GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: ESTUDO DE CASO DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS, CAMPUS GOVERNADOR VALADARES Marina Abade Lopes, aluna do 5º período de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares, [email protected] Luiz Fernando da Rocha Penna - Professor Msc. do IFMG, campus Governador Valadares, [email protected] RESUMO Um dos grandes problemas ambientais discutidos na sociedade atualmente é a geração de resíduos sólidos e seu rápido descarte, que por muitas das vezes não tem uma destinação correta. Este trabalho tem como objetivo geral realizar um diagnóstico das fases iniciais do gerenciamento dos resíduos sólidos gerados no IFMG-GV. Com base em análises bibliográficas, entrevista e visitas in loco para a elaboração do mesmo. Notou-se a necessidade de iniciar uma campanha de educação ambiental com os servidores e estudantes no sentido de sensibilizar a todos para a segregação dos resíduos sólidos na fonte geradora. Esta prática é importante, pois facilitará as etapas seguintes do gerenciamento. Palavras-chave: educação ambiental; gerenciamento; resíduos sólidos; ABSTRACT The major environmental problems discussed in society today is the solid waste generation and its rapid disposal, which often do not have a correct destination. This paper aims to conduct a general diagnosis of early stages of the management of solid waste generated in the IFMG-GV. Based on Literature reviews, interviews and site visits to prepare the same. It was noted the need to start an environmental education campaign with the servers and students in order to sensitize everyone to the segregation of solid waste at the source. This practice is important to facilitate the next steps of management. Keywords: environmental education, management, solid waste. 1 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento das cidades e a crescente ampliação das áreas urbanas vêm contribuindo para o crescimento de impactos ambientais. No ambiente urbano, determinados aspectos culturais como o consumo de produtos industrializados e a necessidade da água como recurso natural vital à vida, influenciam na qualidade ambiental. Os costumes e hábitos de uso da água e a geração de resíduos sólidos pelo exacerbado consumo de bens materiais são responsáveis por parte das alterações e impactos ambientais (MUCELIN E BELLINI, 2008). Observa-se que a questão ambiental é uma preocupação mundial e atualmente assunto muito discutido pelas autoridades. Nesse sentido, tem-se buscado criar novas Leis e iniciar um processo de conscientização da população sobre importância do consumo consciente e diminuindo a geração de resíduos sólidos. Em relação aos resíduos sólidos, em 2010 foi sancionada a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) Lei 12.305/2010, a qual define resíduos sólidos como: Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólidos ou semi-sólidos, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviável em face da melhor tecnologia disponível. (PNRS, 2010, p.3) A mesma Lei, no Art. 13 classifica os resíduos sólidos segundo a sua origem como: a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas; b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”; d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”; e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA e do SNVS; h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. 2 Segundo Ribeiro e Morelli (2009), o crescimento das áreas urbanas não considerou a necessidade de adequação de locais específicos para depósitos e tratamento dos resíduos sólidos gerados. Surge assim a necessidade de um melhor gerenciamento desses resíduos gerados. Ainda em relação PNRS, a mesma definiu gerenciamento de resíduos sólidos – GRS, é definido como: Conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei. (PNRS, 2010, p.2) Pereira Neto (2007), afirma que o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos – GRSU começa em nossas residências, ou seja, separação/segregação na fonte geradora e acondicionamento correto preparando-o para a coleta. Se, desde a sua origem, o resíduo sólido for tratado com critério, ele deixará, por certo, de ser um grande problema. Pode-se dizer então que o IFMG-GV não foge à problemática do gerenciamento de resíduos sólidos. De acordo com Tauchen e Brandli (2006), estes locais podem ser comparados com pequenos núcleos urbanos, envolvendo diversas atividades e locais de geração de resíduos sólidos. O correto seria que os resíduos sólidos fossem segregados na fonte geradora e preparados para a coleta acondicionando-os em recipientes