# 155 ano XXXVIII julho/agosto 2011 INOVAÇÃO E TECNOLOGIA O encontro transformador da criatividade com o espírito de servir informa I II informa informa 1 www.odebrechtonline.com.br Leia Odebrecht Informa no seu iPad e no seu smartphone . Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos. As realizações da Organização Odebrecht em seu tablet e em seu smartphone . 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Textos de Cláudio Lovato Filho, Fabiana Cabral, José Enrique Barreiro, Karolina Gutiez, Renata Meyer, Rodrigo Vilar, Thereza Martins, Zaccaria Júnior e colaboradores. foto: ricardo telles #155 inovação e tecnologia Foto de capa: Nilton Souza & notícias pessoas Capa Ilustração de Rico Lins 6 Quintas Private faz do compartilhamento de casas uma porta de acesso a imóveis de alto padrão 10 Nova Orleans trabalha em ritmo acelerado para se proteger de catástrofes naturais 14 Nas obras da Arena Fonte Nova, uma goleada de soluções pioneiras de engenharia 18 Em Pernambuco e no Rio Grande do Sul, os trilhos chegam para tornar a vida mais fácil 22 Luiz Roberto Chagas: a inovação é o motor da competitividade e do crescimento de uma organização 26 Conheça um programa que estimula a busca de soluções inovadoras e reconhece a criatividade das equipes 28 Inovação, o fruto de uma busca conjunta e cotidiana da Braskem e seus clientes 32 Uso de peças pré-moldadas garante mais rapidez e segurança na construção da Hidrelétrica Santo Antônio 36 Pela primeira vez no mundo, uma plataforma autoelevatória é lançada a partir de outra estrutura flutuante 42 Plataforma Norbe VI chega ao Brasil trazendo importantes novidades para a exploração e produção de petróleo 46 Há 20 anos era assinado o contrato para a construção da plataforma P-18, um marco na indústria offshore 50 Setor de açúcar e etanol a caminho de ter a tecnologia como um de seus diferenciais competitivos 52 Em Itaguaí (RJ), tem início a realização de um antigo sonho brasileiro: a construção de submarinos 56 Médicos da Odebrecht falam do papel da tecnologia na promoção da saúde e da qualidade de vida 58 Famílias de agricultores começam a viver tempos em que o atravessador vai se tornando personagem do passado 62 Luis Fernando Cassinelli escreve sobre a busca contínua da Braskem pela introdução de novas soluções 66 68 70 72 76 77 78 SEGURANÇA PERU PERFIL COLÔMBIA DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS GENTE SABERES informa 3 4 informa EDITORIAL O espírito de servir é inquieto I sto foi na Bahia, no canteiro de obras de São Roque do Paraguaçu, em junho: pela primeira vez no mundo, uma plataforma autoelevatória foi lançada à água a partir de outra estrutura flutuante, nesse caso, uma balsa. Uma inovação que já se tornou referência para a indústria de petróleo e gás. Do Nordeste “Desde que foi fundada, em 1944, a Odebrecht, através da capacitação e da constante insatisfação de seus integrantes, vem buscando oferecer, às comunidades nas quais está presente, soluções inovadoras, capazes de romper com os padrões estabelecidos” brasileiro para o Sul dos Estados Unidos: em Nova Orleans, cidade onde o jazz nasceu, devastada pela passagem do furacão Katrina, em 2005, uma ampla reestruturação do sistema de diques vem sendo efetuada, incluindo algumas soluções de engenharia pioneiras. Há também o uso inédito de resinas termoplásticas em projetos petrolíferos e agrícolas; a instalação de fábricas de trilhos e fôrmas dentro de canteiros – sendo, uma delas, a maior do mundo de seu tipo, em Salgueiro, Pernambuco. E, ainda, a primeira implosão de um estádio de futebol brasileiro e a revolução tecnológica que se inicia no setor de etanol e açúcar. Você lerá sobre isso e muito mais nesta edição de Odebrecht Informa. Para além de tratar de Inovação e Tecnologia, este número da revista fala sobre a criatividade e do quanto é vital, para quem trabalha em uma organização empresarial, ter um espírito permanentemente inquieto. Desde que foi fundada, em 1944, a Odebrecht, por meio da capacitação e da constante insatisfação de seus integrantes, vem buscando oferecer, às comunidades nas quais está presente, soluções inovadoras, capazes de romper com os padrões estabelecidos, quebrar paradigmas e alcançar novos patamares de produtividade, com um sentido muito claro: tornar mais vantajoso, para a coletividade, tudo o que a inventividade e o acúmulo de conhecimento e experiência empresariais forem capazes de proporcionar. Com a simplicidade e a humildade de quem possui o espírito de servir, essa capacidade de invenção e criação torna-se o elo entre o sonho dos clientes e a sua realização – com competência e paixão – pelos integrantes da Organização. Essa maneira de ver o trabalho e a vida certamente contribuiu para que a Odebrecht estivesse entre as 10 organizações ganhadoras do Prêmio Empresa dos Sonhos dos Jovens, promovido pela consultoria de recrutamento e seleção Cia. de Talentos. Essa conquista significa que grande parte dos 50 mil universitários brasileiros recém-formados, ouvidos em uma pesquisa, revelaram, espontaneamente, que gostariam de começar a vida profissional na Odebrecht. Boa leitura. informa 5 Compartilhando felici Repartir um sonho com outras pessoas pode ser a melhor maneira de realizá-lo. Em Sauípe, na Bahia, isso está acontecendo texto Leonardo Maia fotos Júlio Bittencourt 6 6 informa Fábio: aos 32 anos, liderando a atuação da Odebrecht em O Quintas Private, que fica dentro do Condomínio Quintas Grande Laguna, e, na página ao lado, o casal Rodrigo e Kaline com os filhos: famíla estava gastando muito com hotel I magine chegar à sua casa de praia e encontrar “Trouxemos para o mercado algo que sai do modelo sempre tudo arrumado e funcionando perfeitamen- tradicional e traduz as necessidades dos consumidores. te bem. Isso sem precisar contratar os serviços de Pesquisas recentes apontam que, após cinco anos de caseiro, piscineiro ou secretária do lar. Basta chegar compra da sua casa de praia ou campo, o proprietário e usufruir da piscina privativa, do espaço gourmet e a frequenta por um mês ao ano, em média. No Quintas de outras exclusividades, desfrutando tudo isso ao lado de Private, você paga pelo que de fato consome. É um novo até oito pessoas, entre familiares e convidados. Mágica? conceito de férias que oferecemos”, explica Franklin Mira, No Litoral Norte da Bahia, mais precisamente em Sauípe, Diretor Responsável pelo Destino Sauípe. isso é realidade há um ano, graças a um inovador sistema de uso compartilhado, mais conhecido pelo nome em Gastando muito com hotel inglês: fractional. São consumidores como o jovem casal Rodrigo É esse sistema que rege o Quintas Private Residences, e Kaline Cavalcanti, que tem três filhos, de 6, 3 e 2 que fica dentro do condomínio Quintas de Sauípe Grande anos. “Nossa compra veio na hora certa. Estávamos Laguna, onde também há proprietários do modelo tra- gastando muito com hotel. A cada viagem, precisáva- dicional. Aqueles que optam pelo sistema de uso com- mos de pelo menos dois quartos. Com esse sistema, partilhado podem comprar uma das 12 frações da casa, você consegue aproveitar 100% do capital investido”, ou até mesmo mais de uma, se preferir. Cada fração dá ressalta Rodrigo, 32 anos, médico em Feira de San- direito a frequentar a casa por quatro semanas a cada tana (BA). Sua esposa, Kaline, concorda e acrescen- ano, com até oito pessoas distribuídas em quatro suítes. E ta: “O melhor é chegar e encontrar a casa pronta e ainda pode-se trocar uma ou mais semanas por períodos limpa, com toda a infraestrutura em dia. Na hora no exterior, utilizando o portfólio de mais de 100 empre- de ir embora, não precisa nem arrumar”. Durante a endimentos de casas e mil hotéis de alto padrão do The estadia, o cliente tem direito, inclusive, à camarei- Registry Collection, clube de luxo que faz parte do grupo ra três vezes na semana e à troca de enxoval duas norte-americano RCI. 8 vezes. Pode também contratar serviços pay-per-use Totalmente equipada com móveis e eletrodomésticos para diarista, massagista, café da manhã em casa, de primeira linha, a casa oferece enxoval completo (toa- supermercado delivery e buffets especiais de diversos lhas, roupas de cama, talheres, louças), ar condicionado, tipos, como churrasco. TV a cabo e rede wireless. Possui ainda área de serviço A praticidade e o retorno do investimento são motivos com quarto, depósito e lavanderia. Tudo com manutenção fortes para o casal, mas não são os únicos. O bem-estar regular por 100 anos, período de duração do contrato do é ainda mais importante. “A compra dessa fração mudou usuário. Em caso de falecimento, a fração pode ser her- minha vida. Meu grau de estresse, impaciência e agitação dada pelos descendentes do proprietário. caiu muito. Fora que é excelente para que a pessoa plane- informa informa e Europa e que possibilita ao usuário ter, sempre, pelo menos uma semana de alta estação. No momento da escolha, o usuário pode já selecionar suas quatro semanas, deixar para escolher parte das semanas no decorrer do ano ou depositar no The Registry Collection, que oferece destinos em mais de 100 países, como Itália, México, Emirados Árabes e Tailândia. “A possibilidade de intercâmbio é fantástica, a família pode tirar férias onde quiser. Pode depositar suas semanas e não tem que se preocupar com quem vai ocupar a casa. Essa internacionalização cria uma flexibilidade interessante”, afirma Franklin Mira. Além das opções já citadas, o proprietário da fração pode revendê-la a qualquer momento ou alugar para terceiros uma das semanas que não possa utilizar. O Quintas Private recebeu classificação máxima no portfólio do grupo RCI. Com os pontos de uma semana em Sauípe, o cliente pode passar duas semanas em um resort da Disney, por exemplo. Ou até quatro semanas em um hotel-butique do Nordeste brasileiro. Alejandro Moreno, Diretor da RCI Brasil, explica: “A localização privilegiada do Quintas Private, com um visual de mar e lagoa, é realmente incrível. A casa tem muito bom gosto e cabe perfeitamente no nosso conceito. Além disso, quanto mais demandado é o destino por nossos clientes, mais créditos ele ganha no Registry Collection”. Se já uma realidade no exterior, o fractional está dando os primeiros passos de sucesso no Brasil. Hoje, além do Quintas Private, existem outros dois empreendimentos de casas no Brasil em funcionamento e outros três em implantação. Isso sem contar os hotéis que também je suas férias e reserve com até um ano de antecedência. são opções para o usuário. O desafio atual é apresentar o Quero sempre estar junto com minha família”, diz Rodrigo. sistema ao maior número de pessoas. “Nosso maior de- Além da estrutura que o Quintas Private oferece (res- safio é quebrar um paradigma e oferecer aprendizados um produto que taurante, cinema, academia, quadras de esportes, lan José Eduardo: se é pouquíssimo comercializado no Brasil.precisam Ao degustarem converter em house, espaço kids, SPA, e acesso privativo à praia, entre essa inovação, as pessoas percebem imediatamente as outros), o cliente do fractional pode utilizar a estrutura da vantagens. Não por acaso, 40% dos nossos clientes vie- Costa de Sauípe e tem desconto de 15% nos serviços pa- ram de indicações”, conta Franklin. gos do complexo de hotéis e pousadas. Atrações não fal- O casal Rodrigo e Kaline é campeão em número de tam nos arredores. “Quando se utiliza um sistema como indicações. Gostaram tanto do Quintas Private que o reco- esse, você dá mais vida ao local. Doze proprietários uti- mendaram a 20 amigos. Desses, 12 adquiriram a fração. lizam intensamente cada casa e trazem maior dinâmica “Todo mundo que podia comprar, comprou. Indicando social e econômica ao destino”, observa Franklin Mira. amigos, também ajudamos a criar um ambiente familiar. Já nos sentimos em casa. Adoro cozinhar, trago meus Sistema de rodízio temperos e uso o espaço gourmet da casa. Sempre con- A escolha das semanas é feita no sistema de rodízio vidamos amigos. Essa é uma das vantagens de ter quatro inteligente, utilizado há mais 20 anos nos Estados Unidos suítes disponíveis”, ressalta Rodrigo. informa 9 maratona de nova orleans A cidade norte-americana trabalha para afastar o risco de catástrofes como a ocasionada pela passagem do furacão Katrina texto Karolina Gutiez “C fotos Lia Lubambo ostumo comparar a situação vivida após o Orleans passaram desde que o furacão com nome de mu- Katrina aos diferentes tipos de competição lher devastou tudo. “O Katrina me trouxe para cá. Eu não de corrida. Logo depois da tragédia, como conhecia Nova Orleans”, reflete o ex-militar, do Estado de em uma prova de 100 m rasos, tivemos – Montana, com certa pausa na fala. governos local, estadual e federal – que dar A Odebrecht, que já participou da prova de 10 km, cor- uma resposta rápida, de emergência, para socorrer as víti- re a maratona à frente de dois dos 53 contratos que inte- mas do furacão. Com as questões emergenciais resolvidas, gram o sistema de proteção contra furacões e cheias do partimos para a reconstrução do sistema de proteção que Rio Mississippi, o mais importante dos Estados Unidos tínhamos antes do tornado: uma corrida de 10 km. Hoje, (que, somado ao seu principal afluente, o Missouri, maior estamos correndo uma maratona, que significa concluir o rio norte-americano, tem 6.270 km), e do Lago Pontchar- sistema, que estava inacabado, e torná-lo mais eficiente, train, o segundo maior de água salgada do país. A Odebre- para reduzir o risco de catástrofes como a que ocorreu em cht é contratada pelo Corps, que tem como cliente o Levee 2005. Ainda não chegamos ao fim do percurso, mas esta- District. mos perto.” Com essa analogia, Jeff Bedey, Coronel aposentado do O sistema de proteção U.S. Army Corps of Engineers (Corps) que liderou a cria- Nova Orleans, localizada à margem sul do lago, e as ção de uma organização responsável pela reconstrução do paróquias (municípios) vizinhas, que formam a Grande sistema de diques (levees), sua elevação e reparos nas es- Nova Orleans, estão sendo totalmente cercadas por mu- tações de bombeamento, resume os estágios pelos quais ros e diques. “O sistema de proteção é inovador, pois conta o Estado da Lousiana e, principalmente, a cidade de Nova com diferentes estruturas: muros de arrimo sobre estacas metálicas (perfis em “T” e “L”), reforço frontal das estações de bombeamento e diversos tipos de portões que operam para o trânsito de veículos, trens e embarcações, garantin- 10 informa do os fluxos rodoviário, ferroviário e hidroviário. O objetivo é proteger a cidade e seus habitantes, mantendo aberto o seu acesso, vital para economia local”, explica Gustavo Silveira, Gerente de Projeto de um dos contratos da Odebrecht, o chamado LPV-9.2. O desafio inicial do Corps foi conceber um sistema integrado de estruturas que promovesse a proteção da cidade e que pudesse ser construído no prazo estabelecido, dentro do orçamento aprovado pelo Congresso norte-americano – US$ 14 bilhões. O estudo utilizou informações de eventos já ocorridos na região e, por meio de simulações, definiram-se os parâmetros necessários: um sistema que protegerá a Grande Nova Orleans contra furacões e cheias com uma possível ocorrência a cada 100 anos. O Katrina teve a intensidade de um evento que acontece a cada 496 anos. No caso das estações de bombeamento, o Corps também desenvolveu e construiu uma estrutura inédita, os Centros Elevados de Operação (Safe Houses), localizados ao lado de cada estação e que, remotamente, operam e monitoram as bombas em casos extremos de ventos e chuvas. Essas estruturas foram concebidas para suportar ventos de até 400 km/h e abrigar os operadores em local seguro (10 m acima do nível do solo), garantindo a contínua operação durante alguma emergência. O Corps construiu ainda um Centro de Comando integrado que gere o sistema como um todo e que abriga 58 pessoas, com autonomia de gás natural e energia elétrica por duas semanas, caso um furacão de Categoria 5, uma situação extrema, atinja a região. O prédio é todo reforçado para aguentar ventos fortes e conta com cozinha, lavanderia, seis televisões conectadas a câmeras Obras na estação de bombeamento e, acima, o Coronel Jeff Bedey: “Ainda não chegamos ao fim do percurso, mas estamos perto” informa 11 de monitoramento, canais de notícias e previsão do tempo, 12 Obras com as estações ativadas e uma pequena fábrica para a produção de sacos de areia, O contrato LPV-9.2 que a Odebrecht executa às mar- que ajudam na contenção da água em casos emergenciais gens do lago Pontchartrain prevê a construção de muros de pequenas falhas do sistema. O Centro de Comando que servirão para reforçar e proteger quatro estações de também monitora o fluxo diário das embarcações que tra- bombeamento de água, atingidas pelo Katrina. Os muros, fegam no Mississippi. que são projetados com elevação final de 5,80 m acima do De lá, Giuseppe Miserandino, Diretor do West Je- nível do lago, dão continuidade aos diques adjacentes às fferson Levee District, acompanha em tempo real cada estações. Quando o furacão passou pela cidade, o sistema, embarcação que navega pelo rio, em um projetor em desprotegido, conseguiu bombear apenas 45% de sua ca- frente à sua mesa de trabalho, com visualização dos pacidade. pontos críticos, como proximidade das margens, em lo- O principal desafio do contrato é o requerimento de que cais onde os diques são rentes, podendo haver choque. as estações não podem ser desativadas durante a execu- Quando a equipe de reportagem de Odebrecht Informa ção das obras. A qualquer momento, se necessário, a área esteve lá, Giuseppe estava há quatro semanas dormin- onde os operários executam os trabalhos pode ser inunda- do no Centro de Comando, no quarto no interior de seu da, para que as bombas iniciem o movimento da água dos escritório, por causa do aumento recorde do nível do canais para o lago. rio, uma de suas maiores cheias nos últimos 100 anos. As estações de bombeamento exercem um papel Nesse período, sua família ia frequentemente visitá-lo. fundamental para a cidade, que tem grande parte de seu “O assunto é delicado e de extrema importância. Eles território localizada abaixo do nível da água. Por fazerem sabem que, no caso da chegada de um furacão, têm parte da rede de canais de drenagem de Nova Orleans, que deixar a cidade imediatamente.” essas estações são frequentemente utilizadas, às vezes Giuseppe, “nascido e criado em Nova Orleans”, sem a ocorrência de chuvas. Cada vez que isso aconte- afirma: “O Katrina trouxe-nos a possibilidade de me- ce, os trabalhadores da Odebrecht são avisados com 15 lhorar o sistema de proteção que tínhamos e que minutos de antecedência. Esse é o tempo que eles têm estava incompleto. Depois dele, evoluímos para ter para retirar todos os equipamentos e evacuar o terreno. um centro elevado de operação em cada estação de “Nos últimos quatro meses, fomos inundados 14 vezes”, bombeamento, garantindo a manutenção do serviço, comenta Gustavo Silveira. fundamental durante uma inundação”. Jeff Bedey de- Frente aos desafios e respeitando determinações fende que nenhum desastre natural, com impactos na técnicas e contratuais, a Odebrecht desenvolveu um sis- comunidade, é positivo. Reconhece, no entanto, que tema inédito de cortina temporária de contenção (coffer- “no meio da tragédia, o aprendizado que fica é muito dam ou ensecadeira), que conta com válvulas e miniver- importante. Avançamos e tentamos tomar decisões e tedouros. A estrutura permite secar a área de trabalho, executar o que for necessário para reduzir as chances criando um obstáculo para a estação de bombeamento de algo semelhante acontecer novamente”. que não ultrapassa a elevação de 0,25 m acima do nível informa O muro de arrimo construído em área alagada e Giuseppe Miserandino: quatro semanas dormindo em um quarto dentro do escritório do lago. As válvulas são automatizadas e controladas exemplo do que vivencia a cidade, é constante”, explica remotamente pelos operadores da estação, quando é Rami Nassar, Gerente de Projeto do contrato. necessário inundar o sistema. Como as balsas que entregam materiais não entra- “Comum na construção de barragens, a ideia torna-se vam no canal onde o muro está sendo construído, se- inédita quando utilizada dessa forma. Em uma barragem, ria necessário escavar a encosta às margens. O limite utilizamos a ensecadeira para secar a área de operação. para escavação é de 2,75 m, mas a extensão a ser es- Entretanto, raramente há a necessidade de inundação cavada seria muito grande. Escavou-se apenas 1,5 m, a desse terreno durante a execução dos trabalhos, diferen- movimentação de terra foi menor, e toda a entrega de temente daqui”, explica Gustavo. “A solução trouxe uma materiais é feita por pequenas embarcações, que re- economia significativa para o projeto”, diz Rudy Armenta, tiram os produtos da balsa estacionada na entrada do Diretor dos Contratos da Odebrecht na Louisiana. canal. A solução adotada reduziu a operação de draga- O contrato LPV-9.2, no valor de US$ 175 milhões, é gem em 45% (cerca de 240 mil m³), sendo removido so- realizado muito próximo a residências. Para preservar mente o material necessário para garantir o acesso de a vizinhança da poluição sonora, foram implantadas embarcações menores. “A economia obtida com essa três soluções que, juntas, atenuam os ruídos da obra. solução logística ajudou na conquista do contrato”, diz A primeira delas foi a instalação de duas cortinas, com Rudy Armenta. controle de levantamento e rebaixamento de mantas. A Outra inovação foi substituir a solda nos 3.500 conec- segunda, sem custo algum, foi o redirecionamento da tores ligados às estacas em I, que servem para refor- rota dos caminhões de concreto. A terceira foi a adoção çar a aderência da base do muro. Em vez de soldados, da Giken Pile Press. Em vez da utilização de martelos os conectores foram parafusados. A alteração reduziu, convencionais para a cravação de estacas-prancha no além do custo, o tempo de realização do trabalho, sem solo, a máquina pressiona as estacas no chão sem ne- adulterar a qualidade e o design original. nhum ruído e com melhor qualidade, pois corrige o alinhamento e o