UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE ODONTOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE E A PERSPECTIVA DA ATENÇÃO À PESSOA IDOSA Jônia Cybele Santos Lima Natal/RN 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA JÔNIA CYBELE SANTOS LIMA PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE ODONTOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE E A PERSPECTIVA DA ATENÇÃO À PESSOA IDOSA NATAL 2011 JÔNIA CYBELE SANTOS LIMA PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE ODONTOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE E A PERSPECTIVA DA ATENÇÃO À PESSOA IDOSA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientador: Professor Dr. Antônio Medeiros Júnior NATAL 2011 . Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. Lima, Jônia Cybele Santos. Projetos políticos pedagógicos dos cursos de odontologia do RN: formação profissional e a perspectiva da atenção à terceira idade \ Jônia Cybele Santos Lima. – Natal, RN, 2011. 75 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Antônio Medeiros Júnior. Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. 1. Educação em odontologia – Dissertação. 2. Competência profissional – Dissertação. 3. Idoso – Dissertação. I. Medeiros Júnior, Antônio. II. Título. RN/UF/BSO RN/UF/BSO Black D585 Black D74 Jônia Cybele Santos Lima PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE ODONTOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE E A PERSPECTIVA DA ATENÇÃO À PESSOA IDOSA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Aprovada em: ___/___/___ ___________________________________________________________ Prof. Dr. Antônio Medeiros Júnior Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Orientador ___________________________________________________________ Prof. Dra. Antônia Oliveira Silva Universidade Federal da Paraíba – UFPB Membro Externo ___________________________________________________________ Prof. Dra. Íris do Céu Clara Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Membro interno DEDICATÓRIA A Deus, ao mestre amado Jesus e à Maria Santíssima mãe de todas as mães, que são amor supremo sem eles eu nada seria. À minha mãe, presente de Deus, amada e amiga: Maria do Amparo Batista dos Santo Lima. A meu pai e amigo José Ribamar Lima. Às minhas irmãs e amigas, presentes de Deus: Jamyle Clarissa Santos Lima e Juliana Cynara Santos Lima. À minha amada sobrinha: Maria Júlia Santos Lima Muniz Costa, fonte de vida, presente de Deus e luz para mim e ao meu sobrinho Juan. A meus cunhados Rafael Monte Duarte e Glauco José Muniz Costa. Aos meus padrinhos: Júlio Lopes e Iolanda. A toda minha família: tios, tias, primos e primas, em especial, à minha tia e madrinha Lucimar, ao meu tio Cecílio e aos meus primos Ana Cecília e Hands e em memória dos meus avôs maternos: Maria Batista dos Santos e João Matos dos Santos e avós paternos: Júlio Álvares Lima e em especial, em memória da minha avó Joana Rocha Lima (Vovó Noca) a quem dedico amor eterno. AGRADECIMENTO Ao meu orientador Professor Doutor Antônio Medeiros Junior pela dedicação, pelo exemplo de mestre, docente, pela compreensão das minhas limitações e exaltação das minhas virtudes e conquistas. À Cidade de Natal, por me receber e contribuir para meu crescimento pessoal, assim como, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por ter me proporcionado minha formação profissional e contribuído para minha formação pessoal. A todos os funcionários do Departamento de Odontologia da UFRN em especial a Eliane, seu Ossian e Sebastião da biblioteca. As três instituições de ensino superior de Odontologia do RN: UFRN, UERN E UNP. Aos Coordenadores dos cursos de odontologia do RN: Aos Alunos concluintes dos cursos de odontologia do RN 2010 da UFRN, UERN e UNP pela colaboração no nosso trabalho. À minha amiga Claudia Cristiane pela amizade, dedicação e força em todos os momentos. À amiga Neusa e sua família pela amizade, força incondicional de todas as horas. As bibliotecárias Mônica e Cecília pela amizade, dedicação durante a construção desse trabalho. Ao bolsista Anderson pela colaboração e dedicação ao nosso trabalho. À amiga Cristiane Assunção pela amizade construída nas conquistas profissionais desde a graduação. Ao Professor Doutor Antonio de Lisboa Lopes Costa pela colaboração ao nosso trabalho. A todas as amizades conquistadas em minha cidade natal Fortaleza e na cidade do Natal À minha professora de literatura no ensino médio Claudenildes. As minhas amigas irmãs Arnislane Nogueira Silva e Família, Maria Lucineide Lopes, Lena Santos, Kátia Angelica e família, Kátia e família e Mariles e família, a Rejane e família e Margarida e família. A toda minha turma da graduação em Odontologia da UFRN 1996.2. A toda turma da especialização 2003 e a minha orientadora Maria Jalila. Aos funcionários Sandra e Lucas pela dedicação e amizade permanente. À Doutora Leda pelo exemplo de docente e profissional de saúde bucal Aos amigos Rute e Manoel Feijão pela amizade e exemplo de dedicação a saúde bucal A todos os docentes do mestrado em especial a Professora Iris e professor Ângelo pela colaboração no nosso trabalho À mestranda Iramara pela colaboração no nosso trabalho. A toda a turma do Mestrado 2011 pelas amizades construídas. À banca de avaliação do nosso trabalho representada na Professora Doutora Antônia. A amiga e irmã Jane Suely de Melo Nóbrega pela amizade de todas as horas. Ao meu amigo Jóas Araújo pela amizade e colaboração. À amiga Silvia Anjos pela amizade e colaboração. À Thales Henrique pela luz, alegria, carinho e admiração. Ao Município de Jundiá/RN e todos os seus Gestores que já serviram e servem a saúde do município: Dona Maria, Jucileide, Seu Medeiros e Aécio e aos Prefeitos Manoel Luís, Thiago e Cenira pelo incentivo a minha dedicação ao mestrado. Aos profissionais que trabalham nas Equipes de Estratégia de saúde da família e Saúde Bucal I e II e de Saúde, de Educação e Assistência do município de Jundiá/RN. Aos meus Auxiliares de Saúde Bucal: Rosário, Ana Maria, Francisco de Assis e Lucélia Santos. Aos Agentes Comunitários de Saúde e Endemias do Município de Jundiá /RN. À Comunidade do Município de Jundiá/RN, pela compreensão diante das ausências em dedicação ao mestrado. Enfim, a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a concretização deste sonho. [...] a consciência do mundo e a consciência do homem como ser inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inconclusão num permanente movimento de busca. Na verdade, seria uma contradição se, inacabado e consciente do inacabamento, o ser humano não se inserisse em tal movimento. É nesse sentido que para mulheres e homens, estar no mundo necessariamente significa estar com o mundo e com os outros. Estar no mundo sem fazer história, sem por ela ser feito, sem fazer cultura, sem “tratar” sua própria presença no mundo, sem cantar, sem sonhar, sem musicar, sem pintar, sem cuidar da terra, das águas, sem usar as mãos, sem esculpir, sem fazer ciência, ou teologia, sem assombro em face do mistério, sem aprender, sem ensinar, sem idéias de formação, sem politizar não é possível. Paulo Freire, 1998. RESUMO O Brasil vem passando por grande transformação demográfica. Segundo o IBGE, nos próximos 20 anos a população idosa do país poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas. Este contingente traz especificidades com respeito ao processo de saúde/doença. É fundamental que as instituições de ensino superior estejam comprometidas com esta demanda, na perspectiva da formação integrada às necessidades de saúde da sociedade. O objetivo deste estudo é analisar os Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) dos cursos de odontologia do Rio Grande do Norte (RN), de acordo com as diretrizes curriculares nacionais (DCNs) e a formação profissional na perspectiva da atenção à pessoa idosa. Trata-se de um estudo de natureza exploratória, com abordagem qualitativa: com análise documental e entrevista. Os sujeitos do estudo foram um professor colaborador na elaboração do PPPs de cada instituição. O cenário do estudo foram as instituições de formação em odontologia do RN. Inicialmente, a análise dos PPPs foi mediante a utilização do software Alceste 4.9. A interpretação dos conteúdos das entrevistas aos professores foi feita através da análise de conteúdo de Bardin (2010). Os PPPs fundamentam-se nas DCNs, atendem as características, as especificidades regionais e buscam uma formação generalista, porém ainda fortemente direcionada aos aspectos técnico-científicos do exercício profissional. Esforços e aproximações institucionais, envolvendo docentes e discentes dos cursos, estão sendo mobilizadas para uma formação mais articulada com a rede de serviços de saúde. Entretanto, a ênfase aos conteúdos inerentes a atenção a saúde da pessoa idosa, ainda é restrita, quando se compara aquela direcionada aos conteúdos inerentes às crianças e adolescentes, presente nas três estruturas curriculares. É lícito concluir que o caráter histórico, político, científico, cultural e social, presente na sociedade, influenciam na formação profissional em odontologia do RN. A maior participação da sociedade no processo de formação profissional em odontologia se faz necessária. Essa pode ser realizada a partir do envolvimento das universidades com os conselhos de saúde, entidades representativas da classe odontológica e demais segmentos da sociedade civil organizada, no sentido de induzir reflexões e mudanças que gerem práticas educativas integradoras e interdisciplinares, com ênfase na educação permanente dos docentes, servidores, funcionários e discentes. Contendo esse processo a conduta inerente à flexibilização curricular, integração ensino-serviço e a articulação de habilidades e competências profissionais, que são indispensáveis à compreensão do ser humano e de suas complexidades. Palavras-chave: Educação em Odontologia. Competência Professional. Idoso ABSTRACT Brazil has been undergoing major demographic change.According to IBGE, the next 20 years the country's elderly population may reach over 30 million people. This tariff provides specifics regarding the process of health / disease. It is essential that higher education institutions are committed to this demand in view of the integrated training of health needs of society. The aim of this study is to analyze the Pedagogical Political Projects (PPP) of courses in dentistry in Rio Grande do Norte (RN), according to the national curriculum guidelines (DCNS) and training from the perspective of health care for the elderly. This is an exploratory study with a qualitative approach: with records and interviews. The study subjects were an Assistant Professor in the development of PPPs for each institution. The scenario in this study were dental training institutions in the newborns. Initially, the analysis of the PPP was by using the Alceste 4.9 software. The interpretation of the contents of interviews with teachers was done through content analysis of Bardin (2010). The PPPs are based on the DCNS, meet the characteristics of regional and seek a generalist, but still strongly directed to technical and scientific aspects of professional practice. Efforts and institutional approaches, involving teachers and students of the courses are being mobilized for training with more articulated network of health services. However, the emphasis on content pertaining to the health care of the elderly, is still limited when compared to those targeted content inherent in children and adolescents in all three curricular structures. It is reasonable to conclude that the historical, political, scientific, cultural and social, present in society, influence the formation of the dental professional RN. The greater participation of society in the process of vocational training in dentistry is needed. This can be done from the involvement of universities with health councils, bodies representing the dental profession and other segments of civil society in order to induce changes that generate ideas and educational practices integrative and interdisciplinary, with emphasis on continuing education for teachers, servants, employees and students. Containing conduct this process inherent flexibility of curriculum, teachingservice integration and coordination abilities and professional skills that are essential to understanding the human being and its complexities. Key-words: education in odontology. Professional competences. Elderly. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Desenvolvimento de uma análise segundo Bardin...................................................34 Figura 2 - Dendograma das classes representativas dos PPP dos Cursos de Odontologia do RN.............................................................................................................................................39 LISTA DE QUADROS Quadro I - Análise Manual das Entrevistas I II III.....................................,.............................51 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Alceste (Análise Lexical Contextual de um Conjunto de Segmentos de Texto) Associação Brasileira de Ensino odontológico (ABENO) Atenção Primária (AP) Atividade Curricular de Curso (ACC) Centro de Ciências da Saúde (CCS) Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC) Classificação Hierárquica ascendente (CHAS) Classificação Hierárquica Descendente (CHD) Comissão Interna do Trabalho (CIT) Conferência Nacional de Saúde (CNS) Conselho Federal de Odontologia (CFO) Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Conselho Nacional de Saúde (CNS) Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de graduação em odontologia (DCNGO) Disfunção Têmporo mandibular (DTM) Estratégia de Saúde da Família (ESF) Fórum de Pró-Reitores de Graduação (ForGRAD) Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/RN) Instituições de Ensino Superior (IES) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei Orgânica de Saúde (LOS) Ministério da Saúde (MS) Ministério de Educação e Cultura (MEC) Norma Operacional de Atenção a Saúde (NOAS) Organização Mundial de Saúde (OMS) Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) Plano Nacional de Educação (PNE) Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) Programa Saúde da Família (PSF) Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) Recursos Humanos (RH) Rio Grande do Norte (RN) Sistema Único de Saúde (SUS) Sociedade Potiguar de Educação e Cultura (APEC) Termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Unidades de Análises (UA) Unidades de Contextos Elementares (UCEs) Unidades de Contextos Iniciais (UCIs) Universidade de Brasília (UNB) Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Universidade Potiguar (UNP) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 14 2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................ 17 2.1 ENVELHECIMENTO E SOCIEDADE...................................................... 17 2.2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO........................................................................................... 2.2.1 21 Lei de Diretrizes e Bases da Educação e as Diretrizes Curriculares Nacionais..................................................................................................... 21 2.2.2 2.2.2 A odontologia do Rio Grande do Norte.......................................... 24 2.2.3 Reforma sanitária, o SUS e as Políticas públicas direcionadas à pessoa Idosa................................................................................................ 27 3 OBJETIVO GERAL.................................................................................. 30 3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................... 30 4 DIMENSÕES ÉTICAS.............................................................................. 31 5 METODOLOGIA...................................................................................... 32 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA...................................................... 32 5.2 COLETA DE DADOS................................................................................. 32 5.3 ANÁLISE DOS DADOS............................................................................. 33 5.3.1 Seqüência das Análises.............................................................................. 35 5.3.1.1 Análise a partir do Alceste........................................................................... 