Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Serviço Social, Política Social e Família Trabalho de Conclusão de Curso SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: OS DESAFIOS DA CODEPENDÊNCIA NO ÂMBITO FAMILIAR . Autora: Maria Léia Gonçalves Dias Orientadora: Prof.ª Drª. Luciana de Castro Álvares Coorientadora: Prof.ªMSc. Cilene Sebastiana Lins Brasília - DF 2014 MARIA LÉIA GONÇALVES DIAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: OS DESAFIOS DA CODEPENDÊNCIA NO ÂMBITO FAMILIAR Artigo apresentado ao programa de pósgraduação lato sensu em Serviço Social, da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista em Serviço Social. Orientadora: Profª. Drª. Luciana de Castro Álvares Coorientadora: Profª. MSc. Cilene Sebastiana Braga Lins Brasília - DF 2014 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 6 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................................... 6 3. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL ........................................................... 9 3.1. SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS.................................................................................................. 10 3.2. O ABUSO E O USO NOCIVO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ........................................ 11 3.3. ATADO À PESSOA “PROBLEMA” ............................................................................................ 11 4. A QUESTÃO DAS DROGAS NO BRASIL ................................................................................. 13 4.1. A ATUAL LEGISLAÇÃO BRASILEIRA REFERENTE ÀS DROGAS ..................................... 13 5. O TRATAMENTO DO USUÁRIO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ................................ 14 6. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA ............................................................................................... 17 6.1. A FAMÍLIA .................................................................................................................................. 17 6.2. AS CONSEQUÊNCIAS A DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO ÂMBITO FAMILIAR ................ 18 6.3. AS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA FAMÍLIA DURANTE O TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUÍMICO. ................................................................................................................. 19 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 20 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 22 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, meu Senhor e Salvador, que foi e é minha força. Ele, com sua infinita misericórdia, me socorreu e fortaleceu para que seguisse e não desistisse. À Santíssima Virgem Maria, que acolheu os meus pedidos e passou na frente levando cada um às mãos do Pai. Às milhas filhas Rafaella e Raissa, pela cumplicidade, carinho, amor, incentivo e dedicação. Aos afilhados Franco e Ângela pela ajuda e por toda minha família pela compreensão, incentivo e apoio. Ao Paulo pelo companheirismo, amor, carinho, ajuda, compreensão e por compartilharmos juntos angústias e sonhos. A toda equipe da SERVOS, diante das demandas e desafios enfrentados e pelo carinho com que colaboram com as pessoas que buscam ajuda , em especial, à Roseli S. Burmann (in memoriam) que me incentivou para que voltasse a estudar e conquistasse uma nova graduação e pós-graduação. Aos colegas do MEC e em especial a Lunalva, Glorineide, Thiago, Laila, Josylene, Nádia, José Ivan e Socorro pela ajuda e carinho. Ao corpo docente da Universidade Católica, em especial à orientadora deste trabalho, Luciana de Castro Álvares, às Coordenadoras Cilene Lins e Ludmila Suaid e os professores Thiago Bazi e Ozanira, pela valiosa dedicação ao ministrarem as respectivas aulas. Aos colegas do curso, pelos momentos de troca de conhecimentos, estudos e apoio. RESUMO O presente artigo versa sobre a temática da dependência química e discorre sobre as consequências da codependência no âmbito familiar. Apresenta as consequências acarretadas à família devido ao uso indiscriminado de substâncias psicoativas por parte de um membro familiar, bem como identifica as dificuldades enfrentadas pela díade família – dependente químico no período de tratamento. A metodologia adotada foi a revisão bibliográfica em base de dados da biblioteca eletrônica Scielo, sendo selecionados vinte e um artigos periódicos e doze artigos extraídos de dois CDs distribuídos nos dois últimos CBAS - Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais de 2010 e 2013. Como conclusão, aponta-se que a família sofre os impactos da dependência química por parte de um membro: adoecimento físico e psíquico dos familiares, dificuldades econômicas, relações intrafamiliares permeadas pela violência, o que pode acarretar e comprometer a saúde dos familiares envolvidos. Ainda, corrobora o pensamento de que a família pode ser um apoio no processo de tratamento e recuperação dos usuários de substâncias psicoativas, apontando a importância de se estender o tratamento e aporte profissional ao âmbito familiar. Palavras Chaves: Substâncias Psicoativas, Família, Codependência e Tratamento. ABSTRACT The purpose of my project is to discusses the addiction theme and its consequences of codependency in the family. It shows the consequences are entailed to the family due to the indiscriminate use of psychoactive substances by a family member. It is intended to identify the difficulties faced by the dyad family - the chemical dependent treatment period. The methodology used was the literature review in the database SciELO electronic library, in which 21 journals articles and 12 articles from two CDs distributed in the last two Brazilian Congress of Social Workers (CBAS), 2010 and 2013 were selected. In conclusion its pointed out that the family suffers the impact of addiction on the part of an individual: physical and mental illness of family members, economic difficulties, intra-family relationships permeated by violence, which can lead and compromise the health of the family members involved. At the same time, corroborates the thought that the family can be an essential aid in the treatment and rehabilitation of drug users process.) Therefore, the importance of extending the treatment and professional contribution to the household level it is extremely necessary. Key Words: Psychoactive Substances, Family, and Codependency Treatment. 