UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE TECNOLOGIA EM CERÂMICA
RODRIGO PIZZOLO WEINHOLD
ESTUDO DE LIGANTE SÓLIDO NA FORMULAÇÃO DO
ESMALTE CERÂMICO
CRICIÚMA, JULHO DE 2009
RODRIGO PIZZOLO WEINHOLD
ESTUDO DE LIGANTE SÓLIDO NA FORMULAÇÃO DO
ESMALTE CERÂMICO
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado
para obtenção do grau de Tecnólogo no curso
de Tecnologia em Cerâmica da Universidade
do Extremo Sul Catarinense, UNESC.
Orientador: Prof. Gilson Bez Menegali
CRICIÚMA, JULHO DE 2009
3
RODRIGO PIZZOLO WEINHOLD
ESTUDO DE LIGANTE SÓLIDO NA FORMULAÇÃO DO ESMALTE CERÂMICO
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela
Banca Examinadora para obtenção do Grau de
tecnólogo em Cerâmica, no Curso de
Tecnologia em Cerâmica da Universidade do
Extremo Sul Catarinense, UNESC.
Criciúma, 02 de Julho de 2009.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Prof. Esp. Gilson Bez Menegali - (UNESC) - Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Eng. Michael Peterson - (UNESC)
___________________________________________________
Prof. Dr. Eng. Adriano Michel Bernardin - (UNESC)
4
Dedico este trabalho a todos que me
apoiaram no desenvolvimento deste projeto,
aos
meus
pais,
esposa
PROPEQ Produtos Químicos.
e
amigos da
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me ajudar em todo o processo acadêmico e no
desenvolvimento do trabalho. A meus pais, a minha esposa Elisandra Fenali
Weinhold, que me deram incentivos e apoio para vencer todos os obstáculos. A
todos os professores do curso de Tecnologia em Cerâmica, em especial aos
professores Gilson Menegali meu orientador neste trabalho e a professora Graziela
Fátima Giacomazzo pela ajuda no decorrer do trabalho. Ao engenheiro químico
Paulo Fernando Zanellato Bianchini proprietário da PROPEQ Produtos Químicos.
6
RESUMO
O presente trabalho apresenta um estudo sobre um Ligante Sólido que tem por
finalidade os mesmos atributos do CMC (carboximetilcelulose) porém com alguns
aspectos de diferença. O trabalho mostra estas diferenças de modo laboratorial em
testes feitos com esmaltes preparados com o Ligante Sólido e com o CMC, fazendo
uma comparação entre os dois em situações normais de uso de esmaltes cerâmicos,
como por exemplo com relação à viscosidade, aderência do esmalte ao engobe e
queima. O Ligante Sólido apresentou problemas de reologia com relação à
viscosidade e à tixotropia, porém dando resultado bom na aderência do esmalte e no
custo do produto. Assim o Ligante Sólido não é recomendado para esmaltes usados
em aplicações de véu campana, onde a tixotropia não pode ocorrer, porém podendo
ser usado sem problemas em aplicações a disco e esfumatos nos quais tem ótimo
resultado devido ao seu aumento de aderência do esmalte ao engobe.
Palavras-chave: Ligante Sólido, CMC, esmalte.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Estrutura da Celulose............................................................................... 19
Figura 2 – Fragmento de uma Molécula de Celulose................................................ 19
Figura 3 – Esquema das unidades Repetitivas das cadeias de polimetacrilato........ 20
Figura 4 – Esquema Molecular do Ácido Cítrico....................................................... 21
Figura 5 – Curva de Queima de Monoporosa........................................................... 22
Figura 6 – Forças de Atração e Repulsão de um Líquido......................................... 24
Figura 7 – Balança Digital......................................................................................... 31
Figura 8 – Gira Jarro................................................................................................. 31
Figura 9 – Moinho Periquito...................................................................................... 31
Figura 10 – Peneira Malha 325................................................................................. 31
Figura 11 – Béquer 600 ml........................................................................................ 31
Figura 12 – Viscosímetro e Densímetro.................................................................... 32
Figura 13 – Estufa Elétrica........................................................................................ 32
Figura 14 – Binil Abertura 0,3 mm............................................................................. 32
Figura 15 – Peça Crua (PADRÃO, LIG.02 e LIG.03)................................................ 33
Figura 16 – Peça Crua (PADRÃO, LIG.04 e LIG.05)................................................ 33
Figura 17 – Peça Crua (PADRÃO e LIG.06)............................................................. 33
Figura 18 – Gráfico de Viscosidades......................................................................... 36
Figura 19 – Brookfield LVT Vista Frontal....................................................................37
Figura 20 – Brookfield LVT Vista Superior.................................................................37
Figura 21 – Peça Queimada (PADRÃO, LIG.02 e LIG.03)........................................39
Figura 22 – Peça Queimada (PADRÃO, LIG.04 e LIG.05)........................................39
Figura 23 – Peça Queimada (PADRÃO, LIG.06).......................................................39
8
LISTA DE TABELAS
Quadro 1 – Resultados Primeiro Dia de Testes........................................................ 34
Quadro 2 – Resultados Segundo Dia de Testes....................................................... 35
Quadro 3 – Resultados Terceiro Dia de Testes........................................................ 35
Quadro 4 – Resultados Quarto Dia de Testes.......................................................... 35
Quadro 5 – Resultados Décimo Quarto Dia de Testes............................................. 37
Quadro 6 – Resultados Décimo Quarto Dia de Testes Com 0,05% TPF.................. 38
Quadro 7 – Resultados Décimo Quarto Dia de Testes (Copo Ford)..........................38
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CMC – Carboximetilcelulose
TPF – Tripolifosfato de Sódio
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
1.1 Objetivos ........................................................................................................... 12
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 12
1.1.2 Objetivo Específico ....................................................................................... 12
1.2 Justificativa e Importância do Estudo ............................................................ 12
2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ....................................................................... 14
2.1 Esmaltes ............................................................................................................ 14
2.2 Fritas .................................................................................................................. 15
2.3 Moagem ............................................................................................................. 16
2.4 Aditivos para Esmaltes .................................................................................... 17
2.4.1 Ligantes .......................................................................................................... 17
2.4.2 Ligante Sólido .................................................................................................18
2.4.3 Carboximetilcelulose (CMC) ......................................................................... 18
2.4.4 Dispersantes .................................................................................................. 20
2.5 Queima .............................................................................................................. 21
2.6 Reologia ............................................................................................................ 22
2.6.1 Viscosidade ................................................................................................... 23
2.6.2 Densidade ...................................................................................................... 23
2.6.3 Tensão Superficial ........................................................................................ 24
2.6.4 Tixotropia ....................................................................................................... 25
2.6.5 Reopexia ......................................................................................................... 25
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 27
3.1 Equipamentos ................................................................................................... 27
3.2 Matérias-Primas ................................................................................................ 28
3.3 Preparação dos Ensaios Laboratoriais .......................................................... 28
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................................... 34
4.1 Apresentação dos Resultados ........................................................................ 34
4.2 Análise dos Resultados ................................................................................... 40
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 41
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 42
11
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento deste trabalho foi realizado com o objetivo de
comparar as reações de usar um Ligante Sólido, no lugar do CMC na formulação de
esmaltes cerâmicos, observando as reações de cada situação e tentar quebrar o
tabu que só o CMC funciona como agente de suspensão e aderência.
