CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO GIZELLE JACINTA SANTOS NOVAS ARQUITETURAS ORGANIZACIONAIS NO SERVIÇO PÚBLICO: OS DESAFIOS PERCEBIDOS PELOS SERVIDORES DO INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS BELO HORIZONTE 2013 GIZELLE JACINTA SANTOS NOVAS ARQUITETURAS ORGANIZACIONAIS NO SERVIÇO PÚBLICO: OS DESAFIOS PERCEBIDOS PELOS SERVIDORES DO INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA como requisito parcial para a obtenção do título do Mestre. Área de concentração: Inovação Dinâmica Organizacional. e Linha de pesquisa: Dinâmica Organizacional, Inovação e Sociedade. Orientadora: Prof.ª. Dr.ª Iris Barbosa Goulart. BELO HORIZONTE 2013 S237n Santos, Gizelle Jacinta Novas arquiteturas organizacionais no serviço público: os desafios percebidos pelos servidores do Instituto Federal de Minas Gerais/ Gizelle Jacinta Santos. – 2013. 73f.: il. Orientador: Profa. Dra. Iris Barbosa Goulart Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2011. Programa de Mestrado Profissional em Administração. Bibliografia f. 63-69. Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus João Pinheiro Dedico este trabalho a todos aqueles que me ajudaram e incentivaram nessa caminhada, que hoje chega ao fim com muita glória. Aos mestres pela paciência, à família pelo amor incondicional e aos amigos pela compreensão e ajuda. AGRADECIMENTO Agradeço a Deus em primeiro lugar, pois sem Ele não conseguiria chegar até aqui. A meus Pais Vicente e Célia que incondicionalmente estão do lado nos momentos mais importantes e difíceis da minha vida, a todos os meus familiares e amigos que ofereceram sua compreensão, carinho e paciência, pois para estudar nada é fácil e muitas vezes temos que abrir mão da companhia para estudar. Ao Centro Universitário UNA que proporcionou o Curso de Mestrado. Em especial a Prof.ª Iris que me auxiliou neste projeto com muita paciência e sabedoria. A todos que participaram direta ou indiretamente para a conclusão deste Trabalho. "A pesquisa sem direção, sem nítido elemento conceitual que possa digerir e organizar a informação pode criar pseudoculturas, idiot-savants. [...] Se essa informação é em quantidade enorme e muito rápida, não é demais imaginar que surjam patologias ansiosas, além da ignorância travestida de modernidade, pela exposição a contextos diversos e pouco sintetizáveis". (Henrique Schützer Del Nero) RESUMO Este artigo aborda as consequências de um novo modelo de arquitetura organizacional na Administração pública, advindo da criação dos Institutos de Educação Tecnológica, a partir da Lei nº 11.892, sancionada em 29 de dezembro de 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A formação técnica no Brasil teve início no período imperial e sofreu diversas alterações ao longo do século XX, especialmente a partir da década de 1960, quando a educação tecnológica tornou-se uma preocupação aliada ao desenvolvimento industrial. Faz-se uma referência às novas arquiteturas organizacionais na atualidade e de modo especial no Brasil, e comenta-se como essas mudanças organizacionais no serviço público afetam os trabalhadores. A pesquisa realizada teve como objetivo analisar os desafios percebidos pelos servidores do IFMG no processo de implantação desta nova arquitetura organizacional. Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, que se iniciou com um grupo focal através do qual foram ouvidos pró-reitores do IFMG sobre os principais desafios identificados por eles na implantação do novo modelo de organização. Com base nas respostas, foi construído um questionário, com 31 questões, das quais 2 eram questões abertas, que foram enviados todos os servidores do IFMG. Os 290 questionários devolvidos no prazo estipulado pela pesquisadora vieram de 141 docentes e 149 técnicos administrativos e foram submetidos a tratamento predominantemente quantitativo. Os resultados obtidos apontam que os desafios mais enfatizados foram a resistência de servidores à mudança organizacional, centralização de decisões na reitoria, despreparo de gestores, falta de informação sobre mudanças, dificuldades de adaptação às mudanças. Houve diferença entre os resultados das respostas emitidas pelos docentes e pelos técnico-administrativos com respeito ao ambiente físico de trabalho para a realização das tarefas, a jornada de trabalho diária do IFMG, modelo atual de gestão adotado no IFMG e o conhecimento sobre Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG. Esta pesquisa, que constitui um estudo de caso, sofre limitações de generalização e por este motivo sugerese que seja repetida em outros estabelecimentos. Palavras-chave: Arquiteturas organizacionais. Mudança organizacional no serviço público. Fator humano e adaptação a mudanças. ABSTRACT This article discusses the consequences of a new model of organizational architecture in public administration, arising from the creation of the Institutes of Technology Education from the Law nº. 11.892, enacted on December 29, 2008 by President Luiz Inácio Lula da Silva. Technical training in Brazil began in the imperial period and altered throughout the twentieth century, especially since the 1960s, when the technology education became a concern coupled with industrial development. It is a reference to the new organizational architectures today and especially in Brazil, and comments as these organizational changes affecting public service workers. The research aimed to analyze the challenges perceived by servers IFMG in the process of implementation of this new organizational architecture. This is a qualitative and quantitative, which began with a focus group through which were heard Deans of IFMG on the main challenges identified by them in the implementation of the new organizational model. Based on the responses, we constructed a questionnaire with 31 questions, of which 2 were open questions that were sent all servers IFMG. The 290 questionnaires returned within stipulated by the researcher came from 141 teachers and 149 administrative staff and were treated predominantly quantitative. The results indicate that the challenges were more emphasized resistance to organizational change servers, centralizing decisions in the rectory, unprepared managers, lack of information about changes, difficulty adapting to changes. Was no difference between the results of the answers given by the teachers and the technical and administrative with respect to the physical working environment for the execution of tasks , working hours daily IFMG , current management model adopted in IFMG and knowledge of the Institutional Development Plan (PDI) of IFMG . This research, which is a case study has limitations generalization and for this reason it is suggested that it is repeated in other establishments. Key-words: organizational architectures. Organizational change in the public service. Human factors and adaptation to change. LISTA DE SIGLAS CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica FEA - Faculdade de Estudos Administrativos FIERGS - Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul IES – Instituição de Ensino Superior IFET - Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia IFMG - Instituto Federal de Minas Gerais MEC - Ministério da Educação PAC - Plano de Aceleração do Crescimento PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional PROEP - Programa de Expansão da Educação Profissional SERPRO - Serviço Federal de Processamento de Dados SPSS - Statistical Package for the Social Sciences UNEDS - Unidades Descentralizadas de Ensino USP - Universidade de São Paulo LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa Conceitual das Reformas Paradigmáticas ............................................ 24 Figura 2 - Mapa Conceitual das Reformas Não-Paradigmáticas .................................... 25 Figura 3 - Mapa Conceitual das Reformas do Governo Lula ......................................... 26 Figura 4 - Modelo de Resistência Individual à Mudança ............................................... 31 LISTA DE QUADROS Quadro 1- Conceitos Consolidados de Mudança Organizacional .................................. 15 Quadro 2 - Resistência a Mudança Organizacional........................................................ 29 Quadro 3- Diferença na Estrutura Organizacional do CEFET para o IFET ................... 45 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição da amostra em função do campus e cargo ................................ 49 Tabela 2 - Distribuição percentual das questões referentes ao conhecimento da Lei e procedimentos de criação do IFMG ........................................................................ 49 Tabela 3– Distribuição percentual dos sentimentos no momento de transformação do IFMG ....................................................................................................................... 50 Tabela 4–Distribuição percentual das mudanças administrativas com a criação do IFMG ................................................................................................................................. 50 Tabela 5 - Distribuição percentual em relação a divulgação das mudanças em virtude da transformação em IFMG ......................................................................................... 50 Tabela 6 - Distribuição percentual de respostas quanto a existência dos postos de trabalho antes da criação do IFMG ......................................................................... 51 Tabela 7 - Distribuição percentual de respostas quanto à forma .................................... 52 Tabela 8 - Distribuição percentual da percepção dos servidores em relação à estrutura organizacional ......................................................................................................... 52 Tabela 9 - Distribuição percentual da percepção dos servidores em relação às tarefas realizadas na estrutura organizacional.................................................................... 53 Tabela 10 - Distribuição percentual de questões referentes ao fator humana diante das mudanças e da cultura organizacional ..................................................................... 54 Tabela 11 - Distribuição percentual das respostas em relação a percepção da capacidade de adaptação a mudanças ........................................................................................ 54 Tabela 12 - Distribuição percentual em relação ao conhecimento do PDI em vigor no IFMG ....................................................................................................................... 55 Tabela 13 - Distribuição percentual da Avaliação do PDI do IFMG ............................. 55 Tabela 14-Distribuição percentual sobre a avaliação da execução das metas propostas pelo PDI do IFMG................................................................................................... 55 Tabela 15 - Distribuição Percentual da consideração do modelo de gestão que está em vigor no IFMG ........................................................................................................ 55 Tabela 16 - Resultado do teste de diferenças das percepções entre docentes e técnicos administrativos em relação as questões aplicadas ................................................... 57 Tabela 17 - Distribuição percentual das questões que apresentaram diferenças significativas entre os cargos................................................................................... 58 Tabela 18 - Síntese da questão 30 .................................................................................. 59 Tabela 19 - Síntese da questão 31 .................................................................................. 59 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 1.1. Objetivos ............................................................................................................ 5 1.1.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 5 1.1.2. Objetivos Específicos ......................................................................................... 5 2. 1.2. Justificativa ........................................................................................................ 6 1.3. Estrutura do Texto ............................................................................................. 8 NOVAS ARQUITETURAS E MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES ................. 10 2.1. Arquiteturas Organizacionais .......................................................................... 10 2.1.1. Estrutura Organizacional .................................................................................. 11 2.2. Mudanças Organizacionais .............................................................................. 14 2.2.1. Fatores relacionados à mudança organizacional .............................................. 16 2.2.1.1. A influência da cultura organizacional no processo de mudança ..... 17 2.2.1.2. A influência dos métodos de trabalho no processo de mudança ....... 19 2.2.1.3. A influência da tecnologia na mudança organizacional .................... 20 2.2.1.4. O gestor e sua influência na mudança organizacional ...................... 20 2.2.1.5. Mudança organizacional e a influência das mudanças estruturais .... 21 2.3. Mudanças Organizacionais do Setor Público .................................................. 22 2.4. Fator Humano e Adaptação às Mudanças ........................................................ 27 2.4.1. A Resistência às mudanças organizacionais .................................................... 28 2.4.2. As causas da resistência à mudança organizacional ......................................... 29 3. PROCEDIMENOS METODOLÓGICOS .............................................................. 32 3.1. Caracterização da pesquisa .............................................................................. 32 3.2. Planejamento da Pesquisa ................................................................................ 33 3.2.1. Definição das variáveis fundamentais .............................................................. 34 3.2.2 Elaboração do instrumento de coleta de dados ................................................ 35 3.2.3 Definição da amostra de pesquisa e aplicação dos questionários .................... 36 4. CONTEXTO DA PESQUISA ................................................................................ 39 4.1. Instituto Federal de Minas Gerais .................................................................... 39 4.2. A História Educação Profissional e Tecnológica no Brasil ............................. 41 4.3. Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e a mudança organizacional. ............................................................................................................ 44 4.4. O Plano de Desenvolvimento Institucional ...................................................... 46 5 6 . ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS ....................................... 48 5.1 Análise de Resultados ...................................................................................... 48 5.2 Interpretação de Resultados ............................................................................. 57 . CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 60 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 63 APÊNDICES .................................................................................................................. 70 APÊNDICE A – Questionário de pesquisa aplicado aos servidores do IFMG .......... 