35 5.3.1.2 Análise Manual das Entrevistas................................................................... 36 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................ 38 6.1 RESULTADOS OBTIDOS MEDIANTE O AUXÍLIO DO ALCESTE... 38 6.2 RESULTADOS OBTIDOS MEDIANTE O AUXÍLIO DA ANÁLISE 50 MANUAL................................................................................................... 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 60 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 64 APÊNDICES................................................................................................ 70 ANEXOS..................................................................................................... 75 14 1 INTRODUÇÃO Diante da organização da pirâmide social, no que diz respeito ao envelhecimento populacional e suas diversas necessidades, surgem prioridades a serem discutidas, dentre elas à saúde. Assim sendo, deve existir a preocupação em relação à formação de recursos humanos na área de saúde; sua vinculação à compreensão do envelhecimento e a inserção nos processos de atenção e assistência à saúde, com enfoque no profissional cirurgião-dentista. É importante que tais temáticas sejam debatidas durante o processo de formação, com o objetivo de despertar os futuros profissionais para o atual panorama demográfico e a partir das análises e reflexões surgidas, agregar o interesse na realização de pesquisas que preencham as lacunas existentes nesse novo contexto. Nesse sentido, a educação superior passa, nos últimos anos, por transformações, crises e processos de reconstrução. As reflexões, acerca do processo de produção do conhecimento acadêmico, o desenvolvimento de tecnologias e as mudanças na sociedade, exigem da universidade um exercício de auto-avaliação constante. A importância da pesquisa qualitativa no âmbito do ensino superior é importante para a compreensão das dimensões pedagógicas do processo de formação, na busca de uma odontologia sintonizada com as dinâmicas sociais, visando o conhecimento ampliado da saúde, através do ensino, da pesquisa, da extensão e na interação com o serviço. Nesse contexto, que tem como ponto de destaque, a construção de uma formação profissional voltada às necessidades da sociedade contemporânea e conectada à emancipação dos sujeitos, a orientação de um currículo para formação profissional deve estar permanentemente ligada, a esse modo de agregar, o pensar e o fazer coletivos. A política de educação na saúde, em curso no país, depois de aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) pactuada pela Comissão Interna do Trabalho (CIT), tem como grande desafio superar a tradição da formação e desenvolvimento que era realizado no setor saúde. Essa tradição entende a educação como um componente operacional, centrado nas capacitações e treinamentos aplicados ao cotidiano imediato dos serviços, colocando os trabalhadores como os únicos responsáveis pela qualidade da atenção e pela qualidade da gestão que se faz em saúde; sem a preocupação com o componente social, sem o comprometimento com o coletivo e trocas de experiências de cada setor, o que deve ser combatido no âmbito da formação profissional. 15 Nesse sentido, a revisão do papel da educação superior na sociedade e a inter-relação entre ambas deve ser uma realidade, assim como, a busca por uma conduta produtora de conhecimento pertinente, onde a reestruturação das filosofias pedagógicas tornam-se objetos importantes de análise, em todas as áreas, seja na universidade ou na sociedade, inclusive no que está diretamente ligada a construção do conhecimento em saúde. O favorecimento a um universo de profundas reflexões, sobre esse processo do ensino-aprendizado se faz pertinente, assim como, a busca por uma postura que traduza indagações deve ser permanentemente incentivada. A fim de que, sejam provocadas transformações sociais, inovações educativas e implementações de serviços públicos de saúde, que através das novas orientações curriculares, possam contribuir para a criação de um contexto facilitador e atento as várias inovações que a sociedade possa apresentar5. As transformações que são pautadas, no processo de construção coletivo do saber em saúde, são oriundas do movimento de reforma sanitária, que pode ser considerado como a maior experiência da construção da consciência sanitária na história do país e que gerou, no âmbito do marco constituinte, o delineamento do Sistema Único de Saúde (SUS), que reafirmou a noção do direito à saúde de cada cidadão numa perspectiva integral e universal, refletindo as necessidades de cada usuário do sistema em ampla visão do processo saúde/doença14. Nesse novo contexto, as instituições formadoras de Recursos Humanos (RH), assumem um papel fundamental, a fim de trazer a concepção de integração entre estas e a sociedade para que se tenha o alcance das mudanças desejadas. Esse processo se constitui interativo e participativo em todas as relações cotidianas, principalmente, quando marcadas por compromisso ético com o melhor acolhimento da população e com a promoção da autonomia dos usuários, tendo a universidade papel marcante para a consolidação dessas mudanças. “Nesse panorama, situam-se desafios e perspectivas na formação dos profissionais de saúde, implicando distintos compromissos políticos, sociais e educacionais”5. Portanto, a formação dos profissionais de saúde, em destaque a do cirurgião-dentista, objeto do estudo em questão, deve passar pela compreensão da dinâmica que norteia as relações e às transformações sociais, no que concerne à população idosa do nosso país, e o papel da universidade, nesse cenário social ao qual passamos a interagir. Nesse estudo, que envolve a educação e saúde, será possível observar e refletir diante da formação desses profissionais, pertencentes aos cursos de odontologia do Rio Grande do Norte (RN): Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e Universidade Potiguar (UNP), se as mesmas utilizam as 16 Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e os pressupostos da atenção à saúde da pessoa idosa na construção dos seus Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs). 17 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ENVELHECIMENTO E SOCIEDADE O envelhecimento populacional vem sendo observado de maneira global. Em se tratando dos países desenvolvidos ocorrem alterações marcantes, como: à queda da mortalidade, as grandes conquistas médicas, a urbanização adequada das cidades, a melhoria nutricional, a elevação dos níveis de higiene pessoal e ambiental, tanto em residências, como nos ambientes de trabalho, assim como, os avanços tecnológicos; trazendo à tona essa nova estrutura social, que se encontra em processo de expansão contínua. No Brasil, os problemas decorrentes do envelhecimento populacional fazem parte da agenda de pesquisadores da área de Saúde Coletiva, desde a década de 80. A atenção que surge e que se intensifica com o progressivo aumento da população idosa, precisa ser enfrentada, notadamente no que se refere aos suportes familiares e sociais, declínio do nível de vida econômico e social, solidão, manutenção da independência e autonomia 59. O cenário que se desenha é de profundas transformações sociais, não só pelo aumento proporcional do número de idosos nos diferentes países e sociedades, mas igualmente em função do desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Estima-se que os avanços científicos e técnicos permitirão ao ser humano alcançar uma expectativa de vida em torno de 110, 120 anos, que corresponderia aos limites biológicos do homo sapiens, ainda no presente século. São mudanças fantásticas e muito próximas, que reclamam modelos inovadores e sintonizados com a contemporaneidade, que garantam vida com qualidade para este crescente contingente populacional60. O envelhecimento humano é um conquista e está intimamente ligado aos diversos fatores, dentre os quais se destacam os familiares, os emocionais, os biológicos, os cognitivos e os socialmente construídos. No Brasil é considerada idosa a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. No final da década de 90, a nível global, passou-se a utilizar o conceito de “envelhecimento ativo” buscando incluir, além dos cuidados com a saúde, outros fatores que afetam o envelhecimento. O envelhecimento ativo pode ser compreendido como o objetivo de melhorar a qualidade de vida, à medida que as pessoas ficam mais velhas. Envolve políticas públicas que promovam modo de viver mais saudáveis e seguros em todas as etapas da vida, favorecendo a prática de atividades físicas no cotidiano e lazer, a prevenção às situações de violência familiar e urbana, o acesso a alimentos saudáveis e à redução do consumo de tabaco, 18 ente outros. Tais medidas contribuirão para o alcance de um envelhecimento que signifique também um ganho substancial em qualidade de vida e saúde. Até a constituição de 1988 não existia dispositivo algum tratando dos direitos dos idosos, já que esta era uma problemática desconsiderada pelos tecnocratas e ainda pouco visível para a sociedade considerada jovem como a brasileira46. A sociedade de uma maneira geral não se preparou para essa mudança de perfil populacional e embora essas pessoas estejam vivendo mais, a qualidade de vida não acompanhou essa evolução. Os idosos apresentam mais problemas de saúde que a população em geral. Em 1999, dos 86,5 milhões de pessoas que relataram ter consultado um médico nos últimos 12 meses, 73,2% tinham mais de 65 anos, sendo que esse grupo, no ano anterior, apresentou 14,8 internações por 100 pessoas, representando o maior coeficiente de internação hospitalar. Mais da metade dos idosos (53,3%) apresentou algum problema de saúde, e 3% tinham alguma doença crônica16. Confirma-se a necessidade dessa reformulação com a observação, que a barreira dos 70 anos de vida média foi rompida por volta do ano 2000, quando a esperança de vida passou para os 70,40 anos. Segundo a projeção, o Brasil continuará galgando anos na vida média de sua população, alcançando, em 2050, o patamar de 81,29 anos, basicamente o mesmo nível atual da Islândia (81,80), Hong Kong, China (82,20) e Japão (82,60). As mudanças na população nos próximos 20 anos serão visíveis, composta de um contingente que poderá ultrapassar os 30 milhões de idosos, traduzindo a perspectiva de um processo de envelhecimento, que necessita, portanto, de uma maior preocupação e formatação das instituições superiores em relação à formação de profissionais capacitados para lidar com esse universo social15. As mudanças na sociedade brasileira, em relação à sua população, obtidas com os sucessivos avanços da medicina e melhorias nas condições gerais de vida da população, promoveram elevações na expectativa de vida ao nascer do brasileiro. O número absoluto dos idosos com mais de cem anos passaram de cerca de 14 mil no censo anterior para cerca de 17 mil, como mostram os dados preliminares do censo 2010. A tendência de envelhecimento da população resultou também na redução do número médio de habitantes por domicílio, de 3,79 para 3,3435. Portanto, o resultado parcial do censo 2010 confirmou a tendência de envelhecimento da população brasileira, fruto da redução da taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida. De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, os dados indicam que o país poderá deixar de ser um país jovem em 19 cerca de 30 anos. "Mantidas as condições atuais de fecundidade, expectativa de vida e movimento migratório, o país deixará de ser um país ainda jovem para ser tornar adulto". Os dados mais atuais são de que 153,6 milhões de brasileiros já tinham sido recenseados. O número equivale a 80,22% da população estimada em 2009. A análise dos dados preliminares revelou que a proporção do número de pessoas de 0 a 4 anos no total da população brasileira passou de 9,64% em 2000, data do último censo, para 7,17% neste ano. Demonstrando assim, a importância das universidades ficarem atentas a essas modificações demográficas para o planejamento do ensino superior compatível com as necessidades da sociedade. De acordo com Brunetti18 envelhecer é um processo contínuo e inevitável e que deve ser vivido da forma mais agradável possível, tentando-se prevenir e minimizar sintomas capazes de incapacitar o indivíduo. Envelhecer significa amadurecer, ter experiências únicas ao longo de uma vida. Ao idoso deve ser dispensados respeito e dignidade, o envelhecimento não deve estar relacionado à sobrevida, mas a qualidade de vida, assim torna-se necessário um atendimento em saúde adequado em todos os níveis de atenção às necessidades da pessoa idosa. Segundo De Luiz26 a mudança para um novo modelo de organização do trabalho baseado em competências não mais enfatiza o saber escolar ou técnico-profissional, mas a capacidade de mobilizar saberes a fim de resolver problemas ou imprevistos, reconfigurando a importância atribuída às qualificações sociais e à subjetividade do indivíduo. Assim, ao buscar o sentido da competência na atuação profissional junto à população idosa, objetiva-se não só o conhecimento, mas sua contextualização dentro do processo de envelhecimento e da prestação de serviços, a capacidade de atuação frente à imprevisibilidade e diversidade de situações, incluindo o trabalho em equipe interdisciplinar e a mobilização de conteúdos diversos buscando a atuação integral. Com a Política Nacional do Idoso (PNI), constituição de 1988, pela lei 8.842/94 e regulamentada pelo Decreto 1948/96, estabeleceu-se direitos sociais, garantia da autonomia, integração e participação dos idosos na sociedade, como instrumento de direito próprio de cidadania, sendo considerada população idosa o conjunto indivíduos com 60 anos ou mais 17. A Lei nº 8.842/94 criou o Conselho Nacional do Idoso (CNI) responsável pela viabilização do convívio, integração e ocupação do idoso na sociedade, através, inclusive, da sua participação na formulação das políticas públicas, projetos e planos destinados à sua faixa etária. Suas diretrizes priorizam o atendimento domiciliar; o estímulo à capacidade dos médicos na área da Gerontologia; a descentralização político-administrativa e a divulgação de estudos e pesquisas sobre aspectos relacionados á terceira idade e ao envelhecimento17. 20 Em seguimento a essas necessidades, ocorre à definição da Agenda de Compromisso pela saúde que agrega três eixos: o Pacto em Defesa do SUS, o Pacto em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão13. Em destaque tem-se o Pacto em Defesa da Vida, que constituem conjunto de compromissos que deverão tornar-se prioridades inequívocas dos três entes federativos, com definição das responsabilidades de cada um. Foram pactuadas seis prioridades, sendo que três delas têm especial relevância com relação ao planejamento de saúde para a pessoa idosa. São elas: a saúde do idoso, a promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica11. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), Portaria GM nº 2.528, de 19 de outubro 2006, define que a atenção à saúde dessa população terá como porta de entrada à Atenção Básica (AB) / Estratégia de Saúde da Família (ESF), tendo como referência a rede de serviços especializados de média e alta complexidade. Nessa perspectiva, a formação dos profissionais de saúde, em destaque o profissional cirurgião-dentista e a sua colocação nas práticas de saúde, compreendem dinâmica relevante para uma assimilação do papel norteador da Universidade em relação á sociedade, em particular, em relação à população idosa do nosso país12. Apesar da reconhecida importância da saúde bucal, a população idosa brasileira não tem igualdade no acesso e utilização desses serviços, mostrando que pequenas diferenças nas rendas domiciliares são suficientemente sensíveis para identificar idosos com piores condições de saúde e menos acesso aos serviços de saúde no Brasil. Além da questão da baixa renda, pode-se incluir entre as principais barreiras para o acesso aos serviços odontológicos, a baixa escolaridade e a escassa oferta de serviços públicos de atenção à saúde bucal voltados para a população idosa brasileira43. Nesse contexto, é necessário reorganizar o acesso aos serviços públicos de saúde bucal, envolvendo ações preventivas e restauradoras, bem como o atendimento especializado de reabilitação protética, visto que a demanda estética e funcional é elevada nessa faixa etária20. As políticas de saúde pública devem rever organizar e efetivar estratégias específicas de saúde bucal, não só para o idoso que vive na comunidade, junto de sua família, mas também para aquele com comprometimento funcional residente em instituições de longa permanência. Com o aumento da população idosa, encontraremos um “novo idoso”, com suas condições físicas, sociais e psíquicas bastantes particulares, que demandará por uma maior e mais diversificada atenção por parte dos dentistas e de outros profissionais da saúde6. Portanto, segundo Araújo et al.3, o processo de envelhecimento populacional brasileiro mostra-se bastante acelerado e demonstrando cada vez mais perfis epidemiológicos que apontam para mudanças necessárias no quadro de profissionais da área da saúde aptos a 21 desenvolverem estratégias para atenuarem os impactos fisiológicos, funcionais e sociais trazidos pela senilidade. 