6 1. INTRODUÇÃO A dependência química é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma doença que tem causas múltiplas de ordem biológica, psicológica e social. Ao partirmos dessa perspectiva, podemos afirmar, com veemência, que essa doença precisa ser tratada. Isso passa a ter ênfase ao pensarmos nos familiares dos dependentes, pois a convivência entre eles e a família pode gerar problemas e dificuldades no relacionamento. Esse convívio pode até comprometer a saúde dos familiares. A família pode ser considerada um importante apoio no processo de tratamento e recuperação do dependente químico. Para que isso se efetive, é imprescindível oferecer um suporte profissional especializado para as pessoas que convivem com usuários de substâncias psicoativas. Desse modo, é de fundamental importância pensar a família do dependente químico, bem como sua forma de atuação na ação de recuperação. É primordial, ainda, verificar a necessidade de que essas pessoas (família) sejam também acolhidas e acompanhadas durante o período em que o dependente esteja em tratamento. Este estudo tem o objetivo verificar as consequências do uso de substâncias psicoativas no âmbito familiar. O documento visa mostrar as bases teóricas e conceituais, e propiciar uma reflexão crítica sobre a questão da promoção da saúde frente à dependência de drogas, bem como descrever as dificuldades enfrentadas pela família no acompanhamento de seus dependentes no período de tratamento. Vale frisar que isso será feito de acordo com o modelo biopsicossocial presente na atualidade. A primeira sessão do artigo faz uma contextualização histórica e conceitual das drogas, suas implicações no ambiente familiar relacionadas ao consumo do uso e abuso de substâncias psicoativas por um dos membros e verificando a codependência em decorrência do convívio com o dependente químico. Na segunda sessão, será feita uma análise contemporânea da legislação brasileira referente às drogas. Nessa fase será verificada a atual política do Ministério da Saúde para atenção integral a usuários de álcool e outra drogas. A terceira sessão apresentará as formas de tratamento para usuários de substâncias psicoativas. Por sua vez, a quarta sessão enfatizará a família e sua importância no processo de tratamento clínico dos usuários de substâncias psicoativas, com averiguações das consequências da dependência química na esfera familiar e as dificuldades enfrentadas durante o tratamento do dependente químico. Essa última fase ainda expõe os principais resultados com as considerações finais. 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O uso e abuso de substâncias psicoativas na atualidade é considerado um grave problema de saúde pública. Discutir a dependência química, hoje, exige uma reflexão a respeito do surgimento dos primeiros periódicos científicos, assim como dos posteriores resultados das pesquisas científicas. A partir de tal ponderação, é possível afirmar que os periódicos tornaram-se uma indispensável fonte de publicação da produção científica, bem como os livros e artigos, considerando-se os modelos que contribuem para a compreensão do fenômeno no momento atual e das estratégias de intervenção estabelecidas. Sendo assim, o trabalho que se apresenta é fruto de uma revisão bibliográfica, cuja base de dados foi extraída da biblioteca eletrônica da Scientific Eletronic Library Online (SciELO), da qual foram selecionados vinte e um artigos periódicos e doze artigos extraídos de dois CDs distribuídos nos dois últimos Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) - 2010 e 2013. 7 Os artigos foram selecionados por meio de pesquisa por palavras-chaves referentes ao objetivo proposto: drogas, substâncias psicoativas, dependência química e codependência. No processo de análise, procedeu-se à categorização temática, à comparação e à avaliação do material levantado quanto à sua contribuição para a realização do trabalho. A avaliação dos resultados foi desenvolvida com base na literatura sobre o assunto. Foram selecionados textos on-line disponíveis com abordagem nas relações familiares com dependentes químicos durante o tratamento, as consequências da dependência química no convívio familiar, bem como as descrições das dificuldades enfrentadas pelos familiares no tratamento da dependência e as especificidades da abordagem terapêutica para essa população. Outros critérios de inclusão foram: publicações, Leis e Legislações da política para atenção integral aos usuários de álcool e outras drogas pelo Ministério da Saúde, considerando as especificidades culturais da família brasileira diante da problemática da dependência química. Os artigos foram publicados em periódicos relacionados à área de Psiquiatria, Psicologia e Ciências da Saúde. Os doze artigos apresentados nos dois últimos CBAS, referentes aos anos de 2010 e 2013 apontam uma preocupação nacional pela ausência de tratamento aos familiares de dependentes de substâncias psicoativas. Foram analisados artigos publicados no sítio www.scielo.br e outros disponíveis em mídias relativas ao Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), dos anos de 2010 e 2013, conforme quadro a seguir: TÍTULO DO ARTIGO AUTORES PUBLICAÇÃO Vínculos entre crianças em situação Karolly Kerol de Sousa e João Luiz Psicologia: Ciência e Profissão. de acolhimento institucional e Leitão Paravidini visitantes da instituição (codependência) Avaliando a motivação para mudança em dependentes de cocaína. Mylene Magrinelli Orsi e Margareth da Silva Oliveira Estudos de Psicologia, Vol. 19 nº 3 Campinas – SP. Metáforas e dependência química. José Baus. Estudos de Psicologia, Vol. 19 nº 3 Campinas – SP. Psicodinâmica do adolescente envolvido com drogas. Felix Kessler. Revista de Psiquiatria do RS, Vol. 25. Repercussões do Fechamento da Unidade de Desintoxicação do Hospital Psiquiátrico São Pedro RS. Renato Brasil Araújo. Revista de Psiquiatria do RS, Vol. 25. Práticas educativas parentais: a percepção de adolescentes com e sem dependência química. Carla Zart Broecker e Graciela Inchausti de Jou Psico-USF, V.12 nº 2 O processo saúde-doença e a dependência química: interfaces e evolução. Elisângela Maria Machado Pratta e Manoel Antonio dos Santos Psicologia: Teoria e Pesquisa, V.25 nº 2. Validade incremental do Zulliger e do Pfister no contexto da toxicomania. Renata da Rocha Campos Franco e Anna Elisa de Villemor – Amaral. Psico-USF, V.17 nº 1. 8 Processamento implícito e dependência química: teoria, avaliação e perspectivas. Ana Carolina Peuker, Fernanda Machado Lopes, Carolina Batista Menezes e Silvia Mendes Cunha. Psicologia: Teoria e Pesquisa, V.29 nº 1. Significados das práticas corporais no tratamento da dependência química Giuliano Gomes de Assis Pimentel, Interface, Comunicação, Saúde, Edna Regina Netto de Oliveira e Educação, Vol.12 nº 24. Aparecida Paulina Pastor. Caracterização das internações de dependentes químicos em Unidade de Internação Psiquiátrica do Hospital Geral. Fernando Sérgio Pereira de Sousa e Ciência & Saúde Coletiva, Vol.15 Eliany Nazaré Oliveira. nº 3. Expressão da codependência em Leila Memória Paiva Moraes, familiares de dependentes químicos Violante Augusta Batista. REME - Revista Mineira de Enfermagem. Dependência química e trabalho: uso funcional e disfuncional de drogas nos contextos laborais. Maria Elizabeth Antunes Lima. