51. A linguagem da mídia, por vezes, busca inspiração nos temas da Literatura e, assim,
incorpora características de movimentos literários atuais ou de outras épocas. Dessa
forma, eventualmente, observam-se, nas
novelas televisivas, influências que remontam a certas escolas literárias, como na novela “Salve Jorge”, em que são observadas
tendências românticas.
Assinale, entre as alternativas abaixo, a que
não apresenta características do Romantismo.
(A) Evasão no espaço, que leva o romântico à
“escolha de lugares distantes e misteriosos, assim como as paisagens do Oriente.”
(B) Supervalorização do amor, “algo bom e difícil de se realizar num mundo desagregado e corrompido”.
(C) Sentimentalismo, pois “para o romântico
a razão fica em segundo plano, sendo a
maneira de analisar e expressar a realidade pautada no sentimento individual”.
(D) Estrutura estereotipada que se “inicia com
a harmonia, instaurando-se a seguir a desarmonia, o conflito e a desordem, para se
concluir com a harmonia final e o estabelecimento da felicidade.”
(E) Contemporaneidade, verossimilhança e tendência à incorporação das teorias científicas recentes.
52. Leia o excerto que segue.
I-JUCA-PIRAMA
Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
DIAS, G. “Últimos Cantos”.
In: REBELO, M. Org. Antologia escolar brasileira.
Rio de Janeiro: MEC/Fename, 1967. p. 276.
Nos versos do poema acima, vê-se a indignação
do velho índio tupi, ao saber que o filho pedira
aos inimigos Aimorés que lhe poupassem a vida.
Neles, Gonçalves Dias apresenta um dos traços
mais caros ao Romantismo, que é o
16
(A) culto a valores heroicos como herança da
era medieval.
(B) subjetivismo que se revela por meio da
poesia em terceira pessoa.
(C) gosto pelas metáforas.
(D) escapismo que faz o romântico criar um
mundo próprio e idealizado.
(E) gosto pelo mistério que se traduz em masoquismo.
53. Leia o excerto que segue.
NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO
Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.
O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.
Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.
Onde é tudo belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)
Ainda um grito de vida e
voltar
para onde é tudo belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.
O poema anterior integra a obra A Rosa do
Povo, de Carlos Drummond de Andrade. Desse
poema, em sua totalidade, é incorreto afirmar que
(A) é uma variação do tema da terra natal,
espécie de atualização moderna de uma
idealização romântica da pátria.
(B) estabelece uma relação intertextual com a
“Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, e se
apresenta como uma espécie de paráfrase.
Literatura
(C) traduz na palavra “longe”, o significado do
“lá”, lugar do ideal distante, caracterizador de visão de uma pátria idealizada.
(D) evidencia que o poeta se apropriou indevidamente do poema de Gonçalves Dias e
manteve os esquemas de métrica e de rima
do texto original.
(E) utiliza a imagem do sabiá e da palmeira
para sugerir um espaço “onde tudo é belo
e fantástico”; afastado dele, o poeta se
sente em exílio.
54. O texto abaixo é a estrofe inicial do poema
“Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu.
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
(In CANDIDO, A.; CASTELLO, J. “A. Presença da
literatura brasileira, v. 2. São Paulo: Ditei, 1979.)
Sobre o poema, não se pode afirmar que
(A) se trata de um dos poemas mais populares
da Literatura Brasileira.
(B) o poeta se vale do texto para manifestar a
sua saudade da infância.
(C) o poeta é racional e contido ao expressar
sua emoção no poema.
(D) a linguagem não é erudita, pois se aproxima da simplicidade da fala popular, o que é
uma marca da poesia romântica.
(E) a memória da infância do poeta está intimamente ligada à natureza brasileira.
55. Leia o fragmento poético a seguir.
LEMBRANÇA DE MORRER
De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos, - bem poucos - e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoidecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
[...]
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
- Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
CANDIDO, Antonio. “Melhores poemas de Álvares de
Azevedo”. 5. ed. São Paulo: Global, 2002. p. 45-46.
Simulado Interno 2013 - I
O significado do título “Lembrança de morrer”
e a própria construção textual revelam o caráter diferenciador da poesia ultrarromântica de
Álvares de Azevedo, que se expressa, nesses
versos, pela
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
idealização amorosa.
tensão reflexivo-crítica.
veia humorístico-satânica.
manifestação erótico-sensual.
celebração do amor demoníaco.