apropriados, compatível com o tipo e a quantidade de resíduos sólidos gerados, de forma sanitariamente adequada (MONTEIRO, 2001). A segregação e o acondicionamento adequado dos resíduos sólidos na fonte geradora favorecem para que boa parte seja reciclado. De acordo com Monteiro (2001), 65% do lixo gerado no país é matéria orgânica, sendo que essa matéria orgânica pode ser transformada em composto orgânico e utilizada na agricultura, já o resíduo seco está em torno de 35% e a maior parte pode ser reutilizada ou reciclada servindo de matéria-prima na fabricação de outros produtos. O resíduo sólido acondicionado em recipientes apropriados, com segurança e vedação facilita o manuseio pela equipe de coleta, já que o resíduo acondicionado de uma maneira incorreta pode acarretar a presença de vetores e doenças para a população que ali freqüenta, como por exemplo, a dengue. No gerenciamento dos resíduos sólidos destacam-se as questões de responsabilidade e de envolvimento dos setores da sociedade em relação à geração 3 de resíduos associando às medidas de prevenção e correção dos problemas ambientais, vislumbrando a preservação dos recursos naturais, a economia de insumos e energia e a minimização da poluição (PAVAN, 2008 apud GOMIDES, 2009). Neste sentido, é preciso que o IFMG-GV atente para as normas legais e legislação vigentes no tocante aos resíduos sólidos. O Decreto Presidencial nº 5.940 de 25 de outubro de 2006 institui: “A separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis” (BRASIL, 2006, p.1). A Resolução do CONAMA 275/2001 estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva, como se pode observar na Tabela 1. Tabela 1. Significados das cores usadas para coleta seletiva Padrões de Cores Significados Azul Papel / Papelão Vermelho Plástico Verde Vidro Amarelo Metal Preto Madeira Laranja Resíduos Perigosos Branco Resíduos Ambulatórias e serviços de Saúde Roxo Resíduos Radioativos Marrom Resíduo Orgânico Cinza Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação Fonte: Resolução CONAMA 275/2001 Dentre os resíduos sólidos, os da construção civil (RCC’s) tornaram-se uma classe que também tem chamado a atenção nas cidades, uma vez que, traz consigo um grande impacto no meio ambiente desde a sua geração até sua disposição final inadequada. Segundo a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) Lei 307/2002, os RCC’s são definidos como: 4 Resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. (CONAMA, 2002, p.1) De acordo com o CONAMA Lei 307/2002 Art. 4º destaca-se que os geradores de RCC’s devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. No Plano Nacional dos Resíduos Sólidos – PNRS (2011) consta que no Brasil a quantidade de RCC’s coletados no ano de 2010 foi de 99.354 t/dia. Nesse contexto, o resíduo gerado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, Campus Governador Valadares – IFMG-GV for classificado como RSU, o mesmo deve ser segregado na fonte geradora e acondicionado adequadamente até que a coleta seja realizada. Por outro lado, se os resíduos sólidos gerados forem classificados como resíduos da construção civil – RCC que deve dar destino final aos mesmos é o gerador, ou seja, o IFMG-GV. Nas ultimas décadas, com a era da informática e do apelo ao consumismo de equipamentos onde se faz o uso de pilhas e baterias tem se tornado um problema bastante acentuado. Conforme a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica ABINEE – (2012), o Brasil consome 1,2 bilhões de pilhas e baterias por ano. A população por falta de conhecimento deposita pilhas e baterias de forma inadequada, o que representa riscos a saúde e ao meio ambiente. Segundo Günther e Reidler (2002), esses produtos contêm metais pesados como mercúrio, chumbo, cádmio, níquel e outros potencialmente perigosos. Esses metais, sendo bioacumulativos depositam-se no organismo, afetando suas funções. Outras substâncias tóxicas, presentes nesses produtos, podem atingir e contaminar os lençóis freáticos, comprometendo a qualidade desses meios e seu uso posterior, como fontes de abastecimento de água e produção de alimentos. Todo estabelecimento necessita da energia elétrica para seu funcionamento e muitos utilizam as lâmpadas fluorescentes. Essas lâmpadas, no momento do descarte, merecem uma atenção especial, pois possui mercúrio que lançado ao meio ambiente de forma inadequada podem gerar contaminação. Sem informações a população prossegue descartando as lâmpadas sem quaisquer cuidados misturando as lâmpadas com os demais resíduos sólidos. Este 5 procedimento é inadequado, pois acabam tornando resíduos perigosos todos os demais