O PROCESSO DE GESTÃO DE PROJETOS EM EAD:
TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A PARTIR DO
PROJETO “GESTÃO ESCOLAR E TECNOLOGIAS”
Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida
e-mail: [email protected]
Adriana Ap. de Lima Terçariol
e-mail: [email protected]
Mariza Mendes
e-mail: [email protected]
Renata Bancovsky
e-mail: [email protected]
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Brasil
Programa de Pós – Graduação em Educação: Currículo
(55) 11- 3670-8000
RESUMO
O presente artigo caracteriza-se como uma tentativa de
sistematização de algumas análises referente ao processo de
gestão de projetos em EaD. Sua principal finalidade é tecer
reflexões sobre aspectos importantes considerados pelas
autoras, a partir de leituras, experiências em cursos de EaD
assumindo diferentes papéis (alunas, estagiárias, professorastutoras, autoras, orientadoras) e discussões desencadeadas ao
longo do segundo semestre de 2006 no curso: “Educação a
Distância e Gestão do Conhecimento”, promovido pelo
Programa de Educação: Currículo na Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo - Brasil. Dentre esses aspectos focaremos
as seguintes dimensões na gestão de um projeto de EaD: gestão
das mídias de comunicação, gestão de materiais, gestão de
pessoas, gestão do tempo, gestão de parcerias e gestão
administrativa. Acreditamos que estas seis dimensões permeiam
o processo de gestão de um projeto a distância e que, por isso,
necessitam de uma análise mais estruturada. Para tanto, o
Projeto “Gestão Escolar e Tecnologias” foi utilizado como
contexto para o desenvolvimento desta análise, uma vez que
refere-se a um programa de formação semi-presencial destinado
ao atendimento de equipes gestoras que atuam em contextos
educacionais para o uso de recursos tecnológicos no cotidiano
da escola e na gestão. Devido sua complexidade torna-se um
ambiente favorável ao desenvolvimento desta análise. Sendo
assim, as considerações tecidas nesse artigo apontam para
possíveis indicadores que orientem instituições que manifestem
o desejo de iniciar os primeiros passos pelos caminhos da EaD,
oportunizando maiores chances de alcançarem o sucesso no
processo de formação.
Palavras-Chave: Educação a Distância, Gestão, Projetos
Educacionais.
1. INTRODUÇÃO
Inúmeras são as legislações e diretrizes nacionais que nos dias
atuais prevêem um uso cada vez mais intenso da Educação a
Distância (EaD) como uma modalidade educativa. Assim, a
partir dessas legislações, algumas instituições começam a
utilizar mais intensivamente a EaD de maneira que lhes permita
ir, progressivamente, assimilando a nova modalidade e ao
mesmo tempo adequando as suas possibilidades de atendimento
em razão das peculiaridades regionais e culturais. Nesse
sentido, as experiências que se encontram em desenvolvimento
caracterizam-se como oportunidades promissoras em diferentes
áreas, dentre elas: na formação inicial e continuada de
educadores em exercício. Cabe salientar que, a EaD, além de
permitir articular a teoria e a prática, uma vez que os alunosprofissionais não precisam se afastar de seu espaço de trabalho,
propicia a profissionalização e o aperfeiçoamento de
populações geograficamente dispersas, oportunizando-lhes o
acesso a um processo de formação de qualidade.
A EaD requer uma estrutura específica que pouca semelhança
possui com as estruturas voltadas ao ensino presencial. Esta
estrutura, porém, não é única, variando de acordo com algumas
características relacionadas às propostas de ensino. Polak [6]
coloca em evidência alguns dos aspectos que devem ser levados
em conta no momento de se estruturar um programa de EaD:
9 Nível acadêmico da população alvo – Pode-se ofertar
cursos
de
diversas
naturezas,
como
médio,
profissionalizante, graduação, pós-graduação e educação
continuada, sempre respeitando as especificidades e
limitações de cada clientela;
9 Área geográfica – Os projetos podem ser desenvolvidos
local, regional, nacional ou internacionalmente, devendo o
planejamento do curso atender aos anseios das mais
diversas populações e diferentes realidades, bem como a
organização das aulas e escolha dos recursos didáticos;
9 Tipo de aluno – Deve-se considerar a idade, o perfil, o
ritmo e o grau de autonomia de cada sujeito;
9 Estrutura adotada – Neste aspecto é englobada a infraestrutura física, tecnológica e de recursos humanos. É
importante ressaltar que na EaD todo o processo educativo
deve ser previamente planejado, pois a improvisação traz
consigo inúmeros riscos, comprometendo a qualidade do
ensino.
