O SERVIÇO SOCIAL E O GRUPO DE MULHERES DA LEGIÃO DA BOA
VONTADE (LBV) DO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA
FIDUNIV, Gisele Regiane (estágio I), e-mail: [email protected]
KRAVICZ, Gisele Ferreira (supervisora de campo), e-mail:
[email protected]
NADAL, Isabela Martins (supervisora de estágio), e-mail: [email protected]
Palavras-chave: Serviço Social, Prática profissional, Programa Espaço de
Convivência
Resumo: O presente resumo expandido tem por objetivo abordar a prática
profissional do Assistente Social na Legião da Boa Vontade (LBV) a partir do
Programa Espaço de Convivência da entidade. A metodologia utilizada foi a
utilização de referências sobre os instrumentais técnico-operativos da profissão:
observação, entrevista e visita domiciliar, utilizados com as participantes do grupo de
mulheres e os demais sujeitos atendidos na entidade. Serão abordados os
elementos éticos da profissão, a partir do Código de Ética da Profissão, do ano de
1993, os resultados alcançados a partir do trabalho da Assistente Social com o
grupo das mulheres do Programa Espaço de Convivência, expondo que estes
acabam ocorrendo em longo prazo e de forma gradual, o Assistente Social deve ser
um mediador e buscar a garantia de direitos dos sujeitos e sempre atuar com o
compromisso ético-profissional. Ao final, serão expostos os avanços e as
dificuldades presentes na prática desse profissional. Dessa forma, conclui-se que o
trabalho na entidade tem conseguido garantir o fortalecimento de vínculos e a
autonomia das mulheres que participam no grupo. Compreende-se, portanto, que o
trabalho do profissional do Serviço Social é um trabalho à longo prazo, necessitando
de um profissional qualificado e comprometido com a emancipação social.
Introdução
A Legião da Boa Vontade (LBV) é uma Organização Não Governamental
(ONG)
1
que atua na cidade de Ponta Grossa desde 1956, realizando um trabalho
voltado para o enfrentamento das vulnerabilidades sociais. Este trabalho está
inserido no Programa de Proteção Social Básica a partir do Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento
Social (MDS), a Proteção Social Básica possui como objetivo prevenir as situações
de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o
fortalecimento de vínculos. (MDS, 2013)
1
Segundo Campos, é considerada ONG [...] um grupo social organizado, sem fins lucrativos,
constituído formal e autonomamente, caracterizado por ações de solidariedade no campo das
políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas
das condições da cidadania.
2
A LBV em Ponta Grossa possui dois programas, sendo eles: o Programa
Criança Futuro no Presente que possui como público alvo crianças e adolescentes
de 06 a 15 anos e suas família e o Programa Espaço de Convivência que possui
como público alvo mulheres que participam dele e suas famílias, sendo sujeitos em
situação de vulnerabilidade e risco social.
O objetivo do Serviço Social na entidade é de lutar pela garantia de direitos
dos sujeitos, buscando a autonomia e a emancipação destes, além do fortalecimento
de vínculos.
Nesse resumo expandido será dado enfoque ao trabalho do Serviço Social na
Legião da Boa Vontade (LBV) junto às participantes do Programa Espaço de
Convivência.
Relato da Prática Profissional
Na Legião da Boa Vontade (LBV) existe o programa Espaço de Convivência,
sendo voltado para a convivência e participação de mulheres na comunidade onde
são desenvolvidas a autonomia, fortalecimento de vínculos, troca de experiências e
conhecimento sobre direitos e deveres delas. (LBV, 2013)
Em Ponta Grossa o Programa Espaço de Convivência possui um grupo de
mulheres que se reúnem semanalmente na LBV. O grupo é formado por mulheres
de algumas regiões da cidade, e a faixa etária atendida é dos 40 aos 65 anos. As
atividades têm por objetivo o fortalecimento de vínculos e o desenvolvimento de
relações interpessoais. Este momento é mediado pela Assistente Social. Outra
atividade realizada pelo grupo é o artesanato, considerado um momento de
integração e troca de ideias.
Para participar do grupo, a participante deve comparecer na a entidade,
sendo que o atendimento inicial é realizado pela Assistente Social. Algumas das
mulheres são encaminhadas pela rede local ou por procura ativa.
Um dos instrumentais técnico-operativos utilizados é a entrevista, que
consiste em um momento de diálogo entre a Assistente Social e os usuários. São
preenchidos os formulários, que são da atribuição profissional da Assistente Social o
cuidado dos registros e fichas dos usuários, onde se encontra os dados destes e,
portanto, conclui-se em um instrumento para conhecer sua realidade social. Entre os
formulários estão: os dados censitários, autorização de uso de imagem, ficha social,
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profissional do Serviço Social. 04 e 05 de Novembro de 2013. ISBN 22371362
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encaminhamentos, pareceres, ficha da visita domiciliar, ficha sobre saúde,
autorização de saída e o cadastro da família.
Há um banco de dados, denominado Cadastro Social (CRM) e que interliga
todas as informações de todas as LBVs do Brasil.
Outros instrumentos utilizados são a observação, a visita domiciliar, o
atendimento social e o Encontro das Famílias.