2.2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 2.2.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação e as Diretrizes Curriculares Nacionais. O PPP na sua dimensão global deve ser representativo por meio do reconhecimento das demandas sociais, econômicas e políticas esperadas das universidades, advindas da Constituição Federal, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e do Plano Nacional de Educação (PNE), dos movimentos sociais e das demandas produtivas. A partir do artigo 12 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei 9.394/96, instituiu-se que cada estabelecimento de ensino deveria elaborar e executar sua proposta pedagógica, através da construção de um Projeto Político Pedagógico (PPP). Quanto ao PPP de Curso, a dimensão global deste, passa a ser o próprio Projeto Institucional (PI). O PPP deve explicitar o conjunto de capacidades que será desenvolvido durante o processo de formação, os referenciais a ela associados e a metodologia a ser adotada. A qualidade revitaliza o PPP e deve ser buscada na relação dinâmica e integradora das diversas esferas e estruturas internas e nas relações entre elas e a sociedade. Os ensinamentos de Dias25 ajudam a compreender que: (...) a qualidade é fortemente concernida pelas prioridades, pelas diretrizes políticas de inserção, compromissos e projetos sociais dos departamentos, dos institutos, das faculdades, dos centros, não só nas suas dimensões específicas, mas, sobretudo nas suas relações dentro das áreas, com o conjunto de universidade e com a sociedade mais ampla. A universidade como representação social, deve estar presente no centro das discussões críticas diante da dinâmica das inovações pelas quais transita a humanidade. Na odontologia ocorre um processo semelhante, já que, a saúde bucal coletiva procura recuperar as dimensões política, social, comunitária, preventiva e integral, consideradas indispensáveis 22 e solidárias; onde o processo saúde doença é de interesse público, de responsabilidade do Estado, mas também, do conjunto da sociedade 44. Nesse aspecto, tem sido renovada a importância das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), que deram origem as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de graduação em odontologia (DCNGO), respaldadas na legalidade, apresentando as seguintes referências legais: Constituição Federal de 1988; Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (LOSUS) n.º 8.080 de 19/9/1990; LDB n.º 9.394 de 20/12/19969; Lei que aprova o PNE n.10.172 de 9/1/2001; Parecer da CES/CNE n°.776/97 de 3/12/19978; Edital SESu/MEC nº4/97 de 10/12/1997;Parecer da CES/CNE nº 583/2001; Relatório Final da 11ª Conferência Nacional de Saúde(CNS) de 15 a 19/12/2000; Plano Nacional de Graduação (PNG) do Fórum de PróReitores de Graduação (ForGRAD) de maio de/1999; Documentos legais que regulamentam o exercício das profissões de saúde. As Diretrizes contam com a participação de diferentes instituições, organizações e especialistas da sociedade civil organizada e também do Estado, com ampla consulta em audiências e eventos públicos. Em relação específica para a odontologia, são observadas referências nas Reuniões da Associação Brasileira de Ensino odontológico (ABENO), que em agosto de 2003, na presença das diversas regiões do Brasil, recomendou as DCNGO, como documento norteador das reformas curriculares necessárias aos cursos de odontologia no Brasil. A busca de um PPP inserido para dar suporte de investimentos que tragam respostas concretas à sociedade deve ser vivenciada constantemente por todos os atores envolvidos nessa dinâmica. Os princípios norteadores do PPP devem levar em consideração as DCNs, mas não deve ficar restrito a elas. A autonomia na elaboração do projeto, apesar dos limites impostos pela atual política do Ministério de Educação e Cultura (MEC), precisa ser exercida. Os profissionais envolvidos no processo de elaboração do PPP devem ousar no sentido de propor um projeto que contemple experiências acadêmicas criativas e inovadoras. O PPP do curso deve estar necessariamente articulado com o projeto de universidade pública democrática e de qualidade social. Assim, a elaboração do PPP pressupõe uma compreensão do contexto social e político do momento2. O PPP deve compreender três momentos interligados. O primeiro relaciona-se com o perfil desejado para o egresso do curso, as habilidades e competências definidas e os objetivos do curso, dentre outros aspectos que condicionam os demais componentes do projeto. O segundo diz respeito à estrutura curricular propriamente dita. Matérias e disciplinas são definidas com base em diretrizes estabelecidas anteriormente; o terceiro momento significa a 23 definição dos procedimentos a serem executados em função dos dois primeiros momentos e as exigências infraestruturais para tal2. Dessa forma Alberto e Balzan1 destacam que, “[...] o projeto político-pedagógico” objetiva dar ênfase proposital às características políticas e pedagógicas de um projeto institucional. Político porque o projeto de uma instituição de ensino, como atividade-fim, proporciona a formação dos alunos para a sociedade e, como atividade-meio, se constrói no coletivo, nas relações dos sujeitos (professores, alunos e funcionários) na prática institucional. Pedagógico porque nele está a possibilidade de tornar real a intenção da instituição: formar seres humanos críticos e criativos. Na reorientação da construção do exercício da odontologia dentro do SUS, o PPP tem papel interlocutor na busca de sua identidade social, o que ocupa toda sua essência. O PPP é dinâmico na medida em que seu desenvolvimento oscila numa relação dialética entre o instituído e o instituinte. Centrado na universidade, o PPP desenvolve-se dentro de um quadro normativo-legal-institucional do sistema educativo, numa relação de permanente negociação, singularidade, adequação ao contexto em que se desenvolve a autonomia dos atores implicados. Nesse aspecto, a definição de um PPP procura ligar os processos de reflexão e elaborações coletivas que servem de suporte à ação profissional. Mendel39 afirma que: “(...) na verdade, se pretendemos tornar a reflexão sobre nossa ação educativa mais completa, devemos incluir um olhar sobre as mudanças da sociedade e sobre o futuro”. Isso significa que a instituição deve empreender coletivamente a construção de seu projeto, não promovendo simplesmente a sua apologia, porém buscando a sua implantação. Assim, o projeto pedagógico é um processo de desenvolvimento institucional e de curso num tempo e espaço determinados. Esse processo traduz-se num continuo de decisões a serem desencadeadas, sistematicamente, por coordenadores, professores, alunos e técnicos, tendo como suporte um dado contexto social. Portanto, a ação pedagógica deve ser pautada em uma dinâmica que articule adequadamente ensino, pesquisa e extensão. A construção do PPP pressupõe uma ação coletiva resultante do engajamento dos agentes educacionais e sociais. O PPP, ao ser estruturado, deve levar em consideração que o ato educativo compreende a apropriação pelo aluno dos conhecimentos historicamente produzidos, assim como, o desenvolvimento de 24 hábitos, atitudes e valores éticos. Isso implica em uma articulação adequada entre conhecimentos científicos, tecnológicos e o desenvolvimento de habilidades políticas e sociais para o exercício da cidadania em contextos permeados por desigualdades socioeconômicas. Nessa perspectiva, as atividades curriculares devem facilitar, desde cedo, a interação do aluno com a realidade sócio- epidemiológica local. 2.2.2 A odontologia do Rio Grande do Norte A profissão de cirurgião-dentista obteve sua regulamentação no Brasil, ainda no período colonial, de acordo com Velloso58 em 1626 um decreto da Corte Imperial regulamentou o exercício de cirurgião-barbeiro. A odontologia, até o ano de 1884, no período do Império era exercida por leigos de forma artesanal. Somente em 25 de outubro de 1884, por decreto nº 9311, o Imperador D. Pedro II, autorizou as Faculdades de Medicina do Império do Rio de Janeiro e da Bahia a mudarem seus estudos, e dentre eles foi incluído a odontologia para funcionar como curso anexo aos de Ciências Médicas32. A regularização do exercício da odontologia no Brasil ocorreu em todo território nacional, em 1966, pela lei 5.081 de 24 de agosto. As alterações políticas, econômicas e sociais que permeavam no país repercutiram sobre todas as profissões de saúde, tendo a necessidade da criação de Faculdades isoladas, o que possibilitou a odontologia sair das características artesanais e se vincular a um processo, que mesmo lento, caminhou para uma atividade científica, com firmes e amplos fundamentos metodológicos e biológicos. Em Natal/RN um dos fatos marcantes foi à criação da Faculdade de farmácia e odontologia de Natal, pelo Decreto Estadual nº 682, de 03/02/1947. Em 06 de janeiro de 1948, o governo federal concede autorização oficial para o funcionamento das duas Faculdades, através do Decreto nº 25.97. No ano de 1951, a Faculdade diplomava a sua primeira turma de cirurgiões–dentistas e farmacêuticos, logo no ano seguinte, mediante Decreto nº 31.09, de 29/07/1952, o curso é devidamente reconhecido pelo governo federal. A partir da federalização da universidade pela lei nº 3.849, de 18/12/1960, foi desmembrada em unidades distintas denominadas, Faculdade de odontologia e Faculdade de farmácia. Na reforma universitária de 1968, implantada pela Lei 5.540 de 28/11/1968 as Faculdades deixam de existir, passando a vigorar os sistemas de cursos, departamentos e centros. O curso de odontologia passa, então, a fazer parte do Departamento de odontologia ligado diretamente ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRN56. 25 Desde a sua criação, o curso passou por diversas propostas curriculares, três delas estão disponíveis no sistema de registro da UFRN. Na primeira estrutura, o curso foi programado para 8 semestres, num total de 210 créditos (3450 horas) distribuídos em 36 disciplinas. Na segunda proposta curricular, o tempo do curso passa para 5 anos (10 semestres), totalizando 200 créditos (3475 horas) em 42 disciplinas. Finalmente, no início dos anos 1980 é implantado o currículo que está em vigor até 2006, onde o tempo mínimo do curso passa para 9 semestres, numa carga horária de 231 créditos (3795 horas) em 43 disciplinas56. Recentemente, dois novos cursos de odontologia foram criados: o curso de odontologia da Universidade Potiguar (UNP), a partir da década de 1990, ofertado em Natal/RN, na ocasião mantida pela Sociedade Potiguar de Educação e Cultura (APEC). A UNP, em consonância com a legislação vigente e de acordo com as metas do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI 1997/2001), criou o Curso de odontologia através da Resolução nº 12/97 – ConSUni, de 21 de fevereiro de 199757. O Curso teve inicio com a oferta de 60 (sessenta) vagas anuais no turno vespertino. Entre 2000 e 2004, este número passou para 80 (oitenta) vagas. Em 2005, foram ofertadas 100 (cem) vagas, com duas entradas, sendo 50 no primeiro semestre e 50, no segundo. Em 2006 foram oferecidas 50 vagas anuais e a partir de 2007, 60 vagas, assim também em 2008 e 2009. O Curso, apesar de funcionar no turno vespertino, oferece no turno matutino atividades práticas de algumas disciplinas, em atendimento à necessidade de revezamento com as atividades práticas desenvolvidas em unidades de saúde que recebem estudantes somente nesse turno. Reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) no ano de 2001, através da Portaria/MEC n. 2330/01, conceito A. Em 2002, foi novamente avaliado, momento em que recebeu o conceito máximo de “Muito Bom” e em 2007, na avaliação para renovação do reconhecimento, o Curso obteve conceito 4. A primeira turma concluiu em 2001, com 62 estudantes, estando o Curso em pleno funcionamento57. O curso de odontologia, pertencente à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), com sede no Campus do Seridó Governadora Wilma Maria de Faria, em Caicó/RN iniciou suas atividades no dia 19 de outubro de 2006, com uma turma de 20 alunos em dois turnos de aulas e um corpo docente de quatro professores lotados no curso, um professor do curso de medicina, dois professores pró-labore e dois professores do curso de enfermagem55. A primeira turma soube utilizar junto com o corpo docente a criatividade para manter um bom nível de ensino e aprendizagem superando algumas limitações estruturais sem deixar 26 que elas interferissem de maneira prejudicial, conseguindo realizar na íntegra das atividades pedagógicas necessárias ao rendimento acadêmico. Após a aprovação pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) da UERN dos primeiros e segundo períodos do Curso de Odontologia, foi encaminhada a equipe docente responsável pela elaboração do Projeto de Curso, a Resolução Número 2 de 2007 – CES/CNE, datada de 18 de junho de 2007 e publicada no Diário Oficial da União no dia 19 de junho de 2007, seção 1, pagina 6, dispondo sobre a carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização e duração dos cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presencial. Tal Resolução determina em seu artigo segundo, inciso III, letra D o limite mínimo para integralização de 5 anos para o grupo de carga horária mínima acima de 4000 horas, obrigando o referido curso que possuía 4225 horas a se adequar a esta determinação, uma vez que o mesmo encontra-se em pleno decorrer do segundo período da primeira turma. Diante deste fato, houve a necessidade de readequação da grade curricular de todo o curso (antes prevista para quatro anos e meio e 4225 horas para 5 anos e 4670 horas) a partir do segundo período mesmo este estando aprovado pelo CONSEPE. Então, a equipe docente do curso de odontologia da UERN e a comissão de implantação processaram a readequação da matriz curricular. Conseguiu-se manter inalterada a estrutura do primeiro período. Mas julgou-se necessário modificar o segundo período. No estado do RN, o município de Caicó está inserido na microrregião do Seridó Ocidental e conta com uma população de aproximadamente sessenta e três mil habitantes. Dados do IBGE12 mostram que em relação ao ensino superior, Caicó contou apenas com 1115 alunos matriculados no ano de 2005. Embora os cursos de odontologia tenham apresentado um crescimento da ordem de109%, saindo de 83 cursos em1991, chegando a 174 em 2004, segundo o Censo de Educação Superior (CES), esse crescimento não foi uniforme. De acordo com a implementação das DCNs (2002), o Curso de odontologia da UERN tem como meta a formação de profissionais generalistas e adequados à realidade sócioeconômico-cultural da região do Seridó. O curso também objetiva adequar o perfil do egresso à nova realidade do mercado de trabalho odontológico, trazendo em seu escopo uma maior dedicação e interesse pela Clínica Geral integralizada à odontologia em Saúde Coletiva, sendo fundamental a inclusão dos espaços públicos de atenção em saúde bucal como cenário de ensino-aprendizagem. Esses cursos complementam o perfil da ampliação da representação da cultura odontológica do Estado, traçam ensinamentos emanados e solidificados, a partir de suas instituições, que almejam serem formadoras de futuros profissionais, colocando-os no cenário 27 potiguar e nacional, através de suas graduações, palestras, seminários, simpósios, congressos, cursos de pós-graduação. Nessa perspectiva, os cursos de odontologia do Estado têm procurado contribuir para a conscientização e habilitação necessária dos discentes para o exercício de uma odontologia moderna, em consonância com os anseios e necessidades de saúde da população brasileira. A formação desses profissionais, portanto, deve retratar os reais objetivos sociais pertinentes a uma maior interação entre as universidades e as realidades que permeiam de forma dinâmica a sociedade moderna. Nesse sentido, a formação em saúde deve esta inserida nesse processo de construção e interligação de saberes e nela se inclui o profissional da odontologia, que deve primar por uma formação comprometida com o social e preparada de modo técnico-cientifico para os enormes desafios no enfrentamento dos problemas de saúde da população. No bojo dessas transformações, os caminhos sociais, políticos e econômicos percorridos pelo Brasil, as políticas de saúde sofreram alterações, possibilitando avanços, retrocessos e momentos de reconstruções constantes. A educação representa, nesse aspecto, um dos lugares aonde diferentes atores sociais, ao se inter-relacionarem, constroem um universo de questionamentos e trocas que se constitui na própria formação. Partindo dessa concepção é fundamental o alerta de Paulo Freire, quando insiste que “formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas30.” 