56. Leia os excertos a seguir, do poema “O Poeta
Moribundo”, de Álvares de Azevedo.
05.
06.
07.
08.
Poetas, amanhã ao meu cadáver
Minha tripa cortai mais sonorosa!...
Façam dela uma corda, e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!
[...]
Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia...
Como o cisne de outrora... que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.
09.
10.
11.
12.
Coração, por que tremes? Vejo a morte,
Ali vem lazarenta e desdentada...
Que noiva!... E devo então dormir com ela?...
Se ela ao menos dormisse mascarada!
01.
02.
03.
04.
Considere as afirmações sobre os versos apresentados.
I.
A temática amorosa-sentimental e a linguagem elevada, evidenciadas nos versos citados, são constantes na obra de Álvares
de Azevedo.
II. O poeta manifesta a vontade de que seu
corpo continue a ser um instrumento do cantar lírico, mesmo depois da morte.
III. Os versos exemplificam a faceta irônica
que convive com a lírica emocional e erótica do poeta da “Lira dos Vinte Anos”.
Quais estão corretas?
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Apenas I.
Apenas II.
Apenas III.
Apenas II e III.
I, II e III.
17
57. Relacione aos fragmentos de texto abaixo as
seguintes características da poesia ultrarromântica no Brasil.
I.
II.
III.
IV.
V.
Temática da morte.
Angústia existencial.
Tédio da vida.
Melancolia.
Busca de um princípio universal.
( ) Oh! Vem depressa, minha vida foge...
Sou como o lírio que já murcho cai!
(Casimiro de Abreu)
( ) Como varia o vento, o céu - o dia,
Como estrelas e estrelas e nuvens e mulheres,
Pela regra geral de todos os seres,
Minha lira também seus tons varia.
(Álvares de Azevedo)
( ) Eis o que sou! - A dúvida encarnada,
Que perenal vacila.
(Junqueira Freire)
( ) Escrevi porque a alma tinha cheia
Numa insônia que o spleen entristecia
De vibrações convulsas de ironia!
(Álvares de Azevedo)
( ) Adeus meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
(Álvares de Azevedo)
A correspondência correta entre os fragmentos
e suas características ultrarromânticas resulta
na seguinte sequência, de cima para baixo:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
IV - V - II - I - III.
IV - V - II - III - I.
IV - V - III - II - I.
V - IV - I - II - III.
I - IV - V - III - II.
58. O Amor preside a vários poemas de Espumas
Flutuantes. Considere estes dois fragmentos,
em dois distintos momentos da poesia de
Castro Alves.
E da alcova saía um cavalheiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
II. Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
I.
18
Tais versos ilustram a seguinte característica
da poesia de Castro Alves:
(A) a extremada idealização amorosa faz da
amada um ser etéreo e inatingível.
(B) o intimismo e a timidez levam o poeta a
sugerir seu medo de amar.
(C) a virilidade e o erotismo convivem com a
idealização amorosa.
(D) a dimensão erótica é sobrepujada pela ternura e pela inclinação platônica.
(E) o desejo amoroso, quando materializado,
traz a culpa e o remorso.
59. A expressão “crime contra a humanidade”
tem um duplo sentido. Designa um crime tão
abominável que a humanidade inteira é ferida pela crueldade dos atos. Contudo, designa também – e, talvez, sobretudo - um
crime contra a ideia de humanidade, ou seja,
contra a ideia de que, além ou aquém de
nossas diferenças religiosas, nacionais etc.,
somos semelhantes membros de uma mesma
espécie. Perseguir, exterminar uma população por sua diferença significa negar a existência da comunidade dos humanos, quebrar
um pressuposto que talvez seja a melhor
conquista de nossa cultura.
(Contardo Calligaris. “Terra de ninguém”.
S. Paulo: “PUBLIFOLHA”, 2004.)
Um crime contra a humanidade, o qual perdurou e se caracterizou pela mais profunda das
violências, foi a escravidão, que encontrou em
Castro Alves um adversário de peso, como
mostram seus poemas marcados
(A) pelo tom oratório e pela retórica inflamada.
(B) por uma linguagem sensível e insinuante.
(C) pela sátira combativa e pelas teses naturalistas.
(D) pelo romantismo típico da primeira geração.
(E) pelo desencanto e pela melancolia de sua
geração.