prumo. “Estamos trabalhando em benefício de toda a cidade, que vem acompanhando o projeto como um todo, de O outro contrato, o LPV-3.2, no valor de US$ 85 mi- perto, pois se trata de um tema muito sensível, sobretudo lhões, consiste na execução de um muro de arrimo, em um momento em que o nível do Rio Mississipi está também construído sobre estacas metálicas em área altíssimo”, avalia Rudy Armenta, que agora integra essa alagada, com 4.800 m de extensão, que substituirá a comunidade afetada pela questão. “Abracei esse projeto. estrutura antiga, construída na década de 1980. A nova Comprei uma casa aqui e, com minha família, me mudei proteção é erguida na margem de um canal do Lago de Miami para cá. Não apenas acompanho o cuidado da Pontchartrain e, por isso, sofre com o seu nível. “Se está população com a ocorrência de tempestades e inunda- muito alto, dificulta a realização dos trabalhos. Se está ções como compartilho e enfrento a mesma situação. E baixo, interfere na entrega de materiais, que é toda fei- isso motiva o meu trabalho e a nossa busca por inova- ta pelo canal. Aqui, nossa luta contra o nível da água, a ções, com o foco em produção e qualidade.” informa 13 14 texto Luiz Carlos Ramos fotos Márcio Lima fonte de inovação 14 informa 4 Gilson: “Já estou me Obras da Arena Fonte Nova e preparando para a sequência da implosão do outros desafios” antigo estádio: contribuição para a Engenharia brasileira O futebol, uma das grandes paixões do Brasil, ficará mais alegre, seguro e confortável para o público da Bahia. A conclusão das obras da Arena Fonte Nova, dentro de um ano e meio, garantirá a Salvador condições para receber jogos da Copa das Confederações em 2013, ser sede de um grupo da Copa do Mundo de 2014, e muito mais. A Arena, fundamental para o futuro do esporte baiano, será mais que um estádio de futebol: com capacidade para 50 mil pessoas, poderá ser também palco de grandes espetáculos do Brasil e do exterior. A futura Arena Fonte Nova não será resultado de simples reforma do antigo Estádio Octávio Mangabeira, inaugurado há 60 anos e fechado em 2007, mas sim uma completa e moderna construção, baseada em tecnologias inovadoras. Um ano depois de a velha estrutura de arquibancadas de concreto ter sido demolida por meio de implosão até então inédita em estádios brasileiros, a área situada próxima ao Dique do Tororó é transformada a cada dia por trabalhadores e máquinas. O Consórcio Arena Salvador 2014, formado pela Odebrecht e a OAS, realiza as obras. As empresas administrarão a Arena Fonte Nova após a inauguração, prevista para o início de 2013. Dênio Cidreira, que preside a Fonte Nova Negócios e Participações, empresa criada para idealizar o melhor uso da arena, explica: “A grande novidade é que não faremos apenas um estádio, mas uma arena multiuso, que será importante para o futebol e para a cultura baiana, pois também receberá grandes shows, congressos e eventos de todos os portes. Será, com certeza, um novo destino de negócios e entretenimento, disponível todos os dias do ano para a população”. Construção da Arena Fonte Nova, em Salvador, um dos palcos da Copa do Mundo de 2014, vem introduzindo soluções de engenharia pioneiras Alexandre Chiavegatto, da Odebrecht Infraestrutura, Diretor de Contrato do consórcio construtor, destaca que a implosão do antigo estádio da Fonte Nova, em 29 de agosto, foi um ótimo início. “Aquela operação tornou-se importante contribuição para a tecnologia do setor de construção do país, pois, pela primeira vez, isso foi feito em um estádio – e um estádio do porte da Fonte Nova, em zona densamente povoada em uma grande capital”, diz Chiavegatto. Até então, no Brasil, as implosões eram feitas em prédios residenciais e edificações urbanas similares, como estabelecimentos comerciais e profissionais. O desafio da luta contra o tempo vai sendo honrado, explica Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Líder Empresarial da Odebrecht Infraestrutura – empresa que, ao lado da Odebrecht Participações e Investimentos (OPI), é responsável pela atuação da Organização no empreendimento: “As obras seguem conforme o cronograma. A Arena Fonte Nova deixará importante legado para os baianos, pois se insere como verdadeiro marco de criação de novos negócios e de remodelação urbana. informa 15 Será um indutor de uma revalorização da região central A demolição do anel inferior das arquibancadas da Fonte Nova, do ginásio de esportes Antônio Balbino e do da cidade”. Felipe Jens, Líder de Investimentos da OPI, ressalta a conjunto de piscinas já havia sido feita pelo sistema me- parceria entre o Governo da Bahia e o setor privado para canizado, no primeiro semestre de 2010. Faltava demolir a a realização da obra: “Na Arena Fonte Nova, os investi- grande estrutura do estádio. Optou-se pela implosão, que mentos são realizados com base em contrato de parceria se mostrava mais segura e econômica, segundo Chiave- público-privada (PPP) e concessões”. A Odebrecht partici- gatto. Uma empresa especializada em implosões, a Ar- pa não apenas da construção de arenas, mas também de coenge, foi contratada para cuidar dos detalhes técnicos, sua futura operação. colocar os explosivos na estrutura do estádio e detonar o A Odebrecht, que trabalha nas obras de mais três está- processo após a evacuação da área. dios para a Copa do Mundo – a construção da Arena Per- “Não ocorreu nenhum incidente”, diz Alexandre Chia- nambuco, na região metropolitana de Recife, a reforma do vegatto. Houve soluções inovadoras: a proteção dos pila- Maracanã, no Rio, e a terraplenagem e preparação do ter- res, a realização de teste de fogo e a britagem do concreto reno para a execução da futura arena do Corinthians, em demolido. São Paulo –, traz na bagagem a reforma anterior do próprio Maracanã e a conclusão do Estádio Engenhão, am- A participação dos jovens bos para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Nos Estados “Tudo terminou bem, e muitas pessoas choraram Unidos, construiu a American Airlines Arena e o estádio de de emoção”, recorda Diana Paes, que entrou na Ode- futebol americano da Florida International University. brecht como estagiária em 2007 e, agora efetivada, Odebrecht Informa visitou as obras da Arena Fonte Nova em junho. O show da implosão é referência entre os 786 trabalhadores que tocam a obra – 535 na produção e 251 na administração. “Fui mesmo a moça da implosão”, admite Diana, sorrindo. “Agora estou na construção.” “Por segurança, os moradores da região foram reti- Para os 22 estagiários que trabalham na Fonte Nova, rados. Na implosão, o material caiu todo dentro da área Diana também é exemplo de dedicação e sucesso, como do estádio, sem danos às pessoas e ao seu patrimônio”, explica Thiago Gomes Cunha, administrador, há sete anos relembra Alexandre Chiavegatto. Setenta e sete mil t de na Odebrecht e desde março deste ano na Fonte Nova, concreto foram recicladas, tornando-se pedra britada para como coordenador do Programa de Formação de Estagiá- a futura arena e para outras obras, com a vantagem de rios: “Os jovens devem sempre ambicionar evolução. Cada evitar os transtornos de inúmeras viagens de caminhão: estagiário tem seu líder e passa por avaliações. O diálogo houve proteção ao meio ambiente, sem a massa de gás é fundamental”. carbônico que seria expelida por veículos. Um dos estagiários, Vinicius do Lago Maio, 26 anos, es- A implosão ocorreu em um domingo e foi mostrada tudante do quarto ano de Administração na Universidade pela televisão para todo o país. Foi a primeira ação concre- Jorge Amado, resume sua alegria: “Sempre foi um sonho ta para os estádios da Copa de 2014. A engenheira baiana vir para cá. No dia a dia, troco ideias com profissionais ex- Diana Paes, 26 anos, há quatro na Odebrecht, ajudou a perientes”. coordenar a implosão e retrata o sentimento geral: “Todos nós nos emocionamos no momento em que as arqui- 16 Desafio de tecnologia bancadas caíram”. Diana participou do trabalho prévio de A transformação da Fonte Nova já teve outras etapas, conscientização dos moradores do entorno quanto à se- como o uso de andaime sobre carreta com prancha para gurança. Ela fez palestras, explicando detalhes do projeto, as obras de reforço da estrutura do edifício que serve de também divulgados por meio de um folheto que trazia na canteiro administrativo e que será mantido. O coordenador capa uma fotomontagem da maquete da Arena e da cida- Mário Sérgio Cardoso Marques conta que essa etapa foi de em volta, com o apelo: “A construção deste sonho pre- vencida em quatro meses, de outubro do ano passado a ja- cisa da sua colaboração.” Um sistema de comunicação, neiro deste ano, com criatividade: “A carreta se movimen- com reportagens em TVs, rádios e jornais, contribuiu para tava aos poucos, evitando a armação de novos andaimes. eliminar dúvidas da comunidade local. Economizamos tempo e dinheiro”. informa Daniel: “Esta é uma empresa que continua me dando oportunidades” Paulo Henrique e Fidelfino: Ba-Vi no canteiro de obras No terreno, foi completada a terraplenagem, e as esta- Bahia, primeiro campeão nacional, conquistou a Taça Bra- cas já foram colocadas. O campo de futebol começa a ga- sil de 1959 e ganhou o título brasileiro de 1988. O recorde nhar forma. Logo subirão as arquibancadas, no estilo das oficial de público na Fonte Nova foi Bahia 2 x Fluminense modernas arenas erguidas nos últimos anos na Europa, do Rio 1, semifinal do Brasileiro de 1988, com 110.438 pa- nos Estados Unidos e no Japão. Depois, a cobertura, que gantes. O Vitória foi vice-campeão brasileiro de 1993 e vice protegerá todo o público. da Copa do Brasil de 2010. De acordo com o projeto, a arena terá a forma de fer- Nas obras da Arena Fonte Nova, o ambiente des- radura, cuja abertura preservará a vista para o Dique do contraído entre os trabalhadores não impede que se Tororó. Para o cronograma ser cumprido rigidamente, aflore a rivalidade entre as duas torcidas baianas. garantindo a entrada de Salvador na lista das cidades que Entre os mais fanáticos adeptos do Bahia no cantei- receberão jogos da Copa das Confederações em 2013, o ro está Paulo Henrique Souza dos Santos, 22 anos, Consórcio Arena Salvador elaborou seu plano de ataque técnico de segurança no trabalho, que desabotoa seu da obra com duas frentes de trabalho, ambas partindo das uniforme e mostra estar vestindo também a camisa pontas da ferradura. do seu clube: “Estamos de novo na série A do Brasilei- Alexandre Chiavegatto explica: “Vamos usar seis gruas ro”, diz, com orgulho. Ao seu lado, Fidelfino Machado fixas a partir do lado externo e dois guindastes móveis no dos Santos, 42 anos, carpinteiro, exibe a camisa do Vi- interior da arena para cobrir toda a extensão da área a ser tória. “Nosso time está na série B, mas logo vai subir construída. Essa solução possibilita economia de tempo, outra vez e jogar na nova Fonte Nova”, prevê. sem risco de acidentes ou de perdas financeiras”. O gra- Restaram pedaços de concreto da antiga Fonte mado terá perfeita drenagem, o que evitará o adiamento Nova: nem todo o material resultante da implosão foi de jogos em dias de chuva. Rampas e corredores de aces- reciclado. Inúmeros pedaços, conservando o revesti- so do público serão amplos e seguros. mento azul das arquibancadas, foram recolhidos por operários e guardados como relíquias. Dois mil outros Rivalidade e união pedaços foram colocados em caixas transparentes de A futura Arena comportará também edifício-garagem, acrílico e doados às Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). lojas, restaurante e um espaço cultural que, além de con- Vendidos a R$ 35,00 cada, os R$ 70 mil arrecadados tar a história da música e de outras manifestações cultu- serão utilizados pela OSID em apoio à missão iniciada rais da Boa Terra, destacará o futebol baiano e o clássico pela religiosa recentemente beatificada pelo Vaticano, Bahia x Vitória (Ba-Vi), dois clubes com muita tradição. O esperança para pessoas carentes de Salvador. informa 17 18 Roger e sua equipe: “Existe aqui a possibilidade de termos muitos líderes, que nos ajudam no autodesenvolvimento” Fábricas instaladas nos canteiros agilizam obras da Ferrovia Transnordestina e do Metrô de Porto Alegre texto Thereza Martins fotos Élvio Luiz e Mathias Craemer feito s em casa 18 informa N o interior de Pernambuco e na região me- ponsável pelo canteiro industrial. Ela explica que a loca- tropolitana de Porto Alegre, equipes da lização geográfica, equidistante de Eliseu Martins, Suape Odebrecht Infraestrutura combinam cria- e Pecém, é estratégica para o ritmo das frentes de traba- tividade, inovação e tecnologia para rea- lho, desenvolvidas quase simultaneamente. “Além disso, lizar duas obras do setor de transportes encontramos no solo de Salgueiro as condições ideais de com forte impacto econômico e social: a Ferrovia Trans- dureza e resistência para a produção da brita utilizada no nordestina e a extensão da Linha 1 do metrô da Trensurb lastro ferroviário. E o subproduto da britagem é aproveita- (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre). Para dar do na fabricação do concreto dos dormentes, sem custos suporte aos dois projetos, foram montados canteiros adicionais.” industriais, nos quais a atividade é praticamente ininterrupta. Com tecnologia de ponta, soluções inovadoras e A maior fábrica de dormentes do mundo profissionais treinados e capacitados, o ritmo do trabalho Para cumprir os prazos contratuais, os engenheiros evolui em sintonia com as expectativas e necessidades Rodrigo Borges, responsável pela fábrica de dormentes dos clientes. da Transnordestina, e Isaac Lacerda Tannus, gerente de superestrutura ferroviária, viajaram para a Itália, em 2009, Do sertão ao litoral para visitar fabricantes. Lá, encontraram a tecnologia e os A construção da Ferrovia Transnordestina é uma obra equipamentos necessários para produzir até 4.800 dor- da Transnordestina Logística (TLSA), empresa controla- mentes de concreto por dia, sobre os quais se apoiarão os da pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que já trilhos da ferrovia. está mudando o cenário da região por onde circularão “Hoje essa é a maior fábrica de dormentes do mun- seus trens de carga. Serão 1.728 km de extensão, li- do, em capacidade produtiva”, informa Rodrigo. “Por ser gando o município de Eliseu Martins, no Piauí, ao Porto coberta, ela pode funcionar 24 horas seguidas, sem inter- de Suape, em Pernambuco, com um entroncamento a rupção à noite ou em dias de chuva, até atingir os mais de partir de Salgueiro (PE) até o Porto de Pecém, no Cea- 3 milhões de dormentes previstos em projeto.” rá. Desse total, 1.218 km estão sendo construídos pela Rodrigo enfatiza que a produtividade obtida é o re- aliança entre TLSA e Odebrecht Infraestrutura. As obras sultado da soma de diversos pontos de inovação. Entre começaram em 2010, com prazo de conclusão previsto eles, a concepção da fábrica com três unidades idênticas para o final de 2012. e interligadas, trabalhando ao mesmo tempo e evitando O trecho Eliseu Martins-Suape, a cargo da aliança parada total em caso de pane em alguma delas; a pos- Transnordestina-Odebrecht, cruza as terras áridas do sibilidade de produzir dormentes de bitola larga e mista sertão do Nordeste, seguindo pelo agreste pernambu- com as mesmas fôrmas, apenas fazendo uma adaptação cano e a zona da mata, até alcançar o litoral. Quase no na moldagem; o processo de cura a vapor do concreto, meio do caminho está Salgueiro, cidade que vive do co- acelerando a sua maturação em algumas horas; e o uso mércio, serviços e agricultura de pequeno porte, com de equipamentos a vácuo capazes de retirar da fôrma e estrutura familiar. No município, às margens da BR-116, posicionar para estoque até oito dormentes, simultanea- rodovia que liga o Brasil, do Ceará ao Rio Grande do Sul, mente, com 370 kg cada um. a Odebrecht Infraestrutura construiu o principal canteiro da obra. “Salgueiro é o centro de onde saem São metodologias e recursos disponíveis no mercado, mas que, reunidos em uma única obra, representam ganhos em eficiência. “Com planejamento todos os recursos para a ferrovia”, e tecnologia, conseguimos o nosso diferen- diz Júlia Fadul, engenheira res- cial”, afirma Isaac Tannus. Referindo-se ao canteiro industrial, ele menciona o acerto da logística e planejamento ao dimensionar Colocação de placa pré-moldada nas obras da Trensurb: ajuda do mamute e suas “presas”informa 19 para espaços vizinhos os equipamentos e as plantas que movimentam a cadeia produtiva da obra. Do alto da pedreira de onde é extraído o material para a produção diária de 4.500 m3 de brita usada no lastro ferroviário, avistam-se a fábrica de dormentes, a central de britagem, os estoques de trilhos e de demais materiais, o estaleiro de solda elétrica, o almoxarifado, as oficinas de manutenção e o acesso ferroviário de onde partem os pórticos que distribuirão dormentes e trilhos pelo leito da Transnordestina. “Produzindo aqui o material de que precisamos, economizamos tempo e dinheiro, com garantia de qualidade”, diz Isaac. Em junho, quando a equipe de Odebrecht Informa visitou Salgueiro, o canteiro industrial operava a todo vapor, para fazer estoque de dormentes, trilhos soldados e outros materiais. Nove canteiros menores já estavam funcionando em cidades de Pernambuco, Piauí e Ceará, como apoio aos serviços de terraplanagem. Conhecimento compartilhado A Transnordestina não está transformando apenas a paisagem da região por onde passa. Está ampliando, Isaac Tannus no canteiro da Transnordestina: “Com planejamento e tecnologia, conseguimos o nosso diferencial” também, o horizonte de estudantes de cursos técnicos e faculdades de engenharia, levando a eles novos conhe- em análise e a aprovação não saiu do papel. cimentos, experiências e aprendizados. A Escola Técnica Moradores do município entregaram ao Governo Es- Federal de Salgueiro já forma profissionais para a ferrovia. tadual uma petição com 60 mil assinaturas a favor da E no canteiro de obras, ao lado da fábrica de dormentes, expansão da linha. Em 2008, foi dado sinal verde para o está sendo construído um centro de atendimento ao visi- início dos trabalhos, com quatro anos de prazo para con- tante, com capacidade para 30 pessoas, e equipamentos clusão. Porém, faltavam recursos, e o consórcio Nova para apresentação de vídeos e palestras. Via, liderado pela Odebrecht Infraestrutura, restringiu “O interesse é grande, tanto pelo aspecto inovador e técnico da obra, quanto pelo impacto econômico as atividades ao planejamento e elaboração do projeto executivo. que ela representa”, afirma Isaac Tannus. Ele acres- “A execução dos trabalhos de engenharia civil come- centa: “Motivos não faltam. Os investimentos em çou em 2009, com a inclusão do projeto no Programa de transporte ferroviário no Brasil ficaram parados por Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal”, quase três décadas. Com a Transnordestina, chegam conta Nilton Coelho, Diretor do Contrato. “Nosso primei- ao Nordeste novas possibilidades de negócios e ge- ro e grande desafio foi cumprir o cronograma, realizando ração de renda. Essa será a principal via de escoa- em três anos, uma obra prevista para quatro”, enfatiza. mento das riquezas produzidas na região.” O ritmo está acelerado na construção dos 9,31 km de extensão da via elevada, por onde circularão os trens do 20 De Porto Alegre a Novo Hamburgo metrô, além de quatro estações e duas pontes, uma me- Do Nordeste para o Sul do Brasil. O projeto para a troviária e outra rodoviária, com vão livre de 90 m sobre expansão da Linha 1 da Trensurb é antigo. Porto Alegre, o Rio dos Sinos. “Conseguimos adiantar o cronograma, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul e São Leopoldo são as ci- e vamos entregar no início deste semestre o primeiro dades já atendidas pelo transporte. Em 2002, foi realizada trecho de 4,5 km, com as estações Rio dos Sinos, ainda licitação para a construção dos 9,31 km que faltavam para em São Leopoldo, e Liberdade, já em Novo Hamburgo”, chegar a Novo Hamburgo, mas, até 2007, o contrato ficou informa Nilton. informa dispositivos de rolagem sobre os trilhos, que está substituindo, com vantagem, o uso de guindastes nessa operação. “A via elevada acompanha o traçado de avenidas e ruas de intenso movimento de veículos, que precisariam ser interditadas ao trânsito se usássemos guindastes, acarretando atraso nos trabalhos e desconforto à população”, explica Rodrigo. Na comparação entre o uso do mamute e do guindaste, o primeiro representa uma economia de tempo da ordem de 33% e, no quesito custos, economia de expressivos 65%. Entre os materiais e as técnicas construtivas utilizados na obra destacam-se a preferência por blocos de vidro, em vez de paredes de alvenaria para as estações, e a adição de borracha picotada de pneus usados, para produzir as placas de fechamento lateral da via elevada. A borracha, introduzida na superfície da placa, amortece o ruído provocado pelo atrito das rodas dos trens sobre os trilhos, e os blocos de vidro permitem a iluminação natural das estações, com economia de energia elétrica, conforto térmico e leveza para o projeto visual. A experiência adquirida pelas equipes da Odebrecht Fábricas no canteiro O desafio do prazo foi superado pelo uso de vigas e lajes pré-moldadas para a superestrutura e de fôrmas Infraestrutura no projeto da Trensurb foi descrita em três projetos, inscritos nas edições de 2009 e 2010 do Prêmio Destaque Odebrecht, nas modalidades Inovação, Reutilização do Conhecimento e Jovem Parceiro. metálicas para pilares e travessas, moldadas no próprio A Trensurb prevê o acréscimo de 30 mil novos usuários canteiro. “Erguemos duas fábricas de pré-moldados pró- por dia, assim que o trecho de expansão da Linha 1 do ximas à estação Liberdade, funcionando 24 horas por dia, metrô for inaugurado. “A rodovia que une Porto Alegre a capazes de produzir, nesse período, três vigas de 58 t cada Novo Hamburgo não comporta mais o volume de veículos e 20 lajes”, diz Rodrigo Lacerda, Gerente de Engenharia e que por lá trafegam. A expectativa é de que o metrô de- Planejamento da obra. safogue, em parte, esse