9
Recursos utilizados – A escolha dos recursos deve ser feita
após a determinação e análise do local no qual será
implantado e implementado o projeto, bem como das
condições da(s) institução(ões) promotoras e do público
alvo.
Sendo assim, faz-se necessário compreender algumas
características desta nova modalidade educativa, principalmente
no se refere ao processo de gestão de um projeto de EaD, uma
vez que esta modalidade apresenta alguns aspectos específicos
que a diferenciam do ensino presencial.
Em EaD pluralidade parece ser uma palavra em evidência:
pluralidade de alunos, pluralidade de mídias e materiais de
apoio, pluralidade de conceitos, pluralidade de recursos; tudo,
enfim, parece conduzir a uma percepção de que a organização e
a gestão de programas desenvolvidos em contextos virtuais e
que integram outras tecnologias (tais como videoconferência,
material impresso, CD-ROM) precisam ser competentes para
lidar com diferentes fenômenos que inviabilizam formas
desatualizadas de gerenciar o processo de ensino e
aprendizagem em contextos on-line.
Neste sentido, o presente artigo apresenta como principal
finalidade tecer considerações sobre o processo de gestão de um
programa de EaD. Para tanto, lançaremos um olhar sobre o
Projeto “Gestão Escolar e Tecnologias, refletindo as dimensões
de gestão das mídias de comunicação, gestão de materiais,
gestão de pessoas, gestão do tempo, gestão de parcerias e gestão
administrativa.
2. CONTEXTUALIZANDO O LEITOR: O
PROJETO “GESTÃO ESCOLAR E
TECNOLOGIAS”
Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) desenvolvam a
autonomia necessária para, futuramente, darem continuidade a
essa formação.
Outro aspecto importante do Projeto Gestão Escolar e
Tecnologias é que ele foi estruturado de acordo com os
princípios, conteúdos, clientela e cronograma de atendimento
do PROGESTÃO2. Com isto, estes projetos se completam na
medida em que o PROGESTÃO aborda questões específicas de
gestão enquanto que, o GESTÃO ESCOLAR E
TECNOLOGIAS trata especialmente de questões relacionadas
com as potencialidades e contribuições das tecnologias nas
práticas escolares, com a atuação dos gestores e com a
construção coletiva do projeto de gestão das tecnologias da
escola em consonância com o seu projeto pedagógico.
Sendo assim, o Projeto Gestão Escolar e Tecnologias
proporciona aos gestores da rede estadual de ensino a
oportunidade de desencadearem um processo de reflexão,
visando a produção de conhecimentos sobre as contribuições
das tecnologias ao fazer profissional dos gestores, a gestão das
tecnologias e demais recursos existentes na escola voltadas à
seleção de estratégias pedagógicas para que diferentes recursos
tecnológicos disponíveis na escola passem a ser utilizados.
Consequentemente, todo este processo de interação
desencadeado ao longo do desenvolvimento do Projeto,
favorece a criação de uma rede dinâmica para a troca de
informações, experiências, conteúdos e a busca conjunta de
solução para os problemas que emergem na realidade da escola.