itens constituintes presentes no coletor. (NAIME e GARCIA, 2004). Para evitar esse tipo de acidente recomenda-se embalar a lâmpada queimada, quando possível com a embalagem da nova, para evitar quebra no transporte e vazamento de materiais tóxicos. Segundo Zavariz (2007), No Brasil, a produção, importação e comercialização de lâmpadas fluorescentes somam um total de aproximadamente 40 milhões de lâmpadas por ano. Pilhas e lâmpadas fluorescentes são consideradas pela PNRS como resíduos especiais, portanto devem ter também um gerenciamento especial. Outra questão a ser levantada é o uso de óleo vegetal nos restaurantes, bares, lanchonetes, entre outros que após seu uso pode ser lançado na rede de esgoto. Se descartado nas pias e nos ralos pode acarretar vários problemas como entupimento das tubulações, poluição hídrica, impermeabilização do solo, exalação de mau cheiro e encarecimento dos processos de tratamento de água e esgoto (MEIRA, 2010). Um ponto importante relacionado aos resíduos sólidos é a geração de matéria orgânica, como exemplo a poda dos gramados, que nem sempre é reaproveitada. De acordo com Pereira Neto (2007), a compostagem é um processo biológico, que trata de transformar a matéria orgânica em húmus, para uso agrícola, é também uma forma de reciclagem. Quando submetidos à compostagem (processo de decomposição biológica controlada), esses resíduos apresentam grande potencial de produção de condicionadores de solo, o composto orgânico. Quando tratados em biodigestores, podem gerar energia. Em condições adversas de degradação, nos aterros e lixões, por exemplo, forma excesso de chorume, líquido de cor escura, com odor desagradável e elevado poder de poluição (MEIRA, 2010). Como qualquer outro estabelecimento o IFMG-GV produz vários tipos de resíduos sólidos. Neste sentido o trabalho se justifica para verificar como as fases iniciais do gerenciamento desses resíduos (geração, separação na fonte geradora e acondicionamento) estão sendo realizados no campus, se existe a coleta seletiva e a participação dos servidores e estudantes nesse processo. O presente trabalho tem como objetivo geral realizar um diagnóstico das fases iniciais do gerenciamento dos resíduos sólidos gerados no IFMG-GV, e como objetivos específicos buscar dados através da entrevista realizada com o Diretor Administrativo e de Planejamento do IFMG-GV, identificar as formas de acondicionamento dos resíduos sólidos gerados na instituição, identificar alguns pontos de geração e propor ações para contribuir a redução e descarte correto desses resíduos sólidos gerados no IFMG-GV. 6 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 2.1 Caracterização da área de estudo O IFMG-GV está localizado na Avenida Minas Gerais, nº 5.189 no bairro Ouro Verde, como mostra a Figura 1. Figura 1 - Vista panorâmica do IFMG – Campus Governador Valadares, MG Fonte: Arquivo pessoal, Prof. Luiz Fernando da Rocha Penna, Fev. 2013 O IFMG-GV oferta cinco cursos: dois cursos de Nível Médio/Técnico Integrado em Meio Ambiente e em Segurança do Trabalho, Técnico Subseqüente em Segurança do Trabalho, dois cursos superiores: Engenharia de Produção e Tecnólogo em Gestão Ambiental. O quadro de funcionários do campus conta com 30 professores, 21 técnicos administrativos em educação e 550 alunos regularmente matriculados. O campus ainda está em processo de implantação, possuindo uma área de aproximadamente 142.000 m2, com uma área construída de 3.750m2 formada por três prédios: ensino, administração e sociabilidade. No administrativo conta-se com um total de 9 salas, sendo: coordenação de ensino, sala de reuniões, sala do diretor e ante-sala, coordenação de pesquisa e extensão, coordenação de administração e planejamento, sala de tecnologia de informação e sala de recursos áudios-visuais, almoxarifado, possuindo também 1 banheiro masculino, 1 banheiro feminino e 2 para portadores de necessidades especiais. No prédio de ensino possui um total de 21 salas com aproximadamente 72 m2, contendo o hall de entrada; 11 salas de aula; 1 laboratórios de biologia e química; 1 laboratório de física e matemática; 1 sala de estudo; 1 sala dos professores, 1 sala de coordenação, 1 biblioteca, 2 laboratórios de informática e 2 salas em reforma. Temos também 2 cômodos utilizados como almoxarifados e 2 banheiros masculinos, 2 femininos e 1 para portadores de necessidades especiais. 7 No prédio onde está situada a cantina há: 2 almoxarifados, 2 banheiros masculinos, 2 femininos e 2 para portadores de necessidades especiais. 