faziam parte ainda do grupo Justiniano José da Rocha, Gonçalves de Magalhães, Teixeira e Sousa, Maciel Monteiro, Alves Branco, Eusébio de Queiroz, José Maria da Silva Paranhos, Limpo de Abreu e João Caetano. 25 Francisco de Paula Brito (1809-1861), classificado por Afrânio Coutinho como integrante do segundo grupo de românticos. 20 nas mãos da inconsolável viúva um compêndio de leitura para as escolas regimentais dos corpos, onde, envolvidos por fatos interessantes da história militar, se encontram máximas produzidas por sua imaginação toda de fogo… obras (…) que eternizarão seu nome, levando-o além dos séculos. (DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO: 1864, p.1) As notícias biográficas acerca de Laurindo Rabello são poucas e, geralmente, repletas de depoimentos suspeitos ou até contraditórios. Inicialmente as breves crônicas de biografia foram empreendidos por pessoas que travaram contato diretamente com ele, como Eduardo de Sá, Antônio Álvares da Silva, dentre outros, cujos testemunhos para a época, ou pouco tempo depois, dispensavam a apresentação de documentos que atestassem a validade das informações referidas. Os cronistas subsequentes, na maioria das vezes, se valem desses nomes como argumento de autoridade. As fontes mostram que Laurindo Rabello foi obrigado a suportar num intervalo muito curto de tempo as mortes do pai26, da irmã27, da mãe e do irmão Ricardo José da Silva. De Maria, a irmã, poetisa cuja obra se perdeu28, Eduardo de Sá consegue registrar somente uma quadra, que guardou de memória. Tais versos seriam endereçados por Maria a um primo Oficial do Exército, com quem se casaria em breve, se a morte em campanha não tivesse impedido, morrendo a moça de desgosto. Eis os versos da irmã de Laurindo Rabello lembrados por Eduardo de Sá: E n’essa embarcação onde te ausentas, Do convés vendo a terra ou mesmo as águas, Se o pensamento te disser que existo, Pesa um pouco o rigor das minhas mágoas. (CASTRO, 1867, p.XIII) Quanto ao irmão de Laurindo Rabello, informa-nos Joaquim Norberto de Souza Silva: Apareceu esse pobre menino assassinado na gruta dos Quilombolas, do morro do Corcovado, no dia 7 de março de 1852. O seu assassino, Miguel Joaquim da Cunha, foi condenado pelo júri desta Corte, em sessão de 31 de Outubro de 1853, a galés perpétuas, pena que lhe foi comutada em 12 anos de prisão com trabalho em 26 A imagem do falecido pai aparece no poema “O meu segredo”, num momento em que as profecias de um gênio perverso paulatinamente se concretizam, correspondendo a um itinerário de desgraças que eu perfaz: “Rompendo a cerração espectro em osso/ De repente aparece, sacudindo/ Na dextra uma mortalha: involto nela/ Desceu meu Pai à campa!...” (vv.223-226) O poema é pertença de Trovas (1853), único livro organizado em vida por Laurindo Rabello. 27 Laurindo Rabello dedicou à irmã o poema “A saudade branca”, também pertença de Trovas. Eis uma quadra em que o eu invoca inconsolavelmente a irmã falecida: “Minha irmã, minha ventura,/ Minha esp’rança, encanto meu!/ É teu irmão quem te chama/ Responde! fala! Sou eu!” (vv.57-60) 28 Os poemas da irmã de Laurindo Rabello não chegaram a ser publicados. Eduardo de Sá incluiu na introdução à sua compilação uma quadra que guardou de memória. 21 segundo julgamento, em 9 de Maio de 1854. (SILVA, 1876, p.57) A bem da verdade, o corpo de Ricardo José da Silva foi encontrado em 7 de março de 1853. Hermeto Lima faz-nos uma breve descrição das condições do cadáver, em estado avançado de putrefação e com resquícios de arsênico nas vísceras, examinadas pelos médicos da polícia Antônio José Pereira das Neves e Francisco de Souza Lemos29. Ricardo José da Silva contava 14 anos de idade. O assassino, Miguel Joaquim da Cunha, era frequentador assíduo da casa de Laurindo Rabello e professor do ensino público. Em sua residência, a polícia encontrou grande quantidade de arsênico e um copo semelhante ao localizado próximo ao corpo de Ricardo. O motivo do crime não é aludido pelas fontes consultadas. Ficamos sabendo apenas através da matéria de Hermeto Lima que Luíza Maria da Conceição, mãe de Laurindo Rabello, comunicara que Ricardo “havia tentado suicidar-se e não cessava de dizer (…) que um dia havia de fugir de casa para nunca mais regressar.”30 Os falecimentos muito próximos dos pais e dos irmãos encurtaram a distância entre Laurindo Rabello e a morte31. Embora lugar comum na literatura romântica, a morte para Laurindo Rabello não foi apenas um motivo, mas uma experiência iterativa e intensa, e sua representação poética certamente se complexificou com o aprendizado pessoal. Não se trata, portanto, de simples influência literária. De qualquer forma, foi inquestionável o grande impacto tanto na emotividade, quanto na situação econômica de Laurindo Rabello causado pela abrupta redução da família. A falta de recursos era atenuada em parte com a ajuda de pessoas como João Antônio da Trindade e a esposa Maria Caetana da Trindade, padrinho e madrinha de Laurindo Rabello, aos quais chegou a dedicar dois poemas32 em sinal de gratidão. Os cronistas comumente narram que Laurindo Rabello estudou no Seminário São José, sem que pelo menos uma data ou um período de tempo sejam estimados. Sabe-se apenas que, se data de 1846 o atestado médico enviado em anexo a um requerimento de matrícula33 no curso militar, posterior à tentativa de carreira 29 LIMA: 1926, p.6. Idem, ibidem, p.6. 31 São de “Adeus ao mundo” os lapidares versos “Quem sempre a morte achou no lar da vida,/ Deve a vida encontrar no lar da morte.” (vv.115-116) 32 “Ao Sr. João Antônio da Trindade” e “A Sra. D. Teresa Maria Caetana da Trindade”. Ambos os poemas foram escritos por ocasião do aniversário dos homenageados. 33 O documento, segundo Luiz de Castro Souza teria a seguinte referência no Arquivo Histórico do Exército: Doc. n° 358, Maço 9, Letra “L”, n° 1238. O referido maço foi expurgado em 1975, segundo o Boletim Interno, por se apresentar em estado avançado de deterioração. 30 22 religiosa, a passagem pelo Seminário foi anterior a 1846, ou seja, Laurindo Rabello teria no máximo 19 anos de idade. Outro problema relativo à passagem pelo Seminário é a causa da expulsão. Conta-se que Laurindo Rabello conseguiu autorização para pregar na festa de São Pedro. Ao invés de ler um texto pronto no púlpito, preferiu o improviso e impressionou profundamente os fiéis. O episódio terse-ia mostrado como um ato de indisciplina aos superiores eclesiásticos, que, através do bispo, lhe fecharam as portas da carreira religiosa. Luiz de Castro Souza, tal como Constâncio Alves, prefere crer que a expulsão de Laurindo Rabello se deveu à “intriga dos colegas, invejosos do seu talento.”34 Como não foi encontrado nenhum registro da época no Seminário São José, permanecem as lacunas biográficas, tanto no que diz respeito ao período de permanência naquela instituição, quanto ao motivo do banimento. Após a tentativa de seguir o caminho da religião, Laurindo Rabello direcionouse então à carreira militar, indo para a Escola Militar, na Praia Vermelha. Data de 1848 a matrícula no primeiro ano da Escola de Medicina da Corte, logo Laurindo Rabello deve ter permanecido aproximadamente na Escola Militar dos 20 aos 21 anos de idade, um período em torno de dois anos, findos, consoante as opiniões dos biógrafos, com expulsão novamente. Para os cronistas, a causa estaria ligada ao temperamento indomável. A habilidade no manejo da sátira, que até ali lhe granjeara admiradores, encontraria como objeto de inspiração o próprio filho do diretor da Escola Militar, que, em punição, trancou-lhe a matrícula e, alcançando o Ministro da Guerra35, tentou levá-lo ao recrutamento. Salvaram-no os amigos que, por meio de subscrição, matricularam-no na Escola de Medicina da Corte. Laurindo Rabello foi aprovado para a Escola de Medicina em novembro de 184836, mas já em 1849 seu nome não figurava entre os inscritos no curso. Costumase dizer que a miséria, que se acentuava cada vez mais, afastava Laurindo Rabello do meio social. Eduardo de Sá menciona o fato de o poeta às vezes nem sequer poder sair de casa por não ter sapatos. Como parco recurso financeiro, vendia a autoria de textos, o que lhe renderia ao menos algum dinheiro para a alimentação. 34 SOUZA, 1970, p.4. Laurindo Rabello publicou em 1849 n‘O sino dos barbadinhos uma série de ataques poéticos endereçados ao Tenente-Coronel Dr. Manuel Felizardo de Souza e Melo (1806-1866), Ministro da Guerra nos períodos de 22/05/1847 a 14/05/1848 e de 12/02/1859 a 09/08/1859. Abordar-se-á o tópico mais adiante. 36 Consoante Luiz de Castro Souza, os documentos que atestam a informação são os Termos de exames da 1ª série: 1837-1878, f.25 v. arquivo da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, UFRJ. 35 23 Joaquim Norberto de Souza Silva mostra como O Setenário poético (1849) foi atribuído inicialmente a Inácio José Ferreira Maranhense37. Alexandre José de Mello Moraes Filho alude ainda a outro poema de que Maranhense ter-se-ia apropriado: Dentre os lutuosos motivos, destaca-se como o mais propício às suas explorações o falecimento da rainha D. Maria II, de Portugal. Desolados os portugueses em razão da compungidora nova, não tardou que o agilíssimo Bacanga [Maranhense] manifestasse a espontaneidade de seu estro, travando do alaúde para adormecer mágoas, serenar pezadumes. Disparando em busca de Laurindo Rabello, que lhe escrevera o Setenário poético, mandou imprimir em avulso trajado de preto o dolorido poema, e pessoalmente distribuindo centenas de exemplares, por todo o comércio e fidalguia abastada, fartou-se de cobiçosas remunerações. O melhor foi que o governo de Portugal o distinguindo com uma condecoração, o malogrado bardo deixou de gozá-la, sendo-lhe embargada, visto tratar-se duma notabilidade na velhacaria. (MORAES FILHO: 1904, pp.36-37) Os cronistas ainda relacionam às dificuldades financeiras a participação em periódicos. Inocêncio da Silva cita, dentre as folhas para as quais Laurindo Rabello colaborou, O sino dos barbadinhos38 e A voz da juventude, ambas publicadas em 1849. Vilas Boas, lastimando a morte do amigo Laurindo Rabello, relembra os tempos em que, juntos, participaram não só d’A voz da juventude, bem como d’A Crença e d’O Guaraciaba. A contribuição aos periódicos, no entanto, estaria ainda relacionada a uma atitude literário-ideológica, que se insinua ainda pela filiação à Sociedade Petalógica. É mister ter-se em conta que Laurindo Rabello recusou a participação num periódico de orientação anti-liberal. De fato, a interrupção dos estudos na Escola de Medicina da Corte foi causada por razões financeiras. Em 1849, Laurindo Rabello organizou uma série de documentos com o objetivo de se submeter ao concurso para lente substituto de Primeiras Letras da Freguesia de Irajá. Foram obtidos de pessoas de idoneidade social39 atestados de bom comportamento, o que permite relativizar um pouco o 37 Poeta que se tornou célebre por pregar peças e vender obras muitas vezes de autoria alheia. Não se têm as datas de nascimento e morte de Inácio Maranhense. As principais obras correlacionadas ao seu nome são Elegia (1847) e Saudação (1852). A questão em torno à autoria do Setenário Poético será retomada adiante e desenvolvida. 38 Fábio Moniz (2004) atribuiu a Laurindo Rabello a autoria do folhetim inacabado Feliz-asno e dos poemas Maneco e os moleques e Apólogo, publicados n'O sino dos barbadinhos, em 1849. N'A voz da juventude, a inventio desta pesquisa localizou os poemas Fragmento, Estragos de amor, Delírio e ciúme e A minha resolução, publicados em 1849 e 1850. Além desses, Laurindo Rabello publicou vários outros poemas n'O acadêmico, Marmota Fluminense e O Espelho. Para uma consulta pormenorizada dos dados bibliográficos, conferir o Inventário Testemunhal dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, no volume II deste trabalho. 39 À guisa de exemplo, listam-se os nomes de Lima Nogueira (Juiz de Paz), José Maria da Silva Viana (inspetor), Antonio Nunes de Aguiar (Oficial da Imperial Ordem da Paz), Nicolau Lobo Viana (tipógrafo que será responsável pela 2ª edição das poesias de Laurindo Rabello), Pedro Candido Carlos Garcia 24 comportamento insociável de Laurindo Rabello frequente nas crônicas biográficas, e uma certidão de idade. Em carta encaminhada ao imperador D. Pedro II, era solicitada a graça da aprovação no concurso. Para demonstrar a necessidade do emprego, argumenta Laurindo Rabello que se viu “por falta de meios obrigado a interromper a carreira dos seus estudos (…).”40 No entanto, uma anotação feita posteriormente no mesmo documento registra que o candidato nem chegou a comparecer ao concurso, realizado em 17 de setembro de 1849. O regresso ao curso de Medicina seria viabilizado com o auxílio de Salustiano Souto41, médico e professor da Faculdade de Medicina da Bahia, que levou Laurindo Rabello consigo para o ambiente onde finalmente encontraria acolhimento e remédio, ao menos momentâneo, para a miséria que o vinha consumindo: Passaram-se alguns dias, e fui encontrá-lo já quase restabelecido da doença, bem agasalhado, provido de tudo, no lar auspicioso que não nega sombra a nenhum merecimento açoitado da desgraça. (…) Laurindo estava hospedado em casa do dr. Salustiano Souto. (SILVA, 1877, pp.373-374) O advento de Salustiano Souto na vida de Laurindo Rabello não é bem esclarecido pelos cronistas. Luiz de Castro Souza acredita que o encontro se deu em função de uma passagem de Salustiano Souto pelo Rio de Janeiro: “(…) de passagem pelo Rio de Janeiro, conheceu Laurindo e como era fervoroso admirador dos moços de talento, convida o poeta a prosseguir seus estudos na Bahia, (…).”42 No entanto, não se conhecem os detalhes de como, quando e onde os dois se conheceram. Luiz de Castro Souza crê que Laurindo Rabello tenha recomeçado o curso de Medicina na Bahia aproximadamente em 1851, logo contando cerca de 25 anos de idade. O lapso de tempo desde 1849, quando o nome de Laurindo Rabello não está mais entre os matriculados na Escola de Medicina da Corte, até 1851 talvez se deva, nas suposições de Luiz de Castro Souza, em função da febre amarela, cuja epidemia foi documentada no Rio de Janeiro a partir de 3 de novembro de 1849. (empregado público da Alfândega). Nas pp.194-196 deste trabalho, foram incluídas fotos de três atestados de bom comportamento. 40 Requerimento encaminhado ao Ministério do Império solicitando admissão ao concurso de lente substituto de Primeiras Letras. Rio de Janeiro, 1849. (cf. foto do documento na p.199 deste trabalho) 41 Salustiano Ferreira Souto começou sua carreira na Faculdade de Medicina da Bahia como professor substituto de Ciências Acessórias. Passou depois, em 1855, a lente de Química Orgânica e Biológica 1855. Em 1857, tornou-se professor de Medicina Legal. 42 SOUZA: 1970, p.5. 25 Antônio Álvares da Silva, colega da Faculdade de Medicina da Bahia, testemunha que, logo ao chegar em Salvador, Laurindo Rabello estava muito doente, mas graças aos cuidados de Salustiano Souto sua saúde retornou à normalidade. A gratidão ao protetor seria expressa por escrito na única obra publicada em vida, Trovas (1853). Certo é que em 1851 Laurindo Rabello padeceu de bronco-pneumonia. Um documento inédito depositado na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro comprova que em 09 de abril de 1851 Laurindo Rabello encaminhou ao Imperador uma solicitação de matrícula fora do prazo na Escola de Medicina da Corte, alegando doença. Em anexo, seguia um atestado médico que indicava a moléstia: “Atesto que o Sr. Laurindo José da Silva Rabelo sofreu desde princípios de fevereiro até fins de março de uma bronco-pneumonia.”43 O pedido, no entanto, foi negado em 28 de abril de 1851. Pouco depois, no mesmo ano, Laurindo Rabello iria para a Bahia dar continuidade ao curso de Medicina, pelas mãos de Salustiano Souto. Na Bahia, Laurindo Rabello conheceu, dentre outros, Moniz Barreto 44, Augusto de Mendonça45, Álvares dos Santos46 e Álvares da Silva47 e deu contributos para movimentar a cena social soteropolitana, “nos bailes, nos jantares, nos teatros, na rua, nas festas do Dois de Julho, nas festas do Senhor do Bonfim, em toda parte.” 48 Laurindo Rabello concluiu o curso de Medicina. Em nota de falecimento do Diário do Rio de Janeiro49, em 1864, temos 1856 como o ano de formatura50. Laurindo Rabello, no entanto, preferiu receber o grau de doutor na Escola de Medicina da Corte, logrando êxito na defesa da tese. Dias da Silva Júnior nos informa a data de 9 de dezembro de 185651. Por outro lado, Teixeira de Melo não 43 Requerimento para matrícula na Escola de Medicina da Corte fora do prazo. Rio de Janeiro, 1851. (cf. foto do documento na p.200 deste trabalho) 44 Francisco Moniz Barreto (1804-1868), poeta e repentista. Autor de Clássicos e românticos (1855), A estátua e os mortos (1862), Álbum da rapaziada (1864), dentre outros títulos. 45 Antônio Augusto de Mendonça (1830-1880), poeta e repentista. Autor de O poeta (1850), Poesias de Antônio de Augusto Mendonça (1861), A messalina (1866), dentre outros títulos. 46 Luiz Álvares dos Santos (?-?), formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, onde ainda atuou como lente. Foi membro do Conselho Imperial e Oficial da Ordem da Rosa, condecorado na Guerra do Paraguai. As informações ao seu respeito são muito escassas. Sabe-se que sua tese defendida na Faculdade de Medicina foi publicada em 1859. 47 Antônio Álvares da Silva (1831/2-1865), formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia. Autor do ensaio O doutor Laurindo José da Silva Rabelo. 48 ALVES: 1926, p.263. 49 DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO: 1864, p.1. 50 Luiz de Castro Souza traça a cronologia escolar de Laurindo Rabello na Faculdade de Medicina da Bahia: 1851-1853: segundo e terceiro anos; 1854: quarto ano; 1855: quinto ano; 1856: sexto ano. 51 Teixeira de Melo corrobora. Menciona que em artigo publicado em fins de 1864 na Revista 26 conseguiu encontrar a tese52 de Laurindo Rabello na biblioteca da Escola de Medicina da Corte: Pela extrema pobreza em que sempre viveu o poeta nunca, provavelmente, pôde tirar a sua carta de médico; por isso nunca retirou da tipografia em que se imprimiu a sua tese os exemplares que a Faculdade para esse fim reclama. No dizer do sr. J. Norberto foi na oficina tipográfica de F. de Paula Brito, amicíssimo do autor, que ela se deu à estampa. A própria viúva do poeta não a possui nem nunca a viu. (MELO: 1877, p.358) De volta à terra natal, o azar tornou a recrudescer. Embora formado, Laurindo Rabello não tinha clínica e estava muito longe de a conseguir por falta de meios. A escassez de recursos podia-se notar no vestuário descuidado e no temperamento irascível, que contribuíam para lhe minar a credibilidade perante os pacientes. Some-se a isso um hábito que, no entender do amigo Dias da Silva Júnior, prejudicava a sua eloquência: (…) eram a sua demasiada gesticulação, as contorções nervosas e os trejeitos que Laurindo fazia com os músculos da face, com os olhos, e a retorcer de mil modos o seu longo bigode! Quem uma vez o viu nos seus portentosos rasgos de eloquência, a fulminar os vícios sociais, a ridicularizar a prepotência das mediocridades do tempo, não nos desmentirá de certo, pois há de ter guardado dessa circunstância indelével lembrança. (SILVA JÚNIOR: 1877, p.356) Antônio Álvares da Silva dá-nos um retrato muito semelhante de Laurindo Rabello: A primeira vez que vi este homem estremeci. Estava ele pálido, ou antes amarelado, alquebrado, rosto de moço com ressaibos valetudinários em um corpo de meia idade, sobrecenho carregado, maltrapilho, língua desempeçada a cortar pelo mundo com um desembaraço epigramático que me incomodou. Com o maior sangue frio saltava por cima de certos respeitos e deferências, em uma linguagem que eu nunca tinha ouvido. No primeiro momento tive-lhe aversão; o mais é que eu não podia deixar de ouvi-lo, preso, encadeado, como me achava, a uma palavra rápida, correta, fluentíssima e cáustica que fascinava. Calou-se; mas tal era a minha comoção que, entre mim, perguntei: que homem é esse? (SILVA: 1877, p.373) Acadêmica (Bahia) e republicado no Correio Mercantil de 9 de dezembro de 1864, Antônio Álvares da Silva afirmou Laurindo Rabello ter se doutorado em 1857. Entretanto, Teixeira de Melo no livro das atas de doutoramento da Escola de Medicina do Rio de Janeiro verifica que a data correta é 9 de dezembro de 1856. 52 Luiz de Castro Souza desvendou o enigma acerca do tema da tese de Laurindo Rabello, reproduzindo em seu ensaio a descrição registrada no Arquivo da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro: “Laurindo José da Silva Rabelo. Dissertação. Ciências Médicas. Medicação anti-elmíntica. Ciências acessórias. A química tem contribuído para o progresso da medicina? Dar alguns exemplos. - Ciências cirúrgicas. Que influência tem tido a anatomia patológica no diagnóstico e tratamento das moléstias? - Ciências médicas. Diagnóstico da crossa da aorta”. 27 Os concorrentes utilizavam-se do fato de ser poeta para plantarem publicamente a desconfiança acerca de sua capacidade. Por meio da sátira, Laurindo Rabello respondeu: Se não é dado o ser médico aos poetas, Muito menos aos estultos e patetas. (RABELLO: 1867, p.XVII) Um segundo protetor veio então lhe atenuar a trágica existência. O Ministro da Guerra, Jerônimo Francisco Coelho53, procurado por Laurindo Rabello, tornou-o, através do Aviso de 24 de setembro de 185754, 2° Cirurgião do Corpo de Saúde do Exército. Não foram encontradas fontes que auxiliem no esclarecimento das circunstâncias desse encontro, através do qual Laurindo Rabello, enfim, iniciou a carreira de medicina no Hospital Militar do Morro do Castelo, onde permaneceu por pouco tempo. O testemunho de Alexandre José de Mello Moraes Filho menciona certa desavença entre o chefe do serviço e Laurindo Rabello, que teria acarretado em banimento para o Rio Grande do Sul, cerca de três meses depois, em 5 de dezembro de 1857. Por outro lado, as Ordens do Dia publicadas em 1857 não registram o afastamento. A primeira viagem documentada de Laurindo Rabello para o Rio Grande do Sul será em 1858. Em 1858, Laurindo Rabello solicita a primeira licença médica55. Depois, pelo Aviso de 11 de agosto de 185856, passa a ser empregado da Guarnição da Corte. Um ponto mal esclarecido pelos cronistas é o motivo de sua partida para o Rio Grande do Sul. Geralmente, afirma-se ter sido por indisciplina, como aliás é dito sobre demais episódios. Entretanto, o Aviso do Ministério da Guerra de 24 de Março de 1858 autoriza a redistribuição de oficiais do Corpo de Saúde do Exército para inúmeras províncias brasileiras. A Ordem do Dia nº 12057 traz uma lista de vários oficiais com seus respectivos destinos, dentre os quais Laurindo Rabello, designado para o Rio Grande do Sul58. Portanto, não se tratava de mal comportamento, 53 Tenente-Coronel Dr. Jerônimo Francisco Coelho (1806-1860), Ministro da Guerra de 02/02/1844 a 25/06/1845. Volta à pasta, como Brigadeiro, de 04/05/1857 a 09/07/1858. 54 Ordem do Dia n° 29 do Quartel General. Rio de Janeiro, 30/09/1857. p.2. (cf. foto do documento na p.202 deste trabalho) 55 Ordem do Dia nº 48 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 28/02/1858. p.2. (cf. foto do documento na p.203 deste trabalho) 56 Ordem do Dia n° 80 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 24/08/1858. p.1. (cf. foto do documento na p.204 deste trabalho) 57 Ordem do Dia n. 120 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 23/04/1859. p.1. (cf. foto do documento na p.205 deste trabalho) 58 Ordem do Dia nº 120 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 23/04/1859. p.8. 28 somente de um procedimento operacional do Exército. Acerca da primeira estada no Rio Grande do Sul, narram-se mais anedotas. Conta-se que, estando acampado em Bagé, Porto Alegre, Laurindo Rabello teria recebido do seu comandante, Brigadeiro Nepomuceno, o bilhete Senhor Magor Dr. Laurindo Rabelo. Atacado de reumatício, peço-lhe que me mande uma receita, etc. (MORAES FILHO, 1904, p.156) e, ao modo característico, redarguiu: Ilm. Exm. sr. Brijadeiro Nepomuceno. Queira V. Ex. fazer uso do medicamento prescrito que, ativado em seus efeitos por moderado exercismo, o libertará do mal que o aflige. (Idem, ibidem, pp.156-157) Outro escárnio semelhante foi uma sátira endereçada ao Dr. Rego Macedo59, em que, através de requintada ambiguidade, trabalha o trocadilho rego (vazadouro das enfermarias), substantivo comum, e Rego, sobrenome e portanto substantivo próprio: Ilustríssimos senhores Da nossa Municipal, Deixai que um fraco mortal Inferior dos inferiores, Implore os vossos favores E bondade conhecida, Para que seja atendida E posta em atividade, Com a maior brevidade, Uma importante medida. Já não servem as calçadas De guarda ao limpo vestido, Que o REGO a elas unido, Cheio d’águas encharcadas, Põe as vestes salpicadas D’água suja a cada instante; Enquanto o gás implicante Das fezes com que se enfeita, Com seu aroma deleita As ventas do caminhante. (RABELLO: 1882, pp.37-38) Em função dessas provocações e outras que possivelmente fizesse aos (cf. foto do documento na p.207 deste trabalho) 59 Constâncio Alves afirma o Dr. Rego Macedo ter sido o diretor do Hospital Militar do Morro do Castelo. Por outro lado, no entender de Alexandre José de Mello Moraes Filho, o Dr. Rego Macedo teria sido diretor do Hospital Militar de Porto Alegre. 29 superiores ou colegas, Alexandre José de Mello Moraes Filho afiança que Laurindo Rabello tivesse sido mandado de volta à corte. As fontes, todavia, indicam motivo diferente. O Aviso de 23 de agosto de 185960 concede a segunda licença médica a Laurindo Rabello. Desta vez, para continuar no posto antigo, isto é, na Guarnição da Corte, até que se restabeleça. Novamente não se tratava de insubordinações, mas de problemas de saúde. Quanto à volta ao Rio de Janeiro, mais anedotas. Segundo alguns biógrafos, os embates com os superiores acirrar-se-iam cada vez mais. Laurindo Rabello descomporia em público o diretor do Corpo de Saúde do Exército, Conselheiro Mariano Carlos de Sousa Correia, vulgo Rato molhado, cuja calva disfarçada por “uns farrapos de cabelo que estirava ao alto”61, somada a uma desavença entre ambos logo ao se apresentar, recém-chegado do Rio Grande do Sul, inspiraria a quadra: Cabeça, triste é dizê-lo! Cabeça, que desconsolo! Por fora não tem cabelo, Por dentro não tem miolo. (Idem: 1963, p.229-230) Outro episódio: Laurindo Rabello versus Conselheiro Bontempo, alto escalão da Secretaria da Marinha e muito conhecido pelo temperamento de difícil convívio, para quem foram compostos os versos: Para mostrar quanto é grande Seu poder, a divindade Mandou-nos hoje um Bontempo Com cara de tempestade. (MORAES FILHO, 1904, p.160) Mas, na verdade, a habilidade de Laurindo Rabello para atacar poeticamente as autoridades já vinha sendo desenvolvida pelo menos desde os tempos de seminário. Eis as duas primeiras estrofes de um soneto ao aniversário de um religioso do Seminário São José: Para o mundo dar completo cabo, Lá do negro recinto o soberano 60 Ordem do Dia nº 151 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 24/09/1859. p.3. (cf. foto do documento na p.209 deste trabalho) 61 MORAIS FILHO, 1904, p.229. 30 Meditava a forjar horrível plano Coçando a grenha, sacudindo o rabo. Merecedor, enfim, de imenso gabo, Eis o que assim disse muito ufano: Para a missão cumprir - digesto humano Quero fazer - nasça hoje um diabo. (Idem: ibidem, p.152) Na Escola de Medicina da Corte, Laurindo Rabello atacou o professor de Anatomia Descritiva, José Maurício Nunes Garcia62: Dizem que a Morte e Maurício Andaram na mesma escola: A Morte mata somente, Maurício mata e esfola. (Idem: ibidem, p.147) Em 1849, n’O sino dos barbadinhos, foram publicadas as inventivas ao então Ministro da Guerra, Manuel Felizardo, através de um folhetim63, de que se destacam os versos: MOTE Quem Feliz-asno se chama, De certo é asno feliz. GLOSA Se Camões cantou um Gama Por seus feitos de valor, Também merece um cantor Quem Feliz-asno se chama. Qualquer burro pela lama Enterra pata e nariz, Mas este que com ardis Chegou a ser senador, É besta d’alto primor, É de certo asno feliz. (RABELLO: 1882, p.24) Mesmo que não procurasse, Laurindo Rabello, segundo o que se diz, por vezes seria procurado por uma boa confusão. Alexandre José de Mello Moraes Filho fala de um conflito entre facções de médicos que acabaria envolvendo-o: 62 Não confundir com o padre e compositor José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, 22/09/1767 – 18/04/1830). 63 Cf. no volume II deste trabalho a edição dos dois capítulos do folhetim, os únicos disponíveis no acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 31 homeopatas64 X alopatas. Entre os primeiros, encontravam-se os médicos João Vicente Martins e Alexandre José de Mello Moraes65. Com relação aos segundos, mencionamos o nome de Paula Menezes, amigo inseparável de Laurindo Rabello. Ocorre que Paula Menezes converteu-se à homeopatia, o que gerou uma grande discussão nas páginas do Diário do Rio de Janeiro, provocada por Serpa Pinto, poeta satírico português e comerciante estabelecido na Rua da Ajuda. Laurindo Rabello, irado com a conversão de Paula Menezes, desfechou-lhe vários poemas satíricos no Diário, como: Vendo da peste o bárbaro flagelo Mil vidas a ceifar a cada instante, D’África deixa o solo distante E veio no Brasil curar Otelo. O semblante impostor negro-amarelo Cresta do orgulho a chama crepitante, Traz cheio de vidrinhos o turbante, E buído punhal por escapelo. Homeopata é, e o albergue puro Do puro Martins busca e diz-lhe ardido: “Doutor, eu quero ter vosso futuro.” - Bravo! grita Martins enternecido; Pelas cinzas de Hahnemann te juro Que não hás de morrer desconhecido. (MORAES FILHO, 1904, pp.164-165) Um sem número de anedotas biográficas registra a acidez que com efeito se verifica em sátiras atribuídas a Laurindo Rabello. Certa feita, em um dos festins a que o poeta costumava comparecer com o violão, uma senhorita, talvez até sem intenções jocosas, perguntou-lhe: “Não é o senhor o poeta Lagartixa?” Profundamente desagradado, mas buscando ripostar com certa contenção, lançou de volta Laurindo Rabello: - Como se chama V. Ex.? - Florentina. - Pois, minha senhora, flores em vaso tenho eu visto muitíssimas; mas flor em tina é V. Ex. a primeira. (Idem: ibidem, p.156) Constâncio Alves conta ainda que, em função das maltratadas indumentárias, 64 Luiz Felipe de Alencastro informa, por exemplo, que “Eram homeopatas dois dos cinco médicos que clinicavam em Campinas em 1857.” (ALENCASTRO: asdasdasd) 65 Pai de Alexandre José de Mello Moraes Filho. 32 Laurindo Rabello não havia sido convidado para uma festa. Mais à frente, melhorando a situação financeira a ponto de poder comprar roupa nova, a mesma anfitriã que o preterira, lembrou-se de o convidar. A festa começou, e nada de Laurindo Rabello aparecer. Quando os convivas já se inquietavam com a desfeita, eis que aparece à porta um criado com o traje novo de Laurindo Rabello num cabide e um bilhete: “Aí vai o Laurindo.”66 Laurindo Rabello se casou com Adelaide Luiza Cordeiro em 2 de janeiro de 186067. Ele contava 33 anos de idade. Ela, cerca68 de 23. A notícia parece ter causado grande espanto nos conhecidos, uma vez que Laurindo Rabello se mostrava misógino e avesso ao amor, fora dos versos dos poemas e modinhas: Os que o conheceram de perto bem compreendem que temível adversário era ele do sexo amorável. Não perdoava, nem transigia; no melhor do serão, entre senhoras que o estavam admirando, não perdia o ensejo de contestar em um estilo polido e elegante a fidelidade no amor, a constante dedicação das mulheres, na frase do grande trágico - pérfidas como a onda. (SILVA: 1877, p.381) Antônio Álvares da Silva é de opinião que o casamento com Adelaide tenha tranquilizado Laurindo Rabello, melhorando-lhe a lida com a sociedade, outrora vista como terrível inimiga, e recobrando o afeto com relação ao homem. Da senhora, que mereceu o lustre do seu nome, correm os maiores abonos de virtuosa e heroína. Conseguiu fazer-lhe repontar a crença nos princípios sociais e os sentimentos de ordem e previdência. Nos últimos anos (imensa correção!) mostrava maior confiança nos homens, se bem que cada vez menos em si. (Idem: ibidem, p.381) Ante a admiração da mudança no temperamento, respondeu Laurindo Rabello a um amigo: “– Case-se o mar, que o mar ficará manso.”69 Alexandre José de Mello Moraes Filho relata que o matrimônio escasseou a boemia do poeta e o conduziu a uma vida mais serena e centrada no lar: Casando-se, é autêntico, abandonara para sempre o seu amadíssimo violão, suas delicadas e graciosas canções; e não mais nas 66 ALVES: 1926, pp.259-260. Dias da Silva Júnior antecipa o casamento para 2 de dezembro de 1859. Teixeira de Melo, em nota, diz: “A 2 de Dezembro de 1859 diz, não sabemos com que fundamento, o sr. Dias da Silva na edição que nos deu das Poesias de Laurindo.” 68 Se Adelaide na comemoração do centenário, ou seja, em 1926, tinha 89 anos, nasceu portanto em 1837. Desconhecem-se o dia e o mês do natalício. Por isso, a aproximação da idade. 69 MORAIS FILHO, 1904, p.176. 67 33 salas dos seus e em estranhas salas, aquele instrumento e a sua voz deram ao tumulto das festas entusiasmos, expansões. É que, antepondo-se às perspectivas de outrora, o poeta cerrara densa cortina, restando-lhe apenas para derradeiras cenas o tablado de seu lar, em que os figurantes limitavamse à mulher adorada velando-lhe o sofrer, e raros amigos vindos do passado, à semelhança de fantasmas ressurgidos das estâncias jamais esquecidas da alegre mocidade. (MORAES FILHO: 1904, pp.176-177) Entretanto, as fontes documentais mostram que, por trás do silêncio social de Laurindo Rabello, havia uma gradativa piora da saúde. É de 22 de fevereiro de 1860, ou seja, um mês e vinte e dois dias após o casamento, o atestado de José Ribeiro de Souza Fontes, 1° Cirurgião do Hospital Militar do Castelo, Catedrático de Anatomia da Escola de Medicina da Corte e futuro Visconde de Souza Fontes. O documento registra que Laurindo Rabello sofria de “hepatização pulmonar esquerda”70. No Aviso de 24 de fevereiro de 186071 é concedido a Laurindo Rabello “um mês para tratar-se em sua casa, devendo ao fim desse tempo seguir impreterivelmente para a província que está destinado, na primeira barca que se oferecer”. Na verdade, o Aviso do Ministério da Guerra de 9 de abril de 1859 já designara Laurindo Rabello para o Rio de Grande do Sul, mas por problemas de saúde lhe foi permitido “continuar a fazer serviço na Guarnição da Corte, até que se ache restabelecido”72. Dataria dessa época um intrigante episódio narrado por Constâncio Alves e Alexandre José de Mello Moraes Filho. Paulo Filho também o refere em “Laurindo e o imperador”. De acordo com os referidos cronistas, acabado o prazo de uma licença, Laurindo Rabello retardaria sua apresentação ao chefe do Corpo de Saúde, o que seria interpretado como quebra de disciplina, acarretando em suposta detenção na Fortaleza de Santa Cruz. Luiz de Castro Souza nem sequer menciona o fato, além de explicitar que, nas buscas por fontes, não localizou nenhum documento que comprovasse os demais casos em que Laurindo Rabello tivesse sido preso. Nesta pesquisa, foram procurados registros na Fortaleza de Santa Cruz, porém nada se encontrou. No Arquivo Laurindo Rabello do Centro de Memória da Academia Brasileira de Letras (ABL) há uma carta73, endereçada a Adelaide que 70 Luiz de Castro Souza alude o Doc. n° 358, Maço 9, letra “L”, n° 1238, do Arquivo Histórico do Exército, ao qual não foi possível o acesso, em função de o Maço 9 ter sido expurgado em 1975 pelo estado avançado de deterioração, conforme consta do boletim interno. 71 Ordem do Dia n. 181 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 29/02/1860. p.3. (cf. foto do documento na p.211 deste trabalho) 72 Ordem do Dia nº 151 do Quartel General do Exército da Corte. Rio de Janeiro, 24/09/1859, p.3. (cf. foto do documento na p.209 deste trabalho) 73 Esta carta foi publicada em Autores e Livros, 21/09/1941, p.83 34 talvez remeta a esse momento. A carta74 não apresenta data, local, nem sequer foram ainda precisados pelo Centro de Memória da ABL quaisquer dados circunstanciais a seu respeito. Infere-se apenas que a necessidade de uma carta para que Laurindo Rabello contatasse Adelaide indicaria algum provável obstáculo na comunicação entre ambos. Partindo do pressuposto de que Laurindo Rabello saiu do Rio de Janeiro três vezes, as duas primeiras antes de se casar com Adelaide e a terceira juntamente com Adelaide, conclui-se que ambos deveriam estar no Rio de Janeiro, uma vez que é mencionada na carta a necessidade de partida, possivelmente a terceira partida, isto é, o retorno ao Rio Grande do Sul em 5 de abril de 1860: “Se for obrigado a partir (…), tu bem sabes quais são as minhas circunstâncias (…).”75 Como Constâncio Alves, Alexandre José de Mello Moraes Filho e Paulo Filho asseguram, Laurindo Rabello teria sido detido na Fortaleza de Santa Cruz imediatamente antes de dirigir-se pela segunda vez para o Rio Grande do Sul. O obstáculo na comunicação entre Laurindo Rabello e Adelaide, que gerou a necessidade de uma carta, bem poderia ser a própria reclusão. O texto assinala um certo tom pessimista: “Nesta vida só espero males e é mesmo por que só males devo esperar que (…) já me muni com resignação de sobra.”76 Especula-se, por isso, que as condições não eram boas. Pelo Aviso de 24 de fevereiro de 1860 77, Laurindo Rabello obtivera “um mês para tratar-se em sua casa”, a terceira licença médica. De acordo com Teixeira de Melo, a suposta detenção teria sido causada, pois, pelo fim da licença e a demora em se apresentar aos superiores, em função de, crê-se, Laurindo Rabello não ter se recuperado de todo. Se o tratamento seria em domicílio, a carta provavelmente foi escrita após o prazo da licença e antes da segunda viagem ao Rio Grande do Sul, ou seja, aproximadamente entre 24 de março e 5 de abril de 1860. Um período curto de tempo, mas, para quem vivia às voltas com problemas respiratórios, permanecer um único dia que fosse na Fortaleza de Santa Cruz, lugar demasiado frio e úmido, um istmo de Niterói avançando na entrada da Baía de Guanabara, era um grande tormento. Corroborando o estado de incômodo ou de falta de boas “condições” de saúde sofridos por Laurindo Rabello na hipotética reclusão da Fortaleza de Santa 74 Cf. fotos da carta nas pp.212-213 deste trabalho. Carta a Adelaide. Rio de Janeiro, 1860? 76 Carta a Adelaide. Rio de Janeiro, 1860? 77 Ordem do Dia n° 181 do Quartel General do Exército. Rio de Janeiro, 29/02/1860. p.3. (cf. foto do documento na p.211 deste trabalho) 75 35 Cruz, há uma série de problemas na carta a Adelaide: a) rasuras: na quarta linha da primeira página, parece que Laurindo Rabello escreveu mates e depois rasurou para males. Na sexta linha ainda da primeira página, há algo rasurado logo após o verbo munir; b) problemas ortográficos: na oitava linha da primeira página, Laurindo Rabello esqueceu-se de cortar o t na palavra partir. O mesmo ocorre em todos, na segunda linha da segunda página, e em tenha, sétima linha da mesma página; c) caligrafia obscura: há palavras que apresentam caligrafia muito obscura, como por exemplo a última na quinta linha da primeira página; a penúltima na oitava linha e a segunda na décima linha da segunda página; d) irregularidade da caligrafia: a carta parece ter sido escrita às pressas, em função da caligrafia diferençada de algumas letras, como por exemplo o p de partir, na oitava linha da primeira página, em confronto com p de por, na quarta linha da mesma página; ou o s inicial de só, na terceira linha da primeira página, em confronto com o s de sobra, na sétima linha da primeira página. Não obstante as particularidades descritas do documento, deve manter-se a reclusão em Santa Cruz no terreno das suposições. Consoante Luiz de Castro Souza, não há registro algum sobre reclusões de Laurindo Rabello. Nem no Arquivo Histórico do Exército, nem tão pouco na Fortaleza de Santa Cruz. De qualquer forma, em 5 de abril de 1860, com onze dias de atraso a contar do prazo estipulado pelo Aviso de 24 de fevereiro, quiçá o atraso a que Teixeira de Melo se refere, Laurindo Rabello partia para o Rio Grande do Sul, tendo solicitado três meses adiantados de vencimentos e soldo adicional78. Nessa fase da vida, Laurindo Rabello passou a ser alvo de elogios constantes e conquistou amizades que lhe favoreceram em muito na carreira, dentre as quais os generais Caldwell79 e Tamarindo, para quem produziu um discurso fúnebre. Teve o talento divulgado e respeitado em polêmicos artigos sobre política publicados no jornal A Ordem. Diz-se que, enquanto orador, defendeu eficazmente dois réus na tribuna judiciária. Laurindo Rabello assumiu as cadeiras de Latim e Francês da Escola Auxiliar Militar da Província de São Pedro do Sul, Rio Pardo, em 15 de outubro de 1860. Em decorrência do sucesso das aulas, os alunos, instigados por conta da questão 78 Luiz de Castro Souza remete ao Requerimento de 2 de abril de 1860, perdido no expurgo do Maço 9 de documentos do Arquivo Histórico do Exército. 79 João Frederico Caldwell (Santarém, 1801 – Rio de Janeiro, 26/02/1873 ), militar nomeado marechal em 1852. Designado para comandante de armas do Rio Grande do Sul, ficou até 1856, novamente de 1857 a 1865, onde estava no início da Guerra do Paraguai. 36 Christie80 a integrarem-se ao 4° batalhão do Governo Provincial, cuja missão era vir ao Rio de Janeiro, colocam Laurindo Rabello à frente de um movimento. O governo local elogiou a intenção, mas todos, mestre e discípulos, permaneceram em São Pedro do Sul. Afirma-se que Laurindo Rabello teria posteriormente se juntado ao batalhão e seguido para a corte. Em junho de 1863 já se encontrava mais uma vez no Rio de Janeiro81. Em 1082 de junho, aos 37 anos de idade, Laurindo Rabello recebe a nomeação de médico dos alunos e professor de Gramática Portuguesa, História e Geografia do curso preparatório anexo à Escola Militar da Praia Vermelha, Rio de Janeiro. Os cronistas não se fartam de narrar que aulas de Laurindo Rabello seriam verdadeiros espetáculos de oratória, em que se defendiam causas a respeito de fatos históricos controvertidos, como a traição de Calabar83, com farta eloquência e paixão, vibrando a platéia de discentes. Eduardo de Sá conta que inclusive o próprio Imperador D. Pedro II teve a atenção captada por duas horas durante uma aula sobre adjetivo ministrada por Laurindo Rabello. Alexandre José de Mello Moraes Filho narra diferentemente o episódio. A pedido do Imperador, o General Polidoro, então diretor do referido curso, noticiou-lhe o dia da aula inaugural de Laurindo Rabello. Na data informada, D. Pedro II lá estava adentrando, anunciado pelos clarins, a sala repleta de alunos. O monarca, quiçá notando que a presença tornava o clima tenso, disse: “– Considere-me aqui como um seu discípulo.”84 Laurindo Rabello reagiu, abrindo a gramática numa página aleatória. O tópico sorteado foi o capítulo relativo ao verbo ser. E fechando o livro, franzindo a testa, passando a mão aberta no negro bigode, começa: 80 A questão Christie (1861-1865) deu-se em função do naufrágio de um navio inglês no Rio Grande do Sul em 1861, cuja carga foi pilhada. O diplomata britânico William Christie obrigou o governo brasileiro a pagar uma indenização de 3.200 libras e a aceitar um oficial inglês nas investigações pelos envolvidos no roubo. Em 1862, outro episódio acirrou o mal-estar entre Brasil e Inglaterra. Três oficiais da marinha inglesa, à paisana e alcoolizados, foram presos em função de desordem. William Christie exigiu a punição dos responsáveis pela detenção dos ingleses, não logrando êxito. Em represália, Christie apreendeu três navios brasileiros na baía de Guanabara. 81 Luiz de Castro Souza afirma que Laurindo Rabello retornou ao Rio de Janeiro em 6 de abril de 1863, porém não indica a fonte. 82 Segundo Joaquim Norberto de Souza Silva, a data do decreto seria 4 de junho. Dias da Silva Júnior, por sua vez, corrobora a informação, que se apresenta na introdução de Eduardo de Sá. Mas a data correta é mesmo 10 de junho, de acordo com a Ordem do Dia nº 359 da Repartição do Ajudante-General de 20 de junho de 1863, p.2. (cf. foto do documento na p.215 deste trabalho) 83 Domingos Fernandes Calabar, pernambucano que lutou contra holandeses de 1630 a 1632. Em 1633, porém, passou para o lado inimigo. 84 MORAES FILHO: 1904. p.155. 37 – Ser, verbo substantivo; sua origem, Deus. Deus não existe, porque tudo que existe teve princípio e há de ter fim; ora, Deus não teve princípio e nem há de ter fim; logo, Deus, é. Discorrendo a encantar sobre o belo tema, esgota a hora, aplaudido pelos alunos, cumprimentado pelo excelso assistente. (MORAES FILHO, 1904, p.155) Provavelmente da época dataria certo caso enigmático que é referido por Alexandre José de Mello Moraes Filho: Precisamente pela segunda vez que voltara do sul, sendo nomeado médico e professor de português e gramática filosófica da Escola da Praia Vermelha, um convite lhe viera em seguida para lecionar em acreditado colégio. (…) De punhos às costas, entrando em casa com o Diário Oficial amarrotado nas mãos, dirige-se à boa consorte que lhe corre ao encontro e, ao ler-lhe a notícia, depois de abrir o aludido convite, empalideceu supersticioso, caindo-lhe dos lábios este repente: Quando eu deixar de chorar, Quando contente me rir, Não se enganem, desconfiem Que não tardo a sucumbir. (Idem: ibidem, p.176) Laurindo Rabello, contudo, ascendia socialmente. Pouco depois de receber a nomeação para professor, acumulou ainda a de enfermeiro da mesma instituição 85. Apenas a saúde problemática foi-lhe obstáculo inexorável. Com cerca de um ano de atuação no curso anexo à Escola Militar, Laurindo Rabello teve a carreira interrompida. Solicitou afastamento86, obtendo licença para tratamento de saúde por três meses, a quarta licença médica. Findo o prazo, alcançou outra licença 87, a quinta e última, que nem gozou integralmente. Laurindo Rabello morreu de hipertrofia do coração88 no dia 28 de setembro de 1864, à uma hora da tarde, e foi 85 Ordem do Dia nº 360 da Repartição do Ajudante-General. Rio de Janeiro, 03/07/1863. p.3. (cf. foto do documento na p.217 deste trabalho) 86 Ordem do Dia nº 403 da Repartição do Ajudante-General. Rio de Janeiro, 15/06/1864. p.3. (cf. foto do documento na p.219 deste trabalho) 87 Ordem do Dia nº 416 da Repartição do Ajudante-General. Rio de Janeiro, 01/10/1864. p.4. (cf. foto do documento na p.221 deste trabalho) 88 Teixeira de Melo informa que alguns críticos apóiam-se na hipótese de Laurindo Rabello ter morrido de tuberculose pulmonar, como Lery Santos em artigo de 1880, publicado no Pantheon Fluminense, pp. 579-586. Com efeito, Antônio Álvares da Silva relata que Laurindo Rabello dizia sofrer de tuberculose, quando o conheceu: “Disse-me que (…) estava muito doente, talvez tuberculoso, tendo expectorado sangue, contra o que, como me mostrou, tinha aplicado um largo vesicatório na altura do peito.” apud: Teixeira de MELO, p.373. Teixeira de Melo, porém, pesquisando os jornais da época, descobre que a verdadeira causa mortis foi hipertrofia do coração, o que confirma o atestado de óbito assinado pelo dr. João Antônio Kelly de Godoy Botelho, médico e colega de Laurindo Rabello na Escola de Medicina da Corte. 38 enterrado no cemitério São João Batista89 no dia seguinte. Velaram-lhe o corpo Dias da Cruz90, Manuel Hilário Pires Ferrão, Saldanha Marinho91, Pedro Cunha92, Eduardo de Sá, Ribeiro de Almeida93, dentre outros. As despesas do pomposo funeral, com direito a salva de tiros e dourados no caixão, foram custeadas por D. Pedro II. O Diário do Rio de Janeiro de 30/09/1864 trouxe um breve descrição da última homenagem prestada por amigos e personalidades: Foi ontem sepultado no cemitério S. João Batista o cadáver de Laurindo Rabelo. Grande número de pessoas acompanhou os seus restos mortais. Os Srs. ajudante general do exército, comandante da escola militar, vários outros generais, professores e alunos da escola, e vários outros oficiais e colegas do finado prestaram-lhe também as últimas honras. O féretro foi conduzido de casa até o carro mortuário pelos Srs. conselheiro Polidoro, Drs. Saldanha Marinho, Amorim Bezerra e Cláudio da Costa, José Souto e Quintino Bocaiúva. Uma guarda de quarenta praças de fuzileiros comandada por um tenente, prestou as honras fúnebres. (DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO: 1864, p.1) Não se pode deixar de sublinhar o caráter irônico do fato de Laurindo Rabello, que viveu em meio a graves problemas financeiros, ter sido alvo de pomposas homenagens depois de morto, o que vai de contra o desejo do eu poético de “Canto do cisne”, poema escrito no leito de morte: Quando eu morrer, não chorem minha morte, Entreguem o meu corpo à sepultura, Pobre, sem pompas; sejam-lhe a mortalha Os andrajos que deu-me a desventura. Não mintam ao sepulcro apresentando Um rico funeral de aspecto nobre: Como agora a zombar me dizem vivo, Digam-me, também morto — aí vai um pobre. (vv.01-08) Antevendo a morte, Laurindo Rabello apressou-se para concluir sua 89 Em nota ao ensaio publicado no volume 3 dos Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Teixeira de Melo informa que os ossos de Laurindo Rabello foram transladados por sua viúva para o jazigo n° 749 do cemitério São Francisco Xavier (Caju), no dia 11 de outubro de 1877. 90 Francisco de Meneses Dias da Cruz (1826-1878), médico, professor e membro da Academia Nacional de Medicina e do Conservatório Dramático RJ. 91 Joaquim Saldanha Marinho (1816-?), jurisconsulto, jornalista e parlamentar. 92 Pedro Augusto Pereira da Cunha (?-?), médico pela Escola de Medicina da Corte. As informações a seu respeito são quase inexistentes. Sabe-se apenas o conteúdo de sua tese defendida, acerca da higiene do sistema penitenciário, publicada em 1872 pela tipografia do Diário do Rio de Janeiro. 93 João Ribeiro de Almeida (1829-?), bacharel em Letras e doutor em Medicina, membro da Academia Nacional de Medicina e do Instituto Histórico e Geográfico. 39 gramática, voltada ao preparo do soldado, que foi adotada pelo governo e teve várias edições. Temia deixar Adelaide sem uma obra que pudesse lhe render ao menos algo “que ela possa trocar por um pedaço de pão.”94, uma vez que publicara em vida somente o livro Trovas. A(s) razão(ões) para só ter empreendido a solitária publicação pode(m) ser contemplada(s) através das próprias palavras de Laurindo Rabello, na abertura do opúsculo.95 Vale a pena citar o texto na íntegra por sua brevidade e importância biobibliográfica: A quem ler Uma coleção de trovas em grande parte já publicadas, é o que contém este pequeno volume. Queríamos, e podíamos fazê-lo maior; mas à face das despesas da imprensa, e da grande dificuldade que deveríamos ter em alcançar assinaturas, baldo como somos de um nome conhecido, julgamos mais prudente deixá-lo ir assim. O título que lhe damos, claro deixa que o não fazemos publicar com pretensões a louvores; sabemos que é talvez dos piores em seu gênero: porém, a ver se alguma coisa melhor para o futuro apresentaremos, pedimos ao leitor ilustrado, que o leia com severa imparcialidade, e particularmente, ou pela imprensa, não nos faça obséquios em crítica, pois preferimos uma censura que nos insulte, a elogios que nos dourem os erros. (RABELLO: 1853, p.5) No entanto, o temor de Laurindo Rabello quanto ao futuro da consorte pouco a pouco se tornou realidade. Noronha Santos descreve um pouco da vida de Adelaide após a morte de Laurindo Rabello. A viúva tinha de sobreviver com os 7$000 (sete mil) réis96 mensais da pensão paga pelo Tesouro Nacional. A sorte, porém, foi-lhe um pouco menos impiedosa. O poeta e acadêmico Goulart de Andrade sugeriu à Academia Brasileira de Letras (ABL) que se desse um auxílio financeiro97 a Adelaide, que se mostrou grata: “Foi quando a pensão, que a Academia me ofereceu, veio e serviu-me bastante. (…) Por forma que essa pensão representa para mim a renda que as poesias de meu marido produzem.”98 94 CASTRO, 1867, p.XX. Talvez Laurindo Rabello tenha se limitado à publicação de um único livro não apenas por razões financeiras. Adiante a questão será retomada. 96 De acordo com uma lista dos principais produtos agrícolas exportados pelo Rio Grande do Sul (cf. URL nas Referências deste trabalho), em 1864, uma saca de farinha de mandioca (60 kg) valia aproximadamente 3$033 (três mil e trinta e três) réis. Com a pensão, Adelaide poderia comprar 138 kg de farinha por mês. Atualmente, num mercado popular, o quilo da farinha é comercializado a 1,17 R$. Em moeda corrente, a pensão recebida pela viúva de Laurindo Rabello corresponderia, portanto, a 161,92 R$. 97 Até 1919 Adelaide não havia começado ainda a receber a pensão pela Academia Brasileira de Letras, como se constata com a matéria Uma situação que seria cômica se não fosse dolorosa, publicada n’A Tribuna de 12/08/1919: “Provavelmente – acrescentou a bondosa senhora – não foi adiante a idéia de Goulart de Andrade. Pelo menos, nunca recebera nada, nem fora procurada por algum representante da Academia.” 98 O GLOBO, 1926, p.1. 95 40 O Compêndio de gramática da língua portuguesa teve cinco edições (1869, 1872, 18-, 1885 e 1899), sem contar a sexta (1946), quando da compilação de Osvaldo de Melo Braga. Da página de rosto da primeira edição, consta que fora adotado para uso nas escolas regimentais do Exército Imperial e para a formação dos artilheiros aprendizes. Não obstante as modificações ideológicas da República, a quinta, com muitas modificações não-autorais no texto, passou a ser empregada também no Arsenal de Marinha e no Mosteiro de São Bento. Sua vida útil (cinco edições escolares, num espaço de exatos trinta anos) provavelmente decorreu das sucessivas atualizações do texto99, operadas pelo editor Félix Ferreira, já que consistia numa fonte de renda para Adelaide. Sabe-se que a viúva de Laurindo Rabello tinha parentes em algumas das instituições que adotaram o Compêndio. É dela o texto que abre a primeira edição, pedindo aos professores que avaliem com atenção a gramática que o falecido tanto se esmerou em escrever. Com o tempo, o Compêndio deve ter sido julgado obsoleto e deixou de ser utilizado. No Mosteiro de São Bento, cujos frades para ajudar a viúva compravam exemplares, com a expulsão do Frei João das Mercês Ramos100 e o advento de frades alemães na gestão, o Compêndio caiu em desuso. Adelaide completava a pensão do Tesouro com seus trabalhos de costura, tendo como única companheira e ajudante a sobrinha Ernestina Correia. Após a morte, o nome de Laurindo Rabello voltou a ser muito celebrado quando do centenário de nascimento, comemorado pela ABL em 8 de julho de 1926. Na Hemeroteca do Arquivo Laurindo Rabello, do Centro de Memória da ABL, estão depositadas notas e matérias comemorativas de 10 dos principais periódicos do país (O paiz, O globo, A folha, Folha da manhã, A manhã, Jornal do commércio, Diário da noite, Correio da manhã, A noite, Nação brasileira). Uma das reportagens mais significativas foi feita pelo jornal O Globo, trazendo uma pequena entrevista com Adelaide101. A comemoração do centenário na ABL, em sessão solene no Salão Nobre, contou com a participação, dentre outros, de Adelaide, na ocasião com 89 anos, e de Constâncio Alves, então ocupante da cadeira 26, para a qual Guimarães Passos102, o fundador, elegeu Laurindo Rabello como patrono. A presença pos mortem de Laurindo Rabello nos periódicos obviamente não se limita à época do 99 Para mais detalhes sobre o Compêndio e as variantes não-autorais, consultar MONIZ: 2008. Abade Frei João das Mercês Ramos, diretor do Colégio São Bento de 1893 a 1903. 101 O GLOBO, 1926, p.1. 102 Sebastião Cícero dos Guimarães Passos (1867-1909), um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, presente na sessão inaugural de 20 de julho de 1897. 100 41 centenário, mas paulatinamente se escasseia ao longo dos anos. A última matéria que se encontra na Hemeroteca data de 2 de agosto de 1959. A vida e a obra de Laurindo Rabello retornam também à lembrança nos discursos de posse de um novo ocupante da cadeira 26. Ainda assim, em seu discurso, Paulo Barreto103, o João do Rio, segundo ocupante da cadeira, mencionou Laurindo Rabello apenas no último parágrafo, ao fazer uma ligeira comparação com o patrono e o fundador: Não quisestes em tal hora, senhores meus, chamar para vossa companhia e para a cadeira de Laurindo Rabelo alguém que como Laurindo e Guimarães fosse na vida o prisma azul, por não se vê a vida. (BARRETO: 1935, p.150) Constâncio Alves104 foi mais generoso. Abordou a problemática das obras perdidas, célebres anedotas biográficas e o caráter trágico presente em Laurindo Rabello, baseando-se muito, porém, mais na vida, do que em sua obra. Constâncio Alves produziu ainda um ensaio105 sobre Laurindo Rabello, muito elogiado pelo seu sucessor na cadeira 26, Ribeiro Couto106, em que as tristezas dos versos de Laurindo Rabello são vistas como uma derivação da tragicidade da vida e não pura e simplesmente como uma subscrição ao byronismo então em moda. No discurso de posse, Ribeiro Couto valoriza ainda o trabalho de recuperação moral feito por Constâncio Alves, pois “destrói a falsa tradição que insistia em figurar Laurindo de violão debaixo do braço, a pedinchar jantares em troca de modinhas e recitativos.”107 Gilberto Amado108, quinto ocupante da cadeira, citou versos de Laurindo Rabello, para em seguida comentar, não sem alguma ironia, o seu sentimento de exílio: O desterro, o lugar de exílio… era a Bahia! onde tinha ele ido, do Rio, estudar medicina. É claro que sob a expressão “pátria” toam os grandes motivos “mãe, irmãos e amigos”, mas apesar de assunto, como já disse, não assumir a meus olhos maior importância, a Bahia… exílio para um brasileiro! (AMADO, 1971, p.23) 103 Paulo Barreto (1880-1921), empossado na Academia Brasileira de Letras em 12 de setembro de 1910. 104 Antônio Constâncio Alves (1862-1933), empossado na Academia Brasileira de Letras em 22 de agosto de 1922. 105 ALVES, 1926, pp.251-275. Constâncio Alves também pronunciou um discurso na sessão de 16 de abril de 1931, publicado na Revista da Academia Brasileira de Letras de julho de 1931 (pp.184-186), em que registra a doação do volume com as poesias “livres” de Laurindo Rabello à Academia Brasileira de Letras. 106 Rui Ribeiro Couto (1898-1963), empossado na Academia Brasileira de Letras em 17 de novembro de 1934. 107 COUTO, 1937, p.240. 108 Gilberto Amado (1887-1969), empossado na Academia Brasileira de Letras em 29 de agosto de 1964. 42 Mauro Mota109, sexto acadêmico a ocupar a cadeira 26, brevemente arrolou no discurso de posse elementos biográficos de Laurindo Rabello. Comparou-o a Guimarães Passos, no que diz respeito ao “espírito de aventura e pausas para o exercício de paciência: um, escrevendo uma gramática; outro, um dicionário de rimas.”110 O sétimo e atual ocupante da cadeira, Marcos Vinícios Vilaça 111, apenas citou o nome de Laurindo Rabello, sem reavivar em nada a memória daqueles que lhe assistiam. Pouco a pouco, o nome de Laurindo Rabello embaçou-se e caiu no esquecimento. No ano de comemoração do sesquicentenário de publicação das Trovas, 2003, não houve sequer um artigo em periódicos. Quando muito, Laurindo Rabello merece alguns parágrafos de um historiador da literatura brasileira ou, recentemente, figura num ensaio ou antologia acerca da pornografia na literatura de língua portuguesa112. Fora isso, mostra-se mais um exemplo, dentre outros artistas de inestimável valor, de como o cânone literário, no dizer de Hamlet, tem mais razões “do que sonha nossa vã filosofia”.113 109 Mauro Ramos da Mota e Albuquerque (1911-1984), empossado na Academia Brasileira de Letras em 27 de agosto de 1970. 110 MOTA E ALBUQUERQUE, 1972, p.110. 111 Marcos Vinícios Rodrigues Vilaça (1939- ), empossado na Academia Brasileira de Letras em 2 de julho de 1985. 112 SOUZA, 2003. 113 SHAKESPEARE: ASDASD, ASDAS 43 3. SOBRE OS POEMAS ATRIBUÍDOS A LAURINDO RABELLO 3.1. Recepção crítica Tal como as informações biográficas, as fontes para estudo da obra poética de Laurindo Rabello são escassas. Osvaldo de Melo Braga, em sua compilação 1, elenca quarenta indicações bibliográficas, que cobrem um intervalo de tempo de 1856 a 1940, ou seja, oitenta e quatro anos. À primeira vista, a lista ofereceria uma quantidade razoável de estudos, mas na verdade consiste comumente em pequenos artigos de jornais, capítulos ou itens de capítulos em histórias da literatura brasileira, que se atêm a episódios da vida de Laurindo Rabello ou procuram atestar em sua poesia reflexos comportamentais. Raros são os trabalhos dedicados à apreciação de poemas, a exemplo do que fizeram, ainda que de maneira breve, Anastácio Luís do Bonsucesso, Teixeira de Melo, Alexandre José de Mello Moraes Filho, Constâncio Alves, Antônio de Pádua e, mais recentemente, Roberto Acízelo de Souza 2. Outra fonte de crítica literária são os textos introdutórios das compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, organizadas postumamente, que serão comentados mais adiante neste trabalho, no item “4.1. Inventário testemunhal”, subseção de “4. A tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello”. A primeira recepção crítica de poemas atribuídos a Laurindo Rabello de que se tem notícia saiu publicada no Diário do Rio de Janeiro, em 15 de abril de 1856, assinada por Augusto Emílio Zaluar. Tratava-se de um ótimo cartão de visitas, já que eram palavras elogiosas, advindas de um poeta da hora: “Talvez dentre todos os nossos poetas representantes da escola moderna nenhum molde a sua inspiração em formas mais clássicas do que o autor das Trovas.”3 Emílio Zaluar cita alguns versos dos poemas “A minha resolução” e “A saudade branca”, assinalando “uma 1 apud RABELLO: 1946 Remete-se aqui aos estudos publicados respectivamente em BONSUCESSO: 1867, MELO: 1877, MORAES FILHO: 1904, ALVES: 1931, PÁDUA: s.d., SOUZA: 2003. 3 apud RABELLO: 1946, p.74. Convém sublinhar aqui o contraste entre o título Trovas, remissivo a um gênero de poemas populares, e a afirmação de Zaluar segundo a qual Laurindo Rabello apresenta no livro “inspiração em formas mais clássicas”. A presença de elementos clássicos na poesia de Laurindo Rabello, prova de qualidade na opinião de Zaluar, que à primeira vista consistiria num anacronismo poético em se tratando de um poeta romântico de segunda geração, será abordada mais adiante neste trabalho, no item “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”, subseção de “3. Sobre os poemas atribuídos a Laurindo Rabello”. 2 44 tristeza e melancolia que as faz rivalizar com o que de mais delicado neste gênero se encontra nas apaixonadas estrofes de Garret.”4 Não obstante as boas-vindas de Zaluar, decorrerão onze anos para outro comentário vir a público, quando já falecido Laurindo Rabello. Em 1867, Anastácio Luiz do Bonsucesso publicou a Biblioteca do instituto dos bacharéis em letras, em cujo apêndice, “Quatro vultos”, procede a uma rápida apreciação da vida e da obra de Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Laurindo Rabello e Gonçalves Dias. Bonsucesso sublinha o motivo da dor presente nos poemas de Laurindo Rabello, a riqueza da forma e da idéia, que favorecem, no seu entender, uma eficaz memorização dos versos por parte do leitor, e a universalidade da linguagem, compreensível tanto ao homem erudito, quando ao humilde. Com relação aos poemas obscenos, lamenta que “quantos primores bocagianos foram perdidos aí por estas salas, quantos primores estão hoje amesquinhados por cópias imperfeitas, ou mutações ridículas.”5 Laurindo Rabello entrou para as histórias da literatura brasileira pelas mãos de Silvio Romero, que, na História da literatura brasileira (1888), sem embargo da controvertida causa mortis, acreditava de fato ter o poeta morrido do coração: “O coração matou-o; não foi a tuberculose, como falsamente alguns pensaram. Sei bem disto.”6 Em sua leitura, a poesia de Laurindo Rabello por si só indica quanto o sofrimento e a desgraça lhe exigiram do coração, levando-o à exaustão, ou, mais precisamente, à hipertrofia. O crítico põe em relevo o caráter extremista dos sentimentos expressos pelo sujeito poético nos poemas de Laurindo Rabello: “O poeta inflamava-se e vegetava nas chamas, segundo sua expressão. Esse eretismo de toda a sua organização extravasava-se em sua contínua ebulição mental.”7 No entender de Silvio Romero, mesmo “a gargalhada irônica e profunda do pariá”8 não passa de atenuador para o tormento e desengano que enxergava na vida e significa não alegria, mas tristeza abissal frente à existência. Para o crítico, Laurindo Rabello era o poeta que ria tanto nas troças do cotidiano, quanto nas sátiras poéticas, para não chorar com o desespero “do mestiço, do cigano, do 4 Idem: ibidem, pp.74-75 BONSUCESSO: 1867, p.286 6 ROMERO: 1943, p.336 7 Idem: ibidem, p.336 8 Idem: ibidem, p.341 5 45 proletário numa pátria ingrata, explorada pela cobiça de uma burguesia de estranhos e pela ganância de politiqueiros relapsos.”9 Laurindo Rabello, pois, alternaria momentos de perplexidade numa introspecção mórbida, em que buscava a morte como alívio para o martírio, com o estrondo de alguma irrisão. Assinalaria, pois, na lírica, dois tons bastante nítidos: o lamentoso, que se esparge para o sentimento amoroso e o torna melancólico; e o zombeteiro. Explorando a primeira tendência, Silvio Romero aprecia poemas como “Amor-perfeito”10, “Dous impossíveis”, “O que são meus versos” e “Adeus ao mundo”. Com relação à obra satírica, apesar de reconhecer que ainda continua “quase toda inédita”11, diz apenas se manifestar severa ou galhofeiramente, mas em nada revela ao leitor: “Não tenho lazeres para procurá-la.”12 Acerca de Laurindo Rabello, pouco fala José Veríssimo nos três parágrafos de sua História da literatura brasileira (1915). São expostos dados biográficos, como a problemática financeira, a fraqueza da saúde, a origem mestiça, a boemia, etc.. O crítico entende que a biografia de Laurindo Rabello, marcada por grandes dificuldades, amplificou-lhe na poesia a tristeza herdada do Romantismo: A desventura, o sofrimento, aumentou-lhe, porém, a tristeza dos da sua geração e exacerbou-lhe a sensibilidade, e como aqueles criou-lhe a angústia da morte, que atormentava o poeta da Lira dos vinte anos, afligia a Junqueira Freire, a Casimiro de Abreu e a outros da mesma família literária. (VERÍSSIMO: 1969, p.261) Quanto aos poemas satíricos, referidos por Silvio Romero, José Veríssimo nem sequer lhes faz alusão. O crítico menciona somente que Laurindo Rabello animava partidas e festas com “o seu estro e as suas facécias, improvisos, glosas, poesias recitadas ou cantadas à viola, como um aedo ou trovador primitivo, e mais os ditos que se lhe atribuem.”13, donde se concluir que Laurindo Rabelo também se dedicara à poesia jocosa. Na Pequena história da literatura brasileira (1919), de Ronald de Carvalho, Laurindo Rabello recebe o epíteto de “êmulo de Álvares de Azevedo”14. Sua vida é 9 Idem: ibidem, p.341 Este poema corresponde na verdade a um fragmento de “Flores murchas”, publicado no jornal O acadêmico, conforme será exposto mais adiante. 11 ROMERO: 1943, p.334 12 Idem, ibidem, p.334 13 VERÍSSIMO: 1969, p.261. (Grifo nosso) 14 CARVALHO: 1919, p.229 10 46 resumida a um nomadismo entrecortado por “pilhérias e remoques”15. A poesia de caráter popular oferece tons pessimistas alternados com jocosos, mas sempre com sinceridade. Dessarte, os versos de Laurindo Rabello espelhariam com conhecimento de causa os momentos do sofrimento cotidiano e a revolta frente à mediocridade dos coevos. A qualidade da obra, que comprova o poeta ser “hábil e perito no resolver um rondó ou um soneto castigado”16, antes mesmo de se consagrar nas críticas literárias, foi reconhecida pelos leitores, que guardavam poemas de cor. Laurindo Rabello figura na Evolução da poesia brasileira (1932), de Agripino Grieco, entre os poetas menores, apreciado sumariamente num único parágrafo. A bem da verdade, o crítico quase se detém em questões biográficas, como a boemia, as anedotas, sublinhando somente uma certa mistura de tons “galhofeiro e elegíaco, de lirista e pornográfico.”17 No entanto, acerca do pornográfico, bem como do galhofeiro, elegíaco e lirista, Grieco nada acrescenta, nem sequer acerca da explicação para o epíteto “Lagartixa”, um dado biográfico elementar, pois: “não nos sobra tempo para verificar isso. Aí estão à nossa espera as vítimas do mal do século, as vítimas de Byron, Musset e Espronceda.”18 Eugênio Gomes, em “A propósito de Laurindo Rabello” (1932), observa a intertextualidade no poema “Adeus ao mundo” com o epitáfio que o poeta inglês Samuel Taylor Coleridge compôs para o seu próprio túmulo, a partir dos versos “Quem sempre a morte achou no lar da vida,/ Deve a vida encontrar no lar da morte.” (vv.115-116). Por se tratar de um estudo pontual, voltado única e exclusivamente para a reflexão quanto à intencionalidade ou não da alusão a Coleridge, o crítico não se preocupou em explorar de maneira abrangente a obra poética de Laurindo Rabello. Elogiado por Ribeiro Couto, o discurso de posse de Constâncio Alves na Academia Brasileira de Letras em 1936 confere mais ênfase à vida do que à obra de Laurindo Rabello. As rápidas incursões crítico-literárias dizem respeito ao gosto do povo que o elegeu para figurar entre as canções de violão mais executadas e ao fato de sua poesia não se limitar apenas ao âmbito popular, versando ainda sobre patriotismo, civismo, amor e indignação. Para Constâncio Alves, os sentimentos 15 Idem: ibidem, p.229 Idem: ibidem, p.230 17 GRIECO: 1944, p.29 18 GRIECO: 1944, pp.29-30 16 47 mais fortes na obra de Laurindo Rabello são a cólera e a tristeza: “Falta-lhe na música a nota da alegria, porque a alegria lhe faltou na vida, – paisagem de silêncio e sombra, onde nada floria e nada gorgeava.”19 Os versos de Laurindo Rabello são assim interpretados como fragmentos extraídos diretamente da vida, à exceção dos poemas de circunstância ou de encomenda que, não obstante, carregam sutilmente os desenganos sofridos na realidade. Na História da literatura brasileira (1940), de Nelson Werneck Sodré, Laurindo Rabello é mencionado em comentário muito breve, em que se contrapõe seu estilo fluido e popular ao classicismo pomposo e elitista de Odorico Mendes. Em A literatura no Brasil (1955), direção de Afrânio Coutinho, a apreciação dos poemas de Laurindo Rabello aparece no segmento “O individualismo romântico”, item “Fagundes Varela”, de autoria de Waltensir Dutra, que vê em sua poesia “fé e confiança na vida”20 e julga a descrença romântica não a ter atingido de todo. Por outro lado, Laurindo Rabello assinalaria a tristeza, não a tristeza exagerada dos românticos da segunda geração, mas uma tristeza tranquila, que mantém coerência com os demais sentimentos em sua poesia, na medida em que não apresenta excessos. O crítico sublinha motivos poéticos como melancolia, desengano, dor e morte. Em “Pensamentos de um poeta romântico” (s.d.), Antônio de Pádua estima que o melhor na poesia de Laurindo Rabello é “seu lirismo elegíaco”21, embora não traga nada de profundo ou original, ou seja, seus versos são impregnados de “velhos conceitos”22 que o Romantismo tomou para si. O crítico então procede a uma pequena coletânea de versos para ilustrar como se apresentam na obra poética de Laurindo Rabello certos motivos. Atenta para o amor carregado da clássica simbologia do fogo, que revela certa visão fatalista, uma vez que os seres humanos estariam fadados à união pelo sentimento amoroso. Outro clichê seria a dicotomia ‘amor X razão’. O fazer poético corresponde a lamento e consolo. A desgraça desdobra-se do ressentimento que o poeta nutre com relação à sociedade. Daí, pois, a necessidade da dissimulação, já que sua dor não ocupa as atenções do outro, e da morte, que “virá como libertação”23. A dor, consoante o crítico, funda-se 19 ALVES: 1936, p.255. DUTRA: 1986, p.197. 