movimento”, afirma Lino Sérgio Rodrigo explica que os principais benefícios do uso de Fantuzzi, Gestor do Contrato pela Trensurb e Coordena- fôrmas metálicas, em vez das de madeira, são a possibi- dor Geral da obra. Ele complementa: “Uma das novas lidade de atender às especificidades do projeto, otimizar o estações, a Fenac, em Novo Hamburgo, dará acesso a uso de recursos e aumentar a produtividade. Para a con- uma plataforma intermodal de transporte com linhas de cretagem das vigas, foi escolhido o processo de cura a va- ônibus locais e intermunicipais.” por, que também proporciona mais agilidade ao ritmo dos O Presidente da Trensurb, Humberto Kasper, em- trabalhos. A escolha dos equipamentos seguiu na mesma possado em 1º de junho, enfatiza que os benefícios de- direção, em busca da produtividade aliada à qualidade. correntes da obra ultrapassam o aspecto da mobilidade. A agilidade do mamute “Faz parte do projeto a recuperação urbana ao longo da via elevada. O espaço urbano será qualificado com pra- Assim como o animal extinto há milhares de anos, o ças, ciclovias, escolas públicas e postos policiais”, afirma. mamute desenvolvido pela equipe da Odebrecht Infraes- Ele destaca outro aspecto social: a transferência de quase trutura para as obras do metrô gaúcho utiliza suas “pre- 800 famílias que viviam às margens de onde agora está o sas” para içar do solo as placas de fechamento lateral da elevado do metrô para casas de alvenaria, com infraestru- via elevada. O mamute é um pórtico de içamento, com tura viária, energia elétrica, água e esgoto. informa 21 entrevista a Luiz Roberto: “É importante distinguir inovação de invenção” 22 22 informa conhecimento que faz diferença texto Renata Meyer foto Artur Ikishima Q uando surge algum grande desafio de OI – Como você se prepara para apoiar projetos engenharia em um dos contratos da de grande complexidade? Odebrecht espalhados pelo mundo, Luiz Luiz Roberto – Para mim, a Engenharia é uma paixão. Roberto Batista Chagas sabe que é hora Sempre gostei de estudar e acho importante o profis- de arrumar as malas. Há 43 anos na Or- sional se manter atualizado. Mesmo fora do trabalho, ganização, o engenheiro civil formado pela Escola Poli- quando tenho tempo livre, leio sobre diversos temas técnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA) apoia relacionados à área. Ao longo dos anos, esse hábito projetos de alta complexidade em diversas obras no Bra- foi muito significativo, pois me deu base para atuar sil e no exterior. A sólida experiência acumulada ao longo em diferentes campos da Engenharia. Hoje os desa- dos anos resultou na publicação de seu primeiro livro, fios com os quais tenho de lidar são os mais variados. Engenharia da Construção – obras de grande porte, em Antes de contribuir para as soluções de engenharia de 2008. Dois anos mais tarde, Luiz Roberto recebeu do Sin- uma determinada obra, procuro obter o máximo de in- dicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo o prêmio formações sobre o projeto e sobre o desafio em foco. de Personalidade da Tecnologia, na categoria Internacio- Em seguida, faço pesquisas e avalio a necessidade de nalização da Engenharia Brasileira. Nesta entrevista, ele envolver outros profissionais, da Organização ou de conta como ideias inovadoras podem fazer a diferença fora. As soluções encontradas e as tomadas de deci- para o sucesso de uma obra e para a conquista de um são decorrem sempre das discussões com as equipes novo negócio. envolvidas. Nunca é um trabalho individual. informa 23 OI – Que tipo de desafios você está acostumado sar por vários graus de maturação, em um processo a enfrentar? lento que envolve uma série de pesquisas, testes, Luiz Roberto – Cada obra tem suas particularidades, certificações e patentes. e os desafios podem envolver diversos campos da Engenharia. Normalmente, estão relacionados a OI – Como a Odebrecht aborda a temática da projetos de escavações, fundações, estruturas e inovação? acabamentos das obras, diante de aspectos natu- Luiz Roberto - A inovação faz parte da essência da rais, logísticos, econômicos e culturais específicos nossa cultura empresarial. Nas concepções filosófi- dos locais onde serão executadas. Pode-se citar cas da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), há como exemplo a construção da planta de etileno da uma provocação muito forte para a busca constante Braskem, no México (Projeto Etileno XXI, no Estado da excelência e da conquista dos clientes, o que só de Veracruz). O terreno sobre o qual o empreendi- se consegue por meio da inovação e da permanen- mento será erguido é composto de um tipo de solo te insatisfação com os resultados obtidos. Por esse expansivo, denominado lutita, e será preciso encon- motivo, a empresa está sempre estimulando os in- trar uma maneira de tegrantes a buscarem restringir suas defor- melhorias mações a níveis acei- processos de trabalho, táveis, a fim de evitar futuros problemas nas fundações da obra. Existem diversas tecnologias disponíveis para isso. O desafio é encontrar a melhor solução técnica e econômica para o caso. OI – Em sua visão, o que significa inovar? Luiz Roberto – Inovar “O desejável é que as equipes tenham a capacidade de se antecipar aos problemas, buscando, desde o início, otimizar processos e encontrar soluções práticas e adequadas para cada situação” em seus não apenas na Engenharia, mas também nas funções administrativas, financeiras e apoios em geral. Uma importante iniciati- va nesse sentido foi a criação do Prêmio Destaque, que representa um forte incentivo à promoção de ideias inovadoras nos diversos ambientes da é renovar para fazer Organização. com menos recursos e, assim, obter ganhos de efi- 24 ciência, seja em processos produtivos, administra- OI – Qual o papel da inovação na Engenharia? tivos e financeiros, seja na prestação de serviços. A L uiz R oberto – A inovação é a base para o pro- inovação é o motor da competitividade e do cresci- gresso da Engenharia. Na execução de uma mento de uma organização. É o resultado da busca obra, o planejamento é o exercício que induz à constante pela excelência. É o compromisso que a busca da inovação. Por isso, deve ser dinâmico, pessoa assume de ficar sempre alerta às oportuni- a fim de permitir eventuais correções de rumo. dades de promover melhorias em seus processos de Às vezes, as equipes deparam com situações de trabalho. Entretanto, é importante distinguir inova- difícil solução e precisam se superar na busca ção de invenção. Eu considero inovação tudo aqui- de alternativas viáveis para transpor os desa- lo que a empresa executa pela primeira vez, com a fios. Daí a importância de as pessoas estarem finalidade de obter maior eficiência e eficácia em sempre atentas às possibilidades de inovar. O seus projetos. Não importa se é uma ferramenta, desejável é que as equipes tenham a capacidade um sistema ou um processo que já exista no mer- de se antecipar aos problemas, buscando, desde cado. É diferente de inventar algo totalmente novo. o início, encontrar soluções práticas e adequa- Uma invenção, para se tornar aplicável, precisa pas- das para cada situação. informa informa OI – De que forma a inovação tem impacto na reuniões serão sempre do diretor de contrato da competitividade da Organização? obra interessada. Luiz Roberto – Com a implementação de ideias inovadoras, é possível aumentar a eficiência e a eficácia OI – Como o líder contribui para a formação de de processos, reduzir custos operacionais, resolver profissionais inovadores? desafios técnicos e, assim, obter ganhos de com- Luiz Roberto – O líder precisa estar sempre incentivan- petitividade. Mas é importante ter em mente que do seus liderados a buscarem o melhor. Às vezes, a so- a inovação só tem sentido quando ela traz algum lução para um determinado desafio está ali, e as pes- resultado prático. Por mais que se deseje inovar, soas não percebem por estarem muito envolvidas com não dá para encarar cada obra como se fosse um as suas rotinas. Se houver essa provocação, as inova- laboratório. Temos compromissos a honrar com os ções tendem a surgir naturalmente. Mas, para isso, o nossos clientes e, em nenhuma hipótese, podemos líder precisa estar engajado na filosofia da empresa, abrir mão da segurança e da qualidade dos nossos dedicando tempo, presença, experiência e exemplo e serviços. dando todo o suporte para que a pessoa se desenvolva. OI – Como as ideias OI – Qual é o grande inovadoras são com- desafio para se ino- partilhadas entre os diversos âmbitos da Organização? Luiz Roberto – Apesar do caráter descentralizado da Organização, a transferência de conhecimentos entre os diferentes ambientes tem sido bastante estimulada. Com esse propósito, a empresa “A inovação só tem sentido quando ela traz algum resultado prático. var hoje? Luiz Roberto – O grande desafio está na formação do profissional, na sua capacidade de Por mais que se deseje acompanhar o rápido inovar, não dá para gias. A universidade de encarar cada obra como aluno a se autodesen- se fosse um laboratório” avanço das tecnolohoje precisa ensinar o volver. O engenheiro precisa antes de tudo criou as Comunidades ser um empresário ca- do Conhecimento, que paz de responder posi- reúnem tivamente aos desafios integrantes com interesses comuns e dispostos a comparti- do mercado. A grade curricular universitária é o lhar seus aprendizados e inovações. Hoje existem instrumento de referência para essa formação. Na comunidades que abrangem segmentos como minha visão, a formação do engenheiro deve estar Rodovias, Barragens e Usinas, Metrôs, Empre- sustentada por três pilares: o conhecimento básico, endimentos Imobiliários, Portos e Equipamentos, que engloba as disciplinas fundamentais, como Ma- entre outros. Na liderança desses grupos, estão temática, Física e Química; o conhecimento profis- profissionais com vasta experiência nessas res- sional, que enfoca os aspectos mais específicos da pectivas áreas. Com frequência, os participantes formação acadêmica do engenheiro, como a execu- das Comunidades são convidados a compartilhar ção de pontes, estradas, portos e estruturas; e o co- suas experiências com as equipes dos diversos nhecimento empresarial, que envolve as disciplinas contratos da Organização. Isso pode ser feito an- de Liderança, Gestão Empresarial e Administração tes do início de cada obra, por meio de reuniões Contratual, entre outras. Esses conhecimentos, dos módulos de Engenharia do PA (Programa caso estejam presentes em uma equipe interativa e de Ação) ou até mesmo durante a construção. motivada a superar seus resultados, são ingredien- A iniciativa, liderança e decisão acerca dessas tes fundamentais para a inovação na Engenharia. informa 25 Conheça um caso em que a criatividade empresarial recebe o incentivo real de um país ideias 26 Participantes do Acreditar Angola: protagonistas de uma nova era no país informa 26 Hidrelétrica Santo Antônio: caso exemplar de valor S texto Edilson Lima foto Ricardo Teles e o assunto no canteiro de obras é inovação ser assim. Todo conhecimento produzido deve ser organi- tecnológica, então é apenas questão de tem- zado, para compartilhamento e uso futuro, sempre visando po para haver uma visita da equipe do Poit ganhos de produtividade”, enfatiza – Programa Odebrecht de Inovação Tecnoló- Outro caso bem-sucedido está na obra da Usina Hidrelé- gica. Criado em 2008, o programa tem como trica Santo Antônio, em Rondônia. Foi desenvolvido um equi- objetivo identificar soluções nascidas nos canteiros e incen- pamento motorizado para a retirada de amostras de solo tivar as equipes a serem criativas. Os frutos para a Organiza- com profundidade de até 5 m. As amostras são retiradas dos ção Odebrecht já são visíveis, seja nas conquistas de incen- locais onde serão erguidas as bases das torres das linhas de tivos fiscais (a Lei 11.196/2005 instituiu benefícios tributários transmissão. O equipamento permite a aceleração na coleta às empresas que desenvolvem inovação tecnológica), seja das amostras, que geram informações técnicas para os pro- na gestão de novos conhecimentos. jetos de fundação. O passo a passo é este: identificado o projeto de caráter “O benefício maior do Poit está no ganho de tempo, pelo inovador no canteiro, a equipe da Consultoria Pieracciani, fato de deixar registradas as inovações. Em novas ocasiões, assessora do Poit, vai até o local, realiza um inventário, or- evitaremos a repetição de erros já superados ou a imple- ganiza a documentação necessária e auxilia as equipes, de mentação de novos procedimentos. Não precisaremos rein- acordo com os critérios exigidos pelo Ministério da Ciên- ventar a roda”, enfatiza José Roberto Brandão, Responsável cia e Tecnologia (MCT) e das legislações fiscal e tributária. pelo Apoio de Engenharia a Augusto Roque, Diretor-Supe- Anualmente, é enviado um relatório com todos os projetos rintendente Geração Brasil da Odebrecht Energia. de caráter inovador para o MCT, prestando contas das atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D & I) e Reúso da água dos benefícios utilizados. “Parte de nosso trabalho é produ- Na Aquapolo Ambiental, controlada pela Foz do Bra- zir provas de que aquele projeto identificado é inovador”, diz sil, será aplicada uma nova tecnologia, pioneira no Bra- Alfonso Abrami, Diretor Técnico da Consultora. sil, desenvolvida, em conjunto, pela Odebrecht e a Foz do Para coordenar o Poit, foi constituído um comitê com re- Brasil, no processo de reúso de água. Trata-se da utiliza- presentantes das empresas de Engenharia e Construção da ção de membranas de ultrafiltração e osmose reversa, Odebrecht, da área de Planejamento Tributário da Constru- técnicas que permitirão o cumprimento das exigências tora Norberto Odebrecht e da Pieracciani. Periodicamente, da qualidade da água pelo Polo Petroquímico de Capua- seus integrantes reúnem-se para analisar e validar aqueles va (SP), para onde será destinada a água tratada. projetos que têm características necessárias para serem enquadradados no programa. O Poit integrou-se a outras iniciativas no campo da produção, gestão e compartilhamento do conhecimento na Ode- Entre os projetos inseridos até agora no Poit, o Essal foi brecht, como o Prêmio Destaque. O programa proporciona um dos pioneiros a serem beneficiados. Trata-se de um práticas de inovação em parcerias com universidades e insti- equipamento de investigação geológica do subsolo marinho, tutos de pesquisa, com os clientes e fornecedores da Organi- desenvolvido nas obras do prolongamento dos molhes do zação, o que incentiva a inovação em toda a cadeia produtiva. Porto de Rio Grande (RS). A construção desse equipamento Com a criação do Poit, os líderes passaram a ser in- para sondagem do subsolo evitou gastos com a importação, centivados a buscar sempre novas conquistas de inova- já que ele não existia no Brasil. ção tecnológica. “Aos poucos, a cultura da inovação e do Dante Venturini, Responsável por Apoio Funcional de En- compartilhamento do conhecimento está se disseminando genharia na Odebrecht Infraestrutura, destaca a importância por todos os negócios da Organização. Os integrantes es- da sistematização do conhecimento: “O Poit nos faz valorizar tão percebendo a importância disso para a qualidade dos a criatividade e o conhecimento produzido no canteiro, que serviços e a agregação de valor à marca da Organização”, muitos até descartam depois da obra concluída. Não pode explica Alfonso Abrami. informa 27 28 sem igual 28 informa Polipropileno produzido pela Braskem: foco nas necessidades de cada cliente texto Luciana Móglia fotos Ricardo Chaves “P or atuarmos em um mercado global extremamente competitivo, no qual a inovação é um fator-chave para o sucesso, devemos estar muito focados na diferenciação de nossos produtos, no desenvolvimento de novas aplicações para nossos clientes e na busca contínua por competitividade em custos, de modo a sermos a escolha dos clientes pela excelência em produtos e serviços.” A afirmação é de Patrick Teyssonneyre, Diretor de Inovação e Tecnologia da Unidade de Negócios de Polímeros (Unpol) da Braskem. Em 2010, as equipes de Inovação e Tecnologia da Unpol lançaram 41 projetos, que representam US$ 180 milhões de potencial de retorno em cinco anos. A estimativa para 2011 é lançar cerca de 80 projetos, com potencial de retorno de US$ 290 milhões. A inovação da Braskem opera a serviço do cliente. Na prática, significa que os laboratórios de tecnologia e inovação e as plantas piloto trabalham na criação de novas resinas que atendam às necessidades de empresas transformadoras de plástico, antecipando tendências, melhorando o desempenho dos produtos já existentes e buscando soluções sustentáveis. “Na Braskem, os pesquisadores vão a campo com integrantes da área comercial para antecipar tendências, identificar novas potencialidades de aplicações e estudar os mercados de atuação para, de fato, concluir se as ideias são viáveis ou não”, explica Teyssonneyre. Em busca de novos mercados, a Braskem tornou-se fornecedora, para a Bredero Shaw, de resinas de polipropileno para aplicação como isolante térmico e anticorrosivo em dutos de aço que fazem o transporte offshore de petróleo, e para a Nova Plast, de polipropileno para sacaria de café tipo exportação. Tubulações offshore A Braskem identificou, em meados da década passada, uma oportunidade de atuar no mercado de tubulações para exploração e produção de petróleo e gás natu- Diferenciação de produtos e serviços é prioridade na Braskem em sua busca pelo aumento da competitividade ral em águas profundas – e já está colhendo resultados. Somente a Petrobras deve construir, pelo menos, mais 15 plataformas até 2017, sendo de oito a 10 plataformas para exploração do pré-sal, o que sinaliza um promissor mercado. “Constatamos que o polipropileno era bastante usado para a aplicação, mas toda a resina era importada”, afirma o Gerente de Desenvolvimento de Produtos PP (polipropileno) da Braskem, Alessandro Cauduro Lima. informa 29 Integrantes da equipe do Centro de Inovação e Tecnologia: criação de novas resinas com atenção especial às soluções sustentáveis Para se tornar fornecedora da indústria de petróleo, aconteceu com a Precon, fabricante mineira de telhas a Braskem procurou a Bredero Shaw, que vislumbrou que, em parceria com a Braskem, lançou em 2011 o vantagens como abastecimento contínuo e serviço téc- produto feito com PVC em substituição ao amianto. E nico próximo, quesitos não contemplados por forne- também com a Acinplas, pioneira na produção brasilei- cedores de fora do Brasil. O desafio foi produzir uma ra de silobag para a agricultura (silos de plástico para resina com maior exigência térmica, pois a principal armazenagem de grãos), após buscar, com a Braskem, função do revestimento de polipropileno para tubula- a melhor tecnologia, analisar a viabilidade de mercado ção e dutos de aço offshore utilizados no transporte de e desenvolver a matéria-prima. petróleo é atuar como isolante térmico, para garantir as propriedades originais do insumo. Com a criação da telha de PVC, o mercado brasileiro conheceu em março uma alternativa pioneira às telhas O desenvolvimento das resinas para essa aplicação, produzidas com amianto ou alumínio. Tudo começou iniciado em maio de 2008, foi concluído no fim do ano em meados de 2009, quando um acionista da Precon, posterior. “Nesse período, foram submetidas ao rigoro- que fora cliente da Braskem, lançou no Brasil a ideia, so processo de homologação regrado pela Petrobras”, testada e aprovada em países do Hemisfério Norte, que afirma Alessandro Lima. já nasceria com potencial de vendas de 100 mil t/ano, A primeira aplicação foi na plataforma P-55, da cerca de 20% do mercado de telhas. Petrobras. Os tubos de exportação de petróleo e gás A primeira etapa foi desenvolver a formulação do dessa plataforma somam mais de 80 km de extensão, composto utilizado na produção das telhas, que tem com uso previsto de quase 3 mil t de PCD 0140 e PCD exigências específicas como resistência a intempéries 0140BR. A perspectiva é atingir o consumo de 6 mil t/ e a processamento. Na China, integrantes da equipe de ano em 2011 e mais de 10 mil t/ano a partir de 2013. Desenvolvimento de Mercado da Braskem e da Precon identificaram um modelo de cobertura que não exige 30 PVC em vez de amianto alto investimento e tem desempenho técnico adequado O mercado internacional é fonte inesgotável de ao mercado brasileiro. ideias sobre novas aplicações, que podem ser mui- A parceria não se limitou à produção. “Construímos, to bem-recebidas pelos clientes nacionais. Foi o que juntos, o modelo de negócios para colocar o produto no informa informa O ingresso no mercado ocorreu em 2010 e, de acordo com Samartim, as vendas estão atingindo a expectativa. Em 2011, já foram vendidas 290 t de polipropileno para a aplicação. Segundo Mônica Evangelista, Gerente de Engenharia de Aplicação e Desenvolvimento de Mercado Polipropileno da Braskem, o mercado de café acondicionado em sacaria de juta é estimado entre 12 e 15 milhões de sacos. “O produto feito de polipropileno tem potencial para substituir 40% desse mercado”, afirma. Armazenagem de grãos Há algum tempo, a Acinplas, líder nacional na produção de embalagens de plástico para frutas e legumes com sede em Estância Velha (RS), pensava em viabilizar no Brasil a produção de silobags, como uma alternativa para o produtor rural. A empresa procurou a Braskem, que já lhe fornecia polietileno usado na fabricação dos sacos plásticos, para, em conjunto, buscarem uma solução para a produção de silobags no Brasil e introduzirem no país a cultura dessa alternativa de armazenagem. mercado, uma vez que o cliente já atuava com cober- O produto já é sucesso na Argentina, que consome turas e poderia utilizar o mesmo canal de vendas exis- cerca de 150 mil unidades/ano. No Brasil, o uso não tente”, afirma o Gerente de Engenharia de Aplicação e passava de 5 mil unidades. “Depois de encontrar o fa- Desenvolvimento de Mercado da Braskem, Antônio Ro- bricante de máquinas na China, a Braskem imediata- dolfo. “A Braskem foi uma grande parceira nesse lan- mente enviou a resina PE (polietileno) Linear para ser çamento, contribuindo no desenvolvimento do produto, testada. Após os ajustes necessários, conseguimos da tecnologia e no marketing”, salienta Décio Gomes, elaborar um produto econômico e resistente”, relata o Diretor-Superintendente da Precon. A empresa tem Diretor Comercial da Acinplas, Gustavo Bazzano. capacidade de produção de 12 mil t/ano de telhas de A Acinplas investiu R$ 10 milhões na montagem de PVC e está investindo em expansão para chegar, no fim sua fábrica de silobag em Sapiranga (RS), denominada do ano, às 16 mil t. Pacifil Brasil, e iniciou a operação no começo de 2011. A unidade tem capacidade anual de produção de 60 mil Embalagens para café unidades de silobags, que consumirão até 6 mil tone- Outra avaliação conjunta de aplicação de matéria- ladas de polietileno. Pelo acordo entre as empresas, prima confirmou a ideia, compartilhada pela Braskem a Braskem será fornecedora exclusiva por oito anos. e pela Nova Plast, de que o plástico poderia ser uma Conforme Bazzano, a Pacifil já planeja expandir a capa- boa alternativa para produzir embalagens de café tipo cidade de produção no próximo ano com investimento exportação. “Um laudo emitido há algum tempo pela previsto em R$ 7 milhões. “Estamos com uma procura Caffè Dóro, indicou que a sacaria de polipropileno é supreendente, sobretudo dos produtores de grão da mais adequada para a preservação da qualidade do Região Centro-Oeste. Já vendemos 10 mil unidades café, em parâmetros como aroma, bebida limpa, do- este ano”, afirma Bazzano. Carlos Carlucci, Gerente de çura, sabor e amargor. Foi o impulso final para a Nova Contas da Braskem, ressalta o caráter sustentável da Plast, fabricante de telas, sacarias e outros produtos iniciativa: “A Pacifil está preparada para receber e reci- feitos com polipropileno, decidir investir no parque fa- clar 10% dos silos vendidos”, diz. Ou seja, se no futebol bril para a produção de sacaria com fibra da resina”, impera a rivalidade entre Brasil e Argentina, no caso do afirma Roberto Samartim, proprietário da Nova Plast. silobag o entrosamento foi perfeito. informa 31 32 produti Nos moldes da texto Fabiana Cabral fotos Ricardo Teles “P eças de encaixar”, de vários formatos binas e irá gerar 3.150 MW de energia. Em seu plano geométricos e diversos tamanhos e volu- construtivo, a elaboração de novos pré-moldados está mes. Essa é uma definição simples para sendo fundamental para a otimização dos trabalhos, os pré-moldados utilizados em constru- a segurança dos integrantes e a preservação do meio ções civis. Porém, nessas obras, pré- ambiente. “Na construção civil, a industrialização de -moldado significa agilidade, qualidade e segurança. 