QUALIDADE DA ÁGUA DO HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ /SC
Suélen Fernandes; Dr. Rachel Faverzani Magnago (orientadora)
INTRODUÇÃO
A importância da água em nosso cotidiano é evidente, nosso corpo é formado 80% de água, é
a substância essencial á vida. No entanto as interferências antrópicas tem comprometido a
qualidade da água. Mundialmente depara-se com falta de saneamento que contamina os solos
e aquíferos. No Brasil a maior causa de contaminação das águas é proveniente de esgoto.
Dados do Censo 2010 revelam que 45% das residências não há serviço de esgoto ou é
inadequado, aproximadamente 3,5 milhões de brasileiros não possuem banheiro nas
residências o que representa 6,2% das residências e somente 28,5% do esgoto coletado recebe
tratamento. A água fora dos parâmetros físico-químicos e biológicos estabelecidos pela
portaria 2914 do Mistério da Saúde pode causar sérios danos à saúde, em alguns casos pode
levar a óbito. Se água oferece riscos a um organismo saudável, por exemplo, aos funcionários,
o que dizer de um organismo debilitado como de pacientes de hospitais. Por isso é
fundamental que a água de um hospital seja potável. Foi realizado analise físico-química e
microbiológica da água do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes
(HRSJ).
Palavra chave: qualidade da água, hospital.
MÉTODOS
Quatro amostras foram coletadas, uma amostra por mês durante os meses de abril, maio,
junho e julho de 2012. O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Engenharia Ambiental
da UNISUL (L.E.A), realizou-se os testes, de determinação de Coliformes Totais e
Termotolerantes, as amostras foram analisadas baseadas na metodologia oficial do Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA,2005), usando a técnica do
número mais provável (NMP) de tubos múltiplos. Foi determinado o pH utilizando um pHmetro de bancada, marca Metller Toledo (Seven Go Duo). Como reagentes foi usado solução
tampão pH 7 e pH 4. A determinação da Cor foi realizada por um disco de cor em um Color
Test modelo CO – 1. A determinação de Nitrato, Nitrito e Sulfato foram no equipamento
colorímetro modelo DR/890 da marca Hach e a Dureza através da titulação com EDTA,
usando cloreto de amônio, hidróxido de amônio e indicador preto de eriocromo T. Os
resultados foram comparados com os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde na
portaria 2914.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As quatro amostras de água do hospital apresentou como média de resultados o pH 6,89, cor 0
UH, nitrito 0,0055 mg/L, nitrato 0,76 mg/L, sulfato 3,91 mg/L, dureza 74,3 mg/L e ausência
de coliformes. Todos os resultados dentro do permitido pelo Ministério da Saúde, portaria
2914. O comportamento dos resultados pode ser observado na figura 1.
As analises realizadas são importantes para avaliar a qualidade de água, sendo que os
parâmetros analisados quando presentes são oriundos de contaminações relacionadas por
esgotos, que no Brasil é uma realidade que oferece riscos a saúde. No ano de 2010 mais 31
milhões de brasileiros não tiveram acesso à água tratada. (IBGE, 2010).
Abril
Maio
Junho
Julho
VMP
500
250
9,5
20
1
6,78
10
0
75
0,0085
7,22
1
0
0,5
0,0075
7,01
1,65
0
4,5
25,33
0,32
7,01
0,8
35
0
0,29
0,3
0,6
45
0,33
pH
Cor
Nitrito
Nitrato
Sulfato
Dureza
Figura 1: Resultados das analises mensais da água do Hospital.
Fonte: Autor, 2012.
O potencial hidrogeniônico (pH) da água é a medida da atividade dos íons hidrogênio e
expressa a intensidade de condições ácidas ou alcalinas. Ele influi na solubilidade e
toxicidade de diversas substâncias e interfere diretamente em processos de tratamento de água
como a coagulação e desinfecção, pois prejudica a eficiência do cloro. O controle do pH evita
também problemas de corrosão. A água para o consumo deve ter o pH na faixa de 6,0 a 9,5 na
amostra o valor máximo registrado foi de 7,22. (VIGIAGUA 2007).
A cor é dada pela presença de substâncias dissolvidas, decorrentes da decomposição de
matéria orgânica, pela presença de substâncias como ferro e manganês ou pela introdução de
efluentes industriais. Cor é um parâmetro essencialmente de natureza estética e componente
do padrão de aceitação para consumo. Entretanto, a cor devida presença de substâncias
orgânicas pode indicar a presença de precursores de formação de trihalometanos, um
subproduto tóxico da cloração que é considerado potencialmente carcinogênico para os seres
humanos, causa efeito nocivo no fígado, rins e tireoide. Cor elevada no sistema de
distribuição pode ainda contribuir para o consumo do cloro residual. A água para consumo de
apresentar cor de até 20 mg Pt/L nas amostras os valores registrados foram de 0 mg Pt/L
(VIGIAGUA 2007).
