UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Centro de Ciências Biológicas e da Saúde PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS Via Washington Luiz, Km. 235 - Caixa Postal 676 Telefax: (016) 3351-8305 CEP 13.565-905 - São Carlos - SP - Brasil Home page : http://www.ufscar.br/~ppgern/ E-mail : [email protected] EXAME DE SELEÇÃO MESTRADO - 2005 PROVA DE ECOLOGIA 13/12/2004 Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais Exame Seleção MESTRADO 2005 Tradicionalmente, a variedade de plantas tem sido atribuída aos diferentes tipos de solos e nutrientes, além da maior ou menor presença de água. JANZEN (Biotropica, 1974) estudando florestas tropicais, propôs que os fatores mais críticos na evolução das árvores estão associados à relação delas com os insetos e outros tipos de herbívoros. O experimento a seguir relatado (FINE et al., Science, 2004), implementa fatores mais críticos para discutir a evolução das árvores em florestas tropicais. O experimento selecionou árvores adaptadas em solos argilosos ricos em nutrientes e, árvores adaptadas em solos arenosos. Foram estudadas 20 espécies de plantas de seis gêneros próximos na classificação taxonômica. Foram transplantadas 880 plantas jovens para 44 locais na floresta, com três metros de largura, três de comprimento e dois de altura. Espécies de árvores adaptadas em solo argiloso foram transplantadas para solo arenoso, e viceversa. Metade das árvores em cada tipo de solo foi protegida por redes que impediam o ataque de insetos e outros herbívoros. A outra metade tinha rede apenas por cima, para que a quantidade de luz solar que recebessem fosse a mesma. A Figura abaixo apresenta o crescimento observado, em termos da taxa de crescimento da área foliar (cm2/dia) para os diferentes tipos de tratamentos experimentais efetuados. c 0,6 0,5 cm2/dia 0,4 b 0,3 b b b 0,2 b a 0,1 a 0,0 -0,1 Habitat argiloso não protegido Habitat argiloso protegido Habitat arenoso não protegido Habitat arenoso protegido Árvores adaptadas a solos argilosos Árvores adaptadas a solos arenosos Desvio Padrão ± 1 (valores com letras diferentes (a,b e c) são significativamente diferentes entre si. As barras representam a Média e Desvio Padrão ± 1. Valores com letras diferentes (a, b e c) são significativamente diferentes entre si. Com base nessas considerações: 1. Discuta comparativamente as estratégias de crescimento das árvores adaptadas a estes diferentes tipos de solos em relação aos tratamentos experimentais realizados. Considere que plantas normalmente adaptadas em solo arenoso crescem mais lentamente porque utilizam parte considerável de sua energia na criação de defesas contra insetos e outros herbívoros. 2. Considerando uma perspectiva evolucionária no estudo das interações árvores - insetos, discuta o significado ecológico da atuação destes herbívoros. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais Exame Seleção MESTRADO 2005 Foram observadas as respostas de três tipos de comunidades de pastagens com relação a perturbações experimentais na forma de queimadas, exclusão de herbivoria e alta intensidade de grazing. A estabilidade da composição em espécies de cada comunidade foi caracterizada com base em um índice (Rc) que expressa a “resistência a mudança na composição em espécie, medido como a mudança na contribuição relativa de diferentes espécies para o dossel, com relação aos estados anterior e posterior aos distúrbios”. (Sankaran & Mcnaughton, 1999, Nature) A Figura abaixo expressa a interação entre resistência a mudança na composição em espécies (Rc) de três comunidades em relação à Diversidade de espécies das comunidades. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais Exame Seleção MESTRADO 2005 Espécies Indicadoras têm um longo uso histórico nos estudos ecológicos, inclusive com o desenvolvimento de inúmeros métodos para definir a aplicabilidade do conceito no estudo de comunidades. A escolha de espécies como indicadoras requer inclusive um processo rigoroso para a seleção objetiva das mesmas. A Figura abaixo representa a abundância relativa de 05 espécies de besouros ao longo de um transecto de três habitats de florestas tropicais da Venezuela (RODRIGUEZ et al., 1998, Biological Conservation). Abundância Relativa (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 0 0 a) Floresta primária 1. Com base nas informações contidas nos gráficos ao lado selecione e justifique para o caso de estudo a(s) provável(eis) espécie(s) indicadora(s). 