Cabe salientar que, a viabilização desta rede ocorre por meio de
um ambiente virtual criado especificamente para dar suporte ao
desenvolvimento das atividades de formação presencial e a
distância deste projeto, cuja interface pode ser observada na
Figura 1, disponibilizada abaixo:
O “Projeto Gestão Escolar e Tecnologias” caracteriza-se como
uma iniciativa da Microsoft Brasil, , Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC/SP), instituição responsável pela
concepção e desenvolvimento do Projeto e. Secretaria de Estado
da Educação de São Paulo. Sua principal finalidade é
“desenvolver um trabalho de formação de gestores para o uso
das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na gestão
escolar e no cotidiano da escola, bem como para apoiar e prover
condições para que os professores possam incorporar as TIC à
prática pedagógica, de forma a favorecer uma aprendizagem
significativa aos alunos”1. Neste Projeto as TIC, além de
oferecer suporte ao desenvolvimento da formação, insere-se
como instrumento de apoio à gestão escolar e à articulação entre
as dimensões técnico-administrativas e pedagógicas,
desenvolvendo-se junto aos profissionais da rede estadual de
ensino.
O projeto tem como foco a articulação entre a prática do gestor
escolar, as teorias educacionais e o uso das TIC. Para que esta
articulação se efetive é desencadeado um processo de formação
na ação, direcionado para o contexto escolar. Para o seu
desenvolvimento procura-se considerar as especificidades da
atuação da equipe gestora e a parceria com os professores
especialistas e coordenadores de informática que atuam na
própria escola e/ou em instâncias superiores. Além disso, tem
como finalidade promover o envolvimento destes professores
especialistas e coordenadores de informática para que
compreendam a metodologia da formação e, orientados pela
equipe de especialistas (orientadores) da Pontifícia
1
Informações obtidas a partir do site:
http://www.gestores.pucsp.br/AreaInstitucional/ProjetoGestaoTec.aspx
Figura 1 – Interface do Ambiente Virtual de Interação do Projeto
“Gestão Escolar e Tecnologias”
Neste ambiente são utilizados recursos como: fóruns, chats,
agenda, portfólios, correio, entre outros para garantir de
2
É um curso de formação continuada e em serviço na modalidade a
distância que tem como objetivo formar lideranças escolares
comprometidas com a construção de um Projeto de Gestão
Democrática da escola pública, focada no sucesso escolar dos
alunos. Este projeto foi desenvolvido pelo CONSED com as
Secretarias de Educação. Para outras informações acesse:
http://www.consed.org.br/mostra.asp?id=9348
diferentes formas a interação e a troca de experiências entre os
cursistas e a equipe formadora. Por estas e outras razões, o
desenvolvimento deste projeto torna-se algo muito complexo,
havendo assim a necessidade de desencadear um processo de
gestão a partir de algumas dimensões destacadas no tópico
seguinte.
3. REFLETINDO ALGUMAS DIMENSÕES
DO PROCESSO DE GESTÃO NO
CONTEXTO DO PROJETO “GESTÃO
ESCOLAR E TECNOLOGIAS”.
A partir deste instante são apresentadas algumas dimensões do
processo de gestão que consideramos importantes para o
sucesso de um programa em EaD. Para tanto, usaremos o
contexto do Projeto “Gestão Escolar e Tecnologias”, uma vez
que o consideramos apropriado, devido sua complexidade, para
efetuarmos nossas análises sobre o tema proposto.
Gestão de mídias de comunicação:
Para a viabilização de projetos de EaD procura-se utilizar
diferentes tipos de mídias, de acordo com o contexto, ou seja,
perfil dos sujeitos envolvidos ou público alvo e da infraestrutura da instituição promotora.. De acordo com as opções de
suporte midiático o planejamento e a gestão destes recursos são
desenhados de forma diferenciada. Além disto, estas escolhas
orientam a organização e treinamento dos integrantes da equipe
responsável pela produção destas mídias, uma vez que deve
haver uma preocupação constante em manter uma linguagem
adequada em todas as mídias utilizadas, visando a uma
adequação do material produzido de acordo com a realidade dos
alunos e os propósitos da formação. Os investimentos em infraestrutura tecnológica também serão traçados a partir das mídias
adotadas no curso. Além disso, de acordo com Kenski [3] para
que possamos definir quais equipamentos midiáticos serão
adotados num projeto de EaD on-line, faz-se necessário refletir
sobre o tipo de comunicabilidade que se pretende promover
entre os sujeitos envolvidos (professores, alunos, equipe técnica
e administrativa) ao longo do processo. Neste sentido, a autora
salienta a importância dos seguintes questionamentos:
“A comunicação entre os participantes será feita apenas de
forma isolada, como por exemplo, nos programas de autoaprendizagem (cbts ou webts) ou envolverá processos mais
avançados de interação? Será possível a comunicação ampla
entre todos os envolvidos, mesmo que estejam situados em
locais (muitas vezes, em horários) diferentes? Os professores e
alunos vão poder trocar opiniões e idéias e interagirem como se
estivessem reunidos, ao mesmo tempo, em um mesma “sala de
aula”?” [3].
