As possibilidades do passado* Natalie Z. Davis** O atual interesse de alguns historiadores por obras de antropólogos não é somente uma questão de histoire immobile. Nem é a conexão entre esses dois tipos de empreendimentos algo inteiramente novo. Heródoto descreveu os diferentes costumes de povos mesmo enquanto relatava a história das guerras pérsicas. Hume escreveu The Natural History of Religion ao mesmo tempo em que registrava as histórias da Escócia e da Inglaterra. Vico e Marx procuraram por aspectos sistêmicos de sociedades passadas e por fontes da mudança histórica. É em busca desses mesmos objetivos que os historiadores estão pondo livros sobre os Ilhéus Trobriandeses e os Azande junto a seus registros de processos de bruxaria na América e na Europa, além de aproximar volumes de Mauss dos de Bloch.1 Os escritos antropológicos têm quatro aspectos que os tornam úteis para os historiadores: observação próxima dos processos de interação social; formas interessantes de interpretar o comportamento simbólico; sugestões sobre como as partes do sistema social estão articuladas e material sobre culturas muito diferentes daquelas que historiadores estão acostumados a estudar. Os historiadores podem voltar-se, em primeiro lugar, para estes textos porque estão procurando atribuir sentido a um evento conhecido por seus colegas, embora tornem mais complicado seu significado. Por que aquele homem sagrado ficou sobre um pilar de dois metros de altura durante anos e porque camponeses sírios se agrupavam para visitá-lo no século no século V? O que as primeiras comunidades medievais pensavam que Journal of Interdisciplinary History, vol. 12, nº 2 (1981), pp. 267-75. Tradução de Antonio Maurício Dias da Costa. Dada a particularidade deste artigo, optamos por fazer mínimas alterações nas referências do texto original (N.E.). ** Natalie Z. Davis é Professora de História da cadeira Henry Lea Charles na Universidade de Princeton. É autora de Society and Culture in Early Modern France (Stanford, 1975). * Vol. V, n° 1, 2010, p. 11-21 Revista Estudos Amazônicos 11 estavam fazendo quando puniam um acusado com o ordálio, por meio de um ferro em brasa ou imersão, e permitiam a outro convocar prestadores de juramento em sua defesa? Como podia acontecer que um cachorro greyhound tenha se tornado um santo? Por que as procissões de Nossa Senhora de Impruneta ainda eram tão importantes na Florença do Renascimento? Por que houve tanto entusiasmo por vários séculos pela presença de Cristo na Eucaristia? E por que havia tanto interesse no século XIX pelas desordens da sexualidade masculina? O que fazemos com os líderes populares que tinham visões ou com os movimentos religiosos populares onde os convertidos proferiam sermões inspirados ou falavam em línguas?2 Eventos como esses foram freqüentemente definidos pelos historiadores como irracionais ou supersticiosos, ou como uma camuflagem para os sérios conflitos sociais e políticos. Nós, como historiadores, explicamos as situações em termos de interesses racionais, percebidos ou não pelos atores históricos. Mas os antropólogos situam tais eventos no centro de sua observação: eles escutaram muito cuidadosamente (como fez Métraux no Haiti) as palavras enunciadas por pessoas em transe e descobriram que existe um mecanismo de revelação da verdade; seguiram os intrincados ritmos das cerimônias de exorcismo no Sri Lanka para descobrir que a simulação e a reação dos espectadores estipula um universo de crença e de cura para as vítimas de moléstias. Tais interpretações podem ser úteis aos historiadores, proporcionando meios de observação de material análogo.3 Ao incursionar pela literatura antropológica, os historiadores se inclinam