2. Qual a aplicabilidade deste tipo de estudo. 3. Que critérios podem ser utilizados para se considerar uma espécie como “indicadora”? Abundância Relativa (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 0 0 0 b) Floresta parcialmente perturbada Abundância Relativa (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 0 c) Floresta perturbada Pe n ve tac n t om r a ia lis C ve icin nu de stu la la O d ca on ye toc nn he en ila sis O m do ar nt gi oc ne h gu eila tta ta Pe la nta co co rd m air ia ei 0 Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais Exame Seleção MESTRADO 2005 A Figura abaixo expressa a relação entre o rendimento metabólico e a biomassa de diferentes tipos de animais (marsupiais, aves e lagartos). 105 Taxa de redimento metabólico (kj/dia) Marsupiais 104 Aves 103 Lagartos 102 101 100 101 102 103 104 105 Biomassa (g) - Como pode ser estimada a Produção Líquida destas populações animais? Discuta comparativamente e justifique do que resultam as diferenças entre as taxas de rendimento metabólico (linhas de regressão) entre pássaros, marsupiais e lagartos. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais Exame Seleção MESTRADO 2005 Considerando-se as curvas de sobrevivência apresentadas na figura abaixo, descreva as características das populações que as apresentariam em relação a: A B1 B2 B3 C P T • características do ciclo de vida como relação à estratégia r ou k • investimento de energia em reprodução ou em crescimento • estrutura etária previsível para as populações. = mortalidade por senilidade = mortalidade afetada por mudanças ontogenéticas = mortalidade independente da idade = mortalidade sazonal = mortalidade alta em estágios juvenis = probabilidade de sobrevivência = tempo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais Exame Seleção MESTRADO 2005 O desenvolvimento sustentável é uma meta prioritária de todas as nações. O diagrama abaixo sumariza o que tem sido considerado por alguns autores, como os pontos-chave para que o mesmo seja atingido: a) indústrias ecologicamente corretas, ou eco-indústricas; b) paisagem ecológica ou “eco-paisagem” e, c) uma cultura ecológica “eco-cultura” Que componentes e que práticas poderão ser incluídas como imprescindíveis em cada um destes compartimentos na perspectiva da sustentabilidade do sistema ambiental (cidade)? Eco-indústria Cidade Eco-cultura Eco-paisagem Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais Exame Seleção MESTRADO 2005 A tabela abaixo reúne as principais formas de mensuração da complexidade e da estabilidade em comunidades naturais. Explique o que e exemplifique cada uma das variáveis apresentadas na coluna 2. Riqueza Complexidade Conectância Força de interação Equitatividade Estabilidade Resiliência Estabilidade Persistência Resistência Variabilidade Abundância Variáveis de interesse Composição Abundância de um nível trófico Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais Exame Seleção MESTRADO 2005 As comunidades e os ecossistemas possuem mecanismos biológicos de recuperação de impactos tecnológicos e ou naturais. Analisando a figura abaixo, responda: a) Qual a relação entre as escalas espaciais de ocorrência dos impactos naturais e artificiais? b) Existem diferenças quanto ao tempo de recuperação para impactos naturais e artificiais? c) Quais dos impactos apresentados podem ser considerados irreversíveis: A nível de comunidade? No nível de ecossistema? Tempo de Recuperação (Anos) 10,000 Queda de Meteoros 1000 POLUIÇÃO INDUSTRIAL URBANIZAÇÃO 100 AGRICULTURA Inundação MODERNA Queimada 10 Incêndios Bomba Florestais Atômica Derramamento de Óleo Exploração de Água Subterrânea Salinidade Erupção Vulcânica Chuva Ácida Maremoto Deslizamento de encosta Queda de Árvore Queda de raios 1 10-3 10 -2 10-1 1 10 Escala Espacial 100 1000 10,000 (Km2)