70 1 1. INTRODUÇÃO A criação dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia – IFET - foi tema de muitos debates no setor de educação por todo o território nacional. Para tal criação foi necessário que as políticas estivessem voltadas à Educação Profissional e Tecnológica, objeto de ações políticas que se iniciaram ainda no Brasil colônia. O surgimento dos Institutos Federais de Educação Tecnológica estabelece vínculo com a valorização da educação e das instituições públicas, aspectos centrais nas atuais políticas, que tinham como objetivo fundamental a construção de uma nação soberana e democrática, o que pressupõe o combate às desigualdades arquiteturais de toda ordem; daí a imprescindibilidade do fortalecimento das ações e das instituições públicas. O Decreto 6.095/2007 primeiro instrumento legal para a criação dos Institutos Federais definia que “O Ministério da Educação estimulará o processo de reorganização das instituições federais de educação profissional e tecnológica, a fim de que atuem de forma integrada regionalmente”. E que esta reorganização seria pelo modelo de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (BRASIL, 2007). Em 2008, foi dado inicio à reestruturação da rede federal de educação profissional, com a aprovação pelo Congresso Nacional da Lei nº 11.892/2008 que institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. A nova lei transformou as antigas autarquias de ensino tecnológico e profissional em Institutos Federais, trazendo uma nova institucionalidade para a educação tecnológica e profissional no Brasil. Antes, cada instituição possuía uma lei própria de criação e isso dificultava a articulação e o trabalho em rede. Para constituir os Institutos Federais foi feita a fusão das seguintes autarquias: 31 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets); 75 Unidades Descentralizadas de Ensino (UNEDs); 39 Escolas Agrotécnicas Federais; 7 Escolas Técnicas Federais e 8 Escolas Técnicas Vinculadas a Universidades 2 A Lei nº 11.892/2008 originou a fusão autarquias que deu origem aos 38 Institutos Federais. O Instituto Federal de Minas Gerais -IFMG - tem sua origem na fusão da Escola Agrotécnica Federal de São João Evangelista, dos Cefets de Ouro Preto e Bambuí e das UNEDs de Formiga e Congonhas. Além do IFMG, outros quatro Institutos Federais e um Cefet compõem a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica no estado de Minas Gerais. No final do ano de 2012 o IFMG era composto por doze campi: Bambuí, Betim, Congonhas, Formiga, Governador Valadares, Ibirité (em implantação), Ouro Branco, Ouro Preto, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia (em implantação) e São João Evangelista, além das unidades conveniadas de Pompéu, Piumhi, Oliveira, Bom Despacho, João Monlevade. A instituição também mantém pólos de Ensino a Distância nos municípios de Alfenas, Betim, Cachoeira do Campo e Cataguases, bem como tem parceria para oferta do projeto especial do Proeja FIC nos municípios de Carandaí, Congonhas, Sabará, Iguatama, Perdões, Pompéu e Santa Bárbara. A partir do momento em que se constitui o IFMG, tem-se um cenário de profundas mudanças na gestão e atuação das instituições que o compõem. Entretanto, apesar de um dos momentos estabelecidos no planejamento estratégico ter sido a adequação da arquitetura organizacional à nova estratégia proposta, a direção que assumia naquele momento resolveu manter a arquitetura conforme a Lei nº 11.892/2008 inicialmente aprovada pelo Ministério da Educação (MEC). Ao longo dos anos que se seguiram, pequenas alterações foram realizadas pela direção com o objetivo de tornar a atual arquitetura organizacional mais ágil e flexível. Entretanto, as alterações realizadas podem ter permitido superar pequenas distorções sem, no entanto, atingir os problemas crônicos que se apresentam, como, por exemplo, a demasiada verticalização, a falta de autonomia dos diversos níveis hierárquicos, o isolamento dos Departamentos acadêmicos e o desequilíbrio em função da estratégia traçada. O IFMG ainda tenta se reorganizar como arquitetura multicampi. O novo contexto propõe um desafio especial - o de se constituir uma identidade única da arquitetura multicampi, o que requer uma organização administrativa inovadora, com bases próprias de rede. O IFMG, além da organização arquitetural multicampi e 3 pluricurricular, propõe uma nova institucionalidade e, consequentemente, exige novos procedimentos de gestão. O argumento de que o novo é construído a partir do aperfeiçoamento da cultura existente no ambiente organizacional, cabe aos gestores à busca pela essência das funções institucionais estratégicas e táticas. De acordo com Morin (2000): Toda evolução é fruto do desvio bem-sucedido cujo desenvolvimento transforma o sistema onde nasceu: desorganiza o sistema, reorganizando-o. As grandes transformações são morfogêneses, criadoras de formas novas que podem constituir verdadeiras metamorfoses. De qualquer maneira, não há evolução que não seja desorganizador-reorganizadora em seu processo de transformação ou de metamorfose (MORIN, 2000, p. 82). Dessa forma, percebe-se a necessidade de reformular, a partir da nova legislação, a atual arquitetura organizacional do IFMG em função das novas exigências do ensino profissional brasileiro. Para cumprir o seu papel institucional, o IFMG sugere-se uma arquitetura mais flexível, descentralizada e com forte integração com os seus vários campis. O Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI - é uma exigência legal (lei nº 10.861, de 14/4/2004), sendo este um requisito imprescindível para reconhecimento e avaliação de cursos superiores, de acordo com o decreto nº 5.773, de 2006. Entretanto, faz-se necessário refletir, discutir e elaborar o PDI não como um instrumento burocrático, mas como um instrumento de gestão, na dimensão estratégica, que possibilite o desenvolvimento e a integração do planejamento institucional em todas as suas dimensões. A identidade da instituição no que diz respeito à sua filosofia de trabalho, à missão a que se propõe, às diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, à estrutura organizacional e às atividades acadêmicas que pretende-se desenvolver deve ser expressa no Plano de Desenvolvimento Institucional. O PDI considera a identidade da instituição para o estabelecimento de objetivos, metas e estratégias para suas ações em um horizonte de cinco anos. O PDI 2009-2013 do IFMG procurou fundamentar-se na gestão democrática, na autonomia administrativa, didático-científica e gestão financeira, na defesa do ensino de qualidade, público e gratuito, na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, interligados com seu compromisso social, no desenvolvimento sustentável, na igualdade 4 de condições de acesso e permanência do discente na Instituição e no fortalecimento dos convênios, acordos de mútua cooperação, contratos e diálogos com a sociedade urbana e rural. Ainda não se pode esquecer a valorização do ser humano, do respeito à liberdade intelectual e de opinião na ambiência do trabalho acadêmico, na interdisciplinaridade de ações e na busca dos avanços científicos e tecnológicos, comprometidos institucionalmente com a sociedade e sua qualidade de vida. A transformação organizacional é considerada a tentativa de tornar as organizações estrategicamente saudáveis. Autores como Burgin e Koss (1993) define que a transformação organizacional é como um processo, estrategicamente saudável, que caracteriza as organizações que respondem efetivamente às mudanças, antecipa-se às mudanças de forma a se beneficiar, e que conduzem a mudança em toda a organização em que atuam. A transformação para uma organização estrategicamente saudável tem como produto uma organização de alto desempenho, que tem condições de sobreviver e prosperar no ambiente globalizado. Sendo que as características organizacionais importantes para conduzir a transformação de uma empresa tradicional para uma organização de alto desempenho: visão, valores, estratégias, estrutura organizacional, sistemas e cultura (BURGIN e KOSS, 1993). As muitas pesquisas em torno das políticas educacionais consideram as mudanças introduzidas por determinadas legislações como sendo o “marco zero na história de educação (...) e criando um efeito-limite do tipo antes-e-depois” de acordo com Ball (2006, p.12). Conceitua-se então que a arquitetura organizacional é: A ampla série de decisões que os administradores tomam sobre as organizações. Usamos essa expressão porque o projeto organizacional é visto tipicamente como uma série de decisões, definidas com rigor, relativas à estrutura básica da organização, e acreditamos que a tarefa enfrentada pela administração superior é muito ampla. No decorrer do tempo, os executivos têm de tomar decisões sobre a configuração, a dinâmica e a estética da maneira pela qual os vários elementos de organização se combinam para criar uma empresa produtiva. Essas sérias de decisões constituem o que chamamos de arquitetura organizacional (NADLER, GERSTEIN e SHAW, 1993, p. 2930). A atual arquitetura organizacional do IFMG muitas vezes não permite que se cumpra com eficiência os requisitos de gestão estabelecidos pela a Lei nº 11.892/2008 que criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. O problema que o IFMG 5 enfrenta e que constitui a questão orientadora desta pesquisa consiste no seguinte: Quais os desafios percebidos pelos servidores do Instituto Federal de Minas Gerais? 1.1. Objetivos Para responder o problema em questão, os seguintes objetivos foram traçados: 1.1.1. Objetivo Geral Analisar os desafios percebidos pelos servidores do IFMG no processo de implantação da nova arquitetura organizacional advindo da Lei nº 11.892, sancionada em 29 de dezembro de 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 1.1.2. Objetivos Específicos Caracterizar as bases legais da nova arquitetura organizacional adotada pelo IFMG; Identificar os principais desafios advindos da nova arquitetura organizacional proposta para os servidores do IFMG; Analisar o entendimento dos servidores do IFMG sobre as propostas de gestão colocadas através do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG; 6 1.2. Justificativa O uso do termo “arquitetura” que está relacionado aos estudos das organizações não constitui inovação. Segundo Schweizer (1997) a arquitetura teria um significado originário da concepção de um espaço que se realiza através de uma determinada construção, estética e funcional, delimitando áreas e abrigando funções sociais e/ou necessidades humanas. Guerreiro Ramos (1981) busca uma função que seja substantiva e ao mesmo tempo sustentável para as organizações, no próximo século XXI, as propostas de uma nova arquitetura organizacional serão orientadas conforme as organizações contemplem no processo de produção restrito a um nível qualitativo de suficiência e a um mercado delimitado pela sua essência. O principal fator da nova arquitetura a ser projetado consiste em organizações sejam capazes de concebê-las, subsidiárias e complementa-las às necessidades humanas e não ao contrário, como vem ocorrendo até os nossos dias. Os pressupostos que induzem as organizações a mudança são: agilidade das transformações tecnológicas, intensificação da competição, concorrência com excesso de oferta de produtos, globalização, expectativas dos consumidores/clientes, grande participação do governo, modificações nos padrões de propriedade empresarial e modificações na constituição da força de trabalho (NADLER, GERSTEIN e SHAW, 1993). A arquitetura organizacional demanda conhecimento instrumental e pressupõe a existência da técnica, além de ser uma arte, que também compreende a existência de uma ciência que possibilita criar um "espaço organizacional" que expressa história, conhecimento e experiências humanas. Pode-se dizer que arquitetura organizacional são técnicas que estabelecem bases para a construção operacional das organizações e propõe modificações que esta vier a demandar ao longo do tempo (SCHWEIZER, 1997). Não se pode afirmar que exista um modelo único que sirva de pré-condição para a eficácia da mudança. O êxito depende menos da coerência de um modelo e mais da simultaneidade de perspectivas. Portanto, ser eficaz não é escravizar-se a um modelo, e sim construir na crítica e na experiência das variações. O processo de mudança que as organizações necessitam é marcado por oscilação, mesmo que desenvolvido sob uma 7 ótica de modelo se estratégias bem formulados e, ou que tenham sido amplamente experimentados. Motta afirma que: Estudar a mudança não é só procurar unidade e coerência entre modelos, mas enriquecer-se no conhecimento de suas variedades, superposições e complementações. Todos os modelos são parciais mesmo quando se apresentam como genericamente válidos; todos são necessários mesmo quando se proclamam suficientes (MOTTA, 1998, p. 16). Araújo (2000), afirma que mudança organizacional é uma alteração significativa para as organizações, portanto articulada, planejada e operacionalizada por pessoal interno ou externo, com apoio e supervisão da administração superior. A mudança organizacional deve atingir os componentes comportamental, estrutural, tecnológico (equipamentos), estratégico e tecnológico (conhecimento). A mudança seja ela qual for pode provocar resistência, os indivíduos sentem medo do desconhecido e do novo. As necessidades mais fortes dos indivíduos são as necessidades de segurança e estabilidade, autoestima, desta forma os seres humanos sofrem um processo de reação quando são confrontadas com a mudança organizacional e principalmente quando esta percepção da mudança vem acompanhada de sentimentos que ameaçam as situações onde existe certa segurança, pois gera uma percepção de ameaça ao “status quo”, provocando um desequilíbrio interno deflagrando certas reações imediatas e provocando sentimentos mais ou menos fortes (BORTOLOTTI, SOUSA JÚNIOR e ANDRADE, 2011). Segundo Otranto (2010) os Institutos Federais são um novo modelo institucional, sendo considerada a expressão maior da atual política pública de educação profissional brasileira, pois vem gerando mudanças altamente significativas na vida e na história das instituições de ensino que aderiram à proposta governamental instituída pela lei nº 11.892/2008, por esse motivo essas mudanças precisam ser acompanhadas bem de perto. Com a nova situação proposta pela Lei nº 11.892/2008e para estudos posteriores registrar e acompanhar a expansão, investigar se as promessas estão sendo cumpridas, para que se possa avaliar se, realmente, a atual política tem condições de contribuir para a expansão, com qualidade socialmente referenciada, da educação profissional brasileira, deixando claro que o nosso objetivo é a percepção dos servidores do IFMG em relação as mudanças que vem ocorrendo na Instituição. 8 A ideia que se defende neste trabalho é caracterizar as bases legais da nova arquitetura organizacional com base nos pressupostos básicos estabelecidos a partir dos requisitos de gestão definidos pela reforma do ensino profissional brasileiro. A lei nº 10.861/2004propõe a construção deum Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) visando metas e objetivos para cumprir o papel que lhe é reservado dentro do novo modelo organizacional. Assim sendo, a questão básica a ser discutida, conforme nos ensina Lakatos e Marconi (2010, p. 138), é a arquitetura organizacional a ser construída. A variável dependente é o papel que cumpre o IFMG na educação profissional brasileira a partir dos pressupostos básicos estabelecidos nos requisitos de gestão definidos pela a Lei nº 11.892 que criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Para a instituição estudada, o presente trabalho pode constituir uma oportunidade de reflexão sobre o modelo de gestão ora adotado, apontando sugestões para corrigi-lo ou aperfeiçoá-lo. Para a academia, a pesquisa constitui um estudo sobre a nova arquitetura organizacional no setor público, que se apresenta como inovador e produtivo. Como se trata de um tema novo, já que os IFETs foram criados em 2008, não se dispõe ainda de estudos voltados para o objetivo proposto nesta dissertação. 1.3. Estrutura do Texto Esta dissertação é composta das seguintes partes: Introdução, que apresenta o tema, aborda-se a relevância do mesmo, identifica-se a questão orientadora da pesquisa, justifica-se a escolha do tema e definem-se os objetivos. No capítulo II, apresenta-se uma análise histórico-lógica sobre como surgiram às novas arquiteturas organizacionais na atualidade e de modo especial no Brasil, como essas mudanças organizacionais podem ocorrem no serviço publico e como é a adaptação a mudanças do fator humano dentro dessas instituições. 9 No capítulo III, apresenta-se a metodologia utilizada, realçando o tipo de pesquisa, a amostra estudada, os instrumentos de coleta adotados, o delineamento e tratamento estatístico dos resultados. O capítulo IV é apresentação do objeto deste estudo e constitui, portanto, uma análise do contexto da pesquisa. O capítulo V apresenta os resultados encontrados pela pesquisa realizada. A análise dos dados coletados demonstra quais foram os problemas identificados pelos servidores do IFMG no processo de implantação do modelo de gestão advindo da nova arquitetura organizacional imposto pela Lei nº 11.892/2008 e contextualizado pelo PDI, as condições para implementação e os resultados da adaptação às mudanças pelo fator humano. Finalizando, no capitulo VI, são apresentadas as considerações finais: o posicionamento e as sugestões da autora ressaltando a importância do trabalho para a instituição pesquisa, as demais instituições e a academia. 10 2. NOVAS ARQUITETURAS E MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES Este capítulo reúne os principais autores, conceitos e modelos das novas arquiteturas organizacionais surgidas na atualidade e de modo especial no Brasil, como essas mudanças organizacionais podem ocorrem no serviço publico e como é a adaptação a mudanças do fator humano dentro dessas instituições, observando os aspectos mais relevantes para a construção desta dissertação. 2.1. Arquiteturas Organizacionais A arquitetura organizacional é um dos maiores desafios que uma instituição tem para sobreviver no mundo globalizado e competitivo, e é preciso que se molde e se adapte conforme o seu ambiente de atuação. Observando os cenários contemporâneos do mundo do trabalho, pode-se dizer que o mais importante e influente neste ambiente é a estrutura na qual a organização está delineada para materializar os seus objetivos. Para Fernandino e Oliveira (2010): O termo estrutura organizacional é usualmente referido como equivalente à arquitetura organizacional. Embora seja muito importante para o desenho da organização, porque reflete a alocação interna de poder status, a estrutura não constitui sua face mais considerável. Também as dimensões processos, pessoas e recompensas têm-se tornado tão relevantes quanto ela, porque influenciam o desempenho e a cultura da organização (FERNANDINO E OLIVEIRA, 2010, p. 1081). Nadler, Gerstein e Shaw (1993), que são os idealizadores desta terminologia, definem arquitetura organizacional como um conjunto amplo de características organizacionais a ser considerado pelos gestores e executivos da alta administração. A ideia central sobre o que venha a ser a arquitetura organizacional baseia-se na reflexão sobre o processo de sua construção. O conceito administrativo para Arquitetura organizacional é a forma de articulação ou o modus operandi dos vários sistemas, estruturas, processos e estratégias que constituem uma instituição. A arquitetura inclui estrutura formal, projeto de práticas de trabalho, natureza da organização informal - cultura organizacional - estilos de operação e processos de seleção, socialização e desenvolvimento de pessoas (NADLER, 1993). A Arquitetura Organizacional busca o aperfeiçoamento do formato otimizando fatores considerados cruciais, como o próprio trabalho desenvolvido, o pessoal que o executa e as normas e padrões que o regem. Segundo o autor Araújo (2011) arquitetura 11 organizacional é a abordagem que prima pela adequação entre as várias vertentes organizacionais que influenciam no seu desempenho, esperando com isso construir uma organização mais forte; e constitui também uma arte, onde se busca a modelagem do espaço da organização a fim de satisfazer necessidades e aspirações humanas. Para Nadler, Gerstein e Shaw (1993), a: Arquitetura organizacional é a ampla série de decisões que os administradores tomam sobre as organizações. Usamos essa expressão porque o projeto organizacional é visto tipicamente como uma série de decisões, definidas com rigor, relativas à estrutura básica da organização, e acreditamos que a tarefa enfrentada pela administração superior é muito ampla. No decorrer do tempo, os executivos têm de tomar decisões sobre a configuração, a dinâmica e a estética da maneira pela qual os vários elementos de organização se combinam para criar uma empresa produtiva. Essas sérias de decisões constituem o que chamamos de arquitetura organizacional (NADLER, GERSTEIN E SHAW, 1993, p. 29-30). A arquitetura de uma organização consiste, pois, “para representar seu completo ciclo de vida. Simultaneamente, tal modelo pode auxiliar no processo de planejamento e análise da organização. Sem a arquitetura organizacional, gestores de uma organização andam às cegas no tocante às decisões de caráter fundamental”. (PERA, 2000 apud ARAÚJO, 2011, p. 180). 