a fazer perguntas sobre eventos familiares que foram negligenciados, nem tanto por serem intrincados, mas porque foram considerados insignificantes e mais indicados para outros campos. Quantos de nós, por exemplo, trabalham com história religiosa e estudam os ensinamentos éticos e sociais das igrejas, os temas dos sermões e as obras polêmicas, as origens do clero e dos convertidos, a estrutura da organização eclesiástica e mesmo a freqüência da prática devocional, sem mesmo considerar o que os crentes normalmente concebem como mais significante em sua relação com o Senhor: liturgia ou oração? E se valorizamos isso, sabemos como fazer avançar nossa compreensão de um período histórico com base nesse conhecimento? 12 Revista Estudos Amazônicos Primeiro, devemos estudar os próprios textos, o Missal, a Forme des prières ecclésiastiques, o Book of Common Prayer, e similares, e observar o que é dito sobre eles nos escritos de especialistas literários e litúrgicos. Para sugestões sobre como o evento litúrgico pode ser um instrumento para reprodução cultural – para fazer declarações e promover relacionamentos sociais, para impor formas de autocontrole, para encorajar temperamentos e sensibilidades característicos – podemos nos voltar para a obra de Turner, Geertz e outros antropólogos.4 Os estudos etnográficos ofereceram aos historiadores nova consciência de interações informais ou de pequena escala que podem expressar importantes associações e conflitos. A pesquisa histórica sobre o medo e o julgamento de bruxas foi a primeira a se beneficiar da observação etnográfica da bruxaria e da contra-bruxaria. A pioneira interpretação histórica destacou imagens de inquisidores obtusos projetando seus medos do desconhecido sobre as vítimas inocentes, ou imagens de mulheres aterrorizadas e alucinadas confessando fatos que nunca ocorreram. Agora é possível deslindar o rol de conteúdos políticos, sociais, psicológicos e sexuais incorporados nas acusações de bruxaria envolvendo autoridades centrais, populações locais e ocorridas entre os próprios aldeões. É possível identificar um certo número de atividades, incluindo práticas médicas e rituais, que vizinhos podem qualificar como bruxaria.5 Da mesma forma, nossa compreensão dos mecanismos de troca é auxiliada pela reflexão antropológica sobre dádivas e reciprocidade, sobre vários estilos de empreendimento e sobre diferentes tipos de mercados e bazares. Para aqueles que procuram novos indicadores para sistemas de clientela e laços extra familiares, a pesquisa antropológica sobre apadrinhamento e nomeação de práticas tem se mostrado valiosa.6 Como então os historiadores conectam tais eventos e interações com períodos em geral dependerá, em parte, de quais teorias do sistema social eles adotam. Tanto História como Antropologia são herdeiras de similares tradições de pensamento assentadas na questão de como as partes de uma cultura estão ligadas: a teoria do Zeitgeist, onde o espírito de uma era deixa a sua marca singular em todas as principais instituições; a visão marxista e suas variantes, na qual o setor material e o setor cultural estão distintos, o primeiro comumente afetando o Revista Estudos Amazônicos 13 segundo, estando o próprio sistema marcado pelo conflito; a teoria liberal e suas variantes, para a qual múltiplas forças e instituições interagem, uma ou outra se revezando no papel determinante. Quando as teorias antropológicas de sistemas são simplesmente o velho Zeitgeist revestido de novo, elas podem não ser úteis ao historiador. Onde elas desenvolvem um quadro bem traçado de ecossistemas estáveis ou mutantes, como em Pigs for the Ancestors, de Rappaport, ou em Agricultural Involution, de Geertz, elas