Código de Ética CFM, AMB e SBC discutem o novo documento, a convite da SBHCI Congresso abril a junho de 2010 | No 2 | Ano XIII Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista 2010 Belo Horizonte sediará o evento que também terá transmissão pela internet 1 palavra do presidente Reconhecimento crescente S eis meses se passaram desde que tomamos posse da Presidência da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) e já temos algumas alegrias que desejamos compartilhar. Uma delas é perceber que nossa Sociedade tem reconhecimento crescente entre colegas de outras especialidades no País e de entidades internacionais, em cujos eventos temos participado. Entendemos que não é resultado apenas do trabalho desta Diretoria, mas sim do investimento e do esforço na produção de conhecimento científico que nossos colegas hemodinamicistas vêm fazendo nos últimos anos em todos os lugares onde atuam. O reconhecimento não vem em palavras, mas em resultados, como pudemos presenciar em maio, em São Paulo (SP), quando demos início à edição 2010 do Programa de Educação Continuada (PEC). O evento realizado durante o XXXI Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) foi bastante prestigiado e o auditório de 500 lugares foi pequeno para a plateia muito participativa. Tamanho interesse resulta da dedicação e da preocupação dos cardiologistas intervencionistas em manter nosso programa aliado ao firme objetivo de levar conhecimento científico para todo o Brasil. O evento na SOCESP foi apenas o primeiro e outras edições do PEC foram realizadas em congressos de Londrina (PR) e Brasília (DF). Em Porto Alegre (RS), a convite do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (CREMERS), participamos de um evento inédito, em que a SBHCI apresentou aos médicos da capital gaúcha os grandes avanços e a importância dos stents farmacológi- 2 cos. No próximo semestre, estaremos em pelo menos um evento científico no Nordeste e em outro no Centro-Oeste, em Fortaleza (CE) e Goiânia (GO), onde já projetamos sucesso semelhante ao encontrado no Sul e no Sudeste. A SBHCI segue em sua importante missão como promotora do conhecimento. Para citar alguns exemplos, temos registradas em nosso portal as coberturas, realizadas ao vivo, de dois dos maiores congressos científicos da atualidade: o American College of Cardiology, realizado em Atlanta (Estados Unidos), e o EuroPCR, que aconteceu em Paris (França). Os colegas que estiveram nos congressos e dedicaram seu tempo à produção de textos e resumos sobre as palestras de maior destaque estão de parabéns. A atuação desses profissionais tem elevado o conceito de nossa Sociedade, não apenas no Brasil como também entre os organizadores dos eventos internacionais. Nossa missão é manter esse nível de excelência e tornar nosso portal ainda mais dinâmico. O Portal da SBHCI tem sido visto como referência na prestação de serviços e informações aos associados e demais interessados em nossa especialidade. Porém, é nossa intenção que esse espaço virtual seja ainda mais dinâmico. Além das newsletters, das notícias e dos casos publicados regularmente, implantamos o twitter da SBHCI, a exemplo do que já ocorre nas grandes sociedades médicas de todo o mundo. Trata-se de um eficiente e rápido sistema de publicação de notícias curtíssimas que temos usado para divulgar os eventos dos quais participamos e indicar links de sites parceiros e de notícias pertinentes aos associados. Temos dedicado especial atenção e apoio à Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), buscando seu crescimento, valorização e profissionalização. Está sendo elaborado um programa de incentivo à produção científica e propagação do conhecimento científico, um dos principais destaques deste primeiro semestre de nossa gestão. É importante que mais artigos originais sejam elaborados e publicados em nossa RBCI, difundindo o conhecimento e o trabalho realizado por nossos associados em todos os pontos do País. Disponibilizamos para nossos colegas o suporte da PGS/ Medical Statistics, uma das mais respeitadas empresas de bioestatística e pesquisa clínica em nosso meio, para dar suporte aos sócios da SBHCI, sem custos, na elaboração de artigos a serem publicados na RBCI. Após mais de três décadas de crescimento nossa Sociedade encontra-se fortalecida e respeitada, contando hoje com mil associados, resultado de muito trabalho, dedicação e persistência de todos, em uma área de atuação que permanece em contínuo desenvolvimento. O crescimento científico foi um dos principais temas das últimas semanas, o que nos leva diretamente ao XXXII Congresso da SBHCI, que será realizado em Belo Horizonte (MG), de 22 a 24 de julho. A Comissão Organizadora do evento definiu a participação de 11 convidados internacionais e uma programação científica de altíssimo nível. Teremos 15 casos ao vivo de centros nacionais e também transmissões internacionais. Mais que a simples revisão dos estudos clínicos atuais, as sessões vão discutir as recomendações no cuidado dos pacientes com doenças coronária, endovascular e estrutural, enfatizando as controvérsias e os temas ainda em discussão. Já está tudo preparado e o maior êxito do congresso será a efetiva participação dos colegas intervencionistas. Aguardamos todos vocês em Belo Horizonte, para que, juntos, possamos fazer desse um evento de grande sucesso, expressando o progresso e a pujança da cardiologia intervencionista brasileira. Em tempo, parabenizo Jadelson Andrade (BA), recém-eleito presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para a gestão 2012-2013. Estendo minhas congratulações aos colegas hemodinamicistas que terão participação ativa nesse período: Luiz Alberto Mattos (SP), ex-presidente da SBHCI; Alexandre Schaan de Quadros (RS), atual diretor de Comunicação da nossa Sociedade; e Antônio Carlos de Camargo Carvalho (SP), nosso diretor de Educação Médica Continuada. Um forte abraço. Maurício de Rezende Barbosa Presidente da SBHCI índice PEC-SOCESP Academia Fluminense de Medicina Simpósio Internacional IC-FUC Hospital TotalCor & Cleveland Clinic Congresso SOCERGS 2010 Simpósio Norte-Nordeste Apoio Estatístico CREMERS Pará giro pelo brasil 12Desbravando o coração da Amazônia Oscar Mendiz Internas 5 Promovendo, produzindo e divulgando conteúdo 6 Momento solene 6Evento pioneiro 7A clínica, a intervenção e a cirurgia 8Avanço do conhecimento 8 A caminho de Fortaleza 9 Qualidade no planejamento estratégico 10 Conselho Regional de Medicina do RS discute os stents farmacológicos solaci 14Espírito científico XXXII Congresso da sbhci 16 Compartilhando conhecimento Philipp Bonhoeffer Ted Feldman 18 Simplicidade e carisma SBC Novo Código de Ética Médica atualização científica 24O congresso minimalista Eleições 25 Pleito encerrado panorama 26 Um novo código para um novo tempo Washington Stecanela Cerqueira EUROPCR 2010 22Tratamento percutâneo das doenças valvulares em foco ACC 2010 entrevista bate-bola 32 Coração valente opinião 34Novo Código de Ética Médica: grande passo Agenda 35 Confira os próximos eventos Hemodinamicistas discutem os stents farmacológicos em evento no CREMERS Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica Washington, do São Paulo, fala sobre a vida de atleta após a implantação dos stents 3 Programação 8h - 8h15 Abertura/APRESENTAÇÃO: Valter Furlan Institucional TotalCor - Cleveland Clinic 8h15 - 8h45 Miniconferência/MODERAÇÃO: Marcos Valério Resende Estado da Arte no Diagnóstico por Imagem em Cardiologia APRESENTAÇÃO: James Thomas 8h45 - 9h45 Hot Topics 1/MODERAÇÃO: Otávio Gebara e Luciana Baptista • Aterosclerose: É Possível sua Regressão?/APRESENTAÇÃO: Carlos Serrano • Terapia do HDL: É o Próximo Passo no Tratamento da Aterosclerose?/APRESENTAÇÃO: Raul Dias dos Santos • Tomografia com Múltiplos Detectores no Diagnóstico da DAC: Atingimos a Maturidade?/APRESENTAÇÃO: Carlos Eduardo Rochitte 9h45 - 10h Discussão 10h - 10h30 Miniconferência/MODERAÇÃO: Noedir Stolf Novos Horizontes na Cirurgia Cardíaca (Cirurgia Robótica, Cirurgia Minimamente Invasiva nas Doenças Valvares, Alternativas ao Transplante na ICC, Cirurgia Conservadora das Doenças das Válvulas Cardíacas)/APRESENTAÇÃO: Tomislav Mihaljevic 10h30 - 11h Coffee break 11h - 11h45 Hot Topics 2/MODERAÇÃO: Paulo Chaccur e Luiz Puig • Terapia de Ressincronização Ventricular: Quem se Beneficia?/APRESENTAÇÃO: Martino Martinelli Filho • Fibrilação Atrial: Estado da Arte do Manuseio Clínico e Intervencionista/APRESENTAÇÃO: Maurício Scanavacca • Tratamento Atual da Estenose Aórtica/APRESENTAÇÃO: Tomislav Mihaljevic 11h45 - 12h Discussão 12h - 12h30 Miniconferência/MODERAÇÃO: Expedito Ribeiro • Cardiologia Intervencionista na Síndrome Coronariana Aguda com e sem Supra ST/APRESENTAÇÃO: Stephen Ellis 4 12h30 - 14h Almoço 14h - 15h20 Hot Topics 3/MODERAÇÃO: Antônio Cláudio do Amaral Baruzzi • Tratamento da DAC Multiarterial e Lesão do Tronco da Coronária Esquerda: Visão do Clínico/APRESENTAÇÃO: Áurea Jacob Chaves • Tratamento da DAC Multiarterial e Lesão do Tronco da Coronária Esquerda: Visão do Intervencionista/APRESENTAÇÃO: Expedito Ribeiro • Tratamento da DAC Multiarterial e Lesão do Tronco da Coronária Esquerda: Visão do Cirurgião/APRESENTAÇÃO: Tomislav Mihaljevic • Impacto dos Stents Farmacológicos no Tratamento da DAC: Quando e Por Que Indicar?/APRESENTAÇÃO: Stephen Ellis 15h20 - 15h30 Discussão. 15h30 - 16h Coffee break. 16h - 16h45 Hot Topics 4 - Visão de Futuro/ MODERAÇÃO: Marcelo Jamus Rodrigues e Ivo Richter • No Diagnóstico por Imagens/APRESENTAÇÃO: James Thomas • No Tratamento Percutâneo/APRESENTAÇÃO: Stephen Ellis • Na Cirurgia Cardíaca/APRESENTAÇÃO: Tomislav Mihaljevic 16h45 - 18h Discussão de casos clínicos Coordenador: Expedito Ribeiro. Debatedores: Noedir Stolf, Otávio Gebara, Luiz Boro Puig, Antônio Cláudio do Amaral Baruzzi, Áurea Chaves, Ivo Richter, José Carlos Teixeira, André Spadaro, Marcos Rassi, Sandro Faig, Marcelo Jamus, Gil Vicente, Francisco Souto, Paulo Chaccur, José Carlos Tavares, Kenji Nakiri, Alexandre Pinto, Roger Godinho, Manoel Miranda, Leonardo de Carvalho, Stevan Krieger Martins, Amanda Rodrigues, Veridiana Andrade, Giselle de Paula Rodrigues, Marta de Andrade Reis, Eduardo Steglich, Fernanda de Andrade Cardoso, Carlos Abreu Filho, Esteban Rivarola, Eliane Prates, Victor Haddad, Carlos Ribeiro, Carla Gonçalves Rosa, Carolyne Matielo, Enéas Rocco e Carlos Serrano. notícias da sbhci internas PEC-SOCESP Promovendo, produzindo e divulgando conteúdo A edição 2010 do Programa de Educação Continuada da SBHCI teve início em São Paulo, com grande procura por parte do público A SBHCI deu início à edição 2010 do Programa de Educação Continuada (PEC). No dia 1o de maio, foi realizado o primeiro evento do ano durante o XXXI Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Sob a coordenação de Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI, o evento foi dividido em três etapas. Em cada uma delas, um médico convidado apresentou um caso clínico que foi colocado em discussão por um cardiologista e um neurologista e debatido com o público. Na primeira etapa, Marcelo Cantarelli (SP) apresentou um caso sob o tema “Estado da Arte da Revascularização Percutânea no Paciente Multiarterial com Lesão de Tronco”, que teve comentários de José Ribamar Costa Jr. (SP) e Maurício de Rezende Barbosa (MG). Carlos Augusto Cardoso Pedra (SP) apresentou, na segunda etapa do evento, um caso clínico com enfoque no tema “Atualização do Fechamento Percutâneo do Forame Oval Patente”. Antonio Carlos Secches (SP) e o neurologista Ayrton Roberto Massaro (SP) debateram o caso e envolveram o público na discussão. Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP) e Claudia Maria Rodrigues Alves (SP) foram os debatedores do terceiro caso clínico do evento, apresentado por Lúcia Romero Machado (SP). Os eventos seguintes foram realizados em 5 de junho, durante o XXXVII Congresso Paranaense de Cardiologia, e em 10 de junho, no XVII Congresso de Cardiologia de Brasília. Nas duas ocasiões, a Diretoria da SBHCI aplicou o mesmo formato de evento. Em Lon- Da esquerda para a direita, Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP), diretor científico; Marcelo Cantarelli (SP), dir etor administrativo; Claudia Maria Rodrigues Alves (SP), Antonio Carlos Carvalho (SP), diretor de Educação Médica Continuada; Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente. drina (PR), o evento teve coordenação de Samuel Silva da Silva (PR) e os debatedores foram André Labrunie (RS), Costantino Costantini (PR) e Raul D’Aurea Mora Jr. (PR). Pedro Beraldo (SP) apresentou o primeiro caso clínico, seguido pela palestra de Alexandre Schaan de Quadros (RS), cujo tema foi “Estado da Arte da Revascularização Percutânea em Pacientes Multiarteriais e com Lesão de Tronco de Coronária Esquerda”. Carlos Augusto Homem de Magalhães Campos (SP) apresentou o segundo caso clínico do evento, encerrado com a palestra de Maurício de Rezende Barbosa. O próximo PEC será realizado no dia 6 de agosto, durante o XXX Congresso Norte-Nordeste e o XVI Congresso Cearense de Cardiologia, que acontecerão em Fortaleza (CE). 