32 alguns processos permite o crescimento da quantida- O emprego das peças surgiu na reconstrução de al- de e da qualidade das atividades e garante a segurança guns países após a Segunda Guerra Mundial. No Bra- das pessoas e rápidos resultados”, explica Mário Lúcio sil, o uso do recurso passou a ser frequente a partir Pinheiro, Diretor de Contrato. da década de 1950, quando as empresas começaram a As peças são fabricadas por 240 profissionais em dois racionalizar e a industrializar os processos. Mais de 60 pátios, próximos ao local de utilização. “Produzimos 400 anos depois, a presença do pré-moldado em grandes itens por mês, com peso de 5 a 28 t, e temos previsão de obras é cada vez maior e sua aplicação crescentemen- aumentar a produção em 100 peças nos próximos seis te desafiadora. meses”, informa André Lima, Gestor de Pátios. Em Rondônia, um dos maiores projetos hidrelétri- São utilizados 827 tipos diferentes de pré-moldados cos do país está sendo executado pela Odebrecht Ener- e mais de 11.400 peças já foram aplicadas. “Com pré- gia: a Usina Hidrelétrica Santo Antônio, que terá 44 tur- -moldados, monta-se mais e molda-se menos. Quanto informa ividade Uso de pré-moldados garante conclusão de serviços antes do prazo na Usina Santo Antônio Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia: peças prémoldadas (na parte de baixo da foto, à direita) também melhoram as condições de segurança dos trabalhadores e a preservação ambiental mais reduzimos o molde nas estruturas, mais veloci- direita do Rio Madeira. “As fôrmas de madeira exigem dade tem a obra”, ressalta Fernando Dias Resende, reparos e, além disso, seu reaproveitamento é baixo”, Gestor de Técnica e Engenharia. Segundo ele, a apli- salienta Fernando Resende. cação é feita de acordo com a necessidade e viabilida- As equipes de Engenharia e de Produção e os pro- de. “Os pré-moldados de galeria [por onde transitarão jetistas uniram-se para viabilizar a ideia e, após seis técnicos e equipamentos para a manutenção das turbi- meses de discussões e rascunhos, o pré-moldado foi nas], de guarda-corpo [parapeito] e guarda-rodas [guia criado a partir de uma fôrma metálica. Os volumes, de baixa] são comuns em grandes projetos. Nosso desafio 11 a 21 t, foram definidos de acordo com a capacidade é criar itens inéditos, e já conseguimos desenvolver al- do guindaste disponível para o içamento. guns”, revela. Os tubos de sucção do Grupo Gerador 2 já estão recebendo a novidade, que também será aplicada nos Novas soluções em conjunto Grupos Geradores 3 e 4, todos na margem esquerda. Uma das novas peças concebidas na usina é o pré- Cada tubo é composto de 20 peças, e, no total, 36 tur- -moldado do tubo de sucção (conduto hidráulico, em binas terão 720 pré-moldados de dimensões e pesos formato de cone, localizado na saída da turbina). A ideia diferentes. Os maiores pré-moldados do projeto são surgiu após o uso do método convencional, com fôr- fabricados em frente ao local da aplicação para facilitar mas de madeira, no Grupo Gerador (GG) 1, na margem o transporte. informa 33 “As peças não têm retoques, pois saem prontas para a utilização, minimizando o retrabalho” Fabricação de pré-moldados no canteiro da usina Almir Chieregato “Conseguimos reduzir o prazo de execução da ca- Peça fundamental para o desvio do rio mada de 60 para 45 dias e ganhamos em produtividade, Outro pré-moldado desenvolvido foi o de apoio da viga segurança e conservação ambiental”, explica Rodrigo munhão do vertedouro principal, fundamental na interfa- Galli, Gestor de Produção da Casa de Força 2. De acor- ce civil e eletromecânica do projeto. A munhão sustenta o do com ele, a exposição dos integrantes ao risco de braço da comporta, que controla o nível do reservatório da acidentes é menor, e 948 m3 de madeira e 2.800 m3 de usina. Pelo método convencional, a viga era executada com cimbramento por unidade (estruturas metálicas para a instalação de um escoramento lateral apoiado no pilar e escoramento e fixação do concreto armado) deixaram concretagem. Rodrigo Galli esclarece que o pré-moldado de ser utilizados. reduziu a quantidade de trabalho em altura – as vigas ficam Quando não é possível pré-moldar, o processo é in- a 30 m do chão –, pois os guindastes fizeram o lançamento dustrializado com as pré-armações. “Em vez de levar das peças. Segundo ele, a solução reduziu em 50% o custo centenas de barras de ferro para serem montadas a e em 20% o prazo de execução, de 35 para 25 dias. “Garan- dezenas de metros de altura, armamos a estrutura no timos o prazo de conclusão das obras civis para o início das chão e um guindaste a coloca na posição para a con- atividades eletromecânicas e do desvio do rio.” cretagem”, diz Rodrigo Galli. O início do desvio do Madeira foi oficialmente reali- O uso dos recursos também contribui para a lim- zado no dia 5 de julho, com a presença da Presidente peza e organização das frentes de serviço e para a Dilma Rousseff, do Ministro de Minas e Energia, Edison qualidade do acabamento final da estrutura. “As peças Lobão, do Governador de Rondônia, Confúcio de Mou- não têm retoques, pois saem prontas para a utilização, ra, e de autoridades locais e federais, além de Marce- minimizando o retrabalho. Damos à estrutura a carac- lo Odebrecht, Diretor-Presidente da Odebrecht S.A., terística de obra acabada”, salienta Almir Chieregato, Henrique Valladares, Líder Empresarial da Odebrecht Gestor de Controle de Qualidade. Energia, Eduardo de Melo Pinto, Presidente da Santo Acompanhada de Eduardo de Melo Pinto (à esquerda), do Ministro Edison Lobão, do Governador de Rondônia, Confúcio de Moura, e de Marcelo Odebrecht, a Presidente Dilma Rousseff aciona o dispositivo que abriu as comportas do vertedouro: início do desvio do Rio Madeira Antônio Energia, e outros líderes. Dilma Rousseff acionou o dispositivo que abriu as comportas do vertedouro, permitindo a passagem das águas pela estrutura. “Santo Antônio é um compromisso com o meio ambiente brasileiro e com o desenvolvimento sustentável”, declarou. Mário Lúcio Pinheiro afirma que o evento marcou uma nova fase da obra. “As ideias concebidas e as lições aprendidas na margem direita serão aplicadas na esquerda. Trabalharemos para que a primeira turbina comece a gerar energia em dezembro de 2011 e para que as outras 43 estejam operando até o fim de 2015”, completa. De acordo com Rodrigo Galli, equipes de outros projetos da empresa visitaram a obra para conhecer as novas ideias e, posteriormente, as utilizarem. 34 informa CRIATIVIDADE, INOVAÇÃO E COLABORAÇÃO HÁ 20 ANOS EM DESTAQUE Não deixe de participar desta edição comemorativa iNscriçÕes e eNvio dos traBaLHos atÉ 30 de setemBro de 2011 FAÇA PARTE DESSA HISTÓRIA Inovação Jovem Parceiro Meio Ambiente Relações com Comunidades Reutilização do Conhecimento Saúde e Segurança do Trabalho Https://WWW.premiodestaQUe.com Para mais informações sobre o Prêmio Destaque, entre em contato com o Ciaden ([email protected]) informa 35 36 A plataforma posicionada sobre a balsa BGL-2: inovação brasileira quatorze segundos his 36 informa P-59 é a primeira plataforma autoelevatória do mundo a ser lançada a partir de outra estrutura flutuante texto Emanuella Sombra fotos Artur Ikishima que entraram para a istória informa 37 D e cima da torre de controle da plataforma P-59, ouve-se o primeiro apito de uma sucessão de três alarmes sonoros que acionarão o lançamento da gigante de 7.700 t, cuidadosamente acomodada sobre a balsa BGL-2 da Petrobras. Quatro rebocadores aguardam o início da operação, prevista para ocorrer ao meio-dia de uma sexta-feira chuvosa e cinzenta. A expectativa de quem aguarda o momento em que a P-59 cairá nas águas salobras do Rio Paraguaçu, próximo de sua foz, cresce a cada minuto a menos na contagem regressiva. Mário Moura e Jacques Raigorodsky – respectivamente, Responsável por Engenharia de Campo e Gerente de Engenharia Corporativo – aguardam sobre a BGL-2, onde uma equipe de cerca de 50 pessoas começa a se deslocar rapidamente até a popa da embarcação, local considerado mais seguro no momento exato do empuxo. São previstos dois minutos a menos até que, providencialmente, a chuva cessa. São 11h45 quando é ouvido o terceiro apito. Nesse momento, Moura e Raigorodsky dão a auto- São Roque do Paraguaçu, distrito de Maragogipe loca- rização para o lançamento: o acionamento do sistema lizado a 133 km de Salvador. Tudo começou em 2007, de hold-down (algo parecido com um estilingue de mil quando a licitação para a construção das plataformas toneladas) desprende a P-59 da balsa, esta levemente P-59 e P-60 previa a realização das obras em um local inclinada para baixo em cerca de cinco graus. A gra- que não era adaptado para o lançamento de platafor- vidade começa a fazer sua parte e a plataforma des- mas na água. Uma das condicionantes da Petrobras era liza sobre a BGL-2 com uma força de atrito próximo que elas fossem construídas no canteiro de São Roque, de zero. Quem assiste à operação de longe, calculada onde não havia um estaleiro próprio para o lançamento. para acontecer sobre as correntes calmas e abrigadas “A escolha de São Roque foi uma forma de dar con- do Paraguaçu, tem a impressão de ver um brinquedo tinuidade a um processo que já existia naquela região, enorme escorregando o casco sobre a água, formando tradicional na construção de jaquetas de plataformas ondas gigantes até navegar calmo e estabilizar-se com na década de 1980”, explica José Luís Coutinho, Diretor a ajuda dos rebocadores. de Contrato da Odebrecht. “Sem falar que o canteiro de São Roque tinha sido recentemente mobilizado para a 38 Dois anos e meio de trabalho construção dos topsides [módulos de processo e utili- O lançamento dura menos de um minuto. Mais preci- dades] da plataforma da PRA-1”. A partir da exigência samente, 14 segundos, resultantes de dois anos e meio do cliente, o Consórcio avaliou cada uma das alternati- de trabalho dos cerca de 2 mil trabalhadores do Con- vas até então conhecidas na indústria offshore. O pro- sórcio Rio Paraguaçu (Odebrecht Engenharia Industrial, blema é que nenhuma delas era viável dos pontos de Construtora Queiroz Galvão S/A e UTC Engenharia) e vista econômico e logístico. que representam um feito inédito na engenharia offsho- “O desafio era descobrir que métodos mais inovado- re. Pela primeira vez no mundo, uma plataforma auto- res poderíamos propor para nos tornarmos mais com- elevatória de petróleo é lançada a partir de outro corpo petitivos e, assim, ganharmos a concorrência”, lembra flutuante, nesse caso a balsa BGL-2 da Petrobras. Jacques Raigorodsky, engenheiro encarregado de pen- O momento crítico da operação ocorreu em junho sar uma solução. Uma das opções seria a criação de e foi consequência de um árduo trabalho realizado em um dique seco, onde a P-59 e a P-60 seriam constru- informa Os preparativos para o lançamento em São Roque do Paraguaçu: mais de 1.700 trabalhadores envolvidos ídas. Mas ela sequer chegou a ser cogitada por uma razão simples: o alto custo de sua implantação. todo mundo dizia que não era”, relembra o consultor. Ganhar a confiança do cliente e dos próprios cole- Outra alternativa seria a construção de uma carreira gas foi apenas a primeira batalha vencida. Ultrapassa- de lançamento semelhante à de um estaleiro, mas essa da essa etapa, o consórcio apresentou sua proposta na solução foi igualmente descartada, porque também te- licitação, que se tornou vencedora graças, em grande ria impacto substancial nos preços a serem ofertados parte, à competitividade gerada pelo método inovador na licitação, além de exigir a modificação da planta para lançamento de plataformas. Após a assinatura original do canteiro. “Teríamos que, depois do procedi- do contrato, o grande desafio da equipe foi comprovar, mento, desmanchar tudo e deixar o local como estava na prática, que o lançamento daria certo. Como fazer? antes”. A terceira e última tecnologia conhecida – o uso Utilizando um modelo reduzido, em escala de 1:50, e de uma balsa submersível que, depois de receber cada elaborando um software específico para a operação. Ou plataforma, é induzida a afundar, como os submarinos seja, uma maquete e um programa de computador que – custaria em torno de US$ 5 milhões por procedimen- fizesse todos os cálculos da simulação. to. Essa solução requereria balsas importadas e traria o risco da falta de disponibilidade. Para isso, foram usados os tanques de prova do Lab Oceano, no Rio de Janeiro, onde cada possibilidade diferente de lançamento foi exaustivamente testada. A Recurso brasileiro maquete serviu para identificar como a plataforma e a A lâmpada da criatividade acendeu-se. Na cabeça balsa se comportariam na hora do lançamento, auxi- de Jacques Raigorodsky, uma quarta alternativa pare- liando na determinação de um ângulo de lançamento cia totalmente possível: recorrer a uma balsa de lan- capaz de vencer o atrito da inércia sem fazer a plata- çamento de jaquetas (torres de aço usadas na extra- forma pivotar sobre o convés. O efeito de pivotamento ção de petróleo e gás) para lançar uma estrutura com seria como se a plataforma “empinasse”, fazendo com casco. “Era uma forma de utilizar um recurso que é que o casco se apoiasse em um único ponto do convés brasileiro, é da Petrobras, e estava sendo disponibili- da balsa, o que danificaria uma das estruturas ou am- zado pela empresa na licitação. “Mas eu tive que con- bas. Nessa fase de tentativa e erro, 23 configurações vencer o pessoal de que isso era viável. No princípio, de lançamento e 92 simulações foram necessárias informa 39 Trabalhador no canteiro e a P-59: novos horizontes para a indústria petrolífera do Brasil 40 informa para que se descobrisse o ângulo mais seguro da in- gem do rio, ele continua orquestrando a legião de ope- clinação: 5,46 graus. A partir daí, o próximo passo se- rários que trabalha para dar continuidade ao sucesso ria encontrar um material que possibilitasse o mínimo obtido no último mês. possível de atrito entre a superfície da balsa e o casco da P-59 e da P-60. Passado o principal desafio da equipe, que revolucionou a engenharia offshore ao tornar possível uma A combinação mais apropriada não tinha nada de nova tecnologia de lançamento de autoelevatórias, inovadora e já havia sido testada pelos próprios enge- São Roque do Paraguaçu prepara-se para repetir a nheiros da Odebrecht durante décadas. “Existe uma mesma operação com a P-60. O que parece simples, técnica quase centenária: a aplicação de sebo de car- não é. Isso porque a Odebrecht e as demais empre- neiro nos patins de embarque, que, em nosso caso, sas do consórcio dividem esforços com a finalização são de aço no topo e de madeira na parte inferior”, es- da P-59, que depois do lançamento foi rebocada de clarece Mário Moura. “E, para completar o processo, volta para as margens do canteiro, onde passou pelo revestimos a carreira [sapatas contínuas de concreto e procedimento de jacking de pernas (movimento em aço] com teflon, de forma que essas superfícies, quan- que as bases de sustentação são estabilizadas no do em contato, produzissem um atrito baixíssimo, de fundo do rio). cerca de 2%”. Desde a fase inicial de testes, ele atuou Cerca de seis meses serão necessários para que ela em parceria com Raigorodsky no desenvolvimento do termine de ser construída, receba o convés de perfu- método, assumindo desde a coordenação das equipes ração por meio de outro procedimento de load-out e até o monitoramento para que cada novo passo ocor- parta para as primeiras perfurações no mar. Tanto a resse sem tropeços. P-59 como a P-60 são projetadas para operar em áreas próximas à costa, com até 110 m de lâmina d’água. A Nivelamento da balsa com o cais capacidade de perfuração é que tem proporções abis- Moura acompanhou o lançamento da P-59 no Rio sais: quando as plataformas já estiverem no mar, será Paraguaçu, do local onde melhor podia-se sentir o possível descer até 10 mil m de profundidade, o que impacto do deslocamento: a própria balsa. Três dias permitirá alcançar a camada de pré-sal. antes, também foi o responsável por cada detalhe do “Conseguimos estabelecer um marco histórico na load-out, percurso de transferência da plataforma em indústria offshore, e isso gerou um aprendizado fan- terra firme para a BGL-2, por meio de um sistema de tástico para todos os profissionais envolvidos, tanto na macacos hidráulicos e de carreiras construídas no can- parte de simulações estruturais quanto na de estudos teiro. “O load-out não é uma operação inédita. O corpo de modelos reduzidos e operações navais”, afirma Fer- técnico da Odebrecht já a realizou várias vezes. Mas nando Barbosa, Diretor-Superintendente da Odebrecht esse tipo de operação é extremamente delicado e exige Engenharia Industrial, que acompanhou de perto os os maiores cuidados possíveis, pois precisamos garan- instantes finais dessa primeira etapa. “O principal le- tir o nivelamento da balsa com o cais durante todo o gado disso é o que fica de experiência e conhecimento tempo de embarque. E isso é muito difícil”. para a Organização em seus projetos futuros, aumen- Nesse caso, delicado pode significar lento. Enquan- tando nossa competitividade.” to o lançamento da P-59 durou 14 segundos, o load- Se depender dos resultados obtidos na tentativa out demorou cerca de 15 horas, a ponto de o deslo- inaugural, a utilização da nova tecnologia de lança- camento da plataforma nem ser percebido a olho nu. mento promete novos horizontes à indústria petrolífera “São três anos de dedicação a um evento que aconte- nacional. “Como esse tipo de balsa está facilmente dis- cerá em menos de um dia, e depois, em menos de um ponível, isso viabiliza a construção de estruturas flutu- minuto. Mas uma coisa eu aprendi bem com o Jacques antes também em outros locais. Nós agora temos uma e com o Coutinho: para ter sucesso em uma operação, nova modalidade de lançamento”, avalia Nilo Victor de é preciso planejamento e um procedimento muito bem Oliveira, Gerente Setorial de Construção de Platafor- detalhado. Executar bem os preparativos da operação mas Autoelevatórias da Petrobras. Em São Roque do é essencial. O resto é consequência”, diz Moura, antes Paraguaçu, as obras continuam fazendo sua parte. Que de dar a próxima instrução pelo rádio. Rente à mar- venha a P-60! informa 41 enfrenta qualquer parada texto Rubeny Goulart fotos Geraldo Pestalozzi 42 42 informa Sistemas da plataforma Norbe VI permitem mantê-la sobre os poços, não importam as condições climáticas, e reduzir o tempo de perfuração A Norbe VI no Rio de Janeiro: plataforma irá operar na camada de pré-sal informa 43 N as próximas semanas, assim que começar a perfurar os primeiros poços de petróleo do pré-sal, a plataforma semissubmersível de perfuração Norbe VI, que chegou ao Brasil em março deste ano, estará atuando sob o signo da inovação. A embarcação é operada pela Odebrecht Óleo e Gás (OOG) e conta com um sistema conhecido como atividade paralela, que reduz substancialmente o tempo gasto na perfuração dos poços e pode gerar uma economia para o cliente – nesse caso, a Petrobras – de até US$ 1 milhão por dia. Outro diferencial da unidade, um colosso de aço com altura equivalente a um prédio de 14 andares e com 240 m de comprimento, é o posicionamento dinâmico. Essa tecnologia permite o posicionamento da unidade de perfuração sobre os poços mesmo em condições adversas, relacionadas, sobretudo, a ondas e correntes marítimas. Adotado por outras operadoras