acrescentam muito aos estudos de géo-histoire francesa e americana. Do mesmo modo, quando elas reivindicam um campo de significados culturais cuidadosamente observados que dão sentido a atividades práticas como a produção e que mediam o mundo do pensar e o mundo do fazer (tal como em Culture and Practical Reason de Sahlins), então elas podem mudar nossas idéias sobre história intelectual e seus estágios.7 Mais ainda, noções de um sistema de gênero – de como as esferas de ação e de discurso de homens e mulheres e o simbolismo masculino e feminino estão relacionados – numa aldeia localizada na Amazônia brasileira, numa região de floresta ao norte de Luzon, ou nas terras altas ocidentais da Nova Guiné podem fornecer ao historiador um conjunto de novas questões a serem dirigidas para documentos conhecidos e podem levá-lo a buscar fontes nunca antes consideradas como relevantes. Embora os etnógrafos dificilmente vejam as coisas do mesmo modo quando vão para o campo (o recente retorno de Weiner às Ilhas Trobriand de Bronislaw Malinowski é um exemplo), todavia seus encontros diários com os sujeitos podem revelar o funcionamento de um sistema relativamente oculto ao historiador, o qual deve fragmentar as culturas na forma de textos, imagens e artefatos.8 É possível que uma tribo do Alto Amazonas seja realmente interessante para um estudante de História européia? Se isto for tratado de forma correta, pode ser. Os historiadores têm feito longo uso da comparação, mas acabaram por se confinar nas sociedades ocidentais ou “avançadas” (desenvolvimento econômico inglês e francês, história agrícola da Europa ocidental e oriental, feudalismo europeu, chinês e japonês; escravidão no sul dos Estados Unidos e no Caribe, etc.). Com a abertura para a Antropologia, expandimos nossa abordagem transcultural para incluir sociedades “primitivas” ou arcaicas ou aquelas suficientemente diferentes da nossa sociedade. Isto pode ser feito, 14 Revista Estudos Amazônicos posto que o historiador venha a pesquisar campos como a cultura oral, que é vista como “arcaica”: assim como Lord descobriu que a arte da composição dos contadores de histórias da Yugoslávia poderia iluminar a arte de composição de Homero, também os historiadores podem descobrir que os mecanismos da memória e o uso de provérbios por algumas culturas africanas podem ajudá-los a visualizar como as coisas eram ditas nas aldeias do século XVI. A comparação de longo alcance pode ser frutífera quando um assunto tenha sido estudado com uma familiar orientação ocidental, que nenhum novo significado venha a ser descoberto, ou foi estudado tão pouco que raros contornos são discerníveis. Assim, o curso da História Judaica na Europa pode ser melhor compreendido não somente com mais pesquisa, mas também pela consulta da literatura antropológica sobre casta e etnicidade; da mesma forma, a história do comportamento sexual no Ocidente, pelo estudo de sistemas sexuais e cultura sexual em outras partes do mundo.9 Existem, é claro, riscos nos usos que o historiador faz da Antropologia. Alguns deles são criados pelos próprios antropólogos: os historiadores são ecléticos em suas escolhas de mentores; eles misturam indiferentemente idéias de oponentes profissionais, de deterministas econômicos e demográficos e de analistas simbólicos, daqueles que enfatizam o significado e a linguagem ou ressaltam temas como função e poder, daqueles que acreditam em estágios evolucionários de cultura e daqueles que não acreditam. Isto não parece ser um grande problema. Os historiadores certamente buscarão conhecer as diferentes escolas de interpretação antropológica (e de ecletismo antropológico) e integrá-las efetivamente em sua própria concepção