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, V.35 nº 122. Qualidade de vida e desesperança em familiares de dependente químicos. Antonio Teuberto Aragão, Elizabete Milagres e Neliana Buzi. Psico USF nº 14. Craving e dependência química: conceito, avaliação e tratamento. Renato Brasil Araújo. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Vol.57 nº 1. O impacto dos transtornos do uso e abuso do álcool na convivência familiar. Francisco Arnaldo Nunes de Miranda, Clélia Albino Simpso, Dulcian Medeiros de Azevedo e Shirley da Silva Costa Susana M. Sastre Seadi e Margareth da Silva Oliveira. Revista Eletrônica de Enfermagem v.08 nº 2 p.222 A terapia multifamiliar no tratamento da dependência química: um estudo retrospectivo de seis anos. Psic. Clin. RJ, v.21 nº 2 p.369 Cuidadoras de pacientes alcoolistas Elizama Cabral Vasconcelos dos no município de Santos – SP. Santos e Denise Martin REBEN – Revista Brasileira de Enfermagem. Assistência ao familiar cuidador em Jurema Ribeiro Luiz Gonçalves e convívio com o alcoolista, por meio Sueli Aparecia Frari Galera. da técnica de solução de problemas. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Funcionamento de famílias com membros dependentes de substâncias psicoativas. Psicol. Argum. Anaídes Pimentel da Silva Orth e Carmem Leontina Ojeda Ocampo Moré. Uso de drogas ilícitas e Octavio Muniz da Costa Vargens, perspectivas críticas de familiares e Bruna Brands. pessoas próximas na cidade do Rio de Janeiro- Zona Norte, Brasil. Revista Latino-Americana de Enfermagem 9 XIII CBAS - Lutas Sociais e o Exercício Profissional no Contexto da Crise do Capital: Mediações e a Consolidação do Projeto Ético Político Profissional - 2010 ARTIGOS – CBAS AUTORES Drogas uma Problemática para a Ressocialização. Rosangela dos Santos Rossi. Revisão Crítica da Política Pública Brasileira sobre Drogas (2003 a 2009). Rita de Cássia Cavalcante Lima. Tráfico de drogas adolescentes ameaçados de morte no Rio de Janeiro. Fórum de saúde mental e a questão do uso indevido de drogas:um pouco de demandas, pautas e debates. Fábio do Nascimento Simas. Família e Dependência Química: Atendimento do Serviço de Atenção aos Dependentes Químicos. Cláudia Lemos Gomes Barros, Diego Souza Aguiar, Renata Santos Guedes, Julieta Emília Barbosa Moraes, Luana Machado dos Santos e Valdenice Pereira dos Santos. Francielly Adão Nascimento e Maria Lúvia Teixeira Garcia. XIV CBAS – Impactos da Crise do Capital nas Políticas Sociais e no Trabalho da Assistência Social – 2013 ARTIGOS – CBAS AUTORES Dependência de drogas no contexto das famílias: interfaces com as políticas públicas intersetoriais. Daniela Cristina Soares Goulart Ana Cristina Nassif Soares. Reflexões sobre a Violência de Gênero no Ambiente Familiar. Jamile Fernanda Conceição de Oliveira, Jessiane de Brito Sousa, Jeseane dos Santos Santana. Famílias em Situação de Vulnerabilidades e Risco Social, Associadas ao uso de Drogas no SUAS. Regina Célia de Souza Beretta. A prática da Assistência Social e o Conservadorismo na Cena Contemporânea. Amanda Eufrásio. O Serviço Social no Centro de Atenção Integral à Saúde de Santa Rita do Passo Quatro - SP. Roberta da Silva Santos, Márcia Cristina Negregiol Biazolli, Sônia Regina Gobi, Marionildo Arbonelli. Saúde Mental, Drogas e Direitos Humanos. Marco José de Oliveira Duarte. A Importância da Prevenção ao Uso de Drogas no Ambiente Escolar. Ana Cristina de Oliveira, Chirlene Oliveira de Jesus Pereira. 3. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL A presença das drogas tem acompanhado a própria evolução humana. A arqueologia aponta o uso de substâncias psicoativas há aproximadamente dez mil anos, e existem evidências históricas de uso cultural há cinco mil anos, WIKIPEDIA (2014). À medida que o ser humano passou a dominar o uso das plantas que eram usadas na alimentação e também na medicina, percebeu que o efeito de certas substâncias presentes nelas ocasionavam efeitos mentais e passaram a considerá-las como “plantas divinas”, devido ao seu poder alucinógeno. Segundo LESSA (1998), a história do uso de substâncias psicoativas está presente na sociedade, não importando a raça ou a cultura do povo. As drogas eram utilizadas na 10 antiguidade em cerimônias e rituais, onde se obtinham prazer, diversão e experiências místicas. De acordo com MOTT (1986), a maconha (cannabis), também conhecida como marijuana, diamba, liamba, entre outros, originária da Ásia Central e Ocidental já era conhecida na Índia, China e Egito tanto pelos seus efeitos medicinais, quanto pelo seu emprego na manufatura têxtil, em função de ter fibras longas e flexíveis e, segundo ZUARDI (2006), essa droga era usada com medicamento para várias doenças desde 2.700 antes de Cristo. A coca é o nome popular de uma planta que tem cerca de 250 espécies em todo o mundo, reverenciada e usada pelos povos da região andina em várias cerimônias religiosas, ritos funerais e mágicos e o seu efeito no organismo humano é o de abolir a fadiga, a dor e a fome. Dessas duzentas e cinquenta espécies, apenas duas contém a cocaína: Erytroxylumcoca e Erytroxylumnovogranatensis. Segundo MOMM (2011), a cocaína foi sintetizada em 1857 pelo alemão Albert Niemman, que publicou sua descoberta em 1860. De acordo com GONTIJO, BITTENCOURT e LOURENÇO (2006), os efeitos no organismo humano do ópio já são conhecidos há mais de 4.000 anos. Extraído de uma planta herbácea chamada papoula, o ópio tem efeitos calmantes, soníferos e anestésicos. Para a época, a extração de seu sumo era complexa, sendo habitual que os antigos comessem a flor inteira. Foi usado pelos sumérios através de infusão para curar doenças; tempos mais tarde, os assírios e os babilônios também extraíam o suco leitoso de seus frutos para fabricarem remédios. Hipócrates descreveu seus efeitos medicinais contra algumas enfermidades. Para PRATTA (2009), os conceitos de saúde e doença, e o uso de substâncias psicoativas sofrem influência do contexto histórico, cultural e social, estando presentes na evolução humana ao longo dos tempos. Porém, o uso de substâncias psicoativas é antigo, mas foi a partir do século XX que surgiram os primeiros indícios de proibições. Antes, contudo, os estudos científicos eram inexistentes e a utilização das drogas não representava uma ameaça à sociedade. Atualmente, os efeitos do álcool e de outras drogas são popularmente conhecidos e o aumento do consumo dessas substâncias psicoativas, seja lícito ou ilícito, tem se constituído em questão social que precisa ser enfrentada pela sociedade. 