O trabalho foi desenvolvido no laboratório da empresa PROPEQ Produtos
Químicos de Cocal do Sul, sendo um trabalho totalmente laboratorial.
O estudo deste trabalho apresenta resultados referentes a várias
características de grande importância no que se diz respeito a esmaltes cerâmicos.
Dentre elas podemos ressaltar a viscosidade, aderência, densidade, aplicação e
queima.
Os testes foram formulados em duas situações: uma com o CMC, e a
outra com o Ligante Sólido que se trata de um produto inovador no mercado de
ligantes para esmaltes, que apresenta um custo realmente mais baixo do que o
CMC, podendo a empresa baixar o custo do produto final.
12
1.1 Objetivos
O objetivo principal deste trabalho é estudar e comparar o Ligante Sólido,
com o CMC na formulação de esmaltes cerâmicos, analisando todos os aspectos
que possam ser influenciados.
1.1.1 Objetivo Geral
Analisar e comparar o Ligante Sólido com o CMC, observando todos os
aspectos que possam ser influenciados na formulação dos esmaltes cerâmicos, bem
como na queima e na sua aplicação.
1.1.2 Objetivo Específico
•
Comparar o custo entre o ligante e o CMC já usado hoje;
•
Avaliar a decantação do esmalte;
•
Avaliar a aplicação em comparação com o CMC;
•
Analisar a aderência do esmalte após a aplicação;
•
Observar a criação ou não de resíduos de pó por falta de aderência;
•
Observar o nivelamento do esmalte na aplicação;
•
Analisar o tempo de resistência à degradação do esmalte.
1.2 Justificativa e Importância do Estudo
Este trabalho tem por objetivo, demonstrar que o ligante sólido usado no
lugar do CMC, tem as mesmas características do CMC, porém com aspectos
melhores.
13
No contexto atual, quando é usado somente o CMC na formulação do
esmalte, têm-se ainda alguns problemas, onde deve-se usar aditivos para corrigir
defeitos que ocorrem na produção.
Já com o ligante sólido, obten-se a correção de alguns problemas dos
quais o CMC não corrige.
Porém, devido a alguns testes elaborados por alguns fornecedores, onde
produtos similares não tiveram boa aceitação, encontra-se grande dificuldade de
implantar este produto no mercado.
Por este motivo, a apresentação e desenvolvimento deste trabalho são de
grande importância para quebrar este tabu que se criou a respeito de produtos
similares ao CMC.
14
2
REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO
A seguir, será apresentado o referencial bibliográfico referente à execução
deste trabalho, caracterizando alguns tópicos como: esmaltes, fritas, moagem,
aditivos para esmaltes, ligantes, carboximetilcelulose (CMC), dispersantes, queima,
reologia, viscosidade, densidade, tixotropia e reopexia.
2.1 Esmaltes
Os esmaltes cerâmicos são produtos minerais de resultado vitrificado,
compostos de sílica, que quando queimados em temperaturas adequadas, seus
componentes adquiram o estado de fusão e cristalização.
A formulação dos esmaltes é obtida através da mistura entre sais
metálicos, ácidos e básicos, como também, combinação de um metal com ácido
silícico, estânico, bórico, etc. O ponto de fusão (amolecimento) do vidrado é sempre
menor que o da massa do corpo cerâmico no qual será aplicado.
È sabido que uma melhora na superfície do material cerâmico é
conseguida através da aplicação de uma fase vítrea que é o esmalte. Além
das propriedades de ordem estética que o esmalte oferece através de seu
uso adequado, permitindo a obtenção de efeitos dos mais variados
possíveis, ele oferece uma superfície dura não absorvente e de fácil
limpeza. (WISINTAINER. 1989 p 06)
A escolha do tipo do esmalte a ser utilizado em adequação ao material a
ser esmaltado e ao seu uso é essencial para obtenção de uma boa qualidade. È
necessário também, levar em consideração, as condições de queima do fabricante,
o efeito desejado nas peças prontas e as características exigidas.
Uma peça vidrada torna-se impermeável, protegida do pó, de líquidos
indesejáveis, tornando fácil a remoção de sujeiras, aumentando à resistência
mecânica e química (base e ácidos), mais agradáveis à vista e ao tato e
enriquecendo as peças decoradas. (M.WISINTAINER,1989)
15
2.2 Fritas
Frita é um vidro moído, fabricado por indústrias especializadas
“Colorifícios Cerâmicos” a partir da fusão da mistura de diferentes matérias-primas.
É aplicado na superfície do corpo cerâmico que, após a queima, adquire aspecto
vítreo. Este acabamento tem o objetivo de aprimorar a estética, tornar a peça
impermeável, aumentar a resistência mecânica e melhorar ou proporcionar outras
características. Geralmente as fritas são os componentes mais importantes da
maioria dos esmaltes cerâmicos.
Um grande número de matérias-primas são usadas para a preparação de
esmaltes. Dada uma formulação particular é possível obter os óxidos
desejados a partir de varias matérias-primas diferentes. Na pratica, existem
fatores limitantes como o custo e disponibilidade, bem como características
físicas e químicas dos componentes. (SCHABBACH, 1999 p 33)
As matérias-primas são produtos químicos refinados ou minerais e,
frequentemente contem mais de um dos óxidos requeridos no sistema vítreo. Os
minerais tendem a ser mais variáveis e podem também conter impurezas, por isso
deve-se ter um bom controle de qualidade destes minerais.