21 PÁDUA: s.d., p.60. 22 Idem: ibidem, p.60. 23 PÁDUA: s.d., p.64. 20 48 na paidéia cristã, que a coloca como meio de elevação espiritual, idéia reiterada nos poemas de Laurindo Rabello. Nessa instância, o prazer é repudiado, pois “embota a sensibilidade”24. Quanto ao poeta, duas facetas são discernidas: o instrumento divino e o homem que ama. Antônio de Pádua crê que a exaltação à virtude, motivo constante na poesia romântica, ganha um quê de “compensação psicológica”25 em Laurindo Rabello, em decorrência da pobreza conhecida empiricamente. Antonio Candido em Formação da literatura brasileira (1957) triparte a obra poética de Laurindo Rabello em: poemas de circunstância, obscenos e confidenciais. Tais vertentes corresponderiam a três facetas, a saber, “a do homem enquadrado na convenção, a do boêmio, a da experiência pessoal sentida.” 26 Quanto aos poemas de circunstância, o crítico os tem na conta de vertente “mais insignificante (…).”27. Classifica ainda o “Septenário poético” como ‘paquidérmico’, baseado em argumentos biográficos: Pobre, insatisfeito, boêmio, é natural que valorizasse os dons de improvisador como recurso de prestígio; ao fazê-lo, sobrenadava nele o homem, no fundo, convencional, temente a Deus e à ordem, servindo exatamente os pratos pelo gosto dos salões burgueses. (CANDIDO: 1957, p.146) Da segunda vertente de poemas, Antonio Candido afirma somente que a ‘musa secreta’ de Laurindo Rabello relaciona-se diretamente à “outra sociabilidade – a do botequim, a das tertúlias masculinas (…).”28 Abordando os poemas confidenciais, o crítico desenvolve uma apreciação com mais vagar e, no segmento intitulado “Obsessão floral”, tece considerações acerca da imagem da flor na obra poética de Laurindo Rabello. Observa que vinte e seis, dentre os oitenta e dois poemas que analisou, assinalam a presença de flores. Conclui que em poemas como “O meu segredo”, “O gênio e a morte” e “Adeus ao mundo”, as flores são ocasionais, ou seja, não haveria intenção simbólica nenhuma de Laurindo Rabello. Em poemas como “Dous impossíveis”, “Canto do cisne”, “Não posso mais!” e “Ao baptismo de dous meninos”, as flores simbolizariam virtude, saudade, tristeza, prazer e amor. Entretanto, o mais refinado uso da flor dar-se-ia em poemas como “A saudade branca” e “Flores murchas”, em que os empregos simultâneos das 24 Idem: ibidem, p.67. Idem: ibidem, p.68. 26 CANDIDO: 1997, p.145. 27 Idem: ibidem, p.145. 28 CANDIDO: 1997, p.146 25 49 acepções denotativa e conotativa de ‘flor’ resultam em ambiguidade: “é flor e sentimento: é o ciclo da saudade e do amor-perfeito, que se prestam ao jogo de palavras.”29 Afrânio Coutinho na Introdução à literatura no Brasil (1964) inclui Laurindo Rabello no terceiro grupo romântico (1850-1860) e lhe atribui consequentemente o seguinte quadro sintomático aplicável, a seu ver, a qualquer autor da referida geração: Individualismo e subjetivismo, dúvida, cinismo e negativismo boêmio; “mal do século”; poesia byroniana ou satânica. Influência de Byron, Musset, Espronceda, Leopardi, Lamartine. (COUTINHO, 1964, p.165) Na Enciclopédia de literatura brasileira (1989), cuja direção divide com José Galante de Souza, o crítico ainda acrescenta: “poesia pessimista, atrevida, revoltada, amarga, reflexa de uma alma sofredora.”30 José Guilherme Merquior, na sua Breve história da literatura brasileira (1977), menciona em poucas linhas o caráter fluido da poesia de Laurindo Rabello e alguns dados biográficos. Na História da inteligência brasileira (1992), Wilson Martins julga que Laurindo Rabello “desperdiçou o talento em versos de circunstância, torneios poéticos e improvisos lúdicos (…).”31 O que se escreveu a respeito de sua obra poética foi, para o crítico, uma forma de compensar em morte os tormentos a que a vida o obrigou. Wilson Martins destaca ainda o sentimento anticlericalista na obscenidade de poemas de Laurindo Rabello e em “Alberto”, que, não obstante o texto tenha se perdido, foi lembrado por Eduardo de Sá Pereira de Castro na introdução à compilação de 1867. Embora julgue excelentes as sátiras, estima o melhor de sua obra os versos marcados pela melancolia e a desesperança, a exemplo de “O que são meus versos”. O motivo floral em poemas reincide no arrazoado crítico de Alfredo Bosi, em História concisa da literatura brasileira (1994), que a avaliou como “material copioso para enumerações e metáforas.”32 Ainda que não conceda muito espaço à análise da obra de Laurindo Rabello, ao menos sugere que se investigue em seus poemas a interface entre as culturas popular, da classe média e a dos grupos de 29 CANDIDO: 1997, p.147 COUTINHO: 2001, p.1333. (Grifos nossos) 31 MARTINS: 1992, p.495 32 BOSI: s.d., p.115 30 50 prestígio. Em 2003, publicou-se o primeiro estudo sobre os poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello. O autor, Roberto Acízelo de Souza, observa que “condições culturais mais recentes favoreceram um movimento de recuperação e valorização dessa face do romantismo.”33 Entre outros pontos importantes do artigo, o crítico fala do trajeto percorrido pelo fac-símile da compilação de 1882, feito de um exemplar pertencente a Israel de Souza Lima, única cópia do testemunho atualmente depositada na biblioteca Lúcio de Mendonça (ABL). Traça ainda um breve histórico da tradição erótico-obscena no Ocidente, mostrando como desde a poetisa Safo (VI a.C.) a temática é explorada pela poesia e se perguntando o porquê de os textos ditos pornográficos de Laurindo Rabello terem desaparecido da tradição crítica literária. Em função da crescente publicidade da ‘poesia proibida’ de Bernardo Guimarães, Acízelo de Souza se propõe a buscar as causas para que a obra de Laurindo Rabello não tenha desfrutado de igual interesse: Assim, acreditamos que a produção do poeta mineiro se configura mais fortemente como paródia e subversão de cânones. (…) Distinto, porém, julgamos ser o caso de Laurindo, cujos versos no máximo poderiam ser tomados como paródias de modelos bastante genéricos, sendo antes, a nosso ver, uma sátira circunstancial, e por isso de contundência e potencial crítico mais modesto. (SOUZA: 2003, p.138) Concluindo o artigo, o crítico, acerca da qualidade dos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello, sentencia: E as Obras livres de Laurindo: que valor teriam? Tradição modernista à parte, se não chegamos a reputá-las “inúteis” - que mais não seja, a atenção analítica que aqui lhe concedemos exporia a inconsistência desse juízo -, julgamos bem reduzidas suas qualidades poéticas: perícia - métrica, estrófica, rímica – no tratamento de temas em princípio estranhos à poesia; plasticidade na figuração cômica de tipos e situações; e muito pouco mais, talvez. (Idem: ibidem, p.139) Merece ainda menção o pequeno parágrado dedicado a Laurindo Rabello por Carlos Nejar, na sua História da literatura brasileira (2007). O crítico lista dados biográficos e publicações, não sem cometer lapsos de informações, ao afirmar, por exemplo, que Laurindo Rabello “publicou livros de versos”34, quando na verdade publicou apenas um livro em vida, Trovas (1853). Cita ainda equivocadamente 33 34 SOUZA: 2003, p.129. NEJAR: 2007, p.122 51 títulos de poemas, ““Estudante”, “A lavadeira””35, uma vez que o título correto é “O estudante e a lavadeira”, diálogo cômico que Alexandre José de Mello Moraes Filho incluiu nos Cantares brasileiros (1900). A crítica de jornal não acrescenta muito às apreciações literárias publicadas em livro. Em “O “Bocage brasileiro”” (1935), Heitor Moniz aponta semelhanças entre Laurindo Rabello e Bocage. Em “Laurindo e Gregório”, João Carioca compara Laurindo Rabello com o barroco Gregório de Mattos, repetindo o intento em “Dois Satíricos”. Já em “Rabelais e Laurindo”, equipara-o a François Rabelais, criador de Gargantua e Pantagruel. Um certo E.P., em “Um caso excelente para a psicanálise…”36, sugere que se aplique o freudismo à análise dos sonetos e redondilhas pornográficas de Laurindo Rabello. Em todos os artigos, todavia, o leitor continua muito distante dos polêmicos poemas. A própria Adelaide Luiza Cordeiro Rabello, viúva de Laurindo Rabello, manifestava certa reprovação acerca dos poemas obscenos do marido e sutilmente despistava o assunto: Recordamos, com cuidado, que Laurindo Rabelo publicara versos fesceninos e aludimos ao Poeta Lagartixa. A viúva do poeta confessou que sim. Eram extravagâncias. Laurindo Rabelo fora um tanto estouvado. (O GLOBO: 1926) A Hemeroteca do Arquivo Laurindo Rabello do Centro de Memória da ABL dispõe de recortes de periódicos até a década de 50. Na grande maioria do material ali depositado, figuram notas e matérias que abordam os mesmos motivos em poemas atribuídos a Laurindo Rabello, apreciados na crítica literária em livro, isto é, dor, morte, tristeza, etc., sem que uma análise aprofundada ou original seja feita, como sói acontecer no curto espaço que os jornais de grande circulação destinam aos comentários literários. Além da crítica literária, Laurindo Rabello figura em histórias da música popular brasileira, como famoso modinheiro do Segundo Império. Ao lado de João L. de Almeida Cunha, violonista e também poeta, foi um dos primeiros compositores de modinhas e lundus a constituir parceria fixa com um instrumentista. José Ramos Tinhorão afirma que “não há dúvida de que foi o 35 Idem: ibidem, p.122. É mister se fazer a devida correção, para que não se atribua a Laurindo Rabello o lundu “A lavadeira”, pertença de vários cancioneiros de modinhas e lundus do Segundo Império, de autoria anônima. 36 E.P.: 1934 52 primeiro poeta brasileiro a ganhar renome como compositor popular entre o público das grandes cidades brasileiras.”37 Mário de Andrade menciona as ‘modinhas imorais’ de Laurindo Rabello, não sem asseverar que “houve Modinhas imorais porque há homens imorais.”38 Ary Vasconcelos lembra que, além das letras escritas especificamente para canções, Laurindo Rabello “teve poesias musicadas por compositores da época.”39 As modinhas e lundus serão objeto de considerações mais detalhadas neste trabalho. 37 TINHORÃO: 1998, p.146 ANDRADE: 1980, p.06 39 VASCONCELOS: 1991, p.160 38 53 3.2. Características principais 3.2.1. Apologia à essência espiritual A característica mais central nos poemas atribuídos a Laurindo Rabello é a apologia à essência espiritual, tão cara ao ascetismo cristão e ao idealismo romântico. Em geral, os autores do Romantismo descobriram no cristianismo um rico manancial de poesia, por se mostrar um organismo vivo, sentimento genuíno das nações modernas, diferentemente do paganismo concluso dos greco-latinos, que se mantinha artificialmente na literatura neoclássica. Domingos José Gonçalves de Magalhães, no prefácio de Suspiros poéticos e saudades, exorta seus conterrâneos a abandonarem o neoclassicismo e a abraçarem uma poesia fundamentada no cristianismo: O poeta sem religião e sem moral é como o veneno derramado na fonte, onde morrem quantos procuram aí aplacar a sede. Ora, nossa religião, nossa moral é aquela que nos ensinou o Filho de Deus, aquela que civilizou o mundo moderno, aquela que ilumina a Europa e a América: e só este bálsamo sagrado devem verter os cânticos dos poetas brasileiros. (MAGALHÃES: 1865, p.12) Nas sucessivas gerações brasileiras de poetas românticos, persistirá uma visão metapoética profundamente marcada pelo transcendentalismo cristão. Dez anos após a exortação do prefácio de Suspiros poéticos, Gonçalves Dias, em Primeiros cantos (1846), dirá que compreende uma “Poesia grande e santa” a “purificar tudo com o sentimento da religião e da divindade.”1 Mesmo a postura irônica de Álvares de Azevedo, na segunda parte da Lira dos vinte anos (1852), não dissimula o ressentimento de quem é forçado a reconhecer estatuto de poesia na carnalidade do poeta, dada a mentalidade cada vez mais materialista da sociedade, deixando nas filigranas certo tom lamentoso: O poeta acorda na terra. Demais, o poeta é homem, Homo sum, como dizia o célebre Romano. Vê, ouve, sente e, o que é mais, sonha de noite as belas visões palpáveis de acordado. Tem nervos, tem fibra e tem artérias – isto é, antes e depois de ser um ente idealista, é um ente que tem corpo. E, digam o que quiserem, sem esses elementos, que sou o primeiro a reconhecer muito prosaicos, não há poesia. (AZEVEDO: 2000, p.190) 1 GONÇALVES DIAS: 1959, p.101 54 Em Trovas, observa-se um “eu poético” arraigado à fé cristã, intransigente contra o que se interponha à ascese humana. Nos poemas de atmosfera fúnebre2, os ensinamentos cristãos valem como fonte de conhecimento para a compreensão acerca da morte e a aceitação da finitude material do homem. Sob a ótica do cristianismo, a morte revela a verdade acerca da existência física do ser, a saber, um nada disfarçado e celebrado pelo sensualismo enganoso. Personificada em “Epicédio à morte do Dr. José de Assis Alves Branco Moniz Barretto”, a morte irrompe como monstro cruento que se ri de prazer ao nadificar a vida. Desperta no “eu poético” um sentimento de quase histeria frente à anulação da antiga grandeza de José de Assis Alves Branco Muniz Barretto. No sepulcro de dimensões reduzidas, residem os restos mortais de um homem que foi gigante perante o mundo. Na pobreza, no leito humilde de terra, habita a memória de um passado rico em virtudes, em glória. A morte reduz o homem a pó, silencialhe a voz, por mais tonante que fora em vida. A boca do orador eloquente, que trovejava discursos, cala-se. A fertilidade de seu talento foi tragada pela terra. Em “Adeus ao mundo”, o “eu poético” antevê sobre seu próprio túmulo o escárnio eterno da Natureza, desperdiçada em vida. A sensação de proximidade do termo da vida traz-lhe a imagem da mão da morte a guiar doravante o itinerário. Embora haja total consciência do fim da existência, não experimenta desespero ou revolta. O que mais o aflige é morrer afastado da mãe e dos irmãos. Julga-se um desgraçado nem tanto pela morte em si, uma vez que, como cristão, tem que aceitar humildemente os desígnios de Deus, mas por morrer distante daqueles que o amam e consequentemente por jazer esquecido em plaga desconhecida. O testemunho da morte alheia suscita ao “eu poético” imagens paradoxais em “Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut”. Enquanto vivo, Labatut foi herói vitorioso nas batalhas que travava pela pátria, a França. Depois de morto, não passa de um mendigo a esmolar terra. As glórias do passado contrastam com as cinzas do presente. Em “Epicédio à morte do Dr. José de Assis Alves Branco Moniz Barretto”, a morte abate inexoravelmente o talento de um promissor orador que nenhum adversário era capaz de fazer frente. Aliás, a morte não se satisfaz apenas 2 Remete-se aqui aos poemas “Epicédio à morte do Dr. José de Assis Alves Branco Moniz Barretto, e oferecido ao Il.mo Senhor Dr. Luiz Maria A. F. Muniz Barretto”, “Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut”, “A saudade branca composta por occasião da morte de minha irmã, e oferecida ao meu íntimo amigo e colega Antonio Augusto de Mendonça Júnior”. 55 em corroer silenciosamente a vida. Sua sanha é tanta, que explode em gargalhadas. O riso da morte, riso de crueldade, zomba do tormento humano, evidencia a realidade patética do ser. Aliado à morte, o tempo, que arrasta o homem para a destruição inevitável, reveste-se de fatalidade. Poemas como “Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França”, que deveriam alegrar o dia em que se comemora o natalício do homenageado, trazem a marca da angústia. O “eu poético” questiona a felicidade de se celebrar o aniversário, uma vez que marca a passagem do tempo e a proximidade da morte. A celebração talvez seja em função de uma vã esperança que teima em negar o desengano. Somente a força da memória suplanta em parte o riso ácido da morte. Batalhas de risos então se instauram, com a morte zombando da vida, e a memória de virtudes escarnecendo da morte. O tempo, em Trovas, mostra-se, assim, impregnado de morte e proporciona um conjunto de paradoxos. Congrega em si o passado de glórias humanas diametralmente oposto ao presente de decadência, de falência do ser. Da constatação de que tudo é provisório, submetido ao tempo, de que tudo no mundo expira, decorre a importância da memória. Em “O gênio e a morte”, o dia, em seu devir, mostra uma dupla faceta: rei ao alvorecer, vassalo ao término. O dia consome a vida que as plantas depositaram na manhã, dissipa ritualisticamente a beleza. Comporta-se como um jovem em loucos tempos. Enfim, sucumbe como rei que abdica do trono e cai desfalecido no manto da noite impiedosa. Da mesma maneira, a exuberância da primavera se esvai com a chegada do inverno. Já que nada é permanente, as personagens da alta sociedade, cuja vaidade se assenta em convenções sociais como os títulos de Senhor, Marquês, Visconde, Rei, etc., mostram-se estúpidas. A morte nivela democraticamente a todos e promove uma parábase. Diante da estupidez humana, que ignora sua finitude, eis que surge o riso mofador da morte a celebrar a destruição do homem. Limitada pelo tempo, a beleza consiste consequentemente num “doce engano” (v.86). O “eu poético” de “O gênio e a morte” sabe que a aurora fenecerá e terá por companheiros silêncio, sombras, escuridão, terra e vermes. Somente o gênio altivo do poeta transcende às limitações humanas e alcança a eternidade. À sua voz, curva-se o próprio tempo. A luz de sua poesia jamais finda. A beleza poetizada pelo gênio é imortal, pois ele tem o poder de vislumbrar a glória nas 56 ruínas das cidades e impérios desfalecidos. Bem como a noite enceta novos dias, e os dias, novas noites, o gênio também regenera, remoçando as idades, levantando os mortos dos sepulcros e conduzindo-os à imortalidade por meio da memória. Revigorado pela poesia, o “eu poético” exorta o anjo das ruínas a tornar ao seu reino, já que não é capaz de destruir a beleza do universo, quando amparada pelo lume da inspiração celestial. A voz potente e agressiva do gênio ecoa no infinito, faz com que a eternidade se erga para saudá-lo. Na batalha final, o gênio agonizante extrai da lira as últimas notas. Sorri ao poder da morte, enquanto sua glória na terra já enche o mundo. Assim a poesia vale também de arma contra a morte. Enquanto a beleza temporal é um simulacro de vida, o belo poetizado tornase imortal. Ao aspirar à libertação das emoções, o “eu poético” busca a verdadeira beleza não na materialidade superficial, mas numa verdade intrínseca à sua própria espiritualidade: a poesia. Daí a sensação de que a poesia imortalize. Em “O gênio e a morte”, há basicamente a presença de três campos semânticos. Os dois primeiros, opositivos, remetem às idéias de vida e morte. Observe-se como alguns substantivos, adjetivos e verbos do poema se organizam nesses grupos: subst. adjet. verbos primeiro campo semântico dia, luz, fogo, primavera, alegria, sol, jardim, prado, flor, raio, jovem, glória, grinalda, beleza, vida, brandão, triunfo, vivente ridente, encantador, frondoso, vulcânico, chamejante, ardente, perfumado, risonho, coruscante, garboso, odorífero, efêmero, brilhante, belo adornar, alimentar, assomar, passear, expulsar, iluminar, levantar, viver, subir segundo campo semântico ocaso, tristeza, crepúsculo, noite, túmulo, pranto, leito, temporal, bramido, extermínio, cinzas, cadáver, trevas, sombra, escuridão, verme, campa, sepulcro, ruínas, borrasca, tempestade, procela, caos, inverno, gelo tristonho, enfermo, merencório, desfalecido, murcho, pálido, mísero, morto, esquálido, funéreo, destruído, derrocado, atroz morrer, matar, extinguir, descer, abdicar, cair, torturar, acabar, expirar, apagar, humilhar, descer Esses campos semânticos não apenas decorrem d’“os temas da morte, desolação, ruínas, túmulos”3, embebidos da visão contrastiva de realidade comum aos autores românticos, bem como se articulam em figuras de retórica que enfatizam e atuam na estruturação do conteúdo do poema. Enquanto matériaprima de antíteses, constituem as etapas de vida e morte que os seres atravessam no devir existencial, não havendo, portanto, interpenetração nocional. É o caso do 3 COUTINHO: 1956, p.567 57 primeiro segmento do poema “O gênio e a morte” (vv.01-33), em que se descrevem sucessivamente o alvorecer e o entardecer, como exemplo universal de finitude de existência, que será depois estendido à realidade humana. Essa seção do poema divide-se em dois movimentos, a saber, a) ascensão do dia (vv.01-19), que “passeia garboso pelo espaço,/ Como triunfador pela campina” (vv.09-10); e b) declínio do dia (vv.20-33), em que o sol “vai tardio/ Pela estrada do ocaso, e já tristonha/ Lhe escorre pelo rosto a luz enferma!” (vv.23-25). Na interface entre um e outro movimentos, a antítese realça poeticamente a transição da ascensão para o declínio do dia, apresentando-se como o momento de maior aproximação entre as idéias contrastivas de vida e morte no primeiro segmento, expressa nas oposições ‘subir’ X ‘descer’ e ‘rei’ X ‘vassalo’: Da glória ao grau supremo Subiste, ó rei; humilha-te – vassalo Também és do Senhor – descer te cumpre. (vv.20-22) O segundo segmento de “O gênio e a morte” (vv.34-58), que também exerce função de exemplo na macro-estrutura, trata da deterioração de seres do reino vegetal, como flores, frutos, jardins e prados. Aqui os movimentos não seguem a ordem sucessiva das fases da existência, como na primeira parte do poema, mas o inverso. O “eu poético” começa por interpelar a primavera, cujas “frescas e odoríferas grinaldas” (v.35) “jazem esmagadas/ Aos pés de gelo do caduco inverno!” (vv.37-38), caracterizando-se o movimento inicial (vv.34-48) pela marca já da decrepitude, ao passo em que no segundo (vv.49-58) recorda-se a época em que vicejavam os “bosques,/ Jardins, e prados, e alcantis dos montes” (vv.50-51). Não obstante a inversão, a transição entre as fases igualmente se opera por meio de antítese, em que a deterioração de plantas, flores e frutos contrapõe-se à impetuosidade dos raios solares, contraste presente na oposição entre as ‘lágrimas’ da primavera que saúda com tristeza a ‘alegria’ do sol no alvorecer: (…) Debruçada do cume das montanhas, Com lágrimas saudar do sol os raios, Qual mísero vivente, a quem torturam As galas da alegria. (vv.45-48) 58 Na passagem acima, além da antítese, verifica-se ainda, em grau mais acentuado de aproximação de extremos, outro expediente no manejo de palavras dos primeiro e segundo campos semânticos. Trata-se do paradoxo que, num primeiro momento da macro-estrutura do poema, articula no nível sintagmático vocábulos opostos semanticamente, assinalando não complementação, mas sobreposição de idéias. Assim é que, ao combinar sintaticamente os substantivos ‘luz’ e ‘vivente’, associados à noção de vida, com os adjetivos ‘enfermo’ e ‘mísero’, ligados à de morte, o poeta constrói sintagmas nominais como “luz enferma” (v.25) e “mísero vivente” (v.47), cujos modificadores, pertencentes ao segundo campo semântico, atuam sobre os núcleos, integrantes do primeiro campo, verificando-se tanto na semântica, quanto na sintaxe, o poder corruptor da morte. As palavras do terceiro campo semântico são introduzidas a partir do terceiro segmento de “O gênio e a morte” (vv.59-85): subst. adjet. verbos terceiro campo semântico gênio, eternidade, imortalidade, memória, fama santo, eterno, celeste, miraculoso, infinito, supremo, divino vencer, arrancar, animar, remoçar, ecoar Fornecidos exemplos de finitude existencial nas duas primeiras partes do poema, o “eu poético” os retoma agora para concluir que “Também acaba o homem” (v.61). No entanto, a força inexorável da morte encontra adversário à altura na figura do gênio, que eterniza as coisas. A partir desse ponto, nos quarto (vv.86-106), quinto (vv.107-134), sexto (vv.135-146) e sétimo (vv.147-172) segmentos, a bipolarização gerada pela oposição entre primeiro campo, comumente subordinado à idéia de temporalidade, e segundo campo semântico, vinculado à de atemporalidade, sofre um abalo significativo, na medida em que o gênio “Mil vítimas lhe [à morte] arranca,/ E da imortalidade nos altares/ As mostra coroadas.” (vv.73-75), ou seja, imortaliza tudo o que seria em princípio transitório. Se, por um lado, os segundo e terceiro campos semânticos se equivalem quanto à noção de atemporalidade, a articulação de ambos com o primeiro campo resulta em efeitos distintos. Enquanto em sintagmas como “luz enferma” (v.25) e “mísero vivente” (v.47) prevalece a semântica do segundo campo, em “lanterna da memória” (v.82), “fogo santo” (v.83), “lume santo” (v.84) e “melífluos sons divinos” 59 (v.163), os modificadores, integrantes do terceiro campo, cedem aos núcleos, pertencentes ao primeiro campo, o traço de atemporalidade, em caráter de colaboração e complementação, não de sobreposição. Laurindo Rabello, assim, lança mão de construções sintáticas em que se empregam palavras dos primeiro e terceiro campos, como recurso para representar poeticamente a epifania advinda da força eternizadora do gênio, que liberta a essência espiritual da finitude material determinada pela morte. 3.2.2. “Eu poético” versus outro Sob a égide da consciência cristã acerca da precariedade humana, portanto, o “eu poético” ojeriza a matéria e aspira à essência espiritual. Em contrapartida, não se vê frequentemente em condições de ser compreendido ou de conviver com um mundo materialista e indiferente aos seus sentimentos. Na poesia de Laurindo Rabello, a apologia à essência espiritual desdobra-se no conflito entre “eu poético” e outro, em que se verificam reações contra a incompreensão e insensibilidade, seja num simples ensimesmamento, no auto-banimento, numa violenta indignação ou até no próprio questionamento do valor da poesia. “O meu segredo” traz um “eu poético” tornado signo ilegível para o mundo. Daí sua alma ser um grande enigma. O corpo e o espírito assinalam um segredo que teme escrever, pois sabe de antemão que ninguém lhe manifestará preocupação com os sentimentos. A luz sinistra do olhar, o rosto marcado pelas mágoas, a agonia presente nos versos, o horror ao mundo que se esparge em todo o ser, as rugas no semblante, a distração, o caos assinalado nas faces, nos gestos, na indumentária, nada comove a sociedade. Sem cativar a atenção de sequer um olho, o “eu poético” opta pela escrita de lágrimas, para dar vazão a um segredo que na verdade é uma grande maldição. No entanto, tem consciência de antemão que uma escrita de lágrimas não alcançará longevidade, pois a sociedade é-lhe insensível ao sofrimento. Com efeito, nem deseja a escrita como forma de comunicação, ponte de intercâmbio entre si e o outro, porém única e exclusivamente para atenuar a dor. Do medo da incomunicabilidade passando à descrença total do convívio, há a opção pelo auto-exílio. O “eu poético” exorta os que como ele sofrem ao boicote 60 à sociedade por meio da criação de uma linguagem própria, “A linguagem dos tristes”, muito mais fiel aos sentimentos e tão cristalina quanto o suspiro, o soluço e o pranto, visto que a dor é a única fala intrínseca aos tristes. A nova linguagem não só congregaria todos os desterrados, bem como amenizaria o desterro: “Ao menos a linguagem deste exílio/ Mais suportável torna a vida crua;/ Tenha ao menos a terra da desgraça/ Uma linguagem propriamente sua.” (vv.29-32) Busca o “eu poético” cunhar uma língua de uso exclusivo dos desgraçados, sem que o restante da sociedade compreenda. Para tanto, convoca os amargurados, desventurados, os descrentes da sinceridade dos homens e do amor, enfim, todos os que vivam atormentados pela tristeza, pelo desengano: “Venha, sim, que talvez por nosso trato/ Uma nova linguagem seja urdida,/ Em que possam falar-se os desgraçados, Que do mundo não seja traduzida.” (vv.62-64) O sofrimento em si já conduz o homem a um processo de desterro, bastando um único gemido de tormento para a condenação. O banimento em função da dor corresponde, por sua vez, ao pior dos desterros, pois fragmenta o ser. Cindido pela desgraça, o indivíduo permanece em corpo, todavia o coração e o pensamento seguem em diáspora. Somente o advento da linguagem dos seres fragmentados, dos tristes, poderá tornar o exílio menos cruel. Frente ao desprezo do outro, o “eu poético” de “A minha vida” tenta optar pela dissimulação. Por ter consciência de que as lágrimas aborrecem os festins, vê-se obrigado a disfarçar o martírio por meio da máscara da alegria. O riso camufla o gemido: “O meu riso é fingido, sim, mil vezes/ Com ele afogo os ecos de um gemido.” (vv.40-41) Assim, não passa de máscara para despistar o sofrimento. Trata-se de uma ficção que impede o degredo social. Por dentro da máscara, “Se há estio no rosto, inverno n’alma.” (v.38) há. De forma geral, o riso na poesia de Laurindo Rabello comumente é disfarce. Um sorriso de felicidade da amada não é pista de amor verdadeiro. Para o “eu poético” de “Amor e as lágrimas”, olhos cintilantes e rosto em expressão de prazer mentem e traduzem um escárnio acerca do amado que sofre de amor: “Mas em rostos assim amor não fala;/ E, se fala, as mais vezes diz mentiras;/ E este - sim - que tomamos por verdade/ É escárnio do crente.” (vv.41-44) A crença no riso conduz o amado a um mundo de ilusão: “Não te iluda o falaz riso aparente/ De um futuro de rosas coroado.”4 E, quando cai a máscara do 4 “Soneto [“Geme, geme mortal infortunado,”]”, vv.07-08 61 riso, descoberto o engodo, resta apenas o ódio: “Do desengano ao lume, desesp’rada,/ Atenta tudo vê, tudo conhece,/ Minha alma accesa em raiva, accesa em zelos!...”5 O riso do homem traz ainda a nota da tripudiação, do regozijo com o sofrimento do outro, não da alegria, da satisfação. Em “Não posso mais!”, o martírio em função do desencanto amoroso se amplifica com o riso do oponente aprovado pela amada: “Porém que aplaudas, que consintas outro,/ Também calcar-me escarnecer de mim…”6 A sociedade com suas encenações, seus jogos de desfaçatez, obriga o “eu poético” por vezes à cegueira da razão, à embriaguez dos sentidos, para evadir-se de uma realidade desagradável e insensível. A mesquinhez do homem impede a compreensão da dor do poeta. Tudo que não traduza ou não lhe diga respeito aos sentimentos carregará a sensação de ilusão, de vil mentira, levando à explosão de ojeriza. Para a hora do enterro, antecipadamente recusa a homenagem dos amigos hipócritas, abdica das “Públicas provas de afeição fingida;”7 Mesmo a ilusão do namorado, que atenuaria a existência e sem a qual a vida se tornaria insuportável, é relativizada. Pode o “eu poético” embriagar-se com as sensações, mas não tolera o fingir humano. Exige do outro uma linguagem de fidelidade praticamente tautológica aos sentimentos. A amada, para lhe provar o amor, deve chorar, pois “Amor é fogo; o coração que ama/ Todo nas suas chamas se evapora,/ No rosto se condensa, e chega aos olhos/ Em água convertido.”8 Portanto, o sorriso é a “ilusão com que risonha”9 a amada entretém os loucos pensamentos do “eu poético”. O riso de amor, os abraços e beijos, por serem manifestações de prazer e de lascívia, nada manifestam do verdadeiro sentimento amoroso, se não há a presença do sofrimento. Diante de hipotéticas provas de amor, mostra-se o “eu poético” cético quanto à legitimidade do sentimento sem que haja a marca inequívoca da dor. Nem a promessa de ventura, de auroras, nem juras de dias mais felizes ou da companhia incondicional da amada, nem sequer o despojamento total e a abnegação do vil metal lhe alimentam a crença. A condição sine qua non para a comprovação do sentimento amoroso é, ao seu ver, a manifestação da dor assinalada no brilho da 5 “Delírio e ciúme”, vv.03-05 “Não posso mais!”, vv.65-66 7 “Canto do cisne”, v.10. 8 “Amor e lágrimas”, vv.21-24 9 “Delírio e ciúme”, v.07 6 62 lágrima nos olhos da amada: “Não a crera; e talvez que até julgasse/ Tantas provas de amor atroz perfídia,/ Se amor me não brilhasse nos seus olhos/ No centro de uma lágrima.”10 Na verdade, a mulher amada e a sociedade na poesia de Laurindo Rabello comumente simbolizam a realidade assustadora, o locus horrendus que constantemente ameaça a individualidade romântica. Em “O meu segredo” o cenário por onde deambula o “eu poético” assume matizes distintos, a depender do tempo. Num passado longínquo, em que havia inocência idealizadora, a natureza irrompe amiga e cúmplice dos momentos felizes, com o “eu poético” a “Brincar com as flores” (v.66) num “vasto jardim” (v.68). No entanto, esse momento corresponde apenas ao segundo segmento do poema (vv.29-135), isto é, a cento e seis versos de um total de duzentos e setenta, em que prepondera a desolação. Em seu devir, o “eu poético” de “O meu segredo” sofre golpes sucessivos da fortuna, simbolizados pelas profecias catastróficas de um gênio perverso. A primeira profecia, conteúdo do terceiro segmento (vv.137-198), versa sobre o esvaecimento do “tempo de encantos” (v.137), decorrência da própria natureza efêmera e transitória da existência humana. A segunda profecia, também abordada na terceira parte do poema, trata da desventura amorosa, que frustra as expectativas alimentadas pelo “eu poético” na pureza de seus sentimentos. Com a concretização de ambas as profecias, instaura-se a fase de descrença e desconfiança, seja porque o que medrava no passado não passa no presente de “morta e seca flor” (v.140), seja ainda em função do equívoco com a “Visão, que da natureza/ Toda a graça revestia” (vv.157-158). Em outras palavras, a frustração desdobra-se numa parábase em que a graciosidade do real cai por terra. Assim a atmosfera do poema no tempo presente é desoladora, matizada por palavras com carga semântica negativa: substantivos como ‘mágoa’ (vv.03, 23), ‘agonia’ (v.05), ‘horror’ (v.06), ‘ruga’ (v.09), ‘desordem’ (v.11), ‘pranto’ (vv.15, 21, 265), ‘anátema’ (v.18), ‘sofrimento’ (v.259), ‘escuridão’ (v.261), ‘mentira’ (v.262), ‘amargura’ (v.269); adjetivos como ‘sinistro’ (v.01), ‘estranho’ (v.01), ‘cético’ (v.06), ‘negro’ (vv.18, 261), ‘fatal’ (v.258), ‘afogado’ (v.260), ‘vil’ (v.262), ‘desquitado’ (v.264); verbos como ‘trair’ (v.20), ‘cuspir’ (v.18), ‘morrer’ (v.28), ‘inundar’ (v.265), ‘odiar’ (v.266), ‘penar’ (v.268) 10 “Amor e lágrimas”, vv.17-20 63 Claro está que o quadro caótico advém não da mimese objetiva da realidade, mas da representação poética de uma subjetividade abalada em seu âmago. No poema, o emprego dos pronomes pessoais revela uma insistente autoreferenciação do “eu poético”. Os pronomes pessoais, possesivos e demonstrativos referentes à primeira pessoa do discurso atingem uma porcentagem de 58% contra 33% dos de terceira e 15% dos de segunda pessoa de um total de noventa e nove formas pronominais. Registre-se que dos trinta e cinco verbos flexionados na primeira pessoa do singular somente quatro apresentam sujeitos pronominais. Longe de mera estatística, a alta ocorrência de pronomes ligados à primeira pessoa sublinha, no tecido verbal do poema, o “eu poético” em confrontação discursiva com o outro, entidades que recebem caracterizações antagônicas. Articulados sintaticamente aos pronomes ‘meu’, ‘este’ e respectivas flexões de gênero e número, encontram-se substantivos que remetem às idéias de sensibilidade e suscetibilidade, decisivos na construção da persona do “eu poético”: ‘lira’ (v.6), ‘fado’ (v.36), ‘gosto’ (v.43), ‘lábio’ (v.44), ‘ais’ (v.45), ‘pranto’ (vv.46, 229 e 257), ‘alma’ (vv.57, 147, 167, 203, 246 e 268), ‘loucura’ (v.186), ‘dor’ (v.251), ‘agonia’ (v.05), ‘horror’ (v.07), ‘ruga’ (v.09). Do outro lado, há o ele, projetado na figura do gênio mau, a quem remete o sintagma ‘riso mofador’, repetido em quatro das oito ocorrências totais do pronome de terceira pessoa ‘seu’. O emprego dos tempos verbais também reflete o mergulho no “eu poético”, escavando-se nas raízes do presente caótico um passado repleto de dramas pessoais. Em “O que são meus versos”, estabelece-se uma ordem sucessiva de fatos. Ao relacionamento edênico com a natureza na época de infância inocente sucedem, como observado, golpes sofridos pelo “eu poético”, isto é, o esvaecimento da infância, a desventura amorosa e o divórcio dos sonhos de glória em função da perda traumática do pai, conteúdos dos segundo (vv.29-136), terceiro (vv.137-198) e quarto (vv.199-255) segmentos, correspondentes a duzentos e vinte e quatro versos, isto é, a grande parte do poema. À primeira vista, esses passos corresponderiam a uma extensa digressão, na medida em que a problemática central do poema gira em torno do segredo que o “eu poético” deseja externar no presente, já apontado no próprio título e abordado no primeiro segmento (vv.01-28). A passagem do primeiro para o segundo segmento causa a impressão momentânea de suspensão da problemática central, 64 momento em que o “eu poético” se volta ao passado. Consequentemente, os verbos dos segundo, terceiro e quarto segmentos apresentam-se flexionados no pretérito. Com relação ao passado verbal, observa-se ainda uma nítida distinção no uso do imperfeito e do perfeito. O primeiro é praticamente reservado a ações na fase edênica da infância, em que o aspecto inconcluso denota a regularidade de uma vida feliz e plena que será atormentada pelo futuro sombrio. O pretérito perfeito, por sua vez, assinala a pontualidade dos fados profetizados pelo gênio, inexoráveis e irreversíveis. Assim é que, no segundo segmento, momento da infância, o tempo verbal mais ocorrente e significativo é o pretérito imperfeito: ‘via’ (vv.51, 63, 114, 119 e 135), ‘exultava’ (v.57), ‘alcançava’ (v.58), ‘sabia’ (v.59), ‘ouvia’ (v.61), ‘sentia’ (v.64), ‘tentava’ (v.65), ‘dava’ (v.69), ‘deixava’ (v.77), ‘punha’ (v.82), ‘prendia’ (v.86), ‘contava’ (v.88), ‘escutava’ (v.89), ‘exclamava’ (v.90), ‘batia’ (v.106), ‘bramia’ (v.107), ‘fitava’ (v.111), ‘achava’ (v.112), ‘estavam’ (v.127), ‘vinha’ (v.125), ‘amava’ (vv.129 e 130), ‘escondia’ (v.133), ‘ria’ (v.134). Já no terceiro segmento, em que as profecias começam a se verificar no devir do “eu poético”, o predomínio é de verbos no pretérito perfeito: ‘julguei’ (v.138), ‘completou’ (vv.141 e 189), ‘calou’ (v.145), ‘viu’ (v.146), ‘sentiu’ (v.147), ‘tive’ (vv. 150 e 151), ‘criei’ (v.152), ‘vi’ (v.159), ‘fiquei’ (v.162), ‘escutei’ (v.163), ‘passei’ (v.169), ‘achei’ (v.170), ‘deu’ (v.172), ‘foi’ (v.185), ‘libei’ (v.186). O quarto segmento, embora remeta igualmente ao passado, traz verbos numa espécie de presente histórico, em que a fronteira entre os tempos da enunciação e do enunciado se fundem, visto não haver a partir daí diferença entre ambos no que diz respeito à afetividade. Passado próximo e presente equivalem-se entre si no que diz respeito à desolação. A recordação do passado pouco a pouco evanesce e mais adiante, na transição do quarto para o quinto e último segmento (vv.256-271), o “eu poético” retorna ao presente propriamente dito, retomando o ponto deixado em aberto nos versos 25-26: “(…) hoje quero/ O meu segredo escrever”. A aparente digressão revela-se não um afastamento, mas, antes, o desenvolvimento da questão central através da arqueologia das causas do atual sofrimento, em que o mergulho no passado consiste num mergulho na história do próprio “eu poético”. 65 O pretérito, tempo da narração, aqui nada tem de épico, pois, se “o autor épico não se afunda no passado, recordando-o como o lírico”11, o “eu poético” revisita o passado para recordá-lo, revelando um segredo trancafiado em sua memória afetiva. “O meu segredo” constitui, portanto, um representativo exemplo na poesia de Laurindo Rabello do “eu poético” que “fechado na sua imanência, e na medida em que a Natureza deixou de ser a sua grande testemunha, ele cai na angústia da finitude (…).”12 Tanto Natureza, quanto sociedade e, metonimicamente, a mulher amada comportam-se como personagens sinonímicas a contribuírem para o drama em torno da comunhão entre “eu poético” e outro. 3.2.3. Cólera e engajamento político Na medida em que o “eu poético” nota distanciar-se a sociedade de suas idealizações e não passar de teatro, em que máscaras ocupam o lugar de sentimentos genuínos ou em que a iniquidade substitui a justiça, decorre um ceticismo que por vezes chega às raias da cólera e do engajamento político. Em “O jornaleiro”, o “eu poético” empreende com a poesia ataques a certo sujeito que se utiliza da escrita para lançar a público insultos contra a honra. O objetivo do “eu poético”, que mereceria elogio pela probidade, é levar à praça pública a referida figura para que seja castigada pelos moleques em apedrejamento: “Trazer pretendo o ganhador escriba,/ Qual jumento manhoso à praça pública/ E expô-lo às apupadas dos moleques,/ Por quem apedrejado ser devia...” (vv.19-22) O poema desenvolve-se com o acirramento das inventivas, manipulando-se uma série de elementos referenciais, de modo a ficar cada vez mais identificável ao leitor a figura que é criticada. O tal ‘jornaleiro’ é miguelista13, estudou no exterior, é professor de Geografia da corte. São empregados inclusive elementos caricaturescos e escatológicos para se intensificarem os golpes: 11 STAIGER: 1972, p.79 BOSI: 2002, p.248 13 Partidário de D. Miguel de Bragança (1802-1866), terceiro filho de D. João VI e rei de Portugal de 1828-1834, que tinha por características ideológicas principais o catolicismo e o tradicionalismo. D. Miguel foi forçado a abdicar do trono de Portugal em 1834 a favor de D. Maria II, seguindo para o exílio na Alemanha, onde viveu até a morte. 12 66 Eu não preciso retratá-lo ao vivo, Descrever-lhe o carão, onde grudados — Nos olhos — tem pedaços de vidraça, O corpo infame, o bojo monstruoso, Qual um balão de fedorentos gases; E mostrar o letreiro que na fronte — Em letras garrafais — diz “Ganhador”! (vv.40-46) Cada vez mais são lançados novos índices para identificação do outro demonizado. Trata-se o ‘jornaleiro’ do redator de alguma folha, que ao invés de se comprometer com a verdade, propaga a calúnia, pratica trapaças, detém um saber inglório.14 A crítica, ao se avançar na leitura, torna-se mais violenta, com uma enxurrada sem fim de imprecações. Abundam as exclamações, as interrogações, as reticências, as frases interrompidas, que assinalam cólera extremada: Sim, ó grão-Redactor (a ti me volvo), Ao público amador — quero mostrar-te, Pra que faça a justiça que mereces... És qual tarpea rocha — inabalável Em teu princípio firme — o da calúmnia —. És herói dos heróis, quando se trata De vis aduladores intrigantes! Um singular portento és na mentira! Tu és grande! és enorme!! porque arrumas Patadas, couces mil, no mundo inteiro!! A natureza pasma ao contemplar-te, Julgando que não és uma obra sua! Embasbaca-se o gênio das trapaças Vendo brilhar o teu saber ingente! Té o demo — de gosto — pinoteia, — E berrando que tu, seu protegido, Que és glória sua communica à terra!... E no entanto ninguém teu pai se julga!... (vv.50-67) Após externar o ódio, o “eu poético” muda de ideia quanto à empresa inicial. Desiste de arrastar à praça pública o infame ‘jornaleiro’. Julga um ato criminoso 14 Presume-se que a figura em questão seja o o jornalista Justiniano José da Rocha (1812-1862), diretor do jornal O Brasil, órgão do Partido Conservador, lançado a 16 de junho de 1840. Foi deputado geral por Minas Gerais por duas vezes nas décadas de 1840 e 1850. Publicou anonimamente o panfleto Ação, reação, transação (1855). Fundou e dirigiu outros jornais, a exemplo de O regenerador e O correio oficial, esse também vinculado político-ideologicamente ao governo. Era professor de geografia, como inclusive Laurindo Rabello menciona nos versos 29-31 de seu poema ("Quem não conhecerá o sábio lente,/ Que num certo colégio desta Corte/ Ciência geográfica ensinava?"), tendo publicado um Compêndio de geografia elementar (1838). Justiniano José da Rocha foi atacado por Manuel Araújo Porto-Alegre, no poema satírico intitulado “O ganhador”, donde saiu o verso da epígrafe de “O jornaleiro”: “É igual a ti mesmo, a ti somente.” Fora satirizado também na primeira de uma série de litografias satíricas feitas por Araújo Porto-Alegre, intitulada “A campainha e o cujo”, que circulou anonimamente em 14 de dezembro de 1837 e apresentava o jornalista recebendo um saco de dinheiro. 67 expor aos bons homens vis criaturas. Na verdade, o poeta deve prestar-se a objetivos mais nobres e não rebaixar a lira à esdrúxula função de corrigir os torpes: “É nobre o fim pra que o Poeta nasce;/ E não para amansar bestas bravias/ Ou corrigir sicários sevandijas!…” (vv.110-112) Em “Bando”, o “eu poético” exorta o povo baiano a comemorar o Dois de Julho15, o rei dos dias. Celebrar a efeméride é mais do que simples comemoração. Consiste numa verdadeira demonstração de bravura e liberdade. Se por vezes certos remanescentes do passado sofrido do povo brasileiro mantêm-se no presente, como o despotismo, o papel dos homens livres é promover a manutenção da memória das lutas contra a escravidão. Integrante de um sujeito coletivo, o “eu poético” coloca-se, pois, na obrigação de cantar a luta pela liberdade, a favor dos valentes heróis que libertaram o povo baiano da tirania. Seu canto busca ainda o congraçamento geral, para que a celebração do Dois de Julho chegue a todos, como um banquete fraterno: “Todos os ódios se esqueçam,/ Demo-nos todos as mãos,/ E empenhemos nosso orgulho/ Em festejar dous de julho,/ Em um banquete d’irmãos!” (vv.36-40) Ante a força obtida pela união, não haverá por que temer o ressurgimento da tirania ou a destruição da alegria que paira no festim. A celebração, tanto mais pública, mais forte haverá de ser. Aspira o “eu poético” a uma manifestação com o máximo de publicidade: comitivas, vivas, carro triunfal. Nem mesmo a noite, com suas trevas, conseguirá ocultar o brilho do Dois de Julho: “Saia à noite, que não há de/ Cobri-lo da noite o véu;/ Brandões hão de iluminá-lo,/ De luzes hão de banhálo/ Os candelabros do céu!” (vv.56-60) A causa da liberdade também é cantada em “Mote a prêmio” e “Mote improvisado em uma reunião patriótica”, ambos os poemas inspirados na Guerra da Crimeia (1854-1856). Embora rivais, a obrigação de promover a justiça uniu a França de Louis Napoleão III, sobrinho de Napoleão I, e a Inglaterra da rainha Vitória, as potências do Ocidente. Avesso à tirania, o “eu poético” celebra a investida contra os grilhões impostos ao povo turco pelo rei russo Nicolau I. As conquistas alcançadas pelas potências do Ocidente são na verdade mais do que meras vitórias em campo de batalha. Trata-se de um avanço na história da 15 O Dois de Julho corresponde a uma das mais significativas datas do calendário de festividades baianas. Mesmo com a Independência do Brasil, as tropas portuguesas permaneciam ainda no solo da ex-colônia. Somente a 2 de julho de 1823, depois de enfrentar duramente as forças do comandante brasileiro José Joaquim de Lima e Silva, o exército de Portugal, enfim, fez sua retirada. O episódio ficou conhecido então como a Independência da Bahia. 68 humanidade. Tomar Sebastopol, a base russa na península da Crimeia, símbolo da atitude imperialista da Rússia, é um ato de justiça, tal como os gregos se propunham ao embarcarem em comitiva para o cerco a Troia: Hão de tomá-la!... arrastada Do autócrata a bandeira, Há de ser a pregoeira Desta verdade sagrada: “Que nações que pela espada Pretendem usurpações, Que, vis escravos, grilhões Às suas irmãs destinam, Ou como Troia terminam, Ou deixam de ser nações.” (vv.31-40) Em “Mote improvisado em uma reunião patriótica”, o “eu poético” comemora o sucesso das forças aliadas na Crimeia: “Que vejo?… a Rússia tremendo/ Sob despótica espada?…/ Forte Hungria derrotada/ Entre cadeias gemendo,” (vv.01-04) E à combalida Itália, aliada das potências do Ocidente, oferece o solo pátrio não só como lugar hospitaleiro, bem como exemplo de liberdade para reforçar a inspiração na luta contra o despotismo russo. O Brasil é um farol de liberdade, aceso pela espada de D. Pedro I, o libertador do povo brasileiro. A temática político-social é muito peculiar ao Romantismo, sobretudo nas matrizes francesa e inglesa, em que os historiadores da arte e da literatura notam evidente o discurso progressista. Arnold Hauser analisa o anticonservadorismo romântico a partir do processo de idealização da Revolução Francesa, mesmo que posteriormente se revelasse para algumas nações uma visão equivocada. Isso explicaria a tendência posterior do Romantismo na Alemanha, que em princípio experimentou certo afã pelos revolucionários, ao conservadorismo monarquista no plano político-ideológico e ao classicismo na estética. Com as Guerras Napoleônicas, as classes mais abastadas passaram a sentir na pele o verdadeiro espírito revolucionário: (…) agora que com o vitorioso exército francês as instituições da Revolução Francesa ameaçavam propagar-se, essas forças empenharam-se na tarefa de suprimir toda e qualquer espécie de liberalismo, e lutaram contra Napoleão, sobretudo, como expoente da Revolução. (HAUSER: 1995, p.683) 69 Com relação ao Brasil, costuma-se enquadrar didaticamente a última geração romântica, grupo a que pertence Castro Alves, na poesia de temática sócio-política. No entanto, nota-se em autores de várias gerações do Romantismo brasileiro o engajamento em questões sociais e políticas. Gonçalves de Magalhães, precursor do movimento, celebrava a independência do Brasil e avaliava que a colonização portuguesa fora um período de grande prejuízo para o desenvolvimento econômico, intelectual e artístico da nação. Mesmo os poetas da segunda geração romântica, caracterizada pelo afundamento no individualismo, praticaram a poesia de temática sócio-política, a exemplo de Junqueira Freire, com o “Hino da cabocla”. Em Laurindo Rabello, os poemas em que o “eu poético” manifesta inquietações políticas apresentam sintomática em princípio análoga à do conflito “eu poético” versus outro, quanto às pessoas do discurso. De um lado, representando a primeira pessoa, encontra-se “eu poético”, a quem se opõe a terceira pessoa, entidade não apenas em contraste, mas que desempenha o papel de antagonista. Uma primeira diferença, contudo, faz-se observar na caracterização da persona do “eu poético”. Não se trata mais da vítima encapsulada num mundo particular. O “eu poético” foge ao estereótipo do ser fragilizado, recalcado pela realidade hostil, na medida em que se torna ativo, atacando verbalmente o outro. Em “O jornaleiro”, poema em que a agressividade atinge dicção mais intensa, registra-se o emprego de imperativos verbais: “Tua missão cumpriu-se!… é tempo, volta…” (v.100); “Vai-te! foge daqui! (…)” (v.105). Outra peculiaridade consiste na mobilidade das personagens que representam as pessoas do discurso. Em “O jornaleiro”, num primeiro movimento (vv.01-49), à maneira de exórdio, o “eu poético” fala da função social do poeta que “a voz levanta,/ Em punho tendo o látego da sátira” (v.01-02) e de seu objetivo central, “Trazer pretendo o ganhador escriba/ Qual jumento manhoso à praça pública” (vv.19-20), descrevendo o alvo da crítica: um “sábio lente,/ Que num certo colégio desta Corte/ Ciência geográfica ensinava” (vv.29-31). Após o preâmbulo, o outro passa de terceira à segunda pessoa. O “torpe Jornaleiro” (v.13), figura agora como um tu, interpelado ironicamente no vocativo “ó grão Redator” (v.50) e enfatizado pelo parêntese “a ti me volvo” (v.50). Consequentemente, no segundo movimento do poema (vv.50-112), abundam verbos na segunda pessoa do singular: ‘mereces’ (v.52), ‘és’ (vv.53, 55, 70 57, 58, 61, 66, 71, 72, 75, 86, 89), ‘arrumas’ (v.58), ‘vens’ (v.71), ‘atiras’ (v.71), ‘encontraste’ (v.76), ‘vieste’ (v.78), ‘fixaste’ (v.80), ‘irás’ (v.82), ‘partires’ (v.82), ‘tens’ (v.83), ‘sejas’ (v.85), ‘hás’ (v.96), ‘revolveste’ (v.98), ‘volta’ (v.100), ‘foge’ (v.105). Com relação especificamente ao verbo ‘ser’, seu emprego no poema destina-se quase sempre à imprecação, em que os predicativos do sujeito se equivalem paradigmaticamente, no sentido de trazerem palavras/sintagmas insultosos explícita ou ironicamente: “qual tarpea rocha inabalável [“Em teu princípio firme o da calúnia”] (vv.53-54) “herói dos heróis” [“quando se trata/ De vis aduladores intrigantes!”] (vv.55-56) “grande! (…) enorme!!” [“porque arrumas/ Patadas, couces mil”] (vv.58-59) “abutre” (v.72) “do zoilo invejoso a alma errante” (v.75) “igual a ti mesmo, a ti somente” (v.86) “homem” [“Na figura somente… em nada mais!…”] (vv.89-90) ÉS Obviamente, a aproximação discursiva entre as personagens que representam as pessoas do discurso em “O jornaleiro” nada tem de empatia. Corresponde, antes, a um artifício de linguagem que produz a sensação de acercamento entre os contendores numa confrontação aberta, muito a caráter dos debates retóricos, em que o orador se alterca com a parte adversária na Confirmação (pistis), etapa do pronunciamento da oração.16 A convergência entre as pessoas do discurso reduz-se ao limite insolúvel, pois as personae do “eu poético” e do outro diferenciam-se em função de características éticas e políticas bem delimitadas, o que impede a fusão total. Por outro lado, em “Mote improvisado em uma reunião patriótica” e “Bando”, o “eu poético” reúne-se ao tu, gerando um nós. Tal união é possível, pois, contrariamente ao tu de “O jornaleiro”, a segunda pessoa nesses poemas mantém com a primeira um elo de empatia, a saber, o desejo de liberdade, de justiça. O “eu poético” e o tu são cúmplices na luta contra o outro, projetado na figura de nações que ameaçaram ou ameaçam a independência seja do Brasil, seja de países irmanados no mesmo propósito de autonomia política. Em “Mote improvisado em uma reunião patriótica”, o povo brasileiro encarna no “eu poético”, que, ao invés da 16 O emprego de recursos retóricos na poesia de Laurindo Rabello será alvo de maiores considerações no item “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”. 71 primeira pessoa do singular, manifesta-se verbalmente num nós solidário à Itália: ‘temos’ (v.09), ‘choramos’ (v.16). Os pronomes também reforçam a ideia de coletividade: ‘nós’ (vv.12, 13 e 24), ‘nos’ (vv. 14 e 34), ‘nossos’ (vv.17, 21). Em “Bando”, o “eu poético” exorta os baianos a comemorarem o Dois de Junho, data associada à ideia de independência da Bahia. A segunda estrofe é, assim, pontuada por verbos na segunda pessoa: ‘deixeis’ (v.06), ‘mostrai’ (vv.08 e 09), ‘sabeis’ (v.10). A partir da terceira estrofe, todavia, a distinção entre o vós ‘baianos’ e o “eu poético” se desfaz. A voz do poema coletiviza-se através do emprego de pronomes e formas verbais relativos à primeira pessoa do plural: ‘nós livres’ (v.16), ‘devemos’ (v.21), ‘vamos’ (v.32), ‘demo-nos’ (v.37), ‘empenhemos’ (v.38), ‘nosso orgulho’ (v.38), ‘nos esmagar’ (v.42), ‘nossa mesa’ (v.44). 3.2.4. Crítica ao convencionalismo social e literário Por vezes, o enfrentamento entre “eu poético” e sociedade assume a forma de zombaria, que põe em relevo o ridículo das convenções sociais e literárias. Em “Mote [“De putas uma remessa”]”17, um certo João necessita urgentemente de um fanchono, homossexual masculino, para saciar a premência sexual. A meio do caminho é interceptado por prostitutas. Uma delas, notando-o um tanto ou quanto aflito, aconselha-o a procurar o guardião do convento, que sempre dispõe desses tipos. A sátira ao poder secular provoca riso a partir da incapacidade de o religioso em formação transcender aos desejos da carne18, quebrando o voto de castidade da forma mais condenável para a sociedade moralista do século XIX: a sodomia. A crítica pode não ser exatamente contra a religiosidade em si, mas contra a banalização da mesma, com a profanação de festividades cristãs. “Mote [“Porra no cu não é festa”]” apresenta outra situação de sodomia, durante uma festa religiosa, a noite do Espírito Santo. Fora o ato ocorrer às escondidas, num canto de barraca, 17 Este como vários outros poemas abordados neste item foram publicados postumamente na compilação de 1882, que apresenta sérios problemas edóticos. Entretanto, aqui se incluíram, já que se trata de um estudo abrangente acerca dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, sem a menor pretensão, pelo menos por enquanto, de se discutirem a qualidade filológica e autenticidade dos textos, que será feito na próxima seção deste trabalho, “4. A tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello”. 18 Como visto anteriormente, a poesia romântica é marcada de maneira geral pelo transcendentalismo cristão. A incapacidade de ascese do religioso, assim, constitui mais do que uma sátira à igreja, mas à própria apologia à essência espiritual, tão cara ao homem romântico e à sociedade oitocentista brasileira, educada na tradição católica. 72 enquanto se prolonga a festividade do calendário cristão, a comicidade explora ainda a relação hierárquica que há entre os parceiros. O ativo provavelmente advém da burguesia, já que recebe a designação de “um sacana de alto abono” (v.03). Por outro lado, ao passivo atribui-se apenas o epíteto depreciativo de “fanchono” (v.02), talvez um prostituto que por lá se vendesse. Em “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, uma figura feminina do Paço Imperial demonstra tamanha destreza ao masturbar o parceiro. A derisão reside na exposição de uma situação aparentemente contraditória: a virgem, que em princípio não seria iniciada sexualmente, detém habilidade de masturbar um homem. O cômico intensifica-se com os últimos detalhes da cena, na medida em que se explicita a hipocrisia quanto ao tabu da virgindade. A moça, embora não aquiesça à consumação do coito, em tudo consente no que diz respeito às carícias preliminares. A crítica ao convencionalismo literário com emprego de obscenidade verifica-se ainda em paródias do imaginário greco-latino. “Mote [“Priapo teve um ataque”]” insere-se na tradição da poesia priapesca, que retoma uma das divindades antigas que mais sofreram o processo de expurgo cultural praticado pela moral judaico-cristã: Priapo, o deus-falo da fertilidade. No poema, Priapo queda exausto numa lida sexual com duas prostitutas, para grande tristeza delas. Mas, ao ver um jovem virgem, reergue-se novamente, retomando o conhecido aspecto. Em “Mote [“As Graças mostram o cu”]”, conta o “eu poético” ter visto um quadro que lhe provocou ereção. A pintura, não obstante apresentar personagens da mitologia greco-latina, como Vênus, Vulcano e novamente Priapo, foi trabalhada de maneira lasciva, ao invés da contenção característica da arte classicista. O artista representou explicitamente as genitálias dos deuses. Outro aspecto que chama a atenção do “eu poético” é o dinamismo dos corpos dos deuses. Enquanto as deusas fazem sexo, Cupido masturba-se e, ao atingir o êxtase, faz jorrar sêmen sobre todos. Mesmo findas as cópulas divinas e satisfeitos os convivas, têm início rodas de dança, dando prosseguimento ao festim. No poema, misturam-se, portanto, o elemento clássico com o local, na medida em que os deuses do Olimpo se entregam ao pagode animado pelo lundu.19 Embora o deus músico Apolo se 19 O termo ‘lundu’ é empregado nesta tese apenas como designativo de um tipo de canção que, de acordo com Mário de Andrade, “foi conhecido durante o primeiro Império e, no séc. XIX, depois de ter frequentado os salões familiares, caiu em desuso.” (ANDRADE: 1999, p.291) 73 canse de alegrar a festa com a rabeca, Vênus alcança deixá-lo ainda excitado e o leva ao orgasmo. A explicitação das genitálias e do ato sexual em cenas envolvendo divindades do Olimpo pode, aos olhos atuais, não ser iconoclástica quanto à tradição clássica, a despeito de vários poetas greco-latinos terem produzido poemas que o mundo moderno considerou licenciosos. Sirvam de exemplo as Metamorfoses de Ovídio, censuradas em pleno século XX na edição de Antonio Vallardi, publicada na Itália em 1942, em cujo livro segundo foram cortados 45,4% dos versos originais. A transmissão da literatura clássica até bem pouco tempo atrás20 sofria os influxos de forte censura bibliográfica, ao menos no contexto escolar. Silva Bélkior21 constata que edições da obra de Quinto Horácio Flaco também foram alvo de censura, no tocante ao vocabulário ou trechos do texto. Fábio Moniz22 mostra como, em edição de 1685 dos poemas de Catulo, Tibulo e Propércio, dirigida à formação do delfim, futuro rei de França, a repressão à obscenidade na poesia latina reflete a preocupação com a educação do futuro monarca. Em outro estudo, Moniz23 avalia como a reforma educacional de Marquês do Pombal influenciou na leitura dos clássicos, através da instituição de uma cartilha dirigida os professores de letras clássicas, as Instruções para os professores de gramática latina, grega, hebraica e de retórica (1759). No documento, o estadista português prescreve aos mestres o cuidado não só com a seleção de edições de clássicos, citando inclusive as mais preferíveis, bem como de passagens dos textos. No continuum da transmissão da literatura greco-latina, assinala-se a manipulação edótica dos clássicos em edições escolares para que se adéquem à boa moral, servindo ao paradigma de ordem, harmonia, virtuosismo. As paródias de Laurindo Rabello envolvendo o imaginário clássico constituem, pois, iconoclastia, na medida em que se tem em conta que no ensino institucionalizado brasileiro oitocentista os textos dos autores greco-latinos que se liam eram expurgados de trechos e vocabulário alusivos ao ato sexual. Por vezes, excluíamse poemas inteiros das edições. 20 A primeira tradução integral e não atenuada dos carmina de Catulo para o português foi publicada no Brasil em 1995, sob a responsabilidade de João Ângelo de Oliva Neto (NETO: 1995). 21 BÉLKIOR: s.d. 22 MONIZ: 2007 23 Idem: 2009 74 A crítica ao convencionalismo literário nos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello chega ao deboche do próprio “eu poético”, entidade máxima celebrada pelo Romantismo, parodiando sua fragilidade e impotência. Mário de Andrade comenta a “choradeira sistematizada”24 das modinhas brasileiras do Segundo Império, cujas letras frequentemente eram poemas de autores românticos como Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves e, inclusive, Laurindo Rabello, ou textos de poetas menos conhecidos e de anônimos, que falavam de amores não correspondidos, traições e demais desventuras amorosas, motivos emprestados da poesia romântica. O “eu poético” de “Mote [“Já não tenho mais tesão”]” recorda triste um passado de virilidade, em que fodeu “com porra fera/ Mulatas, brancas e pretas, (…)” (v.07) A potência do outrora verteu-se na impotência do presente. Agora o melhor que pode fazer é contentar-se com a masturbação. Em “Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado”]” o “eu poético” até desfruta de potência sexual, mas, ao atingir o orgasmo, suja as calças com o próprio excremento, como um homem senil e decrépito que perdeu o controle sobre as funções vitais do corpo: “Porém, tendome esporrado,/ No diabo da coruja,/ Fiquei com a calça suja…/ Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!” (vv.07-10) “As rosas do cume” faz graça a partir da ambiguidade da palavra ‘cume’: por um lado, sinônimo de ponto elevado da serra, onde uma roseira é plantada; por outro, o substantivo ‘cu’ justaposto ao pronome pessoal do caso oblíquo ‘me’. À referenciação à primeira pessoa junta-se, portanto, a remissão ao ânus, presente em várias situações cômicas no poema. O “eu poético” é, assim, reduzido simbolicamente a um ânus frequentado pela Natureza: o ânus que recebe 24 ANDRADE: 1980, p.05 75 as carícias do vento, os beijos da borboleta, a assepsia das chuvas de inverno, etc.. Os poemas atribuídos a Laurindo Rabello em que se emprega a obscenidade com o fim de sátira ou paródia do convencionalismo social e literário, portanto, irmanam-se num traço comum de linguagem, a saber, termos de baixo calão alusivos a a) ato sexual: ‘punhetear’25, ‘foda’26, ‘fodida’27, ‘tesão’28, ‘esporrar’29, ‘punheta’30, ‘foder’31, ‘fornicar’32; b) partes/regiões do corpo humano associadas ao ato sexual: ‘cabaço’33, ‘trouxa’34, ‘cu’35, ‘porra’36, ‘cono’37, ‘sundo’38, ‘pica’39, ‘greta’40, ‘caralho’41, ‘pomba’42, ‘pombinha’43, ‘bunda’44, ‘cono’45, ‘culhões’46, ‘encaralhado’47, 25 “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, v.03 “Outro [“Nariz no cu não é festa.”]”, v.01; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.22; “Décima [“Por aqui uma só vez”]”, v.05; “Outra [“Estou com Márcia uma hora”]”, v.09 27 “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, v.03 28 “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, v.17; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.36; “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”, v.04; “Mote [“Uma amizade sincera”]”, v.01; “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.16; “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.34 29 “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, v.39; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.39 30 “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.13; “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”, v.09; “Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]”, v.04 31 “Décima [“Certa mulher de um marquês”]”, vv.02 e 03; “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”, v.07; “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.02; “Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”]”, v.02; “Décima [“No A B C de Cupido”]”, v.10; “Mote [“A pombinha de meu bem”]”, v.02; “Outra [“Estou com Márcia uma hora”]”, v.02 32 “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”, v.06 33 “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, v.05; “Mote [“A pombinha de meu bem”]”, v.08 34 “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, v.08 35 “Mote [“Porra no cu não é festa”]”, v.06; “Outro [“Nariz no cu não é festa.”]”, vv.06 e 09; “Mote [“As Graças servem à mesa”]”, vv.09, 27 e 35; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, vv.10 e 37; “Décima [“Certa mulher de um marquês”]”, v.09); “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.06; “Décima [“Por aqui uma só vez”]”, v.09; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.02 36 “Mote [“Porra no cu não é festa”]”, v.10; “Décima [“Certa mulher de um marquês”]”, v.06; “Mote [“Uma amizade sincera”]”, vv.06 e 09; “Décima [“Por aqui uma só vez”]”, v.09; “Décima [“No A B C de Cupido”]”, v.06; “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, vv.09 e 12; “Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]”, v.09 37 “Outro [“Priapo teve um ataque”]”, v.01; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.06; ““Décima [“No A B C de Cupido”]”, v.10; “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.38 38 “Outro [“Priapo teve um ataque”]”, v.07; “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, v.31 39 “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.04; “Mote [“Uma amizade sincera”]”, v.02; ““Décima [“No A B C de Cupido”]”, v.09; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.01 40 “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.12 41 “Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”, v.03; “Outra [“Caralho grosso e de arromba”]”, v.01; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.09; “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.39 42 “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.04; “Outra [“Caralho grosso e de arromba”]”, vv.04 e 07 43 “Mote [“A pombinha de meu bem”]”, v.04 44 “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.08; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.09 45 “Décima [“Por aqui uma só vez”]”, v.06 46 “Mote [“Os culhões de José Félix”]”, v.04 47 “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.19 26 76 ‘pentelho’48, ‘badalo’49; c) excrementos e secreções: ‘gozar’50, ‘esporradela’51, ‘esporrar’52, ‘cagar’53; d) prostituição ou sodomia: ‘puta’54, ‘fanchono’55, ‘puto’56, ‘putanheiro’57, ‘putaria’58, ‘putinha’59. Outra característica diz respeito à superficialidade na representação poética do “eu poético” ou até mesmo ao seu apagamento discursivo. No primeiro caso, estão poemas em que se atestam, por exemplo, verbos ligados aos sentidos da percepção, sentimentos e sensações (verbos sentiendi), na primeira pessoa do singular, mas que expressam noção genérica ou limitada ao órgão da visão, contribuindo na caracterização de um “eu poético” sem densidade psicológicosensorial e limitado ao aspecto material da realidade. O verbo sentiendi que expressa sensação mais precisa, ‘gozar’, remete mais à mecanicidade do coito do que propriamente ao clímax do prazer sexual. Cotejem-se abaixo os verbos sentiendi colecionados dos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello em contraste com os de “O meu segredo”, em que o “eu poético” se projeta mais no tecido verbal, conforme analisado anteriormente: poemas obscenos ‘ver’60, ‘achar’61, ‘admirar’62, 64 65 ‘encontrar’ , ‘sentir’ , ‘gozar’66 48 “O meu segredo” ‘divisar’63, ‘ver’, ‘amar’, ‘rir’, ‘sentir’, ‘escutar’, ‘contemplar’, ‘odiar’67 “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.29; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.03 “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, v.07 50 “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.03 51 “Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”, v.09 52 “Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”]”, v.07 53 “Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”]”, v.10 54 “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, vv.10; “Outro [“Nariz no cu não é festa.”]”, vv.02 e 07; “Outro [“Priapo teve um ataque”]”, v.06; “Mote [“De putas uma remessa”]”, v.04; “Décima [“Certa mulher de um marquês”]”, v.10; “Mote [“Já não tenho mais tesão”]”, v.05; “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.02; “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]”, v.07; “Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”]”, v.02 55 “Mote [“Porra no cu não é festa”]”, v.02; “Mote [“De putas uma remessa”]”, v.02 56 “Mote [“Porra no cu não é festa”]”, vv.02 e 08; “Outra [“Tinha a pica intrometido”]”, vv.02, 05 e 08 57 “Outro [“Nariz no cu não é festa.”]”, v.09 58 “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.19 59 “Décima [“Certa mulher de um marquês”]”, v.05 60 “Décima [“Junto a uma clara fonte”]”, v.04; “Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]”, v.01; “Décima [“Por aqui uma só vez”]”, v. 03 61 “Mote [“A pombinha de meu bem”]”, v.03 62 “Décima [“Junto a uma clara fonte”]”, v.16 63 “Décima [“Junto a uma clara fonte”]”, v.17 64 “Décima [“Junto a uma clara fonte”]”, v.20; “Outro [“Alma pura e rosto d’anjo”]”, v.10 65 “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.39; “A fruta”, v.44 66 “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.03 67 Respectivamente vv. 97, 114, 119, 128, 130, 134, 135, 147, 159, 162, 163, 241, 242, 266. 