Nitrato indica poluição antiga e nitritos poluições recente proveniente de escoamento
superficial de áreas agrícolas, erosão de depósitos naturais e esgotos sanitários. Altas
concentrações de nitrato geram sérios problemas a saúde como câncer no estomago e colo, em
crianças menores de três anos podem ser fatais, pois ocasionam a cianose infantil ou
metaemoglobinemia que dificulta o transporte de oxigênio podendo ocasionar asfixia. Sua
presença não deve exceder a 10 mg/L, o máximo registrado na água analisada foi de 1,65
(BRASIL, 2008).
A dureza da água resulta da presença, principalmente, de sais alcalinos terrosos (cálcio e
magnésio) poluição característica de esgotos. Em teores elevados causa sabor desagradável e
efeitos laxativos; reduz a formação da espuma do sabão aumentando o consumo de água;
provoca incrustações nas tubulações e caldeiras. Pacientes urêmicos, em tratamento por
hemodiálise, são expostos a volumes de água que variam entre 18.000 a 36.000 litros por ano.
Portanto, se a água não for corretamente tratada, vários contaminantes químicos,
bacteriológicos e toxicológicos poderão ser transferidos para os pacientes, levando ao
aparecimento de efeitos adversos, às vezes letais (IHLE et. al., 1982 apud SILVA et. al.,
1996). A água para consumo deve apresentar dureza até 500 mg/L na água analisada a dureza
máxima registrada foi de 75 mg/L.
O Sulfato também provoca alterações no sabor da água e contribui para o aumento da dureza.
O valor máximo estabelecido é de 250 mg/L e o valor máximo registrado foi 4,5 mg/L.
(VIGIAGUA 2007).
O teste biológico de presença de microrganismos indicadores de coliformes totais e
termotolerantes são realizados para constatar a presença de microrganismos patogênicos
responsável pela transmissão de graves doenças que podem ser letais e causar epidemias.
Entre as doenças transmitidas pelos microrganismos patogênicos que podem estar presentes
na água com contaminação por esgotos pode-se citar cólera, meningite, giardíase, doenças
diarreicas, febre tifoide e paratifoide, leptospirose, amebíase, hepatite infecciosa, ascaridíase
(lombriga). (Instituto Trata Brasil, 2010).
Os coliformes devem ser ausentes em 100 ml, na água analisada os resultados foram de
ausência de coliformes em todos os meses analisadas.
CONCLUSÃO
Todas as analises realizadas (pH, cor, nitrato, nitrito, sulfato dureza e coliformes) em quatro
amostras de água proveniente do HRSJ da grande Florianópolis (SC) apresentaram-se dentro
do valor permitido pela portaria 2914 do Ministério da Saúde. Fato que comprova a qualidade
da água ofertada aos pacientes, bem como aos funcionários. A correlação das analises com os
riscos da ingestão de água contaminada auxiliam no entendimento sobre o assunto para
população e diferentes profissionais. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), a ausência de medidas eficazes em favor da água poderá criar uma crise
global que provocará até 2020, 135 milhões de mortos, sobretudo crianças.
Referências
APHA: American Public Health Association. Standard Methods for the Examination of
Water and Wastewater. 20th ed. Washington, USA, 1998.
BRASIL, Ministério da Saúde, PORTARIA Nº 2.914, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2011.
Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html. Acesso 15 de
julho de 2012.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. CENSO 2010. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/. Acesso em 23 de julho de 2012.
MIRANDA, Vanessa Pagno. ANÁLISE DE PARÂMETROS DA ÁGUA DE TRÊS
IMPORTANTES HOSPITAIS DE FLORIANÓPOLIS/SC. 2008. 53 f. Tcc (Terceiro) Curso de Engenharia Ambiental, Departamento de Engenharias, Universidade do Sul de Santa
Catarina, Florianópolis, 2008.
PNUMA, Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente. CUIDANDO DAS ÁGUAS
– SOLUÇÕES PARA MELHORAR A QUALIDADE DOS RECURSOS HÍDRICOS.
Disponível em: http://www.pnuma.org.br/ . Acesso em 10 de março de 2012.
Fomento
Governo do Estado de Santa Catarina, FAPESC/art. 170. Agradecimento a Aline Ávila e a
Professora Elisa Smoeck.
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