5 internas notícias da sbhci academia fluminense de medicina Momento solene N a presença de familiares, amigos e autoridades da área de Saúde do Rio de Janeiro, o cardiologista Leslie de Albuquerque Aloan (RJ), diretor-geral do Hospital Federal dos Servidores do Estado, tomou posse como acadêmico titular da Cadeira no 13, patronímica do professor Clementino Fraga, na Academia Fluminense de Medicina, em abril. Sócio-fundador e, atualmente, remido da SBHCI, Aloan valoriza a importância do reconhecimento de uma comunidade científica a seu trabalho e não esconde a honra de poder representar a cardiologia intervencionista brasileira. “A SBHCI já ultrapassou as fronteiras, nacionais e internacionais, em nossa especialidade, mas o espaço na Academia pode representar mais um horizonte para a divulgação dos resultados científicos e conquistados destas duas grandes entidades”, afirma. Evento pioneiro Simpósio Internacional de Terapia Valvular Percutânea do IC-fuc O Simpósio Internacional de Terapia Valvular Percutânea do Instituto de Cardiologia da Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC), realizado em Porto Alegre (RS), em maio, reuniu 219 participantes de todos os cantos do Brasil e teve como ponto alto a participação de três convidados internacionais falando sobre os novos avanços terapêuticos no tratamento percutâneo das afecções das válvulas aórtica, pulmonar e mitral. Eberhard Grube, do Helios Heart Center (Siegburg, Alemanha), fez uma apresentação sobre o dispositivo da válvula aórtica, o único comercialmente disponível para uso no Brasil. Para Rogério Sarmento-Leite (RS), membro da Comissão Executiva do Simpósio, esse talvez seja o assunto que atraia maior atenção e encha mais as salas em todos os congressos no mundo. “O grande benefício na questão da válvula 6 aórtica é poder trazer à comunidade de cardiologistas, clínicos, cirurgiões e intervencionistas, novos avanços que já estão disponíveis em nosso meio – no Brasil já são mais de 100 casos implantados.” Sarmento-Leite destaca a importância do dispositivo para os pacientes, já que se trata de uma alternativa clinicamente testada e eficaz, para uma afecção extremamente grave que outrora era tratada pela via cirúrgica. “Nós sabemos que hoje muitos pacientes não têm condições de se submeter a uma cirurgia clássica com abertura do tórax, por ser mais arriscada”, afirma. Philipp Bonhoeffer, chefe do Laboratório de Hemodinâmica do Great Ormond Street Hospital for Children (Londres, Inglaterra), falou sobre a questão da válvula pulmonar e da válvula Melody, dispositivo que ele inventou e desenvolveu e que já tem o uso clínico aprovado na Europa. No Brasil, a previsão é de que seja liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2011. Scott Lim, da University of Virginia (Charlottesville, Estados Unidos), destacou os dispositivos de clipes para fechar ou diminuir a insuficiência valvar mitral. Nesse caso, ainda há uma distância das pesquisas clínicas que estão sendo feitas na Europa e nos Estados Unidos para a prática médica. Sarmento-Leite afirma que pouquíssimos centros na Europa disponibilizam esse dispositivo clinicamente para uso e que ainda vai demorar um pouco para chegar ao Brasil, por ser, tecnicamente, de difícil manuseio. “A curva de aprendizado é muito grande. Mesmo depois de ser clinicamente liberado para uso e comercializado, ainda vai demorar para ser incorporado e fazer parte do nosso dia a dia”, conclui. hospital totalcor & cleveland clinic A clínica, a intervenção e a cirurgia D e olho no sucesso do almoço de discussão de casos clínicos promovido pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), que contou com 530 participantes e com a presença de Michael Faux, da Cleveland Clinic (Cleveland, Estados Unidos), o Hospital TotalCor e a clínica americana preparam o Simpósio Internacional de Cardiologia, que será realizado em 20 de agosto, no auditório do Hotel Renaissance, em São Paulo (SP). De acordo com Expedito Ribeiro (SP), membro da Comissão Científica do evento que já acontece há três anos, serão discutidos temas relacionados a cardiologia clínica, cardiologia intervencionista, cirurgia de revascularização miocárdica e arritmia. “O grande enfoque será a cardiologia intervencionista. Ao final, faremos uma grande discussão de casos clínicos práticos e de mundo real”, afirma. O Simpósio terá a participação de três profissionais da Cleveland Clinic: Stephen Ellis, especialista em intervenção percutânea; James Thomas, da área de imagens; e o cirurgião cardíaco Tomislav Mihaljevic. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone (11) 30627508 ou pelo site www.simposiodecardiologia.com.br. Expedito Ribeiro (SP) é membro da Comissão Científica do Simpósio. Agende-se Data: 20 de agosto Horário:8h00 às 18h00 Local: Auditório – Hotel Renaissance Alameda Santos, 2233 – São Paulo, SP Informações: www.simposiodecardiologia.com.br 7 internas notícias da sbhci Avanço do conhecimento D Congresso Gaúcho de Cardiologia: SOCERGS 2010 Alexandre do Canto Zago (RS), diretor de Comunicações da SOCERGS. e 5 a 7 de agosto, a Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul (SOCERGS) realizará seu tradicional congresso, em Gramado (RS). Neste ano, o evento traz atualizações e novos estudos nas áreas de cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial sistêmica, arritmias e valvopatias. Entre os destaques estão implante e correção percutânea de valvopatias, stents coronários bioabsorvíveis, novos fármacos e técnicas para o tratamento de arritmias cardíacas, novos fármacos anticoagulantes e antiagregantes plaquetários, entre outros. Estão programadas sessões de mesaredonda, atualização interativa, fóruns de departamentos, sessões multidisciplinares e discussão de casos clínicos com a participação de renomados convidados internacionais, entre eles Vladimir Dzavik (diretor de cardiologia intervencionista do maior centro de tratamento de doenças coronárias de Toronto, Canadá), Enrique Gurfinkel (chefe da Unidade Coronária do renomado hospital da Fundação Favaloro, Argentina), e Rober- to Peidro (chefe da Divisão de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular da Fundação Favaloro, Argentina). “A cardiologia no Rio Grande do Sul vem evoluindo na mesma velocidade do avanço do conhecimento na área. E a qualificação e a constante atualização dos profissionais gaúchos aliadas à disponibilização de recursos e modernos hospitais tornam o Estado um centro de excelência mundial em cardiologia, onde o paciente gaúcho encontra todos os métodos de tratamento que necessita com alto grau de eficiência e qualidade técnica”, afirma Alexandre do Canto Zago (RS), diretor de Comunicações da SOCERGS. Agende-se Data: 5 a 7 de agosto Local: Centro de Convenções Serrano Resort Av. das Hortênsias, 1480 Gramado, RS Informações: http://www.socergs.org.br/congresso Simpósio norte-Nordeste A caminho de Fortaleza A organização do Simpósio Norte-Nordeste de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista espera cerca de 150 participantes para a quinta edição do evento, que será realizada no dia 6 de agosto, juntamente com o XXX Congresso NorteNordeste de Cardiologia, em Fortaleza (CE). “A programação, focada no conteúdo atento às principais questões difíceis do dia a dia, está diversificada e abrangente, abordando todos os campos práticos de atuação da intervenção em nossa região, mas nem por isso será superficial”, afirma Nelson Araújo (PE), presidente do Simpósio. “Os diversos casos clínicos editados, tão concorridos nos simpósios interna- 8 cionais, terão destaque nessa edição e serão comentados por renomados intervencionistas nacionais e internacionais, como J. Eduardo Sousa (SP) e Eberhard Grube (Alemanha).” As inscrições podem ser feitas até o dia 27 de julho pelo website www.dinamicaeventos.com.br/cardiologia. Agende-se Data: 6 de agosto Horário: 8h30 às 18h00 Local: Fábrica de Negócios – Hotel Praia Centro – Av. Monsenhor Tabosa, 740 – Praia de Iracema – Fortaleza, CE Informações: www.dinamicaeventos.com. br/cardiologia Qualidade no APOIO ESTATÍSTICO planejamento estratégico Projetos dos sócios da SBHCI passam a contar com suporte técnico estatístico da PGS Paula Goldenstein Strassmann, presidente da PGS. A SBHCI disponibiliza gratuitamente aos sócios a consultoria de metodologia científica e estatística para a redação de seus artigos científicos, visando sua publicação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI). Para isso conta conta com o apoio e suporte da PGS/ Medical Statistics, empresa que atua no mercado brasileiro e internacional com experiência em pesquisa clínica do início ao fim de projetos, oferecendo apoio em todas as etapas desde o planejamento estratégico à publicação dos resultados. A presidente da PGS, Paula Goldenstein Strassmann, afirma que, de acordo com uma pesquisa que anali- sou trabalhos publicados na área médica em periódicos de língua inglesa, espanhola e portuguesa, métodos estatísticos mal planejados, tomados como fatores definitivos, podem referendar conclusões errôneas. “A pesquisa detectou que erros na escolha de testes estatísticos, tamanho de amostra inadequado e escolha errada de programa estatístico são algumas das recorrências nos artigos”, afirma Paula. Outra dificuldade é a perpetuação do erro, sobretudo nos trabalhos que retomam a pesquisa do ponto no qual a anterior foi interrompida, ou repetem a mesma fórmula de seguidas linhas de pesquisa como garantia de acerto na escolha das amostras. “O problema quase sempre está no planejamento pouco cuidadoso da metodologia, ou seja, o seu desenho”, diz a especialista. “Os cálculos estatísticos fazem parte desse desenho e, portanto, precisam ser planejados de forma adequada.” Um trabalho de pesquisa precisa partir de uma hipótese clara que se pretende provar. A análise estatística confirma esse êxito ou não. Dessa forma, o envolvimento do estatístico no estudo permite minimizar os custos do projeto através da definição adequada do tamanho amostral, otimização da coleta de dados e avaliação correta dos resultados. Para todos os sócios da SBHCI, a PGS realiza um trabalho de apoio ao planejamento estratégico, com ampla participação na discussão e determinação dos objetivos primários e secundários, desenho do capítulo de estatística no protocolo, análise de viabilidade desse desenho, cálculo e tamanho da amostra, bem como desenho da ficha clínica e plano estatístico. “O objetivo de nossa política de qualidade é garantir a satisfação dos clientes através da precisão dos resultados e do alto grau de profissionalismo na execução de nossos serviços”, afirma Paula. Para utilizar esse novo benefício, o interessado deverá entrar em contato com a SBHCI através do e-mail [email protected], encaminhando seu trabalho para apreciação. 9 INTERNAS NOTíCIAS DA SBHCI CREMERS Conselho Regional de Medicina do RS discute os stents farmacológicos Evento promovido no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul debateu sobre os stents farmacológicos como uma tecnologia que veio para ficar Da esquerda para a direita, Gilberto Nunes (RS), Alexandre Schaan de Quadros (RS), Luiz Carlos Bodanese (RS), Maurício de Rezende Barbosa (MG), Antônio Carlos Carvalho (SP), Alexandre do Canto Zago (RS), Marco Vugman Wainstein (RS). O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (CREMERS) realizou o fórum “Novas Tecnologias em Saúde: Stents Farmacológicos”, em 7 de junho, em Porto Alegre (RS). Essa iniciativa, pioneira no âmbito de nossa especialidade, se inseriu em uma visão mais ampla do CREMERS de promover a discussão de tópicos científicos com questões controversas e com potenciais implicações para a atuação do médico e questões éticas do exercício da medicina. “Nós temos procurado promover uma discussão mais ampla, envolvendo a sociedade, para conhecer melhor os avanços 10 tecnológicos que têm gerado discussões”, afirma Jéferson Piva (RS), coordenador das Câmaras Técnicas do CREMERS. Em março, o CREMERS promoveu o 1o Fórum de Emergências Médicas. O evento, também realizado em Porto Alegre, teve a presença de cerca de 40 médicos, e foi organizado pela Câmara Técnica de Cardiologia do CREMERS, coordenada por Luiz Carlos Bodanese (RS). Alexandre Shaan de Quadros (RS), diretor de Comunicação da SBHCI, foi o coordenador do evento, que contou com quatro palestras de 20 minutos e amplo espaço para discussão entre os presentes. Antônio Carlos Carvalho (SP), diretor de Educação Médica Continuada da SBHCI, abriu o evento abordando o tópico “Indicações de stents farmacológicos”, apresentando um panorama global da situação por meio de meta-análises e de ensaios clínicos randomizados, sob o ponto de vista clínico. Carvalho ainda tratou de casos nãofavoráveis à utilização de stents farmacológicos, comparou a evolução das diretrizes europeias com as diretrizes da SBHCI e avaliou os números de intervenções no Brasil, nos Estados Unidos e na América Latina. Ao fim de sua apresentação, Carvalho trouxe à tona a questão orçamentária, ainda muito questionada principalmente pelo Sistema de Saúde Suplementar. Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI, foi o segundo convidado a se apresentar, com a palestra “Os stents farmacológicos têm efeito de classe?”. O foco principal dessa apresentação estava nas características técnicas da evolução dos stents, que demonstrou, de maneira clara, as diferenças acentuadas entre os diversos modelos e plataformas de stents farmacológicos. No âmbito do evento, o objetivo dessa apresentação foi reafirmar que a decisão sobre o tipo e o modelo do stent não pode ser padronizada sem uma avaliação criteriosa do médico, e considerando as características clínicas e angiográficas de cada caso. “É uma tecnologia que continua a evoluir e a trazer resultados cada vez mais positivos, porém precisamos estimular, promover e participar de discussões com os planos de saúde a fim de reduzir algumas barreiras que nós, médicos e pacientes, temos encontrado”, afirma o presidente da SBHCI. A palestra proferida por Otávio Berwanger (SP) abordou o tema “Implicações das relações de custo-efetividade no processo de decisão clínica”. A custo-efetividade tem sido considerada uma limitação das novas tecnologias em saúde, e os stents farmacológicos não fogem à regra. Berwanger tratou justamente da relação entre evidências, análises econômicas, implicações na prática clínica e impacto orçamentário natural de toda nova tecnologia. “Uma parte considerável das novas tecnologias pode apresentar efetividade”, diz Berwanger, “mas também apresenta maior custo até que os valores se equalizem com o aumento do uso”. Em relação aos stents farmacológicos, concluiu ser claro o benefício clínico em termos de diminuição de novas revascularizações, considerando que existe forte sugestão de diminuição das taxas de infarto agudo do miocárdio em alguns estudos e meta-análises. A convite da organização do fórum, o desembargador Jorge Perroni de Oliveira, com o tema “Responsabilidade médica na indicação de novos tratamentos”, abordou a jurisprudência já firmada em relação ao stent farmacológico e as responsabilidades do médico no tratamento e na relação com o paciente. De acordo com o desembargador, o dever de informar o paciente sobre todas as possibilidades e riscos de tratamento é do médico, inclusive o de informar sobre a possível negação de pagamento Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI, falou sobre as características técnicas dos stents farmacológicos. Otávio Berwanger (SP) abordou o tema “Implicações das relações de custo-efetividade no processo de decisão clínica”. ou reembolso por parte das empresas do sistema de saúde suplementar. “Temos conhecimento de empresas que vêm provocando retaliações e ameaças de descredenciamento aos médicos sob a justificativa dos altos custos de alguns tratamentos”, ele afirma. “Por isso o médico deve estar munido de provas e documentos sob o risco de também ser responsabilizado em um possível processo.” Também ressaltou a corresponsabilidade jurídica de diretores de planos de saúde no caso de negativas de tratamentos com comprovada eficácia. Após as palestras, ainda houve espaço para discussão interativa com a plateia sobre todos os tópicos abordados. Gilberto Nunes (RS), presidente da Sociedade Gaúcha de Cardiologia, e Alexandre do Canto Zago (RS), presidente do Departamento de Hemodinâmica do Rio Grande do Sul, também estiveram presentes à mesa e contribuíram com os debates. Eduardo Saadi (RS), presidente da Sociedade Gaúcha de Cirurgia Cardiovascular, apresentou a visão do cirurgião. “Nossa intenção foi promover um encontro com pessoas da mais alta qualificação para cobrir os aspectos atuais, polêmicos ou contraditórios dessa nova tecnologia”, afirma Quadros. “Penso que alcançamos nosso objetivo, e este evento poderá servir inclusive de modelo para discutir e debater outras novas tecnologias em diferentes áreas da medicina. Um documento sumarizando as principais conclusões do evento e recomendações do CREMERS está sendo elaborado pela Câmara Técnica de Cardiologia.” 11 giro pelo brasil pará Desbravando o coração da Amazônia Promover a saúde em municípios que distam de 15 a 20 quilômetros um do outro é fácil. O desafio é maior quando se trata de municípios como o de São Félix do Xingu, a 2.080 quilômetros de Belém do Pará [Heloisa Guimarães (PA), representante da Região Norte/Nordeste no Conselho Deliberativo da SBHCI] A extensão territorial da Amazônia sempre foi um desafio para os gestores de saúde. A Região Amazônica é a menos populosa do País e, também, a mais extensa. Uma das dificuldades da região é levar serviços de saúde a alguns municípios que têm rios como ruas. Já pensou infartar no “céu”? Céu é uma praia no arquipélago do Marajó, maior ilha fluviomarinha do mundo, situada no Estado do Pará, sem hospital de médio porte, situada a três horas de barco da capital paraense. Mesmo com todos esses desafios pela frente, médicos continuam firmes na busca de oportunidades para levar tratamento adequado a vidas onde a medicina tem difícil acesso. É assim também com a hemodinâmica e a cardiologia intervencionista. Até a década de 1960, o Estado do Pará não possuía um serviço da especialidade que pudesse atender à demanda da população local. Hoje, a capital, Belém, conta com dez serviços de hemodinâmica. 12 Foi um longo caminho até chegar onde está. Segundo Heloisa Guimarães (PA), representante da Região Norte/Nordeste no Conselho Deliberativo da SBHCI, a história da hemodinâmica no Pará começou em 1965 com o cardiologista Osvaldo Luiz Forte (PA) trabalhando em um equipamento radiológico, adquirido pela Faculdade de Medicina, que funcionava no Hospital da Santa Casa de Misericórdia do Pará. O aparelho obtinha três radiografias por segundo e podia diagnosticar lesões valvares e congênitas. Em 1970, o Hospital Adventista de Belém adquiriu uma unidade mista, com bom intensificador de imagem e fluoroscopia pulsátil. Aquele ano foi marcado pela primeira cinecoronariografia realizada no norte do País, feita por Paulo Monteir (PA). Doze anos depois teve início o serviço de hemodinâmica da Clínica Lobo, ainda em mesa radiológica. Segundo informações da cardiologista Dilce Lea Magno da Silva (PA), os primeiros exames ambulatoriais no Brasil foram feitos lá. Como não havia leito de internação, após o período de observação os pacientes eram liberados para seus domicílios. O primeiro equipamento completo de hemodinâmica foi instalado no Centro Cardiológico do Pará, em 1982, quando passaram a integrar a equipe os médicos Eduardo Costa (PA), Miria Grunvald (PA) e Luiz Alberto Maneschy (PA). A partir de julho de 1995, o Hospital Incor entrou na era da subtração digital, com um equipamento Siemens de última geração, tendo à frente Jacob Gabbay (PA), Miria Grunvald e Heloisa Guimarães. Em janeiro do ano seguinte, foram feitos os primeiros implantes de stents coronários no Pará. Nos anos posteriores, os serviços foram crescendo gradativamente, à medida que os profissionais se aperfeiçoavam e integravam as equipes locais: o hospital público Ophir Loyola ampliou o leque de serviços com exames diagnósticos e terapêuticos endovasculares; Wilson Alfaia (PA) e Alex Albuquerque (PA) Serviços no Estado do Pará BELÉM CCARDI – Centro Cardiológico e Radiológico de Diagnóstico e Intervenção Percutânea Resp.: Wilson M. Cecim Coelho Telefone: (91) 3230-4599 Centro Cardiológico do Pará Resp.: Wilson A. de Oliveira Telefone: (91) 3241-9000 Hospital Adventista de Belém Resp.: Miria da Silva Grunvald Site: www.hab.org.br Telefone: (91) 3084-7080 Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Viana Resp.: Ely Maria Neves de Sousa Site: www.gasparvianna.pa.gov.br Telefone: (91) 4005-2500 Hospital do Coração Resp.: Alex de A. Silva Telefone: (91) 3084-9018 inauguraram os serviços de hemodinâmica dos hospitais Saúde da Mulher e Porto Dias; Marcos Reale (PA), Vinicius Costa (MA), Basílio Pantoja (PA) e Ely Neves (PA) integraram o campo de trabalho do Estado; a Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Viana tornou-se centro de referência em cardiologia no Pará; e a cardiopatia congênita intervencionista teve grande avanço com a dedicação de Maneschy, que resultou na aquisição de próteses e estrutura pediátrica adequadas. Nesse período surgiu também o Centro Cardiológico e Radiológico de Diagnóstico e Intervenção Percutânea, sob direção de Wilson Miguel Cecim Coelho (PA) e Arilson da Silva Rodrigues (PA), e, mais recentemente, Cleiton da Silva Ramos (PA). Em 2007, Costa foi o pioneiro da valvoplastia mitral percutânea, tendo como primeiro desafio uma paciente grávida de 24 semanas. No mesmo ano, Jorge Hideki Hayashi (PA) dava início a exames diagnósticos Hospital Geral da Unimed Resp.: Miria da Silva Grunvald Site: www.unimed.com.br Telefone: (91) 4009-5001 Hospital Guadalupe Resp.: Luis Alberto R. Maneschy Site: www.hospitalguadalupe.com.br Telefone: (91) 4005-9877 SANTARÉM Hospital Regional de Santarém Resp.: Jorge Hideki Hayashi Telefone: (93) 3064-1408 Hospital Ophir Loyola Resp.: Heloisa Guimarães Site: www.ophirloyola.pa.gov.br Telefone: (91) 3342-1100 Hospital Porto Dias Resp.: Wilson Alfaia de Oliveira Site: www.hpd.com.br Telefone: (91) 3084-3000 Hospital Saúde da Mulher Resp.: Marcos Reale Serique Site: www.sdmulher.com.br Telefone: (91) 3181-7000 no primeiro serviço do interior do Estado, o Hospital Regional de Santarém. Esse serviço abrange uma população de mais de um milhão de habitantes, vindos de 20 municípios banhados pelos afluentes do rio Amazonas. Em junho do ano passado, o serviço de hemodinâmica do Hospital Geral da Unimed Belém adquiriu um dos mais modernos aparelhos, o Allura Xper, contribuindo com exames mais precisos na área de intervenção em congênitos, cerebrais e na área vascular periférica. Ao longo dos últimos anos houve uma revolução no diagnóstico e tratamento das doenças do coração de forma menos invasiva. Grande parte dos serviços dá preferência à utilização da via radial, em busca de excelência nos resultados, com menores índices de complicações vasculares e mais conforto ao paciente. Para 2010, já está em fase de instalação o Centro de Pesquisas em Cardiologia da Amazônia, sob coordenação de Heloisa Guimarães, com o objetivo de monitorar o status da cardiologia intervencionista na região, além de ter registros atualizados e estudar as singularidades da população local. Novas tecnologias estão em vias de ser incorporadas, como ultrassom intracoronário e reserva de fluxo coronário, em busca da excelência do resultado nos implantes de stents e sua mais adequada e precisa indicação. Por causa das grandes proporções do Estado – com locais de difícil acesso –, uma das metas a curto e médio prazos será o uso da telemedicina para um diagnóstico cada vez mais preciso e eficaz. Hoje, a logística do transporte de pacientes ao centro de atendimento mais próximo pode levar até 12 horas em barcos em determinados municípios. “É com enorme expectativa que esperamos a finalização da rodovia Santarém-Cuiabá, que vai interligar 34 municípios no sudoeste do Estado, para diminuir distâncias, reduzindo também o sofrimento dos pacientes”, afirma Heloisa Guimarães. 