da organização social. É certo que devemos ler o material etnográfico com suficiente cuidado para compreender seus argumentos e evidências. Precisamos, no entanto, incorporar todas as reservas que os antropólogos têm entre si ou todas as suas discordâncias, não mais do que eles próprios precisam incorporar das nossas próprias reservas? Um perigo mais sério é a mal-aplicação da pesquisa de campo e da interpretação antropológica nas pesquisas históricas. Nós não consultamos os escritos antropológicos para prescrições, mas para sugestões; não pelas regras universais do comportamento humano, mas por comparações relevantes. Não há substituto para a pesquisa minuciosa nas fontes históricas. Não há como um ritual na Nova Guiné Revista Estudos Amazônicos 15 ou na Zâmbia possa ser usado para explicar o significado e os usos de um ritual, digamos, na Europa do século XVI; a evidência deve originar-se das pessoas e das instituições da época. Não há como relacionar a psicologia das acusações de bruxaria entre os Azande com aquelas dos europeus sem considerar como as noções do século XVII de propriedade, corpo, alma, saúde, conexão social e afins podem ter contribuído para o medo que as pessoas tinham uma da outra.10 A Antropologia não é, portanto, algum tipo de supravisão da realidade social para a qual os historiadores deveriam converter-se, mas uma disciplina irmã que crescentemente estreita os laços com a História. Por quase quarenta anos, os etnógrafos estudaram as culturas urbanas e rurais, bem como os povos tribais; quando o seu interesse direcionou-se para as sociedades “avançadas” e para a Europa contemporânea, eles ficaram mais e mais preocupados com a natureza da mudança histórica e com o estudo do passado. Deveríamos não somente efetuar empréstimos dos antropólogos com discernimento. Deveríamos também estar preparados para oferecer reflexões sobre seu próprio trabalho e sobre a teoria antropológica.11 Quando Mintz usa a expansão da produção e do consumo do açúcar como um indicador de mudança social ao longo de muitos séculos, podemos encaminhar sugestões sobre a contrastante produção, venda e consumo de mel. Quando lemos textos antropológicos que parecem supervalorizar o sistema e o consenso às expensas da mudança e do conflito, podemos assinalar as fissuras, as fontes de discórdia e resistência e os mecanismos de transformação que tendem a emergir nas sociedades. (Esperemos que isto seja melhor do que nos voltarmos para as “inevitáveis” forças da urbanização, comercialização e industrialização para dar conta de toda mudança). Quando vislumbramos um conjunto de símbolos ou atos rituais explicados somente num contexto cultural estável, podemos especular sobre o que eles podem significar numa situação de controvérsia e mudança.12 Do mesmo modo, o impacto da Antropologia em minha própria reflexão histórica reforçou minha percepção, não do passado imutável, mas das variedades da experiência humana. Existem padrões de relações sociais que se busca continuamente, embora os esquemas evolucionistas não os controlem necessariamente. Os mercados nem sempre orientam a movimentação das dádivas, os centros populacionais 16 Revista Estudos Amazônicos nem sempre eliminam as localidades particulares e a História nem sempre substitui o Mito. A Antropologia pode ampliar as possibilidades, pode ajudar-nos a retirar nossos tapa-olhos e garantirnos um novo lugar a partir do qual possamos observar o passado e descobrir o estranho e o surpreendente no panorama familiar dos textos históricos. Revista Estudos Amazônicos 17 NOTAS Heródoto (trad. de George Rawlinson), The Persian Wars (New York, 1942); HUME, David. The Natural History of Religion (Londres, 1957); VICO, Giambattista. La Scienza Nuova (Nápoles, 1744); MARX, Karl. Das capital (Nova Yorque, 1867); MAUSS, Marcel (trad. de Ian Cunnison). The Gift, Forms and Functions of Exchange in Archaic Societies (Londres, 1969); BLOCH, Marc. La société féodale (Paris, 1939). 