3.1. SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS As drogas psicoativas são substâncias químicas que agem principalmente no sistema nervoso central, alterando a função cerebral, mudando temporariamente sua percepção, seu humor, seu comportamento e a sua consciência. Para a OMS, (2001), droga é toda a substância que, introduzida no organismo por qualquer via de administração, produz alterações no funcionamento normal do Sistema Nervoso Central (SNC). De acordo com NICASTRI, (2010, p. 14), as drogas psicotrópicas, também conhecidas como substâncias psicoativas, são aquelas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral causando modificações no estado mental, no psiquismo, alterando o estado da mente, proporcionando experiências de prazer ou desprazer capazes de levar parte de seus usuários ao uso contínuo e à dependência. O indivíduo sofre alteração na maneira de sentir, pensar e agir, mas os efeitos não são os mesmos em todas as pessoas, pois há a diversidade de características individuais físicas e biológicas de cada um. Os efeitos das drogas dependem de especificidades do usuário, como estado emocional, as expectativas do uso e o ambiente que será efetuado o consumo. 11 Para NICASTRI (2010), do ponto de vista cientifico as drogas podem ser classificadas em depressoras, estimulantes ou perturbadoras: Depressoras: são aquelas que têm a capacidade de diminuir a atividade do cérebro, tendo propriedades analgésicas, levando seus usuários a apresentarem movimentos lentos, com diminuição da atenção e da atividade motora. Dentre elas, podemos destacar o álcool, os barbitúricos, os inalantes/solventes, ansiolíticos e os opiáceos. Estimulantes: são aquelas que aumentam a atividade cerebral e que trazem como consequência um estado de alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos psíquicos. Entre elas estão à cocaína, o crack, as anfetaminas, a cafeína e a nicotina. Perturbadoras: são aquelas cujo efeito principal é provocar alterações no funcionamento cerebral, resultando em vários fenômenos psíquicos anormais e causando delírios e alucinações. Dentre elas, podemos destacar a maconha, a mescalina, psilocibina (cogumelo), LSD, Ayahuasca (o “chá” do Santo Daime), o ecstasy e os anticonérgicos. 3.2. O ABUSO E O USO NOCIVO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS A dependência química é caracterizada por uma condição física e psicológica, causada pelo consumo constante de substâncias psicoativas que leva seus usuários a prejuízos e sofrimentos significativos. A Organização Mundial de Saúde - OMS (2001) considera que a dependência química deve ser tratada simultaneamente como uma doença médica crônica e como um problema social. Não existe uma causa única, sendo reflexo de vários fatores que alteram e prejudicam a estrutura funcional da pessoa usuária em seus aspectos físico, emocional, psíquico e social. Na atualidade, é perceptível o aumento do consumo de drogas ilícitas. Em todo Brasil, nos últimos anos, ficou marcada a trágica constatação de que o Crack se infiltrou na sociedade, deixando de ser uma droga consumida apenas pela classe baixa ou por moradores em situação de rua, avançando também em direção às classes média e alta e mostrando a dimensão da sua capacidade de gerar dependência em seus usuários. Situação que alertou o governo brasileiro, fazendo-o editar o Decreto nº 7.179, de 20/05/2010, que instituiu o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras drogas, com o objetivo de mobilizar a sociedade civil de maneira a conter essa ameaça social e tentar minimizar as consequências causadas por aquisição fácil, dado que deriva de baixo custo. De acordo com MARRA (2012), o termo Crack vem da língua inglesa e significa “quebrar”, “partir-se”; deriva também do som emitido quando algo se quebra. Ironicamente, se o termo origina de algo que se desfaz, o seu consumo também provoca o rompimento, a destruição como uma bomba que detona, porém de forma lenta e devastadora. PRATTA (2009) vem descrevendo o problema do uso nocivo das drogas como um fenômeno de massa e como uma questão de saúde pública. Ainda de acordo como autor, a abordagem para a dependência química passa por um modelo psicossocial, em que é necessário discutir não só as questões orgânicas e psicológicas, mas também os aspectos sociais, políticos, econômicos, legais e culturais que estão ligados ao fenômeno. 3.3. ATADO À PESSOA “PROBLEMA” Codependência é um termo da área de saúde usado para se referir a pessoas, geralmente familiares ou pessoas próximas, fortemente ligadas emocionalmente a uma pessoa com séria dependência física e/ou psicológica de uma substância, como álcool ou drogas 12 ilícitas ou com um comportamento problemático e destrutivo, como jogo patológico ou um transtorno de personalidade. WIKIPEDIA (2014). De acordo com BALLONE (2008), o conceito de codependência foi se definindo nas décadas de 70 e 80, caracterizando-se pela necessidade de controle do familiar dos dependentes, normalmente o cônjuge ou companheira (o), que se atrelam emocionalmente, tentando assumir e assim interferindo na vida do dependente, gerenciando seus horários, preocupando-se com as questões de higiene, alimentação e vestuário, além de avocar para si as responsabilidades, de maneira a aumentar os comportamentos irresponsáveis dos dependentes. O excesso de preocupação apresentada pelo codependente manifesta-se de maneira emocional, social e física, caracterizando-se como patológica a condição de se viver em função dos constantes problemas que o outro apresenta em seu cotidiano, comprometendo também a sua própria relação com outras pessoas, assim como a sua saúde, e alterando, ainda, o seu estilo de vida. Os codependentes apresentam dificuldades em se reconhecerem nessa situação. Assim, passam a viver em função do dependente, abdicando de sua própria vida e não conseguem controlar sua obsessão. Para SOUZA (2003), a codependência é a necessidade imperiosa em controlar coisas, pessoas, circunstâncias, comportamentos na expectativa de controlar suas próprias emoções. O autor considera que tudo começa com o fato de nos encontrarmos ligados a outra pessoa seja através do amor ou obrigação em ajudar alguém que esteja enfrentando uma doença física ou emocional. E como consequência da doença, se autodestrói ou desiste de viver e precisa, aparentemente, de apoio e cuidado constante. O codependente acredita que pode mudar o outro. Seus relacionamentos são criados para transformar os outros. Para ZAMPIERI (2004), a codependência é um comportamento aprendido, do qual o indivíduo precisa se livrar. Em muitos casos, isso significa romper um relacionamento patológico, o que é muito difícil para o codependente. A codependência pode levar também a outras situações agravantes, como depressão, suicídio, doenças psicossomáticas, entre outros transtornos. De acordo com BALLONE (2008), é necessário oferecer suporte terapêutico a essas pessoas, orientando-os a adotarem comportamentos mais saudáveis. O