internacionais de plataformas de petróleo, o sistema de atividade paralela foi adaptado à Norbe VI por iniciativa dos engenheiros Herculano Barbosa e José Pitta, da OOG, com o apoio da projetista SBM, da Holanda, As torres de atividade paralela da Norbe VI: redução do tempo sequencial do sobe e desce das colunas de perfuração a mesma que gerenciou a construção da plataforma. O projeto levou quatro anos para ser concluí- trecho final do poço. A inovação da Norbe VI con- do e, na versão desenvolvida in house, ficou mais siste justamente em reduzir o tempo sequencial barato que suas congêneres internacionais. Isso do sobe e desce das colunas de perfuração. sem perder nenhuma das suas vantagens, espe- Por esse sistema de operação com uma só cialmente as de economizar tempo e melhorar a torre, leva-se até 40 dias para se chegar a uma produtividade na atividade de perfuração. A se- profundidade de 5 mil metros abaixo da lâmina gunda torre, que é montada ao lado da principal, d’água. Mas o prazo cai significativamente com é mais baixa, permite manuseio independente e, a atividade paralela. “É possível economizar uma com adaptações, pode ser instalada em platafor- média de oito dias por poço perfurado”, diz Her- mas convencionais. culano Barbosa, com a experiência de quem par- A perfuração de um poço de petróleo ocorre em 44 ticipou dos principais projetos de plataformas etapas, por meio de colunas com brocas na pon- offshore operadas pela OOG e por sua antecesso- ta que descem a profundidades de até 10 mil m. ra, a Odebrecht Perfurações Ltda. (OPL). Segundo A cada etapa, o conjunto de perfuração é retira- ele, enquanto, no sistema convencional, gasta-se do para a descida de um tubo metálico, o revesti- cerca de 12 horas para descer e retirar cada uma mento, que serve para isolar o trecho perfurado, das seis colunas utilizadas na perfuração, com as dando estabilidade ao poço e evitando desmorona- torres duplas esse tempo é reduzido praticamente mentos. Esse revestimento é fixado no local com o à metade. “Enquanto uma coluna está perfurando, uso de pasta de cimento. Na fase seguinte, outra a outra já está descendo”, diz Herculano. “É eco- coluna perfura ainda mais fundo e repete-se a se- nomia de tempo, dinheiro e trabalho.” quência, com a retirada do conjunto de perfuração Projetada para operar em até 2.400 m de lâmi- e colocação de novo revestimento, até chegar ao na d’água e perfurar poços na profundidade de até informa locar à área de produção. Essa unidade acomoda 140 pessoas. Seu equipamento de posicionamento dinâmico trabalha com oito hélices submersas, além de GPS e rádio, que permitem captar sinais de satélites para realinhar com precisão a posição da plataforma na boca do poço. Os investimentos totais na Norbe VI tiveram 20% financiados pela Odebrecht e os 80% restantes por meio de project finance, equação financeira que envolveu o contratante, o gerenciador e o construtor da plataforma. O contrato firmado pela OOG com a Petrobras prevê o afretamento e a operação da plataforma por 10 anos. Concepção iniciada em 2006 A Norbe VI começou a ser concebida em 2006, mesmo ano em que a OOG foi criada. Em junho daquele ano, um grupo de profissionais da OOG seguiu para Houston, nos Estados Unidos, para trabalhar na elaboração do projeto de engenharia. Em meados de 2007, a construção da plataforma passou a ser acompanhada de perto por uma equipe da OOG. Emblemática, a Norbe VI marca o retorno da Odebrecht às atividades de perfuração de poços 9 mil m, a Norbe VI é uma plataforma semissub- de petróleo no mar depois de seis anos de afasta- mersível, que navega com autopropulsão e, por- mento. Até 2000, a empresa atuava nessa atividade tanto, não precisa ser rebocada para se deslocar por meio da OPL, criada em 1979 com a aquisição, de uma área de exploração a uma outra. Foi en- em Cingapura, da plataforma Norbe I para perfu- comendada pela OOG à holandesa SBM, empresa rar poços no litoral de Sergipe. Ao longo dos anos com atuação global no setor, e executada no esta- 1980, no rastro dos investimentos da Petrobras em leiro GPC Gulf Piping, em Abu Dhabi, nos Emirados águas profundas, a OPL adquiriu as plataformas Árabes Unidos, depois de criteriosa seleção entre Norbe II, III, IV e V e Asterie, chegando, em fins fornecedores de vários países. dessa década, a ser dona de uma das maiores fro- A Norbe VI forma – ao lado da Norbe VIII, que tas privadas de plataformas offshore no Brasil. também acaba de chegar ao Rio de Janeiro, da No total, a OOG está investindo cerca de Norbe IX, que já está a caminho do Brasil, das ODN US$ 3,5 bilhões em suas áreas de atuação, in- I e ODN II, que se encontram em fase final de cons- cluindo sua frota de unidades de perfuração para trução na Coreia do Sul, e da ODN Tay, a última águas profundas. A entrada em operação da Norbe aquisição da OOG – a frota de plataformas de per- VI e da Norbe VIII, somada à entrega, em menos furação de última geração para águas profundas de dois meses, da Norbe IX, reposicionará a OGG que serão operadas pela OOG. A previsão para a como uma das maiores operadoras privadas bra- chegada ao Brasil da Norbe IX é julho de 2011. sileiras de plataformas para perfuração em águas Com nível tecnológico mais avançado que as profundas. Isso, em um momento em que o país coirmãs, a Norbe VI está ancorada em frente à está sendo alçado à condição de um dos maiores Baía de Guanabara, em Niterói (RJ), na fase final produtores mundiais de petróleo, é motivo para se de testes, e, nas próximas semanas, deverá se des- comemorar duplamente. informa 45 memória A P-18 em construção em Cingapura: assinatura do contrato para a execução da obra está completando 20 anos pla P-18, construída no começo dos anos 90 em Cingapura e no Brasil, gerou aprendizados que as empresas participantes do projeto utilizam até hoje 46 informa acervo odebrecht 46 Uma senhora ataforma texto Cláudio Lovato Filho S ua nobreza, como sempre ocorre, está subsidiária da Keppel Corporation, de Cingapura, e um expressa nos títulos: a maior plataforma das principais construtoras mundiais de plataformas semissubmersível do mundo, na época offshore para a indústria petrolífera. de sua construção; a primeira do seu tipo Estão se completando, portanto, exatos 20 anos da a produzir petróleo no Brasil; a primeira assinatura do contrato para a construção da P-18, resul- a operar no país em águas com mil metros de profun- tado de uma licitação internacional da qual participaram, didade; a então recordista brasileira na produção de pe- além do consórcio Tenenge-Fels, uma outra empresa de tróleo: 100 mil barris por dia; objeto da primeira grande engenharia e construção do Brasil e uma finlandesa. Em licitação internacional promovida pela Petrobras; a pri- 3 de junho último, Arnaldo reuniu em sua casa, no Le- meira plataforma da empresa brasileira a ser construída blon, no Rio de Janeiro, os companheiros com os quais no exterior a partir do zero, ou seja, uma obra totalmente compartilhou a experiência de viver e trabalhar em Cin- nova e não uma conversão. Mas, para além desses mui- gapura no princípio dos anos 1990. Relembraram fatos, tos rótulos que lhe asseguram lugar cativo na história assistiram a vídeos de momentos de lazer das famílias, da indústria brasileira do petróleo, a P-18 representou falaram do passar do tempo, do seu trabalho ontem e um divisor de águas na trajetória da Petrobras, na atua- hoje, dos avanços da tecnologia, divertiram-se ao lem- ção da Odebrecht no setor offshore e nas relações entre brar que, quando estavam indo para casa, descansar, o Brasil e Cingapura, país no qual parte da plataforma foi pessoal no Brasil estava chegando para trabalhar. construída. A P-18 veio ao mundo sob o signo do pioneirismo, para cumprir um destino revolucionário, no front Projeto inovador em âmbito mundial do Campo de Marlim, Bacia de Campos, no litoral do Rio “Para construir a P-18, a Petrobras pesquisou o que de Janeiro. de melhor havia em termos de projeto de plataformas “Muito do que a Petrobras faz hoje em águas profun- semissubmersíveis no mundo. Já havia experiência das, incluindo o trabalho no pré-sal, deve-se à P-18”, com o uso dessas plataformas para perfuração, mas afirma Arnaldo Arcadier, Gerente Executivo do Promef não para produção. O projeto da P-18 foi, dessa forma, (Programa de Modernização e Expansão da Frota), da inovador, em âmbito mundial, e, além disso, teria de ser Petrobras. “Foi um obra emblemática pelo seu pioneiris- executado pelo sistema EPC (Engineering, Procurement mo e por sua inovação; um projeto que gerou confiança and Construction – Engenharia, Suprimento e Constru- para o avanço da produção de petróleo.” Arnaldo foi o ção), uma novidade e, por decorrência, um desafio que Gerente de Projeto da P-18. Morou em Cingapura en- gerou uma escola para a empresa”, salienta Arnaldo. No tre junho de 1991 e abril de 1993. Sua chegada ao país, EPC, o construtor é responsável por todas as etapas da junto com mais 11 companheiros da Petrobras e suas obra, com praticamente todas as atividades concentra- famílias, deu-se no mês seguinte à assinatura do con- das no canteiro. trato entre a Petrobras, a Odebrecht (representada pela A execução da plataforma em Cingapura proporcio- Tenenge) e a Fels – Far East Levingston Shipbuilding, nou à Petrobras o primeiro compartilhamento de uma informa 47 execução de projeto com um construtor estrangeiro, a Fels. Para a empresa de Cingapura, a novidade não era menor. Contribuição importante para o êxito desse relacionamento, principalmente no início, foi o conhecimento prévio que a Odebrecht tinha da Fels e vice-versa. No fim dos anos 1980, as duas empresas haviam trabalhado juntas na Índia: a Odebrecht contratara a Fels para obra de extensão das pernas da plataforma fixa Norbe V. Foi a origem da relação entre elas e o que as levou a uniremse em um consórcio para disputar a licitação da P-18. Vencida a concorrência, era hora de passar a compartilhar o cotidiano do estaleiro da Fels em Cingapura – o que duraria quase dois anos, até a partida da plataforma “Colocamos todas as nossas preocupações na mesa”, relembra o advogado Jeff Chow, Gerente Geral para Assuntos Legais da Keppel Offshore & Marine, que teve intensa participação na formação do consórcio entre Odebrecht e Fels. “Conversamos abertamente, definindo claramente as responsabilidades de cada uma no projeto. O que se seguiu foi o surgimento de relação de confiança de altíssima qualidade. Com brasileiros da Petrobras e da Odebrecht, fiz amizades que mantenho até hoje. Nós, da Fels, da Petrobras e da Odebrecht, 48 Jônio Machado / Banco de Imagens Petrobras para Paranaguá (PR), onde o projeto seria concluído. formamos laços, tornamo-nos uma família, e isso foi ranaguá, foram desafios superados, mais que tudo fundamental para que nossos objetivos comuns fossem pelo bom clima de trabalho e pelo sentimento de que alcançados da maneira como foram”, acrescenta. éramos, todos, um só time.” O hook-up é a finali- As afirmações de Jeff Chow são essenciais para que zação da plataforma, incluindo a instalação dos mó- se tenha uma boa ideia do que aconteceu em Cingapu- dulos de processamento (topsides) e da tubulação; a ra e no Brasil durante a realização do projeto da P-18. instalação elétrica; a montagem dos instrumentos, Eram três empresas vivendo desafios até então inéditos do sistema de segurança e dos alojamentos. para elas (e, em alguns casos, para o mundo), traba- “A P-18 foi um marco para nós”, afirma Choo lhando em um projeto que se tornaria referência para a Chiau Beng, CEO (Diretor-Presidente) da Keppel indústria de petróleo. União, coesão e sinergia refletiam Corporation e Chairman (Presidente do Conselho de o foco comum. Administração) da Keppel Offshore & Marine. “Foi o “A relação pessoal é a primeira e principal cha- nosso primeiro trabalho para a Petrobras. Tivemos ve para abrir as portas”, afirma Wai Seng Yeong, da uma grande experiência de aprendizado. Colocamos Fels, Gerente de Engenharia no projeto da P-18 e no projeto nosso melhor time. Como construtora atualmente Vice-Presidente de Projetos Especiais da de plataformas semissubmersíveis de perfuração Keppel Offshore & Marine USA. Wai Seng vive há dois e acomodação, a Keppel Fels pôde contribuir com anos no Rio de Janeiro. “Tudo era novo para nós”, ele sua expertise para a construção de uma plataforma relembra. “Tínhamos um excelente projeto da Petro- como a P-18, com qualidade e no prazo. A integra- bras, era realmente sofisticado. Havia um recorde a ção das equipes da Odebrecht, da Keppel Fels e da ser batido, de 100 mil barris por dia. Tínhamos de Petrobras, atuando com coesão, sinergia e amizade, nos entender muito bem. A construção do casco e levou ao sucesso do projeto.” Ele acrescenta: “A P-18 a instalação dos equipamentos navais, em Cingapu- sem dúvida fez Brasil e Cingapura ficarem muito ra, e a construção dos topsides e o hook-up, em Pa- mais próximos”. informa informa A Fels, assinala Fernando, havia construído diversas plataformas de perfuração. A construção de uma plataforma de produção é bem mais complexa. Trata-se de uma unidade industrial para operar em alto-mar. A P-18 chegou a ser a maior planta de produção de petróleo do mundo em meio flutuante. A experiência das equipes da Odebrecht e da Petrobras com esse tipo de estrutura foi um fator importante. “A P-18 foi uma grande fonte de aprendizado para todos”, salienta Fernando. Ele acrescenta: “Já naquela época, havia a preocupação da Odebrecht com o ‘conteúdo nacional’; daí a decisão de realizar parte da obra em Cingapura e concluí-la no Brasil, no canteiro de Paranaguá”. Depois da experiência da P-18, Fernando voltou a Cingapura. Morou lá por mais um ano e meio, atuando como um então DPA (Diretor de País) da Odebrecht. “Em Cingapura, amadureci muito, profissionalmente. Foi uma satisfação ter passado quatro anos lá.” É um sentimento bastante similar ao de Arnaldo Arcadier. “Desenvolvemos em Cingapura alguns procedimenA plataforma em operação hoje no Campo de Marlim, na Bacia de Campos: protagonista de um recorde histórico de produção tos que foram consolidados e são utilizados até hoje pela Petrobras, sobretudo no que se refere a gerenciamento de projetos.” Em sua sala no prédio da Transpetro na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, ele diz, em A maior planta de produção de petróleo em meio flutuante tom reflexivo: “A P-18 significou uma guinada nos projetos A equipe da Odebrecht em Cingapura era lidera- sei na empresa, em 1978, a produção diária era de 160 mil da pelo Gerente de Contrato Fernando Barbosa, hoje barris. A P-18, sozinha, a partir de 1994 teria capacidade Diretor-Superintendente da Odebrecht Engenharia In- para produzir 100 mil barris por dia”. de produção de petróleo para a Petrobras. Quando ingres- dustrial. Fernando tinha 35 anos quando assumiu a lide- As obras realizadas em Cingapura estenderam-se de rança da obra. Um jovem profissional com um desafio junho de 1991 a abril de 1993, quando ocorreu a saída para de 36 mil toneladas nas mãos – cuja superação repre- Paranaguá. A viagem foi feita por meio de um sofistica- sentaria um passo decisivo do Brasil para a tão almejada do sistema de transporte conhecido com dry-tow: o navio autossuficiência em petróleo. Fernando, que ingressara Transhelf, de bandeira russa, pertencente à empresa Wjs- na Organização em 1985 e que antes disso já havia par- muller, submergiu parcialmente para que, em seguida, a ticipado de projetos offshore na Bahia, atuando por uma plataforma fosse colocada, flutuando, sobre seu convés. A outra empresa e depois pela Odebrecht, fez sua primeira viagem durou 34 dias. visita a Cingapura em fevereiro de 1990. Morou dois anos Na Bacia de Paranaguá, foi realizada a operação inver- e meio em Cingapura e um ano em Paranaguá. Sobre o sa, e, então, a P-18 foi puxada até o cais por rebocadores. período de trabalho na cidade-estado do Sudeste Asiá- Em março de 1994, a P-18 partiu para a Bacia de Campos. tico, ele recorda: “Havia a diferença de 11 horas no fuso No dia 15 de junho, produziu o “primeiro óleo”. Em janeiro horário, e nada de internet, só fax! Foi uma experiência de 1997, ela atingiu a marca dos 100 mil barris/dia. Hoje, extraordinária. Montar uma equipe e uma cultura de produz 30 mil barris por dia. Arnaldo Arcadier explica, sem procedimentos, para executar um projeto inovador, mo- conseguir ocultar a emoção em suas palavras: “A vida útil rando no Oriente, foi marcante e motivador”. Além de de uma plataforma como a P-18 é de 25 anos. Depois de Fernando, nove integrantes da Odebrecht e suas famí- 17 anos de produção de petróleo no mar, em ambiente lias foram para Cingapura. agressivo, podemos dizer que ela já é uma senhora”. informa 49 biorrevoluç texto Guilherme Oliveira A fotos Bruna Romaro s primeiras mudas de cana-de- As possibilidades de evolução situam-se ao longo -açúcar chegaram ao Brasil em de todo o processo produtivo do etanol e da energia 1533, trazidas pelos portugueses. elétrica a partir da biomassa, com resultados espera- Essa escolha despretensiosa da dos para curto e longo prazos. “Geraremos biomassa cultura deu-se pela necessidade com maior velocidade e qualidade, com novas varie- de Portugal de ocupar o território recém-desco- dades de cana, transgênicas ou não, mais adaptadas berto. Hoje, o Brasil é o segundo maior produtor aos tipos de solo, resistentes a seca e pragas, com do mundo de etanol e o primeiro na produção de maior teor de açúcares e fibra”, explica Calmanovi- açúcar, tendo como matéria-prima o “experimen- ci. Na área industrial, a busca por maior rendimento to” português. O setor de etanol e açúcar oferece no processo fermentativo é uma das prioridades dos oportunidade direta de trabalho a mais de 1 milhão pesquisadores. de pessoas e movimenta R$ 50 bilhões por ano. As próximas revoluções da bioenergia, no en- Identidade do setor tanto, não levarão tanto tempo para se tornar Na próxima década, novas aplicações para o etanol realidade. “O investimento em tecnologia será e novas gerações de biocombustível já serão realida- o grande diferencial competitivo nos próximos de. “São projetos confidenciais, mas podemos dizer anos”, afirma Carlos Calmanovici, Responsável que buscamos constantemente sinergias com outras por Inovação e Tecnologia da ETH Bioenergia, empresas da Organização Odebrecht e que a ETH área ligada diretamente ao Líder Empresarial. terá um papel importante no desenho desse setor até “A tecnologia evolui em uma velocidade incrível; 2020”, diz Calmanovici. então, temos muitas oportunidades para aproveitar.” Apesar do “segredo estratégico” em relação aos projetos, o caminho para atingir a excelência é sim- O Professor Gonçalo Pereira, da Unicamp: setor começa a olhar para o futuro 50 50 informa uções Investimento em tecnologia será o grande diferencial no setor de etanol e açúcar nos próximos anos ples: parcerias com os principais geradores de conhecimento do país. Hoje, a ETH mantém convênios para o desenvolvimento de novas tecnologias com instituições acadêmicas como Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre outras. O professor Gonçalo Pereira, Chefe do Departamento de Genética, Evolução e Biogenia da Unicamp, lidera o projeto que tem a ETH como parceira. Ele explicita o foco do estudo: “A transformação do açúcar em álcool é feita por leveduras naturais, selvagens. Estudamos sua estrutura genética para produzir leveduras industriais, que terão maior produtividade nessa conversão”. Segundo o professor, os institutos detêm o conhecimento, mas quem está inovando é a ETH. “A postura de não se satisfazer com as tecnologias disponíveis e olhar para o futuro é inédita nesse setor, e a ETH está na ponta desse movimento. É uma empresa jovem, que tem a inovação como pilar de atuação.” Nessa relação, Gonçalo Pereira prevê o sucesso para empresa e academia. “As universidades buscam parcerias como essa. O Brasil tem a cultura de pegar dinheiro e fazer ciência. Nesse ganha-ganha, vamos pegar ciência e fazer dinheiro.” Do lado da empresa, Calmanovici concorda: “Vemos muita competência no meio acadêmico e precisamos maximizar o uso desse conhecimento para agregar valor. O objetivo de crescimento da ETH é ambicioso e a superação desse desafio depende da utilização correta das novas tecnologias, com o apoio dos parceiros. A capacidade de inovar é o caminho para a liderança”. informa um sonho à tona 52 Trabalhador nas obras da Ufem, parte do projeto em execução em Itaguaí: passo ousado e decisivo da Marinha do Brasil 52 informa vem Brasil dá início à realização de um antigo projeto: construir submarinos, entre eles um nuclear O sonho de mais de 30 anos começou a se tornar realidade. O país terá, em um futuro próximo, seu primeiro submarino de propulsão nuclear. Ele será construído em território nacional, por meio do Prosub-EBN – Programa de Desenvolvimento de Sub- marinos – Estaleiro e Base Naval, iniciativa da Marinha do Brasil. Por um lado, a obtenção de um submarino desse tipo potencializará as ações da Marinha em águas profundas e distantes da costa. Por outro, significará o ingresso do Brasil no grupo de países que detêm esse conhecimento tecnológico, formado hoje por Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia e China. Para isso, o Brasil firmou acordos com a França, em 2008, para a transferência de tecnologia, o que possibilitou o início da construção texto Edislon Lima fotos André Valentim de um estaleiro, de uma base naval e de quatro submarinos convencionais do modelo Scorpène e um de propulsão nuclear. A empresa estatal francesa DCNS (Direction des Constructions Navales et Services) é a responsável pela condução do processo de transferência de tecnologia para a Marinha e para a Odebrecht. A escolha pela tecnologia francesa Tradicionalmente, os países que possuem submarinos nucleares desenvolveram seus projetos a partir de sucessivas etapas evolutivas de modelos de submarinos convencionais. Muitos levaram anos para desenvolver a tecnologia. Hoje, apenas dois países produzem simultaneamente submarinos convencionais e nucleares: França e Rússia. A Marinha do Brasil visitou essas