13 solaci oscar mendiz SOLACI 2010 em Bueno Aires Oscar Mendiz, presidente do Congresso da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI), fala sobre o maior evento de hemodinâmica da América Latina e comenta os planos para o futuro da especialidade na região [Hélio Castello (SP), editor] Buenos Aires, a capital da Argentina, receberá o XVI Congresso da SOLACI em agosto. A Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) está otimista com os preparativos de seu XVI Congresso, que acontecerá em agosto, em Buenos Aires (Argentina). São esperados mais de três mil participantes, a exemplo do sucesso do evento do ano passado, realizado em conjunto com a SBHCI, no Rio de Janeiro (RJ). A novidade deste ano é a quantidade recorde do número de resumos enviados para serem exibidos no hall de exposições – foram cerca de 360 trabalhos submetidos para avaliação da Comissão Científica. Os organizadores do Congresso acreditam que isso pode ter sido motivado pela possibilidade de os seis melhores resumos serem publicados na EuroIntervention, a Jornada Oficial da EuroPCR e da Associação Europeia de Intervenções Percutâneas Vasculares. O Congresso tem dezenas de convidados internacionais confirmados, da América Latina e do resto do mundo, que prestigiarão reuniões conjuntas com a TCT, EuroPCR e Sociedade Espanhola de Cardiologia, além das Sociedades Regionais de Cardiologia. Outro destaque é o envio de cerca de 20 14 casos ao vivo em HD e em alguns casos editados, chamados de “live-in-box”, com sessões de imagens invasivas e não-invasivas, assim como aquelas que tratam de temas já abordados, tais como o tratamento de lesões multiarteriais ou de tronco da coronária esquerda principal. Em conversa com Oscar Mendiz (Argentina), presidente do Congresso, ele falou sobre a expectativa para esta edição e sobre o desenvolvimento de nossa especialidade na América Latina nos últimos anos. Este será o XVI Congresso da SOLACI. Como o senhor analisa a evolução da cardiologia intervencionista, nesse período de mais de 15 anos, na América Latina? Já avançamos muito na especialidade durante esses anos e a América Latina contribuiu com uma parcela significativa desses desenvolvimentos, muitos deles feitos pelos nossos colegas no Brasil. O Congresso da SOLACI tem se profissionalizado e o evento está entre os mais destacados do mundo. Hoje é mais difícil restringir o número de pessoas que querem vir do que alguém aceitar um convite. Tudo isso fez com que aumentasse o nível de qualidade científica do Congresso, que se tornou uma opção interessante para aqueles que não podem participar de eventos nos Estados Unidos ou na Europa. O Congresso também se tornou uma oportunidade de encontro para a discussão das evidências científicas de acordo com o âmbito de nossas realidades. Como a SOLACI pode atuar para melhorar o acesso aos procedimentos intervencionistas, visto que em nossa região os números são bem inferiores aos dos países da Europa e da América do Norte? A difusão do conhecimento sempre ajuda a melhorar a prática. A interface com outras especialidades da região irá resultar no aumento do número de intervenções, para que os pacientes da América Latina possam ser tratados como na Europa ou nos Estados Unidos. E como poderíamos diminuir a heterogeneidade de acesso que ocorre nos diferentes países da região? Difundir o conhecimento é o primeiro passo. Colaborar com a formação de colegas é algo que a SOLACI já faz. Ainda me lembro de médicos de outros países da América Latina aperfeiçoando-se por meio de bolsas de estudo em meu hospital, embora hoje isso seja um pouco mais complexo. Mas sou realista e entendo que a SOLACI pouco pode fazer para melhorar a saúde pública, a menos que as agências do governo comecem a nos enxergar, juntamente com as Sociedades Regionais. Como é a atuação do Programa Solidário da SOLACI? O Programa Solidário (SOLSOLACI) está começando a ser empregado, mas entendo que seu valor seja mais simbólico que efetivo na solução do déficit de assistência em nossa região. No entanto, esse valor simbólico é muito importante e tem por objetivo chamar a atenção das Sociedades Regionais e das autoridades para que criem políticas para ajudar os mais necessitados. A SOLACI nunca poderá pagar a dívida de uma falta de assistência médica adequada para milhões de pessoas na América Latina, mas pode ser um veículo para o diálogo entre autoridades de saúde, hospitais e potenciais patrocinadores de programas sociais. Quais são os pontos mais relevantes do novo Planejamento Estratégico da SOLACI? Ter uma visão abrangente, global e integrada de todas as estruturas da Sociedade e, por sua vez, ter a possibilidade de rever os processos e proporcionar maior profissionalismo e maior eficiência a sua estrutura, uma vez que o crescimento acelerado geralmente traz algumas crises que nos fazem repensar a atividade diária e olhar para o futuro. O senhor acredita que seria importante fortalecer o espírito científico na região e capacitá-la para receber ou iniciar estudos multicêntricos? Acredito que é algo que vai acontecer inevitavelmente, mas a participação em estudos multicêntricos, como meros centros de recrutamento de pacientes, está muito longe de ser o objetivo de qualquer instituição ou sociedade científica médica. Seria bom que a SOLACI pudesse, algum dia, vir a ser um veículo promotor e executor de trabalhos científicos grandes ou pequenos, que refletissem ideias de membros de uma Sociedade de destaque na América Latina, lar de Favaloro, Palmaz, Parodi e muitos outros, cujo brilho transcende em muito qualquer estudo multicêntrico. No entanto, isso não é se colocar contra os estudos, mas apenas afirmar que esse não é o objetivo final e que sua forma de execução deve ser revista. Por exemplo, em meu hospital, os acordos financeiros são assinados pelas autoridades da instituição, abaixo apenas da regulamentação das leis da Argentina, e os representantes dos patrocinadores devem dar crédito a sua representação legal. Muitos médicos dispostos a participar não se preocupam com esses detalhes, que podem trazer-lhes problemas na busca de um benefício que poucos tiveram no campo científico e, menos ainda, no campo econômico. Todos os pesquisadores, se você os chama assim, deveriam ter acesso a um banco de dados. É inexplicável que poucos tenham direito a esse acesso. Acredito também que, embora o Food and Drug Administration (FDA) tenha solicitado os estudos, nós estamos testemunhando a fase final da existência de registros multicêntricos sem fiscalização externa. A falta de monitoração em toda a população, a falta de continuidade dos pacientes incluídos e a diferença dos participantes sempre deixam um rastro de dúvida sobre o valor dessas informações. Economicamente, como nossa região poderá se adaptar ao crescente avanço tecnológico da área e seu incremento de custeio? Se as autoridades aceitarem dialogar com as Sociedades, em todas as áreas da medicina, as diretrizes locais poderiam ser feitas de modo a permitir o uso racional dos recursos. Os pacientes se beneficiariam e os médicos estariam protegidos, visto que não estariam pressionados a limitar os recursos a métodos coercitivos e não-científicos. Admito que não se pode colocar uma válvula por cateterismo em um senhor de 90 anos de idade com expectativa de vida inferior a um ano, a menos que a Sociedade tenha maturidade e as regras necessárias para poder dizer: “Podemos fazer, mas você ou sua família terão de pagar”. Com esse dinheiro, poderão ser realizadas muitas angioplastias primárias que salvarão mais vidas. Por outro lado, o médico tem a obrigação moral, e entendo que legal, de informar quais as melhores opções para aquela doença, dando ao paciente a opção de decidir. Por exemplo, alguns seguros de saúde reembolsam o montante fixo correspondente ao valor de um stent, o que obriga indiretamente o médico a restringir o benefício a alguns pacientes. Qual sua projeção quanto ao caminho que será percorrido pela SOLACI nos próximos cinco ou dez anos? A SOLACI ainda sofrerá todas as crises que o crescimento e a juventude costumam trazer. É uma Sociedade muito jovem e muitos membros ainda não têm ideia do que é pertencer a ela, e isso é compreensível. No entanto, o esforço dedicado daqueles que a fundaram e de muitos de nós, que humildemente tratamos de colaborar, não será em vão. Nossos filhos e os filhos de nossos filhos terão uma Sociedade forte e que será um exemplo, se entendermos que a América Latina, apesar de suas diferenças, é uma grande nação e que representa uma força em potencial, apesar de sua juventude, nos planos tanto científico como cultural e econômico. 15 XXXII Congresso da SBHCI Compartilhando conhecimento Expominas, em Belo Horizonte (MG), receberá o XXXII Congresso da SBHCI S O Congresso da SBHCI 2010, que será realizado no centro de convenção Expominas, em Belo Horizonte (MG), nos dias 22, 23 e 24 de julho, está pronto para entrar para a história 16 erão mais de mil congressistas, 49 expositores, 193 trabalhos de temas livres inscritos, mais de 60 horas de aulas e há expectativa de que, durante o evento, a Sociedade ultrapasse o total de mil associados. Para que os números exprimam tamanha grandeza, foi necessário construir um programa científico comparável ao de qualquer congresso internacional. Diversos nomes foram sondados, analisados e 11 deles confirmaram presença no evento. Entre as participações internacionais previstas estão Martin Leon, dos Estados Unidos, que fará sua apresentação ao vivo via satélite, assim como o espanhol Eulogio Garcia. “As novidades da cardiologia intervencionista terão grande destaque, como o tratamento percutâneo das valvopatias e os novos stents, mas, é certo, não nos esquecemos de abordar os tópicos relevantes da nossa prática médica do dia a dia”, afirma Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP), diretor científico da SBHCI. Além do foco na programação científica, a coordenação do Congresso pretende renovar e reduzir as filas de credenciamento que geralmente são formadas no primeiro dia do evento. Todos os pré-inscritos receberão em casa suas credenciais, enviadas pelo correio. Dessa forma, a chegada ao Expominas será mais tranquila, sem correria e com início pontual às 8h30 para a abertura oficial intitulada “Avaliação da Segurança dos Stents Farmacológicos”, que será ministrada pelo cardiologista suíço Stephan Windecker, seguida pela transmissão de um caso ao vivo diretamente de Madri (Espanha). Para atender também àqueles que porventura não puderem participar, mas desejam ter acesso ao conteúdo do Congresso, serão promovidas transmissões em tempo real pelo Portal da SBHCI na internet (www.sbhci.org.br). O encerramento do Congresso acontecerá no sábado, com apresentação de quatro casos ao vivo: dois dirigidos à área de congênitos, abordando fibrodisplasia ossificante progressiva e trazendo à discussão uma mis- celânea de casos interessantes; um caso tratará de tronco de coronária esquerda; e o último caso, que encerrará o Congresso em conferência via satélite, discutirá o tema “O Laboratório de Hemodinâmica do Futuro”. “Será um grande congresso, mas, ao mesmo tempo, pequeno, denso, distribuído em apenas duas salas para cardiopatias adquiridas, uma para cardiopatias congênitas e outra para enfermeiros e técnicos”, afirma Sândoli. De acordo com Marcos Marino (MG), presidente do Congresso, a edição deste ano terá o privilégio de ser realizada na ca- pital mineira em um período do ano propício para passeios turísticos e culturais. “Teremos como novidade um happy hour no primeiro dia do Congresso, após o término das atividades científicas, com o famoso Festival da Comida de Boteco de BH e show musical com Lô Borges – cantor e compositor do grupo Clube da Esquina”, informa Marino. Para ajudar o congressista a desfrutar melhor de Belo Horizonte, será distribuída uma edição especial do Jornal da SBHCI, criada exclusivamente para o evento. A publicação trará informações exclusivas sobre o programa científico, perfil dos palestrantes e um guia de cultura, lazer e turismo de Belo Horizonte e de algumas cidades históricas de Minas Gerais. “Certamente será um momento marcante de nossa Sociedade, com elevado nível científico e de muita confraternização entre amigos, instituições médicas e nossos parceiros da indústria”, afirma Maurício de Rezende Barbosa, presidente da SBHCI. “Para nós, mineiros, será uma honra e uma imensa alegria.” 