A INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NA ALA PSIQUIÁTRICA DE UM HOSPITAL GERAL: RELATO BREVE DE VIVÊNCIA DE ESTÁGIO. FILIPE SALES ([email protected]) / Psicologia/Unifra, Santa Maria-Rio Grande do Sul MARCOS PIPPI DE MEDEIROS ([email protected]) / Psicologia/Unifra, Santa Maria-Rio Grande do Sul Palavras-Chave: PRÁTICAS PSICOLÓGICAS; ALA PSIQUIÁTRICA, DIAGNÓSTICO, OBJETO IMPERFEITO, ESCUTA CLÍNICA. O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma experiência de estágio dentro do âmbito da clínica, realizada em uma ala psiquiátrica de um hospital geral, inserindo-se nesse contexto, podemos compreender que os pacientes que são encaminhados a ala psiquiátrica, não mais se adéquam as demandas impostas pela sociedade (MATOS,2010). O estágio tem como propósito, analisar o modo como se constitui uma demanda de análise em uma ala psiquiátrica de um hospital geral, com isso, compreendendo que há uma divisão entre o juízo e a desrazão, estabelecida por nosso sistema social, que é possibilitada pelo instrumento, através do qual se passa de uma categoria a outra: trata-se do “diagnóstico”, a oficialização burocrática que, como o “prontuário” policial, constitui geralmente uma arbitrariedade que determina em que categoria alguém se encontra: louco ou são, honesto delinqüente. É o diagnóstico o instrumento que legaliza a segregação física de cidadãos em hospícios. Em nosso sistema social, que tem como critério de saúde mental a integração do indivíduo na cadeia produtiva, a perda ou a inadaptação de um indivíduo como “louco” (por não possuir fonte de renda) (PELBART, 1990). O objetivo deste trabalho é o de relatar a experiência do atendimento psicológico, realizado com pacientes internos em uma ala psiquiátrica de um hospital geral, no decorrer de dois semestres, sob a forma de escutas clínicas individuais, acolhimentos com os pacientes e familiares, no qual eram atendidos pacientes acometidos de transtornos mentais e usuários de substâncias. A metodologia realizou-se mediante um amplo mapeamento acerca do local,equipe técnica e espaço físico, bem como entrevista com os familiares dos sujeitos hospitalizados, , no qual eram atendidos Atendimentos aos internos acometidos de transtornos mentais, usuários de substancias. Para que assim fosse realizado um bom atendimento dos pacientes. Estágio esse com duração de quatro meses e doze horas semanais. Alguns Achados tem sua importância, para que possamos entender minimamente esse lugar no qual o interno psiquiátrico ocupa frente ao tratamento, ou seja, de “coisa”. O paciente é inserido no modelo hospitalocêntrico, no qual o mesmo é recluso e destituído de seus pertences, desejos, liberdade. A partir do momento em que o sujeito é internado é identificado por intermédio do número de seu quarto e sua parafrenia, ou seja, é um “objeto imperfeito” a ser “reparado” “concertado” para que dessa forma possa voltar ao convívio social, com aquelas pessoas que o julgaram e o condenaram a clausura, acarretando em um demasiado empobrecimento tanto social quanto cognitivo do sujeito. (PELBART, 1990). Compreendendo este contexto manicomial, é muito simples saber por que há um grau elevado de reincidência de pacientes com transtornos graves como no caso da psicose, a classe médica não consegue romper com essas seguidas internações, pois, se detém ao diagnóstico, ao sintoma não consegue visualizar além dos sintomas físicos que lhe são apresentados (TENÓRIO, 2001). Ao longo desse período do estágio buscou desenvolverse a prática do atendimento psicológico em um espaço no qual não existia nenhuma escuta do sujeito, como também desmistificar a lógica manicomial no sentido de que o dito “louco” não deve ser escutado, pois, suas palavras são inverdades, geradas por intermédio de sua loucura que por muitas vezes pode ser “voraz”. A equipe de acadêmicos de psicologia buscou desmistificar essa “caricaturização” em que é posto esse sujeito, possibilitando ao mesmo a explicitação de seu sofrimento por intermédio da fala ou mesmo gestos, expressões faciais. Em suma, é preciso que a equipe de psicologia esteja bem amparada tanto teoricamente, como também amparada por toda a equipe do local, pois, o trabalho só é efetivo quando há comunicação e interação em todas as áreas envolvidas em prol de um bem maior o “sujeito”. REFERÊNCIAS: Matos, Anderson; Hospital Psiquiátrico, Comunidades Terapêuticas e CAPS AD, dessemelhança diante do objeto e das idéias; pequenas controvérsias. ; http://www.redepsi.com.br/; 08 de agosto de 2011. Aderaldo e Rothschild; Manicômio Mental – A outra face da clausura.; São Paulo; Hucitec; 1990. Fernando Tenório; A Psicanálise e a Clínica da Reforma Psiquiátrica. ; Rio de Janeiro; Ambiciosos; 2001.