A observação é muito utilizada, sendo em todas as atividades e todos os
momentos. A partir dela podem-se perceber informações que não estão sendo
expostas pelo usuário e poderá intervir se necessário. A observação contribui para
que a realidade dos sujeitos se torne compreensível. De acordo com Guerra (1995)
acaba-se permitindo aos sujeitos “apreenderem não apenas a lógica interna dos
fenômenos que se expressam na realidade, mas as conexões que aí se
estabelecem”. Outro instrumental que faz parte da prática profissional é
visita
domiciliar, de acordo com Mioto (2001) “[...] têm como objetivo conhecer as
condições (residência, bairro) em que vivem tais sujeitos e apreender aspectos do
cotidiano das suas relações”.
Também é realizado o atendimento social feito de forma individual, na
concessão de benefício aos usuários e quando há a necessidade da realização de
encaminhamentos.
Neste processo de atendimento ao usuário é fundamental o sigilo profissional,
respeitando o Código de Ética da profissão. É de extrema importância para não
expor abertamente o que os usuários expõem e que estes tenham confiança no
profissional e possam expor abertamente o que desejam. O Código de Ética de 1993
estabelece como o profissional deve agir, no capitulo V:
Art. 15 - Constitui direito do assistente social manter o sigilo profissional.
Art. 16 - O sigilo protegerá o usuário em tudo aquilo de que o assistente
social tome conhecimento, como decorrência do exercício da atividade
profissional.
Parágrafo único - Em trabalho multidisciplinar só poderão ser prestadas
informações dentro dos limites do estritamente necessário.
Art. 17 - É vedado ao assistente social revelar sigilo profissional.
Art. 18 - A quebra do sigilo só é admissível quando se tratarem de situações
cuja gravidade possa, envolvendo ou não fato delituoso, trazer prejuízo aos
interesses do usuário, de terceiros e da coletividade.
Parágrafo único - A revelação será feita dentro do estritamente necessário,
quer em relação ao assunto revelado, quer ao grau e número de pessoas
que dele devam tomar conhecimento. (Código de Ética, 1993)
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O Encontro das Famílias é realizado uma vez ao mês onde é realizado
palestras, dinâmicas sobre assuntos de interesse dos sujeitos. Todos os meses são
convidados um palestrante ou a Assistente Social aborda algum assunto referente
ao interesse das famílias que frequentam a LBV, sendo de grande importância a
participação delas nesse momento.
Os trabalhos realizados pela Assistente Social com as participantes do
Programa Espaço de Convivência têm o intuito de repassar informações a elas,
garantir a elas uma melhor qualidade de vida, buscar a autonomia, a emancipação e
a
autogestão,
para
que
possam
organizar-se
e
trabalharem
visando
o
desenvolvimento do grupo e delas enquanto um sujeito social.
Resultados e Discussão
Os resultados referentes às ações desenvolvidas são em longo prazo, pois as
mudanças são gradativas, lentas e, muitas vezes, o profissional do Serviço Social
não terá um retorno imediato.
Alguns
resultados
que
acontecem
em
decorrência
das
atividades
desenvolvidas, que são possíveis de observar com o tempo, são de grande
importância para a autonomia e a emancipação dos sujeitos e a busca da melhoria
da qualidade de vida deles.
O trabalho com grupo é um trabalho construído no cotidiano e fundamentado
nas relações sociais.
O Serviço Social tem nos instrumentais técnico-operativos, ferramentas para
sua atuação no cotidiano do público alvo que atende e para conhecer estes
indivíduos que necessitam da intervenção do Assistente Social em sua realidade.
Considerações/Notas Conclusivas
Há muitos avanços na questão da atuação do Serviço Social na entidade,
onde se pode perceber a busca do fortalecimento dos vínculos, o princípio da
emancipação e autonomia dos usuários e visando a qualidade de vida para eles.
O profissional do Serviço Social deve estar atento as necessidades dos
usuários, ser um mediador e também buscar zelar pela garantia dos direitos dos
sujeitos.
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É de suma importância a utilização de uma fundamentação teóricometodológica para a leitura da realidade, além do compromisso ético-profissional,
que possibilitam um trabalho voltado para a emancipação.
Referências
BRASIL. Legião da Boa Vontade. Espaço de Convivência, 2013. Disponível em:
<http://www.lbv.org/espa%C3%A7-de-conviv%C3%AAncia>
-
Acesso
em:
23/09/2013
________. Ministério do Desenvolvimento Social. Proteção Social Básica, 2013.
Disponível em: < http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica > - Acesso
em: 02/10/2013
CAMPOS, J. R. B.. Organizações Não-governamentais nas Áreas Ambiental,
Indígena e Mineral, 1999.
GUERRA, Y. A Instrumentalidade do Serviço Social. São Paulo, Cortez, 1995.
MIOTO, R. C. T. Perícia social: proposta de um percurso operativo. Serviço Social e
Sociedade, n.º67, 2001.
Anais da IX Jornada de Estagio de Serviço Social: formação e prática
profissional do Serviço Social. 04 e 05 de Novembro de 2013. ISBN 22371362
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