2 BROWN, Peter. “The Rise and Function of the Holy Man in Late Antiquity”. Journal of Roman Studies, LXI (1972), pp. 80-101; BROWN. The Making of Late Antiquity (Cambridge, Mass., 1978), 54-101; COLMAN, Rebecca V. “Reason and Unreason in Early Medieval Law”. Journal of Interdisciplinary History, IV (1974), pp. 571-592. O empreendimento de Colman de aplicar a abordagem antropológica às leis medievais antigas é mais promissor que o de Charles Radding que, no uso das teorias de desenvolvimento de Jean Piaget, identifica a cultura medieval (e as sociedades primitivas de forma mais geral) como expressando o egocentrismo cognitivo das crianças entre cinco e oito anos de idade (“Superstition to Science: Nature, Fortune and the Passing of the Medieval Ordeal”. American Historical Review, LXXXIV [1979], pp. 945-969). SCHMITT, Jean-Claude. Le Saint lévrier, Guinefort, guérisseur d’enfants depuis Le XIIIe siècle (Paris, 1979); TREXLER, Richard. “Florentine Religious Experience: The Sacred Image”. Studies in the Renaissance, XIX (1972), pp. 7-41; TREXLER. Public Life in Renaissance Florence (New York, 1980); DAVIS, Natalie Z. Society and Culture in Early Modern France (Stanford, 1975), pp. 152-187; SMITH-ROSENBERG, Caroll. “Sex as Symbol in Victorian Purity: An Ethnohistorical Analysis of Jacksonian America”. In: DEMOS, John e BOOCOCK, Sarane Spence (orgs.). Turning Points: Historical and Sociological Essays on the Family (Chicago, 1978), pp. 212-247; KEISER, B. Robert. Miracles, Convulsions and Ecclesiastical Politics in Early Eighteenth-Century Paris (Princeton, 1978); GARRET, Clarke. Respectable Folly: Millenarians and the French Revolution in France and England (Baltimore, 1975). 3 MÉTRAUX, Alfred. Le Vaudou Haitien (Paris, 1958), pp. 106-127; KAPFERER, Bruce. “Ritual, Audience and Reflexivity: Sri Lanka Exorcist Rites”. In: MACALOON, John (org.). Rite, Drama, Festival, Spetacle: Rehearsals toward a Theory of Cultural Performance – no prelo. O estudo de Mary Douglas sobre o significado dos tabus é uma das várias produções antropológicas que têm tido muita influência sobre os historiadores (Purity and Danger [Harmondsworth, 1966]). O antropólogo William Christian Jr. tem se dedicado à pesquisa histórica de votos e relíquias em Local Religion in SixteenthCentury New Castile (Princeton, 1981). 1 18 Revista Estudos Amazônicos DIX, Gregory. The Shape of the Liturgy (Londres, 1945; 2a. ed.); WHITE, Helen C. The Tudor Books of Private Devotion (Madison, 1951); DOODY, Margaret. “„How shall we sing the Lord‟s song upon an alien soil?‟: The New Episcopalian Liturgy”. In: RICKS, Christopher & MICHAELS, Leonard (orgs.). The State of the Language (Berkeley, 1979), pp. 108-124; UNDERHILL, Evelyn. Worship (New York), 1936; TURNER, Victor. The Forest of Symbols. Aspects of Ndembu Ritual (Ithaca, 1967); TURNER. The Ritual Process (Chicago, 1969); GEERTZ, Clifford. The Religion of Java (Glencoe, Ill., 1960); GEERTZ. The Interpretation of Cultures (New York, 1973), pp. 142-169; RAPPAPORT, Roy. Ecology, Meaning and Religion (Richmond, Ca., 1978). 