2.2 Tipo de estudo O presente trabalho de pesquisa é qualitativo de caráter exploratório e descritivo. A pesquisa qualitativa se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, (GOLDENBERG, 1997 apud GERHARD E SILVEIRA, 2009). A pesquisa exploratória é definida por Cervo et. al. (2007), como: designada por quase científica ou não científica, é normalmente o passo inicial no processo de pesquisa pela experiência e um auxílio que traz a formulação de hipóteses significativas para posteriores pesquisas. A pesquisa exploratória não requer a elaboração de hipóteses a serem testadas no trabalho, restringindo-se a definir objetivos e buscar mais informações sobre determinado assunto de estudo. Tais estudos têm por objetivo familiarizar-se com o fenômeno ou obter uma nova percepção dele e descobrir novas idéias. Segundo Cervo et. al. (2007), a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do individuo tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas. A pesquisa descritiva desenvolve-se, principalmente nas ciências humanas e sociais, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados, mas cujo registro não consta de documentos. Os dados, por ocorrerem em seu hábitat natural, precisam ser coletados e registrados ordenadamente para seu estudo propriamente dito. 2.3 Técnica de coleta dos dados Durante o trabalho de campo foram identificados alguns pontos de disposição inadequada na instituição. Foram feito registros fotográficos e uma entrevista com o Diretor Administrativo e Planejamento do IFMG–GV a fim de buscar dados sobre o assunto. 8 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Segundo o entrevistado o IFMG-GV não possui nenhuma campanha de educação ambiental para sensibilizar servidores e estudantes sobre as etapas iniciais do gerenciamento adequado dos resíduos sólidos, ressaltando a importância da participação dos servidores e estudantes sobre atitudes básicas relacionadas a esse gerenciamento. Na Figura 2 observa-se resíduos sólidos secos descartados em coletor para resíduos orgânicos o que confirma a resposta do entrevistado. Figura 2 - Resíduos sólidos secos descartados em coletor para resíduos orgânicos Fonte: Própria, Fev. 2013 Durante a pesquisa observou-se que no Prédio da Sociabilidade possuía coletores com as cores preconizadas pela Resolução CONAMA 275/2001. Esses coletores foram disponibilizados pelo terceirizado da cantina com o intuito que os servidores e estudantes freqüentadores do local depositassem os resíduos de forma adequada. Entretanto, observou-se que os resíduos são descartados inadequadamente, ou seja, resíduos orgânicos no coletor destinado a papel, por exemplo, com isso os resíduos se misturam e sua segregação se torna quase impossível. Assim, observa-se a inexistência de coleta seletiva no IFMG-GV e consequentemente o não atendimento ao Decreto 5.940 de 2006. Esse fato evidencia a importância de se fazer uma campanha de educação ambiental para sensibilizar a comunidade escolar para dar início à coleta seletiva no IFMG-GV. A Figura 3 também confirma o que disse o entrevistado e a pesquisa realizada. 9 Figura 3 - Coletores disponibilizados no Prédio da Sociabilidade. Observar detalhe abaixo onde os resíduos são descartados sem observância da Resolução CONAMA 275/2001 Fonte: Própria, Fev. 2013 Dentre os cursos oferecidos pelo IFMG-GV estão o Técnico Integrado em Meio Ambiente e o superior em Tecnologia em Gestão Ambiental, nesse sentido Furiam e Gunter (2006) afirmam que essas escolas precisam praticar aquilo que ensinam. De acordo com o entrevistado, atualmente todo serviço relacionado ao gerenciamento dos resíduos sólidos do IFMG-GV é executado por uma equipe terceirizada, responsável pela coleta interna e acondicionamento temporário desses resíduos. Até dezembro de 2012 os resíduos sólidos urbanos gerados no IFMG-GV eram acondicionados temporariamente em latões ou tambores de plástico (Figura 4). Figura 4 - Latão e Tambor de plástico para acondicionamento temporário dos resíduos sólidos gerados no IFMG-GV Fonte: Arquivo pessoal, Prof. Luiz Fernando da Rocha Penna, Nov. 2012 10 Analisando a Figura 4, pode-se dizer que esses recipientes não são adequados para o acondicionamento temporário dos resíduos, uma vez que, não são padronizados, não possuem tampas o que pode favorecer o aparecimento de vetores de doenças e não atendem a Resolução do CONAMA 275/2001. De acordo com o entrevistado em janeiro de 2012 chegaram quatro containeres de coleta seletiva de mil litros para acondicionar os resíduos sólidos de forma sanitariamente adequada. Os mesmos foram disponibilizados próximos ao Prédio Administrativo e ao Prédio da Sociabilidade, para acondicionar temporariamente esse