49 77 Quanto aos poemas em que o “eu poético” se apaga discursivamente, embora haja formas verbais na primeira pessoa do singular, a exemplo de ‘encontrei’, ‘disse’ (“Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, vv.06 e 08) e ‘vi’ (“Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.01), os verbos sentiendi circunscrevem-se à percepção através do órgão da visão. Em “Mote [“As Graças servem à mesa”]”, chega a haver certa impessoalização, com o uso da terceira pessoa na descrição das cenas: “Vê-se que, com gentileza,/ Um pagode ali se arvora (…)” (vv.07-08); “Também por entre estas cenas/ Da nação vê-se o Tesouro” (vv.11-12). Os poucos verbos na primeira pessoa do singular ocorrentes denotam, portanto, o testemunho e depoimento de uma realidade que se pretende descrever objetivamente. Remetem à percepção através do órgão da visão, mas sem assinalar as sensações que o “eu poético” experimenta diante daquilo que presenciou e que relata, o que conduzira a uma poesia mais para o erótico do que para o pornográfico e, por conseguinte, menos contundente quanto ao poder de crítica e de derisão. Daí também a abundância de termos obscenos, conforme listado supra, que enfatizam a carnalidade do ato sexual. Com relação à utilização de pronomes, não se observam nos poemas que satirizam e parodiam os convencionalismos da sociedade nem a oposição “eu poético” versus outro, nem tampouco a sistemática autoreferenciação do “eu poético”. A maior ocorrência é de pronomes referentes à terceira pessoa do discurso: ‘lhe’ (“Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, vv.05, 06 e 09; “Mote [“Porra no não é festa”]”, v.05; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.36), ‘ele’ (“Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, v.5), ‘ela’ (“Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]”, v.06; “Outro [“As Graças mostram o cu”]”, v.35). As formas pronominais, portanto, refletem o deslocamento de foco do “eu poético” para o outro, por não se tratar de uma poesia mergulhada na individualidade do “eu poético”, atormentado por questões pessoais ou pela força coercitiva da realidade, porém da ridicularização de uma terceira pessoa, ainda que simbólica. Mesmo nas paródias do “eu poético” fragilizado, não se registra o pronome de primeira pessoa do singular no caso reto, apenas no caso oblíquo, o que, de resto, está de acordo com a baixa frequência de verbos na primeira pessoa do singular. O pronome possessivo ‘meu’ e flexões, também pouco frequentes, articulam-se sintaticamente com substantivos que quase nada comunicam acerca do “eu poético”, se comparado com “O meu segredo”: 78 poemas obscenos “O meu segredo” ‘gado’68, ‘caralho’69, ‘bela’70, ‘porra’71, ‘mal’72, ‘fado’ (v.36), ‘gosto’ (v.43), ‘lábio’ (v.44), ‘ais’ ‘razão’73, (v.45), ‘pranto’ (vv.46 e 229), ‘alma’ (vv.57, 91, 147, 167, 203, 244, 246 e 268), ‘loucura’ (v.186), ‘dor’ (v.251) 68 “Mote [“Junto a uma clara fonte”]”, v.01 “Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”, v.03 70 “Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]”, v.08 71 “Mote [“Uma amizade sincera”]”, v.09 72 “Mote [“Estava eu mete não mete”]”, v.16 73 “Outra [“Estou com Márcia uma hora”]”, v.08 69 80 3.3. Linguagem e técnica versificatória em Laurindo Rabello A linguagem em Laurindo Rabello constitui mais do que uma questão desenvolvida no plano do conteúdo, por exemplo, como instrumento de que o “eu poético” de “A linguagem dos tristes” lança mão na construção do boicote à sociedade. Como se salientou no item “3.1. Recepção crítica” deste trabalho, alguns críticos literários perceberam certa diversidade de dicções em sua poesia. Eduardo de Sá Pereira de Castro, no prefácio à compilação de 1867, fala da aptidão do poeta desde cedo para variados estilos de poesia, do lírico ao obsceno, passando pelo épico e satírico. Em “Quatro vultos”, apêndice à Biblioteca do instituto dos bacharéis em letras (1867), Anastácio Luiz do Bonsucesso nota em Laurindo Rabello a universalidade da linguagem, compreensível tanto para o homem erudito, quando para o humilde. Agripino Grieco, na Evolução da poesia brasileira (1932), sublinha a mistura de tons “galhofeiro e elegíaco, de lirista e pornográfico.”1 Alfredo Bosi, na História concisa da literatura brasileira (1994), sugere uma investigação acerca da interface entre “a linguagem do povo, da classe média e dos grupos de prestígio nos meios urbanos”2 na poesia de Laurindo Rabello. De fato, quem quer que leia alguns versos de “No álbum duma senhora” e logo em seguida, de “Mote [“Pagode sem bebedeira”]”, não deixará de sentir diferenças concernentes não apenas à caracterização das segundas pessoas do discurso, bem como às situações, recursos versificatórios e até ao léxico presentes em ambos os poemas. Se “No álbum duma senhora”, o “eu poético” interpela a interlocutora idealizada por meio do vocativo ‘ó Virgem’ (v.21), em “Mote [“Pagode sem bebedeira”]” a figura feminina desce dos píncaros para deambular pela mundanidade das patuscadas, o que inclusive é motivo de perplexidade: “Márcia, o que fazes?” (v.06) Quanto à técnica versificatória, têm-se no primeiro poema decassílabos com seus quebrados de seis sílabas, de longa tradição erudita italiana, em oposição à décima em redondilha maior, estrofe e metro por demais populares no Brasil oitocentista. Some-se ainda o emprego de palavras como ‘feira’ (v.01), ‘bebedeira’ (v.04), ‘asneira’ (v.05), ‘pagode’ e ‘vinho’ (v.09) que conferem ao segundo poema um tom descontraído e popular em oposição, por exemplo, à tragicidade patente em ‘lágrima(s)’ (vv.23-24), ‘pranto’ (vv.27 e 31), ‘morto(s)’ (vv.28 1 2 GRIECO: 1944. p.29. BOSI: s.d., p.115 81 e 32) e ‘mortuário’ (v.31), opções lexicais tão sintomáticas do lirismo sentimentalista romântico. Tal diversidade de linguagens é facilmente flagrada através da leitura de qualquer uma das compilações post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, que se editaram ao longo da história. O contraste de dicções atinge o máximo, quando se lê a compilação de 1882, em cuja parcela significativa de poemas toma vulto o vocabulário pornográfico ou escatológico, consoante o exposto no item “3.2.4. Crítica ao convencionalismo”. Assim a primeira impressão é de essa diversidade ou, no dizer de Anastácio do Bonsucesso, ‘universalidade’, dar-se por adequação à situação poética requerida ao poeta, que ora se subscreve às convenções poéticas e linguísticas de uma elite cultural, ora permite sua musa flertar com “outra sociabilidade – a do botequim, a das tertúlias masculinas (…).”3 Daí deriva a cisão da obra poética de Laurindo Rabello por parte dos críticos, que até recentemente se limitavam em prol do pudor a falar apenas dos poemas de linguagem ‘impecável’, mantendo no mais absoluto sigilo os obscenos. Haja vista a atitude censória de Antenor Nascentes, ao organizar sua compilação: “Só não incluímos poesias eróticas. Fiquem elas no inferno da Academia, onde Constâncio Alves as depositou.”4 Antes de mais nada, é mister levar-se em consideração que a primeira compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello data de 1867, isto é, três anos após a morte do poeta. A mais recente, organizada por Antenor Nascentes, teve a sua primeira edição em 1963, sendo reeditada em 1966 e em 1986, essa última póstuma até mesmo ao próprio compilador, falecido em 1972. Nascentes reuniu um total de noventa e seis poemas, sendo que apenas vinte e dois desses foram com efeito publicados em Trovas por Laurindo Rabello. Os setenta e quatro restantes vieram de recolhas de outros compiladores e de cancioneiros de modinhas e lundus, como será discutido detalhadamente neste trabalho, mais adiante na seção “4. A tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello”. Processou-se, assim, um aditamento desordenado de recolhas aos poemas de Trovas, que causou a desfiguração da estrutura original do livro, em que se observa, não uma indefinição mas uma transição de linguagens, desde uma eloquência e poética sofisticadas até uma dicção mais singela. 3 4 CANDIDO: 1997, p.146 apud RABELLO: 1963, p.09 82 Por trás da aparente simplicidade, Trovas não é uma mera recolha de poemas que Laurindo Rabello desejou resgatar da efemeridade dos jornais. Atentese de início para o fato de se terem limado poemas publicados anteriormente em periódico5, alterando, acrescentando ou suprimindo-se versos. Esse processo seria ainda continuado, quando da segunda edição (1855) e da republicação na Marmota Fluminense (1857). Além disso, o livro articula-se numa estrutura binária, em duas seções. A primeira caracteriza-se por poemas de extensão, metros e sistemas estróficos variados, de trinta e seis versos (“No álbum duma senhora”) até duzentos e setenta e um (“O meu segredo”); e a segunda, por poemas de forma fixa: sete sonetos. Sendo assim, a humildade de Laurindo Rabello, ao declarar no prefácio ser seu livro “uma coleção das trovas, em grande parte já publicadas”6, consistiria em mero artifício de retórica, numa primeira hipótese de leitura. Não há como um poema de duzentos e setenta e um versos, ou mesmo um soneto, serem considerados uma trova, na acepção mais restrita à técnica versificatória, enquanto gênero popular estruturado em quadras heptassilábicas. Em outra linha de interpretação, Laurindo Rabello intitularia o livro Trovas, valendo-se de uma significação menos técnica, geralmente aplicada à designação de poemas de menor valor ou letras de cantigas. O poeta, portanto, estimaria seus poemas peças singelas, expressões da alma, não obstante a prolixidade de alguns, e assim faria sentido classificá-los como trovas, quase bagatelas. A segunda linha de interpretação ganha força, ao se tomar como programático “O que são meus versos”, poema de abertura do livro. Nele o “eu poético” questiona o valor de seus versos. Se por um lado o vate “da glória recebe sobre a arena/ As palmas, que lhe of’rece o entusiasmo; (…).” (vv.11-12), por outro, o “eu poético” sente-se desprezado, incapaz de captar a atenção dos homens. São arroladas várias facetas do poeta, a saber, o poeta dotado de inspiração divina, o poeta que influencia o mundo com a poesia, o poeta que desfruta na alma das fontes de ternura, do belo, ou ainda o poeta que inflama os povos com sua paixão e por isso recebe a glória. O “eu poético”, porém, considerase aquém de todas elas. O desgosto lhe impede os versos de movimentarem 5 Laurindo Rabello publicou “Estragos de amor” n’A voz da juventude: revista do Ginásio Brasileiro, de 15/07/1849, pp.06-07. No mesmo periódico, publicou ainda “A minha resolução”, em 15/07/1850, pp.30-31. 6 RABELLO: 1853, p.03 83 sequer os ecos. As únicas fontes de que sua alma dispõe são fontes de agonia, muito distantes das fontes da formosura. Desprezado pela sociedade, afundando na própria tristeza, aguarda não os louros da vitória, mas a coroa do martírio, feito Cristo seguindo em paixão. Por não alcançar a elevação espiritual do vate, reconhece então que seus versos nem devem ser considerados como tais. Na verdade, trata-se somente da expressão da dor vertida ao mundo pela alma com espontaneidade. A poesia, assim, é fruto de sinceridade e humildade. Novamente, insinua-se um artifício de retórica que pode propiciar visão equivocada acerca da poesia de Laurindo Rabello, assim como induziu alguns críticos ao erro com relação à poesia romântica de maneira geral. Trata-se do mito da espontaneidade romântica ou, nas palavras de Péricles Eugênio da Silva Ramos, da “teoria do desleixo romântico”7, que levou, por exemplo, Joaquim Matoso Câmara Júnior a sustentar que os poetas românticos brasileiros tinham “relutância a um trabalho posterior de revisão e polimento e a insubordinação aos cânones tradicionais.”8 As modificações a que Laurindo Rabello procedeu nos poemas publicados primeiramente n’A voz da juventude, compilados nas duas edições de Trovas e republicados na Marmota fluminense já bastariam para demonstrar o quão leviana é a afirmação de que os poetas românticos brasileiros eram avessos “a um trabalho posterior de revisão e polimento”. Além de Laurindo Rabello, há material suficiente documentando que poetas considerados como primeiro escalão do Romantismo brasileiro, a exemplo de Gonçalves Dias, também costumavam alterar textos, o que de resto consiste num modus operandi bastante comum no processo de criação literária em escolas e épocas diversas, ainda que após a publicação da obra. Algumas alterações feitas por Laurindo Rabello conferem, inclusive, padronização rítmica a versos que, na lição da primeira publicação, fugiam à uniformidade, o que a priori não condiria com a repugnância do poeta romântico à monotonia. À guisa de exemplo, examinem-se os versos 25-32 de “A minha resolução”, poema em oitavas de versos heptassilábicos. Na coluna esquerda da tabela infra, transcreveu-se poema tal como na lição d’A voz da juventude, primeira redação de que se tem registro, ao passo que, na coluna direita, o poema está de 7 8 RAMOS: s.d., p.15 COUTINHO: 1956, p.602 84 acordo com a lição de Trovas, em primeira edição, grifando-se as palavras que foram modificadas: A voz da juventude (1849) Cresce a planta, e frutos brota Num só lugar vegetando, Só enquanto vai achando Terra própria ao seu viver; Porém quando a terra estéril A seus dias é veneno, Ela vai noutro terreno As raízes estender. Trovas, 1a.ed. (1853) Nasce a planta, a planta cresce, Vai contente vegetando, Só por onde vai achando Terra própria à seu viver; Mas se acaso a terra estéril Às raízes lhe é veneno, Ela vai noutro terreno As raízes esconder. Não foram localizados nesta pesquisa documentos autógrafos9 que elucidem objetivamente as razões que levaram Laurindo Rabello a alterar seus poemas. Por outro lado, nota-se que, para além de qualquer motivação, as modificações causaram sensíveis diferenças quanto à distribuição de acentos internos dos versos. Na lição d’A voz da juventude, o verso 25 estrutura-se em iambos10 (U –), estabelecendo-se um ritmo que no verso 26 é quebrado pela sucessão de três troqueus (– U), mas retorna ainda nesse mesmo verso. Os versos 27-28, por sua vez, seguem em pés trocaicos e, somente ao fim do 28, tem-se um trocaico catalético11, o que se justifica em função da pausa maior marcada pelo ponto-evírgula. O verso 29 é aberto com nova alteração do ritmo, com a substituição dos troqueus por iambos. Nos versos 30-32, o ritmo torna a se compor de troqueus e, apenas na finalização do 32, há um catalético, já que se trata de fim de estrofe, isto 9 Diferente é o caso d’A Confederação dos Tamoios, cujas variantes autorais são iluminadas por uma carta enviada por Gonçalves de Magalhães a Pedro II em 1859, em que não só expõe as razões que o levaram a alterar o texto de 1856, que apareceria modificado depois na edição brasileira de 1864, bem como pormenoriza as modificações. Cf. MONIZ: 2008, pp.20-28. 10 Os pés clássicos (iambo, troqueu, dátilo, anapesto, espondeu, etc.) consistem em unidades métricas mínimas em que se combinam duas ou três sílabas longas ou breves. Como não há nas línguas neolatinas a categoria fônica de quantidade, mas a de tonicidade silábica, os poetas valem-se de arranjos de sílabas átonas e tônicas em lugar respectivamente das breves (U) e longas (–) e assim buscam adaptar em seus idiomas a musicalidade que apreendiam da poesia clássica. 11 O troqueu catalético corresponde a um troqueu (– U) sem a thesis, isto é, sem a sílaba breve, que vem após a longa no mesmo pé, denominada arsis. A última sílaba do verso clássico era denominada anceps, também classificada por alguns tratadistas como ‘indiferente’, porque não importa se se emprega uma breve ou uma longa ao fim do verso, já que a passagem de um verso ao outro implicaria em pausa e compensaria em termos de tempo a falta de uma sílaba, explicando-se assim a presença encontradiça de pés cataléticos no final de versos. Essa concepção versificatória deriva de uma visão orgânica da relação entre os versos, enquanto constructos fônicos, o que de certa maneira os poetas românticos brasileiros demonstram seguir através da sinafia e sinalefa/compensação entre versos que será mostrada em momento oportuno ainda neste trabalho, mais um indício de que a poesia clássica ainda exercia grande influência no Brasil da segunda metade do século XIX, mesmo em pleno Romantismo. Fazem sentido, portanto, as palavras elogiosas de Augusto Emílio Zaluar, segundo o qual os poemas de Laurindo Rabello mostravam-se “formas mais clássicas” (apud RABELLO: 1946, p.74), como se viu anteriormente no item “3.1. Recepção crítica”. 85 é, de pausa maior na transição de um verso para o outro. De qualquer forma, esses matizes rítmicos perderam-se da primeira para a segunda versão, em que Laurindo Rabello optou pela monotonia rítmica nos oito versos, elaborados somente em pés trocaicos, o que ainda foge ao uso comum do heptassílabo, pelo fato de esse tipo de verso não ter posição fixa de acentos internos como o eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo e dodecassílabo. Observe-se a tabela infra, com especial atenção para os versos 26 e 29, em destaque: –U Cresce a U– Num só –U Só en–U Terra U– Porém –U A seus –U Ela –U As ra- A voz da juventude (1849) –U –U –U planta e frutos brota U– U– –U lugar vegetando –U –U –U quanto vai achando –U –U – (U) própria ao seu viver –U –U –U quando a terra estéril –U –U –U dias é veneno –U –U –U vai noutro terreno –U –U – (U) ízes estender Trovas, 1a.ed. (1853) –U –U –U Nasce a planta a planta –U –U –U Vai contente vege–U –U –U Só por onde vai a –U –U –U Terra própria a seu vi–U –U –U Mas se acaso a terra es–U –U –U Às raízes lhe é ve–U –U –U Ela vai noutro ter–U –U –U As raízes escon- –U cresce –U tando –U chando – (U) ver –U téril –U neno –U reno – (U) der Nem todos os versos do poema, contudo, ganharam uniformidade rítmica da primeira para a segunda versão. Analisem-se, por exemplo, os versos 33-40, da oitava imediamente seguinte. Os versos 33-35 estão em troqueus, construindo-se um ritmo que será interrompido nos versos 36 e 37, estruturados em iambos, mas que possuem cada qual ao fim um troqueu catalético. Nos últimos três versos da estrofe, o ritmo volta a ser de troqueus. A mudança de ritmo que ocorre da virada do verso 35 para o 36 e do 37 para o 38, diferentemente da oitava anterior, permanece na segunda versão: A voz da juventude (1849) Trovas, 1a.ed. (1853) 86 –U Segue –U Cora–U CoraU– Por que U– S’aque–U Te des–U Cora–U Busca –U pois es–U ção por–U ção porU– palpiU– que tan–U preza –U ção sê –U outro –U tes e–U que t’a –U que palU– tas em U– t’ado–U com’in–U mais sen–U cora- –U xemplos –U gitas –U pitas – (U) vão – (U) ras –U grato –U sato – (U) ção –U Segu’o –U Cora–U CoraU– Por que U– S’aque–U Te des–U Cora–U Busca U– exem–U ção por–U ção porU– palpiU– que tan–U preza –U ção sê –U outro U– plo da –U que t’a –U que palU– tas em U– t’ado–U com’in–U mais sen–U cora- –U planta –U gitas –U pitas – (U) vão – (U) ras –U grato –U sato – (U) ção Esses modi operandi diferenciados denotam, primeiramente, que Laurindo Rabello não aplicava o mesmo princípio de modificação dos versos, com relação à técnica versificatória. Não há a opção deliberada pela uniformização ou diversificação rítmica. Não se trata de seguir à risca um manual de Poética ou, por outro lado, de recusar taxativamente a tradição da Poética. A interpretação que se encaminha aqui para o fonêmeno é que o poeta, à parte qualquer atitude normativa, manipula ludicamente o conhecimento de técnica versificatória. Não o emprega subservientemente, como recurso para legitimação de sua poesia, num contexto de leitores e ouvintes moldados sob a égide da concepção humanista de obra de arte literária. Num momento de revisitação do poema, Laurindo Rabello deve ter preferido para os versos 25-32 um ritmo mais monótono, vislumbrando na redistribuição simétrica de acentos internos a possibilidade de reproduzir sonoramente o conteúdo expresso nos versos. A imagem descrita nessa estrofe é a da planta que cresce inexoravelmente e que, não obstante a infertilidade do solo, acaba por encontrar outro lugar em que possa desenvolver suas raízes, numa alegoria ao sofrimento do “eu poético”, desgostoso em função das desventuras amorosas. Na segunda versão, portanto, o ritmo em troqueus produz na camada sonora a marcação do andamento compassado e insistente em que a planta se desenvolve, para agonia do “eu poético”. O apelo à expressividade rítmica possibilita ao público que ouve a recitação do poema a sensação auditiva da imagem poética. Assim, de uma leitura para a outra, o poeta viu e reviu o ritmo de seus versos com óticas distintas, em momentos distintos, aliando subjetivismo à técnica versificatória. 87 Em função da sonoridade, Laurindo Rabello também selecionava variantes linguísticas de palavras. Registram-se em Trovas vários versos em que se empregaram variantes sincopadas. À guisa de exemplo, confrontem-se “A força esp’ritual se multiplica.”; “Tanto que, quando o esp’rito aos céus remonta,”, versos 40-41 de “A linguagem dos tristes”; e “Vê-se o espírito surgir;”, verso 57 de “Estragos de amor”. O mesmo verbo ‘oferecer’ que aparece sincopado em “As palmas, que lhe of’rece o entusiasmo;”, verso 12 de “O que são meus versos”, figura na variante plena em vários títulos de poemas, como “Epicédio a morte do Dr. José de Assis Alves Branco Moniz Barretto”. Porém, o caso mais significativo de emprego de variantes linguísticas dá-se em “O gênio e a morte”, em que a opção por variante sincopada ou plena corresponde nitidamente a uma escolha com base em critérios versificatórios e não necessariamente à realidade linguística da fala do poeta. No verso 49, “Beijada pelos zéfiros — c’roada”, Laurindo Rabello escolheu uma variante sincopada. Adiante, no verso 75 do mesmo poema, empregou a variante plena por caber melhor na métrica: “As mostra coroadas.” Burilar a linguagem não é um apanágio dos parnasianos, ainda que alguns poetas da chamada poesia científica subestimassem o labor poético dos românticos. Antes de Matoso Câmara Júnior, Silvio Romero sentenciava que em Laurindo Rabello “não há artifício; a simplicidade da linguagem deixa vazarem-se através de seus poros as exalações de uma alma dilacerada”12 Laurindo Rabello não só detinha grande domínio da técnica versificatória, conformemente demonstrado, bem como buscava aperfeiçoar-se cada vez mais. Em “Já sinto da geada dos sepulcros”, verso 109 de “Adeus ao mundo”, há uma modificação que sugere aperfeiçoamento da técnica versificatória. Laurindo Rabello substituiu, da primeira para a segunda edição de Trovas, ‘do sepulcro’ por ‘dos sepulcros’ (grifados na tabela infra), impedindo a crase da vogal ‘o’ da última sílaba átona ‘-cro’ do verso 109 com o artigo ‘O’, que abre o 110. O poeta demonstra aqui conhecer a sinalefa/compensação entre versos, donde se formula a hipótese de que adquiriu tal conhecimento de 1853 para 1855: Trovas (1.ed.) Já sinto da geada do sepulcro O pavoroso frio enregelar-me... Trovas (2.ed.) Já sinto da geada dos sepulcros O pavoroso frio enregelar-me... No verso 11 do soneto “Hei de, mártir de amor, morrer te amando”, outra modificação. Laurindo Rabello trocou, da primeira para a segunda edição de Trovas, 12 ROMERO: 1943, p.339 88 ‘És morto’ por ‘Morreste’ (grifados na tabela infra), o que obsta a sinalefa da vogal ‘e’, da sílaba átona final ‘-te’ do verso 11, com o verbo ‘És’, em posição inicial do 12, segundo indício no mesmo livro de que o poeta adquiriu o conhecimento de sinalefa/compensação entre versos: Trovas (1.ed.) “Leandro!... és morto?!... Que destino infando Te conduz aos meus braços desta sorte?!! Trovas (2.ed.) “Leandro!... és morto?!... Que destino infando Te conduz aos meus braços desta sorte?!! “És morto!... mas... (e às ondas se arrojando Assim termina, já sorvendo a morte) “Morreste!... mas... (e às ondas se arrojando Assim termina, já sorvendo a morte) O estudo das modificações realizadas por Laurindo Rabello sinaliza que na grande maioria dos casos as variantes autorais advêm de um trabalho minucioso de técnica versificatória. Eis uma alteração de última hora, na errata da primeira edição de Trovas.13 Em “Nos encaminha aos infernos.”, v.105 de “Estragos de amor”, poema dos mais banais sobre desventura amorosa, o poeta preferiu o plural ‘os infernos’ ao singular ‘ao inferno’ (grifados na tabela infra), possivelmente para controlar flutuações de leitura e estabelecer, como quem escreve uma partitura, que se recite o verso de uma determinada forma, travando-se a quinta sílaba métrica (‘aos’) sem sinalefa com a sexta (‘in-’), para que não se antecipe a tônica ‘-fer-’ da sétima para a sexta sílaba métrica e consequentemente se comprometa a métrica do verso. De qualquer forma, a emenda não foi feita na segunda edição, nem, no entanto, a errata consta dos elementos postextuais. Adiante essa questão em torno à errata da primeira edição será abordada. Trovas, 1a.ed. (1853), sem correções da errata Envenenados farpões Nos manda em suspiros ternos; Cinge aos olhos mago véu, E pelos jardins do Céu Nos encaminha ao inferno. Trovas, 1a.ed. (1853), com correções da errata Envenenados farpões Nos manda em suspiros ternos; Cinge aos olhos mago véu, E pelos jardins do Céu Nos encaminha aos infernos. Trovas, 2a.ed. (1855) Envenenados farpões Nos manda em suspiros ternos; Cinge aos olhos mago véu, E pelos jardins do Céu Nos encaminha ao inferno. Na interpretação aqui proposta, o extremo cuidado com a técnica versificatória que Laurindo Rabello exibe em suas modificações não deve ser compreendido como mero virtuosismo ou cultismo. Alguns biógrafos até sublinham 13 Este e outros casos de variantes autorais documentados na errata à primeira edição conferem ao paratexto uma importância inequívoca para nortear a escolha do texto-base. Nem as emendas nem a própria errata foram absorvidas na segunda edição. Tal pormenor será discutido adiante neste trabalho, no item “4.2. Percurso histórico do texto dos poemas”, da seção “4. A tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello”. 89 sua habilidade, facilidade e inventividade na poesia, a exemplo de Eduardo de Sá Pereira de Castro, que conta o poeta ostentar desde a infância inquestionável talento. Não é que Laurindo Rabello se preocupasse em demasia com a técnica versificatória em si, mas com a musicalidade de seus poemas. Daí refundir versos, conferindo-lhe ritmos diferentes, buscando a nota perfeita. Mais do que flerte com a música, como vários poetas românticos mantinham, Laurindo Rabello fazia música, compunha e interpretava canções, tocando pelo menos um instrumento: violão. Seu ouvido musical exigiria dos versos muito além do que belas imagens poéticas e construções. A temática do poema poderia ser banal; as imagens, corriqueiras; as construções, lugares-comuns. O poeta, no entanto, não prescindia do requinte sonoro. O casamento entre poesia e música não advinha da influência de um movimento literário, não consistia numa aspiração teórica, ufanista, mas numa prática cotidiana em sua vivência.14 Laurindo Rabello tocava modinhas e lundus nos salões burgueses. Dessarte, a técnica versificatória, conteúdo ministrado na disciplina Poética, que compunha os programas escolares do século XIX, conforme será exposto mais à frente neste item, servia ao poeta de instrumental para se alcançar a sonoridade pretendida. Portanto, sua obsessão não era puramente de ordem técnica, mas musical, o que, por conseguinte, exigia domínio e aperfeiçoamento da técnica versificatória, para chegar à musicalidade almejada. O efeito final é a fluidez, o ritmo que, à primeira vista, brota espontâneo, porém é fruto de árduo e constante trabalho poético, mesmo depois de publicado o poema. Tornando a “O que são meus versos”, talvez seja esse o poema em que menos se verifiquem espontaneidade e displicência de linguagem em Laurindo Rabello, sem embargo do que o “eu poético” proclama em seus versos. Há uma tensão entre fundo e forma, pois o que se declara (“Meus versos (…)/ Nem são versos”, vv.26-27) não corresponde à maneira como se declara, na medida em que a macro-estrutura do poema revela-se uma arquitetura complexa e baseada em convenções retóricas. No poema em questão, o primeiro traço de rebuscamento de linguagem que chama a atenção são as constantes inversões sintáticas (“(…) de divina luz na chama eterna”, v.02; “Eu triste, cujo fraco pensamento/ Do desgosto 14 Alexandre José de Mello Moraes Filho conta que, satisfeito com a perfeita junção entre a música e letra de uma canção que compunha, Laurindo Rabello teria exclamado ao parceiro violonista João Cunha a frase “ – Estamos casados, João!” (MORAES FILHO: 1904, p.162) 90 gelou o fatal quebranto;/ Que, de tanto gemer desfalecido,/ Nem sequer movo os ecos com meu canto;”, vv.13-16). Outro aspecto que sobressai é o uso sistemático da anáfora na abertura de oito das dez estrofes, figura de retórica que, para além da função expressiva de ratificar conteúdos, organiza o poema, demarcando três grupos de estrofes. O primeiro, de três estrofes, tem seus versos iniciais abertos pela oração ‘Se é vate’ (“Se é vate quem acesa a fantasia”, v.01; “Se é vate quem tem n’alma sempre abertas”, v.05; “Se é vate quem dos povos, quando fala,”, v.09). O segundo grupo, também de três estrofes, caracteriza-se pelo sintagma ‘Eu triste’ (“Eu triste, cujo fraco pensamento”, v.13; “Eu triste, que só tenho abertas n’alma”, v.17; “Eu triste, que, dos homens desprezado,” v.21). No terceiro grupo, não mais de três mas de quatro estrofes, o uso da anáfora não vigora tão rigidamente, aparecendo em apenas dois dos quatro versos iniciais das estrofes (“Vate não sou, mortais (…)”, v.25; “São fel, que o coração verte (…)”, v.29; “São anéis da cadeia (…)”, v.33; “Seca de fé, minha alma (…)”, v.37) Em termos de conteúdo, no primeiro grupo (estrofes 01-03), o “eu poético” define o poeta como ser dotado de inspiração divina, que conduz o mundo com sua poesia, cuja alma é plena de beleza e sensibilidade e que excita os povos com sua voz a ponto de ser ovacionado. No segundo (estrofes 04-06), o “eu poético” definese como ser de fraco pensamento, incapaz de mover sequer os ecos com sua poesia, cuja alma se afunda em tristeza e agonia, merecendo o desprezo dos homens, e cujos versos são apenas a expressão da melancolia. No terceiro (estrofes 07-10), enfim, segue a conclusão: a precariedade do “eu poético” – indivíduo comum que não logra ser poeta, cujos versos, quando muito, não passam de lamentos da alma, que expressa sua dor: Vate não sou, mortais; bem o conheço; Meus versos pela dor só inspirados, — Nem são versos — menti — são ais sentidos, Às vezes, sem querer, d’alma exalados; (vv.25-28) A análise do poema evidencia, pois, uma complexa articulação silogística. Cada estrofe dos três grupos corresponde, na verdade, a determinada etapa de um silogismo. Em outras palavras, há entretecidos no poema três silogismos do tipo hipotético condicional, que consiste num arranjo de proposições hipotéticas por meio 91 de partículas como ‘e’, ‘ou’, ‘se’, ‘então’. “O que são meus versos” poderia ser decomposto, portanto, em um primeiro grupo de estrofes que exercem a função de três proposições maiores e hipotéticas, um segundo grupo que desempenha o papel de três proposições menores e, por fim, um terceiro grupo fechando a conclusão. Reorganizadas linearmente as primeira, quarta e sétima estrofes, chega-se ao primeiro silogismo: PREMISSA MAIOR Se é vate quem accesa a fantasia Tem de divina luz na chama eterna; Se é vate quem do mundo o movimento C’o movimento das canções governa; (primeira estrofe) PREMISSA MENOR Eu triste, cujo fraco pensamento Do desgosto gelou fatal quebranto; Que, de tanto gemer desfalecido, Nem sequer movo os ecos com meu canto; (quarta estrofe) CONCLUSÃO Vate não sou, mortais; bem o conheço; Meus versos, pela dor só inspirados, — Nem são versos — menti — são ais sentidos, Às vezes, sem querer, d’alma exalados; (sétima estrofe) O segundo silogismo, por sua vez, estrutura-se nas segunda, quinta e oitava estrofes: PREMISSA MAIOR Se é vate quem tem n’alma sempre abertas Doces, límpidas fontes de ternura, Veladas por amor, onde se miram As faces da querida formosura; (segunda estrofe) PREMISSA MENOR Eu triste, que só tenho abertas n’alma Envenenadas fontes d’agonia, Malditas por amor, a quem nem sombra De amiga formosura o céu confia; (quinta estrofe) CONCLUSÃO [os meus versos] São fel, que o coração verte em golfadas Por contínuas angústias comprimido; São pedaços das nuvens, que m’encobrem Do horizonte da vida o sol querido; (oitava estrofe) 92 Por fim, o terceiro silogismo compõe-se das terceira, sexta e nona estrofes: PREMISSA MAIOR Se é vate quem dos povos, quando fala, As paixões vivifica, excita o pasmo, E da glória recebe sobre a arena As palmas, que lhe of’rece o entusiasmo; (terceira estrofe) PREMISSA MENOR Eu triste, que, dos homens desprezado, Só entregue a meu mal, quase em delírio, Ator no palco estreito da desgraça, Só espero a coroa do martírio; (sexta estrofe) CONCLUSÃO [os meus versos] São anéis da cadeia, qu’arrojou-me Aos pulsos a desgraça, ímpia, sanhuda; São gotas do veneno corrosivo, Que em pranto pelos olhos me transuda. (nona estrofe) Em princípio, esse sofisticado mecanismo de persuasão contradiria a mensagem central de “O que são meus versos”, mas restam dois detalhes a serem examinados. Como apontado, o uso da anáfora no terceiro grupo de estrofes é menos sistemático, se comparado com o primeiro e segundo, ou seja, há uma espécie de relaxamento da rigidez retórica quando da conclusão do poema. Acrescente-se ainda que, na formação dos três silogismos, respectivamente as estrofes 01-04-07, 02-05-08 e 03-06-09, entram nove das dez estrofes. A própria pontuação assinala uma espécie de marco delimitador entre as demais e a décima estrofe. Ao final de todas as estrofes integrantes dos silogismos há apenas ponto-evírgulas e exclamações mantendo a tensão declamatória do poema. No verso 36 (“Que em pranto pelos olhos me transuda.”), um único ponto final, todavia, instaura um clima de catarse, separando a penúltima da última estrofe, que começa justamente com o verso “Secca de fé, minha alma os lança ao mundo” (v.37), um decassílabo não heroico, como os da abertura do poema, a ditarem o andamento marcial, mas sáfico, bem cadenciado, reproduzindo sonoramente o cansaço do “eu poético” exaurido pelas suas tentativas baldadas de ser poeta. Assim é que, sobrando uma estrofe na matemática dos silogismos, atenua-se a rigidez que vinha se delineando desde o começo do poema, a exemplo das retumbantes anáforas. 93 Parece clara a intenção do poeta de jogar com recursos da retórica e da poética clássicas em “O que são meus versos”, buscando ao mesmo tempo solução para, através de um cânone cristalizado ao longo da tradição literária do ocidente, modelar a linguagem e expressar seu subjetivismo. Como se vê, em Trovas, há muitos poemas talhados com habilidade versificatória e eloquência, em que inclusive se emprega a conjunção ‘se’ na elaboração da anáfora, mas sem necessariamente constituir uma estrutura de silogismo hipotético condicional, a exemplo de “A linguagem dos tristes” (“Se houver um ente, que sorvido tenha”, v.01; “Se houver um ente, que, dos homens certo,” v.05; “Se houver um ente, que, votado às dores”, v.09) ou “Amor e lágrimas” (“Se fosse possível na minha alma”, v.01; “Se, anjo de salvação mandado ao mísero”, v.05; “Se fiel companheira em toda parte”, v.09) No Brasil da primeira metade do Oitocentos, nossos poetas e intelectuais estudavam e formavam-se em instituições de ensino de concepção educacional humanista. Em O império da eloquência, Roberto Acízelo de Souza observa que um dos reflexos do ensino de base humanista, introduzido e administrado pelos jesuítas no Brasil até meados do século XVIII, foi a posição central das disciplinas retórica e poética na formação educacional do Oitocentos brasileiro. O humanismo, termo de significação pedagógica, encontra raízes na concepção educacional helenística (séc. III-II a.C.), caracterizada pela transmissão de uma cultura universalmente comum ao homem. Sua essência, pois, deriva da própria visão ontológica de homem, enquanto ser que se diferencia dos demais pela capacidade do lógos, isto é, da palavra, da comunicação. O humanismo atravessa uma longa tradição na história do ocidente, desde a antiguidade greco-latina, passando pela dinastia carolíngia, até chegar ao renascimento italiano. Encontra-se ainda no cerne do pensamento pedagógico jesuítico, expresso na Ratio Studiorum (1594), cartilha para a uniformização do ensino nas várias partes do mundo onde a Companhia de Jesus instalou estabelecimentos de ensino. O modelo de ensino do Brasil colonial, assim, pautouse programaticamente pela valorização do estudo de línguas e literatura. Mesmo sua ascensão à posição de metrópole, com posterior independência, não trouxe modificações significativas em termos de mentalidade pedagógica, pelo menos até a década de sessenta do século XIX, como mostra Acízelo de Souza, através dos programas do Colégio Pedro II, em que se destacam as disciplinas retórica e poética no ensino de letras. 94 Não obstante o crescente influxo do historicismo nos estudos literários brasileiros, por força do Romantismo, observa-se ainda na segunda metade do século XIX um grande interesse por retórica e poética, razão para vários tratados serem publicados e até reeditados. Dentre os tratadistas mais representativos, destacam-se Joaquim do Amor Divino Caneca (1779-1825), autor de Tratado da eloquência, publicado postumamente em 1876; Miguel do Sacramento Lopes Gama (1791-1852), autor de Lições de eloquência nacional (1846); Manoel da Costa Honorato (1838-1891), autor de Compêndio de retórica e poética (1859); Luís José Junqueira Freire (1832-1855), autor de Elementos de retórica nacional, publicado postumamente em 1869; Joquim Caetano Fernandes Pinheiro (1825-1876), autor das Postilas de retórica e poética (1872); e José Maria Velho da Silva (1811-1901), autor de Lições de retórica (1882). Os autores românticos brasileiros adquiriam na formação escolar, portanto, um conhecimento literário fundado nas disciplinas retórica e poética, que uniformizavam o discurso, o que constituiu um grande obstáculo à expressão do “eu poético” individualizado. Haja vista o caso de Junqueira Freire, que em seu tratado de retórica Lições de eloquência nacional, redigido em 1852 e publicado postumamente em 1869, tentava chegar a uma síntese da concepção clássica de retórica e ideais modernos. Acízelo de Souza sublinha que o poeta-tratadista, com “óbvia intenção de supreender e instalar polêmica”15, renega a mentalidade antiga de eloquência enquanto techné, ao afirmar que “A eloquência, como a poesia, não é uma arte. O orador, como o poeta, nasce não forma-se.”16 A eloquência, para Junqueira Freire, portanto, não corresponde a uma habilidade adquirida através de um cânone ou de leis disciplinadoras da expressão verbal, mas a um dom concedido por Deus, com o qual o homem já nasce, prescindindo de artifícios retóricos. Em outras palavras, a eloquência estreita laços com a concepção de gênio, “objetividade do pensamento de Deus”17, tão cara ao Romantismo. Na poesia de Laurindo Rabello, não são poucas as associações entre as figuras do poeta e do orador. A própria extensão dos poemas da primeira parte de Trovas denuncia o sestro da eloquência que, de resto, aparece em várias crônicas biográficas como traço característico da personalidade de Laurindo Rabello. Segundo alguns cronistas, o poeta pronunciou no Rio Grande do Sul um sem 15 SOUZA: 1998. p.70 FREIRE: 1869. p.01 17 Idem: ibidem, p.02 16 95 número de discursos, defendendo causas brilhantemente. Seu talento para oratória, fora do contexto de poesia, pode ser conferido, por exemplo, no “Discurso improvisado e pronunciado sobre a campa do General Tamarindo”, recolhido por Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, em sua compilação de 1877. Sem embargo do fascínio pela retórica, a poesia de Laurindo Rabello transita em direção à expressão menos artificial, de modo que a declaração do “eu poético” na sétima estrofe de “O que são meus versos”, quanto ao fato de seus versos nem serem versos, mostra-se não uma contradição, mas um projeto de linguagem almejado e pouco a pouco concretizado. O primeiro poema da segunda parte de Trovas é um soneto, em que o “eu poético” narra de forma econômica o mito de Leandro e Hero. Aqui já se nota a diferença entre a brevidade da forma poética e a prolixidade dos poemas da primeira metade do livro, muito embora se trate de um mito clássico, o que até ensejaria digressões narrativas. Leandro era um jovem de Ábidos, cidade às margens do Helesponto, atual estreito de Dardanelos, situado entre a Ásia e a Europa. Do outro lado, em Sestos, morava Hero, sacerdotisa de Vênus. Todas as noites, Leandro atravessava o estreito, nadando, e se encontrava com Hero, que o guiava com uma tocha no alto da torre do palácio. Uma tempestade, porém, fez com que o jovem se afogasse, sendo o seu corpo levado pelas ondas até as areias de Sestos. Hero, assim, descobriu a morte do amante e, desesperada, lançou-se ao mar e morreu. A história de Leandro e Hero alegoriza o amor interditado por forças inexoráveis, como as da natureza, bem ao sabor do Romantismo, e, inclusive, é aludida no poema “The Bride of Abydos” de Lord Byron, ícone dos poetas românticos de segunda geração. Se o gênero do soneto e a presença da mitologia greco-latina conferem ao poema um caráter erudito, a epígrafe, na verdade o mote do poema, foi colhida da tradição oral. O verso “Hei de, mártir de amor, morrer te amando” foi glosado por vários poetas, dentre os quais João Nepomuceno da Silva e Francisco Moniz Barretto, ambos naturais da Bahia, onde Laurindo Rabello concluiu seus estudos de Medicina. “Hei de mártir de amor morrer te amando”, pois, corresponde a uma das muitas glosas que deviam circular em performances poéticas dos saraus literários baianos. Em outro soneto, “À mesma senhora”, também de Trovas, Laurindo Rabello 96 glosou um mote fornecido por Moniz Barretto em desafio 18, como relata Silvio Romero: “Moniz Barretto, entusiasmado, atirou-lhe este mote Tens nas mãos teu porvir, teu bem, teu fado, que o poeta fluminense glosou, dirigindo-se à mesma senhora.”19 Laurindo Rabello, que já antes de seguir para a Faculdade Medicina da Bahia granjeara na Corte nomeada de hábil versejador, encontrou em Moniz Barretto o grande mestre do improviso, a quem se subscreve como grato discípulo no poema “A meu amigo e mestre Francisco Moniz Barretto”, pertença de Trovas. Trazendo na bagagem as aptidões e conhecimentos aprendidos na ‘academia do povo’, para empregar-se uma expressão de Jorge Amado, Laurindo Rabello adquiriu através da formação escolar as noções de Poética e Retórica preconizadas pela pedagogia humanista da época. Experimentou maneiras diversificadas de poetar e pouco a pouco transitou para uma síntese entre as tradições popular e erudita. De certa maneira, Trovas prenuncia esse projeto de linguagem, senão concretizado de forma plena, pelo menos já sinalizado. Na segunda parte do livro, Laurindo Rabello logra conferir singeleza à herança retórica e poética, ostentados na primeira, através da brevidade arquitetônica do soneto. Gênero dos “mais dificultosos da Poesia”20 mas que transparece a leveza de “uma diversão ou brinco inocente” 21, o soneto fora teorizado no mundo lusófono em 1724 pelo português Manoel da Fonseca Borralho, segundo o qual o sonetista deveria articular nos quatorze versos uma estrutura silogística: Consta o Soneto de quatorze versos grandes, (...) dispostos em dous Quartetos, & dous Tercetos; de tal sorte, que os dous Quartetos levam a mesma consonância de consoantes; & os dous Tercetos também a mesma consonância, mas diferente dos Quartetos; com tal regra, que não leve mais que um só conceito (...), dirigido em forma de silogismo; convém a saber; no primeiro Quarteto a Maior, & no segundo a Menor, & nos Tercetos a consequência: ou nos dous Quartetos a Maior, & no primeiro Terceto a Menor, & no segundo Terceto a consequência. (BORRALHO: 1724, pp.69-70) Essa teoria atravessa toda uma tradição de poetas luso-brasileiros e ainda se verifica de maneira hegemônica nos parnasianos brasileiros, como Alberto de 18 Na mencionada compilação de 1882, figuram ainda outros poemas cujos motes foram também glosados por Moniz Barretto em Álbum da Rapaziada (1864), a exemplo de “Mote [“Pode apalpar, pode ver”]” e “Mote [“A mulata quando fode”]”. 19 ROMERO: 1943, p.346 20 OLIVEIRA: 1979, p.333 21 Idem: ibidem, p.333 97 Oliveira, que se subscreve a Borralho em seu artigo “O Soneto Brasileiro”: “consta o soneto de forma clássica “de quatorze versos grandes “que este é só propriamente soneto) dispostos em dois quartetos e dois tercetos (…).”22 Contrariamente ao que críticos como Matoso Câmara Júnior afirmaram, os poetas românticos brasileiros, mesmo os de segunda geração, não foram tão avessos ao cânone, como se percebe também pela técnica empregada por Laurindo Rabello na elaboração do soneto, orientando-se direta ou indiretamente pela teoria difundida em língua portuguesa por Borralho. Laurindo Rabello projetou a maioria de seus sonetos em conformidade com o rígido código da tradição. Estruturou-os silogisticamente, mesmo que alguns se mostrem, à primeira vista, meros poemas de circunstância, como “A uma senhora por occasião de tocar umas variações sobre temas de Bellini”, supostamente escritos ao sabor do momento, de maneira espontânea e sem apuro técnico. No soneto em questão, o “eu poético” declara que sua saudade foi despertada pelo toque de um piano, capaz até de levar a morte às lágrimas e de fazê-la arrependerse do “fero ofício” (v.11). A responsável pelo milagre, dona de talento admirável, executara ao piano variações temáticas a partir de uma das óperas de Vincenzo Salvatore Carmelo Francesco Bellini (1801-1835), um dos mais célebres operistas do século XIX, autor de Norma, I Puritani e La sonnambula, dentre outros títulos. Na economia interna do poema, os dois primeiros quartetos trazem a premissa maior, a saber, a capacidade que a musa inspiradora tem de emocionar com o toque ao piano e de operar milagres com sua musicalidade. No primeiro terceto, segue a premissa menor, uma situação específica: até mesmo a morte se emociona com a música. A consequência final é Bellini, que jaz no sepulcro, conseguir erguer a própria lápide, em função do enfraquecimento do poder da morte, combalida pela emoção, conteúdo do segundo terceto. Ainda no que diz respeito à técnica versificatória, verifica-se a regra exposta por Borralho, isto é, versos grandes, com os quartetos em consonância rímica, ao passo que os tercetos rimam de maneira peculiar. Os versos do poema em análise são decassilábicos, predominantemente heroicos. O padrão rímico dos quartetos é ABBA BAAB, enquanto o dos sonetos é CDC DCD. Unindo concisão à habilidade técnica, Laurindo Rabello conquistou reconhecimento não só dos coevos, bem como de 22 Idem: ibidem, p.334 98 poetas de gerações e escolas literárias à frente, como Alberto de Oliveira, que o incluiu em sua coletânea d’Os cem melhores sonetos brasileiros.23 Nessa instância, os improvisos, modinhas, lundus, as ‘extravagâncias’, como Adelaide Luiza Cordeiro Rabello chegou a se referir aos poemas obscenos do falecido marido, representam, de um lado, a alma popular em Laurindo Rabello. De outro, “O que são meus versos”, “Adeus ao mundo”, os sonetos e congêneres, os preceitos da retórica e poética propalados pelo humanismo que entraram na formação escolar de tantos poetas e ficcionistas brasileiros do século XIX. No entanto, a poesia de Laurindo Rabello não se limita à mera alternância entre o popular e o erudito, mas, como se ponderou, produz a síntese que propicia peças humorísticas como “Ao Rego”, publicada na compilação de 1882, em que o poeta sobe ao púlpito para advogar uma causa séria, de interesse público, e usa de uma eloquência galhofeira, descendo aos detalhes sórdidos da falta de pudor daqueles que satisfazem as necessidades fisiológicas, defecando no rego. O poema é aberto em tom solene, e, até o fim da primeira estrofe, parece tratar-se de discurso sério: Ilustríssimos senhores Da nossa Municipal, Deixai que um fraco mortal Inferior dos inferiores, Implore os vossos favores E bondade conhecida, Para que seja atendida E posta em actividade, Com a maior brevidade, Uma importante medida. (vv.01-10) No desenrolar da oração-poema, porém, a linguagem paulatinamente muda de dicção. A segunda estrofe traz um ‘REGO’ em letras garrafais, recurso que instaura sentido não dúbio, mas triplo: o rego 1) vazadouro do hospital, 2) expressão popular de ânus e 3) sobrenome do diretor do hospital cujo vazadouro está sujando as calçadas da cidade. Acerca do contexto dessa sátira, esclarece Alexandre José de Mello Moraes Filho que Laurindo Rabello, em função de desavenças, compôs décimas para atacar o Dr. Rego Macedo, diretor do Hospital Militar de Porto Alegre.24 Há quem diga, como Constâncio Alves, que o Dr. Rego Macedo era diretor do 23 24 OLIVEIRA: 1944. p.63 MORAES FILHO: 1904, pp.165-166 99 Hospital Militar do Castelo, Rio de Janeiro, onde Laurindo Rabello iniciou a carreira de médico, mas não permaneceu por muito tempo, por causa do temperamento irascível. De qualquer forma, o poema, além de satirizar o Dr. Rego, serve-se parodisticamente da fala pomposa e empolada do orador, mesclando bordões de eloquência (“Ilustríssimos senhores/ Da nossa Municipal”, vv.01-02; “Nestes termos pede o vate”, v.71) a elementos poéticos populares, como a décima e a redondilha maior, além de vocabulário obsceno-escatológico (“Abriu-lhe um rego no cu.”, v.40; “Cagar no “rego” é demais!”, v.60) Se em “Ao Rego”, a persuasão é instrumento do vate-orador na defesa do bem-estar público, em outros poemas da compilação de 1882, já é empregada para a causa particular. Verificam-se, assim, três poemas, em estrutura dialógica, com uma personagem buscando persuadir outra em situações eróticas. De um lado, o amante lança mão de artimanhas verbais para seduzir a amada e alcançar a tão desejada consumação do ato sexual. Em “Mote [“Você diz que arromba, arromba”]”, o jovem Jônio tenta dirimir o medo de Eulina quanto à desproporção entre o tamanho de seu membro viril e a “racha tão fina” da amante. O poema segue com Jônio a insistir e, finalmente, concretizar seu intento. Em “Diálogo”, colocam-se em cena duas personagens de Minas Gerais, Marília e o próprio “eu poético”, que para empreender a façanha da cópula tem que antes debater longamente com a amante a posição erótica que adotarão. O “eu poético” propõe inicialmente que fiquem de pé, pois tem pressa. Marília, porém, não aceita e prefere estar sentada, o que desagrada logo o parceiro em função do cansaço. O diálogo segue com trocas de sugestões, até que enfim o “eu poético” acaba por satisfazer o desejo. Consumado o ato, dá-se novo debate entre os parceiros. O poema retoma o humor inicial, lembrando a prolixidade contraproducente dos oradores estereotipados. Marília reclama do desempenho sexual do “eu poético”, que se satisfaz logo, enquanto ela tem apetite para repetir a cópula. Chega a menosprezar a virilidade do parceiro, cujo membro somente no desfecho do poema torna a mostrar-se revigorado. Marília, por seu turno, já esmoreceu, perdeu o apetite sexual, além do que não há mais tempo disponível, porque os amos estão na iminência do retorno à casa. Um dos efeitos cômicos do diálogo advém do contraste entre a brevidade do ato sexual e a prolixidade dos parceiros. O poema apresenta cento e dez versos, o mais longo da compilação de 100 1882, dos quais somente quatro correspondem de fato à realização do ato sexual das personagens envolvidas no diálogo: Pega amor, pega na história, Mete… carrega… circunda!… – Que mimo!… que voz!… que bunda! – Que pino!… que ânsia!… que glória!… (vv.57-60) Mas a persuasão serve ainda ao lado oposto no jogo erótico. Auxilia a figura feminina nas tentativas de escapar à consumação do ato sexual, que, não permitido pela sociedade moralista do século XIX sem o contrato nupcial, marcar-lhe-á com a mácula da desonra. É o caso de “Mote [“Pode apalpar, pode ver”]”, em que a amante negocia compensações com jovem cupidoso em lugar do ato sexual, já que quer se guardar virgem para o casamento. Permite-lhe atestar sua virgindade com o dedo, encostar o membro em sua coxa, manipular seus seios. O amante, porém, nunca satisfeito, prossegue com insistência para desespero dela: “Meu Deus! E ele a teimar…” (v.37) Poemas como esse, se não constituem uma paródia direta à mania oitocentista de transformar tudo em contenda verbal, ao menos a absorve como ingrediente de humor, levando loquacidade ao gracejo e sofisticando a zombaria com eloquência. 101 4. A TRADIÇÃO DOS POEMAS ATRIBUÍDOS A LAURINDO RABELLO 4.1. Inventário testemunhal Laurindo Rabello organizou Trovas (1853) e publicou poemas nos periódicos O sino dos barbadinhos (1849), A voz da juventude (1849-1850), O acadêmico (1855), Marmota fluminense (1855-1860) e O espelho (1859). Deixou inédito o manuscrito do Compêndio de gramática da língua portuguesa, publicado posteriormente em 1869; e perdidas as peças Os anéis de uma cadeia, O mendigo da serra, O pupilo extravagante e Santa Isabel, essa última encenada em Salvador; o poema Alberto; um romance inacabado, O coveiro; e “um compêndio de leitura para as escolas regimentais dos corpos.”1 Publicaram-se postumamente também inúmeras compilações de poemas seus, dentre as quais Obras poéticas livres (1882), com textos obscenos. A tradição impressa da obra poética atribuída a Laurindo Rabello é repleta de problemas, um dos quais consistindo no fato de Trovas não ter chegado à atualidade da forma como foi planejado. Sucessivos compiladores, na atitude positiva de recolher poemas de periódicos da época ou modinhas e lundus transmitidos ao sabor da tradição oral, misturaram poemas dispersos aos do livro. Deteriorou-se, assim, sua unidade primeira, mesclando-se textos preparados a outros que talvez nem haveriam de ser eternizados em livro ou ainda seriam objeto de alterações, já que Laurindo modificou os poemas compilados em Trovas anteriormente estampados nas páginas dos periódicos. Somem-se a isso gralhas tipográficas e demais modificações não-autorais que se inseriram nos textos dos poemas de compilação em compilação, como sói ocorrer no processo de transmissão de qualquer obra literária. Para o estudo detalhado da tradição impressa dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, optou-se nesta pesquisa por um inventário testemunhal ao invés de uma simples fortuna editorial. Em primeiro lugar, ao longo da tradição, Trovas apresenta a rigor apenas duas edições, passando a integrar, após a morte de Laurindo, as compilações post-mortem, de maneira desfigurada. Dessarte, a fortuna editorial de Trovas limitar-se-ia stricto sensu às duas primeiras edições, a salvo se o 1 Diário do Rio de Janeiro: 1864, p.1. 102 estudo prosseguisse, rastreando na transmissão os poemas ali reunidos através das compilações post-mortem. Em segundo lugar, a tradição impressa da obra poética atribuída a Laurindo caracteriza-se em grande parte por publicações esparsas em jornais, cancioneiros, compilações, antologias e artigos, o que confere à transmissão dos poemas um caráter disperso. Na inventio desta pesquisa, localizaram-se cento e trinta e dois testemunhos de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, depositados no acervo de seis bibliotecas, a saber, 1) Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, mais especificamente Divisão de Obras Raras, Divisão de Periódicos, Divisão de Obras Gerais e Divisão de Música; 2) Biblioteca José de Alencar, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Bibliotecas 3) Lúcio de Mendonça e 4) Rodolfo Garcia, da Academia Brasileira de Letras; 5) Biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura; e 6) Biblioteca do Instituto Histórico-Geográfico Brasileiro. A razão para a inventio ter se limitado apenas a essas bibliotecas deve-se ao fato de o material levantado já cobrir de maneira satisfatória a tradição impressa dos poemas atribuídos a Laurindo. Seguem abaixo o testemunhos, organizados cronologicamente em cinco categorias: I) Periódicos de assuntos diversos, II) Periódicos e cancioneiros de modinhas e lundus, III) Compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, IV) Antologias e V) Caráter geral. Por razões de economia, a bibliografia material ficou simplificada ao máximo. Recuperaram-se apenas informações básicas como a) indicação bibliográfica do testemunho conforme as normas da ABNT; b) relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, com os títulos no regime original de maiúsculas, minúsculas, negritos e itálicos e de quebras de linha; e c) breve observação acerca do testemunho somente em situações de relevância. O emprego dos parênteses é feito conforme o título original, reservando-se os colchetes para o acréscimo de informações, como primeiro verso do poema ou mote, uma vez que há títulos pouco identificadores, a exemplo de “Mote”, “Décima”, “Outro”, “Soneto”; ou, por vezes, os poemas nem sequer trazem título no testemunho em questão. Usam-se as chaves exclusivamente para as etiquetas do poema. Um dos problemas encontrados na elaboração do inventário testemunhal é que os títulos dos poemas aparecem modificados por pequenas flutuações ou até por significativas diferenças, como “Adeus… adeus…”, que figura também como “A despedida”; ou “Perdeu a flor de meus dias”, publicado ainda sob os títulos de “A minha flor” e “Já 103 não vive a minha flor”. Portanto, para fins de discriminação e contabilização dos poemas, empregou-se uma etiqueta indicada entre chaves, com base no mais remoto testemunho de publicação localizado pela inventio e o número de ordem no referido testemunho. Assim há como se discernir através da própria notação o testemunho em que cada poema entra na tradição. Por exemplo, ‘{Tr1-01}’, etiqueta de “O que são meus versos”, assinala que se trata de um poema publicado originalmente na primeira edição de Trovas (Tr1) e que figura na posição inicial (01) da relação de poemas. Quanto às abreviações, seguirá nas normas de edição deste trabalho a lista com a correlação entre as mesmas e os respectivos testemunhos. Ao fim deste inventário, serão contabilizados os poemas consoante as etiquetas, por ordem alfabética. 4.1.1. Periódicos de assuntos diversos 01. O SINO DOS BARBADINHOS JORNAL POLÍTICO JOCO-SÉRIO. 9/03/1849, n.2 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. FOLHETIM./ FELIZ-ASNO/ I./ O PAGODE DO BANGÚ. {SB-01}, pp.0103 Observações: periódico com propósito de crítica política através de textos bem humorados. Não há atribuição de autoria do editorial nem dos demais textos. Na inventio desta pesquisa, chegou-se a esse periódico através do Dicionário bibliográfico português de Inocêncio Francisco da Silva, em cujo verbete relativo a Laurindo Rabello é mencionada sua participação. A Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro dispõe apenas do volume 1 d’O sino dos barbadinhos, correspondente aos números 1 a 5, publicados de 21 de fevereiro a 23 de maio de 1849, em que se baseou a inventio desta pesquisa. 02. O SINO DOS BARBADINHOS JORNAL POLÍTICO JOCO-SÉRIO. 8/03/1849, n.3 104 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. FOLHETIM./ CONTINUAÇÃO {SB-01}, pp.01-02 02. O Maneco e os moleques/ LUNDÚ/ CANTADO PELO VELHO BERNARDO NA NOITE DO DIA QUINZE DO CORRENTE,/ NA TORRE DA IGREJA DOS BARBADINHOS. {SB-02}, pp.07-08 03. O SINO DOS BARBADINHOS JORNAL POLÍTICO JOCO-SÉRIO. 5/05/1849, n.4 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. APOLOGO./ O VIAJANTE, O CAVALLO, O ASNO, E O COELHO. {SB03}, p.04 04. A VOZ DA JUVENTUDE REVISTA DO GINÁSIO BRASILEIRO. 15/09/1849, n.8 (1º SEMESTRE) Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.06-07 Observações: periódico com o objetivo de divulgar a produção literária de jovens escritores. C. L. assina o editorial. A Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro dispõe apenas dos volumes 1 e 2 d’A voz da juventude, correspondentes aos números 1 a 12, publicados de 01 de junho de 1849 a 15 de novembro de 1850, em que se baseou a inventio desta pesquisa. 05. A VOZ DA JUVENTUDE REVISTA DO GINÁSIO BRASILEIRO. 01/06/1850, n.1 (2º semestre) Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. DELIRIO E CIUME {VJ-01}, pp.04-05 105 06. A VOZ DA JUVENTUDE REVISTA DO GINÁSIO BRASILEIRO. 15/07/1850, n.4 (2º semestre) Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.30-31 07. CASTILHO, Alexandre Magno. Almanaque de lembranças luso-brasileiro para 1855. Lisboa: Imprensa de Lucas Evangelista, 1854. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. A minha resolução. {Tr1-06}, p.378 Observações: almanaque com seções variadas, que reune textos de autores consagrados da literatura luso-brasileira, como Gonçalves Dias e Alexandre Herculano. 08. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 21/01/1855, n.542 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. OUTRA. [“As Potências do Ocidente”] {MF-01}, p.3 Observações: jornal editado por Francisco de Paula Brito, grande amigo de Laurindo Rabello. Em sua redação, trabalharam nomes importantes da literatura brasileira, a exemplo de Machado de Assis, que estreiou na Marmota aos dezesseis anos com o poema “Ela”. Paula Brito tinha por hábito lançar concursos de glosas a partir de um mote dado, para incrementar a venda do jornal. O poema de Laurindo Rabello publicado nessa edição consiste numa das muitas glosas estampadas na Marmota acerca do mote “As potências do Ocidente,/ Com as Águias e os Leões,/ Ou tomam Sebastopol,/ Ou deixam de ser Nações.”, publicado no número 530 da Marmota (12/12/1854), com o seguinte anúncio: 106 Chegada do Paquete. Não foi tomado Sebastopol! Por isto, por aquilo, por aquil’outro; mas há de ser por este motivo, por aquele, e, principalmente, por causa das brechas… As potências do Ocidente, Com as Águias e os Leões, Ou tomam Sebastopol, Ou deixam de ser Nações. Quem melhor glosar este mote terá de prêmio 1 vol. do – Ensaio Corográfico do Brasil – pelos Srs. Accioli e Mello Moraes, encadernado. (MARMOTA FLUMINENSE: 1854, p.01) 09. O ACADÊMICO PERIÓDICO CIENTÍFICO, LITERÁRIO ESPECIALMENTE MÉDICO. agosto de 1855 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. FLORES MURCHAS. {Ac-01}, pp.13-15 Observações: periódico com o objetivo de difundir as descobertas nos diversos ramos da Medicina, pontos importantes das aulas práticas e teóricas dos professores de Medicina, instaurar um ambiente de discussão científica. O jornal também estava aberto aos talentos literários. Francisco Pinheiro Guimarães assina o editorial. A Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro dispõe apenas de dois volumes d’O Acadêmico, correspondentes aos número 1 a 7, publicados de julho de 1855 a setembro de 1856, em que se baseou a inventio desta pesquisa. 10. CASTILHO, Alexandre Magno. Almanaque de lembranças luso-brasileiro para 1858. Lisboa: Imprensa Nacional, 1857. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. A SAUDADE BRANCA./ (COMPOSTA POR OCCASIÃO DA MORTE DE MINHA IRMÃ.) {Tr1-15}, pp.203-204 11. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 02/01/1857, n.809 107 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. O Genio e a Morte./ (Continuação). {Tr1-03}, p.4 Observações: continuação a partir do item IV do poema. As Trovas começaram a ser publicadas na Marmota certamente antes de janeiro de 1857, mas a coleção da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro não apresenta as edições entre 28 de outubro de 1856 e 2 de janeiro de 1857. Dessa forma, não foi possível o cotejo com a última redação de “O que são meus versos”, “O meu segredo” e os segmentos I, II e III de “O gênio e a morte”. Os poemas de Trovas republicados da Marmota vinham com o seguinte cabeçalho: TROVAS DE LAURINDO JOSÉ DA SILVA RABELLO. (Hoje Doutor em Medicina). 12. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 06/01/1857, n.810 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. No album d’uma senhora. {Tr1-04}, p.3 13. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 09/01/1857, n.811 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Estragos de amor. {Tr1-05}, p.4 14. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 13/01/1857, n.812 108 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. A minha resolução. {Tr1-06}, p.4 15. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 16/01/1857, n.813 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. A linguagem dos tristes. {Tr1-07}, pp.3-4 16. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 20/01/1857, n.814 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AOS ANNOS/ DO MEU PREZADO AMIGO/ José Pedreira França. {Tr108}, p.3 17. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 23/01/1857, n.815 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AOS ANNOS/ DO MEU PREZADO AMIGO/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA./ (Continuação). {Tr1-08}, p.3 18. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 30/01/1857, n.817 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 109 01. EPICEDIO/ Á MORTE DO DOUTOR/ José de Assis Alves Branco Muniz/ Barreto/ e offerecido ao Illm. Snr./ Dr. L. M. A. F. Muniz Barreto. {Tr1-09}, p.1 19. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 03/02/1857, n.818 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. EPICEDIO/ Á MORTE DO DOUTOR/ José de Assis Alves Branco Muniz/ Barreto/ e offerecido ao Illm. Snr./ Dr. L. M. A. F. Muniz Barreto./ (Continuação). {Tr1-09}, pp.1-2 20. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 10/02/1857, n.820 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. SOBRE O TUMULO/ DO/ MARECHAL PEDRO LABATUT. {Tr1-10}, p.4 21. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 13/02/1857, n.821 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Adeos ao Mundo. {Tr1-11}, pp.3-4 22. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 17/02/1857, n.822 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. A MINHA VIDA/ AO MEU AMIGO E COLLEGA/ A. J. Rodrigues da Costa. * {Tr1-12}, p.4 110 23. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 24/02/1857, n.824 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AMOR E LAGRIMAS/ OFFERECIDA AO MEU COLLEGA E AMIGO/ MANOEL BERNARDINO BOLIVAR. {Tr1-14}, p.4 24. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 03/03/1857, n.826 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. A SAUDADE BRANCA/ Composta por occasião da morte de/ minha irmã, e offerecida ao meu/ intimo amigo e collega/ ANTONIO AUGUSTO DE MENDONÇA JUNIOR. {Tr1-15}, pp.3-4 25. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 13/03/1857, n.829 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AO/ MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ Francisco Muniz Barreto. {Tr1-16}, pp.3-4 26. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 05/05/1857, n.844 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Rondó. {MF-02}, p.4 02. Charadas. [“Todas vez que ela vem”] {MF-03}, p.4 03. Outra [“Fui fazer minha morada”] {MF-04}, p.4 111 Observações: o item 01 pertence a uma nova série de poemas que apenas será reunida em livro em compilações post-mortem. No caso específico de Rondó, trata-se de uma das recolhas de Alfredo do Vale Cabral, publicadas na Revista brasileira (1880). Os itens 02 e 03 correspondem, na verdade, a duas charadas em verso até hoje inéditas em livro. 27. MARMOTA FLUMINENSE JORNAL DE MODAS E VARIEDADES, 19/05/1857, n.848 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Mottes./ Heide, martyr de amor, morrer te amando. {Tr1-17}, p.4 02. É carpir, delirar, morrer por ella./ (BOCAGE) {Tr1-18}, p.4 28. CASTILHO, Alexandre Magno. Almanaque de lembranças luso-brasileiro para 1859. Lisboa: Imprensa Nacional, 1858. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Á SENHORA MARIETTA LANDA/ (POR OCCASIÃO DE CANTAR NO THEATRO DE S. JOÃO/ DO RIO DE JANEIRO). {Tr1-21}, p.126 29. A MARMOTA, 29/06/1858, n.964 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AOS ANNOS/ DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO/ POR * * * {MF-05}, pp.1-2 Observações: paratexto de apresentação ao poema: “– Se pelo dedo se conhece o gigante, não será difícil, pelos seguintes versos, conhecer-se a cabeça que os produziu, que é sem dúvida alguma a primeira cabeça de poeta que devemos ufanar-nos de possuir.” 112 30. A MARMOTA, 24/08/1858, n.980 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. À/ D. CARLOTA MILLIET/ NA NOITE DE SEU BENEFICIO/ EM 16 DE AGOSTO DE 1858. {MF-06}, p.2 Observações: esse número da Marmota foi dedicado a Carlota Leal Milliet, que estrelou a ópera Norma, de Bellini, executada pela Orquestra da Imperial Academia, no dia 12 de agosto de 1858, no Teatro de São Pedro de Alcântara. Paula Brito assina o editorial, em que descreve o sucesso da apresentação da cantora e a quantidade de presentes que ela recebeu, desde flores em profusão a poemas. 31. A MARMOTA, 25/02/1859, n.1033 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Dous impossiveis. {MF-07}, p.01 Observações: poema pertencente a uma nova série que apenas será reunida em livro em compilações post-mortem. 32. A MARMOTA, 15/04/1859, n.1047 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Motte. [“Beijo a mão que me condemna”] {MF-08}, p.01 33. A MARMOTA, 06/05/1859, n.1053 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Teus olhos. {MF-09}, p.3 Observações: Em paratexto, antecedendo o texto do poema, há a seguinte chamada: 113 – Chammamos a attenção dos leitores para a seguinte poesia. (p.03) 34. A MARMOTA, 10/05/1859, n.1054 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Que mais desejas. {MF-10}, pp.3-4 35. A MARMOTA, 31/05/1859, n.1060 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. As lagrimas. {MF-11}, p.3 36. A MARMOTA, 03/06/1859, n.1061 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AO/ OCTAGESIMO SEGUNDO ANNIVERSARIO/ DO ILLM. SNR./ JOÃO ANTONIO DA TRINDADE / NO DIA 26 DE MAIO DE 1859/ PELO SEU AFILHADO/ DR. LAURINDO JOSÉ DA SILVA/ RABELLO. {MF-12}, p.01 37. A MARMOTA, 07/06/1859, n.1062 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Saudades. {MF-13}, p.01 38. A MARMOTA, 17/06/1859, n.1065 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Epigramma. [“Tratou Maria os meus versos”] {MF-14}, p.04 114 Observações: poema até hoje inédito em livro. 