60. Uma característica instigante da obra de Álvares de Azevedo é a contradição. Segundo
críticos, devido à influência shakespeariana, o próprio escritor divide sua obra em duas
fases: Ariel (o bem) e Caliban (o mal), entidades mitológicas incorporadas por Shakespeare à sua peça A Tempestade. Os contos
de Noite na Taverna inserem-se no mundo
de Caliban porque
Literatura
(A) apresentam adolescentes sentimentais e
ingênuos.
(B) retratam feitos de entidades mitológicas.
(C) situam os personagens na Inglaterra, terra
natal de Shakespeare.
(D) são moralizantes, isto é, terminam com
uma lição de vida, exortando os leitores a
não beberem.
(E) retratam um mundo decadente, povoado de
bêbados e de mulheres impuras, segundo
a moral da época.
Instrução: para responder à questão 61, leia o texto
que segue.
— Como é isso?... — exclamou Margarida com
surpresa. — Pois você vai-se embora?...
— Vou, Margarida; pois você ainda não sabia?...
— Eu não; quem me havia de contar? Para onde
é que você vai, então?
— Vou para o estudo, Margarida; papai mais
mamãe querem que eu vá estudar para padre.
— Deveras, Eugênio!... ah! meu Deus!... que
ideia!... e é muito longe esse estudo?
— Eu sei lá; eles estão falando que eu vou para
Congonhas...
— Congonhas?... ah! já ouvi falar nessa terra;
não é onde moram os padres santos?... ah!
meu Deus! isso é muito longe!
— Qual longe!... tanta gente já tem ido lá e
vem outra vez. Mamãe já mandou fazer batina, sobrepeliz, barrete e tudo. Quando tudo
ficar pronto, eu hei de vir cá vestido de padre
para você ver que tal fico.
(São Paulo: Ática, 1998, p.12.)
61. O diálogo acima foi escrito por
(A) Bernardo Guimarães – O garimpeiro: revela
a ganância do homem na corrida desenfreada pelo crescimento econômico e financeiro.
(B) Visconde de Taunay – Inocência: revela, além
da trama amorosa, o choque de valores
entre Pereira e Meyer, um naturalista alemão que se hospedara na casa de Pereira à
procura de borboletas, evidenciando as
contradições entre o meio rural brasileiro
e o meio urbano europeu.
(C) Bernardo Guimarães – A Escrava Isaura: obra
brasileira do século XIX que aborda a questão do celibato clerical de forma resignada
e imparcial.
Simulado Interno 2013 - I
(D) Bernardo Guimarães – O seminarista: nessa
obra dramática, o autor investe contra o
celibato religioso e o autoritarismo das famílias do século XIX, que impediam o jovem
de seguir um caminho escolhido.
(E) Franklin Távora – O Cabeleira: conta a história de Zé Gomes (o Cabeleira) e de seu pai
Joaquim Gomes, ambos precursores do cangaço do nordeste brasileiro, e suas desventuras por Pernambuco.
62. A propósito do romance Iracema, de José de
Alencar, pode-se afirmar que
(A) Martim, o desbravador português, leva Moacir – seu filho – e a índia Iracema para longe
da terra natal.
(B) simbolicamente, por meio da história de
amor entre o português Martim e a índia Iracema, Alencar discute o processo de formação do brasileiro.
(C) paralelamente à história de amor entre Martim e Iracema, Alencar aborda a temática
da invasão holandesa e da fundação da cidade do Rio de Janeiro.
(D) a mitificação da índia Iracema não tem nenhum compromisso com o contexto do Romantismo.
(E) ao partir para a Europa com o filho, Martim
realiza o grande sonho de retornar à sua terra
com o fruto do seu amor tropical com Moema.
63. Leia, com atenção, o fragmento a seguir para
responder à questão que segue.
“Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla, até o africano puro; todas as posições, desde as ilustrações da política, da fortuna ou do
talento, até o proletário humilde e desconhecido; todas as profissões, desde o banqueiro até
o mendigo; (...)
É uma festa filosófica essa festa da Glória!
Aprendi mais naquela meia hora de observação
do que nos cinco anos que acabava de desperdiçar em Olinda com uma prodigalidade verdadeiramente brasileira.
A lua vinha assomando pelo cimo das montanhas fronteiras; descobri nessa ocasião, a alguns passos de mim, uma linda moça, que parara um instante para contemplar no horizonte
as nuvens brancas esgarçadas sobre o céu azul
e estrelado. Admirei-lhe do primeiro olhar um
talhe esbelto e de suprema elegância.(...) Ressumbrava na sua muda contemplação doce melancolia, e não sei que laivos de tão ingênua
castidade, que o meu olhar repousou calmo e
sereno na mimosa aparição.”