primeiro passo geralmente é a aceitação do problema. O tratamento pode envolver psicoterapia, grupos de autoajuda, terapia familiar e em alguns casos o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos. O codependente passa a apresentar, no seu cotidiano, sinais característicos e que geralmente funcionam como mecanismo de defesa. Pode apresentar dificuldades para o estabelecimento e manutenção de relações; outra característica percebida é o perfeccionismo, achando que dessa forma poderá moldar o comportamento do dependente. Normalmente sente-se também envergonhando, com baixa autoestima, ansiedade, dores crônicas, num evidente sinal de somatização, angústia e depressão. NERY (2010) considera que ser codependente significa deixar o comportamento de outra(s) pessoa(s) nos afetarem muito e por tempo prolongado, tornando-nos seres obcecados em controlar o comportamento dessa(s) outra pessoa(s). Seja quem for, o centro da definição e da recuperação não está no outro, por mais que o codependente assim acredite, mas sim nele próprio. O que se percebe realmente na codependência são questões relacionadas ao vínculo que o codependente estabelece com os dependentes químicos, em uma simbiose, em que se notam os exageros e a superproteção. Para BLEGER (1978), nesse tipo de relação (simbiótica), aquilo que a pessoa não consegue aceitar em si mesma é depositado no outro. É na família que se materializa o problema da dependência química e da 13 codependência. São as famílias que sofrem os efeitos nefastos causados pelo uso e abuso nocivo de substâncias psicoativas. E, ao perceber essas questões, também como caso de saúde, problema médico e doença, constata-se que as drogas não escolhem os seus usuários. Hoje, no Brasil, elas estão nos lares de todas as classes sociais, o que se diferenciam, talvez, sejam as substâncias utilizadas. Mas, seguramente, são as famílias carentes que encontram as maiores dificuldades no enfrentamento desse problema, às vezes pelo simples desconhecimento da política e, mais concretamente, pela falta de recursos financeiros para o tratamento. 4. A QUESTÃO DAS DROGAS NO BRASIL 4.1. A ATUAL LEGISLAÇÃO BRASILEIRA REFERENTE ÀS DROGAS A atual Política Nacional sobre Drogas visa à prevenção, ao tratamento, à recuperação, à reinserção social, à redução de danos sociais e à saúde, à redução de oferta – repressão e estudos, a pesquisas e avaliações. A Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006, instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas na área e ainda faz parte do conjunto de legislação: Decreto nº 5.912/2006, que regulamenta a Lei nº 11.343. Lei nº 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Decreto nº 6.117/2007, que aprova a Política sobre o Álcool e dispõe sobre medidas de redução do uso indevido de álcool associado à violência e à criminalidade; Lei nº 11.705/2008, que altera a Leis 9.503/1997 e Lei 9.294/1996 para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor. Decreto nº 6.488/2008, que regulamenta o Código Trânsito Brasileiro, disciplinando a margem de tolerância de álcool no sangue equivalente para efeito de crime de trânsito. No ano de 2003, o Ministério da Saúde instituiu a política de atenção integral aos usuários de álcool e outras drogas, ressaltando a importância do núcleo familiar como foco de intervenção. A Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas de 2003 faz recomendações básicas para ações na área de saúde mental: promover assistência em nível de cuidados primários; disponibilizar medicamentos de uso essencial em saúde mental; promover cuidados comunitários educar a população; envolver comunidades, famílias e usuários; estabelecer políticas, programas e legislação específicos; desenvolver recursos humanos; atuar de forma integrada com outros setores; monitorar a saúde mental da comunidade; e apoiar mais pesquisas. A Constituição Federal de 1988 foi a grande conquista da instituição da Seguridade Social, formada pelas políticas sociais setoriais da área de saúde, da previdência e da assistência social, que determina os princípios de: rurais. Universalização da cobertura e do atendimento. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e 14 Seletividade e distribuição na prestação dos benefícios e serviços, irredutibilidade do valor dos benefícios. Equidade na forma de participação do custeio, diversidade da base de financiamento, caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa ativa da sociedade no controle das ações do Estado. A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) pela rede pública de saúde amplia sua importância no sistema de proteção social com a obrigatoriedade da cobertura universal dos serviços de prevenção e de tratamento dos problemas de saúde, fazendo-se cumprir na Lei 8.080/90 e na Lei 8.142/90. O Ministério da Saúde publicou a Portaria GM/336 de 19 de fevereiro de 2002, definindo normas e diretrizes para o atendimento a pacientes com transtornos decorrentes do uso da dependência de substâncias psicoativas no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS ad, cuja estrutura mantém algumas particularidades, tais como: manutenção de dois leitos para desintoxicação e repouso e capacidade de atendimento de quarenta pacientes por dia. Outra ação importante do Ministério da Saúde é o Controle de Entorpecentes e Substâncias que produzem dependência física ou psíquica e dependência química (BRASIL, MS, 2003). Trata-se de atividades de controle das drogas lícitas utilizadas em medicina. Essa competência cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por força da Lei nº 9.782/99, cuja função principal é proteger e promover a saúde do conjunto da população brasileira, garantindo a segurança sanitária de produtos e de serviços, conforme está explícito na Lei nº 8.080/90. 5. O TRATAMENTO DO USUÁRIO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS DE BONI e KESSLER (2010), mencionam que as primeiras abordagens terapêuticas para tratamento de dependentes químicos surgiram no século XIX, embora exista relato de alcoolismo desde a antiguidade. A autora informa que indivíduos usuários de substâncias psicoativas compõem grupos heterogêneos e, portanto necessitam de tratamento diferenciado, e para isso é preciso que seja observado vários aspectos, de ordem biológica, psicológica e social. Ainda de acordo com DE BONI (2010), atualmente existem vários tipos de tratamento, mas em todos eles, devem ser considerados alguns fatores e a motivação para mudança é essencial. Para PROCHASKA e DICLEMENTE (1983), existem seis estágios de mudança que não precisam ser necessariamente sequenciais, mas que todo usuário de substâncias psicoativas vão passar por elas diversas vezes durante o tratamento: Estágio da pré-contemplação: o individuo não percebe os prejuízos relacionados ao uso de substâncias psicoativas e não demonstra