2.2.3 Reforma Sanitária, o SUS e as Políticas Públicas direcionadas a Pessoa Idosa. O movimento de Reforma Sanitária surge em um contexto a partir de construção negociada, após intensos debates e conflitos. Seguindo esse movimento, a oitava Conferência Nacional de Saúde (CNS) (1986) marca a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), regulamentado na Lei Orgânica de Saúde (LOS), dois anos após a promulgação da constituição Federal de 1988. Novos princípios doutrinários e organizativos são incorporados às políticas de saúde no Brasil, entre os quais podemos destacar o processo de reorientação das condutas de formação profissional, objetivando alcançar uma formação a serviço da população, capaz de romper com a dicotomia entre as ações previdenciárias e de saúde pública. O SUS, em busca de transformação social, fez o processo de descentralização e municipalização da saúde avançar, tornando o contato social, político e administrativo uma realidade, respeitando as especificidades regionais. Definido como imperativo legal e ético a 28 satisfação diante das diferentes necessidades de saúde das populações de distintas regiões e reconhece na formação profissional um fator relevante. A Constituição Federal brasileira determina que: “ao SUS é delegada a competência para ordenar a formação de recursos humanos para a área de saúde”. Recomenda um controle mais efetivo por parte do poder público através de profundas transformações no sistema de formação de recursos humanos odontológicos, mediada por organizações competentes como a Coordenação Geral da Política de Recursos Humanos (CGPRH), respaldando seu argumento na LOS, nº 8.080, de 1990 que em seu título IV, no artigo 27 destaca: “Organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de Pósgraduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal”50. A saúde bucal brasileira acompanhou os avanços da estruturação do SUS buscando novas estratégias de atenção, procurando universalizar o acesso a um conjunto de ações, tanto curativas, quanto preventivas no processo de formação profissional dentro de uma perspectiva da educação permanente. O avanço da política nacional de saúde bucal nos últimos anos configurou-se em importante perspectiva para o sistema de atenção, incorporando um significativo número de profissionais de nível superior e técnico, incrementando a noção de trabalho da equipe de saúde bucal integrada às equipes de saúde da família, e não mais centralizada na figura de um único ator, mas com posturas profissionais compartilhadas em objetivos comuns34. Nessa concepção, o alcance das mudanças desejadas supõe um processo interativo e participativo nas relações cotidianas, principalmente quando marcadas por compromissos éticos com o melhor acolhimento da população e com a promoção da autonomia dos usuários11, tendo a universidade papel determinantes em todo esse processo. Sendo assim, a formação dos profissionais de saúde, em destaque o profissional cirurgião-dentista, deve ter em atenção a sua colocação nas práticas de saúde, assim como, deve compreender a relevância norteadora para assimilação do papel da universidade em relação á sociedade e em particular, em relação às transformações referentes ao que concerne à população idosa do nosso país. Dentro da organização da saúde no Brasil, surge de alcançar melhores indicadores epidemiológicos, garantir acesso e aumento de cobertura à necessidade populacional aos serviços de saúde e nesse se inclui a Saúde Bucal. Com a inclusão, dos cirurgiões-dentistas no Programa Saúde da Família (PSF), a partir da portaria nº 1444, que traçou os primeiros passos em direção a um redirecionamento do seu processo de formação profissional. 29 No contexto do SUS, a Norma Operacional de Atenção a Saúde 2001 (NOAS) avança ao enumerar áreas prioritárias de abrangência à atenção e a assistência à saúde, dentre elas, a saúde Bucal; indicando-a dentre as áreas pertencentes a esses grupos estratégicos (MS, 2001 a /2002 a), colaborando, para a criação de uma Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB)10. 30 3 OBJETIVO GERAL Analisar os PPPs dos cursos de odontologia do Rio Grande do Norte (RN): UFRN, UERN e UNP, de acordo com as DCNs e a formação profissional na perspectiva da atenção à pessoa idosa. 3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Verificar, através das ementas das disciplinas e das atividades complementares de pesquisa e extensão desenvolvidas nos três cursos de odontologia do RN, se a formação contempla a abordagem de populações e/ou pessoas na terceira idade. Analisar informações sobre a elaboração dos PPPs dos cursos de odontologia do RN, através dos professores que colaboraram com esse processo. 31 4 DIMENSÕES ÉTICAS O projeto foi submetido à aprovação e apreciação do comitê de ética do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/RN). Os sujeitos desse estudo são professores universitários que participaram institucionalmente dos processos de elaboração dos PPPs. Na ocasião das assinaturas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme determina o Conselho Nacional de Saúde (CNS), através da resolução 196/96 expusemos as características, objetivos e metodologia da pesquisa. Esclarecemos também a presença dos riscos mínimos, conforme estabelece a mesma resolução. Os nomes dos sujeitos da pesquisa não foram coletados durante a aplicação da entrevista e nem serão divulgados nas publicações, garantindo, dessa forma, a confidencialidade, a privacidade das informações e o anonimato. O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do HUOL/RN, com número de protocolo CEP/HUOL: 443/10. 32 5 METODOLOGIA 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Essa pesquisa assume a abordagem metodológica descritiva com análise qualitativa. Trata-se de um estudo aprofundado e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado. Caracteriza-se pela capacidade de lidar com uma completa variedade de evidências, documentos, entrevistas e observações33. O cenário da pesquisa é representado pelos cursos de odontologia das três instituições de ensino superior do RN através dos seus PPPs, tendo como sujeitos do estudo, um coordenador de cada curso. Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa, com abordagem que envolve análise documental e entrevista. Para Minayo40 “A metodologia qualitativa se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, trabalham com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.” 5.2 COLETA DE DADOS A elaboração da coleta se deu através dos documentos: os PPPs, os resumos dos relatórios finais dos projetos de pesquisa e extensão, nos quais os alunos da graduação tiveram participação, referentes aos anos de 2007, 2008 e 2009, correspondentes às produções científicas dos três cursos de graduação estudados. Em seguida, os professores foram contactados, sendo um de cada instituição, por meio de ofício e foram instruídos a assinar o TCLE. Tomando como base a experiência desses atores, buscaram-se novos elementos que pudessem estar presentes no processo de construção dos PPPs. Esses coordenadores, informantes-chave, participaram ativamente na elaboração dos PPPs e submeteram-se a entrevista que contém seis perguntas abertas, cujos conteúdos foram gravados e depois transcritos na integra, sem identificação nominal dos entrevistados. O critério de inclusão dos sujeitos da pesquisa foi o de abranger apenas um professor de cada curso das instituições de ensino superior em odontologia do RN, com reconhecida 33 participação institucional durante a elaboração dos PPPs. A não assinatura do TCLE foi considerada critério de exclusão. 5.3 ANÁLISE DOS DADOS A análise dos documentos referentes aos PPPs e dos resumos dos projetos de pesquisa e extensão foi feita mediante a utilização do software Alceste (Análise Lexical Contextual de um Conjunto de Segmentos de Texto versão 4.9), desenvolvido por Max Reinert. Este programa conjuga uma série de procedimentos estatísticos aplicados a banco de dados textuais, como entrevistas, obras literárias, artigos de jornais e revistas, entre outros. A base do funcionamento do programa traz a idéia de relação entre contexto lingüístico e representação coletiva ou entre unidade de contexto e contexto típico19. Os documentos foram lidos, tendo como suporte teórico básico as DCNs. Em relação às entrevistas estas foram submetidas aos procedimentos relatados pela técnica de análise de conteúdo segundo Bardin4, que é um conjunto de técnica de análise das comunicações, que visa obter, por procedimentos e objetivos sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens. A técnica de análise possui três etapas: pré-análise, descrição analítica e interpretação inferencial. (FIGURA I) Os conteúdos das entrevistas constituíram o “corpus do estudo”, em seguida foi realizada a leitura flutuante que objetiva apenas selecionar e organizar o material transcrito (conteúdos das entrevistas), assim como, a classificação, categorização e codificação das informações obtidas. As Unidades de Análises (UA), bem como as subcategorias,emergiram das categorias estabelecidas a posteriori, a partir dos resultados contidos nas entrevistas. Para Bardin4 a pré-análise é simplesmente a organização do material que queremos na fase inicial. A descrição analítica é a segunda fase, em que o corpus é submetido a um estudo aprofundado, sendo orientado, em princípio, pelas hipóteses e referenciais teóricos. Os procedimentos como: a codificação, a classificação e a categorização são consideradas básicas nessa instância do estudo. Por fim, a fase de interpretação inferencial, que representa a terceira fase, se refere à reflexão que engloba a etapa intermediária, entre a descrição e a interpretação dos dados. Essa ocorre com embasamento nos materiais que proporciona estabelecer relações, sobre a função do supervisor; aprofunda as conexões das ideias, chegando a propostas básicas de transformações nos limites das estruturas específicas e gerais. 34 Figura 1 - Desenvolvimento de uma análise segundo Bardin4 Fonte: Bardin4. 35 5.3.1 Seqüência das Análises 5.3.1.1 Análise a partir do Alceste A análise através do Alceste (4.9) toma como base os documentos dos três PPPs, com suas ementas e os resumos dos projetos de pesquisa e extensão dos cursos de odontologia do RN. “Após o estabelecimento das Unidades de Contextos Iniciais (UCIs) essas foram separadas pelas linhas de comando, também chamadas de” linhas de asteriscos”, para os documentos da UFRN (0001 *emf *pef *exf), UERN(0002*eme *pee *exe) e UNP(0003 *emp * pep *exp). A partir do reconhecimento destas UCIs, o próprio programa Alceste dividiu o material em Unidades de Contextos Elementares (UCEs). Segundo Reinert19, elas são segmentos de texto, na maior parte das vezes, do tamanho de três linhas, dimensionadas pelo programa informático em função do tamanho do corpus e, em geral, respeitando a pontuação. Essa análise contempla quatro etapas: Na primeira o programa prepara o corpus, reconhece as UCIs, faz uma primeira segmentação do texto, agrupa as ocorrências das palavras em função de suas raízes e procede ao cálculo da freqüência destas formas reduzidas. Na segunda as UCEs são classificadas em função dos seus respectivos vocabulários, e o conjunto delas é repartido em função da freqüência das formas reduzidas. A partir de matrizes cruzando formas reduzidas e UCEs, variando o tamanho das UCEs, aplica-se o método de Classificação Hierárquica Descendente (CHD) e obtém - se uma classificação definitiva. Esta análise visa obter classes de UCEs que ao mesmo tempo, apresentam vocabulário semelhante entre si, e vocabulário diferente das UCEs das outras classes. Para isto, utiliza-se do teste do qui-quadrado de associação das formas reduzidas e das UCEs às classes. A terceira etapa fornece os resultados mais importantes. O programa apresenta o dendongrama da CHD, que ilustra a relação entre as classes. Além disso, executa cálculos complementares para cada uma das classes, obtidas a partir dos cálculos da etapa precedente, e fornece resultados que nos permite a descrição de cada uma das classes, principalmente, pelo seu vocabulário característico (léxico) e pelas suas palavras com asteriscos (variáveis significativas). Na última etapa, com base nas classes de UCEs escolhidas anteriormente, o programa calcula e fornece as UCEs mais características de cada classe. Produz ainda a Classificação Hierárquica ascendente (CHAS) para cada classe, permitindo assim, o estudo das relações dos elementos (formas) intra-classe. 36 Em síntese as operações que produzem os resultados significativos para a interpretação do corpus desse estudo são o dendograma da classificação hierárquica descendente, a descrição das classes, a seleção das UCEs, mais características de cada classe e a classificação hierárquica ascendente das palavras por classes. Também ocorre a produção do dicionário das formas reduzidas, o que aprimora globalmente a análise do corpus. 5.3.1.2 Análise das Entrevistas segundo Bardin4 a) Primeiro momento: Pré-análise Foram selecionados e organizados os documentos para a realização da pesquisa. Como fontes primárias foram utilizadas os dados dos conteúdos contidos na entrevista com os professores, cuja transcrição formou o “corpus do estudo”. Em seguida, todos os documentos foram submetidos à leitura inicial ou flutuante. b) Segundo momento: Descrição Analítica e Codificação Os documentos foram relidos para uma maior apropriação destes. A posteriori foram estabelecidas as categorias, subcategorias e as Unidades de Análise (UA-palavras). As etapas da codificação correspondem a uma transformação, que pode ser feita por recorte, agregação e enumeração, permitindo atingir uma representação do conteúdo ou de sua expressão. Os critérios para as codificações das entrevistas foram à utilização das agregações das letras iniciais das categorias e subcategorias emergentes. Após a subcategorização e a categorização, as UA emergiram a partir dos conteúdos presentes nas categorias e subcategorias extraídas das leituras das entrevistas. As UA tiveram como parâmetro, a freqüência com que foram citados esses conteúdos, pois à medida que aumenta a aparição da freqüência, aumenta a importância da categoria, levando-se em questão todo o texto narrado e descrito. c) Terceiro Momento: Interpretação Inferencial A fase da interpretação inferencial na análise de conteúdo determina a significação das características dos documentos, dos textos selecionados, a necessidade de se retirar proposições existentes e a ligação destas com novas que possam existir. A análise dos 37 documentos, portanto, prima pela busca, pela compreensão, interpretação das mensagens extraídas e da relação real da produção e da recepção destas, para fundamentar impressões, idéias que gerem resultados de confiança. Desta forma, analisa-se o conteúdo por trás de todas as realidades geradas pelas mensagens, contribuindo para a consolidação da descrição destes, refletindo assim, a inferência, a representação e a interpretação dos significados extraídos. 