(José de Alencar - Lucíola)
19
A partir do fragmento e considerando o romance em sua totalidade, pode-se afirmar que
(A) a cena amorosa, em Alencar, é emoldurada
pela matéria sociocultural brasileira.
(B) pode-se observar, nessa cena, a superioridade da província sobre a metrópole.
(C) desde o primeiro momento, Paulo percebe
a condição social de Lúcia.
(D) a referência à questão racial comprova o
naturalismo dessa obra.
(E) o romance urbano, como é o caso de Lucíola,
é o único cultivado no romantismo brasileiro.
64. Leia o excerto de Memórias de um sargento
de milícias, de Manuel Antônio de Almeida,
para responder ao que se pede.
Caldo Entornado
“A comadre, tendo deixado o major entregue
à sua vergonha, dirigira-se imediatamente para
a casa onde se achava Leonardo para felicitálo e contar-lhe o desespero em que a sua fuga
tinha posto o Vidigal. (...) A comadre, segundo seu costume, aproveitou o ensejo, e depois
que se aborreceu de falar no major desenrolou
um sermão ao Leonardo, (...). O tema do sermão foi a necessidade de buscar o Leonardo
uma ocupação, de abandonar a vida que levava, gostosa sim, porém sujeita a emergências
tais como a que acabava de dar-se. A sanção
de todas as leis que a pregadora impunha ao
seu ouvinte eram as garras do Vidigal.”
Considere as afirmativas levando em conta não
só o excerto, mas também a obra em sua totalidade.
I.
Vê-se, no excerto, que a comadre procura
incutir em Leonardo princípios morais destinados a corrigir o comportamento do afilhado.
II. No sermão que prega a Leonardo, a comadre manifesta a convicção de que o trabalho é fator decisivo na formação da personalidade de um jovem.
III. O sermão pregado pela comadre destinava-se a fazer o Leonardinho encontrar uma
ocupação, tendo, pois, um fim prático e
imediatista: fazer o protagonista ficar definitivamente livre das perseguições do
Major Vidigal. Não há referências sobre a
possível moralização da personagem.
20
IV. No sermão não há referências ao trabalho
como fator decisivo na formação da personalidade do jovem. Há, pelo contrário, passagem em que - como um juízo de valor - a
comadre sugere uma visão enaltecedora da
malandragem ou vadiagem.
Quais estão corretas?
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Apenas I e II.
Apenas III e IV.
Apenas I, II e III.
Apenas II, III e IV.
I, II, III e IV.
65. Apesar de viver “um pouco ao sabor da sorte”, “sem plano nem reflexão”, “movido
pelas circunstâncias”, como uma espécie de
“títere” (segundo o crítico literário Antonio
Candido), o protagonista das Memórias de um
sargento de milícias, Leonardo (filho), como
outras personagens do romance, mostra-se
bastante determinado quando se trata de
(A) assumir rixas, tirar desforras e executar
vinganças.
(B) demonstrar afeto e gratidão por aqueles
que o amparam e defenderam.
(C) buscar um emprego que lhe garantisse a
subsistência imediata.
(D) conservar-se fiel ao primeiro amor de sua
vida.
(E) estabelecer estratégias para ascender na
escala social.
66. Na peça O Noviço, de Martins Pena, os personagens Carlos e Emília estão apaixonados,
mas encontram dificuldades para se casar.
Isso se deve ao fato de Carlos ser um noviço
e só no final da peça conseguir permissão
para deixar o convento (final da cena XIX).
Qual romance da literatura brasileira apresenta uma situação semelhante à da peça do maior
dramaturgo brasileiro do Romantismo?
(A) A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
(B) Lucíola, de José de Alencar.
(C) A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães.
(D) O Ateneu, de Raul Pompeia.
(E) Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Literatura
67. Os personagens femininos dominam a cena,
em alguns dos romances do romântico José
de Alencar e do representante máximo do
realismo brasileiro, Machado de Assis.
Sobre tais personagens nas obras desses autores, assinale a alternativa correta.
(A) Os relatos urbanos de Machado de Assis oscilam entre a estrutura de folhetim e a percepção da realidade brasileira. Com os perfis femininos (a exemplo de Diva, Senhora, A viuvinha), José de Alencar alcança
grande profundidade psicológica na descrição dos personagens centrais.