interesse em parar de usar; Estágio de contemplação: o usuário percebe os problemas relacionados ao uso, mas não toma nenhuma atitude com relação à abstinência; Estágio de preparação: o usuário faz o uso de substâncias psicoativas, porém já fez tentativa de parar de usar por vinte e quatro horas; Estágio de ação: o usuário conseguiu parar completamente com o uso nos últimos seis meses; Estágio de manutenção: o usuário está em abstinência há mais de seis meses; e Estágio de recaída: o usuário voltou a utilizar substâncias psicoativas. A indicação de tratamento para a dependência química deve começar por avaliação médica ou psiquiátrica, observando se o usuário apresenta estados psicóticos graves com sinais de ideias suicidas ou homicidas, debilitação ou abstinência grave; dificuldade para 15 cessar o uso de drogas e necessidade de interromper um situação externa que reforça o uso de substâncias psicoativas. O objetivo final da maioria dos tratamentos é o abandono do uso e abuso de drogas e para isso é necessário alcançar um nível de participação e motivação do usuário de substâncias psicoativas para que se mantenha em tratamento a médio e longo prazos, propondo três objetivos principais a serem seguidos: abstinência, melhoria da qualidade de vida e prevenção de recaídas. O tipo de tratamento vai depender da gravidade do uso e de recursos disponíveis para o encaminhamento. Eles devem ser indicados conforme critérios previamente estabelecidos, e em alguns casos necessitando de abordagens complementares. Na sequencia apresentamos os principais modelos de tratamento ou de estratégias que vem sendo utilizadas atualmente: Desintoxicação A desintoxicação pode ser realizada em três níveis: tratamento ambulatorial, internação domiciliar e internação hospitalar. Os objetivos da desintoxicação são: Alívio dos sintomas existentes; prevenção do agravamento do quadro (convulsões) e vinculação e engajamento do usuário no tratamento. Grupos de Autoajuda Os grupos de autoajuda são muito populares e costumam ser bem sucedidos, com programação dos Doze Passos e Amor Exigente, empregados pelos Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA). Esses programas servem de apoio ao dependente químico; os referidos grupos são gratuitos e amplamente disponíveis em todo Brasil. Comunidades Terapêuticas As Comunidades Terapêuticas são unidades para tratamento de dependência química que possuem as mais variadas orientações teóricas e, em geral, se utilizam da filosofia: disciplina, trabalho e oração. Localizam-se, em sua grande maioria, na zona rural ou em áreas afastadas dos centros das cidades, tendo cunho religioso e oferecendo internações com tempo variado, podendo chegar a nove meses. SABINO E CAZENAVE (2005) definem as comunidades terapêuticas como uma forma de tratamento residencial, sendo local onde o dependente químico encontra ajuda para o seu amadurecimento pessoal, o que vem a favorecer sua reinserção social. Tratamentos Farmacológicos O tratamento farmacológico funciona com a prescrição de medicamentos, por profissionais da área médica, tanto em hospitalizações, para tratar sintomas de intoxicação e abstinência, quanto no tratamento ambulatorial; Tratamento antitabagismo (adesivo de nicotina) substituir o efeito da substância e outros medicamentos. Tratamentos Psicossociais Os tratamentos psicossociais são os mais utilizados, estando disponíveis em diversos níveis do sistema de saúde: postos de saúde, Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas, clínicas particulares e hospitais em geral. Algumas técnicas utilizadas são entrevista motivacional, aconselhamento, intervenção 16 breve, terapia cognitivo-comportamental e prevenção de recaída, terapia de grupo e redução de danos. Entrevista Motivacional A técnica de entrevista motivacional constitui de um estilo que evita o confronto direto e promove o questionamento e o aconselhamento, visando a estimular a mudança de comportamento, priorizando a autonomia do usuário em tomar decisões e é baseada em cinco princípios básicos: Expressar empatia; desenvolver discrepância; evitar discussões; fluir com a resistência e estimular a autoeficácia. Aconselhamento Na dependência química o aconselhamento é a intervenção psicossocial mais amplamente utilizada, ela contribui para uma evolução positiva do tratamento. Consiste no apoio, proporcionando estrutura, monitoração, acompanhamento da conduta e encorajamento da abstinência. Proporcionam também, serviços de encaminhamento para emprego, serviços médicos e auxilia em questões legais. O aconselhamento é individual e pode ser aplicado por qualquer profissional adequado treinado. Intervenção Breve Intervenção breve possui um formato claro e simples, é uma técnica mais estruturada que o aconselhamento, produz bons resultados com uma ou até quatro sessões e pode ser utilizada por qualquer profissional capacitado. Ela começa estabelecendo metas para alcançar a abstinência ou a moderação do consumo da droga. Terapia Cognitivo-Comportamental e Prevenção de Recaída A abordagem da terapia cognitivo-comportamental é básica em reconhecer, evitar e criar habilidades para enfrentamento das situações de risco, as seções seguem uma estrutura padronizada, com o objetivo de prevenir a recaída e treinar as habilidades e estratégias, promovendo amplas modificações no estilo de vida do usuário. Terapia de Grupo A terapia de grupo é uma alternativa para atender um maior número de pessoas, em um menor tempo, e com um custo mais baixo. O desenvolvimento da técnica é viável e efetivo, o tratamento em grupo de dependentes de álcool e outras drogas vêm ocupando um amplo espaço, mas o seu estudo ainda é restrito. Redução de Danos As estratégias de redução de danos são utilizadas com a finalidade de prevenir ou reduzir as consequências negativas associadas a comportamentos com o uso de substancias psicoativas. Constituem ações que diminuem os danos provocados pelo uso e abuso das drogas, mesmo quando os usuários não pretendem ou não conseguem parar. Antigamente, havia poucas opções de tratamento (internação, grupo de autoajuda, e encaminhamento a especialistas). De acordo com a SENAD (2010), para o tratamento contra a dependência química é 17 necessário primeiramente que o usuário de substâncias psicoativas passe por uma avaliação criteriosa, na qual será identificada qual ou quais substâncias psicoativas estão sendo utilizados e o seu respectivo tipo de consumo, seja experimental, recreacional, abusivo ou dependência. Verifica-se, ainda, o histórico familiar e o perfil psicossocial do indivíduo, assim como é observado se o usuário tem alguma morbidade clínica ou psiquiátrica. Para a SENAD (2010): Essa avaliação individualizada indicará o tipo de tratamento mais adequado para cada caso, como, por exemplo, se será necessária internação ou não. Os casos que demandam