Planejamento de Aulas – Economia e Mercado 5ª Aula: Feudalismo 1. Pensamento do dia: "Instrui a criança no caminho que deve andar,e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Provérbios, 22:6) 2. Introdução: Como vimos na aula passada, a partir do século III, o Império Romano enfrentou diversas crises internas e invasões de povos germânico ocorrendo a DESAGREGAÇÃO do Império no ano de 476 d.C. Esta data marca o fim da IDADE ANTIGA e início da IDADE MÉDIA que se estende até o ano de 1453 quando a cidade de Constantinopla é tomada pelos Turcos. Ao longo de todo o processo de desagregação do Império Romano do Ocidente, que durou cerca de 200 anos, as cidades se despovoaram, enquanto o comércio e a produção artesanal entraram em declínio. Sem dinheiro para manter as fronteiras, o imperador não conseguia garantir a integridade do território. Para se proteger, a população abandonava as cidades, principais alvos dos povos invasores. Ao mesmo tempo, com o fim das guerras de expansão do Império, a mão-de-obra escrava, base da economia romana, praticamente desapareceu. Com isso, as grandes propriedades rurais escravistas – os latifúndios – perderam importância. No lugar dos latifúndios começaram a surgir vilas, grandes propriedades rurais que tinham por objetivo a auto-suficiência, tendo em vista que o fluxo comercial diminuiu com as invasões. Nas vilas, a mão-de-obra principal passou a ser a dos colonos, trabalhadores que entregavam parte do que produziam ao senhor, em troca de permissão de uso da terra. Eram obrigados ainda a trabalhar alguns dias na terra do senhor. Com o passar do tempo, os pequenos agricultores também entregariam suas terras aos grandes proprietários em troca de proteção. Essas vilas e as relações nelas estabelecidas contribuíram para a formação dos feudos, unidade básica de todo o sistema feudal, como veremos adiante. 3. A Sociedade Feudal Especialistas em idade média dividem a sociedade em três grandes ordens: 1ª) O Clero tinha como função oficial rezar. Na prática, exercia grande poder político sobre uma sociedade bastante religiosa, onde o conceito de separação entre a religião e a política era desconhecido. Mantinham a ordem da sociedade evitando, por meio da “retórica” e criação de justificativas religiosas, revoltas e contratações camponesas. 2ª) Os Senhores Feudais ou Nobreza principal função era guerrear, além de exercer considerável poder político sobre as demais classes. O Rei lhes cedia terras e estes lhe juravam ajuda militar (suserania e vassalagem). 3ª) Os Sevos constituíam a maior parte da população camponesa, eles eram presos a terra e sofriam intensa exploração, eram obrigados a prestarem serviços à nobreza e a pagar-lhes diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de proteção militar. Embora geralmente se considere que a vida dos camponeses fosse miserável, a palavra “escravo” seria imprópria para identificá-los. Para receberem direito à moradia nas terras de seus senhores, assim como entre os nobres e reis, juravam-lhe fidelidade e trabalho. A fim de obter proteção, os senhores feudais geralmente procuravam por outro senhor mais poderoso, jurando-lhe fidelidade e obediência. Chamava-se VASSALO o senhor feudal que pedia proteção a outro. Essa aliança deveria ser consolidada pelo senhor mais poderoso, o SUSERANO, por meio de concessão de um feudo, que podia ser constituído de terras ou bens ou ambos, em troca da obediência recebida. O vassalo devia várias obrigações ao seu suserano, como serviço militar, por exemplo. Por essa razão, quanto maior o número de vassalos, maior o prestígio e o poder do suserano. Esse compromisso tinha caráter sagrado e era considerado falta grave o não cumprimento. 