5 Entre os estudos recentes que adotam a Antropologia como meio para interpretar a bruxaria histórica, ver THOMAS,Keith. Religion and the Decline of Magic (Londres, 1971); MACFARLANE, Alan. Witchcraft in Tudor and Stuart England (Londres, 1970); GINZBURG, Carlo. I benandanti. Ricerche sulla stregoneria e sul culti agrari tra Cinquecento e Seicento (Turim, 1966); BOYER, Paul & NISSENBAUM, Stephen. Salem Possessed: The Social Origins of Witchcraft (Cambridge, Mass., 1974); GARRET. “Witches and Cunning Folk in the Old Régime”. In: BEAUROY, Jacques & BERTRAND, Marc & GARGAN, Edward T. (orgs.). The Wolf and the Lamb. Popular culture in France from the Old Regime to the Twentieth Century (Stanford, 1976); HORSLEY, Richard A. “Who were the Witches? The Social Roles of the Accused in the European Witch Trials”. Journal of Interdisciplinary History, IX (1979), pp. 689-716. Ver também a bibliografia registrada em DUPONT-BOUCHAT, Marie-Sylvie & FRIJHOFF, Willem & MUCHEMBLED, Robert. Prophètes et sorciers dans Le Pays-Bas, XVIe-XVIIIe siècle (Paris, 1978), pp. 33-39. 6 MAUSS. The Gift; SAHLINS, Marshall. Stone Age Economics (Chicago, 1972); WEINER, Annette B. Women of Value, Men of Renown. New Perspectives in Trobriand Exchange (Austin, Texas, 1976). Dentre os historiadores que empregam esta abordagem estão FINLEY, M.I. The World of Odysseus (Nova Iorque, 1965); GUREVICH, A. Y. “Wealth and Gift-Bestowal among the Ancient Scandinavians”. Scandinavica, VII (1968), 126-138; DUBY, Georges. Guerriers et paysans: VII-XIIe siècle; premier essor de l‟économie européene (Paris, 1973); LITTLE, Lester. Religious Poverty and the Profit Economy in Medieval Europe (Ithaca, N.Y., 1978); KLAPISCH-ZUBER, Christiane. “The Medieval Italian Mattinata”. Journal of Family History, vol. V (1980), pp. 2-27. MEILLASSOUX, Claude (org.). The Development of Indigenous Trade and Markets in West Africa (London, 1971); GEERTZ, Peddlers and Princes: Social Change and Economic Modernization in Two Indonesian Towns; GEERTZ, C. “Suq: the bazaar economy in Sefrou”. In: GEERTZ, C. & GEERTZ, Hildred & ROSEN, Lawrence. Meaning and Order in Moroccan Society (Cambridge, 1979), 4 Revista Estudos Amazônicos 19 pp. 123-313; UDOVITCH, A. L. “Formalism and Informalism in the Social and Economic Institutions of the Medieval Islamic World”. In: VRYONIS, Speros & BANANI, Amin (orgs.). Individualism and Conformity in Classical Islam (Wiesbaden, 1977), pp. 61-81. MINTZ, Sidney & WOLF, Eric. “An Analysis of Ritual Coparenthood (Compadrazgo)”. Southwestern Journal of Anthropology, vol. VI (1950), pp. 341-368; PITT-RIVERS, Julian. The Fate of Schechem, or the Politics of Sex (Cambridge, 1977), pp. 48-70; ZONABEND, Françoise. “La parenté baptismale á Minot [Cote-D‟Or]”. Annales,vol. XXXIII (1978), pp. 656-676. 7 RAPPAPORT. Pigs for the Ancestors. Ritual in the Ecology of a New Guinea People (New Haven, 1968); GEERTZ. Agricultural Involution: The Processes of Ecological Change in Indonesia (Berkeley, 1963); BERLIN, Ira. “Time, Space and the Evolution of Afro-American Society on British Mainland North America”. American Historical Review, vol. LXXXV (1980), pp. 44-78; MINTZ & PRICE. An Anthropological Approach to the Caribbean Past (Philadelphia, 1976); SAHLINS. Culture and Practical Reason (Chicago, 1976). 8 GEERTZ, C. Interpretation of Cultures. Emmanuel Le Roy Ladurie em seu Montaillou, village occitan de 1294 à 1324 (Paris, 1975) realizou um trabalho admirável na reconstrução do sistema cultural dos seus aldeões. MURPHY, Yolanda & MURPHY, Robert F. Women of the Forest (Nova Iorque, 1974); ROSALDO, Michelle Z. & ATKINSON, Jane M. “Man the Hunter and Woman. Metaphors for the Sexes in Ilongot Magical Spells”. In: WILLIS, Roy (org.). The Interpretation of Symbolism (Londres, 1975), pp. 43-75; ROSALDO. Knowledge and Passion. Ilongot Notions of the Self and Social Life (Cambridge, 1980); STRATHERN, Marilyn. Women in Between. Female Roles in a Male World: Mount Hagen, New Guinea (Londres, 1972); WEINER. Women of Value. 