As matérias-primas em misturas já pré-determinadas, frequentemente são
fundidas e resfriadas, transformando-se em fritas antes de serem usadas
diretamente na formulação do esmalte.
No caso de formulação de fritas, como os sistemas de composição são
realmente complexos, a previsão das propriedades físico-químicas torna-se difícil em
função do maior número de componentes. Para a formulação de uma frita parte-se
de uma fórmula em percentual de óxidos, selecionam-se as matérias-primas e se
calcula suas respectivas quantidades em massa. (SCHABBACH 1999).
A formulação de uma frita deve levar em consideração a ação de
determinados componentes no resultado final de suas propriedades físicoquímicas. Os principais constituintes das fritas, de acordo com seu
mecanismo de ação, são:
Vitrificantes: SiO2 B2O3;
Fundentes: Na2O, K2O, PbO2, B2O3, Li2O;
Estabilizantes: CaO, Bao, MgO, PbO. Al2O3, ZnO;
Opacificantes: ZrO2, SnO2, TiO2;
Divitrifivicante: ZnO, CaO, BaO, MgO, TiO2.
(SCHABBACH, 1999 p. 34)
16
Os óxidos podem, ainda, se classificar em óxidos formadores e
modificadores de rede. Óxidos formadores são óxidos de elementos Si, B, P, As e G,
caracterizados principalmente pela habilidade de um cátion do elemento se ligar com
quatro, ou no caso do boro três, átomos de oxigênio. Independentemente de sua
coordenação tetragonal ou triagonal no vidro, os elementos formadores de rede
formam ligações muito fortes com o oxigênio. Os óxidos dos elementos formadores
de vidro são todos capazes de existir no estado vítreo mesmo independente e em
combinação com outros óxidos. (SCHABBACH 1999).
2.3 Moagem
A moagem do esmalte é de suma importância ao processo de fabricação
de revestimentos cerâmicos esmaltados, uma vez que é nela que é regulada a
distribuição do tamanho de partículas dos sólidos que compõem o esmalte. Esta
propriedade está diretamente relacionada com o empacotamento das partículas na
camada de esmalte antes da queima, o qual, por sua vez, determina o ciclo térmico
para cada esmalte, seu grau de sinterização e/ou fusão, dos quais resultam as
características do vidrado, como brilho, rugosidade, desenvolvimento e intensidade
da cor ou a porosidade. Dado que os vidrados devem apresentar propriedades
estéticas e técnicas constantes ao longo das diferentes fases de fabricação.
A obtenção de um determinado tamanho de partícula deve manter-se
dentro de uma tolerância rigorosa no tamanho das partículas.
A moagem depende de vários fatores, podendo ser considerados como
os mais importantes a distribuição de tamanho e quantidades de bolas, o volume de
sólidos a serem triturados e as propriedades reológicas da suspensão, além das
características próprias dos moinhos e seu funcionamento (dimensões, velocidade
de giro e etc.). (MORENO. A. et al 2002)
No que se refere às propriedades reológicas da suspensão, estimadas
habitualmente mediante a determinação da viscosidade aparente, é
necessário levar em conta que podem ser modificadas, por sua vez, por
diferentes fatores, entre os quais cabe destacar os seguintes:
•
Variações na composição do esmalte, que provocam uma mudança
na natureza das partículas sólidas e, como conseqüência, na sua interação
com as moléculas de água e os íons dissolvidos nela.
17
•
Alterações na proporção de defloculantes utilizados, ou em sua
efetividade.
•
Variações na proporção de carboximetilcelulose sódica (CNC), ou em
sua natureza.
•
Modificação do conteúdo de sólidos, ainda que este não altere
sozinho o comportamento reológico da suspensão, mas o rendimento total
da operação de moagem.
•
Variação da natureza e da proporção dos íons presentes na água de
moagem, que interagem com as partículas sólidas, com o CMC e com o
defloculante. (MORENO. A. et al 2002 pag. 19).
2.4 ADITIVOS PARA ESMALTE
Seguem alguns conceitos sobre aditivos fequentemente usados em
esmaltes cerâmicos para correção de viscosidade, reologia e aderência.
2.4.1 LIGANTES
A principal função dos ligantes é reter água e atuar como adesivo para dar
maior aderência ao esmalte.
Os ligantes são muito importantes em monoqueima já que neste processo
durante o ciclo de esmaltação, sofre variação em suas dimensões e movimentos
respectivos à horizontalidade da peça causando empenamento e fazendo com que
os esmaltes lasquem ou apareçam trincas. Por isto é vital importância a velocidade
de evaporação da água da barbotina que se aplica sobre a monoqueima, visto que
se esta evaporação é muito rápida se produzem defeitos. Os aglutinantes
adicionados neste processo permitem controlar a velocidade com que a água se
evapora da suspensão. Os principais aglutinantes utilizados para os esmaltes são
polímeros derivados da celulose (como a CMC, carboximetilcelulose de sódio) e o da
amida.
Estes compostos podem ser considerados polímeros hidrossolúveis
dotados de cargas negativas distribuídas ao longo de toda a cadeia. Esta é
18
a causa que favorece a união com moléculas de água, cátions e superfícies
sólidas como as fritas, as argilas e o caulim. (GUGLIELMI. D, NEVES. W,
BUOSO. A 2008 p. 21)
Com a adição destes ligantes em um esmalte, podem-se obter variações
tanto na viscosidade, como na retenção de água, e na floculação. De forma
simplificada, em uma solução aquosa a interação da água com estes polímeros
reduz a possibilidade de que as moléculas de água se movam livremente umas com
respeito às outras ao ser aplicado um esforço de cisalhamento, manifestando-se por
um aumento de viscosidade. A capacidade de envolver-se com as moléculas de
água é também responsável pela retenção da água, que no caso de um esmalte
quer dizer aumento de tempo de secagem. (GUBLIELMI. D, NEVES.W, BUOSO.A
2008)
Se a cadeia de polímero é bastante longa, a molécula de água unida
mediante as cargas se soma as outras que estão envolvidas pela
geometria das moléculas. Quanto mais comprida é a cadeia de
polieletrólito, tanto maior será o efeito de aumento da viscosidade e de
retenção de água. (GUGLIELMI. D, NEVES. W, BUOSO. A 2008 p.21)
2.4.2 LIGANTE SÓLIDO
Ligante Sólido trata-se de um ligante orgânico a base de amido de
formulação protegida pela indústria PROPEQ Produtos Químicos de Cocal do Sul.