2.1.1. Estrutura Organizacional Para conceituar estrutura organizacional, pode-se citar Stoner e Freeman (1992, p. 230) conceituam estrutura organizacional como a "forma pela qual as atividades de uma organização são divididas, organizadas e coordenadas". Mintzberg (1995, p.10) afirma que "a estrutura de uma organização pode ser simplesmente definida como a soma total das maneiras pelas quais o trabalho é dividido em tarefas distintas e como é feita a coordenação entre essas tarefas". Hatch (1997) que apresenta uma definição bastante genérica cita-se: “estrutura é o relacionamento entre as partes de um todo organizado”. Wagner III e Hollenbeck (2000, p.327) que incorporam os indivíduos às definições de estrutura organizacional, afirmam que é "uma rede relativamente estável de interdependências entre as pessoas e as tarefas que compõem a organização". A estrutura de uma organização é formada em decorrência de diferentes combinações dos mecanismos de padronização, coordenação, formalização, especialização, departamentalização e centralização. A burocracia de uma organização é o conjunto de fatores citados e o grau que são empregados dita o tipo de estrutura que irá prevalecer. 12 Dessa forma, Wagner III e Hollenbeck (2000) classificam as diferentes estruturas organizacionais em três grupos: as estruturas pré-burocráticas, as estrutura burocráticas e as estruturas pós-burocráticas. As estruturas pré-burocráticas têm características marcantes da burocracia, como: padronização, formalização e acentuada especialização. Já as estruturas burocráticas têm características funcionais, divisionais e matriciais. As estruturas pós-burocráticas buscam novos arranjos e alternativas de alterar sua estrutura para obter maior agilidade. Fazendo a analise de outras tipologias de estruturas organizacionais, pode-se enquadrar na categoria de estruturas pré-burocráticas a estrutura simples de Mintzberg (1995) e Hatch (1997). Outros autores indicam como estruturas pós-burocráticas as estruturas de negócios ou multiunitárias, as estruturas virtuais ou em rede e a adhocracia. Conforme Mintzberg (1995) as estruturas burocráticas são: a burocracia mecanizada, que apresenta alta especialização e a pratica constante de tarefas, se torna o resultado diferenciação horizontal, a burocracia profissional se distingue da burocracia mecanizada apenas quanto ao tipo de padronização, pois os métodos de padronização do processo de trabalho perdem espaço para os métodos de padronização de habilidades e divisionalizada, o comum em organizações muito grandes são os métodos de padronização ocorrem através de resultados. Para analisar uma estrutura organizacional é preciso conhecer os elementos que a compõem. Conforme teóricos como Hall (1984), Bowditch e Buono (1992), Stoner e Freeman (1992), Mintzberg (1995), Hatch (1997) e Wagner III e Hollenbeck (2000), pode-se encontrar nas organizações um nível de associação maior ou menor com os seguintes tipos de estrutura organizacional: centralização, formalização, complexidade, coordenação, divisão do trabalho e departamentalização. Hall (1984) define que centralização está ligada à distribuição de poder nas organizações. Bowditch e Buono (1992) citam que a centralização refere-se à localização da autoridade para tomar decisões na organização. Hatch (1997), observando os elementos componentes de uma estrutura organizacional, afirma que a centralização está ligada diretamente ao nível da organização onde as decisões são tomadas. Wagner III e Hollenbeck (2000, p. 316) conceituam a centralização como "a concentração de autoridade e decisão na cúpula de uma empresa". 13 O agrupamento das pessoas se efetiva de acordo com a similaridade da função exercida ou conforme o fluxo de trabalho de acordo. Estruturas funcionais são centralizadas e organizadas de acordo com a departamentalização funcional, ou seja, o agrupamento das pessoas é de acordo com a função executada. Estruturas divisionais são em parte descentralizadas e a sua departamentalização é divisional, os grupos de pessoas são formados conforme a similaridade de produto, localização geográfica ou clientes, de acordo como critério estabelecido pela organização (HALL, 1984). A afirmação de Mintzberg (1995, p. 11) é que "a estrutura envolve duas exigências fundamentais: a divisão do trabalho em diferentes tarefas e a consecução da coordenação entre tais tarefas". Segundo o autor, essa coordenação entre tarefas ocorre por meio de três mecanismos básicos: o ajuste mútuo (conseguido através do processo simples da comunicação informal); a supervisão direta (uma pessoa assume a responsabilidade pelo trabalho dos outros) e a padronização (fixada conforme a especificação das habilidades, do processo de trabalho e das saídas) e alcançada através de mecanismos como a formalização, a profissionalização, o treinamento e a socialização. Segundo Hatch (1997), a diferenciação horizontal é medida através do número dos diferentes departamentos dentro da organização e a diferenciação vertical é medida pelo número de níveis existentes entre a posição mais alta e a mais baixa na hierarquia da organização. Para Wagner III e Hollenbeck (2000, p.311) a especialização ou divisão do trabalho é “o modo pelo qual o trabalho de uma organização é dividido em tarefas individualizadas”, sendo resultado natural da padronização e pode ser tanto horizontal quanto vertical. A diferenciação da organização horizontal e verticalmente a torna mais complexa. As estruturas matriciais, por sua vez, somam características das estruturas funcional e divisional, onde em um mesmo nível hierárquico estão chefes de divisão e chefes de função; para tanto, os funcionários estão subordinados a dois chefes, devendo reportarse a cada um conforme o objetivo da questão (WAGNER III e HOLLENBECK, 2000). 14 2.2. Mudanças Organizacionais A mudança organizacional cada vez mais se torna uma realidade do mundo atual. As organizações provavelmente terão de enfrentar ainda mais mudanças no futuro; o ritmo acelerado faz com que as organizações coloquem em prática novos procedimentos ou tecnologias projetadas para se realinhar. Sales e Silva (2007)dizem que é fato irrefutável que muitas transformações afetam profundamente a sociedade, e contribui de maneira significativa na evolução mundial. Nos dias de hoje, diversas organizações estão entrando no processo de mudança organizacional, mudanças essa que são inevitáveis no dia a dia das organizações podendo ser em qualquer aspecto, não se restringindo somente ao contexto organizacional. Para Senge (1990): Talvez pela primeira vez na história, a humanidade tenha a capacidade de criar muito mais informação do que o homem pode absorver, de gerar muito mais interdependência do que o homem pode administrar e de acelerar as mudanças com muito mais rapidez do que o homem pode acompanhar. (SENGE, 1990, p. 76). Com as mudanças cada vez mais rápidas as organizações para sobreviver precisam romper barreiras buscando garantias de permanência no mundo dos negócios, onde o mercado se torna mais e mais competitivo. “A forma pela qual as organizações são conduzidas será responsável pelos seus resultados” (FREITAS et al., 1997). Segundo Morgan (1996, p. 53) as “organizações são sistemas abertos que necessitam de cuidadosa administração para satisfazer e equilibrar necessidades internas, assim como adaptar-se a circunstâncias ambientais”. As organizações à medida que fortalecem suas identidades, e iniciam processos de transformações mais amplos podem estabelecer as bases para a própria destruição, ou então criar as condições que permitirão sua evolução simultaneamente ao ambiente. Silva e Vergara (2002) afirma que a mudança organizacional é um dos temas que mais têm despertado interesse nos estudos organizacionais nas últimas décadas e como consequência, a geração de estudos para solucionar problemas no momento de mudanças, tanto para as organizações como para os indivíduos. 15 O quadro 01 foi apresentado por Capelli (2009) na dissertação Mudança Organizacional e Fatores Críticos de Sucesso: Estudo de Caso no Sistema FIERGS, o autor reúne os conceitos apresentados por diversos teóricos sobre mudança organizacional. Conceitos consolidados Autor Qualquer modificação nos componentes organizacionais significativas (pessoas, estrutura, produtos, processos e cultura) - sejam estas planejadas ou não, formais ou informais - que atinjam a maioria dos membros da organização e tenha objetivo de Bressan (2004) melhoria de desempenho organizacional, em resposta às demandas internas ou externas. Toda alteração ocorrida na organização, planejada ou não, decorrente de fatores Bruno-Faria internos ou externos à mesma, que trazem impactos nos resultados ou nas relações (2003) entre as pessoas no trabalho. Qualquer informação de natureza estrutural, estratégica, cultural, tecnológica, humana ou de outro componente, capaz de gerar impacto em parte ou conjunto da Wood Jr. (2009) organização. Atividades intencionais proativas e direcionadas para obtenção das metas Robbins (1999) organizacionais estabelecidas. Resposta da organização às transformações que vigoram no ambiente, mantendo a Nadler et al. congruência entre os componentes organizacionais. (1995) Acontecimento temporal estritamente relacionado a uma lógica ou ponto de vista Ford e Ford individual, que possibilita pessoas pensar e falar sobre a mudança que percebem. (1995) Sequência de eventos que se desabrocham durante a existência da entidade Van de Vem e organizacional e que relatam um tipo específico de mudança. Poole (1995) Conjunto de teorias, valores, estratégias e técnicas cientificamente embasadas, que objetivam a mudança planejada do ambiente de trabalho, para elevar o desenvolvimento individual e o desempenho organizacional. Porras e Robertson (1992) Alteração significativa, articulada, planejada e operacionalizada - por pessoal interno ou externo à organização - que tenha o apoio e supervisão da administração Araújo (1982) superior e atinja integradamente os componentes: comportamental, estrutural, tecnológico e estratégico. O desempenho de uma empresa depende de como a mesma adapta-se em função do ambiente na qual atua, moldando-se em função do tipo de negócio, mercado Mandelli (2003) inserido, produtos produzidos ou estilo de gestão instalado. Qualquer alteração, planejada ou não, nos componentes organizacionais: pessoas, trabalho, estrutura formal, cultura, ou relações entre organização e seu ambiente que gerem consequências relevantes de natureza positiva ou negativa, para a eficiência, eficácia e sustentabilidade organizacional. Quadro 1- Conceitos Consolidados de Mudança Organizacional Fonte: Adaptado de CAPELLI (2009, p. 22). Lima (2003) 16 Após analisar os conceitos de Mudança Organizacional apresentados no quadro 01, a autora deste trabalho considera que aquele que tem uma maior abrangência e concisão para esta dissertação é o proposto por Bressan (2004, p. 12), segundo o qual a mudança organizacional é qualquer modificação nos componentes organizacionais significativos (pessoas, estrutura, produtos, processos e cultura) - sejam estas planejadas ou não, formais ou informais - que atinjam a maioria dos membros da organização e tenha objetivo de melhoria de desempenho organizacional, em resposta às demandas internas ou externas. 2.2.1. Fatores relacionados à mudança organizacional As organizações vivem constantemente o desafio de mudar. Fatores como globalização, competitividade, desenvolvimento sustentável, novas tecnologias, surgimento de novas potências mundiais, entre outros, estão fazendo com que as organizações promovam mudanças organizacionais para se adequarem aos novos contextos e padrões, a fim de não se tornarem obsoletas. Segundo Schein (1992), o planejamento de mudanças deve ser mediado pela cultura organizacional, ou seja, quanto mais importante à ação de mudança for para a estratégia, maior deve ser sua compatibilidade com a cultura organizacional. Visando ter eficácia no processo de mudança é preciso considerar o ambiente e a cultura de cada organização, os indivíduos, seus fatores comportamentais e emocionais que são de grande importância no processo. De acordo com Gonçalves (1998): As empresas têm pelo menos três motivos para se adaptarem: tirar o atraso das décadas que passam sem realizar maiores ajustes, adequar-se às novas exigências que obrigam as empresas a aprender a modificar-se continuamente, e simplesmente corrigir o que se provou não estar correto no desenho das empresas convencionais (GONÇALVES, 1998, p. 7). Robbins (1999) afirma que existem seis aspectos específicos que podem provocar mudanças organizacionais: a natureza da força do trabalho, a tecnologia, os choques econômicos, a concorrência, as tendências sociais e a política mundial. Os aspectos citados pelo autor podem ser notados, no ambiente externo ou interno em que as organizações estão inseridas fazendo com que em alguns momentos a pressão exercida por eles provoque mudanças. 17 O grande desafio consiste em mudar as pessoas e a cultura organizacional, renovando os valores organizacionais e vislumbrando vantagem competitiva no mercado em que atua (PADOVEZE e BENEDICTO, 2005). Segundo Wood Jr. (2009), quanto à natureza a mudança estará correlacionada com as características estruturais como: organograma, funções, tarefas; estratégicas; tecnológicas (processos e métodos de produção) ou comportamentais (relações interpessoais). As mudanças ocorrerão como resposta a alguma mudança ocorrida no ambiente de inserção ou por identificação de alguma necessidade de alteração organizacional fundamental para atingir os objetivos. Rabelo (2010) observa que as mudanças provocam alterações em vários aspectos de uma organização como: cultura, métodos de trabalho, tecnologias, a forma de interação entre pessoas, nos processos sobre os quais passarão a atuar. O desafio mais importante e crítico no processo de mudança é fazer com que as pessoas se comprometam visando atingir resultados e que consigam se sentir agentes importantes no processo. Muniz e Tadeucci (2010) afirmam que várias mudanças das últimas décadas deixaram profundas marcas, e criaram um novo modelo de gestão nas organizações se um novo posicionamento de seus gestores. Com as fusões, reestruturações, expansão de negócios, descentralização de unidades, desinvestimentos, mudanças econômicas e políticas, ampliação dos sistemas de tecnologia da informação e criação de uma consciência ecológica, vários papéis dentro das organizações últimas duas décadas mudaram consideravelmente. Logo, infere-se que a mudança organizacional requer uma ação sobre o funcionamento da organização, mas também afeta as pessoas e seus comportamentos. 2.2.1.1. A influência da cultura organizacional no processo de mudança Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, cultura é o "ato, efeito ou modo de cultivar" e, ainda, "o complexo dos padrões de comportamento das crenças, das instituições, das manifestações culturais, intelectuais etc., transmitidos coletivamente, e típicos de uma sociedade" (BUENO, 1975). Segundo Thompson (1995) a cultura é: 18 Uma “hierarquia estratificada de estruturas significativas”; consiste de ações, símbolos, sinais, de “trejeitos, lampejos, falsos lampejos, paródias”, assim como manifestações verbais, conversações e solilóquios. Ao analisar acultura, entramos em emaranhadas camadas de significados, descrevendo e reescrevendo ações e expressões que já são significativas para os próprios indivíduos que estão produzindo, percebendo e interpretando essas ações e expressões no curso de sua vida diária. As análises da cultura — isto é, os escritos etnográficos dos antropólogos — são interpretações de interpretações, abordagens de segunda ordem, por assim dizer, sobre um mundo que já é constantemente descrito e interpretado pelos indivíduos que compõe esse mundo. (THOMPSON, 1995, p.175-176) Os teóricos da administração empregaram o termo “Cultura Organizacional” para enfatizar a importância da esfera simbólica na organização. A maior preocupação desses teóricos seria como os valores, as crenças e os símbolos sugestionavam o comportamento das pessoas, bem como o resultado econômico e os processos de mudança organizacional. Pereira (2010) cita alguns autores que conceituam Cultura Organizacional e dentre eles alguns têm merecido destaque. Schein (1992), cujo tema principal do seu trabalho esta voltado para cultura corporativa, apresenta a seguinte definição: Cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos (basicassumptions) que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas (SCHEIN, 1992, p. 12). Fleury (1989) afirma que é possível identificar três tipos de postura com relação à pesquisa dos fenômenos culturais das organizações: a postura Empiricista, ou do fotógrafo social, considera a sociedade como a somatória de indivíduos e a cultura como a somatória de opiniões e comportamentos individuais; a postura do Antropólogo, onde o pesquisador entra na vida organizacional como observador; e a postura do Clínico ou terapeuta, que vê organização como cliente ou objeto de estudo, e buscando insights assistir na resolução apresentadas pelas organizações. Alguns autores brasileiros também têm se dedicado ao estudo da cultura organizacional. Liderando um grupo de pesquisadores da Faculdade de Estudos Administrativos – FEA - da Universidade de São Paulo– USP -, Fleury (1989) apresenta a seguinte definição: Cultura organizacional como um conjunto de valores e pressupostos básicos expresso em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de comunicação, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação (FLEURY, 1989, p. 22). 