39. A MARMOTA, 05/07/1859, n.1070 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AO/ BAPTISMO DE DOUS MENINOS. {MF-15}, pp.2-3 40. O ESPELHO REVISTA DE LITERATURA, MODAS, INDÚSTRIA E ARTES, 18/09/1859, n.3 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Desalento. {Es-01}, p.08 Observações: no editorial do primeiro número, publicado a 04 de setembro de 1859, Francisco Eleutério de Sousa, diretor e redator do periódico, manifesta o propósito de instruir, deleitar e instruir a sociedade, desde os salões da alta burguesia às classes mais humildes. O Espelho, assim, seria o espaço para publicações variadas, como romances originais ou traduzidos, artigos sobre literatura, indústria, artes, poesia e matérias voltadas ao público feminino. Destina-se ainda a divulgar novos talentos. Machado de Assis participou ativamente da redação desse periódico, tendo depois a ajuda de Laurindo Rabello, como noticia Raimundo Magalhães Júnior: Machado, nos 12 primeiros números da pequena revista, era, praticamente, o faz-tudo ou tudo-faz da redação. Só depois de ter completado três meses, vitória que celebrou no artigo de abertura do n.13, datado de 27 de novembro de 1859, O Espelho assim anunciou então a entrada de Laurindo Rabelo para a sua redação: “Os nossos leitores conhecem sem dúvida uma das bonitas penas que desta redação já faz parte, o Sr. Machado de Assis; além deste Sr., tomará também parte na redação o Sr. L. J. da Silva Rabelo, cujas belíssimas poesias mais de uma vez terão apreciado”. (MAGALHÃES JÚNIOR: 1981, p.104) 115 41. O ESPELHO REVISTA DE LITERATURA, MODAS, INDÚSTRIA E ARTES, 09/10/1859, n.6 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Á morte de Junqueira Freire. {Es-02}, p.11 42. O ESPELHO REVISTA DE LITERATURA, MODAS, INDÚSTRIA E ARTES, 11/12/1859, n.15 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. As duas redempções./ AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA MENINA. {Es-03}, pp.09-10 43. A MARMOTA, 20/12/1859, n.1118 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. COLCHÊA [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.03 02. OUTRA [“Uma ingrata, uma inconstante”] {MF-17}, p.03 44. A MARMOTA, 07/02/1860, n.1132 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Motte a premio. [“As Potencias do Occidente”] {MF-01}, p.01 Observações: trata-se da republicação da glosa de Laurindo Rabello ao mote do concurso proposto por Paula Brito. Há o seguinte paratexto de apresentação ao poema: As questões literárias. Das questões literárias, que, em motes, temos posto a prêmio, a mais importante, a mais renhida, foi sem dúvida alguma a da guerra do oriente. 116 Como a glosa premiada do Sr. Laurindo José da Silva Rabello tem sido muito pedida, por já não existirem exemplares da Marmota em que ela foi publicada, antes e depois do julgamento; aqui a reproduzimos, para satisfazer a curiosidade dos que desejam tanto vê-la, como possuí-la. 45. A MARMOTA, 02/03/1860, n.1139 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Motte. [“Um pensamento de morte”] {MF-18}, p.01 46. A MARMOTA, 06/04/1860, n.1149 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Á minha terra natal. {MF-19}, pp.01-02 47. A MARMOTA, 21/09/1860, n.1197 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Modinha. [“Que mais desejas?”] {MF-10}, p.01 Observações: republicação de “Que mais desejas?” com o seguinte paratexto de apresentação: Que mais desejas!... Os nossos leitores devem estar lembrados de que já publicamos em nossas colunas esta conceituosa poesia do nosso amigo Dr. Laurindo José da Silva Rabello, poesia que foi bem e geralmente aceita, sendo mais que muito notável a estrofe 3a “Se não me queres.” Conhecida do público e altamente apreciada esta insigne produção do estro ardente, coração apaixonado e alma sensível do inimitável poeta fluminense, foi ela bem interpretada em música pelo Sr. Almeida Cunha, impressa, e se acha à venda na loja desta oficina, praça da constituição n.64. Recomendamos portanto às nossas patrícias, não só a leitura, como a execução musical de tão bela e tão interessante. Ao fim do poema, outro paratexto: 117 Reproduzimos as letras para que não haja uma só de nossas leitoras, terna, sensível e apaixonada, que deixe de cantar esta sublime inspiração do Dr. Laurindo, premiando assim, com a compra de muitas músicas, o talento de quem soube tão bem compreender a poesia, tornando-a de canto agradável, amável e de fácil execução. 48. A MARMOTA, 26/10/1860, n.1207 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. EPISTOLA. {MF-20}, pp.01-02 Observações: Após o poema, há o seguinte paratexto: – De propósito não dissemos de quem eram estes versos, e também estamos certos de que, logo ao ler as primeiras estâncias, da boca dos leitores saiu maquinalmente o nome do – DR. LAURINDO! E como não? Pois há quem escreva com mais entusiasmo, com mais sentimento, e que revista de mais brilhantes galas ainda os seus mais simplices versos? Certamente que não. Esta poesia, porém, sincero desabafo de um coração amigo, foi escrita sob a impressão do isolamento em que era natural que se achasse um poeta de imaginação ardente, como o talentoso Fluminense! Em sua carta, porém, de 1o de Setembro do corrente ano, mais aliviado se achava ele do peso da saudade que até então o oprimia, apesar dos desvelos e das carícias da fiel Esposa, e das distrações que lhe buscavam os tão afáveis e tão prestimosos Port’Alegrenses. “Isto que acabas de ler (me diz ele) é a simples introdução, em prosa, dessa carta, que em verso te remeto. Essa poesia foi escrita logo que aqui cheguei, e por isso, graças a Deus! é lembrança do passado, que o presente já tem modificado alguma cousa. Com efeito, não estou hoje mal na Província. Tenho mui boas relações; gozo de bom conceito; estou mesmo bastante acreditado. Se Deus me ajudar ainda, espero voltar em condições de passar tranquilo o resto de meus dias. Tenho aqui não poucas vantagens; mas tu, que me conheces, meu Brito, dize: – Poderei aqui viver tranquilo e sossegado, tão longe dos meus e de ti, principalmente?” O Dr. Laurindo tem razão! Conhece-me a fundo, e por isso falou, falando-me, como deve falar a um verdadeiro amigo. Aperta-se-me o coração quando isto leio; mas consola-me a esperança de que talvez se realizem na primeira cabeça de poeta do meu país os sonhos de glória, que tanto a mente lhe fascinam! Os versos que publicamos, pelo que são em si, e não pelo que me dizem respeito, são um belo presente que deles faço aos meus dedicados leitores. Paula Brito. 49. DIÁRIO DE RIO DE JANEIRO FOLHA POLÍTICA, LITERÁRIA E COMERCIAL, 11/10/1864, ano XLIV, n.280 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 118 01. CANTO DO CYSNE. {DRJ-01}, p.02 Observações: paratexto após o poema: “Feito pelo Sr. Dr. Laurindo Rabello no seu leito de morte, a 25 de Setembro de 1854, tendo falecido a 28 desse mesmo mês.” 50. CABRAL, [Alfredo do] Vale. Trovas de Laurindo José da Silva Rebello. Revista Brasileira. 01/11/1880. v.6 Relação de textos atribuídos a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. FLORES MURCHAS/ Offerecido ao meu amigo e collega Dr. S (ymphronio)./ O (lympio). Alvares Coelho {Ac-01}, pp.265-273 02. DELIRIO E CIUME {VJ-01}, pp.274-278 03. RONDÓ {MF-02}, p.279 04. A ROMà {RB-01}, p.280 05. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.281-284 Observações: Alfredo do Vale Cabral, que não chegou a organizar propriamente uma compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, deu importante contributo às compilações pós-Dias da Silva Júnior, publicando uma pequena antologia com o objetivo de “completar as duas edições mais recentes que temos das suas obras, dadas pelos Srs. Garnier e Dias da Silva Júnior”2. 51. CABRAL, [“Alfredo do”] Vale. Trovas de Laurindo José da Silva Rebello. Revista Brasileira. 15/12/1880. v.6 Relação de textos atribuídos a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. A D. CARLOTA LEAL MILLIET/ NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858./ ODE {MF-06}, pp.492-494 02. AOS ANNOS DE UM RESPEITAVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.495-498 03. AS LAGRIMAS {MF-11}, p.499 04. MOTTE [“Beijo a mão que me condemna”] {MF-08}, pp.500-501 2 REVISTA BRASILEIRA: 1880, p.262 119 52. CORREIA, Leôncio. Laurindo Rabello. Correio da Manhã, 09/02/1944 Textos atribuídos a Laurindo Rabello na ordem em que aparecem, com indicação pelo primeiro verso em virtude da falta de título: 01. [“Cravo, rosa, em jarra fina”], p.09 {CM-01} 02. [“Deus, para provar aos homens”], p.09 {AMT-04} 03. [“Causa pena e causa espanto”], p.09 {CM-02} Observações: matéria noticiando episódios biográficos de Laurindo Rabello, ilustrados com epigramas. 4.1.2. Periódicos e cancioneiros de modinhas e lundus 01. GUIMARÃES, Antonio Gonçalves. Folhinha de modinhas. Rio de Janeiro: Antonio Gonçalves Guimarães & Comp., [“186-”]. Observações: Na inventio desta pesquisa, foi localizada apenas a edição da Folhinha para 1868, com a seguinte página de rosto: FOLHINHA DE MODINHAS PARA O ANNO BISSEXTO DE 1868 CONTENDO O 3o CADERNO DE Modinhas, Recitativos, Cançonetas, Lundúns, etc.; seguida de noticias interessantes e a chronica do anno. RIO DE JANEIRO Publicada e á venda na Livraria de Antonio Gonçalves Guimarães & Comp. Rua do Sabão Nº 26. O “3o caderno de modinhas, recitativos, cançonetas, lundus, etc.”, constante da edição da Folhinha consultada, não apresenta textos atribuídos a Laurindo Rabello. Antenor Nascentes, por seu turno, na elaboração de PC2, consultou os primeiro, segundo, quarto e quinto cadernos, para o cotejo de variações das modinhas, conforme aponta nas notas. Segundo ainda nos informa paratextualmente, essa seria a relação entre modinhas e cadernos da Folhinha: 120 1o caderno: “Eu sinto angústias” (p.05), “Que mais desejas” (p.18), “Nestes teus lábios” (p.20), “De ti fiquei tão escravo” (p.35), “Foi em manhã de estio” (p.59); 2o caderno: “Ao trovador” (p.05); 4o caderno: “Riso e morte” (p.12), “Não tem dó do meu penar” (p.26), “A despedida” (p.31), “O espectro” (p.31), “Se me adoras, se me queres” (p.49); 5o caderno: “É aqui… bem vejo a campa” (p.36); 6o caderno: “Acabou-se a minha crença” (p.45) Além da importância para a eloboração de PC2, acresce ainda o fato de os primeiro e segundo cadernos de modinhas da Folhinha serem provavelmente os testemunhos mais remotos, no caso de algumas canções atribuídas a Laurindo Rabello. A impossibilidade de consulta ao material, no entanto, foi dirimida mutatis mutandis em função de Nascentes ter seguido sua lição em PC2. 02. Trovador: jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances, árias, canções, etc., etc., 10/01/1869, ano III, n.2 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Quanto póde um beijo teu {Trd-01}, p.12 Observações: periódico especializado em modinhas e lundus, sem texto de apresentação, organizado em três seções básicas, a saber: 1) modinhas, 2) recitativos e 3) lundus. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 03. Trovador: jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances, árias, canções, etc., etc., 01/09/1869, ano III, n.8 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Se eu fôra poeta {Trd-02}, p.59 04. Trovador: jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances, árias, canções, etc., etc., 08/09/1869, ano III, n.9 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 121 01. Trovador/ Accusação {Trd-03}, pp.66-67 05. Lira de Apolo: jornal de modinhas, lundus, recitativos, versos para fadinhos, etc., etc., 12/09/1869 (ano 1), n.7 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Se me adoras {LA-01}, p.25 Observações: texto introdutório manifestando os votos de sucesso do periódico. Publicação subdividida internamente em quatro seções: modinhas, recitativos, lundu e fadinhos. A última seção por vezes vem substituída por ‘canções’ ou suprimida. Além dessas, em algumas edições, aparece a seção ‘romances’. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 06. Lira de Apolo: jornal de modinhas, lundus, recitativos, versos para fadinhos, etc., etc., 26/09/1869 (ano 1), n.9 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Adeus… adeus… é chegada {LA-02}, p.33 07. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas portuguesas, etc., etc., 21/11/1869 (ano 1), n.17 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Perdeu a flôr de meus dias {LA-03}, p.65 08. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas portuguesas, etc., etc., 05/12/1869 (ano 1), n.19 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Se eu fôra poeta {Trd-02}, p.73 122 09. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas portuguesas, etc., etc., 06/02/1870 (ano 2), n.1 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Riso e morte {LA-04}, p.03 10. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas portuguesas, etc., etc., 03/03/1870 (ano 2), n.6 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Já dei tudo o que tinha {LA-05}, p.23 11. Lira de Apolo contendo modinhas, recitativos, lundus, fadinhos e cantigas portuguesas, etc., etc., 20/03/1870 (ano 2), n.7 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. É aqui! bem vejo a campa {LA-06}, p.30 12. Lira de Apolo: jornal de modinhas, recitativos, lundus, canções, romances e poesias de diversos autores., 11/04/1875 (ano 7) Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Perdeu a flor de meus dias {LA-03}, p.05 Observações: republicação da canção publicada anteriormente em 21/11/1869 (ano 1), n.17. 13. O sorriso: jornal de modinhas, recitativos, lundus e poesias diversas, 16/03/1872, ano 1, n.7 123 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Se me queres ver ainda {Trd-01}, pp.53-54 Observações: texto de apresentação no primeiro número, justificando o empreendimento do periódico no fato de não haver uma coleção que reúna as canções que circulam de maneira dispersa pela sociedade brasileira. O periódico subdivide-se internamente nas seções 1) recitativo, 2) modinhas e 3) lundu; por vezes figura a seção “mosaico” entre os recitativos e modinhas. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 14. O sorriso: jornal de modinhas, recitativos, lundus e poesias diversas, 31/03/1872, ano 1, n.9 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Dous impossiveis {MF-07}, pp.67-69 15. Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. Rio de Janeiro: Livraria Popular de A. A. Cruz Coutinho – Editor, 1876. v.1 Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. O CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, pp.07-08 02. RISO E MORTE {LA-04}, p.09 03. DESALENTO {Es-01}, pp.34-35 04. TROVADOR/ (ACCUSAÇÃO) {Trd-03}, pp.41-42 05. A DESPEDIDA {LA-02}, pp.88-89 06. O BANQUEIRO {TCM-01}, pp.93-94 07. QUE QUERES MAIS? {MF-10}, pp.105-106 08. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA {TCM-02}, p.134 09. EU SOFFRO ANGUSTIAS ME SUFFOCAR {TCM-03}, pp.145-146 10. DÁ-ME UM BEIJO {LA-01}, p.165-166 11. O CEGO {TCM-04}, pp.168-169 124 12. PERDEU A FLÔR DE MEUS DIAS {LA-03}, p.187 Observações: embora os poemas venham classificados pelos rótulos ‘modinha’, ‘recitativo’, ‘canção’, ‘lundu’, ‘ária’, ‘romance’, não há nos volumes desse cancioneiro uma organização interna por seções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 16. Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. Rio de Janeiro: Livraria Popular de A. A. Cruz Coutinho – Editor, 1876. v.2 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. O ESPECTRO {TCM-05}, pp.16-17 17. Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. Rio de Janeiro: Livraria Popular de A. A. Cruz Coutinho – Editor, 1876. v.3 Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.61-62 18. Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. Rio de Janeiro: Livraria Popular de A. A. Cruz Coutinho – Editor, 1876. v.5 01. FOI EM MANHà D’ESTIO {TCM-06}, pp.22-23, v.5 19. A cantora brasileira: nova coleção de modinhas brasileiras tanto amorosas como sentimentais precedidas de algumas reflexões sobre a música no Brasil. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1878. v.1 Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA {TCM-02}, pp.01-02 02. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.08-09 03. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.70 04. O ESPECTRO {TCM-05}, pp.81-82 125 05. FOI EM MANHà D’ESTIO {TCM-06}, pp.97-98 06. JÁ DEI TUDO QUE TINHA {LA-05}, p.107 07. A MINHA FLOR {LA-03}, p.158 08. QUANDO Á TEUS OLHOS {CB-01}, pp.172-174 09. RISO E MORTE {LA-04}, pp.182-183 10. DESALENTO {Es-01}, pp.183-184 11. QUE MAIS DESEJAS? {MF-10}, pp.189-190 12. SE EU FORA POETA {Trd-02}, pp.212-213 13. DÁ-ME UM BEIJO {LA-01}, p.216 14. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.234-237 Observações: volume dedicado apenas às modinhas. No texto da “Advertência”, J. N. de S. S. (provavelmente Joaquim Norberto de Souza Silva), fala da intenção baldada de resgatar as palavras de Manoel de Araújo Porto-Alegre sobre a música no Brasil, publicadas na revista Niterói, em 1836; e da proposta de identificar a autoria de canções de que se desconhecem os nomes dos legítimos compositores. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 20. A cantora brasileira: nova coleção de recitativos tanto amorosos como sentimentais precedidos de algumas reflexões sobre a música no Brasil. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1878. v.2 Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AO TROVADOR/ TERCEIRA RESPOSTA {Trd-03}, p.17 02. CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, p.35. Observações: volume dedicado apenas aos recitativos. Apresenta o mesmo texto “Advertência”, do primeiro volume. 21. A cantora brasileira: nova coleção de hinos, canções e lundus tanto amorosos como sentimentais precedidos de algumas reflexões sobre a música no Brasil. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1878. v.3 Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 126 01. CANÇÃO DO CEGO {TCM-04}, pp.33-34 02. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.105-106 03. O BANQEIRO {TCM-01}, pp.201-202 Observações: volume organizado internamente nas seções 1) hinos, 2) canções e 3) lundus. Apresenta o mesmo texto “Advertência”, dos volumes primeiro e segundo. 22. Serões baianos: coleção de recitativos, modinhas e canções. Bahia: Livraria Econômica de Tolentino Álvares & Irmão, – Editores, 1881. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AMOR E LAGRIMAS {Tr1-14}, pp.35-37 02. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.39-41 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 23. NEVES, César & CAMPOS, Gauldino de (org). Cancioneiro de músicas populares. Porto: Tipografia Ocidental, 1893. v.1. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. TROVADOR/ ROMANCE {Trd-03}, p.291 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 24. Cantor de modinhas brasileiras. 9.ed. Rio de Janeiro & São Paulo: Laemmert & C. – Editores-proprietários, 1895. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Quando eu morrer ninguem chore a minha morte/ ou/ O canto do cysne {DRJ-01}, pp.03-04 02. A minha flôr {LA-03}, pp.05-06 127 03. Desalento {Es-01}, pp.36-37 04. Riso e morte {LA-04}, pp.52-53 05. E aqui, bem vejo a campa {LA-06}, p.61 06. Acabou-se a minha crença {TCM-02}, pp.70-71 07. Eu sinto angustias {TCM-03}, pp.111-112 08. O Trovador {Trd-03}, pp.135-136 09. Que mais desejas? {MF-10}, pp.145-146 10. Quanto a teus olhos {CB-01}, pp.147-148 11. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.156-158 12. Foi em manhã de estio {TCM-06}, pp.163-164 13. Canção do cégo {TCM-04}, pp.167-168 14. A despedida/ (Romance) {LA-02}, pp.198-199 15. Não tem dó do meu penar {CB-02}, pp.210-213 16. O Espectro {TCM-05}, pp.214-216 17. Já não vive a minha flôr {LA-03}, p.320 18. Dá-me um beijo {LA-01}, p.580 19. Já te dei tudo que tinha {LA-05}, p.588 20. Se eu fora poeta {Trd-02}, pp.598-599 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 25. Lira do Trovador: coleção de modinhas, lundus, recitativos e canções. São Paulo: Tip. a vapor J. B. Endrizzi & Cia. Editores. [“c.1896”] Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Acabou-se a minha crença {TCM-02}, pp.03-04 02. O canto do cysne {DRJ-01}, pp.07-08 03. O espectro {TCM-05}, pp.12-13 04. Já não vive a minha flôr {LA-03}, pp.13-14 05. Ao trovador/ MODINHA {Trd-03}, pp.17-18 06. A Despedida {LA-02}, pp.28-29 07. Desalento/ MODINHA {Es-01}, p.32 08. Riso e morte {LA-04}, pp.52-53 128 09. Que mais desejas?/ MODINHA {MF-10}, pp.62-63 Observações: Embora o cancioneiro não esteja organizado internamente por seções, no índice são mencionados, ao lado dos títulos, os gêneros de cada canção, a saber, 1) modinha, 2) recitativo, 3) lundu, 4) canção e 5) paródia. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 26. O trovador marítimo explêndida coleção de modinhas, recitativos, lundus, canções, cançonetas, poesias, tangos e fadinhos marítimos; monólogos, etc., etc.. Rio de Janeiro: Livraria do Povo – Quaresma & C. – Livreiros-Editores, 1898. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. As rosas do cume {OPL-32}, pp.156 Observações: O cancioneiro não se encontra organizado internamente por seções, nem há qualquer menção no índice aos gêneros de canções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 27. MORAES FILHO, [“Alexandre José de”] Mello. Cantares brasileiros: cancioneiro fluminense. [“1900”] Observações: A inventio desta pesquisa não localizou um exemplar da edição original, limitando-se a consulta à reedição de 1981, correspondente ao item 42 desta seção. 28. A cantora brasileira: nova coleção de hinos, canções e lundus tanto amorosas como sentimentais precedidas de algumas reflexões sobre a música no Brasil. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1900. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. CANÇÃO DO CEGO {TCM-04}, pp.33-34 02. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.105-106 03. O BANQUEIRO {TCM-01}, pp.201-202 Observações: reedição do terceiro volume de A cantora brasileira, com idêntico conteúdo. O texto da “Advertencia” é o mesmo da edição de 1878. A lição 129 segue rigorosamente a da primeira, sem embargo de um erro tipográfico corrigido quando dessa reedição, como é o caso do título “O BANQEIRO”, alterado para “O BANQUEIRO”; ou de dois introduzidos, a saber, ‘elhar’, em “De ti fiquei tão escravo” (l.24), e ‘qne’, em “O cego de amor” (l.04). 29. MORAES FILHO, [“Alexandre José de”] Mello. Serenatas e saraus: coleção de autos populares, lundus, recitativos, modinhas, duetos, serenatas, barcarolas e outras produções brasileiras antigas e modernas. Rio de Janeiro & Paris: H. Garnier, 1902. v.3. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas e itálico: 01. A DESPEDIDA {LA-02}, pp.52-53 02. DÁ-ME UM BEIJO {LA-01}, p.67 03. E AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, pp.123-124 04. CANÇÃO DO TROVADOR {Trd-03}, pp.140-141 05. DESALENTO {Es-01}, pp.144-145 06. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.196-197 07. DÁ-ME UM BEIJO {LA-01}, pp.231-232 08. RISO E MORTE {LA-04}, pp.239-240 09. QUE MAIS DESEJAS {MF-10}, pp.256-257 10. A ROMÃ/ LUNDÚ {RB-01}, pp.262-263 Observação: O terceiro volume de Serenatas e Saraus é dedicado a 1) Hinos e 2) modinhas. O primeiro traz 1) bailes pastoris, 2) reisados e chegança, 3) lundus e modinhas de Domingos Caldas Barbosa. No segundo, Mello Moraes Filho compilou 1) recitativos, 2) diálogos e monólogos, 3) cançonetas, 4) cenas dramáticas e 5) cenas cômicas. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 30. Trovador brasileiro ou novíssimo cantor de modinhas. Rio de Janeiro: Livraria do Povo – Quaresma & C. Livreiros-Editores, 1904. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 130 01. DOIS IMPOSSIVEIS/ RECITATIVO {MF-07}, pp.07-09 02. Da-me um beijo/ LUNDÚ BAHIANO {LA-01}, p.48 03. A hora da despedida/ ROMANZA {LA-02}, pp.49-50 04. Já não vive a minha flôr/ MODINHA {LA-03}, p.52 05. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA/ MODINHA {TCM-02}, pp.66-67 06. DESALENTO {Es-01}, p.111 07. RISO E MORTE {LA-04}, pp.126-127 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 31. PAIXÃO CEARENSE, Catullo da. Cancioneiro popular de modinhas brasileiras. 25.ed. Rio de Janeiro: Livraria do Povo – Quaresma e C. – LivreirosEditores, 1908. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Que mais desejas? {MF-10}, pp.195-196 Observação: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 32. EMBARCADIÇO, José. Trovador marítimo ou lira do marinheiro. Rio de Janeiro: Livraria do Povo – Quaresma E. C. – Livreiros Editores, 1910. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. As rosas do cume {OPL-32}, pp.154-155 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 33. MENDES, Júlia de Brito. Canções populares do Brasil. Rio de Janeiro: J. Ribeiro dos Santos, 1911. 131 Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, pp.23-24 02. CANÇÃO DO TROVADOR {Trd-03}, pp.25-26 03. EU SINTO ANGUSTIAS {TCM-03}, pp.111-113 04. ESPECTRO {TCM-05}, pp.181-183 05. RISO E MORTE {LA-04}, pp.190-191 06. DESALENTO {Es-01}, pp.217-219 07. SE EU FORA POETA {Trd-02}, pp.263-265 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. Em nota introdutória, a organizadora informa que Algumas das músicas que figuram neste livro são edições dos srs. M. A. Gomes Guimarães, Bevilacqua e Arthur Napoleão, de quem obtivemos autorização para publicá-las aqui, e em cujos importantes estabelecimentos são encontradas à venda com acompanhamento para piano. (MENDES: 1911: p.01) Contém partitura com as melodias vocais de todas as canções atribuídas a Laurindo Rabello, mas sem discriminar o conteúdo textual por nota musical. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 34. CONEGUNDES, João de Souza (org). Serenatas: novíssima coleção. Rio de Janeiro: Livraria Quaresma Editora, 1914. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. AO TROVADOR/ Terceira resposta {Trd-03}, pp.32-33 02. CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, pp.91-92 Observações: publicação sem texto introdutório e organizada em quatro seções: 1) modinhas e recitativos; 2) a pastorinha, quadras para serem cantadas nas noites de Natal; 3) fadinhos portugueses; e 4) monólogos, cançonetas etc. A atribuição de autoria é feita de maneira irregular. 35. NEVES, Eduardo das & BAHIANO (org). Cancioneiro popular moderno. 10.ed. São Paulo: C. TEIXEIRA & Cª – Editores, 1921. 132 Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. O Canto do Cysne {DRJ-01}, pp.73-74 02. De ti fiquei tão escravo! {MF-09}, pp.85-86 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 36. Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas e lundus sentimentais. São Paulo: Livraria Magalhães, 192? Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Dá-me um beijo {LA-01}, pp.08-09 03. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.26-27 04. Que mais desejas? {MF-10}, pp.29-30 05. Beijo de amor {Trd-01}, p.34 06. A DESPEDIDA {LA-02}, pp.44-45 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 37. Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas e lundus sentimentais. São Paulo, Rio de Janeiro & Santos: Livraria Magalhães, [“1924?”] Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Dá-me um beijo {LA-01}, pp.08-09 03. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.26-27 04. Que mais desejas? {MF-10}, pp.29-30 05. Beijo de amor {Trd-01}, p.34 06. A Despedida {LA-02}, pp.44-45 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 133 38. SILVA, J. Chrysostomo. Lirismos dum capadócio: moderníssima coleção das melhores poesias, canções, lundus, recitativos, fadinhos e serenatas, caprichosamente coordenados por J. Crisóstomo da Silva. 2.ed. São Paulo: Livraria Editora Paulicéa, 1926. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. DESALENTO {Es-01}, pp.12-13 02. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA {TCM-02}, p.26-27 03. O CÉGO {TCM-04}, pp.34-35 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 39. PONTES, José Vieira. Lira popular brasileira: completa e escolhida coleção de modinhas, recitativos, lundus, duetos, canções e poesias. 6.ed. São Paulo: C. Teixeira & Cia. – Editores, 1927. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. O canto do cysne {DRJ-01}, pp.24-25 02. A Despedida {LA-02}, pp.51-52 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 40. MASI, Pedro Luiz. Antologia da serenata: um século de canções, luar e violão. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1957. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. O CANTO DO CISNE/ Modinha {DRJ-01}, pp.35-36 134 Observações: o texto introdutório expõe o objetivo central da obra, servir de álbum de serenatas esquecidas, isto é, “música para cantar ao sereno… (…) as canções, as valsas, as velhas modinhas, enfim, as músicas que os seresteiros, cantores de “rodinhas” da madrugada, costumavam cantar.” O organizador procede ainda a um breve histórico da serenata, sua relação com o Romantismo e os critérios de seleção de textos e organização da antologia. (MASI: 1957, p.13) Publicação divida em duas seções: modinhas, canções, serenatas e valsas; sambas-canções e modinhas regionais. Sem embargo do esforço do organizador de mencionar a autoria de vários poemas, desculpa-se de antemão, no texto introdutório, pela omissão dos nomes dos autores de alguns poemas. Com relação a “O canto do cisne”, indica as fontes que utilizou, baseando-se na lição da compilação de Osvaldo Melo Braga e em Cantares Brasileiros, de Alexandre José de Mello Moraes Filho, para atestar a autenticidade de autoria. 41. MAURÍCIO, Milene Antonieta Coutinho (org). As mais belas modinhas. Montes Claros: Espaço 2 Gráfica & Editora, 1976. v.1 Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Canto do Cisne {DRJ-01}, p.94 02. Canção do Trovador {Trd-03}, p.108 Observações: texto introdutório abordando o propósito da obra, pesquisar as modinhas e reuni-las num livro. A publicação não se apresenta subdividida em seções. Quanto à atribuição de autoria dos textos, a organizadora desculpa-se de antemão, caso haja algum equívoco, alegando que buscou utlizar as melhores fontes. Há ainda um texto breve sobre a história da modinha. A publicação apresenta a partitura das melodias vocais dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello, sem detalhar o conteúdo textual por nota musical. 42. MORAES FILHO, [“Alexandre José de”] Mello. Cantares brasileiros: cancioneiro fluminense. Rio de Janeiro: SEEC-RJ, Departamento de Cultura & INELIVRO, 1981. 135 Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. [“O diabo desta chave”] {CBr-01}, p.26 02. [“Eu possuo uma bengala”] {CBr-02}, p.26 03. O cego de amor/ MODINHA {TCM-04}, pp.35-36 04. O banqueiro/ LUNDU {TCM-01}, p.37 05. De ti fiquei tão escravo/ MODINHA {MF-09}, pp.47-48 06. Riso e morte/ MODINHA {LA-04}, p.55 07. Que mais desejas/ MODINHA {MF-10}, pp.61-62 08. Último canto do cisne/ MODINHA {DRJ-01}, pp.65-66 09. A minha flor/ MODINHA {LA-03}, pp.67-68 10. Beijo de amor/ MODINHA {Trd-01}, p.69 11. Acabou-se a minha crença/ MODINHA {TCM-02}, p.75 12. Eu sinto angústias/ MODINHA {TCM-03}, pp.115-116 13. Foi em manhã de estio/ MODINHA {TCM-06}, pp.118-119 14. O estudante e a lavadeira/ DUETO {CBr-03}, pp.121-124 15. Canção do trovador/ MODINHA {Trd-03}, pp.133-134 16. O namorado sem dinheiro/ RECITATIVO CÔMICO {CBr-04}, pp.138-142 17. Desalento/ MODINHA {Es-01}, pp.178-179 18. A despedida/ MODINHA {LA-02}, p.185 19. Espectro/ MODINHA {TCM-05}, pp.208-209 20. Hino dos cegos {P1-16}, pp.258-262 21. A romã/ LUNDU {RB-01}, p.288 22. Se eu fora poeta/MODINHA {Trd-02}, pp.304-305 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções que designam gêneros de canções, nem há qualquer menção no índice ao gênero das canções. Há apenas uma primeira parte destinada aos textos das canções, seguida de outra em que foram compiladas a partituras com as melodias vocais de algumas canções. Contém partituras com melodias vocais de “Espectro”, “Riso e morte”, “Desalento” e “Eu sinto angústias”, detalhando-se o conteúdo textual por nota musical. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. Do item 02, Mello Moraes Filho publicou apenas um fragmento de quatro versos. 136 43. MAURÍCIO, Milene Antonieta Coutinho (org). As mais belas modinhas. s.l.: Imprensa Oficial, 1982. v.2. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas e itálico: 01. EU SINTO ANGÚSTIAS {TCM-03}, p.80 02. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, p.81 03. SE EU FORA POETA {Trd-02}, p.121 04. ACABOU-SE A MINHA CRENÇA {TCM-02}, p.211 Observações: O cancioneiro encontra-se organizado internamente por seções que não correspondem aos gêneros de canções tais como figuravam comumente nos cancioneiros do século XIX. Aqui, a categorização das canções é baseada em épocas, a saber, 1) modinhas coloniais, 2) modinhas imperiais, 3) modinhas de ontem, 4) modinhas de hoje. Contém partituras com as melodias vocais de “Eu sinto angústias”, “A minha resolução”, “Se eu fora poeta” e “Acabou-se a minha crença”, mas sem detalhar o conteúdo textual por nota musical. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 44. Álbum do trovador brasileiro e coleção de modinhas, lundus, recitativos e canções. Rio de Janeiro: Garnier, s.d. Obs: Na inventio desta pesquisa, não foi localizado exemplar da obra. Sabese, apenas, pelas notas de Antenor Nascentes que o Álbum, conteria as seguintes canções atribuídas a Laurindo Rabello: “Ao trovador” (p.25). Nascentes, porém, prefere seguir a lição da Folhinha de Modinhas, anotando algumas diferenças entre ambas a lições, conforme será comentado mais adiante neste trabalho, no item “4.3. Estema”. 45. Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas e lundus sentimentais. São Paulo: Livraria Magalhães, s.d. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Dá-me um beijo {LA-01}, pp.08-09 03. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.26-27 137 04. QUE MAIS DESEJAS? {MF-10}, pp.29-30 05. Beijo de amor {Trd-01}, p.34 06. A despedida {LA-02}, pp.44-45 Observações: O cancioneiro não é organizado internamente por seções, nem há qualquer menção no índice ao gênero das canções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 46. JUNIOR, Ricardo (org). A lira do capadócio. São Paulo: Livraria Magalhães, s.d. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. O canto do Cysne {DRJ-01}, p.20-21 Observações: O texto introdutório fala do sucesso da coletânea, que em sua nova edição traz a poesia inédita “Neste mundo de ilusão” e mais duas serenatas. Embora a publicação não apresente formalmente divisões internas, o índice ao final subdivide-se em quatro seções: modinhas, em que figura “O canto do cisne”, lundus, recitativos e canções. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. 47. UM AMANTE AO LUAR (org). Cantor luso-brasileiro. São Paulo & Rio de Janeiro: Livraria Magalhães, s.d. Relação dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas e itálico: 01. Eu sinto a angustia {TCM-03}, pp.50-51 02 BEIJO DE AMOR {Trd-01}, p.81 03. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.87-88 Observações: o texto introdutório fala do esforço do organizador de reunir as mais belas serentas e de suas expectativas quanto ao sucesso da obra. Publicação sem divisão em seções tanto internamente, quanto no índice. Atribuição da autoria de textos somente em canções de Catullo da Paixão Cearense. 138 48. Cancioneiro fluminense. São Paulo: Livraria Magalhães, s.d. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Canção do Trovador {Trd-03}, pp.134-136 Observações: publicação sem texto introdutório e divisão em seções tanto internamente, quanto no índice. A atribuição de autoria dos textos é feita sem regularidade. Embora nem todos os poemas tenham atribuição de autoria, o organizador demonstra preocupação de registrar seus intérpretes, que atuavam nos cafés cantantes do Rio de Janeiro, a saber, os cançonetistas Octaviano da Rocha Vianna, Manoel Thomaz de Souza; as atrizes Cyrina Polonio, Pepa Delgado, Luiza Caldas, Laura Godinho, Cecilia Porto, Maria Flores; e os atores Mattos Figueiredo, Pedroso, Torres, Alfredo Silva, Francklin; todos mencionados desde a página de rosto. 4.1.3. Compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello 01. RABELLO, Laurindo José da Silva. Trovas. Bahia: Tipografia de Epifânio Pedroza, 1853. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas e itálico: 1. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.05-06 2. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.07-17 3. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.18-24 4. NO ALBUM D’UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.25-26 5. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.27-32 6. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.33-35 7. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.36-38 8. AOS ANNOS/ DO MEU PRESADO AMIGO/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA {Tr1-08}, pp.39-44 139 9. EPICEDIO A MORTE DO/ DR. JOSÉ DE ASSIS ALVES BRANCO MONIZ BARRETO,/ E OFFERECIDO AO ILL.mo SENHOR DR LUIZ MARIA A. F. MUNIZ BARRETO {Tr1-09}, p.45-53 10. SOBRE O TUMULO/ DO MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10}, pp.54-58 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.59-66 12. A MINHA VIDA/ AO MEU AMIGO E COLLEGA A. J. RODRIGUES DA COSTA * {Tr1-12}, pp.67-72 13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!/ AO MEU AMIGO E COLLEGA LAURINDO J. DA SILVA RABELLO {Tr1-13}, pp.73-78 14. AMOR E AS LAGRIMAS/ OFFERECIDA AO MEU COLLEGA E AMIGO/ MANOEL BENARDINO BOLIVAR {Tr1-14}, pp.79-82 15. A SAUDADE BRANCA/ COMPOSTA POR OCCASIÃO DA MORTE DE MINHA IRMÃ, E OFFERECIDA/ AO MEU INTIMO AMIGO E COLLEGA/ ANTONIO AUGUSTO DE MENDONÇA JUNIOR {Tr1-15}, pp.83-88 16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SNR. FRANCISCO MUNIZ BARRETTO {Tr1-16}, pp.89-93 17. SONETOS/ Heide martyr de amor, morrer te amando. {Tr1-17}, p.94 18. É carpir, delirar, morrer por ella. {Tr1-18}, p.95 19. [“Geme, geme, mortal infortunado”] {Tr1-19}, p.96 20. A UMA SENHORA POR OCCASIÃO DE TOCAR UMAS VARIAÇÕES SOBRE/ THEMAS DE BELINE {Tr1-20}, p.97 21. À SRA. MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO THEATRO DE S. JOÃO {Tr1-21}, p.98 22. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22}, p.99 23. À MESMA SENHORA [“Alcione, perdido o esposo amado,”] {Tr1-23}, p.100 Observações: primeira compilação de poemas de Laurindo Rabello, organizada pelo próprio autor, que no “a quem ler” pede aos leitores que não se furtem a lhe fazer as devidas críticas. A resposta demoraria por volta de dois anos, pelo menos, nos periódicos fluminenses, quiçá porque a edição de 1853 não chegou em tempo às mãos de muitos no Rio de Janeiro, como se presume, por exemplo, a 140 partir de Anastácio Luiz de Bonsucesso, que em “Quatro vultos”, apêndice à Biblioteca do instituto dos bacharéis em letras, refere-se somente à 2a edição: Quando em 1855, anunciou-se que Laurindo, o homem cujo talento tinha sido tantas vezes admirado pela multidão, publicara um volume de versos, todos procuraram conhecer o livro, (…). (BONSUCESSO: 1867, p.281) Por sua vez, Teixeira de Melo afirma Laurindo Rabello ter publicado as Trovas em 18543. Joaquim Norberto de Souza Silva sugere desconhecer a primeira edição, visto apenas referir à segunda, de 1855, na advertência de sua compilação, ainda assim contabilizando um número equivocado de poemas, a saber, vinte, ao invés de vinte e três que de fato compõem o opúsculo. Alfredo do Vale Cabral comete lapso de informações quanto à referida edição. Mesmo Osvaldo de Melo Braga, que sessenta e nove anos depois organizou a sexta compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, parece não ter também manuseado um exemplar da primeira edição, visto se equivocar com a indicação bibliográfica. Ao invés de Epifânio Pedroza, o nome correto do tipógrafo, figura Camilo de Lelis Masson & Cia. O único exemplar localizado na inventio desta pesquisa encontra-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (BN). Curiosamente Teixeira de Melo, que em artigo publicado nos Anais da própria BN incluiu um breve estudo acerca das compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello publicadas até 1877, confessa não ter consultado a edição original, por não desfrutar de nenhum exemplar, afirmando ainda “de fonte certa”4 a data de publicação ser 1854, com base em matéria da Marmota Fluminense de 27/06/1854. Eis a fonte: AS TROVAS do Sr. Laurindo José da Silva Rabelo. Foi deste interessante livro, de que o autor nos fez presente, que transcreveremos a poesia que abaixo se segue, e que recomendamos aos cuidados dos cultivadores das musas e dos apreciadores da lira fluminense. O livro do Sr. Laurindo é tal, impresso há pouco na Bahia (e que vai ser reimpresso nesta corte), que para fazer-se dele uma transcrição, não é preciso escolher a poesia pelo assunto, todas as estrelas são astros, e é por isso que nós abrindo-o por acaso, encontramos na página 33 a - minha resolução - título modesto que é desenvolvido por estes versos, tão simples, tão belos, tão naturais, que 3 4 MELO: 1877, p.358. Idem: ibidem, p.358. 141 ninguém ficará satisfeito lendo-os uma só vez!5 (MARMOTA FLUMINENSE, 1854, p.3) A explicação para o desencontro entre Teixeira de Melo e a primeira edição, depositada na Divisão de Obras Raras da BN, pode ser o fato de ela, conforme o livro de registro de entrada aponta, ter sido catalogada somente em 30 de junho de 1952, portanto cerca de setenta e cinco anos depois. O exemplar pertenceu a Félix Ferreira e integra a coleção Benedito Ottoni, que ainda conta com um exemplar da edição de Eduardo de Sá, a ser descrita mais a frente. 02. RABELLO, Laurindo José da Silva. Trovas. 2.ed. Rio de Janeiro: Tipografia de Nicolau Lobo Viana & Filhos, 1855. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas e itálico: 1. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.07-08 2. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.09-19 3. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.20-24 4. NO ALBUM D’UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.25-26 5. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.27-32 6. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.33-35 7. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.36-38 8. AOS ANNOS/ DO MEU PRESADO AMIGO/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA {Tr1-08}, pp.39-44 9. EPICEDIO A MORTE DO/ DR. JOSÉ DE ASSIS ALVES BRANCO MONIZ BARRETO,/ E OFFERECIDO AO ILL.mo SENHOR DR LUIZ MARIA A. F. MUNIZ BARRETO {Tr1-09}, p.45-53 10. SOBRE O TUMULO/ DO MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10}, pp.54-58 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.59-66 12. A MINHA VIDA/ AO MEU AMIGO E COLLEGA A. J. RODRIGUES DA COSTA * {Tr1-12}, pp.67-72 13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!/ AO MEU AMIGO E COLLEGA LAURINDO J. DA SILVA RABELLO {Tr1-13}, pp.73-78 5 Na sequência, o poema “A minha resolução” é transcrito na íntegra. 142 14. AMOR E AS LAGRIMAS/ OFFERECIDA AO MEU COLLEGA E AMIGO/ MANOEL BENARDINO BOLIVAR {Tr1-14}, pp.79-82 15. A SAUDADE BRANCA/ COMPOSTA POR OCCASIÃO DA MORTE DE MINHA IRMÃ, E OFFERECIDA/ AO MEU INTIMO AMIGO E COLLEGA/ ANTONIO AUGUSTO DE MENDONÇA JUNIOR {Tr1-15}, pp.83-88 16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SNR. FRANCISCO MUNIZ BARRETTO {Tr1-16}, pp.89-93 17. Heide martyr de amor, morrer te amando. {Tr1-17}, p.90 18. É carpir, delirar, morrer por ella. {Tr1-18}, p.91 19. SONETO [“Geme, geme, mortal infortunado”] {Tr1-19}, p.92 20. A UMA SENHORA POR OCCASIÃO DE TOCAR UMAS VARIAÇÕES SOBRE/ THEMAS DE BELINE {Tr1-20}, p.93 21. À SRA. MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO THEATRO DE S. JOÃO {Tr1-21}, p.94 22. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22}, p.95 23. À MESMA SENHORA [“Alcione, perdido o esposo amado,”] {Tr1-23}, p.96 24. À BAHIA {Tr2-01}, pp.97-102 Observações: segunda edição de Trovas. É provável que Laurindo Rabello tenha preparado a segunda edição, mas não tenha visto o resultado final, questão que será abordada mais em momento neste trabalho, no item “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”. Acréscimo do poema À Bahia ao final da sequência de poemas originários da primeira edição. De acordo com Teixeira de Melo, foi a partir dessa edição que, no Diário do Rio de Janeiro de 15 de abril de 1856, Augusto Emílio Zaluar manifestou sua crítica, já aludida no item “3.1. Recepção crítica”. 03. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias. Rio de Janeiro: Tipografia de Pinheiro & Companhia, 1867. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. MOTE [“Sôa o bronze expira o dia”] {P1-01}, pp.V-VII 02. MOTE [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.VII-VIII 03. MOTE [“Quebrou amor por despeito”] {P1-03}, p.IX 143 04. OUTRA [“Um cartucho de confeito”] {P1-04} 05. MOTE [“Ou são quatro as graças bellas”] {P1-05}, p.X 06. MOTE [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.X 07. MOTE [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, p.XI 08. [“Se não é dado o ser médico aos poetas”] {P1-07}, p.XVII 09. [“Cada um de nós no mundo”] {P1-08}, p.XIX 10. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.01-02 11. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.03-13 12. O GENIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.14-20 13. NO ALBUM D’UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.21-22 14. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.23-28 15. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.29-30 16. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.31-34 17. AOS ANNOS/ DO MEU PREZADO AMIGO/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA. {Tr1-08}, pp.35-40 18. EPICEDIO/ Á MORTE/ DO DOUTOR/ José de Assis Alves Branco Moniz Barreto/ e offerecido ao Illm. Sr./ DR. LUIZ MARIA A. F. MONIZ BARRETO {Tr1-09}, pp.41-48 19. SOBRE O TUMULO/ DO MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10}, pp.49-52 20. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.53-58 21. A MINHA VIDA/ AO MEU AMIGO E COLLEGA/ A. J. RODRIGUES DA COSTA {Tr1-12}, pp.59-62 22. O QUE SOU E O QUE SEREI!/ AO MEU AMIGO E COLLEGA/ LAURINDO J. DA SILVA RABELLO {Tr1-13}, pp.63-67 23. AMOR E LAGRIMAS/ OFFERECIDA AO MEU COLLEGA E AMIGO/ MANOEL BERNARDINO BOLIVAR {Tr1-14}, pp.68-70 24. A SAUDADE BRANCA/ COMPOSTA POR/ occasião da morte de minha irmã/ e offerecida ao meu intimo amigo e collega/ ANTONIO AUGUSTO DE MENDONÇA JUNIOR {Tr1-15}, pp.71-75 25. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr1-16}, pp.76-79 26. HEI DE, MARTYR DE AMOR, MORRER TE AMANDO {Tr1-17}, p.80 27. É CARPIR, DELIRAR, MORRER POR ELLA {Tr1-18}, p.81 144 28. SONETO {Tr1-19}, p.82 29. A UMA SENHORA/ POR OCCASIÃO/ DE TOCAR UMAS VARIAÇÕES SOBRE/ THEMAS DE BELLINI {Tr1-20}, p.83 30. Á SRA. MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR DO THEATRO DE S. JOÃO {Tr1-21}, p.84 31. Á MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22}, p.85 32. Á MESMA SENHORA [“Alcione, perdido o esposo amado,”] {Tr1-23}, p.86 33. Á BAHIA {Tr2-01}, pp.87-91 34. Á MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.92-93 35. FRAGMENTO/ AMOR PERFEITO {Ac-01}6, pp.94-96 36. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.97-99 37. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.100-103 38. AS DUAS REDEMPÇÕES/ AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA MENINA {Es-03}, pp.104-107 39. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.108-125 40. AO OCTAGESIMO SEGUNDO ANNIVERSARIO DO ILLM. SR./ JOÃO ANTONIO DA TRINDADE, NO DIA 26 DE MAIO/ DE 1859, PELO SEU AFILHADO DR. LAURINDO JOSÉ/ DA SILVA RABELLO. {MF-12}, pp.126-128 41. AOS ANNOS DE MINHA MADRINHA/ A EXM. SRA. D. THERESA MARIA CAETANA/ DA TRINDADE {P1-11}, pp.129-130 42. MOTE A PREMIO [“As Potencias do Occidente”] {MF-01}, pp.131-132 43. MOTE/ IMPROVISADO EM UMA REUNIÃO PATRIOTICA QUE FES-/ TEJAVA O DIA 7 DE SETEMBRO, ANNIVERSARIO DA/ INDEPENDENCIA DO IMPERIO. {P1-12}, pp.133-134 44. FRAGMENTO/ SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}7, pp.135-137 45. POESIA/ OFFERECIDA AO SR. P. J. F. TORRES E A SUA SRA./ D. L. L. DA CUNHA TORRES/ Por occasião do baptismo de um seu filho, tendo a mesma senhora servido de madrinha a um outro menino baptizado na mesma occasião. {MF-15}, pp.138-140 6 Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 7 Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 145 46. O DESALENTO/ AO MEU AMIGO/ LEOPOLDO LUIZ DA CUNHA {Es01}, pp.141-142 47. À MINHA TERRA NATAL {MF-19}, pp.143-144 48. SAUDADES {MF-13}, pp.145-148 49. EPISTOLA/ AO AMIGO PAULA BRITO {MF-20}, pp.149-152 50. BANDO/ FEITO COM O FIM DE CONVIDAR O POVO BAHIANO A CE-/LEBRAR O DIA 2 DE JULHO COM POMPA {P1-13}, pp.153-156 51. IMPROVISO/ NA OCCASIÃO DE VER TERRAS DO RIO DE JANEIRO,/ VINDO DA PROVINCIA DO RIO GRANDE DO SUL {P1-14}, pp.157-158 52. MOTE [“Um pensamento de morte”] {MF-18}, pp.159-160 53. AO DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TUMULOS {P1-15}, pp.161163 54. HYMNO/ QUE OS MENINOS CEGOS CANTÁRÃO NA OCCASIÃO DA/ DISTRIBUIÇÃO DOS PREMIOS EM 1863 {P1-16}, pp.164-169 55. MOTE/ A MINHA MULHER {P1-17}, pp.170-171 56. ULTIMO CANTO DO CYSNE {DRJ-01}, pp.172-173 Observações: primeira compilação post-mortem de poemas de Laurindo Rabello. Nas páginas XXI-XXVII, Eduardo de Sá Pereira de Castro, o organizador, compila seis improvisos e dois epigramas atribuídos a Laurindo Rabello. Reúne ainda os poemas declamados no funeral de Laurindo Rabello por Pires Ferrão e Antônio Herculano da Costa Brito. A compilação de Eduardo de Sá dispõe inicialmente dos vinte e quatro poemas da segunda edição na ordem original, seguidos por vinte e três recolhas, num total de cinquenta e cinco textos.8 O exemplar consultado nesta pesquisa encontra-se na Biblioteca Lúcio de Mendonça (ABL). Pertenceu ao acadêmico Tancredo Paiva e apresenta dedicatória de Eduardo de Sá a Luiz Joaquim Duque Estrada Teixeira9, datada de 08/03/1871. Além dessas particularidades, sua importância consiste em apresentar emendas a lápis adotadas por Osvaldo de Melo Braga em sua compilação, quiçá até mesmo feitas por ele, uma vez que foi bibliotecário chefe daquela biblioteca. 8 Isto é, quarenta e sete da compilação propriamente dita mais oito reunidos na própria introdução. Como se verá, algumas compilações posteriores repudiarão os poemas transcritos por Eduardo de Sá na introdução. 9 Luiz Joaquim Duque Estrada Teixeira (1836-1884), doutor em Direito e deputado provincial e geral quatro vezes pelo partido conservador. 146 O texto introdutório da compilação de Eduardo de Sá é preponderantemente concentrado em aspectos biográficos. As breves referências à obra de Laurindo Rabello remetem às lacunas na bibliografia ativa, o poema narrativo “Alberto”, de que é feita uma síntese, e as peças Os anéis de uma cadeia e O mendigo da serra, além de se mencionar a polivalência da poesia de Laurindo Rabello, em que confluem diversos estilos “o sério, o burlesco, o erótico, o épico, o pindárico (…).” 10, questão já desenvolvida no item “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”. 04. RABELLO, Laurindo José da Silva. Obras poéticas. Rio de Janeiro & Paris: H. Garnier, Livreiro-editor, 1876. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SAO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.69-71 02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.73-84 03. O GENIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.85-93 04. NO ALBUM DE UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.95-96 05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.97-104 06. A MINHA RESOLUÇAO {Tr1-06}, pp.105-107 07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.109-112 08. A JOSE PEDREIRA FRANÇA {Tr1-08}, pp.113-118 09. A MORTE DO DR. JOSE DE ASSIZ1 {Tr1-09}, pp.119-128 10. SOBRE O TUMULO DO MARECHAL/ LABATUT {Tr1-10}, pp.129-133 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.135-141 12. A MINHA VIDA1 {Tr1-12}, pp.143-147 13. O QUE SOU E O QUE SEREI {Tr1-13}, pp.149-153 14. AMOR E LAGRIMAS 1 {Tr1-14}, pp.155-157 15. A SAUDADE BRANCA1 {Tr1-15}, pp.159-163 16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr1-16}, pp.165-168 17. A’ BAHIA {Tr2-01}, pp.169-174 18. A, MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.175-176 10 CASTRO: 1867, p.V. 147 19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.177-17911 20. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.181-183 21. NÃO POSSO MAIS {P1-09}, pp.185-188 22. AS DUAS REDEMPÇÕES/ AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA MENINA {Es-03}, pp.189-192 23. AO SR JOÃO ANTONIO DA TRINDADE1 {MF-12}, pp.193-196 24. A, Sra D. TERESA MARIA CAETANA/ DA TRINDADE1 {P1-11}, pp.197198 25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}, pp.199-20112 26. OS DOUS BAPTISADOS1 {MF-15}, pp.203-205 27. O DESALENTO/ AO MEU AMIGO/ LEOPOLDO LUIZ DA CUNHA {Es-01}, pp.207-208 28. A, TERRA NATAL {MF-19}, pp.209-210 29. SAUDADES {MF-13}, pp.211-214 30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.215-218 31. BANDO1 {P1-13}, pp.219-222 32. AO AVISTAR AS TERRAS DO RIO/ DE JANEIRO1 {P1-14}, pp.223-224 33. AO DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TUMULOS {P1-15}, pp.225228 34. ULTIMO CANTO DO CYSNE {DRJ-01), pp.229-230 35. AS POTENCIAS DO OCCIDENTE {MF-01}, pp.233-234 36. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.235-236 37. O PHAROL DA LIBERDADE1 {P1-12}, pp.237-239 38. A MINHA MULHER {P1-17}, pp.241-242 39. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, p.245 40. A UMA INCONSTANTE/ SONETO II {Tr1-18}, p.246 41. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, p.247 42. A UMA SENHORA/ SONETO IV {Tr1-20}, p.248 43. A’ SENHORA MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO THEATRO DE S. JOÃO/ DA CIDADE DA BAHIA/ SONETO V {Tr1-21}, p.249 44. A’ MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.250 11 Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico. 12 Esse poema corresponde na verdade ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico. 148 45. A’ MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.251 46. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.253-275 47. HYMNO {P1-16}, pp.277-286 Observações: segunda compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. O compilador, Joaquim Norberto de Souza Silva, reuniu quarenta e sete poemas. Na “Advertência sobre a presente edição”, Norberto de Souza Silva fala do esforço para reunir obras de autores esquecidos como Basílio da Gama, Santa Rita Durão, Antônio José, dentre outros. Sua coletânea integra a coleção “Brasília”. Ao mencionar a data de publicação das Trovas, cita o prefácio escrito por Laurindo Rabello quase na íntegra, ignorando a data correta da primeira edição. Logo após, reedita o estudo de Eduardo de Sá no segmento “Juízo Crítico”, seguido por um texto de sua autoria, a “Notícia sobre o Dr. Laurindo Rabello e suas obras”, pelas “Poesias à memória de Laurindo Rabello” 13 e enfim as “Notas”. Depois da antologia propriamente dita, há somente o índice dos poemas. Em confronto com a compilação de Eduardo de Sá, não se pode deixar de notar, no trabalho de Norberto de Souza Silva, a redução do número de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. O fato se dá pela não inserção total das recolhas de Eduardo de Sá no corpo propriamente dito da compilação. Os seis improvisos e dois epigramas do texto introdutório de Eduardo de Sá aparecem apenas na seção “Juízo Crítico”. A compilação apresenta, portanto, os vinte e quatro da segunda edição de Trovas (aproveitamento total) somados a vinte e três das vinte e nove recolhas de Eduardo de Sá (aproveitamento parcial). A compilação de Norberto de Souza Silva traz ainda outras particularidades. Uma delas é a alteração de títulos, visando, crê-se, à economia feita através do enxugamento dos mais extensos, como por exemplo “A saudade branca. Composta por ocasião da morte de minha irmã, e oferecida ao meu íntimo amigo e colega Antônio Augusto de Mendonça Júnior”, que passou simplesmente a “A saudade branca”, ou ainda “Poesia oferecida ao Sr. P. J. F. Torres e a sua Sra. D. L. L. da Cunha Torres por ocasião do batismo de um seu filho, tendo a mesma senhora servido de madrinha a um outro menino batizado na mesma ocasião.”, abreviada para “Os dous baptisados”, com as devidas notas de roda-pé. Outra mudança foi a alteração da ordem dos poemas. 13 “Soneto”, de Pires Ferrão; poema sem título de Carlos Ferreira; outro poema sem título de Costa Brito. Esses poemas já haviam sido recolhidos por Eduardo de Sá, na introdução de sua compilação. 149 Embora o estudo de Joaquim Norberto de Souza Silva priorize a biografia, a curta apreciação literária que é feita vai um pouco mais a fundo do que a de Eduardo de Sá, descrevendo vicissitudes quanto à métrica e à rima de Laurindo Rabello: Como José Bonifácio, adotou as estrofes irregulares na maior parte de suas poesias. A sua rima é rica e variada, mas não guarda simetria alguma no uso das agudas e graves, segundo a regra observada pelos italianos e seguida pelos nossos melhores poetas. São seus versos harmoniosos e raro é encontrar algum mal medido ou cesurado. (SILVA: 1876, p.35) É explorado ainda o problema das obras perdidas de Laurindo Rabello, sendo citados os mesmos títulos referidos por Eduardo de Sá, e resumido o poema “Alberto”. 05. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias do dr. Laurindo. Rio de Janeiro: Tipografia e litografia Carioca, 1877. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.21-22 02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.23-33 03. O GENIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.34-40 04. No album d’uma Senhora {Tr1-04}, pp.41-42 05. Estragos de amor {Tr1-05}, pp.43-48 06. Linguagem dos Tristes {Tr1-07}, pp.49-52 07. AO NATALICIO/ DE/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA {Tr1-08}, pp.53-59 08. EPICEDIO/ Á/ MORTE DO DOUTOR/ José de Assis Alves Branco Moniz Barreto {Tr1-09}, pp.60-68 09. SOBRE O TUMULO/ DO/ MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10}, pp.69-72 10. Adeus ao mundo {Tr1-11}, pp.73-78 11. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.79-82 12. Amor e lagrimas {Tr1-14}, pp.83 13. Á Bahia {Tr2-01}, pp.86-90 14. Á/ MORTE/ DE/ Junqueira Freire {Es-02}, pp.91-93 150 15. FRAGMENTO/ AMOR PERFEITO {Ac-01}14, pp.94-96 16. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.97-99 17. NAO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.100-103 18. AS DUAS REDEMPÇÕES/ AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA MENINA {Es-03}, pp.104-107 19. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.108-125 20. AO/ Octagesimo segundo anniversario do Illm. Sr. João/ Antonio da Trindade, no dia 26 de Maio de 1859,/ pelo seu afilhado Dr. Laurindo José da Silva/ Rabello. {MF-12}, pp.126-128 21. AOS ANNOS DE MINHA MADRINHA/ A EXM. SRA. D. THereza Maria Caetana da Trindade {P1-11}, pp.129-130 22. FRAGMENTO/ SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}15, pp.131-132 23. POESIA/ Por occasião do baptismo de um seu filho, tendo/ a mesma senhora servido de madrinha a um/ outro menino baptizado na mesma occasião {MF-15}, pp.133-134 24. AO/ DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TUMULOS {P1-15}, pp.135-137 25. HYMNO/ Que os meninos cegos cantarão na occasião da/ distribuição dos premios em 1861 {P1-16}, pp.138-144 26. CIUME E RAZÃO {PDL-01}, pp.145-148 27. Á MINHA TERRA NATAL {MF-19}, pp.149-150 28. EPISTOLA/ AO MEU AMIGO PAULA BRITO {MF-20}, pp.151-154 29. A SAUDADE BRANCA/ POR/ OCCASIÃO DA MORTE DE MINHA IRMà {Tr1-15}, pp.155-159 30. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SR. FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr1-16}, pp.160-163 31. O TEMPO {PDL-02}, p.167 32. HEI-DE, MARTYR DE AMOR, MORRER TE AMANDO {Tr1-17}, p.168 33. É CARPIR, DELIRAR, MORRER POR ELLA (*) {Tr1-18}, p.169 34. SONETO [“Geme, geme, mortal infortunado”] {Tr1-19}, p.170 14 Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 15 Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico. 151 35. A UMA SENHORA/ POR OCCASIÃO/ DE TOCAR UMAS VARIAÇÕES SOBRE/ THEMAS DE BELLINI {Tr1-20}, p.180 36. A SRA. MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO THEATRO DE S. JOÃO {Tr1-21}, p.181 37. Á MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22}, p.182 38. Á MESMA SENHORA [“Alcione, perdido o esposo amado,”] {Tr1-23}, p.183 39. CORAÇÃO, PORQUE TE AGITAS! {Tr1-06}, pp.177-178 40. QUE MAIS DESEJAS? {MF-10}, pp.179-180 41. Adeus… adeus… {LA-02}, pp.181-182 42. EU SINTO ANGUSTIAS {TCM-03}, pp.183-185 43. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, p.186 44. DESCRENÇA {TCM-02}, pp.187-188 45. Já não vive a minha flor {LA-03}, p.189 46. De ti fiquei tão escravo {MF-09}, pp.190-191 47. QUE DESCONSOLO! {PDL-03}, p.192 48. MOTTE [“Ainda no mar do cíume”] {PDL-04}, p.193 49. MOTTE [“As Potencias do Occidente”] {MF-01}, pp.194-195 50. MOTTE/ IMPROVISADO EM UMA REUNIÃO PATRIOTICA QUE/ FESTEJAVA O DIA 7 DE SETEMBRO/ ANNIVERSARIO DA INDEPENDENCIA DO IMPERIO {P1-12}, pp.196-197 51. IMPROVISO/ Na occasião de ver terras do/ Rio de Janeiro/ vindo da provincia do Rio Grande do Sul {P1-14}, pp.198-199 52. MOTTE [“Um pensamento de morte,”] {MF-18}, pp.200-201 53. SAUDADES {MF-13}, pp.202-205 54. BANDO/ Feito com o fim de convidar o povo bahiano/ a celebrar o dia/ 2 de Julho, com pompa {P1-13}, pp.206-209 55. MOTTE/ Á MINHA MULHER/ LEMBRANÇAS DO NOSSO AMOR {P117}, pp.210-211 56. DESALENTO {Es-01}, pp.212-213 57. ANGUSTIA {PDL-05}, p.214 58. QUANDO EU DEIXAR DE CHORAR {LA-04}, pp.215-216 59. MOTTE (*) [“Sôa o bronze expira o dia”] {P1-01}, pp.217-218 152 60. MOTTE (*) [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.219-220 61. MOTTE (*) [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, p.221 62. MOTTE (*) [“Ou são quatro as graças bellas”] {P1-05}, p.222 63. MOTTE [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.223 64. MOTTE (*) [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, p.224 65. [“Cada um de nós no mundo”] {P1-08}, p.225 66. O Canto do Cysne {DRJ-01}, pp.227-228 Observações: terceira compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. O compilador, Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, no “Perfil” de Laurindo Rabello, concentra-se quase exclusivamente em questões biográficas, como os episódios do Seminário São José, do Colégio Militar e da Escola de Medicina, dentre outros, tratados com o sensacionalismo comum aos primeiros cronistas da vida do poeta. Em seus comentários literários, Dias da Silva Júnior, como seus antecessores, remete à diversidade de gêneros poéticos em Laurindo Rabello, o erótico, o lírico, o burlesco e o pindárico, tocando também no problema das obras perdidas: o poema “Alberto” e as peças Os anéis de uma cadeia e Mendigo da Serra. No mesmo ano de publicação, Teixeira de Melo criticou duramente nos Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro a compilação de Dias da Silva Júnior. Ainda que reconhecesse o valor das recolhas feitas, Teixeira de Melo aponta o problema quanto à autenticidade da autoria do soneto “O tempo”: Segundo nos asseguram pessoas em que confiamos, esse soneto foi originalmente escrito em francês, traduzido em vernáculo por um poeta português e publicado em um dos Almanaques Castilho.16 (MELO: 1877, pp.366-367) Teixeira de Melo coloca em xeque também a autoria das modinhas “O cego de amor” e “Descrença”, aceitando a recolha “Ciúme e razão”. Critica a qualidade tipográfica e o trabalho de revisão que “não foi grande”17. Dentre os exemplos oferecidos, destacam-se, à guisa de ilustração, o verso “Das sensações o mundo; aos afetos”, do poema “Ciúme e razão”, cuja omissão do pronome ‘seu’ (“Das sensações o mundo; aos seus afetos?”) diminui uma sílaba métrica, fugindo à 16 O poema não foi localizado nas edições consultadas do Almanaque Castilho. No item “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”, deste trabalho, a questão será abordada. 17 MELO, 1877, p.367. 153 métrica do decassílabo. A simplificação dos títulos dos poemas complementa o conjunto dos defeitos encontrados na compilação: Suprimindo parte do título da poesia que vem reproduzida na pág. 133 de sua edição, empresta o editor ao poeta um filho que este nunca teve. Poesia por ocasião do batismo de um seu filho, tendo a mesma senhora, etc. dá a edição do sr. Dias. Que senhora? se o editor não nos diz, como o fizeram os srs. Eduardo de Sá e Norberto, que esta poesia fora oferecida ao sr. P. J. F. Torres e à sua sra.? (MELO: 1877, p.368) Por outro lado, Teixeira de Melo não notou a supressão de dois poemas, “A minha resolução” e “O que sou e o que serei”, provenientes de Trovas, que nas compilações anteriores ocupavam respectivamente as sexta e décima terceira posições. Mas em Dias da Silva Júnior, em decorrência da omissão de tais poemas, os sexto e décimo terceiro poemas passaram a ser “A linguagem dos tristes” e “À Bahia”. Por conseguinte, a compilação que poderia ter chegado a sessenta e oito poemas, ficou com sessenta e seis: vinte e dois dos vinte e quatro da segunda edição de Trovas (aproveitamento parcial) acrescidos às vinte e nove recolhas de Eduardo de Sá (aproveitamento integral) e quinze recolhas. Quanto à ausência de “O que sou e o que serei”, inferir-se-ia que, em função de o poema não ser na verdade de autoria de Laurindo Rabello, mas do amigo Rodrigues da Costa, Dias da Silva Júnior devê-le-ia ter julgado supérfluo, ainda que servido de inspiração para “A minha vida”. No entanto, quanto “A minha resolução”, o fato chama a atenção por se tratar justamente do poema que Paula Brito transcreveu na pequena matéria da Marmota fluminense de 27 de junho de 1854, citado anteriormente, como propaganda do livro de Laurindo Rabello, a ser reeditado no Rio de Janeiro em breve. A lacuna, pois, altera a ordem original dos poemas advindos da segunda edição de Trovas, sem contar outras mudanças na organização interna da antologia, com relação às compilações anteriores, como por exemplo a mistura das recolhas de Eduardo de Sá a novas recolhas, a exemplo da inserção de “Ciúme e razão” entre “Himno” e “À minha terra natal”. 06. RABELLO, Laurindo José da Silva. Obras poéticas livres. Rio de Janeiro: s.n., 1882. v.3. 154 Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. MOTTE [“Junto a uma clara fonte”] {OPL-01}, pp.07-09 02. DECIMA [“Certa mulher de um marquês”] {OPL-02}, p.10 03. MOTTE [“Vá p’ra puta que o pario!”] {OPL-03}, p.11 04. MOTTE [“Porra no cú não é festa”] {OPL-04}, p.12 05. OUTRO [“Nariz no cú não é festa”] {OPL-05}, p.13 06. MOTTE [“Você diz que arromba, arromba,”] {OPL-06}, pp.14-16 07. MOTTE [“Já não tenho mais tezão,”] {OPL-07}, p.17 08. OUTRO [“Puz entre as mãos de meu bem”] {OPL-08}, p.18 09. Marcianna e Feliz-Asno (*) {SB-01}, pp.19-2118 10. MOTTE [“Marcianna com ciumes”] {OPL-09}, pp.22-23 11. MOTTE [“Quem Feliz-asno se chama”] {OPL-10}, p.24 12. OUTRA [“Do nosso animal a fama”] {OPL-11}, p.25 13. OUTRA [“Assim como um galho é rama”] {OPL-12}, p.26 14. MOTTE [“Ou são quatro as Graças bellas”] {P1-05}, p.2719 15. OUTRO [“Priapo teve um ataque”] {OPL-13}, p.28 16. MOTTE [“As graças servem á meza”] {OPL-14}, pp.29-31 17. OUTRO [“As Greças mostram o cú”] {OPL-15}, pp.32-34 18. MOTTE [“Já sinto gostos na pomba!…”] {OPL-16}, p.35 19. OUTRA [“Caralho grosso e de arromba”] {OPL-17}, p.36 20. AO REGO/ (SATYRA) {OPL-18}, pp.37-41 21. MOTTE [“De putas uma remessa”] {OPL-19}, p.42 22. OUTRO [“Alma pura e rosto d’anjo”] {OPL-20}, p.43 23. MOTTE [“Uma amisade sincera”] {OPL-21}, p.44 24. DECIMA [“Por aqui uma só vez”] {OPL-22}, p.45 25. MOTTE [“Pode apalpar, pode ver,”] {OPL-23}, pp.46-48 26. SONETO [“A femea capichaba deu entrada”] {OPL-24}, p.49 27. SATYRA/ (A um ministro) [“Para mostrar que é mui sabio”] {OPL-25}, p.50 28. MOTTE [“SEBO! CAGUEI! ‘STOU ZANGADO!”] {OPL-26}, p.51 18 Esse poema corresponde, na verdade, ao trecho em versos que figura no primeiro capítulo do folhetim “Feliz-Asno”, publicado na edição de 9/03/1849 d’O sino dos barbadinhos. 19 Esse poema corresponde, na verdade, a uma recolha publicada por Eduardo de Sá Pereira de Castro em Poesias (1867), com apenas duas substituições vocabulares, conforme pode ser verificado no aparato crítico do segundo volume desta tese. 155 29. DECIMA [“No A B C de Cupido”] {OPL-27}, p.52 30. MOTTE [“Cupido, rei dos amantes,”] {OPL-28}, pp.53-55 31. MOTTE [“A pombinha de meu bem”] {OPL-29}, p.56 32. MOTTE [“Os culhões de José Felix”] {OPL-30}, p.57 33. AS ROSAS DO CUME {OPL-31}, pp.58-59 34. MOTTE [“Estava eu mette não mette,”] {OPL-32}, pp.60-62 35. MOTTE [“Não posso mais atural-o!”] {OPL-33}, p.63 36. OUTRA [“Tinha a pica intromettido”] {OPL-34}, p.64 37. MOTTE [“Como vens tão vagarosa”] {OPL-35}, p.65 38. MOTTE [“Os segredos do caralho”] {OPL-36}, pp.66-68 39. MOTTE [“D’aqui não ha de sahir”] {OPL-37}, p.69 40. OUTRA [“Estou com Marcia uma hora”] {OPL-38}, p.70 41. DIALOGO/ (Para um mineiro obter uma fóda) {OPL-39}, pp.71-76 42. MOTTE [“A mulata quando fóde,”] {OPL-40}, p.77 43. OUTRA [“Aqui d’El-rei! quem me acóde!”] {OPL-41}, p.78 44. OUTRA [“Dá de rabo quanto póde,”] {OPL-42}, p.79 45. OUTRA [“Neste mundo ninguem póde”] {OPL-43}, p.80 46. A FRUCTA/ (LUNDU’) {OPL-44}, pp.81-84 47. A MENINA DO BANQUEIRO {TCM-01}, pp.85-86 Observações: quarta compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. O compilador é anônimo. Tratar-se-ia de uma série em três volumes, cujo último é dedicado especialmente aos poemas ‘livres’, isto é, licenciosos. Por outro lado, na inventio desta pesquisa não se localizaram exemplares dos dois primeiros volumes. A única biblioteca aberta ao grande público que dispõe de exemplar do terceiro volume é a José de Alencar, da Faculdade de Letras da UFRJ. Na memória da ABL, registra-se uma doação de um exemplar do terceiro volume feita em 1931 por Constâncio Alves, mencionada no item “2. Sobre Laurindo Rabello”, na ocasião de seu discurso publicado na Revista da Academia.20 No entanto, não se encontrou o opúsculo, a não ser um fac-símile, na verdade feito a partir do exemplar de Israel Souza Lima. Luiz Antônio de Souza, bibliotecáriochefe da Biblioteca Lúcio de Mendonça (ABL), conta que solicitou a cópia para que Roberto Acízelo de Souza produzisse o artigo “A face proibida do ultra-romantismo: a poesia obscena de Laurindo Rabello”. Nos arquivos da ABL, não há informações 20 ALVES: 1936 156 que auxiliem a desvendar o paradeiro do exemplar. Sabe-se somente que já em 1958 ele se encontrava desaparecido, como atesta Newton Assunção.21 O terceiro volume da sexta compilação traz quarenta e sete poemas, na maioria marcados por vocabulário obsceno, tanto alusivo à escatologia, quanto à genitália e ao comportamento sexual. 07. RABELLO, Laurindo José da Silva. Obras poéticas. 2.ed. Rio de Janeiro & Paris: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1900. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SAO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.69-71 02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.73-84 03. O GENIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.85-93 04. NO ALBUM DE UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.95-96 05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.97-104 06. A MINHA RESOLUÇAO {Tr1-06}, pp.105-107 07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.109-112 08. A JOSE PEDREIRA FRANÇA {Tr1-08}, pp.113-118 09. A MORTE DO DR. JOSE DE ASSIZ1 {Tr1-09}, pp.119-128 10. SOBRE O TUMULO DO MARECHAL/ LABATUT {Tr1-10}, pp.129-133 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.135-141 12. A MINHA VIDA1 {Tr1-12}, pp.143-147 13. O QUE SOU E O QUE SEREI {Tr1-13}, pp.149-153 14. AMOR E LAGRIMAS 1 {Tr1-14}, pp.155-157 15. A SAUDADE BRANCA1 {Tr1-15}, pp.159-163 16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr1-16}, pp.165-168 17. A’ BAHIA {Tr2-01}, pp.169-174 18. A, MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.175-176 19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.177-17922 20. DOUS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.181-183 21 ASSUNÇÃO: 1958, p.10. Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 22 157 21. NÃO POSSO MAIS {P1-09}, pp.185-188 22. AS DUAS REDEMPÇÕES/ AO BAPTISMO E LIBERDADE DE UMA MENINA {Es-03}, pp.189-192 23. AO SR JOÃO ANTONIO DA TRINDADE1 {MF-12}, pp.193-196 24. A, Sra D. TERESA MARIA CAETANA/ DA TRINDADE1 {P1-11}, pp.197198 25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}, pp.199-20123 26. OS DOUS BAPTISADOS1 {MF-15}, pp.203-205 27. O DESALENTO/ AO MEU AMIGO/ LEOPOLDO LUIZ DA CUNHA {Es-01}, pp.207-208 28. A, TERRA NATAL {MF-19}, pp.209-210 29. SAUDADES {MF-13}, pp.211-214 30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.215-218 31. BANDO1 {P1-13}, pp.219-222 32. AO AVISTAR AS TERRAS DO RIO/ DE JANEIRO1 {P1-14}, pp.223-224 33. AO DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TUMULOS {P1-15}, pp.225228 34. ULTIMO CANTO DO CYSNE {DRJ-01), pp.229-230 35. AS POTENCIAS DO OCCIDENTE {MF-01}, pp.233-234 36. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.235-236 37. O PHAROL DA LIBERDADE1 {P1-12}, pp.237-239 38. A MINHA MULHER {P1-17}, pp.241-242 39. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, p.245 40. A UMA INCONSTANTE/ SONETO II {Tr1-18}, p.246 41. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, p.247 42. A UMA SENHORA/ SONETO IV {Tr1-20}, p.248 43. A’ SENHORA MARIETA LANDA/ POR OCCASIÃO DE CANTAR NO THEATRO DE S. JOÃO/ DA CIDADE DA BAHIA/ SONETO V {Tr1-21}, p.249 44. A’ MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.250 45. A’ MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.251 46. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.253-275 47. HYMNO {P1-16}, pp.277-286 23 Esse poema corresponde na verdade ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico. 158 Observações: reedição da compilação de 1876, item biobliográfico 04 deste segmento dedicado às compilações, organizada por Joaquim Norberto de Souza Silva, mantendo-se a mesma configuração. 08. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias. São Paulo: Edições Cultura, 1944. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.10-11 02. O MEU SEGRÊDO {Tr1-02}, pp.12-21 03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.22-27 04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.28-29 05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.30-35 06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.36-37 07. A LINGUAGEM/ DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.38-40 08. A JOSÉ PEDREIRA/ FRANÇA (*) {Tr1-08}, pp.41-45 09. À MORTE DO DR. JOSÉ/ DE ASSIS (*) {Tr1-09}, pp.46-53 10. SOBRE O TÚMULO DO/ MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.54-57 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.58-62 12. A MINHA VIDA (*) {Tr1-12}, pp.63-66 13. O QUE SOU E O/ QUE SEREI! (*) {Tr1-13}, pp.67-70 14. AMOR E LÁGRIMAS (*) {Tr1-14}, pp.71-73 15. A SAUDADE BRANCA (*) {Tr1-15}, pp.74-77 16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O Senhor/ FRANCISCO MONIZ/ BARRETO {Tr1-16}, pp.78-81 17. À BAHIA {DRJ-01}, pp.82-86 18. À MORTE DE JUNQUEIRA/ FREIRE {Es-02}, pp.87-88 19. AMOR PERFEITO {Ac-01}24, pp.89-91 20. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.92-94 24 Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico. 159 21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.95-98 22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina. {Es03}, pp.99-102 23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO/ DA TRINDADE (*) {MF-12}, pp.103-105 24. A SRA. D. TERESA MARIA/ CAETANA DA TRINDADE/ (*) {P1-11}, pp.106-107 25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}25, pp.108-110 26. OS DOIS BATIZADOS (*) {MF-15}, pp.111-112 27. O DESALENTO/ Ao meu amigo/ LEOPOLDO LUIZ DA CUNHA {Es-01}, pp.113-114 28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.115-116 29. SAUDADES {MF-13}, pp.117-120 30. AO MEU AMIGO F./ DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.121-124 31. BANDO (*) {P1-13}, pp.125-128 32. AO AVISTAR AS TERRAS DO/ RIO DE JANEIRO (*) {P1-14}, pp.129130 33. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos túmulos {P1-15}, pp.131-133 34. ÚLTIMO CANTO DO CISNE {DRJ-01}, pp.134-135 35. AS POTÊNCIAS/ DO OCIDENTE {MF-01}, pp.139-140 36. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.141-142 37. O FAROL DA LIBERDADE/ (*) {P1-12}, pp.143-144 38. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.145-146 39. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, p.149 40. A UMA INCONSTANTE/ SONETO II {Tr1-18}, p.150 41. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, p.151 42. A UMA SENHORA (*)/ SONETO IV {Tr1-20}, p.152 43. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S. João/ na cidade da Bahia/ SONETO V {Tr-21}, p.153 44. À MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.154 45. À MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.155 46. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.157-179 25 Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 160 47. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos, por/ ocasião da distribuição dos prêmios em 1863. {P1-16}, pp.183-191 Observações: quinta compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Nos elementos pretextuais, alguns problemas já são percebidos, desde a sequência de datas confusa na “síntese bio-bibliográfica” (p.07), em que há informações conflituosas quanto ao nascimento de Laurindo Rabello (8-VII-1826, mas logo depois 8-VII-1825), além do fato de o sexto e penúltimo evento listado anteceder na verdade o quarto, e o sétimo e último corresponder ao terceiro: 8-VII-1826 – 28-IX-1864 8-VII-1825 – Nasce no Rio de Janeiro 1853 – Publicação de Trovas, Bahia. 1867 – Publicação de Poesias, Rio de Janeiro. 1876 – Publicação de Obras Poéticas, Rio. 1877 – Publicação de Poesias. 1872 – Publicação de Gramática da Língua Portuguêsa. 1864 – Falece no Rio de Janeiro A compilação, organizada por José Perez, com seus quarenta e sete poemas é deficiente em termos quantitativos. Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, em sua compilação, aumentara o número de poemas atribuídos a Laurindo Rabello para sessenta e sete. No trabalho de Perez, a redução deveu-se justamente à não absorção das recolhas de Dias da Silva Júnior e dos improvisos e epigramas que Eduardo de Sá transcreveu na introdução de sua compilação. Perez preferiu tomar por base a edição de Joaquim Norberto de Souza e Silva, republicada em 1900 pela mesma H. Garnier, seguindo exatamente o seu plano de organização. 09. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas de Laurindo Rabelo. Rio de Janeiro: Zélio Valverde, 1944. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.13-14 02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.15-25 03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.26-32 04. NO ALBUM DE UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.32-34 05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.35-40 161 06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.41-42 07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.43-45 08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA (*) {Tr1-08}, pp.46-51 09. À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS (*) {Tr1-09}, pp.52-59 10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL/ LABATUT {Tr1-10}, pp.60-63 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.64-69 12. A MINHA VIDA (*) {Tr1-12}, pp.70-74 13. O QUE SOU E O QUE SEREI (*) {Tr1-13}, pp.75-79 14. AMOR E LÁGRIMAS (*) {Tr1-14}, pp.80-82 15. A SAUDADE BRANCA (*) {Tr1-15}, pp.83-87 16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O Sr. FRANCISCO MUNIZ BARRETO {Tr1-16}, pp.88-91 17. À BAHIA {DRJ-01}, pp.92-96 18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.97-98 19. AMOR PERFEITO {Ac-01}26, pp.99-101 20. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, 102-104 21. NÃO POSSO MAIS {P1-09}, pp.105-108 22. AS DUAS REDENÇÕES/ AO BATISMO E LIBERDADE DE UMA MENINA {Es-03}, pp.109-112 23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE (*) {MF-12}, pp.113-115 24. À SRA. D.ª TERESA MARIA CAETANA/ DA TRINDADE (*) {P1-11}, pp.116-117 25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}27, pp.118-120 26. OS DOIS BATISADOS (*) {MF-15}, pp.121-122 27. O DESALENTO/ AO MEU AMIGO/ LEOPOLDO LUIS DA CUNHA {Es01}, pp.123-124 28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.125-126 29. SAUDADES {MF-13}, pp.127-130 30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.131 31. BANDO (*) {P1-13}, pp.135-138 26 Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 27 Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 162 32. AO AVISTAR AS TERRAS DO RIO/ DE JANEIRO (*) {P1-14}, pp.139140 33. AO DIA DOS FINADOS/ FRAGMENTO DOS TÚMULOS {P1-15}, pp.141-143 34. ÚLTIMO CANTO DO CISNE {DRJ-01}, pp.144-145 35. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, pp.149-150 36. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.151-152 37. O FAROL DA LIBERDADE (*) {P1-12}, pp.153-154 38. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.155-156 39. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, p.159 40. SONETO II {Tr1-18}, p.160 41. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, p.161 42. A UMA SENHORA (*)/ SONETO IV{Tr1-20}, p.162 43. À SRA. MARIETA LANDA/ POR OCASIÃO DE CANTAR NO TEATRO DE S. JOÃO/ DA CIDADE DA BAÍA/ SONETO V {Tr1-21}, p.163 44. À MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.164 45. À MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.165 46. SEPTENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.167-189 47. HINO/ CANTADO PELOS ALUNOS DO INSTITUTO DOS CEGOS,/ POR OCASIÃO/ DA DISTRIBUIÇÃO DOS PRÊMIOS EM 1863 {P1-16}, pp.193-199 Observações: sexta compilação28 post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. O texto introdutório “Laurindo Rabello, um poeta infeliz”, já delata, a julgar pelo próprio título, o excessivo biografismo na leitura da obra do poeta: Mas a sua vida foi tão grande que a sua obra é menor do que a sua vida. Nem sempre as suas rimas interpretam dignamente a austeridade rítmica desse exemplar de decepções, desse verdadeiro compêndio de tristezas que foi Laurindo José da Silva Rabelo, o poeta-lagartixa. (MILANO, 1944, p.7) O plano de organização interna segue o mesmo da compilação de José Perez, ou seja, reproduz a estrutura da compilação de Norberto de Souza Silva. 28 A rigor, não há como discernir, dentre as compilações de José Perez e Atílio Milano, qual veio primeiro. Classificar uma como sendo a sexta e a outra, quinta, pois, trata-se de mera convenção. 163 10. RABELLO, Laurindo José da Silva. Obras completas de Laurindo José da Silva Rabelo (poesias, prosa e gramática). São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Bahia, Pará & Porto Alegre: Companhia Editora Nacional, 1946. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.211-212 02. O MEU SEGRÊDO {Tr1-02}, pp.213-222 03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.223-228 04. NO ÁLBUM D’UMA SENHORA {Tr1-04}, pp.229-230 05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.231-236 06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.237-238 07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.239-241 08. AOS ANOS/ Do meu prezado amigo/ JOSÉ PEDREIRA FRANÇA {Tr108}, pp.242-246 09. EPICÉDIO/ à morte/ DO DOUTOR/ JOSÉ DE ASSIS ALVES BRANCO MONIZ BARRETO/ e oferecido ao Ilm. Sr./ DR. LUIZ MARIA A. F. MONIZ BARRETO {Tr1-09}, pp.247-254 10. SOBRE O TÚMULO/ DO/ MARECHAL PEDRO LABATUT {Tr1-10}, pp.255-258 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.259-263 12. A MINHA VIDA/ Ao meu amigo e colega/ A. J. RODRIGUES DA COSTA {Tr1-12}, pp.264-267 13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!/ Ao meu amigo e colega/ Laurindo J. da Silva Rabelo {Tr1-13}, pp.268-271 14. AMOR E LÁGRIMAS/ Oferecida ao meu colega e amigo/ MANUEL BERNARDINO BOLÍVAR {Tr1-14}, pp.272-274 15. A SAUDADE BRANCA/ Composta por ocasião da morte de minha irmã/ e oferecida ao meu íntimo amigo e colega/ ANTÔNIO AUGUSTO DE MENDONÇA JÚNIOR {Tr1-15}, pp.275-278 16. AO MEU AMIGO E MESTRE/ O SENHOR/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr1-16}, pp.279-281 17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.282-286 18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.287-288 164 19. AMOR-PERFEITO/ FRAGMENTO {Ac-01}29, pp.289-291 20. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.292-294 21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.295-297 22. AS DUAS REDENÇÕES/ AO BATISMO E LIBERDADE DE UMA MENINA {Es-03}, pp.298-300 23. AO/ Octogésimo segundo aniversário do Ilm. Sr. João Antônio/ da Trindade, no dia 26 de maio de 1859, pelo seu afilha-/do Dr. Laurindo José da Silva Rabelo. {MF-12}, pp.301-303 24. AOS ANOS DE MINHA MADRINHA/ A EXMA. SRA. TEREZA MARIA CAETANA/ DA TRINDADE {P1-11}, p.304 25. SUSPIROS E SAUDADES/ FRAGMENTO {Ac-01}30, pp.305-307 26. POESIA/ Oferecida ao Sr. P. J. Tôrres e à sua Sra. D. L. L. da Cunha/ Tôrres. {MF-15}, pp.308-309 27. O DESALENTO/ Ao meu amigo/ LEOPOLDO LUÍS DA CUNHA {Es-01}, pp.310-311 28. À MINHA TERRA NATAL {MF-19}, pp.312-313 29. SAUDADES {MF-13}, pp.314-316 30. EPÍSTOLA/ AO AMIGO PAULA BRITO {MF-20}, pp.317-319 31. BANDO/ FEITO COM O FIM DE CONVIDAR O POVO BAIANO A/ CELEBRAR O DIA 2 DE JULHO COM POMPA {P1-13}, pp.320-322 32. AO DIA DE FINADOS/ FRAGMENTO DOS TÚMULOS {P1-15}, pp.323325 33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE {DRJ-01}, pp.326-327 34. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.328-331 35. QUE MAIS DESEJAS? {MF-10}, pp.332-333 36. ADEUS… ADEUS {LA-02}, p.334 37. EU SINTO ANGÚSTIAS {TCM-03}, pp.335-337 38. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, p.338 39. DESCRENÇA {TCM-02}, pp.339-340 40. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, p.341 41. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.342-343 29 Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico. 30 Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico. 165 42 QUE DESCONSÔLO! {PDL-03}, p.344 43. ANGÚSTIA {PDL-05}, p.345 44. QUANDO EU DEIXAR DE CHORAR {LA-13}, p.346 45. IMPROVISO/ NA OCASIÃO DE VER TERRAS DO RIO DE JANEIRO,/ VINDO DA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL {P1-14}, p.349 46. MOTE A PRÊMIO {MF-01}, pp.350-351 47. MOTE [“Um pensamento de morte,”] {MF-18}, pp.352-353 48. MOTE/ IMPROVISADO EM UMA REUNIÃO PATRIÓTICA QUE FESTEJAVA/ O DIA 07 DE SETEMBRO, ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA/ DO IMPÉRIO {P1-12}, pp.354-355 49. MOTE/ À MINHA MULHER {P1-17}, pp.356-357 50. MOTE [“Ainda no mar do ciume”] {PDL-04}, p.358 51. MOTE (*) [“Sôa o bronze expira o dia”] {P1-01}, pp.359-360 52. MOTE (*) [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.361-362 53. MOTE (*) [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, p.363 54. OUTRA [“Um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.363 55. MOTE (*) [“Ou são quatro as graças belas”] {P1-05}, p.364 56. MOTE [“Um só momento de amor”] {MF-06}, p.365 57. MOTE [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, p.366 58. MOTE [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.367-368 59. RESPOSTA [“Cada um de nós no mundo”] {P1-08}, p.369 60. HEI-DE, MÁRTIR DE AMOR, MORRER TE/ AMANDO {Tr1-17}, p.373 61. É CARPIR, DELIRAR, MORRER POR ELA {Tr1-18}, p.374 62. SONETO [“Geme, geme, mortal infortunado,”] {Tr1-19}, p.375 63. A UMA SENHORA/ por ocasião de tocar umas variações sôbre temas de Bellini {Tr1-20}, p.376 64. À SRA. MARIETA LANDA/ por ocasião de cantar do Teatro de S. João {Tr1-21}, p.377 65. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22}, p.378 66. À MESMA SENHORA [“Alcíone, perdido o espôso amado,”] {Tr1-23}, p.379 67. O TEMPO {PDL-02}, p.380 68. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, p.383-397 166 69. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega Dr. Sinfrônio Olímpio/ ALVARES COELHO {Ac-01}, pp.398-404 70. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.405-409 71. RONDÓ {MF-02}, p.410 72. A ROMà {RB-01}, p.411 73. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.412-415 74. A D. CARLOTA LEAL MILLIET/ Na noite de seu benefício em 16 de agôsto de 1858. {MF-06}, pp.416-418 75. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.419-422 76. AS LÁGRIMAS {MF-11}, p.423 77. HINO/ Que os meninos cantaram na ocasião da/ distribuição de prêmios em 1863 {P1-16}, pp.427-432 Observações: sétima compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Dela, não somente constam os poemas, bem como vários estudos sobre a vida e a obra de Laurindo Rabello, antologizados na seção introdutória intitulada “Juízos críticos”; o “Discurso ao General Tamarindo”, pronunciado pelo poeta em seu enterro; e o “Compêndio de gramática da língua portuguesa”; o que justifica o título de Obras completas, não obstante faltem os poemas publicados em Obras poéticas livres, dentre outros textos. A compilação de Osvaldo de Melo Braga, bem como as demais, apresenta alteração de títulos e do plano de organização. Por outro lado, recupera títulos originais, a exemplo “A minha resolução”, publicado por Dias da Silva Júnior como “Coração, porque te agitas!”. No estudo introdutório, Osvaldo de Melo Braga procede a uma síntese biográfica de Laurindo Rabello. Apresenta informações que não se verificam em outros cronistas e desprovidas de fontes, como uma aventura amorosa bemsucedida na adolescência: “Na adolescência, Laurindo, mestiço, amara e fora correspondido, mas a mulher amada casa-se com outro, por imposição paterna (...)”31 Ou ainda o conflito com o professor de química da Escola de Medicina da Corte, Joaquim Vicente Torres Homem, que, juntamente ao problema da falta de recursos, teria obrigado Laurindo Rabello a se transferir para a Faculdade de Medicina da Bahia. É mister registrar que tais anedotas biográficas são 31 apud RABELLO: 1946, p.8 167 mencionadas somente por Osvaldo de Melo Braga, sem abonação com testemunhos ou documentos. Ao comentar sua compilação em nota introdutória, Osvaldo de Melo Braga revela que, embora tenha consultado a antologia organizada por Eduardo de Sá, seguiu “mais ou menos”32 a ordem definida por Norberto de Souza Silva, que fica patente do primeiro ao trigésimo primeiro poemas, acrescentando as recolhas de Vale Cabral e de Dias da Silva Júnior, corrigidas por Teixeira de Melo. Com relação aos poemas de Obras poéticas livres: “Obviamente, não pudemos acrescer as poesias das Obras livres… pornográficas, obscenas.”33 11. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas. Rio de Janeiro: INL & MEC, 1963. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.15-16 02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.17-28 03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.28-35 04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.35-37 05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.37-43 06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.43-46 07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.46-48 08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA* {Tr1-08}, pp.49-54 09. À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS* {Tr1-09}, pp.55-63 10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.63-67 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.68-73 12. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.74-78 13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!** {Tr1-13}, pp.78-83 14. AMOR E LÁGRIMAS* {Tr1-14}, pp.83-85 15. A SAUDADE BRANCA* {Tr1-15}, pp.8516. Ao meu amigo e mestre o senhor/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr116}, pp.90-93 32 33 Idem: ibidem, p.10 apud RABELLO: 1946, p.10 168 17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.94-99 18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.99-101 19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.101-103 20. DOUS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.103-105 21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.106-110 22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina {Es03}, pp.110-113 23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE* {MF-12}, pp.114-116 24. A SRA. D. TERESA MARIA CAETANA DA/ TRINDADE* {P1-11}, pp.117118 25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}34, pp.118-120 26. OS DOUS BATIZADOS* {MF-15}, pp.120-122 27. O DESALENTO/ Ao meu amigo Leopoldo Luís da Cunha {Es-01}, pp.122-124 28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.124-125 29. SAUDADES {MF-13}, pp.125-129 30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.129-133 31. BANDO* {P1-13}, pp.133-136 32. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos Túmulos {P1-16}, pp.137-141 33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE (DRJ-01), pp.140-141 34. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos/ por ocasião da distribuição dos prêmios/ em 1863. {P1-16}, pp.141-148 35. LEANDRO E HERO/ SONÊTO I {Tr1-17}, p.151 36. A UMA INCONSTANTE/ SONÊTO II {Tr1-18}, p.152 37. A UM INFELIZ/ SONÊTO III {Tr1-19}, p.153 38. A UMA SENHORA*/ SONÊTO IV {Tr1-20}, pp.153-154 39. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S. João/ da cidade da Bahia/ SONÊTO V {Tr1-21}, pp.154-155 40. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VI {Tr1-22}, pp.155-156 41. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VII {Tr1-23}, pp.156-157 42. O TEMPO {PDL-02}, p.157 43. [“Para do mundo dar completo cabo”“]{AMT-03}, pp.157-158 34 Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 169 44. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, p.158 45. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.161-179 46. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega/ Dr. Sinfrônio O(límpio) Álvares Coelho {Ac-01}, pp.180-183 47. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.183-189 48. RONDÓ {MF-02}, pp.189-190 49. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.190-195 40. ODE/ A D. Carlota Leal Milliet/ (na noite de seu benefício em 16 de agôsto/ de 1858) {MF-06}, pp.195-196 51. O ÉPICO DO – FIAT {MF-06}35, pp.196-197 52. O FUROR CIUMENTO {MF-06}36, pp.197-198 53. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.198-202 54. AS LÁGRIMAS {MF-11}, pp.202-203 55. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.203-207 56. ANGÚSTIA {PDL-05}, pp.207-208 57. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, pp.211-212 58. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.213-214 59. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.214-216 60. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.216-217 61. AO AVISTAR O RIO DE JANEIRO {P1-14}, pp.218-219 62. Mote [“Quem Feliz-asno se chama”“] {OPL-10}, p.219 63. Mote [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.219-221 64. Mote [“Ainda no mar do ciúme”“] {PDL-04}, pp.221-222 65. Mote [“Dois corações que se amam”“] {AMT-02}, p.222 66. Mote [“Soa o bronze, expira o dia”] {P1-01}, pp.223-224 67. Mote [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.224-226 68. Mote [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, pp.226-227 69. [“um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.227 70. Mote [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, pp.227-228 71. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”] {P1-05}, pp.228-229 72. Mote [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.229 35 Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota. 36 Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota. 170 73. A um calvo pretensioso {PDL-03}, pp.229-230 74. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.230 75. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] {CM-01}, p.230 76. [“Deus, para provar aos homens”] {AMT-04}, p.231 77. [“Causa pena e causa espanto”] {CM-02}, p.231 78. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.231 79. [“A peça Degolação”“] {AMT-05}, p.231 80. [“Cada um de nós no mundo”“] {P1-08}, p.231 81. FOI EM MANHà DE ESTIO {TCM-06}, pp.235-236 82. [“Nestes teus lábios”] {CB-01}, pp.236-238 83. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.238-239 84. [“Se me adoras, se me queres”“] {LA-01}, pp.239-240 85. [“Sumiu-se, mas ainda escuto”] {TCM-05}37, pp.240-241 86. [“Acabou-se a minha crença”] {TCM-02}, p.241 87. “Que mais desejas?” {MF-10}, pp.241-243 88. AO TROVADOR {Trd-03}, pp.243-244 89. [“Eu sinto angústias”] {TCM-03}, pp.245-246 90. RISO E MORTE {LA-04}, pp.246-247 91. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, pp.247-248 92. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, pp.248-249 93. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.249-251 94. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.252 95. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.252-253 96. A ROMà (lundu) {RB-01}, pp.253-254 97. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.254-256 Observações: oitava compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello O compilador, Antenor Nascentes, recusa os quarenta e sete poemas da compilação de 1882, conquanto receba o opúsculo o título Poesias completas. Igualmente às compilações antecedentes, há alteração da ordem dos poemas. No prefácio, Antenor Nascentes explora de modo sumário a ascendência cigana de Laurindo Rabello e sua imagem de pessoa que se indispunha onde quer 37 Esse poema, na verdade, corresponde a um segmento do poema “O espectro”, publicado em Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. 171 que fosse: “no seminário, na Faculdade de Medicina, nas repartições públicas, na tropa.”38 Sobre a compilação, diz que se baseou na de Norberto de Souza e Silva, com as correções de Teixeira de Melo, complementada pelos epigramas e modinhas. Com relação aos poemas obscenos: Só não incluímos poesias eróticas. Fiquem elas no inferno da Academia, onde Constâncio Alves as depositou. (apud RABELLO: 1963, p.9) A compilação de Nascentes é abonada com cento e cinquenta e três notas de caráter linguístico, filológico, bibliográfico e anedótico. Apresenta ainda quatro partituras com as melodias vocais de “Ao trovador”, “Eu sinto angústias”, “Riso e morte” e “Que mais desejas?”, sem descriminação do conteúdo textual por nota musical. 12. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas de Laurindo Rabelo (1966) Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.15-16 02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.17-28 03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.28-35 04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.35-37 05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.37-43 06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.43-46 07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.46-48 08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA* {Tr1-08}, pp.49-54 09. À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS* {Tr1-09}, pp.55-63 10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.63-67 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.68-73 12. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.74-78 13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!** {Tr1-13}, pp.78-83 14. AMOR E LÁGRIMAS* {Tr1-14}, pp.83-85 15. A SAUDADE BRANCA* {Tr1-15}, pp.8538 apud RABELLO: 1963, p.8 172 16. Ao meu amigo e mestre o senhor/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr116}, pp.90-93 17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.94-99 18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.99-101 19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.101-103 20. DOUS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.103-105 21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.106-110 22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina {Es03}, pp.110-113 23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE* {MF-12}, pp.114-116 24. A SRA. D. TERESA MARIA CAETANA DA/ TRINDADE* {P1-11}, pp.117118 25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}39, pp.118-120 26. OS DOUS BATIZADOS* {MF-15}, pp.120-122 27. O DESALENTO/ Ao meu amigo Leopoldo Luís da Cunha {Es-01}, pp.122-124 28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.124-125 29. SAUDADES {MF-13}, pp.125-129 30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.129-133 31. BANDO* {P1-13}, pp.133-136 32. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos Túmulos {P1-16}, pp.137-141 33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE (DRJ-01), pp.140-141 34. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos/ por ocasião da distribuição dos prêmios/ em 1863. {P1-16}, pp.141-148 35. LEANDRO E HERO/ SONÊTO I {Tr1-17}, p.151 36. A UMA INCONSTANTE/ SONÊTO II {Tr1-18}, p.152 37. A UM INFELIZ/ SONÊTO III {Tr1-19}, p.153 38. A UMA SENHORA*/ SONÊTO IV {Tr1-20}, pp.153-154 39. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S. João/ da cidade da Bahia/ SONÊTO V {Tr1-21}, pp.154-155 40. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VI {Tr1-22}, pp.155-156 41. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VII {Tr1-23}, pp.156-157 39 Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 173 42. O TEMPO {PDL-02}, p.157 43. [“Para do mundo dar completo cabo”“]{AMT-03}, pp.157-158 44. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, p.158 45. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.161-179 46. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega/ Dr. Sinfrônio O(límpio) Álvares Coelho {Ac-01}, pp.180-183 47. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.183-189 48. RONDÓ {MF-02}, pp.189-190 49. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.190-195 40. ODE/ A D. Carlota Leal Milliet/ (na noite de seu benefício em 16 de agôsto/ de 1858) {MF-06}, pp.195-196 51. O ÉPICO DO – FIAT {MF-06}40, pp.196-197 52. O FUROR CIUMENTO {MF-06}41, pp.197-198 53. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.198-202 54. AS LÁGRIMAS {MF-11}, pp.202-203 55. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.203-207 56. ANGÚSTIA {PDL-05}, pp.207-208 57. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, pp.211-212 58. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.213-214 59. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.214-216 60. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.216-217 61. AO AVISTAR O RIO DE JANEIRO {P1-14}, pp.218-219 62. Mote [“Quem Feliz-asno se chama”“] {OPL-10}, p.219 63. Mote [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.219-221 64. Mote [“Ainda no mar do ciúme”“] {PDL-04}, pp.221-222 65. Mote [“Dois corações que se amam”“] {AMT-02}, p.222 66. Mote [“Soa o bronze, expira o dia”] {P1-01}, pp.223-224 67. Mote [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.224-226 68. Mote [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, pp.226-227 69. [“um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.227 70. Mote [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, pp.227-228 40 Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota. 41 Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota. 174 71. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”] {P1-05}, pp.228-229 72. Mote [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.229 73. A um calvo pretensioso {PDL-03}, pp.229-230 74. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.230 75. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] {CM-01}, p.230 76. [“Deus, para provar aos homens”] {AMT-04}, p.231 77. [“Causa pena e causa espanto”] {CM-02}, p.231 78. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.231 79. [“A peça Degolação”“] {AMT-05}, p.231 80. [“Cada um de nós no mundo”“] {P1-08}, p.231 81. FOI EM MANHà DE ESTIO {TCM-06}, pp.235-236 82. [“Nestes teus lábios”] {CB-01}, pp.236-238 83. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.238-239 84. [“Se me adoras, se me queres”“] {LA-01}, pp.239-240 85. [“Sumiu-se, mas ainda escuto”] {TCM-05}42, pp.240-241 86. [“Acabou-se a minha crença”] {TCM-02}, p.241 87. “Que mais desejas?” {MF-10}, pp.241-243 88. AO TROVADOR {Trd-03}, pp.243-244 89. [“Eu sinto angústias”] {TCM-03}, pp.245-246 90. RISO E MORTE {LA-04}, pp.246-247 91. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, pp.247-248 92. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, pp.248-249 93. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.249-251 94. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.252 95. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.252-253 96. A ROMà (lundu) {RB-01}, pp.253-254 97. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.254-256 Observações: segunda edição da compilação de Antenor Nascentes, pela Ediouro, em novo formato (16 x 10,5 cm), com 150 páginas e ilustrações de Cleoo. 13. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas de Laurindo Rabelo (1986) 42 Esse poema, na verdade, corresponde a um segmento do poema “O espectro”, publicado em Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. 175 Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.15-16 02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.17-28 03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.28-35 04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.35-37 05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.37-43 06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.43-46 07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.46-48 08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA* {Tr1-08}, pp.49-54 09. À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS* {Tr1-09}, pp.55-63 10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.63-67 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.68-73 12. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.74-78 13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!** {Tr1-13}, pp.78-83 14. AMOR E LÁGRIMAS* {Tr1-14}, pp.83-85 15. A SAUDADE BRANCA* {Tr1-15}, pp.8516. Ao meu amigo e mestre o senhor/ FRANCISCO MONIZ BARRETO {Tr116}, pp.90-93 17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.94-99 18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.99-101 19. AMOR-PERFEITO {Ac-01}, pp.101-103 20. DOUS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.103-105 21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.106-110 22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina {Es03}, pp.110-113 23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE* {MF-12}, pp.114-116 24. A SRA. D. TERESA MARIA CAETANA DA/ TRINDADE* {P1-11}, pp.117118 25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}43, pp.118-120 26. OS DOUS BATIZADOS* {MF-15}, pp.120-122 43 Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 176 27. O DESALENTO/ Ao meu amigo Leopoldo Luís da Cunha {Es-01}, pp.122-124 28. À TERRA NATAL {MF-19}, pp.124-125 29. SAUDADES {MF-13}, pp.125-129 30. AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.129-133 31. BANDO* {P1-13}, pp.133-136 32. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos Túmulos {P1-16}, pp.137-141 33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE (DRJ-01), pp.140-141 34. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos/ por ocasião da distribuição dos prêmios/ em 1863. {P1-16}, pp.141-148 35. LEANDRO E HERO/ SONÊTO I {Tr1-17}, p.151 36. A UMA INCONSTANTE/ SONÊTO II {Tr1-18}, p.152 37. A UM INFELIZ/ SONÊTO III {Tr1-19}, p.153 38. A UMA SENHORA*/ SONÊTO IV {Tr1-20}, pp.153-154 39. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S. João/ da cidade da Bahia/ SONÊTO V {Tr1-21}, pp.154-155 40. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VI {Tr1-22}, pp.155-156 41. À MESMA SENHORA/ SONÊTO VII {Tr1-23}, pp.156-157 42. O TEMPO {PDL-02}, p.157 43. [“Para do mundo dar completo cabo”“]{AMT-03}, pp.157-158 44. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, p.158 45. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.161-179 46. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega/ Dr. Sinfrônio O(límpio) Álvares Coelho {Ac-01}, pp.180-183 47. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.183-189 48. RONDÓ {MF-02}, pp.189-190 49. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.190-195 40. ODE/ A D. Carlota Leal Milliet/ (na noite de seu benefício em 16 de agôsto/ de 1858) {MF-06}, pp.195-196 51. O ÉPICO DO – FIAT {MF-06}44, pp.196-197 52. O FUROR CIUMENTO {MF-06}45, pp.197-198 44 Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota. 45 Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota. 177 53. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.198-202 54. AS LÁGRIMAS {MF-11}, pp.202-203 55. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.203-207 56. ANGÚSTIA {PDL-05}, pp.207-208 57. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, pp.211-212 58. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, pp.213-214 59. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.214-216 60. À MINHA MULHER {P1-17}, pp.216-217 61. AO AVISTAR O RIO DE JANEIRO {P1-14}, pp.218-219 62. Mote [“Quem Feliz-asno se chama”“] {OPL-10}, p.219 63. Mote [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.219-221 64. Mote [“Ainda no mar do ciúme”“] {PDL-04}, pp.221-222 65. Mote [“Dois corações que se amam”“] {AMT-02}, p.222 66. Mote [“Soa o bronze, expira o dia”] {P1-01}, pp.223-224 67. Mote [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.224-226 68. Mote [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, pp.226-227 69. [“um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.227 70. Mote [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, pp.227-228 71. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”] {P1-05}, pp.228-229 72. Mote [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.229 73. A um calvo pretensioso {PDL-03}, pp.229-230 74. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.230 75. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] {CM-01}, p.230 76. [“Deus, para provar aos homens”] {AMT-04}, p.231 77. [“Causa pena e causa espanto”] {CM-02}, p.231 78. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.231 79. [“A peça Degolação”“] {AMT-05}, p.231 80. [“Cada um de nós no mundo”“] {P1-08}, p.231 81. FOI EM MANHà DE ESTIO {TCM-06}, pp.235-236 82. [“Nestes teus lábios”] {CB-01}, pp.236-238 83. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.238-239 84. [“Se me adoras, se me queres”“] {LA-01}, pp.239-240 85. [“Sumiu-se, mas ainda escuto”] {TCM-05}46, pp.240-241 46 Esse poema, na verdade, corresponde a um segmento do poema “O espectro”, publicado em 178 86. [“Acabou-se a minha crença”] {TCM-02}, p.241 87. “Que mais desejas?” {MF-10}, pp.241-243 88. AO TROVADOR {Trd-03}, pp.243-244 89. [“Eu sinto angústias”] {TCM-03}, pp.245-246 90. RISO E MORTE {LA-04}, pp.246-247 91. O CEGO DE AMOR {TCM-04}, pp.247-248 92. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, pp.248-249 93. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.249-251 94. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.252 95. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.252-253 96. A ROMà (lundu) {RB-01}, pp.253-254 97. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.254-256 Observações: terceira edição da compilação de Antenor Nascentes, com 20 x 12 cm, 139 páginas e o acréscimo de um apêndice didático. 14. RABELLO, Laurindo José da Silva. Poesias completas. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2004. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.01-02 02. O MEU SEGREDO {Tr1-02}, pp.02-07 03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.07-11 04. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.11-12 05. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.12-15 06. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.15-16 07. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.16-17 08. A JOSÉ PEDREIRA FRANÇA1 {Tr1-08}, pp.17-20 09. EPICÉDIO/ À MORTE DO DR. JOSÉ DE ASSIS ALVES BRANCO MUNIZ2 {Tr1-09}, pp.20-25 10. SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT {Tr1-10}, pp.25-27 11. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.27-30 12. A MINHA VIDA {Tr1-12}, pp.30-32 Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. 179 13. O QUE SOU, E O QUE SEREI!3 {Tr1-13}, pp.30-34 14. AMOR E LÁGRIMAS 4 {Tr1-14}, pp.34-36 15. A SAUDADE BRANCA5 {Tr1-15}, pp.36-38 16. FRANCISCO MUNIZ BARRETO6 {Tr1-16}, pp.38-40 17. À BAHIA {Tr2-01}, pp.40-42 18. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.42-43 19. AMOR-PERFEITO7 {Ac-01}, pp.43-44 20. DOUS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.45-46 21. NÃO POSSO MAIS! {P1-09}, pp.46-48 22. AS DUAS REDENÇÕES/ Ao batismo e liberdade de uma menina {Es03}, pp.48-50 23. AO SR. JOÃO ANTÔNIO DA TRINDADE8 {MF-12}, pp.50-51 24. A SRA. D. TERESA MARIA CAETANA DA/ TRINDADE9 {P1-11}, pp.5152 25. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01}47, pp.52-53 26. OS DOUS BATIZADOS 10 {MF-15}, pp.53-54 27. O DESALENTO/ Ao meu amigo Leopoldo Luís da Cunha {Es-01}, pp.54-55 28. À TERRA NATAL 11 {MF-19}, p.55 29. SAUDADES {MF-13}, pp.55-57 30. EPÍSTOLA/ AO MEU AMIGO F. DE PAULA BRITO {MF-20}, pp.57-59 31. BANDO {P1-13}, pp.59-61 32. AO DIA DOS FINADOS/ Fragmento dos Túmulos {P1-16}, pp.61-62 33. ÚLTIMO CANTO DO CISNE {DRJ-01}, pp.62-63 34. HINO/ Cantado pelos alunos do Instituto dos Cegos/ por ocasião da distribuição dos prêmios/ em 1863 {P1-16}, pp.63-66 35. LEANDRO E HERO/ SONETO I {Tr1-17}, pp.66-67 36. A UMA INCONSTANTE/ SONETO II {Tr1-18}, p.67 37. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, pp.67-68 38. A UMA SENHORA/ SONETO IV {Tr1-20}, pp.68 39. À SRA. MARIETA LANDA/ Por ocasião de cantar no teatro de S. João/ da cidade da Bahia/ SONETO V {Tr1-21}, p.68 47 Esse poema corresponde, na verdade, ao item IV de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico. 180 40. À MESMA SENHORA/ SONETO VI {Tr1-22}, p.69 41. À MESMA SENHORA/ SONETO VII {Tr1-23}, p.69 42. O TEMPO {PDL-02}, pp.69-70 43. [“Para do mundo dar completo cabo”“]{AMT-03}, pp.70 44. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, p.70 45. SETENÁRIO POÉTICO {DOR-02}, pp.70-80 46. FLORES MURCHAS/ Oferecido ao meu amigo e colega/ Dr. Sinfrônio O(límpio) Álvares Coelho {Ac-01}, pp.80-82 47. DELÍRIO E CIÚME {VJ-01}, pp.83-85 48. RONDÓ {MF-02}, pp.85-86 49. O JORNALEIRO {RB-02}, pp.86-88 40. ODE/ A D. Carlota Leal Milliet/ (Na noite de seu benefício em 16 de agosto/ de 1858) {MF-06}, pp.88-89 51. O ÉPICO DO – FIAT {MF-06}48, p.89 52. O FUROR CIUMENTO {MF-06}49, pp.89-90 53. AOS ANOS DE UM RESPEITÁVEL ANCIÃO {MF-05}, pp.90-92 54. AS LÁGRIMAS {MF-11}, p.92 55. CIÚME E RAZÃO {PDL-01}, pp.92-94 56. ANGÚSTIA {PDL-05}, p.94 57. AS POTÊNCIAS DO OCIDENTE {MF-01}, p.95 58. O QUE FAZ MINHA DOR {MF-18}, p.96 59. O FAROL DA LIBERDADE14 {P1-12}, p.97 60. À MINHA MULHER {P1-17}, p.98 61. AO AVISTAR O RIO DE JANEIRO {P1-14}, pp.98-99 62. Mote [“Quem Feliz-asno se chama”“] {OPL-10}, p.99 63. Mote [“Beijo a mão que me condena”] {MF-08}, pp.99-100 64. Mote [“Ainda no mar do ciúme”“] {PDL-04}, p.100 65. Mote [“Dois corações que se amam”“] {AMT-02}, pp.100-101 66. Mote [“Soa o bronze, expira o dia”] {P1-01}, pp.101-102 67. Mote [“Junto de uma sepultura”] {P1-02}, pp.102-103 68. Mote [“Quebrou o amor por despeito”] {P1-03}, p.103 48 Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota. 49 Continuação do poema publicado com o título “A D. CARLOTA LEAL MILLIET NA NOITE DE SEU BENEFICIO EM 16 DE AGOSTO DE 1858. ODE” na edição de 24/08/1858 da Marmota. 181 69. [“Um cartucho de confeito”] {P1-04}, p.103 70. Mote [“Pagode sem bebedeira”] {P1-06}, p.103 71. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”] {P1-05}, p.104 72. Mote [“Um só momento de amor”] {MF-16}, p.104 73. A um calvo pretensioso {PDL-03}, p.104 74. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.105 75. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] {CM-01}, p.105 76. [“Deus, para provar aos homens”] {AMT-04}, p.105 77. [“Causa pena e causa espanto”] {CM-02}, p.105 78. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.105 79. [“A peça Degolação”“] {AMT-05}, p.105 80. [“Cada um de nós no mundo”“] {P1-08}, p.105 81. FOI EM MANHà DE ESTIO {TCM-06}, pp.105-106 82. [“Nestes teus lábios”] {CB-01}, pp.106-107 83. A DESPEDIDA/ (Romance) {LA-02}, pp.107-108 84. [“Se me adoras, se me queres”“] {LA-01}, p.108 85. [“Sumiu-se, mas ainda escuto”] {TCM-05}50, pp.108-109 86. [“Acabou-se a minha crença”] {TCM-02}, p.109 87. [“Que mais desejas?”] {MF-10}, pp.109-110 88. AO TROVADOR {Trd-03}, pp.110-111 89. [“Eu sinto angústias”] {TCM-03}, p.111 90. RISO E MORTE {LA-04}, pp.111-112 91. O CEGO DE AMOR15 {TCM-04}, p.112 92. JÁ NÃO VIVE A MINHA FLOR {LA-03}, pp.112-113 93. NÃO TEM DÓ DO MEU PENAR {CB-02}, pp.113-114 94. É AQUI… BEM VEJO A CAMPA {LA-06}, p.114 95. BEIJO DE AMOR {Trd-01}, pp.114-115 96. A ROMà (lundu) {RB-01}, pp.115-116 97. DE TI FIQUEI TÃO ESCRAVO {MF-09}, pp.116-117 Observações: oitava compilação de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. A organização ficou a cargo de Ângela de Stasio51, funcionária da Divisão de 50 Esse poema, na verdade, corresponde a um segmento do poema “O espectro”, publicado em Trovador – colecção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. 51 Havia uma nota informativa assinada por Ângela de Stasio sobre essa compilação que se perdeu em função das constantes atualizações do site. Fábio Moniz, porém, a antologizou no anexo de sua dissertação de Mestrado (MONIZ: 2004), que serviu de base para esta pesquisa. A nota encontra-se 182 Manuscritos da mesma biblioteca. São ao todo noventa e seis poemas, seguindo rigorosamente o plano de organização da compilação de Antenor Nascentes. A compilação encontra-se disponibilizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em seu site institucional, através da url http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/poesias_completas_lr.pdf 4.1.4. Antologias 01. MORAES FILHO, [Alexandre José de] Mello. Curso de literatura brasileira: escolha de vários trechos em prosa e verso de autores nacionais. 4.ed. Rio de Janeiro & Paris: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1902. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Dous impossiveis {MF-07}, pp.493-494 02. BARRETO, Fausto & LAET, Carlos de. Antologia Nacional: coleção de excertos dos principais escritores da língua portuguesa do 20º ao 13º século. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1913. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Adeus ao mundo {Tr1-11}, pp.383-386 03. OLIVEIRA, Alberto de & JOBI, Jorge. Poetas brasileiros. Rio de Janeiro & Paris: Livraria Garnier, 1921. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. DOIS IMPOSSIVEIS {MF-07}, pp.225-227 02. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.28-230 03. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.231-236 04. A SAUDADE BRANCA {Tr1-15}, pp.237-241 também antologizada no anexo deste trabalho. 183 04. OLIVEIRA, Alberto de. Os cem melhores sonetos brasileiros. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1932. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. Hei de, martyr de amor, morrer te amando (Tr1-17}, p.76 05. WERNECK, Eugênio (org.) Antologia brasileira: coletânea em prosa e verso de escritores nacionais. 22.ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1942. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. A minha resolução {Tr1-06}, pp.349-350 02. A um calvo pretensioso {PDL-03}, p.459 06. CAVALHEIRO, Edgard. Panorama da poesia brasileira. Rio de Janeiro, São Paulo & Bahia: Editora Civilização Brasileira S. A., 1959. v.2. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. Adeus ao mundo {Tr1-11}, pp.89-93 02. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.94 03. [“Cabeça, triste é dizê-lo”] {PDL-03}, p.94 04. [“A peça Degolação”] {AMT-05}, p.94 07. Poesia romântica brasileira. São Paulo: Edigraf, 1965. Relação dos poemas na ordem que surgem, sem atualização ortográfica dos títulos e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01} 02. A JUNQUEIRA FREIre {Es-02} 184 03. AMOR PERFEITO {Ac-01}52 04. MOTE [“Na terra da Santa Cruz,”] {P1-12} 05. MOTE [“Geme, geme, mortal infortunado”] {Tr1-19} 06. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04} 07. À MESMA SENHORA {Tr1-22} 08. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05} 09. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06} 10. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07} 11. O QUE SOU E O QUE SEREI {Tr1-13} 12. AMOR E LÁGRIMAS {Tr1-14} 13. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07} 14. NÃO POSSO MAIS {P1-09} 15. SUSPIROS E SAUDADES {Ac-01} 16. À TERRA NATAL {MF-19} 17. SAUDADES {MF-13} 08. REBELO, Marques. Antologia escolar brasileira. Rio de Janeiro: Departamento Nacional de Educação / Ministério da Educação e Cultura, 1967. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.261-264 09. FACIOLI, Valentim & OLIVIERI, Antonio Carlos (org). Poesia brasileira: Romantismo. 7.ed. São Paulo: Ática, 2005. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. O que são os meus versos {Tr1-01}, pp.39-40 10. BUENO, Alexei (org). Antologia pornográfica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004. 52 Esse poema corresponde na verdade ao item III de “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O Acadêmico. 185 Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. Décima [“Certa mulher de um marquês”] {OPL-02}, p.175 02. Mote [“Vá pra puta que o paiu!”] {OPL-03}, pp.175-176 03. Mote [“Porra no cu não é festa”“] {OPL-04}, p.176 04. Mote [“Nariz no cu não é festa”“] {OPL-05}, pp.176-177 05. Mote [“Você diz que arromba, arromba”“] {OPL-06}, pp.177-178 06. Mote [“Já não tenho mais tesão”“] {OPL-07}, pp.178-179 07. Mote [“Pus entre as mãos do meu bem”“] {OPL-08}, p.179 08. Mote [“Ou são quatro as Graças belas”“] {P1-05}, p.180 09. Mote [“Priapo teve um ataque”“] {OPL-13}, pp.180-181 10. Mote [“As Graças servem a mesa”“] {OPL-14}, pp.181-182 11. Mote [“As Graças mostram o cu”“] {OPL-15}, pp.182-183 12. Mote [“Já sinto gostos na pomba!…”“] {OPL-16}, p.184 13. Outra [“Caralho grosso e de arromba”“] {OPL-17}, p.184-185 14. Mote [“De putas uma remessa”“] {OPL-19}, p.185 15. Mote [“Uma amizade sincera”“] {OPL-21}, pp.185-186 16. Décima [“Por aqui uma só vez”“] {OPL-22}, p.186 17. Mote [“Pode apalpar, pode ver”“] {OPL-23}, pp.186-188 18. Mote [“Sebo! Caguei! ‘Stou zangado!”“] {OPL-26}, p.188 19. Décima* [“No A B C de Cupido”“] {OPL-27}, p.189 20. Mote [“Cupido, rei dos amantes”“] {OPL-28}, pp.189-190 21. Mote [“A pombinha do meu bem”“] {OPL-29}, p.191 22. As rosas do cume {OPL-31}, pp.191-192 23. Mote [“Estava eu mete não mete”“] {OPL-32}, pp.192-193 24. Mote [“Não posso mais aturá-lo”“] {OPL-33}, p.194 25. Outra [“Tinha a pica intrometido”“] {OPL-34}, p.194 26. Mote [“Os segredos do caralho”“] {OPL-36}, pp.195-196 27. Mote [“Daqui não há de sair”“] {OPL-37}, p.196 28. Outra [“Estou com Márcia uma hora”“] {OPL-38}, p.197 29. Mote [“A mulata, quando fode”“] {OPL-40}, p.197 30. Outra [“Aqui d’El-Rei! quem me acode!”“] {OPL-41}, p.198 31. Outra [“Dá de rabo, quando pode”“] {OPL-42}, p.198 186 32. Outra [“Neste mundo ninguém pode”“] {OPL-43}, p.199 Observações: antologia temática, com trinta e quatro dos quarenta e sete poemas da compilação de 1882. Não foram reeditados, portanto, treze poemas. Em princípio, a explicação para a recusa a alguns poemas, segundo o próprio organizador, Alexei Bueno, que adverte nas primeiras linhas da “Introdução” acerca da proposta da antologia, seria o fato de que Este livro, é importante ressaltar, não trata de poesia erótica, nem burlesca, nem satírica, no estrito sentido das palavras. Trata da poesia pornográfica, do grego pórne, “prostituta”, ou pornôs, “prostituído”, “depravado”, e dos seus muito derivados, ou seja, daquilo que se refere à prostituição, à obscenidade, às questões sexuais, em suma, de forma chula, baixa e propositadamente grosseira. (BUENO: 2004, p.9) Ao pretender organizar uma coletânea de tal natureza, exclusivamente pornográfica, Alexei Bueno selecionou, dentre os poemas da compilação de 1882, os que julgou de fato pornográficos, consoante o conceito de pornografia salientado na “Introdução”. Os que ficaram de fora, portanto, não apresentariam pornografia, no seu entendimento. No entanto, convém se observar que há certas contradições na seleção do organizador. Entendida a “forma chula, baixa e propositadamente grosseira”53 uma característica da linguagem, então se conclui que a escolha se baseou na constatação de vocabulário obsceno. No entanto, o poema As rosas do cume não apresenta obscenidade vocabular. Há conteúdo obsceno, urdido através de ambiguidade, mas não há ‘forma chula’, o que não impediu inclusive sua publicação num cancioneiro de modinhas e lundus, o Trovador Marítimo: À tarde, quando o sol posto, E o vento no cume adeja, Vem travessa borboleta, E as rosas do cume beija. (RABELLO: 1882, p.58) Por outro lado, “Mote [“Junto a uma clara fonte”]”, cuja obscenidade também fica no plano do conteúdo, sem emprego “forma chula, baixa e propositadamente grosseira”54, em situação análoga a As rosas do cume, não entrou na antologia. A certo ponto do poema, o eu descreve a genitália de uma figura feminina sem usar termos de baixo calão: 53 54 BUENO: 2004, p.9 Idem: ibidem, p.9 187 Nos calcanhares sostida, Abertas lúcidas coxas, No meio entre sombras roxas, Negra cúpula crescida, Com figo parecida, Do meio pra o fim rachando; Da fenda, vermelhejando, Pingente rubro surdia, Na qual água sacudia, Mimosamente banhando. (RABELLO: 1882, p.8.) Em outras palavras, se, na “Introdução”, Alexei Bueno argumenta categoricamente os critérios de organização da antologia, na seleção em si, notase em certas situações pouca fidelidade a esses mesmos critérios, pelo menos no que diz respeito aos poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Ora a obscenidade se verifica no léxico, ora apenas no conteúdo. Com relação especificamente a Laurindo Rabello, Alexei classifica-o “um dos nomes centrais da poesia romântica canônica (…) e, ao mesmo tempo, um dos maiores satíricos e improvisadores de sua época.”55 Diferentemente de Roberto Acízelo de Souza, Alexei louva a qualidade dos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello: Suas Obras livres, publicadas em 1882, quando já circulavam de memória e em manuscritos, são de uma qualidade dificilmente antologiável, de modo que aqui reunimos mais da metade do seu conteúdo, cabendo a Laurindo Rabelo, sem maiores dúvidas, a primazia entre os cultores do gênero no Brasil. (BUENO, 2004, p.12) 11. Poetas românticos brasileiros. São Paulo: Livraria do Centro, s.d. v.3. Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.225-226 02. O MEU SEGRÊDO {Tr1-02}, pp.226-235 03. O GÊNIO E A MORTE {Tr1-03}, pp.235-240 04. ADEUS AO MUNDO {Tr1-11}, pp.241-245 55 BUENO: 2004, p.12 188 05. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.245-246 06. AMOR PERFEITO {Ac-01}, pp.247-248 07. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.249-250 08. A UM INFELIZ/ SONETO III {Tr1-19}, pp.250-251 09. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22}, p.251 12. SILVA, Nilcéia Cleide (revis.). Poetas românticos brasileiros. São Paulo: Rideel, s.d. v.4. Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. O QUE SÃO MEUS VERSOS {Tr1-01}, pp.15-17 02. À MORTE DE JUNQUEIRA FREIRE {Es-02}, pp.18-20 03. AMOR PERFEITO {Ac-01}, pp.20-23 04. O FAROL DA LIBERDADE {P1-12}, pp.23-25 05. A UM INFELIZ {Tr1-19}, pp.25-26 06. NO ÁLBUM DUMA SENHORA {Tr1-04}, pp.26-28 07. À MESMA SENHORA [“Tão doce como o som da doce avena”] {Tr1-22}, pp.28-29 08. ESTRAGOS DE AMOR {Tr1-05}, pp.29-35 09. A MINHA RESOLUÇÃO {Tr1-06}, pp.35-37 10. A LINGUAGEM DOS TRISTES {Tr1-07}, pp.38-41 11. O QUE SOU, E O QUE SEREI {Tr1-13}, pp.42-49 12. AMOR E LÁGRIMAS {Tr1-14}, pp.49-52 13. DOIS IMPOSSÍVEIS {MF-07}, pp.52-56 14. NÃO POSSO MAIS {P1-09}, pp.56-61 15. SUSPIROS E SAUDADES/ FRAGMENTO {Ac-01}, pp.61-64 16. À MINHA TERRA NATAL {MF-19}, pp.64-66 17. SAUDADES {MF-12}, pp.66-70 189 4.1.5. Caráter geral 01. MARANHENSE, Ignácio José Ferreira. Septenário poético à sentidíssima morte de S. M. a rainha viuva do reino das duas Sicílias, augusta mãe de S. M. a Imperatriz do Brasil. Rio de Janeiro: Tip. de Silva Lima, 1849. Texto sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. INVOCAÇÃO {DOR-01}, pp.05-06 02. SEPTENARIO POETICO {DOR-02}, pp.07-26 Obs: Trata-se de uma publicação avulsa do poema, em vinte e oito páginas. Não há qualquer menção de autoria a Laurindo Rabello. A atribuição de autoria de Laurindo Rabello dar-se-á apenas em 1867, quando da publicação de Poesias, compilação organizada por Eduardo de Sá Pereira de Castro. 02. MESQUITA, Henrique Alves de. Moreninha: romance. Rio de Janeiro: Arthur Napoleão e Cia., [18?] Texto atribuído a Laurindo Rabello sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. MORENINHA/ ROMANCE {DIMAS-01}, pp.01-03 Observações: Trata-se de publicação avulsa da partitura da canção, detalhando-se o conteúdo textual por nota musical. Consiste no mais importante testemunho de canção com poema atribuído a Laurindo Rabello, pois, além da pauta da melodia vocal, há também a partitura das duas vozes do acompanhamento de piano. Some-se ainda o fato de ser o codex unicus dessa canção que não foi publicada em qualquer dos itens bibliográficos inventariados supra e infra. 03. MORAES FILHO, [Alexandre José de] Mello. Artistas do meu tempo. Seguidos de um estudo sobre Laurindo Rabello. Rio de Janeiro & Paris: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1904. Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. [“Dizem que a Morte e Maurício”] {AMT-01}, p.147 02. [“A freira, que madre chamam”] {AMT-02}, p.148 190 03. [“Para do mundo dar completo cabo”] {AMT-03}, p.152 04. [“Cabeça, triste é dizêl-o!”] {PDL-03}, p.157 05. [“Para mostrar que é mui sábio”] {OPL-25}, p.159 06. [“Quem Feliz-asno se chama,”] {OPL-10}, p.59 07. [“Para mostrar quanto é grande”] {AMT-04}, p.160 08. [“A peça Degolação”] {AMT-05}, p.160 09. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] {AMT-06}, pp.164-165 10. [“Ao Rego (fragmento)”] {OPL-18}, pp.166-167 11. [“O diabo d’esta chave”] {CBr-01} 12. [“Quando eu deixar de chorar”] {LA-04} 13. [“Da morte o sopro gelado”] {P1-17}, p.178-179 14. [“Foi em manhã de estio,”] {TCM-06}, pp.180-181 Observações: Do item 11, Mello Moraes Filho recolheu apenas um fragmento de quatro versos. 04. MORAES FILHO, [“Alexandre José de”] Mello. Fatos e memórias. Rio de Janeiro & Paris: H. Garnier, Livreiro-Editor, 1904. Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. [“As Graças mostram o c…”] [“fragmento”] {OPL-15}, p.135 02. [“Em Landa vejo patente”] {FMe-01}, p.158 05. VASCONCELOS, Ary. Raízes da música popular brasileira. Rio de Janeiro: Rio Fundo Ed., 1991. Texto atribuído a Laurindo Rabello, sem atualização ortográfica do título e com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, negrito e itálico: 01. [“Eu tenho uma bengala”] {CBr-02}, p.160 Observação: Consiste no fragmento de quatro versos publicado por Mello Moraes Filho em Cantares brasileiros. 191 06. TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São Paulo: Editora 34, 1998. Relação apenas dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello na ordem que surgem, com indicação de quebra de linha (/), mantendo-se o regime de maiúsculas, minúsculas, itálicos e negritos: 01. [“No cume da minha serra”] {OPL-31}, pp.144-145 02. [“O diabo desta chave”] {CBr-01}, p.145 Observações: Quando ao item 01, José Ramos Tinhorão tece algumas considerações acerca de variantes, que serão abordadas em momento apropriado neste trabalho, em “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”. O item 02 consiste no fragmento de quatro versos publicado por Mello Moraes Filho em Cantares brasileiros. 4.2. Contabilização dos poemas inventariados Com base no inventário testemunhal, chega-se ao montante de cento e quarenta e nove poemas e dois fragmentos atribuídos a Laurindo Rabello na tradição impressa. Eis a relação completa, organizada por ordem alfabética a partir das etiquetas e títulos simplificados.56 4.2.1 Relação de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, com atualização ortográfica e simplificação de títulos: 1) Ac-01 - Flores murchas 2) AMT-01 - [“Dizem que a Morte e Maurício”] 3) AMT-02 - Mote [“Dois corações que se amam”] 4) AMT-03 - [“Para do mundo dar completo cabo”] 5) AMT-04 - [“Deus, para provar aos homens”] 6) AMT-05 - [“A peça Degolação”] 7) AMT-06 - [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] 8) CB-01 - Quando a teus olhos 9) CB-02 - Não tem dó do meu penar 56 A simplificação de títulos serve apenas a imperativos de economia e padronização, em menções aos poemas nos segmentos de natureza crítico-literária desta tese. 192 10) CBr-03 - O estudante e a lavadeira 11) CBr-04 - O namorado sem dinheiro 12) CM-01 - [“Cravo, rosa, em jarra fina”] 13) CM-02 - [“Causa pena e causa espanto”] 14) DIMAS-01 – Moreninha 15) DOR-02 – Septenário poético 16) DRJ-01 - Canto do cisne 17) Es-01 - O desalento 18) Es-02 - À morte de Junqueira Freire 19)Es-03 - As duas redempções 20)FMe-01 - [“Em Landa vejo patente”] 21) LA-01 - Se me adoras 22)LA-02 - Adeus… adeus… é chegada 23) LA-03 – Perdeu a flor de meus dias 24) LA-04 - Riso e morte 25) LA-05 - Já dei tudo o que tinha 26) LA-06 - É aqui! bem vejo a campa 27) MF-01 – Outra [“As Potências do Occidente”] 28) MF-02 - Rondó 29) MF-03 - Charadas. [“Todas vez que ela vem”] 30) MF-04 - Outra [“Fui fazer minha morada”] 31) MF-05 - Aos annos de um respeitável ancião 32) MF-06 - À D. Carlota Leal Milliet 33) MF-07 - Dous impossíveis 34) MF-08 - Mote. [“Beijo a mão que me condemna”] 35) MF-09 - Teus olhos 36) MF-10 - Que mais desejas 37) MF-11 - As lágrimas 38) MF-12 - Ao octagésimo segundo anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da Trindade 39) MF-13 - Saudades 40) MF-14 - Epigramma [“Tratou Maria os meus versos”] 41)MF-15 - Ao baptismo de dous meninos 42) MF-16 - Colchea [“Um só momento de amor”] 193 43) MF-17 - Outra [“Uma ingrata, uma inconstante”] 44) MF-18 - Mote [“Um pensamento de morte”] 45) MF-19 - À minha terra natal 46) MF-20 - Epístola 47) OPL-01 - Mote [“Junto a uma clara fonte”] 48) OPL-02 - Décima [“Certa mulher de um marquês”] 49) OPL-03 - Mote [“Vá pra puta que o pariu!”] 50) OPL-04 - Mote [“Porra no cú não é festa”] 51) OPL-05 - Outro [“Nariz no cú não é festa”] 52) OPL-06 - Mote [“Você diz que arromba, arromba”] 53) OPL-07 - Mote [“Já não tenho mais tesão”] 54) OPL-08 - Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”] 55) OPL-09 - Mote [“Marcianna com ciúmes”] 56) OPL-10 - Mote [“Quem Feliz-asno se chama”] 57) OPL-11 - Outra [“Do nosso animal a fama”] 58) OPL-12 - Outra [“Assim como um galho é rama”] 59) OPL-13 - Outro [“Priapo teve um ataque”] 60) OPL-14 - Mote [“As Graças servem à mesa”] 61) OPL-15 - Outro [“As Graças mostram o cu”] 62) OPL-16 - Mote [“Já sinto gostos na pomba!”] 63) OPL-17 - Outra [“Caralho grosso e de arromba”] 64) OPL-18 - Ao rego 65) OPL-19 - Mote [“De putas uma remessa”] 66) OPL-20 - Outro [“Alma pura e rosto d'anjo”] 67) OPL-21 - Mote [“Uma amizade sincera”] 68) OPL-22 - Décima [“Por aqui uma só vez”] 69) OPL-23 - Mote [“Pode apalpar ode ver”] 70) OPL-24 - Soneto [“A fêmea capichaba deu entrada”] 71) OPL-25 - Sátira a um ministro 72) OPL-26 - Mote [“Sebo! caguei! 'stou zangado!”] 73) OPL-27 - Décima [“No A B C de cupido”] 74) OPL-28 - Mote [“Cupido rei dos amantes”] 75) OPL-29 - Mote [“A pombinha de meu bem”] 76) OPL-30 - Mote [“Os culhões de José Felix”] 194 77) OPL-31 - As rosas do cume 78) OPL-32 - Mote [“Estava eu mete não mete”] 79) OPL-33 - Mote [“Não posso mais aturá-lo!”] 80) OPL-34 - Outra [“Tinha a pica intrometido”] 81) OPL-35 - Mote [“Como vens tão vagarosa”] 82) OPL-36 - Mote [“Os segredos do caralho”] 83) OPL-37 - Mote [“Daqui não há de sair”] 84) OPL-38 - Outra [“Estou com Márcia uma hora”] 85) OPL-39 - Diálogo 86) OPL-40 - Mote [“A mulata quando fode”] 87) OPL-41 - Outra [“Aqui d'el-Rei! quem me acode!”] 88) OPL-42 - Outra [“Dá de rabo quanto pode”] 89) OPL-43 - Outra [“Neste mundo ninguem pode”] 90) OPL-44 - A fructa 91) P1-01 - Mote [“Soa o bronze expira o dia”] 92) P1-02 - Mote [“Junto de uma sepultura”] 93) P1-03 - Mote [“Quebrou o amor por despeito”] 94) P1-04 - Outra [“Um cartucho de confeito”] 95) P1-05 - Mote [“Ou são quatro as Graças belas”] 96) P1-06 - Mote [“Pagode sem bebedeira”] 97) P1-07 - Epigrama [“Se não é dado o ser médico aos poetas”] 98) P1-08 - Epigrama [“Cada um de nós no mundo”] 99) P1-09 - Não posso mais! 100) P1-11 - Aos annos de minha madrinha 101) P1-12 - Mote improvisado em uma reunião patriótica 102) P1-13 - Bando 103) P1-14 - Improviso na occasião de ver terras do Rio de Janeiro 104) P1-15 - Ao dia dos finados 105) P1-16 - Himno 106) P1-17 - Mote a minha mulher 107) PDL-01 - Ciúme e razão 108) PDL-02 - O tempo 109) PDL-03 - Que desconsolo! 110) PDL-04 - Mote [“Ainda no mar do ciúme”] 195 111) PDL-05 - Angústia 112) RB-01 - A romã 113) RB-02 - O jornaleiro 114) SB-01 - Feliz-asno 115) SB-02 - O Maneco e os moleques 116) SB-03 - Apólogo 117) TCM-01 - O banqueiro 118) TCM-02 - Acabou-se a minha crença 119) TCM-03 - Eu sofro angústias me sufocar 120) TCM-04 - O cego 121) TCM-05 - O espectro 122) TCM-06 - Foi em manhã d’estio 123) Tr1-01 - O que são meus versos 124) Tr1-02 - O meu segredo 125) Tr1-03 - O Gênio e a morte 126) Tr1-04 - No álbum duma senhora 127) Tr1-05 - Estragos de amor 128) Tr1-06 - A minha resolução 129) Tr1-07 - A linguagem dos tristes 130) Tr1-08 - Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França 131) Tr1-09 - Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz Barretto 132) 133) 137) Tr1-10 - Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut Tr1-11 - Adeus ao mundo 134) Tr1-12 - A minha vida 135) Tr1-14 - Amor e lágrimas 136) Tr1-15 - A saudade branca Tr1-16 - Ao meu amigo e mestre o senhor Francisco Moniz Barretto 138) Tr1-17 - Hei de mártir de amor morrer te amando 139) Tr1-18 - É carpir, delirar, morrer por ela 140) Tr1-19 - Soneto [“Geme geme mortal infortunado”] 141) 142) Tr1-20 - A uma senhora Tr1-21 – À Sra. Marieta Landa 143) Tr1-22 - À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”] 196 144) Tr1-23 - À mesma senhora [“Alcíone perdido o esposo amado”] 145) Tr2-01 - À Bahia 146) Trd-01 - Quanto pode um beijo teu 147) Trd-02 - Se eu fora poeta 148) Trd-03 - Trovador 149) VJ-01 - Delírio e ciúme 4.2.2 Fragmentos de poemas atribuídos a Laurindo Rabello 01) CBr-01 - [“O diabo desta chave”] 02) CBr-02 - [“Eu possuo uma bengala”] 196 4.3. Percurso histórico do texto dos poemas 4.3.1. Os poemas de Trovas Em 1853, Laurindo Rabello publicou em Salvador, a primeira edição de Trovas, um opúsculo de 12 x 19 cm, com cento e duas páginas e vinte e dois poemas1: 01. “O que são meus versos” 02. “O meu segredo” 03. “O gênio e a morte” 04. “No álbum duma senhora” 05. “Estragos de amor” 06. “A minha resolução” 07. “A linguagem dos tristes” 08. “Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França” 09. “Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz Barretto” 10. “Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut” 11. “Adeus ao mundo” 12. “A minha vida” 13. “Amor e lágrimas” 14. “A saudade branca” 15. “Ao meu amigo e mestre o senhor Francisco Moniz Barretto” 16. “Hei-de mártir de amor morrer te amando” 17. “É carpir, delirar, morrer por ela” 18. “Soneto [“Geme geme mortal infortunado”]” 19. “A uma senhora” 20. “À Sra. Marieta Landa” 21. “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]” 22. “À mesma senhora [“Alcíone perdido o esposo amado”]” 1 A primeira edição, na verdade, traz vinte e três poemas, mas vinte e dois são com efeito de autoria de Laurindo Rabello, como se explicará mais adiante. 197 Laurindo Rabello já se encontrava na capital baiana desde 1852, amparado por amigos no intento de prosseguir os estudos de Medicina. Transferiu-se da Escola de Medicina da Corte para a Faculdade de Medicina da Bahia, sob os auspícios, segundo os cronistas de sua vida, de Salustiano Souto. A tipografia por onde o livro saiu, de Epifânio Pedroza2, além de muito conceituada no mercado livreiro baiano, era procurada pelos estudantes de Medicina para a publicação das teses. É provável que o apoio dos amigos tenha começado na intermediação entre o autor e Pedroza. Na dedicatória inicial de Trovas, Laurindo Rabello agradece a ajuda recebida, sobretudo de Salustiano, a quem se dirige diretamente e pede desculpas pela audácia do louvor. A gratidão do autor expressa tanto na dedicatória, quanto, logo a seguir, no prefácio “a quem ler”, em que se indica o opúsculo ter sido financiado pelo sistema de assinaturas, pode explicar a quantidade significativa de poemas encomiásticos, isto é, um gesto de retribuição ao auxílio dos que lhe favoreceram a estreia em livro, para além de um mero influxo dos hábitos oratórios da época no autor, conforme visto em “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”. Dos vinte e dois poemas da primeira edição, dez3 são endereçados a um particular próximo. Não é à toa que se tenha incluído em Trovas “O que sou, e o que serei”, de Antônio Joaquim Rodrigues da Costa, grande amigo de Laurindo Rabello e colega da Faculdade de Medicina da Bahia. À parte o valor literário, esses poemas registram como Laurindo Rabello logrou constituir uma teia de relações interpessoais na Bahia. Assim, alcançou alguma nomeada enquanto poeta, razão para sentir-se realizado naquela terra a ponto de lhe tributar o poema “À Bahia”, que seria incorporado ao livro dois anos depois, em segunda edição. Embora os dados bibliográficos da primeira edição apareçam errados em vários estudos, confirase a reprodução diplomática da página de rosto: TROVAS DE LAURINDO JOSÉ DA SILVA RABELLO, NATURAL DO RIO DE JANEIRO. 2 BAHIA: TYPOGRAPHIA DE E. PEDROZA. Rua dos Capitães n. 49. 1853. 3 01. “No álbum duma senhora”, 02. “Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França”, 03. “Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz Barretto”, 04. “Amor e lágrimas”, 05. “A saudade branca”, 06. “Ao meu amigo e mestre o senhor Francisco Moniz Barretto”, 07. “A uma senhora”, 08. “À Sra. Marieta Landa”, 09. “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]”, 10. “À mesma senhora [“Alcione perdido o esposo amado”]” . 198 Laurindo Rabello procurou aproveitar a oportunidade de ter um livro publicado, a começar pelo cuidado com a qualidade dos textos. Por mais que recolhesse poemas já estampados anteriormente em periódicos, conforme confessa no “a quem ler”, procedeu a alterações, como já apontado anteriormente em “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”, não só corrigindo lapsos de linguagem, bem como refundindo, acrescentando ou suprimindo versos da versão original. A errata ao fim do livro documenta também como Laurindo Rabello foi minucioso na revisão das provas tipográficas. Meticuloso nos mínimos erros de pontuação, não escaparam aos seus olhos nem sequer lapsos de virgulação inclusive nos textos da dedicatória e do “a quem ler”. A errata traz ainda alterações autorais de última hora, a exemplo de substituições vocabulares, como no verso 01 de “Sobre o túmulo do General Labatut”, “Eis as cenas do mundo! A mesma lide”, que passou a “Eis as cenas do mundo! A mesma liça”; ou ainda no verso 13 do mesmo poema: “E vomitar na fronte do tirano”, alterado para “Lançá-las na fronte do tirano” Em 1855, a segunda edição de Trovas veio a público no Rio de Janeiro pela Tipografia de Nicolau Lobo Viana e Filhos. Trata-se, como a primeira, de um opúsculo de cento e duas páginas, com dedicatória a Salustiano Souto e preâmbulo também intitulado “a quem ler”, além do índice no fim da obra. Além dos vinte e três poemas4 originais, aparece o poema “À Bahia”5 encerrando o livro. Na edição, porém, não há errata, nem as alterações foram feitas. A collatio entre as duas primeiras edições atesta que os textos de vários poemas foram alterados, com acréscimo/supressão de versos. Se o fato de Laurindo Rabello estar em Salvador na época de publicação da segunda edição induziria à conclusão de não ter sido preparada por ele, por outro as alterações são mantidas no estado da Marmota fluminense (1856-7), quando o poeta já se encontrava de volta ao Rio de Janeiro. No entanto, a segunda edição apresenta problemas edóticos que revelam a falta de revisão final das provas tipográficas. Houve a anteposição do “a quem ler” à dedicatória, sem que o índice contemplasse a modificação. A indicação das páginas de alguns poemas no índice não corresponde à paginação do livro. Some-se ainda, como já se disse, que as correções à primeira edição não foram feitas na segunda, 4 É mister sublinhar que apenas vinte e dois são de autoria de Laurindo Rabello. “À Bahia” é o vigésimo terceiro poema da numeração contínua adotada aqui para facilitar o controle quantitativo de textos. Convém lembrar que a contabilização final do inventário foi de cento e quarenta e oito poemas e dois fragmentos atribuídos a Laurindo Rabello. 