O BANCÁRIO Edição Diária 4742 | Salvador, quarta-feira, 06.10.2010 Filiado à Presidente Euclides Fagundes Neves CAMPANHA SALARIAL O movimento cresce em todo o país, principalmente na Bahia. Logo mais à noite, os bancários voltam a se reunir a partir das 18h, no Ginásio de Esporte Bahia tem 100 cidades na paralisação Página 4 Assembléia hoje para avaliar greve João Ubaldo Na assembléia-geral que acontece às 18h de hoje, no Ginásio de Esporte, um dos temas principais será a intransigência dos banqueiros, que suspenderam as negociações há mais de uma semana. A categoria não aguenta mais esperar e não aceita de forma alguma os pífios 4,29% oferecidos pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). Enquanto isso, a greve cresce em todo o Brasil, onde mais de 7,4 mil agências estão fechadas, das quais 487 localizadas na Bahia. Páginas 2, 3 e 4 Brasil tem 7 mil agências fechadas Página 2 A cena das agências com funcionamento suspenso se repete nos bancos públicos e privados www.b an car i os b ah i a.org .b r CAMPANHA SALARIAL Paralisação cresce em todo o Brasil e pressiona os banqueiros Mais de 7 mil agências fechadas no país Os dias passam e a greve dos bancários só faz crescer em todo o país. Ontem, já eram 7,4 mil agências fechadas em todo o país, com a expectativa de novas adesões. Na Bahia são 487 unidades sem funcionar e o movimento foi ampliado em Salvador e no interior do Estado. O crescimento da greve reflete a insatisfação da categoria com a postura dos bancos, que se negam a retomar a negociação. Bancos provocaram a greve Ney Sá* Os bancários reivindicam 11% de reajuste, valorização dos pisos salariais, maior PLR (Participação nos Lucros e Resultados), medidas de proteção da saúde que inclua o combate ao assédio moral e às metas, garantia de emprego, mais contratações, igualdade de oportunidades para todos e mais segurança. Os bancos propuseram apenas reajuste de 4,29% (a inflação do período) e rejeitaram as demais reivindicações. João Ubaldo Na Bahia, onde a greve é das mais fortes no Brasil, 487 agências continuam sem funcionar Movimento forte no Santander Os bancários da Bahia estão dispostos a lutar até que a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) apresente uma proposta justa. Com isso, o movimento ganha cada vez mais força nos bancos privados. Os empregados do Santander Real, por exemplo, fecharam diversas agências em Salvador no sétimo dia da greve, ontem. As agências localizadas no Pituba Ville, Tancredo Neves, Iguatemi, Barra, Ondina, avenida Sete de Setembro e Comércio permaneceram durante todo o dia sem funcioO BANCÁRIO Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 2 O Bancário Fundado em 4 de fevereiro de 1933 www.bancariosbahia.org.br ∙∙∙∙∙∙ TEMAS & DEBATES ∙∙∙∙∙∙ namento. Desde cedo, era possível observar os funcionários com faixas e adesivos explicando à população o porquê da paralisação em todo o Brasil. A iniciativa é um reflexo de que a categoria está cada vez mais unida em busca de melhorias. “Os bancários estão participando do movimento e nós só vamos encerrar a greve com uma proposta que contemple as reivindicações”, explica o diretor de Comunicação do Sindicato da Bahia, Adelmo Andrade. As instituições financeiras batem todos os recordes de lucros. Para os bancários, por outro lado, o único aumento é de serviço, com sobrecarga, pressão por metas, assédio moral e adoecimento. Só os bancos ganham. O sistema opera praticamente sem fiscalização, a cobrança dos serviços é abusiva, e a taxa de juros é a mais alta do mundo, penalizando os clientes e a população. Segundo a consultoria Economática, no segundo trimestre deste ano, os 25 bancos com ações na Bolsa lucraram R$ 10,1 bilhões. Isto é 18,38% mais do que no mesmo período do ano passado. Ainda tem a rentabilidade, que é de até 29% sobre o patrimônio, segundo relatórios dos sete maiores bancos do país. A cada três anos uma instituição financeira tem capital para comprar outra do mesmo porte. Daí as constantes fusões. Os bancos menores, mais atingidos durante a recente crise financeira mundial, foram incorporados pelos maiores. No Brasil, cinco bancos concentram 75% do mercado: Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa. Prejuízos para clientes, que ficam sem opções de concorrência, e para bancários, que perdem postos de trabalho. A conjuntura econômica tem se mostrado favorável aos trabalhadores. Segundo o Dieese, 97% das 290 campanhas salariais do primeiro semestre conquistaram aumento real. Este resultado é melhor do que em 2008 (78%) e 2009 (93%). Diante dessa contabilidade, o reajuste de 11% reivindicado pelos bancários é até pequeno. Os lucros dos bancos estão bem acima disto, mas não são investidos na melhoria do atendimento aos clientes, muito menos para valorizar os funcionários. Ao contrário, depois de muita negociação, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) propôs um reajuste de pífios 4,29%. O setor bancário, mais do que qualquer outro, tem a obrigação de oferecer um reajuste digno aos empregados. A greve, portanto, é de inteira responsabilidade dos banqueiros, que não apresentam proposta condizente com sua alta lucratividade. * Ney Sá é jornalista Os textos para esta coluna têm de ter no máximo 1.900 toques Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Euclides Fagundes Neves. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade. Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] Jornalista responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Repórteres: Maiana Brito - Reg. MTE 2.829 DRT-BA, Eliane Costa - Reg. MTE 2.209 DRT-BA e Rose Lima. Estagiárias em jornalismo: Nadja Pereira e Renata Andrade. Projeto gráfico: Danilo Lima. Direção de arte e diagramação: Márcio Lima. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 6 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. Comando Nacional de plantão Os bancários estão dispostos a negociar com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) para chegar a um acordo e acabar com a greve. Inclusive, o Comando Nacional está de plantão desde segunda-feira, em São Paulo, à espera de um sinal para voltar à mesa de negociação. O Comando Nacional envia carta à Fenaban com protesto às práticas antissindicais adotadas pelos bancos na campanha salarial, a exemplo do ajuizamento de interditos proibitórios e da pressão para obrigar os funcionários a chegarem de madrugada nas agências. Nas reuniões do Comando os bancários do Estado são representados pelo presidente da Federação da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza. “Apesar do esforço, os banqueiros mantêm o silêncio e não apresentam nada, nem a vontade de debater as reivindicações dos trabalhadores”. CAMPANHA SALARIAL Categoria aguarda contraproposta da Fenaban há muitos dias Bancários parados há uma semana A greve completa oito dias hoje e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) continua a ignorar os bancários. Em resposta, a categoria amplia o movimento em Salvador e no interior. Na Bahia, 487 unidades bancárias estão sem atividades. Da base do Sindicato da Bahia são 274 agências fechadas. O Banco do Brasil tem 150 unidades sem funcionar. Na Caixa são 60 e no BNB 21 agências estão paralisadas. As empresas privadas também participam do movimento. No Bradesco, são 19 unidades sem atendimento ao público e 14 no Santander Real. O HSBC tem três agências fechadas, o Itaú Unibanco duas e os demais bancos somam oito. Na única proposta feita pela Fenaban depois de um mês de negociação, foi oferecido reajuste de 4,29%, que corresponde apenas à inflação do período. O valor está bem abaixo dos 11% de reajuste reivindicado pelos bancários. As empresas têm condições de oferecer mais aos trabalhadores, responsáveis pelos lucros que não param de crescer. No primeiro semestre, o ganho chegou a R$ 24,7 bilhões. BNB A greve no Banco do Nor- deste continua se expandindo pela Bahia e já são 37 agencias fechadas no Estado. Apenas uma está funcionando, na cidade de Bom Jesus da Lapa. Os diretores do Sindicato se uniram aos bancários pela mobilização e pela melhoria dos direitos trabalhistas. João Ubaldo Categoria disposta a negociar Os bancos reclamam da greve dos bancários, mas não fazem nada para solucionar o impasse que gerou o movimento. Mesmo após sete dias de paralisação e com o fechamento de mais de 7,4 mil agências em todo o país, a Fenaban não chamou a categoria para negociar ou apresentou qualquer nova proposta de reajuste. Esse também é o posicionamento adotado pelas direções do BB, Caixa e BNB, que continuam em silêncio sobre as reivindicações específicas. Na reunião de segunda, o Comando Nacional reafirmou a disposição da categoria em retomar a negociação e fechar a campanha salarial, mas até o momento não obteve resposta. Na Caixa da Paralela, a pronta ação do Sindicato impediu manobra da gerência para furar a greve Sindicato da Bahia amplia a paralisação O Sindicato dos Bancários da Bahia começa a ampliar a mobilização da greve. Agências de Itapuã, Barra, Centro, Comércio e Ondina estão fechadas e os bancários pararam também as da avenida Tancredo Neves. O HSBC do Suarez Trade, as três unidades do Santander Real, a da Caixa, o BB, o Citibank e duas do Bradesco (Centro Em- presarial Iguatemi e Salvador Trade Center). O motivo é o fato de os banqueiros mandarem os empregados chegarem de madrugada às unidades, para tentar burlar o movimento e enfraquecer a mobilização. O SBBA recebeu denúncias de que vários funcionários estão sofrendo ameaças de retirada de comissão e sendo remanejados para outras agências. Na assembléia hoje, às 18h, o