38 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES 6.1 RESULTADOS OBTIDOS MEDIANTE O AUXÍLIO DO ALCESTE. Na análise buscou-se compreender se a formação em odontologia do Rio Grande do Norte (RN) procura seguir as DCNs, no que se refere à organização universitária, ao perfil desejado para o egresso dos cursos, as habilidades e competências definidas, a organização do conhecimento, da estrutura curricular e a dinâmica da ação pedagógica, no sentido de articular ensino, pesquisa e extensão. Por último, se a formação profissional está em consonância com a atenção à saúde da pessoa idosa. Convém ressaltar que no corpus original envolvendo os documentos estudados o programa informático Alceste selecionou para análise 77 % do material textual. Sendo assim, emergiram as seguintes classes semânticas presentes na (figura 2). 39 Figura 2 – Dendograma das classes representativas dos PPP dos Cursos de Odontologia do RN, 2011. CLASSE 1 Os PPPs e a Formação Profissional: Competências e Habilidades 2 Palavras profission+ form+ habilidade+ compet+ comunidade+ conhecimento+ realidade+ exercicio+ dev+ consider+ ensin+ que articul+ generalista+ X 283 203 184 128 101 99 89 83 78 66 64 63 63 61 % 69% 59% 89% 89% 80% 49% 94% 94% 59% 37% 37% 37% 68% 57% Variáveis *emp *exp *pep X2 67 67 67 % 37% 37% 37% CLASSE 3 CLASSE 2 Os PPPs e o Processo de Construção e Estruturação Pedagógica Os PPPs e as Políticas Públicas de Saúde Bucal Palavras professor+ curs+ docente+ diretor+ universidade+ evento+ direcao conselho+ extensao artigo+ cursos alun+ coorden+ nota+ comiss+ Variáveis *emp *exp *pep 2 X 359 313 274 190 177 172 130 127 126 125 119 117 116 112 105 X2 256 256 256 % 27% 68% 50% 35% 35% 40% 88% 63% 89% 79% 89% 47% 22% 47% 59% % 35% 35% 35% 2 Palavras familia+ saud+ atencao municip+ politica+ usuario+ public+ serv+ program+ sistem+ assistenci+ refer+ natal+ buc+ equip+ agua+ cirurgioes_dentistas qualitativa centros X 493 454 398 380 247 232 223 199 190 152 148 146 142 138 137 135 134 123 106 % 80% 35% 75% 75% 63% 81% 51% 50% 48% 49% 80% 66% 50% 32% 57% 90% 74% 89% 95% Variáveis X2 % CLASSE 5 CLASSE 4 Os PPPs e as Linhas de Pesquisa Os PPPs e as disciplinas curriculares 2 Palavras periodont+ linha+ fatores gengiv+ concentr+ test+ agravos reparo cari+ laser+ pesquis+ tecido+ regeneracao exame+ biofilme+ biofilme+ histopatolog+ X 452 215 200 185 167 166 166 154 146 145 141 140 136 134 131 121 119 % 81% 69% 90% 100% 66% 94% 94% 96% 87% 100% 47% 81% 100% 86% 98% 63% 94% Variáveis *emf *exf *pef X2 595 595 595 % 42% 42% 42% Palavras creditos hora+ total+ aula+ carg+ horar+ pre_requisito+ obrigatoria+ quatro sessenta quarenta laboratori+ denominacao disciplin+ anatom+ tres seman+ patolog+ ementa+ cinco X2 1028 959 780 729 728 714 527 464 445 411 389 386 380 337 327 289 285 282 271 268 % 93% 87% 84% 89% 88% 87% 100% 93% 68% 80% 74% 81% 98% 53% 92% 58% 94% 84% 63% 58% Variáveis X2 % 40 A Classe I: Os PPPs e a Formação Profissional: Competências e Habilidades. Nesta classe, a segunda maior dentre o corpus (24,69%), foram extraídos os segmentos do texto mostrando ementas*, pesquisa* e extensão* presentes nos três PPPs. Percebe-se que o conteúdo dessa classe enfatiza a importância da formação profissional direcionada para as competências e habilidades comuns aos profissionais da saúde e das especificidades inerentes ao exercício da odontologia; buscando a interligação entre os saberes humanísticos e técnicos, e em consonância com o que orientam as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Convém ressaltar que os documentos dos três cursos estudados procuram valorizar a dimensão dessas competências e habilidades indispensáveis à formação profissional em odontologia na atualidade, articuladas ao fortalecimento da democracia, ao contexto social local e as exigências da sociedade e do mercado de trabalho. Contudo, esses aspectos estão fortemente presentes e melhor articulados nas ementas, relatórios de pesquisa e extensão referentes ao PPP do curso da UNP, apresentando X2 =62. Mostramos em destaque alguns segmentos de texto extraídos dos documentos: u.c.i:3 *3 *emp*pep*exp *K_3 u.c.e.:3442 classe :1 khi2:62 no ambiente específico, o futuro cirurgião-dentista deverá desenvolver as seguintes competências e habilidades:respeitar os princípios éticos _legais inerentes ao exercício profissional:exercer a profissão de forma articulada ao contexto social,entendendo_a como uma forma de participação na comunidade e de contribuição social; u.c.i.:1 *emf 8pef *exf *k_5 u.c.e.:448 classe :1 khi2:44 que e proporcionar produção de conhecimento e formar profissionais voltados para a construção de uma sociedade mais justa. os objetivos traçados para o curso são compatíveis com a realidade atual,na qual se insere,buscando atender as exigências da sociedade e do mercado de trabalho; u.c.e.:2443 classe:1 khi2:37 a liderança envolve compromisso,responsabilidade,empatia,habilidade para tomada de decisões,comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz;administração e gerenciamento; u.c.i.:3 *3 *emp *pep *exp *k_3 u.c.e.:3962 classe.:1 khi2:37 o dominio de conhecimentos,metodos, tecnicas e procedimentos inerentes ao campo disciplinar do professor;a compreensão de cada profissão numa pespectiva política estabelecendo_se a etica e o exercicio da cidadania como dimensão da qualificação; Segundo Botazzo7 a prática profissional da odontologia é marcada por dois posicionamentos político-ideológicos que a definem historicamente: como profissão de caráter privado, baseando-se ainda num passado recente de fácil lucro e insistindo em negar a realidade atual do” mercado odontológico” e pelo “protesismo dentário”, como preferência 41 hegemônica pela substituição das estruturas anatômicas afetadas através de técnicas e materiais sofisticados. A necessidade de um redirecionamento a prática odontológica voltada às demandas da realidade social é pertinente, visto que, o mercado atual busca um profissional com perfil generalista, com conhecimento dos novos conceitos de trabalho em equipe, com visão multidisciplinar e do ser humano como um ser completo, no que concerne o processo saúde – doença, como parte de seu bem estar social. Nesse sentido, a formação profissional deve contemplar condutas gerais e específicas, domínio das competências técnicas e sociais indispensáveis para o exercício profissional vinculado aos serviços de saúde. As competências e habilidades necessárias para o exercício da odontologia descritas nas DCNs são: aplicação dos conteúdos em linhas de complexidade crescente, profissional formado e as exigências do mercado e da sociedade, novos conceitos de intersetorialidade, multidisciplinaridade e transdiciplinaridade. Essa classe reforça o norteamento que os cursos de graduação superior devem seguir a partir das DCNs, mostrando como o profissional deve ser conduzido em seu processo de formação, com ênfase no perfil generalista. Nesse sentido, as habilidades e competências são explicitadas claramente no PPP de cada curso e instituição; segundo suas particularidades estruturais, sua localização e posicionamento no âmbito das necessidades nacionais, regionais e locais. Apesar disso, verifica-se que o profissional formado no estado ainda é direcionado para o domínio das tecnologias duras, em detrimento das tecnologias leves, indispensáveis para a recuperação da dimensão cuidadora na produção da saúde27. O estudo de Matos e Tenório37, publicado em 2010, relata que as DCNs para os cursos de odontologia propõem a formação de um perfil profissional generalista, que possua uma sólida formação técnico-científica e ético-humanística; que seja crítico e reflexivo; capaz de trabalhar em equipes multiprofissionais e de dar respostas às necessidades sociais no âmbito da profissão (resolução nº 03/2002, do Diário Oficial da União, 2002). Para Feuerwerker29 e Almeida2 as DCNs estimulam as escolas a superar as concepções conservadoras, a rigidez e as prescrições existentes nos currículos mínimos, mas não definem um caminho único. Assim como, as DCNs a despeito de indicar por um lado, processos de automatização na composição curricular, podem, por outro, serem compreendidas como mecanismos de ajustes da formação. Para Morita42, as DCNs fazem parte de um processo de superação de limites da formação e das práticas clínicas tradicionais. Deve-se pensar, portanto, a estruturação dos 42 PPPs dentro de uma lógica de construção do saber e não como um mero documento de norteamento, condizente com uma realidade, que continua retratando as mudanças técnicas e mais inovadoras em detrimento da busca para a construção de um saber mais coletivo. O conceito de competência tem caráter polissêmico, sendo descrito como: capacidade para aplicar habilidades, conhecimentos e atitudes; habilidade de utilizar o conhecimento a fim de chegar a um propósito; capacidade de utilizar conhecimentos e habilidades adquiridos para o exercício profissional; capacidade de mobilizar saberes- saber-fazer, saber-ser, saberagir; capacidade para resolução de um problema 47. Segundo Ramos51 a competência seria a capacidade de orquestração destes esquemas. Um especialista é competente porque é capaz de dominar rapidamente situações comuns com esquemas que entram em ação automaticamente e, além disso, é capaz de, coordenar e diferenciar rapidamente os esquemas de ação e os conhecimentos para enfrentamento de situações inéditas. O debate sobre competências profissionais vem alcançando o setor saúde, principalmente no que se refere ao campo da formação profissional. Essa conduta traz o contexto definido pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBE). Contudo, mesmo que legalmente sustentado, ocorre um caminho a ser vivenciado, na definição de modelos de formação profissional pertinentes. As exigências que emergem da realidade, trazem o conceito de competência, entendida como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes obrigatórias à capacitação dos recursos humanos em saúde. A Classe II: Os PPPs e as Políticas Públicas de Saúde bucal. Corresponde a 14,37% do corpus. Trata-se da menor classe, mostrando que possivelmente essas políticas estão presentes nos documentos dos três cursos de maneira ainda incipiente. Apesar da dinâmica estabelecida pela reforma sanitária e o advento de avanços para saúde garantidos pela constituição de 1988 com a efetivação do SUS; a saúde bucal coletiva ganha espaços gradativamente nos serviços públicos de saúde e na formação em odontologia. Nessa perspectiva, alguns elementos das políticas públicas de saúde bucal vêm sendo introduzidos no universo da academia, a partir dos mecanismos formatados e direcionados pelas DCNs para uma formação em odontologia sintonizada com as necessidades de saúde da população, abrangendo ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, voltadas para os vários ciclos de vida das pessoas que formam a sociedade. Assim, as ações inerentes à saúde bucal coletiva desde inserção da equipe na ESF em 2002, vêm representando avanços e em 2004 com a PNSB com o Brasil Sorridente. 43 Recentemente, as ações articuladas pelos Ministérios da Saúde e Educação, buscam envolver o universo da formação em odontologia, contribuindo para a assimilação de novos conceitos que resgatem o compromisso social das universidades, ainda em processo de inserção inicial nos diferentes níveis de complexidade do SUS. Explicitamos com destaque, alguns segmentos de texto extraídos dos documentos: u.ci.;1 *1 *emf*pef*exf*k_5 u.c.e.:1533 classe .:2 khi2:69 analise da proposta da fluoretação das aguas de abastecimento publico no brasil sorridente das diretrizes da política nacional a gestão municipal atuação dos cirurgioes_dentistas como educadores em saude no programa saude da família de natal; u.c.e.: 1532 classe .:2 khi2.:55 acessibilidade aos serviços de saude bucal no município de santa cruz avaliação normativa e qualitativa acesso aos centros de especialidades odontologicas da regiao metropoloitana de natal; u.c.e.: 1729 classe.;2 khi2.:46 linha de pesquisa:políticas publicas e o processo de trabalho em saude acessibilidade aos serviços de saude_bucal no municipio de santa cruz avaliação normativa e qualitativa; u.c.e.:2020 classe.;2 khi2 46 esta investigação avaliou a implantação destes ceos,como suporte das equipes de saúde da família na perspectiva de organização dos serviços em redes assistenciais no municipio de natal; Segundo Maranhão38, as DCNs que deram origem às DCNGO estão respaldadas pelo princípio da legalidade. No aspecto internacional, as diretrizes encontram respaldo nas tendências de reformas no ensino das profissões da área da saúde, destacando-se a influência de organizações como UNESCO, através da Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI e documentos da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), Organização Mundial de Saúde (OMS) e Rede UNIDA. Esta classe traz a discussão sobre a vinculação das Instituições de Ensino Superior (IES) e seus compromissos com o modelo de saúde vigente no país, o SUS, através da Atenção Primária (AP): ESF, e a PNSB. Mostra a presença dos novos conceitos e dos princípios organizativos e doutrinários do SUS nos PPPs dos três cursos de odontologia do RN. Casotti, Ribeiro e Gouvêa21 relatam que a partir da década de 1980, as reflexões sobre os limites dos modelos de atenção e as propostas de revisão ganharam força e espaço no 44 cenário da produção de conhecimento setorial. Os fatores como a crise do mercado liberal e a inclusão de profissionais de saúde bucal, na equipe de saúde da família, provocaram aberturas de novos postos de trabalho, que contribuíram para o avanço na discussão das questões ligadas ao ensino odontológico. Esse acúmulo foi fundamental para o reaquecimento das abordagens em torno do perfil do egresso e da responsabilidade das instituições com a realidade sócio sanitária do país. A partir da reforma sanitária, da Lei Orgânica da Saúde e das DCNs, a formação profissional em saúde em nosso país vem sofrendo transformações que buscam impactar o processo de ensino-aprendizagem dos cursos da saúde e especificamente de odontologia das instituições superiores, exigindo-lhes novas atribuições, no que se refere ao compromisso social e em relação às alterações no perfil demográfico e epidemiológico da população brasileira. Nesse contexto, um novo perfil profissional, passa a ser exigido para o mercado de trabalho na atualidade, demonstrando a necessidade de se ampliar às atividades indissociáveis de ensino, pesquisa e extensão na formação do cirurgião-dentista no RN, voltadas para o indivíduo, a família e a comunidade. No entanto, se observa que os documentos do curso de odontologia da UFRN, procuram articular suas atividades formativas, na interação entre a academia e os serviços públicos de saúde, na tentativa de englobar às dimensões coletivas e individuais das políticas de saúde bucal no currículo. Por outro lado, é lícito destacar que nesta classe não há diferenciação estatística significativa em relação aos PPPs e as Políticas Públicas de Saúde bucal nos três cursos. A Classe III: Os PPPs e o Processo de Construção e Estruturação Pedagógica. Essa classe corresponde a 15,09% do corpus e traduz as especificidades do curso de odontologia da UNP (X2=256) no que se refere ao detalhamento dos papéis do diretor do curso, gerente de apoio acadêmico, gerente de supervisão e dos docentes na estruturação financeira e pedagógica das ações de ensino, pesquisa e extensão ao longo de todo o curso. Assim, os documentos explicitam a necessidade das reuniões pedagógicas para o acompanhamento sistemático do percurso discente desde sua inserção no curso, o seu processo de formação propriamente dito, os procedimentos metodológicos e avaliativos utilizados para seleção de bolsistas, trabalhos de conclusão de curso, além das normas para a certificação do alunado, fundamentadas na lógica do mercado. Esta classe apresenta diferenças estatisticamente significativas no processo de construção e estruturação pedagógica em relação aos cursos da UFRN e UERN, porque é o 45 único curso privado do RN. Também orienta como o aluno deve proceder para a realização das matrículas nos casos de pendências acadêmicas e financeiras. Mostramos a seguir, alguns segmentos de texto extraídos dos documentos: u.c.i.;3 *3 *emp *pep *exp *k_3 u.c.e.:4093 classe:3 khi2.;60 em doze de março de dois mil e nove na coordenação de odontologia terá reunião com professores participantes do projeto para definir cronograma assuntos que deverão ser ministrados, funções do bolsista,seleção de alunos; u.c.i.;2 *2 8eme 8pee *exe *k_3 u.c.e.:2977 classe:3 khi2;52 paragrafo sexto,se a nota final do trabalho de _conclusão do _curso for igual ou superior a sete,o aluno recebe o status de aprovado; u.c.i.: 3 *3 8emp *pep *exp *k_3 u.c.e.: 3396 classe:3 khi2;52 complementarmente,os