19 Hofstede (2003), que dedicou várias pesquisas ao estudo das características de diferentes culturas organizacionais, apresenta a seguinte definição: Cultura organizacional pode ser definida como “programação coletiva da mente que distingue os membros de uma organização dos de outra”, que pode ser de certa maneira influenciada por traços da cultura nacional. (HOFSTEDE, 2003, p. 210). Embora seja constituída por uma série de padrões não escritos, a cultura organizacional na esfera pública possui peculiaridades promissoras de análise, devido ao fato de esta ser organizada mediante um conjunto de regras de caráter impessoal – como em toda burocracia – que, de certa forma, delimita formalmente o espaço organizacional. A cultura organizacional burocrática caracteriza-se por ser um tipo de cultura hierarquizada, onde existem linhas claras de responsabilidade e autoridade, sendo que o trabalho é organizado e sistemático (SARAIVA, 2002). Portanto, cada organização forma uma cultura organizacional particular, sustentada, transmitida e transformada por meio da interação social resultado da coletividade e das praticas e atividades sociais. 2.2.1.2. A influência dos métodos de trabalho no processo de mudança O método de trabalho projetado para a mudança organizacional é o grande desafio que as organizações enfrentam, o processo necessita de uma boa estratégia, coordenação e planejamento de mudança. Método conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (LAKATOS e MARCONI, 2010, p. 82). Serra e Torres (2004) afirma que estratégia empresarial é: O conjunto dos meios que uma organização utiliza para alcançar seus objetivos. Tal processo envolve as decisões que definem os produtos e os serviços para determinados clientes e mercados e a posição da empresa em relação aos seus concorrentes. (SERRA e TORRES, 2004, p.05). Os métodos de trabalhos usados no processo de mudança para serem bem sucedido, devem ser compostos por um conjunto de meios que formam a engrenagem da gestão organizacional, os componentes e atitudes a mudança organizacional tem suas características principais em alterar padrões existentes, fazendo com que a organização 20 possa enfrentar o mercado globalizado. Visando minimizar impactos negativos e barreiras que surgem no processo de mudança organizacional. 2.2.1.3. A influência da tecnologia na mudança organizacional Com o advento da tecnologia da informação houve um aumento dos ciclos de mudanças diminuindo seu período de duração (Castro e Cazarini, 2004). No mundo globalizado as novas tecnologias promovem impacto de grandes proporções nas organizações. A rapidez com que as informações estão disponíveis a consulta e para a execução de processos provoca uma competitividade muito grande entre as organizações. A evolução tecnológica ocasiona mudanças significativas, que afeta não somente a estrutura da organização, mas também a sua cultura e estratégia. Motta (1998, p. 94) coloca que a mudança tecnológica envolve: “alteração da tecnologia, especialização de funções e seus processos produtivos, ou seja, rever a forma pela qual se utilizam os recursos materiais e intelectuais”. A tecnologia no processo de mudança organizacional adota novas ferramentas, e provoca interferência na forma como a empresa opera. Para Mintzberg (1995) as novas fontes de vantagem competitiva das organizações estão sendo impulsionadas pela agilidade e convergência da inovação, conhecimento e tecnologia. No entanto a tecnologia da informação representa um papel muito importante em se tratando de mudança organizacional, pois ela produz uma remodelação de processos, com redução de pessoal, agilidade, rapidez e controle da implantação da mudança, o fator tecnologia e a mudança alinhada ao negócio da organização produzem grandes benefícios. 2.2.1.4. O gestor e sua influência na mudança organizacional A mudança organizacional é sempre de responsabilidade do gestor que precisa durante o processo de mudança para ter o controle de maneira não inflexível e não liberal. Uma das características do gestor segundo Araújo (2010) é: 21 Ter a autoridade do saber e não apenas um a autoridade de cunho disciplinar, hierárquico. É imprescindível, por essa razão, que o processo de mudança seja entendido sempre em nível de debate e discussão, e tenha por objetivo moldar, ajustar, de forma rigorosamente profissional, o comportamento das pessoas (ARAÚJO, 2011, p. 257). Buscando compreender os atributos que o gestor da mudança deve ter Bauer (2008, p.226) sugere a redefinição dos papéis dos gestores, acrescentando à idéia de que os gestores da mudança são como “os guardiões do espírito de equipe corporativo, da visão compartilhada de futuro e da conservação da cultura organizacional, expressa em termos de valores”. Cenários de mudanças organizacionais necessitam de gestores que se antecipem ao futuro, problemas, necessidades ou mudanças, que seja capaz de mudar eventos em vez de reagir a eles, fazendo com que as coisas aconteçam, é preciso antecipar e administrar o impacto das mudanças ambientais sobre as pessoas e sobre a estrutura organizacional a realidade deve ser continuamente interpretada e os novos valores e significados na organização amplamente divulgados e analisados. 2.2.1.5. Mudança organizacional e a influência das mudanças estruturais Bertero (1976) afirma que mudança estrutural é: Necessária para que se possa alterar o processo decisório na administração pública. Sem um claro contexto estrutural, a aplicação de outras técnicas e expedientes correm o risco da inconsequência. Numa estrutura perfeitamente adequada à estrutura de tarefas, com suficiente flexibilidade para comportar formulações e reformulações de estratégia ou de objetivos e onde os indivíduos membros sintam-se plenamente integrados, participantes e capazes de realizar suas aspirações e expectativas no âmbito da organização (BERTERO, 1976, p. 30). Segundo Nadler, Hackman e Lawler III (1983, p.246), as "mudanças estruturais são mudanças no projeto da organização, nas tarefas organizacionais ou nas estruturas específicas que influenciam, regulam e controlam comportamento". Para Mintzberg (1995, p.10), a mudança na estrutura organizacional é “a soma total das maneiras pelas quais o trabalho é dividido em tarefas distintas e como é feita a coordenação entre essas tarefas”. As mudanças estruturas são compreendidas como necessárias nas organizações, e consideradas em projetos de dimensões e complexidade significativos, porém não são capazes para garantir a implantação de mudanças. 22 2.3. Mudanças Organizacionais do Setor Público Não é o mais forte, nem o mais inteligente que sobrevive, mas o que melhor se adapta às mudanças (Charles Darwin). Para Santos et al. (2012) o setor público não está imune às mudanças organizacionais. Para se tornarem competitivas e caminharem junto com o setor privado, as organizações públicas precisam mudar. A administração pública vem sofrendo uma sucessão de reformas, as quais estão modificando a arquitetura organizacional e a cultura organizacional. Drucker(2002) há meio século, afirma que o setor que mais necessita da teoria da administração é o setor público. Entretanto, para algumas pessoas, entre elas o próprio Drucker, a teoria da administração no setor público traduziu-se em um insucesso constante. Podemos observar que com a privatização de alguns setores públicos, a obtenção de fáceis vitórias ocorreu, podendo-se concluir que as áreas privatizadas do setor público nunca deveriam ter sido públicas. Quando a teoria da administração foi aplicada a áreas que precisavam continuar no setor público em especial os setores da saúde e educação notamos que os resultados frequentemente foram instáveis. Micklerthwait e Wooldridge (1998), afirma que as circunstâncias peculiares do setor público apenas realçam as discrepâncias características da teoria da administração no setor privado, e não existe uma grande, nova e eficiente teoria da administração no setor público. Apesar desses fatores contraditórios as vitórias existem no setor público, mas frequentemente são “vitórias de Pirro". Apesar todas as frustrações inevitáveis, a teoria da administração trouxe mais benefícios do que prejuízos ao setor público, mesmo no Brasil, onde são conhecidas as mazelas do setor público. O que se observa é que as organizações estão procurando se tornar mais enxutas, com linhas de autoridade mais transparentes e com objetivos mais claramente definidos. Segundo Saraiva (2002) que afirma que obstáculos bastante significativos são encontrados nas tentativas de mudança até sua consolidação, portanto é preciso atuar diretamente sobre os pressupostos básicos da organização e suas relações de poder, o que inúmeras vezes provocam resistências muito fortes. 23 Na década de 1930, com o surgimento do Estado Novo e a firmação do Brasil com política de expansão no setor público, tem-se o início de uma administração pública brasileira, que se constitui em moldes profissionalizados, inspirada no modelo de administração científica taylorista/fayolista, com uma gestão profissional e impessoal, aproximando-se de uma burocracia nos padrões weberianos (SILVA e FADUL, 2010). Os autores Silva e Fadul (2010) afirmam que a partir da década 1930, uma sucessão de reformas vem ocorrendo, cujos processos, respeitando o tempo histórico, tiveram impactos significativos, profundos, e moldaram a cultura das organizações da administração pública, definindo, assim, as suas especificidades. Classificam essas mudanças em duas grandes categorias, quais sejam: reformas paradigmáticas e reformas não paradigmáticas, colocando entre as primeiras àquelas mais abrangentes e significativas em relação ao seu impacto na estrutura administrativa do país, e entre as segundas, as que provocaram transformações menos amplas no setor público (FADUL e SOUZA, 2005). As reformas paradigmáticas mostradas na figura 01 identificam quatro grandes esforços reformistas ocorridos no Brasil. A primeira dessas reformas se iniciou nos anos 1930, durante o período do Estado Novo. Além desta, são consideradas reformas significavas o Decreto-Lei nº 200/67 do Regime Militar, a reforma empreendida com a Constituição de 1988 e a reforma dos anos 1990, iniciada no Governo Collor e consolidada de forma extensiva e aprofundada no Governo de Fernando Henrique Cardoso (FADUL e SOUZA, 2005). 24 Figura 1 - Mapa Conceitual das Reformas Paradigmáticas Fonte: FADUL. E., e SOUZA, A. R. Políticas de reformas da administração pública brasileira: uma compreensão a partir de seus mapas conceituais, 2005. 25 A figura 02 nos mostra as reformas não paradigmáticas apresentam um traço em comum: a inexistência de subcategorias que representem uma política articuladora das ações específicas de modernização da administração pública. O segundo governo Vargas: democratização e a crise político-institucional; pelo Governo Juscelino Kubistchek, marcada pela criação do Plano de Metas; pelo. Governo João Goulart: a integração do sistema tributário federal, a reestruturação e modernização das estruturas administrativas da fazenda, criação do Serviço de Processamento de Dados (SERPRO) e a institucionalização de políticas de treinamento de pessoal para o Ministério da Fazenda. No Governo de Fernando Collor de Mello, a política de modernização administrativa tinha como principal pressuposto a desconstrução do setor público. Esta reforma, portanto, abala o aparelho do Estado brasileiro contribuindo para o enfraquecimento da sua capacidade gerencial (FADUL e SOUZA, 2005). Figura 2 - Mapa Conceitual das Reformas Não-Paradigmáticas Fonte: FADUL. E., e SOUZA, A. R. Políticas de reformas da administração pública brasileira: uma compreensão a partir de seus mapas conceituais, 2005. 26 As reformas realizadas durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva são caracterizadas na figura 03 pelos seguintes aspectos: Estado promotor da inclusão social; as reformas do modelo de gestão pública; as ações voltadas para a inovação gerencial. E também pelas reformas na estruturação do executivo federal. Ao observar o conjunto de reformas que vêm ocorrendo, verifica-se que elas poderão se tornar reformas paradigmáticas, devido aos impactos significativos relativos à amplitude e profundidade das ações previstas (FADUL e SOUZA, 2005). Figura 3 - Mapa Conceitual das Reformas do Governo Lula Fonte: FADUL. E., e SOUZA, A. R. Políticas de reformas da administração pública brasileira: uma compreensão a partir de seus mapas conceituais, 2005. Antes de promover à mudança organizacional as empresas sejam públicas ou privadas necessitam analisar qual dimensão ou tipo de mudança que estão dispostas a fazer. Provocar mudança nas pessoas e na cultura organizacional podem trazer alterações nos 27 comportamentos, atitudes, expectativas, aspirações, necessidades, que afetam a cultura organizacional. 2.4. Fator Humano e Adaptação às Mudanças O fator humano tanto em organizações públicas e privadas pode fazer a diferença quanto ao sucesso ou fracasso, pois são fatores estratégicos, na fase de mudanças organizacionais. Torre (1995 apud Ferraresi, 2004) sustenta que ainda passamos por uma evolução dos recursos naturais para os recursos estratégicos, chamados de gestão da informação e do conhecimento. Segundo Robbins (2003): Uma das descobertas mais bem documentadas nos estudos sobre comportamento individual e organizacional é que as organizações e seus membros resistem às mudanças. De certo modo, essa resistência é positiva. Proporciona certo grau de estabilidade e previsibilidade no interior das organizações. Se não houvesse resistência, o comportamento organizacional assumiria características de casualidade caótica... mas existe uma séria desvantagem à mudança: ela impede a adaptação ao progresso (ROBBIN, 2003). Sá e Trindade (2003) consideram que num processo de transformação organizacional os indivíduos atravessam todo um processo de crise interior que abala sua estrutura de formação, cultura, valores, comportamentos, tanto em âmbito individual como profissional. Para Camillo (2003), as mudanças, tanto individual como organizacional, só mostram resultados, quando os funcionários da organização sentem a necessidade de mudar. É preciso que haja a uma consciência individual e organizacional que mostrem a necessidade de aceitar as mudanças, caso contrario não adiantara um programa de aprendizagem organizacional bem estruturado e melhor apresentado. É necessária a adoção por parte das organizações de técnicas de gestão participativa, onde a integração de todos os seus membros na consecução de novos objetivos, visando tirar proveito das mudanças. As pessoas têm diferentes reações quando se fala em mudança e o que determina essa reação, segundo Davis e Newstrom (1996), são os sentimentos que cada indivíduo desenvolve diante das mudanças podem ocorrer de maneiras diversas, devido à história de vida de cada um e do ambiente de trabalho. Ao analisar esses sentimentos pode-se dizer que a resistência às mudanças é uma reação natural do ser humano, pois o novo, e o desconhecido, podem interferir em seu status quo já determinado. 28 Wagner III e Hollenbeck (2000, p. 376) afirmam que mudança é declarada gera resistência “porque as pessoas tendem a resistir àquilo que percebem como ameaça à maneira estabelecida de fazer as coisas”. Para Montana e Charnov (1998, p. 337), “as pessoas resistem às mudanças porque apesar de bem intencionadas, elas ameaçam o status quo, o que já é conhecido”. Sendo assim, a resistência a mudanças dos indivíduos é porque querem preservar o que já esta estabelecido sentido assim mais confortáveis, afinal é muito mais fácil e seguro para eles executar suas atividades como estão acostumados. Cria-se assim, ainda a capacidade riscos e ir contra os hábitos estabelecidos. 2.4.1. A Resistência às mudanças organizacionais “Toda Mudança Encontra Resistência… Se não há resistência, não há nenhuma mudança. (Marcelo Teixeira)”. A expressão “resistência à mudança” é creditada a Kurt Lewin (1947), cujo modelo foi apresentado no tópico sobre Mudança Organizacional. Vários autores conceituam Resistência as Mudanças durante longos períodos da historia, a primeira definição de resistência se deu com o conceito de Lewin (1947) utilizando uma metáfora das ciências físicas, onde, segundo ele, salienta que se “vive em um sistema de equilíbrio, na qual o que se busca é a estabilidade, ou seja, a manutenção do status quo”. Segundo Zander (1950), “resistência à mudança é qualquer comportamento que tem como intenção de proteger um indivíduo dos efeitos de uma mudança real ou imaginária”. Watson (1971) define a resistência como “todas as forças que contribuem para a estabilidade nos sistemas da personalidade ou social”. Segundo Giroux (1993) que analisa falhas nas tentativas de mudança organizacional e as atribui à resistência humana e a problemas operacionais de comunicação. O problema residiu, então, na atitude das pessoas e na forma como a mudança chega até elas, comunicada pela organização. Para Bernard (1997), a visão negativa sobre a suposta resistência dos indivíduos é reforçada pela noção de que ela representa uma espécie de recusa à modernidade contida em cada mudança. À medida que a mudança é um conceito que se adapta perfeitamente nos pressupostos positivistas do progresso, pode-se inferir o porquê da resistência ser um conceito socialmente desvalorizado. 