EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE
Nas últimas décadas tem-se assistido a uma viragem profunda da economia de
“gestão” de empresas para uma economia “empreendedora” e à consequente
valorização
social
do
empreendedor.
Peter
Drucker,
o
decano
do
“management” foi quem primeiro acentuou esta tendência, tendo chocado a
Academia e os gurus da época ao insistir que o empreendedor não era a
personagem mística defendida por muitos, resultante de uma personalidade
empreendedora, inacessível ao comum dos mortais.
“O que todos os empreendedores de sucesso revelam não é uma qualquer
personalidade especial, mas sim um empenhamento pessoal numa prática
sistemática de inovação. A inovação é a função específica do empreendedor,
quer surja num negócio clássico, numa agência pública, ou numa nova
empresa criada numa garagem ou num vão de escada”.
Nos anos 90, Porter, reconhecendo a atracção pela inovação por uma nova
vaga
de
empreendedores,
retomou
o
elogio
da
inovação
e
do
empreendedorismo associando o desenvolvimento exponencial destes factores
chave da competitividade ao ambiente em que ocorrem, valorizando o papel
das aglomerações territoriais de competências (clusters).
Mais recentemente, o Conselho Europeu de Lisboa, estabeleceu para a União
Europeia objectivos estratégicos ambiciosos direccionados para uma economia
baseada no conhecimento e capaz de garantir um crescimento económico
sustentável.
Dando sequência às decisões do Conselho Europeu de Lisboa, as políticas
económicas e sociais europeias têm vindo a ser orientadas e adaptadas ao
nível nacional em função desta nova estratégia global, abrindo para Portugal
um novo desafio, mas também uma nova oportunidade de recuperar o atraso
num contexto de convergência real ao nível europeu.
Neste contexto, atendendo a que “a conciliação dos objectivos de reposição
dos principais equilíbrios macroeconómicos com o objectivo da convergência
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real com os países mais desenvolvidos da União Europeia só será possível
através de um aumento significativo e sustentado da produtividade e
competitividade da economia portuguesa”, o Governo elegeu a Inovação,
Investigação e Desenvolvimento, como uma das grandes linhas de actuação do
Programa para a Produtividade e Crescimento da Economia.
Assiste-se, actualmente, à tendência para abordar o empreendedorismo e a
inovação numa óptica integrada, quando estes são promovidos de forma
concertada, por considerar que “os empreendedores são agentes de mudança
e crescimento numa economia de mercado, podendo agir para acelerar a
geração, a disseminação e a aplicação de ideias inovadoras”.
Não é, pois, por acaso que documentos recentes de origem na Comissão
Europeia, de várias inspirações e objectivos, reforçam a ideia de promover o
empreendedorismo, principalmente quando a inovação, a competitividade e o
emprego são preocupações políticas e estratégicas.
Na
verdade,
a
qualidade
do
desenvolvimento
económico
depende
essencialmente do processo de renovação das pessoas, empresas e
instituições - mais, melhores e mais inovadoras – e,
empreendedores capazes de aproveitar as oportunidades,
sobretudo, de
investindo e
gerando riqueza.
Estimular
a
capacidade
empreendedora,
passa
então
por
induzir
comportamentos favoráveis à inovação sistemática, por criar dinâmicas de
aperfeiçoamento contínuo e por acelerar o processo de modernização e
crescimento económico.
A filosofia subjacente a esta abordagem que alia o empreendedorismo, à
inovação e à competitividade assenta no princípio de que a viabilização de uma
Sociedade assenta num compromisso valorizado de três grandes objectivos:
-
Um desenvolvimento económico capaz de reflectir uma eficiente exploração
de recursos, preservando o Ambiente e gerando Bem Estar (saúde,
emprego, riqueza e valorização individual);
-
Uma Sustentabilidade Ambiental que não impeça o Desenvolvimento
Económico e que permita um usufruto da Natureza pelo Homem;
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-
Um Bem Estar Social assente em valores éticos que facilitem um diálogo
entre o Desenvolvimento e o Ambiente.
Naturalmente, estes objectivos pressupõem um sistema económico e social
centrado num sector empresarial concorrencialmente equilibrado, capaz de
promover uma evolução tecnológica ao serviço do crescimento quantitativo,
qualitativo e diversificado da oferta de bens e serviços à Sociedade e na
geração de oportunidades de valorização individual e colectiva dos cidadãos.
Só nesse quadro concorrencial é possível responder aos desafios que se nos
apresentam, pois é o único que promove os seus grandes pilares de suporte:
-
Uma capacidade empreendedora profícua e generalizada, fornecendo à
Sociedade todos os bens e serviços indispensáveis – escolas, hospitais,
serviços públicos,
iniciativas culturais, programas de desenvolvimento,
propostas de lazer, obras públicas, empresas, etc.;
-
Uma capacidade inovadora, que estimule a capacidade empreendedora,
garanta níveis de qualidade dos bens e serviços postos à disposição da
Sociedade e assegure uma base competitiva para as empresas;
-
Uma prática de qualidade - na empresa, na administração pública e nos
consumidores - a partir de uma cultura comportamental que pressione a
inovação constante e abra oportunidades de empreendimento.
Paralelamente, se essa capacidade empreendedora estiver associada a uma
capacidade de inovação, o desenvolvimento terá uma natureza criadora,
geradora de oportunidades de mercado, e concomitantemente dará lugar a
investimento, empresas, crescimento e bem estar, num “ciclo virtuoso”
altamente profícuo.
Com efeito, a comparação entre casos nacionais à luz da pesquisa científica
mais recente, permite concluir que há uma correlação indesmentível entre a
competitividade e a eficiência do sistema nacional de inovação que tal
correlação depende da existência de condições gerais que estimulem a
iniciativa empresarial e a inovação.
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Assim, num contexto em que se reconhece a importância da promoção do
empreendedorismo - em particular, na sociedade portuguesa actual - importa
admitir a necessidade de definir e implementar uma política de actuação
concertada nestes domínios, configurada com a flexibilidade suficiente para
lidar com uma matriz de especificidades locais, regionais e temáticas de
complexidade muito variável.
Foi este entendimento que, no quadro das Parcerias e Iniciativas Públicas do
Programa Operacional de Economia permitiu materializar a estratégia definida
pelo IAPMEI para o domínio do empreendedorismo, através da montagem de
um conjunto de projectos autónomos mas articulados que se caracterizam por
um vasto leque de iniciativas destinadas a promover e consolidar as bases de
um sistema integrado de dinamização do empreendedorismo, capaz de
contribuir decisivamente para acelerar o ritmo da renovação do tecido
empresarial português, da modernização das suas estruturas produtivas e da
sua progressiva internacionalização.
Neste cenário, o IAPMEI acolheu e desenvolveu cerca de vinte propostas de
projectos de parceria (nos domínios da promoção do empreendedorismo, da
formação para empreendedores, da facilitação de serviços de incubação e de
assistência técnica qualificada) e,
em parceria com o ITP e a INTELI, se
propôs lançar o projecto Fomento da Inovação e Valorização Empresarial FIVE.
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