Hospital Materno-infantil Jeser Amarante seis enfermeiros e dez médicos. Especialistas – obstetras, neonatologistas e anestesistas. Atendimentos – Em média, 17 partos por dia, além de consultas ambulatoriais. Inauguração – 2008. Número de funcionários – 718 funcionários e 195 médicos. Leitos – 156, com Hospital Regional Hans Dieter Schmidt ocupação de apenas 67% em 2010. Salas de cirurgia – cinco, todas em uso. Em 2010, média de nove operações por dia. Déficit de funcionários – não tem. Especialistas – Há carência de algumas especialidades, como neurologia. Atendimentos – Em média de 210 por dia no pronto-socorro no ano passado. SISTEMA DE OS – O Estado arca com manutenção do prédio, compra e manutenção de equipamentos e com repasse mensal à organização social. A OS contrata os funcionários, administra o hospital e cuida da ampliação de serviços, conforme o contrato ou a demanda. O repasse é proporcional ao cumprimento de metas. O sistema de OS é polêmico em hospitais, porque, segundo interpretações jurídicas, é dever do Estado promover a saúde pública. A OS funciona no hospital desde 2008. Inauguração – 1984. Número de funcionários – 850 estatutários Número de médicos (não foi informado*). Leitos – 204. Salas de cirurgia – oito (quatro desativadas). Déficit de funcionários – não foi informado.* Especialistas – não foi informado.* Atendimentos – Em 2010, foram em média 89 por dia. Nos ambulatórios, não foi informado.* *INFORMAÇÕES NÃO DIVULGADAS PELA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE. Os hospitais estaduais em Joinville representam desafios à Secretaria de Estado da Saúde. Um deles: a infraestrutura precária e a falta de pessoal que impedem metade das salas cirúrgicas do Hospital Hans Dieter Schmidt de funcionar. O mesmo problema de déficit na equipe médica permanece há anos na Maternidade Darcy Vargas. Ainda que a meta do governo de Raimundo Colombo (DEM) seja a polêmica disseminação dos hospitais administrados por organizações sociais, mesmo o Hospital Infantil Jeser Amarante tem botões a sintonizar. Pioneira no modelo, em 2008, a estrutura é hoje subutilizada em vários setores como a ala de queimados e a UTI neonatal. O secretário Dalmo Claro de Oliveira reconhece o problema e pretende fazer do hospital uma referência estadual, em vez de apenas regional. Mas a mudança imediata pode vir a ser nas direções da maternidade e do Regional. “Mudar oxigena. É natural e ninguém deve ter medo disso”, afirma EM REFORMA Diretor da Darcy Vargas (D) mostrou obras que já duram oito meses ao secretário Dalmo (C) Mas os problemas da unidade são antigos. Um é a falta de espaço. O terreno do hospital, no bairro Anita Garibaldi, possibilita poucas ampliações. Um plano gestor prevê a construção de um novo prédio, anexo ao antigo, com mais andares. Hoje, o aperto é sentido em áreas como a UTI neonatal, onde as incubadoras ficam um pouco juntas demais às outras. Apesar disso, a ampliação da Darcy Vargas não é hoje prioridade para o governo estadual, segundo o secretário estadual da Saúde, Dalmo de Oliveira. Outro obstáculo é bem mais difícil de ser resolvido: falta de pessoal, o grande vilão da demora no atendimento que volta e meia enerva gestantes atendidas na instituição. A maternidade hoje tem déficit de seis enfermeiras e 27 técnicos de enfermagem. As vagas de médicos ainda não foram preenchidas totalmente pelo último concurso público. Ampliar o quadro de funcionários é também o grande obstáculo para a ampliação física da maternidade. O hospital tem projetos de referência, como o banco de leite, que chegou a funcionar 24 horas por dia em 2010. Voltou ao horário normal por falta de gente para mantê-lo. Na que pode ser a primeira mudança, segundo Dalmo, é possível que os médicos da maternidade sejam responsáveis por sugerir três nomes que podem vir a assumir a direção. ROGERIO DA SILVA HOSPITAL REGIONAL JESSÉ GIOTTI, BD, 14/2/2011 MUITO A FAZER Regional precisa de melhorias na infraestrutura A Secretaria de Estado da Saúde vê uma série de necessidades urgentes para o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, no