29 A resistência à mudança pode ser considerada um fenômeno psicológico entre alguns empregados, gerentes e executivos que possuem a mesma rotina de trabalho por um longo período de tempo, esses podem relutar em aceitar as possíveis inovações que são oferecidas, mesmo se estas mudanças podem ser boas para eles (SANON, 2008). Resistir à mudança é uma forma de manifestação natural dos seres humanos, porem é preciso que os gestores saibam como lidar com elas, é preciso que os gestores tenham a consciência de não como eliminar a resistência, mas sim procurar identificar suas causas e utilizar a resistência como beneficio para a mudança. 2.4.2. As causas da resistência à mudança organizacional Para Nadler, Hackman e Lawler (1983), o estudo da realidade exibiu diversas fontes possíveis de resistência à mudança e tantos interesses investidos no status quo, que mudanças importantes pouco provavelmente serão instaladas e persistirão desde que seus gestores saibam como conduzi-las. As várias abordagens sobre resistências às mudanças nas organizações têm suas origens focadas nas características individuais e no contexto organizacional. Resistência à mudança terá origem em várias causas. Uma delas é a natureza humana (TAYLOR, 1988). A resistência a mudanças pode ser classificada de caráter individual, ou a nível organizacional. Ele ainda relata cinco fatores de resistências individuais e cinco fatores de resistências organizacionais. Segundo Verma (1997): INDIVIDUAIS ORGANIZACIONAIS Percepção Seletiva; Ameaça de poder e influência; Hábito; Estrutura Organizacional; Medo do desconhecido; Limitação de recursos; Incerteza econômica; Investimentos fixos; Dependência; Acordos Inter organizacionais; Quadro 2 - Resistência a Mudança Organizacional Fonte: Adaptado de VERMA (1997, p.9). As pessoas reagem, não só de forma ativa, mas também mostrando apatia ou indiferença. Motta (1998) cita três tipos de resistência: 30 Dissidência – o funcionário constata um hiato entre seu papel e seu potencial, não vê sua capacidade reconhecida e valorizada. Neste caso, os dissidentes se recusam a aceitar algumas das práticas propostas. São combativos, se preocupam com os destinos da empresa e agem no sentido de reverter diretriz. Criam tensões criativas, procurando construir pela oposição; Apatia – significa indiferença e a não manifestação de identidade com valores e práticas organizacionais. Os funcionários apáticos não se importam com os destinos da organização. Pela indiferença, são resistentes passivos. Não opõem resistência à mudança. Eles não se vêem como adversários, pois não arriscam, não participam, ou finge não perceber a luta da mudança; Ressentimento – significa uma mágoa pela percepção de exclusão da concorrência ao poder organizacional. Agem subversivamente no sentido de resistir tanto ao status quo, quanto às propostas de mudança. Procuram alongar o processo de mudança, apontando erros e dificuldades. “Aparentemente, os ressentidos seriam menos resistentes à mudança, porque estariam dispostos a apoiar qualquer alteração no status quo. Mas esse não é o caso em função das relações estabelecidas de poder” (MOTTA, 1998, p. 201). As mudanças provocam resistência, pois é do ser humano sentir medo do que não se conhece, do que é novo. Para os seres humanos a segurança, estabilidade e autoestima são necessidades fortes, desta forma os indivíduos sofrem um processo de reação quando são confrontados pessoalmente com mudanças organizacionais, mais quando o aflora o sentimento de ameaça a sua segurança uma mudança pode alterar esta ordem implícita e, se não compreendida, levará ao conflito. Para Dicionário Escolar da Língua Portuguesa o significado de Percepção é: Reação de um sujeito a um estímulo exterior, que se manifesta por fenômenos químicos, neurológicos, ao nível dos órgãos dos sentidos e do sistema nervoso central, e por diversos mecanismos psíquicos tendentes a adaptar esta reação a seu objeto, como a identificação do objeto percebido (ou seu reconhecimento), sua diferenciação por ligação aos outros objetos etc. (BUENO, 1975). Para Hernandez e Caldas (2001), o “Modelo de Resistência Individual à Mudança” mostrado na figura 04, é necessário para entender a realidade da organização e as diversas variáveis situacionais, que moderam o processo de percepção e avaliação das mudanças. Essas variáveis são fatores como a cultura organizacional, solidariedade grupal, crenças compartilhadas, existência de conflitos internos, necessidade de conformidade, comprometimento da alta gerência com o processo de mudança, inércia organizacional, tipo de poder existente na organização e na estrutura organizacional, podem exercer influência sobre a percepção individual e influenciar a adoção de comportamentos resistentes. 31 O modelo de resistência individual às mudanças apresenta sete estágios que podem resultar em quatro tipos diferentes de resultados: adoção espontânea da mudança; decisão para superar a resistência à mudança; adoção de um comportamento resistente; indecisão. Figura 4 - Modelo de Resistência Individual à Mudança Fonte: HERNANDEZ e CALDAS (2001. p. 39). Hernandez e Caldas (2001), em seu estudo, dizem que o indivíduo que recebe estímulos externos juntamente com os estímulos internos, e sugestionam alternativas comportamentais. A resistência está ligada diretamente ao processo de mudança, que é uma reação natural do ser humano, principalmente quando essas mudanças impactam diretamente nas atividades do nosso cotidiano. Os líderes precisam estar preparados para ajudar os colaboradores na aceitação do novo, sendo essencial a boa comunicação, seriedade e clareza, fatores determinantes do sucesso ou o fracasso das mudanças. 32 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este capítulo apresenta a caracterização da pesquisa desenvolvida nesta dissertação. São descritos os critérios utilizados para a definição do tipo de pesquisa quanto à abordagem, quanto aos fins e aos meios, abordam-se os instrumentos de coleta e de análise de dados, bem como o critério utilizado para a seleção dos sujeitos da pesquisa. 3.1. Caracterização da pesquisa A abordagem adotada nesta pesquisa se caracteriza como quali-quantitativa. Diz-se que uma pesquisa é qualitativa quando tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental. Este tipo de pesquisa tem como finalidade específica a análise descritiva; assim, o significado dado pelas pessoas às coisas e à sua vida constitui a preocupação essencial do investigador e, por fim, os pesquisadores utilizam o enfoque indutivo na análise de seus dados (GODOY, 1995). A pesquisa é também quantitativa, uma vez que o questionário, que foi composto de questões fechadas, foi submetido á análise estatística, informando-se o percentual de respostas dadas a cada item. Quanto aos fins, a pesquisa se diz descritiva, porquanto se propõe descrever a realidade analisada, ou seja, o processo de criação e implantação do IFMG. Entretanto, considerando-se que existem poucos trabalhos sobre o tema e com a presente pesquisa pretende-se gerar questões para outros trabalhos, pode-se afirmar que se trata ainda de uma pesquisa exploratória. Quanto aos meios, foi uma pesquisa de campo, porque realizou uma investigação empírica através de questionários de pesquisas para a identificação dos principais desafios advindos da nova arquitetura organizacional proposta ao IFMG. Lakatos e Marconi (2010) consideram que uma pesquisa de campo constitui uma investigação empírica, com objetivo de delinear ou analisar as características principais decisivas de um fenômeno, a avaliação de programas ou ainda o isolamento de variáveis principais ou chave. Neste tipo de estudo são empregadas técnicas como entrevistas e questionários, e procedimentos de amostragem. 33 O que principalmente caracteriza esta pesquisa como uma pesquisa de campo é o levantamento de dados feito através de questionários com servidores do IFMG que têm vivenciado as transformações oriundas da Lei n°11.892 de 28 de dezembro de 2008, que cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. A Unidade de analise da pesquisa foi o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e os sujeitos de pesquisa os servidores da instituição, ou seja, docentes e técnicos administrativos. Os instrumentos de coleta de dados foram: num primeiro momento, um grupo focal realizado com gestores do IFMG e no segundo momento um questionário composto de 31 questões, das quais 29 eram questões fechadas e duas questões abertas. Foram utilizados ainda documentos do estabelecimento, com realce para o Plano de Desenvolvimento Institucional. As técnicas de interpretação dos dados foram: análise documental, análise de conteúdo da sessão de grupo focal, análise estatística das questões fechadas e análise de conteúdo das questões abertas. A primeira parte da pesquisa, quando foram ouvidos profissionais que atuam nas chefias do IFMG a respeito das principais dificuldades por eles identificadas na implantação da nova arquitetura organizacional, constituiu uma pesquisa qualitativa. A segunda parte da pesquisa teve característica predominantemente quantitativa, porque foi desenvolvida através de um questionário com questões aberta e questões fechadas procurando obter as informações simples e diretas sobre os desafios da mudança organizacional. 3.2. Planejamento da Pesquisa A presente pesquisa foi desenvolvida em quatro etapas relacionadas a seguir para atingir os objetivos propostos: 1ª etapa: definição das variáveis fundamentais para a pesquisa; 2ª etapa: definição da população, amostra e público alvo da pesquisa; 3ª etapa: elaboração e aplicação do questionário; 34 4ª etapa: análise e interpretação dos dados; 3.2.1. Definição das variáveis fundamentais Para a primeira etapa, foram traçados os objetivos desse estudo e a abordagem principal a ser dada nessa pesquisa. Com base em livros, revistas, artigos, dissertações e teses com informações pertinentes ao assunto abordado, o referencial teórico foi escrito, e a partir dai foi possível selecionar as variáveis fundamentais citadas a seguir, para se realizar um processo de mudança organizacional. Realizou-se, também, uma coleta de informações sobre as bases legais da nova arquitetura organizacional de acordo com a Lei nº 11.892/2008 e o Plano de Desenvolvimento Interno (PDI), e foram anotados os novos processos de trabalho do IFMG. Com base nos itens identificados, foi realizado um grupo focal com 6 próreitores do IFMG, durante o qual foram discutidas as variáveis presentes em situações de mudança organizacional e os processos adotados no IFMG, com o objetivo de identificar os principais desafios advindos da nova arquitetura organizacional proposta aos servidores do IFMG. A análise do relatório da discussão durante o grupo focal resultou na identificação das variáveis consideradas essenciais para demarcação das questões advindas da implantação do novo modelo organizacional do IFMG. O resultado foi encaminhado aos participantes do grupo focal e após discussão com os mesmos, foram selecionadas as seguintes variáveis: Conhecimento Legal da Criação do IFMG; Fatores relacionados à mudança organizacional implantada; Mudança Organizacional e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Fator Humano e Adaptação às Mudanças; A partir dessa seleção foi desenvolvido um questionário de pesquisa constituído de 31 questões, das quais 29 são questões fechadas do tipo múltipla escolha, sendo as 4 primeiras destinadas à caracterização dos respondentes. O questionário continha, também, 2 questões abertas, nas quais se esperava a coleta de opinião do respondente. Após a aplicação, este questionário foi submetido a tratamento estatístico, no caso das 35 questões fechadas, porque se pretendia medir os resultados das percepções dos funcionários sobre os desafios por eles enfrentados na implantação do novo modelo organizacional. No caso das duas questões abertas, a avaliação foi feita mediante análise de conteúdo. 3.2.2 Elaboração do instrumento de coleta de dados O questionário foi estruturado a partir dos conjuntos de variáveis identificadas, da seguinte forma: Questões 1 a 4 Objetivo: caracterizar e/ou identificar os servidores respondentes; Questões 5 a 10 Objetivo: verificação do conhecimento sobre a lei que criou o IFMG; Questões 11 e 12 Objetivo: identificação das mudanças nos postos de trabalho; Questões 13 a 21 Objetivo: verificação de como os servidores estão se sentindo em relação à estrutura organizacional do IFMG; Questões 22 a 25 Objetivo: caracterização das questões relacionadas ao fator humano diante das mudanças; Questões 26 a 29 Objetivo: avaliação do novo modelo de gestão em função do PDI; Questões30 e 31 Objetivo: caracterização dos principais desafios identificados pelos servidores no período de mudanças e na transformação do IFMG. 36 Durante a formulação das questões manteve-se a preocupação de extrair duas visões: A avaliação dos servidores do IFMG sobre os processos, estruturas e hierarquias às quais estão subordinados, mantendo um enfoque na mudança organizacional, advindo da Lei 11.892/08. A visão pessoal dos servidores (técnicos administrativos e docentes) do IFMG sobre os desafios enfrentados nos processos de mudança e na implantação do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). 3.2.3 Definição da amostra de pesquisa e aplicação dos questionários A pesquisa desenvolvida no IFMG visa responder aos objetivos específicos traçados para esse trabalho. Tomando-se por base as suposições de diferenças nas culturas organizacionais, optou-se por pesquisar o IFMG. O público alvo foi constituído pelos servidores (técnicos administrativos e docentes) do IFMG, num total de 900servidores (ativos), que ocupam cargos de professores e de técnicos administrativos. Os questionários foram enviados por via eletrônica a todos esses servidores, estabelecendose o prazo de 60 dias para a devolução dos mesmos. Ao final deste prazo de 31/05/2013, foram recebidos 290 questionários respondidos por completo e pode-se considerar que a amostra é proporcional à quantidade de servidores ativos. Para dimensionamento da amostra utilizou-se a fórmula, segundo Stevenson (2001, p.120), com os respectivos parâmetros: = . . 1 − . ∝/ . 1 − . ∝/ + − 1 Onde: N = Tamanho da população; (900) P = Proporção admitida na amostra; (50%) Zα/2= Valor da variável normal padronizada, com nível de confiança (95%) => zα/2 = 1,96 ε = Erro máximo admitido na pesquisa. (5%) 37 n= (900.0,5.(1-0,5).(1,96)²) (0,5.(1-0,5). (1,96)²)+((900-1). (0,05)² ) n= 864,36 3,2079 n = 269,44 ou seja, n = 269 servidores Apresentadas as proporções nas questões distribuídas em função do cargo ocupado, aplicou o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Segundo Moore et al. (2006, p. 750), a suposição da aplicação é que as amostras sejam independentes, e aleatória, não sendo necessário a suposição da normalidade dos dados. A suposição da aleatoriedade da amostra neste estudo toma-se por base as considerações segundo Neto (1977, p. 44) se as características da variável de interesse forem as mesmas na população objeto e na população amostrada, então esse tipo de amostragem equivalerá a uma amostragem probabilística. A formulação das hipóteses a serem testadas são Ho: As proporções encontradas são as mesmas entre os cargos e a hipótese alternativa H1: As proporções entre os cargos são sistematicamente diferentes entre os cargos. Na tabela seguinte são apresentados os resultados. A estatística de teste de Kruskal-Wallis (H) é; 12 = − 3 + 1 + 1 Onde: N = total de observações; ni= total de observações de cada amostra (docentes e técnicos administrativos); Ri = soma de postos referente à i-ésima amostra A estatística H tem aproximadamente a distribuição de qui-quadrado, com I-1 graus de liberdade (I é nº de populações). A rejeição da hipótese nula (H0) é quando o valor de H é elevado. Na utilização do software estatístico SPSS (Statistical Package for the Social 38 Sciences), tem-se a informação de p-valor, significância do teste, sendo que para valores de significância menores que 5% rejeitam-se a hipótese nula. Deve-se observar que 290 servidores responderam o questionário completo na data estabelecida pela pesquisadora. Desse modo, o número de componentes da amostra foi superior ao estabelecido pela aplicação da fórmula. Pode-se afirmar, portanto, que a amostra utilizada foi não probabilística, por acessibilidade e é representativa da população estudada. 39 4. CONTEXTO DA PESQUISA 4.1. Instituto Federal de Minas Gerais O Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) é uma Instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, criada pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, mediante a integração dos Centros Federais de Educação Tecnológica de Ouro Preto, Bambuí, Escola Agrotécnica Federal de São João Evangelista e duas Unidades de Educação Descentralizadas de Formiga e Congonhas que, por força da Lei, passaram de forma automática, independentemente de qualquer formalidade à condição de campus da nova instituição. O IFMG está constituído atualmente pelos campi das cidades de Ouro Preto, Bambuí, São João Evangelista, Congonhas do Campo, Formiga e Governador Valadares, este último criado pela Lei que se refere à fase II do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação-MEC. A sede da Reitoria do IFMG está localizada na cidade de Belo Horizonte. O IFMG oferta educação profissional e tecnológica no modelo pluricurricular com estrutura multicampi, atuando nas diferentes modalidades de ensino. A Reitoria é o órgão executivo da administração central do IFMG, sendo composta atualmente pelas Pró-Reitorias: de Administração; de Ensino; de Pesquisa e Pós-Graduação; de Planejamento e Orçamento; de Extensão; O IFMG adota um modelo de gestão matricial, com o objetivo de aumentar a eficiência e a eficácia na gestão. A principal característica do modelo de gestão adotado é uma estrutura de supervisão cruzada, em que as atividades são acompanhadas por mais de um órgão, como, por exemplo, uma pró-reitoria e uma diretoria de campus. Para o Instituto, as principais vantagens são uma gestão mais transparente e a capacidade de realizar atividades complexas, que exigem a integração de áreas distintas. 