17 entrevista Philipp Bonhoeffer Simplicidade e carisma O cardiologista alemão é conhecido como uma das pessoas mais brilhantes na área médica dos últimos tempos e derruba o estereótipo da sisudez germânica [João Luiz Manica (RS), Editor] Sempre simpático e atencioso, Philipp Bonhoeffer rouba a cena ao discutir as tecnologias que ajudou a desenvolver ao longo de sua brilhante carreira. P hilipp Bonhoeffer é, atualmente, chefe do Laboratório de Hemodinâmica do Great Ormond Street Hospital, em Londres (Inglaterra). Estudou medicina em Milão (Itália) e se especializou em cardiologia na Universidade de Pádua (Itália). Desde o início de sua carreira, sempre demonstrou interesse no desenvolvimento da cardiologia pediátrica em países em desenvolvimento, especificamente no Leste Africano. Idealizador do sistema de rápida troca para dilatação de válvula mitral, conhecido como sistema MultiTrack, em 2000 desenvolveu a primeira válvula de implante percutâneo para tratamento de regurgitação pulmonar, 18 dando início ao desenvolvimento de novas tecnologias para o implante percutâneo de válvulas cardíacas. Como foi a decisão de estudar medicina? E por que optou pela formação na Itália? Na verdade, sempre me interessei por música. Minha família é composta de músicos e, quando jovem, eu pretendia ser fabricante de violinos. Como não possuía habilidades suficientes para tal, então decidi estudar medicina. Porém, na Alemanha, para se estudar medicina, você precisa ter boas notas durante a escola, o que eu não tinha. Consequentemente, não atingi uma colocação suficiente que me permitisse ingressar na faculdade. A partir daí, procurei outras possibilidades de estudar medicina em algum local da Europa e então fui para a Itália. Acabei chegando a Bergamo e, por completa coincidência, comecei a trabalhar como babysitter dos filhos de Lucio Parenzan, sem saber que ele já era um dos grandes cirurgiões cardíacos pediátricos da Itália na época. Certo dia, quando já me interessava por cardiologia pediátrica durante a faculdade, teci alguns comentários sobre a cirurgia de Jatene e ele, a partir daí, espantado que um estudante de medicina soubesse de algo tão específico, me apoiou durante toda minha formação como cardio- logista e intervencionista na área de cardiopatias congênitas. Como foi o desenvolvimento do sistema MultiTrack para dilatação de estenose mitral? Junto com Lucio Parenzan, desde o começo da década de 1990, estive envolvido em projetos no Quênia para diagnóstico e tratamento de cardiopatias congênitas. O que me deixava muito frustrado é que fazíamos o diagnóstico com o ecocardiograma e os pacientes achavam, após os exames, que estavam curados. Passamos então a desenvolver a intervenção nas cardiopatias congênitas a partir de procedimentos baratos e treinamento de médicos locais. Em decorrência das dificuldades financeiras, os primeiros casos tratados foram de valvoplastia pulmonar e um dos primeiros pacientes foi um paciente adulto, em estado grave de insuficiência cardíaca, com edema generalizado, que não caminhava há muito tempo. Ele chegou ao laboratório, fizemos a valvoplastia pulmonar e o paciente acabou saindo do hospital caminhando. Além disso, a alta incidência de doença reumática e o alto preço do tratamento percutâneo da estenose mitral com as tecnologias existentes na época (balão Inoue) me levaram a desenvolver, juntamente com Allen Tower, da Numed (Nova Iorque, Estados Unidos), um sistema rápido e barato de realizar valvoplastia mitral percutânea, que chamamos de MultiTrack. Que diferenças culturais você salientaria em relação ao povo africano, após todos esses anos de convivência? Com certeza existem diferenças culturais entre os povos da África se comparados com os europeus, por exemplo. Na África, a religião é algo muito forte, e quando as coisas vão bem, tudo bem; entretanto, se não vão bem, eles acreditam muito que isso seja o caminho traça- Philipp Bonhoeffer e Emmanuelle Baldini, spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, em dueto informal. do por Deus. Duas experiências me marcaram muito. Ambos os pacientes foram submetidos a procedimentos cirúrgicos relativamente simples, porém evoluíram desfavoravelmente e acabaram falecendo. Em resumo, eram dois pacientes que morreram de maneira inesperada. No primeiro caso, quando fui falar com os pais sobre esse acontecimento inesperado, foi inacreditável o sentimento de gratidão que eles transmitiram a mim por ter participado da luta contra a morte de seu filho. Eu não conseguia acreditar naquela reação imediata ao recebimento da notícia, mas eles não paravam de agradecer a mim e ao cirurgião por termos sido parceiros na luta pela sobrevivência do filho deles, mas essa era a vontade de Deus, e nada poderia ser feito de modo a mudar a vontade divina. E isso aconteceu novamente logo após esse episódio com outra família. Então percebi que as pessoas de lá reagem de uma maneira muito diferente em razão de suas crenças, ao invés de manifestarem um sentimento de frustração comumente encontrado em nossa sociedade. Enfim, ninguém quer que desfechos ruins acometam seus filhos, porém me parece que na África, em geral, as pessoas possuem soluções melhores para combater esse tipo de problema. Ninguém quer que desfechos ruins acometam seus filhos, porém me parece que na África, em geral, as pessoas possuem soluções melhores para combater esse tipo de problema. 19 entrevista Philipp Bonhoeffer Como foi o desenvolvimento da válvula Melody? É interessante porque fazia pouco tempo tinha implantado, juntamente com Lee Benson (Toronto, Canadá), um stent recoberto para oclusão de fenestração de conduto de Fontan. A partir daí, pensei que se era possível implantar um stent coberto de PTF-e por que não seria possível implantar uma válvula junto com o stent? Então, novamente em parceira com Allen Tower, desenvolvemos em um “laboratório” criado em sua fazenda uma válvula de tecido venoso de jugular bovina suturada a um stent que foi então testada experimentalmente com sucesso. Em 2000, a primeira válvula cardíaca implantável através de cateterismo cardíaco foi utilizada em uma criança de 12 anos de idade em Paris (França). O desenvolvimento dessa tecnologia abriu caminho para o desenvolvimento de válvulas de implante percutâneo em posição aórtica. O mais interessante é que eu achava que essa ideia era absolutamente inédita, o que me motivou bastante a desenvolvê-la. Entretanto, descobri, posteriormente, que o implante percutâneo de válvulas cardíacas havia sido tentado previamente nos anos 70, se não me engano, porém a ideia foi abandonada pouco tempo depois por insucesso da técnica. Provavelmente se eu soubesse dessa tentativa prévia não teria ido tão longe... Quais são as principais indicações para o implante da válvula Melody? A válvula Melody foi desenvolvida basicamente para ser implantada em condutos, para prolongar a vida útil de condutos implantados cirurgicamente na via de saída do ventrículo direito, ou seja, retardar a necessidade de nova intervenção cirúrgica. Entretanto, já está sendo testado experimentalmente o implante da válvula Melody em pacientes portadores de condutos com patch cirúrgico asssociado e, menos frequente, após correção cirúrgica de tetralogia de Fallot com estenose residual e vias de saída aneurismáticas. Qual é a duração estimada dessa válvula? No momento é impossível prever a duração exata dessa válvula biológica implantada percutaneamente; entretanto, o primeiro caso está completando o décimo aniversário sem sinais de calcificação ou deterioração da função valvar. Não se sabe ao certo o porquê, mas a evolução parece melhor que a de homoenxertos biológicos cirurgicamente implantados, sem a deposição de cálcio que leva à necessidade de reintervenção. Você tem ideia de quantos pacientes podem se beneficiar dessa tecnologia inovadora? Essa é uma questão muito complexa, pois se a válvula foi inicialmente desenvolvida para ser implantada em condutos cirúrgicos, então depende do número de pessoas portadoras de condutos, o que depende também do tipo de cirurgia realizada nos diferentes países e da condição socioeconômica de cada país. Isso dificulta muito a realização de tais estimativas. Eu pessoalmente acho que todos os pacientes portadores de condutos cirúrgicos de tamanho definitivo em algum momento de sua vida necessitarão de implante percutâneo de stent valvado. Nas condições econômicas atuais, estima-se que entre mil e dois mil pacientes por ano são beneficiados por essa técnica. Atualmente, a válvula Melody está disponível em todo o mundo? Ainda não. Existem algumas regiões em que o stent valvado ainda não está disponível. A Medtronic colocou o dispositivo no mercado; entretanto, felizmente há bastante cuidado para que sua utilização ocorra da maneira mais segura possível, independentemente do país em que esteja sendo implantado. Isso significa que há um programa educacional para o implante dos stents val- Da esquerda para a direita, João Luiz Manica (RS), Philipp Bonhoeffer (Alemanha), Raul Rossi (RS) e Tzvi Bacaltchuk (RS) durante evento no Rio Grande do Sul. 20 vados que compreende profissionais específicos para a orientação durante a curva de aprendizado. Embora ainda não tenhamos profissionais capazes de realizar um programa de treinamento na América do Sul, estou certo de que a Medtronic terá esses profissionais assim que for possível. Com certeza, esse treinamento ocorrerá em centros em que haja um volume mínimo de casos anuais para que a curva de aprendizado seja sempre ascendente. Em que projeto você se encontra mais envolvido atualmente? O projeto de stents valvados para a via de saída do ventrículo direito ainda não está no fim, pois há muitos pacientes com regurgitação pulmonar sem condutos previamente implantados e a mortalidade desses pacientes com insuficiência pulmonar grave é bastante alta e ligada a dilatação do ventrículo direito e arritmias. Então, a ideia é produzir dispositivos valvados que possam ser utilizados também em pacientes que não possuem condutos cirúrgicos e com vias de saída aneurismáticas, não necessariamente estenóticas. A diferença básica desses dispositivos para os atuais é que são autoexpansíveis. E tendo em vista a grande variabilidade anatômica desses pacientes, a ideia é produzir alguns modelos diferentes que possam ser escolhidos no momento do implante de acordo com cada paciente, pois seria praticamente impossível desenvolvê-los de maneira individual. Tivemos a oportunidade de utilizar esse dispositivo de segunda geração em um paciente com insuficiência pulmonar grave com contraindicação para procedimento cirúrgico por causa do alto risco. Esse paciente recebeu o dispositivo em janeiro de 2009 e apresentou melhora significativa do quadro clínico. Em resumo, acho que estamos no começo de uma caminhada em relação aos implantes valvares. Desenvolvemos os dispositivos de primeira geração e, atualmente, pessoas em diversos lugares do mundo estão trabalhando para produzir novos dispositivos cada vez melhores, tanto em relação à pulmonar quanto à aorta, e espero que tenham sucesso. Há 135 anos contribuindo com a saúde, o bem-estar e a tecnologia. take-a-coffee.com Eu pessoalmente acho que todos os pacientes portadores de condutos cirúrgicos de tamanho definitivo em algum momento de sua vida necessitarão de implante percutâneo de stent valvado. Bransist Safire HC9 Slender Heart Speed 10F São Paulo (11) 2134.1688 • Rio de Janeiro (21) 2556.5171 Bahia (71) 3233.4176 • Rio Grande do Sul (51) 3225.9106 w w w. s h i m a d z u . c o m . b r 21 EUROPCR 2010 ENTREVISTA COM TED FELDMAN Tratamento percutâneo das doenças valvulares em foco Ted Feldman comenta o tratamento percutâneo das doenças valvulares e fala sobre o estudo EVEREST II [Daniel Chamié (SP) e Carlos Augusto Campos (MG), coeditores do Portal da SBHCI] S ob o forte calor da primavera em Paris (França), o EuroPCR 2010 bateu o recorde de participantes desde sua primeira edição: 13.109 pessoas reuniram-se, entre os dias 25 e 28 de maio, para discutir e debater sobre as últimas técnicas, atualizações, descobertas e novas opções de tratamento para as doenças cardiovasculares. Um dos focos de discussão foram as comparações entre diferentes plataformas de stents farmacológicos, bem como análises mais abrangentes dos stents farmacológicos de segunda geração. Outro destaque foram os mais recentes registros sobre implante valvar aórtico percutâneo de diversos países europeus, que teve lugar em uma concorrida sessão plenária na arena principal do congresso. Foram apresentadas as experiências dos países europeus em que o programa de implante valvar aórtico percutâneo se encontra mais avançado. A abordagem atual incluiu grandes amostras de pacientes, com foco nas taxas de sucesso do procedimento, na ocorrência de eventos intra-hospitalares e a longo prazo, bem como na comparação (indireta) entre diferentes dispositivos e vias de acesso. Em uma conversa exclusiva e informal com Daniel Chamié (SP) e Carlos Augusto Campos (MG), Ted Feldman, inves- tigador principal do estudo EVEREST II e diretor do Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista da Divisão de Cardiologia do Evanston Hospital (Illinois, Estados Undios), falou sobre a utilização do dispositivo MitraClip para tratamento percutâneo da insuficiência mitral e também teceu alguns comentários acerca do programa de implante valvar aórtico percutâneo, assunto amplamente apresentado e debatido durante o evento. O que os resultados do EVEREST II não mostraram? O que está por trás dos números? Nesse estudo, tive a oportunidade de acom- EuroPCR 2010 foi marcado pela apresentação das experiências dos países europeus em relação ao programa de implante valvular aórtico percutâneo. 