Novos questionamentos são desencadeados ao buscarmos
respostas para as questões apontadas por Kenski [3],
consequentemente contribuem para o delineamento de metas e
tomada de decisões em relação às mídias consideradas mais
adequadas para o contexto no qual se pretende atuar.
Cabe salientar que, no contexto do Projeto “Gestão Escolar e
Tecnologias”, optou-se por utilizar diferentes mídias, dentre
elas: videoconferência, CD-ROM, textos impressos e um
ambiente virtual de aprendizagem, produzido especialmente
para o projeto. Desta forma, pretendia-se adequar o acesso as
informações com a realidade do público alvo, pois muitas
vezes as equipes gestoras envolvidas na formação não possuem
fácil acesso aos recursos da Internet. Ressaltamos ainda que,
além destas mídias, muitas vezes a interação entre os sujeitos
envolvidos no projeto se efetiva por meio do uso do telefone.
Isto ocorre
em momentos em que as mídias oficiais,
mencionadas acima, tornam-se de difícil acesso por um motivo
ou outro.
Gestão de materiais:
Visa prover o projeto de todos os materiais necessários para o
perfeito desenvolvimento dos cursos. Ao longo deste processo,
torna-se fundamental orientar e acompanhar os profissionais
responsáveis pela produção dos materiais a serem utilizados no
curso, a fim de garantir que favoreçam, por meio de diferentes
recursos, o desencadeamento de um processo de construção do
conhecimento, contemplando o ciclo de aprendizagem
descrição-execução-reflexão-depuração-descrição, proposto por
Valente3 [8].
Uma vez concebidos, de acordo com um enfoque
construcionista, os materiais didáticos propiciam uma melhor
interação entre os cursistas e professores (formadores), levandoos a constatarem a importância de uma atitude cooperativa para
que a aprendizagem colaborativa seja efetivamente
proporcionada. Assim, além de vivenciar, os sujeitos envolvidos
no processo também podem refletir e constatar que a
aprendizagem colaborativa implica uma postura cooperativa.
Em se tratando dessa questão, Behrens [2] salienta que:
“Uma postura cooperativa exige colaboração dos sujeitos
envolvidos no projeto, tomada de decisões em grupo, troca e
conflitos sócio-cognitivos, consciência social, reflexão
individual e coletiva, tolerância e convivência com as
diferenças, responsabilidade do aprendiz pelo seu aprendizado e
pelo grupo, constante negociações e ações conjuntas e
coordenadas” [2].
Dessa forma, ao interagir em um ambiente virtual alunos e
formadores também podem vivenciar a cooperação, uma vez
que todos se mobilizam, buscando em diferentes fontes
elementos que podem contribuir para a compreensão de
diferentes conceitos abordados pelos materiais didáticos,
oportunizando assim a aprendizagem colaborativa.
Assim, em um curso a distância é importante a articulação entre
os materiais didáticos e a interação entre alunos e formadores,
favorecendo por meio de vivências e ações desenvolvidas a
construção e reconstrução de conhecimentos e paradigmas.
Segundo Oliveira [4] o material didático hipermediático “é o
instrumento para o diálogo permanente entre alunos,
professores e o conhecimento”. Nesse sentido, o conhecimento
é produzido, uma vez que os cursistas têm a oportunidade de reelaborarem suas idéias a partir de questionamentos e um
confronto com os depoimentos dos colegas, bem como pela
busca de novas fontes de informações que, a cada instante, os
instigam a novas reflexões.
