CONSERVAS DE AZEITONAS MADURAS PROCESSADAS NO SUL DE MG: AVALIAÇÃO DE ACIDEZ 1 2 3 4 5 Medeiros, R.M.L.*; Borges, C.P. ; Vitorino, A.M. ; Villa, F.* ; Silva, D.F. ; Zambom, C.R. * D.Sc., Pesquisadora, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Maria da Fé, MG. E-mail: [email protected]; 1,2 Graduação em Farmácia, Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá (FEPI), 3 Itajubá, MG. D.Sc., Professora Adjunta, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Centro de Ciências Agrárias (CCA), Rua Pernambuco, 1777, Centro, CEP.: 85960-000, Marechal Cândido Rondon, PR. 4 Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel, PR. 5 Bolsista, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Maria da Fé, MG. RESUMO: Este trabalho abrange o processamento e avaliação da acidez das azeitonas pretas produzidas naturalmente na Fazenda Experimental da EPAMIG. Este estudo foi conduzido para desenvolver tratamentos para processar azeitonas maduras embaladas de uma maneira natural. Foram utilizados no experimento 5 cvs. de oliveira. Os 12 tratamentos utilizados na elaboração das conservas foram: com e sem soda na salmoura a 7%; com e sem branqueamento na salmoura a 7%; com sal marinho na salmoura a 7%; com sal grosso na salmoura a 7%; com descanso em salmoura a 5%, 7% e 9%; sem descanso na salmoura a 5%, 7% e 9%. Para a avaliação das conservas foi realizado o teste de acidez por titulometria. Melhores tratamentos na preparação de conservas de azeitonas maduras foram com soda, sem branqueamento, sal marinho e sal grosso; devido a pouca variação de acidez entre eles, acidez entre 1,5%-2%. PALAVRAS CHAVE: Olea europea, tratamento, conservas ABSTRACT: this work encompasses the processing and evaluation of the acidity of canned black olives naturally produced in the Experimental Farm EPAMIG. This study was conducted to develop treatments for processing of canned ripe olives in a natural way. They had been used in experiment 5 cvs. of olive. The 12 treatments used in the elaboration of the conserves had been: with and without soda water in the pickling brine 7%; with and without bleaching in the pickling brine 7%; with marine salt in the pickling brine 7%; with thick salt in the pickling brine 7%; with rest in pickling brine 5%, 7% and 9%; without rest in the pickling brine 5%, 7% and 9%. For the evaluation of the conserves the test of acidity for titulometric was carried through. Better treatments in the preparation of conserves of mature olives had been with sodium hidroxide, without bleaching, marine salt and thick salt; had to little variation of acidity between them, acidity between 1,5%-2%. KEY WORDS: Olea europea, treatment, conserves INTRODUÇÃO Denomina-se azeitona de mesa o fruto sadio de determinadas cvs. de oliveira, colhida em estado de maturação próprio e de qualidade tal que, submetido a processo adequado de elaboração, proporciona um produto de boa conservação pronto para consumo (BARRANCO et al., 2008). As azeitonas, destinadas à mesa, não são apropriadas ao consumo logo após a colheita. Neste estado, apresentam-se extremamente amargas, devendo ser “adoçadas” ou “curtidas” por diferentes processos. Portanto deve-se fazer o preparo da azeitona para o consumo. No Brasil são colhidas manualmente para evitar danos no fruto e no produto final. Após a colheita são colocadas imediatamente em salmoura (VIEIRA NETO et al., 2008). As concentrações da salmoura variam de 6% a 14% para as conservas de azeitonas. A salga causa uma diminuição acentuada do sabor amargo do fruto (VIEIRA NETO et al., 2008). No Brasil, há uma escassez de estudos para o processamento de conservas de azeitonas maduras, estimulando o estudo de novos tratamentos para a elaboração desse produto. Diante do exposto, objetivou-se estudar diversos tratamentos para cada cultivar no processamento de conservas de azeitonas maduras no Sul de MG, avaliando sua acidez. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas 5 cvs. de azeitonas pretas: Galega; JB1; JB2; Negroa e Mission, coletando-se manualmente 4 kg de frutos de cada cultivar, na Fazenda Experimental da EPAMIG, Maria da Fé (MG). Após a colheita foram imediatamente transferidas para as instalações da EPAMIG, onde foram realizados os tratamentos. Foram utilizados potes de vidro de 250 mL vedados com tampas metálicas, previamente esterilizados, no processamento das conservas. A seguir, as azeitonas foram lavadas e sanitizadas com NaClO a 200 mg L-1 por 30 minutos. Posteriormente as amostras foram pesadas em 300 g de cada cultivar por tratamento, divididas em 3 potes. A salmoura foi preparada com água filtrada e fervida por 10 minutos. Após o esfriamento da salmoura, prepararam-se os 10 tratamentos: com e sem soda na salmoura a 7%; com e sem branqueamento a 7% (tempo pré-estabelecido); com sal marinho a 7%; com sal grosso a 7%; com descanso (repouso em água trocada a cada 12 horas durante 2 dias) a 5%, 7% e 9%; sem descanso a 5%, 7% e 9%. As análises de acidez foram determinadas no Laboratório de Bromatologia da Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá (FEPI), em Itajubá, MG, segundo normas do INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2008), realizada em triplicata. Os programas para análise estatística utilizados foram Minitab 15.1.1.0 e Bioestat 5.0 (MORETTIN, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados obtidos, observou-se que a cultivar JB2 tem uma média de acidez maior em relação às outras cultivares. Analisando a acidez dos tratamentos, observou-se que o tratamento com soda obteve menor média de acidez em relação aos outros tratamentos de forma significativa. Embora a soda tenha sido utilizada para retirar o amargo do fruto, a mesma pode ter causando uma queda no valor da acidez. O tratamento com branqueamento atingiu uma maior média de acidez quando comparado com o tratamento sem branqueamento. Os tratamentos com descanso obtiveram maior média de acidez quando comparado aos outros tratamentos. Essa maior acidez pode ter ocorrido porque as azeitonas ficaram submersas em água, podendo assim liberar a oleuropeína, substância de caráter ácido presente no fruto. O descanso em água, também, pode ter favorecido a proliferação de microrganismos responsáveis pela fermentação, o que pode aumentar a acidez. A concentração de 9% de sal foi a que apresentou valores de acidez mais baixo, não diferindo estatisticamente dos tratamentos com 7% de sal nos tratamentos sem descanso, porém diferenciando-se nessas duas concentrações nos tratamentos com descanso. Tal resultado pode ser explicado pelo amolecimento do endocarpo causado pelo branqueamento, permitindo uma permeabilidade maior em concentrações mais altas de NaCl e maior eliminação de oleuropeína no meio. CONCLUSÕES Os tratamentos com branqueamento e com descanso nas concentrações 5%, 7% e 9% apresentaram maior acidez nas conservas de azeitonas maduras. Pouca variação na acidez foi verificada nos tratamentos com soda, sem branqueamento, sal marinho e sal grosso. Nos tratamentos sem descanso, menor acidez foi apresentada no tratamento a 9%. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRANCO, D.; FERNÁNDEZ-ESCOBAR, R.; RALLO, L. (Ed.). El cultivo del olivo. 2ª ed. Sevilla: Consejeria de Agricultura y Pesca de la junta de Andalucía/Madrid: Mundi - Prensa, 1998. p.35-60. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. 4° edição, São Paulo, 534p. 2008. MORETTIN, P.A.; BUSSAB, W.O. Estatística básica. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 526p. VIEIRA NETO, J.; OLIVEIRA, A.F.O.; N.C.D., SILVA, H.; GONÇALVES, E.D. Aspectos técnicos da cultura da oliveira. EPAMIG: Boletim Técnico, n.88, 56p. 2008.