3.1. O Feudo Feudo é uma palavra de origem germânica e latina que significa "bem dado em troca". Os feudos eram os núcleos com base nos quais a sociedade feudal se organizou. Por volta do ano de 1000, a maioria das pessoas na Europa ocidental vivia em feudos. Nesse período, a terra converteu-se no bem mais importante, por ser a principal fonte de sobrevivência e de poder. As terras do feudo eram distribuídas da seguinte forma: 1º) MANSO SENHORIAL representava cerca de 1/3 da área total e nela os servos e vilões trabalhavam 3 dias por semana. Toda a produção obtida nessa parte da propriedade pertencia ao Senhor Feudal. 2º) MANSO SERVIL Área destinada ao usufruto dos servos. Metade do que era produzido nelas era entregue ao Senhor Feudal. 3º) TERRAS COMUNAIS Era a parte do Feudo usada em comum pelos servos e pelos senhores. Destinava-se à pastagem do gado, à extração de madeira e à caça, direito exclusivo dos Senhores Feudais. 3.2. As obrigações dos Servos Os servos, principal mão-de-obra dos feudos, deviam várias obrigações ao Senhor Feudal, destacando-se: 1ª) A CORVÉIA prestação de trabalho gratuito durante 3 dias na semana no manso senhorial. 2ª) A TALHA entrega ao Senhor de metade da produção obtida no manso servil. 3ª) A BONALIDADE pagamento de taxa pelo uso do forno, do moinho, celeiro e das pontes dentre outros equipamentos do feudo. 4ª) O CENSO pagamento efetuado com parte da produção ou em dinheiro, ao qual estavam obrigados somente os vilões e homens livres. 5ª) A CAPITAÇÃO Imposto per capita (por cabeça), pago apenas pelos servos. 6ª) A MÃO-MORTA taxa paga pelos familiares do servo para continuar explorando a terra após sua morte. Academia de Comércio São José Professor: Rodrigo Aurélio Cruvinel Planejamento de Aulas – Economia e Mercado Por meio destas taxas, se transferia para o Senhor Feudal a maior parte da Produção. Os camponeses tinham de viver com o pouco que sobrava. Moravam em casas de madeira, sem divisões internas com telhado de palha e chão batido. Assim como os senhores, em sua maioria não sabiam ler nem escrever. Vestiam-se com roupas de lã, linho ou couro. Seu divertimento, geralmente estava relacionado à fé cristã e aos festejos comemorativos por ocasião do plantio e da colheita. 3.3. A Economia Feudal Na idade média ocorreu uma acentuada retração das atividades comerciais e artesanais. Em razão disso, houve um processo de ruralização da sociedade da Europa ocidental, com o predomínio da agricultura de subsistência. Dentro dos Feudos, a agricultura era praticada por meio de técnicas simples. Os principais instrumentos de trabalho eram feitos de madeira, pois o ferro era de difícil aquisição. O arado puxado por boi, era o equipamento principal. Para não esgotar o solo, usava-se um sistema de rotação TRIENAL: a terra de cultivo era dividida em três partes e o plantio era feito de tal modo que sempre uma dessas partes permanecia em descanso. Cada família de servos tinha a posse de um lote em cada um desses campos, para que sempre houvesse terra disponível para o cultivo. O quadro a seguir representa o aproveitamento da terra, de acordo com o sistema de três campos: Campo Nº 01 Nº 02 Nº 03 1º Ano Cultivo de Trigo Cultivo de Cevada Descanso 2º Ano Cultivo de Cevada Descanso Cultivo de Trigo 3º Ano Descanso Cultivo de Trigo Cultivo de Cevda Os caminhos precários e perigosos do interior da Europa dificultavam a troca de mercadorias entre as regiões distantes. Dessa forma, o feudo tinha de ser praticamente auto-suficiente, produzindo quase tudo de que precisava. Nesse período, algumas cidades ficaram despovoadas, outras desapareceram, e o comércio e a produção artesanal diminuíram drasticamente. No interior de alguns feudos, mantinham-se pequenas vilas, que reuniam poucos moradores e serviam de refúgio contra os invasores. 