AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE MICROPLACA NAS FENOTIPAGENS ABO E Rh(D) DE DOADORES DE SANGUE NA HEMOCLÍNICA DE BRASÍLIA Mesiano, C. A. M.; Cruz, C. B. S.; Ruggiero, L. A. HEMOCLÍNICA – Clínica de Hematologia e Hemoterapia Ltda. Brasília, D.F. Setor de Imuno-hematologia E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO Os Serviços de Hemoterapia vêm implementando novas técnicas de fenotipagens ABO e Rh(D) para doadores de sangue a fim de obter um melhor custo-benefício. A Hemoclínica, Clínica de Hematologia e Hemoterapia de Brasília, implementou a técnica de hemaglutinação em microplaca, através de um estudo comparativo com a técnica em tubo, com o objetivo de reduzir os custos técnicos e operacionais sem prejudicar a qualidade dos resultados dos exames e viabilizando uma técnica de fácil execução para atender a crescente demanda de exames. MATERIAL E MÉTODOS Foram analisados 9.965 fenotipagens ABO e Rh(D) de doadores de sangue no período de abril de 2002 a abril de 2003, comparando-se a técnica de hemaglutinação em tubo, bastante utilizada pelos serviços de hemoterapia com a técnica de hemaglutinação em microplaca. Para realização da técnica de hemaglutinação em microplaca foram adquiridos: uma centrífuga de microplaca Jouan, modelo B4i com capacidade para duas microplacas; um multipipetador de volume ajustável (20-200 microlitros) de 12 canais Rainin, modelo L12-200; um pipetador monocanal de 10 microlitros Lio Serum; microplacas de poliestireno 96 poços de fundo em U e um plano inclinado a 70º confeccionado em acrílico. A técnica consiste em diluir hemácias em salina 0,9% e soros reagentes diluídos em LISS (Low ionic Strength Salt Solution) (tabela 1). A melhor diluição para os soros reagentes foi determinada pelo maior título do reagente onde foi observada a aglutinabilidade das hemácias com intensidade de reação 4+, para isso é necessário que os soros sejam previamente testados pelo controle de qualidade. No período de análise eram utilizados soros reagentes anti-A, anti-B, anti-A,B, Anti-D monoclonal, Anti-D policlonal e controle Rh(D) da marca ASEM-NPBI, onde se determinou suas diluições ideais (tabela 1). As microplacas são pipetadas com 200 microlitros de salina e 50 microlitros de soros reagentes (figura 1), então se realiza a fase de diluição em salina pipetando-se 10 microlitros das hemácias a serem testadas, a fase de pipetagem das hemácias pipetando-se 25 microlitros em cada soro reagente (figura 2), a fase de centrifugação a 95,2g (figura 3) e submete-se a microplaca ao plano inclinado a 70º. Após aguardar cerca de 2’, fase de leitura, onde o resultado positivo visualiza-se como aglutinação centralizada ou espalhada e o resultado negativo como hemácias escorridas verticalmente (figura 4). Técnica Diluição das hemácias em salina Diluição anti-A, Diluição anti-D, anti-B e antianti-D A,B em LISS policlonal e controle Rh(D) em LISS Tempo de realização da rotina de 37 amostras/ dia (minutos) Tubo 3,0 - 5,0% Soros Concentrados Soros Concentrados 150 Microplaca 4,8% 4,2% 6,3% 70 Tabela 1. Comparativo entre as técnicas em tubo e microplaca Figura 1. Microplaca com reagentes Figura 2. Microplaca com hemácias Figura 3. Fase de centrifugação Figura 4. Fase de leitura RESULTADOS E CONCLUSÃO Em 9.965 fenotipagens ABO e Rh(D) analisadas nas duas técnicas (microplaca e tubo), 100% dos exames apresentaram resultados concordantes, incluindo os resultados de subgrupos onde a técnica em microplaca apresentou uma maior sensibilidade, facilitando assim suas identificações. Na análise do tempo da realização da rotina, a técnica em microplaca apresentou uma redução de 53,3% em relação à técnica em tubo, fato decorrente da utilização do multipipetador de 12 canais, da capacidade da centrífuga Jouan (possibilitando centrifugar 24 tipagens em apenas 1 minuto) e da facilidade para realização das leituras dos resultados. Houve também uma grande redução no custo operacional, já que a técnica em microplaca permite a diluição dos soros reagentes enquanto a técnica em tubo utiliza soros concentrados (tabela 1). A implementação da técnica em microplaca na rotina proporcionou maior confiabilidade na execução dos testes, além de maior sensibilidade na leitura quando comparada à técnica em tubo, mostrando-se viável na rotina de fenotipagens ABO e Rh(D) de doadores de sangue devido ao seu baixo custo, facilidade de execução e resultados reprodutíveis, agregando dados positivos quanto à mudança de rotina em um serviço. ABSTRACT A Hemoclínica visando à redução de custos técnicos e operacionais, sem prejudicar a qualidade dos resultados dos exames, resolveu implementar a técnica de hemaglutinação em microplaca para as fenotipagens ABO e Rh(D), substituindo a técnica de . hemaglutinação em tubo. Para a introdução da técnica de hemaglutinação em microplaca foram adquiridos: uma centrífuga de microplaca Jouan, modelo B4i; um multipipetador de 12 canais Rainin, modelo L12-200, microplacas de poliestireno 96 poços de fundo em U e plano inclinado a 70º. A validação da técnica em microplaca foi realizada entre abril de 2002 e abril de 2003. Nesse período foram realizadas 9965 fenotipagens utilizando-se as duas técnicas (tubo e microplaca) em paralelo e os resultados obtidos mostraram-se concordantes. A melhor diluição para as fenotipagens foi determinada pelo maior título do reagente onde foi observada a aglutinabilidade das hemácias com intensidade de reação 4+. A determinação dos fenótipos ABO e Rh(D) foi padronizada utilizando-se 25 microlitros de suspensão de hemácias a 4,8 % e 50 microlitros de anti-soros; centrifugação a 95,2g; 1 minuto e leituras realizadas em plano inclinado. Observou-se que para cada tipagem sanguínea houve uma economia de reagentes em torno de 20 vezes, maior segurança para a realização dos exames e uma redução de tempo de 53,3 %. A implementação da técnica em microplaca na rotina proporcionou maior confiabilidade na execução dos testes, além de maior sensibilidade na leitura quando comparada à técnica em tubo, mostrando-se viável na rotina de fenotipagens ABO e Rh(D) de doadores de sangue devido ao seu baixo custo, facilidade de execução e resultados reprodutíveis, agregando dados positivos quanto à mudança de rotina em um serviço.