3
Segundo Valente [8], o processo de descrição, ocorre no momento em
que o aluno ao usar o computador como ferramenta, representa o seu
pensamento a respeito de um determinado conceito ou tema enquanto
tenta solucionar um problema. Uma vez que o aluno representou aquilo
que tinha em mente, o computador imediatamente fornece um feedback
ao aluno, ou seja, executa as opções selecionadas apresentando na tela o
resultado obtido. Em seguida, o aprendiz pode olhar para o que está
sendo mostrado na tela e para o produto final que esperava e fazer uma
reflexão sobre essas informações. Se o aluno ao refletir sobre o retorno
dado pelo computador e perceber que ele retrata, realmente, as suas
idéias, se dá por satisfeito finalizando a tarefa. Caso contrário, inicia a
depuração3, procurando o erro, alterando-o e realizando novamente uma
descrição, promovendo assim a efetivação do ciclo.
Em se tratando do Projeto “Gestão Escolar e Tecnologias”,
dentre os materiais desenvolvidos destacam-se: um CD-ROM
(com todo o material utilizado no curso); alguns textos
elaborados especificamente para o projeto (disponíveis na
Biblioteca do ambiente virtual); e um livro intitulado
“Liderança, Gestão e Tecnologias: para a melhoria da Educação
no Brasil”, coordenado por Fernando José de Almeida e Maria
Elizabeth B.B. de Almeida – SP em 2006. Além disto, foram
produzidos também materiais para a divulgação do projeto,
planilhas para o acompanhamento acadêmico e o
desenvolvimento de projetos e ações elaboradas durante o curso
pelas equipes gestoras.
Gestão de pessoas:
Para Pestana [5] “a busca constante por processo de gestão de
pessoas faz parte da organização que visa cada vez mais a
satisfação de seus funcionários para que, motivados, executem
suas tarefas com eficiência e eficácia”. A autora complementa
ainda afirmando que “gerenciar pessoas ou a gestão de pessoas
é a preocupação de muitas organizações para que seus objetivos
sejam atingidos, de preferência com a participação de um grupo
eficaz e motivado”. Pestana [5], citando Fisher e Albuquerque
[2001, p. 16], chama a atenção salientando a importância deste
grupo ser liderado por um gestor que possa ter os seguintes
desafios estratégicos nesta atividade: "atrair, capacitar e reter
talentos; gerir competências; gerir conhecimento; formar novo
perfil do profissional demandado pelo setor; gerir novas
relações trabalhistas; manter motivação/clima organizacional;
desenvolver uma cultura gerencial voltada para a excelência;
RH reconhecido como contributivo para o negócio; RH
reconhecido como estratégico; conciliar redução de custo e
desempenho humano de qualidade; equilíbrio com qualidade de
vida no trabalho; descentralizar gestão de RH".
Neste sentido, acreditamos que a gestão de pessoas em EaD,
especificamente no âmbito do Projeto “Gestão Escolar e
Tecnologias”, trata-se de um processo que envolve a gestão das
diferentes equipes que participam do projeto. Ações são
desenvolvidas para que os profissionais sejam alocados de
acordo com seus talentos em determinadas funções. Ao longo
de sua atuação as pessoas precisam ser flexíveis e abertas a
mudanças para trabalharem em conjunto, pois espera-se que as
ações sejam desencadeadas com harmonia na integração entre
as instâncias: administrativa, pedagógica e tecnológica.
Gestão do tempo:
Trabalhar em EaD exige que seja feita também a gestão do
tempo, pois atuar na modalidade a distância implica respeitar
especificidades diferentes dos cursos presenciais. Por esta
razão, fazem-se necessário alguns "combinados" entre as
pessoas que participarão do curso para que sejam atendidas
todas as suas necessidades, dentro de um tempo estipulado
pelas diferentes equipes envolvidas. É bastante evidenciada a
necessidade de comunicação constante de forma a dar
movimento e dinâmica ao curso. Essa comunicação virtual
implica em estratégias que levem os participantes a perceber a
necessidade da interação constante e de gerir seu tempo para
que isso se concretize.