internação são aqueles que apresentam as respectivas condições médicas ou psiquiátricas: estados psicoativos graves; pensamentos suicidas ou homicidas; estado de grave debilitação ou de abstinência grave; complicações orgânicas devidas ao uso ou a ausência; dificuldades no abandono do vício; ausência de adequado apoio psicossocial; urgência em interromper o uso das substâncias devido a situações externas. A desintoxicação é realizada de acordo com o nível de complexidade do caso, sendo numa ordem crescente, apresentada em três níveis: ambulatorial; internação domiciliar ou internação hospitalar, incluindo o uso de medicamentos de maneira a aliviar os sintomas. A desintoxicação visa principalmente ao alívio dos sintomas, a prevenção do agravamento do quadro, como convulsões, e proporciona ainda que o usuário se insira em algum tipo de tratamento. (SENAD 2010, p. 183) Para ORTH (2005), o diagnóstico de dependência química é baseado em sinais e sintomas, com critérios claros e que permitem verificar a existência de diversos graus de dependência. Certamente, sem o tratamento adequado, a dependência tende a piorar, levando o usuário a uma destruição gradativa, atingindo a sua vida pessoal, familiar, social e profissional. Dentre os tratamentos oferecidos para a dependência química, destaca-se o CAPS: CAPS O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) compõe-se de unidades de atendimento em saúde mental, que atendem a pessoas com problemas causados pelo uso e abuso de substâncias psicoativas. Essas unidades são mantidas pelo Sistema Único de Saúde - SUS e têm como objetivo o acolhimento de pessoas com problema com álcool e outras drogas, estimulando também a integração com a sociedade e seus familiares. É um serviço ambulatorial, em que o usuário não fica internado. Oferecem atendimento individual, em grupos, atendimento em oficinas terapêuticas, visitas e atendimentos domiciliares, atendimento a família, dentre outras. 6. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA 6.1. A FAMÍLIA Segundo MICHAELIS (2010), a família é definida como um conjunto de pessoas que possui grau de parentesco entre si e vive na mesma casa, formando um lar. Nesse sentido, MIOTO (1997) conceitua família como: [...] um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por laços consanguíneos. Ele tem como tarefa primordial o cuidado e a proteção de seus 18 membros, e se encontra dialeticamente articulado com a estrutura social na qual está inserido. (MIOTO, 1997, p. 120). Na atualidade, o modelo de família mudou e, dentre as principais mudanças, se situam: a diminuição do seu tamanho, sendo cada vez mais comum famílias com poucos membros; a diversificação dos arranjos domésticos com uma grande diversidade de formatos que não passam, necessariamente, pelo modelo tradicional (homem-provedor/mulheres esposa-mãedona de casa), com a mulher assumindo um papel central no sustento familiar; a dissolução frequente dos laços familiares, bem como as possibilidades do recasamento, o que estabelece uma dinâmica de relações familiares mais complexas e que repercutem nos padrões de parentesco tradicional. A instituição familiar é considerada o principal espaço de socialização, na qual os indivíduos podem encontrar refúgio, mas também muitas das vezes é o local onde surgem os conflitos e violências, muitas, atualmente em decorrência do uso e abuso de substâncias psicoativas. A concepção de família vai além da união estável entre o homem e a mulher, pois é uma instituição em constante mudança, sendo necessário, portanto, quando da formulação de políticas públicas de saúde, verificar quais são os inúmeros desafios que permeiam a vida da família contemporânea, pois vários são os seus arranjos atualmente. Nos últimos trina anos, muitos pesquisadores reconheceram a importância das famílias durante o tratamento de um familiar seu, usuário de sustâncias psicoativas, confirmando que a participação proporciona um tratamento mais eficaz. De acordo com STANHOPE (1999), a família protege a saúde dos seus membros, dando apoio e respostas às necessidades básicas em situação de doença, dado que desenvolve um sistema de valores, crenças e atitudes em relação ao problema. Procurando compreender os fatores que dão motivação ao paciente a comprometer-se com o tratamento e, consequentemente, com a mudança de comportamento, ZWEBEN (2001) chegou à conclusão de que entre os dependentes do álcool socialmente estáveis aqueles cujos cônjuges estavam envolvidos no processo de tratamento tinham mais probabilidade de se permanecerem sóbrios. 6.2. AS CONSEQUÊNCIAS DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO ÂMBITO FAMILIAR Os problemas relacionados ao uso abusivo de álcool e outras drogas elevam o risco e comprometem a saúde, não apenas do usuário/dependente, mas para toda a família. Isso compromete a saúde dos familiares envolvidos, independente da classe social, fazendo com que as relações fiquem fragilizadas e necessitem de intervenções terapêuticas. O crescimento do uso de substâncias psicoativas, nas últimas décadas, tem sido constantemente objeto de pesquisas e de estudos epidemiológicos, o que contribui, dessa forma, na mensuração dos custos sociais do uso das drogas. O reflexo desse problema representa uma série de ameaças à saúde de indivíduos, familiares, comunidades e população em geral. Isso incide na maior parte dos acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, violência doméstica e influi no crescimento da criminalidade. A dependência química não compromete apenas o dependente químico, mas também reflete e adoece toda a família que é exposta e convive diariamente com o problema, comprometendo o diálogo, abalando, assim os laços de afetividade familiar. E em relação à violência doméstica, estudo realizado por BROOKOFF & cols., (1997) revela que 92% dos episódios de violência doméstica têm o uso de substâncias psicoativas como seu motivador. Para ZILBERMAN (2005), a violência doméstica e o abuso de 19 substâncias psicoativas são comuns em pacientes atendidos no sistema de saúde de baixa complexidade. O reconhecimento de que a família também está inserida no processo de adoecimento pelo uso contínuo de drogas por um membro e que a origem do problema pode estar dentro de casa é algo que muitos familiares relutam em admitir, o que causa o distanciamento e compromete a relação familiar. As famílias, em grande parte, relutam em aceitar a necessidade de buscar tratamento para o seu dependente e, assim, se isolam no silêncio. E, muitas vezes, só recorrem ao tratamento, quando o problema já se instalou ou trouxe algum prejuízo maior, como financeiro, abandono do emprego, destruição dos laços afetivos e a própria questão emocional. Os problemas emocionais e financeiros abalam psicologicamente a família de um usuário, seu relacionamento e convívio e, dessa forma, os vínculos afetivos ficam fragilizados. Um usuário de substância psicoativa pode produzir diversos prejuízos, entre os quais, roubos, desentendimentos e agressões, acarretando sofrimento e complicações para aquele arranjo familiar. A partir do momento em que o usuário e a família reconhecem a importância do tratamento e que todos já estão adoecidos, essa percepção requer que família e usuário sejam tratados. 