(B) Os personagens femininos de Machado de
Assis, assim como os de José de Alencar,
são seres extraordinários, movidos por uma
ética heroica, com tendências à aceitação
do sofrimento.
(C) Tanto em José de Alencar como em Machado de Assis, os personagens femininos alcançam uma dimensão idealizada e espiritualizada.
(D) Machado de Assis descreveu personagens
femininos contraditórios, complexos e dissimulados, penetrando na consciência de
cada um deles. Alencar apresentou-os de
forma idealizada, sem grande complexidade psicológica, com caráter nobre e capazes de renúncia.
(E) Enquanto José de Alencar caracterizava os
personagens femininos pela hipocrisia social e pela paixão pelo dinheiro, a dissimulação e a vaidade eram traços marcantes
nestes personagens de Machado de Assis.
68. Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do excerto a seguir, extraído
de um texto do crítico literário Domício Proença Filho, que trata de personagens criados por Machado de Assis.
“....... não consegue realizar o seu propósito, como não consegue, como tantas pessoas,
realizar-se a si mesmo. Ele traz a marca do
pessimismo trágico. Mas não nos angustia tanto o seu fracasso. Machado amortece a dimensão trágica com a dimensão do humor. A vida
continua. Apesar de absurda. ......., mais rico
de substância humana que o anterior, centraliza-se muito mais no fundo irracional que ilustra a precariedade e a incerteza do ser humaSimulado Interno 2013 - I
no do que no jogo das causas que movem os
personagens. ....... é um ingênuo vencido pela
fatalidade. Um homem que perde a fortuna, o
amor, a razão, na relatividade dilacerada da
existência incompreensível que marca a visãodenúncia de Machado de Assis.”
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
Brás Cubas, Rubião, Conselheiro Aires.
Pedro, Paulo, Brás Cubas.
Brás Cubas, Quincas Borba, Rubião.
Conselheiro Aires, Bentinho, Pedro.
Quincas Borba, Bentinho, Brás Cubas.
69. Todas as alternativas sobre o narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, estão corretas, exceto que
(A) analisa o ser humano, focalizando o seu lado
negativo, seus defeitos morais.
(B) conta a história de forma regular e fluente, preocupando-se com a compreensão do
leitor.
(C) informa que a causa primordial de sua morte foi uma ideia fixa, a obsessão com o
emplasto Brás Cubas.
(D) não hesita em apontar seus próprios erros
e imperfeições, pois está a salvo dos juízos alheios.
(E) não vê com bons olhos a figura do crítico,
chegando mesmo a ridicularizá-lo.
70. A temática central do romance Esaú e Jacó,
de Machado de Assis, é
(A) o triângulo amoroso formado por Paulo, Flora e Pedro.
(B) a transição do Império para a República.
(C) o amor platônico de Aires por Natividade.
(D) a rixa entre os gêmeos Pedro e Paulo.
(E) o fato de Pedro ser republicano e Paulo,
monarquista.
71. Além do tema da loucura, temos como marca fundamental do romance Quincas Borba,
de Machado de Assis,
(A) o traço mercantilista que permeia as relações.
(B) o virtual adultério de Sofia.
(C) a insatisfação doméstica das mulheres da
obra.
(D) a crença na humanidade.
(E) o amor e a amizade.
21
72. Assinale a afirmação correta a respeito de O
Ateneu, romance de Raul Pompeia.
Trata-se de romance
(A) de formação que avalia a experiência colegial, por meio de Sérgio, alter-ego do autor.
(B) romântico que explora as relações pessoais
de adolescentes no colégio, acenando para
o homossexualismo latente.
(C) naturalista que retrata a tirania do diretor
do colégio e o materialismo de sua mulher
para com os alunos.
(D) realista que apresenta um padrão de excelência da escola brasileira do final do império.
(E) da escola Aristarco no final do império, cuja
falência vem assinalada pelo incêndio do
prédio, no final da narrativa.
Instrução: texto para a questão 73.
Nunca morrer assim ! Nunca morrer num dia
Assim ! de um sol assim !
Tu, desgrenhada e fria,
Fria! postos nos meus os teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados...
73. O excerto acima, de “In extremis”, de Olavo
Bilac, lembra o fato de que nossos poetas
parnasianos
(A) são autores de uma poesia apaixonada e
mórbida, voltada para o culto da sensualidade da matéria, da emoção fugaz, da
morte e da eternidade.