40 Missão A partir dos elementos históricos da vocação educativa, o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais - IFMG define sua missão como: Educar e qualificar pessoas para serem cidadãos(ãs) críticos(as), criativos(as), responsáveis e capazes de atuar na transformação da sociedade. Visão A visão do IFMG é consolidar-se como instituição de excelência no ensino, na pesquisa e na extensão, comprometidos com a ética, a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável. Princípios O IFMG, em sua atuação, observa os seguintes princípios norteadores: I. Compromisso com a justiça social, equidade, cidadania, ética, preservação do meio ambiente, transparência e gestão democrática; II. III. Verticalização do ensino e sua integração com a pesquisa e a extensão; Eficácia nas respostas de formação profissional, difusão do conhecimento científico e tecnológico e suporte aos arranjos produtivos locais, sociais, desportivos e culturais; IV. V. VI. VII. VIII. Inclusão de pessoas com deficiências e necessidades educacionais especiais; Natureza pública e gratuita do ensino, sob a responsabilidade da União; Universalidade do conhecimento; Indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; e Compromisso com a melhoria da qualidade de vida da comunidade acadêmica. Finalidades O IFMG tem como finalidade formar e qualificar profissionais de nível técnico, tecnológico, licenciatura, bacharelado e pós-graduação nas diferentes modalidades, em qualquer área dos vários segmentos e setores da economia, em estreita articulação com as demandas da sociedade e do mercado de trabalho. 41 O Instituto Federal de Minas Gerais tem o compromisso com a valorização do aprendizado através do desenvolvimento de habilidades e competências, e da geração de conhecimentos humanísticos, científicos e tecnológicos. Procura promover junto ao corpo discente amplo domínio das atividades intelectuais, culturais e práticas laborais, como instrumento de conquista da cidadania e de adaptação ao mercado de trabalho, preparando-os para agir com autonomia e responsabilidade. Para isso, desenvolve as bases tecnológicas em laboratórios de ensino e produção, enquanto também trabalha as bases instrumentais e científicas, na convivência diária e através de atividades de lazer, esportes, artísticas e culturais. Fonte: Instituto Federal de Minas Gerais 4.2. A História Educação Profissional e Tecnológica no Brasil Em 23 de setembro de 2009, a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica completou 100 anos e o Ministério da Educação – MEC -, em consideração a relevância histórica para a educação nacional e pública, realizou diversos eventos, que se prolongaram até o ano de 2010. O texto divulgado pelo MEC ocasião da data comemorativa apresentou um histórico da Educação Profissional no Brasil, merecendo destaque os acontecimentos apresentados a seguir. A formação do trabalhador no Brasil começou a ser feita nos tempos do Brasil colônia, quando os primeiros aprendizes de ofícios os índios e os escravos, pessoas vindas de camadas sociais mais baixas, começaram a ser educados para o trabalho (FONSECA, 1961, p. 68). Mais tarde, com a extração do ouro em Minas Gerais, foram criadas as casas de Fundição e de Moeda e com elas a necessidade de um ensino mais especializado, neste caso destinado aos filhos de homens brancos empregados da própria Casa. Os aprendizes eram, então, submetidos a uma banca examinadora, que avaliava suas habilidades e os aprovava, caso tivessem bom resultado. Nesse mesmo período, foram criados os Centros de Aprendizagem de Ofícios nos Arsenais da Marinha no Brasil. Neste caso, os operários especializados vinham de Portugal e recrutavam pessoas, até durante a noite, pelas ruas ou recorriam aos chefes de polícia para que enviassem presos que tivessem alguma condição de produzir. 42 Em 1785, foram proibidas as fábricas no Brasil, pois os portugueses consideravam que o país teria uma produção vinda da terra como sua característica. Tal medida levou á estagnação o desenvolvimento tecnológico. O final do século XVIII foi marcado por escolas que preparavam alfaiates, torneiros, carpinteiros e outros profissionais, sempre vindos de camadas menos privilegiadas da população, até que em 1808, com a vinda da família real portuguesa, D. João VI criou o Colégio das Fábricas, considerado o primeiro estabelecimento instalado pelo poder público, com o objetivo de atender à educação dos artistas e aprendizes vindos de Portugal, de acordo com Garcia (2000). Em 1889, houve a abolição da escravatura e o final do período imperial. A economia permanecia essencialmente agroexportadora, com predomínio do trabalho rural e o total de fábricas no país era de 636, empregando aproximadamente 54 mil trabalhadores, sendo a população de 14 milhões de habitantes, Em 1906, Nilo Peçanha, que era governador do Estado do Rio de Janeiro, criou quatro escolas profissionais, sendo três delas para o ensino de ofícios e uma para o ensino agrícola. Este ano de 1906 foi marcado pela consolidação do ensino técnico-industrial no Brasil, pois no dia 15 de novembro o Presidente da República, Afonso Pena, anunciou a criação e a multiplicação dos institutos de ensino técnico e profissional, visando a desenvolver mestres e operários para as indústrias. Em julho de 1909, após a morte de Afonso Pena, Nilo Peçanha assumiu a Presidência da República e criou 19 Escolas de Aprendizes Artífices, que daria ensino primário e profissional gratuito no país. Assim se iniciava a Rede Federal de Ensino Técnico no Brasil. Em 14 de novembro de 1930, o Ministério da Educação e Saúde Pública criou a Inspetoria do Ensino Profissional Técnico, que passava a supervisionar as Escolas de Aprendizes Artífices, antes ligadas ao Ministério da Agricultura. Iniciou-se, então um período de grande expansão das escolas industriais e aperfeiçoamento das existentes. A Constituição brasileira de 1937 foi a primeira a tratar especificamente de ensino técnico, profissional e industrial, estabelecendo que o mesmo se se destinava às classes menos favorecidas e constituiria dever do Estado. Em 13 de janeiro de 1937, foi assinada a Lei nº 378 que transformava as Escolas de Aprendizes e Artífices em Liceus Profissionais, destinados ao ensino profissional. 43 Em 25 de fevereiro de 1942, o Decreto nº 4.127 transformou as Escolas de Aprendizes e Artífices em Escolas Industriais e Técnicas, passando a oferecer a formação profissional em nível equivalente ao do secundário. Além disso, a partir de então, os concluintes dos cursos técnicos ficaram autorizados a ingressar no ensino superior. O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) trouxe um grande desenvolvimento da indústria, principalmente da automobilística e contemplou a educação com 3,4% dos investimentos previstos. Assim, em 1959, as Escolas Industriais e Técnicas foram transformadas em autarquias com o nome de Escolas Técnicas Federais e ganharam autonomia didática e de gestão. Em 1978, com a Lei nº 6.545, três Escolas Técnicas Federais (Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro) foram transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica – CEFETs, podendo formar engenheiros de operação e tecnólogos. A partir de 1994, com base na Lei 8.948, de 8 de dezembro, foi instituído o Sistema nacional de Educação Tecnológica, que transformou, gradativamente, as Escolas Técnicas Federais e as Escolas Agrotécnicas em Centros Federais de Educação Tecnológica. Em 1997, o Decreto 2.208 regulamentou a educação profissional e criou o Programa de Expansão da Educação Profissional - PROEP. Dois anos depois (1999), retomou-se no Brasil a transformação das Escolas Técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica. Em 2007, iniciou-se a segunda fase do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, tendo como meta entregar à população mais 150 novas unidades, perfazendo um total de 354 unidades, até o final de 2010, cobrindo todas as regiões do país, oferecendo cursos de qualificação, de ensino técnico, superior e de pósgraduação, de acordo com as necessidades de desenvolvimento local e regional. Desde 2003, o governo federal visa a uma nova arquitetura organizacional para a Rede de Ensino Tecnológico. Em 29 de dezembro de 2008, o então presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva sanciona a Lei nº 11.892, que cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. 44 4.3. Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e a mudança organizacional. O primeiro dispositivo legal a tratar do tema da criação dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia foi o Decreto nº 6.095/2007. Este decreto definia que o “O Ministério da Educação estimulará o processo de reorganização das instituições federais de educação profissional e tecnológica, a fim de que atuem de forma integrada regionalmente” e que esta reorganização seria pelo modelo de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. A implantação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia – IFETs constitui-se em uma das ações de maior relevo do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, na medida em que tornará mais substantiva a contribuição da rede federal de educação profissional e tecnológica ao desenvolvimento socioeconômico do conjunto de regiões dispostas no território brasileiro, a partir do acolhimento de um público historicamente colocado a margem das políticas de formação para o trabalho, da pesquisa aplicada destinada à elevação do potencial das atividades produtivas locais e da democratização do conhecimento à comunidade em todas as suas representações (BRASIL, 2007). Segundo Otranto (2010) “Os Institutos Federais são, hoje, mais que um novo modelo institucional, é a expressão maior da atual política pública de educação profissional brasileira”. As mudanças que ocorrem nessas instituições são altamente significativas na vida e na história de uma nova proposta governamental, precisando ser acompanhadas bem de perto. Ao longo dos anos é preciso analisar a identidade construída por cada uma das instituições individualmente. “Lutar pela manutenção dessa identidade pode comprometer a concepção do Instituto Federal?” “Qual será a autonomia prometida aos campi ela pode comprometer a autonomia do Instituto Federal? Como será a convivência entre elas”? Quais seriam os desafios da operacionalização do IFET? São necessários que seja registradas e acompanhadas a expansão, analisar e investigar se as promessas estão sendo cumpridas, para que se possa avaliar se, realmente, as reais condições da atual política de expansão, com qualidade socialmente referenciada, da educação profissional brasileira. Observando o Decreto nº 5.224 de 1º de outubro de 2004, que dispõe sobre a organização dos Centros Federais de Educação, comparado à Lei nº 11.892 de 28 de 45 dezembro de 2008, que cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, verificam-se as seguintes diferenças relativas às Estruturas Básicas: Decreto nº 5.224 Lei n° 11.892 Art. 5o Os CEFET possuem a seguinte estrutura Art. 9o Cada Instituto Federal é organizado em básica: estrutura multicampi, com proposta orçamentária I - órgão colegiado: Conselho Diretor; anual identificada para cada campus e a reitoria, II - órgãos executivos: exceto no que diz respeito a pessoal, encargos Diretoria-Geral; sociais e benefícios aos servidores. Diretorias de Unidades de Ensino; Art. 10. A administração dos Institutos Federais Diretorias Sistêmicas; terá como órgãos superiores o Colégio de III - órgão de controle: Auditoria Interna. Dirigentes e o Conselho Superior. § 1o Os CEFET contarão em sua estrutura Art. 11. Os Institutos Federais terão como órgão organizacional executivo a reitoria, composta por 1 (um) Reitor e Sistêmicas, necessidades com até cinco constituídas em específicas de Diretorias função cada das centro, 5 (cinco) Pró-Reitores. Art. 12. Os Reitores serão nomeados pelo observando-se a presença obrigatória da Diretoria Presidente da República, para mandato de 4 de Administração e Planejamento e de pelo menos (quatro) anos, permitida uma recondução, após uma Diretoria de Ensino. processo de consulta à comunidade escolar do o § 2 O CEFET que se constituir de uma única respectivo Instituto Federal, atribuindo-se o peso unidade de ensino não contará, em sua estrutura de 1/3 (um terço) para a manifestação do corpo organizacional, com o cargo de Diretor de Unidade docente, de 1/3 (um terço) para a manifestação dos de Ensino. servidores técnico-administrativos e de 1/3 (um o § 3 O detalhamento da estrutura organizacional terço) para a manifestação do corpo discente. de cada CEFET, as competências dos setores e as Art. 13. Os campi serão dirigidos por Diretores- atribuições serão Gerais, nomeados pelo Reitor para mandato de 4 estabelecidos no seu estatuto, aprovado pelo (quatro) anos, permitida uma recondução, após Ministro de Estado da Educação. processo Art. 6o A administração superior de cada CEFET respectivo campus, atribuindo-se o peso de 1/3 terá como órgão executivo a Diretoria-Geral e (um terço) para a manifestação do corpo docente, como órgão deliberativo e consultivo o Conselho de 1/3 (um terço) para a manifestação dos Diretor. servidores técnico-administrativos e de 1/3 (um dos respectivos dirigentes de consulta à comunidade do terço) para a manifestação do corpo discente. Quadro 3- Diferença na Estrutura Organizacional do CEFET para o IFET Fonte: elaborado pela autora da dissertação com base no Decreto nº 5.224/2004 e na Lei n°11.892/2008. Ball (2006, p. 16) cita o fato de que “nem todas as organizações incorporam as mudanças com igual boa vontade e entusiasmo” e, portanto, a “análise política necessita ser acompanhada por cuidadosa pesquisa regional, local e organizacional se nos 46 propusermos a entender o grau de “aplicação” e de “espaço de manobra”, envolvido na tradução das políticas nas práticas”. (...) tem se tornado crescentemente aparente que com a reestruturação do Estado, o profissionalismo-burocrático não pode simplesmente ser dispensado. Ainda que departamentos reorganizados e agências requisitem fornecedores de serviços com habilidades particulares, orientações de serviços e compromissos (...) o que está em ação não é a erradicação do profissionalismo-burocrático, mas o grau com que grupamentos relevantes de habilidades e valores podem ser subordinados a e acomodados em uma nova lógica política e organizacional incorporada no gerencialismo. (BALL, 2006, p. 16). Analisando a reforma da educação profissional, técnica e tecnológica é preciso sempre observar a Lei nº 11.892/2008, que institui os IFETs, que fazem parte de um conjunto de medidas normativas para a efetivação do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE – criado no governo do então Presidente Lula, sendo um dos mais importantes componentes educacionais do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC. O modelo dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia visa definir sua ampliação, uma vez que “a criação de novas instituições federais de educação profissional e tecnológica, bem como a expansão das instituições já existentes, no modelo do Instituto Federal” (Lei nº 11.892/08, art. 15). Isso pode significar uma dificuldade de expansão para as demais instituições da rede, que já começa a ser sentida nos CEFETs que resistiram à proposta governamental. A definição dos Institutos se dá como Instituições de Ensino Superior, básica e profissional, enquanto os CEFETs esses eram definidos como Instituições especializadas na oferta de educação profissional nos diversos níveis de ensino. Para as duas Instituições que tem como características básicas e especializadas na oferta de Educação tecnológica, embora para os Institutos tenha ficado explícito a oferta também de educação profissional. Para os CEFETs o que se definia era a "atuação prioritária na área tecnológica" 4.4. O Plano de Desenvolvimento Institucional O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) consiste num documento em que se definem a missão da instituição de ensino superior (IES) e as estratégias para atingir suas metas e objetivos. Abrangendo um período de cinco anos, deverá contemplar o cronograma e a metodologia de implementação dos objetivos, metas e ações do Plano da IES, observando a coerência e a articulação entre as diversas ações, a manutenção de 47 padrões de qualidade e, quando pertinente, o orçamento. Deverá apresentar, ainda, um quadro-resumo contendo a relação dos principais indicadores de desempenho, que possibilite comparar, para cada um, a situação atual e futura (após a vigência do PDI). O PDI deve estar intimamente articulado com a prática e os resultados da avaliação institucional, realizada tanto como procedimento auto avaliativo como externo. Os dados e informações sobre a IES, constantes do PDI, deverão se organizar em três níveis hierárquicos: Dimensões, Categorias de Análise e Indicadores. O IFMG, cumprindo o que estabelece a Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008,apresenta seu Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI, 2009-2013, elaborado com base nos dispositivos legais vigentes. O PDI 2009-2013 do IFMG procurou fundamentar-se na gestão democrática, na autonomia administrativa, didático-científica e gestão financeira, na defesa do ensino de qualidade, público e gratuito, na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, interligados com seu compromisso social, no desenvolvimento sustentável, na igualdade de condições de acesso e permanência do discente na Instituição e no fortalecimento dos convênios, acordos de mútua cooperação, contratos e diálogos com a sociedade urbana e rural. Ainda não se pode esquecer da valorização do ser humano, do respeito à liberdade intelectual e de opinião na ambiência do trabalho acadêmico, na interdisciplinaridade de ações e na busca dos avanços científicos e tecnológicos, comprometidos institucionalmente com a sociedade e sua qualidade de vida. O Instituto Federal Minas Gerais tem uma missão que envolve uma complexa e ampla gama de atividades, cujo fluxo cresce exponencialmente. Inúmeras são as questões colocadas no objetivo de ofertar cursos técnicos, de graduação e de pós-graduação que atendam as realidades regionais nas quais o campi tão inseridos. Exige-se, diante destas questões, que os gestores do instituto, juntamente com os formuladores de políticas públicas da educação, dediquem atenção constante em busca de um equilíbrio entre formação profissional e acadêmica, entre formação básica e multidisciplinar e o desenvolvimento de atividades extracurriculares. O corpo discente deve ser preparado para possuir a visão de uma carreira e não apenas a de um emprego. A complexidade da discussão sobre os princípios filosóficos que devem balizar as atividades do Instituto é diretamente proporcional à complexidade de suas finalidades (IFMG, 2012). 