22 panhar pacientes com insuficiências mitrais graves e acentuada disfunção ventricular, com importante limitação funcional e alto risco para cirurgia. Muitos apresentavam dispneia grave para atividades triviais. No estudo EVEREST II, pudemos observar a grande melhora clínica e da qualidade de vida de muitos desses pacientes após a plastia mitral percutânea com o dispositivo MitraClip para correção da insuficiência mitral. Neste momento, me recordo de um paciente específico com grave insuficiência mitral e hipertensão pulmonar acentuada (pressão sistólica da artéria pulmonar em torno de 75 mmHg), altamente sintomático, que mal conseguia se alimentar por conta de intensa dispneia ao comer. No momento do procedimento notamos significativa queda da pressão pulmonar (para cerca de 50 mmHg), com redução progressiva chegando a mais ou menos 35 mmHg no sexto mês de seguimento, acompanhada de expressiva melhora da classe funcional e da qualidade de vida. Observamos também que, apesar de alguns pacientes permanecerem com insuficiência mitral 3+, a melhora sintomática persistia. Dessa forma, acredito que os pacientes mais graves e sintomáticos são aqueles que podem apresentar benefícios mais exuberantes com esse tratamento. O senhor apresentou uma subanálise do estudo EVEREST II, estratificando os resultados do emprego do MitraClip de acordo com a etiologia da insuficiência mitral: degenerativa vs. funcional. Em ambos os cenários os resultados foram favoráveis. Percebemos que a etiologia reumática, bastante frequente em nosso País, não foi investigada. Existe alguma razão para isso? Quando fazemos a plicatura dos folhetos mitrais com o clipe, em geral obtemos redução da área valvar de até um terço em relação a seu diâmetro inicial. No estudo EVEREST II, uma área valvar inicial menor que 4 cm² foi critério de exclusão. Com frequência, o paciente portador de insuficiência mitral reumática apresenta insuficiência valvar sem dilatação do anel ou mesmo com redução de seu diâmetro. Dessa forma, a utilização do clipe poderia acentuar ainda mais essa redução do anel, gerando algum grau de estenose. A etiologia reumática foi critério de exclusão no O norte-americano Ted Feldman debateu sobre o programa de implante valvar aórtico percutâneo. EVEREST II. Além disso, esses pacientes costumam ter acometimento dos folhetos valvares e sistema de sustentação subvalvar, que com frequência se encontram acentuadamente espessados. Foram apresentados resultados de grandes registros abordando o implante valvar percutâneo aórtico (TAVI) em pacientes de alto risco cirúrgico. Já temos um grande número de pacientes tratados, com resultados agudos e de médio prazo favoráveis para uma população de risco bastante elevado. O senhor acha que é chegado o momento de ampliar as indicações para pacientes de menor risco? Acredito que ainda não seja o momento. Algumas perguntas ainda não foram respondidas. Temos observado que em alguns casos a prótese valvar apresenta bom comportamento até o quinto ano e, a partir daí, rápida degeneração até o sétimo ano. Em alguns casos, podemos tratar a disfunção protética com implante de nova prótese (valvein-valve). Os pacientes tratados com TAVI atualmente são, de maneira geral, idosos e com múltiplas comorbidades. Com isso, tendem a ter sobrevida limitada, independentemente da valvopatia aórtica. Dados de evolução muito tardia ainda não estão disponíveis. Em geral, os pacientes falecem antes mesmo que se possa notar sinais de degeneração da prótese. Em pacientes mais jovens e de menor risco, em quem esperamos maior sobrevida, poderíamos acompanhar a história natural da durabilidade das próteses percutâneas. No entanto, seria possível a realização de múltiplos implantes para o tratamento de disfunções sucessivas? Na maioria dos registros de TAVI foram apresentadas comparações indiretas entre as próteses Corevalve e Edwards Sapien. Foi uma constante a maior necessidade de implante de marca-passo nos pacientes que receberam a Corevalve. O senhor acha que isso pode ser um limitante para o futuro desse dispositivo? Não podemos dizer isso. Apesar de ser um evento indesejável, ainda temos muito o que descobrir. Os preditores ainda não foram completamente identificados. Não tenho resposta para esta pergunta. Acredito que os pacientes mais graves e sintomáticos são aqueles que podem apresentar benefícios mais exuberantes. 23 atualização científica ACC 2010 O congresso minimalista Ao contrário de outras edições, o Congresso provou que menos é mais, já que a introdução de novas drogas, o aumento de doses e as estratégias agressivas de tratamento não foram efetivos em muitos estudos [Alexandre Schaan de Quadros (RS), diretor de Comunicação, e Áurea Jacob Chaves (SP), editora da RBCI] P ela quarta vez consecutiva, a SBHCI conferiu de perto as novidades do 59o Congresso Científico Anual do American College of Cardiology (ACC.10), realizado no mês de março, em Atlanta, nos Estados Unidos. O tempo chuvoso e o frio de menos de 10ºC não foram suficientes para espantar os mais de dois mil congressistas que participaram do evento. Nesse congresso anual, um dos maiores – para não dizer o maior – eventos científicos da cardiologia mundial, são debatidas muitas questões importantes, e novas descobertas, drogas e estratégias de tratamento são anunciadas em primeira mão, colaborando para aprimorar nossa prática. A cardiologia tem avançado muito rapidamente nos últimos anos, e a introdução de diversas terapias diminuiu a mortalidade e os eventos recorrentes em diversos cenários clínicos. Tendo em vista esse conceito, a expectativa em torno da edição de 2010 desse congresso não poderia ser diferente. Entretanto, ao contrário dos anos anteriores, o ACC.10 demonstrou que menos é mais. Os discursos apresentados indicaram que a introdução de novas drogas, o aumento de doses e as estratégias agres- sivas de tratamento não foram efetivos em muitos estudos, e em alguns casos foram até mesmo deletérios. Durante as sessões, ficou comprovado, pelos estudos ACCORD BP e INVEST, que o controle agressivo da hipertensão arterial sistêmica não deve ser realizado em pacientes diabéticos de alto risco cardiovascular. O estudo RACE II não provou nenhum benefício do controle estrito da frequência cardíaca em pacientes com fibrilação atrial crônica. E o estudo ACCORD não evidenciou vantagens da associação de fenofibrato à estatina em diabéticos de alto risco. Entre outras análises apresentadas na grade da programação científica, verificamos que o estudo NAVIGATOR não demonstrou benefício da nateglinida e do valsartan para diminuição de eventos em pacientes diabéticos, embora o valsartan tenha diminuído a incidência de diabetes melito. E o estudo CILON, que analisou o benefício da adição do cilostazol à terapia antiplaquetária usual na prevenção de eventos vasculares isquêmicos após angioplastia com stent farmacológico, também não foi positivo. Ficou evidente também que o estudo DES-LATE não corroborou o uso do clopi- dogrel após 12 meses da realização de intervenções coronárias percutâneas, e, segundo o estudo SORT OUT III, o stent de segunda geração com zotarolimus foi inferior ao de primeira geração com sirolimus. A questão que fica é: será que devemos considerar todos esses estudos negativos como um fracasso do Congresso e do modelo de ciência conduzido atualmente? A resposta é não, justamente porque a condução desses estudos e o teste dessas várias hipóteses pelo método científico adequado dão mais segurança aos cardiologistas intervencionistas para a tomada de decisão na prática clínica diária. Muitos desses resultados devem ser encarados com base na antiga máxima da ética médica Primum non nocere, ensinada nos bancos escolares por nossos antigos e sábios professores. Na dúvida da efetividade de um novo tratamento ou na incerteza entre um tratamento mais ou menos invasivo, o ideal é optar por aquele com menor risco e maior conforto para o paciente, seja pensando em usar determinada medicação por mais ou menos tempo, com dose mais alta ou mais baixa, seja para indicar um tratamento invasivo ou não, percutâneo ou cirúrgico. A cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, recebeu o congresso anual do Amercian College of Cardiology. 24 eleições Pleito encerrado A A Sociedade Brasileira de Cardiologia divulga resultado da eleição para a gestão 2012-2013. A nova Diretoria contará com o trabalho de três hemodinamicistas eleição para a Presidência da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), gestão 2012-2013, chegou ao fim. No dia 18 de junho, o resultado foi divulgado pelo site da entidade, apontando Jadelson Andrade (BA) como presidente da Sociedade. A notícia é especialmente relevante para a SBHCI, porque, na equipe de Andrade, estarão três hemodinamicistas da nossa Sociedade: Luiz Alberto Mattos (SP), ex-presidente da SBHCI, será diretor científico da próxima gestão; Alexandre Schaan de Quadros (RS), atual diretor de Comunicação da nossa entidade, será o coordenador do Conselho de Registros; e Antônio Carlos de Camargo Carvalho (SP), diretor de Educação Médica Continuada da SBHCI. A eleição deste ano teve número expressivo e recorde de votantes, sendo 48% superior à eleição anterior. De acordo com a Comissão Eleitoral e de Ética Profissional da SBC, 3.026 cardiologistas participaram do pleito para o segundo turno. Confiança baseada em Evidências Stent Coronário com Biolimus A9 e Polímero Absor vível T romb b ose Intrr asten nt % 20 SPE SEB 9 9,9 10,0 10,7 0% 1 0% 0% 8,5 8,0 NOBORI 6,6 Reestenose TSA TTA % SEE 18,8 17,0 14,2 NOBORI 10 SES SEP SEZ 24,6 23,0 BA9 com PLA é licenciado pela Biosensors International Group Ltd. para TERUMO CORPORATION Reestenoss e e RLA A RLA 0,4% 0,3% 0,2% 0,3% SES SEP 0,5% SEZ 0,7% SPE NOBORI •Pequenos Pequenos Vasoss sbc 0% 0% 1,1% SEB SEE 2.211 pacientes Perda Tardia Taa rdia T rombo o se Intrr asten nt mm % 0,53 0,5 0,46 0,33 1 0,26* SES SEP SEZ SPE SEB 0% 0,24* SEE SES 0% 1,0% 1,0% 0,9% 0% 0% 0,8% SEP SEZ SPE SEB SEE 0,6% *p<0,05 para SEZ, SPE. SEB - Stent Eluidor de Biolimus A9 SES - Stent Eluidor de Sirolimus SEP - Stent Eluidor de Paclitaxel SEZ - Stent Eluidor de Zotarolimus SEE - Stent Eluidor de Everolimus SPE - Stent com Células Progenitoras Endoteliais TSA TTA 0,5% 0,4% NOBORI 0,27* 0,2% NOBORI •Diabéticos 1.481 pacientes, 2.507 lesões TSA - Trombose Subaguda TTA - Trombose Tardia Angiográfica gráfica ã Al RLA - Revascularização da Lesão-Alvo. Fonte: TCT 2009 - Nakamura, S. New Tokyo Hospital Registry from 2002 to 2007. Dados em Arquivo www.terumo.com.br 25 panorama Novo Código de Ética Médica Um novo código para um novo tempo Reunião da Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica, que aprovou as alterações do documento em sessão na sede do Conselho Federal de Medicina, em Brasília (DF). O novo Código de Ética Médica trata, entre outros temas, dos direitos dos médicos, da responsabilidade profissional, da relação com pacientes e familiares, da relação entre médicos, do sigilo profissional e da pesquisa médica [Luciana Constant Daher (GO), editora] 26 A pós dois anos de ampla consulta pública, no mês de abril entrou em vigor o novo Código de Ética Médica (CEM), aprovado entre conselheiros federais e regionais de medicina, membros de sindicatos e sociedades de especialidades, além de representantes de várias entidades médicas. São normas que elevam a relação entre médico e paciente a outro patamar e respondem, prontamente, aos dilemas impostos pela evolução da tecnologia e das relações sociais. O novo Código de Ética preserva a essência do código anterior, em vigor desde 1988, mesmo ano em que foi publicada a Constituição Federal. Ao longo das duas últimas décadas não foram poucas as novas questões éticas colocadas pela evolução dos conhecimentos e das práticas no campo da medicina. Além de considerar as mudanças sociais, jurídicas e científicas, o novo Código levou em conta os atuais códigos de ética médica de outros países, e considerou elementos de jurisprudência, posicionamentos que já integram pareceres, decisões e resoluções da Justiça, das Comissões de Ética locais às resoluções éticas do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselhos Regionais. Foram revistos artigos polêmicos, que versavam sobre delicados princípios fundamentais da medicina (a prestação de serviços que contrariam os avisos da consciência do médico, o sigilo sobre atos profissionais e a proteção aos sujeitos de pesquisa). Também foram abordadas a responsabilidade profissional e as ações vedadas (danos por ação ou omissão, abandono de plantão, flagrante ilegibilidade caligráfica nas receitas, atestados e laudos, descumprimento de legislação sobre transplante de órgãos ou tecidos e modificação genética). Porém nem tudo mudou. Mantiveram-se os princípios tradicionais que regem a prática médica, desde o juramento de Hipócrates: a honestidade e a dedicação do médico, e sua obrigação de preservar a vida, de não prejudicar os doentes, mas sim respeitar seus interesses, sua privacidade e a confidencialidade. O paciente é um dos mais beneficiados com a mudança. Um dos Roberto Luiz d’Ávila (RJ), presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM). objetivos mais claros do novo Código é tornar a relação médico-paciente mais transparente, participativa e comprometida, uma vez que o paciente irá naturalmente comprometer-se