bairro Boa Vista. E não é por menos. Hoje o Regional tem metade das oito salas cirúrgicas ociosas, por falta de pessoal e de infraestrutura. E o déficit de funcionários dificulta até que o hospital se mantenha aberto continuamente. Em julho de 2010, o pronto-socorro do Regional ficou fechado pelo menos dois dias por falta de médico. No ano passado, o mesmo setor registrou duas vezes menos atendimentos do que o do Hospital Infantil Jeser Amarante e quase 20% menos que o do Hospital Municipal São José. Isso que de maio a outubro de 2003, o pronto-socorro fez 15 mil atendimentos a mais, segundo o Regional. Ainda que, na época, a demanda do Regional fosse jogada para cima pela ausência de pronto-atendimentos na cidade. Segundo o secretário estadual da Saúde, Dalmo de Oliveira, o hospital precisa de obras de infraestrutura sérias, como reformas no centro cirúrgico, alas de internação, lavanderia, cozinha e farmácia. “Há realmente muitas obras físicas necessárias no Regional. Ele está muito deteriorado em alguns setores”, admite ele, sobre o prédio inaugurado na década de 1980. Por enquanto, Dalmo ressalta, os primeiros quatro meses do ano não servirão para planejamento ou começo de obras, apenas para diagnóstico das necessidades. Uma ala de 650 m² do hospital de 204 leitos passou por reforma recente, ao custo de R$ 1 milhão. Quase R$ 300 mil vieram de um aditivo no contrato, segundo o mapa de obras do governo estadual, no Sistema Integrado de Controle de Obras Públicas. A falta de pessoal deve ser resolvida pelo Estado “dentro das nossas limitações”, aponta o secretário Dalmo. A folha de pagamento do hospital tem 850 funcionários concursados – 132 a mais que o Infantil. Em janeiro de 2003, eram 807. Uma parcela, cujo percentual não foi divulgado, é de funcionários afastados por licenças médicas e demais benefícios. Mesmo que a forma de contratação por meio de administração por organização social preveja menos benefícios que no caso do funcionalismo público e retire do Estado a responsabilidade pela contratação, o secretário vê como “difícil” a implantação do modelo em um hospital já em funcionamento. “Mas temos que fazer o que é melhor para as pessoas”, ressalta. Hoje, o Regional é referência na região Norte do Estado nas áreas de psiquiatria, cardiologia e gastroenterologia – é onde são feitas as cirurgias de redução de estômago pelo SUS. A diretora da instituição, Ana Maria Jansen, foi procurada por “A Notícia”. Ela preferiu que o secretário da Saúde falasse sobre o hospital. A NOTICIA ANO 88 AN.com.br ● EDIÇÃO 25.517 ● JOINVILLE, SEGUNDA-FEIRA, 28/2/2011 ● R$ 1,50 Brinque e descubra quem são as caras mais famosas do Catarinense, clicando nas caricaturas do nanopops Joinville Começa série de 10 artigos sobre a Joinville do futuro Página 8 ANexo Dor e silêncio na perda do imortal Moacyr Scliar * 1937 2011 Diagnóstico e desafios dos hospitais estaduais MATERNIDADE DARCY VARGAS HOSPITAL REGIONAL HOSPITAL MATERNO-INFANTIL Quatro das oito salas cirúrgicas estão fechadas Déficit de pessoal dificulta atendimento em Joinville Falta de estrutura em duas unidades é outro problema ROGERIO DA SILVA ROGERIO DA SILVA PENA FILHO Espaços em reforma funcionam improvisados UTI Neonatal precisa ampliar o atendimento Modelo de OS vai bem, mas ainda precisa de adaptações Páginas 4 e 5 Joinville Trânsito FGTS das cheias Futsal PMDB pode decidir hoje se sai do governo Acidente na BR-101 mata adolescente Começa hoje o cadastramento para o saque Krona estreia temporada de jogos no RS Partido ocupa hoje cerca de 50 cadeiras no governo de Carlito Merss. Página 16 Garoto de 14 anos guiava bicicleta ao ser atingido por carro que capotou. Página 6 Primeiros atendidos serão bairros das regionais do Nova Brasília e Vila Nova. Página 10 Time joinvilense joga em Gramado com o Santos de Falcão e Ferretti. Página 25 AN.destaque 4/5 SEGUNDA-FEIRA - 28/2/2011 A NOTÍCIA Raio X Maternidade Darcy Vargas Inauguração – 1947. Número de funcionários – não foi informado.