6.3. AS DIFICULDADES ENFRENTADAS TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUÍMICO. PELA FAMÍLIA DURANTE O Os familiares são peças fundamentais no processo de tratamento do dependente químico. Incidido o primeiro estágio que é o da não aceitação, a família passa a ter maior consciência de que grande parte dos problemas, desarmonia, quebra de laços familiares e dificuldade na comunicação, em especial sobre o assunto, surgem do reflexo da dependência química de algum ente familiar. A partir do conhecimento do problema e da aceitação como doença, a família se torna uma aliada eficiente para a reabilitação, seja por meio de medicação, comunidade terapêutica ou grupos de apoio. Vale ressaltar que essa base familiar favorece a adesão do usuário ao tratamento e ao serviço de saúde. É muito comum que esses integrantes familiares, principalmente mães, esposas e filhas enfrentem situações de angústia, conflitos, receios, dúvidas e medos. Dessa maneira, compreende-se que a inclusão da família no tratamento de dependentes químicos requer uma atenção especial. É necessário investir tanto em relação ao atendimento individualizado quanto na criação de grupos que possibilitem a troca de vivências, experiências e maiores informações para uma melhor compreensão da dependência química. Dessa forma, as mudanças presenciadas na sociedade em âmbito econômico, social e cultural são diretamente refletidas na família, ou seja, toda transformação sentida na sociedade afeta as relações intrafamiliares e a própria estrutura familiar. De acordo com BALLONE (2008), esse impacto tem quatro estágios progressivos: o mecanismo de negação, ou dá não aceitação, quando as pessoas não admitem ou têm medo de falar: a regra é não falar do assunto, mantendo a ilusão de que as drogas e álcool não estão causando problemas na família; o das mentiras e cumplicidades, em que as pessoas instauram um clima de segredo familiar; na terceira fase, da desorganização, as famílias assumem responsabilidades de atos que não são seus e, assim, o dependente químico perde a oportunidade de perceber as consequências do abuso de álcool e drogas, instaurando uma inversão de papéis; por último, o estágio da exaustão emocional, quando surgem graves distúrbios de comportamento e de saúde na família. Recente levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para 20 Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas (IPAD), o II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas - LENAD (2112), revelou que 66% das mulheres entrevistadas eram as responsáveis pelo tratamento do dependente de substâncias psicoativas, além de serem a maioria dos entrevistados; 80% dessas mulheres sofrem forte impacto negativo, ficando sobrecarregadas por terem de cuidar do dependente e ainda serem responsáveis pela família. Esse levantamento apontou que familiares de dependentes químicos apresentam mais sintomas físicos e psicológicos que a média da população, e que são as mães que mais apresentam esses sintomas. Apontou, ainda, que estas famílias se apresentam em situação de vulnerabilidade e com possibilidade de desenvolverem problemas de saúde. O II LENAD mostra um cenário assustador. De acordo com essa pesquisa, cerca de 5% da população brasileira é formada por dependentes de álcool, maconha, cocaína e crack, o que a representa mais de 8 milhões de pessoas. Por estimativa, se cada domicílio for composto por quatro pessoas, isso resultaria em pelo menos 28 milhões de brasileiros que convivem hoje, no país, com um dependente químico. A referida pesquisa demonstra evidências consistentes do impacto causado aos familiares de usuários de substâncias psicoativas, principalmente, naqueles mais próximos que, na sua maioria, são as mulheres. As mães são responsáveis pelo tratamento e, também, são consideradas chefes de família, sobrecarregandose de atribuições que deveriam ser comuns a outros membros da casa. O impacto nas finanças também é bem relevante. O estudo detectou que o custo com o tratamento afetou drasticamente o orçamento familiar; em 58% dos casos, o tratamento foi pago, exclusivamente, pela família. Um dos fatores apresentados em relação ao tratamento é o aspecto financeiro, pois as famílias, muitas vezes, têm dificuldade de chegar à unidade de saúde por não disporem de dinheiro sequer para pagar a passagem. Observa-se que, em sua grande maioria, apesar de o codependente adoecer junto com o usuário, os tratamentos oferecidos nas instituições são apenas para os dependentes químicos, excluindo muitas vezes o contexto familiar e social em que esse está inserido. Portanto, compreende-se que é imprescindível que a família também seja cuidada, tratada, amparada e orientada para uma evolução gradual do dependente e de quem o ampara. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O processo de adoecimento vivenciado pelos familiares resulta em codependência das pessoas envolvidas. Embora pouco estudado, o sofrimento causado pela dependência química, no ambiente familiar, é devastador em vários aspectos, podendo ser físico, financeiro e nas relações interpessoais e sociais, levando esses familiares a um estado de tensão, estresses, preocupação, autoestima baixa, estigma, raiva e culpa, entre outros. O estudo evidencia a importância de tratamento tanto para o familiar quanto para os usuários, uma vez que todos estão adoecidos. Para a efetivação desse processo, a participação e interferência do Assistente Social torna-se essencial, uma vez que os profissionais dessa área partem das necessidades de cada dependente químico para trabalhar a sua reintegração na sociedade. Isso vem ao encontro do disposto no Art. 4º da Lei n º 8.662, de 7 de Junho de 1993, relativa à profissão do Assistente Social: Constituem competências do Assistente Social: III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; 21 Dessa forma, o Assistente Social, conjuntamente com outros profissionais, busca compreender o indivíduo na sua dimensão humana e social, orientando-o no enfrentamento de diferentes questões para, assim, diminuir as mazelas sociais a que todos possam estar sujeitos, a exemplo, a dependência química e a codependência da família. 22 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Presidência da República: Lei nº 11.788, de 25/09/2008, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/Lei/L11788>. Acesso em: 23 fev. 2014. ________. 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