5 199 embora a errata tenha sido elidida, além de os textos apresentarem muitas gralhas tipográficas. Em suma, se, por um lado, Laurindo Rabello preparou os poemas de Trovas para uma reedição, conforme se comprova através das modificações autorais, por outro, não viu o resultado final, o que torna questionáveis tanto lições substantivas quanto adjetivas da segunda edição. A segunda edição de Trovas também deve ter se esgotado rapidamente em função de baixa tiragem, razão para Francisco de Paula Brito republicar os poemas na Marmota fluminense em 1856-7. Entretanto, não foram publicados todos os poemas. Ficaram de fora “À Bahia” e os cinco últimos sonetos6. Quanto a aspectos substantivos, o estado dos poemas na Marmota fluminense não assinala modificações em relação à segunda edição, dando o autor a entender que persistia nas alterações feitas da primeira para a segunda edição de Trovas e que, como antes salientado, certamente vieram de seu punho. Após a morte de Laurindo Rabello, foram organizadas oito compilações, em que paulatinamente se descaracterizou a organicidade de Trovas. À guisa de exemplo, observem-se as duas iniciais. A primeira (P1) ficou a cargo de Eduardo de Sá Pereira de Castro, que reuniu cinquenta e cinco poemas. O compilador transcreveu na introdução de P1 seis improvisos e dois epigramas, mantendo reunidos na primeira metade da compilação propriamente dita os vinte e quatro poemas provenientes da segunda edição de Trovas, seguidos de vinte e três recolhas. Por outro lado, a partir da segunda compilação (1876), organizada por Joaquim Norberto de Souza Silva, já começa a deterioração da unidade adotada por Laurindo Rabello: 1o ao 16o poema: 16 poemas iniciais de Tr2. com a ordem respeitada; 17o poema: correspondente ao 24a poema de Tr2; 18o ao 26o poema: correspondem aos 25o, 26o, 27o, 28o, 29o, 31o, 32o, 35o e 36o poemas de P1; 27o ao 37o poema: correspondem respectivamente aos 37o, 38o, 39o, 40o, 41o, 42o, 44o, 47o, 33o, 43o e 34o poemas de P1; o 38 poema: corresponde ao 46o poema de P1; 39o ao 45o poema: correspondem respectivamente aos 17o, 18o, 19o, 20o, 21o, 22o e 23o poemas de Tr2.; 46o e 47o poemas: correspondem respectivamente aos 45o e 30o poemas de P1. 6 1. “Soneto [“Geme, geme, mortal infortunado”]”, 2. “A uma senhora”, 3. “À Sra. Marieta Landa”, 4. “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]”, 5. “À mesma senhora [“Alcíone perdido o esposo amado”]” 200 4.3.2. Poemas localizados em periódicos, publicados durante o período de vida do autor Há um grupo de poemas atribuídos a Laurindo Rabello que foram recolhidos em compilações post-mortem, a partir de periódicos para os quais o autor colaborou. A autoria da maioria desses poemas é atestável por assinatura, mas em alguns casos a publicação é anônima e, portanto, a atribuição de autoria deve-se aos compiladores que por primeiro os publicaram. Os poemas assinados fornecem um testemunho relativamente confiável, comprovando-se não só a autoria bem como o preparo do texto pelo próprio autor para a publicação. Tais dispersos apresentamse, tanto com relação à autoria quanto à qualidade textual, mais confiáveis do que as recolhas da tradição oral, da boca dos cantadores de modinha e lundu ou, por extensão, dos cancioneiros de música popular, como Lira de Apolo e Trovador, em função das atribuições irregulares de autoria, como observado em “4.1. Inventário testemunhal”, e das variantes inseridas nos textos pelos intérpretes. Some-se ainda o fato de os compiladores poderem ter tido acesso a algum manuscrito perdido, sem que o texto estivesse devidamente preparado pelo autor. Sendo assim, pertencem ao grupo dos “Dispersos em periódicos publicados em vida” somente os poemas cujos testemunhos de periódicos a pesquisa pôde localizar, excetuados os poemas integrantes do livro Trovas. Publicados em O sino dos barbadinhos (1849): 24. “Feliz-asno” 25. “Maneco e os moleques” 26. “Apólogo” Publicados em A voz da juventude (1849-1850): 27. “Delírio e ciúme” Publicado em O acadêmico (1855): 28. “Flores murchas” 201 Publicados em Marmota fluminense (1854-1860): 29. “Outra [“As Potências do Occidente”]” 30. “Rondó” 31. “Charadas [“Toda vez que ela vem”]” 32. “Outra [“Fui fazer minha morada”]” 33. “Aos annos de um respeitável ancião” 34. “À D. Carlota Leal Milliet” 35. “Dous impossíveis” 36. “Mote [“Beijo a mão que me condemna”]” 37. “Teus olhos” 38. “Que mais desejas” 39. “As lágrimas” 40. “Ao octagésimo segundo anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da Trindade” 41. “Saudades” 42. “Epigramma [“Tratou Maria os meus versos”]” 43. “Ao baptismo de dous meninos” 44. “Colchea [“Um só momento de amor”]” 45. “Outra [“Uma ingrata, uma inconstante”]” 46. “Mote [“Um pensamento de morte”]” 47. “À minha terra natal” 48. “Epístola” Publicados em O espelho (1859): 49. “O desalento” 50. “À morte de Junqueira Freire” 51. “As duas redempções” Do elenco acima, merecem destaque quanto à questão da autoria os itens 0103, de O sino dos barbadinhos (1849), publicados anonimamente. A autoria de “Feliz-asno” foi atribuída a Laurindo Rabello por Fábio Moniz7 pela ligação genética 7 MONIZ: 2004 202 com poemas de Obras poéticas livres (1882). Mais à frente a questão será retomada. O pesquisador atribuiu ainda a Laurindo Rabello a autoria de “Maneco e os moleques” e “Apólogo”, porque, igualmente a “Feliz-asno”, satirizam a figura do Ministro da Guerra Manoel Felizardo. “Flores murchas” foi publicado em O acadêmico (1855) com seis partes, totalizando cento e noventa e sete versos. No entanto, Eduardo de Sá Pereira de Castro publicou em Poesias (1867) apenas dois fragmentos do poema, provavelmente com variantes autorais, como será discutido em “4.4. Estema”, intitulados “Fragmento – amor-perfeito” e “Fragmento – suspiros e saudades”, que correspondem às terceira e quarta partes da versão original. Tais fragmentos foram absorvidos pelas compilações subsequentes, mas já sem a designação ‘fragmento’ no título desde Obras poéticas (1876), de Joaquim Norberto de Souza Silva. Alfredo do Vale Cabral, por sua vez, recolheu “Flores murchas” na Revista brasileira (1880), com o mesmo número de partes e versos constantes de O acadêmico. Assim ocorre em Obras completas (1946), de Osvaldo de Melo Braga, primeira compilação postmortem que absorveu o poema com o texto integral. Melo Braga, entretanto, não só publicou a versão completa de “Flores murchas”, transmitida por O acadêmico e Revista brasileira, bem como compilou os fragmentos antes recolhidos por Eduardo de Sá, como dois poemas independentes. Ao organizar Poesias completas (1963), Antenor Nascentes repetiu o mesmo procedimento de Melo Braga, mas observou nas notas se tratar de fragmentos com variantes da versão publicada na Revista brasileira. Assim como “Flores murchas”, “À D. Carlota Leal Milliet”, publicado na Marmota fluminense sem assinatura, reaparecerá fragmentado ao longo da tradição. Nas recolhas de colaboradores ou de organizadores de compilações post-mortem, o poema apresenta-se cindido em três partes: 1) “Ode”, correspondente aos versos 01-15 do poema publicado originalmente na Marmota, foi republicado na Revista Brasileira de 1880, dentre as recolhas de Alfredo do Vale Cabral; 2) “O Épico do – Fiat” e 3) “O furor ciumento”, equivalentes respectivamente aos versos 16-41 e 4260, são recolhas de Antenor Nascentes publicadas em Poesias completas (1963). “À D. Carlota Leal Milliet”, por seu turno, figura na página 2 da Marmota de 24/08/1858 e aborda o mesmo assunto do editorial da edição, a saber, a atuação de Carlota Millet, que estrelou, ao lado de Julia Milans, a ópera Norma, de Bellini, traduzida por Luiz Vicente de Simoni e cantada em 12 de agosto de 1858 no Teatro Pedro de 203 Alcântara. É mais provável que o poema e, por extensão, os fragmentos transmitidos sejam de Paula Brito, editor da Marmota. Paula Brito raramente assinava no próprio jornal, mas cuidava de informar a autoria dos textos de outros autores, mesmo com certo atraso. Publicado anonimamente em 10/05/1859, “Que mais desejas?” foi republicado em 21/09/1860 com o devido crédito a Laurindo Rabello, como salientado em “4.1. Inventário testemunhal”. Os demais poemas localizados em periódicos, publicados durante a vida do autor, têm a autoria devidamente atestada por assinatura, que foi mantida ao fim dos textos dos poemas editados no segundo volume desta edição crítica. N’A Voz da Juventude, “Delírio e ciúme”, veio assinado por L. J. da Silva Rabello. “Flores murchas”, publicado n’O acadêmico, traz o nome do autor por extenso. Os poemas da Marmota fluminense, à parte “À D. Carlota Leal Milliet”, ou são assinados por extenso ou identificados autoralmente por paratexto, como é o caso de “Que mais desejas?”, já mencionado. N’O espelho, Laurindo Rabello assinava os poemas com a mesma abreviatura d’A voz da juventude: L. J. S. R. Além de “Flores murchas” e “À D. Carlota Leal Milliet”, há ainda o caso de “Feliz-asno”, de que somente o trecho em versos foi republicado novamente, em Obras poéticas livres (1882). O restante dos poemas advindos de periódicos durante a vida de Laurindo Rabello atravessa a tradição de compilações post-mortem sempre com o texto integral, mas as recolhas ocorrem de forma irregular e em momentos distintos, mesmo se tratando de textos provenientes de um mesmo jornal. Dos vinte poemas da Marmota, somente “Outra [“As Potências do Occidente”]”, “Dous impossíveis”, “Mote [“Beijo a mão que me condemna”]”, “Ao octagésimo segundo anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da Trindade”, “Saudades”, “Ao baptismo de dous meninos”, “Colchea [“Um só momento de amor”]”, “Mote [“Um pensamento de morte”]”, “À minha terra natal” e “Epístola”, isto é, a metade foi logo recolhida por Eduardo de Sá Pereira de Castro em Poesias (1867), que compilou também “O desalento”, “À morte de Junqueira Freire” e “As duas redempções”, de O espelho. “Teus olhos” e “Que mais desejas” reapareceram em Poesias do Dr. Laurindo (1877), de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior. “Rondó”, “Aos annos de um respeitável ancião”, “À D. Carlota Leal Milliet” e “As lágrimas” retornaram a público em meio às recolhas de Alfredo do Vale Cabral, publicadas na Revista brasileira (1880), juntamente com “Delírio e ciúme”, de A voz da juventude. “Charadas [“Toda vez que ela vem”]”, “Outra [“Fui fazer minha morada”]”, 204 “Epigramma [“Tratou Maria os meus versos”]” e “Outra [“Uma ingrata, uma inconstante”]” permaneceram até hoje inéditos em livro. 4.3.3. Diário do Rio de Janeiro Em 11/10/1864, pouco menos de um mês após o falecimento de Laurindo Rabello, aparece no Diário do Rio de Janeiro “Canto do cisne”8, que depois será musicado por A. J. S Monteiro, figurando em muitos cancioneiros de modinhas e lundus e compilações post-mortem, a começar por Poesias (1867), organizada por Eduardo de Sá Pereira de Castro. Laurindo Rabello não chegou a desenvolver parceria fixa com Monteiro, compositor e pianista, uma vez que não há registro de outras canções feitas por ambos, contrariamente ao que se verifica acerca do violonista João L. Almeida Cunha. É provável, inclusive, que Monteiro e o poeta nem tenham se conhecido ou trabalhado juntos. Sobre o compositor, há pouquíssimas informações. Até hoje os musicólogos não decifraram sequer as abreviaturas de seu nome e primeiros sobrenomes. Sabe-se apenas que nasceu em 1830, foi professor de canto e piano no Rio de Janeiro entre os anos 1864 e 1874, tendo falecido em 1890. Um dado versificatório com base em que se pode presumir que Laurindo Rabello não concebeu “Canto do cisne” como modinha é o metro adotado. À guisa de exemplo, “O banqueiro”, “Desalento”, “O cego”, “Eu sofro angústias me sufocar”, “Riso e morte”, “Teus olhos”, “Que mais desejas”, “Perdeu a flor de meus dias”, “Se me adoras”, “Acabou-se a minha crença”, “Adeus… adeus… é chegada” e “Foi em manhã d’estio”, doze poemas que Laurindo Rabello escreveu para canções compostas com Almeida Cunha, têm versos em metros curtos, de tetrassílabos a heptassílabos, ao passo que “Canto do cisne” foi escrito em decassílabos heroicos e sáficos, metros pouco encontradiços em modinhas e lundus imperiais. 4.3.4. Dispersos em cancioneiros de modinhas e lundus 8 “Canto do cisne” é o quinquagésimo segundo poema na numeração contínua adotada aqui. 205 Em geral, as modinhas e lundus atribuídos a Laurindo Rabello provêm de testemunhos apógrafos9 como Trovador – jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances, árias, canções, etc., etc. (1869) e Lira de Apolo: jornal de modinhas, recitativos, lundus, canções, romances e poesias de diversos autores (1870). Os problemas edóticos centrais quanto aos poemas dessas canções são, portanto, a atribuição de autoria e a qualidade textual duvidosas. Teixeira de Melo questiona a autoria de “O cego” e “Acabou-se a minha crença”. José Ramos Tinhorão titubeia com relação à autoria de “Lundu da bengala”, “Gosto que excede a todos”10, “Quando a teus olhos”, “O espectro” e “Perdeu a flor de meus dias”. Somese ainda o fato de os poemas, até a fixação do texto por escrito nos cancioneiros de modinhas e lundus, serem transmitidos através da tradição oral ou de cópias de manuscritos, em que circulavam variantes, o que explica a existência de diferentes redações de um mesmo poema a depender do testemunho. Em “4.4. Estema”, discorrer-se-á ainda sobre outras questões em torno aos cancioneiros, quando será comentada a problemática em torno à genealogia desses testemunhos. Segue infra a relação de modinhas e lundus publicados primeiramente em cancioneiros11, desconsiderando-se testemunhos em que reaparecem poemas publicados anteriormente. Também não se registra na lista a republicação de poemas. Trovador – jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances, árias, canções, etc., etc. (1869): 53. “Quanto pode um beijo teu” 54. “Se eu fora poeta” 55. “Trovador” Lira de Apolo: jornal de modinhas, recitativos, lundus, canções, romances e poesias de diversos autores (1870): 9 Exceção feita apenas a “Teus olhos e “Que mais desejas”, que foram publicadas na Marmota fluminense durante o período de vida do autor e, possivelmente, sob a sua supervisão, o que torna essas canções as únicas provenientes de testemunhos idiógrafos. 10 Não foi localizada nenhuma modinha com este título nos cancioneiros empregados na inventio desta pesquisa. Como se desconhece o texto da modinha, não foi possível a pesquisa por versos. 11 É mister sublinhar que a cronologia se baseia nos cancioneiros empregados na inventio desta pesquisa, o que não corresponde a uma verdade em absoluto. Em virtude da má conservação desse tipo de material, muitos títulos se perderam, como é o caso da Folhinha de modinhas, comentado anteriormente em “4.1.2. Periódicos e cancioneiros de modinhas e lundus”. 206 56. “Se me adoras” 57. “Adeus… adeus… é chegada” 58. “Perdeu a flor de meus dias” 59. “Riso e morte” 60. “Já dei tudo o que tinha” 61. “É aqui! bem vejo a campa” Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. (1876): 62. “O banqueiro” 63. “Acabou-se a minha crença” 64. “Eu sofro angústias me sufocar” 65. “O cego” 66. “O espectro” 67. “Foi em manhã d’estio” A cantora brasileira (1878): 68. “Quando a teus olhos” 69. “Não tem dó do meu penar” Cantares brasileiros12 (1900): 70. “O estudante e a lavadeira” 71. “O namorado sem dinheiro”13 Laurindo Rabello desempenhou importante papel na história da música popular brasileira. Segundo José Ramos Tinhorão, foi um dos primeiros a constituir parceria fixa entre letrista e compositor. Ao lado de Almeida Cunha, compôs várias modinhas e lundus, alcançando nomeada como modinheiro, de maneira a melodias 12 Na introdução desse cancioneiro, foram publicados ainda dois fragmentos de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, a serem comentados mais à frente. 13 A rigor, “O estudante e a lavadeira” e “O namorado sem dinheiro” não são canções, mas pequenos textos cômicos (um diálogo e um monólogo), que entraram na lista por terem sido publicados em um cancioneiro de modinhas e lundus. 207 de canções suas inclusive servirem de motivo musical a outras modinhas e lundus. No entanto, poucos poemas dessas canções foram logo recolhidos. “Teus olhos” e “Que mais desejas”, as únicas modinhas publicadas durante o período de vida do autor, na Marmota (1859), reapareceram em Poesias do dr. Laurindo (1877), de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, que incluiu ainda em sua compilação “Eu sofro angústias me sufocar”, “O cego” e “Acabou-se a minha crença”, constantes de Trovador – jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances, árias, canções, etc., etc. (1869); e “Adeus... adeus... é chegada” e “Quando eu deixar de chorar”, localizados em Lira de Apolo: jornal de modinhas, recitativos, lundus, canções, romances e poesias de diversos autores (1870). “Quanto pode um beijo teu”, “Se eu fora poeta”, “Trovador”, “Se me adoras”, “Perdeu a flor de meus dias”, “Já dei tudo o que tinha”, “É aqui! bem vejo a campa”, “O banqueiro”, “O espectro”, “Foi em manhã d’estio”, “Quando a teus olhos” e “Não tem dó do meu penar”, porém, por muito tempo ficaram relegados aos cancioneiros de modinhas e lundus e somente em Poesias completas (1963) foram reunidos por Antenor Nascentes, passando a integrar uma compilação post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. O diálogo “O estudante e a lavadeira” e o monólogo “O namorado sem dinheiro”, ambos cômicos, constam apenas de Cantares brasileiros (1900), de Alexandre José de Mello Moraes Filho, reeditado em 1981. 4.3.5. Recolhas de compiladores e colaboradores de origem desconhecida Os organizadores de compilações post-mortem serviram-se de três tipos de fontes para as recolhas. O primeiro consiste em periódicos em que Laurindo Rabello colaborava, em que na inventio desta pesquisa se localizaram os poemas elencados anteriormente em “4.3.2. Poemas localizados em periódicos, publicados durante o período de vida do autor”. Mister lembrar que “Canto do cisne”, publicado em jornal postumamente, também foi recolhido em compilações post-mortem. A segunda categoria de fontes é a de cancioneiros de modinhas e lundus, em que os poemas encontrados também foram listados supra, em “4.3.4. Dispersos em cancioneiros de modinhas e lundus”. A terceira categoria abrange testemunhos impressos perdidos, como edições de periódicos inacessíveis, a exemplo das edições entre 28/10/1856 e 02/01/1857 da Marmota fluminense, como anteriormente mencionado em “4.1. 208 Inventário testemunhal”; ou ainda fora da tradição impressa, sejam eles manuscritos ou mesmo a tradição oral, que por limitações materiais, não foram localizados na inventio desta pesquisa. Devem-se, portanto, a atribuição de autoria e estabelecimento do texto aos organizadores das respectivas compilações, que por primeiro editaram esses poemas. Convém ressaltar que fazem parte desse grupo alguns dos títulos cuja autoria foi questionada pelos críticos. Integram ainda o grupo as recolhas de colaboradores, assim designados por não terem chegado a organizar uma compilação post-mortem, mas contribuíram no resgate de poemas atribuídos a Laurindo Rabello em livros ou artigos, como Alfredo do Vale Cabral, Alexandre José de Mello Moraes Filho e Leôncio Correia. Recolhas de Eduardo de Sá Pereira de Castro, publicadas em Poesias (1867): 72. “Mote [“Soa o bronze expira o dia”]” 73. “Mote [“Junto de uma sepultura”]” 74. “Mote [“Quebrou o amor por despeito”]” 75. “Outra [“Um cartucho de confeito”]” 76. “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]” 77. “Mote [“Pagode sem bebedeira”]” 78. “Epigrama [“Se não é dado o ser médico aos poetas”]” 79. “Epigrama [“Cada um de nós no mundo”]” 80. “Não posso mais!” 81. “Aos annos de minha madrinha” 82. “Mote improvisado em uma reunião patriótica” 83. “Bando” 84. “Improviso na occasião de ver terras do Rio de Janeiro” 85. “Ao dia dos finados” 86. “Himno” 87. “Mote a minha mulher” Recolhas de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, publicadas em Poesias do dr. Laurindo (1877): 209 88. “Ciúme e razão” 89. “O tempo” 90. “Que desconsolo!” 91. “Mote [“Ainda no mar do ciúme”]” 92. “Angústia” Recolhas de Alfredo do Vale Cabral, publicadas na Revista brasileira (1880), são: 93. “A romã” 94. “O jornaleiro” Recolhas de compilador anônimo, publicadas em Obras poéticas livres (1882): 95. “Mote [“Junto a uma clara fonte”]” 96. “Décima [“Certa mulher de um marquês”]” 97. “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]” 98. “Mote [“Porra no cú não é festa”]” 99. “Outro [“Nariz no cú não é festa”]” 100. “Mote [“Você diz que arromba, arromba”]” 101. “Mote [“Já não tenho mais tesão”]” 102. “Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]” 103. “Mote [“Marcianna com ciúmes”]” 104. “Mote [“Quem Feliz-asno se chama”]” 105. “Outra [“Do nosso animal a fama”]” 106. “Outra [“Assim como um galho é rama”]” 107. “Outro [“Priapo teve um ataque”]” 108. “Mote [“As Graças servem à mesa”]” 109. “Outro [“As Graças mostram o cu”]” 110. “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]” 111. “Outra [“Caralho grosso e de arromba”]” 112. “Ao rego” 113. “Mote [“De putas uma remessa”]” 210 114. “Outro [“Alma pura e rosto d'anjo”]” 115. “Mote [“Uma amizade sincera”]” 116. “Décima [“Por aqui uma só vez”]” 117. “Mote [“Pode apalpar ode ver”]” 118. “Soneto [“A fêmea capichaba deu entrada”]” 119. “Sátira a um ministro” 120. “Mote [“Sebo! caguei! 'stou zangado!”]” 121. “Décima [“No A B C de cupido”]” 122. “Mote [“Cupido rei dos amantes”]” 123. “Mote [“A pombinha de meu bem”]” 124. “Mote [“Os culhões de José Felix”]” 125. “As rosas do cume” 126. “Mote [“Estava eu mete não mete”]” 127. “Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]” 128. “Outra [“Tinha a pica intrometido”]” 129. “Mote [“Como vens tão vagarosa”]” 130. “Mote [“Os segredos do caralho”]” 131. “Mote [“Daqui não há de sair”]” 132. “Outra [“Estou com Márcia uma hora”]” 133. “Diálogo” 134. “Mote [“A mulata quando fode”]” 135. “Outra [“Aqui d'el-Rei! quem me acode!”]” 136. “Outra [“Dá de rabo quanto pode”]” 137. “Outra [“Neste mundo ninguem pode”]” 138. “A fructa” Recolhas de Alexandre José de Mello Moraes Filho, publicadas em Artistas do meu tempo. Seguidos de um estudo sobre Laurindo Rabello (1904) e em Memórias do Largo do Rocio (1904): 139. [“Dizem que a Morte e Maurício”] 140. “Mote [“Dois corações que se amam”]” 141. [“Para do mundo dar completo cabo”] 142. [“Para mostrar quanto é grande”] 211 143. [“A peça Degolação”] 144. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] 145. [“Em Landa vejo patente”] Recolhas de Leôncio Correia, publicadas no Correio da Manhã (1944): 146. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] 147. [“Causa pena e causa espanto”] Acerca das recolhas de Dias da Silva Júnior, o soneto “O tempo” constitui ponto controverso quanto à autenticidade de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, tendo suscitado o questionamento de Teixeira de Melo: Segundo nos asseguram pessoas em que confiamos, esse soneto foi originalmente escrito em francês, traduzido em vernáculo por um poeta português e publicado em um dos Almanaques Castilho. (MELO: 1877, pp.366-367) Teixeira de Melo refere-se ao Almanaque de lembranças luso-brasileiro, organizado por Alexandre Magno de Castilho, mas nesta pesquisa não se localizou o referido poema nas edições do Almanaque, senão uma versão publicada no jornal O publicador Maranhense, de 29/05/1844. Em nota, o editor assegura que o soneto data de 1710 e “se achou na tesouraria do Pará em um livro de conta da despeza da fazenda Arari de Marajó, de que foi administrador um frade mercenário.” 14 Não é à toa que atualmente há quem atribua a autoria do soneto a um anônimo oitocentista do Maranhão. Por outro lado, existem aqueles que advogam a paternidade de Bocage, de Sá de Miranda, entre outros. Anna Kalewska, professora de Literatura Portuguesa da Universidade de Varsóvia, menciona15 o soneto como sendo do poeta português Jorge da Câmara, com base em Ana Hatherly16, e transcreve a versão: O tempo de si mesmo pede conta, é necessário dar conta do tempo, mas quem gastou sem conta tanto tempo, como dará sem tempo tanta conta? 14 O PUBLICADOR MARANHENSE: 29/05/1844, p.3 KALEWSKA: 2008, pp.10-11 16 HATHERLY: 1997, p.94 15 212 Não quer levar o tempo em conta pois conta se não faz de dar-se tempo onde só conta havia para tempo se na conta do tempo houvesse conta. Que conta pode dar quem não tem tempo? em que tempo o dará, quem não tem conta? que quem à conta falta falta o tempo. Vejo-me sem ter tempo e com ruim conta, sabendo que hei-de dar conta do tempo e que se chega o tempo de dar conta De acordo com Affonso Romano de Sant’Anna17, o soneto é do frei Antônio das Chagas. O crítico apresenta a versão: Deus pede estrita conta de meu tempo. Forçoso de meu tempo é já dar conta. Mas como dar sem tempo tanta conta eu que gastei sem conta tanto tempo. Para ter as minhas contas feita a tempo dado me foi tempo e não fiz conta. Não quis sobrando tempo fazer conta, hoje quero fazer conta e falta tempo. Oh, vós que tendes tempo sem ter conta não gasteis o vosso tempo em passatempo, cuidai enquanto é tempo em fazer conta. Mas, ah! se os que contam com seu tempo, fizessem desse tempo alguma conta, não chorariam como eu o não ter tempo Provavelmente, Affonso Romano de Sant’Anna baseou-se em Luís António Verney, autor do Verdeiro método de estudar (1746), que atribuiu o soneto ao frei Antônio das Chagas (1631-1682). Porém, António Salgado Júnior, em nota à edição comentada do método de Verney18, retifica que o soneto não é de autoria do frei Antônio das Chagas. Argumenta que o poema aparecera na dedicatória de abertura da obra Miscelânea, de Miguel Leitão de Andrade, publicada em 1629, portanto dois anos antes do nascimento do frei Antônio das Chagas. Eis a versão transcrita por António Salgado Júnior: O tempo já de si me pede conta; É necessário dar-se à conta tempo. Que quem gastou sem conta tanto tempo, Como dará sem tempo tanta conta? 17 18 SANT’ANNA: s.d. VERNEY: 1950 213 Não quer levar o tempo tempo em conta, Porque conta não fez de dá-la em tempo Onde só para a conta havia tempo, Se na conta do tempo ouvesse conta. Mas que conta dará quem não tem tempo? Em que tempo a dará quem não tem conta, Que quem a conta falta, fata o tempo? Vejo-me sem ter tempo, e com ruim conta, Sabendo que hei-de dar conta do tempo E que se chega o tempo de dar conta. (VERNEY: 1950, p.231) Talvez o que tenha contribuído para a atribuição indevida de autoria seja o fato de as obras do frei Antônio das Chagas terem sido publicadas postumamente. As obras sacras foram as que primeiro se publicaram, seguidas das líricas que figuram na Fênix Renascida (1746) ou no Postilhão de Apolo (1761), anonimamente ou assinadas com o nome que o frei usou antes de entrar para a vida secular: Antônio da Fonseca Soares. Considere-se ainda que o soneto em questão não aparece na Fênix Renascida, no Postilhão de Apolo, nem em qualquer livro póstumo do frei. Provavelmente a origem do equívoco quanto à autoria do soneto seja mesmo o método de Verney. Por outro lado, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, que se dedicou ao estudos de sonetos e sonetistas portugueses, atribuiu a autoria do soneto a Júlio Ribeiro. Por fim, merece atenção especial o apógrafo de poemas atribuídos a Laurindo Rabello mais problemático quanto à questão edótica. Trata-se do último volume, do que seria uma série de três tomos, que traz uma grande maioria de poemas com vocabulário obsceno. O editor é anônimo, como sói acontecer em edições de obras com linguagem obscena. A única biblioteca aberta ao público que dispõe de exemplar é a Biblioteca José de Alencar, da Faculdade de Letras da UFRJ. Na memória da ABL, registra-se uma doação do livro feita em 1931 por Constâncio Alves, registrada em discurso publicado na Revista da Academia. No entanto, o opúsculo extraviou-se. Há apenas um fac-símile, feito a partir do exemplar de Israel Souza Lima, biógrafo de patronos de várias cadeiras da Academia Brasileira de Letras, a pedido do Prof. Roberto Acízelo de Souza, para que redigisse o artigo “A face proibida do ultra-romantismo: a poesia obscena de Laurindo Rabello”19. Nos arquivos da ABL, não há informações que auxiliem a 19 SOUZA: 2003 214 desvendar o paradeiro do exemplar. Sabe-se somente que já em 1958 se encontrava desaparecido, como atesta Newton Assunção: Apesar da solenidade da entrega do volume que representa o ato da aceitação pela Academia das poesias cômicas e fesceninas de Laurindo Rabelo, hoje em dia não há a menor notícia da existência daquela preciosidade que Constâncio Alves desejou preservar do esquecimento e da clandestinidade. (ASSUNÇÃO: 1958, 10) A publicação apresenta problemas tipográficos, a começar pela grafia do sobrenome do poeta (Rebello) e as fontes empregadas pelo editor são, como ele próprio assume, de confiabilidade duvidosa: Dâmo-las [as poesias] como a tradição oral no-las conservou, por certo alteradas em mais de um ponto e modificadas, segundo a compreensão poética de cada um dos agentes da tradição as transmitiu ao editor. Anastácio Luiz do Bonsucesso já alertava em 1867 para o problema da circulação dos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello: “quantos primores bocagianos foram perdidos aí por estas salas, quantos primores estão hoje amesquinhados por cópias imperfeitas, ou mutações ridículas” 20 A utilização de testemunhos fornecidos por agentes distintos e colhidos da tradição oral pode explicar a ocorrência de variantes de glosas acerca de um mesmo mote: MOTE A mulata, quando fode, Parece querer voar! GLOSA Não há máquina que mais rode, Tão ligeira e tão sutil, Como seja no Brasil A MULATA QUANDO FODE. Segure-se bem, se pode Quem com ela fornicar, Que a mulata a rebolar Com o vento dos culhões, Toma certos furacões, PARECE QUERER VOAR! OUTRA Aqui d’El-Rei! quem me acode! Que já me sinto morrer! É o que costuma dizer A MULATA QUANDO FODE. Ela toda se sacode, 20 BONSUCESSO: 1867, p.286 215 Vem abaixo e sobe ao ar; E no seu espanejar Desfaz-se toda em gemidos, Perde a cor, perde os sentidos, PARECE QUERER VOAR! Há o caso de “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]”, que em Poesias (1867), de Eduardo de Sá, e demais compilações post-mortem, não apresenta vocabulário obsceno: MOTE Ou são quatro as Graças belas Ou tu és uma das três. GLOSA Ou no Beco das Cancelas Há uma Graça fugida, Por ser do Empíreo corrida, OU SÃO QUATRO AS GRAÇAS BELLAS. Uma moça igual a elas Lá encontrei uma vez Em certa noite de Reis, E lhe disse por chalaça: - Ou há de mais uma Graça, OU TU ÉS UMA DAS TRÊS. No entanto, a versão de Obras poéticas livres (1882): MOTE Ou são quatro as Graças belas Ou tu és uma das três. GLOSA Ou no Beco das Cancelas Há uma Graça fugida, Por ser no Empíreo fodida, OU SÃO QUATRO AS GRAÇAS BELAS. Uma fêmea igual a elas Lá encontrei uma vez Em certa noite de Reis, E lhe disse por chalaça: - Ou há de mais uma Graça, OU TU ÉS UMA DAS TRÊS. Por limitações materiais, não há como discernir se o texto de 1882 corresponde a uma variante autoral ou de não-autoral. Por outro lado, a análise versificatória atesta que não há alteração do padrão métrico e rítmico, embora haja modificação lexical, podendo por isso na versão de 1882 haver variantes autorais, já 216 que as variantes não-autorais, com base no princípio de lectio difficilior21, desvirtuam a técnica de composição do texto, devido à falta de erudição do copista ou à desatenção dos agentes transmissores. Nas lições de Obras poéticas livres, os versos permanecem com sete sílabas e com a mesma distribuição de acentos tônicos. Entretanto, há poemas cuja autoria tem notícia em cronistas, a exemplo de “Eu vi hoje uma pintura”, que Alexandre José de Mello Moraes Filho, em Fatos em Memórias22, testemunha Laurindo Rabello ter improvisado em ocasião de uma pintura inaugurada no largo do Rocio. Além desse poema, há uma pequena sátira à figura de Manuel Felizardo de Souza, Tenente-Coronel e Ministro da Guerra nos períodos de 22/05/1847 a 14/05/1848 e de 12/02/1859 a 09/08/1859. Os poemas ligam-se geneticamente ao folhetim inacabado Feliz-Asno, publicado no jornal O sino dos barbadinhos, em 1849. Alguns inclusive circularam em compilações anteriores à de 1882, a exemplo de “Se Camões cantou Gama” e “Para mostrar quanto é grande”. Registra-se ainda em Obras poéticas livres o caso singularíssimo de uma obra coletiva cuja paternidade foi atribuída a Laurindo Rabello, o lundu “As rosa do cume”: No cume da minha serra Eu plantei uma roseira, Quanto mais as rosas brotam Tanto mais o cume cheira. À tarde, quando o sol posto, E o vento no cume adeja, Vem travessa borboleta, E as rosas do cume beija. No tempo das invernadas, Que as plantas do cume lavam, Quanto mais molhadas eram Tanto mais no cume davam. Mas se as águas vêm correntes, E o sujo do cume limpam, Os botões do cume abrem, As rosas do cume grimpam. Tenho pois certeza agora Que no tempo de tal rega, Arbusto por mais cheiroso 21 “Lição «mais difícil» que corresponde a uma lição mais plausível, visto que a tendência de um copista é a de simplificar, trivializar.” (DUARTE: s.d.) 22 MORAES FILHO: 1904 217 Plantado no cume pega. Ah! porém o sol brilhante Seca logo a catadupa; O calor que a terra abrasa As águas do cume chupa! Talvez a gênese do problema remonte a Alexandre José de Mello Moraes Filho, que afiançava não cantar Laurindo Rabello “letra, que não fosse sua (…).”23. Por ter convivido intensamente com o poeta, o depoimento de Mello Moraes Filho quase sempre vale como verdade inequívoca e atravessa a tradição crítica, conforme se constata em José Ramos Tinhorão: “Laurindo Rabelo era também conhecido por só interpretar ao violão composições de sua autoria, sempre que lhe pediam para cantar (…).”24 Perpassa ao longo dos críticos, portanto, a opinião de que a autoria de todas as modinhas e lundus cantados/tocados por Laurindo Rabello deve lhe ser reivindicada. Na sequência da afirmação de Melol Moraes Filho supracitada, lê-se: E aos quentes arpejos do violão, à lascívia sugestionante do ritmo, em meio de gargalhadas baixinhas, de bravos repetidos, de palmas abafadas, cantava o trovador moreno a tentar os rapazes e a galvanizar os velhos, o lundu do Banqueiro, da Bengala, da Romã, das Rosas do Cume, do Gosto que Excede a todos e da Chave, com a expressão que só ele sabia dar, com os sestros que lhe reconheciam peculiares (…). (MORAES FILHO: 1946, p.156) A atribuição de autoria dá-se por silogismo. Se Laurindo Rabello “não cantava letra, que não fosse sua”25, e se cantava “As rosas do cume”, conclui-se que fosse o autor. No entanto, a história do texto fornece pistas que problematizam a comprovação da autoria. Segundo José Ramos Tinhorão, “As rosas do cume” foi gravado por Franco d’Almeida em Lisboa no início do século XX com variantes. O musicólogo acredita que os versos “devem ter chegado a Portugal em cópias manuscritas, pois apresentam algumas variantes (…).”26 Com efeito, “As rosas do cume” aparece num cancioneiro de marinheiros, O trovador marítimo (1898, com reedição em 1910), documentando-se o agente transmissor pelo qual o lundu atravessou o Atlântico, ainda que não se possa definir a direção, isto é, EuropaAmérica ou vice-versa. Dentre as variantes, são mencionadas duas quadras a mais e uma quintilha encerrando o poema. De fato, em Portugal circula popularmente 23 MORAES FILHO: 1946, p.156 TINHORÃO: 1998, p.143 25 MORAES FILHO: 1946, p.156 26 TINHORÃO: 1998, p.144 24 218 uma versão d’”As rosas do cume”, não somente com três estrofes a mais, porém com sete, além de variantes substantivas no escopo do texto equivalente ao que se considera de Laurindo Rabello. As estrofes em acréscimo foram grifadas: No cume daquela serra Eu plantei uma roseira Quanto mais as rosas brotam Tanto mais o cume cheira À tarde, quando ao sol posto O vento no cume beija Vem travessa borboleta E as rosas do cume deixa No tempo das invernias Que as plantas do cume lavam Quanto mais molhadas eram Tanto mais no cume davam Quando cai a chuva fina Salpicos no cume caiem Abelhas no cume entram Lagartos do cume saem Mas, se as águas vêm correndo O sujo do cume limpam Os botões do cume abrem As rosas do cume brincam Tenho, com certeza agora Que no tempo de tal rega Arbusto por mais mimoso Plantado no cume, pega E logo que a chuva cessa Ao cume leva alegria Pois volta a brilhar depressa O sol que no cume abria À hora de anoitecer Tudo no cume escurece Pirilampos do cume brilham Estrelas no cume aparecem E quando chega o Verão Tudo no cume seca O vento o cume limpa E o cume fica careca Vem, porém, o sol brilhante E seca logo em catadupa O mesmo sol, a terra abrasa E as águas do cume chupa As rosas do cume espreitam Entre as folhagens d'além Trazidas da fresca brisa 219 Os cheiros do cume vêm E quando chega o Inverno A neve no cume cai O cume fica tapado E ninguém ao cume vai No cume dessa montanha Tem um olho de água à beira É uma água tão cheirosa Que a multidão ansiosa O olho do cume cheira. No que diz respeito à criação, está fora de dúvida que não se deve imputá-la a Laurindo Rabello. Trata-se de uma composição coletiva, que ao longo da transmissão oral/escrita se complexificou, ganhando novos acessórios. É possível que a versão cantada por Laurindo Rabello fosse apenas mais antiga do que a gravada em Lisboa, haja vista a quantidade menor de estrofes. No decorrer do tempo, mais quadras lhe foram adicionadas. Talvez o germe do lundu seja a primeira estrofe, “No cume da minha serra/ Eu plantei uma roseira,/ Quanto mais as rosas brotam/ Tanto mais o cume cheira.”, isto é, uma trova escabrosa, muito ao gosto do povo, cuja técnica de elaboração é comum na oralidade/literatura popular: a quadra heptassilábica. Eno Theodoro Wanke menciona-a como “uma das mais conhecidas trovas do folclore secreto (…).”27 Com base no testemunho de Eugênio Victor Schmöckel, de Santa Catarina, cita o texto com lições diferentes das versões acima transcritas: Lá em cima daquele cume Plantei um pé de roseira. Se o vento no cume sopra, A rosa no cume cheira. Wanke ainda transcreve a continuação da trova, coletada por Oswaldo Nascimento, de São José dos Campos, São Paulo: Quando cai a chuva forte, Salpicos do cume caem, Lagartos no cume entram, Regatos do cume saem. A quadra não aparece na versão atribuída a Laurindo Rabello, mas no que Tinhorão acredita ser variação portuguesa, ainda assim com modificações: chuva 27 WANKE: 1988, p.94 220 fina X chuva forte, Salpicos no cume X Salpicos do cume, Abelhas no cume X Lagartos no cume, Lagartos do cume X Regatos do cume. Mário de Andrade fala do “desenvolvimento espantoso” da mesma trova, que deu “numa poesia longa popularesca”28 e documenta outras modificações: No cume daquela serra Tem um pé de laranjeira. Quanto mais ela floresce Tanto mais o cume cheira Existem muitas outras trovas também baseadas na fórmula “no alto de X tem Y”. À guisa de exemplo, examinem-se: 1. No alto daquele morro Tem um pé de pimenteira, Pra passar na tua língua, Cachorrinha candongueira. 2. Lá no alto da Barão tem um pé de jamelão que dá frutos madurinhos com gostinho de limão 3. No alto daquela serra Tem um pé de jatobá. Quem casa com mulher velha tem muxiba pra chupá. 4. Lá no alto daquele morro, Tem um pé de carrapicho! Sou capaz de apostar Que seu pé tá cheio de bicho. Ao que parece, pode-se advogar a ancestralidade dessas trovas ao cancioneiro galego, em função da semelhança com os versos “No alto daquela serra/ hai un panino a abanar,/ por diñeiro non se vende,/ por amores se ha de dar.”, cantiga de número 38 do cancioneiro popular galego de Moscoso. 29 Via tradição galega, alguns elementos da trova chegaram com transformações até o poeta Antonio Noriega Varela (1869-1947), nascido em Mondoñedo, município da província de Lugo, extremo nordeste da Galícia: “No cimbro daquela serra/ está un pozo de auga fría/ onde se lavan os anxos/ e máila Virxe María.” 28 29 ANDRADE: 1956, p.92 BOUZA-BREY: 1946, p.175 221 A variante de Mário de Andrade, por sua vez, abre caminho para se compreender melhor o processo de composição da trova. O segundo verso, “Tem um pé de laranjeira”, retoma a trova popular: “No alto daquele morro/ Tem um pé de laranjeira,/ Toda moça que vai lá/ Volta toda regateira.” O diferencial básico da família de variantes com a palavra ‘cume’ é antes a ambiguidade. O sentido dúbio da palavra ‘cume’ (cume = alto da montanha X cume = substantivo ‘cu’ justaposto ao pronome oblíquo ‘me’) confere à trova um caráter escatófilo, razão para Mário lembrar-se dela em seu ensaio A medicina dos excretos. O emprego da ambiguidade no caso constitui um mecanismo de paródia, funcionando como certidão de nascimento: o grupo de ‘cume’ é posterior, já que atua comicamente sobre um material preexistente, que deve ser conhecido pelo leitor/ouvinte para que se alcance o fim último: o riso. Aceita a hipótese, a primeira quadra d’”As rosas do cume”, não obstante a simplicidade, revela-se um amálgama de versos populares, cuja autoria não pode ser atribuída seguramente a um único autor. A questão da autoria em d’“As rosas do cume”, portanto, não diz mais respeito ao texto na totalidade, uma vez que se atesta ser produto das intervenções de vários atores. Além desse lundu, há o caso do mote “Os segredos do caralho/ Ninguem os póde entender; /Alegre quando tem fome, Triste depois de comer!” Trata-se de uma derivação de “O coração das ceroulas,/ é custoso de entender,/ alegre quando tem fome,/ triste depois de comer.”, trova do folclore português, compilada por Cardoso Marta sob o número de 12 no Folclore pornográfico da Figueira da Foz (1914). Nesse caso, detectam-se com melhor precisão as variantes do texto atribuído a Laurindo Rabello, a saber, a substituição de “O coração das ceroulas” por “Os segregos do caralho”. O teor obsceno da trova, suavizado antes pela catacrese, ganha maior expressividade verbal através do emprego de vocabulário obsceno. Na verdade, Laurindo Rabello provavelmente tomou conhecimento do mote através do poeta baiano Francisco Moniz Barretto, que o também glosou em poema publicado no Álbum da Rapaziada (1864): OS SEGREDOS DO CARALHO NINGUÉM OS SABE ENTENDER: ALEGRE QUANDO TEM FOME, 222 TRISTE DEPOIS DE COMER! No seu crescer e minguar, No seu tédio, em seus folguedos, Tem o caralho segredos, Que a todos fazem cismar. Mil enigmas decifrar Dos homens pode o trabalho; Mas nem mestra de serralho, Nem de barregãs rainha, Nem mesmo o cono adivinha Os segredos do caralho. Cabeça e corpo só tem Este fenômeno raro; Não tem nariz, mas tem faro; Não tem olhos, mas vê bem; Sempre vômitos lhe vêm Depois do estômago encher; Tudo isto, e mais não morder, Tendo de cobra o feitio, São pontos de oculto fio, Ninguém os sabe entender. Dizem provectos varões, De saber vasto e profundo, Que tais mistérios ao mundo Se encerraram nos colhões. Porém, nas cogitações Nossas, o que mais consome, É ver, como, quando come, Murcha, e se entristece a pica, E como viceja, e fica Alegre quando tem fome. Prometeu Vênus um dia Um prêmio a quem explicasse Este segredo, e o mandasse Das putas à academia; Mas té hoje à putaria Ninguém o soube dizer; E o caralho, esse poder, Que a tudo avassala e prostra, Com fome – alegre se mostra, Triste – depois de comer. (PELLEGRINI: 2008, pp.221-222)30 Há ainda outros poemas de Obras poéticas livres que glosam motes glosados por Moniz Barretto, a exemplo de “Não há máquina que mais rode” e “Meu benzinho, que desgosto”. Tal intertextualidade possibilita que se presuma ter Laurindo Rabello composto esses poemas por ocasião de frequentar o cenáculo em torno ao poeta baiano, que publicou poemas obscenos no já aludido Álbum da rapaziada, “motivo de processo movido contra o autor por Antônio Eusébio de 30 Leônidas Pellegrini, em sua Dissertação de Mestrado “Álbum da Rapaziada: o humor obsceno de Francisco Moniz Barreto” (2008), reproduz integralmente os poemas do Álbum da Rapaziada. 223 Almeida, procurador da província da Bahia, caso sem paralelo no nosso século XIX.”31 Em diversos poemas de Obras poéticas livres, a mesma problemática se repete, com maior ou menor complexidade, em torno à autoria ou a elementos advindos de poemas de autoria alheia. A explicação para o fenômeno é o emprego da intertextualidade, como nos casos dos poemas que glosam motes também glosados por Moniz Barretto, ou ainda da paródia como artifício de comicidade, conforme se verifica em “As rosas do cume”. A rara apreciação dos poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello classifica-os como textos de riso fácil, em função de obscenidade grosseira. Para Roberto Acízelo de Souza, a nota de sátira sobrepõe-se à de paródia: Distinto, porém, julgamos ser o caso de Laurindo, cujos versos no máximo poderiam ser tomados como paródias de modelos bastante genéricos, sendo antes, a nosso ver, uma sátira circunstancial, e por isso de contundência e potencial crítico mais modesto. (SOUZA: 2003, p.138) Em outras palavras, os poemas, que alçariam um nível mais sublimado de elaboração artística, limitam-se, em seu arrazoado, a atacar figuras da sociedade através de palavras de baixo calão. O crítico ainda afirma que os poemas obscenos atribuídos a Laurindo Rabello não se nivelariam em termos de qualidade aos de Bernardo Guimarães: Desse modo, se valem os matizes que procuramos distinguir, é possível concluir que o empreendimento poético de Bernardo Guimarães é mais bem-sucedido do que o de Laurindo Rabelo (Idem: ibidem, p.138) Por outro lado, convém sublinhar que, no caso de Laurindo Rabello, os poemas na maioria das vezes surgiam de improvisos, feitos ao calor do momento, para divertimento dos homens nos cantos dos salões. Daí serem geralmente curtos, com pouca matéria poética, em esquemas estróficos e métricos descomplicados, a décima ou quadra heptassilábicas. A despeito do estatuto de sátira que vem se afirmando na recente crítica, o exame acurado nos motes dos poemas de Obras poéticas livres prova o contrário. Trata-se de paródias, não diretamente a obras literárias, mas de maneira geral a modelos que circulavam na tradição oral, como canções da época, muito a propósito do ambiente em que os improvisos eram 31 BUENO: 2004, p.12 224 feitos, entre as execuções performáticas de modinhas e lundus, por meio da qual Laurindo Rabello se celebrizou. Há o caso particular do verso “E chegando ao pé do monte”, pertença do primeiro mote glosado de Obras poéticas livres, que remonta à Crônica do imperador Maximiliano, novela de cavalaria do século XVI. À parte os desdobramentos literários, a paródia gera uma complicação filológica: os motes frequentemente não são de autoria de Laurindo Rabello. Funcionam como uma ouverture a partir da qual se improvisará a paródia. A graça desses poemas, pois, não reside apenas numa pornografia grosseira. Decorre do raciocínio rápido do improvisador, que, ante o público ávido por virtuosismo, retextualiza versos em situações diferentes do original, situações obscenas, que acentuam a hilaridade da (re)criação. Em paródias a modinhas, a derisão ganha mais força, já que elementos oriundos de canções tão sentimentais se recombinam em descrições/narrações esdrúxulas, diametralmente opostas. Punha-se, então, a ridículo a “choradeira sistematizada”32, de que fala Mário de Andrade acerca da modinha, vulgarizada e estigmatizada por volta de meados do século XIX. Ainda que alguns motes retomem intertextualmente versos de poetas do Arcadismo brasileiro, como Tomás Antônio Gonzaga (“Junto a uma clara fonte”) e Silva Alvarenga (“Como vens tão vagarosa/ Ó formosa e clara lua!”), e português, João Curvo Semedo (“Um dia em que o meu gado“) deve se considerar que nos primórdios da modinha poemas de árcades serviram de matéria-prima para canções. O poeta fluminense Domingos Caldas Barbosa, a quem os musicólogos atribuem a paternidade da modinha brasileira, foi árcade, filiado à Arcádia Lusitana com o codinome Lereno Selenuntino. A modinha colonial, assim, abunda cenários bucólicos e muitas Marílias, Márcias, Análias, Nises, Eulinas, etc.. Portanto, se os materiais da paródia nos improvisos atribuídos a Laurindo Rabello, tais como o bucolismo, nomes de pastoras e versos na íntegra, foram colhidos da obra dos Árcades, vieram provavelmente por via da tradição oral/musical, meio em que a identificação da autoria fica em último plano, haja vista as coleções de modinhas que comumente não indicam o autor do poema, nem o compositor da música. Talvez até nem os ouvintes nem tampouco o improvisador discernissem em meio à brincadeira a autoria dos versos parodiados, mas, como os conhecessem da tradição oral, riam, divertiam-se com a subversão dos modelos originais. 4.3.6. Avulsos 32 ANDRADE: 1980, p.5 225 Compõem esse pequeno grupo dois poemas localizados na inventio desta pesquisa em publicações avulsas, “Moreninha” e “Septenário poético”.33 Quanto ao primeiro, trata-se de uma modinha com poema atribuído a Laurindo Rabello, publicada em partitura avulsa, depositada na Divisão de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Esse é o único poema atribuído a Laurindo Rabello não constante de cancioneiros de modinhas e lundus, nem de recolhas de compiladores ou colaboradores, ou seja, trata-se de texto inédito em livro e em periódico. Como observado em “4.1. Inventário testemunhal”, a partitura de “Moreninha” traz não só a melodia vocal, bem como as duas pautas do acompanhamento ao piano, para ambas as mãos (claves de Fá e Sol), o que a torna de grande importância para a memória das modinhas atribuídas a Laurindo Rabello, uma vez que registra com riqueza de detalhes o arranjo musical tanto da parte textual da canção, quanto da instrumental. O “Septenário poético”, compilado em 1867 por Eduardo de Sá Pereira de Castro, sendo incluído posteriormente em todas as compilações post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, foi publicado primeiramente em 1849, sob a autoria de Ignácio José Ferreira Maranhense. Somente em 1880 detalhes de sua tradição impressa pela primeira vez vieram à tona na fortuna crítica de Laurindo Rabello. Lery Santos, no Pantheon fluminense, esclareceu que na época se publicou a elegia “como obra do célebre e famigerado poetaço Ignácio José Ferreira Maranhense.”34 Após cerca de cem anos, o problema reapareceu em Antonio Candido, com a afirmação de que o poema foi "feito de encomenda e publicado com nome de terceiro (...)."35 Cristalizou-se, portanto, na tradição crítica um dogma segundo o qual se julga Ignácio Maranhense ter açambarcado a autoria do “Septenário”, publicando-o indevidamente sob seu nome. Mas o exame acurado da técnica versificatória do poema fornece indícios de que o problema em torno a autoria do “Septenário” não é tão simples de se resolver. Como se verá, o hendecassílabo, metro do canto V do “Septenário”, mostrar-se-ia mais pertinente à versificação de outros poemas atribuídos a Maranhense do que à de Laurindo Rabello. Acresce ainda o fato de 33 Respectivamente, os centésimo quadragésimo oitavo e centésimo quadragésimo nono poemas na numeração contínua, encerrando-se com eles a relação de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Restam ainda os dois fragmentos de poemas, a serem abordados à frente. 34 apud RABELLO: 1946, p.112 35 CANDIDO: 1997, p.145 226 haver no poema determinado padrão rímico de quintilha extremamente raro que, se por um lado não torna a ocorrer no conjunto da obra atribuída Laurindo Rabello, por outro reincide com relação a Maranhense. Sobre Ignácio Maranhense, a tradição crítica oferece poucos dados. As datas de nascimento e morte são desconhecidas, aludindo-se ao Maranhão como terra natal. A Enciclopédia da Literatura Brasileira, de Afrânio Coutinho e Galante de Souza, assevera que o “poeta vendia sua produção poética, que algumas pessoas supuseram ser de outra pena.”36 Os únicos poemas atribuídos a Maranhense, localizados na inventio desta pesquisa em bibliotecas públicas, acham-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro: 1. Á sentidissima morte do principe imperial o senhor D. Affonço – poema em folheto (1847); 2. Septenario poético – poema em brochura (1849); 3. Ao gênio do Brasil e do mundo – poema em folheto (1853); 4. Votos da minh’alma ao Exm. Sr. Commendador Dr. José Maria da Silva Paranhos – poema em folheto (1853); 5. Uma lágrima no sepulcro! À tragica e deplorável morte do conspícuo e benemérito Exm. Sr. Visconde do Rio Bonito – poema originalmente publicado em folheto e compilado em livro com obras de vários autores [cerca de 185637]. A opinião de que Ignácio Maranhense vendia obras alheias como suas somada ao fato de Laurindo Rabello atravessar uma grave crise financeira em 1849 induziria à conclusão de que houve roubo autoral no caso do “Septenário”. Alguns cronistas da vida do poeta afirmam que sua participação em periódicos se explica pelo mesmo motivo. Datam também desse ano as publicações esparsas em O sino dos barbadinhos. Nessa linha de raciocínio, até procederia à primeira vista supor que, por necessidade, Laurindo Rabello vendesse a Maranhense o poema publicado coincidentemente em 1849. O assunto do “Septenário” é a morte de Maria Isabel de Bourbon, Infanta da Espanha, filha de Carlos IV, Rei da Espanha, e de Maria Luisa de Bourbon, Princesa de Parma. Nascida em 06 de julho de 1789 em Madri, casou-se em 06 de outubro 36 COUTINHO & SOUSA: 1990, p.857 Embora o livro não traga a data de publicação, infere-se que o poema date aproximadamente de 1856, visto ser uma elegia ao Visconde de Rio Bonito, morto nesse ano. 37 227 de 1802 com Francisco I, Rei das Duas Sicílias, filho de Fernando I de Bourbon, Rei das Duas Sicílias, e de Maria Carolina Erzherzöge von Österreich. Maria Isabel de Bourbon morreu em 13 de setembro de 1848, aos 59 anos, em Portici, província de Nápoles. Teve treze filhos, dentre os quais Teresa Maria Cristina de Bourbon (14/03/1822-28/12/1889), Princesa das Duas Sicílias, que se casou com D. Pedro II. Ocorreu o famoso matrimônio por meio de um acordo em Viena, em 1842, mas somente celebrado a 30 de maio de 1843, em Nápoles, sem a presença do Imperador, representado pelo irmão de Teresa Cristina, Leopoldo, Conde da Siracusa. Na edição de 1849, assinada por Maranhense, o poema começa com uma “Invocação” em duas estrofes de decassílabos heroicos com seus quebrados de seis sílabas. Seguem-se sete cantos, daí o título “Septenário”, que ainda remete a setembro (mês de falecimento de Maria Isabel de Bourbon), trazendo uma variedade de metros e tipos estróficos. No canto I, há uma única estrofe de cento e dois decassílabos heroicos brancos, raramente interpolados por sáficos, que quebram momentaneamente a monotonia do ritmo. O canto II é composto por treze quartetos de eneassílabos com rima entre os pares. No canto III, encontram-se cinco décimas-segundas com rima entre os versos 2-4, 6-7, 8-12 e 10-11. A estrutura do canto IV é em terza rima, isto é, dezoito tercetos de decassílabos heróicos e uma quadra final também de decassílabos heróicos. As rimas seguem o padrão clássico da terza rima. O canto V foi organizado em treze quadras de hendecassílabos com rima entre os pares. No canto VI, há nove quintilhas de heptassílabos, cuja rima se dá entre os versos 3 e 5. O canto VII tem dezenove quadras de decassílabos alternados com hexassílabos com rima entre os pares. Finalizando o opúsculo, listam-se trinta e nove nomes de pessoas que contribuíram para “a publicação deste Septenário poético.”38 Da lição de 1867, não consta a “Invocação”. Por algum motivo, Eduardo de Sá recusou-a, o que instauraria uma questão em torno a sua autoria frente aos cantos do “Septenário”, podendo se tratar de dois autores distintos, como ocorre mutatis mutandis com as Cartas chilenas e a “Epístola a Critilo”, que as antecede, atribuídas respectivamente a Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa. Do ponto de vista versificatório, a problemática da autenticidade de autoria torna-se mais complexa, ao se verificarem, nos cantos V e VI, padrões métrico e estrófico 38 MARANHENSE: 1849, p.27 228 incomuns à versificação de Laurindo Rabello mas que se repetem em outros poemas atribuídos a Ignácio Maranhense, a saber, o hendecassílabo anapéstico, de esquema 11 (2, 5, 8, 11), e a quintilha de rima nnAnA. Excetuando-se o “Septenário”, em nenhum dos cento e quarenta e sete poemas restantes e dois fragmentos atribuídos a Laurindo Rabello se vê o hendecassílabo. O maior metro é o decassílabo. Em poemas fúnebres, o poeta valeu-se preponderantemente do decassílabo heroico, dada sua tradição de metro mais adequado a assuntos graves: 1. “Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz Barretto”: “Morreu, enfim, morreu! Aquele Gênio,” 1 Mor- 2 reu 3 en- 4 fim 5 mor- 6 reu 7 a- 8 que- 9 le- 10 Gê- Nio 2. “Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut”: “Eis as cenas do mundo! A mesma liça” 1 Eis 2 as 3 ce- 4 nas 5 do 6 mun- 7 d'a 8 mes- 9 ma 10 li- Ça 10 gra- Do 3. “À morte de Junqueira Freire”: “Do retiro claustral cisne sagrado” 1 Do 2 re- 3 ti- 4 ro 5 claus- 6 tral 7 cis- 8 ne 9 sa- Mesmo em “Canto do cisne”, espécie de elegia a si mesmo, Laurindo Rabello, após longo intervalo de tempo em que se dedicou à composição de modinhas e lundus, cujos metros são curtos, voltou a usar o decassílabo: “Quando eu morrer, não chorem minha morte,” 1 Quan- 2 d'eu 3 mor- 4 rer 5 não 6 cho- 7 rem 8 mi- 9 nha 10 mor- Te Em Ignácio Maranhense, todavia, o hendecassílabo 11 (2, 5, 8, 11) aparece em três dos cinco poemas lhe atribuídos, à parte o “Septenário”: 1. “Ao gênio do Brasil e do mundo”: “O mundo te applaude, e os dons te admira,” 229 1 O 2 mun- 3 do 4 t’ap- 5 plau- 6 de 7 os 8 dons 9 t’a- 10 d[i]- 11 mi- ra 2. “Uma lágrima no sepulcro”: “De luto vestidos os campos estão,” 1 De 2 lu- 3 to 4 ves- 5 ti- 6 dos 7 os 8 cam- 9 Pos 10 es- 11 tão 11 bran- do 3. “Votos da minh’alma”: “Ventura! bradaram depois se quebrando;” 1 Ven- 2 tu- 3 ra 4 bra- 5 da- 6 ram 7 de- 8 pois 9 se 10 que- No canto VI do “Septenário”, emprega-se um tipo raríssimo de quintilha, de estrutura rímica nnAnA. As ocorrências de quintilhas em Laurindo Rabello são quatro. Uma única em versos brancos – “A meu amigo e mestre Francisco Moniz Barretto”: Que o digam essas brisas tão suaves Que ao viajor cansado, em nossos bosques, Refrigeram, deleitam, enfeitiçam, Trazendo-lhe o aroma que desprendem As flores bafejadas por teu estro. e três em nABBA – 1. “Estragos de amor”: Miseráveis insensatos, Escravos da formosura, Curvados a seu aceno, Buscais vida no veneno Que vos leva à sepultura! (n) (A) (B) (B) (A) 2. “Ao baptismo de dous meninos”: O fogo santo que dá vida à vida, Chama-se amor; Botão de rosa, que o pudor defende, Quando dous corpos este fogo acende, Desabrocha em flor. (n) (A) (B) (B) (A) 230 3. “Bando”: Eia, Baianos, raiar Vai na terra do Cruzeiro Esse dia tão jucundo, Que, apesar de ser segundo, Há de sempre ser primeiro! (n) (A) (B) (B) (A) Para que se calcule a raridade da quintilha nnAnA, basta que se vasculhem as obras dos poetas mais representativos do cânone brasileiro até o Romantismo. Encontrar-se-ão os tipos 1. ABBAB39, 2. ABAAB40, 3. nAnAn41, 4. ABABA42, 5. ABnAB43, 6. nABBA44, 7. AnBAB45, 8. nAnAA46, 9. nAABB47, 10. AABBn48, 11. ABABB49, 12. nAnnA50, 13. AAnBB51, 14. ABnBA52, 15. ABBnA53, 16. ABBAn54, 17. ABAnB55, 18. nnnAA56, 19. AnnAn57, 20. versos brancos58 e, enfim, 21. nnAnA59. Além de “Lira I, V” e “Lira II, IX”, de Tomás Antônio Gonzaga, os únicos poemas com quintilhas nnAnA localizados pela pesquisa foram o “Septenário” e “Votos da minh’alma”60, outro poema atribuído a Inácio Maranhense: Raiou brilhante estrella no Cruzeiro De galas revestida! Motora da risonha f’licidade, 39 (n) (n) (A) Em vinte poemas de Anchieta Em sete poemas de Anchieta, dois de Gregório de Mattos, um de Tomás Antônio Gonzaga, um de Álvares de Azevedo e um de Junqueira Freire. 41 Em um poema de Anchieta e um de Casimiro de Abreu. 42 Em três poemas de Anchieta, três de Gregório de Mattos, um de Gonçalves Dias e três de Castro Alves. 43 Em um poema de Anchieta e um de Junqueira Freire. 44 Em dois poemas de Tomás Antônio Gonzaga, quatro de Gonçalves Dias, três de Laurindo Rabello, três de Castro Alves, quatro de Casimiro de Abreu e seis de Fagundes Varela. 45 Em um poema de Gonçalves Dias. 46 Em um poema de Gonçalves Dias. 47 Em dois poemas de Cláudio Manoel da Costa e um de Gonçalves Dias. 48 Em dois poemas de Cláudio Manoel da Costa. 49 Em um poema de Gonçalves Dias. 50 Em um poema de Tomás Antônio Gonzaga, um de Castro Alves e dois de Fagundes Varela. 51 Em dois poemas de Castro Alves. 52 Em um poema de Gonçalves de Magalhães. 53 Em um poema de Gregório de Mattos. 54 Em um poema de Cláudio Manoel da Costa. 55 Em um poema de Tomás Antônio Gonzaga. 56 Em um poema de Cláudio Manoel da Costa. 57 Em um poema de Cláudio Manoel da Costa. 58 Em um poema de Cláudio Manoel da Costa, dois de Gonçalves Dias, um de Laurindo Rabello e dois de Fagundes Varela. 59 Em dois poemas de Tomás Antônio Gonzaga. 60 MARANHENSE: 1853, p.1 40 231 Que o povo do Janeiro ha merecido Da summa Magestade! (n) (A) Reconhecidos traços versificatórios muito peculiares que o “Septenário” e demais poemas atribuídos a Ignácio Maranhense mantêm em comum, chega-se a três hipóteses, que permanecem em aberto por limitações materiais e temporais da pesquisa. A primeira é que a semelhança da técnica versificatória entre os poemas não desautorizaria a priori a atribuição de autoria a Laurindo Rabello, que, mesmo não tendo usado o hendecassílabo em outros poemas, poderia tê-lo experimentado no “Septenário”, numa fase iniciática de sua carreira, e tê-lo preterido depois, adotando outros metros, ou, ainda, empregaria o hendecassílabo por uma questão de virtuosismo técnico, uma vez que se tratava de encomenda, isto é, de trabalho profissional. Havia na época o status do escritor público, que Maranhense, inclusive, pretendia para si em suas publicações61, e sua imagem era menos associada ao vate que escrevia por inspiração, desinteressadamente, do que ao que o fazia por ofício, em função de efemérides, devendo exibir domínio técnico do fazer poético para que se conquistassem não só admiração, bem como a benesse financeira dos leitores.62 Haja vista a lista com trinta e nove nomes de pessoas “a quem se deve a publicação deste Septenário poético”63, ao final da edição de 1849. Convém lembrar que o hendecassílabo anapéstico 11 (2, 5, 8, 11), com quatro acentos internos fixos, mostra-se de mais difícil manejo do que o próprio decassílabo heroico 10 (6, 10) e sáfico 10 (4, 8, 10), metros prestigiados pelos poetas eruditos, respectivamente com dois e três acentos internos fixos. Numa segunda hipótese, as semelhanças versificatórias de fato atestariam a autoria de Ignácio Maranhense, o que, de resto, contraria o contundente testemunho de Alexandre José de Mello Moraes Filho acerca do mau-caratismo de Maranhense, personalidade abordada na segunda parte de Fatos e memórias, intitulada “Ladrões de rua”. Mello Moraes Filho sugere ainda que o “Septenário” não seria o único caso de poema encomendado, suscitando a suspeita de que, dentre os demais poemas atribuídos a Maranhense, haveria outros escritos por Laurindo Rabello: 61 “Uma lágrima no sepulcro” e “Votos da minh’alma” são assim assinados: “Pelo escriptor público Ignácio José Ferreira Maranhense”. 62 É mister ratificar considerações feitas em “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello”. A elite intelectual oitocentista era de formação escolar essencialmente humanista, pelo menos até fins do terceiro quartel do século XIX, e valorava o objeto artístico literário segundo o conhecimento de poética e retórica clássicas. 63 MARANHENSE: 1849, p.27 232 Dentre os lutuosos motivos, destaca-se como o mais propício às suas [de Maranhense] explorações o falecimento da rainha D. Maria II, de Portugal. Desolados os portugueses em razão da compungidora nova, não tardou que o agilíssimo Bacanga manifestasse a espontaneidade de seu estro, travando do alaúde para adormecer mágoas, serenar pezadumes. Disparando em busca de Laurindo Rabello, que lhe escrevera o Septenário poético, mandou imprimir em avulso trajado de preto o dolorido poema, e pessoalmente distribuindo centenas de exemplares, por todo o comércio e fidalguia abastada, fartou-se de cobiçosas remunerações. O melhor foi que o governo de Portugal o distinguindo com uma condecoração, o malogrado bardo deixou de gozá-la, sendo-lhe embargada, visto tratar-se duma notabilidade na velhacaria. (MORAES FILHO: 1903, pp.36-37) Conciliando as duas primeiras hipóteses, formula-se, enfim, a terceira, com base em que o “Septenário” teria sido escrito a quatro mãos. De posse do poema encomendado a Laurindo Rabello, Maranhense ajustaria o texto, de modo a ficar mais próximo ao seu gosto ou necessidades, provendo-lhe da “Invocação”, recusada por Eduardo de Sá, e da lista final de colaboradores que financiaram a publicação do poema. O mesmo expediente poderia ter sido aplicado a outros poemas que por ventura Maranhense encomendou a Laurindo Rabello. Nos anexos desta tese, no volume III, encontram-se os poemas atribuídos a Maranhense localizados em publicações avulsas depositadas na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que, numa pesquisa futura, poderão trazer novos dados para a confirmação ou refutação das hipóteses levantadas. 4.3.7. Fragmentos de poemas [“O diabo desta chave”] e [“Eu possuo uma bengala”], os dois fragmentos de poemas atribuídos a Laurindo Rabello encontrados na inventio desta pesquisa, foram compilados por Alexandre José de Mello Moraes Filho em Cantares brasileiros (1900). Correspondem cada qual a duas quadras e são mencionados por alguns autores, a exemplo de Ary Vasconcelos e José Ramos Tinhorão, como o “Lundu da chave” e o “Lundu da bengala”, embora Mello Moraes Filho não os tenha intitulado. Esses textos não estão nos demais cancioneiros de modinhas e lundus pesquisados, nem foram recolhidos por colaboradores ou organizadores de compilações post-mortem. 233 4.4. Estema Representar genealogicamente a tradição impressa dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello impõe certas dificuldades, em função de seu caráter disperso, conforme já salientado. Ao invés de um único estema para todos os poemas, o que implicaria num gráfico poluído visualmente de nós e galhos, optou-se pela representação gráfica por grupos de poemas, facilitando-se a visualização e compreensão da genealogia. 4.4.1. Poemas de Trovas Na inventio desta pesquisa, não se localizou nenhum original manuscrito de poema1, de modo que a tradição que se conhece é de natureza impressa, o que de resto se aplica a todos os casos relatados nesta seção de estemática, através do símbolo ‘[ms]’. Os poemas da primeira edição de Trovas (Tr1), embora reunidos num mesmo livro, não têm a mesma genealogia. Ao que parece, os textos foram recolhidos por Laurindo Rabello de periódicos, mas na inventio desta pesquisa apenas se localizou as publicações anteriores de “Minha resolução” e “Estragos de amor”, em A voz da juventude (1850), como exposto em “3.3. A linguagem em Laurindo Rabello” e em “4.1. Inventário testemunhal”. “À Bahia” não consta de Tr1, aparecendo apenas na segunda edição de Trovas (Tr2) e não sendo republicado na Marmota fluminense (MF). Some-se ainda o fato de que também não se republicaram em MF “Soneto [“Geme, geme, mortal infortunado”]”, “A uma senhora”, “À Sra. Marieta Landa”, “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]”, e “À mesma senhora [“Alcione perdido o esposo amado”]”, constantes de Tr1 e Tr2. Portanto, propõem-se infra três estemas para os poemas de Trovas, uma vez que se observa genericamente três subgrupos com características genealógicas 1 Em matéria para o jornal O Globo, Adelaide Luiza Cordeiro Rabello declarou que o falecido marido era perdulário com manuscritos, emprestando-os a amigos. (O Globo: 1926) Haja vista o caso do poema “Alberto”, cujo manuscrito foi entregue ao funcionário de um jornal para que o publicasse e acabou por se perder. Laurindo Rabello não temia roubo autoral e a publicação indevida de poemas, em função do estilo, que, em sua opinião, seria facilmente reconhecido. A declaração de Adelaide ajuda a explicar a dificuldade de se encontrarem manuscritos de poemas de Laurindo Rabello. Desperta ainda a suspeita de que, se não reivindicou publicamente a autoria do “Septenário poético”, é porque anuiu à publicação do poema sob o nome de Maranhense, mais um indício de que, com efeito, se tratava de encomenda. 