(B) fizeram uma poesia torturada pelo mal do
século, pela angústia extremada que apontava para a morte e para a destruição da
ordem do mundo.
(C) se caracterizaram pela manifestação emotiva, pelo sentimentalismo desabrido, que
opôs a liberdade de expressão ao rigor da
forma.
(D) usaram uma expressão livre das normas e
das formas clássicas para dar vazão à torrente emocional característica de seus textos.
(E) nem sempre mostraram obediência exclusiva aos princípios da estética que professaram e compuseram textos ricos do sentimento e da emoção particularizadora do
eu lírico.
22
Instrução: a questão de número 74 tem como base
os dois textos seguintes.
TERCETOS
Olavo Bilac
Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, como os olhos em lágrimas, dizia:
“Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!
Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!
(...)
- E ela abria-me os braços. E eu ficava.
ELA DISSE-ME ASSIM
Lupicínio Rodrigues
(samba-canção gravado por Jamelão)
Ela disse-me assim
Tenha pena de mim, vá embora!
Vais me prejudicar
Ele pode chegar, está na hora!
E eu não tinha motivo nenhum
Para me recusar,
mas aos beijos caí em seus braços
E pedi pra ficar.
Sabe o que se passou
Ele nos encontrou, e agora?
Ela sofre somente porque
Foi fazer o que eu quis.
E o remorso está me torturando
Por ter feito a loucura que fiz.
Por um simples prazer, fui fazer
Meu amor infeliz.
Literatura
74. Separados pelo tempo, o texto do compositor Lupicínio Rodrigues (1914-1974) mantém relações de semelhança e de dessemelhança com o poema de Olavo Bilac (18651918).
14. E algum amor
15. Talvez possa espantar
16. As noites que eu não queria
17. E anunciar o dia
18. Vou voltar
19. Sei que ainda vou voltar
Considere as afirmações que seguem.
I.
20. Não vai ser em vão
21. Que fiz tantos planos
O samba-canção de Lupicínio Rodrigues representa uma continuidade ou mobilização
do tema enfocado pelo poeta parnasiano.
22. De me enganar
23. Como fiz enganos
24. De me encontrar
II. Do ponto de vista formal da versificação,
ocorrem procedimentos em Lupicínio que
o distanciam do poema de Bilac.
25. Como fiz estradas
26. De me perder
III. O sensualismo não se encontra presente na
obra de Bilac, tendo em vista que, na estética à qual o poeta pertence, o amor é platônico.
27. Fiz de tudo e nada
28. De te esquecer
29. Vou voltar
30. Sei que ainda vou voltar
31. Para o meu lugar
Quais estão corretas?
32. Foi lá e é ainda lá
(A) Apenas I.
33. Que eu hei de ouvir cantar
(B) Apenas II.
34. Uma sabiá
(C) Apenas III.
75. A respeito da música de Tom Jobim e Chico
Buarque, são feitas as seguintes afirmações:
(D) Apenas I e II.
(E) I, II e III.
Instrução: a questão de número 75 refere-se ao
texto que segue.
Sabiá
Tom Jobim - Chico Buarque / 1968.
1. Vou voltar
2. Sei que ainda vou voltar
3. Para o meu lugar
4. Foi lá e é ainda lá
5. Que eu hei de ouvir cantar
I.
o compositor contemporâneo vale-se de
tema constante na literatura brasileira, a
saber, a saudade da pátria, parafraseando
Gonçalves Dias.
II. o tom ufanista marcante em “Canção do
Exílio”, de Gonçalves Dias, é abandonado
por Chico Buarque, conforme é possível
apreender nos versos 9 a 13.
III. a época de escritura da música determina
seu caráter de pessimismo em relação à
pátria, embora a esperança de revê-la e a
convicção de pertencer àquele lugar (a pátria) estejam presentes nos seis últimos
versos.
6. Uma sabiá
7. Vou voltar
Quais estão corretas?
8. Sei que ainda vou voltar
9. Vou deitar à sombra
(A) Apenas I.
10. De uma palmeira
(B) Apenas II.
11. Que já não há
(C) Apenas III.
12. Colher a flor
13. Que já não dá
Simulado Interno 2013 - I
(D) Apenas I e II.
(E) I, II e III.
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Simulado Interno 2013 - I | Prova de Literatura