A par disso, há que se levar em conta a flexibilidade do tempo
para a participação assíncrona, uma vez que tal flexibilidade é
uma das características primeiras da EaD. É necessário que a
equipe gestora seja aberta, flexível e interdisciplinar, para que o
pedagógico, o administrativo e o tecnológico possam caminhar
juntos.
Gestão de parcerias:
Faz-se necessária quando um curso de EaD ocorre a partir da
união e interesses comuns de algumas instituições, como, por
exemplo, PUC/SP, Secretarias de Educação/SEE e Microsoft.
De acordo com Emilio Umeoka [7], “a participação conjunta de
governos, sociedade e iniciativa privada em busca de um
mesmo objetivo é o principal fator de sucesso do Projeto
Gestão Escolar e Tecnologias”.
O autor complementa esta idéia afirmando que: “o grande
desafio que se impõe só pode ser vencido se esses três
segmentos trabalharem juntos. A iniciativa privada possui os
recursos tecnológicos necessários para promover a inclusão
digital. A sociedade, por meio de organizações nãogovernamentais e entidades similares, conhece as necessidades
da população e tem os meios para fazer com que esses recursos
cheguem àqueles que deles necessitam. Os governos têm a
importante missão de tornar essas iniciativas parte de sua
política pública e, assim, garantir a continuidade dos projetos”
[7].
Nestes casos, torna-se fundamental que cada uma destas
instituições tenha bem clara a sua função ou papel referente ao
curso em questão. No que se refere ao Projeto “Gestão Escolar
e Tecnologias”, procurou-se ao longo de seu desenvolvimento
desencadear um diálogo constante com os parceiros, de modo
que cada uma das instituições envolvidas pudesse, dentro de um
contexto amplo, lançar seu olhar em busca de caminhos para
que seus objetivos pudessem ser alcançados.
Gestão administrativa:
Aos integrantes desta equipe cabe administrar da melhor forma
possível o curso, estando atentos também aos seus aspectos
pedagógicos, tecnológicos, financeiros e de pessoal. Isso
implica no gerir a seleção e administração de pessoal, os
recursos financeiros, aquisição de equipamentos, softwares,
enfim, todos os recursos que proporcionarão o andamento do
curso de forma satisfatória. Além disso, cabe a esta equipe
prever e organizar estratégias para a efetivação da matrícula dos
cursistas, períodos de inscrição, etc., dentro de um cronograma
em consonância com as demandas pedagógicas. Não se pode
esquecer a importância do suporte tecnológico em todas as
fases do projeto, contando com a administração de pessoal para
fornecer esse suporte em tempo hábil e de forma compreensível
ao usuário.
4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A principal característica da educação a distância é permitir que
professores e alunos não precisem se encontrar em uma mesma
sala ao mesmo tempo, basta que recursos tecnológicos sejam
mobilizados para que esse encontro seja favorecido e para que a
comunicação aconteça, podendo ocorrer, via fax, correio
eletrônico, videoconferência, internet etc. Ao falar de EaD no
Brasil, esta parece ser uma boa opção, já que temos uma grande
área territorial e uma grande parte de cursos e universidades
agrupadas em determinadas regiões do país que impossibilitam
muitas vezes a capacitação de profissionais em áreas de seu
interesse. Além disso, quando tratamos da formação de
profissionais em serviço, a EaD permite que participem de
processos de formação em serviço sem se afastar de seu local de
trabalho, o que permite desenvolver a formação com foco na
prática do profissional em formação. Portanto, consideramos
esta nova modalidade educativa como uma opção para a busca
de novos conhecimentos. Com suas próprias características, a
EaD apresenta uma nova forma de planejar, produzir, mediar,
acompanhar e avaliar, tendo como principal foco o aluno dentro
deste processo de ensino e aprendizagem.
Por estas e outras razões, a educação a distância tem se
desenvolvido rapidamente pela facilidade que proporciona ao
chegar em várias regiões, atendendo a vários grupos de pessoas,
contextos, países, enfim, realidades diferentes. Estamos vivendo
uma nova era, representada pela sociedade tecnológica e da
informação. Com este novo paradigma, o conhecimento e a
informação são fatores importantes, considerados recursos
estratégicos e agentes transformadores da sociedade atual.