O Ligante Sólido tem por finalidade, aumentar a aderência do esmalte e
atuar também como agente de suspensões.(AUTOR. 2009)
2.4.3 CARBOXIMETILCELULOSE (CMC)
A carboximetilcelulose, CMC, é utilizada no setor cerâmico desde 1947 e
hoje é o ligante mais consumido no setor. O CMC é utilizado tanto a seco como a
úmido, independentemente do que se introduz em adição na moagem. A CMC
deriva da celulose, cuja estrutura se mostra na figura 1.
19
A celulose é uma poli-B-glicopiranose unida através do C-4 que contém
cerca de três mil unidades monoméricas majoritariamente lineares. As
cadeias individuais da celulose tendem a alinhar entre si e estão unidas por
pontes de oxigênio. Estes anéis podem ser estabelecidos dentro de uma
mesma cadeia ou entre cadeias distintas. (GUGLIELMI. W, MEVES. W,
BUOSO. A 2008 p.21)
A carboximetilcelulose é obtida introduzindo a celulose, que não é iônica,
ao grupo carboximetil. O número medido destes grupos presentes por unidades
monoméricas se indica como o grau de substituição, o DS, que unido a sua
distribuição define o comprimento da cadeia que indica o caráter polieletrolítico da
CMC. (figura 2). -(GUGLIELMI. W, MEVES. W, BUOSO. A 2008)
de celulose.
Figura 1 – Estrutura da celulose donde se vêem as pontes de hidrogênio entre as cadeias
Fonte-(GUGLIELMI. W, MEVES. W, BUOSO. A 2008 p.22)
(a)
(b)
Figura 2 – a) Fragmento de uma molécula de celulose; e b) fragmento de uma molécula
de Carboximetilcelulose de sódio (CMC).
Fonte-(GUGLIELMI. W, MEVES. W, BUOSO. A 2008 p.22)
20
2.4.4 DISPERSANTES
Dentre os dispersantes conhecidos e utilizados para obter-se a
estabilidade de esmaltes cerâmicos, destacam-se os compostos orgânicos à base
de polímeros acrílicos, como o ácido poliacrílico (APA) e o ácido polimetacrílico
(APMA), o ácido cítrico e alguns compostos inorgânicos à base de fosfatos como
sais os hexametafosfato e tripolifosfato de cátions monovalentes.
Diversos estudos têm sido efetuados sobre a atuação do ácido cítrico e dos
ácidos à base de polímeros acrílicos como dispersantes de suspensões.
Pelo fato de normalmente apresentarem peso molecular bastante distintos,
esses aditivos podem ser considerados casos representativos de
dispersantes de cadeias longas (polímeros acrílicos) e cadeias curtas
(ácido cítrico).(OLIVEIRA, et al, 2000, p.57)
De um modo geral, nos produtos comerciais, os grupos ácidos do APA e
APMA são neutralizados com bases como NaOH e NH4OH. Quando a neutralização
é efetuada com NaOH, os sais poliacrilato de sódio (PA-Na) e o polimetacrilato de
sódio (PMA-Na) são formados. As estruturas desses sais são ilustradas na figura 3.
Figura 3 – Esquema das unidades repetitivas (meros) das cadeias do (a) polimetacrilato
de sódio e do (b) poliacrilato de sódio.
Fonte-(OLIVEIRA, et al, 2000, p.58)
Assim como o ácido poliacrílico, porém em reduzido número, a estrutura
molecular do ácido cítrico também é formada por grupos carboxilatos (COO ), como
mostra a figura 4. (OLIVEIRA, et al, 2000)
21
Figura 4 – Estrutura molecular do ácido cítrico
Fonte-(OLIVEIRA, et al, 2000, p58)
2.5 Queima
Este
momento
é
particularmente
importante
na
produção
de
revestimentos cerâmicos, já que é nesta fase que se desenvolvem todas as reações
que determinam a características do produto final.
A dinâmica do processo de queima destes produtos merece sempre muita
atenção já que a massa (suporte) contém materiais carbonáticos e, portanto deve
ser compatíveis
com
as
características
do
esmalte para que
ocorra
a
descabonização da massa não ocorrendo furos no esmalte. De fato, o esmalte deve
conter uma frita de composição eutética, evidenciar certa refratariedade e, portanto
apresentar uma discreta permeabilidade aos gases até temperaturas compreendidas
entre 950 e 1030 ºC, para então fundir-se bruscamente. (OLIVEIRA, 2002)
A estas alturas se evidencia a evolução dos parâmetros tecnológicos,
relativos a massa e ao esmaltes, no contexto de uma curva de queima típica
de monoqueima porosa conforme mostra a figura. O primeiro trecho (A-B) da
curva até 800 ºC corresponde a fase de pré-aquecimento do material e a
dissociação dos materiais argilosos. No intervalo da curva correspondente ao
trecho (B-C) entre 800 a 900 ºC desenvolve-se a decomposição dos
carbonatos com a emissão de CO2. È importante que neste intervalo térmico
o esmalte mantenha uma certa porosidade para favorecer a expulsão dos
gases. No intervalo (C-D) da curva entre 900 e 1100 ºC desenvolvem-se as
reações de síntese entre óxidos alcalinos terrosos (CaO, MgO) provenientes
da decomposição de carbonatos, com fases amorfas residuais. A formação
destes novos compostos é de fundamental importância para o ajuste e a
definição das características físico-mecânicas do produto. Na zona de
máxima temperatura, trecho (D-E), completa-se o processo de sinterização
do suporte. Ao mesmo tempo, o esmalte se funde e se estende
completamente. O intervalo (E-F) corresponde a fase de resfriamento rápido
do esmalte que se estende até 600 ºC. Em seguida o resfriamento prossegue
lentamente para amenizar ou mesmo equilibrar as tensões atribuídas a
22
transformação do quartzo livre, ainda presente no suporte queimado.