docentes recebem atendimento específico nas secretarias setoriais pelos funcionários responsáveis pelo setor,os diretores de curso,regra geral são atendidos diretamente pelo gerente de supervisão ou, conforme o caso,por gerente de apoio acadêmico; u.c.e.;3369 classe;3 khi2:48 Caso tenha pendencias acadêmicas ou financeiras, encontram as orientações necessárias à solução dessas pendencias o aluno que necessita de orientação especifica para efetuar sua matricula, em função de desnivelamento curricular, procura auxilio do diretor de seu curso no prazo definido no calendário acadêmico; Para Secco e Pereira52 a prática odontológica no Brasil é resultado de um modelo institucionalizado pelas universidades e associações de classes, vinculados a componentes econômicos, políticos e ideológicos. A educação odontológica hegemônica publica e privada são processos contínuos destinados a produzir profissionais capazes de manter ou restaurar o estado de saúde da cavidade bucal. Segundo Feuerwerker28 a implementação das DCNs é uma estratégia muito importante para mudar o perfil profissional e a qualidade de atenção, pois com elas pretendese ter profissionais críticos, capazes de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de levar em conta a realidade social para prestar atenção à saúde humana com qualidade. Segundo Tavares54 dentre os desafios que mereceram a reflexão de um grupo de docentes, um deles foi à forma de inserção do discente no desenvolvimento de programa de extensão universitária, uma vez que se pretendia romper com a visão que estabelece a relação direta da extensão, com o assistencialismo, que é a simples transferência de conhecimento de quem sabe para quem não sabe. O entendimento de extensão universitária pode ser diferente 46 entre os diversos atores sociais (docentes, dirigentes e família), o que poderá gerar pouco impacto na vida da população. A Classe IV: Os PPPs e as disciplinas curriculares correspondem, a 20,33% do corpus. De acordo com o conteúdo dessa classe, os cursos de odontologia do RN estruturam seus currículos por meio de disciplinas com carga horária e conteúdos muito semelhantes para a organização do conhecimento. Percebe-se ainda, que o foco da formação nos três cursos ainda é fortemente centrado nos aspectos técnicos, científicos da profissão, muitas vezes desconectados da realidade social. Além disso, o formato disciplinar dificulta a integração dos conteúdos dos campos de conhecimentos plurais, cada vez mais necessários em contextos sociais contemporâneos que exigem o refinamento das práticas de saúde, favorecendo a fragmentação, a disjunção e o isolamento dos profissionais da odontologia, na abordagem do ser humano em sua plenitude. Assim, a classe IV representa os PPPs e as estruturas curriculares disciplinares que expressam o sentido do processo de formação dos três cursos de graduação em odontologia. Conforme ilustramos abaixo: u.c.i.: 1 *1 *emf *pef *exf*k_5 u.c.e.;408 classe:4 khi2_116 Total quarto carga horaria aulas sessenta horas, total sessenta horas prérequisitos e ou co_requesito anatomia de cabeça e pescoço patologia oral estomatologia imagenologia á psicologia aplicada a odontologia cirurgia odontologia cirurgia_buco_maxilar equivalência geral traumatologiabuco_maxilo_facial; u.c.i.: 3 *3 *emp *pep *exp *k_3 u.c.e 3530 classe 4khi2 35 Anatomia humana, biologia celular, bioquímica metabólica e oral, embriologia, histologia aplicada a odontologia, farmacologia, fisiologia humana, genética humana, histologia,microbiologia,imunologia e parasitologia, patologia geral; O caráter político, legal, burocrático e organizacional dos PPPs das três instituições de ensino superior, autônomas por lei, seguem as etapas determinadas pelo CNE e MEC, no que se refere à criação dos cursos, autorização para funcionamento, reconhecimento, credenciamento, dentre outras. Percebe-se que os cursos são criados nas universidades a partir das decisões tomadas pelos seus colegiados superiores. Convém destacar que os cursos de graduação cujo funcionamento é considerado de risco social pelo Estado, inclusive a odontologia, sua autorização para funcionamento precisa ser submetida ao Conselho Federal de Odontologia (CFO) e ao CNS36. 47 Essa classe reforça que há dificuldades para a integração do conhecimento de forma integrada às práticas profissionais e ao perfil de profissionais generalistas exigidos pela sociedade. Também reitera, a necessidade de se rever os aspectos em relação à flexibilização curricular nas três instituições, visto que as DCNs destacam a importância da flexibilização nos novos caminhos a serem traçados a partir dos novos conceitos, das propostas de pedagogias críticas e do segmento doutrinário, conforme preconiza o sistema de saúde em vigor no país, o SUS, que exige uma formação profissional voltada para as reais necessidades da população brasileira e suas dinâmicas estruturais. As DCNs além de traçarem caminhos para eliminação do excesso de pré e de corequisitos entre as disciplinas, preveem a inclusão de atividades denominadas “complementares” nos projetos pedagógicos de tais cursos, abrindo-se, assim, possibilidades no currículo para a introdução de ações de extensão, ao lado de outras atividades, como as de pesquisa. O currículo com estas características possibilita não somente a incorporação da participação dos estudantes em atividades de pesquisa e extensão, mas faz com que a organização curricular assuma um novo desenho a partir de uma nova concepção. Vale salientar que a flexibilização curricular traz, também, a ideia da liberdade, dando autonomia ao estudante para construir seu caminho, seu currículo, sua identidade. É necessário o entendimento de que tudo o que se faz ou se vivencia em uma instituição de ensino superior é currículo. Sendo assim, não é algo que possa ser flexibilizado definitivamente, mas como um projeto que se forja no cotidiano, construído reciprocamente pelos docentes e estudantes. Nesse sentido, o currículo passa a ser concebido como um processo não linear e rotineiro, onde as disciplinas não são verdades acabadas, repassadas e transmitidas. Torna-se um espaço de produção coletiva e de ação crítica. Os conteúdos das disciplinas não são mais a “essência” de um curso, tornando-se referências para novas buscas, novas descobertas, novos questionamentos, oferecendo aos estudantes um sólido e crítico processo de formação. Quando a universidade utiliza tais possibilidades, efetiva-se a flexibilização curricular sistematicamente, na perspectiva de um currículo que rompe com a predominância de disciplinas, tendo a transdisciplinaridade como eixo organizativo e principal referência. É, no entanto, essencial que, ao serem selecionadas para fazer parte do percurso curricular, as ações de ensino, extensão e pesquisa, como também a própria flexibilização estejam sintonizadas com os serviços de saúde e as transformações sócio sanitárias e demográficas da sociedade23. Nos cursos de odontologia do RN a flexibilização curricular esbarra em estruturas acadêmicas ainda um tanto fechadas, em contrapartida ao dinamismo das forças sociais 48 presentes na realidade, que por sua vez, pressionadas por necessidades crescentes, exigem a dicotomia com os paradigmas hegemônicos vigentes na educação, com as metodologias de ensino-aprendizagem e avaliativas tradicionais, exigindo a reconfiguração de novas formas de produzir conhecimentos socialmente responsáveis. Contudo, em relação às necessidades de saúde da pessoa idosa, encontramos a presença desta temática revelada em conteúdos repassados de forma isolada em disciplinas, em detrimento da necessidade de dar ênfase a reconfiguração transversal dos conteúdos. Assim, as novas maneiras de pensar e viver em sociedade, na qual se enquadra a visão do envelhecer com saúde, a busca por profissionais, que se interliguem em uma postura mais humanizada de conhecimento, induz essa nova dinâmica dentro das instituições de ensino superior. Dessa forma, o currículo pensado em foco disciplinar está presente nos três cursos, retrata a organização do conhecimento em espaços e sessões dentro de compartimentos préestabelecidos. Isso dificulta o debate mais amplo e real sobre as temáticas mais atuais, inerentes às demandas sociais, dentre as quais se inclui a abordagem profissional a terceira idade, a saúde e seus verdadeiros vínculos, que devem ser ou não estabelecidos. Os PPPs, pouco exploram e apenas pontuam a temática em relação aos idosos na oferta de disciplinas específicas, não partindo da premissa de que, essa é uma abordagem necessária em todo o percurso do curso. Segundo Campostrini22 as políticas de saúde pública, e, portanto os cursos de odontologia devem rever, organizar e efetivar estratégicas específicas de saúde bucal, não só para o idoso que vive na comunidade, junto de sua família, mas também para aquele com comprometimento funcional residente em instituições de longa permanência. A Classe V: Os PPPs e as Linhas de Pesquisa correspondem a 25,51% de todo corpus sendo a classe com maior porcentagem. Foram extraídos os segmentos do texto mostrando conteúdos diferentes e estatisticamente significativos apresentando X2=595 para o PPP da UFRN. Possivelmente, por ser o curso mais antigo do estado, apresenta maior articulação entre as ações ensino, pesquisa e extensão no ensino de graduação. Entretanto o curso de odontologia da UFRN associado a essa classe mostra suas linhas de pesquisa fortemente direcionadas ao estudo dos fatores etiológicos, patológicos das principais doenças bucais: a cárie dentária e a doença periodontal. Também pesquisa seus meios de diagnóstico e suas formas de tratamento com abordagem predominantemente quantitativa 49 Nesse sentido, o conteúdo dessa classe sugere que a formação profissional em odontologia da UFRN, sofre influências das diferentes pós-graduações existentes no departamento e seus cursos de mestrados em patologia oral, odontologia preventiva e social e doutorado em patologia oral, já consolidados há várias décadas. Apresenta bases de pesquisas e extensão com professores doutores atuantes, com tradição em pesquisa e extensão, que envolvem alunos de iniciação científica em seus projetos, qualificando dessa forma o ensino da graduação. Os achados nessa classe apontam para o ensino de graduação na UFRN predominantemente focado na bio-odontologia. Esses resultados indicam ainda, que os demais cursos estudados também desenvolvem atividades de ensino pesquisa e extensão articuladas à formação profissional em odontologia, mas sem a relevância acadêmica encontrada na UFRN. Mostramos em destaque alguns segmentos de textos importantes extraídos dos documentos: u.c.i.; 1 *1 *emf *pef *exf *k_5 u.c.e.;1695 classe .: 5 khi2.:62 linha de pesquisa :medicina periodontal niveis de proteinas c-reativa,por,em pacientes portadores de doença periodontal cronica severa pesquisa,area de concentração:periodontia descrição :a proteína c reativa por,constitui um dos possíveis mediadores inflamatórios envolvidos na doença cardiovascular; u.c.e.;1683 classe :5 khi2:59 testar a eficacia do uso de ionomero de vidro restaurador como selador de cavidades cariosas,não cavitadas clinicamente projeto pesquisa financiador cnpq bolsa linha de pesquisa medicina periodontal identificação detecção e similaridade genética de microorganismos periodontais em placas ateramatosas e e em biofilme subgengival pesquisa; u.c.e.;607 classe .;5 khi2:55 testar a eficacia do uso de ionômero de vidro restaurador como selador de cavidades cariosas, não cavitadas clinicamente projeto pesquisa financiador cnpq bolsa linha de pesquisa medicina periodontal identificação detecção e similaridade genética de microrganismo periodontais em placas e em biofilme subgengival; Para Moisés41 as transformações na formação e no trabalho do “dentista brasileiro” devem se iniciar na “formação profissional e na visão de mundo dentro das academias”. Esta classe enfatiza que a realização da maior parte das pesquisas realizadas no curso, direciona-se para a compreensão dos aspectos bio-odontológicos e clínicos inerentes a odontologia. A UFRN, talvez por ser a instituição pública mais antiga no RN destaca-se em termos de produção científica em relação às outras instituições. Nos documentos analisados, 50 verifica-se que a tríade ensino, pesquisa e extensão, ainda se apresentam de maneira segmentada e mesmo ausente diante da temática e das necessidades da saúde da população idosa. Sendo assim, é necessário definir o desenvolvimento de programas de pesquisa com a participação ativa e a corresponsabilidade entre os docentes, estudantes, profissionais de saúde e a sociedade. A vivência da realidade social na formação, deve ser sistematicamente inserida nas instituições de ensino superior na busca pela transformação real em relação ao profissional formado no sentido de captar as constantes mudanças na sociedade. O papel social das universidades, em articular o ensino, pesquisa e o serviço ao longo dos cursos se faz necessário em seus processos contínuos de aperfeiçoamento dos PPPs. Sobretudo, a partir do conceito abrangente de saúde, que engloba o bem estar social físico e mental, envolve o ser humano e sociedade onde vive. Nessa perspectiva é importante a construção de um novo pensar para formação em saúde abrangente, capaz de também incluir como demanda as necessidades de saúde da população idosa. 6.2 RESULTADOS OBTIDOS MEDIANTE O AUXÍLIO DA ANÁLISE SEGUNDO BARDIN. Mediante a análise das entrevistas, realizadas com os três professores envolvidos na elaboração dos PPPs das universidades de odontologia do RN, surgiram às categorias, subcategorias e UA. As categorias que deram suporte ao estudo em relação às entrevistas foram: categoria I Concepção do PPP do Curso; categoria II Construção e Estruturação Pedagógica; categoria III Ensino, Pesquisa e Extensão; categoria IV Conflito e categoria V Superação. O agrupamento das categorias, subcategorias e as codificações foram extraídas a partir dos discursos dos informantes chave transcritos na íntegra e apresentados abaixo. (Quadro I) As descrições apresentadas das categorias definidas a posteriori à leitura das entrevistas são: Concepção do PPP do Curso (concretização do projeto de implantação dos cursos); Construção e Estruturação Pedagógica (a forma de apresentação e vivência da pedagogia); Ensino, Pesquisa e Extensão (tripé da estruturação do ensino superior); Conflitos (obstáculos presentes na elaboração dos PPPs) e Superação (transpor os desafios na elaboração dos PPPs e como agir diante deles). As subcategorias e a definição das UA também emergiram dos conteúdos narrados e descritos nas entrevistas. 