3.4. O Poder Como vimos, após a desintegração do Império Romano do Ocidente, a Europa foi ocupada por vários reinos, cuja principal característica era a descentralização do poder, dividindo entre o Rei e os Senhores dos Feudos. O Rei cumpria sobretudo funções simbólicas. Era considerado o principal suserano. Também subordinado às obrigações do sistema de suserania e vassalagem, dependia do exército formado por seus vassalos e dos tributos recolhidos em seus próprios domínios feudais. Ao ser reconhecido e legitimado pela Igreja, o poder do Rei revestia-se de um caráter sagrado: ele era “rei pela graça de Deus”. Apesar disso, não tinha poderes para interferir nas terras de seus vassalos. Nelas, o senhor feudal era soberano, comandando o seu funcionamento e fazendo justiça segundo as tradições e pelo direito (consagrado pelos costumes). 3.5. A Igreja A Igreja Católica representou papel fundamental na formação e consolidação do feudalismo. Era a maior e mais poderosa instituição do período. Sua influência alastrou-se aos poucos entre os povos romanos e germânicos, transformando-a no principal elo de toda a população e garantindo certa uniformidade cultural à Europa Ocidental. No século IX, não existia na Europa ocidental quem não acreditasse em Deus. Controlando a fé, a igreja normatizava os costumes, a produção cultural, o comportamento e, sobretudo, a ordem social. Aqueles que se desviavam de suas normas eram rigorosamente punidos. Sua influência também se fez sentir na política, ao sagrar reis e legitimar o poder dos Senhores Feudais. A igreja se transformaria na MAIOR proprietária de terras da Europa Ocidental, em um período em que a terra era a principal fonte de poder e de riqueza. 3.6. Ascensão e Queda do Sistema A partir do ano 1000 até cerca de 1150, o Feudalismo entra em ascensão. O sistema define seus elementos básicos. A exploração camponesa torna-se intensa, concentrada em certas regiões superpovoadas, deixando áreas extensas de espaços vazios. Surgem novas técnicas de cultivo, novas formas de utilização dos animais e das carroças. Com as inovações no campo, a produção agrícola teve um aumento significativo e surgiu a necessidade de COMERCIALIZAÇÃO dos produtos excedentes, então a partir do século XI, também há um renascimento do COMÉRCIO e um aumento da circulação monetária, o que valoriza a importância social das cidades. Com o restabelecimento do comércio com o Oriente próximo e o desenvolvimento das grandes cidades, começam a ser minadas as bases da organização Feudal, na medida em que aumenta a demanda de produtos agrícolas para o abastecimento da população urbana. Isso eleva o preço das mercadorias, permitindo aos camponeses maiores fundos para a compra de sua liberdade. Não que os camponeses fossem escravos, porém com o excedente produzido, poderiam comprar de seus senhores lotes de terras e, assim deixar de cumprir suas obrigações junto ao senhor feudal. A solução encontrada, quando não se tornavam comerciantes, eram morar em BURGOS, dominados por outros tipos de senhores, desta vez, comerciais. Ao mesmo tempo, a expansão do comércio cria novas oportunidades de trabalho, atraindo os camponeses para as cidades. Esses acontecimentos, aliados a formação dos exércitos profissionais, o Rei agora, não dependeria mais dos serviços militares prestados por seus vassalos, a insurreição camponesa, a peste, a falta de alimentos decorrentes do aumento populacional e baixa produtividade agrária, contribuíram para o declínio do feudalismo europeu. 4. Trabalho Prático a) b) c) d) e) Defina com suas palavras o que você entendeu por Feudalismo: Qual foi a origem do Feudalismo? Como era formada a Sociedade Feudal? Descreva o que representou a Igreja neste período: Quais os motivos que levaram a queda do Feudalismo? Academia de Comércio São José Professor: Rodrigo Aurélio Cruvinel