nações, estudou seus projetos, pesquisou sobre seus clientes no mundo e concluiu que a França era a parceira mais segura para o caso brasileiro. Primeiramente, porque a França se dispôs a transferir a tecnologia tanto para o projeto do submarino de propulsão nuclear – no que tange ao casco, às suas estruturas internas e seus sistemas (exceto a parte do reator nuclear, desenvolvida pela própria Marinha) – quanto para os submarinos convencionais do modelo Scorpène. Depois, porque o modelo convencional Scorpène, diferentemente dos outros convencionais, incorpora conceitos de segurança semelhantes aos submarinos nucleares. A fabricação, no Brasil, do primeiro dos quatro submarinos Scorpène começará a ser executada em 2011. Esse submarino deverá estar concluído em 2015. Treinamentos na França e no Brasil Neste momento, a Odebrecht Infraestrutura e a Odebrecht Engenharia Industrial estão erguendo, no canteiro de obras de Itaguaí (RJ), a Ufem – Unidades de Fabricação de Estruturas Metálicas (onde serão construídas as partes metálicas dos submarinos, ou seja, as seções do casco e suas estruturas internas), o Estaleiro e a Base Naval (EBN). A previsão é de que a Ufem seja inaugurada em 2012; e o EBN, em 2015. Em um informa 53 Dragagem da Baía de Sepetiba: meio ambiente preservado segundo momento, serão construídos os submarinos, O reaquecimento da indústria naval com previsão de conclusão, gradativamente, até 2025, A relação do Brasil com os submarinos e sua tecnolo- quando o submarino de propulsão nuclear deverá en- gia tem suas origens no início do século 20, quando o país trar em operação. A Odebrecht participará da execu- adquiriu os primeiros desses equipamentos. No entanto, ção dos submarinos por meio da Itaguaí Construções somente em 1993 foi lançado ao mar o primeiro subma- Navais, uma joint venture formada com a DCNS. Como rino construído em solo brasileiro, no Arsenal da Marinha parte do acordo, integrantes da Marinha e da Ode- do Rio de Janeiro: o S Tamoio (S-31), de tecnologia alemã. brecht recebem treinamentos da equipe da DCNS, na Iniciou-se, então, uma trajetória em busca de independên- França e no Brasil. cia tecnológica. Em 1979, foi criado o Programa Nuclear da No caso do EBN, o conhecimento é transferido por meio do Pacote de Informações Técnicas, que sai da França, Marinha (PNM), visando ao desenvolvimento do submarino brasileiro de propulsão nuclear. chega até a Marinha e, depois de analisado e aprovado, à Apesar de importantes avanços nos estudos nucleares, Odebrecht. As informações são absorvidas e aplicadas no o PNM sofreu estagnação, principalmente nos anos 1990. projeto básico e no projeto de detalhamento. “O aprendi- No início dos anos 2000, o Governo Federal decidiu investir zado nesse projeto fará da Odebrecht a primeira empresa na indústria naval e incentivar a participação da iniciativa brasileira capacitada a projetar e construir estaleiros para privada, para aquecer o setor e gerar oportunidades de tra- submarinos convencionais e de propulsão nuclear”, diz Fa- balho. O incentivo teve o reforço da descoberta de petróleo bio Gandolfo, da Odebrecht Infraestrutura, Diretor respon- na camada do pré-sal. Cerca de 90% das exportações e sável pelo Estaleiro e pela Base Naval. importações do país passam por uma área de aproximada- A escolha da Odebrecht como parceira pela estatal fran- mente 560 km de costa. A proteção dessa área é de respon- cesa se deu por sua experiência em obras de grande porte, sabilidade da Marinha. Nesse contexto, surgiu a necessida- inclusive com tecnologia nuclear (usinas de Angra dos Reis, de de reinvestir na construção de submarinos, pois a frota no Rio de Janeiro), e sua atuação no mercado offshore, na atual da Marinha é de cinco unidades. qual se destacam a construção de diversas plataformas de Para o Almirante Alan Arthou, que lidera o projeto do petróleo, no Brasil e no exterior. “A DCNS viu na Odebrecht Estaleiro e da Base Naval pela Marinha, é motivo de orgu- a empresa brasileira com as características necessárias lho fazer parte do grupo de países detentores da tecnologia para absorver a tecnologia francesa e realizar o Prosub”, de construção de submarinos nucleares: “O Prosub signifi- diz Fernando Barbosa, Diretor-Superintendente da Ode- cará para o Brasil a conquista de independência tecnológi- brecht Engenharia Industrial, empresa responsável pela ca na construção de estaleiros e submarinos de propulsão construção dos submarinos convencionais e do submarino nuclear. Será bom para a Marinha e para as empresas, de propulsão nuclear. pelo domínio do conhecimento tecnológico e também para Para coordenar e integrar o planejamento e os diversos a defesa de nossa soberania”. contratos do Prosub perante a Marinha do Brasil, a Odebrecht e a DCNS criaram o Consórcio Baía de Sepetiba, que tem como Presidente do Conselho Roberto Simões, Diretor Executivo da Odebrecht Defesa e Tecnologia. 54 informa Dragagem da Baía de Sepetiba Com o objetivo de preparar a área e oferecer condições de suporte às estruturas que compõem o projeto EBN, está em andamento a dragagem do solo mole do fundo da Baía 65 m de comprimento por 18 m de largura e 2,4 m de de Sepetiba. Depois da dragagem, serão construídos os altura. enrocamentos de contenção, que permitirão o avanço dos Os bags são colocados na UDCQ – Unidade de De- aterros hidráulicos. Em seguida, a execução das estruturas cantação de Contaminados Químicos, em uma bacia do cais, dos píeres, das edificações industriais e adminis- construída, com 13 m de profundidade, 255 m de com- trativas e de outras unidades complementares. primento e 130 m de largura, totalmente protegida por O Estaleiro e a Base Naval ficarão um de frente para o uma manta de PEAD (polietileno de alta densidade) e outro, como se fossem dois braços adentrando ao mar, às uma camada de brita. O processo é o seguinte: a dra- margens da Baía de Sepetiba. Entre esses braços, ficarão a ga de sucção e recalque retira o material do fundo do Dársena (área de atracação dos submarinos em ambos os mar e o bombeia para a terra, por meio de tubulação, lados e que servirá de acesso aos dois diques secos, pre- passando-o por uma unidade de tratamento. Lá, para vistos no projeto, para manutenção e troca de combustível iniciar o processo de tratamento, é injetado um políme- dos submarinos), a bacia de evolução e o canal de acesso, ro, mediante ionização, com a finalidade de “flocular” o áreas por onde os submarinos irão transitar e manobrar material dragado e permitir sua filtragem. Dali, o ma- para terem acesso às instalações do EBN. O calado de to- terial seguirá pela tubulação e será lançado nos bags. das essas áreas será de 12 m. “Os bags retêm os metais pesados, permitindo o desá- Entre o material a ser removido na dragagem, foram gue do efluente tratado através do tecido dos bags, e sua identificados, por estudos prévios, alguns bolsões com volta para o mar, sem contaminação, pelos canais”, diz presença de sedimentos contaminados com metais Sérgio Pinheiro, Diretor de Obras Marítimas da Odebrecht. pesados (cádmio, níquel, chumbo e zinco), resultantes No final, os bags serão cobertos por uma camada de solo, da poluição ao longo dos anos gerada por indústrias ali para proteção, impedindo qualquer tipo de contaminação instaladas no passado e já desativadas. Esses bolsões, do meio ambiente. somados, perfazem 300 mil m3. O material não conta- O projeto Prosub-EBN também proporcionará uma im- minado é dragado e jogado no bota-fora marítimo, lo- portante contribuição para a formação de trabalhadores cal autorizado pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio locais. Atualmente, 3 mil pessoas trabalham nas obras. Ambiente), fora da baía de Sepetiba, a 56 km da obra. Mais de 2 mil serão capacitados por meio do Programa de No caso do material contaminado químico, a solução Qualificação Profissional Continuada – Acreditar, até o fim encontrada foi o uso de sacos (bags) de geotubes, com da obra do Estaleiro e da Base Naval, em 2015. informa 55 saud inovadoramente texto José Enrique Barreiro Médicos da Organização falam sobre saúde e tecnologia O impacto da tecnologia no desempenho da medicina Para Gilberto, Mayanse e Sebastião, a melhoria da expectativa de vida e a redução dos danos à saúde são, em parte, decorrentes do uso de novas tecnologias, entre as quais vacinas e antibióticos. O crescimento da expectativa de vida no mundo passou de 76,4 anos, em 1980, para 81,01 anos, em 2010. O ser humano caminha a passos largos para o seu centenário. Portanto, inovações tecnológicas em saúde são bem-vindas e melhoram o desempenho da medicina. As novas tecnologias e o aumento do custo dos tratamentos Os médicos citaram alguns procedimentos de alto imSebastião Loureiro (à esquerda) e Gilberto Ururahy pacto no custo do cuidado médico, entre eles exames para diagnóstico por imagem, testes diagnósticos, próteses A que substituem ou reforçam partes do corpo, órteses e implantes para restabelecimento de funções biológicas. A convite de Odebrecht Informa, três questão central, para eles, é o equilíbrio entre demanda e médicos da Organização – Gilberto consumo, evitando-se uso indiscriminado e gasto exces- Ururahy, Mayanse Boulos e Sebastião sivo. Em 1999, o mundo gastava US$ 473 por pessoa/ano; Loureiro – elaboraram, conjuntamen- em 2010, o mesmo gasto subiu para US$ 771. Entretanto, te, respostas a questões relacionadas a tecnologia vem produzindo medicamentos, equipamen- a Inovação e Tecnologia na área de Saúde. Para eles, a tos e diagnósticos mais precisos e menos invasivos, o que tecnologia é bem-vinda, mas deve ser utilizada de forma provoca a necessidade de permanente atualização dos adequada. O foco deve estar na promoção da saúde, na profissionais da saúde. prevenção das doenças e no diagnóstico precoce, buscando a longevidade autônoma de seus clientes. Essa estratégia reduz os riscos de doença e, consequentemente, os custos de tratamentos e hospitalizações. Você lerá a seguir o que eles pensam sobre diversos temas e quais são os principais desafios que a Organização Odebrecht tem pela frente na área de Saúde. 56 dável Mayanse Boulos A alternativa contra os altos custos da medicina parceiros e disponibilizando prontuários médicos online Gilberto, Mayanse e Sebastião recomendam a prática são arquivados para que possam ser analisados pelos da medicina preventiva que, embora pouco explorada e não muito reconhecida, pode ter resultados eficazes e para os integrantes estratégicos, cujos dados de saúde médicos de apoio onde quer que o integrante esteja. ciedade. Para eles, o foco deve estar na promoção da Principais desafios da Organização Odebrecht em Saúde saúde, prevenção das doenças e no diagnóstico precoce. O grande desafio, segundo eles, é promover uma Essa estratégia reduz os riscos de doença e, consequen- integração cada vez maior entre todas as partes da temente, os custos de tratamentos e hospitalizações. Organização com as equipes de Saúde, Segurança do menos onerosos para as pessoas, as empresas e a so- Trabalho e Meio Ambiente. É preciso também avan- A questão da Saúde no mundo empresarial çar na compatibilização entre a descentralização das Os três médicos da Odebrecht entendem que o mundo lidadas na área de Saúde, de modo a poder reutilizar empresarial vive o mesmo drama da sociedade em geral, o conhecimento adquirido, ganhar mais agilidade no em que predomina a visão da prática médica baseada em tratamento de doenças e reduzir custos. Com isso, os inovações tecnológicas de aparelhos e baixo investimen- mais de 100 médicos que hoje integram a Odebrecht to em incentivos, informação e práticas de prevenção de poderão coordenar cada vez melhor o atendimento dos doenças e promoção da saúde. Para mudar esse quadro, 140 mil integrantes da Organização. é necessário que as empresas conheçam o perfil dos integrantes e seus hábitos de consumo de serviços de saúde e de tecnologias, para definir grupos de riscos e neles operações e a necessidade de ter informações conso- Mensagem a um jovem médico que entra na Organização concentrar os esforços de cuidados preventivos e promo- Seja um gestor da saúde do seu cliente. Conheça-o ção da saúde direcionados à redução de danos. Um pro- profundamente. Foque sempre na prevenção. Faça de tudo grama de prevenção deve incluir informação e incentivos para seu paciente não ficar doente. Doenças crônicas como a mudança de hábitos. Deve também estabelecer metas e hipertensão arterial, diabetes e obesidade, que têm como indicadores biológicos, de satisfação, de avaliação de cus- origem um estilo de vida inadequado, geram muito sofri- tos e de redução de sinistralidade. mento a longo prazo e representam um custo muito elevado para a sociedade. A doença é um sinal a ser compre- Inovação e Tecnologia em Saúde na Organização Odebrecht endido antes de ser combatido. Conheça profundamente o Os médicos revelam que o foco da Política de Saúde se atualizado. A cultura é a grande barreira no mundo glo- da Odebrecht é a promoção da saúde e a prevenção de balizado. Lembrem-se do que diz Dr. Norberto Odebrecht: doenças. Para isso, eles levam em consideração o esti- “O ser humano é a origem e o fim de todas as ações na so- lo de vida, o histórico familiar e o meio ambiente em que ciedade, e seu trabalho, o meio primordial de sobrevivência, os integrantes se inserem. Diante de uma doença, agem crescimento e perpetuidade da espécie. A saúde é a base como gestores da saúde do paciente. Utilizam-se das para o seu desenvolvimento pleno”. Teoricamente, nasce- tecnologias disponíveis. É o caso da internet, por meio da mos saudáveis, mas, às vezes, negligenciamos nossa saú- qual agilizam a troca de informações, interagindo com os de, que é frágil e é o nosso maior patrimônio. seu negócio, crie um networking na sua área e mantenha- informa 57 58 42 58 informa tempos mais justos, dias mais prósperos No Baixo Sul da Bahia, cooperativas garantem maior retorno de renda para as famílias de pequenos agricultores texto Gabriela Vasconcellos fotos Beg Figueiredo Balbino dos Santos e os filhos em sua propriedade: vínculo direto com o consumidor consciente informa 59 N a mesma terra em que viveu seu pai e Diante desse cenário, a comunidade organizou- avô, o agricultor Balbino dos Santos, -se, eliminou a figura do atravessador e passou 55 anos, criou raízes com a família. a comercializar com o apoio de grandes redes de O desejo de permanecer no campo varejo. O preço da mandioca quadriplicou. Balbino sempre o acompanhou e tem cresci- viveu essa experiência. “Agora temos destino certo do com as mudanças em sua comunidade. O plantio para nossa produção. Não perdemos mais o culti- de mandioca, abacaxi, banana-da-terra e aipim, re- vo e não existem desvantagens”, ele afirma. Com a alizado na sua propriedade de 8 hectares, hoje tem cooperativa, tornou-se possível também o acesso destino certo: a Cooperativa dos Produtores Rurais a técnicas que garantiram maior qualidade e pro- de Presidente Tancredo Neves (Coopatan), localiza- dutividade: a média passou de 9 t/ha para 21 t/ha da no Baixo Sul da Bahia. Não foi sempre assim. “A de mandioca, com picos de 68 t/ha em algumas vida era difícil. O preço era determinado pelo com- propriedades. prador. Isso quando tínhamos para quem vender”, Inserida na Aliança Cooperativa da Mandioca – conta Balbino, morador de Riachão da Serra, muni- que engloba uma fábrica de farinha, a Casa Familiar cípio de Valença (BA). Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN), os Ele, sua esposa e seus filhos fazem parte da Alian- parceiros sociais e consumidores conscientes –, a ça Cooperativa da Mandioca. Nesse modelo, os agri- Coopatan está transformando a vida de 191 famílias. cultores, organizados em cooperativa, utilizam os Recentemente, passou a comercializar hortifrútis, o serviços da indústria beneficiadora – que concebe o que contribuiu para ampliar ainda mais a renda dos produto com maior valor agregado – e do comercian- produtores. te, que, com espírito de parceiro solidário, disponi- “Estamos contribuindo para a manutenção das biliza suas gôndolas. Cria-se um vínculo direto com pessoas no campo, com qualidade de vida. Mesmo o consumidor consciente, garantindo que o maior com uma propriedade pequena, elas podem ter ren- retorno de renda seja sempre das unidades-família. da compatível com suas necessidades e tornarem- A contribuição de todos os protagonistas fortalece o -se protagonistas do seu desenvolvimento”, diz Fá- jogo do ganha-ganha. Nesse contexto, a educação, bio Sento Sé, Gerente de Responsabilidade Social do parte integrante e essencial para formação dos co- GBarbosa (quarta maior rede de supermercados do operados do amanhã, é disponibilizada pelas Casas Brasil) e Coordenador do Instituto GBarbosa. Além Familiares Rurais. de comercializar os produtos, esse parceiro social O modelo inovador de Aliança Cooperativa está selecionou a farinha de mandioca da Coopatan para contribuindo para mudar a realidade do Baixo Sul da implantar sua marca própria. Walmart, Pão de Açú- Bahia – área formada por 11 municípios, onde vivem car e Empresa Baiana de Alimentos (Ebal) são tam- mais de 285 mil pessoas. O conceito foi levado para bém parceiros da cooperativa. a região pela Fundação Odebrecht, que apoia o Pro- 60 grama de Desenvolvimento Integrado e Sustentável Sinergia do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo Em consonância com a Coopatan, a CFR-PTN Sul da Bahia (PDIS). Essa tecnologia social foi criada busca oferecer educação profissional de qualida- para promover a inclusão produtiva, a erradicação da de a jovens, estimulando a permanência no campo pobreza e a redução das desigualdades. e na agricultura familiar. A metodologia utilizada é “Entre 1998 e 1999, os agricultores passavam por a da Pedagogia da Alternância, que possibilita aos uma crise da produção de mandioca em Presidente educandos passarem uma semana em regime de Tancredo Neves e entorno. Naquela época, o quilo internato, com aulas na sala e no campo, e duas se- era vendido entre três e cinco centavos. Não era um manas em suas propriedades, aplicando os novos cultivo rentável e que proporcionasse renda justa”, conhecimentos. Os beneficiados pela instituição que relembra Juscelino Macedo, atual Líder da Aliança concluem os três anos de curso recebem diploma Cooperativa da Mandioca e um dos que ajudaram a de Ensino Médio integrado à habilitação técnica em criar a Coopatan há 11 anos. Agropecuária. informa Fábrica de farinha: um dos destaques da Aliança Cooperativa da Mandioca Integrantes da cooperativa participam, dos Santos, mãe dos jovens e esposa uma vez por semana, das aulas ofereci- de Balbino, quer ver os filhos se reali- das pela Casa Familiar, para motivar os zarem. “Minha paz está em ter minha educandos a se tornarem associados. família no campo.” Atualmente, os quatro técnicos da Coopatan são ex-alunos da CFR-PTN, e 13 jovens já aderiram à cooperativa. A caminho da Sustentabilidade Os filhos de Balbino estão inseridos A família de Balbino caminha ago- nessa realidade. Abinael dos Santos, 17 ra para um futuro já conhecido pelo anos, formou-se na Casa em 2010 e está agricultor Genival de Melo, 39 anos. atuando na área financeira dessa unida- Também associado da Coopatan, esse de de ensino. “É mais um aprendizado a que tenho produtor rural comemora a conquista de grandes re- acesso. Quero adquirir uma propriedade maior e sultados. “Antes, não tinha casa para morar. Casei e torná-la sustentável”, destaca o jovem, que concilia fui viver na residência da minha sogra. Hoje, consegui- a experiência com o trabalho no campo. mos construir nossa moradia. Já trocamos de carro, O desejo de migrar para os centros urbanos um compramos caminhão e mais um pedacinho de terra”, dia passou pela cabeça do caçula Ubiratam dos San- destaca o morador da comunidade de Ouro Preto, lo- tos, 15 anos. O exemplo do irmão o fez não só desistir calizada em Presidente Tancredo Neves. Da mesma da ideia, como se apaixonar pela agricultura. Ele se- forma que Balbino, Genival integra a cooperativa desde guiu os passos de Abinael e entrou para a CFR-PTN. sua fundação. “Se alguém saiu da região naquele tem- “Daqui a 10 anos estarei na minha propriedade, com po, volta e não reconhece mais o local. Não dava para alta produção, associado à Coopatan”, diz Ubiratam. sobreviver da roça. Pensei em ir embora várias vezes, Abinael e Ubiratam levam para a propriedade da mas acreditei na agricultura”, conta. família todo conhecimento adquirido nas aulas prá- Outras cinco Alianças Cooperativas estão contri- ticas e teóricas oferecidas pela CFR-PTN. Balbino buindo para transformar o Baixo Sul: Piaçava, Pal- salienta que, com as novas técnicas, a produtividade mito, Aquicultura, Construção Civil e Amido. Juntas, aumentou. “Quando eles chegam, falam sobre o que contribuem para o desenvolvimento sustentável de estudaram na semana, e vamos à roça ver o que está mais de mil famílias. “Tenho orgulho de dizer que errado. Hoje vemos a diferença”, conta o pai. Antonia quem vive na roça hoje vive bem”, enfatiza Genival. informa 61 61 ARGUMENTO Conquistas do Brasil Trabalho conjunto voltado para a inovação ajudará a impulsionar o crescimento do país 62 62 informa A difusão da cultura de inovação é uma A área de Inovação e Tecnologia Corporativa passou maneira importante de agregação de a fazer uma avaliação sistemática das oportunidades valor aos serviços e aos produtos das de diversificação em áreas com sinergias aos negócios empresas, tornando-as mais compe- atuais da Braskem, acompanhando a situação de pro- titivas. A inovação não ocorre somente priedade intelectual em áreas de interesse, harmoni- no desenvolvimento de novos produtos e processos, zando as melhores práticas de inovação entre a uni- mas em todas as áreas. dade corporativa e as unidades de negócio e fazendo a A motivação para a inovação está ligada à neces- gestão do conhecimento. sidade de gerar novos procedimentos para tornar a Estão em andamento, no pipeline, projetos nas atividade mais competitiva, lucrativa e atraente para áreas de matéria-prima renovável, catálise e proces- os clientes, ocorrendo