48 5 . ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS Findo o prazo dado aos servidores para responderem ao questionário, foram os mesmos recolhidos e submetidos à análise, utilizando-se estatística descritiva e valendo-se, na maioria dos casos, do uso de porcentagem. As duas questões abertas foram também analisadas, tendo sido agrupadas as respostas semelhantes, que são apresentadas em ordem decrescente de frequência. Desse modo, foi possível atingir o objetivo proposto, identificando os desafios enfrentados pelos servidores do IFMG no processo de implantação da nova arquitetura organizacional advindo da Lei nº 11.892, sancionada em 29 de dezembro de 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 5.1 Análise de Resultados Dos 900 questionários enviados aos servidores, foram devolvidos devidamente preenchidos 290, que corresponde a 32,23% do total de funcionários do Instituto Federal de Minas Gerais aos quais foram encaminhados os questionários. Na constituição da amostra de pesquisa levou-se em conta a acessibilidade; trata-se, portanto, de uma análise não probabilística, apesar de o número de questionários devolvidos ser maior do que o previsto caso fosse calculada a amostra probabilística. Desses respondentes, 141 são docentes e 149 são funcionários administrativos. Verificou-se que 90 servidores afirmaram ter participado do processo de implantação do IFMG, e este número representa 46 docentes e 44 técnicos administrativos, conforme se evidencia na tabela 2. Isto pode ter ocorrido porque muitos servidores foram admitidos com a criação do IFMG. A seguir são apresentados os resultados, tendo sido calculado o percentual em relação a cada resposta. Relativamente à tabela 1, verifica-se que a amostra foi constituída de 290 servidores (docentes e técnicos administrativos), que responderam ao questionário de pesquisa dentro do prazo estabelecido pela pesquisadora. Esses respondentes foram elencados conforme o campus em que trabalham, sendo possível verificar que o maior número de servidores se concentra em Ouro Preto, Bambuí, São João Evangelista e na Reitoria. Verifica-se, ainda, que existe um equilíbrio entre o número de docentes e de técnicos administrativos, já que são próximos os números em cada uma das categorias. 49 Tabela 1 - Distribuição da amostra em função do campus e cargo Técnico Campus Docente Total Administrativo 24 34 58 Ouro Preto 31 25 56 Bambuí 20 25 45 São João Evangelista Percentual 20.0 19.3 15.5 Reitoria 4 33 37 12.8 Formiga 13 12 25 8.6 Congonhas 12 7 19 6.6 Governador Valadares 12 6 18 6.2 Betim 9 1 10 3.4 Ouro Branco 7 2 9 3.1 Ribeirão das Neves 6 2 8 2.8 Sabará 3 2 5 1.7 141 149 290 100.0 Total Fonte: Dados da Pesquisa As Tabelas 2, 3, 4 e 5 têm como finalidade a verificação do conhecimento dos servidores do IFMG sobre a Lei nº 11.892/2008 que criou os Institutos Federais. Tabela 2 - Distribuição percentual das questões referentes ao conhecimento da Lei e procedimentos de criação do IFMG Técnico Docentes Administrativo Questões Total Não Sim Não Sim 5. Você tem conhecimento da Lei que criou os Institutos Federais de 11.0 37.6 11.7 39.7 100.0 Educação, Ciência e Tecnologia? 6. Você participou do processo de 32.8 15.9 36.2 15.2 100.0 implantação do IFMG? 8. Você foi convidado (a) para a 42.1 6.6 44.8 6.6 100.0 elaboração do estatuto do IFMG? Fonte: Dados da Pesquisa Observando a tabela 2, pode-se notar o percentual de conhecimento da Lei - 37,6 % dos docentes e 39,7% dos técnicos administrativos têm conhecimento da Lei que criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Quanto à participação dos servidores no processo de criação e implantação do IFMG verifica-se que 90 dos 290 respondentes afirmaram ter participado, sendo 15,9 % do total de docentes e 15,2% dos técnicos administrativos; logo, um percentual bem baixo em ambas as categorias. Pode-se inferir que este resultado representa uma dificuldade para a consolidação organizacional, já que alguns servidores continuam desconhecendo os trâmites legais que orientam a criação do educandário. Somando os docentes e os técnicos administrativos, apenas 13,1% foram convidados (as) para a elaboração do estatuto do 50 IFMG e apenas 31,5% participaram do processo de implantação do IFMG. Nesse caso, pode-se concluir que a maioria dos servidores ainda se mantém distante das normas de funcionamento da instituição, depois de passados quase cinco anos de sua criação. As tabelas 3 e 4 mostram o sentimento dos 90 servidores que participaram da criação do IFMG e a maneira pela qual as mudanças estão sendo percebidas por eles. Os docentes, em sua maioria (60,89%) afirmam que experimentaram segurança e tranqüilidade no momento da mudança, enquanto a maioria dos técnicos administrativos afirmou não ter tido este sentimento. Provavelmente, o exercício da docência não se altera em razão da mudança da estrutura organizacional, o que garante o sentimento de segurança. Por outro lado, os técnicos administrativos têm suas tarefas alteradas quando ocorre mudança na organização e isto gera intranqüilidade, como se verificou nas respostas dadas por eles. A tabela 4 mostra que as mudanças administrativas foram consideradas inadequadas pela maioria dos servidores, sendo que 54,55% dos técnicos administrativos e 67,39% dos docentes consideram inadequadas as mudanças decorrentes da implantação do IFMG. Tabela 3 - Distribuição percentual dos sentimentos no momento de transformação do IFMG 7. Você sentiu segurança e tranquilidade nesse momento Técnico Docente de transformação (criação do IFMG)? Administrativo Não Sim Total Fonte: Dados da Pesquisa 30.11 60.89 100 36.36 63.64 100 Tabela 4 - Distribuição percentual das mudanças administrativas com a criação do IFMG 9. Como você considera as em virtude da criação do IFMG? Docente Técnico Administrativo Inadequada 67.39 54.55 Adequada 32.61 45.45 100 100 Total Fonte: Dados da Pesquisa mudanças administrativas A tabela 5 mostra que significativo número de servidores expressa que não houve preparação para a mudança mediante palestras, debates ou outros recursos. Observa-se também que os técnicos administrativos são os que reclamam desta falta com 54,54%. Tabela 5 - Distribuição percentual em relação a divulgação das mudanças em virtude da transformação em IFMG 51 10. Você tem conhecimento de palestras, debates e outros eventos promovidos pelas Direções Gerais do IFMG Técnico Docente com o fim esclarecer duvidas sobre as mudanças impostas Administrativo pela criação do IFMG? Não 50.0 54,54 Sim 50.0 45,46 100 100 Total Fonte: Dados da Pesquisa Infere-se que o desconhecimento da lei de criação, somado a não participação no processo de implantação e ainda a falta de envolvimento com a elaboração do estatuto do IFMG podem determinar um sentimento de insegurança experimentado por quase todos os sujeitos de pesquisa. Pode-se concluir, ainda, que a falta de palestras, debates e outros eventos preparatórios para a implantação da nova estrutura organizacional ampliam ainda mais a insegurança dos servidores. As tabelas 6 e 7 mostram como foi a mudança nos postos de trabalho e como ela vem sendo sentida pelos servidores. Novamente se verifica que os postos de trabalho dos docentes já existiam, segundo afirmação feita por 76,09% deles. É possível que novas disciplinas tenham sido acrescentadas, o que justifica o fato de 23,91% afirmar que seu cargo não existia. Já entre os técnicos administrativos, 18,18% afirmaram que seu cargo não existia antes da reforma. Pode-se inferir que alguns cargos tenham mudado de nome ou que tenham tido as tarefas alteradas. Tabela 6 - Distribuição percentual de respostas quanto a existência dos postos de trabalho antes da criação do IFMG 11. O seu posto de trabalho já existia antes da criação Técnico Docente do IFMG? Administrativo Não 23,91 18,18 Sim 76,09 81,82 100 100 Total Fonte: Dados da Pesquisa Analisando os documentos apresentados pela instituição, foi possível verificar que mais de 76,09% dos cargos docentes e 81,82% dos cargos técnicos administrativos hoje existentes no IFMG já constavam da estrutura do educandário antes da Lei de criação. O questionário contou com uma pergunta sobre a percepção do posto de trabalho do respondente e verificou-se que 52,17% dos docentes consideram que nada mudou, enquanto 43,19% dos técnicos têm a mesma percepção. Verificou-se, ainda, que 22,72% 52 dos técnicos administrativos consideraram que a mudança foi radical, o que novamente se explica pelas alterações que uma nova estrutura organizacional determina sobre as atividades dos técnicos administrativos. Tabela 6 - Distribuição percentual de respostas quanto à forma que ocorreu a mudança no seu posto de trabalho Técnico 12. A mudança do seu posto de trabalho foi: Docente Administrativo Nada Mudou 52.17 43.19 Parcial 36.96 34.09 Radical 10.87 22.72 100 100 Total Fonte: Dados da Pesquisa Observando a distribuição percentual das tabelas 8 e 9, pode-se verificar como os servidores estão se sentindo em relação à estrutura organizacional do IFMG que foi adotada com a transformação do IFMG. Tabela 7 - Distribuição percentual da percepção dos servidores em relação à estrutura organizacional Técnico Total Docentes Administrativo Questões 13. Você se sente satisfeito com as atividades pelas quais você é responsável no IFMG? 14. Como você considera a estrutura de cargos do IFMG? 15. Como você avalia o ambiente físico de trabalho para às tarefas que você tem que realizar? 16. Como você considera a jornada de trabalho diária do IFMG? 17. A distribuição de tarefas proposta atualmente pelos gestores do IFMG é: 18. Você considera a quantidade de tarefas sob sua responsabilidade: Fonte: Dados da Pesquisa Inadequado Adequado Inadequado Adequado Inadequado Adequado 10.0 38.6 14.1 37.2 24.1 75.9 27.6 21.0 31.7 19.7 59.3 40.7 28.6 20.0 21.0 30.3 49.7 50.3 11.4 37.2 31.0 20.3 42.4 57.6 24.5 24.1 30.0 21.4 54.5 45.5 17.6 31.0 22.8 28.6 40.3 59.7 Das respostas apresentas na tabela 8, observa-se que 38,6% dos docentes e 37,2% dos técnicos administrativos estão satisfeitos com as atividades pelas quais são responsáveis. Cerca de 50,3% dos docentes e dos técnicos administrativos acham adequados os ambientes de trabalho do IFMG. Dos técnicos administrativos que responderam a pesquisa, 59,3% acham que a estrutura de cargos não é adequada e 54,5% desses mesmos respondentes consideram que a distribuição de tarefas proposta pelos responsáveis no IFMG é inadequada, havendo uma sobrecarga de trabalho. 53 Tabela 8 - Distribuição percentual da percepção dos servidores em relação às tarefas realizadas na estrutura organizacional Técnico Total Docentes Administrativo Questões Não Sim Não Sim Não Sim 19. Você se sente sobrecarregado com as tarefas que tem de desempenhar? 20. Você acha que o modelo de gestão adotado no IFMG proporciona maior demanda de trabalho no setor em que trabalha? 21. Você sofre algum tipo de pressão de tempo para cumprir suas tarefas? Fonte: Dados da Pesquisa 30.0 18.6 27.9 23.4 57.9 42.1 28.3 20.3 23.4 27.9 51.7 48.3 25.2 23.4 27.2 24.1 52.4 47.6 Quando se observa a tabela 9, constata-se que à jornada de trabalho diária é considerada inadequada por 42,4% dos servidores; verifica-se, ainda, que 42,1% dos servidores se sentem sobrecarregados e 48,3% acham que o modelo implantado demanda maior exigência de trabalho no seu setor. Ainda tomando a totalidade dos respondentes, cerca de 47,6% afirmam que sofrem pressão para a realização de seu trabalho. Logo, verificase que a nova estrutura organizacional tem sido avaliada como geradora de mais trabalho e os respondentes apontam pressão sofrida para a realização de trabalho em seu setor, o que pode ocasionar a desmotivação do servidor. Essas avaliações devem ser levadas em consideração para se fazer revisão da estrutura organizacional. Nas questões cujas respostas são apresentadas na tabela 10, podem-se identificar as dificuldades advindas do fator humano no processo de mudança. Observando a referida tabela, é baixa a crença de que as mudanças constituem ameaça ao trabalho 16,5% e 84,0% deles afirmam que gostam de participar das mudanças organizacionais. Verificase, ainda, que a grande maioria dos profissionais 87,6% considera que é preciso levar em conta valores, crenças e hábitos do educandário, apesar do momento de mudança. Cabe salientar que se identifica um desejo expressivo de docentes e técnicos administrativos de que as mudanças preservem a cultura organizacional da instituição, levando em conta os valores crenças e hábitos que a caracterizam. 54 Tabela 9 - Distribuição percentual de questões referentes ao fator humana diante das mudanças e da cultura organizacional Técnicos Total Docentes Administrativos Questões Não Sim Não 22. Você considera que as mudanças que estão ocorrendo 40.7 7.9 constituem ameaças ao seu trabalho? 42.8 Sim Não Sim 8.6 83.5 16.5 23. Quando ocorrem mudanças organizacionais, você gosta de 6.9 participar? 41.7 8.6 42.8 15.5 84.5 25. Você considera que os valores, crenças, hábitos devem ser 6.2 respeitados em momentos de mudança? 42.4 6.2 45.2 12.4 87.6 Fonte: Dados da Pesquisa Na tabela 11, as questões são referentes à capacidade de adaptação às mudanças, e pode-se verificar que apenas 6,2% do total de servidores apontou grande dificuldade para adaptação. Cerca de 27,9% dos docentes e 30,0% dos técnicos administrativos afirmam que não sentem dificuldade para se adaptar às mudanças organizacionais. Esta análise mostra uma incoerência dos respondentes, pois mais da metade de cada categoria considera inadequadas as tarefas de seu cargo e perto de 30% dos sujeitos de cada categoria dizem não estar encontrando dificuldade de se adaptarem às mudanças organizacionais. Tabela 10 - Distribuição percentual das respostas em relação a percepção da capacidade de adaptação a mudanças Respostas Docente Técnico Administrativo Total Sem dificuldade 27.9 30.0 57.9 Marcada por pequena dificuldade 17.2 18.6 35.9 Marcada por grande dificuldade 3.4 2.8 6.2 Total Fonte: Dados da Pesquisa 48.6 51.4 100.0 As tabelas 12, 13, 14, e 15 têm como objetivo a avaliação do novo modelo de gestão do IFMG em função do PDI. A tabela 12 apresenta a distribuição percentual dos servidores quanto ao conhecimento sobre o PDI. Verifica-se que 68,6% dos servidores afirmam ter conhecimento do PDI, o que é um fator positivo para o funcionamento institucional. Há leve predominância dos docentes 36,2%, enquanto 32,4% dos técnicos administrativos também afirmam ter conhecimento. Esses índices sugerem que os servidores se interessam pelo desenvolvimento da instituição. 55 Embora 68,6% dos servidores conheçam o PDI, observando a tabela 13 verifica-se que 42,3% dos servidores consideram o PDI como regular, ou seja, não o consideram bom nem excelente. Em relação execução das metas propostas pelo PDI 21,0% dos docentes e 24,5% dos técnicos atribuem o valor regular, conforme mostra a tabela 14. Para a avaliação do modelo de gestão atual observa-se a tabela 15 onde 60,4% dos servidores consideraram como sendo regular e fraco. Tabela 11 - Distribuição percentual em relação ao conhecimento do PDI em vigor no IFMG Docente Técnico Administrativo Total Não Sim 12.4 36.2 19.0 32.4 31.4 68.6 Total Fonte: Dados da Pesquisa 48.6 51.4 100.0 Possui conhecimento? Avaliação Fraco Regular Bom Excelente Tabela 12 - Distribuição percentual da Avaliação do PDI do IFMG Técnico Docente Total Administrativo 8.6% 7.2% 15.9% 19.3% 23.4% 42.8% 20.0% 18.3% 38.3% .7% 2.4% 3.1% Total 48.6% Fonte: Dados da Pesquisa 51.4% 100.0% Tabela 13 - Distribuição percentual sobre a avaliação da execução das metas propostas pelo PDI do IFMG Técnico Avaliação Docente Total Administrativo Fraco 11.7 12.4 24.1 Regular 21.0 24.5 45.5 Bom 15.2 13.4 28.6 Excelente 0.7 1.0 1.7 Total Fonte: Dados da Pesquisa 48.6 51.4 100.0 Tabela 14 - Distribuição Percentual da consideração do modelo de gestão que está em vigor no IFMG Técnico Considerações Docente Total Administrativo Fraco 11.7 12.8 24.5 Regular 15.5 20.3 35.9 Bom 20.0 17.6 37.6 Excelente 1.4 0.7 2.1 Total Fonte: Dados da Pesquisa 48.6 51.4 100.0 56 Tomando os valores expressos nessas tabelas, conclui-se que docentes e técnicos administrativos afirmam conhecer o PDI do IFMG, parecem mostrar-se interessados no desenvolvimento da instituição, mas a maioria considera este instrumento de planejamento pouco eficaz, isto é, atribuem a ele o valor regular, que o coloca mais próximo de fraco do que de bom. Cabe, neste caso, investigar os motivos pelos quais os servidores expressam sua crítica ao instrumento citado. 