resíduo até a coleta ser realizada pela empresa contratada da prefeitura. A Figura 5 registra os containeres. Figura 5 - Containeres usados atualmente para o acondicionamento temporário de resíduos sólidos Fonte: Própria, Fev. 2013. Ainda segundo o entrevistado atualmente todo resíduo sólido gerado no campus é coletado por uma empresa contratada pela prefeitura de Governador Valadares três vezes na semana. Os materiais recicláveis que são mais volumosos (basicamente caixas de papelão) só são recolhidos quando o IFMG-GV entra em contato com Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis Natureza Viva Governador Valadares – MG (ASCANAVI). Segundo Salvador (2012), que realizou um estudo sobre a composição gravimétrica dos resíduos sólidos no IFMG-GV, 96,5% dos resíduos gerados no IFMG-GV pode ser potencialmente reciclados. De acordo com o entrevistado o IFMG-GV adquiriu em dezembro de 2013 dez jogos de coletores de cem litros para resíduo seco e úmido. Os mesmos se encontram disponibilizados no interior do Prédio Administrativo e no interior do Prédio de Ensino 11 que são dois locais de geração de resíduos no IFMG-GV, totalizando quatro jogos instalados (Figura 6). Figura 6 - Coletor localizado no Prédio de Ensino Fonte: Própria, Fev. 2013. Entretanto, observou-se durante o trabalho de campo ausência desses coletores no exterior dos Prédios. A existência desses coletores é necessária para que as pessoas que ali freqüentam não descartem os resíduos de forma inadequada. Outra observação foi à disposição inadequada dos resíduos sólidos nesses novos coletores, pois foi identificado resíduo seco em coletores para resíduo úmido (como garrafas pet e copos descartáveis), o que caracteriza a não segregação na fonte geradora e isso dificulta o possível envio à ASCANAVI. Este fato pode ser entendido pela ausência de uma campanha de educação ambiental conforme relatou o entrevistado. Uma questão levantada pelo entrevistado relacionado a resíduos sólidos no IFMG-GV são os restos de poda dos gramados, que não são aproveitados e só são recolhidos quando a Administração do IFMG-GV entra em contato com o Serviço Municipal de Obras e Viação (SEMOV). Esse tipo de resíduo poderia ser utilizado para um processo de compostagem e o composto produzido poderia ser utilizado no próprio gramado ou jardins do campus. A compostagem apesar de não representar a solução final do saneamento ambiental, pode contribuir significativamente como elemento redutor dos danos causados pela disposição final inadequada de resíduos sólidos, além de propiciar a recuperação de áreas degradas e solos agrícolas (PEREIRA NETO, 2007). 12 A Figura 7 registra os resíduos orgânicos derivados da poda do gramado no campus. Figura 7 - Restos de poda dos gramados Fonte: Própria, Fev. 2013 O Prédio de Ensino é um dos pontos onde acontece uma grande geração de resíduos, pois é o local que professores e estudantes passam a maior parte do tempo, com isso há uma grande diversidade de resíduos que são gerados. De acordo com Salvador (2012), foi possível avaliar qual dos prédios (Ensino, Administrativo e Sociabilidade) possui a maior geração de resíduos sólidos, o Prédio de Ensino se destacou com 48% dos resíduos gerados, o que equivale a 49,9Kg de resíduos sólidos (Figura 8). Figura 8 - Total de resíduos sólidos gerados no IFMG-GV em porcentagem no período de 20 a 24/08/2012 Fonte: Salvador, 2012 13 Em relação ao acondicionamento observou-se que os resíduos sólidos gerados nas salas de aula e banheiros são feitos de forma improvisada em baldes que são utilizados para descarte de todo tipo de resíduos sólidos (seco e úmido), que por sua vez são encontrados misturados, formando possíveis pontos de acumulo do resíduo. (Figura 9 e 10). Figura 9 - Baldes improvisados como lixeiras em salas de aula do IFMG-GV e resíduos sólidos misturados no seu interior Fonte: Própria, Dez. 2012 Figura 10 - Baldes improvisados como lixeiras nos banheiros do IFMG-GV Fonte: Própria, Dez. 2012 14 No trabalho de campo, pode-se observar no banheiro do Prédio de Ensino, o acúmulo de papel toalha dispostos na pia e no chão devido à ausência de coletores (Figura 11). Figura 11 - Papel toalha descartados no chão do banheiro Fonte: Própria, Fev. 2013 Observou-se em algumas salas de aula lâmpadas fluorescentes queimadas, que devem ser retiradas e acondicionadas corretamente e deve-se dar um destino final correto para esse tipo de resíduos. O IFMG-GV faz o uso de equipamentos nos quais necessitam de pilhas e baterias para seu funcionamento, com o tempo esses produtos passarão a ser um resíduo sólido e terá que ser descartado. Por isso