(OLIVEIRA, 2000 p.45)
Figura 5 – Curva de Monoporosa
Fonte – (OLIVEIRA, 2000 p.46)
2.6 Reologia
Conforme indicado pelos radicais de origem grega rheos (fluir) e logos
(estudo), a reologia é a ciência a que estuda o fluxo e a deformação dos materiais
quando submetidos a uma determinada tensão ou solicitação mecânica externa.
Em sólidos e líquidos perfeitos, onde a deformação independe da direção
de aplicação da solicitação mecânica (isotrópicos), a relação entre a tensão
aplicada e a deformação resultante é aparentemente simples.
Apesar do comportamento reológico desses materiais ideais ser bastante
simples e bem conhecido, grande parte dos sólidos e fluidos de interesse
tecnológico apresenta características reológicas intermediarias de maior
complexidade.
De um modo geral, a reologia, como ciência, aborda o comportamento de
fluidos homogêneos, dentre os quais se destacam os líquidos, suspensões
de partículas e emulsões. (OLIVERIA et al, 2000 p.10)
Dentro dos fluidos mais complexos enquadram-se as suspensões
utilizadas nas indústrias de cerâmicas, de tintas, de alimentos, de mineração, de
extração de petróleo, entre outras. (OLIVEIRA et al, 2000)
23
2.6.1 Viscosidade
A viscosidade de qualquer fluido pode ser definida pela força necessária
para separar duas superfícies paralelas a uma determinada velocidade. Entre as
propriedades reológicas dos vidros a viscosidade é a mais importante. (BIFFI, 2000)
A temperatura tem grande influência direta sobre a viscosidade do fluido,
tanto em um esmalte cru, como na viscosidade do esmalte fundido; sendo que no
esmalte fundido o ciclo de queima também é um fator de grande influência.
A viscosidade pode ser caracterizada como resistência à deformação dos
fluidos em movimento; não se apresenta, se o fluido se encontrar em repouso. A
ação da viscosidade representa uma forma de atrito interno, exercendo-se entre
partículas adjacentes que se deslocam com velocidades diferentes. A viscosidade é
uma propriedade termodinâmica. (PINOT, 2005)
2.6.2 Densidade
Os líquidos possuem uma interação intermolecular forte (ponte de Vander
Waals) e por isso eles se moldam à forma do recipiente, porém restringindo-se a um
volume finito.
Na prática de engenharia, a densidade também é conhecida como massa
específica e densidade absoluta é expressa em kg/m3 ou g/cm3.
A densidade dos esmaltes segue os critérios de definição de densidades
dos líquidos, ou seja:
No processo de fabricação de revestimentos para obter-se a densidade
dos esmaltes é utilizada a densidade relativa, ou seja, mede-se a densidade de um
fluído em relação a um fluído referencial (geralmente a água). (ZOMER 2007)
24
2.6.3 Tensão Superficial
As moléculas que formam um líquido interagem entre si através de forças
de atração e repulsão (Van der Waals, eletrostáticas, ligações químicas, etc.,
responsáveis pela coesão dos líquidos).
As moléculas situadas no centro dos líquidos estão completamente
rodeadas por moléculas iguais, motivo pelo qual a resultante é nula.
Ao contrário, a molécula situada na interface liquido gás, apresenta uma
assimetria em suas interações com as moléculas vizinhas, motivo pelo qual há uma
força liquida resultante que está dirigida para o interior do liquido e é perpendicular à
superfície. (SANZA, ORTSA, BAUTISTA, 2004).
Esta força superficial está associada a uma energia definida como
diferença entre energia de todas as moléculas na interface (as de gás e as
de liquido) e as que teriam se estivessem no centro dos respectivos fluídos.
A energia superficial é proporcional à área da superfície livre dos líquidos e
representa o trabalho necessário para arrancar uma molécula de sua parte.
A constante de proporcionalidade entre a energia superficial e a energia
superficial livre de líquido ou “Tensão Superficial do Liquido”. (SANZA,
ORTSA, BAUTISTA, 2004 p.08)
Figura 6 – Forças de atração entre moléculas na superfície e no interior de um líquido.
Fonte- (SANZA, ORTZA, BAUTISTA, 2004 p. 08)
25
2.6.4 Tixotropia
O fenômeno de tixotropia consiste na redução da viscosidade aparente em
função do tempo em suspensões submetidas a uma taxa (ou tensão) de
cisalhamento constante. Este comportamento é observado em suspensões contento
aglomerados fracos de partículas, como aqueles responsáveis pelo aparecimento de
pseudoplasticidade.
A tixotropia se manifesta em suspensões onde o processo de formação e
destruição dos aglomerados fracos é relativamente lento, o que o torna
dependente não só da condição de cisalhamento como também do tempo
a uma determinada taxa de solicitação fixa. O comportamento tixotrópico
tem origem quando tais suspensões são mantidas a baixas taxas de
cisalhamento por um longo período e, em seguida, são submetidas a taxas
superiores em um intervalo relativamente curto de tempo. (OLIVEIRA et
AL, 2000 p. 20)
A aplicação de uma taxa de cisalhamento fixa superior favorece a
destruição dos aglomerados e a redução da viscosidade aparente da suspensão.
Mas, esse processo não ocorre de forma imediata e requer um período de tempo
para se proceder, o que resulta no aparecimento do comportamento tixotrópico da
suspensão. (OLIVEIRA et al, 2000)
A orientação preferencial de partículas na suspensão em função da taxa de
cisalhamento é um processo que também depende do tempo e pode
originar o comportamento tixotrópico, da mesma forma que os aglomerados
fracos da suspensão. Vale ressaltar que os comportamentos dependentes
do tempo são fortemente influenciados pela “história de cisalhamento” da
suspensão, que consiste na seqüência e duração das taxas aplicadas
anteriormente à avaliação reológica. (OLIVEIRA et al, 2000 p.20)
2.6.5 Reopexia
A reopexia é um fenômeno reológico caracterizado pelo aumento da
viscosidade aparente em relação ao tempo, em suspensões submetidas a uma taxa
(ou tensão) de cisalhamento constante.
Como mencionado anteriormente, a reopexia pode ser considerada em
alguns casos como um fenômeno inverso da tixotropia e, por isso, é normalmente
26
observada em suspensões contento aglomerados fracos ou partículas assimétricas.
Os dois comportamentos se diferem com relação à história de cisalhamento da
suspensão.