mais, participando das decisões. Outro ponto mantido é a dupla finalidade do conjunto de deveres médicos, que supõe a autonomia da prática profissional e também sua regulação. O CEM serve de referência para a atuação judicante dos Conselhos de Medicina ao mesmo tempo em que é o guia dos médicos em sua prática cotidiana a serviço dos pacientes. Para promover essa atualização do documento, a Comissão Nacional e as comissões regionais de Revisão do Código de Ética Médica – integradas por representantes do Ministério Público, Poder Judiciário, Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e Associação Médica Brasileira (AMB) – fizeram uma minuciosa avaliação de 2.575 sugestões de alteração encaminhadas por médicos e entidades organizadas, entre 2007 e 2009. Dessa forma, foram criados os parâmetros do que se sugere ser uma ação médica responsável e ética. Para o CFM, o desafio está posto aos 350 mil médicos brasileiros em atividade, além de 50 mil estudantes de escolas de medicina que se aproximam da conclusão de seus cursos. “É preciso estudar o que mudou, incorporar essa nova realidade à rotina e informar aos companheiros de trabalho as diretrizes que inserem os profissionais no século 21”, afirma Desiré Carlos Callegari (SP), primeiro secretário do CFM e presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo. “Seremos cobrados por isso e temos de dar a resposta. Neste momento, precisamos mostrar mais uma vez que os médicos brasileiros estão prontos para servir, orientar, cuidar e tratar com ética e responsabilidade.” Opinião do Conselho Federal de Medicina Roberto Luiz d’Ávila (SC), presidente do CFM Todas as profissões estão submetidas ao controle da conduta moral de quem as exerce, com base em código de comportamento ético-profissional e mecanismos de fiscalização. São re- 27 panorama Novo Código de Ética Médica Para o Conselho Federal de Medicina, o desafio está posto aos 350 mil médicos brasileiros em atividade, além de 50 mil estudantes de escolas de medicina. gras que explicitam direitos e deveres. Assim, num tempo em que o cidadão tem cada vez mais acesso à informação e consciência das possibilidades legais de questionar o que lhe é oferecido, o novo Código de Ética Médica exige da sociedade o compromisso com a qualificação do ensino médico. Mais de duas décadas após a versão anterior – da época em que os planos de saúde ainda não eram regulamentados –, o novo documento se enquadra num universo onde o modelo assistencial brasileiro se confirma com uma das mais importantes políticas sociais do mundo, mesmo com fragilidades que exigem reflexão sobre seu futuro. Acreditamos que o novo Código oferecido pelos médicos à sociedade estimula esse debate. Previsões otimistas indicam que o Brasil caminha para em breve consolidar seu espaço entre as grandes potências mundiais. No entanto, inexiste uma discussão profunda e real sobre como esse novo contexto será tratado pela assistência em saúde. Se, por um lado, garantimos a atualização das regras da ética médica, por outro queremos uma resposta que garanta o financiamento adequado ao Sistema Único de Saúde (SUS), uma política de recursos humanos para o setor atenta às necessidades das diferentes categorias e da população e, sobretudo, uma análise que considere a convivência harmoniosa entre público e privado na prestação dos serviços de saúde. Enfim, temos um novo Código, mas não uma nova ética. Contamos agora com um instrumento atualizado, de olhar agudo para os dilemas da atuali- Aldemir Humberto Soares (SP), secretário-geral da Associação Médica Brasileira (AMB). 28 dade. Certamente, os médicos estarão atentos para realizar os ajustes percebidos como fundamentais, garantindo, assim, que a medicina brasileira continue a avançar lado a lado com a justiça e a ética. Opinião da Associação Médica Brasileira Aldemir Humberto Soares (SP), secretário-geral da AMB O antigo Código de Ética Médica foi finalizado em 1988. Em vinte anos, a medicina mudou muito. Sendo assim, precisávamos de uma atualização, que abrangesse os importantes avanços obtidos pela medicina nos últimos anos. Uma das principais novidades trazidas pelo novo Código é conferir ao doente autonomia para decidir sobre seu tratamento, destacando o direito à informação sobre a própria saúde e às decisões sobre o tratamento, sempre em parceria com o médico. Aqui entram os importantes conhecimentos da medicina paliativa. Outro ponto é a recomendação de que os médicos não devem se submeter à pressão de hospitais e clínicas para atender maior número de pacientes por jornada. Outra mudança diz respeito à medicina de reprodução. O novo Código proíbe a criação de embriões para pesquisa e a escolha do sexo do bebê nas clínicas de reprodução assistida. Vale dizer que, para os que entendem a importância da medicina e do Código de Ética Médica como indicação da boa conduta amparada pela ética, é suficiente a leitura do atual texto, sem necessidade de preparação complementar. A AMB espera maior conscientização dos médicos brasileiros sobre a necessidade de dedicar maior tempo ao bem-estar dos pacientes. Destaques do novo Código de Ética Médica REMUNERAÇÃO PROFISSIONAL É proibido remunerar por paciente encaminhado “Oferecer ou aceitar remuneração ou vantagens por paciente encaminhado ou recebido, bem como por atendimentos não prestados.” (Cap. 8, Art. 59). Este princípio já constava das Diretrizes de Qualidade Profissional da SBHCI desde 2008. RELAÇÕES COM FARMÁCIAS O médico não pode ter relação com comércio e farmácia “Exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, indústria farmacêutica, óptica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação, promoção ou comercialização de produtos de prescrição médica, qualquer que seja sua natureza.” (Cap. 8, Art. 68). “É vedado ao médico exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia ou obter vantagem pelo encaminhamento de procedimentos, pela comercialização de medicamentos, órteses, próteses ou implantes de qualquer natureza, cuja compra decorra de influência direta em virtude de sua atividade profissional”. (Cap. 8, Art. 69). Essas práticas prejudiciais também estão descritas nas Diretrizes de Qualidade Profissional da SBHCI como prejudiciais à atuação médica. ABANDONO DE PACIENTE O médico não pode abandonar o paciente “É vedado ao médico abandonar paciente sob seus cuidados.” (Cap. 5, Art. 36) § 1o: “Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou a seu representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder.” ANÚNCIOS PROFISSIONAIS É obrigatório incluir o número do CRM em anúncios “É vedado ao médico deixar de incluir, em anúncios profissionais de qualquer ordem, o seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina.” (Cap.12, Art. 118) Parágrafo único: “Nos anúncios de estabelecimentos de saúde devem constar o nome e o número de registro, no Conselho Regional de Medicina, do diretor técnico.” APOIO À CATEGORIA O médico deve apoiar os movimentos da categoria “O médico será solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja por remuneração digna e justa seja por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Medicina e seu aprimoramento técnico-científico.” (Cap. 1, XV) CONDIÇÕES DE TRABALHO O médico pode recusar a exercer a medicina em locais inadequados “É direito do médico recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar a própria saúde ou a do paciente, bem como a dos demais profissionais. Nesse caso, comunicará imediatamente sua decisão à comissão de ética e ao Conselho Regional de Medicina.” (Cap. 2, IV) CONFLITO DE INTERESSES O médico é obrigado a declarar conflitos de interesses “É vedado ao médico deixar de zelar, quando docente ou autor de publicações científicas, pela veracidade, clareza e imparcialidade das informações apresentadas, bem como deixar de declarar relações com a indústria de medicamentos, órteses, próteses, equipamentos, implantes de qualquer natureza e outras que possam configurar conflitos de interesses, ainda que em potencial.” (Cap. 12, Art. 109) “É vedado ao médico anunciar títulos científicos que não possa comprovar e especialidade ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e registrado no Conselho Regional de Medicina.” (Cap. 12, Art. 109) CONSENTIMENTO ESCLARECIDO O paciente precisa dar o consentimento “É vedado ao médico deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte.” (Cap. 4, Art. 22) DIREITO DE ESCOLHA O médico deve aceitar as escolhas dos pacientes “No processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com seus ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas.” (Cap. 1, XXI) LIMITAÇÃO DE TRATAMENTO Nada pode limitar o médico em definir o tratamento “Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou de instituição, pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios cientificamente reconhecidos a serem praticados para o estabelecimento do diagnóstico e da execução do tratamento, salvo quando em benefício do paciente.” (Cap. 1, XVI) RESPONSABILIDADE A responsabilidade médica é pessoal e não pode ser presumida “É vedado ao médico causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência.” (Cap. 3, Art. 1o) Parágrafo único: “A responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser presumida.” SEGUNDA OPINIÃO O paciente tem direito a uma segunda opinião e a ser encaminhado a outro médico “É vedado ao médico opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião solicitada pelo paciente ou por seu representante legal.” (Cap. 5, Art. 39) “É vedado ao médico deixar de encaminhar o paciente que lhe foi enviado para procedimento especializado de volta ao médico assistente e, na ocasião, fornecer-lhe as devidas informações sobre o ocorrido no período em que por ele se responsabilizou.” (Cap. 7, Art. 53) “É vedado ao médico desrespeitar a prescrição ou o tratamento de paciente, determinados por outro médico, mesmo quando em função de chefia ou de auditoria, salvo em situação de indiscutível benefício para o paciente, devendo comunicar imediatamente o fato ao médico responsável.” (Cap. 7, Art. 52) 29 panorama Novo Código de Ética Médica Opinião da Sociedade Brasileira de Cardiologia Fábio Sândoli de Brito (SP), diretor de Qualidade Assistencial da SBC O novo Código de Ética é um normalizador da conduta dos médicos que se modernizou. Fala sobre transplantes e células-tronco, entre outros assuntos atuais, que, evidentemente, o código antigo não menciona. É importante dizer que a ética médica está no profissional, e não no código. O médico aprende a ser ético desde a escola, por meio da educação dos pais, da vida que ele leva na faculdade e, depois, na profissão. O médico não ético também depende de toda essa informação, e não é o código que vai mudar isso. Um ponto interessante do Código é a menção que caracteriza como falta de ética a prática de procedimentos desnecessários. Um exemplo de problema de ética discutível é a solicitação exagerada de exames – costume generalizado nos atendimentos dos planos de saúde, que pedem exames de A a Z. Costumo dizer que é a high tech no touch (alta tecnologia sem toque), em que o profissional mal examina o paciente. Seria ético se os médicos voltassem a conversar, examinar, usar o estetoscópio, e isso não está acontecendo na medicina moderna. A SBC possui uma Diretoria de Qualidade Assistencial, que visa a melhorar o atendimento ao paciente. A base é seguir as diretrizes, normas aprovadas por especialistas sobre o que é bom para o paciente. Embora não esteja explícito no Código, quando se fala em não praticar procedimentos desnecessários, obviamente as diretrizes não estão sendo seguidas. Somente implantaremos um stent quando for preciso; colocaremos um marca-passo quando necessário; pediremos exames complexos quando forem essenciais ao tratamento. Devemos olhar hoje a ética médica como Fábio Sândoli de Brito (SP), diretor de Qualidade Assistencial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). uma maior dedicação do médico ao paciente como pessoa. Devemos tratar pessoas, e não exames. E lutar pelo tripé da qualidade assistencial: o título de especialista que qualifica o médico, as diretrizes que classificam o que o médico está fazendo e a qualificação dos serviços que fazem os exames. Opinião da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI Entre as transformações do mundo moderno que testemunhamos nas últimas décadas, destacam-se o desenvolvimento da informação rápida através dos novos meios de comunicação e os grandes avanços na medicina. A cardiologia inter- vencionista protagonizou um rápido progresso, consolidando a intervenção percutânea com stents como a modalidade predominante de tratamento da doença obstrutiva coronária. Neste período de grandes mudanças vigorou o Código de Ética de 1988, que é um bom documento, mas foi necessária sua atualização, ajustando-o às mudanças dos últimos 22 anos. É importante que o Código seja estudado e conhecido e que tenha, principalmente, suas premissas praticadas. O novo texto destaca a importância da participação dos pacientes e familiares no processo de tomadas das decisões durante o tratamento médico, observando sempre as práticas reconhecidas cientificamente. Esse entendimento é sem dúvida o caminho adequado para melhores resultados clínicos, minimizando os problemas e lití- O médico não ético também depende de toda essa informação, e não é o código que vai mudar isso. Fábio Sândoli de Brito, diretor de Qualidade Assistencial da SBC 30 gios. O novo código reza que é vedado ao médico oferecer ou aceitar remuneração por paciente encaminhado, assim como é vedado exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia ou indústria, aspectos já contemplados na Diretriz de Qualidade Profissional da SBHCI publicada em 2008. Afirma o Código de Ética que são direitos do médico indicar o procedimento adequado a seu paciente e estabelecer seus honorários de forma digna e justa. O novo texto, atual e objetivo, fala ainda sobre direitos humanos e relação com pacientes e familiares, destaca a importância dos documentos médicos e orienta a prática do ensino e a pesquisa. O Código deve ser estudado minuciosamente e incorporado a nossa prática clínica diária, visando à constante evolução na relação entre o médico e o paciente, implementando constantemente os resultados da cardiologia intervencionista. Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI. PRO-Kinetic Energy Sistema de Stent Coronário de Cromo e Cobalto Força e Performance PRO-Kinetic Energy, stent de Cromo-Cobalto é a nova geração de stents coronários da BIOTRONIK. O novo sistema melhora o cruzamento da lesão e oferece uma navegabilidade aprimorada. 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Força de vontade e disciplina representam a volta por cima do jo- 32 gador, que recebeu o diagnóstico de doença cardíaca em plena atividade. Em 1996, Washington descobriu que tinha diabetes e chegou a pensar que não poderia mais jogar. Foi obrigado a mudar radicalmente sua rotina, ter sua dieta controlada por nutricionistas, monitorar constantemente a glicose e realizar aplicações diárias de insulina. Seis anos depois, quando defendia o clube Fenerbahce, na Turquia, o jogador começou a apresentar angina, e um cateterismo demonstrou a presença de cardiopatia isquêmica com estenose de 90% em uma das artérias coronárias. Foi submetido às pressas a uma angioplastia coronariana na cidade de Istambul, quando recebeu seu primeiro stent. A recuperação ia bem, mas a rela- ção com o clube turco não, e foi logo afastado do time. “Foi um momento delicado, mas também um período de aprendizado”, conta Washington. “Estava em um país que não era o meu e tive de superar as dificuldades que apareceram”, afirma, lembrando que não recebeu apoio do clube, que deixou de pagar seu salário. Voltou ao Brasil e, numa bateria de exames seis meses depois do tratamento, um grupo de cardiologistas intervencionistas, liderado por Costantino Costantini (PR), demonstrou reestenose no stent previamente implantado, e progressão da doença em outro vaso. Naquele momento, o chão de Washington desmoronou. “Fiquei assustado e só pensava na família. Passei a estudar o meu problema e a ter acompanhamento médico constante”, conta. Em 2003, o jogador recebeu dois novos stents, dessa vez recobertos com rapamicina. Após passar por uma série de novos testes que apresentaram resultados animadores, foi finalmente liberado para a prática do esporte. Em 2004, Washington voltou a jogar pelo Clube Atlético Paranaense, onde recebeu o apelido de “Coração Valente” por comemorar cada gol marcado batendo a mão direita no peito. “Foi uma volta triunfal e sou grato demais a esse clube. A torcida me abraçou e lá tive a certeza de que minha carreira ainda tinha muito que percorrer”, conta. Ele tinha razão. Desde então vem apresentando um desempenho invejável. Conquistou títulos por equipe e pessoais. Foi recordista do Campeonato Brasileiro em 2004, com 34 gols (o maior número de conclusões da his- tória em um único torneio); recebeu os prêmios Bola de Prata e Chuteira de Ouro da Revista Placar no mesmo ano; foi artilheiro do campeonato japonês em 2006; foi o maior goleador do Mundial de Clubes em 2007; e conquistou novamente a artilharia do Brasileirão e a Bola de Prata em 2008. Casado e pai de duas filhas, Washington atribui suas vitórias, dentro e fora de campo, a sua família e a Deus. “Esses são os principais alicerces da minha vida”, diz. Em ano de Copa do Mundo, o assunto “seleção” não poderia ficar de fora. Washington vestiu a amarelinha por dez jogos entre 2001 e 2002. “A Seleção Brasileira sempre conta com uma grande variedade de atacantes para convocar. Tive minha chance, poderia ter outras depois, mas não vou ficar lamentando”, diz o jogador. “Cada treinador tem suas preferências e já vimos grandes craques não terem oportunidade de jogar pelo Brasil.” Hoje Washington encara a situação como uma oportunidade de viver mesmo tendo a doença. “Hoje me sinto perfeitamente saudável e afirmo que tenho até menos riscos que os outros jogadores, pois estou sempre monitorando meu corpo e realizando exames quase que semanais”, diz o atleta. “Já faz parte do meu cotidiano, como almoçar ou tomar banho.” Desde dezembro de 2008, Washington defende o São Paulo Futebol Clube. “Gostaria de atuar mais. Acho que o jogador que está satisfeito por ficar no banco deve procurar outra profissão”, diz o artilheiro do clube paulista. “Vou continuar trabalhando forte e sei que meu momento novamente vai chegar.” Hoje me sinto perfeitamente saudável e afirmo que tenho até menos riscos que os outros jogadores. 33 opinião Novo Código de Ética Médica: grande passo A práxis médica é regida por códigos de conduta e o Código de Hamurabi foi o primeiro código regulamentador conhecido da atividade médica [Luciana Constant Daher (GO), editora] S éculo da tecnologia. Assim foi chamado o século XX, quando, especialmente em sua segunda metade, a humanidade adquiriu conhecimentos como jamais observado em toda a história. Já o século XXI registrou, na primeira década, o surgimento de um arsenal diagnóstico e terapêutico considerável nas áreas de imagens e terapias gênicas, entre inúmeras outras. A influência da ciência e das descobertas tecnológicas na medicina teve impacto profundo na prática médica, com um número crescente de desafios éticos, entre eles o de como distribuir igualitariamente as conquistas médicotecnológicas num país com uma distribuição de renda tão desigual como o Brasil. Hamurabi (1728-1686 a.C.), o soberano que mais se destacou na Mesopotâmia, elaborou o primeiro código regulamentador da atividade médica de que se tem notícia. Conhecido como Código de Hamurabi, consistia na verdade de um conjunto de leis e punições destinadas a toda a sociedade babilônica de então. Coube a Hipócrates (Cós, 460–Tessália, 377 a.C.), médico da Antiga 34 Grécia e considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da saúde, frequentemente considerado “pai da medicina”, o abandono do misticismo e a introdução da racionalidade na medicina, criticando, entretanto, o racionalismo a priori da filosofia. Assim, para compreensão da doença, o único caminho era o exame do corpo de cada homem no seu caráter mais singular, pura aplicação da razão associada ao humanismo. Na atual época de avanços tecnológicos inimagináveis, não há como esquecer a importância do diálogo permanente entre tecnologia e ética. Tecnologia e humanismo não são incompatíveis; ao contrário, somam-se à promoção da melhoria da qualidade de vida. Para atender às demandas dessa atual e complexa sociedade, entrou em vigor, em abril de 2010, o novo Código de Ética Médica. Ele contempla com regras mais claras a prática médica diante dos avanços tecnológicos da última década, privilegiando inequivocamente a relação médico-paciente. O documento reforça o caráter profundamente humano dessa relação e dá ênfase à autono- mia do paciente, colocando-o como coautor de seu tratamento, ao contrário do que propunha o princípio hipocrático, quando os pacientes eram meros destinatários das condutas médicas, uma clara relação paternalista que não é mais aceita pela sociedade atual. O novo código se tornou mais abrangente não somente por tratar do ato médico diante do paciente, mas por estender suas normas à gestão em saúde, ao ensino médico e à pesquisa. Pela primeira vez são abordadas questões sensíveis como manipulação genética, impondo restrições explícitas a seu uso indevido, sexagem ou eugenia. No campo das pesquisas científicas, além do consentimento obrigatório do paciente para participar dessas pesquisas, especifica a necessidade da declaração de conflito de interesses na relação do médico com a indústria farmacêutica e/ou fabricante de equipamentos. Esse é um inestimável avanço na garantia de isenção e transparência na pesquisa, fundamental para essa relação personalíssima que é a relação médico-paciente. Medicina não é uma atividade comercial, e não deve pairar nenhuma sombra sobre a isenção de uma proposta terapêutica. Há muito a ser conquistado nas questões de políticas públicas, como melhoria da infraestrutura e remuneração justa dos profissionais da saúde, mas um grande passo foi dado para que a sociedade se mobilize na reivindicação de seu direito incontestável à saúde. São três os princípios clássicos de toda ação médica: beneficência, justiça e autonomia. Gostaria de destacar dois desses princípios para reflexão: justiça e autonomia. Se a justiça consiste no dever de aplicar o melhor tratamento possível a todos os pacientes e a autonomia consiste na liberdade de atuar sem imposições ou coações, como exercêlas dignamente com as crescentes restrições das operadoras de saúde? 9 a 12 XXXI Congresso Português de Cardiologia Chicago, Estados Unidos www.picsymposium.com/ 22 a 24 XXXII Congresso da SBHCI Belo Horizonte, MG www.sbhci.org.br setembro julho agenda 11 a 13 XVI Congresso SOLACI – Sociedad Latinoamericana de Cardiologia Intervencionista XX Congresso CACI – Colegio Argentino de Cardiologia Intervencionista Bueno Aires, Argentina www.solaci2010.com 28 a 1o/9 ESC Congress 2010 – Sociedade Europeia de Cardiologia Estocolmo, Suécia www.escardio.org outubro novembro 6 PEC-CE XXX Congresso Norte-Nordeste de Cardiologia e XVI Congresso Cearense de Cardiologia Fortaleza, CE www.sbhci.org.br 20 a 23 Reunião Científica Anual Socime 2010 San Luis Potosi, México www.socime.com.mx 22 e 23 Curso Avançado em Aterotrombose Diagnóstico e Tratamento Porto Alegre, RS www.caat2010.com.br 29 e 30 4rd Imaging & Physiology Summit 2010 Seul, Coreia do Sul www.imaging-physiology.com dezembro agosto 5a7 XXX Congresso Norte-Nordeste de Cardiologia XVI Congresso Cearense de Cardiologia Fortaleza, CE www.snnehci.org.br 25 a 29 65o Congresso Brasileiro de Cardiologia Belo Horizonte, MG congresso.cardiol.br/65 2a6 CIRSE 2010 – Cardiovascular and Interventional Radiological Society of Europe Valencia, Espanha www.cirse.org 4a7 27o Congresso de Cardiologia da SOCERJ – Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ www.socerj.org.br 5a7 SOCERGS 2010 – Congresso de Cardiologia do Rio Grande do Sul Gramado, RS www.socergs.org.br 21 TCT 2010 – Transcatheter Cardiovascular Therapeutics Washington, DC, Estados Unidos www.tctconferece.com 13 a 17 AHA 2010 – American Heart Association Scientific Sessions Illinois, Estados Unidos scientificsessions.americanheart.org 3e4 Endovascular Summit 2010 Sidney, Austrália www.endovascularsummit.net 5a7 ICI 2010 – Innovations in Cardiovascular Interventions Tel-Aviv, Israel www.icimeeting.com SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA Gestão 2010-2011 Presidente: Maurício de Rezende Barbosa (MG) Diretor Administrativo: Marcelo José de Carvalho Cantarelli (SP) Diretor Financeiro: Fernando Stucchi Devito (SP) Diretor Científico: Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP) Diretor de Comunicação: Alexandre Schaan de Quadros (RS) Diretor de Qualidade Profissional: Adriano Dias Dourado Oliveira (BA) Diretor de Educação Médica Continuada: Antônio Carlos de Camargo Carvalho (SP) Diretor de Intervenções Extracardíacas: Marco Vugman Wainstein (RS) Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Francisco José Araújo Chamié de Queiróz (RJ) Editores do Jornal da SBHCI: Flávio Oliveira (PE), Hélio Castello (SP), João Luiz Manica (RS) e Luciana Constant Daher (GO) www.sbhci.org.br Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia São Paulo, SP – CEP 04548-050 Fone: (11) 3849-5034 Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. 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