com mais intensidade onde as sos produtivos de resinas, desenvolvidos com tecnolo- pessoas se apropriam dos seus negócios com um forte gia própria e que darão autonomia ao crescimento da sentimento de dono. Braskem a um custo mais baixo e sem interferência Formada em 2002, a Braskem herdou diversos ativos utilizados para o desenvolvimento de tecnologia, de dos fornecedores de tecnologia. A previsão é que os projetos comecem a ser entregues a partir de 2013. acordo com o conceito da época, dedicados à prestação A Braskem possui, na área corporativa e nas uni- de assistência técnica, à melhoria de processos adquiri- dades de negócio, mais de 420 patentes depositadas, dos de terceiros, a melhorias de produtos, à customiza- 300 pesquisadores, duas unidades do Centro de Tec- ção de produtos para o mercado brasileiro e ao desen- nologia e Inovação (em Triunfo, no Rio Grande do Sul, volvimento de mercado em conjunto com os clientes. e em Pittsburgh, nos Estados Unidos), um laboratório Esses ativos, que incluem plantas piloto, equipa- no LNBio (Laboratório Nacional de Biotecnologia), em mentos de laboratório, pessoas envolvidas em P&D Campinas (SP), vinculado ao MCT (Ministério de Ciên- (Pesquisa e Desenvolvimento) e atividades ligadas ao cia e Tecnologia) e uma planta piloto para fabricação de processo de gestão da inovação, receberam o reconhe- fios de alto desempenho, na Bahia, totalizando US$ 400 cimento do mercado e dos órgãos de fomento à pesqui- milhões em ativos. sa e foram usados como exemplo para incentivar outras empresas a investirem em inovação e tecnologia. A planta piloto de fio de polietileno de alto peso molecular, localizada na Bahia, permitirá gerar no- Compreendendo a importância da Inovação e Tec- vas soluções para exploração do pré-sal e ancoragem nologia para o desenvolvimento do país, da melhoria de plataformas utilizadas em grande profundidade. É de distribuição de renda e da competitividade das ex- importante, também, para a área de defesa (na blin- portações, o Governo Federal, com base na Lei 11.196, dagem de veículos e fabricação de capacetes) e para a de 2005, a chamada “lei do bem”, passou a conceder fabricação de roupas especiais, fios de pesca, luvas de benefícios fiscais para as empresas inovadoras, e esse segurança e velas auxiliares para petroleiros, visando à assunto tornou-se parte da agenda nacional. economia de combustíveis. Em 2008, a Braskem decidiu ampliar o foco estra- Todos esses resultados, decorrentes do trabalho tégico do modelo de pesquisa e desenvolvimento, pas- conjunto entre a iniciativa privada, as universidades, os sando de seguidor rápido para desenvolvedor de ideias centros de pesquisa e o poder público, são conquistas originais. Para isso, foi criada uma área Corporativa de do Brasil e dos brasileiros, que ajudarão a impulsio- Inovação e Tecnologia, focada nos desenvolvimentos de nar o crescimento da nossa economia e o bem-estar médio e longo prazo. da sociedade. Um movimento liderado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) lançou, em 2009, o MEI (Movimento Empresarial para Inovação), envolvendo as principais empresas presentes no território nacional. Nesse fórum, são realizadas reuniões periódicas nas quais se discute a agenda nacional para a inovação, com participação ativa da Braskem. Luis Fernando Cassinelli é Responsável por Pesquisa e Desenvolvimento na Braskem informa 63 64 informa & notícias pessoas Veja a seguir reportagens sobre realizações recentes das equipes da Organização Odebrecht no Brasil e no mundo e seções sobre o dia a dia de integrantes das empresas Integrantes da OOG e do estaleiro DSME comemoram um recorde de segurança na Coreia do Sul 68 Construção da Hidrelétrica de Chaglla reflete a força dos investimentos peruanos em geração de energia 70 Jairo Brito e o contato com pessoas que moldaram sua maneira de trabalhar e de ver o mundo 72 Rota do Sol, na Colômbia, é uma das principais obras de infraestrutura dos últimos anos na América Latina 76 No Peru, um programa de desenvolvimento baseado no conceito das práticas alternadas 77 Gente: os interesses e as conquistas de Wilson Lozano, Camila Guerbas e Carlos Gabos 78 Depoimento de Antonio Cardilli inaugura o Projeto Saberes – Gente que Aprendeu no Trabalho e na Vida foto: Marcelo Pizzato 66 Integrante da Concessionária Rota do Sol em praça de pedágio, na Colômbia informa 65 segurança Uma certa sensação Condições adversas de clima e exposição ao risco não impedem conquista de recorde de tempo sem acidentes em estaleiro da Coreia do Sul texto Rubeny Goulart O dia 18 de abril foi de festa no (OOG) e DSME à frente –, foi o ponto estaleiro DSME, na Coreia do de partida para garantir a segurança Sul, onde foram construídos no trabalho até o momento. Aciden- os navios de perfuração Norbe VIII e tes acontecem também por falta de Norbe IX e nos quais seguem adian- planejamento e, por isso, os líderes tadas as obras de outras duas unida- da OOG e do DSME formularam um des de perfuração, ODN I e ODN II. plano, no qual se comprometeram Nessa data, comemorou-se a marca a fazer visitas periódicas às obras de 8 milhões de homem/horas traba- para inspecionar os equipamentos e lhadas, entre janeiro de 2010 a abril as condições de trabalho. Acordou- deste ano, sem um só acidente com se que nenhuma violação às regras afastamento. Isso significa que, nes- seria tolerada e os desvios, tão logo se período, todos os 2.500 trabalha- detectados, seriam imediatamente dores do estaleiro, atuando 12 horas corrigidos. “O passo seguinte foi le- diárias, executaram suas tarefas com var a obsessão pela segurança aos absoluta segurança, sem prejuízo para a saúde e a produtividade. “Esta marca vitoriosa é de todos, mas foi possível graças à união das várias empresas participantes dos projetos, que zelaram pelo cumprimento estrito das normas de segurança”, salienta Pedro Mathias, Diretor de Contrato da OOG. O consenso entre as mais de 10 empresas participantes dos projetos – que tem Odebrecht Óleo e Gás informa trabalhadores”, explica Mathias, que todos, os trabalhadores recebiam dos exigências garantiam a proteção de em 1981 ingressou na CBPO como seus chefes brindes, diplomas, bonés todos”, explica Mathias. estagiário, atuando até 1997, pela e camisetas de suas empresas e até Odebrecht Perfurações Ltda. (OPL). cupons para jantar com a família. o grupo de líderes se valia de aparato variado. Um dos instrumentos utiliza- Em 2009, ele voltou a integrar a Organização Odebrecht, por meio da OOG. Para influenciar os trabalhadores, O papel da comunicação dos foi a máquina fotográfica. Qual- Alinhados, os líderes das empre- Os líderes da OOG e do estaleiro quer anomalia que oferecesse risco, sas disseminaram a cultura da se- sabiam que, para evitar acidentes, fosse um fio desencapado ou um óleo gurança em todo o estaleiro. A cada precisavam de um eficiente sistema derramado no piso, era fotografada e, início de uma nova etapa da obra, a de comunicação que fosse além das com objetivo educativo, afixada nos produção era interrompida duran- palestras e dos cartazes, amplamen- murais da fábrica. “A linguagem vi- te uma hora para reuniões com os te divulgados na área fabril. Para isso, sual tem sempre muita força”, diz trabalhadores, quando então eram formaram um grupo de líderes que Mathias, que está na Coreia desde feitas palestras e distribuídos mate- tinha como principal função disse- 2009 e vem acompanhando todos os riais explicativos sobre prevenção de minar entre os operários as normas projetos da OOG no estaleiro DSME. acidentes. Outras iniciativas simples, e a cultura da segurança. O idioma, A marca das 8 milhões de homem/ mas com forte carga simbólica, eram no entanto, foi um grande obstáculo. horas sem acidentes ganha um peso adotadas para premiar os que se Os líderes falavam em inglês, que era a mais quando considerados os ris- destacavam no cumprimento às nor- traduzido para o coreano, mas, no cos inerentes à operação de um es- mas de segurança e, nesse sentido, início, por causa das diferenças mais taleiro. Considere-se ainda que no exerciam liderança em relação aos culturais que linguísticas, a mensa- DSME, no auge dos projetos, atuaram colegas. Em atos muito valorizados gem não chegava com precisão. Com mais de 800 pessoas, muitas vezes na cultura asiática, presenciados por o tempo, porém, graças à dedicação em condições adversas, expostas a missionária dos líderes, esse obstá- chuva, neve e ventos. Some-se a isso culo foi sendo superado. “Deixamos o fato de que, durante as obras, há muito claro que não era nosso obje- rotatividade de trabalhadores, com o tivo construir navios a custa de ferir ingresso de muitos profissionais que pessoas, e eles perceberam que as precisam ser treinados desde o início O navio-plataforma Norbe IX na Coreia do Sul: papel central na conquista em segurança no trabalho na prevenção de acidentes. Nesse ambiente, todo o cuidado é pouco. Os navios têm em média 240 m de comprimento e 107 m de altura, da quilha ao topo da torre, o que equivale a um prédio de 26 andares. Muitos operários atuam em compartimentos confinados, onde o ar é rarefeito, e convivem com as altas temperaturas provocadas pela soldagem a quente, utilizada em larga escala, sem falar que estão expostos permanentemente à ação de líquidos inflamáveis, como tintas e solventes. Perigos existem, mas os integrantes da OOG e DSME provaram que a conquista da marca de 8 milhões de homem/horas foi, por si só, um prêmio merecido por todos. informa 67 peru O futuro nas águas do Huallaga D Hidrelétrica de Chaglla, reforço fundamental para a geração de energia no Peru, vai transformar a realidade de uma região com grande potencial de crescimento texto Júlio César Soares fotos Guilherme Afonso e quarta-feira a domingo, o Parque de Las Aguas, em Lima, exibe um show de lu- zes em diversas fontes de água. A alguns quilômetros dali, no Larcomar, peruanos e turistas passeiam pela orla iluminada. “O país tem 6.300 MW de potência instalada. Se continuar crescendo como ocorreu nos últimos anos, em 2020 essa capacidade terá de superar os 12 mil MW”, diz Erlon Arfelli, Presidente da Empresa Generadora Huallaga (EGH), controlada pela Odebrecht Energia. A EGH é a responsável pela concessão da Hidrelétrica de Chaglla, em construção no Departamento de Huánuco, a 420 km de Lima. É a primeira participação da Odebrecht no setor de concessão de energia elétrica fora do Brasil. Assim como em 1979, quando a Organização conquistou sua primeira obra internacional, a Hidrelétrica de Charcani V, no Peru, o desafio é um marco. “Vamos mudar nosso perfil no país, executando a cadeia completa, e isso tem sido uma experiência gratificante”, salienta Erlon. “Cadeia completa”, porque a Odebrecht Peru também é responsável pela construção da usina, um projeto de US$ 1,2 bilhão e que agregará ao sistema nacional 406 MW de potência quando concluído, em 2015. Obras da Hidrelétrica de Chaglla e, na página ao lado, comerciante do município: novas expectativas para os moradores de uma região até então isolada 68 informa Chaglla será construída em uma área de selva densa, parte da Amazônia peruana. “Em 2011, trabalharemos na infraestrutura do projeto”, conta Sergio Panicali, Diretor de Contrato da obra. Serão construídos 40 km de estradas na margem esquerda do Rio Huallaga, além dos trabalhos de recuperação da estrada de terra que já existe na margem direita. O projeto da usina é diferente do das hidrelétricas convencionais. A casa de máquinas, geralmente próxima à barragem, estará a 15 km de distância. tabilidade do projeto prevê que a região balhando tanto nas frentes de serviço “Para que a água chegue e a usina se torne polo turístico. “Temos projetos quanto em áreas administrativas. gere energia, construiremos um túnel, para transformar a área de alagamen- Natural de Chaglla, Cleni Climer que aproveitará o desnível do rio entre to da barragem em um local aprazível Claudio Cudeño, motorista formado a barragem e a casa de máquinas”, ex- para que turistas possam vir descansar. pelo Creer, diz que o programa mudou plica Sergio. Além disso, o vertedouro Já a outra parte do rio, em direção à sua vida. “Nós aprendemos sobre meio não estará incorporado à barragem, barragem, será destino para o turismo ambiente, sobre a responsabilidade de mas próximo a ela, na margem es- de aventura”, diz Paola Naccarato, Res- cada um. Creio que o programa auxi- querda do rio. “Teremos três túneis de ponsável por Sustentabilidade no pro- liará não só quem ficou na obra, mas 1 km para dar vazão à área de alaga- jeto. Por estar em um cânion no meio todos que participaram”, diz. mento”, informa. da selva, o Huallaga conta com belas O programa terá uma nova convoca- Um quarto túnel será construído ao paisagens e formações rochosas. Pao- tória, a partir de julho, nas comunidades lado dos túneis do vertedouro, para ali- la explica que as ações não se limitarão do entorno da obra. “Nossa meta é con- mentar a Pequena Central Hidrelétrica apenas ao turismo. “Huánuco é produ- seguir mais 800 formandos e ampliar (PCH) – com capacidade de geração de tora de um dos melhores cafés do Peru, cada vez mais o número de integrantes 6 MW – que será construída. “Optamos além de cacau e batata. Pretendemos moradores da região capacitados pelo pela PCH, para aproveitar a geração de capacitar os produtores para gerir toda Creer. Para isso, trabalharemos com energia da vazão ecológica que temos a produção”, destaca. salas de aula itinerantes, buscando de dar à barragem”, assinala Sergio. O trabalho de maior impacto atingir o maior número de pessoas”, diz “Vazão ecológica” é aquela que deve realizado na comunidade, porém, é o Gilda Cespedes, Responsável pelo Pro- ser assegurada para que o rio não fi- Programa Creer, versão do Programa grama Creer. A previsão é de que 2.500 que seco entre a barragem e a casa de Acreditar, que nasceu nas obras da Hi- pessoas se inscrevam nessa segunda máquinas. drelétrica Santo Antônio, em Rondônia, convocatória. no Brasil. “Chegamos aqui um ano an- Chaglla é um sonho do povo huanu- Um futuro polo turístico tes da colocação da pedra fundamental quenho que se torna realidade, segun- Antes mesmo do início das obras do projeto, para capacitar trabalhado- do o Presidente do Governo Regional de da usina, a população de Chaglla avista res”, relata Gonzalo Bussalleu, Res- Huánuco, Luis Raúl Picón. “Há mais de benefícios, segundo a Prefeita Michaela ponsável por Relações Institucionais do 50 anos, fala-se da construção de uma Tolentino. “As obras de estrada vão me- contrato. “Após a primeira convocatória, usina no Huallaga, e isso é um desejo lhorar o acesso às comunidades próxi- realizada em abril de 2010, 863 pessoas da população da região. O sonho está se mas à Chaglla, que estão na margem da região foram capacitadas e certifica- tornando realidade e trará diversos in- direita do Huallaga e acabam isoladas das”, recorda. “Nesses dois primeiros vestimentos ao Departamento, além de das províncias vizinhas”, ela diz. meses de obra, 88 dos atuais integran- gerar cerca de 2 mil oportunidades di- tes passaram pelo Creer e estão tra- retas de trabalho e 10 mil indiretas”. Além disso, o Programa de Susten- informa 69 PERFIL: Jairo Brito Gomes A sorte dos determinados texto Ana Cecília Americano foto Lívia Aquino Paixão por desafios levou Jairo a ter experiências transformadoras no trabalho e na vida “Trabalhando com Irmã Dulce, pude ver de perto o que é um pessoa que realmente vive para servir.” 70 informa J airo Brito Gomes considera- nhecida por seu trabalho social vol- Angola, durante o período dos con- se um homem de sorte. Ela tado a pobres e doentes, estava re- flitos armados no interior do país, o encontrou muitas vezes alizando um projeto que se tornou alguns canteiros de obra da Ode- na vida, garante, para moldar sua referência em Salvador: o Hospital brecht eram tensos e precisaram carreira na Odebrecht, entre outras Santo Antônio. da proteção das forças armadas coisas. Esse economista formado Segundo Jairo, entre suas fun- angolanas. Em um dos momentos na Universidade Federal da Bahia ções estava a de controlar o estoque de maior emoção em sua carreira, (UFBA) viveu oportunidades únicas de material. Era comum, portanto, coube a Jairo administrar a evacu- e foi testemunha da história nos vá- ele e Irmã Dulce saírem juntos, de ação da equipe que atuava na cons- rios países em que atuou. caminhão, buscando doações pela trução da Hidrelétrica de Capanda, Para ele, a vida tem sido gene- cidade. “Pude ver de perto o que no Rio Kwanza, na Província de Ma- rosa pelos desafios que lhe apre- é uma pessoa que realmente vive lange, em 1996. “Ao decolarmos, senta e, também, pela presença para servir”, diz. A bondade da re- um dos colegas puxou o canto do de vários líderes que souberam ligiosa transformou sua visão de hino nacional”, diz ele, arrepiando- lhe mostrar como tirar proveito mundo e teve impacto direto em se com a lembrança. “Todos can- de cada situação. Jairo, pai de três sua carreira. “Comecei a querer re- tamos de braços dados e lágrimas filhos, admite ser apaixonado pela direcionar minhas atividades para nos olhos.” Para Jairo, o episódio Odebrecht. “Vou para onde a em- tratar mais das pessoas.” também teve a sorte como protago- presa me mandar e lá fico o tempo que for preciso.” A mesma sorte que o acompanhou na Bahia o levou, alguns nista. “Conseguimos sair de lá com segurança”, recorda. Sua paixão pela Organização anos mais tarde, a Portugal, na Hoje, depois de ter passado nasceu e se desenvolveu ao longo subsidiária Bento Pedroso Cons- por São Paulo, onde trabalhou de uma trajetória de 33 anos, des- truções (BPC), para trabalhar com com Fausto Aquino, Responsável de o seu primeiro programa, ainda os diretores Paulo César Fonseca por Administração e Finanças na como estagiário. Segundo ele, sua e Hilberto Silva, ambos da área Fi- Odebrecht Engenharia Industrial, contratação, em 1978, por Marcos nanceira. “Eles foram, para mim, Jairo está na Venezuela. É Ge- Lima, na época Responsável por como uma bússola”, diz Jairo. Lá, rente Administrativo e Financeiro Auditoria na matriz da Construto- sua missão seria treinar os profis- da Converpro, consórcio entre a ra Norberto Odebrecht (CNO), em sionais locais e difundir a Tecnolo- Odebrecht e a estatal PDVSA (Pe- Salvador (e hoje Responsável pela gia Empresarial Odebrecht (TEO). troleos de Venezuela S.A.), sob a Odebrecht Administradora e Cor- Na volta de Portugal, Jairo foi liderança do Diretor de Contrato retora de Seguros – OCS), foi um para Salvador, atuar como Gerente Paulo Sá. Em Caracas, prossegue dos seus primeiros encontros com Administrativo-Financeiro do Edi- em sua missão de disseminar a a sorte. fício-sede da Organização. Nessa TEO. “Temos muita gente nova “Mas golpe de sorte, mesmo, ocasião, mais uma vez, teve a opor- aqui e precisamos transmitir nos- ocorreu em 1981”, descreve. Na- tunidade de conviver com o fun- sos valores”, afirma. quele ano, Jairo foi para o cantei- dador Norberto Odebrecht. “Cada Jairo é uma pessoa muito ligada ro de obras. “Fui trabalhar em um encontro com ele foi uma aula”, à família. Ao lado da segunda mu- projeto que o próprio Dr. Norberto relembra Jairo. “Mesmo nos mo- lher, Jane, e de seu terceiro filho, acompanhava pessoalmente, aos mentos de cobrança, as observa- Caíque, de 8 anos, o economista que sábados, interessado em cada de- ções eram feitas calmamente, sem em certa época teve convívio coti- talhe”, recorda. nenhuma pressa.” diano com Irmã Dulce, está feliz e Para o jovem Chefe de Adminis- Jairo diz que aprendeu muito cada vez mais motivado, em termos tração, o que tornou a experiência no tempo que passou em Angola e pessoais e profissionais. Sobre sua ainda mais preciosa foi ter sido Moçambique. Nesses países, viu de atuação na Odebrecht hoje, na Ve- presenteado com Irmã Dulce como perto alguns dos desafios enfren- nezuela, enfatiza: “Nada é melhor cliente. A incansável religiosa, co- tados pela população africana. Em do que trabalhar com pessoas”. informa 71 COLÔMBIA Rota de aproximação texto Zaccaria Junior foto Marcelo Pizzato “N 72 Retomada da atuação na Colômbia tem como símbolo a execução de uma das mais importantes obras de infraestrutura na América Latina unca saímos da Colôm- Marta, obra que resultou na re- maneceu no território colombiano bia. Estamos aqui há 19 construção de 223 km da rede fér- em busca de novas oportunidades anos.” A declaração é de rea nacional, incluindo projeto, fa- de negócios até que, em 2009, saiu Luiz Antonio Bueno Junior, Dire- bricação, montagem e operação de vencedora nas licitações da Rodo- tor-Superintendente da Odebrecht toda a superestrutura, a constru- via Rota do Sol – uma das obras de Colômbia, e resume uma história ção de uma termelétrica, de uma infraestrutura e engenharia mais que começou em 1992. Naquele estação de tratamento de esgoto importantes dos últimos anos na ano, a empresa tornou-se respon- e, por último, da Hidrelétrica Miel América Latina – e do intercep- sável, pelos dois anos seguintes, I (375 MW), em Caldas, executada tor Tunjuelo-Canoas, na área de pela construção das estações de com concreto compactado a rolo saneamento, em Bogotá. bombeamento de Petróleo da Bri- e considerada até os dias atuais a “A retomada da atuação da Or- tish Petroleum e, de 1994 a 1995, represa mais alta do mundo nes- ganização em terras colombianas passou a liderar o projeto do Porto sa modalidade: a barragem tem explica-se pelo fato de o país ter Carbonífero Drummond. Nos anos 192 m de altura e 354 m de compri- alcançado bons patamares em posteriores, colocou em seu por- mento. Com a finalização dos con- sua condição política, econômica e tfólio a Ferrovia La Loma-Santa tratos, em 2003, a Odebrecht per- social, que permitirão seu desen- informa volvimento sustentado”, comenta Bueno Junior. Segundo ele, que enfatizou sua missão de reestruturar a presença no país e aproveitar as oportunidades e negócios, quantitativa e qualitativamente, há um caminho bastante próspero pela frente, sustentado por um ambiente legalista. “A Odebrecht está se posicionando no país não somente como construtora, mas