9 LORD, Albert B. The Singer of Tales (Cambridge, Mass., 1960). Estudiosos da poesia dos trovadores foram também influenciados pelos métodos de Lord. MESSENGER JR., John C. “The Role of Proverbs in a Nigéria Judicial System”. In: DUNDES, Alan (org.). The Study of Folklore (Englewood Cliffs, 1965), pp. 299-307; KEENAN, Elinor. “North-Makers, Norm-Breakers: Uses of Speech by Men and Women in a Malagasy Community”. In: BAUMAN, Richard & SCHERZER, Joel (ors.). Explorations in the Ethnography of Speaking (Cambridge, 1974), pp. 125-143; DAVIS. Society and Culture, pp. 227-267. DE VOS, George. Japan’s Invisible Race. Caste in Culture and Personality (Berkeley, 1966); BARTH, Fredrik (org.). Ethnic Groups and Boundaries. The Social Organization of Culture Difference (Bergen, 1969); COHEN, Abner (org.). Urban Ethnicity (Londres, 1974). Para uma tentativa de usar a teoria de casta para informar um estudo histórico dos judeus, ver: KRIEGEL, Maurice. Les Juifs à la fin Du Moyen Age dans l’Europe méditerranéenne (Paris, 1979). Alguns dos 20 Revista Estudos Amazônicos conteúdos etnográficos sobre homossexualidade são apresentados por TRUMBACH, Randolph. “London‟s Sodomites: Homosexual Behavior and Western Culture in the Eighteenth Century”. Journal of Social History, vol. XI (1977), pp. 1-33. Para uma notável compreensão de um sistema sexual, ver: KELLY, Raymond C. “Witchcraft and Sexual Relations. An Exploration in the Social and Semantic Implications of the Structure of Belief”. In: BROWN, Paula & BUCHBINDER, Georgeda (orgs.). Man and Woman in the New Guinea Highlands (Washington, D.C., 1976), pp. 36-53. Para um exemplo de pesquisa histórica efetivamente informada por uma perspectiva transcultural, ver DOVER, Kenneth R. Greek Homosexuality (Nova Iorque, 1980). 10 Ver o intercâmbio entre H. Geertz e Keith Thomas, “Na Anthropology of Religion and Magic”. Journal of Interdisciplinary History, vol. VIII (1975), pp. 71109; a resenha de Edward P. Thompson, “Anthropology and the Discipline of Historical Context”. Midland History, vol. I (1972), pp. 41-55. 11 REDFIELD, Robert. The Folk Culture of Yucatán (Chicago, 1941). Dentre várias obras poderíamos citar: GEERTZ, C. The Social History of an Indonesian Town (Cambridge, Mass., 1963); SINGER, Milton. When a Great Tradition Modernizes. An Anthropological Approach to Indian Civilization (Nova Iorque, 1972); WOLF. Peasants (Englewood Cliffs, 1966), com bibliografia; MANGIN, William (org.). Peasants in Cities. Readings in the Anthropology of Urbanization (Boston, 1970); MINTZ. “Slavery and the Rise of Peasantries”. Historical Reflections, vol. VI (1979), pp. 213-242; SILVERMAN, Sydel. Three Bells of Civilization. The Life of an Italian Hill Town (Nova Iorque, 1975); CHRISTIAN. Person and God in a Spanish Valley (Nova Iorque, 1972); FREEMAN, Susan Tax. The Pasiegos. Spaniards in No Man‟s Land (Chicago, 1979). Para um admirável estudo que revela como povos primitivos supostamente estáticos podem ter um senso de História, ver: ROSALDO, Renato. Ilongot Headhunting, 1883-1974 (Stanford, 1980). Historiadores e Antropólogos têm trabalhado juntos em Paris, no laboratoire de Claude LéviStrauss e nos seminários da École Pratique des Hautes Etudes en Sciences Sociales; também na Inglaterra, na Itália e nos Estados Unidos. Coletâneas como as de GOODY, Jack (org.). Literacy in Traditional Society (Cambridge, 1968); GOODY & THIRSK, Joan & THOMPSON (orgs.). Family and Inheritance. Rural Society in Western Europe, 1200-1800 (Cambridge, 1976); BABCOCK, Barbara A. (org.). The Reversible World. Symbolic Inversion in Art and Society (Ithaca, 1978) comprovam esta nova colaboração. 12 MINTZ. “Time, Sugar and Sweetness”. Marxist Perspectives, vol. II (1979-80), pp. 56-72. Revista Estudos Amazônicos 21