51 Quadro I - Análise das Entrevistas I II III UFRN CATEGORIAS UA CPPPCDCN 5 CONSULTORIAS CPPPCC 2 CPPPCE 2 CPPPCSUS 3 COMPROMISSO POLÍTICO E A REGIÃO DO SERIDÓ HISTÓRIA RECENTE DE CRIAÇÃO DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS COMISSÃO AMPLIADA CPPPCCA 2 QUESTÕES DA SAÚDE COLETIVA CPPPCQSC 3 FORMA COLETIVA CEPFC 3 SISTEMAS DE COMISSÕES CEPSC 5 SÉRIE DE REUNIÕES CEPSR 4 CEPCACHS 1 CEPSC 5 FORMAÇÃO GENERALISTA CEPCICCC 3 FORMAÇÃO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE BUCAL CEPOA 3 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CEPTCC 1 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL EPEPNSB 1 CURSO DIRECIONADO A TODOS OS CICLOS EPECVCSUS 1 DISCIPLINA OPTATIVA LIGADA AO IDOSO TERCEIRA IDADE EPETI 4 CONHECIMENTO ESPECÍFICO EPECE 3 PROJETOS DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ANDAMENTO ATENÇÃO AO IDOSO ESTÁ INCLUSA DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS COMPETÊNCIA ESTÁGIOS CONCEPÇÃO DO PPP DO CURSO CONSTRUÇÃO E ESTRUTURAÇÃO PEDAGÓGICA SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE CRESCIMENTO DA ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SAÚDE COLETIVA CLINICAS INTEGRADA DE CARÁTER DE COMPLEXIDADE CRESCENTE OFICINAS DE AVALIAÇÃO TRABALHAR OS CICLOS DE VIDA CONCEPÇÃO DE SUS ENSINO PESQUISA E EXTENSÃO UERN CODIFICAÇÃO SUBCATEGORIAS SUBCATEGORIAS CONSULTORIA E PEQUENAS EQUIPES ELABORAÇÃO, DISCUSSÃO E HOMOLOGAÇÃO PPP BASEADO NA REALIDADE DA POPULAÇÃO MODELO DE COMPLEXIDADES CRESCENTES UNP CODIFICAÇÃO UA CPPPCC 3 CPPPCCPRS 2 CPPPCHRC 2 CPPPCDCN 1 CODIFICAÇÃO UA CPPPCRCMT 3 CPPPCDCN 3 CPPPCIES 1 CPPPCI 1 IMPLANTAÇÃO DO CURRÍCULO CPPPCICTI 1 CEPFC 3 SUBCATEGORIAS RESPOSTA A CONEXÃO COM O MERCADO DE TRABALHO DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS INTEGRAÇÃO AO ENSINOSERVIÇO INTERDISCIPLINARIDADE CEPCPE 3 FORMA COLETIVA CEPEDH 1 CEPEDABE 1 CEPPPPRP 1 ENVOLVIMENTO DOS DOCENTES DAS ÁREAS BÁSICA E ESPECIFICAS INTERDISCIPLINARIDADE CEPI 1 CEPMCC 1 CEPICPNSB 1 CEPFG 1 CEPPSNP 2 CEPFPPSB 2 INTEGRAÇÃO DO CURRÍCULO COM A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL PAPEL SOCIAL E AS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO FOCO DO CURSO PARA COM AS PRINCIPAIS DOENÇAS BUCAIS MERCADO DE TRABALHO AMPLIADO ESTÁGIOS E EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS CEPFCPDB 1 CEPMTA 2 CEPEEAC 3 EPETIDOPNE 3 EPECISI 3 EPEEAC 3 EPERCPEMASI 1 EPECDTC 2 EPEDOI 2 EPEPPEA 2 EPEAII 2 TERCEIRA IDADE NA DISCIPLINA DE ODONTOLOGIA PARA PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS CLINICA INTEGRADA ABORDAGEM A SAÚDE DO IDOSO ESTÁGIOS, AÇÕES COMUNITÁRIAS REFORMA CURRICULAR (2010) - PROGRAMA DE 52 EXTENSÃO MULTIDISCIPLINAR ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO CONHECIMENTO TRANSVERSAL DISCIPLINA OPTATIVA GERONTOLOGIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ATIVIDADES DE PESQUISA E EXTENSÃO EDITAIS INTEGRADOS CONFLITOS EPECT 3 EPEDOG 5 EPETCC 1 EPEAPE 4 EPEEI 2 CARÁTER OPERACIONAL CCO 2 NA CONSTRUÇÃO CC 2 REGULAMENTO DA GRADUAÇÃO APROPRIAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS CRG 1 CQPB 2 CADCN 7 QUESTÃO POLÍTICA, BUROCRÁTICA ESTADO POBRE CEP 1 DEFINIÇÃO DE UM PERFIL DE FORMAÇÃO ESTRUTURA FÍSICA CDPF 2 UNIVERSIDADE PÚBLICA CUP 2 CEF 3 OPERACIONAL EM RELAÇÃO AOS OBJETIVOS CONTIDOS NO PRÓPRIO PPP COOPPP 1 ARTICULAÇÃO COM AS DISCIPLINAS DO BÁSICO CADB 4 EXECUÇÃO DE ANÁLISE DE DIAGNÓSTICO SEAD 3 DOCENTE COM PROJETOS DE PESQUISA- CNPQ SDPPCNPQ SAI 2 CONVÊNIOS COM PREFEITURAS SCP PRESSÃO LEGAL PELAS DCN SPLDCN 2 EXIGÊNCIA DE UM NOVO PERFIL PROFISSIONAL INTEGRAÇÃO HORIZONTAL E VERTICAL DOS CONTEÚDOS SENPP 1 SIHVC 1 IMPLEMENTAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DOCENTES COM FORMAÇÃO TRADICIONAL CIDCN 1 CDFT 1 1 TRABALHAR INTEGRAÇÃO ENSINO- SERVIÇO E A INTERDISCIPLINARIDADE STIESI 1 1 CAPACITAÇÕES PEDAGÓGICAS PARA OS PROFESSORES EM RELAÇÃO METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO APRENDIZAGEM EVENTOS COM PARCERIAS COM A SECRETARIA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO SCPPMAEA 1 SEPSSM 1 SUPERAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL 53 a) CATEGORIA I CONCEPÇÃO A elaboração dos PPPs engloba desafios constantes, assim como, o redirecionamento de suas bases curriculares. Esses desafios tomam como subsídios as dimensões políticas, econômicas e sociais inerentes a valorização dos conteúdos formadores e intrínsecos presentes em cada instituição de ensino. No âmbito profissional deve-se ter implícito quais as características do indivíduo a ser formado, fruto da elaboração do projeto de cada curso. Por sua vez, é importante compreender que o conhecimento está em permanente construção e que sua concepção deve ser um ato dinâmico, perpassando pelas DCNs, mas não deve ser esgotado nos seus parâmetros, mas discutido e ampliado, a partir destes; respeitando o contexto atual, local, regional e federal, em que se insira, engajando os agentes educacionais e sociais como parte dessa elaboração de maneira plena. [...] começamos a discutir a reforma curricular na UFRN, há tempos, quando eu estava na coordenação e mesmo antes de eu entrar na coordenação quando eu entrei como professor. A pressão do Ministério da Saúde (MS), desde a partir das DCNs a obrigação em 2001 e a versão final de 2002. Em 2002 aí não teve jeito foi quando eu entrei na coordenação, ai na reitoria havia uma pressão para que quase todos os cursos reformassem seus currículos, já dentro da lógica das DCNs, trabalhando as competências, os vinte por cento para estágios e inclusão da discussão sobre o SUS incluso nas estruturas curriculares. Passamos a trabalhar em uma comissão mais ampliada, uma comissão maior com várias reuniões em cima do que já tinha. Tinha muita coisa, só que de forma confusa. Uma discussão em reformar a estrutura de grades curriculares, queria a discussão de um PPP mesmo pautado nas DCNs essa coisa durou uns quatro, cinco anos na verdade no começo de 2003. (E. 1); [...] Bom, o curso de odontologia da UERN fui convidado pelo reitor Milton para elaborar o PPP, pois ele tinha o conhecimento que eu já havia montado os cursos de odontologia da Universidade de Brasília(UNB) e da UNP. E na realidade eu fui convidado apenas para a elaboração do PPP, assessorar o PPP durante três anos da estruturação do curso e na construção da estrutura física. O curso de odontologia da UERN tem uma história curta porque foi criado em 2006 e numa universidade também nova que tinha quarenta anos em um campo avançado fora do campus central, em Caicó/RN, um campus que foi formado apenas com três cursos: enfermagem, filosofia e odontologia e estamos ainda com a primeira turma a concluir.(E.2) 54 [...] O curso de odontologia da UNP foi implantado no ano de 1997, em resposta a demanda no RN, região nordeste e norte, pois só existia o curso de odontologia da UFRN. Então a UNP verificou essa necessidade e implantou o curso de odontologia. Em 1997 foi implantado o curso e passou por mudanças curriculares para atender as DCNs, a primeira em 2002, em relação ao MEC e em 2004 nova reforma curricular, 2006 e 2010 no sentido dessas mudanças se aproximarem mais em resposta as DCNs, em relação à integração ao ensino e serviço e a interdisciplinaridade no próprio curso e aos demais cursos da saúde e agora em 2010 estamos implantando o currículo totalmente integrado. (E. 3) Segundo Nóbrega-Therrien45 o PPP surge como principal instrumento político e técnico de balizamento para o fazer universitário, que deve ser elaborado de forma coletiva no âmbito das instituições. Essa elaboração participativa proporciona a particularidade de orientação para cada universidade como um todo, e para cada um de seus cursos de graduação. Para concretização dos saberes, o caminho se encontra na formação e nesse sentido, expresso também no texto do PPP. O projeto deve expressar uma tentativa de comunicação, de interação dos aspectos subjetivos e objetivos, de reflexividade e de criatividade, cujo desencadeamento depende da iniciativa e envolvimento dos sujeitos implicados coletivamente nesse processo. Nos três cursos estudados o PPP representa o processo educativo de odontologia na elaboração dos saberes, exige participação de vários atores, de preferência norteada pelas premissas das DCNs no sentido de assegurar uma formação adequada. b) CATEGORIA II CONSTRUÇÃO E ESTRUTURAÇÃO PEDAGÓGICA A forma de definição e a vivência pedagógica dos PPPs devem ser pautadas por ações de natureza coletiva em que a realidade de cada ator envolvido seja representativa no processo de construção e estruturação pedagógica articulando-se entre si. Tais atores devem buscar estratégias que reflitam o saber político, social e pedagógico, como dinâmicos, em processo de construção constante e com desenvolvimento e avaliações da estruturação sempre compartilhada na busca de uma pauta comum, que reflita o engajamento pleno entre a universidade e a sociedade. [...] na UFRN ocorreu de forma coletiva com a formação de sistemas de comissões com uma série de reuniões assim como ocorreu a importância do crescimento da área das ciências humanas e sociais da Saúde Coletiva e a estruturação a partir das clinicas integradas de caráter 55 de complexidade crescente. Foram estabelecidas oficinas de avaliação e ocorreu a presença do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). (E. 1) [...] na UERN ocorreu através de consultoria e pequenas equipes com a elaboração, discussão e homologação do PPP baseado na realidade da população. Seguindo o modelo de clinicas de complexidades crescentes, formando profissionais com formação generalista e com formação nas políticas públicas de saúde bucal. (E. 2) [...] na UNP ocorreu de forma coletiva com envolvimento dos docentes das áreas básicas e especificas, com a presença de interdisciplinaridade, integração do currículo com a PNSB e com o papel social da saúde bucal e a preocupação com as necessidades da população, foco do curso para com as principais doenças bucais e o mercado de trabalho ampliado, estágios, extensão e ações comunitárias. Para Nóbrega-Therrien45 na construção do PPP é evidenciado a importância do trabalho em grupo, principalmente quando se objetiva que o fruto seja reflexo da interação da coletividade. O PPP aponta um rumo, um sentido, uma direção explícita para um compromisso estabelecido coletivamente. O projeto, ao se construir em participação de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando pessoal e racionalizado da burocracia e permitindo as relações horizontais. Percebe-se, de acordo com os entrevistados que a construção de PPPs dos cursos estudados ocorreu a partir da criação de comissões, conselhos, consultorias e da realização de várias reuniões. Entretanto, verifica-se que apesar do relato coletivo de construção, o envolvimento individual de cada docente nesse processo é importante, principalmente quando explicita seus interesses nas disputas das relações de poder, na valorização de determinadas disciplinas da estrutura curricular, dentre outras. Dessa forma, todos esses aspectos presentes na organização e estruturação pedagógicas dos cursos são fortemente influenciadas pela política funcional e burocrática das universidades. c) A CATEGORIA III ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO. A formação superior deve pautar a conjunção de seus PPPs atentos às demandas da realidade social, no tempo aonde irão se inserir, assim como, expressa mecanismos que contemplam a integração dos indivíduos formados em seu meio social passível de constantes mudanças nos seus ciclos populacionais. A articulação indissociável entre ensino, pesquisa e 56 extensão, possibilita que os egressos atuem criticamente na sociedade. Os PPPs, quando elaborados, devem levar em questão a necessidade de ações que legitimem estruturações curriculares construídas coletivamente que sigam as DCNs e a melhoria na qualidade do ensino. De modo que o fazer e o saber, traçados nas universidades contemplem a aspiração participativa entre o tripé: ensino, pesquisa e extensão, como modo de pensar a formação integrada aos aspectos humanos, científicos e técnicos, que se convertam para a obtenção de competências e habilidades profissionais de qualidade. [...] na UFRN segue-se a política nacional de saúde bucal e se trabalha os ciclos de vida com concepção do SUS e contempla a terceira idade. Trabalha os conhecimentos específicos e o conhecimento transversal. Apresenta a disciplina optativa gerontologia. Apresenta o TCC e contempla as atividades de pesquisa e extensão, assim como, segue os novos conceitos dos editais integrados. (E. 1) [...] na UERN o curso é direcionado a todos os ciclos, apresenta uma disciplina optativa ligada ao idoso. Os projetos de pesquisa e extensão estão em andamento e a atenção ao Idoso está inclusa.(E.2) [...] na UNP a terceira idade encontra-se presente na disciplina de odontologia para pacientes com necessidades especiais, clinica integrada com abordagem a saúde do idoso, com estágios, ações comunitárias. A reforma curricular (2010)-com Programa de Extensão MultidisciplinarAtenção a Saúde do Idoso. (E. 3) Nessa categoria verifica-se a presença da temática do idoso nas três cursos, segundo os colaboradores na elaboração dos PPPs. São ações localizadas em disciplinas e projetos incipientes que tentam ser representativas do contexto social em que a temática terceira idade se encontra inserida. Segundo Zilbovicius61 com o objetivo de contribuir para a capilarização das DCNs e fomentar a mudança nos cursos de odontologia, a Associação Brasileira de Ensino odontológico (ABENO), por meio de uma parceria entre MS e OPAS, percorreu a partir de 2005 os diversos cursos e realizou sessenta oficinas, que contaram com 2.200 participantes, provocando uma reflexão no meio acadêmico sobre os limites do perfil de egresso e oficializando o discurso da necessidade de mudança junto às instituições de ensino superior. Para Casotti21 a incipiência e, ao mesmo tempo, o crescimento da produção de conhecimento na área da educação em odontologia podem ser entendidos tanto como resultado do movimento que se estabeleceu no âmbito da educação e da saúde, de forma mais organizada e intensa na década de 2000, como também, uma resposta do campo científico 57 para alimentar essa discussão socialmente necessária, que é a da formação dos profissionais de saúde perante os desafios da realidade brasileira. d) CATEGORIA IV CONFLITO Na elaboração dos PPPs o surgimento de questionamentos é parte inerente ao processo de sua construção e elaboração. São fontes geradoras de conflitos, em relação a esses documentos direcionadores do saber acadêmico. Neste sentido, sua construção de forma coletiva, traz a tona as mudanças estruturais necessárias e os conflitos de interesses individuais. Contudo, as alterações político pedagógicas na presença de conflitos explícitos nos grupos de trabalho, são necessárias e devem ser feitas, de forma crítica respeitando o interesse de todos os envolvidos nesse processo. [...] na UFRN o PPP apresentou conflitos na sua implantação referentes ao caráter operacional, dificuldades diante do regulamento da graduação, diante da apropriação das DCNs, assim como, na definição de um perfil de formação, dificuldade diante da estrutura física e da articulação com as disciplinas do básico. (E.1) [...] na UERN o PPP apresentou conflito na construção em relação à questão política e burocrática, assim como, por o estado ser pobre e a universidade pública. Dificuldade operacional em relação aos objetivos contidos no próprio PPP. (E.2) [...] na UNP o PPP apresentou dificuldades na implementação das DCNs e diante dos docentes com formação tradicional. (E.3) Os PPPs dos cursos de odontologia do RN, passaram pelos mesmos problemas de operacionalização para a sua elaboração, pelos embargos burocráticos, conhecimentos das questões que regulamentam as DCNs, assim como pelos desafios diante das condutas dos atores envolvidos nos processos de elaboração. Essa elaboração, mesmo coletiva, expõe contrastes e conflitos de interesses individuais frente à necessidade do todo. Em relação aos docentes, surgem diferenças advindas de processos formativos distintos e diante das novas nuances metodológicas de ensino aprendizagem, das novas condutas de flexibilização curricular, frente a um currículo mínimo já tradicional, e da existência de disciplinas compartimentalizadas, cujos docentes atuam como se estivessem em pequenos feudos, em propriedades separadas do contexto geral do curso e da instituição. 