No caso da reopexia, o fenômeno ocorre quando suspensões contendo
aglomerados fracos, por exemplo, são primeiramente mantidas em intenso
cisalhamento por um longo intervalo e, em seguida submetidas a baixas taxas em
um período relativamente curto de tempo.
Neste caso, ao contrário da tixotropia, uma parcela das partículas da
suspensão, submetida a baixa taxa de cisalhamento, se une gradativamente para a
formação de novos aglomerados, que aumentam a viscosidade aparente da
suspensão em função do tempo.
Dada a semelhança entre os dois comportamentos, fenômenos de
reopexia como esse são, em alguns casos denominados “Tixotropia negativa”.
(OLIVEIRA et al 2000)
O comportamento reopéxico também pode se originar em suspensões
contendo partículas cujas forças de atração entre si se acentuam com o
tempo, aumentando a probabilidade de formação de aglomerados. Embora
não se enquadre na definição mais usual de suspensão, este caso de
suspensões contendo partículas que se dissolvem no meio líquido em
função do tempo, originando uma elevada concentração de íons em
solução. O aumento da concentração de tais íons no meio líquido atenua
as forças de repulsão de origem eletrostática entre partículas, favorecendo
a atração mútua entre elas e a aglomeração da suspensão. (OLIVEIRA et
al 2000 p.21)
27
3
METODOLOGIA
Neste tópico serão descritos os procedimentos metodológicos utilizados.
Quanto à abordagem, caracteriza-se a pesquisa como quantitativa, ou seja, trabalhase com dados que são quantificáveis, comparáveis. A pesquisa Quantitativa tem
uma visão de controle, de precisão, o que é testável, é mecanicista, as partes são
iguais ao todo.
Quanto aos objetivos a pesquisa é descritiva. A mesma envolve o uso de
técnicas padronizadas de coletas de dados, questionários e observação sistemática.
Caracteriza os procedimentos técnicos como pesquisa experimental.
Quando se determina um objeto de estudo, seleciona-se as variáveis que seriam
capazes de influenciá-lo. Defini-se as formas de controle e de observação dos
efeitos que a variável produz no objeto. (GIL, 1991; FIALHO; SOUZA, 2003 apud
ACAFE, 2007).
Os testes laboratoriais foram desenvolvidos utilizando os seguintes
equipamentos e materiais.
3.1 Equipamentos
Para desenvolver os testes e comparar os resultados, foram necessários
os seguintes equipamentos:
•
Balança digital de precisão (0,01g)
•
Gira jarro
•
Moinho periquito de 1000 ml
•
Beacker de 600 ml
•
Peneira malha 100
•
Peneira malha 325
•
Bico de bunsen
28
•
Viscosímetro com abertura de 0,4 mm
•
Brookfield LVT
•
Densímetro
•
Cronômetro digital
•
Binil abertura 0,3 mm
•
Máquina fotográfica digital
•
Estufa elétrica temperatura de 100ºC.
3.2 Matérias-Primas
Para realização dos ensaios laboratoriais foram utilizadas as matériasprimas abaixo:
•
Frita cerâmica transparente
•
Caulim malha 325
•
TPF (Tripolifosfato de sódio)
•
CMC (Carboximetilcelulose) de baixa viscosidade
•
Ligante sólido.
•
Água
•
Peça crua engobada.
3.3 Preparação dos Ensaios Laboratoriais
Os ensaios laboratoriais foram desenvolvidos no laboratório da empresa
PROPEQ Produtos Químicos.
Na primeira parte do desenvolvimento foram separadas todas as matériasprimas necessárias para os ensaios.
29
Na fase seguinte, pesaram-se as formulações desejadas de acordo com a
necessidade de cada teste, sendo que foram feitos 6 (seis) testes; entre eles se
considera como padrão o feito com CMC e os outros 5 (cinco) feitos com o ligante
sólido.
No primeiro teste (Padrão) foi usado CMC na formulação do esmalte:
PADRÃO
Frita Transparente: 450,00g
Caulim: 50,00g
TPF: 0,75g
CMC: 1,00g
Água: 175,00g
No segundo teste (LIG.02) foi usado o Ligante sólido na formulação do
esmalte:
LIG. 02
Frita Transparente: 450,00g
Caulim: 50,00g
TPF: 0,75g
Ligante Sólido: 1,00g
Água: 175,00g
No terceiro teste (LIG.03) foi usado o Ligante sólido na formulação do
esmalte:
LIG. 03
Frita Transparente: 450,00g
Caulim: 50,00g
TPF: 0,75g
Ligante Sólido: 1,50g
Água: 175,00g
30
No quarto teste (LIG.04) foi usado o Ligante sólido na formulação do
esmalte:
LIG. 04
Frita Transparente: 450,00g
Caulim: 50,00g
TPF: 0,75g
Ligante Sólido: 2,00g
Água: 175,00g
No quinto teste (LIG.05) foi usado o Ligante sólido na formulação do
esmalte:
LIG. 05
Frita Transparente: 450,00g
Caulim: 50,00g
TPF: 0,75g
Ligante Sólido: 2,50g
Água: 175,00g
No sexto teste (LIG.06) foi usado o Ligante sólido na formulação do
esmalte:
LIG. 06
Frita Transparente: 450,00g
Caulim: 50,00g
TPF: 0,75g
Ligante Sólido: 3,00g
Água: 175,00g
Após a pesagem das formulações utilizando a balança digital foram feitas
as moagens de cada composição, utilizando o moinho periquito de 1000 ml e gira
jarro por um intervalo de tempo de 27 minutos, sempre utilizando o mesmo moinho e
31
o mesmo gira jarro em todas as formulações para que não ocorressem variações de
moagem devido à diferença de equipamento.
Figura 7 - Balança Digital
Fonte-Autor,2009
Figura 8 – Gira Jarro
Fonte-Autor,2009
Figura 9 – Moinho Periquito
Fonte-Autor,2009
Com as moagens prontas descarregaram-se os esmaltes de cada
formulação, separadamente em béqueres de 600 ml, fazendo-se os respectivos
resíduos em malha 325.
Figura 10 – Peneira Malha 325
Fonte-Autor,2009
Figura 11 – Béquer 600 ml
Fonte-Autor,2009
32
Com os esmaltes prontos e com os resíduos já determinados seguiu-se o
trabalho realizando-se os testes de viscosidade utilizando o copo ford com abertura
4 mm e conferindo a densidade por meio do densímetro e da balança digital.