234 semelhantes. Foram excluídos do gráfico as antologias e cancioneiros de modinhas e lundus, pelo fato de, em muitos casos, não haver dados filológicos o suficiente para se afirmar com segurança a fonte que seus organizadores empregaram. As emendas feitas por Laurindo Rabello na errata de Tr1, não absorvidas em Tr2, constituem a prova cabal de que as compilações post-mortem não seguiram Tr1. Exemplos disso são os versos “E vomitar na fronte do tiranno” (“Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut”, v.24) e “Num coração de ouro. Quem é ele?” (“Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut”, v.66) alterados respectivamente na errata de Tr1 para “Lançá-las na fronte do tirano” e “Num coração de homem. Quem é ele?”, mas que permaneceram inalterados em Tr2 e assim se leem desde Poesias (P1), compilação de Eduardo de Sá Pereira de Castro, até Poesias completas (PC2), de Antenor Nascentes (PC2), com reedições (PC2a e PC2b). Dentre as compilações post-mortem, a mais profícua é P1. Dela derivou Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Manuel Francisco Dias da Silva Júnior, que, no que diz respeito aos poemas de Trovas, não serviu de fonte para nenhuma outra, talvez em função da crítica negativa de Teixeira de Mello nos Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Não se observa a presença de lições peculiares de PDL em compilações post-mortem subsequentes, tanto com relação ao texto propriamente dito dos poemas, quanto aos títulos, a exemplo de “Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França”, que Dias da Silva Júnior alterou para “Ao natalício de José Pedreira França”. Nas compilações posteriores, o mesmo poema aparecerá com o título original, como em Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, uma vez que o seu modelo foi P1, baseada por seu turno em Tr2; ou simplificado ainda mais para “A José Pedreira França” nas demais compilações. Obras poéticas (OP1), compilação de Joaquim Norberto de Souza Silva, com reedição (OP2) descende diretamente de P1, acolhendo suas lições, mas procedendo a muitas simplificações de títulos. Dentre vários casos, merecem menção os títulos “Epicédio á morte do Doutor José de Assis Alves Branco Moniz Barreto e oferecido ao Ilm. Sr. Dr. Luiz Maria A. F. Moniz Barreto” e “A minha vida, ao meu amigo e colega A. J. Rodrigues da Costa”, simplificados respectivamente para “A morte do Dr. José de Assis” e “A minha vida”, feitas as devidas abonações em notas de roda-pé. Em OP1/OP2, baseiam-se Poesias (P2), de José Perez, e Poesias completas (PC1), de Attilio Milano, ambas apresentando os exatos quarenta e sete poemas constantes de OP1/OP2, mesmas lições, títulos com notas de roda- 235 pé, que são ainda adotados por PC2 e reedições (PC2a e PC2b). A compilação de Nascentes, por sua vez, serviu de fonte para Poesias completas (PC3), organizada por Angela de Stasio para o Departamento Nacional do Livro da Fundação Biblioteca Nacional. Nesta edição crítica (OP3), estabeleceu-se o texto dos poemas de Trovas com base em Tr1, consignando-se no aparato crítico as variantes encontradas em Tr2, MF, P1, PDL, OP1, OP2, OC, PC1, P2, PC2, PC2a, PC2b e PC3. Sendo assim, os estemas propostos são: 1. Para “Estragos de amor” e “A minha resolução”: 2. Para “Soneto [“Geme, geme, mortal infortunado”]”, “A uma senhora”, “À Sra. Marieta Landa”, “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]”, e “À mesma senhora [“Alcione perdido o esposo amado”]”: 236 3. Para “À Bahia”: 4.4.2. Poemas localizados em periódicos, publicados durante o período de vida do autor Como Trovas, esse grupo constitui-se também de subgrupos de poemas com particularidades de genealogia. Trata-se dos textos publicados em O sino dos barbadinhos (SB), A voz da juventude (VJ), O acadêmico (Ac), Marmota fluminense 237 (MF) e O espelho (Es), que seguiram percursos muito preculiares. Convém estudar caso a caso. Os dispersos de SB, à exceção de “Feliz-asno”, que consta também de Obras poéticas (OPL), compilação de organizador anônimo, permaneceram até hoje inéditos em livro. “Delírio e ciúme”, publicado originalmente na edição de 01/06/1850 de VJ, foi recolhido apenas trinta anos depois por Alfredo do Vale Cabral, na Revista brasileira de 1880 (RB), sendo em seguida absorvido por Obras completas (OC), Osvaldo de Melo Braga; Poesias completas (PC2) e reedições (PC2a, PC2b), de Antenor Nascentes, e consequentemente de Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em VJ, consignando-se no aparato as variantes encontradas em OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3: “Flores murchas”, publicado na edição de agosto de 1855 d’O acadêmico (Ac), constitui um dos casos de fragmentação, estudados em “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”. O poema aparece em P1 em fragmentos e com variantes provavelmente autorais, sob os títulos de “Fragmento amor-perfeito” e de “Fragmento suspiros e saudades”, correspondentes respectivamente aos itens III e IV, tal como em Ac. Eduardo de Sá Pereira de Castro pode ter se baseado em algum manuscrito de paradeiro desconhecido ([ms2]) ou material impresso não localizado pela inventio desta pesquisa ([A]). De qualquer maneira, nas duas edições de Obras poéticas (OP1/OP2), de Joaquim Norberto de Souza Silva, a designação ‘fragmento’ já não aparece nos títulos constantes de P1, e consequentemente assim em compilações suas descendentes, Poesias completas (PC1), de Atílio Milano; 238 Poesias (P2), de José Perez; Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes); e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Por outro lado, Alfredo do Vale Cabral republica o poema na íntegra na edição de 1880 da Revista Brasileira (RB), sendo recolhido em livro em Obras completas (OC) de Osvaldo de Melo Braga, que ainda compilou os fragmentos de P1. PC2, que teve OC entre as suas fontes, apresenta tanto o poema na íntegra, com o título “Flores murchas”, quanto seus fragmentos, com os títulos supra mencionados, como sendo três poemas distintos. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em VJ, consignando-se no aparato as variantes encontradas em P1, RB, OP1, OP2, PC1, P2, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3: Os poemas publicados orginalmente na Marmota fluminense (MF), isto é, que não integram a série proveniente de Trovas, não apresentam conjuntamente a mesma genealogia. Dentre os vinte que compõem o grupo, apenas nove 2 foram recolhidos em Poesias (P1), de Eduardo de Sá, dos quais oito 3 constam das duas edições de Obras poéticas (OP1/OP2), de Joaquim Norberto de Souza Silva; 2 1) “Mote [“Um só momento de amor”]”; 2) “Dous impossíveis”; 3) “Ao octagésimo segundo anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da Trindade, no dia 26 de maio de 1859, pelo seu afilhado Dr. Laurindo José da Silva Rabello”; 4) “Mote a prêmio [“As Potencias do Occidente”]”; 5) “Poesia oferecida ao Sr. P. J. F. Torres e a sua Sra. D. L. L. da Cunha Torres por occasião do baptismo de um seu filho, tendo a mesma senhora servido de madrinha a um outro menino baptisado na mesma occasião”; 6) “À minha terra natal”; 7) “Saudades”; 8) “Epístola”; e 9) “Mote [“Um pensamento de morte”]”. 3 Na verdade, o poema que ficou de fora do corpo da compilação, “Mote [“Um só momento de amor”]”, aparece na introdução de OP1, em que se compilou o prefácio de P1, onde Eduardo de Sá transcrevera o referido poema juntamente a outros improvisos. 239 Poesias completas (PC1), de Attílio Milano; e Poesias (P2), de José Perez, com as mesmas lições e títulos alterados, a exemplo de “Epístola ao amigo Paula Brito”, que passou a “Ao meu amigo F. de Paula Brito”. Com relação estritamente ao grupo de poemas em questão, Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, recebem o influxo de OP1/OP2, muito embora o compilador tenha se utilizado também de Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, para recolher outro subgrupo de poemas provenientes de MF, conforme será mostrado infra. Consequentemente, Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional, reflete influências de OP1/OP2, através de PC2. Por outro lado, Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior, parece não ter se baseado em OP1, já que suas lições e títulos de poemas são muito próximas de P1. OC, por sua vez, descende diretamente de P1, conforme atestam lições e títulos de poemas, como “Epístola ao amigo Paula Brito”, que tanto em PDL, quanto na linhagem descendente de OP1/OP2, apresenta o possessivo ‘meu’ junto ao substantivo ‘amigo’: “Epístola ao meu amigo Paula Brito”. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do grupo de poemas em questão com base em MF, consignando-se no aparato crítico as variantes encontradas em P1, PDL, OP1/OP2, PC1, P2, PC2, PC2a, PC2b, PC3 e OC: “Teus olhos” e “Que mais desejas” não foram recolhidos em Poesias (P1), de Eduardo de Sá, mas em Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior, e não necessariamente a partir da Marmota fluminense (MF). Em primeiro lugar, os títulos dos poemas aparecem em PDL com alterações, respectivamente: “De ti fiquei 240 tão escravo” e “Que mais dejesas?”. Além disso, o verso 29 do primeiro poema em PDL traz variantes disjuntivas que se afastam da lição de MF: 1) substituição do verbo ‘ver’ por ‘ser’ (“Por não ver inda completa” (MF) X “Por não ser inda completa” (PDL)). Sinalefas entre a última sílaba do pronome ‘minha’ e a primeira do substantivo ‘alma’ (‘minh’alma’) verificam-se em MF, mas não em PDL (‘minha alma’). Com relação ao segundo poema, há também variantes disjuntivas entre as lições de MF e PDL: 1) inversão da posição do advérbio ‘não’ e do pronome ‘me’ no verso 27 (“Se não me adoras:” (MF) X “Se me não adoras:” (PDL)); e 2) inclusão do artigo ‘a’ entre o verbo ‘fere’ e o substantivo ‘ofensa’ no verso 09 (“Não fere ofensa” (MF) X (“Não fere a ofensa” (PDL)). A não se tratar de mero descuido por parte do compilador, tais variantes revelam que Dias da Silva Júnior se baseou em algum cancioneiro de modinhas e lundus de paradeiro desconhecido ou no testemunho oral de modinheiros ([A]). De qualquer forma, ambos os poemas tornaram a aparecer em Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga; Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional, que seguiram as mesmas lições e títulos de poemas de PDL, não obstante em PC2 e descendentes as sinalefas de “Teus olhos” não figurarem, o que poderia corresponder a variantes voluntárias de Nascentes. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto dos poemas em questão a partir de MF, consignando-se no aparato crítico as variantes encontradas em PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3. Integram ainda o aparato variantes localizadas em cancioneiros de modinhas e lundus.4 Em “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”, comentou-se a problemática da autenticidade de autoria com relação aos cancioneiros de modinhas e lundus. Outra questão diz respeito a poemas que não foram escritos originariamente como letras de canções, mas que acabaram musicados, ou que passaram a figurar nos salões burgueses dramatizados sob a forma de recitativos. No primeiro caso, insere-se “Canto do cisne”, visto anteriormente e a ser retomado mais adiante. Quanto ao segundo, serve de exemplo o poema “Dous impossíveis”, publicado primeiramente na Marmota fluminense (MF). A rigor, o recitativo consiste num gênero de canto solo presente na ópera, ao lado da ária. Ambos diferenciam-se 4 Trovador – coleção de modinhas (TCM); A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Cantor luso-brasileiro (CLB); Cantora brasileira e reedições (CBra1, CBra2 e CBra3); Cantares brasileiros (CBr); Cancioneiro popular moderno (CPM); Lira do trovador (LT); Serenatas e saraus (SS); e Cancioneiro popular de modinhas brasileiras (CPMB). 241 entre si basicamente pelo caráter rítmico-melódico e narrativo. Enquanto a ária é mais rica de ornatos musicais, o recitativo apresenta-se mais simples, próximo à fala, exercendo a função de preâmbulo, em que se faz uma breve narrativa. No Brasil, porém, o recitativo emancipa-se da ópera, ao ser implantado como espetáculo independente nos teatros e salões fluminenses por influência de Luis Cândido Furtado Coelho, ator, poeta, dramaturgo e músico chegado de Portugal em 1856. Por essa época, a cena cultural no Rio de Janeiro sofria o impacto do incêndio que destruiu em 06 de janeiro de 1856 o Imperial Teatro de São Pedro de Alcântara, localizado nas imediações da Praça Tiradentes, onde atualmente se encontra o Teatro João Caetano. O Teatro de São Pedro de Alcântara era o principal ponto de encontro da alta elite fluminense, onde se motavam peças e óperas de importantes autores e compositores. A invenção de Furtado Coelho “fez furor, irradiando-se por todos os teatros e salões da Corte e das províncias.”5 E tanto poetas consagrados, quanto principiantes, utilizavam-se dos recitativos como veículo de divulgação de sua obra poética. No auge da moda, os recitativos ofereciam um vasto repertório, com obras dos mais importantes poetas e dos mais assanhados do momento: Castro Alves, José Bonifácio, o moço, Fagundes Varela, Casimiro de Abreu, França Júnior, Ferreira Neves, M. P. Leitão, Dias da Silva Júnior. (MACHADO: 2001, p.122) O sucesso dos recitativos refletiu-se na estrutura dos próprios cancioneiros de modinhas e lundus, que apresentavam quase que obrigatoriamente até o fim do terceiro quartel do século XIX uma seção lhes dedicada, conforme observado em “4.1. Inventário testemunhal”. Em alguns cancioneiros, o organizador destinou um volume inteiro aos recitativos, como é o caso do segundo tomo de A cantora brasileira (CB). Os recitativos, portanto, instauram uma forma alternativa de transmissão de poemas que já haviam sido publicados. Enquanto performances orais ao sabor do momento, contribuem para a profusão de variantes que se inserem nos textos, de maneira muito próxima às performances musicais dos modinheiros. Os efeitos dos recitativos na tradição de um poema podem ser flagrados, por exemplo, na quantidade de lugares críticos que “Dous impossíveis” apresenta muito acima à de qualquer outro poema publicado na Marmota fluminense (MF), ou em demais periódicos, que não tenha sofrido as interferências da oralidade. À parte “Dous impossíveis” e as modinhas “Teus olhos” e “Que mais 5 MACHADO: 2001, p.121 242 desejas”, o poema que traz mais lugares críticos é “Ao baptismo de dous meninos”, com quinze ocorrências. Em “Dous impossíveis”, por seu turno, chega-se a trinta e nove lugares críticos, o que ainda supera as referidas modinhas. “Teus olhos” tem trinta e um, e “Que mais desejas”, vinte lugares críticos. A questão em torno aos recitativos torna-se delicada, na medida em que as variantes inseridas nos textos podem advir de performances orais dos próprios autores, que, como Gonçalves de Magalhães, Fagundes Varela, Tobias Barreto, Castro Alves e o próprio Laurindo Rabello, atuavam como intérpretes de seus textos. Em outras palavras, tais variantes não necessariamente constituem alterações voluntárias ou involuntárias não-autorais mas legítimas variantes autorais. O fenômeno, portanto, deve ser levado em consideração no estudo de edições de poemas do século XIX, uma vez que não só os cancioneiros de modinhas e lundus, bem como compilações e antologias provavelmente foram influenciados pelas interpretações Em termos de genealogia, os cancioneiros de modinhas e lundus mereceriam estudo à parte pelo fato de nem sempre estarem relacionados diretamente uns aos outros, através de ramos ascendentes, colaterais ou descendentes. Quanto a isso, sirva de ilustração a nota 141 que Antenor Nascentes faz a “Que mais desejas”, em Poesias completas (PC2): “(…) A música que está apensa a esta edição foi transcrita de memória pelo autor destas notas, o qual aos sete anos de idade a ouviu cantar por uma senhora sua vizinha.”6 No caso de PC2, a música foi recolhida a partir da performance de uma intérprete, fenômeno que poderia ter ocorrido, em outras situações, com relação ao próprio poema da canção. Nesta pesquisa, adotouse um modelo hipotético genérico em que cada cancioneiro remete a uma variação7 performática (α, β, γ, δ etc.) de um arquitexto (θ), que pode ter sido transmitido ainda por meio de manuscritos perdidos ([ms1], [ms2] etc.): 6 apud RABELLO: 1963, p.270 O termo ‘variação’ é aqui empregado na acepção de Paul Zumthor, já que a tradição oral dos cantadores de modinha e lundu se assemelha à dos trovadores medievais, no que diz respeito ao caráter performático: “Numa arte tradicional, a criação ocorre em perfomance; é fruto da enunciação – e da recepção que ela se assegura. Veiculadas oralmente, as tradições possuem, por isso mesmo, uma energia particular – origem de suas variações.” (ZUMTHOR: 1993, p.143) 7 243 Voltando à genealogia dos poemas publicados primeiramente na Marmota fluminense (MF), “Rondó”, “Aos annos de um respeitável ancião”, “À D. Carlota Milliet”, “Mote [“Beijo a mão que me condemna”]”, e “As lágrimas” foram recolhidos por Alfredo do Vale Cabral na Revista brasileira (RB) e, posteriormente, compilados em livro por Osvaldo de Melo Braga em Obras completas (OC), que ainda serviu de fonte para Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Quanto ao terceiro poema, ocorre fragmentação análoga a “Flores murchas”, aparecendo em PC2 e descendentes como três poemas independentes, com os títulos de “Ode (à D. Carlota Leal Milliet)”, “O épico do – FIAT” e “O furor ciumento”. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto dos poemas em questão com base em MF, consignando-se no aparato as variantes encontradas em RB, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3: 244 Por fim, “Charadas. [“Todas vez que ela vem”]”, “Outra [“Fui fazer minha morada”]”, “Epigramma. [“Tratou Maria os meus versos”]” e “Outra [“Uma ingrata, uma inconstante”]” ainda não haviam sido recolhidos da Marmota fluminense (MF), permanecendo inéditos em livro: “Desalento”, “À morte de Juqueira Freire” e “As duas redempções”, publicados em O espelho (Es), nas edições respectivamente de 18/09/1859, 09/10/1859 e 11/12/1859, foram recolhidos em Poesias (P1), de Eduardo de Sá, figurando ainda nas duas edições de Obras poéticas (OP1/OP2), de Norberto de Souza Silva; em Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior; em Poesias completas (PC1), de Attílio Milano; em Poesias (P2), de José Perez; em Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga; em Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b); e em Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional, com poucas variantes. Nesta edição (OP3), o texto dos poemas foi estabelecido com base em Es, consignando-se no aparato as variantes das compilações post-mortem mencionadas: 245 4.4.3. Diário do Rio de Janeiro “Canto do cisne”, publicado na edição de em 11/10/1864 do Diário do Rio de Janeiro (DRJ), pouco menos de um mês depois da morte de Laurindo Rabello, foi recolhido em Poesias (P1), de Eduardo de Sá, e prosseguiu depois por genealogia análoga à dos poemas de Es: as duas edições de Obras poéticas (OP1/OP2), de Norberto de Souza Silva; Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior; Poesias completas (PC1), de Attílio Milano; Poesias (P2), de José Perez; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga; Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Embora não tenha sido escrito como poema de modinha ou lundu, como discutido em “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”, o poema foi musicado por A. J. S. Monteiro e figura em muitos cancioneiros de modinhas e lundus 8, com inúmeras variantes. Nesta edição, estabeleceu-se o texto do poema com base em DRJ, consignando-se no aparato as variantes das compilações post-mortem e cancioneiros: 8 Mencionam-se no estema apenas cancioneiros que trazem no texto do poema variantes substantivas: Cantor de modinhas brasileiras (CM); Cancioneiro popular moderno (CPM); Antologia da serenata (AS); As mais belas modinhas (AMBM); A lira do capadócio (LC); Lira do trovador (LT); Serenatas: novíssima coleção (SNC). Os testemunhos de “Canto do cisne” localizados pela inventio da pesquisa, em total de vinte, podem ser conferidos em “4.1. Inventário testemunhal”. 246 4.4.4. Dispersos em cancioneiros de modinhas e lundus “Quanto pode um beijo teu”, “Se eu fora poeta” e “Trovador accusação”, não obstante publicados num mesmo cancioneiro, Trovador: jornal de modinhas (Trd), guardam peculiaridades genealógicas na tradição impressa. O primeiro poema aparece em O sorriso (OS), Cantares brasileiros (CBr), Serenatas e saraus (SS), Cantor luso-brasileiro (CLB), Cantora brasileira (CBra1) e reedições (CBra2 e CBra3). CBr, CLB e CBra1 têm variantes conjuntivas, a exemplo do título, “Beijo de amor”, disjuntivo com relação ao constante de OS, “Se me queres ver ainda”, ambos, por sua vez, disjuntivos da lição de Trd. Portanto, é de se crer que de um arquétipo (θ) descenderam no mínimo três originais perdidos ou performances (α, β e γ), de que derivaram respectivamente Trd, OS e o grupo CBra1, CLB e CBr. CBra2 e CBra3, enquanto reedições, herdam as variantes de CBra1. CLB, no corpus de testemunhos investigados, não gera ramos descendentes. Em CBr, provavelmente se baseou SS, ambos cancioneiros organizados por Alexandre José de Mello Moraes Filho. Antenor Nascentes recolheu “Quanto pode um beijo teu” em Poesias completas (PC2) a partir de SS, já que em nota 151 menciona que o poema em questão consta “de Mello Moraes Filho, Serenatas e Saraus, III, 196.”9 O poema em PC2 apresenta lições e título (“Beijo de amor”) em comum com SS. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em Trd, consignando-se no aparato as variantes encontradas nos cancioneiros de modinhas e lundus e em PC2: “Se eu fora poeta” não chegou a ser recolhido em compilações post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Além de Trovador: jornal de modinhas 9 apud RABELLO: 1963, p.272 247 (Trd), o poema circulou ainda em Lira de Apolo (LA); A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Cantares brasileiros (CBr); e As mais belas modinhas (AMBM). Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema em questão com base em Trd, por se tratar do testemunho mais antigo localizado pela inventio, o que não corresponde a uma verdade em absoluto, mas a uma possibilidade dentre as várias na tradição impressa, consignando-se no aparato as variantes constantes de LT, CPB, CBr, AMBM, LA, CB e CM. “Trovador accusação” aparece um vários cancioneiros de modinhas e lundus: Trovador: coleção de modinhas (TCM); A cantora brasileira (CB); Cancioneiro de músicas populares (CMP); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do trovador (LT); Serenatas: novíssima coleção (SNC); As mais belas modinhas (AMBM); Cantares brasileiros (CBr); Serenatas e saraus (SS), que se baseou em CBr; Cancioneiro fluminense (CF); e Canções populares do Brasil (CPB). O poema foi recolhido em Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, a partir de CPB, conforme aponta em nota 142: “Esta é a versão completa que vem nas Canções Populares do Brasil, de Júlia de Brito Mendes, Rio, s.d. (1911).”10 Por conseguinte, o poema chegou a Poesias completas (PC2), da Biblioteca Nacional, através de PC2. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto com base em Trd, consignando-se no aparato as variantes encontradas em TCM, CB, CMP, CM, LT, CBr, SS, SNC, AMBM, CF, CPB, PC2, PC2a, PC2b e PC3: 10 apud RABELLO: 1963, p.271 248 “Se me adoras”, “Adeus… adeus… é chegada”, “Perdeu a flor de meus dias”, “Riso e morte”, “Já dei tudo o que tinha” e “É aqui! bem vejo a campa”, publicados nas edições de 12/09/1869, 26/09/1869, 21/11/1869, 06/02/1870, 03/03/1870 e 20/03/1870 de Lira de Apolo (LA) também não seguem por caminhos idênticos. O primeiro poema figura em Trovador: coleção de modinhas (TCM); A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Serenatas e saraus (SS); Trovador brasileiro (TB); Cantora brasileira ou coleção de modinhas e reedições (CBra1, CBra2 e CBra3); Folhinha de modinhas (FM); e Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, conforme se observa na nota 138 de PC2: “Consta do IV caderno, pág. 39. Musicada por Almeida Cunha.”11 Trata-se, portanto, do quarto caderno de FM. Através de PC2, o poema também chegou a Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em LA, consignando-se no aparato as variantes encontradas em TCM, CB, CM, SS, TB, CBra1, CBra2, CBra3, PC2, PC2a, PC2b e PC3: 11 apud RABELLO: 1963, p.270 249 “Adeus… adeus… é chegada” consta de Trovador – coleção de modinhas (TCM); A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do trovador (LT); Serenatas e saraus (SS); Trovador brasileiro (TB); Cantora brasileira ou coleção de modinhas e reedições (CBra1, CBra2 e CBra3); Lira popular brasileira (LPB); Cantares brasileiros (CBr); Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, que se baseou em PDL, consoante nota de roda-pé em OC: “Dias da Silva Júnior, op.cit., pgs. 181-182.”12; Folhinha de modinhas (FM); e Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como indica na nota 137 de PC2: “Consta do IV caderno, pág.31, da dita Coleção.”13 Nascentes refere-se ao quarto caderno de FM. Através de PC2, o poema chegou ainda a Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. 12 13 apud RABELLO: 1946, p.334 apud Idem: ibdem, p.270 250 “Perdeu a flor de meus dias” aparece em Trovador: coleção de modinhas (TCM); A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do trovador (LT); Trovador brasileiro (TB); Cantares brasileiros (CBr); Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, com supressão dos versos 13-16, correspondentes à quarta estrofe da lição de LA: “Do amor daquela ingrata/ Tão fingido e tão traidor,/ Té o amor feneceu-me/ Já não vive a minha flor.”; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, que embora não indique paratextualmente, segue PDL, como se presume em função da falta dos versos 1316, além de outras variantes herdadas. Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, parece inserir-se nessa linhagem, já que apresenta omissão dos mesmos versos e adoção de variantes. Tanto em PDL, quanto em OC ou ainda em PC2, o poema figura com as mesmas três estrofes. Por meio de PCa, o poema, enfim, chegou a Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em LA, consignando-se no aparato as variantes encontradas em TCM, CB, TB, CM, LT, CBr, PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b, e PC3: 251 “Riso e morte” foi publicado em Trovador: coleção de modinhas (TCM); A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do trovador (LT); Cantares brasileiros (CBr); Serenatas e saraus (SS), de Alexandre José de Mello Moraes Filho, que raproveitou material de CBr, também organizado por ele; Trovador brasileiro (TB); Folhinha de modinhas (FM); e Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como se observa em nota 147 de PC2: “Consta da Coleção A. G. Guimarães, IV caderno, pág. 12. Musicada por João Cunha.”14 Através de PC2, o poema chegou ainda a Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em LA, consignando-se no aparato as variantes encontradas em TCM, CB, LT, CM, CBr, SS, PC2, PC2a, PC2b e PC3: 14 apud RABELLO: 1963, p.271 252 “Já dei tudo o que tinha” ainda não foi recolhido por compilações post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Além de LA, circulou apenas em A cantora brasileira (CB); e Cantor de modinhas brasileiras (CM). Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em LA, consignando-se no aparato as variantes encontradas em CM e CB: Por fim, “É aqui! bem vejo a campa” encontra-se em A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Serenatas e saraus (SS); Folhinha de modinhas (FM); e Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como revela a nota 150 de PC2: “Na Coleção de A. G. Guimarães, caderno V, pág. 36 (…).”15 Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em LA, consignando-se no aparato as variantes encontradas em CB, CM, SS, PC2, PC2a, PC2b e PC3: 15 apud RABELLO: 1963, pp.271-272 253 “O banqueiro”, “Acabou-se a minha crença”, “Eu sofro angústias me sufocar”, “O cego”, “O espectro” e “Foi em manhã d’estio”, publicados respectivamente nos volumes I, II e V de Trovador: coleção de modinhas (TCM), igualmente aos casos anteriores, não apresentam a mesma genealogia. O primeiro poema aparece ainda em A cantora brasileira (CB); Cantares brasileiros (CBr); e Obras poéticas livres (OPL). Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em TCM, consignando-se no aparato as variantes encontradas em CB, CBr e OPL: “Acabou-se a minha crença” figura em A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do trovador (LT); Trovador brasileiro (TB); Lirismos dum capadócio (LDC); Cantares brasileiros (CBr); As mais belas modinhas (AMBM); Folhinha de modinhas (FM); Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, que provavelmente se baseou em PDL, a julgar pelo mesmo título do poema, alterado para “Descrença”, variante que consta apenas de PDL e OC; Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e 254 PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como aponta a nota 140 de PC2: “Consta do VI caderno, pág.45.”16, isto é, VI caderno da coleção de modinhas publicada em FM ; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em TCM, consignando-se no aparato as variantes encontradas em CB, CM, LT, TB, LDC, CBr, AMBM, PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3: “Eu sofro angústias me sufocar” foi publicado também em Cantor de modinhas brasileiras (CM); Cantares brasileiros (CBr); As mais belas modinhas (AMBM); Cantor luso-brasileiro (CLB); Folhinha de modinhas (FM); Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, que se baseou possivelmente em PDL, como se percebe por variantes conjuntivas somente entre PDL e OC, e.g. v.21: “Em cada nota” (TCM, CM, CBr, AMBM, CLB, PC2, PC2a, PC2b e PC3) X “No ar o canto” (PDL e OC); Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como atesta a nota 145 de PC2: “Consta da Coleção de A. G. Guimarães, I caderno, pág.5.”17; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em TCM, consignando-se no aparato as variantes encontradas em CM, CBr, AMBM, CLB, FM, PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3: 16 17 apud RABELLO: 1963, p.270 apud Idem: ibidem, p.271 255 “O cego” circulou em A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lirismos dum capadócio (LDC); Cantares brasileiros (CBr); Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, que segue as lições de PDL, assim como Antenor Nascentes em Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), e.g. v.14: “Ao avistar-te, meu anjo,” (TCM, CB, CM, LDC, CBr) X “Ao avistar-te, nos olhos” (PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3); e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional, de mesma linhagem que PC2, sua fonte. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em TCM, consignando-se no aparato as variantes encontradas em CB, CM, LDC, CBr, PDL, OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3: “O espectro” consta de A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Lira do trovador (LT); Cantares brasileiros (CBr); Folhinha de modinhas (FM); Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor 256 Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como registra a nota 139 de PC2: “Consta do IV caderno, pág.31. Continuação da modinha O Espectro.”18; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em TCM, consignando-se no aparato as variantes encontradas em CB, CM, LT, CBr, PC2, PC2a, PC2b e PC3: Por fim, “Foi em manhã d’estio” encontra-se em A cantora brasileira (CB); Cantor de modinhas brasileiras (CM); Cantares brasileiros (CBr); Folhinha de modinhas (FM); Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como indica a nota 134 de PC2: “Da Coleção de Modinhas Brasileiras, editada pela livraria de Agostinho Gonçalves Guimarães & Cia., na rua do Sabão, nº26; Está no I caderno, pág.59.”19; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em TCM, consignando-se as variantes encontradas em CB, CM, CBr, PC2, PC2a, PCb e PC3: 18 19 apud RABELLO: 1963, p.270 apud Idem: ibidem, p.270 257 “Quando a teus olhos” e “Não tem dó do meu penar”, publicados no primeiro volume de A cantora brasileira (CB), contrariamente aos casos anteriores, perfazem a mesma genealogia. Os poemas foram publicados ainda em Cantor de modinhas brasileiras (CM); Folhinha de modinhas (FM); Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que recolheu o poema a partir de FM, como se observa pelas notas 135 (“Consta do I caderno, pág.20, da dita Coleção.”20) e 149 (“Consta da Coleção de A. G. Guimarães, IV caderno, pág.26.”21); e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em CB, consignando-se no aparato das variantes encontradas em PC2, PC2a, PC2b e PC3: Por fim, “O estudante e a lavadeira” e “O namorado sem dinheiro”, também publicados em Cantares brasileiros (CBr), de Alexandre José de Mello Moraes Filho, 20 21 apud RABELLO: 1963, p.270 apud Idem: ibidem, p.271 258 não chegaram a ser recolhidos em compilações post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello: 4.4.5. Recolhas de compiladores e colaboradores de origem desconhecida 4.4.5.1. Recolhas de Eduardo de Sá Pereira de Castro, publicadas em Poesias Em Poesias (P1), Eduardo de Sá adicionou trinta e um aos vinte e quatro poemas provenientes de Trovas, chegando a um total de cinquenta e cinco. Dos trinta e um, na inventio desta pesquisa identificou-se a origem de quinze, publicados anteriormente nos periódicos O acadêmico (Ac), Marmota fluminense (MF), O espelho (Es) e Diário do Rio de Janeiro (DRJ), conforme exposto nos parágrafos supra. Os dezesseis restantes, em função das limitações de tempo da pesquisa, não tiveram suas origens localizadas, tomando-se por texto-base, portanto, a lição de P1. Esses poemas foram recolhidos por Eduardo de Sá a partir de algum periódico não localizado ([A]) ou de manuscrito a que possivelmente teve acesso (ms), uma vez que era amigo íntimo de Laurindo Rabello. As recolhas de Eduardo de Sá, no decorrer da tradição, incorporaram-se às compilações post-mortem posteriores, a saber, as duas de Obras poéticas (OP1/OP2), de Norberto de Souza Silva; Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da Silva Júnior; Poesias (P2), de José Perez; Poesias completas (PC1), de Attílio Milano; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga; Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. PDL e OP1 seguiram P1. OC também se baseou P1, mas absorveu ainda notas de roda-pé de PDL, e.g. nota relativa a “Mote [“Soa o bronze, expira o dia,”]”, constante apenas de PDL e OC: “Este como os outros que se seguem são improvisos em que colaboraram Castro Lopes, Pires Ferrão e Ferreira Pinto saindo 259 completos como se fora elaborados por um só.” 22 OP2, P2, PC1, PC2 e reedições (PC2a e PC2b) descenderam de OP1, como atestam variantes conjuntivas entre os referidos testemunhos e ainda PC3, pelo fato de ter se baseado em PC2, e.g. v.14 de “À minha terrra natal”: “Feriu-me d’alma a raiz,” (P1, PDL, OC) X “Feria-me d’alma a raiz,” (OP1, OP2, P2, PC1, PC2, PC2a, PC2b e PC3); ou ainda o v.41 de “Ao dia de finados”: “Que o espírito só e Deus conhecem.” (P1, PDL, OC) X “Que o espírito só a Deus conhecem.” (OP1, OP2, P2, PC1, PC2, PC2a, PC2b e PC3). Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em P1, consignando-se no aparato as variantes encontradas em OP1, OP2, P2, PC1, PC2, PC2a, PC2b e PC3: 4.4.5.2. Recolhas de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, publicadas em Poesias do dr. Laurindo Assim como Eduardo de Sá, Dias da Silva Júnior recolheu poemas de Laurindo Rabello de periódicos ([A]) ou manuscritos (ms), cuja origem na inventio desta pesquisa não se localizou. As recolhas de Dias da Silva Júnior, porém, não foram logo bem aceitas, talvez em função das duras críticas que Teixeira de Mello teceu à qualidade tipográfica de Poesias do dr. Laurindo (PDL), nos Anais da 22 apud RABELLO: 1946, p.359 260 Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, como anteriormente mencionado, questionando ainda a autenticidade de poemas atribuídos a Laurindo Rabello pelo compilador. “Ciúme e razão”, “O tempo”, “Que desconsolo!”, “Mote [“ainda no mar do cíume”]” e “Angústia” serão apenas absorvidos por Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, cerca de sessenta e nove anos depois, e em seguida por Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, figurando ainda em Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. PC2 e descendentes (PC2a, PC2b e PC3) descendem diretamente de OC e não de PDL, a julgar por variantes conjuntivas entre OC e PC2 mas disjuntivas de PDL, e.g. v.83 de “Ciúme e razão”: “Ao mesmo me serás no pensamento,” (PDL) X “A mesma me serás no pensamento,” (OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3). Nesta edição, estabeleceuse o texto dos poemas com base em PDL, consignando-se no aparato as variantes encontradas em OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3: 4.4.5.3. Recolhas de Alfredo do Vale Cabral, publicadas na Revista brasileira Alfredo do Vale Cabral publicou nas edições de 01/11 e 15/12/1880 da Revista brasileira (RB) um total de nove recolhas, das quais sete tiveram a fonte localizada na inventio desta pesquisa. Trata-se de poemas publicados n’O acadêmico (Ac), A voz da juventude (VJ) e Marmota fluminense (MF), já expostos supra. As primeiras publicações de apenas dois, “A romã” e “O jornaleiro”, 261 permanecem desconhecidas. Esses poemas diferenciam-se entre si em termos de tradição impressa, sendo necessários estemas distintos. O primeiro aparece em Cantares brasileiros (CBr) e no terceiro volume de Serenatas e saraus (SS), de Alexandre José de Mello Moraes Filho, e não mostra ligação direta com RB, pelo fato de apresentar lições distintas, a exemplo da omissão da terceira estrofe constante de RB e a estrofe final “Consentiu, pra que eu sentisse,/ Desse seu fruto a doçura,/ Que eu pusesse as mãos no pomo,/ E a boca na rachadura.”, que só se encontra em CBr e SS. Osvaldo de Melo Braga, em Obras completas (OC), seguiu a mesma lição de RB. Antenor Nascentes, embora demonstre conhecimento da variante de SS, opta por RB, por questões de pudor: “Esta é a versão publicada por Vale Cabral na Revista Brasileira, 1880, tomo VI.// A de Mello Moraes, Serenatas e Saraus, III, 262, não traz a terceira quadra e, como final, dá uma um tanto livre, que omitimos.”23 Sendo assim, Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Nascentes, descendem de RB. De resto, PC3 concorda com PC2. Nesta edição (OP3), estebeleceu-se o texto do poema com base em RB, consignando-se no aparato as variantes de CBr e SS, não havendo variantes em PC2, PC2a, PC2b e PC3: “O jornaleiro”, por sua vez, encontra-se também em Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga, e Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que seguiu direto RB, como se conclui através de variantes conjuntivas entre RB e PC2 mas disjuntivas de OC, e.g. v.91: “Immortal, Redactor do papelucho” (RB e PC2) X “Imoral, Redactor do papelucho” (OC). Nesta edição 23 apud RABELLO: 1963, p.272 262 (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em RB, consignando-se no aparato as variantes encontradas em OC, PC2, PC2a, PC2b e PC3: 4.4.5.4. Recolhas de compilador anônimo, publicadas em Obras poéticas livres A maioria dos poemas de Obras poéticas livres (OPL), compilação organizada por editor anônimo, não se incorporou às compilações post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, provavelmente por questões de pudor. De seus quarenta e sete poemas, três constam de testemunhos mais remotos, localizados na inventio desta pesquisa. “Marcianna e Feliz-asno” corresponde, na verdade, ao trecho em versos do primeiro capítulo do folhetim “Feliz-Asno”, publicado na edição de 09/03/1849 d’O sino dos barbadinhos (SB). “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]” é uma das recolhas publicadas por Eduardo de Sá Pereira de Castro na introdução de Poesias (P1), com duas substituições vocabulares, a saber, v.03 (“Por vir do Empírio corrida,” (P1) X “Por vir do Empírio fodida,” (OPL) e v.05 (“Uma moça igual a elas” (P1) X “Uma fêmea igual a elas” (OPL)). “A menina do banqueiro”, que apresenta também com o título de “O banqueiro”, aparece em Trovador – coleção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. (TCM), publicação que antecede OPL. A genealogia da tradição impressa em que esses poemas se inserem já foi representada graficamente nos casos supra examinados. Os demais quarenta e quatro poemas de OPL, cuja fonte não foi localizada, advêm de manuscrito (ms) ou impresso perdidos ([A]), talvez até de performances, como no caso das modinhas e lundus, e não se incorpararam às compilações postmortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Somente em 2004, quando da 263 publicação da Antologia pornográfica (AP), de Alexei Bueno, tornaram a circular, ainda assim omitidos alguns, conforme salientado em “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto dos poemas em questão com base em OPL, consignando-se no aparato as variantes encontradas em AP: 4.4.5.5. Recolhas de Alexandre José de Mello Moraes Filho, publicadas em Artistas do meu tempo. Seguidos de um estudo sobre Laurindo Rabello e em Fatos e Memórias Alexandre José de Mello Moraes Filho colaborou com a transmissão de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, recolhendo poemas nos cancioneiros de modinhas e lundus Cantares brasileiros (CBr) e Serenatas e saraus (SS), no estudo que dedicou ao poeta, pertença de Artistas do meu tempo (AMT), e na obra Fatos e memórias (FMe), em que documenta uma série de efemérides e personalidades do cenário fluminense no segundo Império. Em AMT, Mello Moraes Filho transcreveu poemas curtos relacionados a episódios biográficos de Laurindo Rabello, que na falta de títulos vão indicados pelo primeiro verso entre colchetes. Trata-se de dois sonetos, [“Para do mundo dar completo cabo”] e [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”]; quatro epigramas em quadras [“Dizem que a Morte e Maurício”], [“Para mostrar quanto é grande”] e [“A peça Degolação”]; e um improviso em duas quadras, [“A freira, que madre chamam”]. Esses poemas foram absorvido em Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes, que indica, pelas notas, ter consultado diretamente AMT, e.g. nota 124 a [“A freira, que madre chamam”]: “Mello Moraes Filho assim conta em Artistas do Meu Tempo a origem 264 desta glosa (…).”24 Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto dos referidos poemas com base em AMT, não havendo variantes em PC2, PC2a, PC2b e Poesias completas, (PC3), da Biblioteca Nacional, que se baseou em PC2: Em FMe, foi recolhido um epigrama, também sem título, cujo verso inicial é “Em Landa vejo patente”, que não chegou às compilações de poemas atribuídos a Laurindo Rabello: 4.4.5.6. Recolhas de Leôncio Correia, publicadas no Correio da manhã Leôncio Correia publicou na edição de 09/02/1944 do Correio da manhã (CM), um pequeno artigo sobre episódios biográficos de Laurindo Rabello. Para ilustrar sua curta narrativa, empregou três epigramas, um deles, [“Deus, para provar aos homens”], publicado antes por Mello Moraes Filho no estudo que dedicou ao poeta, em anexo a Artistas do meu tempo (AMT), como exposto supra. Correia transcreve ainda dois epigramas cujas fontes não foram localizadas na inventio desta pesquisa, que também por fata de título vão indicados pelo primeiro verso entre colchetes, a saber, [“Cravo, rosa, em jarra fina”] e [“Causa pena e causa espanto”], incorporados por Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes. Nascentes menciona sua fonte nas notas aos epigramas, e.g. abonação da nota 130 24 apud RABELLO: 1963, p.266 265 a [“Causa pena e causa espanto”]: “(Leôncio Correia, Correio da Manhã de 9 de fevereiro de 1944).”25 Os poemas acham-se também em Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional, uma vez que sua fonte é invariavelmente PC2. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto dos poemas com base em CM, não se encontrando variantes em PC2, PC2a, PC2b e PC3: 4.4.6. Avulsos “Moreninha”, modinha publicada em partitura avulsa (DIMAS), depositada na Divisão de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, não foi recolhida por nenhum cancioneiro de modinhas e lundus nem por colaboradores e organizadores de compilações post-mortem de poemas atribuídos a Laurindo Rabello, permanecendo inédita em livro: O “Septenário poético”, por seu turno, foi publicado pela primeira vez em 1849, sob o nome de Ignácio José Ferreira Maranhense, em publicação avulsa (DOR) depositada na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. A problemática em torno à atribuição de autoria já foi discutida em “4.3. 25 apud RABELLO: 1963, p.269 266 Percurso histórico do texto dos poemas”. O poema foi depois compilado por Eduardo de Sá Pereira de Castro em Poesias (P1), em 1867. Em P1, entretanto, suprimiram-se a “Invocação” e a lista de nomes constantes de DOR. A collatio entre P1 e DOR atesta ainda cinco pontos críticos substantivos no texto do poema: PC 1 2 3 4 5 verso 219 285 419 430 436 editio princeps (1849) Me quis trazer no íntimo do peito Oh tu, minha lira! dize-me: não é Exprime de seus filhos o do povo Daquelle ser benino E seu merecimento. edição de Eduardo de Sá (1867) Me quis fazer no íntimo do peito Oh tu, minha lira! me dize: não é Exprime de seus filhos e do povo Daquele ser benigno O seu merecimento. O ponto crítico 1 pode se tratar de um discuido do editor/tipógrafo ou de um erro de leitura. A substituição do verbo ‘trazer’ por ‘fazer’ não se justifica métrica, gramática ou semanticamente: (…) Vinde applacar as dôres das feridas, Que da morte alegrando a impiedade, Me quiz trazer no intimo do peito O farpão penetrante da saudade. (MARANHENSE: 1849, pp.15-16) Os restantes são correções. Em 3 e 5, corrigiram-se gralhas tipográficas; em 2, a colocação pronominal, para emendar a distribuição de acentos internos do verso de acordo com o padrão do hhendecassílabo anapéstico, adotado no canto V – 11 (2, 5, 8, 11): Edição de 1849 1 2 Oh tu 3 mi- 4 nha 5 ly- 6 ra 7 di- 8 ze- 9 me 10 não 11 é Compilação de Eduardo de Sá 1 2 3 4 Oh tu minha 5 ly- 6 ra 7 me 8 di- 9 ze 10 não 11 é Em 4, porém, há uma correção indevida. O editor não levou em consideração que a ortografia da palavra ‘benino’ na verdade corresponde ao registro de uma variante linguística menos lusitana e que inclusive se enquadra melhor no esquema rímico: 267 Só restos insensiveis nos ficaram Daquele ser benino; Só este bem nos deixou na terra O anjo do destino. Em contrapartida, há problemas métricos que persistem na compilação de Eduardo de Sá. O verso 167, devendo ser heptassilábico, tem uma sílaba a mais: “Como juntos d’arvore sancta,”26 1 Co- 2 mo 3 jun- 4 Tos 5 d'ar- 6 vo- 7 re 8 sanc- ta O verso 306, em contexto de hendecassílabos, tem uma sílaba a menos: “Aos astros dizei meu mal tão cruel;”27 1 Aos 2 as- 3 tros 4 di- 5 Zei 6 meu 7 mal 8 tão 9 cru- 10 el 11 O verso 431, que, conforme a métrica dos versos do canto VII, seria decassílabo, não se enquadra nem no sáfico 10 (4, 8, 10): “Só este bem nos deixou na terra”28 1 Só 2 es- 3 te 4 bem 5 nos 6 dei- 7 xou 8 na 9 ter- 10 ra 5 nos 6 dei- 7 xou 8 na 9 ter- 10 ra nem no heroico 10 (6, 10): 1 Só 2 es- 3 te 4 bem É de se crer, portanto, que a fonte de P1 seja DOR e não necessariamente um original distinto. As lições divergentes consistem em intervenções de Eduardo de Sá, algumas delas até desnecessárias. Em outras palavras, as variantes não são autorais. De qualquer forma, após DOR, o “Septenário” seguiu um percurso genealógico semelhante ao das demais recolhas de P1, sendo incorporados pelas compilações post-mortem subsequentes, a saber, as duas de Obras poéticas (OP1/OP2), de Norberto de Souza Silva; Poesias do dr. Laurindo (PDL), de Dias da 26 MARANHENSE: 1849, p.13 Idem: ibidem, p.20 28 Idem: ibidem, p.26 27 268 Silva Júnior; Poesias (P2), de José Perez; Poesias completas (PC1), de Attílio Milano; Obras completas (OC), de Osvaldo de Melo Braga; Poesias completas e reedições (PC2, PC2a e PC2b), de Antenor Nascentes; e Poesias completas (PC3), da Biblioteca Nacional. Nesta edição (OP3), reproduziu-se diplomaticamente DOR, por não se ter chegado a uma conclusão acerca da autoria da “Invocação”, em função das limitações materiais e temporais da pesquisa. A manutenção da lista final de colaboradores deveu-se à sua importância enquanto documento para contextualização das condições em que o poema foi publicado na época. Consignaram-se ainda no aparato as variantes de P1, OP1, OP2, PDL, P2, PC1, OC, PC2, PC2a, PC2b, PCb e PC3: 4.4.7 Fragmentos de poemas As duas quadras de [“O diabo desta chave”] encontram-se na introdução de Cantares brasileiros (CBr), de Alexandre José de Mello Moraes Filho, fonte de José Ramos Tinhorão para a transcrição dos versos em História social da música popular brasileira (HSMP). Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do fragmento do poema com base em CBr, não havendo variantes em HSMP: 269 As duas quadras de [“Eu possuo uma bengala”] foram também recolhidas na introdução de Cantares brasileiros (CBr), de Alexandre José de Mello Moraes Filho, mas não constam de História social da música popular brasileira (HSMP), como o fragmento supramencionado. Além de CBr, [“Eu possuo uma bengala”] aparece ainda em Raízes da música popular brasileira (RMPB), de Ary Vasconcelos. Nesta edição (OP3), estabeleceu-se o texto do poema com base em CBr, não havendo variantes em RMPB: 14 5. O TEXTO DOS POEMAS 5.1. Sigla dos testemunhos AB – Antologia brasileira: coletânea em prosa e verso de escritores nacionais Ac – O acadêmico periódico científico, literário especialmente médico AEB – Antologia escolar brasileira AL55 – Almanaque de lembranças luso-brasileiro para 1855 AL58 – Almanaque de lembranças luso-brasileiro para 1858 AL59 – Almanaque de lembranças luso-brasileiro para 1859 AMBM – As mais belas modinhas AMT – Artistas do meu tempo. Seguidos de um estudo sobre Laurindo Rabello AN – Antologia nacional: coleção de excertos dos principais escritores da língua portuguesa do 20º ao 13º século AP – Antologia pornográfica AS – Antologia da serenata: um século de canções, luar e violão CB – A cantora brasileira: nova coleção de hinos, canções e lundus tanto amorosos como sentimentais precedidos de algumas reflexões sobre a música no Brasil CB2 – A cantora brasileira: nova coleção de hinos, canções e lundus tanto amorosas como sentimentais precedidas de algumas reflexões sobre a música no Brasil [2.ed.] 15 CBr – Cantares brasileiros: o cancioneiro fluminense CBra1 – Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas e lundus sentimentais [1.ed.] CBra2 – Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas e lundus sentimentais [2.ed.] CBra3 – Cantora brasileira ou coleção de modinhas, recitativos, canções, serenatas e lundus sentimentais [3.ed.] CF – Cancioneiro fluminense CLB – Cantor luso-brasileiro CLBr – Curso de literatura brasileira: escolha de vários trechos em prosa e verso de autores nacionais CM – Cantor de modinhas brasileiras CMa – Correio da manhã CMP – Cancioneiro de músicas populares CPM – Cancioneiro popular moderno CPMB – Cancioneiro popular de modinhas brasileiras DRJ – Diário do Rio de Janeiro folha política, literária e comercial Es – O espelho revista de literatura, modas, indústria e artes FM – Fatos e memórias 16 HSMPB – História social da música popular brasileira LA – Lira de Apolo: jornal de modinhas, lundus, recitativos, versos para fadinhos, etc., etc. LC – A lira do capadócio LDC – Lirismos dum capadócio: moderníssima coleção das melhores poesias, canções, lundus, recitativos, fadinhos e serenatas LPB – Lira popular brasileira: completa e escolhida coleção de modinhas, recitativos, lundus, duetos, canções e poesias LT – Lira do trovador: coleção de modinhas, lundus, recitativos e canções MF – Marmota fluminense jornal de modas e variedades OC – Obras completas de Laurindo José da Silva Rabello (poesias, prosa e gramática) [organização de Osvaldo de Melo Braga] OP1 – Obras poéticas [organização de Joaquim Norberto de Souza Silva; 1.ed.] OP2 – Obras poéticas [organização de Joaquim Norberto de Souza Silva; 2.ed.] OPL – Obras poéticas livres OS – O sorriso: jornal de modinhas, recitativos, lundus e poesias diversas P1 – Poesias [organização de Eduardo de Sá Pereira de Castro] PDL – Poesias do dr. Laurindo [organização de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior] P2 – Poesias [organização de José Perez] 17 PB – Poesia brasileira: romantismo PC1 – Poesias completas de Laurindo Rabello [organização de Attílio Milano] PC2 – Poesias completas [organização de Antenor Nascentes; 1.ed.] PC2a – Poesias completas de Laurindo Rabello [organização de Antenor Nascentes; 2.ed.] PC2b – Poesias completas de Laurindo Rabello [organização de Antenor Nascentes; 3.ed.] PC3 – Poesias completas [organização de Ângela di Stasio para o Departamento Nacional do Livro da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro] PPB – Panorama da poesia brasileira [v.2: o romantismo] PR – Poesia romântica brasileira PRo – Poetas românticos brasileiros RB – Revista brasileira RMPB – Raízes da música popular brasileira SB – O sino dos barbadinhos jornal político joco-Sério SBC – Serões baianos: coleção de recitativos, modinhas e canções SNC – Serenatas: novíssima coleção SS – Serenatas e saraus: coleção de autos populares, lundus, recitativos, modinhas, duetos, serenatas, barcarolas e outras produções brasileiras antigas e modernas 18 TB – Trovador brasileiro ou novíssimo cantor de modinhas TCM – Trovador: coleção de modinhas, recitativos, arias, lundus, etc. TM1 – O trovador marítimo explêndida coleção de modinhas, recitativos, lundus, canções, cançonetas, poesias, tangos e fadinhos marítimos; monólogos, etc., etc. TM2 – Trovador marítimo ou lira do marinheiro Tr1 – Trovas [1.ed.] Tr2 – Trovas [2.ed.] Trd – Trovador: jornal de modinhas, recitativos para piano, lundus, romances, árias, canções, etc., etc. VJ – A voz da juventude 15 5.2. Normas de edição 5.2.1. Plano de organização dos poemas O estabelecimento do texto dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello seguiu o princípio da crítica textual conhecido por lectio melioris codicis potior, que em português significa ‘a lição do melhor testemunho é preferível’. As razões que determinaram a eleição dos melhores testemunhos consignaram-se em “4.4. Estema”. No entanto, convém aqui retomar de forma esquemática que testemunho foi tomado como texto-base para qual poema, a fim de se justificar o plano de organização dos poemas constantes do segundo volume desta edição crítica. Nesta edição, optou-se pela ordenação de poemas em função da confiabilidade do texto-base. Assim sendo, encabeçam o elenco os poemas cujos testemunhos mais remotos localizados contou com a supervisão do autor. É o caso dos títulos publicados nas primeira e segunta edições de Trovas (1853-1855): 01. “O que são meus versos” 02. “O meu segredo” 03. “O gênio e a morte” 04. “No álbum duma senhora” 05. “Estragos de amor” 06. “A minha resolução” 07. “A linguagem dos tristes” 08. “Aos annos do meu prezado amigo José Pedreira França” 09. “Epicédio à morte do doutor José de Assis Alves Branco Moniz Barretto” 10. “Sobre o túmulo do Marechal Pedro Labatut” 11. “Adeus ao mundo” 12. “A minha vida” 13. “O que sou e o que serei”1 1 Convém salientar novamente que “O que sou e o que serei” não é de autoria de Laurindo Rabello, mas mantém relação dialógica com “Amor e lágrimas”, que o segue, razão para ter sido incluído pelo autor em Trovas. Esta edição, portanto, apresenta, além dos dois fragmentos, cento e cinquenta poemas, um a mais que a lista corrida de “4.3. Percurso histórico do texto dos poemas”, em que foram elencados apenas os poemas atribuídos a Laurindo Rabello. 16 14. “Amor e lágrimas” 15. “A saudade branca” 16. “Ao meu amigo e mestre o senhor Francisco Moniz Barretto” 17. “Hei de mártir de amor morrer te amando” 18. “É carpir, delirar, morrer por ela” 19. “Soneto [“Geme geme mortal infortunado”]” 20. “A uma senhora” 21. “À Sra. Marieta Landa” 22. “À mesma senhora [“Tão doce como o som da doce avena”]” 23. “À mesma senhora [“Alcione perdido o esposo amado”]” 24. “À Bahia” Em O sino dos barbadinhos (1849): 25. “Feliz-asno” 26. “Maneco e os moleques” 27. “Apólogo” Em A voz da juventude (1850): 28. “Delírio e ciúme” Em O acadêmico (1855): 29. “Flores murchas” Em Marmota fluminense (1855-1859): 30. “Outra [“As Potências do Occidente”]” 31. “Rondó” 32. “Charadas [“Toda vez que ela vem”]” 33. “Outra [“Fui fazer minha morada”]” 34. “Aos annos de um respeitável ancião” 35. “À D. Carlota Leal Milliet” 17 36. “Dous impossíveis” 37. “Mote [“Beijo a mão que me condemna”]” 38. “Teus olhos” 39. “Que mais desejas” 40. “As lágrimas” 41. “Ao octagésimo segundo anniversário do Ilm. Sr. João Antonio da Trindade” 42. “Saudades” 43. “Epigramma [“Tratou Maria os meus versos”]” 44. “Ao baptismo de dous meninos” 45. “Colchea [“Um só momento de amor”]” 46. “Outra [“Uma ingrata, uma inconstante”]” 47. “Mote [“Um pensamento de morte”]” 48. “À minha terra natal” 49. “Epístola” E em O espelho: 50. “O desalento” 51. “À morte de Junqueira Freire” 52. “As duas redempções” Após esses, seguem-se os poemas publicados em testemunhos que não contaram com a supervisão do autor, visto serem post-mortem. Em alguns casos, esses poemas podem ter lhe sido atribuídos indevidamente, como já observado. Eis a relação discriminada por testemunho: No Diário de Rio de Janeiro (11/10/1864): 53. “Canto do cisne” Em Trovador: jornal de modinhas (1869): 54. “Quanto pode um beijo teu” 55. “Se eu fora poeta” 18 56. “Trovador” Em Lira de Apolo (1869-1875): 57. “Riso e morte” 58. “Perdeu a flor de meus dias” 59. “Já dei tudo o que tinha” 60. “Se me adoras” 61. “É aqui! bem vejo a campa” 62.. “Adeus… adeus… é chegada” Em Trovador: coleção de modinhas (1876): 63. “O banqueiro” 64. “Acabou-se a minha crença” 65. “Eu sofro angústias me sufocar” 66. “O cego” 67. “O espectro” 68. “Foi em manhã d’estio” Em A cantora brasileira (1878): 69. “Quando a teus olhos” 70. “Não tem dó do meu penar” Em Cantares brasileiros (1900): 71. “O estudante e a lavadeira” 72. “O namorado sem dinheiro” Acrescem ainda as recolhas de organizadores de compilações post-mortem e colaboradores, cujas fontes não foram identificadas na inventio desta pesquisa. A 19 qualidade e autenticidade autoral desses poemas devem ser, portanto, tributadas aos responsáveis pelas recolhas, publicadas em compilações post-mortem de poemas atribuídos Laurindo Rabello ou em pequenos artigos. Correspondem a esses casos 1. As recolhas de Eduardo de Sá, publicadas em Poesias (1867): 73. “Mote [“Soa o bronze expira o dia”]” 74. “Mote [“Junto de uma sepultura”]” 75. “[“Quebrou o amor por despeito”]” 76. “Outra [“Um cartucho de confeito”]” 77. “Mote [“Ou são quatro as Graças belas”]” 78. “Mote [“Pagode sem bebedeira”]” 79. [“Se não é dado o ser médico aos poetas”] 80. [“Cada um de nós no mundo”] 81. “Não posso mais!” 82. “Aos annos de minha madrinha” 83. “Mote improvisado em uma reunião patriótica” 84. “Bando” 85. “Improviso na occasião de ver terras do Rio de Janeiro” 86. “Ao dia de finados” 87. “Himno” 88. “Mote à minha mulher” 2. As recolhas de Dias da Silva Júnior, publicadas em Poesias do dr. Laurindo (1877): 89. “Ciúme e razão” 90. “O tempo” 91. “Que desconsolo!” 92. “Mote [“Ainda no mar do ciúme”]” 93. “Angústia” 3. As recolhas de Vale Cabral, publicadas na Revista brasileira (1880): 20 94. “A romã” 95. “O jornaleiro” 4. As recolhas de compilador anônimo, publicadas em Obras poéticas livres (1882): 96. “Mote [“Junto a uma clara fonte”]” 97. “Décima [“Certa mulher de um marquês”]” 98. “Mote [“Vá pra puta que o pariu!”]” 99. “Mote [“Porra no cú não é festa”]” 100. “Outro [“Nariz no cú não é festa”]” 101. “Mote [“Você diz que arromba, arromba”]” 102. “Mote [“Já não tenho mais tesão”]” 103. “Outro [“Pus entre as mãos de meu bem”]” 104. “Mote [“Marcianna com ciúmes”]” 105. “Mote [“Quem Feliz-asno se chama”]” 106. “Outra [“Do nosso animal a fama”]” 107. “Outra [“Assim como um galho é rama”]” 108. “Outro [“Priapo teve um ataque”]” 109. “Mote [“As Graças servem à mesa”]” 110. “Outro [“As Graças mostram o cu”]” 111. “Mote [“Já sinto gostos na pomba!”]” 112. “Outra [“Caralho grosso e de arromba”]” 113. “Ao rego” 114. “Mote [“De putas uma remessa”]” 115. “Outro [“Alma pura e rosto d'anjo”]” 116. “Mote [“Uma amizade sincera”]” 117. “Décima [“Por aqui uma só vez”]” 118. “Mote [“Pode apalpar ode ver”]” 119. “Soneto [“A fêmea capichaba deu entrada”]” 120. “Sátira a um ministro” 121. “Mote [“Sebo! caguei! 'stou zangado!”]” 122. “Décima [“No A B C de cupido”]” 21 123. “Mote [“Cupido rei dos amantes”]” 124. “Mote [“A pombinha de meu bem”]” 125. “Mote [“Os culhões de José Felix”]” 126. “As rosas do cume” 127. “Mote [“Estava eu mete não mete”]” 128. “Mote [“Não posso mais aturá-lo!”]” 129. “Outra [“Tinha a pica intrometido”]” 130. “Mote [“Como vens tão vagarosa”]” 131. “Mote [“Os segredos do caralho”]” 132. “Mote [“Daqui não há de sair”]” 133. “Outra [“Estou com Márcia uma hora”]” 134. “Diálogo” 135. “Mote [“A mulata quando fode”]” 136. “Outra [“Aqui d'el-Rei! quem me acode!”]” 137. “Outra [“Dá de rabo quanto pode”]” 138. “Outra [“Neste mundo ninguem pode”]” 139. “A fructa” 5. As recolhas de Alexandre José de Melo Morais Filho, publicadas em Artistas do meu tempo. Seguidos de um estudo sobre Laurindo Rabello (1904) e em Memórias do Largo do Rocio (1904): 140. [“Dizem que a Morte e Maurício”] 141. “Mote [“Dois corações que se amam”]” 142. [“Para do mundo dar completo cabo”] 143. [“Para mostrar quanto é grande”] 144. [“A peça Degolação”] 145. [“Vendo da peste o bárbaro flagelo”] 146. [“Em Landa vejo patente”] 6. As recolhas de Leôncio Correia, publicadas no Correio da Manhã (1944): 147. [“Cravo, rosa, em jarra fina”] 148. [“Causa pena e causa espanto”] 22 Após as recolhas, editou-se a modinha “Moreninha”2, não recolhida por nenhum compilador ou colaborador. Como já observerado, o poema foi localizado, em codex unicus, numa partitura avulsa depositada na Divisão de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, cujas informações bibliográficas detalharamse em “4.1. Inventário testemunhal”. O “Septenário poético” é o centésimo quinquagésimo e último poema editado no segundo volume desta tese. Seu texto foi fixado com base na edição de 1849, em função de a pesquisa, por limitações materiais e temporais, não ter chegado a uma conclusão segura acerca da supressão da “Invocação” operada por Eduardo de Sá Pereira de Castro. Ao final do volume, editaram-se os dois fragmentos de poema [“O diabo desta chave”] e [“Eu possuo uma bengala”] a partir da lição de Cantares brasileiros (1900), cancioneiro de modinhas e lundus organizado por Alexandre José de Mello Moraes Filho, que por primeiro os publicou. Tais fragmentos circulam em livros sobre música popular brasileira também alcunhados de “Lundu da chave” e “Lundu da bengala”. 5.2.2. Emendas ao texto-base Poucas foram as situações em que o texto-base careceu de emendas, empregando-se para tanto o princípio da res metrica, ou seja, da técnica versificatória, a exemplo de versos com sílabas métricas a mais ou a menos. Examinem-se os casos. a) “Delírio e ciúme”, publicado em A voz da juventude (1850): verso 52: ““Vossa tirannica angélica pintura”, inadequação3 ao esquema do decassílabo, tanto sáfico quanto heroico Vos- 2 sa ti- ran- ni- c’an- 7 gé- li- ca pin- 11 tu- ra “Moreninha”, portanto, corresponde ao centésimo quadragésimo nono poema constante do segundo volume desta edição crítica. 3 Impossibilidade de sinalefa/compensação com o verso anterior para redução de uma sílaba métrica até o acento interno primário, pois há fonema consonantal ao fim do verso 51 e ao início do 52. 23 Emendado para “Vossa tiranna angélica pintura”: Vos- sa ti- ran- 6 gé- n’an- li- ca 10 tu- pin- ra b) “Flores murchas”, publicado em O acadêmico (1855): verso 122: “Que tem com a flor, que às almas venturosas”, inadequação4 ao esquema do decassílabo, tanto sáfico quanto heroico: Que tem com a flor qu’as 7 al- mas ven- 11 ro- tu- sas Emendado para “Que tem co’a flor, que às almas venturosas”: Que tem co’a flor 6 al- qu’as mas ven- tu- 10 ro- sas c) Recolhas de Manoel Francisco Dias da Silva Júnior, publicadas em Poesias do dr. Laurindo (1877): 1. “Ciúme e razão” verso 30, “Do coração as fibras me lauram”: na lição de PDL, inadequação ao esquema do decassílabo heroico: Do co- ra- ção 6 fi- as bras me 9 lau- ram Emendado para “Do coração as fibras me laceram”, optando-se pela lição de PC2, que se enquadra no decassílabo heroico: Do co- ra- ção as 6 fi- bras me 10 ce- la- ram 2. “Angústia” verso 15, “A felicidade me acena”: inadequação ao esquema do heptassílabo: A 4 fe- li- Idem ao caso anterior. ci- da- de m’a- 8 ce- na 24 Emendado para “A f’licidade me acena”: A f’li- ci- da- de m’a- 7 ce- na d) Nos poemas localizados em Trovador – colecção de modinhas, recitativos, árias, lundus, etc. (1876): 1. “O espectro” o verso 18, “Buído enterra neste peito”, na lição de TCM, apresenta inadequação ao esquema do heptassílabo, a menos que não se faça o hiato em ‘Buído’: Bu- í- d’en- ter- ra nes- 8 pei- te to Emendado para “Fundo enterra no meu peito”, pela a lição de CB e LT, por se enquadrar melhor na métrica: Fun- d’en- ter- ra no meu 7 pei- to verso 25, “Ei-lo… ali… com o mesmo ferro”: inadequação ao esquema do heptassílabo: Ei- l’a- li com o mes- 8 fer- mo ro Emendado para “Ei-lo… ali… co’o mesmo ferro”: Ei- l’a- li co’o mes- mo 7 fer- ro e) Recolhas de compilador anônimo, publicadas em Obras poéticas livres (1882): 1. “Mote [“Junto a uma clara fonte”]” 25 verso 09, “Dei com uma ninfa agachada”: inadequação ao esquema do heptassílabo: 1 Dei 2 com 3 u- 4 ma 5 nin- 6 f’a- 7 ga- 8 cha- 9 da Emendado para “Dei co’uma ninfa agachada”: 1 Dei 2 co’u- 3 ma 4 nin- 5 f’a- 6 ga- 7 cha- 8 da 2. “Mote [“Porra no cu não é festa”]” verso 01, “Em noute do Espírito Santo”: inadequação ao esquema do heptassílabo: 1 Em 2 nou- 3 te 4 d’Es- 5 pí- 6 ri- 7 to 8 San- 9 to Emendado para “Em noute do Esp’rito Santo”: 1 Em 2 nou- 3 te 4 d’Es- 5 pri- 6 to 7 San- 8 to 3. “Outro [“As Graças mostram o cu”]” verso 26, “Batendo com as mãos no cu”: inadequação ao esquema do heptassílabo: 1 Ba- 2 ten- 3 do 4 com 5 as 6 mãos 7 no 8 cu Emendado para “Batendo co’as mãos no cu”: 1 Ba- 2 ten- 3 do 4 co’as 5 mãos 6 no 7 cu 26 verso 26, “E tanto buliu com a mão”: inadequação ao esquema do heptassílabo: 1 E 2 tan- 3 to 4 bu- 5 liu 6 com 7 a 8 mão Emendado para “E tanto buliu co’a mão”: 1 E 2 tan- 3 to 4 bu- 5 liu 6 co’a 7 mão 4. “Mote [“A pombinha de meu bem”]” verso 01, “Na chácara não sei de quem”: inadequação ao esquema do heptassílabo: 1 Na 2 chá- 3 ca- 4 ra 5 não 6 sei 7 de 8 quem Emendado para “Na chac’ra não sei de quem”: 1 Na 2 cha- 3 c’ra- 4 não 5 sei 6 de 7 quem 5. “Diálogo” verso 44, “Aplaca do caralho a chamma”: inadequação ao esquema do heptassílabo: 1 A- 2 pla- 3 ca 4 do 5 ca- 6 ra- 7 lh’a 8 cham- 9 ma Emendado para “Aplaca do c’ralho a chamma”: 1 A- 2 pla- 3 ca 4 do 5 c’ra- 6 lh’a 7 cham- 8 ma 27 6. OUTRA [“Neste mundo ninguém pode”] verso 07, “Só se pode experimentar”: inadequação ao esquema do heptassílabo: 1 Só 2 se 3 po- 4 d’ex- 5 pe- 6 ri- 7 men- 8 tar Emendado para “Só se pode exp’rimentar”: 1 Só 2 se 3 po- 4 d’ex- 5 p’ri- 6 men- 7 tar Existem ainda os casos de erros óbvios, como gralhas tipográficas, já que grande parte da obra poética de Laurindo Rabello não foi editada sob seus cuidados, sem contar os poemas publicados nas páginas de periódicos. É mister sublinhar que a precariedade técnica e material do sistema tipográfico do século XIX, além da dinâmica de impressão própria de um periódico, contribuía para que alterações involuntárias se inserissem nos textos mais frequentemente do que em livros. Eis a relação de emendas ao texto-base em função de errores obvii: 1. ne > no (p.54, l.22) 2. nosaleva > nos leva (p.105, l.40) 3. inspira > expira (p.112, l.07) 4. todas vez > toda vez (p.118, l.03) 5. apaixanada > apaixonada (p.126, l.13) 6. no o pranto > no pranto (p.132, l.32) 7. Deou > Deus (p.142, l.19) 8. ardento > ardente (p.147, l.36) 9. aborrrce > aborrece (p.167, l.19) 10. receis > receies (p.169, l.19) 11. ablar > abalar (p.191, l.36) 12. é > és (p.198, l.15) 13. graça > grassa (p.256, l.32) 14. Greças > Graças (p.267, l.03) 15. eeo > céu (p.284, l.26) 28 16. chepéu > chapéu (p.296, l.14) 17. parcce > parece (p.303, l.13) 18. o do povo > e do povo (p.335, l.33) 19. E seu merecimento > O seu merecimento (p.336, l.09) Nesta edição, buscou-se respeitar ao máximo a apresentação dos poemas no texto-base, mantendo-se rigorosamente quebra de linha nos títulos e regime de negritos, itálicos, maiúsculas e minúsculas nos textos. Porém, para fins de padronização, editaram-se os títulos dos poemas sempre em maiúsculas e negrito, ficando os subtítulos em itálico e minúsculas, apenas com a inicial em maiúscula. Informações mais detalhadas quanto ao regime original de itálicos, negritos, maiúsculas e minúsculas nos títulos dos poemas podem ser consultadas em “4.1. Inventário testemunhal”. A estrofação seguiu rigidamente o texto-base, utilizando-se um recurso gráfico para indicar a continuidade da estrofe na página seguinte, conforme será ilustrado mais adiante nestas normas de edição. 5.2.3. Critérios de simplificação ortográfica O texto-base dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello em sua grande maioria pertence a uma fase histórica da ortografia portuguesa em que não havia a sistematicidade que se conhece hoje, definida por acordos ou reformas ortográficas. Sendo assim, é comum figurarem duas ou mais formas de se escrever um mesmo vocábulo, e.g. ‘céo’, ‘ceo’, ‘céu’; ou ainda ‘rasão’, ‘razão’. A simplificação ortográfica, portanto, torna-se indispensável para que se cumpram exigências (a) de inteligibilidade e (b) de economia – determinando a primeira um esforço de explicitação no sentido de superar as limitações que a realidade viva do pensamento e da fala encontram na representação gráfica, e determinando a segunda uma redução de recursos, dentro das possibilidades cognitivas, técnicas e científicas, do tempo e particularmente da tipografia, tudo a fim de que a eficácia gráfica seja obtida com o menor dispêndio relativo de trabalho e energia (HOUAISS: 1967, p.72) Por outro lado, Houaiss observa o cuidado de, sem embargo da necessidade da simplificação, respeitar-se a realidade linguística do autor e da época, sugerindo alguns fatos que podem ser objeto de simplificação ortográfica sem risco. Nesta 29 edição crítica, foram seguidas a priori tais sugestões e ainda soluções de simplificação ortográfica empregadas nos trabalhos da Comissão Machado de Assis para a edição científica de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro, uma vez que tanto esses romances quanto o texto-base dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello datam do período pseudo-etimológico da ortografia da língua portuguesa, que vai do século XV até 1943, quando do primeiro acordo ortográfico assinado por Brasil e Portugal. A orientação ortográfica desta edição crítica pautou-se, por um lado, na atualização de grafias que seguramente não registram traços linguísticos da época nem do autor, consignadas nas categorias infra, levando em consideração as regras de acentuação gráfica vigentes.5 1. Emprego de 'j' e de 'g': 1) bregeiras > brejeiras (l.36, p.96) 2) engeitado > enjeitado (p.90, l.32) 3) geito > jeito (l.05, p.299; l.40, p.29 9; l.11, p.314) 4) geitos > jeitos (l.36, p.177; l.06, p.314) 5) lage > laje (p.30, l.32; l.34, p.99) 6) lisongeiro > lisonjeiro (l.08, p.210) 7) magestade > majestade (p.84, l.18; l.29, p.125; l.36, p.223; l.21, p.232; p.331, l.13; p.334, l.21) 8) magestosa > majestosa (l.05, p.148) 9) magestoso > majestoso (p.65, l.33) 10) pagem > pajem (l.07, p.97) 11) regeita > rejeita (l.09, p.282) 12) regeitando > rejeitando (l.01, p.127) 2. Emprego de 'ch' e 'x': 1) capichaba > capixaba (p.280, l.03) 2) enchugar > enxugar (p.89, l.17) 3) faxo > facho (p.79, l.14; p.79, l.17) 5 Constituem exceções à atual regra de acentuação gráfica as palavras ‘morréram’ e ‘podér’ [pres.subj.], em que o acento agudo foi mantido pelo fato de provavelmente assinalar timbre vocálico diferenciado da pronúncia fluminense corrente. Esses casos encontram-se consignados em “15. Possibilidade de timbre vocálico diferenciado”, com as devidas abonações de página e linha. 