Guilherme Augusto Lemes, estudante do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo. “O primeiro ponto é a organização da disciplina que foge do encontrado na Universidade. Ocupar outro espaço, um espaço público, fazer dinâmicas fora do ambiente universitário dá um certo ânimo para nós. Não ser dentro da USP, de uma sala comum é vital. Outro ponto é juntar acadêmicos, servidores públicos e movimentos social. Essa mistura desperta uma certa curiosidade porque você entra em contato com outras visões, descobre ponto de vista diferente daquele do ambiente universitário e compartilhar dessas visões é muito válido. O interessante é juntar os atores para discutir. É o poder público querendo ouvir a academia e o movimento social. Especificamente sobre as discussões do dia: ficou claro que governo aberto não tem uma única definição. A gente ainda luta para compreender e definir o conceito e pensar práticas, principalmente por conta da escassez de iniciativas e definições. Por isso, os governos realizam seus processos de aberturas de forma diferente. A discussão da manhã foi muito válida para entender os pontos de governo aberto – combate à corrupção, transparência, participação e inovação tecnológica. O importante foi levantar mais questionamento do que dar respostas. No período da tarde, discutir a participação social, o histórico dos movimentos brasileiros e como influencia a participação social no Brasil foi muito rico, até mesmo para colocar a dúvida: participação é válida? É importante? Como deve ser feita? Tudo que discutimos aqui não serão implementados daqui uma semana, um mês ou um ano. É um processo de construção e que vai sofrer modificações pelas mudanças sociais e dos governos, mas é ótimo estar desde o começo. Fica muito claro para mim de que governo aberto é possível. Mas, antes disso, a gente precisa modificar a sociedade em muitos aspectos – como a cultura da cidade, a educação de base. É no longo prazo que veremos a modificação no modo de se relacionar, de trabalhar no setor público e de formar os profissionais. Minha questão na dinâmica foi e continua sendo: Como um governo se abre para um governo aberto? Eu sei o quanto vai demorar para iniciativas como essa sensibilize a todos e todas, sejam assessores, sejam funcionários públicos. Esse é o entrave de dentro. Eu não desistiria da pauta de governo aberto mesmo sabendo que vai ser difícil implementar ou tendo mais perguntas que respostas. Havendo questionamentos, é bom. O problema é: quando não há [questionamento] não se constrói um governo aberto.