Figura 12 – Viscosímetro e densímetro
Fonte-Autor,2009
Com os resultados de densidade e viscosidade obtidos, colocaram-se as
peças engobadas cruas na estufa elétrica a uma temperatura de 100º C, após as
peças aquecidas, aplicou-se os esmaltes testes todos contra o padrão (CMC) por
meio do binil com abertura 0,3 mm, observando a aplicação e a aderência por meio
do toque com os dedos.
Figura 13 – Estufa Elétrica
Fonte-Autor,2009
Figura 14 – Binil Abertura 0,3 mm
Fonte-Autor,2009
33
A seguir apresentam-se as peças aplicadas ainda cruas:
PADRÃO
LIG. 03
PADRÃO
LIG. 02
Figura 15 – Peça crua (PADRÃO, LIG.02 e LIG.03)
Fonte-Autor,2009
PADRÃO
LIG. 05
PADRÃO
LIG. 04
Figura 16 – Peça Crua (PADRÃO, LIG.04 e LIG.05)
Fonte-Autor,2009
PADRÃO
LIG. 06
Figura 17 Peça Crua (PADRÃO e LIG.06)
Fonte-Autor,2009
Continuando o trabalho foram queimadas as peças em forno industrial na
Cerâmica Gabriella onde os resultados serão apresentados a seguir na
apresentação e análise dos dados.
34
4
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A seguir a apresentação e análise dos resultados obtidos com a realização
dos testes laboratoriais.
4.1 Apresentação dos resultados
Após a preparação dos ensaios de moagem obtiveram-se os seguintes
resultados, sendo os testes de viscosidade obtidos com, o copo ford abertura 4 mm
e o resíduo em malha 325:
TESTES
DENSIDADE (g/cm3)
Viscosidade (s)
Resíduo (%)
PADRÃO
1,80
293
2,98
LIG. 02
1,80
113
1,63
LIG. 03
1,80
136
1,52
LIG. 04
1,80
140
1,55
LIG. 05
1,80
130
1,45
LIG. 06
1,80
203
1,70
Quadro 1 – Resultados do Primeiro dia de Testes
Fonte-Autor,2009
Estes valores foram obtidos todos no dia da moagem de cada formulação,
mas sabendo-se que para testes desta natureza, devem-se analisar os esmaltes por
certo período de tempo para se ter um resultado consciente e preciso.
Este cuidado deve ser tomado para saber se o esmalte não apresentaria
problemas de tixotropia, decantação, degradação entre outros problemas de reologia
que possam apresentar; cada esmalte foi observado e analisado por mais três dias
consecutivos.
Os resultados seguem nas tabelas abaixo:
35
Segundo dia TESTES
VISCOSIDADE (s)
DENSIDADE (g/cm3)
PADRÃO
415
1,80
LIG. 02
176
1,80
LIG. 03
184
1,80
LIG. 04
178
1,80
LIG. 05
173
1,80
LIG. 06
253
1,80
Terceiro dia TESTES
VISCOSIDADE (s)
DENSIDADE (g/cm3)
PADRÃO
500
1,81
LIG. 02
220
1,81
LIG. 03
219
1,81
LIG. 04
205
1,81
LIG. 05
235
1,81
LIG. 06
306
1,81
Quarto dia TESTES
VISCOSIDADE (s)
DENSIDADE (g/cm3)
PADRÃO
590
1,81
LIG. 02
261
1,81
LIG. 03
243
1,81
LIG. 04
234
1,81
LIG. 05
260
1,81
LIG. 06
379
1,81
Quadro 2 – Resultados segundo dia de testes
Fonte-Autor,2009
Quadro 3 – Resultados terceiro dia de testes
Fonte-Autor,2009
Quadro 4 – Resultados quarto dia de testes
Fonte-Autor,2009
OBS: Os resultados de resíduos não foram considerados nos dias
seguintes por haver variação do mesmo.
36
No gráfico da figura 18 pode-se analisar melhor o comportamento da
viscosidade em relação aos dias:
S
E
G
U
N
D
O
S
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
PADRÃO
LIG. 02
LIG. 03
LIG. 04
LIG. 05
LIG. 06
1°dia
2°dia
3°dia
4° dia
Figura 18 – Gráfico de viscosidades
Fonte-Autor,2009
Analisando o gráfico dos 4 (quatro) primeiros dias, pode-se ver que a
viscosidade praticamente aumentou de forma ordenada tanto para o CMC
(PADRÃO) quanto para o Ligante Sólido, embora o CMC tenha viscosidade
realmente mais alta, também dando uma variação de viscosidade bem a cima que a
do Ligante Sólido.
Com o passar de 10 (dez) dias após o ultimo teste realizado de
viscosidade e densidade, observou-se que não ocorreu a decantação nem a
sedimentação dos esmaltes bem como também não houve degradação, porém
ocorreu um aparecimento relativamente alto de tixotropia nos testes realizados, tanto
com o CMC quanto com o Ligante Sólido, porém os testes realizados com o Ligante
Sólido a tixotropia foi realmente alta.
Por este motivo não foi possível realizar os testes de viscosidade, por
meio do copo Ford mesmo baixando a densidade para 1,78 g/cm3, então se optou a
realizar os testes com o auxilio do Brookfield LVT.
37
Figura – 19 Brookfield LVT vista frontal
Fonte-Autor,2009
Figura – 20 Brookfield LVT vista superior
Fonte-Autor,2009
Os resultados obtidos seguem na tabela abaixo:
Décimo Quarto dia de teste
Leitura haste número 3
Velocidade (rpm)
centipoise (mPa.s)
PADRÃO
5400
Velocidade 12
LIG. 02
16200
Velocidade 6
LIG. 03
14200
Velocidade 6
LIG. 04
13200
Velocidade 6
LIG. 05
11500
Velocidade 12
LIG. 06
17000
Velocidade 6
OBS: A Viscosidade do Teste (LIG. 05) foi usado a haste número 4
Quadro 5 – Resultados décimo quarto dia de testes
Fonte-Autor,2009
Após os resultados obtidos com o Brookfield resolveu-se baixar a
viscosidade dos testes utilizando TPF (tripolifosfato) adicionando a cada teste o
percentual de 0,05% sobre o esmalte líquido, obtendo-se então os seguintes
resultados no Brookfield:
38
Décimo Quarto dia de
Leitura haste número 2
Velocidade (rpm)
teste
centipoise (mPa.s)
PADRÃO
375
Velocidade 60
LIG. 02
200
Velocidade 60
LIG. 03
180
Velocidade 60
LIG. 04
220
Velocidade 60
LIG. 05
415
Velocidade 60
LIG. 06
330
Velocidade 60
Quadro 6 – Resultados décimo quarto dia de testes com 0,05% de TPF.