comando regional vai orientar a ampliação do movimento, devido à falta de proposta da Fenaban. Caixa Ontem, houve mobilização no prédio da Caixa, na Paralela, onde os funcionários, inclusive os terceirizados, não entraram para trabalhar. O Bancário www.bancariosbahia.org.br 3 CAMPANHA SALARIAL Movimento continua forte em todo interior da Bahia ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ SAQUE ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ Greve atinge bancos em mais de 100 cidades Renegado Das duas uma: ou Luiz A paralisação dos bancários, iniciada na quarta-feira passada, tem crescido com força no interior do Estado. Agências de mais de 100 municípios estão com as atividades suspensas, prova de que o movimento segue intenso, não apenas em Salvador. As unidades bancárias das cidades de Acajutiba, Adustina, Alagoinhas, Amargosa, Amélia Rodrigues, Andaraí, Antas, Aporá, Araci, Aramari, Baianópolis e Baixa Grande estão paradas. Há agências fechadas ainda em Barreiras, Boa Vista do Tupi, Boninal, Botoporã, Brumado, Cachoeira, Caetité, Camaçari, Camamu e Campo Formoso. A greve dos bancários chegou também em Caem, Candeias, Candiba, Capim Grosso, Cardeal de Silva, Castro Alves, Cícero Dantas, Cipó, Conceição do Almeida, Conceição de Feira, Conde, Coronel João Sá, Crisópolis e Cruz das Almas. Outros municípios como D. Macedo Costa, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Feira de Santana, Gandu, Governador Mangabeira e Guanambi participam do movimento. Os bancários de Iaçu, Ibitiara, Ibirapitanga, Ilhéus, Inhambupe, Ipirá, Irecê, Itaberaba, Itaeté, Itaperoá, Itapetinga, Itapicuru, Ituberá, Jequiriça, Jeremoabo, Juazeiro, Laje, Macaúbas, Malhada, Mar Grande, Maragogipe, Miguel Calmon, Mirangaba, Muritiba, Mutuípe, Nazaré, Nilo Peçanha, Nova Soure, Olindina e Paripiranga estão com os braços cruzados. As atividades estão paralisadas nas agências das cidades de Pau Brasil, Paulo Afonso, Pindobaçu, Queimadas, Remanso, Ribeira do Pombal, Rio Real, Ruy Barbosa, Salinas da Margarida, Santa Maria da Vitória, Santo Amaro, Santo Antonio de Jesus, Santo Estevão, São Felipe e São Félix. A greve chegou ainda em São Felix do Coribe, São Gonçalo dos Campos, Sapeaçu, Saúde, Seabra, Sebastião Laranjeiras, Senhor do Bonfim, Simões Filho, Tancredo Neves, Taperoá, Teodoro Sampaio, Teolândia, Terra Nova, Tucano, Ubaíra, Ubatã, Urandi, Valença, Vitória da Conquista e Wenceslau Guimarães. Em Candeias, a presença e a ação firme dos dirigentes do Sindicato e de ativistas têm garantido o sucesso da greve dos bancários no Município Bassuma (PV), candidato derrotado ao governo da Bahia, guarda uma grande mágoa do PT, partido que foi filiado durante 14 anos, ou espera abocanhar alguma coisa muito boa com o apoio declarado ao tucano José Serra para o segundo turno da corrida presidencial. Seja lá qual for a resposta, o comportamento parece, e muito, com o de um personagem bíblico: Pedro, o mesmo que negou Jesus Cristo por três vezes. Superstição Para quem acredita em superstição ai vai uma boa. Em 2002, Enéas Carneiro, velho conhecido do brasileiro, foi eleito o deputado federal mais votado da história, com 1,5 milhão de votos. Faleceu menos de um ano depois da reeleição. Em 2006, foi a vez de Clodovil sair o grande vencedor da eleição com quase 500 mil votos, garantindo uma vaga na Câmara Federal. Ironia do destino, também morreu sem completar o mandato. Em 2010, Tiririca é eleito deputado federal em mais uma votação recorde, com mais de 1,3 milhão de votos. Coincidência ou não, ele diz que já está tomando as precauções. Renovação Mais da metade das ca- deiras do Senado ganha novo dono a partir de 1º janeiro próximo. São 50,6% novos senadores, que deixam a Casa três anos mais jovem em relação à média de idade da atual legislatura. Também fica mais rica, pois a próxima composição tem R$ 101 milhões a mais em dinheiro do que os atuais, que juntos somam R$ 258 milhões, conforme declararam à Receita Federal. Consumo Pesquisa do Ibope mostra que quase 40% da população de classe C, cujo poder de compra cresceu bastante no governo Lula, pretendem comprar imóvel nos próximos meses. São cerca de 37 milhões de pessoas, entre os quase 100 milhões de indivíduos que fazem parte dessa camada da sociedade. Carnaval A maior festa popular de ERRO NOSSO Ao contrário do que foi divulgado na edição de O Bancário de segunda-feira, a saidinha bancária ocorrida no bairro da Barra foi na agência do Banco do Brasil e não do Itaú Unibanco como foi publicado. 4 O Bancário www.bancariosbahia.org.br massa em área pública do mundo, que é o Carnaval da Bahia, será exibido a todo o Brasil pela rede nacional SBT, a partir da edição de 2011. A direção da TV Aratu promete 13 horas diárias de transmissão, começando na sexta-feira e só acabando na terça.