58 Para Feuerwerker29, ao analisar problemas e desafios da educação dos profissionais de saúde em face das DCNs, afirma que “é indispensável que produção de conhecimento, formação profissional e prestação de serviços sejam tomadas como elementos indissociáveis de uma nova prática”, condição que exigirá mudanças de concepções e de prática, mas também de relações de poder no cotidiano de cada instituição. e) CATEGORIA V SUPERAÇÃO Diante do ato de elaboração dos PPPs na presença dos conflitos, surge o questionar, que faz parte do mudar. Por um lado, os problemas aparecem como desafios a serem transpostos e se são gerados pelo pensar coletivo, necessitam passar por processo de superação compartilhada. Isso também se faz presente na academia para suscitar o nascimento de um PPP dinâmico. A tendência é que nesse caminhar político, apareçam contínuos entraves e é indispensável que sejam superados do ponto de vista individual e coletivo; definindo a importância do caráter do individuo que se quer formar para essa sociedade mutante em seu processo de organização e avaliação. Esses significados individuais e coletivos do saber, estão em interação na sociedade, compartilhando permanentemente os conhecimentos sociais, políticos e econômicos, também presentes nas instituições de ensino superior. Portanto, superar o conflito na elaboração desses documentos se faz necessário, para que se obtenha o real alcance do papel da universidade na formação dos profissionais. É importante para sua eficiência e visibilidade diante do caráter eminente dos modos de organizar a sociedade e seus interesses. Dessa forma concretiza-se sua opção pela efetivação do caráter coletivo do saber científico. [...] na UFRN os conflitos diante do PPP foram superados a partir da execução de análise de diagnóstico, apoio institucional e apoio dado pela pressão legal pelas DCNs, assim como, pela exigência de um novo perfil profissional e a integração horizontal e vertical dos conteúdos. (E.1) [...] na UERN os conflitos diante do PPP foram superados a partir da iniciativa dos docentes de participar de Projetos de Pesquisa- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e do estabelecimento de convênios com Prefeituras. (E. 2) [...] na UNP os conflitos diante do PPP foram superados a partir do proposto de trabalhar integração ensino e serviço e a interdisciplinaridade, através de capacitações pedagógicas para 59 os professores em relação metodologias ativas de ensino aprendizagem e eventos com parcerias com a secretaria de saúde do município. (E.3) A superação em relação aos conflitos surgidos na elaboração dos PPPs dos cursos de odontologia do RN surgiram do estabelecimento dos apoios dentro das próprias instituições, do empoderamento das propostas das DCNs, das articulações com os serviços de saúde, através do incentivo às pesquisas, além dos procedimentos relacionados a capacitação permanente dos professores, no que concerne a busca por conhecimento construído de maneira sistemática. Para Casotti21 os processos de mudança não são construções histórico-lineares, o que está permanentemente em jogo é a disputa pela legitimação de discursos e práticas, não restando dúvida de que esse momento representa um ponto de tensão, ao menos no que se refere à produção teórica, da concepção de como se ensina e se pratica a odontologia no Brasil, argumento que pode ser corroborado com o aumento do número de publicações nessa área. Segundo, Haddad et al.34 em estudo que avaliou a adesão dos cursos de odontologia às DCNs, envolvendo 97 projetos pedagógicos depositados no sistema Inep de 2002 a 2006, concluiu que ainda predominam cursos com grades curriculares muito tradicionais, disciplinas isoladas divididas em ciclos básico, pré-clínico e clínico e com nenhuma aproximação com a rede de serviços. Chama a atenção, entretanto, para a divergência entre a manutenção dessa forma de organização prática e a visível mudança discursiva dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC), que incorporaram, no período, as orientações de mudanças contidas nas DCNs. Essa situação reflete tanto a dificuldade de operar mudanças num sistema educacional, que ficou quase três décadas refém das definições de currículo mínimo, com detalhamentos excessivos de conteúdos e cargas horárias, assim como a resistência ideológica em aderir às propostas que antagonizam a racionalidade hegemônica, qual seja, a da doença e da produção de procedimentos em contraste com produção do cuidado na acepção mais ampla do conceito de saúde. 60 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse estudo vem ressaltar a revisão do papel norteador da universidade, em relação à formação profissional em odontologia, no sentido de refletir para a sociedade e não apenas reproduzir o tecnicismo acriticamente. Vem reafirmar que o ensino, a pesquisa e a extensão devem fluir para os interesses maiores da sociedade, conectados aos seus processos de renovação constante, articulando-se aos serviços de saúde para o enfrentamento dos problemas de saúde da população; reivindicando, a participação de gestores, trabalhadores da saúde, entidades de classe, conselhos de saúde, professores e estudantes universitários para operar as mudanças nos modelos de atenção e formação em saúde no Brasil. No presente estudo foi possível refletir, sobre a complexidade de se realizar uma pesquisa que tem como ponto inicial, a análise dos documentos que formatam a graduação em odontologia do RN. Durante esse processo de aquisição de novos conhecimentos, percebemos que a formação de recursos humanos, vinculados à saúde, deve perpassar pelo rompimento com alguns paradigmas educacionais já cristalizados, pela assimilação de novos conceitos do trabalho em saúde, como a interdisciplinaridade e o ensino por competências, contextualizado com as questões sociais e suas amplitudes. Foram identificadas potencialidades, algumas fragilidades e necessidades para o aperfeiçoamento desse processo de formação. Dentre as quais, destacamos: Os PPPs estudados resultam de ações intencionais, construídas coletivamente no âmbito de cada instituição de ensino, cujo desencadeamento depende da iniciativa e envolvimento dos sujeitos implicados em sua implantação. Fundamentam-se em planos elaborados nacionalmente, estão sintonizados com a missão interlocutora da universidade socialmente responsável, com a sociedade em seu contexto político, econômico e social. Os cursos estudados também têm autonomia para concretizá-los, segundo as características e especificidades locais. Buscam uma formação generalista, ainda centrada em conteúdos predominantemente direcionados aos aspectos técnico-operacionais do exercício profissional, em detrimento do domínio das tecnologias leves, indispensáveis ao cuidado humano integral, conforme preconiza a Lei Orgânica da Saúde. O PPP é uma ação intencional que deve ser definido coletivamente, como conseqüente compromisso coletivo. O projeto deve expressar uma tentativa de comunicação, de interação dos aspectos subjetivos e objetivos, de refletividade e de criatividade, cujo 61 desencadeamento depende da iniciativa e envolvimento dos sujeitos implicados nesse processo coletivo. Percebe-se que são mobilizados esforços e aproximações do corpo docente e discente dos cursos estudados, para a formação articulada com a rede de serviços de saúde, na realização de ações de promoção, proteção e reabilitação da saúde, conforme propõe o Sistema Único de Saúde (SUS). A pouca ênfase dada aos conteúdos inerentes a Atenção a Saúde do idoso, quando se compara aqueles direcionados às crianças e adolescentes presentes nas três estruturas curriculares, por exemplo, não expressam apenas decisões pedagógicas, mas refletem as dimensões política, econômica e cultural predominantes nas instituições formadoras, além dos princípios e valores hegemônicos ainda presentes na sociedade brasileira. A postura formadora dos cursos deve se pautar pelo constante desafio em combater a falta de respostas que a fragmentação disciplinar gera, transformando as dificuldades oriundas das estruturas curriculares, em conquistas de crescentes contribuições entre as disciplinas. Estas podem ser organizadas a partir de grandes eixos transversais em linhas de complexidade crescente, mediadas pela pedagogia crítico-social, através de conteúdos comuns ou não. As universidades podem atuar junto aos alunos e docentes, no sentido de estimulá-los enquanto agentes norteadores da construção do ensino, da pesquisa e da extensão contextualizados de modo que a aprendizagem interaja com o serviço e a sociedade. O diálogo com a literatura nos permite enxergar a necessidade de reestruturação dos PPPs dos cursos de odontologia do RN, apesar de reconhecemos os esforços até hoje realizados para a implantação das mudanças. Identificamos algumas dificuldades na implementação das ações pedagógicas no sentido de suprir as lacunas existentes no ensino, na pesquisa e extensão indissociáveis e direcionadas para a população idosa em consonância com o novo perfil demográfico brasileiro. Subjacente a tal perspectiva, os cursos pautam a temática em unidades disciplinares, abordando conteúdos relativos ao envelhecimento humanas em uma disciplina ou mais, provavelmente fechadas em si mesmas, o que deveria ser abordado de maneira longitudinal durante todo o curso. Portanto, o resgate da qualidade na formação, se faz necessário. Essa deve almejar posturas profissionais voltadas às produções sociais e científicas, que integrem ao mercado de trabalho, o caráter dinâmico que as universidades devem ter e sua articulação com meios sociais. Esse dinamismo das universidades deve atuar como fonte norteadora para a formação e para os estudos que busquem novos saberes para o ensino superior em odontologia do RN e do país. 62 Sugerimos um envolvimento com o meio social no processo de formação profissional em odontologia. Esse teria como ponto de partida a interligação das universidades com os conselhos de saúde, entidades representativas da classe odontológica e demais segmentos da sociedade civil organizada, no sentido de induzir reflexões e mudanças que gerem práticas integradoras e interdisciplinares no âmbito educacional, com participação de todos os envolvidos. O conceito de educação permanente dos docentes, servidores, funcionários e discentes, assim como o de flexibilização curricular são fundamentais para o aperfeiçoamento dos PPPs e na busca da integração ensino-serviço, da articulação de habilidades e competências profissionais e dos diversos saberes sociais indispensáveis à compreensão do ser humano e de suas singularidades e complexidades. Nesse sentido a formação ideal deveria propiciar aos estudantes vivências práticas em cenários de aprendizagem reais, articulando disciplinas, projetos e atividades. Nesse aspecto, o novo mercado de trabalho, exige posturas tecnicamente competentes e socialmente responsáveis para trabalhar a saúde humana de maneira integral e não fragmentada. O trabalho multiprofissional e interdisciplinar é uma realidade a partir da lógica da ESF e nesse processo de trabalho a busca do bem estar do paciente, respeitando e entendendo suas novas e reais necessidades é uma constante realidade. Nisso se enquadra o envelhecer ativo e as necessidades de se pensar a saúde bucal desse grupo populacional e dos vários ciclos de vida, dentro de uma lógica generalista de formação, pautada no coletivo e nas diversidades sociais. Nesse sentido, o pacto em defesa da vida que constitui conjunto de compromissos institucionais dos três entes federativos, a partir da definição das responsabilidades de cada um, é um destaque importante onde são pactuadas seis prioridades, sendo que três delas têm especial relevância com relação ao planejamento da saúde para a pessoa idosa24. É lícito concluir que o pressuposto da aprendizagem, através da estrutura curricular, se configura na imagem do criar, do conceber algo, que traz atualização e valores a serem compartilhados. A visão ética que transfigura a prática educativa na busca transformadora, vai além dos limites impostos pelo conhecer e compreender os documentos norteadores da formação em odontologia. Estão entrelaçados na complexidade de que o currículo é um indicador das diversas dinâmicas que o envolve, tanto com os atores e autores, assim como, em seus processos de articulação com a sociedade. 63 REFERÊNCIAS 1. Alberto JLM, Balzan NC. Avaliação de projeto político-pedagógico pelos funcionários: espaços e representatividade. Avaliação [on line]. 2008; 13(3): 745-776. 2. Almeida MD, organizadora. Projeto político-pedagógico. Natal: Ed. UFRN; 2004. (Coleção Pedagógica) 3. Araújo IC, Araújo MVA, Almeida DS, Macêdo LS. Atenção integral em saúde ao idoso: uma realidade brasileira? 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USA: Sage Publications; 1989. 69 APÊNDICES 70 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ENTREVISTA Título do projeto: PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE ODONTOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE E A PERSPECTIVA DA ATENÇÃO À PESSOA IDOSA A necessidade da formação profissional, voltada para o coletivo, traz a tona o verdadeiro papel formador de opinião e respondedor dos anseios sociais, aos quais as instituições de ensino superior se propuseram no decorrer de sua construção. Não obstante, a formação dos profissionais de saúde deve ser parte dessa realidade, incluindo-se o profissional da Odontologia. O Projeto Político Pedagógico (PPP) desenvolve-se de modo normativo-legal-institucional, numa relação de permanente negociação, singularidade e adequação ao contexto em que se desenvolve a autonomia dos atores implicados. Estas observações, além da literatura, traçam a base dessa pesquisa, que tem como objetivos: Analisar os PPPs dos cursos de odontologia do Rio Grande do Norte (RN): UFRN, UERN e UNP, de acordo com as DCNs e a formação profissional na perspectiva da atenção à pessoa idosa; Verificar, através das ementas das disciplinas e das atividades complementares de pesquisa e extensão desenvolvidas nos três cursos de odontologia do RN, se a formação contempla a abordagem de populações e/ou pessoas na terceira idade; Analisar informações sobre a elaboração dos PPPs dos cursos de odontologia do RN, através dos professores que colaboraram com esse processo de elaboração na UFRN (2007),UERN(2008) e UNP(2009). Nesse contexto, a sua participação, como parte dessa pesquisa, em que irá responder a uma entrevista, é de relevância, por ser a sua parte, representativa de cada instituição de ensino de Odontologia do RN. Além disso, os documentos PPPs dos cursos, as ementas das disciplinas e os resumos das atividades de pesquisa e extensão serão analisados. Sendo a metodologia caracterizada em uma pesquisa qualitativa, estudo de caso, envolvendo análise documental, cujos resultados deverão contribuir para o aperfeiçoamento da formação profissional em Odontologia, nessas três importantes instituições de ensino superior do RN. A pesquisa apresenta riscos mínimos, que podem está relacionados á sua exposição diante de suas respostas a entrevista.Seu nome não será coletado durante a aplicação da entrevista nem divulgado nas publicações, garantindo, dessa forma a confidencialidade e a privacidade das informações e o seu anonimato. Esses riscos mínimos são 71 superados pela a importância dos benefícios, diante da formação profissional em odontologia para o estado e para o país. Caso haja necessidade de ressarcimento (compensação, se ocorrer despesas decorrentes da participação na pesquisa) e indenização (cobertura material, em reparação a dano imediato ou tardio, causado pela pesquisa, por algum motivo), esses serão realizados pela pesquisadora, sendo sua participação voluntária, podendo ter sua desistência a qualquer momento, com a retirada do seu consentimento. Uma cópia deste TCLE ficará com você e toda dúvida a respeito da pesquisa, poderá ser indagada a pesquisadora, a mestranda Jônia Cybele Santos Lima e ao orientador, professor Doutor Antônio Medeiros Junior. A pesquisadora e o orientador assumirão compromisso em relação ao sigilo dos dados coletados, com todos preservados sob guarda destes, em um armário destinado para esse fim e os arquivos eletrônicos armazenados no computador institucional do professor. Declaro ter conhecimento de que a investigação será desenvolvida através da aplicação de entrevista, análise de documentos institucionais, fornecidos pelas universidades, que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e que concordo em participar voluntariamente desta pesquisa. Participante da pesquisa: Assinatura Pesquisador responsável: JÔNIA CYBELE SANTOS LIMA Assinatura Fone: (84)94164590 Email: [email protected] Orientador responsável Professor Doutor: ANTÔNIO MEDEIROS JUNIOR _____________________________________ Assinatura Fone: (84) 9984513 Email: [email protected]ê de ética e PesquisaHospital Universitário Onofre Lopes -Endereço: Avenida Nilo Peçanha, 620. Petrópolis, Natal – RN. CEP 59012 – 300.Fone: 3201-3719 72 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA Título do projeto: PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE ODONTOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE E A PERSPECTIVA DA ATENÇÃO À PESSOA IDOSA ENTREVISTA NÚMERO DA ENTREVISTA: PARTE 1-PERFIL DO ENTREVISTADO (A): INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO RN: ANO DE ELABORAÇÃO DO PPP: 73 ENTREVISTA 1-QUAL A HISTÓRIA DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA (UFRN, UERN E UNP)? 2- O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PPP DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA (UFRN-2007, UERN-2008 E UNP-2009), OCORREU DE FORMA COLETIVA? QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS ATORES ENVOLVIDOS? 3-QUAIS AS CARACTERISTICAS MAIS MARCANTES DO PROJETO POLITICO PEDAGOGICO DA (UFRN, UERN E UNP)? 4-NO PPP DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA (UFRN-2007, UERN-2008 E UNP-2009), A FORMAÇÃO PROFISSIONAL ESTÁ VINCULADA AS NECESSIDADES DE SAUDE DAS PESSOAS E/OU POPULAÇÕES DA TERCEIRA IDADE ? 5-COMO ISSO TEM OCORRIDO NAS ATIVIDADES DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO? 6-EXISTIRAM OBSTÁCULOS PARA A OPERACIONAR O PPP DA UFRN-2007, UERN2008 E UNP-2009? QUAIS FORAM? QUAIS AS ESTRATÉGIAS USADAS PARA SUPERAR ESSES OBSTÁCULOS? 74 ANEXOS 75