Fonte-Autor,2009
Como todo o início do trabalho foi realizado com a viscosidade em copo
Ford, antes de aplicar as peças e agora com o esmalte sem tixotropia decidiu-se
fazer mais uma leitura no copo ford, obtendo-se os seguintes resultados:
Décimo Quarto dia de teste
VISCOSIDADE (seg.)
DENSIDADE (g/cm3)
PADRÃO
90
1,78
LIG. 02
60
1,78
LIG. 03
67
1,78
LIG. 04
75
1,78
LIG. 05
104
1,78
LIG. 06
82
1,78
Quadro 7 – Resultados décimo quarto dia de testes (Copo ford).
Fonte-Autor,2009
Com a aplicação dos respectivos testes (esmaltes) em peças engobadas e
quentes a uma temperatura de aproximadamente 80ºC obtivemos os seguintes
resultados; com o acréscimo do ligante solido na formulação, notamos uma melhora
muito elevada na aderência do esmalte ao engobe na peça ainda crua, notando-se
uma grande diminuição da aparência de resíduos de pó sobre o esmalte, ficando
bem expresso esta característica com o toque dos dedos sobre o esmalte aplicado
na peça crua, em comparação com a mesma aplicação feita com o esmalte
formulado com o CMC.
39
Na queima pode-se observar com o aumento do ligante sólido, que as
características se mantiveram iguais a do Primeiro teste (padrão), ou seja, mesmo
aumentando relativamente a quantidade do ligante sólido, ele não interferiu nas
condições de queima do esmalte, mantendo a transparência e as mesmas
características do CMC.
PADRÃO
LIG. 03
PADRÃO
LIG. 02
Figura 21 – Peça Queimada (PADRÃO, LIG.02 e LIG.03)
Fonte-Autor 2009
PADRÃO
LIG. 05
PADRÃO
Figura 22 – Peça Queimada (PADRÃO, LIG.04 e LIG.05)
Fonte-Autor 2009
PADRÃO
LIG. 06
Figura 23 – Peça Queimada (PADRÃO, LIG.06)
Fonte-Autor 2009
LIG. 04
40
4.2 Análise de Resultados
Com os testes realizados e com os resultados obtidos, pode-se tirar as
seguintes analises dos resultados:
Com relação à aderência do esmalte ao engobe, pode-se observar que
com o a mesma quantidade de Ligante Sólido e CMC, o Ligante Sólido demonstrou
melhor aderência que o CMC, e com o aumento do percentual de Ligante houve um
grande aumento de resistência com relação de formação de pó e a lascados
freqüentes nas aplicações peças ainda cruas.
Já em relação à viscosidade notou-se que mesmo dobrando a quantidade
do ligante sólido não se obteve a mesma viscosidade do CMC testado, isso nos
primeiros dias, após dez dias da ultima analise; tivemos testes que ultrapassaram a
viscosidade do CMC, mais com isso ocorreu devido ao aparecimento da tixotropia
que é um fator muito delicado para esmaltes, principalmente para aplicações em véu
campana, porém já na aplicação em discos ou esfumatos esta tixotropia não deve
ocasionar problemas, e nestes tipos de aplicações é comum a falta de aderência do
esmalte, por este motivo o Ligante Sólido é de grande ajuda devido ao seu poder de
aderência acentuado.
Notou-se também que o Ligante Sólido não manteve uma seqüencia
lógica de comportamento reológico em relação à viscosidade, pois em alguns testes
com o aumento da quantidade do mesmo, tivemos a redução da viscosidade em
relação a formulações com um percentual maior de Ligante, mostrando assim uma
falta de estabilidade no produto.
Na analise de custo, o Ligante Sólido tem um preço realmente mais
baixo, o preço hoje de um CMC de boa qualidade é em torno de R$ 18,50 por quilo,
já o Ligante Solido o seu preço é de R$ 7,50 por quilo, sendo que se pode usar mais
que o dobro de Ligante Sólido que o seu custo é ainda menor que o do CMC, sem
levar em consideração que com o uso do Ligante Solido, pode-se deixar de usar
outros ligantes que são usados hoje para dar maior aderência e reduzir lascados no
esmalte o que é comum acontecer em linhas de produção onde se tem problemas
de aderência e de empenos na peças.
41
5
Conclusão
Com a finalização deste trabalho, observou-se que o ligante sólido em
alguns aspectos teve uma perda de qualidade em relação ao CMC no que se diz
respeito à reologia, com aparecimento da tixotropia e alguns resultados adversos ao
comportamento normal de um ligante, que é usado como agente de suspensão de
aumento de viscosidade.
Por estes motivos o Ligante Sólido não deve ser usado na aplicação via
véu campana, pois a tixotropia dificulta muito a formação do véu, fazendo com que o
mesmo não se forme ou que falhe na aplicação do esmalte, causando um grande
problema e defeitos irreparáveis nas peças cerâmicas. Mas nas aplicações em disco
e esfumatos, o Ligante Sólido não apresentou problemas
Já com relação aos resultados de queima não se notou nenhum problema
mesmo quando aumentada em até 100% a quantidade do mesmo; e a aderência do
esmalte ao engobe melhorou muito, não causando pó sobre a aplicação.
Um ganho que se pode notar foi em relação ao custo dos produtos
usados, visto que o CMC tem o dobro do preço do Ligante Sólido, isso sem falar que
muitas vezes não se consegue só trabalhar com o CMC devido a problemas de falta
de aderência, fazendo com que se usem ligantes alternativos para corrigir este
problema, e já com o Ligante Sólido este problema desaparece usando apenas o
mesmo.
42
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Cerâmicos. Criciúma, SC, Julho, 2007. TCC, Curso de Tecnologia em Cerâmica
UNESC
Download

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