também como empresa de investimento em infraestrutura, uma vez que aqui, nos próximos anos, os grandes projetos de engenharia serão estruturados pelo Governo como PPPs (parcerias públicoprivadas) e concessão de obra pública, permitindo uma relação de longo prazo e compromisso com o desenvolvimento do país”, afirma. As declarações de Bueno Junior estão embasadas em números e fatos realmente atraentes. O país, Rota do Sol: aprimoramento da infraesturura de transportes. Na foto menor, Jorge Barragán em um dos túneis do Interceptor Tunjuelo-Canoas: investimento do país em saneamento com um PIB de US$ 250 bilhões/ ano, 44 milhões de habitantes, importantes reservas de petróleo, a quarta maior reserva de carvão do mundo e recentemente categorizado como investment grade (classificação conferida por agência de risco a um país ou empresa para atestar sua capacidade de honrar seus compromissos financeiros) e uma economia relativamente estável, demonstra que tem fôlego para motivar cada vez mais essa marcha de crescimento. A retomada Em 2009, a Odebrecht Colômbia conquistou o contrato para a construção do interceptor Tunjuelo-Canoas, obra que está sendo liderada pelo Diretor de Contrato colombiano Jorge Barragán e que consiste na construção de 11 km de túneis informa 73 Praça de pedágio da Rota do Sol: momento especial nos investimentos do país em infraestrutura de transportes de cerca de 5 m de diâmetro, que (62,1%) e formado ainda pelas co- na no mercado internacional, além transportarão parte do esgoto lombianas Corficolombiana (33%) de promover a melhoria das vias de Bogotá e da futura Estação de e Solarte (4,99%), representa in- de acesso do interior do país aos Tratamento de Canoas. O projeto, vestimento de aproximadamente portos de Cartagena, Santa Marta com custo de US$ 120 milhões, US$ 1 bilhão. e Barranquilla, que respondem por Considerado o mais importante do pela canalização do esgoto e a e extenso da Rota do Sol, o Setor construção do túnel para a esta- 2, com 528 km de extensão, sai de ção de tratamento (e na estação de Puerto Salgar e vai até San Roque, tratamento, um túnel de energia). ligando a capital, Bogotá, à costa Eder Ferracuti, Presidente da Na linha das parcerias com em- do Caribe. A construção, também Concessionária Rota do Sol S.A., presas colombianas comentadas sob responsabilidade da Odebre- conta que, desde o início da ope- anteriormente por Bueno Junior, cht, foi iniciada em maio de 2011 ração da rodovia, em abril de 2010, a Odebrecht associou-se à Cass e tem previsão para ser concluída o trabalho com a comunidade local Constructores para executar a em cinco anos. O período de con- vem tomando destaque e resul- obra. cessão, que contempla operação e tou na criação de nove Centros de manutenção, é de 20 anos. Atenção à Comunidade, de onde é Já a Rota do Sol é um projeto de 74 52% da movimentação portuária está dividido em etapas, começan- do país. Apoio à comunidade dimensões antagônicas. É a mais A Rota do Sol compreende a coordenado o Plano Social Básico, importante rodovia de um país que ampliação e a construção de um que oferece programas de apoio à detém um dos menores índices de trecho no interior da Colômbia, comunidade impactada pelo pro- rodovia pavimentada da América a partir do município de Villeta jeto, entre eles, o Programa de Latina. São 1.071 km que rece- (80 km a noroeste de Bogotá) e Atenção ao Usuário (que garante berão investimentos da ordem de atravessa oito departamentos e a comunicação permanente entre US$ 2,5 bilhões, divididos em três 39 municípios, que representam o usuário da rodovia e a Conces- setores. O Setor 2, sob responsa- 26,1% do PIB nacional e 30% da sionária); Programa de Mobilidade bilidade da Concessionária Rota do população. O empreendimento for- Segura (que promove ações para Sol S.A.S., liderado pela Odebrecht talece a competitividade colombia- melhorar a segurança na via); informa Programa Comunicar e Vizinhos veículos de apoio da concessioná- Corficolombiana e CSS Construc- (um espaço para a comunidade do ria utilizados na operação da con- tores S.A, relata que estão sendo entorno da obra, ao qual podem cessão, entre eles caminhonetes, utilizados equipamentos pesados trazer sugestões e críticas em re- caminhões-guincho e gruas. Para de última geração, dos quais 350 lação ao projeto); Programa Inicia- manter a segurança dos 528 km do foram adquiridos diretamente pelo tivas (que apoia projetos produtivos Setor 2, foi firmado um Convênio Consol, de um total de 820 que na área de influência do Setor 2 da de Cooperação com a Polícia Ro- serão usados ao longo de toda a rodovia); e Programa Reabitar (que doviária colombiana, que contem- extensão do Setor 2. Ao descrever busca mitigar os impactos nas co- pla mais de 3 mil itens, entre eles o trabalho, Manuel destaca o em- munidades diretamente afetadas 56 motocicletas de alta cilindrada, prego, pela primeira vez em uma pelo projeto). “É uma responsabili- dezenas de celulares e computa- obra da Odebrecht, de três Shuttle dade muito grande e um momento dores e centenas de cones de sina- Buggy – maquinário utilizado para especial. É a maior rodovia do país, lização, que devem auxiliar os po- garantir um melhor índice de regu- estamos com o setor mais extenso, liciais no patrulhamento da área. laridade à camada asfáltica. “Com além de o histórico de concessões Além da operação e manuten- esses equipamentos, evitamos os na Colômbia, até o momento, não ção, liderada por Eder Ferracuti, choques entre os basculantes e ter sido exemplo de total sucesso”, a atuação na Rota do Sol também a vibroacabadora, mantendo uma salienta Eder. inclui a construção de 528 km de velocidade constante na execução O diferencial dessa nova era via nova e a ampliação da existen- da camada, que fica sem ondula- de concessões salta aos olhos. te. É o braço investidor da Organi- ções”, comenta Manuel, que deve Logo ao entrar em uma sala de zação Odebrecht dando lugar ao entregar a obra até 2016, com o operações da concessionária, de braço construtor. Manuel Ricardo apoio de uma força de trabalho de uso ainda provisório, a equipe de Cabral Ximenes, Diretor de Con- 5 mil pessoas. Odebrecht Informa depara-se com trato do Consorcio Constructor atendentes treinadas para passar Ruta del Sol (Consol), formado informações aos usuários e uma pela Odebrecht e as colombianas grande tela de monitoramento que transmite imagens de câmeras já instaladas pela via. Dessa sala também é pos- Manuel Ximenes: 820 equipamentos pesados na obra sível saber a localização exata de cada um dos 70 informa 75 desenvolvimento de pessoas Pleno exercício Estudantes têm a oportunidade de vivenciar o dia a dia de um canteiro de obras texto Júlio César Soares foto Guilherme Afonso U m rápido passeio por Lima, capital do Peru, apresenta uma cidade em crescimen- A partir da esquerda, Raul Rojas, Julia Alva, Alfredo Alfaro e Dennis Sanchez, participantes do Programa E-Pr@ticas Alternadas: visão completa da profissão to. Projetos imobiliários e viários em 76 execução multiplicam-se, agregando- realizada no período de férias, entre executar uma obra, é preciso executá- se à paisagem. O investimento em janeiro a março e entre julho e agosto, la com o sentimento de satisfazer o formação e qualificação de trabalha- e outra online, realizada diariamente”, cliente.” Dennis Sanchez, 22 anos, es- dores é crucial neste momento vivido explica Liliana Vertiz, Responsável por tudante da PUCP, ressalta que a TEO pela capital peruana. “Temos um de- Pessoas e Organização na Odebrecht “mostra a importância de ser mais safio: os jovens são absorvidos pelo Peru. que um bom engenheiro. É importante também ser uma boa pessoa”. mercado de trabalho no último ano Uma vez no curso, o aluno tem vín- do curso universitário, e as empresas, culos funcionais com a Odebrecht até Por ser um programa no qual a de um modo geral, não têm a visão de a conclusão do programa, que aconte- maior parte da carga horária é minis- uma formação conjunta entre o teóri- ce no último ano universitário. “Depois trada online, não há interferência nos co e o prático, o que influi nas notas disso, o líder avaliará em qual obra os estudos dos participantes. “No caso dos estudantes”, diz o Decano da Pon- jovens atuarão, conforme o perfil de do Programa E-Pr@ticas Alternadas, tifícia Universidade Católica do Peru cada um”, diz Liliana. como o próprio nome diz, tanto o lado (PUCP), Daniel Torrealva. Implantado Ela conta que o processo de sele- em outubro do ano passado, o Progra- ção foi difícil. “Houve grande interesse ma E-Pr@ticas Alternadas, realizado dos alunos quando apresentamos o O Decano da UNI, Javier Piqué, pela Odebrecht Peru, será um instru- programa. Ao fim da primeira etapa destaca que a participação dos jo- mento de contribuição para a mudan- de testes – similares aos do Programa vens no programa dá uma dimensão ça desse panorama. teórico quanto o prático caminham de mãos dadas”, diz Daniel Torrealva. Jovem Parceiro –, tivemos 53 aprova- maior à carreira. “Na universidade, Dos 359 estudantes de Engenha- dos e precisávamos reduzir esse nú- eles recebem a instrução básica; en- ria Civil da Universidade Nacional mero”. Para isso, uma nova dinâmica tão é essencial que vejam como é o de Engenharia (UNI) e da PUCP que foi realizada, baseada na improvisa- exercício prático da profissão.” Piqué entraram para o processo seletivo do ção. “Foi importante para conhecer- destaca os benefícios que o progra- programa, 15 já iniciaram o caminho mos o ‘emocional’ de cada um dos ma traz para a engenharia peruana para ajudar nessa transformação. No participantes e identificarmos quem, e para o desenvolvimento do país. Programa de E-Pr@ticas Alternadas, de alguma forma, se adaptava à nossa “Teremos profissionais que exer- os estudantes têm a oportunidade de cultura”, acrescenta Liliana. cerão seu ofício com segurança e, vivenciar o dia a dia de um canteiro de Para Raul Rojas, 21 anos, estudante como acredito que a Odebrecht quer obras, de aprender todo o processo de da UNI, a adaptação foi rápida. “A Tec- firmar-se cada vez mais no país, condução de um contrato e se apro- nologia Empresarial Odebrecht (TEO) é é importante que tenhamos essa ximar da Cultura Odebrecht. “O cur- uma filosofia de vida”, diz. “É diferen- identidade, que a força de trabalho so tem duas etapas: uma presencial, te, pois mostra que não basta apenas da empresa seja peruana.” informa GENTE Um homem do campo mergulhado em Santos Amante da natureza no trabalho e no lazer Seu interesse pelo meio ambiente começou cedo foto: Holanda Cavalcanti Bruna Romaro O mar passou a fazer parte de sua vida C Mato Grosso do Sul. Desde menina, observava plan- tas e animais, e não foi surpresa quando resolveu estudar Biologia na universidade. Ingressou na ETH Bioenergia, na Unidade Santa Luzia, há três anos. Hoje, aos 25 anos, foto: amila Guerbas cresceu na fazenda de seu avô, em N ascido em Conchal (SP), o corintiano Wilson Mario Fadel Lozano, 34 anos, formou-se engenheiro civil em Bauru, também no interior paulista. Toca violão e seu representa a empresa na Comissão de SSMA (Saúde, estilo preferido é o sertanejo. Gosta da vida interiorana, do Segurança no Trabalho e Meio Ambiente) do Programa contato com as pessoas. Há seis anos, entretanto, vive e Energia Social de Nova Alvorada do Sul (MS), cidade que trabalha em Santos. Adaptou-se à vida no litoral e casou- conhece muito bem. Seu maior prazer nos momentos de se com uma santista. Passou a apreciar ainda mais o oce- lazer: pescar com o avô no rio da mesma fazenda onde ano e a fazer travessias de barco. Gosta de Santos, mas cresceu. “Tiramos da água apenas o suficiente para nos- não pensou em comemorar a vitória do Santos na Taça so consumo”, explica. Sua proposta de trabalho: aliar Libertadores da América. Com três pós-graduações, em práticas ambientalmente corretas ao desenvolvimento Logística, Administração e Gerenciamento de Projetos, econômico e à produção. Camila também participa de assumiu a área de engenharia da Embraport (Empresa eventos de educação ambiental em escolas da região. “É Brasileira de Terminais Portuários) no fim de 2009. Acom- preciso aprender desde criança os princípios de susten- panha a obra do Terminal Embraport de ponta a ponta. tabilidade”, diz. “Quero comemorar a atracação do primeiro navio.” Múltiplos interesses N ascido em Jaú (SP), Carlos Gabos sempre foi encantado por máquinas. Formou-se técnico e cursou Engenharia Mecânica, mais tarde, já casado e com três filhos pequenos. Hoje, todos os filhos são engenheiros, casados e independentes. Carlos, 55 anos, tomou gosto por orquídeas, marcenaria e culinária. Nos fins de semana, cozinha para amigos e parentes e se dedica à adubação e troca de vasos de orquídeas. foto: Holanda Cavalcanti “É um hobby trabalhoso, mas a beleza das flores faz valer o esforço”, diz. Há três anos na Afeq (Apoio Funcional de Equipamentos), é Gerente de Equipamentos. Atualmente também ensina. Esquece a timidez, faz Um engenheiro que cozinha, cultiva flores, ensina... palestras e desenvolve programas que formam ou certificam profissionais essenciais aos projetos de engenharia e construção. “Acredito que o conhecimento deve ser compartilhado”, defende. informa 77 saberes Em busca de sabedoria e conhecimento Nesta edição, Odebrecht Informa começa a apresentar o projeto Saberes – Gente que Aprendeu no Trabalho e na Vida, com relatos, histórias e memórias de integrantes da Organização Odebrecht Depoimento de Antonio Cardilli a Valber Carvalho Edição de texto para Odebrecht Informa: Alice Galeffi O primeiro integrante a dar seriam atingidas pelas obras da Hi- com as necessidades deles, o que o seu depoimento é An- drelétrica Santo Antônio. foi um sucesso, e, hoje, a gente não Atuei em 64 reuniões participativas, de Calama, quase no Ama- é o criador do Programa de Qua- zonas, até Abunã, na divisa com a lificação Profissional Continuada Bolívia. Conheci comunidades que Acreditar, iniciado no Brasil na Usi- nunca imaginei existir. Tinha uma na Hidrelétrica Santo Antônio, em chamada Ramal dos Arrependidos, E eu aprendi muito com os ín- Rondônia, e levado para obras da composto de seis a sete famílias dios. O índio não tem horário; o Odebrecht em outros estados bra- que viviam no meio da floresta. horário dele é a hora que ele tem assentados. Aprendizado com os indígenas Os verdadeiros brasileiros são vontade. Tem um fato curioso. Uma No depoimento dado em vídeo esses que estão ali na Amazônia, vez marcamos uma reunião em ao repórter Valber Carvalho, ele fincados na terra e que dão a ela uma comunidade indígena para as conta, entre outras coisas, como foi seu devido valor. Nós é que está- 9 horas da manhã. O primeiro indí- o início do Programa Acreditar, sua vamos chegando, e para quê? Para gena apareceu às 5 horas da tarde. relação com os povos indígenas e tirá-los daquele local. Teríamos O relógio deles é biológico, não é o a emoção de ver um trabalhador de remanejá-los, o progresso es- relógio do tempo como o nosso, e a devolver o cartão do Bolsa Família. tava chegando. Como fazer isso? gente tem que entender isso para Cardilli define-se como um homem Começamos a fazer reuniões com trabalhar em harmonia. que gosta de gente e trabalha para eles para que pudessem partici- o bem delas, um “gentólogo”. par das decisões. Antigamente, sileiros e outros países. Veja a seguir trechos selecio- em um tempo não muito distante, A qualificação que faltava nados do depoimento de Car- dois ou três técnicos sobrevoavam Se você remontar a história de dilli, cuja edição completa em a área de avião, olhavam uma co- Rondônia, percebe que essa região vídeo (16 minutos) pode ser vista munidade e falavam: “Para aque- sempre viveu do extrativismo: no no site de Odebrecht Informa la ali nós vamos dar uma escola, século 18 houve o ciclo da borra- (www.odebrechtonline.com.br). para aquela outra, vamos dar um cha, depois veio o ciclo da constru- hospital, e naquela vamos fazer ção da Ferrovia Madeira-Mamoré, Chegando à Amazônia 78 tem problema nenhum com os re- tonio Cardilli, que está na Organização desde 1979. Cardilli uma estrada”, mas nem sempre no fim do século 19 e início do sé- Comecei no Projeto Madeira em era daquilo que eles precisavam. culo 20. O último foi o ciclo do ga- 2005 e logo passei a participar das Nós, diferentemente, queríamos rimpo, que é o mais predatório de reuniões com as comunidades que que eles construíssem de acordo todos e durou anos. E aquilo ficou informa martelando na minha cabeça: “O que é que nós podemos fazer para mudar essa situação?” Foi quando fizemos uma pesquisa na região, na qual detectamos que, entre os 30 mil desempregados em Porto Velho, se fôssemos começar o empreendimento naquele dia, só poderíamos contar, Antonio Cardilli faz palestra em Rondônia: “Você é ‘gentólogo’?” no máximo, com 30% de pessoas locais, dada à falta de qualificação. O restante teria que vir de fora. Ou seja, teríamos que importar umas 8 mil pessoas ou mais e, com isso, agravar ainda mais os problemas sociais já existentes na região, como falta de saneamento, déficit em educação, saúde, segurança pública etc. A inspiração para o Acreditar Foi naquele momento que me deu um clique: ‘Nós temos que mudar essa história, nós não podemos fazer esse empreendimento da forma que a gente sempre fez’. Só existia uma maneira de fazer isso, que é tentar qualificar essas pessoas locais. Fomos procurar uma entidade governamental ou privada que já tivesse feito algo parecido e nessa magnitude. Na época a gente pensava em qualificar 10 mil pessoas. Varremos o Brasil e não achamos. Só achávamos coisas retalhadas e que não iriam atender às nossas necessidades. Foi quando tomei a decisão de fazê-lo, e coloquei o nome “Acreditar”. Tenho que acreditar que a sociedade vai aderir ao programa, que haja alunos para qualificar e para formar e tenho que acreditar que vamos conseguir qualificá-los informa 79 com qualidade e que vamos poder aproveitá-los na obra. gente? “Eu gosto”, ele responde. Você é gentólogo? “O que é isso?” O começo do Acreditar Dado o sucesso do Acreditar, Gentólogo é quem gosta de gente. recebemos a visita do então Presi- Você tem nojo do cheiro de peão? No dia 14 de janeiro de 2008, dente Lula, no ano passado, o que Se tiver, vá embora. Se tiver nojo cheguei aqui em Porto Velho com foi algo emocionante, não só para do cheiro de suor de um ser hu- parte da equipe para começar a mim, mas para toda a equipe que mano, vá embora, pois você está implantar o Acreditar. estava ali. no lugar errado. Saímos pelos bairros divulgando Um trabalhador nosso devol- o programa: íamos à igreja, asso- veu o cartão do Programa Bolsa Lições do avô ciação de bairro, campo de futebol, Família para o presidente dizendo Quem mais me ensinou a gos- boteco. Onde houvesse mais que a ele: “Eu não preciso mais disso, tar de gente foi o meu avô. Ele quatro pessoas dentro de um bar a muito obrigado pela ajuda, mas cuidava tão bem das criações gente parava, abria a Kombi e ex- agora eu caminho com minhas dele, dos cavalos e burros que plicava o programa. Foi um suces- próprias pernas, eu sou cidadão, trabalhavam para ele que, quando so; em uma semana eu tinha 5 mil eu tenho cidadania, eu sou digno esses animais chegavam a certa inscritos. como qualquer outro”. Foi emo- idade, quando não tinham mais Começamos a qualificar as pes- cionante. Se me perguntar se eu forças para trabalhar na lavou- soas seis meses antes do empre- chorei, não tenho vergonha de di- ra, meu avô não os vendia como endimento começar. Nós os formá- zer: chorei mesmo. a maioria dos vizinhos dele, que vamos e eles iam para o mercado. Um dia alguém falou: “Você está 80 Trabalhador devolve cartão do Bolsa Família Você é gentólogo? vendiam para frigoríficos. Ele não; meu avô aposentava parecendo padeiro”. Eu falei: ‘Pa- Eu digo o seguinte: você gostar os animais no pasto e deixava-os deiro?’ “Está amassando o pão de pessoas não significa você ser lá até morrer de velho. E dizia o para alguém comer.” Eu respondi amigo das pessoas. Eu não sou seguinte: “Meu filho, esse animal que isso não me preocupava, que amigo dessas pessoas, eu não te- trabalhou para mim, me ajudou, eu estava tendo a oportunidade nho relação de proximidade com agora eu que vou cuidar dele”. Ele de conhecer o operário e dele co- essas pessoas, mas eu trabalho levava milho para os animais todo nhecer a minha empresa, a minha para o bem dessas pessoas. Todas dia, e eu ia com ele. Aquilo mar- organização, e eu quero que lá na as minhas decisões estão pauta- cou a minha infância e acho que frente, quando ele tiver inúmeras das sempre em ajudá-las. marcou a minha personalidade propostas de trabalho, que nós Eu uso o termo “gentólogo”. também, de vir a gostar de pes- sejamos a opção e a escolha dele. Quando alguém vem trabalhar co- soas, porque uma pessoa que tra- O resultado está aí: temos 85% de migo, a primeira coisa que eu per- ta o animal dessa forma, eu não trabalhadores locais. E essa é a gunto a um menino recém-forma- preciso nem dizer como tratava as grande diferença. do ou um trainee é: você gosta de pessoas. informa Próxima edição: Comunidades RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO EMPRESARIAL NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Márcio Polidoro Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 140 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa. RESPONSáVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Karolina Gutiez COORDENADORES NAS áREAS DE NEGóCIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa COORDENAçãO EDITORIAL Versal Editores Editor José Enrique Barreiro Editor Executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes Projeto Gráfico e Ilustrações Rico Lins Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti Tiragem 7.240 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-1778 São Paulo (55) 11 3641-4743 email: [email protected] foto: ricardo telles “O ser humano demonstra sua criatividade ao revelar-se capaz de olhar o que existe sob ângulos diferentes e ter prazer em brincar com ideias” TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht] 82 informa