57 5.2 Interpretação de Resultados Através do teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, realizado utilizando-se software estatístico SPSS, pode-se observar na tabela 16 que as questões 15, 16, 20 e 26 obtiveram diferenças significativas sobre as percepções dos docentes e dos técnicos administrativos. Tabela 15 - Resultado do teste de diferenças das percepções entre docentes e técnicos dministrativos em relação as questões aplicadas Questões 5. Você tem conhecimento da Lei que criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia? 6. Você participou do processo de implantação do IFMG? Quiquadrado df Significâ ncia .001 1 .980 .323 1 .570 7. Você sentiu segurança e tranquilidade nesse momento de transformação (criação do IFMG)? .129 1 .720 8. Você foi convidado (a) para a elaboração do estatuto do IFMG? .033 1 .855 9. Como você considera as mudanças administrativas em virtude da criação do IFMG? .315 1 .575 10. Você tem conhecimento de palestras, debates e outros eventos promovidos pelas Direções Gerais do IFMG com o fim esclarecer duvidas sobre as mudanças impostas pela criação do IFMG? .098 1 .754 11. O seu posto de trabalho já existia antes da criação do IFMG? .021 1 .884 13. Você se sente satisfeito com as atividades pelas quais você é responsável no IFMG? 1.904 1 .168 14. Como você considera a estrutura de cargos do IFMG? .750 1 .386 15. Como você avalia o ambiente físico de trabalho para às tarefas que você tem que realizar? 9.280 1 .002 16. Como você considera a jornada de trabalho diária do IFMG? 40.462 1 .000 17. A distribuição de tarefas proposta atualmente pelos gestores do IFMG é: 1.879 1 .170 18. Você considera a quantidade de tarefas sob sua responsabilidade: 1.980 1 .159 19. Você se sente sobrecarregado com as tarefas que tem de desempenhar? 1.596 1 .206 20. Você acha que o modelo de gestão adotado no IFMG proporciona maior demanda de trabalho no setor em que trabalha? 4.531 1 .033 21. Você sofre algum tipo de pressão de tempo para cumprir suas tarefas? .045 1 .832 22. Você considera que as mudanças que estão ocorrendo constituem ameaças ao seu trabalho? .011 1 .915 23. Quando ocorrem mudanças organizacionais, você gosta de participar? .371 1 .543 24. Você considera que sua capacidade de adaptação às mudanças é: .074 1 .786 25. Você considera que os valores, crenças, hábitos devem ser respeitados em momentos de mudança? .031 1 .860 26. Você tem conhecimento do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG? 4.343 1 .037 27. Como você avalia o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG? .067 1 .795 28. Como você avalia a execução das metas propostas pelo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG? .246 1 .620 29. Como você considera o modelo de gestão que está em vigor no IFMG? 1.266 1 .261 A - Teste de Kruskal Wallis-B - Grupos de variáveis ( Cargo ocupado. Fonte: Dados da Pesquisa 58 Na avaliação do ambiente físico de trabalho para a realização das tarefas, os técnicos administrativos o consideram mais adequado do que os docentes. Os docentes consideram a jornada de trabalho diária do IFMG mais adequada do que os técnicos administrativos. Além disso, a proporção de técnicos administrativos que consideram que o modelo atual de gestão adotado no IFMG determina maior demanda de trabalho nos setores em que atuam, é maior do que a proporção de docentes que consideram este fato. Provavelmente, este resultado se justifica porque os docentes permanecem ministrando suas aulas e desenvolvendo outras atividades, seja qual for a estrutura organizacional da instituição de ensino. Os técnicos administrativos, entretanto, têm atividades diferenciadas quando se implanta uma nova arquitetura organizacional. A proporção de docentes com conhecimento sobre Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG é maior do que a proporção de técnicos administrativos. Geralmente, nas instituições de ensino, docentes são convidados a participar da elaboração do PDI mais freqüentemente do que os funcionários administrativos. Em decorrência disto, geralmente, os docentes se mostram mais informados sobre este instrumento de planejamento. A tabela 17 proporciona uma melhor visualização das diferenças significativas das percepções dos docentes e dos técnicos administrativos do que os resultados que foram interpretadas anteriormente. Tabela 16 - Distribuição percentual das questões que apresentaram diferenças significativas entre os cargos Questões 15. Como você avalia o ambiente físico de trabalho para às tarefas que você tem que realizar? 16. Como você considera a jornada de trabalho diária do IFMG? 20. Você acha que o modelo de gestão adotado no IFMG proporciona maior demanda de trabalho no setor em que trabalha? 26. Você tem conhecimento do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG? Fonte: Dados da Pesquisa Respostas Inadequada Adequada Inadequada Adequada Não Sim Não Sim Cargo ocupado Docente Técnico Administrativo 28.6 21.0 20.0 30.3 11.4 31.0 37.2 20.3 28.3 23.4 20.3 27.9 12.4 19.0 36.2 32.4 59 Visando a facilitar a interpretação dos resultados, as questões 30 e 31, que foram questões abertas, tiveram as respostas sintetizadas nas tabelas 18 e 19 e pode-se observar sua interpretação apresentada a seguir. Foram listas as respostas que mais citadas de forma aleatória. Tabela 17 - Síntese da questão 30 30. Qual o maior desafio que você considera ao enfrentar mudanças organizacionais no IFMG? 1. Resistência de servidores a mudança organizacional 2. Demanda maior de trabalho no setor em que trabalha 3. Mudança na Cultura Organizacional 4. Estabilidade do servidor 5. Falta de planejamento 6. Despreparo de gestores 7. Dificuldades de adaptação à mudança 8. Falta de comunicação e divulgação de mudanças 9. Centralização de decisões na reitoria 10. Falta de informação sobre mudanças Fonte: Dados da Pesquisa Tabela 18 - Síntese da questão 31 31. No período de transformação do IFMG quais foram os seus maiores desafios? 1. Dificuldades de adaptação à mudança 2. Centralização de decisões na reitoria 3. Falta de motivação de alguns servidores 4. Despreparo de gestores 5. Entender mais sobre as mudanças 6. Falta de informação sobre mudanças 7. Falta de servidores 8. Resistência de servidores a mudança organizacional Fonte: Dados da Pesquisa A maioria dos servidores respondentes da pesquisa cita que os maiores desafios das mudanças do IFMG foram: a resistência de servidores à mudança organizacional, a centralização de decisões na reitoria, o despreparo de gestores, falta de informação sobre mudanças, dificuldades de adaptação às mudanças. 60 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo proposto nesta dissertação teve como objetivo geral analisar o tema “analisar os desafios percebidos pelos servidores do IFMG no processo de implantação da nova arquitetura organizacional advindo da Lei nº 11.892, sancionada em 29 de dezembro de 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. A mudança organizacional é um fenômeno cada dia mais presente na administração pública e que a torna necessário estudos mais aprofundados e um busca pela compreensão dos processos em curso, bem como uma pesquisa por um arcabouço teórico para consolidas as atividades dos profissionais e executivos nas organizações públicas. A literatura pertinente ao tema propaga um fortalecimento das mudanças nos cenários sociais, econômicos e tecnológicos, que vêem contribuindo para ampliar o propósito do conceito de mudança, percebido procura da estabilidade para uma nova visão de mudança, baseada em argumentos de transformações e desenvolvimento contínuo. Nesse sentido, o conceito ganha maior abrangência, pois engloba modificações no ambiente interno das organizações visando adequá-las ao contexto externo, no qual estão inseridas. A transformação organizacional ganha um caráter multidimensional, concentrando suas alterações em todos os eixos da empresa: visão de futuro, estratégia, estrutura, processos, pessoas, liderança e cultura. Para alcançar este objetivo geral, foram definidos objetivos específicos que foram os seguintes: Caracterizar as bases legais da nova arquitetura organizacional adotada pelo IFMG; Identificar os principais desafios advindos da nova arquitetura organizacional proposta para os servidores do IFMG; Analisar o entendimento dos servidores do IFMG sobre as propostas de gestão colocadas através do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG; No tocante ao primeiro objetivo específico, foram analisados os textos legais que dispõem sobre a Lei nº 11.892, sancionada em 29 de dezembro de 2008 e o Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI 2009-2013. A partir de então, se encerrou um período de muitas expectativas e debates em torno do que viria a ser um Instituto 61 Federal. Dessa forma, a referida lei pôs fim, pelo menos do ponto de vista legal, a algumas das tensões em relação à construção e semânticas suscitadas pela nova institucionalidade. Os Institutos nascem, assim, pelo menos no seu formato jurídicoinstitucional; por isso mesmo, uma desafiadora novidade para a educação brasileira. São instituições de educação superior, mas também de educação básica, e, principalmente, profissional, pluricurriculares e multicampi; terão na formação profissional, nas práticas científicas e tecnológicas e na inserção territorial os principais aspectos definidores de sua existência. O Plano de Desenvolvimento Institucional do IFMG procurou fundamentar-se na gestão democrática, na autonomia administrativa, didático-científica e gestão financeira, na defesa do ensino de qualidade, público e gratuito, na igualdade de condições de acesso e permanência na Instituição. A consolidação do IFMG insere-se, portanto, numa realidade bastante complexa, tendo que construir uma proposta singular de organização e gestão em resposta às demandas de desenvolvimento sustentável e inclusivo, arranjos e tecnologias educacionais próprios. No passar desses quatro anos, novos desafios surgem e um novo caminhar na produção e democratização do conhecimento se faz necessário, para assegurar uma adaptação a nova estrutura organizacional, tornando o IFMG uma promissora instituição de Educação Profissional e Tecnológica. O segundo objetivo específico, que consistiu em identificar os principais desafios advindos da nova arquitetura organizacional proposta para os servidores do IFMG. Analisando os questionários, identificou-se que a maioria dos servidores respondentes da pesquisa cita como seus maiores desafios: a resistência à mudança organizacional, a centralização de decisões na reitoria, o despreparo de gestores, falta de informação sobre mudanças, dificuldades de adaptação às mudanças. O terceiro objetivo específico consistiu em analisar o entendimento dos servidores do IFMG sobre as propostas de gestão colocadas através do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG. Conclui-se que os servidores do IFMG conhecem o PDI da instituição, e mostraram-se interessados no desenvolvimento da instituição, mas a maioria considera este instrumento de planejamento pouco eficaz. Pode-se dizer que a resistência à mudança advém da falta de informação e da clareza das mudanças propostas; a mudança poderia ser encarada como algo natural e positivo, 62 porém devido a reação individual, torna-se imprevisível. Como ainda não existe uma “fórmula mágica” para sanar a resistência às mudanças, têm-se alguns métodos que trazem melhoras, mas não eliminam a causa, para minimizar os efeitos causados pelo impacto da mudança. Primeiramente, é necessária uma direção segura, participante, convencida de que aquilo é o melhor para a instituição. Para tal, seria necessária um preparação dos gestores do IFMG, o que ainda não ocorreu. Iniciar o processo com transparência é a melhor medida, gerando um clima de confiança, que é essencial para expor com honestidade os aspectos que a mudança irá atingir. A comunicação é o espelho da cultura organizacional e deve ser refletida no processo de gestão; se os gestores não se comunicam com eficácia, a instituição certamente não se comunicará adequadamente. Não é difícil perceber que hoje muitos dos problemas organizacionais decorrem justamente da ineficácia de comunicação de sua gestão. É necessário criar uma campanha de sensibilização, para que haja compreensão e até mesmo simpatia com as novas mudanças, procurando fazer com que os servidores participem do processo de mudança e principalmente se sentindo seguros com relação ao seu futuro e da instituição. A discussão registrada neste trabalho não esgota o assunto. O Instituto Federal de Minas Gerais foi criado há apenas quatro anos e o modelo gerencial adotado poderá ser reestruturado tendo em vista as várias críticas relatadas. Portanto, esta pesquisa não para aqui. Muitas de suas variáveis podem e devem ser retomadas a partir dos questionamentos levantados, de forma a serem ampliadas, enfim, devidamente avaliadas fazendo um levantamento da realidade organizacional e buscar sempre a permanentemente evolução. Finalizando, o assunto está muito longe de se chegar a uma conclusão fechada sobre o tema. A discussão sobre Resistência a mudança, centralização de decisão, preparo de gestores, adaptação à mudança e informações claras, não está perto de acabar, pelo contrário, uma vez que ainda se desconhece suas verdadeiras causas e essência no setor público. 63 REFERÊNCIAS . ARAÚJO, Luís César Gonçalves. Mudança Organizacional na Administração Pública Federal Brasileira. 1982. 307 f. 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Desde então, os gestores do referido instituto vêm tentando implantar este novo modelo de instituição educacional. Este questionário tem como objetivo analisar os desafios identificados pelos servidores do IFMG no processo de implantação desta nova estrutura. Sua resposta ao questionário será valiosa para que se tenha conhecimento das dificuldades encontradas no cotidiano do seu trabalho e se possa apresentar à direção do IFMG informações capazes de contribuir para a gestão desse estabelecimento. Sua identidade será mantida em sigilo, uma vez que não será divulgado o nome dos respondentes a este questionário. Agradecendo sua colaboração, aguardo sua resposta até o dia 31/05/2013. 1. Em qual campus você trabalha? ( )Bambuí ( )Betim ( )Congonhas ( )Formiga ( )Governador Valadares ( )Ouro branco ( )Ouro preto ( )Reitoria ( )Ribeirão das neves ( )São João Evangelista ( )Sabará 2. Em qual setor você atua? ( )Administrativo ( )Ensino/Pesquisa/Extensão 3. Qual é o seu cargo? ( )Técnico Administrativo 71 ( )Docente 4. Você ocupa cargo de Chefia? ( ) Sim ( ) Não 5. Você tem conhecimento da Lei que criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia? ( ) Sim ( ) Não 6. Você participou do processo de implantação do IFMG? ( ) Sim ( ) Não 7. Você sentiu segurança e tranquilidade nesse momento de transformação (criação do IFMG)? ( ) Sim ( ) Não 8. Você foi convidado (a) para a elaboração do estatuto do IFMG? ( ) Sim ( ) Não 9. Você considera que as mudanças administrativas em virtude da criação do IFMG foram bem sucedidas? ( ) Sim ( ) Não 10. Você tem conhecimento de palestras, debates e outros eventos promovidos pelas Direções Gerais do IFMG com o fim esclarecer duvidas sobre as mudanças impostas pela criação do IFMG? ( ) Sim ( ) Não 11. O seu posto de trabalho já existia antes da criação do IFMG? ( ) Sim ( ) Não 12. A mudança do seu posto de trabalho foi: ( )Radical ( )Parcial ( ) Nada mudou 13. Você se sente satisfeito com as atividades pelas quais você é responsável no IFMG? ( ) Sim 72 ( ) Não 14. Como você considera a estrutura de cargos do IFMG? ( )Adequada ( ) Inadequada 15. Como você avalia o ambiente físico de trabalho para às tarefas que você tem que realizar? ( )Adequada ( ) Inadequada 16. Como você considera a jornada de trabalho diária do IFMG? ( )Adequada ( ) Inadequada 17. Você considera a distribuição de tarefas proposta atualmente pelos gestores do IFMG: ( )Adequada ( ) Inadequada 18. Você considera a quantidade de tarefas sob sua responsabilidade: ( )Adequada ( ) Inadequada 19. Você se sente sobrecarregado com as tarefas que tem de desempenhar? ( ) Sim ( ) Não 20. Você acha que o modelo de gestão adotado no IFMG proporciona maior demanda de trabalho no setor em que trabalha? ( ) Sim ( ) Não 21. Você sofre algum tipo de pressão de tempo para cumprir suas tarefas? ( ) Sim ( ) Não 22. Você considera que as mudanças que estão ocorrendo constituem ameaças ao seu trabalho? ( )Sim ( )Não 23. Quando ocorrem mudanças organizacionais, você gosta de participar? ( )Sim ( )Não 24. Você considera que sua capacidade de adaptação às mudanças é: 73 ( )Sem dificuldade ( ) marcada por pequena dificuldade ( ) marcada por grande dificuldade 25. Você considera que os valores, crenças, hábitos devem ser respeitados em momentos de mudança? ( )Sim ( )Não 26. Você tem conhecimento do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG? ( )Sim ( )Não 27. Como você avalia o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG? ( )Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Fraco 28. Como você avalia a execução das metas propostas pelo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMG? ( )Excelente ( ) Bom ( )Regular ( ) Fraco 29. Como você considera o modelo de gestão que está em vigor no IFMG? ( )Excelente ( ) Bom ( )Regular ( ) Fraco 30. Qual o maior desafio que você considera que tem enfrentado neste processo de implantação do IFMG? 31. No Período de transformação do IFMG quais foram seus maiores desafios? (se você não participou escreva apenas não participei da criação).