* Leitos – 101. Desativados – não tem. Salas de cirurgia – duas (em reforma). Déficit de funcionários – é de 27 técnicos de enfermagem, Diagnóstico: todos precisam melhorar MODELO DO GOVERNO Problema da unidade são espaços subutilizados, como a UTI neonatal A experiência de quase três anos desde que o Hospital Materno-infantil Jeser Amarante começou a funcionar na região central de Joinville, administrado por uma organização social paranaense, traz alguns ensinamentos sobre o sistema de parceria privada defendido pelo governador Raimundo Colombo (DEM). O principal: é necessário um trabalho intenso para adaptar à realidade as previsões de demanda no contrato. No caso do Infantil, houve bastante discrepância. Exemplo: a previsão era da necessidade de 940 funcionários. O hospital hoje funciona bem com 718. O setor de obstetrícia que atende a grávidas adolescentes calculava cem partos mensais. Metade são registrados. O déficit ficou restrito ao número de atendimentos no pronto-socorro. Em vez de 2,6 mil mensais, o hospital bateu o recorde em dezembro, com mais de 7 mil atendimentos. Isso que o limite de idade dos pacientes baixou para 16 anos, em vez dos anteriores 18. O fato exigiu remanejamento de equipe, como enfermeiros e técnicos de enfermagem, todos contratados pela organização. Assim, Secretaria de Estado da Saúde e a organização Hospital Nossa Senhora das Graças devem discutir outra adaptação neste ano – desta vez, financeira. O repasse de cerca de R$ 5 milhões mensais tem sobrado no caixa do hospital. Como a organização, por contrato, não pode ter lucro, o que resta vai para a compra de equipamentos ou outros materiais por meio de tomada de preço. Por força disso, o Estado fez acordo para espaçar a entrega do dinheiro até que as contas fiquem mais equilibradas. O último montante foi liberado em setembro. O contrato com a organização social, em agosto de 2008, desencalhou o Infantil, que chegou a ser chamado de “elefante branco” pelo governador na época, Luiz Henrique da Silveira. A obra custou o dobro do previsto e levou dez anos para ser concluída. O projeto era ainda mais antigo, tinha 15 anos. Equipamentos chegaram a ficar um ano encaixotados na garagem do hospital. Em meados de 2010, uma reforma nas UTIs pediátrica e neonatal adequou a estrutura desatualizada em relação a normas técnicas. Fora reclamações de demora no atendimento, que a direção do Infantil afirma serem sazonais, o hospital alcança bons resultados em pesquisas de satisfação com pais de pacientes internados (exigência contratual). O Infantil enfrentou uma situação complicada há quase um ano. Felipe Malaquias, de um ano e cinco meses, deu entrada com sintomas de bronquite, recebeu uma injeção e morreu segundos depois, nos braços da mãe. O inquérito policial continua. A enfermeira que aplicou a injeção não trabalha mais no hospital: pediu demissão meses depois. MATERNIDADE DARCY VARGAS HOSPITAL MATERNO-INFANTIL ROGERIO DA SILVA O prédio de 64 anos da Maternidade Darcy Vargas atravessa o oitavo mês seguido em uma reforma geral. As obras exigiram a improvisação de espaços, instalação de tapumes que apertam corredores e uma lotação maior em certos quartos. As obras eram para durar cinco meses, mas se estenderam além da conta e precisaram de aditivo contratual. Segundo o mapa de obras do Estado, a reforma da área de 450 m² deveria custar R$ 260 mil; está em R$ 423 mil. Deve ficar pronta em mais 60 dias, projeta a Secretaria da Saúde. Ao fim disso, o diretor da unidade, Armando Dias Pereira Jr. acredita que boa parte da infraestrutura terá sofrido uma melhoria drástica, principalmente o centro cirúrgico (onde são feitas as cesáreas). As mudanças no hospital já vêm há algum tempo. A Darcy Vargas hoje tem ar-condicionado central, TVs de LCD nos quartos e salas de espera, portas automáticas, roupas de cama novas. Aparelhos novos também, como o de videolaparoscopia, comprado pelo Estado por R$ 220 mil, e o segundo ultrassom, custeado pela Prefeitura para seguir um convênio, após queda de braço entre os governos. A abertura do centro obstétrico no Hospital Infantil ajudou a aliviar apenas um pouco a demanda de partos da maternidade (500 por mês).