Assim, gradativamente, a EaD vem conquistando seu espaço,
abrindo novos horizontes, desafiando os sistemas de ensino,
tornando-se um dos campos de maior e mais rápido crescimento
em educação e formação.
Neste sentido, torna-se de fundamental importância lançar um
olhar para o processo de gestão destes cursos a distância, a fim
de compreender algumas de suas dimensões. Pois, sabemos que
um projeto de EaD possui especificidades que necessitam de
um acompanhamento mais detalhado e sistemático. Por isso,
acreditamos que para desenvolver um projeto nesta modalidade
educativa, faz-se necessária uma gestão que atenda algumas
dimensões, como, por exemplo, a gestão de mídias de
comunicação, gestão de materiais, gestão de pessoas, gestão do
tempo, gestão de parcerias e gestão administrativa.
De acordo com Almeida [1] é fundamental ao longo do
gerenciamento desses ambientes virtuais considerar diferentes
aspectos, dentre eles: “a gestão das estratégias de comunicação
e mobilização dos participantes, a gestão da participação dos
alunos por meio do registro das produções, interações e
caminhos percorridos, a gestão do apoio e orientação dos
formadores aos alunos e a gestão da avaliação”.
Por isso, ao planejar e desenvolver esse processo é preciso
prever uma série de fatores relativos à viabilização do projeto
pedagógico do curso em questão, bem como, refletir sobre a sua
organização e funcionamento, articulando as relações de
trabalho e os diferentes recursos, a fim de alcançar os objetivos
previstos.
Sendo assim, as considerações tecidas neste artigo visam
contribuir para o delineamento do processo de gestão de
projetos de EaD, na medida em que apontam alguns aspectos
importantes a serem considerados pelas instituições de ensino
na concepção e implementação de cursos a distância,
discutindo o processo de seu gerenciamento, em busca da
efetivação de um novo paradigma educacional.
5. REFERÊNCIAS
[1]
ALMEIDA, M. E. B. B. Tecnologias e gestão do
conhecimento na escola. In: VIEIRA, A. T.; ALMEIDA,
M. E. B.; ALONSO, M. Gestão educacional e tecnologia.
São Paulo: Avercamp, 2003, p. 113-130.
[2] BEHRENS, M. A. Projetos de aprendizagem colaborativa
num paradigma emergente. In: MASETTO, M.; MORAN.
J. M.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação
pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.
[3] KENSKI, V. M. Gestão e uso das mídias em projetos de
educação a distância. Revista E-Curriculum, São Paulo, v.
1, n. 1, dez. - jul. 2005-2006. Disponível em:
http://www.pucsp.br/ecurriculum, acesso em: 07/09/2006.
[4] OLIVEIRA, T. Z.. Q. et al. A construção do material
didático em EAD: uma experiência de aprender fazendo,
através da ação, do conhecimento e da afetividade.
Disponível
em:
<http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/038-TCB2.htm>, Acesso em: 21/09/2004.
[5] PESTANA, M. C. et al. Desafios da sociedade do
conhecimento e gestão de pessoas em sistemas de
informação. Ci. Inf., Brasília, v. 32, n. 2, 2003.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S
0100-19652003000200009&lng=es&nrm=iso>.
Acesso
em: 07 Sep 2006.
[6] POLAK, Y. N. S. (Org). A construção do percurso em
educação a distância. Curitiba: Ed. do Autor, 2002.
[7] UMEOKA, E. Educação, tecnologia e transformação. In:
ALMEIDA, F. J., ALMEIDA, M. E. B. B. (Coords.)
Liderança, gestão e tecnologias: para a melhoria da
educação no Brasil. São Paulo: s.n, 2006, p.11 - 13.
[8] VALENTE, J. A. Computadores e conhecimento:
repensando a educação. Campinas, UNICAMP, 1993.
Download

tecendo algumas considerações a partir do projeto