é de suma importância um programa de educação ambiental para que ocorra um descarte correto, pois como citado anteriormente esses materiais lançados ao meio ambiente de forma errônea pode acarretar sérios problemas à saúde humana e ao meio ambiente. É importante ressaltar que no Prédio da Sociabilidade se faz o uso do óleo de cozinha para preparação dos alimentos. Segundo a funcionária da cantina o óleo após o seu tempo de uso, retorna a empresa terceirizada para que seja reaproveitado. No período de realização desta pesquisa o campus não estava em obras, entretanto, foram encontrados RCC’s gerados em sua construção. A Figura 12 mostra RCC’s espalhados no campus onde é possível observar alguns materiais como: madeiras, tubulação e capacetes. 15 Figura 12 - Resíduos de construção civil dispostos inadequadamente no IFMG-GV Fonte: Própria, Out. 2012 Foram identificados na área do campus restos de louça (vaso sanitário), vidros, cerâmicas, pedaços de telhas, entre outros. Na Figura 13 pode se observar esses resíduos dispostos de forma inadequada. Figura 13 - RCC’s dispostos no IFMG-GV de forma inadequada Fonte: Própria, Out. 2012 Segundo Meira (2010), toda e qualquer intervenção (pinturas externa e interna, reformas, adaptações, serviços elétricos e hidráulicos, cobertura, mudanças de piso e revestimentos, instalações de condicionadores de ar, dentre outras) a ser executada nas edificações do Campus, qualquer que seja a origem do recurso a ser utilizado, deve, obrigatoriamente, ser comunicada à Diretoria da Unidade com antecedência. Os resíduos devem ser separados no próprio local de geração pela empresa para reutilização, reciclagem ou encaminhamento às áreas de aterro de resíduos da construção civil, segundo classificação de resíduos definida na Resolução CONAMA 307/2002. 16 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da entrevista realizada com o Diretor de Administração e Planejamento do IFMG-GV detectamos a necessidade de iniciar uma campanha de educação ambiental com todos os servidores e estudantes no sentido de sensibilizar a todos para a segregação dos resíduos sólidos na fonte geradora. Esta prática é importante, pois facilitará as etapas seguintes do gerenciamento. No início dessa pesquisa observou-se que as lixeiras utilizadas no campus eram improvisadas (baldes e caixa de papelão) e as formas de acondicionamento encontradas no campus não eram adequadas, pois os resíduos sólidos eram acondicionados em latões e, com a chegada dos contêineres o acondicionamento dos resíduos passou a ser nesses recipientes o que melhorou consideravelmente essa etapa. Torna-se necessário a disponibilização dos coletores que ainda permanecem guardados nas salas de aula e banheiros. Em relação aos pontos de geração de resíduos sólidos no campus, consideramos pontos fixos os Prédios Administração, Ensino e Sociabilidade (cantina). E consideramos os pontos dispersos toda área do campus onde foram encontrados os restos de poda do gramado (resíduo orgânico) e RCC’s. Sugere-se que os restos de poda dos gramados sejam utilizados em uma compostagem, ou simplesmente distribuí-los na base das mudas de arvores e plantas ornamentais plantadas no campus servindo de exemplos para os estudantes. Em relação aos RCC’s sugere-se que seja feita uma limpeza geral no campus e que as novas obras que forem realizadas se atente para redução da geração e uma vez gerado que o destino final seja ambientalmente correto. É importante que o IFMG-GV inicie a coleta seletiva dos resíduos sólidos atendendo o Decreto nº 5.049/2006. Neste sentido recomenda-se fazer um contrato formal com a ASCANAVI, para o recolhimento dos resíduos recicláveis atentando para a responsabilidade sócio-ambiental. Por fim, sugerimos que o IFMG-GV elabore e implante o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS) que contemplará todas as etapas, ou seja, a não geração até a disposição final ambientalmente adequada dos resíduos gerados no campus. O sucesso de todas essas práticas depende do envolvimento da administração dos funcionários terceirizados, professores e estudantes, pois o gerenciamento adequado de resíduos sólidos depende da participação de todos em busca da sustentabilidade. Através de pequenos gestos podemos melhorar o gerenciamento de resíduos sólidos no IFMG-GV e ser exemplo para a sociedade. 17 5. REFERÊNCIAS Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica - ABINEE. Disponível em <http://www.abinee.org.br. acesso em: 07 de abril de 2013. BRASIL, Casa Civil. Decreto Presidencial nº 5.940 de 25 de outubro de 2006. 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