30 4) feixára > feichara (p.89, l.12) 5) mecher > mexer (l.08, p.257) 6) phaxas > fachas (p.33, l.14) 7) xiste > chiste (p.200, l.18) 3. Emprego de 'ss', 'c' e 'ç': 1) abrassárão > abrassaram (p.89, l.09) 2) ancia > ânsia (p.52, l.38; p.61, l.31; l.37, p.105; l.32, p.299) 3) anciado > ansiado (l.05, p.138) 4) ancias > ânsias (p.52, l.24; l.27, p.13; l.40, p.104; l.09, p.125; l.16, p.143; l.16, p.214; l.26, p.218; l.09, p.239; l.06, p.256; l.10, p.257; l.35, p.298) 5) anciosa > ansiosa (l.09, p.149) 6) ancioso > ansioso (p.32, l.30; p.332, l.09) 7) assucar > açúcar (l.04, p.286; l.17, p.286) 8) assucena > açucena (l.23, p.159) 9) cançada > cansada (p.48, l.01; p.63, l.30) 10) cançado > cansado (p.37, l.22; p.74, l.19; l.11, p.115; l.36, p.152; l.05, p.295) 11) cança-se > cansa-se (l.10, p.247) 12) canceira > canseira (l.22, p.298) 13) contradansa > contradança (l.35, p.267) 14) corsel > corcel (l.01, p.99) 15) dansa > dança (l.36, p.267; l.38, p.267; l.39, p.267) 16) descança > descansa (l.16, p.185; l.21 , p.135; l.23, p.149; p.63, l.33) 17) descance > descanse (p.61, l.23) 18) dice > disse (l.04, p.95; l.19, p.101) 19) eça > essa (l.02, p.160) 20) escaço > escasso (l.38, p.120) 21) graça > grassa (l.32, p.256) 22) obcenas > obscenas (l.24, p.265) 23) pretenções > pretensões (p.16, l.19) 24) Rocio > Rossio (l.11, p.265) 25) sinsentas > cinzentas (p.88, l.02) 26) socegado > sossegado (l.07, p.137) 27) socego > sossego (l.04, p.95; l.18, p. 27 2; l.24, p.272; l.02, p.273) 31 28) transsuda > transuda (p.19, l.14) 29) tropessando > tropeçando (p.56, l.10) 4. Emprego de 'h': 4.1. Emprego de 'h-' e nos derivado s prefixais 1) anhelos > anelos (p.67, l.14) 2) deshonestos > desonestos (l.33, p.104) 3) deshonrar > desonrar (l.27, p.278) 4) deshumano > desumano (l.04, p.210) 5) Elesponto > Helesponto (p.79, l.14) 6) exhala > exala (l.11, p.121; p.334, l.19) 7) exhalados > exalados (p.19, l.04; p.328, l.28) 8) exhalam > exalam (p.59, l.23) 9) exhalando > exalando (l.13, p.237; l.24, p.104) 10) exhalão > exalam (l.36, p.229) 11) exhalo > exalo (l.34, p.147) 12) exhorta > exorta (l.25, p.115) 13) hé > é (l.36, p.94) 14) hervanças > ervanças (l.22, p.250) 15) hia > ia (l.12, p.291) 16) hontem > ontem (l.12, p.298) 17) huma > uma (p.16, l.14) 18) humidas > úmidas (p.77, l.42) 19) humido > úmido (p.61, l.33) 20) inhabitado > inabitado (l.04, p.119) 4.2. Emprego de 'h' para indicação de hiato 1) ahi > aí (l.11, p.159; l.19, p.135; p. 63 , l.45; p.63, l.45; p.67, l.19; p.71, l.36; p.153, l.36) 2) bahiano > baiano (l.02, p.223) 3) bahianos > baianos (l.05, p.223; l.13, p.225) 4) cahe > cai (p.64, l.25) 5) cahe > cai (l.19, p.218) 6) cahe-me > cai-me (l.09, p.139; l.18, p .2 89; l.01, p.290) 7) cahido > caído (p.333, l.23) 32 8) cahindo > caindo (l.04, p.183; p.49, l.40; p.51, l.25) 9) cahio > caiu (l.11, p.100; l.39, p.227; p.330, l.24) 10) cahir (p.88, l.13; l.01, p.183; l.17, p.122; l.18, p.123; l.26, p.115; l.32, p.138; l.27, p.238; p.76, l.24; p.334, l.25; p.326, l.38; p.335, l.17) 11) cahistes > caístes (l.18, p.108) 12) cahiu > caiu (p.21, l.26; p.36, l.22) 13) cahiu-me > caiu-me (l.31, p.105) 14) cahos > caos (l.12, p.137; l.10, p.137; l.24, p.145; l.33, p.230; p.31, l.20) 15) cohorte > coorte (p.48, l.15) 16) contrahe > contrae (p.88, l.10) 17) dahi > daí (l.24, p.135) 18) d'ahi > daí (l.29, p.250) 19) dir-me-heis > dir-me-eis (p.67, l.24) 20) distrahidos > distraídos (p.20, l.25) 21) encontrar-me-hão > encontrar-me-ão (l.21, p.95) 22) esvahe > esvai (l.17, p.218) 23) prohibe > proíbe (l.11, p.238; l.12, p.238; p.73, l.27) 24) reprehendendo-a > repreendendo-a (l.12 , p.214) 25) sahido > saído (p.71, l.19) 26) sahir > sair (l.03, p.296; l.16, p.296 ; l.12, p.297) 27) sahiu > saiu (p.31, l.20) 28) sobressahem > sobressaem (p.34, l.03) 29) trahiu > traiu (p.20, l.37) 30) vehemencia > veemência (l.10, p.234; l.15, p.234; l.28, p.96; p.66, l.33) 31) vehemente > veemente (l.28, p.138) 32) ver-me-heis > ver-me-eis (p.66, l.38; p. 68, l.19; p.68, l.31; p.68, l.35; p.68, l.37) 5. Emprego de 's' e 'z' 1) abraza > abrasa (l.11, p.172; l.30, p.288) 2) accêzos > accesos (p.71, l.12) 3) agonisante > agonizante (p.32, l.35; p .52, l.34) 4) agonisantes > agonizantes (p.50, l.03) 5) agonisou-me > agonizou-me (p.27, l.05) 33 6) amisade > amizade (l.03, p.276; l.11, p. 276; l.15, p.276; l.09, p.160; l.34, p.113; p.16, l.19; p.42, l.20; p.57, l.28) 7) amorozo > amoroso (l.23, p.172) 8) apezar > apesar (l.21, p.159; l.08, p.223; l.16, p.225) 9) apoz > após (l.23, p.238) 10) assás > assaz (l.07, p.166) 11) asul > azul (p.48, l.13; p.68, l.15) 12) asulado > azulado (p.23, l.09; p.26, l.20) 13) atraz > atrás (p.22, l.28) 14) azas > asas (l.03, p.139; l.02, p.142; l.22, p.130; l.11, p.135; l.07, p.239; l.18, p.190; l.29, p.238; p.22, l.22; p.27, l.14; p.43, l.28; p.50, l.37; p.53, l.34; p.71, l.38; p.74, l.02; p.325, l.20; p.335, l.36) 15) azilas > asilas (p.321, l.13) 16) baixesa > baixeza (p.88, l.37) 17) Balthazares > Baltasares (l.16, p.123) 18) baptisada > baptizada (p.71, l.08) 19) bellesa > beleza (p.26, l.16) 20) bemfaseja > benfazeja (l.23, p.239) 21) brazão > brasão (l.27, p.97) 22) Brazil > Brasil (l.10, p.301; p.329, l.23) 23) brazileiro > brasileiro (l.04, p.280; p.326, l.24; p.329, l.30) 24) briza > brisa (l.14, p.180; p.87, l.41) 25) brizas > brisas (p.76, l.32) 26) cinsas > cinzas (l.35, p.113) 27) confuzão > confusão (l.19, p.96) 28) cosinha > cozinha (l.19, p.93) 29) defeza > defesa (l.17, p.115) 30) depozita > deposita (p.34, l.06) 31) depuzeram > depuseram (l.07, p.238) 32) deslisa > desliza (l.03, p.124) 33) despezas > despesas (p.16, l.16) 34) despresa > despreza (p.40, l.17; p.40, l .35; p.41, l.15) 35) despresado > desprezado (p.18, l.38) 36) despreso > desprezo (l.12, p.94; l.13, p .153; p.61, l.01) 34 37) desprêso > desprezo (p.53, l.01; p.80, l .24) 38) despresou-o > desprezou-o (p.53, l.01) 39) diser > dizer (p.57, l.13) 40) ellezos > elesos (p.89, l.06) 41) empavezado > empavesado (l.12, p.282) 42) empreza > empresa (l.27, p.247) 43) enteza > entesa (l.08, p.283) 44) entezado > entesado (l.10, p.259) 45) espesinhar > espezinhar (l.12, p.245) 46) fertilisa > fertiliza (p.87, l.28) 47) fiseste (p.321, l.24; p.321, l.28; p.322, l.15; p.322, l.19) 48) floresinhas > florezinhas (p.62, l.28; p .62, l.31) 49) frizo > friso (p.33, l.19) 50) gaz > gás (l.22, p.271; p.43, l.21) 51) gosa > goza (p.65, l.10) 52) gose > goze (l.12, p.289) 53) gosos > gozos (l.40, p.237; p.44, l.01 ; p.88, l.30) 54) harmonisa > harmoniza (l.21, p.125) 55) horisonte > horizonte (p.19, l.09; p.26. l.20; p.74, l.27; p.326, l.37; p.326, l.51) 56) horisontes > horizontes (l.15, p.137; p.42, l.14) 57) hospitalisado > hospitalizado (l.25, p.221) 58) indisivel > indizível (l.23, p.125) 59) jasigo > jazigo (l.07, p.152) 60) juz > jus (l.18, p.221) 61) lusente > luzente (p.30, l.36) 62) marquez > marquês (l.03, p.252) 63) martyrisa > martiriza (l.19, p.125) 64) matisada > matizada (p.68, l.14) 65) mez > mês (l.07, p.277) 66) meza > mesa (l.16, p.156; l.19, p.265; l .31, p.298; l.03, p.265) 67) muzas > musas (l.19, p.93) 68) naturesa > natureza (l.35, p.105; p.24, l.22; p.24, l.35) 69) nobresa > nobreza (l.30, p.94) 70) paiz > país (l.10, p.262) 35 71) pezada > pesada (l.10, p.152) 72) pezar > pesar (l.09, p.193; l.12, p.152; p.330, l.09; p.331, l.03) 73) pezares > pesares (p.334, l.42) 74) pizes > pises (l.09, p.106) 75) poezia > poesia (l.01, p.154; l.23, p.155) 76) portugueza > portuguesa (l.05, p.124) 77) poz > pôs (p.72, l.17; p.101, l.17) 78) pôz > pôs (p.72, l.37) 79) poz-lhe > pôs-lhe (l.13, p.259) 80) poz-me > pôs-me (l.10, p.252) 81) pôz-se > pôs-se (l.13, p.186) 82) prasa > praza (p.64, l.25) 83) praser > prazer (l.29, p.111; p.43, l.07 ; p.51, l.06; p.67, l.04; p.71, l.01; p.71, l.17) 84) praso > prazo (l.29, p.109; l.32, p.110) 85) presado > prezado (p.45, l.11) 86) prizão > prisão (p.71, l.01) 87) puz > pus (l.03, p.259; l.11, p.259) 88) puzerão > puseram (l.15, p.264) 89) puzesse > pusesse (l.24, p.306) 90) puz-me > pus-me (l.24, p.250; l.11, p.282) 91) quiz > quis (l.11, p.253; l.12, p.255; l.09, p.262; l.10, p.291; p.75, l.02; p.329, l.42) 92) quizer > quiser (l.05, p.278; l.41, p.278; l.09, p.278; p.47, l.46) 93) quizera > quisera (l.42, p.33; l.13, p.163; l.04, p.164; l.16, p.164; l.24, p.110; l.25, p.189) 94) quizerem > quiserem (l.22, p.95) 95) quizeres > quiseres (l.11, p.162) 96) quizesse > quisesse (l.07, p.95; l.31, p.238) 97) quiz-me > quis-me (l.14, p.296) 98) rasão > razão (l.10, p.297; l.42, p.300; l.12, p.103; l.35, p.103; l.02, p.105; l.13, p.94; l.42, p.94; l.25, p.110; l.43, p.111; p.52, l.04; p11, l.13; p.25, l.14; p.25, l.26) 99) resar > rezar (l.22, p.95; p.89, l.33) 100) riquesas > riquezas (p.46, l.18) 101) rizo > riso (p.27, l.20) 102) sedusidos > seduzidos (p.35, l.32) 36 103) sinsentas > cinzentas (p.88, l.02) 104) sosinho > sozinho (l.08, p.186) 105) surpreza > supresa (l.36, p.289) 106) tapisa > tapiza (p.25, l.22) 107) tezão > tesão (l.27, p.265; l.16, p.276; l.03, p.258; l.11, p.258) 108) tezo > teso (l.14, p.251) 109) trasel-o > trazê-lo (p.58, l.07) 110) trazeira > traseira (l.25, p.298) 111) trazeiro > traseiro (l.10, p.280; l.39, p.284) 112) tristesa > tristeza (l.20, p.111; p.29, l.15; p.42, l.23) 113) vasar > vazar (l.32, p.300) 114) visinha > vizinha (l.27, p.94) 115) vizão > visão (p.90, l.04) 6. Consoantes dobradas 6.1. 'ff' 1) affague > afague (l.42, p.104) 2) affecto > afecto (l.08, p.239; l.28, p.148; p.22, l.27; p.67, l.07; p.72, l.22) 3) affectos > afectos (l.30, p.120; l.39, p.238; l.08, p.239; p.334, l.13) 4) affeição > afeição (l.14, p.159; l.22, p.167; l.23, p.94) 5) affeições > afeições (p.68, l.32) 6) affeito > afeito (l.13, p.109) 7) afflição > aflição (l.06, p.166; l.12, p.185; l.21, p.260; p.78, l.15; p.334, l.36; p.334, l.36) 8) afflicta > aflicta (l.37, p.105; p.35, l.34; p.50, l.04; p.79, l.19; p.328, l.48; p.334, l.35) 9) afflictas > aflictas (l.22, p.105) 10) afflicto > aflicto (l.02, p.154; l.04, p.136; l.16, p.209; p.23, l.17; p.334, l.14; p.326, l.16; p.326, l.16; p.335, l.03) 11) affligir > afligir (l.08, p.297; p.335, l.12) 12) affogado > afogado (p.27, l.29) 13) affogaram-me > afogaram-me (p.60, l.26) 14) affronta > afronta (l.36, p.218) 15) affundara > afundara (p.60, l.28) 37 16) coffre > cofre (p.77, l.29) 17) d'afflicção > d'aflicção (p.37, l.04) 18) deffende > defende (l.08, p.141) 19) deffende-os > defende-os (l.19, p.142) 20) deffendia > defendia (p.50, l.33) 21) differente > diferente (l.08, p.281) 22) difficil > difícil (p.89, l.16) 23) difficuldade > dificuldade (p.16, l.17) 24) diffunde > difunde (l.26, p.231) 25) indifferença > indiferença (l.04, p.140; p.38, l.07; p.61, l.26) 26) off'rece > of'rece (p.18, l.26) 27) offende > offende (p.34, l.01) 28) offende-los > ofendê-los (l.08, p.160) 29) offender-te > ofender-te (l.35, p.147) 30) offendi > ofendi (p.331, l.13) 31) offendida > ofendida (l.11, p.126) 32) offensa > ofensa (l.09, p.133; l.18, p.15) 33) offerece > oferece (l.08, p.93) 34) offerecida > oferecida (p.70, l.11; p.72, l.11) 35) offerecido > oferecido (l.03, p.108; p.49, l.12) 36) offereço-vos > ofereço-vos (p.17, l.16) 37) offertar > ofertar (l.06, p.163; l.18, p.164) 38) offertara (p.330, l.17) 39) official > oficial (l.10, p.294) 40) officio > ofício (p.82, l.25) 41) offusque > ofusque (l.32, p.135) 42) soffre > sofre (l.17, p.223; p.67, l.27) 43) soffregos > sôfregos (p.53, l.21) 44) soffrer > sofrer (l.07, p.208; p.66, l.42; p.326, l.18) 45) soffrerei > sofrerei (l.17, p.219) 46) soffres > sofres (l.05, p.166) 47) soffri > sofri (l.11, p.110) 48) soffrimento > sofrimento (p.27, l.27; p. 43, l.27) 49) soffro > sofro (l.01, p.180; l.03, p.1 80 ) 38 50) suffoca > sufoca (l.37, p.105; p.331, l.46) 51) suffocados > sufocados (l.26, p.242; l.29, p.112) 52) suffocamos > sufocamos (l.11, p.230) 53) suffocar > sufocar (l.01, p.180; l.04, p.180) 6.2. 'gg' 1) aggrava > agrava (l.24, p.156) 2) aggravo > agravo (l.10, p.156; p.41, l.20) 3) exaggera > exagera (l.30, p.149) 4) exaggerado > exagerado (l.28, p.15) 5) suggere > sugere (p.334, l.34) 6.3. 'll' 1) allegria > alegria (l.15, p.207) 2) alli > ali (l.01, p.185; l.17, p.306; l.32, p.298; l.33, p.298; l.17, p.265; l.23, p.250; l.20, p.251; l.21, p.209; l.38, p.228) 3) alliança > aliança (p.326, l.48) 4) alliviar > aliviar (l.42, p.192) 5) allivios > alívios (l.37, p.148) 6) allumiava > alumiava (l.33, p.289) 7) anniquillam > anniquilam (p.38, l.30) 8) Appollo > Apolo (l.09, p.268; l.05, p.265; l.10, p.266; l.15, p.266; l.20, p.266; l.05, p.265; l.41, p.267; l.02, p.268; l.18, p.93) 9) aquella > aquela (l.03, p.127; l.38, p.145; l.03, p.295; l.31, p.298; p.49, l.28; p.49, l.32; p.331, l.22; p.333, l.36) 10)aquellas > aquelas (l.15, p.186) 11)áquellas > àquelas (l.41, p.148) 12)aquelle > aquele (l.08, p.277; l.13, p.286; l.11, p.247; l.27, p.152; l.28, p.152; l.38, p.141; p.40, l.16; p.40, l.34; p.41, l.14; p.49, l.16; p.49, l.23; p.61, l.25; p.66, l.44) 13)áquelle > àquele (l.14, p.250) 14)aquelles > aqueles (l.01, p.110) 15)arrepella > arrepela (l.22, p.224) 16)avassalla > avassala (l.38, p.229) 39 17) bella > bela (l.06, p.305; l.40, p.289; l.17, p.293; l.27, p.298; l.10, p.299; l.12, p.299; l.10, p.265; l.26, p.265; l.04, p.268; l.04, p.250; l.30, p.250; l.07, p.257; l.15, p.259; l.11, p.137; l.20, p.117; l.12, p.120; l.26, p.220; l.27, p.230; p.84, l.20; p.85, l.23; p.54, l.12; p.70, l.20; p.322, l.10; p.333, l.10; p.333, l.21; p.333, l.39; p.326, l.11; p.326, l.36) 18)bellas > belas (l.03, p.213; l.11, p.2 13 ; l.39, p.305; p.30, l.29) 19)bellesa > beleza (p.26, l.16; p.30, l.18; p.30, l.33; p.32, l.12; l.01, p.167; l.05, p.244; l.14, p.293; l.25, p.207; l.18, p.220) 20)bellissimos > belíssimos (l.07, p.93) 21)bello > belo (l.07, p.148; l.07, p.150; l.20, p.93; l.30, p.103; p.32, l.05; p.59, l.19; p.71, l.11; p.71, l.16; p.71, l.17; p.326, l.47; p.331, l.41; p.328, l.30) 22)bellos > belos (p.67, l.11) 23)cabello > cabelo (l.05, p.240) 24)cabellos > cabelos (l.18, p.189; p.31, l.23; p.38, l.06) 25)Cancellas > Cancelas (l.08, p.213) 26)capellas > capelas (p.29, l.22) 27)castello > castelo (l.18, p.95) 28)cautella > cautela (l.39, p.289) 29)cavallaria > cavalaria (l.23, p.97) 30)cavalleiros > cavaleiros (l.06, p.97) 31)cavallo > cavalo (l.14, p.100; l.28, p.100; l.35, p.100; l.17, p.101) 32)cavallos > cavalos (l.30, p.96) 33)chrystallinas > cristalinas (p.330, l.11) 34)collecção > colecção (p.16, l.14) 35)collega > colega (l.03, p.108; p.63, l.11; p.66, l.11; p.70, l.11; p.72, l.12) 36)collegio > colégio (l.37, p.245) 37)collo > colo (l.12, p.163; l.19, p.266 ; l.03, p.268; l.25, p.250) 38)collocai-o > colocai-o (p.336, l.06) 39)daquella > daquela (l.18, p.170; l.25, p.156; p.85, l.24) 40)d'aquella > daquela (p.21, l.30) 41)daquellas > daquelas (l.25, p.265) 42)d'aquelle > daquele (l.01, p.238; l.14, p.15; l.21, p.148) 43)daquelle > daquele (l.11, p.255; l.19, p.137; l.28, p.218; l.35, p.227; p.336, l.02) 40 44)daquelles > daqueles (l.18, p.137) 45)della > dela (l.08, p.305; l.06, p.299; l.17, p.148; l.21, p.237; l.24, p.152; l.29, p.105; p.331, l.32) 46)d'ella > dela (p.50, l.05; p.52, l.44; p .54, l.02; l.21, p.224; l.42, p.105; p.68, l.17; p.73, l.18) 47)d'ellas > delas (p.68, l.12) 48)delle > dele (l.04, p.127; l.23, p.298; p.17, l.24) 49)d'elle > dele (l.06, p.237; l.21, p.177; p.40, l.24; p.51, l.25; p.53, l.22) 50)d'elles > deles (l.02, p.110) 51)desfallecida > desfalecida (p.67, l.22) 52)desfallecido > desfalecido (p.18, l.30; p.28, l.43) 53)distilla > distila (l.34, p.238) 54)disvellos > disvelos (l.40, p.103) 55)donzella > donzela (l.05, p.297; l.19, p.156; l.39, p.156; l.25, p.220; p.70, l.16) 56)ella > ela (l.03, p.118; l.45, p.149; l. 07, p.212; l.14, p.214; l.06, p.220; l.20, p.222; l.10, p.186; l.10, p.191; l.11, p.94; l.22, p.94; l.30, p.94; l.09, p.95; l.27, p.95; l.22, p.177; l.25, p.284; l.14, p.301; l.07, p.302; l.08, p.303; l.22, p.305; l.29, p.306; l.05, p.268; l.11, p.282; l.25, p.300; l.24, p.289; l.13, p.291; l.05, p.297; l.14, p.260; l.16, p.251; l.12, p.253; l.16, p.260; l.28, p.300; l.30, p.108; l.16, p.111; l.42, p.103; p.26, l.43; p.41, l.07; p.57, l.08; p.61, l.37; p.68, l.29; p.73, l.14; p.79, l.20; p.80, l.10; p.80, l.30) 57)ellas > elas (l.12, p.213; l.11, p.228 ; l.18, p.271; l.19, p.123; p.61, l.06) 58)elle > ele (l.07, p.279; l.29, p.284; l.28, p.294; l.11, p.253; l.15, p.256; l.16, p.108; l.21, p.237; l.23, p.122; l.28, p.228; l.30, p.177; p.17, l.19; p.24, l.07; p.26, l.09; p.30, l.34; p.32, l.24; p.33, l.32; p.49, l.19; p.55, l.32; p.57, l.12; p.63, l.25; p.64, l.21; p.66, l.38; p.330, l.21; p.330, l.24; p.325, l.46) 59)elles > eles (l.02, p.97; l.09, p.160; l.25, p.123; l.26, p.141; l.41, p.104; l.43, p.112; p.48, l.07; p.60, l.14; p.329, l.27; p.332, l.16; p.332, l.38) 60)ellezos > elesos (p.89, l.06) 61)escalpello > escalpelo (l.11, p.313) 62)esfolla > esfola (l.29, p.298) 63)esporradella > esporradela (l.16, p.259) 41 64)estrella > estrela (l.06, p.219; l.05, p.222; l.19, p.222; l.08, p.150; l.15, p.142; l.30, p.137; l.32, p.137; l.42, p.137; l.08, p.164; l.27, p.166; l.13, p.155; p.63, l.35; p.80, l.26) 65)estrellas > estrelas (l.23, p.137; l.24, p.137; p.60, l.01; p.331, l.27) 66)estrellas-sóes > estrelas-sóis (l.15, p.231) 67)excellencia > excelência (l.29, p.96) 68)excellente > excelente (l.06, p.157; l.12, p.93; l.23, p.95) 69)falla > fala (l.20, p.221; l.23, p.224 ; l.29, p.111; p.18, l.23; p.71, l.21; p.71, l.22; p.73, l.31) 70)fallão > falam (l.37, p.229) 71)fallar > falar (l.31, p.306; l.44, p.10; p.22, l.09; p.73, l.34) 72)fallaremos > falaremos (p.56, l.21) 73)fallar-me > falar-me (p.73, l.19) 74)fallar-se > falar-se (p.43, l.43; p.42 , l.34) 75)fallas > falas (p.43, l.36; p.73, l.36) 76)fallaz > falaz (l.14, p.218; p.26, l.09; p.81, l.19) 77)falle > fale (p.43, l.06) 78)fallei > falei (l.38, p.299) 79)fallem > falem (p.43, l.37) 80)falles p.331, l.48) 81)fallo > falo (l.09, p.273) 82)fallou > falou (l.13, p.178) 83)flagellam p.326, l.18) 84)flagello > flagelo (l.03, p.313) 85)galla > gala (l.31, p.111; p.34, l.01) 86)gallas > galas (l.16, p.112) 87)gallinha > galinha (l.09, p.275; l.15, p .275; l.17, p.275) 88)gella > gela (p.80, l.28) 89)illm. > ilm. (l.03, p.135) 90)illma. > ilma. (p.321, l.01) 91)illmo. > ilmo. (l.12, p.49) 92)illuda > iluda (p.81, l.19) 93)illudaes > iludais (l.33, p.121) 94)illude > ilude (p.167, l.13) 42 95)illumina > ilumina (p.30, l.36; p.34, l. 01; p.90, l.05) 96)illuminada > iluminada (p.89, l.17) 97)illuminado > iluminado (l.13, p.122) 98)illuminados > iluminados (l.28, p.231) 99)illumina-lo > iluminá-lo (l.33, p.224) 100) illumina-me > ilumina-me (p.62, l.25) 101) illuminar > iluminar (p.32, l.08) 102) illuminaste > iluminaste (p.62, l.23) 103) illusão > ilusão (l.04, p.133; l.12, p.120; l.09, p.103; l.25, p.105; l.41, p.105; l.40, p.228; p.27, l.32; p.35, l.31) 104) illusões > ilusões (l.29, p.237; p.325, l.37) 105) illusores > illusores (p.325, l.32) 106) illustrado > ilustrado (p.16, l.21) 107) illustre > ilustre (p.16, l.23; p.46, l.13) 108) illustrissimos > ilustríssimos (l.05, p.271) 109) impelle > impele (l.16, p.166) 110) impellido > impelido (l.28, p.224) 111) intelligencia > inteligência (l.01, p.232; l.07, p.232; p.50, l.32) 112) intelligente > inteligente (l.13, p.280) 113) intelligivel > inteligível (l.22, p.93) 114) janellas > janelas (l.25, p.97) 115) mella > mela (l.07, p.299) 116) molle > mole (l.13, p.284; l.23, p.289) 117) n'aquelle > naquele (l.21, p.186; l.26 , p.145; l.28, p.289; l.30, p.109; l.33, p.110; p.53, l.11) 118) negro-amarello > negro-amarelo (l.08, p.313) 119) n'ella > nela (l.05, p.178; l.22, p.122; l.25, p.147; l.29, p.103; l.34, p.103; l.29, p.207; l.22, p.220; p.26, l.31) 120) nella > nela (l.10, p.255; l.04, p.275; l.18, p.275; l.11, p.192; l.29, p.169; l.38, p.137; l.38, p.152; p.88, l.30) 121) nellas > nelas (l.17, p.218; l.37, p.35) 122) n'ellas > nelas (p.31, l.08) 123) nelle > nele (l.37, p.224) 124) n'elle > nele (p.23, l.06; p.66, l.45) 43 125) nelles > neles (l.23, p.189) 126) n'elles > neles (p.42, l.18) 127) Othello > Otelo (l.06, p.313) 128) pallida > pálida (p.29, l.16; p.73, l.12) 129) pallidas > pálidas (p.31, l.07) 130) pallidez > palidez (p.72, l.18; p.72, l.38) 131) pallidos > pálidos (p.60, l.05) 132) pelles > peles (l.12, p.287) 133) procella > procela (p.80, l.25) 134) procellas > procelas (p.31, l.16) 135) rella > rela (l.30, p.298) 136) salla > sala (l.19, p.93) 137) scintillam > cintilam (p.38, l.29) 138) scintillante > cintilante (p.321, l.10) 139) scintillantes > cintilantes (p.71, l.11) 140) scintillar > cintilar (l.14, p.142) 141) scintillava > cintilava (p.51, l.13) 142) sello > selo (l.11, p.227) 143) sentinella > sentinela (l.12, p.147; p.64, l.44) 144) sobr'elle > sobr'ele (p.51, l.26) 145) syllaba > sílaba (p.51, l.11) 146) Telles (l.08, p.287) 147) tranquilla > tranquila (l.41, p.136; p.335, l.06) 148) tranquillo > tranquilo (l.11, p.160; l.29, p.152; p.326, l.05; p.335, l.23) 149) valle > vale (p.89, l.42) 150) vassallo > vassalo (l.11, p.306; p.28, l.34) 151) vassallos p.330, l.14) 152) vella > vela (l.32, p.289; l.37, p.289) 6.4. 'pp' 1) apparato > aparato (l.24, p.94) 2) apparece > aparece (p.26, l.30; p.51, l.22; p.327, l.09) 3) apparecer >aparecer (p.333, l.08) 44 4) appareceu-lhe > apareceu-lhe (p.52, l.44) 5) apparencia > aparência (p.37, l.12) 6) apparente (p.81, l.19) 7) applacar > aplacar (p.329, l.39; p.334, l.42) 8) applaudas > aplaudas (l.01, p.219) 9) applaudirão > aplaudiram (l.02, p.95) 10) applausos > aplausos (p.53, l.32) 11) appoiados > apoiados (l.25, p.95) 12) Appollo > Apolo (l.09, p.268; l.05, p.265; l.10, p.266; l.15, p.266; l.20, p.266; l.05, p.265; l.41, p.267; l.02, p.268; l.18, p.93) 13) desapparece> desaparece (p.330, l.21) 14) opposição > oposição (l.39, p.93) 15) reapparece > reaparece (l.04, p.290) 16) supplantar > suplantar (l.13, p.245) 17) supplicante > suplicante (l.16, p.105) 18) supplicas > súplicas (l.37, p.237; p.328, l.16) 19) supplico > suplico (l.25, p.100) 20) suppondes > supondes (p.66, l.20) 21) suppôr > supor (l.07, p.273) 22) supportar > suportar (l.10, p.237; l.11, p.115; l.24, p.218) 23) supportará > suportará (l.01, p.106) 24) supportavel > suportável (p.43, l.01) 25) supporte > suporte (l.06, p.257) 6.5. 'tt' 1) accommette > accommete (l.16, p.289) 2) attenção > atenção (l.05, p.290; l.15, p.245; l.41, p.93; p.20, l.42) 3) attende > atende (l.06, p.105) 4) attendei-me > atendei-me (p.334, l.23) 5) attendi > atendi (p.334, l.39) 6) attendida > atendida (l.11, p.271) 7) attenta > atenta (l.06, p.103) 8) attentamente > atentamente (l.24, p.250) 9) attento > atento (l.16, p.284; p.51, l.08) 45 10) attestados > atestados (l.22, p.100) 11) attractivos > atractivos (l.13, p.289) 12) attrativos > atrativos (l.03, p.167) 13) attribula > atribula (p.52, l.24) 14) combattendo > combatendo (l.12, p.97) 15) commetti > commeti (l.27, p.174) 16) gottas > gotas (l.14, p.136; p.330, l.11) 17) intromettido > intrometido (l.03, p.292) 18) lettras > letras (l.04, p.262; l.35, p.245; l.11, p.246; p.336, l.11) 19) Mattoso (l.09, p.280) 20) metta > meta (l.04, p.284; l.21, p.279 ; l.19, p.299) 21) mette > mete (l.03, p.289; l.19, p.289 ; l.30, p.299) 22) mettendo > metendo (l.02, p.279) 23) metter > meter (l.15, p.278) 24) mettido > metido (l.06, p.97; l.09, p.290) 25) metto > meto (l.05, p.290) 26) motte > mote (l.01, p.115; l.01, p.15; l.01, p.241; l.01, p.250; l.01, p.253; l.01, p.254; l.01, p.256; l.01, p.258; l.01, p.260; l.01, p.261; l.01, p.265; l.01, p.269; l.01, p.274; l.01, p.276; l.01, p.278; l.01, p.282; l.01, p.284; l.01, p.286; l.01, p.287; l.01, p.289; l.01, p.291; l.01, p.293; l.01, p.294; l.01, p.296; l.01, p.301; l.08, p.289) 27) permittindo > permitindo (p.326, l.42) 28) permittir > permitir (l.31, p.113) 29) promette-me > promete-me (l.05, p.118) 30) promettendo > prometendo (p.51, l.21) 31) promettêra > prometera (p.325, l.26) 32) promettia > prometia (p.49, l.36) 33) transmittida > transmitida (l.24, p.138) 7. Dígrafos helenizantes 1) anarchia > anarquia (l.09, p.229) 2) anathema > anátema (p.20, l.35; p.335, l.01) 3) antithese > antítese (l.04, p.315) 4) apotheoses > apoteoses (p.325, l.45) 46 5) archanjo > arcanjo (l.01, p.238) 6) archanjos > arcanjos (l.08, p.154; p.24, l.34) 7) architecto > arquitecto (l.23, p.294) 8) authócrata > autócrata (l.02, p.116) 9) Balthazares (l.16, p.123) 10) charo > caro (p.47, l.32) 11) cherubim > querubim (l.06, p.238; l.13, p.144; l.16, p.172; l.35, p.217) 12) cherubins > querubins (l.19, p.219; p.330, l.21) 13) chimeras > quimeras (p.325, l.37) 14) cholera > cólera (p.68, l.06) 15) chrystallinas > cristalinas (p.330, l.11) 16) christã > cristã (l.36, p.112; p.53, l.12) 17) christão > cristão (p.56, l.22; p.62, l.03) 18) Christo > Cristo (p.65, l.17) 19) chrystal > cristal (p.64, l.49) 20) d'enthusiasmo > d'entusiasmo (p.51, l.05) 21) echo > eco (l.16, p.115; p.32, l.22) 22) echos > ecos (p.18, l.31; p.50, l.05; p. 64, l.21) 23) échos > ecos (p.331, l.46) 24) enthusiasmados > entusiasmados (l.01, p.95) 25) enthusiasmo > entusiasmo (l.29, p.120; p.18, l.26; p.26, l.10; p.78, l.21) 26) ephemera > efêmera (p.30, l.20) 27) ephemero > efêmero (p.46, l.22) 28) esphera > esfera (p.28, l.15) 29) etherea > etérea (p.77, l.37) 30) geographica > geográfica (l.38, p.245) 31) homoeopatha > homeopata (l.13, p.313) 32) labyrintho > labirinto (l.21, p.93; p.331, l.47) 33) machina > máquina (l.08, p.301) 34) monarcha > monarca (l.04, p.280; l.19, p.232; l.20, p.232) 35) monarchia > monarquia (l.08, p.229) 36) nympha > ninfa (l.18, p.250; p.22, l.31) 37) olphato > olfato (l.27, p.110) 38) orphandade > orfandade (l.29, p.221) 47 39) orphão > órfão (l.25, p.227) 40) orphêus > orfeus (p.62, l.34) 41) Othello > Otelo (l.06, p.313) 42) phanaes > fanaes (p.46, l.23) 43) phanal > fanal (p.30, l.36) 44) phantasia > fantasia (l.04, p.127; p.88, l.19) 45) Phariséus > Fariséus (p.65, l.18) 46) pharol > farol (l.38, p.115) 47) phaxas > fachas (p.33, l.14) 48) phenomenos > fenômenos (p.43, l.11) 49) philosopho > filósofo (p.54, l.04) 50) phosphoricos > fosfóricos (p.46, l.23) 51) phrase > frase (p.43, l.07; p.43, l.26) 52) phrases > frases (p.326, l.21) 53) prophecia > profecia (l.34, p.149; p.24, l.18; p.25, l.33; p.27, l.18; p.52, l.13) 54) propheta > profeta (p.68, l.03) 55) protheismo > proteísmo (l.21, p.238) 56) Protheo > Proteu (l.02, p.124) 57) sepulchral > sepulcral (p.27, l.10) 58) sepulchro > sepulcro (l.03, p.113; l.05, p.106; l.07, p.152; l.23, p.152; l.08, p.159; p.30, l.32; p.45, l.28; p.60, l.44; p.65, l.32; p.82, l.27; p.88, l.14; p.334, l.28; p.325, l.42) 59) sepulcros > sepulcros (p.31, l.27) 60) sympathia > simpatia (p.71, l.02) 61) synthese > síntese (p.27, l.06) 62) thálamo > tálamo (p.64, l.32) 63) theatro > teatro (l.06, p.247; p.83, l.11) 64) themas > temas (p.82, l.11) 65) Theotonio (l.15, p.310) 66) Theresa (l.02, p.220) 67) Thereza (l.29, p.136) 68) thesouro > tesouro (l.19, p.113; l.22, p .265; l.41, p.238; p.22, l.23; p.60, l.23) 69) thesouros > tesouros (l.15, p.147; p.49 l.20; p.70, l.29) 48 70) throno > trono (l.20, p.113; l.39, p.2 18 ; l.10, p.231; l.02, p.230; p.56, l.22; p.327, l.16; p.334, l.25; p.325, l.21; p.335, l.11; p.335, l.13) 71) thronos > tronos (p.334, l.30; p.325, l.16) 72) thuribulo > turíbulo (p.77, l.13) 73) triumphador > triunfador (p.28, l.23) 74) triumphal > triunfal (l.29, p.224) 75) triumpham > triunfam (p.334, l.01) 76) triumpho > triunfo (l.30, p.99; p.28, l. 25; p.55, l.27) 77) triumphos > triunfos (l.32, p.220; p.7 6 l.40; p.49, l.21) 78) trophéo > troféu (p.80, l.14) 79) tropheos > troféus (p.77, l.02) 80) zephyros > zéfiros (p.29, l.21) 8. Emprego de 'y' 1) abysmo > abismo (l.31, p.230) 2) abysmos > abismos (p.29, l.09) 3) acrysola > acrisola (l.09, p.239) 4) asylo > asilo (p.23, l.35; p.333, l.25) 5) chrystallinas > cristalinas (p.330, l.11) 6) crystaes > cristaes (p.34, l.03) 7) crystal > cristal (p.23, l.09) 8) crystalina > cristalina (p.50, l.19) 9) cyprestes > ciprestes (l.09, p.135) 10) cysne > cisne (l.01, p.159; l.03, p.15 3; p.156, p.154) 11) chrystal > cristal (p.64, l.39) 12) Egypto > Egipto (p.54, l.26) 13) Empyreo > Empíreo (p.48, l.23; p.64, l.38; p.326, l.19) 14) épyco > épico (l.22, p.123) 15) grynalda > grinalda (l.11, p.136; l.07, p.120) 16) hymno > himno (l.01, p.229; l.08, p.154; l.05, p.155; l.23, p.155; l.14, p.121; l.15, p.121; l.26, p.135; l.32, p.141; l.14, p.123; p.64, l.30) 17) hymnos > himnos (l.09, p.210; l.03, p.224; p.46, l.39; p.48, l.14; p.56, l.16; p.154, l.08; p.332, l.36; p.332, l.37) 18) hypocritas > hipócritas (l.08, p.245; l. 33, p.247; l.13, p.159) 49 19) labyrintho > labirinto (l.21, p.93; p.331, l.47) 20) lyra > lira (l.03, p.117; l.04, p.121; l.16, p.121; l.04, p.211; l.17, p.211; l.12, p.212; l.05, p.155; p.20, l.20; p.32, l.32; p.46, l.38; p.48, l.28; p.77, l.04; p.330, l.02; p.331, l.40; p.332, l.11; p.332, l.21; p.332, l.31; p.334, l.19; p.334, l.43; p.326, l.23) 21) lyras > liras (l.31, p.247) 22) lyrios > lírios (l.31, p.125; l.15, p.125) 23) martyr > mártir (p.79, l.10; p.79, l.31) 24) martyrio > martírio (l.11, p.218; l.25, p.237; l.09, p.239; p.18, l.41) 25) martyrisa > martiriza (l.19, p.125) 26) mysterio > mistério (l.03, p.153; l.23 , p.153; l.08, p.235; p.49, l.24) 27) mysteriosa > misteriosa (l.20, p.123; l.21, p.124) 28) mysterioso > misterioso (l.24, p.125) 29) nympha > ninfa (l.18, p.250; p.22, l.31) 30) Olympo > Olimpo (l.25, p.267) 31) satyra > sátira (l.03, p.271; l.07, p.273; l.01, p.281; l.07, p.245) 32) syllaba > sílaba (p.51, l.11) 33) sympathia > simpatia (p.71, l.02) 34) synthese > síntese (p.27, l.06) 35) Troya > Troia (l.07, p.167; l.09, p136) 36) tyramno > tiramno (p.81, l.15) 37) tyramnos > tiramnos (p.76, l.43) 38) tyranna > tiranna (l.31, p.95; l.39, p.95; l.40, p.04) 39) tyrannia > tirannia (l.04, p.222; l.23, p.224) 40) tyrannica > tirânnica (l.09, p.104) 41) tyranno > tirano (l.37, p.223; p.334, l.23) 42) tyrannos > tirannos (p.56, l.01; l.32, p.223) 43) zephyros > zéfiros (p.29, l.21) 9. Emprego de 'sc' e 'c' para a fricativa alveolar surda 1) complascente > complacente (l.12, p.219) 2) enlanguecido > enlanguescido (p.52, l.32 ) 3) intumecidos > intumescidos (p.51, l.31) 4) scena > cena (l.01, p.266; l.33, p.289 ; l.30, p.124; l.45, p.100) 50 5) scenas > cenas (l.21, p.265; l.36, p.13 ; l.15, p.104; p.45, l.18; p.55, l.14) 6) scentelha > centelha (p.51, l.12) 7) scentelhas > centelhas (l.04, p.105; l.04, p.241; l.17, p.241) 8) scepticismo > cepticismo (l.15, p.242; l.18, p.112) 9) sceptico > céptico (p.20, l.21) 10) sceptro > ceptro (l.13, p.231; l.20, p.231; l.07, p.233; l.15, p.251; l.27, p.124; p.333, l.37) 11) sceptros > ceptros (p.48, l.05; p.334, l.31; p.325, l.16) 12) sciencia > ciência (l.11, p.122; l.38, p.245; p.50, l.34; p.50, l.34; p.54, l.03; p.89, l.11) 13) scintilante > cintilante (l.10, p.209; p.321, l.10) 14) scintillam > cintilam (p.38, l.29) 15) scintillantes > cintilantes (p.71, l.11) 16) scintillar > cintilar (l.14, p.142) 17) scintillava > cintilava (p.51, l.13) 18) scismar > cismar (l.41, p.217) 10. Emprego de 's' singelo 1) altisono > altíssono (p.76, l.38) 2) horrísona > horríssona (p.23, l.12) 3) presentimento > pressentimento (p.50, l.24) 4) prosegue > prossegue (l.01, p.257; l.1 8 p.141) 5) resurge > ressurge (l.28, p.97) 6) resuscita > ressuscita (p.30, l.14) 7) resuscito > ressuscito (p.130, l.10) 8) resuscitou > ressuscitou (l.17, p.264) 9) sacrosanta > sacrossanta (l.29, p.135) 10) sacrosanto > sacrossanto (l.29, p.228; p.334, l.25) 11. Emprego de apóstrofo em contrações já consagradas 1) cospem-n'a > cospem-na (l.31, p.237) 2) d'ahi > daí (l.29, p.250) 3) d'antes > dantes (l.08, p.146) 4) d'aquella > daquela (l.25, p.156; p.21, l.30; p.85, l.24) 51 5) d'aquelle > daquele (l.01, p.238; l.14, p.15; l.21, p.148; p.77, l.29) 6) d'aqui > daqui (l.03, p.296; l.17, p.2 96; l.13, p.234; l.18, p.104) 7) d'ella > dela (p.50, l.05; p.52, l.44; p .54, l.02; l.21, p.224; l.42, p.105; p.68, l.17; p.73, l.16) 8) d'elle > dele (p.40, l.24; p.51, l.25; p.53, l.22; l.06, p.237; l.21, p.177) 9) d'elles > deles (p.51, l.08; l.02, p.110 ; p.65, l.25; p.65, l.40; p.65, l.25; p.65, l.40) 10) d’entre > dentre (p.330, l.21) 11) d'esde > desde (p.27, l.24) 12) d'essa > dessa (l.13, p.222; l.28, p.231; p.25, l.37; p.41, l.24) 13) d'essas > dessas (p.54, l.21) 14) d'esse > desse (l.07, p.210; l.18, p.02, l.38; l.19, p.148; l.27, p.126; l.28, p.148; l.31, p.148; l.37, p.15; l.18, p.105) 15) d'esses > desses (l.06, p.136; l.24, p.121; p.50, l.31) 16) d'esta > desta (l.04, p.314; l.06, p.184 ; p.45, l.41) 17) d'estas > destas (l.43, p.111; p.68, l.16) 18) d'este > deste (l.08, p.229; l.08, p.235; l.23, p.111; p.43, l.01; p.43, l.33; p.50, l.24) 19) d'onde > donde (l.29, p.99; p.26, l.14; p.28, l.24; p.321, l.18) 20) d'outro > doutro (l.05, p.106; p.27, l.37) 21) d'um > dum (l.02, p.154; l.14, p.244; p.49, l.24; p.186, l.06) 22) d'uma > duma (p.33, l.10) 23) dá-m'os > dá-mos (l.02, p.183) 24) d'ellas > delas (p.68, l.12) 25) d’outra > doutra (p.188, l.18) 26) n'aquelle > naquele (l.21, p.186; l.26, p.145; l.28, p.289; l.30, p.109; l.33, p.110; p.53, l.11) 27) n'ella > nela (p.26, l.31; l.05, p.178 ; l.22, p.122; l.25, p.147; l.29, p.103; l.34, p.103; l.29, p.207; l.22, p.220) 28) n'ellas > nelas (p.31, l.08) 29) n'elle > nele (p.23, l.06; p.66, l.45; p .42, l.18; p.76, l.18) 30) n'essa > nessa (p.25, l.12; p.33, l.13; p.53, l.02; l.16, p.142) 31) n'essas > nessas (l.14, p.228) 32) n'esse > nesse (l.05, p.210; p.27, l.26; p.61, l.26; p.68, l.11) 52 33) n'esta > nesta (l.09, p.182; l.13, p.110 ; l.33, p.112; l.23, p.153; l.02, p.156; l.27, p.148; l.27, p.234) 34) n'este > neste (l.01, p.113; l.30, p.113 ; l.06, p.129; l.07, p.142; l.27, p.15; l.20, p.224; l.24, p.184; p.26, l.36; p.27, l.05; p.64, l.43; p.67, l.42; p.78, l.04; p.85, l.24) 35) n'estes > nestes (p.62, l.13; p.65, l.22 ; p.65, l.37) 36) n'isso > nisso (l.13, p.310) 37) n'isto > nisto (l.11, p.291) 38) n'outro > noutro (p.40, l.28; p.41, l.07; p.130, l.10) 39) n'um > num (p.24, l.38; p.36, l.12; p.38, l.28; p.42, l.19; p.43, l.38; p.50, l.30; p.51, l.29; p.52, l.41; p.56, l.29; p.57, l.12; p.60, l.33; p.61, l.29; p.69, l.06; p.72, l.20; p.77, l.25; p.79, l.24; p.88, l.05; l.03, p.104; l.04, p.119; l.09, p.130; l.16, p.130; l.12, p.144; l.17, p.145; l.39, p.145; l.13, p.162; l.23, p.166; l.14, p.209; l.13, p.218; l.14, p.255; l.12, p.282; l.24, p.238; l.29, p.108; l.32, p.95; l.29, p.97; p.336, l.01) 40) n'uma > numa (l.16, p.259; l.26, p.166; l.34, p.99; p.68, l.16; p.79, l.21) 41) n'uns > nuns (p.71, l.31) 42) p'ra > pra (p.24, l.07; p.43, l.29; p.45, l.42; p.52 , l.37; p.55, l.28; p.59, l.38; p.61, l.05; p.64, l.15; l.07, p.99; l.08, p.245; l.21, p.245; l.18, p.246; l.38, p.246; l.40, p.246; l.18, p.247; l.20, p.247; l.35, p.247; l.09, p.212; l.34, p.218; l.14, p.130; l.27, p.130; l.12, p.131; l.15, p.189; l.23, p.189; l.29, p.250; l.06, p.251; l.03, p.253; l.16, p.253; l.23, p.256; l.23, p.278; l.29, p.278; l.06, p.279; l.26, p.289; l.10, p.306; l.22, p.306; l.41, p.112; p.322, l.03) 12. Emprego de hífen 12.1 Em colocação pronominal 1) acabal-a > acabá-la (l.09, p.95) 2) arrancal-o > arrancá-lo (p.330, l.19) 3) atural-o > aturá-lo (l.16, p.291; l.03 , p.291; l.12, p.292) 4) beijal-as > beijá-las (l.03, p.190) 5) castigal-os > castigá-los (l.27, p.96) 6) chamal-a > chamá-la (p.90, l.27) 7) chamal-o > chamá-lo (l.13, p.291; p.57, l.15) 8) colhel-o > colhê-lo (l.21, p.238) 9) comel-o > comê-lo (l.10, p.291) 53 10) confessal-o > confessá-lo (p.80, l.28) 11) contemplal-os > contemplá-los (p.334, l.43) 12) defendel-o > defendê-lo (l.25, p.115) 13) deixal-os > deixá-los (p.70, l.29) 14) derretel-a >derretê-la (p.49, l.41) 15) devoral-o > devorá-lo (l.11, p.125) 16) eil-as > ei-las (l.33, p.115) 17) eil-o > ei-lo (l.01, p.185; p.28, l.36) 18) eil-os > ei-los (p.29, l.14) 19) enchêl-o > enchê-lo (p.49, l.39) 20) enfreal-o > enfreá-lo (p.56, l.02) 21) escondel-as > escondê-las (p.64, l.41) 22) esperal-o > esperá-lo (l.15, p.162) 23) expol-o > expô-lo (l.27, p.245) 24) fazel-o > fazê-lo (p.16, l.16) 25) fodel-a > fodê-la (l.04, p.297) 26) ganhal-a > ganhá-la (p.55, l.41) 27) gosal-o > gozá-lo (p.84, l.28) 28) guardal-a > guardá-la (l.10, p.157) 29) guardal-as > guardá-las (p.64, l.42) 30) guardal-o > guardá-lo (p.77, l.30) 31) lançal-as > lançá-las (p.56, l.01) 32) manchal-as > manchá-las (p.64, l.39) 33) murmural-o > murmurá-lo (p.59, l.38) 34) perdel-a > perdê-la (l.05, p.150) 35) procural-o > procurá-lo (l.12, p.291) 36) regal-as > regá-las (l.12, p.173) 37) retratal-o > retratá-lo (l.05, p.246) 38) seguil-o > segui-lo (p.71, l.37) 39) sintil-o > sinti-lo (l.23, p.238) 40) tel'-a > te-l'-á (p.43, l.06) 41) tel-o > tê-lo (l.35, p.93) 42) tiral-o > tirá-lo (l.08, p.292) 43) tocal-as > tocá-las (l.15, p.188) 54 44) tomal-a > tomá-la (l.01, p.116) 45) trancal-as > trancá-las (l.38, p.237) 46) trasel-o > trazê-lo (p.58, l.07) 47) vel-a > vê-la (p.25, l.02; p.50, l.05; l.02, p.150; l.24, p.117; l.24, p.250; l.39, p.237) 48) vel-o > vê-lo (l.27, p.138; p.71, l.37; p.79, l.24) 49) vel-os > vê-los (l.39, p.237) 50) vil-o > vi-lo (l.27, p.294) 12.2 Em compostos 1) alti-sonante > altissonante (l.33, p.9 5) 2) contra-veneno > contraveneno (l.21, p.105) 3) entre-aberta > entreaberta (p.23, l.23) 4) mal-diz > mal diz (l.08, p.94) 5) semi-morta > semimorta (l.12, p.162) 6) semi-morto > semimorto (l.36, p.125) 7) vae-vem > vaivem (l.37, p.299) 12.3 Em formas dependentes 1) hei-de > hei de (p.64, l.42) 13. Índice de nasalização 1) abração > abraçam (l.12, p.226) 2) abrassárão [pret.perf] > abraçaram (p.75, l.09) 3) abrirão [pret.perf] > abriram (p.89, l.14) 4) acabão > acabam (l.33, p.267) 5) acalmarão-se [pret.perf] > acalmaram-s e (l.02, p.95) 6) achão > acham (p.103, l.22) 7) acordárão [pret.perf] > acordaram (l.02, p.222) 8) acreditarão [pret.perf] > acreditaram (l.31, p.94) 9) andavão > andavam (l.19, p.93) 10) applaudirão [pret.perf] > aplaudiram ( l.02, p.95) 11) arrebatárão [pret.perf] > arrebataram (l.16, p.228) 12) bemdita > bendita (p.326, l.12) 55 13) bemdiz > bendiz (l.16, p.136) 14) bemfaseja > benfazeja (l.23, p.239) 15) bemfazeja > benfazeja (l.02, p.233; p.90, l.22) 16) bemfazejo > benfazejo (l.07, p.150) 17) bemfeitor > benfeitor (l.26, p.232) 18) bemzinho > benzinho (l.10, p.278) 19) Bomtempo (l.05, p.311) 20) brotão > brotam (l.05, p.288) 21) caminhão > caminham (l.29, p.229) 22) cans > cãs (l.04, p.122) 23) cantárão [pret.perf] > cantaram (l.02, p.229) 24) cercão > cercam (l.26, p.103) 25) cessão > cessam (l.12, p.192) 26) chamavão-na > chamavam-na (l.37, p.94) 27) chegarão [pret.perf] > chegaram (l.25, p.104) 28) chovião > choviam (l.17, p.93) 29) comsigo > consigo (l.23, p.162; p.61, l.19; p.72, l.28; p.90, l.09; p.335, l.43) 30) comtigo > contigo (l.14, p.113; l.33, p.136; l.41, p.148; l.35, p.105; p.331, l.35) 31) comtudo > contudo (l.12, p.286) 32) comvosco > convosco (p.329, l.09; p.329, l.45) 33) converterão > converteram (l.35, p.271) 34) davão > davam (l.16, p.288) 35) decotão > decotam (l.03, p.228) 36) derão > deram (l.30, p.87; l.12, p.298) 37) desbotão > desbotam (l.03, p.231) 38) desejão > desejam (l.11, p.225) 39) disponhão-se (l.30, p.95) 40) em fim > enfim (p.27, l.01) 41) em quanto > enquanto (p.32, l.06; p.32, l.41; p.47, l.07; p.47, l.13; p.99, l.16) 42) emfim > enfim (l.03, p.95; l.15, p.95; l.40, p.100; l.08, p.310; l.35, p.284; p.49, l.16; p.68, l.28; p.77, l.08; p.136, l.03; p.136, l.28) 43) emquanto > enquanto (l.22, p.271; l.25, p.300; l.34, p.137; p.45, l.36; p.47, l.22; p.47, l.30; p.95, l.32) 44) enfeião > enfeiam (l.20, p.220) 56 45) ensinão > ensinam (l.20, p.95) 46) entregárão [pret.perf] > entregaram (l.28, p.227) 47) erão > eram (l.15, p.288; l.18, p.93) 48) esqueção > esqueçam (l.07, p.224) 49) exhalão > exalam (l.36, p.229) 50) fação > façam (l.09, p.188) 51) fallão > falam (l.37, p.229) 52) fazião > faziam (l.18, p.93) 53) fervião > ferviam (l.32, p.95) 54) fizerão > fizeram (l.13, p.298) 55) flammejão > flammejam (l.15, p.231) 56) forjão > forjam (l.20, p.189) 57) formão > formam (l.34, p.267) 58) fourão > fouram [pret.perf] (p.87, l.38) 59) grimpão > grimpam (l.21, p.288) 60) gritão > gritam (l.18, p.96; l.37, p.96; l.02, p.98) 61) gritarão [pret.perf] > gritaram (l.30, p.93) 62) guardão > guardam (l. 26, p.88; l.23, p.162) 63) importão > importam (l.05, p.220) 64) joven > jovem (l.01, p.160; l.09, p.276; l.40, p.245; p.28, l.29; p.51, l.10; p.51, l.40) 65) lançavão > lançavam (l.18, p.99) 66) lavão > lavam (l.14, p.288) 67) levão > levam (l.27, p.267) 68) limpão > limpam (l.19, p.288) 69) manhan > manhã (p.28, l.27) 70) ministrarão [pret.perf] > ministraram (l.13, p.104) 71) morrérão [pret.perf] > morréram (l.23, p.242) 72) nascerão [pret.perf] > nasceram (l.10, p.173; l.12, p.173) 73) passão > passam (l.20, p.272) 74) passeavão > passeavam (l.11, p.93) 75) puzerão > puseram (l.15, p.264) 76) quebrão > quebram (l.04, p.188) 77) queimão > queimam (l.21, p.104) 57 78) rebentárão [pret.perf] > rebentaram (l.16, p.211; l.03, p.222) 79) reduzão > reduzam (l.16, p.260) 80) repinicarão-se [pret.perf] > repinicar am -se (l.31, p.95) 81) responderão [pret.perf] > responderam (l .26, p.95) 82) sáo > são (l.12, p.287) 83) Satan > Satã (l.17, p.310) 84) souberão > souberam (l.05, p.224) 85) sujeitarão-se [pret.perf] > sujeitaram-se (l.08, p.99) 86) tacteão > tacteam (l.30, p.230) 87) talisman > talismã (l.15, p.138; l.33, p.113) 88) toldão > toldam (l.16, p.218) 89) tomão > tomam (l.10, p.97; l.22, p.267; l.28, p.267) 90) troão > troam (l.13, p.254) 91) vedão > vedam (l.15, p.188) 92) venhão > venham (l.33, p.105) 14. Separação de palavras 1) com tanto [conj.] > contato (p.163, l.07; p.163, l.14; p.164, l.05; p.164, l.12; p.164, l.19; p.165, l.05) 2) de balde > debalde (l.36, p.207) 3) de certo > decerto (l.13, p.261) 4) de mais > demais (p.111, l.39) 5) em fim > enfim (p.27, l.01) 6) em quanto > enquanto (p.32, l.06; p.32, l.41; p.47, l.07) 7) hade > há de (l.18, p.123; l.19, p.123; l.42, p.137 ; l.31, p.224; l.17, p.225; l.39, p.232; p.42, l.40) 8) heide > hei de (l.21, p.169; l.24, p.126 ; p.67, l.24; p.79, l.10; p.79, l.31) 9) porque > por que [interr.] (p.49, l.38; p.49, l.40) 10) Porque? > Por quê? (p.67, l.37) 11) por tanto [conj.] > portanto (p.122, l.16) 12) si quer > sequer (l.24, p.105) 15. Vogal 'i' final átona ou semivogal 1) extasi > êxtase (l.20, p.238; l.19, p. 239; l.27, p.108; p.21, l.33; p.23, l.05) 58 2) mãi > mãe (l.14, p.111; l.18, p.113; l.23, p.113; l.19, p.95; l.21, p.227; l.26, p.227; l.30, p.121; l.11, p.124; l.05, p.147; l.28, p.147; l.30, p.147; p.60, l.30; p.328, l.12) 3) quasi > quase (l.09, p.125; l.10, p.12 5; l.41, p.137; l.20, p.141; l.10, p.111; l.16, p.229; l.32, p.305; l.15, p.265; l.36, p.95; p.16, l.39; p.27, l.08; p.67, l.22; p.89, l.05; p.43, l.31; p.59, l.28; p.64, l.16; p.334, l.14) 16. Conjunção subordinativa 'se' 1) si > se (l.05, p.315; l.31, p.284; l.39, p.284; l.13, p.301; l.16, p.260; l.15, p.286; l.24, p.298; l.25, p.298; l.09, p.299; l.20, p.299; l.40, p.299; l.02, p.284; p.16, l.20; p.18, l.13; p.18, l.15; p.18, l.18; p.18, l.23; p.22, l.11; p.22, l.33; p.23, l.22; p.25, l.14; p.25, l.20; p.25, l.23) 17. Emprego de 'e' para semivogal em sílaba final 1) areaes > areais (l.13, p.134) 2) buscaes > buscais (p.35, l.17; p.66, l.17) 3) cae > cai (p.43, l.19; p.64, l.25) 4) cahe > cai (l.19, p.220) 5) cahe-me > cai-me (l.18, p.289; l.01, p.290) 6) contemplae > contemplai (l.27, p.103) 7) contrae > contrai (p.88, l.10) 8) cristaes > cristais (p.34, l.03) 9) deixae > deixai (l.07, p.271) 10) divinaes > divinais (l.24, p.153) 11) estaes > estais (l.10, p.104) 12) estrellas-sóes > estrelas-sóis (l.15, p.231) 13) esvahe > esvai (l.17, p.218) 14) exvae > exvai (p.88, l.02) 15) fanaes > fanais (p.46, l.23; l.11, p.123) 16) festivaes > festivais (l.30, p.135) 17) finaes > finais (p.61, l.34) 18) garrafaes > garrafais (l.11, p.246) 19) geraes > gerais (l.26, p.95) 20) heróe > herói (l.21, p.246) 21) heroe > herói (l.23, p.115; p.56, l.40) 59 22) heroes > heróis (l.43, p.245; l.21, p.246; l.23, p.247; p.55, l.33) 23) hospitaes > hospitais (l.29, p.272) 24) iguaes > iguais (l.34, p.271; l.28, p.272; l.42, p.228) 25) illudaes > iludais (l.33, p.121) 26) immortaes > immortais (p.56, l.23) 27) infernaes > infernais (l.10, p.104) 28) julgaes > julgais (p.66, l.25) 29) libaes > libais (p.35, l.25) 30) liberaes > liberais (l.20, p.100) 31) marciaes > marciais (p.56, l.16) 32) mensaes > mensais (l.11, p.177; l.30, p. 177; l.38, p.177) 33) metaes > metais (l.03, p.99) 34) mortaes > mortais (l.07, p.181; l.44, p.105; p.19, l.01; p.38, l.37; p.65, l.23; p.65, l.38) 35) pae > pai (l.19, p.280; l.33, p.246) 36) paúes > pauis (l.18, p.219) 37) perguntaes-me > perguntais-me (p.67, l.33) 38) possue > possui (p.25, l.24) 39) punhaes > punhais (l.02, p.238; l.14, p. 217) 40) quaes > quais (l.42, p.138; p.25, l.13) 41) racionaes > racionais (l.08, p.232) 42) regaes > regais (l.15, p.134) 43) rivaes > rivais (l.22, p.115) 44) sae > sai (l.03, p.266) 45) signaes > signais (l.14, p.135; l.37, p.300) 46) sóes > sóis (l.09, p.190; l.41, p.137) 47) taes > tais (p.24, l.05; p.46, l.31; p.46, l.36; p.48, l.24; l.19, p.97; l.03, p.105; l.36, p.177; l.22, p.219) 48) temporaes > temporais (p.29, l.29) 49) vae > vai (l.06, p.268; l.09, p.270; l.01, p.279; l.26, p.294; l.06, p.295; l.31, p.300; l.32, p.300; l.35, p.105; l.10, p.106; p.37, l.03; p.37, l.30; p.38, l.11; p.38, l.12; p.38, l.28, p.40; l.22; p.41, l.02; p.41, l.03; p.41, l.07) 50) vae-se > vai-se (l.36, p.105) 51) vae-te > vai-te (l.30, p.247; l.34, p.105) 60 52) venaes > venais (l.15, p.104) 53) Vestaes > Vestais (p.64, l.35) 54) vitaes > vitais (l.07, p.122) 18. Emprego de 'o' para semivogal em sílaba final 1) abrio-lhe > abriu-lhe (l.10, p.272) 2) abrio-te > abriu-te (l.11, p.153) 3) cahio > caiu (l.11, p.100; l.39, p.227; p.330, l.24) 4) carapáo > carapau (l.23, p.260) 5) ceo > céu (l.04, p.113) 6) céo > céu (l.08, p.148; l.31, p.148; l.11, p.136; l.17, p.136; l.11, p.142; l.12, p.145; l.19, p.137; l.22, p.137; l.23, p.142; l.09, p.164; l.27, p.166; l.14, p.286; l.16, p.207; l.12, p.209; l.31, p.217; l.14, p.220; l.11, p.220; l.35, p.232; l.16, p.237; l.26, p.237; l.17, p.172; l.26, p.108; l.14, p.113; l.09, p.113; l.31, p.104; l.33, p.104; l.03, p.104; l.38, p.99; l.40, p.238; l.02, p.239; p.16, l.36; p.29, l.15; p.32, l.37; p.38, l.20; p.39, l.14; p.46, l.27; p.52, l.05; p.52, l.27; p.53, l.35; p.87, l.38; p.89, l.31; p.90, l.19; p.336, l.09; p.330, l.31; p.330, l.43; p.331, l.03; p.331, l.06; p.331, l.28; p.332, l.28; p.33, l.13; p.334, l.31; p.334, l.34; p.325, l.47; p.326, l.15; p.326, l.17; p.326, l.48; p.335, l.01; p.335, l.23; p.335, l.27; p.335, l.28; p.335, l.42; p.335, l.43; p.336, l.14) 7) céos > céus (l.12, p.96; l.16, p.232; l.19, p.180; l.21, p.192; l.28, p.108; l.38, p.104; p.28, l.19; p.43, l.16; p.83, l.16; p.327, l.08; p.327, l.09; p.327, l.41; p.334, l.10; p.334, l.16; p.334, l.41; p.334, l.45; p.334, l.46; p.325, l.48) 8) chapéo > chapéu (l.14, p.296) 9) concluio > concluiu (l.27, p.284) 10) conduzio > conduziu (l.05, p.222) 11) consentio > consentiu (l.22, p.306) 12) deos > deus (l.06, p.218; l.08, p.219; l .16, p.219; l.12, p.220; l.31, p.223; l.15, p.226; l.13, p.228; l.24, p.228; l.29, p.232; l.11, p.122; l.22, p.122; l.09, p.123; l.23, p.136; l.19, p.142; l.30, p.141; l.41, p.141; l.11, p.160; l.13, p.113; l.13, p.166; l.30, p.104; l.34, p.104; l.01, p.105; p.28, l.26; p.46, l.09; p.52, l.26; p.84, l.24; p.328, l.45; p.330, l.32) 13) deo > deu (p.100, l.09) 14) despio > despiu (l.12, p.144) 61 15) destruio > destruiu (p.333, l.20) 16) escarcéos > escarcéus (p.63, l.23) 17) espargio > espargiu (l.15, p.207) 18) extinguio-se > extinguiu-se (p.330, l.27) 19) ferio-me > feriu-me (l.21, p.226) 20) fugio > fugio (l.06, p.285) 21) gráo > grau (p.28, l.33) 22) incumbio (p.329, l.08) 23) leo > leu (l.13, p.100) 24) luzio > luziu (l.10, p.207) 25) máo > mau (l.07, p.154; l.29, p.272; l.30, p.108; p.54, l.08; p.61, l.44; p.61, l.44) 26) máos > maus (l.29, p.230) 27) mausoléo > mausoléu (p.60, l.46; p.65, l.33) 28) mausoléos > mausoléus (l.20, p.135) 29) meos > meus (l.33, p.93; p.57,l.06) 30) mingáo > mingau (l.22, p.260) 31) ouvio-te > ouviu-te (l.30, p.153) 32) páo > pão (l.30, p.260) 33) pario > pariu (l.03, p.253; l.16, p.253; l.04, p.284; l.30, p.284; l.08, p.280) 34) partio > partiu (l.14, p.149) 35) produzio > produziu (l.06, p.95) 36) Protheo > Proteu (l.02, p.124) 37) réo > réu (l.20, p.142; l.29, p.217; l.17, p.219) 38) reduzio > reduziu (p.333, l.21) 39) repartio > repartiu (p.329, l.09) 40) retorquio > retorquiu (l.12, p.253) 41) rio > riu (l.07, p.285) 42) rio-se > riu-se (l.15, p.101) 43) seguio-se > seguiu-se (l.18, p.132) 44) sentio > sentiu (l.34, p.209) 45) sentio-se > sentiu-se (l.42, p.99) 46) seo > seu (l.46, p.100; p.33, l.29) 47) sio > siu (l.41, p.93) 48) surgio > surgiu (l.11, p.137) 62 49) tremeo > tremeu (l.43, p.99) 50) veiu > veio (l.06, p.313) 51) véo > véu (l.04, p.103; l.08, p.142; l.16, p.137; l.11, p.209; l.32, p.224; p.39, l.13; p.331, l.26; p.326, l.46) 52) véos > véus (l.21, p.104) 53) vio > viu (l.08, p.100; l.08, p.211; l.13, p.253; l.06, p.284; l.26, p.284; l.10; p.285; p.88, l.22; p.333, l.07; p.333, l.36; p.333, l.23; p.325, l.19) 19. Topônimos 1) Mon-Serrate > Mon’ Serrat (p.88, l.23)6 2) Bom-fim > Bonfim (p.88, l.24) Por outro lado, a orientação ortográfica buscou manter grafias que possam assinalar a pronúncia do autor ou da época, caracterizada pela confluência de várias tendências linguísticas, por vezes até antagônicas, como nacionalistas e lusitanistas, populares e eruditas, modernas e arcaicas, conforme os critérios arrolados infra. 1. Emprego das pretônicas 'e' ou 'i' 1) adevinhei (p.50, l.25) 2) candieiro (l.14, p.265) 3) creação (l.11, p.137) 4) creada (l.08, p.153) 5) creador (p.330, l.28; p.333, l.27; p.334, l.38) 6) creados (l.22, p.230; l.40, p.230) 7) creatura (l.18, p.110; l.22, p.117; p.27, l.42; p.331, p.05; p.334, l.37) 8) creaturas (l.16, p.117) 9) creou (p.75, l.04) 10) devina (p.321, l.22 ) 11) distilla > distila (l.34, p.238) 12) disvellos > disvelos (l.40, p.103) 13) edade (p.28, l.30; p.38, l.07) 6 A grafia atual do bairro é ‘Monte Serrat’. Optou-se, porém, pelo apóstrofo para indicar apócope. A grafia ‘Monte’ não corresponderia à pronúncia da palavra conveniente à métrica do verso. 63 14) edades (p.31, l.26) 15) egual (p.31, l.15; p.46, l.26) 16) ellezos > elesos (p.89, l.06) 17) ensosso (l.33, p.245) 18) incerrados (l.27, p.112) 19) infermo (l.20, p.108; l.26, p.111) 20) involto (l.30, p.111) 21) rebombo (p.32, l.20) 22) similhança (p.67, l.16) 23) sinão (l.30, p.113) 24) sintil-o > sinti-lo (l.23, p.238) 25) testimunho (p.78, l.08) 26) verilha (l.28, p.250) 2. Emprego das pretônicas 'em', 'en' , 'im' ou 'in' 1) incantos (p.90, l.01) 2) invenenado (p.81, l.17) 3) involto (p.26, l.31) 4) involve (p.29, l.02) 3. Emprego do 'o' ou 'u' pretônicos 1) ampolhetas (p.54, l.25) 2) bruxolêa > bruxolea (p.42, l.29) 3) cubiçava (p.57, l.05) 4) culhões (l.16, p.301; l.03, p.287; l.11 p.287; l.09, p.295) 5) logar (p.40, l.28; p.42, l.43; p.89, l.38) 6) logares (p.62, l.13) 7) maguado (l.13, p.214) 8) mausuleo > mausuléu (p.336, l.12) 9) podér > podér [fut.subj.] (p.47, l.33) 10) podera (l.26, p.192) 11) podesse (l.11, p.163; l.35, p.123; p.47, l.05; p.330, l.18) 12) rebulindo (l.16, p.293) 13) surrindo (p.89, l.34) 64 14) volcanica > volcânica (p.28, l.30) 15) volcão (l.40, p.108; p.33, l.43) 16) volcões (p.71, l.12) 4. Emprego do 'om', 'on', 'um', 'un' p retônicos 1) comprimentos (l.29, p.95) 5. Emprego de 'e' ou 'ei' 1) atêa > atea (p.90, l.18) 2) bruxolêa > bruxolea (l.34, p.125; p.42, l.29) 3) cadea (p.19, l.11; p.45, l.22) 4) cadeas (l.16, p.221) 5) cadêas > cadeas (p.53, l.28) 6) d'idéas > d'ideas (p.43, l.33) 7) enfreal-o > enfreá-lo (p.56, l.02) 8) enleos (p.88, l.26) 9) feicharam (l.22, p.120) 10) feixára > feichara (p.89, l.12) 11) idéa > idea (l.38, p.145; p.72, l.02; p. 88, l.18; p.335, l.21) 12) ideas (p.332, l.19) 13) idéas > ideas (p.51, l.37) 14) ondêa > ondea (l.36, p.125) 15) passeiar (p.29, l.24) 16) peior (l.28, p.192) 17) peiores (p.16, l.20) 18) roxêam > roxeam (p.71, l.28) 19) tacteão > tacteam (l.30, p.230) 20) vea (p.90, l.19) 6. Emprego de 'o' ou 'ou' 1) couces (l.25, p.246) 2) cousa (l.04, p.214; l.17, p.214; l.06, p.250; l.21, p.251; l.04, p.252; l.34, p.284; l.38, p.294; l.13, p.300; l.09, p.94; l.11, p.118; l.12, p.118; p.16, l.21; p.22, l.08) 3) cousas (l.28, p.272) 65 4) cousinhas (l.03, p.165) 5) doudo (l.18, p.218; p.52, l.44) 6) dous (l.01, p.125; l.01, p.126; l.34, p. 135; l.38, p.136; l.02, p.141; l.09, p.141; l.09, p.142; l.11, p.142; l.06, p.277; l.15, p.305; l.10, p.224; l.18, p.172; l.42, p.97; p.17, l.20) 7) fouce (p.82, l.23) 8) fourão > fouram (p.87, l.38) 9) noute (l.07, p.254) 10) poude (l.13, p.103) 7. Emprego de 'e' ou 'i' postônicos 1) craneo > crâneo (p.52, l.06; p.56, l.07; l.40, p.153) 2) Empirio > Empírio (l.10, p.213) 3) escárneo (l.29, p.105) 4) escarneo > escárneo (l.21, p.219; p.65, l.32; p.71, l.24) 8. Emprego de 'o' ou 'u' postônicos 1) magua > mágua (p.50, l.11) 9. Emprego de 'mm' ou 'nn' 9.1. 'mm' 1) accommette > accommete (l.16, p.289) 2) accommoda (l.10, p.297) 3) chamma (l.09, p.313; l.11, p.289; l.15, p.299; l.12, p.103; l.13, p.105; l.12, p.239; l.13, p.125; l.40, p.108; p.18, l.14; p.77, l.10; p.77, l.37; p.77, l.41) 4) chammas (l.13, p.251; l.16, p.109; l.2 0 p.109; l.40, p.111; l.17, p.172; l.22, p.238; l.23, p.190; l.35, p.93; p.36, l.14; p.36, l.15; p.55, l.42; p.70, l.40; p.87, l.22) 5) chammejantes (p.28, l.41) 6) commenda (l.26, p.100) 7) commendador (l.17, p.100; l.21, p.101) 8) commetti > commeti (l.27, p.174) 9) commigo (l.06, p.177; p.50, l.39; p.51, l.41; p.70, l.25; p.321, l.40; p.321, l.44) 10) commoção (l.25, p.104) 11) commodos (l.13, p.93) 66 12) commovê-la (p.49, l.03) 13) commovida (l.32, p.238) 14) commua (l.35, p.271) 15) commum (l.02, p.228; p.43, l.32) 16) communica (l.32, p.246) 17) communicam (l.04, p.309; l.15, p.309) 18) flammejão > flammejam (l.15, p.231) 19) gemmadas (l.22, p.260) 20) immensa (l.09, p.182; l.26, p.230; l.3 4 p.15; p.56, l.41; p.88, l.35) 21) immensidade (l.25, p.135; l.25, p.141) 22) immenso (l.06, p.247; l.08, p.310; l.11, p.218; p.22, l.23; p.23, l.02; p.26, l.23; p.49, l.20; p.51, l.23; p.59, l.17; p.68, l.12) 23) immensos (l.44, p.136) 24) immoral (l.32, p.245) 25) immortaes (p.56, l.23) 26) immortal (l.15, p.247) 27) immortalidade (p.29, l.03; p.56, l.35) 28) immovel > immóvel (l.12, p.147; p.51, l. 23) 29) immunda (l.43, p.246) 30) immundo (p.54, l.06; p.54, l.22) 31) immutaveis > immutáveis (p.62, l.01) 32) inflammas (l.15, p.109) 33) recommenda (l.16, p.124) 34) somma (l.20, p.93) 35) summamente (l.05, p.95) 36) summidade (l.09, p.222) 37) summo (l.15, p.269; l.25, p.104; l.34, p.156) 9.2. 'nn' 1) annéis (p.19, l.11) 2) annel (p.45, l.21) 3) anniquilla > anniquila (p.334, l.16) 4) anniquillam > anniquilam (p.38, l.30) 5) anniversario > anniversário (l.02, p.1 35 ; l.03, p.221) 67 6) anno (l.23, p.121) 7) annos (l.01, p.120; l.14, p.121; l.24, p.121; l.35, p.121; l.36, p.121; l.38, p.121; l.34, p.135; l.31, p.136; l.44, p.136; l.01, p.220; l.05, p.220; l.13, p.220; l.33, p.220; l.25, p.170; p.43, l.37; p.45, l.10; p.45, l.33; p.45, l.44; p.46, l.06; p.48, l.35; p.331, l.11) 8) annunciam (p.38, l.06) 9) brincão > brincam (p.321, l.11) 10) ennegrecido (p.334, l.34) 11) innocência (l.14, p.155) 12) innocencia > innocência (l.12, p.108; l.17, p.256; l.19, p.272; l.22, p.178; l.38, p.217; l.35, p.229; p.25, l.05; p.333, l.09; p.333, l.38) 13) innocente (l.01, p.156; l.13, p.145; l.17, p.115; l.28, p.186; l.30, p.108; l.34, p.103; l.37, p.238) 14) innocentes (l.06, p.312; l.10, p.142) 15) innoente > innocente (l.28, p.265) 16) Marcianna (l.03, p.260; l.13, p.260; l.10, p.289) 17) pannos (l.13, p.265) 18) penna (l.23, p.245; l.10, p.247; l.30, p.149; l.37, p.284; p.46, l.33) 19) Salustianno (p.17, l.12) 20) tirannas (p.36, l.11) 21) tyranno > tiranno (p.334, l.23) 22) tirannos (p.47, l.45) 23) tyranna > tiranna (l.31, p.95; l.39, p.95; l.40, p.4) 24) tyrannia > tirannia (l.04, p.222; l.23, p.224) 25) tyrannica > tirânnica (l.09, p.104) 26) tyranno > tirano (l.37, p.223) 27) tyrannos > tirannos (l.32, p.223; p.56, l.01) 10. Emprego do acento gráfico indicativo de crase 1) à amor (p.66, l.31) 2) á banca > à banca (l.22, p.245) 3) á beira > à beira (l.01, p.299) 4) á belleza > à beleza (l.14, p.293) 5) á casa > à casa (l.26, p.294) 68 6) á cinzas > à cinzas (p.333, l.35) 7) à criança (p.89, l.33) 8) á criancinha > à criancinha (l.28, p.265) 9) á cruéis > à cruéis (p.37, l.28) 10) A' cruz > À cruz (l.28, p.155) 11) á cruz > à cruz (l.30, p.226) 12) á culto > à culto (p.38, l.21) 13) á doce magia > à doce magia (p.332, l.07) 14) á dolorosa > à dolorosa (l.26, p.234) 15) á dor > à dor (l.37, p.148) 16) á esta > à esta (p.25, l.19) 17) á face > à face (p.16, l.16) 18) à flor (p.64, l.22) 19) á foda > à foda (l.07, p.289; l.08, p. 14 3; l.17, p.149) 20) á força > à força (l.15, p.234; l.25, p. 237; l.29, p.99) 21) A' frente > À frente (l.45, p.97) 22) á furto > à furto (l.28, p.166; l.32, p. 123) 23) á glória > à glória (l.14, p.121; p.332, l.32) 24) á guerra > à guerra (l.19, p.115) 25) á igreja > à igreja (ll.22-23, p.95) 26) A' hora > À hora (l.11, p.113) 27) á illma > à ilma. (p.321, l.01) 28) á jura > à jura (l.18, p.132) 29) á ligeira > à ligeira (l.21, p.298) 30) à luz (p.52, l.17) 31) á luz > à luz (l.14, p.265; l.10, p.281; l.16, p.113) 32) à mesma (p.84, l.10; p.85, l.10) 33) à meu (p.89, l.14) 34) á meus > à meus (l.31, p.108) 35) á meza > à mesa (l.03, p.265; l.19, p.265) 36) à mil (p.70, l.29) 37) à minha (p.74, l.14) 38) á minha > à minha (l.01, p.147) 39) á minhas > à minhas (l.32, p.238) 69 40) à morte (p.66, l.16) 41) A' morte > À morte (l.01, p.153) 42) á morte > à morte (p.25, l.20) 43) á natura > à natura (p.327, l.02) 44) á noite > à noite (l.31, p.224) 45) á outrem > à outrem (l.01, p.239) 46) á paixão > à paixão (l.25, p.103) 47) á passo > à passo (l.33, p.100) 48) á pátria > à pátria (l.16, p.137; l.19, p.121) 49) à plaga (p.61, l.44) 50) á planta > à planta (l.28, p.230) 51) à plantação (p.60, l.21) 52) á pouco > à pouco (p.333, l.20) 53) á praça > à praça (l.26, p.245) 54) á quem > à quem (p.16, l.10) 55) á rastos > à rastos (l.05, p.101) 56) á razão > à razão (l.21, p.125) 57) á ruínas > à ruínas (p.333, l.21) 58) á santa > à santa (p.332, l.18) 59) à sciencia > à ciência (p.50, l.34) 60) á sepultura > à sepultura (l.03, p.159; l.24, p.112; l.29, p.237; p.325, l.35) 61) á seu > à seu (p.41, l.04) 62) à sombra (p.57, l.22) 63) Á sombra > À sombra (l.02, p.209; l.30, p.209; l.07, p.210) 64) á sombra > à sombra (l.16, p.294; l.17, p.148) 65) à Sra. (p.83, l.10) 66) á sua Excellencia > à sua Excelência (l.29, p.96) 67) á tanto > à tanto (l.34, p.109) 68) á tarde > à tarde (l.08, p.288) 69) á tempestade > à tempestade (l.03, p.146) 70) à terra (p.68, l.33; p.77, l.14) 71) á terra > à terra (l.06, p.222; l.28, p.230; l.10, p.303; l.11, p.149; l.32, p.246) 72) à teu (p.62, l.04) 73) á teu > à teu (l.31, p.113) 70 74) A' teus > À teus (l.01, p.188) 75) á teus > à teus (l.03, p.188) 76) à todos (p.61, l.08) 77) á tormenta > à tormenta (l.18, p.139) 78) à um (p.49, l.19) 79) á um'alma > à um'alma (p.41, l.25) 80) á uma > à uma (l.30, p.93) 81) á ver > à ver (p.16, l.20) 82) á verdade > à verdade (p.105, l.41) 83) á verilha > à verilha (l.28, p.250) 84) á vida > à vida (l.03, p.208; l.06, p.141) 85) á virtude > à virtude (l.18, p.121) 86) á vista > à vista (p.23, l.01) 87) á voz > à voz (l.35, p.256) 88) áquellas > àquelas (l.41, p.148) 89) áquelle > àquele (l.14, p.250) 90) ás afflictas > às aflictas (l.22, p.105) 91) ás almas > às almas (l.28, p.111) 92) ás ancias > às ânsias (l.26, p.218) 93) ás apupadas > às apupadas (l.27, p.245) 94) ás escuras > às escuras (l.15, p.309) 95) ás esperanças > às esperanças (l.34, p.121) 96) ás flores > às flores (p.321, l.48) 97) ás lousas > às lousas (l.10, p.227) 98) às ondas (p.79, l.28) 99) às portas (p.78, l.23) 100) ás portas > às portas (p.325, l.50) 101) ás santas > às santas (l.02, p.142) 102) A's suas > Às suas (l.08, p.116) 103) ás trevas > às trevas (l.32, p.226) 104) ás vezes > às vezes (l.13, p.180; l.26, p.135; l.27, p.135; p.19, l.04) 105) A's vezes > Às vezes (l.17, p.305; l.19, p.223) 106) Ás vezes > Às vezes (p.19, l.04; l.35, p.177) 107) ás vistas > às vistas (p.26, l.21) 71 11. Formas vocabulares sincréticas 1) alprecata (p.32, l.28) 2) caramachão (l.11, p.93) 3) coixinhas (l.04, p.278; l.30, p.278) 4) d'oiro (p.45, l.21; p.53, l.04) 5) doirem (p.16, l.24) 6) benino (p.336, l.02) 7) languores (p.67, l.21) 8) malino (l.09, p.252) 9) oiro (p.61, l.02) 10) pastorar (l.11, p.250) 11) rasoira (p.29, l.41) 12) rella > rela (l.30, p.298) 13) resplandores (p.25, l.15) 12. Antropônimos 1) Balthazares > Baltasares (l.16, p.123) 2) Barretto (p.49, l.11; p.49, l.12; p.76, l.11) 3) Bomtempo (l.05, p.311) 4) Demosthenes > Demósthenes (p.51, l.21) 5) Isabel (p.327, l.43; p.328, l.38; p.330, l.24; p.329, l.26; p.331, l.09; p.333, l.08; p.334, l.03; p.334, l.04; p.334, l.18; p.325, l.44; p.326, l.35; p.326, l.40; p.326, l.45; p.335, l.06) 6) Josephina (p.321, l.01) 7) Marcianna (l.03, p.260; l.13, p.260; l.10, p.289) 8) Mattoso (l.09, p.280) 9) Othello (p.313, l.06) 10) Salustianno (p.17, l.12) 11) Sanctos (l.38, p.93) 12) Telles (p.287, l.08) 13) Theotonio (l.15, p.310) 14) Theresa (l.02, p.220) 15) Thereza (l.29, p.136) 72 13. Grupos consonânticos disjuntivos 13.1. 'cc' 1) acção (p.17, l.22) 2) accende (l.09, p.141; l.30, p.125; l.21, p.217; l.20, p.222; l.41, p.108; p.20, l.15; p.26, l.11; p.46, l.23) 3) accendesse (p.77, l.37) 4) accendeu (l.35, p.246; p.64, l.37) 5) accendia (p.79, l.17) 6) accentos p.334, l.43 7) accesa (l.07, p.103; l.32, p.104; l.15 , p.265; l.32, p.289; l.20, p.222) 8) accêsa > accesa (p.18, l.13) 9) accesas (l.19, p.109) 10) acceso (l.13, p.210; l.13, p.251) 11) accêso > acceso (p.51, l.06) 12) accêsos > accesos (p.55, l.16) 13) accêzos > accesos (p.71, l.12) 14) accommette > accommete (l.16, p.289) 15) accommoda (l.10, p.297) 16) accorda (p.37, l.27) 17) accusação (l.03, p.166) 18) accusar-te (l.16, p.239) 19) baccamarte (l.24, p.267) 20) bocca (l.32, p.256; l.04, p.306; l.25, p.306) 21) occasião (l.02, p.226; l.02, p.229; l.10, p.95; l.41, p.300; p.72, l.11; p.82, l.10; p.83, l.11) 22) occaso (p.28, l.37; p.52, l.33; p.56, l. 30; p.32, l.29) 23) occidente (l.03, p.115; l.20, p.115; p .8 7, l.39) 24) occulta (p.65, l.07) 25) occultamente (l.15, p.224) 26) occultando (p.23, l.27) 27) occultar (l.02, p.193) 28) occulto (p.66, l.20) 29) peccado (l.08, p.296; l.30, p.217; p.77, l.19) 73 30) pêccos > peccos (p.78, l.16) 31) saccos (l.15, p.287) 32) saccudindo (l.13, p.269) 33) secca (l.29, p.288; p.24, l.16) 34) sêcca > secca (l.07, p.120; l.43, p.120; p.19, l.16; p.61, l.17; p.19, l.18; p.49, l.38) 35) sêccas > seccas (p.36, l.07) 36) secca-se (l.32, p.186) 37) secco (l.05, p.170) 38) seccou-se (p.21, l.29) 39) soccorra (l.19, p.299) 40) soccorro (p.63, l.36) 41) succeda (l.30, p.226) 42) succede (l.06, p.149) 43) succedem (p.38, l.05) 44) succederão (p.30, l.26) 45) successivo (p.83, l.25) 46) succumba (l.26, p.105) 47) succumba-se (l.38, p.104) 48) succumbe (l.08, p.125) 49) succumbir (l.06, p.169) 50) succumbo (l.26, p.170) 51) vaccas (l.43, p.245) 13.2. 'ct' 1) actividade (l.01, p.126; l.12, p.271) 2) acto (l.28, p.104) 3) actor (p.18, l.40) 4) actos (l.14, p.245) 5) affecto > afecto (l.08, p.239; p.22, l.27; p.71, l.07; p.72, l.22) 6) affectos > afectos (l.30, p.120; l.39, p .238; p.334, l.13) 7) afflicta > afflicta (p.79, l.19; p.35, l.34; p.50, l.04; l.37, p.105; p.328, l.48; p.334, l.35) 8) afflictas > aflictas (l.22, p.105) 74 9) afflicto (l.02, p.154; l.03, p.266; l.04, p.136; l.16, p.209; p.23, l.17; p.33, l.14; p.326, l.16; p.335, l.03) 10) architecto > arquitecto (l.23, p.294) 11) architectura > arquitectura (p.333, l.21) 12) atractivo (p.90, l.24) 13) attractivos > atractivos (l.13, p.289) 14) contractou (l.11, p.294) 15) defunctos (l.20, p.100) 16) delicto (l.35, p.104) 17) desfructa (p.59, l.24) 18) desfructei (l.40, p.138) 19) dictos (l.02, p.105; p.64, l.11) 20) dilectos (l.23, p.123) 21) espectaculo > espectáculo (l.28, p.125) 22) extincta (l.13, p.239) 23) extincto (p.85, l.28) 24) extinctos (p.59, l.28) 25) facto (l.06, p.95) 26) fictos (l.11, p.192) 27) fluctuante (l.36, p.145) 28) fructa (l.01, p.305; l.06, p.305; l.13, p.305; l.18, p.305; l.32, p.306) 29) fructas (l.38, p.305) 30) fructinha (l.16, p.305) 31) fructo (l.23, p.306; l.24, p.141; l.39, p.141; p.37, l.14; p.37, l.15) 32) fructos (p.54, l.11; p.65, l.10; p.328, l.25) 33) grão-redactor (l.16, p.245) 34) injecta (l.18, p.192) 35) insecto (p.22, l.28) 36) juncto (l.31, p.113) 37) lucta (l.08, p.125; l.35, p.115; l.1, p .305; l.20, p.153) 38) luctar (l.09, p.125; l.16, p.159) 39) lucto (l.30, p.111; p.33, l.35; p.34, l. 09; p.37, l.13; p.42, l.29; p.47, l.35) 40) maldicta (l.10, p.277; l.12, p.300) 41) projectos (l.28, p.120) 75 42) protectores (p.89, l.09) 43) redactor (l.15, p.247) 44) reflectindo (p.52, l.16) 45) respectuoso (p.17, l.27) 46) sancta (l.39, p.105; p.29, l.13; p.328, l.23) 47) sanctificada (p.60, l.40) 48) sancto (p.29, l.12; p.32, l.06) 49) Sanctos (l.38, p.93) 50) seductor (p.43, l.07; p.332, l.02) 51) seductores (l.41, p.138; p.90, l.02) 52) tacteão > tacteam (l.30, p.230) 53) tectos (p.54, l.32; p.63, l.20; p.325, l.12) 54) victima > víctima (l.17, p.15; l.33, p.2 07; l.13, p.217) 55) victimas > víctimas (l.19, p.103; p.29, l.02) 56) victoria > victória (l.28, p.299; l.36, p.115) 13.3. 'cç' 1) acção (l.06, p.157) 2) afflicção > aflicção (p.78, l.15; l.12, p.185) 3) d'afflicção > d'aflicção (p.37, l.04) 4) estincção > extincção (l.39, p.105) 5) n'acção (l.01, p.126) 13.4. 'gn' 1) afflicção > aflicção (l.21, p.260) 2) assignar (l.11, p.281; l.12, p.281) 3) assignaturas (p.16, l.17) 4) damnada (l.14, p.289) 5) signaes > signais (l.14, p.135; l.37, p.300) 6) signal (l.29, p.147; p.32, l.31) 7) somno (l.06, p.283; l.07, p.283; l.09, p .283; l.17, p.299) 13.5. 'gm' 76 1) augmenta (l.46, p.100; p.36, l.28; p.220, l.13) 2) augmentar (l.16, p.191; l.33, p.192) 3) augmenteis (l.41, p.121) 13.6. 'pt' 1) adoptava (l.10, p.214) 2) assumptos (l.17, p.93) 3) baptisado > baptizado (p.71, l.08) 4) baptismo (l.02, p.141; l.02, p.155) 5) captiveiro (l.06, p.209; l.10, p.210; l. 27, p.221; l.26, p.155) 6) captivo (l.08, p.208; l.19, p.155) 7) captivos (p.38, l.37; p.321, l.39) 8) captivou (l.19, p.120) 9) circunscripta (l.32, p.120) 10) descripto (p.331, l.33) 11) Egypto > Egipto (p.54, l.26) 12) escriptas (p.20, l.39) 13) escripto (p.22, l.18; p.33, l.13) 14) escriptos (p.51, l.07) 15) excepto (l.20, p.138) 16) Neptuno (l.40, p.267) 17) prompta (l.27, p.237) 18) prompto (l.06, p.273; l.12, p.126; l.35, p.15; l.31, p.153) 19) proscripto (p.77, l.18) 20) saptisfaças (p.58, l.07) 21) saptisfez-me (p.57, l.19) 22) scepticismo > cepticismo (l.15, p.242; l.18, p.112) 23) sceptico > céptico (p.20, l.21) 24) sceptro > ceptro (l.13, p.231; l.20, p.231; l.07, p.233; l.15, p.251; l.27, p.124; p.333, l.37) 25) sceptros > ceptros (p.334, l.31; p.325, l.16) 26) septenario > septenário (p.325, l.01) 77 13.7. 'mn' 1) calumnia > calúmnia (l.20, p.246; l.40, p.246) 2) calumniadores (l.13, p.245) 3) comnosco (p.54, l.27) 4) condemna (l.03, p.15; l.20, p.15) 5) condemnadas (l.35, p.93) 6) condemnado (p.42, l.38) 7) condemnes (l.32, p.226) 8) damnados (l.18, p.96) 9) hymno > himno (l.01, p.229; l.08, p.154; l.05, p.155; l.23, p.155; l.14, p.121; l.15, p.121; l.26, p.135; l.32, p.141; l.14, p.123; p.64, l.30) 10) hymnos > himnos (l.09, p.210; l.03, p.224; p.46, l.39; p.56, l.16; p.332, l.36; p.332, l.37) 11) omnipotente (p.334, l.21) 12) solemne (l.36, p.223; p.32, l.25; p.84, l.18; p.335, l.08) 13) solemnes (l.27, p.220) 14) somno (l.29, p.152; p.57, l.21; p.79, l.15; p.328, l.11; p.326, l.06) 15) tyramno (p.81, l.15) 16) tyramnos > tiramnos (p.76, l.43) 13.8. 'bt' 1) subtil (l.09, p.301; p.65, l.28) 2) subtilmente (l.21, p.250) 13.9. 'pç' 1) inscripção (p.336, l.11) 2) redempção (l.34, p.155) 3) redempções (l.01, p.155; l.16, p.155) 14. Hiperbibasmo 14.1 Diástole 1) impia [segunda sílaba tônica em função da métrica] p.49, l.44 14.2 Sístole 1) pégada (p.51, l.10) 78 15. Possibilidade de timbre vocálico diferenciado 1) morrérão [pret.perf] > morréram (l.23, p.242) 2) Phariséus > Fariséus (p.65, l.18) 3) podér > podér [fut.subj.] (p.47, l.33) 16. Verbo 'ter' 1) teem > têm (p.44, l.02) 17. Possibilidade de ‘x’ como letra dúplice 1) dextra (p.32, l.39; p.61, l.28; p.90, l.15; p.122, l.21; p.123, l.20; p.230, l.09; p.231, l.18; p.247, l.30; p.292, l.06; p.294, l.33; p.332, l.22; p.325, l.15; p.326, l.07) 2) exforçados (p.87, l.35) 3) exvai (p.88, l.02) 4) mixto (p.56, l.29) 5) extende (p.136, l.04; p.147, l.39) 6) extendeu-se (p.145, l.25) 5.2.4. Recursos auxiliares ao texto dos poemas 5.2.4.1. Réguas e sinais gráficos O textos dos poemas é basicamente amparado por duas réguas, uma à esquerda e outra à direita da mancha. A primeira consiste na numeração dos versos, de cinco em cinco, à qual remetem as abonações das citações feitas “3. Sobre os poemas atribuídos a Laurindo Rabello”, “4. A tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello” e “5. O texto dos poemas”: 79 A segunda corresponde às linhas que norteiam os aparato crítico, a serem explicados mais à frente: Ao final do último verso, o sinal ‘’ indica que a estrofe continua na página seguinte: 80 Os números entre colchetes informam a paginação original, de acordo com o testemunho do texto-base: Além das notas filológicas, presentes no aparato crítico, há outras de caráter diverso, recolhidas de compilações ou produzidas ao longo desta pesquisa, indicadas por algarismos arábicos ao fim de uma palavra ou verso. Tais notas encontram-se reunidas ao final desta edição, no terceiro volume, em “1. Notas”: 5.2.4.2. Aparato crítico Quanto ao aparato crítico, empregou-se o de natureza negativa, ou seja, o que registra “registra só as variantes e as lições rejeitadas, ficando implícito que os outros manuscritos e as outras edições seguem a que se adotou.” (SPINA: 1994, p. 148) A escolha explica-se pelo fato de o aparato negativo facilitar o registro e a leitura das variantes ao longo da tradição dos poemas atribuídos a Laurindo Rabello. Os lugares críticos de que se originaram o aparato consistem, pois, em pontos de desacordo entre variantes substantivas, “que afetam o sentido dado pelo autor ou a essência de sua expressão (…).” (CAMBRAIA: 2005, p.167) A fisiologia do aparato crítico desta edição consiste basicamente na demonstração de lemas em contraste. O primeiro, em negrito e encerrado por colchete (]), corresponde à lição adotada na apresentação do texto, e o(s) outro(s), à(s) encontrada(s) nos demais testemunhos. Cada aparato é aberto pelo número da(s) linha(s) definido pela régua à direita da mesma página. Eis um exemplo de aparato crítico: 81 36 sabe] Tr2: sei Explicando as notações: a) ‘36’ = linha 36; b) ‘sabe]’ = lição adotada no texto apresentado; c) ‘Tr2: sei’ = variante em desacordo com a lição adotada, presente na segunda edição de Trovas (Tr2). O sinal ‘→’ é empregado para indicar, no aparato, a correção feita pelo autor na errata da primeira edição de Trovas: 36 toda graça] Tr1: toda a graça → toda graça Havendo mais de um aparato crítico no roda-pé, usa-se o sinal ‘||’ como delimitador: 32 Na qual viu minh’alma] Tr2: No espelho onde via || 36 sabe] Tr2: sei